Gisela Pelissari Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira.

Transcrição

Gisela Pelissari Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira.
GISELA PELISSARI
Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL e MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Vasculares em Análises
Ambientais.
SÃO PAULO
2012
GISELA PELISSARI
Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL e MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Vasculares em Análises
Ambientais.
ORIENTADORA: Dra. INÊS CORDEIRO
SUPERVISÃO: Dr. SERGIO ROMANIUC NETO
São Paulo
2012
Ficha Catalográfica elaborada pelo NÚCLEO DE BIBLIOTECA E MEMÓRIA
Pelissari, Gisela
P384f Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira / Gisela Pelissari -- São Paulo, 2012.
191 p. il.
Dissertação (Mestrado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, 2012
Bibliografia.
1. Moraceae. 2. Figueiras. 3. Taxonomia. I. Título
CDU: 582.635.3
“O Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, eterna é a vossa bondade”.
Salmo 137, 8
Aos meus pais, Rosemeire e Renato e à minha avó Maria José,
pelo amor, incentivo e apoio, e por serem luz na minha vida,
dedico
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por cuidar de mim, por
colocar pessoas tão maravilhosas no meu caminho, por me socorrer nos momentos
difíceis e por realizar verdadeiros milagres na minha vida.
Ao CNPq, pela bolsa concedida para realização desse trabalho.
Ao Instituto de Botânica de São Paulo e ao Núcleo de Pesquisa Curadoria do
Herbário SP, pela infraestrutura fornecida para a realização desse trabalho.
Ao Dr. Sergio Romaniuc Neto, um profissional que eu muito admiro e prezo,
por me apresentar aos Ficus, pela oportunidade de realizar esse trabalho, pelos
ensinamentos não só em relação às plantas e pelo respeito.
A Dra. Inês Cordeiro, pela orientação formal e por ser sempre tão amável.
A querida Renata Scabbia que, durante a graduação, me fez “ver as plantas com
outros olhos”, por ter se lembrado de mim e por ter me apresentado ao Dr. Sergio
Romaniuc Neto.
Ao Dr. Jorge Pedro Pereira Carauta, pelo carinho que tem com os Ficus, por ter,
gentilmente, me hospedado em sua casa durante minha visita aos herbários do Rio e
por me deixar consultar sua biblioteca particular. Á sua irmã, Glorinha, pela simpatia e
pelo café.
Aos pesquisadores e funcionários do Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário
SP: Cinthia Kameyama, Eduardo Catharino, Gerleni Esteves, Lúcia Rossi, Maria
Cândida Henrique Mamede, Maria das Graças Lapa Wanderley, Maria Margarida
Fiúza de Melo, Rosângela Simão Bianchini, Sônia Aragaki, Néia, Ana Célia, Evandro,
pela convivência agradável e pela ajuda nos momentos difíceis.
A todos os professores do Curso de Graduação e de Pós-Graduação que muito
contribuíram para a minha formação.
Aos Drs. Ricardo Francischetti Garcia e Roseli Buzanelli Torres pelas sugestões
feitas para a melhoria do trabalho.
A Dra. Roseli Buzanelli Torres, por me levar até a Serra da Pedra Branca, em
Caldas/MG, onde pude ver e coletar F. lagoensis. Muito obrigada!
Ao curador Lúcio Leoni (GFJP), pela hospitalidade e por me acompanhar em
coleta em Itaperuna e Carangola. E a sua família pela hospitalidade.
Aos colegas Cátia Takeushi, Victor Martins, Rodrigo Sampaio, Cíntia Vieira,
Juliana Santos, Alexandre Indriunas, Talisson Capistrano, Carol Coelho, pela amizade
e ajuda.
Aos colegas Allan Pscheidt e Rafael Felipe de Almeida, pela amizade, pela
companhia durante visitas aos herbários e pela ajuda com os mapas.
Aos meus queridos amigos cariocas: Leandro Pederneiras, Anderson Machado e
Pedro Paulo de Souza, pela amizade, carinho, ajuda e conhecimento compartilhado.
Aos funcionários da Pós-Graduação, pela dedicação ao Programa e aos alunos
durante todo o período e, pela paciência.
Aos curadores dos herbários visitados Alexandre Salino (BHCB), Vinícius Dittrich
(CESJ), Vinícius Souza (ESA), Heron Zanellatto (GUA), Lúcio de Souza Leoni (GFJP),
Julio Lombardi (HRCB), Sylvia Therese Meyer Ribeiro (HXBH), Roseli Torres (IAC),
Carlos Franciscon (INPA), Andréia Fonseca Silva (PAMG), Ricardo Garcia (PMSP), Luci
Senna-Valle (R), Rafaela Forzza (RB), Maria Cândida. Henrique Mamede (SP), Renato
Mello-Silva (SPF), João Pastore (SPSF), Washington Marcondes-Ferreira (UEC) e Flávia
Garcia (VIC), pela hospitalidade e pelo carinho com que tratam de suas coleções.
Aos curadores dos herbários estrangeiros: Christine Niezgoda (Field), Gerard
Thijsse (U), Robert Vogt (B), Elizabeth Howard (Kew), Hans-Joachim Esser (M), Piet
Stoffelen (BR), Laura Guglielmone (TO) pela atenção e por enviarem cópias das
imagens dos tipos sempre que eu solicitei e por permitirem o uso dessas imagens.
A funcionária da Biblioteca do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Carla
Lourenço Carneiro, pelo envio de obras solicitadas.
Ao Alan Freire de Lima, Maria Helena S. C. Gallo e demais funcionários do
Núcleo de Biblioteca e Memória do Instituto de Botânica de São Paulo pela ajuda,
sempre que necessário.
Ao Evandro, por sempre me ajudar com as exsicatas.
A Ana Célia (Celinha) por sempre me receber com um sorriso e por toda a ajuda
durante o Mestrado.
A Claudinéia (Néia), pelo carinho, amizade e pelo “cafééééé”.
As queridas Alessandra Caldeira Savastano e Danielle Andreazzi Lobato, pela
amizade, por me receberem e acolherem em sua casa e por tudo o que fizeram por
mim durante a viagem à Belo Horizonte.
As minhas amigas e irmãzinhas queridas, Alessandra dos Santos, Berta Lucia
Villagra, Patrícia Aparecida de São José e Melanie Diniz-Vieira e ao meu querido
amigo e irmãozinho André, pela paciência, amizade, carinho, apoio, risadas e
conselhos.
A minha querida amiga e irmã Alessandra dos Santos, pela confiança, conselhos,
paciência e por cuidar de mim. Ao seu marido Paulo, pela ajuda e paciência.
A minha querida madrinha, Solange Aparecida Pelissari, por toda a ajuda, desde
a minha infância, pelo carinho e incentivo.
A minha família querida, em especial meus primos Cristina Galdino Silva, Wendel
Robson Leite, Mariana Pelissari Leite, Carla Mongs, Rafael Mongs, Luiza Mongs de
Menezes, Luana Costa Pelissari, Piero Hideo Pelissari Oka, Bianca Yumi Pelissari Oka,
Bruno Akio Pelissari Oka, Angelo Abreu Pelissari, e meus tios Mari Angela Pelissari e
Rufino Mongs pelo carinho, paciência e momentos de bagunça e descontração
necessários.
Aos meus tios Angela Peterson e Donald Peterson, pelos conselhos e incentivo.
Aos meus primos Bruno e Piero pela ajuda com os desenhos e impressões.
Ao meu irmãozinho Rafael Mongs, pelo ombro amigo, pelo amor e carinho,
pelas risadas, por estar presente nos bons e maus momentos.
A minha supermãe, Rosemeire, meu paizão Renato e minha querida avó, Maria
José, por tudo o que fizeram por mim, por serem minha base, por estarem sempre
presentes, pelas palavras de incentivo, pelas orações, paciência, amor incondicional,
carinho, enfim, por estarem sempre ao meu lado. Amo vocês.
CONTEÚDO
RESUMO .................................................................................................................................. xiii
ABSTRACT .............................................................................................................................. xiv
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1.1. Serra da Mantiqueira ................................................................................................ 2
1.2. Objetivos ................................................................................................................... 8
2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................... 9
2.1. Área de estudo .......................................................................................................... 9
2.2. Levantamento bibliográfico .................................................................................... 11
2.3. Coleta e processamento do material botânico ........................................................ 12
2.4. Consulta a herbários ............................................................................................... 13
2.5. Estudos morfológicos ............................................................................................. 15
2.6. Estudos taxonômicos .............................................................................................. 16
2.7. Distribuição geográfica ........................................................................................... 16
2.8. Conservação ............................................................................................................ 18
2.9. Elaboração da dissertação ....................................................................................... 18
3. O GÊNERO FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA .................................................................... 20
3.1. Morfologia .............................................................................................................. 20
3.1.1. Hábito ......................................................................................................... 20
3.1.2. Látex ........................................................................................................... 21
3.1.3. Indumento .................................................................................................. 21
3.1.4. Estípula ....................................................................................................... 22
3.1.5. Folha ........................................................................................................... 24
3.1.6. Sicônios, flores e frutos .............................................................................. 26
3.1.7. Polinização ................................................................................................. 30
ix
3.2. Taxonomia .............................................................................................................. 32
3.2.1. Histórico taxonômico de Ficus ............................................................................ 32
4. TRATAMENTO TAXONÔMICO DAS ESPÉCIES DE FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA ............. 38
1. Ficus adhatodifolia Schott ................................................................................. 47
2. Ficus arpazusa Mill. ........................................................................................... 50
3. Ficus castellviana Dugand ................................................................................. 55
4. Ficus clusiifolia Schott ....................................................................................... 57
5. Ficus eximia Schott ............................................................................................ 61
6. Ficus gomelleira Kunth ...................................................................................... 64
7. Ficus guaranitica Chodat ................................................................................... 68
8. Ficus hirsuta Schott ............................................................................................ 70
9. Ficus lagoensis C. C. Berg & Carauta ............................................................... 73
10. Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. ...................................................................... 77
11. Ficus mariae C. C. Berg, Emygdio & Carauta ................................................. 82
12. Ficus mexiae Standl. ......................................................................................... 84
13. Ficus obtusifolia Kunth .................................................................................... 90
14. Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. ........................................................................ 94
15. Ficus organensis (Miq.) Miq. ........................................................................... 96
16. Ficus pulchella Schott ...................................................................................... 99
17. Ficus trigona L.f. ............................................................................................ 100
5. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA .............................................................................................. 110
6. CONSERVAÇÃO ................................................................................................................... 129
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 135
8. LISTA DE EXSICATAS ........................................................................................................... 137
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 141
x
ÍNDICE DAS FIGURAS
Figura 1: Mapa da área de estudo com as variações altitudinais ........................................... 10
Figura 2: Mapa da área da Serra da Mantiqueira ................................................................... 17
Figura 3: Variação do hábito, látex e estípula em Ficus ........................................................ 23
Figura 4: Morfologia das folhas das espécies de Ficus ......................................................... 25
Figura 5: Morfologia dos sicônios de Ficus .......................................................................... 27
Figura 6: Morfologia das flores e frutos de Ficus ................................................................. 29
Figura 7: Mapa da distribuição de Ficus na Mantiqueira .................................................... 113
Figura 8: Mapa de distribuição geográfica de F. adhatodifolia e F. arpazusa ................... 116
Figura 9: Mapa de distribuição geográfica de F. castellviana e F. clusiifolia .................... 117
Figura 10: Mapa de distribuição geográfica de F. eximia e F. gomelleira .......................... 118
Figura 11: Mapa de distribuição geográfica de F. guaranitica e F. hirsuta ........................ 119
Figura 12: Mapa de distribuição geográfica de F. lagoensis e F. luschnathiana ................ 120
Figura 13: Mapa de distribuição geográfica de F. mariae e F. mexiae ............................... 122
Figura 14: Mapa de distribuição geográfica de F. obtusifolia e F. obtusiuscula ................ 123
Figura 15: Mapa de distribuição geográfica de F. organensis e F. pulchella ..................... 124
Figura 16: Mapa de distribuição geográfica de F. trigona .................................................. 125
Figura 17: Delimitação geográfica dos padrões de distribuição .......................................... 126
Figura 18: Ação antrópica na região de Caldas/MG. .......................................................... 130
ÍNDICE DAS PRANCHAS
Prancha 1: Ilustrações de F. adhatodifolia, F. castellviana, F. arpazusa e F. clusiifolia ..... 60
xi
Prancha 2: Ilustrações de F. eximia, F. gomelleira, F. guaranitica , F. hirsuta e F. lagoensis
.......................................................................................................................... 76
Prancha 3: Ilustrações de F. luschnathiana, F. mariae, F. mexiae e F. obtusifolia .............. 93
Prancha 4: Ilustrações de F. obtusiuscula, F. organensis, F. pulchella e F. trigona .......... 103
ÍNDICE DAS TABELAS
Tabela 1: Localidades visitadas ............................................................................................. 12
Tabela 2: Herbários visitados ................................................................................................. 13
Tabela 3: Posicionamento de Ficus nos principais sistemas de classificação de Moraceae .. 36
Tabela 4: Classificação das espécies de Ficus na região da Serra da Mantiqueira, segundo o
sistema biogeográfico proposto por Morrone (1999, 2002) ............................... 112
Tabela 5: Distribuição das espécies de Ficus nas formações vegetais ................................ 114
Tabela 6: Lista das espécies de Ficus e seus respectivos padrões de distribuição geográfica
............................................................................................................................. 127
Tabela 7: Número de espécies e porcentagem dos padrões de distribuição geográfica ...... 128
Tabela 8: Distribuição das espécies de Ficus em áreas protegidas ...................................... 133
Tabela 9: Categorias de conservação ................................................................................... 134
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO I: Tipos das espécies de Ficus .................................................................................. 154
ANEXO II: Lista dos municípios limítrofes da Mantiqueira .................................................. 178
ANEXO III: Lista das Unidades de Conservação e outras áreas especialmente protegidas da
região da Serra da Mantiqueira .......................................................................... 186
xii
RESUMO
(Ficus L. da Serra da Mantiqueira). A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas
localizada na região sudeste do Brasil, entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, estendendose pelos quatro estados da região, sendo que sua maior porção encontra-se no estado de Minas
Gerais e a menor porção no Espírito Santo. O estudo aqui apresentado é resultado do
levantamento das espécies de Ficus da região da Serra da Mantiqueira. Ficus é o maior gênero
das Moraceae, com aproximadamente 800 espécies distribuídas na região tropical. Nos
neotrópicos há registros de ocorrência de 100-120 espécies. No Brasil, ocorrem 76 espécies
sendo 55 referenciadas para a Amazônia, 22 para a Caatinga, 5 são encontradas no Pantanal,
39 no Cerrado e 42 na Mata Atlântica, sendo 69 incluídas na seção Americana do subgênero
Urostigma e 7 na seção Pharmacosycea do subgênero Pharmacosycea. Ficus é monofilético,
incluindo espécies arbustivas, arbóreas, hemiepífitas e trepadeiras. As características mais
marcantes são a inflorescência do tipo sicônio e sua polinização por vespas. O levantamento
das espécies ocorrentes na Mantiqueira foi realizado com base na análise de aproximadamente
1500 materiais de herbários brasileiros, principalmente os da região sudeste, além de
observações de populações na natureza. São apresentadas descrições, observações sobre
fenologia e distribuição geográfica, categorias de conservação, comentários e ilustrações das
espécies. Foram encontradas 17 espécies nativas na região: Ficus adhatodifolia Schott, Ficus
arpazusa Casar., Ficus castellviana Dugand, Ficus clusiifolia Schott, Ficus eximia Schott,
Ficus gomelleira Kunth, Ficus guaranitica Chodat, Ficus hirsuta Schott, Ficus lagoensis C.C.
Berg & Carauta, Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., Ficus mariae C.C. Berg, Emygdio &
Carauta, Ficus mexiae Standl., Ficus obtusifolia Kunth, Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq., Ficus
organensis (Miq.) Miq., Ficus pulchella Schott e Ficus trigona L.f. A elas somam-se 8
espécies exóticas: Ficus aspera G. Forst., Ficus auriculata Lour., Ficus benjamina L., Ficus
carica L., Ficus elastica Roxb., Ficus lyrata Warb., Ficus microcarpa L.f. e Ficus pumila L.
Palavras-chave: Subgênero Urostigma, Subgênero Pharmacosycea, Sudeste, Taxonomia,
Conservação.
xiii
ABSTRACT
(Ficus L. from Mantiqueira Ridge). Mantiqueira Ridge is a mountain chain located Southeast
of Brazil, between the Atlantic Forest and Cerrado biomes, extending through four states in
the region, with its major portion in Minas Gerais State and the minor portion of it in Espírito
Santo State. The study presented here is the result of the checklist of Ficus species from
Mantiqueira Ridge. Ficus is the largest genus of Moraceae, with approximately 800 species in
the tropics. Within the neotropics there are records of about 100-120 species. In Brazil, 76
species are recorded, 55 to the Amazon region, 22 to the Caatinga, five are found in Pantanal,
39 in Cerrado and 42 in the Atlantic Forest, with 69 included in the American section of the
subgenus Urostigma and 7 from the section Pharmacosycea subgenus Pharmacosycea . Ficus
is monophyletic, and includes shrubs, trees, vines and hemiepiphytes. Its most striking
features are the type inflorescence syconium and its pollination by wasps. The checklist of
species occurring in Mantiqueira was based on the analysis of approximately 1500 materials
of brazilian herbaria, especially the southeast ones, as well as observations of populations in
nature. Descriptions, comments on phenology and geographic distribution, conservation
categories, comments and illustrations of native species are presented here. We found 17
native species in the region: Ficus adhatodifolia Schott, Ficus arpazusa Casar., Ficus
castellviana Dugand, Ficus clusiifolia Schott, Ficus eximia Schott, Ficus gomelleira Kunth,
Ficus guaranitica Chodat, Ficus hirsuta Schott, Ficus lagoensis Carauta & C.C. Berg, Ficus
luschnathiana (Miq.) Miq., Ficus mariae C.C. Berg & Emygdio Carauta, Ficus mexiae
Standl., Ficus obtusifolia Kunth, Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq., Ficus organensis (Miq.)
Miq., Ficus pulchella Schott, and Ficus trigona L.f. To these are added eight exotic species:
Ficus aspera G. Forst., Ficus auriculata Lour., Ficus benjamina L., Ficus carica L., Ficus
elastica Roxb., Ficus lyrata Warb., Ficus microcarpa L.f. and Ficus pumila L.
Keywords: Subgenus Urostigma, Subgenus Pharmacosycea, Southeast, Taxonomy,
Conservation.
xiv
G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O bioma Mata Atlântica, que nos seus primórdios estendia-se ao longo da costa oriental
brasileira, numa faixa de largura variada, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do
Sul, que cobria tanto a planície costeira como as encostas e planaltos, ocupando uma área de
aproximadamente 1 milhão de km2, atualmente está restrita à cerca de 15% do seu território
original (Peixoto et al. 2002, Rocha et al. 2006). A associação da forte influência oceânica,
condições ecológicas, climáticas e geomorfológicas favoreceu o desenvolvimento de uma
vegetação exuberante com uma flora diversificada (Peixoto et al. 2002). Segundo Bigarella et
al. (1994), a origem da Mata Atlântica tem seus primórdios na fragmentação do
supercontinente Gondwana, no Jurássico, que separou a América do Sul da África originando,
na margem continental, numerosas e profundas bacias de sedimentação preenchidas com
sedimentos cretáceos e cenozóicos.
A floresta que cobre a costa oriental do Brasil, incluindo a da Serra da Mantiqueira, é
testemunha de complexos eventos geomorfológicos, climáticos, biológicos e ecológicos, que
a originaram. Cada trecho é único em sua história geomorfológica e em seu conjunto de
formas vivas.
Cinco séculos de ocupação da floresta atlântica a reduziu significativamente em
tamanho, colocando em risco sua biodiversidade. As principais causas da drástica redução da
Mata Atlântica, particularmente na região das serras do Mar e Mantiqueira, foram apontadas
por Joly (1991), como sendo o extrativismo, que teve início com a exploração do pau-brasil e
expandiu-se para outras madeiras, além do palmito e xaxim. Desde a expansão de culturas de
cana-de-açúcar, café, cacau e banana, nos séculos XIX e XX, até atualmente com a
agricultura, pastagem e especulação imobiliária, estas regiões do sudeste brasileiro ainda
sofrem graves pressões antrópicas.
1
G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
Embora o bioma Mata Atlântica seja considerado uma das regiões de maior
biodiversidade do planeta, é um dos mais ameaçados, sendo incluído na lista das 34 áreas
prioritárias para conservação da biodiversidade do globo, chamados de hotspots (Mittermeier
et al. 1999). Hoje a maior parte da área litorânea, que era coberta pela Mata Atlântica, é
ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam remanescentes da
floresta original na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil.
1.1. SERRA DA MANTIQUEIRA
A Serra da Mantiqueira, no seu conjunto, forma o segundo degrau sudeste do planalto
brasileiro, com uma imponente escarpa votada para o Vale do Paraíba e suas altitudes
ultrapassam 2000 metros (Mazzei 2007).
A Serra da Mantiqueira, pelas peculiaridades, riqueza florística e devido ao longo
histórico de ocupação, onde a paisagem florestal foi substituída por culturas agrícolas e
florestais ou transformadas para a implantação de atividades agropecuárias, foi considerada
como área de importância biológica especial, prioritária para conservação e proteção de
mananciais (Martinelli 1996, Menezes & Giulietti 2000, Drummond 2005). Entre 1850 e
1929 a zona da mata mineira juntamente com o sul de Minas, se especializaram na agricultura
do café, sendo responsável pela derrubada das matas, que deram lugar a cultura cafeeira
(Souza 2009).
A Serra da Mantiqueira, tratada por Rizzini (1997) como um dos núcleos centrais da
Mata Atlântica brasileira, é uma das maiores cadeias de montanhas do leste sul-americano
ocupando uma extensa área da região sudeste do Brasil, nos estados de Minas Gerais, São
2
G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo (Mendes Junior et al. 1991, Meirelles 1991, Hueck
1972).
Em 1909, Mello & Mello a descrevem como uma grande cordilheira no interior do
Brasil, seguindo na direção sudoeste-nordeste, ao longo do vale do rio Paraíba do Sul, nas
divisas entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, apresentam
prolongamentos para o norte de Minas, onde hoje á denominada Serra do Espinhaço, e suas
continuações se estenderiam à Chapada Diamantina, na Bahia. Seu limite meridional seria a
Serra da Cantareira, próximo à cidade de São Paulo.
Várzea (1942) em seu trabalho sobre o relevo brasileiro relata uma delimitação parecida
com a proposta por Mello & Mello (1909), onde a serra se estende da margem norte do rio
Tietê, em São Paulo (onde se localiza o Pico do Jaraguá) até o sul da Bahia (onde se localiza o
morro do Descobrimento), englobando a área da Serra do Caparaó. Várzea ainda relata que,
do ponto de vista da geografia física, a serra está marcada por “...vestígios de antigos vulcões,
não inteiramente mortos, pois as fontes termais da região de Poços de Caldas são a
derradeira manifestação de crateras apagadas há milhares de anos...”.
Na delimitação proposta por Machado-Filho et al. (1983) a Serra da Mantiqueira é
formada por dois planaltos principais, um setentrional e um meridional. A região da
Mantiqueira Setentrional compreende três unidades geomorfológicas denominadas patamares
escalonados do sul capixaba, maciços do Caparaó e serranias da zona da mata mineira; limitase a oeste com a região dos compartimentos planálticos do leste de Minas, a sul com o Vale
do Paraíba do Sul, a leste é limitada pelas colinas e maciços costeiros, onde estão localizadas
algumas cidades importantes do Estado de Minas Gerais, como Manhuaçu, Carangola e Juiz
de Fora. Já a região da Mantiqueira Meridional, compreende as unidades geomorfológicas
referentes aos planaltos de Campos do Jordão e de Itatiaia; limita-se com as regiões do
planalto do alto Rio Grande a norte, do Planalto centro-sul de Minas a leste, do Vale do
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G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
Paraíba do Sul, a sul e do Planalto de Amparo, a oeste. No diagnóstico ambiental realizado
pelo Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC 1983) a Serra da Mantiqueira é
delimitada, no Estado de Minas Gerais, da seguinte maneira: “Esta unidade estende-se a
partir das cabeceiras do rio Camanducaia, no sul do Estado, pela divisa de Minas Gerais
com São Paulo e Rio de Janeiro, e prossegue de modo descontínuo ao longo da fronteira
entre Minas Gerais e Espírito Santo. a partir das cabeceiras do Rio do Peixe, afluente do
Paraibuna, o bloco maciço da Mantiqueira bifurca-se: uma faixa de elevações prossegue até
Juiz de Fora, e a outra até as proximidades de Santos Dumont. Interrompida a nordeste de
Juiz de Fora pela Depressão do Paraíba do Sul, ressurge na região de Astolfo Dutra, onde é
atravessada pelo Rio Pomba. Este segundo bloco de elevações prolonga-se até as nascentes
do Rio Matipó. Participando desse mesmo sistema de cristas e vales de alinhamento geral
norte-sul, ocorrem ainda três blocos isolados, paralelos. O mais oriental, na divisa com o
Estado do Espírito Santo, constitui a Serra do Caparaó, onde está situado o Pico da
Bandeira... Os outros dois blocos se interrompem, um ao sul de Manhuaçu, e o outro, mais a
oeste, ao sul de Caratinga”. A essa delimitação são acrescentadas as regiões do Planalto de
Campos do Jordão e Serra do Itatiaia.
Não há uma delimitação geográfica exata da Serra da Mantiqueira até o momento, a
maioria dos autores que citam a região divergem sobre os seus limites, desde o início do
século XX.
A conservação da natureza tem sido um dilema para a biologia moderna, uma vez que
as atividades antrópicas são mais rápidas na alteração do meio biológico do que o avanço do
conhecimento da biodiversidade que o compõe. A região da Serra da Mantiqueira, embora
rica em sua flora, ainda não é suficientemente conhecida para assegurar um desenvolvimento
capaz de conservar sua riqueza florística.
4
G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
Levando-se em conta o avanço na perda da biodiversidade do bioma Mata Atlântica
apontado por diversos autores (Kurtz & Araújo 2000, Tabarelli et al. 2005), é urgente o
conhecimento da diversidade existente nas áreas naturais remanescentes, entre elas a Serra da
Mantiqueira, com o propósito de se fornecer subsídios para estudos de conservação. Tais
estudos são essenciais para o estabelecimento de prioridades e ações que devam ser adotadas
para conservação destas áreas.
Dentre as famílias ainda pouco conhecidas na região da Serra da Mantiqueira está
Moraceae, sendo Ficus o mais representativo para a região.
Ficus compreende cerca de 800 espécies com distribuição tropical e subtropical,
raramente em regiões temperadas. Dessas, 100-120 espécies estão localizadas na região
Neotropical. No Brasil, são reconhecidas 76 espécies nativas, até o momento, distribuídas em
dois subgêneros: Pharmacosycea (Miq.) Miq. e Urostigma (Gasp.) Miq. (Romaniuc Neto et
al. 2010). Destas, 15 ocorrem no estado de São Paulo (Mendonça-Souza 2006), 25 no Rio de
Janeiro, 30 em Minas Gerais e 25 no Espírito Santo (Romaniuc Neto et al. 2010).
Caracteriza-se principalmente pelo hábito arbóreo ou hemiepifítico, presença de látex
leitoso em todas as partes da planta, estípulas terminais bem desenvolvidas, folhas com
glândulas no pecíolo ou na base da lâmina, inflorescências únicas, bissexuadas, denominadas
sicônios, que abrigam numerosas flores estaminadas e pistiladas circundadas por bractéolas,
frutos do tipo drupa com exocarpo membranáceo, reduzido, por essa razão muitas vezes
lembrando um aquênio.
As figueiras fazem parte de um sistema ecológico rico e variado, pelo tipo de interação
com as vespas polinizadoras e pelo fato de seus frutos alimentarem uma grande variedade de
animais, auxiliando no equilíbrio biológico das florestas. Aves, morcegos, macacos e animais
rasteiros se alimentam dos frutos das figueiras caídos ao solo. Até peixes se alimentam das
infrutescências (sicônios ou figos), quando as árvores estão próximas a cursos d´água ou
5
G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
lagos, sendo responsáveis pela dispersão das sementes de figueiras (Carauta 1989, MendonçaSouza 2006).
Embora cada figo contenha um grande número de sementes, permitindo uma alta
dispersão, a conservação das espécies de Ficus exige um processo sofisticado para que uma
população estável possa sobreviver de forma ideal. É importante evidenciar que o cultivo e o
plantio de figueiras nativas têm um papel importantíssimo na recuperação de áreas
degradadas, de revitalização da vida animal silvestre no local da vegetação original destruída
e de proteção das encostas sujeitas a chuvas diretas e intensas, uma vez que suas raízes
mantêm estáveis encostas íngremes em áreas de matas degradadas (Carauta & Diaz 2002a).
Além do aspecto ecológico, Ficus tem grande importância em algumas religiões, como
o budismo e hinduísmo. Na Índia, as figueiras são protegidas, contra corte, pela população
(Carauta & Diaz 2002a). Ficus é utilizado na alimentação do homem desde as civilizações
antigas. Segundo Condit (1969) Ficus sycomorus L. era cultivado desde aproximadamente
3.000 a.C., na época dos faraós do Egito. Romanos e gregos também utilizavam o figo na
alimentação. O cultivo era tão importante que a exportação dos melhores figos era proibido
por lei, na Grécia antiga. No Brasil, os maiores produtores são Rio Grande do Sul, São Paulo,
Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina (Carauta & Diaz 2002a).
O uso de figueiras no paisagismo brasileiro começou a ser feita por Glaziou, no século
XIX, sendo usadas, basicamente, espécies exóticas. No Rio de Janeiro é comum encontrar
indivíduos de Ficus microcarpa L.f., Ficus benjamina L., Ficus lyrata Warb., Ficus elastica
Roxb. e Ficus religiosa L., entre outras. No Jardim Botânico do Rio de Janeiro há uma seção
(29B) onde são encontradas várias espécies exóticas de Ficus. Em São Paulo são encontradas,
no paisagismo urbano, basicamente quatro espécies exóticas: Ficus microcarpa, Ficus
benjamina, Ficus elastica e Ficus pumila L., utilizada na cobertura de muros.
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G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
Outro aspecto importantíssimo e muito interessante do gênero é a sua polinização, feita
por pequenas vespas da família Agaonidae. A relação figo-vespa é obrigatória e data de
aproximadamente 60 milhões de anos (Ronsted et al. 2005). Por se tratar de uma
inflorescência fechada, e com inúmeras flores, o figo se tornou espaço apropriado para a
ovoposição das larvas e desenvolvimento das vespas. A fêmea entra carregando o pólen e,
durante o processo de polinização, deposita seus ovos no interior das flores pistiladas (Pereira
et al. 1995, Pereira et al. 2000, Elias et al. 2007, Dunn et al. 2011).
Há poucos e incompletos trabalhos sobre Moraceae para a região da Serra da
Mantiqueira, principalmente de Ficus, causando lacunas em seu conhecimento. O
conhecimento de Ficus da região da Serra da Mantiqueira poderá contribuir para que políticas
de conservação de espécies e espaços possam ser implementadas, resguardando espécies
importantes para a restauração e reabilitação da biodiversidade vegetal.
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G. Pelissari 2012
INTRODUÇÃO
1.2. OBJETIVOS
Por estar em uma região entre biomas (Mata Atlântica e Cerrado) e em vista do quadro
de ocupação desordenada ao longo da história da Serra da Mantiqueira, de sua importância
ecológica, ausência de dados consistentes sobre Ficus, com o intuito de reunir e
complementar os dados sobre o gênero nessa área, o presente trabalho teve como principais
objetivos:
•
Reconhecer as espécies de Ficus da Serra da Mantiqueira;
•
Ampliar e enriquecer as coleções de Ficus dos herbários da região Sudeste, por
meio da realização de coletas e da inclusão de novas coleções nos acervos;
•
Levantamento de dados ecológicos e de distribuição geográfica;
•
Realizar estudos visando o esclarecimento de problemas taxonômicos do gênero;
•
Fornecer dados que possam auxiliar em ações que visem a conservação dessas
espécies e dos espaços onde estão inseridas.
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. ÁREA DE ESTUDO
Frente à complexidade e divergência na delimitação da Serra da Mantiqueira observada
na literatura, optou-se por adotar a delimitação proposta por Machado-Filho et al. (1983),
incluindo os limites apresentados por CETEC (1983) para a porção norte, e os
prolongamentos descritos por Várzea (1942) para a porção sul. Quanto aos limites leste-oeste
foram consideradas todas as áreas adjacentes a linha norte-sul, levando-se em consideração
menções, em diferentes trabalhos, na Serra da Mantiqueira (Colabardini 2003, Lima 2008,
Garcia Junior 2011), sobre a base cartográfica de Weber et al. (2004). Foram acrescentadas a
essa delimitação cidades limítrofes que fazem parte de áreas protegidas na Serra da
Mantiqueira.
Desta forma a região, como acima descrita e com delimitação específica para este
trabalho, será denominada para fins de praticidade de Mantiqueira (Figura 1).
A Mantiqueira está inserida entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado e nela encontramse quatro dos dez maiores picos do Brasil. Os topos mais elevados encontram-se nas bordas
do Planalto de Campos do Jordão e das serras do Itatiaia e Caparaó (1700-2890 m).
