mcc adriana vs ferreira - Setor de Investigações nas Doenças
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mcc adriana vs ferreira - Setor de Investigações nas Doenças
ADRIANA VALÉRIA SILVA FERREIRA A CORRELAÇÃO ENTRE AS HABILIDADES AQUÁTICAS E AS ESCALAS EGEN KLASSIFIKATON (EK) E VIGNOS EM PACIENTES COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE (DMD) São Paulo 2010 ADRIANA VALÉRIA SILVA FERREIRA A CORRELAÇÃO ENTRE AS HABILIDADES AQUÁTICAS E AS ESCALAS EGEN KLASSIFIKATON (EK) E VIGNOS EM PACIENTES COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE (DMD) Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de especialista pelo programa de pós-graduação em Intervenções Fisioterapêuticas nas Doenças Neuromusculares Orientadora: Priscila Santos Albuquerque Co-orientadoras: Denise Caldeira Troise Martina Duran Renata Ferrari São Paulo 2010 Ferreira, Adriana Valéria Silva A correlação entre as habilidades aquáticas e as escalas Egen Klassifikaton (EK) e Vignos em pacientes com distrofia muscular de Duchenne (DMD)./Adriana Valéria Silva Ferreira. – São Paulo, 2010. xi, 48f Tese (especialização) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Intervenções Fisioterapêuticas nas Doenças Neuromusculares The correlation between the aquatic skills and the Egen Klassifikaton (EK) and Vignos scales in Duchenne muscular dytrophy patients (DMD) 1. Distrofia muscular de Duchenne. 2. Fisioterapia. 3. Fisioterapia aquática. 4. Método Halliwick UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA Chefe do Departamento: Débora Amado Scerni Coordenadora do curso de Pós-Graduação: Maria da Graça Naffah Mazzacoratti iii ADRIANA VALÉRIA SILVA FERREIRA A CORRELAÇÃO ENTRE AS HABILIDADES AQUÁTICAS E AS ESCALAS EGEN KLASSIFIKATON (EK) E VIGNOS EM PACIENTES COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE (DMD) Presidente da banca: Prof. Dr._____________________________________________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Prof. Dr. ___________________________________________________________________ iv DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos os profissionais que se empenham arduamente dia após dia para oferecer melhor qualidade de vida ao seu próximo. Porém minha dedicação especial segue para os pequenos gigantes que participaram desse estudo, que com certeza fazem cada dia de trabalho, empenho e carinho valer a pena, com vocês percebemos que o nosso objetivo sempre tem que ser o bem, o material nós temos todo os dias, os métodos nós que escolhemos, a discussão sempre é válida, os resultados são os mais surpreendentes e a conclusão é que viver é uma dádiva sem igual, e ao conhecer vocês ela se torna mais surpreendente. v AGRADECIMENTOS Primeiramente ao Nosso Senhor Jesus Cristo (YESHUA), por me conceber a honra de realizar este estudo. A todos que me apoiaram nessa caminhada, em especial à minha orientadora Priscila, co-orientadoras Renata, Martina e Denise, assim como Roberta, Tanyse e Rosane pela colaboração. À ABDIM pelo espaço concebido para a realização desse estudo. À Dirce pela sua paciência conosco ao longo desses meses. À minha família pela compreensão e apoio que foram fundamentais, ao meu grupo de teatro Apocalipse, e às minhas eternas amigas Cristina, Shirley, Wivian e Tatiana. vi EPÍGRAFE ÂT{? ÖâtÇwÉ xâ xáàâwtät Çt xávÉÄt? xâ à|Ç{t âÅ ÅÉÇàx wx tÅ|zÉá Äxzt|á? xÄxá tà° xÅÑâÜÜtätÅ Å|Ç{t vtwx|Üt wx ÜÉwtá444Ê ÜÉwtá444ÊZAi? ZAi? ECCLA vii SUMÁRIO Dedicatória .................................................................................................................. v Agradecimentos ......................................................................................................... vi Epígrafe ..................................................................................................................... vii Lista de tabelas .......................................................................................................... ix Lista de gráficos .......................................................................................................... x Resumo ...................................................................................................................... xi INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1.1 Doenças neuromusculares .................................................................................... 1 1.2 Distrofia muscular de Duchenne ........................................................................... 1 1.3 Fisioterapia ............................................................................................................ 2 1.4 Fisioterapia aquática ............................................................................................. 3 1.4.1 Efeitos fisiológicos .............................................................................................. 3 1.4.2 Efeitos terapêuticos ............................................................................................ 5 1.4.3 Método Halliwick ................................................................................................ 6 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 10 3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 11 4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 12 4.1 Critério de inclusão .............................................................................................. 12 4.2 Critério de exclusão ............................................................................................. 12 4.3 Procedimentos .................................................................................................... 12 4.3.1 Fisioterapia aquática ........................................................................................ 12 4.3.2 Fisioterapia motora ........................................................................................... 14 4.3.2.1 Escala EK ...................................................................................................... 15 4.3.2.2 Escala Vignos ................................................................................................ 15 5. RESULTADOS ...................................................................................................... 16 6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 22 7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 24 8. ANEXOS ............................................................................................................... 