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FORMAÇÃO AVANÇADA |
CARTOGRAFIAS DA EXPERIÊNCIA: DO CORPO À CIDADE –
‘CRIAR CORPO-CRIAR CIDADE’
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FORMAÇÃO AVANÇADA | CARTOGRAFIAS DA EXPERIÊNCIA: DO CORPO À CIDADE –
‘CRIAR CORPO-CRIAR CIDADE’
Duração/ ECTS
Duas sessões constituídas por 5 módulos de 9 horas cada. 90 horas de contacto lectivo, 150
horas de trabalho - 6 ECTS
Datas: 31 de Outubro de a 30 de Novembro de 2013 e 6 de Fevereiro a 8 de Março de 2014
Horário
Cada módulo funcionará em seminários de 3 horas, três vezes por semana, em horário póslaboral: 5ªs e 6ªs : 18h-21h, Sábados: 10h – 13h
Organização
Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
c.e.m. - centro em movimento
Núcleo de Estudos Urbanos do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e
Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa
Apresentação do curso
"Criar corpo-criar cidade" é um curso teórico-prático que se propõe trabalhar o movimento do
corpo (sensação-percepção e gesto) na sua relação com a cidade (espaço-lugar-habitabilidade)
analisando e discutindo práticas artísticas no encontro com sistemas de organização política e
social que advêm da formatação de determinados corpos e de determinadas cidades.
“Percorrer um espaço não é inconsequente. Caminhar na rua propõe uma linguagem de
entendimento do espaço. Se se decide ir por uma rua e não por outra, concorre de certeza
edifícios, do grau de luz que permitem, da afinidade com as cores e os brilhos, com o espaço
que é destinado a andar a pé, e o que exigem em termos de grau de atenção e velocidade no
atravessamento desse espaço. Estes factores e tantos outros moldam o corpo, fazem nele
fronteiras compatíveis com os lugares que percorre enquanto as está a percorrer, e que se
activam e recompõem ao percorrer cada lugar. …” (Estevens, Agostinho e Neuparth (2012))
"Querido, mudei a cidade!" in Le Monde Diplomatique – versão portuguesa, Dezembro, 2012).
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Numa perspectiva teórica, pretende-se discutir o corpo e a cidade e o modo como se cruzam
as diferentes perspectivas encontrando-se, concomitantemente, a prática da reflexão teórica
de co-criação corpo-rua/cidade, no espaço do c.e.m. – centro em movimento.
Pretende-se que este curso tenha uma abordagem multidisciplinar no olhar o corpo e a cidade
e por isso os formadores serão de várias áreas do conhecimento, desde a antropologia à
dramaturgia, passando pela literatura comparada, pela geografia ou pela escrita.
Destinatários
Estudantes e profissionais que tenham interesse em desenvolver conhecimentos na área do
movimento do corpo (sensação-percepção e gesto) na sua relação com a cidade (espaço-lugarhabitabilidade).
Nº Participantes
O número de vagas previsto é de 20 alunos, podendo o curso funcionar com um mínimo de 5.
Inscrição/propinas
Curso completo com avaliação : 180€
Sessão de 5 módulos com avaliação: 90€
Inscrição por módulo (sem avaliação ou acreditação): 25€
Estrutura curricular
O curso organiza-se em duas partes que se complementam, uma leccionada em OutubroNovembro e outra em Fevereiro-Março, ambas constituídas por módulos de 9 horas cada, 5
módulos por secção. Os alunos poderão inscrever-se apenas num bloco de módulos ou em
dois.
Prevê-se que as aulas decorram em horário pós-laboral às quintas e sextas-feiras (18h-21) e
aos sábados (10h-13h).
Metodologias de ensino e critérios de avaliação
O curso será oferecido através de aulas teórico-práticas que serão leccionadas na FLUL e no
Centro em Movimento (algumas sessões de trabalho prático). A avaliação consistirá na
realização de um diário de bordo individual, elaborado a par das sessões de contacto efectivo.
