O planeta da Comunidade POR

Transcrição

O planeta da Comunidade POR
Preparado pelo grupo de Trabalho Integridade da Criação, da
Comissão de Justiça, Paz e Integridade da Criação(JPIC),
da União das Superioras Gerais das Religiosas (UISG) e
Religiosos (USG), Roma.
http://jpicformation.wikispaces.com/EN_creation
Comissão JPIC, USG/UISG – [email protected]
CONTEÚDOS
Introdução
5
CAPÍTULO 1
Ver
Mudança Climática
Biodiversidade
Consumo de Óleo
Água
Organismos Geneticamente Modificados (GMO)
7
9
10
12
13
CAPÍTULO 2
Julgar
Uma Perspectiva Teológica
Ecologia na Bíblia
Uma Perspectiva Ética
Eco-Espiritualidade
17
20
24
23
CAPÍTULO 3
Agir
Introdução
Semana 1 ou Mês 1
Semana 2 ou Mês 2
Semana 3 ou Mês 3
Semana 4 ou Mês 4
Semana 5 ou Mês 5
Semana 6 ou Mês 6
Semana 7 ou Mês 7
Oração
CAPÍTULO 4
Avaliação
27
28
28
29
30
30
31
32
33
37
CAPÍTULO 5
Recursos
Institutos Religiosos – Integridade da Criação Web sites
39
NTRODUÇÃO
Quando o Papa Paulo VI estabeleceu a Comissão Pontifical para a Justiça e a Paz em
1967, ele não incluiu a Integridade da Criação como parte do título. Do ponto de
vista do envolvimento da Igreja no mundo, o foco da comissão e, realmente, muitos
dos documentos do Vaticano II foram, e, em muitos aspectos ainda são, Justiça Social.
Isso permaneceu até que João Paulo II incluiu o meio ambiente, em 1990, na sua
mensagem para o Dia Mundial da Paz, Paz com Deus, com o Criador, Paz com toda a
Criação.1 Essa mensagem sinalizou o despertar da Igreja Católica para os perigos da
crise ambiental para todas as formas de vida e o reconhecimento das causas
subjacentes da crise ambiental como “espiritual e moral,” tornando-se dessa forma,
uma questão de “fé.” O Papa Bento lamentou a falta de atenção dos teólogos
modernos para o valor do mundo criado. Ele disse que a raça humana deve escutar a
voz da Terra ou correrá o risco de destruir a própria existência.2 Influenciados pela
1. Papa João Paulo II, Paz com Deus, o Criador, Paz com toda a Criação, 1º de janeiro de 1990 no:
www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/peace/documents/hf_jp-ii_mes_19891208_xxiii-world-dayforpeace_en.html
2. Papa Bento XVI, Encontro com o Clero das Dioceses de Belluno-Feltre e Treviso, Itália, 24 de julho de 2007 no:
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2007/july/documents/hf_ben-xvi_spe_20070724_clerocadore_en.html
5
NTRODUÇÃO
decisão do Conselho Mundial de Igrejas, em 1983, para destacar a “Integridade da
Criação,”3 muitas instituições religiosas acrescentaram esse foco nas suas agendas e
deram um nome novo à Comissão Pontifical: “Justiça, Paz e Integridade da Criação.”
Um grupo de trabalho inter-congregacional sobre Integridade da Criação, em Roma,
publicou dois livretos, alguns anos atrás, um sobre mudança climática e o segundo
sobre a água.4 O sucesso dessas publicações populares, mas abrangentes, traduzidas
para muitas línguas, deu à luz a esse livreto, destinado a prover recursos adicionais
sobre o meio ambiente, para o ambiente religioso.
A primeira parte (Seção Ver) do mesmo, traz uma visão geral sobre o estado do
planeta, limitado a cinco questões; o segundo (Seção Julgar) apresenta reflexões
teológicas, bíblicas e éticas; a parte final (Seção Agir) oferecerá uma série de sugestões
práticas para a mudança pessoal e comunitária e de um trabalho adequado ao sistema
legal nacional e internacional que assegura um futuro sustentável para a Comunidade
Terra.
Finalmente, o livreto oferece recursos, relato de experiências, momento de oração e
algumas perguntas para você e sua comunidade avaliarem o seu progresso.
Esse livreto é geral e não extensivo à comunidade global de leitores. Entretanto,
encorajamos você a particularizar a reflexão para envolver suas circunstâncias e adaptála aos desafios mais urgentes de sua região ou país. Cada instituto religioso é
encorajado a acrescentar mais reflexões destacando a dimensão ecológica do seu
carisma.
3. D. Preman Niles, Dicionário Ecumênico “Justiça, Paz e Integridade da Criação.” no:
http://www.wcc-coe.org/wcc/who/dictionary-article11.html
4. Recursos Ambientais, incluindo mudança climática e água: http://www.ofm-jpic.org/ecology/index.html
6
1
CAPÍTULO 1: VER
Apresentaremos, agora, cinco reflexões breves sobre questões específicas de interesse
ambiental: Mudança Climática, Diversidade Biológica, Consumo de Combustível,
Água e Organismos Geneticamente Modificados.
MUDANÇA CLIMÁTICA
O consenso esmagador da opinião científica é que o aumento da emissão de gases
efeito estufa, na atmosfera, é o fenômeno potencial mais perigoso para a continuação
da vida, como a conhecemos, no planeta Terra. De acordo com o 4º Relatório de
Avaliação feito pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC)5 em
2007, mostra que os gases efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono, foi a
causa dominante do aquecimento global observada nos últimos 50 anos. É provável
(90% de probabilidade) que a maioria dessas emissões aumente, agora mais altos do
que em qualquer tempo, nos últimos 650.000 anos, e o subseqüente aquecimento nas
partes mais baixas da atmosfera é atribuída à atividade humana.
5. Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, IV Relatório, no site http://www.mnp.nl/ipcc/pages_media/ar4.html
7
CAPÍTULO 1: VER
A Estrutura da Convenção das NAÇÕES UNIDAS sobre Mudança
Climática (UNFCCC)
A Estrutura da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática foi
adotada na Conferência do Rio, em 1992, e foi colocada em ação em 1994.
Sua provisão-chave tinha como meta estabilizar a mudança climática em nível
seguro. O Protocolo de Kyoto UNFCC (contendo o compromisso da redução
da emissão para 37 países desenvolvidos) foi adotada em 1997 e posta em
prática em 2005, mas sem a participação dos EUA.
A China ultrapassou os EUA em 2006, liderando a emissão de C02. O Grupo
parceiro do Contrato da UNFCC realizou quatorze conferências desde 1995.
O grupo de contrato de Protocolo realizou quatro desde 2005.
Enquanto o Protocolo quer atingir uma redução de 5.2% na emissão de
Gases Efeito Estufa, abaixo do nível de 1990, até 2012, a 13ª Conferência dos
Grupos (COP) em Bali (Dezembro 2007), reconheceu que as descobertas
científicas mais recentes requereram uma atividade de maior abrangência.
Esse novo enfoque deve assegurar profundos cortes na emissão de gases até
2050, para níveis compatíveis com a limitação do aumento de temperaturas
globais, acima do nível pré-industrial, evitando as grandes e incontroláveis
mudanças no clima. Deve assegurar, também, que os impactos da mudança
climática sobre os países em desenvolvimento já ‘feitos’ pelas emissões
passadas, sejam enfrentadas o mais rápido possível, de forma preventiva
(Adaptação). O ‘Plano de Ação de Bali’ é a base para as negociações
permanentes da UNFCC, visando chegar a um acordo na 15ª COP, em
Copenhague, em dezembro de 2009.
Por que devemos preocupar-nos?
• De acordo com o Relatório de Avaliação do 4º IPCC, existe a probabilidade
de que a atividade humana é responsável por 90% do ritmo sem precedente
do aquecimento global. Está previsto um aumento na média global da
temperatura de 1.4°C a 6.4°C até 2100.
• Os três anos mais quentes registrados ocorreram todos desde 1998.6 O ano de
2007, empatando com 1998, registrado como o segundo mais quente do
século.7 O planeta Terra nunca, provavelmente, aqueceu tão rápido como nos
últimos 30 anos.8
• Em 2005, oceanógrafos relataram uma brusca e chocante baixa nas correntes
do Atlântico Norte, parte crítica para o vasto sistema de circulação que
influencia as temperaturas e o tempo em todo o mundo.9
6. Will Knight, ‘Primeiro trimestre de 2002 é o “Mais quente de um milênio”’, Novo Cientista, 26 de abril de 2002 no site:
http://www.newscientist.com/article/dn2225
7. Os anos mais quentes de acordo com a NASA são como seguem: 2005, 1998/2007, 2002, 2003, 2006, 2004 no site:
http://www.nasa.gov/topics/earth/features/earth_temp.html
http://www.nasa.gov/vision/earth/environment/2005_warmest.html
8. Novo Cientista no site http://www.newscientist.com/channel/earth/climate-change
9. Stephen Battersby, “Mudança Climática: A grande repressão do Atlântico,” Novo Cientista, 15 de abril de 2006
8
CAPÍTULO 1: VER
• As geleiras estão desaparecendo e
diminuindo, às vezes, dramaticamente. A
maior geleira do Monte Kenya diminuiu
mais do que 90%,10 enquanto a acelerada
dissolução das geleiras do Himalaya e dos
Andes colocará a segurança de alimento de
centenas de milhões de pessoas em risco.