Distribuída entre os diferentes níveis de altitude, a vegetação local varia, desde floresta
ombrófila densa, com presença de araucárias, e floresta estacional semidecidual, além de
áreas de Cerrado. A partir dos 2000 m encontram-se os campos de altitude, adaptados às
temperaturas baixas. O clima varia igualmente com a elevação, predominando temperaturas
médias, entre 17° e 20°C. A área está inserida entre três importantes bacias hidrográficas:
bacia hidrográfica do rio Doce, do rio Paraná e do rio Paraíba do Sul. Há predominância de
solos Latossolo Vermelho Amarelo, Argissolo Vermelho amarelo e afloramento de rochas.
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1: Mapa da área de estudo com as variações altitudiais.
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
2.2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
A etapa preliminar desse trabalho constou de revisão e compilação de dados
bibliográficos específicos relacionados à Ficus e Moraceae. Foram examinadas monografias e
publicações mais recentes que abordassem o tema em questão. O levantamento foi feito
utilizando-se a rede clássica e virtual de bibliotecas acessíveis. As publicações dizem respeito,
principalmente, à taxonomia, ecologia, florística, filogenia, polinização e conservação.
Também foram consultadas obras clássicas para a família, além das descrições e
ilustrações originais dos binômios de Ficus.
As principais bibliotecas consultadas foram a do Instituto de Botânica de São Paulo, a
do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e a do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, onde foram solicitadas cópias das obras de interesse. Além disso, foram consultadas
as bibliotecas particulares do Prof. Dr. Sergio Romaniuc Neto e do Prof. Dr. Jorge Pedro
Pereira Carauta. Os principais portais de periódicos e referências disponíveis em via
eletrônica
também
foram
consultados
http://www.biodiversitylibrary.org/,
(por
exemplo:
http://www.botanicus.org./,
http://www.archive.org/,
http://gallica.bnf.fr/,
http://www.ipni.org/, http://scielo.org/, http://www.tropicos.org/, entre outros).
As abreviações dos periódicos e das obras clássicas seguem Bridson & Smith (1991) e
Stafleu & Cowan (1976-1988). Os nomes dos autores estão de acordo com Brummitt &
Powell (1992).
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
2.3. COLETA, PROCESSAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DO MATERIAL BOTÂNICO
No intuito de complementar as coleções de Ficus, nos casos de materiais duvidosos ou
escassos, e de observar as espécies em seu ambiente natural, foram realizadas viagens de
coleta, pela região da Mantiqueira (Tabela 1).
Tabela 1. Localidades visitadas
Período
13-15/12/2010
Estado
MG
Município
Viçosa
16/12/2010
MG
Araponga
15/02/2011
SP
16/02/2011
RJ
Pindamonhangaba,
Roseira, Aparecida
Resende
17/02/2011
22/09/2011
RJ
RJ
23/09/2011
MG
24/10/2011
MG
Resende
Itaperuna,
Porciúncula
Carangola,Espera
Feliz
Caldas
Localidade
Mata do Paraíso, Mata do Seu Nico
e arredores da UFV
Parque Estadual da Serra do
Brigadeiro
Maromba, Maringá e Visconde de
Mauá
Penedo
Fazenda Santa Rita
Serra da Pedra Branca
O material coletado foi herborizado de acordo com as técnicas propostas por Fidalgo &
Bononi (1989) e processados segundo Mori et al. (1989). A fim de auxiliar na análise
morfológica, os sicônios dos espécimes coletados foram fixados em álcool 70°, sempre que
possível.
Foram feitas, durante a coleta, observações gerais sobre a altura dos indivíduos,
coloração e aspecto do látex e do sicônio, coloração das flores e frutos e, quando possível,
fotografias dos indivíduos em seu ambiente natural.
A identificação foi feita através de estudos morfológicos usuais, bibliografia específica
e comparação com exsicatas depositadas nos herbários, principalmente os da região sudeste.
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
Materiais tipos de todas as espécies e sinônimos foram consultados para confirmação
taxonômica e fazem parte do Anexo I.
As informações de rótulo, bem como a imagem das exsicatas examinadas, foram
inseridas em um banco de dados para facilitar o intercambio de informações entre outros
especialistas do grupo, bem como outras bases de dados virtuais.
2.4. CONSULTAS A HERBÁRIOS
O levantamento do material botânico das espécies ocorrentes na Serra da Mantiqueira
foi realizado através de visitas a herbários nacionais, principalmente os da região sudeste, com
o propósito de se obter material suficiente de cada táxon para uma análise satisfatória da
variabilidade morfológica, fenologia e distribuição geográfica.
Os herbários cujas coleções foram examinadas são listados abaixo. Os acrônimos e
denominações estão de acordo com Holmgren & Holmgren (2011).
Tabela 2. Herbários visitados
HERBÁRIO
BHCB:
Instituição, cidade, estado.
Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de
Botânica, Belo Horizonte, MG.
CESJ:
Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de
Botânica,Herbário Leopoldo Krieger, Juiz de Fora, MG.
ESA:
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de
Botânica, Piracicaba, SP.
GUA:
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, Serviço de Ecologia Aplicada, Herbário
Alberto Castellanos, Rio de Janeiro, RJ.
GFJP:
Faculdade Redentor, Herbário Guido F. J. Pabst, Itaperuna, RJ.
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
HRCB:
Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Herbário Rioclarense, Rio Claro, SP.
HXBH:
Fundação CETEC, Setor de Recursos da Terra, Belo Horizonte, MG.
IAC:
Instituto Agronômico de Campinas, Centros de Recursos Genéticos Vegetais e Jardim
Botânico, Campinas, SP.
INPA:
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Pesquisas em Botânica.
Manaus, AM.
PAMG:
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Departamento de Pesquisa.
Belo Horizonte. MG.
PMSP:
Prefeitura de Município de São Paulo, Departamento de Parques e Áreas Verdes, Herbário
Municipal, São Paulo, SP.
R:
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Museu Nacional, Departamento de Botânica.
Rio de Janeiro, RJ.
RB:
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisas, Rio de Janeiro, RJ.
SP:
Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP, Herbário “Maria Eneyda
P. Kauffmann Fidalgo”, São Paulo, SP.
SPF:
Universidade de São Paulo, Departamento de Botânica, São Paulo, SP.
SPSF:
Instituto Florestal, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, Herbário D. Bento Pickel.
São Paulo, SP.
UEC:
Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Botânica, IB, Campinas, SP.
VIC:
Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Biologia Vegetal, Viçosa, MG.
Os materiais tipos e os protólogos das espécies foram examinados. Alguns destes
materiais foram vistos e fotografados em herbários nacionais, outros possuem fotos
disponíveis em meio eletrônico, “on-line” via internet.
Dentre os herbários que disponibilizam esse tipo de consulta e que concentram as
maiores coleções de tipos de Moraceae, destacam-se: B, Botanischer Garten und
BotanischesMuseum Berlin-Dahlem, Berlin; K, Royal Botanics Garden, Kew; LINN,
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
Linnean Society of London, London; MO, Missouri Botanical Garden, Saint Louis; NY, New
York Botanical Garden, New York; P, Laboratorie de Phanérogamie, Muséum National
d`Histoire Naturelle, Paris; U, Institute os Systematic Botany, Utrecht.
Materiais não disponíveis em meio eletrônico foram solicitados aos herbários via email.
2.5. ESTUDOS MORFOLÓGICOS
Os estudos morfológicos basearam-se na análise de caracteres relativos ao hábito, forma
e dimensões de folhas e estípulas, indumento, além do tamanho e aspectos do sicônio, flores e
frutos de todos os materiais provenientes da Mantiqueira. Materiais coletados em estado
vegetativo serviram apenas para a complementação da análise dos caracteres morfológicos
das estruturas vegetativas, não sendo, portanto, depositados e registrados em nenhum
herbário.
Como referência para a terminologia morfológica de hábito, indumento, forma das
folhas, inflorescência, flores e frutos adotou-se Lawrence (1971), Hickey (1973), Radford et
al. (1974), Font-Quer (1985), Bell (1993), Ash et al. (1999) e Stearn (2004). Para as
estruturas reprodutivas utilizou-se os trabalhos de Berg (2001) e Mello-Filho et al. (2001).
As ilustrações foram feitas pelo ilustrador botânico Klei Sousa, com auxílio de
estereomicroscópio acoplado à câmara clara e cobertas a nanquim, onde foram representados
detalhes das principais estruturas diagnósticas para os táxons, bem como o aspecto geral de
algumas espécies. As pranchas de fotografias foram montadas com fotos tiradas durante as
viagens de coleta.
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
2.6. ESTUDOS TAXONÔMICOS
O estudo taxonômico baseou-se na análise dos materiais estudados durante as visitas
aos herbários. Também foi feito o levantamento dos materiais tipo e protólogos das espécies,
onde foi possível ser feita a comparação entre material coletado e material tipo, para
confirmação do nome. O posicionamento do gênero e suas divisões segue o sistema proposto
por Corner (1962) e modificado por Berg (2003).
2.7. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
A análise da distribuição geográfica das espécies foi realizada com base nos dados
obtidos a partir das etiquetas de herbário, bem como através dos dados da literatura,
principalmente Carauta (1989), Berg & Simonis (2000) e Beg & Villavicencio (2004). Foi
elaborado um mapa da área de estudo, com as variações altitudinais (Figura 1) e, para a
discussão sobre a distribuição geográfica das espécies ocorrentes na Mantiqueira, foi utilizado
como base um mapa de quadrículas (Figura 2), de acordo com as delimitações propostas por
Machado-Filho et al. (1983), CETEC (1983) e Várzea (1942), juntamente com as cidades
limítrofes (Anexo II) que fazem parte de áreas protegidas da Mantiqueira.
16
G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 2: Mapa da área da Serra da Mantiqueira.
Os pontos de coleta
eta das espécies foram georeferenciados
georefere
e, para materiais
materia que não
apresentavam dados de coordenadas geográficas foi utilizada a ferramenta geoLoc da rede
speciesLink (http://splink.cria.org.br/geoloc
http://splink.cria.org.br/geoloc),
), onde foi georeferenciado o município de coleta
e, para a conversão das coordenadas grau-min-seg
grau
em graus decimais
ais foi utilizada a
ferramenta conversor da rede speciesLink (http://splink.cria.org.br/conversor
(http://splink.cria.org.br/conversor). Para a
confecção dos mapas utilizou--se o programa ArcGis versão 9.3 (ESRI 2008).
2008)
Para a discussão da ocorrência das espécies foi adotado o sistema de classificação
class
da
vegetação proposto por Veloso et al. (1991) além de dados sobre vegetação encontrados em
CETEC (1983) e Machado-Filho
Filho et al. (1983).
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G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
2.8. CONSERVAÇÃO
Na tentativa de propor critérios de conservação para as espécies de Ficus da
Mantiqueira, foram consultadas as categorias estabelecidos pela IUCN (apud Carauta et al.
2001), atualizados por IUCN (2011), além das metodologias dos livros vermelhos do Brasil
(Mello Filho et al. 1992, Mamede et al. 2007, Giulietti et al. 2009). Foi verificada a
ocorrência das espécies em unidades de conservação na região da Mantiqueira, municipais,
estaduais e federais (Anexo III) e utilizado a lista de municípios para detectar espécies em
áreas não protegidas.
As categorias de conservação foram propostas de acordo com as categorias da IUCN,
considerando também observações realizadas durante o trabalho de campo e informações
oriundas dos rótulos dos espécimes examinados em herbários.
2.9. ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
O presente trabalho segue as normas recomendadas pelo Programa da Pós Graduação do
Instituto de Botânica de São Paulo. As citações bibliográficas no texto e as referências
bibliográficas seguem as normas apresentadas pelo periódico Hoehnea, disponíveis em
http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/hoehnea/normas.php. O tratamento taxonômico segue
as
recomendações
do
periódico
Rodriguésia,
disponíveis
em
http://www.rodriguesia.jbrj.gov.br/normas.html.
São apresentadas descrições do gênero e espécies, chave de identificação, ilustrações,
dados sobre ecologia e fenologia e comentários gerais sobre cada táxon. As descrições das
espécies foram feitas com base nos materiais provenientes dos municípios localizados na
18
G. Pelissari 2012
MATERIAL E MÉTODOS
região da Mantiqueira, com exceção de F.clusiifolia, F. guaranitica, F. hirsuta, F.
luschnathiana, F. mariae e F. obtusifolia, que tiveram que ser complementadas com materiais
de outros municípios, dando-se preferência à municípios da região Sudeste.
Em “material examinado” foram apresentados todos os materiais analisados. Os estados
e municípios estão listados em ordem alfabética; os coletores e número de coleta são
destacados em itálico. Todo o material examinado, selecionado e/ou adicional examinado
encontra-se fértil, com sicônios em distintos estágios de desenvolvimento, não sendo assim
necessária a indicação da fase fenológica junto ao voucher.
O material examinado foi citado obedecendo a seguinte ordem: local e data de coleta,
nome e número do coletor (utilizando et al. quando houver mais de dois) e sigla(s) do(s)
herbário(s) entre parêntesis, segundo o Index Herbariorum. Quando não havia número de
coletor, o número de registro do espécime, juntamente com a sigla do herbário, foi citado. Os
nomes dos estados foram citados por extenso, em letras maiúsculas e em ordem alfabética,
seguidos dos respectivos materiais estudados.
Foi elaborada uma lista de exsicatas, com base em todos os materiais examinados, por
ordem alfabética de sobrenome do coletor, seguido do número de coletor e número da espécie
entre parêntesis. Na ausência do número de coletor, é citado o acrônimo do herbário
depositário e número de registro.
Quanto à distribuição geográfica das espécies, foi citada a distribuição global de cada
espécie e a distribuição para a Mantiqueira.
19
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
3. O GÊNERO FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA
3.1. MORFOLOGIA
3.1.1. HÁBITO
Ficus possui hábito arbóreo, arbustivo, trepadeira e hemiepifítico. As espécies
ocorrentes na Mantiqueira são arbóreas ou hemiepifíticas. Espécies pertencentes ao subgênero
Pharmacosycea (Miq.) Miq. são sempre árvores e geralmente muito altas, podendo atingir 40
m altura. O hábito hemiepifítico é encontrado em espécies do subgênero Urostigma (Gasp.)
Miq. (Figura 3, A). Neste caso, as plantas iniciam seu desenvolvimento como epífitas e suas
raízes se desenvolvem em direção ao solo, envolvendo a árvore hospedeira. A distribuição das
figueiras hemiepífitas está associada a fatores que influenciam na sua germinação e
estabelecimento, como luminosidade, predação de sementes, umidade, presença de
dispersores de sementes e local de deposição das sementes nos hospedeiros e ausência de
temperaturas negativas (Laman 1995, Athreya 1999, Diaz 2003), além de características
associadas às árvores hospedeiras, tais como textura da casca, arquitetura da copa da
hospedeira e presença de nutrientes em fendas ou no tronco do hospedeiro (Laman 1996,
Daniels & Lawton 1991, Michaloud & Michaloud-Pelletier 1987).
Diaz (2003) salienta que, no Brasil, as figueiras são raramente encontradas em clima
semi-árido, em vegetação da caatinga ou em campos rupestres, devido a baixa umidade.
Devido a essa elevada necessidade de água, as espécies de Ficus, principalmente do
subgênero Urostigma, possuem um sistema radicular extenso e de extrema importância para
sua sobrevivência e desenvolvimento.
20
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
A importância ecológica das figueiras hemiepífitas tem sido associada ao seu papel na
estrutura e dinâmica do dossel florestal (Prósperi et al. 2001, Lawton & Willians-Linera 1996)
e à importância de seus frutos como recurso alimentar para animais frugívoros (Terborgh
1986). No entanto, nem todos os Ficus apresentarão tal hábito, uma vez que suas sementes
podem ser lançadas diretamente ao solo e, ao germinarem, apresentarão hábito arbóreo
(Figura 3, B).
3.1.2. Látex
Ficus possui látex leitoso, distribuído por todas as partes da planta. As diferenças de
suas características estão relacionadas à abundância, coloração, concentração e oxidação. Por
exemplo, podemos encontrar em F. adhatodifolia látex branco, espesso, tornando-se rosado
durante a oxidação (Figura 3, C-D). F. arpazusa (Figura 3, E) e F. eximia apresentam látex
ralo. F. luschnathiana e F. gomelleira apresentam látex branco, espesso, sendo mais
abundante em F. gomelleira. Algumas espécies apresentam látex espesso e pouco abundante,
como no caso de F. organensis. No caso de F. obtusiuscula, o látex apresenta-se abundante,
porém ralo.
3.1.3. Indumento
Carauta (1989) separa as espécies brasileiras de Ficus em glabras e pubescentes. Já Berg
(2001) utiliza a característica de presença ou ausência de tricomas glandulares para separar as
seções ocorrentes na região tropical. Mendonça-Souza (2006) ao estudar as espécies
21
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
ocorrentes no Estado de São Paulo, sob microscopia eletrônica, observou a presença de
tricomas glandulares capitados em todas as espécies, o que não confirmou a separação
sugerida pelos autores.
Sob microscopia eletrônica de varredura Mendonça-Souza (2006) encontrou dois tipos
de tricomas: simples, podendo ser longos ou curtos e ainda uncinados, e glandulares
diminutos, capitados, estipitados ou sésseis. A autora apontou a variação da quantidade de
tricomas glandulares e a ocorrência de tricomas pluricelulares simples e longos como
importante caráter taxonômico para o grupo.
3.1.4. Estípula
As espécies de Ficus possuem estípula completamente amplexicaule, podendo ser
caducas, deixando cicatrizes anelares nos ramos, como em F. mexiae (Figura 3, G) ou
persistentes, como em F. gomelleira (Figura 3, F). Variações quanto ao tamanho, persistência
e coloração são consideradas por vários autores (Berg & Villavicencio 2004, MendonçaSouza 2006, Romaniuc Neto et al. 2009a) como importantes na delimitação dos táxons.
22
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
Figura 3: Variação do hábito, látex e estípulas em Ficus. A. F. luschnathiana, hemiepífita. B. F. gomelleira, árvore.
C-D. F. adhatodifolia,, látex. C. corte transversal do ramo, látex branco, do tipo espesso. D. corte no tronco, látex
oxidando rapidamente e tornando-se
se rosado. E. F. arpazusa,, corte transversal do ramo, látex do tipo ralo. F. F.
gomelleira, estípula persistente. G. F. mexiae, estípula persistente (seta). H. F. arpazusa,, glândula acropeciolar (seta).
I. F. adhatodifolia,, par de glândulas baselaminares (setas). (Fotos: G. Pelissari).
23
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
3.1.5. Folha
Ficus apresenta folhas simples, inteiras ou raramente lobadas, com disposição alterna
espiralada, margem inteira, com lâmina de forma, ápice e base variáveis, podendo ser
cartáceas ou coriáceas (Figura 4).
O pecíolo varia em tamanho, com epiderme geralmente persistente ou, no caso de F.
pulchella, desprendendo-se em placas quando seco (esfoliada).
Apresentam venação broquidódroma. O número de nervuras secundárias varia de 4-18 e
apresentam coloração mais clara, na maioria das espécies, podendo ser planas ou salientes na
face abaxial da lâmina, como em F. castellviana, F. eximia e F. gomelleira. As nervuras
terciárias variam de escalariformes a reticuladas.
Outra característica importante na separação das duas seções de Ficus ocorrentes no
Brasil é a presença e posição de estruturas glandulares na lâmina (Carauta 1989, Berg 2001,
Berg & Simonis 2000, Mendonça-Souza 2006). As espécies do subgênero Pharmacosycea
seção Pharmacosycea apresentam um par de glândulas baselaminares (Figura 3, I) e as
espécies do subgênero Urostigma seção Americana apresentam apenas uma glândula
acropeciolar (Figura 3, H).
24
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
Figura 4: A-Q.
Q. Morfologia das folhas das espécies de Ficus. A. F. adhatodifolia. B. F. castellviana.
castellviana C. F.
arpazusa. D. F. clusiifolia.. E. F. eximia. F. F. gomelleira. G. F. guaranitica.. H. F. hirsuta. I. F.
lagoensis. J1-J2. F. luschnathiana.
luschnathiana K. F. mariae. L1-L2. F. mexiae. M. F. obtusifolia.. N. F. obtusiuscula.
O. F. organensis. P. F. pulchella.
pulchella Q. F. trigona. (Fotos: G. Pelissari).
25
G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
3.1.6. Sicônios, flores e frutos
Ficus apresenta um tipo de inflorescência cimosa, urceolada, exclusiva do gênero: o
sicônio.
Os sicônios estão dispostos geralmente aos pares (Figura 5, A), com exceção das
espécies do subgênero Pharmacosycea seção Pharmacosycea, onde os sicônios mostram-se
solitários (Figura 5, B).
Mello-Filho et al. (2001) propõem termos morfológicos para os diversos tipos de
brácteas que ocorrem dentro e fora do sicônio como: tegilo, bráctea única, caduca, em forma
de capuz, que protege os sicônios quando jovens (Figura 5, C); as brácteas que estão inseridas
na base da inflorescência, junto ao pedúnculo, são chamadas epibrácteas (Figura 5, F);
orobrácteas são brácteas posicionadas na entrada do sicônio, formando o ostíolo (Figura 5, D);
bractéolas são brácteas dispostas no interior do sicônio, entre as flores.
Os sicônios apresentam variações quanto a forma, tamanho, coloração e indumento e
essas variações são relevantes para a separação das espécies na Mantiqueira. Além disso,
podem ser sésseis ou pedunculados, o pedúnculo também apresenta variações quanto ao
tamanho, coloração e indumento.
A disposição das orobrácteas caracteriza a forma do ostíolo. As espécies podem
apresentar ostíolo plano (Figura 5, G), levemente proeminente a proeminente (Figura 5, H) ou
crateriforme (Figura 5, E), ou então circundado por anel triangular ou circular formado pela
parede do sicônio. Essas variações de posicionamento e coloração são importantes na
separação dos táxons, assim como as variações no tamanho, coloração e pilosidade das
epibrácteas. Os sicônios podem ainda apresentar máculas em seu exterior, sendo glabras e de
coloração de alvas a vináceas.
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G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
Figura 5: Morfologia dos sicônios de Ficus. A. F. luschnathiana, sicônios aos pares.. B. F. adhatodifolia,
sicônios solitários. C. F. mexiae,, tegilo (seta). D. F. luschnathiana,, orobrácteas formando o ostíolo. E. F.
arpazusa, ostíolo crateriforme. F-G.
F
F. luschnathiana, F. epibrácteas na base do sicônio (seta); G. ostíolo
plano. H. F. eximia,, ostíolo proeminente. (Fotos: G. Pelissari).
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G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
As flores estaminadas e pistiladas (Figura 6, A), estão dispostas na parede interna do
sicônio, são sésseis a pediceladas, hialinas, intercaladas por bractéolas também hialinas.
Confirmando o que foi sugerido por Berg (2001) e Carauta (1989), as espécies da Mantiqueira
apresentam protogenia, ou seja, as flores pistiladas (Figura 6, B) se desenvolvem primeiro que
as estaminadas. O desenvolvimento das flores masculinas se dá juntamente com o
desenvolvimento dos frutos e das vespas. As flores pistiladas estão presentes em maior
número que as estaminadas e ambas estão dispersas por todo o interior da inflorescência, além
disso, estão intercaladas por bractéolas hialinas, geralmente menores do que as flores. As
flores pistiladas podem ser pediceladas e com estilete curto, onde as vespas geralmente
depositam seus ovos, e as sésseis com estilete longo, que são polinizadas e produzem frutos.
As flores pistiladas apresentam um único ovário, 1-locular, 1-ovular em posição subapical,
estilete único, lateral com estigma bífido (Figura 6, E-F). As flores estaminadas são sésseis ou
pediceladas e apresentam perianto com 2-5 tépalas, 1-2 estames, anteras dorsifixas, rimosas,
extrorsas, 2-tecas (Figura 6, G-H).
Berg (2003) denomina os frutos de Ficus de aquênios ou drupéolas (pequenas drupas).
Com a justificativa de serem morfologicamente peculiares, Carauta & Diaz (2002a) sugerem
chama-los de “sicocarpos”. Adotou-se neste trabalho a denominação de fruto drupáceo, com
exocarpo crustáceo e albúmen reduzido (Figura 6, I-J).
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G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
Figura 6: Morfologia das flores e frutos de Ficus: A. F. gomelleira,, corte longitudinal do sicônio, mostrando o
posicionamento das flores no interior da inflorescência. B. F. adhatodifolia,, corte longitudinal do sicônio,
evidenciando as flores pistiladas em fase receptiva ao grão de pólen. C-D.
C
F. luschnathiana,, corte longitudinal
lon
do
sicônio, detalhe das vespas no interior da inflorescência (setas). E-F.
E F. mariae,, E. flor pistilada com estilete curto; F.
flor pistilada com estilete longo. G. F. clusiifolia, flor estaminada com uma antera. H-I.
I. F. pulchella, H. flor
estaminada com duas anteras; I-J. F. mariae,
mariae fruto. (Fotos: G. Pelissari).
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G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
3.1.7. Polinização
O sicônio apresenta protogenia, ou seja, as flores pistiladas se desenvolvem antes das
estaminadas. Isso está relacionado ao tipo de polinização encontrada no gênero. As vespas
fêmeas, aladas, que vieram de outro sicônio, em fase masculina, são atraídas por substâncias
voláteis exaladas pelos sicônios (van-Noort et al. 1989, Ware et al. 1993). Essas vespas
adentram o sicônio através do ostíolo, na fase feminina ou fase receptiva do grão de pólen,
fase onde as orobrácteas estão flácidas, permitindo a entrada das vespas. Segundo Galil &
Eisikowitch (1968) e Pereira et al. (2000) muitas dessas vespas perdem asas ou antenas
durante o processo.
No interior do sicônio, as vespas fêmeas (Figura 6, C-D), que vieram de outros sicônios
em fase masculina, carregando grãos de pólen, polinizam as flores de estilete longo durante o
processo de ovoposição nas flores de estilete curto. Por não conseguirem sair após o processo,
essas vespas morrem no interior do sicônio (Pereira et al. 2000; Mendonça-Souza 2006). As
vespas se desenvolvem juntamente com as flores masculinas. As primeiras vespas a deixar o
interior dos ovário são os machos. Ao saírem se dirigem às flores onde estão as fêmeas, fazem
uma pequena abertura no ovário da flor e introduzem seu aparelho reprodutor por essa
abertura, para fecundar as vespas fêmeas. Após serem fecundadas e saírem do ovário das
flores, as fêmeas se dirigem às flores masculinas, e carregam grãos de pólen em “bolsas”,
estruturas especializadas localizadas na face ventral do tórax. Enquanto isso, os machos
perfuram a parede do sicônio ou o ostíolo, abrindo passagem para que as fêmeas possam sair.
Esse é o último trabalho dos machos, que morrem em seguida. As fêmeas, no entanto, saem
do sicônio carregando seus ovos e grãos de pólen e seguem em direção à outros sicônios para
dar continuidade ao processo. Cabe ressaltar que enquanto os machos não possuem asas e
olhos desenvolvidos as fêmeas possuem olhos bem desenvolvidos e são aladas.
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G. Pelissari 2012
MORFOLOGIA
Figueiras e vespas possuem um forte relação mutualística, apresentando alto grau de
especificidade entre a espécie de figueira e espécies de vespa polinizadora (Carauta & Diaz
2002a, Ronsted et al. 2005). Alguns estudos filogenéticos foram feitos para estimar a data da
origem da relação figo-vespa. Machado et al. (2001) obtiveram um intervalo de idade entre
75-100 milhões de anos, o que para Ronsted et al. (2005) é uma data superior ás evidências
fósseis disponíveis de Ficus, que datam de pelo menos 15 milhões de anos. O trabalho de
Ronsted et al. (2005), no entanto, sugere um período de tempo entre 60-70 milhões de anos
para a origem da associação figo-vespa.
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G. Pelissari 2012
TAXONOMIA
3.2. TAXONOMIA
3.2.1. Histórico taxonômico de Ficus
A história taxonômica de Ficus inicia-se em 1700, quando Tournefourt descreve o
gênero e seis espécies. Tournefourt não utilizava o sistema binomial para nomear as plantas,
tratando todas as espécies por Ficus americana, diferenciando-as por características da
inflorescência. Apesar de ter descrito o gênero pela primeira vez, a autoria de Ficus é aplicada
a Linnaeus, já que a obra Species Plantarum (1753) é considerada o ponto de partida para os
estudos nomenclaturais (Mcneill et al. 2006). Linnaeus descreve 7 espécies, entre elas F.
religiosa, F. pumila e F. carica, citada como primeira espécie e considerada como tipo para o
gênero.
Jussieu (1789) é quem faz a reunião dos grupos afins de Ficus, colocando-o na Ordo III
- Urticae, dividindo-a em dois grupos, separados pela disposição das flores na inflorescência.
Ficus é apresentado como um gênero no grupo das plantas com flores dispostas em
receptáculos involucrados, ao lado de Ambora Juss., Dorstenia L., Hedycaria Forst L.f. e
Perebea Aubl.
Em 1826 Gaudichaud dividiu Urticeae, proposta por Jussieu (1789), em cinco tribos ou
subfamílias. Utilizando caracteres relacionados à posição do óvulo e do embrião para propor
esta divisão, o autor posiciona Ficus no grupo que apresenta óvulos apicais ou laterais e
embrião curvo. Este grupo é subdividido em Broussonetieae, Cannabineae, Celtideae,
Dorstenieae, Ficeae (incluindo somente Ficus) e Moreae.
Miquel (1847) propõe uma nova classificação para Ficus, dividindo-o em sete gêneros:
Urostigma, Pharmacosycea, Pogonotrophe, Sycomorus, Ficus, Covellia e Synoecia.
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G. Pelissari 2012
TAXONOMIA
Urostigma é o único subdividido em três subgêneros: Genuinae, Americanae e Oreosycea. Os
subgêneros Urostigma e Pharmacosycea são citados para as Américas e os demais referidos
para África e Ásia. Os caracteres utilizados por Miquel para separar os gêneros estão
relacionados principalmente com a estrutura da inflorescência, como quantidade de brácteas,
presença de flores uni ou bissexuadas e estrutura do perianto das flores.
Em 1851 Liebmann, num estudo sobre a Ordo Urticaceae do México e América Central,
utilizou as subdivisões propostas por Gaudichaud (1826) e a apresentou dividida em quatro
famílias: Artocarpeae, Moreae, Urticeae e Ulmaceae. Ficus e suas espécies foram incluídas na
família Artocarpeae, tribo Ficeae e descritas nos gêneros Pharmacosycea e Urostigma.
Seis anos após sua primeira proposta, Miquel (1853) na Flora brasiliensis considerou
Urticae de Jussieu como Ordo Urticineae, dividida em quatro Subordos: Artocarpeae,
Cannabineae, Ulmaceae e Urticeae. Artocarpeae é composta de duas tribos Artocarpeae e
Moreae. Miquel utilizou caracteres de posição dos estames no botão floral para separação das
tribos: retos para Artocarpeae e curvos em Moreae. Nas subtribos de Artocarpeae ele utilizou
caracteres referentes à posição do óvulo, podendo ser subapical e anátropo (Brosimeae,
Euartocarpeae, Ficeae, Olmedieae e Soroceae), lateral e semi-anátropo (Pouroumeae), ou
ainda, basal e ortótropo (Conocephaleae). Para a subtribo Ficeae, Miquel seguiu seu sistema
de classificação de 1847, onde as espécies brasileiras foram incluídas nos gêneros
Pharmacosycea e Urostigma.
Bureau (1873) propôs a subdivisão das Urticae, de Jussieu (1789), em Artocarpaceae,
Cannabineae, Moraceae, Ulmaceae e Urticaceae. O autor utilizou caracteres das estruturas
reprodutivas, como tipo e posição dos óvulos, formato e sexo das inflorescências, disposição
das flores e diferenças nos verticilos florais, para organização das tribos. Ficus foi mantido na
tribo Ficeae, em Artocarpaceae, juntamente com Sparattosyce Bureau.
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G. Pelissari 2012
TAXONOMIA
Bentham & Hooker (1880) apresentaram em seu sistema de classificação Urticaceae
subdividida em oito tribos: Artocarpeae, Cannabineae, Celtidae, Conocephaleae, Moreae,
Thelygoneae, Ulmeae e Urticeae. Os autores utilizaram, para essa divisão, caracteres de
posição e tipo do óvulo e tipo de inflorescência e flor. Ficus manteve-se posicionado em
Artocarpeae. Esta tribo é dividida em quatro subtribos: Brosimeae, Euartocarpeae, Ficeae e
Olmedieae. Os gêneros Ficus e Sparattosyce foram mantidos em Ficeae, sendo que
Sparattosyce é um gênero monoespecífico e restrito a Nova Caledônia. Os autores ainda
sugeriram as subdivisões de Ficus nos subgêneros Covellia, Eusyce, Pharmacosycea,
Synoecia e Urostigma, com base nas características florais, principalmente número de tépalas
e estames.
Engler (1889), em seu sistema de classificação considerou Urticaceae, senso Bentham
& Hooker (1880), como três famílias distintas: Moraceae, Ulmaceae e Urticaceae. Moraceae é
dividia em quatro subfamílias: Artocarpoideae, Cannaboideae, Conocephaloideae e
Moroideae. Moroideae é subdivida em cinco tribos: Brossonetieae, Dorstenieae, Fatoueae,
Moreae, Strebleae e Artocarpoideae, sendo esta última subdividida em quatro tribos,
Brosimeae, Euartocarpeae, Ficeae e Olmedieae. Ficus e Sparattosyce são mantidas na tribo
Ficeae.
