Comissão de Mudanças Climáticas

Transcrição

Comissão de Mudanças Climáticas
Comissão Mista Especial – Mudanças Climáticas
Audiência Pública sobre Energia
Energia e Mudanças Climáticas: Barreiras e
Oportunidades para o Brasil
Claudio J. D. Sales
Presidente
Instituto Acende Brasil
Câmara dos Deputados
2 de outubro de 2007
1
O conteúdo deste relatório foi produzido pelo Instituto Acende Brasil. Sua reprodução total ou parcial é permitida, desde que citada a fonte.
O Brasil é o oitavo maior emissor de Gases de Efeito Estufa –
GEE no mundo
Emissões de CO2 em 2000, em MtCO2 equivalentes
6.928
4.938 4.725
Os quinze maiores
emissores de GEE
são responsáveis
1.915 1.884
1.317
por 80% das
1.009 851
680
654
emissões globais
180
Fonte: World Resources Institute, Navigating the numbers, 2005
2
O desmatamento é a maior fonte de Gases de Efeito Estufa –
GEE no Brasil
Emissões de CO2 em 1994 por setor, em MtCO2 equivalentes
1.206
‰O
Desmatamento
representa 79% das
Geração
de Energia
Elétrica
Emissões de GEE
952
237
26
‰A
Geração de
Energia Elétrica
17
representa 2% das
Emissões de GEE
Energia
Processos Industriais
Desmatamento
Total
Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia, Inventário Nacional de Emissões de GEE, 2004
3
A matriz elétrica brasileira é pouco emissora de Gases de
Efeito Estufa - GEE
Matriz elétrica dos maiores países emissores de GEE em 2004
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Brasil
China
UE 15
índia
Coréia do México
Sul
Rússia
Arábia
Saudita
África do
Sul
EUA
Combustíveis com
Baixa ou Zero Emissão GEE
Fonte: Agência Internacional de Energia, 2006
Alta Emissão GEE
4
A previsão é que a matriz elétrica brasileira continue pouco
emissora de Gases de Efeito Estufa - GEE
16%
17%
17%
Derivados do Petróleo
Carvão
Gás Natural
Eólica e Outros
84%
83%
83%
Biomassa
Nuclear
Hidráulica
2005
Potência Total (MW): 101 mil
Fonte: MME, 2007
2015
2030
143 mil
221 mil
5
As fontes de energia mais competitivas são as menos
emissoras de Gases de Efeito Estufa – GEE
Fonte
Fatores de Emissão
de Carbono
[tC/TJ]1
Emissão
Equivalente3
Tarifa de
Equilíbrio
[BRL/MWh]2
Solar
-
1.800
Eólica
-
239
Nuclear
-
151
Biomassa
-
121
PCH
-
125
Hidro
13,23
1,00
116
Gás Natural
15,3
2,94
175
Diesel
20,2
5,09
602
Óleo Combustível
21,1
5,31
382
Carvão
25,8
5,27
133
Fonte: 1 IPCC, 1997
2 MME, 2007
3 SANTOS, et alii, Gross greenhouse gas fluxes from hydro-power reservoir compared to thermo-power plants, 2006
6
Entretanto, a participação de fontes de baixa emissão de
GEE foi reduzida nos últimos leilões de energia
Potência, em MW, vendida nos últimos leilões de energia
3.500
3.000
34%
[MW]
2.500
2.000
1.500
66%
1.000
66%
57%
500
34%
43%
Leilão II
Leilão III
100%
0
Leilão I
Óleo Combustível/Diesel
Gás Natural
Carvão Mineral
Bagaço de Cana
Leilão IV
PCH
Hidrelétricas
Fonte: MME, 2007
7
Isto se deve, em parte, aos obstáculos criados à implantação
de empreendimentos de baixa emissão de GEE
Questões ambientais têm impedido a construção das usinas
‰ Atraso
Licenciamento
Ambiental
na Liberação das Licenças
‰ Exigência
‰ Falta
de Complementação dos Estudos
Transparência
‰ Programas
Custos
Ambientais
Ambientais – aumento da quantidade dos
reassentados (povos tradicionais)
‰ Compensação
Ambiental
‰ Compensações
‰ Uso
Interferências
no processo
Financeiras – pedido das Prefeituras
Político do Empreendimento
‰ Ações
Civis promovidas pelo Ministério Público
‰ Invasões
de empreendimentos
Os obstáculos são relevantes em empreendimentos com baixa emissão de GEE: UHEs e PCHs
8
O tempo de licenciamento ambiental para esses empreendimentos
superam os prazos estabelecidos pelo Ibama/Conama
Balanço dos prazos de licenciamento ambiental
Etapas
Prazos Estabelecidos
Aprovação do Termo
de Referência
ƒ 30 dias – Instrução Normativa 65/2005
IBAMA
Aprovação EIA/RIMA
Realização
Audiência Pública
Emissão da Licença
Prévia
ƒ 60 dias – aprovação abrangência
ƒ 120 dias – parecer de mérito - IN 65/2005
ƒ 45 dias após aprovação EIA
Média Observada
ƒ 1 ano e 1 mês
ƒ 1 ano e 7 meses
ƒ 8 meses
ƒ Até 1 ano - CONAMA nº 237/1997
ƒ Máximo 270 dias - Instrução Normativa
