Cooperativa de Crédito
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Cooperativa de Crédito
ANO 1 - N0 4 -OUT/NOV/DEZ 2010 UMA REVISTA DO SISTEMA DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO DO BRASIL De cara nova Cooperativas adotam a nova identidade visual, fortalecendo cada vez mais o Sistema Cenário Cultura Eleição em 2011 irá definir o Conselho de Administração do Sicoob Confederação Funcionários mostram criatividade e talento fora do ambiente de trabalho Fale conosco Coordenação Geral Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob Ltda. – SICOOB CONFEDERAÇÃO SIG Quadra 6 – Lote 2.080 – 71.610-460 – BRASÍLIA - DF Diretoria-Executiva José Salvino de Menezes – Diretor-presidente Manoel Messias da Silva – Diretor vice-presidente Diretoria Colegiada Bento Venturim – Sicoob Central ES Edson Quevedo Soares – Sicoob Central Norte Heli de Oliveira Penido – Sicoob Central Crediminas Henrique Castilhano Vilares – Sicoob Central Cocecrer Ivo Azevedo de Brito – Sicoob Central BA Jadir Girotto - Sicoob Central MT/MS Jefferson Nogaroli – Sicoob Central PR João Feitoza Neto – Sicoob Central NE José Alves de Sena – Sicoob Central DF José Salvino de Menezes – Sicoob Goiás Central Luiz Gonzaga Viana Lage – Sicoob Central Cecremge Manoel Messias da Silva – Sicoob Central Cecresp Rui Schneider da Silva – Sicoob Central SC Valdecir Manoel Affonso Palhares – Sicoob Central Amazônia Comitê Editorial Jadir Girotto – Diretor-presidente do Sicoob Central MT/MS José Alves de Sena – Diretor-presidente do Sicoob Central DF A importância do capital nas cooperativas de crédito Quero registrar minha satisfação pela qualidade da Revista Sicoob, que, a cada edição, tem me surpreendido. Em especial, gostei da matéria do cooperativista e diretor operacional do Bancoob, Ênio Meinen, sobre a importância do capital nas cooperativas de crédito. Além de tratar o capital como fonte de fortalecimento e alavancagem das cooperativas, não se esqueceu de mencionar sua importância como instrumento de poupança. Parabéns a todos! Marcelo Cárfora Sicoob Central Cecresp Edson Quevedo Soares – Diretor-presidente do Sicoob Central Norte Manoel Messias da Silva – Diretor-presidente do Sicoob Central Cecresp Luiz Paulo Lima e Silva – Conselheiro de Administração do Bancoob Mais exemplares Marco Aurélio Borges de Almada Abreu – Diretor-presidente do Bancoob Ênio Meinen – Diretor operacional do Bancoob Abelardo Duarte de Melo Sobrinho – Diretor de Desenvolvimento Organizacional do Sicoob Confederação Ricardo Antônio de Souza Batista - Diretor de Tecnologia da Informação do Sicoob Confederação Ricardo Belízio de Faria Senra – Gerente Jurídico do Bancoob Débora Marcia Bruno – Supervisora de Comunicação e Marketing do Sicoob Confederação Elisa Gregória Abarca Guimarães – Analista de Comunicação e Marketing do Sicoob Confederação Acabo de ler a Revista Sicoob, gostei muito. Gostaria que enviassem mais exemplares da revista para o PAC 09 do Sicoob Oeste Paulista, em Santa Cruz do Rio Pardo (SP). Nossa diretoria ficou muito entusiasmada com a contratação, pelo Sicoob Confederação, do Dr. Abelardo Duarte Sobrinho por quem temos um apreço muito especial, pois nosso interesse em montar a cooperativa surgiu após uma apresentanção dele e do Sr. Lúcio em um congresso da Facesp. E depois, em conversas diretas, nos transmitiram a confiança de montar nossa cooperativa. José Sanches Marin Sicoob Oeste Paulista Andréa Hollerbach Athayde – Assessora de Comunicação do Sicoob Central Crediminas Luiz Augusto Araújo – Assessor de Comunicação do Sicoob Goiás Central e Sicoob Central DF Correspondentes Anderly Gotinho Minetto – Sicoob Central PR Andréa Hollerbach Athayde – Sicoob Central Crediminas Celso Vincenzi – Sicoob Central SC Cristiane Lopes Orso – Sicoob Central MT/MS Emerson Gomes Dantas – Sicoob Central NE Eruza Siqueira Rodrigues – Bancoob Flaviana Gouvêa – Sicoob Central Cecresp Karla Brandão Lage – Sicoob Central Cecremge Leila de Souza Teixeira – Sicoob Central BA Luiz Augusto Araújo – Sicoob Goiás Central Marcelo Vieira da Silva – Sicoob Central ES Noel Lopes Bezerra Júnior – Sicoob Central DF Rízio Andrade – Sicoob Central Norte História do cooperativismo Primeiro, gostaria de parabenizar pela revista, matérias interessantes e que prendem a atenção do leitor. Em especial, gostei da matéria que conta um pouco da história do Cooperativismo (página 32 da 2ª edição da revista). Coincidentemente, no mês de julho deste ano, aqui em nossa cooperativa, promovemos um concurso de redação com o tema: “A importância do cooperativismo em sua comunidade”. Para o desenvolvimento desse tema, fizemos palestras para os alunos sobre a história do cooperativismo e como surgiu, em 1993, a Cooperativa de Crédito Rural de Capelinha Ltda. Hoje, somos uma cooperativa forte, que passou para Livre Admissão, em 2006, e temos uma grande importância nos três municípios onde atuamos, que são: Capelinha, Itamarandiba e Turmalina. Valdecir Manoel Affonso Palhares – Sicoob Central Amazônia Roberta Miranda de Marco – Sicoob Central Cocecrer Coordenação de Produção William Moreira Fernandes Sicoob Credicap Débora Márcia Bruno - Sicoob Confederação Elisa Gregória Abarca Guimarães - Sicoob Confederação Coordenação Editorial Andréa Hollerbach Athayde - Sicoob Central Crediminas Luiz Augusto Araujo - Sicoob Goiás Central e Sicoob Central DF Produção Editorial Press Comunicação Empresarial Jornalistas Responsáveis Luiz Augusto Araujo / Licia Linhares Projeto Gráfico e Editoração Press Comunicação Empresarial Designers FALE CONOSCO Fernando Freitas / Luis Américo Revisão Cláudia Rezende Impressão Gráfica Ipiranga Tiragem 30 mil exemplares Capa Foto: Sicoob Ufcred 4 Envie sua opinião sobre as matérias da Revista. Sua carta será publicada* e respondida na próxima edição. As cartas podem ser enviadas para: SIG Quadra 6 - Lote 2.080 - CEP 70.610-460 - Brasília - DF [email protected] *Em razão do espaço reservado à coluna, a Revista Sicoob se reserva o direito de editar as cartas. Capa A união faz a força 14 18 Meio Ambiente Adequação das unidades de atendimento do Sicoob à nova marca demonstra a integração do sistema Exposição itinerante do Sicoob Credicitrus marca atuação sustentável da entidade Cultura Sicoob guarda preciosos talentos artísticos entre seus profissionais 28 07 Perfil Roberto Rodrigues divide seu tempo entre a engenharia, a agricultura, a política e o cooperativismo 08 Entrevista Carlos Alberto dos Santos defende a bandeira do cooperativismo de crédito 12 Mercado 13 Promoção Faturamento de cartões deve superar meio trilhão de reais neste ano Promoção “Débito MasterCard facilita a sua vida” sorteia cooperado do Sistema 16 História Mondragón é o maior e mais eficiente grupo cooperativo do mundo 24 Ponto de Vista 25 Jurídico 26 Supervisão 27 Conselho Monetário Nacional simplifica a contabilidade das cooperativas de crédito 33 Responsabilidade Social Iniciativa de cooperativa do Sicoob leva alegria a idosos de Goianésia (Go) 34 Governança 36 Educação 38 Cenário 42 Intercooperação 43 Giro O crescimento do cooperativismo de crédito As cooperativas de crédito e a prestação de serviços às entidades públicas Novas Regras Centrais elegerão, em março de 2011, o novo Conselho de Administração da Confederação Instituto Cooperforte implementa projetos para educação profissionalizante de jovens O novo cenário econômico e os desafios do cooperativismo de crédito Corretora de Seguros do Sicoob Central ES faz parceria com outras centrais do Sistema Saiba o que acontece nas cooperativas centrais e singulares em todo o país De forma sistêmica, o Banco Central do Brasil supervisiona as cooperativas de crédito ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 5 Editorial Sicoob Confederação Sentimento completo de mudança “O coração baterá mais forte quando o cooperado vir sua cooperativa com a fachada e interior renovados.” O que os olhos não veem, o coração não sente. O Sicoob tem uma nova marca, mas o sentimento completo dessa mudança dar-se-á quando as cooperativas estiverem de “cara” nova. O coração baterá mais forte quando o cooperado vir sua cooperativa com a fachada e interior renovados. Se o talento é uma marca pessoal, a revista também aborda essa identidade ao mostrar os artistas do Sicoob em reportagem especial. São funcionários de diversas entidades do Sistema que, depois de cumprirem expediente, transformam-se em artistas da literatura, da música, do teatro ou do cinema. Chamada de roll out, essa adequação visual das sedes e unidades de atendimento é etapa decisiva para consolidação da nova identidade do Sistema. O processo já foi iniciado por cooperativas centrais e singulares de diferentes regiões do país, e é assunto principal desta edição da revista. Quanto a questões estruturantes, esta edição traz importante matéria sobre o novo modelo de governança a ser adotado pelo Sicoob Confederação, a partir do próximo ano, aproveitando inovações patrocinadas pela Lei Complementar 130. A matéria de capa aborda cooperativas que já fizeram o roll out, demonstrando os bons resultados obtidos com a iniciativa. Embora o prazo máximo para a mudança das fachadas seja quatro anos, as cooperativas que acelerarem esse processo tornar-se-ão referência e beneficiam-se integralmente das ações sistêmicas de comunicação. Ainda sobre a nova marca, a revista traz uma matéria sobre as alterações definitivas do Manual da Identidade Sicoob (MIS), finalizadas após o acordo de convivência harmoniosa de marcas com o Grupo Algar, processo no qual o Sicoob mostrou sua vocação diplomática. 6 A edição aborda, ainda, o mercado brasileiro de cartões e é prestigiada com duas matérias de personagens ilustres: o diretor do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, e um dos mais talentosos e respeitados cooperativistas do Brasil e do mundo, o ex-ministro Roberto Rodrigues. Boa leitura! José Salvino de Menezes Diretor-presidente do Sicoob Confederação Perfil Quatro em um Roberto Rodrigues divide seu tempo entre a engenharia, a agricultura, a política e o cooperativismo A biografia de Roberto Rodrigues é marcada pela sua versatilidade. Poucas pessoas conseguiram desempenhar quatro distintas funções com tamanha autoridade ao longo da vida. Devido, sobretudo, a sua dedicação ao trabalho, ele conseguiu conciliar os estudos com as demais atividades. Professor e pesquisador, Roberto publicou centenas de trabalhos sobre agricultura, cooperativismo e economia rural, sendo autor de cinco livros e coautor de diversos outros. Cooperativismo sem fronteiras Roberto defendeu a bandeira cooperativista dentro e fora do Brasil. Ele dirigiu cooperativas agrícolas e de crédito rural no estado paulista e foi o responsável pela internacionalização do cooperativismo brasileiro. Presidiu a Organização Internacional de Cooperativas Agrícolas e a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), órgão que congrega 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Em reconhecimento, recebeu a Medalha Albin Johansson do cooperativismo sueco, por seu trabalho em favor da democracia e da paz no mundo, além de condecorações da Organização das Cooperativas da América (OCA). O homem do campo Empresário rural em São Paulo e no Maranhão, Roberto recebeu vários prêmios nas áreas ambiental, social, de conservação do solo e de produtividade, além da Ordem do Mérito Agrícola, no grau de Cavaleiro, concedido pelo governo da França. Foi o criador do sistema de rotação da cultura da cana com a soja e o responsável pelo aumento significativo da geração de empregos nas áreas canavieiras. Arquivo Roberto Rodrigues Na política, seu principal feito foi ocupar a cadeira de Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de 2003 a 2006. Ele reestruturou o Ministério e trabalhou pelas leis de biotecnologia, produtos orgânicos e seguro rural, além de ter regulamentado a defesa sanitária, ampliado o comércio agrícola brasileiro e ajudado a implementar as bases de uma agricultura moderna. Também foi secretário de Agricultura e de Abastecimento do Estado de São Paulo. Natural de Cordeirópolis (SP), Roberto Rodrigues é engenheiro agrônomo formado pela Universidade de São Paulo (USP) e Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Recebeu o Diploma de Mérito Agronômico da Confederação das Federações dos Engenheiros Agrônomos (Confaeab), em 2001, e foi eleito o Engenheiro Agrônomo da década pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (Aeasp), em 2004. É cidadão honorário dos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Espírito Santo e Rio de Janeiro. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 7 Entrevista Uma parceria de sucesso e resultados Carlos Alberto dos Santos defende a bandeira do cooperativismo de crédito Nos últimos anos, o Sicoob tem intensificado as parcerias com o Sebrae para realização de programas que estimulem o crédito aos micro e pequenos empresários. Um dos responsáveis pela sinergia entre as instituições é o diretor do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Doutor em economia pela Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, ele está no Sebrae Nacional desde 2003, onde já ocupou os cargos de assessor da presidência, gerente de serviços financeiros e diretor de administração e finanças. Especialista em sistema financeiro, Carlos Alberto sempre esteve à frente das ações do Sebrae nos programas de fomento às microfinanças e ao cooperativismo de crédito, sistemas de garantias de crédito e fundos de capital de risco. O diretor do Sebrae também é vicepresidente da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE). No dia 14 de outubro, ele visitou o edifício-sede do Sicoob, em Brasília (DF), durante reunião dos presidentes de centrais do Sicoob. Confira, a seguir, sua entrevista: cial de expansão da carteira de crédito das instituições financeiras REVISTA SICOOB - As micro e pequenas empresas puxaram o crescimento da demanda por crédito neste segundo para o segmento de pequenos negócios, seja pelos expressivos semestre de 2010 no Brasil. Como o senhor avalia a conresultados de emprego, massa salarial e tributos provenientes tribuição e participação das cooperativas de crédito nesse desses negócios, seja devido às expectativas positivas de investimento e inadimplência comportada. contexto? Carlos Alberto dos Santos - Há uma retomada mais Qual é a importância do microcrédito no deconsistente da demanda por crédito desde feve“O microcrédito senvolvimento econômico e social brasileireiro e, de forma mais vigorosa, neste segundo semestre. O Indicador Serasa Experian da Demanda ro? Qual o papel das cooperativas de crédito promove a inclusão nesse sentido? das Empresas por Crédito mostra um avanço de financeira de um 5,5% no número de empresas que procurou crédiO microcrédito promove a inclusão financeira de contingente de um contingente de empreendedores formais e into em agosto, se comparado com o mês anterior. empreendedores formais, geralmente não atendidos pelos sistemas Frente a agosto de 2009, a demanda das empretradicionais de crédito. No contexto do desenvolsas por crédito cresceu 8,2% e, nos primeiros oito formais e informais, vimento econômico e social, esses empreendemeses deste ano, essa demanda aumentou 7,7% geralmente não em relação ao período de janeiro a agosto do ano dores, ao trabalharem por conta própria, geram atendidos pelos passado. Nas instituições financeiras públicas, a riquezas que viabilizam sua sobrevivência e a de taxa de crescimento do crédito foi superior à ve- sistemas tradicionais de seus familiares, proporcionando bem-estar social. As cooperativas de crédito podem ser fundamenrificada no Sistema Financeiro Nacional (19,7%), crédito.” tais na expansão do microcrédito, pois voltamao compararmos 2009 com 2010. Nas instituições financeiras privadas, porém, as carteiras totais tise para pequenos negócios, formais e informais, veram uma performance abaixo desse patamar. Sob a ótica dos com o crédito de menor valor, via atendimento próximo, ágil e personalizado, requerido por esse cliente. As cooperativas de crépequenos negócios, percebe-se que a iniciativa privada, contexto dito são potencialmente preparadas para evoluir nas microfinanno qual inserem-se as cooperativas de crédito, tem apresentado ças, mantendo-se o contexto da inclusão financeira cooperativa crescimento superior às operações do SFN para contratos de até R$100 mil (13,2%). O substancial é que existe um enorme potene da governança. 8 Até que ponto a oferta de crédito das cooperativas do Sicoob aos empresários do segmento de pequeno porte pode contribuir para o processo de formalização da economia, por meio do atendimento especial aos empreendedores individuais? Com o advento da nova figura jurídica denominada Empreendedor Individual (EI), cria-se a possibilidade de redução da informalidade. Existe um grande contingente de proprietários de micro e pequenas empresas e empreendedores individuais que podem ser inseridos nos sistemas cooperativos. Eles têm necessidade de acesso a produtos e serviços financeiros que sejam efetivamente adequados às suas realidades empresariais. A formalização desses empreendedores e suas incorporações a uma plataforma de atendimento adequada de serviços nas instituições financeiras vão garantir uma fidelização e uma relação mais perene e sustentável com o associado/cliente. Além disso, sabemos que a oferta de crédito é importante incentivo à formalização do EI. Em outubro, uma campanha nacional foi lançada para sensibilizar e mobilizar esses empreendedores sobre as vantagens da formalização. negócios. Destaco, ainda, que estão previstas ações de intercâmbio de informações técnicas entre as instituições e realização de estudos e pesquisas, além de capacitação e consultoria. A feira do Empreendedor já é um evento tradicional no calendário do SEBRAE, e na qual o Sicoob já participou. Há possibilidade de essa participação ser ainda mais efetiva? Já estamos trabalhando em alguns projetos bastante interessantes. Recentemente, realizamos uma pesquisa com o objetivo de levantar dados e informações sobre as práticas das cooperativas singulares do Sicoob em “Microcrédito”, visando a subsidiar a formulação da política de microfinanças. Para 2011, em parceria com o Sicoob e a DGRV (em português, Confederação Alemã de Cooperativa), queremos realizar algumas experiências-piloto em microfinanças, principalmente apoiando o Sicoob na construção de produtos e serviços microfinanceiros e na capacitação do cor- Recentemente, o Sebrae formalizou acordo de cooperação técnica com o Sicoob. Quais os seus principais pontos? No início de 2010, firmamos um acordo de cooperação, cujo principal objetivo foi estabelecer ações de incentivo ao desenvolvimento da capacidade competitiva das micro e pequenas empresas e dos empreendedores individuais. Unindo forças com o Sistema Sicoob, o Sebrae busca alavancar ainda mais o processo de inclusão financeira dos pequenos JRubens / ASN “Sabemos que os mesmos princípios que regem a boa gestão de um negócio servem também para o indivíduo e sua família no campo pessoal. A parceria Sebrae e Sicoob pode contribuir substancialmente para atingir esses objetivos.” ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 9 Entrevista nanceiras estarem próximas ao cliente de pequeno negócio, bem como ganharem visibilidade junto ao segmento. O Sicoob tem participado de algumas dessas edições, mas, sem dúvida, existe o interesse recíproco em ampliar a parceria. De que forma o Sebrae e o Sicoob podem estimular a educação financeira? É um tema de interesse crescente do Banco Central do Brasil (Bacen), de todo o sistema financeiro e da sociedade. O conceito tem-se ampliado, mas o entendimento é que ainda fica limitado às finanças pessoais, no planejamento e controle financeiro dos indivíduos e seus investimentos e endividamentos (poupança e consumo). No entanto, se levarmos em conta que, nos pequenos negócios, muitas vezes, os bolsos da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica confundem-se, a orientação empresarial contribui substancialmente para uma melhora no grau da educação financeira como um todo. Sabemos também que os mesmos princípios que regem a boa gestão de um negócio servem também para o indivíduo e sua família no campo pessoal. A parceria Sebrae e Sicoob pode contribuir substancialmente para atingir esses objetivos. Quais os principais resultados do II Fórum Nacional de Cooperativas de Crédito de MPE, realizado no dia 25 de agosto, em Foz do Iguaçu (PR), antecedendo o Congresso Nacional de Cooperativas de Crédito (Concred)? Neste ano, realizamos missões de intercâmbio técnico com cooperativas de crédito, visando a disseminar a governança cooperativa e as boas práticas de atuação com pequenos negócios. Essas missões envolveram mais de 270 participantes de diversos estados brasileiros, além de representantes dos sistemas de crédito cooperativo do país e diversos parceiros importantes, como o Bacen. O II Fórum veio coroar esse projeto, por dois motivos distintos. Primeiro, conseguimos mostrar aos participantes que o crescimento do sistema de crédito cooperativo passa pelos pequenos negócios. Mostramos também que ações muito simples, mas de bastante efetividade, podem causar grande impacto na economia local. Isso ocorre quando essas ações são realizadas por cooperativas de crédito que buscam o desenvolvimento competitivo das micro e pequenas empresas a elas associadas. po técnico-gerencial das cooperativas, para que possam melhor atender ao público de pequenos negócios. Por fim, em parceria com o Sicoob e outros sistemas cooperativos, realizamos projeto de visitas técnicas para disseminar boas práticas do cooperativismo de crédito, de microfinanças e de inclusão financeira para empreendedores. A Feira do Empreendedor já é um evento tradicional no calendário nacional do Sebrae. Há participação do Sicoob em algumas edições regionais? Há possibilidade de essa participação ser ainda mais efetiva e constante nesse importante evento? A Feira do Empreendedor, assim como vários outros eventos e premiações, é uma excelente oportunidade para as instituições fi- 10 Como o Sebrae vem divulgando e apresentando as cooperativas de crédito como alternativa à prestação de serviços financeiros aos micro e pequenos empresários? O cooperativismo de crédito é uma excelente alternativa ao sistema bancário tradicional e fomenta a competição entre os agentes do Sistema Financeiro Nacional. Apoiamos em vários estados a constituição e o fortalecimento de cooperativas de crédito de micro e pequenas empresas, bem como disseminamos a cultura da cooperação e o cooperativismo de crédito em muitas das nossas ações e dos nossos projetos. Comemoração Sicoob SC comemora 25 anos O Sicoob em Santa Catarina completou 25 anos no dia 8 de novembro. Para comemorar a data, dirigentes e funcionários das 44 cooperativas presentes em 201 municípios – um deles no Rio Grande do Sul – participaram de eventos no Praiatur Hotel, em Ingleses, na capital. Além das homenagens a dirigentes e funcionários, foi lançado o livro ‘‘Sicoob SC 25 anos: Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento’’. “Durante os 25 anos de sua história, o Sicoob SC tem enfrentado uma série de desafios, como as mudanças na economia, a necessidade de incorporar as mais eficientes e seguras tecnologias, o treinamento permanente de seus funcionários e a implementação de um sistema de gestão moderno e transparente”, afirma o presidente Rui Schneider da Silva, que também preside a Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras). O Sicoob foi fundado inicialmente com o nome de Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina – Cocecrer SC. Vinte e sete delegados de nove cooperativas assinaram a ata de fundação. As cooperativas fundadoras são: Crediauc, Credicanoinhas, Credicampos, Credirio, Crediarco, Credialfa e Credial, além da Cooperativa Central Oeste Catarinense (Coopercentral Aurora), de Chapecó, e da Cooperativa Central Agrícola Vale (Cooperleite), de Itajaí. Hoje, o sistema possui 284 pontos de atendimento em Santa Catarina, presentes nas áreas rurais e urbanas. Presidente Rui Schneider ( à esq.) recebe homenagem pelos 25 anos do Sicoob SC Francisco Greselle ( à dir.) conselheiro da Central, também é homenageado ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 11 Mercado Mais de meio trilhão de reais só em 2010 A autorregulação e o fim do duopólio são fatores que estimulam ainda mais o mercado de cartões, que já cresce 20% ao ano A ampliação e a facilidade do acesso ao crédito, somadas à estabilidade econômica do Brasil, estão impulsionando o mercado de cartões, que cresce num ritmo de 20% ao ano e deve encerrar 2010 com mais de sete bilhões de transações e um faturamento de R$ 535 bilhões. Espera-se que, em dezembro, o volume de cartões em circulação no país chegue a 628 milhões, o que representa mais que três vezes o número atual da população brasileira. Atualmente, cerca de 25% das compras das famílias brasileiras são pagos com algum tipo de cartão. Cada vez mais, as pessoas optam pelo uso do plástico em lugar do cheque. Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) estima que o mercado de cartões superará a marca de R$ 1 trilhão em faturamento em 2015, alcançando 15 bilhões em transações. O débito representa 50,8% dessa movimentação, e o crédito, 45,6%. Para o economista Robson Salazar, o cartão de crédito é uma excelente ferramenta para as transações comerciais. Além de ser um meio de pagamento bastante usado, o acesso é universal. “As altas taxas de juros impedem que a utilização do plástico, como instrumento de crédito, seja uma porta recomendável para todos, principalmente aos consumidores de baixa renda”, ressalta. Fim da exclusividade O fim da exclusividade no uso das máquinas leitoras de cartões incrementou as vendas na modalidade no Brasil, desde o segundo semestre deste ano. Os terminais da Cielo, que, antes, eram exclusivos da Visa, passaram a ler os cartões da Mastercard, e os da Redecard passaram a capturar transações para a Visa. A medida trouxe mais benefícios e comodidade aos lojistas, que não têm mais a necessidade de manter várias máquinas 12 para diferentes bandeiras, e aos consumidores. Os usuários correm menos risco de um estabelecimento não aceitar o cartão de sua bandeira. Autorregulação Com o objetivo de diminuir as críticas de consumidores e governo, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) divulgou, em outubro, algumas medidas, como a redução do número das tarifas e a transparência sobre o que é cobrado dos usuários, entre outras. As administrações propuseram também incentivos à entrada de bandeiras brasileiras nesse mercado, neutralidade na atividade de compensação e liquidação, além da agilidade na inoperância de terminais e bandeiras com o fim da exclusividade. Salazar acredita que essas medidas não serão suficientes para reduzir as queixas dos consumidores. “As maiores causas das queixas referem-se às altas taxas de juros cobradas, que ainda continuarão sendo as mais elevadas do mercado”, pondera. Sicoob Disposto a aumentar sua participação no setor, o Sicoob oferece aos seus associados um pacote de vantagens para quem solicita os cartões da família Sicoobcard. Os benefícios vão desde juros mais competitivos, seguros contra perda e roubo e mensagens no celular sobre as compras realizadas até um diferenciado programa de relacionamento, chamado de Sicoobcard Prêmios. Mas não é só o cooperado que ganha nessa história. A movimentação com os cartões do Sistema gera receitas para a