Introdução ao Ensino a Distância
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Introdução ao Ensino a Distância
COVER (CMYK) INICIAÇÃO AO ENSINO A DISTÂNCIA Koen DePryck, Rosa Miranda, Alda Pereira, António Teixeira, Rikke Schultz, Pia Melchior Petersen, Lone Guldbrandt, Pam Roccio, Rachel Savage, Hana Danihelková, Kerttu Lõhmus, Sven Van Elst, authors Jens Vermeersch, coordenador Iniciação ao Ensino a Distância • 3 TABELA DE CONTEÚDOS Prefácio ........................................................................................................7 Capítulo 1 • ensino a distância: o quê, porquê e para quem? ..............................9 1. Ensino aberto e a distância ..................................................................................9 2. Para além da introdução ....................................................................................16 3. Bibliografia ........................................................................................................16 Iniciação ao Ensino a Distância Desenho da capa e arranjo gráfico: Watch It Productions© Com o apoio financeiro da Comunidade Europeia, no quadro do programa Socrates - Grundtvig Número do projecto: 100258-CP-1-2002-BE-GRUNDTVIG-G1 O conteúdo desta publicação não reflecte necessariamente a posição da Comunidade Europeia, nem envolve qualquer responsabilidade da sua parte. Qualquer uso para além das condições restritas da lei dos direitos de autor é interdita sem autorização prévia dos detentores desses direitos. Isto aplica-se também a fotocópias, traduções e microfilmagens, bem como ao armazenamento e utilização em sistemas electrónicos. Capítulo 2 • Como começar no ensino a distância ............................................17 1. A plataforma pedagógica ....................................................................................17 2. Diferenças entre o ensino tradicional e o ensino a distância ..................................18 3. Objectos de informação e objectos de aprendizagem - modularidade a um outro nível ....19 4. SCORM ..............................................................................................................20 5. Módulos..............................................................................................................21 6. Como começar ....................................................................................................22 7. Ensino a distância - para quem?..........................................................................24 8. Definição de objectivos ........................................................................................24 9. Concepção de pacotes de trabalho ......................................................................25 10. A tradição dos pacotes de trabalho ..................................................................25 11. Criação de pacotes de trabalho..........................................................................26 12. Apresentação dos conteúdos ..............................................................................26 13. Apresentação textual ........................................................................................27 14. Suportes visuais ................................................................................................27 15. Abordagens práticas..........................................................................................28 16. Feedback ..........................................................................................................28 17. Conteúdos adequados para ensino a distância ....................................................29 18. Escolha de uma abordagem: ensino a distância tradicional ou ensino misto? ......30 19. Resumo ............................................................................................................31 20. Bibliografia ......................................................................................................31 Capítulo 3 • A cozinha do ensino a distância ..................................................33 1. Introdução ..........................................................................................................33 2. A forma segue a experiência ..............................................................................33 3. A experiência do ensino a distância ....................................................................34 4. O que procurar numa boa experiência de aprendizagem ......................................35 5. A perspectiva da gestão: 5+1 C’s........................................................................37 6. A cozinha do ensino a distância ..........................................................................30 7. A escolha final ....................................................................................................40 Capítulo 4 • Aspectos pedagógicos no ensino a distância ..................................41 1. Introdução ..........................................................................................................41 2. Aprendentes a distância - o contexto ..................................................................41 3. Abordagens instrucionais ....................................................................................46 4. Ambientes pedagógicos ......................................................................................47 5. Modelos pedagógicos ..........................................................................................48 6. O papel do professor............................................................................................50 7. Dicas pedagógicas para o sucesso de programas de ensino a distância ..................53 8. Bibliografia ........................................................................................................53 4 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 5 Capítulo 5 • Ensino: aspectos didácticos no ensino a distância ..........................55 1. Introdução ..........................................................................................................55 2. Competências didácticas......................................................................................55 3. Teoria didáctica ..................................................................................................57 3.1 Situação inicial do aprendente ....................................................................57 3.2 Quadros de referência ................................................................................58 3.3 Objectivos ..................................................................................................59 3.4 Conteúdos/Materiais ..................................................................................60 3.5 Processos e métodos de trabalho ................................................................61 3.6 Avaliação ..................................................................................................62 4. Conclusão - Como ajudar os estudantes a ter sucesso ..........................................63 5. Bibliografia ........................................................................................................65 Capítulo 6 • Aprendizagem no ensino a distância ............................................67 1. Introdução ..........................................................................................................67 2. Quais as competências de que o aprendente precisa para se tornar um aprendente online?..............................................................................................68 3. Aprendizagem ....................................................................................................70 4. Processos de aprendizagem ................................................................................72 5. Estilos de aprendizagem ....................................................................................73 6. Bibliografia ........................................................................................................80 Capítulo 7 • O marketing no ensino a distância ..............................................81 1. Introdução ..........................................................................................................81 2. Fase preparatória................................................................................................83 2.1 Grupos-alvo ................................................................................................85 2.2 Recursos para cursos a distância ................................................................86 2.3 Benchmarking ............................................................................................88 3. Fase de implementação ......................................................................................89 3.1 A defesa do ensino a distância ....................................................................89 3.2 O marketing durante a formação ................................................................90 4. Fase de avaliação................................................................................................91 5. Conclusão ..........................................................................................................92 Capítulo 8 • Qualidade em ensino a distância ..................................................93 1. Introdução ..........................................................................................................93 2. Definições e terminologia da qualidade ................................................................93 3. Normas e regulamentos - ISO 9000:2000 ..........................................................94 4. Âmbito da introdução de um sistema da qualidade ..............................................95 5. Critérios da qualidade ........................................................................................95 6. Panorâmica dos sistemas da qualidade dedicados ao ensino a distância ................96 7. Benefícios decorrentes da implementação de um sistema da qualidade..................97 8. Acreditação ........................................................................................................97 9. Estudos de caso ..................................................................................................99 10. Conclusão ........................................................................................................99 11. Bibliografia ......................................................................................................99 Capítulo 9 • Conclusão ..............................................................................101 PREFÁCIO Um dos desafios da educação no início do século 21 é a integração das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) de uma forma que resulte num valor acrescentado para o processo de aprendizagem. A educação de adultos pode ser pioneira neste campo, porque o seu grupo-alvo é perfeito para a utilização das TIC nas várias formas de ensino aberto e a distância (ensino a distância). Contudo, começar com o ensino a distância não é uma tarefa simples nem óbvia, e uma preparação metódica é uma necessidade absoluta. Tendo este aspecto em consideração, vários fornecedores de educação de adultos decidiram conjugar a sua experiência e saber acumulados numa cooperação europeia. Aproveitando as oportunidades do programa Socrates - Grundtvig da União Europeia, foi lançado um projecto para desenvolver materiais que pudessem apoiar as instituições de educação de adultos na implementação sustentada do ensino a distância. Este livro é um dos produtos que resultou desse esforço de colaboração que juntou instituições da Bélgica, República Checa, Dinamarca, Estónia, Grã-Bretanha, Itália e Portugal, entre Outubro de 2002 e Outubro de 2005. Ao longo destes três anos escreveu-se um livro, desenvolveu-se um website e uma base de dados e criou-se um programa internacional de formação em exercício. Muitas pessoas contribuíram para o sucesso deste projecto, e embora não seja possível nomeá-las a todas aqui, gostaríamos de lhes agradecer pelo seu valioso trabalho. Na contracapa deste livro poderá encontrar uma curta biografia dos seus autores. Gostaríamos também de agradecer à União Europeia o seu apoio financeiro ao abrigo do programa Grundtvig 1, que tornou possível este projecto. Este livro é constituído por um conjunto de oito ensaios que abordam de forma sistemática alguns temas essenciais para aqueles que querem dedicar-se ao ensino a distância. Embora o seu principal grupo-alvo seja composto por gestores e directores de instituições de educação de adultos, qualquer pessoa interessada no ensino a distância encontrará informação útil nesta publicação. Esperamos que este livro encontre o seu caminho no sector da educação de adultos. Estamos bem conscientes do facto de que todas as coisas relacionadas com as TIC são afectadas pela rapidez da evolução tecnológica. É por isso que o conteúdo deste livro se centra em aspectos didácticos e organizacionais do ensino a distância, que diferem consideravelmente dos do ensino clássico, e não em aspectos técnicos ou materiais. Jens Vermeersch [email protected] Biografia dos autores ......................................................................................................103 Glossário de termos relacionados com o ensino a distância ..............................................105 6 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 7 CAPÍTULO 1 • ENSINO A DISTÂNCIA: O QUÊ, PORQUÊ E PARA QUEM? Koen DePryck [Belgium] CVO Antwerpen-Zuid 1. ENSINO ABERTO E A DISTÂNCIA O ensino aberto e a distância combina as propriedades do ensino aberto com as do ensino a distância. De uma forma geral, o conceito de ensino aberto refere-se a constrangimentos mínimos no acesso, ritmo e métodos de estudo. A designação é frequentemente usada para encorajar as instituições tradicionais a minimizar as barreiras entre elas e os potenciais aprendentes. Em alguns casos envolve pouco mais do que um marketing melhorado e horários mais flexíveis, mas pode também envolver a utilização de tecnologia sofisticada. Dado que o acesso físico à educação é um problema para muitos aprendentes, torna-se imediatamente claro por que é que “ensino aberto” e “ensino a distância” constituem um par natural. O conceito de ensino a distância refere-se ao uso de técnicas variadas (cada vez mais TIC) para tornar a aprendizagem possível através da superação da distância espacial e, por vezes, temporal, entre professores e aprendentes. Se destacarmos o aspecto relativo ao ensino aberto, podemos dizer que o ensino a distância usa uma variedade de técnicas provenientes do ensino a distância para fornecer educação ao maior número possível de aprendentes. Se, por outro lado, nos concentrarmos mais no aspecto relativo ao ensino a distância, ensino a distância refere-se a ensino a distância com constrangimentos mínimos de acesso. A um nível mais conceptual, a componente-distância em ensino a distância não se refere apenas à distância física ou a uma situação assíncrona de aprendizagem, mas também à distância metafórica entre a aprendizagem e o ensino, dando ao aprendente um controlo muito maior sobre o processo de aprendizagem e sobre os resultados dessa aprendizagem. • Aprendizagem ao longo da vida A noção de aprendizagem ao longo da vida refere-se a todas as actividades de aprendizagem desenvolvidas ao longo da vida, com o objectivo de aumentar o conhecimento, as competências e as capacidades numa perspectiva pessoal, cívica, social e/ou profissional. Embora “objectivo” indique intencionalidade por parte do aprendente, é claro que nem toda a aprendizagem é intencional. Por outro lado, a acreditação de aprendizagens anteriores, sobretudo aprendizagens derivadas da experiência, constitui frequentemente um elemento crucial no encorajamento de tipos formais de educação como parte da educação ao longo da vida. 8 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 9 • Ensino misto O ensino misto combina o e-learning (ou ensino online) com a formação típica em sala de aula, conjugando os aspectos positivos de ambos (acessibilidade 24h por dia, 7 dias por semana e interacção presencial). O ensino misto é especialmente importante pelo facto de as teorias da aprendizagem, bem como a experiência, indicarem que uma certa quantidade de interacção presencial é crucial em muitos projectos de aprendizagem, se não na maior parte deles. Devido à importância e sucesso potencial do ensino misto, faria talvez sentido usar uma categoria em separado - Ensino Aberto e Misto - mas isso contribuiria apenas para a proliferação de terminologia nem sempre clara. Continuaremos, assim, a usar a designação ensino aberto e a distância, mesmo sendo claro que “distância” significará, não raro, “misto”. proximal Fechado Aberto salas de aula tradicionais etc. centros locais de ensino aberto • • • • • • • • • • geral e abrangente empresarial governamental cuidados de saúde militar ensino básico e secundário ensino superior aprendizagens informais (museus, comunidades, lares, etc.) associações profissionais sem fins lucrativos O domínio dos cuidados de saúde e o domínio militar são incluídos como domínios autónomos devido à sua importância, às suas necessidades específicas e à interpretação frequentemente restrita de “abertura” com base nas aprendizagens anteriores, aspectos relacionados com a segurança, etc. mista distal Domínio de aplicação A aprendizagem desenrola-se em muitos domínios e, assim, o ensino a distância pode ser descrito em termos do domínio a que pertence. alguns tipos de ensino a distância ensino aberto e a distância É óbvio que alguns domínios são mais adequados ao ensino a distância do que outros, e algumas ferramentas de ensino a distância1 são também, por seu turno, mais adequadas para determinados domínios de aplicação. Eixo 1: Educação O ensino a distância tem lugar num cenário educativo que pode ser categorizado como formal, não-formal ou informal. Combinando ambas as classificações resulta na seguinte grelha, que pode ser utilizada para caracterizar o ensino a distância. Formal Educação formal A educação formal é geralmente facultada por uma instituição educativa ou ligada à formação. É estruturada em termos de objectivos de aprendizagem, tempo de aprendizagem ou apoio à aprendizagem e conduz a uma certificação. As aprendizagens formais são intencionais do ponto de vista do aprendente. Educação não-formal A educação não-formal não é fornecida por uma instituição educativa ou ligada à formação e, regra geral, não conduz a uma certificação. É, no entanto, estruturada em termos de objectivos de aprendizagem, tempo de aprendizagem ou apoio à aprendizagem. As aprendizagens não-formais são intencionais do ponto de vista do aprendente. Educação informal A educação informal resulta das actividades quotidianas relacionadas com o trabalho, com a família ou com o lazer. Não é estruturada em termos de objectivos de aprendizagem, tempo de aprendizagem ou apoio à aprendizagem e, regra geral, não conduz a uma certificação. As aprendizagens informais podem ser intencionais mas, na maior parte dos casos, são incidentais ou aleatórias. Formal Não-formal Informal certificação Sim Não Não estruturada Sim Sim Não intencional Sim Sim Raramente 10 • Iniciação ao Ensino a Distância Não-formal Informal geral e abrangente empresarial governamental cuidados de saúde militar ensino básico e secundário ensino superior aprendizagens informais (museus, comunidades, lares, etc.) associações profissionais sem fins lucrativos Eixo 2: Aprendizagem Teorias da aprendizagem Embora não totalmente independentes, a aprendizagem e a educação não são, obviamente, a mesma coisa. Num contexto piagetiano, são identificados dois grandes processos cognitivos: a assimilação e a acomodação. A assimilação é o processo de incorporação de nova informação nas estruturas existentes; a acomodação corresponde ao desenvolvimento de novas estruturas cognitivas. Neste contexto muito vasto, as teorias da aprendizagem identificam muitos tipos diferentes de aprendizagem, incluindo: Iniciação ao Ensino a Distância • 11 • • • • • • • • • • • • condicionamento clássico e condicionamento operante; aprendizagem por discriminação; habituação; formação de conceitos; resolução de problemas; aprendizagem perceptual; aprendizagem psicomotora; imitação; aprendizagem reflexiva; imprinting; transferência; recordação e esquecimento. Os produtos de ensino a distância podem ser categorizados em termos dos tipos de aprendizagem que promovem. No contexto pós-piagetiano, a maior parte da investigação sobre a aprendizagem no ensino a distância é baseada num enquadramento teórico construtivista, enfatizando o papel fundamental da interacção social entre os aprendentes. Lew Vygotsky foi um dos primeiros a realçar a importância do meio envolvente, em especial do contexto social2. Na mesma linha, Reuven Feuerstein refere a importância da mediação neste processo: um mediador (professor, progenitor, irmão, etc.) interpreta o meio envolvente. A interacção social e a mediação são naturais na nossa espécie, e o ensino a distância enfrenta a tarefa de incorporar estes processos naturais de aprendizagem. Construtivismo Muitas das instituições que oferecem ensino a distância aderem de forma explícita ao quadro de referência construtivista. A Greenfield Coalition (www.greenfield-coalition.org) inclui nos seus 7 princípios os seguintes dois: • os professores desempenham um papel crucial na orientação dos estudantes no processo de aprendizagem; • a aprendizagem é um processo social, que requer interacção com mentores e com pares. Andragogia Com a importância crescente da educação de adultos, a andragogia - a ciência da aprendizagem nos adultos - tem vindo a tornar-se, também ela, cada vez mais importante. A aprendizagem nos adultos difere da aprendizagem nas crianças em vários aspectos, e o ensino a distância deve ter estas diferenças em consideração (o mesmo pode dizer-se de qualquer contexto relativo à aprendizagem de adultos). Muito mais do que as crianças, os adultos • são autónomos e autodirigidos; • são orientados para objectivos; • são centrados nos problemas; • precisam de saber por que é que estão a aprender algo; • precisam de uma abordagem pragmática; • acumularam experiência de vida3. Além disso, a motivação dos adultos para a aprendizagem (e para participar na educação) é diferente da que se verifica nas crianças. Os adultos: • querem criar ou manter relações sociais; • querem corresponder a expectativas externas; • querem servir melhor os outros; • querem desenvolvimento profissional; 12 • Iniciação ao Ensino a Distância • usam a aprendizagem como um escape; • recorrem à aprendizagem em busca de estímulo; • são motivados por um interesse puro4. Eixo 3: Estilos de aprendizagem A noção de estilo de aprendizagem refere-se aos processos cognitivos preferidos (ou padrão) de um indivíduo, incluindo o armazenamento e recuperação da informação, a percepção, o pensamento e a resolução de problemas. Um estilo de aprendizagem inclui um certo número de eixos. Embora possam coexistir várias abordagens, a maior parte delas são variações da seguinte estrutura: • o eixo introvertido-extrovertido, que se refere à importância dos contactos sociais no processo de aprendizagem. Nas teorias construtivistas da aprendizagem, a interacção social entre os aprendentes tem um papel fundamental; • o eixo sensorial-intuitivo, que mede a necessidade de experiências sensoriais pessoais; • o eixo racional-emocional, que se refere ao grau em que o indivíduo reage racionalmente ou emocionalmente a nova informação; • o eixo aberto-fechado, que indica o nível de abertura que o indivíduo tem relativamente a nova informação. Mesmo uma abordagem tão simples permite-nos identificar cerca de 16 estilos diferentes de aprendizagem, representando cada um deles entre 1 e 13% da população em geral. Muito mais do que numa sala de aula tradicional, o professor ou o conceptor de um curso no ensino a distância pode - deve - levar em linha de conta as necessidades e sensibilidades de diferentes estilos de aprendizagem. Numa sala de aula, o professor chegará provavelmente a um compromisso entre o seu estilo pessoal de aprendizagem e aquilo que já constitui a média dos estilos de aprendizagem da população estudantil. O ensino aberto requer, e o ensino a distância permite, o desenvolvimento de produtos que estão muito mais em sintonia com o estilo individual de cada estudante. As escalas de estilos de aprendizagem de Grasha-Riechmann (Grasha-Riechmann Student Learning Style Scales - GRSLSS) diferenciam 6 estilos de aprendizagem que realçam a dimensão social dos processos cognitivos. • Os aprendentes independentes preferem o estudo independente, a instrução ao seu próprio ritmo e o trabalho solitário. • Os aprendentes dependentes procuram no professor e nos seus pares uma fonte de estruturação e orientação, e dependem frequentemente de uma figura de autoridade. • Os aprendentes competitivos são motivados pelo desejo de ter um desempenho superior ao dos seus pares, e gostam de ver os seus sucessos reconhecidos. • Os aprendentes colaborativos partilham com facilidade informação com os seus colegas. Preferem aulas expositivas seguidas de discussões e projectos desenvolvidos em pequenos grupos. • Os aprendentes desinteressados não gostam especialmente de assistir às aulas. • Os aprendentes participativos envolvem-se com entusiasmo em actividades e discussões. Embora todos os indivíduos possuam alguns aspectos de cada um dos estilos de aprendizagem, um estudo baseado nas escalas de Grasha-Riechmann (GRSLSS) demonstrou haver diferenças significativas numa população de estudantes entre os estilos de aprendizagem dos que se encontravam a frequentar cursos a distância e os daqueles que se encontravam a frequentar cursos presenciais tradicionais5. Os estudantes que frequentavam o ensino a distância mostraram ser mais independentes na sua aprendizagem. Este aspecto aponta para a necessidade de os professores não assumirem, à partida, que a mistura de estilos de ensino que utilizam para ir ao encontro da variedade de estilos de aprendizagem numa sala de aula tradicional irá funcionar, de igual modo, num curso online. Iniciação ao Ensino a Distância • 13 De um modo geral, os estudantes do ensino a distância bem sucedidos dependem menos de experiências concretas do que os que não obtêm sucesso6. O mesmo estudo indica ainda que esses estudantes preferem os conceitos abstractos. Esta é, naturalmente, a descrição de uma situação real e não tem qualquer carácter normativo. Os aprendentes independentes auto-seleccionam o ensino a distância se este é mais adequado às suas necessidades. Mas o desafio para os conceptores de cursos a distância reside na adopção de materiais que respondam também às necessidades de outros estilos de aprendizagem. “[Os professores] devem tentar assegurar-se de que os seus métodos, materiais e recursos se adequam às formas como os estudantes aprendem e maximizam o potencial de aprendizagem de cada estudante7. Tal não significa que se devam apresentar aos estudantes apenas tarefas que estejam de acordo com o seu estilo de aprendizagem. Os aprendentes independentes podem participar com sucesso em tarefas de grupo se a estrutura das actividades for transparente e se forem adequadamente orientados pelo professor. Os aprendentes competitivos, por exemplo, podem ser levados a colaborar se essa colaboração for benéfica para os seus resultados académicos. Os produtos de ensino a distância podem ser categorizados em termos dos estilos de aprendizagem que tomam em consideração, quer explicitamente, quer permitindo um grau adequado de personalização. Eixo 4: Ferramentas de ensino a distância E-Learning O e-learning, forma abreviada de designar qualquer aprendizagem apoiada pelas TIC, não é o elemento essencial do ensino a distância, embora seja óbvio que estas tecnologias permitem, de forma muito acentuada, torná-lo mais atractivo e mais efectivo. Neste momento, contudo, a distinção entre aquilo que poderíamos designar como e-EaD e EaD não é significativa. Existem muitas ferramentas em versão electrónica e não electrónica. As ferramentas híbridas são potenciadas pelas tecnologias da informação e da comunicação. turas no uso da tecnologia. Neste momento, ainda não atingiram a maturidade enquanto ambientes de aprendizagem, mas têm indubitavelmente esse potencial. É importante referir que as TIC não são um componente neutro no ensino a distância. Não só elas são adaptadas às nossas práticas quotidianas, como essas práticas também mudam em resultado do seu uso13. Ferramentas síncronas versus ferramentas assíncronas No essencial, a diferença entre cenários síncronos e assíncronos reside no facto dos estudantes não poderem interagir (fazer perguntas) em tempo real. Com excepção deste aspecto, as ferramentas síncronas e assíncronas oferecem as mesmas funcionalidades. As ferramentas podem ser utilizadas, frequentemente, de uma forma síncrona ou assíncrona. Um livro, por exemplo, é uma ferramenta assíncrona quando lido pelos estudantes durante o estudo, mas pode também ser utilizado como uma ferramenta síncrona quando lido e discutido na sala de aula. Ferramentas especializadas versus ferramentas genéricas As ferramentas especializadas são desenvolvidas com um fim específico - frequentemente um conteúdo específico - em mente. As ferramentas genéricas são tipicamente abertas. Não têm um conteúdo específico e são usadas pelos professores e/ou pelos estudantes para as adaptar às suas necessidades e aos seus conteúdos próprios. Um exemplo óbvio de uma ferramenta generalista é o processador de texto, mas existem muitas outras. Ferramentas de gestão As ferramentas de gestão constituem uma categoria especial entre as ferramentas de ensino a distância, e incluem os recursos, a comunicação e a atribuição de classificações, entre outros aspectos. Estas ferramentas oferecem uma abordagem única e integrada para professores e estudantes. Eixo 5: desenho instrucional Paradigmas de comunicação Com base no número e nos tipos de interacções entre estudantes e professores e entre estudantes, Paulsen propõe uma distinção dos vários tipos de aprendizagem com recurso às TIC, a qual se revela útil para categorizar ferramentas de ensino a distância8: 1. um-sozinho: o paradigma dos recursos (online); 2. um-para-um: o paradigma do correio electrónico; 3. um-para-muitos: o paradigma da lista de discussão (bulletin board); 4. muitos para muitos: o paradigma dos fóruns de discussão. Tecnologia Os computadores, os PDAs e outros artefactos das TIC oferecem a vantagem clara de possuir tanto uma dimensão pessoal como uma dimensão pública9. As tecnologias móveis estão a ganhar uma importância crescente no domínio das interacções interpessoais. Não só se adequam ao aspecto dinâmico das relações humanas, como também permitem a micro-coordenação (a possibilidade de tomar decisões de última hora sobre onde ir, o que levar, etc.), proporcionam um sentimento adicional de segurança e permitem o acesso em tempo útil à informação. Ao mesmo tempo, a tecnologia móvel é potencialmente disruptiva nos cenários mais tradicionais, como sejam o lar, a sala de aula e os tempos livres. Os estudos-piloto centraram-se no papel das TIC móveis nos testes e trabalhos10, na aprendizagem colaborativa11 e na formação distribuída12. A partir dos anos 90, à medida que as novas tecnologias móveis se foram tornando mais baratas, emergiram novas formas de comunicação e estabeleceram-se novas culturas e subcul14 • Iniciação ao Ensino a Distância No contexto de um projecto acerca do papel das TIC na aprendizagem flexível, Harper et al. estão a trabalhar numa abordagem genérica do desenho da aprendizagem baseada na noção construtivista de que a aprendizagem é um processo activo de construção do conhecimento e que a instrução é o processo através do qual esta construção é suportada. Desenho baseado em regras O desenho baseado em regras consiste essencialmente em tarefas fechadas cuja realização requer a aplicação de regras, procedimentos ou algoritmos. Desenho baseado em incidentes O desenho baseado em incidentes expõe os aprendentes a situações ou incidentes preferencialmente autênticos, que envolvem reflexão individual ou em grupo, bem como juízos de valor e feedback. Desenho baseado em estratégias O desenho baseado em estratégias inclui tarefas complexas e abertas, tarefas de tomada de decisão, identificação de problemas, diagnóstico e desempenho estratégico de um indivíduo ou de um grupo. Desenho baseado em papéis O desenho baseado em papéis envolve a aquisição de competências, conhecimento e compreensão através da assunção de papéis, preferencialmente em cenários da vida real. Iniciação ao Ensino a Distância • 15 Eixo 6 - Outros factores Este eixo agrupa diversos factores, tais como os direitos de autor, o open source, a inscrição e o preço, que não são aqui discutidos. CAPÍTULO 2 • COMO COMEÇAR NO ENSINO A DISTÂNCIA 2. PARA ALÉM DA INTRODUÇÃO Rikke Schultz [Dinamarca] CVU-FYN Adult Teacher Training College, Odense Revisto por Kerttu Lohmus [Estónia] Por razões óbvias, o capítulo introdutório é apenas isso: uma introdução. Os capítulos seguintes exploram com maior profundidade muitos dos conceitos aqui apresentados, e o capítulo final aponta para ferramentas que podem revelar-se úteis na implementação do ensino a distância. Mas deve ser claro já desde a introdução que implementar o ensino a distância não é uma tarefa fácil. Não só o ensino a distância é tão complexo e diversificado como toda a educação, como é também muito recente e nem todas as lições que podem ser aprendidas da educação presencial tradicional se aplicam a ele. É essencial que exista um plano de acção bem definido, mas também é necessário um certo espírito de aventura. Posicione-se no mapa hexadimensional apresentado neste capítulo e comece a explorar. 3. BIBLIOGRAFIA Cantor, J.A. 1992. Delivering Instruction to Adult Learners. Toronto: Wall & Emerson Este capítulo aborda certas questões que devem ser ponderadas aquando da tomada de decisões acerca dos conteúdos para o Ensino a Distância: • A plataforma pedagógica - criação de um modelo de abordagem global para a utilização do ensino a distância num contexto específico. • A modularidade do ensino a distância - módulos, pacotes de trabalho e objectos de aprendizagem. • Como começar - os passos do desenho instrucional. Cranton, P. 1992. Working with Adult Learners. Toronto: Wall & Emerson Diaz, D.P., & Carnal, R.B. 1999. Student’s learning styles in two classes: Online distance learning and equivalent on-campus. College Teaching 47(4), 130-135 Dille, B. & Mezack, M. 1991. Identifying predictors of high risk among community college telecourse students. The American Journal of Distance Education, 5(1), 24-35. Entwistle, N. (Ed.) 1990. Handbook of Educational Ideas and Practices. London and New York: Routledge Flückiger et al. 2002. Proceedings of the 4th International Conference on New Educational Environments. May 2002, Lugano, Switzerland. Greenberg, S., Boyle, M., Laberge, J. 1999. PDA’s and shared public displays. Making personal information public, and public information personal. Personal Technologies Journal. March 1999. Harper, B. et al. 2002. Formalising the description of learning designs. HERDSA Hedestig, U., Orre, C. 2002. Personal technologies and development of learning environments. In: Flückiger et al. 2002. Paulsen, M. 1995. Online Report on Pedagogical Techniques for Computer-Mediated Communication. http://gaya.nki.no/~morten/cmcped.htm (link no longer available) Percy, K. 1990 Adult Access to Learning Opportunities. In Entwistle, N. (Ed.) 1990. Sarasin, L.C. 1998. Learning style perspectives: Impact in the classroom. Madison, WI: Atwood Vygotsky, L. 1978. Mind in Society. Cambridge, Mass.: Harvard Univ. Press. 16 • Iniciação ao Ensino a Distância 1. A PLATAFORMA PEDAGÓGICA Tomar uma decisão sobre o tipo de plataforma pedagógica a utilizar é fundamental em qualquer sistema de educação, mas é-o especialmente no ensino a distância, devido à aprendizagem individual e independente que o caracterizam. Uma plataforma pedagógica é algo abstracto, um modelo que inclui as seguintes considerações: • pedagógicas (como ensinar - metas, objectivos e métodos adequados ao grupo-alvo); • tecnológicas (que meios usar que sejam adequados ao grupo-alvo); • técnicas (qual o equipamento mais adequado a utilizar tendo em conta os métodos e os meios escolhidos); • organizacionais (recursos e planeamento, desenvolvimento, gestão e manutenção do ensino a distância). Na prática, a plataforma pedagógica incluirá: • recursos electrónicos para o utilizador (salas de aula virtuais, sistemas de gestão da aprendizagem); • acordos de entrada; • planos de trabalho e acordos com os professores; • diversos materiais de estudo; • ofertas complementares, como sejam seminários, conferências e cursos introdutórios ou de experimentação; • marketing do programa de estudos. Em suma, todas as considerações necessárias para ser um fornecedor de ensino a distância. Para as instituições que estão a ponderar a introdução do ensino a distância, é fundamental decidir qual o tipo de plataforma pedagógica a utilizar para desenvolver os cursos ou outras situações de aprendizagem. A plataforma pedagógica escolhida reflecte o pensamento pedagógico relativamente ao processo de ensino-aprendizagem. No ensino a distância, tal implica a interIniciação ao Ensino a Distância • 17 acção entre os participantes, o professor e os conteúdos. Aquando da tomada de decisão sobre a plataforma a utilizar, deverão colocar-se, entre outras, as seguintes questões: • a plataforma pedagógica escolhida abrangerá e dará suporte aos diferentes backgrounds e estilos de aprendizagem dos participantes? • Quais serão os diversos papéis do professor/tutor nessa plataforma? • A plataforma suportará o uso de diferentes materiais e ferramentas de software? A escolha de uma plataforma pedagógica (fig. 2.1) reflectirá os materiais escolhidos e as formas de comunicação das situações de aprendizagem. PEDAGOGIA, I.E. MATERIAIS MÉTODOS ORGANIZAÇÃO, I.E. PROCESSO TECNOLOGIA, I.E. PLANEAMENTO, DE APRENDIZAGEM SISTEMAS DE GESTÃO DA DESENVOLVIMENTO, APRENDIZAGEM, GESTÃO, SALAS DE AULA VIRTUAIS ACTIVIDADES SOFTWARE DE COMUNICAÇÃO Fig.2.1 A plataforma pedagógica consiste na interacção entre a pedagogia, a tecnologia e os aspectos técnicos numa instituição. A plataforma pedagógica e as suas soluções tecnológicas devem adequar-se à situação de aprendizagem e ao grupo-alvo participante. Muitas instituições sofreram as consequências de terem ignorado este aspecto, ao adquirirem uma plataforma tecnológica que se veio a demonstrar inadequada às suas necessidades. aprendizagem o aprendente, por exemplo, cumpre o currículo como parte da sua tradição profissional: aprende algo que, enquanto representante da sua profissão (advogado, carpinteiro ou homem de negócios), deve saber, para o caso de vir a precisar desse conhecimento. Assim, a aprendizagem tradicional pode ser caracterizada como envolvendo: • uma progressão linear do mais simples para o mais complexo; • um currículo baseado no conhecimento; • uma tradição da aprendizagem baseada no conhecimento “just-in-case”; • objectivos definidos em termos de aquisição de conhecimento. Se os aprendentes tiverem backgrounds bastante semelhantes ou se o currículo se destinar a principiantes, esta estrutura linear “just-in-case” justifica-se e a sua utilização é relevante. Na realidade, porém, essa situação é bastante rara. Os aprendentes adultos têm backgrounds, necessidades e expectativas diferentes, e é comum estarem motivados e terem exigências que são concretas e relacionadas com a vida prática. Desse modo, as estruturas lineares de aprendizagem podem não ser a solução mais eficiente no ensino de adultos. Uma abordagem contrária, que implique uma forma flexível de organizar os conteúdos em ensino a distância, poderia ser designada como aprendizagem “just-in-time”. A ideia chave deste modo de pensar é a flexibilidade. Os conteúdos são organizados de tal forma que estão disponíveis para os aprendentes no momento em que precisam deles. Um exemplo claro deste modo de organizar a aprendizagem são os programas “como começar” frequentemente incluídos nas aplicações informáticas. Assim, a aprendizagem flexível pode ser caracterizada como envolvendo: • progressão não-predefinida; • orientação para a resolução de problemas concretos; • uma estrutura modular de aprendizagem baseada num tema; • uma tradição de aprendizagem baseada numa sensibilidade “just-in-time”; • objectivos definidos em termos de competências a dominar. Para aprofundar a discussão em torno da criação de conteúdos flexíveis, introduz-se um modelo de quatro níveis: • objectos de informação (texto, ilustração, vídeo ou áudio) em formas que podem ser combinadas; • objectos de aprendizagem em formas que podem ser combinadas; • pacotes de trabalho em formas que podem ser combinadas; • módulos. 