capítulo 1 - IEPA
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DIAGNÓSTICO DAS RESSACAS DO ESTADO DO AMAPÁ: BACIAS DO IGARAPÉ DA FORTALEZA E RIO CURIAÚ Souto, R.N.P. Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios. In: Takiyama, L.R. ; Silva, A.Q. da (orgs.). Diagnóstico das Ressacas do Estado do Amapá: Bacias do Igarapé da Fortaleza e Rio Curiaú, Macapá-AP, CPAQ/IEPA e DGEO/SEMA, 2003, p.63-72. CAPÍTULO 4 Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios Raimundo Nonato Picanço Souto Resumo Pesquisas sobre inventários de populações silvestres de mosquitos vetores potenciais de arboviroses e malária, embora escassas, fornecem subsídios para a compreensão de relevantes aspectos epidemiológicos. Esses estudos facilitam a identificação, o acompanhamento e o controle desses mosquitos em relação às alterações ambientais aplicadas pelo homem, que poderão ou não culminar em grandes epidemias. Foram realizadas coletas mensais de mosquitos adultos e imaturos em áreas de mata de galeria no entorno das ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios em três diferentes períodos do dia, de fevereiro a julho de 2002. Os mosquitos adultos foram coletados utilizando-se armadilha luminosa do tipo CDC e isca humana, enquanto que os imaturos foram amostrados utilizando-se a técnica de conchadas sistemáticas ao longo das margens dos criadouros. Na ressaca do Curralinho foram observadas a maior abundância e riqueza de espécies de mosquitos adultos e imaturos, perfazendo um total de 4066 adultos, distribuídos em 13 gêneros e 35 espécies e 153 imaturos incluídas em 5 gêneros e 12 espécies. Na ressaca da Lagoa dos Índios foram amostradas 1331 espécimens adultos, pertencentes a 11 gêneros e 17 espécies e 95 imaturos incluídos em 3 gêneros e 7 espécies. As dez espécies mais abundantes da ressaca do Curralinho foram Aedes (Och.) scapularis 603 (14,8%), Coquillettidia (Rhy) venezuelensis 514 (12,64%) Aedes (Och.) serratus 494 ( 12,5%), Mansonia (Man) tittillans 442 (10,86%), Psorophora (Gra.) ferox 381 (9,37%) Anopheles (Nys.) marajoara 368 (9,05%), Ma (Man) humeralis 312 (7,67%), Coquillettidia (Rhy) linchi 143 (3,52%), Cx. (Mel.) portesi 75 (1,84%), Cx. (Mel.) declarator 72 ( 1,77% ). As dez espécies coletadas com maior freqüência no ambiente de ressaca da Lagoa dos Índios foram: An.(Nys) marajoara 227 (17,05%), Aedes (Och.) scapularis 227 (17,05%), Cq. (Rhy) venezuelensis 189 (14,20%), Aedes (Och) serratus 188 (14,12%), Ps. (Gra.) ferox 124 (9,32%), Culex (Cx) corninger 89 (6,6%), Mansonia (Ma.) tittillans 68 (5,11%), Cx. (Cx.) coronator 52 (3,91%), Cx. (Cx.) declarator 43 (3,23%) e Ma. (Man) humeralis 41 (3,08%). Os achados constituem-se em contribuição na determinação da faunística e da distribuição geográfica das espécies de culicídeos de interesse médico, principalmente as transmissoras potências de arboviroses e malária. Faz-se necessário a realização de estudos futuros, dando ênfase ao monitoramento entomológico das principais espécies vetoras. 