cooperativa, o que, indiretamente, impactará nas sobras revertidas aos associados. Promoção Associado do Sicoob é premiado No primeiro sorteio da promoção “Débito MasterCard facilita a sua vida”, quem ganhou o carro foi um cooperado do Sistema O pequeno agricultor associou-se ao Sicoob Credicap neste ano, mas a ligação com o cooperativismo de crédito já é antiga. “Quando a cooperativa foi fundada, meu avô foi o primeiro sócio. Depois, meu pai passou a fazer parte. Agora, também participo e não tenho reclamações. O pessoal de lá atende a gente muito bem”, disse André, acrescentando que, desde a abertura da conta, a movimentação é feita, principalmente, com cartão de débito. A alegria do associado foi compartilhada com a cooperativa. “Recebemos a informação do prêmio com grande satisfação, pois, embora sejamos uma pequena rede perante os nossos concorrentes, mostramos que estamos no caminho certo ao orientar nossos cooperados sobre o uso do cartão”, afirmou o gerente da cooperativa, Sinésio Aparecido de Souza. Dorival Veroneze O primeiro prêmio da promoção “Débito MasterCard facilita a sua vida” saiu para o Sicoob. O sortudo é André Ricardo de Oliveira, cooperado do Sicoob Credicap, cooperativa singular filiada ao Sicoob Central Cocecrer. O sorteio ocorreu no dia 9 de outubro. André (ao centro) é congratulado pelo presidente do Sicoob Credicap (camisa azul) e gerentes da cooperativa. Objetivo A campanha, realizada entre 26 de setembro e 18 de dezembro de 2010, tem a finalidade de incentivar o uso de cartões de débito. Durante a promoção, serão sorteados 12 carros - um a cada semana, com seguro, licenciamento, IPVA, Kit Personalização no valor de R$ 3 mil e um ano de combustível grátis. Participam da promoção todos os associados portadores dos cartões Sicoobcard MasterCard Standard, Sicoobcard MasterCard Gold, Sicoobcard MasterCard Empresarial, Sicoobcard Maestro e Sicoobcard Conta Empresa. Segundo o presidente do Sicoob Credicap, José Maria Maschietto, a cooperativa tem trabalhado para aprimorar o atendimento e conquistar novos associados. “O foco está na expansão regional. Hoje, temos quatro pontos de atendimento cooperativo (PACs), nas cidades de Capivari, Porto Feliz, Boituva e Cerquilho, e estamos em processo de abertura em Jumirim e Cesário Lange”, informa. O presidente do Sicoob Central Cocecrer, Henrique Castilhano Vilares, completa: “A Central está fazendo trabalho intenso para ampliar a base de cartões junto às filiadas. O prêmio é um grande incentivo para as cooperativas e os associados. Vamos melhorar muito nossa posição nessa área.” ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 13 MEIO AMBIENTE Um percurso pelos quatro elementos Exposição itinerante do Sicoob Credicitrus marca atuação sustentável da entidade Sob a curadoria do mestre em arquitetura Álvaro Guillermo, a exposição foi inaugurada em 24 de março de 2010 e já recebeu a visita de 60 mil pessoas nas diferentes cidades por onde passou. Até o final de 2011, a obra deve passar por 15 localidades distintas. Pensar de maneira global, agir localmente Eleita pela segunda vez pela revista Exame como uma das melhores empresas para se trabalhar no país, o Sicoob Credicitrus, maior cooperativa de crédito da América Latina, também investe pesado em projetos sociais e ambientais. Antecipando-se à lei que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a cooperativa montou uma exposição itinerante intitulada “Homem X Natureza – um percurso pelos 4 elementos”, cujo objetivo é conscientizar a população, em especial os jovens, sobre a importância do equilíbrio ambiental na atualidade. Fazendo uso de uma cenografia moderna e surpreendente, que estimula a interatividade dos visitantes por meio de vários recursos visuais, táteis e sonoros, a obra alerta sobre as consequências das ações humanas no meio ambiente e apresenta soluções para a retomada da convivência harmônica entre homem e natureza. 14 O projeto foi criado originalmente para gerar impacto profundo nas pessoas, fazendo com que elas repensem seu papel como agentes ativos no processo de modificação ambiental, avaliando o resultado de suas ações cotidianas, como o descarte correto do lixo. “A sustentabilidade implica na existência do ser humano no futuro do planeta, contando com os recursos necessários para a sua sobrevivência”, explica Guillermo. Para causar o impacto necessário, o projeto foi “dividido” em seis módulos distintos, cuja ordem pode ser alterada sem apresentar perda da compreensão da exposição. O primeiro mostra o lixo como uma barreira para o desenvolvimento e a evolução do ser humano, representando o caos gerado pelos resíduos sólidos produzidos pela ação humana. Em seguida, quatro outros módulos envolvem os visitantes em uma viagem sensorial pelos elementos da natureza (fogo, ar, água e terra), sendo cada um deles representado por um ambiente distinto, com elementos interativos. E, por último, o sexto espaço remonta o mundo em decomposição, com destaque para o acúmulo de lixo tecnológico atual. Em cada estágio, o visitante é acompanhando por um biólogo, que informa e tira as dúvidas. “Homem X Natureza – um percurso pelos 4 elementos” conscientiza visitantes sobre a importância da preservação ambiental Lado a lado com o futuro A realização dessa exposição demonstra o compromisso histórico das cooperativas com a responsabilidade social, já que coincide com a promulgação da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada recentemente pelo Presidente da República. Segundo o supervisor de Marketing do Sicoob Credicitrus, Gledson Gustavo Viana, a lei foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado após 21 anos de espera. “Agora, as prefeituras, as empresas e as pessoas em geral passam a ser responsáveis por produzir menos lixo e dar a destinação adequada ao que foi produzido”, diz. O lixo reciclável é composto, em sua maioria, por embalagens plásticas, metal, papelão e papel, pilhas, pneus velhos e aparelhos eletrônicos. Esses materiais, se bem destinados, podem gerar empregos e renda pelo seu aproveitamento. Ampliando as ações sociais Em Bebedouro (SP), um projeto amparado pelo Fundo de Investimento Social e Cultural Coopercitrus/Credicitrus (Fisc) está gerando frutos no município. A Cooperativa dos Coletores de Materiais Recicláveis de Bebedouro (Cooperlimpo) vem promovendo a melhoria na vida de 14 antigos catadores que atuavam no lixão para onde eram destinados os resíduos sólidos da cidade. Criada em 2008, após um surto de dengue que atingiu cerca de 10 mil moradores, a cooperativa coleta diariamente os resíduos sólidos em mais de 200 grandes geradores, pessoas físicas e jurídicas. “Um grande problema que a cidade enfrenta é causado pelas pessoas que recolhem os recicláveis e os acumulam em suas residências para venderem os resíduos coletados em grandes volumes. Com a chegada das chuvas, esses pontos tornam-se foco para a reprodução do mosquito vetor da dengue e, caso não sejam tomados os cuidados necessários com os resíduos, gera-se ambiente propício à reprodução de ratos, baratas etc. Com o advento da Cooperlimpo, esse material e os resíduos descartáveis da cidade são recolhidos e reciclados, gerando renda aos cooperados que, através da cooperativa, resgatam sua dignidade”, explica o gestor administrativo da entidade, Mário Pereira de Sá. Já a presidente da Cooperlimpo, Benedita Aparecida Andrade Bafini, ou simplesmente Dona Cida, destaca, ainda, outros benefícios que os coletores obtiveram com a criação da cooperativa. “Nós aprendemos a dar valor a nossa atividade, voltamos a estudar e, hoje, podemos ser donos de uma cooperativa. Com o apoio das cooperativas parceiras da Cooperlimpo – Credicitrus, Coopercitrus, Unimed, Uniodonto e Cotram –, estamos conseguindo mudar a nossa vida radicalmente. Antes, vivíamos dividindo espaço com os urubus do lixão e, hoje, temos mais dignidade, mais alegria, mais sentido em nossa vida. Para mim, o dinheiro não é tudo na minha vida, o que eu preciso é ter o meu valor dentro da sociedade”, afirma Dona Cida. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 15 história O maior e mais eficiente grupo cooperativo do mundo A educação é a base da consolidação e expansão do modelo cooperativo espanhol de Mondragón Um dos maiores conglomerados econômicos do mundo é cooperativo. Sediado no país Basco (norte da Espanha), Mondragón Corporação Cooperativa (MCC) reúne 120 cooperativas, sendo 87 industriais, 13 de pesquisa, 6 de serviços em consultoria, 8 de educação, 4 agrícolas, uma de consumo, uma de crédito, e mais de 100 mil trabalhadores. Ao todo, o grupo movimenta, aproximadamente, 15 bilhões de euros em negócios ao ano. Considerado o sétimo maior grupo econômico da Espanha, o MCC atua com base nos princípios cooperativos e na forte intercooperação entre as cooperativas que formam o grupo. O segmento industrial é o maior do complexo. As cooperativas desse ramo possuem fábricas de produtos da linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar), construção civil, consultoria e ramo automotivo. “Fornecemos peças para todas as montadoras de veículos do mercado global. Todo carro brasileiro, por exemplo, tem algum componente de uma de nossas cooperativas”, diz o diretor de Disseminação 16 Cooperativa da MCC, Mikel Lezamiz. As outras áreas de atuação das cooperativas compreendem Distribuição, Financeiro e Centros de Pesquisa e Formação. A história do MCC pode ser dividida em três etapas: a 1ª (1955 a 1969) marca o surgimento das primeiras cooperativas; a 2ª (1970 a 1990) é o período em que as cooperativas se agrupam por proximidade geográfica; a 3ª (a partir dos 1990) começa quando se forma a corporação e a reorganização setorial. Em 2005, o Complexo Mondragón intensificou sua atuação internacional com presença, inclusive, na América Latina, com plantas industriais no Brasil, na Argentina e na Colômbia. Educação O sucesso do MCC deve-se à educação. Mikel Lezamiz explica que Mondragón mantém escolas do primeiro ao quarto nível, além de centros de pesquisas. “Este complexo educacional atua não somente para a difusão da cultura cooperativista e formação de executivos, mas também como centro de empreendedorismo e de desenvolvimento de novas tecnologias”, diz. Em 1941, o padre José María Arizmendiarrieta chegou a Mondragón e, dois anos depois, em 1943, criou uma escola politécnica que desempenhou um papel importante no desenvolvimento do cooperativismo na região. A escola transformou-se, mais tarde, na Universidade de Mondragón, uma cooperativa de 2º grau formada por três cooperativas singulares. Cada uma delas oferece cursos de Engenharia, Economia e Pedagogia. A semente da primeira cooperativa de Mondragón foi plantada em 1956, quando cinco graduados da escola fundaram a Talleres Ulgor (hoje, Fagor Electrodomésticos), que, inicialmente, produzia aquecedores e fogões. Nos primeiros anos, a empresa foi transformada em uma cooperativa e seu sucesso estimulou a formação das demais instituições ao longo dos anos, resultando no grupo MCC. O desenvolvimento de tecnologias do complexo de Mondragón é gerado pela Universidade e pelas cooperativas tecnológicas. Portanto, a inovação sempre foi um pilar essencial na evolução do MCC. O Centro de Formação de Otalora concentra os cursos de Formação Diretiva, Técnica e Cooperativista, além do Seminário de Cooperativismo. Cooperativa de Crédito Em 1959, foi criada a “Caja Laboral Popular”, uma cooperativa de crédito que oferece produtos e serviços financeiros aos associados das cooperativas e que passou a centralizar todas as operações financeiras do MCC. A cooperativa de crédito trabalha como eixo financeiro do grupo para financiar projetos das cooperativas coirmãs e atua também na área de seguros de saúde e fundos de pensão, por meio da Lagun Aro, entidade responsável pela previdência social. A Caja Laboral está entre as maiores instituições financeiras da Espanha, com ativos de US$ 30 bilhões e 400 pontos de atendimento. Os salários dos sócios das cooperativas são pagos através da Caja Laboral. Além deles, a instituição de crédito atende a cerca de 2 mil não cooperados. O grupo MCC adota integralmente o princípio da Intercooperação, tendo como seus pilares: Na formação das cooperativas da MCC, existem vários tipos de associados: Educação: aproveitando o ganho de escala das 120 cooperativas, trabalha-se a educação de forma centralizada através da Otalora. Sócios trabalhadores: são os empregados das cooperativas. Apenas esses têm direito à distribuição das sobras das cooperativas. Financeiro: o compartilhamento dos resultados das cooperativas através da formação dos fundos da MCC demonstra a interligação entre as empresas do grupo. Sócios de consumo: como é o caso dos associados da Eroski (Cooperativa de Consumo). Social: a preocupação com o bem-estar social pode ser comprovada com a política de evitar ao máximo as demissões de funcionários em períodos recessivos, realocando-os para outras cooperativas. Inovação: a pesquisa e o desenvolvimento são fortemente trabalhados pelas 13 cooperativas de pesquisa do grupo MCC. Para manter a competitividade hoje existente, é necessária a inovação constante em todas as empresas do grupo. Sócios escolares: situação dos alunos das cooperativas escolares. Sócios beneficiários: como é o caso dos pais de alunos matriculados na Universidade de Mondragón. Sócios colaboradores: terceiros que atuam de alguma forma junto às cooperativas, apoiando as atividades dessas. Fonte: MCC País Basco A região ocupada pelos bascos situase no norte da Espanha e no noroeste da França. Nela, fala-se a Euskera, que embora seja a língua mais antiga falada hoje na Europa, somente se constituiu como língua escrita no século XVI. Apesar de o território Basco pertencer à Espanha, o seu povo não se considera espanhol e mantém a língua própria até hoje. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 17 CApa A união faz a força Adequação das cooperativas do Sicoob à nova marca reforça o sentimento de integração Studio Cerri Unidade de atendimento do Sicoob no Shopping Cidade, em Belo Horizonte (MG) Juntos sob uma mesma bandeira. É com essa máxima que o Sicoob vê a adaptação integral das unidades de atendimento do Sistema à nova marca. Lançada no primeiro semestre deste ano, a identidade visual estará, até 2014, estampada em todas as cooperativas de crédito do Sistema, gerando mais visibilidade e reconhecimento por parte do público com relação aos serviços e produtos oferecidos. 18 Para os cooperados, a mudança na fachada gera mais visibilidade à entidade Studio Cerri Sicoob Sul-Serrano, em Vitória Jardim Camburi (ES) A adequação visual, denominada de roll out, das sedes e unidades de atendimento é importante para consolidação da nova identidade do Sistema. Parte das cooperativas centrais e singulares em todo o país já deu o pontapé inicial e começou a mudança. Mesmo tendo pela frente quatro anos de adequação à nova marca, a agilidade no processo, nesse momento, é de suma importância, visto que o alinhamento visual de todas as cooperativas possibilitará ao associado sentir-se parte integrante do Sistema. Uma das unidades de atendimento que já se adequaram à nova marca foi a do Shopping Cidade, em Belo Horizonte. Localizado no 3º piso do estabelecimento e rodeado por instituições financeiras, o local ganhou mais visibilidade com o novo visual. “Achei a mudança muito boa, pois destacou mais a agência dentro do shopping. Inclusive, o pessoal tem elogiado bastante. Eu gosto muito do trabalho oferecido pelo Sicoob e, aqui, sou sempre bem atendido. Há tempos estávamos precisando de um serviço como esse”, diz o comerciante José Miguel Lamounier. O ponto de atendimento, conhecido por ser uma referência para os associados do interior de Minas quando estão em viagem pela capital, também atende pessoas dos mais diferentes estados, acostumados com a excelência do Sicoob. “Sou de Rondônia e, sempre que venho a BH, vou ao shopping. Gostei da mudança de marca e acho que facilitou a visualização da agência, além de ter ficado mais bonita”, explica Vilma Maria Costa Sales. Para o contador e associado da Creditábil, Miguel Martins, o visual da marca está mais moderno e mais agradável. “Sou cooperado há muito anos e sinto que, com essa mudança, conseguiremos uma maior integração com as diferentes cooperativas do país”, finaliza. Divulgação Sicoob Sul-Serrano Integração nacional Vários outros pontos de atendimento já estão adequando suas instalações com a nova marca da Sicoob. Em breve, toda a rede do Sistema estará atuando sob uma mesma identidade visual, gerando, assim, mais visibilidade para o grupo e maior familiaridade para os usuários junto à marca e aos serviços oferecidos. Esse sentimento de integração é ressaltado pelo presidente da Asicred, de Pará de Minas, Osmano Diniz França. “Abri uma agência fora do centro de Pará de Minas e sentimos que, com ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 19 CApa as mudanças, a marca ganhou mais visibilidade e mais reconhecimento. Na minha opinião, é isso que todos nós ganharemos com a nova adequação. Quando isso acontecer em nível nacional, as pessoas passarão a reconhecer nossas unidades em qualquer lugar que estiverem no país, demonstrando uma unidade nos serviços e atendimento oferecidos”, diz. O local vem recebendo muitos elogios. O letreiro ficou maior, mais visível, internamente está mais bem sinalizado e padronizado. “As pessoas têm gostado bastante”, explica Osmano. Boa parte das cooperativas aproveitou a mudança da marca para fazer uma mudança geral. Assim como a Asicred, o Sicoob Credisaúde, de Goiás, e o Sicoob Credisul, de Rondônia, inauguraram novos locais para atendimento. As construções e a revitalização do layout representaram a concretização de um sonho coletivo. “A nova marca demonstra visivelmente a evolução e a modernização do Sicoob. Estamos preparados para os desafios do futuro devido à essa visão empreendedora do grupo”, diz o presidente da Credisul, Ivan Capra. Divulga ção Sico Já o presidente da Credisaúde, Álvaro José do Amaral, destaca que funcionários e cooperados estão achando a cooperativa mais bonita, elegante e sóbria. “Ainda falta acertar alguns detalhes, mas todos estão elogiando. Inclusive, recebi felicitações de presidentes de outras cooperativas do Estado que gostaram do nosso modelo. Somos a primeira cooperativa de Goiás a fazer a mudança da marca e estamos orgulhosos por sermos referência”, explica. Todos por um A nova identidade visual tem estimulado as cooperativas a adotarem a marca pura. “Considero que a aplicação de uma marca única em nível nacional desmistificará a ideia de que os pontos de atendimento são separados, que não fazem parte de um sistema único. É importante termos essa visão sistêmica”, conta o presidente do Sicoob Central ES, Bento Venturim, estado onde todas as cooperativas usam a marca pura (Sicoob) há vários anos. Para ele, um dos benefícios da ob UFcre d UFcred, em Cuiabá (MT) 20 Divulgação Sicoob Credisul mudança será o fortalecimento da imagem do Sistema junto a associados, público externo e funcionários. “Até o bispo da cidade comentou sobre a adequação. Disse que estamos fazendo um bom trabalho. Entendo que, quando fazemos algo bem feito e oferecemos qualidade nos serviços, as pessoas divulgam a nossa imagem, atraindo mais associados e fazendo a cooperativa crescer”, finaliza. Mais modernidade, estética e integração. Os presidentes são unânimes ao relatarem as principais características da nova marca. União essa que leva a importância do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil para cada região onde atua. “Com essa mudança, conseguiremos criar uma sinergia entre as cooperativas do Sicoob, gerando mais unidade. Nosso trabalho de trazer sempre o melhor para a cooperativa e seus associados tem de ser constante, sem perder de vista a individualização dos nossos cooperados”, finaliza o presidente do Sicoob Sul-Serrano, Cleto Venturim. Sicoob Sul-Serrano, em Vitória Enseada (ES) Sicoob Credisul, em Vilhena (RO) Divulgação Sicoob Sul-Serrano ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 21 capa Sicoob Crediçucar, em Santa Cruz das Palmeiras (SP) Divulgação Sicoob Crediçucar Prevalece o conceito Após ser apresentada no primeiro semestre deste ano, a nova marca do Sicoob passou por ajustes. O conceito da nova identidade visual, contudo, permanece o mesmo: refletir o desenvolvimento, a evolução, o crescimento, a união e a solidez do maior sistema de cooperativas de crédito do país. Após quatro meses de negociações, o Sicoob e o Grupo Algar celebraram, no dia 17 de setembro, um acordo de convivência harmoniosa de marcas, em reunião realizada no Centro Corporativo Sicoob. A alteração na marca, de caráter meramente técnico, é sutil. A pirâmide invertida, formada pela sobreposição de triângulos, permanece. A proposta desse design é mostrar a composição do Sistema, que é formado por entidades entre si complementares (Cooperativas Singulares, Cooperativas Centrais, 22 Confederação/Bancoob e demais empresas que compõem o Sistema). A tipografia e o nome Sicoob também seguirão as mesmas propostas. A mudança fica por conta da cor, com a substituição do amarelo, no triângulo inferior, por outra tonalidade de verde. A marca leva a assinatura da agência Gad’Branding, de São Paulo (SP). Para divulgar a nova identidade visual e integrar as Centrais no processo de implantação da nova marca, foi elaborado o Manual da Identidade Sicoob (MIS). As adequações do manual foram feitas pelo Comitê de Marketing do Sicoob – formado pelos responsáveis das áreas de comunicação e marketing das Centrais. O MIS apresenta informações sobre conceitos e forma de utilização, entre outros aspectos relacionados à marca. Divulgação integrada A divulgação da nova identidade visual do Sicoob não ficará restrita às Centrais e a seus associados. Concluída a fase de sinalização dos pontos de atendimento, inicia o processo de posicionamento da marca e dos valores do Sicoob. “A campanha de divulgação nacional objetiva explicar em mídia massiva o que é o Sicoob e destacar a abrangência do Sistema”, explica a supervisora de Comunicação e Marketing do Sicoob Confederação, Débora Márcia Bruno. As diretrizes da campanha foram discutidas durante o Comunicar, evento que reuniu, neste segundo semestre, profissionais das áreas de Comunicação e Marketing que atuam nas Centrais do Sicoob. Durante o encontro, foi elaborado o 1o Planejamento Estratégico de Comunicação e Marketing do Sicoob. Sicoob Aliança, em Jandaia do Sul (PR) Sicoob Federal, em Cuiabá (MT) Divulgação Sicoob Aliança Divulgação Sicoob Federal ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 23 ponto de vista Sicoob Expansão do Sicoob Valdecir Manoel Affonso Palhares é presidente do Sicoob Central Amazônia, cargo que ocupa por cinco mandatos consecutivos. Inclusive, ele é o presidente fundador da Central. Natural de Bebedouro (SP), Valdecir Palhares cursou Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPA). Foi professor da Universidade de São Paulo (USP) e é autor de livros e artigos sobre cooperativismo. 24 As funções da confederação são inúmeVendo hoje o cooperativismo de crédito ras e incluem as atividades de supervide “vento em popa”, muitos não imagisão, padronização de procedimentos nam o quão árduo foi seu caminho. Após operacionais, implantação de sistemas mais de um século de evolução e tropede controles internos e apoio ao planeços, e com 20 anos de implacável perjamento estratégico, o que prova a sua seguição do regime militar, centenas de importância para o fortalecimento do cooperativas foram extintas. Na década Sistema. Ainda em 1996, no mesmo dia de 1980, elas ressurgiram pequenas e inúdo nascimento do Sicoob, foi instituído o meras, geralmente espalhadas pelo Brasil. Bancoob, que representou um marco no Desconhecidas pela maioria da populacooperativismo brasileiro. O banco deção, elas, inicialmente, restringiam-se a senvolve e disponibiliza produtos e serum pequeno grupo de produtores rurais viços, rentabiliza a liquidez das Credis no ou de empregados de empresas urbanas, mercado financeiro e persempre buscando con“Ao resgatar o mite o acesso delas aos dições mais justas para a expansão de negócios ou passado e pensar programas de repasse de recursos governamentais. para manutenção do pono presente e Com ele, as cooperativas der aquisitivo dos salários. futuro, notaviram ampliar suas possise que tudo bilidades de negócios. Não tardaria para que os líderes percebessem que, converge para Ao resgatar o passado e juntas, as cooperativas uma expansão pensar no presente e no de crédito poderiam fordas cooperativas futuro, nota-se que tudo mar as Centrais, uma forte de crédito” converge para uma exaliança no plano vertical. pansão das cooperativas Por outro lado, no plano de crédito, que experimentam novos horizontal, deram-se as primeiras uniões ares com a LC 130, que consolida a livre de cooperativas, que as tornavam maioadmissão de sócios, um antigo sonho res e melhores. Em 1996, nasce o Sistema dos líderes cooperativistas brasileiros. de Cooperativas de Crédito do Brasil Desejamos que o cooperativismo de (Sicoob). Hoje, com cerca de 2 milhões de crédito siga essa toada, porque, logo associados, está presente em 22 estados adiante, novas e boas surpresas surgirão. da Federação e no Distrito Federal, com Assim, o cooperativismo, como ocorreu mais de 1.800 pontos de atendimento. nos países desenvolvidos, ajudará o Brasil Até o final de 2010, inaugurará mais uma a distribuir sua renda de maneira mais unidade no estado do Amapá, sendo esta justa e a buscar a cidadania financeira e a uma cooperativa de empresários. É um paz social para o povo. grande avanço em menos de 20 anos. JURÍDICO As cooperativas de crédito e a prestação de serviços a entidades públicas Há muito discute-se sobre a legalidade de as entidades públicas, entre elas as municipais (prefeituras, órgãos municipais, câmaras), movimentarem recursos nas cooperativas de crédito. Com o advento da Lei Complementar 130/09, a associação dessas entidades às cooperativas de crédito restou expressamente vedada. A vedação legal converge com o texto da Constituição Federal, que, como regra geral do art. 164, exige que “as disponibilidades de caixa” das entidades públicas sejam obrigatoriamente movimentadas nos bancos oficiais. Arquivo Bacen Após a vigência da LC 130/09, não raros foram os casos nos quais prefeituras e câmaras municipais notificaram cooperativas de crédito, com as quais haviam celebrado contratos de prestação de serviços, no sentido de rescindi-los. Todavia, inobstante a vedação de associação das entidades públicas às cooperativas de crédito, prevista na LC 130/09, a prestação de serviços a essas entidades é legal e encontra-se prevista não somente na referida lei, que no seu texto traz a possibilidade de prestação de serviços de natureza financeira e afins a associados e a não associados, como também na Resolução 3.859/10 do CMN1, que dispõe que as cooperativas podem prestar serviços de cobrança, custódia, recebimentos e pagamentos a entidades pertencentes aos poderes públicos das esferas federal, estadual e municipal e respectivas autarquias e empresas. (prefeituras, órgãos públicos, câmara municipais) não é vedado. Esses valores transferidos às cooperativas de crédito, a fim de que sejam destinados ao pagamento dos servidores municipais, não são considerados “disponibilidades de caixa” dos municípios, já que tais recursos, uma vez postos à disposição dos servidores, têm caráter de despesa liquidada, pagamento