Saiba + - Irmãos Menonitas

Transcrição

Saiba + - Irmãos Menonitas
Menno Simons
Nascimento
Morte
1496
1561
Witmarsum
(65 anos)
Saiba +
até Irmãos Menonitas
OBJETIVOS:
O objetivo de Deus é a vida e a vida de Deus o objetivo.
“Porque ninguém pode colocar outro
fundamento além do que está posto, o qual é
Jesus Cristo!”
(1Cor 3:11)
Irmãos Menonitas
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
Estudo para:
Conhecimento e
crescimento.
1
Sumário
1. Parâmetros: ...........................................................................3
2. MENNO SIMONS.................................................................3
3. Thomas Müntzer .................................................................10
4. Menno Simons: em vários pontos da doutrina .................12
5. anabatistas ...........................................................................51
6. pietismo ................................................................................55
7. Mennonitas ou Menonitas ..................................................58
8. Menonita Brasil a partir de: 1930 .....................................65
9. Peter Pauls, a nobre missão de educar ..............................83
10. Faculdade Fidelis.................................................................84
11. Escola Willy Janz ................................................................86
12. Colégio Erasto Gaertner .....................................................87
13. AMB – Associação Menonita Beneficente ........................88
14. Acampamento Bethel ..........................................................90
15. Colônia Witmarsum ............................................................91
16. + de 50 anos – Igreja Irmãos Menonitas de Witmarsum 93
17. A Cooperativa Witmarsum ................................................94
18. COBIM .................................................................................96
19. Missões: ................................................................................98
20. Menonitas além do Brasil .................................................102
21. Rembrandt .........................................................................102
22. Irmãos Menonitas Norte Americanos .............................104
23. Menonita Publishing Company .......................................106
24. Universidade Canadense Menonita .................................107
25. ICOMB ...............................................................................109
26. International Community of Mennonite Brethren ........109
27. MB Mission ........................................................................110
28. Conclusão:..........................................................................111
29. In English – Summarized Texts: .....................................113
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Parâmetros:
Efésios 4:13
“Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do
Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de
Cristo,”
MENNO SIMONS
RESUMO:
Witmarsum, 1496 — 23 ou 31 de Janeiro de 1561 em Wüstenfelde em Bad
Oldesloe.
(*) Frísia:
É uma província ao norte dos Países Baixos.
Os Países Baixos são frequentemente referidos como Holanda
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VIDA:
Menno Simons, um sacerdote católico do povoado de Witmarsum, no norte da
Holanda, aderiu ao movimento anabatista, defendendo uma postura pacifista. Em
1536 ele já tinha cortado todos os laços com a igreja Católica Romana e passou a ser
perseguido. Em 1542, o imperador romano Carlos V prometeu 100 florins como
recompensa pela captura de Menno. Ainda assim, ele conseguiu formar algumas
congregações compostas de anabatistas, e não demorou muito para eles serem
chamados de Menonitas.
Com o as traduções e impressões de Bíblias nas línguas comuns da Europa
do século 16, estimulou-se de novo o interesse no estudo da Bíblia que resultariam
na Reforma e no Anabatismo. Alguns criam que uma pessoa tem de tomar uma
decisão consciente antes de ser batizada para se tornar membro da congregação
cristã, o que resultou no Anabatismo. Pregadores que aceitavam essa crença
começaram a viajar pelas cidades e aldeias batizando os adultos.
DEPOIS DE 1527
O anabatismo foi duramente perseguido na Suíça. Com o passar do tempo, os
que não se integraram na Igreja Reformada, buscaram refúgio em áreas com maior
tolerância religiosa, o que diminuiu muito o número de congregações anabatistas na
Suíça. Alguns soberanos europeus acabaram aceitando de bom grado a vinda desses
imigrantes religiosos para povoar seus países escassamente habitados. Os territórios
de maior atração para os anabatistas foram o Palatinado, a Alsácia e a Morávia. Foi
essa migração que possibilitou a sobrevivência do anabatismo e sua difusão para
outras regiões da Europa, como os Países Baixos. Lá, desde o século XIV, havia uma
forte tendência para uma reforma da Igreja. Diversos movimentos de reavivamento,
como os sacramentários, a Devotio Moderna e os Irmãos da Vida Comum,
prepararam o caminho para os refugiados anabatistas. Na Holanda, os anabatistas
encontraram um líder religioso capaz de uni-los, o ex-padre católico Menno
Simons.
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Relatos sobre a fundação da Igreja Menonita e impacto na vida de
Menno Simons:
No primeiro ano do sacerdócio de Menno, em 1525, o mesmo ano em que
Conrad Grebel e sua irmandade fundavam a Igreja Menonita em Zurique (Suíça), uma
séria dúvida começou a perturbar a vida frívola e despreocupada da sua cerimoniosa
religião.
Mas enquanto Menno lutava vigorosamente a boa batalha da verdade contra
o erro dos Münsteritas, se introduzia cada vez mais profundamente num sério conflito
interno. Ele havia se preocupado em resgatar as almas piedosas que discordavam da
Igreja Católica, de envolver-se nas heresias dos Münsteritas, e unicamente lhes
proporcionava algo melhor, não apareceria diante deles como um simples defensor e
apoiador da Igreja Católica? E quando, seus amigos católicos usavam o seu nome e
os seus argumentos para combater aos Münsteritas, não estava permitindo
comparecer como aliado da manutenção do império das trevas na dita Igreja? Quanto
mais êxito tinha em esmagar aos Münsteritas, tanto mais intolerável para a sua
consciência se tornava a situação.
O clímax do conflito se produziu quando sobreveio a tragédia da Velha Abadia
próxima de Bolsward, onde cerca de três mil almas extraviadas perderam a vida, entre
eles seu próprio irmão carnal. O grupo era um dos citados anteriormente, que
estavam impregnados do veneno revolucionário dos Münsteritas e haviam decidido
erigir a sua própria cidade em refúgio e começar a campanha para o estabelecimento
do reino de Deus em Friesland. Em março de 1535, uma grande companhia de 3.000
pessoas havia se apoderado de um velho monastério (Oude Kloster) nos subúrbios
da cidade de Bolsward, encerrando-se nele. Não puderam suportar por muito tempo
o assédio das forças governamentais e depois que 1.300 haviam perecido, o resto foi
capturado e executado em 7 de abril. O exemplo destas “pobres ovelhas extraviadas”
como as chama Menno, dando seu sangue e a sua vida pela sua fé, apesar de ser
uma fé falsa, produziu uma extraordinária impressão na alma de Menno Simons.
“Se tivesse tido a valentia de chegar ao fim, renunciando a doutrina e práticas
católicas, e constituindo-se no pastor dessas ovelhas errantes, talvez teria
conseguido salvá-las por adverti-las da aproximação da tragédia. Sentia que o sangue
deles caia sobre a sua consciência, queimando-o e fazendo-o ver o seu opróbio.”
“O sangue dessa gente, dizia, tornou-se para mim uma carga tão pesada que
não podia suportá-la nem encontrar descanso para minha alma”. Era verdade que
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havia falado contra algumas das abominações do sistema papal, mas, no entanto não
havia feito uma ruptura definitiva com todo o sistema.
A tragédia da Velha Abadia colocou a Menno na encruzilhada; agora
observava claramente o seu dever. Como servo de Deus não podia escapar da
responsabilidade de guiar as ovelhas errantes, e como alguém que professava
obediência e a crença em Deus, não devia vacilar mais e deveria tomar a cruz da
perseguição e do sofrimento, qualquer que fosse o custo.
Não podia continuar indo contra a sua consciência e convicções. E foi neste
estado de ânimo que Menno se voltou à Deus com gemidos e lágrimas, clamando por
graça e perdão, clamando por um coração puro e valentia para pregar o Seu santo
nome e Palavra com toda a verdade.
No relato da sua conversão Menno descreve a mudança de seu coração com
as seguintes palavras: “Meu coração tremia dentro de mim. Rogava a Deus com
lágrimas e gemidos que concedesse a mim, pobre e atribulado pecador, o dom da
Sua graça, e que criasse um coração limpo dentro de mim pelos méritos do precioso
sangue de Cristo, que perdoasse a minha vida ímpia e egoísta e me investisse de
sabedoria, sinceridade e valor para pregar o Seu glorioso e bendito nome e a Sua
santa Palavra sem adulterações e que manifestasse a Sua verdade e a Sua Glória”.
A mudança foi tão profunda, radical e completa, e deu-lhe um sentido tal de sua
divina missão, que foi capacitado pela graça de Deus para chegar a ser um líder
inspirado, um formidável e forte torreão para o seu amargurado e perseguido povo,
por mais de vinte e cinco anos.
A LIDERANÇA DE MENNO SIMONS E AS COLÔNIAS ISOLADAS
Menno, por seu estudo metódico da Bíblia, estava profundamente convencido
da visão anabatista acerca dos sacramentos(*), em especial do batismo infantil.
Essas convicções foram mantidas em silêncio e só foram reveladas após o
desmantelamento do reino anabatista de Münster (*). Depois disso, ele decidiu se
pronunciar publicamente a favor do anabatismo e liderá-lo. Sua liderança entre os
anabatistas holandeses num momento crucial de sua história acabou por fazer com
que os anabatistas adotassem a denominação de menonitas, para fugir da conexão
existente entre o termo anabatista e o episódio de Münster, e também para fazer uma
homenagem ao líder holandês.
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O novo líder conseguiu organizar os menonitas e mantê-los unidos com base
exclusiva em sua lealdade para com Cristo e de seu amor de uns para com os outros.
Essa vida de discipulado os separaria do mundo. Essa separação do mundo era
aconselhada através do estabelecimento de colônias isoladas, autossuficientes, com
pouco contato com o mundo exterior. Tal isolamento passou a ser mais e mais
necessário em razão da perseguição sistemática que os menonitas sofriam.
Regiões inóspitas e pouco povoadas foram sendo procuradas e colônias
menonitas foram sendo estabelecidas, muitas vezes com o beneplácito dos
soberanos dessas regiões, desejosos de povoar seus territórios com camponeses
ativos, para aumentar a riqueza de seus domínios. Várias localidades da Europa
acolheram refugiados menonitas, concedendo-lhes liberdade de religião, isenção de
prestação de juramentos e de servir nos exércitos do rei. Regiões do centro e do leste
da Europa, Prússia, Polônia e Rússia foram sendo ocupadas num período de quase
trezentos anos, entre 1549 e 1763 (PENNER, 1995, p. 71).
(*) sacramento:
(sacramentum, em latim) // origem e significados amplos // Resumindo: uma
concordância, um juramento, uma aliança sem dúvidas, uma manifestação
consciente pública com testemunhas. No texto referindo-se ao batismo nas águas.
Münster (*)
Cidade:
Atualmente é uma cidade no estado federal de Renânia do Norte-Vestfália, Alemanha.
Derivado:
O nome Münster é derivado da palavra monasterium (mosteiro em latim), em
referência ao mosteiro fundado no ano 793 (d.C.).
Pessoa:
Alguns textos indicam o não o contato mas o conhecimento de Menno Simons com
uma pessoa.
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O Texto de Menno Simons sobre Münster:
“TO THE READER,
Beloted Reader, we are falsely accused, by our opponents, of following the
teachings of Munster, concerning the king, the sword, rebellion, retaliation, polygamy
and other abominations. But my kind readers, know ye that I, never in my life, accepted
any of the foregoing doctrines; but on the contrary, I have opposed them for more than
seventeen years, and to the best of my abilities, have warned all mankind against this
abominable error. I have also, through the word of God, led some on the right way.
Never in my life have I seen Munster, nor have I been in the communion of that sect.
I also hope, through God's grace, neither to eat nor drink with such (if such there are),
as the scripture teaches me; unless they confess their error with all their heart, bring
forth fruits meet for repentance, and follow the Gospel in the right manner.”
MENNO SIMON.
REFERÊNCIA:
Princeton Theological Seminary Library
TRADUÇÃO AO PORTUGUÊS:
“PARA O LEITOR,
Amado Leitor, somos falsamente acusados pelos nossos adversários, de
seguir os ensinamentos de Munster, a respeito do rei, a espada, a rebelião, a
retaliação, a poligamia e outras abominações. Mas meus caros leitores, não sabeis
vós que eu, nunca na minha vida, aceitei qualquer uma das doutrinas anteriores, mas,
pelo contrário, eu tenho me oposto a eles por mais de 17 anos, e com o melhor de
minhas habilidades, alerto toda a humanidade contra este erro abominável. Eu
também, por meio da palavra de Deus, encaminhei alguns no caminho certo. Nunca
na minha vida vi Munster, nada tenho na comunhão daquela seita. Espero também
que, pela graça de Deus, nem para comer nem beber com tal (se existem tais), como
a Escritura me ensina, se não confessares seu erro com todo o seu coração, com
produziras frutos dignos de arrependimento, e seguir o Evangelho da maneira
correta.”
MENNO SIMON.
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Sebastian Münster
(1489 - 1552) foi um matemático e geógrafo alemão
Münster lecionava na Universidade de Heidelberg
(Alemanha), e na Universidade da Basiléia (Suíça).
Era muito conhecido por ser o autor do livro
Cosmografia Universal (1544), onde aparece a
primeira descrição geográfica do mundo feita por um
alemão. Em 1540, publicou a edição do livro de
Ptolomeu, em latim, "Geografia, com ilustrações".
+ provável:
Thomas Müntzer
Nascimento:
1490 (523 anos) Stolberg, Alta Saxônia
Morte: 27 de maio de 1525 (35 anos) Mühlhausen,
Turíngia
Nacionalidade:
Alemão
Ocupação:
Teólogo
Foi um dos primeiros teólogos alemães da era da
Reforma, ele se tornou um líder rebelde durante
a Guerra dos Camponeses. Müntzer virou-se
contra Lutero com vários escritos contra Lutero,
e apoiou os anabatistas. Na Batalha de
Frankenhausen, Müntzer e seus seguidores
foram derrotados. Ele foi capturado, torturado e
decapitado.
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Thomas Müntzer
Thomas Müntzer era um teólogo e jamais deixou de sê-lo, mesmo quando
enveredou pela arriscada trilha da política revolucionária.
Embora seja geralmente apresentado como um anabatista e líder dos
camponeses rebeldes, a verdade é que Müntzer jamais demonstrou grande interesse
pela questão do quando e como batizar (pedra angular do anabatismo) e sua
participação efetiva na Guerra dos camponeses deu-se apenas no fim de sua vida,
quando comandou o grupo de campônios massacrado em Frankenhausen.
Malgrado sua retórica inflamada e revolucionária estabelecer muitos pontos de
contato com a doutrina anabatista e as reivindicações sociais dos camponeses,
Muntzer seguiu seu próprio caminho, pautado por interpretações apocalípticas da
Bíblia, onde se via como um profeta empenhado em construir o Reino de Deus na
Terra.
Mas ao associar o advento desse Reino a uma radical reforma social, que
eliminaria distinções e privilégios, ele se indispôs com as nobrezas católica e luterana
- que disputavam o poder de definir os rumos da cristandade ocidental -, comprando
uma briga que não podia ganhar.
Quatro diferentes Thomas Müntzers sobreviveram na História:


Para os protestantes ortodoxos, ele teria sido um típico anabatista que não fez
outra coisa senão proclamar suas doutrinas de sectarismo radical.
Para os anabatistas de Zurique, mesmo com ressalvas, ele era veraz e fiel
mensageiro do Evangelho.

Para os historiadores católicos romanos, Müntzer simplesmente operou dentro
das inevitáveis consequências do individualismo protestante.