64 CAPÍTULO 4 4.1. Introdução Os mosquitos são insetos dípteros, pertencentes à família Culicidae, conhecidos também como pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Os adultos são alados, possuem pernas e antenas longas e na grande maioria são hematófagos, enquanto as fases imaturas são aquáticas. Seu ciclo biológico compreende as seguintes fases: ovo, quatro estádios larvais, pupa e adulto. Estão disseminados por todas as regiões do globo, inclusive no círculo polar do Norte, porém, existem determinadas espécies que habitam preferencialmente os territórios tropicais e subtropicais. Atualmente reconhece-se a existência de cerca de 3600 espécies de mosquitos (Crosskey, 1988). Acham-se distribuídas por aproximadamente 40 gêneros, sendo a área Neotropical a que detém o maior nível de endemicidade, uma vez que 27% desses grupos são restritos a essa região biogeográfica (Ward, 1982). A fauna culicidiana do Estado do Amapá, pouco foi estudada, sendo assinaladas 93 espécies, distribuídas em 18 gêneros (Cerqueira, 1961; Souto, prelo). Os culicídeos recebem atenção especial devido ao seu hábito hematófago, através do qual tornam-se importantes vetores de doenças, sendo este fato, uma séria realidade na Amazônia. Pesquisas sobre inventários de populações silvestres de mosquitos vetores potenciais de arboviroses e malária, embora escassas fornecem subsídios para a compreensão de relevantes aspectos epidemiológicos. Esses estudos facilitam a identificação, o acompanhamento e o controle desses mosquitos em relação às alterações ambientais aplicadas pelo homem, que poderão ou não culminar em grandes epidemias. Além desses aspectos, o conhecimento das populações de mosquitos em ecossistemas silvestres fornece informações sobre sua biodiversidade e base de dados para futuros envolvimentos na incidência de doenças. 4.2. Metodologia 4.2.1. Coleta de Mosquitos No período de fevereiro a julho de 2002 (estação chuvosa), com freqüência mensal, foram realizadas coletas de mosquitos adultos e imaturos em áreas de mata de galeria no entorno das ressacas do Curralinho (00°08 14,3N e 051°06 56,7W) e da Lagoa dos Índios (00°02 51N e 051° 06 48,8 W). 4.2.1.1. Mosquitos Adultos Os mosquitos adultos foram coletados utilizando-se armadilha luminosa do tipo CDC (Sudia e Chamberlaim, 1962) (Figura 4.1) e isca humana (aparelho de sucção oral) baseada no principio descrito por Buxton (1968) (Figura 4.2 e Figura 4.3). Foram selecionados 4 pontos de amostragens: A e B na ressaca do Curralinho e C e D na Lagoa dos Índios, utilizando-se as modalidades estrato solo - isca humana (10 às 13h e 16 às 18 h) e isca luminosa (18 às 6 h) e estrato copa - isca humana (10 às 13h e 16 às 18 h) e isca luminosa (18 às 6 h). A técnica, o local e o horário de coleta foram compatíveis com os hábitos e a biologia dos insetos procurados (Service,1976; Forattini, 1962; 1965). Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios 65 Figura 4.1. Coleta de mosquitos adultos com a utilização Armadilha luminosa do tipo CDC em ambiente de mata de galeria. Foto: Raimundo Nonato Picanço Souto. Figura 4.2. Coleta de mosquitos adultos com o uso de Isca Humana no ambiente de mata de galeria, estrato solo. Foto: Raimundo Nonato Picanço Souto. Os mosquitos assim coletados foram acondicionados em copos coletores e em seguida inseridos em tubos de vidro devidamente rotulados. No laboratório foram identificados, seguindo as chaves entomológicas de Faran & Linthicum (1981) e Forattini (1965). A nomenclatura seguida foi a de Knight & Stone (1977) e com abreviaturas dos nomes genéricos e subgenéricos proposta por Reinert (1975). Alguns exemplares do gênero Culex foram enviados para especialista para a comprovação da identificação. 66 CAPÍTULO 4 Após a identificação parte do material foi acondicionado na coleção cientifica da divisão de Zoologia do IEPA. . Figura 4.3. Coleta de mosquitos adultos com o uso de isca humana em ambiente de mata de galeria, estrato copa (Plataforma a 10m de altura). Foto: Raimundo Nonato Picanço Souto. 