a relação entre as dimensões de justiça organizacional e

Transcrição

a relação entre as dimensões de justiça organizacional e
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
JAMILLE BARBOSA CAVALCANTI PEREIRA
A RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DE JUSTIÇA
ORGANIZACIONAL E AS ATITUDES DOS INDIVÍDUOS
DIANTE DA DIVERSIDADE
São Paulo
2008
2
JAMILLE BARBOSA CAVALCANTI PEREIRA
A RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DE JUSTIÇA
ORGANIZACIONAL E AS ATITUDES DOS INDIVÍDUOS
DIANTE DA DIVERSIDADE
Tese
apresentada
ao
Programa
de
Pós-Graduação em Administração de Empresas
do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da
Universidade Presbiteriana Mackenzie como
requisito parcial para a obtenção do título de
Doutora
Orientadora: Profª Drª Darcy Mitiko Mori Hanashiro
São Paulo
2008
3
Pereira, Jamille Barbosa Cavalcanti
A relação entre as dimensões de justiça organizacional e as atitudes dos
indivíduos diante da diversidade/Jamille Barbosa Cavalcanti Pereira, 2008.
329 f.; 30 cm
Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008.
Bibliografia: f. 302 -314
1. Diversidade. 2. Práticas Organizacionais. 3. Dimensões de Justiça
Organizacional. 4. Atitudes. 5. Valores
JAMILLE BARBOSA CAVALCANTI PEREIRA
4
JAMILLE BARBOSA CAVALCANTI PEREIRA
A RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DE JUSTIÇA
ORGANIZACIONAL E AS ATITUDES DOS INDIVÍDUOS
DIANTE DA DIVERSIDADE
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação do Centro de Ciências
Sociais e Aplicadas da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como requisito
parcial para a obtenção do título de Doutora
em Administração de Empresas
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
nome
____________________________________________________________
nome
____________________________________________________________
nome
_____________________________________________________________
nome
____________________________________________________________
5
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Professor Dr. Manasses Claudino Fontelis
Coordenadora Geral da Pós-Graduação
Professora Drª. Sandra Maria Dotto Stump
Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Professor Dr. Moisés Ari Zilber
Coordenadora da Pós-Graduação em Administração de Empresas
Professora Drª. Darcy Mitiko Mori Hanashiro
6
Dedico este trabalho ao Gustavo, meu marido,
pela compreensão, incentivo e apoio constantes.
Aos meus filhos Rafael e Amanda por sempre
renovarem o meu mundo e encherem a minha
vida de luz. Aos meus pais por terem me dado
afeto e oportunidades na vida para ser o que sou e
a minha sogra Anita por sua predisposição em
sempre ajudar e estar presente nas alegrias e
tristezas. Com amor.
7
AGRADECIMENTOS
À Professora Drª. Darcy Hanashiro Mitiko Mori por seu apoio nos momentos difíceis,
por sua predisposição desmedida em ensinar, ouvir e ajudar-me a pensar objetivamente.
Sua orientação foi fundamental na criação, no desenvolvimento e na conclusão desta
obra.
Meus agradecimentos ao Professor Dr. Diógenes Bido que tanto contribuiu para o
desenvolvimento metodológico deste trabalho.
Meus agradecimentos ao Professor Dr. Cláudio Vaz Torres que, durante o exame de
qualificação, contribuiu com suas recomendações para o aprimoramento deste trabalho.
Meus agradecimentos às Professoras Drª Maria Luiza Teixeira Mendonça, Drª. Juliana
Barreiro Porto, Drª. Elenildes Mendonça, Drª. Maria Cristina, ao Professor Dr. Sinésio
Gomide, às Professoras Ms. Nereida Silva, Meyre Kamia e Izabella pela colaboração
dada na avaliação das escalas de mensuração utilizadas neste estudo.
Meus agradecimentos aos amigos, aos alunos, ex-alunos e a todos que participaram do
pré-teste para a validação dos instrumentos utilizados na pesquisa, em especial, a
Alcilene Silva e Valdinéia Silva.
Meus sinceros agradecimentos a Flávia Moraes, Marcus Nakagawa, Edênio Nobre,
Roberta Calligaris e Lourdesnei Malveira que prontamente se dispuseram a ajudar no
desenvolvimento da pesquisa de campo.
Os meus agradecimentos aos que responderam aos questionários dessa pesquisa e aos
que contribuíram com seus depoimentos e experiências vividas.
Por fim, agradeço ao Mackpesquisa pelo financiamento recebido.
8
RESUMO
O nível de inclusão e acesso da diversidade como força de trabalho vem
ganhando evidência em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Pouco se sabe,
porém, qual a concepção, a percepção e as atitudes dos indivíduos diante das práticas de
diversidade. A compreensão desse fenômeno pode ser útil para o desenvolvimento de
modelos organizacionais de gestão. Este estudo teve por objetivo analisar a relação
entre as dimensões de percepções de justiça e as atitudes dos indivíduos diante da
diversidade sob a moderação dos valores culturais do individualismo e do coletivismo.
As dimensões de diversidade consideradas foram as de: raça, gênero e de pessoas
portadoras de deficiência. Pesquisas de caráter exploratório foram realizadas sob os
métodos qualitativo e quantitativo com sujeitos pertencentes a duas empresas: uma com
práticas formais e a outra com práticas informas de diversidade. Os dados qualitativos
foram obtidos por meio de entrevistas realizadas com duas mulheres, duas pessoas
negras, duas pessoas com deficiência e dois homens brancos e tratados por meio da
análise de conteúdo. Entre os resultados relevantes, percebeu-se a rejeição a práticas de
diversidade com base na discriminação reversa e no estigma. Os dados quantitativos
foram obtidos em amostra de 412 indivíduos provenientes de 18 cidades brasileiras que
representaram cinco regiões do país. Os dados foram tratados por técnicas estatísticas
descritivas, inferenciais e multivariadas. Dois instrumentos foram criados e validados
com quatro dimensões de atitudes diante da diversidade (justiça social, obtenção de
ganhos, discriminação reversa e estigma) e cinco dimensões de percepção de justiça
diante de práticas de diversidade (valorização da diversidade, dissolução das diferenças,
valorização das pessoas com deficiência, equidade e estratégia). Após a análise de
regressão sobre essas dimensões, o que o estudo mais explicou foram as atitudes de
rejeição a práticas de diversidade com base na discriminação reversa e as atitudes de
aceitação às mesmas com base na obtenção de ganhos por parte dos que são por elas
beneficiados. A moderação dos valores na relação entre essas variáveis, por sua vez, não
foi confirmada.
Palavras-chave: diversidade, atitudes, percepção de justiça organizacional e valores de
individualismo e coletivismo.
9
ABSTRACT
The level of inclusion and access to diversity as work force have evidently been
increasing in several parts of the world, including Brazil. It is not much known,
however, the conception, perception and people’s attitudes towards diversities practices.
Understanding this phenomenon can be useful for the development of management
organizational models. The objective of this study was to analyze the relation between
the dimensions of justice perception and people’s attitudes towards diversity under the
moderation of individualism and collective cultural values. It was considered the
following diversity dimensions: race, gender and disabled people. Exploratory
researches were carried out according to qualitative and quantitative methods with
subjects belonging to two companies: one having formal practices of diversity and the
other one with informal practices. Qualitative data were obtained from interviews with
two women, two black people, two disabled people and two white men and content
analysis was used. Among the relevant results, rejection to diversity practices based on
reverse discrimination and stigma was noticed. Quantitative data were obtained in
sample of 412 people coming from 18 Brazilian cities, which represented five regions of
the country. The data were treated by statistical, descriptive, inferential and multivariate
techniques. Two instruments were created and validated with four dimensions of
attitude towards diversity (social justice, income earning, reverse discrimination and
stigma) and also five dimensions of justice perception towards diversity practices
(diversity importance, dissolution of differences, disabled people’s value, equity and
strategy). After the regression analysis of these dimensions, what was more explained
by the study was rejection attitudes to diversity practices based on reverse
discrimination as well acceptance attitudes to these practices based on the beneficiaries’
income earning. On the other hand, moderation of values in the relation among these
variable has not been confirmed.
Key words: diversity, attitudes, perception of organizational justice and individualism
and collective values.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura I
Figura II
Figura III
Figura IV
Figura V
Figura VI
Figura VII
Figura VIII
Figura IX
Figura X
Figura XI
Figura XII
Figura XIII
Figura XIV
Figura XV
Figura XVI
Figura XVII
Figura XVIII
Figura XIX
Figura XX
Figura XXI
Figura XXII
Diferenças de abordagens sobre a gestão da diversidade........................
Representações das atitudes sociais........................................................
Teoria da Ação Racional (TAR).............................................................
Teoria da Ação Planejada (TAP)............................................................
Teoria da Auto-Regulação (TA).............................................................
Atitudes diante da diversidade................................................................
Percepções de justiça organizacional sobre ações afirmativas – África.
Percepções de justiça organizacional sobre ações afirmativas – Canadá
Tipos motivacionais de valores de Schwartz (1992)...............................
Esquema conceitual.................................................................................
Categorização do conteúdo referente ao significado de práticas de
diversidade...............................................................................................
Categorização das atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade às pessoas com deficiência......
Categorização das atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade às mulheres..............................
Categorização das atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade às pessoas negras.....................
Categorização das atitudes dos indivíduos não beneficiados às
concessões oferecidas por práticas de diversidade às minorias..............
Categorização das avaliações sobre as pessoas beneficiadas pelas
concessões oferecidas por práticas de diversidade..................................
Categorização dos significados atribuídos às práticas de diversidade
consideradas justas..................................................................................
Dimensões de justiça distributiva aplicadas à diversidade......................
Dimensões de justiça processual aplicadas à diversidade.......................
Dimensões de justiça interacional aplicadas à diversidade.....................
A justiça organizacional aplicada à diversidade.....................................
Segundo esquema conceitual de pesquisa...............................................
41
58
63
64
64
67
95
96
102
116
178
181
183
186
188
191
194
218
219
219
222
226
11
LISTA DE QUADROS
Quadro I
Quadro II
Quadro III
Quadro IV
Quadro V
Quadro VI
Quadro VII
Quadro VIII
Quadro IX
Quadro X
Quadro XI
Quadro XII
Quadro XIII
Quadro XIV
Quadro XV
Quadro XVI
Quadro XVII
Quadro XVIII
Quadro XIX
Quadro XX
Quadro XXI
Quadro XXII
Quadro XXIII
Quadro XXIV
Quadro XXV
Quadro XXVI
Quadro XXVII
Quadro XXVIII
Ações que definem a gestão da diversidade nas
organizações........................................................................................
Definições de atitudes.........................................................................
Dimensões de justiça...........................................................................
Dimensões de justiça distributiva........................................................
Dimensões de justiça processual.........................................................
Percepções de justiça organizacional sobre ações afirmativas............
Definição dos tipos motivacionais de valores pessoais universais......
Características
do
individualismo
e
coletivismo
horizontal-vertical...............................................................................
Arcabouço amostral da empresa do setor industrial............................
Arcabouço amostral da empresa do setor bancário.............................
Estudos sobre as atitudes diante das práticas de diversidade..............
Dimensões de atitudes diante da diversidade......................................
Matriz fatorial exploratória da escala de atitudes diante da
diversidade no pré-teste......................................................................
Estudos sobre percepção de justiça diante de práticas de
diversidade...........................................................................................
Escalas de justiça organizacional........................................................
Componentes norteadores e princípios de justiça utilizados na
primeira versão do instrumento de percepção de justiça diante de
práticas de diversidade .......................................................................
Matriz fatorial exploratória da primeira versão do instrumento de
percepção de justiça diante das práticas de diversidade......................
Matriz de correlação de ordem de ranqueamento de Spearman para
as variáveis de valores (pré-teste)......................................................
Matriz fatorial exploratória da escala de valores.................................
Matriz de amarração............................................................................
Sujeitos eliminados da amostra por apresentar uma única resposta
em 100% dos itens...............................................................................
Sujeitos eliminados da amostra por apresentar uma única resposta
entre 90 e 100% dos itens....................................................................
Pré-análise dos dados obtidos da pesquisa qualitativa........................
Codificação dos significados atribuídos às práticas de diversidade....
Codificação das atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade às pessoas com deficiência..
Codificação das atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade às mulheres..........................
Codificação das atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade às pessoas negras.................
Codificação das atitudes dos indivíduos que não recebem
concessões de práticas de diversidade.................................................
49
57
75
77
84
93
103
104
122
122
126
129
135
139
139
141
147
154
156
160
164
164
174
176
178
182
184
187
12
Quadro XXIX
Quadro XXX
Quadro XXXI
Quadro XXXII
Quadro XXXIII
Quadro XXXIV
Quadro XXXV
Quadro XXXVI
Quadro XXXVII
QuadroXXXVIII
Quadro XXXIX
Quadro XL
Quadro XLI
Quadro XLII
Quadro XLIII
Quadro XLIV
Quadro XLIV
Codificação das avaliações sobre as pessoas beneficiadas pelas
concessões oferecidas por práticas de diversidade .............................
Codificação dos significados atribuídos às práticas de diversidade
consideradas justas..............................................................................
Matriz fatorial exploratória da escala de atitudes diante da
diversidade...........................................................................................
Matriz fatorial exploratória das dimensões de percepção de justiça
organizacional diante de práticas de diversidade................................
Matriz fatorial conformatória de seis fatores para a segunda versão do
instrumento de percepção de justiça diante de práitcas de
diversidade............................................................................................
Componentes norteadores, princípios de justiça e de diversidade
aplicados na versão final do instrumento de percepção de justiça
diante de práticas de diversidade.........................................................
Matriz fatorial exploratória das dimensões de percepção de justiça
diante de práticas de diversidade...........................................................
Matriz fatorial exploratória da escala de valores...................................
Média de respostas dos indivíduos aos itens da escala de atitudes ....
Média de respostas dos indivíduos aos itens da escala de percepção de
justiça diante das práticas de diversidade..............................................
Média de respostas dos indivíduos aos itens da escala de valores de
individualismo e coletivismo..............................................................
As diferenças de atitudes dos indivíduos da empresa I e II
considerando-se os itens da escala......................................................
As diferenças de atitudes dos indivíduos considerando-se as variáveis:
idade, tempo de casa, ser ou não ser pessoa com deficiência e
auto-percepção como minoria na sociedade...........................................
As diferenças de atitudes dos indivíduos considerando-se as variáveis:
sexo, raça, região, função, área e autopercepção como minoria na
organização.......................................................................
As diferenças de percepção de justiça dos indivíduos da empresa I e II
considerando-se os itens da escala...................................................
As diferenças de percepção de justiça dos indivíduos considerando-se
as variáveis: autopercepção como minoria na organização
região......................................................................................................
As diferenças de percepção de justiça dos indivíduos considerando-se
as variáveis: sexo, idade, função e auto-percepção como minoria na
sociedade................................................................................................
189
191
206
211
213
217
223
229
231
234
237
240
243
244
251
255
256
13
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico I
Gráfico II
Gráfico III
Gráfico IV
Gráfico V
Gráfico VI
Gráfico VII
Gráfico VIII
Gráfico IX
Gráfico X
Gráfico XI
Gráfico XII
Gráfico XIII
Gráfico XIV
Gráfico XV
Gráfico XVI
Gráfico XVII
Gráfico XVIII
Gráfico XIX
Gráfico XX
Gráfico XXI
Gráfico XXII
Gráfico XXIII
Gráfico XXIV
Gráfico XXV
Gráfico XXVI
Gráfico XXVII
Scree plot para a extração de fatores da escala de atitudes no
pré-teste..................................................................................................
Scree plot para a extração de fatores da segunda versão do instrumento
de
percepção
de
justiça
diante
das
práticas
de
diversidade............................................................................................
Scree plot para a extração de fatores da escala de valores
(préteste)............................................................................................
Variável raça original...........................................................................
Variável raça transformada..................................................................
Variável função original.......................................................................
Variável função transformada..............................................................
Variável estado....................................................................................
Variável região.....................................................................................
Variável idade original.........................................................................
Variável idade transformada................................................................
Variável tempo de casa original..........................................................
Variável tempo de casa transformada.................................................
Scree plot para a extração de fatores da escala de atitudes ................
Scree plot para a extração de fatores da escala percepção de justiça
diante das práticas de diversidade.......................................................
Scree plot para a extração de fatores da escala de valores...................
Grau de concordância e discordância em relação às itens referentes à
dimensão de atitudes baseadas na obtenção de ganhos.......................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
atitudes baseados na justiça social...................................................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
atitudes baseados na discriminação reversa....................................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
atitudes baseados no estigma...........................................................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
percepção de justiça baseados na valorização da diversidade.........
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
percepção de justiça baseados dissolução das diferenças...............
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
percepção de justiça baseados na valorização da diversidade com foco
nas pessoas com deficiência.........................................................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
percepção de justiça baseados na estratégia....................................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
percepção de justiça baseados na equidade....................................
Grau de concordância e discordância em relação aos itens da escala de
valores.............................................................................................
Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores
previstos para a variável estigma.........................................................
134
148
157
167
167
168
168
169
169
169
169
170
170
205
210
228
232
232
232
233
235
235
235
236
236
237
270
14
Gráfico XXVIII
Gráfico XXIX
Gráfico XXX
Histograma da variável estigma...........................................................
Probabilidade normal de resíduos da variável estigma........................
Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores
previstos para a variável justiça social.................................................
Gráfico XXXI
Histograma da variável estigma...........................................................
Gráfico XXXII
Probabilidade normal de resíduos da variável estigma........................
Gráfico XXXIII Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores
previstos para a variável obtenção de ganhos......................................
Gráfico XXXIV Histograma da variável obtenção de ganhos........................................
Gráfico XXXV
Probabilidade normal de resíduos da variável obtenção de ganhos....
Gráfico XXXVI Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores
previstos para a variável discriminação reversa...................................
Gráfico XXXVII Histograma da variável discriminação reversa ...................................
GráficoXXXVIII Probabilidade normal de resíduos da variável discriminação reversa.
270
270
272
273
273
275
276
276
279
279
279
15
LISTA DE TABELAS
Tabela I
Tabela II
Tabela III
Tabela IV
Tabela V
Tabela VI
Tabela VII
Tabela VIII
Tabela IX
Tabela X
Tabela XI
Tabela XII
Tabela XIII
Tabela XIV
Tabela XV
Tabela XVI
Tabela XVII
Tabela XVIII
Tabela XIX
Tabela XX
Tabela XXI
Tabela XXII
Tabela XXIII
Tabela XXIV
Tabela XXV
Tabela XXVI
Tabela XXVII
Tabela XXVIII
Eingevaleus obtidos da amostra real dos indivíduos submetidos à
escala de atitudes (pré-teste).................................................................
Eingevaleus obtidos de uma amostra paralela equivalente a da
Tabela I. (pré-teste)..............................................................................
Comparação de eingevalues da amostra real e paralela referente à
escala de atitudes (pré-teste).................................................................
Eingevaleus obtidos da amostra real dos indivíduos submetidos à
segunda versão do instrumento de percepção de justiça (pré-teste).....
Eingevaleus obtidos de uma amostra paralela equivalente a da
Tabela IV.(pré-teste)............................................................................
Comparação de eingevalues da amostra real e paralela referente à
segunda versão do instrumento de percepção de justiça (pré-teste).....
Total de variância explicada da extração de fatores da escala de
valores...................................................................................................
Outliers identificados na escala de valores..........................................
Outliers identificados na escala de percepção de justiça.....................
Freqüência de indivíduos por empresa................................................
Freqüência de indivíduos por sexo......................................................
Freqüência de indivíduos por idade.....................................................
Freqüência de indivíduos por raça.......................................................
Freqüência de indivíduos por região....................................................
Freqüência de indivíduos por tempo de casa.......................................
Freqüência de indivíduos por função...................................................
Freqüência de indivíduos por área de atuação.....................................
Freqüência de pessoas com deficiência...............................................
Freqüência de autopercepção como minoria na sociedade..................
Freqüência de autopercepção como minoria na organização.............
Eingevaleus obtidos da amostra real dos indivíduos submetidos à
escala de atitudes..................................................................................
Eingevaleus obtidos de uma amostra paralela equivalente a da
Tabela XXI...........................................................................................
Comparação de eingevalues da amostra real e paralela referente à
escala de atitudes..................................................................................
Eingevaleus obtidos da amostra real dos indivíduos submetidos à
segunda versão do instrumento de percepção de justiça......................
Eingevaleus obtidos de uma amostra paralela equivalente a da
Tabela XXIV........................................................................................
Comparação de eingevalues da amostra real e paralela referente à
segunda versão do instrumento de percepção de justiça......................
Eingevaleus obtidos da amostra real dos indivíduos submetidos à
segunda versão do instrumento de valores...........................................
Eingevaleus obtidos de uma amostra paralela equivalente a da
Tabela XXVIII......................................................................................
136
136
136
149
149
149
156
165
166
199
200
200
200
201
201
201
201
202
202
202
206
206
206
211
211
211
228
228
16
Tabela XXIX
Comparação de eingevalues da amostra real e paralela referente à
escala de valores...............................................................................
Tabela XXX
Matriz fatorial exploratória da escala de valores .............................
Tabela XXXI
As diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos da empresa I
e II....................................................................................
Tabela XXXII
Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os
indivíduos da empresa I e II..............................................................
Tabela XXXIII
As diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos
considerando-se as variáveis: sexo, raça, região, função, área, autopercepção como minoria na organização..................................
Tabela XXXIV
Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os
indivíduos por sexo...........................................................................
Tabela XXXV
Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os
indivíduos por raça............................................................................
Tabela XXXVI
Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os
indivíduos por região........................................................................
Tabela XXXVII Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os
indivíduos por função.......................................................................
Tabela XXXVIII Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os
indivíduos por área............................................................................
Tabela XXXIX
Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes dos
indivíduos por auto-percepção como minoria na organização..........
Tabela XL
As diferenças das dimensões de percepção de justiça dos indivíduos
da empresa I e II..............................................................
Tabela XLI
Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça
entre os indivíduos da empresa I e II....................................
Tabela XLII
As diferenças das dimensões de percepção de justiça dos indivíduos
considerando-se as variáveis: sexo, idade, raça, função e
autopercepção como minoria na sociedade...................................
Tabela XLIII
Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça
entre os indivíduos por sexo..................................................
Tabela XLIV
Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça
entre os indivíduos por idade.................................................
Tabela XLV
Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça
entre os indivíduos por raça...................................................
Tabela XLVI
Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça
entre os indivíduos por função..............................................
Tabela XLVII
Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça
entre os indivíduos por autopercepção como minoria na
sociedade...........................................................................................
228
230
239
240
241
245
246
247
248
249
250
251
252
254
258
259
260
261
262
17
Tabela XLVIII
Tabela XLIX
Tabela L
Tabela LI
Tabela LII
Tabela LIII
Tabela LIV
Tabela LV
Tabela LVI
Tabela LVII
Tabela LVIII
Tabela LIX
Tabela LX
Tabela LXI
Matriz de intercorrelação entre as dimensões de atitudes diante da
diversidade e as dimensões de valores.................................................
Matriz de intercorrelação entre as dimensões de percepção de justiça
diante das práticas de diversidade e as dimensões de valores..............
Matriz de intercorrelação entre as dimensões de percepção de justiça
diante das práticas de diversidade e as dimensões de atitudes diante
da diversidade.......................................................................................
ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada no estigma usando as dimensões de
percepção de justiça diante das práticas de diversidade como
variáveis independentes.......................................................................
Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada no estigma usando as dimensões de
percepção de justiça diante das práticas de diversidade como
variáveis independentes........................................................................
Coeficiente beta para a regressão das dimensões de percepção de
justiça diante das práticas de diversidade considerando-se a variável
dependente estigma..............................................................................
ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada na justiça social usando as dimensões
de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como
variáveis independentes........................................................................
Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada na justiça social usando as dimensões
de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como
variáveis independentes........................................................................
ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada na obtenção de ganhos usando as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade
como variáveis independentes.............................................................
Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada na obtenção de ganhos usando as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade
como variáveis independentes..............................................................
Coeficiente beta para a regressão das dimensões de percepção de
justiça diante das práticas de diversidade considerando-se a variável
dependente obtenção de ganhos...........................................................
ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada na discriminação reversa usando as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade
como variáveis independentes.............................................................
Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade baseada na discriminação reversa usando as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade
como variáveis independentes.............................................................
Coeficiente beta para a regressão das dimensões de percepção de
justiça diante das práticas de diversidade considerando-se a variável
dependente discriminação reversa........................................................
263
264
265
268
268
269
271
271
273
274
274
277
277
278
18
Tabela LXII
Tabela LXIII
Tabela LXIV
Modelo de regressão múltipla entre percepção de justiça baseada na
valorização da diversidade e a dimensão de atitudes baseadas na
justiça social sob a moderação dos valores de individualismo e
coletivismo............................................................................................ 281
Modelo de regressão múltipla entre percepção de justiça baseada na
valorização da diversidade com foco nas pessoas com deficiência e a
dimensão de atitudes baseadas na justiça social sob a moderação dos
valores de individualismo e coletivismo.............................................. 282
Modelo de regressão múltipla entre percepção de justiça baseada na
dissolução das diferenças e a dimensão de atitudes baseadas na
discriminação reversa sob a moderação dos valores de
individualismo e coletivismo................................................................ 282
19
SUMÁRIO
1
2
2.1
2.1.1
2.1.2
2.1.3
2.1.4
2.1.5
2.1.6
2.1.7
2.1.8
2.1.9
2.1.10
2.2
2.2.1
2.2.2
2.2.3
2.2.4
2.2.4.1
2.2.4.2
2.2.4.3
2.2.5
2.3
2.3.1
2.3.2
2.3.2.1
2.3.2.1.1
2.3.2.1.2
2.3.2.1.3
2.3.2.1.4
2.3.3
2.3.4
2.3.5
2.3.6
2.3.7
2.3.8
2.3.9
2.4
2.4.1
2.4.2
2.4.3
INTRODUÇÃO ....................................................................................
REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................
Diversidade ..........................................................................................
Definições de diversidade.......................................................................
Definições de práticas de diversidade ...................................................
Práticas em prol da diversidade..............................................................
Ações Afirmativas: breve resgate histórico e conceitual........................
Gestão da diversidade: breve resgate histórico e conceitual...................
As prescrições da literatura para a gestão da diversidade ......................
Gestão da diversidade com foco na “dissolução das diferenças”............
Gestão da diversidade com foco na “valorização das diferenças”..........
As práticas de diversidade no contexto organizacional Brasileiro..........
A gestão da diversidade sob a ótica da Teoria da Identidade Social.......
As Atitudes.............................................................................................
Conceitos e definições de atitudes..........................................................
As funções das atitudes...........................................................................
Atitudes e comportamento......................................................................
Medição de atitudes................................................................................
Medição de atitudes cognitivas...............................................................
Medição de atitudes afetivas...................................................................
Medição de atitudes comportamentais....................................................
As atitudes diante da diversidade............................................................
A Justiça Organizacional......................................................................
A justiça organizacional: breve histórico na Psicologia Social...............
Dimensões de justiça organizacional......................................................
Justiça distributiva...................................................................................
Teoria do utilitarismo com foco no social...............................................
Teoria da equidade com foco no indivíduo.............................................
Teoria da igualdade com foco no social..................................................
Teoria do multiprincípio com foco no indivíduo....................................
A justiça processual.................................................................................
A justiça interacional...............................................................................
A justiça informacional...........................................................................
As dimensões de justiça organizacional sob diferentes níveis de
análise......................................................................................................
A relação entre a justiça organizacional e os comportamentos...............
A percepção de justiça organizacional sobre práticas de diversidade.....
A relação entre percepção de justiça e atitudes diante da diversidade....
Os valores de Individualismo e Coletivismo.......................................
Definições e dimensões de valores de individualismo e coletivismo.....
A relação entre valores e a percepção de justiça organizacional............
A relação entre valores e as atitudes diante da diversidade....................
23
27
27
28
31
33
34
37
42
42
44
49
52
56
57
59
61
65
65
66
66
67
73
73
74
76
78
79
80
80
83
86
87
90
91
92
99
99
99
106
106
20
3
3.1
3.2
3.2.1
3.3
3.3.1
3.5
3.5.1
3.5.2
3.5.3
3.5.4
3.6
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.4.1
4.4.2
4.4.3
4.4.4
4.4.5
4.5
4.6
4.6.1
4.6.2
4.6.3
4.7
4.7.1
4.7.2
4.8
5
5.1
5.2
6
6.1
6.1.1
6.1.2
6.1.2.1
6.1.2.2
6.1.2.3
6.1.2.3.1
O PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS E VARIÁVEIS............
O problema de pesquisa................................................................................
Objetivo geral...............................................................................................
Objetivos específicos....................................................................................
Hipóteses.......................................................................................................
Apresentação das hipóteses...........................................................................
Definição operacional das variáveis..............................................................
As variáveis independentes...........................................................................
As variáveis dependentes..............................................................................
As variáveis moderadoras.............................................................................
As variáveis de classificação.........................................................................
Esquema conceitual de pesquisa...................................................................
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA.................
Definição dos tipos de pesquisas...................................................................
Métodos de pesquisa escolhidos...................................................................
Nível de análise.............................................................................................
Definição da amostragem..............................................................................
Definição da população alvo.........................................................................
A estrutura da amostragem............................................................................
Arcabouço amostral......................................................................................
O método da amostragem..............................................................................
O tamanho da amostra...................................................................................
Procedimentos para a coleta de dados...........................................................
Os instrumentos para a coleta de dados........................................................
Elaboração do instrumento de atitudes..........................................................
Elaboração do instrumento de percepção de justiça......................................
O instrumento de avaliação dos valores de individualismo e coletivismo....
Procedimentos para a análise de dados.........................................................
Análise qualitativa........................................................................................
Análise quantitativa.......................................................................................
Matriz de amarração......................................................................................
CHECAGEM E TRANSFORMAÇÃO DE DADOS...............................
A checagem de dados....................................................................................
A transformação de dados.............................................................................
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.....................................
A pesquisa qualitativa...................................................................................
Tratamento e análise dos dados....................................................................
A elaboração da análise de conteúdo............................................................
A pré-análise.................................................................................................
A exploração do material..............................................................................
Tratamento dos resultados............................................................................
Análise do conteúdo referente ao significado de prática de diversidade......
109
109
110
110
111
112
112
113
114
114
115
116
117
117
118
119
120
120
121
121
123
123
124
125
125
138
152
158
158
159
160
163
163
166
171
171
172
173
174
175
175
176
21
6.1.2.3.2
6.1.2.3.3
6.1.2.3.4
6.1.2.3.5
6.1.2.3.6
6.1.2.3.6
6.2
6.3
6.3.1
6.3.1.1
6.3.1.2
6.3.1.3
6.4
6.5
6.5.1
6.5.2
6.5.3
6.6
6.6.1
6.6.2
6.6.3
6.7
6.7.1
6.7.1.1
6.7.1.2
6.7.1.3
6.7.1.4
6.7.2
6.7.2.1
6.7.2.2
6.7.2.3
6.7.2.3.1
6.7.2.3.1.1
6.7.2.3.1.2
6.7.2.3.1.3
6.7.2.3.1.4
6.7.2.4
Análise do conteúdo referente às atitudes diante das concessões oferecidas
às pessoas com deficiência............................................................................
Análise do conteúdo referente às atitudes diante das concessões oferecidas
às mulheres....................................................................................................
Análise do conteúdo referente às atitudes diante das concessões oferecidas
às pessoas negras...........................................................................................
Análise do conteúdo referente às atitudes das pessoas que não recebem
concessões das práticas de diversidade..........................................................
Análise do conteúdo das avaliações feitas sobre as pessoas que recebem
concessões das práticas de diversidade..........................................................
Análise do conteúdo referente ao significado de prática de diversidade
considerada justa...........................................................................................
Caracterização das empresas participantes.....................................................
A pesquisa quantitativa..................................................................................
Análise descritiva dos dados cadastrais..........................................................
Caracterização da amostra das empresas.......................................................
Caracterização dos indivíduos........................................................................
Perfil predominante da amostra......................................................................
Teste
de
normalidade
das
variáveis
independentes
e
dependentes...................................................................................................
O processo de validação das escalas finais.....................................................
A validação final da escala de atitudes...........................................................
A validação final da escala de percepção de justiça diante de práticas de
diversidade.....................................................................................................
A validação final da escala de percepção de valores......................................
Análise descritiva das dimensões de atitudes, de percepção de justiça e de
valores.............................................................................................................
A predominância de atitude dos indivíduos diante da diversidade ................
A predominância de percepção de justiça diante de práticas de
diversidade.................................................................................................. .
A predominância de valores de individualismo e coletivismo dos
indivíduos.......................................................................................................
Análise inferencial..........................................................................................
A comparação das atitudes e da percepção de justiça dos indivíduos diante
da diversidade.................................................................................................
Verificação da primeira hipótese....................................................................
Verificação da segunda hipótese....................................................................
Verificação da terceira hipótese......................................................................
Verificação da quarta hipótese........................................................................
A análise de correlação entre variáveis..........................................................
Verificação da quinta hipótese........................................................................
Verificação da sexta hipótese.........................................................................
Verificação da sétima hipótese......................................................................
Análise de regressão.......................................................................................
Análise da variável estigma............................................................................
Análise da variável justiça social....................................................................
Análise da variável obtenção de ganhos.........................................................
Análise da variável discriminação reversa.....................................................
Verificação da oitava hipótese.......................................................................
179
182
184
187
189
192
196
198
199
199
199
202
203
203
204
209
227
230
230
234
237
238
238
239
241
251
254
262
263
263
264
265
268
271
273
277
280
22
6.7.2.4.1
6.7.2.4.2
6.7.2.4.3
7
8
9
10.1
10.1
10.1
10.1
10.1
10.1
10.1
10.1
11.1
11.2
11.3
11.4
11.5
11.6
A moderação dos valores de individualismo e coletivismo entre a percepção
de justiça baseada na valorização da diversidade e as atitudes diante da
diversidade baseadas na justiça social...............................................................
A moderação dos valores de individualismo e coletivismo entre a percepção
de justiça baseada na valorização da diversidade com foco nas pessoas com
deficiência e as atitudes diante da diversidade baseadas na justiça social.......
A moderação dos valores de individualismo e coletivismo entre a percepção
de justiça baseada na dissolução das diferenças e as atitudes diante da
diversidade baseadas na discriminação reversa................................................
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...............................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................
REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS..........................................................
Apêndice A........................................................................................................
Apêndice B........................................................................................................
Apêndice C........................................................................................................
Apêndice D........................................................................................................
Apêndice E.......................................................................................................
Apêndice F........................................................................................................
Apêndice G........................................................................................................
Apêndice H........................................................................................................
ANEXO I..........................................................................................................
ANEXO II.........................................................................................................
ANEXO III........................................................................................................
ANEXO IV........................................................................................................
ANEXO V.........................................................................................................
ANEXO VI........................................................................................................
281
282
282
284
298
302
315
316
317
318
319
320
321
323
324
325
326
327
328
329
23
1. INTRODUÇÃO
A diversidade da força de trabalho enquanto tema de estudo no contexto das
organizações empresariais é ainda muito recente e controverso. Pesquisas empíricas, na
área das ciências administrativas, vêm sendo realizadas em busca de uma definição
sobre o que vem a ser a diversidade no ambiente de trabalho (NKOMO e COX, 1998),
bem como procuram identificar práticas que a constituem (CARREL, MANN e
SIGLER, 2006) e compreender as razões que a justificam (KIDDER et al., 2004;
FRENCH, 2005).
Embora a diversidade da força de trabalho seja anunciada por alguns autores como
positiva para o desenvolvimento das organizações, por se entender que ela aumenta o
acesso a novos segmentos no mercado, eleva o moral, a criatividade e a produtividade
dos indivíduos (ERON, 1995; THOMAS e ELY, 1996), ou, no dizer de COX e BLAKE
(1991, p.45), “ela conduz a uma vantagem competitiva”, não há, contudo, evidências de
que isso seja um fato.
Conforme observa LYNCH (2005, p. 43) “há em torno da diversidade um
consenso às escuras sobre a sua efetividade nas organizações, tratando-se mais de uma
questão de fé, do que de fato”. Segundo o autor, os poucos estudos apresentados sobre
essa questão são inconclusivos, ou metodologicamente suspeitos. Estudos demonstram
que ainda não há fatos que possam comprovar que a diversidade seja boa ou ruim para
os negócios (HOLZER e NEUMARK, 2000; KOCHAN et al., 2003).
Apesar das inconsistências sobre o tema, percebe-se que o nível de inclusão e de
acesso da diversidade da força de trabalho vem ganhando evidência nas organizações
em várias partes do mundo (TRIANDS, 2003). Nos estados Unidos, por exemplo, há
uma projeção de que, pelos anos de 2020, o grupo majoritário nas organizações não será
mais de apenas homens brancos devido aos novos trabalhadores entrantes na força de
trabalho (JUDY e D’AMICO, 1998). Percebe-se, na Austrália, que a participação
feminina na força de trabalho subiu em 30 anos (1967 a 1997) de 37,2% para 52, 7%, e
há uma previsão de que, em 2011, essa taxa suba para 65% (AUSTRALIAN BUREAU
OF STATISTICS, 2006). Mesmo no Brasil, já se percebe pequena diferença no perfil
dos trabalhadores quanto ao sexo e raça entre os anos de 2003, 2005 e 2007.
24
Nos dados da pesquisa sobre o Perfil Social, Racial e de Gênero, realizada pelo
Instituto Ethos, entre as 500 maiores empresas do Brasil (2007), percebe-se um salto da
participação feminina no quadro executivo (de 6% em 2001 para 11,5% em 2007) e, no
quadro de supervisão (de 28% em 2003 para 37% em 2007). Observa-se ainda pequena
evolução da participação dos indivíduos da raça negra no quadro gerencial (de 8,8% em
2003 para 17% em 2007). Embora a mudança seja ainda muito modesta, já revela um
cenário diferente dos anos anteriores.
Porém, o crescimento dos índices de inclusão e acesso da diversidade da força de
trabalho, em empresas no Brasil, não vem acompanhado por um crescimento
proporcional de estudos sobre seus propósitos e causas (HANASHIRO, 2004), como
também sobre os seus efeitos nos indivíduos que as compõem, o que revela uma lacuna
a ser preenchida.
Pouco se sabe sobre a concepção, a percepção e as atitudes que os indivíduos estão
desenvolvendo em torno das práticas de diversidade que estão surgindo no país. Isso se
torna relevante para melhor compreensão sobre como esse fenômeno vêm sendo
apreendido, tanto pelos sujeitos que são por ele beneficiados como pelos que não são.
O termo diversidade analisado sob o contexto organizacional é complexo. Por
meio da literatura, percebe-se que há diferentes vertentes de pensamentos para defini-lo,
diversos modelos de gestão e propostas de ações, bem como várias possibilidades de
interpretação por parte dos indivíduos. Pelos resultados de pesquisas, percebe-se que há
quem seja favorável e há quem seja desfavorável a suas práticas, mesmo entre os que
possam se beneficiar por elas (KIDDER et al., 2004; RICHARD e KIRBY 1997;
SWANSON, 2002; KELLEY e MICHELA, 1980). E segundo Bond e Pyle (1998), estes
dilemas formam um cenário que mais emperram do que ajudam o desenvolvimento da
gestão da diversidade nas organizações.
Resultados de estudos empíricos sugerem que a concepção e o posicionamento
dos indivíduos diante da diversidade modificam-se conforme as percepções de justiça
(PRIMEAUX et al., 2003; VAN JAARSVELD, 2000) e conforme os valores culturais
dos indivíduos (EDDY e BURKE, 2004; KEMMELMEIER, 2003).
Os estadunidenses, por exemplo, são mais favoráveis às práticas de diversidade
que são baseadas na dimensão de justiça distributiva que toma por base o mérito dos
indivíduos (PRIMEAUX et al. 2003), enquanto os europeus defendem a igualdade de
resultados entre eles (LIFF, 1997). Já os canadenses descobriram que escores altos em
valores culturais de individualismo, de masculinidade e escores baixos de evitação de
25
incerteza apresentam menor favorabilidade às práticas de diversidade (EDDY e
BURKE, 2004).
Partindo da observação desses estudos supõe-se, então, que as dimensões de
justiça organizacional e os valores culturais podem ter papel importante nas atitudes dos
indivíduos diante das práticas de diversidade. Conforme SHEPPARD et al. (1992), há
uma tendência por parte dos indivíduos de rejeitarem práticas organizacionais quando
elas são concebidas como injustas.
Identificar na literatura as dimensões de justiça organizacional, as atitudes e os
valores dos indivíduos voltados sobre as práticas de diversidade, e depois verificar se
eles estão, de alguma forma, relacionados passou a ter uma importância relevante,
porque, se houver uma relação entre esses construtos, o resultado desse estudo poderá
sugerir a necessidade de considerá-la na implantação e no desenvolvimento de modelos
de gestão de diversidade em diferentes contextos organizacionais no Brasil.
Após vasta revisão bibliográfica, quatro dimensões de justiça organizacional
foram identificadas: a distributiva, a processual, a interacional e a informacional
(COLQUITT, 2001; REGO, 2002), porém não voltadas à diversidade. Essas dimensões
se referem respectivamente a distribuição de resultados, a capacidade dos indivíduos
intervirem nos procedimentos e tomadas de decisão, ao relacionamento estabelecido
entre gestores e empregados e a justificativas dadas pelos gestores para as suas decisões
tomadas.
As dimensões das atitudes dos indivíduos diante das práticas de diversidade, por
sua vez, foram obtidas após a análise de uma coletânea de diferentes estudos empíricos
que denotam reações e posicionamentos de diferentes pessoas e grupos sociais diante do
desenvolvimento de práticas organizacionais em prol da diversidade. O material
selecionado resultou uma classificação de pelo menos quatro dimensões de atitudes: a
atitude de aceitação baseada no escopo da justiça social (BEATON e TOUGAS, 2001;
SINADIUS, 1993), a atitude de aceitação baseada no interesse pela obtenção de ganhos
(TOUGAS, BEATON e VEILLEUX, 1991); a de rejeição baseada na discriminação
reversa (BEATON e TOUGAS, 2001; WILSON, 2006) e a de rejeição baseada no
receio ao estigma por parte dos grupos de indivíduos beneficiados pelas práticas
(HEILMAN et al., 1997).
Os valores considerados para o desenvolvimento dessa pesquisa foram os valores
culturais do individualismo e do coletivismo. Resultados das pesquisas apontam que
esses valores têm uma relação tanto com a justiça organizacional como com as atitudes
26
dos indivíduos sobre as práticas de diversidade. Dados revelam que a justiça distributiva
baseada no princípio da eqüidade prevalece em sociedades mais individualistas, sendo
os esforços individuais mais valorizados do que os grupais (FADIL et al., 2005;
GIACOBBE-MILLER et al., 1997).
Já a justiça distributiva baseada nos princípios da igualdade de resultado e da
necessidade prevalece em sociedades mais coletivistas cujo objetivo é de fazer valer
respectivamente a harmonia, a lealdade e a solidariedade entre os indivíduos (LEUNG e
BOND, 1984) e a distribuição de recompensas com base na necessidade
(MURPHY-BERMAN et al., 1984).
Com base no exposto, este estudo debruçou-se sobre o seguinte problema de
pesquisa: há relação entre as percepções de justiça e as atitudes dos indivíduos diante
da diversidade? O objetivo principal dessa pesquisa foi o de analisar se há ou não
relação entre as dimensões de justiça organizacional e as atitudes dos indivíduos diante
da diversidade, sob a moderação dos valores culturais do individualismo e do
coletivismo, em dois tipos de empresas: uma com práticas formais e a outra com
práticas informais de diversidade. As dimensões de diversidade consideradas neste
trabalho serão as de: raça, gênero e de pessoas portadoras de deficiência.
Com o objetivo de buscar respostas ao problema de pesquisa, esse trabalho foi
elaborado e organizado de forma a iniciar com a fundamentação teórica no capítulo 2,
composto pelos temas diversidade, atitudes, percepção de justiça organizacional e
valores de individualismo e coletivismo. Em seguida, no capítulo 3, são apresentados
em detalhes o problema e o objetivo dessa pesquisa, as hipóteses levantadas e as
variáveis a serem medidas. Os procedimentos metodológicos utilizados para o
levantamento de dados encontram-se descritos no capitulo 4. O capitulo 5 faz referência
ao tratamento e transformação dos dados realizados. O capítulo 6 aborda o plano de
análise de dados, as técnicas estatísticas utilizadas e os resultados obtidos. E
finalizando, o capitulo 7 apresenta uma discussão dos dados, as considerações finais, as
limitações do estudo e as recomendações para estudos futuros.
27
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo tem como objetivo desenvolver uma fundamentação teórica a fim de
embasar o problema de pesquisa proposto. Será desenvolvido a partir de autores
clássicos que escrevem a respeito dos temas: diversidade, dimensões de diversidade,
diversidade cultural, práticas de diversidade, dimensão de justiça organizacional,
atitudes e valores culturais: individualismo e coletivismo.
As seções que seguem destinam-se a uma revisão dos temas citados a partir da
conceituação e definição dos mesmos, e por uma breve revisão da abordagem da Teoria
da Identidade Social como teoria de base para os estudos de diversidade. E, finalmente
pela explanação dos níveis de análise do estudo corrente.
2.1 Diversidade
O que significa a diversidade? Quem é considerado diverso numa população como
a brasileira que tem em sua origem e também em sua evolução a miscigenação de povos
dotados de raças, de credos e de costumes bem diferentes uns dos outros? Como
podemos definir essa palavra em meio a esse caldeirão cultural sem testemunhos de
grandes confrontos, tais como a apartheid, quando o assunto diz respeito à: raça,
religião, etnia, gênero, etc?
A clareza sobre o significado do termo diversidade não é imediata e nem unívoca.
Isso porque há diferenças de abordagens sobre o assunto (NKOMO e COX, 1998) que o
faz ter um caráter multifacetado. Apreender esse significado pressupõe percorrer um
longo caminho para apreender as diferentes perspectivas que o delimitam, e, portanto,
que o definem. Isso é o que será feito a seguir.
28
2.1.1 Definições de diversidade
A partir da literatura desenvolvida em torno do termo diversidade encontramos
três principais vertentes conceituais para o mesmo. A mais comumente utilizada
concebe a diversidade a partir da identidade social, ou seja, das diferenças que há entre
grupos de indivíduos (CROSS, 1992; LODEN e ROSENER, 1991; TUNG, 1993), isto
é, das “características humanas que fazem com que as pessoas sejam diferentes umas
das outras” (GÓMEZ-MEJÍA et al., 1998, p.116). O seu principal pressuposto é de que
a diversidade é identificada por meio de atributos ou categorias que fazem essa
diferenciação.
A segunda vertente concebe a diversidade a partir das características particulares
que diferem os indivíduos entre si que incluem as dimensões como background,
personalidade, estilo de comportamento (KANDOLA e FULLERTON, 1994), bem
como, valores, formação educacional (JAMIESON e O’MARA, 1991) e
todas as
diferenças individuais entre as pessoas, com relação a algum atributo (JACKSON et al.
,2003). Nesse sentido, o termo é definido pelas especificidades dos sujeitos, e não pelas
características decorrentes dos grupos sociais aos quais pertencem.
E a terceira vertente, ainda não muito explorada, defende a idéia de que
diversidade “refere-se a uma mistura em que são contempladas não só as diferenças
entre indivíduos, mas também as suas similaridades.” (THOMAS, 1996, p.6). Seu
principal pressuposto é a de concebê-la não como um fenômeno a ser identificado, mas
como um processo a ser compreendido.
A grande maioria dos autores que estuda o termo diversidade o concebe a partir
das diferenças que há entre grupos de indivíduos (MANNIX e NEALE, 2006), no
entanto, as divergências entre eles ocorrem mediante a delimitação sobre quais são as
fontes dessas diferenças.
Abordar as fontes das diferenças entre grupos é uma tarefa complexa (GÓMEZMEJÍA et al., 1998, p.116), elas podem ser definidas por características visíveis sob as
quais as pessoas têm pouco ou nenhum controle, tais como: raça, sexo, idade e certos
atributos físicos; assim como, por características que podem ser adotadas, renunciadas
ou modificadas pela escolha consciente e deliberada dos indivíduos, tais como: a
educação, renda e estado civil.
29
Essa classificação converge respectivamente às dimensões primárias (idade, etnia,
gênero, habilidades ou qualidades físicas, raça e orientação sexual) e secundárias
(formação educacional, localização geográfica, renda, estado civil, experiências
militares, status de família, crenças religiosas e experiência profissional) de Loden e
Rosener (1991). Para as autoras, as seis primeiras dimensões servem como elementos
interdependentes fundamentais que configuram a auto-imagem básica e a visão
elementar de mundo dos indivíduos, em que os pensamentos, sentimentos e
comportamentos estão inextrincavelmente associados nelas. Já as dimensões
secundárias afetam a auto-estima e a autodefinição, elas direcionam a dimensão dos
indivíduos sobre eles mesmos e sobre os outros.
Após 50 anos de pesquisa sobre o termo diversidade, Mannix e Neale (2006)
revelam que, em geral, os acadêmicos na tentativa de defini-lo e de compreender as suas
fontes têm utilizado duas abordagens. A primeira é baseada em fatores, nos quais os
tipos de diversidade são identificados e mensurados em categorias como as visíveis e as
não visíveis; e a segunda abordagem é mais genérica baseada em proporções, em taxas
de membros de minoria em relação à maioria.
Diferentemente da maioria dos autores que concebem a diversidade a partir de
dimensões predefinidas para diferenciar grupos, Cox (1991) entende que a fonte dessas
diferenças não está nas dimensões visíveis por si, mas no significado que os grupos
atribuem a elas, ou seja, às características que as diferenciam, sejam elas visíveis ou
não. O autor entende que esta fonte está na identidade cultural, que faz com que um
grupo compartilhe valores e normas distintos dos de outros.
Nesse sentido, Cox (1991), quando se refere ao termo diversidade, ele o adjetiva
como cultural, sugerindo ser um termo que só é compreensível a partir da cultura na
qual os grupos estão inseridos, e, por conseguinte faz a seguinte definição sobre ele:
“Diversidade cultural diz respeito à representação em um sistema social, de pessoas
com afiliações a grupos claramente diferentes em termos de significado cultural” (Cox
1993, p.6).
Aparentemente simples de entender, o conceito de diversidade cultural ganha em
complexidade quando se passa a discutir o que constitui a representação de pessoas em
um sistema social com afiliações diferentes, ou seja, o que faz com que um grupo seja
visto, em uma determinada sociedade, como sendo diferente de outro.
A partir dessa visão, entende-se a diversidade como uma variável dependente da
cultura e como um conceito discutível e relativo. Origina-se somente a partir da
30
dicotomia entre pelo menos dois grupos, um que se enxerga diferente do outro a partir
de algumas dimensões (raça, gênero, etnia e nacionalidade), e outro pelo significado e
valor cultural que as dimensões atribuem ao grupo. “As diferenças entre os indivíduos
ocorrem a partir das vantagens econômicas e de poder que uns obtiveram em relação
aos outros no decorrer da história” (COX, 1993, p.6).
Fleury (2000), ao corroborar com o conceito de diversidade cultural a partir das
diferentes representações grupais em um mesmo sistema (COX, 1993), entende que,
embora no Brasil as diferenças entre os grupos majoritário e minoritário não sejam
explícitas elas existem:
(...) embora o povo brasileiro valorize sua origem diversificada, e goste de se
imaginar como uma sociedade sem preconceitos de raça ou de cor, ele reflete
na realidade uma sociedade estratificada, em que o acesso às oportunidades
educacionais e às posições de prestígio no mercado de trabalho é definido
pelas suas origens econômicas e raciais. (Fleury, 2000, p.19)
Por seu texto, a autora sugere que o grupo de minoria no Brasil, considerado o
diverso, é definido pelas dimensões de menor poder econômico e pelo tipo de raça, o
que faz sentido pelo significado cultural que essas duas dimensões têm no país. No
entanto, entende-se que, por não haver muitos estudos empíricos sobre o assunto, tornase prudente pensar que ainda precisamos investigar mais sobre as dimensões que a
delimitam.
A terceira vertente de pensamento e significado sobre o termo diversidade é
elaborada por Thomas (1990). Na visão do autor, a palavra diversidade não é definida
simplesmente pelas diferenças que um indivíduo atribui ao outro, por quaisquer
dimensões que seja. Ela é definida pelas diferenças e similaridades que os indivíduos
atribuem um ao outro ao mesmo tempo, ela é um fenômeno que acontece na relação
estabelecida entre eles (THOMAS, 1996). Em sendo assim, o autor ressalta que:
A diversidade refere-se a uma mistura de itens caracterizados por diferenças e
similaridades (...) diversidade refere-se ao coletivo (inclui todos) mistura de
diferenças e similaridades ao longo de uma da dimensão (...) os componentes
da diversidade podem ser pessoas, conceitos, itens concretos ou abstratos
(Thomas, 1996, p. 6).
Conceber a diversidade somente a partir do que é diferente, é segundo Thomas
(1996, p.6), “uma visão micro orientada que explica e ajuda a compreendermos as
diferenças de identificação na perspectiva individual”, sugerindo não ser válida quando
se trata de um fenômeno de nível grupal. Nesse caso, ele propõe uma visão macro em
que a diversidade seja sinônimo de mistura com implicações significativas.
31
A partir dessa proposta, entende-se que onde não há mistura não há diversidade,
há apenas algo homogêneo. Mas, se essa mistura acontece isso significa dizer que os
elementos que antes compunham o grupo deixam de ser totalmente similares entre si,
eles passam a ser um outro grupo, com um outro conceito sobre si mesmo, mas que não
deixam de ter suas diferenças em relação aos entrantes. Esses por outro lado, deixam de
ser totalmente diferentes e passam a ser mais similar.
A diversidade sob esse prisma se define por uma interseção que se forma entre os
indivíduos que ainda precisa ser mais explorada. E analisá-la, “significa verificar o tipo
de negociação ou as circunstâncias nas quais esses elementos se misturam, sob a
especificação de determinadas dimensões” (THOMAS, 1996, p.6).
Mediante o exposto, compreende-se que o termo diversidade não pode ser
definido a priori por um ou outro atributo. Porém, mesmo havendo diferenças de
abordagens sobre o assunto, uma coisa há em comum entre elas, todas acabam
utilizando “a diversidade de identidade com base na afiliação a grupos sociais” como
princípio fundamental para a compreensão do fenômeno (NKOMO e COX, 1998,
p.335.). Nesse sentido, definir a diversidade significa entender como a identidade dos
indivíduos tem sido conceituada em cada trabalho. Isso parece fundamental para
compreender que há também diferentes concepções sobre práticas de diversidade no
contexto organizacional.
2.1.2 Definição de práticas diversidade
A palavra prática é derivada do grego praktiké que quer dizer uso, experiência,
exercício (CUNHA, 1989). Ela pressupõe a execução de alguma coisa que se projetou
anteriormente (KOOGAN/HOUAISS, 1994). Palavras que lhes são análogas remetem à
idéia de preceito, prescrição, amostra, exemplo, modelo, forma, molde, doutrina,
protótipo. Isso sugere inicialmente que práticas não se definem por quaisquer
atividades, mas por aquelas previamente elaboradas.
Mas, práticas referem-se ainda a uma gama de atividades em que: (1) as pessoas
engajam-se em certo caminho; em certo modelo; (2) diferentes atores estão envolvidos,
32
interagindo mutuamente e participando de perspectivas e de esquemas conceituais, isso
quer dizer que pessoas dirigem práticas e práticas dirigem pessoas (WENGER et
al.2002; BOUWEN, 2001; ORLIKOWSKI, 2002). Nesse sentido, não é possível falar
de práticas sem que haja mais de uma pessoa compartilhando mesmos ideais sobre um
curso de ação.
Conforme ressalta Pettigrew (1985, 1987, 1990, 1997), a descrição do termo
prática envolve três dimensões: um conteúdo, um processo e um significado. Nesse
sentido uma prática pode sempre ser identificada e documentada com base nessas
dimensões.
O conteúdo diz respeito à resposta a seguinte pergunta: o que as pessoas estão
fazendo? Quando há uma prática, pessoas estão fazendo alguma coisa juntas em torno
de um preceito ou de um modelo. Normalmente o conteúdo de uma prática decorre de
um projeto de recursos humanos ou de uma consultoria.
O processo diz respeito a como as pessoas fazem as coisas juntas e o caminho em
que elas tentam realizar essas coisas em processos. Mais especificamente, nos processos
inter-relacionais ou interpessoais. Quem é envolvido e quem não é? Que interações
determinam a continua reprodução e adaptação das práticas? Quem trata do que e de
que forma?
Quanto ao significado, diz respeito aos modelos de referência que as pessoas usam
a fim de fazer valer as práticas. Pessoas fazem coisas juntas, em um particular modelo e
compreendem o significado de suas próprias perspectivas. Desde que diferentes atores
estão envolvidos no desenvolvimento de práticas, essas práticas não têm um significado,
mas múltiplos significados, dependendo de quem faz, falam e agem (LAVE 1993,
ORLIKOWSKI, 2002).
Desse modo, práticas de diversidade no contexto organizacional se referem a
atividades pelas quais pessoas compartilham conteúdos, processos e significados
previamente acordados e elaborados por meio de modelos, projetos ou preceitos sobre
como agir diante das diferenças que há entre os indivíduos, sejam de gênero, de raça, de
nacionalidade, de religião, etc. Dessa forma, as práticas de diversidade referenciadas
neste trabalho incluem tanto as atividades desenvolvidas pelas organizações em
decorrência dos programas legais de ação afirmativa, como as baseadas nos modelos de
gestão, desenvolvidas arbitrariamente pelas organizações em prol da diversidade.
33
2.1.3
Práticas em prol da diversidade nas organizações
É interessante observar que, historicamente, a gestão de recursos humanos das
organizações foi desenvolvida a partir de atividades que encorajaram e reforçaram os
comportamentos de uma força de trabalho relativamente homogênea, isto é, a dos
homens brancos (WILLIAMS e BAUER, 1994). Além desse fato, é importante ressaltar
que durante quase mais da metade do séc. XX era esperado e desejado que o perfil da
classe trabalhadora fosse homogêneo também no sentido de não haver diferenciação de
pensamentos, de jeito de ser e de agir. “Os trabalhadores sob a concepção do
Taylorismo e do Fordismo eram similares, pois agiam sob um mesmo modelo e as suas
diferenças eram ignoradas” (BOND e PYLE, 1998, p. 253).
Embora a evolução da tecnologia da informação e a mobilização geográfica das
organizações eclodidas, no final do século XX, tenham exigido destas mais flexibilidade
em lidar com a diversidade, constata-se que a perspectiva de resistência, caracterizada
pela negação, evitação, oposição, ou manipulação em relação à diversidade é bastante
ativa e presente nas organizações (NKOMO e COX, 1986).
Carrel, Mann e Sigler (2006) após desenvolverem um estudo empírico
longitudinal sobre o que as organizações estadunidenses vêm fazendo em torno da
diversidade da força de trabalho de diferentes segmentos e porte 1 entre 1992 e 2004,
obtiveram entre outros dados as seguintes informações: a) 53% dos respondentes da
pesquisa disseram que suas organizações não têm uma política, um programa formal ou
uma gestão voltada para a diversidade; b) não há um consenso sobre o termo
diversidade nas organizações pesquisadas (38% a entendem como sinônimo de ação
afirmativa (AA); 37% como um programa que vai além da AA e 25% não souberam
responder) no que eles concluem que as organizações ainda continuam em uma direção
para uma definição e clareza do termo diversidade da força de trabalho.
A seguir, será feito um breve resgate histórico do desenvolvimento e do
significado das atividades desenvolvidas no contexto organizacional decorrentes das
(AA)s - Ações Afirmativas, bem como, da gestão da diversidade.
1
De 169 questionários utilizados 70% eram membros de pequenas organizações com menos do que 501
empregados e 30% de organizações que empregam mais que 500 empregados, sendo que 26% empregam
de 5001 a 10.000, e 4% empregam mais do que 10.000 empregados.
34
2.1.4 Ações afirmativas: um breve resgate histórico e conceitual
Ações afirmativas compreendem todas as atividades que são implantadas e
desenvolvidas nas organizações oriundas de legislações governamentais a fim de
beneficiar pessoas pertencentes a grupos sociais subrepresentados no contexto
organizacional, tais como as de contratação de pessoal.
As ações afirmativas têm a sua origem histórica nos movimentos de revoltas e de
tensão social de minorias (mulheres e negros) dos Estados Unidos em busca de direitos
civis na década de 1960 (BOND e PYLE, 1998). Nessa época eram explícitas as
atitudes de racismo, de sexismo e discriminação que esses grupos enfrentavam nos
setores educacionais, no ambiente de trabalho, como consumidores e na comunidade em
geral.
O Programa de Igualdade de Oportunidade de Emprego (EEO) e o Programa de
Ação Afirmativa (AA) são programas legais estadunidenses de diversidade criados para
os fins anteriormente descritos. A EEO teve como principal objetivo a proibição legal
de discriminação por parte do empregador em relação a mulheres e a grupos
minoritários, bem como a atribuição de pena civil caso haja descumprimento da mesma.
Esse programa foi promulgado em 1964 no Title VII dos Direitos Civis Estadunidenses
(HOLZER e NEUMARK, 2000).
A ação afirmativa por sua vez foi promulgada em 1969. Ela foi definida como um
conjunto de metas e regras que deveriam criar a igualdade e equilíbrio social no
ambiente de trabalho (VAN JAARSVELD, 2000):
A Executive Order n.10.925., que, afora criar um órgão para fiscalizar e
reprimir a discriminação existente no mercado de trabalho (‘President’s
Comitte on Equal Employment Opportunity’), empregou pela primeira vez
um texto oficial, ainda que com uma conotação restrita, o termo ‘affirmative
action’. De acordo com essa ‘Executive Order’, nos contratos celebrados com
o governo federal, o contratante não discriminará nenhum funcionário ou
candidato a emprego devido a raça, credo, cor ou nacionalidade (..) Essa ação
incluirá, sem limitação, o seguinte: emprego; promoção; rebaixamento ou
transferência; recrutamento ou anúncio de recrutamento, dispensa ou término;
índice de pagamento ou outras formas de remuneração; e seleção para
treinamento, inclusive aprendizado (Menezes, 2001, p. 88).
Como se percebe, a ação afirmativa, em sua origem, nada tem a ver com o sistema
de cotas. No entanto, foi constatada, nos EUA, a ineficácia dos procedimentos clássicos
35
de combate à discriminação, desde o estabelecimento de regras da ação afirmativa. Deu
início um processo de revisão conceitual desse programa, que passou a ser associado à
idéia, mais ousada, de realização da igualdade de oportunidades pela imposição de cotas
rígidas de acesso de representantes de minorias a determinados setores do mercado de
trabalho e a instituições educacionais (SILVA et al., 2005).
As políticas de ação afirmativa no combate a desigualdades culturais não são
exclusivas dos EUA. Elas vêm-se expandindo em muitos outros países como Canadá,
Austrália, Ilhas Fidji, Malásia, Índia e a grande maioria dos países europeus. Só que a
ênfase dada às dimensões de diversidade difere de país a país. Nos Estados Unidos, por
exemplo, predominam as dimensões de etnia e raça enquanto nos países europeus
predomina as dimensões de gênero (OLIVEIRA, 2006). Isso talvez reforce a concepção
de Cox (1991) anteriormente exposta de que a diversidade seja uma variável dependente
da cultura.
No Brasil, o histórico sobre as ações afirmativas voltadas para a diversidade da
força de trabalho evidencia em primeiro lugar uma longa tentativa de implantação das
mesmas com sucessivos fracassos que remontam a década 1960. Essas só vieram a ser
promulgadas, ao final do séc. XX, com o foco voltado para a reabilitação profissional e
emprego de pessoas deficientes (MOEHLECKE, 2002).
As primeiras tentativas de ações afirmativas no Brasil datam de 1968, quando
técnicos do Ministério do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho manifestaram-se
favoráveis à criação de uma lei para obrigar empresas privadas a manter percentagem
mínima de empregados de cor (20%, 15% ou 10%, de acordo com ramo de atividade e
demanda). Seria entendida como única solução para o problema da discriminação racial
no mercado de trabalho. Entretanto, tal lei não chega a ser elaborada.
Moehlecke (2002) destaca que em 1980 houve a primeira formulação de um
projeto de Lei n. 1.332, de 1983, propondo uma "ação compensatória", que
estabeleceria mecanismos de compensação para o afro-brasileiro após séculos de
discriminação. Entre as ações aplicadas, estão as de incentivos a empresas do setor
privado para a eliminação da prática da discriminação racial. O projeto não foi aprovado
pelo Congresso Nacional.
Desde 1965 o Governo brasileiro ratificou a Convenção nº. 111 da Organização
Internacional do Trabalho – OIT que dispõe sobre a Discriminação no Emprego e na
Ocupação. No entanto, em 1995, surgem denúncias apresentadas a OIT, pelos
36
representantes de organizações de trabalhadores, do descumprimento, pelo Brasil, dos
compromissos assumidos ao ratificar essa Convenção.
Diante do exposto, pode-se dizer que, no Brasil, só se conseguiu implantar uma
ação afirmativa que foi a da portaria do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego nº.
772, promulgada em 26 de agosto de 1999 e com o disposto na Convenção nº. 159, da
Organização Internacional do Trabalho. Esta portaria tratou da reabilitação profissional
e emprego de pessoas deficientes nas organizações brasileiras. Mesmo tendo-se
consolidado, essa ação afirmativa ainda revela muitas restrições quanto a sua
efetividade junto às organizações.
Ao analisar o Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), percebe-se que, no período de implantação dessa ação afirmativa, havia, no
Brasil, 24,6 milhões de pessoas com alguma deficiência (14,5% da população total) que
era de 169,8 milhões em 2000. Mas, só nove milhões de pessoas portadoras de
deficiência ( 37% dos 24,6 milhões) exerciam atividade remunerada, sendo que somente
200 mil (2,2 % dos 9 milhões) tinham registro em CTPS. Era de esperar que após um
período de cinco anos de desenvolvimento dessa legislação esses dados fossem
significativamente diferentes.
Após o resultado da pesquisa sobre o Perfil Social, Racial e de Gênero, realizada
pelo Instituto Ethos com as 500 maiores empresas brasileiras nos anos de 2005 e 2007,
percebe-se que a representatividade das pessoas portadoras de deficiência é muito
pequena nos diferentes níveis hierárquicos, e vem caindo ano a ano. Tomando como
referência os anos anteriormente citados, percebe-se um declínio de 2% (de um total de
559.408) para 1,9% (de um total de 628.932) nos cargos funcionais; de 4,7% (de um
total de 37.098) para 0,4% (de um total 64.663) em cargos de supervisão; de 0,4% (de
um total de 27.762) para 0,38% (de um total de 27.597) em cargos de gerência e de 1%
(de um total de 1.906) para 0,4% (de um total de 1.652) em cargos executivos.
Isso supõe que, embora as empresas estejam desenvolvendo atividades para a
contratação de pessoas com deficiência, elas não estão sendo significativas. O que isso
reflete? Como esses processos estão sendo realizados? Que significado eles têm para as
empresas? Um cumprimento de cotas onde as atividades desenvolvidas baseiam-se em
um mero preceito legal?
No Brasil, esse cenário no que diz respeito à ação afirmativa remete ao
pensamento de Thomas (1990, p.108):
37
...os programas de ação afirmativa têm um papel muito importante de dar aos
gestores uma chance de corrigir um desequilíbrio, uma injustiça e um erro, no
entanto, ela é uma ação artificial e por si só não consegue criar condições de
mobilidades para todos os tipos de pessoas (...) ela é uma bandeira vermelha
para quem se sente injustiçado e um estigma para os que são beneficiários
dela.
Para esse autor, a criação de mobilidade dos indivíduos nas organizações só é
possível por meio de uma gestão em que o trabalhador individual, indiferente da raça ou
gênero, pode desenvolver-se plenamente e prosperar em uma instituição. Os programas
nele inclusos são centrados na possibilidade da total participação de todos os
empregados, mais do que somente na proteção de grupos.
Nesse sentido, as atividades voltadas para desenvolver a ação afirmativa e as
fundamentadas em um modelo de gestão voltada para a diversidade são diferentes em
propostas e escopo. A ação afirmativa serve como condutor para introduzir membros de
grupos protegidos (isto é, indivíduos protegidos por uma ação afirmativa e outras
legislações civis) dentro da organização e oferecer a eles oportunidades de
desenvolvimento. A gestão com foco na diversidade, por outro lado, facilita a aceitação
não somente de membros de grupos protegidos. Mas, o que define a gestão da
diversidade?
2.1.5 Gestão da diversidade: breve resgate histórico e conceitual
A “gestão de diversidade” tem origem também nos Estados Unidos no final da
década de 1980 durante o segundo mandato do Presidente Reagan. Um dos fatores
decisivos que propiciou o aparecimento dessa gestão foi o contexto econômico. Nesse
período, os esforços governamentais para desenvolver a liberalização da economia eram
crescentes, o que significava reduzir o papel do Estado na economia e fazer aumentar o
papel do mercado.
Um dos objetivos da política econômica neoliberal é a de reduzir custos do
governo com gastos sociais. Isso refletiu na redução de envolvimento do governo na
38
regulação dos programas legais de diversidade (EEO e AA), assim como nos programas
de bem estar social e seguridade de saúde (BOND e PYLE, 1998), o que deu margem
para o surgimento da gestão da diversidade de iniciativas privadas.
Alguns foram os motivos que fizeram surgir a “gestão da diversidade” nas
organizações. Um deles foi à publicação do relatório “Workforce 2000” (JOHNSON e
PACKARD, 1987 apud BEATON e TOUGAS, 2001). Nele, havia um estudo de
projeção de que os homens brancos nascidos nos Estados Unidos ocupariam apenas
15% da força de trabalho entre 1985 e 2000 devido aos novos entrantes (mulheres e
minorias). Entre os fatores que contribuíram para essa previsão de mudança
demográfica destacam-se a imigração e a globalização.
Na visão de Ellis e Sonnenfeld (1994), adotar uma gestão de diversidade em meio
a uma mudança demográfica dos indivíduos é uma maneira de a organização minimizar
o risco de ações ou penalidades decorrentes de leis contra a discriminação.
Concomitante a divulgação do “Workforce 2000”, alguns autores anunciaram os
benefícios da diversidade, incentivando-a no mundo corporativo. Thomas (1992)
enfatizou que a criatividade, a inovação e a capacidade de resolução de problemas
podem ser decorrentes de diversas perspectivas da diversidade. Cox e Blake (1991), por
sua vez, divulgaram que a diversidade gerenciada pode facilitar o convívio de diferentes
pessoas, e reduzir custos e aumentar a produtividade. Alguns outros enfatizaram que a
fim de se tornarem mais competitivas em mercados locais ou internacionais as
organizações precisariam aumentar a diversidade da força de trabalho na linha de frente
(ARREDONDO, 1996; JACKSON e RUDERMAN, 1996).
Em meio a fatores anteriormente citados, a implantação da gestão da diversidade
foi acontecendo inicialmente nas organizações estadunidenses e foi se alastrando pelo
mundo, porém, não de forma simples e nem natural. Como ressalta Bond e Pyle (1998),
esse fenômeno vem surgindo em meio a muitos dilemas que têm impedido o seu pleno
desenvolvimento, tais como: (a) contradições sobre o quanto essa gestão é ou não justa,
(b) reações opostas a suas propostas, tais como, as de discriminação reversa e (c) e
limitadas mudanças na cultura e nos valores das organizações que poderiam reforçar sua
sustentabilidade.
As controvérsias ocorridas em torno do termo “gestão da diversidade” existem por
não haver uma concordância entre diferentes estudiosos sobre seu significado e
finalidade. A gestão da diversidade como um conceito significa diferentes coisas para
diferentes pessoas. Ela tanto pode referir-se ao desenvolvimento de atividades baseadas
39
em um modelo de gestão que possibilite igual oportunidade, ou um modelo que
possibilite uma orientação estratégica em relação às pessoas. A literatura tem utilizado
mais enfaticamente o conceito de gestão da diversidade a partir da experiência
americana que a concebe a partir de uma visão estratégica (MAVIN e GIRLING, 2000).
Diferentes perspectivas e conceitos são atribuídos à gestão da diversidade porque
há divergência quanto ao que delimita as diferenças entre os indivíduos. Para alguns a
gestão da diversidade se constitui pelas características e mérito particulares dos
indivíduos, sejam elas quais forem, mas para outros essas diferenças se definem pelas
características dos grupos sociais a que os indivíduos pertencem, tais como raça, gênero,
etc. (LIFF, 1997).
A abordagem da “gestão de diversidade” que enfatiza as diferenças entre os
indivíduos por aspectos particulares, e não com base no gênero ou nas características de
algum outro grupo social é a que busca a “dissolução das diferenças” (LIFF, 1997). A
diversidade sob essa visão consiste em diferenças visíveis e não visíveis que incluem
entre outras características personalidade e estilo de trabalho. As diferenças são peças
singulares que juntas criam uma espécie de mosaico que formam a organização. Cada
pedaço é conhecido, aceito e tem um lugar na estrutura (KANDOLA e FULERTON,
1994)
As práticas organizacionais que ignoram as diferenças entre os indivíduos
associadas à raça, gênero, idade ou estilo de vida são chamadas de “identity-blind”
(KONRAD e LINNEHAN, 1995) ou “color-blind” (ELLIS e SONNENFERLD, 1994).
Autores que defendem essa visão acreditam que todos têm a mesma igualdade de
oportunidade, o que interessa é que o indivíduo seja competente, efetivo, não
importando quem ele é ou quais características tem. Sob essa perspectiva acredita-se
que dar um tratamento diferenciado a determinados grupos de indivíduos gera motivos
para o surgimento de uma discriminação reversa (SOWELL, 1990, WILLIAMS, 1991).
Uma organização que adota uma gestão da diversidade com base na “dissolução
das diferenças” reconhecerá a necessidade de adaptar empregados diversos, mas não
desenvolverá um treinamento para grupos específicos de indivíduos, como o de
mulheres, por exemplo, (LIFF, 1999).
Para Bond e Pyle (1998), as abordagens que primam pelas diferenças entre os
indivíduos com base nas características pessoais são individualistas, pois não verificam
as necessidades e limitações das categorias grupais, sejam elas decorrentes do gênero,
da religião, da nacionalidade, etc.
40
Alguns estudos demonstram que mulheres, trabalhando fora de casa ou não,
gastam muito mais tempo do que os homens em afazeres domésticos, com crianças ou
adultos dependentes (BONNEY e REINACH, 1993; GREGSON e LOWE, 1994).
Outros demonstram que minorias étnicas têm modelos diferentes de qualificação de
experiência de trabalho do que grupos de homens brancos (BOND e PYLE, 1998).
Esses estudos supõem que determinados grupos de indivíduos não têm as mesmas
condições de desenvolvimento profissional que os grupos dominantes.
A abordagem da “gestão da diversidade” que contraria a visão anteriormente
citada inclui atividades que procuram “valorizar as diferenças” (LIFF, 1997). Autores
que defendem essa abordagem acreditam que é a valorização das diferenças entre
indivíduos que gerará competitividade para as organizações (COX, 1991; THOMAS,
1990).