Corner (1958) sugeriu uma nova classificação para Ficus subdividindo-o em três
subgêneros: Ficus, Urostigma e Sycomorus. Em 1962, propõe nova classificação para
Moraceae, dividindo-a em seis tribos, com base em caracteres como o formato e o sexo e
disposição das flores na inflorescência: Moreae, Artocarpeae, Olmedieae, Brosimeae,
Dorstenieae e Ficeae. A partir daí, Ficeae passa a ser uma tribo monogenérica com a
transferência de Sparatosyce da tribo Ficeae para Olmedieae.
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G. Pelissari 2012
TAXONOMIA
As classificações para Ficus propostas por Corner em 1958 e 1962, serviram de base
para as divisões propostas por outros autores, como por exemplo Berg (1973, 1978, 1989a,
1989b, 2003). Berg (1973) reduziu Moraceae a apenas quatro tribos: Ficeae (Ficus),
Dorstenieae (incluindo Brosimeae), Moreae (incluindo Artocarpeae) e Olmedieae, utilizando,
para delimitação das tribos, os mesmos conceitos de Corner (1962).
Cronquist (1981, 1988) baseado em caracteres vegetativos e reprodutivos, como
disposição e forma das folhas e caracteres das inflorescências, flores e óvulos, classificou a
família Moraceae na Ordem Urticales.
Baseando-se em características da inflorescência, sexo e disposição das flores, Berg
(1989b) propõe uma nova classificação para Moraceae, dividindo-a em cinco tribos:
Artocarpeae, Castilleae, Dorstenieae, Ficeae e Moreae, onde Ficeae é composta apenas pelo
gênero Ficus, subdividido em cinco subgêneros: Ficus, Pharmacosycea (que inclui as seções
Oreosycea e Pharmacosycea), Sycidium, Sycomorus e Urostigma (incluindo as seções
Galoglychia, Malvanthera e Urostigma).
Em 2003 Berg, utilizando os conceitos propostos por Corner (1962) e as análises
filogenéticas de Weiblen (2000) propõe a subdivisão de Ficus em seis subgêneros: Ficus,
Sycidium, Synoecia, Sycomorus, Urostigma e Pharmacosycea. Estudos moleculares recentes
(Weiblen 2000, Datwyler & Weiblen 2004) têm mantido a tribo Ficeae como grupo
monofilético e monogenérico (Tabela 3).
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como tribo ou equivalente)
FAMÍLIA1
AUTOR
TRIBO2
GÊNEROS
Jussieu (1789)
Urticaceae
Gaudichaud (1826)
Urticaceae
Ficeae
Ficus
Liebmann (1851)
Artocarpeae
Ficeae
Pharmacosycea,
Urostigma, Ficus
Miquel (1853)
Urticineae
Artocarpeae
subtribo Ficeae
Pharmacosycea,
Urostigma, Ficus
subfamília Artocarpeae
G. Pelissari 2012
Tabela 3: Posicionamento de Ficus nos principais sistemas de classificação de Moraceae. (1. Descrita como família ou equivalente; 2. Descrita
SUBGÊNEROS
Ficus
Bureau (1873)
Artocaraceae
Ficeae
Ficus, Sparattosyce
Bentham & Hooker (1880)
Urticaceae
Ficeae
Ficus, Sparattosyce
Engler (1889)
Moraceae
Ficeae
Ficus, Sparattosyce
Covellia, Eusyce, Pharmacosycea,
Synoecia, Urostigma
Subfamília Artocarpoideae
Moraceae
Ficeae
Ficus, Sparattosyce
Ficus, Sycomorus, Urostigma
Corner (1962)
Moraceae
Ficeae
Ficus
Berg (1989b)
Moraceae
Ficeae
Ficus
Ficus, Pharmacosycea, Sycidium,
Sycomorus, Urostigma
Berg (2003)
Moraceae
Ficeae
Ficus
Ficus, Pharmacosycea, Sycidium,
Sycomorus, Synoecia, Urostigma
TAXONOMIA
Corner (1958)
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G. Pelissari 2012
TAXONOMIA
Quanto à filogenia do grupo a primeira análise filogenética molecular de Ficus (Herre
et al. 1996) incluía apenas 15 espécies. Esse estudo foi baseado na sequencia rbcL de
plastídeo e sequencia de tRNA. Estudo feito por Weiblen (2000) baseado em seqüências ITS
e morfologia, incluiu 46 espécies de Ficus, sendo a maioria de espécies dióicas. Jousselin et
al. (2003) usou uma combinação de dados ITS (internal transcribed spacer) e ETS (external
transcribed espacer) da região rbcL de DNA de cloroplasto, para 41 espécies de Ficus, e
incluiu representantes da maioria das seções de Ficus.
Mesmo com o avanço dos estudos de filogenia do grupo (Sytsma et al. 2002, Datwyler
& Weiblen 2004, Ronsted et al. 2008) e do grande número de trabalhos taxonômicos, Ficus
ainda possui muitos problemas nomenclaturais, particularmente devido à diferença de
posicionamento entre os autores quanto à circunscrição das espécies.
Atualmente a classificação proposta por Berg (2003) para a organização das espécies
em seis subgêneros é a mais aceita. No Brasil as espécies nativas de Ficus estão incluídas nos
subgêneros Pharmacosycea e Urostigma (Romaniuc Neto et al. 2010).
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
4. TRATAMENTO TAXONÔMICO DAS ESPÉCIES DE FICUS DA SERRA DA MANTIQUEIRA
O presente capítulo segue as normas de publicação previstas no manual de instruções para
elaboração de artigos da Revista Rodriguésia, exceto pelo material examinado, ao qual se optou
por apresentar todos os materiais analisados. Por estarem férteis, com sicônios em distintos
estágios de desenvolvimento, não foi indicada a fase fenológica junto ao voucher.
Ficus L. (Moraceae) da Serra da Mantiqueira, Brasil1
Ficus L. (Moraceae) from Mantiqueira Ridge, Brazil.
Gisela Pelissari2,3 & Sergio Romaniuc Neto2
1
Parte da dissertação de mestrado apresentada pela primeira autora ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Meio
Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo. Bolsista do CNPq e apoio do PNADB/Capes.
2
Instituto de Botânica – IBt –Núcleo de Pesquisa da Curadoria do Herbário SP, Caixa Postal 3005 – CEP 01031-970, São Paulo,
SP, Brasil.
3
Autor para correspondência: [email protected]
Resumo
A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas localizada na região sudeste do Brasil.
Encontra-se entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, se estendendo pelos quatro estados
da região, sendo que sua maior porção está no estado de Minas Gerais e a menor no
Espírito Santo, na Serra do Caparaó. Ficus da Mantiqueira reuniu o exame de materiais
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
depositados em 18 herbários brasileiros, principalmente os da região sudeste, além de
coletas e observações das populações na natureza. São apresentadas descrições,
observações sobre fenologia e distribuição geográfica, categorias de conservação,
comentários e ilustrações. Foram encontradas na região 25 espécies de Ficus, 17 nativas e
oito exóticas. São descritas, nesse trabalho as espécies nativas, dentre as quais seis
encontram-se em perigo, devido à fragmentação do habitat e interferência antrópica.
Palavras-chave: Ficus, taxonomia, conservação, Serra da Mantiqueira.
Abstract
Mantiqueira Ridge is a mountain chain located in southeastern Brazil. It is located between
the Atlantic Forest and Cerrado biomes, extending to four states in the region, with its
major portion in Minas Gerais State and the minor one in Espírito Santo State, in Caparaó
Ridge. Ficus from Mantiqueira is the result of the examination of materials deposited in 18
Brazilian herbaria, especially the southeast, as well as collections and observations of
populations in nature. Descriptions, comments on phenology and geographic distribution,
conservation categories, comments and illustrations are presented. We found 25 species of
Ficus, being 17 native and eight exotic. Native species are described here, which six of
them are considered endangered due to habitat fragmentation and anthropogenic
interference.
Keywords: Ficus, taxonomy, conservation, Serra da Mantiqueira.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
INTRODUÇÃO
Após extenso levantamento bibliográfico notou-se que há poucos e incompletos trabalhos
sobre Moraceae, principalmente de Ficus, para a região da Serra da Mantiqueira, causando
lacunas em seu conhecimento e consequentemente comprometendo sua conservação. Por estar
em uma região entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado e em vista do quadro de ocupação
desordenada ao longo da história da Serra da Mantiqueira, o presente trabalho poderá contribuir
para que políticas de conservação possam ser implementadas na região.
São descritas as espécies, apresentadas a distribuição, comentários sobre o habitat e estado
de conservação sugerido para a Mantiqueira, além de realizar estudos visando o esclarecimento
de problemas morfológicos e taxonômicos do gênero.
O estudo taxonômico e de distribuição geográfica de Ficus é fundamental para a
viabilização das políticas de conservação que incluam espécies de Moraceae. A família é
frequentemente citada como importante na composição da flora, particularmente nas florestas, e o
reconhecimento das espécies de Ficus da Mantiqueira poderá servir para resguardar espécies
importantes para a restauração e reabilitação da biodiversidade vegetal.
MATERIAL E MÉTODOS
A Serra da Mantiqueira é uma cadeia de montanhas localizada entre os estados de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Frente à complexidade e divergência na
delimitação da Serra da Mantiqueira observada na literatura, optou-se por adotar a delimitação
proposta por Machado-Filho et al. (1983), incluindo os limites apresentados por CETEC (1983)
40
G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
para a porção norte e os prolongamentos descritos por Várzea (1942) para a porção sul. Quanto
aos limites leste-oeste foram consideradas todas as áreas adjacentes a linha norte-sul, levando-se
em consideração menções, em diferentes trabalhos, na Serra da Mantiqueira (Colabardini 2003,
Lima 2008, Garcia Junior 2011). Foram acrescentadas à essa delimitação cidades limítrofes que
fazem parte de áreas protegidas na Serra da Mantiqueira. Desta forma a região, como acima
descrita e com delimitação específica para este trabalho, será denominada para fins de praticidade
de Mantiqueira.
Foram realizadas viagens de coleta entre dezembro de 2010 e outubro de 2011 às áreas da
Mantiqueira. Todo o material coletado foi processado de acordo com os métodos usuais em
taxonomia (Fidalgo & Bononi 1989, Mori et al. 1989) e depositado no herbário do Instituto de
Botânica de São Paulo (SP). Os materiais dos herbários visitados (BHCB, CESJ, ESA, GUA,
GFJP, HRCB, HXBH, IAC, INPA, PAMG, PMSP, R, RB, SP, SPF, SPSF, UEC, VIC) serviram
de base para a análise do material de Ficus para a região da Mantiqueira. Os caracteres
morfológicos segue as terminologias apresentadas por Lawrence (1971), Radford et al. (1974) e
Mello-Filho et al. (2001). Foi considerada apenas a variação morfológica observada nos
exemplares provenientes da área de estudo, exceto em espécies com poucos materiais, onde
foram utilizados materiais adicionais de localidades próximas, para complementação da
descrição. Apenas as espécies nativas foram inventariadas. A análise da distribuição geográfica
das espécies foi realizada com base nos dados obtidos a partir das etiquetas de herbário, bom
como através dos dados da literatura, principalmente Carauta (1989), Berg & Simonis (2000) e
Beg & Villavicencio (2004). Foi elaborado um mapa de quadrículas da área de estudo, utilizando
o programa ArcGis versão 9.3 (ESRI 2008), para a discussão sobre a distribuição geográfica das
espécies ocorrentes na Mantiqueira, com base nas delimitações propostas por Machado-Filho et
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
al. (1983), CETEC (1983) e Várzea (1942), juntamente com as cidades limítrofes que fazem
parte de áreas protegidas na Mantiqueira. Para a discussão da ocorrência das espécies foi adotado
o sistema de classificação da vegetação proposto por Veloso et al. (1991) além de dados sobre
vegetação encontrados em CETEC (1983) e Machado-Filho (1983). Foi verificada a ocorrência
das espécies em unidades de conservação na Mantiqueira, municipais, estaduais e federais, além
de áreas particulares. As categorias de conservação foram estabelecidas de acordo com os
critérios da IUCN (apud Carauta et al. 2001), atualizados por IUCN (2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ficus está representado na Mantiqueira por 17 espécies. Dentre as formações vegetais a
floresta ombrófila densa apresentou oito espécies, a floresta estacional semidecidual 16, a floresta
ombrófila mista apresentou duas e cerrado apresentou duas espécies. Além disso, de acordo com
as categorias propostas pela IUCN (apud Carauta et al. 2001), atualizados por IUCN (2011),
quatro espécies encontram-se vulneráveis (VU), uma se encontram em perigo (EN) e uma está
criticamente em perigo (CR).
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Ficus L., Sp. Pl. 1059. 1753.
Árvores ou hemiepífitas, monóicas; látex leitoso, branco a creme, ralo ou espesso; ramos
castanho-acinzentados a castanho-avermelhados, glabros a tomentosos, indumento de tricomas
alvos, ferrugíneos a avermelhados. Estípulas terminais, completamente amplexicaules, caducas,
raro persistentes, verdes a avermelhadas ou castanho-amareladas a vináceas, quando secas; faces
ventral e dorsal glabra a pubescente. Folhas simples, inteiras, alternas-espiraladas, pecioladas;
glândulas acropeciolares ou baselaminares. Lâminas elípticas, oblongas, obovadas ou ovadas,
ápice acuminado, agudo, arredondado ou retuso, base cuneada, aguda, obtusa, truncada,
arredondada, retusa, cordada a subcordada, margem inteira, cartácea ou coriácea, glabras ou
pubescentes, macias ou escabras; nervação broquidódroma, nervuras na face abaxial
proeminentes ou planas; pecíolo com epiderme persistente ou esfoliada. Sicônios com anisostilia,
axilares, solitários ou aos pares, sésseis a pedunculados, globosos, oblongos ou piriformes, lisos
ou verrucosos, verdes a verde-amarelados, verdes a violáceos na maturação, máculas brancas,
creme, alvo-esverdeadas, amareladas castanho-escuro ou vináceas, glabros ou pubescentes;
ostíolo plano, proeminente, crateriforme, circular a triangular; orobrácteas externas 2-7,
imbricadas; epibrácteas 2-3, faces ventral e dorsal glabra a pubescente; bractéolas numerosas,
hialinas, alvas. Flores estaminadas sésseis a pediceladas, tépalas 2-5, hialinas, livres ou adnatas
na base, cuculadas, alvas, alvo-amareladas, alaranjadas ou rosadas, estames 1-2, anteras rimosas,
2-tecas, dorsifixas; flores pistiladas, sésseis a pediceladas, tépalas 3-5, hialinas, livres ou
levemente adnatas na base, cuculadas, alvas, alvo-amareladas, alaranjadas ou rosadas, ovário
súpero, 1-locular, 1-ovular, estilete 1, inteiro, lateral, estigma bífido, plumoso ou liso, decurrente
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
ou reto. Drupas globosas a ovais, exocarpo membranáceo. Sementes 1, alvo-amarelada a
alaranjada, endosperma crustáceo.
Ficus compreende ca. 800 espécies, predominantemente tropicais. Para a região neotropical
ocorrem ca. 100-120 espécies. No Brasil encontram-se 76 espécies (Romaniuc Neto et al. 2010)
sendo 69 incluídas na seção Americana do subgênero Urostigma e 7 na seção Pharmacosycea do
subgênero Pharmacosycea. Na região da Mantiqueira foram encontradas 25 espécies, sendo oito
exóticas e 17 nativas. Das nativas, 14 estão incluídas na seção Americana do subgênero
Urostigma (F. arpazusa Mill., F. castellviana Dugand, F. clusiifolia Schott, F. eximia Schott, F.
gomelleira Kunth, F. guaranitica Chodat, F. hirsuta Schott, F. lagoensis C.C. Berg & Carauta, F.
luschnathiana (Miq.) Miq., F. mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, F. mexiae Standl., F.
obtusifolia Kunth, F. organensis (Miq.) Miq. e F. trigona L.f.) e três na seção Pharmacosycea do
subgênero Pharmacosycea (F. adhatodifolia Schott, F. obtusiuscula (Miq.) Miq. e F. pulchella
Schott).
Chave para identificação das espécies de Ficus da Mantiqueira
1. Sicônios solitários.
2.
Pecíolos 2-7 cm compr., epiderme do pecíolo persistente; ostíolo proeminente
.................................................................................................................... 1. F. adhatodifolia
2´. Pecíolos 1-1,5 cm compr., epiderme do pecíolo esfoliada; ostíolo plano ..... 16. F. pulchella
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
1´. Sicônios aos pares.
3. Ostíolo crateriforme.
4. Ostíolo triangular ......................................................................................... 17. F. trigona
4´. Ostíolo circular.
5. Estípulas glabras; lâminas de ápice acuminado; 6-9 pares de nervuras secundárias
................................................................................................................. 2. F. arpazusa
5´. Estípulas hirsutas; lâmina de ápice agudo a levemente cuspidado; 11-14 pares de
nervuras secundárias ................................................................................ 11. F. mariae
3´. Ostíolo plano a proeminente.
6. Folhas pilosas.
7. Lâminas 2,5-5 cm compr., base aguda a arredondada ............................... 8. F. hirsuta
7´. Lâminas 6-26 cm compr., base truncada ou cordada.
8. Base da lâmina truncada; sicônios sésseis ........................................ 9. F. lagoensis
8´. Base da lâmina cordada; sicônios pedunculados.
9. Ostíolo plano sem anel circular; pedúnculos 1-4 mm compr.; folhas, estípulas e
sicônios com tricomas avermelhados ....................................... 3. F. castellviana
9´. Ostíolo plano com anel circular; pedúnculos 6-13 mm compr.; folhas, estípulas
e sicônios com tricomas ferrugíneos .......................................... 6. F. gomelleira
6´. Folhas glabras.
10. Sicônios piriformes a oblongos.
11. Lâminas oblongas, ápice acuminado, base cordada; sicônios piriformes, ostíolo
plano .......................................................................................... 7. F. guaranitica
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
11´. Lâminas obovadas, ápice arredondado, base aguda a cuneada; sicônios
oblongos, ostíolo proeminente .................................................. 13. F. obtusifolia
10´. Sicônios globosos.
12. Sicônios séssies.
13. Estípulas caducas; lâminas elípticas a oblongas, ápice agudo a acuminado,
base aguda a obtusa; ostíolo plano sem anel circular ... 10. F. luschnathiana
13´. Estípulas persistentes; lâminas obovadas a oblanceoladas, ápice
arredondado, acuminado a obtuso, base arredondada a hastado-cordada;
ostíolo plano com anel circular ............................................... 12. F. mexiae
12´. Sicônios pedunculados.
14. Lâminas obovadas, ápice arredondado, base arredondada ... 4. F. clusiifolia
14´. Lâminas elípticas a oblongas, ápice agudo, acuminado a cuspidado, base
aguda, cordada a truncada.
15. Estípulas 27-45 mm compr.; estames 2 ................... 14. F. obtusiuscula
15´. Estípulas até 25 mm compr.; estame 1.
16. Lâminas elípticas a oblongas, ápice acuminado a cuspidado, base
cordada, subcordada a truncada; sicônios com máculas cremes,
ostíolo proeminente ...................................................... 5. F. eximia
16´. Lâminas elípticas a ovais, ápice agudo, base aguda; sicônios com
máculas vináceas, ostíolo plano .......................... 15. F. organensis
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
1. Ficus adhatodifolia Schott in Sprengel, Syst. Veg., ed. 16. v. 4 (2, App.): 409. 1827.
Nomes populares: figueira branca, figueira de barranco, figueira vermífuga.
Prancha 1: A-F.
Figura 8: A.
Anexo I: 1.
Árvores 8-25 m alt.; látex branco, espesso; ramos 3-7 mm diâm., castanho-acinzentados,
glabros. Estípulas 1,5-5 cm compr., caducas, verde-claro, castanho-esverdeadas quando secas,
glabra em ambas as faces. Lâminas elípticas a oblongas, 6,5-26,5 x 4,5-14 cm, cartáceas a
coriáceas, ápice agudo a levemente acuminado, base aguda a levemente truncada, face adaxial
glabra a pubérula, tricomas alvo-esverdeados, macia a escabra, face abaxial pubérula, tricomas
alvo-esverdeados, macia a escabra; 11-16 pares de nervuras secundárias, levemente proeminentes
na face abaxial; pecíolos 2-7 cm compr., glabros, epiderme persistente, par de glândulas
baselaminares. Sicônios solitários, globosos, 1,5-2,7 cm diâm., lisos, glabros a pubérulos,
tricomas alvo-esverdeados, macios a levemente escabros, verdes, castanho-escuros quando secos,
máculas alvo-esverdeadas; pedúnculos 5-14 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas alvoesverdeados; ostíolo proeminente, circular, 2-3 mm diâm.; orobrácteas externas 5-7; epibrácteas
3, face ventral glabra, face dorsal glabra a pubérula, tricomas alvo-esverdeados. Flores
estaminadas pediceladas: tépalas 5, livres, alvas a rosadas, estames 2; flores pistiladas: tépalas 5,
livres, alvas a rosadas, estigma liso, reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
F. adhatodifolia é frequentemente confundida com Ficus insipida Willd.(Anexo I, 2). Para
Berg & Villavicencio (2004), F. adhatodifolia apresenta estípula até 4,5 cm compr., em alguns
casos até 6 cm (podendo chegar a 9 cm), lâmina pilosa e escabra e distribuição no leste do Brasil
e algumas regiões amazônicas, como nos estados do Mato Grosso e Pará e na Bolívia, enquanto
que F. insipida apresenta estípula de 4,5-5 cm compr. e lâminas glabras e macias com
distribuição amazônica estendendo-se até a América Central, não ocorrendo no leste do Brasil.
Ainda, Carauta & Diaz (2002a) apresentam como característica importante a coloração das flores
no interior do sicônio, rosadas em F. adhatodifolia e alvas em F. insipida.
Os caracteres apontados por Berg & Villavicencio (2004) e Carauta & Diaz (2002a) não
são suficientes na separação dos táxons, uma vez que o material estudado para a Mantiqueira
apresenta sobreposição no tamanho das estípulas, variação na coloração das flores e no
indumento da lâmina foliar.
Através da análise da arquitetura foliar dos materiais tipo de ambas as espécies, com base
no trabalho de Ash (1999), foi possível notar que as nervuras secundárias em F. insipida são
intramarginais (as nervuras secundárias terminam paralelas a uma nervura marginal), o que não
ocorre em F. adathodifolia, onde as nervuras são arqueadas, não apresentando uma nervura
marginal. Nenhum material estudado da Mantiqueira apresentou lâminas com venação
intramarginal. Essa característica, aliada a distribuição geográfica dos táxons onde, F.
adathodifolia se distribui principalmente no leste do Brasil, do Ceará a Argentina e Bolívia,
passando por Goiás, Distrito Federal a Mato Grosso, enquanto que F. insipida ocorre na região
amazônica desde a bacia amazônica até a América Central, perrmitem a separação das espécies.
Portanto, aceitamos os caracteres descritos por Carauta & Diaz (2002a) e Berg &
Villavicencio (2004) como variações do táxon e, nesse tratamento taxonômico, utilizamos as
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
características da venação foliar e os dados de distribuição geográfica para a separação de F.
insipida e F. adhatodifolia, sendo o primeiro de distribuição amazônica e o segundo encontrado
no leste da América do Sul, incluindo a Mantiqueira.
Distribuição geográfica: ocorre no leste do Brasil, estendendo-se ao Paraguai, Argentina e
Bolívia. Na Mantiqueira: B5, B6, B7, C5, C6, D2, D3, D4, D5 e E2. Habita floresta ombrófila
densa submontana e montana, floresta estacional semidecidual submontana e montana, floresta
ombrófila mista e mata ciliar. Em locais sombreados, em altitudes que variam de 390 a 1000 m.
Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de janeiro a maio, julho e de setembro
a dezembro. Vários materiais apresentaram vespas negras e galhas de vespas no interior dos
sicônios.
Etimologia: o epíteto refere-se à semelhança das folhas com as do gênero Adhatoda da
família Acanthaceae (Carauta & Diaz 2002a)
Conservação: categoria proposta (LC). Apesar de ter poucos registros em áreas de
conservação é uma espécie de ampla distribuição na Mantiqueira.
Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Fazenda Cachoeira Alegre,
13.IX.2000, E. A. Costa 73 (RB); Três Estados, 12.X.2000, E. A. Costa 84 (RB). MINAS
GERAIS: Carangola, Serra do Papagaio, I.1997, L. S.Leoni 3585 (GFJP, GUA). Dores do Turvo,
15.X.2001, J. P. D. Heleno 133 (GFJP). Olaria, Estrada Rio Preto, 10.XI.2003, F. R. G.Salimena
1111 & P. H. Nobre (CESJ). Rio Doce, Estrada entre Rio Doce e Santana do Deserto, 16.X.1997,
I. Cordeiro 1661 (SP). Viçosa, 19.I.1931, Y. Mexia 4740 (VIC); Campus da UFV, 14.III.1995, E.
Santos 1 (VIC); 3.IX.2007, P. P. Souza 203 (GFJP, R, VIC); 11.III.2008, P. P. Souza 242 (R,
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari 189 et al. (SP); Escola Superior de Agricultura de Viçosa, 5.
XI.1934, J. G. Kuhlmann s.n. (SP 293380, VIC); Mata do Paraíso, 30.III.1995, E. Santos 2
(VIC); 16.V.2007, fr. P. P. Souza 177 (GFJP, R, RB, VIC); Palmital, 26.IX.2007, P. P. Souza
198 (GFJP, VIC); Paula Cândido, 7.XII.1993, M. F. Vieira 813 (SP, VIC); Sítio Bonsucesso,
17.I.1008, P. P. Souza 232 (GFJP, R, VIC); Sítio Santo Antônio, 26.VII.2007, P. P. Souza 185
(GFJP, VIC). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, Distrito de Penedo, 23.III.2002, P. P. Souza 145 (R,
RB); 30.IV.2003, P. P. Souza 156 (R); 17.II.2011, G. Pelissari 202 et al. (SP); 17.II.2011, G.
Pelissari 203 et al. (SP); 17.II 2011, G. Pelissari 204 et al. (SP). SÃO PAULO: Bragança
Paulista, Mato Dentro, 4.VI.1946, M. Kuhlmann 1366 & P. Gonçalves (SP). Monte Alegre do
Sul, Bairro do Lambedor, 23.VII.1949, fr. M. Kuhlmann 1830 & E. Kühn (SP).
Pindamonhangaba, Fazenda São Sebastião do Ribeirão Grande, 18.VII.1999, S. A. Nicolau 1753
et al. (SP). Roseira, ca. 5-10 km da margem direita do rio Paraíba do Sul, à direita da rodovia
Presidente Dutra, 20.I.1995, S. Romaniuc Neto 1409 et al. (SP). São Paulo, Parque Estadual do
Jaraguá, Trilha do Mauro, 4.XII.2007, F. M. Souza 1031 et al. (SPSF). Serra Negra, Serra Negra,
22.XI.1991, F. Barros 2351 & S. A. C. Chiea (SP).
2. Ficus arpazusa Casar., Nov. Stirp. Bras. 15. 1842.
Nomes populares: mata pau.
Prancha 1: N-R.
Figura 8: B.
Anexo I: 3-4.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Árvores ou hemiepífitas 4-10 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-5 mm diâm., castanhos,
glabros. Estípulas 4-16 mm compr., caducas, vináceas, glabras em ambas as faces. Lâminas
elípticas, 4,5-13 x 2,5-6,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice acuminado, base cuneada, obtusa a
arredondada, glabra em ambas as faces, macia; 6-9 pares de nervuras secundárias, planas na face
abaxial; pecíolos 1-4,5 cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios
aos pares, globosos, 1-1,7 cm diâm., lisos, glabros, macios, verdes, castanhos quando secos,
máculas alvo-esverdeadas; pedúnculos 5-10 mm compr., glabros; ostíolo crateriforme, circular,
3-5 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores
estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres, alvo-alaranjadas quando secas, estame 1; flores
pistiladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estigma plumoso, decurrente
ou reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas.
Há três binômios frequentemente confundidos com F. arpazusa: F. guaranítica Chodat, F.
pertusa L.f. e F. eximia Schott. F. guaranitica é tratada por Berg & Villavicencio (2004) como
sinônimo de F. citrifolia Mill. (Anexo I, 5), sendo descrito com folhas de base cordada, sicônios
globosos a obovoides e ostíolo plano a levemente proeminente. Carauta (1989) aceita as quatro
espécies, citando F. glabra ao invés de F. eximia e F. arpazusa como um dos sinônimos de F.
citrifolia. No entanto, Berg & Villavicencio (2004) tratam F. arpazusa como sinônimo de F.
pertusa, utilizando o termo “arpazusa-form” para os materiais do leste brasileiro que apresentam
sicônios entre 1 e 1,5 cm diâm. e ostíolo crateriforme.
Na lista de espécies de Moraceae do Brasil, Carauta et al. (1996) utiliza o binômio F.
arpazusa, não citando F. citrifolia. Isso é observado, também, em suas obras subsequentes
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
(Carauta et al. 2001, Carauta & Diaz 2002a) e em outros trabalhos taxonômicos sobre Ficus
(Leoni et al. 2005, Souza 2009, Pederneiras 2011).
Tanto F. citrifolia quanto F. arpazusa foram validamente publicadas. No entanto,
verificou-se que os tipos de ambas as espécies são diferentes onde, F. citrifolia apresenta folhas
ovais de base subcordada, enquanto F. arpazusa apresenta folhas ovais a ovada-elípticas com
base arredondada. Além disso, os protólogos contêm informações a respeito do sicônio:
receptáculos axilares, globosos umbilicados em F. arpazusa, e frutos roxos, pequenos em F.
citrifolia.
Neste tratamento taxonômico adotamos como nome ocorrente na Mantiqueira F. arpazusa
por apresentar sicônio globoso com ostíolo crateriforme e lâminas elípticas com base
arredondada, após avaliar as informações contidas no protólogo e examinar o material tipo da
espécie depositado no herbário de Torino (TO), Itália.
Na Mantiqueira ocorrem três das quatro espécies citadas no início, diferenciadas,
principalmente, pelas características das inflorescências: F. arpazusa apresentando sicônio
globoso com ostíolo marcadamente crateriforme, F. eximia com sicônio globoso e ostíolo
proeminente e F. guaranitica, que apresenta sicônio piriforme e ostíolo plano a levemente
proeminente.
Distribuição geográfica: ocorre em Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro. Na Mantiqueira: A7, B5, B6, B7, C3, C4, C5, C6, D4, E2: encontrada em floresta
ombrófila densa submontana, montana e alto-montana e floresta estacional semidecidual
submontana e montana, crescendo em fissuras de rochas e em pleno sol, em altitudes que variam
de 340 a 920 m.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Fenologia: coletada com sicônio durante todo o ano. Foi observada a presença de vespas
negras e galhas de vespas no interior dos sicônios.
Etimologia: Segundo Carauta & Diaz (2002a) o epíteto pode estar associado à palavra
grega harpazo que, em princípio, significa arrancar. Ou, como por motivos religiosos, pode
também significar enlevo ou êxtase.
Conservação: categoria proposta: LR. Possui registros em áreas protegidas, particulares e
em áreas não protegidas, além de possuir ampla distribuição na Mantiqueira.
Material examinado: MINAS GERAIS: Araponga, na entrada de uma fazenda, 8.VI.1995, L. S.
Leoni 2957 & B. Cosenza (GFJP). Baependi, Toca dos Urubus, 1.III.2005, F. M. Ferreira 858
(CESJ, HUEFS). Barroso, mata do Baú, 15.XII.2001. L. C. S. Assis 412 & M. S. Magalhães
(CESJ, ESAL, GUA, VIC); 5.IV.2003, L. C. S. Assis 785 & M. S. Magalhães (MBM, SPF).
Carangola, Belvedere, 1.IX.1990, L. S. Leoni s.n. (GUA 37914); Córrego Alvorada, 1.IX.1990, L.
S. Leoni 1214 (GFJP); Fazenda Antônia, área de impacto ambiental da PCH, 10.VIII.2000, S. L.
S. Faria 39 (GFJP); Fazenda Montes, 1.II.1990, L. S. Leoni s.n. & A. M. Leoni (GFJP 1054);
Fazenda Orita, perto da represa, 3.II.2009, F. Marcolino 47 (GFJP); Fazenda Santa Clara, ao lado
do rio Carangola, 1.IV.2000, B. E. Diaz 417 (GFJP); Fazenda Santa Rita, 25.I.1993, L. S. Leoni
2067 & J. P. P. Carauta (GFJP); VIII, 1997, L. S. Leoni 3701 (GFJP); Fazenda Ventania, área
PCH Carangola, 10.VIII.2006, M. F. B. Silva 135 (GFJP); Serra da Alvorada, passarela,
7.VII.2009, F. Marcolino 37 (GFJP); Serra da Grama, Fazenda Neblina, P.E.S.B., 17.XI.1999, L.