Para os historiadores marxistas, ele pontificou como o grande ideólogo da
Guerra dos Camponeses, o primeiro político cosmopolita.
BIOGRAFIA:
Thomas Müntzer nasceu na pequena vila de Stolberg, nas montanhas de Harz.
Educou-se em Leipzig e Frankfurt an der Oder, obtendo o mestrado e completando o
Bacculareus biblicus. Dominava o grego, o hebraico e o latim.
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Foi ordenado padre em 1513, tornando-se prepósito-confessor no convento
feminino de Beuditz onde, com a segurança e a disponibilidade de tempo
proporcionados por sua posição, passou mais de um ano estudando os livros de
Flávio Josefo, a História Eclesiástica de Eusebius, Santo Agostinho, os Atos dos
conselhos gerais, e os Atos dos concílios de Constance e de Basiléia.
Em 1517, entrou em contato com a discussão que se acendia em torno do
professor da Universidade de Wittenberg, Martinho Lutero. Até 1520, Müntzer trocou,
por diversas vezes, o local de suas atividades, sendo que, nesse período, entre 1517
a 1520, tornou-se adepto da causa de Lutero, a quem conheceu, provavelmente, em
1519.
Assim como Lutero, Müntzer passava, nessa época, por profundas dúvidas.
Mas enquanto Lutero queria entender Deus, cheio de sentimentos de culpa e pavor,
Müntzer desesperava-se por não possuir a Deus e o seu poder, martirizando-se com
a questão se a doutrina de Cristo era, realmente, procedente de Deus.
À semelhança de Lutero, Müntzer voltou-se para os místicos alemães,
começando a ler as obras de Eckhart, Suso e Tauler. Na leitura desses livros, ele
encontrou a afirmação de que Deus primeiro lança a todos os seus amigos na noite
do desespero (assim como ele, Müntzer), antes de permitir que o seu sol brilhe sobre
eles. Encontrou, ainda, a afirmação de que o eterno Deus se revela aos seus no mais
profundo da alma, sem meios exteriores. Ou seja, que o homem pode sentir Deus e
ter certeza absoluta Dele, e que, para isso, é preciso abandonar tudo o que não é
Deus. Müntzer experimentara a "noite", mas faltava-lhe sentir Deus.
Em 1520, com a recomendação de Lutero, foi indicado como pregador do
evangelho na igreja de Santa Maria, em Zwickau, substituindo, temporariamente, o
pastor Johannes Sylvius Egranus.
REFERÊNCIAS:
1. R. Schenk, “Thomas Müntzer” in Marianlexikon, Eos St. Ottilien, Regensburg,
1992, :535
2. Bloch, Ernst. Thomas Müntzer - Teólogo da revolução. Rio de Janeiro:
Biblioteca Tempo universitário, 1973, pp. 1-7.
3. Althaus, Paul. Luther und das Deutschtum. Leipzig 1917.
4. Gritsch, Eric. Reformer without a Church: Thomas Müntzer, Philadelphia, 1967
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5. Rexroth, Kenneth. Communalism: From Its Origins to the Twentieth Century.
Seabury, 1974.
6. Bacharel em Bíblia, título que qualificava seu portador a ensinar a Bíblia.
7. Friesen, Abraham e Goertz, Hans-Jürgen. Thomas Müntzer. Darmstadt:
Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1978, pg 16-30
8. Desde 1516, Lutero animava seus alunos e adeptos a que lessem as obras de
Tauler e de outros místicos alemães.
9. Núcleo combatente dos Hussitas. Tinham por principal reduto a cidade de
Tabor.
10. O Manifesto de Praga sobreviveu em quatro versões diferentes, escritas em
Latim e em Alemão.
Menno Simons: em vários pontos da doutrina
Comentário:
O que até agora indica, Menno Simons não estava buscando títulos, vivia em
uma época de conflitos, guerras, escassez. Levando em consideração a enorme
distância que era imposta entre nobreza, realeza e plebe.
A própria complexidade degenerativa humana:
Onde nasceu, o que aprendeu ou aprende, qual a tradição de sua própria
família, as tradições da cidade, as tradições do seu estado, ou até mesmo do seu
país.
Perplexo com tantas barreiras precisou articular estratégias e definir as
prioridades. Enfrentava a mediocridade e a enorme soberba da ganância dos poucos
dominantes, que conscientemente preferiam manter muitos na pobreza, ignorância e
escravidão.
“Disse mais: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se
porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez.
E retirou-se o SENHOR, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornouse ao seu lugar.” Gênesis 18:32-33
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Traduzindo e facilitando os textos nos idiomas em que o povo era alfabetizado,
quem sabe utilizando-os para alfabetizar.
Dialogando de forma clara na língua nativa.
MENNO SIMONS:
ALGUNS DE SEUS TÓPICOS:
A mudança foi tão profunda, radical e
completa, e deu-lhe um sentido tal de sua
divina missão, que foi capacitado pela graça de
Deus para chegar a ser um líder inspirado, um
formidável
e
forte
torreão
para
o
seu
amargurado e perseguido povo, por mais de
vinte e cinco anos.
1.
A Autoridade das Escrituras
2.
A Trindade de Deus
3.
Cristo, Sua Divindade e Humanidade
4.
A Encarnação
5.
O Espírito Santo
6.
O Pecado
7.
A Expiação
8.
Arrependimento
9.
Fé
10.
Justificação pela Fé
11.
Regeneração - A nova vida
12.
A Santidade da Vida
13.
A Igreja
14.
Separação do Mundo
15.
Fraternidade Verdadeira
16.
As Ordenanças
17.
Batismo
18.
A importância do Batismo
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
13
19.
Batismo na infância
20.
Salvação das crianças
21.
O Erro da Regeneração Batismal
22.
A Ceia do Senhor. (Santa Ceia).
23.
Disciplina
24.
Arrependimento no caso de Pecado Secreto
25.
Chamada Missionária da Igreja
26.
Não-resistência
27.
O juramento dos juramentos
28.
A pena de morte
29.
Não conformidade com o Mundo
30.
Liberdade de Consciência
31.
Predestinação
32.
Aperfeiçoamento
33.
Novas Revelações
34.
Educação superior
35.
Ante Ocultamento
36.
Atitude para com outras Denominações
37.
Exemplos de consagração ao serviço do Senhor.
38.
Trabalhando sob Dificuldades
39.
Perseguição
40.
Uma oração de Menno Simons
1.
A Autoridade das Escrituras:
Querido leitor: admoesto e aconselho-te que procures a Deus com todo o teu
coração e não serás enganado, não dependa dos homens nem de suas doutrinas,
não importa o quão antigas, santas e excelentes que sejam consideradas, pois os
teólogos se contradizem entre si, tanto nos tempos passados como nos atuais.
Baseie-se em Cristo unicamente e em Sua Palavra, no ensino seguro e prática de
seus santos apóstolos e na graça de Deus, preservando-te de toda falsa doutrina e
do poder do diabo e ande diante de Deus confiante e piedosamente. Esta santa Igreja
Cristã tem somente uma doutrina: a Palavra de Deus pura, sem mistura e sem
adulteração, o Evangelho da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Todo ensino e
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14
mandamento que não concorde com a doutrina de Cristo, sejam eles ensinos e
opiniões de doutores, mandamentos de papas, concílios ecumênicos ou o que for,
não são mais do que ensinos e mandamentos de homens (Mateus 19:5) doutrinas
diabólicas (1ª Timóteo 4:1) e portanto, malditas (Gálatas 1:8). Não ensinamos nem
escrevemos, senão a Palavra pura e divina e os mandamentos perfeitos de Cristo
Jesus e seus apóstolos.
Visto que Gellius apela a Tertuliano, Cipriano, Orígenes e Agostinho, a minha
resposta é, primeiro: se estes escritores podem apoiar o seu ensino com a Palavra
de Deus e seus mandamentos, estou disposto a admiti-los. Do contrário é doutrina de
homens, e maldita de acordo com as Escrituras. (Gálatas 1:8).
Falamos a verdade e não mentimos. Se qualquer um, sob a abóbada celeste, pode
demonstrar com as Sagradas Escrituras que Jesus, o Filho do Deus Altíssimo, a
sabedoria e verdade eternas ao qual unicamente reconhecemos como o legislador e
mestre do Novo Testamento, tenha ordenado uma só palavra a este respeito (Batismo
Infantil), ou que seus santos apóstolos ou ensinaram ou praticaram, não será
necessário recorrer a tortura nem a força para convencer-nos. Mostra-nos somente a
Palavra de Deus a respeito e tudo terminará. Considero necessário e conveniente
aconselhar aos meus bem amados leitores que não aceitem a minha doutrina como
o Evangelho de Jesus Cristo até que tenham investigado por si mesmos e
comprovado que concordam com o Espírito e Palavra do Senhor, assim a sua fé não
estará fundamentada em mim ou em nenhum outro mestre ou escritor, mas
unicamente em Jesus.
2.
A Trindade de Deus:
Cremos e confessamos com as Sagradas Escrituras que há um só eterno Deus,
criador do céu e da terra, do mar e de tudo o que contém; um Deus a quem o céu e
céu dos céus não podem conter, cujo trono é o céu e a terra o escabelo de Seus pés.
Deus de deuses e Senhor de senhores, que é sobre tudo, poderoso, santo, terrível,
digno de louvor e admiração; fogo consumidor; cujo reino, poder, domínio, majestade
e glória são eternos e durarão para sempre ... E visto que é um Espírito tão grande,
temível e invisível, também é inexplicável, inconcebível, indescritível.
Neste único, eterno, onipotente, inefável, invisível, inexprimível e indescritível
Deus cremos, e confessamos com as Sagradas Escrituras ser o eterno,
incompreensível Pai com o seu eterno incompreensível Filho e com o seu eterno
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incompreensível Espírito Santo. Confessamos que o Pai é verdadeiro Pai, o Filho
verdadeiro Filho e o Espírito Santo verdadeiro Espírito Santo, não carnal e
compreensível mas espiritual e incompreensível, pois Cristo disse: Deus é Espírito.
(II:183). João disse: “Três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito
Santo; e estes três são um.” Leia também Mateus 28:19; Marcos 1:8; Lucas 3:8; João
14:16;15:26; 1ªCoríntios 12:11. E ainda que são três, são um em divindade, vontade,
poder e operação, e não podem ser separados um do outro, como sol, luz e calor;
pois um não existe sem o outro.
Queridos irmãos, declaro que antes prefiro morrer do que crer ou ensinar aos
meus irmãos uma simples palavra concernente ao Pai, ao Filho ou ao Espírito Santo
em desacordo com o expresso testemunho da Palavra de Deus, que tem sido tão
claramente dado pela boca dos profetas, evangelistas e apóstolos.
3.
Cristo, Sua Divindade e Humanidade:
Cremos e confessamos que Jesus Cristo é o primeiro e Unigênito Filho de
Deus, o verbo eterno e incompreensível, pelo qual todas as coisas foram criadas; o
primogênito de toda criatura. (Colossenses 1:15). Que se fez homem real em Maria,
a virgem imaculada, pelo Espírito e poder do Pai Eterno e Todo-poderoso, além da
compreensão e conhecimento dos homens; enviado e dado a nós por pura
misericórdia e graça de Deus; imagem manifesta do Deus invisível e resplendor da
Sua glória. (Hebreus 1:3).
E o incompreensível, inexprimível, espiritual, eterno e divino Ser, que é
divinamente e incompreensivelmente Unigênito do Pai, anterior a toda criatura,
cremos e confessamos que é Cristo Jesus o primeiro e Unigênito Filho de Deus, as
primícias de toda criatura, a sabedoria eterna, o poder de Deus, a luz eterna, verdade
e vida, o verbo eterno. Irmãos amados, entendam-me bem; tenho falado de sabedoria
eterna, poder eterno. Porque assim como cremos e confessamos que o Pai é desde
a eternidade e será por toda a eternidade, e que além disso é o Primeiro e o Último,
também cremos e confessamos que a Sua sabedoria, Seu poder, Sua luz, Sua
verdade, Sua vida, Seu verbo Cristo Jesus, tem sido desde a eternidade com o Pai e
no Pai, visto que Ele é o Alfa e o Ômega. Do contrário, teríamos que confessar que
este unigênito, incompreensível Ser verdadeiramente divino, Cristo Jesus, que os
Pais da Igreja chamam de pessoa, pelo qual o Pai Eterno fez todas as coisas, teve
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
16
um princípio como toda criatura; ideia que todos os cristãos, consideram como
blasfêmia, maldição terrível e abominação.
Que possuía uma natureza humana real, tanto como divina, é demonstrado
pelos fatos que evidenciam a realidade de sua natureza humana, sentindo-se faminto,
sedento, fatigado, suspirava, sofria canseira, sofrimento e morte.
Considerai, fiéis irmãos, apegue-se ao incompreensível nascimento de Cristo,
Sua glória divina e numerosos, preciosos e claros testemunhos dos santos profetas,
evangelistas e apóstolos, todos os quais com clareza e poder irrefutáveis
testemunharam e indicaram a verdadeira e incompreensível divindade de nosso
Senhor Jesus Cristo. Cremos e confessamos que Cristo Jesus com seu Pai Celestial
são o verdadeiro Deus, pelo claro testemunho dos santos profetas, evangelistas e
apóstolos.
Afirmo que no que se refere a este incompreensível e sublime assunto, não
tenho tido a nenhum sábio por conselheiro, mas que me baseio na Palavra do meu
Deus, que me ensina claramente ... Apesar de que se humilhou a si próprio, por amor
a nós, deixando de lado os seus divinos privilégios, direitos e majestade, continuou
sendo Deus e o Verbo de Deus. Cristo é verdadeiro Deus e homem, homem e Deus.
Reconheço ambas naturezas em Cristo, a divina e a humana.
4.
A Encarnação: O Verbo se fez carne.
Observe fiel leitor; assim como eu não compreendo ao Todo-poderoso, Único e
Eterno Deus na sua natureza divina, no domínio da sua glória, na criação e
preservação das suas criaturas, na recompensa do bem e do mal, e em muitas das
suas obras, no entanto creio nele como tal e por esta razão: porque as Escrituras o
ensinam; da mesma forma não posso compreender como, nem de que modo o Verbo
Eterno se fez carne ou homem em Maria. No entanto devo crer que foi assim porque
as Escrituras o ensinam. Visto que sabemos claramente que o Espírito Santo não nos
revelou este mistério (o da Encarnação) nas Sagradas Escrituras de nenhuma forma,
nem pelos profetas, nem pelos apóstolos, nem pelo próprio Filho, e já que está claro
que não pode ser sondado pela razão...
E por sua vez sabemos que pela história e encontramos em nossos dias que
muitos entendidos ficaram perdidos nas trevas impenetráveis, aconselho a todas as
almas piedosas que queiram andar diante de Deus com a consciência limpa, não
especular a respeito deste inefável e indecifrável mistério da Divindade Eterna, nem
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
17
chegar a conclusões, assegurar, ensinar ou ir além do que o Espírito Santo nos tem
ensinado e revelado na Sua santa Palavra. E portanto, declaro que não tenho a
intenção de argumentar sobre este ponto inexplicável, mas que quero seguir a
Palavra de meu Deus que é completamente clara a respeito.
5.
O Espírito Santo:
Havendo concretizado e confessado a nossa fé e doutrina da divindade de
Cristo, trataremos agora com a ajuda de Deus, de expor em poucas palavras a nossa
fé e doutrina do Espírito Santo. Os temerosos de Deus julgarão. Cremos que o
Espírito Santo é um Espírito Santo Pessoal, real ou verdadeiro, no sentido divino,
assim como o Pai é verdadeiro Pai e o Filho verdadeiro Filho; cujo Espírito Santo é
(em
sua
natureza)
incompreensível,
indescritível
e
inexprimível,
como
testemunhamos a respeito do Pai e do Filho. É divino em Seus atributos, procede do
Pai por meio do Filho, ainda que sempre permaneça com Deus e em Deus, e que
nunca está separado em Sua natureza do Pai e do Filho. A razão pela qual
confessamos que é uma pessoa real e verdadeira é porque as Escrituras assim o
ensinam. Ele nos guia a toda verdade, Ele nos justifica; nos limpa, santifica, pacifica,
consola, reprova, anima e assegura. Ele dá testemunho ao nosso espírito de que
somos filhos de Deus. SIM, irmãos, pelas Escrituras tão explícitas, testemunhos e
referências e muitos outros textos que seria demorado enumerar, mas que devem ser
procurados e lidos nas Sagradas Escrituras, cremos que o Espírito Santo é o
verdadeiro Espírito de Deus, que nos completa com os Seus dons celestiais e divinos,
nos livra do pecado, nos anima, pacifica, consagra, satisfaz os nossos corações e
mentes, e nos torna Santos em Cristo.
6.
O Pecado:
Assim como Adão e Eva foram contaminados e envenenados pela serpente
infernal e se tornaram pecadores por natureza e ficaram sujeitos a eterna perdição,
se Deus, por meio de Jesus Cristo não os tivesse recebido novamente na graça
(depois que fizeram sua a promessa de Gênesis 3:15) como afirmava mais acima,
todos nós, seus descendentes, somos por natureza pecadores de nascimento,
envenenados pela serpente, inclinados ao mal e por nossas própria natureza inerente
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
18
somos filhos do inferno. Não podemos salvar-nos dele (falamos dos que, chegados a
idade do discernimento, cometem pecado) a menos que nós, por uma fé real e não
fingida aceitemos a Cristo Jesus, o único e eterno meio de graça; e assim com os
olhos da mente olhemos para a serpente de bronze, que fora levantada por Deus
nosso Pai celestial como sinal de salvação para nós, pecadores miseráveis e
contaminados. Porque fora dele e sem ele, não há salvação possível para as nossas
almas, nem expiação, nem paz, mas somente desgraça, ira e morte por toda a
eternidade. Aonde quer que estes dois, a saber, o pecado original (a mãe) e o pecado
atual (os frutos) tenham evidência e poder, não haverá perdão e nem promessa de
vida, mas que estarão sujeitos a ira e morte, salvo no caso de arrependimento, como
ensinam as Escrituras.
Para que o pecado original perca o seu poder sobre nós e para que os pecados
atuais sejam perdoados, temos que crer na Palavra do Senhor, nascer de novo pela
fé e com a força deste novo nascimento por meio do verdadeiro arrependimento,
resistir ao pecado inato, morrer para com os pecados atuais e estar espiritualmente
alerta. Não conhecia a minha verdadeira condição até que me foi revelada por Teu
Espírito. Eu acreditava que era cristão, mas quando me examinei cuidadosamente,
comprovei que era completamente mundano, carnal e sem a Tua Palavra; então
aprendi a conhecer, assim como Paulo, a minha cegueira, nudez, imundice, natureza
depravada, e que nada de bom residia na minha carne.
7.
A Expiação:
Creio, que este bem pode ser chamado de Evangelho da alegria e boas novas
para todas as almas convictas e aflitas, que por meio da lei chegaram ao
conhecimento de seu pecado e sabem que estão em perigo da morte eterna; que
tremem diante da justa ira e juízo de Deus, já que o Todo-poderoso e Eterno Deus e
Pai amou de tal maneira a nós, pobres, desagregáveis pecadores, que tanto
havíamos nos afastado dele e que de acordo com o seu justo juízo estávamos
destinados a morte eterna, que mandou ao mundo o seu Todo-poderoso e Eterno
Verbo, seu único, eterno e amado Filho, o esplendor de sua Glória, em forma de
simples mortal, semelhante a Adão antes da caída, como prova e meio de sua graça,
o qual, mediante a Sua perfeita justiça, obediência voluntária e morte inocente nos
levou do domínio de Satanás para o reino da Sua divina graça e eterna paz. Por toda
a eternidade não se encontrará outro remédio para os nossos pecados, nem no céu
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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e nem na terra; nem nas obras, méritos e ordenanças (nem ainda nas que são
observadas de acordo com as Escrituras na lei) nem perseguição, nem tribulação,
nem o sangue inocente dos santos, nem anjos, nem homens, nenhum outro meio,
mas unicamente o imaculado sangue do Cordeiro, o qual, pela graça, misericórdia e
amor, foi derramado uma vez para remissão dos nossos pecados. Todos eles
procuram algum remédio para os seus pecados, mas não reconhecem a Cristo, o
único remédio verdadeiro; imaginaram e inventaram tantos, que não podemos contálos nem descrever a todos eles: tais como as indulgências romanistas, água benta,
jejuns, confissões, missas, peregrinações, batismo infantil, pão e vinho, etc.
Querido leitor; falamos à você a verdade em Cristo: pode acreditar, fazer, esperar
e procurar aonde e o que quiser, estamos certos que por toda a eternidade não
encontrará outro remédio para os teus pecados que sejam válidos diante de Deus, a
não ser este que acabamos de mostrar-lhe, o qual é Cristo Jesus, a menos que toda
a Escritura seja errônea e falsa. Portanto, aqueles que procuram outro meio de
salvação, não importa quão santo que possa parecer, fora do único meio
providenciado pelo próprio Deus, negam a morte do Senhor, que padeceu por nós, e
seu inocente sangue que foi derramado por nós. Não há outro remédio para o pecado,
senão o sangue precioso de Cristo; nem obras, nem méritos, nem batismo, nem ceia
(ainda que sabemos que os verdadeiros cristãos praticam estas cerimônias em
cumprimento da Divina Palavra) de outro modo, o que conseguimos mediante os
méritos de Cristo é atribuído aos elementos e criaturas. As ordenanças cristãs são
sinais de obediência, por meio da qual se exercita a nossa fé. Entendemos que o
novo nascimento se produz por meio da Palavra de Deus. (Romanos 10:14;
1ªCoríntios 4:15; Tiago 1:18; 1ªPedro 1:23).
8.
Arrependimento:
Eis aqui, amado leitor, o arrependimento que ensinamos, a saber: morrer quanto
a antiga vida pecaminosa e não viver mais de acordo com as concupiscências da
carne, mas fazer o que Davi fez. Quando foi reprovado pelo profeta por causa de seu
pecado, chorou amargamente, clamou a Deus, se afastou do pecado e não voltou a
cometê-lo nunca mais. Pedro pecou gravemente somente uma vez. Mateus, depois
da sua chamada não voltou para a sua antiga vida. Zaqueu e a mulher pecadora não
voltaram a tornar-se culpáveis das obras impuras das trevas. Zaqueu fez a restituição
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
20
do que havia defraudado e enganado e deu aos pobres e desamparados, a metade
dos seus bens. A mulher chorou amargamente e lavou os pés do Senhor com as suas
lágrimas, o ungiu com unguento precioso e se assentou humildemente a seus pés
para escutar a sua bendita palavra. Estes são os verdadeiros frutos do
arrependimento que é aceitável ao Senhor. Este arrependimento ensinamos e não
outro, a saber: que ninguém pode gloriar-se da graça de Deus e do perdão de seus
pecados e dos méritos de Cristo, enquanto que os verdadeiros frutos do
arrependimento não se produzirem em sua vida. Não é suficiente que digamos que
somos filhos de Abraão, quer dizer, que levamos o nome de Cristãos, mas que
devemos fazer as obras de Abraão (João 8:39). Temos que andar como todo
verdadeiro filho de Deus, que é guiado e ordenado pela Palavra de Deus, como disse
João: “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas,
mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz
está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo o pecado”. (1ªJoão 1:6-7).
Mas se quiser se arrepender e se confessar sinceramente, e receber a verdadeira
absolvição de Deus, aproxime-se dele com o coração confiante, penitente, contrito,
com a alma dolorida e amargurada; esqueça o pecado, faça o que é justo e reto ao
teu próximo, ame, ajude, sirva, reprove e conforte como deve. E se pecou contra ele,
ou se alguma vez o tenha prejudicado de alguma forma, confessa-o e dê a ele
satisfação. Porque esta é a verdadeira confissão auricular e penitência ensinada na
Palavra de Deus.
9.
Fé:
A verdadeira fé que tem valor diante de Deus é um poder vivo e salvador, que por
meio da pregação da santa palavra é conferida por Deus ao coração, mudando-o,
transformando-o e regenerando-o. Destroem toda maldade, vaidade, ambição
pecaminosa e egoísmo, nos tornando como crianças para com a malícia, etc. Esta é
a fé que as Escrituras nos ensinam, e não uma vã, morta e infrutífera ilusão, como o
mundo imagina. Sim, querido leitor, a verdadeira fé cristã, como as Escrituras a
requerem, é tão viva, ativa e forte em todos aqueles que por meio da graça de Deus
a obtiveram, que não vacilam em abandonar pai, mãe, esposa, filhos, fortuna e
posses pelo testemunho e Palavra do Senhor. Estão dispostos a suportar todo tipo
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
21
de escárnios, desgraças, privações e prisões, e finalmente a que seus frágeis corpos
sejam queimados na fogueira como vemos que frequentemente ocorre com piedosos
filhos de Deus e fiéis seguidores de Cristo, especialmente nestes nossos Países
Baixos.
É certo que a fé realiza tudo plenamente, sendo que Deus não pode faltar com as
suas promessas, mas que as cumpre, pois Ele é a verdade e não pode mentir, como
está escrito, por isso é que a fé torna aos crentes generosos, otimistas e alegres no