4.2.1.2. Mosquitos Imaturos Foram selecionados quatro criadouros, sendo C1 (00o 07’55,0” 051o 06’48,7”) e C2 (00o 07’44,9” 051o 06’50,3”) localizados na ressaca do Curralinho e C3 (00o 02’38,0” 051o 06’18,7”) e C4 (00o 02’45,1” 051o 06’15,6”) na Lagoa dos Índios. As coletas de imaturos foram realizadas com freqüência mensal, utilizando-se a técnica de conchadas sistemáticas ao longo das margens dos criadouros (Foratinni, 1961). Determinou-se, ao longo da margem, um transecto de dez metros, subdivididos em seis pontos a cada dois metros. Com a utilização de uma concha de água de volume de 650 ml, presa a um cabo de madeira, iniciou-se o primeiro ponto de coleta, repetindo-se, de maneira semelhante, nos pontos seguintes. Em cada criadouro, no dia da coleta, foram realizadas dez rodadas iguais, respeitando-se o intervalo de dois a três minutos entre conchada e outra, em um mesmo ponto, totalizando 60 conchadas (Figura 4.4). As larvas de culicídeos do primeiro ao quarto estádio e as pupas foram separadas e acondicionadas em frascos plásticos de 200 ml, com água do próprio criadouro, e transportadas vivas para o laboratório. A partir de uma amostra, procedeu-se a identificação. Os exemplares que apresentaram problemas quanto a identificação foram colocados em bacias plásticas até emergirem e em seguida identificados seguindo a chave de Faran & Linthicum, 1981. Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios 67 Figura 4.4. Coleta de mosquitos imaturos (larvas) em ambiente de ressaca. Foto: Raimundo Nonato Picanço Souto. 4.3. Resultados e Discussão Na ressaca do Curralinho foram observadas maior abundância e riqueza de espécies de mosquitos adultos e imaturos, perfazendo um total de 4066 adultos, distribuídos em 13 gêneros e 35 espécies (Tabela 4.1) e 153 imaturos (larvas de 3º. e 4º estádios) incluídas em 5 gêneros e 12 espécies (Tabela 4.2). Na ressaca da Lagoa dos Índios foram amostrados 1331 espécimens adultos, pertencentes a 11 gêneros e 17 espécies (Tabela 4.3) e 95 imaturos (larvas de 3º e 4º estádios) incluídos em 3 gêneros e 7 espécies (Tabela 4.4). Tabela 4.1. Composição, freqüência e percentual de mosquitos adultos coletados em mata de galeria no entorno da ressaca do Curralinho, Macapá, AP nos estratos solo e copa com o uso de isca humana e isca luminosa do tipo CDC. Taxa Anopheles (Nyssorhynchus) braziliensis An.(Nys.) marajoara An. (Nys.) nuneztovari An.(Nys.) triannulatus Aedes (Ochlerotatus) fulvus Aedes (Och.) serratus Aedes (Och.) scapularis Haemagogus (Haemagogus) janthinomys Psorophora (Grabhamia) cingulata Ps. (Gra.) ferox Coquillettidia (Rhynchotaenia) linchi Cq. (Rhy) venezuelensis Cq. (Rhy) arribalzagni Culex (Culex) corninger Cx. (Cx.) declarator Cx. (Cx.) coronator Cx. (Melanoconion) ocellatus Cx. (Mel.) portesi Solo Hum 2 360 34 29 3 476 582 4 14 378 15 389 6 0 26 19 11 29 Copa Hum 4 8 0 1 0 18 21 16 0 3 0 8 0 0 13 6 0 1 Solo CDC 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 128 125 12 45 25 32 29 43 Copa CDC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 21 8 7 3 2 Total 7 368 34 30 3 494 603 20 14 381 143 514 27 66 72 64 43 75 % 0.17 9.05 0.84 0.74 0.07 12.15 14.83 0.49 0.34 9.37 3.52 12.64 11.89 1.62 1.77 1.57 1.06 1.84 68 CAPÍTULO 4 Taxa Cx. (Mel.) spissipes Mansonia (Mansonia) tittillans Ma. (Man) humeralis Ma. (Man) pseudotittillans Orthopodomia