• Os níveis do mar podem subir entre 18 a
59 cm nesse século, causando um típico
aumento de volume da água em torno de
30 metros.11
• A mudança climática exacerbará o
racionamento da água, aumentará o número de espécies em extinção, reduzirá
a produção de safras, aumentará o número de pessoas e refugiados
internamente deslocados, impactará, negativamente, o crescimento do
Produto Interno Bruto (GDP) de muitos países em desenvolvimento e terá
um efeito desproporcional nos povos pobres em todo lugar, incluindo os
pobres em nações desenvolvidas.12
DIVERSIDADE BIOLÓGICA
A biodiversidade é para a vida – a extinção é para sempre!13
Na Conferência da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro, os líderes mundiais
concordaram sobre uma estratégia compreensiva para o “desenvolvimento
sustentável” isto é, ir ao encontro de nossas necessidades, assegurando deixarmos um
mundo saudável e viável para as gerações futuras. Um dos pontos-chave de
concordância adotado foi a Convenção sobre Diversidade Biológica. Mais de 170
países integram o grupo da Convenção e concordaram em reduzir, significativamente,
a perda da biodiversidade até 2010. A Convenção estabelece três objetivos principais:
a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável de seus componentes e a
partilha justa e equitativa dos benefícios no uso dos recursos genéticos.14
Há, possivelmente, tanto quanto de 10 a 100 milhões de formas de vida distintas, ou
espécies no nosso planeta.15 Um palpite afirma que a perda atual global é de 1000 espécies
por ano, com uma previsão de que possa aumentar para 10.000 por ano em pouco tempo.16
10. Leslie Allen, “Será que o Tuvalu vai desaparecer perto do mar?” 1º de agosto de 2004 no site
http://www.smithsonianmag.com/travel/tuvalu.html
11. Relatório IPCC.
12. Ibid.
13. 10 passos simples para interromper a perda da biodiversidade no site:
http://www.env-health.org/IMG/pdf/Green_10_biodiversity_May2006.pdf
14. Convenção das NAÇÕES UNIDAS sobre Diversidade Biológica: http://www.biodiv.org/default.shtml
15. E. O. Wilson, A Diversidade da Vida (NY: Penguin Books, 1992), p.124
16. Relatório das NAÇÕES UNIDAS: Prognóstico da Diversidade Global 2 (resumo à disposição em Francês, Espanhol,
Inglês, Chinês e Russo) no site http://www.biodiv.org/gbo2/default.shtml
9
MM
CAPÍTULO 1: VER
De acordo com 19 especialistas mundiais em biodiversidade; isso representaria de 100 a
1000 vezes mais rápido do que a extinção de origem natural.17 A extinção de uma espécie
tem efeito de perda de, pelo menos 16 outras espécies.18 Entre as razões principais da perda
de espécies estão: mudança climática, superexploração, destruição do habitat, a invasão
deliberada (humana) e a introdução ou invasão espontânea de espécies estranhas.
Porque devemos preocupar-nos?
A rica biodiversidade é um ingrediente essencial para a teia da vida. Age como um
absorvente de choque para lidar com as múltiplas mudanças, algumas das quais são
naturais, mas, no presente, cada vez mais induzidas pela humanidade. A perda de
espécies enfraquece os sistemas naturais e sua habilidade de lidar com a mudança
inexperada. O que quer que atinja a integridade de uma espécie, fundamentalmente,
atingirá todas as espécies, incluindo os humanos.
As florestas tropicais estão entre as áreas mundiais mais ricas em biodiversidade. As
florestas são para a terra o que os recifes de corais são para os oceanos (com corais
sendo importantes para 25% de pesca em muitos países pobres). Ambos estão sob
ameaça. Além disso, as florestas tropicais e as temperadas atuam como ‘tanques’ parao
dióxido de carbono atmosférico – mas no momento, o desmatamento e a degradação
das florestas, geram, de fato, pelo menos 15% das emissões globais de CO2. É
estimado que há 75.000 plantas comestíveis no mundo, onde a maioria é encontrada
nas florestas tropicais; ainda assim, a vasta maioria dos humanos são dependentes de
somente 200 espécies de plantas e animais.19 Milhares de plantas têm potencial para
curas futuras de um grande número de doenças, e assim, menos de 1% das 250.000
plantas tropicais, muitas das quais, agora ameaçadas, foram escaneadas por seu
potencial farmacêutico.20 Talvez 50% das 150 drogas mais prescritas, com um valor
econômico de U.S. $80 bilhões de dólares são derivados de plantas silvestres.21 Um
artigo da revista Times de 2000 levantou a seguinte questão: ‘Quanto tempo a Terra
será um lugar hospitaleiro para a humanidade quando não há mais um lugar
apropriado para nossos parentes?’
CONSUMO DE ÓLEO
Apesar dos repetidos alertas de que “estamos embarcando no começo dos últimos dias
da era do óleo,”22 a maioria das pessoas parece pensar que existe suficiente combustível
natural para suprir o cenário “dos negócios como era”. Durante poucos anos, os preços
do petróleo atingiram $145 dólares por barril, em julho de 2008, embora caiu para
$58, em novembro do mesmo ano, com previsões de que o preço em geral em
projeção tenderá a subir. O consumo atual mundial de petróleo está em torno de 80
17. Steve Connor, “A Terra Enfrenta ‘Perdas catastróficas de espécies’,” The Independent, 20 de julho de 2006.
18. Sean Mc Donagh, A Morte da Vida (Dublin: Columba Press, 2004), p. 19.
19. Mc Donagh, A Morte da Vida, p. 23
20. Tim Radford, “As espécies lutam quando os humanos retiram os recursos,” The Guardian, 2 de agosto de 2002, p.7.
21. Mc Donagh, A Morte da Vida, p. 25.
22. Mike Bowling, Presidente e CEO, ARCO (1999) citado em Richard Heinberg, A Festa Acabou, Guerra do Óleo e Queda
das Sociedades Industriais (Wiltshire: Cromwell Press Limited, 2003), p. 81.
10
CAPÍTULO 1: VER
milhões de barris por dia e está previsto para aumentar em
2.5% por ano para 100 milhões de barris por dia, em 2010.23
Entretanto, muitos acreditam que já consumimos a metade do
óleo disponível no mundo e teremos consumido metade da
reserva de gás nos próximos anos.24 Outros prevêem que o
‘consumo de óleo’ será atingido em 2010 – quando a produção
anual ultrapassará novas descobertas anuais de reservas. Com
as demandas crescentes da Índia e da China, e a queda do
produto, é fácil entender porque haverá cortes muito rápidos.
O petróleo convencional25 provê 95% de todo o petróleo
produzido até agora. A produção atingiu o seu ponto no
Oriente Médio em 1997 e está agora em declínio.26
Porque devemos preocupar-nos?
MM
Sim, há muitos outros recursos alternativos (hidrocarbonatos não convencionais – e
alguns questionáveis, tais como Betume em areia de alcatrão e Oronoco óleo extra
pesado, como também óleo de xisto, carvão e energia nuclear), e uma sofisticação
crescente em recursos de energias renováveis, tais como vento, solar, biomassa, biogás,
geotermas, ondas do oceano, força marítima, etc. Entretanto, nenhuma dessas provê
a mesma concentração da energia necessária especialmente para transporte, da qual a
ordem econômica global atual depende.
A crise do combustível natural disponível forçará o repensar da produção de alimentos
e a forma de como organizamos nossas comunidades. A agricultura intensiva
dependente de fertilizantes de combustíveis fósseis, é insustentável. Dois terços da
terra produtiva foram degradados nos últimos cinqüenta anos.27 A ineficiência da
agricultura moderna converte a luz solar do combustível natural em alimento. Isso
leva em torno de 10 calorias de combustível natural, na forma de fertilizantes,
pesticidas e máquinas potentes para produzir uma caloria de alimento.28
O fenomenal aumento da população mundial parece estar paralelo com a descoberta
e a produção de petróleo e de gás. Se esse é o caso, o que podemos esperar que
aconteça à população mundial quando o petróleo e o gás se tornarem escassos?
23. Jay Hanson, “Sinopse da Energia,” 8 de março de 2001 no site http://www.dieoff.org
24. Colin Cambell, “Quando a produção de óleo e gás mundial será comsumida?” em Antes que as Fontes Sequem (Dublin:
Lilliput Press, 2003, pp. 30-36.
25. Óleo extraído da fonte tradicional do método.
26. Colin Cambell, “Consumo de Óleo: Um Olhar para Fora no Óleo Bruto” [online], Outubro 2000, no site
www.mbendi.co.za/indy/oilg/p005.htm
27. Alimento, Terra, População e a Economia dos EU, Resumo Executivo, Pimentel, David e Giampietro, Mario.
Rede de Capacidade de Manutenção, 11/21/1994. no site: http://www.dieoff.com/page40.htm em Dale Allen Pfeiffer, O
Fim do Óleo (Clarkston: Produção de Artistas Frustrados, 2003), pp. 179.
28. Richard Manning, “O Óleo Que Comemos” no site http://www.harpers.org/TheOilWeEat.html Nota: Desde que
terminou a terra arável, comida é óleo. Toda caloria que comemos é assada pelo menos por uma caloria de óleo, mais
parecido a dez.
11
CAPÍTULO 1: VER
A maioria dos países são dependentes de petróleo e da importação de gás para seu
fornecimento de energia. A crise no fornecimento terá impactos negativos em cada
aspecto da vida. Mesmo assim, relativamente pequenas quantidades de recursos
financeiros governamentais foram dedicados à pesquisa e à produção de recursos de
energia alternativa, em particular pelos setores que lideram o uso do combustível
natural – produção de eletricidade e transporte rodoviário/marítimo/aéreo.
ÁGUA
Podemos fazer sem a maioria das coisas, mas sem água, podemos fazer somente por
pouco tempo. Sem água, a vida é insustentável. Há energia alternativa e estoque de
alimentos, mas nada substitui a água. Guerras no século 21 serão feitas pela água.29
JL
Corporações Transnacionais (TNCs), apoiadas por
agências internacionais de empréstimo, estão tentando
convencer os governantes em relação à água como
comodidade e confiar a gestão de provisões ao setor
privado, ao invés do setor público. Entretanto, a Igreja
Católica considera o acesso à água como direito humano.30
Entre 1990 e 2002, os lucros do Vivendi/Veolia
aumentaram de $5 para $12 bilhões.31 Por um lado, a
revista Forbes estima que o mercado da água é uma
indústria de $545 bilhões por ano;32 por outro lado, um
especialista acredita que, justamente $10 a $20 bilhões
poderiam percorrer um longo caminho para resolver os
problemas de água do mundo, desde que o dinheiro fosse
gasto em projetos de base comunitária e não em
barragens.33 Entre 40 e 80 milhões de pessoas foram deslocadas por projetos de
barragens no século vinte.34
Porque devemos preocupar-nos?
Quase 98% da água do planeta Terra é água salgada. De cada cem litros de água,
menos do que a metade de uma colher de chá é água fresca, disponível para o uso
humano.35
O uso da água cresceu duas vezes a proporção do crescimento da população, durante
o último século, deixando cada vez mais áreas cronicamente com pouca água. Até
29. Ismael Serageldin, Vice Presidente do Banco Mundial. Referência em Sean Mc Donagh, Morrendo por Água (Dublin:
Veritas, 2003), p.25.