Espírito, ainda que estejam confinados em prisões e cadeias ou sofram a morte por
água, fogo ou espada. Porque a fé coloca em seus corações a segurança que Deus
não faltará com as suas promessas, mas que as cumprirá no seu devido tempo.
Creem em Cristo, no qual a promessa tem sido confirmada, reconhecem por
intermédio dele, a sua graça, palavra e vontade, apesar de terem vivido em tempos
passados tão impiamente e de acordo com a carne. Não, leitor amado, não cremos
que a fé tenha valor por si mesma, de nenhuma maneira, mas que o beneplácito de
Deus uniu a sua promessa com a verdadeira e genuína fé por meio da palavra. A fé
salva não por seus próprios méritos, mas pela promessa que traz consigo.
Observe que a verdadeira fé Cristã por meio da graça, é a única fonte da qual
fluem não somente uma vida nova, mas obediência para com as cerimônias
evangélicas tais como o batismo e a Ceia do Senhor; não como uma imposição da
lei, pois o cetro da opressão está destruído, mas pelo espírito submisso e voluntário
do amor, o qual, a semelhança da natureza de Cristo está disposto e ansioso para
toda boa obra em obediência quanto a santa e divina Palavra.
10.
Justificação pela Fé:
Aqueles que confiam em suas obras ou cerimônias para obter a salvação, negam
a graça e méritos de Cristo. Porque se a reconciliação consistisse em obras e ritos, a
graça seria desnecessária e os méritos e virtude do sangue de Cristo, seriam vãos.
Oh, não! É graça e será graça por toda a eternidade o que o misericordioso Pai fez
mediante o Seu amado Filho e Espírito Santo, por nós, pobres pecadores.
O fato de que fugimos das obras pecaminosas e desejamos amoldar-nos dentro
da nossa imperfeição a sua Palavra e mandamentos, se deve a que Ele tem ensinado,
e requer isto de nós. Porque qualquer um que não andar de acordo com a sua
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
22
doutrina, mostra pelas suas obras que não crê nele e não o conhece, e que não está
na comunhão dos santos. (João 15:7;1ª João 3:10; 5:10; 2ªJoão cap.6).
Ensinamos enfaticamente que não poderemos ser salvos nem agradar a Deus por
obras externas, não importa quão grandes e boas pareçam, pois em todo caso estão
sujeitas a imperfeição e debilidade e considerando a corrupção da carne não
poderemos, por seu intermédio, conseguir a justificação requerida nos mandamentos.
Manifestemos, portanto, somente a Jesus Cristo que é a nossa única e eterna
justificação, reconciliação e propiciação com o Pai, e não confiemos nas nossas
próprias obras. Leitor meu, escrevo a verdade em Cristo e não minto. Observe leitor
amado, que não cremos nem ensinamos a salvação pelas nossas obras e méritos,
como os nossos antagonistas nos acusam sem nenhum fundamento, mas somente
por graça, por meio de Cristo Jesus como já foi dito.
11.
Regeneração - A nova vida:
O novo nascimento não consiste certamente em água nem em palavras, mas é o
poder vivificante e celestial de Deus em nossos corações que provém dele, e
mediante a pregação da palavra divina, se a aceitamos por fé, comove, penetra,
renova e transforma o nosso coração, de tal maneira que somos trasladados da
infidelidade para a fé, da injustiça para a justiça, do mal para o bem, da carnalidade
para a espiritualidade, do terreno para o celestial, da natureza pecaminosa de Adão
para a natureza santa de Jesus. Todos aqueles que aceitam por fé esta graça de
Cristo, que é pregada pelo Evangelho, e se apropriam dela de todo o coração, são
novamente nascidos de Deus pelo poder do Espírito Santo. Seus corações e mentes
são transformados e renovados; são transferidos de Adão para Cristo. Andam em
nova vida como filhos obedientes na graça que lhes é oferecida. São renovados,
tenho falado; se tornam pobres em espírito, mansos, misericordiosos, compassivos,
pacifistas, pacientes, famintos e sedentos, prosseguindo com bastante empenho por
meio de boas obras atrás da vida eterna; porque creem, são nascidos de Deus, estão
em Cristo e Cristo neles; participam de seu Espírito e natureza e portanto, vivem pelo
poder de Cristo que está neles, de acordo com a Palavra do Senhor. Isto é o que
significa, de acordo com as Escrituras, crer, ser cristão, estar em Cristo e Cristo em
nós.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
23
Deus não procura palavras nem aparências, mas poder e obras. Crê que é
suficiente conhecer a Cristo de acordo com a carne? Ou somente dizer que pela
justiça, estão prontos para sofrer pela verdade? Crê nele, que sois batizados e
Cristãos e que sois comprados pelo sangue e morte de Cristo? Ah, não! Eu tenho
falado e repito; terão que ser nascidos de Deus, e a vossa vida mudada e convertida
de tal maneira, que sereis novos homens em Cristo, que Cristo esteja em vós e vós
nele, ou nunca podereis ser cristãos, pois “Se alguém está em Cristo, nova criatura
é.”
Mas primeiramente, se querem ser salvos, a vossa vida terrena, carnal e ímpia,
deve mudar. Porque as Escrituras, com todas as suas admoestações, ameaças,
reprovações, milagres, exemplos, cerimônias e ordenanças, não ensinam outra coisa
a não ser arrependimento e nova vida. E se não se arrepender, não haverá nada no
céu e nem na terra que possa ajudá-los, pois sem o verdadeiro arrependimento, toda
consolação é vã. Temos que nascer do alto, ser mudados e renovados em nosso
coração, e assim ser trasladados da injusta e pecaminosa natureza de Adão para a
justa e santa de Cristo, ou não poderemos ser auxiliados por toda a eternidade por
nenhum meio, seja divino ou humano.
A regeneração da qual escrevemos, e da que surgem vidas piedosas e contritas,
possuidoras da promessa, se efetua somente pela pregação da Palavra do Senhor
se for ensinada corretamente e recebida no coração por meio da fé e do Espírito
Santo.
12.
A Santidade da Vida:
A verdadeira fé evangélica é de uma natureza tal que não pode permanecer inativa
ou vã; sempre manifesta o seu poder. Assim como, devido a sua natureza o fogo não
produz senão chamas e calor, o sol calor e luz, a água humidade e a boa árvore, bons
frutos de acordo com as suas propriedades naturais, assim também a verdadeira fé
evangélica produz frutos evangélicos em concordância com a sua verdadeira, boa e
pura natureza evangélica.
Os verdadeiros crentes mostram em suas vidas e ações que creem, são nascidos
de Deus e guiados espiritualmente. Levam uma vida humilde e piedosa diante dos
homens, são batizados de acordo com os mandamentos do Senhor, como prova e
testemunho de que seus pecados tem sido apagados pela morte de Cristo e que
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
24
desejam andar com Ele numa nova vida; compartilham o pão da paz com os seus
amados irmãos, como prova e testemunho de que são um com Cristo e com sua Igreja
e que não tem e nem conhecem outro meio de graça e de remissão de pecados, nem
no céu, nem sobre a terra, senão no corpo inocente e no sangue de nosso Senhor
Jesus Cristo, os quais somente uma vez, por seu Espírito Eterno e em obediência ao
Pai, ofereceu e verteu sobre a cruz por nós, pobres pecadores. Os verdadeiros
cristãos vivem em todo amor e misericórdia, ajudam ao seu próximo, etc. Enfim,
ordenam as suas vidas, dentro da sua imperfeição, de acordo com as palavras,
mandamentos, ordenanças, espírito, regras, exemplo e medida de Cristo, como as
Escrituras ensinam, pois estão em Cristo e Cristo neles. E portanto, não continuam
com a antiga vida pecaminosa herdada do Adão terreno (com exceção da própria
debilidade humana) mas na nova vida de justiça que é pela fé, proveniente do
segundo Adão Celestial, Cristo; como disse Paulo: “Vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual
me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2:20). E Cristo disse que
aqueles que o amam, guardarão os seus mandamentos. (João 14:15). Além disso,
ensinamos o verdadeiro amor e temor de Deus, o verdadeiro amor ao próximo, a
servir e ajudar ao necessitado e a não ofender a ninguém; a crucificar a carne e os
seus desejos e concupiscências; a despojar o coração, boca e o corpo inteiro de todo
pensamento impuro, palavras e ações inconvenientes, com a espada da Palavra
divina.
Considere agora se não é esta a vontade de Deus, a verdadeira doutrina de Jesus
Cristo, o uso correto de suas ordenanças e a verdadeira vida, a qual é de Deus, ainda
que se oponham a ela insistentemente todas as portas do inferno.
Por outro lado, os pensamentos daqueles que são cristãos de verdade, são puros,
castos, suas palavras são verazes e temperadas com sal; para eles o sim é sim e o
não é não, e suas ações estão inspiradas no temor de Deus. Seus corações são
celestiais e renovados, sua alma pacífica e alegre; procuram a justiça com todo
empenho. Enfim, tem por meio do Espírito e Palavra de Deus, uma segurança tal de
sua fé, que podem por meio dela afrontar a sangrentos e cruéis tiranos com todas as
suas torturas, prisões, exílios, despojos de propriedades, armadilhas, fogueiras,
carrascos e tormentos; e com verdadeiro zelo divino, com puro e inocente coração,
com um simples sim e não, estão dispostos a morrer. A glória de Cristo, a doçura da
sua Palavra, a salvação de suas almas, são mais preciosas para eles do que todas
as outras coisas abaixo do céu.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
25
13.
A Igreja:
Os verdadeiros mensageiros do Evangelho, que são um com Cristo em espírito,
amor e vida, ensinam o que lhes tem sido confiado por Ele; a saber, o arrependimento
e o pacífico Evangelho da graça que Ele próprio recebeu do Pai e pregava no mundo.
Todos quantos o ouvem, creem, aceitam e cumprem como é devido, tornam-se
parte da Igreja de Cristo, a verdadeira e fiel Igreja Cristã, o corpo e a noiva do Senhor,
a arca de Deus, etc. Eles são os eleitos para proclamar o poder daquele que os
chamou das trevas para a sua luz admirável. A Igreja de Cristo é composta dos eleitos
de Deus, seus santos e amados, que lavaram suas roupas no sangue do Cordeiro,
que são nascidos de Deus e guiados pelo Espírito de Cristo, que estão em Cristo e
Cristo neles, que ouvem e creem na sua Palavra, vivem, dentro da sua fraqueza, de
acordo com seus mandamentos e com paciência e mansidão seguem as suas
pisadas; que odeiam o mal e amam o bem, que procuram ardentemente apossar-se
de Cristo como Cristo apossou-se deles. Porque todos os que estão em Cristo são
novas criaturas, carne de sua carne, osso de seus ossos e membros de seu corpo.
As verdadeiras características pelas quais pode ser reconhecida a Igreja de Cristo
são:
1. Doutrina pura e sem adulterações.
2. Prática das ordenanças de acordo com as Santas Escrituras.
3. Obediência a Palavra.
4. Sincero amor fraternal.
5. Aberta confissão de Deus e Cristo.
6. Suporta perseguição e ódio por causa da Palavra do Senhor.
Algumas das outras parábolas, como a da rede na qual caem peixes bons e maus;
a das virgens prudentes e insensatas e suas lâmpadas; a das bodas do filho do rei e
seus hóspedes e a época com trigo e joio, apesar de que o Senhor mencionou sobre
elas na Igreja, não significa que se deva aceitá-las em seu seio, nem manter em
comunhão com ela aos transgressores; nesse caso Cristo e Paulo difeririam em
doutrina, pois Paulo disse que os tais devem ser disciplinados e separados
(1ªCoríntios 15:11). Mas isso era necessário porque muitos se misturavam com os
cristãos adotando aparências de tais e colocando-se no mesmo nível a respeito da
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Palavra e seus sacramentos, quando na realidade somente eram hipócritas e
simuladores diante de Deus; estes são os semelhantes aos peixes rejeitados que
serão lançados fora da rede pelos anjos no Dia do Senhor; as virgens insensatas que
não tem azeite em suas lâmpadas; ao hóspede sem o traje de boda e ao joio. Eles
simulam temer a Deus e seguir a Cristo, recebem o batismo e a Ceia do Senhor, tem
todas as boas aparências, mas não tem fé, arrependimento, verdadeiro temor e amor
de Deus, Espírito, poder, frutos e nem obras.
14.
Separação do Mundo:
O inteiro Evangelho ensina que a Igreja de Cristo era e tem que ser um povo
separado do mundo em doutrina, vida e culto. Assim foi no Antigo Testamento.
(2ªCoríntios 6:17; Tito 2:14; 1ªPedro 2:9-10;1ªCoríntios 5:17; Êxodo 19:12).
Visto que a Igreja sempre foi e deve ser um povo separado, como se falou, e sendo
evidente como o sol luminoso, que por vários séculos não se tem observado nenhuma
diferença entre a Igreja e o mundo, mas que todos tem estado confundidos no
batismo, Ceia do Senhor, vida e culto, sem nenhuma diferença, numa forma
abertamente disputada com os princípios das Sagradas Escrituras; portanto nós nos
sentimos compelidos pelo Espírito e pela Palavra de Deus, a adoração de Cristo e ao
serviço e melhoramento de nosso próximo, por motivos elevados, como já foi dito,
para conseguir, não para nós, mas para o Senhor, uma congregação ou Igreja
piedosa, penitente ... não pela força das armas ou por compulsão, (como é habitual
nas seitas populares) uma Igreja separada do mundo como ensinam as Escrituras.
Os ministros (das igrejas do Estado) deveriam pregar honestamente a palavra do
arrependimento sincero, no poder do Espírito. Todos aqueles que o aceitam de
coração e se arrependem, devem em seguida participar dos sacramentos de Cristo
de acordo com as ordenanças. E aqueles que não creem e deliberadamente os
menosprezarem, devem, com a autorização da Palavra divina, ser separados da
comunhão da sua Igreja, sem respeitar a pessoa, seja ela rica ou pobre. Deste modo
poderá reunir-se uma Igreja para Cristo e praticar-se as ordenanças do Senhor
corretamente de acordo com as Escrituras.
15.
Fraternidade Verdadeira:
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
27
Somos acusados e se afirmar que temos as nossas propriedades em comum.
Replicamos que tal acusação é falsa e sem nenhum fundamento. Não ensinamos
nem praticamos a comunidade de bens. Mas ensinamos e sustentamos com a
autoridade da Palavra de Deus, que todos os verdadeiros crentes são membros de
um mesmo corpo, estão batizados por um Espírito num corpo. (1ªCoríntios 10:3) e
tem um Senhor e um Deus. (Efésios 4:5-6). Visto que desta forma são um, é pois
razoável e cristão que se amem uns aos outros sinceramente e que um membro se
preocupe pelo bem estar do outro, pois tanto a natureza como as Escrituras o ensinam
assim. As Escrituras exigem caridade e amor, e esta é a característica pela qual se
reconhece ao verdadeiro cristão, como disse Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois
meus discípulos (quer dizer cristãos), se vos amardes uns aos outros”. (João 13:35).
Leitor amado, nunca se observou uma pessoa sensata que vista e cuide de
uma parte de seu corpo e deixe o resto sem cuidados e desnudo. Não. É lógico
distribuir cuidados a todos os membros. O mesmo deve ocorrer com os que formam
a Igreja ou o corpo do Senhor. Todos aqueles que são nascidos de Deus, são feitos
partícipes de seu Espírito e chamados a um corpo de amor, de acordo com as
Escrituras, e dispostos por causa desse amor, a servir a seus semelhantes, não
somente com dinheiro e bens, mas também conforme ao exemplo de seu Senhor e
Cabeça, Jesus Cristo, a maneira evangélica, quer dizer, com a sua vida e com o seu
sangue.
Praticam a caridade e o amor em todo o possível; não toleram que haja
mendigos entre eles; distribuem o necessário entre os santos, recebem ao miserável,
hospedam ao estrangeiro, consolam ao afligido, dão assistência ao necessitado,
vestem ao desnudo, alimentam ao faminto, não menosprezam ao pobre e não
descuidam de seus membros necessitados - sua própria carne -. (Isaías 58:7-8).
Repito: Este é o amor, caridade e comunidade que ensinamos e praticamos e que por
dezessete anos temos ensinado e praticado de tal forma que, apesar de termos sido
muitas vezes despojados de nossas propriedades e de ser ainda vítimas de roubos,
ainda que muitos pais e mães piedosos e tementes a Deus tem sido levados para a
morte por meio do fogo, água ou espada e ainda que nós mesmos não temos
domicílio seguro ou morada, como é conhecido, e apesar das circunstâncias difíceis,
em nenhum caso, graças sejam dadas a Deus por isto, nenhum irmão ou algum de
seus filhos que nos foram confiados foram vistos com a necessidade de mendigar.
Eles se jactam de seguir a Palavra de Deus e de ser a verdadeira Igreja Cristã,
e não compreendem que tem perdido por completo as características do Cristianismo
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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verdadeiro; pois ainda que possuam de tudo em abundância e que muitos de seus
membros vivam na suntuosidade e na voluptuosidade, em gastos supérfluos,
vestindo-se com seda e veludo, ouro e prata e todo tipo de pompa e vaidade; que
mobíliam as suas casas com todo tipo de custosos ornamentos e tem seus cofres
repletos, no entanto, permitem que na sua congregação andem mendigando muitos
dos membros pobres e afligidos, apesar de ser crentes semelhantes a eles e de ter
recebido o mesmo batismo e participar do mesmo pão com eles; permitem que alguns
sofram a mais cruel miséria, fome e necessidade e que muitos idosos, enfermos,
mutilados, cegos, se vejam obrigados a mendigar o pão na porta de seus próprios
irmãos mais afortunados.
16.
As Ordenanças:
Os regenerados na verdade e guiados espiritualmente concordam em tudo com
as palavras e ordenanças do Senhor; não porque esperam conseguir com isto a
propiciação de seus pecados e a vida eterna; de maneira alguma. Para isto dependem
exclusivamente do sangue e dos méritos de Cristo - confiando na promessa que o Pai
misericordioso deu a todos os crentes- cujo sangue é e será, por toda a eternidade,
repito, o único meio possível de reconciliação, e não as obras, batismo e a Santa Ceia
como já foi dito.
O arrependimento deve anteceder as ordenanças e não o inverso. Visto que as
ordenanças do Novo Testamento são em si mesmas completamente impotentes, vãs
e inúteis, se aquilo que significam, em especial a nova vida, não está em evidência,
como tenho dito ao tratar do batismo.
Em poucas palavras; em tudo o que se refere a Igreja Cristã, meu único argumento
e sincera convicção é que diante de Deus nem o batismo, Santa Ceia, e nenhuma
outra cerimônia externa vale, se for realizada sem o Espírito de Deus e sem a nova
criatura; mas que, como claramente ensinou Paulo, diante de Deus somente tem valor
a fé, espírito e regeneração. (Gálatas 5:6). Todos os que pela graça de Deus tem
recebido isto do alto, podem ser batizados de acordo como mandamento do Senhor
e participar da Santa Ceia. Desta forma, com ardente desejo acatam todas as
ordenanças e doutrinas de Cristo e nunca se opõem a santa vontade e testemunho
de Deus.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
29
As cerimônias sem realidade não tem nenhum mérito diante de Deus. Porque Ele
não é um Deus que se agrada com aparências externas, cerimônias, símbolos, pão,
vinho, água e serviço nominal, mas em espírito, poder, obras e verdade. Porém ainda
o príncipe das trevas, a serpente antiga, o diabo, se transforma em anjo de luz;
aparentemente nada se torna para ele difícil nem incômodo; sempre que puder
apoderar-se da cidadela do nosso coração e expulsar a natureza de Cristo, seu
espírito e poder, então já terá conseguido o prêmio pelos seus esforços.
Na realidade, se um homem fosse batizado por Pedro ou pelo próprio Paulo e
recebesse o pão da Santa Ceia das próprias mãos do Senhor, e nunca mais
participasse da idolatria dos sacerdotes, mas se retivesse uma só das obras do diabo,
a saber, ódio, inveja, rancor, sede de vingança, ou ganância, orgulho, desonestidade
ou qualquer outro vício, poderia afirmar-se com as Escrituras que o seu espírito é mau
e sua vida hipócrita.
17.
Batismo:
Não somos regenerados por termos sido batizados ...
... mas somos batizados porque temos sido regenerados pela fé e pela palavra de
Deus, (1ªPedro 1:23). A regeneração não é o resultado do batismo, mas o batismo é
a consequência da regeneração. Isto não pode ser discutido pelo homem e nem
desaprovado pelas Escrituras.
As Escrituras não reconhecem senão um remédio, o qual é o Cristo com seus
méritos, morte e sangue. Portanto, aquele que procura a remissão de seus pecados
no batismo, despreza o sangue de Cristo e faz da água, o seu ídolo. Por isto, que
cada um tenha cuidado para não atribuir a honra e glória devidos a Cristo, as
cerimônias externas e aos elementos visíveis.
O crente obtêm a remissão de seus pecados não por meio do batismo, nem no
batismo, mas da seguinte forma: quando de todo coração crê no precioso Evangelho
de Jesus Cristo que lhe foi pregado e ensinado, a saber, as boas novas da graça,
remissão de pecados, paz, favor, misericórdia e vida eterna por meio de Cristo, nosso
Senhor, experimenta uma mudança de mente; renuncia a si mesmo, se arrepende de
sua velha vida pecaminosa, e com toda diligência presta atenção a Palavra do
Senhor, que lhe tem demostrado um amor tão grande e cumpre com tudo aquilo que
se ensina e ordena em seu santo Evangelho. A sua confiança repousa firmemente
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
30
sobre a palavra da graça que lhe promete a remissão de seus pecados pelo precioso
sangue e os méritos de nosso Senhor Jesus Cristo. Em seguida, então, recebe o
santo batismo como sinal de obediência que procede da fé, como testemunho diante
de Deus e de sua Igreja de que firmemente crê na remissão de pecados por Jesus
Cristo, como lhe foi pregado e ensinado pela Palavra de Deus. Este é o menor dos
mandamentos dados por Ele. Muito maior é o mandamento de amar aos inimigos,
fazer bem aos que nos odeiam, orar em espírito e verdade por aqueles que nos
perseguem, submeter a carne a Palavra de Deus, pisotear todo orgulho, cobiça,
impureza, ódio, inveja e intemperança; ajudar ao próximo com ouro, prata, lar, posses,
trabalho e ações, com vida e morte; além de ser libertados de todo desejo mal,
palavras inconvenientes e más obras; amar a Deus e a sua justiça, vontade e
mandamentos com todo o coração e levar a cruz do Senhor Jesus Cristo com alegria.
Pode o mandamento do batismo ser comparado com qualquer um destes? Volto
a repetir que é o menor dos mandamentos que nos foram dados, pois não mais do
que um pequeno rito externo, consistente na aplicação de um pouco de água. Todo
aquele que obteve o mais importante, a saber a obra interior, não dirá: “De que me
pode servir a água?” Senão que estará disposto, com coração obediente e agradecido
a ouvir e cumprir com a Palavra de Deus. Mas enquanto não tiver obtido a obra
interior, bem poderá exclamar: “De que me pode servir a água?”
18.
A importância do Batismo:
Todos aqueles que pela graça de Cristo tem sido transferidos de Adão para Cristo,
feitos participes da natureza divina, e batizados por Deus com Espírito e fogo do amor
celestial, não contenderão ironicamente com Cristo dizendo: “De que me pode servir
a água.” Mas que dirão como o temeroso Saulo: “Senhor, que queres que eu faça?”
e como os penitentes dos dias de Pentecostes: “Homens irmãos, o que faremos?”
Renunciarão a sua própria opinião voluntariamente e obedecerão a Palavra de Deus,
pois são guiados por seu santo Espírito, e por meio da fé, cumprem alegremente com
todas as coisas ordenadas pelo Senhor. Mas enquanto as suas almas não forem
renovadas e não tiverem a mente de Cristo (Filipenses 2:5), não são lavados no
homem interior com a água clara da fonte viva de Deus, (Hebreus 10:22), bem pode
dizer: “De que nos pode servir a água?”. Pois todo o oceano não os limpará enquanto
estiverem inclinados ao mundanismo e para a carnalidade.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
31
19.
Batismo na infância:
Por enquanto não encontramos na Bíblia uma só palavra pela qual Cristo ordenara
o batismo de crianças, ou que seus apóstolos o ensinaram ou praticaram.
Afirmamos e confessamos que o batismo infantil não é, senão, uma invenção
humana, opinião dos homens, perversão dos ensinos de Cristo. Batizar antes do
requerido para o batismo, a saber, a fé, é como se quisesse colocar a carroça na
frente do cavalo, semear antes de arar, construir antes de ter os materiais, ou fechar
a carta antes de tê-la escrito. Eles apelam para Orígenes e Agostinho como último