Políticas organizacionais de diversidade que se baseiam na valorização das
diferenças procuram justamente reconhecer e atender as necessidades de cada grupo
social, por exemplo: oferecer dias de feriados especiais de acordo com a religião dos
indivíduos ou oferecer treinamento a grupos minoritários menos qualificados,
concedendo a eles a oportunidade de obter sucesso e ascensão profissional
(COPELAND, 1988; GREENSLADE, 1991). Dessa forma, essas abordagens focam
mais nas diferenças baseadas nas características dos grupos sociais do que nas
características dos indivíduos em particular (LIFF, 1999).
Indo além do que foi dito, Thomas (1990) enfatiza que a gestão voltada para a
diversidade deve valorizar as diferenças dos indivíduos facilitando a aceitação não
somente dos grupos protegidos, mas de todos os tipos de indivíduos dentro da
organização. “Quando você está lidando com a diversidade você deve focar no coletivo,
não somente nas peças que o compõem” (THOMAS, 1996 p. 6). Conforme esse autor,
para gerir a diversidade não basta obter minorias em um determinado nível, mas fazer
melhor uso possível delas em todos os níveis, especialmente em médias gerências e
posições de lideranças. E isso não é uma questão de decência, é uma questão de
sobrevivência de negócios das organizações.
Enquanto as abordagens que pretendem dissolver ou valorizar as diferenças
representam abordagens dominantes de gestão de diversidade ou “debates filosóficos de
diversidade” (ELLIS e SONNENFELD, 1994 p. 82), novos debates remetem a uma
outra perspectiva que procura “utilizar” e “acomodar” as diferenças de grupos com base
41
na valorização dos indivíduos talentosos de grupos especiais, e isso é mais do que
oferecer oportunidades especiais para cada grupo (LIFF, 1997).
Com base na abordagem da utilização e na acomodação, as organizações
desenvolvem recrutamento em direção a membros qualificados de grupos subrepresentados e oferecem carreiras para os mesmos uma vez que eles estejam no posto.
A intenção dessa abordagem é assegurar que os talentos sejam reconhecidos apesar das
diferenças sociais (LIFF, 1997).
Diante das diferentes abordagens de gestão de diversidade (ver Figura I) pode-se
dizer que as diferenças que há entre elas estão baseadas no grau de comprometimento
dos objetivos e das políticas organizacionais com os mais diferentes grupos sociais
(SMEDS et al. 1994 ).
Alto
Comprometimento
dos objetivos
organizacionais
com a igualdade
dos grupos sociais
Baixo
Acomodação das
diferenças
Dissolução das
diferenças
Baixo
Valorização das
diferenças
Utilização das
diferenças
Alto
Relevância das diferenças dos grupos sociais pelas políticas
organizacionais adotadas.
Figura I - Diferenças de Abordagens sobre a Gestão da Diversidade Fonte: LIFF, Sonia. Two Rotes to
Managing Diversity: Individual Differences or Social Group Characterisitics. Employee Relations.
Bradford, 1997. v. 19, n.1; pg.15.
A partir da apresentação das diferentes abordagens sobre a gestão da diversidade,
entende-se, sob o ponto de vista de SMEDS et al. (1994), que a valorização das
diferenças apresenta o mais alto comprometimento dos objetivos e das políticas
organizacionais com os diferentes grupos sociais, justamente por procurar enfatizar,
realçar e estimular as diferenças que existem entre os mais diversos grupos de
indivíduos.
A fim de promover e desenvolver gestão da diversidade em meio à força de
trabalho, algumas organizações vêm desenvolvendo práticas com a finalidade de mudar
as atitudes e eliminar comportamentos que refletem as mais sutis formas de
discriminação e exclusão que freqüentemente inibem a efetiva interação entre as
pessoas (KOCHAN et al., 2003). Algumas dessas práticas serão descritas a seguir.
42
2.1.6 As prescrições da literatura para a gestão da diversidade
Prescrições sobre o desenvolvimento da gestão da diversidade vêm sendo
realizadas abordando contextos, prioridades, condições e critérios para a efetividade
desse tipo de gestão de formas diferentes. As prescrições de gestão de diversidade com
foco na dissolução e na valorização das diferenças são as mais citadas na literatura, em
virtude disso, elas serão apresentadas a seguir a partir das suas principais idéias e
conteúdos.
2.1.7 Gestão da diversidade com foco na “dissolução das diferenças”
Uma das principais concepções de gestão de diversidade com foco na “dissolução
das diferenças” enfatiza a realização do potencial de todos os indivíduos, em que
nenhuma pessoa seja excluída, nem mesmo os homens brancos de classe média. A
principal preocupação dessa abordagem, conforme anteriormente falado, é com os
indivíduos e não com categorias de grupos, por considerar importante a igual
oportunidade para todos (KANDOLA e FULLERTON, 1994).
Para Kandola e Fullerton (1994 p. 49) “para que uma organização desenvolva uma
gestão de diversidade de forma efetiva ela deverá ser resumida em uma palavra:
MOSAIC - (Mission and Values; Objective and fair processes; Skilled workforce,
sware and fair; Active flexibility; Individual focus; Culture that empowers)”. Na prática,
a organização sob essa abordagem deverá refletir sobre:
(a) Missão e valores que procurem valorizar as necessidades de todos os
empregados e não somente as dos considerados diversos.
(b) Objetividade e processos justos, em que recrutamento e seleção, promoções e
avaliações sejam auditados para assegurar que não há protecionismo e sim justiça
para todos.
(c) Reconhecimento das habilidades e do desenvolvimento das mesmas em toda
força de trabalho como necessárias para o crescimento da organização.
43
(d) Flexibilidade de modelos de trabalho, de locais de trabalho, de benefícios para
todos e não somente para alguns grupos específicos.
(e) Foco no indivíduo.
(f) Modelo de cultura que possibilite aos indivíduos tomar decisões, participar e
ser encorajados a ouvir e a agir entre eles.
Konrad e Linnehan (1995), ao descreverem as práticas de recursos humanos que
ignoram as diferenças dos indivíduos a partir das características de suas identidades
(sexo, raça, religião etc.) por eles denominadas de “identity-blind”, apontam para
práticas decorrentes de tomadas de decisão que assegurem a realização de processos
iguais para todos os indivíduos, sem nenhuma preferência. Como descreve Glazer
(1988, p. 332) “elas enfatizam as realizações dos indivíduos sob o véu da ignorância do
grupo de identificação”.
A estrutura de RH sob a perspectiva da “identity-blind” é desenhada para realizar
os seguintes objetivos: (a) assegurar que o mérito individual seja rigorosamente
mensurado; (b) distribuição de recompensas com base no mérito e (c) aumentar o pool
de indivíduos considerados para a distribuição de recompensas (KONRAD e
LINNEHAN, 1995).
As principais justificativas para a realização de uma gestão de diversidade baseada
na “identity-blind” são baseadas na crença de que, ao dar preferência a categorias de
grupos sociais na realização de determinados processos a organização, estará atribuindo
mais poder a uns grupos em detrimento de outros (LINNEHAN e KONRAD, 1999).
Para esses autores, isso ocasiona estigmatização, preconceito, discriminação em relação
aos de maior poder e pressão dos grupos de menos poder em não assimilar as normas
correspondentes a essas preferências. Para a organização, essas reações podem reduzir o
comprometimento e a produtividade e aumentar o turnover dos indivíduos não
favorecidos.
44
2.1.8 Gestão da diversidade com foco na “valorização das diferenças”
Um dos pioneiros na apresentação do conceito e dos critérios para o
desenvolvimento de uma gestão de diversidade com foco na valorização das diferenças
foi Cox (1991). Para esse autor, desenvolver uma gestão da diversidade significa
simplesmente implantar políticas de inclusão de minorias. Para isso ocorrer, é
necessário que a organização “respire” a diversidade por todos os poros, isto é, seja
comunicada e vivenciada por todos os indivíduos que a compõem, e isso requer um
trabalho de criação de um tipo de organização multicultural onde a valorização das
diferenças seja um fato.
Uma organização multicultural é aquela que se caracteriza por seis dimensões
básicas: ser plural, ter uma integração2 estrutural completa entre minorias e grupos
majoritários, por haver integração nas redes de trabalho completas, ausência de
preconceitos e discriminação, não existência de gaps de identidades grupal e baixo nível
de conflitos intergrupais (COX, 1991).
Para a criação de uma organização multicultural, o autor ressalta algumas
ferramentas e ações que precisam ser desenvolvidas a partir das dimensões
anteriormente citadas tais como: práticas de orientação para novos membros;
treinamento de linguagem; tratamento explícito da diversidade na missão e estratégia;
aconselhamento de grupos por administradores seniors; práticas de educação; práticas
de ação afirmativa; desenvolvimento de práticas de carreira; mudanças na administração
de avaliação de performance e recompensas; políticas de RH e mudanças nos
benefícios; práticas de mentoring; desenvolvimento de seminários sobre igualdade de
oportunidades e administração de conflitos.
Ser uma organização multicultural é o resultado de um trabalho minucioso de
criação. Conforme pesquisa 3 realizada por Ivancevich e Gilbert (2000), isso só começa
a acontecer quando as mais sutis formas de discriminação forem deduzidas e extintas.
Esses autores constataram que existem condições e ações primárias que se fazem
2
Integração: significa a junção e mix de pessoas de diferentes identidades grupais em uma organização.
Quanto maior esse mix maior a diversidade.
3
Essa pesquisa foi parte de um longo questionário aplicado em empregados de duas organizações (uma
do tipo plural e outra multicultural). Dados qualitativos foram obtidos no curso de três anos (1994-1996),
incluindo entrevistas, observações e dados de arquivo (panfletos, jornais, folders etc.)
45
necessárias para construir uma organização multicultural. Entre as condições destacamse: (a) ter o apoio e iniciativa da presidência (CEO); (b) vislumbrar a administração da
diversidade não como um mero programa, mas como parte da estratégia da firma; (c)
desenvolver um programa de comunicação organizacional com foco na diversidade; (d)
inserir a diversidade como parte da filosofia da organização; e (e) acreditar que a
diversidade de perspectivas na tomada de decisão melhora a competitividade da firma.
Já as ações que viabilizam a diversidade na organização com foco nas diferenças
são: (1) mudar a composição demográfica (com inclusão de minorias); (2) implantar
comitê sobre diversidade como parte da Missão da Organização Multicultural para
monitorar e melhorar o clima da diversidade; (3) desenvolver contínuo programa de
educação com foco na diversidade; (4) desenvolver medidas de benefícios diversos; (5)
ter apoio e iniciativa da área de RH; (6) ter empregados envolvidos (IVANCEVICH e
GILBERT , 2000).
Ampliando a visão de Cox (1991) os autores Thomas e Ely (1996) enfatizam que
a gestão da diversidade precisa ir além da questão de aumentar o número de empregados
com afiliações de identidades diferentes em toda a organização ou de propiciar uma
qualificação para eles. Eles acreditam que esse pressuposto é limitado e limitante,
porque eles entendem que os chamados diversos, não trazem para a organização
somente informações, quando admitidos, mas trazem importantes e competitivos
conhecimentos e perspectivas sobre como fazer trabalho, como desenhar processos,
como atingir objetivos, estruturar tarefas, criar times efetivos, comunicar idéias e
conduzí-las.
Para esses autores, é preciso que a organização não só realize uma integração
estrutural formal, mas tenha a predisposição para ouvir os membros de grupos diversos,
isso porque eles podem ajudar a companhia a crescer, a enfrentar desafios básicos sobre
as funções, as estratégias, as operações, as práticas e os procedimentos. Mas, para
conseguir gerenciar efetivamente as diferenças os gestores precisam conceber o
processo de aprendizagem como ferramenta principal no gerenciamento da diversidade
em suas organizações. Isso vai muito além de trabalhar somente a discriminação e a
justiça, bem como as questões de acesso e legitimidade.
Aprender com as pessoas de grupos diversos significa para Thomas e Ely (1996)
ouvi-las e respeitá-las pelas suas diferentes opiniões. Esse tratamento dado à diversidade
promete, na visão dos autores, igual oportunidade para todos, levando em consideração
46
o que as pessoas têm a dizer. Em outras palavras, isso quer dizer que todos são do
mesmo time apesar das diferenças.
No entanto, após seis anos de investigação sobre o desenvolvimento da
diversidade em organizações americanas, Thomas e Ely (1996) constataram que são
poucas as organizações que estão desenvolvendo um tratamento de ouvir e aprender
com os diversos. O mais comum é que as organizações adotem ações em busca da
igualdade e da imparcialidade, ou ainda, ações que busquem oferecer acesso e
legitimidade aos grupos de diversos sob cunho estratégico.
Realizar ações em nome da igualdade e da imparcialidade significa que as
organizações apenas encorajam o engajamento de pessoas em conformidade a
solicitações governamentais de inclusão de minorias. Nesse nível, os grupos diversos
são apenas inseridos, mas não são valorizados. Suas opiniões não são consideradas no
negócio da organização e sua ascensão é limitada.
Realizar ações de acesso e legitimidade para os grupos diversos, significa, por sua
vez, desenvolver ações com foco na aceitação e na valorização das diferenças, como
oportunidades de negócios diante da diversidade de clientela e da expansão
demográfica. Nesse sentido, os grupos de diversos são “aproveitados” em áreas ou
segmentos particulares de mercado em que há identificação com eles, por exemplo,
contratar japoneses ou seus descendentes para trabalharem em uma unidade de negócio,
sediada em um bairro de imigrantes japoneses. Isso, segundo os autores, pode levar os
empregados a se sentirem explorados.
Para que as organizações sejam efetivas no desenvolvimento de práticas e ações
em prol da valorização da diversidade, elas precisam aprender com as diferenças de seus
empregados e crescer a partir delas, levando em consideração o que as diferentes
pessoas têm a dizer. Somente a partir disso, é que elas podem prometer igual
oportunidade para todos. No entanto, essa tarefa além de não ser a predominante, não
parece fácil e de natureza espontânea.
Dass e Parker (1999) afirmam que a emergência de uma gestão voltada para
diversidade com foco para a valorização das diferenças decorre de um movimento de
pressão de grupos de minorias. Este pode ser visto tanto como uma oportunidade, moda,
como ameaça, problema ou até mesmo algo que não vai gerar conseqüências. Essas
diferenças de visão conduzem as pessoas a lidar com a diversidade de maneiras
variadas, resultando em diferentes custos e benefícios.
47
Na visão desses autores, as organizações estabelecem perspectivas e estratégias
diferentes para responder a diversidade por meio de uma das quatro atitudes a seguir: a
proativa (que desenvolve a unidade organizacional através da diversidade), a
acomodativa (em que a diversidade é um objetivo a alcançar); a defensiva (em que
acontece a socialização da minoria pelo processo de assimilação e aplicação de ações
afirmativas) e a reativa (negação da diversidade, presença de estereótipos e preconceitos
na contratação e na demissão).
Essa abordagem contempla que algumas pressões em favor da diversidade têm
favorecido a diversidade organizacional, mas outras têm contribuído para a redução
dela. Dessa forma, a melhor maneira para gerenciá-la é mais particular do que universal.
Segundo Dass e Parker (1999), o que influencia a seleção da ação adotada para
gerenciar a diversidade nas organizações depende especialmente do(a): inclinação
pessoal: tendência a reagir sob uma determinada forma, por isso ela pode inclusive
dificultar a mudança; (b) mindset: modo de pensar sobre um assunto; (c) ambiente
organizacional: o quanto ele força os gerentes a colocarem o tema diversidade em seus
planejamentos e (d) o grau de tensão em prol da diversidade. É importante ressaltar
quando os autores falam sobre o modo de pensar das organizações e sobre a
diversidade, eles estão considerando direta ou indiretamente a cultura da organização
como fator importante. Isso vai ao encontro de suposições oferecidas por outros autores
sobre o assunto.
Easley (2001), ao falar sobre a gestão da diversidade nas organizações, enfatiza
que não há como desenvolvê-la sem trabalhar a cultura, e também, os objetivos
organizacionais destas. A autora lembra que cultura é definida pelo compartilhar
modelos e pressuposições básicas, aprendidas pelos indivíduos sobre como resolver e
enfrentar seus problemas diante do ambiente externo ou interno (SCHEIN, 1992). Esses
pressupostos, bem trabalhados, são considerados válidos, portanto, são ensinados a
novos membros como correto caminho a ser percebido, pensado e sentido em relação a
esses problemas.
Dessa forma, ao observar o desenvolvimento de ações em prol da diversidade em
uma organização é preciso observar também quais são os pressupostos básicos e valores
em torno da diversidade, como é o processo de socialização de novos membros e como
esses pressupostos e valores são ensinados a eles (EASLEY, 2001). Sob esse prima, a
autora ressalta que o perfil de uma organização que se engaja na afetiva aprendizagem e
48
valorização das diferenças será a de uma empresa que cria contínuas oportunidades de
aprendizagem sobre o outro a partir de indagações e diálogo.
O clima de uma empresa que valoriza a diversidade será aquele em que seus
membros sintam-se à vontade para perguntar questões sobre diferenças de
comportamento, de cultura e de costumes (EASLEY, 2001). Para a autora, esse tipo de
empresa é possível de existir se a organização estiver: (1) avaliando comportamentos
em torno da diversidade por meio de pressupostos e do ambiente, (2) conduzindo
mudanças – desenvolvendo intervenções na cultura e estratégias em direção a
diversidade; (3) criando um ambiente de aprendizagem – estabelecendo sistemas
institucionais que captem e desenvolvam a aprendizagem em torno da diversidade em
toda a organização, (4) desenvolvendo a área de recursos humanos para sustentar,
valorizar e gerenciar a diversidade – por meio de estratégias como: treinamento e
desenvolvimento, recrutamento e retenção de práticas, e (5) avaliando constantemente o
progresso da organização diante do ambiente global e da diversidade.
Após a apresentação dessas prescrições de ações em prol da diversidade da força
de trabalho, percebe-se que a avaliação do contexto em que as organizações se
encontram é muito importante para avaliar o tipo de gestão de diversidade que elas vêm
desenvolvendo. Seguido a isso, torna-se relevante verificar até que ponto a diversidade
está inserida nas estratégias e nos objetivos organizacionais e quais critérios e ações as
organizações utilizam para delimitar um modelo de gestão para lidar com a diversidade
(ver Quadro I).
49
Autor/Ano
Cox (1991)
Condições
Ser uma organização
multicultural.
Principais Ações Desenvolvidas
Práticas de orientação para novos membros; treinamento de
linguagem; tratamento explícito da diversidade na missão e
estratégia; práticas de ação afirmativa; desenvolvimento de
práticas de carreira, mudanças na administração de avaliação
de desempenho e recompensas; políticas de RH e mudanças
nos benefícios; práticas de Mentoring; desenvolver seminários
sobre igualdade de oportunidades e administração de conflitos.
Thomas e Ely
(1996)
Aprender com as
pessoas de grupos
diversos.
Aprender com as diferenças de seus empregados e crescer a
partir delas, levando em consideração o que as diferentes
pessoas têm a dizer.
Dass e Parker
(1999)
Sofrer movimento de
pressão de grupos de
minorias.
Adotar estratégia proativa na qual a diversidade seja
desenvolvida em toda a unidade organizacional. As pessoas
diversas são bem incorporadas em toda a organização.
Ter uma redução ou
extinção nas formas
de discriminação.
Inclusão de minorias; implantação de um comitê sobre
diversidade como parte a Missão da Organização Multicultural
para monitorar e melhorar o clima da diversidade; desenvolver
um contínuo programa de educação com foco na diversidade;
desenvolver medidas de benefícios diversos; ter apoio e
iniciativa da área de RH e ter empregados envolvidos.
A diversidade fazer Avaliar a diversidade por meio de pressupostos e do ambiente;
Easley
parte da cultura da conduzir intervenções na cultura e nas estratégias em direção a
(2001)
organização,
e diversidade; criar ambiente de aprendizagem em torno da
também,
dos diversidade, desenvolver a área de recursos humanos para
objetivos
sustentar, valorizar e gerenciar a diversidade e avaliar
organizacionais.
constantemente o progresso da organização diante do ambiente
global e da diversidade.
Quadro I – Ações que definem a gestão da diversidade nas organizações
Fonte: Cox, 1991; Ivancevich e Gilbert, 2000; Thomas e Ely, 1996; Dass e Parker, 1999; Easley, 2001.
Ivancevich e
Gilbert
(2000)
2.1.9 As práticas de diversidade no contexto organizacional brasileiro
No Brasil, as práticas de diversidade ainda são muito recentes. Eles surgiram
predominantemente nos anos 90 e em empresas subsidiárias norte-americanas
(FLEURY, 2000). Conforme declara essa autora, os projetos que visam a esse fim nas
organizações estão em fase inicial, tentando adaptar o que ocorre em suas matrizes, em
termos de práticas, na realidade brasileira.
Após realizar uma pesquisa com seis empresas, sendo cinco delas americanas e
uma brasileira, Fleury (2000) constatou que o conceito de diversidade adotado por essas
50
companhias é muito restrito, incorporando apenas o gênero e timidamente a raça como
dimensões exploradas.
Percebe-se, nesse trabalho de pesquisa realizado, que há na base do conceito de
diversidade adotado pelas empresas um interesse (mesmo que limitado) pela
“valorização das diferenças”, ou seja, pelas diferenças existentes entre os grupos sociais,
no caso mulheres e negros. No entanto, isso não vem acontecendo em todas elas. Em
uma empresa (americana) o conceito e o foco das práticas de diversidade desenvolvidas
estão centrados na “dissolução das diferenças” entre os indivíduos, conforme descrição
da autora abaixo:
Para a empresa ALPHA, o conceito de diversidade cultural engloba os
seguintes aspectos:
•
Reconhecimento de que pessoas de origens diferentes têm talentos e
habilidades diferentes e que podem contribuir para o crescimento da empresa;
•
Respeito pelo indivíduo, independente de raça, sexo, religião ou
origem. Fleury (2000, p.23)
Isso demonstra que no Brasil vem havendo divergências na maneira de conceber e
de agir em torno da diversidade, mesmo que de forma discreta. Um outro dado que se
torna interessante observar é o do interesse das empresas norte-americanas em
desenvolver práticas de diversidade que possibilitem o desenvolvimento e ascensão
profissional das mulheres. Isso talvez seja uma tentativa de romper com as barreiras
existentes para essa categoria social, o que revela um avanço.
Alguns estudos empíricos de diversidade realizados no país quanto à questão do
gênero demonstram que a hierarquia sexual ainda é imposta como mecanismo de
diferenciação de ascensão profissional e obtenção de poder no âmbito organizacional,
estando os homens brancos bem à frente dessa situação (RESZECKI, 2001; ANDRADE
et al. 2002; STEIL, 1997). Esses dados são confirmados com dados obtidos por órgãos
governamentais de avaliação conjuntural.
Conforme dados do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos da conjuntura de 2007, sobre os ganhos médios salariais de
homens e mulheres ocupados nas seis regiões metropolitanas do Brasil, os homens têm
médias salariais maiores do que as mulheres, em torno de quase 30%. Já o índice de
mulheres desempregadas é quase 20% maior do que a dos homens desempregados.
Para Torres e Nebra (2004) os grandes desafios das organizações para trabalhar a
diversidade no Brasil estão na elaboração e estabelecimento de normas organizacionais
51
que valorizem as diferenças entre os grupos para a efetividade organizacional e não
promovam essa efetividade apesar das diferenças.
Ao desenvolver uma análise crítica sobre a gestão da diversidade no Brasil, Alves
e Galeão-Silva (2004) ressaltam que um dos problemas em se trabalhar esse tema nas
organizações no país está em não se admitir inicialmente a existência da discriminação
contra categorias de grupos na sociedade em geral. Sem esse reconhecimento, dizem os
autores, não há por que se construir um discurso organizacional de diversidade.
Os autores lembram que a elite intelectual brasileira da década de 1930 passou a
defender a idéia de que um projeto de desenvolvimento viável para o Brasil só seria
bem sucedido pela aceitação do caráter mestiço da sociedade brasileira, apresentando-a
como cruzamento de identidades entre brancos, negros e índios, convivendo de forma
harmoniosa (FREYRE, 1933).
A idéia da convivência harmônica entre diferentes raças gerou um mito da
democracia racial no país que interferiu inclusive nas esferas político-partidárias, tanto
da direita quanto da esquerda, ao afirmarem que a discriminação racial não era
problema para os brasileiros (MUNANGA, 1996). Para Alves e Galeão-Silva (2004)
isso originou uma ideologia social de negação das diferenças entre grupos de indivíduos
no Brasil devido à miscigenação que vem sendo transformada pelo discurso da
diversidade. Na visão dos autores, a diversidade não passa de uma mudança ideológica
vigente, em que o que se pretende é ensinar a sociedade a tolerar as diferenças.
Se as críticas desenvolvidas em torno do desenvolvimento da gestão da
diversidade no Brasil correspondem ou não a realidade, somente estudos empíricos
exaustivos podem confirmar, mas elas revelam de certa forma um imaginário cultural
pertinente ao povo que podem vir a dificultar o desenvolvimento pleno de práticas em
prol da diversidade.
Uma pesquisa realizada em quatro empresas de grande porte, uma nacional e três
multinacionais (duas americanas, uma européia), sediadas em São Paulo, Hanashiro e
Godoi (2004) perceberam que, somente, as multinacionais vinculam a funcionalidade da
diversidade aos negócios, a nacional coloca a diversidade no âmbito da valorização das
relações e do potencial humano. O conceito de diversidade foi expresso de forma difusa
e misturado com Responsabilidade Social e Qualidade de Vida no Trabalho.
Alguns dos dados curiosos nessa pesquisa são os que demonstram que a origem
da gestão da diversidade em todas as empresas pesquisadas é contingencial aos fatores
internos e externos da organização. Isso significa que as práticas que as organizações
52
pesquisadas vêm desenvolvendo no Brasil em prol da diversidade surgiram mais como
respostas às pressões internas (normas das matrizes) e externas (oriundas de indivíduos
pertencentes a minorias) do que de um foco estratégico, como prediz qualquer modelo
de gestão organizacional.
Isso talvez demonstre que o desenvolvimento de práticas em torno da diversidade
por parte das organizações não seja algo espontâneo. Para melhor compreender esse
fenômeno, serão abordadas a seguir, as principais idéias da Teoria da Identidade Social
a fim de encontrar algumas explicações que possam justificá-lo.
2.1.10 A gestão da diversidade sob a ótica da Teoria da Identidade Social
Uma das principais teorias que explicam as relações intergrupais é a Teoria da
Identidade Social. Entende-se neste trabalho que ela pode vir a dar uma grande
contribuição para o estudo da diversidade nas organizações quando afirma e explica que
as relações entre grupos de identidades sociais diferentes não são estabelecidas
naturalmente. E por esse motivo, ela sugere que o tratamento dado à diversidade nas
organizações necessita ser trabalhado ou construído.
Uma vez que a gestão da diversidade se propõe a trabalhar as diferenças, seja
entre indivíduos ou entre grupos de indivíduos nas organizações, torna-se importante
analisar esse fenômeno não só sob o aspecto estratégico ou “administrativo”, mas
também a partir das implicações psicológicas que causam na identidade social das
pessoas.
Identidade social refere-se “aquela parte do autoconceito do indivíduo que deriva
do conhecimento que ele tem de si como membro de um grupo social (ou grupos) junto
com o valor e o significado emocional associado à participação nesse mesmo grupo”
(TAJFEL, 1982, p.24). O conceito de identidade social é muito importante para um
indivíduo porque ele faz parte da definição e da imagem do eu (self) (TAJFEL, 1971).
O autoconceito é constituído de uma identidade pessoal cercada de características
idiossincráticas (isto é, atributos corporais, habilidades, traços psicológicos, interesses)
e uma identidade social cercada de classificações de grupos. Dessa forma, pode-se dizer
53
que, o conceito de identidade social se refere ao autoconceito que o indivíduo vai
fazendo de si mesmo em relação a outros, e isso acontece por meio de classificações
e/ou generalizações.
Para que haja a construção da identidade social, um indivíduo necessita ter como
referência um grupo social a que pertença ou sinta-se inserido (TAJFEL, 1982).
Commins e Lockwood (1979) afirmam que a função do grupo social é fornecer uma
identidade social positiva aos seus membros quando comparado a outros, e também,
distingui-lo de outro a partir de dimensões que tenham valores que, visivelmente, o
diferencie.
Conforme Tajfel (1982) é justamente quando acontece a comparação dos
indivíduos de uma identidade comum (endogrupo) com outros grupos (exogrupo) que a
identidade social é estabelecida e desenvolvida. E como geralmente os indivíduos
empenham-se para manter uma imagem positiva de si mesmo, as comparações que
fazem de seu grupo com outros grupos são sujeitos a vieses (TAJFEL, 1971).
Desse modo, as pessoas preferem interagir com membros de sua própria
identidade a interagir com membros pertencentes a grupos de outra identidade
(TAJFEL, 1982). Esse parece ser o motivo pelo qual, em uma organização, as pessoas
prefiram interagir com outras que pertençam a uma identidade comum, sejam elas
decorrentes de dimensões de raça, de gênero ou até mesmo de função ou nível
hierárquico.
Sob a perspectiva da identidade social, Chow e Crawford (2004) realizaram um
estudo empírico sobre as diferenças de percepção das relações entre grupos de trabalho
e de promoções entre grupos de gestores em uma organização do Reino Unido (com
base nas dimensões sobre gênero, raça/etnia) que revelam alguns dados interessantes.
Os resultados dessa pesquisa revelam uma disparidade de percepções entre
diferentes grupos de indivíduos com base nas dimensões já citadas a respeito do número
de promoções, da aprovação de méritos, do acesso a informações, do suporte de colegas
e gestores, atitudes desenvolvidas na organização. Minorias étnicas não se sentem
valorizadas e respeitas. Elas se sentem excluídas não somente do envolvimento com
membros que tomam decisões, mas também por receber feedback e apoio para obter
méritos.
Constataram-se preferências na organização por certos empregados com base no
gênero e na etnia. A estrutura de poder e de realocação de recursos dão ampla
preferência a homens brancos. Muitas sutis discriminações como racismo ou sexismo
54
ainda existem. Mulheres e minorias têm experienciado discriminação e são
particularmente sensíveis a tratamentos considerados injustos.
Os homens brancos preferem manter o status-quo enquanto a percepção de
minorias étnicas e de mulheres mantêm-se menos favoráveis ao tratamento que a
organização dá a diversidade. A esses grupos foram negadas oportunidades de
envolvimento nos processos de tomadas de decisão, rejeição sobre opiniões dadas em
reuniões e raramente foram consultados por gestores. Conseqüentemente a organização
foi privada da contribuição dessa força de trabalho além de ser penalizada pela
expressão de frustração e insatisfação desses indivíduos no clima e no ambiente de
trabalho.
Nesse estudo, torna-se relevante perceber que em meio ao cenário apresentado
tornam-se muito pouco efetivos os empreendimentos para mudá-lo. Os autores revelam
que “apesar dos esforços da organização em querer promover a igualdade de
oportunidade e a diversidade, há uma atmosfera que não alimenta efetivas relações de
trabalho” (CHOW e CRAWFORD, 2004, p. 28). O estudo sugere então que o problema
apresentado tem uma raiz na identidade social dos indivíduos, que se não trabalhada,
afeta o funcionamento da organização.
Para entender como é possível trabalhar a identidade social dos indivíduos em um
ambiente de trabalho, é necessário recorrer a idéias-chave sobre como ela se constrói,
quais suas funções e como ela se estrutura para se ter uma noção sobre seu significado e
complexidade, o que será feito a seguir.
A identidade social é construída a partir o processo de classificação que os
indivíduos fazem de si mesmo e dos outros em várias categorias sociais tais como:
membros de organização, afiliação religiosa, gênero, idade etc (TAJFEL e TURNER,
1985). Essa classificação ou categorização é construída a partir de protótipos comuns
abstraídos dos membros de um grupo. Ela serve para duas funções: a primeira delas é a
de segmentar e ordenar o ambiente social oferecendo ao indivíduo um sistemático
significado da definição de outros e a segunda é a de tornar possível ao indivíduo
localizar ou definir ele próprio no ambiente social (TURNER, 1985).
A partir disso, Tajfel e Turner (1985) afirmam que a identidade social de uma
pessoa é “definida” em seu meio pelos protótipos decorrentes da categoria ao qual ela
foi classificada (embora esses protótipos não sejam necessariamente corretos). Isso
supõe a idéia de que a identidade social de um indivíduo é decorrente de uma
55
construção, e, portanto, está aberta a transformações. No dizer de Berger e Luckmann
(1973, p. 228):
(...) a identidade é formada por processos sociais. Uma vez cristalizada, é
mantida, modificada ou mesmo remodelada pelas relações sociais. Os
processos sociais implicados na formação e conservação da identidade são
determinados pela estrutura social.
Isso parece significar que as pessoas selecionam os outros com os quais se
identificam, e que essa tarefa não é tão flexível e aberta aos que são diferentes em
relação a sua consciência pessoal, ou seja, a consciência que tem de si mesma.
Triandis (2003), ao falar sobre a dificuldade do ser humano em lidar com o
diverso, afirma que ela se baseia em algumas de suas limitações. A primeira delas está
baseada no fato de que as pessoas podem processar relativamente poucas informações.
Conseqüentemente, elas lidam com muitos diferentes estímulos como se eles fossem
idênticos. Isso é chamado de categorização. As pessoas podem categorizar outras como
idênticas, ou não, com base nessa limitação.
A segunda limitação do ser humano em lidar com o diverso converge ao fato de
que toda cultura humana é etnocêntrica. Isto é, todo indivíduo utiliza sua própria cultura
como modelo para julgar outras. O resultado é assumir que o desenvolvimento da sua
própria cultura é normal, natural e correta; e o diferente em outra cultura é anormal e
imoral. Dessa forma, os idênticos são os de mesma cultura.
A terceira limitação preponderante que influencia no comportamento do ser
humano ao lidar com o diverso baseia-se no fato de que a organização social humana
resulta em hierarquia. Hierarquia significa que algumas pessoas são aqueles a quem
chamamos “nós” (aqueles de nossos status) e os outros são aqueles a quem chamamos
“eles”; alguns são vistos como similares e outros são vistos como diferentes.
Para esse autor, perceber similaridades em relação a outros resulta, no indivíduo,
em emoções positivas e atitudes intergrupais. Emoções positivas aumentam a
probabilidade de interação e intimidade e, quando isso acontece, pessoas experienciam
sociotipos (estereótipos positivos), amizade. Por outro lado, perceber a não similaridade
faz com que as pessoas evitem uma as outras, usem estereótipos, elas têm um baixo
senso de controle e experienciam choque cultural. (Ex.: diferenças culturais, aspectos
geográficos como a linguagem e estilos de vida)
Um fato importante a considerar sobre a identidade social é que ela não se
desenvolve aleatoriamente. Há condições para que ela se estruture. Tajfel (1981, p.255)
56
afirma que “a identidade social somente acontece quando as interações sociais entre os
membros de um grupo são determinadas por uma extensa reciprocidade, e em uma vasta
maioria dos casos, isso acontece por meio de uma apropriada comparação social entre
os indivíduos dentro do grupo”.
A concepção positiva ou negativa acerca de um determinado grupo social é vista
por Tajfel (1981), como sendo essencialmente de natureza relacional. Isso pressupõe
que a reciprocidade entre os indivíduos não surge sem que haja a construção conjunta de
comparações de significados, de sentidos, de valores e de referências entre eles. Dessa
forma, entende-se que a ausência do encontro entre esses indivíduos impossibilita a
descoberta do que há de similaridade entre eles e provavelmente só reforça as
diferenças.
Isso sugere que para as organizações que queiram desenvolver atividades ou
práticas em prol da diversidade, incentivando emoções positivas de um grupo em
relação a outros é necessário fazer com que as pessoas possam perceber ou até mesmo
aprender que “há mais similaridades entre elas do que diferenças” como ressalta
Triandis (2003). Do contrário, talvez elas estejam apenas mantendo categorias
enviesadas entre grupos de indivíduos que alimentam entre outros fatores: os
preconceitos, as discriminações, os conflitos e os choques culturais.
2.2 As atitudes
A construção desse referencial teórico tem por objetivo apresentar os conceitos e
as definições de atitudes, bem como, as funções que lhes são inerentes. Seguido a isso,
serão apresentados os tipos de medições que são possíveis fazer em pesquisas que
envolvam atitudes. E por último, serão apresentados os resultados de uma pesquisa
bibliográfica realizada para esse projeto a fim de identificar alguns tipos de atitudes dos
indivíduos sobre as práticas de diversidade. A partir dessa investigação, foi possível
classificar e operacionalizar as atitudes enquanto variáveis pertinentes ao problema
dessa pesquisa.
57
2.2.1 Conceitos e definições de atitudes
O termo atitude é amplamente utilizado tanto na Sociologia (THOMAS e
ZNANIECKI, 1920) quanto na Psicologia (ALLPORT, 1935; ROCKEACH, 1968;
EAGLY e CHAIKEN, 1993) para indicar a orientação seletiva e ativa do homem diante
de uma situação ou de um problema qualquer (ABBAGNANO, 1982, p.85). Os termos
que lhes são análogos são: posição, postura, hábito e gesto (SPITZER, 1956, p.71).
Quando se diz que uma pessoa tomou uma atitude, entende-se que ela adotou
determinada posição que não é neutra, ela utilizou-se de um julgamento avaliativo sobre
algo, sobre alguma coisa ou sobre alguém. Esse julgamento pode ser favorável ou
desfavorável, de fraca ou forte intensidade, ativado de imediato da memória ou de
forma remota (LIMA, 2004).
As primeiras definições do termo atitude, provenientes da Filosofia ou da
Psicologia, concebiam que o julgamento avaliativo de um indivíduo era determinado
por aspectos emocionais, afetivos e até biológicos. Somente com Thomas e Znaniecki
(1918-1920), o aspecto cognitivo passou a ser considerado também como fator
determinante desse termo. A partir desses autores, a atitude passou a ser considerada um
processo no qual alguém capta cognitivamente e intencionalmente uma situação e
depois decide como tem de agir (ver Quadro II). Nesse sentido, prevalece o significado
que o “eu” atribui para as coisas.
Autor/ano
Definição de atitude
Thomas e Znaniecki,
(1918-1920)
Refere-se ao processo da consciência individual que determina a atividade real ou possível do
indivíduo no mundo social
Thurstone, (1928)
Refere-se à intensidade de afeto pró ou contra um objeto psicológico.
Allport, (1935)
Refere-se a um estado mental e neurológico de prontidão, organizado através da experiência, e
capaz de exercer uma influência ou dinâmica sobre a resposta do indivíduo a todos os objetos e
situações a que está relacionada.
Smith, Bruner e
White, (1956)
Refere-se a uma predisposição para experimentar uma classe de objetos em determinadas
formas; e agir em relação a estes objetos de uma maneira característica.
Rockeach, (1969)
Refere-se a uma organização relativamente duradoura de crenças acerca de um objeto ou
situação que predispõem uma pessoa a responder de uma determinada forma.
Freedman, Carlsmith
e Sears, (1970)
Eagly e Chaiken, (1993)
Refere-se a uma coleção de cognições, crenças, opiniões e fatos (conhecimento) incluindo
avaliações (sentimentos) positivas e negativas, todas se relacionando a um tema ou objeto
central e o descrevendo.
Refere-se a um construto hipotético referente à tendência psicológica que se expressa numa
avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade especifica.
Quadro II - Definições de atitude
Fonte adaptada: ARONSON et al. (2002) e ROS, e GOUVEIA, (2006)
58
Após um trabalho de análise e sistematização da vasta literatura sobre o termo
atitude, Eagly e Chaiken (1993) consagraram como sendo sua definição o seguinte: um
construto hipotético e não diretamente observável. Trata-se de uma variável latente
explicativa da relação entre a situação em que as pessoas se encontram e seu
comportamento. Trata-se ainda de uma inferência sobre os processos psicológicos
internos de um indivíduo, feita a partir da observação dos seus comportamentos (verbais
ou outros) ou, simplesmente, de uma tendência psicológica. Por tendência psicológica
entende-se um estado interior, com alguma estabilidade temporal (LIMA, 2004).
Por variável latente compreende-se um conceito teorizado e não observado que
pode apenas ser aproximado por variáveis observáveis ou mensuráveis (PASQUALI,
1999). As variáveis observadas podem ser reunidas por meio de vários métodos de
coleta de dados (investigações, testes, observações etc.). Dessa perspectiva, entende-se
que as atitudes são construtos que só podem ser conhecidos quando manifestos (ver
Figura II).
Variável
Independente
Objeto
Atitudinal
Variáveis
Dependentes Mensuráveis
Variável
Latente
Atitude
Afeto
Afirmações verbais
indicadoras de afeto
Cognição
Afirmações verbais
de crenças e opiniões
Comportamento
Afirmações verbais
relativas a
comportamento
Figura II - Representação das atitudes sociais
Fonte adaptada: Hovland e Rosenberg, 1960, apud RODRIGUES, 1972, p. 404
As manifestações das atitudes dos indivíduos ocorrem por meio de três respostas
avaliativas psicológicas: a cognitiva, a afetiva e a comportamental. Elas podem agir
sozinhas ou pela combinação entre elas. Diz-se que um indivíduo adota uma atitude
com base cognitiva quando ele se justifica por meio de uma apreciação do objeto,
baseado em pensamentos, em idéias, em opiniões e em crenças sobre o mesmo. Isso
59
significa que ele o classifica de acordo com as vantagens e as desvantagens que lhe
pode trazer, se vale a pena ter alguma coisa a ver com ele (ARONSO, 2002).
Já as atitudes de base afetiva resultam das emoções e dos sentimentos. Elas não
são decorrentes de um exame racional das questões, pois não se norteiam pela lógica.
Elas estão freqüentemente ligadas a valores pessoais tais como: crenças religiosas e
valores morais básicos (SMITH, BRUNER e WHITE, 1956; KATZ, 1960;
SCHWARTZ, 1992; MAIO e OLSON, 1998), de modo que tentar mudá-las contesta ou
desafia esses valores (SMITH, BRUNER, e WHITE 1956; KATZ, 1960). Outras
atitudes de base afetiva podem ser resultado de reações sensoriais, tais como gostar do
sabor de chocolate, ou de uma reação estética ou de comportamentos condicionados
(ARONSO, 2002).
As atitudes comportamentais, por sua vez, reportam-se a comportamentos ou
intenções em que as atitudes se podem manifestar. Essa abordagem baseia-se no fato de
que as pessoas, sob certas circunstâncias, não sabem como se sentem, até que observem
como se comportam. (BEM, 1972).
Nem todas as atitudes são formadas da mesma maneira. Embora todas elas tenham
componentes afetivos, cognitivos e comportamentais, uma dada atitude pode basear-se
mais em um tipo de experiência do que em outro (ZANNA e REMPEL, 1988).
2.2.2 As funções das atitudes
Por que os indivíduos adotam e mantêm determinadas atitudes? O estudo sobre as
funções das atitudes tenta responder a essa pergunta. Entre as teorias que apresentam
razões para esse fim destacam-se a motivacional e a cognitiva.
A primeira dessas teorias defende a idéia de que por trás das atitudes dos
indivíduos encontram-se razões motivacionais, podendo ser elas de cunho utilitário ou
simbólico (KATZ, 1960). As atitudes serão baseadas em motivos utilitários quando o
indivíduo maximiza recompensas sociais e minimiza punições, ou seja, quando ele
avalia os custos e benefícios que pode obter ao posicionar-se contra ou favor de alguma
coisa. Elas terão razões motivacionais simbólicas quando o indivíduo quer reforçar
60
valores e sua identidade enquanto sujeito (dessa forma ele se protege de conflitos
internos e externos e preserva a sua imagem).
A segunda teoria defende a idéia de que as pessoas adotam atitudes para evitarem
desconfortos e ansiedades causadas pela incerteza, pela indefinição ou conflito de idéias
em torno do objeto de atitude (LIMA, 2004). Sob essa perspectiva, as atitudes são
explicadas para satisfazer uma função cognitiva. Dois são os princípios que convergem
para essa teoria: o princípio do equilíbrio de Heider (1958) e o princípio da redução da
dissonância cognitiva de Festinger (1957).
O princípio do equilíbrio (HEIDER, 1958) se refere à forma como os indivíduos
articulam diferentes percepções e atitudes sobre um mesmo objeto. Ele defende que,
diante de um mesmo objeto, uma pessoa pode ter diferentes atitudes, porém isso não é o
ideal, pois essa situação gera tensão. As situações organizadas de uma forma equilibrada
seriam as mais estáveis e mais resistentes à mudança, mantendo tendência à constância
das posições cognitivamente mais simples.
O princípio da redução da dissonância cognitiva (FESTINGER, 1957) defende a
idéia de que os aspectos psicológicos que compõem as atitudes (cognitivo, afetivo e
comportamental) precisam estar consistentes. Ele postula que um estado de dissonância
cognitiva ocorre quando não há coerência entre as atitudes tomadas e os sentimentos, os
pensamentos e opiniões ou comportamentos expressos. Essa é considerada uma situação
que é psicologicamente desagradável, consistindo numa motivação, numa ativação do
organismo no sentido da redução ou da eliminação da dissonância.
Nem todas as cognições incompatíveis nos produzem dissonância. Para tanto é
preciso que elas sejam percebidas como importantes e é preciso que nos vejamos como
responsáveis pelas situações que nos causam dissonância (liberdade de escolha). Para
reduzir a dissonância Festinger (1957) propõe o aumento da freqüência ou da
importância das cognições consoantes e/ou na diminuição da freqüência ou da
importância das cognições dissonantes. Desse modo, a redução da dissonância
apresenta-se como um processo que se define pela procura ativa de informação
relevante acerca do objeto alvo da atitude.
Como é possível haver um comportamento de um indivíduo dissonante de sua
atitude em relação a um objeto demonstra que o caráter preditivo das atitudes não é
plenamente possível. Dessa forma, torna-se relevante compreender sob quais
circunstâncias as atitudes tornam-se mais ou menos preditoras de comportamentos
futuros.
61
2.2.3 Atitudes e Comportamento
A relação do poder preditivo das atitudes em relação ao comportamento não é
simples e nem direta conforme demonstram os estudos de LaPierre (1934) (apud,
ARONSO,2002) . Esse autor desenvolveu uma pesquisa sobre as atitudes dos
estadunidenses diante dos chineses na década de 1930. Nessa época, predominava, nos
Estados Unidos, o preconceito explicito contra esse povo em placas de restaurantes e
hotéis com a seguinte legenda: “é proibida a entrada de chineses e cães”. No entanto,
acompanhado de um casal de chineses, o autor passou por 66 hotéis e 184 restaurantes e
cafés, tendo sofrido apenas uma recusa de entrada. Algum tempo depois foi enviada
uma carta a cada um desses estabelecimentos perguntando se aceitariam chineses como
clientes. Dos 81 restaurantes e 47 hotéis que responderam, 97% disseram que não, tendo
o restante afirmado que dependeria das circunstâncias.
Os resultados desse estudo demonstram que é possível haver uma manifestação de
tolerância em nível comportamental e simultaneamente uma expressão de intolerância
em nível atitudinal, que reflete uma inconsistência entre atitudes e comportamentos.
Esses estudos foram confirmados por Kutner, Wilkins e Yarrow (1952) com negros.
Apesar de os estudos de LaPierre (1937) revelarem inconsistência entre atitudes e
comportamento, não quer dizer que não haja relação entre essas duas variáveis. Após a
realização de outros tantos estudos, o que se revela na literatura da Psicologia Social
(ARONSO et al., 2002) são as possibilidades das atitudes prognosticarem
comportamentos a partir das seguintes condições: da especificidade das atitudes sob
determinados objetos; da espontaneidade do comportamento que se tenta prognosticar e
da racionalidade, do planejamento e da intencionalidade do comportamento não
espontâneo (FAZIO, 1990). A seguir, será abordada cada uma delas.
(a) A previsão de comportamento a partir da especificidade das atitudes:
Conforme observa Lima (2004, p.209) “do ponto de vista psicométrico, parece
incorreto procurar a relação entre atitudes gerais normalmente medidas por
escalas de atitudes com múltiplos itens e comportamentos específicos, medidos
apenas
com
um
indicador.
Desse
modo,
alguns
autores
procuram
compatibilizar também o nível de generalidade do comportamento, estendendo
62
as observações a diversos comportamentos associados à atitude”. Wiegel e
Newman (1976) mostram que as atitudes ambientais se correlacionam mais com o
índice de comportamento pró-ambientais do que com o de comportamentos
específicos (reciclagem, assinar uma petição a favor de causas ambientais).
Fishbein e Ajzen (1975, 1977, 1980a, 1980b) afirmaram que as atitudes só
são importantes fatores na previsão do comportamento humano, quando elas são
atitudes específicas diante de um comportamento relacionado com um
determinado objeto. As atitudes gerais só influenciam o comportamento de uma
forma indireta, como uma tendência para a ação.
(b) Atitudes e o comportamento
As atitudes predizem comportamentos espontâneos apenas quando são
facilmente acessíveis ao indivíduo (FAZIO, 1990, 1995). A acessibilidade
significa a força da associação entre um objeto e a atitude em relação a ele.
Quando a acessibilidade é alta, a atitude ocorre sempre que se pensa no objeto.
Quando é baixa, a atitude surge com mais lentidão na mente.
A acessibilidade de uma atitude está relacionada a tomar uma decisão
imediata, sem pensar muito. Atitudes muito acessíveis terão maior probabilidade
de prognosticar o comportamento espontâneo, porque é maior a probabilidade de
que o indivíduo esteja pensando nelas quando é chamado a agir. Dessa forma, a
consistência entre atitude e comportamento é alta entre pessoas com atitudes
acessíveis e relativamente baixas no caso contrário. Os indivíduos com atitudes
inacessíveis são mais influenciados por outras variáveis ligadas a situação.
(c) Atitudes e o prognóstico de comportamentos racionais, planejados e intencionais:
Três modelos consideram as atitudes, entre outras variáveis, antecedentes
diretos do comportamento que não é espontâneo: a Teoria da Ação Racional
(TAR), a Teoria da Ação Planejada (TAP) e a Teoria da Auto-Regulação.
A Teoria da Ação Racional (TAR) de Ajzen e Fishbein (1975) (ver Figura
III) considera que todo comportamento é uma escolha, uma opção ponderada
entre várias alternativas, pelo que o melhor preditor do comportamento será a
intenção comportamental, sendo a atitude específica apenas um dos dois fatores
importantes na decisão.
63
Essa teoria propõe que as pessoas, antes de adotar comportamentos,
raciocinam e o fazem por meio do processamento da informação subjacente às
atitudes, mas também da norma subjetiva. Somente a partir dessas duas
avaliações, emerge a intenção de agir ou não (Ver ROS, 2006). Para esses autores
em certos tipos de comportamento ou certas populações, a norma subjetiva tem
mais peso na determinação da intenção comportamental do que mesmo as
atitudes.
Autores costumam salientar que essa teoria se aplica melhor diante de
situações em que o comportamento está sob o controle da pessoa, e não há
limitações externas ou internas para sua prática, pois a intenção de agir se
consolidou. (LIMA, 2004).
Atitude diante
do
Intenção
Comportamento
Norma
Figura III - Teoria da Ação Racional (TAR) de Fishbein e Ajzen, 1975
Fonte: LIMA, Luisa P. Atitudes: Estrutura e Mudança. In: VALA e MONTEIRO, 2004
A Teoria da Ação Planejada (TAP) de Ajzen (1988) (ver figura IV) propõe
que o comportamento das pessoas é mais bem previsto a partir da intenção que as
anima, o que, por seu lado, é determinado por atitudes em relação a
comportamento específico, por normas subjetivas e por seu controle pensado
sobre o comportamento.
O importante nessa teoria não é a atitude em geral do indivíduo, mas a
atitude em particular, a atitude específica sobre o comportamento que está em
consideração. De acordo com essa teoria somente das atitudes específicas se pode
esperar um prognóstico de comportamento (ARONSO et al., 2002).
O controle sob o comportamento é percebido pela facilidade ou dificuldade
da explicação da pessoa ao praticá-lo. Por meio dessa teoria acredita-se que se a
pessoa acha difícil praticar o comportamento ela não terá forte intenção de assim
64
proceder. Se a pessoa acha fácil praticá-lo, é mais provável que fará forte intenção
de assim proceder (Ver, ROS, 2006 e LIMA, 2004).
Atitude diante do
comportamento
Comportamento
Intenção
Norma
Controle sob o
comportamento
Figura IV – Teoria da Ação Planejada (TAP) – Ajzen, 1988
Fonte: LIMA, Luisa P. Atitudes: Estrutura e Mudança. In: VALA, Jorge e MONTEIRO, Maria B. Psicologia Social, p.
212, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 200
A Teoria da Auto-regulação (TA) de Bagozzi (1992) (ver Figura V) em
relação à teoria da ação planejada acrescenta o aspecto motivacional da intenção,
que na teoria se chama desejo. O autor propõe que o desejo tem influência direta
sobre a intenção, e indireta, por meio da norma subjetiva. Quando o indivíduo
deseja fazer algo, ele fará, e quanto mais desejar fazê-lo, mais ele se sentirá
pressionado pelo entorno social. Além disso, a intenção pode ser explicada, em
parte, pela freqüência com que o comportamento foi praticado no passado.
Freqüência de
comportamento
Atitudes
d
Emoções
Desejos
Intenções
Comportamento
Emoções
Normas
Comportamento
Controle sobre o
comportamento
Figura V - Teoria da Auto-Regulação (TA) – Bagozzi, 1992
Fonte: PERUGINI e BAGOZZI (2001), 40, 79-98
65
A eficácia de predição de comportamentos dos três modelos anteriormente
citados foi analisada por Leone et al. (apud ROS, 2006). A Teoria da Ação
Planejada e da Teoria da Auto-Regulação suplantam a Teoria da Ação Racional.
A (TA) explica até 68% da intenção de comportamento, diante de 40% da (TAR)
e 52% da (TAP).
2.2.4 Medição de atitudes
Conforme descrito anteriormente, os indivíduos manifestam suas atitudes por
meio de três respostas avaliativas psicológicas: a cognitiva, a afetiva e a
comportamental (ARONSO et al., 2002). Mensurar essas atitudes implica desenvolver
procedimentos que consigam captar da forma mais precisa possível a especificidade de
cada uma dessas manifestações. A seguir, serão descritos os principais procedimentos
adotados na literatura visando a esse fim.
2.2.4.1 Medição de atitudes cognitivas
A atitude cognitiva se justifica por meio de uma apreciação do objeto, baseado em
pensamentos, em idéias, em opiniões e em crenças sobre o mesmo (ARONSO, 2002). A
forma mais comum de medir as atitudes cognitivas é pelas escalas de atitudes (Escala de
Thrustone,1928; Escala de Likert ,1932; Escala de Diferenciadores Semânticos). Essa
técnica, também chamada de papel e lápis, parte do princípio de que podemos medir
atitudes pelas crenças, opiniões e avaliações dos sujeitos acerca de um determinado
objeto, e que a forma mais direta de apreendermos esse conteúdo cognitivo é por meio
da autodescrição do posicionamento individual. No entanto, outra forma de medir as
atitudes, muito utilizada em estudos de opinião, utiliza-se de apenas uma pergunta, em
66
que a posição do sujeito é avaliada diretamente. Uma das limitações da técnica de papel
e lápis está em saber se a resposta do sujeito corresponde a sua real atitude.
2.2.4.2 Medição de atitudes afetivas
As atitudes de base afetiva resultam das emoções e dos sentimentos e não de um
exame racional das questões, pois não se norteiam pela lógica. Elas estão
freqüentemente ligadas a valores pessoais tais como: crenças religiosas e valores morais
básicos (SMITH, BRUNER e WHITE, 1956; KATZ, 1960; SNYDER e DEBONO,
1985; SCHWARTZ, 1992; MAIO e OLSON, 1998).
Dessa forma, as repostas afetivas podem ser captadas através da técnica de papel e
lápis, ou de outras técnicas elaboradas pela sociopsicofisiologia por meio de sinais
corporais: respostas naturais manifestas e escondidas, respostas condicionadas e as
falsas psicofisiológicas. Na primeira categoria, as atitudes são inferidas por meio dos
sinais posturais, das expressões faciais dos interlocutores (naturais), respostas cutâneas,
galvânicas da pele (escondidas), respostas pupilares ou da contração das fibras
musculares.
2.2.4.3 Medição de atitudes comportamentais
As atitudes comportamentais baseiam-se no fato de que as pessoas não sabem
como se sentem, até que observem como se comportam (BEM, 1972). Com isso, as
técnicas para mensurar atitudes de caráter comportamental ocorrem através da
observação de comportamentos reveladores de atitudes, ou de relatos de
comportamentos pela técnica de papel e lápis.
67
2.2.5 As Atitudes diante da Diversidade
O estudo das atitudes em relação às práticas de diversidade no contexto
organizacional torna-se relevante e justificável mediante o fato de se perceber que não
há na literatura uma expressão de unanimidade de aceitação por parte dos indivíduos em
relação a elas. Há quem reaja negativamente a essas práticas como há quem lute
intensivamente por sua efetividade, sejam elas decorrentes de ações afirmativas, de
programas, de projetos ou de um modelo de gestão em prol da diversidade.
Após uma vasta revisão bibliográfica foi possível identificar, sistematizar e
categorizar duas tendências psicológicas dos indivíduos frente a essas práticas. A Figura
VI apresenta uma proposta de modelo dessas atitudes em duas dimensões: 1) atitudes de
aceitação e de rejeição; 2) o sujeito dessa aceitação ou rejeição, ou seja, indivíduos
beneficiados pelas práticas de diversidade ou não beneficiados.
Atitudes de
aceitação
Atitudes de
rejeição
Indivíduos não beneficiados pelas
práticas de diversidade
Indivíduos beneficiados pelas
práticas de diversidade
Quadrante I
Quadrante II
Aceitação com base na crença na
justiça social
Aceitação com base no interesse pela obtenção
de ganhos.
Quadrante III
Quadrante IV
Rejeição com base na discriminação
reversa
Rejeição pelo receio do estigma
Figura VI: Atitudes diante da diversidade
A seguir, serão descritas cada uma dessas atitudes a partir das crenças que lhes são
subjacentes.
(a) Atitudes de aceitação dos indivíduos não beneficiados pelas práticas de diversidade.
Sob esse fator, as atitudes que os indivíduos desenvolvem diante das práticas
de diversidade são definidas pela crença na justiça social, ou seja, pelos limites
psicológicos que estruturam o aspecto moral de uma comunidade na sociedade.
68
As atitudes de um indivíduo, sob essa perspectiva, serão endossadas por crenças e
valores compartilhados de que mulheres, minorias visíveis e pessoas portadoras de
necessidades especiais são grupos que devem ser privilegiados ou favorecidos de
acordo com os recursos que têm (BEATON e TOUGAS, 2001).
O desenvolvimento dessas atitudes pressupõe o reconhecimento de que há
certos grupos sociais de indivíduos que são mais vulneráveis a serem excluídos
que outros (LIND e TYLER, 1988). Em um estudo conduzido por Nordstrom et
al. (1998), descobriu-se que considerações especiais foram dadas a pessoas
portadoras
de
necessidades
especiais
quando
elas
foram
avaliadas.
Especificamente, os resultados demonstram que recursos foram concedidos a elas,
tais como altos salários e contratações, quando comparados com outros candidatos
sem essas características.
As atitudes com base no escopo da justiça social são justificadas pela Teoria
de Dominância Social que ressalta a existência de uma hierarquia de importância
dos grupos sociais nas comunidades em que vivem. Ao serem orientados pela
perspectiva da dominância social, os indivíduos exercem valores que reconhecem
a não igualdade entre os grupos sociais e acabam preferindo os que estão na base
da hierarquia (SINADIUS et al., 1993).
Sob essas atitudes, existe a pressuposição de que alguns grupos têm
características inatas que os impossibilitam de serem avaliados e comparados a
outros com base no mérito, pois sairiam em desvantagens. O que contradiz os
objetivos gerais das práticas de diversidade que procuram reconhecer o status
ilegítimo de desvantagens dos grupos minoritários (BEATON e TOUGAS, 2001).
(b) Atitudes de aceitação dos indivíduos beneficiados pelas práticas de diversidade
Muitos estudos têm argüido que as atitudes de aceitação das práticas de
diversidade (e especialmente as ações afirmativas) são baseadas no interesse dos
indivíduos de que os grupos sociais aos quais pertencem, consigam obter ganhos e
minimizar desvantagens em relação a outros. Essa dimensão de atitudes é
justificada pela Relative Deprivation Theory, ou seja, na Teoria da Privação
Relativa.
69
A Teoria da Privação Relativa refere-se ao descontentamento que as pessoas
sentem quando comparam suas posições com a de outros similares e descobrem
que elas têm menos do que elas merecem (RUNCIMAN, 1966). Esse autor
ressalta que há quatro pré-condições para a privação relativa: a pessoa não ter
algo; a pessoa saber que outra pessoa tem esse algo; a pessoa querer ter esse algo
e a pessoa acreditar que obter esse algo é real.
Segundo Runciman (1966), há dois tipos de privação relativa: a egoísta
(causada pela não favorabilidade da posição social do indivíduo quando
comparado com outro, ou de membros de um grupo em relação a membros de
outro grupo) e a fraterna ou coletiva (causada pela não favorabilidade de um
grupo quando comparado a outro em maior vantagem).
A partir da abordagem de Runciman (1966) compreende-se que a teoria da
privação relativa é egoísta quando um indivíduo baseia-se no auto-interesse. Nesse
caso, o indivíduo acredita que deveria, por exemplo, ter sido promovido mais
rapidamente que outro; e a fraternalista é exemplificada por movimentos de
grupos em relação a outros.
A teoria de privação relativa baseada no auto-interesse costuma ser utilizada
na literatura para justificar a atitude de aceitação das práticas de diversidade por
parte dos indivíduos (TOUGAS et al. 1991). Isso porque um indivíduo que
desenvolve uma atitude com base no auto-interesse tenta maximizar ganhos e
prevenir perdas individuais. No entanto, estudos empíricos não confirmam que o
auto-interesse desempenhe papel importante na aceitação dos indivíduos às
práticas de diversidade (KINDER, 1986; MCCLENDON e PESTELLO, 1983).
Veilleux e Tougas (1989) ressaltam que reações de interesse dos indivíduos
às práticas de diversidade emanam mais dos interesses que esses possuem pelos
grupos sociais a que pertencem e das posições desses na sociedade do que de
preocupações pessoais, particulares. Os autores justificam-se com base na teoria
de privação relativa fraterna ou coletiva (RUNCIMAN, 1966).
Segundo Tougas, Beaton e Veilleux (1991), são as relações intergrupais que
promovem estratégias para melhorar a situação coletiva dos membros de grupos
sociais que estão em desvantagem.
Um membro de um grupo minoritário que sofre de desvantagem utiliza-se
primeiro de estratégias de mobilidade individual para melhorar a sua
condição. Contudo quando falha nesse objetivo ele torna-se convencido de
70
que seu status é coletivamente determinado e ilegítimo se considerado
particularmente. A partir desse ponto, ele passa então a acreditar que
estratégias coletivas têm precedentes sobre as individuais (Tougas, Beaton e
Veilleux. 1991, p.764).
Visto que as práticas de diversidade se propõem a eliminar barreiras para o
desenvolvimento de indivíduos de grupos minoritários, bem como empregar
tratamentos diferenciados para aumentar a representação desses grupos nas
organizações, torna-se plausível que sejam adotadas atitudes de aceitação dessas
práticas visando a esses fins.
Alguns estudos empíricos demonstram que mulheres que se sentiam
coletivamente privadas no trabalho somente foram favoráveis às práticas de
diversidade como estratégias para eliminar barreiras sistêmicas. Elas não
apoiaram os tratamentos diferenciados por considerarem que eles violam os
princípios de mérito (TOUGAS e VEILLEUX, 1988; 1989). Porém, em estudos
posteriores, descobriu-se que as mulheres passaram a ser favoráveis aos
tratamentos diferenciados das práticas de diversidade, por perceber que seus
esforços foram em vão (TOUGAS, BEATON e VEILLEUX, 1991).
Em decorrência de estudos realizados, os autores sugerem que os indivíduos
conscientes das desvantagens que os grupos sociais a que pertencem sofrem em
práticas de contratações, promoções e avaliações, expressam sua insatisfação
desenvolvendo atitudes favoráveis de aceitação das práticas de diversidade.
(c) Atitudes de rejeição dos indivíduos não beneficiados pelas práticas de diversidade
As atitudes que definem esse fator são as decorrentes da percepção dos
grupos de indivíduos que não são designados ou beneficiados pelas práticas de
diversidade. A importância em ressaltar essas atitudes está em compreender que
esses indivíduos enxergam tais práticas como ameaça (BEATON e TOUGAS,
2001).
Na literatura, essas atitudes são identificadas por fortes resistências de
grupos de indivíduos às práticas de diversidade, normalmente homens brancos,
porque se sentem vítimas, discriminados ou desfavorecidos em detrimento de
grupos de minorias, principalmente em períodos de recessão de empregos. Essa
predisposição a resistência é também denominada de “discriminação reversa”
(FAIR EMPLOYMENT PRATICE GUIDELINES, 2004).
71
De acordo com estatísticas, os grupos de mulheres e de minorias visíveis
apresentam crescimento de participação no ambiente de trabalho (JOHNSTON e
PACKER, 1987; OFFERMAN e GOWING, 1990). Além disso, as práticas de
diversidade têm melhorado as condições de ocupações de cargos de mulheres, de
minorias visíveis e de pessoas portadoras de necessidades especiais que outrora só
eram ocupados por homens brancos (cargos de chefia, de liderança e de direção)
(THOMASSON et al., apud BEATON e TOUGAS, 2001).
A rejeição às práticas de diversidade pelos homens brancos já foi constatada
em muitos estudos realizados em diferentes países, principalmente no que se
refere às desenvolvidas para atender aos preceitos legais, ou seja, as Ações
Afirmativas. (KIDDER et al., 2004; RICHARD e KIRBY, 1997; LECK e
SAUNDERS, 1996).
Recentemente, foi desenvolvida uma pesquisa para descobrir se a rejeição
dos homens brancos às práticas de diversidade era decorrente de uma
predisposição negativa às práticas que dão preferência a categorias de grupos por
si ou se ela tinha a ver com predisposições negativas anteriores (preconceitos) em
relação a negros (WILSON, 2006).
Os dados para realização dessa pesquisa foram obtidos por meio do General
Social Survey (DAVIS e SMITH, 2003) que avalia as atitudes dos indivíduos em
relação às preferências de contratação e de promoção das organizações
relativamente a negros e mulheres. A amostra foi de 325 homens e 405 mulheres.
O que Wilson (op. cit.) descobriu foi que as atitudes negativas de brancos são
expressas tanto em relação a negros, a mulheres e similarmente às práticas de
diversidade que dão preferências a grupos em geral. Embora o autor enfatize
limitações dos resultados obtidos, como a do tamanho da amostra, ele dá indícios
de que essas atitudes são decorrentes de um novo tipo de racismo originado com
as práticas de diversidade.
Segundo Wilson (2006), as atitudes em relação aos negros baseiam-se em
um racismo tradicional sobre a velha pressuposição de os negros pertencerem a
uma raça biológica inferior. No entanto, ele ressalta que as atitudes em relação às
práticas de diversidade são baseadas em uma nova forma de racismo, denominado
de “racismo simbólico”.
Por racismo simbólico entende-se uma atitude que revela uma predisposição
negativa de brancos em relação a políticas sociais de proteção ou que dão
72
preferências a categorias de grupos de indivíduos em geral e não só a negros
(TARMAN e SEARS, 2005). Tal atitude inclui ideologia política, atitude em
direção ao papel do governo, igualitarismo, estratificações ideológicas e assuntos
relacionados à justiça (KINDER e SEARS, 1981, KLUEGEL e SMITH, 1983;
FEDERICO e SINADIUS, 2002a, 2002b).
(d) Atitudes de rejeição dos indivíduos beneficiados pelas práticas de diversidade
As atitudes frente às práticas de diversidade podem ser de rejeição pelos
grupos de indivíduos designados ou beneficiados. Alguns estudos empíricos
realizados nos Estados Unidos constataram que as práticas legais de diversidade
costumam estigmatizar os indivíduos por eles beneficiados como menos
qualificados ou incompetentes, e isso mais atrapalha do que ajuda segundo alguns
autores (HEILMAN, BLOCK e LUCAS, 1992; NACOSTE, 1990).
As atitudes sob essa perspectiva são baseadas na crença de que os
indivíduos que são contratados com base em práticas de diversidade são menos
qualificados ou incompetentes porque tais práticas não atribuem a qualificação
como o critério máximo para contratá-los, como é feito normalmente (KELLEY e
MICHELA, 1980). Isso pode minimizar o potencial dos indivíduos submetidos a
essas práticas. Mesmo que os indivíduos tenham competência, eles não serão
“vistos” por outros sob esse prisma.
Após a realização de uma pesquisa, Heilman e Alcott (2001) sugerem que o
estigma de incompetência atribuído aos indivíduos, beneficiados pelas práticas de
diversidade que não priorizam a qualificação como critério de avaliação, se
origina na contratação, mas persiste durante o desenvolvimento da carreira dos
mesmos na organização. Esse estigma enviesa o processo de tomada de decisão
sobre promoções por parte dos dirigentes que os concebem como pessoas menos
qualificadas em relação a outros.
No entanto, os autores dessa pesquisa observam que o estigma de
incompetência somente ocorre quando os grupos de minoria já possuem um
estereótipo negativo, pois esse estigma não acontece com os estadunidenses
descendentes de asiáticos.
73
2.3 A justiça organizacional
2.3.1 A Justiça organizacional: breve resgate histórico na Psicologia Social
Desde a década de 1960, a Psicologia Social da Justiça vem se preocupando em
demonstrar o papel que os valores, crenças e sentimentos têm sobre a definição do que é
justo ou injusto sobre as ações humanas. Os estudos sociopsicológicos sobre justiça
revelam que os julgamentos sobre o que é justo e merecido, sobre direitos e deveres,
sobre o certo e o errado estão na base dos sentimentos, atitudes e comportamentos das
pessoas em interações com os outros (ASSMAR et al., 2005).
O foco desses estudos são os significados subjetivos de justiça. Esses são obtidos
a partir do que as pessoas percebem como justo e injusto e como tais percepções são
explicadas por elas, que não se justificam necessariamente por referência a padrões
particulares de conduta definidos em fontes objetivas, tais como autoridades religiosas,
legais ou políticas (TYLER et al. 1997).
No contexto empresarial e de trabalho, os estudos de justiça têm a sua origem em
1987, sob a designação de justiça organizacional, termo cunhado por Jerald Greenberg.
Esses estudos tiveram por objetivo investigar as concepções, percepções e reações à
justiça ou injustiça por parte dos empregados em relação às organizações em que
trabalham (ASSMAR et al., 2005).
De acordo com Beugré (1998), o estudo da justiça organizacional é importante por
três motivos: a justiça é um fenômeno psicossocial e penetra na vida social e
organizacional; o ativo mais importante de qualquer organização é a sua força de
trabalho e o modo como ela é tratada afeta suas atividades e comportamentos
subseqüentes, como o comprometimento, confiança, desempenho, rotatividade,
agressão; o movimento em direção a uma força de trabalho mais qualificada faz supor
que os trabalhadores mais habilitados passem a reivindicar não apenas bons empregos,
mas também tratamento digno e respeitoso dentro de suas organizações.
74
As investigações sobre a justiça organizacional vêm sendo realizadas sob
diferentes abordagens de acordo com as dimensões que são atribuídas ao termo e serão
apresentadas nas subseções a seguir.
2.3.2 Dimensões de justiça organizacional
Pesquisadores em geral têm utilizado duas dimensões para definir a justiça
organizacional: a distributiva relacionada à satisfação de resultados e a processual
relacionada aos processos desenvolvidos na organização. O principal critério para
distingui-las está em verificar se a percepção do indivíduo está focada nos fins (nos
resultados que o beneficiam ou não) ou nos meios realizados para a obtenção dos fins
(nos procedimentos, nas políticas ou qualquer outro meio utilizado para a obtenção do
fim) (GREENBERG, 1987).
Embora na literatura prevaleçam conceitos de justiça organizacional voltados para
as facetas distributiva e processual, estudos empíricos recentes, inclusive brasileiros,
têm dado ênfase a duas outras dimensões: a interacional e a informacional (REGO,
2000; MENDONÇA e TAMAYO, 2004; ASSMAR et al., 2002; SILVA, ALMEIDA e
CARVALHO, 2005; NOWAKOWSKI e CONLON, 2005). Embora alguns autores
compreendam que essas dimensões são ramificações da justiça processual
(CROPANZANO e GREENBERG, 1997; KONOVSKY E CRONPANZANO, 1991),
outros entendem que são construtos que precisam ser tratados diferenciadamente
(REGO, 2000; COHEN-CHARASH e SPECTOR, 2001; COLQUITT, 2001;
RANDALL et al.1999; MASTERSON et al. 2000). Para Colquitt (2001) a justiça
interacional, inclusive, é desmembrada como interpessoal e informacional (ver Quadro
III).
75
Dimensões/Facetas
Justiça Distributiva
Caracterização
Focaliza-se no conteúdo, isto é, na justiça dos fins
alcançados ou obtidos.
Justiça Processual
Focaliza-se no processo, ou seja, na justiça dos meios
usados para alcançar os fins.
Justiça Interacional (Interpessoal)
Incide sobre o grau em que o superior adota um
tratamento digno e respeitador para com os seus
colaboradores.
Justiça Interacional (Informacional)
Centra-se no grau em que o superior fornece
informações e explica/justifica as decisões que afetam
as pessoas.
Quadro III: Dimensões de Justiça
Fonte: REGO, Armênio. Comprometimento Afectivo dos Membros Organizacionais: O Papel das
Percepções de Justiça. RAC, v.6, maio/ago 2002: 209-241, p. 216
Cada um dos tipos de dimensão de justiça possui uma definição própria com
características que delineiam diferentes concepções sobre o que é e o que não é justo no
contexto organizacional. A partir do que é considerado justo, as pessoas procuram
regularizar suas interações com outros (COLQUITT, 2001). Acontece, porém, que
diante de um mesmo fenômeno organizacional podem acontecer diferentes percepções
de justiça que podem desencadear diferentes atitudes e comportamentos por parte dos
indivíduos e entre eles.
Quando o indivíduo percebe algo como inapropriado ou injusto significa dizer que
as suas crenças foram transgredidas e a percepção de seus direitos foi violada, seja
como resultado de uma ação ou omissão de algum agente (FOLGER, 1986). Em
decorrência disso, podem acontecer comportamentos inadequados tais como: roubo,
sabotagem, retaliação e diminuição do desempenho (GREENBERG, 1990; MIKULA e
WENZEL, 2000).
Em virtude do caráter multifacetado da justiça organizacional, compreender o que
define cada tipo de dimensão de justiça, isto é, compreender a natureza de cada uma
delas é o primeiro passo para tentar compreender as várias possíveis ações e reações
desencadeadas.
76
2.3.2.1 Justiça distributiva
A justiça distributiva foi o primeiro construto estudado por psicólogos para avaliar
a imparcialidade ou justiça no ambiente de trabalho. Ela advém dos estudos de Homans
(1961) relacionados à justiça. Para esse autor, o homem espera receber suas
recompensas de forma proporcional às relações de troca que estabelece com seus
colegas de trabalho: uma relação econômica, de forma que as recompensas ou o lucro
crescem de acordo com os investimentos e os custos.
Quando a proporção de suas recompensas é igual, e percebido por todas as
partes, a proporção de suas contribuições, então a distribuição de
recompensa é dita imparcial, justa ou eqüitativa (Homans, 1961).
