Polêmica dos Convênios
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Polêmica dos Convênios
ANO 1 - Nº 8 • Edição Mensal - Dezembro/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Meliponicultura • Distribuição gratuita. Venda Proibida. Polêmica dos Convênios Exame dos contratos e o que dizem os principais personagens. Agora, é ainda mais legal! Pág. 26 Câmaras Municipais e o direito à informação Um panorama na região Pág. 12 Caderno de Natal Do passado do Christkind aos presentes do Papai Noel Pág. 15 Pág. 02 2 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Reportagem ESPECIAL Mariza Vandresen A quem convêm os convênios? Falar de um tema árido como convênios e contratos de repasse firmados pelo município virou mania em Santa Rosa de Lima. Na Câmara até era esperado. Já o fato do tema transbordar para as ruas e bares deixa intrigados os cidadãos. O que mudou? A quem convém? As informações são corretas e completas? O Canal SRL verificou que, entre 1997 a 2013, foram assinados 33 contratos com a União, num valor total altamente significativo de R$ 5.415.762,44. Certamente, eles trouxeram benefícios aos santarosalimenses. Na última passagem de governo, na virada de 2012/2013, o município contava com oito convênios em vigência junto à Caixa Econômica Federal (veja tabela). Os contratos são com o município e, então, cabe a sua nova administração realizar todos os encaminhamentos referentes a eles. Por isso são importantes os processos de transição governamental. A propósito, Dairso Vandresen, oficial de gabinete na gestão anterior, pondera que a situação é muito semelhante à vez anterior em que houve alternância de poder no município: “É o mesmo caso de quando assumimos. Tinha o convênio do asfalto, aquele do seu Helmute pra cima. Demorou pra fazer os acertos. Levamos mais de seis meses para colocar em dia. A obra estava feita. Ia fazer o que? O Celso mesmo disse: – Vamos fazer tudo certo, é responsabilidade nossa. Eu não sei por que estão fazendo este ‘escarcel’ que estão fazendo. Naquela época nós fizemos as prestações de contas e pagamos todas as contrapartidas”. Essa é uma informação. Para que o leitor possa conhecer as outras e ter conhecimento sobre como, de fato, estão as operações do município com o governo federal, a reportagem do Canal SRL procurou ouvir, com isenção, todas as principais partes envolvidas. Restará refletir, fazer comparações e tirar conclusões. As fontes Gestão até 2012: Dairso Vandresen, como oficial de gabinete, era o principal responsável pelos contratos no setor de convênios da administração anterior. Ele relembra que no último trimestre de 2012 foram realizadas três reuniões de transição com membros da equipe que hoje está à frente da prefeitura. Nestes encontros, cada convênio foi apresentado, com seus prazos, pendências e senhas. Dairso afirma ainda que tem prestado informações sempre que é procurado por aqueles que respondem no momento pelos convênios. Gestão 2013: Para acompanhar convênios e para “buscar novas operações com o governo federal”, a gestão atual contratou, em março deste ano, uma empresa de consultoria. O contrato que vai até este mês de dezembro custou aos cofres públicos R$ 28 mil, divididos em parcelas mensais de R$ 3,5 mil. Na condição de prestador de serviços, é Jeferson Hemkmeyer quem detêm as informações sobre o andamento dos convênios. A reportagem do Canal SRL tentou insistentemente, por telefone e correio eletrônico, contatos com o engenheiro Leandro Heidemann dos Santos, que aparece nos documentos da Caixa Econômica Federal como “engenheiro da prefeitura”. No dia 25 de novembro, pouco antes do fechamento do jornal esse profissional que presta serviços ao poder público municipal en- viou uma mensagem à esta repórter, responsável pela matéria, dizendo que não iria responder porque eu não publico a verdade, mas sim o que me interessa, o que ele não julgava ético. Pediu ainda que eu entendesse que ele não deve satisfações a não ser a ele mesmo. Caixa Econômica Federal (CEF): Primeiro, foi possível verificar, via internet, no SIURB (Sistema de acompanhamento de obras) a evolução do convênios – chamados de “operações de desenvolvimento urbano e rural”. Estão disponíveis informações sobre as etapas de construção e as movimentações financeiras ligadas a cada projeto. Para uma posição mais balizada, o Canal SRL procurou, também, Nelson de Souza, Gerente regional na Superintendência Sul da CEF. Ele destacou que em caráter excepcional e em nome do interesse dos leitores e cidadãos santarosalimenses realizou a pesquisa para responder aos questionamentos postos pelo jornal: “Reafirmo nossa dificuldade de atender demandas como esta [entrevista sobre detalhes dos contratos], uma vez que são mais de 2 mil processos em andamento na nossa região de abrangência, que tem 64 municípios. Esclareço que nossos esclarecimentos podem não representar 100% da realidade dos processos, considerando que alguns documentos solicitados para a prefeitura podem estar em trânsito ou em análise, fato que nossa pesquisa pode não ter alcançado”. Destacou, finalmente, que “compete à Prefeitura Municipal falar sobre o andamento das obras contratadas”. Oito convênios em vigência O Canal SRL teve acesso a um Relatório de Situações das Obras, datado de 6 de agosto de 2013. Nele, a Gidur (Gerência de Desenvolvimento Urbano e Rural) lista informações técnicas sobre os convênios firmados por Santa Rosa de Lima com o governo federal na gestão municipal anterior e que continuam em vigência na Caixa Econômica Federal. Há o resumo de oito contratos, que somam R$ 1.963.150,00 de investimentos realizados ou em realização no município. Três estão praticamente encerrados Jeferson Hemkmeyer disse que dos oito, dois já estão praticamente encerrados. Um é o convênio de pavimentação das ruas Bertolino Willemann, ValenNº Contrato tin Feldhaus e José Heidemann. O outro é da construção da quadra na comunidade de Rio do Meio. A Caixa informa que o contrato relativo à pavimentação e drenagem das ruas Germano Hermesmeyer e 10 de Maio também está em fase de conclusão. Nelson de Souza informa que, grande coincidência, “no dia 10 de Maio deste ano foi realizada a vistoria final, acompanhada pelo engenheiro fiscal Leandro Heidemann. A obra está concluída e atende às exigências normativas e do programa e os respectivos recursos estão liberados. No dia 11 de Novembro, foi enviado ao município ofício solicitando a prestação de contas final”. Os problemas Jeferson Hemkmeyer diz que os convênios que apresentam maiores “dificuldades para operacionalizar” são três: o da construção de calçadas e meio fio (contrato 25577290); o da implantação de um portal de informações turísticas (contrato 33028286) e o da melhoria nos corredores estruturais do transporte coletivo (contrato 33685655, relativo à passarela da ponte Herich Wilke, no centro). Não foram citados pelo consultor da prefeitura dois outros contratos que figuram com pendências na lista da Caixa: o da construção da quadra na Cabeceira do Rio Bravo (contrato 37111737), obra paralisada por intervenção do Ministério Público Federal, e o da construção de redutores e controladores de velocidade no perímetro urbano do município (contrato 30996270). Contratos em vigência na Caixa Econômica Federal. (Fonte: SIURB) Investimento Vigência 33028286 Portal de Informações Turisticas - CAT R$ 150.052,60 12/12/2013 33307644 Quadra Coberta na Comunidade de Rio do Meio R$ 171.061,66 12/08/2013 33685655 Melhorias nos Corredores Estruturais do Transporte Coletivo R$ 186.404,80 31/12/2013 22577290 Construção de Calçadas e Meio Fio R$ 103.469,80 27/01/2014 24237421 Pavimentação e Drenagem ruas Germano Hermesmeyer e 10 de Maio R$ 569.516,33 16/04/2014 24344602 Pavimentação e Drenagem ruas Bertolino Willemann, Valentim Feldhaus e José Heidemann R$ 754.103,56 16/10/2013 30996270 Construção de Redutores e Controladores de velocidade no perímetro urbano R$ 256.923,37 26/01/2014 37111737 Quadra Coberta na Comunidade de Cabeiceira do Rio Bravo Alto R$ 200.000,00 29/12/2013 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 3 O “nó” do CAT A obra do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), ao lado da prefeitura, mal começou e parou. O início foi autorizado pela Caixa (CEF) em 17 de fevereiro de 2012. Na primeira vistoria da CEF, em julho de 2012, foram apontadas “pendências” e os trabalhos foram paralisados. E assim estão até hoje. Alterações no projeto e pendências Dairso Vandresen conta que no dia 1 de agosto, vinte dias depois da vistoria da Caixa, recebeu um comunicado dela “solicitando um orçamento atualizado e reprogramado após o aditivo assinado pelo engenheiro; cronogramas atualizados assinados pelo prefeito e engenheiro fiscal, outros documentos recorrentes ao contrato e, ainda, a apresentação de um laudo de sondagem e de uma manifestação do projetista”. E o então oficial de gabinete completa: “A Caixa solicitou um estudo de sondagem. E este estudo foi realizado. A única pendência que ficou foi que o engenheiro que fez o projeto deveria dar um ‘okay’ de que a alteração não comprometeria a obra”. O gerente regional da Caixa afirma que “a real situação deste projeto é que suas pendências ainda não foram atendidas pela prefeitura”. Ele informa que 6,37% da obra foram realizados, o que corresponde a R$ 13.620,01 de repasse financeiro pelos serviços correspondentes. Do relatório da Gidur, já citado nesta matéria, consta que no dia 11 de março Centro de Atendimento ao Turista, obra paralisada desde 2012. de 2013 foi realizada uma reunião técnica no município e que “o engenheiro Rogério Bardini vistoriou a obra junto com o engenheiro da prefeitura, Leandro Heidemann”. Na ocasião foi solicitada nova ART (anotação de responsabilidade técnica) de fiscalização e o atendimento a outras pendências do acompanhamento de engenharia. A redação do Canal SRL tentou vários contatos com o engenheiro Leandro Heidemann dos Santos, que não retornou e-mails e ligações telefônicas. Quando ia começar o grosso... Para Jeferson Hemkmeyer, houve a alteração do projeto inicial. Ele confirma que a Caixa “solicitou um estudo de sondagem e um ‘as built’ [expressão que significa como construído; trata-se de um desenho técnico que representa a situação efetiva da obra], para ajustar [o projeto executivo] de acordo com o que tinha sido executado”. Sobre o estudo de sondagem Hemkmeyer confirma: “agora ele apareceu, estava na Amurel e foi encaminhado para a Caixa”. Para o consultor da prefeitura, boa parte do que foi executado nesta obra seria contrapartida do município: “Pelo que me parece, eles pensavam em fazer um auditório na parte superior da obra e o município iria pagar. Quando ia começar o grosso da obra, a Caixa veio ali e pediu estas modificações porque tinha sido feito diferente do que tinha sido previamente proposto”. E conclui: “As modificações já estão na Caixa, mas eles não aceitaram bem tudo. Por isso, a gente marcou uma reunião lá, pra definir certinho o que cada parte deve fazer. A saída seria a empresa ajustar de acordo com o que a Caixa está exigindo”. Pagamento ou aditivo? Por telefone, o advogado da BF Construções, de Lauro Müller, informou que enquanto não receber o pagamento a empresa não quer mais executar a obra. Jeferson Hemkmeyer contrapõe: “No começo, alegaram problemas de logística, que era longe... E depois vieram com esse negócio de aditivo, aditivo... Queriam aditivo. A empresa já até propôs uma rescisão amigável, pois ela não queria mais fazer a obra. Mas como rescindir? Quem vai se responsabilizar por esta obra se der problema no futuro?”. E conclui, “[a empresa] tem que fazer primeiro, porque se eles tivessem ajustado bem desde o começo, já estaria resolvido. Ela tem que fazer este ajuste”. Prorrogação Questionado sobre a vigência até 12 de dezembro de 2013 do contrato relativo a esta obra, o consultor da prefeitura informou que já foi feito um pedido de prorrogação. Sobre o atraso no atendimento às solicitações da Caixa, justifica que a empresa não se interessou em fazê-lo: “O interesse de concluir a obra é da prefeitura. Mas a empresa tem que vir fazê-la”. A situação seria colocada à Caixa em uma reunião realizada no dia 13 de novembro: “a empresa quer largar a obra e, a partir da reunião, vamos ter uma posição exata da situação”. Procurado após esse encontro na Caixa, Jeferson Hemkmeyer disse que não pode estar presente e que a prefeitura foi representada por Leandro Heidemann. Mais uma vez, o engenheiro da prefeitura não atendeu às inúmeras tentativas de contato feitas pela reportagem. Revitalização de passeios públicos Quadra do Rio Bravo A Caixa informou que o convênio para a construção de redutores e controladores de velocidade no perímetro urbano do município é um contrato (número 30996270) relacionado à sinalização viária de diversas ruas do município, revitalização de passeios públicos e muros de contenção. Segundo o gerente regional da CEF, “A obra foi vistoriada em março de 2013 e foi solicitado ao engenheiro da Leandro Heidemann, o envio de relatório de resumo do empreendimento, que indique o percentual acumulado da obra devidamente atualizado”. Sobre este contrato (tratado amplamente na edição anterior do Canal SRL), a Caixa afirma que foi constatado que “houve alteração na execução do projeto das fundações, em detrimento do projeto aprovado”. Nelson de Souza disse que o município afirma ter argumentos e justificativas para o que fez e que, neste quadro, “a Caixa solicitou documentos técnicos para a devida análise do caso”, mas que continua “aguardando os documentos em questão”. Muro de contenção e passeio público. Diretor: Sebastião Vanderlinde Diretora: Mariza Vandresen Estrada Geral Águas Mornas, s/n. CEP 88763-000 Santa Rosa de Lima - SC. Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497 E-mail: [email protected] Fundado em 10 de maio de 2013, dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima Jornalista Responsável: Mariza Vandresen Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e Planejamento): Sebastião Vanderlinde Publisher (voluntário): Wilson (Feijão) Schmidt. Recursos estão bloqueadas na CEF. segue O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os responsáveis pela Editora que constam deste expediente. Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini Distribuição: Editora O ronco do bugio Tiragem desta edição: 1000 exemplares Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio). Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do Executivo e Legislativo estadual e federal. 4 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL segue Na passarela, um desfile de versões A obra parece concluída. Além de ter facilitado em muito a travessia de pedestres pela ponte Herich Wilke, é atrativo para turistas, noivos, namorados, famílias, crianças. É frequente ver alguém posando nela para uma foto. Essa é a principal alegação da empresa: a obra está concluída. Por isso, entrou com pedido de cobrança judicial contra o município. Não é cem por cento Dairso Vandresen lembra que a Caixa efetuou o pagamento da parte que foi realizada conforme a medição que foi aprovada: “O que aconteceu neste convênio é que a empresa não concluiu 100% da obra e eles queriam ganhar como o projeto concluído. A pendência que ficou foi que empresa tinha que atender às exigências da Caixa. Eu soube que a empresa entrou com processo por causa do atraso no pagamento. Mas eles devem perder porque eles não concluíram a obra. A defesa [do município] é o laudo da Caixa”. Segundo o gerente regional da Caixa, uma vistoria realizada em julho de 2012 indicou que apenas 66,03% da obra havia sido realizada, correspondendo a R$ 123.074,87. “A passarela de pedestres foi executada com comprimento menor que o projeto aprovado. Por esse motivo, foram feitas glosas (supressão de valores) correspondentes à redução de metragem. Foi iniciado processo de reprogramação, a pedido da prefeitura, mas as pendências requisita- das pela Caixa em dezembro de 2012, para continuidade do processo, ainda não foram enviadas”. O relatório da Gidur já mencionado aponta que em março de 2013 houve uma reunião técnica com o município, a obra foi vistoriada pelo engenheiro da Caixa, acompanhado pelo engenheiro Leandro Heidemann e que naquela ocasião foi solicitado que as pendências fossem resolvidas pela prefeitura. Como o engenheiro da prefeitura não respondia às tentativas de entrevista, o Canal SRL ouviu Jeferson Hemkmeyer (JH) e o assessor jurídico da prefeitura Sandro Volpato (SV). Canal SRL: Essa obra está na justiça? JH: Isso! A empresa tirou uma nota, em maio do ano passado, com o valor total a ser pago a ela. Só que a Caixa fez uma supressão de valores, porque foi feito diferente do que estava no projeto. E precisava ajustar isso aí. A empresa sabia disso só que até agora não fez. Em vez de vir acertar a situação, resolveu entrar na justiça. Passarela na Ponte Herich Wilke: atrativo para turistas e facilidade aos moradores. Canal SRL: A informação da empresa é que procurou a prefeitura e esta fez pouco caso. JH: Não é bem assim. Eles vieram aqui e foi dito que tinha pendência e eles não quiseram ver qual que era o problema. Eles queriam receber porque já tinham tirado a nota. Mas eles tiraram a nota no valor integral e não podia ter tirado. SV: É um negócio bem complicado. Porque a gente não tem uma prova concreta. Mas dando uma analisada por cima, foi projetada uma coisa e foi executada outra. A empresa entrou com uma ação judicial contra o município cobrando o integral da obra. Nós informamos ao juiz que a obra não foi realizada de acordo com o que foi planejado. Canal SRL: A empresa alega que foi executado o que estava planejado. SV: Na verdade, não consta nada aqui. Esse é o problema! Ela fala isso, mas não consta nada aqui nos arquivos [da prefeitura]. Mas, por outro lado, o dinheiro está depositado na conta do município. O dinheiro está lá... Se o juiz entender que vamos pagar, vamos pagar. JH: Na verdade, a Caixa tem Execução apresenta comprimento menor que o aprovado. que dar o aval. Se tivesse de acordo, a Caixa já tinha liberado. SV: É... Inclusive, nós chamamos o governo federal para integrar o processo. A Caixa é apenas um agente repassador. Os recursos são da União, a cobrança vem em cima de recurso da União. Na prática, para o município a obra está ali, mas não está de acordo com o que foi planejado. E uma pena, porque se o município for condenado os encargos financeiros são altíssimos. É coisa de 1% ao mês e mais correção monetária. E demora para ser julgado. Quer dizer, se houve algum erro de execução aqui dentro da prefeitura e me parece que foi, se a empresa tiver razão, o erro de execução ocorreu aqui dentro. Não foram feitas as alterações no projeto e o responsável neste caso é último ordenador, o último prefeito. Se a empresa tiver razão de cobrar, porque está errado, o município vai ser responsável por um prejuízo f... Canal SRL: E o que está sendo feito? SV: Dos documentos que estão aqui, eu juntei cópia integral ao processo. Já tenho 20 anos de experiência nesta área e pelo que tem ali não autoriza o pagamento, tanto que a Caixa não autorizou o pagamento. E, pelos documentos, a empresa não cumpriu. A Caixa também disse que não concluiu. Na verdade é bem visível... Se olhar o projeto que está na licitação e o que está ali, [as diferenças] são bem visíveis. Se houve alterações, elas não constam nos arquivos do município. Se houve alterações, a Caixa também não recebeu. O que acontece, tentando simplificar, é que está fora da medida. Mas, na prática, são coisas bem complicadas. Foi contratada uma coisa e foi entregue outra e a Caixa também não concorda que seja pago. Agora está na mão da justiça, que deve fazer uma perícia. E vamos ver quem tem razão. Construção de calçadas e meio fio O próprio consultor da prefeitura não tinha muitas informações sobre este convênio. Como também os avanços nele dependeriam da reunião na Caixa do dia 13 de novembro e como o engenheiro Leandro Heidemann dos Santos não atendeu às solicitações de entrevista, restam apenas as informações da Caixa. Nelson de Souza diz que o contrato para a construção de calçadas e meio-fio foi assinado em 2 setembro de 2007 (levando o numero 225.772-90). Em 2009, por solicitação do município, o regime de execução da obra passou para administração direta. “A última aferição da medição por parte da engenharia da Caixa foi feita em 28 de novembro de 2011, atestando a realização de 53,75% da obra. Em 11 de março de 2013, foi realizada reunião técnica com o engenheiro Leandro Heidemann e solicitadas providências para a devida conclusão da obra, permitindo o encerramento do contrato. As pendências são documentais referentes a boletins de medição, para posterior vistoria da Caixa visando possível desbloqueio dos recursos pendentes de liberação”. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 5 6 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL EDUCAÇÃO COMUNIDADE RIO DO MEIO Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel Comunidade revitalizada Foi um sucesso a festa em honra a padroeira na comunidade de Santa Catarina. Quem passou por aqui pode comprovar que nossa comunidade realmente está revitalizada. Igreja restaurada, calçamento, estradas em boas condições, paisagismo e um público que compareceu em massa para festejar Santa Catarina, a esposa de Jesus. A festa aconteceu no dia 24 de novembro e, como é nosso costume, as comemorações em honra a nossa padroeira, Santa Catarina, iniciaram com a missa. Padre Marcelo Buss foi o celebrante e nossa linda igreja estava lotada. Logo após a missa, foi servido aquele delicioso almoço. Cerca de trezentas pessoas se revezaram em nosso pequeno salão para saborear nossa comida colonial. E, aqui, queremos agradecer, com carinho, a compreensão de todos. Comida não faltou, mas nosso espaço ficou pequeno para atender a tanta gente que nos prestigiou. Assim, foi ótimo ver as pessoas colaborando. Quem terminava de comer logo se levantava e cedia lugar para que outras pudessem fazê-lo. Foi um revezamento e tanto! Por isso, estamos contentes que tenha dado tudo certo. Depois do almoço, o público se dividiu. Uma parte rumou para o campo de futebol e outra, permaneceu no salão para o grande bingo. Correr ou sentar... e torcer. Logo após a refeição, foram feitas as inscrições para o torneio de futebol suíço de quadra. Novo sucesso: dez times, fazendo com que a competição seguisse por toda a tarde. E lotando a plateia. Um acordo entre os dois finalistas da “praça” fez com que não houvesse a disputa pelo primeiro lugar. Eles resolveram somar e dividir em partes iguais a premiação. O terceiro lugar ficou com a equipe de Rio do Sul. Entre os perdedores – Santa Barbara e Rio Fortuna – também funcionou a partilha do prêmio, evitando o confronto. O bingo também foi uma grande atração. Cerca de duzentas cartelas foram vendidas. Os ótimos prêmios foram doados pelo comércio de Santa Rosa de Lima. A comunidade agradece a todos os apoiadores. Mais agradecimentos A Comissão de assuntos econômicos e de pastoral da comunidade (Caep) quer agradecer, da mesma forma, a todos que se dedicaram para que nossa festa fosse um sucesso. Em primeiro lugar, às mães e mulheres da Santa Catarina que se dedicaram incansavelmente para preparar a comida e os salgadinhos. Aos pais e homens, que assaram a carne e cuidaram para que tudo saísse perfeito. Especialmente, à força jovem da comunidade, que mostrou responsabilidade ao trabalhar durante todo o evento, no bingo, nos caixas, nos balcões de bebidas. E, por fim, mas não menos importante, a todas as pessoas que vieram aqui partilhar conosco este momento de comemoração. Já esperamos todos vocês para a próxima festa. Bingo foi uma das atrações da festa. Os mestres que a região precisará O Supervisor de ensino da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Braço do Norte (SDR-BN), Ademar Rohling, esteve na sede da UFSC na Capital da Agroecologia, para conhecer a proposta e o funcionamento desse curso de graduação. Ele estava acompanhado dos professores Eliete May da Rosa (Diretora) e Volnei Heidemann (Coordenador pedagógico), da Escola Estadual Aldo Câmara, uma parceira efetiva na formação dos futuros professores pela UFSC. Alunos de Educação do Campo com professores e o supervisor da SDR. O Supervisor de ensino da SDR-BN foi à sala de aulas e conversou diretamente com os vinte e oito estudantes. Depois, se reuniu com o Coordenador da Turma, Professor Wilson Schmidt. “Esta é uma experiência que precisa ser conhecida e valorizada por todos os municípios de nossa região. Aqui, se está formando os mestres, com uma visão e uma ação interdisciplinar, que a região precisará em um futuro próximo”, declarou o Professor Rohling. Ponderou, ainda, que a formação por área de conhecimento e não por disciplina representa um passo à frente em relação à intenção do Governo do Estado de reestruturar o ensino em Santa Catarina. “A formação por área permite uma visão mais integrada aos potenciais e aos problemas de nossa região e incorpora a indispensável ótica da sustentabilidade aos conhecimentos das nossas crianças e jovens. Já a abordagem da Educação do Campo valoriza a característica rural de nossos municípios, assim como a cultura e os saberes de nossa gente. Com a qualidade que o ensino da UFSC assegura, a ‘Federal’ está formando, em Santa Rosa de Lima, um profissional verdadeiramente diferenciado”, concluiu o Supervisor de ensino. O Professor Wilson Schmidt avaliou como altamente positiva a aproximação com a SDR-BN. “A UFSC já conta, em cada um dos cinco municípios onde tem estudantes aqui nas Encostas da Serra Geral, com uma parceria importante com as escolas das redes estadual e municipais. Estar assim perto de estruturas regionais de gestão da educação é fundamental para valorizar a Educação do Campo e, inclusive, para fazer avançar desde já as formalidades para que, daqui a pouco, quando formados, nossos estudantes não tenham qualquer dificuldade burocrática para se inscrever em concursos feitos aqui na região”. “Afinal, qualidade para participar dos concursos e para serem ótimos professores, eles certamente terão. Assim, a relação UFSC e SDR-BN é do tipo em que todos ganham”, concluiu. O Curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFSC em Santa Rosa de Lima Por que o Curso? O Ministério da Educação, através do Programa Nacional de Educação do Campo (PronaCampo), estima que o Brasil precisa formar pelo menos 45.000 professores para atender as escolas do campo com professores devidamente habilitados. Estrutura do Curso O Curso é presencial e utiliza a Pedagogia da Alternância. Há dois “momentos” pedagógicos, que interagem. No “Tempo-Universidade”, há aulas em Santa Rosa de Lima, com Professores da UFSC, em período integral (manhã e tarde, de segundas às sextas-feiras). No Tempo Comunidade os estudantes cumprem um Plano de Estudos nas comunidades rurais onde vivem e trabalham. Estudantes O Curso tem atualmente 20 estudantes: 21 de Santa Rosa de Lima, dois de Anitápolis, dois de São Bonifácio, dois de Rio Fortuna e um de Orleans. São jovens, 23 mulheres e cinco homens, a quase totalidade deles ligados à agricultura familiar.. Atuação do Formado Os egressos do Curso, diplomados pela UFSC, estarão aptos para trabalhar como professores, na Área de Ciências da Natureza e Matemática, tanto nas séries finais do ensino fundamental, quanto no ensino médio, em Escolas do Campo. Entende-se como escolas do campo (seguindo o Decreto Federal Nº 7.352, de 4 de novembro de 2010) aquelas situadas em área rural, conforme definida pelo IBGE, ou aquela situada em área urbana, desde que atenda predominantemente a populações do campo. Ou seja, praticamente todas as escolas da região. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 7 Rede AGRECO COMUNIDADE MATA VERDE Volnei Luiz Heidemann | Adilson Maia Lunardi Agroindústrias podem ter investimentos de 4 milhões No mês de novembro, o coordenador geral da Agreco, Volnei Luiz Heidemann, e o gestor de finanças da Cooperagreco, Adilson Maia Lunardi, foram recebidos na capital do Estado pelo presidente da Codesc, Miguel Ximenes, e pelo presidente do Badesc, João Paulo Kleinubing. Na oportunidade, apresentaram o projeto de construção, ampliação e compra de equipamentos da rede de agroindústrias das Encostas da Serra Geral, que vem sendo negociado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Tal projeto, a ser financiado com recursos do próprio BNDES, prevê investimentos de aproximadamente 4 milhões de reais. Para a liberação, é indispensável um agente financeiro interlocutor e contrapartidas dos agricultores. A reunião serviu principalmente para aproximar as instituições e para “alinhavar” a contratação da ação. Resultaram como encaminhamentos do encontro a análise pela Codesc e pelo Badesc da pro- posta da Agreco/CooperAgreco, um compromisso de aprofundar a troca de informações e o agendamento de um contato conjunto com o BNDES. A diretoria da Agreco continua empenhada em viabilizar o projeto e aposta na chegada em breve desses recursos. Codesc: Companhia de Desenvolvimento de Santa Catarina Badesc: Banco de Desenvolvimento de Santa Catarina Lançamento do Projeto Finep “óleos essenciais orgânicos” O prêmio Finep de Inovação Social foi conquistado pelo Centro de Formação (CFAE) em 2011. Praticamente dois anos depois, com muitos esforços para elaborar e ajustar o projeto, houve a liberação dos recursos. No dia 12 de dezembro, às dezesseis horas, no “Casarão” (nas Águas Mornas) que é a sede do CFAE, haverá o lançamento de mais essa ação de desenvolvimento conquistada e promovida pelas organizações que lutam pelo futuro sustentável das Encostas da Serra Geral. Estarão presentes agricultores, apoiadores e autoridades. O projeto permitirá várias ações na produção, assistência técnica e gestão. Os recursos, num montante de R$ 500 mil custearão, por dois anos, experimentos em unidades de agricultores familiares com a finalidade de consolidar o projeto da cadeia produtiva de óleos essenciais orgânicos em toda a região. Serão contempladas sessenta famílias dos municípios de Anitápolis, Gravatal, Rancho Queimado, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima e São Bonifácio. A ação compreende a doação de mil mudas por propriedade para o plantio em áreas de aproximadamente 400 m². As espécies que serão testadas, uma por propriedade, serão de capim vetiver, camomila, alecrim, sálvia, tomilho e orégano. A expectativa das lideranças é que, ao final deste período, possa ser implantada uma fábrica extratora de óleos essenciais nas Encostas da Serra Geral. O que está se construindo é mais uma alternativa de renda para os agricultores familiares e para empreendedores. ZELAR Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de SRL Violência é covardia Devemos todos contribuir para afirmar o respeito aos direitos humanos e jamais esquecer que violência é covardia, principalmente quando é praticada nos lares. Não podemos esquecer que suas marcas permanecem na sociedade. A partir do momento em que, por diversos fatores, o núcleo familiar se desestrutura, podem surgir atos violentos e agressivos que ameaçam o convívio e, especialmente, às crianças e aos adolescentes. Esse tipo de violência doméstica é caracterizado como abuso do poder disciplinar e de repressão dos pais ou responsáveis em relação aos filhos. Tal abuso pode durar dias, meses ou anos, se não levado ao conhecimento das agências de proteção. Infelizmente, em geral, o que predomina é a “lei do silêncio”. Os abusos que caracterizam violência contra crianças e adolescentes se apresentam sob forma de agressão física, sexual, psicológica ou, mesmo, como negligência no cumprimento e observância dos direitos fundamentais deles. Todas estas formas são graves. Sinais A violência doméstica praticada contra crianças e adolescentes pode ser observada e constatada a partir da observação de algumas características. Fique atento a: Indicadores físicos – presença de toda espécie de lesões físicas, como queimaduras, feridas, fraturas que não se adequam ao que se conta. Indicadores comportamentais nas vítimas – agressividade ou apatia, hiperatividade ou depressão; assustável ou temeroso; tendências autodestrutivas; teme aos pais, alega sofrer agressão dos pais; alega causas pouco viáveis às suas lesões; apresenta baixo conceito de si; foge constantemente de casa; tem problemas de aprendizagem. Características da família – oculta as lesões da criança ou adolescente ou as justifica de forma não convincente ou contraditória; descreve a criança como má e desobediente; defende a disciplina severa, abusa de álcool e/ou drogas; tem expectativas irreais da criança ou adolescente; tem antecedentes de maus-tratos na família. Fazer cumprir o ECA é dever de todos A suspeita de maus tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável contra crianças e adolescentes deve ser obrigatoriamente comunicada ao Conselho Tutelar. Lembre-se que uma violência doméstica significa a quebra dos vínculos afetivos que se espera do ambiente doméstico. Por isso, não se omita. A omissão pode configurar uma infração. O quadro é crítico e, diante dele, é essencial ajudar para que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) seja cumprido. Kátia Vandresen | Ronaldo Michels Mata Verde em festa No dia 13 de dezembro, comemoramos o dia de Santa Luzia, nossa padroeira aqui na Mata Verde. Para nós, é uma data muito importante e por isso, damos graças, rezamos e festejamos nossa Santa. Aproveitamos, ainda, para agradecer o ano que finda e para pedir proteção para o ano que se aproxima. A programação inclui: celebração da Santa Missa, almoço de confraternização e, durante a tarde, diversões com jogos e baile. Lembramos que, aqui na Mata, temos uma gruta que foi construída em honra a Santa Luzia. O local é muito procurado para orações, pedidos e devoções àquela que nos ampara. Generosidade e fé Santa Luzia é conhecida como a protetora dos olhos e da visão. Pertencia a uma rica família de Siracusa, na Itália. Recebeu forte formação cristã, o que a levou fazer votos de virgindade perpétua. Com a morte do pai, contrariando a vontade de Luzia, a mãe arrumou um noivo para ela. Mas, em seguida, adoeceu gravemente. Luzia levou a mãe à tumba de Santa Águeda, de quem era devota. Milagrosamente curada, a mãe finalmente consentiu que a filha prosseguisse a vida religiosa que escolhera. Permitiu também que Luzia distribuísse a riqueza da família entre os pobres. Vingança, milagre, morte e santidade O noivo a quem Luzia fora prometida não aceitou a rejeição e quis se vingar dela. Em um período de perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano, denunciou-a como cristã ao governador romano. Queria colocá-la em um prostíbulo. Luzia foi levada a julgamento e condenada. O governante mandou que a levassem à força para servir à prostituição. Luzia disse: “O corpo se contamina se a alma consente”. E, embora ela não movesse um dedo sequer, nem dez soldados juntos conseguiram carregá-la. Os militares arrancaram, então, os olhos dela. No dia seguinte, entretanto, eles estavam novamente perfeitos. Por este milagre é que Santa Luzia é venerada como protetora dos olhos. Como insistia em não quebrar o seu santo voto, foi condenada à morte. Resina e azeite ferventes foram jogados sobre o seu corpo, mas ela continuou viva. Foi preciso um golpe de espada na garganta para tirar a vida de Luzia. Que, com a morte, reafirmou seu testemunho: “Adoro a um só Deus verdadeiro e a ele prometi amor e fidelidade”. Réveillon é na Mata Verde A comemoração da passagem de ano já é tradição aqui na nossa Mata Verde. E na próxima “virada” não será diferente. A comunidade já está se organizando para realizar um super réveillon para esperar 2014. A programação ainda não está definida, mas já podemos informar que a noite promete. Teremos show pirotécnico, baile e “comes e bebes” (para comemorar e “bebemorar”). E, como sempre, não faltará a energia e a simpatia deste povo de Santa Rosa de Lima. A comunidade convida a todos para que, juntos, façamos a melhor virada de ano da história de Santa Rosa de Lima. E, desde já desejamos um Feliz Natal e que todos tenham um Feliz 2014. 