Este trabalho deverá contemplar as diversas etapas de aprendizagem e deverá ser discutido
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em cada um dos módulos com o respectivo formador. Poderá ainda incidir particularmente
sobre apenas alguns módulos da preferência do formando. O diário de bordo será distribuído e
avaliado pelos vários formadores no final do curso. É também possível a frequência do curso
sem avaliação.
Plano de estudos e calendário 2013 - 2014
MÓDULO
DOCENTE
DATA
Staring at life: a experiência do Peter
Hulton
(Arts 31 Outubro, 1 e 2 de
acontecimento.
Práticas
de Documentation
Unit
/ Novembro de 2013
documentação
University of Exeter)
CONVIDADO
A prática do corpo escrita
Espaços
de
movimento
transição
Margarida Agostinho (c.e.m)
e Ana Estevens (NETURB-CEG)
Vazio e fragmento. Novos
paradigmas para uma poética do
ser. Textos literários, fotografia,
filmes
Corpo-(in)disciplina. Entre o
estudo do movimento, a escrita,
a geografia e a arte pública
Narrativas,
didascálias
incidências
7, 8 e 9 de Novembro de
2013
14, 15 e 16
Novembro de 2013
de
21, 22 e 23
Novembro de 2013
de
Sofia Neuparth, Margarida 28, 29 e 30
Agostinho, Ana Estevens e Novembro de 2013
Marta Traquino
de
Francesca Negro (CEC – FLUL)
e Patrícia Portela (escritora e 6,7 e 8 de Fevereiro de
dramaturga)
2014
CONVIDADA
Corpo-acontecimento
Sofia Neuparth (c.e.m)
13, 14 e 15 de Fevereiro
de 2014
O
corpo
como
espaço Manuela Carvalho (CEC – 20, 21 e 22 de Fevereiro
performativo na literatura e FLUL)
de 2014
cultura visual
Espaço, Literatura e Género
Ana Filipa Prata (CEC-FLUL)
27, 28 de Fevereiro e 1
de Março de 2014
Para a medida da cidade
Marta Traquino (FBAUL)
6, 7 e 8 de Março de
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2014
Conteúdos programáticos
Espaços de transição e movimento
Ana Estevens (NETURB-CEG)
Neste módulo pretende-se, no quadro do debate crítico, discutir a relação entre as
transformações das cidades contemporâneas e os diferentes movimentos migratórios.
Associado a este debate, tem-se também como objectivo identificar as principais dinâmicas de
transformação social nas quais se identificam fenómenos de desigualdade (económica, social,
política ou cultural), processos de exclusão e segregação, tal como os efeitos visíveis e
invisíveis destas trajectórias. Pontos a abordar: habitar a cidade; as migrações – de um lugar a
outro ou a permanência no mesmo lugar?; outros olhares sobre o espaço urbano.
Espaço, Literatura e Género
Ana Filipa Prata (CEC-FLUL)
Este módulo tem como objectivo problematizar os conceitos de género e de gendered space
no âmbito dos Estudos de Identidade. Serão consequentemente discutidas não apenas
questões relacionadas com o feminismo, mas também com minorias étnico-raciais. Num
primeiro momento, serão comentados alguns dos textos teóricos fundadores da área de
estudos. Em seguida, serão analisadas obras literárias e cinematográficas, privilegiando uma
discussão acerca das práticas de apropriação do espaço social, cultural e geográfico, a partir de
uma perspectiva de género. Serão lidos excertos de obras de Virginia Woolf, Maria Velho da
Costa, Annie Ernaux, Maria Judite de Carvalho, entre outros.
