eletrônica de potência
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ISSN 1414-8862 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA SOBRAEP VOL. 8, Nº 1, JUNHO DE 2003 ÍNDICE Corpo de Revisores................................................................................................................. iii Editorial................................................................................................................................... iv Chamada de Trabalhos para a Seção Especial Qualidade e Eficiência em Sistemas de Iluminação............................................................................................................................... v Editorial Convidado................................................................................................................ vi ARTIGOS DA SEÇÃO ESPECIAL ACIONAMENTOS ELETRÔNICOS E CONTROLE DE MÁQUINAS ELÉTRICAS Um Protótipo Brasileiro de Trem de Levitação Magnética R. M. Stephan, A. C. Ferreira, R. de Andrade Jr., L. G. B. Rolim, M. A. Neves, M. A. Cruz Moreira, M. A. P. Rosário, O. J. Machado e R. Nicolsky...................................................................................................... 1 Efficiency Optimization of a Solar Boat IM Drive Employing Variable DC Link Voltage and Fuzzy Control G. C. D. Sousa, D. S. L. Simonetti, E. E. C. Noreña and J. P. Rey..................................................................... 9 Uma Revisão das Estratégias de Redução de Ondulações de Conjugado no Motor de Relutância Chaveado L. O. de A. P. Henriques, L. G. B. Rolim, W. I. Suemitsu e P. J. C. Branco ............................................... 16 Acionamento Eletrônico de Motor a Relutância: Determinação do Perfil da Indutância, Controle do Conjugado e Comutação Suave L. P. B. de Oliveira, A. C. Oliveira, E. R. C. da Silva, A. M. N. Lima e C. B. Jacobina.................................... 25 Amortecimento Ativo do Fluxo em Máquinas Trifásicas de Dupla Alimentação Controladas pelas Correntes Rotóricas C. R. Kelber e W. Schumacher............................................................................................................... 33 Brushless Doubly-fed Induction Machine: Operating Characteristics and Applications A. C. Ferreira................................................................................................................................. 42 Motores de Indução Acionados por Inversores PWM-VSI: Estratégia para Atenuação de Sobretensões E. A. Vendrusculo e J. A. Pomilio............................................................................................................ 49 Controle de Velocidade Sem Sensor Mecânico de uma Máquina Assíncrona Utilizando a Estratégia de Controle DTC F. Salvadori, G. V. Leandro, A. M. N. Lima e C. B. Jacobina................................................................ 57 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. i ARTIGOS DA SEÇÃO REGULAR Reator Eletrônico para Iluminação Fluorescente Boost Push-Pull com Alto Fator de Potência Empregando um Único Interruptor F. E. Bisogno, A. R. Seidel, T. B. Marchesan e R. N. do Prado..................................................................... 66 Retificador de 6kW, Fator de Potência Unitário, Trifásico, Comutação Não Dissipativa na Conversão CC-CC e Controle Sincronizado em Freqüência C. H. G. Treviso, L. R. Barbosa, A. A. Pereira, J. B. Vieira Jr. e L. C. Freitas.......................................... 74 Novas Normas para Publicação de Trabalhos na Revista Eletrônica de Potência.................. 82 ii Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Corpo de Revisores desta edição de Eletrônica de Potência Ály Ferreira Flores Filho – UFRGS José Andrés Santisteban – UFF Andrés Ortiz Salazar – UFRN José Antenor Pomilio – UNICAMP Antônio Carlos Ferreira – UFRJ José Luiz da Silva Neto – UFRJ Antônio Carlos Siqueira de Lima – UFRJ José Roberto Camacho – UFU Antônio Marcus Nogueira Lima – UFCG José Roberto Cardoso – USP Arnaldo José Perin – UFSC Jussara Farias Fardin – UFES Carlos Alberto Canesin – UNESP–FEIS Luciano Martins Neto – UFU Carlos Augusto Ayres – UNIFEI Luís Fernando Alves Pereira – PUCRS Christian Roberto Kelber – UNISINOS Luís Guilherme Barbosa Rolim – UFRJ Clóvis Goldenberg – USP Marcelo G. Simões – Colorado S. of Mines–EUA Cursino Brandão Jacobina – UFCG Maria Dias Bellar – UERJ Darizon Alves de Andrade – UFU Paulo José da Costa Branco – IST–Lisboa Domingos S. L. Simonetti – UFES Pedro Francisco Donoso-Garcia – UFMG Ernesto Ruppert Filho – UNICAMP Richard Magdalena Stephan – UFRJ Fábio Toshiaki Wakabayashi – UNESP–FEIS Roberto Menna Barreto – QUEMC Fausto Bastos Líbano – PUCRS Selênio Rocha Silva – UFMG Fernando Luiz Marcelo Antunes – UFC Stefan Krauter – UFRJ Gilberto Costa Drumond Sousa – UFES Walter Issamu Suemitsu – UFRJ Hilton Abílio Gründling – UFSM Walter Kaiser – USP João Onofre Pereira Pinto – UFMS Wanderlei Marinho da Silva – UNICSUL João Saad Júnior – CEPEL Wilson C. P. de Aragão Filho – UFES Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. iii EDITORIAL Prezados leitores, autores e revisores da Revista Eletrônica de Potência, é com grande satisfação que apresento-lhes esta primeira edição de 2003, correspondente ao oitavo volume de Eletrônica de Potência. Nesta edição são apresentados os artigos aprovados para a Seção Especial Acionamentos Eletrônicos e Controle de Máquinas Elétricas, editada e coordenada com extrema competência e dedicação pelo Editor Especial Prof. Richard M. Stephan da COPPE-UFRJ. Nosso muito obrigado ao Prof. Richard, assim como aos autores e em especial aos nossos valorosos revisores. Os excelentes resultados desta seção especial lhes são devidos. A edição apresenta ainda outros dois artigos na Seção Regular. Observo-lhes que diversos outros artigos encontram-se aprovados para publicação na Seção Regular. Entretanto, devido necessidade de limitação do número de páginas, os demais artigos aceitos estão escalados para as próximas edições da Revista. A partir desta edição, novas Normas para Publicação são apresentadas, a serem implementadas nas edições que sucederão à esta, com a finalidade de indexação da Revista na SciELO – Scientific Electronic Library Online. As novas Normas encontram-se ao final desta edição e podem ser obtidas no site iSOBRAEP, http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista/ , ou, no site da SOBRAEP cujo endereço é: http://www.sobraep.org.br. Desde janeiro de 2003, todo o processo de submissão, revisão e comunicação com autores e revisores tornou-se totalmente eletrônico, através do site iSOBRAEP. Nossa próxima meta será a implementação do acesso eletrônico aos Resumos (Abstract) dos artigos publicados na Revista. Nesta edição apresenta-se ainda a Chamada de Artigos para a Seção Especial Qualidade e Eficiência em Sistemas de Iluminação, coordenada e a ser editada pelo Editor Especial Prof. Walter Kaiser da POLI-USP. Desde já, nosso muito obrigado ao Prof. Kaiser pela valiosa colaboração. Informo aos leitores de Eletrônica de Potência e autores com artigos publicados no Vol.7, no 1 de Novembro de 2002, que houveram erros de impressão devido versão do programa da gráfica responsável. Todos os artigos com problemas encontram-se na página da SOBRAEP (“link” Revista): http://www.sobraep.org.br. Finalmente, convoco a todos a participarem efetivamente das transformações e evolução desta nossa Revista Eletrônica de Potência. Carlos Alberto Canesin, UNESP – FEIS Editor Geral iv Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Revista Eletrônica de Potência da SOBRAEP SEÇÃO ESPECIAL A revista Eletrônica de Potência da SOBRAEP está preparando uma seção especial com artigos técnicos de conteúdo especializado e artigos de conteúdo didático significativo no tema: QUALIDADE E EFICIÊNCIA EM SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO. Os artigos devem necessariamente conter uma introdução abrangente, onde o assunto proposto esteja clara e solidamente situado em termos de estado da arte e sua importância. Os tópicos contemplados incluem: • Circuitos eletrônicos para alimentação de lâmpadas (operação, análise, simulação e projeto de reatores ou ignitores, sejam eletrônicos, eletromagnéticos ou híbridos, porém com elevada qualidade no processamento da energia elétrica). • Sistemas de controle de luminosidade. • Fontes de luz (detalhes sobre uma condição de operação específica bem como modelos elétricos, sejam físicos ou do tipo “caixa preta”, para lâmpadas a descarga de alta e baixa pressão, além de lâmpadas utilizando LEDs e painéis luminescentes). • Fenômenos na lâmpada provocados por circuitos eletrônicos. • Problemas de interferência provocados por circuitos eletrônicos utilizados em iluminação. Outros tópicos, dentro do tema proposto, poderão ser contemplados. A Seção tem como Editor Especial o Prof. Walter Kaiser da EPUSP. A submissão do artigo deverá ser feita por via eletrônica no formato e tamanho usual da revista. Envie sua proposta de artigo completo através do site iSOBRAEP, cujo endereço (url) é: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista No site iSOBRAEP você fará seu cadastro e deverá optar pelo Link da Seção Especial para enviar seu artigo. Para Dúvidas/Problemas o e-mail é: [email protected] As datas previstas são: Submissão Artigos: de 20 de Abril até 20 de Julho/2003 Revisão Inicial: até 12 de Setembro de 2003 Submissão dos Artigos Aceitos e Corrigidos: até 30 de Setembro de 2003 Revisão Final: até 20 de Outubro de 2003 Publicação: Novembro de 2003 Prof. Carlos A. Canesin Editor Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. v EDITORIAL CONVIDADO Seção Especial Acionamentos Eletrônicos e Controle de Máquinas Elétricas Prezados Leitores, Esta edição especial da Revista Eletrônica de Potência sobre Acionamentos Eletrônicos e Controle de Máquinas Elétricas retrata o esforço da comunidade brasileira, neste campo, no início deste século. Foram submetidos 19 artigos oriundos de todas as partes do Brasil, alguns com parcerias no exterior, envolvendo cerca de 65 autores e mobilizando um corpo de 32 revisores. Praticamente uma centena de pesquisadores. Cada artigo passou por 3 avaliadores. Foram selecionados 10 artigos para publicação, dos quais 8 aparecem nesta edição. Por limitação do número de páginas, 2 artigos só poderão ser publicados na edição de Dezembro. Este exemplar contempla, nos primeiros artigos, duas aplicações não convencionais. Em seguida, são abordados o motor de relutância chaveado e o motor de indução de dupla alimentação. Os artigos seguintes tratam do tradicional motor de indução de gaiola de esquilo, analisando, porém, aspectos especiais: longos cabos de alimentação e controle DTC sem sensor mecânico. Na edição de Dezembro, será publicado um artigo sobre a simulação da máquina de relutância chaveada e um sobre motores de indução monofásicos. Gostaria de agradecer a confiança que me foi depositada pelo presidente da SOBRAEP, Prof. Domingos Simonetti, e pelo editor da revista, Prof. Carlos Canesin. Agradeço também aos revisores, pelo exaustivo trabalho, e aos autores, pela paciência em providenciar as correções e compreensão, no caso da impossibilidade de publicação. Espero que a iniciativa tenha auxiliado no enriquecimento do trabalho de todos e que ela fique como uma referência para projetos futuros. Atenciosamente, Richard M. Stephan, EE – COPPE – UFRJ Editor Especial vi Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. SOBRAEP Diretoria (2002-2004) Presidente: Domingos Sávio Lyrio Simonetti – UFES Vice-Presidente: Carlos Alberto Canesin – UNESP – Ilha Solteira 1.o Secretário: Gilberto C. D. Sousa – UFES 2.o Secretário: José Luiz F. Vieira – UFES Tesoureiro: Wilson C. P. de Aragão Filho – UFES Conselho Deliberativo (2002-2004) Alexandre Ferrari de Souza – UFSC Arnaldo José Perin – UFSC Cícero M. T. Cruz – UFC Denizar Cruz Martins – UFSC Edson H. Watanabe – UFRJ Edison Roberto C. da Silva – UFCG Enes Gonçalves Marra – UFG Enio Valmor Kassick – UFSC Ivo Barbi – UFSC João Batista Vieira Júnior – UFU José Antenor Pomilio – UNICAMP José Renes Pinheiro – UFSM Endereço da Diretoria SOBRAEP DEL / CTUFES Cx. Postal 01-9011 29060-970 – Vitória – ES – Brasil Fone: +55.(27).33352681 Fax.: +55.(27).33352644 Eletrônica de Potência Editor: Prof. Carlos Alberto Canesin UNESP – FEIS – DEE C. P. 31 15385-000 – Ilha Solteira – SP – Brasil http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista Conselho Editorial: Arnaldo José Perin – UFSC Carlos Alberto Canesin – UNESP–FEIS Domingos L. S. Simonetti – UFES Hélio Leães Hey – UFSM Ivo Barbi – UFSC José Antenor Pomilio – UNICAMP Richard M. Stephan – COPPE–UFRJ Responsável pela edição da Seção Especial: Prof. Richard M. Stephan, COPPE – EE – UFRJ Eletrônica de Potência é distribuída gratuitamente a todos os sócios da SOBRAEP Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. vii UM PROTÓTIPO BRASILEIRO DE TREM DE LEVITAÇÃO MAGNÉTICA R.M. Stephan, A.C. Ferreira, R.de Andrade Jr., L.G.B. Rolim, M.A. Neves, M.A. Cruz Moreira, M.A.P. Rosário, O.J. Machado, R. Nicolsky 1 LASUP - Laboratório de Aplicações de Supercondutores, Eng. Elétrica, UFRJ. Cx. P. 68553- 21945-970 Rio de Janeiro e-mail: [email protected] Resumo- Neste trabalho, descreve-se o estado atual do protótipo de trem de levitação da UFRJ. O projeto tem duas partes principais: a levitação e a tração. Os resultados e desenvolvimentos de ambas as partes são descritos. Simulações e testes experimentais são apresentados. A integração das duas partes é feita em laboratório com um protótipo de escala reduzida. Estes resultados são necessários como convencimento para investimentos maiores, fundamentais para a construção de um protótipo em escala real, próximo passo deste projeto. Abstract- The current state of the high-temperature superconducting magnetic levitation train prototype in UFRJ is described. This project has two main parts: the levitation and the traction. In this paper, the development and results of both parts are presented. Simulation and test measurements are presented. The integration of both parts is done with a small scale laboratory prototype. These results are necessary as a convincing example for higher investments and new enrollments, necessary for the construction of a real scale prototype, the next step in this project. NOMENCLATURA EDL EML FEM LIM LSM LN2 Nd-Fe-B SQL YBCO -Levitação Eletrodinâmica -Levitação Eletromagnética -Método de Elementos Finitos -Motor Linear de Indução -Motor Linear Síncrono -Nitrogênio Líquido -Neodímio Ferro Boro (material magnético) -Levitação Supercondutora -Ítrio Bário Cobre Oxigênio (supercondutor) I. INTRODUÇÃO Os estudos de transporte ferroviário empregando levitação remontam mais de meio século. A série de congressos MAGLEV, cuja primeira edição ocorreu nos anos 60, reune, a cada dois anos, os principais especialistas neste campo. O presente trabalho resulta de uma linha de pesquisa da UFRJ voltada para levitação supercondutora e que teve no Congresso MAGLEV’2000[1], realizado no Rio de Janeiro, o seu principal impulso. A eliminação, pela levitação, do atrito entre rodas e trilho permite atingir velocidades superiores a 450km/h mas, em compensação, exige um sistema de tração especial, sendo que os motores lineares são a solução mais adequada. Como introdução ao tema, o artigo apresenta, nos capítulos II e III, de uma forma concisa, as principais técnicas de levitação, situando o método empregado neste protótipo com as diferentes alternativas existentes no mundo. Em seguida, no capítulo IV, são apresentados detalhes do sistema de levitação e, no capítulo V, do sistema de tração. O artigo encerra com um esboço de análise da viabilidade técnica e econômica da proposta. II. LEVITAÇÃO Para efeitos de entendimento, as técnicas de levitação podem ser classificadas como eletromagnéticas, elétricas e mecânicas [2]. Dentre as técnicas mecânicas, estão as que usam força pneumática, como é explorado no conhecido ‘hovercraft’, ou ainda forças aerodinâmicas, como usado nos aviões. Como elétrica, pode-se conceber uma situação em que cargas elétricas de mesma polaridade estão dispostas frente a frente e.g. [3,4]. Finalmente, podem ser citados os métodos fundamentados na intensidade de um campo magnético. Neste ponto, vale ainda registrar a levitação com materiais diamagnéticos, mas cuja força resultante é bem menor do que as que serão vistas agora [5]. Estas técnicas de levitação magnética, devido à intensidade da força que produzem, podem ser empregadas em sistema de transporte de alta velocidade. III. LEVITAÇÃO MAGNÉTICA Os métodos de levitação magnética subdivididos em três grupos, descritos abaixo: podem ser A. Levitação Eletrodinâmica (EDL) Este tipo de levitação necessita do movimento de um campo magnético nas proximidades de um material condutor. A proposta japonesa de trem de levitação, LEVMAG (http://www.rtri.or.jp/index.html), está calcada neste princípio [6]. Se um material magnético realizar um movimento relativo a uma lâmina condutora (alumínio, por exemplo), correntes 1 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 1 parasitas serão induzidas no condutor. Estas correntes, por sua vez, gerarão um outro campo magnético o qual, pela lei de Lenz, opor-se-á ao campo criado pelo material magnético. A interação entre ambos gerará uma pressão magnética e, por conseguinte, uma força repulsiva no material magnético. Esta força é a responsável pela levitação do corpo. Uma outra força (F), só que contrária ao movimento do material magnético (força de arraste), também existe neste modo de levitação, Fig.1. B. Levitação Eletromagnética (EML) Este tipo de levitação tem na proposta alemã de trem de levitação, Transrapid (http://www.transrapid.de), que está atualmente implementado na China numa conexão de 30km entre Pudong Shanghai International Airport e Shanghai Fig. 2 Experiência de levitação eletromagnética. países, incluindo Brasil (http://www.lasup.dee.ufrj.br/), China (http://asclab.swjtu.edu.cn) e Alemanha (http://ifwdresden.de) . Esta solução tecnológica ainda não foi implementada em escala real. O diagrama esquemático do princípio físico está ilustrado na Fig.3. Um experimento demonstrativo se vale do trecho de trilho de Nd-Fe-B de 30cm mostrado na Fig.4 e de um recipiente térmico com duas pastilhas de YBCO no seu interior, mostrado na mesma figura. Estas pastilhas são resfriadas a 77K com Nitrogênio Líquido (LN2) e o resultado da levitação é apresentado na Fig.5. Fig. 1 Esquema do princípio de levitação eletrodinâmica. Lujiazui, um distrito financeiro, e na proposta japonesa HSST (http://www.meitetsu.co.jp/chsst) grandes exemplos de sucesso. A Suíça também, no seu projeto Swissmetro, emprega esta tecnologia (http://www.swissmetro.com). O fundamento físico básico, nesta aplicação, explora a força de atração que existe entre um imã ou eletro-imã e um material ferromagnético. A estabilização, neste caso, só é possível com uma malha de realimentação e regulador devidamente sintonizado, Fig.2. C. Levitação Supercondutora (SQL) Este tipo de levitação baseia-se no efeito Meissner de exclusão de campo magnético do interior dos supercondutores [7, 8]. No caso dos supercondutores do tipo II, esta exclusão é parcial, o que diminui a força de levitação mas conduz à estabilidade da levitação. Este fenômeno só pôde ser devidamente explorado a partir do final do século XX com o advento de novos materiais magnéticos e pastilhas supercondutoras de alta temperatura crítica, que se tornam supercondutoras a temperaturas muito mais elevadas que os supercondutores convencionais. Os supercondutores de alta temperatura crítica podem ser resfriados com nitrogênio liquido (temperatura de ebulição –196oC) enquanto que os supercondutores convencionais precisam ser refrigerados com hélio liquido (temperatura de ebulição –269oC), o que torna o custo da refrigeração muito elevado. Estes novos supercondutores estão sendo usados na pesquisa de um novo tipo de trem de levitação em diferentes Fig. 4 Trilho de levitação com visualização dos blocos supercondutores de YBCO e recipiente para LN2 . 2 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Fig. 3 Princípio de levitação supercondutora. IV. Fig. 5 Introdução de banho de LN2 As tabelas I e II, a seguir, apresentam um resumo do estado atual da tecnologia de transporte utilizando levitação magnética e tração linear. Deve-se registrar que, na ocasião que Alemanha e Japão iniciaram seus programas de trem de levitação, a tecnologia SQL não estava disponível. TRILHO DE LEVITAÇÃO Inicialmente foram utilizados imãs de Ferrita no trilho de levitação, mas a força de sustentação obtida foi muito modesta para a aplicação proposta. Em vista disso, o trilho do protótipo construído utiliza imãs de Nd-Fe-B. A Fig. 6(a) mostra uma foto deste trilho, que emprega, em cada veio, duas colunas de imãs de 2,54x2,54x1,27cm, montados em oposição de polaridade e separados por concentradores de fluxo de aço 1020. Na Fig. 6(b) vê-se o esquema de corte transversal de um trilho com levitador. Os blocos supercondutores de YBCO são refrigerados com um banho de LN2, mantido no interior do recipiente ilustrado na figura. No protótipo, o líquido refrigerante é perdido por evaporação e reposto durante as experiências. No futuro, prevê-se o emprego de um sistema de refrigeração de ciclo fechado. O LN2 não representa, no entanto, um fator significativo no custo deste processo. Seu preço é da ordem de R$2,00 / litro e para uma demonstração de 15min gasta-se cerca de 5 litros. A Fig. 7 apresenta as medidas de força de levitação para seções de trilhos de Ferrita e Nd-Fe-B construídas com a mesma configuração de blocos supercondutores. Como pode ser observado, o trilho de NdFe-B produz uma força uma ordem de grandeza superior ao de Ferrita. TABELA I – Projetos Mundiais de Transporte com Tecnologia de Levitação e Tração Linear em Implantação. País Projeto Comprimento Japão Nagoya East- Hill Line 9 km Tecnologia de levitação HSST – EML Alemanha 36,8 km Transrapid – EML Alemanha Aeroporto Munique Centro de Munique Reno-Ruhr Metrorapid 78,9 km Transrapid – EML USA Baltimore-Washington 64 km Transrapid – EML USA Pittsburgh-Washington 76 km Transrapid – EML China Aeroporto Shanghai Shangai Lujiazui 30 km Transrapid – EML Tecnologia de tração LIMarmadura curta LSMarmadura longa LSMarmadura longa LSMarmadura longa LSMarmadura longa LSMarmadura longa Situação Em construção – operação em 2005 Planejamento Planejamento Planejamento Planejamento Inaugurado em 01/01/2003 TABELA II – Exemplos de Estudos de Transporte com Tecnologia de Levitação e Tração Linear. País Japão Alemanha Corea China Brasil Suiça USA Projeto Yamanashi Emsland KIMM Uni. - Daejon Jiaotong Univ.- Chengdu [9] UFRJ Swissmetro Old Dominion University,Vi[10] Tecnologia de levitação MAGLEV – EDL Transrapid – EML EML SQL SQL Transrapid – EML EML Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Tecnologia de tração LSM- armadura longa LSM- armadura longa LIM- armadura curta LIM- armadura longa LSM- armadura longa LSM- armadura longa LIM- armadura curta Escala Escala real 18,4km Escala real 31,5km Escala real 1,3km Modelo reduzido 14m Modelo reduzido 30m Escala real Escala real 1km. Situação Fase de testes Fase de testes Fase de testes Em desenvolvimento Em desenvolvimento Projeto Operação de teste 3 LN2 YBCO NdFeB Fig. 6. (a) Trilhos de levitação de Nd-Fe-B ladeando o motor linear. (a) Trilho de Nd-Fe-B 15 100 50 0 (b) Corte transversal de um trilho de levitação. Força de Levitação (N) Força de Levitação (N) 150 0 5 10 15 20 Altura de Levitação (mm) Fe NdFeB (b) Trilho de Ferrita 10 5 0 0 1 2 3 4 5 Altura de Levitação (mm) Fig.7. Forças de levitação medidas com a mesma configuração de bloco supercondutores. V. MOTOR LINEAR SÍNCRONO (LSM) A ausência de contato mecânico para a transmissão de força de propulsão, conseqüência da levitação, sugere o uso de um motor linear para o acionamento. Com o objetivo de validar a combinação das técnicas de tração e levitação supercondutora (SQL), foi construído um primeiro protótipo de 7m [11] com motor linear síncrono de armadura curta e campo produzido por imãs de Ferrita distribuídos ao longo do trilho. Este protótipo apresenta o inconveniente da necessidade de contatos mecânicos para alimentar a armadura posicionada no veículo. Para altas velocidades, estes contatos mecânicos tornam-se um problema, que pode ser contornado com o uso de um motor linear de armadura longa. Como a armadura de um motor de indução é idêntica a de um motor síncrono, e aí reside o maior custo de uma máquina linear de armadura longa, dá-se preferência ao uso de motores síncronos pela sua maior eficiência e facilidade de controle. Esta seção descreve o projeto de um motor linear síncrono de armadura longa com excitação fornecida por imãs de Nd-Fe-B fixos no veículo. Com a finalidade de testar o desempenho dos sistemas de tração e levitação, o veículo circulará em uma trajetória fechada de 30m de perímetro (Fig.8). Dois projetos de motor linear síncrono foram 4 considerados: um motor com lado duplo e um motor de um único lado. A escolha recaiu sobre esta segunda opção devido à facilidade de operação nas curvas. Um cuidado especial foi tomado para minimizar as forças de atração entre o carro e o trilho, o que poderia prejudicar o sucesso da operação do sistema de levitação. Em vista disso, foi adotado um núcleo de ar. O motor é alimentado por um conversor de potência com controle V/f constante. No futuro, técnicas de controle vetorial e o emprego de mais de um conversor, com alimentação segmentada do trilho e sincronização da alimentação, serão explorados. A. Projeto do Motor Linear O ponto central do projeto recai sobre o cálculo preciso da distribuição da densidade de fluxo magnético devido à armadura e ao campo. Neste trabalho, foi empregado um programa comercial de cálculo por elementos finitos [12]. 1) Validação experimental – A proposta em estudo necessariamente implica em um espaçamento variável entre a parte móvel e a fixa (“air-gap”). Assim, a primeira providência adotada foi o cálculo da densidade de campo magnético a diferentes distâncias da superfície dos imãs. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A –5mm da superfície do imã permanente; B –7mm da superfície do imã permanente; C –10mm da superfície do imã permanente; D –15mm da superfície do imã permanente. Fig. 10 - Planos para diferentes camadas de ar Fig. 8 – Trajetória com trilho duplo de levitação (em cm) 0,4 Fig. 9 – Polos de imã permanente no veículo 0,3 0,2 0,1 By (T) Para o cálculo da componente By, foi usada a geometria da Fig. 9. Com o auxílio de um Gaussímetro, medidas experimentais foram tomadas ao longo da linha central dos magnetos. Para as diferentes alturas consideradas na Fig. 10, os resultados calculados e experimentais dos valores de pico de By estão resumidos na Tabela III. Para a distância de 5mm, a Fig. 11 apresenta a distribuição do campo ao longo de dois pólos. As diferenças encontradas nestes resultados podem ser explicadas pelo fato que as simulações usaram as características dos imãs permanentes fornecidas pelo fabricante. No entanto, estes imãs foram adquiridos sem magnetização e foram magnetizados por uma firma terceirizada. Desta forma, não se tem certeza dos dados de magnetização empregados. A caracterização exata dos materiais empregados será objeto de um próximo trabalho. Procedimento semelhante foi adotado para os enrolamentos da armadura, mostrados na Fig.12. A medida da densidade de fluxo magnético By a uma distância de 5mm sobre a bobina, nos pontos indicados na Fig. 13, fornece os resultados mostrados na Tabela IV. Os valores obtidos nos mesmos pontos com um modelo 3D (Fig. 14), usando simulação por elementos finitos, foram aproximadamente iguais. 0 -0,1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 -0,2 -0,3 -0,4 Posição (mm) Valores Medidos Valores Calculados Fig. 11 – Distribuição de By à 5 mm de afastamento Fig. 12 – Enrolamentos da armadura. TABELA III Valores de Pico da Densidade de Fluxo Magnético By A B C D By pico (T) (calculado-FEM) 0.33 0.29 0.23 0.16 By pico (T) 0.31 0.26 0.19 0.11 (medido) Fig. 13 – Pontos selecionados. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 5 Fig. 14 - Modelo 3-D de uma espira TABELA IV Valores de Densidade de Fluxo Magnético em Pontos Selecionados. By (T) (medido) 1 2 3 4 5 6 7 8 0.40 0.42 0.37 0.38 0.41 0.40 0.42 0.40 By (T) (calculado - FEM) 0.47 0.49 0.41 0.43 0.41 0.43 0.47 0.49 2) Especificações do motor – Os resultados acima, juntamente com fórmulas clássicas [13], foram usados para investigar diferentes configurações de projeto. As especificações do projeto preliminar do motor síncrono linear estão apresentadas na Tabela V. Duas formas de alimentação da armadura foram consideradas: em um primeiro caso, toda a seção de 6m é alimentada em série, na outra possibilidade, dois módulos de 3m são alimentados em configuração paralela. A força de propulsão estimada em cada caso encontra-se na Fig. 15. VI. VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA Os resultados obtidos com o protótipo (Fig.16) e o acompanhamento dos trabalhos realizados em outros centros mostram que a proposta aqui apresentada é tecnologicamente coerente. A durabilidade dos imãs e pastilhas supercondutoras apontam para um período superior a 20 anos. Do ponto de vista da demanda social, o Brasil é carente de transportes de massa de qualidade. Tomando como exemplo o eixo Rio - São Paulo, que concentra aproximadamente um terço da população brasileira e representa a metade do produto nacional bruto, a locomoção de pessoas em 2000 e sua estimativa para o ano 2010 estão resumidas nas Tabelas VI e VII. Como pode ser visto, estima-se um significativo fluxo de 20 milhões de pessoas por ano em 2010. Economicamente falando, admitindo-se os preços de 15 US$/kg de imã de Nd-Fe-B e 2000 US$/kg de YBCO [14] e considerando-se ainda o consumo de 100kg de imã por metro de trilho de levitação e 50kg de material 6 supercondutor para o veículo, a construção de uma linha de 450km ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, só com estes materiais, ficaria em: 450 000 x 100 x 15 = 675 milhões de US$ em imãs e 2000 x 50 = 100 mil US$ em pastilhas supercondutoras. Estes valores correspondem a 10% do preço de 15 milhões US$/km para sistemas MAGLEV, o que é baixo comparado com os custos de sistemas de transporte sobre trilhos [10,15,16,17] de alta velocidade. Por outro lado, quando se estima a produção mundial de imãs de Nd-Fe-B em apenas 20000 t/ano e a de YBCO em 0,1 t/ano a proposta parece inviável. No entanto, considerando-se que a produção de imãs e de materiais supercondutores deve crescer significativamente neste século, a tendência é que tanto o preço quanto a disponibilidade no mercado sigam uma trajetória favorável para a aplicação desta tecnologia. Além disto, as primeiras linhas podem ser de comprimento menor (~60km), da mesma forma como estão sendo construídos os atuais sistemas Transrapid e HSST (ver Tabela I). Finalmente, deve-se ressaltar que o Brasil possui toda a matéria prima necessária para esta produção. Assim sendo, este projeto pode representar uma grande mobilização de mão de obra, instalações industriais e capital na realização de uma proposta de transporte TABELA V Especificações do LSM Número de polos Freqüência (Hz) Velocidade síncrona (m/s) Distância polar (mm) Camada de ar “airgap” (mm) Largura da ranhura (mm) Largura do dente (mm) Numero de ranhuras/polo/fase Número de espiras Número de fases Resistência de armadura(Ω/m) Reatância síncrona(Ω/m) 10 20 1,56 39 5 10 3 1 20 3 0.85 0.07 TABELA VI Fluxo de passageiros entre Rio e São Paulo Santos Dumont – Congonhas aeroportos domésticos Galeão – Cumbica aeroportos internacionais Ônibus Carros 2000 2 mi. 2010 4 mi. Taxa 7%/ano 1 mi. 2 mi. 7%/ano 4 mi. 6 mi. 4%/ano 1,3 mi. 2 mi. 4%/ano TABELA VII Fluxo de passageiros nos arredores de Rio e São Paulo Arredores do Rio de Janeiro Arredores de São Paulo 2000 1 mi. 2 mi. 2010 2 mi. 4 mi. Taxa 7%/ano 7%/ano Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Força (N) 60 50 força 6m 40 força 3m 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Ângulo de Carga (graus) Fig. 15 – Curvas de Força de Propulsão x Ângulo de Carga. não poluente, rápido, seguro e alimentado fundamentalmente por energia elétrica, que é 90% renovável, oriunda de hidrelétricas no Brasil. No Rio Grande do Sul, já existe uma iniciativa política para a implantação de um sistema de transporte com as características aqui apresentadas (http://www.caiweb.com.br/trembala) e tal interesse também existe para a ligação Rio – São Paulo [17]. Fig. 16 Visão geral do protótipo de trem de levitação. VII. CONCLUSÕES Este artigo apresentou os primeiros passos no desenvolvimento de um trem de levitação magnética baseado no princípio de levitação supercondutora SQL. Este protótipo servirá como elemento de convencimento para futuras instalações comerciais. [1]R.Nicolsky, R.M.Stephan, editors, Proceedings MAGLEV’2000, Rio de Janeiro, Brazil, Junho 2000. [2]R.M.Stephan, O.J.Machado, I.Forain, R. Andrade Jr., Experiências de Levitação Magnética, Congresso Brasileiro de Automática-CBA’2002, Natal, pp. 309312, 2002. [3]J.U.Jeon, T.Higuchi, Induction Motors with Electrostatic Suspension, Journal of Electrostatics, v. 45, pp 157-173, 1998. [4]A.Yamamoto, H.Yasui, N.Shimizu, T.Higuchi, Development of Electrostatic Levitation Motor for Vacuum Condition, International Symposium on Industrial Electronics-ISIE, Rio de Janeiro, CD, 2003. [5]M.D.Simon, L.O.Heflinger, A.K.Gein, Diamagnetically Stabilized Magnet Levitation, Am.J.Phys., v.69, n.6, pp. 702-707, 2001. [6]P.K.Sinha, Electromagnetic Suspension, IEE Control Engineering Series, England., 1987. [7]F.C.Moon, Superconducting Levitation, John Wiley& Sons, USA, 1994. [8]A. Moises Luiz, Aplicações de Supercondutividade, Edgar Blücher, 1992. [9]J. Wang et al., The First Man-loading High Temperature Superconducting Maglev Test Vehicle in the World, Physica C, pp. 809-814, 2002. [10]A.Rosenblatt, Riding on Air in Virginia, IEEE Spectrum, v.39, n.10, pp. 20-21, 2002. [11]A.I. Nabeta, I.E. Chabu, A.B. Dietrich, J.R. Cardoso, Finite element Analysis of a Synchronous Linear Motor, Proceedings MAGLEV'2000, Rio de Janeiro, pp. 389-392, 2000. [12]ANSYS, User's Manual, 2000 [13]J.F.Gieras, Linear Synchronous Motors Transportation and Automation Systems, CRC Press, New York, 2000. [14]M.Wu, A Preliminary Feasibility Study of HTS MAGLEV for Transport Application, International Workshop on HTS MAGLEV – ISMAGLEV’2002, Chengdu, China, pp 33-36, 2002. [15]T.P.Sheahen, Introduction to High-Temperature Superconductivity, Plenum Press, New York, 1994. [16]General Atomics Report DOT-CA-26-7025-02.1, March 2002. [17]Jornal do Brasil, Economia, ‘Trem Bala volta à pauta do governo’, 23/5/2003. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, FAPERJ e FINEP pelo apoio financeiro. A Sérgio Ferreira, pelo apoio técnico, ao estagiário Wantuil Cabral Emmerick pela dedicação na montagem do protótipo e a Angela Jaconianni pelas ilustrações. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 7 DADOS BIOGRÁFICOS Richard Magdalena Stephan, Eng. Eletricista, IME (1976), M.Sc. COPPE/UFRJ (1980), Dr.-Ing. Ruhr Universität Bochum (1986). Atualmente é professor titular da UFRJ. Membro da SOBRAEP, SBA e IEEE. Áreas de interesse: controle e acionamento de máquinas elétricas, aplicações de supercondutores. Antônio Carlos Ferreira, nascido a 29/05/1963 em Muriaé-MG, Eng. Eletricista (1987) e M.Sc. (1991) UFRJ, Ph.D. Cambridge (1996). Atualmente é Professor Adjunto da UFRJ. Membro do IEEE e CIGRÉ. Áreas de interesse: análise e projeto de máquinas elétricas convencionais e não-convencionais. Rubens de Andrade Jr., nascido a 27/08/62 em Araçatuba- SP, Bacharel em Física (1985), M.Sc.(1989) e D.Sc. (1995) pela UNICAMP. Atualmente professor adjunto do Departamento de Eletrotécnica da UFRJ. Áreas de interesse: aplicação de supercondutores de alta temperatura crítica à sistemas elétricos de potência e simulação de dispositivos supercondutores. Luis Guilherme Barbosa Rolim, nascido em 1966 na cidade de Niterói-RJ. Eng. Eletricista (1989) e M.Sc. (1993) em Engenharia Elétrica pela UFRJ. Dr.-Ing pela Universidade Técnica de Berlim (1997). Desde 1990 é professor adjunto do Departamento de Eletrotécnica da UFRJ, onde conduz pesquisa em eletrônica de potência e acionamentos elétricos. 8 Marcelo de Azevedo Neves, natural do Rio de Janeiro, 17/08/1969. Bacharel em Física pela UERJ (1990). MSc. (1994) e DSc (2000) pelo Instituto de Física da UFRJ. Área de atuação: materiais e dispositivos supercondutores. Treze anos de experiência na produção e caracterização de materiais supercondutores. Marcos Antônio Cruz Moreira, Eng. Eletrônico, UFRJ (1988), M.Sc. COPPE/UFRJ (1992). Atualmente é professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos e Doutorando do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE / UFRJ. Marco Antônio Pereira do Rosário, nascido no Rio de Janeiro em 13/06/1966. Bacharel em Física pela UFRJ (1994). Especialização em Fibras Óticas COPPE/UFRJ (1999). Experiência: três anos no desenvolvimento de novos materiais no CBPF; cinco anos no desenvolvimento de dispositivos supercondutores no LASUP/UFRJ. Ocione José Machado, nascido em 08/02/1968 no Rio de Janeiro. Técnico CEFET-RJ (1990). Funcionário da UFRJ desde 1989. Graduando de Eng. Elétrica. Roberto Nicolsky, Bacharel em Física pela UFRJ (1964), M.Sc. USP (1981), D.Sc. IF/UFRJ (1991). Criador do LASUP, fundador e diretor-geral da PROTEC (Sociedade Brasileira Pró Inovação Tecnológica), autor de mais de 100 trabalhos técnicos publicados em revistas científicas, congressos e jornais. Professor do IF/UFRJ. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. EFFICIENCY OPTIMIZATION OF A SOLAR BOAT IM DRIVE EMPLOYING VARIABLE DC LINK VOLTAGE AND FUZZY CONTROL Gilberto C. D. Sousa and Domingos S. L. Simonetti Power Electronics And Drives Laboratory – Department Of Electrical Engineering Federal University Of Espírito Santo - C. P. 01-9011- Vitória - ES - BRAZIL E-mail: [email protected] [email protected] Ever E. C. Norena Faculty of Electronic Engeneering – Universidad Nacional Mayor de San Marcos Ciudad Universitaria. Av. Venezuela Cdra. 34 - Lima 1 E-mail: [email protected] Joost Pieter Rey Noordelijke Hogeschool Leeuwarden – 8913 HP Leeuwarden – The Netherlands E-mail: [email protected] Abstract - This paper describes a fuzzy logic based on-line efficiency optimization control of a solar boat drive that uses an indirect vector controlled induction motor for either speed or torque control. Besides acting on the flux level to reach optimum balance between the core and copper losses, this controller also acts upon the DC link voltage, in order to reduce the inverter losses as well. Due to its quadratic characteristics, the load torque is quite small at low to medium speeds, and the potential for energy saving is great. An experimental drive system with the proposed controller implemented on a TMS320C25 DSP based control board was constructed and tested in laboratory to validate the proposed technique. I. INTRODUCTION A solar boat propulsion system was jointly developed by Noordelijke Hogeschool Leeuwarden (NHL-Holland) and The Federal University of Espírito Santo (UFES – Brazil). Although the entire system is briefly described, only the part developed at UFES (IM drive control) is discussed in details here. Efficiency improvement in variable frequency drives is getting a lot of attention in the recent years [1,2]. In the present work, somewhat specific goals are present: for a solar powered boat designed to carry tourists through a nature preserve, higher efficiency translates into smaller number of solar panels, less cooling requirements for the converter and motor, with attendant reduction in cost and weight. The efficiency of a drive system is a complex function of the type of the selected machine, converter topology, type of power semiconductor switches and the PWM algorithm used. In addition, the control system has profound effect on the drive efficiency. It is well known that, for induction motors, the maximum efficiency is obtained when the core losses and the copper losses become equal, at any given torque and speed condition. A drive system normally operating at rated flux gives the best transient response. However, at light load condition, this causes excessive core loss [3], thus impairing the efficiency of the drive. Since drives operate at light load Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. most of the time, optimum efficiency can be obtained by programming the flux. A simple pre-computed flux program as a function of torque is widely used for light load efficiency improvement. The scheme can be improved by generating the flux program at discrete speeds to take the frequency variation into consideration. The losses can also be computed in real time and correspondingly the flux can be assigned so that the system operates with minimum losses [1]. These schemes may be inaccurate because parameter variation is not taken into consideration. The on-line efficiency optimization control [4-6], on the basis of search, where the flux is reduced in steps until the measured input power settles down to the lowest value, is very attractive. The control does not depend on parameters and the algorithm is applicable universally for any arbitrary machine. In the present paper, a fuzzy logic based on-line efficiency optimization control is employed in an indirect vector controlled drive system that assures fast convergence with adaptive step size of excitation current. A feedforward compensation algorithm suppressed the low frequency pulsating torque, generated by the efficiency controller. Besides acting on the flux level to reach optimum balance between the core and copper losses, this controller also acts upon the DC link voltage, in order to reduce the inverter losses as well. As the load (boat) possesses quadratic torquespeed characteristics, the load torque is quite small at low to medium speeds, and the potential for energy saving is great. II. THEORETICAL ANALYSIS A - Machine loss modeling While the machine copper losses are easily modeled, and clearly dependent on the total rms current, core loss modeling is somewhat more complex. In fact, the commonly used equations are empirically derived. The stator core losses (Pcs) due to the fundamental frequency (f) component can be represented by: Pcs = k e f 2 λ2m + k h f λ2m (1) 9 where λm is the fundamental air-gap flux, ke and kh are the eddy current and hysteresis loss coefficients, respectively. Equation (1) can be rewritten in terms of fundamental air-gap voltage Vm: Pcs = k c ( k e + k h / f ) Vm2 (2) Where kc is proportionality constant. From (1) it is evident that the dominant fundamental core losses are highly dependant on the flux level. When operating under reduced DC link voltage (Vdc), extra reduction in core losses can be achieved, as will be demonstrated. For a given fundamental flux level, fixed speed and load torque, the required fundamental inverter voltage is constant, irrespective of the value of Vdc. Clearly, when Vdc is reduced, the modulation factor has to increase to keep the fundamental voltage constant. As a consequence, dominant harmonics are greatly reduced, due to both the decrease in Vdc and the increase in the modulation factor. Assuming that the core losses caused by the harmonic fluxes are governed by the same principles, expressions similar to (1) and (2) can be obtained, with harmonic fluxes and voltages substituted for λm and Vm, respectively. Another consequence of the reduced total harmonic voltage is the decrease in total harmonic current. As a consequence, total rms current also decreases, as do the attendant (stator and rotor) copper losses. B - Converter loss modeling For a sinusoidal PWM inverter utilizing IGBTs, the loss analysis shows that the conduction losses for a given IGBT are proportional to the modulation index m, the collector emitter voltage VCE, and to the collector current IC [7]. Under reduced Vdc operation, m is increased to counteract the reduction in Vdc, such that the required fundamental voltage is produced. As mentioned before, the rms value of the motor current is somewhat reduced, what also tends to produce a small reduction in VCE. A precise quantitative analysis would be tedious and unnecessary, since It would came to the conclusion that any increase or reduction in the IGBTs conduction losses would be minimal. The switching losses, however, both during turn-on and turn-off, are independent of the modulation index, but are highly dependent on Vdc and IC,. Therefore, they are greatly reduced by the proposed technique. In the freewheeling diodes, the conduction losses diminish when m is increased, and the rms current is decreased. Furthermore, the switching losses are also reduced by both Vdc and rms current reduction. As a consequence, the overall inverter losses are greatly reduced, resulting in extra efficiency gains for the proposed control technique. DC converter can be employed to yield just the voltage level required for proper current control, at partial speeds, resulting in additional efficiency improvements, as discussed above. In addition, this allows an off the shelf induction motor (IM) (220V/60 Hz) to be employed, in place of a custom, low voltage IM. Energy captured by the solar panels is stored in a battery pack, that when fully charged reaches 52 V. The selection of such a low battery voltage is aimed at maximizing the number of parallel paths in the solar array. This results in increased reliability, and also permits the selection of a proper Vdc level at low speeds. Fig. 2 shows the block diagram of an indirect vector controlled induction motor drive incorporating the proposed efficiency optimization controller that was actually implemented at UFES. The feedback speed control loop generates the active or torque current command (iqs*’ ), as indicated. The vector rotator receives the torque and excitation current commands iqs* and ids*, respectively, from the two positions of a switch: the transient position (1), where the excitation current is established to the rated value (idsr) and the speed loop feeds the torque current, and the steady state position (2), where the excitation and torque currents are generated by the fuzzy efficiency controller and feed-forward torque compensator. The fuzzy controller becomes effective at steady state condition, i.e., when the speed loop error approaches zero. Note that the DC link power Pd, instead of input power, has been considered for the fuzzy controller since both follow symmetrical profiles. A - Current Controller Design Industrial vector drives usually utilize PI current control in the synchronous reference frame, with feed-forward terms, to decouple the back EMF effects. The PI gains are selected to produce the required bandwidth, with minimum overshoot. Under variable DC link voltage, the converter gain is no longer constant, and consequently, the current controller performance would deteriorate. Proper control under variable DC link voltage can be achieved with the use of a disturbance input-decoupling block, shown in Fig. 3. As the variable Vdc affects the inverter gain, the block Vdco/Vdc (rated / actual Vdc) adjusts the loop gain in the opposite way, such that an overall constant loop gain results. D C D C O P P T Idc Vdc Cd S P W M Ia IM Vac Ib Vbc BAT. TACHO III. OVERALL SYSTEM DESCRIPTION The overall drive system is illustrated in Fig. 1. The power source consists of a 48 V battery pack fed by solar panels through an optimal power point tracking controller (OPPT). Instead of keeping the DC link voltage constant, as in most VSI industrial drives, here a variable-output boost-type DC- 10 SOLAR PANELS CONTROL BOARD PC Fig. 1. Overall diagram of the solar boat drive. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Vdc Cd vdc idc vabc* INPUT POWER CALCULATOR FUZZY EFFICIENCY CONTROLLER ∆ids* LPF De-Qe /ABC pd ∆ωr IM P W M vdqe * TORQUE COMPENSATOR ABC/De-Qe iqs* ωr * ids iqs* ’ + CURRENT CONTROLLER Gw - ids* ωr idsr Lm 1 + sτ iqs SIN/COS GENERATOR ψr (D) θe ωe ωr + + ωsl Lm Rr Lr iqs*(N) Fig. 2: Indirect vector controlled induction motor drive incorporating the efficiency optimization controller. IV. REAL TIME SOFTWARE DEVELOPMENT B - DC Link Voltage Control As stated before, there are several benefits resulting from the operation at reduced Vdc. The system however, must provide enough voltage to ensure proper current regulation at any load and speed condition. To this end, the counter EMF at rated flux was computed as a function of frequency (ωe), and added to the rated stator resistance voltage drop. A boost voltage term was then added to ensure fast current transient (to overcome inductive effects) at any speed. The resulting relationship is shown in Fig. 4, for the case of a 5 hp, 220V, 60 Hz, 4 pole induction motor, used in the experimental study. The upper voltage of 300 V is due to the use, in this phase of the project, of a 220V AC mains to supply a fullbridge three-phase diode rectifier, to emulate the solar panels and boost converter, as will be discussed later in the experimental section. kp iqs * + +- ∫ ki i qs + + + Vdco Vdc v qs* The experimental system illustrated in Fig. 2 was constructed to supply a 5 hp standard (Class B), 83,5% rated efficiency IM in the first phase of the project. A 8 kW high efficiency motor is planned for the actual boat drive. A - Software Structure A control board based on the TMS320C25 DSP from TI INC performs virtually all the control functions. The software structure is depicted in Fig. 5, where it can be seen that there are two distinct interrupts. An INT1 interrupt controls the A/D and D/A channels, such that a 5 kHz sampling frequency per A/D channel is achieved. Another timer interrupt (TINT), adjusted for 200 µs, controls the core of the control routines. Due to the slow dynamics of rotor flux, and consequently core losses variations, there is a need to obtain other sampling times, what is easily achieved via software Vdc(V) 300 (a) ωs L s ids* kp i ds* + +- ki ids ∫ + + + Vdco Vdc v ds * 70 i qs* ωs σ L s (b) Fig. 3. Current control block diagram. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 5.0 1256.6 N (rpm) e Fig. 4: DC link voltage as a function of machine speed. 11 RESET INITIALIZATON TINT INT1 A/D AND D/A TASK HANDLER ωr ∆ωr i qs * SCALING FACTORS COMPUTATION +- Ib ∆ids* FUZZY CONTROLLER Pd(k-1) z-1 T3=0.2048 s TASK 2 - Unit vectors - Filters - Current control - Transition ctrl - Input power - Torque TASK 3 T4=2 s TASK 4 Average - Effic. Optim. Input - Torque comp. Fig. 5. Real time software flowchart. timers and a task handler, as indicated. The unit vectors computation, along with the synchronous frame current control, and instantaneous DC link power computation are performed at the 200 µs sampling time. A 1ms sampling time was utilized for filters that smooth the speed and DC link power signals, in addition to transient to steady state transition control, slip gain computation, and feed-forward torque compensation routines. The instantaneous DC link power is accumulated for 1024 cycles, and at every 0.2048 s, its average is computed. This mean value is the one used in the flux efficiency controller to prevent erroneous decision due to instantaneous power fluctuation. Experimental evaluations dictated that a 2 s sampling time be utilized for the actual fuzzy efficiency optimization routine (FEOPT) and feed forward torque compensation routine (FFTC). Smaller sampling times tend to result in oscillatory behavior for the search controller near the optimum efficiency point. B - Fuzzy Efficiency Optimization Fuzzy logic was employed in the construction of the search controller to provide adaptive step size for d-axis current reference ids* (flux command), aiming at reducing the time for the optimum point to be achieved. It will be briefly discussed here, since a detailed description is provided in [6]. Fig. 6 provides details of the efficiency controller. From the measured DC link power variation (∆Pd(k)), and the information on the last step in the flux command (L∆ids*(k)= ∆ids*(k-1) ) the controller derives the new step in flux command (∆ids* (k)). Scaling factors (Pb and Ib)) are also utilized to make the controller easier to port to different machine ratings. The rule base was constructed from the intuitive knowledge that helps humans search for the proper tuning of any system: if the optimum point seems to be far away, proceed in large steps. If it appears to be nearing, then reduce the step size. In the case it is detected that it has been passed, then reverse the search direction with reduced step size. 12 ∆Pd(k) L∆ids*(pu) T1=200µs BACKGROUND LOOP TASK 1 ∆ids*(pu) ∆Pd(pu) Pd(k) -1 z T2=1ms Pb Fig. 6. Fuzzy efficiency search controller. V. EXPERIMENTAL RESULTS The experimental setup was tested under several load and speed values, both at steady state and dynamic conditions. The system was tested for distinct DC voltage levels, established by a variable AC voltage source and a diode rectifier, to emulate the boost converter. The voltage level was selected based on the characteristics exhibited in Fig. 4. Initially the impact of the disturbance input decoupling mechanism on the current and speed responses was investigated. Figs. 7 and 8 show the results for both conditions, namely without and with the decoupling mechanism. It can be observed that the current response is faster with the decoupling, what ultimately results in a speed response with smaller overshoot, than that observed for a fixed gain (nominal values). The efficiency optimization control via flux reduction is illustrated in Fig. 9, for the case of a constant DC link voltage of rated value. The system was initially operating at steady state condition, at 520 rpm, already at an optimum flux level. The speed reference was suddenly set to 720 rpm, causing the flux producing current component (ids*) to be reset to its rated value (9.2 A). Fast transient response is then achieved, and after a few seconds, the search algorithm detects a new steady state condition. The flux is next decreased by reduction of excitation current, which correspondingly increases the torque current so that the developed torque remains constant. As the flux is decreased, the iron losses decrease with the attendant increase in copper loss. However, the total system (converter and machine) loss decreases, resulting in a decrease of DC link power. The search is continued until the system settles down at the new minimum input power point. The effects of each control variable, i.e., rotor flux and DC link voltage, on the drive efficiency can be best visualized in Fig. 10, for the case of a 160 rpm to 360 rpm step in speed reference, and a load torque of 0,04 p.u. at 360 rpm. Fig. 10(a) shows the results for rated ids*, rated Vdc, whereas in Fig. 10(b) the optimum flux controller is active, but Vdc is kept in its rated value. In contrast, Fig. 10(c) shows how performing Vdc reduction simultaneously with optimum flux control can substantially reduce the DC link power. The impact of efficiency optimization is shown in Fig.11, for a 0.4 p.u. speed and several load torques. Case A represents the rated flux, rated DC link voltage operation, whereas case B is the result of flux optimization alone, as discussed in Fig.10. Curve C was obtained by simultaneously Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 0 Iqs (A) (a) 0.2 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 0 0.4 0.6 0.8 t(s) 1 Iqs* (A) (b) 0.2 0.4 0.6 0.8 t (s) 1 250 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -20 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 Iqs (A) (a) 0.2 0.6 0.8 1 t (s) Iqs* (A) (b) 0 250 N (rpm] 0.4 0.2 0.4 0.6 0.8 1 t (s) N (rpm) 200 200 150 (c) 100 150 (c) 100 50 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 t (s) Fig. 7: Response to a speed step from 100 to 200 rpm, with Vdc=107V, without the compensation term. (a) Actual iqs current; (b) Reference iqs* current; (c) Motor speed. imposing flux optimization along with variable DC link operation. It can be seen that the reduction in the DC link voltage has a significant impact on efficiency for this case. Somewhat similar conclusion can be made for other operating conditions. VI. CONCLUSIONS The paper discussed how the particularities of a solar boat drive can be gainfully utilized to improve the overall drive efficiency. Considering a fixed number of solar panels, the use of a low voltage (48 V) for the battery pack is a good choice to keep the number of series connected solar cells small, and consequently, increasing the number of parallel paths. This results in increased reliability, and also permits the selection of a proper DC link voltage level at partial speeds. The problem of proper current control under variable inverter input voltage was addressed, with the help of a decoupling mechanism. This allowed current response to became immune to Vdc variations. Experimental results were obtained, initially for operating points along the quadratic torque-speed characteristics of the load, for three conditions: rated flux and Vdc, rated Vdc and optimum flux control, and finally, for simultaneous optimum flux and variable Vdc operation. The benefits of applying optimum flux level, along with Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 50 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 t (s) Fig. 8: Response to a speed step from 100 to 200 rpm, with Vdc=107V, with the compensation term. (a) Actual iqs current; (b) Reference iqs* current; (c) Motor speed. reduced Vdc control at low to medium speeds (and torques) were clearly demonstrated, and comprises lower machine losses, lower inverter losses, reduced cooling requirements, and increased reliability due to lower voltage stress on the switch. It can also be demonstrated that this strategy has a beneficial impact on the DC-DC boost-type converter as well. Overall efficiency can be even greater if a low resistance machine is employed, as is the case of a high efficiency induction motors. ACKNOWLEDGMENTS The authors wish to express their gratitude to CNPq, for its financial support of this project. REFERENCES [1] J. Abrahamsen, J. K. Pedersen, F. Blaabjerg, “State-ofthe-Art of Optimal Efficiency Control of Low Cost Induction Motor Drives”, Power Electronics and Motion Control PEMC’96, vol. 2, pp. 163-170, Budapest, Hungary, 2-4 September 1996. [2] F. Abrahamsen, F. Blaabjerg, J. K. Pedersen, P. Z. Grabowski, P. Trogersen, “On the Energy Optimized Control of Standard and High-Efficiency Induction Motors in CT and HVAC Applications ”, IEEE Trans. on Ind. App., vol. 34, no. 4, pp. 940-945, July/August 1998. 13 10 350 ids* 9 (A) 8 P dc (W) 300 (a) 250 7 200 6 150 (a) 100 5 0 5 10 15 20 25 t [s] 50 750 Nr (rpm) 700 5 10 15 20 25 30 t 250 (b) 600 200 550 150 (b) 100 0 5 10 15 20 25 t [s] 50 700 5 0 10 15 20 25 30 t [s] 350 Pdc (W) 600 P dc (W) 300 (c) 500 250 200 400 (c) 150 300 0 5 10 15 20 25 t [s] 100 16 50 14 12 Iqs* (A) 10 (d) 8 6 0 5 10 15 20 25 30 t [s] Fig. 10. DC link power for a 160 to 360 rpm speed step, with TL=0.04 (pu). (a) Rated Vdc, ids* , (b) Rated Vdc, optimum ids* ; (c) * 4 70 65 0 5 10 15 20 25 t [s] Fig. 9: System behavior for a 520 to 720 rpm step, load torque of 0.16 pu, flux optimization at rated Vdc. (a) D-axis current reference; (b) Speed; (c) DC-link power; (d) Q-axis current reference. 60 Efficiency (%) 2 0 [s] P dc (W) 300 650 500 0 350 55 CASE C CASE B CASE A 50 45 40 [3] G. C. D Sousa, B. K. Bose, J. G. Cleland, R. J. Spiegel and P. J. Chappell, "Loss modeling of converter induction machine system for variable speed drive", IEEE/IECON Annual Meet. Conf. Rec. Vol. 1, pp. 114-120, 1992. [4] P. Famouri and J. J. Cathy, "Loss minimization control of an induction motor drive", IEEE Ind. App. Soc. Trans.; Jan-Feb, 1991, Vol. 27, no. 1, pp 33-37. [5] D. S. Kirchen et al., "On-line efficiency optimization of a variable frequency induction motor drive", 1984 IEEE/IAS Annual Meet. Conf. Rec., pp. 488-492, 1984. [6] G. C. D. Sousa, B. K. Bose and J. G. Cleland, "Fuzzy logic based on-line efficiency optimization control of an indirect vector controlled induction motor drive", IEEE Transactions on Industrial Electronics, Vol. 42 No. 2, pp. 192-198, April, 1995. [7] F. Casanellas, “Losses in PWM inverters using IGBTs”, IEE Proceedings on Electronic Power Applications, September 1994, vol. 141, pp. 235-239.. 14 35 30 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 Torque (pu) Fig. 11: Efficiencies for a 0.4 pu speed and several load torques. BIOGRAPHIES Gilberto Costa Drumond Sousa received his B.Sc. degree from the Federal University of Espirito Santo (UFES), Brazil, a M.Sc. degree from the Federal University of Santa Catarina, Brazil, and a Ph.D. degree from the University of Tennessee, USA, all in Electrical Engineering. He has been with UFES’ Electrical Engineering Department since 1982, where he has been teaching power systems, electrical machines and drives courses for both graduate and undergraduate students. His research interest includes high Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. performance drives, power factor correction, and emerging technologies. He is a member of IEEE Industry Application Society, Brazilian Society of Automatic Control, and Brazilian Power Electronics Society. Domingos Sávio Lyrio Simonetti received his B.Sc. degree from the Federal University of Espírito Santo (UFES), Brazil, a M.Sc. degree from the Federal University of Santa Catarina, Brazil, and a Ph.D. degree from the Universidad Politécnica de Madrid, SPAIN, all in Electrical Engineering. He has been with UFES’ Electrical Engineering Department since 1984. His research interest includes soft-switching techniques, power quality, hugh-power factor converters and high performance drives. He is a member of Brazilian Power Electronics Society, IEEE Industrial Electronics Society and Brazilian Society of Automatic Control. Ever Ernesto Cifuentes Noreña received his B.Sc. degree from the Universidad Nacional Mayor de San Marcos – Lima -Perú (1988), and a M.Sc. degree from the Federal University Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. of Espírito Santo (UFES), Brazil, in 1999. From 1989 until the present time he works as a professor in the Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Faculty of Electronic Engineering), in the area of Automatic Control. Also works in the Instituto Peruano de Energía Nuclear in the area of Engineering, since 1988. His research interest includes application of artificial intelligence in control, drives of electrical machines and industrial automation. Joost Pieter Rey received his B.Sc. and D.Ing degrees from the Technical University of Delft - The Netherlands. From 1972 to 1974 he has worked at the Federal University of Paraíba, and from 1974 to 1984 at the Federal University of Espírito Santo, both in Brazil. He has been with the University of Professional Education Leeuwarden - The Netherlands since 1984. His research interest includes high electrical machine analysis, electrical drives and power electronics, power system control and intelligent control methods. He is a member of Dutch Royal Institute for Engineers (The Netherlands) and of IEEE (USA). 15 UMA REVISÃO DAS ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE ONDULAÇÕES DE CONJUGADO NO MOTOR DE RELUTÂNCIA CHAVEADO Luís Oscar A. P. Henriques, Luís Guilherme B. Rolim, Walter I. Suemitsu Paulo J. Costa Branco e-mail: [email protected] Universidade Federal do Rio de Janeiro Programa de Engenharia Elétrica C. Postal 68504 CEP 21945-970 - Rio de Janeiro – RJ Brasil e-mail: [email protected] Instituto Superior Técnico de Lisboa Av. Rovisco Pais 1049-011 Lisboa Portugal Resumo - Neste artigo é apresentada uma revisão das técnicas mais importantes para a redução de oscilações de conjugado no motor de relutância chaveado. Propõese também uma nova técnica para a minimização das ondulações de conjugado, baseada em técnicas de controle “neuro-fuzzy”. É feita uma análise crítica das vantagens e desvantagens dos métodos apresentados, para compará-los com a técnica proposta. Abstract – This paper presents a review of the most important techniques to minimize the torque ripple in switched reluctance motor (SRM). It is proposed a new technique to minimize the torque ripple using neuro fuzzy technique. A critique analysis about the advantages and drawback for the presented methods are show, to be compared with the proposed technique I. INTRODUÇÃO Devido à sua característica não linear, o motor de relutância chaveado apresenta oscilações implícitas de conjugado, o que se constitui em uma grande desvantagem para sua utilização em aplicações gerais, nas quais os motores de indução são amplamente utilizados. Para tentar superar esta restrição, muitas estratégias têm sido propostas para reduzir (ou cancelar) as oscilações de torque. Essencialmente, duas abordagens principais têm sido utilizadas: uma consiste em melhorar o projeto da máquina, e a outra consiste em projetar um controle eficiente que diminua ou elimine as oscilações. Os projetistas de máquinas de relutância levam em consideração os aspectos da não linearidade magnética, para projetar a estrutura das regiões polares do estator e do rotor de modo que a máquina possa operar em uma determinada velocidade sem oscilações de conjugado. Entretanto, esta estratégia restringe excessivamente a faixa de velocidades de operação do motor de relutância chaveado [1]. O artigo [2] apresenta modificações mecânicas nas regiões polares para uma operação suave; de fato eles apresentam um motor que possui uma característica de conjugado x ângulo do tipo senoidal. Também há soluções em que se projeta o motor com uma geometria otimizada para produzir um conjugado sem oscilações [3]. O artigo [4] apresenta um modelo analítico que inclui o efeito da saturação do ferro e necessita somente da geometria do motor e dos parâmetros 16 do material como entradas. As equações analíticas são complexas, mas permitem um modelo que permite prever as curvas de desempenho da máquina, tais como as do fluxo enlaçado pelos enrolamentos, da força contra-eletromotriz e do conjugado estático. Outra metodologia bastante utilizada pelos projetistas atualmente faz uso dos métodos de elementos finitos para simular toda a operação do motor [5] e [6]. A outra abordagem, bastante utilizada atualmente, baseiase em projetar conversores e controladores que minimizem as oscilações de conjugado através da seleção da melhor combinação de parâmetros de operação, que incluem entre outros, a tensão de alimentação, os ângulos de energização e desenergização, e o perfil da corrente. Dentre os diversos trabalhos que propõem um perfil ótimo de corrente [7], [8], [2]. Alguns trabalhos são baseados no modelo estático do sistema, o que significa que o controle utiliza uma tabela que contém a característica magnética para uma única velocidade [2], enquanto que outros apresentam a vantagem de serem capazes de se adaptar em tempo real a qualquer variação nas características do sistema, ou ainda podem estima algumas variáveis utilizadas para o controle do motor, tais como: velocidade, conjugado ou posição. Além destes trabalhos, há artigos que utilizam um modelo linear, mas este modelo apresenta a desvantagem de não ser adequado para aplicações que exigem um desempenho elevado, além de exigir inúmeras aproximações matemáticas. Em outros trabalhos, é usado um perfil de corrente para produzir picos de corrente em regiões de baixa variação de indutância. Ultimamente, métodos baseados em sistemas de aprendizagem como redes neurais e lógica fuzzy têm sido utilizados, explorando a característica destes métodos de não necessitarem um modelo matemático do sistema a ser controlado. O objetivo deste trabalho é comparar as vantagens e desvantagens de diversos métodos. Além disso, apresentamos uma nova abordagem de controle para reduzir as oscilações de conjugado, baseada em uma técnica híbrida que utiliza redes neurais e lógica fuzzy. É bastante complexo levar em conta um único critério para todas as estratégias de controle para minimização das oscilações de conjugado em motores de relutância chaveados. Portanto, propomos dividi-las em alguns sub-grupos, como mostrado na Figura 1. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 9 Redução das Oscilações de Torque 6 Modelagem do Conversor e do Controle Tabelas características Redes Neurais Lógica Fuzzy I = 14 A 5 I = 11 A 4 3 I = 8A 2 I = 5A 1 0 -1 0 Modelo Matemático Controle em tempo real I = 17 A 7 Γ [N. m] Construção do Motor I = 20 A 8 +5 +10 +15 +20 +25 +30 +35 +40 +45 θ[°] Figura 3 – Conjugado em uma fase - Γ(θ , I ) . Convencionais Figura 1. Diagrama de blocos dos métodos de redução das oscilações de conjugado II. TABELA CARACTERÍSTICA Esta estratégia de controle foi a primeira a ser implementada. É baseada na tabela que contém as características magnéticas do motor, em particular as relações: L(θ,I) e Γ(θ,I) (apresentadas graficamente na Figura 2 e na Figura 3) Utilizando estes gráficos, pode-se obter a corrente ideal para se obter a corrente ideal para produzir o conjugado ideal. Uma desvantagem deste método é a dificuldade de obtenção das tabelas que dão origem aos gráficos na Figura 2 e Figura 3. As mesmas devem ser obtidas experimentalmente, fixando-se a corrente de alimentação e variando o ângulo que determina a posição do rotor, o que demanda um tempo razoavelmente longo. De qualquer maneira, como o conhecimento destas características é necessário para determinar se o motor fabricado está de acordo com o projeto inicial, esta desvantagem não representa uma restrição muito grande. O método descrito por [8] é baseado na estimação do conjugado instantâneo do motor de relutância chaveado através curva característica fluxo/posição/corrente. Essas curvas são obtidas, através de medidas experimentais da tensão e da corrente para diferentes posições do rotor, e posteriormente outros valores são obtidos utilizando-se o método de interpolação bi-cúbica. Através deste método, o conjugado é estimado através de equações polinomiais de 3a ordem, sendo que os coeficientes calculados são armazenados na memória do DSP utilizado na implementação (Figura 4). Em seguida, o conjugado estimado é comparado com o conjugado de referência, e o resultado é aplicado ao regulador de corrente que controla a corrente de fase do motor ( Figura 5). O algoritmo deste método não leva em consideração a vantagem da sobreposição de fases quando a variação da indutância de fase é positiva. O método de redução de oscilações apresentado em [7] baseia-se na superposição de correntes durante o chaveamento. Define-se um ponto central de chaveamento, onde duas fases têm correntes iguais, de modo que a soma dos conjugados gerados pela corrente de cada fase seja igual ao conjugado desejado. III. MODELO ANALÍTICO 0.06 L[ H ] 2A 5A 0.05 0.04 8A 0.03 11A 14A 0.02 17A 20A 0.01 0 0 +5 +10 +15 +20 θ [°] +25 +30 +35 +40 Figura 2. Perfil de Indutância L(θ , I ) . Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. +45 A representação da máquina através de seu modelo matemático linear ou não linear é um passo adiante no estudo do controle do motor de relutância chaveado. Os modelos analíticos permitem levar em consideração a velocidade do motor e utilizar uma abordagem em tempo real, ao invés de empregar uma tabela estática [9]. Alguns estudos calculam a função de conjugado ótimo, para minimizar as oscilações [10], [11]. Esta abordagem reduz significativamente o trabalho computacional do controlador e facilita a operação do controle em tempo real. Este método também permite a inclusão de objetivos de controle secundários, como a maximização do desempenho. Entretanto, o cálculo da função “off-line” também leva à perda de robustez do sistema. Outro problema é a necessidade de maior espaço de memória para armazenar toda a informação na tabela, para operar o motor em uma banda de velocidade mais larga em alguns níveis de conjugado. 17 V A. Controle Adaptativo Convencional Memória do DSP (Coef.) Ieλ Estimador de Posição θ Estimador de Torque Te Figura 4 – Estimação da posição e do conjugado + Te Controlador θ Conversor Motor I V Algoritmo de estimação de torque e posição Figura 5 – Estimação e contr. de um motor de relutância chaveado Uma possibilidade para implementar um controle adaptativo foi pesquisada em [12], mas o controlador obtido tem uma estrutura complicada para a operação em tempo real e sua implementação se torna inviável. O artigo [13] apresenta uma abordagem matemática para obter o modelo analítico que representa as características fluxo/corrente/posição e conjugado/corrente/posição. O uso deste modelo permite um controle rápido de conjugado em tempo real, através da malha de controle de velocidade e posição. A desvantagem do método proposto é que uma grande parte do sistema é representado de forma linear. O trabalho [14] trata da redução das oscilações de conjugado na região linear e com a presença de indutância mútua. Entretanto, as perdas no ferro e por correntes parasitas são desprezadas. A técnica de redução das oscilações é baseada na adição do quadrado das correntes das fases. A justificativa para se usar tal estratégia é o fato que o conjugado é proporcional ao quadrado da corrente. Uma desvantagem deste método é que só pode ser utilizado em motores do tipo 8/6. Além disso, outro ponto crítico é a necessidade de haver somente 2 fases conduzindo ao mesmo tempo, uma vez que são utilizados 2 sensores de corrente. IV. CONTROLE ADAPTATIVO “ON-LINE” Técnicas de controle em tempo real podem ser usadas para implementar o controle do motor. Algumas técnicas usam algoritmos complexos que atualizam os parâmetros do controlador em tempo real, outras utilizam técnicas de inteligência artificial como redes neurais, lógica fuzzy e algoritmos 18 Utilizando técnicas de controle convencionais, podemos obter os valores atualizados dos parâmetros do controlador, empregado um algoritmo de identificação recursivo [15]. Durante a operação, os parâmetros de controle são ajustados “on-line”. A única entrada necessária para o controlador é a resistência de fase. O controlador ajusta seus parâmetros em tempo real para qualquer variação nas características do motor. Algoritmos de sintonização automática podem minimizar as oscilações de conjugado em Motores de Relutância Chaveados (MRC). Os resultados indicam que esta técnica apresenta bons resultados em baixas velocidades. Para altas velocidades, ela gera um modelo inválido para o algoritmo de estimação, causado pelo longo tempo necessário para efetuar o cálculo do conjugado e a identificação do sistema no mesmo DSP. O controle de velocidade é efetuado por um controlador PI convencional que gera um sinal de referência de conjugado T*. Com o sinal T*, e depois da estimação do conjugado do motor, o controlador produz as correntes de referência. A grande contribuição deste trabalho é em relação ao método de identificação do sistema, e não à minimização das oscilações de conjugado. Entretanto, quanto melhor for a identificação do sistema, mais facilmente pode-se minimizar as oscilações. O artigo [16] propõe a otimização das curvas das correntes nas fases, principalmente nos momentos de chaveamento, para a redução das oscilações. A estratégia é baseada na geração de formas de corrente de modo que a adição dos conjugados gerados em cada fase seja constante e igual ao conjugado desejado. Para isso, os autores definem uma função de contorno fT(θ). Existem inumeráveis conjuntos de funções de contorno que se ajustam ao motor de relutância. Como exemplo temos as funções mostradas na Figura 7. A função correspondente para a fase 1 seria: Ifase θ ew Algoritmo de Identificação Controlador de velocidade (PI) T* Controlador de conjugado Histerese Corrente de fase Calculo do Fluxo Corrente de fase I genéticos. Devido à evolução dos microprocessadores, com sua crescente capacidade de armazenamento e de processamento de dados, estes métodos são cada vez mais utilizados. Figura 6 – Diagrama do controlador com adaptação de parâmetros Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. θ 0 ≤ θ < θ1 f1 (θ) = 0.5 − 0.5 cos 4(θ − θ 0 ), θ1 ≤ θ < θ 2 = 1, = 0.5 + 0.5 cos 4(θ − θ 2 ), θ 2 ≤ θ < θ3 = 0, para outros valores (1) Td Rede Neural ia θA O algoritmo de controle utiliza as curvas características de conjugado/corrente/posição. Primeiramente a função f(θ1) é calculada utilizando-se as curves e então se calcula o conjugado em cada fase. Este conjugado é inserido na tabela e em seguida é possível obter as correntes Idesejada. Em seguida regulamos as correntes para manter os valores desejados. O uso dessas funções de contorno apresenta algumas restrições: • A soma das funções para todas as fases deve ser constante, • A corrente deve ser capaz de seguir o contorno definido pela função. Portanto, embora seja possível usar diversas funções de contorno, é necessário estabelecer um critério para a escolha das mesmas. Além disso, o chaveamento da corrente entre as fases é considerado instantâneo, o que não é realizável devido à alta relação di/dt decorrente da indutância do enrolamento da fase. B. Redes neurais A técnica de aprendizado “backpropagation” é apresentada em [17]. Este método possui as vantagens de não necessitar de um modelo ou de equações que descrevam o sistema e de apresentar reduzida complexidade matemática. Entretanto, a coleta de dados para o treinamento é crítica para um aprendizado eficiente. Além disso, o período de treinamento é muito lento. Este trabalho simplesmente modela o motor, não realizando a compensação. Isto é, só substitui as tabelas que representam o motor por uma rede neural. O trabalho [18] apresenta uma rede neural para controlar o motor de relutância chaveado. A técnica é baseada na especificação de um perfil de conjugado de referência. Este perfil é obtido de T(θ,I). Este artigo propõe a geração da tabela da relação inversa conjugado/corrente/posição “online”. Id ib θB 4 Sistema de lógica de comutação Conversor + Motor Te θ Figura 8 – Sistema Proposto Esta abordagem é interessante porque permite considerar as interações magnéticas entre as fases em condução. Isto não é possível quando se trabalha com o sistema estático. O trabalho apresenta uma rede com duas entradas (conjugado e θ) e uma saída (corrente). É importante levar em conta que o sensor de conjugado é necessário durante todo o intervalo de operação. As condições iniciais influem consideravelmente no aprendizado da rede e se as mesmas forem favoráveis, o aprendizado é bem rápido. A Figura 8 mostra o sistema implementado. Uma desvantagem deste método é que se os parâmetros iniciais da rede neural não forem apropriados, o tempo de aprendizagem ficará afetado, causando até mesmo perturbações no conjugado que podem ser críticas para o processo em que a máquina estiver operando. C. Lógica Fuzzy Figura 7 – Funções de contorno das correntes O artigo [19] mostra uma aplicação da lógica “fuzzy” que substitui o controlador PI convencional. O MRC apresenta uma estrutura de controle não linear, multivariável, que exige um projeto de controle complexo para atingir um elevado desempenho dinâmico. Entretanto, os controles baseados na abordagem linear, próximo ao ponto de operação, não produzem o desempenho desejado. O artigo é dividido em 2 partes: 1a – As não linearidades magnéticas são modeladas utilizando-se lógica “fuzzy”. 2a – Um controle de velocidade é implementado com lógica “fuzzy”. Com entradas para o controlador de velocidade temos ew e cew (erro de velocidade e variação do erro de velocidade) e como saída ∆I. As regras foram obtidas por tentativa e erro. As restrições para este trabalho são a necessidade de se conhecer as regras de fuzzificação previamente e também a incapacidade de mudar estas regras “online”. Um controle adaptativo “fuzzy” é proposto em [20]. Os parâmetros iniciais são escolhidos aleatoriamente e em seguida eles são ajustados para otimizar o controle. O método apresentado neste trabalho não depende de propriedades predeterminadas da máquina, e é capaz de se adaptar a qualquer mudança destas propriedades. É robusto em relação ao erro de posição, e evita a produção de conjugado negativo durante o chaveamento. Entretanto, o método proposto é baseado na suposição que um sensor de conjugado é conectado permanentemente na máquina, o que não é prático nem confiável e é muito caro. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 19 1 f1 f2 f3 f4 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 O controlador utiliza como entrada a posição do rotor e como saída a corrente Ifases. Ele é baseado em uma base de dados que utiliza o erro entre o conjugado desejado e o real como método de adaptação. O conjugado desejado é estimador utilizando-se a técnica proposta por [21]. O erro de conjugado (T*-T) é usado para a adaptação e as saídas são as referências para as correntes de fases. A comutação é normalmente efetuada próximo da posição de alinhamento do estator e do rotor, onde a indutância de fase é alta e a de desmagnetização baixa. O método apresentado em [22] é uma tentativa para reduzir as oscilações de conjugado através de uma técnica “fuzzy”, em que o sinal de oscilação de conjugado é obtido indiretamente do sinal de aceleração do motor. A estratégia é baseada em regras que ativam diferentes funções de acordo com a fase que deve ser energizada. Essas funções são formuladas com referência ao controle de velocidade com modo de deslizamento. As entradas para a operação em modo de deslizamento são o erro de velocidade e a aceleração. Esta maneira de obter a informação sobre a oscilação de conjugado, através do sinal de aceleração, é interessante, mas o método de estimação pode falhar. Além disso, o sistema de lógica “fuzzy” apresentado neste artigo é estático; portanto, o controle não será modificado se houver variações na carga, ou em qualquer parâmetro da máquina. Isto é indesejável, pois o SLF (sistema de lógica “fuzzy”) pode ser sintonizado para uma determinada condição de operação ótima, mas para outras situações, esta sintonização poderá não ser satisfatória. Outra técnica baseada em lógica “fuzzy” é o compensador do ângulo de desenergização. O ângulo de desenergização pode ser variado automaticamente para um intervalo de velocidades do motor, para reduzir as oscilações de conjugado. Com a variação deste ângulo, é possível variar o perfil de corrente nas fases do motor [23]. D. Compensador “Neuro-Fuzzy” Neste trabalho [24], o controle possui uma maior flexibilidade de operação, desde que a aprendizagem está presente no compensador. Esta aprendizagem torna o compensador menos dependente das características da máquina. Se o sistema apresentar alguma modificação na carga, na tensão de alimentação ou na velocidade de operação, o compensador tem a capacidade de se adaptar a este novo ponto de operação e procura reduzir as oscilações de conjugado. A estratégia proposta para produzir este sinal de compensação consis- te em incorporar ao sistema de controle PI tradicional, mecanismos de aprendizagem, como por exemplo, no caso deste artigo, um sistema “neuro-fuzzy” (SNF). O controle mencionado consiste em utilizar um controlador “neuro-fuzzy”, cuja saída é utilizada juntamente com a saída do controlador PI tradicional, como mostrado na Figura 10. Como entrada do compensador, podem ser utilizados a velocidade do motor, a posição do rotor, a referência de corrente ou o erro de velocidade. A flexibilidade é muito importante para aplicações em que todos os sinais de treinamento forem disponíveis através de sensores. Este controlador é importante porque seu treinamento é possível através de sinais correlacionados indiretamente com os sinais de entrada. Por exemplo, podemos usar a própria oscilação de conjugado para treinar a rede “neuro-fuzzy”, com o objetivo de produzir uma nova forma de corrente. Ou podemos usar o erro de velocidade como um sinal de treinamento indireto, possibilitando a eliminação do sensor de conjugado. Em trabalho apresentado anteriormente por [25], foi apresentada uma estratégia de compensação “offline” empregando-se o algoritmo “neuro-fuzzy” desenvolvido em [26]. Devido a esta abordagem (treinamento “offline”), era sempre necessário treinar novamente a compensação do sistema depois de qualquer variação nos parâmetros da máquina ou na carga [27]. Neste artigo, é proposta uma estratégia mais avançada. Utilizando-se as mesmas condições que no caso “offline”, uma compensação “online” para a redução das oscilações de conjugado é considerada para duas abordagens diferentes: com o sinal de conjugado e sem este sinal. Na primeira abordagem, a parte oscilante do conjugado (conjugado total – conjugado médio) é usada, e na segunda, o sinal de erro de velocidade é utilizado para obter a informação sobre a oscilação de conjugado da máquina. De fato, há duas entrada diferentes para o compensador, mas somente uma estratégia de compensação. Uma desvantagem da primeira abordagem é a necessidade de se utilizar um sensor de conjugado. Entretanto, esta pode ser utilizada como um primeiro passo para a aquisição das regras do compensador, para em seguida empregar a segunda abordagem. O uso do sensor de conjugado só é viável economicamente se for possível realizar um treinamento “offline” do sistema e depois retirar o referido sensor. O mesmo é excessivamente caro para mantê-lo conectado durante a operação normal do motor. θ Controlador Fuzzy Adaptativo ~ ∆Tel + ifase 1/s - Conversor I V Motor Bloco NeuroFuzzy filtro ∆i + T* T Estimação de torque Wref + - Controlador PI Ipi + + Iref Conversor + Motor W θ Figura 9 – Controle adaptativo “fuzzy” para a redução das oscilações de conjugado em um MRC 20 Figura 10 – Diagrama simplificado com o controlador PI e o compensador “neuro-fuzzy” Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. V. RESULTADOS Nesta seção, apresentaremos resultados de simulação e experimentais do sistema, que comprovam a capacidade de compensação da corrente para a minimização das oscilações de torque usando-se a estratégia neuro-fuzzy. A Método com sinal de torque Os resultados obtidos utilizando-se o sinal de torque como sinal de erro para atualização dos sistemas de compensação são apresentados para duas velocidades: 200 rpm e 50 rpm, validando a importância deste método para baixas velocidades. O sistema para 200 rpm foi simulado por 0,6 segundos com inicio da aprendizagem em 0,2 segundos. O resultado de corrente obtido para 200 rpm é apresentado na Figura 11. O sistema básico ficou modelado com taxa de aprendizagem de 0,3 e 3 funções de pertinência para cada uma das três entradas (corrente, posição e velocidade). Observa-se na Figura 12 que imediatamente após a entrada da compensação, a oscilação de torque diminui. O erro médio quadrático inicia neste ponto uma queda bastante abrupta em seu valor. Tudo isto é devido à taxa de aprendizagem de 0.3. O erro de velocidade (Figura 14) nos mostra uma envoltória no Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Fase A − 200 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 3 2.5 Corrente (A) 2 1.5 1 0.5 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 Tempo(s) Figura 11 – Corrente de fase – Taxa de Aprendizagem 0,3 – 200 rpm 200 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 0.5 0.45 Torque Total(N.m) A maioria das pesquisas sobre o assunto necessita o uso de um sensor ou um observador de conjugado[28]. A segunda abordagem apresenta a vantagem de eliminar o sensor de conjugado. Entretanto, o sinal de atualização obtido indiretamente do erro de velocidade não possui tanta informação sobre as oscilações de conjugado como o próprio sinal de conjugado e assim um tempo de treinamento maior e uma taxa de aprendizagem muito pequena são necessários para manter o sistema estável. A estratégia de compensação incorpora um mecanismo de aprendizagem ao controlador PI. Este compensador consiste em se utilizar um sistema “neuro-fuzzy” cuja saída é empregada em conjunto com a saída do PI, como mostrado na Figura 9. Como entradas para o compensador, o sinal de velocidade, a posição do rotor, a corrente de fase, ou o sinal de erro da velocidade podem ser usados. Esta flexibilidade é bastante interessante em aplicações em que os sinais de aprendizagem necessários não são disponíveis através de sensores. Note-se a importância de um controlador deste tipo, que torna possível seu treinamento através de sinais ligados indiretamente com os sinais de entrada. Por exemplo, as oscilações de conjugado podem ser utilizadas para treinar o compensador “neuro-fuzzy” com o objetivo de produzir uma corrente oscilante, e um erro de velocidade que forneça uma informação indireta sobre as oscilações de conjugado, eliminando-se assim a necessidade de um sensor de conjugado. 0.4 0.35 0.3 0.25 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 Tempo (s) Figura 12 – Torque Total – Taxa de Aprendizagem 0,3 – 200 rpm erro de velocidade de aproximadamente 1 rpm antes da compensação. E após um período de regime transitório cai para 0.1 rpm. Demonstrando que o sistema está compensando a corrente. Os resultados para 50 rpm são apresentados a seguir (Figura 15 e Figura 16) . Para este caso, foram simulados 1.5 segundos e o início do treinamento é aos 0.6 segundos. Para a velocidade de 50 rpm encontramos a mesma situação de resultados obtidos para a velocidade de 200 rpm. Temos um período de transitório, que com o tempo levará o sistema para uma regime permanente onde teremos o erro de velocidade oscilando em torno do erro de velocidade nulo (Figura 17). Figura 18 e Figura 19 mostram resultados experimentais do erro médio quadrático e do sinal de torque respectivamente, para uma operação de treinamento online de 8 minutos a 500 rpm. 21 200 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 −4 7 x 10 50 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 1.5 1 5 Velocidade (rpm) Erro médio quadratico 6 4 3 0.5 0 −0.5 2 −1 1 0 0 20 40 60 80 Número de Pontos 100 120 −1.5 0 140 0.5 1 1.5 Tempo (s) Figura 13 – Erro médio Quadrático – Taxa de Aprendizagem 0,3 – 200 rpm Figura 17 – Erro de Velocidade – Taxa de Aprendizagem 0,3 – 50 rpm 200 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 1.5 B Método sem sensor de torque 1 Para esta metodologia onde não se usa o sensor de torque, nem se estima o seu valor para a obtenção do sinal de torque, utiliza-se o sinal de velocidade como apresentado anteriormente. Para esta condição, apresentamos os resultados obtidos para 50 rpm a seguir. Observa-se na Figura 21 a redução das oscilações de torque é observada pela curva do erro médio quadrático. Velocidade (rpm) 0.5 0 −0.5 −1 6 −1.5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 x 10 -4 Sem carga Com Treino Sem treino 0.5 Tempo (s) Figura 14 – Erro de Velocidade – Taxa de Aprendizagem 0,3 – 200 rpm 4 Fase A − 50 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 2 Erro médio 1.8 1.6 2 Corrente (A) 1.4 1.2 1 0.8 0 0.6 0 50 100 150 0.2 0 0 200 250 300 350 400 450 500 Pontos 0.4 Figura 18 – Erro médio quadratico 0.5 1 1.5 Tempo(s) Sem carga 0.5 Figura 15 – Corrente de fase – Taxa de Aprendizagem 0.3 – 50 rpm Com treino Sem treino 0.45 50 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.3 0.4 0.12 0.35 0.1 0.3 Torque Total(N.m) Torque 0.25 0.08 0.2 0.06 0.15 0.1 0.04 0.05 0.02 0 0 0 0.5 1 1.5 Tempo (s) 0 50 100 150 200 250 300 350 Tempo (ms) 400 450 500 Figura 19 – Torque Elétrico Figura 16 – Torque Total – Taxa de Aprendizagem 0.3 – 50 rpm 22 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. [2]R.C. Kavanagh, J.M.D. Murphy, e M. Egan, “Torque Ripple Fase A − 50 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.001 1.8 1.6 1.4 Corrente (A) 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 Tempo (s) Figura 20 – Corrente de fase – Taxa de Aprendizagem 0,001 – 50 rpm 50 rpm − Taxa de Aprendizagem=0.001 0.16 0.14 Torque Total (N.m) 0.12 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 0 1 2 3 4 5 Tempo(s) Figura 21 – Erro médio quadrático da velocidade – Taxa de Aprendizagem 0.001 – 50 rpm VI. CONCLUSÃO Neste trabalho é apresentada uma revisão das estratégias de redução das oscilações de conjugado em um MRC e uma nova metodologia para a compensação dessas oscilações. Esta metodologia apresenta uma maior flexibilidade de operação devido à presença de aprendizagem no compensador, a qual o torna menos dependente das características do motor. Se o sistema sofre alguma modificação na carga, na fonte ou na velocidade de operação, o compensador possui a capacidade de auto-regulação, de modo a modificar a forma da função de controle neste novo ponto de operação e buscando a redução das oscilações de conjugado desejada. Mais detalhes desta metodologia podem ser obtidos em [24]. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às agencias financiadoras CAPES (Brasil) e GRISES (Portugal) pelo suporte financeiro, durante a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1]T.J.E. Miller “Switched Reluctance Motors and their Control”, Magma Physics Publishing and Clarendon PressOxford 1993. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Minimization in Switched Reluctance Drives using SelfLearning Techniques”, Proc. of IECON’91, pp. 289-294, Vol. 1, Japão, 1991. [3]J.V. Bryne, M.F. McMyllin, et al. Proc. Motor Con. 147160, 1985 [4]A.V. Radun “Design Considerations for the Switched Reluctance Motor”, IEEE Transaction on Industry Applications, 31(5):1079-1087, 1995 [5]J.R. Cardoso, P.P. de Paula, “Design of a Switched Reluctance Motor”, COBEP’95, pp. 67-72, 1995 [6]J.M.L. Nascimento, L.G.B. Rolim, et al, “Design and Simulation Aspects of a Switched Reluctance Drive”, COBEP’95, pp. 79-83, 1995 [7] D.S. Schramm, B.W. Williams et al “Torque Ripple Reduction of Switched Reluctance Motors by phase Current optimal Profiling”, PESC 92, pp. 857-860 ,1992. [8]J.C. Moreira, “Torque Ripple Minimization in Switched Reluctance Motors Via bi-cubic Spline Interpolation”, PESC 92 pp 851-856, 1992 [9]K. Russa, I. Husain, M.E. Elbuluk, “Torque-ripple Minimization in Switched Reluctance Machines Over a Wide Speed Range”, IEEE Transaction on Industry Applications, 34(5): 105-1112. 1998 [10]P.C. Kjaer, J. J. Gribble, T.J.E. Miller, “High-grade control of Switched Reluctance Machines” Conf. Rec. IEEE IAS Ann. Meeting, pp. 84-91, 1996 [11]A.M. Stankovic, G. Tadmor et al “On torque ripple reduction in current-fed switched reluctance motors”, IEEE Transactions on Industrial Electronics, 46(1):177-183, 1999 [12]B.L. Amor, L.A. Dessaint et al., “Adaptive Feedback linearization for position control of a Switched Reluctance motor: Analysis and Simulation,” Int. Journal. Adapt. Control Signal Process, 7(2):117-136, 1993 [13]C. Rochford, R.C. Kavanagh, et al., “Development of smooth torque in Switched Reluctance Motors using selflearning Techniques” EPE 93 pp 14-19, 1993 [14]N. Inanç, A. Derdiyok, et al. “Torque ripple Reduction of a Switched Reluctance Motor including Mutual Inductances” ISIE 97 Vol 2 pp 489-492.,1997 [15]K. Russa, I. Husain et al. “Self-tuning controller for switched reluctance motors,” IEEE Transactions on Power Electronics, 15(3):545-552, 2000. [16]I. Husain, M. Ehsani, M., “Torque Ripple Minimization in Switched Reluctance Motor Drives by PWM Current Control” IEEE Transaction on Power Electronics 11(1): 83-88. 1996 [17]Ç. Elmas, S. Sagiroglu, et al. “Modelling of a nonlinear Switched Reluctance Drive based on artificial Neural Networks” Power Electronics and Variable Speed Drives Conference Proceedings pp 7 – 12, 1994. [18]D.S. Reay, T.C.E. Green et al. “Applications of Associative Memory Neural Networks to the Control of a Switched Reluctance Motor” IEEE Magazine of Control Systems, Jun 1995 [19]Ç. Elmas, O.F. Bay “Modelling and Operation of a nonlinear Switched Reluctance Motor Drive Based on Fuzzy Logic” EPE 95 vol. 3 :592-597, 1995 23 [20]S. Mir, M.E. Elbuluk, et al., “Torque-Ripple Minimization in Switched Reluctance Motors Using Adaptive Fuzzy Control”. IEEE Transaction on Industry Applic. 35(2):461-468, 1999. [21] S. Mir, M.E. Elbuluk, et al., “Switched Reluctance Motor with On-line Parameter Identification”, IEEE Transaction on Industry Applications Vol. 34 no pp 776-783, 4 July/August 1998. [22]S. Bolognani, M. Zigliotto, “Fuzzy logic control of a switched reluctance motor drive” IEEE Transactions on Industry Applications, 32(5):1063-1068, 1996. [23]M. Rodrigues, P.J. Costa Branco, W.I. Suemitsu, “Fuzzy Logic Torque Ripple Reduction by Turn-off Angle Compensationm for Switched Reluctance Motors” IEEE Transaction on Industrial Electronics 48(3): 711-715, 2001. [24]L.O.A.P. Henriques, L.G. Rolim, W. I. Suemitsu, et al. “Proposition of an Offline Learning Current Modulation for Torque-Ripple Reduction in Switched Reluctance Motors: Design and Experimental Evaluation”, IEEE Transactions on Industrial Electronics, 49(3):665-676. 2002 [25] L.O.A.P. Henriques, L.G. Rolim, W. I. Suemitsu, et al. “Torque ripple minimization in switched reluctance drive by Neuro-Fuzzy compensation”, IEEE Transactions on Magnetics, 36(5):3592-3594, 2000. [26]J.J.R. Jang, “ANFIS – Adaptive-Network-based Fuzzy Inference System,” IEEE Transaction on Systems, man and Cybernetics, 23(3):665-685, 1993. [27]L.O.A.P. Henriques, P.J. Costa Branco, et. al. “Automatic learning of pulse current shape for torque Ripple minimization in switched reluctance machines," European Control Conference. (ECC2001), pp. 232-237, Porto – Portugal, 2001. [28]M.S. Islan, I. Husain, “Torque-ripple minimization with Indirect Position and Speed Sensing for SR Motors,” IEEE Transaction on Industrial Electronics, 47(5):1126-1133, 2000. DADOS BIOGRÁFICOS Luís Oscar A. P. Henriques, nascido em 10/10/1973 em Juiz de Fora é engenheiro eletricista (1997) pela Universidade Federal de Juiz de Fora e mestre em Engenharia Elétrica (1999) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. No ano de 2001, desenvolveu doutorado sanduíche no Instituto Superior Técnico de Lisboa, Portugal. 24 Atualmente é estudante de doutorado na COPPE/UFRJ e professor do Centro Federal de Ensino Tecnológico Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ). Suas áreas de interesse são: Acionamentos de máquinas elétricas e técnicas inteligentes de controle. Luís Guilherme B. Rolim, , nascido em 1966 em Niteroi, é engenheiro eletricista (1989) e mestre em Engenharia Elétrica (1993) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Dr.-Ing pela Universidade Técnica de de Berlim em 1997 . Desde 1990 é professor do departamento de Eletrotécnica da Escola Politécnica da UFRJ e onde conduz pesquisa em eletrônica de potência e acionamentos elétricos. Walter I. Suemitsu, é engenheiro eletricista (1975) pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutor em engenharia elétrica pelo Institut National Polytechnique de Grenoble na França. É professor do Departamento de Eletrotécnica desde 1977, sendo que atualmente ocupa o cargo de Professor Adjunto. Desde 1986 também é Professor Adjunto do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE. Suas áreas de interesse são os acionamentos de máquinas elétricas e as aplicações dos conversores de eletrônica de potência nesses acionamentos. Seus principais trabalhos estão concentrados nas aplicações de controles digitais utilizando DSPs e nas técnicas de controle utilizando metodologias baseadas em aprendizado, tais como lógica fuzzy, redes neurais e métodos neuro-fuzzy aplicadas ao controle do motor de relutância chaveado. Paulo J. Costa Branco, é engenheiro eletricista (1988) e mestre em Engenharia Elétrica (1991) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutor (1998) pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Atualmente é professor assistente da secçao de máquinas elétricas e eletronica de potência do Instituto Sperior Técnico de Lisboa (IST) Lisboa, Portugal. Suas areas de interesse incluem técnicas avançadas de controle de sistemas eletromecânicos. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. ACIONAMENTO ELETRÔNICO DE MOTOR A RELUTÂNCIA: DETERMINAÇÃO DO PERFIL DA INDUTÂNCIA, CONTROLE DO CONJUGADO E COMUTAÇÃO SUAVE L.P.B. de Oliveira, A.C. Oliveira, E.R.C. da Silva, A.M.N. Lima e C.B. Jacobina Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande C.P. 10.105, Campina Grande, PB., 58.109-970 Brasil Tel.: +55 (83) 310-1407, Fax: +55 (83) 310-1418, e-mail: [email protected] Resumo - Este artigo apresenta uma técnica para determinação da indutância em um motor a relutância. O perfil da indutância é extraído, através de um algoritmo recursivo de Fourier, a partir da corrente de fase cuja amplitude é modulada devido à variação da indutância com a posição do eixo do motor quando o estator é alimentado por uma tensão de baixa freqüência. Em seguida, o artigo compara três técnicas utilizadas para reduzir a ondulação do conjugado do motor na região de baixa velocidade. Nessas técnicas, o perfil da indutância é simplificado durante o intervalo de comutação da corrente de uma fase para outra. Mostra-se que essas técnicas podem ser empregadas quando o motor de relutância é acionado por um conversor que opera com comutação suave. Resultados experimentais demonstram a viabilidade das soluções propostas. Abstract - This paper first introduces a technique for determining the inductance of a switched reluctance machine. The inductance profile is extracted from the envelop of the phase current with the help of a recursive Fourier algorithm. The amplitude of the current is modulated due to the variation of the inductance with the shaft position (driven externally) when the motor is fed by an AC voltage. Next, the paper compares three simple control techniques used with the objective of reducing the torque ripple at low and medium speed of the motor. In these three techniques, the inductance profile is simplified during the interval of current commutation from one phase to another. It is shown that they can be used with a soft-switched version of the Miller's converter, of which the switches operate under simultaneous zero-voltage transition and zero-current transition (ZVZCT). Experimental results demonstrate the feasibility of the solutions proposed. I. INTRODUÇÃO A literatura técnica apresenta várias estruturas de conversores (inclusive estruturas a comutação suave), utilizadas no acionamento eletrônico de motores a relutância variável, SRM (do inglês "Switched Reluctance Motors") [1-6]. Entre os conversores a comutação suave, a versão com comutação suave do conversor de Miller [3], diferentemente do conversor de barramento CC [4], limita as tensões sobre seus componentes ao valor da tensão de alimentação. Ela, também, utiliza menos componentes do que outras versões, como a do conversor simétrico [5]. Dependendo do nível de potência, a utilização de diferentes estratégias de controle, para diferentes regiões do diagrama conjugado-velocidade, pode melhorar o desempenho global do SRM. Por exemplo, a eficiência é um critério importante de um Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. modo geral, mas a ondulação do conjugado é o critério mais importante na região de baixa velocidade. Por isso, é imprescindível que a estrutura do controlador tenha flexibilidade suficiente para permitir a implementação dessas diferentes estratégias de controle [6]. Por outro lado, no SRM, enquanto o perfil da indutância da fase versus a posição do eixo, L(θ), determina os chamados ângulos de comutação, sua derivada em relação à posição, dL(θ)/dθ, define o projeto da forma de onda da corrente que resulta em um conjugado suave [7]. A técnica clássica para determinação do perfil da indutância de um SRM consiste em posicionar mecanicamente o eixo da máquina em uma determinada posição, enquanto que o enrolamento do estator é alimentado por um degrau de tensão. A corrente de fase é registrada e a indutância, naquela posição, é calculada a partir do tempo de subida da corrente do estator ou a partir da inclinação da curva fluxo vs corrente. A necessidade de posicionamento e travamento mecânico do eixo (a fim de evitar o alinhamento com a posição de equilíbrio quando a fase é energizada), além da utilização de um sistema servomotor, são os principais inconvenientes deste método. Este trabalho propõe uma técnica que não requer o travamento do eixo da máquina. O valor da indutância é determinado a partir da envoltória da corrente, modulada em amplitude. Essa envoltória é extraída por meio de um algoritmo recursivo de Fourier [8]. Também, com a finalidade de reduzir a ondulação do conjugado em baixas velocidades, o trabalho investiga três estratégias para o controle da superposição de corrente durante o intervalo de sua transferência de uma fase para outra. As técnicas são empregadas em um inversor de Miller que opera simultaneamente com comutação a tensão nula e a corrente nula, ZVZCT (do inglês "zero-voltage-zero-current transition"). Sua flexibilidade permite a implementação de diferentes estratégias de controle. Resultados experimentais confirmam os estudos teóricos e demonstram a viabilidade das soluções propostas. II. O MOTOR A RELUTÂNCIA A representação de estado de um SRM é dada por d λ (θ, i ) = v − r i k k k k k dt d ω = − F ω + 1 (T − T ) e L J J dt (1) dθ=ω dt onde é a posição angular (rad). v k é a tensão aplicada ao k-ésimo enrolamento do estator (V), 25 i k é a corrente no k-ésimo enrolamento do estator (A), λ k (θ, i) é o fluxo total no k-ésimo enrolamento (Wb), r k é a resistência do estator do k-ésimo enrolamento (Ohm) ω é a velocidade angular (rad/s), θ é a posição angular (rad). T e é o conjugado eletromagnético (Nm) T L é o conjugado de carga (Nm). O conjugado eletromagnético produzido no SRM depende tanto da variação da indutância, função da posição angular θ, como da corrente em cada enrolamento de fase (idênticas, exceto pela defasagem entre elas), ou seja, A. Determinação do Perfil da Indutância Um perfil simplificado da indutância pode ser obtido considerando-se que a indutância varia linearmente entre seus valores máximo e mínimo. Tal perfil é apresentado esquematicamente na Fig. 2. Sua forma pode variar, dependendo se βs > βr ou βs ≤ βr [11]. Da figura, for θ 1 ≤ θ ≤ 0 for 0 ≤ θ ≤ β s for β s ≤ θ ≤ β r (3) for β r ≤ θ ≤ β r + β s em que βs e βr são parâmetros do SRM e K = (Lmax-Lmin)/β . Na técnica apresentada a seguir, o perfil da indutância é obtido a partir da envoltória da corrente de fase, modulada em amplitude. A envoltória é extraída através de um algoritmo recursivo de Fourier [8]. 1) Envoltória da Corrente de Fase Se o eixo do motor é acionado externamente, a alimentação dos enrolamentos do estator de um SRM com uma tensão senoidal de amplitude e freqüência constantes gera uma modulação na corrente, devido à variação da indutância Assim, L k (θ) pode ser determinada se a amplitude da componente fundamental desta corrente for conhecida. [X Lk (θ)] 2 − r 2k 2πf c (4) onde fc é a freqüência da tensão do estator e Ik(θ) a amplitude da componente fundamental da corrente do estator, dependente da posição instantânea do eixo. 26 (b) Lb Lc Ld ia is t escala de tempo expandida IC TC t DC t (2) onde o subscrito k da indutância e da corrente representa um dos subscritos dos enrolamentos a, b ou c, etc. Observa-se de (1) que o conversor deve fornecer apenas correntes unidirecionais. A estratégia mais simples consiste na energização de uma fase quando dLk(θ)/dθ se torna positiva e sua desenergização quando dLk(θ)/dθ se torna negativa. Os perfis idealizados das indutâncias do motor e das corrente nos enrolamentos são indicados nas Figs. 1(a) e 1(b). Na expansão da forma de onda da corrente ia, podem ser consideradas três regiões, ou seja, a região de subida da corrente (SC), a região de topo da corrente (TC) e a região de descida da corrente (DC). L k (θ) = (a) La m Fig. 1. Perfís ideais da indutância e da corrente. dL (θ) T e = 1 k i 2k 2 dθ L a (θ) = L min = L min + θ = L max = L max − K(θ − β r β s ) L 2) Algoritmo Recursivo de Fourier O algoritmo de Fourier de ciclo completo foi primeiramente proposto em [9] com a finalidade de determinar a amplitude e a fase a partir de suas medições uniformemente amostradas. {y(1), y(2), . . ., y(N p )}. Para este algoritmo, supõe-se que as medidas podem ser representadas por y(l) = B sin(ω o l∆τ + δ o ) = B c cos(ω o l∆τ) + B s sin(ω o l∆τ) (5) onde l = 1, 2, ..., N p , ∆τ é o intervalo de amostragem, Np é o número de amostras no período, os valores de B e δ o sendo r B B = B 2c + B 2s e δ o = arctan c Bs (6) onde B c = B cos(δ o ) e B s = B sin(δ o ). A análise de Fourier de um dado sinal é uma extensão da equação (5), considerando-se um número maior de harmônicos. Para cada harmônico de ordem m, as amplitudes Bc e Bs são, então, determinados por [10] − 2 y(l − N p )cos 2πml B c (l) = B c (l − 1) + N2p y(l)cos 2πml Np Np Np B s (l) = B s (l − 1) + 2 y(l)sin Np (7) 2πml − 2 y(l − N p )sin 2πml Np Np Np para uma janela deslizante com Np amostras, onde l> Np, significando que foi coletado um ciclo completo de dados. III. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE Já foi mostrado que, para a região de baixa velocidade de um SRM, é necessário se ter uma pequena ondulação de conjugado a fim de evitar oscilações de conjugado [6]. Essa condição pode ser obtida pela imposição de um perfil adequado para a corrente de fase. Entretanto, quando a velocidade aumenta, a importância da ondulação do conjugado diminui e a eficiência se torna o critério mais importante para o desempenho do sistema de acionamento. No conversor trifásico de Miller (Fig. 3) [2] existem três modos básicos de operação para cada fase (ver Fig. 4). No Modo I (modo de potência) as chaves Sa e Sf conduzem de modo que va = Vd (Fig. 4a); no Modo II (modo de circulação), Fig. 4(b), Sa está em condução (bloqueio) e Sf em bloqueio (condução) fazendo com que a corrente circule através de Sa (Sf) e Df (Da) e acarretando va = 0; no Modo III (modo de recuperação) as chaves Sa e Sf estão bloqueadas, e a corrente no enrolamento decresce através dos diodos Da e Df (Fig. 4c), uma Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. vez que va = -Vd. dL f a = 1 a i 2a = 1 [1 − cos(θ − θ o )] 2 dt 2 A. Controle Individual da Corrente (10) A forma de onda expandida da corrente ia da Fig. 1(b) permite a concepção de diferentes possibilidades de controle da corrente nas regiões SC, TC, e DC, através combinação dos Modos I, II e III, como discutido a seguir. 1) Região de Subida da corrente (SC). O Modo I (va = Vd) pode ser usado para fazer crescer a corrente no enrolamento até que ela alcance o valor de topo; uma opção é imposição do perfil da corrente, empregando o Modo I com o Modo II (Estratégia Vd,0,Vd) ou com o Modo III (Estratégia Vd,-Vd,Vd). 2) Região do Topo de Corrente (TC). A corrente na região TC pode ser regulada ou pela Estratégia Vd,-Vd,Vd, como indicado na Fig. 5(a), ou pela Estratégia Vd,0,Vd, como indicado na Fig. 5(b); entretanto, pode apenas circular livremente [Estratégia 0, como indicado na Fig. 5(c)]; a Estratégia 0 (ou, de pulso único) é a mais indicada para a região de alta velocidade, pois gera menos perdas do que as outras estratégias. dL f b = 1 b i 2b = 1 [1 + cos(θ − θ o )] 2 dt 2 A escolha do ângulo de referência depende do perfil de indutância do motor utilizado. Entretanto, todas as indutâncias forem consideradas como lineares, durante o intervalo de dL a = K s e as referências de correntes durante o transição, dt intervalo de superposição, ∆t, na transição da fase a para a fase b se tornam i ∗a = 1 [1 − cos(t − t o )] K i ∗b 1 [1 + cos(t − t o )] K (11) = . Uma outra estratégia consiste em se considerar como linear, durante a transição, não só a indutância mas, também, o perfil da corrente em ambas as fases (controle em rampa), o que leva 3) Região de Descida da Corrente (DC). A corrente pode ir para zero por aplicação da condição va= -Vd ou por imposição de sua forma de onda. B. Controle da Corrente com Superposição Durante a transição entre duas fases, a ondulação do conjugado pode ser minimizada por uma técnica chamada de superposição. Nesse caso, as duas fases conduzem simultaneamente durante um período de tempo pré-determinado, uma delas na região SC e a outra na região DC. Os modos de operação, para a superposição de duas fases, são indicados na Fig. 6. A duração da superposição pode ser controlada pela utilização adequada desses modos. A opção mais simples é a de se aplicar o Modo I (va = Vd) para a fase que está entrando, enquanto o Modo II (va = 0) é utilizado para reduzir a corrente na fase que está saindo. Entretanto, durante a superposição, a indução de fase entrante é baixa e o uso do Modo I resulta em um crescimento rápido da corrente na fase. Como a indução da fase que está saindo é alta, o uso do Modo III acarreta uma descida longa da corrente, o que limita a freqüência de operação do sistema. Por isso, duas outras técnicas são discutidas a seguir. 1) Técnica I: Nesta técnica, a superposição de correntes é otimizada. A estratégia de controle do conjugado se baseia no seguimento de um contorno para cada fase do motor, de modo que a soma dos conjugados produzidos por cada fase seja constante e igual ao conjugado desejado, Tref. Para isso, a função de contorno fT(θ) é definida como T total = T ref f T (θ) (9) Fig. 2. Indutância variável no enrolamento de um SRM trifásico para βr > βs Fig. 3. Conversor trifásico de Miller. (a) Modo I (b) Modo II (c) Modo III Fig. 4. Modos de operação para um braço de conversor. n onde f T (θ) = Σ f k (θ) = 1 , f k (θ) sendo a função de contorno k=1 para a k-ésima fase. Considerando-se, cada função de contorno f k (θ) como uma função de cosseno [9], o perfil da corrente individual de fase pode ser determinado a partir dos requisitos do conjugado e do perfil da indutância. Uma simplificação é obtida ao se definir a função de contorno como um simples cosseno (controle cossenoidal): Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. (a) Estratégia Vd,-Vd,Vd (b) Estratégia Vd,0,Vd (c) Estratégia 0 Fig. 5. Possibilidade de controle na região TC. 27 a referências mais simples, ou seja, i ∗a = 2 (1 − t − t o ) ∆t Ks i ∗b = 2 (t − t ) . o K s ∆t (12) 2) Técnica II: Considerando-se lineares as indutâncias (1), durante a transição entre as fases a e b, pode-se escrever: i 2a + i 2b = 2T ref Ks (14) Nesta técnica, aqui chamada de controle de subida, apenas a subida da corrente é controlada (fase b, no caso) enquanto a corrente na outra fase (fase a) é mantida em descida. Assim, a corrente de referência na fase b torna-se i ∗b = 2T ref 2 − ia Ks (15) 2T ref é o valor limite da corrente por fase. Um Ks controle semelhante foi proposto em [12]. Os três tipos de controle foram simulados para as mesmas condições de operação. Os resultados da Fig. 7 indicam que o afundamento do conjugado, durante o intervalo de superposição, nos casos de uso dos controles cossenoidal e em rampa, é praticamente eliminado pelo uso do controle de subida. As ondulações nas formas de onda da corrente são resultado do controle das mesmas por histerese. Nos três casos, foi utilizada a Estratégia Vd,0,Vd o que permite menores perdas e uma ondulação menor com freqüência de chaveamento mais baixa do que com o uso da estratégia Vd, -Vd, Vd. O controle de subida é uma técnica simples e não necessita nem de tabelas, nem de cálculo digital, nem da estimação ou medição precisa do ângulo de comutação. Note-se que Fig. 6. Modos para superposição de duas correntes de fase. 8 Correntes 6 4 2 0 0.02 0 Conjugado 3 0.06 0.08 0.1 (s) 0.04 0.06 0.08 0.1 (s) 1 0 0 0.02 (a) Controle cossenoidal 8 Correntes 6 4 2 00 0.02 3 (A) 0.06 0.08 0.1 (s) Conjugado 0.04 (Nm) 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 (s) 2 1 0 0 (b) Controle em rampa Correntes (A) 6 4 2 0 0 0.02 A. Etapas na Mudança do Modo II para o Modo I Conjugado 3 A operação de mudança do Modo II para o Modo I, e vice-versa, no circuito da Fig. 8, pode ser descrita com o auxílio das oito etapas (ou sub-modos) relacionadas com os circuitos equivalentes seqüenciais indicados nas Figs. 9(a) to 9(i). Essas etapas são explicadas a seguir e relacionadas com as principais formas de onda apresentadas na Fig. 10. 2 28 0.04 (Nm) 2 IV. APLICAÇÃO À COMUTAÇÃO SUAVE A fim de testar a possibilidade de aplicação das estratégias de controle, discutidas acima, no controle de um SRM a comutação suave, foi escolhida uma versão do inversor de Miller. Diferentemente da configuração simétrica proposta em [5], a topologia apresentada na Fig. 8 pode operar com qualquer número de fases, apesar de ter um número menor de componentes. 0 capacitor Cr2 e os diodos de Da a Dd permitem que as chaves principais Sa, Sb e Sc operem com transição a tensão nula e a corrente nula, ZVZCT, simultaneamente. O sentido de conexão da chave Sr permite que a chave Sm opere com ZVZCT. (A) 0.04 0.06 (Nm) 0.08 0.1 (s) 0.04 0.08 0.1 (s) 1 0 0 0.02 0.06 (c) Controle de subida Fig. 7. Resultados de simulação das estratégias de controle. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Dm C r1 Sm + Dr Vd Sr - C D Sa Lr Sb Sc r2 o D Db Da D f ia Cr2 c + 1) Etapa I (sub-modo de circulação, t < t1): Suponha-se que, inicialmente, a corrente na fase a, ia, esteja circulando através da chave Sf, do diodo Da e do enrolamento da fase a, La, como indicado na fig. 9(a). Uma simplificação é obtida considerando-se essa corrente como constante e igual Ia durante o processo de comutação. Suponha-se, também, que o capacitor Cr1 está carregado com uma tensão V1, e que Cr2 está completamente descarregado. As chaves Sm, Sr e Sa estão em estado de bloqueio, durante este intervalo. Vd Sr - 2) Etapa II (primeiro sub-modo de ressonância, t1 < t < t2): Nesta etapa, a s chaves Sr e Sa são disparadas com transições ZCT e ZVZCT, respectivamente, e a energia armazenada no capacitor Cr1 é transferida ressonantemente para o indutor Lr. Este intervalo termina quando a corrente ressonante atinge o valor Ia da corrente ia e o diodo Da bloqueia. A condição necessária para que isso ocorra é > Ia L ( π2 − φ) kc C r1 Lr - ia Sf (d) Etapa IV (t3 < t < t4) Sa Sm + + i Lr ia + v Cr1 - Vd Sf - Sa Sm ia Dr Sf - Do (e) Etapa VI (t4 < t < t5) (f) Etapa VI (t5 < t < t6) Sa + V Cr2 Sf Sm S a + ia Vd Sf ia (i) Etapa VIII Lr Ia v Vd cr1 t t -Vd Ia (18) i Lr v t cr2 Vd onde: tan φ = V2 = Vd − Sr Fig. 9. Circuitos equivalentes em um ciclo de operação. (17) 3) Etapa III (segundo sub-modo de ressonância, t2 < t < t3): Após o bloqueio de Da, ocorre uma nova ressonância, o capacitor Cr2 sendo carregado com o auxílio da energia armazenada em Lr, no final da etapa anterior [Fig. 9(d)]. O diodo Dm começa a conduzir quando a tensão em Cr2 atinge o valor Vd. Para Cr1/Cr2>>1, a condição a ser observada é Ia i Lr V+ d - Dm i V d − 2V 2 > Sa d (h) Etapa VII (t6 < t < t7) que a corrente atinja o valor Ia. no final do intervalo, v Cr1 (t 2 ) = V 2 = V d − 4V 2d − C r1r I 2a Dm + v Cr1 - (c) Etapa III (t2 < t < t3) - (16) Sf (b) Etapa II (t1 < t < t2) + ia v Cr2 ic S f i Lr ia Da Sa Vd C r1 Lr Sr - + v Cr1 - Sa + 0V - i Lr (a) Etapa I (t1 < t ) Fig. 8. Versão a comutação suave do convesor trifásico de Miller. 2V d + v Cr1 - Vd S f Da Sf + 4V 2d − V d −V 2 Ia Lr 2 I C r1 a (k c + 1) Lr1r , C kc=Cr1/Cr2 e . 4) Etapa IV (terceiro sub-modo ressonante, t2 < t < t3): Cr1 carrega ressonantemente até atingir o valor da fonte de tensão, quando Dm começar a conduzir. 5) Etapa V (sub-modo linear, t4 < t < t5): Durante este intervalo, a corrente flui através de Dm ou Sm. Inicialmente, o excesso de energia armazenada no indutor retorna para a fonte Vd através do diodo Dm. A fim de garantir uma operação ZVZCT, um sinal é aplicado na base de Sm durante a condução de Dm. Após seu bloqueio, a corrente começa a crescer em Sm e a corrente em La decresce. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 t8 t9 t Fig. 10. Principais formas de onda para o circuito da Fig. 8. 6) Etapa VI (quarto sub-modo ressonante, t5 < t < t6): Após a corrente em Sm atingir o valor Ia, inicia-se uma nova oscilação, através do caminho Cr1-Lr-Da-Sm,. A tensão no capacitor reverte e V1 = - Vd, no final da etapa. 