25 9. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 32 ABSTRACT BIBLIOGRAFIA CONSULTADA viii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Correlação de idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática (1º semestre de 2007)..........................................................................................................................16 Tabela 2: Correlação de idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática (2º semestre de 2007)……………………………………………………………….....………….................17 Tabela 3: Correlação de idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática (1º semestre de 2008............................................................................................................................17 Tabela 4: Correlação de idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática (2º semestre de 2008............................................................................................................................18 Tabela 5: Correlação de idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática (Geral)...............18 Tabela 6: Comparação entre semestres em Vignos, EK e fisioterapia aquática.......20 ix LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Evolução dos semestres em Vignos..........................................................20 Gráfico 2: Evolução dos semestres em EK ...............................................................21 Gráfico 3: Evolução dos semestres em fisioterapia aquática .................................... 21 x RESUMO A DMD é uma doença neuromuscular caracterizada pela fraqueza muscular progressiva. Os sinais clínicos apresentam-se por volta dos cinco anos de idade, com dificuldades para subir escadas, quedas freqüentes e sinal de Gowers, levando o paciente ao uso de cadeira de rodas. Objetivo: Analisar e correlacionar as habilidades aquáticas com as escalas EK e Vignos em pacientes com DMD. Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo com 23 pacientes com diagnóstico de DMD, idade entre 8 e 24 anos, que fazem acompanhamento clínico e fisioterapêutico na Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM). Para comparar as atividades aquáticas e as escalas EK e Vignos dos primeiros e segundos semestres dos anos de 2007 e 2008, foram coletados os dados da avaliação da fisioterapia aquática como adaptação ao meio líquido, bipedestação, sedestação, rotação transversal e longitudinal do Método Halliwick, nado e marcha. Resultados: No 1º semestre de 2007 e 1º e 2º semestres de 2008, a avaliação aquática se correlacionou com as escalas EK (p<0,001) e Vignos (p<0,001), assim como no 2º semestre de 2007 demonstrada por EK (p< 0,001) e Vignos (p< 0,002). Houve diferença estatisticamente significante nas atividades aquáticas entre o 1º semestre de 2007 e o 2 º semestre de 2008 (p<0,001). Conclusão: As escalas EK e Vignos se correlacionaram com as habilidades aquáticas em pacientes com DMD, através da análise estatística foi comprovado que mesmo com a piora do quadro motor em solo, houve melhora nas habilidades aquáticas, no período de 2 anos. O resultado reforça a importância da fisioterapia aquática no tratamento desses pacientes. Palavras-chave: Distrofia muscular de Duchenne, Fisioterapia, Fisioterapia aquática, Método Halliwick. xi 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 Doenças neuromusculares As doenças neuromusculares são afecções geradas pelo acometimento da unidade motora que é composta pelo motoneurônio medular, raiz nervosa, nervo periférico, junção mioneural e músculo, podendo ser hereditárias ou adquiridas (1) . São caracterizadas pela fraqueza muscular progressiva e podem manifestar-se em qualquer momento desde o nascimento até a vida adulta (2). 1.2 Distrofia Muscular de Duchenne A DMD é uma doença neuromuscular progressiva de caráter recessivo causada por deficiência na produção de distrofina, devido anormalidade no gene localizado no braço curto do cromossomo X, lócus xp21 (3-4) . A sua incidência é de 1:3500 nascidos vivos (2-5) . A distrofina é necessária para a estabilização mecânica das células musculares, e está localizada no sarcolema e participa da liberação de cálcio após a despolarização dos túbulos T, portanto a ausência da distrofina interrompe o processo de contração muscular (6-7). O diagnóstico é realizado através de manifestações clínicas, biópsia muscular, onde as dosagens de creatinoquinase (CK) se encontram 10 a 20 vezes acima do limite normal (3-8). As manifestações clínicas iniciam por volta dos cincos anos de idade quando surgem dificuldades para subir escadas, andar, quedas freqüentes, sinal de Gowers que se caracteriza por apoio sobre as pernas, coxas e quadris ao se levantar do chão ou cadeira, hiperlordose, escoliose, pseudo-hipertrofia de panturrilha e marcha anserina (1-9-10). Próximos aos oito anos de idade começam a apresentar marcha sobre artelhos, devido ao desequilíbrio muscular agonista versus antagonista com fraqueza em dorsiflexores. Entre 12 e 13 anos ocorre perda da deambulação que evolui para a utilização de cadeiras de rodas (11). As deformidades da coluna vertebral que geralmente começam a se manifestar após a perda da marcha, agravam a insuficiência respiratória, o que torna 2 o prognóstico de vida destas crianças desfavorável, (12) com a progressão da fraqueza muscular os músculos respiratórios são atingidos por volta dos 10/12 anos de idade, embora o diafragma permaneça funcional, os músculos intercostais internos que auxiliam na expiração são acometidos reduzindo a efetividade da tosse, dificultando a eliminação da secreção (13- 14). Os corticóides são utilizados no tratamento de DMD, pois aumentam a massa muscular, retardam a velocidade de degeneração muscular, aumentam o tempo de deambulação e também a capacidade respiratória e cardíaca. São utilizados prednisona/ prednisolona e deflazacort. No entanto, os esteróides desencadeiam diversos efeitos colaterais, porém o uso de doses intermitentes ou altas doses semanais causam menores reações (8,15). 