Vazio e fragmento. Novos paradigmas para uma poética do ser. Textos literários, fotografia,
filmes
Francesca Negro (CEC – FLUL)
Este módulo pretende analisar a relação corpo – espaço – situação a partir da consideração da
consciência do corpo como nova etapa da evolução cognitiva do homem. O homem e o
desenvolvimento da sua imagem, e o homem e a análise da própria maneira de se relacionar
com o corpo são assuntos específicos de criação bastante recente. Podemos dizer que a
maneira de falar do corpo e o seu papel no âmbito artístico mudaram a partir da segunda
metade do século passado. Porquê? Como? Quais os elementos que podem ter influenciado
este processo? Mas, sobretudo, de que forma este processo é representado na literatura e nas
outras formas artísticas? O corpo reflexo, representado, reconstruído, o corpo manifesto e o
corpo metamórfico, o corpo e o seu desconforto em relação ao ambiente: este e vários outros
exemplos de declinação do objecto-sujeito-corpo serão abordados durante o curso, passando
pelas obras de Pierpaolo Pasolini, Tiziano Scarpa, Annie Ernaux, J.G Ballard, António Lobo
Antunes, José Saramago, Lars Von Trier, Spencer Tunick e outros.
O corpo como espaço performativo na literatura e cultura visual
Manuela Carvalho (CEC – FLUL)
Propõe-se analisar o corpo como objecto cultural e espaço performativo que contempla
códigos sociais, práticas políticas e artísticas e desafia estereótipos, encenado tanto em textos
literários, como no cinema e artes performativas, como ainda no quotidiano das ruas.
Pretende-se conjugar a ideia de espaço socialmente construído com o conceito de corpo
moldável nas artes e na ciência. Esta temática será abordada através do estudo comparativo
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de textos literários (excertos), filmes e várias práticas performativas, nomeadamente, A Dama
Pé-de-Cabra, de Alexandre Herculano, O Físico Prodigioso, de Jorge de Sena, Titus Andronicus,
de William Shakespeare, o filme The Pillow Book de Peter Greenaway e o trabalho artístico de
Adrian Piper e Orlan.
A prática do corpo escrita
Margarida Agostinho (c.e.m)
Este módulo irá abordar a escrita e o acto de escrever como modo de integração do
conhecimento enquanto decorre a experiência de observação. Apela assim ao fortalecimento
das capacidades de percepção em mobilidade, permitindo uma continuidade no acto de
conhecer durante todo o processo de observação – percepção – reflexão – retorno à
observação. Trata-se, portanto, de um modo de conhecer que não segmenta as partes do
acontecimento que se quer compreender, não enquadrando nem fixando com essa acção quer
a experiência, quer o próprio observador. Para isso iremos treinar o gesto da escrita enquanto
prática corporal, escrever pelo próprio acto de escrever, presenciando o desenrolar da
configuração da escrita com papel e caneta na concretização de texto, que não tem como
primeira intenção a transmissão de um conteúdo, mas é antes uma escrita-acção e não uma
escrita-reacção meramente descritiva. Iremos abordar o lugar do corpo, no sentido de corpo –
matéria de existência, a partir do qual se geram diferentes configurações de escrita que
potenciam integrações de conhecimento distintas. Iremos também abordar algumas
considerações teóricas, relacionando-as com estas práticas de corpo-escrita: o conceito de
‘individuação’ de Peter Pál Pelbart; o ‘espaço liso’ e o ‘espaço estriado’ de Deleuze e Guattari,
e a ‘arqueologia do sentir’ de Mario Perniola.
Para a medida da cidade
Marta Traquino (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa)
Partindo da afirmação de Jonas Mekas, “Abracei a cidade e a cidade abraçou-me,” reflectir-seá sobre as seguintes questões: Como pode uma cidade abraçar uma pessoa? O que leva
alguém a sentir-se abraçado por uma cidade? Nas sessões deste módulo discutiremos as
possibilidades de resposta a estas perguntas. Tomaremos como coordenadas as questões
provocadas por alguns casos da actual prática artística que trabalha com Espaço e Lugar na
cidade (europeia), na atenção à qualidade da percepção do indivíduo face ao que o rodeia,
relacionando circunstâncias e materialidades que a condicionam, em contraponto com outras
que a podem catalisar e levar ao exercício e à prática da subjectividade. Esta deverá ser
entendida como uma travessia entre interior e exterior, através dos limites do corpo, um
processo que, como tal, necessita de um tempo próprio ao indivíduo. É neste sentido que nos
servirá de mote a frase acima citada, enquanto enunciação metafórica que remete para a
importância da antecipação de um movimento deliberado do corpo, direccionado à realidade
envolvente. Quer seja um movimento corpóreo, ou no plano das ideias, trata-se de
experienciar a aproximação através da medida própria, segundo uma direcção que se toma,
pois no movimento do abraço vai-se ao encontro do que se quer tornar próximo.
