JORNAL EXTRA – PORTUGUÊS – ESCOLAS TÉCNICAS Uma
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JORNAL EXTRA – PORTUGUÊS – ESCOLAS TÉCNICAS Uma
JORNAL EXTRA – PORTUGUÊS – ESCOLAS TÉCNICAS TEXTO DE ABERTURA Uma prática comum nas provas de concursos é a correlação entre textos visando testar a capacidade do aluno em analisar as questões, não somente do ponto de vista gramatical mas também por uma perspectiva que se relaciona à semântica do texto. Assim, os gêneros textuais, as figuras e as funções da linguagem passam a representar uma maneira mais eficaz na cobrança, pois valoriza o aluno que estuda e desenvolve um conhecimento, não mais aquele que simplesmente se prende às fórmulas e macetes muitas vezes arbitrários e decorados. Professor Roberto Lota Você pode ser imortal Nascer, reproduzir, morrer – eis o ciclo da vida. Mas isso é só por enquanto. A ciência está trabalhando para que ninguém mais morra. É possível que dê tempo de você entrar nessa. Morte morrida é coisa que a Turritopsis dohrnii não conhece. A vida dessa espécie de água-viva só acaba se ela for ferida gravemente. Caso contrário, a Turritopsis dohrnii vai vivendo, sem prazo de validade. Suas células se mantêm em um ciclo de renovação indefinidamente, como se voltassem à infância. Podem aprender qualquer função de que o corpo precise. É uma verdadeira (e útil) mágica evolutiva. Parecida com a do Sebatees aleuutinaus, um peixe do pacífico conhecido como rockfish, e de duas espécies de tartaruga, a Emydoidea blandingii e a Chrysemys picta (ambas da América do Norte). Esse segundo grupo tem o que a ciência chama de “envelhecimento desprezível”. Suas células ficam sempre jovens, por motivos que a ciência ainda quer descobrir. A imortalidade existe na natureza. Não tem nada de utopia. Pena que nós não desfrutemos dessa boquinha. Ao longo do tempo, nosso corpo se deteriora. Perdemos os melanócitos que dão cor aos cabelos, o colágeno da pele, a cartilagem dos ossos – ficamos grisalhos, enrugados, com dores nas juntas. Velhos. Numa sucessão de baixas, células e órgãos vão deixando de cumprir funções cruciais para o corpo. Até que tudo isso culmina numa pane geral. E nós morremos. Para impedir que o corpo definhe desse jeito, o homem já tentou de tudo: de mumificação, no Egito antigo, a injeções feitas de testículos de animais, na França do século XIX. Só que agora estamos mais próximos do que nunca do sonho da imortalidade. Por causa dessas espécies highlanders, cientistas do mundo todo acreditam que nós também podemos ser imortais. E já têm propostas para isso, divididas em duas linhas: remédios – feitos para aprimorar nossa defesa contra a morte – e inovações tecnológicas que nos tornarão quase robôs. Sabe aquela expressão “de certo na vida, só a morte”? Parece que ela vai perder o sentido em breve. “Em 50 anos não vai mais existir definição para a expectativa de vida. Teremos um controle tão completo do envelhecimento que as pessoas viverão indefinidamente”, diz Aubrey de Grey, geneticista da Universidade de Cambridge. (...) (Superinteressante. João Cinquepalmi. Edição. 275. Fev. 2010) QUESTÃO 01 A eternidade é assunto abordado nos dois textos, embora apresente perspectivas distintas. Sobre isso, qual a opção que melhor destaca essa diferença de ideia? a) b) c) d) e) Partindo de uma perspectiva mais intimista, o texto de Clarice Lispector mostra que a questão da eternidade é um processo lento de ser administrado, cabendo, somente à fase adulta, a compreensão totalizante. O texto de João Cinquepalmi, com uma linguagem extremamente técnica e científica, trata da eternidade como algo desejado por todos. Os dois textos tratam da eternidade. O primeiro de uma eternidade alegre e feliz, o segundo de uma eternidade apreensiva e desgastante. Reflexivo e denso, o texto de Clarice Lispector aponta para um estado de espírito dilacerado diante da grandiosidade da eternidade em contraposição à pequenez da menina. Jornalístico e informal, o texto de João Cinquepalmi procura mostrar os avanços da ciência para resolver a questão da eternidade, levando em consideração tanto a perspectiva física quanto psicológica dos seres humanos. QUESTÃO 02 A pergunta retórica é um tipo de interrogação que não visa, propriamente, uma resposta, mas sim despertar no leitor algum tipo de efeito. Nesse caso, tal pergunta reconhece que o leitor sabe a resposta tal qual também a sabe aquele que a fez. No Texto II, há uma passagem que ilustra a resposta a uma pergunta retórica feita implicitamente. Essa passagem é mais bem representada por qual opção? a) b) c) d) e) “É uma verdadeira (e útil) mágica evolutiva.” “Só que agora estamos mais próximos do que nunca do sonho da imortalidade.” “Até que tudo isso culmina numa pane geral.” “Não tem nada de utopia.” “Suas células ficam sempre jovens, por motivos que a ciência ainda quer descobrir.” QUESTÃO 03 A partir da leitura do texto II podemos reconhecer que sua intenção é: a) b) c) d) e) Injuntiva Informativa Preditiva Apelativa Instrucional GABARITO COMENTADO 1) Gabarito Letra D. Comentário: Letra A – Não há a compreensão total do processo de eternidade, uma vez que o narrador do texto I afirma que jamais se esqueceria do seu “aflitivo” contato com a eternidade. Letra B – há no texto, sim, uma ideia de que a eternidade é desejada por todos nós, entretanto a linguagem não é extremamente técnica. (Fiquem sempre atentos a esse tipo de generalização). Letra C – Há uma inversão de conceitos: a perspectiva,digamos, alegre e feliz estaria mais relacionada ao texto II. Já a perspectiva desgastante e apreensiva relaciona-se ao texto I. Letra D – O dilaceramento interior da menina reside no fato de ela se ver muito pequena para suster o peso da eternidade, como mostra o fragmento: “Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição”. Letra E – Essa questão está metade certa. Embora haja a demonstração do avanço físico e biológico, não há referência ao lado psicológico da investigação. 2) Gabarito Letra D. Comentário: Quando o autor diz “Não tem nada de utopia”, ele pressupõe uma atitude crítica ou repulsiva por parte do leitor. Assim, ele se adianta em responder a questão mantendo ativo seu processo de argumentação e persuasão, uma vez que ele contempla as diversas possibilidades de questionamento. 3) Gabarito Letra B. Comentário: Embora num tom descontraído, o texto não se omite a utilização dos argumentos de autoridade (citações e referência às Universidades de prestígio), nomes técnicos das espécies, além de um breve percurso histórico sobre as técnicas que buscavam a imortalidade. Letra A e Letra E – Injunção é o mesmo que instrução, ou seja, “como fazer”. Os melhores representantes desse tipo de texto são os manuais e as cartilhas. Letra C – Predição é sinônimo de previsão. Nesse caso, estaríamos, por exemplo, diante de horóscopos. Letra D – Apelativa, colocaria o leitor em destaque, pois o intuito do texto seria a comoção, a sensibilização do leitor.