S. Leoni 4282 (GFJP); Lado direito da estrada, em direção à Fazenda Neblina, 17.XI.1999, L. S.
Leoni 4288 (GFJP).Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 18.I.1985, P. M. Andrade 603 &
M. A. Lopes (BHCB). Coronel Pacheco, Estação Experimental, 13.XII.1944, E. P. Heringer 1694
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
(SP); Estrada MG-133, 26.V.1983, J. R. Pirani 670 & O. Yano (SP). Descoberto, Reserva
Biológica Represa do Grama, 24.I.2001, R. M. Castro 76 et al. (CESJ, RB); 26.I.2002, B. K. S.
Franco 61 et al. (CESJ, SPF). Divino, perímetro urbano, 3.IX.2002, L. S. Leoni 5138 & A. L.
Silva (GFJP). Ewbank da Camara, Fazenda Cascatinha, 13.IX.1994, H. G. P. Santos 313 et al.
(CEN, SP). Faria Lemos, Fazenda Santa Rita, 14.V.2006, M. F. B. Silva 121 (GFJP). Guaraciaba,
UHE Jurumirim, 12.XI.2007, C. V. Vidal 644 & T. Mansur (BHCB, RB). Itamarati de Minas,
Mineração de Alumínio – CBA, I.1998, L. V. Costa s.n. (BHCB 16597); Juiz de Fora, 2.VI.1984,
L. Krieger s.n. (CESJ, SP 304074); Sem data, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA, SP 304095); sem
data, L. Krieger 1904 (BHCB, CESJ, ESA, GUS, HUFU, MBM, SP, SPF, UPCB); Poço
D’Antas, III.1977, J. A. Silva 16365 (CESJ, RB); Reserva Biológica Municipal Santa Cândida,
XII.2005, P. O. Garcia s.n. & A. O. Cordeiro (CESJ 47129); II.2006, P. O. Garcia s.n. & A. O
Cordeiro (CESJ 47994); Mata do Krambeck, XI.2006, A. Valente 433 et al. (CESJ); 25.III.2008,
F. S. Souza 336 et al. (CESJ); Morro do Imperador, 8.IV.2003, D. S. Pifano 514 et al. (BHCB,
CESJ); Parque da Lajinha, 26.III.2004, F. R. G. Salimena s.n. et al. (CESJ 42458, GUA). Lima
Duarte, 11.X.1989, L. Krieger 24279 & M. Brugger (GUA, SP, UFJF); São José dos Lopes,
Fazenda da Serra, 10.IV.1994, V. C. Almeida 8 (R); Serra Negra, 26.X.2008, J. H. C. Ribeiro 46
et al. (CESJ). Piau, Fazenda Boa Vista, 27.XI.1944, E. P. Heringer 1667 (SP). Rio Preto,
19.III.1997, M. C. Brugger s.n. (CESJ 54825); 13.IX.1997, M. C. Brugger s.n. (CESJ 54836);
UHE de Melo, 1.III.1997, F. R. Pires 187 & P. H. Nobre (CESJ, SP). São Tomé das Letras,
1.VII.1987, H. F. Leitão-Filho 19386 et al. (UEC). Tombos, APA Água Santa de Minas,
30.V.2007, L. S. Leoni 6926 (GFJP). Viçosa, 19.I.1931, Y. Mexia 5316 (VIC); 1935, Kuhlmann
s.n. (VIC 2072); BR-120, 13.VIII.2008, J. Lino Neto s.n. & L. F. Gomes (VIC 31463); Campus
da UFV, Recanto das cigarras, 1984, W. Ramírez 13-84 (VIC); Horto Botânico, 18.IV.1995, E.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Santos 14 (VIC); Escola Superior de Agricultura, I.1935, M. Kuhlmann, s.n. (RB 2186, US);
29.III.1935, M. Kulhmann s.n. (RB 2195, VIC); 16.V.1935, M. Kuhlmann s.n. (RB 2213);
27.I.1936, M. Kuhlmann s.n. (RB, SP 293417, VIC); Ipiúna, em pasto aberto, 19.IX.2007, P. P.
Souza 197 (GFJP, R, RB, VIC); Sítio Bonsucesso, mata do Seu Nico, 18.VII.2007, P. P. Souza
182 (GFJP, R, VIC); 17.I.2008, P. P. Souza 234 (GFJP, R, RB, VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari
186 (SP); Sumidouro, margem esquerda do rio Turvo Limpo, 9.XI.2007, P. P. Souza 211 (GFJP,
R, RB, VIC). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, Parque Nacional do Itatiaia, 7.V.2009, R. D. Ribeiro
1100 et al. (RB). Penedo, Avenida 3 cachoeiras, 23.III.2002, P. P. Souza 146 (R, RB);
23.VIII.2002, P. P. Souza 151 (R); SÃO PAULO: Atibaia, Fazenda Grota Funda, 16.XI.1987, J.
A. A. Meira Neto 21287 et al. (UEC, VIC).
3. Ficus castellviana Dugand, Caldasia 1(4): 33. 1942.
Prancha 1: G-M.
Figura 9: A.
Anexo I: 6.
Árvores ou hemiepífitas 3-8 m alt.; látex creme a branco, ralo; ramos 3-8 mm diâm.,
avermelhados, pubescentes, tricomas avermelhados. Estípulas 1-1,5 cm compr., caducas,
tomentosas em ambas as faces, tricomas avermelhados. Lâminas oblongas, 11-25 x 4,5-11,5 cm,
coriáceas, ápice acuminado, base cordada a subcordada, raramente arredondada; face adaxial
pubescente, macia, face abaxial pubescente, tricomas avermelhados, macia; 12-16 pares de
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 3-7 cm compr., pubescentes,
tricomas avermelhados, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares,
globosos, 8-11 mm diâm., lisos, pubescentes, tricomas avermelhados, macios, castanhoavermelhados quando secos, máculas creme; pedúnculos 1-4 mm compr., pubescentes, tricomas
avermelhados; ostíolo plano, circular, 2-4 mm diâm., anel circular ausente; orobrácteas externas
2; epibrácteas 2, face ventral glabra a pubescente, tricomas avermelhados, face dorsal pubescente,
tricomas avermelhados. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 3, adnatas na base, alvoavermelhadas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 3, adnatas na base, alvo-avermelhadas, estigma
plumoso, reto. Drupas ovais. Sementes amareladas.
A espécie é facilmente reconhecida pela presença de tricomas avermelhados nos ramos,
folhas, estípulas e sicônios. Berg & Villavicencio (2004) sugerem que F. castellviana se
assemelha à F. citrifolia, diferenciando-as pela presença de tricomas avermelhados em todas as
partes da planta em F. castellviana.
Distribuição geográfica: ocorre nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil,
estendendo-se a Bolívia e Colômbia. Na Mantiqueira: A6, B5, B6 e C6. Encontrada em floresta
estacional semidecidual, próxima a cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de 210
a 740 m.
Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de janeiro a março, agosto, setembro e
novembro. Foi observado a presença de vespas negras e galhas no interior dos sicônios.
Etimologia: segundo Carauta (1989) Dugand dedicou a espécie ao missionário capuchinho
e filósofo Marcelino de Castellvi, diretor do Centro de Investigações da Amazônia Colombiana.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Conservação: categoria proposta (NT). Foi verificada a presença de F. castellviana em
apenas uma área protegida. Os demais registros são de áreas particulares ou locais sob ação
antrópica.
Material examinado: MINAS GERAIS: Caratinga, Fazenda Macedônia/Cenibra, 22.XI.1991, P.
I. S. Braga s.n. et al. (BHCB, RB 380447). Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama,
2.II.2000, P. C. L. Faria s.n. et al. (BHCB 122962, CESJ); 2.II.2002, L. D. Meireles s.n. et al.
(CESJ, GUA 48387). Muriaé, margens do rio Glória, A. Salino 4114 (BHCB, VIC). Paula
Cândido, Sítio das Palmeiras, 23.X.2007, P. P. Souza 207 (VIC). Viçosa, Porto Firme,
30.VIII.1986, A. L. Pinheiro s.n. (GUA 39072).
4. Ficus clusiifolia Schott in Sprengel, Syst. Veg., ed. 16. 4 (2, App.): 409. 1827.
Nome popular: figueira.
Prancha 1: S-X.
Figura 9: B.
Anexo I: 7.
Árvores 4-10 m alt.; látex branco, espesso; ramos 4-6 mm diâm., castanho acinzentados,
glabros. Estípulas 14-17 mm compr., caducas, verdes, glabra em ambas as faces. Lâminas
obovadas, 4-12,5 x 2,5-7 cm compr., coriáceas, ápice arredondado, base arredondada; glabra em
ambas as faces, macia; 11-14 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-3
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
cm comp., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-7
mm diâm., lisos, glabros, macios, amarelos, máculas brancas; pedúnculos 1-2 mm compr.,
glabros a pubérulos, tricomas alvos; ostíolo plano, 2 mm diâm.; orobrácteas externas 2;
epibrácteas 2, bipartindo-se ao amadurecer, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas
pediceladas: tépalas 2, livres ou adnatas na base, alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas:
tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estigma plumoso, decurrente ou reto.
Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas.
Berg & Villavicencio (2004) posicionam F. clusiifolia no complexo americana,
caracterizado por apresentar sicônios que nascem abaixo das folhas ou por apresentar ramifloria.
A espécie característica desse complexo é F. guianensis Desv. Para esses autores a espécie
encontrada no sudeste brasileiro é F. clusiifolia, que ocorre na Mantiqueira, distinguindo-se das
demais espécies do complexo por apresentar sicônios até 0,5 cm diâm., pedúnculo curto (0,1-0,3
cm compr.), e epibrácteas relativamente grandes (2-3 mm comp.). F. clusiifolia é próxima à F.
mathewsii (Miq.) Miq., outra entidade do complexo, encontrada na bacia amazônica, no entanto,
as folhas, sicônios e epibrácteas são menores, se comparadas à F. clusiifolia.
Distribuição geográfica: ocorre em todo o Brasil, exceto na região sul. Na Mantiqueira:
A7, B6, B7, C6: encontrada em floresta estacional semidecidual, próximo a estradas e cursos
d’água, crescendo em pleno sol, em altitudes que variam de 110 a 580 m.
Fenologia: coletada com sicônio durante os meses de janeiro, março, junho e novembro.
Etimologia: segundo Carauta (1989) e Carauta & Diaz (2002a) o epíteto dado por Schott
faz menção à semelhança com as folhas do gênero Clusia (Guttifera).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Conservação: categoria proposta: NT. Possui dois registros em áreas de preservação, as
demais coletas foram feitas em áreas de elevada ação antrópica.
Material examinado: MINAS GERAIS: Caratinga, Reserva Biológica de Caratinga, 18.III.1994,
J. Gomes 106 (BHCB). Miradouro, ao lado da BR-116, I.1994, L. S. Leoni 2454 & B. Cosenza
(GFJP). Muriaé, Rio Muriaé, 17.XI.2001, L. S. Leoni 4786 (GFJP). Tombos, APA da Água Santa
de Minas, 14.VI.2007, L. S. Leoni 6894 (SP). RIO DE JANEIRO: Itaperuna, lado direito da
estrada sentido Natividade, 23.IX.2011, G. Pelissari 205 et al. (SP); 23.IX.2011, G. Pelissari 206
et al. (SP). Porciúncula, Fazenda Elefantina, 9.I.1984, J. P. P. Carauta 4538 et al. (GUA).
Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Castelianos, Praia dos castelianos,
15.XII.2008, F. Marcolino 18 (GFJP, SP). RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, Aeroporto Santos
Dumont, praça Senador Salgado Filho, 31.X2010, G. Pelissari 157 et al. (SP). Magé, rua
Malvino
Ferreira
de
Andrade,
1.XI.2010,
G
Pelissari
165
et
al.
(SP).
59
Prancha 1: A-F. F. adhatodifolia, A. detalhe da base da lâmina foliar e par de glândulas baselaminares; B.
indumento de tricomas escabros na lâmina foliar; C. detalhe da estípula terminal no ramo; D. sicônio; E. vista basal
do sicônio e epibrácteas; F. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. G-M. F. castellviana, G. ramo com folhas,
estípula e sicônios; H. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; I. indumento da face abaxial da
lâmina; J. detalhe da estípula terminal no ramo; K. sicônio; L. visão basal do sicônio e epibrácteas; M. visão apical
do sicônio, ostíolo e orobrácteas. N-R. F. arpazusa, N. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; O.
detalhe da estípula terminal no ramo; P. sicônio; Q. visão basal do sicônio e epibrácteas; R. visão apical do sicônio,
ostíolo e orobrácteas. S-X. F. clusiifolia, S. ramo com folhas, estípula e sicônios; T. detalhe da base da lâmina foliar
e glândula acropeciolar; U. detalhe da estípula terminal no ramo; V. sicônio; W. visão basal do sicônio e epibrácteas;
X. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-F. Pelissari 205; G-M. Salino 414; N-R. Pelissari 186; S-X.
Pelissari206).
G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
5. Ficus eximia Schott in Sprengel, Syst. Veg., ed. 16. 4 (2, App.): 409. 1827.
Ficus glabra Vell., Fl. Flumin. Icon. 11. t. 50. (1827) 1831.
Nomes populares: figueira, figueira brava, gameleira.
Prancha 2: A-G.
Figura 10: A.
Anexo I: 8.
Árvores ou hemiepífitas 5-22 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-7 mm diâm., castanho
claros, glabros. Estípulas 9-25 mm compr., caducas, esverdeadas, marrom quando secas, face
dorsal glabra, face ventral glabra a pubérula, tricomas amarelos concentrados no ápice. Lâminas
elípticas a oblongas, 8,5-27 x 3-15,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice acuminado a cuspidado,
base cordada, subcordada a truncada, glabra em ambas as faces, macias; 7-15 pares de nervuras
secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 5-12,5 cm compr., glabros, epiderme
persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-10 mm diâm., lisos, pubérulos,
tricomas alvo-esverdeados, macios, verdes, castanho quando secos, máculas creme; pedúnculos
1-4 mm compr., pubérulos, tricomas alvo-esverdeados; ostíolo proeminente, circular, 2-3 mm
diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral serícea, tricomas alvo-amarelados, face
dorsal pubérula, tricomas alvos. Flores estaminadas sésseis ou pediceladas: tépalas 2-3, livres,
alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 2-3, livres, alvo-amareladas, estigma
plumoso, decurrente ou reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
F. eximia é comumente identificada como F. glabra (Anexo I, 9) nos trabalhos sobre Ficus
(Carauta 1989, Carauta & Diaz 2002a, Machado & Pederneiras 2007, Souza 2009, Pederneiras
2011). Carauta (1989) adota como nome válido para o táxon F. glabra, justificando sua decisão
pelo fato da descrição de Schott se apresentar insuficiente para caracterizar o táxon e o material
tipo encontrar-se em estado vegetativo.
F. glabra foi descrita por Vellozo na Flora Fluminensis volume 11, obra essa que, apesar
de ter sido finalizada em 1790 foi publicada somente quatro anos após a publicação de Schott,
como esclarecido por Carauta (1969, 1973). Além disso, a tábula de Vellozo (1831) mostra
sicônios com epibrácteas um tanto curtas e ostíolo plano a levemente proeminente, diferente do
encontrado em F. eximia, onde as epibrácteas chegam a cobrir até dois terços do sicônio e o
ostíolo é proeminente.
Mesmo que o táxon tenha sido sucintamente descrito, como é o caso de todas as espécies
descritas por Schott, e o material tipo encontrar-se em estado vegetativo, o binômio foi
validamente publicado, não podendo ser substituído por um binômio de publicação efetiva com
data posterior, de acordo com o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al.
2006, Mcneill & Turland 2011, Prado et al. 2011). Um caracter observado em F. eximia foi a
coloração das folhas que se mantem verdes mesmo quando secas, sendo este um caracter único
para essa espécie na Mantiqueira.
Neste tratamento taxonômico adota-se o proposto por Berg & Villavicencio (2004) e
Romaniuc Neto et al. (2009b), considerando como binômio válido F. eximia e F. glabra como
sinônimo.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Distribuição geográfica: ocorre desde a região sul, estendendo-se pelo sudeste e estados
da Bahia e Mato Grosso do Sul, região amazônica e Bolívia. Na Mantiqueira: B6, C5, D2, D3,
D4: encontrada em floresta ombrófila densa submontana e montana e floresta estacional
semidecidual submontana e montana, crescendo geralmente em pleno sol, em altitudes que
variam de 400 a 780 m.
Fenologia: coletada com sicônio o ano todo. Vários materiais apresentaram vespas negras e
galhas de vespas no interior do sicônio.
Comentários: o sicônio, quando jovem, é completamente coberto pelas epibrácteas.
Conservação: categoria proposta (LC). Possui registros em áreas protegidas, particulares e
em áreas não protegidas, além de possuir ampla distribuição na Mantiqueira.
Material examinado: MINAS GERAIS: Carangola, 17.IX.1994, L. S. Leoni 4251 (GUA); Rio
Carangola, 17.VIII.1989, L. S. Leoni 833 (GUA); Fazenda Santa Clara, X.1996, L. S. Leoni 3483
& P. Nolasco (GFJP); Serra da Caiana, 1IV.2000, L. S. Leoni 4405 & E. Dias (GFJP, RB);
Fazenda Santa Maria, 1.IV.2000, E. A. Costa 51 (GFJP, RB); Varginha, 10.IV.2000, L. S. Leoni
4407 (GFJP). Ewbank da Camara, Fazenda do Sr. Albaninho, 13.IX.1994, H. G. P. Santos 329 et
al. (CEN, SP). Ponte Nova, margem do rio Piranga, 1.VII.1995, G. E. Valente 65 et al. (SP,
VIC); III.1997, L. V. Costa s.n. (RB, SP 423589). Rio Preto, Sítio da figueira, 18.VIII.1997, F. R.
S. Pires s.n. & P. H. Nobre (CESJ 54833). Viçosa, UREMG, 17.II.1968, A. S. Moreira 56
(GUA); Bairro Coelho, 8.VIII.2007, P. P. Souza 188 (RB, SP, VIC); Campus da Universidade
Federal de Viçosa, 6.XII.1979, R. S. Ramalho 1700 (GUA); 14.XI.1984, W. Ramírez 12-84 (SP,
VIC); 6.IV.1995, E. Santos 9 (VIC); Próximo à sede da Fazenda do Machado, 26.VII.2007, P. P.
Souza 186 (SP, VIC); Estrada para Conde, 29.VIII.2007, P. P. Souza 191 (R, RB, SP, VIC); Mata
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
do Seu Nico, 12.IX.2007, P. P. Souza 195 (R, RB, VIC); Sítio Bonsucesso, 14.XII.2010, G.
Pelissari 187 et al. (SP). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, distrito de Penedo, margem direita do rio
das Pedras, 23.III.2002, P. P. Souza 147 (RB). SÃO PAULO: Amparo, estrada Amparo-Pedreira,
05.IV.1993, S. Romaniuc Neto 1363 & J. V. Godoi (SP). Rodovia João Beira, SP-095, sítio São
José, 13.V.2005, L. R. Mendonça-Souza 44 et al. (SP). Guaratinguetá, Fazenda São Bento,
23.VI.2005, Mendonça-Souza 46 et al. (SP). Monte Alegre do Sul, E. E. Monte Alegre,
16.VI.1994, L. C. Bernacci 407 et al. (IAC, SP). Monteiro Lobato, margem do rio Paraíba,
VIII.1988, E. L. M. Catharino s.n. (SP 234224). Roseira, Fazenda do Aristide, 20.I.1995, S.
Romaniuc Neto 1412 et al. (SP); Roseira Velha, 26.VI.2005, L. R. Mendonça-Souza 47 et al.
(SP); próximo ao Centro de Estudos Ambientais do Vale do Paraíba (CEAVAP), 15.II.2011, G.
Pelissari 195 et al. (SP).
6. Ficus gomelleira Kunth emend Carauta & Diaz, Index Seminum Hort. Bot. Berol. 1846: 18.
1847. Albertoa ser. Urticineae (Urticales) 10: 67-68. 2002.
Nomes populares: figueira, gameleira, gameleira branca.
Prancha 2: H-L.
Figura 10: B.
Anexo I: 10.
Árvores ou hemiepífitas 11-20 m alt.; látex branco, espesso; ramos 0,5-1 cm diâm.,
castanho claros a castanho avermelhados, tomentosos, tricomas ferrugíneos. Estípulas 1-2,5 cm
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
compr., caducas, verdes, seríceas, tricomas ferrugíneos. Lâminas elípticas, ovadas a oblongas, 626 x 3-16 cm, coriáceas, ápice arredondado a acuminado, base cordada; face adaxial pubescente,
tricomas ferrugíneos, macia, face abaxial tomentosa, tricomas ferrugíneos, macia; 9-13 pares de
nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 2-4,5 cm compr., tomentosos,
tricomas ferrugíneos, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos,
1,3-2 cm diâm., lisos, pilosos a tomentosos, tricomas alvos a ferrugíneos, verdes, castanhos
quando secos, máculas creme a castanho-escuro; pedúnculos 6-13 mm compr., tomentosos,
tricomas ferrugíneos; ostíolo plano, circular, 1-2 mm diâm., anel circular; orobrácteas externas 3;
epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal pilosa, tricomas ferrugíneos. Flores estaminadas
pediceladas: tépalas 3, livres ou adnatas na base, alvo-rosadas, estame 1; flores pistiladas: tépalas
3, livres ou adnatas na base, alvo-rosadas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas
a ovais. Sementes amareladas.
Kunth (1847) organizou e publicou a diagnose de 67 espécies de Ficus cultivadas no
Jardim Botânico Real de Berlim, incluindo F. gomelleira, no artigo “Enumeratio synoptica Ficus
specierum...” no documento Index Seminum in Horto Berolinensi Anno 1846 Collectorum.
Miquel (1847) publicou uma nova combinação para a espécie, Urostigma gomelleira,
atribuindo a autoria da espécie a Kunth & Bouché. Após a publicação de Miquel vários autores
(Berg et al. 1984, Carauta 1989, Berg & Simonis 2000, Berg & Villavicencio 2004) atribuíram a
autoria de F. gomelleira a Kunth & Bouché.
Carauta & Diaz (2002b), durante a revisão do trabalho de Kunth (1847), complementam a
descrição de F. gomelleira, adicionando a descrição do sicônio e corrigindo a autoria da espécie.
De fato, Kunth & Bouché foram os editores responsáveis pela publicação do Index Seminum
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Hort. Bot. Berol., no entanto, o capítulo onde estão descritas as espécies de Ficus foi publicada
por Kunth, cabendo unicamente a ele a autoria da espécie, como apontado por Carauta & Diaz
(2002b).
Distribuição geográfica: ocorre nas regiões norte, nordeste, sul e sudeste do Brasil, até o
estado do Mato Grosso, estendendo-se até a Bolívia, Colômbia, Guianas, Equador, Peru,
Venezuela e Trinidad. Na Mantiqueira: A6, A7, B6, B7, C5, C6, C7, D3, D4: encontrada em
floresta estacional semidecidual submontana e montana, em áreas de pasto e também próximo a
cursos d’água, crescendo em pleno sol, em altitudes que variam de 210 a 730 m.
Fenologia: coletada com sicônios de janeiro a maio e julho a dezembro. Observou-se a
presença de vespas de coloração marrom escuro a negras e galhas de vespas no interior dos
sicônios.
Etimologia: Kunth utilizou o epíteto gomelleira, que é uma corruptela de gameleira,
designação usual de figueira no Brasil (Carauta & Diaz 2002a). Gameleira é termo proveniente
de gamela, utensílio utilizado pelos escravos na faiscação de ouro e, posteriormente, no
transporte de alimentos para os trabalhadores no campo (Souza 2009).
Comentários: Esta espécie costuma apresentar copa muito ampla. Segundo Lorenzi &
Abreu Matos (2008) F. gomelleira é utilizada na medicina popular, por via oral, como medicação
tônica, depurativa e antisifilítica e, externamente, para o tratamento de úlceras por meio de
lavagens locais.
Conservação: categoria proposta (LR). Possui registros em áreas protegidas, particulares e
em áreas não protegidas, além de possuir ampla distribuição na Mantiqueira.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Três Estados, 12.X.2000, E. A.
Costa 82 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, próximo à margem do rio Carangola, 20.IX.1988,
L. S. Leoni 437 (GUA); Rio Carangola, II.1989, L. S. Leoni 683 & A. M. Leão (GUA);
15.III.1989, L. S. Leoni 728 (GFJP, GUA, RB); V.2002, L. S. Leoni 5008 (GFJP); Bairro
Coroado, ao lado do córrego dos Rodrigues, 3.X.1992, L. S. Leoni 1959 (GFJP); Perímetro
urbano, 3.X.1992, L. S. Leoni s.n. (GUA 40213); Serra da Caiana, 1.IV.2000, L. S. Leoni 4404 &
E. Dias (GFJP); Beira da estrada que liga Carangola a Faria Lemos, 29.XII.2007, J. P. D. Heleno
140 & L. S. Leoni (GFJP); Nas proximidades de Laticínio Marília, 24.III.2009, F. Marcolino 80
& L. S. Leoni (GFJP). Fazenda Santa Rita, entrada da fazenda, 24.IX.2011, G. Pelissari 207 et al.
(SP). Caratinga, APA Lagoa Silvana, 5.X.2002, M. O. D. Pivari 159 & L. G. S. Soares (CESJ);
Estação Biológica de Caratinga, 25.VII.1984, P. M. Andrade 325 & M. A. Lopes (BHCB, ESA,
SPF). Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama, 10.XI.2001, R. M. Castro 659 et al.
(BHCB, HUFU, RB). Faria Lemos, beira do rio Carangola, VIII.1992, B. Cosenza 1 (GFJP);
Fazenda Santa Rita, 14.VII.2009, R. S. Pereira 35 & L. S. Leoni (GFJP). Fervedouro, curva da
piscina, 9.III.2009, F. Marcolino 64 (GFJP). Juiz de Fora, 14.IX.1982, L. Krieger s.n. (CESJ
19934); Parque Halfeld, 2.II.1988, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA SP 304091). Lima Duarte,
28.VII.1979, L. Krieger 16299 & M. Sabino (CESJM GUA, HUFU, MBM, SP). Ponte Nova,
III.1997, L. V. Costa s.n. (BHCB 37493, RB); Beira do rio Piranga, 1.VII.1995, G. E. Valente 69
et al. (SP, VIC). São João Nepomuceno, Serra do Núcleos, 11.II.2003, R. M. Castro 782 et al.
(CESJ). Viçosa, 6.IV.1995, E. Santos 2 (GUA, VIC); 1996, E. Santos s.n. (GUA 46486, VIC).
Bairro Amoras, 3.IX.2007, P. P. Souza 202 (VIC). Bairro Belvedere, 13.V.2008, P. P. Souza 253
(R, RB, VIC); 14.XII.2010, G. Pelissari 191 et al. (SP). Campus da UFV, 14.XII.1961, M.
Magalhães s.n. (RB 179834); 6.XII.1979, R. S. Ramalho 1701 (GUA); 1984, W. Ramírez 13-84
67
G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
(VIC); 6.IV.1995, E. Santos 5 (VIC); 11.X.1996, E. Santos s.n. (GUA 46478); 30.I.2007, P. P.
Souza 167 (GFJP VIC). Departamento de Dendrologia da Universidade Rural, 8.IX.1967, J. P. P.
Carauta 402 (GUA). Escola Superior de Agricultura, 1935, J. G. Kuhlmann s.n. (SP 293382,
VIC). Estrada para Paula Cândido, 26.VII.2007, P. P. Souza 184 (GFJP, VIC). Ipiúna,
8.VIII.2007, P. P. Souza 187 (R, RB, VIC). UREMG, ESF, 7.III.1968, Ladeira s.n. (GUA 6061).
RIO DE JANEIRO: Itatiaia, Distrito de Penedo, 23.III.2002, P. P. Souza 144 (R, RB).
Natividade, Fazenda de Edésio Barbosa da Silva, XI.1979, R. Ribeiro 38 (GUA). SÃO PAULO:
Aparecida, arredores da cidade, 12.VII.1989, S. Romaniuc Neto 1021 (SP). Pindamonhangaba,
antiga estrada Pindamonhangaba-Roseira, 15.II.2011, G. Pelissari 193 et al. (SP); Bairro de
Taipas, 15.II.2011, G. Pelissari 194 et al. (SP). Roseira, à direita da Rodovia Presidente Dutra,
20.I.1995, S. Romaniuc Neto 1410 et al. (SP).
7. Ficus guaranitica Chodat in Chodat & Vischer, Bull. Soc. Bot. Genève, ser. 2. v. 11: 254.
1920.
Nomes populares: figueira.
Prancha 2: M-Q.
Figura 11: A.
Anexo I: 11.
Árvores ou hemiepífitas 5-7 m alt; látex branco a creme, ralo; ramos 3-5 mm diâm.,
castanho acinzentados, glabros. Estípulas 6-15 mm compr., caducas, verdes a avermelhadas,
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
vináceas quando secas, glabras. Lâminas oblongas, 8,5-15,5 x 5,5-8,5 cm compr., cartáceas, ápice
acuminado, base cordada; glabra em ambas as faces, macia; (10-)11-13 pares de nervuras
secundárias, planas na face abaxial; pecíolos (2,5-)5,5-7 cm compr., glabros, epiderme
persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, piriformes, 7-12 mm diâm., lisos, glabros a
pubérulos, tricomas alvos; esverdeados, macios, castanhos quando secos, máculas alvoesverdeadas, pedúnculos 4-12 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas inconspícuos; ostíolo
plano, circular, 2-3 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces.
Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvas, estames 1; flores
pistiladas: tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvas, estigma plumoso, decurrente ou reto.
Drupas globosas. Sementes alvo-amareladas.
F. guaranitica é tratada por Berg & Villavicencio (2004) como sinônimo de F. citrifolia,
que o descreve com folhas de base cordada, sicônios globosos a obovóides e ostíolo plano a
levemente proeminente. Carauta (1989) as diferencia pelas características do formato do sicônio,
ostíolo e tamanho do pedúnculo. F. guaranitica é a única espécie da área estudada a apresentar
sicônio piriforme.
Distribuição geográfica: ocorre nas regiões sul e sudeste do Brasil, e também em Goiás e
Mato Grosso do Sul, estendendo-se até a Argentina, Bolívia e Paraguai. Na Mantiqueira: C2, C3,
D3: encontrada em floresta estacional semidecidual, em borda de mata, em altitudes que variam
de 800 a 1100 m.
Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de abril, maio e novembro. Foi
observada a presença de galhas de vespas nos sicônios.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Eimologia: a espécie foi assim chamada por Robert Hyppolyto Chodat pelo fato de existir
na pátria do povo guarani, o Paraguai (Carauta 1989).
Comentários: é a única espécie da Mantiqueira a apresentar sicônio piriforme.
Conservação: categoria proposta (NT). Possui apenas quatro registros na área, sendo dois
em área de conservação.
Material examinado: MINAS GERAIS: Alfenas, Fazenda do Porto, 1991, M. C. W. Vieira 1807
(RB); RPPN Jequitibá, 30.IV.2007, M. C. W. Vieira 2203 (RB); 18.V.2007, M. C. W. Vieira
2210 (RB). SÃO PAULO: Pinhal, bairro das três fazendas, 15.XI.1947, M. Kuhlmann 1558 (SP).
Material adicional examinado: MINAS GERAIS: São Roque de Minas, V.1995, J.N. Nakajima
1102 et al. (HUFU, SP). SÃO PAULO: Campinas, VII.1965, W. Hoehne 6026 (SP); III.2004, I
Cordeiro 2812 et al. (SP).
8. Ficus hirsuta Schott in Sprengel, Syst. Veg. 4 (2, App..): 410. 1827.
Ficus hirsuta Vell., Fl. Flumin. Icon. 11. t. 49. (1827) 1831.
Prancha 2: R-W.
Figura 11: B
Anexo I: 12.
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Árvores 5-7 m alt; látex branco, ralo. Ramos 3-4 mm diâm., castanhos, hirsutos, tricomas
alvos. Estípulas 5-9 mm compr., caducas, castanhas quando secas, hirsutas, tricomas alvos.
Lâminas elípticas, 2,5-5 x 1,5-2,5(-3) cm, cartáceas, ápice agudo a acuminado, base aguda a
arredondada; hirsuta em ambas as faces; 5-7 pares de nervuras secundárias, planas na face
abaxial; pecíolos 4-8 mm compr., hirsutos, tricomas alvos, epiderme persistente, glândula
acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-6 mm diâm., lisos, verdes a roxos, castanhos
quando secos, macios, hirsutos, tricomas alvos, máculas vináceas; pedúnculos 1-2 mm compr.,
hirsutos, tricomas alvos; ostíolo plano a proeminente, circular, 1 mm diâm.; orobrácteas externas
3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal hirsuta, tricomas alvos. Flores estaminadas
pediceladas: tépalas 2, livres ou adnatas na base, alvas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 2,
livres ou adnatas na base, alvas, estigma plumoso, reto. Drupas globosas. Sementes amareladas.
F. hirsuta é descrita tanto por Vellozo (1831) (Anexo I, 13) quanto por Schott (1827). No
entanto, apesar de ter sido descrita em 1790, a obra Flora Fluminensis de Vellozo (1831) foi
publicada posterior à Schott (1827). Carauta (1989) ressalta que os 11 volumes da obra de
Vellozo foram consultados por botânicos estrangeiros que visitaram o Rio de Janeiro, antes da
publicação da obra em Paris. Pode ter havido coincidência na escolha do nome ou Schott pode ter
optado por manter o binômio dado por Vellozo. De acordo com o Código Internacional de
Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006, Mcneill & Turland 2011, Prado et al. 2011) tem
prioridade o nome mais antigo publicado, sendo, portanto considerado como nome válido para o
táxon F. hirsuta Schott.