Corpo-(in)disciplina. Entre o estudo do movimento, a escrita, a geografia e a arte pública
Sofia Neuparth, Margarida Agostinho, Ana Estevens e Marta Traquino
Este módulo pretende discutir e reflectir sobre o processo de criação-documentação e
organiza-se em torno dos seguintes tópicos:
1. A criação artística a partir dos estudos do corpo e do movimento (criatividade versus
criação; a articulação engenhosa de matérias conhecidas e o caminho no
desconhecido; o caminho labiríntico da criação artística; a relação entre investigação e
criação artísticas; a comunicação ou a espessura da membrana; os mecanismos de
ruptura e afinação do corpo enquanto comunica).
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2. As práticas de documentação (introdução à experiência de ‘ecoador-ressoador’ e de
‘enquanto’; a criação de atmosferas; o corpo que cria mundo e o mundo que cria
corpo; introdução à experiência de temporalidade: o tempo devorador - o tempo
simultâneo; introdução à experiência de lado-a-lado).
Corpo-acontecimento
Sofia Neuparth (c.e.m)
Este módulo centrar-se-á na discussão dos seguintes tópicos:
1. A ideia de corpo versus a experiência de corpo: o "fazer" do corpo e o mapeamento do
percurso da ideia e da representação de corpo no Ocidente, desde a revolução
industrial até hoje, bem como as suas repercussões na criação de um corpo específico.
2. O corpo e a presença: a experiência das práticas de movimento e a relação com
algumas raízes do pensamento filosófico (Espinoza, Artaud, Hijikata, Tanaka Min,
Deleuze-Guattari, Kuniichi Uno, Peter Pál Pelbart, Simondon, Agamben).
3. Os movimentos que criam corpo: análise dos exercícios específicos de algumas das
movimentações que sucedem nas primeiras 4 semanas de desenvolvimento
embrionário (biologia).
4. O problema da criação de espaço numa concepção de corpo que está em ‘lugar
nenhum’: estudo prático-teórico da relação entre a percepção-sensação de corpo e a
modulação de atmosferas na criação de espaços.
MÓDULOS DOS CONVIDADOS 2013-2014
Narrativas e incidências e didascálias
Patrícia Portela (escritora e dramaturga)
Este módulo abordará diferentes modelos e processos dramatúrgicos que tenham como ponto
de partida não só a palavra, mas também o som, a imagem e o jogo. Através de exercícios de
escrita e de improvisação procuraremos, de uma forma prática, mas também reflexiva, estudar
diferentes processos, bem como a sua relevância no panorama actual. Como ponto de partida,
utilizaremos partituras performativas pré-existentes (como a theatre piece, de John Cage),
assim como diferentes modelos de guiões e peças teatrais do século XIX e XX.