feito, não estando disponíveis ao município, mas, sim, aos ser“As parcerias vidores públicos. O Supremo Tribunal Federal já decom entidades cidiu que o crédito da folha de pagamento em instituição financeira privada não fere a Constituição2. públicas, tanto Também estão de acordo com a lei e a Constituição para pagamento os convênios que as cooperativas firmam com os de salários, quanto municípios ou outras entidades públicas para recede tributos, a exemplo do IPTU. Nesses capara o recebimento bimento sos, imediatamente após receber os valores, as code tributos são operativas devem repassá-los aos municípios, pois esses não podem ser titulares de conta-corrente na legais e devem cooperativa. Acrescente-se que, a teor da Constituição Federal, por meio da qual foi instituído o “Princípio da Reserva Legal”, tudo aquilo que não está proibido por lei é permitido. Ora, a LC 130/09 apenas veda a associação de entidades públicas às cooperativas de crédito, não trazendo qualquer vedação quanto à prestação de serviços, mormente quando tal prestação a terceiros, não associados de modo geral, está permitida na referida lei, conforme mencionado anteriormente. Cabe ressaltar, todavia, que alguns ser buscadas pelo serviços prestados pelas cooperativas de crédito Sistema Sicoob”. Dessa forma, as parcerias com entidades públicas devem ser exclusivos aos associados, dentre os municipais, estaduais ou federais, tanto para paquais, “captação de depósitos” à vista ou a prazo, gamento de salários quanto para recebimento de “concessão de empréstimos” e “prestação de garantias”. tributos, são legais e devem ser buscadas pelo Sicoob, desde que contribuam para o desenvolvimento econômico local e represenE os serviços de pagamento de salários a servidores municipais tem ganhos financeiros e sociais para as cooperativas. ou o recebimento de tributos municipais? Podem ser prestados? O pagamento de salários de servidores públicos municipais Jaqueline Azevedo Gomes Gerente Jurídico do Sicoob Central (BA) - Art. 12. O CMN, no exercício das competências que lhe são atribuídas pela legislação que rege o SFN, poderá dispor, inclusive, sobre as seguintes matérias: III - tipos de atividades a serem desenvolvidas e de instrumentos financeiros passíveis de utilização. 2 - Processo: Rec. 3.872-AgR – DJ 12-5-2006 1 ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 25 supervisão Para aperfeiçoar a fiscalização Para José Ângelo, a Supervisão é de suma importância para o fortalecimento do cooperativismo de crédito no país Arquivo José Ângelo De forma sistêmica, o Banco Central do Brasil supervisiona as cooperativas de crédito A Supervisão do cooperativismo de crédito brasileiro é confiada ao Departamento de Supervisão de Cooperativas e Instituições Não Bancárias (Desuc), criado pelo Bacen, em 2005, para aperfeiçoar a fiscalização dessas entidades. As ações vão desde a regularização das cooperativas perante o Bacen até o monitoramento e o acompanhamento da rotina das cooperativas. Com a Lei Complementar 130, sancionada em 2009, o foco da Supervisão passa a ser a melhoria dos padrões de governança e gestão do sistema cooperativista, bem como a racionalização da sua estrutura. À frente do Desuc, está José Ângelo Mazillo. Para aqueles que ainda são resistentes e alimentam uma visão equivocada da Supervisão, ele não titubeia nem poupa palavras ao frisar a importância do seu trabalho. “A Supervisão é absolutamente vital para a saúde do sistema financeiro e a consequente confiança do público’’, pondera. As instituições, entre elas, as cooperativas de crédito, precisam ser bem supervisionadas e ter alto padrão de governança para dar a tranquilidade necessária aos cooperados. 26 Supervisão Integrada A Supervisão Integrada ou Inspeção Integrada é uma modalidade da Supervisão que proporciona um diagnóstico aprofundado dos sistemas cooperativos. “Com ela, o desempenho do Sicoob influencia o conceito que está sendo construído junto ao Bancoob, uma das empresas do Sistema. Isso acontece, sobretudo, porque gera um ambiente de reciprocidade. É uma questão nova, e estamos aprendendo a lidar com ela”, explica o presidente do Bancoob, Marco Aurélio Almada. O Sicoob já passou por duas Supervisões Integradas e, nessas ocasiões, foram programadas visitas de grupos de inspeção à Confederação, às Centrais e ao Bancoob. Como resultado, o Bacen alcançou seu objetivo ao levantar um quadro fidedigno do Sistema. Por meio de supervisores regionais, o Bacen faz um acompanhamento pontual, dando continuidade ao trabalho deflagrado nas duas Inspeções Integradas. Novas Regras Novo cálculo para requerimento de capital Conselho Monetário Nacional simplifica o cálculo do requerimento de capital das cooperativas de crédito A partir de 2011, amparadas pela Resolução 3.897, do Conselho Monetário Nacional (CMN), as singulares com ativos inferiores a R$ 200 milhões e as centrais com ativos menores que R$ 100 milhões poderão optar pelo Regime Prudencial Simplificado para efeito de cálculo do Índice de Basileia. Na prática, a decisão diminui a burocracia e viabiliza o crescimento saudável e sustentável das cooperativas de crédito. Com a medida, o Regime Prudencial fica dividido em dois. No Regime Prudencial Simplificado (RPS), encaixamse as cooperativas de pequeno porte, de baixa complexidade operacional e com aplicações em instrumentos financeiros de baixo risco. Essas foram poupadas do cálculo dos riscos operacional e de mercado. Elas precisam, apenas, calcular o risco de crédito e enviar o Demonstrativo de Limites Operacionais (DLO) simplificado. A iniciativa reduz os custos operacionais, a quantidade de formulários gastos com a contratação de consultorias e os spreads nas operações. Por outro lado, no Regime Prudencial Completo (RPC), encontram-se as cooperativas de grande porte, com aplicações em instrumentos financeiros sofisticados e com risco potencialmente relevante. No RPC, são calculadas todas as parcelas de risco (crédito, mercado e operacional), sendo necessário enviar o DLO completo, inclusive com detalhamento e, dependendo do caso, o Demonstrativo de Risco de Mercado (DRM) mensal. No intuito de auxiliar a tomada de decisão quanto à adesão das cooperativas ao regime prudencial simplificado ou completo, o Sicoob Confederação divulgou, a todas as centrais, estudo preliminar de impacto no requerimento de capital, confeccionado com base na norma e em dados extraídos em setembro de 2010. RPS - Regime Prudencial Simplificado RPC - Regime Prudencial Completo Cooperativas de pequeno porte e com operações de baixo risco Cooperativas de grande porte, com operações sofisticadas e com risco relevante Cálculo “cosifado” Cálculo “descosificado” (utiliza informações controladas gerencialmente) DLO simplificado DLO completo, inclusive com detalhamento do Pepr, Popr e Rban Não envia o DRM Poderá enviar o DRM (Circular 3.429/2008) PSPR substitui o PRE, sendo calculado com base na nova redação disposta pela Res. Res. 3.897/10 PRE calculado com base no caput do art. 2° da Res. 3.490/07 Fator F (13%, 14%, 18%) Fator F (11%) Menos contas a fazer A adesão ao RPS é facultativa e deve ser formalizada junto ao Banco Central do Brasil (Bacen) até 31 de dezembro deste ano. Para tanto, a cooperativa de crédito não pode apresentar operações complexas, como negociações em moeda estrangeira, e sujeitas à variação cambial, além de não poder ultrapassar os limites de ativos citados. “As cooperativas não elegíveis podem requerer o benefício desde que tenham controles adequados, concentrem-se em operações de renda fixa e realizem eventuais operações de maior complexidade”, explica o diretor de Desenvolvimento Organizacional do Sicoob, Abelardo Duarte de Melo Sobrinho. Em 2011, as cooperativas que aderirem ao RPS passam a adotar o valor mínimo de capital de 13%, estipulado pelo Bacen. Ou seja, para uma exposição de risco equivalente a R$ 100 milhões, por exemplo, uma instituição precisa ter capital mínimo de R$ 13 milhões. Estima-se que, das 1.307 cooperativas singulares do país, cerca de 95% estejam aptas a adotar o novo modelo, bem como 10 das 38 centrais de crédito. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 27 cultura A arte além do cooperativismo Sicoob guarda preciosos talentos artísticos entre seus profissionais De segunda a quinta-feira, David Zaidan sente-se muito à vontade em sua rotina de trabalho. Mas é na sexta-feira que tudo muda em sua vida. Ao cair da noite, o analista de Comunicação do Sicoob Central Crediminas troca a papelada do escritório pelas pick-ups, deixando entrar em cena o DJ David Zaidan. Com pegadas bem criativas, Zaidan embala o público de Belo Horizonte com as batidas frenéticas da black music. Jornalista, ele atua, há cinco anos, no Sistema e, nos finais de semana e demais horas vagas, comanda as pistas das principais casas da noite belo-horizontina. Inserido no cenário musical há três anos, ele vem marcando presença em eventos que vão desde o popular “Duelo de Mc’s”, um encontro de rappers que acontece semanalmente no Centro da capital, até o Savassi Festival, que reúne expoentes do jazz no badalado bairro da Zona Sul da cidade. De malas prontas para embarcar para Nova York, onde fará algumas apresentações, David elege 2010 como o seu ano de sorte. “Apareceram várias oportunidades, foi bastante produtivo.” Ainda assim, ele nem cogita a hipótese de largar o trabalho no Sicoob para dedicarse exclusivamente à música: “as duas atividades me dão prazer”. Arquivo DJ David Zaidan O DJ David Zaidan agita a noite de BH na capital mineira 28 Para fazer dançar Quando o assunto é festa, o pessoal do Sicoob Goiás Central não tem dúvida de quem irá comandar o som. Há três anos no agito da noite goianiense, o auxiliar de produtos e serviços Reginaldo Vargas é mestre em fazer o público balançar o esqueleto. DJ Vargas é um dos grandes talentos da música eletrônica de Goiás Desde criança, Reginaldo cultiva um gosto especial pela música. Ritmos dançantes ouvidos pelas ondas do rádio, como o house, despertaram nele a vontade de fazer algo mais do que ser ouvinte. De festa em festa, o DJ Vargas fez seu nome. “De repente, estava tocando no Atlanta Music Hall, que é a maior casa de shows de Goiânia”, recorda. Entre os colegas de trabalho, o DJ Vargas é conhecido, principalmente, por sua atuação nas confraternizações de fim de ano da equipe. A presença à frente das pickups, contudo, pode causar surpresa para alguns. “Muitos que ainda não me conhecem estranham no início, mas todos gostam e incentivam”, conta. Kelle Paulino Divulgação / PUC Pelos quatro cantos do Brasil Ainda no Sicoob Goiás Central, outra artista encanta o público pelos palcos Brasil afora. Seja atuando seja cantando – e, até mesmo, fazendo ambas as atividades –, a analista de Recursos Humanos, Sílvia Honorato, soma 14 anos de dedicação à vida artística. “Comecei tocando teclado na igreja e, daí para frente, não parei de aprender e me interessar por música”, conta. Como prova de que ela realmente investiu em seu dom, basta ver o currículo: é estudante de piano clássico e popular, violão, canto e teatro. Com suas peças e musicais, como a encenação do romance ‘‘Morte e Vida Severina’’ (João Cabral de Melo Neto), Sílvia viajou pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Ceará e Maranhão. “A arte é uma forma de buscar equilíbrio em minha vida. Nos dias de semana, tenho o meu trabalho no Sicoob e, nos finais de semana, realizo essas outras atividades.” Nas horas vagas, Sílvia estuda piano clássico e popular, violão, canto e teatro ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 29 cultura Música na rede Números e poesias A Internet quebrou as fronteiras geográficas e tornou as pessoas cada vez mais conectadas. Graças a essa força do mundo virtual, foi formada a banda de rock Sertão S/A, cujos quatro integrantes residem em cidades diferentes do sertão baiano. Durante uma viagem, enquanto aprecia a melodia de uma bela canção, ou, até mesmo, quando está debruçado sobre números e papéis de cooperativas, para o poeta e inspetor do Departamento de Supervisão do Sicoob Central Santa Catarina, Marcemino Rampanelli, a inspiração para escrever não tem hora. “Tenho que ter sempre um papel à mão, porque quando a ideia aparece, se não anoto, acabo perdendo o momento”, conta. O guitarrista Radamés Oliveira, que é agente de Controles Internos do Sicoob Grande, da cidade de Baixa Grande (BA), explica como se deu essa integração. “Sempre nos encontrávamos pelos ‘palcos da vida’, cada um em uma banda. Por meio das redes sociais, começamos a discutir o projeto do Sertão S/A e a fazer pesquisas’’. Após dois anos de contatos virtuais, o quarteto reuniu-se para ensaiar e, desde o início deste ano, vêm fazendo shows pela região. Os amigos continuam vivendo em cidades diferentes, e os ensaios são realizados a cada 15 dias. Com uma batida pesada, que também mescla elementos do reggae, a banda considera-se parte de um movimento alternativo do sertão baiano. “Aos poucos, vamos conseguindo maior aceitação do público”, comenta Radamés. Em quase 40 anos de dedicação ao ofício das letras, Marcemino teve suas poesias publicadas em três livros, sendo que um deles está prestes a ser lançado. Seus trabalhos foram apresentados em um concurso nacional, realizado pela editora fluminense Guemanisse, que reuniu o trabalho de diversos poetas nos livros Narrativas e Poéticas, Literatum & Poeticum e Prosapoemas. Além de poesias, Marcemino envereda-se pelas letras de músicas. Apreciador do ritmo sertanejo, ele está à espera de um músico para compor as melodias e gravar suas produções. Divulgação Sertão S/A A banda de rock Sertão S/A é uma das revelações musicais de Baixa Grande, na Bahia 30 Atrás das câmeras, Mark Miranda produz o roteiro e dirige diversos vídeos Nas paradas de sucesso A