A espécie é considerada por Carauta (1989) e Carauta & Diaz (2002a) próxima à F.
organensis, pois ambas apresentam folhas e sicônios reduzidos. Na Mantiqueira podem ser
71
G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
diferenciadas pelas características do indumento foliar, sendo hirsuto em F. hirsuta e glabro em
F. organensis.
Distribuição geográfica: ocorre na região sudeste, estendendo-se aos estados da Bahia e
Alagoas e Mato Grosso do Sul. Na Mantiqueira: C6: encontrada em floresta estacional
semidecidual, em borda de mata, em altitude de 340 m.
Fenologia: coletada com sicônio no mês de setembro.
Etimologia: o epíteto faz referência à pilosidade (indumento) das folhas e figos (Carauta &
Diaz 2002a).
Comentários: Segundo Carauta & Diaz (2002a) a espécie encontra-se em perigo de
extinção pelo fato de ser considerada medicinal e o porte pequeno facilitar o seu corte.
Conservação: categoria proposta (CR). Apesar de ser encontrada em área de preservação,
foi encontrado apenas um registro da espécie na região.
Material examinado: MINAS GERAIS: Descoberto, Reserva Biológica da Represa do Grama,
22.IX.2002, R. C. Forzza 2224 et al. (CESJ, MBM, SPF).
Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra, Área 100 da Aracruz
Celulose S.A., 25.VIII.1992, O. J. Pereira 3772A (SP, VIES). Vila Velha, Restinga de Interlagos,
17.VIII.1995, O. Zanbom 82 (SP, VIES). RIO DE JANEIRO: Silva Jardim, Reserva Biológica de
Poço das Antas, 12.I.1993, S. V. A. Pessoa 639 (SP, RB).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
9. Ficus lagoensis C.C. Berg & Carauta, Brittonia 54(4): 243. 2003.
Nomes populares: figueira.
Prancha 2: X-C´.
Figura 12: A.
Anexo I: 14.
Árvores ou hemiepífitas 15-20 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-5 mm diâm., castanho
acinzentados a castanho escuros, pubescentes a hirtelos, tricomas alvos. Estípulas 4-10 mm
compr., caducas, verdes, castanhas quando secas, seríceas, tricomas alvos. Lâminas elípticas a
ovais, 6-13,5 x 3-6,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice agudo a arredondado, base truncada; face
adaxial pubérula, hirsuta na região das nervuras, tricomas alvos, macia, face abaxial hirsuta,
tricomas alvos, macia; 6-10 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1,3-3
cm compr., hirtelos, tricomas alvos epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos
pares, globosos, 4-8 mm diâm., lisos, seríceos, tricomas alvos, macios, verdes, castanhoavermelhados quando secos, máculas avermelhadas quando secas; sésseis; ostíolo plano a
proeminente, circular, 1mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face
dorsal serícea, tricomas alvos. Flores estaminadas não observadas; flores pistiladas: tépalas 3,
livres ou adnatas na base, alvas, estigma plumoso, reto. Drupas ovais. Sementes amareladas.
F. lagoensis é considerada, por Berg & Villavicencio (2004) próxima à F. hirsuta devido
ao indumento hirsuto das folhas de ambas, distinguindo-as pelo tamanho das lâminas, 9-14 cm
compr., pecíolos 2-4 cm compr., 7-12 pares de nervuras secundárias e sicônios sésseis em F.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
lagoensis e lâminas 0,3-1(-2,3) cm compr., pecíolos 2-8 cm compr., 4-6 pares de nervuras
secundárias e pedúnculo 1-3 mm compr. em F. hirsuta.
Mendonça-Souza (2006), ao estudar Ficus do Estado de São Paulo, considera F. lagoensis
como sinônimo de F. hirsuta. Entretanto, é possível notar uma sobreposição dos caracteres
apontados por Berg & Villavicencio (2004) nos materiais analisados pelo autor.
Para a Mantiqueira F. lagoensis e F. hirsuta são tratadas como táxons distintos, aceitando
como caracteres distintivos os apontados por Berg & Villavicencio (2004). F. lagoensis possui
folhas de 6 a 13,5 cm compr., pecíolo de 1,3 a 3 cm compr., 6 a10 pares de nervuras secundárias
e sicônios sésseis, enquanto que F. hirsuta apresenta folhas de 2,5 a 5 cm compr., pecíolo de 4 a
8 mm compr., 5 a 7 pares de nervuras secundárias e sicônios pedunculados.
Distribuição geográfica: ocorre nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Na Mantiqueira:
B4, C3, C4, D2, D3, D4: encontrada em cerrado e floresta estacional semidecidual, em áreas de
pasto e próxima a cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de 490 a 1100 m.
Fenologia: coletada com sicônio durante os meses de janeiro, abril a junho, agosto a
dezembro. Vespas negras no interior do sicônio.
Comentários: o indivíduo coletado em Caldas, Minas Gerais possui aproximadamente 30
m de altura e tronco muito rígido.
Conservação: proposta (VU). Possui poucas coletas na Mantiqueira e apenas um registro
em área de conservação.
Material examinado: MINAS GERAIS: Alfenas, Fazenda da Ilha, 18.V.1987, M. C. W. Vieira
1165 (RB, SP). Barroso, Mata do Baú, 13.IV.2001, L. C. S. Assis 80 & M. K. Ladeira (CESJ,
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
ESA, GUA); 26.XI.2001, L. C. S. Assis 395 & M. K. Ladeira (CESJ, SPF); 28.IX.2002, L. C. S.
Assis 580 & M. S. Magalhães (CESJ, ESA, MBM, SP, SPF, RB); 03.V.2003, L. C. S. Assis 828
et al. (CESJ, ESA, RB, SP). Caldas, Propriedade do Prof. Roberto Noritaka, 24.X.2011, G.
Pelissari 211 et al. (SP). Camanducaia, mata ciliar degradada do rio Jaguari, 24.XI.1999, R. B.
Torres 963 et al. (IAC). Entre Rios de Minas, I.1970, L. Krieger 8329 (CESJ, SP). Fazenda Pedra
Branca, 18.V.1987, L. Krieger s.n. (CESJ, GUA, SP 304081). SÃO PAULO: Amparo, Cachoeira
do Rio Camanducaia, 22.XII.1942, M. Kuhlmann 286 (SP); Moirões de cerca, 20.VIII.1943, M.
Kuhlmann 915 (SP). Pinhal, bairro das três fazendas, 15.XI.1947, M. Kuhlmann 3329 (SP).
Queluz, 23.VI.1999, Sem coletor 64 (SP 23850).
75
Prancha 2: A-G. F. eximia, A. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; B. detalhe da estípula
terminal no ramo; C. detalhe do ápice da estípula com tricomas; D. sicônio; E. vista basal do sicônio e epibrácteas; F.
vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas; G. detalhe da face ventral da epibráctea. H-L. F. gomelleira, H. detalhe
da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; I. detalhe da estípula terminal no ramo; J. . sicônio; K. vista basal
do sicônio e epibrácteas; L. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. M-Q. F. guaranitica, M. detalhe da base da
lâmina foliar e glândula acropeciolar; N. detalhe da estípula terminal no ramo; O. sicônio; P. vista basal do sicônio e
epibrácteas; Q. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. R-W. F. hirsuta, R. ramo com folhas, estípula e
sicônios; S. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; T. detalhe da estípula terminal no ramo; U.
sicônio; V. visão basal do sicônio e epibrácteas; W. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. X-C’. F. lagoensis,
X. ramo com folhas, estípula e sicônios; Y. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; Z. detalhe da
estípula terminal no ramo; A’. sicônio; B’. visão basal do sicônio e epibrácteas; C’. visão apical do sicônio, ostíolo e
orobrácteas. (A-G. Mendonça-Souza 44; H-L. Pelissari 193; M-Q. Vieira 2210; R-W. Forzza 2224; X-C’. Pelissari
211).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
10. Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., Ann. Mus. Lugduno.-Batavi 3: 298. 1867.
Urostigma luschnathianum Miq. in Martius, Fl. Bras. 4(1): 101. 1853.
Nomes populares: figueira, figueira da pedra, mata-pau, gameleira-vermelha.
Prancha 3: A-E.
Figura 12: B.
Anexo I: 15.
Árvores ou hemiepífita 2-25 m alt.; látex branco, espesso; ramos 4-7 mm diâm., castanho
claros a castanho escuros, glabros. Estípulas 1-2 cm compr., caducas, esverdeadas a alaranjadas,
avermelhadas quando secas, glabra em ambas as faces. Lâminas elípticas a oblongas, 6-20 x 37,5 cm, cartáceas a coriáceas, ápice agudo a acuminado, base aguda a obtusa, glabra em ambas as
faces, macia; 7-11 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1,5-7
cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 810 mm diâm., lisos, glabros, verdes, vináceos na maturação, verdes a castanhos quando secos,
máculas brancas; sésseis; ostíolo plano, circular, 2-4 mm diâm., anel circular ausente; orobrácteas
externas 2, raro 3; epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas:
tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-amareladas, estames 1; flores pistiladas: tépalas 2-3,
livres ou adnatas na base, alvo-amareladas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas
globosas. Sementes alvo-amareladas.
F. luschnathiana é geralmente determinada, principalmente nos Estados de São Paulo,
Paraná e Santa Catarina, como F. enormis (Miq.) Miq. (Anexo I, 18). Carauta (1989) as difere
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
principalmente pela inserção dos sicônios nos ramos, sendo que a primeira apresenta sicônios
distribuídos ao longo dos ramos e a segunda sicônios aglomerados no ápice dos ramos. Este
carácter não pode ser adotado para a separação dos táxons, pois tanto nos materiais de herbários
quanto nas observações de campo foram encontrados sicônios aglomerados e dispersos ao longo
dos ramos no mesmo indivíduo. Foi possível notar, em um mesmo indivíduo que há diferenças
entre ramos jovens e ramos mais velhos. Os ramos mais jovens apresentavam folhas maiores,
entrenós mais espaçados, portanto, sicônios distribuídos nos ramos, enquanto que os ramos mais
velhos apresentavam folhas menores, entrenós curtos e sicônios aglomerados no ápice dos ramos.
A comparação dos mateiras coletados com o isótipo de F. luschnathiana, localizado no
National Botanic Garden of Belgium (BR) e em viagem de coleta à Cabo Frio, localidade típica
da espécie, foi possível concluir que o táxon ocorrente na Mantiqueira, principalmente em São
Paulo e Rio de Janeiro, é F. luschnathiana. O material tipo de F. enormis encontra-se em estado
vegetativo e as folhas mostram-se obovadas, característica não encontrada nos espécimes
examinados da Mantiqueira. Apesar de Carauta & Diaz (2002a) salientar que o tipo de F. enormis
possui materiais de duas procedências (São Paulo e Minas Gerais) nenhum indivíduo coletado em
São Paulo e Rio de Janeiro apresenta folhas obovadas, de base arredondada a subcordada.
Assim como Mendonça-Souza (2006) realizamos expedições pela cidade de Aparecida do
Norte, Pindamonhangaba e Roseira, na tentativa de elucidar os problemas taxonômicos que
envolvem ambas as espécies. Como a autora, não foi encontrado nenhum indivíduo semelhante à
F. luschnathiana ou F. enormis, apenas indivíduos de F. eximia e F. gomelleira.
Pelo exposto acima, adotamos o posicionamento de Berg & Villavicencio (2004) e
Romaniuc Neto et al. (2009b), considerando os materiais examinados da Mantiqueira, que
apresentam folhas elípticas, como pertencentes a F. luschnathiana. Assim como Mendonça-
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G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
Souza (2006), não trataremos F. enormis como sinônimo, uma vez que se assemelha mais a F.
mexiae.
Distribuição geográfica: ocorre nas regiões sul e sudeste do Brasil, estendendo-se até o
Uruguai, Argentina e Paraguai. Na Mantiqueira: C2, C4, D2, D3, D4, D5, E2, E3: encontrada em
floresta ombrófila densa montana, floresta estacional semidecidual montana, floresta ombrófila
mista e cerrado. Facilmente encontrada desenvolvendo-se sobre afloramento rochoso. Encontrada
em interior ou borda de mata e também em mata ciliar, em altitudes que variam de 400 a 1300 m.
Fenologia: coletada com sicônios o ano todo. Foi observada a presença de vespas negras e
galhas de vespas no interior, além de vespas deixando o sicônio por uma abertura feita no ostíolo.
Etimologia: segundo Carauta (1989), Friedrich Anton Miquel dedicou a espécie ao coletor
Bernhard Luschnath.
Conservação: categoria proposta (LR). Espécie de ampla distribuição, principalmente nas
porções paulista e carioca da Mantiqueira, com registros em áreas de preservação.
Material examinado: MINAS GERAIS: Camanducaia, Mata do Ferreirinha, 28.VIII.1999, J. R.
Stehmann 2575 (BHCB, CESJ, SPF); Mata dos Vargas, 14.X.1999, R. B. Torres 881 et al. (IAC);
Mata ciliar degradada do rio Camanducaia, 18.VII.2001, R. B. Torres 1432 et al. (IAC). Caldas,
Propriedade do Zé Painha, 24.X.2011, G. Pelissari 208 et al. (SP); G. Pelissari 209 et al. (SP);
G. Pelissari 210 et al. (SP). Caxambu, Fazenda Juca Leite, 26.II.1987, P. L. Senna 2 (RB). Rio
Preto, Funil, 20.II.2004, L. C. S. Assis 1008 et al. (CESJ); RPPN São Lourenço, 9.XII.2007, S. A.
Roman 44 et al. (CESJ). RIO DE JANEIRO: Itatiaia, distrito de Maringá, margem direita do rio
das Cruzes, 16.II.2011, G. Pelissari 200 et al. (SP); Distrito de Maromba, 13.I.2003, P. P. Souza
79
G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
155 (R); margem direita do rio Preto, 16.II.2011, G. Pelissari 196 et al. (SP); Estrada para o
Poção de Maromba, 16.II.2011, G. Pelissari 197 (SP). Distrito de Maromba, estrada MarombaMaringá, 16.II.2001, G. Pelissari 199 et al. (SP). Mont Serrat, 8.I.1930, M. Kuhlmann s.n. (GUA,
RB 111692). Parque Lago Azul, 26.V.1961, E. Pereira 5701 (PEL, RB). Distrito de Penedo,
2.V.2001, P. P. Souza 131 (R); 24.II.2002, P. P. Souza 143 (RB). Sítio do Walter, IV.1926, A. J.
Sampaio 4129 (R). Distrito de Visconde de Mauá, 6.X.1995, S. J. Silva-Neto 788 et al. (Rb, SP);
RJ-163, 12.XII.2008, R. D. Ribeiro 1083 et al. (SP). Resende, estrada Capelinha, Pedra Selada,
23,III.2002, P. P. Souza 148 (R, RB); Margem direita do córrego Cruz das almas, 21.VI.2008, P.
P. Souza 250 (VIC); Mauá, 13.II.1982, M. R. Barbosa 271 & H. Q. Fernandes (GUA); Parque
Nacional de Itatiaia, 14.X.1980, E. S. F. Rocha 177 (GUA); Próximo à Cachoeira Véu de Noiva,
01.V.1985, G. Martinelli 10776 et al. (RB, SP); Picada Três Picos, 1.V.1985, G. Martinelli
10794 (KEW, R, RB, SI, US). SÃO PAULO: Amparo, margem do rio Camanducaia,
18.XII.1942, M. Kuhlmann 174 (SP). Atibaia, 18.XI.1987, J. A. A. Meira Neto 335 et al. (GUA,
UEC); Fazenda Grota Funda, 1.VI.1987, J. A. A. Meira Neto 21142 et al. (UEC, VIC);
2.VI.1987, J. A. A. Meira Neto 21177 et al. (UEC); J. A. A. Meira Neto s.n. et al. (UEC, VIC
12058); 16.XI.1987, J. A. A. Meira Neto 21368 et al. (UEC, VIC); Parque Municipal da Grota
Funda, 24.V.1997, Fábio 35517 et al. (UEC); Trilha de acesso à Pedra Grande, 7.V.1997, A. M.
G. A. Tozzi N97-35 et al. (UEC). Campos do Jordão, Parque Estadual de Campos do Jordão,
14.VI.1984, J. P. M. Carvalho 100 & M. J. Robim (GUA, SPSF). Guarulhos, Aeroporto
Internacional de São Paulo, 1984, S. Gandolfi 4822 et al. (UEC); Bairro dos Pimenta,
16.VI.1980, F. R. Martins 11237 & J, Y, Tamashiro (UEC). Jundiaí, 12.XI.1945, D. B. Pickel s.n.
(SPSF 2391); Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi, 22.IX.1983, S. C. Chiea 342 (SP);
22.IX.1983, M. Sugiyama 15524 & S. C. Chiea (UEC); 15.V.1984, L. P. M. Fonzar 15978 & R.
80
G. Pelissari 2012
TRATAMENTO TAXONÔMICO
R. Rodrigues (UEC); 23.I.1985, L. P. C. Morellato-Fonzar 16830 & R. R. Rodrigues (UEC);
1.IX.1997, R. A. S. Pereira 70 & Janete (UEC); 8.VI.1998, E. C. Leite 749 (UEC); 19.X.2004, A.
B. Junqueira 207 et al. (SPF); 25.XI.2006, C. B.Caselli s.n. (UEC 152309); 5.XII.2007, J. A.
Lombardi 708 et al. (HRCB); 8.II.2008, C. B. Caselli s.n. (UEC 152308); 22.VIII.2008, J. A.
Lombardi 7471 et al. (HRCB). Lindóia, margem do rio Peixe, 9.V.1942, M. Kuhlmann 1202 & E.
Kuehn (SP). Mairiporã, Parque Estadual da Cantareira, 23.XII.2000, F. A. R. D. P. Arzolla 228 &
A. C.Vasconcellos (HRCB, SPSF, UEC); 20.VII.2005, J. A. Pastore 1324 et al. (SPSF);
18.III.2008, R. Cielo Filho 796 et al. (SPSF). Monteiro Lobato, Serra da Mantiqueira, 8.XI.1953,
M. Kuhlmann 2913 (SP). Pedra Bela, Bairro do Lima, 8.V.1995, J. Y. Tamashiro 937 et al. (ESA,
HRCB, SP, SPF, UEC); J. Y. Tamashiro 952 et al. (ESA, HRCB, SP, SPF, UEC). Queluz,
14.X.1995, S. Romaniuc Neto 1514 (SP). São José dos Campos, Reserva Florestal da Boa Vista,
8.X.1985, A. F. Silva 1254 (UEC, VIC); 23.V.1986, A. F. Silva 1440 & F. M. G. Pereira (UEC,
VIC); 23.VIII.1986, A. F. Silva 1441 & F. M. G. Pereira (UEC, VIC). São Paulo, Parque
Estadual do Jaraguá, 26.VII.2007, F. M. Souza 861 & et al. (SPSF); 27.VII.2007, F. M. Souza
884 & et al. (SPSF). Serra da Cantareira, 18.VII.1948, G. Hashimoto s.n. (GHSP, SP 411915);
30.III.1967, J. Mattos 14546 (SP); Região do Pinheirinho, 26.VII.1990, O. T. Aguiar 381 (SPSF).
Material adicional examinado: RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo, morro da Companhia
Nacional da Álcalis S.A., 29.I.2006, M. D. M. Vianna Filho 1220 & T. T. Carrijo (R, SP). Cabo
Frio, distrito de Tamoios, condomínio Florestinha, 02.XI.2010, G. Pelissari 174 et al. (SP).
Cachoeiras de Macacu, Estação Ecológica Estadual de Paraíso, 19.II.1992, C. M. Vieira 186 et al.
(HUEFS, R, RB); Reserva Ecológica de Guapiaçu, 12.V.2007, A. Quinet 1101 (RB, SP).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
11. Ficus mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, Bradea 8(20) 112. 1999.
Nome populare: figueira de Maria.
Prancha 3: F-K.
Figura 13: A.
Anexo I: 16.
Árvores 8-32 m alt.; látex branco, espesso; ramos 2-7mm diâm., castanhos a avermelhados,
pubescentes, tricomas alvos a castanhos. Estípulas 1 cm compr., caducas, vináceas, hirsutas,
alvos a castanhos. Lâminas elípticas a oblongas, 6-13 x 4,5-7 cm, subcoriácea, ápice agudo a
levemente cuspidado, base arredondada, glabra em ambas as faces, com pilosidade restrita às
nervuras principal e secundárias, tricomas alvos a castanhos; 11-14 pares de nervuras
secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1-2 cm compr., hirsutos, alvos a castanhos,
epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônio aos pares, globosos, 8-10 mm diâm., lisos,
glabros a pubérulos, tricomas alvos a castanhos quando secos, macios, máculas creme;
pedúnculos 2-4 mm compr., glabros a pubérulos, tricomas alvos a castanhos; ostíolo crateriforme,
circular, 2-3mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face ventral glabra, face dorsal
hirsuta, tricomas alvos a castanhos. Flores estaminadas sésseis a pediceladas: tépalas 3, livres,
alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas tépalas 3, livres, alvo-amareladas, estigma bífido,
liso, reto. Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas.
Alguns materiais de F. mariae foram identificados nos herbários como F. matiziana
Dugand, devido à semelhança na pilosidade das lâminas e formato do ostíolo. No entanto as
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
lâminas de F. matiziana apresentam nervura principal avermelhada, não observado em F. mariae.
Além disso, em F. matiziana o ostíolo, apesar de ser crateriforme, apresenta um anel elevado, tribracteado (Carauta 1989). F. mariae possui sicônios com ostíolo crateriforme, mas não possuem
anel elevado. Também diferem quanto à distribuição geográfica sendo, F. matiziana, encontrada
na região amazônica, Colômbia, Venezuela e Guianas, enquanto F. mariae, apesar de ser
encontrada na Bolívia e Peru, possui distribuição extra-amazônica.
Pode ser confundida com F. trigona, mas se diferencia desta por apresentar sicônios com
ostíolo crateriforme, circular, estípulas vináceas e lâminas com 11-14 pares de nervuras
secundárias, enquanto que F. trigona apresenta sicônios com ostíolo crateriforme, triangular,
estípulas castanho-amareladas e lâminas com 4-8 pares de nervuras secundárias.
Distribuição geográfica: ocorre nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e
Rio de Janeiro, e em países limítrofes como Bolívia e Peru. Na Mantiqueira: A7, B6, B7:
encontrada em floresta estacional semidecidual submontana, em solo brejoso ou próximo a cursos
d’água, crescendo em pleno sol, em altitudes que variam de 400 a 770 m.
Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de janeiro, agosto, outubro e
novembro. Vespas negras e galhas de vespas foram encontradas nos sicônios.
Etimologia: o epíteto foi dado em homenagem a Maria Werneck de Castro (1905-2000),
desenhista de plantas brasileiras, principalmente do cerrado e da Mata da encosta Atlântica
(Carauta & Diaz, 2002a).
Conservação: categoria proposta (EN). Além de possuir poucas coletas na Mantiqueira
possui apenas uma referência em área de conservação.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Material examinado: MINAS GERAIS: Carangola, Rio Carangola, 20.VIII.1989, L. S. Leoni
834 (GFJP). Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 1.X.1984, K. B. Strier 662 (RB);
Fazenda Montes Claros, 9.I.1980, A. Nishimura 28 (RB). Viçosa, estrada para Airões, 9.XI.2007,
P. P. Souza 210 (GFJP, VIC).
Material adicional examinado: ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra, Fazenda Rancho
Tropical II, 5.VII.2007, C. Farney 4760 et al. (K, MBM, MO, RB, SP, VIES).
12. Ficus mexiae Standl., Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 17(2): 173. 1937.
Nomes populares: figueira de mexia, gameleira, mata pau, figueira brava.
Pr5ancha 3: L-Q.
Figura 13: B.
Anexo I: 17.
Árvores ou hemiepífitas 6-15 m alt.; látex branco, espesso; ramos 3-8 mm diâm., castanho
escuros, glabros. Estípulas 1,2-2,5 cm compr., persistentes, esverdeadas, castanhas quando secas,
glabra em ambas as faces. Lâminas obovadas a oblanceoladas, 6-18,5 x 2-8 cm, coriáceas, ápice
arredondado, acuminado a obtuso, base arredondada a hastado-cordada, glabra em ambas as
faces, macia; 8-12 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 0,7-3,5
cm compr., glabros, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos,
0,5-1,5 cm diâm., lisos, glabros; verdes, castanhos quando secos, macios, máculas brancas a
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
esverdeadas, castanho escuro quando secas; sésseis; ostíolo plano, circular, 1-4 mm diâm., anel
circular presente; orobrácteas externas 2; epibrácteas 2, glabras em ambas as faces. Flores
estaminadas pediceladas: tépalas 2, adnatas na base, castanhas, estame 1; flores pistiladas: tépalas
3, adnatas na base, castanhas, estigma bífido, plumoso ou reto. Drupas globosas. Sementes
amareladas.
F. mexiae é mais uma espécie, além de F. luschnathiana, geralmente identificada como F.
enormis. Carauta (1989) reconhece as três espécies como binômios válidos.
Carauta & Diaz (2002a) apresentam os dois binômios diferenciando-os pelo pecíolo com
1,3 a 3 cm comp., folha lanceolada-oblonga em F. mexiae e pecíolo de 5-9 cm compr., folha
obovada a obovadas-oblonga em F. enormis. Curiosamente, nas fotografias apresentadas não é
observada nenhuma folha obovada ou obovada-oblonga nem pecíolos maiores que 5 cm,
sugerindo tratar-se de F. luschnathiana. Cabe ressaltar que não há material examinado citado.
Apesar de ser descrita por Standley com folhas oblanceoladas a oblongas é possível ver que
o material tipo de F. mexiae possui lâminas oblanceoladas a obovadas, característica dessa
espécie. Vários materiais da Mantiqueira apresentaram estípula persistente, o que pode ser
considerado também um carácter importante para a determinação da espécie.
Analisando o tipo de F. mexiae é possível ver lâminas obovadas, com base arredondada a
subcordada, não vistas em F. luschnathiana.
Berg & Villavicencio (2004) propõem a sinonímia de F. mexiae sob F. enormis,
justificando sua decisão pelo fato de F. enormis apresentar variações quanto ao tamanho e
formato das lâminas, comprimento do pedúnculo, presença de indumento, assim como o número
de orobrácteas, tratando as características morfológicas de F. mexiae como variações de F.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
enormis. Carauta & Diaz (2002a) afirmam que o tipo de F. enormis, coletado por C. F. P. von
Martius apresenta, provavelmente, materiais de duas procedências, Minas Gerais e São Paulo.
Foi possível observar indivíduos de F. mexiae na localidade típica, na cidade de Viçosa,
Minas Gerais. Todos os materiais apresentaram folhas obovadas de base arredondada a
subcordada.
Poderíamos adotar o proposto por Berg & Villavicencio (2004) e tratar F. mexiae como
sinônimo de F. enormis. Ambas as espécies ainda necessitam estudos mais aprofundados, tanto
moleculares quanto anatômicos, para elucidar esse problema nomenclatural.
Pelo exposto acima, trataremos F. mexiae e F. enormis como táxons distintos, sendo o
primeiro de ocorrência na Mantiqueira.
Distribuição geográfica: ocorre nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro. Na Mantiqueira: B5, B6, B7, C2, C3, C4, C5: encontrada em floresta ombrófila
densa, floresta estacional semidecidual submontana e montana e cerrado. Encontrada tanto em
solos brejosos como arenosos, em áreas sombreadas ou com luminosidade intensa, em altitudes
que variam de 500 a 1400 m.
Fenologia: coletada com sicônios o ano todo. Pode-se observar sicônio muito jovens
inseridos no tegilo e sicônios em fase receptiva, com vespas negras no interior.
Etimologia: O material tipo foi coletado na Fazenda da Aguada, em Viçosa, no ano de
1930 e o epíteto homenageia a coletora-fundadora d herbário VIC, Ynes Mexia (Carauta & Diaz
2002a, Souza 2009).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Conservação: categoria proposta (LR). Facilmente encontrada em áreas não preservadas,
no estados de Minas Gerais, no entanto, há vários registros da espécie em áreas de conservação,
além de ser amplamente distribuída na Mantiqueira, principalmente na região mineira.
Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Mundo Novo, 15.III.2001, E. A.
Costa 87 (RB). MINAS GERAIS: Sem localidade, sem data, Sem coletor s.n. (CESJ, SP
304083). Alto Caparaó, córrego Caparaó, 3.XII.2003, L. S. Leoni 5539 (GFJP, R); Parque
Nacional da Serra do Caparaó, 6.VI.1996, L. S. Leoni 3362 (GUA); XII.1997, L. S. Leoni 3828
(GFJP); 27.IX.2007, T. T. Carrijo 1058 et al. (R, RB). Alto Jequitibá, VII.2005, L. S. Leoni 6251
(GFJP). Araponga, Serra do Brigadeiro, Fazenda Brigadeiro, VI.1996, L. S. Leoni 3392 (GFJP,
GUA). Serra da Araponga, Fazenda Neblina, 26.V.1994, L. S. Leoni 2581 et al. (GFJP); IX.1997,
L. S. Leoni 3777 (GFJP). Barroso, Mata do Baú, 25.XI.2001, L. C. S. Assis 391 & M. S.
Magalhães (CESJ, GUA); 17.II.2002, L. C. S. Assis 473 & M. S. Magalhães (CESJ, GUA, VIC);
28.IX.2002, L. C. S. Assis 579 & M. S. Magalhães (CESJ, ESAL, MBM, RB, SP, SPF); Caparaó,
RPPN, crescendo emfrente à sede, 7.XI.2004,L. S. Leoni 6043 (GFJP). Carangola, Bom Jesus do
Madeira, X.1995, L. S. Leoni 3110 (GFJP, GUA, SP); Cachoeira Torta, 14.II.1993, L. S. Leoni
2107 (GFJP, GUA); Serra da Araponga, 9.X.1997, L. S. Leoni s.n. (GUA 46146); Serra da
Grama, 1.V.1991, L. S. Leoni s.n. (GUA 39894). Caxambu, Parque das Águas, 24.XI.2005, R. A.
S. Pereira 142 (RB, SPFR). Conceição do Ibitipoca, estrada para Santana do Garambéu,
17.XI.1996, F. R. G. Salimena 973 & P. H. Nobre (CESJ, GUA). Descoberto, Reserva Biológica
da Represa do Grama, 18.V.2002, A. V. Lopes 47 et al. (CESJ, RB). Espera Feliz, chalé,
25.XI.1996, L. S. Leoni 3569 (GFJP). Próximo à Fazenda José Arantes, 18.I.2006, L. S. Leoni
6375 & P. P. Souza (GFJP). Fervedouro, Bom Jesus do Madeira, 26.III.2000, B. E. Diaz 242
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
(GFJP). Do lado da estrada em direção ao Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, 25.III.2000, L.
S. Leoni 4397 & E. Dias (GFJP, RB). Estrada Fervedouro – PESB, 13.IV.2009, F. Marcolino 86
(GFJP). Itamarati de Minas, Mineração de Alumínio – CBA, I.1998, L. V. Costa s.n. (BHCB
14428). Juiz de Fora, Morro do Imperador, 7.XI.2001, D. S. Pifano 110 & M. O. D. Pivari
(CESJ, GUA). Museu Mariana Procópio, 09.III.1988, B. B. S. Coelho 247 (CESJ, GUA, RB, SP).
Torreões, I.1970, L. Krieger 7990 (CESJ, GUA, SP). Lima Duarte, 11.1989, L. Krieger 24276 &
M. Brugger (CESJ, GUA, MBM, SP, UFJF); 11.X.1989, L. Krieger s.n. & M. Brugger (CESJ, SP
304075); 22.XI.2002, F. M. Ferreira 411 et al. (CESJ). Parque Estadual do Ibitipoca,
30.VII.1987, P. Andrade 1004 (BHCB, GUA); 19.V.2002, F. R. G. Salimena 1053 & P. H.
Nobre (BHCB, CESJ); 10.III.2004, R. C. Forzza 3170 et al. (CEPES, ESA, K, RB, SP);
30.III.2004, R. C. Forzza 3291 et al. (K, MBM, RB, SP). São José dos Lopes, I.1994, V. C.
Almeida s.n. (R 190176); 19.III.1994, V. C. Almeida 2 (GUA); 20.IV.1994, V. C. Almeida 11
(GUA, R). Serra Negra, 10.V.2008, N. L. Abreu 221 & L. Menini Neto (CESJ); 15.XI.2008, F. R.