fascipes Limatus durhami Limatus pseudometistico Limatus flavisetasus Sabethes (Sabethe) belisariori Sabethes (Sab.) cyaneus Sabethes (Sabethoides) chloropterus Sabethes (Sab.) quasicyaneus Sabethes (Sab.) tarsopus Trichoprosopon (Trichoprosopon) digitatum Johnbelkinia longipes Uranotaenia (Uranotaeni) colosomata Uranotaenia (Ura.) hystera TOTAL Solo Hum 19 284 179 11 16 12 5 3 2 1 0 1 0 Copa Hum 0 12 9 0 9 5 1 0 28 13 3 8 4 Solo CDC 33 127 115 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Copa CDC 5 19 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Total 57 442 312 20 25 17 6 3 30 14 3 9 4 1.40 10.87 7.67 0.49 0.61 0.42 0.15 0.07 0.74 0.34 0.07 0.22 0.10 19 2 0 0 21 0.52 29 11 16 2985 6 3 0 202 0 31 41 796 0 8 0 91 35 53 57 4066 0.86 1.30 1.40 % Tabela 4.2. Composição, freqüência e percentual de mosquitos adultos coletados em mata de galeria no entorno da ressaca da Lagoa dos Índios, Macapá, AP nos estratos solo e copa com o uso de isca humana e isca luminosa do tipo CDC. Taxa An.( Nyssorhynchus) marajoara An. (Nys.) nuneztovari An.(Nys.) triannulatus Aedes (Ochlerotatus) serratus Aedes (Och.) scapularis Ps. (Grabhamia.) ferox Cq. (Rhy) venezuelensis Culex (Culex) corninger Cx. (Cx.) declarator Cx. (Cx.) coronator Mansonia (Mansonia) tittillans Ma. (Man) humeralis Limatus durhami Sabethes (Sabethes) cyaneus Trichoprosopon (Trichoprosopon) digitatum Johnbelkinia longipes Uranotaenia (Ura.) hystera TOTAL Solo Hum 221 25 11 178 209 121 155 54 34 25 47 19 6 0 Copa Hum 0 0 0 10 18 3 11 0 0 3 0 1 1 6 Solo CDC 6 0 2 0 0 0 18 35 9 19 18 21 0 0 Copa CDC 0 0 0 0 0 0 5 0 0 5 3 0 0 0 Total 227 25 13 188 227 124 189 89 43 52 68 41 7 6 17.05 1.88 0.98 14.12 17.05 9.32 14.20 6.69 3.23 3.91 5.11 3.08 0.53 0.45 12 0 0 0 12 0.90 3 9 1129 0 0 0 8 0 0 3 17 1331 0.23 1.28 53 136 13 % Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios 69 Tabela 4.3. Composição, freqüência e percentual de culicídeos imaturos em criadouros na ressaca do Curralinho, Macapá, AP. Taxa Anopheles (Nyssorhynchus) braziliensis An. (Nys.) marajoara An. (Nys.) nuneztovari An. (Nys.) triannulatus Coquillettidia (Rhynchotaenia) linchi Cq. (Rhy.) venezuelensis Culex (Melanoconium) ocellatus Cx. (Mel.) portesi Cx. (Mel.) spissipes Mansonia (Masonia) tittillans Ma. (Man.) humeralis Uranotaenia (Ura) hystera TOTAL Criadouro Criadouro Total 1 2 % 2 1 3 1.96 42 12 5 3 1 4 1 1 8 5 2 86 35 4 6 2 2 2 2 3 5 4 1 67 77 16 11 5 3 6 3 4 13 9 3 153 50.33 10.46 7.19 3.27 1.96 3.92 1.96 2.61 8.50 5.88 1.96 Tabela 4.4. Composição, freqüência e percentual de culicídeos imaturos em criadouros nas ressacas da Lagoa dos Índios, Macapá, AP. Taxa Anopheles (Nyssorhynchus) braziliensis An. (Nys.) marajoara An. (Nys.) nuneztovari An. (Nys.) triannulatus Culex (Melanoconium) ocellatus Cx. (Mel.) portesi Cx. (Mel.) spissipes Mansonia (Masonia) tittillans Ma. (Man.) humeralis Uranotaenia (Ura.) hystera TOTAL Criadour Criadouro 3 4 Total % 4 5 9 9.47 27 2 4 1 5 0 4 2 1 50 21 4 2 1 2 1 5 1 3 45 48 6 6 2 7 1 9 3 4 95 50.53 6.32 6.32 2.11 7.37 1.05 9.47 3.16 4.21 As dez espécies mais abundantes da ressaca do Lagoa do Curralinho foram Aedes (Och.) scapularis 603 (14,8%), Coquillettidia (Rhy) venezuelensis 514 (12,64%) Aedes (Och.) serratus 494 ( 12,5%), Mansonia (Mansonia) tittillans 442 (10,86%), Psorophora (Gra.) ferox 381 (9,37%) Anopheles (Nys.) marajoara 368 (9,05%), Ma (Man) humeralis 312 (7,67%), Coquillettidia (Rhynchotaenia) linchi 143 (3,52%), Cx. (Mel.) portesi 75 (1,84%), Cx. (Mel.) declarator 72 ( 1,77% ) (Figura 4.5). As dez espécies coletadas com maior freqüência no ambiente de ressaca da Lagoa dos Índios foram: An.