8 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL FOTO NACK EDUCAÇÃO Formandos 2013 da Escola Aldo Câmara. Ritual de passagem A formatura no Ensino Médio simboliza a superação de uma etapa. É um momento de decisões: seguir ou não estudando; escolher uma profissão; escolher a faculdade, curso técnico ou formação profissionalizante; ou, até, esperar um pouco para decidir. É, assim, um momento importante da vida. Neste ano, vinte e seis estudantes, divididos nas turmas matutina e noturna, concluirão o “terceirão” em nossa Escola Estadual de Educação Básica Aldo Câmara. A cerimônia de formatura será realizada no dia 14 de Dezembro, às 20:30 horas, no Salão Comunitário. Para os jovens, é um momento de festa. Para os familiares, a data tem o significado de orgulho. Pais, mães, avôs e avós se alegram ao ver seus filhos e netos com diploma na mão, já que, em muitos casos, não tiveram a mesma oportunidade. Para os educadores (diretores, professores, servidores) há o misto de dever cumprido e de reflexão sobre mais um grupo formado. O caminho à frente Os formandos do Aldo Câmara têm perspectivas diferentes. Alguns deles já têm claro o que querem daqui pra frente: farão vestibular para tentar ingressar em uma universidade. Os outros ainda não se decidiram. Parte deles cogita fazer o Cedejor. A grande maioria afirma que, por enquanto, “vai dar um tempo”. E poucos já afirmam que não querem mais saber de estudar. Sandra May, está entre os que pretendem seguir estudando, prestará vestibular para Administração e aguarda ansiosa a formatura: “Nesta fase, a gente cresce bastante e começa a pensar naquilo que quer pra vida da gente. Agora, aumenta a responsabilidade. A gente começa a pensar mais no futuro. Pretendo passar no vestibular, arrumar um emprego legal e começar a juntar um dinheirinho para meu futuro”. Liliane Becker também quer fazer faculdade: vai tentar uma vaga no curso de Ciências Contábeis. E já sente saudades da turma: “A gente estuda junto desde a primeira série. São onze anos! Não sei como vai ser agora, mas, com certeza, vamos nos distanciar, cada um vai seguir seu rumo. Mas é assim... É chegada a hora em que temos que decidir o que vamos fazer da nossa vida e eu sei que pretendo continuar estudando”. Hiury Gabriel, mesmo sendo o “caçula” da turma (tem 16 anos) já decidiu a sua carreira: “vou ser engenheiro”. Já Murilo Dutra está entre os indecisos: “Não sei o que vou fazer. Por enquanto, vou dar um tempo. Mas eu penso que, um dia, volto a estudar”. Para ser inesquecível As professoras Juliete Schmoeller e Alexsandra Willemann, as regentes das turmas, são as principais responsáveis pela organização e orientação dos alunos nos debates sobre os preparativos para a formatura. E também na definição da tradicional e sonhada viagem. Juliete considera que se esta não é uma tarefa fácil, ela vale a pena: “São muitos desafios e incômodos, mas é gratificante. Especialmente porque lidamos com uma turma muito querida, dedicada e que colabora. É claro que temos muitas críticas, muitas vezes injustas, tanto dos pais quanto dos alunos. Geralmente, elas vêm de pessoas que não se envolvem e pouco participam. Por isso, levo tudo como uma experiência positiva. Afinal, para mim, trabalhar com adolescentes é muito bom. Nós estabelecemos um vínculo e um compromisso muito forte com eles”. O roteiro da viagem ainda não foi definido. Igor Bonetti, que faz parte da comissão de formatura, explica: “Temos muitos planos e muitos lugares para ir. Tudo vai depender da arrecadação que teremos no baile do dia 14 de dezembro. A nossa esperança para uma ótima viagem está, assim, associada ao sucesso do baile. Por isso, contamos com a presença em massa do público”. A aposta foi alta: os formandos contrataram a empresa Djalma produções e para garantir a qualidade da animação escolheram Os Sócios, Lucas Cruz e o DJ BN. A produção assegurará também uma decoração de primeira e as condições para total segurança. Encontro marcado, então, para todos os santarosalimenses, às 23:00 horas do dia 14 de dezembro, no Salão Comunitário. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 9 10 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Meine Meinung Minha Opinião COMUNIDADE SANTA BÁRBARA Wilson Feijão Schmidt Leitor de qualidade e jornalismo de qualidade Igor Bonetti Os sinais do dezembro O Natal está chegando. Os sinais aqui em nossa comunidade são bem claros. Primeiro, são os pastos que ficam floridos com as “ervas de natal”, aquelas amarelinhas. Elas não são bem vindas para quem utiliza as pastagens para criar animais. São um inço. Mas elas chamam a nossa atenção pela beleza do seu amarelo forte e pelo seu cheiro peculiar. Além de simbolizar o mês de dezembro e, com ele, a chegada do Natal. Outro espetáculo da natureza nesta época do ano são as flores do Menino Jesus, que enfeitam casas e jardins por aqui. É claro que a presença forte delas está nas nossas matas, o habitat natural desta espécie. Todo mundo mais feliz O Natal é uma época do ano que eu gosto demais. Todo mundo fica mais feliz, mais unido. Aqui na nossa comunidade, a gente se reúne toda semana em casas diferentes. O motivo são as novenas que antecedem o Natal. Nós, como bons cristãos, cumprimos nosso compromisso com Deus. É claro que a reza é a principal razão, mas os próprios encontros das pessoas têm algo de muito especial. Todos compartilham conversas, novidades e experiências. E por aqui, como todos cozinham muito bem, depois da reza, sempre tem um lanche muito gostoso. E isso também é muito bom. Uma história de Natal Minha mãe conta que quando ela era pequena e morava lá na Varginha, município de Anitápolis, o Natal era o dia do ano mais esperado pelas crianças. Ela diz que minha vó ficava em casa fazendo as bolachas enfeitadas. Minha mãe e suas irmãs tinham que ir para a roça, pois era assim: quem não trabalhava não ganhava presentes. Acontece que quando elas voltavam da roça minha vó já tinha escondido toda a produção de bolachas e dizia para elas: “O Papai Noel levou tudo embora, mas ele traz de volta com uma condição, todos temos que trabalhar muito até o dia do Natal”. E assim, todos se dedicavam muito mais nos afazeres da roça e da casa, pois a esperança era de comer aquelas deliciosas bolachas, coisa que só era possível no Natal. Então, na véspera do dia 25 de dezembro, minha vó assobiava. Esse era o sinal para o Papai Noel vir naquela noite. E de manhã, para alegria da criançada, lá estavam os deliciosos quitutes, primeiro sequestrados e depois devolvidos pelo bom velhinho. Interessante a tentativa de alguns de fazer parecer que este espaço tenta diminuir ou desqualificar os leitores e, de forma geral, as pessoas daqui. Ora, é justamente o contrário. Quem propaga a ideia ruim de que as pessoas são brutas, primárias, não leem e não gostam de ler não sou eu. São aqueles que estão no poder. E são aqueles que vão assegurando a decadência do jornalismo ao apresentar, em suas páginas, superficialidade, quando não ignorância. Na busca de mais tiragem e, especialmente, de mais propaganda oficial, certos jornais seguem baixando o nível. Para os donos desses jornais, como “o povo daqui não gosta de ler”, é preciso fazer notinhas cada vez mais curtas e “notícias” com no máximo dois parágrafos. É bom lembrar que, em geral, notas e matérias sobre aquilo que o leitor já tinha visto na internet ou escutado nas rádios. Afinal, as fontes são as mesmas: as assessorias de imprensa das prefeituras, das Câmaras de Vereadores ou de empresas. Ora, se pouca ou nenhuma reportagem ou investigação são feitas por esses jornais, impossível esperar que eles apresentem ao leitor uma análise independente. Livre pensar Participo deste Canal SRL porque acredito que este jornal está ligado ao interesse dos seus leitores, em lugar de aos interesses daqueles que estão com o poder da caneta para liberar dinheiro público. No jornal de Santa Rosa de Lima, escrevese (bem e bastante) não para que o leitor concorde com o que está escrito, mas para que ele próprio forme livremente sua opinião. O bom jornalismo procura, mais que informar, ilustrar o público, iluminá-lo. Ora, ao contrário do que dizem aqueles que preferem levar as pessoas no cabresto por favores, fazer esse tipo de jornalismo valoriza o leitor, sua capacidade de pensar e de escolher. É claro que tem gente que preferiria poder continuar manipulando as informações através de fofocas e “pensando” pelas pessoas que, felizmente, viraram leitores deste Canal. Certos números... Um “colega”, colunista da Folha de São Paulo, disse que, apesar de não parecer, os seres humanos têm algumas defesas contra o vírus da corrupção. Pelo menos duas forças atuariam para manter os seres humanos afastados desse gênero de crime. A primeira força é externa às pessoas. Trata-se do medo de ser desco- berto e sofrer as penas legais e sociais correspondentes. A segunda força está dentro das pessoas e dispensa fiscais, auditores, ministérios públicos e investigadores. Trata-se da imagem que homens e mulheres fazem – ou querem fazer – de si próprios. O problema nesse caso é que, como cada um é juiz de si mesmo, há muita tolerância. O psicólogo Dan Ariely afirma que a desonestidade é o resultado de uma “negociação” entre o desejo de levar vantagens materiais e a necessidade que todo indivíduo tem de cultivar uma imagem de si mesmo que seja, ao menos, aceitável. O cérebro resolve o problema impondo um teto para os desvios. Na população estudada por Ariely, as consciências das pessoas toleravam bem uma fraude, desvio ou “embolsada” de até 15%. Esse número se não servia de justificava para o roubo, pelo menos fazia com que ele parecesse menos grave ao próprio corrupto. Pelo jeito das coisas, tem muita gente que anda superando esses limites. E ainda se achando o tal. Talvez a psicologia não funcione para esses casos. Ou talvez seja porque, como diz o mesmo colunista, no Brasil, em um cálculo estritamente racional, muitas vezes ainda “vale a pena” roubar dinheiro público. “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade.” George Orwel. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 11 SRL: Eu conheço e Valorizo! COMUNIDADE NOVA FÁTIMA Padre Aluísio Heidemann Yochen Frutos silvestres do pé de Serra Alexandre Oenning Bittencourt | Valesca Weber Tive a satisfação e o orgulho de pastorear o povo de Deus de Santa Rosa de Lima. Isso foi entre os joviais e belos anos de 1991 a 1995. Em meio a austeridade da ação evangelizadora, era possível desfrutar dos encantos geográficos da Serra Geral e de seu povo religioso, honesto e trabalhador. Foram anos de resgate da autoestima de ser da terra e de ser colono de origem. Graças e Sabores Além da chuva de graças das celebrações de missas, pude visitar, ver, sentir e saborear as famílias em seus ambientes e costumes. Nestas ocasiões benzia as casas, os campos e os sonhos. E, depois das missas, não me esqueço, era possível degustar alimentos cheios de sabor germânico. O sabor de vida dos santarosalimenses, especialmente dos colonos, sempre me ergueu no cansaço do dia. Após uma semana de trabalhos duros, os pais aprontam seus filhos e vão ao encontro de Cristo na missa dominical ou na celebração da palavra para receber Jesus na palavra ou na eucaristia. Ao receberem a hóstia, apresentavam mãos duras e calejadas, revelando grandeza de caráter e dignidade. Ao dizerem amém, sua convicção desvendava que de fato eram filhos e filhas da Deus e da terra. Um povo assim merece ser aplaudido e amado Ainda encontramos em Santa Rosa de Lima pessoas meigas, ingênuas e doces, verdadeiros frutos silvestres do pé de Serra. Rapazes e moças de rostos queimados pelo sol esbanjam saúde no trabalho, no estudo e no esporte e sua dignidade e beleza brilham como a seleção brasileira brilhou com o tetra naquela copa em que eu pastorava em Santa Rosa de Lima. Por isso digo com todas as letras: conheço, valorizo e amo Santa Rosa de Lima. Nasceu o Cantinho da Família A obra foi pensada apenas para o lazer da família. Com a piscina construída e a sugestão de muitos amigos, foi surgindo uma ideia daqui, outra dali... Ao fim, o casal Ney e Ângela resolveu entrar para o agroturismo. Nasceu, assim, o “Cantinho da Família”. No início, era bem acanhado o número de reservas, feitas, em geral, por amigos e conhecidos. Como não tinha telefone, os recados eram deixados no da casa dos “parceiros” Vilson e Marieta. As reservas eram para “usar a piscina”. Quem vinha trazia sua própria comida. Pouco a pouco, os pedidos foram aumentando. E as pessoas não queriam só “passar o dia”, desejavam se hospedar e aproveitar o final de semana para descansar junto à natureza. Com isso cresceu a procura por refeições. O passo seguinte foi criar um restaurante. Em seguida, houve a construção de um pequeno chalé. Tudo feito com recursos próprios. Poucos recursos, muita vontade Como qualquer atividade turística bem gerida, logo a pequena capacidade do restaurante e do chalé não foi mais suficiente. Com a venda de uma “malha” de eucaliptos e com um financiamento do Pronaf (Programa Nacional da Agricultura Familiar), a família investiu novamente no empreendimento. Uma antiga estufa de fumo foi transformada em uma espaçosa e aconchegante pousada. São cinco suítes e um amplo espaço para lazer, com lareira, áreas de estar, arca de leitura e um deck com redes para descanso. Para a realização de eventos, como aniversários, casamentos, jantares de confraternização e outras reuniões familiares e de amigos, mais investimentos foram realizados. Agora com recursos do Programa SC Rural. Hoje, o novo restaurante tem vista para o lago e capacidade para atender até 200 pessoas. Ney e Angela se mostram bem satisfeitos, pois os agendamentos estão a todo vapor. Tirolesa e outras novidades Além da piscina, do restaurante e da pousada, o Cantinho da Família terá uma novidade para toda a região do vale do rio Braço do Norte: uma tirolesa. É uma prática de turismo de aventura. Em um cabo aéreo ancorado horizontalmente entre dois pontos, o turista se desloca, com o apoio de roldanas, em uma cadeirinha de alpinismo. Esse projeto está em fase de conclusão e, em seguida, serão disponibilizados caiaques e pedalinhos no lago da barragem da PCH. É Ney quem diz o porquê de estar demorando um pouco: “Estamos cuidando para o cumprimento das normas de segurança exigidas e capacitando as pessoas para a operação”. É o mesmo Ney que, preocupado com a preservação ambiental, vive plantando árvores nativas, com destaque para a palmeira Jussara e frutíferas e floríferas. Reservas: (48) 99 97 87 49 com Ângela ou Ney. Novo restaurante com capacidade para 200 pessoas. 12 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL TRANSPARÊNCIA COMUNIDADE RIO SANTO ANTÔNIO Mariléia Torquato | Carol Rodrigues O Natal é família É tempo de alegria e de união. Tempo em que coisas boas acontecem. É especialmente no Natal que a família se reúne para festejar. Para muitos, é bem possível que o Natal tenha perdido, hoje, seu verdadeiro significado: festejar o nascimento do Menino Jesus. Muitos veem a data especial, apenas como uma época para lucrar, vender, gastar e dar presentes. Não passa de um momento para que o comércio ganhe mais dinheiro. Mas aqui, em nossa comunidade, o Natal ainda é comemorado com muita alegria e espírito natalino. As famílias se reúnem, montam suas árvores e presépios, decoram suas casas, participam das celebrações na igreja. Sim, aqui nós comemoramos o nascimento de Jesus. No passado, era tudo diferente Apesar das dificuldades daqueles tempos, a data era esperada por todos. Um dos maiores sinais de que a data se aproximava era o florescimento nos campos das “ervas de natal”. O trigo era comprado uma vez por ano, justamente nesta época, quando se preparavam os quitutes natalinos. As mães faziam doces e os escondiam, como se eles fossem os chocolates dos dias atuais. É possível imaginar como era a felicidade das crianças quando recebiam aqueles doces decorados e as saborosas balas. Afinal, isso só acontecia uma vez por ano. A noite de Natal era o grande auge do final de ano. Tudo era preparado com amor e dedicação: os brinquedos de madeira bruta, as bonecas de porcelana. Esta era a única vez no ano em que as crianças recebiam presentes. No passado era assim, as famílias se reuniam, as mulheres faziam os comidas e os mais velhos contavam histórias antigas, todos felizes, relembrando bons momentos. Felicidades Esperamos que esta data não perca seu real significado e que neste natal todos possam curtir, dançar, sorrir, pular, perdoar. Enfim, que possamos ser felizes ao lado de nossa família e de nossos amigos. Desejamos a todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo! Árvore e Presépio de Natal em nossa Igreja. (ano passado) Mariza Vandresen Câmara Municipal “Casa do povo” ou caixa-preta? Este título não é muito original. Afinal, há um ano. a revista Veja, de circulação nacional, publicou uma matéria com a chamada: “Câmara municipal: a ‘casa do povo’ virou caixa-preta”. Isso seria muito direto e esta reportagem quer mostrar que existe uma grande diversidade de situações. Ou seja, há Câmaras e Câmaras! Algumas, são casas do povo e outras, são caixas-pretas. Juristas consideram que o Poder Legislativo municipal deve ser a instituição por excelência da democracia local. Caberia à Câmara de Vereadores o papel de estimular constantemente todos os membros da sociedade a compreender as atividades dos parlamentares e o processo legislativo, em sintonia com a necessidade de conscientização da população e dos princípios de transparência e acesso à informação. Em novembro, a Lei 12.527 completou dois anos de existência. Ela se destina a assegurar, a qualquer cidadão, o direito fundamental de acesso à informação. Suas diretrizes são pautadas na publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção e no desenvolvimento do controle social da administração pública. Ou seja, a sociedade poder acompanhar e controlar quem mexe com dinheiro público. O Canal SRL procurou fazer um diagnóstico da Câmara de Santa Rosa de Lima e uma panorâmica regional. Para isso, participou de sessões ordinárias na casa dos poderes legislativos dos municípios vizinhos de Santa Rosa de Lima. Informações foram solicitadas junto às Câmaras de Rio Fortuna, Anitápolis, Grão Pará, São Martinho e Braço do Norte, também foi possível o acesso a vários regimentos internos e a realização de entrevistas com assessores, funcionários, vereadores e presidentes destas câmaras. O que é Caixa-preta: Caixa-preta é um equipamento utilizado nos aviões para gravar os dados de funcionamento e as conversas da tripulação durante os vôos. Tem esse nome, não por causa da sua cor (ela é laranja, para facilitar a localização), mas porque é um sistema fechado, com mecanismos internos que não são abertos à observação. Por isso, a expressão é aplicada, de modo figurado, às pessoas. Por exemplo, um “funcionário caixa-preta” é aquele egoísta que esconde informações ou conhecimentos para ver se consegue se distinguir em seu grupo de trabalho. E serve para designar situações que não são muito claras ou para instituições pouco transparentes e que criam mistério sobre informações que deveriam ser acessíveis a todos. GRÃO PARÁ As sessões acontecem todas as segundas-feiras, com início às dezenove horas, normalmente com as 36 cadeiras disponíveis para o público totalmente ocupadas. Mais informação é mais agilidade No início deste ano, a Câmara implantou um novo site (www. camaragraopara.sc.gov.br). Lá são inseridos, semanalmente, todas as indicações, requerimentos, atas, moções e outros documentos. As sessões são transmitidas em tempo real no link Sessões On-Line. Todo o conteúdo fica à disposição dos vereadores e de qualquer pessoa. “Temos um grande número de pessoas que acompanham as sessões pela internet”, garante Rodolfo Bonetti, funcionário da câmara de Grão Pará. Segundo ele, o mesmo computador que faz a transmissão grava todas as sessões. As gravações são arquivadas. Para facilitar o trabalho dos vereadores e também agilizar o andamento das sessões, todos eles recebem, com antecedência, uma cópia da ata para conferência ou alteração de seu conteúdo. “Para se ter uma ideia, as sessões acontecem nas segun- Legisladores da Câmara Municipal de Grão Pará. das-feiras à noite e já na terça-feira à tarde os vereadores tem a ata a sua disposição, seja via e-mail, para quem o tem, ou uma cópia na mesa de cada vereador que não possuir endereço eletrônico. Qualquer vereador pode solicitar cópia extra de atas, gravações, documentos etc. sem necessidade de requerimentos e outras formalidades”. Rodolfo explica que assim que recebem a ata eles as leem e se, por ventura, não é mencionada alguma coisa, eles solicitam as alterações e na sessão seguinte a ata vai para aprovação sem leitura, pois todos já conhecem seu conteúdo. Após a aprovação elas são publicadas no site. Relação com a sociedade A Câmara prima pela informação ao público: “Qualquer órgão de mídia, mesmo que não seja credenciado, pode comparecer, acompanhar, gravar, fotografar ou filmar as sessões. O mesmo vale para a plateia que quase sempre lota as 36 cadeiras disponíveis. Mesmo que bater fotos, gravar ou filmar não seja uma prática muito comum da plateia, estes recursos são todos permitidos aqui”, esclarece Rodolfo Bonetti. Informa, ainda, que se algum cidadão ou empresa quiser algum tipo de documento basta fazer uma solicitação escrita que é apreciada pela presidência e, geralmente, liberada. “Agora, com nosso sistema de transmissão on-line, são poucos os pedidos. Isso facilita, mais uma vez, os trabalhos da casa”, conclui o funcionário da Câmara. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL ANITÁPOLIS As sessões acontecem nas terças feiras, às dezenove horas e em torno de uma dezena de pessoas as acompanham na plateia. O interessante é que as reuniões contam efetivamente com participação popular. Basta levantar a mão Apesar do protocolo regimental ser praticamente igual ao de outras Câmaras de Vereadores da região, as sessões do legislativo de Anitápolis têm um clima claro de mais democracia. Se um vereador está na tribuna e, por ventura, esquece qualquer informação, a plateia o ajuda a lembrar. Caso um morador queira falar algo relevante sobre um assunto em pauta, basta levantar a mão, que o presidente lhe concede a palavra. Jane Regina Schreiber Pessoa, uma moradora que não perde uma sessão, confirma: “A população pode se manifestar. Tem bastante acesso. Sempre assisto às sessões e quando alguém quer falar é só levantar a mão”. As pessoas também têm liberdade para usar a tribuna. É preciso fazer uma solicitação, mas ela pode ser informal e ao presidente. Quem preside a Casa é Salésio Efting (PMDB). O vereador está em seu sexto mandato e já ocupou a presidência outras vezes. Ele explica: “Aqui não tem muito essa necessidade de inscrição. Eu abro a tribuna para quem queira usar. A não ser que seja um caso muito polêmico. Já aconteceu, em outas gestões, de usar a tribuna para fazer ofensas. Às vezes eu também corto quando a Casa tem muitos trabalhos”. Sorrindo, completa: “às vezes é preciso moderar”. Não temos nada a esconder A Casa segue os procedimentos do Regimento Interno e qualquer pedido dos vereadores é liberado de imediato. Eles têm acesso a todas as informações da câmara. “Nesta gestão só tive duas solicitações de cópias, que foram entregues imediatamente. Já teve polêmicas em outros anos, coisas de brigas, mas eu nunca neguei, pois é uma sessão pública, um negócio aberto. Em outros mandatos isso acontecia. Colocava em votação e os vereadores negavam. Mas eu vejo que não tem o que esconder aqui”. Luiz Guimaraes, funcionário da casa por quase vinte anos, é o responsável pelas atas, expedientes, requerimentos, entrada e saída de projetos de lei. “Eu controlo a ordem do dia. Sobre os pedidos de documentação RIO FORTUNA A Câmara de Vereadores de Rio Fortuna realiza suas reuniões nas terças feiras, às dezenove horas. Com o horário de verão, a presença do público diminuiu um pouco, mas, quase sempre uma dezena de pessoas comparece. Não há restrições No site oficial da Câmara (www.camararf.sc.gov.br), as sessões são transmitidas em tempo real e é possível ter acesso a todos os seus trabalhos e ao seu Portal da Transparência da Casa. Foi a partir deste ano, que as sessões começaram a ser transmitidas on-line. Foi interessante notar que os vereadores se dirigem ao público presente e aos internautas. O vereador Lindomar Ballmann [da bancada da oposição, que presidiu a sessão que o Canal SRL acompanhou, já que o titular se encontrava em Brasília] afirma que “muita gente acompanha, principalmente no interior. Inclusive, tem pessoas que se combinam entre amigos ou vizinhos e se reúnem para seguir as sessões”. 13 Câmara Municipal de Anitápolis o regimento diz que é necessário fazer um requerimento, mas isso é muito raro. Geralmente, não precisa”. Fábio Pereira, vereador da oposição [são cinco de situação e quatro de oposição], relata: “Até o momento, eu e meus colegas – Silvionei, Serginho e Paulinho – sempre tivemos bastante transparência. Tudo o que pedimos, o presidente sempre liberou, sem problemas. Os pedidos de informação que fizemos ao Executivo também estamos recebendo. Até o momento, eles vêm cumprido todos os prazos”. E faz questão de dar um exemplo: “Eu e Silvionei, no início do ano, fizemos um pedido de informação ao executivo. De posse dos dados que nos foram passados, conseguimos que o executivo deixasse de ter gastos. Este é um dos papeis do vereador”. Mas diz que às vezes, persiste algum tipo de obstáculo: “Há um vinte dias, nossa bancada fez um pedido ao executivo de cópias de quatro processos licitatórios. Tínhamos interesse em obter esclarecimentos e assegurar transparência. Alguns vereadores de situação apresentaram resistência. No dia que fizemos a solicitação, na tribuna, quiseram dizer que nós estávamos desconfiando do trabalho dos funcionários. Quiseram nos jogar contra eles. Não é verdade, nós só estamos aqui fazendo nosso papel. Tanto que quando fomos à prefeitura uma funcionária nos disse que trabalha ali há 25 anos e nunca viu um vereador pedir cópia de um processo licitatório”. “Nós temos o nosso papel e nós estamos conseguindo fazer”, finaliza Fábio. Em relação a pedidos de in- formações feitos por cidadãos, Salésio Efting lembra de um apenas: “Foi uma intriga entre famílias e alguma coisa foi citada aqui na Câmara. Foi o único morador que pediu e a solicitação foi prontamente atendida”. Tecnologia e vontade política O prédio da Câmara de Anitápolis conta com a instalação de um sistema com câmeras de filmagens conectadas a um computador, onde tudo fica gravado e arquivado. Qualquer pessoa que queira uma cópia só precisa fazer a solicitação. Segundo o presidente, as sessões não são transmitidas on-line pois a casa ainda não possui um site. Sobre as câmeras conta que “foram instaladas no ano passado, porque sobrou recursos na casa e eu resolvi investir aqui”. Nenhum foi negado Caso um vereador queira ter acesso a qualquer documento, como ata ou gravações das sessões, basta fazer um pedido verbal aos servidores da Casa, que, com a permissão do presidente, são prontamente atendidos. Não há nenhuma necessidade de solicitar por requerimento. Os pedidos de informações feitos através da Câmara ao Poder Executivo é que devem ser votados, mas até hoje nenhum pedido foi negado. “Em outras gestões isso já aconteceu, mais não nesta”, completa o vereador de oposição Valdir José Warmling (Tavico). Aldo Vandresen é vereador de situação [que é minoria na Câmara], e confirma que todos os pedidos são atendidos. “Mesmo quando vai para a votação, nunca foi negado qualquer pedido de informação”. Órgão público Segundo a assessoria de imprensa da Casa, não existe qualquer restrição para gravar, filmar ou fotografar as sessões. “Como as pessoas podem acessar as sessões on-line e os vereadores têm acesso a todos os documentos, até hoje não se tem registro de solicitação para filmagens ou gravações. Caso alguém o quisesse fazê-lo, por se tratar de um órgão do Poder Câmara Municipal de Rio Fortuna Público, não apresentaríamos nenhuma restrição”, completa. Itamar Cândido Machado está entre as pessoas que não perdem uma sessão. Ele é o comunicador na rádio comunitária de Rio Fortuna. “As sessões na Câmara, pra mim, que trabalho com jornalismo, são muito importantes. Elas são geradoras de notícias e meu acesso aqui é muito facilitado. Recebo cópia das gravações de todas as sessões e, nas quartas feiras, ao meio dia, temos um programa especial sobre todos os assuntos, projetos de lei, requerimentos, votações e outras participações que acontecem na Câmara. As pessoas ouvem muito e, assim, cada eleitor pode acompanhar os serviços de seus representantes”. segue 14 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL segue SANTA ROSA DE LIMA As sessões da Câmara acontecem às dezenove horas das terças-feiras. O público geralmente é pequeno. Somente quando se promete “clima quente” ou que claques são convocadas é que a plateia comporta público. Não corresponde Para realizar essa matéria a reportagem do Canal SRL encaminhou entrevista via e-mail a todos as Câmaras. A de Santa Rosa de Lima foi a única a não responder. Ao tentar contato telefônico, foi informada pela secretária da Casa, Beatriz Roecker, que o presidente Leonicio Laurindo (Zólho) não havia autorizado a resposta às perguntas. Após insistir em ouvir o presidente, o Canal SRL viu agendado um encontro com o assessor jurídico, “que responderia às questões”. Laurimar Gross, o advogado da Câmara, preferiu, contudo, dizer que na maioria dos pontos “não poderia responder pelo presidente”. Afirmou, apenas, que as posições e decisões da presidência da Casa estavam amparadas pelo Regimento Interno. Neste quadro, tentou-se, novamente, entrevistar o chefe do legislativo municipal. No dia agendado por ele, não atendeu a as ligações feitas para o telefone celular dele. Contrário, com gosto O procedimento regimental exige que o vereador que queira uma cópia da ata ou da gravação da sessão para exercer sua função encaminhe um requerimento. Esse pedido será submetido e precisa ser pelo Plenário. Nesta legislatura a quase totalidade dos pedidos de informações tem sido negada. Inclusive, quando a solicitação é dirigida ao executivo municipal. Na maioria das vezes, são quatro votos contra quatro, com o desempate feito pelo presidente. Que nega quase todos e já afirmou que vota contrariamente “com gosto”. Em sessão realizada no mês de setembro, alterou-se e com voz perturbada afirmou: “Se quiser ir na promotoria que vá. Se a justiça mandar, nós entregamos. Não vou entregar mais nada! É inadmissível! É só pra botar no jornal!” A questão é de papel... Até hoje, já foram onze requerimentos com pedidos de informação. Destes, apenas poucos foram atendidos. As justificativas para o indeferimento chegam a ser ridículos: “vai gastar muito papel”, “vá pedir na prefeitura”, “não vejo porque pedir isso”. E o pior, mesmo os pedidos aprovados não foram atendidos. A vereadora Edna Bonetti (PP), da bancada de oposição, pondera: “Sobre a justificativa dos gastos com papel – e tem pedidos que não passam de cinco páginas, já me dispus a levar papel, pen drive, CD de gravação... Ainda assim as informações não são liberadas. E novos pedidos continuam sendo negados. Eles também me desafiaram a pedir o que eu queria na prefeitura e foi o que eu fiz”. No dia 18 de novembro, pautada na Lei 12.527 sobre Acesso à Informação, Edna Bonetti fez o pedido diretamente ao oficial de gabinete da prefeitura municipal, Edson Vandresen (Dedé). “Eu protocolei todas as informações que nos foram negadas na Câmara. Comuniquei ao oficial de gabinete, que, se no prazo de quinze dias minhas solicitações não forem atendidas, vou informar o Tribunal de Contas. Afinal, negar informação é crime de improbidade administrativa. Eu não queria chegar até aqui, mas está será a maneira legal de ter acesso aos documentos. Como vamos fazer nosso papel de vereador, que é de fiscalizar os atos públicos, se as informações nos são negadas?”. Relação com a sociedade e com a imprensa Além de, na prática, dificultar ou, até, impedir (inclusive a vereadores) o acesso a cópias de atas ou gravações, a Câmara não transmite suas reuniões e proíbe gravar, filmar ou fotografar suas sessões públicas. Sobre o credenciamento da imprensa, o regimento interno da Câmara de Vereadores de Santa Rosa de Lima estabelece que é competência do presidente da Casa: “credenciar agente de imprensa, rádio e televisão para o acompanhamento dos trabalhos legislativos”. Uma tentativa de credenciamento do próprio Canal SRL é digna de relato. Com base neste artigo e na sua responsabilidade de levar informação precisa e segura, o jornal, representado por seus diretores, protocolou solicitação de credenciamento de agente de imprensa, em 21 de maio. O pedido amparavase no argumento de que “a divulgação dos trabalhos e resoluções do Poder Legislativo é uma prestação de serviço necessária e indispensável aos leitores, contribuintes e cidadão de SRL”. Passados 28 dias e depois de cobranças informais pelos diretores do jornal, no dia 18 de junho, o Canal recebeu uma manifestação sobre o pedido, assinada pelo advogado Laurimar Gross, do departamento jurídico, e pelo presidente Leonicio Laurindo. A manifestação exigia as seguintes informações: “a) nome do representante da empresa, com suas credenciais profissionais; b) descrição dos trabalhos a serem realizados; c) declaração de ciência e cumprimento do regimento interno; e d) declaração de que o agente estará devidamente identificado”. Destacava também que o credenciamento, “não permitia o livre trânsito pelas dependências do prédio e nem o acesso aos documentos administrativos, devendo o agente permanecer no plenário, sem promover nenhuma interferência nos trabalhos ou ato que venha causar incitação popular podendo comprometer o decoro e o respeito com o Poder Legislativo”. Era tão insólito e sem sentido que os responsáveis pelo jornal arquivaram aquela peça despropositada, mas continuaram a ir às sessões. E, por vezes, não precisando sequer se identificar, porque eram os únicos presentes à sessão. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 15 Natal SRL ANO 1 - Nº 8 • Edição Mensal - Dezembro/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Pelo muito que vocês leitores, colunistas, anunciantes, parceiros e colaboradores têm representado para nós, queremos dedicar a vocês, os melhores votos de um feliz natal e próspero ano novo. Que possamos continuar a missão de levar a boa informação e a noticia por completo a todos, que possamos formar cidadania através deste instrumento de comunicação que é o Canal SRL. Desejamos que neste natal, a luz que guia o Mundo possa também clarear os nossos sonhos e renovar a certeza de que vale a pena lutar por um mundo melhor para nós e para nossos filhos. Feliz Natal e Próspero Ano Novo são os mais sinceros votos da Editora o ronco do bugio e Canal SRL. • Distribuição gratuita. Venda Proibida. Feliz Natal e Próspero Ano Novo! 16 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL O Natal dos tempos idos Dona Berta puxa pela memória para contar para os jovens como era o Natal da sua infância. A conversa é feita com a ajuda da nora, Anita, que serve de intérprete, pois nossa entrevistada só fala o alemão. Com uma voz suave, ela relata o pouco que lembra. Dona Berta Ballmann Eller é a moradora mais antiga de Santa Rosa de Lima. Nasceu em 1915, no Rio Bravo Alto. Seus documentos apontam 97 anos completados em fevereiro, mas a família afirma – e ela confirma – que o registro civil só aconteceu um ano depois do nascimento. Dona Berta já não sobe e desce as escadas ao lado da Construlima, nem pedala a bicicleta ergométrica, como fazia até o ano passado. E sente muito não po- der ir à igreja. Aliás, é o que ela espera do Natal: saúde para poder ir à igreja. Christkind, balas e bolachas Quando eu era criança, quem nós esperávamos no Natal era o Christkind [Menino Jesus]. Não me lembro como ele se vestia. Mas Papai Noel era coisa que não existia. E nós não ganhávamos presentes de Natal. Era só balas. Isso nós ganhávamos todos os anos. Por isso, eu não me esqueço da minha Mota [avó], porque, no Natal, eu sempre ganhava um lenço dela. Ah, e junto com as balas, recebíamos bolachas enfeitadas. Elas eram deliciosas e feitas só para o Natal. O encontro O Natal era com a família e com um casal de amigos que sempre ia visitar a nossa casa. A comida de Natal era a sopa com ovinhos de galinha. Também se fazia o gemüse e o ‘decarris’ [o arroz doce ou milchreis, em alemão]. Lembro que era muito longe para ir à igreja. Era mais de uma hora de caminhada. Mas nós íamos sempre. No Natal, principalmente. Roupas e calçados Era muito difícil ganhar uma roupa nova. Nem para o Natal. Mas, às vezes, se ganhava um vestido. A primeira vez que eu usei um sapato foi no dia da minha primeira comunhão. E ainda era emprestado. Dona Berta. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 17 Naquele tempo não existia Papel Noel Remi Bonetti tem 85 anos e uma memória que parece melhorar com o tempo. A habilidade de relatar histórias ou contar causos, também. Vive na comunidade de Santa Bárbara e ajuda a recordar as festas de Natal e de Ano Novo no “pé da Serra”. Um viver Nós tínhamos assim um viver entre os vizinhos, quando era ano novo. Moravam uns meio longe, alguns mais perto. Era tudo de origem italiana. Aqui morava meu pai. Lá adiante, o tio João. Perto da igreja, o tio Joaquim. E lá bem longe, num pasto bem embaixo da Serra, o tio Paulo e o tio Domingo. Todos tinham famílias grandes. Então, quando era ano novo, tinha o costume de nós começar daqui, tinha que sair bem cedo, ir no tio João e “fazer o ano novo” pra ele, tudo em italiano: Boni bonana / deme capa de lano / bom principio / bom fim de ano. Hoje, só se dá feliz ano novo, parabéns... Aquele era um incentivo assim mais engraçado. Era só pra ganhar um trocadinho... Aí, eles [os mais velhos] tinham que ter uma bolsinha de bala e um trocadinho. Uns quinhentos réis... trezentos réis, duzentos... Daí, a gente se juntava com os primos de lá do tio João e voltava aqui no pai. Por fim, a gente ia lá em cima, no tio Paulo e no tio Domingo. [Tinha que] atravessar aqueles matão, com barro até pelo joelho, porque as estradas eram muito ruins. Era tudo por dentro do mato. Chegava lá e daí os de lá vinham junto com nós. Passava no tio Joaquin e no tio Rodolfo... e de volta no tio João e na casa do pai. E dali visitava as famílias que eram da Seu Remi. nossa origem. Dava bastante gurizada, porque era tudo família grande. Mas era só os mais pequenos que iam. Dava sempre um trocadinho bom. ... para o amendoim dos domingos Quando era nos domingos, o tio Joaquim, que morava pertinho da igreja e fazia roça de amendoim, torrava o amendoim e enchia um saco. E aí as crianças iam tudo lá. Naquele tempo, a gente usava chapéu. Sem chapéu, não andava ninguém. Aí chegava lá com o chapéu e o tio enfiava uma lata de litro de azeite com cabo dentro do saco de amendoins. Com um tostão, [a criança] ganhava um litro. Daí sentava com aquele chapéu de amendoim. Aquela gurizada a comer aquele amendoim. Nos domingos, então, era assim. E sobrava sempre um trocadinho... O dinheiro era muito difícil de conseguir. Ainda mais às crianças. Muito festejados Naquele tempo, o Natal era muito festejado. Todas as famílias participavam. Se dissesse que alguém da família faltava um [Natal], era porque estava doente. Eram muito festejados o Natal e o Ano Novo. Aqui se respondia a missa em latim. E era bonito. Todos cantavam aqueles cantos velhos. A gente tinha a irmandade do Coração de Jesus. Quem coordenava era a Beatriz Locks, mulher do Alberto Locks, e uma prima minha. Para cantar, então, era uma coisa bonita. As mulheres usavam a fita com a medalha e os rapazes tinham, pregada na camisa, a medalha do Coração de Jesus. Presépio não tinha. Era pra Semana Santa que se fazia mais. Pouquinha gente Hoje, pra dizer bem a verdade, tem a reza, tem o terço no natal e quase ninguém mais canta. Depois é cerveja, é carne... É bebida pra cá, uma festa pra lá. Quando é Natal, Ano Novo um vai passear num parente, outro vai a um lugar... Aqui [na comunidade] dá pouquinha gente. Antes, comidinha... As famílias faziam um almoço para comemorar o Natal. Aí, sempre era uma comidinha assim mais o menos. Era feito um galo, uma galinha, ou um frango. Naquele tempo se festejava mais o Natal e o Ano Novo. ... e cavaquinho A polenta não faltava. Mas a gente também plantava trigo... Era um trigo bom, mas era difícil pra bater. Moía, peneirava e era uma farinha. Então quando era pro Natal, a mãe fazia um cavaquinho. Era feito com a mesma massa que ela fazia o macarrão. Era uma massa fininha cortada no meio e virada para um lado e para o outro. En- tão aquilo era pro Natal. Fazia um monte, colocava em um saco e no dia do natal era o cavaquinho que a gente comia, fora as refeições do dia. Chocolate, naquele tempo, a gente não comprava. As crianças não ganhavam. Quando nós éramos pequenos, era muito pouco. Naquele tempo, não existia... Hoje em dia, tem que fazer Eu vim conhecer Papai Noel quando eu já era grande. Naquele tempo, não existia Papai Noel [Risos]. Sou igual ao Padre Aluízio, que não gostava do Papai Noel. Ele dizia que aquilo era uma ilusão do povo.... Mas, tem que fazer... Porque hoje em dia quem faz mais é o comércio. Mais de trinta dias antes do Natal é só, só... Negócio isso, aquilo, só para ir lá comprar... Tudo é festa. E hoje, as crianças esperam o Papai Noel, pra ganhar aquela sacada de balas... Presentes. Com respeito O Natal pra mim é cumprir, fazer as rezas, como antigamente. Mas já não é bem assim. Antes, se guardava o Natal com respeito. Hoje em dia, está muito fora. Eu acho que eles deviam guardar o dia santo e se lembrar do Menino Jesus, que também sofreu muito para se criar até os 33 anos. E, depois, ainda teve que passar pelo que passou. 18 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Era o Christkind, quando eu era pequena Wanda Wenz Werner tem 69 anos e passou toda a sua vida na comunidade do Rio Bravo. É casada com Alfredo Werner (71 anos). O marido acompanhou a entrevista, mas quase não falou. Nascida na religião Luterana, Dona Wanda guarda as tradições de sua igreja e lamenta que as coisas tenham mudado tanto. Chama atenção para as iniciais do seu nome e brinca: “Hoje tem tanta coisa com www... Mas eu não tenho nada! Só o nome” [risos]. O natal na infância Ah! Eu me lembro do Natal... Sempre tinha o pinheiro na igreja, o presépio... Era tão bonito! Eram cantados só os hinos de Natal. Tudo cantado em alemão. Depois, mais tarde, começaram a cantar em brasileiro. Os mais antigos, era tudo em alemão. Menino Jesus e Papai Noel Quando eu era pequena, eles diziam só Menino Jesus. Quando chegou essa coisa de Papai Noel, muitos ficavam assim, assim. Nem se sabia certo o que era. Era sempre chamado de Menino Jesus. Era o Christkind. As balas e os presentinhos... Todos ganhavam bala. E as meninas ganhavam boneca. Eu me lembro que ganhei boneca quando era pequena. Os rapazes e os meninos ganhavam bola. Os presentes eram comprados na loja do Seu Fernando Hermesmeyer, lá na Santa Rosa. E tinha também uma loja bem grande na Santa Maria, do Emilio Westfhal. E tinha também uma no Rio São João... Às vezes ganhava roupa nova. Mas não era sempre, não. Às vezes, os pais tinham dificuldades pra comprar, aí não ganhava. Mas as balas e um presentinho a gente sempre ganhava. Os pés do Menino Jesus Quando eu era criança, tinha um homem da comunidade que todo ano era o Menino Jesus. Ele usava um vestido branco bem simples. Usava uma máscara no rosto. Ele era descalço, não usava nada nos pés. Depois, quando a gente já era um pouco maior, até nós conhecíamos ele pelos pés [risos]. Era o Alberto Schmidt. Ele já é falecido. ... E a entrega No dia de Natal, perto da noite, o Menino Jesus trazia os presentes e as balas. Só na igreja que ele vinha. Ele não vinha nas casas. Nessa hora, as crianças tendiam a se esconder [risos]. Porque tinham muito medo. Os pais sempre falavam que se as crianças eram ruins e não prestavam atenção ou não obedeciam, apanhariam do Menino Jesus. Então nós ficá- Dona Wanda com seu esposo Alfredo. vamos com medo. As crianças aprontavam, com certeza. Por isso, todas ficavam com medo. Seu Alfredo, até então bem calado, confirmou sorrindo: “Eu também tinha muito medo do Menino Jesus”. A sombrinha azul Eu sempre queria uma sombrinha. E nunca ganhava. E num dia de Natal eu ganhei uma. Mas eu fiquei muito contente... Aquilo foi a maior alegria pra mim. O que eu mais queria era que chovesse pra usar ela. Mas eu nem esperei a chuva para usar. Passeei com ela assim mesmo. Era uma sombrinha azul... Isso eu nunca esqueço! Na igreja ou nas casas Antigamente todo mundo ia na igreja. Agora já, há uns anos, não é mais tanto assim. Mesmo quando tem [cerimônia], vai pouca gente. Hoje, já tem muita gente que não gosta mais, que não se importa mais com isso. Antes, todos se ajudavam a fazer o presépio. Hoje, nem sempre a gente vai. Às vezes, a gente quer ir, mas os outros não vão. Daí, a gente também não vai. A comunidade organiza um teatrinho de Natal e tem o presépio. As balas são compradas com o dinheiro da igreja. Se a comunidade não se organiza, não tem Natal. Aí, nós vamos visitar a família, os filhos e os parentes que moram aqui perto. Por que [visitar] os que moram longe, nem sempre dá certo. Quem pode vir, vem. E quem não pode, os outros é que tem que ir visitar. Quando dá a gente reúne a família, mas não é todo ano que dá certo. Mas a gente sempre faz a árvore de natal em casa. Risoto e maionese, água e café [A comida no Natal] não era como hoje em dia. Agora, tudo é mais especial. Naquela época, quando nós éramos crianças, bebida não existia. Era água ou café. Faziam sempre aqueles docinhos enfeitados. Eu me lembro que, no Natal, a mãe sempre fazia. Pelo Natal o Gemüse é mais esquecido. Hoje se faz a maionese, o risoto, estas coisas assim. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Falando em Natal... ... não importa a idade, a época ou o lugar. O fato é que existe uma unanimidade: Natal é tempo de família. Prova disso é o que dizem as crianças de hoje. Cristian Francisco Mendes (11 anos) Minha expectativa para o Natal é muito boa. Eu devo ir viajar com minha família, visitar parentes que moram longe. Pra mim, o Papai Noel é uma farsa. Só serve para as crianças ganharem presentes. Na verdade, o Natal é o aniversário de Jesus Cristo. Se eu pudesse pedir um presente para o Menino Jesus, eu pediria para minha família viver pra sempre. Cyntia Wiggers Onório (11 anos) Eu gosto muito do Natal. Espero que esse seja bem legal. O que mais gosto é de passar com minha família. E, também, porque ganho presentes. Eu descobri que Papai Noel não existia quando eu tinha seis anos, quando vi meus pais colocando o presente na árvore de Natal. Eu acho bem legal saber que o Papai Noel são os meus pais. Para o Menino Jesus? Eu pediria que minha família tenha sempre boa saúde. E que sempre esteja bem. Ketrin Michels Schmidt (11 anos) O Natal é uma data muito especial porque toda a família se reúne. A gente troca presentes. Ou não... E a gente brinca, o que eu acho muito legal. Essa história de Papai Noel é legal porque tem os presentes. Mas ele não existe de verdade. Se eu pudesse pedir um presente para o Menino Jesus? Que a minha família seja sempre assim, como ela é. 19 20 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Família SRL Adolfo Wiemes Natal é troca de amor Em nossos dias, se faz muita propaganda de produtos para o natal. E nós, cristãos, na maioria das vezes, corremos atrás deles. Faz parte de nossa vida, sim. Mas não é o essencial. Os comerciais são para vender mais, para gerar lucros. E muitas pessoas acabam fazendo uma festa de Natal com foco no material: nos presentes e nos “comes e bebes”. A natureza do Natal, entretanto, é espiritual e é familiar. A família de Nazaré e o Natal A Igreja nos apresenta a família de Nazaré – Jesus, Maria, José – como família modelo. Ninguém se deixe confundir! Família modelo não é aquela que não tem problemas. Antes, é aquela que, amando, aceita tudo que Deus dispõe e do modo como ele dispõe. Não existe no mundo, e não existirá jamais, famílias sem problemas. Mesmo as melhores famílias, por mais que façam e por mais intenso que seja o amor com que se amam, devem passar por momentos difíceis: uma doença, uma aflição, um medo, uma decepção... Enfim, um mal qualquer que dói no corpo ou que dói no coração. Pena que muitos desconheçam o que é ser família! Pena que muitos desconheçam que ser família é ser amor! Pena que muitos pensem que o amor em família é só instinto! Fantástico o plano de Deus! Ele quis entrar no mundo ao seu modo, isto é, de um modo que ninguém jamais poderia ter imaginado. O que é o Natal? O Natal é a celebração da entrada de Deus no mundo. Isto aconteceu através de uma família. É o profeta Isaias que diz: “Deus armou entre nós a sua tenda!” Numa palavra: mistério. Mistério de uma encarnação é Deus que, em Cristo, quis ter um lugar na terra para que o céu pudesse caber no coração do homem! Foi na noite de Natal que se completou a família de Nazaré. Assim, Natal tem tudo a ver com família. Por isso esta festa é celebrada com a família reunida. Natal é benção do Senhor sobre a família! Por isso: “Família que celebra unida, permanece unida”. Feliz Natal em Família! O significado do Natal A palavra natal é relativa ao nascimento. O dia do aniversário de cada um de nós é a nossa data natalícia. O dia 25 de dezembro é a data natalícia do Menino Jesus, do nosso Salvador, Libertador, aquele Deus que se fez carne e veio morar no meio de nós que somos seu povo predileto. Cada cristão e cristã batizados, por mais justo ou “menos bom” que seja, tem a missão de se preparar bem para o santo Natal durante o tempo do advento. O dia 25 de dezembro pode passar por nós, mas o verdadeiro Natal não passa. Porque o verdadeiro sentido do Natal em Deus é amor, perdão, justiça, fraternidade, união, alegria, paz, bondade, boa vontade, ajuda, partilha. Cada um de nós sabe que na família onde entra o mal da ganância, do ciúme, da inveja, do poder, do ter, ele só destrói. Na comunidade é a mesma coisa. Ah! É mesmo, quase ia me esquecendo: a fofoca também faz parte das forças de destruição. E todos sabem que tudo vai bem numa família onde existe compreensão, perdão, paz, amor, obediência, entendimento, partilha, ajuda, amizade. E que na comunidade é a mesma coisa. Que felicidade! Quando tudo vai bem. Porque o mal não cabe onde há o bem. Preparação para o Natal Como pode ser a preparação para receber o Menino Jesus dentro do nosso coração? É através da celebração das novenas nas casas em grupos de famílias; é através de jejuns e penitências, do arrependimento e do propósito firme de não pecar mais; é participar da confissão comunitária ou individual; enfim, é preparar bem o coração para que o Menino Jesus possa nascer dignamente em cada um de nós. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 21 22 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL O TERÇO Pe. Pedrinho Querido Irmão e Irmã! É sempre uma alegria chegar até você através desse meio de comunicação. Nesse último mês do ano cabenos fazer uma retrospectiva de nossa caminhada. É muito comum acompanharmos através da TV programas que retomam os acontecimentos vivenciados no ano. Nós também somos convidados a fazer essa revisão dos fatos, mas não ficarmos presos neles. É preciso olhar o passado, pensar no presente e planejar o futuro. Olhar para frente com esperança. Nesse ano muitas foram as atividades desenvolvidas em nossa Paróquia e já temos muitas ações planejadas para 2014. Sempre com a certeza de que Deus conduz nossos passos. Olhemos para 2013 com gratidão por tudo que vivenciamos. Lembremos que até mesmo as contrariedades enfrentadas nos serviram de lições e nos impulsionam a caminhar mais firmes. O fato de avaliarmos o que realizamos é um convite a buscarmos melhorar sempre mais. Estamos adentrando no lindo tempo do Advento em nossa Liturgia. Tempo da feliz espera. Tempo de reflexão. Tempo de preparar o coração para recordar o nascimento do Salvador que assumiu a carne humana, nascendo feito criança na manjedoura de Belém. Na fragilidade de uma criança Deus vem ao nosso encontro. Abramos nosso coração e nossa vida para acolher essa mensagem de amor. Procuremos participar dos Grupos de Famílias através das novenas de Natal. Participemos das celebrações da Palavra e da Santa Missa com fé. Contemplemos o presépio que recorda a vinda humilde de Jesus na Gruta de Belém. Olhemos para José e Maria e avaliemos nossa família. Aprendamos dos pastores e dos magos do Oriente o gesto de reconhecer Jesus como Salvador. Cantemos glórias como os Anjos que anunciaram o nascimento do Cristo Senhor! Não nos deixemos dominar pela ideia comercial do Natal, mas que o aniversariante Jesus ocupe lugar primordial em nossa vida e família. Aproveitamos esse espaço para agradecer a dedicação e o esforço de todas as lideranças que nesse ano caminharam conosco. Que dedicaram seu tempo e talento para servir melhor a comunidade. Que procuraram estar sempre dispostas a doarem-se no anúncio do Evangelho. Agradecemos também a presença do Pe. Marcelo Buss que assumiu conosco no dia 09 de fevereiro desse ano a missão de pastorear esse rebanho a nós confiado. Ele que recebeu do Bispo a missão de ser o novo reitor do Seminário Menor Nossa Senhora de Fátima em Tubarão. Rezemos por ele e por essa nobre missão que passará a assumir em 2014. Ao mesmo tempo acolhamos o Pe. José Livinos Jochen, que conosco estará no próximo ano. A todos um abençoado e Santo Natal! Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Espaço d’Acolhida Osmar e Ivane Alberton A “Bela Vista” “Acho muito importante receber visitas, além de poder mostrar a propriedade e contar nossa história, conhecemos pessoas diferentes, com histórias diferentes”. (Ivane) Há cerca de três anos, nos associamos à Acolhida na Colônia. Depois disso, passamos a receber visitas de pessoas de diversos estados e regiões e do Brasil. E até estrangeiros já estiveram por aqui, conhecendo o que temos para mostrar. Na maioria das vezes, as pessoas que nos visitam querem conhecer de perto nosso forma de cultivar a terra. Também fazemos parte do Roteiro de Turismo Pedagógico desenvolvido pela Acolhida. Neste caso, as visitas são feitas por grupos de estudantes que buscam aprender conteúdos ligados à agroecologia e à vida junto à natureza. Porque temos o que mostrar Há mais de uma década, nossa família cultiva e comercializa alimentos orgânicos. Isso quer dizer que não usamos nada de agrotóxicos e outros produtos de síntese química. Somos associados à Agreco desde 1998 e nossa produção é certificada pela Ecocert Brasil há sete anos. Afirmamos que “produzir de modo orgânico, além de uma forma de se obter renda, é respeitar e preservar a natureza”. Outro motivo que nos levou a produzir de forma mais limpa, foi a preocupação com a saúde do nosso corpo e a ideia de uma vida mais saudável. Não só para nós que produzimos, mas também para quem consome os nossos produtos com a marca Agreco. Agricultura familiar, orgânica e associativa Trabalhamos, em dois hectares. Júnior, o nosso filho mais novo nos ajuda, mas seu maior tempo é dedicado aos estudos. Ele está na Universidade Federal aqui em Santa Rosa, fazendo o curso de Educação do Campo. Cultivamos uma grande variedade de hortaliças e frutas, com destaque para alface, temperos, couves, chuchu e bananas. Entregamos toda a produção para a nossa associação (Agreco), que faz a comercialização. Fora disso, vendemos só quando recebemos turistas. Na maioria das vezes, os que visitam a nossa propriedade aca- bam levando (e pagando) uma “feira” de produtos orgânicos. O passado e o futuro Nossa vida mudou bastante. Antes tinha muito trabalho e usávamos muito veneno. No início foi difícil produzir sem o uso de agrotóxicos, mas hoje produzimos muito bem. Com a produção orgânica tudo ficou melhor: cuidamos mais da nossa saúde e nos alimentamos muito melhor com nossos produtos mais saudáveis. E nossa renda também melhorou. Nossos planos são de continuar na produção orgânica e de seguir recebendo grupos para a visitação em nossa propriedade. 