G. Salimena 2762 & P. H. Nobre (CESJ); 4.IV.2009, J. H. C. Ribeiro 77 et al. (CESJ);
20.IV.2009, J. H. C. Ribeiro 106 et al. (CESJ); 25.X.2009, J. M. Santana 9 et al. (CESJ). Olaria,
São Domingos da Bocaina, 10.X.1989, L. Krieger s.n. et al. (CESJ, GUA, MBM, SP 304101,
UPCB). São Francisco do Prata, 1.VIII.1992, E. R. Ribeiro 2 (CESJ, GUA, MBM, SP). Poços de
Caldas, 1.IX.1980, J. Y. Tamashiro 181 et al. (UEC). Mata da Colina 4.XI.1980, A. C. Gabrielli
329 et al. (UEC); 27.X.1981, J. Y. Tamashiro 1272 et al. (UEC). Pouso Alegre, Fazenda
Remonta, 21.VII.1969, J. P. P. Carauta 875 (GUA, RB). Rio Preto, estrada do Funil, 21.III.2004,
K. Antunes 1 et al. (CESJ). Funil, estrada de acesso para Fazenda Tiririca, 25.IV.2004, K.
Antunes 112 et al. (CESJ, SP); K. Antunes 113 et al. (CESJ, SP). São João Nepomuceno, Serra
dos Núcleos, 14.II.2003, R. M. Castro 813 et al. (CESJ). São Tomé das Letras, 13.X.1984, L.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Krieger s.n. & Pavam (CESJ, GUA, MBM, SP 304078). Viçosa, 1935, Kuhlmann s.n. (VIC
2067). Campus da Universidade Federal de Viçosa, próximo à reitoria, 20.XI.1978, R. S.
Ramalho 1315 & G. Rodrigues (RB). Divisão de Projetos e Obras, 26.III.2000, B. E. Diaz 244
(GFJP). Horto Botânico, 03.V.1995, E. dos Santos 18 (SP, VIC). Horto botânico, 14.II.1996, G.
E. Valente 168 (GUA, VIC). Horto, 15.III.2000, G. E. Valente 450 (SP, VIC). Mata do Borges,
16.V.1995, E. Santos 16 (SP, VIC). Mata da Biologia, beira da estrada, 23.V.2007, P. P. Souza
178 (R, RB, VIC). Estrada para a praça das bandeiras, 06.V.2008, P. P. Souza 251 (RB, SP,
VIC). Posto de fiscalização, 19.IX.2008, P. P. Souza 261 (SP, VIC); Próximo à entrada da trilha
para educação ambiental, 14.XII.2010, G. Pelissari 188 et al. (SP). Casquinha, 3.X.1979, R. S.
Ramalho 1599 & E. Faria (GUA). Centro da cidade, 1.III.2007, P. P. Souza 169 (R, SP, VIC).
Escola Superior de Agronomia, X.1935, M. Kuhlmann s.n. (RB 2189). Estrada para Canaã, Sítio
sem peixe, 15.XII.2010, G. Pelissari 192 et al. (SP). Fazenda Cachoeirinha, antiga Fazenda
Funarbe, 29.VIII.2007, P. P. Souza 193 (RB, VIC). Fazenda do rio Casca, 7.IX.1957, J. P. P.
Carauta 50 (R). Mata da prefeitura, 30.I.1980, R. S. Ramalho 1744 (GUA). Mata do Paraíso,
trilha principal, 13.IV.2010, P. P. Souza 170 et al. (R, SP, VIC); 12.III.2010, F. C. P. Garcia
1104 et al. (VIC). Estrada para Cachoeirinha, 29.VIII.2007, P. P. Souza 192 (GFJP, SP, VIC).
Palmital, 26.IX.2007, P. P. Souza 199 (R, RB, SP, VIC). Pedreira, beira de brejo, 17.X.2007, P.
P. Souza 206 (SP, VIC). Sumidouro, margem da estrada, 10.I.2008, P. P. Souza 224 (SP, VIC).
Sítio Bonsucesso, mata do Seu Nico, 14.XII.2010, G. Pelissari et al. 184 (SP). Próximo ao
Diretório Acadêmico Navarro de Andrade, 15.III.1968, Ladeira s.n. (GUA, PEL, SP 20665).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
13. Ficus obtusifolia Kunth in Humboldt & Bonpland, Nov. Gen. Sp. 2: 49. 1817.
Prancha 3: R-W.
Figura 14: A.
Anexo I: 19.
Árvores ou hemiepífitas 12-18 m alt.; látex branco, espesso; ramos 5mm diâm., castanho
claros a marrom escuros, glabros. Estípulas 1-1,7 cm compr., caducas, verdes, castanhoavermelhada quando secas, glabras a pubescentes, tricomas alvos. Lâminas obovadas, 6-21 x 3-8
cm, coriáceas, ápice arredondado, base aguda a cuneada, glabra em ambas as faces, macia; 7-10
pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-5 cm compr., glabros, epiderme
persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, oblongos, 1,5-2 cm diâm., lisos ou
verrucosos, pubescentes, tricomas alvos, macios, verdes, castanho-claro a castanho-escuro
quando secos, máculas creme, castanhas quando secas; pedúnculos 2-4 mm compr., pubérulos,
tricomas alvos; ostíolo proeminente, circular, 3-4 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas
2, face ventral pubescente na base, tricomas alvos, face dorsal pubescente, tricomas alvos. Flores
estaminadas pediceladas: tépalas 3, livres, alvo-amareladas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 34, livres, alvo-amareladas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas subglobosas a ovais.
Sementes amareladas.
Carauta (1989) utiliza F. obtusifolia de forma ampla, adotando F. gardneriana (Miq.) Miq.
e F. mattogrossensis Standl. como sinônimos, entretanto, sugere a separação dos três táxons
através das diferenças da base da lâmina e indumento do sicônio, sendo base da lâmina cuneada e
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
sicônios glabros em F. obtusifolia, base arredondada e sicônios gris-tomentosos em F.
gardneriana e, base da também cuneada e sicônios pubérulos em F. mattogrossensis.
Berg & Villavicencio (2004) propõem a sinonímia desses três táxons, esclarecendo que os
espécimens brasileiros são morfologicamente variáveis. Ainda afirmam que F. obtusifolia é
espécie próxima a F. catappifolia Kunth, diferenciando-os de acordo com a base da lâmina foliar,
número de nervuras secundárias e formato do sicônio. No entanto, Santos (2010) propõe a
sinonímia de F. catappifolia em F. obtusifolia, uma vez que os indivíduos estudados
apresentaram variações em todos os caracteres.
Optou-se por adotar a proposta de Berg & Villavicencio (2004) e considerar, como táxon
ocorrente na Mantiqueira, apenas F. obtusifolia.
Distribuição geográfica: ocorre em todas as regiões do Brasil, estendendo-se até a
América Central. Na Mantiqueira: C5, D2, D3: encontrada em floresta estacional semidecidual
submontana, em altitudes que variam de 540 a 1100 m.
Fenologia: coletada com sicônios durante os meses de abril, maio, agosto, setembro,
novembro e dezembro.
Etimologia: o epíteto ressalta a característica das folhas obtusas.
Conservação: categoria proposta (VU). Possui poucas coletas na área e nenhuma
referência em área de conservação.
Material examinado: MINAS GERAIS: Ewbank da Câmara, Fazenda Cascatinha, 13.IX.1994,
H. G. P. Santos 323 et al. (CENARGEN, SP). SÃO PAULO: Águas de Lindóia, estrada de terra
para Barão de Ataliba, 9.V.1995, J. Y. Tamashiro 1037 et al. (ESA, HRCB, SP, SPF). Amparo,
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
estrada Amparo-Pedreira, 05.IV.1993, S. Romaniuc Neto 1365 & J. V. Godoi (SP). Aparecida,
Fazenda Motuca, 4.XII.1999, E. A. Rodrigues s.n. (SP 397013). Itapira, estrada Itapira-Mogi
Mirim, 22.XI.1992, S. Romaniuc Neto 1333 & J. V. Godoi (SP). Pinhal, Fazenda Santa Tereza,
13.XI.1947, M. Kuhlmann 1528 (SP, SPF).
Material adicional examinado: MINAS GERAIS: Carmópolis de Minas, Estação Ecológica da
Mata do Cedro, 29.X.1995, L. Echternacht 1076 & J. R. Stehmann (HRCB, R).
92
Prancha 3: A-E. F. luschnathiana, A. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; B. detalhe da estípula
terminal no ramo; C. sicônio; D. vista basal do sicônio e epibrácteas; E. vista apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas.
F-K. F. mariae, F. ramo com folhas, estípula e sicônios; G. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar;
H. detalhe da estípula terminal no ramo; I. sicônio; J. visão basal do sicônio e epibrácteas; K. visão apical do sicônio,
ostíolo e orobrácteas.L-Q. F. mexiae, L. ramo com folhas, estípula e sicônios; M. detalhe da base da lâmina foliar e
glândula acropeciolar; N. detalhe da estípula terminal no ramo; O. sicônio; P. visão basal do sicônio e epibrácteas; Q.
visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. R-W. F. obtusifolia, R detalhe da base da lâmina foliar e glândula
acropeciolar; S. indumento dos sicônios; T. detalhe da estípula terminal no ramo; U. sicônio; V. visão basal do
sicônio e epibrácteas; W. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-E. Pelissari 200; F-K. Nishimura 28; L-Q.
Souza 251; R-W. Romaniuc Neto 1365).
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14. Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq., Ann. Mus. Lugduno-Batavi 3: 300. 1867.
Pharmacosycea obtusiuscula Miq., London J. Bot. 7: 69. 1848.
Nomes populares: figueira, lombrigueira.
Prancha 4: A-E.
Figura 14: B.
Anexo I: 20.
Árvores 5-10 m alt.; látex branco, ralo; ramos 3-6 mm diâm., castanho claro a castanho
acinzentado, glabros. Estípulas 2,7-4,5 cm compr., caducas, verdes, castanho-esverdeadas a
castanho-escuro quando secas, glabras em ambas as faces. Lâminas elípticas, 6-14 x 2-6 cm,
coriáceas, ápice agudo a levemente acuminado, base aguda, glabra em ambas as faces, macia; 1114 pares de nervuras secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1-3,5 cm compr.,
glabros a pubérulos, tricomas alvos, epiderme persistente, par de glândulas baselaminares.
Sicônios aos pares, globosos, 4 -14 mm diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvos, macios,
verdes, castanho-esverdeados quando secos, máculas alvo-esverdeadas; pedúnculos 1-5 mm
compr., glabros; ostíolo plano a proeminente, circular, 1-3 mm diâm.; orobrácteas externas 5;
epibrácteas 2, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 5, livres, alvoamareladas, estames 2; flores pistiladas: tépalas 5, livres, alvo-amareladas, estigma liso, reto.
Drupas ovais. Sementes alvo-amareladas.
F. obtusiuscula é geralmente confundida com F. adhatodifolia. Pertencem ao subgênero
Pharmacosycea, no entanto F. obtusiuscula apresenta folhas de 6 a 14 cm compr., sicônios aos
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pares de 0,4 a 1,4 cm diâm., enquanto que F. adhatodifolia, que apresenta folhas de 6,5 a 26,5 cm
compr. e sicônios solitários, de 1,5 a 2,7 cm diâm.
Distribuição geográfica: ocorre em todas as regiões do Brasil, estendendo-se até a
Argentina e Paraguai. Na Mantiqueira: B6, B7, C5, C6, C7, D4: encontrada em floresta
estacional semidecidual submontana, próximo a cursos d’água, em mata ciliar, sobre solo brejoso
ou argilo-arenoso, desenvolvendo-se em pleno sol, em altitudes que variam de 190 a 770 m.
Fenologia: coletada com sicônios entre fevereiro e outubro. Foi observada a presença de
vespas de coloração acinzentada no interior dos sicônios.
Etimologia: o epíteto refere-se à forma do áoice das folhas (Carauta & Diaz 2002a).
Conservação: categoria proposta (VU). Apesar de possuir um número considerável de
coletas na região, não há registro de coletas em áreas de conservação.
Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Três Estados, 12.X.2000, E. A.
Costa 85 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, centro da cidade, 29.VI.2000, L. S. Leoni 4459 &
J. B. Costa (GFJP); Rio Carangola, 29.V.1988, L. S. Leoni 1 (GUA); 29.V.1988, L. S. Leoni 206
(GFJP)II. 1992, L. S. Leoni s.n. (GFJP, GUA 42253); 9.V.1996, P. Nolasco 7 & L. S. Leoni
(GFJP). Chiador, UHE Simplício, 5.VII.2006, G. Pereira-Silva 10839 et al. (CEN, VIC). Faria
Lemos, Fazenda Santa Isabel, 27.X.1992, L. S. Leoni 1997 (GFJP, GUA). Laranjal, 07.02.1971,
L. Krieger 10013 (CESJ, SP). Muriaé, Usina Hidrelátrica Cachoeira Encoberta, 17.IV.1999, A.
Salino 4611 & P. O. Morais (BHCB, CESJ); Centro, X.2000, L. S. Leoni 4523 & B. Cosenza
(GFJP). Ponte Nova, 03. VIII. 1995, G. E. Valente 115 et al. (SP, VIC); III.1997, L. V. Costa s.n.
(BHCB 27492, RB); Perto de Bucha, 15.IV.1976, M. P. Corvo 76-55 & S. L. Lima (VIC).
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Tombos, Fazenda São Pedro, 7.IV.2003, L. S. Leoni 5287 (GFJP). Viçosa, Duas Barras,
8.VIII.2007, P. P. Souza 189 (SP, VIC); margem direita do rio Turvo Limpo, 8.VIII.2007, P. P.
Souza 190 (SP, VIC); Sumidouro, 03.IX.2007, P. P. Souza 200 (SP, VIC). RIO DE JANEIRO:
Itaperuna, Fazenda Barra do Carangola, 18.III.2010, L. S. Leoni 7603 (GFJP). Itatiaia, às margens
do rio Campo Belo, 1.II.2001, P. P. Souza 84 (RB). Porciúncula, rio Carangola, IX.1998, L. S.
Leoni 4023 (GFJP). Resende, Avenida Presidente Kennedy, 16.II.2011, G. Pelissari 201 et al.
(SP); Porto Real, 22.X.1981, J. P. P. Carauta 4273 et al. (RB).
15. Ficus organensis (Miq.) Miq., Ann. Mus. Bot. Lugduno-Batavi 3: 299.1867.
Urostigma organense Miq., London J. Bot. 6: 542. 1847.
Nomes populares: gameleira brava, mata pau.
Prancha 4: F-J.
Figura 15: A.
Anexo I: 21.
Árvores ou hemiepífitas 2-20 m alt.; látex branco, espesso; ramos 2-4 mm diâm., castanho
acinzentado, glabros a pubérulos, tricomas alvos. Estípulas 0,2-0,7 cm compr., caducas,
esverdeadas, avermelhadas quando secas, face dorsal pubescente, tricomas alvos, face ventral
glabra. Lâminas elípticas a ovais, 3,5-7,5 x 1,5-3,5 cm, cartáceas, ápice agudo, base aguda, glabra
em ambas as faces, macia; 7-10 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 815 mm compr., glabros a pubescentes, tricomas alvos, epiderme persistente, glândula
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-7 mm diâm., lisos, glabros, macios, verdes,
castanho-claro a castanho-escuro quando secos, máculas vináceas; pedúnculos 1-4 mm compr.,
glabros; ostíolo plano, circular, 1-2 mm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2, face dorsal
glabra, face ventral glabra a pubérulo, tricomas alvos. Flores estaminadas sésseis a pediceladas:
tépalas 2-3, livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estame 1; flores pistiladas: tépalas 3,
livres ou adnatas na base, alvo-alaranjadas, estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas
globosas. Sementes amareladas.
Berg & Villavicencio (2004) trataram F. organensis como sinônimo de F. cestrifolia
Schott, considerando esta última como espécie próxima a F. hirsuta, pelo fato de ambas
apresentarem folhas pequenas. No entanto, F. cestrifolia apresenta número maior de nervuras
secundárias, ao contrário de F. hirsuta que apresenta folhas com até 6 nervuras secundárias. Os
materiais de F. organensis estudados na Mantiqueira possuem lâminas glabras, com 7 a 10 pares
de nervuras secundárias. Além disso, os sicônios de F. organensis são recobertos por máculas
vináceas, apontadas por Souza (2009) como importante carácter taxonômico. Optou-se por
considerar F. organensis e F. cestrifolia como espécies distintas, devido à presença de máculas
vináceas e lâminas glabras nos exemplares examinados de F. organensis. F. cestrifolia não
ocorre na Mantiqueira.
Distribuição geográfica: ocorre do sul ao sudeste do Brasil. Na Mantiqueira: B6, D4, D5,
E3: encontrada em floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual submontana e
montana, em mata ciliar próximo a cursos d’água, em altitudes que variam de 430 a 1200 m.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Fenologia: coletada com sicônios o ano todo. Foram observadas nespas negras e galhas de
veslas no interior dos sicônios.
Etimologia: Friedrich Anton Miquel deu a esta espécies o epíteto organensis pelo fato do
holótipo ter sido coletado na Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro.
Conservação: categoria proposta (VU). Assim como F. obtusiuscula não há registro de
coletas da espécie em área de conservação.
Material examinado: MINAS GERAIS: Carangola, Serra da Grama, 12.II.1995, L. S. Leoni
2784 et al. (GFJP). Fervedouro, córrego Ararica, 19.V.2009, F. Marcolino 20 & R. S. Pereira
(GFJP); Marcolino 126 & J. P. D. Heleno (GFJP); Serra da Grama, 17.II.2005, L. S. Leoni 6107
(GFJP). Pedra Dourada, VIII.1997, L. S. Leoni 3702 (GFJP). Rio Preto, Serra Negra, 10.IV.2004,
K. Antunes 78 et al. (CESJ, SP). Viçosa, 25.I.1935, Kuhlmann s.n. (SP 293381, VIC); Bairro
Belvedere, 10.III.2008, P. P. Souza 240 (GFJP, VIC); Campus da UFV, 31.X.1978, R. S.
Ramalho 1292 et al. (RB); 16.V.1995, E. Santos 15 (VIC); 2.VII.2008, P. P. Souza 258 (VIC);
14.XII.2010, G. Pelissari 190 et al. (SP); Escola de Agronomia de Vi;cosa, 13.XI.1934,
Kuhlmann s.n. (VIC 1641); 25.I.1935, M. Kuhlmann s.n. (RB 2179). RIO DE JANEIRO: Itatiaia,
estrada do Maromba, próximo à ponte do Maromba, 23.IV.2001, H. C. Lima 5767 et al. (RB,
SP). SÃO PAULO: São José dos Campos, margens do Rio Paraíba do Sul, 22.VI.2002, M. C.
Assis 1551 et al. (HRCB, RB, SP).
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16. Ficus pulchella Schott in Spreng., Syst. Veg., ed. 16. 4(2, App.): 410. 1827.
Nomes populares: figueira, caxinguba.
Prancha 4: K-O.
Figura 15: B.
Anexo I: 22.
Árvores 15 m alt.; látex branco, espesso; ramos 5 mm diâm., castanhos, glabros. Estípulas
1,7 cm compr., caducas, verdes, castanho-avermelhadas quando secas, glabras. Lâminas elípticas
a oblongas, 8-13 x 3,5-7 cm, coriáceas, ápice agudo, base aguda, glabra em ambas as faces,
macia; 15-18 pares de nervuras secundárias, planas na face abaxial; pecíolos 1-1,5 cm compr.,
glabros, epiderme esfoliada, par de glândulas baselaminares. Sicônios solitários, globosos, 1,5-2
cm diâm., lisos, glabros, macios, verdes, castanho-escuro quando secos, máculas creme;
pedúnculos 7 mm compr., glabros; ostíolo plano, circular, 1 mm diâm.; orobrácteas externas 5-7;
epibrácteas 3, glabra em ambas as faces. Flores estaminadas pediceladas: tépalas 5, livres, alvoamareladas, estames 2; flores pistiladas: tépalas 5, livres, alvo-amareladas, estigma liso, reto.
Drupas ovais. Sementes amareladas.
F. pulchella é considerada por Berg & Villavicencio (2004) espécie próxima a F. piresiana
Vázq.Avila & C.C.Berg, descrita para a Amazônia venezuelana, no entanto os autores
diferenciam F. piresiana pelo tamanho do pecíolo de 0,8 a 3(-3,5) cm compr. e epiderme
persistente, enquanto que F. pulchella apresenta pecíolo de 0,3 a 1(-2,5) cm compr. e epiderme
esfoliada.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Distribuição geográfica: ocorre no sul e sudeste do Brasil e na Bacia Amazônica,
estendendo-se até as Guianas. Na Mantiqueira: A7, D3. Encontrada em remanescente de floresta
ombrófila densa, entre 550 e 580 m de altitude.
Fenologia: coletada com durante os meses de maio, agosto e outubro. Foram observadas
galhas de vespas no interior do sicônio, além de frutos, o que não foi observado por MendonçaSouza (2006).
Etimologia: o epíteto pulchella está associado à palavra latina pulchra, que significa bela
(Carauta & Diaz 2002a).
Conservação: categoria proposta: NT. A espécie possui registro de coleta na Estação
Biológica de Caratinga. No entanto, as coletas datam de aproximadamente 20 anos atrás.
Material examinado: MINAS GERAIS: Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 6.IV.1990,
L. V. Costa s.n. et al. (BHCB 22378); 20.X.1993, P. M. Andrade 417 & M. A. Lopes (BHCB,
SP). SÃO PAULO: Roseira, Fazenda do Aristide, 16.VIII.1995, S. Romaniuc Neto 1411 (SP).
17. Ficus trigona L.f., Suppl. Pl. 441. 1782.
Nomes populares: figueira, mium.
Prancha 4: P-T.
Figura 16
Anexo I: 23.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Árvores ou hemiepífitas 5-14 m alt.; látex branco a creme, espesso; ramos 5-8 mm diâm.,
acinzentados a castanho-claros, pubescentes, tricomas alvo-amarelados. Estípulas 0,6-1,4 cm
compr., castanho-amareladas quando secas, face ventral glabra, face dorsal pilosa a serícea,
tricomas alvo-amarelados. Lâminas elípticas, ovadas ou obovadas, 6-14 x 3-7,5 cm, coriáceas,
ápice agudo a acuminado, base arredondada a retusa; face adaxial glabra, face abaxial glabra a
pilosa, tricomas alvo-amarelados concentrados nas nervuras, macia; 4-8 pares de nervuras
secundárias, proeminentes na face abaxial; pecíolos 1-2,5 cm compr., pubescentes, tricomas alvoamarelados, epiderme persistente, glândula acropeciolar. Sicônios aos pares, globosos, 5-10 mm
diâm., lisos, glabros a pubérulos, tricomas alvo-amarelados, macios, verdes, castanhos quando
secos, máculas brancas; pedúnculos 2-4 mm compr., pubescentes a pilosos, tricomas alvoamarelados; ostíolo crateriforme, triangular, 2-3cm diâm.; orobrácteas externas 3; epibrácteas 2,
face ventral glabra, face dorsal pubescente a serícea, tricomas alvo-amarelados a castanhos.
Flores estaminadas pediceladas: tépalas 2-3, livres, alvo-alaranjadas; estame 1; flores pistiladas:
tépalas 2-3, livres, alvo-alaranjadas; estigma plumoso, decurrente ou reto. Drupas globosas.
Sementes amareladas a alaranjadas.
Berg & Simonis (2000) e Berg & Villavicencio (2004) designaram 17 sinônimos para a
espécie, sendo que 13 já haviam sido propostos na Flora da Venezuela e oito propostos no estudo
das espécies amazônicas de Ficus de Berg et al. (1984).
F. trigona pode ser confundida com F. mariae, no entanto diferencia-se desta por
apresentar ostíolos crateriformes triangulares, estípulas castanho-amareladas e lâminas com 4-8
pares de nervuras secundárias, enquanto que F. mariae possui ostíolos crateriformes circulares,
estípulas vináceas e lâminas com 11-14 pares de nervuras secundárias.
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TRATAMENTO TAXONÔMICO
Distribuição geográfica: ocorre em todas as regiões do Brasil, estendendo-se até a Bolívia,
Peru, Colômbia, Venezuela e Guianas. Na Mantiqueira: B6, B7, C5, C6, D4. Encontrada em
floresta ombrófila densa e floresta estacional semidecidual, frequentemente coletada próximo a
cursos d’água, em áreas alteradas ou pastagens, em altitudes que variam de 270 a 720 m.
Fenologia: coletada com durante os meses janeiro e de março a outubro. Foram observadas
vespas negras e galhas de vespas no interior dos sicônios.
Etimologia: o epíteto da espécie faz referência a forma triangular do ostíolo (Carauta &
Diaz 2002a).
Conservação: categoria proposta (LC). Apesar da maioria das coletas serem de áreas
sujeitas à ação antrópica, a espécie possui registros recentes de coletas em áreas de conservação.
Material examinado: ESPÍRITO SANTO: Dores do Rio Preto, Três Estados, 12.-X.2000, E. A.
Costa 81 (RB). MINAS GERAIS: Carangola, Rio Carangola, 8.VI.1988, L. S. Leoni 2 (GUA);
19.IX.1991, L. S. Leoni, 1644 (GFJP, GUA). Coronel Pacheco, Estação Experimental de Água
Limpa, 28.VIII.1976, M. B. Ferreira 9579 (PAMG). Descoberto, Reserva Biológica da Represa
do Grama, 27.V.2000, F. R. G. Salimena s.n. et al. (CESJ 3185, GUA, MBM); 21.IV.2001, R. M.
Castro 282 et al. (BHCB, CESJ, GUA); 27.V.2000, P. C. Zampa s.n. et al. (CESJ, GUA 48385).
Ponte Nova, 01.VII.1995, G. E. Valente 67 et al. (VIC, SP). Santa Rita do Jacutinga, 03.III.1987,
L. Krieger s.n. (CESJ, GUA, SP 304073). Tombos, Mata do Banco, 13.VII.2007, L. S. Leoni
6946 (GFJP); Usina de Tombos, VIII.2007, L. S. Leoni 6956 (GFJP). Viçosa, Sítio Bonsucesso,
17.I.2008, P. P. Souza 231 (SP, VIC); 12.III.2008, P. P. Souza 243 (SP, VIC); Sumidouro,
10.I.2008, P. P. Souza 223 (SP, VIC).
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Prancha 4: A-E. F. obtusiuscula, A. detalhe da base da lâmina foliar e par de glândulas baselaminares; B. detalhe da
estípula terminal no ramo; C. sicônio; D. vista basal do sicônio e epibrácteas; E. visão apical do sicônio, ostíolo e
orobrácteas. F-J. F. organensis, F. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; G. detalhe e indumento
da da estípula terminal no ramo; H. sicônio; I. visão basal do sicônio e epibrácteas; J. visão apical do sicônio, ostíolo
e orobrácteas. K-O. F. pulchella, K. detalhe da epiderme do pecíolo esfoliada; L. detalhe da estípula terminal no
ramo; M. sicônio; N. visão basal do sicônio e epibrácteas; O. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. P-T. F.
trigona, P. detalhe da base da lâmina foliar e glândula acropeciolar; Q. detalhe da estípula terminal no ramo; R.
sicônio; S. visão basal do sicônio e epibrácteas; T. visão apical do sicônio, ostíolo e orobrácteas. (A-E. Pelissari 201;
F-J. Pelissari 190; K-O. Andrade 417; P-T. Souza 223).
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AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela concessão de bolsa de mestrado à primeira autora. Aos curadores e
funcionários dos herbários visitados. Aos colegas que me acompanharam durante as viagens de
coleta. Aos Drs. Sergio Romaniuc Neto e Inês Cordeiro pela orientação e sugestões prestadas. Ao
Núcleo de Pesquisa Curadoria do Herbário SP e ao Programa de Pós-graduação em
Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Instituto de Botânica de São Paulo. Ao ilustrador
botânico Klei Souza pelo capricho das pranchas.
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G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
5. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Ficus apresenta distribuição pantropical e possui aproximadamente 800 espécies,
distribuídas em seis subgêneros: Ficus, com ocorrência na Malásia, África e Mediterrâneo;
Synoecia, com distribuição das Ilhas Salomão e Austrália até o Japão e Sri Lanka; Sycidium,
distribuído da África à Austrália e ilhas do Pacífico; Sycomorus, da África até as ilhas do
Pacífico; Pharmacosycea e Urostigma com ocorrência da África até a Austrália, ilhas do
Pacífico e América tropical.
Na região neotropical são encontradas cerca de 120 espécies de Ficus que ocorrem
desde o México, América Central e Antilhas até a América do Sul (Berg 2001, Berg &
Villavicencio 2004).
São 76 espécies referidas para o Brasil (Romaniuc Neto et al. 2010), sendo 54 com
ocorrência na Região Norte, 40 no Nordeste, 41 no Centro-Oeste, 21 no Sul e 35 no Sudeste.
Na região da Mantiqueira há ocorrência de 25 espécies, dentre as quais oito são exóticas.
Os dados de distribuição geográfica das espécies estudadas para a Mantiqueira
permitiram classificá-las no sistema biogeográfico, proposto por Morrone (1999, 2002), de
forma satisfatória sendo incluídas em duas subregiões e quatro províncias (tabela 4).
A Mantiqueira mostra-se como ponto de convergência entre duas províncias
biogeográficas: província do bosque paranaense e província do bosque atlântico brasileiro,
sofrendo ainda influência da província do cerrado. Também podemos observar a influência da
província de bosque de Araucaria angustifolia, particularmente nas regiões de Itatiaia e
Campos do Jordão.
F. luschnathiana é a única espécie que se distribui pelas quatro províncias, propostas
por Morrone (1999, 2002), na Mantiqueira. Isso pode ser explicado pela grande plasticidade
110
G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
morfológica e adaptativa encontrada nessa espécie, o que a permite se adaptar a ambientes
úmidos ou secos e a altitudes variadas.
F. adhatodifolia não ocorre na província de cerrado na Mantiqueira, sendo
frequentemente encontrada nas demais províncias, próxima a cursos d’água em locais
sombreados.
F. mexiae não ocorre na província de bosque de Araucaria angustifolia, no entanto, é
encontrada nas demais províncias da Mantiqueira, inclusive do cerrado. Uma característica
que pode explicar a ocorrência dessa espécie em ambientes secos, como o cerrado, é a
presença de estípula persistente, de até 2,5 cm compr., que permite maior proteção das gemas
apicais.
Algumas espécies ocorrentes na Mantiqueira distribuem-se até a região sul do país,
Argentina e Paraguai e, também, até a América Central, Colômbia, Bolívia, Venezuela,
Antilhas e México, como por exemplo F. castellviana, F. luschnathiana, F. obtusifolia e F.
trigona.
Na área estudada Ficus está bem representado (Figura 7), no entanto, as espécies
apresentam diferente distribuição quanto às suas áreas de ocorrência. Algumas espécies como
F. luschnathiana e F. mexiae são frequentes na região, no entanto, verifica-se que F. mexiae
distribui-se apenas em Minas Gerais e Espírito Santo e F. luschnathiana ocorre com maior
frequência em São Paulo e Rio de Janeiro.
Ficus habita preferencialmente as áreas de floresta ombrófila densa e floresta estacional
semidecidual e em menor incidência em áreas de cerrado (Tabela 5). Na Serra da Mantiqueira
é possível observar indivíduos de Ficus em áreas de pastagens a pleno sol.
Com exceção de F. pulchella, que habita áreas de floresta ombrófila densa, todas as
demais espécies ocorrem em floresta estacional semidecidual. Além de F. pulchella, outras
sete espécies ocorrem em floresta ombrófila densa: F. adhatodifolia, F. arpazusa, F. eximia,
111
G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
F. luschnathiana, F. mexiae, F. organensis e F. trigona. Em floresta ombrófila mista foram
encontradas F. adhatodifolia e F. luschnathiana e, em áreas de Cerrado, foram encontradas F.
luschnathiana e F. mexiae.
Tabela 4: Classificação das espécies de Ficus na região da Serra da Mantiqueira, segundo o sistema
biogeográfico proposto por Morrone (1999, 2002).
Subregião Paraense
Subregião
Região
Neotropical
Chaquenha
Província Bosque
Província do
Província do
Província do Bosque
Atlântico Brasileiro
Bosque
cerrado
de Araucaria
Paranaense
angustifolia
X
F. adhatodifolia
X
X
F. arpazusa
X
X
F. castellviana
X
X
F. clusiifolia
X
X
F. eximia
X
X
F. gomelleira
X
X
F. guaranitica
X
X
F. hirsuta
X
X
F. lagoensis
X
X
F. luschnathiana
X
X
F. mariae
X
X
X
F. mexiae
X
X
F. obtusifolia
X
X
F. obtusiuscula
X
X
F. organensis
X
X
F. pulchella
X
X
F. trigona
X
X
X
112
G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 7: Mapa da distribuição de Ficus na Mantiqueira.
F. luschnathiana é a única espécie encontrada nos quatro tipos de formação vegetal na
Mantiqueira.
F. adhatodifolia (Figura 8, A) é encontrada em floresta ombrófila densa submontana e
montana e em floresta estacional semidecidual montana e submontana e floresta ombrófila
mista. É geralmente encontrada próxima a cursos d’água, em mata ciliar, crescendo em locais
com altaa luminosidade, em altitudes que variam de 390 a 1000 m.
F. arpazusa (Figura 8, B) habita áreas de floresta ombrófila densa submontana á altoalto
montana e estacional semidecidual submontana e montana. Pode ser encontrada próxima a
113
G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
cursos d’água, em fissuras de rochas e interior de mata, geralmente em locais sombreados, em
altitudes que variam 340 a 920 m.
F. castellviana (Figura 9, A) ocorre em áreas de floresta estacional semidecidual,
também encontrada próximo aos cursos d’água, em mata ciliar, em altitudes que variam de
210 a 740 m.
Tabela 5: Distribuição das espécies de Ficus nas formações vegetais. FOD: Floresta Ombrófila Densa. FES:
Floresta Estacional Semidecidual. FOM: Floresta Ombrófila Mista. CER: Cerrado.