Staring at life: a experiência do acontecimento. Práticas de documentação
Peter Hulton (Arts Documentation Unit / University of Exeter)
Este módulo parte da discussão em torno do conceito de ‘documentação,’ cuja origem
etimológica é dupla. A palavra documentação deriva de docere (lat.), que significa ‘guiar’ ou
‘ensinar’, de onde surge também a palavra ‘doutor’. Há, contudo, uma outra origem possível
para este termo e que se apresenta como mais interessante: decere (lat.), da qual deriva a
palavra ‘decente’. Na sociedade inglesa, diz-se de uma pessoa que é um ‘tipo decente,’ i.e.,
alguém que é aceite pelos outros indivíduos da sua classe. Se seguirmos a palavra decere até à
sua raiz sânscrita, veremos que é possível descobrir que ela se refere a uma ‘oferta’ e que esta
implica ser aceite pelos deuses. Tendo em conta esta pista importante, a nossa reflexão
orientar-se-á segundo a ideia de que a documentação pode relacionar-se com o que se
oferece. É talvez por isso que nunca podemos saber ao certo o que estará à nossa espera em
cada nova situação que se apresenta, o que quer dizer que precisamos de ouvir com atenção
tudo o que estiver disponível - tal será provavelmente bastante diferente daquilo que
imaginamos a priori. Isto significa, consequentemente, que teremos de estar preparados para
responder a todas as circunstâncias que se possam apresentar.
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Bibliografia principal
BAUMAN, Zygmunt. 2006. Confiança e Medo na Cidade. Lisboa: Relógio D’Água Editores.
BROOKS, Peter. 1993. Body Works: Objects of Desire in Modern Narrative. Cambridge, Mass.
and London: Harvard University Press.
BUTLER, Judith. 1993. Bodies that Matter: On the Discursive Limits of “Sex”. New York and
London: Routledge.
DELEUZE, Gilles & Felix Guattari. 2008. Mil Planaltos. Capitalismo e Esquizofrenia. Lisboa:
Assírio e Alvim.
FISCHER-LICHTE, Erika. 1988. The Transformative Power of Performance: A New Aesthetics.
London and New York: Routledge.
GALLOP, Jane. 1988. Thinking Through the Body. New York: Columbia University Press.
JOSIPOVICI, Gabriel. 1982. Writing and the Body. Brighton: Harvester.
MASSEY, Doreen. 1994. Space, Place and Gender. Minneapolis: University of Minnesota Press.
NEUPARTH, Sofia & Greiner, Christine (orgs). 2011. Arte Agora – Pensamentos enraizados na
experiência. Annablume.
NEUPARTH, Sofia, M. Agostinho & A. Estevens (orgs). 2013. Pedras 12 - Pessoas e Lugares.
Lisboa: edições c.e.m – centro em movimento.
NOCHLIN, Linda. 2001. The Body in Pieces: The Fragment as a Metaphor of Modernity. LondonNew York: Thames and Hudson.
ONFRAY, Michel. 2009. A Potência de Existir. Lisboa: Campo da Comunicação.
PERNIOLA, Mario. 1993. Do Sentir. Lisboa: Editorial Estampa.
PIETROMARCHI, Bartolomeo (ed.). 2005. The [un]common place: art, public space and urban
aesthetics in Europe. Barcelona: Fondazione Adriano Olivetti and ACTAR.
TRAQUINO, Marta. 2010. A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea. S/L: Edições
Húmus.
WEISS, Gail Weiss and Honi Fern Haber, eds. 1999. Perspectives on the Body: the Intersection
of Nature and Culture. London: Routledge.
Biografias dos formadores
Sofia Neuparth tem um percurso singular no seio da Arte Contemporânea em Portugal. Deu
forma a um espaço próprio de investigação artística que sustenta as suas práticas nos estudos
do corpo e do movimento. É o entendimento que tem do corpo como acontecimento em
relação que determina todo a sua acção, quer a nível do trabalho de formação que desenvolve
há 34 anos, quer em relação à estrutura profissional que co-criou e dirige – o c.e.m , do festival
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que programa – Pedras d´Água , da intervenção politica que realiza e das criações que
apresenta. O seu percurso tem sido acompanhado por artistas e teóricos como Steve Paxton,
Bragança de Miranda, Peter Pal Pelbart, Christine Greiner ou Helena Katz que muito têm
contribuído para a divulgação e inscrição dessa singularidade e da sua pertinência na
contemporaneidade.Na sequência do exercício de dançar teoria onde se dedica à ligação entre
o trabalho de corpo e o estudo da biologia e da filosofia emergiram criações como “mmm-um
poema físico”(2005), “práticas para ver o invisível e guardar segredo”(2010), “ 1 ou 2
contentamentos comedidos”(2011) ou “pátio” (2012).