No contexto organizacional, o conceito de justiça distributiva foi elaborado por
Adams (1963) e pode ser entendida, a priori, como a percepção de justiça sobre as
recompensas que alguém recebe de uma troca ou de uma interação social
(NOWAKOWSKI e CONLON, 2005). No entanto, o termo justiça distributiva não se
restringe a uma única definição. Para Deutsch (1985:31) “a justiça distributiva é vista
não simplesmente pela distribuição econômica de recompensas, mas também pela
distribuição de condições e recompensas que afetam o bem-estar, que incluem aspectos
psicológicos, fisiológicos, econômicos e sociais.”
Não há uma única definição para a justiça distributiva. Por meio de um estudo
taxonômico é possível identificar as mais representativas definições atribuídas a esse
termo a partir das diferentes dimensões que o delimitam (SABBAGH, 2002).
Fundamentalmente, o que as diferencia são os princípios e os valores que regulam a
distribuição dos recursos sociais entre os indivíduos e os grupos.
As definições de justiça distributiva quanto a suas dimensões podem ser
delimitadas a partir de concepções baseadas na: macro-justiça ou micro-justiça;
unidimensionalidade ou multidimensionalidade (ver Quadro IV). As combinações
dessas dimensões originam quatro grupos e definições diversas: a unidimensionalmacro (Abordagem Utilitarista); a multidimensional-macro (Teoria da Justiça de
Rawls’); a unidimensional-micro (Teoria da Eqüidade) e a multidimensional-micro
(Teoria de Miller - Abordagem do Multiprincípio) (SABBAGH, 2002).
77
Dimensões
Macro Justiça
( foco no social)
Micro Justiça
(foco no indivíduo)
Unidimensional
Multidimensional
• Teoria do Utilitarismo
• Teoria da Igualdade
Princípio:
Utilidade
Princípios:
Igualdade de Liberdade e
Igualdade de Oportunidade
• Teoria da Eqüidade
• Teoria do Multiprincípio
Princípio:
Mérito
Princípios:
Eqüidade
Igualdade
Necessidade
Quadro IV: Dimensões da justiça distributiva
Fonte adaptada: SABBAGH, C. A Taxonomia das Teorias da Justiça Distributiva Normativa e, as
empiricamente orientadas, social. Justice Research, v. 14, nº 3, sep, 2002.
As definições de justiça distributiva sob uma dimensão de macrojustiça são
formuladas com base em princípios que enfatizam o social. A justiça é vista sob a
virtude das instituições (BARRY, 1989). O princípio de “salário mínimo”, por exemplo,
é de macrojustiça porque ele não leva em consideração características individuais, mas
o que vale para um todo (BRICKMAN et al. 1981, p. 175).
As definições de justiça distributiva sob uma dimensão de microjustiça enfatizam
por sua vez a relação estabelecida entre os indivíduos ou na justiça concebida como uma
virtude das pessoas (BARRY, 1989, p.354-357). Elas são formuladas com base em
princípios focados nos indivíduos. Suas aplicações são condicionadas pela avaliação das
características pessoais e pela correspondência entre essas características e as
recompensas conferidas aos indivíduos (BRICKMAN et al. 1981).
A dimensão unidimensional da justiça distributiva assume um único princípio
como regra geral para a distribuição de recursos (o dinheiro, o poder e o prestigio
distribuídos pelo princípio da igualdade). Ela defende a idéia de que um único princípio
é válido para todos os tipos de sociedade e é atemporal. (DEUTSCH, 1985)
As dimensões multidimensionais da teoria de justiça distributiva assumem a
existência de múltiplos princípios correspondentes à distribuição de todas as classes de
recursos. Admite-se que cada recurso tem um significado diferente afetando o princípio
de justiça a ser adotado para a sua distribuição cujos esforços podem ser apropriados
para a distribuição de dinheiro e de serviços de saúde.
78
A partir de uma visão multidimensional, o significado de justiça não é associado a
uma verdade, mas a um tipo de criação que resulta da especificidade histórica e das
condições contextuais que modelam sua forma e significado (SCHMIDIT, 1994).
Concebe-se que a natureza da percepção da justiça é determinada por crenças individual
e socialmente construídas (CALDWELL et al. 2001; COLQUITT, 2001).
Teorias exemplares das múltiplas dimensões que caracterizam a justiça
distributiva são citadas na literatura. Cada um delas apresenta um princípio ou mais de
um princípio regulador como fator determinante da sua definição e natureza. No
contexto organizacional, prevalecem as teorias de natureza unidimensional micro e
multidimensional micro e macro que serão descritas a seguir.
2.3.2.1.1 Teoria do Utilitarismo com foco no social
Pressupõe a validação da utilidade como um único e universal princípio para
assegurar que a distribuição de recursos sociais seja justa mais na estrutura da sociedade
do que no nível individual (Teoria Macro-Unidimensional Normativa). O princípio da
utilidade está baseado nos valores básicos da vida humana – felicidade e bem-estar.
Portanto, uma atividade ou política que inclua a distribuição de recursos sociais será
justa se maximizar a utilidade entre as pessoas na sociedade (SABBAGH, 2002).
Utilitaristas clássicos definem a promoção da utilidade – ou felicidade em termos
hedonísticos, isto é, que maximizam o prazer, desenvolvem o eu e minimizam o
sofrimento (BENTHAM, 1948, MILL, 1980). Mill (1980) considera prazer como um
dos componentes da felicidade – que também depende da realização de outros valores e
virtudes tais como: beleza, realização artística e habilidade intelectual.
Utilitaristas contemporâneos definem a promoção da utilidade em termos de
preferências pessoais ou desejos. (HARE, 1978, 1982 e JON HARSANYI, 1976). Esta
concepção está relacionada à autodeterminação com respeito ao bem-estar e felicidade.
O grau de justiça em uma dada distribuição de resultados pode ser avaliado de acordo
com a soma total de utilidades (ou a média de pessoas que usufruem dessa utilidade).
79
Como uma teoria macro unidimensional ela não foi aplicada no contexto
organizacional, apresentando um cunho mais filosófico.
2.3.2.1.2 Teoria da Eqüidade com foco no indivíduo
Define-se como uma teoria de justiça unidimensional micro. A teoria da eqüidade
defende o princípio de que todos têm o mesmo direito desde que seja proporcional aos
esforços diante do desempenho realizado, ou seja, do mérito. O mérito é usualmente
baseado nas características presentes ou passadas dos indivíduos e não no futuro. Dessa
forma, as pessoas comparam sua taxa ou referência de esforços para determinar se os
resultados que elas têm recebido por seus esforços são ou não justos.
As três principais regras derivadas desse princípio são usualmente: (a) esforços,
(b) contribuição atual e (c) habilidade. Sob essas regras, distribuições desiguais são
legitimas e diferentes recompensas devem ser proporcionais ao mérito, isto é, ao
empenho de cada indivíduo. Sob o princípio da eqüidade o que se espera dos indivíduos
é que eles sejam produtivos, não há muita preocupação com a interação entre eles.
(SABBAGH, 2001).
De acordo com essa teoria, trabalhadores se sentem menos produtivos e
ressentidos se forem menos recompensados do que outros que não desempenharam os
mesmos esforços, e ainda assim, foram mais recompensados. Por outro lado, os
trabalhadores que desempenharam mais esforços se sentem mais produtivos, porém
culpados. Trabalhos empíricos confirmam essa suposição (ADAMS, 1965).
Duas considerações precisam ser feitas quanto à justiça distributiva baseada na
eqüidade (NOWAKOWSKI e CONLON, 2005). Primeiro, existem múltiplas
operacionalizações para o termo eqüidade. Um número grande de definições existe para
eqüidade, tais como performance, direito adquirido, isto faz com que ele seja ambíguo.
O que pode ser considerado justo dependerá da alocação em favor das próprias pessoas
(BABCOCK, LOEWENSTEIN, ISSACHAROFF e CAMERER, 1995).
80
2.3.2.1.3 Teoria da Igualdade com foco no social
Define-se como uma teoria de justiça multidimensional macro. Ela tem como seu
maior representante John Rawl’s. Ela defende a idéia de dois princípios distributivos de
igualdade de liberdade e igualdade de oportunidade como sendo os que oferecem a
estrutura básica para assegurar a sociedade uma distribuição democrática e justa de
recursos sociais.
1. Cada pessoa tem igual direito para o mais extensivo esquema de igual
liberdade básica compatível com um similar esquema de liberdade para
todos.
2. Desigualdades sociais e econômicas encontram-se sob duas condições:
elas devem (a) enaltecer benefícios aos membros da sociedade que estão em
menos vantagem (Máximo critério de eqüidade) e (b) designar às repartições
posições abertas para todos sob condições de justa igualdade de
oportunidade. (RAWL’S, 1974, p.142)
A teoria desse autor assume que as instituições - políticas, econômica, legais e
sociais têm um papel central na regulamentação da distribuição de benefícios e
obrigações sociais entre os membros da sociedade e na determinação de suas chances na
vida. Benefícios básicos como: liberdade, poder e autoridade, saúde e educação são
desejados por indivíduos e necessários para a realização de suas práticas de vida. O
caráter macro dessa abordagem está em focar que igualdade de liberdade e de
oportunidade advém dos grupos socialmente instituídos.
2.3.2.1.4 Teoria do Multiprincípio com foco no indivíduo (eqüidade, igualdade e
necessidade)
A teoria da eqüidade foi rejeitada por um grupo de sociólogos que enfatizaram
que ela não seria satisfatória ao não considerarem fatores sociais e institucionais que
pudessem influenciar os processos de distribuição de recursos. Sob essa ótica, ela foi
concebida como reflexo do modelo de cultura dominante da civilização ocidental,
especialmente a capitalista, que alimenta o instrumentalismo, o individualismo e a
81
competição, sendo, portanto, o ideal da classe média em um contexto social e histórico
(SAMPSON, 1975; DEUTSCH, 1985).
Em contraposição à teoria da eqüidade, surge a Teoria do Multiprincípio
(MILLER, 1976) com nova proposta para regular a distribuição de recursos sob outros
parâmetros. Como uma teoria multidimensional ela propõe três princípios
independentes e distintos para diferentes tipos de sociedade. O primeiro enfatiza os
direitos pessoais, derivado de David Hume e sua idéia de natureza humana, o segundo
no mérito pessoal, derivado de Herbert Spencer e sua visão de sociedade como um
mercado competitivo e o terceiro na necessidade, conforme as idéias de Peter
Kropotkins e sua concepção de sociedade como uma comunidade baseada na
solidariedade.
A partir dessa abordagem, concebe-se que não há um único princípio válido que
possa regular a distribuição de recursos sociais em todos os tipos de sociedade. “Os
princípios considerados justos que regulam a distribuição de recursos nas sociedades de
mercado (ou capitalistas) típica de países ocidentais são voltados tanto para o mérito
quanto para a necessidade. Esses princípios são independentes, distintos e podem
conflitar um com o outro” (SABBAGH, 2001, p.252).
A teoria do multiprincípio para distribuição de recursos enfatiza que o
comportamento das pessoas não somente é motivado por considerações racionais de
auto-interesse (como a teoria da eqüidade), mas também por considerações justas ao
bem estar e a felicidade de outros mesmo que custe o autosacrifício (LERNER, 1975;
SCHWINGER, 1980).
Com isso, a justiça distributiva pode ser concebida como um fenômeno
multidimensional em que prevalecem três princípios básicos: o da eqüidade, o da
igualdade e o da necessidade – ao lado dos quais são considerados sob determinadas
regras de acordo com o que as pessoas acham justo na distribuição de recursos. Esses
diferentes princípios de justiça são utilizados separadamente ou combinados, de acordo
com a distribuição das diferentes classes de recursos e em diferentes contextos sociais
(DEUTSCH, 1985, LERNER, 1975; LEVENTHAL, 1976, SAMPSON, 1975).
Sob essa abordagem, o conceito de justiça distributiva, baseado na teoria da
eqüidade é explicado a partir de determinado contexto e não com caráter universal. E a
teoria da igualdade é explicada sob o ponto de vista do interesse do indivíduo pelo
coletivo ou do seu interesse por grupos sociais e não por interesses particulares.
82
Igualdade nesse sentido significa que diferentes membros de um grupo têm
valores iguais enquanto indivíduos e criam condições ótimas para a manutenção da
mútua auto-estima. A igualdade de resultados enfatiza um destino comum para os
membros, promovendo dessa forma à solidariedade, a cooperação e a harmonia
(LERNER, 1975; SCHWINGER, 1980).
Estudos empíricos foram realizados para verificar as condições sob as quais as
pessoas proativamente empregaram várias normas de justiça diante da não equivalência
de pagamentos (GREENBERG e LEVENTHAL, 1976). Os autores descobriram que as
pessoas, ao empregarem essas normas, elas estavam considerando o resultado grupal
mais importante do que o resultado individual, cujos esforços de todos e os resultados
deles provenientes devem ser avaliados de forma idêntica.
A teoria da necessidade sob a ótica da Teoria do Multiprincípio pressupõe que a
distribuição de recursos sociais deverá ser feita de acordo com as necessidades
individuais. Esse princípio luta, não só por reduzir o sofrimento individual, que deriva
da incapacidade das pessoas de satisfazer suas próprias necessidades básicas, por
exemplo, as físicas, mas também das necessidades secundárias tais como a de
desenvolvimento intelectual e emocional (DEUTSCH, 1985).
Schwartz (1975) enfatiza que esse princípio é relatado por normas humanistas
preocupadas com o bem-estar do ser humano e por normas de responsabilidade social
que se referem a responsabilidade por outros, mesmo que não se tenha contato com eles.
O princípio da necessidade é freqüentemente aplicado em legislações sociais voltadas
para uma proteção aos trabalhadores, leis de salário mínimo, seguro saúde e de
desemprego.
Há evidências de que a igualdade e a necessidade podem ser preferidas tanto em
situações em que haja maior intimidade e afeição entre os indivíduos (GREENBERG,
1983, HOCHSCHILD, 1981; PETERSON, 1987) quanto em situações em que
participantes não são mutuamente atraídos e nem interagem muito bem uns com outros
(ELLIOT e MEEKER, 1986; LAMM e SCHWINGER, 1983). Quanto à eqüidade, ela é
preferida sob normas que exijam produtividade, típicas das sociedades capitalistas
(STAKE, 1983; DEUSTCH, 1985; GRENBERG, 1989; SAMPSON, 1975).
83
2.3.3 Justiça processual
A justiça distributiva, durante toda a década de 1960 e metade da década de 1970,
foi sinônimo de justiça organizacional. No entanto, no início da década de 1970, um
time de pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, John Thibaut e Laurens
Walker (1975) estudando indivíduos que estavam em disputa de interesses e sob a
resolução de procedimentos legais de um terceiro perceberam que esses indivíduos não
reagiram meramente aos resultados recebidos, mas também ao processo pelo qual eles
receberam seus veredictos.
A grande descoberta desses pesquisadores em meio a procedimentos de natureza
legal, cuja prioridade não era a disputa pela “verdade” como a estabelecida entre
cientistas, mas por uma “justa” solução (THIBAUT E WALKER,1975), foi perceber
que os indivíduos apresentaram impactos de satisfação diferentes diante dos processos e
decisões adotadas pela corte e diante dos resultados obtidos.
Os indivíduos ficaram tanto mais satisfeitos com os resultados obtidos e os
consideraram justos, quanto mais eles tiveram oportunidades de exercer a voz, de
exercer a influência ou algum controle sobre a decisão e sobre os processos adotados.
O controle sobre a decisão é mesurado à medida que um dos participantes do
conflito de interesses pode unilateralmente determinar a o resultado da
disputa (...).Controle sobre o processo refere-se ao controle sobre o
desenvolvimento e seleção de informações que constituirão a base para a
resolução do problema (THIBAUT E WALKER, 1975, p.546).
Muitos estudos empíricos têm confirmado essa afirmação (FOLGER e
GREENBERG, 1985; TYLER e FOLGER, 1980, TYLER e CAINE, 1981). Constata-se
por alguns experimentos que procedimentos que dão voz aos participantes diante de
tomadas de decisão aumentam as chances de aceitação dessas decisões mesmo que elas
sejam desfavoráveis para eles. (LATOUR, 1978, LIND et al., 1980).
Essa pesquisa conduziu ao desenvolvimento do construto de justiça processual,
definido como a percepção justa do significado ou dos procedimentos adotados para a
determinação de resultados (CROPANZANO e AMBROSE, 2001; VISWESVARAN e
ONES, 2002). Sob essa definição. o controle dos participantes na tomada de decisão é o
principal critério que delimita o conceito, no entanto, os princípios que lhes são
84
subjacentes, ou seja, os valores predominantes tornam-se evidentes com os estudos das
razões que embasam essas atitudes dos indivíduos.
Dois estudos relevantes para o contexto organizacional explanam sobre as razões
que levam os indivíduos a perceberem os processos e decisões sobre os quais exercem
algum controle como mais justos e com maior satisfação. Trata-se do modelo baseado
no auto-interesse e o modelo baseado na valorização do grupo (Group-Value Model)
(ver Quadro V).
a) Justiça Processual
Reativa
b) Justiça Processual
Proativa
Modelo de Auto-Interesse
Group-Value Model
Princípio:
Auto-interesse
Princípio:
Interesse pelo grupo
Princípio:
Normativo
Quadro V: Dimensões da justiça processual
Fonte: Thinbaut e Walker, 1975; Tyler, 1987; Tyler, Rasinski e Spodick, 1985; Leventhal, 1980.
O primeiro modelo explica o fenômeno da justiça processual em decorrência do
auto-interesse dos próprios indivíduos. Os indivíduos ao sentirem que têm um
determinado controle sobre os processos da organização acreditam aumentar as chances
de obter resultados mais favoráveis para si mesmo (TYLER, 1987). Sob esse modelo,
sobressai-se enquanto princípio ou valor subjacente o interesse individual.
O segundo modelo estrutura-se no desejo dos indivíduos em serem ouvidos, em
terem os seus pontos de vista colocados, mesmo que eles não determinem tomada de
decisão (TYLER, RASINSKI e SPODICK, 1985). Nesse sentido, o que se torna
importante para os indivíduos não é ter o controle sobre a decisão em si, mas da
valorização da expressão de pensamento (TYLER, 1987a). Essa é a idéia básica que
compõe o Group-Value Model (GVM) que estipula que as pessoas valorizam relações
duradouras com grupos (sejam eles pequenos ou grandes grupos) e isso conduz a
valorização de procedimentos que valorizem e promovam a expressão de voz. Sob esse
modelo se sobressai enquanto princípio ou valor do interesse pelo grupo.
O modelo de valorização do grupo sugere que as pessoas nas organizações
tendem a conceber suas relações com grupos, com autoridade e instituições
de uma forma que elas sejam duradouras. Pessoas esperam que as
organizações se utilizem de tomadas de decisão e de procedimentos neutros
decretados por autoridades que sejam dignas de confiança para que, todo o
85
tempo, todos os membros dos grupos sejam beneficiados de maneira justa por
serem membros dos grupos. Elas também esperam que os grupos e as
autoridades as tratem de uma forma que afirmem a sua auto-estima por
indicar que elas são valorizadas enquanto membros de grupos a partir de um
tratamento merecido com base no respeito, dignidade e polidez (TYLER,
1989: pp837).
Sobre o modelo de auto-interesse, Greenberg (1986b) descobriu que pessoas
acreditam que os resultados de procedimentos considerados injustos são assim porque
são injustos para elas. Em contraste, pesquisas demonstram que decisões justas foram
mais fortemente associadas àquelas representantes do interesse de todos os membros do
grupo cujos resultados pudessem favorecer cada um dos membros do grupo em
particular (MILLER, JACKSON, MUELLER a SCHERSCHING, 1987). A
consideração dos pontos de vista dos grupos e a fé em autoridades foram variáveis
identificadas nem estudos com cidadãos de Hong Kong (LEUNG a LI’S, 1990). Isso
demonstra que “os valores com base no auto-interesse ou no interesse do grupo podem
variar em situações e culturas diferentes” (GREENBERG, 1990; p.409)
Uma outra perspectiva sobre a justiça processual foi elabora por Leventhal (1980).
Ao empenhar-se na identificação das razões estruturadas nos processos de tomadas de
decisão quanto à distribuição de recompensas, acabou desenvolvendo uma abordagem
que teve como foco a construção de um referencial em busca da imparcialidade na
distribuição
de
resultados.
Essa
abordagem
é
classificada
como
proativa
(GREENBERG, 1987), pois não se trata de uma reação dos indivíduos ao que é
considerado injusto, mas de uma ação normativa a ser desenvolvida para minimizar essa
percepção de injustiça.
A Teoria de Preferência de Distribuição (LEVENTHAL, 1980) propõe
indicadores que as pessoas podem utilizar para realizar justiça: a) seguir oportunidades
para selecionar o agente de tomada de decisão; b) seguir regras consistentes; c) estar
baseado em informações rigorosas; d) identificar a estrutura do poder da tomada de
decisão; e) empregar-se de cuidados contra viés; f) seguir ao apelo de ser ouvido; g)
oferecer oportunidades de mudanças a serem feitas em processos; e h) estar baseado em
modelos em que prevalecem a moral e a ética. Alguns estudos empíricos confirmam a
abordagem de Leventhal (SHEPPARD e LEWICKI; GREENBERG 1986a; FRY e
CHENEY, 1981; FRY e LEVENTHAL, 1979).
86
2.3.4 Justiça interacional
Uma das mais recentes perspectivas de justiça organizacional é a interacional.
Para alguns autores ela é apenas uma outra perspectiva da justiça processual
(CROPANZANO e GREENBERG, 1997; GILLILAND, 1993), mas para outros autores
ela é um construto independente (COLQUITT, 2001; COHEN-CHARASH e
SPECTOR, 2001).
A justiça interacional foi sugerida por Bies e Moag (1986) que ilustram
preocupação sobre a justiça na tomada de decisão por meio do comportamento adotado
em meio ao desempenho dos procedimentos. Sob a perspectiva desse tipo de justiça
organizacional procedimentos podem ser percebidos de formas diferentes por parte dos
funcionários dependendo da maneira como eles foram desempenhados ou implantados
(NOWAKOVSKI e CONLON, 2005).
Nesse sentido, o que se torna relevante nessa perspectiva de justiça não é na
estrutura dos procedimentos adotados, se são legais ou não. O foco centra-se na
percepção de justiça do tratamento concedido pelos agentes da organização àqueles que
estão sujeitos a suas autoridades, a suas decisões e ações, e também, na maneira como
esses sujeitos reagem a essas percepções (WOOTEN e WHITE, 1999).
Bies (1986) ao perguntar aos estudantes de MBA uma lista de critérios que eles
usariam para avaliar o grau de justiça nos procedimentos adotados pelas organizações
em processo de seleção, obteve como respostas as atitudes de honestidade, de cortesia,
de retorno de resultados e de respeito. Corroborando com esses resultados, outras
pesquisas demonstram que a qualidade do tratamento interpessoal recebido por parte
das pessoas é também um determinante na avaliação de justiça (BARRET-HOWARD e
TYLER, 1986).
Com base no Group Value Model (GVM) de Tyler et al. (1996), hipotetiza que as
percepções de justiça interacional transmitem mensagens simbólicas da aceitação ou
marginalização do indivíduo pelo grupo em que está inserido e do grupo pelo indivíduo,
ou seja, quanto se sente respeitado e orgulhoso perante seu grupo, desde as autoridades
até seus principais representantes. Essas hipóteses são derivadas da Teoria da Identidade
Social – SIT (TAJFEL e TURNER, 1979).
87
Baseados no GVM, Tyler e Smith (1998) propõem que os indivíduos que se
identificam com o grupo tendem a avaliá-lo de forma positiva, tendem a internalizar o
ponto de vista de seus objetivos, consciente ou inconscientemente, misturando seus
interesses com os interesses dele.
Se pessoas recebem resultados injustos, são sujeitas a um tratamento rude ou
insensível, essas experiências comunicam status social de marginalidade. O
contrário, se pessoas recebem tratamento justo de outros, são tratadas com
respeito (...) elas se sentem valorizadas pelo grupo (TYLER e SMITH, 1998,
p.612).
Conforme Sousa e Vala (2002, p.101), “as percepções de justiça interacional estão
relacionadas com a identidade, isto é, com a influência do relacionamento do indivíduo
com o seu grupo: tratamentos justos comunicam respeito e valor, isso faz aumentar a
auto-estima e alimentam a aceitação da autoridade e suas normas.”Dessa forma,
tratamentos que revelam a aceitação ou a marginalização dos indivíduos por parte da
organização, tais como respeito ou desrespeito, tornam-se os princípios reguladores
desse tipo de percepção de justiça.
A mais recente conceitualização de justiça organizacional sugere que a justiça
interacional estrutura-se não só por meio da percepção do indivíduo com relação ao
tratamento recebido pela organização, mas também pelas explicações oferecidas por
esta em tomadas de decisão (COLQUITT, 2001). O critério para avaliar essa percepção
está “no que” é dito aos indivíduos durante um processo de tomada de decisão e “no
como” é dito, independente dos resultados obtidos. Dessa forma, a justiça interacional é
desmembrada em justiça interpessoal e justiça informacional. Por essa razão, essa
última será definida separadamente.
2.3.5 Justiça informacional
A partir de um amplo estudo de meta-análise de 183 artigos publicados, entre
1976 e 2001, sobre as várias perspectivas de justiça organizacional e resultados
organizacionais, Colquitt (2001) descobriu que justiça informacional não é uma
88
característica nem da processual (GREENBERG, 1987) nem da interacional (BIES e
MOAG 1986), mas um construto independente.
Pesquisas têm sugerido que as percepções de justiça dos indivíduos nas
organizações são influenciadas tanto pelo tratamento que as organizações lhes
concedem em tomadas de decisão (BIES e MOAG 1986) quanto pelas explicações para
essas decisões (COLQUITT, 2001).
Dessa forma, a justiça informacional diz respeito ao tipo de dimensão de justiça
que foca na explicação oferecida pelas organizações sobre as tomadas de decisões,
sobre o como e o porquê que algumas decisões são tomadas e distribuídas por um
determinado caminho (NOWAKOVSKY e CONLON, 2005). Bies e Moag (1986)
identificam a provisão de adequadas explicações para as decisões tomadas nas
organizações como os principais princípios desse tipo de justiça organizacional.
De
acordo
com
Spitzer
(1956)
decifração,
declaração,
interpretação,
esclarecimento, resposta são alguns dos termos análogos à palavra explicação. “A
explicação é um termo que implica em revelar as razões ou a causa de alguns eventos
que não são imediatamente óbvios ou inteiramente conhecidos” (Apud, SHAW, WILD
e COLQUITT, 2003, p.445).
Pelo estudo da taxonomia das explicações, compreende-se que há dois tipos de
explicações: a desculpa e a justificação (SCOTT e LYMAN’S, 1968). Desculpas são
definidas como explicações em que a tomada de decisão admite que o ato em questão
seja desfavorável ou inapropriado, mas nega a responsabilidade por citar uma causa
externa ou circunstância mitigante como motivo. As justificativas por sua vez são
aquelas em que o tomador da decisão aceita a total responsabilidade, mas nega que o ato
em si seja inapropriado em vista de um objetivo maior. Elas são razões sociais que
consistem em explicações dadas em função de uma ação tomada a fim de administrar
reações dos indivíduos afetados por essas ações (SCOTT E LYMAN, 1968).
Enquanto as desculpas estão mais relacionadas às conseqüências inesperadas, as
intenções, a volição, ao planejamento e a avaliações causais ou mitigantes dos
indivíduos; as justificativas estão mais relacionadas aos objetivos de ordem social, a
autoridade, a ideologia, ao cumprimento de normas e a avaliações ideológicas ou
exoneradas (BIES 1989, SITKIN e BIES, 1993).
Pesquisas têm demonstrado que justificativas ajudam a amenizar reações
negativas e diminuem a repercussão negativa que frequentemente se seguem as notícias
ruins no ambiente de trabalho (BIES, 1987; BIES e MOAG, 1986; SHAPIRO, 1991).
89
Portanto, explicações cognitivas ajudam aos indivíduos a tomarem consciência do que
está acontecendo com eles na organização (WEICK, 1995).
O estudo sobre justiça informacional revela que quanto mais houver razões que
justifiquem as tomadas de decisão no mundo corporativo, mais elas serão vistas de
forma positiva e melhores serão os tratamentos concedidos a ela por parte dos
funcionários em uma organização (BIES e SHAPIRO, 1988; GREENBERG, 1990a).
No entanto, um estudo meta-analítico de revisão dos efeitos das explicações nas
organizações (SHAW, WILD e COLQUITT 2003) revela que as desculpas utilizadas
em situações geradoras de resultados desfavoráveis e em contextos com pesado aspecto
instrumental (econômico/financeiro), o aspecto relacional (interação grupal) e o de
implicações morais podem ter explicações mais bem utilizadas do que as justificativas.
Pesquisas acadêmicas têm verificado as razões para a ausência de explicações
adequadas para os resultados organizacionais (KONOVSKY e CROPANZANO, 1991,
GREENBERG, 1990). Explicações têm sido inadequadas por três motivos:
inconsistência dos dados apresentados, incertezas no conteúdo apresentado mais
próximas de desculpas, em que as autoridades atribuem responsabilidade de suas
decisões a causas externas, e porque são inconclusivas (SHAW e COLQUITT, 2003).
Os critérios para avaliar a adequação das explicações dadas nas organizações
sobre as decisões tomadas estão sendo relacionados à comparação que os indivíduos
fazem sobre o que lhes aconteceu com o que poderia ter acontecido e com o que deveria
ter acontecido se tivesse sido diferente (Fairness Theory). Quando as pessoas se
engajam nesse tipo de pensamento, elas estão tentando decidir se haveria alternativas
possíveis dentro das decisões tomadas. Dessa forma, havendo a percepção dessas
alternativas torna-se possível nomear culpado e reagir contra a organização (FOLGER e
CROPANZANO, 1998, 2001).
Nesse sentido, um evento ou tomada de decisão em uma organização terá tanto
menos impacto quanto mais as pessoas perceberem que o estado de bem-estar atual
delas é similar a um outro imaginado. Sem um impacto negativo não há razão para
encontrar culpados (e vice-versa).
90
2.3.6 As dimensões de justiça organizacional sob diferentes níveis de análise
Conforme descrevem Vermut e Steensman (apud Assmar, 2000) o estudo sobre o
fenômeno justiça organizacional poderá ser realizado sob diferentes níveis de
explicação: o individual, o grupal e o societal. No nível individual, o interesse se dirige
para o modo como os indivíduos adquirem o sentido da justiça, como apreendem
cognitivamente a complexidade do fenômeno e como reagem às violações do que
concebem como sendo a norma de justiça.
No nível grupal e organizacional, a preocupação volta-se para a distribuição dos
recursos em situações de competição e cooperação e, na relação entre ambas, por um
lado, e no desenvolvimento de regras de justiça, por outro. Ainda nesse mesmo nível,
discute-se a influência das relações intergrupais na formação de normas grupais de
justiça e a interface entre as reações individuais e grupais a uma situação injusta.
No terceiro nível, o societal, a ênfase volta-se para a percepção das pessoas em
relação à distribuição global de recursos e recompensas do sistema social, como por
exemplo, a distribuição de renda e de seguridade social.
Pela revisão bibliográfica percebe-se que os estudos de percepção de justiça
organizacional costumam ser operacionalizados a partir dos dois primeiros níveis de
análise anteriormente citados, ou seja, o individual e o grupal/organizacional. O nível de
análise individual tem por foco os processos cognitivos, as comparações interpessoais e
as respostas individuais a uma dada distribuição de recompensas; e o nível
grupal/organizacional tem por foco a preocupação com a justiça baseada no coletivo ou
com base nas categorias de grupos sociais (Ver TYLER et al., 1997).
Na literatura, a dimensão de justiça distributiva baseada na eqüidade, também
chamada de microjustiça, tem por base de interesse o nível de análise individual. Ela é
de caráter unidimensional por considerar apenas a consideração de sujeitos isolados,
fazendo-os comparar-se com outros não identificados. Já a abordagem multidimensional
de justiça se situa no nível intergrupal e leva em consideração os sistemas internacionais
dos indivíduos (ASSMAR, 2000).
91
2.3.7 A relação entre a justiça organizacional e os comportamentos
Alguns estudos empíricos apontam a justiça organizacional como sendo um dos
mais importantes indicadores para a compreensão dos comportamentos dos indivíduos
em relação às práticas de diversidade (RICHARD e KIRBY, 1999; LECK e
SAUNDERS,1996). Isso porque, ela descreve a percepção individual e grupal de justiça
em direção ao tratamento recebido da organização e suas respostas a tal percepção
(GREENBERG, 1990).
A justiça organizacional como indicador de comportamento organizacional a
partir da percepção do indivíduo vem ganhando respaldo em estudos organizacionais a
partir da realização de vários trabalhos meta-analíticos, confirmando correlações
positivas entre esses construtos.
A partir de uma revisão da literatura sobre justiça organizacional entre 1976 e
2001 Colquitt et al. (2001) examinaram 183 artigos publicados para compreender a
relação entre os quatro tipos de justiça: a distributiva, a processual, a interpessoal e a
informacional e os resultados referentes a comportamentos organizacionais. Um
trabalho semelhante também foi desenvolvido por Cohen-Charash e Spector (2001) em
uma amostra de 153 artigos publicados entre 1979 e 2001.
Os resultados comuns obtidos por esses estudos revelam que comportamentos de
satisfação de resultados, satisfação no trabalho, comprometimento, confiança e de
avaliação do agente (quem determina as decisões) têm forte relação com os estudos de
justiça distributiva e justiça processual. Já os comportamentos de satisfação no trabalho
e de avaliação do agente têm fortes correlações com todos os tipos de justiça
organizacional.
Viswesvaran e Ones (2002), ao estudarem as relações entre as justiça processual e
distributiva com as variáveis de comprometimento, satisfação, produtividade e
cidadania para com a organização (OCBO), confirmam que as relações entre esses dois
tipos de justiça com a satisfação no trabalho são positivas e similares.
92
2.3.8 A percepção de justiça organizacional sobre práticas de diversidade
Quais as percepções de justiça que os indivíduos têm tido sobre as práticas
voltadas para a diversidade nas organizações? Essa é uma pergunta que vem sendo feita
em alguns estudos empíricos ao longo desses últimos anos em países como: África,
Canadá e Estados Unidos. No Brasil não consta na literatura nenhuma pesquisa visando
a esse fim, até mesmo devido à brevidade de tempo com que esse tema é abordado na
academia.
Pela revisão bibliográfica, percebe-se o interesse no estudo da relação entre justiça
organizacional e práticas de diversidade, fundamentado em alguns motivos que se
tornam plausíveis. Nos estados Unidos, por exemplo, após 20 anos ou mais de
implantações de ações afirmativas, o governo tem, finalmente, admitido que os
processos com esse fim tenham falhado. Isso porque, as práticas não foram percebidas
como justas pelos indivíduos (JAARSVELD, 2000). E quando alguma coisa não é vista
como justa pelos empregados, a tendência é que eles a rejeitem ou interfiram para que
ela venha a falhar (SHEPPARD, LEWICKI e MINION, 1992, apud VERMEULEN e
COETZEE, 2006).
A literatura constata práticas de contratação de pessoal que dão preferência a
candidatos menos qualificados em favor do seu status, ou que são exercidas para atender
as práticas de diversidade que envolve cotas; quando não justificadas, são reconhecidas
como injustas e denotam violações de justiça e reações negativas dos indivíduos tais
como: sentimentos de incompetência, insatisfação e falta de comprometimento
(GILLILAND, 1993; RICHARD e KIRBY,1999; KONRAD e LINNEHAN, 1995).
Além dos comportamentos que afetam a auto-estima, as práticas decorrentes
consideradas injustas podem resultar em violações de justiça com relação à organização
e gerarem conflitos legais, diminuição de performance e sabotagem (GREENBERG,
1990). Pesquisas revelam que as práticas voltadas para a diversidade quando são
exercidas para preenchimento de cotas e contratação baseada no status, e não pelo
mérito ou pelo nível de competência, elas estigmatizam seus beneficiários (ADAMS
1965; RESENDEZ, 2002), e, além disso, violam a percepção de justiça dos indivíduos
quanto às práticas de seleção (GILLILAND, 1993). Sob essa perspectiva, esses estudos
recaem numa preocupação sobre o fenômeno diante da análise individual.
93
O exercício das práticas legais em prol da diversidade da força de trabalho tem
sido percebido como uma discriminação reversa por parte dos indivíduos (THOMAS,
2002). Esses têm acusado que ações preferenciais apontam os candidatos menos
qualificados em contratações de pessoal nas organizações em favor do seu status de
“minoria” para preenchimento de cotas (VAN JAARSVELD, 2000).
Quando as práticas desenvolvidas pelas organizações são percebidas como
injustas, e comportamentos indesejáveis podem resultar tais como: roubo, sabotagem e
diminuição da performance (GREENBERG,1990). Violações de justiça podem resultar
em conflitos legais, atitudes negativas em direção a organização, diminuição na
satisfação no trabalho, baixa auto-estima e baixa probabilidade de que as ações
afirmativas sejam bem sucedidas (FOLGER e GREENBERG, 1985).
Mas, sob quais condições as práticas de diversidade, sejam elas legais ou
voluntárias, são percebidas como injustas pelos indivíduos? Um recente estudo piloto
sobre três das dimensões de justiça sobre as práticas legais voltadas para a diversidade
da força de trabalho, as chamadas ações afirmativas, revela algumas diferenças de
percepção de justiça dependem do foco que os indivíduos dão para essas práticas
(VERMEULEN e COETZEE, 2006). Nesse estudo foram considerados diversos os
grupos de etnia (negros, não brancos e asiáticos), gênero e grupos de categoria de staff
(alta gerência, média gerência e supervisores) (ver Quadro VI).
Tipo de Justiça
Componente norteador
Percepções de justiça sobre as ações afirmativas
voltadas para gênero, etnia e categoria de staff
Percepção sobre os tratamentos adotados sem o
reconhecimento dos reais valores e habilidades dos
indivíduos, tais como: plano de carreira.
(Avalia a maneira de tratar os indivíduos diante
dos benefícios concedidos).
Justiça Interacional
Tipo
de
tratamento
oferecido aos funcionários
Justiça Processual
Oportunidades
dos
empregados de terem
influencia nas tomadas de
decisão e nos resultados
das ações afirmativas.
Percepção sobre como são adotadas as tomadas de
decisão.
(Avalia o como que as decisões são tomadas em
relação aos benefícios concedidos)
Justiça Processual
Tipos de procedimentos
adotados
Percepção sobre os critérios utilizados para
avaliação de desempenho dos empregados.
(Avalia o porquê das tomadas de decisão em
relação aos benefícios concedidos)
Justiça distributiva
Distribuição de resultados
Percepção sobre os benefícios concedidos. (Avalia
os benefícios concedidos)
Quadro VI: Percepções de justiça organizacional sobre as ações afirmativas
Fonte adaptada: VERMEULEN, L.P. e COETZEE, M. Perceptions of the Dimensions of the Fairness of
Affirmative Actions: A Pilot Study. South African Journal Business Management, p.57, 2006, 37 (2).
94
Esse estudo foi conduzido em um banco na África com 392 indivíduos, sendo
compostos de: 36,7% de negros, 63,3% brancos, 65,6% de mulheres, 34,4% de homens,
52,9% da área administrativa e 48,1% da área gerencial. Tempo média de casa de 10,4
anos e média de idade de 36,9 anos. 52% dos respondentes tinham pós-graduação e
65,6% eram casados.
Com base em Vermeulen e Coetzee (2006), diferentes percepções de justiça
sobre as ações afirmativas voltadas para a diversidade são decorrentes de diferentes
focos e de diferentes avaliações de juízo. Sob a percepção de justiça distributiva, o foco
centra-se na avaliação dos benefícios concedidos aos indivíduos em detrimento de
outros só por esses serem considerados diversos, tais como: contratação, promoção,
disponibilidade de cargos diferenciados.
Sob a percepção da justiça processual, o foco centra-se na avaliação da
oportunidade de o funcionário opinar ou de interferir nas tomadas de decisão adotadas
sobre os benefícios concedidos, bem como de estarem cientes das razões ou do porquê
das decisões adotadas, ou seja, dos critérios utilizados para avaliar os empregados
(formulados com base na competência ou não).
Sob a percepção da justiça informacional, o foco centra-se na avaliação da
maneira como são adotadas as tomadas de decisão adotadas em prol da diversidade, se
elas são desprovidas ou não de explicações para os indivíduos.
E sob a percepção da justiça interpessoal, o foco centra-se na avaliação dos
tratamentos concedidos nas ações afirmativas sem o reconhecimento dos reais valores e
habilidades dos indivíduos. Há gestores, por exemplo, que tratam os diversos de forma
diferenciada por os reconhecerem como tais, proporcionando planos de carreira pelo
motivo da diversidade.
Segundo os autores da pesquisa (VERMEULEN e COETZEE, 2006) os dados
apresentados reforçam a idéia de que homens brancos são menos positivos em termos
de percepção de justiça às práticas de diversidade (ver Figura VII).
95
Percepções de Justiça Significativas (p< 0,05):
Justiça Distributiva
Homens Brancos
Justiça Processual
Justiça Informacional
Gestores
Ação Afirmativa
Justiça Interpessoal
Grupos
diversosaos
considerados:
etnia,
gênero e staff
Dados
referentes
homens brancos
e gestores.
(Hotelling’s T 2= 0,223; F (4,334) = 19,139, p = 0,001; η2 =0,182 quanto à etnia e
(Hotelling’s T 2= 0,089; F (4,334) = 7,681, p = 0,001 e η2 = 0,082 quanto a staff.
Figura VII: Percepções de Justiça Organizacional sobre as ações afirmativas (África)
Fonte adaptada: VERMEULEN, L.P. e COETZEE, M. Perceptions of the Dimensions of the Fairness of
Affirmative Actions: A Pilot Study. South African Journal Business manage, 2006, 37 (2).
Quanto aos grupos de indivíduos pertencentes à área administrativa e a gerencial,
houve diferenciação quanto à percepção de justiça distributiva das ações afirmativas.
Gestores têm mais preocupação com as ações voltadas para resultados do que a área
administrativa (p< 0,05). Uma explicação para isso é que os gestores estão mais
preocupados em cumprir os resultados que as legislações ordenam sobre as ações
afirmativas do que com o tratamento concedido aos diversos e os procedimentos
utilizados para os fins alcançados.
Em geral, essa pesquisa sugere que os empregados (considerados diversos) têm
uma percepção de justiça sobre as práticas legais de diversidade menos rigorosa do que
àqueles considerados não diversos. Isso foi claro quanto à etnia, mas menos claro
quanto ao gênero. Essa descoberta é consistente com os resultados de outros estudos
(ANDERSON, 2003; RESENDEZ, 2002; KONRAD E SPITZ, 2003; ELIZONDO E
CROSBY, 2004) ao sugerir que as diferenças entre os que são de dentro do grupo
(endogrupo) e os que são de fora do grupo (exogrupo) estão relacionadas ao autointeresse e são moderadores importantes no julgamento de percepção de justiça.
Um outro estudo empírico relacionando duas das dimensões de justiça
organizacional e as práticas legais de diversidade voltadas para sexo, raça e idade foi
realizado em uma companhia no Canadá. A amostra foi composta de 620 homens
brancos e 792 mulheres brancas, 28 indivíduos de grupos minoritários, com média de
96
idade de 36 anos (LECK, SAUNDERS e CHARBONNEAU, 1996). Os resultados
apontam que os indivíduos são mais resistentes a essas práticas e a integrar-se com
grupos minoritários quando eles percebem que noções de eqüidade e igualdade foram
violadas (justiça distributiva) e quando as tomadas de decisões sobre as ações praticadas
são inconsistentes.
Por outro lado, os empregados que tinham a crença de que todos deveriam ser
tratados igualmente e que as recompensas deveriam ser baseadas na necessidade,
desempenharam atitudes mais positivas em relação às ações afirmativas.
Outros dados significativos da pesquisa sugerem que homens brancos são mais
engajados em comportamentos negativos em relação às ações afirmativas, uma vez que
eles não têm grandes ganhos, bem como, as pessoas mais jovens (ver Figura VIII). Isso
porque os mais jovens são mais preocupados sobre as suas chances de desenvolvimento
e promoção, e, conseqüentemente mais resistentes a membros que estão competindo por
oportunidade se de desenvolvimento.
Percepção de Justiça (p< 0,001)∗:
Justiça Distributiva
Homens Brancos
Justiça Processual
Justiça Informacional
Jovens
Ação Afirmativa
Justiça Interpessoal
Grupos diversos considerados: grupos minoritários de sexo, raça e idade.
∗ Análise de Regressão Múltipla: comportamentos de rejeição ás ações ( β= - 0,11. p< 0,001), atitudes
de resistência à integração ( β= 0,17. p< 0,001) e demográficos (idade, β= -0,06. p< 0,05).
Figura VIII: Percepções de justiça sobre ações afirmativa (Canadá).
Fonte adaptada: LECK, Joanne D.; SAUNDERS, David M. e CHARBONNEAU, Micheline. Affirmative
Actions Programs: an Organizational Justice Perspective. Journal of Organizational Behavior, v.. 17, 7989 (1996).
Para explorar as reações dos estudantes homens, brancos, estadunidenses diante
das práticas de diversidade da força de trabalho, Richard e Kirby (1997) conduziram um
experimento para verificar a relação entre as justificativas dadas, ou não, a tais práticas
e as reações negativas sob a gestão da diversidade e aos diversos (mulheres e minorias).
97
Noventa e cinco estudantes estadunidenses de graduação participaram de um
experimento que convocava cada um deles a assumir uma função em uma grande
companhia internacional. A todos eles foi dada a informação de que estariam
concorrendo a essa função com uma mulher ou um representante de um grupo
minoritário. Todos eram homens brancos e 50% tinham experiência de trabalho de
tempo integral. Algum tempo após, eles foram informados de que não haviam sido
contratados por causa de um programa de diversidade recentemente iniciado na
companhia que deu preferência aos seus concorrentes.
As variáveis independentes consideradas foram as seguintes: a) quatro
justificativas para o programa de diversidade (não há justificativa, cumprimento legal,
responsabilidade social e melhorar resolução de problemas da organização); b)
pluralidade de raça (mulheres brancas e homens negros) e c) duas atitudes (atitude de
proporcionalidade estando relacionada à preocupação com a eqüidade e a atitude do
igualitarismo que se preocupa com a igualdade social e a necessidade). As variáveis
dependentes foram: ressentimento em direção ao agente que os convocou para a
ocupação da função na organização citada, opiniões sobre o programa de diversidade e
avaliação da tomada de decisão.
Como resultados, os participantes apresentaram variação de ressentimentos em
direção ao suposto agente de contratação em relação ao gênero e raça. Eles tiveram
menos ressentimento quando souberam que havia sido contratado um homem negro do
que quando souberam que havia sido uma mulher branca. Os participantes também
tiveram opiniões mais favoráveis ao programa de diversidade quando souberam que os
contratados eram homens negros. A atitude de proporcionalidade em busca da eqüidade
foi negativamente relatada para opinar sobre o programa de diversidade. Os
participantes também avaliaram a tomada de decisão como favorável quando o
argumento legal foi apresentado para justificar o programa. Eles perceberam mais
justiça nos processos realizados quando foi dada a justificativa de que a organização
estaria precisando contratar diversos para tentar resolver melhor os problemas na
tomada de decisão ou para atender aos preceitos legais do que ao não dar essas
justificativas.
Em 1999, esses mesmos autores (RICHARD e KIRBY, 1999) resolveram realizar
outra pesquisa experimental nos Estados Unidos, dessa vez com 93 estudantes afroestadunidenses, sendo 46 mulheres. O objetivo era verificar a relação entre justiça
organizacional processual e práticas de diversidade, tanto as legais quanto as
98
voluntárias. Esses indivíduos foram distribuídos em três grupos. Cada grupo recebeu a
informação de que todos haviam sido contratados em razão da implantação de um
programa de diversidade, porém as explicações dadas sobre o programa, o como e o
porquê da sua existência diferiram de grupo a grupo. Dois deles receberam ótimas
razões para sua existência, sendo justificado o programa pela necessidade de inovação,
de criatividade e competitividade. Mas, para um terceiro não foi dada nenhuma
explicação ou razão para a sua existência.
A fim de avaliar as atitudes (ATITUDES), a avaliação da tomada de decisão de
contratação
(CONTRATAÇÃO),
avaliação
do
programa
de
diversidade
(AVALIAÇÃO) e opiniões sobre o programa de diversidade (OPINIÃO) foi aplicada
uma escala de sete pontos tipo likert. Os dados demonstraram que o programa de
diversidade que não foi justificado resultou em atitudes e opiniões negativas em geral,
isto é, sentimento de incompetência, insatisfação e falta de comprometimento, e em
direção a tomada de decisão sobre a contratação. Já os grupos que receberam uma
justificativa sobre o programa resultaram em atitudes mais positivas e favoráveis quanto
à avaliação da tomada de decisão sobre as contratações.
No entanto, não houve
diferença significativa quanto à avaliação ou opinião sobre o programa em si.
Ao examinar as reações dos indivíduos a duas diferentes justificativas sobre as
práticas e recrutamento e retenção de minorias (decorrentes tanto das ações afirmativas
quanto de ações voluntárias) KIDDER et al. (2004) descobriram que as atitudes
negativas de homens brancos são mais presentes diante das práticas
de ações
afirmativas do que de ações voluntárias ou gerenciais. Em se tratando de um modelo de
gestão, ele tende a ser mais aceito porque se entende que a diversidade da força de
trabalho é decorrente de um posicionamento estratégico da organização que busca
ganho para todos. O que se constata é que os indivíduos tendam a ser mais anversos a
situações em que detectam perda, e se tornam mais tolerantes quando estão diante de
uma situação de oportunidades de ganho (KAHNEMAN e TVERSKY, 1979).
Pela revisão bibliográfica, percebe-se que as reações por parte dos indivíduos em
relação a práticas de diversidade são diferentes quando o tratamento concedido aos
mesmos é justificado. Conforme resultados de outros estudos, as justificativas ajudam a
amenizar reações negativas que freqüentemente se seguem a notícias ruins no ambiente
de trabalho (BIES E MOAG, 1986; SHAPIRO, 1991) e ajudam os indivíduos a
tomarem consciência do que está acontecendo com eles (WEICK, 1995).
99
2.3.9 A relação entre a percepção de justiça e as atitudes dos indivíduos diante de
diversidade
A relação entre a percepção de justiça organizacional e atitudes dos indivíduos
diante de práticas legais de diversidade foi tema de estudo para Leck e Suanders (1996).
Interessados em avaliar a percepção e as atitudes 620 homens brancos e 792 mulheres
brancas em uma companhia publica do Canadá 4, os pesquisadores submeteram aos
respondentes um questionário que avaliava seu trabalho, atitudes, crenças e propensão a
desenvolver determinados comportamentos.
Os resultados dessa pesquisa constatam dois dados relevantes. Primeiro, a
percepção de justiça distributiva desempenha um papel importante em como as práticas
legais de diversidade podem influenciar nas atitudes e comportamentos dos indivíduos.
Quando as percepções de eqüidade foram violadas, os empregados foram mais
resistentes à integração e engajaram-se menos em atitudes desejáveis. Já os empregados
que acreditavam que todos os empregados deveriam ser tratados com base na igualdade
ou necessidade desenvolveram atitudes mais positivas e comportamentos favoráveis.
O segundo dado relevante diz respeito à percepção de justiça processual. O estudo
demonstrou que os empregados que acreditaram nas decisões dos empregadores sobre
os procedimentos adotados em torno da diversidade, consideradas inconsistentes,
revelaram-se mais resistentes às minorias e às mulheres em seus grupos de trabalho.
2.4 Os valores de individualismo e coletivismo
2.4.1 Definições e dimensões dos valores de individualismo e coletivismo
Os conceitos de individualismo e coletivismo vêm sendo discutidos pelas várias
disciplinas como Filosofia política, Economia, Sociologia e Psicologia nos dois últimos
4
A média de idade dos respondentes na amostra era de 36 anos, 37% ocupavam cargo de gerencia, 85%
eram empregados que cobriam e 40% eram membros da união.
100
séculos. No contexto da Psicologia Social esses construtos vêm sendo abordados a partir
de diferentes temas e dimensões. O primeiro estudo empírico sobre os construtos
individualismo e coletivismo teve origem na Sociologia com a publicação da Culture’s
Consequences (HOFSTEDE, 1984). Nele foram abordados os pólos de uma mesma
dimensão de variação cultural que representam metas ou valores do trabalho e
expressam a (in)dependência emocional de grupos, organização ou outros coletivos
(GOUVEIA, 2006, pág. 115).
Segundo Hofstede (1980), o individualismo seria uma amostra da independência
emocional e da autonomia pessoal em relação a grupos e organizações, enquanto sua
ausência seria semelhante a uma dependência emocional e ao sentimento de “nós”. A
partir dessa concepção o autor defendeu a idéia de que era possível desenvolver uma
análise de nível cultural sobre os valores individualismo e coletivismo como pólos
opostos de uma estrutura unidimensional. A partir dela, é considerado alto
individualismo a independência do trabalhador frente à organização, enquanto que o
baixo individualismo compreende o que a organização faz por seus empregados,
destacando a dependência desses.
Sob essa concepção, culturas com escore alto em individualismo respondem
favoravelmente a itens como: ter um trabalho que permita dispor de tempo suficiente
para a vida privada e familiar; ter liberdade suficiente para poder dar ao trabalho um
enfoque próprio; ter tarefas que facilitem a auto-realização pessoal. Uma cultura alta em
coletivismo dá mais importância a aspectos como: ter oportunidades de receber
formação no cargo ocupado no trabalho; ter boas condições físicas de trabalho e usar
plenamente as habilidades e capacidades no trabalho.
As limitações encontradas no estudo do individualismo e do coletivismo proposto
por Hofstede (1980) foram evidentes quando ele foi aplicado em um estudo de análise
individual dentro da Psicologia Social. Depois de repetidos estudos, a maioria de
pesquisadores da área chegaram à conclusão de que eram necessários outros fatores para
expressar orientações individualistas e coletivistas (GOUVEIA, 1988). Isso gerou novos
estudos apontando novas estruturas de dimensões para esses construtos.
Com a proposta de ampliação do modelo de Hofstede (1995), surge a partir dos
anos de 1990 o modelo de uma estrutura bidimensional dos valores individualismo e
coletivismo proposto por Triandis para uma análise individual. A definição desses
construtos por esse autor teve como parâmetro as relações pessoais e as grupais, com
101
foco nos processos psicológicos que lhes são inerentes, mais especificamente, nas
dimensões de autoconceito e da identidade grupal.
Em seu estudo, Triandis (1995) reconheceu a existência de múltiplas categorias
que podem definir o individualismo e o coletivismo. Fatores diversos foram
encontrados:
separação
de
endogrupos;
interdependência
e
sociabilidade;
e
autoconfiança. Mas, como resultado, o autor os reduziu a dois fatores ou duas
dimensões. Sob essa abordagem as definições de individualismo e coletivismo
ganharam novas concepções:
O individualismo compreende uma tendência ao êxito. O indivíduo está acima
dos grupos em todos os aspectos; embora se possa definir como membro de
muitos grupos, esses não são exatamente os de pertencimento incondicional;
esse tipo de grupo está restrito à sua família próxima. As relações pessoais são
mais freqüentes, mas nem por isso mais estáveis; até se poderia dizer que são
contratuais. Esse padrão implica geralmente em uma separação dos familiares e
uma ruptura com os ancestrais.
O coletivismo, por sua vez, corresponde a uma tendência à cooperação e ao
compromisso com os outros. O grupo tem mais importância que a própria
pessoa. Os grupos de pertencimento compreendem não só a família primária,
mas o clã com todos os seus antecedentes e descendentes. Dentro dos grupos,
os indivíduos mantêm fortes relações entre si e costumam compartilhar os
mesmos interesses. Cada pessoa é valorizada como um fim, e o conflito dentro
dos grupos não é algo esperado. No entanto, fora deles essas relações são raras,
mas estáveis (GOUVEIA, 2006: 119)
Para Triandis, as diferenças entre uma ou outra orientação estão no quanto a
pessoa sente, pensa e age segundo seus próprios interesses (autoconceito), ou segundo
os interesses do grupo ao qual pertence ao interagir com outros (identidade social).
Em meados da década de 1990, foram publicados dados de pesquisa que
suscitaram dúvidas em relação à estrutura bidimensional dos valores individualismo e
coletivismo. Tanto em relação ao conteúdo, isto é, aos tipos de individualismo e
coletivismos existentes, (individualismo utilitarista, possessivo, expressivo, religioso;
coletivismo econômico, agrário, ontológico); quanto à estrutura propriamente dita (os
valores individualistas e coletivistas não são contraditórios, não se excluem e podem ser
mistos). A partir dessa época a multidimensionalidade e compatibilidade desses
construtos passaram a ser admitidas (GOUVEIA, 2006).
Modelos multidimensionais normativos, no âmbito dos valores e das atitudes,
foram propostos por Schwartz e por Triandis, respectivamente. Esses modelos recaem
sobre o conteúdo pessoal e socialmente desejável de atitudes, normas e valores
(KAGBITCIBASI e BERRY, 1989 apud GOUVEIA, 2006). Eles se diferenciam dos
102
modelos anteriores que levam em conta o aspecto mais relacional dos modos pelo quais
os indivíduos constroem a imagem de si mesmos e os tipos de relações interpessoais
estabelecem entre si no seio da sociedade. E se opõem a bidimensionalidade dos valores
individualismo e coletivismo por entenderem que: a) essa dicotomia dá pouca atenção a
valores que servem inerentemente a interesses individuais quanto a coletivos (sabedoria,
tolerância); ignora valores que atendem a metas coletivas, mas não especificamente do
endogrupo (valores universais, valores como justiça social e mundo de paz); e c)
promove suposição equivocada de que os valores individualistas e coletivistas podem
ser separados em duas síndromes coerentes que estariam em posições opostas.
O modelo da estrutura universal dos valores humanos de Schwartz demonstra a
existência de dez domínios motivacionais ou tipos de valores, que atualmente têm os
seguintes
nomes:
autodeterminação,
benevolência,
conformidade,
estimulação,
hedonismo, realização, poder, segurança, tradição e universalismo (ver Figura IX).
ive
rs
al
ism
Co
nfo
r
o
Abertura à mudança
ina
ção
Estimulação
Tradição
Un
Aut
o -d
ete
rm
Be
ne
vo
lên
cia
mi
da
de
Autotranscendência
Conservação
Realiza
ç ão
He
do
nis
m
o
Segurança
Po
de
r
Autopromoção
Figura IX: Tipos motivacionais de valores de Schwartz (1992)
Os fatores tradição e conformidade garantem a estabilidade da organização,
referem-se ao seu aspecto conservador. Revelam-se por meio de práticas conhecidas:
respeito a hierarquia e a normas de comportamento. Os fatores domínio, prestígio e
realização compartilham metas e estão localizados no pólo da autopromoção Com a
ajuda estatística, pode-se determinar quanto esses valores são importantes,
103
hierarquicamente, e como são compartilhados na organização como um todo ou em
setores.
Com relação às dimensões do objeto de análise, esse autor sugere a classificação
de tipos de valor em três sentidos, segundo o interesse a que atendem: individualistas,
coletivistas ou misto. Quanto a determinar a que interesse serve um tipo motivacional, o
autor sugere que se pergunte quem se beneficiará se a pessoa manifestar esse valor ou
agir de acordo com ele (ver Quadro VII ) (GOUVEIA, 2006).
Interesse
Individualista
Autodeterminação
Estimulação
Hedonismo
Realização
Poder
Independência de pensamento e na tomada de decisão, criação e exploração
(criatividade, liberdade, independente, curioso e escolher minhas próprias
metas).
Ter excitação, novidade e mudança na vida (ser ousado, uma vida variada e uma
vida excitante).
Prazer ou gratificação sensorial para a própria pessoa (prazer, desfrutar a vida).
Sucesso pessoal como resultado da demonstração de competência, segundo as
normas sociais (êxito, capaz, ambicioso, influente).
Posição e prestigio social, controle ou domínio sobre pessoas e recursos (poder
social, autoridade, riqueza).
Interesse Coletivista
Benevolência
Conformidade
Tradição
Preservar e reforçar o bem-estar das pessoas próximas, com quem se tem
contato pessoal freqüente e não casual (amável, honesto, não rancoroso, leal e
responsável).
Limitar as ações, inclinações e impulsos que possam prejudicar os outros e
violar expectativas ou normas sociais (educado, obediente, autodisciplinado e
honra os pais e o mais velhos).
Respeitar, comprometer-se e aceitar os costumes e as idéias que a cultura
tradicional ou a religião impõem a pessoa (humilde, aceitando minha parte na
vida, devoto, respeito pela tradição e moderado).
Interesse Misto
Segurança
Conseguir segurança, harmonia e estabilidade na sociedade, nas relações
interpessoais e na própria pessoa (segurança familiar, segurança nacional,
ordem social, limpo e reciprocidade de favores.)
Universalismo
Compreensão, apreço, tolerância e proteção no sentido do bem-estar de todos e
da natureza (aberto, sabedoria, justiça social, igualdade, mundo de paz, mundo
de beleza, unidade com a natureza e protegendo o meio ambiente).
Quadro VII: Definição dos tipos motivacionais de valores pessoais universais
Fonte: GOUVEIA, Valdinei V. O individualismo e o coletivismo normativo: comparação de dois
modelos. In: ROS, M. e GOUVEIA, Valdinei V. Psicologia Social dos Valores Humanos.
Desenvolvimentos Teóricos, metodológicos e aplicados. São Paulo, SENAC, 2006, p. 124.
Se alguém afirma ser importante o poder como um princípio-guia em sua vida,
significa que valoriza o poder para si (interesse individualista); uma pessoa que
considera que ser amável é um princípio-guia importante para a sua vida estará
orientada para os outros, sobretudo para aqueles com quem interage (interesse
104
coletivista); e se alguém diz que a justiça social é um princípio orientador em sua vida,
estará advogando benefícios para todos, inclusive para si mesmo (interesse misto)
(GOUVEIA, 2006).
As perspectivas de individualismo e coletivismo de Schwartz foram pesquisasadas
em culturas nas quais as pessoas apresentavam orientações de conduta, ao mesmo
tempo, individualistas e coletivistas (GELFAND e TRIANDIS, 1996), constatando que
esses construtos não são, necessariamente, opostos, e que o contrário do individualismo
não era o coletivismo, mas o autoritarismo.
O caráter multidimensional dos valores individualismo e coletivismo começou a
fazer parte dos estudos de Triandis quando ele identificou dois atributos-chave para
diferenciar os tipos principais de individualismo e de coletivismo: o horizontal e o
vertical.
Individualismo Horizontal
Em muitos sentidos gosto de ser único e diferente dos outros
Sou um ser único
Com freqüência faço minhas próprias coisas
Gosto de ter minha intimidade
Individualismo Vertical
Para mim, é importante fazer meu trabalho melhor do que os demais.
Incomoda-me que os outros façam as coisas melhor do que eu.
Quando alguém faz alguma coisa melhor do que eu, fico tenso e incomodado.
Triunfar é tudo.
Coletivismo Horizontal
Para mim, o bem-estar de meus colegas de trabalho é importante.
Para mim, é importante manter a harmonia dentro de meu grupo.
Sinto-me bem quando colaboro com os outros.
Se um colega de trabalho ganhasse um prêmio, ficaria orgulhoso.
Coletivismo Vertical
Antes de fazer uma viagem importante, falaria sobre ela com a maioria dos membros de minha família e
alguns amigos.
Se nossos pais são idosos, devemos levá-los para morar conosco.
Deveríamos ensinar as crianças a antepor o dever ao prazer.
Faria qualquer coisa para agradasse a minha família, mesmo que fosse algo que não gostasse.
Quadro VIII: Características do individualismo e do coletivismo horizontal-vertical
Fonte: GOUVEIA, Valdinei V. O individualismo e o Coletivismo Normativo: comparação de dois
modelos. In: ROS, M. e GOUVEIA, Valdinei V. Psicologia Social dos Valores Humanos.
Desenvolvimentos Teóricos, metodológicos e aplicados. São Paulo, SENAC, 2006, p. 124.
O atributo horizontal sugere que as pessoas são semelhantes na maioria dos
aspectos, especialmente no status. No caso do individualismo, em razão da alta
liberdade por elas experimentada, constrói-se um ser independente, mas não diferente
105
dos demais membros da cultura; em relação ao coletivismo, contempla-se baixa
liberdade, mas alta igualdade, explicando o motivo de um eu interdependente e
compartilhado com os demais membros da sociedade.
O conceito vertical enfatiza aceitação da desigualdade e privilegia a hierarquia.
Para os individualistas, isso se reflete em um eu independente e diferente dos demais;
aceita-se a baixa igualdade ao mesmo tempo em que se dá a máxima importância ao
sentido de liberdade, definindo uma típica democracia de mercado. No caso dos
coletivistas, o conceito traduz-se pelo sentido de servir ao grupo, fazer sacrifícios em
benefício do próprio grupo de pertencimento e cumprir obrigações impostas como
normas sociais; contempla-se um eu interdependente, mas diferente dos outros,
possivelmente em virtude do baixo sentido de liberdade e igualdade.
Para Triandis (2001), o coletivismo coreano não é o mesmo coletivismo do
kibbutz israelense. Algumas culturas enfatizam a igualdade entre os indivíduos
(australiana, suíça, do kibbutz) e outras enfatizam a hierarquia (indiana, americana).
Dessa forma, há, para esse autor, quatro tipos de culturas: individualista horizontal (HI),
em que as pessoas querem ser únicas e fazer as “próprias coisas”; individualista vertical
(VI), em que as pessoas querem fazer as próprias coisas e também fazer “o melhor”;
coletivista horizontal (HC), em que as pessoas misturam-se umas as outras nos grupos
de pertença; coletivista vertical (VC), em que as pessoas se submetem à autoridade do
grupo de pertença e são desafiadas a sacrificar-se pelo grupo.
Essa nova estrutura de Triandis tem sido aprovada principalmente em culturas
norte-americanas (SINGELIS et al., 1995; TRIANDIS e GELFAND, 1998). Gouveia,
Clemente e Espinosa (no prelo) realizaram uma replicação do estudo de Singelis e
colaboradores (1995) na Espanha, chegando a resultados bastante similares ao que esses
pesquisadores encontraram. Esses autores demonstraram que essa tipologia é útil para
explicar indicadores de relação interpessoal (grau de amizade, identificação com os
membros de endogrupos etc.). Não há dados sobre a adequação desse modelo no Brasil
(GOUVEIA et al. 2003).
106
2.4.2 A relação entre valores e a percepção de justiça organizacional
De acordo com Greenbeg, "o estudo da percepção de justiça das pessoas não pode
ser considerado completo sem compreender as diferenças da cultura nacional"
(GREENBEG, 2001 p. 366). As pessoas podem ter diferentes percepções de justiça,
porque elas podem ter internalizações diferentes de normas e valores. E, a maior razão
porque as pessoas diferem com respeito a normas e valores é que elas vêm de culturas
diferentes.
Chen, (1995), ao estudar as preferências de distribuição de recursos com
estadunidenses ressaltou que os Estados Unidos têm um sistema econômico capitalista
focado
na
realização
individual,
por
isso,
preferem
a
distribuição
de
recompensas/resultados baseados na eqüidade. Esse sistema alimenta valores que
agenciam o instrumentalismo, o individualismo e a competitividade.
A percepção de justiça baseada na necessidade por sua vez prevalece na Índia
onde as pessoas são mais favoráveis a distribuição de recompensas com base
necessidade (MURPHY-BERMAN et al. 1984).
2.4.3 A relação entre valores e as atitudes diante da diversidade
A relação entre os valores culturais e as atitudes sobre as práticas de diversidade
vêm sendo constatada em estudos empíricos em nível de análise individual. Um desses
estudos, de natureza descritiva, foi realizado com 120 empregados de variadas funções
em uma instituição financeira no Canadá 5 (EDDY e BURKE , 2004).
A partir da utilização de uma escala de valores culturais, construída a partir do
modelo revisitado de Hofstede para o nível de análise individual (DORFMAN e
5
Os dados para essa pesquisa foram coletados de uma amostra de 120 indivíduos, composta de 58% de
mulheres, 97% casados ou que viviam com parceiros, 75% ensino superior, 62% trabalhavam na área
administrativa, 45% eram do departamento financeiro, 45% tinham a média de idade de 35 anos, 58%
tinham 15 ou menos de 15 anos de experiência no trabalho, 80% tiveram sua formação no Canadá e 56%
eram caucasianos.
107
HOWELL, 1988; ROBERTSON e HOFFMAN, 2000). Eddy e Burke (2004)
constataram que há uma interação entre valores e atitudes dos indivíduos pesquisados
em direção às práticas de igualdade de oportunidade e das iniciativas de diversidade
com base nas dimensões de raça e gênero.
Os valores culturais considerados por Eddy e Burke (2004) foram: individualismo
e coletivismo (IC), evitação a incerteza (UA), distância ao poder (DP), masculinidade e
feminilidade (MF) (HOFSTEDE, 1985). As atitudes classificadas como positivas em
relação à diversidade foram categorizadas como (personal value of diversity – PVD), as
neutras (general egalitarianism – GE e attitudes toward EE/AA) e as negativas
(symbolic prejudice – SP).
Os resultados dessa pesquisa revelam que os indivíduos que apresentam escores
altos nos valores de masculinidade, escores baixos em evitação de incerteza e escores
altos em distância ao poder indicam atitudes de menor favorabilidade às práticas de
diversidade. Já os indivíduos com escores altos no coletivismo apresentaram tanto
favorabilidade quanto desfavorabilidade aos mesmos. E os respondentes com escores
altos em evitação à incerteza apresentaram escores altos em atitudes neutras (EDDY e
BURKE, 2004).
Outros dados revelam ainda indivíduos orientados por valores coletivistas que não
apóiam as práticas de diversidade, uma vez que alguns deles apresentaram escores altos
de atitudes desfavoráveis a essas práticas. Assim como há grupos de minoria racial que
apresentaram escores altos de masculinidade.
Quando os dados dessa pesquisa são avaliados a partir dos grupos de categorias
dos respondentes, observa-se que o grupo de mulheres apresenta alto escore nos valores
de evitação da incerteza e alto escore em apoiar práticas de diversidade baseados na
igualdade. Os homens, pelo contrário, apresentam baixo escore nos valores de evitação
da incerteza e escores mais altos de atitudes negativas em relação à diversidade. Outros
dados significativos de não favorabilidade às práticas de diversidade foram obtidos
entre os caucasianos. Esses apresentaram escores altos de individualismo, escores
baixos em evitação à incerteza e altos na distância ao poder, mas foram menos
masculinos do que os não-caucasianos.
Outro estudo de natureza experimental, também confirma a interação entre valores
culturais de individualismo e coletivismo com as atitudes diante das práticas de
diversidade (KEMMELMEIER, 2003). Os resultados apontam que as atitudes dos
estadunidenses diante das políticas em prol da diversidade são desfavoráveis quando
108
elas têm foco em categorias de grupos sociais. Tal resultado pode ser mais bem
compreendido ao considerar que a concepção de justiça nos Estados Unidos está
relacionada com o autoconceito que por sua vez é evidenciado a partir dos princípios da
meritocracia.
109
3. O PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS, VARIÁVEIS E HIPÓTESES
Conforme ressaltam Andery et al. (1999), o conhecimento racional é aquele sobre
o qual se problematiza algo, e não simplesmente se crê. É um conhecimento cuja
explicação é demonstrada por meio da discussão e da exposição clara de argumentos.
Seu principal aspecto é não se propor como acabado, fechado ou ser apenas sucedido
por um conhecimento igual, mas dar explicações que possibilitem ao ser humano
participar ativamente na construção e no governo do seu destino.
Dessa forma, pode-se dizer que a percepção de um problema equivale a conceber
a realidade como algo não dado, a priori, aos nossos sentidos, mas apreendê-la como um
fenômeno socialmente construído, para o qual somos livres para aceitá-la ou para
transformá-la, como dizem Berger e Luckmann (1987).
3.1 O problema de pesquisa
Um problema se define por aquilo que é percebido como errado e que precisa ser
imediatamente retificado. “Um problema pode simplesmente indicar um interesse em
um assunto onde possam ser encontradas respostas que ajudem a melhorar uma situação
existente. Um problema se define como uma situação onde há um gap entre a situação
atual e a desejada como ideal” (SEKARAN, 1992, p. 43).
O problema de pesquisa investigado nesse trabalho teve por origem por não ter
sido encontrado, até então, na literatura brasileira, nenhum instrumento para
diagnosticar as percepções de justiça organizacional e as atitudes dos indivíduos diante
da diversidade. Dessa forma, o problema de pesquisa passou a ser formulado em torno
da seguinte indagação: Há relação entre as dimensões de justiça organizacional e as
atitudes dos indivíduos diante da diversidade?
110
Embora essa formulação de problema de pesquisa pressuponha um tratamento
predominantemente quantitativo, uma pesquisa qualitativa prévia foi realizada, a fim de
identificar as concepções e atitudes dos indivíduos diante da diversidade, bem como,
conhecer as iniciativas das empresas em prol do assunto em questão.
3.2 Objetivo geral
O objetivo geral do trabalho é analisar a relação entre as dimensões de justiça
organizacional e as atitudes dos indivíduos diante da diversidade.
3.2.1 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:
1. Conhecer concepções, atitudes e percepções de indivíduos diante da diversidade e
das práticas de diversidade.
2. Identificar dimensões de atitudes predominantes nos indivíduos em relação à
diversidade.
3. Identificar dimensões de percepções de justiça predominantes nos indivíduos diante
das práticas de diversidade.
4. Verificar se há diferença de percepção de justiça e de atitudes diante da diversidade
por parte dos indivíduos pertencentes às empresas pesquisadas.
5. Verificar se há diferença de percepção de justiça e de atitudes entre os indivíduos
considerando-se: o sexo, a raça, a idade, a função que ocupam na empresa, o tempo de
casa, o ser ou não uma pessoa com deficiência, a autopercepção como minoria na
sociedade e na organização, bem como, a região do país em que esses indivíduos
residem e trabalham.
111
6. Verificar se há correlação entre as dimensões de justiça organizacional diante da
diversidade e as dimensões de valores de individualismo e coletivismo.
7. Verificar se há correlação entre as dimensões de atitudes diante da diversidade e as
dimensões de valores de individualismo e coletivismo.
8. Verificar a relação entre as dimensões de justiça organizacional e as dimensões de
atitudes diante da diversidade.
9. Verificar se as dimensões de valores de individualismo e coletivismo em estudo
moderam a relação entre as dimensões de justiça organizacional e as dimensões de
atitudes diante da diversidade.
3.3 Hipóteses
A hipótese é uma proposição que prevê uma relação entre dois termos que pode
ser decorrente de conceitos ou de fenômenos. Uma hipótese é, portanto, uma
pressuposição a ser verificada. Ela pode ser de duas formas: como uma antecipação de
uma relação entre um fenômeno e um conceito capaz de explicá-lo ou como a
antecipação de uma relação entre dois conceitos ou, o que equivale ao mesmo, entre
dois tipos de fenômenos que designam, sendo essa última a mais freqüente em
investigações sociais (QUIVY e CAMPENHOUDT, 1998).
