Toscana rural - Arquiteto Oscar Cesar Leite Junior

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Como na
Toscana rural
A casa de inspiração italiana completa a beleza da paisagem que se
descortina no entorno do sítio de 200 mil m2, às margens da represa
Jaguari-Piracaia e aos pés da Serra da Mantiqueira
Texto: M.N.Nunes
Fotos: Lucas Fonseca
DIVULGAÇÃO
A área social é organizada em torno de um
pátio central integrando todos os ambientes
Oscar Cesar Leite
tODA A áreA sOCIAL ABre-se PArA O PátIO CeNtrAL, espaço que acabou adotado
como ponto de reunião dos apreciadores de charuto após as refeições. Nele, a fonte tem inspiração italiana e o piso é de tijolo de barro requeimado, no contorno, e
pedriscos, no centro. Por fora, a casa é pintada com a textura terracal da terracor (a
tonalidade foi desenvolvida exclusivamente para essa obra), e coberta pela trepadeira falsa-vinha (Parthenocissus tricuspidata), mais um elemento a caracterizar a
inspiração arquitetônica na toscana rural. Na frente da residência, a piscina é revestida com pastilhas azuis da Kolorines e contornada por mármore navona bruto. O
mesmo tipo de tijolo de barro compõe o piso ao redor, onde estão as espreguiçadeiras feitas de madeira teka.
M
ais do que uma casa, um lar
no campo. Era o queria uma
família paulistana composta
por um casal de industriais, hoje na
faixa dos 45 anos, e três filhos, de 22,
18 e 10 anos. Compreensível, então,
que tenham optado pelo estilo italiano, com claras referências às propriedades rurais da Toscana - afinal, ele
remete à origem da própria família.
Mas no início, existiam apenas o sonho, uma idéia vaga de como ele deve-
ria se concretizar e uma dúvida: praia
ou campo? “Depois de muita procura,
chegamos a esse lugar especial, com ar
puro, tranqüilidade, espaço para plantar, criar animais e praticar esportes
náuticos e, para completar, uma vista
deslumbrante, de frente para a Serra da Mantiqueira e para o nascer do
sol”, recorda o proprietário. O local é
o terreno de 200 mil m2 no entorno da
represa Jaguari-Piracaia, em Bragança
Paulista. E o ano era 1989.
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Desde então, a tarefa de dar forma
ao sonho alimentado durante anos foi
abraçada por toda a família e pelo arquiteto Oscar Cesar Leite Junior, de quem
já eram amigos. Começava a nascer a
Villa Bella Vista, casa de 1,5 mil m2 que
ficou totalmente pronta em 2003. Sim,
14 anos depois. “Demorou por causa das
mudanças no projeto. De início, eram
15 quartos, depois dez, seis...Todos participaram ativamente”. A contabilidade
final registra sete dormitórios.
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Benvenuto
Como uma autêntica villa do interior da Itália, a casa é coberta por telhas
de barro e tem acabamento externo texturizado por terracal, em um tom amarelado desenvolvido sob encomenda.
Pelas paredes, sobe a trepadeira falsavinha, e cachepôs com pequenas árvores de ficus bola circundam a construção, que é rodeada de grama esmeralda
no amplo jardim assinado pela paisagista Maria José D’Orey.
O lustre (Cecilia Dale) fornece a iluminação principal da sala de estar,
ajudado pelas bandeiras envidraçadas acima das portas duplas,
que reforçam a entrada de luz natural nos interiores. Assim como
toda a área social da casa, essa
sala abre-se para o pátio interno.
Os móveis seguem o estilo rústico com alguns toques orientais,
como o armário antigo da Indoásia na parede junto à passagem
para a sala da lareira.
Pelas portas de pinho de riga de demolição, construídas na obra, chegase à sala da lareira, coração do living, com quase 80 m2 de área e pé-direito de 6 m. As dimensões amplas exigiram um projeto específico para
garantir o aquecimento do cômodo por inteiro. A lareira, de aparência
rústica, ganhou um acabamento especial: massa grossa de concreto, terra de cupinzeiro e açúcar mascavo (cuja função é evitar rachaduras).