2. DIFERENÇAS ENTRE O ENSINO TRADICIONAL E O ENSINO A DISTÂNCIA As principais diferenças entre o ensino tradicional e o ensino a distância, para além da flexibilidade espacial e temporal, incluem as oportunidades que o ensino a distância oferece relativamente a modos novos e mais criativos de compor e (re)organizar os materiais14 utilizados no processo de aprendizagem. No ensino presencial tradicional, o processo de aprendizagem segue geralmente um plano inflexível no que se refere ao tempo, lugar e conteúdos, segundo um princípio de linearidade - os aprendentes começam todos juntos no ponto A e prosseguem para os pontos B-C-D-etc., tentando seguir um caminho lógico, considerado racional pela tradição ou pelo professor. Este esquema tradicional do processo de aprendizagem assenta na ideia de um currículo baseado num plano de estudos e trabalhos. Espera-se que o aprendente percorra este currículo predefinido e predesenhado (por vezes até os objectivos são previamente definidos), realize determinadas tarefas predesenhadas e tenha sucesso em certos exames e testes antes que a instituição certifique a sua aprendizagem. Uma designação possível para esse tipo de esquema tradicional poderia ser “currículo just-in-case” - é bom saber algo, para o caso de vir a ser necessário. Neste tipo de 18 • Iniciação ao Ensino a Distância 3. OBJECTOS DE INFORMAÇÃO E OBJECTOS DE APRENDIZAGEM - MODULARIDADE A UM OUTRO NÍVEL Um objecto de aprendizagem (OA) é a unidade mínima do material de aprendizagem que pode, em combinação com outros objectos de aprendizagem relevantes, construir um segmento significativo de informação que permita ao aprendente adquirir novos conhecimentos. Um segmento significativo de informação dá ao aprendente uma compreensão clara do conceito, princípio, procedimento, facto ou processo. Um dos princípios fundamentais de um objecto de aprendizagem é a possibilidade de ser reutilizado em diversos materiais e a sua natureza independente dos resultados globais dos materiais de aprendizagem. O princípio de que os materiais de aprendizagem devem corresponder a objectos de aprendizagem tornou-se uma característica importante dos padrões internacionais. A adequabilidade dos objectos de aprendizagem para construir materiais de aprendizagem é frequentemente comparada aos blocos de construção da LEGO™. Esta comparação foi introduzida por Wayne Hodgins, presidente do conselho de administração do IEEE Learning Technology Standard Iniciação ao Ensino a Distância • 19 Committee, que observou os seus netos a construir um edifício com peças de LEGO. As regras que regem os requisitos que os objectos de aprendizagem devem cumprir são definidos por metadados de objectos de aprendizagem (Learning Object Metadata - LOM), i.e. dados acerca dos dados de aprendizagem. A normalização desses metadados suporta a interoperabilidade de conteúdos entre diferentes soluções no que se refere a tecnologias, plataformas ou sistemas de gestão da aprendizagem. Com base nessas normas, é possível às instituições desenvolver, registar e descrever objectos de e-learning para os trocar ou comercializar. Os pacotes de trabalho (fig. 2.2) são uma forma de organizar os conteúdos de um módulo de ensino a distância. Um pacote de trabalho inclui: • especificações incluindo instruções claras, para que o aprendente saiba exactamente como trabalhar com o material e o modo de avaliação. Estas especificações incluem também considerações acerca da relação entre a teoria e a prática, a comunicação e o feedback; • um ou mais objectos de aprendizagem que contêm materiais e tarefas; • materiais ou referências suplementares. A maior parte dos standards15 consiste nos seguintes dados: • título • autor • assunto • descrição • editor • colaborador • data • tipo • formato • linguagem • relação • direitos Para mais informações, ver o IEEE Learning Technology Standard Committee, que desenvolve e mantém metadados de objectos de aprendizagem desde 199716. Um “pacote de trabalho” em ensino a distância pode ser comparado a um “tema” ou “tópico” no ensino tradicional. Um pacote de trabalho deve ser bem definido, tendo em conta: • diferentes condições prévias e estilos de aprendizagem dos aprendentes; • objectivos de aprendizagem; • conteúdos; • métodos de trabalho; • avaliação. O nível de flexibilidade possível no processo de aprendizagem pode ser limitado pelo currículo, mas os pacotes de trabalho são a parte criativa de um programa de ensino a distância. É nas combinações específicas dos objectos de aprendizagem e dos métodos de aprendizagem utilizados que uma instituição pode criar o seu estilo próprio de ensino a distância. 5. MÓDULOS 4. SCORM O SCORM (Sharable Content Object Reference Model)17 é um dos referenciais normativos internacionais mais utilizados actualmente. Este modelo é constituído por uma série de especificações adaptadas a partir de fontes múltiplas, no sentido de fornecer um conjunto vasto e completo de capacidades de e-learning que permitem a interoperabilidade, acessibilidade e reutilização de conteúdos de aprendizagem baseados na web. O SCORM tem como objectivo coordenar as tecnologias emergentes e a sua implementação comercial e pública (ver www.adlnet.org). O SCORM é muito exigente no que se refere a dados técnicos, e um novo fornecedor pode deparar-se com dificuldades na sua aplicação. Por outro lado, este modelo pode entrar em conflito com o branding dos fornecedores. Pacotes de trabalho OA ESPECIFICAÇÃO DAS TAREFA FEED EXPECTATIVAS, ABERTA BACK OA Um módulo é definido como um programa ou um currículo. Na educação formal, o currículo será mais ou menos passível de interpretação, mediante as tradições nacionais e profissionais. Na educação não-formal ou na educação auto-regulada o currículo é quase sempre aberto. Um fornecedor de ensino a distância deve reflectir sobre o grau de flexibilidade possível tendo em conta o currículo. Um currículo definido com base num núcleo de objectivos é mais aberto do que um currículo definido com base num programa. Na educação formal, a aprendizagem baseada em módulos conduz, normalmente, a qualificações específicas e a formação termina com um exame e a emissão de um licença, diploma, certificado, etc. Na aprendizagem informal, cumprir um módulo pode ser um acontecimento pedagógico em si mesmo, proporcionando ao aprendente uma nova competência de natureza mais pessoal - por exemplo, desenvolvendo conhecimentos e competências ao nível da empregabilidade, democracia, gestão global, e assim por diante. Ao passo que na educação formal a avaliação final do aprendente influencia o planeamento do curso (e assim também os pacotes de trabalho e os objectos de aprendizagem), na educação informal privilegiam-se, regra geral, as ferramentas de auto-avaliação a ser utilizadas durante o processo de aprendizagem CONTEÚDOS, MÉTODOS DE TRABALHO E AVALIAÇÃO. OA LITERATURA SUGERIDA Fig. 2.2 Um pacote de trabalho contém diversos objectos de aprendizagem (OA), consistindo em tarefas abertas, bibliografia e feedback. 20 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 21 6. COMO COMEÇAR • Modelo de desenho instrucional de Gerlach e Ely20 (fig. 2.5) 19 Desenhar um conceito em ensino a distância é frequentemente designado por “desenho instrucional”, e começa geralmente pelo desenho do currículo. No processo de desenho instrucional, convertem-se uma série de práticas em modelos utilizados em larga escala, dando-se aqui alguns exemplos: Determinação de uma estratégia Especificação de conteúdos Organização de grupos • Modelo de desenho instrucional de Dick e Carey18 (fig. 2.3) Rever o processo de ensino Desenvolver análise instrucional Identificar objectivos educacionais Definir objectivos de desempenho Avaliação dos comportamentos de entrada Avaliação do desempenho Distribuição do tempo Distribuição do espaço Desenvolver teste referentes a critérios Desenvolver estratégias de ensino Desenvolver e seleccionar materiais de ensino Especificação de objectivos Desenvolver e aplicar avaliação formativa Análise do feedback Selecção de recursos fig. 2.5 Modelo de desenho instrucional de Gerlach e Ely Desenvolver e aplicar avaliação sumativa Identificar comportamentos de entrada • Modelo de desenho instrucional de Jerrold/Kemp21 (fig. 2.6) REVISÃO fig. 2.3 Modelo de desenho instrucional de Dick e Carey 1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA Seleccionar e desenvolver Implementar materiais V Ç I A T I A L V S A Analisar resultados M A Objectivos de Aprendizagem U Avaliação da Aprendizagem A F Objectivos instrucionais à A O O A A T L M A R 2. DESENHO Necessidades, Objectivos, Prioridades, Constrangimentos do Aprendente V O Identificação de Organizar problemas Especificar media Análise de Tarefas Pré-testagem I A Desenvolver objectivos Competências de entrada dos aprendentes Profissões, Resultados, Objectivo à V Especificar estratégias Ç I • Modelo de desenho instrucional de Knirk e Gustafson19 (fig. 2.4) Características dos Aprendentes Actividades de Ensino Serviços de Apoio Recursos Instrucionais Rever materiais fig. 2.4 Modelo de desenho instrucional de Knirk e Gustafson 3. DESENVOLVIMENTO REVISÃO fig. 2.6 Modelo de desenho instrucional de Jerrold/Kemp 22 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 23 Os modelos apresentados podem variar quanto aos detalhes, mas todos possuem uma estrutura comum de processos: • análise de necessidades - representa cerca de 3% do tempo total do processo; • elaboração de metas e objectivos instrucionais - 3% do tempo total; • definição do perfil do grupo-alvo - 2% do tempo total; • análise dos materiais de estudo existentes - 7% do tempo total; • criação de novos materiais de estudo considerados necessários após a análise - 28% do tempo total; • selecção dos media apropriados para os materiais - 13% do tempo total; • criação do storyboard descrevendo o processo de aprendizagem - 15% do tempo total; • escolha das soluções tecnológicas adequadas e do equipamento técnico a utilizar 3% do tempo total; • criação do layout - 1% do tempo total; • avaliação de todo o processo de desenho instrucional - 20% do tempo total. 7. ENSINO A DISTÂNCIA - PARA QUEM? Analisar os grupos-alvo (aprendentes) e o retorno do investimento são aspectos inseparáveis do ensino a distância. Aquando da realização da análise referente ao retorno do investimento, todos os accionistas, bem como os especialistas envolvidos, devem ser cuidadosamente tomados em consideração e informados dos resultados possíveis. É frequente os projectos de ensino a distância falharem (sobretudo na formação interna empresarial) devido ao apoio insuficiente por parte da gestão ou ao facto de a informação sobre o processo ser pouco disseminada. • competências ao nível da aprendizagem. Se forem adoptadas boas práticas, é frequentemente possível conjugar o desenvolvimento das diferentes categorias de objectivos. Durante os processos de aprendizagem colaborativa, é possível combinar o desenvolvimento de competências profissionais com o desenvolvimento de competências sociais. Usando exercícios de reflexão é possível combinar o desenvolvimento de competências pessoais e de competências ligadas à aprendizagem. As tarefas abertas e o feedback positivo podem aumentar a autoconfiança e o pensamento criativo, ao mesmo tempo que se desenvolvem competências profissionais. Um fornecedor de ensino a distância deve reflectir sobre os objectivos e, em especial, sobre a possibilidade de conjugar objectivos diferentes nos mesmos pacotes de trabalho. Exemplo de uma descrição de objectivos nucleares: O curso em pedagogia das tecnologias da informação e comunicação oferece aos educadores a possibilidade de adquirirem competências básicas nas tecnologias da informação e da comunicação ao nível pessoal e profissional, através do enfoque na integração pedagógica das TIC na prática lectiva. Utilizando ideias da aprendizagem baseada na resolução de problemas, actividades em grupo, ensino de pares e feedback, conjuntamente com princípios de e-learning, conseguimos criar um curso que foi já utilizado por mais de 55.000 professores e educadores (metade do total) na Dinamarca, no espaço de 3 anos. Embora o diploma não seja obrigatório na educação profissional, tornou-se um certificado formal e nacionalmente reconhecido (www.school-ict.org). 9. CONCEPÇÃO DE PACOTES DE TRABALHO Existem dois caminhos possíveis quando se pondera o retorno do investimento e os grupos-alvo: • tradicionalmente, grandes investimentos22 requerem um elevado número de participantes para justificar os custos; • fazer investimentos mais modestos e tirar partido da aprendizagem colaborativa possibilita a disponibilização da aprendizagem a grupos de dimensão variável. Como se explica noutro passo, um fornecedor de ensino a distância deve reflectir sobre as necessidades e o potencial do seu grupo-alvo, colocando as seguintes questões: • A quem nos estamos a dirigir com o nosso programa e os nossos materiais? • Quais são as suas necessidades e que formas de ensino a distância poderão utilizar? • Como podemos chegar até eles? • Podemos combinar o ensino a distância com outras actividades? 8. DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS Os objectivos nucleares descrevem os resultados esperados de um curso de ensino a distância: • Que qualificações e competências esperamos que os estudantes/aprendentes desenvolvam ao longo do curso? • Que competências têm os aprendentes neste momento? • Quais são as características dos aprendentes (i.e. demografia e background educativo, TIC; competências de aprendizagem e de comunicação; estilos de aprendizagem; motivação; expectativas e medos, etc.)? Os objectivos podem ser categorizados de diversas formas. Aquando da selecção/criação de conteúdos, pode falar-se no desenvolvimento de: • competências profissionais; • competências pessoais; • competências sociais; 24 • Iniciação ao Ensino a Distância Quando o currículo, o grupo-alvo, os objectivos nucleares de um curso e a plataforma pedagógica estão definidos, é altura de decidir quais os pacotes de trabalho a utilizar e de que forma os conteúdos vão ser disponibilizados. Os pacotes de trabalho são uma questão pedagógica e o seu desenho pode ser levado a cabo com ou sem conhecimentos técnicos específicos. Mas deve referir-se, de novo, que é no desenho dos pacotes de trabalho que começa o choque entre a pedagogia e a tecnologia. 10. A TRADIÇÃO DOS PACOTES DE TRABALHO A educação a distância tradicional não dispunha de qualquer suporte tecnológico, com excepção do correio e do telefone. Os pacotes de trabalho eram desenhados por professores; os livros e as tarefas eram entregues aos estudantes por via postal; os trabalhos eram enviados aos professores, que os corrigiam e devolviam aos estudantes. À medida que a tecnologia se foi desenvolvendo apareceram, para citar vários exemplos, cassetes áudio, cassetes vídeo, CD-ROMs, testes online, comunicação sincronizada e ferramentas colaborativas, fontes externas na Internet e manuais de apoio. Embora a variedade das ferramentas e dos media tenha aumentado, as competências, a experiência e os hábitos adquiridos dos professores/tutores permaneceram demasiado limitados para que estes pudessem aproveitar ao máximo todas as novas potencialidades23. Na primeira geração de ensino a distância com suporte na Internet os media disponíveis são ainda utilizados, sobretudo, como ferramentas de comunicação. Alguns fornecedores concentram-se na publicação de materiais de estudo e de tarefas na Internet, enquanto outros se centram na Internet enquanto meio de comunicação entre o professor/tutor e o estudante/aprendente. Um exemplo desta última abordagem provém de uma das primeiras tentativas na educação pedagógica na Dinamarca para permitir aos estudantes trabalhar em grupo na Internet. A tarefa consistia na criação de um jornal electrónico sobre um determinado tema. Os estudantes recebiam Iniciação ao Ensino a Distância • 25 informação acerca do tema através de manuais e artigos, tal como aconteceria no ensino tradicional. Após a conclusão da tarefa, o professor deu feedbak aos grupos. Esta forma de trabalhar só é possível no ensino misto (blended learning), em que estudantes e professores têm a oportunidade de se encontrar de vez em quando para facilitar o processo. Pode imaginar-se um exemplo contrário, em que os estudantes têm, com muita antecedência, acesso aos materiais de estudo publicados na Internet, sendo-lhes pedido que os trabalhem de forma independente. É disponibilizado acesso a um horário semanal virtual em que o tutor publica as perguntas recebidas e as respectivas respostas. No final do período de auto-estudo, estas perguntas e respostas constituem secções de perguntas mais frequentes (FAQs) sobre os materiais. Ao estudo independente segue-se um dia de estudo presencial, com trabalho de grupo e seminários. No final do dia o professor avalia os estudantes através do trabalho produzido pelo grupo e do conhecimento individual sobre o tema. 13. APRESENTAÇÃO TEXTUAL Um exemplo de pacotes de trabalho electrónicos pode ver-se nas próprias empresas de software, na forma de programas introdutórios relacionados com uma aplicação informática. A maior parte dos utilizadores das TIC estão familiarizados com os programas de “Como começar” incluídos em aplicações informáticas. A característica chave deste tipo de programas é que são construídos como aprendizagem “just-in-time”. Pode escolher-se exactamente de que pacote de trabalho é que se precisa no momento em que ele é necessário. Esta abordagem apoia-se na estrutura de objectos de aprendizagem já mencionada, pois esta permite ao aprendente construir o seu próprio material de estudo com os tópicos, grau de dificuldade e suporte ao estilo de aprendizagem que mais lhe convém. Este self-service é frequentemente comparado ao viajar de forma independente, em que o destino, meios de transporte e tempo necessário são decididos pelo próprio viajante, com a ajuda (se necessário) de um agente de viagens24. a) Hipertexto O hipertexto consiste num texto básico com ligações horizontais. O texto básico pode, deste modo, dar uma breve panorâmica do assunto e, ao seguir as ligações, o leitor tem a possibilidade de aceder a mais informação acerca de temas específicos. É certo que estes pacotes de materiais de aprendizagem devem seguir as regras de um desenho de qualidade e ser de fácil utilização, ter uma estrutura lógica e estar divididos em pequenas unidades de informação, digeríveis e independentes. Actualmente, os profissionais que desenham materiais de aprendizagem utilizam ferramentas de autor: aplicações informáticas que são um híbrido de programas de desenho gráfico e de apresentações, com funcionalidades que permitem criar testes e questionários e publicar todo o conteúdo em CD-ROM, HTML ou outros formatos relevantes25. Usar este tipo de materiais é simples para o aprendente e não requer qualquer tipo de competências para além da utilização básica de um browser. Além disso, não são necessários programas específicos para visualizar o material, já que este é disponibilizado em páginas de HTML padrão. 11. CRIAÇÃO DE PACOTES DE TRABALHO Como foi já referido, um pacote de trabalho é uma questão pedagógica. Tem que se centrar nas condições prévias e nos estilos de aprendizagem dos aprendentes, nos objectivos do curso, na organização e apresentação dos conteúdos, nos métodos de trabalho adequados e no feedback a dar ao estudante durante o processo de aprendizagem. Nesta secção, iremos debruçar-nos sobre a apresentação dos conteúdos e, mais especificamente, sobre os materiais. 12. APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDOS Aquando do desenho de materiais, é importante reflectir separadamente nos media a utilizar: • apresentação textual (leitura e audição); • apresentação visual (gráficos estáticos e dinâmicos); • actividades práticas (prática cinestésica); • feedback (reflexão e auto-avaliação). 26 • Iniciação ao Ensino a Distância O ensino a distância apoiado por computador não é apenas uma questão de publicar artigos escritos na Internet. A vantagem de se utilizarem meios electrónicos na aprendizagem de adultos consiste na redução da leitura e no aumento de outras formas de comunicação. Os aprendentes que estão a procurar uma segunda oportunidade são aqueles que mais podem beneficiar com este facto. Os media oferecem novas possibilidades para a apresentação de textos que os aprendentes em ensino a distância podem aproveitar. Apresentar textos não é, geralmente, uma tarefa fácil para um professor. Requer boas competências de escrita, a capacidade de estruturar o texto de forma lógica (e, de novo, em unidades significativas) e um sentimento de empatia pelo leitor, de modo a facilitar a leitura e a compreensão. b) Camadas textuais As camadas textuais incluem um texto básico com ligações verticais. O texto básico pode ser uma definição, a segunda camada uma explicação mais aprofundada e a terceira e a quarta camadas constituir exemplos. As camadas textuais permitem ao aprendente aceder a mais informação sobre um tema específico através das ligações entre as camadas. c) E-book (Livro electrónico) Um e-book é uma versão electrónica de um manual, normalmente construído recorrendo quer a hiperligações quer a camadas textuais e contendo diversos tipos de ajudas visuais e boas funcionalidades de pesquisa. O livro electrónico é um produto ainda emergente. Actualmente, o mercado para ele é relativamente pobre em muitos países. 14. SUPORTES VISUAIS Uma imagem vale mil palavras. Esta afirmação pode ser verdadeira, mas em ensino a distância nem sempre é o caso. Imagens artísticas usadas apenas como ilustração podem criar mais confusão do que facilitar a compreensão. Os materiais visuais devem ser seleccionados de acordo com o nível de literacia visual dos aprendentes, i.e. a sua forma visual de pensar e a sua capacidade de analisar e sintetizar novos significados a partir do material que percepcionam (Cross 2002). Ao utilizar-se suportes visuais em ensino a distância, é importante adoptarem-se regras e símbolos comummente aceites. Quando se procede desta forma, as ajudas visuais podem constituir uma forma de ultrapassar problemas de compreensão devido a barreiras culturais. É importante pensar-se como utilizar os suportes visuais, de modo a tirar-se o melhor partido deles no processo de aprendizagem. As sequências de vídeo podem introduzir estudos de caso, uma ilustração pode exprimir a mensagem principal de um texto, os diagramas podem ilustrar os vários passos num processo, e aplicações multimédia podem introduzir um tema. Os suportes visuais assumem geralmente as seguintes formas: • Imagens • Diagramas • Ilustrações • Vídeo • Aplicações multimédia Iniciação ao Ensino a Distância • 27 Contudo, ao utilizar-se suportes visuais, deve ter-se em conta a possibilidade de estes terem um impacto negativo na aprendizagem, ao sobrecarregarem os materiais e, assim, a memória dos aprendentes. Existem vários princípios para uma apresentação efectiva, como sejam: • Utilizar apenas elementos gráficos significativos que promovam a aprendizagem; • colocar os elementos gráficos junto ao texto facilita a aprendizagem; • se um elemento gráfico for a figura central, utilizar áudio para o explicar, em vez de texto, facilita a aprendizagem; • usar texto repetitivo, gráficos e som simultaneamente reduz a eficácia da aprendizagem; • usar elementos ilustrativos sem qualquer relevância perturba a concentração dos aprendentes; • a utilização de assistentes virtuais (ajudantes animados) facilita a aprendizagem (Mayer, 2001). 15. ABORDAGENS PRÁTICAS A comunicação através do computador pode ser uma comunicação bidireccional. Os métodos práticos podem ser o presente que o ensino a distância oferece aos aprendentes. Abordagens pedagógicas diferentes recomendam teorias diferentes no que se refere a tarefas práticas: a) Construtivismo O construtivismo - como a palavra indica - baseia-se na natureza construtiva da criação do conhecimento no quadro de uma situação de aprendizagem. A abordagem construtivista prefere tarefas abertas, como o desempenho de papéis (role-play), os estudos de caso, os ensaios, ou a produção de páginas web ou de jornais electrónicos pelos estudantes, Esta abordagem está geralmente dependente da comunicação entre os estudantes e do feedback directo fornecido pelos outros estudantes e pelo professor. b) Construcionismo A ideia base do construcionismo é a ênfase nas teses e nos testes. Os métodos preferidos são as simulações (o que está errado, o que pode ser feito), ou como construir algo (a LEGO, por exemplo, desenvolveu um sistema CAD/CAM, em que modelos feitos em Lego podem ser controlados por programas de computador). O construcionismo também privilegia as tarefas abertas e o feedback directo. c) Programas de instrução Os programas de instrução são normalmente construídos como aprendizagem auto-regulada, havendo pouca necessidade de tutoria durante o processo de aprendizagem. O feedback está frequentemente incluído nos próprios programas. As abordagens preferidas são: • ensino programado; • programas de formação; • apresentações e testes. 16. FEEDBACK O feedback é uma parte substancial da aprendizagem tanto para o aprendente como para o professor/tutor, quer se processe através de testes com feedback automático, trabalhos corrigidos pelo professor ou fórmulas de auto-avaliação. O feedback dá ao aprendente informação sobre o seu progresso e mostra ao professor/tutor os sucessos ou as dificuldades que precisam de ser corrigidas. O feedback pode ser: - formativo, sendo fornecido durante a situação de aprendizagem; - sumativo, em que a situação de aprendizagem termina com uma avaliação. A forma mais adequada decorre da análise do currículo global, do grupo-alvo, dos objectivos e dos recursos disponíveis. Quando se utilizam questionários, os tipos de questões mais comuns com feedback automático são: • verdadeiro/falso • escolha-múltipla • preenchimento de espaços • associação-combinação • arrastar e largar (drag and drop) • resposta curta Os tipos de questões que requerem feedback por parte do tutor são: • ensaios ou relatórios • estudos de caso • projectos ou construções 17. CONTEÚDOS ADEQUADOS PARA ENSINO A DISTÂNCIA Formalmente, não existem limitações quanto ao que se pode ensinar utilizando diferentes media, mas a prática demonstra que alguns tipos de conhecimento são mais difíceis de organizar em ensino a distância do que outros. Para compreender este aspecto, pode revelar-se útil dividir o conhecimento em categorias. Na literatura de língua inglesa relativa ao ensino, o conhecimento é dividido em 3 categorias26: Saber que (knowledge that) Eu sei que Cuba produz açúcar. Eu sei que 2+2 = 4. Eu sei que ser é um verbo. Saber como (knowledge how) Eu sei andar de bicicleta. Eu sei falar, ler e escrever Português. Eu sei como fazer uma pizza. Saber por conhecer (knowledge by acquaintance) Eu conheço-o. Eu conheço Veneza. Eu conheço tapeçaria. Esta divisão, no entanto, não é suficiente para analisar que tipo de conhecimento é adequado para ensino a distância. Temos também que distinguir entre conhecimento analógico e conhecimento digital. Para esse fim, podemos referir o trabalho de Howard Gartner, que fala de sistemas simbólicos de primeira ordem e de segunda ordem27. O conhecimento que se enquadra no sistema simbólico de primeira ordem pode ser aprendido através do corpo ou dos sentidos: falar, dançar, pintar, cantar e contar. O conhecimento que se enquadra no sistema simbólico de segunda ordem só pode ser aprendido através do ensino. Não se consegue aprender a ler observando-se alguém a ler um livro. É preciso que alguém nos explique o significado dos símbolos. Estas duas teorias tornam possível dividir os conteúdos da educação em seis categorias: 28 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 29 Conhecimento Primeira ordem (analógico) Segunda ordem (digital) Saber que Eu sei que o açúcar é doce. Eu sei que 2 maçãs são mais do que 1. Eu sei que Cuba produz açúcar. Eu sei que 2+2 = 4. Eu sei que ser é um verbo. Saber como Eu sei andar de bicicleta. Eu sei jogar no computador. Eu sei falar, ler e escrever Português. Eu sei ler e escrever. Eu sei como fazer uma pizza. Eu sei seguir uma receita. Saber por conhecer Eu conheço-o. Eu conheço Veneza. Eu conheço tapeçaria. Eu conheço os programas para o Windows, da Microsoft. Sabemos, pela experiência, que o conhecimento de segunda ordem (digital) é mais fácil de disponibilizar através do ensino a distância do que o conhecimento de primeira ordem (analógico). 18. ESCOLHA DE UMA ABORDAGEM: ENSINO A DISTÂNCIA TRADICIONAL OU ENSINO MISTO? Para determinar qual a modalidade de ensino mais adequada - ensino a distância ou ensino misto - podem utilizar-se diversos questionários como, por exemplo, a Grelha de Análise de um Curso (Course DL Screening Form): 19. RESUMO Para os potenciais fornecedores de ensino a distância, aqui ficam algumas recomendações: • Escolha a plataforma pedagógica antes de investir num sistema de gestão da aprendizagem (LMS – Learning Management System). • Pondere os seus conteúdos de acordo com uma formação à medida, just-in-time ou just-in-case. • Escolha standards para os seus objectos de aprendizagem. • Dê uniformidade e identidade (brand) à sua abordagem de ensino a distância e use esses critérios aquando do desenho de pacotes de trabalho. • Reflicta sobre as possibilidades de combinar objectivos aquando do desenho de pacotes de trabalho. • Seja realista quanto ao investimento necessário, incluindo o tempo de trabalho das pessoas envolvidas. • Teste a adequação dos conteúdos antes de utilizar o ensino a distância. 20. BIBLIOGRAFIA Abbey, Beverly: Instructional and Cognitive Impacts of Web-Based Education.- Idea Group Publishing 2000. Cada “sim” dá -1 ponto e cada “não” +1 ponto Variável Some os pontos e interprete da seguinte forma: • 0 ou valor negativo: o ensino a distância não é adequado; • 1-3: o ensino a distância pode não ser adequado. Pondere a utilização de tecnologia na sala de aula; • 4-6: pondere o ensino misto; • 7+: o ensino a distância é muito adequado28. Pontuação Advanced Distributed Learnining Portal at www.adlnet.org As actividades práticas são essenciais São necessários equipamento e ferramentas especializadas É necessária formação em grupo em termos funcionais Beer, Valorie: The Web learning Fieldbook - Using the World Wide Web to Build Workplace Learning Environments. - Jossey-Bass Pfeiffer 2000 Belanger, France, Dianne H. Jordan.- “Evaluation and Impl. Of DL: Technologies, Tools and Techniques”.- Idea Group Publishing 2000 É necessária a resolução de problemas em grupo Chapman, Bryan articles and webinars at www.brandonhall.com É necessário feedback contínuo por parte do professor/tutor São necessárias discussões guiadas pelo professor/tutor São necessárias discussões em grupo Cross, Jay: Envisioning Learning.- Internet Time Group 2002 www.internettime.com/Learning/articles/Envisioning%20Learning.pdf (20.04.2002) Danmarks ICT-Center for Uddanelse of Forkskning / The Danish ICT Centre for Education and Research at www.school-ict.org É necessária a presença física do professor/tutor e dos estudantes Estonian e-University Portal www.e-uni.ee (10.04.2004) É necessário recolher dados sobre o desempenho dos aprendentes Gartner, H: Frames of mind, fontana press ,London, 1983 Os objectivos de aprendizagem envolvem riscos físicos para o aprendente (código inverso = sim +1 ponto não –1 ponto) 30 • Iniciação ao Ensino a Distância Harris, Jeff: An Introduction to Authoring Tools. Learning Circuits Portal, 2002 www.learningcircuits.org/2002/mar2002/harris.html (20.04.2004) Iniciação ao Ensino a Distância • 31 Horton, Wiliam: E-learning Tool Categories. Designing Web-based Training. William Horton Consulting Inc. 2003 www.designingwbt.com/elearningresources/toolCategories.asp IEEE Learning Technology Standard Committee homepage http://ltsc.ieee.org/ CAPÍTULO 3 • A COZINHA DO ENSINO A DISTÂNCIA Kvalitetsudvikling I e-læring, arbejdsgruppe uddannelsesstyrelsen, Danmark 2001 Koen DePryck [Bélgica] CVO Antwerpen-Zuid Lauersen, Per Fibæk: Didaktik og kognition, 1999, p 84 f Mayer, Richard E.: Multimedia Learning: Cambridge University Press 2001 PAVE - Promoting Added Value through the Evaluation of Training.- PAVE Handbook compiled by International Expert Group under European Commission Leonardo-PAVE Project in 1999 Reusable Learning Objects Authoring Guidelines: How to Build Modules, Lessons and Topics CISCO Systems White Paper http://business.cisco.com/servletwl3/FileDownloader/iqprd/104119/104119_kbns.pdf (20.04.2004) Todd, Chris, Flexible Learning Best Practice Project: Literature and Website Reviews.- Labyrinth Consultancy, 2000 University of Illinois, Online Network: The Learning Styles http://www.ion.illinois.edu/IONresources/instructionalDesign/learningStyles.asp Valiathan, Purnima: “Instructional Designe - simply put”. - Knowledge Solutions Business NIIT Ltd. www.e-learningguru.com/articles/Simply_Put.doc (20.04.2004) 1. INTRODUÇÃO O ensino a distância pode adoptar diferentes formas e formatos, desde cursos baseados na web ou emissões televisivas até cursos envolvendo a utilização de CDs ou baseados na correspondência. Pode incluir mundos virtuais, simulações, role-playing, narrativas, aprender fazendo ou aprender ensinando. O ensino a distância pode envolver um professor/tutor ou não. Pode requerer interacções em tempo real (cursos síncronos), mas pode também ser completamente independente do tempo e do espaço (cursos assíncronos). Para tornar as coisas ainda mais complexas, o ensino a distância pode ser uma combinação de quaisquer dos exemplos referidos. Pode, até, ser misto: parcialmente a distância e parcialmente presencial. A forma e o conteúdo nunca são totalmente independentes. Os conteúdos podem, assim, ajudar a escolher a forma adequada para um curso de ensino a distância. Ensinar a alguém uma competência fundamental terá maior sucesso se envolver um professor/tutor, particularmente se esse curso conduzir a uma certificação. A correspondência - correio tradicional - é obviamente um meio pobre para um curso sobre música contemporânea. Mas mesmo o óbvio pode nem sempre ser verdade. Simulações cada vez mais poderosas podem ter um papel importante no ensino da utilização de uma ferramenta que pode salvar vidas, como é o caso do desfibrilhador. Desde que estivessem disponíveis recursos como CDs, bibliotecas, e assim por diante, uma escola por correspondência poderia perfeitamente oferecer um curso sobre música contemporânea. Tal significa que os conteúdos são apenas parcialmente um critério para ajudar a decidir acerca da forma e do formato adequados do ensino a distância. Segundo o adágio tradicional modernista, a forma deve seguir a função. No contexto do ensino a distância, isto só pode significar uma coisa: a forma deve seguir a experiência de aprendizagem e os resultados da aprendizagem. E visto que os resultados da aprendizagem são, em larga medida, uma função da experiência de aprendizagem, as perguntas mais importantes que há a responder aquando da decisão sobre a forma do ensino a distância são as relativas à experiência (de aprendizagem) do aprendente. Do ponto de vista da gestão, isto significa que temos que nos centrar no processo que irá levar a equipa de projecto responsável pela introdução do ensino a distância desde o pensar sobre a experiência de aprendizagem até à implementação concreta do curso. Na perspectiva de um conceptor de curso, implica olhar para os elementos que contribuem para a experiência de aprendizagem - os chamados objectos de aprendizagem e as suas relações e interacções. 2. A FORMA SEGUE A EXPERIÊNCIA Esta é uma regra básica: primeiro deve pensar-se na experiência de aprendizagem e, em segui32 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 33 da, procurar a tecnologia que permitirá criar essa experiência para o aprendente. Não deve começar-se pela tecnologia, por muito apelativa que pareça ou por muito persuasivos que sejam os vendedores. A abordagem do ensino a distância centrada na tecnologia não é totalmente desprovida de mérito, mas deve limitar-se a situações em que o objectivo é a aquisição de pedaços isolados de informação por parte do aprendente. Em contextos mais complexos, a maior parte das pessoas aprende concentrando-se no significado da aprendizagem e na integração dos novos conhecimentos naqueles que já possuía. Utilizar um dispositivo electrónico para virar as páginas não constitui uma experiência de aprendizagem significativa. Passar consecutivamente páginas (web) - quer contenham apenas texto ou incluam também imagens, som ou vídeo - dificilmente conduzirá a uma compreensão profunda e persistente, embora este clicar através de umas quantas páginas possa ser um elemento fácil-de-implementar-e-de-usar a incluir nas ferramentas disponibilizadas aos estudantes. Quando se é responsável, a qualquer nível, pela implementação do ensino a distância, é útil saber, por experiência própria, o que significa participar num curso de ensino a distância. Uma pesquisa na Internet resulta num grande número de ofertas de ensino a distância grátis, pelo que encontrar uma que nos agrade não é geralmente um problema. Uma vantagem adicional é que esta pesquisa nos pode ajudar a tomar consciência da grande variedade de formas que estão disponíveis no mercado do ensino a distância. 3. A EXPERIÊNCIA DO ENSINO A DISTÂNCIA Uma experiência online não é o mesmo que uma experiência em sala de aula presencial, embora toda a aprendizagem tenha a ver, em última análise, com motivação, empenho e (espera-se) divertimento e alegria. As salas de aula reais lidam sem dúvida muito melhor com os altos e baixos da aprendizagem, e oferecem um tipo de feedback social e intelectual imediato que é difícil de replicar numa situação online. Mas a questão é que o ensino a distância, em especial na sua modalidade mista, é capaz de oferecer aos aprendentes uma experiência que vai para além do que pode ser conseguido num cenário tradicional. A experiência de um aprendente no ensino a distância divide-se tipicamente em três partes, cada uma delas com o seu próprio foco. • Antes do curso começar - Aconselhamento - Inscrição - Aprender “Como ser um estudante bem sucedido no ensino a distância” • Durante o curso, incluindo - Interacção com • Pares • Professores/tutores • Peritos - Apoio, incluindo • Apoio técnico • Apoio moral • Aprendizagem informal que potencia a experiência de ensino a distância - Avaliação • Após a conclusão do curso - Integração útil com os conhecimentos pré-existentes Nem todos estes elementos serão essenciais em todos os tipos de ensino a distância, mas esta lista oferece um conjunto razoavelmente completo de elementos para os fornecedores de ensino a distância terem em consideração. 34 • Iniciação ao Ensino a Distância O desafio consiste em encontrar a forma adequada para cada um destes momentos no processo de aprendizagem, ao mesmo tempo que se procura melhorar a experiência de aprendizagem que seria induzida por formas mais tradicionais de aprendizagem. Por que é que isto é tão importante? As altas taxas de desistência que se verificam nos cursos a distância dão-nos a resposta. É necessário manter os estudantes motivados. A simples selecção de conteúdos interessantes não é suficiente para atingir esse objectivo. Muito mais do que no ensino presencial, a forma (incluindo o processo) do curso é um factor essencial. 4. O QUE PROCURAR NUMA BOA EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM Este não é ainda o momento para nos lançarmos num discurso sobre “aprendizagem” mas, de uma forma geral, uma boa experiência de aprendizagem baseia-se nos seguintes elementos: • Riqueza sensorial • Adaptação a preferências e necessidades pessoais • Relevância • Camadas múltiplas de informação • Exploração pessoal não-linear • Recompensas e surpresas Estes aspectos fornecem um bom quadro de referência aquando da tomada de decisões acerca da forma de um curso de ensino a distância. É evidente que será necessário ter em consideração outros elementos, como sejam o custo, o pessoal e o nível de especialização - tratamos deles no contexto da ferramenta de análise apresentada no capítulo 9 - mas não devem ser, de todo, a prioridade principal. Riqueza sensorial Independentemente do que parecem pensar muitos conceptores de cursos para adultos, um curso de ensino a distância para adultos deve ser divertido. Os conceptores de cursos para crianças tendem a centrar-se (por vezes demasiado) na criação de uma experiência divertida para o seu público. Os conceptores de cursos para adultos têm tendência para negligenciar este aspecto, partindo do princípio, aparentemente, que os aprendentes adultos são seres muito circunspectos e intrinsecamente motivados que acham que o que é divertido é inadequado para a aprendizagem (de adultos). O que é que faz com que frequentar um curso seja divertido? Não há obviamente uma fórmula simples, mas é seguro afirmar que ele deverá ter, no mínimo, elementos inesperados. A riqueza sensorial é uma das formas de o conseguir, já que se refere não a uma sobrecarga barroca de informação visual e funcionalidades escondidas, mas sim ao evitar da rotina, à assimetria, à possibilidade e à necessidade induzida de explorar a informação apresentada. A aprendizagem é um processo activo e a forma dos materiais deve convidar o aprendente a participar nesse processo. Adaptação a preferências e necessidades pessoais O ensino a distância procura fornecer soluções de aprendizagem adaptadas às necessidades dos indivíduos. Esta é uma das áreas em que o ensino a distância tem uma vantagem potencial sobre o ensino presencial. As adaptações incluem, entre outros aspectos: • trajectórias adaptadas de aprendizagem (o que é que eu preciso de aprender); • interfaces de utilizador adaptadas (particularmente no contexto das necessidades educativas especiais); • contextos espaciais e temporais adaptados (onde e quando aprendo) A adaptação às preferências e necessidades pessoais tem sobretudo a ver com a criação de um ambiente de aprendizagem em que o estudante se sinta confortável. Os ambientes de aprendizagem têm várias dimensões, das quais se destacam: Iniciação ao Ensino a Distância • 35 • dimensão social: • a dimensão psicológica e cognitiva; • a dimensão física. A dimensão social depende, em larga medida, da quantidade e do tipo de interacção com os pares, professores/tutores e especialistas. Ter acesso (rápido) ao(s) professor/tutor(es) e aos especialistas dá um sentimento de suporte e acompanhamento. A interacção com os colegas fomenta um sentimento de pertença a uma comunidade de aprendizagem, que, por sua vez, apoia o processo de aprendizagem do indivíduo. Contudo, embora os estudantes gostem normalmente de interagir, a maior parte deles resiste a uma colaboração real, porque não querem depender de outros no que se refere aos resultados do “seu” curso. As dimensões psicológica e cognitiva envolvem dificuldades de aprendizagem e necessidades educativas especiais. Quanto a estas últimas, estão gradualmente a emergir orientações e standards sólidos. As dificuldades de aprendizagem, porém, não são ainda totalmente reconhecidas como barreiras importantes. De uma forma geral, ter em consideração a dimensão psicológica e cognitiva dos aprendentes exige ferramentas sofisticadas de diagnóstico e uma fase exaustiva de aconselhamento. Este é talvez o local apropriado para referir o quanto é importante o contexto físico do aprendente. Irá trabalhar a partir de casa? Estamos perante uma aprendizagem just-in-time no local de trabalho, talvez utilizando um PDA ao mesmo tempo que aprende a operar uma peça sofisticada de equipamento? Estamos a pensar em estudantes que gostariam de trabalhar nas suas tarefas enquanto viajam, talvez num avião ou num comboio? Esta é uma regra básica quando se pensa em adaptação: conhecer os aprendentes - demografia, género, idade, recursos, capacidades e talvez também dificuldades, background cultural - e procurar as formas e os formatos que sejam ou muito flexíveis ou tão abertos à customização quanto possível. Relevância A aprendizagem é tão mais poderosa quanto mais é percebida como relevante. Este é um processo que começa com informação de qualidade antes do início real do curso. O aconselhamento, a inscrição e o aprender como tornar-se um estudante a distância não são aspectos marginais nos resultados da aprendizagem, são ingredientes essenciais que requerem a mesma quantidade de acompanhamento profissional que o próprio curso. Mas isto não é tudo. Compare-se a relevância de um vídeo mostrando um professor a falar acerca do impacto do crescimento da UE na inflação com a relevância de um excerto de uma entrevista com esse professor ou de um vídeo de uma conversa desse professor com o presidente do conselho de administração do Banco Central Europeu. Os três vídeos tratam o mesmo assunto, mas embora a relevância seja, sobretudo, influenciada pelos conteúdos, a forma e o formato também influenciam a percepção da relevância, e é por isso que ela também pertence a este capítulo. Para além dos aspectos já referidos, a relevância também tem a ver com o levar-se os estudantes a aprender aquilo que estão prontos para aprender, o que requer que se conheça os estudantes ou que se pense na melhor forma de os preparar para aquilo que queremos realmente ensinar-lhes. Camadas múltiplas de informação Os estudantes funcionam melhor quando a informação que lhes é apresentada está organizada em múltiplas camadas. Hiperligações, dicionários embebidos e outros elementos permitem aos estudantes explorar os conteúdos em função do conhecimentos prévios, do tempo disponível, etc. As camadas múltiplas de informação reforçam a percepção da relevância e a riqueza sensorial do curso. 