1.3 Fisioterapia A fisioterapia é de fundamental importância, para esses indivíduos, devido ao fato dessa doença não ter cura. Os objetivos da fisioterapia visam capacitar a criança a adquirir domínio sobre sua capacidade funcional, retardar a progressão da fraqueza da musculatura da cintura pélvica e escapular, promover o alinhamento postural (em pé, sentado, deitado ou durante os movimentos), prevenir os encurtamentos musculares precoce, contraturas que possam levar a incapacidade e dor, desenvolver a força contrátil dos músculos respiratórios, controle da respiração pelo uso correto do diafragma, e evitar a fadiga (16-17). Alguns estudos mostram que o uso do tutor longo permite prolongamento do período de marcha e ortostatismo, prolongamento da marcha funcionalmente mas (5) . não há esclarecimentos sobre Porém em estudo realizado em 2002 há relato que o uso do tutor longo pode prolongar a marcha em crianças com DMD em até dois anos (18). 3 1.4 Fisioterapia aquática O uso de fisioterapia aquática, com métodos adaptados de Halliwick e Bad Ragaz é um recurso que tem como finalidade melhorar a força muscular, a capacidade respiratória, as amplitudes articulares e evitar os encurtamentos musculares (5). A fisioterapia aquática é um recurso que vem crescendo no Brasil, inclusive no tratamento de distrofias musculares progressivas. As propriedades físicas da água promovem movimentação voluntária, facilitação postural e de exercícios respiratórios, alívio de dor, melhora da funcionalidade e treino de marcha (19). As intervenções aquáticas são comumente utilizadas no tratamento de crianças com paralisia cerebral e disfunções neuromotoras, porém há poucas pesquisas documentadas que estabeleçam os resultados específicos. Como os outros métodos terapêuticos utilizados em neuropediatria, o principal objetivo da fisioterapia aquática é melhorar as atividades de vida diária e melhorar a função motora (20). Pacientes com desordens neurológicas possuem lesões complexas, as quais podem contribuir para problemas ao caminhar, se transferir e nos gestos de preensão. A reabilitação aquática oferece uma abordagem única para o tratamento destes pacientes (21). Em geral os benefícios da água para tratamento de disfunções neurológicas envolvem principalmente a propriedade da flutuação que pode ajudar os pacientes a retomar o controle de padrões de movimentos recíprocos rápidos (22). 1.4.1 Efeitos fisiológicos Os efeitos fisiológicos dos exercícios combinados com aqueles que são causados pelo calor da água são uma das vantagens da atividade nesse meio. O resultado da imersão na água é semelhante em adultos e crianças e está relacionado à temperatura do corpo, a circulação e a intensidade dos exercícios (23). 4 Sistema cardiovascular O conjunto de respostas cardiovasculares á imersão, bradicardia, vasoconstrição periférica e desvio do sangue para áreas vitais é coletivamente conhecido como reflexos de mergulho (22). A imersão em água fria reduz a freqüência cardíaca (FC), a imersão em água morna e quente aumenta a FC, e água na temperatura do corpo é termoneutra, a vasoconstrição aumenta com a temperatura decrescente, porém quando a mesma se encontra entre 20º e 40º pode não ter nenhum efeito sobre o fluxo sanguíneo periférico (22-24). O retorno venoso é intensificado pelo deslocamento do sangue da periferia para os vasos do tronco, tórax e coração, pois a pressão externa exerce pressão venosa, o sangue é deslocado para cima primeiro para as coxas, vasos da cavidade abdominal e para os vasos da cavidade torácica e coração, a pressão venosa aumenta com a imersão ao nível do processo xifóide (21). Sistema Respiratório Para demonstrar brevemente as alterações fisiológicas da imersão no sistema respiratório é importante descrever sobre os volumes pulmonares. A excursão normal do ar durante a inspiração e expiração é denominada volume corrente (VC), ao final da expiração não forçada permanece nos pulmões uma quantidade de ar chamada volume de reserva expiratório (VRE), ao realizarmos uma expiração forçada o VRE é expelido, porém ainda permanece certa quantidade de ar nos pulmões que não pode ser eliminada voluntariamente, esta quantidade de ar é chamada de volume residual (VR), a capacidade funcional residual (CFR) é a combinação do VRE e VR. Ao final de uma inspiração confortável, ainda há espaço para mais inalação de ar, chamado de volume de reserva inspiratório (VRI) que forma a capacidade vital (CV) quando combinado com o VC e VRE (22). Durante a imersão há redução da CV, sendo que 50-60% se deve ao aumento do volume sanguíneo torácico e 40-50 % se deve a força hidrostática que agem sobre a musculatura inspiratória. Quando realizada a imersão até o pescoço há aumento do trabalho total da respiração, devido a diminuição das taxas de fluxo expiratório que aumenta o tempo necessário para movimentar o ar para fora dos 5 pulmões por haver a diminuição da complacência pulmonar e redução da capacidade de difusão dos pulmões (22-23). Sistema músculo esquelético Durante a imersão maior parte do débito cardíaco (DC) é redistribuído para a pele e músculo, gerando aumento do oxigênio assim como a remoção dos produtos de degradação do metabolismo muscular (21). Sistema renal A imersão causa aumento da diurese com conseqüente natriurese, potassiurese, supressão da arginina vasopressina, renina e aldosterona. A diurese é postulada como possível resposta protetora do coração contra a sobrecarga de volume ou pressão (22). A aldosterona controla a reabsorção de sódio durante a imersão, a mesma é diminuída causando a maior parte da perda de sódio, o hormônio antidiurético (ADH) é suprimido causando aumento da diurese, o PNA reduz a absorção de sódio, com a imersão este hormônio é aumentado. Todos estes fatores contribuem para o aumento da diurese com significantes secreções de sódio e potássio que se iniciam imediatamente a imersão (21). Sistema nervoso A analgesia e efeitos relaxantes da imersão em água são efeitos de difíceis estudos, sugerindo-se o extravasamento sensorial como mecanismo pelo qual a dor é menos percebida, havendo também aumento do limiar de dor com o aumento da temperatura e turbulência da água, produzindo alguns efeitos terapêuticos (21). 1.4.2 Efeitos terapêuticos “As propriedades físicas da água oferecem muitas vantagens em um programa de reabilitação” (22). 6 Os efeitos terapêuticos mais percebidos são: promoção de relaxamento, redução da sensibilidade à dor, aumento do movimento articular, aumento da força e resistência muscular em casos de fraqueza muscular e melhora da consciência corporal, equilíbrio e estabilidade do tronco (25). 