23 24 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Vitrine CDL/NDL COMUNIDADE RIO DOS ÍNDIOS Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra Este mês, nossa coluna quer prestar homenagem especial ao senhor Valdemiro Dutra, um dos moradores mais antigos de nossa comunidade. Uma vida difícil, porém feliz Valdemiro Lino Dutra nasceu no dia 9 de novembro de 1932, na localidade de Vargem do Cedro, município de São Martinho. Aos oito anos de idade, veio com seus pais, Lino Dutra e Maria Berkembrok Dutra, e seus irmãos morar aqui em nossa comunidade, onde vive até hoje. Em 23 de novembro de 1954, casou-se com Lucia Willemann e desta união tiveram oito filhos. Sempre trabalhando na agricultura, superaram as dificuldades do dia a dia com muita luta, numa época em que tudo era mais árduo. Orgulha-se de ser agricultor e, apesar da vida sofrida que enfrentou juntamente com a família, diz que sempre foi uma pessoa feliz: “Aqui é o melhor lugar para se viver. Não troco a vida na roça por nada. Plantamos de tudo, gostamos do que fazemos e nem penso em perder estes costumes da vida de agricultor”. Cidadão Honorário No dia 23 de novembro de 2012, por indicação do vereador Salésio Wiemes, recebeu o título de Cidadão Honorário do município de Santa Rosa de Lima. Ele cobrava Destacando-se como grande liderança, foi convidado em 1966 a candidatar-se à Câmara de Vereadores para representar a comunidade de Rio dos Índios. Aí iniciou sua vida política, tendo disputado quatro eleições e sido eleito três vezes. Ele lembra que nos dois primeiros mandatos de vereador não recebia salário e afirma que participava das eleições porque gostava da política e de ajudar nosso povo. Sempre cobrava do prefeito melhorias em todos os setores da administração, especialmente a melhoria das estradas e pedidos da população. Desbravador Conheceu as dificuldades em desbravar este município. As estradas foram feitas com poucas máquinas. Como havia muitos empecilhos ao deslocamento, muitas vezes ele oferecia refeições e pouso para os funcionários que trabalhavam na região do Rio dos Índios. No sonho de ver nosso município crescer, largava muitas vezes os seus afazeres e acompanhava os trabalhos da prefeitura e buscava junto aos moradores resolver problemas e dificuldades. Diz que uma de suas maiores conquistas foi a abertura da estrada até a comunidade de Santa Bárbara para o tráfego de automóveis e caminhões. Parabéns!!! É por esta lição de vida que lhe desejamos muitas felicidades juntamente com sua esposa, seus oito filhos, 21 netos e seus quatro bisnetos. Seu Valdemiro recebe titulo de Cidadão Honorário. Anitápolis / Santa Rosa de Lima Os sonhos que estão perto Entramos em dezembro, mês das festividades de Natal e Ano Novo. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Anitápolis e o Núcleo de Dirigentes Lojistas de Santa Rosa de Lima prepararam uma programação especial para esse período e convidam a todos para que venham prestigiar nossas lojas e os produtos de qualidade que vendemos com tanto carinho, porque conhecemos você e você nos conhece. Sempre buscamos a valorização e o incentivo ao comércio local. Nossas ações são voltadas para atender aos anseios de nossos clientes. Neste final de ano, preparamos uma promoção especial: o Natal dos Sonhos. Ao comprar em nossas lojas credenciadas, você concorre a prêmios. Tente a “raspadinha” e, se não for desta vez, preencha a cartela e a deposite na urnas para o grande sorteio de Natal, que conta com ótimos prêmios. Celebrar com nossa gente A comemoração relativa às festas de final de ano promovida pelo CDL/NDL de Santa Rosa de Lima está repleta de atrações. Em parceria com o Caep, Prefeitura e Câmara municipais, Ceral, Lions, Cresol e Banco do Brasil, faremos de 23 de dezembro uma dia muito especial. A programação inicia com a missa na igreja de Santa Rosa de Lima e continua na Praça 15 de Novembro, com a abertura festiva do Natal dos Sonhos. À noite terá sorteio de brindes, premiação do concurso de decoração natalina (consulte a diretoria do CDL/ NDL para mais informações), sorteio das cartelas e, para alegrar a criançada, a chegada do Papai Noel. A animação fica por conta da banda que, como nós, é prata da casa: a Fandango na Brasa. Venham todos celebrar conosco! Desejamos um Natal completo de felicidade, paz, saúde e fé. E um Ano Novo de plenas realizações! Bierwagen na Festa do Colono Foi em clima de muita alegria que a CDL de Anitápolis participou da programação da Festa do Colono daquele município. A comitiva participou do desfile oficial com uma atração especial. Trouxe, diretamente da Oktoberfest de Blumenau, o Bierwagen (carro do chopp). É uma Caravan 1980, que foi adaptada por um grupo de amigos, com tonéis em inox, para caracterizar uma fábrica de chopp ambulante. O Bierwagen ganhou prestígio no desfile na Oktoberfest de 2011 e, depois, faz muito sucesso em todas edições daquela festa. Também foi atração no Festival Brasileiro da Cerveja. Em Anitápolis, o Bierwagen CDL no desfile da Festa do colono. chamou a atenção de todos que assistiram ao cortejo. Por ter sonorização própria e muito chopp, ajudou o público a entrar no clima germânico da festa. Felici- tamos a todos os envolvidos na organização da Festa do Colono pela grandiosidade do evento. E, de forma geral, parabéns a Anitápolis e aos seus agricultores. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Circuito CERAL 25 COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA Laudir Coelho - Presidente Jaqueline Tonn O associado em primeiro lugar Ao comemorarmos juntos este Natal, cumprindo mais uma etapa de realizações por todo o ano de 2013, nós dirigentes e funcionários da CERAL queremos nos congratular com todos e externar a nossa satisfação em servir os municípios de Santa Rosa de Lima e Anitápolis buscando sempre a eficiência e a qualidade. Permanentemente, temos colocado o atendimento ao nosso associado em primeiro lugar, pois é ele a razão de ser do nosso trabalho e da nossa dedicação, hoje e no futuro. Por isso, ao longo deste ano, construímos dezenas de quilômetros em redes, instalamos diversos transformadores de distribuição, realizamos novas ligações de consumidores e, uma centena de atendimentos domiciliares, além de todo um serviço de apoio e orientação ao associado. Excelentes índices de qualidade Com a implantação do Centro de Operação da Distribuição, nosso serviço de emergência, executado através dos nossos eletricistas de plantão, é considerado um dos melhores do setor elétrico nacional. Isso se dá em função de nossa rapidez e eficácia no pronto atendimento às ocorrências de falta de energia, restabelecendo o sistema em tempo recorde. Os números são demonstrados nos excelentes índices de qualidade e continuidade junto a ANEEL. O que mais impressiona é o fato das nossas redes terem conseguido manter essa condição de restabelecimento hábil, cobrindo uma região de atividade predominantemente rural, com linhas longas e de difícil acesso, em lugares muitas vezes sem possibilidade de comunicação. Por isso, no tocante a avaliação dos índices de qualidade do atendimento ao consumidor, dentro do ranking da ANEEL estamos ocupando um lugar de destaque entre as distribuidoras, concessionárias e permissionárias de todo o Brasil. Energia mais barata, uma constante busca Merece destaque a nossa luta permanente em buscar junto ao governo federal possibilidades de custo mais baixo da energia, tanto a que recebemos da Cerbranorte, quanto a que distribuímos ao nosso associado, através da atual política nacional de modicidade tarifária, visando sempre a manutenção de descontos na nossa tarifa de suprimento. Pretendemos continuar com essa filosofia de priorizar o atendimento ao nosso associado como sempre fizemos. Queremos aumentar ainda mais concretamente, os volumes de obras e de melhorias no nosso sistema elétrico de alta e baixa tensão, incluindo assim, entre outras, a extensão de um alimentador trifásico para a comunidade de Rio do Sul. Assim, finalmente, temos clara a certeza de estarmos cumprindo honestamente com o nosso dever de cidadania e de integrantes do Corpo Administrativo e Funcional da Cooperativa de Distribuição de Energia Elétrica - a nossa CERAL, que é fruto do trabalho de toda a comunidade e resultado maior do esforço dos nossos pioneiros, aqueles desbravadores intrépidos que construíram as primeiras redes, trabalhando ombro a ombro, desafiando toda a sorte de dificuldades da época. Nosso pleito de gratidão e homenagem a eles, sobretudo. Queremos ainda manifestar ao nosso público consumidor de Santa Rosa de Lima e de Anitápolis, aproveitando o clima cristão deste Natal de 2013, nossos melhores votos de um feliz 2014, com muita saúde, paz e sucesso e, que irmanados à nação brasileira, comemoremos dias melhores, com o otimismo de um triunfo na Copa do Mundo em solo pátrio e a certeza do advento de um ano repleto de realizações. Laudir Pedro Coelho Presidente Nivaldo Vandresen Vice- Presidente Demais diretores e funcionários É com muito orgulho e fé que no dia 13 de dezembro Nova Esperança comemora e honra mais uma vez nossa padroeira: Santa Luzia. Nós somos assim, festivos e devotos, acolhedores e unidos no que fazemos. E é com essa força e fé e com muito trabalho em grupo que estamos sempre dispostos a seguir em frente. Nossa protetora A escolha de Santa Luzia como padroeira de Nova Esperança aconteceu a partir de uma promessa de um membro de nossa comunidade. Depois de uma graça alcançada, o senhor Nereu Pacheco doou, à igreja local, a imagem da Santa patrona dos olhos e da visão. A partir daí, ele se tornou nossa santa protetora. A cada ano, nossa pequena comunidade faz as comemorações em sua honra. Nessas festas, recebemos visitantes de várias localidades e da praça, que vêm aqui celebrar conosco. Nossas comemorações são simples, já que nossa comunidade ainda não tem um salão para festas adequado e nossa igreja é muito humilde. Mas elas são sempre muito bem vistas por todos que nos dão a honra de suas visitas para, juntos, darmos graças à Santa Luzia. Neste ano, mais uma vez, nos reuniremos para agradecer e pedir a benção para nossos lares e famílias, para que Santa Luzia continue sempre nos protegendo. Grandiosa festa em honra a Santa Luzia dias 7 e 8 de dezembro Dia 07/12/13 - Sábado 13:30h - Torneio de bocha em casal. Dia 08/12/2013 - Domingo 9h:30min - Torneio de bocha em duplas 12:00h - Almoço 13h:30min - Torneio de canastra. Durante os dois dias de festa, haverá serviço completo de bar e cozinha. A comunidade agradece desde já a sua presença. E o Natal está no ar O Natal é um momento de renovações, de alegrias no rosto das pessoas, de encontros de famílias. Este clima faz com que tudo ao nosso redor seja transformador e gratificante. É uma data de grandes realizações, de dar e receber presentes e de se esbaldar com os doces e chocolates típicos desta festividade. Por isso, queremos desejar a todos nossos votos de muito amor, paz e saúde e que o Ano Novo venha repleto de realizações e transformações. 26 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL SUSTENTABILIDADE COMUNIDADE RIO BRAVO Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde Oportunidade de trabalho e renda A comunidade de Águas Mornas terá em breve novas oportunidades de trabalho e de renda. Está sendo construída aqui uma nova agroindústria. Ela irá produzir doces e geleias e papinhas orgânicas para bebês. A Agroindústria das Águas deverá estar pronta e em funcionando até meados de 2014. Será mais uma opção que irá contribuir com o desenvolvimento do município, gerando empregos no beneficiamento dos produtos e também opção de plantio de novas culturas que serão usadas como matéria prima na unidade. “Abelhinhas”: sem ferrão, mas com lei A Associação dos Meliponicultores das Encostas da Serra Geral (AMESG) tem muito o que comemorar. No exercício do cargo de Governador, o deputado Joares Ponticelli sancionou lei estadual que regulamenta a criação e o manejo das abelhas sem ferrão, que são criadas por muitos santarosalimenses. Ampliar e diversificar a produção A agroindústria quando em funcionamento proporcionará a ampliação da produção de morango, figo, amora, tangerina e outras frutas para a fabricação da geleia orgânica. Já para a fabricação das papinhas orgânicas, serão necessários legumes, batata salsa e outros alimentos que serão usados como ingredientes. Está aí uma boa oportunidade para agricultores entrarem na produção orgânica. Uma ótima opção Uma das nossas melhores opções para este verão é o Balneário Paraíso das Águas, aberto de terça a domingo o ambiente é especial para tomar aquele banho relaxante, para um almoço com a família e com os amigos, ou simplesmente para tomar um suco ou aquela cerveja gelada nos finais de tarde. O balneário é o nosso maior atrativo turístico, atraí visitantes de toda a região, especialmente nos finais de semana. Vale a pena passar momentos agradáveis neste paraíso. Balneário Paraíso das Águas. Final de ano Nós, como colunistas do Rio Bravo, agradecemos a todos que leram nossos textos e notas ao longo de 2013. É a sua leitura que nos motiva a continuar nesta honrosa situação de fazer parte da equipe do Canal SRL. Assim, convidamos a todos para que em 2014 continuem a nos acompanhar neste espaço. Desejamos a todos um Feliz Natal e que em 2014 todos os sonhos se tornem realidade. Especialmente, que ele seja pleno de amigos, de saúde e de paz. Joares Ponticelli recebe cópia da Lei das mãos de Lucas Schmidt, presidente da AMESG. Em 16 de novembro de 2013, quando exercia interinamente o cargo de governador do Estado, o deputado Joares Ponticelli sancionou a lei nº 302/2013, que “regulamenta a criação, o manejo e demais atividades relacionadas às colônias de abelhas sem ferrão, dentro da zona rural de cada município catarinense”. O texto legal também assegura a criação na área urbana, desde que respeitadas as disposições previstas no plano diretor de cada município. A nova prescrição do poder legislativo estadual determina que, quando houver inscrição técnica junto à Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), o produtor estará autorizado a realizar o transporte de discos de cria, mel, pólen, própolis e colmeias de abelhas sem ferrão, dentro do estado de Santa Catarina. Persistência, aliados e a conquista A lei é um marco para os criadores de abelhas sem ferrão. Lucas Schmidt, presidente da AMESG, relata que a discussão sobre a regularização já vinha acontecendo há bastante tempo. “Há uns três anos, o então prefeito Celso e seu vice Valdir convidaram os deputados Joares Ponticelli e José Nei a empunhar a bandeira da defesa das abelhas sem ferrão e dos meliponicultores. Em uma reunião com todos os associados da nossa Associação, eles assumiram este compromisso que agora é cumprido”. Lucas recorda ainda que o processo para a criação da lei foi sendo construído depois de muitas sugestões e discussões. “Com dados e sugestões oferecidos pela AMESG, o secretário-executivo da Amurel, Celso Heidemann, acionou a equipe técnica e jurídica da associação de municípios e com a ajuda de voluntários conhecedores do assunto foi elaborado o texto que hoje compõe a lei”. Joares Ponticelli justifica seu engajamento pelo fato da meliponicultura ser geradora de trabalho e renda para os agricultores e por entender que a legalização das criações e dos produtos delas era fundamental: “Fico muito feliz em ter proposto essa lei junto com o deputado José Nei As- cari e de ter tido a oportunidade de sancioná-la. A partir de hoje os meliponicultores tem a legalidade da atividade, podendo não só comercializar as abelhas como o seu produto, que é o mel”, destacou Ponticelli. Lei deveria ser referência para o país Para Guido Defrein, meliponicultor de Santa Rosa de Lima, está lei significa bastante para a atividade. “Com a venda do mel e a comercialização regulamentada os produtores ficarão mais animados para produzir mais abelhas e, consequentemente, aumentar a produção de mel. Do jeito que estava, se alguém tinha 50 “mudas” [famílias de abelhas], que era o limite mencionado na lei ambiental, ele já parava. Por temer riscos legais na comercialização, não investia mais. Com esta lei vai ficar melhor. Agora, serão mais duas fontes de renda: a comercialização do mel e das colmeias. É mais um incentivo para o agricultor permanecer no campo. O ideal mesmo seria que a lei valesse para o Brasil inteiro”. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 27 Reunião com meliponicultores em 2008, foi o primeiro passo para criação da Lei. Meliponários já são destaque e tem mais futuro Santa Rosa de Lima ganhou projeção nacional também pela criação de abelhas sem ferrão. A Associação de Meliponicultores das Encostas da Serra Geral realiza um trabalho de resgate e cultura das abelhas nativas desta região, garantindo amor à natureza e a não extinção destas espécies. Cerca de trinta delas já foram catalogadas e estão em fase de produção. Estima-se que existam atualmente em Santa Catarina em torno de dez mil colmeias. Aqui na região, os mais de setenta meliponicultores associados à AMESG contabilizam mais de três mil delas. É importante destacar que as abelhas sem ferrão não são criadas em cativeiro. Como outros animais nativos, elas vivem soltas em seu ambiente natural. As abelhas sem ferrão e o bem que elas nos fazem As meliponíneas, também chamadas de abelhas sem ferrão, abelhas da terra, abelhas indígenas, abelhas nativas ou abelhas brasileiras, são consideradas os principais agentes polinizadores. Constituindo-se nas principais polinizadoras de 90% das árvores brasileiras, elas desempenham uma importante tarefa nas matas e ecossistemas. Alguns agricultores já as utilizam para a polinização em culturas agrícolas. São exemplos o chuchu e o morango. As “abelhinhas” tornam, ainda, disponíveis para homens e mulheres: o mel, a cera, o pólen e a própolis. O mel produzido pelas abelhas sem ferrão contém nutrientes básicos necessários à saúde e possui elevada atividade bacteriana, utilizada contra alguns tipos de doenças. Estudantina Heloisa Assing A gente nasce cresce e, então, vai à escola Iniciei meus estudos como a maioria das pessoas que conheço: numa escola pública. E foi assim que cursei todo o ensino básico. Série após série, os anos foram passando... E concluí o Ensino Médio. Ih! Formei! E agora? Essa é a pergunta que circunda pela cabeça de quase cem por cento dos jovens que saem da escola e que, prematuramente, precisam escolher o seu futuro, uma profissão... E assim foi comigo. Eu sempre fui uma menina dedicada aos estudos. Mas, morava no interior. O transporte para estudar numa instituição privada saía da praça e isso dificultava e, até, impossibilitava qualquer ideia de cursar uma graduação. É, morar no interior não é nada fácil. A vida no campo é dura! Decidi esperar... Pensei: vamos ver o que a vida me reserva. Meio ano depois, minha ex professora de biologia, Siuzete Vandresen, me procurou e me falou de uma oportunidade. Era um curso na Universidade Federal de Santa Catarina, “uma tal” de Educação do Campo. Siuzete me incentivou a fazê-lo. Mas eu fiquei um pouco com o pé atrás, sem saber que curso era aquele. Decidi, entretanto, realizar a inscrição e prestar Do campo para o campo vestibular. A ficha só caiu mesmo no dia em que vi meu nome na lista de aprovados. Pensei: e agora? E lá fui eu, para me aventurar num curso que eu mal sabia o que era, e na capital, com uma imensidão de pessoas, se comparada a nossa pequenina Santa Rosa de Lima. Um mundo novo e um desafio pela frente O início foi muito estranho. Um mundo novo, uma cidade grande, populosa, pessoas que eu nunca tinha visto na vida, diferentes, mas acolhedoras, uma ilha maravilhosa. Nos primeiros dias de aula, percebi que não era a única que tinha caído de paraquedas no curso e, finalmente, descobri do que se tratava o meu objeto de estudo. Era um curso novo, em construção. Éramos e somos a segunda turma de uma licenciatura, com formação nas áreas de ciências da natureza, matemática e ciências agrárias. Os primeiros semestres foram difíceis. Minha bagagem de conhecimentos, acumulada na escola pública, não estava muito à altura de um curso de graduação na Federal. Tive que ralar. Dias e mais dias inteiros dentro de uma sala de aula, vendo aquele sol bonito lá fora, com a tristeza de não poder ir à praia. Sem contar as noites. Para uma pessoa normal, o período noturno é de descanso, de lazer, de dormir, mas para um universitário, não. É um tempo precioso que, se dependesse da gente, teria muitas horas a mais. Felizmente, sempre sobra uma folguinha no final de semana. E aí, sim, é possível aproveitar as belezas da ilha da magia. Os semestres foram passando, as amizades foram crescendo. A força que cada estudante dá a outro é essencial para ninguém desistir. A luta é diária, mas a conquista é para sempre. Sim, universidade também é um lugar para fazer amigos e, inclusive, como no meu caso, para arrumar um namorado! E para uma estudante do interior na capital, é impossível não falar nas idas e vindas de Floripa à Santa Rosa, um mês lá, outro aqui. Haja paciência para encarar tantas viagens, tantas curvas, muitas vezes lama, outras, poeira. Mas foi o que mais me deu vontade para continuar, pois assim não fico muito tempo longe da minha família e dos amigos de Santa Rosa de Lima. Hoje, vejo que estou em um curso que faz total sentido à minha vida. Vim do campo e tenho o objetivo de educar os povos do campo, porque, sim, nós temos valor. Chega dessa história de achar que o campo é lugar de atrasados. É lugar de gente que luta, sempre, por um futuro melhor. Assim eu vou seguindo. Na metade do ano que vem, estarei com o canudo na mão! Vejo que tudo isso valeu a pena. Pela oportunidade de estudar numa instituição federal, por ter o acesso ao que muitas pessoas vindas de escolas públicas não têm. E, finalmente, por todo crescimento pessoal que pude adquirir. Porque nesse mundo nada é em vão. E o futuro a Deus pertence. Enquanto isso, vou deixando a vida me levar... 28 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE Dona Laurita, que sempre caprichou Dona Laurita afirma ter nascido “com a revolução de 1930”. É uma das oito filhas, de um total de onze irmãos, do casal de lavradores Roberto e Matilde Becker. Os pais tinham estudado até a terceira série. A mãe achava dura a vida dupla de lavradora e dona de casa e dizia: “Filha mulher, pra roça não dá!” Por isso, incentivou todas elas a estudar. Seis viraram professoras. Laurita começou a ensinar com dezenove anos, como professora substituta, em Siderópolis e Urussanga. Aos vinte e um anos, no dia 12 de março de 1951, assumiu a “escolinha” da Nova Fátima. “Fui lotada, mas ainda não era formada. Ter formação, naquela época, era ter o [Curso] Normal”, lembra agora com 83 anos a professora que se aposentou em 1982. Frente à lucidez e a ótima memória, perguntamos por que se aposentou aos 52 anos. “Eu tinha amor pela profissão. Eu gostava e sempre caprichei para ser um bom professor. Eu me preocupava demais com a aprendizagem dos alunos. Eles não podem aprender se não têm carinho nenhum. O professor tem que saber conversar com os alunos. Também ter a hora de brincar com os alunos. Mas, meu Deus, eu fiquei trinta e três anos na escola. Eu estava cansada. Eu tinha saudade da escola, mas foi bom ter se aposentado”. Não é difícil explicar o porquê de quatro das cinco filhas da Dona Laurita também terem sido professoras. Dezessete anos em Santa Rosa de Lima Foi professora de 1951 a 1962 na Nova Fátima. Naquele ano, lembra, ainda com certo pesar: “perdi a minha escola, porque veio uma formada, a Alvaci”. Ficou, então, um ano estudando em Rio Fortuna, pra fazer o Normal (o que só veio a acontecer em 1971, com um curso de três anos em Laguna). Em 1962, com a emancipação de Santa Rosa de Lima, acabou indo trabalhar como secretária da nova administração municipal. Ficou cinco anos e sete meses na prefeitura. Em 1968, preferiu retomar a função de professora e levou toda a família a morar no Pinheiral (Braço do Norte). “Mudou de prefeito [em Santa Rosa de Lima] e eu estava cansada. Eu ia de casa, sempre de aranha e era muito difícil. Estava todo dia na estrada. O que eu queria era escola!” Ela faz questão de dizer que sempre trouxe uma recordação muito boa da Nova Fátima. Afirma lembrar constantemente das crianças entrando na sala de aula “dizendo a tabuada e os dez mandamentos”. E se orgulha do fato de receber, até hoje, visitas dos seus alunos da Nova Fátima. O depoimento de Dona Laurita ajuda a reconstituir uma época de Santa Rosa de Lima e de uma vida escolar diferente. Melhor? Pior? É preciso refletir. A chegada Naquele tempo, a valorização do professor era outra. Minha Nossa (alongando de forma expressiva a segunda palavra), quando a gente chegava em uma localidade, a comunidade toda se reunia pra esperar o professor. Só que eu cheguei num domingo, com o pai, de aranha [um veículo de duas rodas, puxado por um só cavalo]. Era Dona Laurita relembra seus tempos de professora em Santa Rosa. chuva, chuva, chuva... Aí ele me deu um pedaço da capa dele e eu me enrolei. Todo mundo parou na frente da escola – porque os terços eram na escola – pra ver a professora passar enleada numa capa [risos]. Túú, túú, túú... A escola Quando eu comecei era uma escola velha, onde hoje está a igreja. Depois é que construíram a outra, de material. Na escola tinha 36 alunos. Mas eu lecionei junto até para quarenta e poucos alunos, numa sala só, as quatro séries. Nós dormimos no Roberto Tenfen... E a Julita Tenfen me disse assim: – “Se a primeira pessoa que você encontrar for um homem, você vai arrumar um namorado”. E o primeiro homem que eu encontrei foi ele [indicando, aos risos, o marido]. Ele vinha de aranha – fazendo assim túú, túú, túú, túú – lá dos morros. Ele ia pra casa da namorada. Aí, quando ele botou o olho em mim, só foi mais uma vez. Pra terminar o namoro [risos]. No primeiro ano, eu trabalhei só com três classes. Eu primeiro dava exercício pra duas classes e levava a outra pro quadro. Eu explicava tudo. Mostrava... e daí eles iam fazer uma espécie de leitura. E assim, ia de uma pra outra. Dava exercício e quando terminava com a segunda classe, ia pra terceira. E assim fui remando... Consegui ensinar todas as quatro classes. Passava trabalho. Tinha que trabalhar. Morei quase um ano na casa onde achei meu namorado. Ele não parava em casa. Ele cuidava da loja, da casa de negócio que eles tinham na casa do irmão dele. Ao meio dia ele vinha almoçar e a gente conversava um pouquinho. E assim a gente começou a se gostar. Mas naquele tempo não era como hoje não. Quando eu fazia aniversário, eles ficavam tudo dentro da escola, bem quietinhos e porta fechada. E eu dizia: – “Ué, mas não tem alunos?” Aí eu abria a porta e Meu Deus do céu, lá eles cantavam os parabéns. Aí, era bom dia! Bom dia! Bom-dia! Parabéns! Parabéns! Parabéns! Porque todo aluno vinha e me dava a mão. Eles eram muito educados. Outros tempos... O comportamento [das crianças] era muito bom. A gente chegava e vinha todo mundo, todo mundo, cumprimentar: era bom dia! Bom dia! Bom dia! Era um abraço aqui, outro lá, das mais espontâneas. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Eles eram bonzinhos. Eles se conversavam uns com os outros, mas baixinho. Não eram rebeldes, nada. Nenhum! Eram muito bons também na aprendizagem. Naquele tempo, “rodava”. Tinha só dois que eram mais atrasados, mas senão, eles não tinham dificuldades de aprender. Eles tinham medo da professora, porque eu sempre fui severa. Quando eu explicava, eles tinham que olhar pra mim. Por que senão... [risos] Eles me chamavam de braba. E eu dizia: Não eu não sou braba. Eu sou severa, sim, porque quero que vocês aprendam. Em maio-junho, todos eles [da primeira série] já liam. Eram alunos que me davam prazer de lecionar. Porque a gente explicava umas vezes e eles já sabiam. Castigo, naquele tempo, era ficar preso... Uma vez veio um menino, sentou no banco e ficou a aula inteirinha e não escreveu uma letra. Chamei a atenção uma vez. Ele só baixou a cabeça e ficou monado. Não sei, devia ter acontecido alguma coisa em casa, porque na escola não podia ser. Porque ele chegou e já ficou assim. No final da aula, quando acabamos de rezar, todo mundo saiu e ele veio correndo pra ser o primeiro. Eu disse: – Não senhor, vai pro teu banco. Ele me olhou assim e voltou para o banco. Eu ordenei: – Faça primeiro a cópia todinha, senão tu não sais. Tu ficas preso. Eu também fico, mas não me importa. Num instantinho ele fez a cópia [risos]. Copiou tudo! Aí, não sei o que ele disse em casa, para o pai. Porque ele era muito mimado em casa. No outro dia, o pai veio com ele. O pai disse: – “Eu vim aqui porque a senhora deixou o meu filho de castigo”. Um castigo merecido, eu disse para ele. E para o filho eu perguntei o que ele tinha dito para o pai. – Tu constaste para o teu pai porque ficaste preso? Aí ele baixou a cabeça e o pai passou a mão no braço dele e foi embora. Nem esperou eu dizer o que tinha acontecido. Se eu deixasse, ele faria a mesma coisa outras vezes. E assim, nunca mais... Ele aprendeu! Ajoelhar na areia e no milho, nunca. Eu não queria pra mim... [risos] Eu fazia ficar no canto em pé. Isso eu fiz. Deixava um tempão. Em pé, num canto. E depois voltava para o banco. Eu soube mais tarde que eles brigavam entre si quando eles iam para casa, depois da escola. O Egídio, que era o maior da classe, atiçava os outros [risos]. E, depois da briga, ele dizia: – “Se alguém contar para a professora, vai ver amanhã”. E no outro dia na escola, ninguém contava nada. E nem os pais ficavam sabendo. Porque nunca os pais me falaram nada. Só há pouco eu fiquei sabendo que o Egídio atiçava briga... [risos] meira comunhão, rezava e cantava na igreja, reunia a mocidade nos domingos, tudo isso a gente fazia. Participação não só na sala de aula, mas na comunidade. Eu dava doutrina e preparava para a primeira comunhão. E no dia, com o pouquinho que eu ganhava, eu comparava tudo, fazia bolo, cuca, rosca... Eu que dava o café para quem fazia a primeira comunhão. Para mim, era uma festa. [risos] Os pais agradeciam demais. Antes de existir a igreja, as reuniões 29 para rezar eram feitas na escola. Com a juventude, eu fazia ensaios de canto. Para eles cantarem nos domingos. E a gente fazia brincadeiras também. Não era só canto. Fazia adivinhações, brincadeiras de roda, passávamos a tarde inteira na escola. E a juventude gostava. Participação dos pais A participação dos pais era muito boa. Eles vinham [na escola], sempre conversavam sobre os alunos. Perguntavam pelos filhos. A associação de pais e professores foi criada e todo mês tinha uma reunião para falar dos alunos, sobre a escola, tudo. Todo final A aula era até meio dia. Às 10 horas tinha o recreio. Não tinha merenda. Cada criança trazia o seu lanche. Era: ovos cozidos, rosca, pão de milho com nata ou manteiga... A professora ficava na escola. Algumas alunas ajudavam a olhar. Eles eram comportados. Quarta feira e sábado era dia de aula de religião. Sempre tinha aulas aos sábados. Fazia catequese nas aulas. Todos eram católicos. Na sala de aula cantávamos o hino nacional e o hino à bandeira. E algumas canções infantis. Ser professor, não era só dar aulas Quando tinha alguma atividade na comunidade, eles iam procurar o professor. Pra ajudar a resolver como fazer. Em tudo! Quando eles queriam fazer alguma coisa na igreja, uma festa, uma reforma... Tudo que eles queriam fazer de diferente eles consultavam a gente. A comunidade era muito unida e sempre se ajudava. Imagina, naquele tempo, creio que eram doze famílias e fizeram aquela igreja. Naquele tempo era muito bom lecionar. E os pais conversavam com a gente fora. Eu dava doutrina, fazia pri- Aos 83 anos, esbanjando alegria ao contar suas memórias. segue 30 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL segue PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE de ano, a escola mesmo fazia uma festinha e com aquele dinheiro se comprava o material para o ano seguinte, que era todo doado para os alunos. Eles ganhavam lápis e caderno para o ano inteirinho. Os livros também eram comprados pela comunidade. O supervisor de ensino dava o nome do livro e a comunidade comprava um para cada um. Era um livro de português. Matemática era só o professor. E primeira série era a cartilha. O material do professor era o quadro e o que o professor tinha pra se virar. Para ter uma bandeira do Brasil, tinha que fazer requerimento, pedir... Meu Deus do céu. Horta escolar Na horta, tinha um dia marcado e uma hora, duas vezes por semana. Não importava em que dia fazia, mas tinha que fazer toda semana os horários para a horta. Na Nova Fátima, na hora do recreio, se tinha uns pezinhos de mato na horta, eles iam catar. Eles eram muito bons. Não tinha merenda. Então os vizinhos ganhavam, os alunos levavam pra casa. A horta era uma exigência para as escolas. As escolas tinham que ter horta. Essa era uma tarefa do professor. Os vizinhos traziam esterco. E os alunos é que trabalhavam. Aqueles que não tinham serviço ficavam olhando. Ser professor era também “viajar” O que mais me marcou foram as viagens que era preciso fazer para participar das reuniões. Quantas vezes eu tive que vir a pé de Rio Fortuna até Nova Fátima. Aquele era o pior sacrifício dos professores. Bem no início, em 1951, a escola era municipal e as reuniões eram em Tubarão. Ia de aranha até Braço do Norte e lá pegava um ônibus até Tubarão. Às vezes tinha algum vizinho que descia de caminhão e a gente ia com ele. Mas era só às vezes. Quando minha irmã começou a trabalhar no Rio Bravo, ela vinha até Nova Fátima e nós íamos juntas. Mas muitas vezes eu ia sozinha. A gente esperava condução, que era carona... Não vinha e tinha que ir a pé pra casa. A última vez, eu estava grávida e o Aldo [filho] era um gurizote. Eu estava em Rio Fortuna. Tinha ido com o caminhão da Fátima. Aí a mulher do Roberto Tenfen me disse: Não vai, espera que vem condução. Ah não, mas e se não vem. Nós vamos andando. E eu barriguda. Na viagem, quando tinha um pé de laranja na beira da estrada, o Aldo pegava alguma pra nós chuparmos. Quando nós chegamos na descida pra nossa casa, já estava anoitecendo, daí passou o caminhão. [risos] Uma vez, quando eu já estava saindo de Santa Rosa de Lima, eu desci de Jacucaca. Era um caminhãzinho com lona por cima. Era como se fosse um ônibus, que fazia a linha de Santa Rosa de Lima até Braço do Norte. Saía de manhã, às 8 horas, e voltava às 6 horas da tarde. Tinha todo dia e vinha sempre lotado. Um susto! De manhã dez para as oito eu saía de casa. As crianças sempre saíam cedo de casa e chegavam antes e trepavam nos pés de fruta. De repente vieram me avisar: o Feldhaus quebrou o braço. Aaah, eu saí numa corrida. Como eu fiquei assustada, um aluno quebrar o braço na escola. Porque eles chegavam e iam catar goiaba e ele caiu da árvore em cima de uma pedra chata, com o braço embaixo e quebrou no pulso. Quando eu cheguei à escola, ele já estava na casa do João Assing, ali naquela curva. Ele andava, rodeava, rodeava e se acocorava. Andava mais um pouco, rodeava, rodeava e se acocorava. E ele não soltava uma gota de lágrima. Era durão! Aí o Aluísio [marido] pegou o cavalo e a aranha e levou ele em casa. Falou pra família: aconteceu assim, assim... Eles treparam na goiabeira e ele caiu e quebrou o braço. O pai disse: pode deixar, eu levo ele num arrumador [risos]. Se fosse qualquer um, culpava o professor, não é? Mas não era na hora do professor... O pai levou ele pra Armazém, onde tinha um que encanava braço. E eles não falaram nada contra o professor não. Comparações No ensino, muita coisa melhorou. Hoje, tem mais coisas. Naquele tempo, era português e matemática. Hoje é mais. Naquele tempo era muito vago. Os livros também melhoraram. O problema está no comportamento. Atualmente, as crianças sabem a metade do que as de meu tempo sabiam. Porque hoje é uma coisa de louco. Os alunos são muito alarifes [de maus costumes] e não obedecem ao professor, não aproveitam o tempo na escola, não prestam a mesma atenção que os alunos tinham antes. Hoje eles não podem ser reprovados e não capricham mais, não fazem as tarefas de casa. Antes, eles estudavam muito em casa. E, hoje, não. Tá muito rebaixado. As professoras perderam toda a autoridade. Depoimento Ela era tudo A menção da participação da Professora Laurita na primeira gestão municipal, fez o Canal SRL buscar o testemunho do primeiro prefeito, José Schmidt. O depoimento deixa claro que não se tratava de uma simples secretária, mas de uma “multi” secretarias. A escolha Foi logo depois da emancipação. Eu a escolhi pela competência. No começo [do município] era difícil e eu não poderia pegar qualquer pessoa... Não podia botar uma pessoa meio “águia”, o que seria ruim, poderia ter trapaça. E a Laurita era uma pessoa correta, honesta, direita. E ela era competente... Era professora! E estava sem aulas. As escolas eram requeridas por quem tinha formação. Então, a escola da Nova Fátima foi requerida e a Laurita perdeu aquela escola. Eu sabia que ela não ia fazer tapeação e, de fato, o que nós combinávamos ela fazia. Não era daquelas pessoas que erguem a cabeça e dizem: eu vou fazer como eu quero. Ela não criava problema nenhum pra gente. Era uma pessoa bem desenvolvida. Na prefeitura quando tínhamos dúvidas ela ou eu íamos nos informar em outras prefeituras e resolvíamos. Toda vida deu certo. “A” funcionária Ela era tudo. Era só ela de funcionária. Era eu de prefeito e ela de funcionária. E o prefeito vivia fora da prefeitura pelo interior, atrás de máquina velha ou construindo a ponte. Na época não tinha condições de pagar muita gente e pra orientar o trabalho era eu quem fazia. E quem precisava mesmo falar comigo, podia ir lá, na beira do rio, na obra da ponte. Ela fazia o administrativo, o financeiro... E processava o imposto territorial, fazia os talões... E tudo o que precisava fazer de escrituração, fechava o movimento de contabilidade no final do mês, porque a gente tinha que levar a Florianópolis para o Tribunal de Contas. Até 1965, as coisas eram mais simples e não precisava um contador pra fazer a contabilidade. Depois, [o orçamento] ficou bem pequeninho mas bem mais difícil. E a Laurita ainda cuidava do dinheiro. Eu ajudava. A gente combinava. É para isso... é pra aquilo... E pronto. No tempo da guaica Era naquele tempo que o prefeito ia a Florianópolis, no Banco do Brasil, enchia a guaiaca com o dinheiro para o ano todo e vinha [pra Santa Rosa]. Aí, botava no Banco Inco, em Braço do Norte. Naquele tempo ainda não se fa- José Schmidt, primeiro prefeito de Santa Rosa de Lima. lava muito em roubo, mas sempre era arriscado... Na prefeitura, não tinha cofre não tinha nada. E, também, o gerente do Inco já ficava na praça olhando e quando enxergava a gente, já dizia: vem cá... [risos)] Contava ponto pra ele, não é? Porque naquele tempo era um dinheiro bom que a gente recebia. A imagem da Dona Laurita daqueles tempos A prefeitura funcionava onde hoje está o posto de saúde. Tinha uma escola antiga e no tempo da Laurita a prefei- tura funcionou ali. No começo mesmo, foi em uma casa do falecido Hermesmeyer, onde hoje está o despachante ou a farmácia. Ali tinha uma casinha e nós a alugamos. Depois quando foi construída uma escola nova, passamos pra essa escola antiga. A Laurita chegava de charrete todos os dias. Vinha lá da Nova Fátima numa charrete e ficava ali até quatro, cinco horas da tarde. Aí encilhava o cavalo dela e ia embora de novo. Quase sempre ela trazia uma menina junto. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 31 JUVENTUDE RURAL Acampar juntos, para integrar e dialogar Abertura do Acampamento da Juventude do território rural serra mar. Fortalecer a agricultura familiar, a pesca artesanal e o território onde vivem, esse era o objetivo principal dos jovens que se encontraram em Imaruí, nos dias 9 e 10 de novembro, para o primeiro acampamento da juventude do território serra mar. Entre eles, uma delegação importante de Santa Rosa de Lima. Como as identidades são construídas através da cultura, também “rolou” muita música, brincadeiras e conversas. Um dos destaques das sessões culturais foi a apresentação do Gemüse Fest Wolts Tanz Grupp, o nosso grupo de dança alemã. O cuidado com o meio ambiente foi outra marca do evento. É agora! Os jovens participam cada vez mais da vida e das decisões dos domicílios, das unidades familiares produção ou beneficiamento de alimentos, das organizações como associações, sindicatos, Caeps, cooperativas. E se esforçam para, junto com outros segmentos, construir perspectivas de trabalho e renda, opções de cultura e lazer, melhorias na saúde e na educação, democratização das instituições públicas etc. Enfim, lutam para fazer dos pequenos municípios rurais da região, locais atrativos para que eles vivam e construam seus projetos de futuro. Coerentes com essa perspectiva, os organizadores do evento prepararam um programa com palestras e oficinas ligadas ao que se chama de “construção do Novo Rural”. Essa noção significa que o meio rural não é mais só agricultura. É preciso propor e realizar uma variedade de ocupações e empreendimentos não agrícolas que podem ser tocados pelos jovens, especialmente as moças, nas propriedades das famílias ou próximo delas. Em todos os casos, é preciso adotar uma perspectiva sustentável e por isso foram tratados, da mesma forma, agroecologia, agroturismo, bioconstruções e comercialização organizada da produção. Trabalhouse, ainda, educação do campo e organização da juventude e o papel do jovem dentro das entidades. Políticas públicas para a juventude Logo na primeira atividade, chamou a atenção o peso dos palestrantes. Nada mais, nada menos do que a Secretária Nacional de Juventude, Severine Macedo, e do ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin. Os dois catarinenses fizeram uma análise brilhante do contexto nacional, procurando reverter a ideia, ainda presente na cabeça de muita gente, de que os jovens representam problemas ou são as causas de uma série de desequilíbrios na sociedade brasileira. Lembrando que homens e mulheres entre 15 e 29 anos representam um quarto da população, ou 51 milhões de brasileiros e brasileiras, Severine Macedo mostrou com eles são, na verdade, os primeiros impactados pela pobreza e pelo desemprego, para afirmar, em seguida, o papel estratégico para o país que tem o “sujeito social jovem”. Tratou, depois, do Estatuto da Juventude, mostrando aos jovens como essa Lei (nº12.852), aprovada em 5 de agosto de 2013, assegura lugar à juventude nas políticas do Estado e faz CLASSIFICADO Vende-se Casa em madeira e alvenaria contendo 04 quartos, 02 banheiros, salão de festas envidraçado, cozinha, lavanderia e garagem para 04 carros. Vista privilegiada da cidade. Área do terreno: 1380m2 todo murado. Contatos: (48) 9653-2158 com Mazilda ou 99023213 com Milton Aceitamos propostas com preços a combinar. com que o tratamento das questões a ela ligadas não dependa mais da sensibilidade de um presidente ou ministro. “Por que é lei!”, enfatizou a Secretária Nacional. Gregolin, por sua vez, ressaltou que as manifestações recentes dos jovens por mais direitos e por melhores serviços públicos são frutos das conquistas dos governos Lula e Dilma. Apresentou para justificar sua abordagem, uma série de indicadores claros da diminuição das desigualdades e da melhoria das condições de vida da maioria da população neste período recente. Lembrou, ainda, das políticas de inclusão relativas a jovens e mulheres nas políticas de desenvolvimento rural e de pesca e aquicultura. Preparação e realização O Acampamento da Juventude foi preparado e realizado por: Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar, CEDEJOR, COOPER-FAMÍLIA, CRESOL e o Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Território Rural Serra Mar, com apoio da prefeitura de Imaruí. 32 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Maratcha Edésio Willemann Rodrigo Baumann completa mais um ano de vida no dia 04 de dezembro. Parabéns pelo seu dia, muita felicidade, saúde tudo de bom e que venha muitas outras festas.... Homenagem de seus pais Nerso e Sidilândia, de sua irmã Luciana e seu cunhado Marciel. M&M Este é do nosso time. Parabéns ao nosso amigo e colunista Alexandre Oenning Bittencourt, um ano mais velhinho no dia 6 de dezembro. Você nos ensina a cada dia que dificuldades devem estar longe de significar tristeza, pois é um menino iluminado, muito ativo e alegre. Felicidades e um grande abraço de seus amigos, colegas de jornal e, em especial, de sua mãe Marieta, seu pai Vilson e seu avô Martinho Rosilene completa dez aninhos no dia 4 de dezembro. Que você continue sendo esta menina meiga, educada e muito inteligente. Os papais Adriana e Irio se orgulham muito de tê-la como filha. E desejam toda a felicidade do mundo! Mentira Edson Baumann Olha aí mais uma beldade santarosalimense, Morgana sopra as velinhas no dia 7 de dezembro. Os amigos e familiares lhe desejam muitas conquistas e alegrias. Olha quanta felicidade pai e filha de aniversário no mesmo mês. Parabéns Dilmar e Roberta. A família e amigos desejam grandes felicidades! Estas lindas meninas, Maise e Isabel, sopraram velinhas no mês de novembro. Queremos desejar muita saúde, paz e alegria. Os amigos e a família torcem muito por vocês. Felicidades mil! Lúcia e José estão de parabéns. No dia 10 de dezembro completam 25 anos de vida conjugal. Vocês são a melhor prova de que o amor permanece além do tempo, pois construíram uma linda família, formaram um lar abençoado e sempre lutaram juntos em busca de melhores dias. Nunca desistiram. Parabéns Pai e Mãe! Que vocês continuem assim unidos por muito tempo! Os votos são de seus filhos Bruno e Joana. GRATIDÃO A Família de Amantino Feldhaus agradece a todas as pessoas que doaram sangue para Dona Catarina. Ela fez uma cirurgia do coração e, agora, depois de 34 dias no hospital, já se recupera em casa. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Carlos Luan completou seus 12 anos no dia 12 de novembro. Desejamos uma grande dose de felicidades a ele. Pedro Henrique completou mais um ano de vida no dia 23 de novembro. Toda a sua família deseja a você muita saúde e felicidade. Parabéns! Quem sopra velinhas no dia 29 é o garotinho Djonathan Roecker Antunes. Solange é quem se derrete... E oferece para ele o maior amor do mundo: o amor de mãe! Vovô e vovó corujas desejam felicidades! Suzi! Que sua luz brilhe cada vez mais. Que seu sorriso puro e sincero cative ainda mais aqueles que estão ao seu redor. Feliz Aniversário! É o que desejam sua família e seus amigos. Elisangela faz aniversário no dia 4 de dezembro. Parabéns! Germano (direita) trocou de idade no dia 07 de novembro. No dia 08 de dezembro será a vez de Arthur. Nós do Canal queremos registrar que os admiramos pelo exemplo de garra e determinação, superando grandes desafios em suas vidas. Sua família também lhes manda uma mensagem especial. “Queremos lhes parabenizar e dizer o quão importante vocês são e, principalmente, o quanto amamos vocês. Nossos corações se enchem de orgulho, pois sabemos que são pessoas do bem. Agradecemos a Deus por estes grandes presentes e bênçãos que vocês são”. Feliz Aniversário! 33 O garotinho Carlos Eduardo completou seu sexto aniversário no dia primeiro de novembro. A homenagem é de seus pais Caçula e Ivonete, de sua Irmã Milena e, também, de seus avós. Parabéns para Adelir que, no dia 16 de novembro, completou mais um ano de vida. A comemoração com a família foi muito legal. Desejamos à você – esposa, mãe e amiga – muitas felicidades e muita saúde. Seu companheiro João e seus filhos, Alair e Alencar, mandam um abraço todo especial para você. Parabéns ao Pe. Pedrinho pela belíssima condução no retiro com os jovens na Comunidade de Mata Verde 34 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Esporte Total Ana Maria Vandresen Campeonato Municipal sub 15 SRL na Adesc As meninas do sub12 disputaram no ultimo sábado, dia 23 de novembro, a disputa do terceiro lugar do campeonato da ADESC. O jogo, realizado em São Ludgero, foi contra Urussanga. A partida foi “encardido” e a decisão acabou ficando para os pênaltis. Acabamos perdendo e ficando com o honroso quarto lugar. Parabéns para as meninas, pelo esforço e a dedicação delas, que conhecemos e reconhecemos. É preciso considerar, também, a qualidades das outras equipes que estavam na disputa. No dia 22 de novembro,, a Comissão Municipal deu início a mais um campeonato. Desta vez é com a molecada. O Municipal sub 15 conta com quatro equipes, compostas por sorteio depois de concluídas as inscrições. Na primeira rodada, tivemos os seguintes resultados: Bola na Trave 2 x 7 Galácticos e Chapecoense 11 x 01 Bela Vista. O sub 15 vai até o dia 21 de Dezembro e na próxima edição trago mais informações. O mais novo atleta de Jiu-Jitsu já é campeão Kristian Tenfen, o mais novo atleta de Santa Rosa de Lima, atuando na modalidade de lutas, disputou o Campeonato de Open Valds de Jiu- Jitsu. E sagrou-se campeão na categoria peso médio no dia 15 de novembro, em Braço do Norte. Kristian afirma que há planos para trazer essa modalidade para Santa Rosa de Lima no ano que vem. Ele espera que se as pessoas conhecerem o esporte será possível ter mais praticantes da modalidade. Ele lembra que no ano que vem o Jiu- Jitsu será incluído nos Jogos Abertos de Santa Catarina. O que se busca são patrocinadores para viabilizar a montagem de um tatame aqui no município. Parabéns Kristian, por esta iniciativa e pelo seu titulo! E que venham muitos outros! Uma fotinho das meninas que ficaram em 3º lugar no Campeonato Feminino. Parabéns a todas e a cada uma pela garra e dedicação. Ninguém precisa ficar com ciúmes, amo todas (rsrsrs). E só espero que não desistam. Ano que vem temos (muito) mais. Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL 35 “É nós!!” É dobradinha!! No dia 10 de novembro, na cidade de Ermo, foi disputada a última prova da Copa Grillo de Motocross. Deu Dudu e Germano, levantando todas as taças de campeão. Na categoria Intermediária, Dudu, nem precisou correr já que ninguém conseguiria tirar a vantagem que ele tinha na pontuação. Na MX1 e na MX2 também foi mais fácil do que Germano esperava. Assim que se encerraram as inscrições das provas e se confirmou a ausência dos pilotos que podiam alcançá-lo, estavam assegurados os títulos das duas categorias. Mesmo com problemas mecânicos nas motos, Germano correu a MX2 e acabou ficando em quinto lugar. Parabéns aos pilotos pelos títulos e por estarem valorizando Santa Rosa de Lima através do esporte. As fotos da premiação estarão na próxima edição, pois ela aconteceu dia 29 de novembro, quando esta edição já está na rua. Mulherada do Clube da Quarta reunida em uma “jantinha” gostosa no Guib´s, para o encerramento do ano. Máquina do tempo: Taize, Olivia, Denise, Beatriz, Janice, Franciele, Andianara, Patricia, Katia, Mirian, Vanessa e Suelen. Jogos Escolares 2004. Uma homenagem ao nosso esportista Odair Baumann, que no dia 22 de novembro estaria completando seus 50 anos de idade. “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”. Amado Nervo. Na foto: Dairso e Odair, 1984 36 Santa Rosa de Lima, Dezembro/2013, Canal SRL Entrou demais Tramitação ou assédio (de novo...) Para fechar o ano com “chave de ouro”, o Executivo deu entrada na Câmara de Vereadores, na semana passada, a novos projetos de suplementação orçamentária. A “combina” foi a mesma: votar no afogadilho, sem análise das comissões do legislativo. A oposição questionou o regime de urgência urgentíssima. Consumando o atropelo e o atropelamento da Câmara, os projetos foram à votação na mesma sessão. E mais uma vez, os vereadores de oposição resolveram fazer diferente do que se fez há um ano: votaram favoravelmente. Para não prejudicar quem trabalha. Antes, era problema de planejamento Desta vez, “para fechar o ano”, foram três projetos de suplementação orçamentária. Um recorde paraolímpico! Quem os encaminha atualmente, no ano passado, como vereador, questionava o “excesso” de solicitações deste tipo. Dizia que era uma demonstração de falta de planejamento. E agora é o que? A justificativa para os muitos projetos de suplementação seria o excesso de arrecadação. Efetivamente, em 2013 entraram para os cofres da prefeitura 700 mil reais a mais do que no ano passado. O interessante é que durante o ano inteiro o que se ouviu a administração dizer foi o contrário. Ela argumentava que “não dava para fazer muita coisa”, porque a arrecadação havia caído. Afinal, qual a informação correta? Então, por que não se fez muita coisa? Onde há erro há emenda Ao questionamento sobre o atropelo e o atropelamento do legislativo, a reação foi uma resposta profunda como um pires: nas gestões anteriores já era assim, nesta está sendo e também será nas próximas. Isso parece convencer a bancada da situação, que vota “no automático”? Faz lembrar o ditado popular: “Do homem é o errar, e da besta, o teimar”. Com gosto Em sessão recente, a Vereadora Edna Bonetti apresentou novas solicitações de informações. Como já é de praxe e não importando o teor dos pedidos, a bancada da situação votou contra. Chamado a dar o voto de minerva, o presidente da Casa usou a expressão: “[voto] contra, com gosto”. Ficou a dúvida sobre o gosto. De ocultar? De esconder? O que? Amolecer Na sessão de 19 de novembro, a vereadora Edna Bonetti persistiu: para cumprir o papel de fiscalizar o executivo, que é também de todos os seus colegas de Câmara, solicitou novos documentos públicos e mais informações que deveriam ser públicas. Placar de “controle remoto”: rejeitados os requerimentos por cinco votos contrários da bancada de situação. Rejeição seguida de um “apelo” do presidente: “A senhora não dá nenhuma folga. Tem que amolecer o coração”. Convenhamos, o responsável pela condução dos trabalhos é que poderia ser mais sensível e ponderado. E não se trata da amolecer corações, mas a verdadeira barragem para que se tenha publicidade e transparência do que é feito pelos poderes executivo e legislativo municipais. Inteligência e espírito crítico Para manter seu coice curto, na edição passada nosso Macau resolveu não tratar do leilão do carro do Conselho Tutelar. Neste número, um ataque à liberdade de imprensa o faz esticar um pouco o pé. Não é o assunto em si, mas algumas atitudes dignas de republiquetas de quinta categoria. Um secretário municipal (e de Educação!) ocupar a tribuna da Câmara para “atacar” um colunista de jornal é deseducativo. Chamar o colunista de incoerente, isto sim é incoerência. Afinal, informação também é conhecimento e a transparência ajuda a pensar e a transformar, que também são objetivos . Faltou dizer O colunista de um jornal regional deu sua opinião sobre um assunto. Na semana seguinte, considerou resposta que recebeu da responsável municipal pelo mesmo assunto. E mesmo assim foi chamado de incoerente? Talvez, de fato, ele tenha sido incompleto! Porque deveria ter feito uma contra-resposta, indicando que o que foi colocado “à disposição” do Conselho Tutelar não foi um automóvel, mas sim um “risco móvel”. Raciocínio O que se busca entender é por que não foi a “sucata” que foi a leilão, continuando o veículo em boas condições de uso com o Conselho Tutelar (CT). Essa opção simples preservaria as atribuições do CT e as condições de trabalho e de segurança dos seus conselheiros, até que o anunciado carro novo chegasse. Aí, o “Uno Mille do Conselho Tutelar”, comprado com verbas de um projeto elaborado pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), também poderia ser vendido ou, melhor até, para servir aos santarosalimenses. Como incoerência quer dizer falta de lógica, eis aí um bom exemplo para se estudar na escola. Espaço contestado Hoje, é Ronaldo Michels quem ocupa uma coluna de opinião que sempre procurou contribuir com a melhoria de Santa Rosa de Lima. Bastou ele mostrar que também tem um posicionamento criterioso para desagradar algumas autoridades que pensam que imprensa só pode “falar bem”. E que até investem dinheiro público para que certos jornais só falem amenidades ou que encham algumas páginas com citações elogiosas e fotos deles! Para conviver democraticamente em um país livre, é preciso aprender que a imprensa elogia quando se é merecedor de elogios e que vai criticar quando o caso é para críticas. Talvez, isso seja exigir demais de certas cabeças...