Espécie
Formação Vegetal
FOD
FES
FOM
F. adhatodifolia
X
X
X
F. arpazusa
X
X
F. castellviana
X
F. clusiifolia
X
F. eximia
X
X
F. gomelleira
X
F. guaranitica
X
F. hirsuta
X
F. lagoensis
X
F. luschnathiana
X
X
X
X
X
F. mariae
F. mexiae
CER
X
X
F. obtusifolia
X
F. obtusiuscula
X
F. organensis
X
F. pulchella
X
F. trigona
X
X
X
X
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G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
F. clusiifolia (Figura 9, B) é encontrada em floresta estacional semidecidual, geralmente
em beira de estradas, pastagens ou margem de córregos, em altitudes que variam de 110 a 580
m.
F. eximia (Figura 10, A) habita áreas de floresta ombrófila densa montana e submontana
e floresta estacional submontana e montana. É encontrada próximas a cursos d’água,
crescendo geralmente em locais com alta luminosidade, em altitudes que variam de 400 a 780
m.
F. gomelleira (Figura 10, B) ocorre em áreas de floresta estacional semidecidual
submontana e montana. Encontrada geralmente em beira de estradas ou próximas a cursos
d’água e também foram observados indivíduos isolados em pastagens, em altitudes que
variam de 210 a 730 m.
F. guaranitica (Figura 11, A) é encontrada em floresta estacional semidecidual. Em área
remanescente, na orla da mata, em altitudes que variam de 800 a 1100 m.
F. hirsuta (Figura 11, B) habita área de floresta estacional semidecidual, em borda de
mata, em altitude de 340m.
F. lagoensis (Figura 12, A) habita áreas de floresta estacional semidecidual, em borda
ou interior de mata. Coletada próximo a cursos d’água, em mata ciliar ou em pastagens, em
altitudes que variam de 490 a 1100 m.
F. luschnathiana (Figura 12, B) é encontrada em áreas de floresta ombrófila densa
montana, estacional semidecidual montana, floresta ombrófila mista e cerrado. Pode ser
encontrada no interior ou borda de mata, próxima a cursos d’água, em mata ciliar ou se
desenvolvendo sobre afloramento rochoso, em altitudes que variam de 400 a 1300 m.
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 8: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. adhatodifolia. B. F. arpazusa.
116
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 9: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. castellviana. B. F. clusiifolia.
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 10: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. eximia. B. F. gomelleira.
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 11: Mapa de distribuição geográfica de Ficus Mantiqueira:
M
A. F. guaranitica. B. F. hirsuta.
hirsuta
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 12: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. lagoensis. B. F. luschnathiana.
luschnathiana
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
F. mariae (Figura 13, A) habita floresta estacional semidecidual submontana, podendo
ser encontrada desenvolvendo-se em solo brejoso, ou próximo a curso d’água, em altitudes
que variam de 400 a 770 m.
F. mexiae (Figura 13, B) ocorre em áreas de floresta ombrófila densa e floresta
estacional semidecidual submontana e montana e cerrado. Encontrada em beiras de estradas,
borda e interior de mata, próximo a cursos d’água, em solo brejoso ou arenoso, em áreas que
variam de sombreado a áreas com luminosidade intensa, em altitudes que variam de 500 a
1400 m.
F. obtusifolia (Figura 14, A) habita áreas de floresta estacional semidecidual
submontana, sendo observada também em pastagens, em altitudes que variam de 540 a 1100
m.
F. obtusiuscula (Figura 14, B) ocorre em floresta estacional semidecidual submontana.
É encontrada frequentemente próxima a cursos d’água, em mata ciliar, sobre solo brejoso ou
argilo-arenoso, em altitudes que variam de 190 a 770 m.
F. organensis (Figura 15, A) habita áreas de floresta ombrófila densa e floresta
estacional semidecidual submontana e montana. É encontrado próximo a cursos d’água, em
mata ciliar, em altitudes que variam de 430 a 1200 m.
F. pulchella (Figura 15, B) ocorre em área remanescente de floresta ombrófila densa,
em altitudes que variam de 550 a 580 m.
F. trigona (Figura 16A) habita áreas de floresta ombrófila densa e estacional
semidecidual. Coletada próxima a cursos d’água, sendo observada também em áreas alteradas
ou de pastagens, em altitudes que variam de 270 a 720 m.
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 13: Mapa de distribuição geográfica de Ficus
Ficu na Mantiqueira: A. F. mariae. B. F. mexiae.
mexiae
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 14: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. obtusifolia. B. F. obtusiuscula.
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 15: Mapa de distribuição geográfica de Ficus na Mantiqueira: A. F. organensis. B. F. pulchella.
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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 16: Mapa de distribuição geográfica de Ficus trigona na Mantiqueira.
Foram também definidos os padrões de distribuição geográfica das 17 espécies de Ficus
(Tabela 6).
). Os padrões de distribuição geográfica foram baseados em Ribeiro & Lima (2009),
considerados suas ocorrências exclusivas em cada padrão, conforme figura
figura 17 e sumarizados
na tabela 7.
125
G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 17: Delimitação geográfica dos padrões de distribuição (abreviados de acordo com a tabela
7) modificado de Ribeiro & Lima (2009), verificados para Ficus da Mantiqueira.
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G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Tabela 6: Lista das espécies de Ficus registradas para a Mantiqueira com seus respectivos padrões de
distribuição geográfica, SEGUNDO Ribeiro & Lima (2009). NEO: neotropical. ACO: América do Sul CentroOriental. SE/NE: Atlântico Sudeste-Nordeste. SE/S: Atlântico Sudeste-Sul. MAN: Mantiqueira.
Espécie
Padrões de distribuição
F. adhatodifolia
ACO
F. arpazusa
ACO
F. castellviana
NEO
F. clusiifolia
SE/NE
F. eximia
ACO
F. gomelleira
NEO
F. guaranitica
SE/S
F. hirsuta
F. lagoensis
SE/NE
SE
F. luschnathiana
SE/S
F. mariae
NEO
F. mexiae
SE/NE
F. obtusifolia
NEO
F. obtusiuscula
NEO
F. organensis
SE/S
F. pulchella
F. trigona
SE/NE
NEO
Neotropical (NEO) – Abrange a América do Sul e Central, estendendo-se até o México.
Caracterizada por espécies que extrapolam os limites brasileiros, distribuindo-se desde a Argentina até
o México. Está representado por seis espécies: F. castellviana, F. gomelleira, F. mariae, F.
obtusifolia, F. obtusiuscula e F. trigona (ca. 35%).
América Centro-Oriental (ACO) – Abrange o Brasil Central, Nordeste e Sudeste, podendo se
estender até o Nordeste da Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. Está representado por três espécies:
F. adhatodifolia, F. arpazusa e F. eximia (ca. 18%).
127
G. Pelissari 2012
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Atlântico Sudeste-Nordeste (SE/NE) – Abrange a extensão Sudeste-Nordeste da costa atlântica
brasileira. Está representado por quatro espécies: F. clusiifolia, F. hirsuta, F. mexiae e F. pulchella
(ca. 23%).
Atlântico Sudeste-Sul (SE/S) – Abrange a extensão Sudeste-Sul da costa atlântica, desde o
Espírito Santo até a Argentina. Está representado por três espécies: F. guaranitica, F. luschnathiana e
F. organensis (ca. 18%).
Sudeste (SE) – Abrange a porção central da costa atlântica brasileira. Está representado por uma
única espécie, F. lagoensis (ca. 6%).
Mantiqueira (MAN) – Abrange a extensão de vales e montanhas da Mantiqueira, entre São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais até a Serra do Caparaó, no Espírito Santo. Nesse padrão estariam
representadas as espécies exclusivas da região. No entanto não foi encontrada nenhuma espécie
endêmica da Mantiqueira.
Tabela 7: Número de espécies e porcentagem dos padrões de distribuição geográfica. Abreviação dos Padrões:
NEO - América do Sul, Central e México; ACO - Centro-Oriental, Nordeste da Bolívia, Paraguai, Uruguai e
Argentina; SE/NE - Costa atlântica, desde o estado de São Paulo até o Ceará; SE/S – Costa atlântica, desde o
estado do Espírito Santo até a Argentina; SE - estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São
Paulo; MAN - Endêmicas da Mantiqueira.
Padrões
Nº de espécies
%
NEO
6
35
ACO
3
18
SE/NE
4
23
SE/S
3
18
SE
1
6
MAN
0
0
128
G. Pelissari 2012
CONSERVAÇÃO
6. CONSERVAÇÃO
Segundo Rocha et al. (2006) as comunidades de organismos mudam ao longo do tempo
ecológico através de três formas: as espécies podem ser perdidas (extinção), adicionadas em
uma região (invasão) ou mudar em abundância/densidade relativa. Os processos mais
perigosos são os de extinção e de invasão. Perda de espécies e extinção são processos
naturais, no entanto, têm alcançado taxas maiores devido à ação humana. Afirmam, ainda, que
os primeiros candidatos à extinção, provavelmente, são as espécies endêmicas (com
distribuição geográfica restrita e espécies raras, com baixa abundância local). O quadro se
agrava se a espécie reunir essas duas características.
A Serra da Mantiqueira, pelas peculiaridades, riqueza florística e devido ao longo
histórico de ocupação, onde a paisagem florestal foi substituída por culturas agrícolas e
florestais ou transformadas para a implantação de atividades agropecuárias, foi considerada
como área de importância biológica especial, prioritária para conservação e proteção de
mananciais (Martinelli 1996, Menezes & Giulietti 2000, Drummond 2005).
Uma das grandes preocupações na região é a ação antrópica, observada durante o
desenvolvimento deste trabalho (Figura 18). A região da Serra da Mantiqueira está atualmente
cercada por áreas de pasto e produção agrícola, ações que são devastadoras em uma região tão
rica em biodiversidade. Também foram observadas queimadas e atividades mineradoras na
região.
Apesar do quadro de degradação observado, 15 das 17 espécies ocorrentes na área,
foram encontradas em unidades de conservação, seja municipal, estadual ou federal. (Tabela
8). No entanto, as unidades de conservação estão próximas a centros urbanos e áreas
agrícolas, estando desta forma suscetível à pressão antrópica.
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G. Pelissari 2012
CONSERVAÇÃO
Figura 18: Ação antrópica na região de Caldas/MG. A. queimadas. B. exploração de minérios. C-D.
C
áreas de cultura agrícola. E. áreas de pasto, o gado é encontrado em áreas de altitude elevadas.
130
G. Pelissari 2012
CONSERVAÇÃO
No que diz respeito à conservação, algumas espécies merecem atenção especial como,
por exemplo, F. hirsuta. Na Mantiqueira foi encontrada apenas uma coleta, na Reserva
Biológica da Represa do Grama. Esse indivíduo merece atenção especial, pois pode
representar o único indivíduo na área. Há registro de coleta de F. pulchella na Estação
Biológica de Caratinga. No entanto, as coletas datam de aproximadamente 20 anos atrás.
F. castellviana, F. clusiifolia, F. guaranitica, F. mariae e F. trigona são encontradas em
áreas de conservação, no entanto a maioria das coletas dessas espécies está em áreas de
fazendas, sítios ou próximas a estradas.
F. mariae possui pouquíssimas coletas na área e apenas uma referência em unidade de
conservação.
F. lagoensis e F. obtusifolia possuem poucas coletas na área, sendo que a primeira
possui apenas uma referência em área de conservação, e a segunda não é referida em áreas
protegidas, o que é extremamente preocupante.
Foram observadas muitos indivíduos de F. obtusiuscula e F. organensis, no entanto
apenas F. organensis é referida em áreas de conservação.
F. arpazusa, F. gomelleira, F. luschnathiana e F. mexiae possuem ampla distribuição
na Mantiqueira. Apesar de serem encontradas com facilidade em beiras de estradas e áreas
particulares, também foram observados vários registros em áreas protegidas.
F. adhatodifolia e F. eximia possuem ampla distribuição na Mantiqueira, foram
observadas em áreas protegidas e não protegidas, como beiras de estradas.
Duas áreas particulares foram consideradas nesse trabalho importantes para a conservação de
algumas espécies, a Fazenda Santa Rita em Carangola e o Sítio Bonsucesso, também
conhecido por Mata do Seu Nico, em Viçosa, ambas no estado de Minas Gerais. Apesar das
áreas de pasto encontradas nas duas propriedades, ambas possuem uma grande área de mata
remanescente e áreas de ravina onde foram encontradas cinco espécies na fazenda Santa Rita
131
G. Pelissari 2012
CONSERVAÇÃO
(F. arpazusa, F. eximia, F. gomelleira, F. mariae e F. trigona) e 5 espécies no Sítio
Bonsucesso (F. adhatodifolia, F. arpazusa, F. eximia, F. mexiae e F. trigona).
Além das áreas de mata, faz-se necessário também a preservação de córregos e rios da
região, uma vez que 12 espécies foram encontradas e coletadas próximas a cursos d’água,
como F. adhatodifolia, F. castellviana, F. arpazusa, F. clusiifolia, F. eximia, F. gomelleira,
F. luschnathiana, F. mariae, F. mexiae, F. obtusiuscula, F. organensis e F. trigona.
Neste trabalho propoe-se categorizar as espécies do ponto de vista de sua conservação
para a região da Mantiqueira (Tabela 9) e com isso pretendemos colaborar com subsídios para
que os estudiosos da área de conservação da biodiversidade possam fazer uso desse trabalho
para a proteção das espécies de Ficus.
132
guaranitica. 8. F. hirsuta. 9. F. lagoensis. 10. F. luschnathiana. 11. F. mariae. 12. F. mexiae. 13. F. obtusifolia. 14. F. obtusiuscula. 15. F. organensis. 16. F.
pulchella. 17. F. trigona.
Área
1
3
4
5
6
7
X
8
Espécie
9
10
11
12
13
14
15
16
17
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
CONSERVAÇÃO
133
RPPN Jequitibá
PN Serra do Caparaó
Serra da Araponga
Serra da Alvorada
Serra da Caiana
Serra da Grama
Serra do Papagaio
APA Lagoa Silvana
Estação Biológica de Caratinga
Parque das Águas
Estação Experimental de Água Limpa
Reserva Biológica da Represa do Grama
Reserva Biológica Municipal Santa Cândida
Mata do Krambeck
Parque da Lajinha
Parque Halfeld
Parque Estadual da Serra do Ibitipoca
Serra Negra
Parque das Águas
RPPN São Lourenço do Funil
Serra dos Núcleos
APA Água Santa de Minas
Jardim Botânico de Viçosa
Parque Lago Azul
Parque Nacional do Itatiaia
Parque Nacional da Grota Funda
Parque Estadual de Campos do Jordão
Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi
Parque Estadual da Cantareira
Estação Experimental de Monte Alegre
APA Serra da Mantiqueira
Reserva Florestal da Boa Vista
Parque Estadual do Jaraguá
2
G. Pelissari 2012
Tabela 8: Distribuição das espécies de Ficus em áreas protegidas. 1. F. adhatodifolia. 2. F. arpazusa. 3. F. castellviana. 4. F. clusiifolia. 5. F. eximia. 6. F. gomelleira. 7. F.
2009; G. Pederneiras et al. 2011; H. IUCN 2011. Critérios: CR: criticamente em perigo; DD: dados deficientes; EN: em perigo; LC: menor preocupação; LR: baixo
risco; NT, nt: próximo a ameaçado; VU: vulnerável.
Categorias
Táxon
1989A
1996B
2001C
2006D
2006(E)
2009(F)
2011(G)
(Brasil)
(Brasil)
(Brasil)
(São Paulo)
(Bahia)
(Viçosa)
(Restingas do
2011(H)
G. Pelissari 2012
Tabela 9: Categorias de conservação às espécies de Ficus. A. Carauta, 1989; B. Carauta et al., 1996; C. Carauta et al. 2001; D. Mendonça-Souza 2006; E. Castro 2006; F. Souza
Atual
(Serra da Mantiqueira)
Rio de janeiro)
F. adhatodifolia
Protegida
LR
---
LC
DD
---
---
LC
F. arpazusa
Protegida
LR
NT
LC
LC
---
NT
LR
F. castellviana
Em perigo
VU
---
---
VU
---
EN
F. clusiifolia
Protegida
LR
NT
---
LC
---
NT
NT
F. eximia
Protegida
LR, nt
---
LC
---
---
EN
LC
F. gomelleira
Protegida
LR, nt
---
NT
LC
---
VU
LR
F. guaranitica
Protegida
LR
---
LC
---
---
---
NT
F. hirsuta
Em perigo
EN
EN
CR
VU
---
VU
---
---
---
---
---
---
VU
VU
Protegida
LR
LC
---
---
---
LR
F. mariae
---
---
---
---
EN
---
---
EN
F. mexiae
Rara
VU
---
---
VU
---
---
F. obtusifolia
Protegida
LR
---
LC
VU
---
---
VU
F. obtusiuscula
Protegida
LR, nt
---
NT
VU
---
---
VU
F. organensis
Protegida
LR, nt
---
LC
---
LR
NT
VU
F. pulchella
Protegida
VU
---
CR
VU
---
CR
F. trigona
Protegida
LR
---
NT
VU
---
EN
F. lagoensis
F. luschnathiana
LR, LC
LR, nt
VU
CR
LR
NT
LC
134
CONSERVAÇÃO
VU
NT
G. Pelissari 2012
CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização do levantamento bibliográfico e leitura crítica da bibliografia
disponível sobre Ficus, da análise dos materiais depositados nos herbários, do estudo
detalhado da morfologia e da observação das espécies em seu habitat, foi possível reconhecer
17 espécies de Ficus para a região da Mantiqueira: F. adhatodifolia Schott, F. arpazusa
Casar., F. castellviana Dugand, F. clusiifolia Schott, F. eximia Schott, F. gomelleira Kunth,
F. guaranitica Chodat, F. hirsuta Schott, F. lagoensis C.C. Berg & Carauta, F. luschnathiana
(Miq.) Miq., F. mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta, F. mexiae Standl., F. obtusifolia
Kunth, F. obtusiuscula (Miq.) Miq., F. organensis (Miq.) Miq., F. pulchella Schott e F.
trigona L.f. A elas somam-se 8 espécies exóticas: F. aspera G. Forst., F. auriculata Lour., F.
benjamina L., F. carica L., F. elastica Roxb., F. lyrata Warb., F. microcarpa L.f. e F. pumila
L., não tratadas nesse trabalho.
Os materiais tipos e protólogos das espécies da Mantiqueira foram analisados. Uma
espécie anteriormente referida para a região foi tratada como sinônimo: F. glabra como
sinônimo de F. eximia.
Foram analisadas exsicatas depositadas principalmente nos acervos da região Sudeste.
Todas as informações dos materiais, bem como imagens das exsicatas foram incluídas num
banco de dados que conta, até o momento, com cerca de 1800 registros de Ficus, utilizado
para facilitar o intercambio de informações entre outros especialistas do grupo, bem como
com outras bases de dados virtuais. Esse banco de dados foi fundamental para a elaboração
das descrições das espécies, comentários e mapas de distribuição geográfica e discussão dos
padrões de distribuição geográfica.
As coletas de campo permitiram observar as espécies em seu ambiente natural.
Observações gerais sobre altura dos indivíduos, aspectos do tronco, coloração e textura do
135
G. Pelissari 2012
CONSIDERAÇÕES FINAIS
látex, coloração das flores, aspectos ecológicos, principalmente com relação a presença de
vespas polinizadoras foram feitas e fotografadas sempre que possível.
A separação das espécies foi baseada principalmente nas características da
inflorescência. Os sicônios mostraram-se bastante particulares em cada espécie. As variações
de forma, coloração, indumento, tamanho, coloração das máculas e, sobretudo o formato do
ostíolo foram indispensáveis na separação das espécies. No entanto variações dos caracteres
vegetativos também foram importantes nessa etapa do trabalho (indumento dos ramos, folhas
e estípulas, formato das folhas).
Neste trabalho optou-se por dar maior atenção aos caracteres visíveis a olho nu, para
que possa ser utilizado em campo, sem dificuldades na identificação das espécies da região.
Durante o desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que grupos de espécies como
F. luschnathiana, F. enormis e F. mexiae, F. adhatodifolia e F. insipida e, F. citrifolia e F.
arpazusa necessitam de estudos mais aprofundados, como estudos anatômicos e filogenéticos
para melhor delimitação taxonômica.
Consideramos ter atingido o objetivo de identificar e descrever as espécies de Ficus
ocorrentes na Mantiqueira. Indicando espécies de Ficus que estão criticamente em perigo ou
vulneráveis, não presentes em unidades de conservação, estaremos alertando quanto a
necessidade de rever os espaços protegidos atuais. Assim, pretendemos colaborar com
subsídios para proteção das espécies de Ficus ainda ameaçadas. Também acreditamos ter
apresentado dados sobre a distribuição geográfica e conservação das espécies, os quais
poderão colaborar na elaboração de políticas de conservação para a região da Serra da
Mantiqueira.
136
G. Pelissari 2012
LISTA DE EXSICATAS
8. LISTA DE EXSICATAS
Abreu, N.L.: 221 (12). Aguiar, O.T.:
Cosenza, B.: 1 (6). Costa, E.A.: 51 (5),
381 (10). Almeida, V.C.: 2 (12), 8 (2),
73 (1), 81 (17), 82 (6), 84 (1), 85 (14),
11 (12), R 190176 (12). Andrade, P.:
87 (12). Costa, L.V.: BHCB 14428 (12),
1004 (12). Andrade, P.M.: 325 (6), 417
BHCB 16597 (2), BHCB 22378 (16),
(16), 603 (2). Antunes, K.: 1 (12), 78
BHCB 27492 (14), BHCB 37493 (6), SP
(15), 112 (12), 113 (12). Arzolla.
423589 (5). Diaz, B.E.: 242 (12), 244
F.A.R.D.P.: 228 (10). Assis, L.C.S.: 80
(12), 417 (2). Echternacht, L.: 1076
(9), 391 (12), 395 (9), 412 (2), 473 (12),
(13). Fábio: 35517 (10). Faria, P.C.L.:
579 (12), 580 (9), 785 (2), 828 (9), 1008
BHCB 122962 (2). Faria. S.L.S.: 39 (2).
(10). Assis, M.C.: 1551 (15). Barbosa,
Farney, C.: 4760 (11). Ferreira, F.M.:
M.R.: 271 (10). Barros, F.: 2351 (1).
411 (12), 858 (2). Ferreira, M.B.: 9579
Bernacci, L.C.: 407 (5). Braga, P.I.S.:
(17). Fonzar, L.P.M.: 15978 (10).
RB 380447 (2). Brugger, M.C.: CESJ
Forzza, R.C.: 2224 (8), 3170 (12), 3291
54825 (2), CESJ 54836 (2). Carauta,
(12). Franco, B.K.S.: 61 (2). Gabrielli,
J.P.P.: 50 (12), 402 (6), 875 (12), 4273
A.C.: 329 (12). Gandolfi, S.: 4822 (10).
(14), 4538 (4). Carrijo, T.T.: 1058 (12).
Garcia, P.O.: CESJ 47129 (2), CESJ
Carvalho, J.P.M.: 100 (10). Caselli,
47994 (2). Garcia. F.C.P.: 1104 (12).
C.B.: UEC 152308 (10), 152309 (10).
Gomes, J.: 106 (4). Hashimoto, G.: SP
Castro, R.M.: 76 (2), 282 (17), 659 (6),
411915 (10). Heleno, J. P. D.: 133 (1),
782 (6), 813 (12). Catharino, E.L.M.:
140 (6). Heringer, E.P.: 1667 (2), 1694
SP 234224 (5). Chiea, S.C.: 342 (10).
(2). Hoehne, W.: 6026 (7). Junqueira,
Cielo Filho, R.: 796 (10). Coelho,
A.B.: 207 (10). Krieger, L.: 1904 (2),
B.B.S.: 247 (12). Cordeiro, I.: 1661 (1),
7990 (12), 8329 (9), 10013 (14), 16299
2812 (7). Corvo, M.P.: 76-55 (14).
(6), 24276 (12), 24279 (2), CESJ 19934
137
G. Pelissari 2012
LISTA DE EXSICATAS
(6), SP 304073 (17), SP 304074 (2), SP
5008 (6), 5138 (2), 5287 (14), 5539 (12),
304075 (12), SP 304078 (12), SP
6043 (12), 6107 (15), 6251 (12), 6375
304081 (9), SP 304091 (6), SP 304095
(12), 6894 (4), 6926 (2), 6946 (17), 6956
(2), SP 304101 (12). Kuhlmann, J.G.:
(17), 7603 (14), GFJP 1054 (2), GUA
SP
(6).
37914 (2), GUA 39894 (12), GUA
Kuhlmann, M.: 174 (10), 286 (9), 915
40213 (6), GUA 42253 (14), GUA
(9), 1202 (10), 1366 (1), 1528 (13), 1558
46146 (12). Lima, H.C.: 5767 (15).
(7), 1830 (1), 2913 (10), 3329 (9), RB
Lino
2186 (2), RB 2189 (12), RB 2195 (2),
Lombardi, J.A.: 708 (10), 7471 (10).
RB 2213 (2), RB 111692 (10), SP
Lopes, A.V.: 47 (12). Magalhães,
293417 (2). Kuhlmann: RB 2179 (15),
M.:RB 179834 (6). Marcolino, F.: 18
SP 293381 (15), VIC 1641 (15), VIC
(4), 20 (15), 37 (2), 47 (2), 64 (6), 80 (6),
2067 (12), VIC 2072 (2). Ladeira:GUA
86 (12), 126 (15). Martinelli, G.: 10776
6061 (6), SP 20665 (12). Leitão-Filho,
(10), 10794 (10). Martins, F.R.: 11237
H.F.: 19386 (2). Leite, E.C.: 749 (10).
(10). Mattos, J.: 14546 (10). Meira
Leoni, L.S.: 1 (14), 2 (17), 206 (14), 437
Neto, J.A.A.: 335 (10), 21142 (10),
(6), 683 (6), 728 (6), 833 (5), 834 (11),
21177 (10), 21287 (2), 21368 (10), VIC
1214 (2), 1644 (17), 1959 (6), 1997 (14),
12058 (10). Meireles, L.D.: GUA 48387
2067 (2), 2107 (12), 2454 (4), 2581 (12),
(2). Mendonça-Souza, L.R.: 44 (5), 46
2784 (15), 2957 (2), 3110 (12), 3362
(5), 47 (5). Mexia, Y.: 4740 (1), 5316
(12), 3392 (12), 3483 (5), 3569 (12),
(2). Moreira, A.S.: 56 (5). Morellato-
3585 (1), 3701 (2), 3702 (15), 3777 (12),
Fonzar, L.P.C.: 16830 (10). Nakajima,
3828 (12), 4023 (14), 4251 (5), 4282 (2),
J.N.: 1102 (7). Nicolau, S.A.: 1753 (1).
4288 (2), 4397 (12), 4404 (6), 4405 (5),
Nishimura, A.: 28 (11). Nolasco, P.: 7
4407 (5), 4459 (14), 4523 (14), 4786 (4),
(14). Pastore, J.A.: 1324 (10). Pelissari,
293380
(1),
SP
293382
Neto,
J.:
VIC
31463
(2).
138
G. Pelissari 2012
LISTA DE EXSICATAS
G.: 157 (4), 165 (4), 174 (10), 184 (12),
(10). Romaniuc Neto, S.: 1021 (6),
186 (2), 187 (5), 188 (12), 189 (1), 190
1333 (13), 1363 (5), 1365 (13), 1409 (1),
(15), 191 (6), 192 (12), 193 (6), 194 (6),
1410 (6), 1411 (16), 1412 (5), 1514 (10).
195 (5), 196 (10), 197 (10), 199 (10) 200
Salimena, F.R.G.: 973 (12), 1053 (12),
(10), 201 (14), 202 (1), 203 (1), 204 (1),
1111 (1), 2762 (12), CESJ 3185 (17),
205 (4), 206 (4), 207 (6), 208 (10), 209
CESJ 42458 (2). Salino, A.: 4114 (2),
(10), 210 (10), 211 (9). Pereira, E.:
4611 (14). Sampaio, A.J.: 4129 (10).
5701 (10). Pereira, O.J.: 3772A (8).
Santana, J.M.: 9 (12). Santos, E.: 1 (1),
Pereira, R.A.S.: 70 (10), 142 (12).
2 (1),2 (6), 5 (6), 9 (5), 14 (2), 15 (15),
Pereira, R.S.: 35 (6). Pereira-Silva, G.:
16 (12), 18 (12), GUA 46478 (6), GUA
10839 (14), Pessoa, S.V.A.: 639 (8).
46486 (6). Santos, H.G.P.: 313 (2), 323
Pickel, D.B.: SPSF 2391 (10). Pifano,
(13), 329 (5). Sem coletor: 64 SP 23850
D.S.: 110 (12), 514 (2). Pinheiro, A.L.:
(9), SP 304083 (12). Senna, P.L.: 2 (10).
GUA 39072 (2). Pirani, J.R.: 670 (2).
Silva, J.A.: 16365 (2). Silva, M.F.B.:
Pires F.R.S.: CESJ 54833 (5). Pires,
121 (2), 135 (2). Silva. A.F.: 1254 (10),
F.P.: 187 (2). Pivari, M.O.D.: 159 (6).
1440 (10), 1441 (10). Silva-Neto, S.J.:
Quinet, A.: 1101 (10). Ramalho, R.S.:
788 (10). Souza, F.M.: 861 (10), 884
1292 (15), 1315 (12), 1599 (12), 1700
(10), 1031 (1). Souza, F.S.: 336 (2).
(5), 1701 (6), 1744 (12). Ramírez, W.:
Souza, P.P.: 84 (14), 131 (10), 143 (10),
12-84 (5), 13-84 (2), 13-84 (6). Ribeiro ,
144 (6), 145 (1), 146 (2), 147 (5), 148
J.H.C.: 46 (2), 77 (12), 106 (12).
(10), 151 (2), 155 (10), 156 (1), 167 (6),
Ribeiro, E.R.: 2 (12). Ribeiro, R.: 38
169 (12), 170 (12), 177 (1), 178 (12),
(6). Ribeiro, R.D.: 1083 (10), 1100 (2).
182 (2), 184 (6), 185 (1), 186 (5), 187
Rocha, E.S.F.: 177 (10). Rodrigues,
(6), 188 (5), 189 (14), 190 (14), 191 (5),
E.A.: SP 397013 (13). Roman, S.A.: 44
192 (12), 193 (12), 195 (5), 197 (2), 198
139
G. Pelissari 2012
LISTA DE EXSICATAS
(1), 199 (12), 200 (14), 202 (6), 203 (1),
206 (12), 207 (2), 210 (11), 211 (2), 223
(17), 224 (12), 231 (17), 232 (1), 234
(2), 240 (15), 242 (1),243 (17), 250 (10),
251 (12), 253 (6), 258 (15), 261 (12).
Stehmann, J.R.: 2575 (10). Strier,
K.B.: 662 (11). Sugiyama, M.: 15524
(10). TamashiroJ.Y.: 181 (12), 937
(10), 952 (10), 1037 (13), 1272 (12).
Torres, R.B.: 881 (10), 963 (9), 1432
(10). Tozzi, A.M.G.A.: N97-35 (10).
Valente, A.: 433 (2). Valente, G.E.: 65
(5), 67 (17), 69 (6), 115 (14), 168 (12),
450 (12). Vianna Filho, M.D.M.: 1220
(10). Vidal, C.V.: 644 (2). Vieira, C.M.:
186 (10). Vieira, M.C.W.: 1165 (9),
1807 (7), 2203 (7), 2210 (7). Vieira,
M.F.: 813 (1). Zampa, P.C.: GUA
48385), (17). Zanbom, O.: 82 (8).
140
G. Pelissari 2012
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Archive. 2011. Internet Archive. http://www.archive.org/ (acesso em 22.03.2011).
Ash, A.W.; Ellis, B.; Hickey, L.J.; Johnson, K.R. & Wilf, P. 1999. Manual of leaf
architecture: morphological description and categorization of dicotyledons and netveined monocotyledonous angiosperms. Smithsonian Institution. Washington D.C.
Athreya, V.R. 1999. Light or presence of host trees: which is more important for the
strangler fig? Journal of Tropical Ecology, v. 15, pp. 589-603.
Bell, A.B. 1993. Plant form: an illustrated guide to flowering plant morphology. Oxford
University Press, Oxford.
Bentham, G. & Hooker, J.D. 1880. Urticaceae. In: Bentham, G. & Hooker, J.D. (eds.),
Genera Plantarum ad exemplaria imprimis in herbariis Kewensibus. Londres: Lovell
Reeve, vol. 3, pt. 1, pp. 341-395.
Berg, C.C. & Carauta, J.P.P. 2003. New species of Ficus (Moraceae) from Brazil. Brittonia
54(4): 236-250.
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Souza Brasilae pro-regis quarti... ; sistit fr. Josephus Marianus a Conceptione
Velloza... 1790. Typographia nationali, Flumine Januario.
Vellozo, J. M. C. 1831. Florae Fluminensis Icones / nunc primo eduntur ... ; edidit Domnus
Frater Antonius de Arrabida. Parisiis, v. 11, tab. 49-50.
Veloso, H.P.; Rangel-Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação
brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE. 123pp.