30. Arcebispo R. Martino, “Água, elemento essencial à vida.” Referência em Mc Donagh, Morrendo por Água, p.48.
31. Centro para Integridade Pública, www.icij.org/dtaweb/water, “Cólera e a era dos Barões de Água,”1º de abril de 2003.
32. Mc Donagh, Morrendo por Água, p.44.
33. Peter Gleick, “Prioridades de Gastos de Água Mundial Equivocados,” www.pacinst.org/reports/basic_water_needs/ and A
Água do Mundo 2004-2005 no site http://www.worldwater.org/2004-2005.html
34. Patrick McCully, “Grandes represas, grandes problemas,” New Internationalist, Março (2003), 14.
35. Veja publicação prévia, Água para a Vida, no site http://www.ofm-jpic.org/aqua/index.html
12
CAPÍTULO 1: VER
2025, 1800 milhões de pessoas viverão em países ou regiões com absoluto
racionamento de água, e dois terços da população mundial poderão estar sob
condições de stress.36 À luz dessa projeção, é muito improvável que os Objetivos do
Desenvolvimento do Milênio (MDGs), de reduzir pela metade a proporção de
pessoas sem acesso à água potável até 2015, e parar com a exploração de recursos de
água insustentáveis, serão atingidos.37
Hoje, mais de um bilhão de pessoas não têm água para beber e um bilhão e meio
vivem sem acesso a sistemas de saneamento básico.38 Uma estimativa de 14 a 30 mil
pessoas morrem a cada dia de doenças relacionadas à água e que poderiam ser
evitadas.39 Conforme as atuais tendências das UNe, até 2025 dois terços da população
mundial, sem mencionar nossos parentes – outras espécies – estarão vivendo com
sérios problemas de racionamento de água ou quase sem água.40 Doenças de água
desde o nascimento são responsáveis por 80% das doenças e mortes em países pobres.
Como resultado, dois milhões de pessoas por ano, a maioria na África, morrem,
desnecessariamente, por água contaminada.41
ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (GMOs)
“A engenharia genética é muito diferente, muito poderosa e digna de grande
precaução.”42 Para melhor ou pior, os próximos cem anos parecem ser “o século da
biotécnica.” As guerras do século 21 podem ser feitas não somente pela água, mas
também sobre o controle de conjuntos de genes. Os genes serão o material primário
cru do século vindouro justamente como eram o petróleo, os metais e os minerais nas
eras colonial e industrial.
O termo organismo geneticamente modificado (GE) “refere-se a organismos (plantas,
bactéria e mesmo mamíferos) produzidos pela inserção de uma seqüência de DNA
estranho ao núcleo do organismo receptor. O novo DNA então torna-se parte do
recipiente do genoma, e o agora recipiente modificado, produz uma proteína
totalmente nova [a construção de blocos de vida] no receptor. Alimentos
geneticamente modificados representam uma subcategoria de GMOs visto que são
plantas que crescem modificadas para o consumo humano direto.”43 A tecnologia
‘transgênica’ usada em alguns GMOs envolve a inserção de DNA de espécies
diferentes (p.e., DNA de peixe inserido em um genoma vegetal.) A tecnologia GMO
é aplicada também para desenvolver espécies modificadas de árvores.
36. NAÇÕES UNIDAS - Iniciativa Temática de Água: “Lidando com o Racionamento da Água ” no site
ftp://ftp.fao.org/agl/aglw/docs/waterscarcity.pdf
37. Nações Unidas: Década Internacional para Ação, Água para a Vida, 2005-2015,
http://www.un.org/waterforlifedecade/
38. UNDP, Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, no site www.undp.org/mdg/
39. UN Press release, Ano da Água 2003: Ano Internacional quer galvanizar a ação em problemas críticos de água.
Publicado pelo Departamento das Nações Unidas de Informação Pública. DPI/2293A. Dezembro 2002.
40. UNESCO, Courtier, Fevereiro 1999.
41. Paul Brown, “Falha em lidar com água mata dois milhões por ano – UN,” Guardian, 11 de abril de 2002.
42. Relatório 2000 pelo PANNA e E.U. Grupo de Pesquisa de Interesse Público no site:
http://www.panna.org/resources/documents/weirdScience.dv.html
43. Genética! Onde estamos como Cristãos? Capítulo 6, “Organismos Geneticamente Modificados,” website da Igreja Luterana no
http://www.elca.org/DCS/genetics.study.html
13
CAPÍTULO 1: VER
Há muitas técnicas disponíveis e todas elas são “imprecisas, ineficientes e
potencialmente perigosas,” de acordo com um artigo publicado no O Ecologista.44
O valor global da indústria biotecnológica é agora estimado em $17 bilhões de
dólares, com mais de 1300 firmas envolvidas, como no ano 2000.45 Muitas dessas
companhias são nomes conhecidos, tais como Monsanto, DuPont, Novartis (agora
parte da Syngenta), Dow e Aventis. Num artigo do New York Times, Frank Rich
explicou que as corporações são economicamente mais poderosas do que muitos
governos e, por isso, não tem necessidade de temer, porém, independente de
regulamentação de qualquer nível.46
Por que devemos preocupar-nos?
Algumas das questões que causam preocupação à saúde humana são: alergias, toxinas,
resistência a antibióticos e nutrição. Muitos acreditam que é praticamente impossível
imaginar um procedimento de teste para avaliar os efeitos de alimentos modificados
geneticamente para a saúde.47 Também parece ser praticamente impossível impedir
que o pólen de cultivos transgênicos contaminem a produção convencional –
quaisquer que sejam as disposições de ‘separação da produção’.
Em nível mundial, em torno de 1.4 bilhões de agricultores salvam as sementes.48 As
genéticas das produções tem sido cuidada pelos agricultores por 10.000 anos. O
controle das sementes implica no controle dos agricultores. As patentes de sementes
criam um contexto de controle total sobre o setor da semente, e desde já, sobre o
alimento e a segurança agrícola. Sete anos depois que o soja geneticamente
modificado foi introduzido na Argentina, os oponentes alegam que é uma bactéria
que danifica o solo e permite a resistência do herbicida para os inços crescerem
descontroladamente.49
A Monsanto diz que alimentos GM são a resposta para a provisão de alimento para
a população mundial crescente. Com 100 milhões de acres de plantações
geneticamente modificadas, eles ainda deverão fazer algo para inverter a fome
mundial. Pode ser que haverá mais alimento, mas que ele não estará disponível aos
pobres do mundo. De fato, muito desse alimento extra está sendo usado como
alimento para produzir carne ao mundo desenvolvido.50
De acordo com o Greenpeace Internacional, a tecnologia terminante ou as “sementes
suicidas” (as sementes geneticamente modificadas não se reproduzem por si mesmas)
44. Citado em Mc Donagh, Patenteando Vida? Stop, p.74.
45. Citado em Donna Dickenson, “Consenso, Comodificação e Partilha de Benefícios na Pesquisa Genética,” Desenvolvendo a
Bioética Mundial, Volume 4 Número 2004, p.109.
46. Frank Rich, “Todos os Presidentes Enron’s,” The New York Times, 6 de junho de 2002.
47. Alex Jack, Imagine um Mundo sem Borboletas Monárquicas (Becket, MA: One Peaceful World Press, 2000).
48. Fundação do Desenvolvimento Rural Internacional News release, “Sementes Suicidas em Procura Rápida,” 25 de fevereiro
de 2000, disponível no site http://www.rafi.org
49. Paul Brown, “‘Milagre’ da soja GM aparece amarga na Argentina,” The Guardian, 16 de abril de 2004.
50. John Robbins, “Os Alimentos Alterados Geneticamente são a Resposta para a Fome do Mundo?” Earth Island Institute,
Winter 2001-2002, Vol. 16, No. 4.
14
CAPÍTULO 1: VER
assume um risco massivo com a provisão de alimento, coloca os agricultores pobres
num relacionamento perto da servitude com os vendedores de sementes, e beneficia
somente as corporações multinacionais como a Monsanto que a promove.51 Além
disso, as sementes geneticamente modificadas são sementes negociadas com o ‘pacote’
de fertilizantes e pesticidas relacionados. O peso financeiro de tais ‘pacotes’ ultrapassa
os meios ou o acesso ao crédito, da maioria dos pequenos agricultores do mundo em
desenvolvimento cuja sobrevivência seria assim extinta se as sementes geneticamente
modificadas se tornassem ‘norma’. Em 1980, a Corte Suprema dos EU regulamentou
que os produtos vivos podem ser vistos como “invenções humanas”.52
A Rede Ecológica de um Instituto Religioso
Em 2002, os Irmãos Lassalistas deram um passo radical na sua nova autocompreensão e na sua missão. Eles começaram a centrar-se sobre o que os
seus corações estavam dizendo. Expressaram isso como “O Coração de Ser
Irmão”…e descobriram uma paixão pela justiça social. Eles ouviram o clamor
da Terra pedindo cura e regeneração. Isso estava tangivelmente presente na
história do Estatuto da Terra que eles aprovaram. Eco-Justiça é o trabalho dos
Irmãos e a ampla Rede Edmund Rice para implementar o Estatuto da Terra
nas suas comunidades, apostolados e províncias, e testemunhar sua ecoespiritualidade.
Vá para: www.ecojustice.edmundclt.org/background/background.html
PERGUNTAS
1.
2.
3.
4.
5.
Que fato ou questão tocou mais você ao ler essa seção do documento?
O que você sentiu quando leu essa visão geral da realidade ecológica do mundo?
Priorize as questões e dê razões para sua escolha.
Em que questão você é capaz de fazer algo – por si mesmo, com outros?
Qual é a questão que precisa ser mais pressionada no seu país?
51. Greenpeace Internacional, “Canadá enfrenta Monsanto ‘Sementes Suicidas’ – documento vazado revela os planos
secretos,” 9 de fevereiro de 2005 no site http://www.greenpeace.org/international/news/suicide-seeds
52. Quoted in Mc Donagh, Patentear a Vida? Stop, p.186 de Andrew Kimbrell, A Loja do Corpo Humano, (San Francisco:
Harper, 1993), p.195.