Algumas hipóteses são derivadas ou originadas de teorias, outras começam como
suposições dos pesquisadores e se desenvolvem em teorias (SELTIZ et al., 1987). A
construção das hipóteses desse trabalho foi derivada de conceitos e teorias, assim como,
dos resultados de trabalhos empíricos desenvolvidos no campo de estudo em questão.
112
3.3.1 Apresentação das hipóteses
H1: Há diferença de atitudes dos indivíduos diante da diversidade considerando-se as
diferentes empresas pesquisadas - Empresa I e Empresa II.
H2: Há diferença de atitudes dos indivíduos diante da diversidade, considerando-se: o
sexo, a raça, a idade, a função ocupada na empresa, o tempo de casa, o ser ou não uma
pessoa com deficiência, a autopercepção como minoria na sociedade e na organização,
bem como a região do país em que esses indivíduos residem e trabalham.
H3: Há diferença de percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade
considerando-se as diferentes empresas pesquisadas - Empresa I e Empresa II.
H4: Há diferença de percepção de justiça nos indivíduos diante da diversidade,
considerando-se: o sexo, a raça, a idade, a função que ocupam na empresa, o tempo de
casa, o ser ou não uma pessoa com deficiência, a autopercepção como minoria na
sociedade e na organização, bem como, a região do país em que esses indivíduos
residem e trabalham.
H5: Há correlação entre as dimensões de atitudes diante da diversidade e as dimensões
de valores de individualismo e de coletivismo.
H6: Há correlação entre as dimensões de justiça organizacional diante da diversidade e
as dimensões de valores de individualismo e de coletivismo.
H7: Há relação entre as dimensões de justiça organizacional e as atitudes dos indivíduos
diante da diversidade.
H8: As dimensões de valores de individualismo e de coletivismo moderam a relação
entre as dimensões de justiça organizacional e as dimensões de atitudes diante da
diversidade.
3.4 Definição operacional das variáveis
Uma variável é alguma coisa que pode diferir ou variar em valores. Os valores
podem diferir várias vezes pelo mesmo objeto ou pessoa, ou os valores podem diferir ao
113
mesmo tempo por diferentes objetos ou pessoas (SEKARAN, 1992, p. 64). Nesta
pesquisa serão utilizados quatro tipos de variáveis: a dependente, a independente, a
moderadora e a de classificação dos respondentes.
•
Por meio da variável dependente, o pesquisador pode explicar ou predizer a
variabilidade dela, bem como encontrar respostas ou soluções para o problema
de pesquisa.
•
A variável independente influencia a variável dependente de uma forma positiva
ou negativa. A variância da variável dependente acontece por meio da variável
independente.
•
A variável moderadora tem forte efeito contingencial na relação entre a variável
independente e a dependente, isto é, sua presença modifica a relação entre a
variável independente a dependente.
•
A variável de classificação caracteriza os sujeitos respondentes da pesquisa
quanto às categorias de: sexo, idade, raça, função, tempo de casa, ser ou não
pessoa com deficiência, quanto ao se perceber ou não como minoria na
sociedade e na organização, bem como a região do país em que residem e
trabalham.
3.4.1 As variáveis independentes
Nessa pesquisa, as variáveis independentes foram operacionalizadas por meio das
quatro dimensões da justiça organizacional encontradas na literatura: 1) percepção de
justiça distributiva; 2) percepção de justiça processual; 3) percepção de justiça
interacional e 4) percepção de justiça informacional (COLQUITT, 2001).
A escolha da justiça organizacional como variável independente justifica-se por
ela ser apontada na literatura como um dos mais importantes indicadores utilizados para
descrever comportamentos dos indivíduos decorrentes da percepção que eles têm das
experiências vividas nas organizações (GREENBERG,1990).
Estudos diversos já foram realizados para verificar a relação entre a percepção de
justiça e práticas de diversidade, incluindo ações afirmativas e iniciativas
114
organizacionais, principalmente em países como Estados Unidos, Canadá e África do
Sul (RESENDEZ, 2002, KONRAD e SPITZ, 2003; EDY e BURKE, 2004;
VERMEULEN e COETZEE, 2006) e o resultado de todos eles revelaram-se
significativos.
3.4.2 As variáveis dependentes
As variáveis dependentes a serem estudadas referem-se às atitudes cognitivas dos
indivíduos diante da diversidade. Elas serão operacionalizadas por meio de quatro tipos
de tendências que os indivíduos podem vir a desenvolver diante de algumas práticas de
diversidade, conforme descritas no referencial teórico, sendo elas: 1) a atitude de
aceitação com base na justiça social; 2) a atitude de aceitação com base no interesse
pela obtenção de ganhos; 3) a atitude de rejeição com base na discriminação reversa e 4)
a atitude de rejeição com base no receio ao estigma.
3.4.3 As variáveis moderadoras
As variáveis moderadoras concebidas nesse projeto são as dimensões de valores
de individualismo e de coletivismo. A razão para fundamentar essa moderação está em
observar a ênfase dada no referencial teórico (NOVAKOWISK e CONLON, 2005;
GILLILAND e STEINER, 2001; COLQUITT, 2001; COHEN-CHARASH, 2001;
STARLLICKI, FOLGER e TESLUK, 1999; SHODA e MISCHEL, 1993) de que não há
evidências de que a variável justiça organizacional estabeleça uma relação direta com
outros construtos. Para esses autores, abordar ou desenvolver um estudo da justiça
organizacional com outras variáveis implica adotar variáveis moderadoras, que podem
ser tanto relacionadas a fatores ambientais quanto a fatores individuais.
115
Novakowisk e Conlon (2005) ressaltam que os fatores do ambiente que impactam
nas reações de justiça podem incluir: o tipo de indústria, o tipo de ocupação, a estrutura
organizacional (se mecânica ou orgânica), as definições de papéis, confiança nas
autoridades, a sensibilidade no relacionamento interpessoal, validade de informações,
associação voluntária e as normas e os valores culturais.
A indústria e a ocupação podem fazer variar a percepção de justiça de certos tipos
de procedimentos de seleção, tais como a avaliação do teste de uso de drogas que é
concebido como mais apropriado para a seleção de pilotos de avião do que para
zeladores de prédio (MURPHY et al. 1990).
Já os fatores individuais que afetam a percepção de justiça estão relacionados às
diferenças individuais quanto ao sexo, personalidade, ideologias, distância do poder,
preocupação com controle, sensibilidade à eqüidade, negação de gratificação
(NOVAKOWISK e CONLON, 2005).
Estudos têm demonstrado que, embora o conceito de justiça seja universal, sua
operacionalização é particular. Em toda cultura, a justiça é pré-requisito para a
regulamentação da vida social, no entanto, sua operacionalização manifesta-se de várias
formas (GREENBERG, 2001).
A escolha dos valores como variável moderadora decorre da constatação de que
os resultados de décadas de pesquisa tenham estabelecido que as percepções de justiça
das pessoas sejam baseadas, em grande parte, por normas, mas também por valores
(CROPANZANO et al. 2001). Os resultados dos trabalhos desses autores denotam que,
especificamente o que as pessoas acreditam ser justo nas organizações depende em parte
do consenso das opiniões validadas a respeito de qual é a forma correta de distribuição
de resultados e em parte pela forma como concebem o tratamento particular que é
recebido.
3.4.4 As variáveis de classificação
As variáveis de classificação utilizadas nesta pesquisa tiveram por finalidade
caracterizar os respondentes que compõem a amostra (HAIR, 2005) quanto a: sexo,
116
raça, idade, tempo de casa, a função ocupada nas organizações, percepção de si mesmo
como pertencentes ou não a grupos minoritários e quanto à região em que residem e
trabalham.
3.5 Esquema conceitual de pesquisa
Problema de pesquisa: Há relação entre as dimensões de justiça organizacional e as atitudes dos
indivíduos diante da diversidade?
Objetivo geral: Analisar se há relação entre as dimensões de justiça organizacional e as atitudes dos
indivíduos diante da diversidade.
Variáveis independentes
Variáveis de classificação dos
indivíduos da amostra*
Variáveis dependentes
1. Atitude de aceitação tendo
por base a crença na
justiça social
1.Dimensão de justiça
distributiva
2. Dimensão de justiça
processual
2. Atitude de aceitação tendo
por base o interesse pela
obtenção de ganhos
3. Dimensão de justiça
interacional
3. Atitude de rejeição tendo
por base a
discriminação reversa
4. Dimensão de justiça
informacional
4. Atitude de rejeição tendo
por base o
receio do estigma
Variáveis moderadoras de
individualismo
e coletivismo
*sexo, raça, idade, função, área de atuação, tempo de casa, ser ou não pessoa com deficiência, autopercepção como
pertencente à minoria na sociedade e na organização e região onde trabalha.
Figura X: Esquema conceitual
117
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Este capítulo tem como objetivo apresentar e justificar os procedimentos
metodológicos utilizados na pesquisa em razão da natureza do problema, dos objetivos
propostos e das hipóteses levantadas. Para isso, contemplará os seguintes itens:
1. definição dos tipos de pesquisas;
2. métodos de pesquisa escolhidos;
3. nível de análise;
4. definição do processo de amostragem;
5. procedimentos para a coleta de dados;
6. instrumentos de coleta de dados;
7. matriz de amarração.
4.1 Definição dos tipos de pesquisas
A pesquisa realizada neste trabalho foi desenvolvida sob duas propostas de
estudo: a de natureza exploratória e a de natureza descritiva. Isso porque adotar apenas
uma delas não seria suficiente para responder ao problema postulado e atender aos
propósitos anteriormente apresentados.
A justificativa para o desenvolvimento de uma pesquisa exploratória fundamentase no objetivo apontado por Hair (2005) que é o de descobrir novas variáveis
significantes que possam ajudar a construir um conhecimento que seja mais amplo e
esclarecedor sobre o assunto em questão.
A descoberta de variáveis significantes sobre as atitudes e a percepção de justiça
perante a diversidade tornou-se necessária, nesta pesquisa, por não haver, na literatura,
uma categorização e sistematização que permitisse diagnosticar a maneira como as
pessoas percebem, pensam e avaliam a diversidade tomando como referência a
realidade brasileira. A literatura encontrada não é satisfatória por fazer referência a
ações afirmativas e a programas de diversidade desenvolvidos em outros contextos
118
culturais que têm tradição para lidar com o assunto, como Canadá e África do Sul
(LECK, SAUNDERS e CHARBONNEAU, 1996; VERMEULEN e COETZEE, 2006),
diferentemente do que acontece no Brasil. No entanto, elas foram úteis como
referencial para a elaboração do questionário, conforme será descrito posteriormente.
O outro tipo de pesquisa realizada nessa pesquisa foi a descritiva. A justificativa
para utilizá-la fundamenta-se no objetivo de construir instrumentos que pudessem
mensurar e diagnosticar as atitudes e a percepção de justiça dos indivíduos diante da
diversidade. Para isso, alguns critérios foram adotados tais como: criar dispositivos
para a coleta de dados (transversais) considerando-se a época atual, delimitação da
população e da amostra, assim como, dos objetivos de estudo, das variáveis, das
hipóteses, das questões de pesquisa etc. (TRIVIÑOS, 1987).
4.2 Métodos de pesquisa escolhidos
Foram utilizados os métodos de pesquisa qualitativo e quantitativo. O caráter
exploratório gerou a necessidade de desenvolver uma pesquisa qualitativa para
conhecer as percepções, os conceitos e as atitudes dos indivíduos diante da diversidade
em duas empresas do contexto organizacional. A intenção foi verificar se os conteúdos
expressos refletiam ou não as variáveis inferidas na literatura. Esse procedimento além
de ter propiciado a aquisição de dados mais “ricos” em detalhes e em significados
sobre o assunto, foi fundamental para construir as assertivas sugeridas para a
mensuração das variáveis em estudo.
Já o desenvolvimento da pesquisa quantitativa teve por intenção utilizar técnicas
estatísticas para analisar e interpretar as possíveis relações existentes entre as variáveis.
Além disso, conforme Sekaran (1992) esse tipo de pesquisa ajuda a compreender o
perfil dos indivíduos que compõem a amostra no que diz respeito às características e
situações que os diferem, como também, oferece idéias para promover sondagens e
pesquisas futuras.
119
4.3 Nível de análise
Para Klein, Dansereau e Hall (1994) a explicitação do nível de análise de uma
pesquisa é fundamental para não causar ambigüidades de resultados. Para isso, faz-se
necessário definir primeiramente a exata natureza dos elementos que serão alvo de
estudo, em seguida, especificar o nível das teorias que serão utilizadas, o nível de
medida e o nível de análise estatística dos resultados a que o pesquisador pretende
alcançar de modo que haja coerência entre eles.
•
Nível de análise escolhido quanto à natureza dos elementos de pesquisa: Os
elementos dessa pesquisa tiveram como parâmetro elementos de forma
independente. Isso significa que o foco foi dado ao indivíduo e os dados obtidos
foram considerados livres da influencia do grupo.
•
Nível de teoria: Os construtos utilizados na construção teórica também foram
analisados a partir dos dados obtidos dos indivíduos e foram considerados
independentes dos valores dos construtos de outros membros do mesmo grupo
(KLEIN, DANSEREAU e HALL, 1994).
a. O construto atitudes foi utilizado para captar o posicionamento dos
indivíduos diante da diversidade (grupos de mulheres, pessoas
negras e pessoas com deficiência) no que diz respeito a concessões
que lhes são oferecidas por meio de iniciativas, formais ou
informais, desenvolvidas pelas organizações (oportunidades,
privilégios e condições especiais ou favoráveis). As atitudes
analisadas foram as de base cognitiva.
b. O construto justiça organizacional foi utilizado para captar a
percepção que os indivíduos têm sobre as práticas de diversidade
voltadas para os grupos de mulheres, pessoas negras e pessoas com
deficiência mediante o sentido de justiça.
c.
Os construtos valores de individualismo e coletivismo avaliam o
grau de importância que os indivíduos atribuem a si mesmo e ao
grupo.
120
•
Nível de medida e de análise estatística: Essa pesquisa considerou a
variabilidade entre os indivíduos na sua coleta de dados. Para isso, foram
empregadas escalas de mensuração para cada um dos construtos em estudo
focando cada experiência e características como individual e única, em uma
amostra de indivíduos independentes. A análise estatística utilizada contemplou
uma avaliação de medidas no nível individual.
4.4 Definição da amostragem
Amostras representativas em estudos científicos são obtidas seguindo-se um
conjunto de procedimentos bem definidos. Esta pesquisa inclui: definição da população
alvo, seleção da estrutura de amostragem, seleção do método de amostragem,
determinação do tamanho da amostra (Hair, 2005).
4.4.1
Definição da população alvo
A população alvo da pesquisa definiu-se por: indivíduos com escolaridade igual
ou superior ao ensino médio, pertencentes a duas empresas privadas, com históricos e
práticas diferentes em relação à diversidade (grupos de mulheres, pessoas negras e
pessoas com deficiência). Os aspectos de diversidade referem-se a concessões
oferecidas (oportunidades, privilégios e condições especiais ou favoráveis), na intenção
de ter riqueza maior de especificidades sobre o tema em estudo.
121
4.4.2 A estrutura da amostragem
Ter e não ter práticas formais voltadas à diversidade (projetos, programas ou
modelos de gestão) foi o critério utilizado para escolher as duas empresas que
compuseram a estrutura da amostragem. A Revista Exame Maiores e Melhores
2007, o Guia da Boa Cidadania Corporativa 2006 e a Web foram as fontes
escolhidas para identificar as empresas alvo. As que continham e as que não
continham práticas formais voltadas para a diversidade publicadas em seus sites
passaram a compor o rol de empresas em potencial para a pesquisa.
Entre os meses de abril e outubro de 2007, nove empresas foram contatadas
(sete que continham práticas de diversidade formais e duas que não continham).
Uma carta convite foi encaminhada às mesmas na intenção de que elas pudessem
colaborar com o desenvolvimento do trabalho proposto (ver Apêndice A). Seguido
a isso, foram realizadas visitas e apresentações do projeto de pesquisa. Como
resultado, duas empresas aceitaram o convite, uma do setor industrial de
eletroeletrônicos que desenvolve práticas de diversidade com base em um projeto
institucional e outra do setor bancário que não exercia nenhuma prática formal em
prol da diversidade.
4.4.3 Arcabouço amostral
(a) As empresas participantes
A empresa do setor industrial tem a sua sede situada em São Paulo. De
origem européia, possuía aproximadamente 4000 em empregados em janeiro do
ano corrente. Vem desenvolvendo práticas formais de diversidade desde o ano de
2003.
122
Empresa I
Alcance
Funcionários da matriz sediada em São Paulo, funcionários de fábricas
sediadas nos estados do Amazonas e Minas Gerais, e representantes das
filiais de vendas sediadas no Rio de Janeiro, Pernambuco, Distrito
Federal, Paraná, Piauí e Rio Grande do Sul.
Período
janeiro de 2008
Quadro IX: Arcabouço amostral da empresa do setor industrial
Fonte: Dados da pesquisa
A empresa do setor bancário também com sede em São Paulo. De origem
nacional, possuía aproximadamente 800 empregados espalhados em 38 agências
situadas nas principais cidades brasileiras em fevereiro do ano corrente. Não
possui práticas formais de diversidade, mas pretende desenvolver projetos
direcionados a esse fim.
Empresa II
Alcance
Funcionários da matriz sediada em São Paulo e de agências
provenientes de 18 Estados brasileiros diferentes: Alagoas, Amazonas,
Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas
Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe.
Período
fevereiro de 2008
Quadro X: Arcabouço amostral da empresa do setor bancário
Fonte: Dados da pesquisa
b) Os indivíduos participantes
Os indivíduos participantes da pesquisa eram funcionários das empresas
citadas que possuíam nível de escolaridade igual ou superior ao ensino médio. Os
pertencentes à Empresa I ocupavam níveis de liderança (supervisão, gerência e
diretoria) e os funcionários da Empresa II diferentes níveis hierárquicos. A
diferença de ocupação de níveis hierárquicos dos indivíduos de uma e outra
empresa deu-se não por uma intenção da pesquisa, mas por critérios adotados
123
pelas próprias empresas em disponibilizá-los. Em seção subseqüente, serão
apresentados os dados descritivos e o perfil predominante dos mesmos.
4.4.4 O método de amostragem
Os métodos de amostragem podem ser divididos em duas categorias amplas:
probabilísticos e não-probabilísticos. Os primeiros são baseados na premissa de que
cada elemento da população alvo tem uma probabilidade de ser selecionado
aleatoriamente e a probabilidade de ser selecionado é determinada antecipadamente
pelo pesquisador (HAIR et al. 2005). Na amostragem não-probabilística, a inclusão ou
exclusão de elementos em uma amostra fica a critério do pesquisador, o que quer dizer
que nem todo elemento da população alvo tem chance de ser selecionado para a
amostra.
Nesta pesquisa, o método de amostragem não probabilística foi utilizado tanto
para a seleção das empresas quanto para a dos indivíduos. A escolha das empresas foi
realizada por julgamento, a dos indivíduos da Empresa I por acessibilidade e a dos
indivíduos da Empresa II por censo, ou seja, o instrumento foi encaminhando para toda
a população.
4.4.5 O tamanho da amostra
Originalmente, a amostra ficou representada por 460 indivíduos, sendo 178 da
empresa do setor industrial e 282 da empresa do setor bancário. Esse número
representou quinze vezes o número das variáveis da maior escala utilizada na pesquisa,
o que significa que foram atendidos os critérios desejáveis de confiabilidade para a
implementação da amostra (HAIR, 2005).
124
4.5 Procedimentos para a coleta de dados
Dois procedimentos foram utilizados para a coleta de dados. Na pesquisa
qualitativa, a entrevista em profundidade, e na pesquisa quantitativa, questionários autoadministrados. A entrevista em profundidade é definida como uma técnica que
possibilita um encontro direto “cara a cara” entre pesquisador e informante para que as
perspectivas, as experiências, e/ou situações deste diante do fenômeno em estudo sejam
expressas por suas próprias palavras. Ela é modelada após uma conversação entre
iguais, e isso é mais do que uma conversação formal de perguntas e respostas
(TAYLOR e BOGDAN, 1998). Nessa pesquisa ela seguiu o modelo
semi-
estruturado de perguntas em que predominou o ponto de vista do entrevistado.
Os questionários auto-administrados foram utilizados para mensurar a percepção
de justiça organizacional e as atitudes dos indivíduos diante da diversidade, bem como
os valores de individualismo e coletivismo. Nas empresas pesquisadas, as respostas
foram dadas por via eletrônica, na seguinte página: www.pesquisadiversidade.com.br.
Antes de disponibilizar os questionários na internet, três procedimentos foram
adotados para garantir a validade dos mesmos: primeiro, a utilização de senhas de
acesso para garantir que somente os indivíduos pertencentes às empresas pesquisadas
fossem os respondentes. O segundo, a construção de site em cuja página inicial foram
apresentadas explicações sobre o trabalho e instruções sobre como preencher os
questionários de modo que eles fossem auto-administrados. E o terceiro procedimento,
o controle sobre as perdas e duplicidades das respostas dos sujeitos (o questionário foi
construído em um sistema que avisava a omissão de dados e bloqueava a duplicidade de
respostas em relação a um mesmo item).
A vantagem desse procedimento foi ganhar agilidade na pesquisa e qualidade nas
respostas obtidas dos sujeitos (HAIR, 2005a). A desvantagem por sua vez, foi omitir
possíveis incompreensões dos sujeitos sobre as assertivas, que normalmente aparecem
nas duplicidades e nas omissões das respostas (HAIR, 2005b).
125
4.6 Os instrumentos para a coleta de dados
Dois dos três instrumentos utilizados na pesquisa foram elaborados pela autora: o
de atitudes dos indivíduos diante das concessões oferecidas à diversidade e o de
percepção de justiça organizacional sobre as práticas de diversidade. A justificativa para
essa iniciativa foi devido ao fato de na época não terem sido identificadas na literatura
escalas que viessem a atender a proposta de estudo desta pesquisa.
A elaboração dos instrumentos foi baseada nos critérios de construção de
construtos psicológicos contidos na literatura (PASQUALI, 2003; ASSOCIAÇÃO
AMERICANA DE PSICOLOGIA; 1985), conforme serão descritos nas subseções
seguintes.
4.6.1 Elaboração do instrumento de atitudes
O instrumento de atitudes teve como objetivo mensurar o posicionamento dos
indivíduos diante da diversidade (grupos de mulheres, pessoas negras e pessoas com
deficiência) no que diz respeito às concessões que lhes são oferecidas pelas
organizações (oportunidades, privilégios e condições especiais ou favoráveis). O tipo de
atitude a ser avaliada em cada uma das assertivas foi a de base cognitiva.
A elaboração do instrumento seguiu sete etapas: (a) levantamento de informações
sobre escalas de atitudes diante da diversidade, (b) identificação das dimensões das
atitudes; (c) construção da primeira versão do questionário (piloto), (d) verificação da
validade do questionário piloto; (e) construção da segunda versão do questionário, (f)
pré-teste da segunda versão e (g) verificação da validade da segunda versão.
126
(a) Levantamento de informações sobre escalas de atitudes diante da diversidade:
Com a finalidade de ter um referencial inicial para a construção da escala foi
realizada vasta revisão bibliográfica exploratória de estudos sobre as atitudes dos
indivíduos diante da diversidade (grupos de mulheres, pessoas negras e pessoas com
deficiência) no que diz respeito às concessões que lhes são oferecidas pelas práticas
decorrentes das ações afirmativas (AA) e das iniciativas organizacionais (projetos,
programas ou modelos de gestão de diversidade), conforme apresentado no Quadro XI a
seguir:
Fonte Referencial
Tipo de Estudo
Atitudes identificadas diante da diversidade
Kinder e Sears, 1981
Experimental
Veilleux e Tougas,
1989
Tougas, Beaton e
Veilleux, 1991
Heilman, Block e
Lucas, 1992
Sinadius et. al., 1993
Descritivo
Descritivo
Atitudes de rejeição dos homens brancos às políticas de proteção aos
grupos sociais minoritários com base no racismo simbólico
Atitudes de rejeição das ações afirmativas por parte das mulheres:
altruísmo ou egoísmo?
Razões das atitudes de aceitação das ações afirmativas por parte das
mulheres
Atitudes de rejeição às ações afirmativas baseadas no receio ao
estigma
Atitudes de aceitação das práticas de diversidade com base na justiça
social
Atitudes dos estudantes homens brancos em direção a força de
trabalho decorrente dos programas de diversidade
Estudo sobre a atitude de auto-interesse diante das ações afirmativas
Descritivo
Atitudes de diferentes grupos em direção as ações afirmativas
Descritivo
Experimental
Ensaio teórico
Richard e Kirby,
1997
Little, Murry e
Wimbush, 1998
Kravitz e Klineberg,
2002
Experimental
Swanson, 2002
Qualitativo
Atitudes diante dos programas de diversidade no ambiente
corporativo
Kidder et al., 2004
Experimental
Reações pessoais e de grupo em direção as iniciativas de diversidade
Eddy e Burke, 2004 Descritivo
Atitudes diante da igualdade e da diversidade
Kemmelmeier, 2003 Experimental
Individualismo e atitudes em direção as ações afirmativas: evidencias
de experimentos
Deslippe, 2004
Ensaio teórico
As atitudes de rejeição às ações afirmativas com base na
discriminação reversa
Wilson, 2006.
Descritivo
Atitudes de rejeição às ações afirmativas com base na discriminação
reversa
Quadro XI: Estudos sobre as atitudes diante das práticas de diversidade
Fonte: Quadro elaborado pela autora
127
(b) Identificação das dimensões de atitudes:
A análise da literatura citada anteriormente foi um procedimento adotado que
tornou possível identificar, sistematizar e categorizar duas tendências de atitudes dos
indivíduos acerca da diversidade (grupos de mulheres, de pessoas negras e de pessoas
com deficiência), em relação a concessões (oportunidades, privilégios e/ou condições
especiais) oferecidas no contexto organizacional.
Conforme descrito no referencial teórico, mediante essa análise uma proposta de
modelo para as atitudes foi estruturada em duas dimensões: uma de aceitação ou de
rejeição; e uma outra referente aos sujeitos dessa aceitação ou rejeição, ou seja, aos
indivíduos beneficiados ou não pelas práticas de diversidade. Com isso, foi possível
identificar quatro categorias de atitudes diante da diversidade: a de aceitação dos
indivíduos não beneficiados, a de aceitação dos indivíduos beneficiados, a de rejeição
dos indivíduos não beneficiados e a de rejeição dos indivíduos beneficiados.
Para verificar se as dimensões de atitudes propostas eram pertinentes à realidade
brasileira (a literatura era de origem estrangeira), foi realizada uma pesquisa qualitativa
com dois sujeitos representantes de cada grupo de diversidade em estudo (mulheres,
pessoas negras e pessoas com deficiência) e com dois sujeitos considerados não
diversos (homens brancos). Esses indivíduos pertenciam a duas empresas em que seriam
aplicados os questionários posteriormente, uma do segmento industrial (Empresa I) e a
outra do bancário (Empresa II). Respectivamente, as mulheres ocupavam o cargo de
gerente geral e de coordenadora; as pessoas negras (dois homens) gerente financeiro e
analista; as pessoas com deficiência (dois homens) gerente de área e assistente, e
finalmente, os homens brancos, gerente de área e analista.
Entrevistas em profundidade (semi-estruturadas) foram realizadas com a duração
média de uma hora e meia. Elas foram desenvolvidas tendo por referencial um roteiro
com seis perguntas:
1. O que significa diversidade para você?
2. O que significam as práticas de diversidade?
3. Como você avalia as mulheres receberem concessões (oportunidades,
privilégios ou condições especiais) de práticas de diversidade?
128
4. Como você avalia as pessoas negras receberem concessões (oportunidades,
privilégios ou condições especiais) de práticas de diversidade?
5. Como você avalia as pessoas com deficiência receberem concessões
(oportunidades, privilégios ou condições especiais) de práticas de diversidade?
6.
Como você avalia as pessoas que são beneficiadas por práticas de
diversidade?
Os resultados da pesquisa qualitativa serão explicitados no capitulo em que serão
apresentadas as análises de dados.
(c) A construção da 1ª versão do questionário
A construção dos itens do questionário foi baseada em quatro fontes bibliográficas
que fazem referência as atitudes dos indivíduos diante da diversidade: na escala General
Social Survey de Davis e Smith, (2003 apud WILSON, 2006) que avalia a
discriminação reversa; a escala de Tougas e Veilleux (1991) que avalia o auto-interesse
de grupos de mulheres diante de ações afirmativas; a escala de Eddy e Burky (2004) que
avalia as atitudes de aceitação e de rejeição diante das ações afirmativas e programas de
diversidade e nos resultados dos estudos experimentais de Heilman, Block e Stathatos
(1997), referentes à atitude de rejeição a ações afirmativas com base no receio ao
estigma. A análise dessas escalas possibilitou identificar os componentes norteadores às
dimensões hipotetizadas (ver Quadro XII) e elaborar assertivas correspondentes.
129
Dimensões de atitudes
diante das
práticas de
diversidade
Componente
norteador
Caracterização
Atitude de aceitação dos
indivíduos não
beneficiados
Justiça social
Focaliza-se na crença de que as
concessões à diversidade devem
existir para dar mais oportunidades
aos grupos sociais que estão em
desvantagens na sociedade.
Sinadius et al., (1993);
Atitude de aceitação dos
indivíduos
beneficiados
Obtenção de
ganhos
Focaliza-se na crença de que as
concessões à diversidade devem
existir porque o ganho particular é
mais facilmente obtido por meio da
adesão às estratégias coletivas.
Veilleux
e
Tougas,
(1989); Tougas et al.
(1991)
Discriminação
reversa
Focaliza-se na crença de que as
concessões
oferecidas
à
diversidade
acabam
sendo
discriminatórias em relação aos
demais não beneficiados.
Kinder e Sears, (1981);
Richard e Kirby, (1997);
Deslippe, (2004);
Wilson, (2006)
Atitude de
Estigma
Focaliza-se na crença de as
rejeição dos indivíduos
concessões à diversidade geram
beneficiados
estigma aos que são beneficiados.
Quadro XII: Dimensões de atitudes diante da diversidade
Nacoste, (1990); Heilman,
Block e Lucas, (1992)
Atitude de
rejeição dos indivíduos
não beneficiados
Fonte Referencial
Beaton e Tougas, (2001)
Após a identificação das quatro dimensões de atitudes encontradas na literatura e
nos depoimentos dos sujeitos entrevistados, o passo seguinte foi construir os itens do
questionário. A escala utilizada foi a do tipo Likert com valores variando de 1 (discordo
totalmente) a 6 (concordo totalmente). A primeira versão foi composta de quatro
assertivas para cada uma das atitudes, com isso, resultando em dezesseis itens (ver
Apêndice B).
Os itens referentes à atitude de aceitação dos indivíduos não beneficiados tiveram
por componente norteador a crença na justiça social, isto é, existe uma hierarquia de
importância dos grupos sociais nas comunidades. Ao adotar essa atitude, os indivíduos
aceitam as concessões oferecidas à diversidade porque reconhecem a não igualdade
entre os grupos sociais e acabam dando preferência ou favorecendo os que estão na base
da hierarquia (SINADIUS et al., 1993; BEATON e TOUGAS, 2001).
Os itens referentes à atitude de aceitação dos indivíduos beneficiados tiveram por
componente norteador a crença de que ela gera obtenção de ganhos. Ao adotar essa
atitude, os indivíduos aceitam as concessões oferecidas à diversidade porque acreditam
que serão beneficiados e terão menos desvantagens em relação aos outros grupos mais
privilegiados na sociedade (VEILLEUX e TOUGAS, 1989; TOUGAS et al. 1991).
130
Os itens referentes à atitude de rejeição dos indivíduos não beneficiados tiveram
por componente norteador a crença de que ela gera uma discriminação reversa. Ao
adotar essa atitude, os indivíduos rejeitam as concessões oferecidas à diversidade
porque prevalece a idéia de que elas acabam preterindo os grupos de indivíduos não
beneficiados (KINDER e SEARS, 1981; RICHARD e KIRBY, 1997; DESLIPPE, 2004;
WILSON, 2006).
Os itens referentes à atitude de rejeição dos indivíduos beneficiados tiveram por
componente norteador a crença de que os indivíduos beneficiados por práticas de
diversidade são estigmatizados como menos qualificados ou incompetentes. Ao adotar
essa atitude, os indivíduos rejeitam as concessões oferecidas à diversidade porque
prevalece a idéia de que elas desconsideram o mérito, e conseqüentemente, subestimam
o potencial dos indivíduos que passam a ser menos valorizados no desenvolvimento de
carreira nas organizações (NACOSTE, 1990; HEILMAN, BLOCK e LUCAS, 1992).
(d) Verificação da validade de conteúdo e semântica.
Com a primeira versão do questionário estruturada, o próximo passo foi submetêla à análise de cinco juízes, mestres e doutores professores na área da Administração e
Psicologia, que verificaram não só o conteúdo como a semântica. Cada juiz recebeu um
formulário com os itens do questionário que foram formulados e foi solicitado que eles
estabelecessem notas de 0 a 10 tanto para pertinência dos mesmos ao conteúdo quanto
para a clareza do texto (PORTO, no prelo). O grau de concordância quanto à pertinência
dos itens às dimensões propostas ficou acima de 80%, porém grande parte dos itens
obteve escores abaixo de 50% quanto à semântica.
De acordo com a observação dos juízes, os itens do questionário não
especificavam os tipos de concessões oferecidas à diversidade (tipo de oportunidades,
condições etc.) e faziam referência a mais de um objeto de estudo em um único item (no
caso, grupos sociais: mulheres, negros e pessoas com deficiência).
131
(e) Segunda versão do questionário
Em decorrência da análise de juízes, todo o questionário foi reformulado de
acordo com as inconsistências detectadas. Os itens foram refeitos de modo a avaliar
separadamente as concessões oferecidas à diversidade sob as diferentes práticas de
diversidade e para cada um dos grupos sociais em estudo (mulheres, pessoas negras e
pessoas com deficiência). Com isso, a nova versão chegou a 24 itens, com subdivisões
de seis itens para cada uma das quatro dimensões de atitudes em estudo (ver Apêndice
D).
(f) Pré-Teste
Uma pesquisa piloto com 167 indivíduos de nível superior completo foi realizada
(in loco) a fim de proceder novamente à validade semântica e verificar a validade de
construto do questionário. Ao solicitar o preenchimento da escala aos respondentes,
pedia-se ao mesmo tempo, que fossem destacadas as questões não compreendidas
claramente. Esses questionários foram respondidos em sua maioria por profissionais
estudantes de cursos de Pós-Graduação Lato-Senso em Administração de Empresas,
com idade média de 33 anos (dp = 8,7), 67% do sexo feminino, 81% da raça branca,
tempo médio de casa de 5 anos (dp = 5,5), ocupando funções diversas (29% analistas,
16% supervisores, 14% gerentes, 7% assistentes, 34% outras funções).
(g) Verificação da validade
A validade da segunda versão do questionário deu-se a partir de uma nova
verificação da semântica e da checagem psicométrica. A validade de conteúdo não foi
mais considerada, por não ter havido alterações nos itens nesse sentido. O procedimento
adotado para avaliar a semântica da segunda versão ocorreu durante o pré-teste com a
132
presença da pesquisadora. Foi solicitado aos respondentes que eles dissessem se os itens
estavam ou não compreensíveis. O resultado obtido foi positivo, pois durante a
aplicação do instrumento nenhuma dúvida foi colocada e houve um consentimento geral
de que todos os itens estavam claros.
A checagem psicométrica compreendeu quatro etapas: (I) a análise dos dados da
amostra, (II) a verificação da fatorabilidade da matriz, (III) definição do número de
fatores e a (IV) extração, rotação e interpretação dos fatores.
(I) Análise dos dados da amostra
O primeiro procedimento adotado para realizar a checagem psicométrica foi
identificar dados faltantes (missing) e a existência de um padrão de respostas de
indivíduos que diferiam significativamente das respostas dos demais, em um único item
ou em vários (outliers).
•
Dados omissos: Ao todo foram constatados seis dados omissos distribuídos em
cinco variáveis. O tratamento dado a esses casos foi realizado por meio do
método da substituição dos valores perdidos por valores estimados com base na
média (HAIR, 2005). As possíveis desvantagens desse procedimento em
distorcer os valores finais não se tornam significativas devido ao percentual final
de dados perdidos corresponderem a menos de 1%.
•
Outliers: Pelo método multivariado não foram detectados outliers. No entanto,
ao realizar uma análise da qualidade de respostas emitidas pelos sujeitos
verificou-se que um sujeito apresentou uma mesma resposta para 90% das
variáveis, por esse motivo ele foi eliminado da amostra ficando a mesma com
166 respondentes.
133
(II) Verificação da fatorabilidade da matriz
Antes de identificar os fatores subjacentes aos vinte e quatro itens do
instrumento, as suposições que fornecem a indicação ou não da solução fatorial foram
observadas (HAIR, 2005). Para isso foi feita a análise dos seguintes indicadores:
•
Tamanho da amostra: As regras comumente utilizadas recomendam uma
amostra a partir de cinco sujeitos por item (HAIR, 2005). Neste caso, seriam
necessário 168 respondentes, como a amostra de respondentes foi composta de
167, esse item foi atendido.
•
Matriz de correlação: por meio da análise de correlação de Spearman foi
verificada a existência de 290 correlações significativas entre as variáveis dentre
as 576 possíveis, o que representa 50,34% de correlações existentes na matriz
(Ver ANEXO I)
•
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): o teste de
adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin teve valor 0,837 indicando que o
banco de dados era adequado para esse tratamento estatístico.
•
Teste de esfericidade de Bartlett: o teste de esfericidade de Bartlett também foi
significativo (qui-quadrado aproximado = 1960,396; p<0,01).
•
Matriz da anti-imagem: apresentou relações satisfatórias entre as variáveis
com índices variando entre 0,792 e 0,883.
Tendo em vista os indicadores e critérios anteriormente mencionados,
especialmente o valor do KMO e o número das correlações existentes entre as variáveis,
pôde-se considerar a matriz favorável para a aplicação da técnica de análise fatorial.
134
(III) Definição do número de fatores
Para verificar o número de fatores obtidos três critérios foram adotados: observar
o resultado do gráfico scree plot (CATELL,1966); observar o resultado do modelo
fatorial adotado, no caso, o Principal Axis Factoring e checar a análise paralela (HORN,
1965). Esse procedimento refere-se à comparação entre o percentual de valores de
eigenvalues obtidos da amostra real e o percentual de valores de eigenvalues obtidos de
uma amostra aleatória submetida aos mesmos critérios adotados no modelo fatorial da
amostra real e sob o mesmo número de itens da escala em estudo.
•
Teste scree plot: ao usar o critério da raiz latente, em que o fator a ser extraído
deve explicar a variância de pelo menos uma variável, observa-se pelo gráfico
que somente quatro fatores têm autovalores maiores que 1, por isso,
considerados significantes.
Critério da raiz latente
Gráfico I – Scree plot para extração de fatores do instrumento de atitudes
a. 4 fatores foram extraídos, 6 interações requeridas.
•
Para a utilização do Principal Axis Factoring foi utilizado o critério dos valores
próprios (eigenvalues) maiores ou iguais a um. A extração dos fatores foi
realizada pela rotação Promax. Optou-se por manter os itens com carga fatorial
acima de 0,45, porque seriam melhores representantes do fator. Após a
realização de três rodadas, houve a eliminação de quatro itens (1, 2, 10 e 14) por
135
não terem obtido cargas fatoriais superiores a 0,45, ficando a escala com 20
itens. A análise final sinalizou a existência de quatro fatores (ver Quadro XIII).
Matriz Padrãoa
Fator
1
15 - As mulheres quando recebem condições especiais para o desenvolvimento de
carreira são consideradas menos competentes.
16 - As pessoas com deficiência quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas menos competentes.
13 - As pessoas negras quando recebem condições especiais para o desenvolvimento
de carreira são consideradas menos competentes.
20 - As pessoas negras quando favorecidas no processo de contratação são
consideradas menos capazes.
8 - As pessoas com deficiência quando favorecidas no processo de contratação são
consideradas menos capazes.
4 - As mulheres quando favorecidas no processo de contratação são consideradas
menos capazes
5 - As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que as demais no
desenvolvimento de carreira.
19 - As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportundiades que as demais na
contratação.
23 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não negras no
desenvolvimento de carreira.
9 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não negras na
contratação.
11 - As pessoas negras não recebem as mesmas condições que as não negras para o
desenvolvimento de carreira.
24 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam condições favoráveis
para o desenvolvimento de carreira para as pessoas negras.
6 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a contratação de
pessoas negras.
17 -As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam condições favoráveis
para o desenvolvimento de carreira para as mulheres
12 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a contratação de
mulheres.
22 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a contratação de
pessoas com deficiência.
18 - Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis para o
desenvolvimento de carreira para as pessoas negras.
21 - Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis para o
desenvolvimento de carreira para as mulheres.
7 - Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para as mulheres.
3 - Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para as pessoas negras.
2
3
4
,831
,745
,727
,710
,697
,499
,784
,747
,658
,655
,632
,819
,745
,633
,609
,522
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
Método de Rotação: Promax with Kaiser Normalization.
a. Rotação convergiu em 6 interações.
Quadro XIII: Matriz fatorial exploratória do instrumento de atitudes diante da diversidade
•
A análise paralela de Horn (1965), baseada na comparação entre o percentual
dos eigenvalues obtidos da amostra real e o percentual dos eigenvalues obtidos
da amostra aleatória, indicou a existência de quatro fatores.
,778
,753
,675
,567
136
Tabela I - Eigenvalues obtidos da amostra
real de indivíduos submetidos ao instrumento
de atitudes Total de Variância Explicada
Fator
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Raiz Latente Inicial (Eingevalues)
% of
Variância
Total
Cumulado %
5,472
27,358
27,358
4,596
22,981
50,339
1,532
7,658
57,997
1,158
5,792
63,789
,832
4,160
67,949
,809
4,047
71,996
,724
3,618
75,614
,636
3,182
78,795
,585
2,927
81,722
,543
2,715
84,437
,479
2,394
86,831
,472
2,360
89,190
,370
1,848
91,038
,340
1,702
92,740
,326
1,631
94,371
,299
1,493
95,864
,257
1,283
97,147
,210
1,051
98,198
,187
,935
99,133
,173
,867
100,000
Rotação
a
Total
4,407
3,651
4,090
3,640
Tabela III - Comparação de valores
de eingevaluesda Tabela I e II
Eingevalues
% de Variância Real % de Variância Paralela
27,358
6,849
22,981
6,752
7,658
6,205
5,792
6,033
4,16
5,975
4,047
5,568
3,618
5,459
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
a. Quando fatores são correlacionados, somas dos
quadrados não podem ser obtidas da variância total.
Tabela II – Eingevalues obtidos de uma
amostra paralela equivalente a da Tabela I
Total de vari ânci a expl icada
Fat or
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Total
1, 370
1, 350
1, 241
1, 207
1, 195
1, 114
1, 092
1, 064
1, 036
1, 003
,959
,913
,899
,863
,859
,828
,804
,767
,746
,689
Eigenv alues inic iais
% de
Cumulado %
Variânc ia
6, 849
6, 849
6, 752
13,601
6, 205
19,807
6, 033
25,840
5, 975
31,815
5, 568
37,383
5, 459
42,842
5, 321
48,163
5, 180
53,343
5, 016
58,359
4, 796
63,154
4, 566
67,720
4, 496
72,216
4, 317
76,533
4, 295
80,828
4, 141
84,968
4, 022
88,991
3, 833
92,823
3, 731
96,554
3, 446
100, 000
a
Rotação
Total
,501
,469
,445
,400
,364
,372
,387
,342
,308
,381
Método de ex tração: Principal Axis Factoring.
a. Quando f atores são correlac ionados, somas dos
quadradod nãopodem ser adic ionadas a v ariância total.
Como resultado, todas as soluções apresentadas contemplaram a existência de
quatro fatores, confirmando as dimensões encontradas na literatura: estigma, justiça
social, discriminação reversa e obtenção de ganhos.
137
(IV) Extração, rotação e interpretação dos fatores
O terceiro e último procedimento adotado para a validação das escalas da
pesquisa foi o de verificar a rotação e a interpretação de cada um dos quatro fatores
obtidos.
•
O fator 1, nomeado estigma, ficou composto por seis itens, com alpha de
Crombach de 0,860 e percentual de variância explicada de 27,35%. As três
cargas fatoriais mais altas referem-se à crença de que as mulheres, as pessoas
com deficiência e as pessoas negras são consideradas menos competentes ao
receberem condições especiais para o desenvolvimento de carreira.
•
O fator 2, nomeado justiça social, ficou composto de cinco itens, com alpha
de Crombach 0,849 e percentual de variância explicada de 22,98%. As
cargas fatoriais mais altas referem-se à crença de que as pessoas com
deficiência e as pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as
demais no desenvolvimento de carreira e na contratação.
•
O fator 3, nomeado discriminação reversa, ficou composto de cinco itens,
com alpha de Crombach de 0,837 e percentual de variância explicada de
7,65%. As cargas fatoriais mais altas referem-se à crença de que as práticas
de diversidade são discriminatórias quando criam condições favoráveis para
o desenvolvimento de carreira e para a contratação de pessoas negras em
primeiro lugar e também de mulheres, o que não acontece com as pessoas
com deficiência.
•
O fator 4, nomeado obtenção de ganhos, ficou composto de quatro itens, com
alpha de 0,817 e percentual de variância explicada de 5,79%. As cargas
fatoriais mais altas referem-se à crença de que deve haver práticas de
diversidade que criem condições favoráveis para o desenvolvimento de
carreira para as pessoas negras e para as mulheres.
Ao final das etapas de verificação da validade, a escala apresentou indicadores
psicométricos adequados e todos os fatores obtiveram índice de consistência interna
superiores a 0,80 (PASQUALI, 2004). O percentual de variância explicada pelo
instrumento foi de 63,78%, índice considerado satisfatório para o processo de validação
(HAIR, 2005).
138
4.6.2 – Elaboração do instrumento de percepção de justiça diante da diversidade
O instrumento de percepção de justiça teve como objetivo mensurar os critérios
utilizados pelos indivíduos para considerar justas as práticas de diversidade direcionadas
a: grupos de mulheres, pessoas negras e pessoas com deficiência, a partir das quatro
dimensões de justiça organizacional apresentadas por Colquitt (2001) (a distributiva, a
processual, a interacional e a informacional).
A elaboração dos itens do instrumento seguiu oito etapas: (a) levantamento de
informações em estudos anteriores sobre escalas de percepção de justiça organizacional,
(b) definição dos componentes norteadores (c) a construção da primeira versão do
instrumento (piloto), (d) verificação da validade da primeira versão do instrumento
(piloto); (e) construção de uma segunda versão do instrumento; (f) verificação da
validade da segunda versão do instrumento (pré-teste); (g) construção de uma terceira
versão do instrumento.
(a) Levantamento de informações em estudos anteriores sobre escalas de percepção de
justiça
A elaboração do questionário iniciou-se com uma pesquisa bibliográfica de
escalas que tivessem adotado a relação entre as quatro dimensões de justiça
organizacional (COLQUIIT, 2001; REGO, 2002) e as atitudes diante da diversidade,
mas na época, nenhuma foi encontrada sob esse critério. Na literatura há estudos que
relacionam uma, duas ou três das dimensões de justiça organizacional com programas
de ações afirmativas ou com iniciativas organizacionais, conforme descrição no Quadro
XIV.
139
Fonte Referencial
Tipo de Estudo
Leck, Saunders e
Charbonneau, 1996
Descritivo
Assunto
Dimensões trabalhadas
Uma perspectiva da justiça
organizacional sobre os
programas
de
ações
afirmativas.
Richard e Kirby,
Experimental
A justiça organizacional e a
1999
justificativa
para
os
programas de diversidade
Vermeulen e
Descritivo
Percepção de três dimensões
Coetzee, 2006
de justiça organizacional
diante das ações afirmativas:
um estudo piloto.
Quadro XIV: Estudos sobre percepção de justiça sobre práticas de diversidade
Fonte: elaborado pela autora
Justiça Distributiva e
processual.
Justiça informacional
Justiça
Distributiva,
processual
e
interacional.
Escalas que mensuram a percepção de justiça organizacional foram fontes
importantes para identificar os componentes que nortearam a construção dos itens
inerentes às dimensões encontradas desse constructo (ver Quadro XV). Entre elas,
destacam-se: a versão da Escala de Justiça Organizacional de Colquitt (2001), traduzida
e validada no Brasil por Assmar, Ferreira, Souto, Souza, Mac-Cord e Borges (2002), a
Escalas de Justiça Organizacional do Rego (2001) e a Escala de Percepção de Justiça
Organizacional (MENDONÇA; PEREIRA; TAMAYO e PAZ, 2003).
Fonte Referencial
Escala
Dimensões trabalhadas
Colquitt (2001)
Justiça Organizacional
Distributiva,
informacional
interacional
e
Rego, 2001
Justiça Organizacional
Distributiva,
Processual,
interacional
informacional
Distributiva, Processual e interacional
e
Mendonça, Pereira, Escala de Percepção de Justiça
Tamayo e Paz
Organizacional
(2003)
Quadro XV: Escalas de justiça organizacional
Fonte: elaborada pela autora
Processual,
(b) Definição dos componentes norteadores
O componente norteador da dimensão de justiça distributiva encontrado nas três
escalas citadas anteriormente diz respeito à distribuição de recompensas. Em todas elas
o sentido de justiça referente à distribuição dessas recompensas é baseado no princípio
da eqüidade (ADMS, 1965) que defende a proporção de investimentos despendidos pela
140
organização e a meritocracia (DEUTSCH, 1975; LEVENTHAL,1976). Os princípios
de justiça baseados na igualdade (LERNER, 1975; SCHWINGER,1980) e na
necessidade (DEUTSCH ,1985) não foram empiricamente comprovados nessas escalas.
Mas, na literatura, eles foram teoricamente tratados como categorias dessa dimensão
(SABBAGH, 2002). Nesta pesquisa eles foram considerados para compor o
instrumento.
O componente norteador da dimensão de justiça processual é definido pelos
significados de justiça atribuídos aos procedimentos e tomadas de decisão para a
determinação de resultados (THIBAUT e WALKER, 1975). O sentido de justiça dessa
dimensão é mensurado pelos princípios tais como: a imparcialidade diante dos
procedimentos adotados (LEVENTHAL,1980), a valorização do direito de as pessoas
emitirem opinião e expressarem suas idéias (controle de voz ), e o normativo que
representa os interesses de grupo (TYLER, 1989).
O componente norteador da dimensão de justiça interacional é definido pela
percepção do significado atribuído a relação interpessoal estabelecida entre os agentes
da organização (gestores) e os seus subordinados (BIES, 1990). O sentido de justiça
dessa dimensão é mensurado pelos princípios de consideração, sinceridade, franqueza e
preocupação com os direitos dos empregados (BIES e MOAG, 1985).
O componente norteador da dimensão de justiça informacional é definido pelas
explicações oferecidas pelos agentes organizacionais aos seus subordinados sobre
procedimentos e tomadas de decisão em relação aos resultados ou fins alcançados
(BIES e MOAG, 1986; SHAPIRO, 1991). Essas explicações podem ter por princípio as
desculpas ou as justificativas (SCOTT E LYMAN, 1968).
Quando aplicado à diversidade, o componente norteador da dimensão de justiça
organizacional distributiva passou a contemplar as recompensas que são oferecidas aos
grupos sociais em estudo (mulheres, pessoas negras e pessoas com deficiência) por
meio dos programas de diversidade. O componente referente à dimensão processual fez
referência aos procedimentos e decisões que concedem recompensas a esses grupos. O
referente à dimensão interacional ao tipo de tratamento concedido aos mesmos e o da
dimensão informacional às explicações oferecidas sobre a existência de programas de
diversidade.
O Quadro XVI descreve na primeira coluna as quatro dimensões de justiça
organizacional, nas três colunas seguintes os componentes norteadores, os princípios de
141
justiça a caracterização desses identificados, na literatura, e, na última coluna, são
descritos os mesmos componentes norteadores aplicados à diversidade.
Dimensões de
justiça
Componente
norteador
Princípio de
justiça
Caracterização dos princípios de justiça
Distributiva
Distribuições de
recompensas
Eqüidade
As recompensas são distribuídas de acordo
com as contribuições recebidas.
DEUTSCH , (1975), LEVENTHAL,(1976)
Igualdade
Necessidade
Processual
Procedimentos e
tomadas de decisão
Imparcialidade
Controle de voz
Componente
norteador
aplicado à
diversidade
Recompensas
oferecidas à
diversidade
As recompensas devem gerar um destino
comum para todos os indivíduos.
LERNER, (1975); SCHWINGER,(1980)
As recompensas devem reduzir o sofrimento
dos que não conseguem satisfazer suas
necessidades por si mesmos (sejam as básicas,
as intelectuais e as emocionais)
DEUTSCH 1985)
Os processos e decisões devem adotar regras
imparciais, neutras, consistentes e empregar-se
de cuidados contra viés. LEVENTHAL,(1980)
Procedimentos
adotados em prol
da
diversidade
Os processos e decisões devem ouvir e
valorizar as expressões dos indivíduos
TYLER, RASINSKI E SPODICK, (1985)
Normativo
Interacional
Informacional
Relação
Interpessoal
estabelecida entre
superiores e
subordinados
Direitos dos
empregados
Explicações sobre
as decisões
tomadas
Desculpa
Justificativa
As tomadas de decisão e de procedimentos
devem refletir o interesse de todos os membros
dos grupos TYLER, (1989)
O tratamento deve contemplar a preocupação
com os direitos dos empregados.
BIES e MOAG,(1985)
Desculpas são definidas como explicações em
que a tomada de decisão admite que o ato em
questão é desfavorável mas nega-se a
responsabilidade por citar uma causa externa
ou circunstância mitigante como motivo
SCOTT e LYMANS, (1968).
Relação
interpessoal
estabelecida com a
diversidade
Explicações em
torno da
diversidade
As justificativas por sua vez são aquelas em
que o tomador da decisão aceita a total
responsabilidade, mas nega que o ato em si seja
inapropriado em vista de um objetivo maior
(SCOTT e LYMANS, 1968).
Quadro XVI: Componentes norteadores e princípios de justiça utilizados na primeira versão do
instrumento de percepção de justiça diante de práticas de diversidade
O segundo passo para a construção do questionário baseou-se numa pesquisa
qualitativa, por meio de entrevistas com dois indivíduos representantes de cada um dos
três grupos de diversidade em estudo (mulheres, as pessoas negras e as pessoas com
deficiência). As entrevistas realizadas contemplaram a seguinte pergunta: O que
significa para você uma prática de diversidade justa? Os resultados obtidos serão
apresentados em uma seção posterior.
142
(c) A construção da primeira versão do instrumento (piloto)
A escala utilizada para a construção do instrumento foi a do tipo Likert com
valores variando de 1 (discordo totalmente) a 6 (concordo totalmente). A primeira
versão foi composta de três assertivas para a dimensão distributiva, quatro para a
dimensão processual, duas para a dimensão interacional e três para a dimensão
informacional, resultando em um total de doze itens (ver Apêndice E).
•
Os três itens referentes à justiça distributiva tiveram por componente norteador
as recompensas oferecidas à diversidade. O primeiro deles teve por base o
princípio da meritocracia baseado na eqüidade, o segundo baseado no princípio
da igualdade de resultado e o terceiro, no da necessidade dos indivíduos.
•
Os quatro itens referentes à justiça processual tiveram por componente norteador
os procedimentos voltados para a diversidade. Os dois primeiros tiveram por
base o princípio do controle de voz, o terceiro, o normativo tendo por base a
confiança atribuída ao agente organizacional como representante dos interesses
dos grupos e o último teve por base a imparcialidade.
•
Os dois itens referentes à justiça interacional tiveram por componente norteador
o tipo de tratamento concedido à diversidade, um baseado no princípio da
imparcialidade (tratar todos igualmente) e outro baseado em um tratamento
especial.
•
Os três itens referentes à justiça informacional tiveram por componente
norteador o tipo de justificativa que os agentes organizacionais concedem aos
seus colaboradores para justificar a existência de programas de diversidade por
meio de justificativas baseadas em três causas: a social, a estratégica e a legal.
143
(d) Verificação da validade do instrumento piloto
Após a formulação da primeira versão do instrumento, o próximo passo foi
submetê-lo à análise de quatro juízes, mestres e doutores na área da Psicologia,
conhecedores do construto em estudo, que verificaram não só a adequação dos itens ao
assunto como a clareza de compreensão dos mesmos. Foi solicitada a identificação dos
itens em relação às quatro dimensões de justiça (distributiva, processual, interacional e
informacional). O resultado obtido revelou que 75% dos juízes concordaram com a
pertinência de itens às dimensões propostas. Foram apresentadas dúvidas quanto aos
itens que abordaram as dimensões de justiça interacional e informacional.
Quanto ao quesito semântico, o resultado também revelou um índice significativo
de não concordância entre os juízes sobre a clareza dos itens. As observações feitas
comprometeram todo o instrumento. A primeira delas foi que o termo programa de
diversidade precisaria ser revisto, pois de acordo com o que ele pudesse se referir
(contratação, desenvolvimento de carreira, etc.) a percepção de justiça poderia mudar.
As demais faziam referência à dubiedade dos termos empregados e a multiplicidade de
objetos de estudo em um único item (no caso, grupos sociais: mulheres, negros e
pessoas com deficiência).
(e) Construção da segunda versão do instrumento
Os resultados da validação semântica revelaram a necessidade da construção de
uma segunda versão do instrumento que foi baseada em um grupo de foco cujo objetivo
era explorar o nível de compreensão dos indivíduos em relação a alguns itens em
estudo.
O grupo de foco teve como amostra dez alunos de Pós-Graduação em
Administração, oito mulheres brancas, um homem negro e um homem branco,
profissionais de empresas que atuam na área de recursos humanos (analistas,
coordenadores e gestores). Foi solicitado aos mesmos que revelassem o que estavam
144
compreendendo em relação a dez itens do instrumento. Os resultados obtidos revelaram
quais deles estavam dúbios, e também, os motivos pelos quais eles estavam gerando
problemas de interpretação (ver Apêndice H), entre os quais, destacam-se:
•
A utilização de mais de um processo organizacional em um único item
(acesso e de desenvolvimento profissional). Para cada um deles houve uma
interpretação diferente.
•
A utilização de mais de um grupo social como beneficiário das práticas de
diversidade em um único item. A interpretação sobre o que era justo para
um determinado grupo não valia para os demais em estudo.
•
Falta de compreensão sobre os termos: opinar, exercer a voz e recorrer.
Esses foram interpretados sob várias perspectivas e de forma polêmica.
•
Os termos negócios e estratégia foram compreendidos como conceitos
diferentes, portanto geraram avaliações diferentes.
•
Falta de compreensão sobre o que significava estabelecer relacionamentos
de forma diferenciada.
Em decorrência dos resultados obtidos do grupo de foco realizado, novos critérios
foram adotados para a construção da nova versão do instrumento, dentre eles:
reformulação dos termos e frases que causaram ambigüidade; elaboração de novos itens
para especificar os processos organizacionais e os grupos sociais em estudo; exclusão de
um item da justiça processual pelo fato de ter gerado muitas dúvidas e a elaboração de
novos itens para a justiça distributiva, procurando relevar os princípios de justiça que
lhes são subjacentes. Em sua segunda versão o instrumento resultou em vinte e nove
itens (ver Apêndice I).
145
(f) Verificação da validade da segunda versão do instrumento (pré-teste)
A validade da segunda versão do instrumento deu-se a partir de uma nova
verificação da semântica e da checagem psicométrica. O procedimento adotado para
avaliar a semântica ocorreu durante um pré-teste. Este compreendeu a mesma amostra e
procedimentos utilizados para a escala de atitudes e, portanto, aconteceu sob as mesmas
condições e com a presença da pesquisadora. Ao serem solicitados para dizer o quanto
que os itens do instrumento estavam ou não compreensíveis, cinco dos respondentes
apontaram dois itens (5 e 8) como não muito claros. Em relação aos demais itens, não
houve nenhum comentário.
A checagem psicométrica compreendeu quatro etapas: (I) análise dos dados da
amostra, (II) verificação da fatorabilidade da matriz, (III) definição do número de
fatores e (IV) extração, rotação e interpretação dos fatores.
(I) Análise dos dados
A primeira etapa para a checagem psicométrica foi a de identificar dados faltantes
(missing) e a existência de um padrão de respostas de indivíduos que diferiam
significativamente das respostas dos demais, em um único item ou em vários (outliers).
•
Dados omissos: Ao todo foram constatados 25 dados omissos distribuídos
em cinco variáveis. O tratamento dado a esses casos foi realizado por meio
do método da substituição dos valores perdidos por valores estimados com
base na média (HAIR, 2005).
•
Outliers: Pelo método multivariado não foram detectados outliers.
146
(II) A verificação da fatorabilidade da matriz
Antes de identificar os fatores subjacentes aos vinte e nove itens do instrumento,
as suposições que fornecem a indicação ou não da solução fatorial foram observadas
(HAIR, 2005). Para isso foi feita a análise dos seguintes indicadores:
•
Tamanho da amostra: a amostra utilizada foi a mesma citada na seção
referente à avaliação da escala de atitudes.
•
Matriz de correlação: por meio da análise de correlação de Spearman, foi
verificada a existência de 456 correlações significativa entre as variáveis
dentre as 841 possíveis, o que representa 54% de correlações existentes na
matriz
•
(Ver ANEXO II).
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): na
primeira rodada fatorial, o teste de adequação da amostra de Kaiser-MeyerOlkin teve o valor de 0,837 indicando que o banco de dados era adequado
para esse tratamento estatístico.
•
Teste de esfericidade de Bartlett: o teste de esfericidade de Bartlett também
foi significativo (qui-quadrado aproximado = 2331,992; p<0,01).
•
Matriz da anti-imagem: indicou um coeficiente de correlação insatisfatório
com um índice de 437, correspondente a variável 8. Depois de retirada, a
matriz mostrou-se satisfatória.
Após a exclusão de um dos itens do instrumento os resultados dos indicadores
revelaram-se adequados para o método.
(III) Definição do número de fatores
A terceira etapa para a verificação psicométrica foi a de verificar o número de
fatores obtidos da análise fatorial. A estimativa do número possível de fatores foi feita
147
mediante a análise do Principal Axis Factoring, a observação do gráfico scree plot e a
análise paralela.
•
Para a utlização do Principal Axis Factoring foi utilizado o critério dos
valores próprios (eigenvalues) maiores ou iguais a um, e de acordo com esse
critério, foram obtidos quatro fatores (ver Quadro XVII).
Matriz Padrãoa
Fator
1
19 - estimulam um relacionamento igual entre pessoas negras e não negras
(INTERACIONAL)
10...estimulam um relacionamento igual entre mulheres e homens
(INTERACIONAL)
24...estimulam um relacionamento igual entre os indivíduos independentemente
de serem mulheres, negros ou pessoas com deficiência (INTERACIONAL)
3...oferecem às pessoas negras oportunidades iguais as das pessoas não
negras (DISTRIBUTIVA )
17...oferecem às mulheres oportunidades iguais às dos homens (DISTRIBUTIVA).
27...estimulam um relacionamento igual entre grupos minoritários menos
favorecidos e os demais grupos (INTERACIONAL)
6...os seus procedimentos adotados tiverem levado em consideração as opiniões
dos indivíduos sobre a criação dos mesmos (PROCESSUAL)
4...os indivíduos têm iguais oportunidades para o desenvolvimento de sua carreira
independente de serem mulheres, negros ou pessoas com deficiência
(DISTRIBUTIVA IGUALDADE)
15...estimulam um relacionamento igual entre pessoas com deficiência e as
demais (INTERACIONAL)
13...oferecem às pessoas negras oportunidades diferenciadas na contratação
(DISTRIBUTIVA )
28....oferecem condições especiais para o desenvolvimento das pessoas negras
(DISTRIBUTIVA )
7 -oferecem às mulheres oportunidades diferenciadas na contratação
(DISTRIBUTIVA )
26 - ...oferecem recursos diferenciados para as pessoas negras com base nas
suas necessidades especificas (DISTRIBUTIVA )
2- oferecem condições especiais para o desenvolvimento das
mulheres(DISTRIBUTIVA )
22 ...oferecem às pessoas com deficiência oportunidades iguais às demais
(DISTRIBUTIVA )
23 -...oferecem aos grupos minoritários menos favorecidos oportunidades iguais
as dos demais (DISTRIBUTIVA )
21- oferecem recursos diferenciados para os grupos minoritários menos
favorecidos com base nas suas necessidades especificas (DISTRIBUTIVA )
16 -...oferecem condições especiais para o desenvolvimento dos grupos
minoritários em geral (DISTRIBUTIVA )
2
3
4
,941
,781
,762
,643
,606
,582
,513
,498
,494
,833
,796
,615
,562
,518
,968
,670
,842
,544
Método de extração: Principal Axis Factoring.
Método de extraçãoPromax with Kaiser Normalization.
a. Rotação convergiu em 6 interações.
Quadro XVII: Matriz faorial exploratória da segunda versão do instrumento de percepção de justiça
diante das práticas de diversidade
•
Teste scree plot: ao usar o critério da raiz latente, em que o fator a ser
extraído deve explicar a variância de pelo menos uma variável, o resultado
foi o de extrair quatro fatores.
148
Critério da raiz latente
Gráfico II: Scree Plot para a extração de fatores da segunda versão do isntrumento de percepção de
justiça diante das práticas de diversidade
a 4 fatores foram extraídos. Mais do que 25 interações requeridas. (Convergência=,002). Extração foi terminada.
Embora o sistema tenha gerado o resultado do teste scree plot com a extração de
quatro fatores, observando-se o gráfico somente três fatores apresentam-se com
autovalores maiores que 1, o que se supõe que o quarto fator, embora tenha tido valor
maior que 1, não tem a mesma representatividade que os demais fatores.
•
A análise paralela (HORN,1965) é baseada na comparação entre o percentual
de valores de eigenvalues obtidos da amostra real e o percentual de valores
obtidos da amostra aleatória. Esses são calculados a partir do número de
casos e do número de itens correspondentes ao da amostra real. Ela indicou a
existência de dois fatores.
149
Tabela IV: Eingevalues da amostra real dos
indivíduos submetidos à segunda versão do
isntrumento de percepção de justiça diante
das práticas de diversidade (pré-teste).
Total de variância explicada
Fator
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Total
5,725
3,496
1,142
1,027
,954
,763
,728
,672
,541
,527
,449
,396
,330
,313
,284
,280
,208
,165
Eigenvalues
%de
Variância
31,807
19,419
6,345
5,704
5,298
4,242
4,046
3,731
3,003
2,928
2,493
2,200
1,835
1,739
1,578
1,555
1,157
,918
Rotação
Cumulado %
31,807
51,227
57,572
63,276
68,574
72,816
76,862
80,593
83,597
86,525
89,018
91,218
93,053
94,792
96,370
97,925
99,082
100,000
Total
5,080
2,921
3,691
2,130
Método de extração: Principal Axis Factoring.
Tabela VI: Comparação de valores do
eingevalues das Tabelas IV e V.
Eingevalues
% Variância Real % de variância Paralela
Tabela V: Eingevalues de uma amostra
paralela equivamte a da Tabela IV.
Total de variância explicada
Fator
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Total
1,668
1,500
1,415
1,316
1,236
1,225
1,118
1,056
,971
,932
,891
,872
,828
,713
,662
,600
,510
,487
Eigenvalues
% de
Variância
9,268
8,332
7,860
7,309
6,866
6,808
6,209
5,869
5,395
5,179
4,951
4,845
4,602
3,961
3,676
3,335
2,832
2,703
Rotação
Cumulado %
9,268
17,600
25,460
32,769
39,635
46,443
52,651
58,521
63,916
69,095
74,046
78,891
83,493
87,454
91,130
94,465
97,297
100,000
Método de extração: Principal Axis Factoring.
Total
,793
,726
,722
,676
,727
,637
,726
,625
31,807
19,419
6,345
5,704
5,298
4,242
9,268
8,332
7,860
7,309
6,866
6,808
150
Os procedimentos adotados para a extração de fatores revelaram diferenças
quanto à indicação do número de fatores.
(IV) Extração, rotação e interpretação dos fatores.
A quarta e última etapa para a verificação da validade psicométrica foi a de
realizar a rotação e a interpretação dos fatores. A extração dos fatores foi realizada pela
rotação Promax. Optou-se por manter nos fatores somente itens com carga fatorial
acima de 0,45, porque seriam melhores representantes do fator. Após a realização de
cinco rodadas houve a eliminação de onze itens ficando a escala com 18 itens. A análise
final sinalizou a existência de quatro fatores e eles não reproduziram as quatro
dimensões identificadas na literatura (justiça distributiva, processual, interacional e a
informacional).
•
O fator 1 ficou composto de nove itens, com alpha de Crombach de 0,878 e
percentual de variância explicada de 31,80%. As cargas fatoriais referem-se
a diferentes tipos de dimensões de justiça: a justiça interacional, a
distributiva baseada no principio de igualdade e a processual.
•
O fator 2 ficou composto de cinco itens relacionados a dimensão de justiça
distributiva. Apresentou alpha de Crombach de 0,797 e percentual de
variância explicada de 19,41%. As cargas fatoriais refletiram as dimensões
de justiça distributiva baseadas nos princípios da igualdade e da necessidade.
•
O fator 3 ficou composto de dois itens relacionados com a dimensão de
justiça distributiva. Apresentou alpha de Crombach de 0,855 e percentual de
variância explicada de 6,34%. As cargas fatoriais refletiram as dimensões de
justiça distributiva baseada no princípio da igualdade.
•
O fator 4 ficou composto de dois itens relacionados com a dimensão de
justiça distributiva, com alpha de Crombach de 0,749 e percentual de
variância explicada de 5,70%. As cargas fatoriais refletiram as dimensões de
justiça distributiva baseada na necessidade.
151
Como resultado da análise fatorial revelou a existência de algumas inconsistências
e dúvidas quanto ao instrumento:
•
O fator 1 agrupou itens de três diferentes dimensões diferentes (a
distributiva, a interacional e a processual). Será que o instrumento não os
estava
•
discriminando?
Os fatores 2, 3 e 4 foram carregados com itens de uma única dimensão: a da
justiça distributiva. Por que esses fatores foram agrupados separadamente, já
que eles faziam referência a uma mesma dimensão? Estariam eles sendo
agrupados pelos princípios de justiça subjacentes (eqüidade, igualdade e
necessidade)?
•
A dimensão referente à justiça informacional não apareceu, o que
representou uma perda conceitual importante para a pesquisa. Tendo em
vista que havia somente três itens representativos da mesma no instrumento,
ficou uma dúvida: será que se houvesse mais itens ele seria excluído?
Essas indagações tornaram evidente a inadequação do instrumento para a pesquisa
e geraram a necessidade de construir uma terceira versão para o instrumento.
(g) A construção da 3ª versão do instrumento
As experiências adquiridas com os processos de validação semântica com os
juízes, as análises dos resultados das fatoriais, a releitura da base conceitual embasaram
a elaboração dessa última versão. Com isso, novos critérios e procedimentos foram
adotados para refazer os itens e tornar o instrumento mais preciso.
•
Novos itens foram criados para que cada uma das dimensões de justiça
informacional, interacional e processual contivesse cinco itens de referência,
numero considerado ideal para uma análise fatorial (HAIR, 2005).
•
Novos itens foram elaborados de modo que o instrumento pudesse
contemplar cinco itens para cada uma dos princípios de justiça distributiva.
152
•
Ao analisar o fator quatro, percebeu-se que eles estavam fazendo referência
aos grupos minoritários em geral, e porque eles não faziam parte da
delimitação do problema da pesquisa, eles foram eliminados.
•
Uma nova avaliação semântica foi realizada com dois juízes, uma mestre e
uma doutora em administração (ambas as professoras) para checar se os itens
estavam compreensíveis. O resultado obtido demonstrou que a escala estava
satisfatória para a aplicação na pesquisa de campo.
Com isso, a instrumento final chegou a um total de trinta itens, sendo
subdivididos em quinze itens para a justiça distributiva, cinco para a justiça processual,
cinco para a interacional e cinco para a informacional, conforme descrito no Apêndice J.
4.6.3 O instrumento de avaliação de valores de individualismo e de coletivismo
Na literatura, é possível encontrar algumas escalas seminais que mensuram o
individualismo e o coletivismo como valores culturais (HOFSTEDE, 1980) e como
valores individuais (TRIANDIS, 1994; SCHWARTZ, 1994; SINGELIS, 1995,
TORRES, 2001; GOUVEIA, 2002). São escalas devidamente validadas que poderiam
perfeitamente atender ao propósito dessa pesquisa. No entanto, essas escalas em geral
são muito extensas, e agregar uma delas aos instrumentos anteriormente apresentados
(de atitudes e de percepção de justiça), poderia exigir uma boa disponibilidade de tempo
por parte dos sujeitos respondentes nas empresas a serem pesquisadas. Seria isso um
motivo de entrave? Na dúvida, alternativas foram adotadas.
Na literatura, foi localizado um estudo realizado no Canadá sobre os valores
culturais como preditores de atitudes diante da igualdade e da diversidade (EDDY e
BURKE, 2004). A escala utilizada pelos autores foi a de Dorfmann e Howell (1988) que
avalia as cinco dimensões de valores culturais do Hofstede (1980) no nível de análise
individual. Ela foi estruturada no formato Likert com cinco pontos (1 = discordo
totalmente; 5 = concordo totalmente). Apresenta 22 itens, com seis deles para mensurar
153
o individualismo e coletivismo, cinco para a evitação da incerteza, cinco para a
masculinidade e feminilidade e seis para a distância ao poder.
No que diz respeito à mensuração do individualismo e do coletivismo, ela
restringe-se a mensurar a importância que as pessoas dão para elas mesmas e para os
outros (EDDY e BURKE, 2004).
A descoberta da escala de Dorfmann e Howell (1988) refletiu-se no interesse em
utilizar os seis itens referentes aos valores em estudo nessa pesquisa pela objetividade
com que mensuram essas variáveis. Mas, para isso, tornou-se necessário verificar os
procedimentos adotados por seus criadores para a sua validação.
(a) A validação de conteúdo da escala de valores
Originalmente os dados para os testes empíricos em torno da escala de valores
culturais Dorfmann e Howell (1988) foram obtidos de gerentes em firmas
multinacionais no México (n = 243) e em Taiwan (n = 509). Sob esse plano amostral,
foi realizada uma análise fatorial confirmatória que gerou os quatro fatores identificados
em Hofstede (1980): masculinidade e feminilidade (α = 0,83); evitação da
incerteza (α = 0,70); individualismo e coletivismo (α = 0,65) e distância ao
poder (α = 0,68). Seguido a isso, foram realizadas análises de correlação e
procedimentos da ANOVA. Os resultados obtidos confirmaram à validade e a segurança
da mesma.
Quando comparada com a escala de Hofstede (1980), um número de paralelos e
diferenças foram observados. A mais notável delas foi observar que ao mesmo tempo
em que os escores da escala de Dorfmann e Howell (1988) eram consistentes com os
escores das dimensões de valores de Hofstede (1980), havia também uma extensa
variação dentro de cada grupo nacional. Isso oferece forte evidência para as muitas
diferenças que existem entre os indivíduos dentro da cultura (ROBERTSON e
HOFFMAN, 2000).