36 • Iniciação ao Ensino a Distância Exploração pessoal não-linear Mesmo quando os conteúdos permitem um percurso mais ou menos linear pelos materiais, a possibilidade de explorar esses materiais de uma forma pessoal e não-linear (incluindo, por exemplo, o backtracking ou a repetição de exercícios mesmo se completados com sucesso) contribui para a experiência de aprendizagem. Recompensas e surpresas O grupo-alvo do ensino a distância são aprendentes humanos, não robôs. Os humanos aborrecem-se com facilidade e exigem um grau razoável de variação e, até, de surpresa. Por outro lado, a motivação intrínseca para a aprendizagem pode levar alguém a inscrever-se num curso, mas isso raramente é suficiente para fazer com que assista a cada uma das sessões. Os conceptores devem assegurar a inclusão de recompensas para trabalho bem feito. 5. A PERSPECTIVA DA GESTÃO: 5+1 CS É boa ideia olhar para as boas práticas e aprender com elas, mas copiar apenas o que funciona num determinado contexto, para um grupo-alvo específico, não é, de forma alguma, garantia de sucesso. Iniciar e, em seguida, implementar o ensino a distância não é, pois, uma tarefa fácil. As decisões relativas à forma e ao formato do produto final são o resultado de um processo de gestão razoavelmente complexo, que envolve os cinco Cs: • • • • • Criação/criatividade Comunicação Coordenação Colaboração Controlo Não cabe agora desenvolver os aspectos de gestão em torno do ensino a distância. É suficiente dizer que os cinco Cs não se seguem necessariamente uns aos outros numa sequência fixa, antes estão interligados de uma forma não-linear. Manuseá-los requer competência, a que se chega geralmente através da prática. Depois, claro, há o sexto C: • Custo É errado pensar-se que o ensino a distância exige grandes orçamentos, mas também é errado partir-se do princípio que ele é a forma mais fácil de reduzir custos operacionais. O custo é geralmente proporcional à dimensão e à complexidade que, por seu turno, se traduzem num conjunto de factores. • Quantos estudantes estão envolvidos? • Qual é o tempo disponível para se montar o sistema e pô-lo a funcionar? • Qual é o tempo disponível para se proceder à formação de todos os elementos envolvidos na oferta do curso? Qual é o nível de formação necessário? É necessário um professor/tutor? • Espera-se que o curso tenha um prazo de validade longo ou curto? • Qual o nível de aprendizagem que o curso proporciona? As respostas a todas estas questões deverão contribuir para uma análise do retorno do investimento. Mas, no caso da educação, uma análise deste tipo não deve incidir sempre e exclusivamente no dinheiro. O retorno do investimento pode traduzir-se também na melhoria da qualidade ou na capacidade de fazer coisas que não se conseguia fazer antes. Iniciação ao Ensino a Distância • 37 6. A COZINHA DO ENSINO A DISTÂNCIA Management System). De facto, a introdução e a utilização de um sistema deste tipo é, frequentemente, uma forma conveniente de introduzir o ensino a distância. Como se referiu anteriormente, é necessário também olharmos para os ingredientes e as receitas que podem ser usados num curso de ensino a distância, ou, de um modo mais geral, numa experiência de ensino a distância - os chamados objectos de aprendizagem e os seus constituintes. Refiro-me a eles como ingredientes porque, tal como numa cozinha real, a mesma lista de ingredientes pode ser usada em diversas receitas para preparar refeições relacionadas mas, ainda assim, muito diferentes. As receitas, além disso, são objectos inerentemente difusos, apesar disso capazes de guiar quer cozinheiros experientes, quer outros com menos experiência. Desenvolvendo um pouco mais a metáfora: não devemos atentar apenas nos ingredientes, mas também nas suas relações. Podemos saltear/fritar camarões com alho em manteiga, ou podemos grelhá-los e verter um pouco de manteiga de alho sobre eles. Gostos diferentes, mas em ambos os casos a minha lista de compras diz “camarão, alho, manteiga”. As relações possíveis entre os ingredientes designam-se, geralmente, como a sua ontologia, e incluem, entre outras: • “Embebido em” • “Ligado a” • “Reencaminhado para” • “Conteúdo idêntico a” Uma imagem pode estar embebida num texto ou ligada a (linked to) um texto; um exame pode estar embebido numa sessão de aprendizagem e os resultados podem ser reencaminhados para um professor/tutor e/ou incluídos no registo do estudante. Os objectos possíveis, e as suas relações, são virtualmente infinitos. Gosto de pensar nisto como sendo acerca de elaborar um cenário ou compor uma receita de ensino a distância. Em principio, quanto menores forem os blocos de construção - objectos de aprendizagem tanto mais fácil é conceber um curso que seja adequado em função da tecnologia disponível, dos resultados de aprendizagem pretendidos e das necessidades individuais dos estudantes. Consequentemente, os fornecedores de ensino a distância têm que concentrar-se em aspectos como a compatibilidade dos objectos de aprendizagem, as interfaces, os repositórios, etc. A questão central passa a ser “como juntar as peças”. Ao contrário do que se passa numa cozinha real, os ingredientes podem ser utilizados uma e outra vez. Esta reusabilidade depende de diversos factores: • A divisão dos conteúdos em unidades reutilizáveis; • Um inventário de unidades de conteúdo disponíveis; • Uma política que imponha a reutilização dos conteúdos. Unidades mais pequenas são mais facilmente reutilizáveis do que unidades maiores. E embora seja verdade que existem poucos cursos que sejam constituídos inteiramente por unidades préexistentes, também é verdade que a reutilização de unidades de conteúdo torna mais fácil manter a coerência entre os cursos e evitar erros comuns. A reusabilidade facilita a produção de versões especializadas de um curso construídas em torno dos conteúdos nucleares. • Um curso de gestão e um curso de contabilidade podem partilhar unidades de conteúdo. • Um curso avançado pode incorporar unidades de conteúdo desenvolvidas no contexto de um curso introdutório. • Em especial no caso de se permitir a estudantes com níveis diferentes de conhecimentos ou especialização que frequentem o mesmo curso, a inclusão de material adicional pode ajudar a colmatar essas diferenças. Uma maneira relativamente fácil de promover a reutilização dos conteúdos através da selecção da forma adequada é a utilização de um sistema de gestão da aprendizagem (Learning 38 • Iniciação ao Ensino a Distância Um sistema de gestão da aprendizagem pode ter diversas funções, organizadas em torno do conceito de fornecer um ambiente integrado de aprendizagem. As funções possíveis incluem: • Distribuição de ficheiros • Trabalhos • Calendário • Repositórios de objectos de aprendizagem • Canais de comunicação Todos os sistemas de gestão da aprendizagem têm as suas vantagens e desvantagens, por isso torna-se imperativa uma avaliação cuidada. Mas devemos também ter em conta que estas ferramentas evoluem constantemente e que as funções que hoje faltam podem ser incluídas numa próxima versão. A procura deve basear-se numa análise simultaneamente funcional e técnica, e não deixar-se levar por técnicas promocionais de venda. Como exemplo (e aviso), iremos deter-nos brevemente em dois dos sistemas de gestão da aprendizagem mais comuns: o Blackboard e o WebCT. O Blackboard tem uma interface fácil e clara, uma “sala de aula virtual” poderosa e funcionalidades que podem ser ampliadas. Os utilizadores e os administradores de sistema beneficiam desta funcionalidade flexível mas os autores são, de alguma forma, deixados de fora – pelo menos nas versões actuais. O Blackboard não suporta a norma IMS Content Packaging nem a norma SCORM (Sharable Courseware Object Reference Model), e não oferece navegação através dos conteúdos nem a utilização dos favoritos (bookmarks) do browser. A empresa já anunciou o suporte às normas referidas em versões futuras. De um modo geral, falta ao Blackboard uma administração de recursos confortável. A única maneira de carregar (upload) ficheiros é através de uma interface web. Nem mesmo o FTP é suportado. O Blackboard não consegue converter ficheiros XML para outros formatos comuns. O WebCT oferece mais funcionalidades, em especial com o lançamento da versão 3.8. Além disso, é o único sistema até ao momento que suporta a norma IMS e a norma WebDAV (Webbased Distributed Authoring and Versioning), prometendo uma comunicação sem problemas com outros programas, mesmo quando é necessário recorrer a uma ferramenta chamada WebCT IMS Content Migration Utility (Utilitário de Migração de Conteúdos IMS do WebCT), que ajuda à importação e exportação de pacotes e suporta administradores. Geralmente, todos os ficheiros usados no WebCT devem ser legíveis na web, o que significa que é melhor converter os documentos XML para HTML antes de os carregar, mas isto, obviamente, requer trabalho adicional. É uma escolha difícil, sobretudo se a terminologia técnica introduzida intencionalmente nos parágrafos anteriores deixa os leitores um pouco assustados. Isto é especialmente verdade se olharmos para o investimento que é necessário para ter qualquer um destes sistemas a funcionar numa escola ou num instituto de formação. Existem muitas alternativas interessantes ao Blackboard e ao WebCT, algumas das quais são grátis ou disponibilizadas no regime de shareware, mas ainda assim torna-se imperativo um processo de decisão cuidado, que tenha em conta tantos factores quanto possível. Lembremos, contudo, que a experiência de aprendizagem dos participantes no curso deve ser o critério primordial. Algumas ferramentas estão disponíveis como software open source, permitindo adaptá-las às necessidades diagnosticadas. Embora esta seja uma opção atractiva no que se refere aos custos com a aquisição de licenças, o custo envolvido no domínio das competências necessárias para conseguir adequar, de facto, as ferramentas às necessidades tende a ser bastante elevado, devido a uma curva longa de aprendizagem. A flexibilidade e o controlo têm um preço! Iniciação ao Ensino a Distância • 39 7. A ESCOLHA FINAL Talvez o aspecto mais importante na decisão sobre a forma (e o conteúdo) de um curso de ensino a distância seja que tudo tem de ser cuidadosamente planeado e resolvido antes do início do curso. Isto aplica-se em todos os níveis de implementação, desde o nível mais alto da gestão, que precisa de ter uma visão para o ensino a distância (preferencialmente traduzida, pelo menos, numa declaração de missão), até ao professor, que já não poderá preparar as suas aulas com base numas quantas palavras-chave escritas num guardanapo. Uma vez tomadas as decisões, elas devem ser seguidas ao longo de todo o curso. Pode mais tarde olhar-se para trás e decidir-se fazer as coisas de forma diferente da próxima vez, mas nunca se deve tentar fazer isso durante um curso. A escolha final é, na verdade, uma série de pequenas escolhas finais. CAPÍTULO 4 • ASPECTOS PEDAGÓGICOS NO ENSINO A DISTÂNCIA Alda Pereira [Portugal] Universidade Aberta Lisbon Revisto por Kerttu Lõhmus [Estónia] O sucesso de um curso de ensino a distância é medido em termos da aprendizagem e não, como acontece numa empresa, em termos do negócio. Os estudantes e as suas experiências e resultados de aprendizagem devem ser, em última análise, os decisores no que se refere à forma e ao formato do ensino a distância. 1. INTRODUÇÃO Deve também ter-se em conta que a competência para oferecer ensino a distância está disponível “à nossa volta”. Tal como não se tem que cozinhar, podendo encomendar-se comida chinesa ou pizza entregues em casa, do mesmo modo pode encomendar-se a forma de ensino a distância de que se precisa, incluindo ajuda para descobrir do que é que se precisa. Isto permite o enfoque naquilo que é, aqui, o negócio principal: ensino e formação. Estes são os passos essenciais na implementação do ensino a distância: • Questione-se sobre por que é que precisa do ensino a distância. • Pense acerca da experiência de aprendizagem dos seus potenciais estudantes. • Decida relativamente aos conteúdos e à forma e invista o que for necessário para construir e combinar os objectos de aprendizagem adequados (ou arranje alguém que o faça). • Informe os estudantes e experimente o curso num contexto restrito. • Avalie o curso. • Aprenda com essa experiência antes de oferecer o curso em larga escala. A ferramenta de análise do ensino a distância apresentada no capítulo 9 foi desenhada para o ajudar a pensar acerca dos diferentes elementos a ter em consideração. Implementar o ensino a distância não é fácil, mas o esforço normalmente compensa se, e só se, estiver preparado para ter uma abordagem realmente profissional e se tiver acesso aos recursos (pessoas, conhecimento especializado, dinheiro) que suportem os seus planos. O ensino a distância é constituído por um conjunto de sistemas que partem do princípio que os estudantes estão separados do professor em termos espaciais e, por vezes, também temporais. Mais do que uma distância geográfica, o ensino a distância configura uma distância transacional que tem que ser gerida por professores e estudantes. Esta distância transacional é, por natureza, pedagógica, i.e. dialógica, emocional e psicológica. Hoje em dia, a gestão da distância pedagógica é facilitada pela utilização das tecnologias da informação e da comunicação. Para lidar com a distância, o aprendente pode ter que adquirir competências específicas, os materiais têm que ser cuidadosamente desenhados e aperfeiçoados e o professor deve orientar e apoiar o aprendente. Este capítulo centra-se nos principais aspectos pedagógicos que o professor deve ter em conta para fazer face à distância transaccional. A primeira secção refere-se ao contexto dos estudantes a distância, aos problemas da aprendizagem de adultos e à motivação e autonomia dos estudantes. As secções subsequentes abordam ambientes pedagógicos e modelos de aprendizagem, bem como as principais questões relativas ao papel do professor no ensino a distância. 2. APRENDENTES A DISTÂNCIA - O CONTEXTO No ensino a distância, o aprendente está face-a-face com os materiais de aprendizagem e não com o professor numa sala de aula real. De uma forma geral, ele interage com os materiais, realiza tarefas e responde por si próprio às perguntas do professor, pelo que tem que ser um indivíduo autónomo. Assim, a educação a distância é mais adequada para grupos-alvo de adultos. Muitos estudantes a distância são pessoas que têm um emprego e uma família. Têm que coordenar áreas e interesses diferentes e combiná-los com os seus estudos. Para muitas pessoas, isto revela-se bastante exigente, porque têm que ser organizadas e usar bem o seu tempo. Por outro lado, no ensino a distância o aprendente está, regra geral, isolado. Falta-lhe o contacto visual com o professor, típico do ensino presencial, bem como o apoio imediato de um professor que está presente e que é capaz de avaliar as suas necessidades e dificuldades, no sentido de experimentar outras formas de lhe explicar os conteúdos e, em suma, de o motivar. Falta também aos estudantes a distância o contacto ou a competição com outros estudantes e que contribui para a motivação. Por isso, eles têm que ser automotivados, persistentes e tenazes. 40 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 41 Todas estas dificuldades podem tornar-se sérias e transformar o estudo numa tarefa árdua, levando o estudante a desistir por falta de motivação para persistir na aprendizagem. Na realidade, a falta de motivação é uma das principais razões do insucesso no ensino a distância. Aprendizagem de adultos A aprendizagem não acaba com a chegada à idade adulta. Para além da aprendizagem informal que se processa através da vida profissional, familiar ou social, os indivíduos enfrentam a necessidade de uma aprendizagem ao longo da vida, quer em contextos formais, que em contextos não-formais. No primeiro caso, há a necessidade de adquirir novas qualificações ou ter uma segunda oportunidade de obter uma certificação não completada anteriormente; no segundo caso, a aquisição de novas competências tem lugar em contextos profissionais ou sociais. Embora alguns autores se oponham a esta perspectiva29, a aprendizagem na idade adulta é geralmente vista como possuindo características diferentes da aprendizagem na infância ou na adolescência30. De acordo com esta teoria, um adulto: • tem um autoconceito amadurecido, que lhe permite ser menos dependente dos outros e mais autodirigido; • é, por norma, um indivíduo com experiência de vida, o que constitui uma fonte potencial de aprendizagem; • está predisposto a aprender, se a aprendizagem for orientada para tarefas de natureza social, e não responde tão bem como uma criança ou um jovem a actividades orientadas para o desenvolvimento; • prefere abordagens centradas na resolução de problemas e não nos conteúdos, isto é, sente-se mais motivado por matérias que possam ser aplicadas a curto prazo; • tem uma motivação sobretudo intrínseca, sendo susceptível de responder de forma menos positiva a estímulos externos31. Tendo em conta estes factores, os adultos são, geralmente, autodirigidos por objectivos pessoais, valorizam a sua autonomia e preferem o conhecimento com aplicabilidade imediata. Trabalham melhor em aspectos práticos do que em aspectos teóricos e preferem projectos definidos por eles próprios, de acordo com os seus interesses. Segundo esta perspectiva, um adulto é autónomo na forma como orienta e controla o seu processo de aprendizagem, sendo capaz de seleccionar os recursos necessários e utilizar os métodos que considera mais relevantes. Estes pressupostos, contudo, têm levantado alguma controvérsia, Em primeiro lugar, porque a natureza da aprendizagem pode não ser muito diferente quando se comparam os adultos e as crianças, especialmente se pensarmos na possível dependência de outro indivíduo. Esta questão pode ser particularmente importante quando consideramos a aquisição de competências em contextos formais e não-formais, isto é, em situações de aprendizagem para além das de natureza informal. Em segundo lugar, porque os estudos que suportam estas ideias foram realizados sobretudo com adultos das sociedades ocidentais, não havendo qualquer evidência que permita determinar se esta perspectiva sobre a aprendizagem de adultos pode ser transferida para outras culturas, ou se também depende de aspectos relacionados com a personalidade adulta. Em terceiro lugar, porque não sabemos se um adulto aparentemente autónomo e empenhado no auto-estudo procura apoio emocional ou mesmo orientação no seu ambiente pessoal. Em quarto lugar, as experiências adultas anteriores têm que ser encaradas com prudência quando se pensa nelas como recursos potenciais para a aprendizagem. De facto, a forma como os indivíduos percepcionam e valorizam as experiências passadas depende dos seus próprios filtros perceptivos e culturais. Por outro lado, uma boa parte das experiências anteriores pode não 42 • Iniciação ao Ensino a Distância ter um papel importante para a evolução pessoal, se estas experiências forem todas vistas à luz do mesmo filtro. Finalmente, deve enfatizar-se que, apesar das vozes críticas, os pressupostos presentes na literatura sobre as características distintivas da aprendizagem de adultos se relacionam de duas maneiras com o sucesso do ensino a distância: em primeiro lugar, pode entender-se que o ensino a distância tem que ser, do ponto de vista pedagógico, orientado através do aprendente; em segundo lugar, pode dizer-se que uma das funções do ensino a distância é ajudar os indivíduos a tornar-se independentes e autónomos. Autonomia No ensino a distância, a autonomia do aprendente é determinada pelo grau em que é o aprendente, e não o professor, quem determina os objectivos, selecciona as experiências de aprendizagem e escolhe a altura adequada para a avaliação. Assim, um estudante a distância ideal é alguém que é emocionalmente independente de um professor/tutor e que pode abordar as matérias directamente, sem ter outro adulto a intervir continuamente para explicar ou ensinar. De acordo com o mencionado anteriormente, esta devia ser uma situação natural para adultos e, contudo, não é. Fornecemos uma descrição idealizada de um adulto, mas existem, na realidade, muitos adultos que não são autónomos e a quem falta autoconfiança e auto-orientação. Knowles (1984), embora considere ser este o comportamento adulto típico, também reconhece que tal não se verifica em certos casos. De facto, todo o sistema educativo prévio à educação de adultos se baseia na dependência de um professor. Desse modo, poucos adultos são aprendentes autónomos e, por isso, o professor pode ter que ajudar o aprendente a desenvolver a sua autonomia. Além disso, há muitos indivíduos hoje em dia que, não sendo ainda totalmente adultos, utilizam o ensino a distância. Devemos considerar a existência de muitos graus de autonomia no que respeita a um programa de ensino a distância. A falta de autonomia do aprendente pode ser obviada através do diálogo instrucional e da estruturação dos materiais de aprendizagem. O diálogo instrucional desenvolve-se entre o professor e os estudantes, em torno dos conteúdos que compõem um determinado programa de ensino, e ocorre quando o primeiro dá instruções aos últimos. No ensino a distância, isto pode ser feito directa ou indirectamente, dependendo também do medium escolhido para a instrução e a comunicação. O termo diálogo é usado, neste contexto, como uma interacção construtiva entre participantes, no sentido de promover a aprendizagem. O diálogo é indirecto quando o estudante interage sozinho com os materiais, i.e. um manual, um vídeo ou uma página web. Esta é uma espécie de “diálogo virtual” em que o estudante interage com o texto, as imagens ou os gráficos. Neste tipo de diálogo, encontramos normalmente um sistema de comunicação unidireccional. Mas, neste caso, o aprendente não sabe se interpretou bem os materiais que está a trabalhar. Por isso, se não for já autoconfiante, pode ficar confuso e inseguro. Para evitar mal-entendidos, o “diálogo virtual” pode ser melhorado através de perguntas bem elaboradas que requeiram a reflexão do aprendente, de actividades desenhadas para a autoavaliação e da possibilidade de o aprendente verificar os resultados de aprendizagem esperados. No diálogo directo, como o que existe nos cursos presenciais, o aprendente pode formular questões acerca das suas dúvidas e pedir instruções e feedback ao professor. Para este tipo de diálogo, são úteis os sistemas bidireccionais de comunicação. O telefone, o correio electrónico, as salas de aula virtuais ou conferências bidireccionais de áudio e vídeo podem concretizar esse objectivo. Para além do diálogo entre o professor e o estudante, é agora possível a comunicação entre os estudantes, graças ao desenvolvimento das tecnologias da comunicação e da educação mediada Iniciação ao Ensino a Distância • 43 por computador. Estas interacções têm dois objectivos principais: o primeiro dirige-se a uma dimensão social efectiva – a possibilidade destas interacções entre aprendentes em qualquer altura evita o isolamento e pode contribuir para o desenvolvimento de mecanismos de apoio mútuo; o segundo objectivo é de natureza cognitiva. As discussões e os debates entre os aprendentes utilizando, por exemplo, fóruns de discussão virtuais em redes de computadores, permite o desenvolvimento de uma comunidade real de aprendizagem, em que os significados se desenvolvem em conjunto, com base nas sinergias que se estabelecem entre os estudantes a propósito dos assuntos em discussão32. Ainda, quando o aprendente não é um indivíduo autónomo, pode ser ajudado através da utilização de materiais com uma determinada estruturação. O termo “estruturação” refere-se a uma variável do ensino a distância, que exprime a rigidez ou a flexibilidade de um curso ou de um programa33. Num curso estruturado, os objectivos estão predefinidos, as leituras e outras tarefas de aprendizagem são planeadas e comunicadas com antecedência aos estudantes, e a natureza e as oportunidades de auto-avaliação, bem como o feedback do professor, são planeados e definidos no tempo. Ou seja, um programa estruturado é um programa que estrutura a aprendizagem e em que não existem muitas possibilidades de o aprendente fazer outras coisas para além das previamente definidas. Deste modo, os cursos estruturados não requerem uma componente dialógica, dado que não exigem a reorganização de actividades ou quaisquer outras alterações decorrentes das características ou das perguntas do aprendente. É ao estudante que cabe decidir quais as estratégias que precisa de desenvolver e utilizar, e qual a melhor altura para realizar uma tarefa. Em cursos não-estruturados, o estudante recebe instruções e orientações de estudo de forma dialógica. Neste caso, as características e necessidades dos estudantes podem levar a modificações durante o decorrer de um curso. Tal é possível através do aumento da interacção entre o professor e os estudantes e é facilitado pela utilização de uma abordagem baseada em “objectos de aprendizagem reutilizáveis”, i.e. através do desenvolvimento de materiais formatados em pequenas unidades, que permitam a combinação e a modificação ao longo do processo de aprendizagem. A tecnologia disponível determina a natureza do diálogo, bem como a sua estrutura. Um programa de televisão, por exemplo, é altamente estruturado porque o seu conteúdo e a sua abordagem são predefinidos. O estudante não tem qualquer possibilidade de interferir no sentido de mudar o programa. As videoconferências bidireccionais, por seu turno, podem ser utilizadas numa abordagem menos estruturada e mais dialógica, apesar do facto de serem actualmente utilizadas sobretudo para aulas expositivas. Outros programas de ensino baseados na web e mediados por computador, como as páginas web ou os sistemas de gestão da aprendizagem, podem ser usados quer numa forma estruturada, em que o aprendente tem que ter um alto nível de autonomia, quer numa forma menos estruturada e mais dialógica. As características dos aprendentes, nomeadamente a personalidade, o nível de autonomia, as experiências anteriores e o nível prévio de instrução, determinam a maior ou menor necessidade de diálogo nos programas de ensino a distância. Assim, a identificação das experiências prévias dos aprendentes pode ser extremamente importante aquando da concepção e do desenvolvimento de um curso de ensino a distância. Motivação A motivação é um constructo psicológico que descreve um estado ou uma condição internos que servem para activar ou alimentar um comportamento e dar-lhe orientação. A maior parte dos psicólogos acredita que existem dois tipos de motivação: intrínseca e extrínseca. A motivação intrínseca refere-se às actividades desenvolvidas por um indivíduo de moto próprio. As razões que subjazem à acção residem em objectivos pessoais, na obtenção de prazer 44 • Iniciação ao Ensino a Distância ou numa necessidade afectiva ou cognitiva. A motivação extrínseca repousa na aprovação externa, na recompensa ou no reforço. Como foi já mencionado, um adulto é mais intrinsecamente motivado do que uma criança, mas há diversas razões que explicam o facto de existirem muitos adultos a quem falta motivação, por: • não terem uma lista de prioridades do que é mais importante para o sucesso pessoal; • terem sentimentos negativos devido a experiências passadas; • acreditarem que não têm capacidade para realizar algumas actividades; • não confiarem nas suas competências pessoais; • não serem autoconfiantes relativamente à consecução de objectivos futuros; • a sua motivação extrínseca ser baixa devido a razões pessoais ou familiares. Em todos estes casos existe uma falta de persistência, confiança e tenacidade que pode ter implicações sérias no processo de aprendizagem e reduzir a autonomia individual. Para o professor, este é um aspecto importante a que deve estar atento no sentido de evitar o insucesso decorrente da falta de motivação. Auto-avaliação A autoconfiança do aprendente é crucial para o sucesso no ensino a distância. Ela é sempre importante para orientar o aprendente no sentido de uma autonomia progressiva no seu processo de aprendizagem e para a automotivação contínua. Para que isso aconteça, o aprendente tem que adquirir hábitos e competências de auto-avaliação, i.e. conhecimento metacognitivo, que envolve conhecimento estratégico, conhecimento das tarefas cognitivas e autoconhecimento. Os professores têm que fornecer alguma orientação e apoio para ajudar os estudantes a distância a apropriar-se do seu processo de aprendizagem e a desenvolver as suas competências metacognitivas. O conhecimento estratégico é o conhecimento geral para aprender e pensar. Inclui o conhecimento de como memorizamos informação, extraímos o sentido de um texto, compreendemos o que ouvimos ou lemos nos materiais do curso, e resolvemos problemas. As estratégias para aprender conteúdos podem agrupar-se em três categorias diferentes: estratégias de repetição, estratégias de elaboração e estratégias de organização34. Estratégias de repetição - envolvem a repetição de palavras ou termos a serem recordados mais tarde. Estratégias de elaboração - incluem mnemónicas para tarefas de memorização e resumir, parafrasear e seleccionar as ideias principais de textos ou lições. Estas estratégias resultam numa compreensão mais profunda do que a repetição. Estratégias de organização - referem-se a diversas formas de representação gráfica da informação (outlining), mapeamento de conceitos e registo de notas. São estratégias que visam o estabelecimento de conexões entre elementos dos conteúdos. Além disso, deve pensar-se ainda no conhecimento de vários métodos que são úteis para o planeamento, monitorização e regulação da aprendizagem e do pensamento pessoais. Os exemplos incluem definir sub-objectivos para uma tarefa (planeamento), colocar questões a nós próprios durante a leitura de um texto ou verificar a resposta a um problema (monitorização), ou reler algo que não compreendemos (regulação). Finalmente, é importante compreender a abordagem heurística geral que os indivíduos podem utilizar para resolver os problemas, como sejam o raciocínio dedutivo e indutivo, a avaliação da validade de afirmações lógicas e o fazer inferências adequadas a partir de diferentes fontes de informação, por exemplo. Iniciação ao Ensino a Distância • 45 O conhecimento acerca das tarefas cognitivas inclui a avaliação dos diferentes níveis de dificuldade das tarefas. implicando a consciência de que algumas tarefas podem ser mais ou menos difíceis do que outras e requerer estratégias cognitivas diferentes. Além disso, é importante compreender como e porquê usar estas estratégias da melhor forma. O autoconhecimento refere-se à compreensão por parte do indivíduo dos seus pontos fortes e dos seus pontos fracos. Sabermos, por exemplo, que temos melhor desempenho em testes de escolha múltipla do que em ensaios é auto-conhecimento metacognitivo acerca das nossas competências de resolução de testes. É também fundamental para um aprendente ter uma compreensão adequada da sua motivação, o que inclui avaliar a sua capacidade para realizar determinada tarefa, os seus objectivos na realização da tarefa e o interesse e valor que a tarefa tem para ele. Estes aspectos são frequentemente um desafio para o aprendente, que tem que evoluir de um papel passivo para um papel activo através da reflexão sobre a sua forma de pensar, da identificação dos seus pontos fracos e da explicitação das suas dúvidas e mal-entendidos. Trata-se, também, de monitorizar activamente as suas estratégias e os seus recursos de aprendizagem e de avaliar a sua capacidade para realizar actividades específicas, testes e tarefas. 3. ABORDAGENS INSTRUCIONAIS aprendente, ou seja, é um processo em que os indivíduos constroem novas ideias baseando-se no seu conhecimento anterior. Os objectivos instrucionais são enquadrados em termos experienciais, através da especificação do tipo de problemas que o aprendente deve resolver, dos tipos de controlo que tem que exercer sobre o meio, das actividades que desenvolve para resolver os problemas e dos modos como reflecte sobre os resultados da sua actividade. As maiores preocupações do construtivismo são a aprendizagem e a construção do processo de aprendizagem. Este processo é visto como estando sujeito à situação do aprendente. Métodos como a discussão e a colaboração entre os aprendentes, centradas em estudos de caso ou em trabalho de projecto, tarefas abertas ligadas a objectivos de aprendizagem flexíveis ou construídas para reflectir as condições do “mundo real”, são os mais adequados. O ambiente de aprendizagem pode ser centrado no aprendente ou na comunidade, baseando-se num contexto social específico, deliberadamente construído com outros aprendentes, partindo-se do princípio que todos os participantes estão motivados por um interesse comum relativamente a um tema ou problema. O professor é o facilitador e o arquitecto do processo de aprendizagem. As principais tarefas do ensino são a criação de “bons” problemas que estimulem a exploração, a criação de actividades de grupo e a modelação e a facilitação do processo de construção do conhecimento. No que se refere à avaliação, privilegia-se a avaliação contínua, com base em experiências activas autênticas, e não o enfoque nos produtos finais da aprendizagem. O ensino baseia-se sempre numa determinada concepção da aprendizagem. Existem muitas teorias da aprendizagem mas, de um modo geral, a maior parte delas pode ser vista como um continuum entre duas posições extremas: o instrutivismo e o construtivismo. 4. AMBIENTES PEDAGÓGICOS O instrutivismo, enraizado nas teorias behavioristas, parte do princípio que a aprendizagem é moldada pelas circunstâncias do meio e que o ensino procura criar as melhores condições externas que levem a um aperfeiçoamento nas reacções dos aprendentes. Diferentes objectivos para a educação e a instrução requerem ambientes diferentes. Iremos explorar três tipos importantes de ambientes: centrados no conhecimento, centrados no aprendente e centrados na comunidade. Assim, para o professor, planear a forma como provocar mudanças é o aspecto mais crucial. A aprendizagem é vista como uma progressão linear do conhecimento: cada nova unidade de conteúdo liga-se à anterior, em pequenos passos. Os conteúdos dividem-se em pequenas unidades e os objectivos são cuidadosamente definidos, referindo-se a factos simples, conceitos importantes ou competências. O conhecimento declarativo e processual é apresentado pelo professor através de exemplos e de regras, e espera-se que o aprendente apreenda informação teórica e adquira rotinas através da prática. As actividades de aprendizagem são planeadas para promover a interacção com recursos de informação estruturados (tais como o professor/tutor, outros especialistas, livros, media e programas de computador). O professor é o perito e o modelo para os aprendentes, usando indicações para os orientar em direcção aos resultados desejados e fornecendo reforço positivo sempre que o aprendente dá uma resposta correcta, ou corrigindo uma resposta errada. Os ambientes centrados no conhecimento são cenários educativos desenhados para ajudar os estudantes a aumentar o seu conhecimento. Isto significa que estes ambientes se concentram no tipo de informação e actividades que ajudem os estudantes a compreender matérias e tópicos numa área específica. Nestes ambientes, o objectivo mais importante é a transmissão do conhecimento e a aquisição de rotinas que um especialista numa determinada área deve possuir. Neste caso, o mais importante é provavelmente encontrar e explicitar a informação que se adequa ao conhecimento prévio do aprendente. O maior desafio na concepção de um ambiente centrado no conhecimento é encontrar um equilíbrio entre as actividades que promovem a compreensão e aquelas que promovem o desenvolvimento de competências automáticas necessárias para desempenhar uma determinada profissão ou tarefa. A maior preocupação do instrutivismo é a informação e, por isso, ensina-se melhor os estudantes quando o foco está directamente centrado nos conteúdos a ensinar. O instrutivismo assume a possibilidade de uma visão objectiva, e a instrução retira o material do contexto em que virá a ser utilizado. São preferidas as lições, os tutoriais, os exercícios de repetição, as demonstrações e outras formas de ensino controlado pelo professor, e as interacções entre este e os aprendentes dominam o ambiente de aprendizagem. Os estudantes são avaliados através da testagem individual, de modo a verificar-se o seu domínio do conhecimento e da prática. Este tipo de paradigma pode ser o mais adequado para este propósito. Neste sentido, o paradigma instrucional procura o desenvolvimento de competências intelectuais e atitudinais, e o professor é um modelo para o estudante. Para tornar a tarefa mais fácil, a informação pode ser dividida em pequenas unidades e o professor pode fornecer feedback contínuo relativamente ao desempenho dos estudantes. Em alternativa, no ensino a distância, os materiais são desenhados para promover a autocorrecção pelos próprios aprendentes. Pode dizer-se, neste caso, que a avaliação formativa é da maior importância. O construtivismo, por seu lado, é uma abordagem ampla que inclui teorias vindas da tradição cognitiva e de uma perspectiva interaccionista sociopsicológica. De um ponto de vista construtivista, a aprendizagem é uma mudança de significado construída a partir da experiência do 46 • Iniciação ao Ensino a Distância Ambientes centrados no conhecimento Ambientes centrados no aprendente Os ambientes centrados no aprendente, por seu turno, colocam a ênfase no conhecimento prévio, crenças, competências e atitudes que os aprendentes trazem para o cenário educativo. Iniciação ao Ensino a Distância • 47 Deste modo, privilegiam a adequação e a relevância culturais, prestando atenção às culturas ou subculturas dos aprendentes, ao seu modo de ser e às suas idiossincrasias culturais. Além disso, estes ambientes respeitam as práticas linguísticas dos aprendentes como base para a compreensão e mudança futuras. Este tipo de ambientes enquadra-se no ensino diagnóstico, i.e. a tentativa de descobrir o que é que os estudantes pensam acerca dos problemas e dos tópicos, a discussão das suas concepções erróneas e a disponibilização de experiências e actividades que permitam aos aprendentes (re)ajustar as suas ideias. O ensino diagnóstico oferece as condições para o desenho de uma estrutura de ensino baseada em actividades e experiências que motivem os aprendentes. Na prática, um professor que privilegie um ambiente centrado no aprendente está consciente de que é este que constrói os seus próprios significados, agindo como uma ponte entre o aprendente e os conteúdos. Por outro lado, procura ajudar o estudante a estabelecer relações entre os seus conhecimentos prévios e as suas tarefas académicas actuais. Ambientes centrados na comunidade Os recentes desenvolvimentos nas tecnologias informáticas e na própria pedagogia apontam para a relevância que os ambientes centrados na comunidade podem ter para o ensino a distância. Este tipo de ambientes surge quando se desenvolvem alguns aspectos como, por exemplo, um sentimento de interdependência potenciado por interacções sociais e normas que valorizam a procura da compreensão. Neste ambiente, os aprendentes são livres de errar enquanto aprendem porque os seus pares não são competitivos, mas antes cooperativos e colaborativos. Subjacente a estes ambientes está um conjunto de práticas que incluem o apoio emocional entre pares e o encorajamento de debates entre os estudantes, a resolução de problemas e projectos em pequenos grupos ou com toda a turma. Este tipo de ambiente assemelha-se a uma comunidade de prática real, onde existem objectivos comuns e onde todas as pessoas tentam colaborar para a consecução desses objectivos. No ensino a distância, as ferramentas assíncronas de comunicação, como os fóruns de discussão, podem contribuir para o estabelecimento de ambientes centrados na comunidade. Estas ferramentas proporcionam ambientes em que os estudantes podem ler textos e colocar mensagens num fórum de discussão com as suas perspectivas e ideias. Além disso, os ambientes assíncronos permitem aos estudantes ter tempo para pensar e reflectir sobre os materiais ou sobre as contribuições dos seus pares e do professor. 