15
2
CAPÍTULO 2: JULGAR
As seguintes perspectivas teológicas, escriturais e éticas são apresentadas como um
esforço para julgar em que base aqueles que vivem suas vidas na perspectiva de fé
podem responder melhor, com urgência, à crise ambiental. Além disso, uma curta
análise da perspectiva de dois paradigmas – o paradigma social dominante e o novo
paradigma ambiental – é apresentado no Apêndice.
PERSPECTIVAS TEOLÓGICAS SOBRE DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS DO MEIO AMBIENTE
A Trindade Santa é uma comunidade de relacionamentos. Faz sentido inferir que, o
que for que emerge da Trindade, tem a propensão de se relacionar como incorporado
no seu DNA. A analogia do círculo é a que melhor descreve esse sistema. Tudo que
na criação que foi, é e será tem sua origem na Trindade e, eventualmente, encontrará
sua plenitude no coração da mesma Trindade. Toda a criação, incluindo a
humanidade, de forma especial como imago dei, reflete de uma forma, o dinâmico
relacionamento que se dá no coração de Deus. A criação é como um canto bonito que
Deus, livremente, deseja cantar na vastidão do Universo.53
53. Ilia Delio O.S.F., ‘Revisitando a Doutrina Franciscana de Cristo,’ Estudos Teológicos, Vol. 64, 2003, p. 12.
17
CAPÍTULO 2: JULGAR
Os desafios do meio ambiente hoje são questões para a fé, para a ciência, para a
política e para a economia. Nosso maior desafio é mudar a mentalidade para uma
nova forma de ser no mundo. O Papa João Paulo II define isso como “conversão
ecológica.”54 Como homens e mulheres religiosos, chamados a ser proféticos,
precisamos de uma nova cosmologia. Precisamos re-descobrir o valor e o sagrado do
mundo criado como revelação do divino, onde cada pessoa humana vê a si mesma
como parte integrante e significativa daquela criação, interconectada e
interdependente, respeitando a natureza intrínseca de cada criatura e lutando para
construir a koinonia – uma comunidade terrena – não somente entre humanos, mas
inclusive de cada criatura. Nossa esperança é que a percepção coletiva fará emergir que
a humanidade não pode ser salva isoladamente da comunidade da Terra. A Terra não
é mais o pano de fundo, mas o contexto. Só pode haver economia humana viável
dentro da economia da Terra, um sistema humano de educação eficaz se a Terra
primeiro educa, e a espiritualidade humana, se há espiritualidade da Terra. Isso tem
implicações para o nosso estilo de vida individual e coletivo. A religião precisa guiar
pelo exemplo, crescendo no espírito de desprendimento de modo que as relações de
direito com os pobres da humanidade e dos pobres de criação podem ser restaurados.
Quando se enfrentam questões ambientais, aprende-se, rapidamente, a reconhecer
que a natureza não pertence aos seres humanos, mas tem consistência própria que
precisa ser respeitada. Além disso, a natureza precisa ser vista como um todo: todas as
coisas estão interligadas e não se pode facilmente destacar, separar e privilegiar um
elemento da natureza sobre outros. A teologia da criação pode ser uma ajuda aqui.
Embora os seres humanos, sem dúvida, desempenhem um papel importante na
criação, o mundo não é deles. Como criação, é de Deus e precisa ser respeitada como
tal. Além do mais, a teologia aponta para a criação como um conjunto de criaturas
interdependentes numa história comum, onde os eventos hoje podem determinar, de
forma irreversível, a situação futura e sua perpectiva.
Que nós, seres humanos e nossas sociedades ocupamos um lugar especial, não pode
ser negado, precisamente porque nossas ações são capazes de interromper, fatalmente,
o mundo no qual vivemos. Somos muito poderosos, mas não somos sempre capazes
de exercer, responsavelmente, essa responsabilidade poderosa. Refletindo sobre a
história da queda podemos perguntar: colocamos nossas capacidades consideráveis a
serviço de toda a criação como um todo ou procuramos submeter outras criaturas à
nossa vontade e uso? Podemos romper com as estruturas de opressão e exploração,
particularmente quando essas estruturas garantem nossos estilos de vida e
expectativas?
Os teólogos apontarão para a importância da encarnação. Essa teologia aponta não
somente para o Criador partilhando a vida e a realidade da criação, mas também para
o chamado a seguir Jesus, o Cristo no mundo tornando-se sempre mais o que somos:
seres humanos no mundo, criaturas partilhando a criação com todas as coisas vivas e
54. Papa João Paulo II, Fala na Audiência Geral, 17 de janeiro de 2001, Centro Católico de Conservação, no site:
http://conservation.catholic.org/john_paul_ii.htm; publicado também no L’Observatore Romano, 24 de janeiro de 2001, p. 11.
18
CAPÍTULO 2: JULGAR
a Terra. Encarnação significa comprometimento compassivo, entrando em comunhão
com as vítimas e trabalhar para a restauração da comunidade criacional dentro do
mundo ferido. A situação do meio ambiente é tão séria e crítica hoje, que alguns de
nós entregamos os pontos para o desespero ou recusamos confrontar os desafios. Há
necessidade de palavras e ações de esperança e capacitação. Nesse ponto, os teólogos
se referem à centralidade da Boa Nova, que nos foi dada: a promessa de Deus, do
Reino de Deus, de um futuro sustentável a toda a criação. Embora não possamos
imaginar como o Reino será, nós o recebemos como a visão de um mundo
fragmentado. Isso nos desafia a olhar criativamente para frente: o que podemos fazer,
ainda hoje, que prefigura o Reino? Com a ajuda dos cientistas e em colaboração com
outros, podemos usar nossa imaginação e acrescentar o mais concreto possível, o que
significa um mundo sustentável e dignificado?
Temos alguns instrumentos à mão que podem ajudar nossa imaginação e nossos
esforços de colaboração. A Liturgia e os sacramentos incorporam, poderosamente, a
visão que nos sustenta. No batismo celebramos nossa pertença a uma única criação; a
confirmação nos introduz a realidade crescente e na necessidade de trabalharmos
juntos; a ordenação, no sentido mais amplo da palavra, convida-nos a assumir a
responsabilidade do cuidado da criação; o casamento revela a criatividade íntima que
habita a criação; na Eucaristia, celebramos nossa união a ponto de intensificar a
aliança com os pobres e excluídos; a reconciliação é o esforço de trabalhar através de
nossos erros, falhas e pecados; no sacramento da unção dos enfermos prestamos
atenção à criatividade daqueles que sofrem, dos fracos e pobres.
Os teólogos recuperam o sentido de criatividade quando confrontados pelos desafios
do meio ambiente hoje. Expressões muito tradicionais adquirem um novo significado
e abrem novos caminhos para o melhor entendimento da fé e do compromisso no
mundo. Por exemplo, em recentes declarações oficiais, o Vaticano enfatizou a
“responsabilidade de proteger” (R2P), uma expressão que também pode ser aplicada
no contexto da crise ambiental da responsabilidade perante as gerações futuras, uma
dimensão central da sustentabilidade. Aqui reside o desafio de passar de re-ativo para
proativo. Precisamos aprender a planejar com cautela e formar nossas vidas de tal
forma que levamos em conta as vidas das pessoas e o planeta no futuro. O conceito
de “comunidade dos santos” não é uma forma maravilhosa de expressar esta
solidariedade criacional além do nosso mundo hoje?
PERGUNTAS
1. Como você imagina o Reino de Deus e quais são os obstáculos que você sente ao
enfrentá-lo?
2. Como você seria capaz de elaborar uma celebração sacramental na perspectiva
ambiental?
3. Que conceito teológico você gostaria de enfatizar ou redescobrir quando
responde a questões ambientais?
4. Como você, concretamente, responde ao chamado à encarnação, particularmente
em vista da crise ambiental?
19
CAPÍTULO 2: JULGAR
Serviço Eco-Pastoral Franciscano, Indonésia
Em 2002, os Franciscanos criaram um Centro Eco-pastoral em Flores,
Indonésia, com 15 engenheiros agrônomos para ajudar a 1000 agricultores
a melhorar suas vidas e conscientizá-los sobre as questões ambientais entre
jovens.
Os principais programas são: ensinar a agricultura orgânica e a criação de
gado aos agricultores; incorporar a teoria orgânica e a prática nos currículos
escolares (20 escolas); gestão de recursos de florestas e água e capacitação
de mulheres agricultoras.
O Centro Eco-Pastoral trabalha em rede com agriculturalistas, governo
local, ONGs locais, figuras religiosas, líderes de comunidades locais e a
Igreja local.
ECOLOGIA NA BÍBLIA
Como cristãos hoje, estamos aprendendo que há uma conexão entre nossa fé religiosa
e a forma que lidamos com nosso lar na terra. De fato, a conexão está nas origens da
nossa palavra “religião.” Seu antecessor Latim, o verbo religare significa ligar ou
amarrar junto, conectar. Para os romano antigos, a palavra religio parece ter
transmitido a idéia de uma obrigação, não da forma que hoje a entendemos: algo que
somos obrigados a fazer.
Pensar na nossa fé religiosa como um colocar junto ou amarrar-nos de certa forma,
não é, à primeira vista, a forma mais atraente de abordar. Entretanto, pode haver
recurso importante para nós nessa antiga metáfora, especialmente se quisermos trazer
a perspectiva de fé a um dos grandes desafios que a humanidade enfrenta hoje: o fato
de que nosso futuro humano é, na força da expressão, pelo menos, precário. Estamos
gradualmente nos conscientizando da urgência de redescobrir a conexão de toda a
vida no nosso planeta frágil e, em particular, nossa própria conexão com a terra, nosso
lar. Estamos descobrindo, usando as palavras do ecologista John Muir, que quando
puxamos numa única coisa na natureza, ela se encontra ligada ao resto do mundo.
Estamos aprendendo que, se não aprendermos a respeitar isso, nossa viabilidade como
espécie pode estar em jogo. A natureza ofendida e danificada está protestando, e fez
começar, pelo menos, a ouvir o clamor da terra.