recurso, e dizem que estes asseguravam ter recebido a doutrina do batismo infantil
dos apóstolos. A isto replicamos e perguntamos se Orígenes e Agostinho provam isto
com as Escrituras; se for assim, gostaríamos de saber. Do contrário, devemos ouvir
e crer em Cristo e em seus apóstolos e não em Agostinho e Orígenes. Além disso, se
os que batizam crianças afirmam que este batismo não é proibido e que portanto, é
correto, sustento que não estão expressamente proibidos nas Escrituras: a bênção,
como eles chamam, de água benta, velas, palmas, cálice e vestimentas, a celebração
de missas e outras cerimônias; apesar disso, afirmamos e sustentamos que tudo isso
é mal, primeiramente porque o povo põem a sua fé nessas coisas, e em segundo
lugar porque é realizado sem o mandamento de Deus, pois nada disto tem sido
instituído por Ele, e não se deve observar nenhum mandamento que não esteja
contido ou implicado na sua Santa Palavra, em letra ou espírito.
Amados: visto que as ordenanças de Cristo são imutáveis e que somente elas são
aceitas por Deus, e visto que Ele ordenou que o Evangelho deve ser primeiramente
pregado e em seguida batizados aqueles que creem, ocorre que os que batizam e
são batizados sem que se tenha sido ensinado o Evangelho e sem fé, batizam e são
batizados na sua própria opinião, sem a doutrina e mandamentos de Cristo Jesus, e
portanto, é uma cerimônia ímpia, inútil e vã. Pela mesma razão, Israel poderia ter
circuncidado as mulheres, pois não estava expressamente proibido, poderiam tê-lo
feito sem o mandamento de Deus, porque Ele havia ordenado que fossem
circuncidados os varões. O mesmo é neste caso. Se batizamos as crianças
inconscientes porque não está expressamente proibido pelas Escrituras, assim como
não o está circuncidar as mulheres, o fazemos sem a ordenança de Cristo, porque
Ele mandou que fossem batizados aqueles que ouviam e acreditavam em seu santo
Evangelho. (Mateus 28:19; Marcos 16:16; Atos 2:38; 9:18; 10:48; 16:33).
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
32
Eu sei que Lutero ensinou que a fé está presente nas crianças exatamente
como num crente que dorme. A isto respondo, primeiro, que ainda no caso de que
existisse tal fé nas crianças inconscientes (coisa que não é mais do que um sofisma
humano) seria, não obstante, impróprio batizá-las enquanto não puderem confessála verbalmente e não mostrem os frutos requeridos. Porque os santos apóstolos não
batizaram nenhum crente enquanto dormia, como temos provado nos escritos
interiores.
Em terceiro lugar replicamos que nas Escrituras temos registrados quatro
casos de famílias que foram batizadas, a saber: a de Cornélio, a do carcereiro, a de
Lídia e Estéfanas (Atos 10:48; 16:15,33; 1ªCoríntios 1:16), e as Escrituras claramente
provam que em três destas famílias, todos eram crentes, a saber, a de Cornélio (Atos
10:2,44-47); a do carcereiro (Atos 16:34) e a de Estéfanas (1ªCoríntios 16:15); Mas
no que se refere a família de Lídia, o leitor deve saber que, apesar de que a Bíblia
nada diz a respeito, não é usual nas Escrituras nem é costume no mundo, chamar a
família pelo nome da mulher enquanto viver o marido. Visto que Lucas designa a
família pelo nome da mulher, e não pelo do homem, a razão nos diz que Lídia devia
ser nessa época, viúva ou solteira, e a respeito de opinar se em seu lar havia ou não
crianças, deixamos isto para o livre juízo dos leitores pios e tementes a Deus.
20.
Salvação das crianças:
Apesar das crianças não receberem o batismo, não pense que por isso estão
perdidas. Oh não! São salvas, porque tem a promessa do próprio Senhor, que delas
é o reino de Deus. Não por meio de algum elemento, cerimônia, nem rito exterior, mas
somente pela graça de Jesus Cristo. E é sabido que cremos sinceramente que a graça
se estende até elas, e que além disso, são aceitas diante de Deus, puras e santas,
herdeiras de Deus e da vida eterna. Com base nesta crença, todos os cristãos devem
estar seguros e regozijar-se ante a certeza de que suas crianças são salvas. Se
morrerem antes de chegar a idade do entendimento e de poder ouvir e crer, estarão
sob a promessa de Deus e serão salvas, e isto não por outros meios, mas pela
preciosa promessa da graça dada pelo Senhor Jesus. (Lucas 18:16). Mas se, tendo
chegado a idade da compreensão, ouvem e creem, devem ser batizadas. Se não
aceitam ou não creem na palavra uma vez que chegaram nesta época da vida, sejam
ou não batizadas, estarão perdidas, como Cristo mesmo ensinou. (Marcos 16:16).
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
33
Visto que, se sob a Antiga Dispensação as crianças eram recebidas no pacto de
Deus mediante a circuncisão, e os da Nova Dispensação por meio do batismo como
ele (Gellius) afirma, daí se desprende irrefutavelmente que as crianças que morreram
antes do oitavo dia e aquelas que não foram circuncidadas no deserto (Josué 5:5)
assim como todas as mulheres, não pertenciam a Igreja ou congregação Israelita e
portanto não tinham parte na graça, pacto ou promessa. O mesmo deveria aplicar-se
as crianças que morrem antes de terem sido batizadas. Oh abominação espantosa!
21.
O Erro da Regeneração Batismal:
Ensinar e crer que a regeneração se obtém por meio do batismo, meus irmãos, é
tremenda idolatria e blasfêmia contra o sangue de Cristo. Porque não há nada no céu
nem na terra que apague nossos pecados, sejam eles simples propensão ao mal ou
transgressões, mas somente o sangue de Cristo, como falamos anteriormente
(1ªPedro 1:19; 1ªJoão 1:7; Colossenses 1:20). Se atribuímos ao batismo a remissão
de pecados, e não ao sangue de Cristo, fazemos do batismo um bezerro de ouro e o
colocamos no lugar de Cristo. Porque se podemos ser lavados ou limpos pelo
batismo, então Cristo e seus méritos ficariam desprezados, exceto se confessamos
que há dois meios para a remissão de pecados, a saber o batismo e o sangue de
Cristo. Mas isto não é assim, nem o será por toda a eternidade; porque o imaculado
e precioso sangue de Nosso Senhor Jesus, deve ser e é digno de ter esta glória,
como os profetas e apóstolos tão claramente profetizaram e testemunharam por meio
das Escrituras.
22.
A Ceia do Senhor. (Santa Ceia):
Do mesmo modo cremos e confessamos que a Ceia do Senhor é um símbolo
sagrado, instituído pelo próprio Senhor, com pão e vinho, e encomendado aos seus
em memória dele, ensinado e administrado também de acordo ao instituído pelo
Senhor, pelos Apóstolos entre os irmãos.
Ensinamos, praticamos e desejamos que a Ceia que o próprio Senhor instituiu e
administrou, seja observada pela Igreja que esteja visivelmente livre de manchas ou
infâmia, que dizer, sem transgressões ou pecados conhecidos; pois ela somente julga
aquilo do qual tem conhecimento; mas o pecado oculto, que não é visível, Deus é
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
34
quem deve julgá-lo, porque somente Ele conhece os corações e os pensamentos. A
Ceia do Senhor deve ser observada no seu duplo significado, a saber, pão e vinho
comemorando a morte do Senhor, e como renovação e evidência de amor fraternal.
Ensinamos, procuramos e exigimos que a Ceia do Senhor seja observada como
Jesus a instituiu e observou, ou seja por uma Igreja livre exteriormente de ofensa e
de vergonha, alheia a toda transgressão e pecado visível, porque a igreja julga o que
é visível. Mas no caso de pecado oculto, que não se manifesta abertamente para a
Igreja como a traição de Judas, Deus é quem deve julgar e sentenciar, pois somente
Ele e não a Igreja, discerne o coração e as entranhas.
23.
Disciplina:
É evidente que uma congregação ou Igreja não pode continuar na sã doutrina e
vida piedosa e imaculada sem a prática apropriada da disciplina. Como uma cidade
sem muros e portas, ou um campo sem cercado, ou uma casa sem paredes, assim é
a Igreja sem a verdadeira excomunhão ou anátema apostólicos. Porque ficaria
exposta a todos os espíritos enganadores, ímpios, escarnecedores, soberbos e
desdenhosos, a todos os idólatras e transgressores insolentes, assim como a todos
os libertinos e adúlteros, como ocorre nas grandes seitas do mundo que se chamam
a si mesmas, ainda que impropriamente, igrejas de Cristo. No meu entender, é uma
característica primordial, uma honra e um meio de prosperidade para a verdadeira
Igreja, ensinar com discrição cristã a verdadeira excomunhão apostólica e observá-la
cuidadosamente, com amor vigilante, conforme os ensinos das Sagradas Escrituras.
Porque enquanto os pastores e mestres (na primitiva Igreja Cristã) ensinaram
cuidadosamente e exigiram vidas pias, administraram o batismo e a Santa Ceia
somente aos piedosos, e praticaram corretamente a disciplina de acordo com as
Escrituras, constituíram a Igreja e congregação do Senhor. Portanto, tenha cuidado;
se ver o teu irmão pecar, não passe junto a ele como alguém a quem não tem
interesse pela sua alma, pois se a queda não é de morte, ajude-o em seguida a
levantar-se com amáveis conselhos e amor fraternal, como alguém que procura
ardentemente a sua salvação, antes de começar a comer, beber, dormir ou fazer
qualquer outra coisa, não seja que o teu pobre irmão errante se afunde no pecado e
pereça.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
35
24.
Arrependimento no caso de Pecado Secreto:
Poderia acontecer em qualquer ocasião que alguém pecasse contra o seu Deus
secretamente, em qualquer das abominações carnais, das quais Ele com o Seu
grande poder nos preserve a todos, e que o Espírito e a graça de Cristo, que é o único
que pode despertar um arrependimento sincero, tocasse de novo em seu coração e
lhe concedesse um arrependimento genuíno; sobre isto nada temos que julgar, pois
é um assunto entre ele e Deus.
Por isso é evidente que não procuramos a nossa justiça e salvação e a remissão
de nossos pecados, satisfação, reconciliação e vida eterna por disciplina ou mediante
a excomunhão, mas unicamente pela justiça, intercessão, méritos, morte e sangue
de Cristo, e visto que os dois motivos para os que a excomunhão é permitida nas
Escrituras não estão neste caso, porque, primeiramente o seu pecado é em particular
e portanto não ofende a outros, e em segundo lugar ele está contrito e humilhado de
coração, portanto não há necessidade de envergonhá-lo a fim de que possa chegar
ao arrependimento, pois não há mandamento de Cristo nem ordem divina que
autorizem a considerá-lo com mais severidade, nem excluí-lo, nem desprezá-lo diante
da Igreja.
25.
Chamada Missionária da Igreja:
Procuramos e desejamos ardentemente e mesmo com as custas de nosso sangue
e vida, que o santo Evangelho de Jesus Cristo e seus apóstolos, que é a única
doutrina verdadeira que persistirá até que Cristo reapareça nas nuvens, possa ser
ensinado e pregado por todo o mundo, como o Senhor Jesus comissionou aos seus
discípulos nas últimas palavras que lhes dirigiu estando na terra. (Mateus 28:19;
Marcos 16:15).
Procuro e desejo de todo coração (Ele bem sabe) que o glorioso nome, a divina
vontade e o louvor de nosso Senhor Jesus sejam conhecidos por todo o mundo.
A este fim pregamos em qualquer oportunidade que aparecer, de dia ou de noite,
nas casas ou nos campos, nos bosques e nos desertos, nestas terras ou no exterior,
na prisão e na escravidão, na água, fogo e patíbulo, sobre o cadafalso ou no torno,
diante de senhores e príncipes, oralmente e por escrito, arriscando posses e vida,
como estamos fazendo todos estes anos sem cessar. Perseguimos e desejamos
unicamente poder mostrar ao mundo inteiro (que está na perversidade) a senda
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
36
verdadeira, e que muitas almas possam, pela Palavra de Deus, mediante a sua ajuda
e poder, ser resgatadas do domínio de Satanás e conduzidas a Cristo.
Não luto por outra coisa a não ser para que o Deus do céu e da terra, por meio de
seu bendito Filho Jesus tenha a glória por meio da sua bendita Palavra; que todos os
homens neste tempo aceitável de graça, sejam levantados do profundo sono de
pecado em que se encontram afundados.
Desejamos de todo coração ver realizar-se a salvação de toda a humanidade, e
isto não somente dando os nossos bens e trabalho, mas também (entenda o seu
significado evangélico) nossa vida e sangue. Esta é a minha única alegria e o desejo
de meu coração; poder estender as fronteiras do reino de Deus, fazer conhecer a
verdade, reprovar o pecado, ensinar a justiça, alimentar as almas famintas com a
Palavra do Senhor, guiar a ovelha extraviada pela senda reta e ganhar muitas almas
para o Senhor mediante o seu Espírito, poder e graça.
26.
Não-resistência:
Os regenerados não vão para a guerra nem lutam. São os filhos da paz, que
transformaram as suas espadas em foices e as suas lanças em enxadões, e não
amam a guerra. Dão a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Sua espada
é a palavra do Espírito que manejam com boa consciência, guiados pelo Espírito
Santo. Visto que seremos conformados a imagem de Cristo (Romanos 8:29), como
poderemos então lutar com nossos inimigos fazendo uso da espada? O apóstolo
Pedro disse: “Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós,
deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu
pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não
njuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente”. (1ªPedro 2:21-23; Mateus 16:24). E isto concorda com as palavras de
João que ensinava: “Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele
andou” (1ªJoão 2:6) e o próprio Cristo disse: “Se alguém quiser vir após mim, neguese a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”. (Marcos 8:34; Lucas 9:23).
Também “Minhas ovelhas ouvem a minha voz...e elas me seguem”. (João 10:27).
Amado leitor, se este pobre e ignorante mundo aceitasse com coração honesto
esta doutrina odiada e desprezada, que não é nossa, mas de Cristo, transformaria
então as suas espadas mortíferas em foices e as suas lanças em enxadões,
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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derrubariam portas e muros, destituiriam aos seus executores e carrascos. Porque
todos os que aceitam esta doutrina com a sua autoridade, não terão, pela graça de
Deus dificuldades com ninguém sobre a terra, nem mesmo com seus piores inimigos,
e muito menos lhes ofenderão nem prejudicarão de nenhuma forma, porque são filhos
do Altíssimo que amam de todo o coração o que é bom, odeiam o mal e são inimigos
dele. Ah homem! Homem! Observe os seres irracionais e aprenda sabedoria. Os
leões que rugem, os ursos temíveis, os lobos vorazes, todos vivem em paz entre eles
cada um com a sua espécie. Mas vós, pobres, incapazes, criados a imagem de Deus
e chamados de seres racionais, que nascem sem dentes, sem garras, nem chifres,
com uma natureza fraca, sem uma linguagem articulada, sem força, incapazes até
para andar ou para erguer-se, dependendo exclusivamente do cuidado maternal para
ensinar-lhes que devem ser homens de paz e não de luta. Foi ordenado a Pedro que
guardasse a espada na bainha. Todos os cristãos estão obrigados a amar a seus
inimigos, fazer bem aos que lhes prejudicam, e orar por aqueles que os ultrajam ou
perseguem; a dar a capa se alguém quiser pleitear a sua túnica, e quando lhe ferirem
uma face, oferecer a outra. Diga-me pois, leitor amado, como poderá um cristão de
acordo com as Escrituras tomar vingança, rebelar-se, fazer a guerra, matar,
assassinar, torturar, saquear, assaltar e incendiar cidades e conquistar países?
(Mateus 26:52; João 18:10; Mateus 5:12,39-40).
Estou ciente que os tiranos que chamam a si próprios de cristãos, tentam justificar
as suas horríveis guerras e o derramamento de sangue e fazer dele uma boa obra
remetendo-nos a Moisés, Josué, etc. Mas não pensam que Moisés e seus
sucessores, com suas espadas de aço serviram para a sua época, e que o Senhor
Jesus tem nos dado agora um novo mandamento e cingiu os nossos lombos com
outra espada. Eles não consideram que estão manejando a espada da guerra e que
a usam contrariando toda a Escritura, contra os seus próprios irmãos, a saber, contra
aqueles que professam a mesma fé, e receberam o mesmo batismo, participando do
mesmo pão com eles e são, portanto, membros do mesmo corpo.
Repito, a nossa fortaleza é Cristo, a nossa defesa é a paciência, a nossa espada
é a Palavra de Deus e a nossa vitória é a fé firme e não fingida em Cristo Jesus.
Deixemos as espadas e as lanças de aço para aqueles que, oh dor! consideram o
sangue humano e o de um porco no mesmo nível. Aquele que é avisado, julgue o que
quero dizer.
Capitães, cavaleiros, soldados e outros homens sanguinários pelo estilo,
oferecem a venda corpo e alma por dinheiro, e juram com a mão levantada, destruir
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
38
cidades e países, prender e matar cidadãos e habitantes, despojando-os de seus
bens mesmo que nunca lhes tenham ofendido e nem provocado. Oh! Quão
abominável, maldita e perversa ocupação! E ainda se diz que eles são os que
protegem a nação e o povo e os que ajudam a administrar a justiça!
27.
O juramento dos juramentos:
Jesus disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os
teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem
pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés”
(Mateus 5:33-35). E você, Micron, diz que unicamente o juramento leviano e falso
deve ser proibido, como se Moisés tivesse permitido tais juramentos a Israel e por
isso Cristo, sob o Novo Testamento os teria proibido.
Se temos a mesma liberdade que os Israelitas sobre este assunto, como você
assegura ... diga-me então, por que não disse o Senhor: “Ouvistes que foi dito aos
antigos: Não perjurarás, e eu vos digo: Obedecei a este mandamento. Mas Ele disse:
Moisés vos permitiu jurar honestamente; porém, vos digo que de maneira nenhuma
jureis”. O juramento é requerido unicamente com o propósito de obter uma declaração
e um testemunho sincero. A verdade não poderá ser dita se não houver um
juramento? Falam sempre a verdade todos os que estão sob juramento? Admitirá que
a primeira pergunta deve ser respondida com uma afirmação e a segunda
negativamente.
É pois o juramento em si mesmo, a verdade do testemunho, ou depende este de
que se jure? Por quê, então as autoridades não exigem que a verdade seja
expressada por si e não como Deus ordena, em vez de fazê-lo por meio do juramento,
que é proibido por Deus, já que podem castigar aquele que seja achado falso em sua
afirmação ou negação da mesma forma que ao perjúrio? O fato de que o sim é sim e
o não é não para os verdadeiros cristãos, fica plenamente provado nestes Países
Baixos pelos que tem sido tão cruelmente perseguidos com prisões, confiscos e
torturas, com fogo, fogueira e espada, quando com uma só palavra poderiam ter
escapado de tudo isto se quisessem ter quebrantado o seu sim e o seu não. Mas
desde que nasceram para a verdade, andam na verdade e testemunham para a
verdade até a morte, como se vê frequentemente em Flandes, Brabante, Holanda,
Frieslândia Oeste...
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
39
28.
A pena de morte:
Se um criminoso se arrependesse sinceramente diante de Deus e fosse nascido
do alto, seria então um santo, um filho de Deus, partícipe da graça e membro espiritual
do corpo do Senhor, limpo pelo seu sangue precioso e ungido pelo Espírito Santo.
Conceituo portanto, ser estranho e inoportuno, (considerando a misericórdia,
compaixão e amável disposição, espírito e exemplo de Cristo, o manso Cordeiro, cujo
exemplo Ele ordenou aos seus que seguissem), que algum destes réus seja
pendurado na forca, executado no torno, queimado na fogueira ou torturado de
qualquer forma por outro cristão, com o qual é em Cristo Jesus de um coração e uma
alma.
Além disso, se permanece inconvertido e se lhe tira a vida, não se fará outra coisa
que encurtar-lhe desapiedadamente o tempo para o seu arrependimento, que, no
caso de se lhe conservar a vida, poderia chegar a obter; é entregar cruelmente ao
Diabo a sua alma, que foi comprada com tão precioso tesouro, sem ter em conta ao
Filho do Homem que disse: “Aprendei de mim” (Mateus 11:29), “Porque eu vos dei o
exemplo” (João 13:15), “Siga-me” (Mateus 16:24), “Não veio para destruir as almas
dos homens, mas para salvá-las”. (Mateus 18:11; Lucas 19:10 e 9:56).
A história secular mostra que os Espartanos apesar de ter sido pagãos, não
condenavam a morte aos seus criminosos, mas que os aprisionavam e os faziam
trabalhar.
29.
Não conformidade com o Mundo:
Estaria muito mais de acordo com os ensinos evangélicos dele (Gellius) se
destacasse diante de pessoas tão vaidosas e enaltecidas, a humildade de Cristo; que
aprendessem a negar a si mesmos e a considerar a sua origem e destino; que
abandonem a sua excessiva pompa e vaidade, sua presunção e impiedade, temam
a Deus de coração, andem em seus caminhos e com verdadeira humildade de
coração ajudem ao seu próximo com as suas riquezas.
Este não é um reino onde alguém se adorna a si mesmo com ouro, prata, pérolas,
seda, púrpura e custosos enfeites, como faz o mundo vaidoso e orgulhoso, e vossos
dirigentes, dando liberdade para que faça outro tanto, com a desculpa de que é
inofensivo se o coração está isento dele. Dessa maneira Satanás pretende dissimular
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
40
a sua arrogância e mostrar que a cobiça de seus olhos é pura e boa. Mas este é um
reino de humildade no qual não é o ornamento exterior do corpo, mas o adorno do
espírito o que se busca e procura com grande zelo e diligência, com coração contrito
e humilhado.
E tudo o que fizer, faça no nome e no temor do Senhor Jesus e não vos adorneis
com ouro, prata, pérolas, nem cabelos trançados, nem com trajes custosos e vistosos,
mas vistam-se da maneira que convém a homens e mulheres piedosos.
30.
Liberdade de Consciência:
Diga-me, leitor amado, se já leu em toda a tua vida nas Escrituras apostólicas ou
ouviu que Cristo ou os apóstolos recorreram ao poder dos magistrados contra os que
não queriam escutar a sua doutrina ou obedecer os seus ensinos. Sim, meu leitor,
tenho a certeza de que onde quer que reine o regime de aplicar o anátema pela
espada, não existe o verdadeiro conhecimento, Espírito, palavra e Igreja de Cristo.
A fé é um dom de Deus, portanto não se pode impô-la a ninguém por meio de
autoridades terrenas ou pela força. Tem que ser obtida unicamente mediante a pura
doutrina da Santa Palavra e com a oração humilde e fervorosa, como um dom da
graça do Espírito Santo. Além disso, não é a vontade do dono da casa que o joio seja
arrancado antes que chegue o dia da colheita, como a parábola das Escrituras
ensinam e demonstram com grande clareza. Se os nossos perseguidores são cristãos
como pretendem, e acatam a Palavra de Deus, por que então não guardam e praticam
a palavra e mandamentos de Cristo? Por quê arrancam o joio antes do tempo? Como
não temem extirpar o bom trigo em vez do joio? Por que tentam realizar o trabalho
dos anjos, que no seu devido tempo atarão o joio em feixes e o lançarão nas chamas
do fogo eterno? Digo além disso que se os governantes verdadeiramente
conhecessem a Cristo e seu reino, creio que escolheriam a morte antes que usar o
seu poder terreno e espada para dirimir assuntos espirituais que não estão
submetidos a autoridade dos homens, mas exclusivamente a de Deus Todopoderoso. Mas eles (os magistrados) são instruídos pelos seus teólogos para que
arrastem, prendam, torturem e deem a morte aos que não seguem as suas doutrinas,
como infelizmente é comum ver em muitas cidades e países.
Governantes e juízes amados, se aceitardes de todo o coração as citadas
Escrituras e com toda atenção meditardes nelas, observareis que a vossa função não
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
41
é exclusivamente vossa, mas que é o serviço e função de Deus, e que corresponde
a vós, humilhar-se diante da sua majestade, respeitar o seu grande e adorável nome,
e desempenhar equitativa e honestamente as vossas funções.
Além disso, não deveria tão inescrupulosamente com vosso poder terreno e
temporário tentar intervir no que pertence a jurisdição e reino de Cristo, o Príncipe de
todos os príncipes; não deveria julgar nem castigar com o vosso aço o que é