154
(b) A validação semântica para a realidade brasileira
Originalmente a escala em referência foi construída no idioma inglês. Dessa
forma, o primeiro procedimento adotado visando a sua validade semântica mediante a
realidade brasileira foi realizar a tradução técnica dos termos utilizados na escala pelo
método de backtranslation (BEVERLY, 1994) dessa forma pode-se assegurar a não
retirada de possíveis expressões que se refeririam apenas ao idioma inglês.
O segundo procedimento foi o de reafirmar a validação semântica e de construto a
partir de um plano amostral brasileiro. O pré-teste realizado para as escalas de atitudes e
de percepção de justiça também incluiu a escala de valores. Dessa forma, os critérios de
aplicação do questionário e o da composição da amostra foram os mesmos citados
anteriormente. Os resultados obtidos dos sujeitos revelaram que os itens estavam
compreensíveis e sem dubiedade.
(c) Validação psicométrica
A validação psicométrica dos seis itens referentes ao individualismo e coletivismo
foi realizada por meio de uma análise fatorial confirmatória. Anterior a isso, adotou-se o
procedimento de inverter a ordem de concordância do item dois da escala de modo a
garantir uma mensuração padrão para toda a escala. Feito isso, todos os pressupostos
necessários para a realização dessa técnica estatística foram checados:
•
Matriz de correlação: por meio da correlação de ordem de ranqueamento de
Spearman foi verificada a existência de 28 correlações significativas entre as
variáveis, dentre as 36 possíveis, o que representa 78% de correlações existentes
na matriz (ver Quadro XIX)
155
Correlations
2
Individualismo
1Coletivismo
Spearman's rho
1- Coletivismo
2 -Individualismo
3 -Coletivismo
4 - Coletivismo
5 -Coletivismo
6 - Coletivismo
Correlation
Coefficient
Sig.
(2-tailed)
N
Correlation
Coefficient
Sig.
(2-tailed)
N
Correlation
Coefficient
Sig.
(2-tailed)
N
Correlation
Coefficient
Sig.
(2-tailed)
N
Correlation
Coefficient
Sig.
(2-tailed)
N
Correlation
Coefficient
Sig.
(2-tailed)
N
1,000
-,450**
3
-Coletivismo
4Coletivismo
5
-Coletivismo
6Coletivismo
,196**
,268**
,229**
,103*
,037
.
,000
,000
,000
,000
412
412
412
412
412
412
-,133**
-,222**
-,173**
-,162**
,001
-,450**
1,000
,000
.
,007
,000
,000
412
412
412
412
412
412
,196**
-,133**
,157**
,168**
,079
,111
1,000
,000
,007
.
,001
,001
412
412
412
412
412
412
,268**
-,222**
,157**
,420**
,410**
,000
1,000
,000
,000
,001
.
,000
412
412
412
412
412
,229**
-,173**
,168**
,420**
1,000
,000
,000
,001
,000
.
412
412
412
412
412
,103*
-,162**
,079
,410**
,395**
,037
,001
,111
,000
,000
.
412
412
412
412
412
412
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
*. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
Quadro XVIII: Matriz de correlação de ranqueamento de Spearman para as variáveis de valores.
•
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): na primeira
rodada fatorial, o teste de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin teve o
valor de 0,717 indicando que o banco de dados era adequado para esse
tratamento estatístico.
•
Teste de esfericidade de Bartlett: este teste também foi significativo (quiquadrado aproximado = 316,72; p<0,01).
•
412
,395**
Matriz da anti-imagem: indicou coeficientes de correlação satisfatórios entre
0,675 e 0,825.
Os resultados obtidos revelam que os indicadores e critérios apresentados foram
satisfatórios para a realização da análise fatorial.
,000
412
1,000
156
O procedimento seguinte foi verificar o número de fatores obtidos da análise
fatorial a partir da análise do Principal Axis Factoring, da observação do gráfico scree
plot e da análise paralela.
•
Para a utlização do Principal Axis Factoring, foi utilizado o critério dos
valores próprios (eigenvalues) maiores ou iguais a um, e de acordo com esse
critério, foram obtidos dois fatores, porém, como o segundo fator ficou com
uma única variável, ele acabou sendo eliminado. Como resultado final a
escala apresentou um único fator.
Tabela VII – Total de variância explicada da extração de fatores da escala de valores
Quadro XIX – Matriz fatorial exploratória fatorial do instrumento de valores
157
•
O gráfico scree plot também indicou a existência de um único fator.
Gráfico III – Scree plot para extração de fatores do intrumento de valores
Dos quatro procedimentos adotados para a extração de fatores, três apontaram a
existência de um único fator. Como a escala ainda estava em processo experimental
nesse momento, preferiu-se dizer que a definição sobre a existência do número de
fatores ainda era incerta.
A quarta e última etapa para a verificação da validade psicométrica foi realizar a
rotação e a interpretação dos fatores. A extração dos fatores foi realizada pela rotação
Promax. Optou-se por manter nos fatores somente itens com carga fatorial acima de
0,45, porque seriam melhores representantes do fator. Após a realização de duas
rodadas, houve a eliminação de três itens ficando a escala com três itens que mensuram
o grau de importância dada pelos indivíduos às metas que trazem para si e às metas que
trazem benefício ao grupo.
Ao final das etapas de verificação da validade dos três itens da escala de
Dorfmann e Howell (1988), referentes ao individualismo e coletivismo apresentaram
indicadores psicométricos adequados. O único fator obtido apresentou um Alpha de
Crombach de 0,680 e percentual de variância explicada de 61,03%, considerado
satisfatório para o reconhecimento de sua validade (HAIR, 2005).
158
4.7
Procedimentos para a análise de dados
4.7.1 Análise Qualitativa
Os dados obtidos por meio das entrevistas serão analisados a partir dos conceitos,
significados e suposições expressos pelos entrevistados e interpretados pelo pesquisador
por meio da análise de conteúdo do tipo latente que consiste no processo de identificar,
codificar e categorizar padrões primários de dados. A partir desse procedimento o
pesquisador busca o significado de passagens específicas no contexto dos dados ou
parágrafos e determinará uma categoria apropriada para elas (MAYAN, 2001). Isso
significa que o processo de codificação dos dados qualitativos dessa pesquisa será
realizado por meio da unidade de contexto (BARDIN,1977), que pode ser decorrente de
uma frase ou de um parágrafo para o tema em estudo.
Para Bardin (1977), o desenvolvimento de uma análise de contexto deve ser
antecedido por uma definição da unidade de registro. Para essa autora, o tema, enquanto
unidade de registro é geralmente utilizado para estudar motivações de opiniões, de
atitudes, de valores, de crenças, de tendências, etc. Nesta pesquisa, a unidade de registro
considerada foi o tema em estudo que envolve a concepção, a percepção e o
posicionamento dos indivíduos diante das práticas de diversidade.
4.7.2
Análise Quantitativa
Para a realização das análises estatísticas referente aos dados obtidos dos
instrumentos de medida foi empregado o pacote comercial Statistical Package for
Social Sciences (SPSS 13). Considerando o problema e as hipóteses desta pesquisa,
foram utilizados tratamentos estatísticos que permitiram verificar se há uma ligação
159
coerente e sistemática entre as variáveis em estudo. Nas seções seguintes, haverá um
detalhamento sobre as técnicas e os procedimentos estatísticos utilizados.
4.8
Matriz de Amarração
A fim de explicitar o alinhamento entre os objetivos específicos, hipóteses,
métodos de pesquisa e técnicas utilizadas foi construída uma matriz de amarração
(Quadro XVIII) que mostrou ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da
análise de dados.
160
Objetivo Geral: Analisar a relação entre as dimensões de justiça organizacional e as dimensões de atitudes
dos indivíduos diante da diversidade em uma amostra de organizações empresariais.
Objetivos Específicos
1. Conhecer concepções,
atitudes e percepções de
indivíduos diante da
diversidade e das práticas
de diversidade.
Hipóteses Estatísticas
Questões/Itens
1. O que significa diversidade
para você?
Método
Técnica Estatística
Qualitativo
Análise de
conteúdo
2. O que significam as práticas
de diversidade?
3.Como você avalia as
mulheres receberem
concessões (oportunidades,
privilégios ou condições
especiais) de práticas de
diversidade?
4. Como você avalia as
pessoas negras receberem
concessões (oportunidades,
privilégios ou condições
especiais) de práticas de
diversidade?
5. Como você avalia as
pessoas com deficiência
receberem concessões
(oportunidades, privilégios ou
condições especiais) de
práticas de diversidade?
6. Como você avalia as
pessoas que são beneficiadas
por práticas de diversidade?
2. Identificar dimensões
de atitudes predominantes
nos indivíduos em torno
da diversidade.
7.O que significa uma prática
de diversidade justa?
Escala de Atitudes diante da
Diversidade (EAD)
Ver apêndice D.
Quantitativo
Análise
Descritiva;
●
● Teste
Qui-quadrado;
● Testes não
paramétricos
(Teste U de MannWithney; Teste de
Kruskal Wallis)
161
Objetivos Específicos
Hipóteses Estatísticas
3. Identificar dimensões
de percepções de justiça
predominantes nos
indivíduos diante das
práticas de diversidade.
Questões/Itens
Escala de Percepção
Justiça
diante
Diversidade (EPJD)
Ver apêndice...
Método/ Técnica
Estatística
de
da
Quantitativo
Análise
Descritiva;
●
● Teste
Qui-quadrado;
● Testes não
paramétricos
(Teste U de MannWithney; Teste de
Kruskal Wallis)
4. Verificar se há
diferença de percepção de
justiça e de atitudes diante
da diversidade por parte
dos indivíduos
pertencentes às empresas
pesquisadas.
H1: Há diferença de atitudes
dos indivíduos diante da
diversidade considerando-se
as empresas pesquisadas empresa (1) e a empresa (2).
Escala de Atitudes diante da
Diversidade (EAD)
Ver apêndice D
Escala de Valores:
Ver apêndice K
Quantitativo
● Análise de
correlação de
Spearman;
● Análise de
regressão múltipla.
H2: Há diferença de atitudes
dos indivíduos diante da
diversidade considerando-se o
sexo, a idade, a função que
ocupam na empresa, o tempo
de casa, o ser ou não ser uma
pessoa com deficiência, a
auto-percepção como minoria
na sociedade e na organização,
bem como, a região do país
em que esses indivíduos
residem e trabalham.
5. Verificar se há
diferença de percepção de
justiça e de atitudes entre
os indivíduos
considerando-se: o sexo, a
raça, a idade, a função que
ocupam na empresa, o
tempo de casa, o ser ou
não ser pessoa com
deficiência, a
auto-percepção como
minoria na sociedade e na
organização, bem como, a
região do país em que
esses indivíduos residem e
trabalham.
H3: Há diferença de percepção
de justiça dos indivíduos
diante de práticas de
diversidade considerando-se
as empresas pesquisadas: a
empresa (1) e a empresa (2).
H4: Há diferença de percepção
de justiça dos indivíduos
diante de práticas de
diversidade em estudo
considerando-se o sexo, a
raça, a idade, a função que
ocupam na empresa, o tempo
de casa, o ser ou não ser
pessoa com deficiência, a
autopercepção como minoria
na sociedade e na organização,
bem como, a região do país
em que esses indivíduos
residem e trabalham.
Escala de Atitudes diante da
Diversidade (EAD)
Ver apêndice D
Escala de Valores
Dorfman e Howell
Ver apêndice K
de
Quantitativo
Correlação,
regressão simples e
múltipla.
162
Objetivos Específicos
Hipóteses Estatísticas
6. Verificar se há
correlação entre as
dimensões de justiça
organizacional diante das
práticas de diversidade e
as dimensões de valores
de individualismo e
coletivismo.
H5: Há correlação entre as
dimensões de atitudes diante
da diversidade e as dimensões
de valores de individualismo e
de coletivismo
7. Verificar se há
correlação entre as
dimensões de atitudes
diante da diversidade e as
dimensões de valores de
individualismo
e coletivismo.
H6: Há correlação entre as
dimensões de justiça
organizacional diante de
práticas de diversidade e as
dimensões de valores
individualismo e de
coletivismo.
8. Verificar se há
correlação entre as
dimensões de percepção
de justiça e as dimensões
de atitudes diante da
diversidade.
H7: Há relação entre as
dimensões de justiça
organizacional e as dimensões
de atitudes dos indivíduos
diante da diversidade.
9. Verificar se as
dimensões de valores de
individualismo e
coletivismo em estudo
moderam a relação entre
as dimensões de justiça
organizacional e as
dimensões de atitudes
diante da diversidade.
H8: As dimensões de valores
de individualismo e de
coletivismo moderam a
relação entre as dimensões de
justiça organizacional e as
dimensões de atitudes diante
da diversidade.
Questões/Itens
Escala de Percepção
Justiça
diante
Diversidade (EPJD)
Verificar ANEXO...:
Método/ Técnica
Estatística
de
da
Escala de Atitudes diante da
Diversidade (EAD)
Ver apêndice D
Quantitativo
● Análise de
correlação de
Spearman;
● Análise de
regressão múltipla.
Quantitativo
Quadro XX: Matriz de Amarração
● Análise de
regressão múltipla.
163
5. CHECAGEM E TRANSFORMAÇÃO DE DADOS
5.1 A checagem dos dados
A checagem dos dados obtidos na pesquisa incluiu os seguintes procedimentos:
verificação de perdas de dados, análise da qualidade de respostas e verificação de
respostas atípicas, conforme descrição a seguir:
•
Verificação das perdas de dados (missing)
A obtenção dos dados via sistema on-line, permitiu que a pesquisa não
tivesse missing, isto é, perdas e nem erros de duplicidade de dados, uma vez que o
sistema foi programado para que esses eventos não acontecessem.
•
Análise da qualidade dos dados
Todos os indivíduos que apresentaram uma resposta única para 90% ou
100% das variáveis foram eliminados da amostra. Para identificar esses dados foi
elaborada uma planilha em Excell com todo o banco de dados que permitia
calcular o índice de moda de respostas dos sujeitos. O passo seguinte foi verificar
o percentual de representatividade dessa moda. O resultado obtido revelou que 26
respondentes apresentaram uma resposta única para todas as variáveis em um
nível de 100% e 22 respondentes apresentaram uma padronização de respostas
para as variáveis em estudo entre 90% e 100%. Todos esses 48 respondentes
foram eliminados da amostra e isso representou uma perda de 10% de respostas de
sujeitos cujo perfil será descrito no Quadro a seguir:
164
Sujeito
Sexo
Idade
Raça
Empresa
Tempo de Casa
Função
Região País
46
157
213
231
403
438
461
467
506
509
540
571
623
698
699
42
43
75
90
110
111
112
134
139
181
358
582
Feminino
Masculino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Masculino
Feminino
Masculino
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
Masculino
Masculino
Masculino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
41-50 anos
31-40 anos
41-50 anos
31-40 anos
31-40 anos
41-50 anos
31-40 anos
41-50 anos
21-30 anos
41-50 anos
31-40 anos
21-30 anos
31-40 anos
41-50 anos
41-50 anos
31-40 anos
31-40 anos
41-50 anos
31-40 anos
41-50 anos
21-30 anos
31-40 anos
31-40 anos
31-40 anos
41-50 anos
51-60 anos
41-50 anos
Branca
Parda
Branca
Branca
Parda
Branca
Branca
Branca
Negra
Branca
Branca
Branca
Parda
Parda
Parda
Branca
Branca
Branca
Branca
Branca
Amarela
Branca
Branca
Branca
Branca
Branca
Branca
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Menos de 1 ano
21-25 anos
1 - 4 anos
Menos de 1 ano
Menos de 1 ano
1 - 4 anos
10-15 anos
21-25 anos
Menos de 1 ano
1 - 4 anos
Menos de 1 ano
Menos de 1 ano
Menos de 1 ano
1 - 4 anos
1 - 4 anos
5-10 anos
1 - 4 anos
26-30 anos
5-10 anos
21-25 anos
1 - 4 anos
10-15 anos
10-15 anos
Menos de 1 ano
21-25 anos
21-25 anos
21-25 anos
Gerente
Analista
Consultor
Assistente/Escriturário
Gerente
Gerente
Analista
Supervisor/Coordenador
Assistente/Escriturário
Gerente
Gerente
Assistente/Escriturário
Outros
Assistente/Escriturário
Assistente/Escriturário
Diretor/Superintendente
Assessor
Gerente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Supervisor/Coordenador
Assessor
Diretor/Superintendente
Gerente
Gerente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Nordeste
Sudeste
Centro-Oeste
Nordeste
Nordeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Norte
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Quadro XXI: Sujeitos eliminados da amostra por apresentar uma única resposta em 100% dos itens
Fonte: Dados da Pesquisa
O perfil predominante dos sujeitos eliminados da amostra por apresentar 100% de
resposta única para as variáveis foi de 58% de indivíduos pertencentes ao banco, 69%
de mulheres, 88% com faixa etária entre 31 e 14 anos; 77% pertencentes à raça branca,
31% com menos de um ano de casa, 38% de gerentes e 77% pertencentes à região
sudeste.
Sujeito
136
228
288
332
441
471
480
504
560
636
670
685
16
73
114
123
129
147
189
372
399
436
Sexo
Masculino
Feminino
Feminino
Feminino
Masculino
Masculino
Feminino
Feminino
Masculino
Feminino
Masculino
Feminino
Feminino
Masculino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Feminino
Idade
31-40 anos
Mais de 60 anos
31-40 anos
31-40 anos
41-50 anos
31-40 anos
41-50 anos
31-40 anos
31-40 anos
41-50 anos
21-30 anos
31-40 anos
31-40 anos
31-40 anos
41-50 anos
51-60 anos
51-60 anos
51-60 anos
31-40 anos
41-50 anos
41-50 anos
51-60 anos
Raça
Parda
Branca
Parda
Branca
Branca
Branca
Branca
Amarela
Branca
Branca
Branca
Branca
Parda
Branca
Branca
Branca
Parda
Branca
Branca
Branca
Branca
Branca
Empresa
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Banco
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Tempo de CFunção
1 - 4 anos Analista
5-10 anos Diretor/Superintendente
21-25 anos Outros
Menos de 1 Gerente
1 - 4 anos Gerente
Menos de 1 Assistente/Escriturário
5-10 anos Analista
1 - 4 anos Gerente
Menos de 1 Assistente/Escriturário
1 - 4 anos Gerente
1 - 4 anos Assistente/Escriturário
1 - 4 anos Gerente
5-10 anos Assessor
Menos de 1 Gerente
26-30 anos Gerente
26-30 anos Gerente
Mais de 30 aGerente
10-15 anos Diretor/Superintendente
10-15 anos Gerente
5-10 anos Supervisor/Coordenador
1 - 4 anos Consultor
Mais de 30 aSupervisor/Coordenador
Região País
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Nordeste
Centro-Oeste
Sul
Sudeste
Sudeste
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Sudeste
Norte
Norte
Sudeste
Sudeste
Quadro XXII: Sujeitos eliminados da amostra por apresentar uma única resposta entre 90% e 100% dos
itens
Fonte: Dados da pesquisa
165
O perfil predominante dos sujeitos eliminados da amostra por apresentar 90% e
100% de resposta única para as variáveis era de 55% de indivíduos pertencentes ao
banco, 73% de mulheres, 50% com faixa etária entre 31 e 50 anos; 77% pertencentes à
raça branca, 32% entre um e quatro anos de casa, 45% de gerentes e 64% pertencentes a
região sudeste.
•
Verificação de observações atípicas (outliers)
Segundo Hair (2005), as observações atípicas referem-se a todas aquelas que se
apresentam por meio de uma combinação única de características identificáveis como
sendo notavelmente diferentes das outras observações. Elas podem ser decorrentes de
quatro motivos: a) um erro de procedimento (erro na entrada de dados ou falha na
codificação, nesse caso, elas devem ser eliminadas); b) observações válidas, mas
excepcional, explicável por uma situação extraordinária; c) observações excepcionais
não convincentes e d) observações comuns em suas características individuais, mas
excepcional em sua combinação de características.
Os outros dois procedimentos utilizados para a identificação dos outliers foi o da
detecção univariada e a multivariada. Por meio da detecção univariada foram
identificadas 14 observações atípicas. A detecção univariada consiste na conversão dos
dados em escores padrão, que têm uma média de 0 e um desvio-padrão de 1. Segundo
Hair (2005b), em amostras superiores a 80 indivíduos, o valor básico de escore padrão
pode variar de 3 a 4. Nessa pesquisa optou-se por um escore padrão 4 (ver Tabelas VII
e VIII)
Tabela VIII: Outliers identificados na escala de valores
Sujeito
Sexo
ITEM (3)
606
1
Idade
Raça
Empresa
Tempo de Casa
Função
Área Empresa
Região País
4
1
2
2
6
6
5
Fonte: Dados da pesquisa
166
Tabela IX: Outliers identificados na escala de percepção de Justiça
Sujeito Sexo
ITEM (3)
601
1
458
1
482
2
606
1
Idade
Raça
Empresa
Tempo de Casa
Função
Área Empresa
Região País
5
3
2
4
2
1
1
1
2
2
2
2
6
2
1
2
9
6
7
6
1
5
12
6
5
5
5
5
ITEM(6)
439
1
662
1
200
1
497
1
490
1
694
1
152
1
119
2
482
2
4
4
5
4
4
3
4
4
2
3
2
4
1
1
1
1
1
1
2
2
1
2
2
2
2
1
2
5
6
7
5
1
2
2
4
1
2
9
2
9
2
7
2
4
7
1
1
9
4
5
1
2
6
12
2
3
5
5
2
5
5
5
5
ITEM (8)
694
1
152
1
119
2
482
2
517
2
3
4
4
2
2
1
1
1
1
3
2
2
1
2
2
2
2
4
1
1
7
2
4
7
7
1
2
6
12
4
5
5
5
5
5
Fonte: Dados da pesquisa
A outra perspectiva adotada para identificar observações atípicas foi a avaliação
multivariada de cada observação em um conjunto de variáveis. A medida D2 de
Mahalanobis foi utilizada para esse propósito, mas nenhum outlier foi identificado. As
observações atípicas podem influenciar excessivamente o resultado de qualquer análise
multivariada, porém é decisão do pesquisador mantê-las ou retirá-las (HAIR, 2005b).
Nessa pesquisa, optou-se pela não eliminação das mesmas, por entender que elas
compõem um rol de respostas que refletem a diversidade de percepções e atitudes dos
indivíduos diante das práticas de diversidade. Assim, após os tratamentos de “limpeza”
dos dados, a pesquisa finalizou um total de 412 indivíduos.
5.2 Transformação de dados
A transformação dos dados é o processo de modificação da forma original dos
dados para um novo formato (HAIR, 2005). Nesta pesquisa, cinco variáveis de
classificação dos respondentes sofreram alteração: raça, idade, função, tempo de casa e
região. O motivo para isso foi reduzir as categorias que eram adjacentes. Como
resultado, houve melhoria na distribuição de freqüência dos dados.
167
• A variável raça contemplava cinco categorias: a branca, a parda, a negra, a
amarela e a indígena, apresentou média de 1,35 e desvio padrão de 0,851. Porém,
devido à baixa representatividade dos grupos de pardos e negros na amostra, bem como
dos amarelos e indígenas (ver Gráfico IV), foi adotado na pesquisa o critério utilizado
pela PME - Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Set, 2006) de agrupar os indivíduos
da raça parda e negra numa só, bem como os dos amarelos e indígenas. Desse modo,
para a análise dos dados, foram consideradas apenas três categorias de raça: a branca, a
negra (incluindo os pardos) e a amarela (incluindo um único sujeito declarado
indígena). Como resultado a média passou a ser de 1,2 e desvio padrão de 0,49 (ver
Gráfico V).
Legenda: 1. Branco 2. Negro 3. Pardo 4. Amarelo
5. Indígena
Gráfico IV: Histograma da variável raça original
Legenda: 1. Branco 2. Negro 3. Amarelo
Gráfico V: Histograma da variável raça
transformada
• A variável função contemplava oito categorias (diretor, superintendente,
supervisor, assessor, consultor, analista, assistente, recepcionista, outros). No gráfico de
distribuição de freqüência apresentou média de 3,83 e desvio padrão de 2,45 conforme
Gráfico... Para efeito de análise, foi adotado o critério de considerar as funções de
comando e agrupar as demais em uma única categoria. Desse modo, a variável passou a
contemplar apenas quatro categorias: diretor, superintendente, supervisor e demais
cargos. Como resultado houve melhoria na distribuição de freqüência em que a média
passou a ser de 2,8 e o desvio padrão de 1,04 (ver Gráficos VI e VII).
168
Legenda: 1. Diretor 2. Superintendente
3. Supervisor 4. Assessor 5. Consultor 6. Analista
7. Assistente 8. Recepcionista 9. Outros
Gráfico VI: Histograma da variável função original
Legenda: 1. Diretor
4. Demais cargos
2. Superintendente 3. Supervisor
Gráfico VII: Histograma da variável função
transformada
• Os dados originais da variável referente ao local de origem dos respondentes
contemplavam indivíduos oriundos de 18 estados do país: 2-Alagoas, 4-Amazonas, 5Bahia, 6-Ceará, 7-Distrito Federal, 8-Goiás, 10-Maranhão, 11-Mato Grosso, 13-Minas
Gerais, 15-Paraíba, 16-Paraná, 17-Pernambuco, 18-Piauí, 9-Rio de Janeiro, 21-Rio
Grande do Sul, 24-São Paulo, 25-Santa Catarina e 26-Sergipe. Como houve uma
freqüência muito baixa de alguns indivíduos pertencentes a alguns estados como: Bahia,
Maranhão e Mato Grosso e foi revelado um desvio padrão de 7,07 (ver Gráfico VIII),
considerado alto (HAIR, 2005), optou-se, nesta pesquisa, por trabalhar com o conceito
de divisão regional do país adotado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística 6.
Com isso, os dados que anteriormente revelavam os estados a que
pertencem os indivíduos foram agrupados nas cinco regiões: sul, sudeste, norte,
nordeste e centro-oeste. Após essa modificação, a distribuição de freqüência da variável
obteve uma média de 4,16 e um desvio padrão de 1,34. (ver Gráfico IX)
6
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/default_div_int.shtm
169
Legenda: 1. Diretor 2. Superintendente 3. Supervisor
4. Assessor 5. Consultor 6. Analista 7. Assistente
8. Recepcionista 9. Outros
Gráfico VIII: Histograma da variável estado
Legenda: 1. Norte 2. Nordeste 3. Centro-Oeste 4. Sul
5. Sudeste
Gráfico IX: Histograma da variável região
• A variável idade contemplava seis categorias de faixas etárias (18 – 20 anos;
21 -30 anos, 31-40 anos; 41-50 anos; 51-60 anos; mais de 60 anos) com média de 3,42 e
desvio padrão de 1,00 (ver Gráfico X). Depois de transformada, passou a considerar
quatro faixas etárias: (18-20 anos; 21-30 anos; 31-50 anos e mais de 50 anos) com
média de 2,91 e desvio padrão de 0,61 (ver Gráfico XI).
Legenda: 1. (18 - 20 anos) 2. ( 21 -30 anos) 3. ( 31-40
anos) 4. (41-50 anos) 5. ( 51-60 anos) 6. ( mais de 60
anos)
Gráfico X: Histograma da variável idade original
Legenda: 1. (18-20 anos) 2. ( 21-30 anos) 3. ( 31-50 anos)
4. ( mais de 50 anos)
Gráfico XI: Histograma da variável idade
transformada
170
• A variável tempo de casa contemplava oito categorias de faixas de tempo
(menos de 1 ano; 1-4 anos, 5-10 anos; 10-15 ano, 16-20 anos, 21-25 anos, 26-30 anos,
mais de 30 anos) com média de 3,32, e desvio padrão de 2,04 (ver Gráfico XII). Depois
de transformada, passou a adotar quatro categorias (18 - 20 anos; 21 -30 anos; 31-50
anos; mais de 50 anos) com media de 2,89 e desvio padrão de 1,40 (ver Gráfico XIII).
Legenda: 1. (menos de 1 ano) 2. (1-4 anos) 3. ( 5-10 anos)
4. ( 10-15 anos) 5. ( 16-20 anos) 6. (21-25 anos) 7. ( 2630 anos) 8. ( mais de 30 anos)
Gráfico XII: Histograma da variável tempo de casa original
Legenda: 1. (18 - 20 anos) 2. ( 21 -30 anos) 3. ( 31-50
anos) 4. (mais de 50 anos)
Gráfico XIII: Histograma da variável
tempo de casa transforma
171
6. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.
Kerlinger e Lee (2000) ao darem uma definição sobre os processos de análise e
interpretação de dados de uma pesquisa entendem que o primeiro está relacionado à
capacidade de categorizar, ordenar, manipular e resumir os dados obtidos, enquanto o
segundo utiliza-se dos resultados obtidos para fazer inferências e conclusões sobre os
relacionamentos.
O capitulo de análise de dados foi estruturado conforme os seguintes procedimentos:
1. A pesquisa qualitativa;
2. A caracterização das empresas participantes;
3. A pesquisa quantitativa;
3.1 Análise descritiva da caracterização da amostra;
3.2 Processo de validação das escalas;
3.3 Análise descritiva das dimensões de atitudes, percepção de justiça e de
valores;
3.4 Análise Inferencial
4. Discussão dos resultados
6.1 A pesquisa qualitativa
O desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa foi de fundamental importância
nesse trabalho, não só para atender ao objetivo de conhecer as concepções, as atitudes e
a percepção de justiça dos indivíduos diante das práticas de diversidade no contexto
organizacional brasileiro, como também, para identificar as dimensões de atitudes
classificadas e categorizadas nesse trabalho. Ela foi realizada com base em entrevista
semi-estruturada, técnica na qual o investigador apresenta-se frente ao investigado e
172
formula perguntas, objetivando a obtenção dos dados que interessam à investigação
(GIL, 1996:113).
A entrevista semi-estruturada possibilita conhecer o que as pessoas dizem e fazem
no seu dia-a-dia
(TAYLOR & BOGDAN,1998). Ela não significa uma conversa
despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados
pelos atores, enquanto sujeitos-objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada
realidade que está sendo focalizada (BRYMAN, 2001).
A pesquisa foi direcionada para oito indivíduos sendo dois sujeitos representantes
de grupos de identidade social considerados “diversos” nesse estudo (mulheres, pessoas
negras e pessoas com deficiência) e dois sujeitos considerados “não diversos” (homens
brancos) representantes do grupo tradicionalmente não dominante. Esses indivíduos
pertenciam as duas empresas em que foram aplicados os questionários posteriormente, a
empresa (1) do segmento industrial e a empresa (2) do segmento bancário. As mulheres
ocupavam cargos de gerente geral e coordenadora, as pessoas negras (dois homens) um
era gerente financeiro e o outro um analista, as pessoas com deficiência (dois homens)
um era gerente de área e o outro um assistente, e finalmente, os homens brancos, um era
gerente de área e o outro um analista.
As entrevistas realizadas na pesquisa tiveram uma duração uma hora e meia, em
média, e foram devidamente gravadas mediante a autorização dos indivíduos. Elas
foram realizadas no ambiente de trabalho dos indivíduos em salas que permitiram
tranquilidade e privacidade aos entrevistados.
6.1.1 Tratamento e análise dos dados
A análise de conteúdo foi o método utilizado para realizar a interpretação
subjetiva dos indivíduos perante a realidade em estudo. A proposta desse método é a de
realizar uma decomposição do texto e identificar unidades de análise ou grupos de
representações para uma categorização de fenômenos, a partir do qual se torna possível
uma reconstrução de significados que apresentem uma compreensão mais aprofundada
da interpretação de realidade do grupo estudado (SILVA, GOBBI e SIMÃO, 2004).
173
A análise de conteúdo pode ser considerada como um conjunto de técnicas de
análises de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens...A intenção da análise de conteúdo
é a inferencial de conhecimentos relativos às condições de produção e de
recepção das mensagens, inferência esta que recorre a indicadores
(quantitativos, ou não) (BARDIN, 1977, p.38).
Nessa pesquisa a análise de conteúdo teve por objetivo desenvolver análises
exploratórias qualitativas, na intenção de descobrir concepções e atitudes dos indivíduos
diante da diversidade.
6.1.2 A elaboração da análise de conteúdo
A elaboração da análise de conteúdo dessa pesquisa foi baseada em uma avaliação
semântica (do querer saber o que significa a diversidade e as práticas de diversidade); e
uma avaliação sintática (do querer saber como os sujeitos percebem e avaliam a
diversidade) (FRANCO, 2007). A unidade de registro considerada para a análise foi o
tema que se refere ao aspecto pessoal atribuído pelo respondente acerca do significado e
conotações atribuídas a diversidade.
Os procedimentos adotados para a análise de conteúdo dos dados obtidos das
entrevistas foram baseados em três etapas: (a) pré-análise, (b) exploração do material e a
(c) tratamento dos resultados (BARDIN,1977). Nesta seção a interpretação dos dados
será realizada de uma forma sucinta, uma discussão maior dos dados será realizada no
capítulo seguinte.
174
6.1.2.1 A pré-análise
A pré-analise consistiu na organização do material de pesquisa. As falas obtidas
dos sujeitos foram ordenadas e classificadas em torno do objetivo da pesquisa de
conhecer as concepções, as percepções e as atitudes desses diante da diversidade e das
práticas de diversidade. Em função desse objetivo, foram identificados os seguintes
temas que serviram de índices para a análise do conteúdo: 1. significado de práticas
diversidade; 2. As atitudes diante das concessões oferecidas à diversidade (mulheres,
pessoas negras e pessoas com deficiência); 3. As reações dos indivíduos não
beneficiados por práticas de diversidade; 4. As atitudes diante dos indivíduos
beneficiados por práticas de diversidade e 5. O significado de prática de diversidade
justa (LAVILLE e DIONE, 1999) conforme configuração descrita no Quadro XXIII.
Para o tratamento dos dados a técnica da análise temática ou categorial foi
utilizada (ver Quadro XXIII). Para Bardin (1977) essa técnica baseia-se em operações
de desmembramento do texto em unidades, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de
sentido que constituem a comunicação, e posteriormente, realizar o seu reagrupamento
em classes ou categorias.
Indicadores:
1. O significado
diversidade
Perguntas:
de
práticas 1. O que significa uma prática de
diversidade no contexto
organizacional?
2. As atitudes diante das concessões 2.Como você avalia as concessões
oferecidas à diversidade (mulheres, oferecidas por práticas de diversidade
pessoas negras e pessoas com às pessoas com deficiência?
deficiência).
3.Como você avalia as concessões
oferecidas por práticas de diversidade
às mulheres?
4.Como você avalia as concessões
oferecidas por práticas de diversidade
às pessoas negras?
3. As reações dos indivíduos não 5. Como você avalia a reação das
beneficiados por práticas de pessoas que não são beneficiadas por
diversidade
práticas de diversidade?
4. As atitudes diante dos indivíduos 6. Como você avalia as pessoas que
beneficiados por práticas de são beneficiadas por práticas de
diversidade
diversidade?
5. O significado de prática de 7. O que signfica uma prática de
diversidade justa
diversidade justa?
Unidades de análise
•
Respostas dos indivíduos
•
Respostas dos indivíduos
•
Respostas dos indivíduos
•
Respostas dos indivíduos
•
Respostas dos indivíduos
Quadro XXIII: Pré-análise dos dados obtidos na pesquisa qualitativa
175
6.1.2.2 A exploração do material
Após a etapa da pré-análise o material obtido das entrevistas foi submetido a uma
análise detalhada com base nas questões norteadoras anteriormente expostas e no
referencial teórico-metodológico adotado. Com isso, foram realizados os procedimentos
de codificação, classificação e categorização do conteúdo obtido (BARDIN,1977).
A codificação consistiu na realização de recortes do texto que pudessem identificar
fenômenos que representassem os temas em estudo. A fase da classificação consistitu em
sintetizar e distinguir esses fenômenos. E o processo de categorização consistiu no
reagrupamento dos mesmos em categorias.
6.1.2.3 Tratamento dos resultados
Esta etapa objetivou buscar sínteses coincidentes e divergentes das categorias
obtidas sobre as concepções, as atitudes e as percepções de justiça dos indivíduos diante
da diversidade e das práticas de diversidade, tomando-se por base as abordagens sobre a
diversidade, as dimensões de atitudes e as dimensões de percepção de justiça
apresentadas no referencial teórico.
A seguir serão apresentados quadros com os processos de codificação e figuras
com os processos de categorização dos conteúdos obtidos das entrevistas realizadas.
176
6.1.2.3.1
Análise do conteúdo referente ao significado de prática de diversidade
O Quadro XXIV abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das
extrevistas) e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades
para representar o tema referente às práticas de diversidade.
1ª Pergunta: O que significam práticas de diversidade?
Tema:
Comparação das unidades de análise
Codificação de
Fenômenos
Empresa I
● Cotas
M1 :Cotas... preocupação de algumas empresas de tentar a inclusão de
diferentes grupos sociais.. estímulos, incentivos de integração das ● Inclusão de
diferentes grupos
pessoas
sociais
HB1 são as formas como as empresas buscam diferenciar o indivíduo,
ou seja, ao mesmo tempo de vê-lo como um ser único pra que ele também ● Integração de
pessoas de diferentes
seja valorizado como um ser diferente e que faz parte de um grupo.
grupos sociais **
PN1: dar oportunidade pra pessoas que não tem acesso... por exemplo...
● Programas de
pras minorias, geralmente eles falam das minorias
conscientização para
Significado de
práticas de PCD1: aqui agente trata a diversidade de forma tranqüila... eu nunca valorizar o indivíduo
como um ser único
diversidade senti discriminação...eu trato os outros de forma igual....
Empresa II
M2 : Eu conheço muito poucas.., mas assim... eu procuro fazer o máximo
para não ter distinção entre as pessoas dar condição pra que ele seja
igual a mim, tá, então o tratamento... Hummm....Olha esse não é um
assunto no qual eu penso muito não, eu assim...teria que pensar pra
saber o que é ... prática....
● Tratamento dado
ao indivíduo
considerado
diverso**
● Programas de
conscientização de
HB2:... Eu não sei se a gente pode considerar prática o fato de você não que somos todos
discriminar... promover uma conscientização de que todos são iguais, iguais
que as oportunidades têm ser voltadas para todos... programas pra
inserção de deficientes, pra inserção de jovens, né...
● Dar oportunidades
PN2: Olha... Não saberia lhe responder assim de forma imediata, pelo de acesso às pessoas
menos não...não na memória, não no pensamento. Não me recordo de pertencentes a
práticas, assim... talvez no meio da conversa a gente chegue num ponto, grupos sociais
minoritários
mas não...assim de bate pronto não.
PCD2: Não tenho idéia do que seja
Quadro XXIV: Codificação dos significados atribuídos às práticas de diversidade
Legenda: M – mulher HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
** Duas respostas convergem a um mesmo fenômeno
177
As falas dos indivíduos entrevistados revelaram que as concepções, as atitudes e a
percepção de justiça que os mesmos possuem diante da diversidade e das práticas de
diversidade divergem não só de empresa para empresa, mas também, entre os
indivíduos de uma mesma empresa.
Para alguns indivíduos pertencentes à Empresa I as práticas de diversidade
referem-se às atividades desenvolvidas pela organização a fim de dar oportunidades e
incluir pessoas pertencentes aos grupos sociais considerados minoritários. Mas para
outros, essas práticas referem-se a atividades que buscam valorizar as diferenças
individuais, não considerando a identidade ou o grupo social aos quais as pessoas
pertencem.
Os indivíduos pertencentes à Empresa II expressaram, por sua vez, um
desconhecimento sobre o que seriam práticas de diversidade. Alguns associaram as
práticas de diversidade ao tratamento concedido às pessoas desconsiderando as
diferenças entre elas.
Pelos dados obtidos das entrevistas, percebe-se que os sujeitos da Empresa I,
embora não tenham tido uma única concepção sobre o significado de práticas de
diversidade, apresentam discussões mais amplas e idéias mais definidas sobre o assunto.
Diferentemente os indivíduos da Empresa II.
As diferentes abordagens apresentadas nos conteúdos das falas fizeram emergir
duas categorias de significado de práticas de diversidade uma baseada na valorização da
diversidade, em que se concebem atividades voltadas para valorizar as diferenças entre
os indivíduos pelas características dos grupos sociais aos quais pertencem, tais como
raça, gênero e etc. (LIFF, 1997), e uma outra, baseada na dissolução das diferenças de
identidade social (ver Figura XI). Sob essa abordagem as diferenças entre os indivíduos
são enfatizadas por aspectos particulares, e não com base no gênero ou nas
características de algum outro grupo social. As diferenças sob esse sentido são peças
singulares que juntas criam uma espécie de mosaico que formam a organização. Cada
pedaço é conhecido, aceito e tem um lugar na estrutura (KANDOLA e FULERTON,
1994).
178
Classificação dos Fenômenos
Identificados
Categorias emergentes
As práticas são cotas:
Definição de categorias
referentes ao significado
de
práticas
de
diversidade:
● Cotas
As práticas são políticas:
● Dar oportunidades de acesso às
pessoas pertencentes a grupos sociais
minoritários
Práticas
focadas nos
grupos sociais
Práticas de diversidade
com foco na
valorização da
diversidade
As práticas são programas:
● Programa de inclusão de diferentes
grupos sociais
● Programa de integração de pessoas
de‘diferentes grupos sociais **
● Programas de conscientização de
que somos todos iguais
● Programas de conscientização para
valorizar o indivíduo como um ser
único
Práticas de diversidade
com foco na dissolução
das diferenças
Práticas
focadas no
indivíduo
As práticas referem-se ao
tratamento dado:
● Trata dado aos grupos sociais...
● Trata dado ao indivíduo
Figura XI: Categorização do conteúdo referente ao significado de práticas de diversidade.
179
6.1.2.3.2
Análise do conteúdo referente às atitudes diante das pessoas com deficiência
O Quadro XXV abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das extrevistas)
e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades para
representar o tema referente às atitudes diante das concessões oferecidas às pessoas com
deficiência.
2ª Pergunta: Como você avalia as concessões oferecidas por
práticas de diversidade às pessoas com deficiência?
Temas:
Comparação das unidades de análise
Codificação de
Fenômenos
● As concessões devem
M1: Eu acho aceitável, eu acho aceitável, mas...você precisa dar criar condições para
condições..Se você tem condições, você tem todo um sistema que suprir deficiências de
colabora, você tem preparo... às vezes não consegue nenhum educação
● As concessões não são
emprego por causa da sua deficiência que vem da base....
de responsabilidade
da empresa
HB1: ... eu acho muito razoável, mas não da forma como ela é
imposta porque é limitante... a empresa não pode ser ● As concessões ás
responsabilizada, o governo antes de estabelecer as cotas, ele tem pessoas com deficiência
que fazer a base, então eu sou contra, porque efetivamente você não deixam os outros felizes.
fez o seu básico, você não educou, deu oportunidade devida desde
● As concessões são
criança
desnecessárias porque as
PN1: Isso é visto positivamente... Por exemplo, quando você vê uma oportunidades surgem da
busca do indivíduo
pessoa com deficiência os outros ficam super felizes,
Atitudes
diante das
concessões
oferecidas às
pessoas com
deficiência
PCD1: eu sou contra... eu pessoalmente acho isso desnecessário... ● As concessões são
isso é uma questão de busca ..quando você faz isso você está discriminatórias
discriminando... muitas dessas pessoas estão tirando vantagem.Elas
● As concessões geram
têm condições de
oportunismo
M2 : Sou a favor... O deficiente ainda acho que é... é o mais
● As concessões são
condições a mais para os
prejudicado nisso tudo, né. Por tudo, por não ter condição na rua,
em casa, no restaurante, no cinema, acho que eles ainda estão muito deficientes que já não
têm condições nas ruas,
pior...
HB2:... sou favorável porque realmente eles têm uma deficiência em casa, no cinema, etc.
nítida, eles têm algo aparente que isso por si só já gera
discriminação. Já gera impedimento pra pessoa entrar no mercado ● As concessões devem
existir porque há
de trabalho.
discriminação contra as
PN2 Sou, sou favorável... muitas empresas ainda têm talvez aquele pessoas com deficiência
pensamento antigo de que essas pessoas não servem...mas elas são
● Se as concessões não
capazes de fazer muita coisa que muitos direitinho não fazem
existissem as empresas
PCD2: sou a favor... se ela não existisse as empresas não iriam não contratariam pessoas
contratar deficientes...Graças a Deus que tem...porque pelo menos com deficiência
estou trabalhando...
Quadro XXV: Codificação das atitudes dos indivíduos diante das concessões oferecidas pelas práticas de
diversidade às pessoas com deficiência
Legenda: M – mulher HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
180
Ao considerar as concessões oferecidas às pessoas com deficiência, os indivíduos
da Empresa II foram unânimes em adotar atitudes de aceitação com base na crença de
que elas são necessárias. A justificativa é que essas pessoas são preteridas em relação às
demais, na sociedade, sob várias situações, por isso, devem ser beneficiadas para
compensar as oportunidades e as condições que deveriam receber e não recebem. Para
Beaton e Tougas (2001), as atitudes dos indivíduos sob a perspectiva de reconhecer as
necessidades especiais de grupos sociais e de privilegiá-los ou favorecê-los de acordo
com os recursos que têm, são embasadas em crenças na justiça social.
Já os indivíduos da Empresa II revelaram atitudes de aceitação e de rejeição às
concessões oferecidas às pessoas com deficiência. As primeiras foram embasadas em
crenças na justiça social e em crenças de que elas são louváveis e bem vistas na
sociedade, por isso, todos aprovam. Já as atitudes de negação foram baseadas em idéias
de que essas concessões são discriminatórias porque geram vantagem a esse grupo
social em relação aos outros e na negação de que a empresa seja responsável em
concedê-las.
Dessa forma, quatro categorias de atitudes dos indivíduos diante das concessões
oferecidas às pessoas com deficiência emergiram das falas dos sujeitos entrevistados:
sendo duas delas de aceitação (com base na justiça social e na apologia) e duas de
rejeição (uma baseada na discriminação reversa e outra na negação de responsabilidade
sobre essas concessões). Ver Figura XII a seguir.
181
Classificação dos fenômenos
relacionados às concessões:
Categorias emergentes
Categorias de atitudes
diante das concessões
oferecidas às pessoas
com deficiência
As concessões são necessárias
● As concessões devem criar condições
para suprir deficiências de educação
● As concessões são condições a mais
para os deficientes que já não têm
condições nas ruas, em casa, no cinema,
etc.
● Se as concessões não existissem as
empresas não contratariam pessoas com
deficiência
● As concessões devem existir porque
há discriminação contra as pessoas com
deficiência
As concessões às
pessoas com deficiência
devem existir para
compensar deficiências
sociais
Atitudes de aceitação
às concessões
oferecidas com base
na
justiça social
As concessões às
pessoas com deficiência
geram discriminação
Atitudes de rejeição
baseada na
discriminação
reversa
As concessões às
pessoas com deficiência
são da responsabilidade
do governo
Atitudes de rejeição
com base na negação
de responsabilidade
As concessões às
pessoas com deficiência
são bem vistas na
sociedade
Atitudes de
aceitação com base
na apologia
As concessões são discriminatórias
● As concessões são desnecessárias
porque as pessoas com deficiência têm
condições de correr atrás de suas
oportunidades como as demais
● As concessões são discriminatórias
● As pessoas com deficiência vão se
aproveitar da situação para obter ganhos
● As concessões geram oportunismo
As concessões são transferências de
responsabilidade
● Isso não é responsabilidade das
empresas
São
louváveis
As concessões são apologias
● As concessões ás pessoas com
deficiência deixam os outros felizes.
Figura XII: Categorização de atitudes diante das concessões oferecidas às pessoas com deficiência
182
6.1.2.3.3
Análise do conteúdo referente às atitudes diante das mulheres.
O Quadro XXVI abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das
extrevistas) e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades
para representar o tema referente às atitudes diante das concessões oferecidas às
mulheres.
3ª Pergunta: Como você avalia as concessões oferecidas por práticas
de diversidade às mulheres?
Temas:
Unidades de análise
Codificação dos
fenômenos
M1 : Eu acho que a organização deve colaborar para o desenvolvimento
de todos e se a organização detectar que aquele grupo seja de mulher, de
homem, do que for, ...eu acho que independente ...você tem que propiciar
o desenvolvimento de todos, mas eu acho que tem situações que você ser
tem que ser pontual, tem que fazer uma interferência maior, não que eu
ache certo, mas é necessário, as vezes
● As concessões às
mulheres devem
existir, mas em
situações pontuais.
HB1: É uma faca de dois gumes, você está criando, mas você está ● As concessões às
mulheres geram
diferenciando...
discriminação
PN1: mulher acho que naturalmente elas estão conquistando o mundo
(risos)....não existe...eu acho que a mulher ela está ......é claro que você ● As concessões às
tem empresas machistas, ta...principalmente empresas industriais, s, mulheres não são
necessárias
empresas de serviços não.
Atitudes diante PCD1: acho que as mulheres estão ocupando um espaço hoje fantástico
dentro da sociedade,... em relação ao negro e a mulher, eu sinceramente
das
não saberia dizer quais são as necessidades especificas.
concessões
oferecidas às
mulheres
M2 : Pra mulher...?... eu acho que hoje ainda tem uma diferença salarial
grande entre homens e mulheres, mas isso está começando a diminuir,
né. As mulheres estão conseguindo se firmar mais. É...Cargos mais altos
ainda são cargos masculinos, mas as mulheres estão conseguindo, você
vê que as mulheres estão conseguindo se despontar.
● As concessões às
mulheres devem
existir em ambientes
machistas
(Ex: metalúrgicas,
industria )
HB2: Pra mulheres?...Então eu já acho que ...a um...a um...aí eu já acho
que não, aí eu já, já acho que não seria legal.Porque aí você estaria
favorecendo. Só porque ela é mulher? Então aí, acho que entre homem e
mulher já tem um par de igualdade maior.
PN2 : Olha eu sou da seguinte opinião dependendo da atividade... Acho
que seria favorável sim... a gente sabe que existem empresas onde a
maioria são homens e não contratam mulheres, exemplo metalúrgicas.
PCD2: Mulher em geral? Não, não ...mulher e homem está normal.Olha,
eu estou achando que está no nível normal os dois homem e mulher, pelo
que eu avaliei nesses poucos anos. Eu não vejo diferença
Quadro XXVI: Codificação das atitudes dos indivíduos diante das concessões oferecidas pelas práticas de
diversidade às mulheres.
Legenda: M – mulher HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
183
Ao analisar as falas dos sujeitos entrevistados referentes às suas atitudes diante
das concessões oferecidas pelas práticas de diversidade às mulheres percebe-se que há
uma predominância de rejeição as mesmas, tanto dos indivíduos pertencentes à Empresa
I quanto aos pertencentes à Empresa II. As justificativas para essa negação são baseadas
na idéia de que essas concessões são desnecessárias, porque as mulheres já têm as
mesmas oportunidades que os homens, e também pela idéia de que, ao oferecê-las, as
empresas estariam adotando uma ação discriminatória.
A atitude de aceitação das concessões às mulheres foi baseada na idéia de que
ainda há organizações que são machistas e que não contratam mulheres, e que nesse
caso, a adoção dessas concessões seria justa. Desse modo, a favorabilidade dessas
atitudes manifestou-se como sendo relativa ou pontual, no sentido de válida somente
para situações específicas.
Pela análise dos conteúdos obtidos, foi possível obter três categorias de atitudes
em relação às concessões oferecidas às mulheres: duas de rejeição (uma com base na
igualdade de oportunidades e outra com base na discriminação reversa) e uma de
aceitação (com base na justiça social) conforme descrição na Figura XIII.
Classificação dos fenômenos
relacionados às mulheres:
Categorias emergentes
As concessões são desnecessárias
● As concessões às mulheres não são
necessárias
São pontuais
As concessões devem ser pontuais
● As concessões as mulheres devem
existir,
mas em situações pontuais.
São
dicriminatórias
● As concessões às mulheres devem
existir em empresas machistas
Categorias de atitudes
diante das concessões
oferecidas às mulheres
As concessões às
mulheres são
desnecessárias porque
elas têm as mesmas
oportunidades que os
homens
Atitudes de rejeição
com base na
igualdade de
oportunidades
As concessões às
mulheres são necessárias
em locais onde elas não
tenham as mesmas
oportunidades que os
homens
Atitudes de aceitação
com base na
Justiça social
As concessões às
mulheres geram
discriminação
Atitudes de rejeição
baseada na
discriminação reversa
As concessões são discriminatórias
● As concessões às mulheres geram
discriminação
184
Figura XIII: Categorização de atitudes diante das concessões oferecidas às mulheres
6.1.2.3.4
Análise do conteúdo referente às atitudes diante das pessoas negras
O Quadro XXVII abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das
extrevistas) e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades
para representar o tema referente às atitudes diante das concessões oferecidas às pessoas
negras.
Temas:
4ª Pergunta: Como você avalia as concessões oferecidas por práticas
de diversidade às pessoas negras?
Unidades de análise
M1: Para as pessoas de cor não deveria ser dada uma atenção especial
porque só muda a cor da pele, porém existe um preconceito muito
grande.
HB1: eu acho um absurdo. a culpa não é lá na frente eu acho que o
governo tem que trabalhar o inicio, a origem, a educação, maneira das
crianças nas escolas, providenciar escolas públicas que realmente
passem conhecimentos
PN1 Se fosse só pelo fato de ter sido só negro, ... nada a haver isso.
Então, eu acho que o fato de ser um beneficio..., tudo bem pode ser um
beneficio, mas com critério.. tem que ter um negro, é importante, mas um
negro competente que esteja no comando, não só pelo fato de ser negro...
PCD1 em relação ao negro eu sinceramente não saberia dizer quais são
Atitudes diante as necessidades específicas. Outro dia eu vi uma pessoa negra
levantando bandeira, reivindicando direitos...eu por ser branco me senti
das
discriminado.
concessões
oferecidas às
pessoas negras
M2 : não tem que ser pro negro, tem que ser pro pobre pras pessoas que
realmente precisam. Eu sou contra acho que tem que ser para o pobre,
HB2: com relação a negros o que a gente poderia fazer especificamente
para os negros? Aí eu já não saberia
PN2: eu acho complicado porque eu não vejo diferença, eu não vejo
diferença, acho que está dentro da capacidade de cada um, embora,
infelizmente, muitos vêem essa diferença e por ter essa diferença
acabam impedindo, acabam impedindo, então dizer assim que é bom ,é
bom, mas acho que vai muito da capacidade. Eu seria contra, porque
assim não é uma deficiência, não é uma deficiência ser negro... agora a
capacidade de cada um está dentro do que cada um pode fazer...Porque
eu acho que isso gera a discriminação. Na minha opinião, assim, acho
que gera a discriminação.
PCD2: Sou a favor. Porque você vê que tem mais brancos do que
negros. Ah, ai eu vejo. Bom, como são poucos né. Eu acho que está na
mesma situação que os deficientes, né...Aqui pelo que eu vejo é pouco e
pelo que vejo na rua Paulista também eu vejo mais os brancos do que
negros. Só faxineiro, você vê quando entra. Porque pelo menos aqui eu
só conheço um em um cargo superior né, em tal setor né, então...
Quadro XXVII: Codificação das atitudes dos indivíduos diante das concessões oferecidas
de diversidade às pessoas negras.
Codificação dos
fenômenos
● As concessões às
pessoas negras são
justas porque há um
preconceito muito
grande contra as
pessoas negras
● As concessões a
pessoas negras são
absurdas porque esse
é um problema
social
● As concessões a
pessoas negras
devem existir para
beneficiar pessoas
negras competentes
● As concessões às
pessoas negras
discriminam
● As concessões às
pessoas negras não
devem existir porque
a cor da pele não é
motivo para que elas
existam.
● As concessões às
pessoas negras não
devem existir porque
elas dependem da
capacidade de cada
um.
● As concessões às
pessoas negras
devem existir porque
elas não têm as
mesmas
oportunidades de
representação nas
organizações como
as dos brancos.
pelas práticas
185
Legenda: M – mulher
HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
Ao analisar as falas dos sujeitos entrevistados referentes a suas atitudes diante das
concessões oferecidas pelas práticas de diversidade às pessoas negras percebe-se que os
indivíduos da Empresa II tendem a apresentar uma atitude de rejeição maior a essas
concessões do que os indivíduos da Empresa I.
Os indivíduos da Empresa I apresentam atitudes de aceitação a concessões a
pessoas negras baseadas em dois motivos diferentes. O primeiro deles justifica-se pela
crença de que esse grupo social é preterido em relação aos demais devido à existência
de preconceitos, por isso, oferecer essas concessões é justo. O segundo motivo é
baseado na idéia de que as concessões devem ser oferecidas, mas com critério, de modo
que as pessoas negras competentes sejam beneficiadas, e dessa forma, terem boa
representatividade nas empresas.
As atitudes de negação dos sujeitos da Empresa I são justificativas pela idéia de
que essas concessões são desnecessárias e por achar que elas são decorrentes de
problemas sociais que não têm origem nas empresas, mas na falha educacional do país.
Um único indivíduo da Empresa II apresenta atitudes de aceitação a concessões a
pessoas negras e a justificativa utilizada foi a de que eles não têm as mesmas
oportunidades de acesso e de desenvolvimento que as pessoas brancas. Os demais
sujeitos da Empresa II apresentaram atitudes de rejeição a essas concessões por achar
que são desnecessárias e por achar que as oportunidades são da responsabilidade do
empenho e da capacidade de cada indivíduo.
Com base na análise dos conteúdos obtidos das falas dos sujeitos entrevistados foi
possível obter seis categorias de atitudes em relação às concessões oferecidas a pessoas
negras: quatro de rejeição (uma com base na idéia de que as pessoas negras têm iguais
oportunidades que as demais, a outra com base na negação à responsabilidade diante das
deficiências sociais do país, outra com base na discriminação reversa e a outra com base
na questão de que as oportunidades são decorrentes do mérito) e duas de aceitação (uma
com base na justiça social e a outra com base na obtenção de ganhos) conforme
descrição na Figura XIV a seguir.
186
Classificação dos fenômenos
relacionados às concessões
oferecidas às pessoas negras
Categorias emergentes Categorias de atitudes
diante das concessões
oferecidas às pessoas
negras:
As concessões são desnecessárias
● As concessões às pessoas negras não
são necessárias
● As concessões às pessoas negras não
devem existir porque a cor da pele não é
motivo para que elas existam.
As concessões às
pessoas negras são
desnecessárias porque
elas têm as mesmas
oportunidades que as
pessoas não negras
Atitudes de rejeição
com base na crença na
igualdade de
oportunidades
As concessões às
pessoas negras são
necessárias porque elas
não têm as mesmas
oportunidades que as não
negras
Atitudes de aceitação
com base na
Justiça social
As concessões são necessárias
● As concessões as pessoas negras
porque há um preconceito muito grande
contra as pessoas negras
● As concessões às pessoas negras
devem existir porque elas não têm as
mesmas oportunidades que as não
As concessões são transferências de
responsabilidades
● As concessões são absurdas porque
esse é um problema de base social
As concessões às
pessoas negras não são
de responsabilidade das
empresas
Atitudes de rejeição
com base na
negação da
responsabilidade
As concessões podem gerar
representatividade para as
pessoas negras competentes
● As concessões devem existir para as
pessoas negras competentes porque elas
terão representatividade.
As concessões quando
direcionadas as pessoas
negras competentes elas
geram ganhos de
representatividade
Atitudes de aceitação
com base na obtenção
de ganhos
As oportunidades
dependem do
desempenho do
indivíduo
Atitudes de rejeição
com base no mérito
As concessões às
pessoas negras são
discriminatórias
Atitudes de rejeição
com base na
discriminação reversa
As concessões devem ser por mérito
● As concessões devem existir de
acordo com a capacidade de cada um.
As concessões são discriminatórias
● As concessões às pessoas negras
discriminam
187
Figura XIV: Categorização de atitudes diante das concessões oferecidas às pessoas
negras
6.1.2.3.5 Análise do conteúdo referente às atitudes dos indivíduos que não recebem
concessões das práticas de diversidade.
O Quadro XXVIII abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das
extrevistas) e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades
para representar às atitudes dos indivíduos que não recebem concessões das práticas de
diversidade.
5ª pergunta: Como você avalia a reação dos indivíduos que não são
beneficiados por práticas de diversidade?
Temas
Atitudes das
pessoas não
beneficiadas
pelas
concessões
oferecidas à
diversidade
Unidades de análise
Codificação de
fenômenos
M1: Se você seguir de fato práticas que dêem preferência, imaginando
duas pessoas com condições sociais diferentes e acaba privilegiando
uma delas, a pertencente a grupos minoritários é vista como a que está
tirando maior desvantagem
● As pessoas não
beneficiadas se
sentem
discriminadas
HB1: Eu acho que elas encarariam como sendo mais uma regra, mas ● As pessoas não
uma norma, mais uma lei... Mas, muitas pessoas que são fracas, pessoas beneficiadas se
que são limitadas, elas vão achar isso como uma ameaça, sem dúvida sentem ameaçadas
nenhuma.
PN1 Eu acho que isso poderia levar a pensar que diminui a oportunidade
PCD1... eu me sinto discriminado
● As pessoas não
beneficiadas se
acham que essas
M2: Acho que a maioria das pessoas não iria achar legal
concessões
HB2: assusta o fato de existir, por exemplo, uma cota pra mulheres. Ia diminuem as suas
assustar principalmente a população masculina, ia assustar porque os oportunidades
homens iam falar pôxa só porque é mulher,
● As pessoas não
PN2: a princípio as pessoas ficam com aquele medo, acho que muitos até beneficiadas se
acabam pensando assim, ah eu posso perder o meu emprego embora eu sentem assustadas
ache um pensamento tolo...
● As pessoas não
PCD2: na época que eu fui contratado eu não sei como foi a seleção, se beneficiadas ficam
tinha pessoas que não eram deficientes ou se eram só pessoas desconfiadas
deficientes, não sei...mas eu acho que a pessoa que não é deficiente fica
● As pessoas não
com o pé meio atrás. Fica, eu acho que fica sim...
beneficiadas ficam
com medo de perder
o emprego
188
Quadro XXVIII: Codificação das atitudes dos indivíduos que não recebem concessões das práticas de
diversidade.
Legenda: M – mulher HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
Ao analisar as falas dos sujeitos entrevistados das duas empresas, referente a
reações das pessoas não beneficiadas por práticas de diversidade, percebe-se
unanimidade entre eles em afirmar que as atitudes das mesmas são de rejeição. As
justificativas apresentadas são relacionadas à questão da desvantagem que esse grupo
passa a ter em meio a essas práticas. Essa desvantagem é vista como discriminatória.
A partir de um único discurso sobre as possíveis atitudes dos indivíduos não
beneficiados pelas práticas de diversidade uma única categoria foi obtida, a de rejeição
baseada na discriminação reversa, ver Figura XV.
Classificação dos fenômenos
relacionados reações
oferecidas à diversidade
Categorias emergentes
Categorias de atitudes
dos indivíduos que não
recebem concessões das
práticas de diversidade:
São discriminatórias
●As concessões oferecidas
aos grupos considerados
minorias são discriminatórias
●As concessões oferecidas
aos grupos considerados
minoria assuntam
As concessões à diversidade
são discriminatórias
Atitudes de rejeição com
base na
discriminação reversa
●As concessões oferecidas
aos grupos considerados
minoria deixam as outras
pessoas desconfiadas
●As concessões oferecidas
aos grupos considerados
minoria deixam as outras
pessoas com medo de perder
o emprego
●As concessões oferecidas
aos grupos considerados
minoria são considerada uma
ameaça.
Figura XV: Categorização das atitudes das pessoas não beneficiadas diante das concessões oferecidas por
práticas de diversidade às minorias.
189
6.1.3.2.6 Análise do conteúdo referente a avaliação sobre as pessoas que recebem
concessões de práticas de diversidade
O Quadro XXIX abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das
extrevistas) e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades
para representar a avaliação sobre as pessoas beneficiadas por práticas de diversidade.
6ª pergunta: Como as pessoas que são beneficiadas por práticas de
diversidade são avaliadas pelas demais?
Tema:
Unidades de análise
Codificação de
Fenômenos
M1: Tem preconceito. Eu mesma já ouvi vários comentários nesse
sentido de que, no meu caso especifico só por ser mulher está garantida.
O preconceito existe... As pessoas costumam associar a pessoa de cor
com escola pública, com cota e com falta de competência.
● As pessoas que
recebem concessões
de práticas de
diversidade sofrem
de preconceito
HB1 Os colegas de trabalho, alguns acham que as pessoas com
deficiência são menos competente. Outros não..., alguns chamam de
tadinho, principalmente mulher, porque é muito mais emocional do que o
homem, a mulher acaba se colocar no papel e começa a pensar ai
tadinho
● As pessoas que
recebem concessões
de práticas de
diversidade são
vistas como menos
PN1 No inicio tem um pé atrás, mas depois, até que prove o contrário competentes
não, mas isso é pra qualquer profissional... agora ...eu entendo que para
o negro...ele tem sempre que provar um pouquinho mais...ele tem que ● As pessoas que
está sempre acima da média... O que se quer dizer é que as pessoas recebem concessões
negras são aquém. São aquém, são aquém, né. E não é uma verdade, né? de práticas de
Avaliação
diversidade têm que
sobreas
provar duas vezes
pessoas
beneficiadas PCD1. eu quero, enquanto deficiente, entrar na companhia pelas minhas mais que as outras
por práticas de qualidades, não por um rótulo que alguém num determinado momento para provar que é
competente
diversidade passou a dar. Isso gera discriminação.
M2: Como iguais a mim, dou condições pra que eu as trate igual a mim
● As pessoas que
recebem concessões
HB2: Não há diferença... os gestores passam trabalho como que fosse de práticas de
diversidade são
passar um trabalho para qualquer outro.
vistas de forma
PN2: na verdade eu acho que nunca pensei nessa questão, maseu acho normal, como outra
que ele acaba sendo visto como menos competente, não que ele seja... né qualquer
é lógico que ele vai ter que demonstrar no dia a dia, talvez até demonstre
justamente por causa disso, por ele ter entrado dessa forma ele lute mais ●As pessoas que
recebem concessões
para provar que realmente que ele pode.
de práticas de
PCD2: eu acho que assim... as pessoas ficam pensando...será que ele vai diversidade são
conseguir...ele tem uma limitação...ele é muito limitado sabe, será que vistas como
ele vai dar conta disso aí? Isso, acho que por trás... acho que deve falar limitadas, não são
isso aí sim.As pessoas não aceitam normalmente. Infelizmente é assim o aceitas normalmente
mundo.
Quadro XXIX: Codificação da avaliação sobre as pessoas beneficiadas por práticas de diversidade
Legenda: M – mulher HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
190
Os dados obtidos das entrevistas revelam que há uma diferença entre a percepção
dos sujeitos pertencentes à Empresa I e a Empresa II quanto a pessoas que são
beneficiadas pelas práticas de diversidade.
Os quatro sujeitos entrevistados pertencentes à Empresa I revelam, em suas falas,
que as pessoas quando beneficiadas por práticas de diversidade são vistas sob um rótulo
que tem um menor valor perante as demais. Alguns deles afirmam que existe um
preconceito e um estigma de que elas são menos competentes. Embora um dos sujeitos
afirme que esse rótulo desaparece quando o indivíduo mostra resultado, ele ressalta que
o custo para não o ter é apresentar um resultado, uma performance maior que a média.
Para esse sujeito isso acontece especialmente com os negros que são vistos como
pessoas que estão aquém.
Dos quatro sujeitos entrevistados na Empresa II, dois revelaram em suas falas que
as pessoas quando beneficiadas por práticas de diversidade são vistas de uma forma
normal e tratadas como qualquer outra. Porém, os outros dois sujeitos (uma pessoa
negra e uma pessoa com deficiência) afirmaram que elas acabam sendo vistas como
menos competentes, por isso, vão ter que lutar mais para demonstrar no dia a dia que
não são. Conforme a fala de um desses sujeitos, as pessoas com deficiência não são
aceitas normalmente. As pessoas em geral não acreditam que elas sejam capazes de dar
conta de um trabalho.
Com base na análise dos conteúdos obtidos das falas dos sujeitos entrevistados,
foi possível elaborar duas categorias de atitudes em relação às pessoas beneficiadas por
práticas de diversidade. A primeira de rejeição por considerá-las menos capazes ou
menos competentes. O valor atribuído às mesmas é menor que o atribuído às demais
que não passam por essas práticas. A segunda categoria refere-se à atitude de aceitação
com base na crença de que elas têm as mesmas condições que as demais de entregar
trabalho, conforme descrição na Figura XVI a seguir.
191
Classificação sobre as
percepções das pessoas
beneficiadas por práticas de
diversidade
Categorias emergentes
Categorias de atitudes
dos indivíduos que não
recebem concessões das
práticas de diversidade:
Menos competentes
● As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade
sofrem
de
preconceito
● As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade são vistas como
menos competentes
● As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade têm que provar
duas vezes mais que as outras
para provar que é competente
●As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade são vistas como
limitadas, não são aceitas
normalmente.
As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade são
estigmatizadas
Atitudes de rejeição com
base no estigma
Como outra qualquer
● As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade são vistas de forma
normal, como qualquer outra.
As pessoas que recebem
concessões de práticas de
diversidade são vistas
como outra qualquer
Atitudes de aceitação com
base na igualdade de
condições
Figura XVI: Categorização da avaliação das pessoas beneficiadas pelas concessões oferecidas por
práticas de diversidade
192
6.1.3.2.7 Análise do conteúdo referente ao significado de práticas de diversidade
consideradas justas.
O Quadro XXX abaixo apresenta as unidades de análises (recortes das extrevistas)
e o processo de codificação dos fenômenos que emergiram dessas unidades para
representar o significado atribuído às práticas de diversidade consideradas justas.
7ª pergunta: O que significa uma prática de diversidade justa?
Tema:
O significado
de pratica de
diversidade
justa
Unidades de análise
Codificação dos
Fenômenos
M1: Eu acho que justo é quando se trata igual os que são iguais...mas
existem diferenças, e dentro das diferenças tem que tratar com
diferenças.
A prática de justiça é que você tem que favorecer um lado em detrimento
de outo.
● Uma prática de
diversidade é justa
quando trata os
iguais como iguais e
os diferentes como
diferentes
HB1 Eu acho que é justo você ter uma prática clara, transparente com
políticas dentro das empresas para que as pessoas sejam tratadas de ● Uma prática de
uma forma igual, sem preconceito contra a origem da pessoa, social, diversidade é justa
quando a
econômica, ... de cor, de raça...
organização prioriza
PN1 Quando eu analiso e encontro um universo de pessoas que vêm da o indivíduo e não o
mesma condição sócio-econômica da que eu vim competindo com grupo ao qual ele
pessoas com uma condição social e educacional muito maior, eu acho pertence
que é injusto.
PCD1. Uma prática de diversidade é justa quando você prioriza o
indivíduo pelo seu caráter, pela sua postura, e não porque você pertence
a um determinado grupo...
● Uma prática de
diversidade é justa
quando não faz
distinção entre as
pessoas
● Uma prática de
diversidade é justa
HB2: Eu penso que não discriminar. Eu acho que tem que ter uma quando não
variação mínima, Todo mundo tem que ser igual. Sob o mesmo patamar. discrimina ninguém
● Uma prática de
PN2 : : acho que é justo quando você avalia a pessoa pelo que ela é, diversidade é justa
quando todos são
tudo está dentro do que você é,
tratados de forma
PCD2 pensar que a gente é igual aos outros... isso aí...é uma completa igual, sob o mesmo
mentira, eu tenho limitações mesmo, não nego, falo mesmo, tem coisa patamar
que eu não consigo fazer, falo, e aí tem pessoas que não entendem...que ● Uma prática de
diversidade é justa
não entende essa coisa.
quando trata as
pessoas com
deficiência de forma
diferente.
Quadro XXX: Codificação dos significados atribuídos as práticas de diversidade consideradas justas
Legenda: M – mulher HB – Homem branco PN – Pessoa negra PCD- Pessoa com deficiência
M2 : eu procuro fazer o máximo para não ter distinção entre as pessoas,
eu procuro é... enxergar todas elas com a mesma... eu tento dar a mesma
chance para todos eles...eu trabalho com deficiente, eu não acho que ele
é diferente de mim, eu só tenho que dar condição pra que ele seja igual a
mim..
193
Os dados obtidos das entrevistas revelaram que as práticas de diversidade são
concebidas como justas de formas diferentes pelos indivíduos, independente de serem
ou não da mesma empresa.
Dos oito indivíduos entrevistados três revelaram em suas falas que consideram
justas as práticas de diversidade que levam em consideração as diferenças culturais,
econômicas e educacionais dos indivíduos a partir dos grupos sociais aos quais
pertencem. Porém, três outros sujeitos afirmaram que as práticas de diversidade são
justas quando priorizam o indivíduo pelo que ele é, independente de sua identidade
social, raça, credo, etc. Seguindo um raciocínio semelhante, os outros dois indivíduos
consideram as práticas de diversidade justas quando as pessoas são tratadas igualmente,
sob o mesmo patamar.
Ao fazer a análise dos conteúdos obtidos das falas dos sujeitos entrevistados, duas
categorias de práticas de diversidade consideradas justas foram as mesmas obtidas
diante do conteúdo sobre o significado de práticas de diversidade. A primeira delas é
baseada no princípio da valorização das diferenças dos grupos sociais que converge à
abordagem da valorização da diversidade (COX, 1991); e a segunda é baseada no
princípio da dissolução da identidade social dos indivíduos (KANDOLA e
FULERTON, 1994). Sob ela direcionam as percepções de que as práticas de diversidade
são justas quando valorizam o indivíduo e quando priorizam um tratamento igual para
todos (ver Figura XVII)
194
Classificação dos fenômenos
relacionados e percepção de
justiça diante de práticas de
diversidade
Categorias emergentes
Categorias de práticas
de diversidade
consideradas justas:
Justiça com foco nas
diferenças dos grupos sociais
● Uma prática de diversidade é
justa quando trata as pessoas com
deficiência de forma diferente
A prática de diversidade é
justa quando valoriza as
diferenças dos grupos
sociais
Prática de diversidade
com foco na
valorização da
diversidade
Justiça com foco na igualdade
entre indivíduos
● Uma prática de diversidade é
justa quando não discrimina
ninguém
● Uma prática de diversidade é
justa quando todos são tratados de
forma igual, sob o mesmo
patamar.
● Uma prática de diversidade é
justa quando não faz distinção
entre as pessoas
A prática de diversidade é
justa quando valoriza a
igualdade entre todos os
indivíduos desconsiderando
diferenças entre os grupos
sociais
Prática de diversidade
com foco na
disssolução das
diferenças dos grupos
sociais
Justiça com foco na
valorização do indivíduo
● Uma prática de diversidade é
justa quando a organização
prioriza o indivíduo e não o grupo
ao qual ele pertence
A prática de diversidade é
justa quando valoriza os
indivíduos desconsiderando
a identidade social
Figura XVII: Categorização dos significados atribuídos as práticas de diversidade consideradas justas.
195
Os dados obtidos da pesquisa qualitativa permitiram atender ao objetivo de
conhecer concepções, atitudes e percepções de justiça diante da diversidade e de
práticas de diversidade, como também, identificar as dimensões de atitudes classificadas
e categorizadas nesse trabalho (justiça social, obtenção de ganhos, estigma e
discriminação reversa) para o desenvolvimento da pesquisa quantitativa. Uma discussão
mais ampla sobre esses dados será realizada no capítulo seguinte, no entanto, não se
pode deixar de fazer algumas pequenas considerações sobre os mesmos.