descrição da banda, em princípio, pode parecer complexa, mas basta ouvir o som para saber que se trata do bom e velho rock’n’roll. Criada há um ano em Goiânia (GO), a banda Sol de Inverno mescla influências de grandes expositores, de clássicos, como The Doors, ao pop do U2. Para explicar um pouco o trabalho dessa turma, o baterista Murilo Faria Lemos, que também é agente de Controles Internos do Sicoob Credicapa, da cidade de Anápolis (GO), vai longe. “Sol de Inverno revela a junção dos dois hemisférios. Quando, no Norte, tem início a primavera, no outro, começa o outono, revelando igualdade na diferença. A proposta é falar de justiça, amor, diversão e comprometimento.” Formada por outros quatro integrantes, a banda ganhou notoriedade no universo virtual, com a divulgação de suas canções em redes sociais como o Myspace, site utilizado pela maioria dos músicos para expressar seus trabalhos. A página do Sol de Inverno na rede mundial de computadores já obteve mais de 25 mil acessos. Mas não para por aí. A banda também emplacou o trabalho nas rádios, sendo que o hit “Um dia a mais” está entre as dez músicas mais tocadas na 96 FM, da cidade de Anápolis, e a canção “Sophie” é a mais veiculada na rádio RBC, de Goiânia. Arquivo Mark Miranda Por trás das câmeras Depois de passear pelo teatro, pela música e pela poesia, é a vez da sétima arte ganhar espaço entre os talentos do Sicoob. Há mais de dez anos inserido no universo das filmagens, o analista de Monitoramento do Sicoob Confederação (DF), Mark Miranda, inspirado pelas produções da década de 1980, emplacou no cenário independente do audiovisual. Natural do Espírito Santo, onde também atuou no Sicoob, Mark assume diversas funções nos vídeos que produz. “Faço de tudo um pouco: roteiro, produção e direção.” Ao todo, ele assina cinco vídeos, todos produzidos em território capixaba e aprovados em leis de incentivo do estado. A literatura também tem espaço em sua bagagem cultural. “Lembro-me de que li ‘1968: o ano que não terminou’, do Zuenir Ventura, e senti uma grande vontade de fazer alguma filmagem baseada na obra”. Além do escritor, Mark cita o cineasta Wood Allen como fonte permanente de inspiração. A banda Sol de Inverno, do baterista Murilo, mescla o som de grandes expositores da música Divulgação Sol de Inverno O analista vê no audiovisual uma maneira diferente de comunicar-se com o mundo. “O cinema representa uma forma de expressão. Um processo em que você se envolve por completo e que acaba contribuindo para a realidade, até mesmo no Sicoob.” Com os trabalhos no cinema suspensos por causa do curso de mestrado, Mark não vê a hora de dar continuidade a um curta-metragem, iniciado em 2005. Ele também já começa a pensar em novas produções, quem sabe, no Distrito Federal. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 31 cultura Páginas de muito saber Encantar-se com a fantasia, mergulhar na cultura, envolverse na ficção e ver com outros olhos a realidade. São muitas as possibilidades que um livro oferece. E é por isso que, no Sicoob, a literatura também tem espaço importante entre os talentos. Um deles é o diretor-presidente do Sicoob Central NE, João Feitoza Neto. Além de ser cordelista, desde criança, ele também estimula essa arte tão popular da sua região. Feitoza coordenou e orientou a produção do livro “O Cordel do Cooperativismo”, lançado em setembro deste ano. De autoria do cordelista Medeiros Braga, a obra mostra, de forma lúdica, o papel do cooperativismo na sociedade. “A literatura é fascinante e poderosa pelo seu poder de informação e de transformação em todas as camadas sociais”, comenta João Feitoza. O presidente do Sicoob Central Cecremge, Luiz Gonzaga, também dedica-se à produção literária. São de sua autoria 32 os causos presentes nas duas edições do livro “Aconteceu sim; me contaram”. “São coisas ouvidas nas rodas de amigos, momentos vividos e ainda vívidos em minha memória, que retratam o cotidiano das cidades mineiras.” Amante das letras desde a infância, Luiz anuncia que, em breve, lançará um livro de poesias intitulado “Meu grito”. Ainda no Sistema, destacam-se o presidente do Sicoob Confederação, José Salvino de Menezes, autor de livros de mensagens, o presidente do Sicoob Central DF, José Alves Sena, autor de livro sobre a história do combate à corrupção, Valdecir Palhares, presidente do Sicoob Central Amazônia e Ênio Meinen, ambos autores de livros sobre o cooperativismo de crédito. A obra mais recente dos escritores do Sicoob é a do assessor de imprensa do Sicoob Central SC, Celso Vicenzi. Ele lançou um livro de frases bem-humoradas sobre futebol, com ilustrações do cartunista Paulo Caruso, no dia 18 de novembro, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, em Florianópolis (SC). Responsabilidade social Doação de carinho Iniciativa de cooperativa do Sistema Sicoob leva alegria a idosos de Goianésia (GO) Eles representam quase dez por cento da população brasileira, mas, ainda assim, são vítimas de falta de respeito, educação e cuidado por parte de muita gente. Visando a garantir a cidadania dos idosos, o Sicoob Coopercred realiza, há dois anos, um trabalho solidário em dois asilos da cidade de Goianésia (GO). A iniciativa é um exemplo de que, com pequenas atitudes, pode-se fazer brotar alegria em corações de qualquer idade. De barba branca, roupa vermelha e saco dependurado nas costas, o Papai Noel, ou melhor, o agente de Controles Internos Wiliam D’Abadia Costa assume o papel do bom velhinho para levar boas surpresas aos cerca de cem moradores do Lar do Idoso de Goianésia e do Lar São Vicente de Paula. Mesmo acostumado a encarnar diversos personagens em eventos da cidade, Willian não consegue segurar a emoção ao realizar esse trabalho. “A gente percebe que não precisa fazer muita coisa para agradar a essas pessoas. É muito gratificante”, conta. Para ele, o respeito com os mais experientes é algo que falta em muitas cidades do país. Coordenadora do projeto, a analista de crédito Raquel Macarini Pimenta Ferreira relata a emoção sentida ao distribuir os presentes entre os moradores dos asilos. “É uma festa tanto para eles quanto para nós. Parece que o pessoal vira criança ao ver o Papai Noel.” Para promover a ação, todos os associados da cooperativa são convidados a contribuir, seja com a doação de dinheiro ou seja com presentes. “Fazemos o contato com os responsáveis pelas instituições para saber as demandas e, então, tentamos atender aos pedidos”, explica Raquel. No dia da entrega, os colaboradores da Coopercred não economizam animação para garantir que o dia fique na memória dos moradores. O carinho da equipe do Sicoob com os idosos foi destacado pela vice-presidente do Lar São Vicente de Paula. “Ações como essa, de certa forma, preenchem a falta que os moradores sentem de seus familiares”, conta Maria do Rosário Pimenta. Segundo ela, muitos dos idosos nunca haviam ganhado um presente e se emocionaram ao recebê-lo das mãos do Papai Noel. “Todo mundo ficou rindo à toa.” Por mais cidadania Abandono familiar, maus tratos, negligência. Essas e outras situações, em maior ou menor gravidade, infelizmente, ainda são recorrentes quando se fala da população acima de 60 anos. Para reverter esse quadro, desde 2003, está em vigor no Brasil o Estatuto do Idoso. Aprovado no dia 1º de outubro, data em que se comemora o Dia do Idoso, o Estatuto torna oficial aquilo que já deveria fazer parte do senso comum. Entre os artigos do documento, está a garantia de prioridade dos idosos no acesso a serviços públicos e privados, além do dever de todo cidadão em assegurar a dignidade das pessoas dessa faixa etária. A Lei de número 10.741 traz, ainda, referências aos direitos relacionados a Saúde, Educação e Alimentação, entre outros. Mais do que um avanço na política de proteção aos idosos, o documento é uma importante ferramenta para que os idosos lutem pela garantia de seus direitos. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 33 Governança Novo modelo de governança Associadas elegerão, em março de 2011, o presidente do Conselho de Administração Embora não seja uma instituição financeira, o Sicoob Confederação alterou, significativamente, o Estatuto Social, adotando os princípios de governança, aplicáveis às cooperativas de crédito do Sicoob, previstos na Lei Complementar 130 e na Resolução CMN 3859/10. As alterações, aprovadas em Assembleia Geral, entrarão em vigor a partir de março de 2011, quando ocorrerão as eleições para os cargos do novo órgão de administração da Confederação. No modelo atual, a confederação é administrada por Diretoria Colegiada, que reúne os 14 presidentes das Centrais associadas. Na prática, as reuniões da Diretoria Colegiada, por congregarem os LC 130/09 – Institui o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, reconhece o sistema cooperativo de crédito organizado e verticalizado, prevê que as confederações de cooperativas de crédito podem executar serviços de cooperativas centrais, prevê que o Banco Central pode fiscalizar todas as entidades que compõem o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, mesmo as que não sejam instituições financeiras, e permite que as cooperativas de crédito tenham diretores executivos contratados. Resolução 3.859/10 do CMN – Consolida as normas aplicáveis às cooperativas de crédito, às centrais de cooperativas de crédito e às confederações e institui princípios de governança aplicáveis às cooperativas de crédito. Sicoob CONFEDERAÇÃO ABELARDO DUARTE DE MELO SOBRINHO Diretor de Desenvolvimento Organizacional Em 1978, ingressou no Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), onde trabalhou em diversas áreas. No Departamento de Organização do Sistema Financeiro (Deorf ), em Brasília (DF), dedicouse ao segmento de cooperativas de crédito. Em maio de 2010, assumiu a Superintendência no Sicoob Confederação e, a partir de agosto de 2010, tornou-se diretor de Desenvolvimento Organizacional. 34 RICARDO ANTONIO DE SOUZA BATISTA Diretor de Tecnologia Com experiência de 38 anos na área de Tecnologia da Informação no Sistema, exerceu o cargo de diretor de TI do Banco do Brasil, Vice-presidente da Cobra Tecnologia, diretor da FEBRABAN ocupando o cargo de presidente do Conselho Nacional de Automação Bancária, além de ter participado dos Conselhos de Administração das empresas Telemar, Cobra Tecnologia, Tecsoft e BrasilSaúde. Engenharia Civil, Administração e MBA em Governança Corporativa completam seu perfil. bancoob ÊNIO MEINEN Diretor Operacional do Bancoob Com experiência de 27 anos em cooperativismo de crédito, é autor de vários livros sobre o tema. É pós-graduado em Direito e em Administração de Empresas. Foi vicepresidente de Políticas Corporativas da Confederação Sicredi. Ingressou no Bancoob em abril de 2009. Foi vicepresidente de Políticas Corporativas da Confederação Sicredi e Juiz do Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais do Rio Grande do Sul (TARF-RS). presidentes de todas as associadas, correspondem à Assembleia Geral, o que prejudica a soberania da assembleia em relação ao órgão de administração. Nas eleições de março de 2011, as associadas elegerão o presidente do Conselho de Administração, que será também o diretor-presidente, além de outros 4 conselheiros de administração. A Diretoria Executiva será formada pelo diretor-presidente e por diretores executivos contratados que já exercem o cargo: Ricardo Antônio de Souza Batista, diretor de Tecnologia, e Abelardo Duarte Sobrinho, diretor de Desenvolvimento Organizacional. Outra mudança está na exigência de os candidatos ao cargo de Conselheiro de Administração da Confederação serem previamente aprovados e indicados pelos Conselhos de Administração das Centrais associadas. A Confederação, que no ano de 2010, deu início à discussão sobre a governança cooperativa no Sicoob, assume o exemplo com a aprovação do novo Estatuto Social. O Presidente da Confederação, José Salvino de Menezes, acredita que o novo modelo confere ao Conselho de Administração as atribuições que lhe são garantidas por lei, tais como cuidar da estratégia e supervisionar a Diretoria Executiva. “As decisões ficarão mais ágeis, sem perder a legitimidade, uma vez que os conselheiros serão eleitos em Assembleia Geral. Ademais, haverá redução dos custos com as reuniões. É importante que o Sistema se modernize, sempre atento ao crescimento e aos anseios dos cooperados”, afirma. RUBENS RODRIGUES FILHO Diretor de Controle e Administração do Bancoob Economista com mais de 30 anos de experiência no setor financeiro, tendo exercido os cargos de diretor de Controles Internos e chefe de Auditoria do Banco do Brasil, diretor de Operações e Controle da BBTUR, superintendente de Sistemas de Informação do Bancoob. MARCUS GUILHERME ANDRADE DE FREITAS Diretor Financeiro do Bancoob Mestre em Finanças com mais 25 anos de experiência em gestão e planejamento financeiro, gestão de recursos, administração de carteiras de investimentos e estruturação de operações financeiras. Foi presidente financeiro do Clube de Investimentos e presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 35 Educação Cooperforte, forte em solidariedade Fotos: Noel Júnior “Passaporte do Futuro”, do Instituto Cooperforte, implementa projetos para educação profissionalizante de jovens em todo o Brasil 36 Michelly é uma das beneficiadas da Cooperforte, que promove uma série de iniciativas sociais e de capacitação profissional A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Funcionários de Instituições Financeiras Públicas Federais (Cooperforte) é uma das maiores cooperativas singulares do Sicoob e possui mais de 100 mil associados. Os seus números em ações sociais também impressionam. Ela é forte em solidariedade e, por meio de seu instituto social, investiu aproximadamente R$ 8 