Margarida Agostinho integra a equipa do c.e.m desde 2002, onde é gestora artística e
investigadora em corpo e escrita. Tem-se dedicado à escrita enquanto lugar de si próprio onde
se faz escolhas e se pulsa junto com o mundo. Desde há vários anos que se interessa pelo
conhecimento e pela importância que o corpo tem nesse acto, o que a levou à área de estudos
da Psicopedagogia Perceptiva, e principalmente a fazer trabalho regular no c.e.m (em corpo e
escrita) desde 99 - acompanhando encontros e laboratórios de escrita, bem como aulas
regulares de corpo/movimento. Em 2003 integrou a Zona Z (zona de criação artística do c.e.m),
e desde aí tem tido uma participação activa na criação e experimentação feita nesta estrutura,
tanto em colectivo como individualmente em questões entre o corpo, a escrita e o espaço,
interrogando o acto de escrever na rua em espaços públicos e questionando formas de pensar
e de enraizar pensamento.
Ana Estevens tem estudado Geografia e actualmente termina o seu doutoramento em
Geografia Humana. Aí debate a complexidade das relações sociais que se estabelecem na
cidade contemporânea, abordando mais especificamente o conceito de conflito. Nesta
investigação, utiliza metodologias etnográficas numa abordagem qualitativa, onde privilegia a
prática de estar na rua e as experiências sensoriais que daí advém. Esta investigação é feita de
um modo comparativo entre dois bairros: a Mouraria, em Lisboa, e o Raval, em Barcelona. Ao
longo deste percurso, tem feito investigação no Centro de Estudos Geográficos e leccionado na
unidade curricular de Geografia Cultural e Social no Instituto de Geografia e Ordenamento do
Território da Universidade de Lisboa. Nos últimos dois anos, tem-se dedicado a reflectir sobre
o modo de produzir cidade na contemporaneidade, o que a aproximou do trabalho
desenvolvido no c.e.m. – centro em movimento e a levou a desenvolver/partilhar ideias de
investigação/documentação/criação.
Manuela Carvalho, doutorada em Estudos Literários pela Universidade de Birmingham (Reino
Unido), é Investigadora Auxiliar no Centro de Estudos Comparatistas (CEC) da Universidade de
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Lisboa desde 2008, onde desenvolve trabalho de investigação e docência na área da tradução
teatral e estudos inter-artes e intermedia. Foi coordenadora científica do projecto TETRA
(Teatro e Tradução): para uma história da tradução teatral em Portugal, 1800-2010, financiado
pela Fundação para a Ciência e Tecnologia entre 2008 e 2011 (http://tetra.fl.ul.pt/tetra/pt/).
Entre as suas publicações mais recentes destaca-se o volume Depois do Labirinto: Teatro e
Tradução (co-organizado com Daniela Di Pasquale) (2012), que reúne resultados e estudos
encetados no âmbito do TETRA.
Ana Filipa Prata
Ana Filipa Prata é investigadora no Centro de Estudos Comparatistas e doutorada em
Literatura Comparada pela Universidade de Lisboa, com a seguinte tese “Práticas narrativas da
cidade: crónicas urbanas de Carlos Drummond de Andrade, Maria Judite de Carvalho e Jacques
Réda” (2011). Encontra-se actualmente a desenvolver um projecto de pós-doutoramento
sobre os lugares de espera e de trânsito no imaginário contemporâneo, financiado pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Publicou recentemente “Des corps urbains sans lieu ni
bornes: Maria Judite de Carvalho et Annie Ernaux”, Maria Judite de Carvalho : une écriture en
liberté surveillée. Paris : L’Harmattan, 2012.