O teólogo brasileiro Leonardo Boff, da Teologia da Libertação, está nos ajudando a
ligar tudo isso com a nossa fé religiosa. Ele descreve o “mito” nos países desenvolvidos
como “a lógica que devasta a terra e saqueia sua riqueza, não mostrando solidariedade
com o resto da humanidade e com as futuras gerações.” Boff vê essa lógica como a
quebra do “frágil equilíbrio do universo construído com grande sabedoria em quinze
bilhões de anos de trabalho.”
20
CAPÍTULO 2: JULGAR
Quando escreve e fala no seu Português nativo, Boff freqüentemente chama para
religação, reconexão, jogando com a palavra portuguesa religião.
Dessa forma, pode nossa religião dar-nos recursos para a tarefa de reconectar? Nossas
Escrituras convidam-nos a ver a relação entre nossa fé e tudo o que fazemos para
cuidar da terra —mesmo o menor dos gestos como reciclar, ou mesmo andar de
bicicleta, participando de iniciativas verdes, ou mantendo nosso ambiente bonito,
livre do lixo. Há muitas pequenas coisas das quais podemos fazer gestos significativos
de compromisso com o “futuro cheio de esperança ” que acreditamos que Deus quer
para o nosso mundo, a fim de que a cura da fratura entre humanidade e a sua terra de
origem aconteça. Nossos escritos bíblicos podem também desafiar nosso sistema de
valores, questionando-nos a respeito de que mito ou filosofia estamos vinculados hoje.
É o mito dos recursos ilimitáveis e a capacidade da tecnologia de manipular a natureza
em benefício daqueles que podem pagar por isso a curto prazo de tempo? Ou há um
outro mito? Podemos identificar as formas nas quais nossa herança religiosa JudaicoCristã pode ajudar-nos nessa “troca de paradigma” do qual os ecologistas dizem que
depende o futuro da humanidade?
Uma passagem da Escritura que tem muito a ver nesse ponto é Isaías 40, 12. 15. 22
- 26. Essa passagem é de um profeta Judeu do 6º século a. C. Ele imagina Deus, o
Criador, como um jardineiro de paisagem: projetando o mundo, pesando quantidades
de terra, colocando terra dentro de um cesto e distribuindo-a para dar as
“características de jardim” como ilhas ou montanhas, enchendo as mãos de água para
dar-lhes as características—uma lagoa aqui ou um lago lá, calculando com os dedos
as dimensões de um gazebo maciço, a abóbada celeste e projetando-a com luzes
cintilantes de jardim - as miríades de estrelas que brilharão uma a uma cada noite,
quando Deus chama cada uma por seu nome. Em todas essas imagens, Deus aparece
incrivelmente grande e quanto mais permitirmos que o poder da poesia molde nossa
visão, tanto mais nos encontraremos diminuindo. Com certeza, nosso poeta Hebreu,
ao qual não falta senso de humor – informa-nos
que, da perspectiva de Deus, nós, seres
humanos, somos reduzidos ao tamanho de
gafanhotos.
Como acontece com as metáforas bíblicas, em
geral, essa tem o efeito salutar de reduzir-nos de
tamanho, é equlibrada por outra que tem o
efeito contrário, exaltando-nos às alturas da
soberania do mundo. O poeta que compôs o
Salmo 8, olhando no céu da noite, perdido na
maravilha da sua imensidão e beleza,
experimenta o momento de um “gafanhoto”.
MM
21
CAPÍTULO 2: JULGAR
Vejo a obra de tuas mãos
nos céus:
a lua e as estrelas
cujo lugar definiste
O que é a humanidade
para que lembres dela,
a raça humana
para que cuides dela?
É evidente para esse poeta que a criação em todo o seu mistério, complexidade e
liberalidade está a serviço dos humanos, dando-lhes tudo o que precisam para manterlhe a vida. E assim a oração continua:
Tu tratas (humanidade) como deuses,
vestindo-os de glória e esplendor.
Tu lhe deste poder sobre a terra,
Colocando tudo a seus pés:
rebanho e ovelhas,
feras da mata,
pássaros do céu
peixes do mar …
Assim, Deus cobra dos seres humanos o governarem a terra, ou conforme uma antiga
tradução: “ter domínio sobre ela.” Isso era completamente contra-cultural num antigo
Ocidente Próximo onde a terra era venerada como deusa. Sendo como for, muitas
pessoas hoje veriam esse “mandato de dominar” como uma influência perniciosa e
uma causa da raiz de nossa desagradável situação ecológica atual. Entretanto, quando
permitimos que as Escrituras definam o que significa ter o domínio ou governar, pelo
mandato de Deus, temos um quadro bem diferente.
Em primeiro lugar, cabe à humanidade o domínio sobre “as obras das mãos de Deus.”
(Sl 8, 6) A Bíblia não os deixa esquecer que a terra é criação de Deus e, no sentido
real, possessão de Deus, e que os seres humanos simplesmente são responsáveis por
ela, a título temporário e sob o mandato de Deus. Governar, sob o mandato de Deus,
é ter o sentido de justiça de Deus, esperado de qualquer um que rege em nome de
Deus. É fazer o que é certo para os sem poder, defender o pobre, perceber o
sofrimento dos sem voz, escutar aqueles que ninguém cuida. Isso está tudo no Salmo
72, “programa para o governo” ideal de um Rei de Israel. Assim, como a Bíblia
estende o símbolo da realeza para a humanidade à natureza, assim devemos incluir a
terra e todos os seres vivos entre aqueles cujas vidas preciosas de seres humanos são
responsáveis de salvar da violência.
Isaías 40 e o Salmo 8, lidos à luz do Salmo 72, são pequenas amostras de como as
Sagradas Escrituras podem inspirar-nos a pensar naquela malha de conexões invisíveis
que ligam as coisas criadas entre si, que nos mantém em solidariedade com o mundo
natural e que liga toda a criação com a Fonte da Vida.
22
CAPÍTULO 2: JULGAR
A Ir. Babaine Deus Venerato, uma Irmã Missionária da Uganda, África,
recuperou um terreno úmido na propriedade do seu pai e outro na vila. Ela
faz esse trabalho de Conservação ambiental como um hobby e, ao mesmo
tempo, está treinando três assistentes na área da ecologia. Ela está tentando
entrar em contato com Institutos Educacionais para refletir com eles sobre
questões de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. Ela acredita
que “o desenvolvimento e a paz no mundo dependem do como interagimos
com a natureza e partilhamos eficientemente os recursos para o bem
comum”. Ela convida todos a serem ‘parceiros na proteção ambiental’.
PERGUNTAS
1. Qual é a sua passagem Bíblica favorita em relação à criação? Que desafio você
identifica para o seu estilo de vida?
2. Que ‘mito’ ou filosofia você vive atualmente?
3. Pode a nossa Tradição Bíblica dar-nos recursos para religar-nos à criação?
4. Que recursos você recomendaria aos amigos para aprofundar seu apreço do tema
bíblico da criação?
ÉTICA NO CONTEXTO DA DESTRUIÇÃO ECOLÓGICA
Na discussão de muitos problemas ecológicos atuais, da extinção de espécies ao
impacto da mudança climática e da engenharia genética, é essencial desenvolver um
quadro ético adequado. Isso exigirá uma mudança, longe do foco exclusivamente
antropocêntrico tão difundido na ética e nas tradições culturais ocidentais, por quase
dois mil anos.
Uma ética centrada no humano
Aristóteles, cujo impacto no pensar ocidental foi enorme, assegurou que “desde que a
natureza não faz nada sem algo em vista, sem objetivo, deve ser porque a natureza fez
(animais e plantas) para a salvação da humanidade.”55 A idéia de que animais e plantas
oram criados para a humanidade – tanto por Deus quanto pelo processo da natureza
– dominou as atitudes Ocidentais para o resto da criação, por muitos séculos. São
Thomas de Aquino partilhou o ponto de vista de Aristóteles. O abismo entre os
humanos e o resto da criação foi ampliado por cientistas que formaram nossa visão
moderna do mundo. Descartes, por exemplo, viu que o objetivo do conhecimento
humano e da tecnologia era fazer os humanos “mestres e possessivos da natureza.”56
Filósofos como Thomas Hobbes, John Locke e Jeremy Bentham dispensaram a visão
medieval do cosmos como orgânico e substituíram-no por uma visão mecanicista da
natureza e suas leis.
55. Aristóteles, Políticas, (Harmondsworth, Penguin, 1985 edition), p.79.
56. Stephen Mason, A História da Ciência (New York: Collier Books, 1962), p. 27.
23
CAPÍTULO 2: JULGAR
Hoje, entretanto, através de insights de cientistas modernos, uma nova cosmologia
está sendo desenvolvida. Sabemos que o universo tem em torno de 13.7 bilhões de
anos de idade. Sabemos também que a vida na terra começou há 3 bilhões de anos
atrás e que havia um ecossistema completo funcionando no período Carbonífero
Baixo de 300 milhões de anos antes que os humanos apareceram no planeta. Para
ecoar o Genêsis 1, Deus deve ter considerado aquele mundo para ser bom. É essencial
que a conjuntura ética seja baseda no entendimento contemporâneo do
relacionamento entre humanos e o resto do mundo natural.
Uma Perspectiva Ética
O teólogo australiano Denis Edwards ajudou a ampliar o quadro ético.57 Ele
argumenta que a praxe ético-cristã está enraizada no entendimento de que as criaturas
são dotadas de valores éticos, independentemente de sua utilidade pela humanidade:
“Pássaros, plantas, florestas, montanhas e galáxias têm valor em si mesmos porque eles
existem e são interligadas no ser pelas Pessoas divinas em Comunhão Mútua - e
porque são expressões frutíferas da Sabedoria Divina.”58 Ele continua afirmando que
“uma práxis cristã ecológica reconhece a interdependência dos seres vivos e dá peso
ético particular a comunidades biológicas, de ecossistemas locais para a comunidade
biológica da Terra.”59
Edwards acredita, além disso, que não há contradição entre afirmar o valor intrínseco
de todas as criaturas e respeitar a dignidade única de cada pessoa humana. Não que
ele considere todas as criaturas de igual valor. Ele sabe que as escolhas éticas devem ser
feitas entre interesses competitivos, muitas vezes envolvendo humanos e outras
criaturas. Ele acredita que há tempos, possivelmente quando espécies são ameaçadas
de extinção, que as necessidades humanas deveriam estar em segundo lugar para
atender as necessidades de toda a comunidade biológica.60 Há uma necessidade
calamitosa de pesquisa nesse campo importante e os religiosos estão numa posição
privilegiada para contribuir para essa pesquisa.