milhões em projetos nos últimos dois anos. O “Passaporte do Futuro” já atendeu a quase 20 mil jovens em todas as regiões do país. O programa visa a educar profissionalmente e a inserir os jovens carentes e de escolas públicas no mercado de trabalho. “Capacitar por capacitar não tem sentido para nós. O nosso trabalho somente termina com a inserção dos jovens nas empresas”, afirma o presidente do Instituto Cooperforte, José Rogaciário dos Santos. O presidente da cooperativa, José Valdir Ribeiro dos Reis, diz que o primeiro – e um dos principais programas sociais – é o ‘‘Passaporte do Futuro’’, criado em 2002 e que, segundo ele, estimulou a criação do Instituto Social Cooperforte. “Iniciamos o projeto com jovens de escolas públicas do Distrito Federal. Hoje, ampliamos e expandimos nossos programas sociais para outras regiões e demais públicos”, diz. Ele explica que o treinamento dos jovens é acompanhado por uma assistente social e termina com estágio, de três a seis meses, nas empresas, com a efetivação de quase 100% dos alunos. “Não temos uma grade de cursos específicos para as regiões do país. O treinamento é preparado de acordo com a demanda local das empresas. Muitas cooperativas do Sicoob são nossas parceiras”, ressalta José Rogaciário. Frutos do investimento Passaporte para outros projetos Em 2003, Michelly Pereira da Silva, estudante de escola pública do Distrito Federal, ingressou na primeira turma do curso de Técnico em Informática, montagem e configuração de micro, do ‘‘Passaporte do Futuro’’. Após o estágio no Sicoob Central DF, ela foi contratada como auxiliar administrativo da área de Tecnologia da Informação (TI). A experiência positiva do ‘‘Passaporte do Futuro’’ fez com que o Instituto Cooperforte estendesse os programas sociais para outros públicos. Inspirados na política de capacitar pessoas e inseri-las no mercado de trabalho, foram criados os novos programas: “Passaporte da Superação”, “Passaporte Solidário” e “Passaporte da Cooperação”. Três anos depois, Michelly já era técnica em TI e, no ano passado, foi promovida a encarregada da área. ‘‘O ‘Passaporte do Futuro’ mudou a minha vida. Venho colhendo os frutos deste projeto a cada ano”, diz. Hoje, aos 26 anos de idade, ela está na universidade, onde cursa o 6º período de Sistemas de Informação. Instituto Cooperforte Emanuele Pereira Gomes é outra beneficiada pelo projeto. Há sete anos, ela trabalha na Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores do Ministério da Fazenda e dos Órgãos da estrutura da Presidência da República Ltda. (Sicoob Credfaz). Ela já passou por todos os departamentos da cooperativa e, hoje, aos 27 anos de idade, atua na área administrativa. “O ‘Passaporte do Futuro’, realmente, me deu um futuro. O projeto abriu para mim as portas do mercado de trabalho”, diz. Naiara Sampaio da Silva e Débora Falcão Juvenal, ambas profissionais do Bancoob, também foram capacitadas pelo projeto social da Cooperforte. Os pré-requisitos para os jovens participarem do ‘‘Passaporte do Futuro’’ são: estar fora do mercado de trabalho, ter de 16 a 24 anos, ser estudante de escola pública e ser originário de família de baixa renda. O Instituto Cooperforte foi criado em 2003, com o objetivo de apoiar projetos que visam à geração de trabalho e renda, por meio de ações de inclusão socioeconômica e resgate da cidadania de jovens e adultos, com ênfase na formação cidadã, profissional e cooperativista. Em 2010, já são 122 projetos; e, de 2003 a 2008, os programas do instituto beneficiaram 63,6 mil pessoas (15,9 mil diretamente e 47,7 mil indiretamente) em 104 projetos em todas as regiões do Brasil. O Instituto recebe recursos de 5% das sobras brutas da cooperativa Cooperforte, além de doações de outras instituições parceiras. Em julho de 2009, o Instituto Cooperforte recebeu da Societè Générale de Surveillance (SGS) certificado de conformidade aos critérios de Melhores Práticas Internacionais - NGO Benchmarking. Em setembro, o Instituto foi distinguido, no âmbito do Distrito Federal, pelo Instituto Euvaldo Lodi, com o prêmio Melhores Práticas de Estágio. Para Emanuele, sua participação no programa ‘‘Passaporte do Futuro’’, abriu as portas para o mercado de trabalho ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 37 Cenário O novo cenário econômico E os novos desafios do cooperativismo de crédito Fotos: Bancoob Conhecemos uma antiga máxima que diz que os três melhores negócios são: um banco mal administrado, um banco mais ou menos bem administrado e, no topo da lista, um banco bem administrado. Com a estabilização da economia brasileira, essa tese começa a perder força. Durante anos, os bancos brasileiros aproveitaram o processo inflacionário para apresentar lucratividade significativamente maior do que a de seus congêneres, localizados em países desenvolvidos. Isso porque a rentabilidade dos recursos sem custo financeiro, como o capital de giro próprio, os depósitos à vista e os derivados do floating, ao serem aplicados em títulos públicos federais, rendiam valores vultosos. Imagine que, em janeiro de 2000, a massa de recursos, a cujas fontes me referi, era aplicada a 18% a.a., e, em julho de 2010, o mesmo montante estava sendo aplicado a 9% a.a. Essa diferença representa uma perda de 50% de rentabilidade só nessas rubricas. Como se isso não bastasse, com a queda da taxa básica da economia, estima-se que o spread bancário também caia. É o que começamos a ver, ainda que em proporção menor, nos últimos quatro anos. Para nós, associados e operadores do cooperativismo de crédito, essa é uma notícia boa, uma vez que a população brasileira terá serviços financeiros em condições mais razoáveis. Por outro lado, a manutenção da rentabilidade de nossas cooperativas passa a ser um grande desafio, especialmente porque temos de nos adaptar ao que vem pela frente. A pergunta que fica é: será que a nova realidade da economia brasileira já está definida? As taxas de juros e o spread bancário continuarão caindo? Para essas questões, não há respostas fáceis. Tudo indica que estamos no meio de uma travessia que Marco Aurélio Almada, presidente do Bancoob 38 ROE Ajustado - 2009 - Exame Melhores e Maiores Papel e celulose Bens de Capital Transportes Atacado Farmacêutico Indústria de Construção Bens de Consumo Bancos Mineração Energia Varejo Autoindústria Serviços Siderurgia e Metalurgia Eletroeletrônico Telecom Têxteis Indústria Digital Química e Petroquímica nos levará a um patamar de economia desenvolvida. Se isso acontecer, estima-se que as taxas de juros e o spread bancário possam ser razoavelmente menores do que os atuais. Diversos indicadores macroeconômicos apontam para um processo de estabilização. Como sabemos, desde junho de 1999, o Brasil adotou o regime de metas de inflação para operar a política monetária. O mecanismo, relativamente simples, tem o objetivo de tornar pública a taxa de inflação a ser alcançada pelo Banco Central (Bacen), segundo metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (Copom) para dois anos subsequentes. Para o ciclo atual, por exemplo, a meta foi fixada em 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. O processo adotado pelo governo é transparente e considera as opiniões dos principais especialistas do mercado, que enviam suas expectativas para o Bacen, que as consolida e as divulga com o nome de relatório Focus. Trata-se de processo útil, por ajudar a formar um consenso em torno do desempenho da economia brasileira. Paralelamente, o Banco Central estrutura o seu próprio cenário para definir o patamar da taxa Selic. A lógica desse processo reside no pressuposto de que o aumento da taxa Selic reduz o ritmo de crescimento econômico e, por consequência, o da inflação. Na lógica inversa, a redução da Selic estimula o ritmo da economia, que, ao se acelerar “Tudo indica que estamos no meio de uma travessia que nos levará a um patamar de economia desenvolvida. Se isso acontecer, estima-se que as taxas de juros e o spread bancário possam ser razoavelmente menores do que os atuais. “ mais do que sua capacidade instalada, gera inflação. O ponto ótimo é gerar o maior crescimento possível da economia, sem permitir que a inflação dispare. Mas qual é a relação ideal entre crescimento e inflação? Ninguém sabe direito. Vários especialistas, no entanto, estimam um incremento do PIB na ordem de 4,5% ao ano, ou seja, crescer mais do que esse patamar gera inflação, porque tende a levar a um desequilíbrio entre demanda e oferta. Apenas a política monetária que acabei de descrever mostra-se insuficiente para criar uma circunstância macroeconômica que nos permita crescer mais do que 4,5% do PIB, sem inflação. Há certo consenso entre os economistas no sentido de que, para superarmos esse patamar, além da redução acentuada ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 39 Cenário Taxa de juros - Meta Selic definida pelo Copom - % a.a. “Para melhorar os níveis de investimento público, mecanismos como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a política de superávits primários são imperiosos.” dos juros reais das operações de crédito, teremos de enfrentar ajustes estruturais que permitam maior taxa de investimento em nossa economia. Isso porque existe uma forte relação entre investimentos público e privado e crescimento do PIB. Para melhorar os níveis de investimento público, mecanismos como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a política de superávits primários são imperiosos. O ideal é o governo gastar menos do que arrecada e economizar para poder investir. Nesse particular, há uma infinidade de medidas que, ao serem adotadas, podem melhorar a eficiência do Estado. Entre elas, destaco: a reforma política (menos fisiologismo e mais espírito público), a reforma do Judiciário (maior celeridade e segurança jurídica), o fortalecimento das agências reguladoras (aumento da ação de estado com redução da interferência de governo) e outras medidas que possam reduzir o tamanho da máquina. Já o investimento privado, para ser estimulado, depende da estabilidade econômica, de um Judiciário eficiente, de regimes trabalhista, previdenciário e tributário que permitam 40 a competitividade entre as diversas indústrias e regiões, gerando, inclusive, incremento no fluxo de importações e exportações, de um mercado de capitais desenvolvido e bem regulado e de um sistema financeiro sólido e eficiente. Isso para permitir a captação, pelo setor produtivo, de recursos de longo prazo, de fontes internas e externas, a taxas de juros compatíveis com o retorno do investimento a ser implantado. Nesse novo cenário, nós, que militamos no cooperativismo de crédito, temos um duplo desafio: adaptar-nos e crescer. Precisamos ganhar participação de mercado para continuarmos a ser competitivos em nossas condições comerciais. No sistema financeiro, mais do que em qualquer outro campo de atuação, os ganhos de escala e de escopo são essenciais. No Brasil, há uma desproporção muito grande entre o tamanho dos seis maiores bancos e os demais. Só para se ter uma ideia, os seis maiores bancos detêm 80% do total de depósitos e 68% do total das operações de crédito. Por isso, a verdadeira competição de mercado estabelece-se entre eles. Quando um deles ajusta suas condições comerciais, os outros tendem a acompanhar. As instituições menores tendem a influenciar o processo concorrencial apenas em nichos específicos ou regionalmente. Seus movimentos comerciais, em geral, não têm alcance nacional. Nós, do cooperativismo de crédito, no entanto, pretendemos ter relevância sistêmica. Aspiramos ostentar a condição de participar do clube das instituições financeiras que regulam o mercado, para que possamos proporcionar serviços financeiros a custos mais acessíveis à população brasileira. Para alcançar essa meta, temos de mudar paradigmas. De um lado, precisamos contar com uma administração eficiente, tanto em desempenho comercial quanto em estrutura de custos fixos. De outro, não podemos deixar de aperfeiçoar nosso leque de produtos, tornando-o cada vez mais amplo e competitivo. Hoje, contamos com produtos de crédito com spreads que chegam até 27% a.a. e com prazo médio pouco maior de que um ano. Nos novos tempos, não é nenhum absurdo vislumbrar linhas de crédito de longo prazo com spreads orbitando por volta de 10% do que se pratica atualmente. Logo mais, sobreviverão apenas as instituições financeiras bem capitalizadas e competentes na gestão de riscos, para que possam alavancar-se com segurança. Produtos que hoje consideramos complementares ou secundários tornar-se-ão protagonistas. É caso dos fundos de investimento, dos seguros, dos consórcios, da previdência privada e do crédito habitacional. Tratam-se de produtos de característica cumulativa, que se viabilizam quando atingem a cifra de bilhões de reais. No caso da taxa de administração de fundos de investimento, por exemplo, ganhar 1% a.a. de R$ 100 pode ser pouco. Mas ganhar 1% de R$ 10 bilhões de reais já é algo bem representativo. Os grandes bancos visualizaram isso ainda na década de 1980. Atualmente, contam com reservas vultosas nessas rubricas, o que os deixa muito bem posicionados para navegarem na nova realidade econômica. “Só para se ter uma ideia, os seis maiores bancos detêm 80% do total de depósitos e 68% do total das operações de crédito. a boa rentabilidade que temos hoje para financiar esforços de venda que produzirão carteiras importantes para o amanhã. Trata-se da lógica das vacas gordas e das vacas magras. Nesse sentido, o Bancoob está trabalhando para viabilizar às cooperativas do Sicoob novos produtos destinados aos cooperados, como previdência privada, consórcios, seguros e fundos de investimento. Além disso, estamos revisando nossos produtos de crédito e de cobrança bancária. Como sabemos que, no novo