reservado somente ao juízo do Altíssimo, a saber a fé e o que é concernente a ela,
como também Lutero e outros sustentaram no princípio de sua obra, mas depois de
ter conseguido uma posição exaltada, o esqueceram.
Digam amados, aonde as Sagradas Escrituras ensinam que no reino e Igreja de
Cristo, a consciência e a fé, que dependem unicamente da autoridade de Deus,
devem ser regulados e regidos pela violência, tirania e espada das magistraturas?
Em que caso Cristo e seus apóstolos o fizeram, aconselharam ou ordenaram? Porque
Cristo somente disse: “Acautelai-vos dos falsos profetas” e Paulo ordena que
devemos esquivar-nos do herege depois de uma ou duas exortações. João disse que
não devemos saudar nem receber em nossa casa aos transgressores, que não são
portadores da doutrina de Cristo. Mas ele não disse: Abaixo com os hereges, acusaios as autoridades, prendei-os, retirai-os das cidades e países, atirai-os no fogo e na
água, como os Romanistas tem feito por muitos anos, e como ainda se encontra
espalhado entre vós que pretendem ser dedicados a Palavra de Deus.
Por outra lado, os príncipes altaneiros, carnais, mundanos, idólatras e tiranos, que
não creem em Deus (falo dos maus príncipes)publicam seus mandatos, decretos e
leis como autoridades, não obstante, opõem-se muitos deles a Deus e a sua bendita
Palavra, como se o Pai Todo-poderoso, o Criador de todas as coisas, que tem o céu
e a terra em suas mãos e que governa tudo com a palavra de seu poder, lhes tivesse
ordenado legislar, reger, e de acordo com seu próprio critério prescrever ordenanças,
não somente no reinado temporário deste mundo perecível, mas também no retiro
celestial de Nosso Senhor Jesus Cristo. Oh, não, amados, não! esta não é a vontade
de Deus, mas que é abominação diante de seus olhos que um pobre mortal usurpe
para si a sua autoridade.
Creio, queridos irmãos, que demonstrei claramente que as desculpas dos tiranos,
com as quais pretendem provar que as suas matanças tirânicas são justas e retas,
somente é paganismo em princípio.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
42
31.
Predestinação:
Zwinglio ensinou que a vontade de Deus movia o ladrão a roubar e ao criminoso
a matar, e que seu castigo seria também executado pela vontade de Deus, coisa que,
no meu conceito é uma abominação superior a todas as abominações.
O que eu devo dizer, amado Senhor? Deverei dizer que Tu tens ordenado ao
perverso delinquir como alguns tem dito? Longe esteja de mim tal coisa. Eu sei, oh
Senhor, que Tu és bom e nada de mal pode achar-se em Ti. Nós somos a obra da
Tua mão, criados em Cristo Jesus para boas obras e para que andemos nelas. Deixou
a vida e a morte para a nossa escolha. Tu não quer a morte do pecador, mas que se
arrependa e viva. Tu és a luz eterna e portanto odeia toda a treva. Tu não quer que
ninguém pereça, mas que todos se arrependam, venham ao conhecimento da Tua
verdade e sejam salvos. Oh querido Senhor, blasfemaram tão gravemente do Teu
grande e inefável amor, da Tua misericórdia e majestade, que fizeram de Ti, o Deus
de toda graça e Criador de todas as coisas, um verdadeiro demônio, afirmando que
Tu é a causa de todo mal, TU, que é chamado de o Pai das luzes.
Evidentemente nada mal pode ser proveniente do bom, nem luz das trevas, nem
vida da morte; no entanto, seus teimosos corações e mentes carnais são atribuídos
a Tua vontade, de modo que podem continuar no caminho largo e ter uma desculpa
para os seus pecados!
32.
Aperfeiçoamento:
Não acredite, leitor amado que falamos isto para jactarmos de ser perfeitos e
imaculados. De maneira alguma. Não acreditamos e nem ensinamos que somos
salvos por próprios méritos ou obras, como falsamente afirmam os nossos
acusadores, mas por meio da graça de Cristo, como foi dito anteriormente.
Porque ensinamos pela boca do Senhor que aquele que quer entrar na vida
eterna, deve guardar os mandamentos. (Mateus 19:17; Marcos 10:19; João 15: 10);
que em Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão valem, mas sim, guardar os
mandamentos de Deus (1ªCoríntios 7:19); que este é o amor de Deus, que
guardemos os seus mandamentos; e seus mandamentos não são pesados, (1ªJoão
5:3); por esta razão somos chamados pelos pregadores de assaltantes do céu e
santarrões, e falam que pretendemos salvar-nos por nossas boas obras, apesar que
sempre confessamos e confessaremos pela eternidade, por Deus, que não seremos
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
43
salvos senão unicamente pelos méritos, intercessão, morte e sangue de Cristo e não
por outros meios no céu, nem sobre a terra, como plenamente temos demonstrado
antes.
Desta forma estas pessoas perversas trocaram o excelente pelo péssimo. Não
compreendem que a Escritura condena claramente aos dissolutos, soberbos,
menosprezadores e transgressores da palavra de Deus, e que provam claramente
com seus atos, que são alheios a graça salvadora de Deus, que não creem em Jesus
e que, de acordo com as Escrituras, estão em condenação, ira e morte. (João 3:36).
Mas aqueles que dizem que somos hipócritas, e mentem dizendo que garantimos
estar sem pecado, é porque ensinamos com as Escrituras uma vida que mostra os
frutos de arrependimento; testemunhamos com Paulo que os devassos, adúlteros,
bêbados, avarentos, mentirosos, iníquos, não herdarão o reino de Deus (1ªCoríntios
6:10; Gálatas 5:21; Efésios 5:5) que os inclinados para a carnalidade, morrerão
(Romanos 8:13) e afirmamos com João que aquele que peca (entenda-se de
propósito ou de maneira impudica) é do diabo. (1ªJoão 3:8) e portanto, sentimos um
profundo terror por tais coisas. Por isso, muitas vezes afirmamos com Moisés de
palavra e por escrito e sustentemos sempre, que ninguém é inocente diante de Deus
em razão da sua natureza inata (Gênesis 6:5, 8:21) e com Isaías, que todos somos
como a sujeira. (Isaías 64:6), etc.
33.
Novas Revelações:
Por outra lado, não tenho visões ou revelações angelicais, nem as busco nem
desejo, a fim de não ser enganado por elas. Porque a Palavra de Deus é suficiente
para mim. Se não sigo o seu testemunho, então tudo está perdido. E ainda que tivesse
tais revelações, que não é o caso, não poderiam desviar-me da Palavra e do Espírito
de Cristo, ou do contrário, seriam unicamente alucinações, sedução e engano
diabólicos.
34.
Educação superior:
Leitor, não me interprete mal. Nunca na minha vida desprezei a instrução e o
conhecimento de idiomas, mas que desde a minha juventude os tenho honrado e
amado.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
44
Ainda que nunca os tenha adquirido, no entanto (graças a Deus) não estou tão
privado de sentido como para desprezar ou ridicularizar o conhecimento dos idiomas
pelos quais chegou até nós a divina palavra da graça.
Desejaria de todo coração que eu e todos os piedosos possuíssemos tais
conhecimentos, e que todos, com verdadeira humildade os usássemos corretamente
para o louvor de nosso Deus e no serviço de nosso próximo, no puro temor de Deus.
35.
Ante Ocultamento:
Da mesma forma que desde o princípio de nosso ministério temos estado
dispostos e ansiosos de dar uma explicação da nossa fé a quantos a pedirem de boafé, seja governantes ou cidadãos, instruídos ou não, ricos ou pobres, homem ou
mulher. Ainda hoje estamos dispostos a fazê-lo na medida do possível, visto que não
nos envergonhamos do glorioso Evangelho de Cristo. Se alguém deseja ouvir algo de
nós, estamos dispostos a ensinar-lhe; se alguém deseja conhecer nossos princípios,
é o desejo do nosso coração, se não bastaram os nossos escritos, explicar-lhes
claramente. Porque faremos o maior empenho para que a verdade seja trazida a luz.
Mas não permitimos de maneira alguma que o extermínio sanguinário do Anticristo
seja tentado, pois isso é coisa do diabo, e incompatível com um cristão.
36.
Atitude para com outras Denominações:
Leitor meu, entenda-me bem. Não discutimos a respeito de que Deus tenha ou
não os seus eleitos entre as Igrejas anteriormente citadas (as igrejas perseguidoras
do Estado) mas que o deixamos livre agora e para sempre ao reto juízo de Deus...
...mas o assunto em questão é com que espírito, doutrina, sacramentos, ordenanças
e vida, Cristo ordenou formar para Si uma Igreja permanente e mantê-la em seus
caminhos.
37.
Exemplos de consagração ao serviço do Senhor:
Sim, querido leitor, a verdadeira fé Cristã como as Escrituras a requerem, é tão
viva, ativa e poderosa para todos aqueles que mediante a graça do Senhor a
receberam em seu coração, que não hesitam em deixar pai e mãe, mulher e filhos,
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
45
dinheiro e posses pela palavra e testemunho do Senhor; estão dispostos a sofrer
escárnio e desprezos, privações e perigos, e finalmente a que seus miseráveis e
fracos corpos, tão resistentes ao sofrimento, sejam queimados na fogueira, como tem
sido observado especialmente nestes Países Baixos, para exemplo de muitos e fiel
testemunho de Jesus. Quantos, ai! Que conheci em tempos passados, e conheço a
maior parte deles agora, homens e mulheres, rapazes e donzelas, (queira Deus que
cresçam para a sua glória e para a salvação do mundo, de muitos milhares e milhares)
que desde o mais profundo das suas almas procuram a Cristo e a sua palavra, levam
(dentro de sua imperfeição) uma vida piedosa e irrepreensível diante de Deus e dos
homens; são sinceros e puros de doutrina, irrepreensíveis, como foi dito, em suas
vidas, cheios do temor e amor de Deus, atenciosos para todos, misericordiosos,
compassivos, humildes, sóbrios, castos, não rebeldes e sediciosos, mas tranquilos e
pacíficos, obedientes ao governo, em tudo o que não seja contrário a Deus; apesar
disso, por anos não tem dormido em suas próprias camas, nem ainda hoje podem
fazê-lo. Porque são tão odiados pelo mundo que são perseguidos sem misericórdia,
são traídos, capturados, exilados e despojados de suas propriedades e vida como
criminosos, assassinos ou malfeitores. E tudo isto pela única razão de temer a Deus
verdadeiramente, não concordar em participar da abominável vida carnal nem da
maldita e vergonhosa idolatria deste mundo cego.
Visto que se provou com atos e em verdade que nossos fiéis irmãos e irmãs em
Cristo, os amados companheiros em tribulação e no reino e paciência de nosso
Senhor Jesus Cristo (Apocalipse 1:9) temem ao Senhor seu Deus tão sinceramente,
que antes de pronunciar uma palavra falsa deliberada ou voluntariamente (negando
que foram batizados) ou operar hipocritamente de forma contrária a Palavra de Deus
(opondo-se aparentemente a suas próprias convicções diante da igreja dominante a
fim de evitar a perseguição), dariam o seu bom nome, reputação, assim como o seu
dinheiro, posses, corpos e tudo o humanamente desejável, como despojo aos
sanguinários; portanto, deixaremos livre ao juízo de Vossas Excelências e
Honorabilidades, determinar se estas pessoas são tão perniciosas e más como,
infelizmente são chamadas por muitos, e geralmente conceituadas.
Não considero que a minha vida seja melhor do que a que os amados homens de
Deus, viveram. Não posso ser privado de nada, exceto deste perecível corpo mortal
que algum dia há de morrer e retornar ao pó (mesmo que vivesse até a idade de
Matusalém). Nem um cabelo cairá da minha cabeça sem a vontade de meu Pai
celestial. Se perder a vida por amor de Cristo e seu testemunho, e por causa do meu
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
46
sincero amor pelo meu próximo (em cuja salvação estou empenhado) tenho a certeza
que conseguirei a vida eterna. Portanto, não posso guardar a verdade para mim
mesmo, mas devo dar testemunho dela e ensiná-la sem hipocrisia e em verdadeiro
temor de Deus, aos meus amados senhores.
38.
Trabalhando sob Dificuldades:
Aquele que me comprou com o sangue do seu amor, e me chamou sem ser digno
para o seu serviço, me conhece e sabe que não busco posses terrenas nem vida fácil,
mas somente a glória de Deus, minha salvação e a de muitas almas. Porque tanto eu
como a minha fraca esposa e filhos temos suportado por volta de dezoito anos de
ansiedade extrema, opressão, aflição, falta de um lar, perseguição, risco de vida e
grande perigo em todo momento. Ah!
Enquanto os ministros da igreja oficial
repousam em leitos macios e cômodas almofadadas, nós geralmente devemos
ocultar-nos nos mais afastados esconderijos. Enquanto eles se entregavam
indecorosamente aos banquetes de casamento e batismos, distraídos com flauta,
tambor e alaúde, nós permanecíamos na expectativa de quando os cães ladravam,
pois o guarda estava na porta. Enquanto eles são saudados como doutores,
pregadores e mestres por todo o mundo, nós temos que ouvir eles nos chamarem de
anabatistas, pregadores ocultos, sedutores e hereges, e ser saudados em nome do
diabo. Enfim, enquanto eles são largamente recompensados por seus serviços com
grandes entradas e tranquilidade, a nossa recompensa e porção deve ser o fogo, a
espada e a morte.
Considere fiel leitor, no meio de quanta ansiedade, pobreza, opressão e perigo de
morte desempenhei eu, um homem despojado, o serviço do meu Senhor até hoje, e
espero, por meio da sua graça, continuar nele para a sua glória enquanto permanecer
neste tabernáculo terrestre. O que eu e meus fiéis colaboradores temos procurado ou
poderíamos ter perseguido nesta jornada árdua e perigosa, é evidente por nossas
obras e frutos para todas as pessoas de boa vontade. Em efeito, se chegou neste
extremo (que Deus mude as coisas) que onde quatro ou cinco, dez ou vinte, se tem
reunido no nome do Senhor, para falar da Palavra de Deus e para fazer a sua obra,
no meio dos quais está Cristo, que temem a Deus com todo o seu coração e levam
uma vida piedosa, irrepreensível diante do mundo, se são surpreendidos numa
reunião, ou se há uma acusação contra eles, devem ser entregues para ser
queimados na fogueira, ou afundados na água. Mas aqueles que se reúnem em nome
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
47
de Babel ... em lugares públicos de má fama e nas malditas tabernas de bêbados;
que vivem em franca ignominia e trabalham impiamente contra a Palavra de Deus, os
tais vivem em plena liberdade e paz.
Enfim, leitor amado, que se o misericordioso Senhor no seu grande amor, não
tivesse amenizado os corações de alguns governantes e magistrados e os tivesse
deixado proceder de acordo com as instigações e pregações sanguinárias de seus
teólogos, não teria sobrevivido nem uma pessoa piedosa. Mas mesmo sendo
escassos, podem encontrar-se alguns que, deixando de ouvir as palavras e escritos
de todos os teólogos, toleram aos exilados e por um tempo lhes mostram misericórdia;
pelos quais louvaremos ao Deus altíssimo para sempre e por sua vez retribuiremos a
nossa gratidão a tão bondosos e discretos governantes, com todo amor.
Quando era do mundo, falava e me comportava como o mundo e o mundo não
me odiava. Naquilo que servi ao mundo, o mundo me recompensou. Todos falavam
bem de mim, o mesmo que fizeram os seus pais com os falsos profetas. Mas agora
que amo não o mundo mas aos que estão no mundo com amor divino, procuro com
todo o meu coração a sua salvação e bênção, lhe admoesto, instruo e repreendo com
a Tua Santa Palavra e lhe mostro a Cristo Jesus crucificado, o mundo se converteu
para mim numa pesada cruz e num fel de amarguras. Tão grande é o seu ódio que
não somente eu, mas todos aqueles que me mostraram amor, misericórdia e piedade
em alguns lugares, devem enfrentar prisões e morte. Oh, Senhor bendito! Sou
considerado por eles menos digno de clemência do que um ladrão e assassino
declarados.
39.
Perseguição:
Quantos piedosos filhos de Deus, pelo testemunho de Deus e por razões de
consciência, tem sido despojados de seus lares e posses e confiscadas suas
propriedades para encher os insaciáveis cofres do Imperador; quantos tem sido
traídos, lançados fora de cidades e países, atados à estaca e torturados, enviando os
pobres órfãos desnudos pelas ruas. Alguns deles são pendurados, outros torturados
com crueldade desumana e depois enforcados.
Alguns assados e queimados vivos. Alguns tem sido mortos pela espada e
entregues aos abutres para serem devorados; outros foram lançados aos peixes; os
lares de alguns destruídos, outros atirados em lamaçais e a outros se lhes cortaram
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
48
os pés; tenho visto a um destes últimos e tenho conversado com ele. Outros vagam
daqui para lá na miséria, sem lar, em aflição, por montanhas e desertos, em grutas e
covas da terra como disse Paulo. Devem fugir de uma cidade para outra, de um país
para outro, com sua esposa e filhos. São odiados, ultrajados, caluniados, e
denegridos por todos os homens; denunciados pelos teólogos e magistrados; tem
sido privados de seu alimento, atirados fora no cruel inverno e apontados com o dedo
do escárnio. Qualquer um que colaborava na perseguição dos pobres e oprimidos
cristãos, pensava que fazia um serviço à Deus, como disse Jesus. (João 16:2). Se
um ladrão é levado ao patíbulo, um criminoso esquartejado no torno, ou qualquer
outro malfeitor castigado com uma pena de morte inusitada, todo o mundo pergunta
o que ele fez. A sentença não é dita enquanto os juízes não entenderem plenamente
a causa e conhecerem a verdade no que se refere ao delito. Mas toda vez que um
inocente e contrito cristão ao qual o Senhor na sua graça resgatou do caminho da
perversidade e do pecado, e guiado pelos caminhos de paz, é acusado pelos
sacerdotes e pregadores, e conduzidos diante dos tribunais, não o consideram digno
de investigar detidamente que razões e Escrituras o impelem para não mais escutar
a sacerdotes e pregadores ... Não desejam saber por que corrigiu a sua vida e
recebeu o batismo de Cristo, ou qual pode ser o motivo pelo qual está disposto a
sofrer e morrer pela sua fé. A única pergunta que lhe é feita é se foi batizado. Se a
resposta for afirmativa, a sentença já está dada e tem que morrer.
Visto que é evidente que todo o mundo está tão hostilmente predisposto contra
nós, mesmo que injustamente, ao extremo de não querer nem nos ver nem nos ouvir,
e que muitas inocentes ovelhas do Senhor, mais do que um piedoso que sem ser
mestre é levado para a degola aqui e ali, executado e assassinado sem clemência
pela espada, fogo e água; e que a nós, míseros mestres, em nenhuma parte se nos
concede muito mais do que uma pocilga para viver em liberdade, com o conhecimento
e aprovação das autoridades, mas por meio de editos públicos somos julgados antes
de sermos presos e condenados antes de sermos persuadido; sendo que tais
condições não prevaleceram, que eu saiba, nos tempos dos apóstolos em nenhuma
parte. Rogo a todos os meus leitores pelo amor de Deus, que considerem no temor
do Senhor quão grande injustiça cometem conosco Gellius e seus seguidores com
suas perversas e cruéis palavras, a saber: pregadores noturnos, pregação
clandestina, etc. quando não podemos proceder de outra maneira como é bem
conhecido. . . Estamos dispostos em qualquer momento a prestar contas da nossa fé
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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diante de qualquer um e a defender a verdade onde quer que se possa fazê-lo de
boa-fé, sem ardis ou tentativas contra nossas vidas.
Por muitos anos temos proclamado a doutrina da Palavra divina nas comarcas
alemãs com poder e clareza cada vez maiores, de modo que era palpável e evidente
que se tratava da obra e dedo de Deus. Porque os orgulhosos tornam-se humildes,
os avaros tornam-se generosos, os beberrões tornam-se sóbrios, os impuros tornamse honestos, etc. Porque a Palavra de Deus é aceita por eles com tanta firmeza que
não hesitam em abandonar pai e mãe, esposo, mulher, filhos e posses por causa
dela, e voluntariamente sofrer a morte.
Porque muitos são queimados na fogueira, muitos afogados, muitos executados
com a espada, muitos, encarcerados, exilados e seus bens confiscados. No entanto,
nada é válido diante dos inflexíveis perseguidores. Basta dizer, quando tem sido
degolado um pobre inocente, um do rebanho do Senhor, que “é Anabatista” para que
seja o suficiente. Não se verifica que provas ou base bíblica tem, de que natureza são
a sua vida e a sua conduta, se ofendeu a alguém, ou não. Ninguém medita ou
considera que tem que ser uma obra e poder especiais... para causar a um homem
tanto sofrimento, vergonha e infâmia inacreditáveis, grande perseguição, miséria e
até a morte, como podeis ver. Ainda que infelizmente aqui devemos ser perseguidos,
oprimidos, golpeados, saqueados, queimados, afogados, pelo Infernal Faraó e seus
cruéis e desapiedados servos, no entanto, logo chegará o dia da nossa libertação, em
que nos serão enxugadas todas as lágrimas e seremos adornados com vestimentas
brancas da justiça, junto ao Cordeiro, e com Abraão, Isaque e Jacó nos sentaremos
no reino de Deus e possuiremos a deliciosa e prazerosa terra do gozo eterno e
imperecível. Louvai ao Senhor e levantai a cabeça, vós os que sofreis por amor a
Jesus; está próximo o dia em que ouvireis: “Vinde, benditos” e vos regozijareis com
Ele para sempre.
40.
Uma oração de Menno Simons:
Oh, Senhor! Estou certo que nem a vida nem a morte, nem anjos, nem principados,
nem potestades, nem as coisas presentes, nem as coisas por vir, nem o alto, nem o
baixo, nem nenhuma outra criatura nos separará do Teu amor que está em Cristo
Jesus. Contudo, não me conheço a mim mesmo; toda a minha confiança está em Ti.
Mesmo que tenha bebido um pouco do cálice até o fim. Porque quando se padecem
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
50
prisões e cadeias, e quando a morte por água, fogo e aço ameaçam e então o ouro é
separado da madeira, a prata da palha, as pérolas da folharada.
Portanto, não me abandones, benigno Senhor; porque sei que podem desarraigarse árvores de profundas raízes pela violência do furação, e as altas e firmes
montanhas partir-se em dois pela força do cataclismo. Por acaso Jó e Jeremias,
verdadeiros exemplos de integridade, não titubearam no Teu caminho pela fraqueza
da carne? Rogo, bendito Senhor, conforme a Tua fidelidade e graça, sei que não
permites que eu seja tentado mais do que sou capaz de suportar, para que a minha
alma não seja envergonhada pela eternidade. Não rogo pelo meu corpo, eu sei que
está sujeito a sofrimento e morte. Somente por isto Te rogo: não me abandones na
hora da prova, mas providencies um meio de escape para a tentação. Livra-me de
todas as minhas angústias porque em Ti coloco a minha confiança. (Meditação sobre
o Salmo 25). Oh Senhor! Oh amado Senhor! Não permita que Teu pobre e pequeno
rebanho seja completamente devorado pelo furioso dragão; conceda-nos por Tua
graça e paciência que possamos impor a espada de Tua boca e deixar uma semente
permanente que guarde os Teus mandamentos, preserve o Teu testemunho e louve
para sempre o Teu grande e glorioso nome. Amém, querido Senhor, Amém.
anabatistas
SIGNIFICADO
Anabaptistas ("re-baptizadores", do grego ανα (novamente) + βαπτιζω
(baptizar); em alemão: Wiedertäufer) são cristãos sectários do Anabatismo, a
chamada "ala radical" da Reforma Protestante. São assim chamados porque os
convertidos eram baptizados em idade adulta, desconsiderando o baptismo da
Igreja Católica Apostólica Romana. Assim, re-baptizavam todos os que já tivessem
sido baptizados em criança, crendo que o verdadeiro baptismo só tem valor
quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
51
ORIGEM
Os anabatistas fundaram então sua primeira igreja no dia 21 de janeiro de
1525, próxima a Zurique, na Suíça. Perseguidos na Suíça, o movimento espalhou
pelo sul da Alemanha, Vale do Reno, Caríntia e Países-Baixos. Somente grupos
pacifistas dos anabatistas sobreviveram, como os organizados por Menno Simons
nos Países Baixos e hutteritas (Jacob Hutter) no Tirol, organizado por Jacob Hutter
em um grupo comunal que ainda existe nos Estados Unidos. Os Amish nasceram
dentre os Mennonitas e os Dunkers são frutos do encontro entre anabatismo e o
pietismo(*).
Simples esclarecimentos:
Menno Simons
Jacob Hutter
Menonitas
Hutteristas
(*) pietismo • pg 54
DOUTRINA
As doutrinas enfatizadas pelos anabaptistas, a exemplo dos Mennonitas,
apontadas pelo teólogo John Howard Yoder são:

A Bíblia, principalmente a ética do Novo Testamento, devem ser obedecidas
como a vontade de Deus, embora não sistematizando sua teologia, mas
aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e
reuniões da igreja.

A Igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A Igreja
não é subordinada a nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou
hierarquia religiosa. Assim evitam participar das atividades governamentais,
jurar lealdade à nação, participar de guerras.

A Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade
humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição
afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
52

A Igreja celebra o Batismo adulto normalmente por infusão como símbolo de
reconhecimento e obediência a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão
de Jesus Cristo.

A Igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua
expulsão, a fim de manter a pureza do indivíduo e da igreja.

Como pode ser notado, a teologia anabatista é maciçamente eclesiológica (*),
baseada na vida comunitária e Igreja.

Quanto a salvação, o Anabatismo crê no livre-arbítrio, o ser humano tem a
capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e ajuda-o a
andar em uma vida de regeneração.

O que é único na Teologia Anabatista, principalmente depois de Menno
Simons, é a visão sobre a natureza de Cristo, crendo que Jesus Cristo foi
concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não
herdou nenhuma parte física dela. Maria, seria portanto um instrumento usado
por Deus, para cumprir o seu plano, mas não Theotokos (Mãe de Deus).

A essência do cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos
de Cristo.

A ética do amor rege todas as relações humanas.

Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis.
(*) eclesiológica ou eclesiologia:
(do grego ekklesia) É o ramo da teologia cristã que trata da doutrina da Igreja: seu
papel na salvação.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
53
A CONFISSÃO DE SCHLEITHEIM
Durante este período, o anabatismo na Suíça esteve fortemente ameaçado de
desintegração, pois o círculo original de líderes estava disperso ou havia sido preso
ou executado. Fazia-se urgente a unificação e consolidação dos principais pontos da
doutrina anabatista, pois a dispersão de seus líderes, por um lado, e a formação de
novos, por outro, tornava-se difícil. Com este objetivo, os principais líderes
anabatistas remanescentes reuniram-se em assembleia em fevereiro de 1527 em
Schleitheim, pequena aldeia situada entre Zurique e Schaffhausen, perto da fronteira
entre a Suíça e a Alemanha.
O documento elaborado passou a ser denominado de Confissão de Schleitheim
(SIEMENS, 2010, p. 231-232). Bastante conciso, continha apenas sete artigos e seu
objetivo principal era dar uniformidade ao movimento anabatista:

Serão batizados apenas os que andarem na ressurreição, ou seja, os que
mostrarem a vida transformada pelo amor de Deus.

Os membros que retornarem para uma vida de pecado e se negarem a voltar
a um discipulado fiel serão excluídos do corpo da Igreja.

Os que desejarem participar da Ceia do Senhor devem se unir na fé e no
batismo de crentes.

Os cristãos devem viver uma vida santa, ou seja, à parte dos pecados da
sociedade ao seu redor.

A congregação será servida por pastores. Seus deveres consistem em pregar
a Palavra de Deus, presidir às celebrações da Ceia do Senhor e ser
supervisores, de modo geral, dos membros.

Os discípulos cristãos devem, em toda e qualquer circunstância, assumir a
atitude do Salvador sofredor. Nunca usarão a força ou a violência, nem
participarão de guerra alguma.

Em obediência estrita às doutrinas de Cristo, os membros nunca pronunciarão
juramento de qualquer espécie, nem mesmo juramentos civis. Simplesmente
deverão afirmar a verdade.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
54
A assembleia de Schleitheim teve uma dupla importância: primeiro, a reunião foi
realizada com grande êxito, logrou congregar as mais diversas correntes dentro do
anabatismo. Tanto conformistas como radicais tomaram parte das discussões na
elaboração do texto final aprovado da confissão de fé. Isso deu um caráter bastante
uniforme à doutrina anabatista, fazendo-a ser aceita como completa e abrangente
pelas mais diversas tendências do movimento.
pietismo
É um movimento oriundo do Luteranismo que valoriza as experiências
individuais do crente. Tal movimento surgiu no final do século XVII, como oposição à
negligência da ortodoxia luterana para com a dimensão pessoal da religião, e teve
seu auge entre 1650-1800.
O Pietismo combinava o Luteranismo do tempo da Reforma, enfatizando a
conversão pessoal, a santificação, a experiência religiosa, diminuição na ênfase aos
credos e confissões, a necessidade de renunciar o mundo, a fraternidade universal
dos crentes e uma abertura à expressão religiosa das emoções.2
O Pietismo influenciou o surgimento de movimentos religiosos independentes
de inspiração protestante tais como o metodismo , o Movimento de Santidade, o
evangelicalismo, pentecostalismo, o neo-pentecostalismo e grupos carismáticos,
além de influenciar a teologia liberal.
DOUTRINA
O tema central do pietismo é a experiência do crente com Deus, sua condição
de pecador e o caminho para sua salvação. Sublinhava-se a necessidade da
conversão individual e do nascer de uma nova conduta no crente, desapegada do
mundo material e firmada no apoio mútuo da comunidade reunida em culto ao redor
do estudo da Bíblia.
Ao enfatizar a dimensão experiencial e a prática da fé, os pietistas, por um
lado, desenvolveram uma moralidade ascética por vezes áspera, especialmente no
que tange à alimentação, vestimenta e lazer; por outro lado, enfatizaram um
sentimento de responsabilidade para com o mundo, do qual desdobraram-se
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
55
atividades de missão e caridade. Além disso, dada a ênfase no contato direto da
pessoa com Deus...
PHILIP JACOB SPENER
Rappoltsweiler, Alsácia, 13 de janeiro de 1635
Berlim, 5 de fevereiro de 1705
Foi um teólogo luterano alemão, considerado o
pai
do
Pietismo
protestante.
Era
um
autodidata que cedo percebeu o fato da Reforma
Protestante não estar completa. Em sua vida,
entrou em contato com importantes teólogos e
seus livros, tendo estes exercido influência
direta em suas obras posteriores.
Sendo luterano, evocou das obras de Martinho Lutero um pouco de sua
ortodoxia, como a salvação e justificação concedidas pela graça de Deus, mediante
a fé somente e todas as questões que foram essenciais à Reforma do século XVI.
Achava o Cristianismo de sua época muito decadente, pois os pastores e membros
de suas igrejas eram muito acomodados e frios com relação à vida espiritual. Também
se considerava apto a continuar a Reforma de Lutero, passando a fazer pregações e
reunindo os collegia pietatis (*), minúsculos grupos de pessoas que se propunham
a estudar e debater a Bíblia.
Em 1675 publicou o Pia desideria ou Desejos pios para a reforma da
verdadeira Igreja evangélica, uma introdução a uma coletânea de sermões de Arndt,
mas o ensaio ganhou vida própria. O título deu origem ao termo "Pietistas" e tornouse um manifesto para a renovação da Igreja. Nesta publicação fez seis propostas
como o melhor meio de restaurar a vida da Igreja:
1. Sério e profundo estudo da Bíblia em reuniões privadas em ecclesiolae
ecclesia ( "igrejas dentro da Igreja");
2. O Cristianismo sendo o sacerdócio universal, os leigos devem partilhar no
governo espiritual da Igreja;
3. O conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através da prática;
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
56
4. Ao invés de ataques aos incrédulos e heterodoxos, dar um tratamento
simpático e gentil a eles;
5. Uma reorganização da formação teológica das universidades, dando maior
destaque à vida devocional;
6. Um estilo diferente de pregação, ou seja, no lugar de retórica agradável, a
implantação do cristianismo, no interior ou novo homem, que é a alma da fé,
devendo trazer frutos para a vida.
Este trabalho produziu uma grande impressão em toda a Alemanha e, embora
um grande número de teólogos e pastores luteranos ortodoxos tenham sido
profundamente ofendidos por Spener em seu livro, as suas reivindicações foram
admitidas e muito bem justificadas. Consequentemente, um grande número de
pastores imediatamente adotaram as propostas de Spener.
Enquanto o pietismo tradicional permaneceu dentro das igrejas luteranas
apesar de suas críticas, o pietismo radical distanciou-se das igrejas estabelecidas
ainda mais. Doutrinariamente, muitas vezes os pietistas radicais refletem as
influências de Jacob Boehme, mas eram separatistas formando suas próprias
congregações. O pietismo radical criticou as noções luteranas de expiação, a
autoridade das Escrituras, sacramentos e no ministério.
O pietismo prático foi promovido pela nova universidade pietista de Halle
(Saale). Em Halle o pastor August Hermann Francke fundou em 1695 orfanatos,
asilos e gráficas, dando um caráter de ação social do pietismo. A Universidade de
Halle tornou-se o centro de divulgação de pietismo a partir de 1698. A gráfica social
de Francke distribui 80 mil Bíblias completas e 100 mil Novos Testamentos em
apenas sete anos - um fato notável,já que antes na Alemanha, cerca de 80 anos
(1534-1626) foram produzidas apenas 20.000 Bíblias.
Outros movimentos acabaram por ser influenciado pelo pietismo e ganharam
identidades denominacionais próprias, como o metodismo, as Igrejas Livres, os
Dunkers e alguns ramos anabatistas, como a Igreja dos Irmãos Mennonitas.
Spener tinha em mente o fato de que não adiantava ir à igreja e viver dançando,
indo ao teatro e participando de jogos. Que aqueles que tinham abraçado a fé cristã,
mas tinham esfriado, tinham que ser levados a um renascimento, do contrário
estariam perdidos. Suas idéias também tiveram início ao ler obras do teólogo J. Arndt
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
57
e ao estudar com o professor Christian Danhauer na faculdade teológica de
Estrasburgo.

* Collegia pietatis é uma expressão latina que descreve os grupos religiosos
paralelos à igreja reformada e/ou protestante européia alemã, destinados a
promover a leitura, a comunhão e o debate sobre a Bíblia. Quem fomentou o
início da formação destes grupos foi o teólogo alemão Philipp Jakob Spener,
com o intuito de continuar a Reforma Protestante.
Mennonitas ou Menonitas
SURGIMENTO DENOMINAÇÃO MENONITAS:
Sua liderança entre os anabatistas holandeses num momento crucial de sua
história acabou por fazer com que os anabatistas adotassem a denominação de
menonitas, para fugir da conexão existente entre o termo anabatista e o episódio de
Münster (perseguição e morte por extremistas e contrários aos anabatistas).
QUEM SÃO:
Grupo de denominações cristãs que descende diretamente do movimento
anabatista que surgiu na Europa no século XVI, na mesma época da Reforma. Tem
o seu nome derivado do teólogo frísio Menno Simons (1496-1561), que através dos
seus escritos articulou e formalizou os ensinos dos seus predescendentes anabatistas
suíços. Segundo estimativas de 2009, há mais de 1,6 milhões de menonitas
espalhados pelo mundo todo.
Frísio = Frísia
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
É uma província.
Ao norte dos Países Baixos - Holanda
58
HISTÓRIA:
Em 1523 Ulrich Zwingli, um ex-padre católico, começou a reformar a igreja na
cidade suíça de Zurique. Um grupo de seus discípulos, liderados por Conrad Grebel,
Félix Manz e Georg Blaurock logo rejeitou Zwingli que usava a Câmara Municipal para
fazer a reforma. O grupo começou a estudar a Bíblia, e não encontrou qualquer
justificação para a "igreja do estado", mas acreditavam que os cristãos eram uma
comunidade de crentes que livremente escolheram seguir a Cristo, e seu testemunho
público de sua fé seria através do batismo adulto. Isto significava declarar inválido o
batismo das crianças. Em 21 de janeiro de 1525, em Zollikon, um subúrbio de Zurique,
o grupo decidiu batizar um ao outro. Batismo de adultos como uma parte essencial
da sua fé, quase que imediatamente começou a chamar os "anabatistas", mas o grupo
preferiu o nome de irmãos suíços.
O movimento se espalhou rapidamente por toda a Europa, especialmente nos
territórios do Império Alemão. A situação piorou para os anabatistas, quando em
1526, ordenou-se que cada subdivisão política do império deveria adotar a religião do
governante. Se o líder fosse um católico, assim deviam ser seus súditos. Se o
governante era luterano, seus súditos tinham que praticar a religião luterana, que
conflitava diretamente com a concepção dos irmãos, que acreditavam em uma
comunidade de crentes que escolhem livremente a sua fé sem a interferência da
autoridade civil em matéria de fé. Em 1529, embora os principais defensores da
Reforma divulgassem no seu famoso protesto (daí o nome "protestante").
Assim, foi promulgada a lei imperial de 23 de abril de 1529 ordenando "tirar a
vida de todo rebatizado ou rebatizador, homem ou mulher, maior ou menor, e executar
de acordo com a natureza do caso e da pessoa, por fogo, por espada ou por outros
meios sempre que um homem seja encontrado." A repressão piorou após a rebelião
dos anabatistas em Münster e extremistas, sob o pretexto de esmagar a revolta
encenada por eles e suas idéias subversivas, multiplicado execuções Irmãos, embora
eles sempre foram pacifistas e rejeitassem as ideias e práticas münsteristas (*).
O testemunho pessoal e a perseguição religiosa levaram os anabatistas e a
nova doutrina a diferentes países da Europa, surgindo inúmeras igrejas inicialmente
na Suíça, Prússia (atual Alemanha), Áustria e Países Baixos.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
59
O principal ponto de discórdia entre os menonitas e seus perseguidores era o
batismo infantil. Os menonitas acreditam que a igreja deve ser formada a partir de
membros batizados voluntariamente. Isso não era tolerado pela maioria dos Estados,
nem pela igreja católica nem pela igreja protestante oficial da época.
Os menonitas tiveram durante a sua história diversos pontos de discórdia entre
si o que sempre acabou levando a divisões e novas denominações entre eles, como
por exemplo os Amish.
Durante o século XVI os menonitas e outros anabatistas foram duramente
perseguidos, torturados e martirizados. Por isso muitos deles emigraram para os
Estados Unidos, onde ainda hoje vive a maior parte dos menonitas. Eles estão entre
os primeiros alemães a imigrarem para os Estados Unidos.
Outros se isolaram em colônias e povoamentos fechados dentro de Estados
onde eram tolerados.
Em 1788, a convite de Catarina, a Grande, imperatriz da Rússia, agricultores
menonitas da Prússia (atualmente Alemanha e Polónia) emigraram para Chortitza
(em 1789) e Molotschna (em 1804) no sul da Rússia (atualmente Ucrânia). Com o
passar do tempo, por escassez de terra e outros motivos, surgiram muitas outras
colonizações menonitas que lutaram pelo seu bem-estar espiritual, cultural e material
em diversas regiões da Rússia Europeia e asiática.
Através de intensa migração e também de evangelismo os menonitas se
espalharam por todos os continentes do globo, sendo que a maior comunidade
menonita se encontra atualmente na África.
UMA CULTURA MENONITA SE DESENVOLVE:
O isolamento possibilitou a criação de uma identidade menonita que ultrapassou
as fronteiras da religião. Um dialeto próprio, o Mennoniten Platt, que carregava a
herança da saga dos menonitas por várias regiões da Europa, com elementos de
alemão, holandês, lituano e russo foi desenvolvido, ao lado da adoção do alemão
standard como língua do culto e da vida pública na colônia. A necessidade de
educação favoreceu a criação de um sistema escolar menonita. Também na área da
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
60
administração das colônias, os menonitas desenvolveram uma tradição de
autogestão.
A experiência com pecuária leiteira e com cultivo de cereais fez dos menonitas
especialistas na produção de queijos e laticínios e conhecidos na Europa como
grandes fazendeiros e colonizadores de pântanos.
Em especial, durante a permanência dos menonitas na Rússia, a vida
comunitária dos menonitas se desenvolveu ao máximo. Tanto em termos de
quantidade de terras, como do número de habitantes. Nessa fase, houve a ascensão
de um confronto entre duas linhas de concepção de vida religiosa. A partir de 1870,
emerge um movimento de inspiração pietista que propõe uma renovação na vida
religiosa das comunidades menonitas. É a emergência de uma fraternidade, a Igreja
dos Irmãos Menonitas, de inspiração fundamentalista, que tenta resgatar uma prática
religiosa mais pura e mais rigorosa na observância da prática religiosa. O movimento
é de tal amplitude que provoca a cisão das comunidades menonitas e posteriormente
a emigração de grandes grupos de menonitas renovados, da Rússia para o Canadá
e outros países americanos.
OS MENONITAS DIANTE DA REVOLUÇÃO RUSSA:
Com a Primeira Guerra Mundial, aumentou o envolvimento dos menonitas com
a sociedade russa. Seus hospitais e lazaretos atendiam a muitos que não eram
menonitas. A prosperidade econômica das colônias, agora espalhadas por todo o
Império Russo, aprofundava os contatos entre os menonitas e a sociedade russa.
Grande número de russos era empregado em fazendas, fábricas e residências
menonitas. Mas esse bom relacionamento não foi suficiente para transpor as
diferenças sociais, culturais e econômicas existentes. Os menonitas muitas vezes se
portavam de forma arrogante e superior, comportamento próprio de uma minoria em
ascensão, o que causava péssima impressão nos russos, em especial nos mais
nacionalistas. Essas atitudes, unidas à sua prosperidade geral, num país onde
reinava a miséria e onde a maior parte do povo ainda não tinha acesso à propriedade
da terra, levaram as colônias menonitas a terem sérias dificuldades com a eclosão da
Revolução Russa de 1917.
Eles eram suspeitos de colaborar com a Alemanha durante a Primeira Guerra
Mundial, porque eram considerados legalmente como uma minoria alemã dentro da
Rússia e o alemão era sua língua principal, apesar de falaram russo. Por serem ricos
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
61
fazendeiros e comerciantes, fortemente ligados às atividades capitalistas, eram
considerados inimigos da Revolução Bolchevique. Com a guerra civil entre os
Exércitos Vermelho e Branco, suas propriedades foram invadidas e devastadas. Logo
depois, vieram grupos de bandidos armados roubando tudo o que podiam, matando
e queimando o que restava (MASKE, 1999, p. 55).
Em 1923, grande número de menonitas russos iniciou um fluxo emigratório para
o Canadá, auxiliado por um grupo que já havia se estabelecido nas províncias centrais
canadenses em 1874. Os que optaram por permanecer iniciaram a difícil tarefa de
reconstruir suas comunidades. Uma organização representativa foi estabelecida em
Moscou para servir de negociadora entre o grupo e o governo revolucionário russo e
defender os interesses dos que ficaram (DYCK, 1992, p. 172).
Apesar de ter se implantado um regime socialista na Rússia, até 1928 não houve
uma ação do governo revolucionário no sentido de confiscar a propriedade rural. Isso
se devia à NEP (New Economic Policy), que não implantava ainda o confisco
generalizado de todos os bens de produção. Era um tipo de socialismo de Estado que
somente encampou as grandes fábricas, os bancos, a produção de energia, a
mineração e as comunicações. O comércio, os pequenos empreendimentos
industriais e todo o setor agrícola ficaram na mão da iniciativa privada. Inicialmente,
com exceção da perseguição religiosa pelo Estado ateísta, as colônias foram menos
atingidas.
Mas com a ascensão de Stalin tudo mudou. O ano de 1928 marcou o fim das
comunidades menonitas na Rússia. Marcou também o início da saída em massa de
alemães da Rússia, entre eles os menonitas, para o Canadá, o Paraguai e o Brasil. A
gota d´água, após todos os sobressaltos, foi o primeiro plano quinquenal de Stalin,
que começou o confisco compulsório das terras agrícolas e sua coletivização. Com
isso, a maior riqueza dos menonitas, a terra, foi definitivamente perdida na Rússia.
Numa tentativa de fuga, cerca de 13 mil menonitas se amontoaram nos arredores de
Moscou, para aguardar a permissão para deixar a União Soviética (MASKE, 1999, p.
56).
Após difíceis negociações, o governo alemão, que havia tomado a frente nas
negociações para defender os seus residentes na Rússia, conseguiu uma permissão
para quase metade dos menonitas. Os que não estavam incluídos foram deportados
para o interior do país.
Os que conseguiram passar para a Alemanha aguardariam ainda algum tempo
num campo de refugiados em Mölln, perto de Hamburgo. A Alemanha não queria
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
62
receber os refugiados em forma permanente e procurava países que estivessem
dispostos a receber os menonitas e dar-lhes isenção de juramento e de serviço militar,
dado seu pacifismo religioso. O Brasil se prontificou a recebê-los, mas não iria
conceder nenhum privilégio, seja de cunho religioso, seja para que os menonitas
tivessem alguma isenção fiscal ou do serviço militar. O Paraguai, muito interessado
em povoar o Chaco, em disputa com a Bolívia, concordou com todas as
reivindicações dos menonitas. O Canadá decidiu não receber ninguém daquele
grupo. Em virtude disso, a maioria optou pelo Paraguai, onde se estabeleceu uma
grande e ativa comunidade menonita. Um contingente de 1.300 menonitas optou por
vir para o Brasil, apesar de não terem recebido nenhuma concessão em termos de
observância religiosa, a não ser a completa liberdade de construir uma instituição
eclesiástica independente e de exercer plenamente sua prática religiosa.
TEOLOGIA:
A teologia menonita enfatiza a primazia dos ensinamentos de Jesus como escritos
no Novo Testamento. No ideal de uma comunidade religiosa baseada nos modelos
do Novo Testamento no espiríto do Sermão da Montanha. As crenças básicas
derivadas das tradições anabatistas são:

Salvação pela fé em Jesus Cristo.