7) Etapa VII (sub-modo de potência, t6 < t < t7): Esta etapa durA até que o controle comande o bloqueio de Sm. 8) Etapa VIII (descarga de Cr2, t7 < t < t8): Após o bloqueio de Sm com ZVT, a corrente no enrolamento a, Ia, descarrega Cr2 de modo linear. Quando vCr2 atinge zero, Da começa a conduzir, 29 encerrando o ciclo de operação. Sequências semelhantes estabelecem a transição entre os Modos I e II e III e I. Isto garante a implementação de qualquer das técnicas de controle de corrente. V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS A técnica proposta para determinação da indutância do SRM foi implementada através da plataforma experimental indicada na Fig. 11. A tensão de saída do amplificador de potência "push-pull", representado pelo Bloco A, alimenta o enrolamento da fase selecionada manualmente com o auxílio da chave CH. Para cada fase, a forma de onda da corrente foi gravada para uma volta completa do eixo do motor, a fim de detectar possíveis assimetrias no perfil da indutância. A tensão da fase excitada, e as tensões induzidas nas outras fases, foram medidas através dos transdutores LV25-P (Blocos V). A corrente de fase foi medida através do transdutor LA25-NP (Bloco I). O sinal senoidal com freqüência de 100Hz e amplitude de 3V foi obtido do gerador de sinais Vi. Todos os sinais de tensão e corrente medidos foram digitalizados por conversores análogico/ digital de 12-bits de uma placa de aquisição instalada no PC. Para os testes foi utilizado um SRM trifásico 12/8, acoplado mecanicamente a um encoder de 9-bits e a um motor CC, que impôs a velocidade de teste em 12 rpm. Esta velocidade deve ser baixa para que a posição do eixo permaneça essencialmente constante durante um ciclo da tensão senoidal de alimentação. A variação de 0.72 graus para o ciclo de 10ms, o que foi considerado satisfatório. A Fig. 12 mostra claramente a modulação de amplitude da corrente de fase devido à variação da indutância. Note-se que o valor médio da corrente de fase é nulo, o motor não desenvolvendo nenhum conjugado eletromagnético. Assim, pode-se girar facilmente o eixo, inclusive manualmente. As envoltórias das formas de onda da tensão e da corrente foram determinadas pelo uso do algoritmo recursivo de Fourier. A figura 13 mostra os resultados obtidos para Np=250 pontos e ∆τ = 40µs . Como a amplitude da tensão aplicada ao estator é aproximadamente constante, a modulação observada nas correntes de fase é unicamente devida à variação da indutância. A figura 14 mostra os perfis das indutâncias de fase do motor, que concordam razoavelmente com aqueles obtidos Barramento ISA PC Vi Emerson SRM H55MJL-1820 recursivo de Fourier. CH V V V Fig. 14. Perfil da indutância de um motor 12/8, obtido com o algorítmo recursivo de Fourier. CAD1 CAD2 CAD3 CAD4 Motor CC Encoder 9bits - Gray Fig. 11. Plataforma utilizada na determinação do perfil da 30 Fig. 13. Envoltória das correntes de fase obtida com o algorítmo Fase b Fase c I Fase a A Fig. 12. Corrente de fase do SRM. através da técnica clássica, também implementada em laboratório. Outros resultados de testes, não mostrados, revelaram uma limitação da técnica com respeito à máxima freqüência da tensão de alimentação. Severas distorções nas corrente de fase aparecem quando a freqüência é aumentada. Isto pode ser atribuído à resposta em freqüência do material ferromagnético utilizado na construção do motor. A verificação de aplicação dos princípios de controle da corrente, aplicados ao SRM a comutação suave da Fig. 8, também foi efetuada experimentalmente. Os valores utilizados para os parâmetros do conversor foram Vd = 50 V, Cr1 = 330 nF, Cr2 = 47 nF, Lr = 2 µH. O SRM 12/8 possui uma corrente Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. nominal de 2.5 A, 120 V DC. Dos resultados da Fig. 14, os valores máximo (49 mH) e mínimo (11 mH) da indutância permitiram definir o perfil linear da indutância e o valor de Ks, durante o intervalo de superposição. Os resultados da Fig. 15, para uma velocidade de 477 rpm, correspondem aos casos de superposição com (1) controle cossenoidal, (2) controle linear de ambas as correntes e (3) controle da subida da corrente. A tensões nos terminais dos capacitores (ver Fig. 15c) se comportaram como esperado, com valores máximos iguais ao da fonte de alimentação. A ondulação do conjugado é menor no caso do controle da subida da corrente, o que confirma os resultados de simulação. O conjugado foi estimado numericamente a partir dos resultados experimentais da corrente e do perfil da indutância utilizando a expressão (1). Outros resultados, não mostrados, indicam a flexibilidade do inversor investigado e sua operação em ZVZCT. Uma desvantagem da topologia investigada é a existência de uma chave no barramento CC. Também, valores baixos de corrente podem prejudicar a descarga de Cr2. Entretanto, o circuito auxiliar pode ser modificado de maneira a retirar a chave do barramento CC e reduzir a dependência de descarga de Cr2 com relação à corrente de carga. Na operação em velocidades elevadas a ondulação do conjugado perde importância face às perdas. Nesses casos pode ser utilizada a técnica 0 sem superposição, reduzindo as limitações de funcionamento. VI. CONCLUSÕES Este trabalho mostra, inicialmente, como estimar o perfil da indutância de um motor a relutância chaveado eletronicamente, através de uma análise recursiva de Fourier da forma de onda da corrente de fase quando o estator é alimentado por uma fonte de tensão senoidal. A técnica não exige travamento do rotor em posições específicas, nem cálculo da inclinação da característica fluxo vs corrente. Testes experimentais com um motor 12/8 alimentado a 100 Hz mostraram que não é necessário um controle preciso da velocidade do eixo e que essa velocidade pode variar durante o teste. Entretanto, uma exigência é que a velocidade seja suficientemente baixa para que a posição do eixo permaneça essencialmente constante durante um ciclo da iL a , iL b , i L c (A) 2 1 0 -1 Ce (N.m) 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 t(s) iL a , iL b , i L c (A) Ce (N.m) 0.8 0.4 0 0 vC r 2 (V) 50 0 -50 (V) 100 50 0 3 2 1 0 -1 iL a , iL b , i L c (A) Ce (N.m) 0.8 0.4 0 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 t(s) (c) Superposição: Técnica II (controle de subida). Fig. 15. Resultados experimentais obtidos com o uso da Técnica Vd,0,Vd para regulação da corrente de topo. tensão senoidal de alimentação. O trabalho também comparou três técnicas de controle da forma de onda da corrente durante o intervalo de superposição, quando de sua transição de uma fase para outra. O testes experimentais mostraram que se obtém os melhores resultados, em relação à ondulação do conjugado, quando se controla apenas a subida da corrente em uma das fases durante o intervalo de superposição. Os resultados relativos ao conjugado foram obtidos numericamente "on line" a partir dos resultados experimentais da corrente e do perfil da indutância. Os testes, realizados com uma versão a comutação suave do conversor de Miller, comprovaram, ainda, a flexibilidade dessa topologia com relação à otimização do desempenho do sistema, através do uso de diferentes técnicas de controle. AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (a) Técnica I com controle cossenoidal. 3 2 1 0 -1 1 Os autores agradecem à CAPES e CNPq pelo suporte financeiro, e à Emerson Motors, pelo fornecimento do motor utilizado nos testes experimentais. 0.8 0 vC r 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 (b) Superposição: Técnica I com controle em rampa Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 0.09 t(s) [1] A. Hava, V. Blasko, and T.A. Lipo, "A modified C-dump Converter for Switched Reluctance Machines", IEEE IAS'91 Conference Record, 1991, pp. 886-891. [2] S. Vukosavic and V. Stefanovic, "SRM Inverter Topologies: a Comparative Evaluation", IEEE Trans. on Ind. Appl., Vol. 27, No. 6, Nov./Dec. 1991, pp. 1034-1047. [3] E.R.C. da Silva, L.P.B. de Oliveira, A.M.N. Lima, and C.B. Jacobina, "A ZVZCT Power Converter Topology for Variable Reluctance Machine Drives", Proceedings of Brazilian Conference on Power Electronics (COBEP), 2001, pp. 804-809. [4] E.R.C. da Silva, L.P.B. de Oliveira, C.B. Jacobina, and A.M.N. Lima, "New Soft-switched Power Converter Topologies for Variable Reluctance Machine Drives", IEEE 31 PESC'99 Conference Record, pp. 826-831. [5] G.H. Rim, W.H. Kim, and J.G. Cho, "ZVT Single Pulse-current Converter for Switched Reluctance Motor Drives", IEEE APEC'96 Conference Record, 1996, pp. 949-955. [6] J. Reinert, R. Inderka, M. Menne, and R.W. De Doncker, "Optimizing Performance in Switched Reluctance Drives", IEEE APEC'98 Conference Record, 1998, pp. 765-770. [7] I. Hussain and M. 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Sabanovic, "Torque Riple Minimization of a Switched Reluctance Motor", IEEE APEC'95 Conference Record, pp. 406-410. Edison Roberto Cabral da Silva, nasceu em Pelotas, RS, em 1942 e formou-se em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica de Pernambuco, em 1965. Obteve o título de Mestre pela COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o de Doutor em Eng. Elétrica, pela Université Paul Sabatier de Toulouse, França, em 1968 e 1972, respectivamente. Foi docente da Universidade Federal da Paraíba desde 1967, estando atualmente na Universidade Federal de Campina Grande, onde é Professor Titular do Dep. Eng. Elétrica e Chefe do Laboratório de Eletrônica Industrial e Acionamento de Máquinas. Foi Professor Visitante na Universidade do Rio de Janeiro (1990) e na Universidade de Wisconsin-Madison, EUA (1990-1991). É, atualmente, presidente da Sociedade Brasileira de Automática, sendo sócio da SOBRAEP, e do IAS,PELS, IES e PES do IEEE. É membro da diretoria do IAS e seu representante para a América Latina. Suas áreas de interesse são conversores estáticos e acionamento de máquinas. DADOS BIOGRÁFICOS Cursino Brandão Jacobina, nascido em 1955 em Correntes, Pernambuco, é engenheiro eletricista (1978) e mestre (1980) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba e doutor (1983) pelo Institut National Polytechnique de ToulouseToulouse, France. De 1978 até março de 2002 foi professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Paraíba. Desde abril de 2002 é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande. Suas áreas de interesse são: Eletrônica de Potência, Acionamento de Máquinas Elétricas, Sistemas de Controle e Identificação de Sistemas. Levi Pedro Barbosa de Oliveira, nascido em 1967 em Maceió, Alagoas, é engenheiro eletricista (1994) e mestre (1997) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba e doutor (2001) pela Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande. Desde 2001 é professor da Universidade Tiradentes, Aracaju. Suas áreas de interesse são: Eletrônica de Potência, Acionamento de Máquinas Elétricas, Automação Eletrônica de Processos Elétricos. Antônio Marcus Nogueira Lima, nascido em 1958 em Recife, Pernambuco, é engenheiro eletricista (1982) e mestre (1985) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba e doutor (1989) pelo Institut National Polytechnique de Toulouse, Toulouse, France. De 1977 até 1982 foi professor da Escola Técnica Redentorista, Campina Grande. De 1982 até 1983 foi engenheiro projetista na Sul-América Philips, Recife. De 1983 até março de 2002 foi professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Paraíba. Desde abril de 2002 é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande. Suas áreas de interesse incluem Eletrônica de Potência, Acionamento de Máquinas Elétricas, Sistemas de Controle, Instrumentação Eletrônica e Identificação de Sistemas. Alexandre Cunha Oliveira, nascido em 1970 em Fortaleza, Ceará, é engenheiro eletricista (1993) e mestre (1996) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba. Desde de 1996 é professor do Centro Federal de Ensino Tecnológico do Maranhão e atualmente encontra-se fazendo doutorado na Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. Suas áreas de interesse compreendem acionamento de máquinas elétricas, conversores estáticos, fontes de alimentação chaveadas e instrumentação para medição de grandezas elétricas. 32 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. AMORTECIMENTO ATIVO DO FLUXO EM MÁQUINAS TRIFÁSICAS DE DUPLA ALIMENTAÇÃO CONTROLADAS PELAS CORRENTES ROTÓRICAS Christian R. Kelber Walter Schumacher e-mail: [email protected] Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas / Eng. Elétrica Av. Unisinos 950 93022-000 São Leopoldo, RS Brasil e-mail: [email protected] Institut für Regelungstechnik, TU Braunschweig Hans-Sommer-Str. 66 38106 Braunschweig Alemanha Resumo – Devido à faixa limitada de ajuste da velocidade e dos baixos custos do conversor eletrônico a máquina trifásica de dupla alimentação representa uma boa opção para usinas hidrelétricas com geração de energia em velocidade ajustável e frequência fixa. Entretanto, em algumas condições de operação, o fluxo do estator deste tipo de máquina começa a apresentar oscilações. Essas oscilações são fracamente amortecidas e, caso os limites de estabilidade sejam atingidos, não poderão mais ser amortecidas sem alguma influência externa. Neste artigo serão apresentados os fundamentos do amortecimento ativo do fluxo em máquinas trifásicas de dupla alimentação através de diferentes procedimentos. Resultados experimentais, obtidos em um protótipo de laboratório com uma máquina de 33kW, também estão incluídos. I. INTRODUÇÃO Abstract – Due to limited range of speed adjustment and reduced costs of the converter, doubly-fed AC machines are becoming more common in hydroelectric power plants with adjustable speed constant frequency (ASCF) generation systems. Unfortunately, under some operating conditions the stator flux of this type of machine begins to oscillate. These oscillations are poorly damped and, if the stability limits are reached, they cannot be damped without any external influence. In this paper the fundamentals of the active flux damping procedure for doubly-fed AC machines using different methods will be presented. Experimental results obtained with a 33kW test rig are also included. NOMENCLATURA X,x,X xref ims µ ωms ωo i’rd / u’rd i’rq / u’rq Mel Pp ωm Ls , L’r , Lhs Rs , R’r σs , σ’r , σ un , us , ur , uu Matriz, Vetor, Valor Eficaz Valor de referência Corrente de magnetização Ângulo do vetor de fluxo Velocidade angular do vetor de fluxo Freqüência da rede em rad/seg Corrente/Tensão rotórica no eixo direto Corr./Tensão rot. no eixo em quadratura Torque elétrico Par de pólos Velocidade angular do rotor Indutâncias (estator, rotor e mútua) Resistências (estator e rotor) Fator de dispersão (estator, rotor e total) Tensão (rede, estator, rotor e inversor) Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Ao longo da vida útil de uma usina hidrelétrica que emprega turbinas hidráulicas de reação, por exemplo Francis e Kaplan, as variáveis básicas, tais como altura de queda e fluxo, podem ter seus valores alterados em relação aos valores utilizados durante o projeto da usina, obrigando, desta forma, a turbina hidráulica a operar por longos períodos de tempo fora da região de rendimento máximo, para qual ela foi projetada, implicando, assim, na redução da eficiência total da usina. Caso a velocidade da turbina possa ser alterada, esta poderá operar novamente num ponto de operação ótimo, ou seja, com rendimento máximo para as condições de operação da usina naquele instante. Além disso, a possibilidade de variação da velocidade da turbina também pode contribuir positivamente para a estabilidade do sistema elétrico [1]. O uso da máquina trifásica de dupla alimentação (MTDA) com conversor estático regenerativo em seu circuito rotórico como sistema de geração de energia com velocidade ajustável e frequência fixa (VAFF), esboçado na Figura 1, é cada vez mais comum, chegando a potências instaladas de até 400MW [2]. Para uma faixa pequena de variação de velocidade em torno da velocidade síncrona e com a possibilidade de geração de potência reativa, o conversor estático, ao contrário dos conversores empregados em sistemas back-to-back, possui potência nominal na ordem de 20% da potência nominal da máquina, apresentando por isso a melhor razão custo/benefício dentre as diferentes tecnologias para geração VAFF [2],[3]. O controle da máquina é realizado através da imposição das correntes rotóricas e, através destas, pode-se controlar as potências ativa e reativa do gerador de forma desacoplada e independente da velocidade da turbina [4]. Figura 1: Usina Reversível empregando como Motor/Gerador a Máquina Trifásica de Dupla Alimentação Construtivamente, a máquina trifásica de dupla alimentação não difere de um motor de indução com rotor 33 bobinado, anéis e escovas. Devido a este fato, muitas vezes ela também é chamada de máquina de indução com dupla alimentação, quando acionada pelo estator e pelo rotor por duas fontes de tensão trifásica distintas. Entretanto, conforme [5], esta denominação apenas indica o tipo de ligação, e não o princípio de funcionamento da máquina, que nestes casos comporta-se de maneira equivalente a uma máquina síncrona, chegando inclusive a ser citada como máquina síncrona com enrolamento de campo trifásico. Da mesma forma, o termo máquina assíncrona de dupla alimentação refere-se, a princípio, aos sistemas Sherbius e Krämer estáticos, onde a máquina funciona pelos princípios físicos de um motor de indução convencional e a potência de escorregamento é enviada de volta à rede ou convertida em potência mecânica através de uma máquina secundária [6]. No presente caso, o princípio de funcionamento baseia-se na imposição das correntes rotóricas, visando-se a possibilidade do controle independente das potências ativa e reativa no lado do estator [6]. Tendo vista este fato, a máquina perde completamente as características de funcionamento como máquina síncrona ou de indução, sendo então o termo máquina trifásica de dupla alimentação mais adequado para o sistema e a estratégia de controle aqui apresentados. Em algumas publicações são feitas investigações quanto à estabilidade da MTDA [7],[8],[9],[10], entretanto, apenas em [11] são apresentados, pela primeira vez, os limites de estabilidade em função do ponto de operação da máquina com controle vetorial baseado no fluxo do estator. No caso de distúrbios, como faltas ou mudanças rápidas nas referências das correntes rotóricas, a MTDA necessita chegar a um novo ponto de operação em um curto espaço de tempo. A resposta do sistema a esses fenômenos transitórios pode causar um deslocamento no fluxo do estator, como mostra a Figura 2, que pode ser visualizado como oscilações no módulo do vetor espacial da corrente de magnetização do estator ( ims ). oscilações no fluxo de potência entre a máquina e a rede, além de vibrações intensas, que podem comprometer, através de esforços mecânicos, a estrutura da máquina [12]. Diferentes propostas para amortecer essas oscilações são apresentadas em [13], sendo que as principais soluções serão descritas a seguir. II. ESTABILIDADE DA MÁQUINA TRIFÁSICA DE DUPLA ALIMENTAÇÃO Com base em [6] e conforme apresentado em [13], o modelo matemático da parte elétrica da MTDA pode ser apresentado na referência do fluxo do estator através das equações (1-5). dims u R R = − n sen(ωo t − µ) + s i' rd − s i ms (1) dt Lhs Ls Ls un Rs dµ = ωms = cos(ωo t − µ) + i' rq dt Lhs ims L s ims M el = − 3Lhs p p (1 + σ s ) ⋅ i' rq ⋅ i ms (3) ( ) di' rd 1 = ⋅ u ′rd + ω ms − ω m p p ⋅ i ' rq − dt Lr′ σ (1 − σ ) ⋅ di ms − Rr′ ⋅ i' − rd dt Lr′ σ σ di' rq dt = (2) ( (4) ) 1 ′ − ω ms − ω m p p ⋅ i ' rd − ⋅ u rq Lr′ σ − (1 − σ ) ⋅ (ω σ ms ) − ω m p p ⋅ i ms − Rr′ ⋅ i ' rq (5) Lr′ σ O controle da MTDA parte do princípio da imposição das correntes rotóricas (i’rd e i’rq) [4], [6], [13], garantida pelos controladores apresentados na Figura 3. Figura 2: Deslocamento do fluxo no estator. a) ims em regime permanente. b) ims após mudança brusca das referências. Essas oscilações são, normalmente, fracamente amortecidas, mas em alguns casos, quando o limite de estabilidade definido em [11] é alcançado, a constante de amortecimento do sistema torna-se nula e as oscilações não mais desaparecem. Como consequência deste fato surgem 34 Figura 3: Controle das correntes rotóricas Os controladores são projetados de forma a garantir um rápido seguimento da referência. Visando não sobrecarregálos, todos os termos de acoplamento cruzado entre i’rd e i’rq (u’rd kr e u’rq kr), bem como a influência das tensões induzidas Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. (u’rd emk e u’rq emk), sendo considerados distúrbios conhecidos para as malhas de controle, podem ser compensados a partir de seus valores estimados. Estes valores podem ser obtidos das equações (4) e (5), onde os termos de acoplamento cruzado e as tensões induzidas estão relacionados, respectivamente, aos segundos e terceiros elementos nas igualdades. Uma vez garantida a imposição das correntes rotóricas, o modelo da MTDA pode ser resumido às equações (1-3). A partir destas equações é possível chegar-se ao modelo linearizado da máquina para pequenas perturbações, que pode ser expressado no espaço-de-estados conforme [11]. A estabilidade da MTDA é então investigada através de simulação numérica, computando-se os autovalores do sistemas e tendo as correntes rotóricas nos eixos direto (i’rd) e em quadratura (i’rq) como variáveis. Os autovalores obtidos são apresentados na Figura 4 e representam um sistema fracamente amortecido com frequência natural próxima da frequência da rede (50Hz). Ao mesmo tempo pode-se verificar, que há o surgimento de uma pequena variação no valor estacionário da corrente de magnetização para uma atuação no sistema a partir de i’rq, enquanto que atuações a partir de i’rd não influenciam no valor estacionário de ims. Este fato já era esperado, uma vez que, para o sistema em regime estacionário, num determinado ponto de operação, a equação (2) não apresenta qualquer relação entre i’rd e ims. Figura 5: Resposta de ims aos saltos: a) i’rq = 0 ; i’rd : 0 → i’rd0b b) i’rd = 0 ; i’rq : 0 → i’rd0b c) i’rq = 0 ; i’rd : 0 → -i’rd0b d) i’rd = 0 ; i’rq : 0 → -i’rd0b Figura 4: Autovalores para diferentes pontos de operação Enquanto que variações na componente em quadratura da corrente rotórica deslocam os autovalores na direção paralela ao eixo imaginário, o aumento da componente direta deslocaos paralelamente ao eixo real no sentido da instabilidade. Quando i’rd alcança o valor de i’rd0b , definido em [11] como a corrente no eixo direto necessária para que a máquina gere a mesma quantidade de reativo que estaria consumindo caso estivesse conectada à rede como um motor de indução convencional, os autovalores cruzam o eixo imaginário e o sistema torna-se instável. De forma a auxiliar a análise do fenômeno, a Figura 5 apresenta as respostas de ims para diferentes saltos nas componentes d e q das correntes rotóricas, obtidos a partir de simulação numérica com o modelo linearizado da máquina para pequenas perturbações em torno de um ponto de operação. Os dados da máquina, necessários para as simulações, encontram-se no apêndice. Pode-se notar, nos resultados apresentados na Figura 5, que não há qualquer alteração na constante de amortecimento do sistema no caso de excitações através de i’rq, ao contrário das excitações através de i’rd. O pior caso, visto na Figura 5.a., ocorre para o salto positivo com amplitude i’rd0b aplicado em i’rd, quando os pólos do sistema são levados em direção à instabilidade, conforme apresentado na Figura 4. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Em regime permanente, o valor de ims, obtido a partir de (2) e aplicado em (1), fornecerá o valor do ângulo α, apresentado na equação (6). Este ângulo representa a diferença angular entre dois sistemas de coordenadas, o primeiro baseados no vetor da tensão da rede e o segundo no vetor da corrente de magnetização. α = ωo t − µ (6) Em condições normais de operação, o ângulo α apresenta valores estacionários muito pequenos, de forma que pode ser assumida uma coincidência na direção da componente em quadratura do vetor da corrente rotórica i’rq com a direção do vetor da tensão da rede u n [4],[6],[13]. Este fato permite, portanto, uma atuação independente sobre as potências reativa e ativa no lado do estator a partir das componentes direta e em quadratura da corrente rotórica, conforme as equações (7) e (8). { } { } Ps = Us 2 ⋅ i′ Re u s ⋅ i s ≈ −3 ⋅ (1 + σ s ) rq 3 Qs = Us Us 2 ⋅ − i′ Im u s ⋅ i s ≈ 3 ⋅ (1 + σ s ) Lhs ⋅ ω ms rd 3 (7) (8) Chega-se, desta forma, à principal vantagem da utilização da MTDA como gerador, que está na possibilidade do controle das potências ativa e reativa de forma independente, não importando o valor da velocidade rotórica, uma vez 35 mantida esta dentro da região de operação. A estrutura das malhas de controle das potências é apresentada na Figura 6, onde os controladores das potências ativa e reativa são implementados em cascata com as malhas de controle das componentes i’rq e i’rd, respectivamente. controladores de corrente responderão de forma mais lenta, evitando, assim, variações bruscas em i’rd e, consequentemente, o surgimento de oscilações em ims. B. Amortecimento baseado no valor estimado de ims Através do próprio modelo matemático da MTDA utilizado para o controle vetorial da mesma, pode-se obter o valor estimado de ims ao longo do tempo. Este sinal, contendo a informação das oscilações que deverão ser amortecidas, poderia ser então utilizado de forma a compor um sinal de compensação a ser inserido nas componentes direta e em quadratura da corrente rotórica. Devido a este princípio de funcionamento este método pode ser chamado de back-ims. De forma a verificar esta proposta foi adicionada às componentes da corrente rotórica do modelo linearizado da MTDA, apresentado em [11] e cujos vetores de estado, entrada e saída são descritos em (9), uma realimentação da primeira derivada da variável de estado (ims). Figura 6: Controle independente das potências ativa e reativa Independente da atuação destes controladores, as oscilações fracamente amortecidas em ims, apresentadas na Figura 5, provocam, por sua vez, oscilações em µ, de forma que, através de (6), surgem, também, oscilações em α, o que implica, consequentemente, em oscilações no fluxo de potências entre a máquina e a rede, mesmo garantidos valores constantes para i’rd e i’rq. Estas oscilações também não são compensadas pelos controladores de potência, uma vez que estes encontram-se nas malhas externas de controle e são, portanto, de atuação mais lenta, não conseguindo, por sua vez, atuar sobre a causa do problema dentro das malhas internas. III. PROPOSTAS DE AMORTECIMENTO ATIVO Dentre as propostas apresentadas em [13] para amortecer as oscilações de ims destacam-se três técnicas com estratégias de atuação distintas. A primeira caracteriza-se como uma solução preventiva e visa adequar os parâmetros dos controladores de corrente de forma a evitar que as oscilações possam surgir. A segunda técnica baseia-se no valor estimado de ims e utiliza este sinal em uma malha de controle extra, visando, desta forma, o amortecimento ativo das oscilações. A terceira técnica, que envolve a utilização de um conversor extra situado eletricamente dentro do circuito do estator no lugar de seu ponto de neutro, visa alterar dinamicamente as características da planta de forma invisível aos controladores preexistentes. A. Amortecimento através de controladores de corrente lentos Esta primeira proposta de amortecimento das oscilações no fluxo do estator, apresentada primeiramente em [11], não se caracteriza efetivamente como uma técnica de amortecimento ativo, mas sim como um procedimento para evitar que as oscilações surjam. Neste caso, os parâmetros dos controladores de corrente são projetados de tal forma, que o módulo da função de transferência do sistema em malha fechada para a frequência das oscilações seja reduzido para 10% do valor nominal [13]. Desta forma, os 36 ∆ims ∆x = ; ∆u = ∆µ ∆i' rd ∆i' rq ; ∆y = ∆u s ∆i ms ∆M el (9) Diferente da forma tradicional, onde é inserida no sistema uma matriz de realimentação do vetor de estados, neste caso, a sua derivada será realimentada através da matriz K, definida em (10), sendo que kp representa o valor de uma constante. O princípio deste procedimento é apresentado na Figura 7. − k p 0 (10) K = − k p 0 0 0 Figura 7: Proposta de controle para amortecimento back-ims Após alguns cálculos, surge então um novo sistema, descrito no espaço-de-estados pelas matrizes A’, B’, C’ e D’, apresentadas em (11). Os vetores de estado, entrada e saída, descritos em (9), permanecem, neste caso, inalterados. A , = ( I − B K ) −1 A B , = ( I − B K ) −1 B C , = C + D K ( I − B K ) −1 A D , = D K ( I − B K ) −1 B + D (11) Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A análise da estabilidade do novo sistema, composto pela MTDA amortecida ativamente através das correntes rotóricas, é realizada a partir de simulação numérica com a obtenção dos autovalores da nova matriz sistêmica para diferentes valores de i’rd e i’rq. Conforme é exemplificado na Figura 8, a partir de pequenos valores da constante kp podese obter um aumento significativo na constante de amortecimento do sistema. Para valores maiores de kp, este aumento na constante de amortecimento é aliado à redução no valor da frequência natural. Figura 9: MTDA com conversor estendido Figura 8: Deslocamento dos autovalores da MTDA através do amortecimento ativo do tipo back-ims (kp = 0.01) C. Amortecimento através de variação dinâmica da planta Para amortecer ativamente o fluxo da MTDA esta terceira proposta necessita da inclusão no sistema de um inversor adicional, conectado em série com o estator da máquina, no lugar de seu ponto neutro [13], como é mostrado na Figura 9. Um conversor com potência nominal igual a da MTDA também poderia ser utilizado para esta finalidade, sendo conectado entre a rede e a máquina, em série com seu estator numa configuração back-to-back [14],[15],[16]. Entretanto, devido ao baixo valor da tensão necessária para amortecer o fluxo do estator da máquina, este inversor adicional também pode ser dimensionado para uma porção da potência nominal da MTDA, mantendo assim o aspecto de baixo custo para sistemas de geração VAFF empregando máquinas de dupla alimentação [17]. Nesta configuração, o terceiro inversor insere um vetor espacial de tensão em série com o vetor da tensão da rede, mantendo-se nulo durante a operação da máquina livre de distúrbios. No caso da ocorrência de qualquer distúrbio é realizada, através deste inversor, uma variação dinâmica da estrutura do sistema, aumentando, desta forma, o fator de amortecimento, sem afetar os controladores de corrente no lado do rotor. Ao contrário da proposta anterior, esta configuração não gera correntes elevadas no circuito rotórico, especialmente após faltas na rede, além de chegar a um ponto de operação estável no menor intervalo de tempo dentre todas as formas de amortecimento ativo do fluxo da máquina trifásica de dupla alimentação [13],[17]. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. O vetor de tensão no estator da máquina passa a ser composto a partir dos vetores das tensões da rede e do inversor. Além disso, com a inserção do terceiro inversor, foi obtido um grau de liberdade extra no sistema, que pode ser associado à componente direta da tensão do inversor (uud), sendo esta utilizada como variável de atuação sobre o circuito do estator e sem grandes interferências nas malhas dos controladores previamente existentes [13],[17]. Para definir a estrutura de controle que vai reger esta "tensão de amortecimento", algumas condições de contorno devem ser estabelecidas: - O sistema amortecedor deve possuir uma resposta extremamente rápida. - Os controladores das correntes no lado do rotor não devem ser afetados. - Após o amortecimento do fluxo, a tensão do inversor deve decair à zero para o retorno das condições normais de operação, caso contrário ela afetaria a capacidade de geração independente das potências ativa e reativa por parte da MTDA controlada pelas correntes rotóricas. Estas condições podem ser obtidas a partir de uma função de transferência de segunda ordem, dada pela equação (12). A entrada do sistema de amortecimento é, novamente, a derivada de ims , sinal que melhor representa as oscilações no fluxo. ∆u ud b s 2 + b1 s + b0 = 2 2 (12) H(s) = ∆i&ms a 2 s + a1 s + a 0 Conforme apresentado em [17], com a introdução de um sistema amortecedor de segunda ordem ocorre a duplicação do número de variáveis de estado, sendo estas novas definidas por d1 e d2, bem como a introdução da tensão de amortecimento no vetor de entrada do sistema. O vetor de saída permanece inalterado. Os vetores de estado, entrada e saída para o novo sistema, já linearizado, são apresentados em (13). ∆i ms ∆µ ; ∆u = ∆x = d1 d2 ∆i' rd ∆i' rq ; ∆y = ∆i ms ∆M ∆u ud el ∆u s (13) Similarmente ao procedimento apresentado em [11], para a análise do comportamento dinâmico desta nova configuração um modelo linearizado para pequenas perturbações incluindo a estrutura de amortecimento pode ser obtido e descrito no espaço-de-estados pelas matrizes A’’, 37 B’’, C’’ e D’’, incluindo, no presente caso, o controlador de estados representado pela matriz F’’ [17], como mostra a Figura 10. Figura 10: Estrutura de controle do novo sistema do tipo VSI-PWM a base de IGBTs. Ambos inversores são alimentados pelo mesmo elo de tensão DC e possuem frequência de chaveamento ajustável para 4kHz, 2kHz, 1kHz e 500Hz. O controle das correntes rotóricas, das potências ativa e reativa, bem como as estruturas de amortecimento são implementados em processadores digitais de sinais VeCon [18]. Para comprovar o surgimento de oscilações em ims, foi aplicado, no protótipo de laboratório, um degrau de amplitude i’rd0b na referência da componente direta da corrente rotórica (i’rd ref). A Figura 12 apresenta o resultado para os conversores operando a uma frequência de chaveamento de 4kHz, enquanto que na Figura 13 o mesmo ensaio é realizado para uma frequência de chaveamento de 2kHz. A estabilidade da MTDA com amortecimento ativo através da variação dinâmica da planta pode ser investigada através de simulação numérica computando-se os autovalores da matriz sistêmica da malha fechada (A’’ + B’’ F’’). A Figura 11 apresenta, por exemplo, o deslocamento que pode ser realizado com os pólos que originalmente encontravamse sobre o eixo imaginário. Figura 12: Resposta de ims ao salto em i’rd ref (PWM = 4kHz) Figura 11: Deslocamento dos autovalores da MTDA através de variação dinâmica da planta. Os parâmetros da função de transferência são definidos de forma a garantir que os autovalores permaneçam numa região estável, de forma que, quando a corrente i’rd atingir o valor i’rd0b, os pólos, inicialmente formando um par complexo conjugado sobre o eixo imaginário do plano complexo, sejam deslocados para a esquerda até atingirem o eixo real [17]. IV. RESULTADOS EXPERIMENTAIS Figura 13: Resposta de ims ao salto em i’rd ref (PWM = 2kHz) O protótipo utilizado para a realização dos ensaios consiste em uma máquina trifásica de dupla alimentação de 33kW, acionada por um motor de corrente contínua de 40kW, capaz de simular o comportamento de uma turbina hidráulica. Os dados do gerador são apresentados no apêndice. O rotor é alimentado a partir de um inversor VSI-PWM a base de IGBTs, enquanto que o estator por um lado é conectado à rede e por outro ao inversor adicional, também Pode-se verificar que, após o salto, ims apresenta uma oscilação não amortecida com frequência próxima à frequência da rede, independentemente da frequência de chaveamento do inversor. Após estes ensaios, os parâmetros dos controladores das correntes i’rd e i’rq foram reprojetados e ajustados de tal forma que estes, reagindo lentamente, atenuassem a resposta do sistema em malha fechada para frequências próximas à frequência da rede. O resultado deste procedimento é apresentado na Figura 14. Pode-se perceber uma resposta ao 38 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. salto lenta por parte da componente no eixo direto da corrente rotórica, que passa a apresentar um pequeno sobressalto. Conforme era esperado, não houve, neste caso, o surgimento em ims de oscilações com a frequência da rede. Figura 14: Resposta de ims ao salto em i’rd ref para o sistema com controladores de corrente lentos (PWM = 4kHz) O amortecimento através da utilização de controladores de corrente lentos apresenta uma boa qualidade, sem quaisquer custos adicionais em hardware ou software. Entretanto, mesmo com este procedimento, os pólos da máquina, estando ela gerando potência reativa, continuam próximos ao eixo imaginário, de forma que outros distúrbios, como faltas, podem vir a causar o surgimento de oscilações fracamente amortecidas no fluxo. Na Figura 15 é apresentada a resposta de ims para um salto aplicado em i’rd ref, estando a MTDA com amortecimento ativo back-ims e utilizando os mesmos controladores de corrente empregados no ensaio para a obtenção da resposta do sistema original, apresentada na Figura 12. Comparandose os dois resultados, percebe-se que, utilizando-se a proposta de amortecimento ativo do tipo back-ims, mesmo com a utilização de controladores de corrente rápidos, as oscilações em ims com frequência da rede são fortemente amortecidas. A proposta de amortecimento ativo back-ims, ou seja, baseado na realimentação da primeira derivada do valor estimado de ims, apresenta uma excelente qualidade no amortecimento do fluxo. Com nenhum custo adicional em hardware, necessita apenas da inclusão, no software de controle, das rotinas responsáveis pelo amortecimeto ativo. Apresentando similaridades com a solução proposta em [19], este procedimento possui, da mesma forma, problemas com correntes rotóricas elevadas, que podem surgir após faltas no sistema elétrico, causando, consequentemente, surtos transitórios nas potências ativa e reativa no lado do estator da máquina. Devido à característica transitória destes fenômenos, estes até podem ser desprezados dentro de certos limites, desde que haja uma adequação dinâmica do parâmetro kp [13]. Na Figura 16 é apresentada a resposta de ims para um salto aplicado em i’rd ref, estando a máquina operando com amortecimento ativo através de variação dinâmica da planta. Neste ensaio os inversores tiveram a frequência de chaveamento reduzida de 4kHz para 2kHz. Comparando este resultado com a resposta da máquina não amortecida, apresentada na Figura 13, percebe-se também, neste caso, o desaparecimento das oscilações em ims com frequência de 50Hz. Figura 16: Resposta de ims ao salto em i’rd ref para o sistema com variação dinâmica da planta (PWM = 2kHz) Figura 15: Resposta de ims ao salto em i’rd ref para o sistema com amortecimento ativo do tipo back-ims (PWM = 4kHz) Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A técnica de amortecimento ativo do fluxo através de variação dinâmica da planta do sistema apresenta excelentes resultados, possibilitando uma estabilização da máquina de forma extremamente rápida. Entretanto, a necessidade de um inversor extra, aliado a toda infra-estrutura necessária para sua proteção, torna o sistema extremamente caro, a nível de software e, principalmente, a nível de hardware. No caso de mudanças bruscas no sistema de potência, como faltas ou rejeição de carga, a MTDA amortecida ativamente através deste método alcança um ponto de operação estável em poucos milésimos de segundo, similarmente ao resultado apresentado na Figura 16, podendo, desta forma, contribuir positivamente para a estabilidade do sistema elétrico. A Tabela 1 apresenta, de forma resumida, um quadro comparativo entre as diferentes estratégias de amortecimento das oscilações em ims. A escolha da estratégia a ser implementada, entretanto, dependerá das necessidades exigidas à MTDA. 39 Tabela 1: Quadro comparativo das propostas de amortecimento ativo apresentadas Qualidade do amortecimento Custo em hardware adicional Custo em software adicional Sobressalto de corrente (após faltas) Estabilização após faltas Custo de implementação Amortecimento através de controladores de corrente lentos Amortecimento através da técnica back-ims Amortecimento através de variação dinâmica da planta Boa Excelente Excelente Nenhum Nenhum Extremamente Elevado Nenhum Baixo Elevado Baixo Extremamente Elevado Nenhum Muito lenta Rápida Nenhum Baixo Extremamente Rápida Extremamente Elevado V. CONCLUSÕES No presente artigo foram apresentadas as principais propostas para o amortecimento do fluxo do estator da máquina trifásica de dupla alimentação com conversor estático em seu circuito rotórico. Estando a máquina operando com geração de potência reativa, os limites de estabilidade podem ser atingidos e o fluxo do estator passa a apresentar oscilações com frequência próxima à frequência da rede. De forma a eliminar estas oscilações, três diferentes estratégias foram apresentadas. A primeira consiste em ajustar os parâmetros dos controladores de corrente de tal forma que estas malhas de controle fiquem insensíveis a oscilações com frequência próxima à frequência do sistema elétrico. A segunda proposta visa corrigir o problema a partir das correntes rotóricas, através de um termo adicional inserido nas referências das correntes nos eixos direto e em quadratura. A terceira e última estratégia apresentada visa corrigir o problema diretamente no estator, através da inserção de um inversor adicional em série com o circuito do estator no lugar de seu ponto neutro, sendo este utilizado para variar as características dinâmicas da máquina. Os melhores desempenhos no amortecimento das oscilações no fluxo ficaram por conta das duas últimas estratégias. Embora o amortecimento ativo através de variação dinâmica da planta possibilite estabilizar a máquina de forma extremamente rápida, principalmente após faltas no sistema elétrico, a estratégia de amortecimento back-ims apresenta a melhor razão custo/benefício. AGRADECIMENTOS Ao Institut für Regelungstechnik da TU Braunschweig por disponibilizar sua infra-estrutura para o desenvolvimento deste trabalho e ao DAAD pelo suporte financeiro. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] C.R. Kelber, “Operação de turbinas hidráulicas em velocidade ajustável”, Engenharia - Estudos Tecnológicos, ISSN 0101-5303, Vol. XXIII, No. 20, pp.5-13, 2000 (2002). [2] C.R. Kelber, W. Schumacher, “Adjustable Speed Constant Frequency Energy Generation Technologies for Micro, Mini and Small Hydroelectric Power Plants”, Engenharia - Estudos Tecnológicos, ISSN 0101-5303, Vol. XX, No. 23, pp.27-35, 2002 (2003). 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Kelber, nascido em 24/02/1972 em Erlangen, é formado em Engenharia Elétrica nas ênfases de Sistemas de Potência e Eletrônica pela PUC-Rio (1995), mestre (1997) pela mesma instituição e doutor em Engenharia Elétrica (2000) pela Technische Universität Carolo-Wilhelmina zu Braunschweig, na Alemanha, tendo desenvolvido sua tese no Institut für Regelungstechnik sob a orientação do Prof.Dr.Ing. Walter Schumacher. Desde 2001 é professor adjunto da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Suas áreas de interesse são: Controle Aplicado, Tecnologias para Automação Veicular, Veículos Autônomos e Controle de Máquinas Elétricas. Walter Schumacher, nascido em 26/10/1952 em Hamburg, é Professor Doutor (Prof.Dr.-Ing.) e Diretor do Institut für Regelungstechnik da Technische Universität CaroloWilhelmina zu Braunschweig, na Alemanha. Doutor pelo “Instituto de Engenharia de Controle” do qual já foi pesquisador e desde 1993 é diretor, dá continuidade ao trabalho iniciado pelo Prof.Dr-Ing. Werner Leonhard. Na indústria alemã chefiou o Setor de Sistemas da empresa Institut für Angewandte Mikroelektronik GmbH (IAM), onde foram desenvolvidos, dentre outras soluções, processadores digitais de sinais para aplicações em controle de máquinas elétricas. É membro dos seguintes comitês: - “Executive Committee and International Steering Committee of EPE” - “International Steering Committee of PEMC” - “International Steering Committee of Electrimacs” Também é membro das seguintes instituições: - VDI, VDE, IEEE e EPE Association Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. APÊNDICE Tabela A1: Dados da MTDA Dados do Gerais: Potência nominal Fator de potência Frequência nominal (estator) Número de par de pólos Dados do Estator: Tensão nominal Corrente nominal Resistência Indutância Fator de dispersão Dados do Rotor: Tensão nominal (com eixo travado) Corrente nominal Resistência Indutância Fator de dispersão PS0 cos(ϕ) f0 pp = 33 kW = 0.84 = 50 Hz =2 US0 IS0 RS LS σS = 400 V = 61 A = 0.072 Ω = 0.0279 H = 0.0232 Ur0 Ir0 Rr Lr σr = 800 V = 30 A = 0.346 Ω = 0.1176 H = 0.0352 Figura A1: MTDA acionada por uma máquina CC 41 BRUSHLESS DOUBLY-FED INDUCTION MACHINE : OPERATING CHARACTERISTICS AND APPLICATIONS Antonio Carlos Ferreira1 e-mail: [email protected] Universidade Federal do Rio de Janeiro C.P. 68504 CEP 21945-970 Rio de Janeiro - RJ Brasil Resumo – O objetivo deste artigo é apresentar as principais características da máquina de indução duplamente alimentada sem escovas (“ brushless doublyfed machine” ). Procura-se apresentar o seu princípio de funcionamento e indicar algumas possíveis aplicações. Ao final do artigo é apresentada uma bibliografia estendida visando permitir ao leitor um maior aprofudamento nas suas potencialidades. Abstract – This paper presents the main characteristics of the brushless doubly-fed machine. Its principle of operation is described and some of its possible applications are indicated. An extend bibliography is provided in order to allow for a better understanding of its potentialities. I. INTRODUCTION The development of power electronics providing more reliable and cheaper power converter units, along with the necessity for energy conservation , has promoted an increase in the use of adjustable speed drives and variable speed generators. However, more widespread use of such systems has been hampered by the cost of the power converter which is still high. Therefore there is a great interest in a system which reduces the converter rating requirements. A system with this characteristic has been presented by Wallace, Spée and Lauw [1] and has been titled `brushless doubly-fed machine (BDFM) system'. The BDFM has been proposed as an option for an adjustable speed drive or a variable speed generator. In both cases the machine is part of a system which is represented schematically in figure 1. It is claimed that the BDFM system will provide the following features and advantages: • • • reduced cost, compared to a conventional drive using a cage induction motor; precise synchronous operation over a wide speed range; possibility of working as a normal induction motor in case of power converter failure. The aim of this paper is to present the main features of the BDFM system and provide the reader with a bibliography which will allow for a deeper understanding of its potentialities. Firstly a brief presentation of the machine operation is made. Then some characteristics of the system are presented and some possible applications are listed. Fig. 1 Brushless Doubly Fed Machine System II. BRUSHLESS DOUBLY FED MACHINE The machine evolved from the self-cascaded machine proposed by Hunt [2]. At the beginning of the 20th century Hunt presented a self-cascaded machine, which incorporated the effect of two cascaded induction motors into one single frame. He showed that this could be accomplished by furnishing the stator with two three-phase windings of differing pole numbers, chosen so that no transformer coupling between them would occur. Being 2p1 and 2p2 the pole-numbers of the stator windings, the self-cascaded machine would be able to operate as an induction motor with ( p1 + p2 ) poles. This required the rotor to be of a special design. The simplest rotor configuration consisted of furnishing the rotor slots with two three-phase windings of 2p1 and 2p2 poles. Those windings would be connected in series. Therefore current induced in the 2p1-pole rotor winding will also flow in the 2p2-pole rotor winding, producing a 2p2-pole field which will interact with the 2p2pole stator winding. The reverse is also true. Hunt also showed that better performance could be achieved by using only one stator winding with terminals for operation as a 2p1- and 2p2-pole winding. He also presented how a single rotor winding could be used to couple with both stator fields. Hunt's machine was later re-examined by Creedy [3] who presented an elegant 2/6 poles stator winding system. This winding configuration was used in several self-cascaded machines and in early BDFMs. Creedy also presented a simplified rotor winding. 1 42 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Smith [4,5] presented a `twin stator induction machine' where the stator windings were magnetically independent but could share a common rotor. Later he indicated that both stator windings could share the same magnetic circuit and suggested that a converter of a rating lower than the machine could be connected to one of the stator windings to extract slip power from the rotor by induction [6] Undeniably, a significant step was taken by Broadway and Burbridge [7] when they identified that cross-coupling of the stator fields would occur with a cage rotor with Nr bars where Nr = p1+p2. That would render a more robust and manufacturable rotor. They also showed that, with the machine running near the cascade speed, supplying the other winding with direct current would make the machine pull into step and run synchronously. Investigation of the operation of the self-cascaded machine connected to a power electronic converter has been carried out by Cook and Smith [8,9,10], Kusko and Somuah [11], Perera and Smith [12] and Shibata and Taka [13]. Although these works investigated different aspects of the machine operation, they had in common the fact that they used models derived directly from the cascade connection of two induction motors. The brushless doubly-fed machine system, as presented in figure 1 was proposed by Lauw [14] for use as a variable speed generator. Shortly after, Wallace, Spée and Lauw presented the BDFM as a candidate for an adjustable speed drive [1,15]. The stator is furnished with two three-phase windings of different pole numbers, 2p1 and 2p2. As both windings share the same magnetic circuit, special care has to be taken when choosing the number of poles of each winding in order to avoid direct (transformer) coupling between them. Also, in order to avoid unbalanced magnetic pull, the difference between the number of poles must be greater than 2. The cylindrical rotor carries (p1 + p2) sets of concentric loops, as will be discussed below. Generally, one stator winding is connected directly to the supply and the other is supplied from a power electronic converter. Full use of the machine's capabilities is achieved if a bi-directional, variablefrequency, variable-voltage converter is used. However, for some applications the requirements for the converter may be simplified. The key feature for the BDFM operation is the coupling between both stator windings via the rotor. This imposes certain restraints on the rotor design and that is investigated below. For instance, suppose a wound rotor induction motor, with 2p1 poles and supplied at frequency f1. If the rotor is also wound for 2p1 poles and the current flowing in it has a frequency f2, the field produced by this current will rotate with respect to the rotor with a mechanical angular velocity f´= ± f2 , p1 (1) where the + or - signs depend on the sense in which the rotor field rotates. If both stator and rotor fields rotate in say the clockwise direction with respect to their corresponding members, the sign is positive, as it is if both rotate anticlockwise. If one is clockwise and the other anti-clockwise, however, then the sign is negative. The required mechanical rotor speed may now be calculated using fr = f 1± f 2 . p1 (2) Therefore, if the frequency of the rotor current can be controlled by external means, so can the rotor speed. This speed is referred to as the synchronous speed and the machine is said to be operating synchronously. If a power electronics converter is used, this arrangement has the advantage in that only the slip power must be processed by the converter, thus reducing the cost of the system. It has however the disadvantage in that it requires the use of slip rings, which increase the cost and reduce the robustness and reliability of the system. The possibility of controlling the frequency of the rotor currents without the need of slip rings is quite attractive and that is the idea behind the brushless doubly fed machine. It has already been pointed out that some restrictions are imposed on the rotor in order to obtain synchronous operation. These restrictions may now be identified [16]. Assume, in the first instance that the rotor carries a standard cage design, with Nr bars, equally spaced. The two stator windings are assumed to be ideal (i.e. no stator space mmf harmonics) and carry pure sinusoidal currents. These windings will set up airgap fields, which can be expressed in the stator reference frame by ( ) b 1 (θ , t ) = B̂1cos ω 1 t − p 1 θ + α 1 , and (3) A. Principle of operation The torque production in cylindrical rotating electrical machines requires the fields produced by the stator and rotor to have the same number of poles and to be stationary with respect to each other. These requirements can be used to control the speed of the machine. Generally, if the rotor currents produce a field which rotates at angular velocity f' with respect to itself, that field will be seen by an observer stationary with respect to the stator as having an angular velocity f, in revolutions/second, given by f = fr + f', where fr is the rotor angular velocity. In order to produce steady torque, f must equal the angular velocity of the stator field fs. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. ( ) b 2 (θ , t ) = B̂ 2 cos ω 2 t − p 2 θ + α 2 , (4) where, ω1 and ω2 are the excitation angular velocities (rad/s) of winding 1 and 2 respectively. α1 and α2 are phase angles. B1 and B2 are the peak values of the magnetic flux densities. b1(θ,t) and b2(θ,t) are the instantaneous values of the magnetic flux densities at an instant of time t and at a position θ around the airgap. The fields described by (3) and (4) will induce currents in the rotor bars and these currents 43 will in turn produce airgap fields, which can be expressed in the rotor reference frame by ( ) ´ ´ b1 p1 _ q1N r (θ ,t ) = B̂r1cos (ω1 - p1 ωr )t − ( p1 - q1 N r )θ + α q1 (5) and ( ´ ´ b 2 p 2 _ q 2 N r (θ ,t ) = B̂r2cos (ω2 - p 2 ωr )t − ( p 2 - q 2 N r )θ + α q2 ) (6) where ωr is the rotor angular velocity ( rad/s ) and αq1 and αq2 are phase angles. q1 and q2 are integers. θ´ is measured with respect to a reference frame, which is fixed to the rotor. Values of q1 and q2 other than zero are the rotor slot harmonics. Equation (5) shows that the current induced in the rotor by an airgap field of 2p1 poles will produce not only a flux of 2p1 poles but also fluxes of 2(p1 - Nr), 2(p1 + Nr), 2(p1 - 2Nr), 2(p1 + 2Nr) poles, etc. The second stator excitation similarly results in rotor slot-harmonic fields of 2(p2 - Nr), 2(p2 + Nr), 2(p2 - 2Nr), 2(p2 + 2Nr)… poles. The rotor fields given by (5) and (6) can be expressed in the stator reference frame, using the co-ordinate transformation θ=ωrt+θ´. Steady torque will be produced if one of the slot-harmonic fields, arising from the second stator excitation (i.e. q2 ≠ 0 ), interacts with the fundamental field produced by the first ( q1 = 0 ). Equating frequencies and pole numbers, as required, yields ω1 − ω2 (7) ω2 − q 2 N r ωr = ω1 → ωr = − q2 N r and (8) p 2 − q 2 N r = p1 → − q 2 N r = p1 − p 2 . → fr= f 1− f 2 . p1 − p 2 (9) The same analysis may be carried out on the assumption that a slot-harmonic field produced by the first excitation interacts with the fundamental field due to the second, and will give the same result as in (9). For practical values of p1 and p2, values of q1 and q2 other than unity will produce a rotor cage with a very small number of bars. Therefore (8) may be rewritten as |p1 - p2| = Nr, which gives the requirements for the number of rotor bars in order to have the BDFM operating synchronously. Equation (9) gives the associated synchronous speed and suggests that changing one of the stator frequencies can control the rotor speed. If ωr, from (9), is substituted into (5) and (6), it can be shown that for synchronous operation the rotor fields and therefore the currents induced by both stators windings must have the same frequency. Another condition for the synchronous operation arises if it is noted that (6) may also be written as using cosθ=cos-θ. Equating the frequency and displacement terms and carrying 44 - Condition 1 N r = p1 − p 2 - and ωr = ω1 − ω2 , p1 − p 2 (10) and ωr = ω1 + ω2 p1 + p 2 (11) Condition 2 N r = p1 + p 2 For practical values of p1 and p2 it is more convenient to choose Nr as given by Condition 2 because it results in a cage with higher number of bars. However by choosing the number of bars according to one of the conditions above will not render the other condition redundant. Assume that, in (3) and (4), ω1, ω2 and p1 can only have positive values and allow p2 to have positive or negative values. Then (3) and (4) indicate that for positive values of p2 both stator fields rotate in the same direction in the stator reference frame. For negative values of p2 those fields rotate in opposite directions. Indeed a negative value of p2 indicates that winding 2 is being excited in reverse sequence to that of winding 1. If the machine has a cage with the number of rotor bars equal to the sum of the number of pole-pairs of the stator windings, then when both stator fields are rotating in the same direction (p2 > 0), p1+p2 = Nr and Condition 2 applies. If the phase sequence of winding 2 is reversed (p2<0) then p1-p2=Nr and now Condition 1 applies. Therefore the rotor speed for synchronous operation can be calculated by ω1 ± ω2 . (12) Nr The positive sign arises when both stator fields rotate in the same direction in the stator reference frame. On the other hand, the negative sign arises when they rotate in opposite directions. It may be noted that if winding 2 is excited with direct current (f2=0), (12) gives the synchronous speed of the cascade connection of two induction motors. However, the main purpose of the BDFM is to change the synchronous speed by varying the frequency f2. Therefore in this work the term synchronous speed refers to the rotor speed which is given by (12). The speed obtained when f2=0 is referred to as the natural speed [17]. Then, if the stator fields rotate in the same direction with respect to the stator, the machine will operate above the natural speed and if the fields counterrotate the machine will operate below the natural speed. The same analysis can be carried out for the case where the number of rotor bars is calculated from the difference of the number of poles. B. Rotor configurations Whatever the way Nr is chosen, for any realistic combination of pole-pair numbers p1 and p2 it will result in a cage rotor with a low number of bars, yielding a very high referred rotor leakage reactance [7]. As pointed out by ωr = Substituting from (8) into (7) yields ω1 − ω2 ωr = p1 − p 2 out the same analysis as before, yields a new set of rotor requirements and synchronous speed. Therefore, for a given pair of stator frequencies there are two rotor configurations that allow for the machine to run synchronously. Each one of these configurations requires a different rotor speed Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Broadway, the referred rotor leakage reactance decreases as the number of rotor slots is increased from a low value. Therefore steps must be taken in order to increase the number of rotor slots while still complying with the requirements of the effective number of rotor bars. Fig. 2, Fig. 3 and Fig. 4 present three typical BDFM rotor configurations in which this is achieved. In Fig. 2 the rotor bars are connected to produce a set of nests, each formed of a number of individual concentric loops. In Fig. 3 all the loops are connected at one end to a common end-ring. In Fig. 4 the outermost loops of each nest form a cage with Nr bars. The other loops are connected to one common endring. Fig. 2. BDFM rotor configuration 1 Fig. 3. BDFM rotor configuration 2 fed from a converter is referred to as control winding or winding 2. The simulations were carried out with a steadystate model developed previously [16,18]. A. Power balance The division of power between the stator windings is related to the frequency at which they excited. Neglecting all the copper losses we may write: V V P1 P = 2 = 3 1 2 sin δ , L ω1 ω2 ω1 ω2 (15) where P1 and P2 are the power flowing in windings 1 and 2, V1 and V2 are the rms voltages applied to the windings, ω1 and ω2 are the angular frequency of the voltages, L is an inductive term and δ is a load angle. Although the relationship presented in (15) is modified when copper losses are taken into account, the general concept that the winding that is supplied at higher frequency carries more power still holds. This can be seen in Fig.5 and Fig. 6, where winding 1 is supplied at 50 Hz and winding 2 at 30 Hz. Those figures suggest that if winding 2 is supplied at low frequencies (e.g. 0 – 5 Hz), the converter may be rated for a fraction of the total system rating. B. Effect of converter on performance limits It was shown in the previous section that for operation in a limited speed range, the converter used in the DFM system might have a reduced rating compared to the overall system rating. Also of interest is the effect of the converter on the drive performance. A first insight into this effect may be get from Fig. 7, which shows plots of calculated maximum torque as a function of speed and maximum voltage in winding 2. The stator currents were limited to 20 A due to thermal considerations and winding 1 was supplied at 100 V. Fig. 7 shows that the machine has almost the same torque capability operating either as a motor or as a generator. It can also be seen that the major effect of limiting the voltage of winding 2 is to determine the range of operating speeds. However it does not affect the maximum torque available. Fig. 7 also shows symmetry about a line drawn through the speed of 500 rpm. That speed may be recognized as the natural speed of the machine, where winding 2 is supplied with DC current. Fig. 7 also shows the effect of imposing a stricter limit on the current in winding 2. Namely the maximum current allowed was reduced from 20 A to 10 A, and the figure shows a reduction on the maximum torque. Fig. 4. BDFM rotor configuration 3 III. BDFM CHARACTERISTICS This section will present some of the BDFM characteristics when operating at synchronous speed. In this analysis, the winding connected direct to the supply is referred to as power winding or winding 1, and the winding Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 45 V1=V2max=100V and I1max =I2max=20A. The (+) and (-) signs indicate the direction of power flow in the converter, where the plus sign indicates that power is flowing into the BDFM and the minus sign indicates that power is being extracted from the machine to the system as in a slip-energy recovery mode. Fig. 5. Winding 1 input power D. Power factor control The BDFM was developed from the concepts used in induction motor design. However, when operating synchronously, it behaves like a synchronous machine. In this sense, Fig. 5 and Fig. 6 indicates that the input power to each stator winding has a closely linear relationship to the load applied to shaft. Furthermore, a load-angle characteristic is suggested in (15). If the parallel between the BDFM and a synchronous machine is to be completely established, the machine should provide means of power factor control. This can be seen in Fig 9 which shows how the reactive power in winding 1 is affected by a variation of the voltage applied to winding 2. In this case the machine is running with no mechanical load connected to its shaft. It is easy to relate the curves presented in Fig. 9 to the V-curves of synchronous machines. The voltage in winding 2 acts as the field winding in a synchronous machine. Fig. 6. Winding 2 input power Fig 8. Operating quadrants for the BDFM related to power flow in the converter C. Power flow in the control winding The operation over the full operating limits of Fig. 7 would require the use of a bi-directional converter. A further step in order to reduce the cost of the BDFM system may be taken if a unidirectional converter could be used. It can be shown that, to a good approximation, the direction of power flow in the control winding depends on the quadrant in which the drive is operating, i.e. above/below the natural speed and generating/motoring. This implication can be better illustrated in Fig. 8, which depicts one of the torquespeed characteristics presented in Fig. 7. In this case 46 5000 Reactive Power ( var ) Fig. 7. Maximum torque/rotor speed limits for the BDFM 4000 650 rpm 595 rpm 550 rpm 3000 2000 1000 0 0 5 10 15 20 25 30 Current ( A ) Fig. 9. V-curves of a BDFM Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. V SOME BDFM ISSUES Over the past years, several papers have been published, addressing various issues related to the BDFM system. In the following sections some of these issues will be outlined. A. Modelling of the BDFM In order to simulate the machine performance, its interaction with the converter and also to explore design alternatives, a detailed dynamic model was presented by Wallace et al. [19,20]. The detailed model was then simplified to a two axis model [21,22] which was used to analyse the stability of the BDFM [23]. The two-axis model, however, only allowed the simulation of a machine with stator windings of the combination 6/2 pole numbers and lumped the rotor circuits in a two-axis representation. Those two factors denied the model as a tool to investigate design alternatives. In 1993 Perera and Smith [24] presented a model which accommodated any pole numbers combination. In addition, the currents in each rotor circuit were readily available. Boger et al. [25] extended the two-axis model to a `general pole number' model. This model, whilst being a significant improvement, still denied the determination of the currents flowing in each rotor circuit. This model was later improved in order to determine the rotor current [26]. The drawback of the last two models is that they only take the fundamental fields into account. Therefore they cannot be used during design to eliminate unwanted harmonics. Williamson, Ferreira and Wallace [16], presented a rigorous analytical model based on general harmonic theory. This model has been validated against a prototype machine and has been shown to give very good predictions when the machine is excited at low voltages [18]. A time-stepping finite-element model was also presented that could represent the effect of saturation [27]. It was shown that this model coul readly accommodate the calculation of iron losses. B. Applications The BDFM has been proposed as an adjustable speed drive or a variable speed generator [1][7][28]. As presented in Section III the converter rating will depend on the speed range. Therefore the proposed applications are those where the machine will operate in a limited speed range, such as pump drives [29,30,31,32] and wind generators [33,34,35]. C. Cost The cost of a BDFM system will depend on the cost of the converter and the cost of the machine itself. The cost of the converter will depend on its type and rating. As indicated in (15), the rating of the converter is directly related to the speed range required by the application, whilst for a conventional induction motor drive the converter would be rated for 100 % of the machine being controlled. The type of the converter will also depend on the application. Generally a bidirectional converter would allow for full use of the machine’s capability. However, as indicated in Fig. 8, for some applications an unidirectional converter may be adequate, thus further reducing the cost. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. As for the cost of the machine, it is the author’s opinion that a comparison with a conventional induction machine, manufactured in large scale, is not straightforward and no attempt will be made in this paper and the readers are referred to [36]. However, some points may be highlighted: - in order to reduce the cost, if large scale manufacturing is envisaged, the rotor should be diecast, which will require some modification in the casting process; - as the two windings share the same magnetic path, some care will have to be taken in order to avoid excessive saturation, resulting in oversized stator and rotor laminations when compared to a conventional induction machine of the same output power. VI CONCLUSIONS The paper has presented the main characteristics of a system using a brushless doubly fed machine. REFERENCES [1] A.K. Wallace, R. Spée and H. K. Lauw,”The potential of brushless doubly-fed machines for adjustable speed drives,” Conference Proceedings Institute of Electrical and Electronic Engineers Pulp and Paper Society Annual Meeting, PP. 45-50, 1990 [2] L. J. Hunt, “ A new type of induction motor,” Journal Institution of Electrical Engineers, vol. 38, pp. 648-667, 1907 [3] F. Creedy, “Some developments in multi-speed cascade induction motors,” Journal Institution of Electrical Engineers, vol. 59, pp. 511-521, 1921. [4] B.H. Smith, “Theory and performance of a twin stator induction machine,” IEEE Transactions on Power Apparatus and Systems, vol. 85, no 2, pp. 123-131, 1966 [5] B.H. Smith, “Synchronous behaviour of doubly-fed twin stator induction machine,” IEEE Transactions on Power Apparatus and Systems, vol. 86, no. 10, pp. 1227-1236, 1967 [6] B.H. 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[33] Bhowmik S., Spée R. and Enslin J.H.R., “Performance optmization for doubly fed wind power generation systems,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 35, no. 4, pp. 949-958, Jul/Aug 1999 [34] Brune C., Spée R. and Wallace A.K., “Experimental evaluation of a variable-speed, doubly-fed wind-power generation system”, IEEE Industry Applications Society Annual Meeting, pp. 480-487, 1993 [35] Spée R. , Bhowmik S., and Enslin J.H.R., “Adaptive control strategies for variable speed doubly-fed wind power generation systems,” IEEE Industry Applications Society Annual Meeting,pp. 545-552, 1994 [36] Liao Y.,”Design of a brushless doubly-fed induction motor for adjustable speed drive applications,” IEEE Industry Applications Society Annual Meeting, pp. 850855, 1996 DADOS BIOGRÁFICOS Antonio Carlos Ferreira Os dados biográficos do autor encontram-se no primeiro artigo desta edição. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. MOTORES DE INDUÇÃO ACIONADOS POR INVERSORES PWM-VSI: ESTRATÉGIA PARA ATENUAÇÃO DE SOBRETENSÕES Edson Adriano Vendrusculo e José Antenor Pomilio [email protected], [email protected] Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP C.P. 6101, 13081-970, Campinas, Brasil Resumo – Motores de indução conectados a inversores de tensão, através de cabos longos são susceptíveis à ocorrência de sobretensões e sobrecorrentes. Tais fenômenos estão associados a ressonâncias e são percebidos tanto em plantas industriais quanto em outras aplicações como, por exemplo, na exploração de petróleo, especialmente a submarina. Neste artigo um sistema composto de inversor (PWM) do tipo fonte de tensão, um longo cabo, transformador e motor de indução é analisado com o objetivo de identificar freqüências críticas. Os parâmetros elétricos do cabo são estimados a partir de medições automatizadas permitindo obter a resposta em freqüência do sistema. A partir de tais dados a freqüência de comutação do inversor pode ser criteriosamente alterada para evitar a coincidência com as freqüências de ressonância do sistema. Por conseguinte, os fenômenos de sobretensão e sobrecorrente são evitados sem a necessidade de adicionar filtros e/ou alterar a topologia do inversor. O procedimento para escolha e alteração da freqüência de comutação pode ser realizado “on-line”, permitindo o ajuste mesmo no caso em que os parâmetros elétricos do sistema estejam sujeitos a variações. Abstract – Driving induction motors through long cables implies that resonance phenomena will usually occur and submit the motor and the other system components to over-voltages and over-currents. This problem exists in industrial plants and also in sub sea oil exploitation systems. The oscillations due to the resonance are noticed in the voltage at the motor leads, along the power cable as well as in the current at the inverter output. This paper considers a system comprised of pulse width modulated voltage source inverter (PWMVSI), transformer, long cable and induction motor. In order to outline the frequency response of the system, and identify critical frequencies, the cable electrical parameters are estimated. Using these data, the inverter switching frequency can be chosen in order to avoid the coincidence with the system resonance frequencies. As a consequence, using PWM and without additional filters, the motor voltage does not present significant overvoltages. These procedures are performed on-line, allowing to adjust the inverter frequency according to the system parameters changes. I. INTRODUÇÃO Os fenômenos intrínsecos ao uso de cabos longos na alimentação de motores de indução têm recebido notável atenção nos últimos anos [1-6]. Um arranjo típico deste tipo Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. de sistema é mostrado na Figura 1, onde um transformador elevador de tensão pode ser colocado no início do cabo dependendo do nível de potência e do comprimento do cabo. O comprimento do cabo pode variar de algumas dezenas ou centenas de metros até dezenas de quilômetros. Este último caso é típico na exploração submarina de petróleo [4,5], enquanto cabos de menor comprimento são comuns em plantas industriais. Os picos de tensão ou sobretensões, observados nos terminais dos motores, além dos picos de corrente observados no inversor são os principais fenômenos que fomentam o estudo descrito a seguir. inversor Tranformador cabo submarino plataforma petrolífera profundidade > 1000m motor poço Fig. 1. Sistema de acionamento à longa distância. As sobretensões estão associadas a ressonâncias produzidas pelos diversos componentes do sistema e podem ser excitadas por componentes harmônicos presentes na tensão gerada pelo inversor [2,7]. Normalmente filtros passivos inseridos na saída do inversor [8] e/ou nos terminais do motor [9,10] são apontados como alternativa para atenuar os efeitos das ressonâncias. Além disso, pode-se usar uma técnica de modulação que evite excitar as freqüências mais críticas [5]. Idealmente, a solução para o problema é fornecer uma tensão puramente senoidal ao sistema. No entanto isto requer inversores com estruturas mais elaboradas como, por exemplo, os inversores multiníveis [6] associados a filtros passivos. Esta última opção torna-se significativamente mais complexa do que o emprego de inversores convencionais operando com modulação por largura de pulso e alimentados em tensão (PWM-VSI). Neste trabalho é proposta uma estratégia para evitar sobretensões e sobrecorrentes com base na possibilidade de alteração da freqüência de comutação na modulação PWM. 49 A inserção de filtros ou o emprego de estratégias de modulação mais complexas é descartado. Para a escolha de uma freqüência de comutação que evite a excitação das ressonâncias inerentes do sistema é necessário conhecer algumas características do mesmo como, por exemplo, a função de transferência de tensão ou a impedância de entrada. Tais características são obtidas a partir do conhecimento dos parâmetros elétricos do sistema, os quais podem ser estimados a partir de medições, feitas “on-line”, da freqüência natural de oscilação do cabo (fo) [2]. A oscilação é observada tanto na forma de onda da tensão nos terminais do motor quanto naquela da corrente de saída do inversor. No entanto, em aplicações de exploração de petróleo em águas oceânicas os terminais do motor não estão acessíveis, obrigando a observação somente da corrente. Um filtro de mediana [11,12] é utilizado para obter as componentes de alta freqüência presentes no sinal de corrente, de modo a estimar a freqüência fo. O cálculo da transformada rápida de Fourier, da densidade espectral de potência e a obtenção de histograma são outros recursos envolvidos no processamento digital. II. IDENTIFICAÇÃO DE PARÂMETROS Em um sistema composto por Inversor, Cabo e Motor (ICM), as oscilações são essencialmente devidas à ressonância natural do cabo [2]. Na Figura 2 são visualizadas as formas de onda da corrente nos terminais do inversor, acionando um motor de 0,5CV, e da tensão nos terminais do motor, para um sistema com cabo de 4mm2 e 990m de comprimento. O período de tempo relativo à freqüência natural do cabo é indicado. A forma de onda superior indica que as oscilações são resultantes de um degrau de tensão gerado pelo inversor. A. Freqüência de oscilação do cabo A existência das oscilações depende de muitos fatores [2]. Contudo é possível prever a presença das mesmas, num sistema ICM, de acordo com o comprimento do cabo (l). Um comprimento crítico (lcrít), acima do qual a oscilação existe, pode ser calculado por [8]: v ⋅ tr lcrít = [m] (1) 2⋅kf onde kf é o coeficiente de reflexão nos terminais do motor, que indica o desacoplamento entre a impedância característica do cabo e a impedância do motor. Os valores de kf tipicamente variam entre 0,6 e 0,95 [1,7]. O tempo de subida (“risetime”) das chaves semicondutoras do inversor (tr) e a velocidade de propagação (v) de um pulso de tensão ao longo do cabo também precisam ser conhecidos. A velocidade de propagação em cabos é de aproximadamente v=1,5x108 m/s [1]. A Tabela 1 mostra um exemplo de valores de comprimento crítico para o cabo em função da tecnologia das chaves semicondutoras. Atendida a condição do comprimento mínimo do cabo, as oscilações podem ser observadas aplicando, através de um inversor, um padrão de comutação com freqüência inferior à da ressonância, como um padrão de seis pulsos. Este padrão produz pulsos largos o suficiente permitindo a identificação de um período da oscilação, conforme indicado na Figura 2. 50 Tensão no inversor Tensão no motor Corrente no inversor 1/fo Fig. 2. Formas de onda para sistema com cabos longos tipo ICM. Tensão no inversor (250V/div). Tensão no motor (250V/div). Corrente no inversor (2A/div). Escala horiz.: 25µs/div. B. Parâmetros elétricos do cabo A ressonância mostrada na Figura 2 está relacionada com a capacitância e a indutância distribuídas do cabo. Sendo r o raio do condutor (suposto cilíndrico), d a distância entre os centros dos condutores do cabo e lc o comprimento do cabo, é possível relacionar a capacitância entre dois condutores quaisquer do cabo com a freqüência fo por: C= π µ o (4l c f o ) 2 1 d cosh −1 2.r [F/m] (2) A indutância é calculada através de: L= 1 (4l c f o )2 1 , C [H/m] (3) A relação da indutância e a capacitância com a freqüência fo é obtida devido a premissas práticas onde é verificado que a tangente de perdas ( σ ω .ε ) é desprezível. A tangente de perdas para cabos com isolante polietileno, propileno e PVC é menor que 0,07[13]. Neste caso, σ é a condutividade, ε a permissividade e µ a permeabilidade do material isolante do cabo. Adicionalmente, a velocidade de fase é escrita somente em função da indutância e da capacitância, sendo a resistência dos condutores considerada muito menor que a reatância indutiva e a condutância do material isolante também muito menor que a susceptância capacitiva. A variação, quando desprezada, da indutância e da resistência do cabo, em função da freqüência, acarreta um erro máximo de 3,7% na velocidade de fase [14]. Tabela 1. Comprimentos críticos para kf = 0,9 Tecnologia I G B T G T O tr [s] lcrít [m] 100x10-9 200x10 -9 400x10-9 8,33 16,67 33,3 3x10 -6 250 4x10 -6 333,3 5x10-6 416,7 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 1) Medição da freqüência de oscilação do cabo - Para obter “on-line” o valor de fo é preciso fazer a aquisição do sinal de corrente na saída do inversor. A Figura 3 mostra a forma de onda da corrente (cerca de 1/6 de um período de 60 Hz) que preenche um “buffer” de 1024 amostras. 