5. MODELOS PEDAGÓGICOS A separação física entre o estudante e o professor implica, do ponto de vista pedagógico, que a aprendizagem se centre no aprendente. Isto é, o estudante assume total responsabilidade pelo seu processo de estudo, pela escolha do ritmo que melhor serve a sua situação específica, pela selecção de estratégias de acordo com as suas características pessoais e pela gestão do tempo. Nesta base, os métodos e as técnicas utilizados no ensino a distância podem ser perspectivados de acordo com duas grandes abordagens ou modelos pedagógicos: o modelo da aprendizagem independente e o modelo da aprendizagem colaborativa. Modelo da aprendizagem independente A aprendizagem independente apoia-se na aprendizagem autodirigida controlada pelo aprendente. Este modelo baseia-se na expectativa de que os aprendentes são capazes de se orientar a si próprios de forma autónoma e definir os seus próprios alvos com a ajuda das leituras e das tarefas recomendadas pelo professor. Para que tal aconteça, é desejável que as leituras e as tarefas 48 • Iniciação ao Ensino a Distância tenham alvos e objectivos claramente definidos e que os conteúdos estejam organizados em secções relativamente autónomas, de modo a que o processo de estudo seja mais fácil para o estudante. Seguindo este modelo, a forma mais comum de organização dos conteúdos de um curso é ter um tema dividido em pequenas unidades, com uma série de tarefas, seguido de actividades de auto-avaliação. Para que este modelo resulte, a selecção das tarefas a ser realizadas pelo estudante e os recursos tecnológicos escolhidos para veicular informação devem ser desenhados tendo em conta os diferentes estilos de aprendizagem dos potenciais aprendentes. Uma variação deste modelo envolve o estabelecimento de projectos individuais apoiados. Nesta abordagem, o estudante identifica as suas necessidades de formação e trabalha para definir um projecto de aprendizagem que vá ao encontro delas. O estudante define os seus objectivos de aprendizagem e tenta identificar os recursos necessários. Neste contexto, o professor age como um treinador: orientando o processo de aprendizagem, facilitando recursos e fornecendo apoio e instruções directas à medida das necessidades. Deve realçar-se que esta abordagem requer um alto nível de maturidade por parte do estudante e atenção individual por parte do professor, em especial se o projecto tiver um alto grau de complexidade. Em suma, o modelo da aprendizagem independente oferece oportunidades para uma aprendizagem à medida do estudante e das suas necessidades específicas (just-in-time, just-enough e where-I-am learning). Modelo da aprendizagem colaborativa A aprendizagem colaborativa baseia-se na aprendizagem através da interacção pessoal ou social entre os estudantes. Um processo de aprendizagem colaborativa pode ajudar os estudantes a partilhar objectivos, explorar materiais de aprendizagem e atingir níveis de compreensão e conhecimento mais profundos, através da construção social dos significados e do conhecimento. Os estudantes trabalham colaborativamente ou cooperativamente em equipas, podendo incluir-se nesta categoria diversas actividades diferentes: discussões em grupo acerca de um determinado tópico, em que se espera que os estudantes beneficiem de uma troca de perspectivas e pontos de vista críticos, resolução cooperativa de problemas e trabalho de projecto colaborativo. Os conteúdos podem ser disponibilizados através de leituras, tarefas, estudos de caso e simulações, com orientações para os estudantes sobre como trabalhar colaborativamente. Estas actividades devem ser desenhadas de modo a forçar os estudantes a pensar criticamente e a aplicar o que estão a ler e a analisar. Para além dos benefícios cognitivos, a aprendizagem colaborativa é especialmente útil para desenvolver competência sociais, como sejam o respeito pelos outros, a tolerância e o trabalho em equipa. Além disso, num ambiente de aprendizagem colaborativa cada estudante tem que ter em conta diversas perspectivas sobre um tópico, o que favorece o pensamento flexível. Estes dois modelos pedagógicos não são incompatíveis, podendo mesmo considerar-se complementares. O modelo da aprendizagem independente beneficia os aprendentes adultos, autónomos e autodirigidos. Um estudante com estas características consegue gerir o tempo, conjugar as tarefas de aprendizagem com outras exigências profissionais e pessoais e fazer com que o trabalho se adeque às suas necessidades e interesses. O segundo modelo pode ajudar a diminuir o sentimento de isolamento característico do ensino a distância, abre a possibilidade de apoio mútuo entre os estudantes – quer emocional, quer cognitivo - e proporciona aos estudantes os benefícios que decorrem da interacção para construir um conhecimento comum. Uma condição fundamental para o sucesso de qualquer um dos modelos é o fornecimento aos Iniciação ao Ensino a Distância • 49 estudantes de instruções claras e de carácter prático acerca do curso. Estas podem ser princípios orientadores acerca dos temas a estudar, dos métodos a utilizar durante o estudo, o que se espera que cada estudante faça em cada tópico, uma estimativa do tempo que será necessário para realizar cada uma das tarefas, o sistema de classificação e os momentos de avaliação. 6. O PAPEL DO PROFESSOR Instrutor e treinador No ensino a distância o aprendente está face-a-face com os materiais e não com o professor, como acontece numa sala de aula real. Ele lê textos, realiza tarefas e responde às perguntas do professor por si próprio. Num ambiente centrado na comunidade, ele interage com outros estudantes e constrói o conhecimento através da partilha de perspectivas, opiniões e valores. Este tipo de trabalho requer um modo de ensino diferente, em que o professor é menos um instrutor e mais um facilitador. Em teoria, no modelo da aprendizagem independente o estudante trabalha de forma autónoma, define os seus objectivos, planeia o seu tempo e gere o seu próprio processo de aprendizagem. Na prática, contudo, as coisas nem sempre se passam desta maneira, mesmo quando os materiais de aprendizagem são bem estruturados e desenhados para facilitar o auto-estudo. Existem diversas razões para este facto. A primeira é que, regra geral, não estamos perante aprendentes adultos com maturidade, habituados a ter controlo sobre os seus processos de trabalho e a sua aprendizagem. Em segundo lugar, o estudante está isolado e tem que ser disciplinado de uma forma persistente, o que não é fácil, em especial se não tiver definido claramente as suas prioridades e os seus objectivos. Em terceiro lugar, é frequente os estudantes não terem confiança nas suas capacidades e serem incapazes de decidir quais os melhores métodos de trabalho a adoptar, sobretudo se têm um nível prévio de instrução baixo ou se estiveram durante um período de tempo considerável afastados do sistema educativo. Em quarto lugar, é possível que o estudante não possua as competências necessárias para a abordagem de certas matérias devido a uma estruturação deficiente dos seus conhecimentos prévios. Dado que a maior parte dos estudantes possui um baixo nível de autonomia, é necessária uma orientação permanente da parte do professor. Um dos aspectos centrais na actividade dos professores a distância é ajudar os estudantes a desenvolver-se enquanto aprendentes capazes de gerir o seu processo de aprendizagem. No contexto da aprendizagem autodirigida, o professor é o interlocutor principal e dedica-se a uma série de actividades, tais como instruir, treinar e apoiar, isto é, fornecer instrução acerca dos conteúdos da aprendizagem, clarificar aspectos específicos e fornecer apoio individual ao estudante, de modo a que este possa reconhecer as suas capacidades, ganhar autoconfiança, identificar os métodos de estudo mais adequados e auto-avaliar as aprendizagens realizadas. O professor, agindo como um instrutor num determinado assunto, tem que motivar os estudantes a realizar as tarefas e as actividades planeadas. Neste sentido, é muito importante clarificar à partida o programa de aprendizagem, tornar os objectivos explícitos e, se possível, dar algumas indicações sobre como chegar a esses mesmos objectivos. Se a aprendizagem se desenvolver num modelo misto, esta clarificação e uma orientação geral podem ter lugar nas sessões presenciais. Estas sessões podem ainda oferecer aos estudantes a oportunidade de se conhecerem uns aos outros enquanto colegas potenciais nos trabalhos de grupo, como acontece numa turma presencial. Após a distribuição do plano de trabalho aos estudantes, segue-se uma fase de interacção em que o professor utiliza ferramentas de comunicação, como o telefone ou o correio electrónico. É muito frequente os estudantes não terem a iniciativa de contactar o professor para colocar as suas 50 • Iniciação ao Ensino a Distância dúvidas ou para pedir orientação, por isso o professor deve contactar os estudantes para ajudar a quebrar as barreiras e inibições naturais. O professor deve ter consciência de que um estudante inseguro se sentirá provavelmente pouco à vontade para falar com o professor no ensino a distância. No que toca ao ensino e ao apoio ao estudante, existem duas abordagens principais: a cognitiva e a organizacional35. A primeira pode incluir aspectos relativos ao apoio, compreensão dos conteúdos e desenvolvimento de competências cognitivas, estratégias de aprendizagem e motivação. A segunda refere-se à gestão do tempo por parte do estudante e ao aconselhamento. Quando se discute o ensino a distância, esta última é da maior importância, dada a sua relevância para o sucesso dos aprendentes a distância. A abordagem cognitiva requer que o tutor: • explique e clarifique aspectos relacionados com os conteúdos que os estudantes tenham referenciado como problemáticos; • colija e analise o trabalho formativo dos estudantes e avalie o seu progresso providenciando feedback, quer formalmente (com o apoio de programas informáticos de avaliação) quer informalmente. A análise pode ser realizada com base na resolução real e prática de problemas que tenha em consideração o conhecimento que é suposto os estudantes terem adquirido; • ajude os estudantes a identificar estratégias de aprendizagem eficientes. Este é um aspecto crítico, já que as estratégias de aprendizagem são idiossincráticas. Um professor cujos estudantes revelem dificuldades específicas deve tentar compreender que estratégias foram já utilizadas e sugerir outras (por exemplo, tomar notas pode ser importante para um estudante, enquanto que para outro é melhor sublinhar e comentar ao longo do texto). O professor pode também ajudar os estudantes a identificar os seus estilos de aprendizagem, de modo a poderem melhorar o seu trabalho e seleccionar a melhor abordagem para um determinado conteúdo; • encoraje os estudantes a terem uma abordagem ao estudo que seja profunda, e não superficial. Sem o apoio imediato do professor ou do grupo de pares, muitos estudantes a distância não têm confiança na sua aprendizagem e nas suas competências quando lêem o material, tendendo a concentrar-se na memorização de factos e de detalhes. Por essa razão, podem acabar por ter uma compreensão deficiente dos materiais do curso. Este é o resultado de uma “abordagem superficial”, que pode resumir-se da seguinte forma: a) enfoque em elementos discretos e na própria linguagem; b) memorização da informação e de procedimentos para os testes; c) associação não reflexiva de factos e conceitos; d) incapacidade de distinguir os conceitos principais dos detalhes ou informação nova de informação antiga; e) incapacidade de procurar evidência; f) concentração nos requerimentos, trabalhos e testes, levando a um conhecimento que está desligado da sua experiência pessoal. O professor deve estar atento a isto e ajudar os estudantes a tornar-se mais selectivos e mais focados na sua aprendizagem, de modo a fazer emergir uma “abordagem profunda”: a) enfoque nos argumentos do texto; b) distinção e relacionação das novas ideias e dos conhecimentos prévios: c) relacionação da informação com a experiência quotidiana; d) distinção e relacionação dos argumentos e da evidência; e) organização e estruturação do contexto; f) enfoque na relevância dos materiais instrucionais para a sua vida profissional, pessoal ou quotidiana em geral. Deve, também, ajudar os estudantes a superar atrasos, fornecendo orientações que permitam a recuperação e prevenindo, desse modo, o abandono. Quando os estudantes não têm a autoconfiança e as competências de aprendizagem adequadas para abordar os conteúdos, o professor deve ajudá-los de forma mais directa. Neste caso, é importante disponibilizar bibliografia ou pedir outros trabalhos. Por vezes, apoiar os estudantes pode ser simplesmente ter uma atitude que demonstre interesse, de modo a que os estudantes sintam que o professor está interessado no seu trabalho e nos seus resultados e tem expectativas positivas quanto ao seu desenvolvimento. Deve aqui fazer-se uma referência à utilização de sessões síncronas mediadas por computador (como o chat) para dar aulas. No ensino a distância, a não ser que estejam previstas sessões presIniciação ao Ensino a Distância • 51 enciais como parte de um regime de ensino misto, as prelecções de um professor não desempenham o mesmo papel que no ensino tradicional. De facto, as apresentações orais são substituídas pelas leituras e pela análise dos conteúdos. Se um professor/tutor usa o chat para dar uma aula expositiva, o que os estudantes recebem são longos excertos textuais que não são passíveis de capturar o seu interesse ou a sua atenção. A componente técnica pode ser importante se a comunidade colaborativa estiver organizada em torno das tecnologias da informação e da comunicação, e é relativa ai papel de facilitador da interacção estudante-ambiente, criando rotinas para a utilização do software, de modo a que não constitua um problema adicional para o estudante. No caso do ensino misto, a introdução da tecnologia pode ser feita de forma mais eficiente em sessões presenciais de carácter prático. Facilitador e moderador No modelo da aprendizagem colaborativa, o papel do professor é de facilitador e moderador de discussões e de gestor dos processos colaborativos de aprendizagem. A aprendizagem é suportada por dois tipos de interacção: a interacção entre o estudante e os conteúdos e interacção interpessoal. No modelo da aprendizagem autodirigida, predomina o primeiro tipo de interacção; no modelo da aprendizagem colaborativa, privilegia-se a interacção entre os aprendentes acerca dos conteúdos. Neste último modelo, o professor assume o papel de facilitador de processos interactivos entre os estudantes, tentando gerir esta interacção de forma a atingir altos níveis de aprendizagem. Os ambientes de aprendizagem centrados na colaboração podem ser implementados nas sessões presenciais num regime de ensino misto. No entanto, a utilização das tecnologias da informação e da comunicação oferece uma poderosa ferramenta assíncrona na criação destes ambientes, que são os fóruns de discussão. O chat, uma ferramenta síncrona, demonstra algum potencial pedagógico para a aprendizagem colaborativa. É, contudo, limitado por ser um processo de comunicação em tempo real. Na verdade, a comunicação em tempo real limita a reflexão, devido à rapidez necessária para responder. O chat é melhor utilizado para o desenvolvimento de trabalho de equipa. De modo a fazer-se o melhor uso possível do chat, os grupos devem ser bastante pequenos. Os pequenos grupos também criam um ambiente em que todas as vozes se podem fazer ouvir. De outro maneira, é fácil aos participantes dispersarem-se e a discussão desvia-se dos temas em debate. Nos ambientes assíncronos, pelo contrário, os estudantes podem trabalhar os materiais disponibilizados pelo professor quando quiserem, analisar as intervenções dos colegas, fazer uma busca autónoma de materiais complementares e partilhá-los com os colegas, participando nas discussões e aprofundando a aprendizagem. Como referem Pallof & Pratt, “the result is a great ability to make meaning out of the material under study and to engage with it”36. O papel do professor como facilitador e moderador em ambientes colaborativos centrados no trabalho em equipa compreende três áreas principais: a área pedagógica, a área social e a área organizacional (gestão). A estas deve juntar-se uma área técnica relevante para os ambientes mediados por computador37. • Área pedagógica - refere-se ao papel do professor como organizador e facilitador da aprendizagem. As suas tarefas incluem formular objectivos comuns para o grupo, atribuir tarefas e problemas, sugerir leituras e temas de investigação, questionar os estudantes de uma forma criativa e estimulante, encorajar os estudantes a participar, estimular a reflexão e moderar as discussões. • Área social - prende-se com o estabelecimento de um ambiente humano promotor de interacções positivas entre os membros do grupo, de coesão do grupo e de desenvolvimento. Nesta fase é fundamental que o professor promova encontros entre os membros do grupo para os ajudar a conhecerem-se uns aos outros e a estabelecer relações próximas. • Área organizacional - relaciona-se com a negociação com o grupo em torno de horários, procedimentos e responsabilidades. 7. DICAS PEDAGÓGICAS PARA O SUCESSO DOS PROGRAMAS DE ENSINO A DISTÂNCIA Este capítulo mostra que existem muitos aspectos pedagógicos substantivos que há que ter em conta no desenvolvimento e na distribuição de cursos e programas no ensino a distância. Dum ponto de vista prático, antes do início de um programa a distância o professor deve questionarse sobre certas características, de forma a planear uma abordagem adequada. Nomeadamente, deve decidir com base nas seguintes questões38: Quem são os meus estudantes? São adultos? Quais são as suas qualificações? Estão habituados à aprendizagem auto-dirigida? É a primeira vez que estão a frequentar um programa de ensino a distância? Qual o seu nível de literacia tecnológica? Terão acesso à tecnologia através da qual o curso ser+a disponibilizado? Quais são os objectivos principais do meu programa? O que será mais adequado para os meus estudantes - um programa estruturado ou um programa não-estruturado? Que recursos vou utilizar para veicular os conteúdos e as actividades (papel, vídeo, áudio, páginas web, etc.)? Que ferramentas tecnológicas de comunicação posso usar? Devo oferecer formação tecnológica antes de iniciar o programa? Quem irá assegurar o apoio técnico durante o curso e como o fará? De acordo com os objectivos principais do curso e tendo em conta os meus estudantes, qual será o melhor ambiente pedagógico? Será um ambiente centrado no conhecimento? Ou no aprendente? Ou na comunidade? Deverei combiná-los ao longo do curso para aproveitar o melhor de cada um deles? Que modelo de ensino a distância está disponível para este programa? Se o ensino é misto, quais os conteúdos que vou trabalhar em sessões presenciais e quais os mais adequados para estudar a distância? Qual é o melhor modelo pedagógico para o meu curso? Ou, que secções do meu programa se enquadram melhor num modelo de aprendizagem independente ou num modelo de aprendizagem colaborativa? O que se espera de mim em cada um dos casos? Como posso gerir o meu tempo ao usar estes modelos? Depois de responder a estas questões, pode esboçar-se o plano do projecto descrevendo os modelos escolhidos, as técnicas e as tecnologias, bem como as tarefas a ser realizadas e o tempo que se prevê ser necessário para o trabalho do professor/tutor. 8. BIBLIOGRAFIA Berge, Z.L. (1995), “The role of the Online Instructor/Facilitator”, http://www.emoderators.com/moderators/teach_online.html Brookfield, S. (1995), “Adult Learning: An Overview”, in A. Tuinjman (ed.), International Encyclopedia of Education, Oxford, Pergamon Press. 52 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 53 Burge, L. (1988), “Beyond Andragogy: Some Explorations for Distance Learning Design”, Journal of Distance Education, vol. 3. www.eurodl.org/materials/2001/icl01/laister.htm Joanneum, T. (2001), “3rd Generation Learning Platforms Requirements and Motivation for Collaborative Learning”, CAPÍTULO 5 • ENSINO: ASPECTOS DIDÁCTICOS NO ENSINO A DISTÂNCIA Keegan, D. (Ed.) (1993), Theoretical Principles of Distance Education, N.Y, Routledge. Pia Melchior Petersen e Lone Guldbrandt Tønnesen [Dinamarca] Adult Teacher Training College, CVU-FYN, Dinamarca Revisto por Kerttu Lohmus [Estónia] Knowles, M.S. et al (1984), Andragogy in Action, San Francisco, Jossey-Bass Publishers. Lumsden, L.S. (1994), “Student Motivation To Learn”, Eric Digest, Number 92. Moore, M. (1986), “Self-Directed Learning and Distance Education”, Journal of Distance Education, vol. 1. Moore, M.G. (1993), “Theory of transactional distance”, in D. Keegan (Ed.), Theoretical Principles of Distance Education, N.Y, Routledge. Palloff, R. M. & Pratt, K. (2001), Lessons from the Cyberspace Classroom, San Francisco, Jossey-Bass. Palloff, R. M. & Pratt, K. 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De uma forma geral, o professor numa instituição educativa moderna recebe muito poucas orientações de ensino à partida, tendo que ser capaz de planear o processo de aprendizagem dos aprendentes de forma autónoma. Neste capítulo, entendemos o ensino como compreendendo as considerações didácticas que o professor tem que ter em conta no seu ensino. O planeamento do ensino no ensino a distância requer mais atenção do que o normal porque inclui frequentemente meios electrónicos como plataforma de aprendizagem39. A consequência desta abordagem é que o contacto entre o professor e o aprendente, natural no ensino tradicional, é difícil de desenvolver. Desse modo, as competências necessárias ao professor alteram-se: em vez de se basearem na capacidade de organizar matérias e conteúdos, como na sala de aula tradicional, baseiam-se na capacidade de organizar o processo de aprendizagem de indivíduos ou grupos que terão que trabalhar autonomamente. Construímos este capítulo com base numa teoria didáctica. Primeiro ilustramos essa teoria, depois explicamos partes diferentes dessa teoria em seis secções. Em cada uma delas incluem-se, também, sugestões sobre como implementar a teoria. Finalmente, concluímos o capítulo com uma secção que contém também descrições de outras competências que um professor do ensino a distância deve possuir. 2. COMPETÊNCIAS DIDÁCTICAS Escolhemos o modelo didáctico de relações proposto por Hiim e Hippe. Estamos conscientes de que existem outras teorias nas quais poderíamos basear este capítulo, mas escolhemos estes autores porque a sua teoria está de acordo com o pensamento construtivista. 54 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 55 nd en te ação inicial do apr - situ e ---o çã - -- pr oc e éto em e trabalho -dos d ---av al ia A UNI-C desenvolveu também um curso chamado Seminarie-it para professores da educação de adultos, especialmente desenvolvido para formadores de professores do ensino básico e secundário. Materiais -------- Um exemplo dinamarquês é a licença pedagógica para a utilização do computador, chamada School-ICT, especificamente dirigida a professores do ensino básico que, por lei, têm que implementar as tecnologias da informação e da comunicação no seu ensino. O governo encarregou uma instituição central, a UNI-C, de desenvolver um curso e dar formação aos professores. Este curso foi ministrado, até hoje, a 35.000 professores e está, neste momento, a ser implementado na Noruega. ---------- obje ctiv os ----se údo nte Tanto o conceptor/tecnólogo como o professor precisam de avaliar o curso e reflectir sobre ele. A reflexão é também um elemento central na aprendizagem moderna, quer para o professor, quer para o aprendente. Como apoio ao processo de aprendizagem do aprendente advogamos o uso de diários electrónicos, portfólios e diálogo. ks wor me a r -f -- - co A tarefa do conceptor/tecnólogo é desenhar o curso ou o pacote de aprendizagem para atingir os melhores resultados de aprendizagem possíveis, enquanto o professor é responsável pela orientação do processo de aprendizagem. A capacidade do professor para ser proficiente na comunicação escrita bidireccional é fundamental para o sucesso. Esta capacidade requer o domínio de uma forma de comunicação electrónica completamente nova, que é completamente diferente da comunicação presencial. A diferença principal é que o professor não consegue “ler” as expressões faciais ou os gestos dos estudantes, sendo-lhe difícil, por essa razão, ter uma percepção clara do ambiente psicológico experimentado pelos estudantes no ensino a distância. É muito difícil perceber este tipo de fenómenos com base apenas na palavra escrita e, por isso, o professor tem que usar outras formas de conseguir essa informação por parte dos estudantes. Este capítulo baseia-se na teoria didáctica proposta por Hiim and Hippe (fig. 5.1), que relaciona os seis aspectos mais importantes no planeamento de um pacote de trabalho. A teoria assenta no enfoque nos aspectos mais importantes para o planeamento dos pacotes de trabalho e nas conexões entre os diversos factores. Todos estes factores são interdependentes, pelo que as mudanças num deles implicam mudanças nos outros. --- É importante estar consciente das diferenças entre os papéis do conceptor/tecnólogo e do professor. O conceptor/tecnólogo e o professor são frequentemente a mesma pessoa, mas é também comum que estes papéis sejam desempenhados por pessoas diferentes. 3. TEORIA DIDÁCTICA os ss É importante que um professor possua certas competências didácticas para ter sucesso enquanto professor do ensino a distância. Para além das que são básicas, e que lhe permitem ser capaz de levar a cabo um programa de ensino, o professor tem também que possuir as seguintes competências: • capacidade de desenvolver um currículo adequado, em que o desenho dos pacotes de trabalho corresponde às necessidades dos aprendentes (organizar os processos de aprendizagem); • competências relativas aos diferentes papéis de ensino (dar feedback, motivar, treinar); • competências relativas à avaliação e à reflexão fig. 5.1 Ilustração do modelo definido por Hilde Hiim e Else Hippe 40 3.1 Situação inicial do aprendente Uma análise da situação inicial dos aprendentes pode mostrar que estas são muito diferentes, e isso pode querer dizer que os aprendentes têm que trabalhar com uma série de abordagens diversas que possam acomodar as suas formas próprias de aprender, no sentido de atingir resultados óptimos. Os aprendentes têm necessidades, exigências e objectivos variáveis no que se refere ao ensino, e aprendentes diferentes podem aprender melhor através da utilização de abordagens diferentes à aprendizagem (ver capítulo 6). Algumas das questões a colocar acerca da situação inicial são: • Que competências profissionais, ou outras relevantes, tem o aprendente? • Que competências de comunicação tem o aprendente? • Que competências colaborativas tem o aprendente? • O aprendente está motivado para se empenhar nas matérias? • O aprendente tem alguns problemas ou necessidades especiais no que se refere a recursos relativos ao ensino? • Como é que o aprendente aprende? É necessário ter em conta estas questões quer no planeamento, quer no contacto com os aprendentes. Deve pensar-se nelas em relação ao grupo de aprendentes como um todo, mas também em relação a cada aprendente individualmente, tanto no planeamento do pacote de trabalho como no feedback. 56 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 57 Aquando do planeamento de um pacote de trabalho ou de um curso, é possível começar com um pré-teste que incida sobre as competências relevantes dos aprendentes, no sentido de assegurar que o pacote de trabalho ou o curso planeados se adequam às suas necessidades. Isso pode ser feito através da utilização de um teste de escolha múltipla disponível na Internet ou de entrevistas individuais. É importante responder ao aprendente no âmbito do seu próprio nível de conhecimentos. Por outras palavras, o professor tem que ir ao encontro do aluno e do nível em que este se encontra. As questões apresentadas acima são úteis para perceber o nível inicial adequado. Estas considerações ajudam o professor a encontrar a melhor forma de fornecer instrução e feedback aos indivíduos e aos grupos de aprendentes. Referimos, em seguida, algumas das regras essenciais que constituem os padrões de instrução e feedback mais comuns no ensino a distância. São elas: • KISS (Keep It Simple, Stupid) 41 Um professor sabe muito mais do que um aprendente, mas os aprendentes não são capazes de aprender tudo de uma só vez. Assim, deve manter-se a instrução e o feedback ao nível que o préteste determinou que o aprendente consegue funcionar. De outro modo, o aprendente sentir-se-á frustrado perante exigências que estão acima das suas competências. A regra KISS ajuda o professor a lembrar-se que devemos ter sempre em conta o nível do aprendente quando ensinamos. • PWP (Praise - whip - praise) 42 A regra PWP refere-se à forma de dar feedback. Deve começar-se por resumir o trabalho apresentado e elogiar os aspectos positivos, de modo a favorecer uma certa abertura por parte do aprendente e torná-lo mais receptivo às críticas que se seguirão. É também fundamental terminar o feedback num tom positivo e elogioso, porque isso motiva o aprendente para trabalhar subsequentemente com as críticas apresentadas. • MOQ (Make Open questions) 43 Os professores devem ir ao encontro dos aprendentes, situando-se ao nível destes, e motivá-los a ter um desempenho o melhor possível. Tal consegue-se através da formulação de perguntas abertas e de instruções relativas a como chegar a um nível de conhecimentos mais elevado, i.e. indicando materiais suplementares ou descrevendo os elementos nucleares de uma outra abordagem do problema, o que pode motivar os aprendentes a pesquisar mais informação. Perguntas abertas, com diferentes possibilidades de resolução do problema proposto, também potenciam a motivação dos aprendentes para discutir a tarefa com o grupo e, consequentemente, a sua capacidade de cooperar noutros contextos. 3.2 Quadros de referência (Frameworks) O termo “quadros de referência” designa as condições que orientam o ensino e que emergem de diferentes níveis, tais como os quadros de referência produzidos ao nível da turma, da escola, ou da comunidade mais alargada. Os quadros de referência podem influenciar as decisões didácticas relativas ao planeamento, execução e avaliação do ensino. Algumas das questões a colocar quando se consideram os quadros de referências são: • Tem que se usar uma plataforma tecnológica especial ou o ensino é independente da escolha e da utilização de uma plataforma tecnológica? • O ensino corrente é controlado por um currículo? • Existem quadros de referência nacionais relevantes? • Existem constrangimentos de tempo? • Que competências possui o professor que são relevantes ter para a prática do ensino a distância? • Todos os aprendentes têm acesso à Internet? • A oferta restringe-se ao ensino a distância, ou inclui o ensino misto? 58 • Iniciação ao Ensino a Distância Se o conceptor/tecnólogo ou o professor estão dependente de uma plataforma tecnológica específica, isso condiciona o quadro de referência da abordagem didáctica. Dados os constrangimentos na vida real, acontece por vezes que a plataforma determina a abordagem didáctica. Por outras palavras, a escolha da plataforma é uma influência forte no planeamento do ensino a distância. De uma forma geral, o currículo (ou plano de estudos) exprime o objectivo educativo e paradigmas como os conteúdos e os objectivos, podendo ainda incluir um programa disciplinar. Na educação formal o currículo é, normalmente, definido pelas autoridades competentes. Assim, o currículo indica em que medida o conceptor/tecnólogo pode usar uma abordagem construtivista, construcionista ou instrutivista. Um curso de Matemática, por exemplo, inclui mais ensino construcionista do que um curso de História, que consistiria, basicamente, em ensino construtivista. O ensino instrutivista é útil em cursos em que se ensinam competências específicas. As condições acima referidas são limitações que provêm de instâncias externas e que o professor não pode controlar. O planeamento dos pacotes de trabalho de ensino a distância é condicionado e o professor deve ter em conta em que medida essas restrições afectam os pacotes de trabalho. É possível usar uma abordagem construtivista ou uma abordagem instrutivista para ensinar o mesmo currículo, mas no ensino a distância a abordagem construtivista garante melhores resultados. Quando as autoridades influenciam o currículo é, geralmente, com base no ensino tradicional em sala de aula. Esta perspectiva não se adequa, naturalmente, às exigências típicas do ensino a distância, em que o aprendente, por exemplo, tem que saber à partida o que fazer e porquê. Difícil é, também, usar a aprendizagem “just-in-time”. Os constrangimentos temporais podem influenciar o quanto se pode ensinar a um aprendente. É um aspecto central no ensino a distância construtivista que a aprendizagem é um processo que precisa de tempo para a reflexão, a resposta, a discussão e a obtenção de feedback do professor ou dos outros aprendentes, e por isso é muito difícil aumentar a velocidade da aprendizagem. É possível alterar algumas das condições do professor ou do aprendente no quadro de referência. O professor pode frequentar cursos para adquirir novas competências ou ter acesso a melhores tecnologias, ou pode oferecer-se aos aprendentes acesso à Internet e a tecnologia necessária. Os quadros de referência incluem todas as condições relacionadas com as possibilidades e as limitações do ensino. Estão ligados às condições na sala de aula, às condições de colaboração entre os professores a ao próprio professor. 3.3 Objectivos O objectivo é o propósito da educação/ensino. Os objectivos podem encontrar-se na declaração de intenções da instituição educativa, nas iniciativas políticas, regulamentações e leis do governo, e nas especificações para as diferentes disciplinas. Existem diversas opiniões quanto aos valores e aos conhecimentos que os objectivos devem reflectir: • objectivos cognitivos, como avaliar, compreender, usar e reproduzir; • objectivos atitudinais, como sejam ter uma atitude baseada em valores, apreciar e aceitar, reagir; • objectivos baseados no conhecimento, tais como o desenvolvimento de competências, comportamento e compreensão. Algumas das questões que se podem colocar, quando se pensa em objectivos, são: • Que conhecimentos, competências e atitudes deve o aprendente possuir após o curso? • O que é que a sociedade, a escola, o professor e o aprendente querem obter com o ensino? • Qual é o objectivo individual do aprendente? Deve ser definido por ele próprio ou em conjunto com o professor? Iniciação ao Ensino a Distância • 59 O propósito e os objectivos de um curso são normalmente disponibilizados quando o aprendente se inscreve. A questão que fica em aberto é a forma como eles serão atingidos. O papel do conceptor/tecnólogo é pensar nas várias formas de atingir os objectivos, dependendo da situação do aprendente, do seu estilo de aprendizagem e das características dos conteúdos do curso. O conhecimento pode ser dividido em duas categorias: • o que saber (saber o quê) • como fazer (saber como) Um alfaiate tem que • saber acerca de têxteis • saber como coser um bolso Na aprendizagem construtivista é melhor definir a maior parte dos objectivos em colaboração com o aprendente, já que o facto de os objectivos reflectirem as suas necessidades e interesses o ajuda a sentir-se responsável pelo processo de aprendizagem. Não quer isto dizer que o professor já não é responsável pelo processo, mas sim que o professor utiliza o processo de colaboração para criar um pacote de trabalho melhor. Os objectivos são formulados de acordo com factores externos, definidos por outros, e com factores internos, definidos pelo aprendente ou por este em conjunto com o professor. 3.4 Conteúdos/materiais Os conteúdos referem-se aos conteúdos de ensino, quer sejam os materiais, quer sejam as matérias. Ao conceber o curso, o conceptor/tecnólogo tem que encontrar materiais (objectos de aprendizagem) que levem o aprendente a atingir os objectivos. Se o objectivo é formar o aprendente no desenho de bolsos, uma tarefa possível seria desenhar um casaco com, pelo menos, cinco tipos diferentes de bolsos. Ao pensarmos nos conteúdos e nos materiais, devemos perguntar: • Que materiais profissionais/vocacionais deve a formação conter? • Que parte se baseia na prática? • Que parte se baseia na teoria? • Como pode a tarefa promover o desenvolvimento pessoal? • O que pode o aprendente fazer sozinho? • O que pode o aprendente fazer a pares/em grupo? • Os materiais precisam de ser ensinados pelo professor? • Os conteúdos requerem encontros presenciais? Os conteúdos são o “o quê” do ensino. Pode haver currículos oficiais que descrevem os conteúdos da educação/formação, mas depois há um currículo oculto, em que os aspectos sociais, emocionais e pessoais da aprendizagem devem também constituir uma parte do ensino. Também se deve ter isto em conta quando se planeia um curso. No ensino a distância de carácter prático é importante que se possa praticar. Algumas escolas optam por disponibilizar uma sala, materiais e apoio num determinado horário, de modo a que o aprendente possa praticar em colaboração. Outras preferem deixar o aprendente praticar por si próprio em casa, avaliando apenas os resultados finais. É importante ter-se consciência de que é difícil transferir materiais de cursos presenciais para cursos a distância. Os materiais para cursos a distância têm que ser mais específicos, para que o aprendente possa saber exactamente o que se espera dele, e precisam de fazê-lo sentir-se mais seguro acerca do processo de aprendizagem, podendo ter que fornecer apoio adicional à aprendizagem. 60 • Iniciação ao Ensino a Distância Existem aspectos importantes a ter em conta no que se refere aos materiais de aprendizagem. Se for para serem publicados na Internet, é necessário obter permissão prévia dos autores. Caso contrário, devem ser copiados e enviados ao aprendente por correio normal ou, então, o aprendente deverá comprar a obra. Por norma, um professor investe uma grande quantidade de tempo no desenvolvimento de um pacote de trabalho e, muitas vezes, é preciso ainda mais tempo para trabalhar com os estudantes. Devem os resultados deste trabalho árduo ser disponibilizados gratuitamente na Internet? 