Diante da análise das falas dos sujeitos entrevistados sobre as concepções que
possuem a respeito de práticas de diversidade foi possível perceber que há uma
diferença entre os indivíduos que pertencem à empresa I, que contém práticas formais
de diversidade, e os da empresa II, que não contém. Para alguns sujeitos da empresa II
foi difícil expressar uma idéia que pudesse representar o significado das mesmas. Isso
revela que o assunto em questão ainda está muito longe de ser vivenciado no dia a dia
dessas pessoas.
Os sujeitos da empresa I ao expressarem o que entendem por práticas de
diversidade apresentam uma aplitude maior de discussões, porém elas foram difusas, e
muitas vezes, contraditórias.
Quanto às atitudes dos indivíduos percebe-se que há uma forte rejeição às
concessões oferecidas por práticas empresariais às mulheres e as pessoas negras,
inclusive pelas próprias pessoas representantes desses grupos. Uma fala predominante
entre os sujeitos entrevistados para justificar essa negativa foi a de não haver motivos
para que esses grupos sejam beneficiados. Será isso um reflexo de que esses grupos se
vêem representados nas organizações tanto quanto ções semelhantes a dos homens
brancos nas organizações? Ou será isso o reflexo de uma negação da realidade em que
estão inseridos? Entende-se que esse é um fenômeno interessante a considerar em
estudos futuros. É importante ressaltar, que as atitudes de rejeição com base no estigma
foram mais presentes na empresa I (que tem práticas de diversidade) do que na empresa
II. Será mera coincidência? Ou será que existe uma relação dessa rejeição das pessoas
às práticas de diversidade pelo receio de que elas venham a ser consideradas menos
capazes se passarem a aceitá-las? Essas foram algumas indagações que emergiram
nesse estudo que valeria a pena investigá-las.
Finalmente quanto às percepções de justiça diante das práticas de diversidade o
que se tornou importante saber foi que elas divergem de acordo com o grau de
importância que essas práticas dão, ou não, às diferenças entres os grupos sociais.
196
Reconhecer essas diferenças fez todo o sentido para alguns sujeitos das entrevistas
representantes do grupo de pessoas negras e de pessoas com deficiência, embora para
outros, o justo seria valorizar o indivíduo desconsiderando os seus antecedentes. Nesse
trabalho supõe-se que adotar uma dessas posições isoladamente, pode ser satisfatória
sob determinadas circunstâncias, porém não basta para avaliar o que é justo quando se
considera as diferenças entre as pessoas. Como dito anteriormente, no capítulo seguinte
será feita uma discussão que contemplará esses resultados obtidos.
6.2 Caracterização das empresas participantes
O universo amostral é constituído por duas empresas: uma empresa multinacional
do segmento industrial (1) e outra nacional do segmento bancário (2). Ambas, têm a
matriz sediada em São Paulo e filiais em outros estados do país, conforme demonstrado
nos Quadros IX e X. Na época da pesquisa, elas possuíam aproximadamente 4000 e 800
funcionários, respectivamente. No que diz respeito às práticas de diversidade, essas
empresas apresentaram-se em estágios diferentes de desenvolvimento.
A Empresa I tem como missão organizacional melhorar a qualidade de vida das
pessoas e entende que a sustentabilidade, sua filosofia faz parte dessa missão. Ela vem
desenvolvendo práticas em prol da diversidade desde 2003. Promover a diversidade
significa para a empresa criar uma cultura empresarial em que indivíduos de todas as
raças, gêneros, tipos de formação e preferências sexuais possam ter as mesmas
oportunidades no mercado de trabalho (Relatório de Sustentabilidade América Latina,
2005).
A empresa entende que grupos menos favorecidos precisam de oportunidades
especiais para se integrar melhor à sociedade e não sofrer discriminações. Nesse
sentido, apostar na diversidade é para ela, preocupar-se com a qualificação de
trabalhadores e criar oportunidades.
A primeira iniciativa adotada em prol da diversidade deu-se com a criação de um
comitê formado por colaboradores de diversas áreas para a discussão e desenvolvimento
do tema. Seguido a isso, por meio da sua área de Responsabilidade Social, implantou
197
um Projeto com o objetivo de conscientizar e disseminar entre os colaboradores a
aceitação e o incentivo à diversidade, motivando a integração de todos. Para isso, a
empresa escolheu três dimensões para serem trabalhadas: gênero, etnia e inclusão de
portadores de necessidades especiais.
Em sua primeira etapa esse Projeto procurou sensibilizar colaboradores com a
apresentação de uma série de filmes de curta-metragem e debates com especialistas
sobre o tema diversidade. Em outra ação, os colaboradores da empresa em cada uma das
unidades foram atores de uma peça de teatro, com diferentes montagens.
Aproximadamente 4.500 pessoas tiveram a oportunidade de discutir o assunto.
Em 2004, a empresa elaborou e patrocinou uma ampla pesquisa para conhecer o
perfil das mulheres que trabalham na empresa. O levantamento abordou itens como
faixa etária, escolaridade, estado civil, renda familiar, bem como trouxe a questão da
dupla jornada de trabalho, anseios, dificuldades, percepção de crescimento profissional
e satisfação com a carreira.
Em 2005 desenvolveu outros projetos de sensibilização sobre a questão das
mulheres e dos portadores de necessidades especiais. Além disso, outras iniciativas
foram adotadas como o estabelecimento da meta de aumento do número de mulheres
em cargos executivos para, pelo menos, 10% - mais que o dobro registrado em 2002 (as
mulheres nesse período representavam 5% do corpo executivo e 38% do corpo de
funcionários em geral). Também foi estipulada a meta de aumentar o percentual de
executivos asiáticos em posições estratégicas. O número de funcionários com esse perfil
aumentou para 8% em 2005. Em tempos atuais ela pensa em desenvolver projetos com
questões voltadas para os homossexuais.
A Empresa II tem como missão desenvolver uma atividade financeira que, ao
mesmo tempo e de forma integrada, maximize o retorno dos acionistas, garanta um
crescimento consistente e sadio da instituição, e valorize a comunidade em que está
inserida. A responsabilidade social perante a comunidade compõe um dos seus valores
institucionais. É uma empresa reconhecida nacional e internacionalmente pelo trabalho
desenvolvido em torno da sustentabilidade, segundo a consultoria espanhola M & E –
Management and Excellence. É também uma empresa reconhecida pela excelência do
trabalho desenvolvido em recursos humanos, segundo a publicação das 500 Maiores
Empresas do Brasil de 2007, na Revista Isto É Dinheiro. É considerada uma das 150
melhores empresas do Brasil para se trabalhar, conforme a Revista Você S/A Exame
2007.
198
Embora seja uma empresa que ainda não tenha desenvolvido nenhuma prática
formal em prol da diversidade, ela se declara interessada em criar um projeto visando a
esse fim. Ela entende que esse seria mais uma das atividades focadas no
desenvolvimento social. Atualmente possui projetos e ações de incentivo a cultura e ao
esporte. Tem parcerias com entidades como a ADD – Associação Brasileira Desportiva
para Deficientes, Instituto Ayrton Senna, escolas de teatro e dança.
A empresa é membro da “Comissão de Diversidade” desenvolvida pela
FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos. Seus profissionais de RH freqüentam
reuniões e encontros promovidos por essa comissão, que tem por intenção incentivar a
criação de práticas de diversidade em todos os bancos brasileiros a fim de ampliar
oportunidades para as pessoas menos favorecidas.
A empresa se diz aberta para receber todos os perfis de indivíduos para serem seus
colaboradores. Declara que em seus diferentes níveis hierárquicos há indivíduos
representantes de grupos sociais distintos como o de negros, mulheres e pessoas com
deficiência. A empresa engajou-se em uma pesquisa sobre a composição demográfica
dos seus colaboradores promovida pela FEBRABAN que tem por objetivo identificar o
seu perfil de diversidade e acredita que os dados obtidos poderão lhe ajudar a conhecer
um pouco mais de si.
6.3 A Pesquisa Quantitativa
A pesquisa quantitativa neste trabalho compreendeu os seguintes procedimentos:
análise descritiva dos dados (caracterização das empresas e dos respondentes); teste de
normalidade das variáveis, processo de validação das escalas; análise descritiva das
dimensões das variáveis, análise inferencial e discussão dos resultados.
199
6.3.1 Análise descritiva dos dados cadastrais
A análise descritiva tem por finalidade apresentar e resumir as informações
coletadas de certa maneira que possam ser analisadas (SHESKIN, 2000). Assim, serão
apresentadas tabelas e gráficos com características das empresas e dos indivíduos
pesquisados.
6.3.1.1 Caracterização da amostra das empresas
Após a coleta e tratamento dos dados a amostra ficou composta por 412
indivíduos de dois tipos de empresas, uma multinacional e outra nacional, que atuam no
setor industrial e bancário, respectivamente.
•
Segmento das empresas
% Frequência
Tabela X: Freqüência de indivíduos por empresa
Empresa
Frequência
A -Indústria
B - Banco
Total
A -Indústria
B - Banco
6.3.1.2 Caracterização dos indivíduos
A caracterização dos indivíduos, nesta pesquisa, dá-se pela obtenção dos seus
dados cadastrais quanto aos seguintes itens: sexo, idade, raça, função, tempo de casa e
área onde atuam, região do país onde trabalham, se são ou não pessoas com deficiência,
155
257
412
%
38
62
100
200
se eles se percebem como minoria na sociedade e se eles se percebem como minoria na
organização. A seguir, serão apresentados gráficos e tabelas com os dados obtidos, e ao
final, será feita uma síntese com o perfil predominante dos mesmos.
•
Distribuição por sexo
% Frequência
Tabela XI: Freqüência de indivíduos por sexo
Frequência
1 -Feminino
2 -Masculino
Total
1 -Feminino
•
72
28
100
2 -Masculino
Distribuição por idade
Tabela XII: Freqüência de indivíduos por idade
% Frequência
Frequência
18-20
21-30
31-49
50 anos ou mais
Total
•
%
295
117
412
1- (18 -20 anos)
2 - (21-30 anos)
3 - (31-49 anos)
4 - (50 anos ou mais)
7
76
275
54
412
%
2
18
67
13
100
Distribuição por raça
Tabela XIII: Freqüência de indivíduos por raça
% Frequência
Frequência
1 -Branco
2 -Negra
3 -Amarela
Total
1 -Branco
2 -Negra
3 -Amarela
Obs1: o conceito de raça negra foi o mesmo adotado pelo IBGE (que inclui pretos e pardos).
Obs2: porque só houve um indivíduo da raça indígena ele foi agrupado aos de raça amarela.
349
45
18
412
%
85
11
4
100
201
•
Distribuição por região do país onde residem e trabalham
Tabela XIV: Freqüência de indivíduos por região
% Frequência
Frequência
1- Norte
•
2- Nordeste
3- Centro-Oeste
4 - Sul
5 -Sudeste
1- Norte
2- Nordeste
3- Centro-Oeste
4 - Sul
5 -Sudeste
Total
%
23
65
14
33
277
412
6
16
3
8
67
100
Distribuição por tempo de casa
Tabela XV: Freqüência de indivíduos por tempo
de casa
% Frequência
Frequência
•
1 - (Menos de 1 ano)
2- (1-4 anos)
4 - (10 - 20 anos)
5 - (Mais de anos)
3 - (5 - 10 anos)
1 - (Menos de 1 ano)
2- (1-4 anos)
3 - (5 - 10 anos)
4 - (10 - 20 anos)
5 - (Mais de anos)
Total
%
85
106
62
87
72
412
21
26
15
21
18
100
Distribuição por função
Tabela XVI: Freqüência de indivíduos por função
% Frequência
Frequência
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Demais cargos
Total
•
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Demais cargos
%
31
181
39
161
412
8
44
9
39
100
Distribuição por área de atuação
Tabela XVII: Frenquência de indivíduos por
área de atuação
% Frequência
Frequência
Administrativa
Vendas
Compras
Financeira
Crédito
I&T
Produção
Logísitica
Recursos Humanos
Marketing
Juridica
Outras
Administrativa
Vendas
Compras
Financeira
Crédito
I&T
Produção
Logísitica
Recursos Humanos
Marketing
Juridica
Outras
Total
97
51
13
67
21
23
20
4
24
18
12
62
412
%
24
12
3
16
5
6
5
1
6
4
3
15
100
202
•
Distribuição de pessoas com deficiência
% Frequência
Tabela XVIII: Freqüência de pessoas com
deficiência
Frequência
PCD
%
11
401
412
PCD
Não PCD
Total
9
10
Não PCD
PCD: Pessoas com deficiência
Distribuição da autopercepção como minoria na sociedade
% Frequência
Tabela XIX: Freqüência da autoprecepção como
minoria na sociedade
Frequência
Grupo minoritário
Não minoritário
Total
Grupo minoritário
•
64
348
412
%
16
85
100
Não minoritário
Distribuição da autopercepção como minoria na organização
% Frequência
Tabela XX: Freqüência da autoprecepção como
minoria na organização
Frequência
Valid
Grupo MIn Org
Grupo MIn Org
Não Grupo MIn Org.
Total
75
337
412
Não Grupo MIn Org.
6.3.1.3 Perfil predominante da amostra:
O perfil predominante dos componentes da amostra é representado por 72% de
sujeitos que pertencem ao sexo feminino, 67% com a idade entre 31 e 49 anos (d.p.=
6,02), 85% raça branca, 67% pertencentes a região sudeste, 97% de pessoas sem
%
18
82
100
203
deficiência e de 85% e 82 % de pessoas que se percebem indivíduos pertencentes a
grupos sociais majoritários (tomando como referência a sociedade e a organização).
Os dados referentes ao tempo de casa, função, área de atuação revelam uma
distribuição mais heterogênea dos sujeitos. Os maiores índices de freqüência obtidos
foram todos eles inferiores a 50%, dessa forma, não há uma perfil significativamente
predominante de indivíduos na amostra com referência a esses dados.
6.4 Teste de normalidade das variáveis independentes e dependentes
Para a realização dos testes de normalidade das variáveis independentes e
dependentes foram utilizados os testes propostos por Kolmogorov-Smirnov. Como
resultado, constatou-se que as variáveis em estudo não têm uma distribuição normal, e
por isso, elas foram analisadas por meio de testes não paramétricos.
6.5 O processo de validação das escalas finais
O processo de validação de cada uma das escalas utilizadas na pesquisa foi
realizado por meio de três procedimentos psicométricos: o da verificação dos construtos
(atitudes, percepção de justiça e valores de individualismo e coletivismo); o da
verificação do número de fatores obtidos pela análise fatorial e o da verificação da
rotação e interpretação dos fatores.
Para verificar a validação de cada um dos construtos da pesquisa foi utilizado a
técnica estatística de Análise Fatorial Exploratória (AFE) disponível no programa
estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS versão13). O modelo de
análise adotado foi o dos fatores comuns (devido ao interesse da pesquisa em identificar
as dimensões ou constructos latentes das variáveis), o método foi o PAF - Principal
Axis Factoring e as extrações dos fatores deram-se pelos valores próprios (eigenvalues)
maiores ou iguais a um.
204
Para verificar o número de fatores obtidos três critérios foram adotados: o de
observar o resultado do gráfico scree plot (CATELL, 1966), o de observar o resultado
do modelo fatorial adotado, no caso, o Principal Axis Factoring (HAIR, 2005) e o
procedimento de checar a análise paralela (HORN, 1965), citada por Laros (2004) como
sendo a comparação entre o percentual de eigenvalues obtidos da amostra real e o
percentual de eigenvalues obtidos de uma amostra aleatória calculada a partir do mesmo
número de casos, do mesmo número de itens da escala em estudo e diante do mesmo
modelo e método fatorial adotado para os dados reais.
O terceiro e último procedimento adotado para a validação das escalas da pesquisa
foi o de verificar a rotação e a interpretação dos fatores. A rotação utilizada foi a
Promax e optou-se por manter os fatores com carga fatorial acima de 0,45 consideradas
cargas de maior significância prática (HAIR, 2005b). Todos esses procedimentos serão
apresentados nos subitens a seguir.
6.5.1 A validação final da escala de atitudes
(a) Quanto à verificação do construto
Para a realização da Análise Fatorial Exploratória (AFE) foi verificada
inicialmente a pertinência do uso do método estatístico para os dados obtidos,
analisando os seguintes pressupostos:
•
Matriz de correlação: com o objetivo de avaliar a relação entre as variáveis
dependentes utilizou-se o teste de correlação de Spearman. Os resultados
obtidos revelaram a existência de 292 correlações significativas entre as
variáveis dentre as 400 possíveis, o que representa 73% de correlações
existentes na matriz.
•
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): O teste de
adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin teve em sua primeira rodada o
valor de 0,831 indicando que o banco de dados era adequado para esse
tratamento estatístico.
•
Teste de esfericidade de Bartlett - O teste de esfericidade de Bartlett também
foi significativo (qui-quadrado aproximado = 4158,44; p<0,01).
205
•
Matriz da anti-imagem: indicou correlações satisfatórias entre 0,724 e 0,914.
Tendo em vista os indicadores e critérios anteriormente mencionados,
especialmente o valor do KMO e o número das correlações existentes entre as variáveis,
pôde-se considerar a matriz favorável.
(b) Quanto à verificação do número de fatores obtidos da análise fatorial.
•
O teste scree plot: ao usar o critério da raiz latente, onde o fator a ser extraído
deve explicar a variância de pelo menos uma variável (HAIR, 2005) o resultado
obtido foi de quatro fatores.
Critério da raiz latente
Gráfico XIV – Scree plot para a extração de fatores do instrumento de atitudes
● De acordo com o resultado do modelo fatorial adotado, no caso, o Principal
Axis Factoring quatro foram os fatores obtidos, conforme Quadro XXXI.
206
Matriz Padrãoa
Fator
1
11 - As mulheres quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos
competentes (ESTIGMA)
10 - As pessoas negras quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos competentes
(ESTIGMA)
16 - As pessoas negras quando favorecidas no processo de
contratação são consideradas como menos capazes (ESTIGMA)
12 - As pessoas com deficiência quando recebem condições
especiais para o desenvolvimento de carreira são consideradas como
menos competentes(ESTIGMA)
8 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras no desenvolvimento de carreira (JUSTIÇA SOCIAL)
7 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras na contratação (JUSTIÇA SOCIAL)
19 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras no desenvolvimento de carreira (JUSTIÇA SOCIAL)
3 -As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que as
demais no desenvolvimento de carreira (JUSTIÇA SOCIAL)
15 - As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que
as demais na contratação (JUSTIÇA SOCIAL)
5 - Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para mulheres
(OBTENÇÃO DE GANHOS)
2 -Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para pessoas
negras (OBTENÇÃO DE GANHOS)
17 -Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis
para o desenvolvimento de carreira para as mulheres (OBTENÇÃO DE
GANHOS)
14 -Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis
para o desenvolvimento de carreira para as pessoas negras (OBTENÇÃO
DE GANHOS)
9 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de mulheres (DISCRIMINAÇÃO REVERSA)
4 -As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de pessoas negras (DISCRIMINAÇÃO REVERSA)
13 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam
condições favoráveis para o desenvolvimento de carreira para as
mulheres (DISCRIMINAÇÃO REVERSA)
20 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam
condições favoráveis para o desenvolvimento de carreira para as pessoas
negras (DISCRIMINAÇÃO REVERSA)
2
3
,986
,935
,716
,701
,884
,871
,730
,503
,490
,752
,679
,661
,653
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
Rotação: Promax with Kaiser Normalization.
a. Rotação convergiu em 6 iterações.
Quadro XXXI : Matriz fatorial exploratória da escala de atitudes
•
4
A análise paralela (HORN,1965) que é baseada na comparação entre o
percentual de valores de eigenvalues obtidos da amostra real e o percentual de
valores obtidos da amostra aleatória indicou a existência de quatro fatores.
,701
,682
,633
,568
207
Tabela XXI: Eigenvaleus da Amostra Real
Total de Variância Explicada
Fator
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Total
4,858
3,642
1,490
1,076
,913
,852
,633
,585
,530
,465
,447
,379
,333
,298
,248
,168
,083
Initial Eigenvalues
% de
Variância
Cumulado %
28,576
28,576
21,424
50,000
8,764
58,764
6,328
65,092
5,372
70,464
5,012
75,477
3,725
79,201
3,444
82,645
3,116
85,762
2,737
88,498
2,631
91,129
2,227
93,356
1,960
95,315
1,751
97,066
1,460
98,526
,988
99,513
,487
100,000
Rotação
Total
4,042
3,324
2,648
3,221
Tabela XXIII: Comparação dos Eigenvaleus
(Amostra Real e Aleatória)
Total de Variância Explicada
Eigenvaleus
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
a. Quando fatores são correlacionados, as somas dos
quadrados carregados não podem ser adicionadas ao
total obtido da variância.
% de Variância Real
% de Variância Paralela
28,576
6,849
21,424
6,752
8,764
6,205
6,328
6,033
5,372
5,975
5,012
5,568
3,725
5,459
3,444
5,321
3,116
5,180
2,737
5,016
Tabela XXII: Eigenvaleus da Amostra Aleatória
Total de Variância Explicada
Fator
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Total
1,370
1,350
1,241
1,207
1,195
1,114
1,092
1,064
1,036
1,003
,959
,913
,899
,863
,859
,828
,804
,767
,746
,689
Eigenvalues Iniciais
% de
Variância
Cumulado %
6,849
6,849
6,752
13,601
6,205
19,807
6,033
25,840
5,975
31,815
5,568
37,383
5,459
42,842
5,321
48,163
5,180
53,343
5,016
58,359
4,796
63,154
4,566
67,720
4,496
72,216
4,317
76,533
4,295
80,828
4,141
84,968
4,022
88,991
3,833
92,823
3,731
96,554
3,446
100,000
Rotação
Total
,501
,469
,445
,400
,364
,372
,387
,342
,308
,381
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
Os três procedimentos adotados para a extração de fatores (o teste de scree plot, o
modelo fatorial Principal Axis Factoring e a análise paralela) indicaram os mesmos
números de fatores para a escala, ou seja, quatro fatores. Vale ressaltar que esse mesmo
208
número também havia sido encontrado no momento de pré-teste do instrumento, e que,
ele corresponde às dimensões sistematizadas nesse trabalho (estigma, justiça social,
obtenção de ganhos e discriminação reversa).
(c) Quanto à rotação e a interpretação dos fatores
A extração dos quatro fatores apontados foi realizada pela rotação Promax com
carga fatorial acima de 0,45. Após a realização de três rodadas houve a eliminação de
três itens (1, 6 e 18) ficando a escala com 17 itens.
•
O fator 1 representado pela dimensão estigma, reproduziu os mesmos 4 itens
obtidos no pré-teste, com alpha de Crombach de 0,909 e percentual de
variância explicada de 28,57%. As três cargas fatoriais mais altas foram às
mesmas do pré-teste e referem-se à crença de que as mulheres, as pessoas com
deficiência e as pessoas negras são consideradas menos competentes ao
receberem condições especiais para o desenvolvimento de carreira.
•
O fator 2 representado pela dimensão justiça social também reproduziu os
mesmos 5 itens obtidos no pré-teste. Apresentou um alpha de Crombach de
0,824 e percentual de variância explicada de 21,42%. As cargas fatoriais
referem-se à atitude de aceitações das concessões oferecidas às pessoas com
deficiência e as pessoas negras com base na crença de que elas não têm as
mesmas oportunidades que as demais diante das práticas organizacionais
referentes ao desenvolvimento de carreira e contratação.
•
O fator 3 representado pela dimensão obtenção de ganhos, ficou composto de
5 itens, com alpha de Crombach 0,837 e percentual de variância explicada de
7,65%. As cargas fatoriais mais altas referem-se à crença de que deve haver
práticas
de
diversidade
que
criem
condições
favoráveis
para
o
desenvolvimento de carreira para as pessoas negras e para as mulheres.
•
O fator 4 representado pela dimensão discriminação reversa ficou composto
de 4 itens, com alpha de Crombach 0,817 e percentual de variância explicada
de 5,79%. As cargas fatoriais mais altas referem-se à crença de que as práticas
de diversidade são discriminatórias quando criam condições favoráveis para a
contratação e para o desenvolvimento de carreira das mulheres e das pessoas
negras, o que não acontece com as pessoas com deficiência.
209
Ao final da interpretação, tem-se que os dois fatores mais representativos revelam
que as atitudes de rejeição dos indivíduos diante da diversidade são mais explicadas
pelo receio ao estigma do que pela discriminação reversa e as atitudes de aceitação mais
pelo reconhecimento de que os grupos sociais não têm as mesmas oportunidades no
contexto organizacional do que pelo interesse na obtenção de ganhos.
(d) Considerações finais sobre a verificação da validade
Após as etapas de verificação da validade a escala apresentou indicadores
psicométricos adequados e todos os fatores obtiveram índice de consistência interna
superiores a 0,80 (Pasquali, 2004). O percentual de variância explicada pelo instrumento
foi de 65,09%. O que demonstra que o mesmo é válido (HAIR, 2005:394). Mediante a
confirmação de validade do instrumento ele será nomeado como Escala de Atitudes
diante da Diversidade (EAD).
6.5.2 A validação final da escala de percepção de justiça diante das práticas de
diversidade
(a) Quanto à verificação do construto
Para a verificação da pertinência do uso do método estatístico diante dos dados
obtidos, foram analisados os seguintes pressupostos:
•
Matriz de correlação: com o objetivo de avaliar a relação entre as variáveis
dependentes utilizou-se o teste de correlação de Spearman. Os resultados
obtidos revelaram a existência de 766 correlações significativas entre as
variáveis dentre as 900 possíveis, o que representa 85% de correlações
existentes na matriz.
•
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): O teste de
adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin teve em sua primeira rodada o
valor de 0,895 indicando que o banco de dados era adequado para esse
tratamento estatístico;
210
•
Teste de esfericidade de Bartlett - O teste de esfericidade de Bartlett também
foi significativo (qui-quadrado aproximado = 4883,33; p<0,01).
•
Matriz da anti-imagem: indicou coeficientes de correlação satisfatórios entre
0,780 e 0,931.
Tendo em vista os indicadores e critérios anteriormente mencionados,
especialmente o valor do KMO e o número das correlações existentes entre as variáveis,
pôde-se considerar a matriz favorável e satisfatória para a análise fatorial.
(b) Quanto à verificação do número de fatores obtidos da análise fatorial.
O teste do scree plot: tendo como referência o critério da raiz latente, onde o
fator a ser extraído deve explicar a variância de pelo menos uma variável (HAIR, 2005)
o resultado obtido foi de cinco fatores.
Extração de Fator Matriz(a)
Uma tentativa para extração de 5 fatores. Mais do que 25 interações foram necessárias.
(Convergência=,004). Extração foi terminada.
Gráfico XV – Scree plot para a extração de fatores do instrumento de percepção de justiça
211
● De acordo com o resultado do modelo fatorial adotado, no caso, o Principal
Axis Factoring cinco foram os fatores obtidos, conforme Quadro XXXII.
Matriz Padrãoa
As práticas de diversidade são justas quando:
4 -... ampliam oportunidades de contratação de pessoas negras
(DISTRIBUTIVA )
10 -... ampliam as oportunidades de representatividade das mulheres em
cargos gerenciais e de direção (DISTRIBUTIVA)
16 -... ampliam as oportunidades de representatividade das pessoas negras
nas diferentes áreas da empresas.(DISTRIBUTIVA )
5 -... contemplam a participação das mulheres na elaboração de procedimentos
que lhes afetam direta ou indiretamente (PROCESSUAL)
23 - ... contemplam procedimentos que considerem as reivindicações das
pessoas negras (PROCESSUAL)
2- .... oferecem comitês que apóiam o desenvolvimento de carreira das
mulheres de acordo com as suas necessidades
(DISTRIBUTIVA )
8 -... oferecem as mesmas condições de desenvolvimento de carreira para os
indivíduos independente de serem mulheres, negros ou pessoas com
deficiência(DISTRIBUTIVA )
3 -... estimulam os gestores a se relacionarem com seus subordinados
valorizando a igualdade entre mulheres, negros, pessoas com deficiência e os
demais indivíduos. (INTERACIONAL)
6 -... recompensam os indivíduos exclusivamente pelo seu desempenho na
função independente de serem mulheres, negros ou pessoas com deficiência
(DISTRIBUTIVA )
17 -... contemplam procedimentos imparciais em relação aos indivíduos, sejam
eles mulheres, negros ou pessoas com deficiência (PROCESSUAL)
13 -... dão informações aos indivíduos de que elas existem para dar
oportunidades iguais a todos (INFORMACIONAL)
9 -... estimulam os gestores a se relacionarem com seus subordinados
valorizando a igualdade entre as pessoas negras e as não negras
(INTERACIONAL)
28 -... ampliam benefícios para a formação profissional das pessoas com
deficiência (DISTRIBUTIVA )
29 -... contemplam procedimentos que acatem as opiniões das pessoas com
deficiência sobre o que lhes dizem respeito (PROCESSUAL)
26 -... oferecem vagas às pessoas com deficiência de acordo com as suas
necessidades (DISTRIBUTIVA )
19 -... dão informações aos indivíduos de que elas existem porque são
importantes para os negócios (INFORMACIONAL)
25 - ... dão informações aos indivíduos de que elas existem porque fazem parte
da missão da empresa (INFORMACIONAL)
24 -... recompensam as mulheres proporcionalmente às responsabilidades que
assumem na empresa (DISTRIBUTIVA )
18 -... recompensam as pessoas com deficiência proporcionalmente aos
resultados que apresentam (DISTRIBUTIVA )
1
Fator
3
2
4
5
,849
,787
,733
,690
,550
,510
,804
,707
,665
,501
,491
,483
,908
,701
,486
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
Método de rotação: Promax with Kaiser Normalization.
a. Rotação convergiu em 6 interações.
Quadro XXXII: Extração de fatores pelo modelo fatorial pelo PAF -Principal Axis Factoring
,885
,529
,780
,458
212
•
A análise paralela (HORN,1965), indicou a existência de seis fatores.
Tabela XXIV: Eingevalues da amostra real
Tabela XXVI: Comparação de Eingevalues da
amostra real e paralela
Total de Variância Explicada
Eigenvaleus
% de Variância
Real
% de Variância Paralela
Tabela XXV: Eingevalues da amostra paralela
28,797
4,891
13,576
4,806
8,527
4,760
6,072
4,367
5,351
4,328
4,330
4,272
3,91
4,112
3,62
3,912
213
Dos três procedimentos adotados para a extração de fatores, dois indicaram a existência
de cinco fatores (scree plot e Principal Axis Factoring) e um deles, a análise paralela,
apontou a existência de seis. Diante dessa possibilidade uma nova extração foi realizada
para checar qual solução seria a mais apropriada para a indicação dos fatores da escala.
A extração com seis fatores sugerida pela análise paralela foi realizada por meio
do mesmo modelo de análise fatorial adotado anteriormente (PAF - Principal Axis
Factoring). A rotação utilizada foi a Promax e optou-se por manter os fatores com carga
fatorial acima de 0,45.
Na solução com seis fatores o total de variância explicada foi de 64,79%, porém o
sexto fator apresentou um único item. Isso significa que o significado desse fator é
muito simplificado e não representativo (HAIR, 2005). Com isso, essa solução não se
mostrou como a melhor.
Matriz padrão
Fator
1
16 -D.I./Valorização da Diversidade
4 -D. I./Valorização da Diversidade
10 -D. I./Valorização da Diversidade
5 -P. /Valorização da Diversidade
23 - P./Valorização da Diversidade
8 - INT/Dissolução das Diferenças
3 -INT/Dissolução das Diferenças
6 -D.E./Dissolução das Diferenças
17 -P/Dissolução das Diferenças
13 -INF/Dissolução das Diferenças
9 -INT./Dissolução das Diferenças
28 -D.I./Valorização da Diversidade
29 - P./Valorização da Diversidade
26 -D.N./Valorização da Diversidade
19 -INF./Causa Estratégica
25 - INF./Estratégia
24 -D. E./Meritocracia
18 -D. E./Meritocracia
7 - INF/Causa legal
2
3
4
5
6
,839
,816
,771
,613
,521
,800
,723
,652
,500
,489
,488
,897
,697
,468
,811
,533
,784
,477
,582
Método de extração: Principal Axis Factoring.
Método de rotação: Promax with Kaiser Normalization.
Quadro XXXIII: Extração de seis fatores pelo modelo fatorial PAF (PAF - Principal Axis Factoring)
Desse modo, o número de fatores da escala ficou definido pelos métodos que
apresentaram uma melhor solução e eles indicaram a existência de cinco fatores.
214
(c) Quanto à rotação e a interpretação dos fatores
A extração dos cinco fatores apontados pelo Principal Axis Factoring (quadro...)
foi realizada pela rotação Promax com carga fatorial acima de 0,45. Após a realização
de três rodadas houve a eliminação de treze itens ficando a escala com dezessete itens.
O total de variância explicada foi de 62,32%.
Dos cinco fatores extraídos pelo modelo e método fatorial adotado, somente os
dois últimos tiveram os seus itens agrupados por uma única dimensão de justiça
organizacional: a distributiva e a informacional. Os demais fatores, inclusive os mais
significativos, apresentaram itens que faziam referência a mais de um tipo de dimensão
de justiça, conforme descritos a seguir.
•
O fator 1 foi agrupado com seis itens, apresentou um alpha de Crombach de
0,843 e percentual de variância explicada de 28,79%. As três cargas fatoriais
mais altas foram direcionadas à justiça distributiva e a processual.
•
O fator 2 foi agrupado com seis itens. Apresentou um alpha de Crombach de
0,786 e percentual de variância explicada de 13,57%. As cargas fatoriais
referem-se a três tipos de dimensões de justiça: distributiva, interacional e
informacional.
•
O fator 3 foi agrupado em três itens. Apresentou um alpha de Crombach de
0,720 e percentual de variância explicada de 8,52%. As cargas fatoriais
fizeram referência a dois tipos de dimensão de justiça: a distributiva e a
processual.
•
O fator 4 foi agrupado em dois itens. Apresentou um alpha de Crombach
0,666 e percentual de variância explicada de 6,07%. As cargas fatoriais
fizeram referência a uma única dimensão: a informacional.
•
O fator 5 foi agrupado em dois itens. Apresentou um alpha de Crombach
0,641 e percentual de variância explicada de 5,35%. As cargas fatoriais
fizeram referência a uma única dimensão: a distributiva.
A interpretação dos fatores obtidos exigiu uma explicação sobre o porquê dos
itens do instrumento não terem sido agrupados pelas dimensões de justiça
215
organizacional separadamente. Outros modelos e métodos de extração de fatores foram
realizados (varimax, oblimin etc.), mas os resultados obtidos não diferiram muito do
exposto. Porém, algo chamou atenção da pesquisadora. O alpha de Cronbach de cada
um dos fatores variou de 0,641 a 0,843, índices considerados bons para uma pesquisa de
caráter exploratório (HAIR, 2005). Isso estava supondo que eles tinham uma
consistência interna, algo unia os seus itens, mas, exatamente o quê?
Afinal, como explicar a existência de itens referentes às quatro dimensões em um
único fator? Será que todos os ajustes anteriores realizados em torno do instrumento
teriam sido insuficientes para torná-lo válido ou havia uma outra razão para explicar
esse fenômeno?
Essas indagações geraram uma análise mais rigorosa e “profunda” sobre a
composição dos itens do questionário considerando-se não só as dimensões de justiça
organizacional com os seus componentes norteadores e princípios citados anteriormente
(ver Quadro XVI), mas também, os princípios de diversidade que lhes eram subjacentes,
uma vez que os itens do instrumento faziam referência a práticas de diversidade. Por
princípios entendem-se o ponto de partida e o fundamento de um processo qualquer
(ABBAGNANO, 1982, p.760).
Nesse momento da pesquisa, tornou-se necessário considerar os seis princípios de
diversidade utilizados no instrumento, sendo eles: o da valorização da diversidade, o da
dissolução das diferenças, o da meritocracia e o das explicações oferecidas pelas
organizações sobre a sua existência com base em uma causa social, em uma causa
estratégica e com base em uma causa legal (ver referencial teórico pp.37-47).
Com isso, o Quadro XXXIV foi elaborado para contemplar não só as quatro
dimensões de justiça organizacional, seguidas dos seus componentes norteadores, dos
seus princípios de justiça e da caracterização desses princípios, mas também, os
componentes norteadores e os princípios de diversidade utilizados nos itens formulados.
Em seguida será feita uma apresentação de cada um deles.
216
Dimensões
de justiça
Componente
norteador
Princípio de
justiça
Caracterização
dos princípios de
justiça
Componente
norteador
aplicado à
diversidade
Princípio de
justiça /
princípios da
diversidade
Caracterização
dos princípios
de diversidade
Distributiva
Recompensas
Equidade
As recompensas
são distribuídas de
acordo com as
contribuições
recebidas.
Concessões
oferecidas à
diversidade
(oportunidades,
privilégios e
condições
especiais)
Equidade
Meritocracia
As concessões
devem ser
baseadas no
critério da
meritocracia
DEUTSCH , (1975),
LEVENTHAL,(1976)
Igualdade
As recompensas
devem gerar um
destino comum
para todos os
indivíduos.
KONRAD e
LINNEHAN, 1995
Igualdade de
oportunidade
Valorização das
diferenças
LERNER, (1975);
SCHWINGER,(1980)
COX, 1991;
THOMAS, 1990
Igualdade de
resultado
Dissolução das
diferenças
Necessidade
Procedimentos
e tomadas de
decisão
Adoção de
critérios de
imparcialidade
Os processos e
decisões devem
adotar regras
imparciais, neutras,
consistentes e
empregar-se de
cuidados contra
viés.
As concessões só
devem existir
mediante o que o
sujeito pode
agregar ou
oferecer a
organização
KONRAD e
LINNEHAN, 1995
As recompensas
devem reduzir o
sofrimento dos que
não conseguem
satisfazer suas
necessidades por si
mesmos (sejam as
básicas, as
intelectuais e as
emocionais)
Necessidade
Valorização das
diferenças
As concessões
devem favorecer
os indivíduos que
não conseguem
satisfazer suas
necessidades
profissionais por
si mesmo
LERNER, 1975;
SCHWINGER,1980
DEUTSCH 1985)
Processual
As concessões
devem gerar as
mesmas
oportunidades
para todos os
indivíduos
Procedimentos
adotados em
prol da
diversidade
Imparcialidade
Dissolução das
diferenças
Os processos
devem adotar
regras neutras e
imparciais em
relação aos
indivíduos
GLAZER, 1988
LEVENTHAL,(1980)
Controle de
voz
Os processos e
decisões devem
ouvir e valorizar as
expressões dos
indivíduos
TYLER, RASINSKI
E SPODICK, (1985)
Controle de
voz
Valorização das
diferenças
Os processos e
devem considerar
e valorizar as
expressões e
opiniões dos
diferentes
indivíduos ao que
lhes dizem
respeito
THOMAS e
ELY,1996
217
Dimensões
de justiça
Componente
norteador
Princípio de
justiça
Caracterização
dos princípios de
justiça
Componente
norteador
aplicado à
diversidade
Princípio de
justiça /
princípios da
diversidade
Caracterização
dos princípios
de diversidade
Interacional
Relação
Interpessoal
Direitos dos
empregados
O tratamento deve
contemplar a
preocupação com
os direitos dos
empregados.
BIES e
MOAG,(1985)
Concessões
oferecidas
à diversidade
Direitos
iguais
Dissolução das
diferenças
Os indivíduos
devem ser
tratados sob a
concessão de
direitos iguais
KANDOLA e
FULLERTON,
1994
Direitos
diferentes
Valorização das
diferenças
Informacional
Explicações
sobre as
decisões
tomadas
Justificativa
Desculpa
Focaliza-se no
princípio de que
explicações –
justificativas ou
desculpas - devam
se oferecidas aos
indivíduos
BIES e
MOAG, (1986);
SHAPIRO, (1991)
Explicações
sobre as
decisões
tomadas em
prol da
diversidade
Justificativa
Causa
Social
Os indivíduos
devem ser
tratados sob a
concessão de
direitos diferentes
BONNEY e
REINACH, 1993;
GREGSON e
LOWE, 1994,
BOND e PYLE,
1998
As práticas de
diversidade
devem existir em
prol de um
destino comum
para todos - causa
social
COPELAND, 1988;
GREENSLADE,
1991
Desculpa
Causa
legal
Justificativa
Causa
Estratégica
As práticas de
diversidade
devem existir
para atender as
determinações
legais
As práticas de
diversidade
devem existir em
prol dos negócios
da empresa
KANDOLA e
FULLERTON,
1994
Quadro XXXIV: Componentes norteadores, princípios de justiça e de diversidade aplicados na versão
final do instrumento de percepção de justiça diante de práticas de diversidade.
Fonte: elaborada pela autora
Na literatura, a distribuição de recursos ou concessões à diversidade não é
concebida de uma única forma, há quem defenda o princípio da meritocracia, de que
elas só devam existir mediante o que o sujeito pode agregar ou oferecer a organização
218
em termos de resultado, não importando quem ele é (KONRAD e LINNEHAN, 1995),
ou ainda, sob o princípio da dissolução das diferenças onde prevalece a idéia de que
todos devem receber as mesmas oportunidades e serem tratados da mesma forma
(KANDOLA e FULLERTON, 1994). Mas, há quem entenda que as concessões devam
ser diferenciadas de modo a valorizar a diversidade, por considerar que as
oportunidades oferecidas pela sociedade não são as mesmas para todos os grupos (COX,
1991; THOMAS, 1990). E há ainda, quem defenda a idéia de que as concessões devam
existir para valorizar os grupos de indivíduos que não conseguem sozinhos suprir suas
necessidades, sejam biológicas, intelectuais ou emocionais (LERNER, 1975;
SCHWINGER,1980).
Justiça Distributiva:
Distribuição de recursos
à diversidade
Meritocracia
Dissolução das
diferenças
Igualdade
Valorização da
diversidade
Necessidade
Valorização da
diversidade
Figura XVIII: Dimensões de justiça distributiva aplicada à diversidade
Os procedimentos adotados em prol da diversidade também não são vistos na
literatura sob um mesmo ângulo. Há quem defenda o defenda sob o princípio da
imparcialidade, sem viés, sob o véu da ignorância do grupo de identificação - “identityblind” (GLAZER, 1988), e há quem o defenda sob o princípio de controle de voz, ou
seja, que defende a idéia de que é necessário ouvir, valorizar e aprender com as
expressões dos mais diversos indivíduos em meio aos procedimentos e decisões
adotados (THOMAS e ELY,1996).
219
Justiça Processual:
Procedimentos e tomadas de
decisão em prol da
diversidade
Imparcialidade
Dissolução das
diferenças
Controle de voz
Valorização da
diversidade
.
Figura XIX: Dimensão de justiça processual aplicada à diversidade
A relação interpessoal estabelecida entre os agentes organizacionais e os seus
subordinados no que diz respeito à maneira de lidar com a diversidade também é vista
sob perspectivas diferentes. Há quem defenda o princípio de dissolver as diferenças de
direitos entre os indivíduos, por acreditar que eles são os mesmos (ELLIS e
SONNENFERLD, 1994; KANDOLA e FULLERTON, 1994), e há quem defenda a
valorização de direitos diferenciados para os grupos sociais menos privilegiados
socialmente (BONNEY e REINACH, 1993; GREGSON e LOWE, 1994, BOND e
PYLE ,1998).
Direitos iguais
Dissolução das
diferenças
Direitos diferenciados
Valorização da
diversidade
Justiça Interacional:
Direitos
concedidos
Fonte: elaborada
pela autora
à diversidade
Figura XX: Dimensão de justiça interacional aplicada à diversidade
Sobre as explicações que os agentes organizacionais dão aos seus subordinados
diante dos procedimentos e das decisões tomadas em prol da diversidade há quem as
conceba sob o princípio da causa social, ou seja, de que elas devam existir para
equalizar as diferenças entre os grupos sociais (COPELAND, 1988; GREENSLADE,
220
1991), há quem as conceba sob o princípio da causa legal (ver em CARREL, MANN e
SIGLER, 2006) e há quem as defenda sob o princípio da estratégia, ou seja, de que elas
devem
existir
em
prol
dos
negócios
da
organização
(KANDOLA
e
FULLERTON,1994).
Quando aplicadas à diversidade, as quatro dimensões de justiça organizacional se
desmembraram em outras onze dimensões que contemplam a percepção de justiça e a
diversidade ao mesmo tempo:
1. Justiça distributiva (eqüidade) sob o princípio da meritocracia: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as concessões oferecidas pelas práticas
de diversidade (oportunidades, privilégios ou condições especiais) são
baseadas no critério da meritocracia, ou seja, no desempenho individual.
2. Justiça distributiva (igualdade) sob o princípio da valorização da diversidade:
sob essa dimensão, sobressai a crença de que as concessões oferecidas pelas
práticas de diversidade (oportunidades, privilégios ou condições especiais)
devam ser direcionadas aos grupos menos favorecidos na sociedade para
haver oportunidades de um destino comum aos demais (igualdade de
resultado).
3. Justiça distributiva (igualdade) sob o princípio da dissolução das diferenças:
sob essa dimensão, sobressai a crença de que as concessões oferecidas pelas
práticas de diversidade (oportunidades, privilégios ou condições especiais)
devam ser comuns a todos independente de serem mulheres, negros ou
pessoas com deficiência (igualdade de oportunidade).
4. Justiça distributiva (necessidade) sob o princípio da valorização da
diversidade: sob essa dimensão, sobressai a crença de que as concessões
oferecidas pelas práticas de diversidade (oportunidades, privilégios ou
condições especiais) devem ampliar as oportunidades dos grupos sociais que
não conseguem suprir por si mesmo suas necessidades (fisiológicas
intelectuais e emocionais).
5. Justiça processual sob o princípio da valorização da diversidade: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando dão o direito de voz aos indivíduos, isto é, quando valorizam suas
opiniões e expressões diante dos procedimentos e tomadas de decisão que
lhes dizem respeito.
221
6. Justiça processual sob o princípio da dissolução das diferenças: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando os procedimentos que lhes são inerentes são imparciais em relação
aos indivíduos.
7. Justiça interacional sob o princípio da valorização da diversidade: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando contemplam um tratamento diferenciado para os indivíduos.
8. Justiça interacional sob o princípio da dissolução das diferenças: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando contemplam um tratamento igual para os indivíduos.
9. Justiça processual sob o princípio da dissolução das diferenças: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando são justificadas em prol de uma causa social.
10. Justiça processual sob o princípio da dissolução das diferenças: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando são justificadas em prol de uma causa legal.
11. Justiça processual sob o princípio da dissolução das diferenças: sob essa
dimensão, sobressai a crença de que as práticas de diversidade são justas
quando são justificadas em prol de uma causa estratégica.
222
A Justiça Organizacional diante da Diversidade
Dimensões da Justiça Organizacional
JD. Equidade
JD - Justiça
Distributiva
JD. Igualdade
Dimensões da Justiça Organizacional
aplicadas à diversidade
JD – Meritocracia
JP - Justiça
Processual
Dimensões de
justiça com base na
valorização da
diversidade
JDN – Valorização da Diversidade
JP – Valorização da Diversidade
JP – Dissolução das Diferenças
JINT - Justiça
Interacional
Dimensão de justiça
distributiva com
base na meritocracia
JDI – Valorização da Diversidade
JDI – Dissolução das Diferenças
JD. Necessidade
Dimensões de
justiça diante
da diversidade
JINT - Valorização da Diversidade
Dimensões de
justiça baseadas na
dissolução das
diferenças
JINT - Dissolução das Diferenças
JINF - Justiça
Informacional
JINF – Causa Social
Dimensão de justiça
informacional
baseada na
causa social
JINF – Causa Legal
Dimensão de justiça
informacional
baseada na
causa legal
JINF – Causa Estratégica
Dimensão de justiça
informacional
baseada na
causa estratégica
Figura XXI: As dimensões de justiça organizacional aplicadas à diversidade
223
Analisar intensamente os itens do instrumento sob os princípios da diversidade
ajudou a perceber que eles poderiam estar se agrupando pelas seis possíveis dimensões
de justiça organizacional diante à diversidade. Após essa análise, o passo seguinte foi
realizar uma nova análise fatorial a fim de verificar esse possível agrupamento, e o
resultado obtido foi positivo para quatro das seis dimensões cogitadas. O quinto fator
não contemplado foi o referente à dimensão de justiça com base na valorização da
diversidade para as pessoas com deficiência (ver QuadroXXXV).
Matriz Padrãoa
As práticas de diversidade são justas quando:
4 -... ampliam oportunidades de contratação de pessoas negras
(D.I.) - VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
10 -... ampliam as oportunidades de representatividade das mulheres em
cargos gerenciais e de direção (D.I.)- VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
16 -... ampliam as oportunidades de representatividade das pessoas negras
nas diferentes áreas da empresas (D.I.) - VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
5 -... contemplam a participação das mulheres na elaboração de
procedimentos que lhes afetam direta ou indiretamente (P. ) VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
23 - ... contemplam procedimentos que considerem as reivindicações das
pessoas negras (P.) - VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
2- ... oferecem comitês que apóiam o desenvolvimento de carreira das
mulheres de acordo com as suas necessidades (D.N. ) VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
8 -... oferecem as mesmas condições de desenvolvimento de carreira para os
indivíduos independente de serem mulheres, negros ou pessoas com
deficiência (D.I.) - DISSOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS
3 -... estimulam os gestores a se relacionarem com seus subordinados
valorizando a igualdade entre mulheres, negros, pessoas com deficiência e os
demais indivíduos
( INT) - DISSOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS
6 -... recompensam os indivíduos exclusivamente pelo seu desempenho na
função independente de serem mulheres, negros ou pessoas com deficiência
(D.E.) - DISSOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS
17 -... contemplam procedimentos imparciais em relação aos indivíduos,
sejam eles mulheres, negros ou pessoas com deficiência
(P.) -DISSOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS
13 -... dão informações aos indivíduos de que elas existem para dar
oportunidades iguais a todos ( INF) - DISSOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS
9 -... estimulam os gestores a se relacionarem com seus subordinados
valorizando a igualdade entre as pessoas negras e as não negras (INT) DISSOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS
28 -... ampliam benefícios para a formação profissional das pessoas com
deficiência (D.I ) - VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
29 - ... contemplam procedimentos que acatem as opiniões das pessoas com
deficiência sobre o que lhes dizem respeito ( P ) VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
26 -... oferecem vagas às pessoas com deficiência de acordo com as suas
necessidades ( D.N.) - VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
19 -... dão informações aos indivíduos de que elas existem porque são
importantes para os negócios ( INF) - ESTRATÉGIA
25 - ... dão informações aos indivíduos de que elas existem porque fazem parte
da missão da empresa. (INF ) - ESTRATÉGIA
24 -... recompensam as mulheres proporcionalmente às responsabilidades
que assumem na empresa.
( D. E)- MERITOCRACIA
18 -... recompensam as pessoas com deficiência proporcionalmente aos
resultados que apresentam. (D. E)- MERITOCRACIA
1
Fator
3
2
4
5
,849
,787
,733
,690
,550
,510
,804
,707
,665
,501
,491
,483
Método de Extração: Principal Axis Factoring.
Método de RotaçãoPromax with Kaiser Normalization.
a. Rotação convergiu em 6 interações.
Quadro XXXV: As dimensões de justiça organizacional diante da diversidade
,908
,701
,486
,885
,529
,780
,458
224
Esse fato gerou não só uma nova análise e interpretação dos fatores obtidos em
torno do questionário de percepção de justiça, como também modificou a concepção
sobre a utilização das dimensões de justiça organizacional diante da diversidade
apresentada no esquema conceitual proposto no problema de pesquisa.
(d) Análise e interpretação dos fatores obtidos a partir dos princípios de diversidade
•
O fator 1 ficou representado pelas dimensões de justiça organizacional que
são embasadas pelo princípio da valorização da diversidade. Os seus seis
itens refletem a idéia de que os grupos de pessoas negras e de mulheres não
têm as mesmas oportunidades no contexto organizacional que as pessoas não
negras, e os homens têm, por isso, as distribuições de recursos e
procedimentos não podem ser os mesmos. Sob esse critério, as pessoas
negras devem ter mais oportunidades na contratação, as mulheres devem
usufruir de comitês que apóiem seu desenvolvimento profissional, e para
ambos os grupos, devem existir oportunidades de mais representatividade em
cargos gerenciais. Em sendo assim, as práticas de diversidade são
consideradas justas.
•
O fator 2 ficou representado pelas dimensões de justiça organizacional que
são embasadas pelo princípio da dissolução das diferenças. Os seis itens que
o constituem refletem a idéia de que os diferentes grupos sociais em estudo
(grupos de mulheres, de pessoas negras e pessoas com deficiência) têm as
mesmas oportunidades no contexto organizacional em relação aos demais,
por isso, é justo que as diferenças entre eles não sejam consideradas em
práticas
que
contemplem
distribuição
de
recursos
(concessões),
procedimentos, tipos de interações a serem estabelecidas e justificativas em
prol da diversidade.
•
O fator 3 ficou representado pelas dimensões de justiça organizacional que
são embasadas pelo princípio da valorização da diversidade, mas no que diz
respeito a pessoas com deficiência. Os seus três itens refletem idéias de que é
justo
esses
indivíduos
usufruírem
de
práticas
que
ampliem
seu
desenvolvimento educacional, terem direito de voz sobre o que lhes diz
respeito e a vagas de acordo com suas necessidades. Ao falar do princípio de
valorização da diversidade separando as pessoas com deficiência dos grupos
225
de mulheres e de pessoas negras, esse fator revela que esse princípio é
relativo às necessidades específicas do grupo de quem se está falando.
•
O fator 4 ficou representado pela dimensão de justiça organizacional (a
informacional). Eles são embasados na idéia de que as práticas de
diversidade são justas quando existem em prol da estratégia da empresa. Na
literatura, essa justificativa em prol da diversidade é apontada como sendo
uma das mais eficazes para que os indivíduos aceitem as práticas que lhes
são decorrentes. A lógica para isso é que ao fazer parte da estratégia da
organização, essas práticas geram ganhos que não serão exclusivos de uns,
mas serão benefícios de todos.
•
O fator 5 também ficou representado por dois itens que representam uma
única dimensão de justiça organizacional (a distributiva baseada na
equidade). Eles refletem a idéia de que as práticas de diversidade são justas
quando oferecem concessões com base no desempenho, seja para as
mulheres ou para as pessoas com deficiência. O fator pressupõe que usufruir
de um recurso (beneficio ou concessão) no contexto organizacional deva ser
de responsabilidade meramente individual.
(e) As dimensões de justiça organizacional diante da diversidade
O resultado da análise fatorial anteriormente descrita revelando o agrupamento
dos itens por meio dos princípios da diversidade acrescentou à pesquisa a descoberta de
que a percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade não consegue ser
explicada pelas dimensões de justiça organizacional presentes na literatura, porque elas
não explicitam por si mesmas as diferentes concepções de diversidade.
Essa descoberta ocasionou uma reformulação no esquema conceitual do problema
de pesquisa quanto à definição das variáveis independentes. Antes, elas eram referentes
a quatro dimensões de justiça organizacional (distributiva, processual, interacional e
informacional), depois desse fato, elas passaram a ser referentes a dimensões de justiça
que emergiram diante da diversidade (ver Figura XXII).
226
227
2º Esquema Conceitual de Pesquisa
Problema de pesquisa: Há relação entre as dimensões de justiça e as atitudes dos indivíduos diante da
diversidade?
Objetivo geral: Analisar se há relação entre as dimensões de justiça e as atitudes dos indivíduos diante da
diversidade
Variáveis independentes
Variáveis de classificação dos
indivíduos da amostra*
1.Atitude de aceitação tendo
por base a crença na
justiça social
1.Dimensões de justiça
organizacional baseda na
valorização da diversidade
2. Atitude de aceitação tendo
por base o interesse pela
obtenção de ganhos
2. Dimensões de justiça
organizacional baseada na
dissolução das diferenças
3. Dimensões de justiça
organizacional baseada na
valorização da diversidade
para o GPCD
3. Atitude de rejeição tendo
por base a
discriminação reversa
4. Dimensões de justiça
organizacional baseada na
estratégia
5. Dimensões de justiça
organizacional baseada na
meritocracia
Variáveis dependentes:
4. Atitude de rejeição tendo
por base o
receio do estigma
Variáveis moderadoras de
individualismo e coletivismo
*
Sexo, raça, idade, região, função, área de atuação, tempo de casa, ser ou não pessoa com deficiência, auto-percepção como
minoria na sociedade e na organização.
Figura XXII: Segundo esquema conceitual de pesquisa
228
(f) Considerações finais sobre a verificação da validade
Após todas as etapas de verificação da validade anteriormente descritas, pode-se
dizer que a escala apresentou indicadores psicométricos adequados. Os resultados da
análise fatorial do instrumento apontaram a existência de cinco fatores. Esses foram
agrupados em torno dos princípios de diversidade subjacentes às dimensões de justiça
em estudo, uma lógica diferente da prevista na definição do problema de pesquisa. Os
fatores obtiveram índice de consistência interna entre 0,641 e 0,843, e o percentual de
variância explicada do instrumento foi de 65,09%, índices considerados satisfatórios
para considerar a escala válida (HAIR, 2005).
6.5.3 A validação final da escala de valores
(a) Quanto à verificação do construto
Para essa verificação foram analisados os seguintes pressupostos:
•
Matriz de correlação: por meio da correlação de ordem de ranqueamento de
Spearman foi verificada a existência de 28 correlações entre as variáveis
dentre as 36 possíveis, o que representa 78% de correlações existentes na
matriz, sendo que 36% tiveram p<0,001 e 11% foram maiores que 0,30 (ver
Quadro XXXV)
1
2
3
4
1- Coletivismo
1
2 -Individualismo
-,450(**) 1
3 -Coletivismo
,196(**)
-,133(**) 1
4 - Coletivismo
,268(**)
-,222(**) ,157(**)
1
5 -Coletivismo
,229(**)
-,173(**) ,168(**)
,420(**)
6 - Coletivismo
,103(*)
-,162(**) 0,079
,410(**)
** Correlação é significante no nível de 0.01 level (2-tailed).
* Correlação é significante no nível de 0.05 level (2-tailed).
5
6
1
,395(**)
1
Quadro XXXVI: Matriz de correlação de ordem de ranqueamento de Spearman para as variáveis de
valores
229
•
Medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): O teste de
adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin teve em sua primeira rodada o
valor de 0,717 indicando que o banco de dados era adequado para esse
tratamento estatístico.
•
Teste de esfericidade de Bartlett - O teste de esfericidade de Bartlett também
foi significativo (qui-quadrado aproximado = 316,72; p<0,01).
•
Matriz da anti-imagem: indicou coeficientes de correlação satisfatórios entre
0,675 e 0,825.
Embora alguns indicadores e critérios anteriormente mencionados tenham
apresentado valores não muito altos, especialmente o valor do KMO, pôde-se considerálos satisfatórios para a análise fatorial (HAIR, 2005).
(b) Quanto à verificação do número de fatores obtidos da análise fatorial.
A verificação do número de fatores desse instrumento foi realizada por meio da
verificação do scree plot , do modelo fatorial (Principal Axis Factoring) e da análise
paralela.
•
Após duas rodadas fatoriais, o scree plot apontou a existência de
um único fator, confirmando os resultados obtidos no pré-teste..
Matriz Fatorial
a 1 fator foi extraído. 8 interações requeridas.
Gráfico XVI – Scree plot para a extração de fatores do instrumento de valores
230
•
A análise paralela (HORN,1965) indicou a existência de dois fatores.
Tabela XXVII: Eingevalues da amostra real
Total Variance Explained
Factor
1
2
3
4
5
6
Total
2,217
1,084
,886
,707
,556
,550
Initial Eigenvalues
% of Variance Cumulative %
36,955
36,955
18,060
55,015
14,775
69,790
11,776
81,566
9,263
90,828
9,172
100,000
Rotation
Total
1,463
1,135
Tabela XXIX: Comparação de Eingevalues
entre a amostra real e paralela
Extraction Method: Principal Axis Factoring.
a. When factors are correlated, sums of squared loadings
cannot be added to obtain a total variance.
Análise Real
Eigenvalues Iniciais
% de Variância
36,955
18,060
14,775
11,776
9,263
9,172
Análise Paralela
Eigenvalues Iniciais
% de Variância
18,846
18,039
16,962
16,362
15,587
14,205
Tabela XXVIII: Eingevalues da amostra paralela
Total Variance Explained
Factor
1
2
3
4
5
6
Total
1,131
1,082
1,018
,982
,935
,852
Initial Eigenvalues
% of Variance Cumulative %
18,846
18,846
18,039
36,885
16,962
53,846
16,362
70,208
15,587
85,795
14,205
100,000
Rotation
Total
,244
,229
,180
Extraction Method: Principal Axis Factoring.
a. When factors are correlated, sums of squared loadings
cannot be added to obtain a total variance.
Desse modo, o número de fatores da escala ficou definido por um único fator.
● De acordo com o resultado do modelo fatorial adotado, no caso, o Principal
Axis Factoring um único fator também foi obtido, conforme descrição abaixo:
231
Total de variância explicada
Factor
1
2
3
Total
1,831
,614
,556
Initial Eigenvalues
% of Variance Cumulative %
61,032
61,032
20,451
81,483
18,517
100,000
Método de extração: Principal Axis Factoring.
Quadro XXXVI: Matriz fatorial exploratória da escala de valores
(c) Quanto à rotação e a interpretação dos fatores.
A extração dos fatores apontados pelo Principal Axis Factoring foi realizada pela
rotação Promax com carga fatorial acima de 0,45. Após a realização de três rodadas,
houve a eliminação de três itens ficando a escala com apenas 3 itens.
O único fator obtido foi agrupado com três itens, apresentou um alpha de
Crombach de 0,843 e percentual de variância explicada de 28,79%. Esses faziam
referência ao grau de importância que as pessoas atribuem a si mesmo e aos outros
quando buscam atingir metas e objetivos.
6.6 Análise descritiva das dimensões de atitudes, de percepção de justiça diante das
práticas de diversiadade e de valores de individualimo e coletivismo
As medidas de tendência central possibilitam aos pesquisadores sintetizar e
condensar informações para melhor compreendê-las, principalmente no que diz
respeito à freqüência e distribuição das mesmas (HAIR, 2005). Desenvolvê-la
possibilitará atender a dois dos objetivos específicos da pesquisa: 1. Identificar as
atitudes predominantes dos indivíduos e 2. Identificar a percepção de justiça
predominante dos indivíduos.
6.6.1 A predominância de atitudes dos indivíduos diante da diversidade
A média foi adotada como medida central para verificar a predominância de
respostas dos sujeitos diante de cada um dos itens que compõem as dimensões de
atitudes em estudo (Ver Quadro XXXVII).
232
Estatística Descritiva
N
2 -Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para pessoas
negras.
3 -As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que as
demais no desenvolvimento de carreira.
4 -As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de pessoas negras.
5 - Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para mulheres.
7 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras na contratação.
8 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras no desenvolvimento de carreira
9 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de mulheres.
10 - As pessoas negras quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos competentes.
11 - As mulheres quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos competentes.
12 - As pessoas com deficiência quando recebem condições especiais
para o desenvolvimento de carreira são consideradas como menos
competentes.
13 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam
condições favoráveis para o desenvolvimento de carreira para as
mulheres.
14 - Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis
para o desenvolvimento de carreira para as pessoas negras.
15 - As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que
as demais na contratação.
16 - As pessoas negras quando favorecidas no processo de contratação
são consideradas como menos capazes.
17 - Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis
para o desenvolvimento de carreira para as mulheres.
19 - As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras no desenvolvimento de carreira.
20 - As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam
condições favoráveis para o desenvolvimento de carreira para as pessoas
negras.
Valid N (listwise)
Mínimo
Máximo
Média
Desvio
Padrão
412
1
6
2,49
1,459
412
1
6
4,08
1,386
412
1
6
4,39
1,441
412
1
6
2,58
1,411
412
1
6
3,16
1,491
412
1
6
2,98
1,451
412
1
6
4,01
1,490
412
1
6
3,43
1,529
412
1
6
3,40
1,528
412
1
6
3,16
1,416
412
1
6
3,86
1,444
412
1
6
2,75
1,385
412
1
6
4,09
1,434
412
1
6
3,37
1,527
412
1
6
3,22
1,468
412
1
6
3,08
1,468
412
1
6
3,92
1,500
412
Quadro XXXVII: Média de respostas dos indivíduos aos itens da escala de atitudes
O passo seguinte foi verificar o posicionamento de concordância ou discordância
dos indivíduos em relação aos itens que compõem as quatro dimensões de atitudes,
tomando por base a escala Likert de seis pontos adotadas no questionário (1 - discordo
totalmente e 6 - concordo totalmente). Com isso, foi possível identificar a média de
atitudes manifestas, se de aceitação ou de rejeição.
233
As atitudes diante da diversidade baseadas na obtenção de ganhos:
Gráfico XVII: Grau de Concordância/Discordância
(Obtenção de ganhos)
6
Há uma predominância de rejeição
parcial aos itens que afirmam que as
práticas de diversidade devem reservar
vagas para as pessoas negras e
mulheres (itens 2 e 5), bem como, criar
condições
favoráveis
para
o
desenvolvimento de carreira desses
grupos (itens 14 e 17).
5
4
3
2
1
0
2 -Obtenção de
Ganhos
5 - Obtenção de
Ganhos
14 - Obtenção de 17 - Obtenção de
Ganhos
Ganhos
b) As atitudes diante da diversidade baseadas na justiça social:
Gráfico XVIII: Grau e Concordância/Discordância
(Justiça social)
6
5
4
3
2
1
0
3 -Justiça
Social
7 - Justiça
Social
8 - Justiça
Social
15 - Justiça
Social
19 - Justiça
Social
Há uma predominância de aceitação
aos itens que afirmam que as pessoas
com deficiência não têm as mesmas
oportunidades que as demais na
contração e no desenvolvimento de
carreira (itens 3 e 15) e de rejeição
parcial aos itens que afirmam que as
práticas de diversidade devem oferecer
oportunidades de contratação e
desenvolvimento de carreira para as
pessoas negras (itens 7, 8 e 19).
c) As atitudes diante da diversidade baseadas na discriminação reversa
Gráfico XIX:Grau e Concordância/Discordância
(Discriminação Reversa)
6
5
4
3
2
1
0
4 -Discriminação 9 - Discriminação
Reversa
Reversa
13 Discriminação
Reversa
20 Discriminação
Reversa
Há uma predominância de aceitação em
relação às assertivas que afirmam que as
práticas
de
diversidade
são
discriminatórias quando privilegiam a
contratação de pessoas negras e mulheres
(itens 4 e 9) e uma aceitação parcial
quando os itens se referem a contratação e
apoio ao desenvolvimento de carreira
desses mesmos grupos sociais (itens 13 e
20).
234
d) As atitudes diante da diversidade baseadas no estigma
Gráfico XX: Grau e Concordância/Discordância
(Estigma)
Há uma predominância de rejeição parcial
em relação aos itens que afirmam que as
mulheres, as pessoas negras e as pessoas
com deficiência são consideradas menos
competentes e qualificadas quando são
beneficiadas
pelas
práticas
de
diversidade.
6
5
4
3
2
1
0
10 - Estigma
11 - Estigma
12 - Estigma
16 - Estigma
Pelos dados obtidos das respostas dos sujeitos, tem-se que:
•
A média de respostas dos indivíduos aos itens referentes às quatro
dimensões de atitudes concentra-se em sua maioria na faixa de
rejeição ou aceitação parcial em relação a diversidade. Isso
pressupõe que não há por parte deles um posicionamento mais
contundente a respeito do assunto.
•
O único posicionamento claro de aceitação á diversidade e
embasado em crenças inerentes à dimensão da justiça social em
relação às pessoas com deficiência.
•
O único posicionamento claro de rejeição á diversidade é
embasado em crenças inerentes à dimensão da discriminação
reversa em relação às concessões que as pessoas negras e mulheres
recebem no processo de contratação.
235
6.6.2 A predominância de percepção de justiça diante de práticas de diversidade
O Quadro XXXVIII apresenta a média de respostas dos sujeitos diante dos itens que
compõem as dimensões de percepção de justiça em estudo. Com isso, foi possível
identificar a predominância desse tipo de percepção.
Estatística Descritiva
N
2- ... oferecem comitês que apóiam o desenvolvimento de carreira das
mulheres de acordo com as suas necessidades.
3 -estimulam os gestores a se relacionarem com seus subordinados
valorizando a igualdade entre mulheres, negros, pessoas com deficiência e
os demais indivíduos.
4 -ampliam oportunidades de contratação de pessoas negras.
5 -contemplam a participação das mulheres na elaboração de procedimentos
que lhes afetam direta ou indiretamente
6 -recompensam os indivíduos exclusivamente pelo seu desempenho na
função independente de serem mulheres, negros ou pessoas com
deficiência.
8 - oferecem as mesmas condições de desenvolvimento de carreira para os
indivíduos independente de serem mulheres, negros ou pessoas com
deficiência
9 -estimulam os gestores a se relacionarem com seus subordinados
valorizando a igualdade entre as pessoas negras e as não negras
10 -ampliam as oportunidades de representatividade das mulheres em
cargos gerenciais e de direção.
13 -dão informações aos indivíduos de que elas existem para dar
oportunidades iguais a todos.
16 -ampliam as oportunidades de representatividade das pessoas negras
nas diferentes áreas da empresas.
17 -contemplam procedimentos imparciais em relação aos indivíduos, sejam
eles mulheres, negros ou pessoas com deficiência.
18 -recompensam as pessoas com deficiência proporcionalmente aos
resultados que apresentam.
19 -dão informações aos indivíduos de que elas existem porque são
importantes para os negócios.
23 - ampliam as oportunidades de ascensão das pessoas com deficiência
em diferentes áreas.
24 -recompensam as mulheres proporcionalmente às responsabilidades que
assumem na empresa
25 - dão informações aos indivíduos de que elas existem porque fazem parte
da missão da empresa.
26 -oferecem vagas às pessoas com deficiência de acordo com as suas
necessidades.
28 -... ampliam benefícios para a formação profissional das pessoas com
deficiência.
29 - contemplam procedimentos que acatem as opiniões das pessoas com
deficiência sobre o que lhes dizem respeito.
Valid N (listwise)
Mínimo
Máximo
Média
Desvio
Padrão
412
1
6
4,03
1,345
412
1
6
5,31
,923
412
1
6
4,02
1,398
412
1
6
4,49
1,189
412
1
6
5,47
,992
412
1
6
5,56
,893
412
1
6
5,10
1,209
412
1
6
4,47
1,348
412
1
6
5,06
1,112
412
1
6
3,81
1,519
412
1
6
5,09
1,264
412
1
6
4,16
1,458
412
1
6
4,19
1,546
412
1
6
3,45
1,404
412
1
6
4,50
1,357
412
1
6
4,40
1,459
412
1
6
4,31
1,346
412
1
6
4,63
1,248
412
1
6
4,68
1,137
412
Quadro XXXVIII: Média de respostas dos indivíduos aos itens da escala de percepção de justiça
Como na análise anterior, o passo seguinte foi verificar o grau de concordância ou
discordância dos indivíduos em relação aos itens que compõem as cinco dimensões de
justiça aplicadas à diversidade, tomando por base a escala Likert de seis pontos adotadas
no questionário (1 - discordo totalmente e 6 - concordo totalmente) a fim de identificar
os tipos de atitudes manifestas, se de aceitação ou de rejeição.
236
a) A percepção de justiça diante das práticas de diversidade com base na valorização da
diversidade
Gráfico XXI: Grau e Concordância/Discordância
(Justiça - Valorização da diversidade)
Há uma predominância em considerar as
práticas de diversidade justas quando elas
ampliam
as
oportunidades
de
representatividade das mulheres em cargos de
comando e quando contemplam a participação
das mesmas em procedimentos que lhes dizem
respeito (itens 10 e 5).
6
5
4
3
2
1
0
4 -D. I.
10 -D.I.
16 -D.I.
5 -P.
23 - P.
2- D.N.
b) A percepção de justiça diante das práticas de diversidade com base na dissolução das
diferenças
Gráfico XXII: Grau e Concordância/Discordância
(Justiça – Dissolução das Diferenças)
Há uma predominância total em considerar as
práticas de diversidade justas quando as
diferenças entre os indivíduos não são
consideradas no desenvolvimento de carreira,
nos relacionamentos, na distribuição de
recursos e nos procedimentos adotados. Sob
esse fator tem-se que elas devem existir para
dar oportunidades iguais para todos,
indistintamente (itens 6, 8,3, 9, 13 e 17).
6
5
4
3
2
1
0
6 -D.E.
8 - D.I.
3 - INT
9 -INT
13 -INF
17 -P
c) A percepção de justiça diante das práticas de diversidade com base na valorização das
diferenças com foco no grupo de pessoas com deficiência.
Gráfico XXIII: Grau e
Concordância/Discordância
(Justiça – Valorização da Diversidade GPCD)
Há uma predominância em considerar as
práticas de diversidade justas quando oferecem
vagas, quando ampliam benefícios para
formação profissional e quando dão voz para as
pessoas com deficiência (itens 26, 28 e 29).
6
5
4
3
2
1
0
26 -D.N.
28 - D.I.
29 - P.
237
d) A percepção de justiça diante das práticas de diversidade com base na estratégia
Gráfico XXIV: Grau e Concordância/Discordância
(Justiça – Estratégia)
Há uma predominância em considerar as
práticas de diversidade justas quando são
justificadas pela estratégia da organização
(itens 19 e 25).
6
5
4
3
2
1
0
19 - INF (E)
25 - INF (E)
e) A percepção de justiça diante das práticas de diversidade com base na equidade
Gráfico XXV: Grau e Concordância/Discordância
(Justiça – Equidade)
6,00
Há uma predominância em considerar as
práticas de diversidade justas quando
recompensam as mulheres e as pessoas com
deficiência com base no desempenho (itens 19
e 25).
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
18- Meritocracia
24 - Meritocracia
Pelos dados obtidos, tem-se que:
•
A maioria das respostas dos sujeitos perante cada um dos itens que
compõem as cinco dimensões de percepção de justiça tende a ser de
concordância, o que significa dizer que, na média, os sujeitos
consideram que as práticas de diversidade são justas sob diferentes
perspectivas.
•
As práticas de diversidade que foram avaliadas com um maior nível
de concordância quanto a serem consideradas justas foram as
voltadas para a dissolução das diferenças.
•
As práticas de diversidade que foram avaliadas com um menor
nível de concordância quanto a serem consideradas justas foram as
voltadas para a para a meritocracia e para a valorização da
diversidade.
238
•
As práticas de diversidade que foram avaliadas sob um grau de
concordância
parcial
referem-se
àquelas
que
ampliam
as
oportunidades de representatividade das pessoas negras e das
pessoas com deficiência nas diferentes áreas da empresa, o que
significa dizer que, embora os sujeitos concordem, eles não estão
bem certos disso.
6.6.3 A predominância de valores de individualismo e de coletivismo dos individuos
Estatística Descritiva
N
4 - Os indivíduos só devem perseguir suas metas
pessoais após considerar o bem-estar do grupo.
5 -Os gestores devem encorajar a lealdade do grupo
mesmo se isso prejudicar metas individuais.
6 - Espera-se que os indivíduos desistam de suas
metas pessoais a fim de beneficiar o sucesso do
grupo.