1.4.3 Método Halliwick O método Halliwick enfatiza as habilidades dos pacientes na água. Foi desenvolvido por James McMillan em 1949 na Halliwick School for Girls em Southgate. A proposta inicial foi a de auxiliar pessoas com problemas físicos a tornarem-se mais independentes para nadar de forma recreativa. Com o decorrer dos anos o método manteve a sua proposta original e foram adicionadas outras técnicas, que têm sido utilizadas para tratar indivíduos com enfermidades neurológicas (26). O método é composto por um programa de 10 pontos que fornece a base para o trabalho prático trazendo os fundamentos do Conceito Halliwick de forma lógica, fácil de seguir e bem estruturada. Os estímulos pelos quais os participantes são submetidos estão divididos em Três fases (27). ● Adaptação mental: Quando o participante torna-se capaz de responder com flexibilidade aos diferentes ambientes, situações ou tarefas. ● Controle do equilíbrio: Quando o participante adquire habilidade para manter ou mudar a posição do corpo na água, de forma controlada. ● Movimentos: Quando o participante cria ou solicita movimentos para realizar determinada tarefa com eficiência e habilidade, através da organização mental e controle corporal. Os 10 pontos seguem uma seqüência lógica de padrões. O domínio de todos eles resulta na formação de um nadador realmente confiante e feliz na água (27). 7 Ponto 1 - Adaptação Mental Como seres terrestres, ajustados à gravidade, precisamos nos adaptar as diferentes experiências de flutuar e ao empuxo da água, porém existem outras áreas que exigem adaptação (27). a) Superar preconceitos relacionados com as habilidades na água. b) Despir-se em um ambiente estranho, como o vestiário. c) Habituar-se ao contato físico com as pessoas, que no início pode ser totalmente desconhecido. d) Habituar-se aos sons que ecoam nos ambientes da piscina e aos reflexos da luz sobre um grande espaço aquático. e) Habituar-se à comunicação dificultada por olhos molhados, ouvidos com água e à desconcentração motivada por ruídos de outros grupos de trabalho. Agarrar o instrutor, manter os olhos fechados, ombros fora da água, reter a respiração, extensão do pescoço, relutar em imergir o rosto, são sinais de que o nadador não está mentalmente adaptado (27). Ponto 2- Desligamento Possibilita a independência física e mental de cada nadador e inclui vários desligamentos (27). a) do contato físico, pela redução gradual do apoio recebido; b) do contato visual, progredindo do apoio de frente para o apoio lateral (em círculo ou em linha) e depois, por trás; c) de um instrutor, pelas freqüentes mudanças de parceiros; d) de um Clube, se eventualmente o nadador mudar de uma associação para deficientes, a fim de juntar-se a competições e recreações em outras associações. Ponto 3 - Rotação Transversal (antiga Vertical) É a habilidade de controlar qualquer rotação feita sobre o eixo frontotransversal, como por exemplo, da posição deitado de costas, para a posição ortostática (27). 8 Ponto 4 - Rotação Sagital É a habilidade de controlar qualquer rotação feita sobre o eixo sagital transversal (antero-posterior), como por exemplo, passos laterais (27). Ponto 5 - Rotação Longitudinal (antiga Lateral) É a habilidade de controlar qualquer rotação feita sobre o eixo sagito-frontal (longitudinal) ou eixo da coluna, como por exemplo, decúbito dorsal para frontal e vice-versa (27). Ponto 6 - Rotação Combinada É a realização do controle de qualquer combinação de rotações, executandoas em um só movimento. Quando o nadador domina esta rotação, ele já tem o controle de sua posição na água e pode alcançar, com segurança, uma posição para respirar (27). Em todas as rotações, o nadador aprende a iniciar o movimento usando o controle da cabeça, depois utilizando o braço, a perna e os movimentos do corpo. Ponto 7 - Empuxo O nadador vai se conscientizar da flutuação de seu corpo na água, perdendo o medo de afundar e vivenciando a realidade de ser empurrado para cima. Daí em diante pode-se dar continuidade ao trabalho, utilizando esta força a favor e contra. Neste estágio já é necessário ter um nível avançado de controle da respiração. É importante lembrar, que o empuxo diminui com a turbulência (27). Ponto 8 – Equilíbrio e quietude Com o uso de todas as habilidades até aqui adquiridas, o nadador é capaz de manter sua posição enquanto flutua parado e relaxado, e obter uma posição segura para respirar. Para conseguirem manter esta posição contra a força da turbulência, os nadadores são treinados para fazer pequenos ajustes na posição do seu corpo. 9 Obter Equilíbrio e Quietude depende de ter controle físico e mental. Quando o nadador está equilibrado, outras atividades podem ser realizadas com facilidade (27). Ponto 9 - Turbulência e Deslize O nadador em flutuação é puxado pela água, através da turbulência criada pelo instrutor, porém sem apoio físico do mesmo. O nadador não faz movimentos propulsores nesta etapa, mas precisa estar capacitado a controlar qualquer tendência de rolar (27). Ponto 10 - Progressão Simples e Nados Básicos O primeiro movimento de propulsão, executado pelo nadador, é um movimento elementar da mão próxima ao corpo, no centro de equilíbrio, como por exemplo: remada. Mas também poderá ser feito pelas pernas, ou com o corpo. Este é um estilo adequado à maioria dos nadadores, porém, qualquer estilo adaptado às necessidades individuais é aceito (27). 10 2. OBJETIVO Principal Analisar e correlacionar as habilidades aquáticas com as escalas EK e Vignos em pacientes com DMD Secundário Comparar o comportamento das habilidades aquáticas com as escalas EK e Vignos em pacientes com DMD, no período de dois anos 11 3. JUSTIFICATIVA Há poucos estudos que correlacionam a fisioterapia motora e aquática como fundamentais para manutenção e/ou melhora da funcionalidade de pacientes com DMD. Devido às diferenças entre o atendimento em solo e as propriedades físicas e fisiológicas da imersão, as fisioterapias se complementam e fazem parte do atendimento multiprofissional. 12 4. MATERIAL E MÉTODOS Foram selecionados trinta e cinco pacientes, sendo que doze foram excluídos por ausência de dados nos prontuários. Participaram então deste estudo vinte e três pacientes com diagnóstico de distrofia muscular de Duchenne (anexo 1), confirmado por biopsia muscular e/ou estudo genético (DNA). Os mesmos realizavam fisioterapia aquática e motora na ABDIM. A idade variou entre sete e vinte e quatro anos, com uma média de 15,08 ± 4,17. 