( Nyssorhynchus) marajoara 227 (17,05%), Aedes (Och.) scapularis 227 (17,05%), Cq. (Rhy) venezuelensis 189 (14,20%), Aedes (Ochlerotatus) serratus 188 (14,12%), Ps. (Grabhamia.) ferox 124 (9,32%), Culex (Culex) corninger 89 (6,6%), Mansonia (Mansonia) tittillans 68 (5,11%), Cx. (Cx.) coronator 52 (3,91%), Cx. (Cx.) declarator 43 (3,23%) e Ma. (Man) humeralis 41 (3,08%) (Figura 4.6). As espécies An.(Nys.) marajoara, An. (Nys.) nuneztovari, An.(Nys.) triannulatus, Aedes (Ochlerotatus) fulvus, Aedes (Och.) serratus, Aedes (Och.) scapularis, Haemagogus (Haemagogus) janthinomys, Psorophora (Grabhamia) cingulata, Ps. (Gra.) ferox, Orthopodomia fascipes, Limatus durhami, Limatus pseudometistico, Limatus flavisetasus, Sabethes (Sabethe) belisariori, Sabethes (Sab.) cyaneus, Sabethes (Sabethoides) chloropterus, Sabethes (Sab.) quasicyaneus, Sabethes (Sab.) tarsopus, Trichoprosopon 70 CAPÍTULO 4 (Trichoprosopon) digitatu e Johnbelkinia longipes foram coletadas exclusivas com o uso de isca humana. A espécie Cx. Corninger foi coletada somente com o uso de isca luminosa. As espécies An. nuneztovari, Ae. fulvus, Ps. cingulata, Cq. linchi, Ma. pseudotittillans, Li. flavisetasus, e Ur. hystera foram coletadas exclusivamente no ambiente floresta solo. As espécies Sa tarsopus e Sa chloropterus foram coletadas somente no ambiente floresta copa. O utras C x . (M el.) dec larator Espécies C x . (M el.) portes i C oquillettidia (R hy nc hotaenia) linc hi M a. (M an) hum eralis 1 A nopheles (N y s .) m arajoara P s orophora (G ra.) ferox M ans onia (M ans onia) tittillans A edes (O c h.) s erratus 0 200 400 600 C oquillettidia (R hy ) v enez uelens is A edes (O c h.) s c apularis 800 N úm ero de individ uo s Figura 4.5. Dez espécies coletadas em maior freqüência na ressaca do Curralinho, Macapá, AP. Outras Ma. (Man) humeralis Cx . (Cx .) dec larator Es p é cie s Cx . (Cx .) c oronator Mans onia (Mans onia) tittillans Culex (Culex ) c orninger 1 Ps . (Grabhamia.) f erox A edes (Oc hlerotatus ) s erratus Cq. (Rhy ) v enez uelens is 0 50 100 150 No . d e in d ivid u o s 200 250 A edes (Oc h.) s c apularis A n.( Ny s s orhy nc hus ) marajoara Figura 4.6. Dez espécies coletadas em maior freqüência na ressaca da Lagoa dos Índios, Macapá, AP. Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios 71 4.4. Considerações Finais No estado do Amapá poucos foram os estudos, relacionados a distribuição da fauna de culicídeos. Cerqueira (1961), em excursão temporária em sete localidades deste estado, realizou levantamento de culicídeos, detectando a presença de 13 gêneros e 60 espécies. Em estudos recentes em áreas de floresta e de cerrado foi registrada a presença de 13 gêneros comuns aos já citados e 41 espécies, destas 21 ainda não tinham sido assinaladas para o estado (Souto,1994). Em inventário realizado na Reserva Extrativista do alto Cajari foram identificados 16 gêneros e 40 espécies, sendo que 5 gêneros e 12 espécies ainda não tinham sido notificados no Estado (Souto, 1996, prelo). Com isso o número de gêneros e de espécies de culicídeos assinalados no Estado do Amapá elevou-se para 18 e 93 respectivamente. Todos os gêneros e espécies capturados nas áreas de ressaca são comuns aos já registrados para o estado. Ao longo dos últimos vinte anos, as áreas de ressacas foram