Alguns Princípios Éticos que precisam ser considerados, particularmente à luz da
mudança climática:
Responsabilidade por Danos: Nações ricas que causaram a maioria dos danos ao
meio ambiente são eticamente obrigados a considerar os interesss de gerações futuras
não representadas e outras criaturas.
Princípio de Poluidores Pagantes: Há um imperativo ético em cada nação que tenta
promover políticas sustentáveis de desenvolvimento. Esse princípio é consistente com
os princípios de justiça distributiva.
57. Denis Edwards, Ecologia no Coração da Fé (Maryknoll, N.Y.: Orbis Books, 2006).
58. Denis Edwards, Jesus, a Sabedoria de Deus (Maryknoll, N.Y.: Orbis Books, 1995) p. 155.
59. Ibid. p. 120.
60. Ibid. p. 167.
24
CAPÍTULO 2: JULGAR
Princípio da Precaução: Esse princípio entra em vigor quando a ‘inação’ em certo
grau de incerteza pode colocar em perigo o bem estar de gerações presentes e futuras
da Comunidade Terra.
Custo à Economia Nacional: É eticamente irresponsável recusar-se a tomar medidas
para defender e promover os ecossistemas de apoio à vida com base no custo
financeiro para a econmia nacional ouinternacional.
Potencial de Novas Tecnologias: À luz do impacto negativo de algumas tecnologias
do passado sobre o meio ambiente, é eticamente aconselhável avaliar, criticamente, as
novas, antes de dar-lhes o carimbo de aprovação.
PERGUNTAS
1. Você conhece exemplos de ‘princípios éticos’ influenciando o debate sobre o
meio ambiente em qualquer nível?
2. Que proncípios éticos precisam ser mais destacados?
3. Por que você pensa que a Integridade da Criação foi geralmente ignorada pela
Igreja em geral e pela vida religiosa em particular?
4. Em termos concretos, o que a sua Igreja local está fazendo para desenvolver a
consciência sobre o meio ambiente?
ECO-ESPIRITUALIDADE61
Considere o carisma e a tradição de sua congregação.
1. O que poderiam oferecer diante dessa questão do meio ambiente?
2. O que poderiam oferecer para ajudar a humanidade a criar um novo
relacionamento com a terra e o cosmos, para uma nova forma de ser nessa terra?
61. Cada instituto religioso individual é encorajado a escrever uma sessão sobre a Integridade da Criação da perspectiva da sua
tradição e carisma.
25
CAPÍTULO 2: JULGAR
Ecologia MA e Programa Religioso
A Sociedade Columban de Missão, na Irlanda, promove um programa de
Mestrado de dois anos com duração de um turno sobre Ecologia e Religião.
Alguns cursos acadêmicos estão à disposição na conexão fé e cuidado com a
terra. Cada um dos oito módulos é ministrado em dois fins de semana. Eles
são: Ciência e Religião, Ecologia e Economia, O Estado Ecológico do Nosso
Planeta e País, Ecologia e a Bíblia, Ecologia e Ética, Ecologia e Ecofeminismo,
Ecologia e Cosmologia, Ecologia e Teologia. Os participantes são estudantes
adultos de uma variedade de origens.
Para mais informações contate: [email protected]
26
3
CAPÍTULO 3: AGIR
Seja a mudança que você deseja ver no mundo.
(Mohandas Gandhi).
As ações de todos, seja individual ou coletivamente, têm impactos ecológicos.
Consumimos recursos naturais. Liberamos poluentes e geramos resíduos. Nessa
sessão, fazemos algumas propostas concretas para você e sua comunidade visando à
sustentabilidade ambiental e reduzir o tamanho de suas “pegadas ecológicas.”62
Todas ou algumas das sugestões para cada uma das questões objetivas – Clima,
Biodiversidade, Energia, Água e Alimentação – podem ser implementadas em sete
semanas ou sete meses!63 Incluímos algumas sugestões para os pobres em áreas rurais
e urbanas.
Encorajamos você a experimentar algumas dessas sugestões e encorajar outros a
fazerem o mesmo. Considere a possibildade de propor um projeto simples para sua
comunidade, baseado em algumas dessas idéias. Lembre de praticar os três Rs:
Reduza, Re-utilize, Recicle. Faça uma pequena mudança no seu comportamento e
observe o que acontece. Pequenas mudanças no comportamento ajudarão a mudar
sua visão de mundo.
62. A pegada ecológica é uma medida da exigência humana no ecossistema da Terra.
63. Essa aproximação foi inspirada pelo artigo de Donnachadh Mc Carthy, “Sete Dias para Esverdear Sua Vida,” Irish
Independent, 21 de agosto de 2006.
27
CAPÍTULO 3: AGIR 3
SEMANA 1 OU MÊS 1
Oração – Ver a Criação com novos olhos.
Escolha uma das seguintes passagens Bíblicas: Gênesis 1-2, 3; Isaías 11, 1-10;
Apocalipse 21, 1-5.
Pergunta para religiosos e pequenas comunidades cristãs: “O que motiva você a cuidar da
Terra e o que você pode fazer para caminhar mais suavemente na terra, como Cristo fez”
Clima
Leve seu carro na oficina para assegurar que está na sua máxima eficiência.
Biodiversidade
Compre produtos naturais para lavagem de roupa e de louça. Evite pasta de dente e
sabonete anti-bacteriano contendo Triclosan que é altamente tóxico para as algas.
Energia
Comprometa-se de não deixar luz acesa ou aquecedor em salas que você não está
usando – observe o quanto você economizará nas próximas contas.
Água
Tome banho de chuveiro e não de banheira. O chuveiro usa em torno de 25 litros de água
enquanto a banheira usa mais de 80. Considere eliminar o chuveiro mecânico, se você tiver.
Alimentação
Pense em tornar-se um vegetariano – se não completamente, ao menos em parte. Use
pratos vegetarianos e/ou refeições vegetarianas (sem leite ou ovos), ocasionalmente.
SEMANA 2 OU MÊS 2
Oração – Ser Sócios da Criação de Deus.
Escolha uma das seguintes passagens Bíblicas: Gênesis 9, 9-17; Sirac 18, 13; xodo 23,
10-11; Sabedoria 9, 1-4
Clima
Se você fizer um vôo, compre créditos de compensação de carbono equivalente de
uma organização respeitável, por exemplo, uma usada para instalar energias renováveis
nos países em desenvolvimento, ou plante árvores para absorver o CO2 emitido.
(Pessoas no mundo em desenvolvimento emitem uma média de 10 milhões de
toneladas de CO2 anualmente).
Biodiversidade
Conheça um pouco sobre o lugar onde você vive: sua bioregião.64 Veja quantas
espécies de árvores, animais, pássaros ou insetos você pode reconhecer no seu jardim
ou região próxima. Escolha plantar espécies que são menos suscetíveis a doenças.
64. Para uma descrição de uma bioregião, veja:
http://www.nationalparks.nsw.gov.au/npws.nsf/content/bioregions_explained
28
CAPÍTULO 3: AGIR 3
Fertilize campos com compostos e adubo verde de plantas. Você realmente precisa
comprar pesticidas, herbicidas e fungicidas? Tente métodos orgânicos e, como
primeiro passo, integrado com o manejo de pragas.
Energia
Mude para objetos que utilizam energia renovável que podem abastecer sua casa e/ou
as instalações de seu escritório como turbinas de vento e painéis de energia solar.
Água
Coloque uma garrafa plástica cheia de água na cisterna do banheiro, para reduzir o
número de litros usados para dar descarga. Continue experimentando até que você
atinja um nível ótimo.
Comida
Compre somente a quantidade que você usará. Menos resíduos significa uso mais
sábio dos recursos naturais.
SEMANA 3 OU MÊS 3
Oração – Louve a Deus com e através da Criação.
Escolha uma das seguintes passagens Bíblicas: Sl 19,1-6; Sl 29, 3-11; Sl 8, 3-8; Sl 96,
11-13; Sl 148, 1-10.
Clima
Use bicicleta para todas as saídas com menos de
cinco quilômetros. Compre um carregador de
bateria e mude para baterias recarregáveis, evitando
lixo tóxico em aterros.
Biodiversidade
Adote um acre numa floresta através da doação do
programa Adote um Acre®.65 Peça para o
Conselho de Administradores da Floresta (FSC)66
móveis certificados para jardim e outros produtos
de madeira. Não compre espécies em extinção.
Energia
Identifique onde você está perdendo calor em sua
casa. Verifique as fechaduras das portas, as
molduras das janelas, o chaminé e as portas.
Bloqueie qualquer abertura com isolantes
impermeáveis. Se você não estiver usando o
chaminé, feche-o ou sele-o. Isole seu sótão.
MM
65. Ache mais nesse site: http://www.nature.org/joinanddonate/adoptanacre/about/
66. http://www.caribzones.com/foreststewardshipcouncil.html
29
CAPÍTULO 3: AGIR 3
Água
Compre um recipiente de água para recolher água da chuva. Ponha um cano para canalizar
a água do chuveiro e da lavadora de roupas para molhar o jardim ou para lavar o carro.
Comida
Faça uma doação para uma ONG ou para um grupo religioso que está ajudando
agricultores a desenvolver e guardar sementes para a produção local de alimentos.
Compre comida livre de GMO, sementes e grãos.
SEMANA 4 OU MÊS 4
Oração – Somos redimidos com o todo da Criação.
Escolha uma das seguintes passagens Bíblicas: Mt 6, 26-30; 2 Pedro 1-3; Rm 8,
18-23; Col 1, 19-20.
Clima
Use transporte público para trabalhar ou pegue carona.
Biodiversidade
Pense em investir alguns dos seus bens em empresas socialmente responsáveis e use
suas finanças para influenciar comportamento de negócios em favor da
biodiversidade. O dinheiro fala mais alto na batalha de salvar a biodiversidade.
Elimine ou reduza o uso de sacolas plásticas descartáveis.
Energia
Troque as lâmpadas incandescentes por lâmpadas que economizam energia.
Água
Escolha, para a casa, a propriedade e o negócio, sabão em pó, detergentes de lavar
louça e outros limpadores, sem fosfato.67
Comida
Compre alimentos produzidos no local e encorage outras pessoas a fazerem o mesmo.