4.1 Critérios de inclusão Foram incluídos no estudo pacientes com diagnóstico de distrofia muscular de Duchenne que realizaram fisioterapia aquática e motora na ABDIM em 2007 e 2008. 4.2 Critérios de exclusão Foram excluídos pacientes que interromperam as fisioterapias motora e/ou aquática por mais de seis meses. 4.3 Procedimentos Após a aprovação do comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (CEP 0263.10), (Anexo 2), foram coletados para o presente estudo dados da avaliação do setor de fisioterapia aquática e motora, nos primeiros e segundos semestres de 2007 e 2008, totalizando quatro avaliações. 4.3.1 Fisioterapia aquática Os pacientes realizavam fisioterapia aquática 1 vez por semana, com duração de 40 minutos, em água aquecida com temperatura entre 34° e 35,5°C. Foram realizadas atividades para adaptação ao meio líquido, treino de equilíbrio em sedestação e bipedestação, exercícios de manutenção da funcionalidade de MMSS, MMII e tronco, realização de atividades do método Halliwick, treino de marcha, nado e relaxamento com as técnicas Watsu e Ai Chi. 13 Os dados foram classificados de acordo com a forma de realização das atividades aquáticas, sendo 0: não realiza, 1: realiza com auxílio distal (mãos e pés) e 2: realiza independente. Os itens adaptação ao meio líquido, equilíbrio em bipedestação e sedestação, nado e marcha, foram pontuados como 0 ou 2. A avaliação da adaptação ao meio líquido e nado foram baseadas no Método Halliwick. O equilíbrio em bipedestação e sedestação não são avaliados com auxílio, pois a pressão hidrostática facilita a realização dessas atividades, e não é possível mensurar o apoio fornecido pelo fisioterapeuta, portanto esta conduta poderia interferir no resultado. Optamos por avaliar a marcha sem o uso de dispositivos e/ou auxílio externo devido ao empuxo que facilita a função no meio líquido. (Anexo 3) A rotação transversal e longitudinal tiveram a pontuação 0, 1 ou 2, pois o apoio distal já é estabelecido pelo Método Halliwick. Segue a descrição dos dados selecionados: Adaptação ao meio líquido: avalia a independência do paciente na água. Se houver sinais de tensão como agarrar o instrutor, realizar apnéia, mantiver os ombros fora da água, os olhos fechados durante as atividades aquáticas, relutar em colocar o rosto na água, ou não imergir o rosto, será considerado não adaptado ao meio líquido (nota 0), se não apresentar nenhum desses sinais será classificado como adaptado (nota 2). Equilíbrio em bipedestação em nível de imersão na altura da sétima vértebra cervical (C7): se mantido o equilíbrio na postura ortostástica (nota 2), se não (nota 0). Equilíbrio em bipedestação em nível de imersão na altura do processo xifóide: se mantido o equilíbrio em processo xifóide (nota 2), se não (nota 0). Equilíbrio em sedestação em nível de imersão em C7: o terapeuta realizou turbulência com a prancha e se o paciente se manteve equilibrado (nota 2), se não (nota 0). 14 Equilíbrio em sedestação em nível de imersão na altura do processo xifóide: o terapeuta realizou turbulência com a prancha e se o paciente se manteve equilibrado (nota 2), se não (nota 0). Rotação transversal do método Halliwick (decúbito dorsal para posição vertical): se realizada independente (nota 2), com auxílio (nota 1) e se não realizou (nota 0). Rotação longitudinal do método Halliwick no plano horizontal (rolar): a mesma pode ser realizada independente (nota 2), com auxílio (nota 1) ou se não realizou (nota 0). Nado em decúbito dorsal: dividido em simples progressão (deslocamento com os punhos ou braçadas ao longo do corpo) e nado simplificado (deslocamento utilizando membros superiores e membros inferiores (MMII) de forma simultânea ou alternada). Se realizou o nado (nota 2), se não (nota 0). Marcha e/ou deambulação: Foi considerada marcha, a seqüência repetitiva de movimentos dos MMII que desloca o corpo para frente, enquanto simultaneamente mantém a estabilidade no apoio (13) . Enquanto a deambulação é caracterizada pela locomoção com flexão de joelho e quadril, sem manter o ortostatismo (28) . Se realizar a marcha e/ou deambulação (nota 2), se não (nota 0). 4.3.2 Fisioterapia motora Os pacientes realizavam fisioterapia motora 2 vezes por semana, com duração de 50 minutos. Foram realizados alongamentos, mobilização articular, exercícios ativos- livres, ativos-assistidos e passivos em decúbito dorsal, sedestação e bipedestação, treino de equilíbrio, co-contração, ortostatismo com auxílio de órteses e prancha ortostática, treino de marcha e exercícios domiciliares (alongamentos ativos ou passivos). Os dados selecionados na avaliação da fisioterapia motora foram as escalas EK (anexo 4) e Vignos (anexo 5). 15 4.3.2.1 Escala EK A escala EK (Egen Klassifikaton), validada para a Língua Portuguesa é um instrumento especialmente desenvolvido para quantificar o grau de acometimento funcional para atividades de vida diária. É um método útil na discriminação do desempenho funcional para atividades do cotidiano em pacientes com DMD e atrofia muscular espinhal. Apresenta grande potencial para determinar o comprometimento funcional e avaliar as intervenções terapêuticas. É composta por dez itens, a pontuação varia entre zero (maior funcionalidade) e três (menor funcionalidade), com total de trinta pontos (14). 4.3.2.2 Escala Vignos A escala Vignos foi elaborada em 1960 por Vignos e Archibald. É considerada padrão ouro na avaliação do estadiamento da DMD, pois é amplamente utilizada em diversos estudos, sendo considerada simples e precisa (9) . Segundo Archibald em 1960 a mesma é composta pelas fases de evolução do quadro motor graduadas de 0 a 10 pontos, sendo 0 (fase pré-clínica) e 10 (confinamento à cama necessitando de auxílio para todas as atividades) (29). 16 5. RESULTADOS Os dados desse estudo foram classificados como não paramétricos. Nas tabelas 1, 2, 3, 4 e 5, temos as relações entre Idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática através da Correlação de Spearman.Para sabermos quão boa é uma correlação nós utilizamos a classificação abaixo. 0 – 20%= péssima 20% -40% = ruim 40% - 60% = regular 60 % - 80% = boa 80 % - 100 % = ótima Os * p-valores são resultados considerados estatisticamente significativos perante o nível de significância adotado, enquanto os # p-valores são os que estão próximos do limite de aceitação, considerados que tendem a ser significativos. Tabela 1: Correlação de Idade, Vignos, EK e Fisioterapia aquática (1º semestre 2007). 