A autoridade das Escrituras e do Espírito Santo.

Batismo dos crentes entendido como: Batismo pelo Espírito Santo (mudança
interna do coração), batismo pela água (demonstração pública de testemunho)

Discipulado entendido como um sinal exterior de uma mudança interior.

Disciplina na igreja, como descrito no Novo Testamento, particularmente de
Jesus (por exemplo Mateus 18:15-18). Algumas igrejas menonitas praticam o
banimento.

A Ceia do Senhor entendida como um memorial ao invés de um sacramento
ou ritual, de preferência comungado por crentes batizados dentro da unidade
e disciplina da igreja.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
63

Os discípulos de Jesus Cristo não participam em guerras nem usam armas
para atacar, ferir ou matar a seus inimigos.
A IGREJA EVANGÉLICA IRMÃOS MENONITAS:
Em meados do século XIX, o pastor evangélico Eduardo Wuest veio da
Alemanha trabalhar entre seus conterrâneos que moravam no sul da Rússia, próximo
à colônia menonita de Molotschna. Simultaneamente, este pastor passou a dirigir
estudos bíblicos nas igrejas menonitas.
Tanto o evangelho pregado pelo pastor Eduardo Wuest como a literatura
religiosa ao pietismo de Wuettemberg, na Alemanha, movimento de avivamento com
ênfase na regeneração e santificação, encontraram boa aceitação junto a muitos que,
insatisfeitos com o estado das igrejas, almejavam uma vida renovada. O resultado foi
um reavivamento espiritual na região, que resultou na Igreja Irmãos Menonitas,
fundada em 6 de janeiro de 1860.
Chamavam-se de irmãos porque os crentes ao Novo Testamento assim eram
chamados (Fil. 4:1; l Pe 2:17).
Através da imigração, a Igreja Irmãos Menonitas expandiu-se para as Américas
do Norte e do Sul. Em cumprimento à grande comissão do Senhor Jesus: "ide por
todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16: 15), muitos
missionários da América do Norte foram a outros países, especialmente da África e
da Ásia, proclamar o evangelho da salvação.
Assim, quando em 1930 um grupo de menonitas de origem alemã veio da
Rússia ao Brasil, o trabalho de pregação do evangelho foi iniciado com auxílio dos
irmãos da América do Norte. Segue:
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
64
Menonita Brasil a partir de: 1930
RESUMO:
A imigração de alemães menonitas para o Brasil, notadamente para o Paraná
e para Santa Catarina, revestiu-se de um caráter bastante especial, em comparação
com outros grupos imigrantes.
Originários da Reforma Protestante do século XVI, os menonitas se
constituíram num grupo religioso bastante fechado e que rejeitava o contato com o
mundo secularizado. Seus fundamentos religiosos se basearam no anabatismo, que
rejeitava a ordem constituída, em nível religioso e também na relação do cristão com
o Estado. Por esse motivo, os menonitas passaram a ser fortemente perseguidos, o
que os fez buscar colonizar áreas despovoadas na Europa e nas Américas, em
colônias fechadas, autogovernadas, onde tudo, inclusive atividades econômicas,
hospitais e escolas, estava sob seu controle. Esse isolamento levou-os a criar uma
identidade religiosa e étnica muito própria e característica, em que a língua alemã
exercia um papel de coesão do grupo e que se fundamentava numa produção de
memória histórica bastante ampla. Apesar de pacifistas, muitas vezes os menonitas
foram vistos como elementos perigosos que precisavam ser integrados pelos
governos dos países em que residiam. Disso resultaram imigrações forçadas, como
foi o caso dos menonitas que chegaram ao Brasil a partir de 1930, vindos da Rússia
soviética.
Nesse estudo, será analisado também de que forma os menonitas tentaram
implementar um projeto de colonização, primeiro em Santa Catarina e depois no
Paraná, que possibilitasse sua sobrevivência econômica, mas também permitisse a
manutenção da identidade religiosa e étnica do grupo, privilegiando a produção de
fontes pelo grupo.
INTRODUÇÃO:
O objetivo do presente trabalho é apresentar os fundamentos da presença de
comunidades menonitas no Brasil, desde 1930, ano de sua chegada, até 1945, final
da Segunda Guerra Mundial e que marca uma nova fase na história das comunidades
religiosas teuto-brasileiras.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
65
A OPÇÃO PELO BRASIL:
Quase ao mesmo tempo em que o Paraguai se tornou uma possibilidade real
para os refugiados menonitas, uma empresa colonizadora acabou interessando-se
por eles: a Sociedade Colonizadora Hanseática (SCH), que nesse momento – 19291930 – colonizava largas faixas de terra no sul do Brasil. Essa empresa havia
assinado um contrato com o governo de Santa Catarina para a colonização de terras
no Alto Vale do Rio Itajaí, na região de Ibirama. Nessa localidade é que se pretendia
alocar os menonitas.
Os imigrantes menonitas chegados em 1930 não foram os primeiros menonitas
no Brasil. Segundo Brepohl (1927, p. 10), os primeiros menonitas teriam chegado ao
país em 1637, acompanhando Maurício de Nassau. O mesmo autor relata ainda que
em 1870, quando da vinda de alemães do Volga para o Paraná, teria vindo um grupo
de menonitas entre eles.
Deixaram para trás uma vida inteira de lutas, parentes e amigos, muitos dos
quais jamais voltariam a encontrar. Poderiam ter escolhido o Canadá como destino,
mas Heinrich Martins, homem de confiança das organizações internacionais que
promoviam a imigração e líder do grupo, na última hora optou pelo Brasil. O Monte
Olivia chegou à Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, no dia 3 de fevereiro de 1930,
depois de 19 dias de viagem, trazendo as primeiras 30 famílias menonitas – 179
pessoas. Outros dois navios, Baden-Baden e Madrid-Bremen, trouxeram mais
colonos, fugitivos da região do Volga. Até 1932 chegariam ao Brasil 1.245 imigrantes
menonitas, com a ajuda do governo alemão, da Cruz Vermelha Germânica e de
menonitas holandeses. Do Rio de Janeiro para o porto de São Francisco do Sul, Santa
Catarina, onde chegaram no dia 5 de fevereiro de 1930. De lá, para Itajaí – 9 horas
de viagem no navio costeiro Max.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Navio Madrid Bremen
E de Itajaí até Blumenau, 8 horas de viagem num pequeno vapor fluvial. De
Blumenau, 3 horas até a Estação Hansa, em Ibirama, que era chamada Hammônia.
E da Estação, mais 60km a pé, em lombo de cavalo ou em carroças, entre montanhas,
até a área de propriedade da Companhia Hanseática de Hamburgo, a oeste de
Ibirama: o Vale do Rio Krauel, onde chegaram no dia 13 de fevereiro de 1930. O
Krauel é um afluente do Rio Hercílio, que por sua vez é um braço do Rio Itajaí e que
recebera este nome dos agrimensores da Companhia Hanseática, à época das
primeiras imigrações de alemães ao país, anos antes, possivelmente numa referência
ao embaixador alemão no Brasil. Tudo estava por fazer naquela terra desconhecida,
muito diferente das planuras de trigo que plantavam no Volga. Por aqui eram as
montanhas, muito calor, insetos, ameaças de ataques de índios remanescentes de
antigas aldeias.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Primeira experiência com plantação de arroz – David Nicket – Witmarsum - SC
Foi com dificuldade que se habituaram ao feijão, arroz, mandioca e ao pão de
milho em vez de trigo. Logo fundaram a Colônia Krauel, no Vale do Rio Krauel, com
os núcleos Waldheim, Gnadental e Witmarsum, que era o centro de todo o
estabelecimento; depois, com a chegada de mais menonitas, fundaram Auhagen na
localidade que denominaram Stoltz Plateau. Os antigos colonizadores alemães
chamavam de Nova África o núcleo colonial, porque muitos haviam lutado naquele
continente antes de virem para o Brasil. Com a chegada dos menonitas e uma
solicitação de Henrich Martins, mudou-se o nome do núcleo para Witmarsum,
referência à terra natal de Menno Simons. A comunidade pouco falava ou entendia o
português, pouco tinham contato com brasileiros.
A maioria dos menonitas no Vale do Krauel era de agricultores, mas também
vieram marceneiros, carpinteiros, alfaiates, sapateiros, enfermeiras e professores. A
manutenção das famílias neste primeiro ano de imigração foi assegurada com a ajuda
da Cruz Vermelha Germânica, no que se referia à agricultura; e da Holanda, por meio
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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da Hollaendisch Doopsgezind Bureau, na construção de escolas, serrarias e de uma
cooperativa. No prédio onde hoje funciona a prefeitura de Witmarsum, funcionou o
hospital, de 1936 a 1952. E logo que a produção de leite passou a fazer parte das
atividades da colônia, a comunidade instalou no mesmo terreno da cooperativa uma
desnatadeira e uma venda – o velho casarão ainda está em pé, recentemente foi
restaurado e abriga uma casa de cultura da cidade. A educação para as crianças, no
princípio, era ministrada na casa dos membros da comunidade, assim como os cultos
e os ensaios do coral, até que em 26 de abril de 1931 fosse inaugurada a primeira
escola de Witmarsum, no Ribeirão do Cambará. Aos domingos a escola dava lugar
aos cultos. A primeira igreja foi construída em Waldheim, em 1932. Em 1934, a maior
parte dos colonos menonitas de Auhagen e muitos das outras comunidades partiram
para Curitiba, no Paraná, em busca de novas terras.
David Koop transportando Leite para Curitiba PR - 1944
Os campos abertos de Curitiba permitiam o uso do arado e a criação de gado.
Estabelecidos inicialmente nos bairros Pilarzinho, Bacacheri e Vila Guaíra, em
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
69
pequenas propriedades, com o dinheiro da venda de suas próprias terras adquiriram
100 alqueires na região dos bairros Boqueirão e Xaxim, na região Sul da cidade,
formando um núcleo de pequenas chácaras. A atividade leiteira deste núcleo
menonita em breve estaria suprindo mais da metade do leite consumido pela
população da capital paranaense, e que mais tarde seria comercializado pela
Cooperativa do Boqueirão, fundada pelo núcleo em 1945. Mais uma vez, religião,
trabalho e educação faziam brotar o progresso na comunidade, ainda que
recomeçando sua vida incansavelmente.
Hoje a comunidade menonita de Curitiba mantém instituições de grande
importância para a cidade. Entre elas:
•
O Núcleo Terapêutico Menno Simons atende aproximadamente 1.200
pessoas por mês.
• A Casa José atende adolescentes carentes todos os dias e abriga rapazes,
em regime de república, na Fazenda Rio Grande, cidade vizinha a Curitiba.
• A AMAS, Associação Menonita de Assistência Social, atende mais de 900
crianças de Curitiba e cidades vizinhas - Lapa, Porto Amazonas e Palmeira -, em seis
centros de educação infantil e um centro de apoio a pequenos agricultores, com
alimentação, educação, lazer e principalmente para formar nas crianças um caráter
cristão - presta apoio sociofamiliar e socioeducativo em meio aberto, é uma instituição
filantrópica criada para promover o bem-estar social e espiritual nas comunidades e
famílias carentes.
• O Lar Betesda, uma clínica de repouso, apoio e recuperação para idosos,
atua desde 1979.
• A comunidade menonita mantém a Chácara Betel, o Esporte Clube Olímpico
e o Danúbio, locais para esporte e lazer.
• A Faculdade Fidelis, que surgiu da parceria entre os mantenedores do antigo
ISBIM, Instituto e Seminário Bíblico Irmãos Menonitas, diversas denominações
evangélicas - COBIM (Irmãos Menonitas), AIMB e AEM (Menonitas) e CIELB
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
70
(Evangélica Livre) - e a Fundação Educacional Menonita, para o credenciamento do
Curso de Bacharel em Teologia pelo MEC.
E a Fundação Educacional Menonita é a mantenedora do Colégio Erasto
Gaertner, no bairro Boqueirão – a pequena escola destinada aos primeiros imigrantes
do Krauel, que iniciou suas atividades em 1936 com 18 alunos, hoje é uma das mais
respeitadas instituições de ensino de Curitiba, com cerca de 1.000 alunos e uma
infraestrutura exemplar numa área de 20.000m2. No Krauel floresceu a fé que se
espalha pelo Brasil e repousam nossos antepassados. Hoje são mais de 10.000
menonitas pelo país. Trabalho, religião e educação fazem brotar o progresso nas
comunidades menonitas, seguindo o mesmo preceito que vem desde os tempos da
Holanda, onde nasceu Menno Simons e onde começou nossa caminhada pelo
mundo, plantando e colhendo a fé cristã: “Porque ninguém pode lançar outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
71
A ADAPTAÇÃO DOS MENONITAS AO BRASIL:
A visão das montanhas da Serra do Mar, cobertas de vegetação tropical, deve
ter sido aterrorizadora para os camponeses menonitas, habituados com o relevo
plano da Rússia. Preocupações com a sobrevivência foram constantes entre os
primeiros menonitas estabelecidos definitivamente no Brasil, pois tudo era novo para
esses imigrantes.
Apesar de informados sobre as condições naturais, novas comidas e novas
doenças, o impacto do Novo Mundo foi aterrador. Ainda que o local onde os colonos
foram assentados não fosse devoluto, já havia sido em parte colonizado por outros
grupos de imigrantes alemães; os menonitas tiveram o ímpeto de voltar para a Europa
ou seguir adiante para a Argentina. Os diretores da SCH reclamavam dos colonos,
considerando-os indolentes e inadaptados para o trabalho, pois, na maioria, eram trabalhadores urbanos ou semiurbanos, que não estavam mais dispostos e nem
acostumados com o penoso trabalho de derrubada da mata.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
72
Os colonos menonitas, por sua vez, diziam-se ludibriados pela SCH, que teria
lhes oferecido benefícios que não estava disposta a dar. Muitos simplesmente
abandonavam as colônias e dirigiam-se para cidades maiores como Blumenau,
Joinville, Florianópolis, São Paulo e especialmente Curitiba, onde se dedicavam a
ocupações urbanas para as quais estavam mais preparados e onde seriam mais bem
remunerados. Já em 1932, há notícias de moças e rapazes menonitas que haviam se
empregado como criados e serviçais em residências de famílias teuto-brasileiras em
Curitiba. Também em 1936 foi fundado o primeiro colégio menonita de Curitiba, o
Colégio Erasto Gaertner, no bairro do Boqueirão, para atender a demanda por
educação apresentada pela pequena congregação menonita local. O Colégio atendia
também a população local e já adotava o currículo oficial do Estado do Paraná, mas
teve de ser temporariamente fechado em razão das leis de nacionalização do Estado
Novo.
Além das dificuldades com a adaptação na nova terra, antigos conflitos entre os
menonitas passaram a atormentar os recém-chegados. Por volta de 1850, ainda na
Rússia, ocorreu um grande cisma na Igreja Menonita. Esse fato ocorreu em
decorrência da forte influência pietista que começava a promover um intenso
reavivamento religioso entre os menonitas. Os partidários desse movimento
conservador exigiam uma forma mais simples de organização comunitária, a
comunidade de irmãos (Brüdergemeinde), da qual participavam os convertidos e que
normalmente
agregava
os
elementos
mais
pobres
e
desfavorecidos
economicamente. Ao mesmo tempo, incentivavam o retorno ao estudo da Bíblia e o
desligamento dos assuntos mundanos. Os que permaneceram na igreja antiga, a
Kirchengemeinde (comunidade eclesiástica), eram, em geral, defensores de um
posicionamento mais liberal nos costumes e mais aberto com outras comunidades
cristãs. Também agregavam em geral os membros mais instruídos e prósperos da
comunidade. Em Santa Catarina, a cisma e a rivalidade retornou com força e
contribuiu para que muitas famílias decidissem abandonar a colônia e se dirigissem
para Curitiba. Isso resultaria na dissolução do projeto de colonização menonita em
Santa Catarina no início dos anos 1950.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
73
A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE ECLESIAL MENONITA NO
BRASIL:
O PAPEL DA ESCOLA:
A principal concentração de menonitas passou a ser o Paraná, onde os
menonitas fundaram inicialmente duas colônias em Curitiba, nos bairros do Boqueirão
e de Vila Guaíra. A partir dos anos 1950, fundaram uma nova colônia, Witmarsum, no
município de Palmeira, a meio caminho de Curitiba e Ponta Grossa. Nos tempos
atuais, pode-se considerar que Curitiba acabou por se desenvolver no principal centro
do movimento anabatista-menonita no Brasil. Para consolidar a identidade menonita,
foi necessário lançar mão de um importante instrumento, muito conhecido pelo grupo,
para este fim: a instituição escolar.
Tanto na Rússia, como nos outros países com forte presença menonita
(Canadá, México, Estados Unidos, Brasil e Paraguai), a forma de organização do
grupo era em colônias agrícolas fechadas com administração própria. Normalmente
toda a comunidade menonita tinha instituições que possibilitavam a permanência da
colônia: cooperativas, hospitais, asilos, igrejas e escolas. Em especial, a escola
estava imbuída de um papel bastante importante em relação à construção da
identidade coletiva do grupo menonita.
As fontes históricas que nos levam a fazer a arqueologia da escola menonita no
Brasil são o jornal Die Brücke, meio informativo fundado logo no primeiro ano no
Brasil. Nesse periódico, poucos são os números que deixaram de incluir algum artigo
ou notícia acerca da questão escolar. Da mesma forma, nas atas das reuniões
realizadas pela diretoria da colônia menonita em Santa Catarina, poucas vezes não
encontramos discussões e decisões relativas à escola.
Segundo Klassen (1995, p. 319), ainda no primeiro ano de estada dos menonitas
no Brasil (1930), teve lugar uma assembleia geral entre os membros da colônia em
que se discutiram as circunstâncias de instalação, o mais breve possível, de uma
escola para as crianças menonitas na localidade de Krauel. Ficara firmado que uma
determinada área na região central da colônia seria destinada para a construção da
escola, a qual todas as crianças poderiam frequentar. Logo após, começou o trabalho
de limpeza e desmatamento do terreno, em regime de mutirão. O Die Brücke anuncia
o fim dos trabalhos de desmatamento do terreno da escola em setembro de 1930. Na
mesma edição, observou que o número de alunos estaria em torno de 90. Esse alto
número de estudantes dificultaria o trabalho do professor. Seria melhor construir uma
escola para duas classes e não só para uma, como havia sido anteriormente
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
74
planejado. Com isso, seria necessário contratar mais um professor. Fez-se
necessária também a eleição de uma comissão educacional para estabelecer as
diretrizes de funcionamento do sistema escolar. O rápido desenvolvimento da
instituição escolar causava satisfação nos menonitas, tendo em vista as dificuldades
de colonização, mas também satisfazia os visitantes, como o Die Brücke nos
informa1. Segundo o editor, o prefeito de Blumenau e os cônsules alemães de Porto
Alegre e Florianópolis se expressavam favoravelmente ao empreendimento.
Sabemos também que os menonitas tiveram apoio externo para concretizar o
projeto escolar. Segundo Klassen, a diretoria da colônia mantinha estreito contato
com os menonitas da Holanda, de onde recebiam constantemente fundos para a obra
escolar. O governo alemão também tinha interesse em fomentar a vida cultural nas
colônias alemãs na América do Sul e manter o nível das escolas o mais alto possível.
Para tal, a comissão educacional dispunha de recursos respeitáveis, que foram
revertidos em bibliotecas, material didático, material para construção e salários para
os professores. Bolsas de estudo também foram concedidas para mandar rapazes e
moças ao seminário pedagógico de Blumenau.
Em 1933, já existiam seis escolas de nível fundamental no núcleo colonial
menonita em Santa Catarina, com 274 alunos. Da mesma forma, como já citado, em
1936 foi fundada em Curitiba a escola menonita do Boqueirão, hoje Colégio Erasto
Gaertner, para os filhos dos menonitas que começavam a abandonar Santa Catarina
em busca de melhores oportunidades econômicas. Em 1936, havia 20 alunos
estudando nessa escola.
O relato do professor David Enns é bastante esclarecedor sobre as primeiras
experiências de lecionar em uma escola da zona colonial:
Em 8 de janeiro de 1931 foi o primeiro dia de aula, o primeiro dia de trabalho
com nossas crianças. Vieram 42 alunos, 22 eram iniciantes com idades variando de
7 a 11 anos. Os outros 20, maiores, vinham de 17 diferentes regiões da Rússia. Um
verdadeiro caleidoscópio de educação e conhecimento (KLASSEN, 1995, p. 320).
Com relação ao ponto de vista do cotidiano escolar, vale a pena conhecermos
o depoimento de uma aluna, Elisabeth Toews:
No tempo em que freqüentei a escola, tínhamos um professor chamado
Kornelius Funk. Nós, crianças, gostávamos muito dele, apesar de ser muito rigoroso
conosco. Mas ele tinha que nos levar com firmeza, pois do contrário, ele não daria
conta da turma, que era muito numerosa. Infelizmente não me lembro mais quantos
alunos éramos. Nossa principal matéria era a língua alemã, mas tínhamos também
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
75
uma cartilha brasileira. Todos os alunos tinham uma lousa de ardósia. Durante a aula
o professor circulava entre os bancos e se ele pegasse alguém cochichando, o
coitado levava umas varadas. É, ordem existia na escola. Pouco tempo depois
recebemos outro professor. Seu nome era Peter Friesen. Nós gostávamos muito dele,
pois brincava conosco durante o recreio (PAULS Jr., 1980, p. 6).
Podemos observar nos depoimentos a caracterização geral da noção de escola,
da clientela e das condições que os colonos tiveram que enfrentar para criar uma
instituição escolar, considerada essencial para a manutenção da identidade e coesão
do grupo. Percebemos que a origem dos alunos era bastante diversa. Oriundos de
diferentes localidades da Rússia e de diferentes escolas, deveriam todos ser
integrados, dentro do possível, em uma nova realidade escolar.
Percebemos também que, apesar do rigor e muitas vezes violência, o que
seguia o padrão da maioria das escolas daquele tempo, havia uma tentativa de
interação de professores e alunos. De qualquer forma, a escola não parecia ser um
castigo, mas um lugar bastante agradável. Com isto, haveria a possibilidade de tornar
o ambiente escolar um lugar de acolhimento, que seria posteriormente relacionado
com a identidade alemã e menonita. Percebemos também a grande valorização dada
à língua alemã, mecanismo básico para a manutenção do arcabouço cultural
menonita. De forma semelhante, percebemos nas fontes que a ideia de uma
permanência definitiva no Brasil não agradava a muitos, pois o contato com a
realidade brasileira foi, para alguns, decepcionante. Havia sempre a possibilidade de