Faça uma visita à feira de agricultura local. Isso reduz o número de milhas viajadas e
corta a emissão de CO2.68
SEMANA 5 OU MÊS 5
Oração – Inclua uma reflexão sobre Integridade da Criação retirada de escritos de
um Santo que inspira você na sua oração pessoal e comunitária. Pense em incluir esses
67. “Excessiva concentração de fósforo de diferentes recursos são a maior ameaça da qualidade dos nossos rios e lagos.” Enfo,
Um Shopping e Guia de Investimento para a Vivência Sustentável, www.enfo.ie
68. Christian Ecology Link, UK, encoraja pessoas a escolherem comida que plenifica um em 4 critérios conhecidos como L.O.A.F.:
Produzidos Localmente, Crescimento Orgânico, amigo do animal, sem escravidão. Vá para:
http://www.christian-ecology.org.uk/loaf.htm
30
CAPÍTULO 3: AGIR 3
pensamentos numa reflexão comunitária, numa homilia ou num artigo que você pode
escrever, no futuro.
Clima
Troque seu carro para um menor, adequado às suas necessidades e com as mais baixas
emissões na sua classe.
Biodiversidade
Faça sua voz ser ouvida em debates políticos. Seu governo tomou as medidas
necessárias para coibir a perda da biodiversidade até 2010?69
Energia
Se seu refrigerador ou aquecedor central tiver mais de doze anos, ele está
provavelmente consumindo muita energia. Assegure a troca para um A-economizador
de energia. Pense sobre a instalação de um aquecedor de sistema solar de água para
prover às suas necessidades de água quente.
Água
Pare de deixar a torneira correndo muito e recolha a água corrente para outros usos.
Tome água da torneira onde possível.
Comida
Compre produtores de alimentos e plantas tais como frutas doces e ervas. Pense em
plantar verduras numa caixa de janela, reduzindo assim a dependência dos pacotes
variados de supermercado.
SEMANA 6 OU MÊS 6
Oração – Use um texto das Regras, Constituições, ou do Capítulo Geral/Provincial do
seu Instituto que mostra nosso relacionamento e responsabilidade para com a Criação.
Clima
Na próxima oportunidade disponível, use transporte público pelo menos numa ocasião.
Biodiversidade
‘Qual é o meu impacto sobre biodiversidade?’ Investigue quanto eco-amigo você é –
faça o teste da biodiversidade.70
Energia
Compre um carro com uma engenharia mais eficiciente de combustível. Pense em
utilizar fogões a lenha ao invés de fogões a gás e sistemas de aquecimento a óleo.
69. Para saber mais sobre o objetivo 2010 veja:
http://www.worldwildlife.org/bsp/bcn/participate/savebiodiversity.htm or http://www.countdown2010.net/
70. Instituto Real da Biodiversidade do Reino Unido Quiz no site:
http://www.rigb.org/contentControl?action=displayContent&id=00000001087
31
CAPÍTULO 3: AGIR 3
Água
Apóie algumas campanhas, tanto em nível nacional quanto internacional, que
trabalham para defender o direito de todos ao livre acesso à mínima quantidade de
água necessária para viver com dignidade.
Comida
Se você precisa de algo novo para a cozinha, pense em comprar eletrodomésticos de
segunda mão, eliminando o CO2 envolvido em fazer um novo eletrodoméstico.
SEMANA 7 OU MÊS 7
Oração – Elabore um momento de oração sobre a Criação (biodiversidade, mudança
climática, relações corretas etc.) para sua comunidade. Ao rezarem a liturgia, prestem
atenção especial aos textos com referências sobre a Criação.
Clima
Reflita sobre a contratação de um eco-auditor para sua província ou comunidade.
Alternativamente, tente fazer você mesmo. Por exemplo, estabeleça uma base através
do exercício da Pegada de Carbono. Concentre-se nas emissões diretas tais como uso
de combustível no local e transporte. Colete dados de todas as contas de serviços
públicos; anote o total de milhas, incluindo veículo e transporte aéreo; converta o
combustível, a eletricidade e o consumo de transporte para CO2 , através do uso de
ferramentas públicas disponíveis (internet/governo local/ONGs); coloque objetivos
de redução anual de 3% até 2012; identifique áreas de melhoria; implemente
mudanças.
Biodiversidade
Plante uma árvore nativa do seu país ou região. Elas também fornecem: alimento,
beleza, sombra, madeira, lenha para fogo e carvão. Pense em dar de presente uma
árvore para os outros.
Energia
Invista em energia renovável e faça disso uma possibilidade para os menos favorecidos.
Quando construir um prédio, use energia ecológica amigável, métodos eficientes e
materiais produzidos localmente, onde possível.
Água
Compre um arejador de cabeça para seu chuveiro, reduzindo assim o uso da água com
a mistura do ar com a água.
Alimento
Inclua o tanto quanto possível frutas e vegetais crus nas refeições. Eles reduzem o uso
de energia ao cozinhar. Evite comprar tuna, peixe-espada e outras espécies em crise.
32
CAPÍTULO 3: AGIR 3
Plano Ambiental
As Ursulinas nos EUA têm um plano ambiental, resultado de uma auditoria
ambiental. Isso foi aplicado em todos os prédios novos. Elas mantêm uma
propriedade rural de 700 acres sobre princípios ecológicos. Oferecem retiros
ambientais, oficinas, e finais de semana educativos sobre o meio ambiente.
Em cooperação com a Universidade Brescia, USA elas promovem feiras e
oficinas ambientais e de energia. Veja: www.greeningwesternkentucky.org
MOMENTO DE ORAÇÃO
Introdução
Hoje, há uma crescente conscientização de que a paz do mundo está ameaçada não
somente pela corrida de armas, conflitos regionais e injustiças continuadas entre os
povos e nações, mas também pela falta de verdadeiro respeito pela natureza, pelo
saque de recursos naturais e pelo progressivo declínio na qualidade de vida. Quando
os seres humanos viram as costas para os planos do Criador, eles provocam uma
desordem que têm repercussões inevitáveis para o resto da ordem criada. Se os
humanos não estão em paz com Deus, então a terra em si não pode estar em paz: “Por
isso, a terra sofre e todos que lutam nela também agonizam, e também os animais do
campo e os pássaros do céu e mesmo os peixes do oceano desaparecem” (Hos 4, 3)
Leitura: Salmo 19 (A glória de Deus na criação)
Quão claramente o céu revela a glória de Deus!
Quão bonito ela mostra o que Deus fez!
Cada dia o anuncia para o dia seguinte;
Cada noite repete–o para o seguinte.
Nem discursos nem frases são usadas, nenhum som é ouvido;
Assim, sua mensagem vai a todo o mundo
e é ouvida até os confins do mundo.
Deus fez uma casa no céu para o sol;
Ele aparece na manhã como um noivo radiante,
Como um atleta ansioso para correr uma corrida (Sl 19, 1-5).
33
CAPÍTULO 3: AGIR 3
Rezemos:
Deus Onipotente! Pai, Filho e Espírito Santo, vós criastes a terra e a confiastes aos
seres humanos para realizar a vossa obra. Vós cobristes a terra com tantas coisas
bonitas. Louvamos e agradecemos a vós, Deus, pela bonita criação. Abramo-nos para
experimentar a presença e o amor de Deus em todas as coisas criadas: no sol, na lua,
nas estrelas, e em cada planeta amado, as flores, pássaros e animais, o mar e as suas
ondas. Cada criatura única é um livro sobre o amor de Deus. Cada criatura, mesmo
a mais insignificante, é parte da Comunidade da Terra. Ajuda-nos, Espírito Criador,
a conhecer e experimentar Deus nosso Pai e Mãe através do nosso relacionamento um
com o outro e com toda a criação.
Reflexão: Reflitamos sobre as maravilhas da criação de Deus
Francisco de Assis amava a criação: nela, ele encontrou o amor de Deus. Seu amor não
estava confinado a espécies populares ou espécies bonitas. De acordo com Francisco,
Deus criou tudo e então tudo tem as marcas de Deus, merece respeito e é digno de
relacionamento. O amor de Francisco por Deus e pela criação de Deus é expresso,
poderosamente, no Cântico das Criaturas.
Leitura: Vida de São Francisco de Assis
Em cada obra do artista ele louvou o Artista … Ele rejubilou com todos os trabalhos
das mãos do Senhor…. Em coisas bonitas ele viu a beleza em si; todas as coisas eram
boas para ele…. Ele abraçou todas as coisas com um êxtase de devoção não ouvida,
falando a eles do Senhor e admoestando-os a louvá-lo… Ele caminhou
reverentemente sobre pedras, porque por ele que era chamado a Rocha…. Ele proibiu
os irmãos de cortar toda a árvore quando eles cortavam lenha para que assim ela
pudesse brotar novamente.
Ele pediu ao jardineiro para deixar a beira ao redor do jardim sem cavar para que assim
no seu próprio tempo o verde da grama e a beleza das flores pudessem anunciar a
beleza do Pai de todas as coisas…. Ele removeu do caminho os pequenos vermes para
não serem esmagados sob os pés; e ordenou que o mel e os melhores vinhos fossem
dados para as abelhas, ao menos elas não morreriam de fome no inverno frio….
(2 Celano 165 – Biografia de São Francisco de Assis)
Preces
1. Deus nosso criador, estamos conscientes dos pecados cometidos diariamente
contra a nossa mãe terra e contra toda a humanidade. Senhor, perdoa-nos por
causa das injustiças que cometemos com a nossa Mãe Terra.… Senhor, escuta
a nossa oração.
2. Senhor! Dá-nos a graça de respeitar e proteger a Mãe Terra e dar passos certos
para erradicar as feridas infligidas sobre a terra.…Senhor, escuta a nossa oração.
34
CAPÍTULO 3: AGIR 3
3. Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de admirar e
experimentar seu amor em cada coisa criada…
Senhor, escuta a nossa oração.
4. Por que mais você gostaria de rezar…
Conclusão
Deus nosso Pai, tu criaste o mundo e enviaste teu próprio
Filho para viver entre nós, fizeste-nos do mesmo material,
respirando o mesmo ar, maravilhando-se com o nascer e o
por do sol, como nós fizemos. Ajuda-nos a participar da
vida ao nosso redor e dentro de nós, como a tua vida, como
tu vives em nós e nós vivemos em ti e um no outro. Deus
do amor e da vida, restaura-nos a tua paz, renova-nos
através do teu poder e ensina-nos a amar tudo que criaste e
a cuidar da terra como teu presente e nossa casa.
