«O sexo selvagem e o género querem destruir a família e criar uma

Transcrição

«O sexo selvagem e o género querem destruir a família e criar uma
Entrevista a Gabriele
«Gender Revolution»
Kuby,
autora
de
«O sexo selvagem e o género
querem destruir a família e
criar uma nova ordem mundial»
Gabriele Kuby, antiga militante da ideologia do 68, hoje denuncia as estratégias anti família do poder político e económico
Actualizado 2 de Fevereiro de 2014
Vito Punzi / Tempi.it
A alemã Gabriele Kuby, nascida em Constanza em 1944, é por formação socióloga e autora de ensaios dedicados à educação e à sexualidade.
Mãe de três rapazes, dedicou-se durante mais de 20 anos a traduzir desde o inglês no âmbito do esoterismo e da psicologia.
Comprometida durante muito tempo com os movimentos estudantis alemães que
surgiram no 68, Gabriele Kuby converteu-se à fé católica e entrou na Igreja
recebendo o sacramento do baptismo em 12 de Janeiro de 1997, festa do Baptismo de Jesus [tinha 53 anos].
O seu primeiro livro (Mein Weg zu Maria – Von der Kraft lebendigen Glaubens, O
meu caminho até Maria – Sobre a força da fé viva) foi um êxito de vendas.
Como publicista concentra o seu interesse nos becos sem saída que empreendeu
a sociedade moderna, indicando que a via de saída se acha numa nova consciência da experiência cristã.
O seu único livro publicado em Itália é “Gender Revolution. Relativismo em
acção” (Cantagalli 2008) e representa um grito de alarme dirigido a todos os Es-
tados membros da União Europeia: em cada âmbito do viver público há que reconhecer como fundamento da família a diferença sexual entre homem e mulher.
O seu último livro publicado na Alemanha é de há um ano: “A revolução sexual
global. Destruição da liberdade em nome da liberdade”.
«Era 30 de Setembro de 2012 (recorda Gabriele Kuby) quando tive o privilégio
de entregar pessoalmente uma cópia do livro a Bento XVI, e para mim foi um
grande estímulo ouvi-lo dizer “Damos graças a Deus pelo que disse e escreve”».
- Senhora Kuby, partamos do seu último livro denúncia: qual é o motivo que a impulsionou a escrevê-lo?
- A constatação de que a liberalização das normas sexuais representa a linha da frente da hodierna batalha cultural.
Eu pertenço à geração do 68 e participei activamente nesse movimento. Depois da minha
conversão se me caíram as vendas dos olhos.
E depois do livro de 2006, dedicado à revolução do “género”, continuei recolhendo material; seguidamente senti a necessidade de apresentar a evolução
desta ideologia, porque todos percebem os efeitos da reviravolta dos valores,
como a destruição da família, mas são poucos os que são conscientes que detrás
desta reviravolta se encerra uma estratégia das elites de poder, desde a
ONU à União Europeia, passando pela alta finança.
- Portanto, qual é a mensagem que quer transmitir?
- A desregulação das normas sexuais conduz à destruição da cultura. A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 estabelece que a família é
o núcleo da sociedade e que necessita uma regulamentação moral para existir.
Com tudo o que agride as crianças mediante os meios de comunicação social,
internet e a educação sexual obrigatória que é partilhada nos colégios, é difícil
para as crianças converter-se em adultos maduros, quer dizer, em grau de
assumir a responsabilidade de ser mães e pais.
- Porquê no subtítulo do livro escolheu por o acento sobre a liberdade,
ou melhor, sobre a obra destrutiva que se está realizando em seu nome?
- A exaltação filosófica do individualismo que teve lugar no tempo da Ilustração e
as ditaduras que se impuseram no século XX levaram a considerar como valor mais importante a liberdade ou, melhor, a liberdade absoluta, que sem
dúvida no nosso mundo, tão condicionado como está pelos limites, não existe. A
desregulação das normas sexuais transmite-se hoje ao ser humano como parte
dessa liberdade.
Mas, o que sucede na realidade quando o impulso sexual já não se controla? Que
o outro é considerado simplesmente como objecto da própria satisfação
sexual. O dado segundo o qual na nossa sociedade uma rapariga sobre quatro e
um rapaz sobre dez sofre de abusos sexuais mostra o que ocorre como consequência do facto de que já não se ensina o autocontrolo.
O caos social que deriva disso precisa um sempre maior controlo por parte do
Estado; e uma situação deste tipo leva à tirania, algo que já tinha indicado Platão na sua República há 2.400 anos.
- Porque no seu livro cita com frequência a novela de Aldous Huxley, “Um mundo feliz”, publicado em 1930?
- É fascinante ler hoje essa obra profética, na qual
os homens são produzidos em laboratório e formados mediante os meios de comunicação e os psicofármacos para ser felizes, as crianças divertem-se
com o sexo como os adultos e tudo é controlado por
“Ford”, “nosso Senhor”.