A varanda da frente é a área de convívio e lazer que complementa a piscina.
Com churrasqueira, mesa comprida e
bancos de imbuia à moda antiga, construídos paralelamente às obras da casa
no próprio local, ela recebe os convidados da família com conforto e simplicidade. O forro decorativo foi montado
de forma a deixar parte da estrutura do
telhado aparente.
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Na área de lazer estão a varanda com
churrasqueira e a piscina de pastilhas de
vidro azuis, com um toque de nobreza: as
bordas de mármore navona bruto. Mas é
o revestimento de piso do entorno, executado com tijolo de barro requeimado,
que dá ao conjunto a típica atmosfera
rústica que a família buscava.
A área social é organizada em torno
de um pátio central com fonte, também
com piso de tijolos requeimados (técnica que aumenta a resistência do material) e pedricos. Para ele se abrem as
portas envidraçadas de correr das salas
da lareira, de estar e de jantar. Por ser
descoberto, esse pátio contribui para
inundar os interiores de luz natural.
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Dentro, alternam-se os pisos de porcelanato italiano e assoalho de réguas
de ipê tabaco.
Há duas cozinhas. A de serviços,
assinada pela Kitchens, conta com eletrodomésticos italianos e bancadas de
Corian, material que combina minerais
e acrílico, fácil de limpar. Já a cozinha
gourmet funciona também como bar, integrada ao living. Ela tem um grande balcão de pinho-de-riga de demolição que
foi confeccionado na marcenaria montada no próprio canteiro de obras durante a
construção da casa, e é considerado pelo
proprietário o espaço mais democrático
da morada, que estimula o encontro e a
troca de experiências entre as gerações.
Porcelanato italiano reveste o
chão da sala de jantar e das varandas. A mesa central, construída em
pinho de riga de demolição na marcenaria montada no próprio canteiro de obras, é cercada por cadeiras
antigas de ferro, em um total de 14
lugares, e por móveis - aparador e
bufê - que completam o aspecto rústico-chique do conjunto. As portas
laterais abrem-se para o pátio central, e as do fundo, para a ala íntima.
Já a cozinha gourmet faz também
o papel de bar, com o grande balcão
em pinho de riga de demolição confeccionado no local. Neste ambiente
a decoração segue a mesma paleta de cores amareladas e terrosas
predominante em toda a casa, bem
como os acabamentos em madeira e
fibras naturais.
Graças ao gosto da família e dos
amigos pela arte culinária, a casa tem
duas cozinhas. A de serviços é destinada ao uso geral, com armários da
Kitchens, bancadas em Corian e eletrodomésticos italianos.
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A suíte de casal hoje ocupada pelos proprietários, no
térreo, fica no fim do corredor de distribuição da área
íntima, e tem o mesmo piso de réguas de ipê tabaco.
Ao aspecto rústico da cama de madeira com detalhes
em ferro e do biombo de fibras naturais contrapõe-se
o ar contemporâneo da poltrona Egg, criando um ambiente acolhedor.
No projeto, cada integrante da família teve liberdade
para manifestar desejos e expectativas a respeito do
seu ambiente pessoal. Neste banheiro, foram mantidos
os materiais e a proposta comum aos outros, e o toque
pessoal ficou por conta da escolha da cor, azul.
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A casa tem sete dormitórios,
mas apenas um deles está localizado no andar de cima. Os
demais, no térreo, abrem-se
para o jardim, como este, destinado aos hóspedes.
Com revestimentos cerâmicos da Euroville e cubas compradas de demolição, este banheiro que atende ao quarto
de hóspedes segue um estilo
rural, sem deixar de lado a elegância, que fica evidente, por
exemplo, nas molduras dos
espelhos entalhadas à mão.
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A suíte master no andar superior foi projetada, inicialmente, para acomodar o casal de proprietários.