1ª Sem./07 Vignos Idade corr p-valor Vignos EK 70,5% <0,001* corr 64,8% 88,8% p-valor 0,001* <0,001* Fisioterapia corr -26,5% -64,2% -73,6% aquática p-valor 0,222 0, 001* <0,001* EK O escore de fisioterapia aquática correlacionadas com EK e Vignos são inversamente proporcionais, com boa correlação. Enquanto em relação à idade não houve significância, a correlação foi considerada ruim. Vignos e EK apresentam ótima correlação, enquanto ambas com a idade apresentam boa correlação. 17 Tabela 2: Correlação de Idade, Vignos, EK e Fisioterapia aquática (2º semestre 2007). 2ª Sem./07 Idade Vignos EK corr p-valor 71,7% <0,001* corr 68,1% 90,3% p-valor <0,001* <0,001* Fisioterapia corr -38,3% -60,2% -73,0% aquática p-valor 0,071# 0,002* <0,001* Vignos EK O escore de fisioterapia aquática correlacionada com EK e Vignos são inversamente proporcionais, com boa correlação. Enquanto em relação à idade a correlação foi considerada ruim, porém com tendência ser significante. Vignos e EK correlacionadas entre si apresentam ótima correlação, enquanto ambas com a idade apresentam boa correlação. Tabela 3: Correlação de Idade, Vignos, EK e fisioterapia aquática (1º semestre 2008) 1ª Sem./08 Idade Vignos EK Vignos corr p-valor 71,8% <0,001* EK corr p-valor 70,3% <0,001* 90,2% <0,001* Fisioterapia corr -46,9% -72,4% -82,5% aquática p-valor 0,024* <0,001* <0,001* O escore de fisioterapia aquática correlacionada com EK apresenta ótima correlação enquanto com Vignos se mantém boa, e ambas são inversamente proporcionais. Enquanto em relação à idade a correlação foi considerada regular, porém é estatisticamente significante. Vignos e EK correlacionadas entre si apresentam ótima correlação, enquanto ambas com a idade apresentam boa correlação. 18 Tabela 4: Correlação de Idade, Vignos, EKT e Fisioterapia aquática (2º semestre 2008) 2ª Sem./08 Idade Vignos EK corr 63,7% p-valor 0,001* EK corr p-valor 69,7% <0,001* 88,9% <0,001* Fisioterapia corr -58,4% -83,5% -90,0% aquática p-valor 0,003* <0,001* <0,001* Vignos O escore de fisioterapia aquática correlacionadas com EK e Vignos são ótimas e inversamente proporcionais. Enquanto em relação à idade, a correlação foi considerada regular, porém considerada estatisticamente significante como no 2º semestre de 2007. Vignos e EK correlacionadas entre si apresentam boa correlação, enquanto ambas com a idade apresentam boa correlação. Tabela 5: Correlação de Idade, Vignos, EK e Fisioterapia aquática (Geral) Geral Idade Vignos EK corr 69,3% p-valor <0,001* corr 67,7% 89,3% p-valor <0,001* <0,001* Fisioterapia corr -40,1% -65,3% -74,4% aquática p-valor <0,001* <0,001* <0,001* Vignos EK No resultado geral, o escore de fisioterapia aquática é inversamente proporcional aos escores de EK e Vignos apresentando uma correlação boa. Enquanto em relação à idade a correlação foi considerada regular, porém estatisticamente significante. As escalas EK e Vignos se correlacionaram de forma boa, assim como quando correlacionadas com a idade. Em todos os semestres e na análise geral quanto maior o escore das escalas EK e Vignos, inversamente será o escore da fisioterapia aquática, significando que a medida que há piora do quadro motor as habilidades aquáticas tendem a piorar. 19 No 1º e 2º semestre de 2008, e na análise geral houve correlação inversamente proporcional e estatisticamente significante entre as atividades aquáticas e idade. Os escores de EK e Vignos em todos os semestres e no resultado geral se correlacionam de forma positiva, demonstrando através das duas que houve uma piora do quadro motor. Notamos com a correlação obtida entre as escalas de EK e Vignos e a idade, que há progressão da doença com o passar dos anos. Na tabela 6, temos a comparação entre os 4 semestres em cada um dos escores, sendo utilizada nesse estudo o teste de Friedman, pois os dados são pareados, ou seja quando o indivíduo é pesquisa controle dele mesmo. A mediana é uma medida de posição, ela nos divide a amostra ao meio, ou seja, que 50% dos indivíduos estão acima do valor da mediana e 50% abaixo. Esta é uma estatística analisada em relação à média, pois quanto mais próximo seu valor for em relação à média, mais simétrica será a distribuição e uma distribuição assimétrica, possui uma grande variabilidade com certeza. A variabilidade é medida pelo desvio padrão. Quanto mais próximo (ou maior) esse valor for em relação á média, maior será a variabilidade, o que é ruim, pois assim não teremos uma homogeneidade dos dados. Os quartis são descritivos de posição, ou seja, não são influenciadas por valores extremos (como a média e desvio padrão). O 1º quartil (Q1) nos mostra a distribuição ate 25% da amostra e o 3º quartil (Q3) mostra a distribuição até 75% da amostra. O intervalo de confiança (IC) ora somado e ora subtraído da média, nos mostra a variação da média segundo uma probabilidade estatística, é confiável, pois temos uma probabilidade estatística associada em seu cálculo. Devemos lembrar que o teste não paramétrico, não faz a comparação dos grupos pela média e sim pela posição dos dados. Mesmo não tendo utilizado a média para a comparação, podemos utilizá-la como estatística descritiva para entendermos o que ocorre nos resultados. 20 Tabela 6: Comparação entre ssemestres em Vignos, EK e Fisioterapia aquática Semestres Vignos EK Fisioterapia aquática Média Mediana 1ºSem./07 5,48 7,0 2ºSem./07 1ºSem./08 2ºSem./08 1ºSem./07 2ºSem./07 1ºSem./08 2ºSem./08 1ºSem./07 2ºSem./07 1ºSem./08 2ºSem./08 5,57 5,78 6,13 6,78 7,09 7,09 7,74 10,35 11,74 12,70 13,00 7,0 7,0 7,0 8,0 7,0 7,0 9,0 11,0 12,0 13,0 14,0 Desvio Q1 Q3 N IC 2,92 3,0 7,5 23 1,19 2,78 2,66 2,42 6,28 6,44 6,52 6,50 4,56 4,50 4,50 4,16 3,0 4,0 6,5 0,0 0,0 0,0 1,0 8,0 9,0 11,0 10,5 7,5 7,5 7,5 10,5 12,0 11,5 12,5 13,5 14,0 16,0 16,0 23 23 23 23 23 23 23 23 23 23 23 1,13 1,09 0,99 2,57 2,63 2,66 2,65 1,86 1,84 1,84 1,70 Padrão p-valor valor 0, 012* 0, 003* <0, 001* No decorrer desses dois anos, os escores das escalas EK, Vignos e fisioterapia aquática aumentaram significativamente. Gráfico 1: Evolução dos Semestres em Vignos Em todos os semestres houve evolução dos escores de Vignos. 