Valid N (listwise)
Mínimo
Máximo
Média
Desvio
Padrão
412
1
6
3,88
1,309
412
1
6
4,17
1,235
412
1
6
3,00
1,335
412
Quadro XXXIX: Média de respostas dos indivíduos aos itens da escala de valores
Gráfico XXVI: Grau e Concordância/Discordância
(Valores)
Há uma predominância de que os indivíduos
concordem que os gestores devam encorajar a
lealdade do grupo mesmo se isso prejudicar
metas individuais (item 5). Porém, há uma
concordância parcial de que os sujeitos devam
perseguir suas metas pessoais após considerar
o bem-estar do grupo (item 4), bem como, uma
discordância parcial de que os indivíduos
desistam de suas metas pessoais a fim de
beneficiar o sucesso do grupo (item 6).
6
5
4
3
2
1
0
4 Valores
5- Valores
6 - Valores
Considerando-se que a escala de valores em estudo mensura o individualismo
pela não concordância com os itens e o coletivismo pela concordância, os dados obtidos
revelam que:
239
•
Das médias de respostas obtidas dos três itens referentes a valores, uma revela
grau de concordância parcial (coletivismo) e a outra de discordância parcial
(individualismo), o que significa dizer que os sujeitos não têm uma posição
muito clara sobre o assunto.
•
O item avaliado com um maior nível de concordância faz referência ao
coletivismo no sentido de considerar importante a lealdade ao grupo, mesmo que
isso prejudique metas individuais.
6.7 Análise inferencial
A análise inferencial nessa pesquisa compreenderá três seções para analisar
estatisticamente os dados da amostra a fim de checar as oito hipóteses levantadas no
problema de pesquisa. A primeira irá comparar as atitudes e as percepções de justiça
dos indivíduos diante da diversidade; a segunda irá analisar o grau de relação entre as
variáveis em estudo (dependentes e independentes) e a terceira analisará o efeito
moderador de uma variável (valores individualismo e coletivismo) na relação entre a
variável dependente com as independentes.
6.7.1 A comparação das atitudes e da percepção de justiça dos indivíduos diante da
diversidade
Os procedimentos estatísticos desta subseção irão checar as quatro primeiras
hipóteses levantadas em torno do problema de pesquisa. A comparação das atitudes e da
percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade será realizada mediante a
análise das suas respectivas dimensões (fatores).
As variáveis dependentes e independentes da amostra não apresentaram uma
distribuição normal, por isso os testes utilizados para esse fim foram os não
paramétricos.
240
Para verificar as hipóteses que contemplam duas variáveis de classificação, foi
utilizado o Teste de Mann-Whitney e para verificar as hipóteses que contemplam mais
de duas variáveis de classificação foi utilizado o Teste de Kruskal Wallis, ambos
disponíveis no programa SPSS (versão 13).
6.7.1.1 Verificação da primeira hipótese
H1: Há diferença de atitudes dos indivíduos diante da diversidade considerando-se as
empresas pesquisadas: a Empresa I e a Empresa II;
Para verificar as diferenças de atitudes dos indivíduos considerando-se a variável
empresa, foi realizado o Teste de Mann-Whitney. Como resultado, ele apresentou dados
significativos em relação a três dimensões de atitudes: estigma, obtenção de ganhos e
discriminação reversa.
Tabela XXXI: As diferenças das dimensões de atitudes entre indivíduos das empresas I e II
Variável
Empresa
Teste
Estatístico
Utilizado
Mann-Whitney
U
Estigma
,001
Justiça Social
,212
Obtenção de
Ganhos
,039
Discriminação
Reversa
,000
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
Com o objetivo de verificar em qual das três dimensões as atitudes dos indivíduos
da Empresa I e da Empresa II mais diferiram, e também, com o objetivo de saber no que
elas diferiram, foi realizado o teste do Qui-quadrado, também disponível no SPSS
(versão 13). O Quadro XXXVI apresenta somente os dados significativos em relação às
diferenças de atitudes encontradas, os demais dados não serão apresentados. O grau de
significância adotado foi o de p < 0,05.
241
Empresa
Dimensão
Chi-Square
Obtenção
de Ganhos
,002
Discriminação
Reversa
,046
13
As práticas de diversidade são discriminatórias
quando criam condições favoráveis para o desenvolvimento
de carreira para as mulheres.
10
As pessoas negras quando recebem condições
especiais para o desenvolvimento de carreira são
consideradas como menos competentes.
Discriminação
Reversa
,013
Estigma
,013
11. As mulheres quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas menos
competentes
Estigma
,046
Itens
5 Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas
para mulheres
9
As práticas de diversidade são discriminatórias
quando privilegiam a contratação de mulheres.
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
Quadro XL: As diferenças de atitudes entre os indivíduos das empresas I e II considerando-se os itens da
escala
A partir dos dados obtidos do Qui-quadrado, tem-se que:
•
A dimensão de atitudes baseada na discriminação reversa foi a que mais
apresentou diferença entre os indivíduos da Empresa I e da Empresa II.
•
Dos cinco itens que apresentaram diferenças de atitudes entre os indivíduos,
quatro têm em comum a referência que fazem às mulheres.
A fim de identificar no que as empresas se diferenciam foi analisada a tabela de
ranqueamento de dados do Mann – Whitney.
Tabela XXXII: Ranqueamento das diferenças de dimensões de atitudes entre os indivíduos das empresas I
e II
Estigma
Justiça Social
Obtenção de Ganhos
Discriminação Reversa
Empresa
1 -Indústria
2 - Banco
Total
1 -Indústria
2 - Banco
Total
1 -Indústria
2 - Banco
Total
1 -Indústria
2 - Banco
Total
N
155
257
412
155
257
412
155
257
412
155
257
412
Média
230,87
191,80
Soma
35.785,50
49.292,50
215,92
200,82
33.467,50
51.610,50
190,92
215,90
29.592,50
55.485,50
233,56
190,18
36.201,50
48.876,50
242
Considerando-se os dados da Tabela XXXII tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes à Empresa I apresenta mais atitudes de
rejeição à diversidade por receio ao estigma do que a Empresa II.
•
A média de indivíduos pertencentes à Empresa II apresenta mais atitudes de
aceitação à diversidade com base na obtenção de ganhos do que a Empresa I.
•
A média de indivíduos pertencentes à Empresa I apresenta mais atitudes de
rejeição à diversidade com base na discriminação reversa do que a Empresa
II.
Em suma, os testes estatísticos realizados confirmaram parcialmente a primera
hipótese (H1) de que as atitudes dos indivíduos diante da diversidade são diferentes na
Empresa I e na Empresa II para as dimensões de estigma, obtenção de ganhos e
discriminação reversa.
6.7.1.2 Verificação da segunda hipótese
H2: Há diferença de atitudes dos indivíduos diante da diversidade considerando-se o
sexo, a raça, a idade, a função que ocupam na empresa, o tempo de casa, o ser ou não
ser uma pessoa com deficiência, a autopercepção como minoria na sociedade e na
organização, bem como, a região do país em que esses indivíduos residem e trabalham.
Para verificar as diferenças de atitudes dos indivíduos diante da diversidade
considerando-se as variáveis de classificação contempladas na segunda hipótese foram
realizados os Testes de Mann-Whitney e o de Kruskal Wallis. Como resultado, eles
apresentaram dados significativos em relação às quatro dimensões de atitudes: estigma,
obtenção de ganhos e discriminação reversa.
A Tabela XXXIII apresenta somente os dados significativos em relação às
diferenças de atitudes encontradas, os demais dados não serão apresentados. O grau de
significância adotado foi de p < 0,05.
243
Tabela XXXIII: Diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos considerando-se as variáveis: sexo,
a raça, região, função, área, auto-percepção como minoria na organização
Variáveis de
classificação dos
indivíduos
a)Sexo
Teste Estatístico
Utilizado
Estigma
Justiça Social
Obtenção de
Ganhos
Discriminação
Reversa
,095
,042
,015
,201
,378
,033
,049
,192
,741
,565
,047
,278
,404
,854
,017
Mann-Whitney
b)Raça
Kruskal Wallis
Kruskal Wallis
c) Região
d) Função
Kruskal Wallis
,005
e) Área
Kruskal Wallis
,130
Mann-Whitney
f)Autopercepção
como minoria na
organização
,015
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
,338
,067
,003
,445
,005
,471
Os dados obtidos dos testes de Mann-Whitney e de Kruskal Wallis revelaram-se
significativos diante das quatro dimensões de atitudes ao considerar as seguintes
variáveis de classificação: sexo, raça, região, função, área e autopercepção como
minoria na organização. Comparando as quatro dimensões, a de obtenção de ganhos foi
a que mais gerou diferenças de atitudes entre os indivíduos.
Na intenção de verificar se há diferenças de atitudes dos indivíduos considerandose os itens da escala a partir das variáveis que não foram significativas nos testes
realizados (idade, tempo de casa, o ser ou não ser uma pessoa com deficiência,
autopercepção como minoria na sociedade) e também com o objetivo de identificar os
itens da escala que mais geraram as diferenças de atitudes dos indivíduos diante da
diversidade foi realizado o teste do Qui-quadrado.
O Quadro XLI apresenta somente os dados significativos referentes às diferenças
de atitudes dos indivíduos diante da diversidade encontradas no itens da escala,
considerando-se as variáveis (idade, tempo de casa, ser ou não ser pessoa com
deficiência e autopercepção como minoria na sociedade). O grau de significância
adotado foi de p < 0,05.
244
7
As pessoas negras não têm as mesmas
oportunidades que as não negras na
contratação.
,002
,045
,001
,000
8
As pessoas negras não têm as mesmas
oportunidades que as não negras no
desenvolvimento de carreira
14
Deve haver práticas de diversidade que
criem
condições
favoráveis
para
o
desenvolvimento de carreira para as pessoas
negras.
19
As pessoas negras não têm as mesmas
oportunidades que as não negras no
desenvolvimento de carreira.
Autopercepção
como minoria
na sociedade
2
Deve haver práticas de diversidade que
reservem vagas para pessoas negras.
Ser pessoa com
deficiência
Tempo de casa
a) idade
Itens:
,043
,027
Quadro XLI: Diferenças de atitudes entre os indivíduos considerando-se os itens da escala a partir das
variáveis: idade, tempo de casa, ser ou não ser pessoa com deficiência e autopercepção como minoria na
sociedade
Embora as dimensões de atitudes não tenham contemplado as variáveis: idade,
tempo de casa, ser ou não ser pessoa com deficiência e autopercepção como
significativas para falar das diferenças de atitudes dos indivíduos diante da diversidade,
o teste do qui-quadrado revelou que ao considerar os itens da escala essas variáveis são
significativas.
O Quadro XLII apresenta em que itens da escala os dados foram significativos
diante das variáveis contempladas pelos testes de Mann Whitney e Kruskall Wallis
(sexo, raça, região, função, área e auto-percepção como minoria na organização). Os
dados apresentados referem-se somente aos considerados significativos, os demais não
serão apresentados. O grau de significância adotado foi de p < 0,05.
245
f)Autopercepção
como minoria na
organização
e) Área
d) Função
c) Região
,002
b) Raça
2
Deve haver práticas de diversidade
que reservem vagas para pessoas negras.
a) Sexo
Itens
,040
3
As pessoas com deficiência não têm
as mesmas oportunidades que as demais no
desenvolvimento de carreira.
,028
5
Deve haver práticas de diversidade
que reservem vagas para mulheres.
,013
7
As pessoas negras não têm as
mesmas oportunidades que as não negras na
contratação.
8
As pessoas negras não têm as
mesmas oportunidades que as não negras
no desenvolvimento de carreira
9
As práticas de diversidade são
discriminatórias quando privilegiam a
contratação de mulheres.
10
As pessoas negras quando recebem
condições especiais para o desenvolvimento
de carreira são consideradas como menos
competentes.
11. As mulheres quando recebem condições
especiais para o desenvolvimento de
carreira são consideradas como menos
competentes.
12
As pessoas com deficiência quando
recebem condições especiais para o
desenvolvimento
de
carreira
são
consideradas como menos competentes.
13
As práticas de diversidade são
discriminatórias quando criam condições
favoráveis para o desenvolvimento de
carreira para as mulheres.
14
Deve haver práticas de diversidade
que criem condições favoráveis para o
desenvolvimento de carreira para as pessoas
negras.
15
As pessoas com deficiência não têm
as mesmas oportunidades que as demais na
contratação.
17
Deve haver práticas de diversidade
que criem condições favoráveis para o
desenvolvimento de carreira para as
mulheres.
19
As pessoas negras não têm as
mesmas oportunidades que as não negras
no desenvolvimento de carreira.
20
As práticas de diversidade são
discriminatórias quando criam condições
favoráveis para o desenvolvimento de
carreira para as pessoas negras.
,011
,002
,002
,014
,000
,048
,010
,004
,000
,019
,023
,003
,003
0,12
,028
,001
,037
,049
,002
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
Quadro XLII: Diferenças de atitudes dos indivíduos considerando-se os itens da escala a partir das
variáveis: sexo, a raça, região, função, área, autopercepção como minoria na organização
246
Considerando-se os dados obtidos do Qui-quadrado, tem-se que:
•
As três variáveis que mais contribuíram para as diferenças de
atitudes entre os sujeitos foi a de sexo, raça e autopercepção como
minoria na organização.
Considerando-se a existência de diferenças significativas das atitudes entre os
indivíduos, o passo seguinte foi analisar em que elas se diferenciam. Os resultados do
teste de Mann-Whitney revelaram dados significativos de diferenças de atitudes entre os
indivíduos diante das dimensões de justiça social e obtenção de ganhos tendo por base a
variável sexo. A fim de compreender em que essas diferenças se constituem, foi
verificada a Tabela XXXIV de ranqueamento dos dados da amostra tendo como base a
média como medida de tendência central.
Tabela XXXIV: Ranqueamento das diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos por sexo
Estigma
Justiça Social
Obtenção de Ganhos
Discriminação Reversa
Sexo
Feminino
Masculino
Total
Feminino
Masculino
Total
Feminino
Masculino
Total
Feminino
Masculino
Total
N
295
117
412
295
117
412
295
117
412
295
117
412
Média
200,34
222,04
Soma
59.099,00
25.979,00
198,99
225,43
58.703,00
26.375,00
197,55
229,08
58.276,00
26.802,00
211,22
194,59
62.311,00
22.767,00
Ao observar a Tabela XXXIV, percebe-se que:
•
A média de indivíduos do sexo masculino da amostra apresenta mais atitudes
de aceitação à diversidade (seja com base na justiça social ou na obtenção de
ganhos) do que a média de indivíduos do sexo feminino.
Ao considerar a variável raça, os resultados do teste de Kruskall-Wallis revelaram
dados significativos de diferenças de atitudes entre os indivíduos diante da dimensão de
obtenção de ganhos. A fim de compreender em que essas diferenças se constituem, foi
verificada a Tabela XXXV de ranqueamento dos dados da amostra tendo como base a
média como medida de tendência central.
247
Tabela XXXV: Ranqueamento das diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos por raça
Estigma
Justiça Social
Obtenção de Ganhos
Discriminação Reversa
Raça
Branco
Negra
Amarela
Total
Branco
Negra
Amarela
Total
Branco
Negra
Amarela
Total
Branco
Negra
Amarela
Total
N
349
45
18
412
349
45
18
412
349
45
18
412
349
45
18
412
Média
206,75
218,32
172,11
204,92
239,28
155,11
203,65
242,92
170,67
210,97
184,61
174,61
Ao observar a Tabela XXXV, percebe-se que:
•
A média de indivíduos da raça negra apresenta mais atitudes de aceitação à
diversidade (com base na justiça social e na obtenção de ganhos) do que a
média de indivíduos das outras raças.
Ao considerar a variável região, os resultados do teste de Kruskall-Wallis
revelaram dados significativos de diferenças de atitudes entre os indivíduos diante da
dimensão de obtenção de ganhos. A fim de compreender em que essas diferenças se
constituem, foi verificada a Tabela XXXVI de ranqueamento dos dados da amostra
tendo como base a média como medida de tendência central.
248
Tabela XXXVI: Ranqueamento das diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos por região
Local empresa
Região Norte
Região Nordeste
Região Centro-Oeste
Região Sul
Região Sudeste
Total
Justiça Social
Região Norte
Região Nordeste
Região Centro-Oeste
Região Sul
Região Sudeste
Total
Obtenção de Ganhos
Região Norte
Região Nordeste
Região Centro-Oeste
Região Sul
Região Sudeste
Total
Discriminação Reversa Região Norte
Região Nordeste
Região Centro-Oeste
Região Sul
Região Sudeste
Total
Estigma
N
23
65
14
33
277
412
23
65
14
33
277
412
23
65
14
33
277
412
23
65
14
33
277
412
Média
217,39
207,67
246,57
205,23
203,45
202,83
225,68
175,43
212,41
203,17
166,30
241,75
196,57
220,68
200,38
250,13
195,18
230,93
187,68
206,54
Ao observar a Tabela XXXVI, tem-se que:
•
A média de indivíduos da região nordeste apresenta mais atitudes de
aceitação à diversidade (com base na obtenção de ganhos) do que as demais
regiões.
Ao considerar a variável função os resultados do teste de Kruskall-Wallis
revelaram dados significativos de diferenças de atitudes entre os indivíduos diante das
dimensões de obtenção de ganhos e discriminação reversa. A fim de compreender em
que essas diferenças se constituem, foi verificada a Tabela XXXVII de ranqueamento
dos dados da amostra tendo como base a média como medida de tendência central.
249
Tabela XXXVII: Ranqueamento das diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos por função.
Função
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição de liderança/comando
Total
Justiça Social
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição de liderança/comando
Total
Obtenção de Ganhos
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição de liderança/comando
Total
Discriminação Reversa Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição de liderança/comando
Total
Estigma
N
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
Média
221,00
214,72
205,83
194,63
188,74
207,52
211,35
207,60
195,26
199,26
165,63
226,71
214,94
217,09
248,73
182,74
Ao observar a Tabela XXXVII tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes aos cargos sem a atribuição de
liderança/comando apresenta mais atitudes de aceitação à diversidade (com
base na obtenção de ganhos) do que os cargos de liderança.
•
A média de indivíduos pertencentes aos cargos de supervisor e coordenador
é a que apresenta mais atitudes de rejeição à diversidade (com base na
discriminação reversa) do que os demais cargos.
Ao considerar a variável área, os resultados do teste de Kruskall-Wallis revelaram
dados significativos de diferenças de atitudes entre os indivíduos diante da dimensão de
discriminação reversa. A fim de compreender em que essas diferenças se constituem, foi
verificada a Tabela XXXVIII de ranqueamento dos dados da amostra tendo como base a
média como medida de tendência central.
250
Tabela XXXVIII: Ranqueamento das diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos por área
Área
Administrativa
Vendas
Compras
Financeira
Crédito
I&T
Produção
Logísitica
Recursos Humanos
Marketing
Juridica
Outras
Total
Justiça Social
Administrativa
Vendas
Compras
Financeira
Crédito
I&T
Produção
Logísitica
Recursos Humanos
Marketing
Juridica
Outras
Total
Obtenção de Ganhos
Administrativa
Vendas
Compras
Financeira
Crédito
I&T
Produção
Logísitica
Recursos Humanos
Marketing
Juridica
Outras
Total
Discriminação Reversa Administrativa
Vendas
Compras
Financeira
Crédito
I&T
Produção
Logísitica
Recursos Humanos
Marketing
Juridica
Outras
Total
Estigma
N
97
51
13
67
21
23
20
4
24
18
12
62
412
97
51
13
67
21
23
20
4
24
18
12
62
412
97
51
13
67
21
23
20
4
24
18
12
62
412
97
51
13
67
21
23
20
4
24
18
12
62
412
Média
189,16
215,22
182,73
208,24
172,52
228,48
236,85
325,75
216,08
251,72
251,25
189,94
200,30
222,71
202,73
216,90
143,38
179,65
238,35
253,75
198,29
235,61
222,25
202,11
221,26
211,94
157,65
203,75
184,95
131,43
206,85
220,75
191,88
210,39
178,00
236,31
186,83
186,47
208,50
209,66
181,14
273,57
273,60
258,00
212,67
239,17
278,83
182,79
251
Ao observar a Tabela XXXVIII, tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes á área jurídica apresenta mais atitudes de
rejeição à diversidade (com base na discriminação reversa) do que as demais
áreas, seguida das áreas de produção e I & T.
Ao considerar a variável auto-percepção como minoria na organização, os
resultados do teste de Mann-Whitney revelaram dados significativos de diferenças de
atitudes entre os indivíduos diante das dimensões baseadas no estigma e na justiça
social. A fim de verificar em que essas diferenças se constituem, foi verificada a Tabela
XXXIX de ranqueamento dos dados da amostra tendo como base a média como medida
de tendência central.
Tabela XXXIX: Ranqueamento das diferenças das dimensões de atitudes dos indivíduos por autopercepção como minoria na organização
Gripo Min Org
Grupo MIn Org
Não Grupo MIn Org.
Total
Justiça Social
Grupo MIn Org
Não Grupo MIn Org.
Total
Obtenção de Ganhos
Grupo MIn Org
Não Grupo MIn Org.
Total
Discriminação Reversa Grupo MIn Org
Não Grupo MIn Org.
Total
Estigma
N
75
337
412
75
337
412
75
337
412
75
337
412
Média
236,71
199,78
Soma
17753,5
67324,5
241,70
198,67
18127,5
66950,5
215,99
204,39
16199,5
68878,5
215,47
204,50
16160,5
68917,5
Ao observar a Tabela XXXIX, tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes ao grupo que se autopercebe como
minoria na organização apresenta mais atitudes de aceitação à diversidade
(com base na justiça social) do que o grupo que se auto-percebe como não
minoritário, porém esse mesmo grupo apresenta um receio ao estigma que
faz com que adotem uma atitude de rejeição às práticas de diversidade maior
do que a dos grupos de indivíduos não minoritários.
Em suma, os dados dos testes estatísticos de Mann Whitey e Kruskall Wallis
confirmaram parcialmente a segunda hipótese (H2) de que existem diferenças de
252
atitudes dos indivíduos ao considerar as variáveis: sexo, raça, região, função, área e
autopercepção como minoria na organização para as quatro dimensões de estigma,
justiça social, obtenção de ganhos e discriminação reversa.
6.7.1.3 Verificação da terceira hipótese
H3: Há diferença de percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade entre as
diferentes empresas pesquisadas - Empresa I e Empresa II;
Para verificar as diferenças de percepção de justiça dos indivíduos diante das
práticas de diversidade, considerando-se a variável empresa, foi realizado o teste de
Mann-Whitney. Como resultado, ele apresentou dados significativos em relação a duas
dimensões de justiça: a da eqüidade e a da valorização da diversidade focada nas
pessoas com deficiência (ver Tabela XL). O nível de significância adotado foi o de p <
0,05.
Tabela XL: As diferenças das dimensões de percepção de justiça dos indivíduos da empresa I e II
Variável
Teste
estatístico
utilizado
Valorização
da
diversidade
Dissolução
das
diferenças
Equidade
Valorização
da
diversidade
GPCD
Estratégia
Empresa
Mann,086
Whitney
Asymp. Sig.
(2-tailed)
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
,068
,011
,026
,059
Com o objetivo de verificar em qual das duas dimensões as percepções de justiça
dos indivíduos da Empresa I e da Empresa II mais diferiram, e também, com o objetivo
de saber no que elas diferiram foi realizado o teste do Qui-quadrado, também disponível
no SPSS (versão 13). O Quadro XLIII apresenta somente os dados significativos em
relação às diferenças de percepção encontradas, os demais dados não serão
apresentados. O grau de significância adotado foi de p < 0,05.
253
Empresa
Itens
17. As práticas de diversidade são consideradas justas
quando contemplam procedimentos imparciais em relação aos
Dimensão
Chi-Square
Dissolução das diferenças
,032
Valorização da Diversidade
(GPCD)
,035
indivíduos, sejam eles mulheres, negros ou pessoas com
deficiência.
28. As práticas de diversidade são consideradas justas
quando ampliam benefícios para a formação profissional das
pessoas com deficiência.
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
Quadro XLIII: Diferenças de percepção de justiça diante das práticas de diversidade entre os indivíduos
das empresas (1) e (2) considerando-se os itens da escala.
Os resultados obtidos do Qui-quadrado confirmaram a diferença de percepção de
justiça diante das práticas de diversidade entre os indivíduos da Empresa I e da Empresa
II no que diz respeito à valorização da diversidade com foco nas pessoas com
deficiência (item referente aos benefícios oferecidos às pessoas com deficiência no que
diz respeito à formação profissional) e apresentaram uma diferença de atitudes entre os
indivíduos no que diz respeito à adoção da imparcialidade dos procedimentos em prol
da diversidade (esse item é inerente à dimensão de justiça baseada na dissolução das
diferenças que mostrou-se não significativa pelo teste de Mann Whitney) Quanto aos
itens referentes as outras dimensões de justiça o teste confirmou não haver diferença de
percepção entre os indivíduos.
Considerando-se a existência de diferenças significativas de percepção de justiça
entre os indivíduos, o passo seguinte foi analisar no que esses indivíduos se
diferenciam. Os resultados do teste de Mann-Whitney revelaram dados significativos de
diferenças de atitudes entre os indivíduos diante das dimensões baseadas na equidade e
na valorização da diversidade com foco nas pessoas com deficiência tendo como base a
variável autopercepção como minoria na organização. A fim de verificar em que essas
diferenças se constituem foi verificada a Tabela XLI de ranqueamento dos dados da
amostra tendo como base a média como medida de tendência central.
254
Tabela XLI: Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça dos indivíduos por
empresa
Empresa
Valorização da diversidade 1 -Indústria
2 - Banco
Total
Dissolução das diferenças 1 -Indústria
2 - Banco
Total
Equidade
1 -Indústria
2 - Banco
Total
Valorização do GPCD
1 -Indústria
2 - Banco
Total
Estratégia
1 -Indústria
2 - Banco
Total
N
155
257
412
155
257
412
155
257
412
155
257
412
155
257
412
Média
193,52
214,33
Soma
29995
55083
220,26
198,20
34141
50937
225,60
194,98
34968
50110
189,64
216,67
29394
55684
220,78
197,89
34221
50857
Observando-se a Tabela XLI, tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes à Empresa I percebe que as práticas de
diversidade são consideradas mais justas quando baseadas na eqüidade do
que a Empresa II;
•
A média de indivíduos pertencentes à Empresa II percebe que as práticas de
diversidade são consideradas mais justas quando baseadas na valorização da
diversidade com foco na pessoa com deficiência do que na Empresa I;
Dessa forma, ao considerar a variável empresa, os dados dos testes estatísticos
realizados confirmaram parcialmente a terceira hipótese (H3) de que existe diferença de
percepção de justiça entre os indivíduos da Empresa I e da Empresa II para as
dimensões de percepção de justiça baseada na equidade e na valorização da diversidade
com foco nas pessoas com deficiência. Considerando-se os itens da escala, a hipótese é
confirmada com relação a um item referente à dimensão baseada na valorização da
diversidade com foco na valorização da diversidade e a um item referente à dissolução
das diferenças.
255
6.7.1.4 Verificação da quarta hipótese
H4: Há diferença de percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade,
considerando-se o sexo, a raça, a idade, a função que ocupam na empresa, o tempo de
casa, o ser ou não uma pessoa com deficiência, a autopercepção como minoria na
sociedade e na organização, bem como, a região do país em que esses indivíduos
residem e trabalham.
Para verificar as diferenças de percepção de justiça dos indivíduos diante das
práticas de diversidade considerando-se as variáveis de classificação contempladas na
quarta hipótese foram realizados os Testes de Mann-Whitney e o de Kruskal Wallis.
Como resultado, eles apresentaram dados significativos em relação às quatro dimensões
de atitudes: estigma, obtenção de ganhos e discriminação reversa.
A Tabela XLII apresenta somente os dados significativos em relação às diferenças
de percepção de justiça encontradas, os demais dados não serão apresentados. O grau de
significância adotado foi de p < 0,05.
Tabela XLII: Diferenças das dimensões de percepção de justiça dos indivíduos diante das práticas de
diversidade considerando-se as variáveis: sexo, idade, raça, função e autopercepção como minoria na
sociedade
Variável
Teste
estatístico
utilizado
Valorização
da
diversidade
Sexo
MannWhitney
,000
Idade
Kruskal
Wallis
,045
Raça
Kruskal
Wallis
Função
Kruskal
Wallis
Auto-percepção MannWhitney
como minoria
na sociedade
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
Dissolução
das
diferenças
Valorização
da
diversidade
GPCD
Estratégia
,030
,005
,033
,027
Meritocracia
256
Os dados obtidos dos testes de Mann-Whitney e de Kruskal Wallis revelaram-se
significativos diante de quatro dimensões de percepção de justiça diante da diversidade:
valorização da diversidade, dissolução das diferenças, valorização da diversidade com
foco nas pessoas com deficiência e estratégia ao considerar as seguintes variáveis de
classificação: sexo, idade, raça, função e auto-percepção como minoria na sociedade.
Comparando as quatro dimensões de percepção de justiça em que foram encontrados
dados significativos, a baseada na valorização da diversidade e a na dissolução das
diferenças foram a que mais geraram diferenças de percepção entre os indivíduos. A
dimensão de percepção de justiça baseada na meritocracia não revelou diferenças entre
os indivíduos.
O Quadro XLIV apresenta os dados significativos referentes às diferenças de
percepção de justiça dos indivíduos encontradas nos itens da escala considerando-se as
variáveis contempladas nos testes de Mann Whitney e Kruskall Wallis (autopercepção
como minoria na organização e região). O grau de significância adotado foi de p < 0,05.
6. Recompensam os indivíduos
exclusivamente pelo seu desempenho
na função independente de serem
mulheres, negros ou pessoas com
deficiência.
3. Estimulam os gestores a se
relacionarem com seus subordinados
valorizando
a
igualdade
entre
mulheres, negros, pessoas com
deficiência e os demais indivíduos.
17.
Contemplam
procedimentos
imparciais em relação aos indivíduos,
sejam eles mulheres, negros ou pessoas
com deficiência.
Região
Autopercepçã
o como
minoria na
organização
Itens
,011
,034
,024
Quadro XL: Diferenças de percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade considerando-se os
itens da escala a partir das variáveis: autopercepção como minoria na organização e região
Os dados obtidos do Qui-quadrado revelam diferenças entre os indivíduos
considerando-se os itens da escala para as variáveis que não foram contempladas nos
testes de Mann Whitney e Kruskall Wallis (ser ou não pessoa com deficiência,
autopercepção como minoria na sociedade e região). No entanto, ele confirmou que não
257
há diferença de percepção de justiça entre os indivíduos diante das variáveis: ser ou não
ser pessoa com deficiência, tempo de casa e área.
O Quadro XLV apresenta em quais itens da escala os dados foram significativos
diante das variáveis contempladas pelos testes de Mann Whitney e Kruskall Wallis
(sexo, idade, raça, função, área e autopercepção como minoria na sociedade). Os dados
apresentados referem-se somente aos considerados significativos, os demais não serão
apresentados. O grau de significância adotado foi de p < 0,05.
Autopercepção
como minoria na
sociedade
Função
Idade
,000
,000
,003
,038
,001
,037
,002
,028
Dissolução das diferenaças
Meritocracia
,002
,002
,048
,006
,003
,028
Meritocracia
24... recompensam as mulheres proporcionalmente
às responsabilidades que assumem na empresa.
,002
Dissolução das diferenças
29... contemplam procedimentos que acatem as
opiniões das pessoas com deficiência sobre o que
lhes dizem respeito.
3... estimulam os gestores a se relacionarem com
seus subordinados valorizando a igualdade entre
mulheres, negros, pessoas com deficiência e os
demais indivíduos.
6... recompensam os indivíduos exclusivamente pelo
seu desempenho na função independente de serem
mulheres, negros ou pessoas com deficiência.
8...
oferecem as
mesmas condições de
desenvolvimento de carreira para os indivíduos
independente de serem mulheres, negros ou pessoas
com deficiência.
9... estimulam os gestores a se relacionarem com
seus subordinados valorizando a igualdade entre as
pessoas negras e as não negras.
17... contemplam procedimentos imparciais em
relação aos indivíduos, sejam eles mulheres, negros
ou pessoas com deficiência.
Valorização da diversidade
26... oferecem vagas às pessoas com deficiência de
acordo com as suas necessidades.
28... ampliam benefícios para a formação
profissional das pessoas com deficiência.
Valorização da diversiadade
2....
oferecem
comitês
que
apóiam
o
desenvolvimento de carreira das mulheres de acordo
com as suas necessidades.
10...
ampliam
as
oportunidades
de
representatividade das mulheres em cargos
gerenciais e de direção.
16...
ampliam
as
oportunidades
de
representatividade das pessoas negras nas diferentes
áreas da empresas.
23... contemplam procedimentos que considerem as
reivindicações das pessoas negras.
Sexo
Itens
Quando p < 0,05 rejeita-se a hipótese nula
Quadro XLV: Diferenças de percepção de justiça dos indivíduos diante da diversidade considerando-se os
itens da escala a partir das variáveis: sexo, idade, função e auto-percepção como minoria na sociedade
258
Os dados obtidos do Qui-quadrado confirmam as diferenças de percepção de
justiça dos indivíduos diante das dimensões de percepção de justiça diante das práticas
de diversidade baseadas na valorização da diversidade e na dissolução das diferenças.
Além disso, revela diferenças entre os indivíduos no que diz respeito à meritocracia e
apresenta dados que revelam que:
•
As dimensões de percepção de justiça de valorização da diversidade e
valorização da diversidade (GPCD) foram as que mais geraram diferenças de
percepção de justiça entre os grupos em estudo.
•
As duas variáveis que mais contribuíram para as diferenças de atitudes entre
os sujeitos foi a de autopercepção como minoria na sociedade e a referente ao
sexo, resultado semelhante ao obtido na avaliação das atitudes;
•
Os itens do questionário que mais geraram diferenças de atitudes entre os
sujeitos foi o item 17 o qual defende a idéia de que as práticas de diversidade
são justas quando contemplam procedimentos imparciais em relação aos
indivíduos, sejam eles mulheres, negros ou pessoas com deficiência e o item 3
que contempla procedimentos que considerem as reivindicações das pessoas
negras.
Considerando-se a existência de diferenças significativas de percepção de justiça
entre os indivíduos, o passo seguinte foi analisar em que esses indivíduos se
diferenciam. Os resultados do teste de Mann-Whitney revelaram dados significativos de
diferenças de percepção de justiça entre os indivíduos diante das dimensões baseadas na
eqüidade e na valorização da diversidade com foco nas pessoas com deficiência diante
da variável sexo. A fim de verificar em que essas diferenças se constituem foi verificada
a Tabela XLIII de ranqueamento dos dados da amostra tendo como base a média como
medida de tendência central.
259
Tabela XLIII: Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça dos indivíduos por
sexo
Sexo
Valorização da diversidade Feminino
Masculino
Total
Dissolução das diferenças Feminino
Masculino
Total
Equidade
Feminino
Masculino
Total
Valorização do GPCD
Feminino
Masculino
Total
Estratégia
Feminino
Masculino
Total
N
295
117
412
295
117
412
295
117
412
295
117
412
295
117
412
Média
193,35
239,65
Soma
57039
28039
205,51
209,01
60624
24454
205,07
210,10
60496
24582
201,70
218,61
59501
25577
209,19
199,73
61710
23368
Observando-se a Tabela XLIII, tem-se que:
•
A média de indivíduos do sexo masculino é maior do que a do sexo feminino
em afirmar que as práticas de diversidade são justas quando baseadas na
valorização da diversidade.
Ao considerar a variável idade os resultados do teste de Kruskall-Wallis revelaram
dados significativos de diferenças de percepção de justiça entre os indivíduos diante das
dimensões baseadas na valorização da diversidade. A fim de verificar em que essas
diferenças se constituem foi verificada a Tabela XLIV de ranqueamento dos dados da
amostra tendo como base a média como medida de tendência central.
260
Tabela XLIV: Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça por idade
Idade
Valorização da diversidade 18-20
21-30
31-49
50 anos ou mais
Total
Dissolução das diferenças 18-20
21-30
31-49
50 anos ou mais
Total
Equidade
18-20
21-30
31-49
50 anos ou mais
Total
Valorização do GPCD
18-20
21-30
31-49
50 anos ou mais
Total
Estratégia
18-20
21-30
31-49
50 anos ou mais
Total
N
7
76
275
54
412
7
76
275
54
412
7
76
275
54
412
7
76
275
54
412
7
76
275
54
412
Média
176,57
195,19
202,24
247,97
197,14
210,95
204,69
210,66
156,00
213,24
200,67
233,25
220,29
209,68
201,11
227,68
204,14
203,72
208,43
200,90
Observando-se a Tabela XLIV, tem-se que:
•
A média de indivíduos com faixa etária de 50 anos ou mais é maior do que a
das outras faixas etárias ao afirmar que as práticas de diversidade são justas
quando baseadas na valorização da diversidade.
Ao considerar a variável raça os resultados do teste de Kruskall-Wallis revelaram
dados significativos de diferenças de percepção de justiça entre os indivíduos diante da
dimensão baseada na estratégia. A fim de verificar em que essas diferenças se
constituem foi verificada a Tabela XLV de ranqueamento dos dados da amostra tendo
como base a média como medida de tendência central.
261
Tabela XLV: Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça dos indivíduos por
raça
Raça
Valorização da diversidade Branco
Negra
Amarela
Total
Dissolução das diferenças Branco
Negra
Amarela
Total
Equidade
Branco
Negra
Amarela
Total
Valorização do GPCD
Branco
Negra
Amarela
Total
Estratégia
Branco
Negra
Amarela
Total
N
349
45
18
412
349
45
18
412
349
45
18
412
349
45
18
412
349
45
18
412
Média
202,09
239,88
208,50
205,41
211,70
214,56
203,65
219,86
228,39
201,30
244,66
211,89
200,08
236,12
257,00
Observando-se a Tabela XLV, tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes à raça amarela é maior do que a das
outras raças ao afirmar que as práticas de diversidade são justas quando
baseadas na estratégia.
Ao considerar a variável função os resultados do teste de Kruskall-Wallis
revelaram dados significativos de diferenças de percepção de justiça entre os indivíduos
diante das dimensões baseadas na dissolução das diferenças e na valorização da
diversidade com foco nas pessoas com deficiência. A fim de verificar em que essas
diferenças se constituem foi verificada a Tabela.XLVI de ranqueamento dos dados da
amostra tendo como base a média como medida de tendência central.
262
Tabela XLVI: Ranqueamento das diferenças de percepção de justiça dos indivíduos por função
Função
N
Valorização da diversidade Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição
Total
Dissolução das diferenças Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição
Total
Equidade
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição
Diretor/Superintendente
Valorização do GPCD
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição
Total
Estratégia
Diretor/Superintendente
Gerente
Supervisor/Coordenador
Cargos sem a atribuição
Total
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
31
181
39
161
412
Média
212,77
200,24
184,24
217,72
263,58
215,01
206,63
185,92
221,19
209,78
212,58
198,51
242,81
195,80
175,53
219,05
233,16
212,66
219,29
191,34
Observando-se a Tabela XLVI, tem-se que:
•
A média de indivíduos pertencentes à função de diretor/superintendente é
maior do que a das outras raças ao afirmar que as práticas de diversidade são
justas quando baseadas na dissolução das diferenças e na valorização da
diversidade com foco nas pessoas com deficiência.
Ao considerar a variável autopercepção como minoria na sociedade os resultados
do teste de Mann-Whitney revelaram dados significativos de diferenças de percepção de
justiça entre os indivíduos diante da dimensão baseada na valorização da diversidade
com foco nas pessoas com deficiência. A fim de verificar em que essas diferenças se
constituem foi verificada a Tabela LVII de ranqueamento dos dados da amostra tendo
como base a média como medida de tendência central.
263
Tabela XLVII: Ranqueamento das diferenças de dimensões de percepção de justiça dos indivíduos por
autopercepção como minoria na sociedade
Grupo Social MIn.
Valorização da diversidade Grupo minoritário
Não minoritário
Total
Dissolução das diferenças Grupo minoritário
Não minoritário
Total
Equidade
Grupo minoritário
Não minoritário
Total
Valorização do GPCD
Grupo minoritário
Não minoritário
Total
Estratégia
Grupo minoritário
Não minoritário
Total
•
N
64
348
412
64
348
412
64
348
412
64
348
412
64
348
412
Média
205,23
206,73
199,92
207,71
183,69
210,70
176,23
212,07
204,09
206,94
A média de indivíduos que se percebem como minoria na sociedade é maior
do que a média do que não se percebem como minoria ao afirmar que as
práticas de diversidade são justas quando baseadas na valorização da
diversidade com foco nas pessoas com deficiência.
Em suma, os dados dos testes estatísticos realizados confirmaram parcialmente a
quarta hipótese (H4) ao considerar as variáveis: sexo, idade, raça, função, área e
autopercepção como minoria na sociedade.
6.7.2 A análise de correlação entre variáveis
A análise de correlação é considerada uma estatística descritiva, mas representa o
primeiro passo para a estatística inferencial, pois indica o grau com que duas ou mais
variáveis estão relacionadas entre si (SHENSKI, 2000).
Para esta pesquisa foi utilizado o modelo de correlação de ordem de
ranqueamento de Spearman, ou rho de Spearman (ver Tabela XLVIII). Esse é o modelo
adequado quando se utiliza na pesquisa uma escala ordinal e quando as variáveis não
possuem uma distribuição normal. O coeficiente de correlação utilizado nesse modelo
264
resulta em um índice mais baixo, mas é considerado uma estatística mais conservadora.
A hipótese nula é a de que não existe relação entre as variáveis.
6.7.2.1 Verificação da quinta hipótese
H5: Há correlação entre as dimensões de atitudes diante da diversidade e as dimensões
de valores de individualismo e de coletivismo.
Tabela XLVIII: Matriz de intercorrelação entre as dimensões de atitudes diante da diversidade e a
dimensão de valores
Y1
Y2
Y3
Y1: Estigma
1
Y2:Justiça Social
,388(**)
1
Y3: Obtenção de Ganhos
-0,076
,441(**)
1
Y4: Discriminação Reversa
,636(**)
,100(*)
-,508(**)
X6: Valores
0,023
-0,048
0,049
** Correlação é significativa no nível de 0.01 level (2-tailed).
* Correlação é significativa no nível de 0.05 level (2-tailed).
Y4
X6
1
-0,024
1
Pelos dados obtidos, aceita-se a hipótese nula de que não há nenhuma associação
presente, coerente e sistemática entre as dimensões de atitudes e a dimensão de valores
de individualismo e de coletivismo.
6.7.2.2 Verificação da sexta hipótese
H6: Há relação entre as dimensões de justiça organizacional diante da diversidade e as
dimensões de valores de individualismo e de coletivismo;
265
Tabela XLIX: Matriz de intercorrelação entre as dimensões de percepção de justiça diante das práticas
de diversidade e a dimensão de valores
Variáveis
Y1: Estigma
Y2: Justiça Social
Y3: Obtenção de Ganhos
Y4: Discriminação Reversa
X1: Valorização da diversidade
X2: Dissolução das diferenças
X3: Equidade
X4: Valorização do GPCD
X5: Estratégia
Y1
1,000
0,388
-0,076
0,636
-0,142
0,077
0,008
-0,099
0,039
Y2
1,000
0,441 **
** 0,100 *
** 0,138 **
-0,043
-0,025
* 0,003
-0,044
Y3
Y4
X1
X2
X3
X4
X5
**
1,000
-0,508
0,393
-0,110
0,069
0,222
-0,038
**
**
*
**
1,000
-0,379 ** 1,000
0,157 ** 0,257 ** 1,000
-0,036
0,439 ** 0,384 ** 1,000
-0,232 ** 0,640 ** 0,400 ** 0,574 **
0,031
0,217 ** 0,379 ** 0,506 **
1,000
0,356 ** 1,000
.
**Correlação é significante no nível de 0.01
* Correlação é significante no nível de 0.05
Os dados revelam que existe uma leve correlação (HAIR et al., 2005, p.312) entre
as dimensões de percepção de justiça (baseada na valorização da diversidade e a
baseada na valorização da diversidade com foco na pessoa com deficiência) e a
dimensão de valores de individualismo e coletivismo. Com isso, confirma-se
parcialmente a hipótese (H6).
6.7.2.3 Verificação da sétima hipótese
H7: Há relação entre as dimensões de justiça e as atitudes dos indivíduos diante da
diversidade;
Para calcular a relação existente entre as dimensões de justiça e as atitudes dos
indivíduos diante da diversidade foi verificado inicialmente o grau de correlação
existente entre as variáveis. Novamente o modelo de análise de correlação de Spearman
foi o utilizado, com nível de significância de 0,01 e 0,05 (ver Tabela L).
266
Tabela L: Matriz de intercorrelação entre as dimensões de percepção de justiça diante das
diversidade e as dimensões de atitudes diante da diversidade
Y1
Y2
Y1: Estigma
1
Y2:Justiça Social
,388(**)
1
Y3:Obtenção de Ganhos
-0,076
,441(**)
Y4:Discriminação Reversa
,636(**)
,100(*)
X1:Valorização da diversidade -,142(**) ,138(**)
X2:Dissolução das diferenças
0,077
-0,043
X3:Equidade
0,008
-0,025
X4:Valorização do GPCD
-,099(*)
0,003
X5: Estratégia
0,039
-0,044
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
práticas de
Y3
Y4
X1
X2
X3
X4
X5
1
-,508(**)
,393(**)
-,110(*)
0,069
,222(**)
-0,038
1
-,379(**)
,157(**)
-0,036
-,232(**)
0,031
1
,257(**)
,439(**)
,640(**)
,217(**)
1
,384(**)
,400(**)
,379(**)
1
,574(**)
,506(**)
1
,356(**)
1
Pelos dados obtidos, verifica-se a existência de pequenas correlações, mas
definidas, entre as variáveis, a saber:
•
A percepção de justiça baseada na valorização da diversidade é a dimensão
que se correlaciona com todas as atitudes, apresentando, inclusive, correlações
quase moderadas com as atitudes baseadas na discriminação reversa e com a
obtenção de ganhos (p < 0,01);
•
A percepção de justiça baseada na valorização da diversidade (GPCD)
apresenta pequenas, mas definidas correlações com as atitudes baseadas na
discriminação reversa e com as atitudes baseadas na obtenção de ganhos (p <
0,01). E apresenta leve correlação com as atitudes baseadas no estigma (p <
0,05);
•
A percepção de justiça baseada na dissolução das diferenças apresenta leves
correlações com as atitudes baseadas na discriminação reversa (p < 0,01) e
com a obtenção de ganhos (p < 0,05).
6.7.3 A análise de regressão
O segundo procedimento adotado para verificar a sétima hipótese foi a análise de
regressão múltipla, uma técnica estatística que pode ser utilizada para analisar a relação
entre uma única variável dependente e as variáveis independentes (HAIR, 2005). Nesta
pesquisa ela será utilizada para verificar se existe uma relação entre cada uma das
267
variáveis que compõem as quatro dimensões de atitudes diante da diversidade: estigma,
justiça social, discriminação reversa e obtenção de ganhos (variáveis dependente) com
cada uma das cinco variáveis que compõem as dimensões de percepção de justiça sobre
as práticas de diversidade (variáveis independentes).
Para a análise de regressão ser confiável é necessário adotar dois procedimentos:
(a) verificar se os dados da amostra atendem as quatro suposições necessárias para a
utilização desse modelo estatístico e (b) adotar um critério para a análise dos resultados
por meio do poder estatístico (HAIR, 2005).
(a) A verificação das suposições para a realização da análise de regressão
As suposições em análise de regressão múltipla se aplicam mais diretamente ao
exame da variável estatística e da sua relação com a variável dependente. Desse modo,
essas suposições devem ocorrer depois que o modelo de regressão tenha sido estimado.
Elas compreendem a realização dos seguintes procedimentos:
•
Multicolinearidade: Em um modelo de regressão pressupõe-se que as
variáveis independentes tenham valores independentes, ou seja, que elas não
sejam relacionadas com qualquer outra previsão ou sejam seqüenciadas por
qualquer outra variável (HAIR, 2005b). Ela é examinada por meio dos testes
de tolerância e FIV. A tolerância é a quantidade de variância em uma variável
independente que não é explicada pelas outras variáveis independentes.
Pequenos valores para a tolerância indicam problemas de colinearidade. O
valor mínimo para ela é normalmente de 0,10. O FIV mede o quanto à
variância dos coeficientes de regressão está afetada por problemas de
multicolinearidade. Um valor máximo aceitável para o FIV é de 5,0 (HAIR,
2005a).
•
Linearidade: Relação que representa o grau em que a variável dependente é
associada às variáveis independentes. Ela é examinada por meio de gráficos de
dispersão.
•
Variância constante dos termos de erro: Consiste em verificar se há
variâncias desiguais (heteroscedasticidade). O diagnóstico é feito pelo gráfico
de resíduos (estudantizados) versus os valores dependentes previstos. Se não
268
houver resíduos acima de 3 ou abaixo de -3, não haverá outliers multivariados
(HAIR, 200b).
•
Normalidade da distribuição dos termos de erro: O diagnóstico mais
simples para o conjunto de variáveis independentes na equação é um
histograma de resíduos, com uma verificação visual para uma distribuição que
se aproxima da normal.
(b) A definição do poder estatístico para a análise dos dados
Para que a interpretação do resultado da explicação da variável dependente pelas
independentes seja significativa em um nível de 0,001 ou de 0,005, é necessário que
essa explicação seja compatível com o seu poder estatístico. Esse é determinado pelo
tamanho da amostra e pelo número de variáveis independentes a serem utilizadas no
modelo (HAIR, 2005b).
•
O poder estatístico sob a probabilidade de 0,80: Nesta pesquisa, a amostra
tem 412 indivíduos e cinco variáveis independentes. Para que o coeficiente de
determinação do modelo de regressão (R2) tenha o poder estatístico de 0,80 ele
deverá detectar valores maiores ou iguais a 3 ou 4 para serem considerados
estatisticamente significantes sob um nível de significância de 0,001 ou 0,005
(HAIR, 2005b, p.148).
Tendo em vista as considerações sobre o modelo de regressão anteriormente
expostas, a análise dos dados seguirá a partir de cada uma das variáveis dependentes:
estigma, justiça social, discriminação reversa e obtenção de ganhos. O método utilizado
para estimar os resultados será o Enter.
269
6.7.3.1 A análise da variável dependente: estigma
Tabela LI: ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseadas no estigma usando
as dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis independentes
ANOVAb
Modelo
1
Regressão
Resíduo
Total
Soma de
quadrados
18,092
378,389
396,481
2
df
5
406
411
Média
3,618
,932
F
3,882
Sig.
,002a
a. Indicadores: (Constante), as cinco dimensões de percepção de justiça diantes das
práticas de diversidade ( valorização da diversidade, dissolução das diferenças,
valorização do GPCD, estratégia e equidade)
b. Variável dependente: Estigma
Examinando-se a Tabela LI verifica-se que o modelo de regressão é
estatisticamente significativo (razão F = 3,882; nível de probabilidade de 0,002). Ou
seja, há relação entre as variáveis.
Tabela LII: Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseadas no estigma usando as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis independentes
Resumo do modelob
Modelo
1
R
,214a
2
R
,046
R
ajustado
,034
a. Indicadores: (Constant), Estratégia,
Valorização da diversidade, Dissolução das
diferenças, Equidade, Valorização do GPCD
b. Variável dependente: Estigma
Os dados obtidos de R2 revelam que o modelo explica 4% da variação ocorrida na
variável dependente estigma pelas variáveis independentes contempladas. Mediante o
poder estatístico de 0,80 e do nível de significância de 0,05, pode-se dizer que há uma
relação entre as variáveis, porém o modelo apresenta uma capacidade de explicação
muito pequena sobre a variável dependente estigma.
A Tabela LIII de coeficientes padronizados revela que a percepção de justiça
baseada na valorização da diversidade é um indicador da atitude baseada no estigma
com um coeficiente beta de -0,169 (probabilidade de 0,009). A percepção baseada na
dissolução das diferenças também é significativo (0,003), tem um coeficiente beta de
0,171. Eqüidade, valorização da diversidade focada na pessoa com deficiência e
270
estratégia não estão significativamente relacionadas com a atitude baseada no estigma.
Deste modo, a percepção de justiça baseada na valorização da diversidade e a percepção
de justiça baseada na dissolução das diferenças são as variáveis independentes que
explicam significativamente o estigma.
Tabela LIII: Coeficientes beta para a regressão das dimensões de percepção de justiça diante das práticas
de diversidade considerando-se a variável dependente estigma
Modelo
1
(Constante)
Valorização da diversidade
Dissolução das diferenças
Equidade
Valorização do GPCD
Estratégia
Coeficientes não
padronizados
B
Std. Error
-4,2E-018
,048
-,177
,067
,183
,060
,006
,074
-,046
,077
,020
,064
Coeficientes
padronizados
Beta
-,169
,171
,005
-,043
,017
t
,000
-2,622
3,040
,081
-,593
,304
Sig.
1,000
,009
,003
,936
,553
,761
Estatística de
colinearidade
Tolerância
VIF
,565
,742
,545
,448
,729
1,769
1,348
1,834
2,231
1,372
A confiabilidade dos resultados obtidos pressupõe que os dados da amostra
tenham sido adequados às suposições do modelo de regressão.
•
Quanto à multicolineradidade: Os testes estatísticos de colinearidade
apresentados na Tabela... revelam que os índices referentes ao Fator de
Inflação de Variância – FIV e os de Tolerância não apresentam problemas de
multicolinearidade no modelo.
•
Linearidade: Relação que representa o grau em que a variável dependente é
associada e às variáveis independentes Ela foi examinada por meio da
elaboração do diagrama de dispersão da variável estigma com cada uma das
cinco dimensões de percepção de justiça (ver Anexo III). Pelos resultados
obtidos nenhum padrão não-linear foi apresentado.
•
Homogeneidade das variâncias: Um dos procedimentos utilizado para
verificar a homogeneidade das variâncias é verificar o diagrama de dispersão
dos resíduos (estudantizados) versus os valores dependentes previstos (HAIR,
200b). Ao verificar o diagrama de dispersão dos resíduos (estudantizados)
versus os valores dependentes previstos da variável dependente estigma, notase que ele não apresenta nenhum resíduo abaixo de -3 e alguns poucos
resíduos acima de 3, que sugere pontos extremos. Mas, no todo, a maioria dos
pontos está concentrada ao meio, e dessa forma, confirma-se a homogeneidade
das variâncias.
271
Gráfico XXVII: Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores previstos da
variável estigma.
•
Normalidade da distribuição dos termos de erro: pelo histograma de resíduos
percebe-se que a distribuição que se aproxima da normal.
Variável dependente: Estigma
Variável dependente: Estigma
1,0
Probabilidade esperada
40
Frequencia
30
20
10
0
-4
-2
0
2
4
Mean = -6,51E-18
Std. Dev. = 0,994
N = 412
Resíduo de regressão padronizado
Gráfico XXVIII: Histograma da variável estigma
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
GráficoXXIX.:Probabilidade normal de resíduos
Examinando-se as informações mostradas em todos os testes e gráficos que
verificam a adequação dos dados ao modelo de regressão, concluí-se que ele não
apresenta problemas visivelmente significativos que possam indicar que as suposições
de regressão múltipla foram violadas.
1,0
Probabilidade observada
272
Tendo em vista que os dados da amostra estão de acordo com as suposições do
modelo de regressão, pode-se dizer que o modelo de regressão confirma parcialmente a
hipótese (H7) ao explicar 4% da variação da variável dependente estigma pelas
dimensões de percepção de justiça baseada na valorização da diversidade e na
dissolução das diferenças.
6.7.3.2 A análise da variável dependente: justiça social
Tabela LIV: ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseada na justiça social
usando as dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis
independentes
ANOVAb
Modelo
1
Regression
Residual
Total
Soma dos
quadrados
9,756
359,147
368,903
2
df
5
406
411
Média
1,951
,885
F
2,206
Sig.
,053a
a. Indicadores: (Constant), Estratégia, Valorização da diversidade, Dissolução das
diferenças, Equidade, Valorização do GPCD
b. Variável dependente Justiça Social
Examinando-se a Tabela LIV, verifica-se que o modelo de regressão não é
estatisticamente significativo (razão F = 2,206 nível de probabilidade de 0,053), ou seja,
não há relação entre as variáveis.
Tabela LV: Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseadas no estigma usando as
dimensões de percepção
de justiça
diante das práticas de diversidade como variáveis independentes
Resumo
do modelo
Modelo
1
R
,163a
2
R
,026
R
ajustado
,014
Erro padrão
da
estimativa
,94000000
a. Indicadores: (Constant), Estratégia, Valorização da
diversidade, Dissolução das diferenças, Equidade,
Valorização do GPCD
Os dados obtidos de R2 revelam que o modelo explica somente 2% da variação
ocorrida na variável dependente justiça social pelas variáveis independentes
contempladas. Mediante o poder estatístico de 0,80 e do nível de significância de 0,05,
pode-se dizer que não há uma relação entre as variáveis.
273
A confiabilidade dos resultados obtidos pressupõe que os dados da amostra tenham sido
adequados às suposições do modelo de regressão.
• Quanto à multicolineradidade: os testes estatísticos de colinearidade
apresentados na Tabela... revelam que os índices referentes ao Fator de
Inflação de Variância – FIV e os de Tolerância não apresentam problemas de
multicolinearidade no modelo.
•
Linearidade: relação que representa o grau em que a variável dependente é
associada e às variáveis independentes. Ela foi examinada por meio da
elaboração do diagrama de dispersão da variável justiça social com cada uma
das cinco dimensões de percepção de justiça (ver Anexo IV). Pelos
resultados obtidos nenhum padrão não-linear foi apresentado.
•
Homogeneidade das variâncias: Ao verificar o diagrama de dispersão dos
resíduos (estudantizados) versus os valores dependentes previstos da variável
dependente, estigma nota-se que ele apresenta poucos resíduos abaixo de -3
e alguns poucos resíduos acima de 3, o que sugere alguns pontos extremos.
Mas ao todo, a maioria dos pontos está concentrada ao meio, e dessa forma,
confirma-se a homogeneidade das variâncias.
•
Normalidade da distribuição dos termos de erro: pelo histograma de
resíduos percebe-se que a distribuição que se aproxima da normal.
Gráfico XXX: Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores previstos da variável
justiça social
274
Variável dependente: Justiça Social
Variável dependente: Justiça Social
1,0
30
Probabilidade esperada
Frequencia
25
20
15
10
5
0
-3
-2
-1
0
1
2
3
Mean = -1,47E-17
Std. Dev. = 0,994
N = 412
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0
Resíduo de regressão padronizado
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Probabilidade observada
Gráfico XXXI: Histograma da variável justiça social
Gráfico XXXII: Probabilidade normal de resíduos
da variável justiça social
Tendo em vista que os dados da amostra estão de acordo com as suposições do
modelo de regressão, pode-se dizer que, o resultado de R2 é insignificante para explicar
a variação da variável dependente atitude com base na justiça social pelas variáveis
independentes que compõem as dimensões de percepção de justiça. Com isso, tem-se
que os resultados do modelo não confirmam a hipótese sete (H7).
6.7.3.3 Análise da variável dependente: obtenção de ganhos
Tabela LVI: ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseada na obtenção de
ganhos usando as dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis
independentes
ANOVAb
Modelo
1
Regression
Residual
Total
Soma dos
quadrados
76,714
256,160
332,873
2
df
5
406
411
Média
15,343
,631
F
24,318
a. Indicadores: (Constant), Estratégia, Valorização da diversidade, Dissolução das
diferenças, Equidade, Valorização do GPCD
b. Variável dependente: Obtenção de Ganhos
Sig.
,000a
275
Examinando-se a Tabela LVI, verifica-se que o modelo de regressão é
estatisticamente significativo (razão F = 24,318; nível de probabilidade de 0,000), ou
seja, há relação entre as variáveis.
Tabela LVII: Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseadas no estigma usando as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis independentes
Resumo do modelo
2
Modelo
1
R
,480a
R
,230
R
ajustado
,221
Erro padrão
de
estimativa
,79431412
a. Indicadores: (Constant), Estratégia, Valorização da
diversidade, Dissolução das diferenças, Equidade,
Valorização do GPCD
Mediante o poder estatístico de 0,80 e do nível de significância de 0,05, os dados
obtidos de R2 revelam que o modelo explica 23% da variação ocorrida na variável
dependente obtenção de ganhos pelas variáveis independentes contempladas.
A Tabela LVIII de coeficientes padronizados revela que a percepção de justiça
baseada na valorização da diversidade é um indicador da atitude baseada na obtenção de
ganhos com um coeficiente beta de 0,445 (probabilidade de 0,000). A percepção
baseada na dissolução das diferenças também é significativa (0,000) e tem um
coeficiente beta de -0,264. Eqüidade, valorização da diversidade focada na pessoa com
deficiência e estratégia não estão significativamente relacionadas com a atitude baseada
na obtenção de ganhos. Deste modo, a percepção de justiça baseada na valorização da
diversidade e a percepção de justiça baseada na dissolução das diferenças são as
variáveis independentes que explicam significativamente a atitude baseada na obtenção
de ganhos.
Tabela LVIII: Coeficientes beta para a regressão das dimensões de percepção de justiça diante das
práticas de diversidade considerando-se a variável dependente estigma
Modelo
1
(Constante)
Valorização da diversidade
Dissolução das diferenças
Equidade
Valorização do GPCD
Estratégia
Coeficientes não
padronizados
B
Std. Error
8,35E-017
,039
,426
,055
-,260
,050
-,050
,061
,100
,064
,012
,053
Coeficientes
padronizados
Beta
,445
-,264
-,048
,102
,012
t
,000
7,679
-5,231
-,815
1,576
,234
Sig.
1,000
,000
,000
,415
,116
,815
Estatistica de
colinearidade
Tolerância
VIF
,565
,742
,545
,448
,729
1,769
1,348
1,834
2,231
1,372
276
A confiabilidade dos resultados obtidos pressupõe que os dados da amostra
tenham sido adequados às suposições do modelo de regressão.
•
Quanto à multicolineradidade: Os testes estatísticos de colinearidade
apresentados na Tabela LVIII revelam que os índices referentes ao Fator de
Inflação de Variância – FIV e os de Tolerância não apresentam problemas de
multicolinearidade no modelo.
•
Linearidade: Relação que representa o grau em que a variável dependente é
associada e às variáveis independentes. Ela foi examinada por meio da
elaboração do diagrama de dispersão da variável obtenção de ganhos com
cada uma das cinco dimensões de percepção de justiça (ver Anexo V). Pelos
resultados obtidos nenhum padrão não-linear foi apresentado.
•
Homogeneidade das variâncias: Um dos procedimentos utilizados para
verificar a homogeneidade das variâncias é verificar o diagrama de dispersão
dos resíduos (estudantizados) versus os valores dependentes previstos
(HAIR, 200b). Ao verificar o diagrama de dispersão dos resíduos
(estudantizados) versus os valores dependentes previstos da variável
dependente estigma, nota-se que ele apresenta uns quatro resíduos abaixo de
-3 e nenhum resíduos acima de 3, o que sugere a existência de pontos
extremos. Mas no todo, a maioria dos pontos está concentrada ao meio, e
dessa forma, confirma-se a homogeneidade das variâncias.
Gráfico XXXIII: Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores previstos da
variável estigma
277
•
Normalidade da distribuição dos termos de erro: pelo histograma de
resíduos percebe-se que a distribuição que se aproxima da normal.
Dependent Variable: Obtenção de Ganhos
Variável dependente: Obtenção de Ganhos
1,0
Probabilidade esperada
50
Frequencia
40
30
20
0,8
0,6
0,4
0,2
10
0
-3
-2
-1
0
1
2
3
Mean = -1,73E-18
Std. Dev. = 0,994
N = 412
Resíduo de regressão padronizado
Gráfico XXXIV: Histograma da variável obtenção
de ganhos
0,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Gráfico XXXV: Probabilidade normal de resíduos
da variável obtenção de ganhos
Examinando-se as informações mostradas em todos os testes e gráficos, verificase a adequação dos dados da amostra ao modelo de regressão e concluí-se, então, que
não há problemas visivelmente significativos que possam indicar que as suposições de
regressão múltipla foram violadas.
Tendo em vista que os dados da amostra estão de acordo com as suposições do
modelo de regressão, pode-se dizer que, o modelo de regressão confirma parcialmente a
hipótese (H7) ao explicar 23% da variação da variável dependente atitude com base na
obtenção de ganhos pelas dimensões de percepção de justiça baseada na valorização da
diversidade e na dissolução das diferenças.
1,0
Probabilidade observada
278
6.7.3.4 A análise da variável dependente: discriminação reversa
Tabela LIX: ANOVA para o modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseada na discriminação
reversa usando as dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis
independentes
ANOVAb
Modelo
1
Regression
Residual
Total
Soma dos
quadrados
80,150
249,941
330,090
2
df
5
406
411
Média
16,030
,616
F
26,039
Sig.
,000a
a. Indicadores: (Constant), Estratégia, Valorização da diversidade, Dissolução das
diferenças, Equidade, Valorização do GPCD
b. Variável dependente: Discriminação Reversa
Examinando-se a Tabela LIX, verifica-se que o modelo de regressão é
estatisticamente significativo (razão F = 26,039; nível de probabilidade de 0,000). Ou
seja, há relação entre as variáveis .
Tabela LX: Resumo do modelo de regressão para as atitudes dos indivíduos baseadas no estigma usando as
dimensões de percepção
de justiça diante das práticas de diversidade como variáveis independentes
Resumo do modelo
Modelo
1
R
,493a
R2
,243
R
ajustado
,233
Erro padrão
da
estimativa
,78461281
a. Indicadores: (Constant), Estratégia, Valorização da
diversidade, Dissolução das diferenças, Equidade,
Valorização do GPCD
Mediante o poder estatístico de 0,80 e do nível de significância de 0,05 os dados
obtidos de R2 revelam que o modelo explica 24% da variação ocorrida na variável
dependente discriminação reversa pelas variáveis independentes contempladas.
A Tabela LXI de coeficientes padronizados revela que a percepção de justiça
baseada na valorização da diversidade é um indicador da atitude baseada na obtenção de
ganhos com um coeficiente beta de -0,421 (probabilidade de 0,000). A percepção
baseada na dissolução das diferenças também é significativa (0,000) e tem um
coeficiente beta de 0,314, assim como, valorização da diversidade focada na pessoa com
deficiência que tem beta -0,145 (probabilidade de 0,025). Eqüidade e estratégia não
estão significativamente relacionadas com a atitude baseada na discriminação reversa
279
Deste modo, a percepção de justiça baseada na valorização da diversidade, na
dissolução das diferenças e na valorização da diversidade focada nas pessoas com
deficiência são as variáveis independentes que explicam significativamente a atitude
baseada na discriminação reversa.
Tabela LXI: Coeficientes beta para a regressão das dimensões de percepção de justiça diante das práticas
de diversidade considerando-se a variável dependente discriminação reversa
Modelo
1
(Constante)
Valorização da
diversidade
Dissolução das
diferenças
Equidade
Valorização do GPCD
Estratégia
Coeficientes não
padronizados
B
Std. Error
7,32E-017
,039
Coeficientes
padronizados
Beta
t
,000
Sig.
1,000
Estatística de
colinearidade
Tolerância
FIV
-,401
,055
-,421
-7,324
,000
,565
1,769
,307
,049
,314
6,260
,000
,742
1,348
,067
-,141
-,006
,060
,063
,052
,065
-,145
-,006
1,114
-2,246
-,114
,266
,025
,909
,545
,448
,729
1,834
2,231
1,372
A confiabilidade dos resultados obtidos pressupõe que os dados da amostra
tenham sido adequados às suposições do modelo de regressão.
•
Quanto à multicolineradidade: os testes estatísticos de colinearidade
apresentados na Tabela LXI revelam que os índices referentes ao Fator de
Inflação de Variância – FIV e os de Tolerância não apresentam problemas de
multicolinearidade no modelo.
•
Linearidade: relação que representa o grau em que a variável dependente é
associada e às variáveis independentes. Ela foi examinada por meio da
elaboração do diagrama de dispersão da variável discriminação reversa com
cada uma das cinco dimensões de percepção de justiça (ver Anexo VI). Pelos
resultados obtidos nenhum padrão não-linear foi apresentado.
•
Homogeneidade das variâncias: Ao verificar o diagrama de dispersão dos
resíduos (estudantizados) versus os valores dependentes previstos da variável
dependente estigma, nota-se que ele apresenta uns quatro resíduos acima de
+3 e nenhum resíduos abaixo de -3, o que sugere a existência de pontos
extremos. Mas, no todo, a maioria dos pontos está concentrada ao meio, e
dessa forma, confirma-se a homogeneidade das variâncias.
280
Gráfico XXXVI: Diagrama de dispersão de resíduos estudantizados versus valores previstos da
variável discriminação reversa
•
Normalidade da distribuição dos termos de erro: pelo histograma de
resíduos percebe-se que a distribuição que se aproxima da normal.
Variável dependente: Discriminação Reversa
Variável dependente: Discriminação Reversa
1,0
Probabilidade esperada
50
Frequencia
40
30
20
0,8
0,6
0,4
0,2
10
0
-3
-2
-1
0
1
2
3
Resíodo de regressão padronizado
Gráfico XXXVII: Histograma da variável
discriminação reversa
Mean = 3,51E-17
Std. Dev. = 0,994
N = 412
0,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Probabilidade observada
Gráfico XXXVIII: Probabilidade normal de
resíduos da variável discriminação reversa
Examinando-se as informações mostradas em todos os testes e gráficos, verificase a adequação dos dados da amostra ao modelo de regressão e concluí-se então que não
há problemas visivelmente significativos que possam indicar que as suposições de
regressão múltipla foram violadas.
1,0
281
Tendo em vista que os dados da amostra estão de acordo com as suposições do
modelo de regressão, pode-se dizer que o modelo de regressão confirma parcialmente a
hipótese (H7) ao explicar 24% da variação da variável dependente atitude com base na
discriminação reversa pelas dimensões de percepção de justiça baseada na valorização
da diversidade, na dissolução das diferenças e na valorização da diversidade com foco
nas pessoas com deficiência.
6.7.3.5 Verificação da oitava hipótese
H8: As dimensões de valores de individualismo e de coletivismo moderam a relação
entre as dimensões de justiça organizacional e as dimensões de atitudes diante da
diversidade.
Conforme Hair (2005), o efeito moderador em um modelo de regressão ocorre
quando uma segunda variável independente, muda à forma da relação entre uma outra
variável independente e a dependente. Isso também é conhecido como um efeito de
interação. O termo moderador é uma variável composta formada pela multiplicação de
X1 pelo moderador, o qual entra na equação de regressão. Nesta pesquisa, a relação
moderada é representada como:
Y = b0 + bX1 + bX2 + bX1X2
Onde b0 = intercepto
b1X1 = efeito linear de X1
b2X2 = efeito linear de X2
b3X1X2 = efeito moderador de X2 sobre X1.
Para determinar se o efeito moderador é significante estima-se a equação original
(não moderada) e então estima-se a relação moderada. Se a variação em R2 é
estatisticamente significante, então um efeito moderador se faz presente. Nesse caso,
apenas o efeito incremental é avaliado, não as variáveis individuais.
282
Ao adotar o modelo de representação de efeito de moderação em cada uma das
dimensões de percepção de justiça diante das variáveis dependentes, os dados revelaram
que apenas três relações apresentaram um valor de F no modelo (2) com p < 0,05, sendo
elas a de percepção da justiça baseada na valorização da diversidade e justiça social, a
percepção de justiça baseada na valorização da diversidade com foco nas pessoas com
deficiência e justiça social e a percepção de justiça baseada na dissolução das diferenças
e discriminação reversa. A interpretação dos dados será feita a seguir.
6.7.3.5.1 A moderação entre valorização da diversidade e justiça Social
Tabela LXII: Modelo de regressão múltipla entre percepção de justiça baseada na valorização da
diversidade e atitudes baseadas na justiça social sob a moderação dos valores de individualismo e
coletivismo
Resumo do modelo
Modelo
1
2
R
,127 a
,160 b
2
R
,016
,026
2
R ajustado
,011
,019
Erro padrão
da
estimativa
,94197380
,93856378
Estatísticas de mudanças
2
Mudança R
,016
,009
Mudança F
3,376
3,977
df1
2
1
df2
409
408
Mudança Sig.
F
,035
,047
a. Indicadores: (Constant), Valorização da Diversidade, Valores
b. Indicardores: (Constant), Valorização da Diversidade, Valores , MOD_VDValEscore
Pelos dados obtidos percebe-se que houve uma mudança no valor de R2 de 0,011
do modelo (1) para 0,019 no modelo (2) diante de um valor de F significativo (p <
0,05). Porém, o valor de R2 não tem o poder de explicação condizente ao valor mínimo
de 4% a um nível de significância de 0,05, conforme estabelecido anteriormente.
De acordo com os dados obtidos, pode-se dizer que o modelo de representação de
efeito de moderador aceita a hipótese nula revelando que os valores de individualismo e
coletivismo não moderam a relação entre a dimensão de justiça baseada na valorização
da diversidade e a atitude baseada na justiça social.
283
6.7.3.5.2 A moderação entre valorização da diversidade (GPCD) e justiça social
Tabela LXIII: Modelo de regressão múltipla entre percepção de justiça baseada na valorização da
diversidade com foco nas pessoas com deficiência e a dimensão de atitudes baseadas na justiça social sob
a moderação dos valores de individualismo e coletivismo
Resumo do modelo
Modelo
1
2
R
,036a
,135b
2
R
,001
,018
2
R ajustado
-,004
,011
Erro padrão
de
estimativa
,94908775
,94223926
Estatisticas de Mudanças
2
Mudança R
,001
,017
Mudança F
,271
6,967
df1
df2
409
408
2
1
Mudança Sig.
F
,763
,009
a. Indicadores: (Constant), Valorização da Diversidade GPCD, Valores
b. Indicadores: (Constant),Valorização da Diversidade GPCD, Valores, MOD_VDPCDValEscore
Pelos dados obtidos percebe-se que houve uma mudança no valor de R2 de -0,04
do modelo (1) para 0,011 no modelo (2) diante de um valor de F significativo (p <
0,05). Porém, o valor de R2 não tem o poder de explicação condizente ao valor mínimo
de 4% a um nível de significância de 0,05 conforme estabelecido anteriormente.
De acordo com os dados obtidos pode-se dizer que não há efeito moderador dos
valores de individualismo e coletivismo na relação entre a dimensão de justiça baseada
na valorização da diversidade e a atitude baseada na justiça social, portanto, o modelo
aceita a hipótese nula e rejeita a hipótese (H8).
6.7.3.5.3 A moderação entre dissolução das diferenças e discriminação reversa
Tabela LXIV: Modelo de regressão múltipla entre percepção de justiça baseada na dissolução das
diferenças e a dimensão de atitudes baseadas na discriminação reversa sob a moderação dos valores de
individualismo e coletivismo
Resumo do modelo
Modelo
1
2
R
,152a
,184b
2
R
,023
,034
2
R ajustado
,018
,027
Erro padrão
de
estimativa
,88792138
,88413821
Estatisiticas de Mudanças
2
Mudança de R
,023
,011
a. Indicadores: (Constant), Dissolução, Valores
b. Indicadores: (Constant), Dissolução, Valores, MOD_DISSOLValEscore
Mudança de F
4,841
4,508
df1
2
1
df2
409
408
Mudança Sig.