65/2005
ƒ 3 anos e 3 meses
Fonte: Dados preliminaries do relatório do Banco Mundial referentes a 63 empreendimentos licenciados pelo IBAMA entre os anos de 1997 e
2006; PAC
9
Diversas modalidades de compensações ambientais elevam
o custo dos empreendimentos
‰
Os custos socioambientais1 que em 2005 eram de 10% atualmente
representam em média 12,1% do valor do empreendimento
‰
1
No caso da UHE Machadinho os custos socioambientais chegaram a
29,2%
‰
Os custos socioambientais podem dobrar durante o período de construção,
principalmente com o aumento do número de famílias reassentadas (MOTTA,
2007)
‰
Apesar da compensação ambiental2 mínima prevista ser de 0,5% do custo do
empreendimento, seu valor médio tem sido de 0,7%, tendo chegado a 1,5%
remanejamento de famílias, monitoramento de qualidade de água, ar, ictiofauna, implantação de unidades de conservação, estudos sobre a fauna local,
resgate arqueológico, recomposição da infra-estrutura (viária, social e de lazer)
2 Recurso
financeiro destinado à implantação e manutenção de unidades de conservação devido ao licenciamento ambiental de empreendimentos. O
montante de recursos não pode ser inferior a meio por cento dos custos para a construção da usina.
Fonte: Instituto Acende Brasil, EPE, Motta, 2007
10
Além disto, interferências externas contribuem para os
atrasos do processo de licenciamento ambiental
Interferência do
Ministério Público
Rio Tocantins
Uso político da
implantação do
empreendimento
Invasões em
empreendimentos
Rio Paranapanema
Rio Uruguai
Rio das Antas
11
Conclusões e Recomendações (1 de 2)
‰
Embora caras, se comparadas às hídricas e algumas térmicas, as energias
solar e eólica são fontes complementares, devendo ter seus investimentos
em P&D mantidos
‰
A geração de energia elétrica no Brasil representa apenas 2% das emissões
totais do país enquanto que o desmatamento representa 79%. Há, portanto,
espaço para que se considere a complementação térmica da matriz elétrica
com fontes mais competitivas como o carvão e o gás natural.
‰
Simultaneamente, e respeitando a lógica da competição e da eficiência, o
Brasil deve aproveitar a competitividade dos seus recursos naturais e
desenvolver seu potencial hidrelétrico, que hoje proporciona o menor
custo e um dos menores níveis de emissões de GEE
12
Conclusões e Recomendações (2 de 2)
‰
Para isto é fundamental que:
‰
A avaliação das condições de suprimento seja a mais realista
possível, de forma a dar sinais adequados a consumidores e
empreendedores do setor. Sinais que também deverão ser
considerados por outras instituições que interferem no processo
como: órgãos reguladores, judiciário e congresso
‰
Os órgãos ambientais respeitem os prazos estabelecidos para o
licenciamento ambiental das usinas
‰
Sejam esgotadas todas as alternativas negociais e investigativas
antes de se estabelecer processos judiciais
‰
Os custos ambientais devem ser definidos com a maior precisão
possível antes do leilão do empreendimento.
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O desmatamento é a maior fonte de Gases de Efeito Estufa –
GEE no Brasil
Emissões de CO2 em 1994 por setor, em MtCO2 equivalentes
952
‰O
Desmatamento
representa 79% das
Emissões de GEE
‰A
Geração
de
Energia
Elétrica
Geração de
Energia Elétrica
237
26
Energia
representa 2% das
Emissões de GEE
17
Processos Industriais
Desmatamento
Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia, Inventário Nacional de Emissões de GEE, 2004
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A matriz elétrica brasileira é pouco emissora de Gases de
Efeito Estufa - GEE
Matriz elétrica dos maiores países emissores de GEE em 2002
Brasil China
Outras
Renováveis
Hidro
UE
15
Índia Coréia México Rússia Arábia África
do Sul
Saudita do Sul
Nuclear
Fonte: World Resources Institute, Navigating the numbers, 2005
Biomassa
Gás
Óleo
EUA
Carvão
16
Entretanto, a participação de fontes de baixa emissão de
GEE foi reduzida nos últimos leilões de energia
Potência, em MW, vendida nos últimos leilões de energia
Fonte: MME, 2007
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