3.5 Processos e métodos de trabalho Os processos de trabalho referem-se àquilo que o professor e os estudantes escolhem fazer durante o ensino e a aprendizagem, e os métodos são o background e os argumentos para as diferentes escolhas. Aqui se incluem considerações de natureza didáctica de carácter geral ou relativas aos conteúdos, preocupando-se este conceito, sobretudo, com a relação entre o ensino e a aprendizagem. Relativamente a este conceito, é necessário reflectir sobre os seguintes aspectos: • Os métodos baseiam-se na aquisição de competências por parte do aprendente a partir dos conteúdos (instrução)? ou • Os métodos baseiam-se na compreensão e utilização dos conteúdos por parte do aprendente (construtivista)? • O processo de trabalho assenta no ensino just-in-time (não-estruturado)? ou • O processo de trabalho assenta no ensino just-in-case (estruturado)? • O objectivo para o aprendente é reproduzir determinadas competências exigidas pela temática? Se assim for, a abordagem mais adequada passa pela instrução por parte do professor ou utilizando programas de auto-instrução, como sejam filmes, vídeos ou programas de computador. • O objectivo para o aprendente é ter uma atitude independente face à temática? Nesse caso, a aprendizagem deve ser estruturada com base em diálogos, trabalho de grupo, ensino baseado em projectos, simulação de papéis, etc. Uma das consequências que o ensino a distância implica para o ensino é a existência de novas formas possíveis de colaboração. Isto significa que podem utilizar-se sessões presenciais para encorajar as relações sociais com o resto da turma, bem como com o grupo em que o aprendente está inserido. Uma vantagem clara é que o aprendente pode ter uma ideia do aspecto dos colegas, o que facilita o diálogo quando os estudantes estão separados. Estas sessões podem também utilizar-se para garantir que todos os aprendentes sabem onde encontrar os materiais do curso, como aceder à plataforma ou mesmo ficar com uma ideia do que é ser um estudante a distância. Pode, ainda, reservar-se algum tempo numa fase posterior do curso para encontros e para mostrar ao resto da turma os resultados do trabalho realizado no período de ensino a distância: A maior parte do ensino a distância baseia-se numa variedade de diferentes processos de trabalho. Num dado momento, o aprendente pode ter que realizar uma tarefa sozinho e, noutro momento, desenvolver um trabalho em equipa. Um exemplo de uma sucessão de actividades num curso poderia ser deste tipo: • ler material didáctico na Internet; • discutir o material didáctico nos grupos (presencialmente ou através do correio electrónico); • elaborar a resposta à tarefa (frequentemente a nível individual); • leitura e discussão pelo grupo da tarefa concluída; • os trabalhos são enviados ao professor; • o professor envia o feedback por escrito; • o grupo discute o feedback do professor; • os trabalhos finais são enviados ao professor; • o professor classifica ou aprova os trabalhos realizados. Iniciação ao Ensino a Distância • 61 Os aprendentes têm a possibilidade de se encontrar em tempo real para discutir uns com os outros ou com o professor, utilizando o chat ou programas de mensagens instantâneas (instant messaging). O professor pode, também, organizar discussões em conferências individuais, através da formulação de questões abertas que requerem uma resposta. Se estiver disponível um sistema de videoconferência, pode ser quase o mesmo que estar numa sala de aula normal. Alguns professores também planeiam o ensino utilizando o telefone como o medium para comunicar com os estudantes. A escolha dos processos e métodos de trabalho depende dos objectivos do ensino. Os métodos que a seguir se apresentam são sugestões sobre como planear um curso com base nas necessidades dos aprendentes, nos quadros de referência relevantes e nos objectivos identificados:44 1. Um-sozinho: paradigma dos recursos online Neste modelo, considera-se o aprendente como sendo autodirigido, interagindo apenas, na maior parte das vezes, com recursos online, tais como: • bases de dados • revistas • grupos de interesse • entrevistas 2. Um-para-um: o paradigma do correio electrónico Estes métodos de ensino caracterizam-se pela instrução e pela aprendizagem individuais e individualizadas. Entre os métodos relevantes figuram: • contratos de aprendizagem • formação como aprendiz • cursos por correspondência 3. Um-para-muitos: o paradigma das listas de discussão (bulletin boards) No âmbito destes métodos, os aprendentes são expostos a um ou vários peritos numa determinada área de conhecimento. Exemplos específicos destes métodos são: • prelecções • simpósios • demonstrações A avaliação pode variar, desde a medição estreita do conhecimento factual dos participantes, até a uma medição mais ampla do desenvolvimento total do aprendente. Relativamente à avaliação, deve ter-se em conta o seguinte: - O que é que se quer avaliar? • Quer avaliar-se se o aprendente atingiu um determinado objectivo (avaliação com base em critérios)? • Quer avaliar-se o progresso do aprendente relativamente à sua situação de partida (avaliação com base em normas ou nos progressos realizados)? - Como é que se quer avaliar? • A avaliação será feita através de escolha múltipla, ensaio, trabalho em equipa, exame oral, exame prático, etc.? • Haverá um elemento de auto-avaliação como, por exemplo: • Diálogo entre o professor e o aprendente, em que este relaciona as suas circunstâncias e o seu processo de aprendizagem com os objectivos e os conteúdos do curso? • Um diário electrónico, em que o aprendente reflecte sobre o seu processo de aprendizagem? • A avaliação será contínua, integrada no processo de aprendizagem? • Antes de se começar o processo de ensino - fazer um juízo diagnóstico acerca do que o aprendente já sabe ou é capaz de fazer numa dada temática. • Ao longo do processo de ensino - fazer um juízo formativo para se poder, como professor, orientar o aprendente no seu processo de aprendizagem. • Após o processo de ensino - fazer um juízo sumativo que avalie o desempenho do aprendente, o processo de aprendizagem do aprendente e o trabalho do professor. - Porque se quer avaliar? • Quer dar-se feedback ao aprendente relativamente ao seu trabalho e ao seu processo de aprendizagem? • Quer avaliar-se o próprio ensino? • Quer avaliar-se relativamente às regras relacionadas com a temática? 4. Muitos-para-muitos: o paradigma dos fóruns de discussão Todos os participantes têm oportunidade para tomar parte nas interacções. Os métodos incluem: • grupos de discussão • debates • simulações • estudos de caso • role play • brainstorming • projectos em equipa Nem todas as pessoas estão à vontade com o mesmo método de ensino. É por isso que os materiais de ensino devem ser desenvolvidos de modo a adequarem-se a diferentes métodos e a diferentes aprendentes. 3.6 Avaliação É essencial considerar: • O que vai ser avaliado? • Porquê? • Como? • Por quem? 62 • Iniciação ao Ensino a Distância É frequente encontrar-se demasiada avaliação formal e controlada e pouca avaliação de processos, que incluiria aconselhamento, bem como uma avaliação formal. 4. CONCLUSÃO - COMO AJUDAR OS ESTUDANTES A TER SUCESSO Escrevemos acerca dos aspectos que um professor de ensino a distância deve ter em consideração quando planeia um curso de ensino a distância. Referimos: • • • • • • a situação inicial do aprendente quadros de referência objectivos os conteúdos e os materiais processos e métodos de trabalho avaliação O professor tem ainda um outro papel, cuja importância é reforçada no ensino a distância: ser uma pessoa empática, capaz de apoiar os estudantes, quer na organização do seu processo de aprendizagem, quer prestando apoio moral. O professor é, agora, um conselheiro. Iniciação ao Ensino a Distância • 63 É típico de muitos cursos a distância registarem altas taxas de abandono. Isto acontece porque a maior parte dos aprendentes põe os cursos em segundo lugar relativamente a outras responsabilidades, tais como o trabalho ou o cuidar dos filhos. É, contudo, possível apoiar os aprendentes de diversas formas, das quais se referem algumas em seguida. 1. Dando-lhes orientações simples para o estudo, como sejam: • estabelecer um horário para estudar; • fazer um contrato com a família que permita estudar a certas horas sem interrupções; • chegar a acordo com os colegas de turma relativamente ao trabalho em conjunto; • estabelecer prazos claros para diferentes trabalhos/tarefas - não só aqueles que são para entregar ao professor/tutor, mas também os passos intermédios que têm que ser completados. 2. Estar atento ao seu trabalho e assegurar-se que eles sentem que não estão sozinhos: • verificar a frequência com que lêem e escrevem e-mails; • contactá-los quando estão inactivos durante um certo período de tempo e perguntar-lhes se precisam de ajuda; • se se sentir que eles estão a tornar-se menos activos, deve-se perguntar-lhes porquê, e • se os problemas estão do lado do professor, deve tentar alterar-se a situação; • se os problemas estão do lado dos aprendentes, deve ver-se que tipo de ajuda se pode prestar; • pedir-lhes que se dirijam ao professor com perguntas ou preocupações - ele está lá para os orientar. Estas actividades simples e empáticas por parte do professor são necessárias para ajudar os aprendentes a acompanhar o curso. Caso contrário, será demasiado fácil para eles desistirem. Tendo em conta todos estes conselhos, o professor terá, em princípio, uma base sólida para desenvolver um curso de ensino a distância com sucesso. 5. BIBLIOGRAFIA Den virtuelle skole. 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Paulsen. Gyldendal 1. INTRODUÇÃO A perspectiva/visão da aprendizagem alterou-se/evoluiu com o interesse crescente na implementação da aprendizagem apoiada pelo computador. A crença tradicional de que a aprendizagem significa conhecimento transmitido por um professor a um aluno numa sala de aula está posta em causa. Com a implementação da aprendizagem apoiada pelo computador e da aprendizagem baseada nas tecnologias da informação e da comunicação, que se tornou, entretanto, uma parte integral do ensino a distância, o professor tem que pensar a aprendizagem numa perspectiva nova, diferente dos métodos de ensino presenciais tradicionais. Isto porque ao ensino a distância puro falta o contacto pessoal, e porque é uma modalidade de ensino que requer grande autodisciplina por parte dos aprendentes. Quando se prepara um plano de ensino para um curso de ensino a distância puro, é importante perceber-se que o ritmo do processo de aprendizagem é frequentemente auto-regulado. Na aprendizagem auto-regulada, os conteúdos, as sequências de aprendizagem, o ritmo da aprendizagem e até, eventualmente, os media podem ser determinados pelo aprendente. Nesta situação, existe uma mudança do enfoque do professor nos conteúdos a ensinar para um enfoque na capacidade de aprender do aprendente. É comum o ensino ser preparado num formato de ensino misto, usando uma combinação de ensino presencial tradicional em conjunto com ensino a distância. Nestas circunstâncias, o enfoque é, simultaneamente, na forma como o aprendente aprende e nos conteúdos do curso. Fala-se de uma mudança de perspectiva no que respeita ao ensino misto, no sentido de mudar a ênfase do ensino tradicional em sala de aula para a aprendizagem, que permite ao aprendente ser capaz de participar e tornar-se activo no seu próprio processo de aprendizagem. É essa a razão que torna necessário passar da instrução para a resolução de problemas quando se prepara um curso de ensino a distância. Nesta situação, o aprendente deve perceber que pode aprender por si próprio e deve ser encorajado a preparar o seu próprio processo de aprendizagem no início do curso. Por outras palavras, é necessário que se prepare para aprender com a menor quantidade possível de instrução, independentemente do tempo ou do espaço. A aprendizagem não acontece só dentro das fronteiras formais estabelecidas das salas de aula modernas. Ela pode também ter lugar para além dessas fronteiras, como é o caso da aprendizagem informal e da aprendizagem não-formal. 66 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 67 A aprendizagem formal é aquela que tem lugar num contexto organizado e estruturado (escola, centro de formação ou em exercício), e que é explicitamente designada como aprendizagem (em termos de objectivos, tempo ou apoio à aprendizagem). A aprendizagem formal é intencional do ponto de vista do aprendente e conduz, geralmente, a uma certificação. A aprendizagem informal resulta das actividades do quotidiano relacionadas com o trabalho, a família ou o lazer. Não é organizada ou estruturada em termos de objectivos, tempo ou apoio à aprendizagem. Em muitos casos, a aprendizagem informal não é intencional do ponto de vista do aprendente, e não conduz a uma certificação. A aprendizagem não-formal refere-se à aprendizagem embebida em actividades planeadas que não são explicitamente designadas como aprendizagem (em termos de objectivos de aprendizagem, tempo de aprendizagem ou apoio à aprendizagem), mas que contêm um elemento de aprendizagem importante. A aprendizagem não-formal é intencional do ponto de vista do aprendente e, regra geral, não conduz a uma certificação45. Quando se planeia o ensino a distância, é necessário estar-se consciente da perspectiva que se tem da aprendizagem. O enfoque é na aprendizagem como um processo de assimilação, passando basicamente pela incorporação de informação nova nos conhecimentos preexistente (para ampliar o conhecimento que os aprendentes já possuem)? Ou o enfoque é na aprendizagem como um processo de acomodação, que passa pelo desenvolvimento de nova informação e pelo uso dos novos conhecimentos em vez dos que já existem (rever o conhecimento que os aprendentes possuem)? Esta escolha influencia o método em que se pode basear o curso de ensino a distância. Quando se adoptam cursos a distância puros, ou cursos mistos, ou cursos baseados na aprendizagem colaborativa, está-se a definir pontos de partida diferentes para o processo de aprendizagem. Com base na nossa experiência, o ensino a distância puro requer uma grande autodisciplina por parte do aprendente, e a falta de contacto pessoal pode contribuir significativamente para o abandono. Uma possibilidade a considerar, no sentido de reduzir as taxas de abandono, é organizar o processo de aprendizagem na modalidade de ensino misto, combinando o ensino a distância com a formação em sala de aula. Deste modo, os aprendentes têm não só o contacto pessoal, que é muito importante, mas também a possibilidade de aprender quando e onde querem. Outra forma seria preparar o processo de aprendizagem como aprendizagem colaborativa, recorrendo à utilização do computador. Neste formato, a aprendizagem é vista como um processo de negociação entre os aprendentes. Isto permite aos aprendentes partilhar o conhecimento de uma forma diferente daquela a que estão habituados, e dá-lhes a possibilidade de participar num esforço coordenado para resolver problemas em conjunto. Esta é a razão por detrás do ressurgimento do interesse pelas teorias educativas baseadas no construtivismo e no input cognitivo partilhado. 2. QUAIS AS COMPETÊNCIAS DE QUE O APRENDENTE PRECISA PARA SE TORNAR UM APRENDENTE ONLINE? • Ser automotivado e autodisciplinado. Com a liberdade e a flexibilidade do ambiente online vem, também, a responsabilidade. O processo online requer empenho e disciplina para poder ser acompanhado. • Estar disposto a “falar” caso surjam problemas. Muitos dos mecanismos de comunicação não-verbal que um professor utiliza para determinar se os aprendentes estão a ter problemas não estão presentes no ambiente online. Se um aprendente está a ter problemas de qualquer tipo, deve comunicar esse facto imediatamente. Caso contrário, o professor nunca terá conhecimento do que está a correr mal. • Estar disposto a dedicar o tempo necessário e ter condições para o fazer. A aprendizagem online não é mais fácil do que um processo educativo tradicional. Na verdade, muitos estudantes acham que requer muito mais tempo e empenho. • Ser capaz de corresponder aos requisitos mínimos do programa. O aprendente deve olhar para a aprendizagem online como uma forma conveniente de receber a sua educação, e não uma forma mais fácil. • Aceitar o pensamento crítico e a tomada de decisões como parte do processo de aprendizagem. O processo de aprendizagem exige que os estudantes tomem decisões com base nos factos e na experiência. Assimilar a informação e tomar as decisões adequadas requer pensamento crítico - a análise de casos promove estes aspectos de forma bastante efectiva. • Ter acesso a um computador e a um modem. O aprendente deve estar disponível para investir no hardware e no software necessários e ter acesso ao equipamento requerido. • Ser capaz de pensar, discutir, ponderar ideias antes de responder. Uma participação com substância e de alta qualidade na sala de aula virtual é uma parte essencial do processo de aprendizagem. Deve dedicar-se o tempo necessário neste processo à apreciação cuidadosa das respostas. • Sentir que uma aprendizagem de alta qualidade pode ter lugar fora da sala de aula tradicional46. De um aprendente online espera-se que: a) participe na sala de aula virtual 5 a 7 dias por semana (assumindo que se trata de um curso a tempo inteiro); b) trabalhe com os outros na realização de projectos; c) seja capaz de usar adequadamente a tecnologia necessária; d) corresponder aos requisitos mínimos definidos pela instituição; e) complete as tarefas no prazo definido; f) goste de comunicar por escrito. Recomendamos que o professor peça aos potenciais estudantes online que preencham um questionário, no sentido de determinar se são bons candidatos para o ensino online. O requisito mais importante dos estudantes no ensino online é o empenho no processo de aprendizagem. Se um aprendente quer frequentar o ensino online tem que possuir as qualidades mencionadas anteriormente e trazer as suas experiências de vida para o processo de aprendizagem. São necessários três conjuntos de competências básicas: competências na utilização dos programas, da Internet e de software básico; competências ligadas ao saber aprender em ambientes virtuais; e competências relativas ao uso de comunicação electrónica escrita. O aprendente online tem que possuir qualidades específicas que facilitem a aprendizagem online. • Estar aberto a partilhar experiências pessoais, profissionais e educativas como parte do processo de aprendizagem. Tanto introvertidos como extrovertidos sentem que os processos de aprendizagem online requerem o recurso às suas experiências passadas. Esta forma de comunicação elimina as barreiras visuais que impedem alguns indivíduos de se exprimirem. • Ser capaz de comunicar através da escrita. Na sala de aula virtual, quase toda a comunicação +e escrita, e é por isso importante que o aprendente se sinta à vontade ao exprimir-se através da escrita. 68 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 69 3. APRENDIZAGEM Quando nos debruçamos sobre o ensino de adultos, é necessário ter consciência de que a relação dos adultos com a aprendizagem é influenciada pela sua experiência de vida. Este aspecto é particularmente relevante dado que, por norma, os estudantes online são mais velhos do que os estudantes tradicionais, completaram mais horas de créditos e mais programas de certificação na universidade e têm, em média, notas mais altas do que os seus colegas do ensino presencial. Os adultos têm motivações diferentes das crianças para aprender. Este facto deve ter-se em consideração quando se desenvolvem materiais e métodos de ensino. Apresentam-se, em seguida, algumas motivações típicas de aprendentes adultos: • querer manter relações sociais; • querer corresponder às expectativas externas; • querer aprender para servir melhor os outros; • querer o desenvolvimento profissional; • aprender como forma de escape ou como estímulo; • interesse puro47 Os aprendentes adultos enfrentam, também, barreiras diferentes das crianças no seu percurso de aprendizagem. Os adultos: • têm muitas outras responsabilidades; • podem ter falta de tempo; • podem ter falta de dinheiro; • podem ter que tomar conta das crianças; • têm problemas de agenda; • podem ter problemas de transporte; • podem ter que aprender, mas não estar interessados nem prontos para o fazer. É muito difícil traçar o perfil dos aprendentes antecipadamente, porque é impossível generalizar. Assim, é muito importante na implementação do ensino a distância conhecer bem os estudantes que se vai ter, o que influenciará as escolhas referentes às metodologias de aprendizagem, estilos e conteúdos, bem como a forma de ensino. A consequência natural deste facto é que a aprendizagem dirigida a adultos tem que se centrar mais nos processos e menos nos conteúdos de ensino. Se um professor acredita que a melhor forma de os estudantes aprenderem é apresentando-lhes o conhecimento em doses adequadas, cumprindo sequências predefinidas, certamente pedirá programas de computador concebidos para lidar com tópicos bem definidos, que fazem com que o aprendente pratique formas predeterminadas de aprendizagem e siga rotinas predefinidas. A aprendizagem baseia-se então na instrução, sendo vista como um produto que fornece conhecimento ao aprendente e através do qual este vai adquirir um conjunto predefinido de conhecimentos. A aprendizagem tradicional assenta, regra geral, na instrução síncrona, em que os aprendentes recebem todos o mesmo conhecimento pela mesma ordem. Paralelamente às formas tradicionais de aprendizagem existem outras possibilidades. Se, por exemplo, um professor acredita que a melhor forma de o estudante aprender passa por requerer a sua participação activa no processo de aprendizagem, construindo e reconstruindo constantemente conhecimentos, competências, atitudes, identidade, compreensão, etc., então desenhará programas que dão ao aprendente muitas oportunidades de recolher conhecimento que não estão necessariamente relacionadas com um tópico prescrito. 70 • Iniciação ao Ensino a Distância Os programas de computador que um professor procurará numa situação deste tipo são os chamados programas-ferramenta, tais como: • programas de bases de dados; • programas de apresentações, i.e. Powerpoint; • programas de cálculo; • programas de escrita. Neste caso, a aprendizagem assenta numa forma de ensino assíncrona e construtivista, em que os estudantes têm a oportunidade de aprender o que querem , como querem, e ao seu próprio ritmo. A diferença entre estas duas perspectivas muito distintas relativamente à aprendizagem reside no facto de a opção tradicional ter lugar no seio do sistema formal de educação, em que o professor/instrutor transfere o conhecimento para os estudantes. Este estilo de ensino na forma de instrução pessoal baseia-se em lições cujo conteúdo está organizado numa sequência bem definida de módulos de aprendizagem, que o estudante recebe num tamanho e numa ordem predeterminados. Em contraste, e entendendo a aprendizagem como baseada na participação activa do aprendente, o ensino a distância aumenta a consciência de que a aprendizagem pode ter lugar independentemente do tempo e do lugar, e que o estudante pode aprender ao seu próprio ritmo e à sua maneira. Instrução versus construção Instrução Resolução de problemas Transmissão - descontextualização Experiência contextualizada Individualização Colaboração Controlo por parte do currículo Controlo pelos participantes Motivação extrínseca (Teste) Motivação intrínseca (Autodirecção) Programação Construção A aprendizagem construtiva assenta na participação activa dos aprendentes na resolução de problemas e no pensamento crítico, relacionados com uma actividade de aprendizagem que consideram relevante e motivadora. O “aprendente constrói” o seu próprio conhecimento testando ideias e métodos, com base na sua experiência e no seu conhecimento anteriores, usando-os em seguida numa situação nova. O novo conhecimento adquirido é então integrado nas construções intelectuais previamente existentes. O estudante trabalha com um problema ou com uma actividade utilizando conexões entre elementos que já conhece, integrando, depois, estas conexões com as alternativas que chegam sob a forma de sugestões dos outros membros do grupo, informação recolhida na literatura ou a sua própria experiência pessoal. Num processo de tentativa e erro, o aprendente equilibra as suas experiências e compreensão prévias e as novas experiências, criando assim um novo nível de compreensão. Como resultado, a aprendizagem tem lugar através da participação activa em projectos, e não da simples audição de uma prelecção seguida de um teste de papel e caneta. Uma progressão adequada da aprendizagem alternará entre cursos centrados em processos de assimilação e de acomodação. Estratégias como os estudos de caso, o role-play, as simulações e a auto-avaliação são particularmente úteis. Nestas estratégias é possível ao aprendente ser activo no seu próprio processo de aprendizagem. Iniciação ao Ensino a Distância • 71 Seymour Papert expande esta teoria e chama-lhe construcionista. Quer ele dizer com isto que o aprendente associa o novo conhecimento ao conhecimento anterior através da combinação de experiências concretas e de princípios abstractos, havendo um intercâmbio entre a aprendizagem concreta e a aprendizagem abstracta. 5. ESTILOS DE APRENDIZAGEM Em conclusão, podemos dizer que ensinar através da instrução se baseia na descontextualização e nas relações sujeito-objecto. Esta abordagem caracteriza-se por uma teoria da aprendizagem baseada na transferência de conhecimento do professor para o aprendente. Ensinar na perspectiva da construção assenta na construção do conhecimento que decorre do trabalho com outros aprendentes, através do diálogo, da auto-reflexão e da negociação. Devemos ter presente esta distinção quando estamos a preparar as lições e os processos de aprendizagem dos estudantes. Não parece haver dúvidas quanto ao facto de o ensino ser muito mais efectivo se as lições forem preparadas tendo em consideração os estilos individuais de aprendizagem dos estudantes. Olhando para as diferentes definições existentes, é possível organizá-las nas seguintes categorias de estilos de aprendizagem: • baseados no meio envolvente; • baseados em traços de personalidade • baseados na inteligência • baseados nos sentidos • baseados na percepção e no processamento de informação Na abordagem construtivista o professor é um facilitador, alguém que aconselha, estimula e provoca o pensamento crítico, ao mesmo tempo que fornece análises e sínteses ao longo do processo de aprendizagem. Desta forma, o professor também participa no processo de aprendizagem. 4. PROCESSOS DE APRENDIZAGEM Quando se introduz a tecnologia no processo de aprendizagem, isso afecta a organização e o modo da aprendizagem. Estas mudanças exigem uma discussão dentro da instituição relativamente à necessidade de novas qualificações nas áreas do web design e da administração de sistemas. Outro aspecto importante passa pelo desenvolvimento de materiais de ensino utilizáveis em cursos a distância que sejam flexíveis quanto ao tempo e ao local da aprendizagem, e que dêem ao aprendente oportunidades para a auto-reflexão. O trabalho do professor também irá mudar. Os programas podem fornecer a instrução e a apresentação dos conteúdos referentes ao processo de ensino, dando ao professor mais oportunidades para aconselhamento e trabalho individualizado com o aprendente. Desta forma, o papel do professor torna-se mais o de facilitador. - Na aprendizagem colaborativa apoiada no computador, os sistemas têm que ser desenhados de acordo com princípios construtivistas, de modo a assegurar uma base para o desenvolvimento de processos de aprendizagem colaborativa. - Num curso de ensino a distância puro, é necessário desenhar os sistemas numa base socioconstrutivista, de modo a preparar o desenvolvimento da capacidade do aprendente para aprender. - Num processo pensado para o ensino misto, é necessário desenhar sistemas que desenvolvam, por um lado, as capacidades autodidácticas do aprendente e, por outro, as suas capacidades enquanto aprendente numa relação com outros aprendentes. Pode existir uma relação entre o desempenho dos aprendentes e as suas preferências de aprendizagem ou o seu estilo enquanto aprendentes. Consequentemente, o sucesso dos estudantes no ensino a distância pode depender, em última análise, do conhecimento que se tem das características dos seus estilos de aprendizagem específicos. Assim, é muito importante desenhar os materiais de ensino de modo a que se possam adequar aos diferentes modos de aprender dos estudantes. Será, também, relevante registar as expectativas dos aprendentes relativamente ao curso. Muitos deles esperam não só uma qualidade equivalente à dos cursos tradicionais, como também um ambiente de aprendizagem centrado no aprendente, concebido para satisfazer as suas necessidades individuais. 72 • Iniciação ao Ensino a Distância Assistiu-se, nos últimos anos, a um enfoque crescente no conceito de estilos de aprendizagem, em particular na aprendizagem baseada em princípios construtivistas. Na prática, estes diferentes estilos de aprendizagem raramente são representados em forma pura, aparecendo geralmente combinatórias de elementos das diferentes categorias que assumem formas diversas. Concomitantemente, nem todas as formas são adequadas para a preparação e a implementação do ensino a distância. Existem diversas abordagens aos estilos de aprendizagem individuais. Se o professor não tiver consciência dos diferentes estilos de aprendizagem dos estudantes, pode cair no erro de fazer como sempre se fez, ensinando apenas do ponto de vista do estilo de aprendizagem através do qual ele próprio aprende melhor. Estilo de aprendizagem é o método que um indivíduo usa para adquirir conhecimento, e cada pessoa aprende à sua própria maneira. O estilo de aprendizagem não é o que se aprende, é a forma como se aprende. Estilos de aprendizagem baseados no meio envolvente Este tipo de estilos de aprendizagem relaciona-se com os estímulos físicos externos, tais como os sons, a luz, a temperatura, o design do mobiliário, a ergonomia e a estética. Este conceito foi desenvolvido e promovido por Rita Dunn e Kenneth Dunn, que realçam a importância da atenção a dar ao espaço de ensino enquanto ambiente de aprendizagem. São necessárias orientações para que o processo de aprendizagem possa começar e desenvolver-se da melhor forma possível. Todos sabemos como o ruído, as luzes fortes, as cores ou as imagens nos podem distrair e interferir no trabalho, limitando a nossa concentração, a nossa energia e a nossa motivação. As preferências individuais no que se refere a elementos e a estímulos determinam o estilo de aprendizagem. Existem vinte e um elementos, divididos em cinco categorias de estímulos. São eles48: 1. 2. 3. 4. 5. Ambientais: Emocionais: Sociológicos: Físicos: Psicológicos: som, luz, temperatura, design motivação, persistência, responsabilidade, estrutura eu, par, pares, equipa, adulto, variado perceptual, admissão (intake), tempo, mobilidade preferências globais/analíticas, hemisfericidade, impulsivo/reflexivo Estilos de aprendizagem baseados em tipos de personalidade O Indicador de Tipos de Meyer-Briggs baseia-se na psicologia da personalidade de Carl Jung, e assenta naquilo que designa como duas atitudes - introversão e extroversão - conjuntamente com quatro chamadas funções de ajuda - pensar, sentir (sentimentos racionais), intuição e sensação (funções irracionais). Estas quatro funções podem ser operacionalizadas no âmbito de cada Iniciação ao Ensino a Distância • 73 uma das duas atitudes, pelo que existem oito tipos possíveis: pensar-introvertido, pensar-extrovertido, sentir-introvertido, etc. Meyer-Briggs desenvolve as categorias propostas por Jung e adiciona-lhes mais quatro, organizando-as como pares de opostos em quatro grupos: • extrovertido vs. introvertido • sensação (sensing) vs. intuição • pensar vs. sentir (feeling) • percepcionar vs. julgar Foi desenvolvido um teste (www.humanmetrics.com/cgi-win/JTypes2.asp) que categoriza os indivíduos, de acordo com a tipologia de Meyer-Briggs, em diferentes tipos descritos como: • tradicionalistas • experimentalistas (experiencers) • idealistas • conceptualistas (conceptionists) As escalas de estilos de aprendizagem dos estudantes de Grasha-Riechmann têm sido utilizadas para identificar as preferências dos aprendentes relativamente à interacção com o professor e com os pares na sala de aula. As preferências organizam-se em seis dimensões da aprendizagem: • Aprendentes independentes - são curiosos e confiantes; preferem trabalhar sozinhos em actividades individuais, que lhes permitem o estudo independente, a aprendizagem ao seu próprio ritmo, ou a realização de projectos especiais baseados nos seus interesses; vêem o professor como um parceiro de treino. • Aprendentes dependentes - precisam de mais orientação por parte do professor. É importante detectar estes estudantes no ensino a distância, visto que podem experimentar grandes dificuldades sem uma orientação explícita do professor. Estes estudantes vêem o professor/ tutor como uma fonte de informação, querem que lhes seja dito o que devem fazer e aprenderão apenas o que é exigido. • Aprendentes participantes - estão ávidos por aprender os conteúdos do curso, gostam de aprender e assumem a responsabilidade pela sua própria aprendizagem. Os estudantes com um estilo participante têm mais hipóteses de sucesso no ensino a distância, já que este requer mais esforço por parte dos estudantes do que o ensino tradicional. • Aprendentes desinteressados - não querem aprender os conteúdos, não gostam de aprender e evitam participar nas actividades do curso. Para chegar a estes estudantes é necessário demonstrar-lhes os benefícios que a aprendizagem dos conteúdos em estudo trará às suas vidas. • Aprendentes colaborativos - trabalham bem com os outros e gostam da aprendizagem cooperativa e de trabalhar em grupo. Cursos a distância com um enfoque na aprendizagem cooperativa e em projectos de grupo atrairão estudantes com este estilo. • Aprendentes competitivos - vêem a aprendizagem como uma situação de ganhar-perder, em que eles têm que ganhar; gostam de actividades competitivas. Estes estudantes devem beneficiar de oportunidades para o reconhecimento individual. Jogos instrucionais ou competições de estudos de caso serão apelativos para estes estudantes. Ver http://library.cuesta.cc.ca.us/distance/lrnstyle.htm para experimentar o questionário de estilos de aprendizagem. • Inteligência cinestésica/corporal - É relativa ao movimento físico e ao conhecimento/sabedoria do corpo, incluindo o córtex motor do cérebro, que controla o movimento corporal. Este tipo de inteligência é despertado pelo movimento físico dos diversos desportos, da dança e do exercício físico, mas também através da expressão do nosso ser através do corpo - inventividade, teatro, linguagem corporal e dança criativa/interpretativa. • Inteligência interpessoal - Opera em primeiro lugar através das relações e da comunicação pessoa-a-pessoa. Este tipo de inteligência é activado por encontros com outros em que aspectos como a comunicação efectiva, o trabalhar em colaboração para atingir um objectivo comum ou distinguir diferenças entre pessoas são necessários e importantes. • Inteligência intrapessoal - Relaciona-se com os estados de espírito internos, a auto-reflexão, a metacognição (i.e. pensar acerca do pensar) e a consciência de realidades espirituais. Este tipo de inteligência desperta quando estamos em situações que levam à introspecção e requerem um conhecimento dos aspectos internos do Eu, como sejam a consciência dos nossos sentimentos, os nossos processos de pensamento, a auto-reflexão e a espiritualidade. • Inteligência lógico-matemática - Este tipo de inteligência, frequentemente apelidado de “pensamento científico, lida com o pensamento/raciocínio indutivo e dedutivo, os números e o reconhecimento de padrões abstractos. É activado em situações que requerem a resolução de problemas ou o enfrentar de um novo desafio, bem como em situações que exigem o reconhecimento e o discernimento de padrões. • Inteligência musical/rítmica - Baseia-se no reconhecimento de padrões tonais, incluindo diversos sons ambientais, e na sensibilidade ao ritmo e à cadência. Este tipo de inteligência é despoletado pela ressonância ou pelo efeito vibratório da música e do ritmo no cérebro, incluindo a voz humana, os sons da natureza, os instrumentos musicais, os instrumentos de percussão e outros sons produzidos pelos humanos. • Inteligência verbal/linguística - Este tipo de inteligência, relativa às palavras e à linguagem escritas e orais, domina a maior parte dos sistemas educativos ocidentais. É despertada pela palavra falada, pela leitura das ideias, pensamentos ou poemas de alguém, pela escrita das ideias, pensamentos ou poemas próprios, ou através de vários tipos de humor, como os jogos de palavras, as piadas/anedotas ou a ironia. • Inteligência visual/espacial - Assenta na visão e no ser capaz de visualizar um objecto, e inclui a capacidade de criar imagens mentais internas. Este tipo de inteligência é activado na presença ou através da criação de desenhos, padrões, formas e imagens incomuns, agradáveis e coloridos, e da prática da imaginação activa através de coisas como a visualização imagética guiada e actividades de “fazer-de-conta”49. No endereço abaixo indicado encontram-se alguns exemplos práticos. A maior parte deles é relativo a jovens, mas algumas das ideias são transferíveis para a educação de adultos. “Anti Doping Denmark”: www.undervisning.doping.dk, www.1508.dk, www.doping.dk and http://skolemedia.dk estão todos relacionados com o projecto “Anti Doping Denmark”, cujo enfoque principal são os valores desportivos básicos. Outros exemplos de boas práticas podem ser consultados na obra Multiple Intelligences in the Classroom, de Thomas Armstrong, que inclui um capítulo onde figuram exemplos sobre como utilizar as tecnologias informáticas e os estilos de aprendizagem baseados na inteligência. Estilos de aprendizagem baseados na inteligência Com a sua investigação sobre novas formas de compreender a inteligência humana, Howard Gardner tornou-se uma referência importante nas discussões psicopedagógicas nos últimos 5 a 10 anos. Este autor afasta-se da perspectiva tradicional de que a inteligência é mensurável e hierárquica, e que colocava a inteligência lógico-verbal acima da inteligência artística. Segundo Gardner, existem 7 tipos de inteligência diferentes: 74 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 75 Estilos de aprendizagem baseados nos sentidos O enfoque é aqui nos três sentidos através dos quais incorporamos o conhecimento. Nesta abordagem são identificados os três tipos principais de aprendentes. Kolb perspectiva a aprendizagem como um processo circular (fig. 6.1) envolvendo diferentes actividades. O círculo emerge da adaptação e da percepção da informação. Experiência concreta Os aprendentes visuais lidam melhor com a informação escrita, as notas, os diagramas e as imagens. De uma forma geral, sentir-se-ão insatisfeitos com uma apresentação em que não possam tomar notas detalhadas. Os aprendentes visuais tendem a ser mais efectivos na comunicação escrita, na manipulação de símbolos, etc. Os aprendentes auditivos lidam melhor com a palavra falada. Tendem a ouvir uma prelecção e a tomar notas posteriormente, ou a recorrer às notas impressas. A informação escrita não terá, na maior parte dos casos, grande sentido a menos que tenha sido ouvida. Para estes aprendentes, a leitura da informação em voz alta pode revelar-se útil. Os aprendentes cinestésicos aprendem eficientemente através do tacto, do movimento e do espaço, adquirindo competências pela imitação e pela prática. Estilos de aprendizagem baseados na percepção e na informação Este estilo de aprendizagem é definido pela estratégia mental que o estudante segue no processamento de informação nova. Este grupo de estilos é uma combinação de diversas abordagens teóricas à aprendizagem, incluindo a de Gregoric e Butler, que trabalham com os conceitos de concreto/abstracto e sequencial/parcial. A noção de concreto refere-se à capacidade de integrar e adaptar informação a partir de factos, ao passo que a de abstracto se reporta à capacidade para usar a imaginação e a intuição próprias para visualizar e teorizar. Um aprendente que prefira o sequencial deseja receber a informação de uma forma ordenada e linear, enquanto que o que privilegie o parcial prefere a informação em unidades fragmentárias e descontextualizadas. Deste ponto de vista, o aprendente pode ver o seu potencial de aprendizagem caracterizado como abstracto-sequencial, abstracto-parcial, concreto-sequencial ou concreto-parcial. Com base nessa caracterização, o professor pode elaborar um plano de ensino específico. Apresenta-se, em seguida, uma ilustração gráfica desta tipologia: Sequencial Parcial/Holístico Concreto C-S C-H Abstracto A-S A-H ACOMODADORES Experimentação activa DIVERGENTES Continuum de processamento CONVERGENTES Observação reflexiva ASSIMILADORES Continuum de percepção Conceptualização abstracta fig. 6.1 O círculo de aprendizagem de David Kolb O círculo de aprendizagem de Kolb baseia-se na premissa de que interiorizamos o conhecimento através da experiência concreta ou da observação reflexiva, adaptando este conhecimento através da conceptualização abstracta ou da experimentação activa. Assim, Kolb definiu quatro estilos de aprendizagem: • O Divergente é bom na análise de situações concretas a partir de muitos pontos de vista diferentes; a sua abordagem às situações passa pela observação e não pela acção; tende a apreciar as sessões de brainstorming e o trabalho em equipa. • O Assimilador é capaz de compreender um vasto leque de informações e dar-lhe uma forma lógica e concisa; é menos centrado nas pessoas e mais interessado nas ideias e nos conceitos; prefere a leitura, as prelecções e a reflexão. • O Convergente é bom a encontrar usos práticos para ideias e teorias; prefere lidar com tarefas e problemas técnicos do que com questões sociais e interpessoais; gosta de experimentar novas ideias, de simulações e de tarefas de laboratório. • O Acomodador prefere aprender sobretudo com base na prática; gosta de implementar planos e envolver-se em experiências novas e que constituam um desafio; pode agir com base na intuição e não na análise lógica; prefere trabalhar com outros e desenvolver trabalho de campo.50 Kolb enfatiza que o melhor ensino ocorre quando se desenvolvem cada uma das percepções e cada um dos métodos de adaptação do conhecimento. Embora se possam ter preferências próprias, deve tentar-se desenvolver-se as quatro abordagens, o que pode ter lugar durante a preparação das lições. A teoria de Kolb tem sido amplamente posta em prática e inspirou muita investigação subsequente. Peter Honey e Alan Mumford desenvolveram uma taxonomia que se adapta ao círculo de aprendizagem de Kolb. As designações específicas - activo, pragmático, reflexivo e teórico - são conceitos base em muitos testes práticos51. 