F
,008
,034
284
Pelos dados obtidos, percebe-se que houve uma mudança no valor de R2 de 0,018
do modelo (1) para 0,034 no modelo (2) diante de um valor de F significativo (p <
0,05). Porém, o valor de R2 não tem o poder de explicação condizente ao valor mínimo
de 4% a um nível de significância de 0,05, conforme estabelecido anteriormente.
De acordo com os dados obtidos pode-se dizer que não há efeito moderador dos
valores de individualismo e coletivismo na relação entre a dimensão de justiça baseada
na valorização da diversidade e a atitude baseada na justiça social, portanto, o modelo
rejeita a hipótese (H8).
285
7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Esse trabalho teve como objetivo geral analisar a relação entre as dimensões da
justiça organizacional e as dimensões de atitudes dos indivíduos diante da diversidade.
A intenção nessa análise foi a de tentar responder a seguinte questão: há relação entre as
dimensões de justiça organizacional e as dimensões de atitudes dos indivíduos diante da
diversidade?
O primeiro objetivo visou conhecer as concepções, as atitudes e as percepções de
justiça dos indivíduos sobre a diversidade e sobre as práticas de diversidade no
ambiente organizacional. O mesmo foi atingido a partir dos resultados obtidos em uma
pesquisa qualitativa.
No que se refere às concepções atribuídas a práticas de diversidade, percebeu-se
que há, entre os sujeitos entrevistados, uma carência de conhecimento e uma falta de
consenso sobre o que sejam essas práticas. Cotas, programas de conscientização e de
integração, tratamento dado às diferenças e atividades desenvolvidas para dar
oportunidades aos grupos sociais minoritários foram exemplos utilizados para defini-las.
Porém, ao ordenar, codificar e sistematizar os conteúdos expressos pelos mesmos, duas
categorias emergiram para explicar a forma como eles apreendem o assunto. A primeira
dessas categorias associa práticas de diversidade às atividades voltadas para valorizar as
diferenças entre os indivíduos a partir das características dos grupos sociais a que
pertencem. Na literatura, essa abordagem recebe o nome de valorização da diversidade
(COX, 1991; THOMAS, 1996). E a segunda categoria associa práticas de diversidade às
atividades voltadas para valorizar as diferenças entre os indivíduos pelos aspectos que
lhes são únicos, particulares e não com base no gênero ou nas características de algum
outro grupo social. Essa abordagem recebe o nome de dissolução das diferenças (LIFF,
1997).
De acordo com esta pesquisa, há uma predominância de sujeitos que defendem a
dissolução das diferenças sociais dos indivíduos como sendo a melhor forma de lidar
com a diversidade. As falas seguintes espelham o que se pensa a respeito:
... eu como deficiente, eu devo olhar, encarar as oportunidades da mesma
forma de uma pessoa que não é deficiente, acho que tem que ser dessa forma.
(Depoimento de uma pessoa com deficiência)
286
... eu acho que na organização todos devem ser vistos e tratados de forma
igual...
(Depoimento de uma pessoa negra)
No que diz respeito às atitudes dos indivíduos diante das concessões oferecidas
pelas práticas de diversidade aos grupos de mulheres, de pessoas com deficiência e de
pessoas negras, foi possível identificar não só as quatro dimensões de atitudes
categorizadas e sistematizadas nesse estudo oriundas da literatura estrangeira (justiça
social, discriminação reversa, estigma e obtenção de ganhos), como também outras
dimensões até então não conhecidas pela pesquisadora.
Duas das quatro dimensões de atitudes sistematizadas nesta pesquisa foram
manifestadas de forma unânime nas falas dos sujeitos entrevistados, sendo elas, as
atitudes de rejeição baseadas no estigma e as baseadas na discriminação reversa. As
atitudes de aceitação às concessões oferecidas à diversidade baseadas na justiça social e
na obtenção de ganhos tiveram representatividade pequena nos conteúdos expressos.
Conforme Kelley e Michela (1980) o estigma pode minimizar o potencial dos
indivíduos submetidos às práticas organizacionais. Mesmo que os indivíduos tenham
competência, eles não serão “vistos” pelos outros sob esse prisma. Por outro lado,
Heilman e Alcott (2001) ressaltam que o estigma de incompetência somente ocorre
quando os grupos de minoria já possuem um estereótipo negativo, pois esse estigma não
acontece com os estadunidenses descendentes de asiáticos. Conclusão semelhante foi
obtida por Wilson (2006) com relação às atitudes baseadas na discriminação reversa. O
autor descobriu que a rejeição às práticas de diversidade em prol das pessoas negras é
decorrente de uma predisposição negativa anterior (preconceitos). Esses estudos
sugerem que a manifestação das atitudes de rejeição às práticas de diversidade baseadas
no receio ao estigma e na discriminação reversa têm raízes mais profundas,
provavelmente de origem social. O depoimento a seguir revela esse aspecto:
Eu acho que as pessoas que não são beneficiadas pelas práticas de
diversidade entendem que essas diminuem oportunidades para elas, agora...
eu acho que... vendo as práticas voltadas para o negro tem outros pontos a
mais. Quando falo de cotas pra negros eu acho que está envolvendo um
pouco a questão do preconc... ele vem do preconceito... ele vem do fundo...
vem de lá... ele vem...
(Depoimento de uma pessoa negra sobre a rejeição às práticas de diversidade)
As atitudes diante das concessões oferecidas à diversidade baseadas na justiça
social pressupõem o reconhecimento de que os grupos sociais não têm uma situação de
igualdade de oportunidade (SINADIUS et al., 1993) e por isso, devem ser favorecidos
de acordo com os recursos que têm (BEATON e TOUGAS, 2001). Os resultados
287
obtidos dessa pesquisa revelaram que os grupos sociais em estudo (mulheres, pessoas
negras e pessoas com deficiência) não foram reconhecidos em unanimidade pelos
indivíduos entrevistados como grupos menos sub-representados em termos de
oportunidades ou excluídos da sociedade. Houve quem discordasse de que esses grupos
não têm as mesmas oportunidades que os demais. A manifestação das atitudes de
aceitação à diversidade com base na justiça social só foram mais freqüentes com relação
ao grupo de pessoas com deficiência.
As atitudes de aceitação baseadas na obtenção de ganhos foram manifestadas
apenas por um sujeito (uma pessoa negra). Tougas, Beaton e Veilleux, (1991) ressaltam
que é plausível que os indivíduos como membros de grupos minoritários adotem
atitudes de aceitação a práticas visando a esses fins. Eles defendem que os sujeitos que
adotam esse tipo de atitude acreditam que as práticas de diversidade se propõem a
eliminar barreiras para o desenvolvimento de indivíduos que pertençam a grupos
minoritários, bem como, desenvolver tratamentos diferenciados para aumentar a
representação dos mesmos nas organizações. Em uma das falas dos entrevistados isso
ficou bastante evidente.
Ter cotas pra deficientes, pra negros é muito bom... muito bom. Por quê?...,
senão isso vai ficar girando em torno de uma elite, né,... e vai acabar não
dando espaço pra posições mais interessantes, dos salários mais
interessantes... tem que haver negros e pessoas com deficiência dentro da
organização, mas não pode ser só no nível baixo, no nível do staff
operacional. Tem que ser no staff estratégico também, não é?... então, as
cotas são boas... mas com critério, de modo que tenha negro, mas negros
competentes..muitas vezes negros competentes são excluídos só porque são
negros, então...
(Depoimento de uma pessoa negra sobre as concessões de cotas para a
diversidade)
Além das quatro atitudes citadas, os dados da pesquisa qualitativa revelaram mais
outras quatro categorias de atitudes dos sujeitos diante das concessões oferecidas por
práticas de diversidade aos grupos sociais em estudo (mulheres, pessoas negras e
pessoas com deficiência). Três de rejeição e uma de aceitação. As de rejeição foram
baseadas: (1) na idéia de que essas concessões não são da responsabilidade da empresa,
(2) na idéia de que os benefícios oferecidos às pessoas só devem ser realizados com
base no mérito e (3) na idéia de que todas as pessoas têm oportunidades iguais. A
atitude de aceitação, por sua vez, foi baseada na idéia de que as pessoas acabam
concedendo benefícios às minorias, porque isso é bem visto na sociedade – apologia.
288
A descoberta dessas atitudes ajuda a compreender que o posicionamento dos
indivíduos diante das concessões oferecidas pelas práticas de diversidade manifesta-se
por motivos, por crenças, e, provavelmente, por valores diferentes. Entre os sujeitos
entrevistados na pesquisa qualitativa há mais atitudes de rejeição do que de aceitação às
práticas de diversidade.
Conhecer as percepções de justiça sobre as práticas de diversidade compôs um
dos objetivos da pesquisa, pois elas podem vir a explicar as atitudes anteriormente
citadas. Por meio dos conteúdos obtidos da pesquisa qualitativa foi possível categorizar
dois tipos de percepções de justiça. Para alguns dos sujeitos entrevistados uma prática
de diversidade é considerada justa quando valoriza e reconhece as diferenças das
pessoas considerando a identidade social das mesmas, ou seja, o grupo social ao qual
pertencem. A fala abaixo reflete esse raciocínio.
quando você fala de pessoas que já fizeram colégio no exterior, que já
chegam falando dois idiomas, que chegam conhecendo computadores,
informática essas coisas todas (respira fundo... )... essas pessoas saem na
frente, a concorrência é desleal pra quem vem lá geralmente do bairro
periférico, que estudou em colégio do Estado em que o professor só vinha
uma duas vezes por semana, então essa concorrência chega desleal, quando
chega numa dinâmica de uma empresa ...”
(Depoimento de um dos sujeitos entrevistados)
Mas, para outros sujeitos que participaram das entrevistas, uma prática de
diversidade será justa quando valorizar o indivíduo pelo que ele é, independentemente
do grupo ao qual pertence.
Uma prática de diversidade é injusta a partir do momento em que eu começo
a priorizar você não pelo seu caráter, pela sua postura, mas sim por que
você pertence a um determinado..., um determinado... grupo... acho que
nesse momento não é correto, não é justo...
(Depoimento de um dos entrevistados)
Conhecer as concepções, as atitudes e as percepções de justiça dos indivíduos
diante da diversidade e das práticas de diversidade foi um objetivo alcançado neste
trabalho que ajudou a compreender que, ao trabalhar com o tema diversidade, é
importante considerar que não há um único princípio de justiça e nem um único
significado atribuído às diferenças existentes entre os indivíduos. Isso foi fundamental
para interpretar a análise inferencial das relações entre as variáveis em estudo.
O segundo objetivo da pesquisa foi verificar a manifestação das atitudes dos
indivíduos diante de práticas de diversidade sistematizadas nesse trabalho (justiça
289
social, obtenção de ganhos, discriminação reversa e estigma). Esse objetivo foi
alcançado mediante a análise descritiva dos dados obtidos da pesquisa quantitativa.
Mediante a análise da média de respostas dos indivíduos, foi possível saber que
há entre eles uma predominância de atitudes de aceitação com base na justiça social
voltadas apenas para as pessoas com deficiência, por acreditar que elas não têm as
mesmas oportunidades que as demais na contratação e no desenvolvimento de carreira.
E ainda, atitudes de rejeição com base discriminação reversa com relação à reserva de
vagas para mulheres e para as pessoas negras na contratação.
A representatividade de respostas de concordância aos itens da escala de atitudes
que fazem referência à obtenção de ganhos e ao estigma foram baixas. Embora seja
necessário considerar que as discordâncias encontradas em relação a esses itens foram
de natureza parcial, o que significa dizer que não há entre eles uma convicção sobre o
assunto.
Os dados obtidos da pesquisa quantitativa referentes à predominância de atitudes
dos indivíduos diante da diversidade confirmaram os obtidos na pesquisa qualitativa
apresentados anteriormente, de que há mais atitudes de rejeição do que de aceitação,
com exceção à dimensão de estigma. Os sujeitos entrevistados foram quase unânimes
em afirmar que as pessoas beneficiadas por práticas de diversidade são estigmatizadas
como incapazes, na pesquisa quantitativa a uma rejeição de isso seja uma verdade
(embora haja uma incidência de rejeição parcial).
O terceiro objetivo dessa pesquisa foi identificar a percepção de justiça
predominante dos indivíduos diante das práticas de diversidade. Ele também foi
alcançado mediante a análise descritiva dos dados obtidos da pesquisa quantitativa. Pela
média de respostas dos sujeitos com relação às cinco dimensões de percepção de justiça
consideradas neste trabalho, foi possível perceber que a percepção de justiça que obteve
predominância foi à voltada para a dissolução das diferenças de identidade social das
pessoas.
Para Bond e Pyle (1998), as diferenças entre os indivíduos com base nas
características pessoais são individualistas, pois não verificam as necessidades e
limitações das categorias grupais, sejam elas decorrentes do gênero, da religião, da
nacionalidade etc. Alguns estudos revelam que determinados grupos de indivíduos não
têm as mesmas condições de desenvolvimento profissional que os grupos dominantes
(BONNEY e REINACH, 1993; GREGSON e LOWE, 1994). Outros autores defendem
que são as diferenças baseadas nas características dos grupos sociais que gerarão
290
competitividade para as organizações (COX, 1991; THOMAS, 1990). Dessa forma,
coube perguntar: estariam as pessoas sendo mais individualistas ao valorizarem mais a
dissolução das diferenças diante das práticas de diversidade? E em sendo mais
individualistas, estariam as organizações perdendo competitividade? Entende-se que
essas são questões que valeriam a pena levar adiante os estudos.
Os resultados de testes estatísticos para a verificação das hipóteses da pesquisa
contribuíram para atender aos demais objetivos específicos cujas discussões sobre
alguns dos dados considerados relevantes serão feitas a seguir.
1. Testes estatísticos foram realizados a fim de comprovar a primeira hipótese de
que há diferenças de atitudes entre os indivíduos da Empresa I e da Empresa II. Ao
comprovar parcialmente essa hipótese, os dados obtidos tornaram-se curiosos ao revelar
que há diferenças significativas diante de três dimensões: estigma (p < 0,001),
discriminação reversa (p < 0,000) e obtenção de ganhos (p < 0,039). Chama atenção que
o estigma e a discriminação reversa foram mais presentes na Empresa I, e a obtenção de
ganhos esteja mais presente na Empresa II. Como entender essas diferenças de atitudes
entre os indivíduos, uma vez que as atitudes de rejeição às concessões oferecidas à
diversidade estão mais presentes na Empresa I que contém práticas formais de
diversidade? E como entender que as atitudes de aceitação estão mais presentes na
Empresa II que não contém práticas formais de diversidade? Um dado importante a
considerar é que, dos cinco itens da escala que apresentaram diferenças de atitudes entre
os indivíduos pertencentes às duas empresas, quatro fazem referência às concessões
oferecidas às mulheres. Isso chamou atenção, porque na Empresa I há programas
formais de diversidade com foco no desenvolvimento das mulheres.
2. Ao comprovarem parcialmente a segunda hipótese, os dados obtidos dos testes
estatísticos continuaram a chamar atenção sobre a existência de diferenças de atitudes
diante das concessões oferecidas pelas práticas de diversidade às mulheres, às pessoas
negras e às pessoas com deficiência quando consideradas as variáveis sexo, raça, região,
função, área e autopercepção como minoria na organização.
A variável sexo explica as diferenças de atitudes entre os indivíduos com base na
dimensão de justiça social (p <0,042) e na obtenção de ganhos (p < 0,015). Esses dados
tornaram-se surpreendentes ao revelarem que a média de indivíduos do sexo masculino
apresentou mais atitudes de aceitação da diversidade (seja com base na justiça social ou
na obtenção de ganhos) do que a média de indivíduos do sexo feminino. Mas, quando
291
comparados por meio da variável empresa, os dados revelam que esse fenômeno só é
significativo diante da dimensão de obtenção de ganhos (p < 0,015) e que é mais
presente na Empresa II.
As atitudes baseadas na obtenção de ganhos se fundamentam na crença de que é
preciso eliminar barreiras para o desenvolvimento de indivíduos que pertençam a
grupos minoritários a fim de aumentar a representação dos mesmos nas organizações
(TOUGAS, BEATON e VEILLEUX, 1991). Será que as mulheres da Empresa II não
reconhecem barreiras para seu desenvolvimento na organização, portanto, consideram
desnecessárias as práticas de diversidade que tenham foco voltado para elas? Ou será
isso uma atitude negação à realidade?
Andrade et al. (2002), ao realizarem estudos sobre o desenvolvimento de carreira
de homens e mulheres no setor bancário descobriram na época que a hierarquia sexual
ainda era imposta como mecanismo de diferenciação no âmbito organizacional a favor
dos homens. Dessa forma, valeria a pena investigar um pouco mais o assunto para
verificar se houve ou não uma mudança a esse respeito.
As pessoas que se percebem como minoria nas organizações, por sua vez,
revelaram estar vivendo uma situação de conflito, pois, ao mesmo tempo em que
apresentam atitudes de aceitação às práticas de diversidade com base na justiça social (p
< 0,005), elas revelam atitudes de rejeição às mesmas pelo receio ao estigma (p <
0,015).
No cômputo geral há predominância de atitudes de rejeição dos indivíduos às
concessões oferecidas pelas práticas de diversidade aos grupos sociais em estudo, a
variável raça revela que as pessoas negras apresentam muito mais atitudes de aceitação
com base na obtenção de ganhos (p < 0,038) do que os indivíduos pertencentes às
demais dimensões. O mesmo acontece com os indivíduos pertencentes à região
Nordeste do país (p < 0,047) e as pessoas que não pertencem a cargos de comando nas
organizações (p < 0,017).
Seria isso uma manifestação de atitudes para querer obter vantagem diante de uma
situação, ou uma percepção de que, individualmente, a conquista por ascensão seria
mais difícil do que por meio de seu grupo social (TOUGAS, BEATON e VEILLEUX,
1991)? Ao considerar os dados de representatividade dessas pessoas nas organizações
apresentados pelo Instituto Ethos (2007), entende-se, neste trabalho, que a segunda
alternativa reflete melhor a realidade social que essas pessoas vivenciam.
292
3. Ao comprovar a terceira hipótese de que há diferenças de percepção de justiça entre
os indivíduos da Empresa I e a Empresa II, os dados obtidos revelaram dados
importantes para a discussão sobre o sentido de justiça atribuído as práticas de
diversidade pelas organizações pesquisadas. As diferenças de percepção de justiça
diante das práticas de diversidade entre os indivíduos, considerando-se as empresas
pesquisadas, foram significativas diante das dimensões de eqüidade e de valorização da
diversidade com foco nas pessoas com deficiência.
Ao analisar o ranqueamento de médias de respostas dos indivíduos das duas
empresas, tem-se que a percepção de justiça dos indivíduos da Empresa I sobre as
práticas de diversidade é maior do que a média de indivíduos da Empresa II quando
associada ao desempenho individual. Por outro lado, a média de percepção de justiça
dos indivíduos da Empresa II sobre as práticas de diversidade é maior do que a média de
indivíduos da Empresa I quando direcionada a valorização da diversidade com foco nas
pessoas com deficiência.
A Teoria da Eqüidade defende o princípio de que todos têm o mesmo direito
desde que seja proporcional aos esforços diante do desempenho realizado, ou seja, ao
mérito. O mérito é usualmente baseado nas características presentes ou passadas dos
indivíduos e não no futuro. Sob o princípio da eqüidade, o que se espera dos indivíduos
é que eles sejam produtivos e não há muita preocupação com a interação entre eles
(SABBAGH, 2001).
Dessa forma, entende-se que os sujeitos da Empresa I consideram como justas as
práticas de diversidade que oferecem concessões aos indivíduos com base nos
resultados que eles possam gerar. Trata-se uma percepção de justiça com um sentido de
justiça focado nos negócios da companhia. Já os indivíduos da Empresa II entendem
que as práticas de diversidade serão tanto mais justas quanto mais forem focadas para as
pessoas com deficiência. Isso talvez se explique pelo fato de a Empresa II só ter práticas
de diversidade voltadas para as pessoas com deficiência, em razão da lei de cotas.
Em suma, a percepção de justiça diante da diversidade entre as duas empresas
difere de sentido, e entende-se que elas apresentam limitações por associar a justiça a
uma busca do sentido de equidade, ou ainda, a ações que buscam oferecer acesso e
legitimidade aos grupos subrepresentados. Em nenhum dos casos, o sentido de justiça
valoriza a diversidade pelo que ela pode ensinar (THOMAS e ELY, 1996). Para esses
autores, somente quando as organizações ouvem, respeitam e aprendem com o que as
293
pessoas que compõem a diversidade têm a dizer é que podem prometer igual
oportunidade para todos.
4. Ao comprovarem parcialmente a quarta hipótese da pesquisa, os dados da pesquisa
reforçaram algumas inferências levantadas anteriormente sobre o posicionamento das
mulheres diante das práticas de diversidade. Eles revelaram que a média de indivíduos
do sexo masculino é maior do que a média de indivíduos do sexo feminino em aceitar
que as práticas de diversidade são justas quando valorizam a diversidade a partir das
diferenças dos grupos sociais. Por outro lado, a média de indivíduos do sexo feminino
considera que essas práticas são justas quando direcionadas as dimensões da equidade e
quando explicadas em razão da estratégia da empresa. Diante desses dados, abrem-se
duas indagações de perspectivas diferentes: será que as mulheres estão adotando valores
mais masculinos do que os homens nas organizações ao estarem mais preocupadas com
os negócios da empresa do que com as pessoas? Ou, será que as mulheres estão
refletindo o desejo de serem tratadas de forma “justa” de acordo com sua competência
de modo a querer mostrar sua importância para a sobrevivência da organização? São
perguntas que sugerem estudos posteriores para esclarecer melhor esse fenômeno.
Além da variável sexo, tornou-se relevante observar que as diferenças de
percepção de justiça diante das práticas de diversidade tornaram-se significativas
quando consideradas as variáveis de idade, raça, função e autopercepção como minoria
na sociedade. Quanto à idade, é importante ressaltar que a percepção de justiça foi mais
voltada para a valorização da diversidade (p < 0,045) nos indivíduos com mais de 50
anos. Seria isso um reflexo de maturidade dos indivíduos quanto à atribuição do sentido
de justiça em relação às práticas de diversidade? Essa seria uma discussão que também
merece ser tratada.
Quanto a variável raça, as diferenças significativas de percepção de justiça entre
os indivíduos tornaram-se evidentes diante dos dados que revelaram haver média maior
de respostas de indivíduos da raça amarela (amarela + indígena) que consideram as
práticas de diversidade justas quando voltadas para a estratégia. A segunda média maior
foi a dos indivíduos representantes da raça negra. Esses dados também tornam visível
haver preocupação em valorizar mais as diferenças entre as pessoas a partir do que elas
podem desempenhar, ou seja, visando aos negócios da empresa, no lugar de questões de
valorização dos indivíduos ou dos grupos sociais em si.
294
Diante da variável função, as pessoas que ocupam as posições de comando
(diretoria e superintendência) revelaram preocupação em valorizar o indivíduo, mas
desconsiderando a identidade social. Para esses indivíduos, a valorização da
diversidade, considerando-se as diferenças dos grupos sociais só é justa quando focada
nas pessoas com deficiência. Entende-se que para esses indivíduos todos devem ser
concebidos e tratados sob o mesmo patamar de igualdade. Na pesquisa qualitativa
alguns dos sujeitos entrevistados revelaram a crença de que as pessoas têm iguais
oportunidades e condições para estar nas organizações. Dessa forma, eles não
reconhecem a atitude de aceitação das concessões oferecidas pela diversidade aos
grupos subrepresentados baseada na justiça social.
Os dados referentes à autopercepção como minoria na sociedade revelam que os
indivíduos que se percebem como tal, entendem que é justo considerar as diferenças
sociais dos indivíduos, mas, tomando-se por referência, apenas as pessoas com
deficiência. O que se tem a observar é que, mais uma vez, essa preocupação está
centralizada em apenas um dos grupos de identidade social. Isso faz com que as
oportunidades no contexto organizacional sejam vistas apenas sob a responsabilidade
individual. Isso não seria um problema se vivêssemos em um país onde as diferenças
sociais não fossem significativas. Então, não seria “cruel” transferir essa
responsabilidade apenas para o indivíduo?
5. A correlação entre as dimensões de atitudes diante da diversidade e as dimensões de
valores de individualismo e de coletivismo não foi verificada nos testes realizados.
Porém, na literatura estrangeira, há estudos que constataram a interação entre valores e
atitudes dos indivíduos diante de práticas de diversidade (EDDY e BURKE, 2004;
KEMMELMEIER, 2003). Mediante isso, há duas possibilidades para que essa hipótese
não fosse corroborada. A primeira refere-se ao fato de haver uma limitação na estrutura
da escala que mensurou os valores na pesquisa, e a outra possibilidade diz respeito à
imprecisão das respostas emitidas dos sujeitos referente ao assunto.
A maioria das respostas dos indivíduos aos itens que compõem a escala de valores
revelou-se imprecisa na medida em que se localizou na faixa de concordância e
discordância parcial, dados que convergem aos obtidos por Hofstede sobre o Brasil
(1980). O único item avaliado com um nível de concordância definido fez referência ao
coletivismo. A maioria das atitudes dos indivíduos revelou-se desfavorável às
concessões oferecidas à diversidade considerando-se as diferenças dos grupos sociais.
295
Então, não seria essa uma atitude focada no individualismo? Em sendo isso uma
verdade, não houve mesmo como ter correlação entre as variáveis. Na hipótese de que
isso tenha acontecido, vale a discussão sobre o porquê da imprecisão nas respostas dos
sujeitos com relação aos valores que possuem. Será que os indivíduos não querem
assumir a importância que dão a si mesmos e a pouca importância que dão aos outros?
Será que no Brasil as pessoas querem manter uma imagem de que são solidárias,
quando na verdade não é esse o caso? Isso são apenas conjecturas, mas valeria a pena
investigá-las.
6. Os testes utilizados para verificar a correlação entre as dimensões de justiça
organizacional diante da diversidade e as dimensões de valores de individualismo e de
coletivismo revelaram que há leve correlação entre essas variáveis. Na literatura, há
estudos que revelaram a existência da relação entre percepção de justiça e valores. Chen
(1995)
descobriu
que
os
estadunidenses
preferem
à
distribuição
de
recompensas/resultados baseados na equidade. Já Murphy-Berman et al. (1984)
descobriram que a percepção de justiça baseada na necessidade prevalece na Índia onde
as pessoas são mais favoráveis a distribuição de recompensas com base no coletivo.
Pelos dados obtidos da pesquisa, não é possível fazer uma afirmação sobre a
preferência dos indivíduos quanto ao sistema de distribuição de recompensas ou
concessões quando se consideram as práticas de diversidade. O que se pode dizer é que
há uma pequena correlação da percepção de justiça sobre essas práticas no que diz
respeito às dimensões de valorização da diversidade e valorização da diversidade com
foco nas pessoas com deficiência. Talvez a argumentação anterior sobre valores também
possa valer para a discussão desses resultados.
7. Os testes utilizados para verificar a relação entre as dimensões de justiça
organizacional e as atitudes dos indivíduos diante da diversidade comprovaram
parcialmente essa relação. Diante dos resultados obtidos foi possível descobrir que há
três dimensões de percepção de justiça que não só se relacionam com as atitudes dos
indivíduos diante das concessões oferecidas à diversidade, mas também explicam a
variação das mesmas.
Dos dados obtidos torna-se importante levantar algumas discussões:
•
A primeira está relacionada ao fato de que o modelo de regressão adotado
somente explica a relação de três dimensões de percepção de justiça (a
296
baseada na valorização da diversidade, a baseada na dissolução das diferenças
e a baseada na valorização da diversidade com foco nas pessoas com
deficiência) com três das quatro dimensões de atitudes contempladas no
estudo: estigma (r2 = 0,046; p < 0,05), obtenção de ganhos (r2 = 0,230; p <
0,05) e discriminação reversa (r2 = 0,243; p < 0,05). Diante dessa constatação,
algumas questões emergiram. Por que o modelo de regressão que se utiliza
dessa percepção de justiça não explicou a variação de atitudes dos indivíduos
baseada na justiça social? Como compreender que uma dimensão de
percepção de justiça que valoriza as diferenças entre os grupos sociais não
explica as variações de atitudes dos indivíduos baseadas na justiça social?
É importante ressaltar que os dados obtidos da pesquisa revelaram uma
rejeição dos indivíduos a essa dimensão quando voltada às mulheres e as
pessoas negras. Com relação às pessoas com deficiência apresentaram apenas
uma aceitação parcial. Dessa forma, imagina-se que possa haver duas
possibilidades para explicar a não relação entre as variáveis. A primeira é que
não houve, na pesquisa, uma representatividade de respostas dos indivíduos
com relação a essa dimensão. E a segunda possibilidade é de entender que a
percepção de justiça dos indivíduos, baseada na valorização da diversidade,
reconhece as diferenças sociais dos grupos sociais em estudo, mas não
reconhecem a não igualdade de oportunidade entre eles. Neste trabalho
acredita-se que essa última possibilidade retrate melhor a realidade, mas
outros estudos serão necessários para comprovar que esse seja o caso.
•
Sob o modelo de regressão adotado, a percepção de justiça baseada na
valorização da diversidade explica as atitudes de aceitação dos indivíduos
beneficiados diante das práticas de diversidade com base na obtenção de
ganhos (ß = 0,445; p < 0,005) e as atitudes de rejeição dos indivíduos não
beneficiados com base no estigma (ß = -0,169; p < 0,005) e na discriminação
reversa (ß = -0,421; p < 0,005). Porém, ele não explica as atitudes de
aceitação dos indivíduos não beneficiados às práticas de diversidade com base
na justiça social, uma vez que, neste trabalho, essa dimensão não foi
reconhecida como uma dimensão que justifique a aceitação das práticas de
diversidade. Isso sugere que para esses indivíduos há outras explicações que
justificam a aceitação dessas práticas, no entanto, essa é uma discussão que
precisa ser levada adiante para entender melhor esse fenômeno.
297
•
Quanto à percepção de justiça baseada na dissolução das diferenças, o modelo
de regressão adotado revela que essa variável explica as atitudes de rejeição
dos indivíduos não beneficiados pelas práticas de diversidade com base no
estigma (ß = 0,171; p < 0,005) e na discriminação reversa (ß = 0,314; p <
0,005) e as atitudes de aceitação dos indivíduos beneficiados baseadas na
obtenção de ganhos (ß = -0,264; p < 0,05). Porém, ele não explica também as
atitudes de aceitação dos indivíduos não beneficiados às práticas de
diversidade com base na justiça social.
•
Quanto à percepção de justiça baseada na valorização da diversidade com foco
nas pessoas com deficiência, o modelo de regressão adotado revela que essa
variável explica apenas as atitudes de rejeição dos indivíduos não beneficiados
pelas práticas de diversidade com base na discriminação reversa (ß = - 0,145;
p <0,005). Porém ele não explica as atitudes de aceitação desses indivíduos e
nem as atitudes de rejeição e de aceitação dos indivíduos beneficiados por
essas práticas.
•
As dimensões de percepção de justiça baseada na eqüidade e na estratégia não
se correlacionaram com nenhuma das dimensões de atitudes estudadas. O
modelo de regressão também não revelou nenhum dado significante de relação
entre essas variáveis. Isso sugere que essas dimensões de justiça possam vir a
ter relação com outras atitudes não contempladas nesse trabalho. Uma
discussão sobre essa possibilidade merece ser tratada.
8. Os testes utilizados para verificar se valores de individualismo e de coletivismo
moderam a relação entre as dimensões de justiça organizacional e as dimensões de
atitudes diante da diversidade não comprovaram a hipótese oito.
No referencial teórico, alguns autores enfatizam que não há evidências de que a
variável justiça organizacional estabeleça uma relação direta com outros construtos
(NOVAKOWISK e CONLON, 2005; GILLILAND e STEINER, 2001; COLQUITT,
2001; COHEN-CHARASH, 2001; STARLLICKI, FOLGER e TESLUK, 1999;
SHODA e MISCHEL, 1993). Para eles, desenvolver um estudo da justiça
organizacional com outras variáveis implica adotar variáveis moderadoras, que podem
ser tanto relacionadas a fatores ambientais quanto a fatores individuais. No entanto,
neste estudo não foi possível corroborar nesse aspecto.
298
Alguns argumentos apresentados anteriormente para explicar a não relação dos
valores de individualismo e coletivismo com as variáveis dependentes e independentes
em estudo talvez possam explicar as razões de não ter havido a comprovação dessa
hipótese. Mas, esse resultado pode refletir a realidade em estudo. Dessa forma, cabe
discussão mais detalhada sobre o assunto e fica a sugestão para que estudos futuros
possam validar essa possibilidade.
299
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos com a pesquisa oferecem uma explicação significativa da
relação existente entre três dimensões de atitudes dos indivíduos diante da diversidade
(discriminação reversa, estigma e obtenção de ganhos) e três dimensões de percepção de
justiça (valorização da diversidade, dissolução das diferenças e valorização da
diversidade com foco nas pessoas com deficiência). Os resultados se tornam
importantes porque auxiliam a ampliar estudos voltados à diversidade e a desenvolver
modelos de gestão no ambiente organizacional. Porém, a não explicação dos mesmos
sobre as atitudes de aceitação dos indivíduos às práticas de diversidade com base na
justiça social ganhou relevância nestas considerações finais.
Nesta pesquisa, as atitudes predominantes dos indivíduos foi a de rejeição às
concessões oferecidas pelas práticas de diversidade aos grupos de mulheres e de pessoas
negras com base na discriminação reversa, embora tenha havido uma aceitação parcial
das mesmas aos grupos de pessoas com deficiência. Essa atitude de rejeição defende o
princípio da igualdade entre as pessoas e entre os grupos sociais que contradiz a busca
pela justiça social.
Atitudes com base no escopo da justiça social são justificadas pela Teoria da
Dominância Social que ressalta a existência de uma hierarquia de importância dos
grupos sociais em determinada cultura. Quando orientados por essa perspectiva, os
indivíduos exercem valores que reconhecem a não igualdade entre esses grupos e
acabam aprovando concessões aos que estão na base da hierarquia (SINADIUS et al.,
1993).
Ao defender a igualdade entre as pessoas nas organizações, a atitude de rejeição
baseada na discriminação reversa chama atenção ao final dessa pesquisa por perceber
que ela não condiz com os dados sobre a composição demográfica da realidade
empresarial brasileira.
A pesquisa sobre o perfil social, racial e de gênero realizada pelo Instituto Ethos
(2007) com as quinhentas maiores empresas do Brasil, revela que a representatividade
dos grupos sociais em estudo (o de mulheres, de pessoas negras e pessoas com
deficiência) ainda é muito baixa quando comparada com a dos homens brancos. Além
disso, há uma sub-representação desses grupos nas empresas. No quadro executivo, há
apenas 11,5% de mulheres, 3,5% de pessoas negras (pretos e pardos) e 0,4% de pessoas
300
com deficiência. No nível gerencial, as mulheres tiveram perda de espaço e passaram a
ocupar uma faixa de 24,6% contra 31% em 2005. As pessoas negras, nesse nível,
hierárquico ocupam uma posição de 17% e as pessoas com deficiência 0,38%.
Considerando-se que as mulheres e os negros constituem respectivamente 51,3% e
44,7% da população brasileira 7, nota-se uma sub-representação desses grupos nas
empresas. Com isso, fica incoerente a defesa da igualdade entre as pessoas revelada
nesta pesquisa. Se os dados que refletem a realidade afirmam que essa igualdade não
existe, o que as pessoas querem defender ao ressaltá-la? O que significa essa igualdade
no contexto organizacional?
Adams (1965), ao defender o princípio da equidade nas organizações, ressalta a
importância de considerar o mérito como critério para recompensar as pessoas diante
dos esforços depreendidos. Nesse sentido, prevalece o critério de avaliação dos
resultados apresentados como sendo comum a todos, ou seja, a igualdade de resultados.
Nada mal para quem têm as mesmas condições para oferecê-los. Mas, para quem não as
têm, seria justo?
O que se supõe nesse trabalho é que a idéia de igualdade de resultados não é a
mesma idéia de igualdade de oportunidade. Quando aplicadas à diversidade, a segunda
diz respeito ao direito de todos terem as mesmas oportunidades para oferecer resultados
similares (COX, 1991; THOMAS, 1990). Enquanto que a primeira faz menção apenas
ao que o sujeito pode agregar ou oferecer a organização, desconsiderando os seus
antecedentes (KONRAD e LINNEHAN, 1995). A defesa pela igualdade de resultados
torna-se justa em uma empresa quando se tem uma população de indivíduos que estão
sob o mesmo patamar de condições para oferecer resultados. Mas, em qual empresa isso
acontece? Provavelmente nas mais homogêneas em termos de composição demográfica.
No entanto, pelos dados anteriormente apresentados do Ethos percebe-se que esse não é
o caso.
Considerando-se as colocações anteriores, supõe-se que a defesa pela igualdade de
resultados torna-se injusta quando não se considera a igualdade de oportunidades entre
as pessoas. No entanto, entender o que significa igualdade de oportunidade é um grande
desafio que precisa ser abraçado. Nesta pesquisa, ficou evidente que ter igual
oportunidade não significa para os indivíduos considerados diversos ter o mesmo nível
social ou cultural dos considerados não diversos. Imagina-se que as esferas
7
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE)
301
educacionais, sociais e culturais são importantes para a agregação de valor ao indivíduo,
porém elas não são as únicas que precisam ser consideradas para que realmente haja a
igualdade de oportunidade. Imagina-se que as oportunidades são iguais para os
indivíduos onde é possível romper com barreiras mais ocultas, ou ainda, mais
“profundas” sobre o valor atribuído aos grupos sociais existentes na cultura do país.
Uma das falas obtidas da pesquisa qualitativa reflete o que talvez muitos não queiram
ver ou revelar:
Eu já participei de um processo seletivo onde o RH me deu um parecer
fantástico, porém quando eu fui conversar com o diretor da área... toda
aquela empolgação que a empresa demonstrou desapareceu, né... talvez
esqueceram de avisar um detalhe para ele.. que eu era negro... e eu fui
eliminado (Depoimento de uma pessoa negra).
Alves e Galeão-Silva (2004) ressaltam que não é possível empregar diretamente
um programa de gestão da diversidade no país sem que ocorra uma climatização, devido
à dificuldade histórica de identificar alguns grupos discriminados. Segundo esses
autores, o mito da democracia racial brasileira dificulta em muito o reconhecimento da
discriminação. Dessa forma, a gestão da diversidade precisa afirmar a própria existência
da discriminação para se justificar, o que a coloca em tensão com a ideologia da
democracia racial. Sem o reconhecimento da discriminação, não há como construir um
discurso de igualdade de acesso ao trabalho.
Lima e Vala (2004) também ressaltam que as pessoas, diante das pressões da
legislação anti-racista e dos princípios da igualdade e da liberdade apregoados pelas
democracias liberais, começaram a expressar seu preconceito de uma forma mais sutil e
velada. É nesse contexto que se começa a falar de “Novos Racismos” ou de “Novos
Preconceitos”. Como argumenta Essed (1991), essas novas formas de preconceito e
racismo, situam-se, sobretudo, ao nível das relações interpessoais.
Diante dos dados obtidos na pesquisa, pode-se inferir que, sob o discurso da
igualdade, pode haver falta de clareza dos indivíduos sobre o assunto, mas pode haver
também um discurso impiedoso que gera muita exclusão e faz com que as diferenças
sociais no Brasil só aumentem. Para os que acreditam que a igualdade entre as pessoas
depende apenas dos esforços individuais, as concessões oferecidas pelas organizações
para criar oportunidades para a diversidade, serão vistas como desnecessárias. Isso se
torna relevante, porque a alta freqüência de indivíduos com esse pensamento, pode ser
um grande entrave para o desenvolvimento de modelos de gestão de diversidade.
302
Dessa forma, entende-se que diante da pluralidade de diferenças existentes entre
as pessoas no Brasil há muito que fazer para existência real na igualdade de
oportunidade entre elas. Nesse sentido, as práticas organizacionais desenvolvidas em
prol da diversidade têm muita importância como alternativas para diminuir a exclusão
social e aumentar a valorização da identidade dos grupos subrepresentados. Então, em
nome de todos os que já vivenciaram de algum modo a falta de oportunidade no
ambiente organizacional, fica a expectativa para que as práticas organizacionais a favor
da diversidade sejam muito bem vindas.
8.1 Limitações
Em razão do caráter exploratório desta pesquisa e do método de amostragem não ter
sido probabilístico, os resultados encontrados limitam-se a explicar os dados referentes
às amostras. Dessa forma, entende-se que outros estudos sejam necessários para ampliar
as discussões teóricas e corroborar com os resultados encontrados.
303
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ZANNA, M.P e REMPEL, J.K. Attitudes: a new look at an old concept, in the Social
Psychology of Knowledge, New York, Cambridge University Press, p. 315-334, 1988.
316
APÊNDICE A
Prezado Sr.
Meu nome é Jamille Cavalcanti, sou professora de pós-graduação em
administração no Mackenzie e na UniFMU, e também, doutoranda em administração
pelo Mackenzie. Tomei a iniciativa de escrever-lhe pelo interesse que tenho em
conhecer não só o trabalho que a (......) vem fazendo em torno da diversidade, como
saber sobre a percepção e a atitude que os seus funcionários estão tendo diante dele.
Isso porque, sou pesquisadora do CAPES e tenho desenvolvido uma linha de estudos
que pretende ter uma melhor compreensão sobre como os trabalhadores brasileiros vêm
apreendendo os modelos de gestão de diversidade que as empresas estão desenvolvendo
na realidade brasileira. Como percebe-se o foco está no indivíduo e não na organização
em si.
Sabe-se pelos resultados de estudos empíricos realizados em outros países que não
há por parte dos indivíduos uma forma homogênea de perceber e de se posicionar em
torno das práticas de diversidade no contexto organizacional. Só que aqui no Brasil, não
sabemos quase nada a esse respeito, senão informalmente.
Para isso, desenvolvi dois instrumentos de avaliação que possibilitam
enxergarmos as percepções e atitudes dos indivíduos anteriormente citadas. Entende-se
que os resultados obtidos desses instrumentos podem contribuir para um conhecimento
sobre as possíveis resistências ao desenvolvimento da gestão de diversidade nas
organizações.
Dessa forma, gostaria de saber se existe a possibilidade de apresentar-lhe
pessoalmente esse trabalho e se há algum interesse por parte da (....) em que seja feita
uma pesquisa em nome do Instituto Presbiteriano Mackenzie (sem ônus nenhum) com
o objetivo de ampliarmos o referencial teórico sobre o assunto em questão. Para a sua
informação, as empresas participarão dessa pesquisa anonimamente, o que garante a
confidencialidade dos dados a serem obtidos e a preservação da imagem da instituição.
Agradeço desde já a atenção que possa ser dispensada e fico no aguardo de um
retorno.
Atenciosamente,
Profª. Ms. Jamille Cavalcanti
317
APÊNDICE B
Primeira versão do instrumento de atitudes diante da diversidade
Itens da Escala
Atitudes de Aceitação com base na Justiça Social
1. As práticas de diversidade devem estipular cotas para a contratação de pessoas portadoras
de deficiência porque elas não têm as mesmas oportunidades que as pessoas de outros grupos
sociais.
2. As práticas de diversidade devem favorecer negros porque eles não têm as mesmas
oportunidades que as pessoas de outros grupos sociais quando competem por emprego ou
promoções.
3. As práticas de diversidade devem privilegiar as mulheres porque elas não têm as mesmas
oportunidades quando comparadas com os homens.
4. As práticas de diversidade devem valorizar e privilegiar grupos minoritários (mulheres,
negros e pessoas portadoras de deficiência) porque eles não têm as mesmas oportunidades
sociais que outros.
Atitudes de Rejeição com base na Discriminação Reversa dos Grupos de Indivíduos
não Beneficiados pelas Práticas
5. As práticas de diversidade voltadas para as mulheres diminuem as oportunidades para os
homens.
6. As práticas de diversidade ao privilegiarem a contratação e promoção de negros diminuem
as oportunidades para os não-negros.
7. As práticas de diversidade voltadas para as pessoas portadoras de deficiência diminuem as
oportunidades de contratação para as pessoas pertencentes a outras categorias sociais.
8. As práticas de diversidade que privilegiam grupos minoritários (mulheres, negros e pessoas
portadoras de deficiência) diminuem as oportunidades aos homens brancos não deficientes de
serem contratados ou promovidos, apesar dos seus esforços ou competências.
Fonte referencial
Beaton e Tougas, 2001
Beaton e Tougas, 2001
Beaton e Tougas, 2001
Sinadius, 1993.
Beaton eTougas, 2001;
Wilson, 2006
Beaton eTougas, 2001;
Wilson, 2006
Beaton eTougas, 2001;
Wilson, 2006
Beaton eTougas, 2001;
Wilson, 2006
Atitudes de Rejeição com Base no Receio ao Estigma por Parte dos Grupos de
Indivíduos Beneficiados pelas Práticas
9. As mulheres que são favorecidas pelas práticas de diversidade são estigmatizadas como
Heilman, Block e Stathatos,
menos competentes no seu desenvolvimento de carreira.
1997
10. As pessoas negras que são privilegiadas pelas práticas de diversidade são estigmatizadas
Heilman, Block e Stathatos,
como menos qualificadas e competentes pelos grupos de pessoas não-negras.
1997
11. As pessoas portadoras de deficiência que são contratadas em empresas sob o sistema de Heilman, Block e Stathatos,
cotas são estigmatizadas como menos qualificadas e competentes.
1997
12. Os grupos de minorias (mulheres, negros e pessoas portadoras de deficiência) que recebem Heilman, Block e Stathatos,
tratamento especial dos práticas de diversidade são estigmatizados como menos competentes e 1997
têm dificuldade de ascensão profissional.
318
APÊNDICE C
ESCALA DE ATITUDES SOBRE AS PRÁTICAS DE DIVERSIDADE - EADJD
Ao responder o questionário, pense primeiramente se você é genericamente favorável ou
desfavorável em relação a cada uma das práticas de diversidade no contexto
organizacional. Feito isso, selecione a intensidade de discordância ou concordância em relação a
elas. Não há respostas certas ou erradas, o que vale é a sua avaliação. E lembre-se: todos os
campos devem ser preenchidos!
1
Discordo
totalmente
2
Discordo
3
Discordo
parcialmente
4
Concordo
parcialmente
5
Concordo
1
1
As mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens na
contratação.
2
Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para
pessoas negras.
3
As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que as
demais no desenvolvimento de carreira.
4
As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de pessoas negras.
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Deve haver práticas de diversidade que reservem vagas para
mulheres.
As pessoas com deficiência quando favorecidas no processo de
contratação são consideradas menos capazes.
As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras na contratação.
As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras no desenvolvimento de carreira
As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de mulheres.
As pessoas negras quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos
competentes.
As mulheres quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos
competentes.
As pessoas com deficiência quando recebem condições especiais para o
desenvolvimento de carreira são consideradas como menos
competentes.
As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam condições
favoráveis para o desenvolvimento de carreira para as mulheres.
14
Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis para
o desenvolvimento de carreira para as pessoas negras.
15
As pessoas com deficiência não têm as mesmas oportunidades que as
demais na contratação.
16
As pessoas negras quando favorecidas no processo de contratação são
consideradas como menos capazes.
17
Deve haver práticas de diversidade que criem condições favoráveis para
o desenvolvimento de carreira para as mulheres.
18
As práticas de diversidade são discriminatórias quando privilegiam a
contratação de pessoas com deficiência.
19
As pessoas negras não têm as mesmas oportunidades que as não
negras no desenvolvimento de carreira.
20
As práticas de diversidade são discriminatórias quando criam condições
favoráveis para o desenvolvimento de carreira para as pessoas negras.
2
6
Concordo
totalmente
3
4
5
6
319
APÊNDICE D
Primeira versão do instrumento de percepção de justiça organizacional sobre
práticas de diversidade
Componente norteador:
Itens da Escala
Fonte referencial
Justiça organizacional Distributiva sobre as Práticas de
Diversidade
Distribuição de
recompensas em prol da
diversidade
Distribuição de
recompensas em prol da
diversidade.
Distribuição de
recompensas em prol da
diversidade.
1. Os práticas de diversidade são justos quando recompensam os Adm’s, 1965;
indivíduos com base no mérito, nos esforços e nas habilidades dos
mesmos para a realização de trabalhos.
2. Os práticas de diversidade são justos quando recompensam os Lerner,1975;
indivíduos igualmente, com base no resultado do grupo e não do Schwinger, 1980
indivíduo.
3. Os programas de diversidade são justos quando recompensam os
Deutsch, 1985
indivíduos de acordo com as suas necessidades individuais.
Justiça organizacional Processual sobre as Práticas de Diversidade
Procedimentos adotados
em prol da diversidade.
4. As práticas de diversidade são justas quando adotam procedimentos
Thibaut e Walker, 1975
que dão oportunidades aos empregados de opinarem e exercerem a
voz sobre os mesmos.
Procedimentos adotados em
prol da diversidade
5. As práticas de diversidade são justas quando adotam procedimentos
Leventhal, 1980
que dão oportunidades aos empregados de recorrerem às decisões
tomadas.
Procedimentos adotados em
prol da diversidade
6. As práticas de diversidade são justas quando adotam procedimentos Tyler, 1989
decretados por gestores dignos de confiança.
Procedimentos adotados em
prol da diversidade
7. As práticas de diversidade são justas quando adotam procedimentos
Leventhal, 1980
que seguem regras consistentes, neutras e baseadas em informações
rigorosas.
Justiça Interacional diante das Práticas de Diversidade
Tratamento concedido
em prol da diversidade
Tratamento concedido
em prol da diversidade
8 As práticas de diversidade são justas quando tratam todos os
Bies e Moag, (1986)
indivíduos de forma imparcial independente de raça, gênero, idade
etc.
9: As práticas de diversidade são justos quando tratam os grupos Bies e Moag, (1986)
sociais minoritários de forma especial.
Justiça Informacional diante das Práticas de Diversidade
Explicação dada sobre a
existência das práticas de
diversidade.
Explicação dada sobre a
existência das práticas de
diversidade
Explicação dada sobre a
existência das práticas de
diversidade
10. As práticas de diversidade são justas quando se justificam em prol Scott e Lyman’s, 1968
do cumprimento de determinações legais.
Kahneman e Tversky,
11. As práticas de diversidade são justas quando se justificam em prol 1979; Bies, 1987; Bies e
dos negócios e da estratégia da empresa.
Moag, 1986; Shapiro,
1991
12. As práticas de diversidade são justos quando se justificam em prol
de uma causa social.
Bies, 1987; Bies e Moag,
1986; Shapiro, 1991
320
APÊNDICE E
Síntese do grupo foco sobre a compreensão da escala de percepção de justiça
As práticas de diversidade são justas quando:
Oferecem benefícios e privilégios que possibilitam as mulheres aos negros e as pessoas com deficiência de terem condições de
acesso e de desenvolvimento profissional de acordo com as suas necessidades.
MB3 - Como assim?
MB1 – É...Estou pensando na frase.São duas coisas diferentes...
E se agente fosse falar na condição de desenvolvimento profissional.
MB1- Que ela vai precisar mais recursos?
É, ela oferece benefícios e privilégios que possibilitariam a ter mais desenvolvimento profissional
MB2- Mas o que seriam esses benefícios e privilégios?
As práticas de diversidade são justas quando:
Dão a oportunidade aos empregados de recorrem às decisões tomadas.
MB2- Sim, concordo.
MB1- Também.
MB2- tem uma prática e ele não concorda e aí ele recorre, é isso?
As práticas de diversidade são justas quando:
São decretadas por gestores dignos de confiança.
MB4- Dignos de confiança de quem?
MB3- Dos trabalhadores?
MB¨- do chefe imediato? Se for da empresa é um crédito... fica a pergunta, será que...
MB1- pelo teor eu pensei que fosse do grupo da diversidade, né.
MB2- vai depender pra quem ele é fiel,
MB1- Deve ser ao programa né.
As práticas de diversidade são justas quando:
Os seus procedimentos seguem regras consistentes, neutras e baseadas em informações rigorosas para dar oportunidades aos
indivíduos.
MB2 -Eu devo estar com problema...
Vou repetir a frase: As práticas de diversidade são justas quando:
Tratam as pessoas com deficiência diferenciadamente.
MB1- Ah , diferenciadamente, criam essas condições que a gente tinha falado, né. Ser diferente. Criar condições para que ambos se
adaptem, né, porque eles...
MB2- Criar condições para que eles possam ser iguais, vamos dizer assim.
MB7- Vamos falar em capacitação, no caso dela ela tem um deficiente visual...
As práticas de diversidade são justas quando:
São justificadas em prol dos negócios e das estratégias da empresa.
MB2- Mas a pergunta não está focando na pessoa, né, nesse caso, ela vai ter o contrato e ela vai ter o comprometimento com o
contrato, mas aí, é fazer com que essa... o trato dessa diversidade colabore com o negócio.É isso?
Vou repetir: As práticas de diversidade são justas quando:
São justificadas em prol dos negócios e das estratégias da empresa.
MB8 – mas na verdade é o seguinte se a empresa tinha a sua estratégia na contratação e se aqui se fala em injustiça, em igualdade, a
estratégia dela de contratar uma pessoa sem essas diferenciações tem que ser a mesma pra contratar essas pessoas, então o que eu
entendi da pergunta, não sei se é isso, é que elas são justas, a empresa tem uma estratégia X, então contratar fulano que atenda a essa
estratégia, então se for partir desse princípio, é isso? Eu entendo dessa forma eu acho correta porque ela está tratando todo mundo da
mesma forma.
321
APÊNDICE F
ESCALA DE PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA SOBRE PRÁTICAS DE DIVERSIDADE - EPJD
(2ª Versão aplicada no pré-teste)
Ao responder o questionário, pense primeiramente se você genericamente concorda ou discorda
em relação a cada uma das práticas. Feito isso, assinale com um “X” a intensidade de
discordância ou concordância. Não há respostas certas ou erradas, o que vale é a sua avaliação.
Considere a definição do IBGE de auto-definição de negros como sendo pessoas pardas ou
pretas.
1
Discordo
Totalmente
2
Discordo
3
Discordo
parcialmente
4
Concordo
parcialmente
5
Concordo
As práticas de diversidade são justas quando...
1.
seus procedimentos seguem regras imparciais em relação aos indivíduos.
2.
oferecem condições especiais para o desenvolvimento das mulheres.
3.
oferecem às pessoas negras oportunidades iguais as das pessoas não negras.
4.
os indivíduos têm iguais oportunidades para o desenvolvimento de sua carreira
independente de serem mulheres, negros ou pessoas com deficiência.
os indivíduos são informados de que elas devem existem em prol de uma causa social.
os seus procedimentos adotados tiverem levado em consideração as opiniões dos
indivíduos sobre a criação dos mesmos.
oferecem às mulheres oportunidades diferenciadas na contratação.
os indivíduos são informados de que elas foram implementadas para cumprir com uma
determinação legal.
oferecem condições especiais para o desenvolvimento das pessoas com deficiência.
estimulam um relacionamento igual entre mulheres e homens.
oferecem aos grupos minoritários menos favorecidos oportunidades diferenciadas na
contratação.
as pessoas em geral, de diferentes grupos sociais, podem recorrer as decisões tomadas.
oferecem às pessoas negras oportunidades diferenciadas na contratação,
oferecem recursos diferenciados para as pessoas com deficiência com base nas suas
necessidades especificas.
estimulam um relacionamento igual entre pessoas com deficiência e as demais.
oferecem condições especiais para o desenvolvimento dos grupos minoritários em geral.
oferecem às mulheres oportunidades iguais às dos homens.
oferecem recursos diferenciados para as mulheres com base nas suas necessidades
especificas.
estimulam um relacionamento igual entre pessoas negras e não negras.
os indivíduos são recompensados com base no seu mérito, independente de serem
mulheres, negros ou pessoas com deficiência.
oferecem recursos diferenciados para os grupos minoritários menos favorecidos com base
nas suas necessidades especificas.
oferecem às pessoas com deficiência oportunidades iguais às demais.
oferecem aos grupos minoritários menos favorecidos oportunidades iguais as dos demais
estimulam um relacionamento igual entre os indivíduos independentemente de serem
mulheres, negros ou pessoas com deficiência..
oferecem às pessoas com deficiência oportunidades diferenciadas na contratação
oferecem recursos diferenciados para as pessoas negras com base nas suas necessidades
especificas.
estimulam um relacionamento igual entre grupos minoritários menos favorecidos e os
demais grupos
oferecem condições especiais para o desenvolvimento das pessoas negras.
os indivíduos são informados de que elas existem porque são estratégicas para a
sustentabilidade do negócio.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
6
Concordo
Totalmente
1 2
3
4
5
6
322
APÊNDICE G
ESCALA DE PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA SOBRE PRÁTICAS DE DIVERSIDADE - EPJD
INSTRUÇÕES
Os itens abaixo contemplam diferentes práticas de diversidade no contexto organizacional. O
quanto elas são justas para você? Pense nessa questão e selecione a intensidade de
discordância ou concordância em relação a elas. Quanto mais você concordar com os itens mais
justas as práticas de diversidade serão para você. Não há respostas certas ou erradas, o que vale é
a sua avaliação. Considere a definição do IBGE de auto-definição de negros como sendo pessoas
pardas ou pretas. Lembre-se: todos os campos devem ser preenchidos!
1
Discordo
totalmente
2
Discordo
3
Discordo
parcialmente
4
Concordo
parcialmente
As práticas de diversidade são justas quando...
1
... dão informações aos indivíduos de que elas existem em
prol de uma causa social.
2
... oferecem comitês que apóiam o desenvolvimento de
carreira das mulheres de acordo com as suas necessidades.
3
... estimulam os gestores a se relacionarem com seus
subordinados valorizando a igualdade entre mulheres,
negros, pessoas com deficiência e os demais indivíduos.
4
... ampliam oportunidades de contratação de pessoas negras.
5
... contemplam a participação das mulheres na elaboração de
procedimentos que lhes afetam direta ou indiretamente.
6
... recompensam os indivíduos exclusivamente pelo seu
desempenho na função independente de serem mulheres,
negros ou pessoas com deficiência.
7
... dão informações aos indivíduos de que elas existem por
determinação legal.
8
... oferecem as mesmas condições de desenvolvimento de
carreira para os indivíduos independente de serem mulheres,
negros ou pessoas com deficiência.
9
... estimulam os gestores a se relacionarem com seus
subordinados valorizando a igualdade entre as pessoas
negras e as não negras.
10
... ampliam as oportunidades de representatividade das
mulheres em cargos gerenciais e de direção.
11
... contemplam a possibilidade das pessoas recorrerem aos
procedimentos adotados que lhes dizem respeito.
12
... recompensam o desenvolvimento de carreira às mulheres
5
Concordo
1
2
6
Concordo
totalmente
3
4
5
6
323
13
... dão informações aos indivíduos de que elas existem para
dar oportunidades iguais a todos.
14
... oferecem oportunidades de desenvolvimento profissional para
as pessoas negras de acordo com as suas necessidades.
15
... estimulam os gestores a se relacionarem com seus
subordinados valorizando as diferenças entre homens e
mulheres.
16
... ampliam as oportunidades de representatividade das
pessoas negras nas diferentes áreas da empresas.
17
... contemplam procedimentos imparciais em relação aos
indivíduos, sejam eles mulheres, negros ou pessoas com
deficiência.
18
19
... recompensam as pessoas com deficiência proporcionalmente
aos resultados que apresentam.
... dão informações aos indivíduos de que elas existem
porque são importantes para os negócios.
... oferecem recursos especiais para atender as necessidades das
pessoas com deficiência.
... estimulam os gestores a se relacionarem com seus
21 subordinados valorizando as igualdades entre as pessoas com
deficiência e as demais.
20
22
... ampliam as oportunidades de ascensão das pessoas com
deficiência em diferentes áreas.
23
... contemplam procedimentos que considerem as
reivindicações das pessoas negras.
24
... recompensam as mulheres proporcionalmente às
responsabilidades que assumem na empresa.
25
26
... dão informações aos indivíduos de que elas existem
porque fazem parte da missão da empresa.
... oferecem vagas às pessoas com deficiência de acordo com as
suas necessidades.
27
... estimulam os gestores a se relacionarem com seus
subordinados não permitindo a existência de piadas sobre
mulheres, negros ou pessoas com deficiência.
28
... ampliam benefícios para a formação profissional das
pessoas com deficiência.
... contemplam procedimentos que acatem as opiniões das
pessoas com deficiência sobre o que lhes dizem respeito.
... recompensam as pessoas negras com diferentes
30
oportunidades de carreira de acordo com as suas competências.
29
Salvar
Limpar
Todos os campos devem ser preenchidos
324
APÊNDICE H
ESCALA DE VALORES CULTURAIS DE INDIVIDUALISMO E COLETIVISMO
(DORFMAN e HOWELL, 1988)
Ao responder o questionário pense no quanto você discorda ou concorda dos itens abaixo. Lembrese que não há respostas certas ou erradas.
1
Discordo
totalmente
2
Discordo
3
Discordo
parcialmente
4
Concordo
parcialmente
5
Concordo
1
1
2
3
4
5
6
O bem-estar coletivo é mais importante do que o bem-estar
individual.
O sucesso individual é mais importante do que o sucesso
coletivo.
Ser aceito(a) pelos membros de seu grupo é muito
importante.
Os indivíduos só devem perseguir suas metas pessoais após
considerar o bem-estar do grupo.
Os gestores devem encorajar a lealdade do grupo mesmo se isso
prejudicar metas individuais.
Espera-se que os indivíduos desistam de suas metas pessoais a
fim de beneficiar o sucesso do grupo.
Submit
Limpar
Todos os campos devem ser preenchidos
2
6
Concordo
totalmente
3
4
5
6
325
ANEXO I
Figrua ...- Correlação de Spearman das Variáveis Dependentes
326
327
ANEXO II
Correlations
1- INF
Spearman's rh1- INF
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
2- D.N. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
3 -INT
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
4 -D. I. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
5 -P. I
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
6 -D.D Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
7 - INF Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
8 -D.D Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
9 -INT.D Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
10 -D. I. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
11 -P.D Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
12 -D.E. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
13 -INF Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
1
0.
412
412
,324(**) ,210(**)
0
412
412
0
0
412
412
0
0
412
412
412
17 -P.D. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
18 -D.E. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
412
1
0.
412
412
0,069 ,440(**)
-0,045 ,180(**)
0,006
0,159
0
0,366
412
412
412
412
,135(**)
,241(**) ,255(**)
0,058 ,206(**) ,211(**)
0
0
0,24
0
0
412
412
412
412
,186(**)
0,031 ,469(**)
1
0.
412
412
412
0,049
412
0 ,150(**) ,598(**)
0,536
0
0,999
0,002
0
412
412
412
412
412
412
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
,256(**) ,401(**) ,317(**) ,530(**) ,486(**)
412
412
0
0
0
0
0,074
412
412
412
412
412
412
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
0,064 ,224(**)
-0,015 ,103(*) ,374(**) ,106(*) ,319(**) ,263(**)
0,194
0
0,761
0,036
0
0,031
0
0
0,05
412
412
412
412
412
412
412
412
412
N
Sig. (2-tailed)
N
26 -D.N. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
27 - INT.VCorrelation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
28 -D.I. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
29 - P.I. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
30 -D.E. Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
0,096 ,271(**)
1
0.
412
412
0,081 ,441(**)
0,039 ,126(*) ,363(**) ,152(**) ,375(**) ,390(**) ,148(**) ,340(**) ,401(**)
0,101
0
0,433
0,01
412
412
412
412
412
0
0,002
412
412
0,031 ,345(**) ,289(**)
-0,013 ,313(**)
0,527
0,788
0
412
412
412
0
0
412
412
0
412
0
0,003
412
412
0
412
1
0.
412
412
-0,054 ,152(**) ,341(**) ,162(**) ,112(*) ,107(*)
0,27
412
0,002
0
412
412
0,001
412
0,023
412
1
0,03 .
412
412
0,018 ,153(**) ,224(**)
0,008 ,251(**)
-0,01 ,142(**) ,197(**) ,128(**)
0,048
0,057 ,332(**)
0,015
0
0,721
0,002
0
0,877
0,84
0,004
0
0,009
0,333
0,245
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,119(*) ,218(**)
412
0
412
412
412
1
0.
412
412
0,003
0,085
0,056 ,331(**) ,593(**) ,213(**)
-0,01 ,109(*) ,417(**) ,312(**)
0,002
0
0
0
0
0,948
0,084
0,256
0
0
0
0,834
0,027
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,152(**) ,340(**) ,188(**) ,561(**) ,454(**)
0,02 ,401(**)
1
0.
412
-0,03 ,173(**) ,488(**)
-0,007 ,517(**) ,288(**)
0,03 ,336(**) ,339(**) ,391(**)
-0,068
-0,006
0,02
0
0,679
0
0,541
0
0
0,882
0
0
0,55
0
0
0
0,17
0,905
0,686 .
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,184(**)
,175(**) ,161(**) ,134(**) ,142(**) ,161(**) ,222(**)
0,088 ,153(**) ,211(**) ,161(**) ,264(**) ,374(**) ,159(**) ,219(**) ,171(**)
0,001
0,006
0,004
0,001
0
0,075
0,002
0
0,001
0
0
0,001
0
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
0
0,002
0
412
412
412
0,09 ,266(**) ,266(**) ,236(**) ,209(**) ,205(**)
0,068
0
0
0
412
412
412
412
0
412
,099(*) ,126(*) ,331(**)
0
412
1
0.
412
412
0,044
0,01
412
412
1
0.
412
412
0,042 ,223(**) ,349(**)
0,078 ,338(**) ,291(**) ,166(**) ,372(**) ,302(**) ,325(**)
0,046
0,064
0,096 ,340(**) ,313(**) ,243(**)
0,002
0
0,395
0
0
0,115
0
0
0,001
0
0
0
0,352
0,197
0,051
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,208(**) ,156(**) ,378(**)
0
0,071 ,123(*) ,179(**) ,153(**) ,184(**)
1
412
,185(**) ,196(**)
0
412
412
25 - INF. Correlation Coefficient
412
0
,266(**)
412
Sig. (2-tailed)
1
0.
412
0
412
24 -D.E. Correlation Coefficient
412
412
,197(**)
412
N
412
0,001
412
Sig. (2-tailed)
412
0
0,013
23 - P.I. Correlation Coefficient
412
1
0.
0
0,15
N
412
0
0,023
Sig. (2-tailed)
0,003
0
0,639
22 -D.I. Correlation Coefficient
412
0
0
0,17
N
1
0.
0
0,068
N
412
,319(**) ,228(**) ,340(**) ,204(**) ,360(**) ,289(**) ,164(**) ,275(**) ,354(**) ,365(**)
0,009
Sig. (2-tailed)
1
0,088 ,185(**) ,148(**) ,390(**)
0
0
21 -INT.DCorrelation Coefficient
412
0
,174(**) ,129(**)
Sig. (2-tailed)
0,027
0,581 .
0
Sig. (2-tailed)
N
412
,232(**) ,233(**) ,505(**) ,283(**) ,362(**) ,384(**) ,186(**) ,466(**)
19 -INF. Correlation Coefficient
20 -D.N. Correlation Coefficient
1
0,318 .
0
412
N
412
0
412
Sig. (2-tailed)
1
0.
,299(**) ,413(**) ,323(**) ,509(**)
0
N
412
,254(**) ,377(**) ,219(**)
0
16 -D.I. Correlation Coefficient
1
0.
,185(**) ,366(**)
Sig. (2-tailed)
6 -D.D 7 - INF 8 -D.D 9 -INT.D 10 -D. I. 11 -P.D 12 -D.E. 13 -INF 14- D.N. 15 -INT.V. 16 -D.I. 17 -P.D. 18 -D.E. 19 -INF. 20 -D.N. 21 -INT.D. 22 -D.I. 23 - P.I. 24 -D.E. 25 - INF. 26 -D.N. 27 - INT.V. 28 -D.I. 29 - P.I. 30 -D.E.
412
,339(**)
Sig. (2-tailed)
N
4 -D. I. 5 -P. I
.
14- D.N. Correlation Coefficient
15 -INT.VCorrelation Coefficient
Figrua ...- Correlação de Spearman das Variáveis Independentes
2- D.N. 3 -INT
1
,305(**) ,130(**) ,450(**) ,208(**) ,258(**) ,308(**) ,180(**) ,342(**) ,523(**) ,266(**) ,339(**) ,252(**) ,409(**)
0,063 ,174(**)
1
0.
412
412
0,008
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0,205
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,210(**) ,292(**) ,352(**) ,382(**) ,392(**) ,164(**) ,163(**) ,200(**) ,439(**) ,539(**) ,280(**) ,142(**) ,276(**) ,239(**) ,116(*)
0.
412
0
0
0
0
0,001
0,001
0
0
0
0
0,004
0
0
0,018
0
0,001
0
0,001
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
1
0.
412
-0,057 ,207(**) ,405(**) ,171(**)
0,039
0,014 ,540(**) ,272(**)
0
0
0,549
0
0
0,33
0
0,252
0
0
0
0,424
0,771
0
0
0
0,236
0
0,005
0,045
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,185(**) ,301(**)
,148(**) ,144(**) ,214(**)
0,003
412
0,003
0
412
412
,232(**) ,097(*) ,219(**)
0
0,049
412
412
0
412
-0,048 ,244(**)
412
,510(**) ,161(**) ,207(**) ,156(**) ,390(**) ,460(**)
0
412
0,03 ,465(**) ,365(**)
1
,227(**) ,372(**) ,302(**) ,221(**) ,483(**)
0
0,083 ,198(**) ,307(**)
0,046 ,238(**) ,217(**) ,153(**) ,239(**) ,476(**) ,283(**) ,164(**) ,128(**)
0,091
412
0
0
0,355
0
0
412
412
412
412
412
0,002
0
0
0
0,001
412
412
412
412
412
,513(**)
0,01
0
0
412
412
412
412
,391(**)
,165(**) ,269(**) ,492(**) ,194(**) ,327(**) ,308(**)
0,01
412
0,039 ,126(*) ,232(**) ,194(**) ,259(**) ,286(**) ,134(**) ,287(**) ,330(**) ,292(**) ,179(**) ,108(*)
0,431
-0,058 ,230(**) ,137(**) ,099(*) ,172(**)
0
0,006
0
0
0
0
0,029
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,189(**) ,221(**) ,137(**) ,165(**) ,231(**) ,179(**) ,223(**) ,110(*) ,237(**) ,249(**) ,246(**) ,183(**) ,202(**) ,371(**) ,227(**)
0,047
412
0
0
412
412
1
0.
412
412
,225(**) ,254(**)
0,001
,098(*) ,257(**) ,278(**) ,473(**) ,302(**) ,352(**)
0
412
0
412
1
0.
412
412
0
0
412
412
412
,157(**) ,111(*) ,243(**) ,167(**) ,285(**) ,306(**)
0
0,001
412
412
0.
412
412
1
,293(**) ,302(**) ,211(**) ,257(**)
0
0
0,005
0,001
0
0
0
0,025
0
0
0
0
0
0
0
0,001
0,025
0
0,001
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,255(**) ,176(**) ,341(**) ,244(**) ,211(**) ,248(**) ,165(**) ,284(**) ,442(**) ,275(**) ,269(**) ,252(**) ,299(**) ,172(**) ,204(**)
1
,214(**) ,158(**) ,361(**)
0
,243(**) ,243(**) ,244(**) ,247(**) ,321(**) ,425(**)
0.
412
,342(**) ,171(**) ,209(**) ,327(**) ,346(**)
0
0
0
0
0
0
0,001
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
,184(**) ,200(**) ,245(**) ,252(**) ,263(**) ,170(**) ,220(**) ,175(**) ,362(**) ,344(**) ,295(**) ,181(**) ,268(**) ,251(**) ,165(**)
412
,371(**) ,118(*) ,231(**) ,148(**) ,393(**) ,420(**)
0
0
0
0
0,001
0
0
0
0
0
0
0
0
0,001
0
0,016
0
0,003
0
0
0
0
0
0,001
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
0
412
0
0
0,005
0
0
412
412
412
412
412
0
412
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
0
0
412
412
0,004
412
,230(**) ,150(**) ,240(**) ,303(**) ,282(**) ,174(**) ,135(**) ,152(**) ,285(**) ,240(**) ,194(**) ,251(**) ,170(**) ,253(**) ,154(**)
,271(**) ,212(**) ,287(**) ,190(**) ,416(**) ,404(**)
0
412
0
0
412
412
412
1
,526(**) ,332(**) ,250(**) ,170(**) ,461(**) ,451(**)
0
412
,254(**) ,182(**) ,285(**) ,139(**) ,271(**) ,201(**) ,176(**) ,185(**) ,328(**) ,269(**) ,327(**) ,323(**) ,279(**) ,215(**) ,143(**)
1
0.
412
0.
412
,449(**) ,301(**) ,329(**) ,305(**) ,404(**) ,391(**)
0
0
0
412
412
412
,310(**) ,169(**) ,377(**) ,131(**) ,206(**) ,314(**)
412
,629(**)
0
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
412
,283(**) ,347(**) ,405(**) ,177(**) ,209(**) ,281(**)
412
0,002
0
0
0
0
0,006
0,002
0
0
0
0
0,001
0
0,002
0
0,001
0
0,008
0
0
0
0
0
0
0
0
0
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
412
Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
*
Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
412
,390(**) ,368(**)
0
**
1
0.
1
0.
412
412
328
ANEXO III
Gráficos de dispersão das dimensões da variável estigma versus as dimensões de
percepção de justiça diante das práticas de diversidade
Estigma e Valorização da diversidade
Estigma e dissolução das diferenças
Estigma e equidade
Estigma e valorização da diversidade com
foco nas pessoas com deficiência
Estigma e estratégia
329
Pelos gráficos obtidos nenhum padrão
não-linear é mostrado, atendendo assim a
suposição de linearidade da variável
estigma diante de cada uma das variáveis
independentes.
ANEXO IV
Gráficos de dispersão das dimensões da variável justiça social versus as dimensões de
percepção de justiça diante das práticas de diversidade
Justiça social e valorização da diversidade
Justiça social e equidade
Justiça social e estratégia
Justiça social e dissolução das diferenças
Justiça social e valorização da diversidade
com foco nas pessoas com deficiência
330
Pelos gráficos obtidos nenhum padrão nãolinear é mostrado, atendendo assim a
suposição de linearidade da variável justiça
social diante de cada uma das variáveis
independentes.
ANEXO V
Gráficos de dispersão das dimensões da variável obtenção de ganhos versus as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade
Obtenção de ganhos e valorização da
diversidade
Obtenção de ganhos e dissolução das
diferenças
Obtenção de ganhos e equidade
Obtenção de ganhos e valorização da
diversidade com foco nas pessoas com
deficiência
331
Obtenção de ganhos e estratégia
Pelos gráficos obtidos nenhum padrão
não-linear é mostrado, atendendo assim
a suposição de linearidade da variável
obtenção de ganhos diante de cada uma
das variáveis independentes.
ANEXO VI
Gráficos de dispersão das dimensões da variável discriminação reversa versus as
dimensões de percepção de justiça diante das práticas de diversidade
Discriminação reversa e valorização da
diversidade
Discriminação reversa e dissolução das
diferenças
Discriminação reversa e equidade
Discriminação reversa e valorização da
diversidade com foco nas pessoas com
deficiência
332
Discriminação reversa e estratégia
Pelos gráficos obtidos nenhum padrão
não-linear é mostrado, atendendo assim
a suposição de linearidade da variável
discriminação reversa diante de cada
uma das variáveis independentes.