Francesca Negro
Francesca Negro é doutorada em Literatura Comparada e investigadora de pós-doutoramento
em Literatura Comparada com projecto: A pele doméstica: o espaço da intimidade na
literatura contemporânea. Participa no projecto Lisbon-Log e interessa-se pelos Estudos
Comparados Inter-Artísticos ligados ao tema do espaço e da cidade. Neste âmbito desenvolveu
a sua pesquisa sobretudo no âmbito do cruzamento entre a literatura e as artes figurativas e
do espaço e a ciências cognitivas. Colabora com o Instituto de Urbanismo de Paris e é membro
do Centro de Estudos Comparatistas.
Biografia dos convidados
- Peter Hulton
É director da Unidade de Documentação de Actividades Artísticas (Arts Documentation Unit) e
Investigador Honorário da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
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Chefiou o Departamento de Teatro e Dança da Escola Superior de Artes de Dartington durante
vários anos e leccionou em universidades da Índia e da Coreia. Dirigiu um workshop sobre
"Teatro e Comunidades" organizado pelo Council of Europe. Fundou e foi editor de "Theatre
Papers"-.
Tem artigos publicados na Drama review"(USA), "New Theatre Quaterly (U.K.), "Theatre
Papers" (U.K.), "Educational Analysis" (U.K.) e "Pertormance Research" (U.K.).
No âmbito dos seus estudos realizou uma investigação em Multimédia em Nova lorque,
recebeu formação em Hatha Yoga no Instituto Iyengar, na Índia e em Xintoismo no - Ishikiri Jinja em Osaca.
As suas peças/adaptações foram representadas pelas seguintes companhias: - "Freehold
Theatre Cornpany", "Medium Fair Theatre Company", "Bristol Old Vic Theatre", "Foco Novo" e
"BBC2". É um dos directores do Festival Internacional de Workshops, em Londres, sendo
também director consultivo da revista de Investigação da Performance (Performance Research
Journal), no Reino Unido.
- Patrícia Portela
Patrícia Portela nasceu em 1974. Tem o bacharelato em Realização Plástica do Espectáculo da
ESTC, em Lisboa, fez o MA of Arts in Scenography na Faculty of Theatre the Utrecht e na
Central St. Martins College of Art, e frequentou a European Film College, na Dinamarca. Desde
1994 que se dedica à performance, à instalação, ao cinema e à literatura. Como figurinista ou
cenógrafa trabalhou com vários grupos independentes dos quais destaca o teatro da garagem,
o projecto teatral ou o teatro meridional e com vários realizadores de cinema como Miguel
Gomes ou Luís Alavrães. Foi uma das fundadoras do grupo O Resto em 1996 e da Associação
Cultural Prado em 2003. Lecciona com regularidade no Fórum Dança desde 2008.
Escreveu e coordenou várias performances como:
«Wasteband», 2003 (Prémio Reposição Teatro na Década e Menção Honrosa do Prémio
Acarte/Madalena de Azeredo Perdigão); Apresentado em Portugal, Bélgica e Alemanha;
«Flatland I», 2004 (Prémio Madalena de Azeredo Perdigão 2004 e considerado um dos
melhores espectáculos pela crítica portuguesa e belga) e «Trilogia Flatland» (Menção Especial
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Prémio da Crítica Portuguesa 2006); itinerância pela Europa, Brasil e Médio Oriente desde
2004;
«Banquete», 2007 (menção no top10 dos melhores espectáculos do ano pela critica
belga); apresentado em Portugal, Bélgica e em Espanha;
“A colecção privada de Acácio Nobre”, 2010, Lisboa, Bruxelas, Leuven, Lublijana,
Guarda, Viseu, Guimarães, entre outras cidades;
Performances para um público juvenil:
«Odília», em parceria com a companhia belga Laika em 2006; em itinerância por Portugal,
Bélgica e Noruega;
«Anita Vai a Nada», 2008 (em parceria com Cláudia Jardim/Teatro Praga);
«O Jogo das Perguntas», 2009 (em parceria com Cláudia Jardim); em itinerância por
Portugal e Bélgica;
Instalações:
“AudioMenus”, instalação sonora para cafés e outros espaços de restauração, 2009; em
itinerância por Portugal:
“O Chiado de Acácio Nobre”, instalação sonora em colaboração com Christoph de Boeck no
Museu do Chiado/Festival temps D’images, 2009;
“Hortus” instalação para jardins em parceria com Christoph de Boeck, apresentado em Lisboa,
Bruxelas, kortrijk, Lublijana, Londres, Coimbra, Évora, Lille, entre outros lugares.