Para mais Reflexão
1. Honro o sagrado da vida em todas as coisas viventes?
2. Até que ponto a preocupação com a criação entra em
minha vida de oração e relacionamento com Deus e com o próximo?
JL
Ensino Religioso e Ambiental
O Pe. Eduardo Andres Agosta Scarel O.Carm. trabalha com a Pesquisa
Argentina e o Conselho de Tecnologia. Ele também está envolvido na
Pontifícia Universidade Católica da Argentina numa Equipe Interdisciplinar
para Estudos de Processos Atmosféricos em Mudança Global e
apresentações em Mudança Global e Variabilidade Climática.
35
4
CAPÍTULO 4:
AVALIAÇÃO
Apesar de que a avaliação é, freqüentemente, ignorada, encorajamos você a avaliar
como você e/ou sua comunidade fizeram para colocar algumas das recomendações
desse livreto em prática. Sugerimos que você faça uma avaliação pessoal e comunitária
depois de seis meses e então, depois de um ano.
Oferecemos algumas perguntas de ajuda:
1. Que aspecto desse livreto você achou de mais ajuda?
2. Que aspecto desse livreto você achou de menos ajuda?
3. Que aspectos de seu coportamento você conseguiu mudar? Que tipo de
impacto isso teve na sua vida e na vida dos outros?
4. O que você mais recomendaria para outros a fim de ajudá-los a defender e
salvar nosso meio ambiente? Por quê?
5. Você tem algumas sugestões para futuros livretos sobre o meio ambiente?
37
CAPÍTULO 4: AVALIAÇÃO
Autores
Sra. Margaret Daly-Denton*, Universidade Teológica Igreja da Irlanda, Irlanda
Séan Mc Donagh, Colomban, MA em Ecologia e Religião, Dalgan, Irlanda
Sr. Claudio Giambelli, CIPAX, Itália
Jacques Haers SJ, Centro de Libertação de Teologias, Leuven, Bélgica
Markus Heinze OFM
Stanislaw Jaromi OFM Conv, Polônia
Daria Koottiyaniyil FCC – IFCTOR, Índia
Julie Lonneman (Artista)
Chiara Cristina Longinotti OSC
Michael Moran CP (Artista)
Joyce Murray C.S.J. (Editora)
Gearóid Francisco Ó Conaire OFM, JPIC Comissão,USG/UISG, Roma
Stephanie Szakall - Franciscanas Internacionais (Desenho gráfico)
Colaboradores
Peter Aman OFM, Indonésia
Lorenzo Amigo SM
Milan Bubák SVD
Babaine Deus Venerato, M. Africana, Uganda
Carmen Diston I.B.V.M.
Vicente Felipe OFM
Attilio Galimberti OFS
Fionn Horgan
Gabe Hurrish (Assistente de escritório JPIC/USG.UISG)
George Jacques Missionário Africano
Marjorie Keenan RSHM
John Kochuchira TOR
Ronald Lesseps S.J., Zambia
Stefania Lucchesi O.P.
Marie-Thérèse Moreau PM
Josè Antonio Martorell TOR
Francisco Nel Leudo OFM Conv
Frances Orchard C.J.
Marie-Thérèse Perdriault O.P.
Begoña Pérez HSC
Tim Phillips S.M.
Joe Rozansky OFM
Rémy Sandah S.M.
Philippe Schillings OFM
Franca Sessa L.S.A.
Uta Sievers (S.J. Secretariado de Justiça Social)
Guido Situmorang OFM Cap
Vanya Walker-Leigh TSSF (Comunhão Anglicana)
38
5
CAPÍTULO 5:
RECURSOS
INSTITUTOS RELIGIOSOS – WEB SITES INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO
Congregação de São José. Clique em ‘Peace and Justice’ - Paz e Justiça www.sistersofsaintjoseph.org (esp. Amazon)
Sociedade de São Columbano:
www.columban.com (links ao site Columbano em todo o mundo)
Irmãs da Caridade, Halifax. Entre e clique em ‘Preocupações Globais’
www.schalifax.ca
39
CAPÍTULO 5: RECURSOS
Irmãs de Santa Martha de Antigonish, Nova Scotia
www.themarthas.com (clique em ‘Apostolados’ e ‘Martha Eco-conexão’)
Irmãos Lassalistas e Trabalho em Rede Edmund Rice
http://www.ecojustice.edmundclt.org
Federação das Irmãs de S. José do Canadá.
Clique em Comitê de Ecologia, MDG’s: www.csjfederation.ca
Círculo Cheio Eco-Casa de Oração, Port Huron, Michigan, USA
www.fullcircleretreat.org
Centro de Treinamento Agricultural Kasisi, perto de Lusaka, Zambia:
www.loyno.edu/~katc/
Irmãs de São José de Peterborough:
www.csjpeterborough.com/ecology.htm
Sociedade do Sagrado Coração, Províncias dos EU e Canadá
www.sproutcreekfarm.org
Ursulinas USA
http://www.greeningwesternkentucky.org/index.htm
Sociedade da Santa Criança Jesus, Província Americana: Livreto sobre Água, para a
Quaresma 2008
http://www.sjweb.info/sjs/networks/ecology/LentBooklet2008Design.pdf
Sociedade de Jesus, Oregon, Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável
www.sjweb.info/sjs/networks/ecology/Regional%20Sustainable%20Development—
Plan%20of%20Action.pdf
Sociedade de Jesus, Índia, Alternativas Solares
http://www.solar-alternatives.com/activities.html
Cura da Terra (Al Frish SJ)
http://www.earthhealing.info
Sociedade de Jesus, América Latina, Revista Mirada Global (Inglês, Espanhol e Português)
http://www.miradaglobal.com/index.php?lang=en
Eco-Congregação- um programa ecumênico a serviço de paróquias no R.U. & Irlanda
http://www.ecocongregation.org/
Promotores Franciscanos JPIC Recursos Ecológicos sobre Água e Mudança Climática
http://www.ofm.org/ofmnews/ofmorg/00jpic3.php
40
CAPÍTULO 5: RECURSOS
Portuguesa
Irmãs de São José de Chambéry, França (Brazil):
http://www.issj.com.br//portal/servicos/ambiente/?secao=9541&categoria=
18063&hide_ld=1
Español
Biblioteca Franciscana de Sud America
(para una seria de articulos entra la palabra ‘ecologia’)
http://www.franciscanos.net
Compañia de Jesús, America Latina, Revista Mirada Global
http://www.miradaglobal.com
Fundación Proclade, una Organización no Gubernamental de Desarrollo (ONGD)
www.fundacionproclade.org
Um Guia de Estudos sobre Mudança Climática baseado sobre
temas-chave da Doutrina Social da Igreja
O guia contém agendas para seis reuniões, acompanhadas de anexos,
reflexões e fichas de ação, fichas de leitura, além de uma sessão de “orações
e liturgias”. O guia completo pode ser baixado do site:
http://www.operationnoah.org/resources/liturgicalresources/betweenfloodand-rainbow-download-version
41
APÊNDICE
Esse quadro apresenta uma curta análise da perspectiva de dois paradigmas – o
paradigma social dominante e o novo paradigma do meio ambiente.
CENÁRIO A:
CENÁRIO A:
PARADIGMA SOCIAL
DOMINANTE (DSP)73
CENÁRIO A+:
A OPÇÃO MILITAR
CENÁRIO B: NOVO
PARADIGMA DO MEIO
AMBIENTE (NEP)
Cenário Atual Sistema
de Capitalismo,
apontando para a
conomia contínua
crescente, baseada no
consumo massivo de
“bens”, energia e
serviços, dentro do
lugar de mercado
globalizado.
A1. Sem mudança
estrutural relevante.
O DSP prioriza o
crescimento econômico
aceitando os riscos do
meio ambiente como
ecessário, mas com fé
na tecnologia para
superar o negativo.
A1+. o mesmo que o
cenário A
B1. Mudanças
estruturais importantes
na ética, política e
economia, visam um
mundo onde a justiça, a
paz e a integridade da
criação sejam valores
conducentes.
A NEP postula que o
crescimento econômico
deve ocorrer de modo
sustentável, respeitando
os limites naturais.
Abuso do custo baixo
de combustível natural
para a produção de
energia, transporte e
agricultura
petroquímica.
A2. Ações graduais,
feitas com controle de
GGE. Referir-se a Kyoto
e suas recomendações,
etc.
A2+. O mesmo do
cenário A + ações
militares globais,
ncluindo primeira greve
de opção nuclear, para
manter ou ganhar o
controle de recursos
naturais (óleo, água,
minerais, etc.)
B2. Mudança
significativa no estilo de
vida pessoal e
comunitário, começando
com os povos dos
mundos desenvolvidos
reduzindo as demandas
de energia e poluição.
Efeitos de gases estufa
(GGE)… poluição severa
do ar e da água… visto
como efeitos colaterais
inevitáveis.
A3. O objetivo é limitar
os danos, levando em
conta principalmente as
necessidades dos países
desenvolvidos e da
classe média nos países
em desenvolvimento.
A3+. O mesmo do
cenário A
B3. Substituição de
combustíveis naturais
por recursos de energia
renovável e trocar para
uma adequada
agricultura biológica.
B4. Mantendo GGE e a
poluição sob controle de
acordo com os limites
apropriados para a vida
de todo o planeta;
enfoque na segurança
alimentar e redução da
pobreza em relação à
mudança climática e
segurança de energia.
Os cenários ‘A e B’ são diferentes:
O cenário A assume a perspectiva e as necessidades dos ‘países desenvolvidos’, com a possibilidade de
Intervenção militar. (cenário A+)
Cenário B assume a perspectiva dos países do “mundo em desenvolvimento”.
73. Lester Milbrath, “Tornando-se sustentável: Mudando a forma de pensar,” Capítulo 17 em Pirages, Dennis, ed.
Construindo Sociedades Sustentáveis: Um Impresso Azul para um Mundo Pós-Industrial, (Armonk, New York: M.E.
Sharpe, 1996), pp.275-279.
42

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