5000 4 0 9 6 n í v e i s S in a l o rig in a l 4000 M e d ia n a 3000 2000 S in a l re su lta n te 1000 0 -1 0 0 0 -2 0 0 0 0 200 400 600 800 1000 1200 A m o str a s Fig. 3. Resultados experimentais da aquisição digital e filtragem, através de um filtro digital, do sinal de corrente. A Figura 3 mostra o sinal original de corrente, com oscilações de alta freqüência devidas ao cabo, sobrepostas a uma componente associada à modulação PWM do inversor. Um filtro de mediana foi utilizado para separar as oscilações naturais da componente de comutação. O sinal identificado como Mediana na Figura 3 corresponde à saída do filtro de mediana. Este tipo de filtro digital não-linear [12] permite que componentes de alta freqüência (“ruídos”) sejam suprimidos, preservando bordas e trechos com variação monotônica. O filtro é implementado fazendo uma janela móvel (W) de tamanho 2N+1 deslocar-se sobre as amostras (n) do sinal a ser filtrado (x), como mostra a Figura 4. As amostras dentro da janela são ordenadas em ordem crescente e a saída do filtro (y) é exatamente a amostra central da janela. Adicionalmente, a implementação do filtro de mediana em um ambiente digital é considerada muito simples [11]. relacionado com o dimensionamento do tamanho da janela móvel do filtro de mediana. 2) Identificação da oscilação do cabo - O resultado da aplicação da Transformada Rápida de Fourier (FFT) ao sinal resultante da Figura 3 pode ser visto na Figura 5, onde a média de quatro processamentos do sinal resultante é executada. O cálculo da média permite atenuar o efeito de ruídos. Estes resultados referem-se a um cabo trifásico de 990m de comprimento e condutores de 4 mm2. O espectro indica a presença de uma componente significativa em 33,5 kHz, assim como sua múltipla em aproximadamente 102 kHz. Em 5 kHz é identificada a freqüência de comutação do inversor, devido a mesma não ter sido totalmente eliminada pelo filtro de mediana. A simples leitura da maior amplitude no espectro pode ser utilizada para identificar a freqüência fo. Para aumentar a precisão, fo pode ser obtida da densidade espectral de potência (PSD) conforme mostra a Figura 6. Este cálculo proporciona uma amplificação das maiores componentes. Computacionalmente, a freqüência fo é identificada pelo maior valor existente no vetor que contém os valores da PSD. A PSD também pode servir como indicador das regiões do espectro onde não existem ressonâncias. Neste caso específico o inversor poderia operar com freqüência de comutação de, por exemplo, 60kHz (caso isso fosse factível) sem, em princípio, incorrer em riscos de excitar ressonâncias. 2.88 2.56 C o r r e n t e [A] 2.24 1.92 1.60 1.28 0.96 0.64 0.32 x(n+N 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Freqüência [kHz] Fig. 5. Valor médio de FFT (4 “buffer”) sinal x ordena janela Wn n-N n+N y(n) Fig. 4. Filtro de Mediana Subtraindo o sinal filtrado do original obtém-se somente as oscilações de alta freqüência. O sinal resultante contém nível médio nulo. Note que o sinal residual ainda contém componentes da freqüência de comutação, o que está Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A m p l i t u d e [A 2/Hz] 6 9.48 7.905 6.324 4.743 3.16 2 1 1.58 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Freqüência [kHz] Fig. 6. Densidade espectral de potência 51 Obviamente, tais resultados preliminares servem somente para apresentar qualitativamente a seqüência de ações para obtenção da resposta em freqüência. Resultados de um sistema mais realista (com freqüências de ressonância menores) são mostrados adiante para um sistema ITCM. Se considerarmos, como caso geral, um cabo mais longo, a primeira ressonância ocorrerá em um valor menor, o que significa que suas harmônicas estarão mais próximas umas das outras e, eventualmente não se consiga identificar com clareza uma região espectral livre de ressonâncias. Uma abordagem mais segura consiste em calcular a resposta em freqüência do sistema a partir das equações que descrevem seu comportamento, como será visto a seguir. Para tal é necessário calcular os parâmetros elétricos através de (1) e (2), conhecida fo. A simplicidade da estimação de parâmetros elétricos do cabo em sistemas ICM não é verificada em sistemas com transformador, ou seja, sistemas ITCM. Este último contém freqüências de ressonância ditadas conjuntamente pelo cabo e pela indutância de dispersão do transformador. Contudo, através da PSD ainda é possível identificar com bastante precisão a primeira freqüência de ressonância (fr) dos sistemas ITCM, como mostrado posteriormente. III. RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA A partir da teoria de linhas de transmissão é possível deduzir um modelo de circuito equivalente para o cabo [6]. A função de transferência que relaciona a tensão de saída do inversor e a tensão nos terminais do motor, assim como a impedância de entrada do sistema, permitem quantificar as sobretensões e sobrecorrentes. A. Sistema ICM Estimados os parâmetros elétricos do cabo, conforme descrito no item II.B, o ganho de tensão num sistema ICM é calculado por: 1 (4) Gv = 2r 2r sinh − sin 3µδ δ δ Lhyp = 32πr cosh 2r − cos 2r δ δ Zsys = Zc 1 tanh( γ .lc ) δ = γ = {Rhyp + jω( Lhyp + ( L } − Lhyp( fo ))) .{G + jωC} 52 }. − Lhyp ( f o ))) {G + jωC} (10) Z sys [Ω] G v 250 5 Gv 4.5 200 4 Zsys 3.5 150 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0 5 (6) (7) (9) A Figura 7 mostra um exemplo de ganho de tensão e impedância para um sistema ICM de 150 kVA, com comprimento de 8 km e seção condutora de 34 mm2. Os parâmetros do cabo são L=360 µH/km, C=160 nF/km e G=100 nS/km. De acordo com (3) a primeira freqüência de ressonância do cabo ocorre em 4118Hz, o que é corroborado na Figura 7. O ganho de tensão nesta freqüência é de 4,5 vezes e a impedância de entrada atinge um valor mínimo de 12,5 Ω, caracterizando a freqüência crítica para este sistema ICM. A atenuação dos máximos de Gv com o aumento da freqüência é causada pelo efeito pelicular, que aumenta o amortecimento do sistema. Claramente, se a freqüência de comutação do inversor for sintonizada em 8kHz, que corresponde ao primeiro vale após a freqüência crítica, tanto o motor quanto o inversor não são submetidos a sobretensões e sobrecorrentes, respectivamente. 50 onde ω é a freqüência angular. A resistência Rhyp e a indutância Lhyp próprias do cabo são calculadas considerando o efeito pelicular, sendo que as funções de Bessel do tipo I foram substituídas por funções hiperbólicas [14]. Estas últimas produzem resultados satisfatórios além de diminuírem o esforço computacional para o cálculo. Respectivamente, os valores de Rhyp e Lhyp são obtidos através de: 2r 2r + sin sinh 1 δ δ Ω , R hyp = 2r 2 r m 2πrσδ − cos cosh δ δ {Rhyp + jω( Lhyp + ( L Zc = (5) onde γ é a constante de propagação e Zc é a impedância característica do cabo. A constante de propagação é: 2 [m] , σµ cω A permeabilidade para o cobre é µc=4πx10-7 H/m. A impedância característica do cabo é definida como: 100 , (8) onde σ é a condutividade do cobre (σ=5,75x107 [Ωm]-1) e µ é a permeabilidade do material dielétrico. A profundidade de penetração (δ) é dependente da freqüência: cosh( γ .lc ) e a impedância de entrada é dada por: H , m 10 15 f [kH ] Freqüência (kHz) 20 25 30 Fig. 7. Exemplo de ganho de tensão (Gv) e impedância de entrada (Zsys) para sistema ICM. B. Sistema ITCM Inserindo um transformador elevador de tensão no sistema do exemplo anterior, obtém-se um sistema ITCM de média potência com a resposta em freqüência mostrada na Figura 8. Graficamente a nova freqüência crítica é de 3280Hz e pode ser estimada a partir dos parâmetros do cabo e do transformador, ou seja: 1 (11) f = r L ⋅ l c ⋅ C ⋅ l c 2π Ltr + 2 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. onde Ltr=806µH é a indutância de dispersão do transformador. Note que para o sistema ITCM a freqüência crítica (fr) é caracterizada pela ressonância entre cabo e transformador. O ganho de tensão e a impedância de entrada são calculados pelas expressões (12) e (13) [6], sendo Rtr=63mΩ a resistência dos enrolamentos. A indutância de magnetização é normalmente desprezada, pois seu valor elevado (neste exemplo 2,93H) pouco afeta o resultado. Gvtr = 1 , ZT cosh( γl c ) + senh( γl c ) Zc Z systr = Z c (12) cosh( γl c ) + ZT , senh( γl c ) (13) onde ZT é a impedância de curto-circuito do transformador, dada por: Z T = 2( Rtr + jωLtr ) . (14) Em aplicações onde o comprimento do cabo é muito longo (da ordem de dezenas de km), como na exploração submarina de petróleo, o efeito pelicular sobre os enrolamentos do transformador pode ser negligenciado, uma vez que os parâmetros do cabo são amplamente dominantes. Zsystr [Ω] G vtr 500 10 450 9 400 8 350 7 300 6 250 5 200 4 150 3 100 2 50 1 0 0 Isto potencializa a coincidência com a freqüência de comutação do inversor, aumentando os efeitos nocivos sobre motor, cabo e inversor [6]. IV. FREQÜÊNCIA DE COMUTAÇÃO A análise no domínio da freqüência mostra que para evitar sobretensões e sobrecorrentes é necessário evitar que o inversor produza componentes harmônicos coincidentes com as frequências de ressonância do sistema. A estratégia proposta visa sintonizar “on-line” a freqüência de comutação do inversor (fch) em regiões de ganho unitário do espectro, com freqüências imediatamente maiores que a freqüência crítica. Sendo a primeira ressonância a que apresenta maior ganho, fch deve ser sintonizada no vale existente após tal freqüência crítica. Nos exemplos mostrados nas Figuras 7 e 8 pode-se sintonizar fch=8kHz e fch=4kHz, respectivamente. Toda a seqüência do processamento digital envolvida para a escolha de fch, a partir da amostragem da corrente na saída do inversor é mostrada na Figura 9. Para a escolha da freqüência fch, primeiramente os parâmetros do cabo são estimados a partir do espectro de potência da corrente (PSD), como descrito na seção II. A seguir a resposta em freqüência do sistema é obtida através das expressões apresentadas na seção III. Finalmente, a freqüência fch é obtida através de um método de busca de ganho de tensão unitário aplicado sobre a curva da resposta em freqüência. G vtr Iinv Estimação de fo (ICM) ou Filtro Zsystr Histograma FFT 0 5 10 15 Freqüência (kHz) fr (ITCM 20 25 30 Fig. 8. Exemplo de ganho de tensão (Gvtr) e impedância de entrada (Zsystr) para sistema ITCM de 150kVA. O sistema ITCM possui freqüência crítica menor e apresenta maior ganho de tensão quando comparado ao sistema ICM. Neste caso, o ganho máximo é de 8,5 vezes, uma vez que o efeito pelicular é menos significativo devido à freqüência menor de ocorrência do fenômeno. Para freqüências maiores, a impedância é proporcionalmente maior devido à indutância de dispersão do transformador. Logo, a inserção de uma indutância em série com o cabo, diminui o valor da freqüência crítica e torna os efeitos de sobretensão e sobrecorrente ainda mais críticos. Em ambos sistemas, ICM e ITCM, o aumento do comprimento do cabo diminui o valor da freqüência crítica, deslocando-a para regiões onde o amortecimento é menor. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. PSD Cálculo de fch a partir da resposta em freqüência Figura 9. Seqüência para determinação de fch A Figura 9 mostra que um histograma (classificador) é utilizado para averiguação da probabilidade de erros na estimação da freqüência fo ou fr a partir do cálculo da FFT e da PSD. Cabe ressaltar que a corrente do inversor Iinv é digitalizada em instantes aleatórios e o resultado armazenado num “buffer” com número de amostras limitado. Portanto, uma dispersão é notada na FFT e PSD devido ao número de períodos da forma de onda da corrente no domínio do tempo. O histograma mostrado na Figura 10 mostra que a estimação de fo ou fr é satisfatória, pois 82% dos valores convergiram para o valor correto. Tais resultados foram obtidos um sistema experimental, o qual é descrito a seguir. 53 10 9 Gv[p.u.] 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Eixo Horizontal: Frequencia (Hz). Fig. 10. Histograma correspondente a 100 digitalizações de Iinv. V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS A seguir são apresentados resultados de sistemas ICM e ITCM, montados em laboratório, com comprimento de cabo próximo a 1km. A implementação dispunha de um sistema de aquisição de dados (placa CIO-DAS16/330 – Computer Boards Inc.) operando a freqüência de amostragem de 330kHz e com “buffer” de 1024 amostras. Tal sistema está embutido em um computador padrão IBM-PC e os dados da corrente contidos no “buffer” são transferidos e processados pelo PC a cada vez que o “buffer” é preenchido. Para a escolha e alteração automática da freqüência de comutação a partir das curvas de resposta em freqüência, o inversor é controlado por um microcontrolador PIC16C77, conectado ao PC via porta serial. Na etapa pósprocessamento, o PC envia o valor de fch escolhido para o microcontrolador. O inversor é do tipo PWM-VSI. A.Sistema ICM Um sistema ICM com cabo de 990m e condutores de 4 mm2 foi utilizado para conectar um motor de indução trifásico de ½ HP a um inversor PWM. O objetivo é verificar a eficácia da estratégia proposta quanto à atenuação de sobretensões no motor e sobrecorrentes no inversor. A freqüência crítica estimada é de fo=33,5 kHz, como mostra a Figura 6. O valor é relativamente elevado devido ao uso de um cabo “curto”. Cabos mais longos, ou a inclusão de um transformador reduzem o valor da freqüência crítica. Os parâmetros elétricos do cabo, calculados a partir de (2) e (3) são: capacitância C=106 pF/m e indutância L=534,6 nH/m. Sendo o raio dos condutores do cabo r=1,12 mm e distância entre os mesmos de d=4,62 mm. A Figura 11 mostra a função de transferência de tensão (Gv) de (4) obtida com estes parâmetros e os valores experimentais medidos com um analisador dinâmico de sinais - HP 35660A. Em relação ao eixo horizontal ambos os resultados são praticamente iguais. No eixo vertical existe um erro significativo no valor do pico, que indica o máximo ganho. Contudo para o valor mínimo os resultados são praticamente coincidentes. 54 0 10 20 30 40 50 60 70 Freqüência [kHz] 80 90 100 Fig. 11. Ganho de tensão em sistema ICM: simulação (traço contínuo) e experimental (+) As diferenças observadas não prejudicam a estratégia proposta, uma vez que as freqüências de comutação de interesse são aquelas com ganho unitário e que estão situadas exatamente nos “vales” da curva de ganho (freqüências próximas de 60kHz). Note na Figura 12 que a impedância do sistema ICM, obtida a partir de (5) apresenta resultados análogos àqueles do ganho de tensão. 550 500 Zsys[Ω] 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Freqüência [kHz] 80 90 100 Fig. 12. Impedância de entrada (Zsys) em sistema ICM: simulação (traço contínuo) e experimental (+) B. Sistema ITCM Para obter este sistema, um transformador de 0,8 kVA, 150∆-220Y foi adicionado ao sistema ICM descrito anteriormente. Os parâmetros são: indutância de dispersão Ltr=818,4 µH; resistência de enrolamento Rtr=2,9 Ω e indutância de magnetização Lotr=6,4 H. Os valores são referidos ao lado de alta tensão (cabo). A Figura 13 mostra resultados práticos da resposta em freqüência obtidos segundo a metodologia descrita no item IV (Figura 9). A freqüência crítica (máximo ganho) é da ordem de 11,2 kHz. A indutância de dispersão do transformador é dominante, diminuindo a freqüência crítica (em relação ao ICM) ao mesmo tempo em que aumenta a impedância de entrada proporcionalmente ao aumento da freqüência. Para a freqüência de 11,2 kHz o ganho de tensão é aproximadamente igual a 5, para uma correspondente impedância mínima de 10 Ω. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Gv_tr=5 ganho de tensão impedância utilizados operam com freqüências de comutação menores, por exemplo, em 4 kHz. Para verificação da aplicabilidade da estratégia pode ser usado como exemplo o sistema ITCM de 8 km, testado em maio de 1996 no projeto denominado PROCAP2000 da Petrobrás. Para aquele sistema (motor de 100 CV) a freqüência de comutação deveria ser de aproximadamente 7,2 kHz, para uma freqüência crítica igual a 3,28 kHz.A Tabela 2 mostra limites de inversores de vários fabricantes. A maioria dos fabricantes disponibiliza inversores com uma freqüência maior ou igual à fch =7,2kHz, permitindo portanto atenuar as sobretensões no sistema ITCM estudado, com motor de 100CV. Tabela 2. Características de inversores VSI (Ano 2000) Eixo Horizontal: freqüência [Hz] Fig. 13. Impedância de entrada e ganho de tensão em sistema ITCM. Na Figura 13 o ganho unitário é verificado em aproximadamente 19,4kHz. Logo, a alteração da freqüência de comutação para valores próximos à região de ganho unitário evita a amplificação de harmônicos produzidos pelo inversor. O efeito de tal alteração é mostrado na Figura 14. Fig. 14 Alteração da freqüência de comutação de 3,9 a 19,4 kHz. Corrente de saída do inversor (2 A/div.) e tensão no motor (100V/div.) Horiz.: 10 ms/div. Neste caso o inversor estava inicialmente operando em 3,9 kHz e automaticamente fch foi alterada para 19,4 kHz. Assim as sobretensões e sobrecorrentes são evitadas e a tensão no motor apresenta-se filtrada, pois o sistema é capaz de atenuar as componentes múltiplas da freqüência de comutação. O detalhe do momento da alteração da freqüência do inversor é mostrado na Figura 15. Para a freqüência de 3,9 kHz o ganho de tensão era de 1,5 sendo reduzido para 0,9 na freqüência de 19,4 kHz. O efeito observado na forma de onda da corrente é menor, pois a impedância vista pela fonte para fch=3,9 kHz está próxima do valor para fch=19,4 kHz. A absorção industrial da técnica de alteração automática da freqüência depende do limite máximo de comutação dos inversores disponíveis no mercado. Em sistemas de exploração de petróleo a potência é elevada e o comprimento do cabo pode atingir dezenas de quilômetros. Assim a freqüência crítica está na faixa de alguns kHz e os inversores Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Fabricante Toshiba (séries G3, G3 Plus-Pack e H3) Siemens Reliance ABB WEG Robicon Potência [HP] < 150 > 150, até 350 até 1200 < 100 até 200 até 50 < 125 até 100 Freqüência de comutação [kHz] 10 5 2,2 16 8 16 7,2 12 Fig. 15 Detalhe da alteração de 3,9 para 19,4 kHz na freqüência de comutação. Corrente de saída do inversor (2 A/div.) e tensão no motor (100 V/div.) Horiz.: 2,5 ms/div. VI. CONCLUSÕES Este artigo mostra que motores de indução alimentados por inversores PWM e por intermédio de longos cabos são submetidos a sobretensões produzidas pela ressonância do sistema e que são excitadas pelo sinal PWM. Adicionalmente é possível considerar que a primeira das várias freqüências de ressonância é considerada a mais crítica, dado que é a menos atenuada pelo efeito pelicular. As sobretensões e sobrecorrentes são decorrentes da excitação principalmente da primeira ressonância. A determinação da resposta em freqüência depende do conhecimento dos parâmetros do cabo que, por sua vez, podem ser estimados a partir da freqüência natural de oscilação (ou ressonância) do mesmo. Uma vez que a freqüência de comutação foi alterada não é possível utilizar novamente a estratégia de detecção da freqüência natural do cabo, pois esta última não é mais 55 excitada. A mudança do padrão PWM para um de 6 pulsos (ou qualquer freqüência suficientemente menor do que a freqüência crítica) garante novamente a excitação de ressonâncias. Desta forma as sobretensões e sobrecorrentes passam a ser identificáveis, permitindo novamente reavaliar as freqüências de ressonância do sistema. A periódica reavaliação do comportamento do sistema pode ser indispensável em sistemas onde os parâmetros do cabo se alteram ao longo do tempo. A estratégia de alteração da freqüência de comutação de inversores PWM é conveniente pois permite utilizar inversores de padrão industrial, sem necessidade de buscar alternativas topologicamente mais complexas, como os inversores multiníveis ou a inclusão de filtros passivos. Em sistemas de grande porte, a proposta de alteração automática da freqüência de comutação mostra-se viável naqueles em que o comprimento do cabo é de vários quilômetros e a freqüência crítica está na faixa de kHz. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP (Processo 96/01375-0) pelo suporte financeiro e a Petrobrás, através dos engenheiros Diógenes Dutra e Jaime M. Mourente, pelo apoio técnico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] E. Persson, "Transient Effects in Application of PWM Inverter to Induction Motors", IEEE Transaction on Industry Applications, pp. 1095-1100, vol. 28, no 5, Sept./Oct. 1992. [2] G. Skibinski; D. Leggate; R. J. Kerkman, “Cable Characteristics and Their Influence on Motor OverVoltages”, Proc. of the IEEE APEC Conf., pp.114-120, Feb. 1997. [3] A. von Jouanne; P. Enjeti; W. Gray, “The Effect of Long Motor Leads on PWM Inverter Fed AC Motor Drive Systems”, Proc. of the IEEE APEC Conf., pp.592-597, March 1995. [4] A. C. S. de Lima; R. M. Stephan; A. Pedroso; J. Mourente, "Analysis of a Long Distance Drive for an Induction Motor", Proc. of the IEEE ISIE'96, pp. 867872, June 1996. [5] R. O. Raad; T. Henriksen; B. H. Raphael; A. HadlerJacobsen, “Converter-Fed Subsea Motor Drives”, IEEE Trans. on Industrial Applications, vol. 32, no.5, pp. 1069-1079, Sept./Oct. 1996. [6] J. A. Pomilio; C.R. de Souza, L. Matias, P.L.D. Peres and I.S. Bonatti, Driving AC Motors through a Long Cable: The Inverter Switching Strategy”, IEEE Transactions on Energy Conversion, pp. 1441-1447, Vol. 14, Dec. 1999. [7] G. Skibinski; D. Leggate; R. J. Kerkman, “PWM Inverters and Their Influence on Motor Over-Voltage”, Proc. of the IEEE APEC Conf., pp.103-113, Feb. 1997. 56 [8] A. von Jouanne; P. Enjeti; W. Gray, “Design Considerations for an Inverter Output Filter to Mitigate the Effects of Long Motor Leads in ASD Applications”, Proc. of the IEEE APEC Conf., pp.579-585, July 1996. [9] A. Hussein; G. Joos, “Modeling and Simulation of Traveling Waves in Induction Motor Drives”, Proc. of the IEEE APEC Conf., pp.128-133, Feb. 1997. [10] G. Skibinski, “Design Methodology of a Cable Terminator to Reduce Reflected Voltage on ac Motors”, Proc. of the IEEE IAS Annual Meeting Conf., pp.153161, Sept. 1996. [11] N. C. Gallagher; G. L. Wise, "A theoretical Analysis of the Properties of Median Filters", IEEE Transactions on Acoustics, Speech and Signal Processing, vol. ASSP-29, no 6, Dec. 1981. [12] D. S. Richards, “VLSI Median Filters”, IEEE Trans. on Acoustics, Speech and Signal Processing, vol. 38, no 1, pp.145-153, Jan. 1990. [13] INBRAC SA. (1999). Cabos de Potência. www.inbracsa.com.br, apostila. [14] E. A. Vendrusculo; J. A. Pomilio, "Power Cable Parameters Estimation in Long Distance Driving of Electrical Machines", Proc. of the IEEE IEMDC Conf., pp. 410-412, May 1999. DADOS BIOGRÁFICOS Edson Adriano Vendrusculo é doutor em Engenharia Elétrica (2001) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo obtido o título de mestre em Engenharia Elétrica (1996) pela mesma instituição e o de engenheiro eletricista (1993) pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC). Atualmente é Pesquisador Colaborador do Laboratório de Condicionamento de Energia Elétrica (LCEE/DSCE/FEEC/UNICAMP), membro da equipe de Eficiência Energética do International Energy Initiative (IEI) e docente do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL-Dom Bosco). Suas áreas de interesse são controle digital de conversores de potência, eficiência energética de eletrodomésticos e acionamento de máquinas elétricas. José Antenor Pomilio, nascido em 1960 em Jundiaí (SP), é engenheiro eletricista (1983), mestre (1986) e doutor em Eng. Elétrica (1991) pela Universidade Estadual de Campinas, onde é docente desde 1984. De 1988 a 1991 foi chefe do grupo de eletrônica de potência do Lab. Nacional de Luz Síncrotron. Em 1993/1994 realizou estágio de pósdoutoramento junto à Universidade de Pádua e em 2003 junto à Terceira Universidade de Roma. Foi presidente da SOBRAEP (2001/2002) e membro do Conselho de Administração da IEEE Power Electronics Society (19992002). Suas áreas de interesse são fontes de alimentação, qualidade de energia e acionamento de máquinas elétricas. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. CONTROLE DE VELOCIDADE SEM SENSOR MECÂNICO DE UMA MÁQUINA ASSÍNCRONA UTILIZANDO A ESTRATÉGIA DE CONTROLE DTC Fabiano Salvadori † , Gideon V. Leandro † , Antonio M.N. Lima‡ e Cursino B. Jacobina‡ † Universidade Regional do Noroeste do Estado do RGS - DeTEC/EGE {fabiano,gede}@unijui.tche.br Caixa Postal 560, 98.700-000 Ijuı́, RS, Brasil ‡ Universidade Federal de Campina Grande - UFCG/DEE {amnlima,jacobina}@dee.ufcg.edu.br Caixa Postal 10.105, 58109-970 Campina Grande, PB, Brasil Resumo - O controle direto de conjugado (Direct Torque Control - DTC ) é uma alternativa para o controle de fluxo e conjugado de máquinas elétricas, pois alia robustez com simplicidade de implementação. Esta estratégia utiliza o vetor fluxo estatórico para controlar a magnetização da máquina e o escorregamento para controlar o conjugado eletromagnético. Além disso a implementação do DTC é relativamente independente dos parâmetros rotóricos da máquina, funciona sem sensor mecânico de velocidade ou posição e permite controlar a tensão aplicada na máquina diretamente sem a necessidade de uma malha intermediários de controle de corrente. Neste trabalho é proposto o controle de velocidade, sem sensor mecânico, em acionamentos com máquinas assı́ncronas utilizando a estratégia DTC. A velocidade é estimada utilizandose a freqüência angular de escorregamento e a freqüência angular sı́ncrona do vetor fluxo estatórico na saı́da da malha de controle de conjugado. Resultados de simulações e experimentais são apresentados e discutidos. Abstract - The Direct Torque Control (DTC) is an alternative for flux and torque control of electrical machines, since it combines robustness and simplicity of implementation. This strategy uses the stator flux vector to control the machine magnetization and the slip frequency to control the eletromagnetic torque. Moreover, the DTC implementation is relatively independent from the rotor parameters, and can be used without a mechanical speed or position sensor and allows to directly control the voltage supplied to the machine without the need of an intermediate current control loop. The speed sensorless control for asynchronous machines by using the DTC strategy is proposed in this paper. The rotor speed is estimated by the use of the angular slip frequency and the angular synchronous frequency of the stator flux vector. Results of the simulations and experiments are shown and discussed. I. INTRODUÇÃO Sistemas de acionamentos elétricos estáticos utilizando máquinas assı́ncronas são empregados industrialmente em controles de movimento de sistemas mecânicos há muito tempo, isto porque, são mecanicamente robustos. Contudo Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. sua análise é complexa pois requer o estudo de um sistema multivariável e não linear. Inicialmente, eram utilizados apenas em aplicações de grande porte e onde não era necessário um controle muito preciso, seja de conjugado, velocidade ou posição. Os primeiros esquemas de acionamentos com máquina assı́ncrona eram do tipo escalar e baseados em modelos de regime permanente, tal como o Volts/Hertz [1], apresentando um fraco desempenho dinâmico. No intuito de desenvolver sistemas de acionamento de alto desempenho, têm sido investigadas estratégias de controle que assegurem o desacoplamento entre as variáveis finais a serem controladas, no caso o fluxo e o conjugado. A utilização de técnicas genéricas de desacoplamento de sistemas, tal como proposto por Falb e Wollovich [2], ou baseados em modelos escalares, como proposto por Bose [3], levam em geral a soluções pouco eficazes e eventualmente complexas. Entretanto, explorando convenientemente o modelo da máquina, é possı́vel obter este desacoplamento utilizando abordagens ditas vetoriais [4], [5] e [6]. As técnicas de controle das máquinas assı́ncronas propostas na literatura podem ser classificadas basicamente em duas categorias: controle escalar e controle vetorial. No controle vetorial citam-se: Controle com Orientação Indireta pelo Campo (Indirect Field Oriented Control - IFOC ); Controle com Orientação Direta pelo Campo (Direct Field Oriented Control - DFOC ); e Controle Direto de Conjugado (Direct Torque Control - DTC ). O Controle DTC, na forma como é conhecido, foi proposto inicialmente por Takahashi e Noguchi [7], denominado Direct Torque Control - DTC, e apresentado por Depenbrock [8] como Direct Self Control - DSC, direcionado para acionamentos com máquina assı́ncronas alimentados por inversores fonte de tensão aplicado principalmente em sistemas de tração mecânica onde o controle do conjugado é a grandeza principal a ser controlada. O método foi então generalizado, por Boldea e Nasar [9] para acionamentos com máquina assı́ncronas com alimentação em corrente, acionamentos com máquinas sı́ncronas alimentadas em tensão e corrente; por Habetler e Divan [10] em estratégias DTC utilizando modulação por largura de pulso vetorial; e, por Mir et alii, [11] para estratégias utilizando controladores com lógica Fuzzy. Para efeitos de generalização passar-se-á a definir as estratégias de Controle Direto de Fluxo e Conjugado, como estratégias DTC. Usualmente, as estratégias DTC são empregadas em 57 acionamentos onde deseja-se o controle de conjugado. Neste trabalho é proposta uma estratégia DTC com implementação discreta, utilizando controladores PI (Proporcional + Integral) e modulação PWM (Pulse Width Modulation) regular escalar simétrica aplicada ao controle de velocidade da máquina assı́ncrona sem sensor mecânico. A velocidade estimada é obtida subtraindo-se do valor da freqüência angular sı́ncrona de referência, obtido na saı́da do controlador PI, o valor da freqüência de escorregamento estimada, calculado através do modelo dinâmico em regime permanente da máquina. A estratégia DTC já é utilizada em sistemas de acionamento comercializados pela ABB. A novidade introduzida neste trabalho é, de fato, sua associação com as técnicas de estimação propostas neste trabalho. i ss v ss q i v ωv ωi ωg δi d ωa δv δg δa s a φs s ωb b φ r δb ω r r r 1 δr s s 1 Figura 1 Diagrama vetorial instantâneo da máquina. II. MODELO DA MÁQUINA O modelo dinâmico elétrico, contı́nuo no tempo, da máquina assı́ncrona, na forma de equações diferenciais em coordenadas dq num referencial genérico (sobrescrito g) é, d g φ + jω g φgs dt s d 0 = rr igr + φgr + j(ω g − ω r )φgr dt vsg = rs igs + (1) (2) e as respectivas expressões representativas do modelo mecânico P (Ce − Cc ) = Jm (3) Ce d ω r + Fa ω r dt = P lm (Im(igs (igr )# )) (4) = ωr (5) d δr dt Efetivando-se as transformações adequadas, obtém-se as expressões dos fluxos e correntes estatóricas e rotóricas no referencial genérico, φgs φgr l2 = ls igs + lm igr = igs = igr = lr igr φgs + lm igs lm φgr − σls σls lr lm φgs φgr − σlr σls lr (6) (7) (8) (9) onde σ = 1 − lsmlr é o coeficiente de dispersão. Neste conjunto de equações, o ı́ndice g é usado para indicar que as equações encontram-se num sistema genérico de coordenadas. Na figura 1 são apresentados os vetores instantâneos para as variáveis vss , iss , φss , e φsr vistos do referencial estatórico (fase s1 ). Também nessa figura são indicados o eixo magnético rotórico (fase r1 ) e o eixo d. O diagrama vetorial instantâneo da máquina mostrando as relações relevantes para compreensão da estratégia de controle é mostrado na figura 1. g g As grandezas são representadas na forma: vsg = vsd + jvsq g g g - vetor tensão estatórica; is = isd + jisq - vetor corrente estatórica; is123 - vetor corrente estatórica trifásica; φgs = φgsd + jφgsq - vetor fluxo estatórico; φs , is - magnitude fluxo e corrente estatórica; ω a , δa - freqüência angular/ângulo vetor fluxo estatórico; ω r , δ r - velocidade rotórica /ângulo 58 eixo rotórico; ω g , δ g - freqüência angular/ângulo eixos dq; ω b , δ b - freqüência angular/ângulo vetor fluxo rotórico; ω i , δ i - freqüência angular/ângulo vetor corrente estatórica; ω v , δ v - freqüência angular/ângulo vetor tensão estatórica; Ce , Cl conjugados eletromagnético e de carga; P , Jm e Fa - número de pares de pólos, constante de inércia e coeficiente de atrito; rs e rr - resistências estatórica e rotórica; ls , lr e lm - indutâncias estatórica, rotórica e mútua; Im - parcela imaginária do vetor; *, ˆ e # - grandezas de referência, estimadas e conjugado complexo. Definição vetorial similar é aplicada para as variáveis rotóricas substituindo o subscrito s pelo subscrito r. III. ESTIMAÇÃO DE FLUXO E CONJUGADO Para as estratégias de controle DTC, é importante o processo de estimação de estados pois as malhas de controle são o vetor fluxo estatórico e o conjugado eletromagnético, obtidos através de estimadores, cujas grandezas de entrada são corrente e tensão. Além disso, as malhas de controle de fluxo e conjugado, são os blocos internos para o controle de velocidade, um bom controle de fluxo e conjugado é fator fundamental para um correto controle de velocidade. A estimação de estados é baseada no modelo matemático disponı́vel da máquina, um conjunto de seis equações diferenciais não lineares, acrescida do fato que a resistência rotórica da máquina varia com o tempo de funcionamento, devido ao aquecimento da máquina. A maneira mais comum de obtenção do vetor fluxo estatórico é através da expressão da tensão estatórica (modelo em tensão) (Salvadori et alii, [12]). No eixo de referência estatórico (ω g = 0, g = s) pode-se obter os vetores do fluxo estatórico e fluxo rotórico estimado pelo cálculo das expressões bs φ s bs φ r = = Z t (vss (τ ) − rs iss (τ ))dτ . (10) 0 lr b s φs − σls iss lm (11) Esta abordagem independe da posição rotórica ou informação da velocidade. Contudo, apresenta problemas de integração e, na operação em velocidade próxima de zero a queda de tensão na resistência estatórica torna-se significativa, devido ao fato que os integradores não operam bem em velocidade zero pois não existe FEM (Força Eletromotriz) Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. induzida na máquina. A estimação imprecisa do fluxo estatórico, devido a variação da resistência estatórica, pode tornar o controle instável. Portanto, a utilização de um método mais sofisticado para a estimação de estados pode ser interessante, ou então, um método que corrija as variações da resistência estatórica. Em altas velocidades o modelo em tensão é menos sensı́vel a variações paramétricas porque a FCEM (Força Contra-Eletromotriz) tende a dominar. Como forma de contornar estes problemas e acelerar a convergência do estimador de estados é possı́vel a implementação de um observador de ordem completa, que consiste basicamente na simulação em tempo real com correção através da realimentação de erro. Contudo, a implementação em tempo real de um observador de ordem completa é problemática em virtude do tempo necessário para discretização do modelo da máquina. Portanto, o observador implementado foi o modelo em tensão e o conjugado eletromagnético pode ser estimado através da expressão, s s bs b −φ bs φ b φ be = P lm φ C sd rq sq rd σls lr (12) ou então através de ([13]) be ∼ C = s 2 2 b P ω ar lm φ s rr ls2 (13) Lembrando que a expressão (13) é aproximada. IV. O CONTROLE DTC -FEE A estratégia de controle DTC a Fluxo Estatórico por Escorregamento no Estator (DTC -FEE), pode ser visualizada na figura 2. Apresentada inicialmente por Salvadori et. alii, [12] a estratégia consiste em controlar a magnetização da máquina através do fluxo estatórico, normalmente num valor constante (exceto nos casos de enfraquecimento de campo e otimização da eficiência da máquina) e o conjugado eletromagnético através da freqüência de escorregamento da variável escolhida para excitar a máquina (neste caso o fluxo estatórico). Sua implementação é simples, totalmente discreta, utilizando controladores PI convencionais. Apresenta resposta dinâmica rápida a degraus de fluxo e conjugado com reduzido ripple em regime permanente, baixa sensibilidade paramétrica e robustez de funcionamento. Considerando que o referencial para o modelo de atuação é o estatórico, onde ω g = 0 e δ g = 0, a matriz de transformação das grandezas trifásicas para bifásicas resulta, r 2 cos(0) cos(− 2π cos( 2π 3 ) 3 ) (14) T (δg ) = 2π 3 −sen(0) −sen(− 2π 3 ) −sen( 3 ) A estratégia incorpora um controlador PI na malha externa de controle do conjugado. O conjugado estimado comparado com o conjugado de referência (saı́da do controlador PI da malha de velocidade), determina o erro de conjugado cujo sinal através de um controlador PI, gera a freqüência angular sı́ncrona de referência que deverá ser aplicada à máquina de maneira a obter a velocidade desejada. A referência do conjugado eletromagnético pode ser definida diretamente ou através da implementação de uma malha de Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. controle de velocidade como descrito acima. O controle de fluxo e conjugado é feito diretamente das referências das variáveis de controle φ∗s e Ce∗ para tensão estatórica, sem estágio intermediário para controle de corrente (fonte de corrente). O ponto chave do controle reside no fato de manter-se o campo magnético estatórico constante e que a freqüência angular de rotação de referência ω ∗a ajuste-se de forma que um valor de conjugado desejado seja produzido. Quando a magnetização da máquina é mantida constante através do controle do fluxo estatórico, todas as outras variáveis (tensões, correntes e conjugado) são funções somente da freqüência de escorregamento. Escolhendo uma freqüência de escorregamento que acelere ou desacelere a rotação do vetor fluxo estatórico, possibilita-se controlar o conjugado como desejado. A partir da função de transferência em malha fechada é possı́vel determinar as caracterı́sticas desejadas para as respostas do sistema (fluxo e conjugado) em condições de regime transitório e permanente. Para o projeto dos controladores, blocos 1, 2, e 5, da figura 2, dentre os vários modelos disponı́veis, foram utilizados dois modelos dinâmicos descritos a seguir. O primeiro deles consiste em aproveitar a equação de tensão estatórica (1) diretamente com o termo da queda de tensão resistiva tomado como perturbação a ser compensada. d g φ + jω g φgs dt s decompondo em componentes d, q vsg = rs igs + (15) d g φ − ω g φgsq (16) dt sd d g (17) vsq = rs igsq + φgsq + ω g φgsd dt O segundo modelo, é obtido pela substituição do vetor corrente estatórica (8) na expressão (1) resultando na expressão da tensão estatórica função dos fluxos estatórico e rotórico, definindo o seguinte modelo dinâmico, g vsd vsg = = rs igsd + lm 1 g dφgs φs + + jω g φgs − φg στ s dt στ s lr r (18) onde τ s = rlss é a constante de tempo estatórica. Decompondo em componentes d,q g vsd = g vsq = 1 g φ + στ s sd 1 g φ + στ s sq d g φ − ω g φgsq − dt sd d g φ + ω g φgsd − dt sq lm g φ στ s lr rd lm g φ στ s lr rq (19) (20) Existem preferencialmente duas alternativas para implementação dos controladores do fluxo estatórico. A primeira delas, consiste em utilizar o estator fixo (ω g = 0) como referencial para o modelo de atuação; e a segunda alternativa, utilizar o referencial sı́ncrono (ω g = ω a ) . Neste trabalho, optou-se pelo modelo da equação (18) no referencial fixo para evitar os termos de acoplamento entre as componentes de fluxo estatórico eixos d,q, apesar de que, com esta opção, as variáveis a controlar serem alternadas. Com isto a expressão (18) resulta, vss = lm 1 s dφss φ + − φs στ s s dt στ s lr r (21) 59 Neste caso, a partir de (21), tem-se as seguintes equações dinâmicas, em coordenadas d, q, referencial fixo, s vsd = s vsq = 1 s φ + στ s sd 1 s φ + στ s sq d s lm s φ φsd − dt στ s lr rd d s lm s φ − φ dt sq στ s lr rq (22) (23) e os termos a compensar, bloco 3, figura 2, são perturbações (forças contra-eletromotrizes rotóricas), lm s φ στ s lr rd lm s φ = − στ s lr rq esd = − esq (24) (25) Para os controles a fluxo estatórico constante, o desacoplamento entre os comandos de fluxo e conjugado somente é válido abaixo do valor de pull-out de conjugado, região onde é possı́vel controlar φs e Ce independentemente [14] o que impossibilita um perfeito desacoplamento. O escorregamento é representado por s 2 ∗ 2 P (φs ) 1 1−σ 1−σ ± − 2 (26) ω ∗ar = 2σ 2 τ r ls Ce 2σ 2 τ r ls σ τr O termo em (26) é a solução da equação de segundo grau cujo valor particular (sinal ±) corresponde a um ponto de operação possı́vel da máquina assı́ncrona. O conjugado de pull-out, para um dado fluxo estatórico, corresponde ao valor máximo de operação de ω ar , obtido quando o radicando é igual a zero. Quando a excitação magnética é controlada pelo fluxo estatórico, a expressão de conjugado eletromagnético, obtida de (4), (6)-(9), é, 2 2 P ω ar lm φs Ce ∼ = 2 rr ls (1 + ω ar τ r ) (27) onde ω ar (= ω a − ωr ) é a freqüência de escorregamento. Considerando ωar τ r << 1 a expressão de conjugado em regime permanente abaixo do valor de “pull-out” resulta na forma aproximada apresentada em (13). O erro de conjugado gerado passa pelo controlador PI cuja saı́da é a “imagem” da freqüência angular de referência ω ∗a , desejada ou imposta, para aceleração/desaceleração do vetor fluxo estatórico. O controlador procura “compensar” o erro de conjugado aumentando/diminuindo o valor de ω ∗a consequentemente acelerando/desacelerando o vetor fluxo. O erro de conjugado é proporcional a ω ∗a portanto, alterar a freqüência angular sı́ncrona significa alterar o escorregamento e vice-versa. Integrando ω ∗a obtém-se o ângulo de transformação (ou desacoplamento), δ ∗a = Zt ω∗a (τ ) dτ + δ a (0) (28) 0 é possı́vel então a decomposição (desacoplamento) do vetor fluxo estatórico de referência em componentes d,q no referencial fixo (bloco 4, figura 2). 