cenário, a boa gestão de riscos será fundamental, estamos também apoiando o Sicoob Confederação na criação e no aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão de risco de liquidez, mercado e crédito. Enfim, estamos nos alinhando com o novo momento. Por Marco Aurélio Almada, presidente do Bancoob Nós temos muito por fazer. Algumas cooperativas estão entrando nesse segmento como agentes comerciais de empresas já instaladas, muitas delas concorrentes, movidas, principalmente, pelo comissionamento que lhes é oferecido. Saliento que essa é uma medida de curto prazo, que não lança bases consistentes para o futuro. O futuro está na administração das reservas que estão sendo formadas. Lembro que os produtos são viabilizados por um esforço comercial que produz efeitos por dez ou vinte anos. O custo de venda supera, em muito, o custo de administração da carteira. Por isso, devemos utilizar Ativo Total Operações de Crédito Depósitos Totais Banco do Brasil 18% 21% 25% Caixa Econômica Federal 10% 10% 14% Itaú-Unibanco 16% 14% 14% Bradesco 12% 12% 13% Santander 9% 9% 8% HSBC 3% 2% 5% % do SFN 68% 68% 80% ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 41 Intercooperação Seguros com intercooperação Corretora de Seguros do Sicoob Central ES une-se às centrais do Distrito Federal, Nordeste e Bahia A Annellus Administradora de Seguros SA, corretora de seguros do Sicoob Central ES, ampliou sua área de atuação com a união e intercooperação com outras centrais do país. No final de setembro deste ano, fechou parceria com o Sicoob Central DF. Anteriormente, a central capixaba já havia se associado ao Sicoob Central NE, Sicoob Central Bahia e agora estuda unir-se também ao Sicoob Central Amazônia. Com essas parcerias, a corretora ganha mercado e impulsiona ainda mais os seus negócios. Em pouco mais de três anos de atuação, a empresa de seguros do Sicoob Central ES saiu de um faturamento médio mensal de R$ 350 mil, de janeiro a abril de 2007, para mais de R$ 2 milhões mensais, em 2010. Última a se associar à corretora, o Sicoob Central DF busca o ganho de escala e a redução dos custos com a parceria. “Por tratar-se de uma operação com uma empresa do sistema cooperativo e pelo fato dos rendimentos serem distribuídos em forma de dividendos, há menor carga tributária, com aproveitamento dos recursos para pagamentos de despesas da cooperativa”, explica o presidente do Sicoob Central DF, José Alves de Sena. O presidente do Sicoob Central ES, Bento Venturim, explica que o ganho em escala é rateado entre todos os parceiros de acordo com suas movimentações e estima que a iniciativa possa expandir-se para todo o Sistema. “Estamos dispostos a fazer desta corretora a empresa de todo o Sicoob, sob a liderança da Confederação e do Bancoob. Entendemos que o trabalho sistêmico é mais importante do que a atuação isolada”, afirma. Produtos Bom para o Sicoob do Espírito Santo, melhor ainda para os novos sócios. As cooperativas de crédito filiadas às centrais que se associaram passaram a oferecer novos produtos aos seus cooperados e a obterem novas receitas. “Estamos muito satisfeitos com o resultado financeiro inicial das nossas operações com seguros”, disse o presidente do Sicoob Central BA, Ivo Azevedo de Brito. A corretora de seguros atua nas modalidades: vida, automóveis e ramos elementares, como condomínios, residências e equipamentos. Os seguros de automóveis representam 45% das receitas, seguidos do prestamista, 28%, e do correntista, 15%. O papel da corretora abrange, entre outros, o fechamento dos contratos com as seguradoras, o suporte às vendas e o acompanhamento dos sinistros. No Nordeste, segundo o presidente do Sicoob Central NE, João Feitoza Neto, até o final do ano, todas as 20 cooperativas filiadas estarão oferecendo os produtos da corretora. Já no Distrito Federal, a comercialização dos seguros foi iniciada no mês de outubro deste ano. Às cooperativas filiadas, cabe fazer as cotações e o fechamento dos negócios. Por isso, não há necessidade de manterem um funcionário exclusivo para a venda de seguros. Todos da cooperativa são treinados para comercializar os produtos da corretora. Sicoob Confederação Outras centrais também possuem suas próprias corretoras, como é o caso do Sicoob Central Crediminas, Sicoob Central SC e Sicoob Central Cecresp. Os presidentes das Centrais simbolizam a união em torno da corretora 42 giro Campanha ajuda quíntuplos em Goiânia Cooperativas do DF realizam gincana O Sicoob Lojicred, sediado em Goiânia (GO), dá mais um exemplo de solidariedade. Sensibilizado com a história de Rose, 33 anos, mãe de quíntuplos, a cooperativa realiza a campanha “Cinco bons motivos para doar”, com o objetivo de arrecadar donativos em dinheiro a favor dos recém-nascidos. As crianças nasceram no dia 9 de setembro de 2010, no Hospital Materno Infantil de Goiânia. Rose deu à luz a duas meninas, Amanda e Jéssica, e aos meninos Guilherme, Gustavo e Lucas. Celebrando o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, comemorado em 21 de outubro, o Sicoob Central DF realizou, pelo 11º ano consecutivo, a Gincana Credis, evento tradicional no calendário cooperativista do Distrito Federal. Neste ano, a gincana, que aconteceu no dia 23 de outubro, contou com várias atividades esportivas, como: natação, futebol society masculino, vôlei, dominó, teste cooperativo, performance artística, tênis e tarefas surpresas. Informações para as doações: Agência: 3300 Conta corrente: 1.500-8 Telefone: (62) 3214-2800 Campanha ECOnomize é lançada O Sicoob Confederação, Sicoob Central DF, Bancoob e Bancoob AGR lançaram, simultaneamente, a campanha ECOnomize. Várias peças de comunicação com mensagens educativas foram desenvolvidas com dicas e orientações para se evitar o desperdício. A meta até o final do ano é reduzir em 30% o consumo de energia elétrica no ambiente interno do edifício-sede do Sicoob. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 43 Giro Sicoob Central MT/MS é bicampeão Pelo segundo ano consecutivo, o Sicoob Central MT/MS foi congratulado com o Prêmio Top of Mind como uma das marcas mais lembradas pelo consumidor do estado. Essa conquista deve-se ao investimento que a cooperativa vem realizando na busca pela melhoria dos produtos e da prestação de serviços. O prêmio, concedido pela revista RDM, aconteceu em 11 de novembro, e contou com a presença do presidente do Sicoob Central MT/ MS, Jadir Girotto. “Sabemos que o cooperativismo é uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento da região e este prêmio só vem confirmar que estamos no caminho certo, pois é fruto do reconhecimento da população”, comenta Girotto. Consórcio Unicoob realiza primeira assembleia Foi um sucesso a primeira assembleia do Consórcio Unicoob, realizada no dia 5 de outubro, na sede do Sicoob Central PR, em Maringá. O evento foi prestigiado por cooperados, colaboradores e diretores das cooperativas. É mais um produto que contribui para a fidelização do cooperado no estado. A geração de receitas com produtos e serviços é fator fundamental para o fortalecimento das cooperativas de crédito, e a diversificação de portfólio possibilita ao cooperado a utilização do Sicoob como sua principal instituição financeira. Projeto Acreditar entra em nova fase Em desenvolvimento desde fevereiro, com a participação do Sicoob Confederação, do Bancoob e de todas as Centrais, o Projeto Acreditar entrou em uma nova fase. Até agosto, foram avaliadas todas as etapas envolvendo o processo de crédito e aprovadas 59 ações. A partir de setembro, o foco passou a ser a especificação das soluções de tecnologia e a proposição de normativos para os novos processos, tudo em uma perspectiva sistêmica, buscando-se maior uniformização, racionalização de processos e aumento de competitividade. O Grupo de Trabalho formado por técnicos da Confederação e do Bancoob continua totalmente dedicado ao Projeto, e as novidades começam a aparecer. Já estão em operação e testes algumas melhorias no sistema de cadastro 44 (aumento do campo nome, novo módulo de anotações cadastrais) e nas consultas à Central de Risco do Bacen, que foi totalmente automatizada. Passará a ser possível, nos próximos dias, a criação do dossiê eletrônico de cadastro e de operações, eliminando a necessidade de manuseio de papéis nos processo internos. Inicialmente, o dossiê eletrônico abrangerá as operações de Pronaf, que virão acompanhadas de novidades na automatização da edição e de impressão dos instrumentos de crédito. O esforço da área de tecnologia tem sido intenso para responder com rapidez e eficiência às necessidades de modernização. Para os próximos meses, são aguardadas muitas outras novidades. Central Cecremge reúne dirigentes Nos dias 10, 11 e 12 de novembro foi realizado o III Encontro de Presidentes do Sicoob Central Cecremge, no resort Iberostar Bahia, na Praia do Forte (BA). Com o objetivo de criar um ambiente interativo e de aprendizado coletivo, os presidentes das cooperativas filiadas ao Sicoob Central Cecremge participaram de atividades dirigidas e de momentos de integração. Estiveram presentes 68 participantes, dentre eles presidentes e diretores representantes das singulares e autoridades do Sicoob. O Encontro propôs uma reflexão sobre o alinhamento e a integração, como forma de alcançar a sustentação do segmento e obter vantagem competitiva frente à concorrência, por meio da convergência de interesses e unidade de esforços. Os desdobramentos do III Encontro de Presidentes poderão ser observados no planejamento estratégico do Sicoob Central Cecremge para 2011, que será fundamentado nas ideias despontadas durante todo o evento. Sicoob Empreender tem cooperativa-piloto Sediado na cidade de Gravatá, Pernambuco (PE), o Sicoob Coopercrédito é a cooperativa-piloto do Sicoob Empreender, projeto do Sicoob NE em parceria com a Confederação Alemã de Cooperativas (DGRV) e outros parceiros estratégicos, como o Sebrae-PE. Nesse projeto, a entidade deve atuar no novo nicho de mercado, advindo da formalização de microempreendedores. Com essa ação, a cooperativa poderá atrair novos associados, promover inclusão bancária e alavancar sua carteira de empréstimos, por meio do microcrédito. ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 45 GIRO Sicoob Coopespe inaugura nova unidade de atendimento O Sicoob Coopespe – Cooperativa de Crédito dos Funcionários do Sebrae de Alagoas e Pernambuco e do Sistema “S” do mesmo estado – inaugurou, em 15 de outubro, nova unidade de atendimento em Recife. De acordo com o presidente da cooperativa, João Albuquerque, esse investimento irá alavancar o negócio e expandir o cooperativismo de crédito na região, em especial pelos produtos e serviços ofertados e pela boa localização da unidade. Sicoob ES ganha prêmio O Sicoob Central ES ganhou o “Ouro” no Prêmio Colibri 2010, com o comercial “Cédulas” para os 20 anos do Sicoob. A premiação é uma iniciativa do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado do Espírito Santo (Sinapro-ES), que tem o objetivo de estimular a criatividade e o desenvolvimento da propaganda capixaba, seus profissionais e anunciantes. Em outras edições, a Central já havia recebido o “Bronze” e a “Prata”. Cooperativas do Sicoob são premiadas Duas cooperativas do Sicoob ficaram em primeiro lugar na 7ª edição do Prêmio Cooperativa do Ano. Foram avaliados 114 projetos enviados por 91 cooperativas. Dessas, 53 foram finalistas e 12, vencedoras. A premiação aconteceu no dia 26 de outubro, em Brasília (DF). Realizada pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e revista Globo Rural, a premiação busca reconhecer iniciativas pautadas em inovação, criatividade e eficiência, tornando-as referências para o setor. Conheças as cooperativas campeãs: Categoria: Crédito Desenvolvimento Sustentável Vencedora: Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados São Miguel do Oeste (Sicoob São Miguel - SC) Projeto: plantação de mudas e implantação de cerca de arame para preservação de cursos de água em comunidades dos municípios de Paraíso, Bandeirante, Guaraciaba, Guarujá do Sul, Princesa, Dionísio Cerqueira e Anchieta. Categoria: Crédito - Gestão para a Qualidade Vencedora: Cooperativa de Economia e Crédito da Serra da Cantareira (Sicoob Cantareira - SP) Projeto: gestão de Controles Internos e de Riscos. Meu 1º Negócio O Sicoob Centro-Oeste de Minas Gerais participou do evento “Meu 1º Negócio”, realizado pelo Sebrae, no Serviço Social da Indústria (Sesi) de Itaúna (MG), de 5 a 7 de outubro de 2010. A cooperativa esteve presente com um estande exclusivo, onde pôde mostrar os seus principais produtos e serviços aos profissionais liberais, microempresários e estudantes da cidade e região. O evento buscou orientar empreendedores sobre a melhor forma de aprimorar os seus negócios, contribuindo também para a geração de emprego e renda. 46 Sicoob Previ traz novidades e fica ainda melhor. A Sicoob Previ - Fundação Sicoob de Previdência Privada incrementou seu plano: firmou parceria com a Mongeral Aegon Seguros e Previdência e, agora, oferece cobertura de riscos de morte e invalidez aos participantes. Além de beneficiar aos que requerem este plano, as cooperativas passam a receber comissionamento pela prestação de serviços. Com esta parceria, a Sicoob Previ renova seu compromisso de desempenhar seus esforços para proporcionar o melhor benefício aos seus participantes e às cooperativas do Sicoob. A PREVIDÊNCIA DO COOPERATIVISMO BRASILEIRO ANO 1 - No 4 - OUT / NOV / DEZ / 2010 47 ANO NOVO, CARTÕES NOVOS E MUITAS SURPRESAS SICOOBCARD. O ano novo está chegando e, com ele, muitas novidades nos nossos cartões. Vale a pena aguardar o que o cartão Sicoobcard preparou para 2011 começar ainda melhor. Sicoobcard. Melhor a cada ano.
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