Com o tempo, eles preferiram usar outra suíte, no térreo, para ficar mais próximos do movimento da casa.
Esta, com dimensões amplas, direito a varanda e ao conforto do piso de réguas de ipê tabaco, é servida
pelo banheiro em tons de branco, em que se destaca o gabinete filetado, construído no local.
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Esses dois ambientes são interligados por um passa-pratos, que contribui
para a funcionalidade de ambos.
A decoração segue a linguagem da
simplicidade, com atmosfera campestre.
O que não significa abrir mão da qualidade e da sofisticação. Alguns móveis foram confeccionados na marcenaria local,
durante a construção, caso das mesas de
jantar e da varanda; outros têm assinatura estrelada, como o armário antigo da
Indoásia e o lustre Cecilia Dale, ambos
no estar. A respeito da grande lareira,
dimensionada para garantir aquecimento
ao cômodo de quase 80 m2 e pé-direito de
6 m, vale a pena destacar o acabamento
em massa grossa de concreto, misturada
à terra de cupinzeiro e açúcar mascavo
(receita que evita rachaduras).
Atravessada uma porta ao fundo da
sala de jantar, chega-se à área íntima no
outro bloco da casa.
Do piso superior, tem-se perfeita noção da paisagem privilegiada que cerca a
Villa Bella Vista: os contornos da Serra da Mantiqueira e as águas da represa Jaguari-Piracaia, que os proprietários e visitantes usam também para praticar esportes náuticos como ski e wakeboard.
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Nela, como em toda a morada, a sensação de acolhimento ganha força graças
ao forro de madeira pintado de branco,
outra característica tipicamente italiana
que pode ser observada na casa toda.
Há uma única suíte no andar de cima,
maior e com varanda ampla, inicialmente pensada para acomodar o casal de
proprietários. Mas eles preferiram, com
o tempo, um aposento no térreo para
acompanhar mais de perto o animado
movimento dos fins de semana.
Os banheiros trazem detalhes que
denotam bom gosto – aqui, é um par de
cubas antigas de louça compradas em
demolição, ali, as molduras artesanais
dos espelhos, entalhadas à mão.
A suíte atual dos donos da casa, no
térreo, mescla tradição e modernidade.
A cama é de madeira e ferro, o biombo
é de fibras naturais, mas em um canto, a
clássica poltrona Egg traz ao ambiente o
melhor do design.
Nos outros dormitórios, as portas
abertas para o jardim são o que há de
mais marcante. Por elas, os sempre
numerosos convidados podem observar ao longe, nas águas da represa e
nos contornos das montanhas, o que
os proprietários gostam de chamar de
“o grande milagre da vida”. Definitivamente, a Villa Bella Vista é o endereço
ideal para celebrar o milagre.
u
Desejo da família tão antigo quanto a
própria residência, a casa da árvore é,
hoje, o espaço preferido da filha caçula,
que está com 10 anos. Ela foi criada pelos donos da casa, com piso e estrutura
de itaúba e cobertura em taubilhas de
garapa - toda a madeira é reflorestada.
Repare que os ganhos entram pela construção, propositalmente, para acentuar
o efeito de construção ecológica.
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Confira quem fez
vIstA gerAL DA vILLA BeLLA vIstA, construção de 1,5 mil m2
inspirada no estilo das casas rurais da região da toscana, na
Itália. Cercada pelo extenso jardim recoberto de grama esmeralda e limitado por cercas vivas de buxinhos, ela é a casa
principal do sítio de 200 mil m2 localizado na área rural de
Bragança Paulista, à margem da represa Jaguari-Piracaia.
Arquitetura: Oscar Cesar Leite Junior
Cozinha: Kitchens
Laminados: Madepar
Paisagismo: Maria José D’Orey
Pastilhas: Kolorines
Pisos de madeira: Indusparquet
Porcelanatos: Euroville
Portas: Pormade
tintas e texturas: Terracor
telhas e calçadas: Cerâmica Maristela
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