60 φs∗ s φs∗ sd = φ∗s ejδ a = φ∗s cos(δ ∗a ) (29) (30) φs∗ sq = φ∗s sen(δ ∗a ) (31) ∗ V. O CONTROLE DTC DE VELOCIDADE SEM SENSOR MECÂNICO O conhecimento da velocidade é essencial no controle IFOC e pode ser necessário nos controles DFOC e DTC, quando é imprescindı́vel o conhecimento dos fluxos seja através de medição ou através de estimação. No caso de estimação, dependendo do tipo de observador implementado, o conhecimento da velocidade é essencial (Jansen, [15]) e (Lorenz, [16]). Usualmente utiliza-se sensores mecânicos acoplados ao eixo da máquina para a medição da posição ou velocidade. A utilização destes sensores apresenta uma série de desvantagens tais como, aumento do custo, diminuição da confiabilidade (baixa robustez mecânica) e baixa imunidade a ruı́dos deteriorando, de forma geral, o sistema de acionamento. Isto se contrapõe a uma das vantagens na utilização de máquinas assı́ncronas em acionamentos de alto desempenho que é sua robustez mecânica. Com o desenvolvimento da microeletrônica e a contı́nua redução dos custos computacionais, a substituição dos sensores mecânicos por soluções baseadas em software (estimação) ganham impulso e tornam-se atrativas. Esta substituição objetiva tornar o sistema mais robusto acrescido do fato de torná-lo, economicamente, menos oneroso. Ribeiro et alii, [17], propõem uma classificação dos métodos de estimação de velocidade divididos em: (I) métodos baseados no modelo dq por meio da força contraeletromotriz (FCEM) ou das equações de tensão estatórica da máquina e, (II) métodos baseados na medição dos harmônicos de corrente ou tensão produzidos por saliências da máquina. I Métodos baseados no modelo dq por meio da força contra-eletromotriz (FCEM ) ou das equações de tensão estatórica da máquina. • estimação do escorregamento: regime permanente ou dinâmico; • estimação da velocidade através do modelo de estado ou função de transferência; • controle adaptativo tipo modelo de referência; • filtro de Kalman; II Métodos baseados na medição dos harmônicos de corrente ou tensão produzidos por saliências na máquina. • baseados na alimentação fundamental; • baseados na injeção de sinais de alta freqüência. A figura 2 apresenta o diagrama de blocos esquemático da estratégia de controle proposta. A freqüência angular sı́ncrona de referência, é obtida diretamente na saı́da do controlador PI, bloco 2, da figura 2. O escorregamento estimado é obtido, considerando o modelo dq da máquina, de acordo com a expressão (32), ω b ar = be ls2 rr C b 2 l2 Pφ s m = ls2 lr b τ r Ce b 2 l2 Pφ s m (32) A estimação da velocidade é realizada utilizando a relação entre a freqüência angular sı́ncrona de referência do vetor fluxo estatórico ω ∗a e o escorregamento estimado (32), de Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. VI. PROJETO DOS CONTROLADORES acordo com a expressão, ω b ro = ω∗a − ω b ar (33) o sinal de ω b ro passa então, por um processo de filtragem para eliminar o ripple existente utilizando um filtro discreto Butterworth de segunda ordem, resultado na freqüência rotórica estimada filtrada ω br Bloco DTC- FEE 4 φs* e φsd s* j δa * ∫ φsq s* 3 Σ Σ 1 ∆φsd ∆φsq ed v sd s * v sq Σ s* v sd s * v sq Σ eq δa* MA T i s123 T (δ g ) − 1 φ^ ω∗a v ss * is s Estimador de fluxo/conjugado φ^ sq s φ^s - c^e * ce ω∗a 5 + ^ ∆ω ω r -r +* ωr Filtro Butterworth T ω^ar ^ω ro c^e φ^ c^e GC (s) = s sd 2 ∆c e PWM + VSI s* O modelo dinâmico de fluxo utilizado para o projeto dos controladores da estratégia apresentada são do tipo linear invariante no tempo. Este modelo é de primeira ordem onde assume-se que os termos de perturbação (FCEM) são constantes durante o intervalo de amostragem (ta ). O perı́odo de amostragem é definido em função da máxima freqüência de chaveamento do inversor e levando em conta as constantes do sistema (máquina). O perı́odo de amostragem escolhido para as malhas de fluxo foi de 100µs e a da malha de velocidade 40 vezes maior, referente às tarefas de aquisição de dados, estimação de fluxo e conjugado e execução do algorı́timo de controle. Os controladores discretos utilizados são do tipo PI, calculados de modo a obter-se em malha fechada uma função de transferência de segunda ordem com coeficiente de amortecimento ótimo (Buhler, [18]). A função de transferência dos controladores é, s l s r r c^e Pφ^s2 l m 2 2 1 + sTn sTi (34) onde: Ti é a constante de integração e Tn /Ti é o ganho proporcional. Estes controladores são projetados de forma sı́ncrona com o comando da fonte de tensão PWM. A figura 3, mostra o diagrama de blocos tı́pico dos controladores projetados, neste caso, o de fluxo. Nesta figura, o bloco delimitado por linhas pontilhadas, corresponde a função de transferência de primeira ordem do sistema. Neste bloco, a função de transferência Gs (s) corresponde a expressão (38), obtida de (35)-(37) e os termos esdM e esqM correspondem as expressões (24) e (25). Os blocos Rϕd e Rϕq , correspondem aos controladores PI de fluxo estatórico, eixos d, q. f s s Estimação do escorregamento e controle de velocidade Figura 2 Diagrama esquemático DTC -FEE sem sensor mecânico de velocidade. s* sd ϕ − + ta R ϕd ( z ) Σ + − s vsd Σ ZOH s* ϕs q + edM ed ta Σ − R ϕq ( z ) + Σ s vsq − 1. Um bloco para o cálculo do escorregamento estimado; 2. Comparador das velocidades de referência e estimada; 3. Controlador PI de velocidade, projetado utilizando os mesmos critérios utilizados para o projeto dos controladores de fluxo; 4. Filtro Butterworth discreto de segunda ordem, com freqüência de corte de 1KHz para filtragem da velocidade estimada ω br . Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. − s ϕs d Σ Gs(s) + Σ s ϕs q − s s e qM eq Este método de estimação da velocidade é dependente do conhecimento da magnitude do vetor fluxo estatórico estimado, do conjugado eletromagnético estimado; e dos parâmetros ls , σls e τ r parâmetros estes que podem ser estimados. A variação dos parâmetros envolvidos na estimação, tanto do fluxo estatórico como do conjugado, é compensada parcialmente pelos controladores PI de fluxo, bloco 1 da figura 2. Comparativamente ao diagrama de blocos da estratégia DTC -FEE, observa-se que foram introduzidos: + Modelo fluxo/tensão Figura 3 Sistema de controle tı́pico. Aplicando a transformada de Laplace em (21) tem-se 1 s lm Φsr = Φ (s) + sΦss (s) (35) Vss (s) + στ s lr στ s s lm Φs (36) Vss (s)0 = Vss (s) + στ s lr r στ s Φss (s) = (37) GS (s) = Vss (s)0 (1 + sστ s ) resumindo, GS (s) = στ s (1 + sστ s ) (38) Considerando a compensação do pólo dominante, o zero 61 do controlador anula o pólo do sistema, logo, 1 + sστ s Tn = 1 + sTn (39) = στ s (40) A fonte de tensão estática empregada na alimentação da máquina (inversor PWM-VSI) é implementada utilizandose técnica de modulação escalar regular simétrica (Jacobina, [19]). Esta fonte, pode ser aproximada por um elemento ZOH (figura 3), cuja função de transferência é, GF (s) = Kf (1 + sTp ) (41) neste caso, Kf (= 1) é o ganho da fonte, considerado s e faunitário. Definindo a freqüência de canto ω ca = στ Ti zendo a freqüência de corte ω co = ω ca /2 = 2T1p com T p = t2a . A função de transferência do sistema completo (controlador + sistema + fonte) em malha aberta resulta, Go (s) = στ s sTi (1 + sTp ) (42) A função de transferência do sistema completo em malha fechada é, Gc (s) = s2 k1 + sk2 + k1 (43) s e k2 = T1p . onde k1 = Tστ i Tp Os ganhos proporcional e integral são calculados, respectivamente, na forma [18], Ti = 4στ s Tp (44) Tn = στ s ta = Ti Tn − T p = Ti (45) Ki Kp (46) (47) VII. RESULTADOS DE SIMULAÇÕES E EXPERIMENTAIS Alguns resultados de simulações e experimentais obtidos são apresentados na seqüência. A avaliação do desempenho dinâmico do sistema de acionamento, foi realizada por meio de um ensaio dinâmico de caracterização, considerando as condições de operação apresentadas na tabela (1). As demais condições consideradas para simulação e ensaios da estratégia de controle de velocidade foram: velocidade inicial da máquina ω r = 0, tempo de realização do ensaio t = 12, 8s e temperatura normal de funcionamento. No ensaio em baixa velocidade, a máquina é excitada, a partir de fluxos iniciais nulos, segundo uma rampa de referência de 0,02s de duração. Os resultados experimentais foram obtidos na plataforma de testes composta de um microcomputador compatı́vel R R IBM /PC, com processador Pentium 233M Hz; módulo máquina (composto de máquina CA assı́ncrona trifásica, máquina CC funcionando como carga e um sensor ótico de posição de 9bits acoplado ao eixo da máquina para medição 62 da velocidade); conversor de freqüência retificador + inverR sor Semikron (retificador não controlado a diodos com barramento CC de 700V e inversor trifásico a IGBT podendo operar com freqüência de chaveamento de até 20KHz; placa multifunção que realiza as funções de aquisição e comando do inversor opera com clock de 10MHz. Os conversores A/D utilizados são de 10 bits com tempo de conversão de 25µs. Perfil de velocidade ω ∗r (rad.mec/s) t = 0, 00s =⇒ ω ∗r = 150, 0 t = 3, 20s =⇒ ω ∗r = −100, 0 t = 5, 60s =⇒ ω ∗r = −50, 0 t = 8, 00s =⇒ ω ∗r = 0, 0 t = 8, 80s =⇒ ω ∗r = 150,0∗(t−8,80) 4,00 Perı́odo de amostragem ta (µs) ta = 100, 0 Freqüência chaveamento inversor (KHz) fchav = 10, 0 Tensão no barramento CC - Ecc (V ) Ecc = 300, 0 Fluxo de referência φ∗s (W b) φ∗s = 0, 4 Tabela 1 Condições gerais para ensaio da estratégia de controle de velocidade sem sensor mecânico. A figura 4 apresenta os resultados obtidos de simulações. Na curva (a) são traçados a velocidade de referência ω ∗r (linha tracejada) e a velocidade estimada ω b r (linha cheia); em ∗ b ; e (b) os fluxos estatórico de referência φs e o estimado φ s finalizando, em (c) o erro existente entre a velocidade de referência e a estimada ∆ω r (= ω ∗r − ω b r ). Pode-se observar que a velocidade estimada segue a referência com rapidez satisfatória, sem apresentar overshoot e sem oscilações em regime permanente. Mesmo na pior condição de teste, quando é aplicado no instante t = 8, 80s uma rampa como referência, a estratégia corresponde às expectativas. O fluxo estimado segue sua referência mesmo frente a variações da referência de velocidade. Os resultados experimentais são apresentados nas figuras 5, 6 e 7. Primeiramente na figura 5, curva (a), são traçadas as curvas da velocidade de referência ω ∗r (linha tracejada) e a estimada ω b r (linha cheia); na curva (b), o erro ∆ω (= ω∗r − ω b r ) existente entre elas; e na curva (c) os fluxos b . de referência φ∗s e estimado φ s Pode-se verificar a exeqüibilidade do método considerando que a velocidade estimada segue perfeita e rapidamente sua referência, tanto nos degraus quanto na rampa, sem overshoots ou ripple em regime permanente. O fluxo estatórico também apresenta bom comportamento sem oscilações quando de variações da velocidade de referência, mantendo o valor desejado. Os valores obtidos através de ensaios comprovam os resultados obtidos através de simulações. Na figura 6, curva (a) observa-se a velocidade de referência ω ∗r e a velocidade ω r medida. Na curva (b) é apresentado o erro ∆ω (= ω ∗r − ω r ) existente entre elas e em (c) os flub . Verifica-se que a vexos de referência φ∗s e estimado φ s locidade medida tem comportamento similar à velocidade estimada. Para confirmar esta conclusão, na figura 7(a) são Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. ω *r 0 2 4 8 6 12 10 0,5 (b) 0 0 2 6 4 8 12 10 200 (c) 0 -200 0 2 4 10 8 6 12 0 (b) 0 -500 0 2 10 8 6 4 12 0,5 (c) 0 0 10 8 6 4 2 12 Figura 6 (a) Velocidade rotórica de referência/medida; (b) erro de velocidade; e, (c) fluxo de refência/estimado. ^ r ω r (r a d ./ s ) ω ^ r ω* (r a d ./s ) ω r 12 10 8 6 4 2 t(s) Figura 4 (a) Velocidade rotórica de referência/estimada; (b) erro de velocidade; e, (c) fluxo de refência/estimado. 200 200 ω^ r 0 (r a d ./s ) (a) ω *r -200 t(s) -200 ωr 0 500 ∆ω φs* , φ (W b ) -200 ∆ω r (r a d ./s ) (a) ( r a d ./s ) ω r ω* r 0 200 ( r a d ./s ) ω^ r φs* , φ (W b ) s ^ r ω* (r a d ./s ) ω r 200 (a) ω *r 0 2 4 6 8 10 12 (a) 0 -200 0 6 4 2 10 8 12 (b) ∆ω 0 φ * , φ (W b ) s s 0 2 4 6 8 10 12 -100 0,5 (c) 0 100 0 2 4 6 8 10 12 t(s) Figura 5 (a) Velocidade rotórica de referência e estimada; (b) erro de velocidade; e, (c) fluxo de refência e estimado. sobrepostas as curvas da velocidade estimada ω b r (linha tracejada) e a medida ω r (linha cheia). Em (b) é traçado o erro ∆ω (= ω b ∗r − ω r ) existente entre elas. Os resultados obtidos demonstraram ser compatı́veis. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. (b) 0 ∆ωr -500 (r a d ./s ) 500 0 2 4 8 6 10 12 t(s) Figura 7 (a) Velocidade rotórica medida/estimada; e, (b) erro de velocidade. VIII. CONCLUSÕES Neste artigo é apresentada uma estratégia de controle de velocidade utilizando estratégia DTC para máquinas assı́ncronas. Os resultados obtidos com a estratégia, demonstraram ser esta, uma alternativa atraente para a implementação de sistemas de acionamentos com máquinas assı́ncronas de baixo custo e desempenho comparável as estratégias de controle com orientação direta pelo campo (DFOC ). 63 A estratégia apresentou: 1. Boas respostas no controle da velocidade, tanto em regime transitório (rápido seguimento das referências) como em regime permanente (oscilações de pequena amplitude), sem variações na magnetização da máquina (controle do fluxo estatórico); 2. Simplicidade de implementação, caracterizada por ser totalmente discreta, utilizando controladores PI convencionais, calculados utilizando critério de amortecimento ótimo e compensação do pólo dominante. Além disso, a estratégia é implementada utilizando apenas dois sensores para medição da corrente estatórica; A freqüência de escorregamento ω b ar é obtida através da estimação, do vetor fluxo estatórico e do conjugado eletromagnético, e utilizando o modelo d,q da máquina assı́ncrona em regime permanente. A freqüência angular sı́ncrona ω ∗a é estimada utilizando um controlador PI. Definindo o conjugado eletromagnético desejado, o controlador PI determinará a freqüência angular sı́ncrona necessária para que este conjugado seja obtido, acelerando ou desacelerando o vetor fluxo estatórico. Por sua vez, a velocidade rotórica estimada é obtida subtraindo ω b ar de ω ∗a . Observando-se o diagrama esquemático da estratégia (figura 2), verifica-se que as tensões estatóricas utilizadas no observador de estados são as tensões de referência na saı́da dos controladores de fluxo. Esta implementação é interessante pois elimina a necessidade de mais dois sensores para a medição das tensões o que reduz o custo financeiro do sistema. Contudo, isto só é possı́vel quando a fonte de tensão é de boa qualidade e não ocorram oscilações no barramento CC. Os principais problemas enfrentados para obtenção dos resultados experimentais foram com relação a medição das correntes estatóricas (ruı́dos) e da estimação do fluxo estatórico. Para solucionar o problema de medição das correntes, estas foram filtradas utilizando um filtro antialiasing analógico de 2a ordem. O fluxo estatórico foi estimado utilizando um observador em malha aberta modelo em tensão e os fluxo rotóricos obtidos por relação. Este observador apresentou, como era de se esperar problemas em baixas velocidades e de integração para tempos longos de funcionamento. Contudo, os resultados obtidos com a estratégia através de simulações e experimentalmente demonstraram ser esta estratégia um alternativa viável para a implementação de sistemas de acionamento com máquinas assı́ncronas de baixo custo e bom desempenho para o controle de velocidade. Os parâmetros da máquina, foram obtidos através de R catálogo do fabricante (EBERLE ) e através de ensaios clássicos e métodos de estimação de parâmetros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Leonhard, W. Control of eletrical drives. Springer Verlag, New York - USA, 1996. [2] Falb, P. e Wollovich, W. Decoupling in the design and synthesis of multivariable control systems. IEEE Trans. on Automatic Control , AC-12, 651–659, december 1967. 64 APÊNDICE A - PARÂMETROS DA MÁQUINA Potência Pa = 0, 2453kW Corrente nominal Is = 0.8A/Y - 380V Velocidade nominal wm = 1670rpm Freqüência nominal f = 60Hz Conjugado nominal Cn = 0, 15N m Constante de inércia Jm = 0, 0137N m2 Coeficiente de atrito Fa = 0, 0075N m Resistência estatórica rs = 26, 77Ω Resistência rotórica rr = 26, 37Ω Indutância estatórica ls = 0, 5211H Indutância rotórica lr = 0, 5256H Indutância mútua lm = 0, 4977H Número de pares de pólos P = 2 Tabela 2 Parâmetros da máquina assı́ncrona. [3] Bose, B. K. Microcomputer Control of Power Electronics and Drives. IEEE - Press, New York - USA, 1987. [4] Lima, A. M. N. Comande numérique d ’une machine asynchrone: Controle du flux par filtrage stochastique Variation de la vitesse et de la position. Thése de docteur de l’inp, INP - Toulouse - France, INP - Toulouse - France, juillet 1989. [5] Hasse, K. 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Desde fevereiro de 1992 é professor do Departamento de Tecnologia, curso de Engenharia Elétrica, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Suas áreas de interesse incluem Eletrônica de Potência e Acionamento de Máquinas Elétricas. Gideon Villar Leandro, nascido em 1965 em Américo de Campos, São Paulo, é engenheiro eletricista (1989) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), mestre (1992) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraı́ba (UFPB) e doutor (2000) em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Desde 1993 é professor do Departamento de Tecnologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Suas áreas de interesse são Sistemas de Controle, Identificação de Sistemas e Sistemas a Eventos Discretos. Cursino B. Jacobina e Antônio Marcus N. Lima, tem suas biografias apresentdas no quarto artigo desta revista. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 65 REATOR ELETRÔNICO PARA ILUMINAÇÃO FLUORESCENTE BOOST PUSH-PULL COM ALTO FATOR DE POTÊNCIA EMPREGANDO UM ÚNICO INTERRUPTOR F. E. Bisogno, A. R. Seidel, T. B. Marchesan, R. N. do Prado GEDRE – PPGEE – NUPEDEE – UFSM 97105-900 Santa Maria - RS Brasil Resumo – Este artigo descreve um reator eletrônico que opera com um único estágio de conversão de potência empregando apenas um interruptor ativo, com alto fator de potência para duas lâmpadas fluorescentes T1240W. A topologia emprega um conversor boost no modo de condução descontínuo para a correção do fator de potência. O estágio inversor utiliza o conversor push-pull que faz a alimentação em alta freqüência do filtro LCC ressonante e das lâmpadas. Os princípios de operação, equações de projeto e os resultados experimentais são obtidos para uma freqüência de operação de 50 kHz e tensão de alimentação de 110V RMS, 60Hz. proposta possui um fator de potência elevado, alimentando a lâmpada fluorescente em alta freqüência através de um único estágio de conversão, utilizando os conversores boost no modo de condução descontínuo e push-pull, empregando um único interruptor ativo. II. TOPOLOGIA PROPOSTA Abstract – This paper describes a high power factor electronic ballast employing a single power converting stage and a single power switch. The converter provides a high-frequency to supply the lamp. High power factor is achieved through a boost converter operating in a discontinuous conduction mode as a pre-regulator stage. The inverter stage employs a push-pull converter that supplies the LCC filter and Lamps. Operating principles, design equations and experimental results are obtained for the following: 50kHz switching frequency, 110V RMS line voltage, two T1240W fluorescent lamps and 60Hz line frequency. A configuração básica da topologia proposta é mostrada na Fig. 1, composta por uma fonte de tensão monofásica Vin, ponte retificadora formada pelos diodos D1-D4, um conversor boost, um inversor push-pull, dois filtros de alta freqüência e duas lâmpadas fluorescentes Lamp1 e Lamp2. O conversor boost empregado para correção do fator de potência é composto pelo indutor LBoost, um interruptor ativo S e um capacitor Cout. O estágio de inversão é constituído pelo conversor pushpull, formado pelos indutores LP1, LP2, o diodo D5 e o interruptor ativo S, o qual é compartilhado com o conversor boost. O filtro de EMI é empregado na entrada para eliminar as harmônicas de alta freqüência e é formado pelo indutor Lin, e o capacitor Cin. Na saída é empregado o filtro LCC sérieparalelo ressonante que faz a alimentação em alta freqüência das lâmpadas, sendo constituído por Lout, CP1, CP2 e CS. I. INTRODUÇÃO III. PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO Trabalhar com reatores eletrônicos em alta freqüência é fundamental para economizar energia em função da melhor eficiência luminosa (Lm/W) [1], [2]. A alta freqüência faz com que os reatores eletrônicos sejam mais leves, menores, sem ruído audível e proporcionem uma maior vida útil à lâmpada, ao contrário dos reatores eletromagnéticos convencionais operando em 60 Hz, que requerem um dispositivo de grande volume para limitar a corrente [3]. As lâmpadas fluorescentes que operam com reatores eletromagnéticos em 60 Hz apresentam ondulação de tensão a freqüência de 120 Hz com 33% de decréscimo da luminosidade [4], [5] [9]. Os reatores eletrônicos com correção de fator de potência operam com dois estágios de conversão, sendo o primeiro o estágio de correção do fator de potência e o segundo o estágio de inversão. Para a correção do fator de potência geralmente são utilizados os conversores boost, flyback e buck-boost. No estágio inversor são geralmente utilizados os conversores half-bridge e push-pull [6], [7], [8], [10]. A topologia O comportamento do circuito proposto é analisado considerando duas seções: a seção de alta freqüência (lado da carga) e a seção de baixa freqüência (lado da fonte) que é simples e não é descrita. A seção de alta freqüência é dividida em três estágios de operação que são descritos a seguir. 66 Cp1 Lamp1 CS LBoost D1 Vin D3 Lout LP1 Cin Lamp2 D6 D2 Lin CP2 S LP2 Cout D5 D4 Fig. 1. Topologia proposta Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A. Primeiro Estágio O circuito e seu equivalente simplificado do primeiro estágio são mostrados na Fig. 2.(a) e (d) respectivamente. O estágio é caracterizado pela condução do interruptor ativo S e pela polarização reversa do diodo D5. Neste estágio a fonte de tensão Vin fornece energia para o indutor LBoost determinando o crescimento linear da corrente iLboost, considerando que a tensão Vin permanece aproximadamente constante durante um período de comutação. O capacitor Cout é aproximado por uma fonte de tensão constante Vo que é aplicada ao indutor LP1 e refletida pelo acoplamento ao indutor LP2, resultando em uma tensão de valor 2.Vo no conjunto filtro + lâmpadas. C. Terceiro Estágio O circuito e seu equivalente simplificado do terceiro estágio são mostrados na Fig. 2.(c) e (f). No terceiro estágio o interruptor S e o diodo D5 estão bloqueados. Neste estágio a energia armazenada no circuito ressonante do filtro continua circulando pela lâmpada, completando os estágios de operação do circuito. B. Segundo Estágio O circuito e seu equivalente simplificado do segundo estágio são mostrados na Fig. 2.(b) e (e) respectivamente. O estágio é caracterizado pela abertura do interruptor ativo S e pela polarização direta do diodo D5. Neste estágio o indutor LBoost fornece energia para o capacitor Cout. A tensão sobre o capacitor Cout (Vo) é aplicada ao indutor LP2 e refletida pelo acoplamento ao indutor LP1, resultando em tensão de -2.Vo no conjunto filtro + lâmpadas. IV. EQUAÇÕES RELEVANTES As formas de onda teóricas do indutor Lboost, interruptor ativo S, do diodo D5 e tensão e corrente no conjunto filtro + lâmpadas de cada estágio da topologia proposta são mostrados na Fig. 2.(g). Nesta seção são apresentadas as equações dos principais parâmetros de projeto da topologia proposta. A. Filtro LCC Ressonante A topologia proposta é composta de um filtro LCC ressonante de saída, sendo seu capacitor paralelo calculado por (1). Fig. 2. Estágios de operação. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 67 CP (θ) = [1 + (tan(θ) )2 ]. P ω ⋅ R ⋅ Vac 2 2 − 1 , ω2 ⋅ R 2 (1) onde: Cp(θ) capacitor paralelo do filtro em função de θ; θ ângulo da impedância da entrada; P potência na lâmpada; ω freqüência angular; R resistência equivalente da lâmpada; Vac tensão RMS da componente fundamental aplicada ao filtro. C. Indutância Boost A indutância boost é definida pela seguinte expressão VP 2 (1 − α )2 ⋅ Y (α) , ⋅ LBoost = (7) α 2⋅π⋅ f ⋅ P onde: π α π 2 ; ⋅ + tan −1 Y (α) = −2 − + (8) 2 α α ⋅ 1 − α2 2 − α 1 Pout potência de saída; f freqüência de operação. O indutor série é definido por: R ⋅ tan(θ) + CP (θ) ⋅ R 2 ⋅ ω 1 , + L(θ, CS ) = (2) 2 2 2 ω ⋅[1 + ω ⋅ (CP (θ) ) ⋅ R ] CS ⋅ ω2 onde: Cs capacitor série suficientemente grande para filtrar a componente contínua da forma de onda da entrada do filtro (arbitrado); L(θ,CS) indutor série do filtro em função de θ e CS. D. Correntes de entrada A corrente eficaz de entrada pode ser definida por: P , I in, RMS = Vin ⋅ η onde: P potência de entrada; Vin tensão RMS de entrada. O valor da resistência equivalente em regime permanente para a lâmpada Osram F40W é dado por (3), determinada em [12]. A corrente de pico no indutor Boost é definida por: V .D i Boost , Pico = in . LBoost . f R( P) = 25410 ⋅ e −0,0631 ⋅ P + 10126 ⋅ e −0,263 ⋅ P . (3) Considerando que a ignição da lâmpada é representada por um elevado valor de resistência equivalente (100R) e sua resistência de operação em regime permanente (R) é definida por (3). O ângulo θ a ser utilizado nos cálculos é escolhido de acordo com o gráfico da Fig. 3, definido pela expressão: 2 V ac ⋅ R ⋅ A1 (θ, C S , R) P(θ, C S , R ) = , (4) 2 R 2 + ω 2 ⋅ A2 (θ, C S , R ) − R 2 ⋅ C P (θ) onde: A1 (θ, C S , R ) = 1 + ω 2 ⋅ C P (θ) 2 ⋅ R 2 ; { } 1 ⋅1 + ω 2 ⋅ C P (θ) 2 ⋅ R 2 ; A2 (θ, C S , R ) = L(θ, C S ) − 2 CS ⋅ω baseado na abordagem da defasagem angular mostrada em [11]. E. Corrente no Push-Pull A corrente de pico no push-pull é dado por: i PP , pico = i L , pico + i mag , onde: iL,pico imag (9) (10) (11) corrente de pico na lâmpada; corrente na indutância magnetizante. F. Avaliação dos Esforços A máxima corrente no interruptor é dado por: i S = iin , pico + i PP , pico + i mag . A tensão sobre o interruptor é dada por: VS = 2 ⋅VC . A corrente no diodo D5 é dada por: i D 5, RMS = i mag , RMS . (12) (13) (14) B. Razão Cíclica A máxima razão cíclica limite para o modo de condução descontínua é dada por: Dmax = 1 − α , (5) onde: Dmax máxima razão cíclica; α VP / 2.VC; VP tensão de pico da entrada; VC tensão no capacitor Cout. Para obter o modo de condução descontínuo deve-se escolher uma razão cíclica menor que Dmax, portanto: Dd < 1 − α . (6) 68 Fig. 3. Gráfico da potência na lâmpada em função do ângulo da impedância de entrada do filtro LCC ressonante Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. V. CÁLCULOS DO PROTÓTIPO LBoost Os cálculos do protótipo foram feitos para os seguintes dados de entrada: Tensão de entrada: 110VRMS, 60Hz; Carga: 2 lâmpadas "T12" de 40W; Freqüência de operação: 50kHz. A. Filtro LCC Ressonante Através da expressão (4) podem ser obtidos os gráficos das potência na lâmpada em regime e na ignição, mostrados na Fig. 3, considerando: Tensão de pico a pico de entrada no filtro: 600V; Calculando a tensão RMS da componente fundamental da tensão aplicada ao conjunto filtro lâmpada. Vac: 270 V. Calcula-se pela equação (3) a resistência equivalente da lâmpada Osram F40W, obtendo R: 340Ω. Adota-se CS: 150nF. A partir dos dados definidos acima é possível construir o gráfico mostrado na Fig. 3 e escolher o ângulo que possibilita um elevado ganho na partida: θ: 49°. Considerando o ângulo θ, determinado graficamente os valores de CP e L que são respectivamente calculados através de (1) e (2), fornecendo os seguintes resultados: CP : 4nF; L: 2,6mH. B. Razão Cíclica Máxima Para o cálculo da razão cíclica têm-se VP 155V; VC 150V, de (5) obtém-se α 0,52; Dmax 0,48. C. Indutância Boost O cálculo da indutância boost é dado por (7) e (8) que resulta 640µH. D. Correntes de Entrada As correntes de entrada são calculadas pelas expressões (9) e (10) obtendo-se os seguintes valores: Iin,RMS 808mA; IBoost,Pico 2,342A. E. Corrente no Push-Pull A corrente no transformador push-pull é calculada pela expressão (11) IL,pico 343µA; Imag 963µA; IPP,pico 1,3mA. F. Avaliação dos Esforços A máxima corrente no interruptor para o pior caso é dada por (12): IS 3,65A. A tensão sobre o interruptor e sobre o diodo é dada por (13): VS 300V. A corrente no diodo D5 é dada por (14): ID5,RMS 300mA. VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS A Fig. 4 mostra o protótipo da topologia proposta construído com base nas especificações de projeto apresentadas abaixo: - Tensão de alimentação: Vin=110 VRMS, 60 Hz; - Potência de saída: 64 W; - Freqüência de comutação: f=50 kHz; - Razão cíclica: D=0,48. Os componentes utilizados para a montagem do protótipo são os seguintes: - LBoost: 500μH, 50 espiras com núcleo EE 24/12 IP6 Thornton; - LP1, LP2: 3mH, 120 espiras com núcleo EE30/14 IP6Thornton; - D1 - D2 : 1N4007; - D5, D6: UF4007; - S: IRF740 (International Rectifier); - Cout: 110μF /250V (eletrolítico). Fig. 4. Protótipo implementado Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 69 O filtro EMI possui os seguintes componentes: - Lin: 1,4mH, 150 espiras com núcleo EE20/10 IP6Thornton. O filtro ressonante de saída tem os seguintes componentes: - Lout: 2,7 mH, 150 espiras com núcleo EE20/10 IP6Thornton; - CS: 150 nF/250V (polipropileno); - CP1, CP2: 3,6 nF/2kV (polipropileno). Foram utilizadas duas lâmpadas fluorescentes tubulares Osram F40W: - DS: UF4007; - CSb: 10 nF; - RS: 12 k Ω. As formas de onda obtidas experimentalmente estão ilustradas nas Fig. 5 a Fig. 14. A corrente e tensão de entrada, na Fig. 5, mostram o alto fator de potência e a THD reduzido da corrente. Nas Fig. 6 e Fig. 7 são mostrados as formas de onda da corrente no indutor LBoost em diferentes escalas de tempo, comprovando o modo de condução descontínua. A tensão e corrente na chave S e no diodo D5 são mostradas respectivamente nas Fig. 8 e Fig. 9. Na Fig. 10 podese observar a reduzida ondulação na tensão do capacitor Cout, não havendo influência considerável na variação do fluxo luminoso das lâmpadas, como pode ser concluído através da envoltória da corrente na lâmpada, Fig. 12, o que resulta em um fator de crista adequado. A Fig. 11 mostra a forma de onda da tensão e corrente no transformador push-pull, onde pode-se verificar a forma de onda quadrada característica destes conversores. A tensão e a corrente em alta freqüência em uma das lâmpadas fluorescentes são ilustradas na Fig. 13, observando se que as mesmas se aproximam de uma forma de onda senoidal. Na Fig. 14 é mostrada a tensão de partida da lâmpada, na qual pode ser observada a partida instantânea. Analisando-se os dados obtidos experimentalmente das formas de onda da topologia proposta, foram obtidos os seguintes resultados: - rendimento η(%)=87%; - fator de potência de fp=0,99; - taxa de distorção harmônica da corrente de entrada THD=13,75 %; - fator de crista da corrente em uma das lâmpadas de 1,5; - potência em uma das lâmpadas P=32W. A potência obtida na lâmpada em alta freqüência produz um fluxo luminoso equivalente a uma lâmpada fluorescente "T12" com potência nominal de 40 W em baixa freqüência. O conversor boost opera no modo de condução descontínua, dispensando o controle de corrente no indutor Boost, possibilitando a operação do circuito em malha aberta. O conversor push-pull permite empregar a energia armazenada nos enrolamentos para viabilizar a comutação espontânea do diodo D5, dispensando um dos interruptores seu circuito de comando. O interruptor compartilhado (S) pelos dois conversores não requer circuito de comando isolado, simplificando ainda mais o circuito de comando, porém possui uma corrente elevada inerente ao compartilhamento. Desta forma, esta topologia reúne simplicidade e eficiência na obtenção de um reator eletrônico com alto fator de potência, alta eficiência luminosa e custo reduzido. Os resultados experimentais demonstram que a topologia proposta encontra-se dentro dos padrões mundiais, no que diz respeito a correção do fator de potência, rendimento, e fator de crista da corrente. Fig. 5. Tensão e corrente na entrada (50V/div, 1A/div e 5ms/div) VII. CONCLUSÃO O artigo apresenta uma nova topologia de reator eletrônico para lâmpadas fluorescentes com alto fator de potência e baixo custo. A topologia proposta possui dois conversores operando em cascata, empregando apenas um interruptor ativo. O primeiro é o conversor boost empregado na correção do fator de potência e o segundo é o conversor push-pull, que alimenta a carga (filtro e lâmpadas) em alta freqüência. 70 Fig. 6. Corrente no indutor boost em baixa freqüência. (1A/div e 5ms/div) Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Fig. 7. Corrente no indutor boost em alta freqüência (1A/div e 10µ µs/div) Fig. 10. Tensão no capacitor Cout (50V/div e 5ms/div) Fig. 8. Tensão e corrente no interruptor (100V/div, 5A/div e 10µ µs/div) Fig. 11. Tensão e corrente no transformador Push-Pull (250V/div, 500mA/div e 10µ µs/div) Fig. 9. Tensão e corrente no diodo D5 (250V/div, 5A/div e 10µ µs/div) Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Fig. 12. Envoltória da corrente na lâmpada (200mA/div e 5ms/div) 71 Fig. 13. Forma de onda da tensão e corrente na lâmpada em alta freqüência (50V/div, 500mA/div e 10µ µs/div) Fig. 14. Forma de onda da tensão na partida da lâmpada (250V/div e 25ms/div) AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à THORNTON INPEC pelo apoio com núcleos utilizado nas montagens, à OSRAM do Brasil pelo fornecimento das lâmpadas utilizadas nos ensaios, à CAPES e CNPq pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] R. N. do Prado, S. A, Bonaldo and D. S. Greff, “A High Power Factor Flyback-Half-Bridge Electronic Ballast with Dimming Feature,” IEEE IAS'98, record. [2] W. R. Alling, “Important Design Parameters for SolidState Ballasts,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 25, no. 2, pp. 203-207, march/abril 1989. [3] T. H. Yu and L. M. Wu. “Comparisons Among SelfExcited Parallel Resonant, Series Resonant and CurrentFed Push-Pull Electronic Ballasts”, IEEE Applied Power Electronic Conference, pp. 421-426, 1994. 72 [4] E. E. Hammer, “High Frequency Characteristics of Fluorescent Lamps up to 500 kHz”, Journal of the Illuminating Engineering Society, pp.56-61, Winter 1987. [5] E. E. Hammer and T. K. McGowan, “Characteristics of Various F40 Fluorescent Systems at 60 Hz and High IEEE Transactions on Industry Frequency,” Applications, vol. 21, no. 1, pp. 11-16, 1985. [6] R. N. Prado, S. A. Bonaldo, M. C. Moreira, D. L. R. Vidor. “Eletronic Ballast with a High Power for Fluorescent Lamp”. IEEE PESC’96, Record, pp. 1215120. [7] R. N. Prado, S. A. Bonaldo, D. S. Greff, and F. E. Bisogno. “A Unity Power Factor Eletronic Ballast for Fluorescent Lighting, ” IEEE IAS’97 Annual Meeting Records, pp. 2366-2371. [8] J. A. Sierra and W. Kaiser. “Comparison of Fluorescent Lamp Stabilization Methods in the Current-Fed PushPull Inverter,” IEEE Trans. Industry Application, vol. 36, no. 1, January/February 2000. [9] R. R. Verderber, O. C. Morce, and F. M. Rubinstein, “Performance of Electronic Ballast and Control with 34 and 40 watt F40 Fluorescent Lamps,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 25, no. 6, pp. 1049-1059, November/December 1989. [10] M. K. Kazierczuck and W. Szaraniec, “Electronic Ballast for Fluorescent Lamps,” IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 8, no. 4. pp. 386-395, October 1993. [11] Y. Takahashi, M. Kamata, K. Shimizu, “Efficiency Improvement of Electronic Ballast,” IEEE IAS’97, Record. [12] M. Cervi, A. R. Seidel, F. E. Bisogno, R. N. Prado, “Fluorescent Model Based on the Equivalent Resistance Variation,” IEEE IAS'02, record. DADOS BIOGRÁFICOS Fábio Ecke Bisogno, nascido em 07/04/1973 em Santa Maria (RS) é engenheiro eletricista (1999) e mestre (2001) pela Universidade Federal de Santa Maria, onde é doutorando no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica. Atualmente é pesquisador no Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos (GEDRE) nesta mesma universidade. Suas áreas de interesse são lâmpadas fluorescentes, reatores eletrônicos, sistemas dimerizáveis e fontes de alimentação. Álysson Raniere Seidel, nascido em 01/08/1975 em São Pedro do Sul (RS) é engenheiro eletricista (1999) pela Universidade Federal de Santa Maria, onde é doutorando no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica. Atualmente é pesquisador no Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos (GEDRE) nesta mesma universidade. Suas áreas de interesse são lâmpadas fluorescentes, reatores eletrônicos, sistemas dimerizáveis e eficiência luminosa. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Tiago Bandeira Marchesan, nascido em 09/12/1980 em Santa Maria (RS) estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é pesquisador no Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos (GEDRE) nesta mesma universidade. Suas áreas de interesse são lâmpadas fluorescentes, reatores eletrônicos, fontes de alimentação e sistemas dimerizáveis. Ricardo Nederson do Prado, nascido em 22/04/1960 em Itapiranga (SC) obteve o título de engenheiro eletricista pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1984, e os títulos de mestre e doutor em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1987 e 1993, respectivamente. Entre 1987 e 1992 foi professor assistente junto ao departamento de eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais. A partir de 1993 é professor adjunto no departamento de eletrônica e computação da Universidade Federal de Santa Maria. É membro do IEEE, da SBA e membro fundador da SOBRAEP. Atualmente é responsável pelo grupo de estudo e desenvolvimento de reatores eletrônicos (GEDRE) e coordenador do programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria. Suas áreas de interesse são sistemas dimerizáveis e reatores eletrônicos para lâmpadas fluorescentes e de alta pressão, qualidade de energia e eficiência luminosa. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 73 RETIFICADOR DE 6KW, FATOR DE POTÊNCIA UNITÁRIO, TRIFÁSICO, COMUTAÇÃO NÃO DISSIPATIVA NA CONVERSÃO CC-CC E CONTROLE SINCRONIZADO EM FREQÜÊNCIA. Carlos H. G. Treviso1, Lúcio R. Barbosa1, Adriano A. Pereira2, João B. Vieira Jr2 e Luiz C. Freitas2 (1)E-mails: [email protected] , [email protected] Universidade Estadual de Londrina CEP 86051-990 - Londrina – PR Brasil Resumo - Este artigo apresenta o funcionamento de um retificador trifásico, fator de potência unitário, comutação não dissipativa na conversão CC-CC e controle sincronizado em freqüência, funcionando com 89% de rendimento global com baixo nível de RFI. A estrutura proposta permite o funcionamento com alta freqüência de chaveamento. A tensão de saída é controlada por “Modulação por Largura de Pulso (PWM)” com uma freqüência constante. O princípio de funcionamento, análise teórica da conversão CC, equações relevantes, técnica de controle para o balanceamento de corrente, resultados experimentais são mostrados neste artigo. Abstract - This paper presents the operation of a three phase rectifier, unity power factor, non dissipative commutation in the DC-DC conversion and control synchronized in frequency, working with 89% of global efficiency with low level of EMI. The structure proposal allows the operation with high switching frequency. The output voltage controlled by PWM with a constant frequency. The operational principle, theoretical analysis of the DC conversion, relevant equations, control technique for the current balance, experimental results are shown in this paper. NOMENCLATURA Lr Indutor de ressonância. Cr Capacitor de ressonância. Fs Freqüência de chaveamento Fo Freqüência de ressonância. ωo Pulsação angular de ressonância. α condutância normalizada. I - INTRODUÇÃO No Brasil, poucos setores estão preocupados realmente com RFI. Somente as indústrias nacionais que produzem equipamentos para os exigentes mercados externos e para as empresas de telecomunicações são obrigadas a realizarem testes de RFI em seus equipamentos [1 – 4]. Através de contatos com fabricantes de renome na produção de retificadores, concluiu-se que a construção de um retificador, capaz de fornecer uma corrente de saída de 74 (2)E-mails: [email protected], [email protected], [email protected] Universidade Federal de Uberlândia CEP 38400-902 - Uberlândia – MG – Brasil 100A e uma tensão de 60V em corrente contínua, além das características expostas no resumo e tomando-se especial cuidado com os ruídos de RFI, com acabamento semiindustrial, seria uma valiosa contribuição técnico-científica para o mercado nacional [5]. No sentido de ilustrar os objetivos deste trabalho, a figura 1 traz o diagrama de blocos do retificador proposto. Figura 1 - Diagrama de Blocos do Retificador Trifásico. Para o estágio CA-CC, utiliza-se o conversor Boost PWM convencional como pré-regulador, muito conhecido na literatura especializada e para a conversão CC-CC, utilizase o conversor Forward a 2 transistores com “snubber” não dissipativo multi-nível. O casamento das freqüências dos módulos, colocam os ruídos provenientes das derivadas de correntes e/ou tensões, em um espectro bem definido, tornando-se assim, mais fácil a atenuação, constituindo-se em uma importante contribuição [6]. II - CIRCUITO DE GERAÇÃO DE SINAIS. Neste circuito são implementados os sinais referências necessários para o casamento das freqüências de todos os conversores do retificador trifásico. A figura 2 mostra o esquema elétrico do circuito. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. isolamento do sinal que será utilizado casar a freqüência do circuito de controle do conversor CC-CC. Figura 2 - Esquema Elétrico do Circuito de Geração de Sinais. Este circuito é colocado em um conjunto CA-CC e CC-CC e será denominado módulo mestre e os demais conjuntos serão denominados módulos escravos. III - O CONVERSOR BOOST COMO PRÉ-REGULADOR. O conversor Boost, com a devida técnica de controle, possibilita obter-se uma corrente de entrada senoidal e em fase com a tensão de entrada, além de um controle da tensão do barramento CC [7 e 8]. Para a obtenção do exposto acima, utilizou-se o CI3854 para o controle do pré-regulador, cujo diagrama de blocos é mostrado na figura 3. Figura 4 - Esquema Elétrico Completo do Pré-Regulador. O circuito existente antes da ponte retificadora, faz a limitação da corrente de “inrush”, cujo tempo para “curtocircuitar” a resistência de 22Ω (definido pelo resistor de 9K e o capacitor de 220µF) é 2s aproximadamente. IV - A CONVERSÃO CC-CC Para a conversão CC-CC, é utilizado o conversor Forward a 2 transistores com “snubber” não dissipativo multi-nível, que consiste em dois conversores Forward a 2 transistores com “snubber” não dissipativo no lado primário e os secundários acoplados. A figura 5 mostra o circuito simplificado. Figura 3 - Diagrama de Blocos do Controle Aplicado ao Conversor Boost. A técnica utilizada pelo CI3854 é o método de controle da corrente média. O esquema elétrico completo com todos os componentes dimensionados para a potência de 2200 Watts, tensão de saída de 380V e tensão de entrada variando de 185 a 250 VCA, é mostrado na figura 4. Na figura 4, o sinal referência proveniente do circuito gerador de sinais faz o transistor BC337 descarregar o capacitor conectado ao pino 14 (3854), casando-se assim a freqüência e o “trimpot” de 12K no pino 12 (3854), ajusta a amplitude da triangular. A partir da triangular, faz-se o Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Figura 5 - Circuito Elétrico Simplificado Para a Conversão CC-CC. As principais vantagens da topologia da figura 5 são: as reduções das tensão nas chaves em 50% da tensão do barramento (saída do conversor Boost) e o indutor de saída é projetado para o dobro da freqüência de chaveamento de cada conversor Forward. O conversor Boost funciona numa freqüência de 100KHz, enquanto que cada conversor do lado primário funciona a 50KHz, porém defasados de 180 graus. Para ilustrar o funcionamento da comutação não dissipativa do conversor Forward a 2 transistores, será feita a análise da estrutura da figura 6. 75 tensão do capacitor atinge -Vdc, polarizando os diodos D1 e D2. A corrente magnetizante circula através dos diodos, devolvendo energia para a fonte de entrada, terminando este estágio quando a corrente magnetizante torna-se nula. Figura 6 - Circuito simplificado do conversor Forward a 2 Transistor com Snubber não Dissipativo. Os elementos do “snubber” não dissipativo da figura 6 são: Lr, D3, D4, Cr e L3. As vantagens desta topologia são: reduzido número de componentes e ausência de um transistor auxiliar para obter a ressonância. Para um projeto bem dimensionado, pode-se obter as mesmas características do conversor Forward a 2 transistores convencional do ponto de vista do controle [9]. A topologia da figura 6 foi analisada de acordo com as seguintes considerações: - Todos os semicondutores são ideais; - A tensão de entrada é constante; - A indutância magnetizante é muito grande; - Não existe indutância de dispersão; - A Corrente de saída é constante; - N1 = N2. Este conversor possui 6 etapas de funcionamento para um ciclo de chaveamento. SEXTA ETAPA, (t5, t6) - Nesta etapa ocorre o grampeamento da tensão do capacitor Cr em -Vdc. Inicia-se quando a corrente magnetizante torna-se nula, permanecendo neste estado até ocorrer os disparos dos transistores. Quando termina este estágio, fecha-se o ciclo de chaveamento. A figura 7 mostra os circuitos equivalentes para cada etapa de funcionamento. PRIMEIRA ETAPA, (t0, t1) - Etapa linear de corrente no indutor série L3. Inicia-se quando os transistores T1 e T2 entram em condução simultaneamente com correntes nulas (ZCS), devido a indutância L3. Neste estágio começa a ressonância entre Lr e Cr, com a tensão no capacitor Cr variando de -Vdc até um valor VCr1, enquanto a corrente no indutor Lr varia de zero a um valor iLr1, terminando esta etapa quando ocorre o bloqueio do diodo de roda livre D6. SEGUNDA ETAPA, (t1,t2) - Este estágio é a etapa PWM. Continua ocorrendo a ressonância entre Lr e Cr, com a tensão em Cr variando de VCr1 a +Vdc e a corrente iLr1 atinge um máximo e decresce até zero, terminando esta etapa quando os transistores T1 e T2 entram em corte. TERCEIRA ETAPA, (t2, t3) - Nesta etapa ocorre o descarregamento linear do capacitor de ressonância. Inicia-se com a abertura dos transistores T1 e T2 sob tensões nulas (ZVS) devido ao capacitor de ressonância estar carregado com a tensão de entrada Vdc. A corrente de saída constante impõe uma descarga linear do capacitor Cr, chegando a tensão nula quando termina esta etapa. QUARTA ETAPA, (t3, t4) - Nesta etapa ocorre a ressonância entre o capacitor Cr e a indutância magnetizante do transformador. Este estágio inicia-se quando a tensão no capacitor torna-se nula, polarizando diretamente o diodo de roda livre D6, devido a corrente de saída Io. A energia do transformador é transferida para o capacitor Cr, invertendo sua polaridade, terminando esta etapa quando a tensão em Cr atingir -Vdc. Figura 7 - Circuitos Equivalentes para Cada Etapa de Funcionamento Para Um Ciclo de Chaveamento. As etapas de funcionamento deram origem às formas de onda mostrada na figura 8. QUINTA ETAPA, (t4, t5) - Nesta etapa tem-se a desmagnetização do transformador. O início ocorre quando a 76 Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. V - A ESTRATÉGIA DE CONTROLE PARA A CONVERSÃO CC-CC. Para realizar do controle da conversão CC-CC de cada módulo, será utilizado o CI3525. O sincronismo da freqüência de chaveamento do conversor CC-CC com a freqüência do conversor Boost é realizado através do circuito elétrico mostrado na figura 10. Figura 8 - Principais Formas de Onda Para os Circuitos Equivalentes. A tensão de saída Vo, pode ser obtida através da análise dos estágios de funcionamento com as considerações expostas anteriormente para análise. Partindo das considerações acima, chega-se na equação 1: Vo Fs α = d − Fs ⋅ + ωo 2 ⋅ ωo ⋅ α Vdc 1 ωo = 2πFo = LRCR α = ( I 0 ) LR Vdc C R (1) (2) Figura 10 - Circuito Para Sincronizar Com Freqüência do Conversor Boost. O pino 3 do CI3525 é a entrada para se fazer o sincronismo. O sinal proveniente do conversor Boost (figura 4) possui isolação galvânica e entra no monoestável, produzindo pulsos de 2,8 V e largura de 0,5µs, realizando assim o casamento de freqüência. A figura 11 mostra o diagrama de blocos para a realização do controle do módulo mestre. (3) Onde: Fs = freqüência de chaveamento; Fo = freqüência de ressonância; d = razão cíclica. Io = Corrente de carga. A figura 9 mostra a faixa de conversão g para as equações acima. Figura 11 - O diagrama de blocos da estratégia de controle. Figura 9 - Faixa de conversão para o conversor. De acordo com a figura 9, este conversor apresenta uma diminuição do ganho estático em relação a razão cíclica para α’s maiores. Isto acontece porque para cargas maiores, os tempos de descargas do capacitor de ressonância tornam-se menores, resultando em uma tensão média positiva menor no primário do transformador. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A tensão de saída é mostrada e comparada com uma tensão referência produzindo um sinal Verro (bloco 1). O amplificador de corrente produz um sinal de tensão Vs proporcional à corrente de saída. O sinal VS é comparado com os sinais Verro (bloco 2) e Iref (bloco 3). O sinal Vc pode ser gerado a partir dos blocos 2 ou 3 dependendo do valor de Iref e comparado com uma dente de serra (bloco 4), produzindo os pulsos para as chaves. O bloco circuito de disparo dos transistores faz a isolação galvânica dos pulsos. A figura 12 mostra o diagrama de blocos para a fonte trifásica. 77 VI - EXEMPLO DE PROJETO O projeto deve ser feito com os valores adequados de α (maior que 0,3) para que o conversor funcione na região PWM como mostrado na figura 9. Uma outra condição a ser satisfeita é que a freqüência de ressonância seja pelo menos dez vezes maior que a freqüência de chaveamento. Desta forma pode-se calcular os valores dos elementos ressonantes que compõem a estrutura. As equações básicas para o cálculo do indutor e do capacitor de ressonância são aquelas dadas de (2) a (3). Os valores dos elementos ressonantes devem satisfazer os valores de α para que o conversor esteja na região de funcionamento PWM. Dados do projeto: Tensão de entrada (Vdc) = 300V; Corrente de entrada (Io) = 20A; Freqüência de Chaveamento = 100kHz; Vo = 60V; Iout = 100A; Po = 6000W e α = 1. fs = 0,1 ⇒ fo = 1MHz fo 1 1 ⇒ Cr = 1*106 = 4 *1012π 2 .Lr 2π Lr.Cr 20 400 Lr ⋅ ⇒ 12 = ⋅ Lr 2 ⋅ 39,5 * 10 12 300 Cr 90000 Lr = 2,39 µH ⇒ Cr ≅ 10,5ηF α= Pelo fato do valor de Cr não ser um valor comercial, adota-se um capacitor de 10nF. Com isto, tem-se α=1,03, e o valor de fo=1,03MHz. VII - TÉCNICAS DE SUPRESSÃO DE RFI. Figura 12 - Diagrama de Blocos Para o Controle da Fonte Trifásica. Os terminais positivo e negativo de cada módulo estão conectados em paralelo, consequentemente, ao mesmo potencial. Considerando que os valores dos sensores de corrente são iguais, e implementando a realimentação da tensão de saída no módulo mestre, tem-se a tensão Verro e esta irá para os módulos escravos. Em cada módulo, o circuito responsável para a obtenção do sinal de tensão Vs possui o mesmo ganho, e irá acompanhar o sinal de Verro. O mesmo princípio é válido para Iref, ou seja, Iref é comum a todos os módulos. 78 Os testes RFI possuem custos elevadíssimos, pois são realizados em laboratórios específicos. Sendo assim, antes de realizar aos testes, deve-se ter certeza de que o equipamento desenvolvido esteja com níveis aceitáveis, para não ocorrer um dispêndio financeiro desnecessário. Com isso, adota-se métodos práticos e eficientes para verificar se o equipamento sob teste tem baixo RFI. Para isto, basta ligar o equipamento próximo a equipamentos que funcionam com freqüências diversas, tais como televisores, rádios AM e FM. A verificação será visual e/ou auditiva. No caso da TV, aparecerão faixas, indicando que o equipamento precisa de filtros. Quanto ao Rádio, acorrerão “assovios” [5, 6 e 10]. Foram adotadas diversas técnicas para conseguir-se atenuações dos ruídos conduzidos e radiados, tais como: cuidado especial com o “lay-out”, separação entre primário e secundário, utilização dos capacitores tipo X e Y para supressão dos ruídos modo comum e diferencial, blindagens nos transformadores e indutores, desacoplamento dos transformadores e indutores, blindagem do módulo, filtro de entrada blindado e “snubber” dissipativo em todos os semicondutores de potência. A figura 13 mostra o circuito elétrico projetado para um módulo, adotando todos a técnicas para a reduções dos ruídos RFI. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Figura 13 - Esquema Elétrico da Potência de Cada Módulo. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. 79 Ao ligar a fonte trifásica próximo a TV, verificou-se faixas transversais praticamente imperceptíveis e quanto ao rádio, não observou-se qualquer alteração no som, indicando que a fonte possui baixo RFI. VIII - RESULTADOS EXPERIMENTAIS. Os resultados experimentais são obtidos do módulo mestre, pois a técnica de controle empregada, faz com que os demais módulos tenham o mesmo comportamento e a mesma resposta dinâmica da fonte trifásica. Além disso, o laboratório possui somente um Wattímetro “..TRUE RMS...”, o que reforçou a decisão de obter-se os resultados somente do módulo mestre (medidas mais confiáveis). Na figura 14 tem-se a forma de onda da tensão e corrente de entrada para a potência de 2000 Watts de saída. Figura 14 - Formas de Onda da Tensão e Corrente de Entrada Para Potência de 2000W de Saída. A figura 15 mostra a curva do fator de potência para potências variando de 300W a 2000W de saída. Figura 17 - Rendimento Global do Módulo Monofásico. A figura 18 expõe a resposta dinâmica para a fonte trifásica, com variação de carga de 50% a 100% e freqüência de 1KHz. Figura 18 - Resposta Dinâmica da Fonte Trifásica Com Carga Variando de 3000W a 6000W. Observa-se que o controle possui ótimo desempenho, pois não se verificou oscilações no momento da variação de carga. A figura 19 mostra a fotografia da fonte trifásica. Figura 15 - Curva do Fator de Potência. A figura 16 traz a forma de onda da tensão e corrente no mosfet que faz parte do circuito ressonante do conversor Forward a 2 transistores com “snubber” não dissipativo. Figura 19 - Fotografia da Fonte Trifásica. IX - CONCLUSÃO Figura 16 - Forma de Onda da Tensão e Corrente no Mosfet do Circuito Ressonante. A figura 17 traz o rendimento de cada módulo. 80 Este artigo teve como objetivo, apresentar um retificador trifásico com fator de potência unitário, baixa distorção harmônica de corrente, reduzidos níveis de ruídos radiado e conduzido, alto rendimento, tensão de saída com isolação galvânica e potência de 6KW de saída (60V, 100A). Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. Isto tornou-se possível com a utilização do conversor Boost PWM convencional como pré-regulador e para a conversão CC-CC, dois conversores Forward a 2 transistores com “snubber” não dissipativo acoplados, ou seja, multinível. O custo de material da fonte foi estimado em US$ 1.326,13 dólares, cotados em São Paulo. Levando em consideração o lucro da empresas que varia de 40 a 50%, o custo de material do equipamento ficaria bastante reduzido se for produzido em série e adquirindo-se os componentes diretamente dos fabricantes. Os resultados experimentais comprovam a eficiência da fonte retificadora trifásica, com rendimento global de 89% e fator de potência de 0,996 para a potência nominal. A estrutura da fonte colocados em módulos com divisões de potências, possibilita especificar uma fonte para qualquer faixa de potência, não ficando limitada somente na estrutura trifásica. Esta fonte pode ser utilizada em telecomunicações, laboratórios experimentais e até para soldagem de peças metálicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. [1] D. R. J WHITE; EMI Control Methodology And Procedures – EMC Design Syntesis, Don White Consultants Inc, First Edition 1981. [2] J. S HILL; D. R. J WHITE; EMC HandbookEletromagnetic Interference And Compatibility, Don White Consultants Inc, Second Edition, 1981,. [3] SPRAGUE, Electric Company Staff Interference Control Field Service Department; “Interference Control Techniques”, Sprague Technical Paper No. 62-1, Sprague Eletric Company. [4] COMITÊ BRASILEIRO DE ELETRICIDADE; “III Seminário Brasileiro de Radiointerferência e Compatibilidade Eletromagnética”, Anais 1988. [5] C. H. G TREVISO; Retificador de 6KW, Fator de Potência Unitário, trifásico, Comutação não Dissipativa na Conversão CC/CC e Controle Sincronizado em Freqüência, Tese de Doutorado, Uberlândia - MG, Março/99. [6] D. F da CRUZ; Contribuição ao Estudo dos Fenômenos de Radio-Interferência Provocados Por Fontes Chaveadas: Análise, Propostas de Solução e Resultados Experimentais, Dissertação de Mestrado, Uberlândia, 1996. [7] PROFESSIONAL EDUCATION SEMINARS WORKBOOK; Power factor Correction Circuits Topologies & Control - Section 4, APEC'93. [8] C. S. e SILVA; Power Factor Correction With The UC3854, UNITRODE, pp. 9/287-9/296. [9] C.H.G. TREVISO; A. A. PEREIRA; L. C. FREITAS; V. J. FARIAS; J. B. VIEIRA Jr; A 1,5 KW Two Transistors Forward Converter Using Non-Dissipative Snubber, IEEE PESC’98, pp. 696-700, Maio/98, Fukuoka, Japão. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. [10] ERICSSON STAFF; Pratical Methods For Electromagnetic Interference Control, Ericsson. [11] L.C. de FREITAS; P.R.C. GOMES; A High-Power High-Frequency ZVS-ZCS-PWM Buck Converter Using a Feedback Resonant Circuit, IEEE PESC'93 Record, pp. 330-336. [12] L.F.P. de MELLO; Projetos de Fontes Chaveadas, Érica, 3a Edição. [13] C.H.G. TREVISO; A.V. da COSTA; L.C. de FREITAS; A New ZVS-ZCS-PWM Boost Converter With Unit Power Factor Operation, IEEE APEC'94, pp. 404-410. DADOS BIOGRÁFICOS Carlos Henrique Gonçalves Treviso, nascido em 05/05/1968 em Pontal-SP, é engenheiro eletricista (1992), mestre (1994) e doutor em Engenharia Elétrica (1999) pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina. Suas áreas de interesse são: eletrônica de potência, sistemas de controle eletrônicos e circuitos para correção do fator de potência. Lúcio dos Reis Barbosa, nascido em 19/01/1969 em Patos de Minas-MG, é engenheiro eletricista (1993), mestre (1996) e doutor em Engenharia Elétrica (2000) pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina. Suas áreas de interesse são: eletrônica de potência, conversão de potência em alta freqüência, correção do fator de potência e novas topologias de conversores. Adriano Alves Pereira, nascido em 06/06/1964 em Pratápolis-MG, é engenheiro eletricista (1987), mestre (1995) e doutor em Engenharia Elétrica (1998) pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Uberlândia. Suas áreas de interesse são: eletrônica de potência, qualidade da energia elétrica, sistemas de controle eletrônicos e microeletrônica. João Batista Vieira Júnior, nascido em 23/04/1955 em Panamá-GO, é engenheiro eletricista (1980) pela Universidade Federal de Uberlândia, mestre (1984) e doutor em Engenharia Elétrica (1991) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Uberlândia. Suas áreas de interesse são: conversão de potência em alta freqüência, modelamento e controle de conversores, circuitos para correção de fator de potência e novas topologias de conversores. Luiz Carlos de Freitas, nascido em 01/04/1952 em Monte Alegre-MG, é engenheiro eletricista (1975) pela Universidade Federal de Uberlândia, mestre (1985) e doutor em Engenharia Elétrica (1992) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Uberlândia. Suas áreas de interesse são: conversão de potência em alta freqüência, modelamento e controle de conversores, circuitos para correção de fator de potência e novas topologias de conversores. 81 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO EM PORTUGUÊS – INSERIR AQUI O TÍTULO (TAMANHO LETRA 14 PT, LETRAS MAIÚSCULAS, NEGRITO E CENTRADO) Nomes dos Autores (12 Pt, Maiúsculas e Minúsculas, centrado abaixo do título) Informações dos autores (10 Pt, Maiúsculas e minúsculas, centrado abaixo do título): Universidade de Tal CEP 00000-000, C.P. 000, Cidade de Tal - XX Brasil e-mail: [email protected] Resumo - O objetivo deste documento é instruir os autores sobre a preparação dos trabalhos para publicação na revista Eletrônica de Potência. Solicita-se aos autores que utilizem estas normas desde a elaboração da versão inicial até a versão final de seus trabalhos. Somente serão aceitos para publicação trabalhos que estejam integralmente de acordo com estas normas. Informações adicionais sobre procedimentos e normas podem ser obtidas também diretamente com o editor, ou, através do site iSOBRAEP cuja url é: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista. Observa-se que são aceitas submissões em inglês, ou, espanhol, sendo que as normas para estes idiomas são apresentadas nos sites iSOBRAEP e SOBRAEP (http://www.sobraep.org.br). Este texto foi redigido segundo as normas aqui apresentadas para artigos submetidos em português. Palavras-Chave – Os autores devem apresentar um conjunto de no máximo 6 palavras-chave (em ordem alfabética) que possam identificar os principais tópicos abordados no trabalho. TITLE HERE IN ENGLISH IS MANDATORY (12 PT, UPPERCASE, BOLD, CENTERED) Abstract – The objective of this document is to instruct the authors about the preparation of the manuscript for its submission to the Revista Eletrônica de Potência (Power Electronics Review). The authors should use these guidelines for preparing both the initial and final versions of their paper. Additional information about procedures and guidelines for publication can be obtained directly with the editor, or, through the web site iSOBRAEP: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista. It is informed that the english, or, spanish languages can be used for editing the papers, and the guidelines for these languages are provided in the web sites iSOBRAEP and SOBRAEP (http://www.sobraep.org.br). This text was written according to guidelines for submission in portuguese language. 1 Keywords - The author shall provide a maximum of 6 keywords (in alphabetical order) to help identify the major topics of the paper. Nota de rodapé na página inicial será utilizada apenas pelo editor para indicar o andamento do processo de revisão. Não suprima esta nota de rodapé quando editar seu artigo. 82 NOMENCLATURA P Vqd Iqd Número de par de pólos. Componentes da tensão de estator. Componentes da corrente de estator. I. INTRODUÇÃO Serão aceitos trabalhos em português, espanhol e inglês. Os textos submetidos em português e espanhol devem conter também o título (title), resumo (abstract) e palavras-chave (keywords) em inglês, obrigatoriamente. Caso seja pertinente, pode ser incluída imediatamente antes da introdução uma nomenclatura das variáveis utilizadas no texto. Este item não deve levar numeração de referência, assim como os itens agradecimentos, referências bibliográficas e dados biográficos. A introdução tem o objetivo geral de apresentar a natureza do problema enfocado no trabalho, através de adequada revisão bibliográfica, o propósito e a contribuição do artigo submetido. A Revista Eletrônica de Potência é um meio apropriado no qual os membros da SOBRAEP (Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência) e demais pesquisadores atuantes na grande área da Eletrônica de Potência podem apresentar e discutir suas atividades e contribuições científicas. Neste contexto, o Conselho Editorial convida os interessados a apresentarem artigos completos que envolvam o “estado da arte”, através de resultados teóricos e experimentais, além de informações tutorais, nos tópicos de interesse da Sociedade. Neste contexto, caso o trabalho, ou parte dele, já tenha sido apresentado e publicado em alguma revista ou conferência, nacional ou internacional, deve ser anexada no corpo do trabalho declaração dos autores com estas informações (quando e onde). Caso o trabalho nunca tenha sido publicado na sua totalidade, não há necessidade desta declaração. Os trabalhos somente serão aceitos através de submissão eletrônica. Os autores deverão submeter e acompanhar todo o processo de suas contribuições através da página da iSOBRAEP, cujo endereço na www é: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista. Informa-se que somente serão aceitos trabalhos submetidos como documento em PDF editável (aberto). Portanto, após a edição de seu trabalho, em conformidade com estas normas, deverá ser gerado um documento em PDF com qualidade de artigo, para que possa ser submetido através do site iSOBRAEP. Observa-se ainda que para a publicação da versão final, somente serão aceitos artigos que estejam em conformidade com estas normas de edição. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. A. Apresentação do Texto O limite é de 8 (oito) páginas. Apenas excepcionalmente serão aceitos trabalhos ultrapassando este limite. Isto poderá ocorrer, a critério do editor, caso o trabalho tenha um caráter tutorial. Deve-se usar, obrigatoriamente, as unidades do Sistema Internacional (SI ou MKS). Cabe ao(s) autor(es) do trabalho a preparação dos originais e, posteriormente, seu envio de forma eletrônica, em PDF, através do site iSOBRAEP, de acordo com estas normas. Os trabalhos que estiverem fora dos padrões estabelecidos serão recusados, com a devida informação ao autor correspondente. A Comissão Editorial não assumirá qualquer responsabilidade quanto a correções, e possíveis erros da reprodução dos originais para publicação. B. Edição do Texto A editoração do trabalho deve ser feita selecionando o formato A4 (297 mm x 210 mm), de acordo com este exemplo. O espaçamento entre linhas deve ser simples, e a cada título ou subtítulo, deve-se deixar uma linha em branco. Como processador de texto, estimula-se o uso do processador Word for Windows. 1) Tamanho das letras utilizadas no trabalho: Os tamanhos das letras especificadas nesta norma, seguem o padrão do processador Word for Windows e o tipo de letra utilizado é Times New Roman. A Tabela I mostra os tamanhos padrões de letras utilizadas nas diversas seções do trabalho. TABELA I Tamanhos e Tipos de Letras Utilizadas no Texto Estilo Tamanho (pontos) 8 9 10 12 14 Normal texto de tabelas legendas de figuras instituição dos autores, texto em geral. nomes dos autores Cheia Itálica textos do resumo e palavras-chave; títulos de tabelas título em inglês título do trabalho títulos do resumo e palavras-chave; subtítulos 2) Formatação das páginas: Na formatação das páginas, as margens superior e inferior deverão ser fixadas em 25 mm, a margem esquerda em 18 mm e a margem direita em 12 mm. As colunas de textos deverão apresentar uma largura igual a 87 mm e um espaçamento entre si de 6 mm. A tabulação a ser utilizada na primeira linha dos parágrafos deverá ser fixada em 4 mm. II. ESTILO DO TRABALHO Neste item são apresentados os principais estilos utilizados para edição do trabalho. A. Organização Geral Os trabalhos a serem publicados na revista devem conter 9 partes principais, a saber: 1) Título; 2) Autores e Instituições de origem; 3) Resumo e Palavras-Chave; 4) Título em inglês Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. (Title), Abstract e Keywords; 5) Introdução; 6) Corpo do trabalho; 7) Conclusões; 8) Referências Bibliográficas; 9) Dados Biográficos. Esta ordem deve ser respeitada, a menos que os autores usem alguns itens adicionais, a saber: Nomenclatura; Apêndices e Agradecimentos. Como regra geral, as conclusões devem vir logo após o corpo do trabalho e imediatamente antes das referências bibliográficas. A seguir serão feitos alguns comentários sobre os principais itens acima mencionados. 1) Título - O título, em português, do trabalho deve ser o mais sucinto possível, indicando claramente o assunto de que se trata. Deve estar centrado no topo da primeira página, sendo impresso em negrito, tamanho 14 pontos, com todas as letras em maiúsculo. 2) Autores e instituições de origem - Abaixo do título do trabalho, também centrados na página, devem ser informados os nomes dos autores e da(s) instituição(ões) a que pertencem. Poderão ser abreviados os nomes e sobrenomes intermediários e escritos na sua forma completa o primeiro nome e o último sobrenome (letras do tipo 12 pontos). Imediatamente abaixo do nome dos autores, informar as instituições a que pertencem e os endereços completos (letras do tipo 10 pontos). 3) Resumo - Esta parte é considerada como uma das mais importantes do trabalho. É baseado nas informações contidas neste resumo que os trabalhos técnicos são indexados e armazenados em bancos de dados. Este resumo deve conter no máximo 200 palavras de forma a indicar as idéias principais apresentadas no texto, procedimentos e resultados obtidos. O resumo não deve ser confundido com uma introdução do trabalho e muito menos conter abreviações, referências bibliográficas, figuras, etc. Na elaboração deste resumo, como também em todo o trabalho, deve ser utilizada a forma impessoal como, por exemplo, “... Os resultados experimentais mostraram que ...” ao invés de “...os resultados que nós obtivemos mostraram que...”. A palavra Resumo deve ser grafada em estilo itálico e em negrito. Já o texto deste Resumo será em estilo normal e em negrito. Palavras-Chave são termos para indexação que possam identificar os principais tópicos abordados no trabalho. O termo Palavras-Chave deve ser grafado em estilo itálico e em negrito. Já o texto deste item será em estilo normal e em negrito. 4) Título em inglês - O título deverá ser reproduzido em inglês, conforme normas apresentadas, destacando-se o estilo em letras todas maiúsculas, negrito e tamanho 12. O Abstract deve ser grafado em estilo itálico e em negrito. Já o texto deste Abstract (em inglês) será em estilo normal e em negrito. Keywords são termos para indexação, em inglês, que possam identificar os principais tópicos abordados no trabalho. O termo Keywords deve ser grafado em estilo 83 itálico e em negrito. Já o texto deste item será em estilo normal e em negrito. 5) Introdução - A introdução deve preparar o leitor para o trabalho propriamente dito, dando uma visão histórica do assunto, e servir como um guia a respeito de como o trabalho está organizado, enfatizando quais são as reais contribuições do mesmo em relação aos já apresentados na literatura. A introdução não deve ser uma repetição do Resumo, e deve ser a primeira seção do trabalho a ser numerada como subtítulo. 6) Corpo do trabalho - Os autores devem organizar o corpo do trabalho em diversas seções, as quais devem conter de forma clara, as informações a respeito do trabalho desenvolvido, facilitando a compreensão do mesmo por parte dos leitores. 7) Conclusões - As conclusões devem ser as mais claras possíveis, informando aos leitores sobre a importância do trabalho dentro do contexto em que se situa. As vantagens e desvantagens deste trabalho em relação aos já existentes na literatura devem ser comentadas, assim como os resultados obtidos, as possíveis aplicações práticas e recomendações de trabalhos futuros. 8) Referências bibliográficas - As citações das referências bibliográficas ao longo do texto, devem aparecer entre colchetes, antes da pontuação das sentenças nas quais estiverem inseridas. Devem ser utilizados somente os números das referências bibliográficas, evitando-se uso de citações do tipo “...conforme referência [2]...”. Os trabalhos que foram aceitos para publicação, porém ainda não foram publicados, devem ser colocados nas referências bibliográficas, com a citação “no Prelo”. Os artigos de periódicos e anais devem ser incluídos iniciando-se pelos nomes dos autores (iniciais seguidas do último sobrenome), seguido do título do trabalho, onde foi publicado (em itálico), número do volume, páginas, mês e ano da publicação. No caso de livros, após os autores (iniciais seguidas do último sobrenome), o título deve ser em itálico, seguido da editora, da edição e do local e ano de publicação. No final destas normas, é mostrado um exemplo de como devem ser as referências bibliográficas. 9) Dados biográficos - Os dados biográficos dos autores, deverão estar na mesma ordem de autores colocados no início do trabalho, e deverão conter basicamente os seguintes dados: • Nome Completo (em negrito e sublinhado); • Local e ano de nascimento; • Local e ano de Graduação e Pós-Graduação; • Experiência Profissional (Instituições e empresas em que já trabalhou, número de patentes obtidas, áreas de atuação, atividades científicas relevantes, sociedades científicas a que pertencem, etc.). Caso sejam utilizados os itens adicionais: Nomenclatura; Apêndices e Agradecimentos, devem ser observadas as seguintes instruções: 84 10) Nomenclatura - A nomenclatura consiste na definição das grandezas e símbolos utilizados ao longo do trabalho. Não é obrigatória a sua inclusão e este item não é numerado como subtítulo. Se este item for incluído, deve preceder o item Introdução. Caso os autores optem por não incluir este item, as definições das grandezas e símbolos utilizados devem ser incluídas ao longo do texto, logo após o seu aparecimento. No início destas normas é apresentado um exemplo para este item opcional. 11) Agradecimentos - Os agradecimentos a eventuais colaboradores não recebem numeração e devem ser colocadas no texto, antes das referências bibliográficas. No final deste trabalho é mostrado um exemplo de como podem ser feitos estes agradecimentos. OBSERVAÇÃO: Na última página do artigo os autores devem distribuir o conteúdo uniformemente, utilizando-se ambas as colunas, de tal forma que estejam paralelas quanto ao fechamento das mesmas. B. Organização das Seções do Trabalho A organização do trabalho em títulos e subtítulos, serve para dividi-lo em seções, que ajudam o leitor a encontrar determinados assuntos de interesse dentro do trabalho. Também auxiliam os autores a desenvolverem de forma ordenada seu trabalho. Os títulos devem ser organizados em seções primárias, secundárias e terciárias. As seções primárias são os títulos de seções propriamente ditos. São grafados em letras maiúsculas no centro da coluna, separadas por uma linha em branco anterior e uma posterior, e utilizam numeração romana e seqüencial. As seções secundárias são os subtítulos das seções. Apenas a primeira letra das palavras que a compõe, são grafadas em letra maiúscula, na margem esquerda da coluna sendo separada do resto texto por uma linha em branco anterior. A designação das seções secundárias é feita com letras maiúsculas, seguidas de um ponto. Utilizam grafia em itálico. As seções terciárias são subdivisões das seções secundárias. Apenas a primeira letra da primeira palavra que a compõe é grafada em letra maiúscula, seguindo o espaçamento dos parágrafos. A designação das seções terciárias é feita com algarismos arábicos, seguidos de um parêntese. Utilizam grafia em itálico. III. OUTRAS NORMAS Figuras, tabelas e equações devem obedecer as normas apresentadas a seguir. A. Figuras e Tabelas As tabelas e figuras (desenhos ou reproduções fotográficas) devem ser intercaladas no texto logo após serem citadas pela primeira vez, desde que caibam dentro dos limites da coluna; caso necessário, utilizar toda a área útil da página. A legenda deve ser situada acima da tabela, enquanto que na figura deve ser colocado abaixo da mesma. As tabelas devem possuir títulos e são designadas pela palavra Tabela, sendo numeradas em algarismos romanos, seqüencialmente. Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. equações devem ser editadas de forma compacta, estar centralizadas na coluna e devem utilizar o estilo itálico. Caso não seja usada no início do texto uma nomenclatura, as grandezas devem ser definidas logo após as equações em que são indicadas. 3 Vi (1) ∆I L = I o + . 2 Z Onde: ∆IL Io Vi Z - Corrente de pico no indutor ressonante. - Corrente de carga. - Tensão de alimentação. - Impedância característica do circuito ressonante. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fulano de Tal, pela colaboração neste trabalho. Este projeto foi financiado pelo CNPq (processo xxyyzz). Fig. 1. Curva de magnetização em função do campo aplicado. (Observe que o termo “Fig.” é abreviado. Existe um ponto após o número da figura, seguido de dois espaços antes da legenda). As figuras necessitam de título, legenda, e são designadas pela palavra Figura no texto, numeradas em algarismos arábicos, seqüencialmente, conforme exemplo. A designação das partes de uma figura, é feita pelo acréscimo de letras minúsculas ao número da figura, separadas por ponto, começando pela letra a, como por exemplo, Figura 1.a. Com o intuito de facilitar a compreensão das figuras, a definição dos eixos das mesmas deve ser feita utilizando-se palavras e não letras, exceto no caso de formas de onda e planos de fase. As unidades devem ser expressas entre parênteses. Por exemplo, utilize a denominação “Magnetização (A/m)”, ao invés de “M (A/m)”. As figuras e tabelas devem ser posicionadas no início ou no final das colunas, evitando-as no meio das colunas. Devem ser evitadas tabelas e figuras, cujas dimensões ultrapassem as dimensões das colunas. B. Abreviações e Siglas As abreviações a serem utilizadas no texto, devem ser definidas na primeira vez em que aparecerem, como por exemplo, “... Modulação por Largura de Pulso (PWM)...”. C. Equações A numeração das equações deve ser colocada entre parênteses, na margem direita, como no exemplo abaixo. As Eletrônica de Potência - Vol. 8, n° 1, Junho de 2003. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] C.T. Rim, D.Y. Hu, G.H. Cho, “Transformers as Equivalent Circuits for Switches: General Proof and D-Q Transformation-Based Analysis”, IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 26, no. 4, pp. 832-840, July/August 1990. [2] N. Mohan, T. M. Undeland, W. P. Robbins, Power Electronics: converters, applications, and design, John Wiley & Sons, 2a Edição, Nova Iorque, 1995. [3] S. A. González, M. I. Valla, and C. H. Muravchik, “A Phase Modulated DGPS Transmitter Implemented with a CMRC”, in Proc. of COBEP, vol. 02, pp. 553-558, 2001. DADOS BIOGRÁFICOS Fulano de Tal, nascido em 30/02/1960 em Talópoli é engenheiro eletricista (1983), mestre (1985) e doutor em Engenharia Elétrica (1990) pela Universidade de Tallin. Ele foi, de 1990 a 1995, coordenador do Laboratório de Tal. Atualmente é professor titular da Universidade de Tal. Suas áreas de interesse são: eletrônica de potência, qualidade do processamento da energia elétrica, sistemas de controle eletrônicos e acionamentos de máquinas elétricas. Dr. Tal é membro fundador da SOBRAEP e membro da SBA e IEEE. Durante o período de 1998 até 2000 foi editor da Revista Eletrônica de Potência da SOBRAEP. 85