21 Gráfico 2: Evolução dos Semestres em EK Evolução dos Semestres em EKT 12 10 8 6 7,74 7,09 7,09 6,78 4 2 0 1º Semestre/07 2º Semestre/07 Limite Inferior 1º Semestre/08 Média 2º Semestre/08 Limite Superior Em todos os semestres, exceto no 1º de 2008 houve evolução dos escores de EK. Gráfico 3: Evolução dos Semestres em fisioterapia aquática Em todos os semestres houve evolução dos escores da fisioterapia aquática. 22 6. DISCUSSÃO Neste estudo podemos observar ao longo de dois anos (2007 e 2008), os resultados das escalas EK e Vignos, demonstrando a piora do quadro motor de pacientes com DMD. Esses dados coincidem com o trabalho realizado por Reed (2002) e Frezza et al. (2005) que descrevem a piora progressiva e marcada por perda da força muscular confinando os pacientes ao uso da cadeira de rodas. SILVA, et al. (2006) e Bach (2004), relatam piora do quadro motor, com o passar dos anos, havendo relação com os resultados deste estudo. Narumia et al.(2005) e Hallum (2004) descrevem os objetivos da fisioterapia, dentre eles, retardar a progressão da fraqueza da musculatura pélvica e escapular, adquirir domínio sobre sua capacidade funcional, promover alinhamento postural e prevenir encurtamentos precoces e contraturas. Todos os pacientes desse estudo realizavam fisioterapia motora e aquática na ABDIM com os mesmos objetivos citados acima. Utilizamos a escala EK, pois de acordo com Martinez et al. (2006), é uma medida confiável para medir o grau de acometimento funcional para as atividades de vida diária de pacientes deambuladores e cadeirantes. Enquanto Vainzof et al. (1991) descreve a escala Vignos, também utilizada neste estudo, como válida para avaliar o estadiamento da doença, sendo utilizada em diversos estudos que envolvem atividades funcionais em pacientes com distrofia muscular. Segundo Becker et al. (2000), a fisioterapia aquática oferece uma abordagem única no tratamento de pacientes com disfunções neurológicas. Ruoti et al. (2000) associa a flutuação com a retomada de controle de padrões de movimentos recíprocos rápidos. Enquanto Amanajas (2003) descreve a fisioterapia aquática uma opção efetiva, pois devido às propriedades físicas da água, temos a promoção da movimentação voluntária, aquisição de diversas posturas, melhora da funcionalidade e treino de marcha. Isso justifica os resultados desse estudo, onde podemos observar a melhora das atividades aquáticas no decorrer desses 2 anos. Mesmo com a piora do quadro motor, os pacientes desse estudo evoluíram nas habilidades aquáticas. Esse resultado possivelmente se deve ao trabalho de manutenção de força muscular realizado na fisioterapia motora e aquática. No decorrer deste estudo encontramos dificuldade na definição da marcha adotada por alguns pacientes na fisioterapia aquática, pois é realizada com flexão de 23 quadril, joelhos e flexão plantar, portanto de acordo com definições de Rose e Gamble (2007), e Perry (1992), utilizamos para este estudo os termos marcha e deambulação. 24 7. CONCLUSÃO As escalas EK e Vignos se correlacionaram com as habilidades aquáticas em pacientes com DMD, e através da análise estatística foi comprovado que mesmo com a piora do quadro motor em solo, houve melhora nas habilidades aquáticas, no período de 2 anos. O resultado reforça a importância da fisioterapia aquática no tratamento desses pacientes. 25 8. ANEXOS ANEXO 1…………………………………………………………………………………….26 ANEXO 2…………………………………………………………………………………….27 ANEXO 3…………………………………………………………………………………….29 ANEXO 4…………………………………………………………………………………….30 ANEXO 5…………………………………………………………………………………….31 26 ANEXO 1 CASUÍSTICA Paciente Data nasc. Idade (1º sem. 2007) A.L 14/10/1989 18 19 Genoma 1996 6 anos D.N 29/03/2002 7 8 Neurologista particular 2001 gestação E.T 28/04/1990 17 18 EPM 1996 6 anos E.M F.B 17/11/1991 27/06/1995 16 12 17 13 Neurologista particular HSP/Genoma - - F.M. F.A 25/08/1993 10/05/1992 14 15 15 16 Genoma HC/Genoma 2002 - 9 anos - G. V. 26/12/1994 13 14 Genoma 1998 4 anos G. A. 26/08/1992 15 16 Genoma 1992 2 meses G. Ad. 16/06/1988 19 20 Hosp.Servidor Público 1996 8 anos H. R. 21/05/1999 8 9 Neurologista particular - - J.F 04/10/1994 13 14 Genoma 2000 6 anos J.A 02/08/1992 15 16 Neurologista particular - - J.B 07/06/1994 13 14 Genoma 1996 2 anos L. F. 26/04/1996 11 12 Genoma 2001 5 anos M. A. 27/08/1984 23 24 Neurologista particular 1987 4 anos M.V 22/01/1998 9 10 UNIFESP/ Neuromuscular 2002 4 anos R. A. 05/05/1987 20 21 Neurologista particular 1990 3 anos R. F. 12/11/1999 8 9 Genoma 2000 1 ano S.M 31/03/1997 10 11 UNIFESP/Neuromuscular 2005 8 anos V.S 30/07/1987 20 21 Neurologista particular - - W. B. 12/02/1994 13 14 Santa Casa 2000 6 anos W. A. 24/05/1992 15 16 Neurologista particular - - Deambuladores Cadeirantes Idade (2º sem. 2008) Local de diagnóstico Data de diagnóstico Pacientes que perderam a marcha 2007/2008 Idade diagnóstico 27 ANEXO 2 São Paulo, 26 de março de 2010. CEP 0263/10 IImo(a). Sr(a). Pesquisador(a) ADRIANA VALERIA SILVA FERREIRA Co-Investigadores: Priscila Santos Albuquerque (orientadora), Denise Caldeira Troise, Martina Duran, Renata Ferrari Disciplina/Departamento: Neurologia da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo Patrocinador: Recursos Próprios. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA INSTITUCIONAL Ref: Projeto de pesquisa intitulado: “Acompanhamento das habilidades aquáticas e correlação com as escalas EK e Vignos em pacientes com distrofia muscular de Duchenne (DMD)”. CARACTERÍSTICA PRINCIPAL DO ESTUDO: Retrospectivo. RISCOS ADICIONAIS PARA O PACIENTE: Sem risco, sem contato com paciente. OBJETIVOS: Observar e correlacionar a evolução das habilidades aquáticas em pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) com a evolução do quadro motor por meio das escalas EK e Vignos. RESUMO: Participarão do estudo 23 sujeitos com diagnóstico de Distrofia Muscular de Duchenne, confirmado por biópsia muscular e estudo genético. Os mesmos realizavam fisioterapia aquática e motora na Associação Brasileira de Distrofia Muscular, com idade entre 8 e 24 anos. Foram colhidos dados da avaliação do setor de fisioterapia aquática e fisioterapia motora, no primeiro e segundo semestres de 2007 e 2008, totalizando 4 avaliações. Foram selecionados os seguintes dados: adaptação ao meio líquido, bipedestação, sedestação, rotação transversal, rotação longitudinal, nado e marcha. Os dados selecionados na avaliação da fisioterapia motora foram as escalas EK e Vignos. FUNDAMENTOS E RACIONAL: A Distrofia Muscular de Duchenne é uma patologia neuromuscular progressiva de caráter recessivo causada por deficiência na produção de distrofina, a qual é necessária para a estabilização mecânica das células musculares, de modo que a ausência da distrofina interrompe o processo de contração muscular. Não há trabalhos na literatura que demonstrem a correlação entre a evolução do quadro motor e a capacidade de realização de atividades aquáticas em indivíduos com DMD. MATERIAL E MÉTODO: Estão descritos os procedimentos do estudo, apresentando carta de concordância do local do estudo. TCLE: Não se aplica - coleta de dados retrospectivos. DETALHAMENTO FINANCEIRO: Sem financiamento externo - R$ 41,00. CRONOGRAMA: 11 meses. OBJETIVO ACADÊMICO: Especialização. ENTREGA DE RELATÓRIOS PARCIAIS AO CEP PREVISTOS PARA: 21/3/2011 e 20/3/2012. 