Originariamente Huxley tinha pensado que a sua “fantasia” se realizaria em uns
600 anos, mas já em 1949 esse futuro se tinha reduzido em uma centena de
anos. Então não era possível tudo o que está permitido hoje (selecção prénatal, úteros de aluguer, manipulação genética, progenitor 1 e progenitor 2), mas Huxley era muito consciente de que a verdadeira revolução sucede
no coração e na mente da pessoa.
- Quais são, na sua opinião, os motivos da crise da nossa civilização?
- O salto definitivo foi a revolução cultural de 68. Promovida por estudantes aborrecidos e filhos da burguesia, essa revolução fundava-se em três
impulsos: esses jovens fizeram-se seduzir pelas teorias marxistas (apesar
do Muro de Berlim e dos tanques soviéticos em Praga contra a democracia); em
segundo lugar, o feminismo radical, que tinha que libertar a mulher da
«escravidão da maternidade» (são palavras usadas por Simone de Beauvoir);
o terceiro impulso era o da “libertação sexual”.
As palavras de ordem a este propósito eram: quando a tua sexualidade seja “libertada”, é dizer, quando tenhas abatido qualquer tipo de condicionamento moral, então poderás construir uma sociedade livre da opressão.
Essa geração, a minha, ao ver fracassado o intento de implicar ao “proletariado”,
levou a cabo uma verdadeira e própria “marcha dentro das instituições”, tanto
que, o que ontem era um movimento de oposição, hoje representa a política oficial das grandes organizações internacionais, de muitos governos
nacionais, não só de esquerdas. E os meios de comunicação que determinam a
cultura dominante seguem esta “agenda”.
- Outra referência interessante para as suas valorizações foi o livro da
estudiosa belga Marguerite A. Peeters, A globalização da revolução cultural ocidental…
- Não só interessante, mas sim fundamental, porque me abriu os olhos. Pela minha parte concentrei-me no nó da questão: a desregulação das normas morais
que regulam a sexualidade. A revolução sexual global é promovida pelas
elites no poder. Já nomeei a ONU e a União Europeia, mas com elas se deve
entender toda a rede de impenetráveis sub-organizações: destas formam
parte grupos industriais globalizados, grandes fundações como Rockefeller e
Guggenheim, pessoas muito ricas como Bill e Melinda Gates, Ted Turner e Warren Buffett, ou grandes ONG como a International Planned Parenthood Federation e a União Internacional de Lésbicas e Homossexuais (ILGA). Todos estes sujeitos trabalham nos níveis superiores da sociedade e tem à sua disposição enormes recursos económicos.
E todos têm um interesse comum: reduzir o crescimento da população neste planeta. O aborto, o controlo da natalidade mediante os anticonceptivos, a destruição da família: tudo isto serve o seu objectivo, que é a criação de uma nova ordem mundial.
- Qual é, portanto, o papel do “Gender Mainstreaming” neste contexto “revolucionário” globalizado?
- O conceito de “Género” pressupõe que qualquer orientação sexual – heterossexual, homossexual, bissexual e
transsexual – é equivalente e deve ser aceite pela sociedade. O objectivo é a superação da “heterossexualidade
forçada” e a criação de um homem novo, ao qual deixar a liberdade de escolha e gozar da própria identidade
sexual independentemente do seu sexo biológico.
Quem se contraponha a isto, já sejam pessoas individualmente ou estados, é discriminado como “homófobo”. Trata-se de um ataque mundial á ordem da criação e, por fim,
a toda a humanidade. Isto destrói o fundamento da família
e, deste modo, entrega aos déspotas de turno a pessoa, que já não consegue reconhecer-se homem ou mulher.
- No seu último livro ataca duramente a pornografia e a quem a tolera.
- Sim, porque a pornografia é uma droga e como tal cria dependência.
Uma droga que destrói a capacidade de amar e de assumir a responsabilidade
de ser pai e mãe.
Além disso, constitui um plano inclinado no qual é fácil resvalar até esse
abismo da criminalidade sexual que acaba implicando também as crianças e
os muito jovens. No caso da Alemanha, existem dados alarmantes: 20 por cento
dos jovens entre os 12 e os 17 anos “consomem” diariamente pornografia, 42
por cento ao menos uma vez por semana. Que pessoas poderão formar-se nestas
condições? E é difícil entender o motivo pelo qual a União Europeia se demonstra
tão agressiva contra o tabaco e não faz nada para impedir o embrutecimento
provocado pela pornografia.
- Nesta situação de “revolução sexual global”, qual é a tarefa dos cristãos?
- Trata-se, obviamente, de um tema que concerne a cada um de nós. Gostemos
ou não, devemos ante tudo por ordem na nossa vida sexual, para que assim a vocação humana esteja à altura do verdadeiro amor, o amor que dá a feli-
cidade. Se não é assim, não será possível nem tampouco sequer encontrar as
motivações para enfrentar-se uma batalha deste tipo, que é pela dignidade do homem, pela família, por nossos filhos, pelo futuro.
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