76 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 77 Pragmático Experiência concreta Experimentação activa Activo Observação reflexiva Refexivo Conceptualização abstracta Teórico fig. 6.2 Estilos de aprendizagem de Honey e Mumford’s Podem encontrar-se alguns exemplos práticos no seguinte endereço: www.ventures.dk/studieteknik/Laeringsstil/Test.htm. O exemplo é baseado na construção do círculo de aprendizagem de Honey e Mumford (fig. 6.2) 52. O círculo de aprendizagem pode ser utilizado num teste que mostre ao professor e ao aprendente qual o estilo de aprendizagem deste. Os resultados do teste podem indicar a ambos o que é necessário fazer para trabalhar com o estilo do aprendente. Se o teste for usado no início do curso, permite ao professor preparar as lições de acordo com o estilo de aprendizagem do aprendente. O exemplo indicado acima é baseado em aprendentes jovens e adultos numa escola superior de negócios da Dinamarca. Das diferentes ferramentas para tipificar os diferentes estilos aprendizagem, as escalas de estilos de aprendizagem de Grasha-Riechmann (CRSLSS) parecem ser as melhores para avaliar as preferências de aprendizagem dos estudantes num cenário de educação a distância de adultos, dado que: • é um dos poucos instrumentos especificamente desenhados para a utilização no ensino superior; • contempla a dinâmica social, que é uma das principais diferenças entre os grupos a distância e os grupos tradicionais; • promove um bom ambiente de ensino/aprendizagem, ao ajudar o professor a desenhar os cursos e a desenvolver a sensibilidade relativamente às necessidades dos aprendentes; • promove a compreensão dos estilos de aprendizagem num contexto amplo, ao estender-se por seis categorias. Visto que somos todos diferentes, não beneficiamos com a mesma abordagem perante uma tarefa de aprendizagem ou uma situação. Enquanto aprendente, cada indivíduo tem os seus pontos fortes e os seus pontos fracos e, por isso, é vital para os professores usarem deliberadamente uma variedade de métodos para chegar aos estudantes. Com uma diversidade de estilos de aprendizagem em uso, é importante seleccionar cuidadosamente preferências de estilos de aprendizagem de acordo com os requisitos específicos do ensino a distância. Em conclusão: • É importante estar consciente dos diferentes estilos de aprendizagem e saber que a utilização das tecnologias modernas pode potenciar a integração de novos avanços pedagógicos no processo de aprendizagem. • É também muito importante conhecer bem os estudantes. Quem são eles? Porque estão a tirar este curso? Qual é o seu background? A sua motivação? • É muito importante criar uma ligação entre o grupo-alvo e os métodos a utilizar. • Se possível, é melhor (i.e. mais eficiente) adoptar uma combinação de métodos de ensino (ensino misto), que encoraja a aprendizagem e diminui o risco de desistência. • Tanto o professor como o aprendente enfrentam novos desafios no ensino a distância, relativamente aos papéis, funções e tarefas que têm que desempenhar. • No ensino a distância, os professores têm que ser mais claros no que se refere aos objectivos e aos métodos, e os aprendentes têm que assumir uma maior responsabilidade pela sua aprendizagem. • Neste contexto, o aprendente precisa de tempo para aprender. Como foi já mencionado, não existem na realidade muitas formas puras destes conceitos de aprendizagem. Muitos deles envolvem elementos de diferentes tipos de estilos de aprendizagem. Uma perspectiva escandinava interessante é a de Lena Boström (2000) que, conjugando a ideia dos sentidos com os traços de personalidade, propõe um estilo de aprendizagem baseado simultaneamente na percepção e na inteligência emocional e múltipla. Na preparação de materiais de aprendizagem baseados nas tecnologias da informação e da comunicação, desenhados para o auto-estudo, os conceitos envolvendo relações humanas e baseados nos tipos de personalidade são menos importantes. Em vez disso, o enfoque deve ser nos estilos de aprendizagem baseados nos sentidos e na percepção. Por outro lado, se o material for destinado a um curso misto ou a um curso baseado na aprendizagem colaborativa, será útil ter em conta os estilos de aprendizagem baseados na personalidade. Na Dinamarca, tem vindo a tornar-se comum a utilização do teste de estilos de aprendizagem de Honey e Mumford como ponto de partida para um curso de ensino a distância. Desse modo, o aprendente e o professor são orientados para o melhor estilo de ensino. 78 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 79 6. BIBLIOGRAFIA Boström, Lena (2003), Fra undervisning til læring Dafolo, DK Cantor, J.A. (1992), Delivering Instruction to Adult Learners, Toronto: Wall & Emerson CAPÍTULO 7 • O MARKETING NO ENSINO A DISTÂNCIA CEDEFOP 2001 Hana Danihelková [República Checa] Ostravska Univerzita Revisto por Rachel Savage [Reino Unido] CRSLSS: Additional Information. http://home.earthlink.net~davidpdiaz/LTS/sitepgs/grslss2.htm Diaz, D (2002), Online Drop Rates Revisited http://ts.mivu.org/default.asp?show=article&id=981 Dunn, Rita & Dunn, Kenneth www.learningstyles.net Gardner, Howard http://pzweb.harvard.edu/PIs/HG.htm Honey, P & Mumford, A http://trainerstyles.peterhoney.com/ts/ or http://peterhoney.co.uk/Article/68 Lauridsen, Ole (2003), Læringsstile - en indføring www.sprog.asb.dk/OL/Laeringsstil/Laeringsstil%20-20MILS.htm Lave, J. & Wengers, E. (1991) Situated Learning - Legitimate peripheral participant, Cambridge University Press Papert, Seymour (1993), The Children’s Machine. Rethinking School in the Age of the Computer Basic Books, a Division of Harper Collins Publishers, Inc 1. INTRODUÇÃO O marketing é um conjunto de actividades e ferramentas que suporta o sucesso de um produto no mercado. Mas, para o ensino a distância, não é apenas um instrumento de suporte, é uma absoluta necessidade para o seu sucesso, ao ajudar significativamente os cursos a distância e a implementação do e-learning na educação de adultos. O marketing é importante porque permite a definição de grupos-alvo e ajuda a descobrir e a identificar as suas necessidades educativas. Tem também um papel importante no planeamento e na identificação dos recursos e do financiamento necessários. Nos casos em que os cursos a distância são pagos, cabe ao marketing explicar as vantagens aos potenciais participantes, para os ajudar a decidir se o curso é adequado para eles. Podemos analisar 8 dos 10 passos recomendados pela British Learning Association (antiga British Association for Open Learning), que ajudam a orientar fornecedores de educação e de formação na elaboração de um plano de marketing para o ensino a distância. Passo 1: Benefícios - o que é que a sua organização espera ganhar com o ensino a distância? • Flexibilidade para se actualizar e lidar com a mudança • Oportunidades para o envolvimento dos aprendentes • Baixos custos operacionais para grandes números de aprendentes • Oportunidades para monitorizar e avaliar os resultados • Acesso para todos • Expandir a sua área geográfica alvo • Chegar a novos aprendentes Passo 2: Resultados - que resultados mensuráveis espera atingir? • Oferta de um programa específico • Altos níveis de satisfação por parte dos aprendentes • Eficiência de custos comprovada • Mais pessoas envolvidas na aprendizagem • Uma mudança nas atitudes relativamente à aprendizagem Passo 3: Pessoas dentro e fora da instituição Este passo enfatiza que a implementação do ensino a distância é um projecto de dimensão considerável, que só pode ter sucesso com o apoio de toda a instituição. Num fornecedor de formação/educação, as categorias de pessoas relevantes são: • gestores • pessoal ligado aos recursos humanos • professores/formadores/tutores 80 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 81 • aprendentes Algumas instituições externas podem ser também relevantes no desenvolvimento de actividades de marketing. Para um fornecedor de formação/educação, serão elas: • Financiadores • Organismos de acreditação • Parceiros sociais • Governos a diversos níveis. Passo 4: Estratégia • A abordagem é suficientemente flexível para lidar com a mudança? • Como é que se liga aos programas de aprendizagem existentes? • Como vai ser gerida a iniciativa? • Como é que o e-learning se enquadra na cultura organizacional e na declaração de intenções da instituição? • Que estratégias serão precisas para conseguir os recursos necessários à implementação do e-learning? Passo 5: Solução de oferta • Materiais genéricos versus materiais construídos especificamente para os cursos • Encomendado ou desenvolvido internamente? Se encomendado, que fornecedores podem ser úteis? Se desenvolvido internamente, quem cria os conteúdos e quem se ocupa do desenho instrucional? • A instituição já possui as competências necessárias? Caso não possua, podem contratar-se pessoas com o perfil adequado? Passo 6: Aspectos relativos às TIC • Todas as pessoas do grupo-alvo possuem acesso a um computador? • Irão os aprendentes precisar de receber formação inicial nas tecnologias da informação e da comunicação antes de poderem começar o programa de e-learning? Se assim for, como será dada a formação? • O responsável pela informática está consciente de potenciais problemas? • A rede informática tem largura de banda/armazenamento suficiente? • Que standards informáticos vão ser utilizados? Os computadores do grupo-alvo serão capazes de operar no standard requerido? • Qual é o nível de investimento que está disposto a fazer na área da informática? Passo 7: O toque humano - que contacto pessoal estará disponível para os aprendentes? • Os tutores existentes podem dar apoio online? Pode dar-se apoio pessoal online a todos os aprendentes? • De quanta formação necessitam os tutores existentes? • Os aprendentes podem trabalhar em grupo? Existem ferramentas para a colaboração online? • Haverá a hipótese de ensino misto? Existirão oportunidades para encontros presenciais? • A realização de tarefas e avaliações off-line fará parte do curso? • Que novas relações podem desenvolver-se entre aprendentes, materiais e tutores? Passo 8: Começar - passos finais antes do lançamento • Especificar o programa • Ser claro quanto à estratégia • Manter os outros do seu lado • Gerir a fase de desenvolvimento • Envolver os aprendentes no curso-piloto • Avaliar os resultados 82 • Iniciação ao Ensino a Distância • Publicitar o sucesso A educação de adultos apresenta constantemente novos desafios, provenientes de várias direcções: • Para vários subgrupos existentes de adultos • Para subgrupos de adultos entretanto definidos • Para novas formas de educação ao longo da vida • Para a procura de formas óptimas de combinar a aprendizagem formal e a aprendizagem informal na educação de adultos O ensino a distância só pode ser implementado se os decisores a nível de estratégias nacionais e regionais na educação de adultos estiverem convencidos da sua utilidade. É também importante que todas as pessoas relevantes nas instituições a desenvolver ensino a distância estejam convencidas de que é uma estratégia adequada para a instituição e dispostas a dar os passos necessários para a sua implementação. Este empenho pode revelar-se na referência ao ensino a distância na declaração de intenções da instituição, ou tornado claro nas suas políticas oficiais. A aplicabilidade do ensino a distância na educação de adultos é vasta, mas nem sempre é prática, nem constitui necessariamente o melhor método em todos os casos. O objectivo deste capítulo é informar acerca das actividades de marketing que são úteis na promoção do ensino a distância na educação ao longo da vida. O Marketing de apoio ao ensino a distância tem que: • Reconhecer os benefícios previamente definidos do ensino a distância na educação de adultos • Influenciar os decisores a favor da implementação do ensino a distância • Definir os grupos-alvo mais prováveis para o ensino a distância - participantes nos cursos (aprendentes) • Identificar e definir as suas necessidades educativas • Informar os potenciais aprendentes da oferta de cursos a distância existente • Identificar os recursos necessários à implementação do ensino a distância e as formas de adquirir recursos em falta na instituição • Avaliar a qualidade dos cursos a distância em oferta Se pretendemos desenvolver actividades educativas, devemos compreender que precisamos de chamar a atenção dos potenciais participantes e decisores para os seguintes aspectos: • Existem cursos a distância • O que significam • O que oferecem • Quais as suas vantagens e desvantagens • Qual o seu benefício para os participantes, para as instituições em que estes trabalham ou para a sociedade em geral É útil reflectir sobre o marketing de apoio ao ensino a distância na educação de adultos em três momentos diferentes: 1. antes do início do curso - a fase preparatória 2. durante o curso - a fase de implementação 3. após a conclusão do curso - a fase de avaliação 2. FASE PREPARATÓRIA As considerações seguintes ajudam o fornecedor de ensino a distância a decidir quanto às actividades de marketing apropriadas: Iniciação ao Ensino a Distância • 83 Declaração de intenções (Mission statement) O ensino a distância figura na declaração de intenções da instituição? Qual será o grau de abertura da cultura da instituição relativamente ao ensino a distância? Como é que a estrutura da instituição trabalhará com um programa de ensino a distância ou se adaptará a ele? Meio operacional (Operating Environment) - inclui um breve resumo sobre o meio em que a instituição opera. As análises STEP e SWOT são úteis para trabalhar os aspectos relevantes (pode encontrar-se mais informação sobre este aspecto nos materiais de formação do IAML3). Informação de serviços (Service Information) Pode existir uma grande quantidade de informação factual sobre um determinado serviço, mas é importante pensar também acerca das características e dos benefícios que o diferenciam e que conferem valor para os potenciais aprendentes. Esta informação ajudará o fornecedor a comunicar de forma efectiva e a interessar as pessoas que pretende atrair. Se os potenciais grupos-alvo/ aprendentes desconhecem os benefícios e as características, os materiais de marketing podem ter que providenciar o enquadramento necessário que os ajude a compreender em que é que o seu programa/curso se destaca dos outros. Aspectos de marketing e objectivos de marketing Identifique os aspectos-chave de marketing sobre que tem que se debruçar e defina alguns objectivos, de forma clara e inequívoca, que sejam exequíveis no período do plano de marketing. Estes objectivos proporcionarão um foco para a sua actividade de marketing. Use a informação elaborada nos quatro primeiros conjuntos de questões para desenvolver a sua compreensão dos objectivos. Pode ser útil ter metas numéricas, bem como ideias gerais da actividade (ver a secção 2.3 abaixo, sobre benchmarking). Actividade de marketing A actividade de marketing precisa de ser adequada e, do ponto de vista dos custos, eficiente, e deve ter em conta as pessoas a que quer chegar, o que lhes quer dizer e o que pretende conseguir Orçamentos e recursos - ver secção 2.2 abaixo53 Existem diversas razões para desenvolver e oferecer cursos a distância. Pode querer-se, por exemplo, formar um grupo maior de pessoas do que seria possível num cenário presencial, oferecer um conjunto extenso de cursos, ou pode acontecer que as pessoas estejam dispersas por uma área geográfica muito grande, tornando difícil a educação/formação presencial. Quando se toma a decisão de oferecer o ensino a distância deve ter-se em consideração: • A quem se dirige? • Qual é o objectivo da formação/educação? • A que fontes de financiamento (se é que existem) poderão os participantes aceder? • Quais as fontes educativas disponíveis? Quem são os competidores? • Como se garantirá a efectividade da educação/formação? Com será monitorizado este aspecto? • Qual é o retorno do investimento previsto para o indivíduo e para a sociedade? É verdade que as actividades de ensino a distância não são a melhor solução para os tipos de educação que exigem que as pessoas adquiram certas competências práticas. O ensino a distância pode ser potenciado através da utilização de dispositivos como os CD-ROMs, os DVDs ou as cassetes de vídeo, com demonstrações audiovisuais das competências a adquirir, mas é geralmente melhor oferecer este tipo de cursos através de aulas presenciais ou, pelo menos, de alguma forma de ensino misto. Pode encontrar-se mais informações sobre estes aspectos nos capítulos 4-6. Do ponto de vista do suporte do marketing, a educação é um produto, como qualquer outro tipo de bens e serviços, que terá um determinado ciclo de vida, durante o qual o marketing cumprirá diferentes tarefas em momentos diferentes. 84 • Iniciação ao Ensino a Distância Na elaboração de um plano de marketing para um novo curso de ensino a distância, a instituição em causa tem que proceder a um inventário dos recursos existentes, por forma a decidir o que pode ser assegurado internamente e quais os recursos e competências que têm que ser contratados no exterior. A quantidade de recursos disponíveis deve ser cuidadosamente ponderada relativamente aos recursos que se prevêem necessários para concretização do curso ou cursos a distância planeados. A pesquisa de mercado é uma ferramenta que permite a uma instituição definir quer os seus grupos-alvo quer as respectivas necessidades de aprendizagem. Após a análise das necessidades de aprendizagem e a definição dos grupos-alvo (quantas pessoas), podem então tomar-se as decisões referentes à preparação de um curso de ensino s distância. 2.1 Grupos-alvo É importante definir quais as pessoas ou instituições a que se dirige o ensino a distância que se quer implementar. De um modo geral, é útil subdividi-los em grupos com características semelhantes e que, em princípio, se comportarão/reagirão da mesma forma, já que é provável que seja necessário utilizar abordagens diferentes para grupos diferentes. Deve também tentar-se identificar os indivíduos-chave nas instituições, i.e. os decisores. Quando se consideram os grupos-alvo no ensino a distância devem colocar-se algumas questões: • De que forma é que os grupos-alvo para o ensino a distância diferem dos grupos-alvo que a instituição já possui? • De que modo é que estas diferenças afectarão a forma como os materiais de marketing se dirigem a cada grupo? Por exemplo, os grupos-alvo para o ensino a distância podem pertencer a uma área geográfica mais vasta do que os grupos-alvo numa situação tradicional de ensino, caso em que o marketing pode ter que ser dirigido/implementado de uma maneira diferente para atingir todo o âmbito do grupo-alvo potencial. • O que é que se sabe das instituições ou das pessoas a quem se dirige o marketing? Quanto mais informação se tiver acerca delas, das suas prioridades e expectativas, mais facilmente se poderá adequar o serviço a oferecer às suas necessidades. • Identifique a informação que já possui e a que ainda precisa de recolher. Neste particular, o ensino a distância não é diferente de qualquer outro programa educativo. • O grupo-alvo do ensino a distância é determinado pela resposta à primeira questão que se colocou acima, nomeadamente: A quem se dirige? Contudo, no marketing do ensino a distância existem, de facto, dois grupos-alvo: o primário, constituído por aqueles que vão receber formação/educação; e o secundário, composto por aqueles que afectam a implementação do ensino a distância na educação de adultos e que o promoverão, recomendarão ou rejeitarão. Assim, o marketing deve ser dirigido a dois grupos diferentes de pessoas: • Participantes potenciais num curso de ensino a distância • Decisores Ambos os grupos têm a mesma necessidade geral: cursos educativos adequados, dirigidos a adultos. No entanto, as necessidades específicas de cada um dos grupos-alvo é diferente. No que toca ao marketing, é importante identificar as necessidades do grupo-alvo e, em seguida, formalizá-las em requisitos específicos, sobre os quais assentará o trabalho a desenvolver. Os decisores precisam de ter, ou querem ter, um certo número de pessoas formadas/educadas numa determinada área de formação/educação, por exemplo, de modo a: Iniciação ao Ensino a Distância • 85 • terem pessoas com um determinado nível de habilitações na região que aí possam encontrar um emprego adequado • reduzir o desemprego • apoiar o estabelecimento de pequenas e médias empresas na região, que pagarão impostos e, desse modo, contribuirão para o desenvolvimento na região • acelerar a implementação de novas tecnologias e aumentar a eficiência laboral • formar os empregados na utilização de novas tecnologias ou para trabalharem em novas áreas • oferecer actividades de lazer à pessoas de uma determinada região • aumentar as competências-base da região, por forma a atrair investimento e, dessa forma, fazer crescer o número de empregos disponíveis • compensar uma formação/educação inicial deficiente As pessoas querem aprender, ou precisam de o fazer, porque: • querem arranjar um emprego • querem arranjar um emprego mais interessante • sabem que a sua carreira não pode progredir sem a aquisição de mais competências • querem desenvolver as suas competências sociais • querem aprender uma língua por razões profissionais, pessoais, ou para viajar • interessam-se pelos conteúdos tratados no curso • querem aprender uma nova competência ou um novo hóbi • precisam de formação adicional como requisito profissional (i.e. formação legal contínua ou outros tipos de formação em exercício) • querem obter uma qualificação que valide competências que já possuem54 Cada grupo-alvo tem necessidades diferentes que são complementares, no sentido em que conduzem ao mesmo requisito: formação subsequente para um certo número de pessoas num determinado período de tempo, com o respeito necessário pelas várias abordagens pedagógicas e andragógicas já referidas nos capítulos anteriores. Não é fácil identificar os membros do grupo-alvo primário. As suas necessidades educativas dependem de muitos factores externos que não foram considerados (desenvolvimento da região, empregos disponíveis, alterações na legislação, etc.). Também a motivação interna para participar na educação de adultos varia de caso para caso, e pode mudar ao longo da vida das pessoas. A análise das influências internas e externas é importante na identificação das necessidades educativas de qualquer grupo-alvo. 2.2 Recursos para cursos a distância Numa instituição que queira oferecer ensino a distância, devem identificar-se os seguintes tipos de recursos no que respeita a todo o programa de formação/educação da instituição: • recursos humanos (pessoas, competências) • recursos de apoio técnico e material, equipamento • recursos financeiros Recursos humanos A utilização do ensino a distância na educação de adultos permite formar mais pessoas com o mesmo número de professores (embora esta não seja necessariamente uma característica de todos os cursos a distância). Existem diversas razões que explicam este facto: • Alguma da aprendizagem é auto-dirigida • O professor não é um mediador numa comunicação unidireccional, transformando-se num parceiro e num conselheiro - a natureza de um curso a distância pode ser diferente da de um curso presencial. 86 • Iniciação ao Ensino a Distância Fundamentalmente, a instituição deve olhar para a situação do seu pessoal docente e determinar a quantidade de tempo que os professores/formadores existentes podem dedicar a um novo programa de aprendizagem. Em muitos casos, pode ser necessário contratar pessoal externo para desenvolver o curso ou para o ministrar. É um erro frequente subestimar a quantidade de tempo docente que será necessária para manter um sistema de ensino a distância em funcionamento. Uma instituição que esteja a ponderar o ensino a distância principal ou exclusivamente para reduzir os custos com o pessoal docente, deve ter todo o cuidado em estimar de forma realista o tempo docente necessário à realização do curso de um modo que seja efectivo em termos da aprendizagem. O grau de especialização dos docentes deve ser também inventariado. O ensino a distância pode requerer competências específicas nas tecnologias da informação e da comunicação, sendo essencial saber em que medida essas tarefas podem ser bem desempenhadas na instituição. Esta é a altura de olhar para as competências disponíveis nas parcerias existentes ou de formar novas parcerias, no sentido de atrair as competências e o conhecimento que faltem na instituição. Recursos de apoio técnico e material, equipamento As exigências relativamente a instalações ou equipamento para a formação são muito menores do que as do ensino tradicional, visto que os estudantes/formandos se reúnem para discussões presenciais apenas ocasionalmente, em alguns casos, e noutros nem sequer se encontram, a não ser virtualmente. Mesmo quando se utiliza o ensino misto, em vez de se ensinar apenas através de métodos a distância, a exigência relativa a instalações é menor do que se todo o ensino fosse feito através de métodos presenciais. Dado que muitos sistemas de ensino a distância se baseiam nas tecnologias da informação e da comunicação, o nível de apoio técnico é um factor determinante. As instituições devem olhar de forma realista para o nível de apoio disponível e decidir se são necessários sistemas adicionais para fazer face ao aumento das exigências técnicas. Pode ser necessário apoio para montar o curso, mas também, em termos de longo prazo, para a manutenção de qualquer sistema baseado em tecnologias da informação e da comunicação. Tal como subestimar o tempo docente necessário para ministrar um curso de ensino a distância, também é um erro frequente considerar-se apenas a primeira fase de instalação do curso, sem se perceber que as exigências de apoio técnico serão uma preocupação constante. A instituição terá que decidir se vai utilizar materiais de ensino/formação existentes no mercado, encomendá-los à medida a fornecedores externos ou desenvolvê-los internamente. O método menos dispendioso parece ser, à primeira vista, este último, mas o tempo necessário aos não-especialistas para se familiarizarem com todas as questões que o ensino a distância coloca pode fazer com que seja mais barato, na realidade, comprar materiais já existentes, devido ao tempo docente requerido. Os materiais encomendados são a solução mais cara mas, dependendo da situação em que se encontra a instituição, podem ser a melhor alternativa. Os outros capítulos deste manual ajudá-lo-ão a familiarizar-se com os aspectos relevantes no ensino e na aprendizagem a distância, o que lhe permitirá decidir quais os tipos de ensino e de materiais de formação quer adoptar. O website associado a este manual55 dar-lhe-á mais informação sobre os métodos de ensino a distância existentes no seu país. Recursos financeiros Como foi já mencionado, o ensino a distância não deve ser visto meramente como uma forma de economizar no que se refere a despesas com o pessoal docente. O ensino a distância de alta qualidade (tanto no sentido pedagógico como no sentido técnico) é ainda mais caro do que o ensino presencial. Muitas instituições escolhem o ensino a distância na crença errada de que lhes vai automaticamente poupar dinheiro. Uma abordagem mais realista é aquela que reconhece que, embora possa haver redução de custos a longo prazo, um programa não pode ter sucesso sem um Iniciação ao Ensino a Distância • 87 investimento inicial. As instituições deviam ser encorajadas a ter uma visão realista dos orçamentos e recursos necessários e a planear de acordo com eles. Uma parte das decisões de marketing é, pois, somar todos os custos necessários, desde a ligação à Internet à formação dos docentes. Estes custos devem ser organizados num orçamento, identificando as despesas e as potenciais fontes de receita. Se os planos forem ambiciosos, pode ser necessário procurar financiadores ou parceiros que disponibilizem bens ou serviços. Um bom plano de marketing tornará mais fácil a obtenção de apoio. Os cursos precisam de estratégias de gestão financeira claras para serem bem sucedidos. A preparação dos materiais, incluindo as avaliações, as ajudas audiovisuais e a logística, crucial para o ensino a distância, exige o envolvimento de muitos especialistas. Por essa razão, os cursos a distância não são, regra geral, mais baratos do que os seus equivalentes presenciais, podendo mesmo ser mais dispendiosos. Os custos por participante no curso são, frequentemente, bastante elevados. Os cursos a distância podem ser pagos pelos participantes, muitas vezes em conjunto com contribuições de empresas e instituições, ou podem ser financiados por autoridades locais ou regionais, ou por subsídios governamentais. De novo, no que respeita ao financiamento, é importante considerar tanto os custos de desenvolvimento de um curso, como os custos da sua manutenção a médio e a longo prazo. Se uma instituição não possui os recursos financeiros necessários para cobrir, por si só, os custos do curso, pode recorrer às várias fontes de financiamento público ou privado eventualmente disponíveis. Estas devem ser exaustivamente investigadas, quer no que toca ao financiamento inicial no curso, quer ao seu funcionamento posterior. Pode acontecer que o curso, após o seu lançamento, se possa autofinanciar através de propinas, devendo dar-se especial atenção ao número de aprendentes necessários para o manter. 2.3 Benchmarking O site do Benchmarking Exchange define benchmarking como: a tool to help you improve your business processes. Any business process can be benchmarked. Benchmarking is the process of identifying, understanding, and adapting outstanding practices from organizations anywhere in the world to help your organization improve its performance. Benchmarking is a highly respected practice in the business world. It is an activity that looks outward to find best practice and high performance and then measures actual business operations against those goals.56 Para o que aqui nos interessa, benchmarking é o processo de identificação e definição dos resultados que se espera atingir como parte da implementação do curso de ensino a distância. A definição de objectivos de benchmarking deve fazer parte da fase de preparação do deu plano de marketing. Na indústria, o benchmarking ocupa-se não só da definição de objectivos internos, mas também da comparação entre o desempenho interno e o de instituições comparáveis, a desenvolver as mesmas funções (ou similares). O benchmarking assume, normalmente, uma de duas formas: benchmarking de desempenho ou benchmarking de processos. No primeiro caso, trata-se geralmente de um processo numérico, em que são estudados diversos indicadores da instituição. No segundo caso, configura uma abordagem mais qualitativa, que procura determinar quais são os factores e as técnicas mais adequados e de que forma as boas práticas podem ser identificadas e aplicadas57. Espera-se que a base de dados anexa a este manual possa ajudar os fornecedores potenciais de ensino a distância a desenvolver processos de benchmarking. É provável que o benchmarking envolva o diálogo com outros fornecedores de educação e formação, no sentido de ter uma noção de quais são os standards adoptados. Isto pode ser feito de modo formal ou informal, dependendo das relações existentes com essas instituições. No ensino a distância, os indicadores-chave podem incluir o custo do curso por participante, a proporção de aprendentes com sucesso no curso, e a proporção de desistências no curso. Como é óbvio por esta lista, o benchmarking não se reduz ao lado financeiro da prática do ensino a distância, podendo 88 • Iniciação ao Ensino a Distância também alargar-se a indicadores relacionados com os aspectos pedagógicos do curso. Um processo claro de benchmarking pode ser útil na obtenção de financiamento para o curso. Financiadores públicos e privados podem querer saber quais são os seus objectivos de benchmarking, estando os financiamentos futuros eventualmente dependentes de conseguir atingi-los ou não. 3. FASE DE IMPLEMENTAÇÃO Passar da fase de preparação para a fase de implementação do marketing, que tem lugar quando os cursos a distância estão em funcionamento, requer a análise de diversos factores. Nesta fase, os seguintes aspectos-chave são importantes: • Apresentação do caso a favor do ensino a distância • Promoção do curso de ensino a distância; organização da publicidade (usando websites, brochuras, prospectos, reuniões e contactos informativos com pessoas e instituições relevantes, incluindo decisores e parceiros, etc.) • Identificação de bolsas ou outras fontes de financiamento para os aprendentes e para a instituição que oferece o curso (mantendo uma diversidade de recursos financeiros, envolvimento dos governos regionais ou nacionais, financiadores privados, etc.) • Envolvimento de peritos; parceria 3.1 A defesa do ensino a distância Quando uma instituição educativa já decidiu oferecer cursos a distância, pode começar a fase de implementação. Esta fase comporta a criação das condições adequadas para a implementação (que inclui assegurar o tempo, espaço e dinheiro necessários), resolver problemas à medida que estes aparecem, testar os conteúdos e o formato e, até, eventualmente, gestão de crises. Uma das componentes mais críticas nesta fase de marketing é motivar os aprendentes para completarem a totalidade do curso, apesar de terem pouco ou nenhum contacto directo com o tutor. A aprendizagem ao longo da vida não é obrigatória do mesmo modo que a formação inicial, por isso a motivação das pessoas envolvidas é diferente. O marketing deve ajudar a responder à pergunta: como se motivam os aprendentes para continuarem a estudar? A motivação é mais difícil de manter no ensino a distância, e pode ser positiva (progressão na carreira profissional) ou negativa (perda do emprego no caso de não passar no curso de formação). È, contudo, muito importante fornecer motivação continuamente, porque esta diminui à medida que o curso avança. A motivação é um aspecto crítico do marketing na fase de implementação. Assim, é fundamental informar as pessoas, no início do curso, de que podem ultrapassar as dificuldades de automotivação aprendendo a estudar de forma eficiente no contexto do ensino a distância. Os cursos de formação a distância devem disponibilizar um manual, um guia de orientação para os aprendentes sobre como ter sucesso no curso. Este guia deverá conter a informação que é discutida na sessão de apresentação do curso, particularmente no caso dos cursos mais longos, de modo a reduzir, tanto quanto possível, o número de pessoas que não completa o curso devido a dificuldades relacionadas, por vezes, com a perda de motivação. Aspectos a incluir podem ser: • Como definir o ritmo de estudo • Como rever conhecimentos já adquiridos • Dicas sobre como aumentar a memória • Informações sobre como ser um aprendente activo • Identificação dos problemas que os aprendentes poderão ter que enfrentar e sugestão de métodos para lidar com eles • Informações sobre os pontos de contacto dentro da instituição, incluindo tutores e organizadores do curso, para os aprendentes que, por qualquer razão, queiram estabelecer um contacto directo • Apoio a “aprender a aprender” de acordo com o curso Iniciação ao Ensino a Distância • 89 • O método pedagógico, especialmente importante para adultos que não estudam há muito tempo e que perderam os seus hábitos educativos, é outro dos elementos críticos da informação a ser disponibilizada no contexto do marketing de apoio aos cursos de formação a distância Além disso, os aprendentes devem ser informados sobre as fontes de financiamento a que podem recorrer para cobrir as propinas do curso, os custos com os filhos, as despesas de transporte e também de alojamento, caso o curso tenha mais do que duas horas semanais. A informação relativa ao financiamento pode ser disponibilizada pelas autoridades locais, regionais ou nacionais, associações de estudantes ou outros organismos criados para ajudar os aprendentes. Alguns deles podem ser financiados pelo empregador, e as instituições devem organizar-se de forma a receber estes pagamentos com o menor grau de dificuldade possível. Os participantes nos cursos podem fazer, eles próprios, parte das actividades de marketing. Isso pode acontecer de forma directa, se discutirem as suas experiências com outras pessoas, ou indirecta, ao levarem consigo novos conhecimentos e competências para o local de trabalho, ou ao serem capazes de explicar algo melhor do que antes. Este comportamento pode aumentar o interesse de outras pessoas em frequentar o mesmo curso a distância. A publicidade boca-a-boca pode ser uma ferramenta de grande valor numa estratégia de marketing. Para continuar a tirar partido deste tipo de publicidade, devem guardar-se registos, sempre que possível, dos comentários dos estudantes relativamente ao curso. Se forem positivos, estes comentários podem ser usados noutros materiais de marketing para gerar interesse no curso, através da partilha de experiências reais de antigos estudantes, e encorajar as pessoas que estão a vacilar no que respeita à conclusão do curso. 3.2 O marketing durante a formação O marketing define todos os produtos e serviços como tendo uma certa duração ou ciclo de vida, que pode dividir-se em várias fases diferentes. É importante notar que existem requisitos financeiros diferentes para cada fase. O tempo de vida de um curso a distância está também relacionado com os recursos (ver a secção 1.2 acima). A experiência dos participantes pode ser usada para promover os cursos de formação a distância oferecidos por uma instituição. Este aspecto pode alargar as fases de crescimento e maturação do ciclo de vida do curso. (fig. 7.1). O Tempo 4. FASE DE AVALIAÇÃO A avaliação do processo de ensino a distância e os seus resultados constituem, também, uma ferramenta fundamental de marketing. É extremamente importante conhecer os níveis de satisfação dos aprendentes e, consequentemente, dos decisores. Após a conclusão do curso, a instituição tem que tentar saber (através de uma entrevista ou de um questionário) se os aprendentes gostaram do formato ou do sistema utilizado. É evidente que o desempenho também é um factor importante, mas neste capítulo adoptámos uma perspectiva “comercial”, e não pedagógica. De qualquer modo, o desempenho é relevante mesmo desta perspectiva, já que a percepção que os aprendentes têm quanto ao seu desempenho influencia o seu grau de satisfação. Com base nesta análise, o formato do curso pode então ser alterado, se necessário. Há uma última questão, introduzida no início deste capítulo, a que falta responder: Qual é o retorno do investimento em educação para o indivíduo e para a sociedade? O ensino a distância oferece soluções não só para o indivíduo (que, de outra forma, não poderia aprender), mas também para a sociedade, porque proporciona o acesso à aprendizagem a • pessoas que vivem ou trabalham longe umas das outras (i.e. várias subsidiárias de uma empresa) • populações de áreas rurais ou ilhas remotas • áreas de conteúdos tão especializadas que seria difícil encontrar um grupo de aprendizagem viável mesmo numa região densamente povoada. Ganho D A duração relativa destas fases e o tempo de vida total do curso variarão bastante, dependendo do tipo de curso, da dimensão do grupo-alvo e de muitos outros factores. Como se pode ver no diagrama apresentado, só faz sentido apostar no marketing (i.e. publicitando experiências positivas dos participantes, exemplos e demonstrações) durante um determinado período do curso, de modo a que o maior número possível de membros do grupo-alvo sejam influenciados ou se tornem participantes do curso. O marketing é desenvolvido a diferentes níveis em cada uma das fases do ciclo de vida do curso a distância. Enquanto que a fase de implementação exige uma promoção forte e investimento financeiro substancial, as actividades nas fases de crescimento e maturação são menos extensas - o grupo-alvo está encontrado: envolvimento do número requerido de participantes. Na fase de declínio, o marketing pode concentrar-se noutros grupos-alvo e usar as experiências positivas do curso de formação a decorrer para avaliação. Isto pode dar início ao ciclo de vida de um novo produto - ensino a distância para um grupo-alvo diferente ou um curso diferente. O que é fundamental para o marketing na fase de implementação é a necessidade de assegurar que a informação acerca do ensino a distância em geral, e do curso em oferta em particular, é compreensível para os grupos-alvo, e que os benefícios e as características de facilidade de utilização do ensino a distância são claramente apresentados. A B C Fig. 7.1 Fases diferentes Fase 0 - A: implementação do produto: os investimentos iniciais são vultuosos; o lucro é negativo (perda financeira) Fase A - B: crescimento: o retorno do investimento é já positivo; os lucros sobem Fase B - C: maturação: o retorno dos fundos investidos baseia-se na duração da fase; contudo, os custos das medidas de marketing sobem Fase C - D: declínio: termina o ciclo de vida do curso; despesas adicionais em marketing não compensariam 90 • Iniciação ao Ensino a Distância No ensino a distância, é geralmente melhor oferecer um sistema modular de cursos, visto que grupos-alvo diferentes podem usar os módulos, combinando-os segundo os seus interesses e de acordo com as suas necessidades individuais. Este abordagem aumenta o número de utilizadores potenciais dos módulos individuais, melhorando dessa forma o retorno do investimento feito na preparação e no marketing das actividades de ensino a distância. O fornecedor de ensino a distância deve estar atento às opiniões dos aprendentes, dos tutores, da gestão e de outras pessoas directamente envolvidas na implementação dos cursos. Deve levarse a cabo uma avaliação interna, com a finalidade de recolher opiniões acerca dos pontos fortes e dos pontos fracos do curso. Deve perguntar-se aos membros destes grupos se o curso satisfez as suas expectativas. Todo o feedback recebido fará parte da resposta complexa acerca do sucesso e da qualidade de um curso. Os comentários devem ser cuidadosamente analisados, pois podem conIniciação ao Ensino a Distância • 91 stituir uma importante fonte de aperfeiçoamento do curso. Deste ponto de vista, a actividade avaliativa pode estar integrada na pesquisa de mercado para a fase preparatória de um novo curso. Os princípios de avaliação não precisam de ser diferentes dos utilizados nos cursos presenciais. Existe também a possibilidade de recolher feedback externo como parte da avaliação. Este procedimento, em princípio, terá custos, mas poderá valer a pena se o feedback ajudar a tornar os novos programas melhores. O benchmarking58 pode também fazer parte da fase de avaliação do marketing. Os objectivos fixados como parte do exercício de benchmarking devem ser revisitados e o desempenho da instituição avaliado com referência a eles. Quando se inicia a preparação para o próximo curso a distância, podem ter-se em conta os resultados do benchmarking na definição de novos objectivos para o curso. Uma instituição que não consiga cumprir nenhum dos objectivos definidos no benchmarking, e esteja claramente atrás de outros fornecedores de educação/formação, talvez precise de reavaliar o seu posicionamento no ensino a distância, ou descobrir a melhor forma de trabalhar em colaboração com as instituições que estão a conseguir resultados mais próximos dos objectivos de benchmarking definidos. Neste ponto é normalmente necessário apresentar relatórios aos financiadores, caso se tenha recebido financiamento público ou através de bolsas. Os financiadores estarão interessados em saber qual o desempenho da instituição face aos benchmarks definidos e o modo como a sua contribuição financeira foi utilizada para o conseguir. 