28 Rua Botucatu, 572 - 1º andar – conj. 14 - CEP 04023-062 - São Paulo / Brasil Tel.: (011) 5571-1062 - 5539.71622 O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo ANALISOU e APROVOU o projeto de pesquisa referenciado. 1. Comunicar toda e qualquer alteração do projeto e termo de consentimento livre e esclarecido. Nestas circunstâncias a inclusão de pacientes deve ser temporariamente interrompida até a resposta do Comitê, após análise das mudanças propostas. 2. Comunicar imediatamente ao Comitê qualquer evento adverso ocorrido durante o desenvolvimento do estudo. 3. Os dados individuais de todas as etapas da pesquisa devem ser mantidos em local seguro por 5 anos para possível auditoria dos órgãos competentes. Atenciosamente, Prof. Dr. José Osmar Medina Pestana Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/ Hospital São Paulo 0263/10 29 ANEXO 3 FISIOTERAPIA AQUÁTICA 1. Equilíbrio em bipedestação em nível de imersão na altura de C7 2. Equilíbrio em bipedestação em nível de imersão na altura do processo xifóide 3. Equilíbrio em sedestação em nível de imersão na altura de C7 4. Equilíbrio em sedestação em nível de imersão na altura do processo xifóide 5. Rotação transversal do método Halliwick* 6. Rotação longitudinal do método Halliwick* 7. Nado em decúbito dorsal 8. Marcha e/ou deambulação *itens que possuem pontuação 0,1 ou 2.Demais foram avaliados como 0 ou 2. Pontuação 0= não realiza 1= realiza com apoio distal 2= realiza 30 ANEXO 4 ESCALA EK 31 ANEXO 5 ESCALA VIGNOS Graduação Fases da evolução 0 Pré-clínico 1 Anda normalmente, dificuldade para correr 2 Alteração detectável na postura ou marcha; sobe escada sem auxílio do corrimão 3 Apenas sobe escada com auxílio do corrimão 4 Anda sem auxílio externo; não sobe escadas 5 Anda sem auxílio externo; não levanta da cadeira 6 Anda apenas com auxílio externo (uso de órteses) 7 Não anda; senta ereto na cadeira sem encosto; consegue conduzir a cadeira de rodas; bebe e come sozinho 8 Senta sem suporte na cadeira; não consegue conduzir a cadeira de rodas; não bebe sozinho 9 Não senta sem suporte na cadeira; não consegue beber ou comer sem assistência 10 Confinado à cama; requer auxílio para todas as atividades 32 9. REFERÊNCIAS 1. Reed UC. Doenças neuromusculares. J Pediatr. 2002; 78: S89-S103. 2. Oliveira ASB. Gabbai AA. Doenças Neuromusculares. IN: Prado FC. et al. Atualização Terapêutica. 20 ed. 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Eagle M.Report in the muscular Distrophy Campaign Workshop: Exercises in neuromuscular dislases newcastle.Neuromuscular disorders.2002; (12): 975-983. 19. Amanajas D.Distrofia Muscular. Revista Fisio e Terapia. 2003; 39(7): 11-14. 20. Getz M, Hutzler Y, Vermeer A. Effects of aquatic interventions in children with neuromotor impairments: a review of literature. Clinical Rehabilitation. 2006; (20): 927-936. 21. Becker B, COLE A. Terapia aquática moderna. São Paulo: Manole; 2000. 22. Ruoti RG, Morris DM, Cole AJ. Reabilitação aquática. São Paulo: Manole; 2000. 34 23. Campion, Margaret R. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: Manole; 2000. 24. Chu K, Eng J, Dawson A, Harris J, Ozkaplan A, Gylfadóttir S. Water-Based exercise for cardiovascular fitness in people with chronic stroke: A randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil. 2004; 85 (1): 870-874. 25. Bates A, Hanson N. Exercícios aquáticos terapêuticos. São Paulo: Manole; 1998. 26. 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Material and methods: A retrospective study was carried through with 23 DMD patients, aged between 8 and 24 years old, who were assisted by ABDIM (Brazilian Muscular Dystrophy Association). Data, such water orientation, standing, seating, walking, swimming and longitudinal and transversal rotation of Halliwick Method, were collected from the aquatic physiotherapy evaluation in order to compare aquatic skills and EK and Vignos scales during the first and second semesters of 2007 and 2008. Results: In the first 2007 semester and both semesters of 2008 the aquatic evaluation has correlation with EK (p<0,001) and Vignos (p<0,001), as well as the second 2007 semesters correlated with EK (p<0,001) and Vignos (p<0,002). There was statistical significant difference between aquatic skills in the first 2007 semester and second 2008 semester (p<0,001). Conclusion: There is a correlation among EK and Vignos scales and aquatic skills in DMD patients. Through the statistics analysis, it has proved that even with the motor state worsen in ground, there were improvements of aquatic skills during the 2 years.The result demonstrates the importance aquatic physiotherapy in the management of DMD patients. Key words: Duchenne Muscular Physiotherapy, Halliwick method. Dystrophy, Physiotherapy, Aquatic 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CONOVER, W. U. Pratical Nonparametric Statistics, 1º edição, New York, Jonh Willy & Sons, 1971, 462 págs. DANIEL, W. W. (1995). Bioestatistics: a foundayion for Analysis in the Health Sciences. 6th. Ed. Georgia/USA: Jonh Wiley, 1995. JAIRO, SIMON DA FONSECA & GILBERTO DE ANDRADE MARTINS, Curso de Estatística, 6ª Edição, Editora Atlas – São Paulo 1996, 320 págs. MURRAY, R. SPIEGEL, Estatística Coleção Schaum, 3ª Edição, Editora Afiliada, São Paulo 1993, 640 págs. Vieira, Sônia, Bio Estatística Tópicos Avançados, 2ª Edição, Editora Campus, Rio de Janeiro 2004, 212 págs. VIEIRA, Sônia. (1991). Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Campus. MAROCO, João, Análise Estatística com utilização do SPSS, 2ª Edição, Editora Silabo, Lisboa 2003, 508 págs.