alvo de alterações ambientais. O processo de ocupação desordenada vem contribuindo para o estabelecimento de casos de malária urbana na cidade de Macapá, sendo An marajoara a principal espécie responsável por esta transmissão (Segura, 1998). O comportamento epidemiológico dessa transmissão é atribuído principalmente a urbanização das áreas de ressacas acompanhada de alta taxa de migração (Faye e Souto, pesquisa em andamento). As áreas naturais de ressacas apresentam características bióticas e abióticas propícias a formação de criadouros de várias espécies de culicídeos (Foratinni, 1962). Constatou-se esse fato mediante as amostras provenientes das coletas de mosquitos imaturos, onde se observou um número significativo de espécies pertencentes aos gêneros Anopheles, Coquillettidia, Culex e Mansonia. As espécies do gênero Anopheles, criam-se preferencialmente em coleções de águas doces límpidas, ensolaradas e vegetação emergente (Forrattini,1962). Ambiente similar foi encontrado nos pontos de coleta nas ressacas. As espécies deste gênero são zoofílicas com tendência a primatofília e de hábito crepuscular vespertino (Consoli & Lourenço-deOliveira, 1994). A espécie Cq. venezuelensis, têm hábitos semelhantes aos de Ma. titillans e Ma. humeralis. Seus criadouros são representados, de maneira predominante, por coleções líquidas médias ou grandes, como lagoas, charcos, pântanos e remansos de rios. Seus ovos são depositados, aglutinados, em conjuntos colocados em folhas aquáticas (Forattini, 1962). Pode-se constatar esse comportamento através das coletas de larvas dessas espécies em todos os criadouros. A luz artificial parece exercer poderosa atração sobre os adultos. Constatação similar foi comentada por Giglioli (1948), Horsfall (1955), Forattini (1965) e Degallier et al. (1978). Dentre as áreas estudadas, a do Curralinho apresentou uma maior riqueza e abundância de espécies. Atribui-se esse comportamento ao bom estado de conservação desse ambiente. As espécies do gênero Sabethes mostraram uma acentuada acrodendrófilia. São espécies que se alimentam de animais (primatas) que habitam preferencialmente a copa das árvores. A espécie Sa chloropterus é incriminada como vetora potencial da febre amarela silvestre. Ainda não foi encontrado naturalmente infectado pelo vírus amarílico no Brasil, mas o foi na América Central (Consoli & Lourenço-de-Oliveira, 1994). Os resultados deste trabalho constituem-se na contribuição da determinação da faunística e da distribuição geográfica das espécies de culicídeos de interesse médico, principalmente as transmissoras potências de arboviroses e malária. Faz-se necessário a realização de estudos futuros, dando ênfase ao monitoramento entomológico das principais espécies vetoras. 72 CAPÍTULO 4 Referências CERQUEIRA, N.L. Distribuição geográfica dos mosquitos da Amazônia. (Diptera, Culicidea, Culicinae). Rev. Brasil. Ent., São Paulo, v.10, p.111-168. 1961. CONSOLI, R.A.Z.B. ; OLIVEIRA, L. de. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil. Rio de Janeiro: Fio Cruz, 1994. 228p. COSTA LIMA, A. Sobre algumas espécies de Mansonia encontradas no Brasil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, v.12, p.297-300. 1929. CROSSKEY, R.W. Old tools and new taxonomic problems in bloodsucking insects. In: SERVICE, M.W. (Ed.) Biosystematics of haematophagous insects. Oxford: Clarendon Press, 1988. p.1-18. DÉGALLIER, N. et al. 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