5. CONCLUSÃO O marketing é um conjunto muito importante de ferramentas e actividades que deve ser empregue na manutenção de boas práticas, de modo a apoiar a implementação efectiva dos cursos a distância. Provavelmente, a maior parte do marketing, e a mais importante, desenvolve-se na altura em que um curso de formação a distância está a ser planeado e preparado. Quando uma instituição está a pensar lançar um curso a distância, tem que tentar responder a certas questões que ajudarão a tomar uma decisão relativamente à oferta, ou não, deste tipo de cursos. Há muitas perguntas que têm que ser respondidas antecipadamente, por forma a que todas as actividades subsequentes possam conduzir à definição clara de uma série de elementos: os objectivos do curso; o grupo-alvo; as questões técnicas, como a duração do curso, o tempo para o planeamento, a estrutura do curso e o número de pessoas envolvidas; todas as condições e circunstâncias necessárias (recursos e meio externo). A instituição deve ser capaz de definir os seus grupos-alvo; deve saber como investigar o mercado - realizar estudos de mercado, ser capaz de analisar os resultados e saber como preparar e gerir as finanças de cursos a distância. Isto significa ser capaz de definir, analisar, e lidar com todos os tipos de recursos. O marketing inclui também a preparação prévia de um orçamento ou plano financeiro. Na fase de implementação existem diversas actividades de marketing centradas, sobretudo, na promoção dos cursos a distância, no apoio e na manutenção da motivação dos aprendentes e na preservação de uma perspectiva realista em todas as actividades. Existem várias fases de marketing no ciclo de vida de um curso a distância, como acontece com outros bens e serviços. Por essa razão, durante todo o ciclo de vida de um curso (desde o primeiro momento em que o curso é oferecido aos aprendentes até ao último momento da última repetição), existem várias actividades de marketing a desenvolver. O marketing está intimamente ligado às finanças - nas últimas fases do seu ciclo de vida, não é razoável investir grandes recursos no marketing, porque não trarão um retorno adequado, como nas fases anteriores, nomeadamente na fase de crescimento. Na fase de avaliação, o marketing concentra-se sobretudo na recolha de feedback de todos os elementos envolvidos e na análise da informação relevante, por forma a melhorar os futuros cursos a distância. 92 • Iniciação ao Ensino a Distância CAPÍTULO 8 • QUALIDADE NO ENSINO A DISTÂNCIA Rosa Miranda e António Teixeira [Portugal] Universidade Aberta, Lisboa Revisto por Rachel Savage [Reino Unido] 1. INTRODUÇÃO A qualidade tem hoje um papel fundamental nos sistemas educativos. Nas últimas décadas, tornou-se também um dos assuntos mais discutidos. No entanto, a consciência dos benefícios institucionais e sociais decorrentes do desenvolvimento de ferramentas e instrumentos para a gestão da qualidade dos programas educativos é relativamente recente na Europa. A maior parte das instituições europeias de ensino e formação, em consequência da pressão quer social quer política, começaram a implementar sistemas de gestão da qualidade com base em standards publicados por instituições ou organismos especializados. A edição recente do ISO 9000:2000, que favorece uma visão mais ampla da gestão da qualidade, aplicável a qualquer tipo de organização, facilitou a implementação de sistemas de qualidade em universidades por toda a Europa. As características específicas da abordagem pedagógica e da tecnologia de suporte em rede utilizadas no ensino a distância tornam quase obrigatório que os fornecedores desenvolvam e mantenham um excelente sistema de gestão da qualidade para o processo de aprendizagem. De facto, uma boa reputação é vital para as organizações de formação a distância, em particular se operam no mercado da aprendizagem ao longo da vida. Pretende-se, com este capítulo, apresentar as definições e a terminologia utilizadas nos sistemas de avaliação da qualidade, assim como descrever sistemas de gestão da qualidade universalmente aceites, omitindo sistemas parciais ou nacionais. Apresenta-se uma panorâmica dos sistemas de qualidade dedicados ao ensino a distância mais relevantes, com um enfoque nos sistemas americano e britânico, devido à sua reconhecida consistência. 2. DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIA DA QUALIDADE O conceito moderno de qualidade deriva do termo latino qualitas, usado para exprimir “aquilo que designa o que as coisas são”59. Filosoficamente, a qualidade pode ser definida, em termos gerais, como a propriedade, característica ou atributo essenciais e distintivos que permitem a diferenciação. Neste sentido, a qualidade de alguma coisa é aquilo que a torna especial. É por essa razão que a qualidade se tornou sinónimo de distintividade. Na sua aplicação ao campo da avaliação de produtos de consumo e de procedimentos organizacionais, esta noção da qualidade como distintividade também se desenvolveu nas décadas mais recentes. De uma simples definição enquanto “adequação para o uso”, o conceito tornou-se bastante mais complexo, evoluindo para a noção actual de “Gestão total da qualidade”. Na última Iniciação ao Ensino a Distância • 93 edição do ISO 9000: 200060, a qualidade é definida como “a totalidade dos atributos e características de um produto ou serviço que influenciam a sua capacidade de satisfazer necessidades e expectativas explícitas ou implícitas”. Abordagem sistémica à gestão Identificar, compreender e gerir processos do sistema interrelacionados relativamente a determinados objectivos contribui para a eficácia e a eficiência da instituição. O aperfeiçoamento contínuo deve ser um objectivo permanente de uma instituição que busque a excelência. 3. STANDARDS E REGULAMENTOS – ISO 9000:2000 A nova filosofia da qualidade permite uma comparação dos resultados com objectivos predefinidos, relacionando estes resultados com as necessidades e expectativas do mercado, e com a promoção do aperfeiçoamento contínuo através do sistema de gestão da qualidade. A qualidade é, assim, reconhecida como uma ferramenta na busca de impacto e eficiência de uma instituição, e as instituições no sector da educação e da formação adoptaram esta filosofia. A última versão do ISO 9000:2000 pretende ser aplicável a qualquer tipo de organização, independentemente da área de negócio ou da dimensão, desde uma indústria tradicional até um hospital ou uma escola. Esta nova filosofia, tornada possível pela substituição de um modelo de avaliação da qualidade baseado nas qualidades objectivas de um produto ou serviço, para um modelo centrado nas qualidades subjectivas, apresenta sete princípios relevantes para facilitar a consecução de objectivos da qualidade. Estes princípios de gestão da qualidade são: Instituição centrada nos clientes Qualquer instituição depende dos seus clientes ou dos utilizadores dos seus serviços e, por isso, deve ser capaz de compreender de forma clara as suas necessidades actuais e futuras, estar à altura das suas exigências e, até, superar as suas expectativas. Tomemos como exemplo um curso um curso universitário, em que podemos identificar três níveis de clientes: no primeiro nível estão os estudantes, como clientes directos dos cursos produzidos; no segundo nível encontramos os seus empregadores, que exigem profissionais qualificados, capazes de aplicar o conhecimento e de inovar constantemente; e no terceiro nível a sociedade em geral, já que a educação tem um impacto importante no desenvolvimento económico e social de um país e das suas comunidades. Liderança Os líderes criam os ambientes em que as pessoas se empenham em atingir os objectivos organizacionais. Sendo públicas ou privadas, as universidades operam enquanto organizações autónomas; os seus líderes são o factor-chave na implementação de sistemas de qualidade, gerindo os recursos humanos e financeiros necessários. È um facto conhecido que as universidades são muito resistentes à mudança, em especial no que toca aos aspectos organizacionais, mas os líderes devem compreender e implementar princípios de qualidade, estabelecer objectivos, monitorizar e registar resultados e disseminar a informação. Envolvimento das pessoas As pessoas, em qualquer nível, são a essência de uma instituição, e o seu envolvimento empenhado permite a utilização das suas capacidades em benefício da instituição. O envolvimento de todos, desde os estudantes aos professores catedráticos, passando pelo pessoal técnico e administrativo, é da maior importância no desenvolvimento de um sistema da qualidade de uma instituição de educação e de formação. Além disso, uma instituição educativa é um corpo vivo que não se limita a adaptar-se a uma determinada comunidade, criando antes a sua própria comunidade de “conhecimento”, constituída pelos seus estudantes e trabalhadores actuais e antigos, as suas famílias, empregadores, accionistas, etc. Isto significa que o sucesso na implementação de um sistema da qualidade depende, também, do envolvimento de todos os membros “informais” da instituição. Abordagem de processos Um processo é uma sequência de actividades ou tarefas que transforma informação de entrada (inputs) em informação de saída (outputs), adicionando valor à informação de entrada. Uma definição clara de processos é fundamental para monitorizar resultados e compará-los com os objectivos. Podem identificar-se diversos processos numa instituição de educação e de formação, desde os puramente administrativos aos que envolvem investigação. Compete à instituição escolher aqueles que são mais importantes para a consecução dos objectivos e que, por isso, são responsáveis pelo sucesso das suas políticas e da sua missão. 94 • Iniciação ao Ensino a Distância 4. ÂMBITO DA INTRODUÇÃO DE UM SISTEMA DA QUALIDADE Um sistema de garantia da qualidade consiste, tipicamente, em políticas, atitudes, acções e procedimentos necessários para garantir que a qualidade está a ser mantida e melhorada, aplicando-se aos seguintes aspectos de um fornecedor de ensino a distância: • cursos, diplomas e certificações oferecidas, bem como o seu conteúdo educacional; • docentes e formadores, e a sua competência pedagógica; • pessoal técnico e administrativo; • métodos de ensino e tecnologia utilizada; • validação e confirmação de sistemas de avaliação; • serviços; • estruturas organizacionais e de gestão (incluindo líderes e liderança, bem como mecanismos e sistemas de planeamento); • infra-estrutura; • recursos financeiros. 5. CRITÉRIOS DA QUALIDADE Kefalas et. al.61 identificaram um conjunto de atributos específicos da qualidade num sistema da qualidade do ensino a distância. São eles: • disponibilidade (i.e. se a plataforma tecnológica - ou o pessoal administrativo - está presente quando é necessário e se presta os serviços definidos ao nível a que foi acordado); • usabilidade (i.e. se o pessoal e os clientes são capazes de levar a cabo tarefas específicas de forma efectiva, eficiente e com satisfação) ; • efectividade das aprendizagens (i.e. adequação dos materiais de aprendizagem aos estilos de aprendizagem, actualidade dos conteúdos, estética, clareza dos objectivos, etc.); • desempenho (i.e. capacidade da instituição para desempenhar tarefas com constrangimentos de tempo e de recursos); • segurança (i.e. a capacidade para reagir a uma ameaça, a protecção dos direitos de propriedade intelectual e dos detalhes pessoais); • potencial de mudança (i.e. a capacidade da instituição para manter ou aumentar o seu valor como empresa). Para estes autores, um sistema de garantia da qualidade é, consequentemente, chamado a verificar os seguintes critérios da qualidade: • efectividade da aprendizagem curricular (disponibilidade, adequação a estilos de aprendizagem, actualidade dos conteúdos, clareza dos objectivos, etc.); • ensino e formação, realização académica e científica; • flexibilidade na organização, permitindo a transferência de créditos, a interdisciplinaridade, a frequência num quadro de vários programas ou instituições; Iniciação ao Ensino a Distância • 95 • usabilidade da infra-estrutura e disponibilidade do equipamento adequado (i.e. padrão ISO); • protecção (segurança) de dados pessoais; • responsabilidade no que se refere à utilização de recursos humanos e materiais; • feedback dos estudantes e resposta às suas sugestões, propostas e críticas; • feedback e apoio dos accionistas e das necessidades do mercado de trabalho; • competitividade científica internacional, que é importante para as universidades mas também para as instituições de ensino e de formação num contexto europeu; • plano estratégico promissor no que respeita a políticas internacionais; • capacidade de mudança; Além destes, devem ainda considerar-se mais dois critérios de qualidade: • adequação de ferramentas e métodos de auto-avaliação para diagnóstico, comparando os resultados com as políticas, objectivos e requisitos estabelecidos; • desenvolvimento de acções conducentes ao aperfeiçoamento contínuo do desempenho da instituição. 6. PANORÂMICA DE SISTEMAS DA QUALIDADE DEDICADOS AO ENSINO A DISTÂNCIA Na Europa, alguns países estabeleceram orientações relativamente a sistemas da qualidade nos programas de ensino a distância. No Reino Unido, existem dois organismos: a Quality Assurance Agency for Higher Education (QAA)62 e o Open and Distance Learning Quality Council (ODLQC)63. O QAA64 enumera os seguintes critérios para o ensino a distância: • Desenho do sistema; • Estabelecimento de standards da qualidade no desenho dos programas, aprovação e revisão de processos; • Estabelecimento de critérios da qualidade na gestão da implementação dos programas; • Desenvolvimento e apoio dos estudantes; • Comunicação e representação dos estudantes; • Avaliação dos estudantes. O ODLQC65 considera os seguintes critérios da qualidade, que podem também ser utilizados para a acreditação: • Objectivos e resultados do curso; • Conteúdos do curso; • Publicidade e recrutamento; • Procedimentos de admissão; • Apoio à aprendizagem; • Centros de ensino a distância • Assistência social para os estudantes; • Organização do fornecedor; • Provisão conjunta; • Acreditação. Nos Estados Unidos da América existem diversos organismos, de entre os quais mencionamos o Institute for Higher Education Policy (IHEP)66 e o Council for Higher Education Accreditation67. Em termos gerais, todos consideram os critérios da qualidade68 como estando relacionados com: • o currículo e a instrução; • o planeamento e a avaliação do programa; • os sistemas e serviços de apoio à aprendizagem (incluindo bibliotecas); • o corpo docente e o apoio do corpo docente; • serviços e informação aos estudantes 96 • Iniciação ao Ensino a Distância Embora os sistemas mencionados acima possam parecer diferentes, dirigem-se aos mesmos aspectos-chave, agrupados em categorias mais amplas ou mais específicas. 7. BENEFÍCIOS DECORRENTES DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DA QUALIDADE Implementar um sistema da qualidade é sempre dispendioso e moroso, pelo que a maior parte das instituições têm dificuldade em ver benefícios imediatos resultantes deste processo. Contudo, existem diversos benefícios que devem ser enfatizados, entre os quais se podem referir os seguintes: • influência na cultura da instituição. A implementação de um sistema da qualidade tem sempre um efeito benéfico no modo como a instituição trabalha e se vê a si própria. A disciplina associada ao desenvolvimento deste processo (isto é, identificação de processos, procedimentos de registo, estabelecimento de responsabilidades, identificação de interfaces entre processos, identificação de indicadores de desempenho e áreas de aperfeiçoamento) tem um efeito positivo na percepção que os colaboradores têm da sua importância na instituição; • efeito nos clientes, sobretudo estudantes, mas também nas suas famílias e na sociedade em geral. Esta é, sobretudo, uma vantagem competitiva, já que os clientes tenderão a candidatarse aos cursos das instituições prestigiadas, cuja reputação pública é suportada por sistemas da qualidade reconhecidos. Podem, ainda, mencionar-se algumas vantagens específicas, como sejam: • a compatibilidade dos critérios curriculares e da avaliação entre instituições e países; • reconhecimento mútuo de sistemas da qualidade; • compatibilidade dos graus obtidos na Europa; • desenvolvimento do Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ICTS), baseado em critérios homogéneos; • aumento da qualidade no ensino a distância; • melhoria da reputação do ensino a distância, quer junto dos responsáveis pelas políticas quer da sociedade em geral. 8. ACREDITAÇÃO A acreditação é o reconhecimento por um organismo externo e independente de que um programa de formação ou uma instituição cumprem os requisitos necessários para educar/formar os seus estudantes, podendo aqueles que completaram o programa ser admitidos numa profissão. Nesta definição, parte-se do princípio que toda a formação se orienta para uma profissão, e que quer a formação inicial quer a aprendizagem ao longo da vida podem ser incluídas. A acreditação deve ser conduzida por um organismo externo e, tendo em conta a necessidade de adequação à profissão, os organismos naturais de acreditação são associações profissionais ou qualquer organismo especificamente dedicado à acreditação pessoal, reconhecidos a nível nacional e internacional por organismos de acreditação da garantia da qualidade. Existem diversos critérios gerais para a acreditação de um programa de formação, que podem ser agrupados nas seguintes categorias: Estudantes A qualidade e o desempenho dos estudantes e dos indivíduos certificados são importantes na avaliação de um programa de formação. A instituição deve avaliar e monitorizar os estudantes para determinar o seu grau de sucesso na consecução dos objectivos do curso. Desenho do curso Esta categoria inclui a definição dos objectivos do curso e da população-alvo; a identificação Iniciação ao Ensino a Distância • 97 das competências que se espera que o aprendente adquira; a relevância dos conteúdos; a adequação da estratégia multimédia usada para atingir os objectivos; a identificação dos momentos previstos para os acontecimentos síncronos (sessões presenciais, videoconferência, ou outros métodos) ao longo do programa, e os seus objectivos sociais ou de aprendizagem; os modos de avaliação utilizados (calendarização, objectivos e instrumentos); a certificação do curso e o reconhecimento dos certificados. Objectivos educativos do programa Para cada programa de formação deve haver: uma lista pública detalhada dos objectivos educativos, consistente com a missão da instituição; um currículo que assegure o cumprimento desses objectivos; um sistema de avaliação contínua que demonstre a consecução dos objectivos e use os resultados para aperfeiçoar sistematicamente a efectividade do programa. Resultados do programa e avaliação Cada programa de educação/formação é específico, mas todos os programas têm que incorporar: temas contemporâneos; temas práticos, técnicos e sociais; e a capacidade de envolvimento na aprendizagem ao longo da vida. Professores e tutores No ensino a distância, o termo “tutor” é frequentemente associado à relação pessoal estabelecida entre um aprendente e o seu professor. O termo “professor” tem um sentido mais vasto, referindo-se ao desempenho de uma grande diversidade de tarefas, que vão desde o desenho do curso, passando pelo desenho e a produção dos materiais, até à tutoria dos estudantes (incluindo a produção de guias de estudo), etc. Alguns aspectos específicos devem merecer uma atenção especial, como sejam as competências pedagógicas e tecnológicas dos professores ou os métodos de interacção professor-estudante e estudante-estudante. Instituição A instituição deve ter a capacidade suficiente para cobrir todas as áreas curriculares do programa e interagir com a sociedade, os estudantes e os empregadores. 9. ESTUDOS DE CASO Considerando que a garantia da qualidade da aprendizagem ao longo da vida é, actualmente, da maior importância, o Departamento de Ciências da Educação da Universidade Aberta (DCE) adoptou recentemente, como um dos seus objectivos principais, a melhoria da educação/formação contínua. Deste modo, foi preparada uma política da qualidade assente em diversos factores: o know-how e competências do DCE e a experiência da Universidade Aberta no ensino a distância; a posição desejada do departamento relativamente ao seu meio socio-económico; a identificação das necessidades e das expectativas dos potenciais clientes; e o aperfeiçoamento contínuo dos seus serviços. Está a ser implementado um sistema da qualidade com os seguintes objectivos: • identificar as necessidades e oportunidades do mercado, tanto em termos de investigação e desenvolvimento como da educação/formação contínua em oferta; • desenvolver a organização interna e optimizar os recursos do DCE (humanos e financeiros); • aperfeiçoar continuamente os cursos oferecidos, promovendo a excelência científica e pedagógica; • consolidar a identidade institucional do DCE e a imagem pública dos seus cursos; • estabelecer ligações e redes com outras organizações a operar na mesma área, a nível nacional e internacional, com diferentes standards de qualidade e culturas. Recorrendo à sua autonomia científica e pedagógica, o DCE criou um grupo responsável pelo desenho e implementação de instrumentos de gestão da qualidade. A qualidade vai ser aferida e avaliada por uma comissão de avaliação, constituído por especialistas internos e externos, responsável pela avaliação contínua dos cursos do DCE em oferta. O grupo interno terá a seu cargo o aperfeiçoamento contínuo do sistema da qualidade, incorporando as recomendações feitas pelos auditores. 10. CONCLUSÃO Infra-estrutura de suporte e gestão dos cursos Esta categoria é particularmente relevante para cursos baseados na web que estejam a decorrer. A instituição tem que possuir uma infra-estrutura com as ferramentas necessárias, tendo em conta as características do curso e os objectivos de aprendizagem. Tem, também, que manter uma coordenação vertical e horizontal entre os professores, os tutores e o pessoal técnico. A gestão da qualidade é um aspecto central para as instituições de educação e de formação. Este capitulo apresentou as definições e a terminologia utilizadas nos sistemas de avaliação da qualidade, descreveu sistemas de avaliação da qualidade universalmente aceites e discutiu os sistemas da qualidade mais relevantes dedicados ao ensino a distância. Funcionalidades Devem estar disponíveis as funcionalidades adequadas para promover a interacção professorestudante e para criar um clima que estimule o desenvolvimento pessoal e profissional. Isto inclui as tecnologias de comunicação e o apoio. 11. BIBLIOGRAFIA Apoio institucional, recursos financeiros e liderança O apoio institucional, os recursos financeiros e a liderança devem ser adequados, no sentido de asseguraram a qualidade e a conformidade dos programas de formação. Os recursos devem ser suficientes para atrair e manter pessoal qualificado e para apoiar o seu desenvolvimento profissional contínuo. Têm, também, que ser suficientes para adquirir, operar e manter o equipamento e as funcionalidades necessárias aos programas educativos. Deve tratar-se das questões relativas à eficiência de custos, tendo em conta que os cursos a distância exigem um elevado nível de investimento inicial, o que implica a necessidade de uma definição clara da estratégia financeira, de modo a evitar dificuldades. www.iso.ch Petrus Fonsecas (1564), Institutionum Dialecticorarum Libri Octo, Lisbon Kefalas, Petros; Retalis, Symeon; Stamatis, Demosthenes; Theodoros, Kargidis; “Quality Assurance Procedures and e-ODL”, Proc. Of the Int. Conf. On Network Universities and e-learning, 8-9 May 2003, Spain in www.hsh.no/menu www.qaa.ac.uk www.odlqc.org.uk www.iehp.com 98 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 99 CAPÍTULO 9 • CONCLUSÃO Koen DePryck [Bélgica] CVO Antwerpen-Zuid Os capítulos deste manual fornecem uma panorâmica dos diferentes aspectos envolvidos na oferta de ensino a distância. Este manual foi escrito para oferecer aos leitores interessados, mas com pouca ou nenhuma experiência de ensino a distância, uma introdução geral a esta temática, mas também para salientar que a entrada no ensino a distância não é uma questão simples. O ensino a distância deixa pouca ou nenhuma margem para a improvisação. Cada um dos seus aspectos - desde as decisões sobre os conteúdos e a forma, passando pelo marketing, até às questões legais relativas ao copyright e à autoria - precisam de ser cuidadosamente ponderados, havendo a necessidade de explorar e considerar alternativas mesmo para detalhes aparentemente simples. Uma introdução geral, por muito significativa ou útil que seja, não é suficiente para o preparar completamente. É um começo, mas apenas isso. No sentido de ajudar os fornecedores potenciais de ensino a distância a dar o próximo passo em direcção aos seus primeiros cursos a distância, a parceria envolvida na produção deste manual elaborou um website: www.ODLexpert.net. Este manual e o guia prático de formação que o acompanham destinam-se a ser usados numa série de cursos a oferecer em vários países europeus. O website enumera estes cursos e descreve os seus conteúdos. Além disso, o site é o ponto de entrada para uma base de dados contendo descrições de produtos (i.e. software) e iniciativas de ensino a distância (i.e. exemplos de boas práticas), incluindo um motor de busca para localizar informação que seja relevante para aquilo que se procura. Os produtos e as iniciativas de ensino a distância são descritos através de uma lista de palavraschave e de variáveis, baseada na investigação e na experiência. As palavras-chave e variáveis incluem itens como: declaração de intenções, tipo de fornecedor, retorno do investimento, resultados da aprendizagem, cursos síncronos e assíncronos, avaliação e trajectórias de aprendizagem. Neste momento, a base de dados contém já cerca de 250 palavras-chave e variáveis, e a lista continua a aumentar. Cada um dos termos na base de dados está definido, sendo também explicada a sua importância no contexto da entrada no ensino a distância. Uma declaração de intenções, por exemplo, é importante porque assegura uma compreensão clara, bem como uma cooperação total, de todas as pessoas envolvidas no projecto. O tipo de avaliação que se procura dependerá de se estar a oferecer educação formal ou não: a educação formal exige um nível de salvaguarda contra as fraudes muito mais elevado. A lista de sugestões é demasiado longa para a incluir neste manual, por isso consulte o site para mais informação. Pode usar a terminologia da base de dados para explorar em detalhe os diferentes aspectos da oferta de ensino a distância. Em seguida, pode usar a ferramenta online para construir um inventário das suas próprias necessidades e desejos no que se refere ao ensino a distância: somos este 100 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 101 tipo de fornecedor, temos como alvo este público específico, esperamos conseguir este número de inscrições nos nossos cursos de línguas, temos alguma experiência em ensino a distância mas não temos um departamento técnico a tempo inteiro, e assim por diante. Para além de explicar a importância destes diferentes elementos, o inventário ou descrição que preencheu permite-lhe pesquisar na base de dados produtos, competências (expertise), ou apenas exemplos de boas práticas que correspondam parcial ou totalmente às características da sua situação específica, e que pode valer a pena explorar mais detalhadamente. Por último, o website disponibiliza também referências de materiais relevantes, seleccionados pelos parceiros do projecto IAML3. A informação relativa ao ensino a distância é demasiado vasta para ser digerida por um principiante na área, quanto mais por um potencial fornecedor com pouca ou nenhuma experiência em que se apoiar. O site apresenta uma selecção razoável de informação valiosa e, acima de tudo, útil. Esperamos que este manual o tenha convencido que o ensino a distância oferece alguns complementos valiosos às formas mais tradicionais de ensino e aprendizagem. Não é um caminho fácil de trilhar, mas é certamente interessante e estimulante. A informação presente no website do projecto ajudá-lo-á a transformar aquilo que pode ser ainda um interesse difuso num plano mais específico. Se for bem sucedido, por favor informe-nos. Quem sabe: talvez um dia a sua história figure na nossa base de dados como um exemplo de boas práticas! BIOGRAFIA DOS AUTORES Hana Danihelkova é especialista na educação de adultos, tendo estudado na Universidade de Olomouc. Participou no programa comunitário Socrates, tendo coordenado três projectos, um dos quais recebeu um prémio da Fundação Evans belga. Hana é membro do grupo de trabalho Grundtvig em Bruxelas e, como promotora da acção Grundtvig na República Checa, apoia activamente o desenvolvimento da educação de adultos neste país. Koen DePryck obteve o grau de mestre em Filosofia na Universidade de Gent (Bélgica) e o doutoramento na Universidade do Texas, em Dallas. Após uma carreira como investigador no Fundo para a Investigação Científica da Flandres e como professor e conferencista em filosofia, epistemologia, análise de sistemas, bases de dados e programação, foi nomeado reitor e presidente do conselho de administração do Centro para a Educação de Adultos de Antuérpia-Zuid. Dirige o Instituto de Gestão do Conhecimento em Bruxelas. Foi autor ou co-autor de vários livros e artigos e é conferencista a nível mundial sobre o aspecto evolutivo da aprendizagem e das dificuldades de aprendizagem, o desenho e a gestão de ambientes de aprendizagem e a implementação do ensino a distância. Também concebe e programa software e ferramentas educativas para instituições educativas/de formação. Kerttu Lõhmus é consultor de e-learning e membro do conselho de administração da Ärireklaam Ltd (www.eprojekt.ee). Tem um background em estudos de informação. Tem experiência na educação de adultos desde 1996, e na área do e-learning desde 2000, com um enfoque em métodos de ensino e desenho de conteúdos (content design). O seu trabalho quotidiano inclui a criação (em conjunto com especialistas nos conteúdos) de materiais de estudo para apoio à eficácia na aprendizagem. Rosa Maria Miranda licenciou-se em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Técnica de Lisboa e tem um doutoramento em Engenharia de Minas. É professora auxiliar no Departamento de Ciências da Educação da Universidade Aberta e investigadora no Centro de Estudos em Educação e Inovação (CEEI - Universidade Aberta). Tem estado ligada ao desenvolvimento de um sistema da qualidade para avaliar a qualidade nos cursos a distância da UCE desde 2000, e participou em actividades de acreditação de cursos universitários entre 1998 e 2004. Foi responsável pelo ANB no ISQ, acreditado pela EWF e a IIW segundo o ISO 9000. É autora ou co-autora de mais de 60 publicações científicas, incluindo 5 manuais. Alda Maria Pereira é licenciada em Física e Química pela Universidade de Coimbra, mestre em Ciências da Educação pela Universidade de Lisboa e doutorada em Educação pela Universidade Aberta. É directora do Departamento de Ciências da Educação da Universidade Aberta, professora auxiliar neste departamento e investigadora no Centro de Estudos em Educação e Inovação (CEEI - Universidade Aberta). Tem desenvolvido investigação nas áreas da semiótica visual na comunicação educacional, da pedagogia do ensino a distância e online, e dos modelos e métodos de ensino, particularmente no que se refere ao ensino das ciências. Pia Melchior Petersen é professora de educação de adultos na CVU FYN e trabalha na formação de professores de adultos, na Dinamarca e no estrangeiro. Obteve o grau de mestre em Pedagogia pela Universidade Pedagógica Dinamarquesa em 2004. 102 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 103 Sirje Plaks trabalha para a Associação de Educadores de Adultos da Estónia como coordenadora de projecto. Coordena a Semana dos Aprendentes Adultos na Estónia, centrada na disseminação da ideia da aprendizagem ao longo da vida, que envolve a comunicação com várias organizações e pessoas. A sua experiência anterior como gestora da formação e como fundadora do seu próprio centro de formação representa uma mais-valia para o seu trabalho actual. Licenciou-se pela Universidade de Tartu em Direito Administrativo. Pamela Roccio é coordenadora dos Cuidados Infantis no Centro de Acção Social Edinburgh University Settlement, no programa “2ª Oportunidade para Aprender”. O seu background académico inclui psicologia, política social, sociologia, e medicina e ciência forenses. Coordena, ainda, um projecto para colocar online módulos relativos a cuidados infantis. Rachel Savage foi a coordenadora das Competências Básicas no programa “2ª Oportunidade para Aprender” do Centro de Acção Social Edinburgh University Settlement. Tem um background nas ciências sociais. Na altura em que participou neste manual era a responsável pela pesquisa e comunicação, tendo a seu cargo o marketing, orçamento e publicidade de todos os projectos desenvolvidos pelo Centro. Rikke Schultz recebeu o grau de mestre em Pedagogia pela Universidade Real Dinamarquesa, em 1998, e obteve a qualificação como leitora em Didáctica em 2001. Está envolvida na formação de professores na educação de adultos e na educação em geral, e trabalha no centro de conhecimento da CVU FYN, nas áreas do desenvolvimento de competências e formação em exercício. Anteriormente trabalhou em programas de integração para imigrantes na Dinamarca, na introdução de novas tecnologias para as mulheres e como professora em disciplinas de carácter geral na Universidade Técnica de Odense. É desde 1977 um membro activo da Organização Dinamarquesa para a Cooperação Internacional, conhecida na Dinamarca como MS. É membro activo da direcção da Associação para a Educação Mundial (AWE) na Dinamarca, uma organização que tem estatuto de conselheira na UNESCO. António Moreira Teixeira é licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, e é mestre e doutor, também em Filosofia, pela mesma Universidade. É professor auxiliar no Departamento de Ciências da Educação da Universidade Aberta, e investigador no Centro de Estudos em Educação e Inovação (CEEI - Universidade Aberta) e no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Tem estado envolvido no desenho e no desenvolvimento de um sistema de avaliação da qualidade para a avaliação contínua de cursos de ensino a distância desde 2000. Tem participado nas comissões de avaliação externas do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (CNAVES) desde 1997, sendo responsável pela produção de todos os relatórios relativos aos cursos de Filosofia. Deu, ainda, conferências integradas em workshops de formação para futuros especialistas em avaliação do CNAVES, e é responsável pela disciplina de Avaliação de Sistemas na Universidade Aberta. É autor ou co-autor de mais de trinta publicações científicas. Lone Guldbrandt Tønnesen é conferencista em História e coordenadora do ensino a distância na CVU FYN/Odense Lærerseminarium. Sven Van Elst trabalhou no Centro da Língua e da Fala69 da Universidade de Antuérpia (Bélgica), de 1994 a 2004. Durante este período, esteve sobretudo envolvido na gestão de projectos europeus e no desenvolvimento de materiais de ensino a distância para a aprendizagem de línguas estrangeiras. Presentemente, trabalha como assistente pessoal de um deputado na Câmara de Representantes belga. GLOSSÁRIO DE TERMOS RELACIONADOS COM O ENSINO A DISTÂNCIA Adaptado e editado por Rachel Savage e Pamela Roccio [Reino Unido] Do website da Associação Britânica para a Aprendizagem70 (que incorpora a Associação Britânica para o Ensino Aberto (BAOL)71 e o Fórum para a Tecnologia na Formação)72. www.british-learning.com/home.htm Com contribuições do glossário de e-learning do CEDEFOP Training Village: www.trainingvillage.gr/etv/Projects_Networks/Elearning/glossary/default.asp Ralph Johnson http://st-www.cs.uiuc.edu/users/johnson/frameworks.html Berger e Kam www.umich.edu/~ed626/define.html Eva Kaplan-Leiserson Acessibilidade Uma característica da tecnologia que permite a pessoas com deficiência utilizá-la. Por exemplo, os websites com esta característica podem ser utilizados por pessoas com deficiência visual, auditiva, motora ou cognitiva. O desenho da acessibilidade também beneficia as pessoas com software ou hardware mais lento ou mais antigo. Acreditação A acreditação é o reconhecimento formal por um organismo externo e/ou independente (ver Aprendizagem acreditada). Adaptação de materiais Adaptação de materiais de aprendizagem existentes para satisfazer as necessidades de um aprendente ou de um grupo de aprendentes específicos. Por exemplo, os materiais que são adequados a nível nacional podem precisar de algumas adaptações ou modificações para de adequarem às necessidades dos aprendentes a nível local. Ambiente de aprendizagem -Software desenhado como uma solução integrada, tudo-em-um, que pode facilitar a aprendizagem online numa instituição. Os cursos criados dentro do ambiente de aprendizagem podem ser rastreados com as mesmas capacidades que de um Sistema de gestão da aprendizagem (LMS), mas o ambiente de aprendizagem pode não conseguir rastrear os cursos criados fora do seu sistema. A maior parte dos ambientes de aprendizagem também inclui funcionalidades de autoria para criar cursos adicionais. Ambientes centrados no aprendente Refere-se a cenários educativos com um enfoque nos conhecimentos, crenças, competências e atitudes prévios que os aprendentes transportam para o cenário educativo. Assim, estes ambientes enfatizam a adequação e a relevância culturais, prestando atenção às culturas e subculturas dos aprendentes, ao seu modo de ser e às suas idiossincrasias culturais. Ambientes centrados na comunidade Cenários educativos em que os aprendentes desenvolvem um sentido de comunidade, de interdependência, beneficiando das interacções sociais e das normas que valorizam a busca da compreensão. Este tipo de ambiente é semelhante a uma comunidade práticas real, em que existem objectivos comuns e onde todos procuram colaborar na consecução desses objectivos. Ambientes centrados no conhecimento Cenários educativos com um enfoque no tipo de informação e de actividades que ajudam os alunos a desenvolver uma compreensão das matérias e tópicos numa determinada área. 104 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 105 Ambiente virtual de aprendizagem (VLE) Um ambiente que pode ser usado para apoiar uma série de contextos de aprendizagem, desde a sala de aula tradicional até ao offline e à aprendizagem a distância e online, através da Internet. Ambientes geridos de aprendizagem (Managed Learning Environments - MLE) Refere-se ao leque de sistemas de informação e de processos de uma instituição, que contribuem directa ou indirectamente para a aprendizagem e para a gestão dessa mesma aprendizagem. Análise de necessidades de formação O processo de recolha e de interpretação da informação para identificar áreas em que é necessário melhorar o desempenho, a nível pessoal ou organizacional. Os dados são coligidos para responder às questões fundamentais na identificação de necessidades de formação, tais como: quem, o quê, quando, porquê e como. Análise SWOT73 Uma forma de identificar os pontos fortes (o poder e as vantagens) e os pontos fracos da instituição, e de examinar as oportunidades (como conseguir novas oportunidades no mercado) e as ameaças que a instituição enfrenta. Levar a cabo uma análise usando a norma SWOT ajuda a concentrar as actividades da instituição nas áreas em que é forte e em que existem mais oportunidades. Andragogia A arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender. A teoria introduzida por Malcolm Knowles realça que os adultos são auto-dirigidos e esperam assumir a responsabilidade pelas decisões. Os programas de ensino de adultos devem adequar-se a este princípio fundamental. Aprendizagem Um processo cumulativo em que os indivíduos interiorizam gradualmente entidades cada vez mais complexas e abstractas (conceitos, categorias e padrões ou modelos de comportamento). Aprendizagem acreditada Programas e cursos que são avaliados de forma independente e reconhecidos, no sentido de garantir que a aprendizagem oferecida tem um certo nível de qualidade. A aprendizagem acreditada leva frequentemente a um diploma ou a uma qualificação reconhecidos. Aprendizagem ao longo da vida Foi recentemente definida num documento do governo do Reino Unido como “o desenvolvimento contínuo das competências, dos conhecimentos e da compreensão que são essenciais para a empregabilidade e a realização pessoal”. Segundo este conceito, os indivíduos e as empresas acedem à aprendizagem em qualquer lugar, em qualquer altura, usando os métodos mais apropriados para eles. Aprendizagem assíncrona Um programa de aprendizagem que não requer que o aprendente e o professor participem ao mesmo tempo. Os tutoriais online auto-regulados. Aprendizagem em que a interacção entre professores e estudantes ocorre intermitentemente, com desfasamento no tempo. Exemplo deste tipo de aprendizagem são os cursos auto-regulados tirados pela Internet ou em CD-ROM, grupos de discussão online e o correio electrónico. Aprendizagem auto-regulada Na aprendizagem auto-regulada, os conteúdos, as sequências de aprendizagem, o ritmo da aprendizagem e até, possivelmente, os media são determinados pelo aprendente individual. Aprendizagem colaborativa A aprendizagem colaborativa apoiada no computador [CSCL] baseia-se na aprendizagem através de interacções pessoais ou sociais entre os aprendentes. Este modelo ajuda os estudantes a partilhar objectivos, a explorar os materiais de aprendizagem e a atingir níveis mais profundos de compreensão e de conhecimento através da construção social de significados e de conhecimento. Os estudantes trabalham colaborativamente ou cooperativamente em equipa. O processo de aprendizagem é um processo de negociação entre os aprendentes. 