Escreveu ainda os textos para os espectáculos:
“Monólogo do Oriente” de Rui Horta para o Ballet Gulbenkian em 2004;
“Duas Metades”de Mundo Perfeito na Culturgest em 2007;
«Robinson Crusoé» em 2010 (texto encomendado pelo Teatro nacional D. Maria II e encenado
por Álvaro Rosendo).
Publicações:
Operação cardume rosa, Editora Fenda, 1998.
Se não bigo não digo, Editora Fenda, 1999.
Odília ou a história confusa do cérebro de Patrícia Portela, novela, Editorial Caminho, 2007.
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«Os escudos humanos», in Panos. Palcos novos, palavras novas, peça teatral juvenil,
Culturgest, 2008.
“Para Cima e Não Para Norte”, romance, Editorial Caminho, 2008.
«Robinson Crusoé», peça teatral juvenil, TNDMII/Bicho do mato, 2010
«O Jogo», conto inserido na colectânea “Fora de Jogo”, Caminho das palavras, 2010
«Babbot», conto inserido na colectânea “O prazer da leitura, vol.3”, Teorema/Fnac;
“O caso do cadáver esquisito”, primeiro capítulo de um livro colectivo, primeira edição Prado,
2011;
“Obituários”, ensaio para a colectânea KRISIS, projecto sobre a crise europeia por autores
europeus, Publicações Astor Forlag, Suécia, 2012;
“O Banquete”, romance, Editorial Caminho, 2012.
Traduções:
“Odilia”, o texto para teatro foi traduzido para Norueguês, edições Apne Teater; 2007;
“Escudos Humanos” colectânea de dramaturgia portuguesa em Húngaro, L’Harmatzan, 2012.
- Marta Traquino
Artista e investigadora. Licenciada em Artes Plásticas - Pintura (FBAUL, 1995), mestre em
Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE, Dept. Sociologia, 2007) e doutora
em Belas-Artes / Arte Pública (FBAUL, 2012) com a tese teórico-prática intitulada "Ser na
Cidade — urbanidade e prática artística, percepções e acções". Do seu trabalho artístico
destacam-se as instalações “Travessia de Fronteira - Parte II” (2007), “Entre” (2005), “Dentro
do Ar” (2004), e as propostas para acção “Livre Acesso” (2012), “Para um estado de encontro”
(2011) e “Que cor tem agora o céu?” (2010). A sua investigação centra-se em práticas artísticas
de abordagem ao Espaço e ao Lugar na Cidade. É membro do grupo de investigação,
internacional e independente, On Walls e participa em conferências nacionais e internacionais
para o pensamento crítico sobre a Cidade actual. Destas se destacam: “Relocating Borders”
(COST/EastBordNet, Humboldt Univ., Berlim, 2013), “Remaking Borders” (COST/EastBordNet,
Monastero dei Benedettini, Catania, 2011) e “Framing the City” (CRESC, Manchester Univ.,
2011). Em Abril de 2010, o seu livro “A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea” foi
editado pela Húmus. Desde 1995, tem leccionado cursos e workshops no domínio prático e
teórico da Arte Contemporânea em diversas escolas e outras instituições. Em 2013 inicia o seu
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projecto de investigação teórico-prática em pós-doutoramento designado "Para a prática
reflexiva de uma ‘arte conversável’ no domínio público".
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