Ware, A.B.; Kaye, P.T.; Compton, S.G. & Van-Noort, S. 1993. Fig volatiles: their role in
attracting pollinators and maintaining pollinator specificity. Plant Systematics
Evolution. 85: 323-324.
Weber, E., Hasenack, H., Ferreira, C.J.S. 2004. Adaptação do modelo digital de elevação
do SEM para o sistema de referência oficial brasileiro e recorte por unidade da
federação.
Porto
Alegre,
UFRGS
Centro
de
Ecologia.
Disponível
em:
http://www.ecologia.ufrgs.br/labgeo.
Weiblen, G.D. 2000. Phylogenetic relationships of functionally dioecious Ficus (Moraceae)
based on ribosomal DNA sequences and morphology. American Journal of Botany
87(9): 1342-1357.
153
ANEXO I
TIPOS DAS ESPÉCIES DE FICUS
154
Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on the
Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244671 / ImageId: 257085) [accessed 07-Sep-11]
Ficus adhatofifolia Schott – Holótipo
1
155
Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on
the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B -W 19297 -01 0 / ImageId: 261893) [accessed 30-Nov-10].
Ficus insipida Schott – Holótipo
2
156
157
Botany Department – Field Museum of Natural History
Ficus castellvian a Dugand – Isótipo
3
158
Dipartimento di Biologia Vegetale – Università di Torino
Ficus arpazusa Casar. – Holótipo
4
159
Dipartimento di Biologia Vegetale – Università di Torino
Ficus arpazusa Casar. – Isótipo
5
Ficus citrifolia Mill. – Holótipo
6
160
Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on
the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244665 / ImageId: 257079) [accessed 09-Oct-11].
Ficus clusiifolia Schott – Holótipo
7
161
Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. Published on the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0002772) [accessed 07-Sep-11].
Ficus eximia Schott – Holótipo
8
162
Ficus glabra Vell. – Tábula 50
9
163
Ficus gomelleira Kunth – Isótipo
10
164
Reproduced with kind permission of the Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew
Ficus guaran itica Chodat – Isótipo
11
165
Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on
the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244646 / ImageId: 257060) [accessed 07-Sep-11].
Ficus hirsuta Schott – Holótipo
12
166
Ficus hirsuta Vell. – Tábula 49
13
167
Ficus lagoensis C.C. Berg & Carauta – Parátipo
14
168
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. – Isótipo
15
169
Ficus mariae C.C. Berg, Emygdio & Carauta – Holótipo
16
170
171
Botany Department – Field Museum of Natural History
Ficus mexiae Standl. – Holótipo
17
Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. – Isótipo
18
172
Ficus obtusifolia Kunth – Holótipo
19
173
Ficus obtusiuscula (Miq.) Miq. – Isótipo de
Pharmacosycea obtusiuscula Miq.
20
174
Reproduced with kind permission of the Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew
Ficus organensis (Miq.) Miq. – Holótipo de Urostigma organense Miq.
21
175
Röpert, D. (Ed.) 2000- (continuously updated): Digital specimen images at the Herbarium Berolinense. - Published on
the Internet http://ww2.bgbm.org/herbarium/ (Barcode: B 10 0244630 / ImageId: 256697) [accessed 07-Sep-11].
Ficus pulchellaa Schott – Holótipo
22
176
Ficus trigona L. – Holótipo
23
177
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Anexo II. Lista dos municípios limítrofes da região da Serra da Mantiqueira, proposta neste trabalho.
Município
Estado
Altitude
Quadrícula
Alegre
ES
254
B7
Divino de São Lourenço
ES
680
B7
Dores do Rio Preto
ES
770
B7
Guaçuí
ES
590
B7
Ibitirama
ES
770
B7
Irupi
ES
730
B7
Iúna
ES
661
B7
Abre Campo
MG
548
B6
Aiuruoca
MG
974
C4, D4
Alagoa
MG
1132
D4
Albertina
MG
1011
D2
Além Paraíba
MG
140
C6
Alfenas
MG
881
C2, C3
Alfredo Vasconcelos
MG
1052
C5
Alto Caparaó
MG
1000
B6, B7
Alto Jequitibá
MG
645
B6, B7
Alto Rio Doce
MG
793
B5, C5
Amparo da Serra
MG
580
B6
Andradas
MG
913
C2, D2
Andrelândia
MG
998
C4
Antônio Carlos
MG
1058
C5
Antônio Prado de Minas
MG
312
B6, C6
Aracitaba
MG
573
C5
Arantina
MG
1049
C4
Araponga
MG
1040
B6
Argirita
MG
250
C6
Baependi
MG
893
C4, D4
Barão de Monte Alto
MG
205
C6
Barbacena
MG
1164
C4, C5
Barroso
MG
922
C4, C5
Belmiro Braga
MG
493
C5, D5
Bias Fortes
MG
763
C5
Bicas
MG
601
C5
Bocaina de Minas
MG
1210
D4
Bom Jardim de Minas
MG
1112
C4, D4
Bom Repouso
MG
1375
D2
Bom Sucesso
MG
952
B4, C4
Borda da Mata
MG
892
D2
Brasópolis
MG
922
D3
Bueno Brandão
MG
1204
D2
Cachoeira de Minas
MG
849
D3
Caiana
MG
750
B7
Cajuri
MG
698
B6
Caldas
MG
1105
C2, D2
Camanducaia
MG
1048
D2, D3
178
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Cambuí
MG
907
C2, D3
Cambuquira
MG
950
C3
Campanha
MG
928
C3
Canaã
MG
718
B6
Caparaó
MG
850
B7
Caputira
MG
592
B6
Carandaí
MG
1080
B5, C5
Carangola
MG
408
B6, B7
Caratinga
MG
578
A6, A7
Careaçu
MG
816
C3, D3
Carmo da cachoeira
MG
945
C3
Carmo de Minas
MG
958
C3, D3
Carrancas
MG
1052
C4
Carvalhópolis
MG
868
C3
Carvalhos
MG
1092
C4, D4
Casa Grande
MG
972
B4, B5
Cataguazes
MG
169
C6
Caxambu
MG
895
C3, C4, D4
Chácara
MG
800
C5
Chiador
MG
332
C5, C6, D5, D6
Coimbra
MG
720
B6
Conceição da Barra de Minas
MG
928
C4
Conceição das Pedras
MG
1068
D3
Conceição do Rio Verde
MG
880
C3, C4, D3
Conceição dos Ouros
MG
863
D3
Congonhal
MG
862
D2, D3
Consolação
MG
1035
D3
Cordislândia
MG
819
C3
Coronel Pacheco
MG
484
C5
Coronel Xavier Chaves
MG
931
B4, C4
Córrego do Bom Jesus
MG
911
D2, D3
Cristina
MG
1025
D3
Cruzília
MG
1010
D4
Delfim Moreira
MG
1200
D3
Descoberto
MG
340
C5, C6
Desterro do Melo
MG
818
C5
Divinésia
MG
753
B5, B6, C5, C6
Divino
MG
660
B6
Dom Viçoso
MG
923
D3
Dona Euzébia
MG
222
C3
Dores de Campos
MG
931
C4, C5
Dores do Turvo
MG
672
B5, C5
Elói Mendes
MG
907
C3
Entre Rios de Minas
MG
957
B4, B5
Ervália
MG
730
B6
Espera Feliz
MG
772
B6, B7
Espírito Santo do Dourado
MG
907
C2. C3, D2, C3
179
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Estiva
MG
560
D2, D3
Estrela Dalva
MG
218
C6
Eugenópolis
MG
194
B6, C6
Ewbank da Câmara
MG
778
C5
Extrema
MG
973
D2
Fama
MG
776
C3
Faria Lemos
MG
380
B6, B7
Fervedouro
MG
697
B6
Goiana
MG
410
C5
Gonçalves
MG
1256
D3
Guaraciaba
MG
578
B5, B6
Guarani
MG
420
C5, C6
Guarará
MG
558
C5, C6
Guidoval
MG
302
C6
Guiricema
MG
298
B6, C6
Heliodora
MG
893
D3
Ibertioga
MG
1032
C4, C5
Ibitiura de Minas
MG
913
D2
Ibituruna
MG
892
C4
Inconfidentes
MG
869
D2
Ingaí
MG
951
C3, C4
Ipuiuna
MG
1182
C2, D2
Itajubá
MG
856
D3
Itamarati de Minas
MG
243
C6
Itamonte
MG
906
D4
Itanhandu
MG
892
D3, D4
Itapeva
MG
989
D2
Itumirim
MG
871
C4
Itutinga
MG
958
C4
Jacutinga
MG
839
D2
Jequeri
MG
412
B6
Jesuânia
MG
903
C3, D3
Juiz de Fora
MG
695
C5
Lagoa Dourada
MG
1080
B4, B5, C4
Lambari
MG
887
C3, D3
Laranjal
MG
175
C6
Lavrinhas
MG
508
D4
Leopoldina
MG
212
C6
Liberdade
MG
1152
C4, D4
Lima Duarte
MG
728
C4, C5
Luisburgo
MG
800
B5
Luminárias
MG
957
C3, C4
Machado
MG
820
C2, C3
Madre de Deus de Minas
MG
1018
C4
Manhuaçu
MG
635
A6, B6, B7
Manhumirim
MG
611
B6, B7
Mar de Espanha
MG
478
C5, C6
180
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Maria da Fé
MG
1278
D3
Maripá de Minas
MG
550
C5, C6
Marmelópolis
MG
1277
D3
Martins Soares
MG
700
B7
Matias Barbosa
MG
474
C5
Matipó
MG
615
B6
Mercês
MG
522
C5
Minduri
MG
1000
C4
Miradouro
MG
409
B6
Miraí
MG
306
C6
Monsenhor Paulo
MG
898
C3
Monte Sião
MG
857
D2
Munhoz
MG
1235
D2
Muriaé
MG
209
B6, C6
Natércia
MG
918
D3
Nazareno
MG
935
C4
Olaria
MG
912
C4, C5
Olímpio Noronha
MG
890
D3
Oliveira
MG
982
B4
Oliveira Fortes
MG
851
C5
Oratórios
MG
494
B6
Orizânia
MG
819
B6
Ouro Fino
MG
908
D2
Paiva
MG
568
C5
Palma
MG
172
C6
Paraguaçu
MG
826
C3
Paraisópolis
MG
931
D3
Passa Quatro
MG
938
D3, D4
Passa Vinte
MG
752
D4
Passa Tempo
MG
980
B4
Patrocínio do Muriaé
MG
179
C6
Paula Cândido
MG
731
B5, B6
Pedra Bonita
MG
900
B6
Pedra da Anta
MG
632
B6
Pedra Dourada
MG
741
B6
Pedralva
MG
911
D3
Pedro Teixeira
MG
818
C5
Pequeri
MG
571
C5
Piau
MG
462
C5
Piedade de Ponte Nova
MG
421
B6
Piedade do Rio Grande
MG
1022
C4
Piranguçu
MG
907
D3, E3
Piranguinho
MG
837
D3
Pirapetinga
MG
152
C6
Piraúba
MG
374
C5, C6
Poço Fundo
MG
836
C2, C3
Poços de Caldas
MG
1196
C2
181
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Ponte Nova
MG
431
B5, B6
Porto Firme
MG
595
B5, B6
Pouso Alegre
MG
832
D2, D3
Pouso Alto
MG
884
D3, D4
Prados
MG
979
B4, B5, C4
Queluzita
MG
952
B5
Raul Soares
MG
294
A6, B6
Recreio
MG
193
C6
Reduto
MG
610
B7
Resende Costa
MG
1032
B4
Ressaquinha
MG
1123
C5
Rio Casca
MG
333
B6
Rio Doce
MG
380
B6
Rio Novo
MG
418
C5
Rio Pomba
MG
441
C5
Rio Preto
MG
430
C5, D5
Ritápolis
MG
1051
B4, C4
Rochedo de Minas
MG
330
C5, C6
Rodeio
MG
336
C6
Rosário da Limeira
MG
680
B6, C6
Santa Bárbara do Leste
MG
850
A6
Santa Bárbara do Monte Verde
MG
730
C5, D5
Santa Bárbara do Tugurio
MG
605
C5
Santa Cruz de Minas
MG
911
C4
Santa Cruz do Escalvado
MG
412
B6
Santa Margarida
MG
720
B6
Santa Rita de Caldas
MG
1072
C2, D2
Santa Rita de Ibitipoca
MG
1101
C4, C5
Santa Rita de jacutinga
MG
550
D4, D5
Santa Rita de Minas
MG
950
A6
Santa Rita do Sapucaí
MG
826
D3
Santana do Deserto
MG
372
C5, D5
Santana do Garambeu
MG
1105
C4, C5
Santana do Manhuaçu
MG
650
A7, B7
Santana dos Cataguases
MG
232
C6
Santo Antônio do Aventureiro
MG
625
C6
Santo Antônio do Grama
MG
421
B6
Santos Dumont
MG
839
C5
São Bento Abade
MG
971
C3
São Francisco do Glória
MG
729
B6
São Geraldo
MG
372
B6
São Gonçalo do Sapucaí
MG
868
C3, D3
São João da Mata
MG
884
C2, C3
São João Del Rei
MG
910
C4
São João do Manhuaçu
MG
852
B6
São João Nepomuceno
MG
370
C5, C6
São José do Alegre
MG
851
D3
182
G. Pelissari 2012
ANEXO II
São Lourenço
MG
874
D3
São Miguel do Anta
MG
760
B6
São Pedro dos Ferros
MG
363
A6, B6
São Sebastião da Bela Vista
MG
842
D3
São Sebastião da Vargem Alegre
MG
718
B6, C6
São Sebastião do Rio Verde
MG
897
D3, D4
São Thomé das Letras
MG
1291
C3, C4
São Tiago
MG
1103
B4, C4
São Vicente de Minas
MG
1057
C4
Sapucaí-Mirim
MG
885
D3
Senador Amaral
MG
1505
D2
Senador Cortes
MG
585
C6
Senador Firmino
MG
660
B5
Senador José Bento
MG
885
D2
Senhora dos Remédios
MG
810
B5, C5
Sericita
MG
772
B6
Seritinga
MG
979
C4
Serrania
MG
875
C2
Serranos
MG
1031
C4
Silverânia
MG
512
C5
Silvianópolis
MG
897
C3, D3
Simão Pereira
MG
472
C5, D5
Simonésia
MG
591
A6, A7, B6, B7
Soledade de Minas
MG
881
C3, C4, D3, D4
Tabuleiro
MG
459
C5
Teixeiras
MG
648
B6
Timóteo
MG
333
A6
Tiradentes
MG
927
C4
Tocantins
MG
363
C5, C6
Tocos do Moji
MG
1059
D2
Toledo
MG
1128
D2
Tombos
MG
273
B6, B7
Três Corações
MG
864
C3
Turvolândia
MG
840
C3
Ubá
MG
338
B5, C5, C6
Urucânia
MG
437
B6
Vermelho Novo
MG
640
A6, B6
Viçosa
MG
648
B6
Vieiras
MG
718
B6
Virgínia
MG
945
D3
Visconde do Rio Branco
MG
352
B6, C6
Volta Grande
MG
209
C6
Wenceslau Braz
MG
1005
D3
Cantagalo
RJ
391
C6, D6
Carmo
RJ
347
C6, D6
Itaperuna
RJ
108
C6, C7
Itatiaia
RJ
390
D4
183
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Laje do Muriaé
RJ
172
C6
Miracema
RJ
137
C6
Natividade
RJ
182
B7, C6, C7
Paraíba do Sul
RJ
275
D5
Porciúncula
RJ
190
B6, B7, C6
Porto Real
RJ
385
D4
Quatis
RJ
415
B4
Resende
RJ
407
D4
Rio das Flores
RJ
525
D5
Santo Antônio de Pádua
RJ
86
C6
Sapucaia
RJ
221
C6, D6
Três Rios
RJ
269
D5, D6
Valença
RJ
560
D4, d5
Varre-Sai
RJ
680
B7
Águas da Prata
SP
842
C2
Águas de Lindóia
SP
904
D2
Amparo
SP
674
D2
Aparecida
SP
542
D3
Atibaia
SP
803
E2
Bom Jesus dos Perdões
SP
770
E2
Bragança Paulista
SP
817
D2, E2
Cachoeira Paulista
SP
521
D3, D4
Caieiras
SP
785
E2
Campo Limpo Paulista
SP
745
E2
Campos do Jordão
SP
1628
D3
Canas
SP
530
D3
Cruzeiro
SP
517
D3, D4
Espírito Santo do Pinhal
SP
870
D2
Francisco Morato
SP
792
E2
Franco da Rocha
SP
740
E2
Guaratinguetá
SP
539
D3, E3
Guarulhos
SP
759
E2
Igaratá
SP
745
E2
Itapira
SP
643
D2
Jarinu
SP
755
D2, E2
Joanópolis
SP
906
E2
Jundiaí
SP
761
E1, E2
Lindóia
SP
677
D2
Lorena
SP
524
D3, D4
Mairiporã
SP
750
E2
Monte Alegre do Sul
SP
750
D2
Monteiro Lobato
SP
685
D3, E3
Nazaré Paulista
SP
845
E2
Pedra Bela
SP
1120
D2
Pindamonhangaba
SP
557
D3, E3
Pinhalzinho
SP
910
D2
Piquete
SP
645
D3
184
G. Pelissari 2012
ANEXO II
Piracaia
SP
792
D2, E2
Potim
SP
535
D3
Queluz
SP
497
D4
Roseira
SP
551
D3, E3
Santo Antônio do Jardim
SP
850
D2
Santo Antônio do Pinhal
SP
1080
D3
São Bento do Sapucaí
SP
886
D3
São João da Boa Vista
SP
767
C2, D2
São José dos Campos
SP
600
D2, D3, E2, E3
São Paulo
SP
760
E2
Serra Negra
SP
925
D2
Socorro
SP
752
D2
Tremembé
SP
560
D3
Tuiuti
SP
790
D2
Vargem
SP
845
D2
Várzea Paulista
SP
745
E2
185
G. Pelissari 2012
ANEXO III
Anexo III. Lista das Unidades de Conservação e outras áreas especialmente protegidas da região da Serra da
Mantiqueira (PAQE - Parque Estadual; PAQF - Parque Federal; PAQM - Parque Municipal; APAE - Área de
Proteção Ambiental Estadual; APAF - Área de Proteção Ambiental Federal; APAM - Área de Proteção
Ambiental Municipal; RE – Reserva Estadual; RF – Reserva Federal; RBM - Reserva Biológica Municipal; EE –
Estação Experimental; RPPN – Reserva Particulares do Patrimônio Natural; RPPNE – Reserva Particular do
Patrimônio Natural Estadual; RPPNF – Reserva Particular do Patrimônio Natural Federal; RVSE – Refúgio
Estadual de Vida Silvestre; Flona – Floresta Nacional; ANT – Áreas Nacionais Tombadas Esraduais; VF –
Viveiro Florestal).
Sigla
Unidades de Conservação e outras
Municípios
UF
áreas especialmente protegidas
PAQF
Parque Nacional do Caparaó
Iúna, Ibitirama, Dores de Rio Preto e
ES
outros
APAE
Do Rio do Machado
Alfenas, Congonhal, Espírito Santo
MG
do Dourado, Fama, Machado,
Paraguaçu, Poço Fundo, Santa Rita
de Caldas, São João da Mata
APAE
Felício dos Santos
Águas Vertentes
MG
APAE
Fernão Dias
Brasópolis, Camanducaia, Extrema,
MG
Gonçalves, Itapeva, Paraisópolis,
Sapucaí-Mirim e Toledo
APAE
Mata do Krambeck
Juiz de Fora
MG
APAE
Serra de São José
Coronel Xavier Chaves, Prados,
MG
Santa Cruz de Minas, São João Del
Rei, Tiradentes
APAF
Serra da Mantiqueira
Bocaina de Minas, Alagoa,
MG
Aiuruoca, Virgínia, Baependi,
Delfim Moreira, Itanhandu,
Itamonte, Liberdade, Passa Quatro,
Marmelópolis, Passa Vinte,
Piranguçu, Pouso Alto, Bom Jardim
de Minas, Wenceslau Brás
APAM
Água Limpa
Miraí
MG
APAM
Água Santa de Minas
Tombos
MG
APAM
Alto da Conceição
Carangola
MG
APAM
Alto do Barroso
Carangola
MG
APAM
APA de Ervália
Ervália
MG
APAM
APA do Município Rio Pomba
Rio Pomba
MG
APAM
APA Municipal de Caiana
Caiana
MG
APAM
Araponga
Araponga
MG
APAM
Árvore Bonita
Divino
MG
186
G. Pelissari 2012
ANEXO III
APAM
Ato Taboão
Espera Feliz
MG
APAM
Babilônia
Rosário da Limeira
MG
APAM
Bom Jesus
Divino
MG
APAM
Brauna
Paula Cândido
MG
APAM
Brecha
Guaraciaba
MG
APAM
Canaã
Canaã
MG
APAM
Cantagalo
Cantagalo
MG
APAM
Caparaó
Caparaó
MG
APAM
Do Gavião
Eugenópolis
MG
APAM
Felício
Felício dos Santos
MG
APAM
Fervedouro
Fervedouro
MG
APAM
Jequeri
Jequeri
MG
APAM
Lagoa Silvana
Caratinga
MG
APAM
Manhumirim
Manhumirim
MG
APAM
Matinha
Guaraciaba
MG
APAM
Miraí
Miraí
MG
APAM
Montanha Santa
Guiricema
MG
APAM
Morro da Torre
Carangola
MG
APAM
Ninho das Garças
Patrocínio do Muriaé
MG
APAM
Nô da Silva
Cajuri
MG
APAM
Pedra Branca
APAM
Pedra Dourada
Pedra Dourada
MG
APAM
Pedra Itaúna
Caratinga
MG
APAM
Pico do Itajuru
Muriaé
MG
APAM
Pontão
Muriaé
MG
APAM
Santa Helena
Miraí
MG
APAM
Senador Firmino
Senador Firmino
MG
APAM
Serra da Providência
São Francisco do Glória
MG
APAM
Serra da Vargem Alegre
Espera Feliz
MG
APAM
Serra das Aranhas
Rosário da Limeira
MG
APAM
Serra das Pedras
Guidoval, Guiricema
MG
APAM
Serra dos Núcleos
São João Nepomuceno
MG
APAM
Serrana
Divinésia
MG
APAM
Teixeiras
Teixeiras
MG
EE
EE de Treinamento e Educação
Viçosa
MG
Caldas
MG
Ambiental Mata do Paraíso
EE
Estação Experimental de Água Limpa
Coronel Pacheco
MG
EE
Mar de Espanha
Mar de Espanha
MG
FLONA
Ritápolis
Ritápolis
MG
PAQE
Parque Estadual da Serra do Brigadeiro
Araponga, Divino e Ervália,
MG
187
G. Pelissari 2012
ANEXO III
Fervedouro, Miradouro, Muriaé,
Pedra Bonita e Sericita
PAQE
Parque Estadual da Serra do Papagaio
Baependi, Itamonte, Aiuruoca,
MG
Alagoa e Pouso Alto
PAQE
Parque Estadual de Nova Baden
Lambari
MG
PAQE
Parque Estadual do Ibitipoca
Lima Duarte e Santa Rita do
MG
Ibitipoca
PAQE
Parque Estadual do Rio Doce
Timóteo
MG
PAQE
Parque Estadual do Rio Preto
Rio Preto
MG
PAQF
Parque Nacional do Caparaó
Caparaó, Espera Feliz, Alto Caparaó
MG
e outros
PAQF
Parque Nacional do Itatiaia
Itamonte, Bocaína de Minas e
MG
Alagoa
PAQM
Manoel Pedro Rodrigues
Alfenas
MG
PAQM
Parque da Serra de São Domingos
Poços de Caldas
MG
PAQM
Parque de Pouso Alegre
Pouso Alegre
MG
PAQM
Parque Ecológico Municipal Sagui
Manhumirim
MG
Paraguaçu
MG
Serra
PAQM
Parque Municipal Coronel Olyntho
Oliveira Leite
PAQM
Parque Municipal da Cachoeira da Vigia
São Tiago
MG
PAQM
Parque Municipal Halfeld
Juiz de Fora
MG
PAQM
Parque Natural Municipal da Lajinha
Juiz de Fora
MG
PAQM
Parque Natural Municipal de Aracitaba
Aracitaba
MG
RBM
Engenho Velho
Campanha
MG
RBM
Pinheiro Grosso
Barbacena
MG
RBM
Poços d’Antas
Juiz de Fora
MG
RBM
Pouso Alegre
Pouso Alegre
MG
RBM
Represa do Grama
Descoberto
MG
RBM
Reserva Biológica Municipal Santa
Juiz de Fora
MG
Cândida
RBM
Santa Clara
Cambuquira
MG
RBM
Serra dos Toledos
Itajubá
MG
RBM
Serra Pedra do Coração
Caldas
MG
RPPN
Mato Limpo
Rio Preto
MG
RPPNE
Alto Gamarra
Baependi
MG
RPPNE
Alto Rio Grande
Bocaina de Minas
MG
RPPNE
Ave Lavrinha
Bocaina de Minas
MG
RPPNE
Berço de Furnas
Aiuruoca
MG
RPPNE
Berço de Furnas II
Aiuruoca
MG
188
G. Pelissari 2012
ANEXO III
RPPNE
Cachoeira do Tombo
Aiuruoca
MG
RPPNE
Cambuí Velho
Cambuí
MG
RPPNE
Campina
Aiuruoca
MG
RPPNE
Células Verdes
Baependi
MG
RPPNE
Córrego da Onça
Carmo de Minas
MG
RPPNE
Da Fragalha
Aiuruoca
MG
RPPNE
Da Mata
Aiuruoca
MG
RPPNE
Darcet Batalha
Tombos
MG
RPPNE
Do Bonfim
Espera Feliz
MG
RPPNE
Fazenda Alto da Conceição
Carangola
MG
RPPNE
Fazenda Boa Esperança
Descoberto
MG
RPPNE
Fazenda Boa Vista
Fervedouro
MG
RPPNE
Fazenda da Gruta
Santana do Deserto
MG
RPPNE
Fazenda das Pedras Leste
Poços de Caldas
MG
RPPNE
Fazenda Jequitibá
Alfenas
MG
RPPNE
Fazenda São Lourenço
Itamarati de Minas, Manhuaçu e
MG
Rio Preto
RPPNE
Feliciano Miguel Abdala
Caratinga
MG
RPPNE
Floresta Pengá
Aiuruoca
MG
RPPNE
Habitat Engenharia
Juiz de Fora
MG
RPPNE
Irmã Scheila
Manhuaçu
MG
RPPNE
Mitra do Bispo
Bocaina de Minas
MG
RPPNE
Morro das Árvores
Poços de Caldas
MG
RPPNE
Morro Grande
Caldas
MG
RPPNE
Ovídio Antônio Pires 3
Bom Jardim de Minas
MG
RPPNE
Ovídio Antônio Pires 4
Bom Jardim de Minas
MG
RPPNE
Ovídio Antônio Pires 5
Andrelândia
MG
RPPNE
Ponte Funda
Antônio Carlos
MG
RPPNE
Recanto dos Sonhos
Andrelândia
MG
RPPNE
Retiro Branco
Poços de Caldas
MG
RPPNE
São Paulo
Espera Feliz
MG
RPPNE
São Vicente
Espera Feliz
MG
RPPNE
Serra do Ibitipoca
Lima Duarte
MG
RPPNE
Serra dos Garcias
Aiuruoca
MG
RPPNE
Sítio Dois Irmãos
Itamonte
MG
RPPNE
Sítio Du Tileco
Machado
MG
RPPNE
Sítio Raio Solar
Camanducaia
MG
RPPNE
Sítio Ventania
Miraí
MG
RPPNE
Terra da Pedra Montada
Marmelópolis
MG
RPPNE
Usina Coronel Domiciano
Muriaé
MG
189
G. Pelissari 2012
ANEXO III
RPPNE
Vale de Salvaterra
Juiz de Fora
MG
RPPNF
Dr. Marcos Vidigal de Vasconcelos
Tombos
MG
RPPNF
Estação Biológica Mata do Sossego
Simonésia
MG
RPPNF
Fazenda Alto da Boa Vista
Descoberto
MG
RPPNF
Fazenda Alto da Boa Vista II
Descoberto
MG
RPPNF
Fazenda da Serra
Lima Duarte
MG
RPPNF
Fazenda Iracambi
Rosário da Limeira
MG
RPPNF
Fazenda Pedra Bonita
São João Nepomuceno
MG
RPPNF
Ly e Cléo
Monte Sião
MG
RPPNF
Mata do Bugio
Rio Novo
MG
RPPNF
Nave da Esperança
Aiuruoca
MG
RPPNF
Panelão dos Muriquis
Fervedouro
MG
RPPNF
Parque Arqueológico Santo Antônio
Andrelândia
MG
RPPNF
Reserva Sarandi
Santa Bárbara do Monte
MG
RPPNF
Semente do Arco Íris
Toledo
MG
RPPNF
Sítio Cerro das Acácias
São João Nepomuceno
MG
RPPNF
Sítio Estrela da Serra
Olaria
MG
RPPNF
Sítio Raio Solar
Extrema
MG
RPPNF
Sítio Sannyasim
Descoberto
MG
RPPNF
Sítio São Domingos
Espera Feliz
MG
RPPNF
Terras dos Sabiás
Pouso Alegre
MG
RPPNF
Usina Maurício
Itamarati de Minas, Leopoldina
MG
RVSE
Libélulas da Serra de São José
Coronel Xavier Chaves, Prados,
MG
Santa Cruz de Minas, São João Del
Rei, Tiradentes
APAF
Serra da Mantiqueira
Resende
RJ
PAQF
Parque Nacional do Itatiaia
Resende e Itatiaia
RJ
ANT
Reserva Estadual da Cantareira e Parque
Caieiras, Guarulhos, Mairiporã e
SP
Estadual A. Löefgren
São Paulo
ANT
Serra de Atibaia ou Itapetinga
Atibaia e Bom Jesus dos Perdões
SP
ANT
Serra do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara
Jundiaí e outros
SP
APAE
Campos do Jordão
Campos do Jordão
SP
APAE
Estadual do Banhado
São José dos Campos
SP
APAE
Jundiaí
Jundiaí, Campo Limpo Paulista,
SP
Jarinu e outros
APAE
Piracicaba e Juqueri Mirim (área II)
Amparo, Bragança Paulista,
SP
Joanópolis, Monte Alegre do Sul,
Nazaré Paulista, Pedra Bela,
Pinhalzinho, Piracaia, Serra Negra,
Socorro, Vargem, Mairiporã e
190
G. Pelissari 2012
ANEXO III
outros
APAE
Represa Bairro da Usina
Atibaia
SP
APAE
São Francisco Xavier
São José dos Campos
SP
APAE
Sapucaí-Mirim
Santo Antonio do Pinhal e São
SP
Bento do Sapucaí
APAE
Sistema Cantareira
Mairiporã, Atibaia, Nazaré Paulista,
SP
Piracaia, Joanópolis, Vargem e
Bragança Paulista
APAE
Várzea do Rio Tietê
Guarulhos, São Paulo e outros
SP
APAF
Bacia do Rio Paraíba do Sul
Cachoeira Paulista, Guaratinguetá,
SP
Guarulhos, Igaratá, Monteiro
Lobato, Pindamonhangaba, Piquete,
Queluz, São José dos Campos e
outros
APAF
Serra da Mantiqueira
Campos do Jordão, São Bento do
SP
Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal,
Guaratinguetá, Pindamonhangaba,
Piquete, Queluz e outros em SP, RJ
e MG
ASPE
da Roseira Velha
Roseira
SP
PAQE
Parque Ecológico Tietê
São Paulo, Guarulhos e outros
SP
PAQE
Parque Estadual Campos do Jordão
Campos do Jordão
SP
PAQE
Parque Estadual do Jaraguá
São Paulo e outros
SP
PAQE
Parque Estadual Juquery
Franco da Rocha, Caieiras
SP
PAQE
Parque Estadual Mananciais de Campos
Campos do Jordão
SP
Atibaia
SP
de Jordão
PAQM
Parque Municipal do Itapetinga Grota
Funda
RE
Águas da Prata
Águas da Prata
SP
RF
Reserva Florestal da Escola de
Guaratinguetá
SP
especialistas de Aeronáutica
RPPN
Ecoworld
Atibaia
SP
RPPN
Fazenda San Michele
São José dos Campos
SP
RPPN
Parque das Nascentes
Bragança Paulista
SP
RPPN
Parque dos Pássaros
Bragança Paulista
SP
RPPN
Sítio Capuavinha
Mairiporã
SP
RPPN
Sítio do Cantoneiro
Monteiro Lobato
SP
RPPN
Sítio Sibiuna
Joanópolis
SP
VF
Viveiro Florestal de Pindamonhangaba
Pindamonhangaba
SP
191
Fotos da região da Serra da Mantiqueira, da esquerda para a direita,
direita, de cima para baixo:
baixo:
1.
Afloramentos rochosos do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Araponga/Minas Gerais.
2.
Vista do mirante do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro,
Brigadeiro Araponga/Minas Gerais.
3.
Vista do Parque Nacional do Itatiaia, Visconde de Mauá/Rio
Mauá
de Janeiro.
4.
Pôr do sol em Carangola/Minas Gerais.
5.
Pedra Branca, Caldas/Minas Gerais.
6.
Cachoeira do Escorrega, Maromba/Rio de Janeiro.
Fotos: 1-6: G. Pelissari. 2010-2011.

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