106 • Iniciação ao Ensino a Distância Aprendizagem construcionista Significa que o aprendente associa novos conhecimentos a conhecimentos existentes, através da combinação de experiências concretas com princípios abstractos. Existe um intercâmbio entre a aprendizagem concreta e a aprendizagem abstracta. A aprendizagem concreta combina elementos do conhecimento existente, criando uma rede, ao passo que o pensamento abstracto é usado para compreender e expandir o conhecimento concreto. A aprendizagem construtiva baseia-se na participação activa do aprendente na resolução de problemas e no pensamento crítico ligados a uma actividade de aprendizagem, que consideram relevante e estimulante. Aprendizagem distribuída Utilização de uma grande variedade de tecnologias da comunicação para oferecer oportunidades de aprendizagem para além dos limites da sala de aula tradicional, incluindo a World Wide Web, o correio electrónico, a videoconferência, o groupware, simulações. newsgroups, listas de distribuição, salas de chat e software instrucional. Um ambiente de aprendizagem distribuída facilita um paradigma educacional centrado no aprendente e promove a aprendizagem activa. A aprendizagem distribuída pode ser implementada de diversas formas e em escalas diferentes. Um modelo instrucional permite que o instrutor, os estudantes e os conteúdos possam estar localizados em sítios diferentes, não centralizados, de modo a que a instrução e a aprendizagem ocorram independentemente do tempo e do lugar. O modelo da aprendizagem distribuída pode ser usado em combinação com cursos tradicionais baseados na sala de aula, com cursos a distância tradicionais, ou pode ser utilizado para criar salas de aula totalmente virtuais. Aprendizagem em rede Aprendizagem em que um aprendente pode ligar-se a outros aprendentes, ao tutor ou ao instrutor, ou em que uma comunidade de aprendizagem pode ligar-se aos seus recursos de aprendizagem através de computadores. A interacção pode ocorrer em tempo real ou em tempos desfasados. Também designada Aprendizagem síncrona. Aprendizagem flexível Caracterizada como envolvendo uma: • Progressão não-predefinida • Orientação para resolução concreta de problemas • Estrutura de aprendizagem modular assente num tema • Tradição de aprendizagem baseada na noção de “just-in-time” Aprendizagem informal A aprendizagem formal acontece numa aula, num seminário, num curso de auto-estudo - todos a reconhecem como aprendizagem. A aprendizagem informal acontece ao pé da máquina de café, no jogo de cartas, no pedir ajuda ao colega do lado, na resolução colaborativa de problemas, na observação de um especialista, ou na partilha de um terminal para elearning. Mais de metade da aprendizagem em contexto de empresa é informal. Aprendizagem interactiva Envolver os alunos no processo de aprendizagem, dando-lhes um papel activo na forma como aprendem. Isto pode ser conseguido através da utilização das tecnologias, incluindo ecrãs sensíveis ao toque, DVD e vídeo, animação em 3D, whiteboards, CD-ROMs ou a Internet. Aprendizagem móvel (M[obile]-Learning) Aprendizagem através de dispositivos móveis sem fios, como os PDAs (Personal Digital Assistant) e os telemóveis. Aprendizagem não-acreditada Aprendizagem que é informal e não conduz directamente a qualquer forma de acreditação, certificação ou qualificação externas. Aprendizagem online Distribuição da aprendizagem através de computadores em rede, via Internet ou da rede interna de uma empresa. Iniciação ao Ensino a Distância • 107 Aprendizagem orientada por um mentor (Mentored Learning) Experiência de aprendizagem em que o aprendente trabalha com um mentor. Este é, regra geral, alguém mais experiente e mais velho do que o aprendente, e que presta apoio, encorajamento e orientação. Neste tipo de aprendizagem, o mentor tipicamente treina, facilita, aconselha e liga em rede o aprendente. Aprendizagem tradicional A aprendizagem tradicional pode caracterizar-se como envolvendo: • Uma progressão linear do simples para o complexo • Um currículo baseado no conhecimento • Uma tradição de aprendizagem que privilegia o conhecimento “just-in-case” • Objectivos definidos em termos da aquisição de conhecimento Aprendizagem/formação baseada no computador Um termo global para designar a utilização dos computadores no ensino e na gestão do processo de ensino-aprendizagem. Os materiais de formação e os conteúdos são veiculados através de aplicações informáticas e correm de um CD-ROM ou são instaladas no computador do aprendente. O ensino assistido por computador (CAI - computer-assisted instruction) e o ensino gerido por computador (CMI - computer-managed instruction) estão incluídos na aprendizagem/ formação baseada no computador (CBT - computer based training). Algumas pessoas usam indistintamente os termos CBT e CAI (Glossário de E-Learning, compilado por Eva Kaplan-Leiserson). Aprendizagem/formação baseada no trabalho Aprendizagem ou formação que tem lugar quando uma pessoa está empregada. Regra geral, baseia-se nas necessidades do empregador e da carreira do indivíduo. A aprendizagem pode ser formal (ver Aprendizagem acreditada) ou informal: por exemplo, um curso de um dia, no local de trabalho, sobre PowerPoint. Aprendizagem/formação vocacional Aprendizagem a que se dá início para auxiliar o trabalho presente ou futuro. Benchmarking Um standard usado para comparar uma instituição com outras, ou com critérios predefinidos, no sentido de ajudar a identificar pontos fortes, pontos fracos e áreas a melhorar. Camadas textuais As camadas textuais compreendem um texto básico com ligações verticais. O texto básico pode ser uma definição, a segunda camada pode ser uma explicação mais desenvolvida, e as terceira e quarta camadas podem ser exemplos. As camadas textuais permitem ao aprendente aceder a mais informação acerca de um tema específico através das ligações entre as camadas. Campus Virtual Parte de uma universidade, i.e. uma faculdade, que oferece funcionalidades educativas a qualquer hora e em qualquer lugar, através da Internet. CD-ROM - Compact Disk Read Only Memory. Um disco que pode armazenar grandes quantidades informação na forma de texto, áudio, vídeo e gráficos, usado geralmente na aprendizagem interactiva. Centros de aprendizagem Uma área designada de um escritório ou de um edifício em que a aprendizagem tem lugar, através da utilização de métodos abertos e flexíveis, para fornecer aprendizagem localizada e apoiar os aprendentes, seja numa empresa, universidade ou comunidade local. Chat Comunicação entre membros de um serviço online através de texto. As mensagens são trocadas em tempo real, como numa conversa, através da digitação de frases breves. Ciclo de vida Uma progressão através de uma série de diferentes estádios de desenvolvimento. Comércio electrónico O processo de comprar e vender produtos através da Internet. Competências Uma lista de conhecimentos, competências e atributos que são requeridos para o desempenho de uma profissão. São usadas como base para orientar a análise das necessidades de formação e a avaliação. Áudio O medium de veicular informação aos aprendentes através do som. Auto-avaliação A avaliação de um aprendente ou de uma instituição levada a cabo pelos próprios. Competências básicas A capacidade de ler, escrever e falar a nossa língua, e de usar a matemática a um nível necessário para funcionar e progredir no trabalho e na sociedade. Também conhecidas como “competências nucleares”. Auto-conhecimento Refere-se à compreensão dos pontos fortes e dos pontos fracos próprios. Autonomia do aprendente A medida em que é o aprendente, e não o professor, a determinar os objectivos, seleccionar as experiências de aprendizagem e escolher a altura adequada para a avaliação. Autoria Quando os conceptores combinam componentes de media para fazer programas, usando ferramentas (software) de autoria. Avaliação Qualquer método sistemático de recolher informação acerca do impacto e da efectividade de uma situação de aprendizagem. Os resultados obtidos podem ser usados para melhorar a oferta de aprendizagem, determinar se os objectivos de aprendizagem foram alcançados, e aferir do valor da situação de aprendizagem para a instituição. A avaliação pode variar desde uma medição restrita do conhecimento factual até a uma apreciação ampla do desenvolvimento total do aprendente. Banda larga O termo comum para ligação à Internet de alta velocidade. Pode transmitir ou descarregar informação até 40 vezes mais depressa do que uma ligação tradicional, baseada no telefone e no modem, e está permanentemente online. 108 • Iniciação ao Ensino a Distância Competências-chave Um leque de competências essenciais necessárias à educação, ao emprego, à aprendizagem ao longo da vida e ao desenvolvimento pessoal, de modo a ter-se um desempenho eficiente no trabalho e na sociedade, i.e. capacidade de comunicar, compreender e usar matemática básica, resolver problemas, usar o computador e as tecnologias da informação, trabalhar de forma efectiva com os outros e melhorar as capacidades de aprendizagem. Ver também Competências básicas. Competências soft (Soft Skills) Competências não relacionadas com as tecnologias da informação, como a de liderar, a de negociar, a de construir um espírito de equipa e a de ouvir. Conceptor/tecnólogo A pessoa que desenvolve os materiais de ensino a distância. Conhecimento metacognitivo Envolve o conhecimento estratégico, o conhecimento de tarefa cognitivas e o auto-conhecimento. Construcionismo A ideia nuclear do construcionismo é um enfoque em teses e em testes. Os métodos favoritos são as simulações (o que está errado, o que pode ser feito), ou como construir ... (a LEGO, por exemplo, desenvolveu um sistema em CAD/CAM, em que os modelos feitos de Lego podem ser controlados por programas de computador). O construcionismo também privilegia as tarefas abertas e o feedback directo. Iniciação ao Ensino a Distância • 109 Construtivismo Baseia-se na natureza construtiva da criação de conhecimento no contexto de uma situação de aprendizagem. O construtivismo assenta numa abordagem ao ensino que parte do princípio que a aprendizagem é uma mudança de significado construída a partir da experiência do aprendente, i.e. é um processo em que os indivíduos constroem novas ideias com base no conhecimento anterior. As preocupações centrais do construtivismo são a aprendizagem e o processo de construção do conhecimento; este processo é visto como estando sujeito à situação do aprendente. Os métodos mais adequados são a discussão e a colaboração entre aprendentes, centradas em estudos de caso ou trabalho de projecto, tarefas abertas ligadas a objectivos de aprendizagem flexíveis ou tarefas construídas para reflectir condições do “mundo real”. A abordagem construtivista está geralmente dependente da comunicação entre os aprendentes e do feedback directo dos pares ou do professor. E-book Um e-book é a edição electrónica de um livro. É tipicamente construído em hipertexto e camadas textuais, contendo diferentes tipos de ajudas visuais e boas funcionalidades de pesquisa. Os e-books são um produto emergente, havendo, neste momento, pouco mercado para eles na maior parte dos países. Conteúdos Refere-se aos conteúdos de ensino, tanto os materiais como as matérias. Educação/Formação contínua Educação/formação que é oferecida a maiores de 21 anos, que querem melhorar a sua educação/formação e adquirir novas competências e qualificações, ou desenvolver as que já possuem. Correio electrónico (E-mail – Electronic mail) O intercâmbio de informação de um computador para outro usando uma aplicação informática desenhada para enviar e receber informação. Educação de adultos Ensino-aprendizagem que enfatiza os princípios da aprendizagem de adultos. Também conhecida como andragogia. Educação e formação vocacionais Qualquer programa de formação organizado sistematicamente para desenvolver capacidades e competências ocupacionais, exigidas pelo exercício de uma profissão particular. E-Exclusion (Exclusão electrónica) - Ver Info-exclusão. Courseware genérico Produtos e materiais desenvolvidos para satisfazer as necessidades de um público vasto e diversificado, e não uma necessidade específica de uma instituição, relativos, por exemplo, a competências básicas, competências de apresentação, técnicas de entrevista, competências-chave, etc. Também designado como Off-The-Shelf (Pronto a usar). Cultura organizacional Os costumes e crenças gerais de um grupo de pessoas que trabalham juntas num determinado momento, de forma estruturada, tendo em vista a um objectivo comum. Currículo Um currículo é uma descrição global dos conteúdos de um programa de aprendizagem ou de uma situação de aprendizagem. Um currículo descreve as condições prévias do aprendente, os quadros de referência, os objectivos, os conteúdos, o processo de aprendizagem e a avaliação. Curso estruturado Programa com objectivos predefinidos, leituras e outras tarefas de aprendizagem planeadas e comunicadas antecipadamente aos estudantes. Curso não estruturado Programa não completamente estruturado no início: as características e as necessidades dos estudantes podem levar a alterações durante o desenrolar do curso. Isto torna-se possível através do aumento da interacção professor-estudante, e é facilitado pela utilização de uma abordagem baseada em objectos de aprendizagem reutilizáveis (RLO), i.e. desenvolvendo materiais formatados em pequenas unidades para permitir a combinação e a modificação durante o processo de aprendizagem. E-Learning (Aprendizagem electrónica) Aprendizagem com a ajuda de ferramentas das tecnologias da informação e da comunicação. Pode incluir múltiplos formatos e metodologias híbridas: a utilização de software, Internet, CD-ROM, aprendizagem online ou quaisquer outros meios electrónicos ou interactivos (Cedefop, 2002). Inclui a distribuição de conteúdos via Internet, rede interna/rede externa74 (rede de acesso local/rede de acesso alargada75), cassetes áudio e vídeo, transmissão via satélite, televisão interactiva e CD-ROM. O e-Learning cobre um vasto conjunto de aplicações e processos, tais como a aprendizagem baseada na web, a aprendizagem baseada no computador, as salas de aula virtuais e a colaboração digital. (Glossário de E-Learning, compilado por Eva Kaplan-Leiserson). Ensino a distância Situação educativa em que o professor/tutor e os estudantes estão separados no tempo, no espaço, ou em ambos. Os cursos são distribuídos através de meios de ensino síncronos ou assíncronos, incluindo a correspondência escrita, textos, gráficos, cassetes áudio e vídeo, CD-ROMs, aprendizagem online, áudio e videoconferência, televisão interactiva e fac-símile. O ensino a distância não exclui a utilização da sala de aula tradicional. A definição de ensino a distância é mais vasta do que a de e-learning, e engloba esta. Ver Ensino aberto e flexível. Ensino aberto e a distância (Open and Distance Learning - ODL) Combina as propriedades do ensino aberto e flexível com as do ensino a distância. Declaração de intenções (Mission statement) Uma breve descrição escrita dos objectivos de uma empresa, instituição de caridade, departamento do governo ou instituição pública. Ensino aberto e flexível (Open and Flexible Learning - OFL) Permite aos aprendentes escolherem o local de estudo, os meios de distribuição, o ritmo de estudo, os mecanismos de apoio e os pontos de entrada e de saída na sua aprendizagem. Pode também incluir características do ensino a distância. Desenho instrucional (Instructional Design) O desenho instrucional é o desenvolvimento sistemático de especificações instrucionais, utilizando as teorias instrucionais e da aprendizagem, para garantir a qualidade da instrução. É todo o processo de análise das necessidades e objectivos da aprendizagem e o desenvolvimento de um sistema de distribuição que satisfaça essas necessidades. Inclui o desenvolvimento de materiais e actividades instrucionais, bem como a experimentação e a avaliação de todas as actividades instrucionais e do aprendente (Berger e Kam) Ensino gerido por computador (CMI) A utilização de um computador para gerir o processo de aprendizagem, incluindo a testagem e a manutenção de registos. Ver também LMS e LCMS. Ensino misto Uma combinação de formação/aprendizagem baseada em aulas presenciais tradicionais e formas de aprendizagem abertas, flexíveis, a distância e electrónicas. DVD (Digital Versatile Disc) Um disco óptico gravado e lido através de laser, com capacidade para armazenar grandes quantidades de informação. 110 • Iniciação ao Ensino a Distância Ensino-Aprendizagem Síncrono - Ver Aprendizagem em rede Uma situação de aprendizagem online em tempo real, orientada por um instrutor, em que todos os participantes estão ligados ao mesmo tempo e comunicam directamente uns com os outros. Neste cenário de sala de aula virtual, o instrutor mantém o controlo da aula, com a capacidade de interpelar/questionar directamente os participantes. Na maioria das plataformas, os estudantes e os professores podem usar Iniciação ao Ensino a Distância • 111 um whiteboard para ver o trabalho em progresso e partilhar conhecimentos. A interacção pode também acontecer via áudio ou videoconferência, telefonia via Internet, ou transmissão bidireccional ao vivo. (Glossário de E-Learning, compilado por Eva Kaplan-Leiserson) Espaço de aprendizagem Uma geografia imaginária em que a empresa de aprendizagem floresce. Mapeada por analistas de mercado e cartografada por consultores, este território é uma anexação recente à paisagem do negócio. Estilo de aprendizagem O método que uma pessoa usa para adquirir conhecimento. Cada pessoa aprende à sua maneira única. Um estilo de aprendizagem não é o que a pessoa aprende, mas a forma como aprende, com base nos seus pontos fortes, nos seus pontos fracos e nas suas preferências. Estudos de exequibilidade Usados para definir e avaliar a viabilidade de um novo produto ou serviço, através da análise dos objectivos de desempenho previstos, fornecendo orientação para a sua implementação. Estudos de mercado A recolha e avaliação de dados relativos às preferências dos consumidores no que toca a produtos e serviços. A pesquisa de mercado e a recolha de dados e informações úteis para o trabalho subsequente com um produto. Existem 2 tipos de estudos de mercado: 1) pesquisa primária (trabalho de campo) - recolha de dados até então não disponíveis; 2) pesquisa secundária (trabalho de secretária) - recolha e organização de dados existentes para um novo fim. Facilitador Outro termo para referir o tutor, instrutor ou professor. Na aprendizagem construtivista, o facilitador aconselha o aprendente e estimula e provoca nele o pensamento crítico, a análise e a síntese. Firewall Uma aplicação informática que isola parte de uma rede, i.e. a rede interna de uma empresa, para evitar o seu acesso público. Formação Uma tentativa de impor a aprendizagem, geralmente mais segundo as conveniências do fornecedor do que do aprendente. (Ver Educação e formação vocacionais) Formação baseada na Internet Formação distribuída sobretudo por tecnologias de rede TCP/IP como o correio electrónico, os newsgroups, aplicações proprietárias, e assim por diante. Embora o termo seja frequentemente utilizado como sinónimo de Formação baseada na web, este tipo de formação não é necessariamente distribuído através da web, e pode não utilizar as tecnologias HTTP (HyperText Transfer Protocol) e HTML, que tornam possível a formação baseada na web. Formação baseada na tecnologia (TBT) A distribuição de conteúdos via Internet, rede de acesso local (LAN) ou rede de acesso alargada (WAN) (rede interna ou rede externa), transmissão por satélite, áudio ou videocassetes, televisão interactiva ou CD-ROM. A formação baseada na tecnologia engloba a formação baseada no computador (CBT) e a formação baseada na web (WBT). Formação baseada na web (WBT) Distribuição de conteúdos educacionais via web browser através da Internet, de uma rede interna privada, ou de uma rede externa. A formação baseada na web oferece, frequentemente, ligações para outros recursos de aprendizagem, como sejam referências, correio electrónico, listas de discussão (bulletin boards) e grupos de discussão. Este tipo de formação pode incluir um formador/tutor que forneça orientações do curso, faça a gestão dos fóruns de discussão, dê lições, etc. Quando assim é, a formação baseada na web oferece algumas das vantagens da formação orientada por um instrutor, enquanto mantém as vantagens da formação baseada em computador. (Glossário de E-Learning, compilado por Eva Kaplan-Leiserson) Formação em sala de aula Qualquer formação, ensino ou aprendizagem que ocorre entre o estudante e o professor/tutor em sala de aula. 112 • Iniciação ao Ensino a Distância Formação orientada pelo instrutor (Instructor-Led Training) Formação mediada ao vivo por um instrutor (professor/tutor/formador), como acontece na formação em sala de aula ou em aulas ao vivo através de um sistema de conferência baseado na web. Regra geral refere-se à formação tradicional em sala de aula, em que o instrutor dá uma aula para um grupo de estudantes. O termo é usado como sinónimo de formação no local (on-site training) e formação em sala de aula (c-learning) (também Ensino orientado pelo instrutor - Instructor Led Teaching ILT). Frameworks Um framework é um design reutilizável composto por um conjunto de classes abstractas e o modo como as suas instâncias colaboram através de um desenho orientado por objectos. É um design reutilizável para todo um sistema de software, ou para parte dele; um framework do interface do utilizador fornece apenas um design para a interface do utilizador de um sistema (Ralph Johnson). Gestão da crise O acto ou prática de lidar com uma crise quando esta se desenvolve, e a tentativa de limitar o impacto de um problema imprevisto. Gestão da mudança O processo de gerir a mudança de forma efectiva, a nível pessoal e organizacional. Gestão do conhecimento Captação, organização e armazenamento do conhecimento e das experiências de trabalhadores individuais e de grupos no seio de uma instituição, disponibilizando-os a outros na instituição. A informação é armazenada numa base de dados especial chamada base de dados de conhecimento (knowledge base). (Glossário de E-Learning, compilado por Eva Kaplan-Leiserson). Grupo-alvo Um grupo particular de pessoas a quem algo é dirigido, ou a quem se destina. Hipertexto O hipertexto consiste num texto básico com ligações horizontais. O texto básico pode, desta forma, dar uma breve panorâmica do assunto e, seguindo as ligações, o leitor pode aceder a mais informação acerca de temas específicos. HTML (HyperText Markup Language) Uma linguagem (código) utilizada para criar documentos electrónicos, em particular páginas na World Wide Web (WWW), que contêm conexões chamadas hiperligações (hyperlinks). A linguagem HTML diz a um browser (aplicação de software que permite a visualização de páginas web) como mostrar a página que está a receber. (Glossário de eLearning da Sun Microsystems) Inclusão digital (E-Inclusion) Superação da info-exclusão através da utilização de sistemas desenvolvidos para minimizar os riscos de “exclusão electrónica”. Indicadores de desempenho Medidas para avaliar o desempenho. Info-exclusão (Digital Divide) O facto de certas pessoas ou grupos sociais correrem o risco de ser excluídos da Idade da Informação. Também conhecida como E-Exclusion. Instrutivismo A abordagem instrucional que parte do princípio que a aprendizagem é moldada pelas condições do meio e que o ensino passa pela organização das melhores condições externas possíveis, no sentido de promover uma melhoria nas reacções do aprendente. A aprendizagem é vista como uma progressão linear em direcção ao conhecimento: cada nova unidade de informação agrega-se à anterior em pequenos passos. O conhecimento declarativo e o conhecimento processual são apresentados pelo professor através de exemplos e regras, cabendo ao aprendente dominar informação teórica e adquirir rotinas através da prática. Interlocutor Uma das duas pessoas envolvidas numa interacção dialógica. Iniciação ao Ensino a Distância • 113 Internet O meio de fornecer acesso à World Wide Web (www). “Just-in-case” Aprendizagem que se faz para o caso de se vir a precisar mais tarde. “Just-in-time” Característico do e-learning, em que os aprendentes têm a possibilidade de aceder à informação de que precisam no momento em que precisam dela. Largura de banda A quantidade de dados que pode ser transmitida ao longo de um canal de comunicação durante um determinado período de tempo. Logística O método que estrutura as acções de transferir, distribuir e lidar com bens e produtos desde o produtor até ao cliente final. Materiais de aprendizagem encomendados à medida Materiais desenhados e adaptados segundo as necessidades de aprendizagem e os objectivos específicos de uma instituição. Meta (Goal) É o propósito de um acto. As metas podem ser encontradas no contexto da escola, nas leis nacionais e nos documentos referentes às diversas disciplinas. Existem opiniões diferentes quanto aos valores e aos conhecimentos que as metas devem reflectir. Metadados Dados acerca de dados, que descrevem o conteúdo, a qualidade, as condições e outras características desses dados. Informações acerca do conteúdo dos dados, que permitem o seu armazenamento e a sua recuperação numa base de dados. Metatags Uma tag (etiqueta) de HTML que identifica os conteúdos de um website. A informação mais comum presente nas metatags inclui os direitos de autoria, palavras-chave para motores de busca e descrições relativas à formatação da página. Método de distribuição Descreve o modo como a formação é distribuída aos aprendentes. Pode ser na forma de um manual impresso, em vídeo, em cassetes áudio, em DVD, em CD-ROM, em sala de aula, em jogos/actividades e através da Internet. Modelo da aprendizagem independente Modelo pedagógico centrado na aprendizagem autodirigida, controlada pelo aprendente. Baseia-se no pressuposto de que os estudantes são capazes de se orientar a si próprios de forma autónoma, definindo os seus próprios objectivos com a ajuda das leituras e das tarefas recomendadas pelo professor. Módulo Um curso pode dividir-se em vários módulos. Um módulo pode definir-se como um programa ou um currículo. Motivação Constructo psicológico que descreve um estado ou condição internos, que servem para activar ou alimentar o comportamento e dar-lhe orientação. A maior parte dos psicólogos acredita que existem dois tipos de motivação: intrínseca e extrínseca. A primeira tem a ver com uma actividade levada a cabo por um indivíduo de moto próprio. A segunda depende da aprovação, recompensa ou reforço externos. Multimédia Tecnologias da aprendizagem que integram os diferentes tipos de media - áudio, vídeo, animação, texto, gráficos, etc. - num pacote a que os utilizadores podem aceder ou controlar através do computador. Objectivo de aprendizagem Uma descrição clara e mensurável da aprendizagem em termos de conhecimentos, competências ou desempenhos que se espera de um aprendente, e que pode ser observar-se após a aprendizagem ter tido lugar, no sentido de a considerar bem sucedida. 114 • Iniciação ao Ensino a Distância Iniciação ao Ensino a Distância • 115 Objectos de aprendizagem reutilizáveis Ver Objectos de aprendizagem Um conjunto de objectos de informação reutilizáveis, panorâmica, resumo e avaliações que suportam um objectivo de aprendizagem específico. Os materiais são formatados em unidades, para permitir a combinação e a modificação durante o processo de aprendizagem. Objectos de aprendizagem Uma unidade de informação reutilizável, independente do medium, usada como um bloco de construção modular para conteúdos de e-learning. Os objectos de aprendizagem são mais efectivos quando organizados num sistema de classificação de metadados e armazenados num repositório de dados, como um LCMS. Também referidos como Objectos de aprendizagem reutilizáveis. Objectos de informação reutilizáveis (RIOs) Conjunto de itens de conteúdo, prática e avaliação montados em torno de um único objectivo de aprendizagem. Estes objectos são construídos a partir de modelos (templates) baseados no objectivo pretendido: comunicar um conceito, um facto, um processo, um princípio ou um procedimento. Pacotes de trabalho Uma forma de organizar os conteúdos de um módulo a distância. Um pacote de trabalho inclui: • Especificações com instruções claras, para que o aprendente saiba exactamente como tem que trabalhar com os materiais, e as formas de avaliação. Isto inclui considerações acerca das combinações entre a teoria e a prática, a comunicação e o feedback; • Um ou mais objectos de aprendizagem, que contêm materiais e tarefas com que o aprendente irá trabalhar; • Materiais suplementares ou referências. Pedagogia O estudo ou a prática dos métodos e das actividades de ensino e de aprendizagem. Plataforma de aprendizagem Sites internos ou externos, frequentemente organizados em torno de tópicos muito restritos, que contêm tecnologias (desde salas de chat a groupware) que permitem aos utilizadores submeter e recuperar informação. Plataforma pedagógica Uma plataforma pedagógica é um modelo que inclui considerações: • pedagógicas (como ensinar - metas, objectivos e métodos adequados para o grupo-alvo); • tecnológicas (quais os media adequados ao grupo-alvo) e técnicas (qual é o equipamento mais adequado tendo em conta os métodos e os media escolhidos); • organizacionais (recursos e planeamento, desenvolvimento, gestão e manutenção do ensino a distância). PMEs Pequenas e médias empresas. Geralmente definidas como empresas empregando menos de 250 pessoas. Portal de aprendizagem Qualquer website que oferece aos aprendentes ou às instituições acesso consolidado a recursos para a aprendizagem e para a formação provenientes de diversas fontes. Os operadores de portais de aprendizagem são também designados como agregadores de conteúdos (content aggregators), distribuidores ou hosts. Presencial Diz-se da comunicação entre o professor e os estudantes num contexto presencial. Processo de acomodação Acontece quando a aprendizagem é baseada no processo de desenvolvimento de nova informação e usa os novos conhecimentos em vez dos já existentes [para rever o conhecimento que os aprendentes possuem]. Processo de assimilação Acontece quando o processo de aprendizagem se baseia na incorporação da nova informação nos conhecimentos existentes [para alargar os conhecimentos que os aprendentes já possuem]. Processo de trabalho Aspectos que o professor e o estudante decidem trabalhar durante o ensino, o background e os argumentos que fundamentam as diversas escolhas feitas. São as considerações gerais e as relativas aos conteúdos a nível didáctico. Produtos prontos a usar (Off-the-Shelf Products) - Ver Courseware genérico Programas de instrução (Instructive programmes) Os programas de instrução são normalmente construídos como aprendizagem auto-regulada, com pouca necessidade de tutoria durante o processo de aprendizagem. O feedback está frequentemente incluído no programa. As abordagens privilegiadas são: • Ensino programado • Programas de formação • Apresentações e testes Publicação integrada Materiais de aprendizagem que são integrados uns com os outros. Por exemplo, um CD-ROM que é complementado por um livro de actividades e um website. Qualidade Define-se como a totalidade dos atributos e características de um produto ou serviço que influenciam a sua capacidade de satisfazer necessidades e expectativas explícitas ou implícitas (ISO 9000:2000). Rede interna (Intranet) Uma rede propriedade de uma instituição, que funciona como a Internet mas está protegida do acesso exterior. É usada para disseminar informação aos funcionários nos seus computadores de trabalho - i.e. programas de indução e módulos de aprendizagem. Resultados da aprendizagem Os resultados que se espera que o aprendente alcance com a experiência de aprendizagem. Inclui a aquisição de competências, compreensão, conhecimento e qualificações, bem como o desenvolvimento de atitudes, valores e identidades relevantes para uma sociedade da aprendizagem. Sistema de gestão da aprendizagem (LMS) Permite às empresas planear e rastrear as necessidades de aprendizagem e as realizações dos seus trabalhadores, clientes e parceiros. Podem ligar objectivos organizacionais a funções de trabalho e a competências dos trabalhadores, fornecer um catálogo dos cursos, livros e iniciativas de formação disponíveis (e relevantes), e veicular conteúdos para a aprendizagem baseada em sala de aula ou noutros formatos. O LMS regista os utilizadores, rastreia os cursos num catálogo e grava os dados dos aprendentes, providenciando também relatórios à gestão. Um LMS está tipicamente desenhado para lidar com cursos de vários editores e fornecedores. Geralmente não inclui as suas próprias funcionalidades de autoria; em vez disso, concentra-se na gestão de cursos criados por uma variedade de outras fontes. Sistemas de gestão de conteúdos (CMS - Content Management Systems) Aplicações informáticas que facilitam o processo de desenho, testagem, aprovação e publicação de conteúdos em páginas web. Sistema de gestão de conteúdos para a aprendizagem (Learning Content Management System LCMS) Um programa de administração baseado na web que facilita a criação, o desenho, a distribuição e a avaliação da formação, dos cursos e de objectos de aprendizagem. Estas aplicações informáticas permitem aos formadores e aos directores de formação gerir tanto as funções administrativas da formação, como as relativas aos conteúdos. Podem ainda fornecer certificação e rastreio para aprendentes que requeiram um conhecimento específico. Um LCMS combina as capacidades de gestão de cursos de um Sistema de gestão da aprendizagem (LMS - Learning Management System) com as capacidades de gestão e de armazenamento de conteúdos de um Sistema de gestão de Conteúdos (CMS - Content management system). Standards Partes de um objectivo de aprendizagem que descrevem o grau de proficiência que se espera do aprendente, i.e. precisão, velocidade e qualidade. Taxas de retenção A proporção de aprendentes que completam o seu curso ou que transitam para a fase seguinte. Tendem a ser calculadas para os programas de aprendizagem que duram, pelo menos, 12 semanas. Tecnologia instrucional A teoria e a prática do desenho, desenvolvimento, utilização, gestão e avaliação dos processos e recursos para a aprendizagem. Retorno do investimento Produzir ou render (lucro ou juros) como pagamento de trabalho, investimento ou despesa. Tecnologias da informação e da aprendizagem (TIA) Tecnologias que processam a informação para beneficiar os aprendentes e melhorar a aprendizagem. SCORM (Sharable Content Object Reference Model)76 Um conjunto de standards que, quando aplicado aos conteúdos de um curso, produz objectos de aprendizagem pequenos e reutilizáveis. Resultante da iniciativa “Aprendizagem distribuída avançada” (ADL)77, do Departamento de Defesa, os elementos de courseware compatíveis com a norma SCORM podem ser facilmente combinados com outros elementos compatíveis, para produzir um repositório de materiais de formação altamente modular. Tecnologias da informação e da comunicação (TIC) O armazenamento, processamento e apresentação da informação através de diversos media. Sistema de autoria ou Ferramenta de autoria Uma aplicação ou programa de software desenhados para permitir a um não-especialista em computadores a criação de produtos de formação/aprendizagem. Um sistema/ferramenta de autoria não exige conhecimentos ou competências de programação para ser utilizado. Permite a não-programadores a criação de programas electrónicos de aprendizagem. Os tipos de ferramentas de autor incluem as ferramentas centradas na instrução, as ferramentas para a web e de programação, as ferramentas baseadas em modelos (templates), sistemas de captação de conhecimento e ferramentas de criação de textos e ficheiros. Verificação Autenticação ou validação, geralmente sob a forma de acreditação de uma instituição ou de parte das suas actividades. Sistema de garantia da qualidade Contém as políticas, atitudes, acções e procedimentos necessários para assegurar que a qualidade está a ser mantida e melhorada. 116 • Iniciação ao Ensino a Distância Tutor A pessoa que utiliza materiais de ensino a distância no ensino. Universidade virtual Uma universidade que tem todas as suas funcionalidades educativas na Internet. Videoconferência Uma situação em que aparelhos de televisão, câmaras e microfones são ligados em conjunto, para permitir que duas ou mais pessoas, em locais diferentes, se vejam, ouçam e falem umas com as outras. XML (Extensible Markup Language) A linguagem de codificação de páginas web de última geração, que permite aos conceptores de sites programar os seus próprios comandos markup, que podem depois ser usados como se fossem comandos HTML standard. Iniciação ao Ensino a Distância • 117 NOTAS 1 Ver eixo 4 Vygotsky 1978 Cantor 1992 4 Cantor 1992 5 Diaz 1999 6 Dille and Mezack, 1991 7 Sarasin 1998 8 Paulsen 1995 9 Greenberg et al. 1999 10 Chen, Meyers & Yaron 2002 11 Landay 1999, Roschelle & Pea 2002, Luchini et al. 2002 12 Fagrell, Forsberg & Sanneblad 2000 13 Hedestig & Orre 2002 14 Material used in the learning process includes study-material, individual and group tasks, self-evaluation material, tests, FAQ/support materials and supplementary literature. 15 Por exemplo, o Dublin core - ISO 15 836 16 http://ltsc.ieee.org/ 17 Modelo de Referência para Objectos de Conteúdo Partilhável 18 www.umich.edu/~ed626/Dick_Carey/dc.html 19 http://lts.ncsu.edu/guides/instructional_design/stu6.html#Figure%201.1 20 www.umich.edu/~ed626/Gerlach_Ely/ge_main.htm 21 http://lts.ncsu.edu/guides/instructional_design/stu6.html#Figure%201.1 22 Quando os requisitos de qualidade de um determinado programa são elevados, o investimento é também elevado, dada a necessidade de envolver diversos especialistas - i.e. professores/tutores, tecnólogos, especialistas em metodologia, desenhadores gráficos, especialistas em tecnologias da informação e da comunicação. 23 Todd 2000 24 Valiathan 2003 25 Harris 2002, Horton 2003 26 Lauersen 1999 27 Gartner, 1983 28 Belanger, Jordan 2000 29 Brookfield, 1995 30 Knowles, 1984 31 Knowles, 1984 32 Palloff & Pratt, 1999 33 Moore, 1993 34 Weinstein & Mayer, 1986 35 Simpson 2000 36 Pallof & Pratt, 2001:25. 37 Berge, 1995 38 Ver também Capítulo 2 39 Estamos conscientes de que o ensino a distância não é obrigatoriamente mediado pelas TIC. Ligamos o ensino a distância à aprendizagem apoiada no computador porque é hoje em dia comum percepcionar o ensino a distância e a aprendizagem electrónica como sinónimos.. 40 Hiim, Hilde, og Else Hippe: Læring gennem oplevelse, forståelse og handling. En studiebog i didaktik. Gyldendal, 1993, s. 49 41 Nota do tradutor: Á letra, ”Mantém as coisas simples, estúpido”. A expressão, intraduzível, é altamente enfática, sem a natureza ofensiva que, à partida, parece ter. Significa, apenas, que é fundamental manter a simplicidade. 42 Nota do tradutor: À letra, ”Elogiar, chicotear, elogiar”. 43 ”Fazer perguntas abertas”. 44 Martin Flate Poulsen: nettbaseret undervisning. 2003, s.140 45 CEDEFOP 2001 46 Ver http://ion.illinois.edu/IONresources/onlineLearning/StudentProfile.asp 47 Cantor 1992 48 from www.learningstyles.net 49 http://pss.uvm.edu/pss162/learning_styles.html http://pzweb.harvard.edu/PIs/HG.htm 50 www.psc-cfp.gc.ca/ppc/learning_style_inventory_e.htm 51 http://trainerstyles.peterhoney.com/ts/ or http://peterhoney.co.uk/Article/68 52 www.ventures.dk 53 As categorias mencionadas acima são parcialmente baseadas no Marketing Toolkit do Learning Link Scotland. 54 Para mais informação sobre necessidades educativas, ver o Capítulo 4. 55 Ver capítulo 9 2 3 118 • Iniciação ao Ensino a Distância 56 Nota do tradutor: “uma ferramenta para o ajudar a melhorar os seus processos de negócio. Qualquer processo de negócio pode ser sujeito ao benchmarking. O benchmarking é o processo de identificação, compreensão e adaptação de práticas exemplares de instituições em qualquer parte do mundo, para ajudar a sua organização a melhorar o seu desempenho. O benchmarking é uma prática altamente respeitada no mundo dos negócios. É uma actividade que olha para o exterior para encontrar boas práticas e altos desempenhos e, depois, avalia práticas de negócio reais face a esses objectivos.”. Ver “What is Benchmarking?” The Benchmarking Exchange www.benchnet.com/wib.htm (2004). 57 Ver “About Benchmarking” Benchmarking Plus http://www.benchmarkingplus.com.au/about%20benchmarking.htm (data desconhecida) 58 ver secção 2.3 59 Petrus Fonsecas (1564), Institutionum Dialecticorarum Libri Octo, Lisbon 60 www.iso.ch 61 www.hsh.no/menu 62 Agência de Garantia da Qualidade para o Ensino Superior 63 Conselho da Qualidade do Ensino Aberto e a Distância 64 www.qaa.ac.uk 65 www.odlqc.org.uk 66 Instituto para a Política do Ensino Superior 67 Conselho para a Acreditação no Ensino Superior 68 www.iehp.com 69 Center for Language and Speech 70 British Learning Association 71 British Association for Open Learning 72 Forum for Technology in Training 73 Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats – Pontos fortes, Pontos fracos, Oportunidades, Ameaças. 74 intranet/extranet 75 LAN/WAN - Local Area Network/Wide Area Network 76 Modelo de referência para objectos de conteúdo partilhável 77 Advanced Distributed Learning COLOPHON Coordenação administrativa Jens Vermeersch with the help of Veerle De Troyer and Katrien Lehouck (Het Gemeenschapsonderwijs, Internationalisation department) Coordenação dos conteúdos Koen DePryck (CVO Antwerpen-Zuid) Autores Koen DePryck, Rosa Miranda, Alda Pereira, António Teixeira, Rikke Schultz, Pia Melchior Petersen, Lone Guldbrandt, Pam Roccio, Rachel Savage, Hana Danihelková, Kerttu Lõhmus, Sven Van Elst Colação do texto Koen Bouve Tradução José Mota Apresentação gráfica Watch It Productions - Gent Editora Garant Uitgevers N.V. Antwerp-Apeldoorn Depósito Legal D/2005/5779/74 ISBN 90-441-1799-8 Website www.odlexpert.net Para quaisquer dúvidas relativas a este manual, ao projecto que lhe deu origem ou aos cursos de formação em exercício a ser organizados, contacte: Jens Vermeersch, Het Gemeenschapsonderwijs - Internationalisation E. Jacqmainlaan 20 B- 1000 BRUSSEL Tel.: + 32 2 790 95 98 • Fax: + 32 2 790 97 97 E-mail:[email protected] Com o apoio financeiro da Comunidade Europeia, no quadro do programa Socrates - Grundtvig. Número do projecto:100258-CP-1-2002-BE-GRUNDTVIG-G1 O conteúdo desta publicação não reflecte necessariamente a posição da Comunidade Europeia, nem envolve qualquer responsabilidade da sua parte. Iniciação ao Ensino a Distância • 11 10 • Iniciação ao Ensino a Distância BACK (cmyk)
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