um retorno para a Alemanha ou uma nova migração para o Canadá.
Ainda que o currículo da primeira escola menonita tivesse “uma cartilha
brasileira”, não era demonstrado muito empenho no estudo da língua portuguesa,
nem que houvesse uma séria tentativa de ensiná-la para as crianças, no intuito de
facilitar sua integração na sociedade brasileira. Eram hóspedes e como tal gostariam
de ficar. Possivelmente o turbilhão no qual os menonitas se viram envolvidos, por
causa da situação política na Rússia e de sua virtual expulsão e da situação de
apátridas para muitos deles, não os deixava refletir acerca desse tema. De qualquer
forma, é surpreendente que tenham se agilizado para estabelecer sua própria escola,
pois poderiam ter esperado a ação do governo estadual de Santa Catarina nesse
sentido.
Na verdade, isso se deve ao grande interesse e preocupação por parte dos
menonitas em manter a escola particular, sob o controle da comunidade menonita,
como veículo de preservação de sua identidade religiosa. Isso, no entanto, acabou
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
76
por responder também aos anseios de preservação da identidade étnica alemã, e não
apenas da identidade religiosa. Essa devoção, como em breve veremos, não pôde
deixar de ser observada pelas autoridades brasileiras, quando em 1938, suas escolas
foram fechadas em razão das leis de nacionalização implementadas pelo governo
Vargas.
A diretoria da colônia menonita observou rapidamente qual a situação da escola
no Brasil. Sabia que a promessa feita aos primeiros imigrantes ainda no século XIX –
de que teriam escolas públicas gratuitas – não se cumprira. Os próprios colonos
tiveram a tarefa de se organizar e providenciar a educação de seus filhos. Afinal,
pensavam os colonos menonitas: ‘como o governo atrairia professores bem
preparados e construiria escolas bem equipadas para os imigrantes, se nem sequer
tinha competência para atender aos brasileiros natos?’. Já acostumados a manter
eles mesmos suas próprias escolas na Europa, os menonitas nada esperaram de
ajuda governamental. Prepararam-se então para oferecer a melhor educação
possível para seus filhos, em escolas privadas, dentro de sua tradição ancestral.
A QUESTÃO DO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA:
Ao mesmo tempo, era necessário que pelo menos os professores aprendessem
a língua portuguesa o mais rápido possível, além de incluí-la no currículo escolar. A
questão do aprendizado do português é uma constante nos primeiros tempos dos
menonitas no Brasil. O jornal Die Brücke traz inúmeras referências à necessidade de
aprender a língua nacional, pois isso era importante para facilitar e acelerar a
integração no novo ambiente, no qual os menonitas passariam a viver. Devemos
destacar que os exames de proficiência aos quais os professores eram submetidos
pela Secretaria de Instrução Pública de Santa Catarina eram aguardados com
ansiedade e as aprovações festejadas.
O governo federal acabou por encaminhar ajuda nessa questão do aprendizado
da língua portuguesa. Foi mandado um professor de português em tempo integral
para a escola de Witmarsum para ajudar nos trabalhos de ensino da língua para todos
os adultos interessados e para os professores em particular. O governo brasileiro,
após a solicitação do diretor da colônia, encaminhou ainda outros profissionais para
auxiliar nessa tarefa. Nesse período, a partir dos anos 1930, houve uma maior
preocupação por parte de setores da elite de acelerar a integração das comunidades
imigrantes, tendo em vista o início das tensões internacionais envolvendo Alemanha,
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
77
Itália e Japão, países com grandes contingentes entre os imigrantes que o Brasil
recebera.
O Die Brücke relata que a visita de inspetores de ensino vindos de Blumenau e
Florianópolis era bastante frequente. A relação com estes era bastante amistosa,
segundo o jornal. Os inspetores ficavam impressionados com a solidez, conforto e
limpeza dos prédios.
Mas economicamente as coisas não iam bem. Diferentemente de Blumenau ou
Joinville no litoral, as colônias alemãs do médio e alto vale do Rio Itajaí não tiveram o
sucesso esperado. Isso também se aplica aos menonitas. Grandes dificuldades de
adaptação ao clima e às condições geográficas de Santa Catarina não demoraram a
surgir. A agricultura nas serras catarinenses era indecifrável para os habitantes das
estepes russas. É interessante notar que quanto mais as condições econômicas se
deterioravam nas colônias, mais eles se apegavam à ideia de ampliar os serviços
educacionais.
A ESCOLA SECUNDÁRIA:
Logo surgiu a necessidade de construir uma grande escola secundária para os
adolescentes e jovens adultos, a Zentralschule, no modelo escolar que os menonitas
tinham na Rússia. Depois de concluir a escola secundária, alguns poderiam
frequentar uma universidade no Brasil mesmo ou na Alemanha. Havia demanda por
agrônomos, engenheiros, médicos e professores nas colônias alemãs e os jovens
precisavam ter essa oportunidade. Com o intuito de dar impulso a esse plano, já em
1931, foi convocada uma reunião para estabelecer as precondições para a construção
da escola secundária. Cogitou-se buscar patrocínio com menonitas da Holanda e da
Alemanha, que já haviam dado sinal de interesse na questão. Por fim, questões
menores, como as regras de conduta dos futuros estudantes e rivalidades entre os
colonos se tornaram decisivas e o projeto não foi adiante. Pior para os estudantes,
pois quem quisesse completar o curso secundário teria de se dirigir a Blumenau e
estudar no Colégio Santo Antônio, dirigido por franciscanos alemães ou para o
Colégio Sinodal, dos luteranos, em São Leopoldo (MASKE, 1999, p. 122).
Apenas em 1933 é que foi novamente levantada a questão da escola secundária
e dessa vez, apesar dos contratempos, foi possível completá-la. Em 1935 a escola
entrou em funcionamento com 35 alunos. Foi planejado um curso de quatro anos,
segundo o currículo da escola alemã de Blumenau, previamente aprovado pela
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
78
Secretaria de Instrução Pública de Santa Catarina. Esse currículo abrangia os
seguintes conteúdos: a) em alemão: língua alemã, religião, geografia, matemática,
biologia, física, música, história mundial e história menonita; e b) em português: língua
portuguesa, história do Brasil e geografia do Brasil. A ideia era atrair também alunos
não menonitas, interessados em uma educação cristã de bom nível, principalmente
entre os filhos de outros imigrantes alemães e de teuto-brasileiros residentes na
região das colônias. Sabemos que a escola teve grande número de alunos de outras
denominações, em virtude da falta de oferta de escolas na região, tanto públicas
quanto privadas. Os menonitas temiam não poder manter financeiramente a escola,
o que explica a abertura para não menonitas, o que historicamente era raro entre o
grupo.
A INFLUÊNCIA DO NACIONAL-SOCIALISMO:
A partir de 1937, a escola secundária passou a sofrer influência das ideias dos
nazistas no que se refere à educação. As colônias menonitas não estavam fechadas.
Mantinham contato frequente com a Alemanha e com outros grupos menonitas pelo
mundo, por meio de jornais, cartas, rádio e viagens. Alguns visitantes também
começam a chegar, entre eles novos professores formados na Alemanha nacionalsocialista. Esses novos professores passaram a ter uma grande influência na escola
secundária, que deveria ser reformulada segundo os padrões educacionais da Nova
Alemanha de Hitler. As mudanças teriam como resultado o reconhecimento do
diploma concedido pela escola secundária menonita e daria ao aluno a oportunidade
de frequentar um curso superior em universidade alemã (KLASSEN, 1995, p. 324329). De qualquer forma, o ensino religioso seria preservado, mas outros conteúdos
seriam integrados. O dever da escola seria formar o caráter do estudante,
fortalecendo sua identidade nacional alemã e aderindo aos princípios do nacionalsocialismo.
Havia uma grande preocupação entre os novos professores, profundamente
imbuídos dos conceitos nazistas, de que o ideal “cristão-germânico” estaria em
grande perigo no Brasil. Os alemães e descendentes deixavam-se assimilar
rapidamente. Como exemplo disso, citavam o “baixo nível moral” dos teutobrasileiros, dados ao alcoolismo e sua “frágil estrutura física”, sinal de um retrocesso
em seu desenvolvimento. Casamentos com não alemães iriam levar à perda da
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
79
identidade do grupo. Vermes, malária, doenças venéreas e perda de dentes eram
também sinais disso (KLASSEN, 1995, p. 329).
Os professores nazistas tinham a intenção de transformar a escola secundária
em um internato, aproveitando seu grande poder de influência entre os colonos. Com
a reforma e seu reconhecimento pelos governos alemão e brasileiro, o acesso a
universidades alemãs e brasileiras ficaria facilitado para os estudantes menonitas.
Essa parece ser a razão da grande aceitação por parte da comunidade menonita, que
se preocupava em ver ampliado o leque de possibilidades de sobrevivência para seus
filhos. Havia um grande interesse de receber também estudantes menonitas do
Paraguai. Mas percebemos também em alguns líderes uma grande preocupação com
a forte presença de nazistas, em especial nas colônias de Santa Catarina.
A PERDA DA ESCOLA MENONITA TRADICIONAL:
A busca de adequação do sistema escolar menonita no Brasil ao sistema oficial
alemão não passou despercebida pelo governo brasileiro. A partir de 1938, as escolas
menonitas começaram a se tornar alvo da repressão do Estado Novo contra
instituições de ensino particulares de origem estrangeira e regidas por estrangeiros.
Durante todo o ano de 1938 foram decretadas leis pelo interventor Nereu Ramos,
buscando coagir as escolas a se adaptar a esses novos tempos. As escolas
menonitas tiveram grande dificuldade em se adaptar. Segundo o último número do
Die Brücke, houve uma reunião da assembleia de colonos para decidir qual seria a
atitude mais sensata. O redator do jornal expressou sua opinião dizendo que parecia
ser uma situação fatal e não via outra saída senão o fechamento das escolas. De fato,
conforme Monteiro (1979, p. 107), todas elas foram fechadas pelo fato de não
cumprirem a legislação, principalmente em relação ao currículo em língua alemã, e
de os diretores serem todos estrangeiros.
Em seu lugar, foram estabelecidas escolas estaduais. Estas, em geral, foram
instaladas nos antigos prédios das escolas menonitas e adotaram definitivamente o
currículo escolar oficial do Estado de Santa Catarina. Para exemplificar a situação
resultante, é interessante notarmos o depoimento de uma aluna, citado em Pauls Jr.
(1980, p. 9-10):
A questão da escola se tornou um problema para nossos pais. Nossa escola foi
assumida pelo governo estadual e nossos professores alemães foram demitidos e
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
80
substituídos por apenas um único professor brasileiro. Nada teríamos contra ele, se
fosse um professor bem instruído e comprometido com nosso progresso. Teríamos
então uma boa educação em língua portuguesa, avançaríamos em nossos estudos e
teríamos uma integração mais rápida na nova pátria. Mas neste país não são
enviados bons professores para o interior. O nosso novo professor, imaginem, não
tinha sequer concluído o curso primário! Nosso professor João Barbosa não sabia
nem a tabuada, que dirá o restante! Nós os alunos mais velhos, que ainda havíamos
estudado com os professores alemães, sabíamos matemática melhor do que ele. Até
os pequenos, que só tinham estudado durante um ano com os professores antigos
sabiam mais do que ele. Em questões de disciplina, ele também ficava a desejar. Os
meninos maiores resolviam rapidamente as questões e ficavam indisciplinados,
brincando e conversando. O professor se irritava e os deixava trancados após as
aulas. Quando voltava para soltá-los, eles já tinham fugido pelas janelas ou pelo
telhado e sumido pelos morros. Mas tínhamos gincanas, festas e balões, o que era
muito divertido.
Após a Segunda Guerra Mundial, a política de nacionalização de Vargas foi, em
parte, revogada. No entanto, as escolas menonitas de Santa Catarina não mais
retornaram para seus antigos proprietários. Os menonitas, quase todos, já haviam
abandonado as colônias de Santa Catarina e se dividido em dois grupos. Um grupo,
menor, foi para uma nova colônia (Colônia Nova), perto de Bagé, no Rio Grande do
Sul. Outro, maior, foi para Curitiba, onde se dedicou a diversas atividades, mas principalmente à pecuária leiteira. Posteriormente, foi comprada uma fazenda no
Município de Palmeira, onde foi instalada uma nova colônia, que foi chamada de
Witmarsum, como a primeira em Santa Catarina.
A razão da saída de Santa Catarina foi principalmente o insatisfatório
desenvolvimento econômico que as colônias menonitas lá atingiram. Este pouco
desenvolvimento foi ocasionado pela falta de infraestrutura, pela terra inapropriada,
pela falta de capital para maiores investimentos e pela dificuldade de adaptação dos
menonitas ao cenário geográfico de Santa Catarina. Também as rivalidades entre os
diferentes grupos religiosos, liberais e conservadores, entre os menonitas tiveram um
papel importante na dissolução das colônias.
Quanto à questão escolar, das escolas que haviam sido fechadas pelo governo
brasileiro, apenas a Escola do Boqueirão, em Curitiba, fundada pelos reemigrastes
de Santa Catarina, retornou às mãos dos fundadores, logo depois da Segunda Guerra
Mundial. No entanto, o antigo currículo não mais retornou, por força de lei. A escola
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
81
adotou o currículo da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, no qual a língua
alemã figurava como língua estrangeira. Em Colônia Nova e em Colônia Witmarsum
foram fundadas escolas particulares, depois estadualizadas, seguindo os currículos
propostos pelos seus respectivos estados.
IMPORTÂNCIA:
À guisa de conclusão, observamos como a escola foi um veículo de preservação
da identidade religiosa e étnica entre os menonitas no Brasil. Percebemos que sem a
escola, talvez seria mais difícil para os menonitas manter sua coesão enquanto grupo
religioso independente e como instituição eclesial. De fato, sem a escola, os
menonitas no Brasil passaram por um intenso processo de integração à sociedade
brasileira.
REFERÊNCIAS:
BREPOHL, F. W. Die Wolgadeutschen um Brasilianischen Staate Paraná –
Festschrift zum Fünfzig-Jahr-Jubiläum ihrer Einwanderung. Stuttgart, 1927.
CONFISSÃO DE AUGSBURGO. Porto Alegre: Editora Concórdia & Sinodal, 1986.
DYCK, C. J. Uma introdução à história Menonita. Campinas: Editora Cristã Unida,
1992.
KLASSEN, P. P. Die Russlanddeutschen Mennoniten in Brasilien. Weierhof-Bolanden: Mennonitischen Geschichtsverein, 1995.
MASKE, W. Bíblia e arado: os Menonitas e a construção de seu reino. Um estudo
sobre a integração dos imigrantes Menonitas no Brasil. 1999. Dissertação de
Mestrado – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999.
MONTEIRO, J. Nacionalização do Ensino em Santa Catarina (1930-1940). 1979.
Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
1979.
PAULS Jr., P. Mennoniten in Brasilien. Palmeira: Editora do Autor, 1980.
PENNER, H. Weltweite Bruderschaft: ein Mennonitisches Geschichtsbuch.
Weierhof-Bolanden: Gerlach Verlag, 1995.
SIEMENS, U. (Org.). Quem somos? 1930-2010: a saga Menonita. Curitiba: Editora
Evangélica esperança, 2010.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
82
Peter Pauls, a nobre missão de educar
Peter era o mais velho dos 11 filhos de
Peter e Ana Pauls, menonitas russos
que se estabeleceram em Ibirama,
Santa Catarina, em 1930. Aos 15 anos
os pais lhe disseram: “Não temos
condições para mandar todos os filhos
para a escola. Então vá você tirar um
estudo e volte para ser professor dos
seus irmãos”. A comunidade ajudou,
sob o mesmo compromisso: voltar
para ensinar os outros. Seis anos
depois de estudar num seminário em
São Leopoldo, no Rio Grande do Sul,
Peter Pauls voltou e foi professor de
todos os seus irmãos e de milhares de
In memoriam
outros jovens até se aposentar, em
1989. Ainda assim, não se pode dizer
que parou de ensinar.
Ao se formar, a família já havia se transferido para Witmarsum. Era 1959 e Peter
tornou-se o primeiro professor nomeado pelo Estado na colônia, pois era o primeiro
de nacionalidade brasileira. Lecionava em barracões de gado transformados em salas
de aula, onde os alunos chegavam a pé, de bicicleta, de charrete, a cavalo, muitas
vezes percorrendo dez, quinze quilômetros, pisando no barro, cruzando rios sem
pontes. Mas chegavam. O próprio Peter fazia sacrifícios. Formou-se em letras
germânicas pela então Universidade Católica do Paraná, em Curitiba, viajando para
as aulas quando podia, recuperando em casa, nos finais de semana, as lições
perdidas.
De lá para cá Peter Pauls combinou atividades pedagógicas, intelectuais e de
serviço social. Em 1960 criou o ginásio e, em 1975, o segundo grau em Witmarsum.
Lecionava várias matérias, auxiliado por professores de Curitiba, Ponta Grossa e
Palmeira. Esteve 14 vezes na Alemanha, sempre a convite e para estudos, e
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
83
pesquisou, estudou e proferiu palestras nos Estados Unidos e no Canadá. Em 1977
lançou o primeiro livro, em alemão, com a história de Witmarsum. Seguiram-se mais
cinco, abordando sobretudo a trajetória dos menonitas (sobre o qual tornou-se
autoridade), além de artigos e reportagens sobre temas brasileiros para jornais da
Alemanha, Canadá e Brasil. É o intelectual de Witmarsum.
A Associação Menonita Beneficente (AMB) nasceu em 1988 para, nas palavras
de Peter, “ajudar a si próprias”, além de difundir o evangelho. “Senti que Deus me
chamou para essa missão”, diz. A associação promove amplo trabalho social, que
envolve o apadrinhamento de crianças, famílias e alunos, distribuição de roupas e
refeições, mutirões para construção de casas, orientação para produção
agropecuária, criação de clubes de mães, curso bíblico por correspondência, entre
outras iniciativas com o objetivo de incluir os mais necessitados de várias localidades
do Estado nos benefícios do desenvolvimento.
Faculdade Fidelis
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MENONITA
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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QUEM SOMOS:
A Faculdade Fidelis é uma instituição de ensino que está trabalhando na
preparação de pessoas para fazer diferença no reino de Deus há mais de 40 anos. A
Faculdade Fidelis surgiu da visão dos mantenedores do antigo ISBIM - Instituto e
Seminário Bíblico Irmãos Menonitas, do credenciamento do Curso de Bacharel em
Teologia pelo MEC. Para isso formou-se uma parceria entre diversas denominações
evangélicas: COBIM (Irmãos Menonitas), AIMB e AEM (Menonitas) e CIELB
(Evangélica Livre) e a Fundação Educacional Menonita (mantenedora do Colégio
Erasto Gaertner), visando uma potencialização dos recursos humanos e financeiros
dessas instituições.
Os ex-alunos do ISBIM, agora Faculdade Fidelis atuam em diversos estados e
países contribuindo para a expansão do Reino de Deus em diversos segmentos da
sociedade.
A Faculdade Fidelis tem prazer em ajudar aqueles que têm a convicção de que
devem aprimorar os conhecimentos bíblicos para ingressar no ministério de tempo
integral, bem como aqueles que, mesmo tendo outra profissão, querem servir a Deus
com maior eficiência. Se você quer se aprofundar na Bíblia para conhecer melhor a
Deus, a Faculdade Fidelis quer lhe ajudar no processo.
MISSÃO E VISÃO:
A missão da Faculdade Fidelis é formar profissionais com valores éticos e
princípios cristãos através de ensino de qualidade com preparo para a vida
profissional, social e familiar.
Tendo como Visão ser uma faculdade de excelência que transmite
conhecimento, capacidade analítica, valores éticos, sociais, ambientais e cristãos,
que serão relevantes na nossa sociedade. Com uma gestão que busca crescimento
e melhoria continua em métodos, qualificação, tecnologia, pesquisa, preservando a
solidez financeira com uma equipe de profissionais de excelência.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
85
Escola Willy Janz
QUEM SOMOS
Em 22 de agosto de 1992 o Conselho Diretor do ISBIM (Instituto e Seminário
Bíblico Irmãos Menonitas), decidiu implantar uma escola que atenderia alunos do
Maternal a 4ª série. A nova escola deveria englobar a Pré-Escola DO-RE-MI já
existente e seria denominada: Escola Willy Janz - Ensino Pré-Escolar e de 1º Grau
(atualmente Educação Infantil e Ensino Fundamental).
Em 1996, devido à insistência de grande parte dos pais de nossos alunos,
decidimos implantar turmas de 5ª a 8ª série a partir de 1998, de forma gradativa. Em
1998 iniciamos com a 5ª série, e em 2000 completamos o Ensino Fundamental com
a 8ª série.
• Willy Janz é o nome de um educador emérito da Comunidade Menonita do
Brasil falecido em acidente automobilístico em 1986.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
86
Colégio Erasto Gaertner
E Faculdade Fidelis – mesmo local.
HISTÓRIA
Tradição é muito importante
O EG é a primeira escola da Região Sul da cidade de Curitiba. Fundada por
imigrantes alemães, em 1936, para oferecer educação de qualidade e dar orientação
religiosa a seus filhos — uma tradição que vem das origens menonitas na Holanda,
há mais de 500 anos, o que os tornou conhecidos em toda a Europa.
Educação infantil ao ensino médio.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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AMB – Associação Menonita Beneficente
SOBRE A AMB
A AMB – Associação Menonita Beneficente foi fundada no dia 19 de Agosto de
1988 para diminuir a necessidades materiais e espirituais da população carente do
interior do Paraná. A AMB é uma entidade religiosa, ela é sustentada por doações e
orações de seus amigos, mas isto sem fins lucrativos. Todos os obreiros e sócios são
cristãos. A AMB é uma associação reconhecida pelo Governo, registrada no CNAS
com o número 44.006.002.015/96-71.
De acordo com Mateus 28:19, a AMB está realizando o seu dever colocado por
Cristo, e isto através da evangelização de pessoas, com a distribuição do livreto 'O
Mensageiro', diversas literaturas, realização de congressos, cultos, estudos bíblicos,
aconselhamentos, cursos bíblicos por correspondência e outros mais.
Nós escapamos dos ataques mortais de Stalin só para ter uma vida feliz na
América do Sul? – Agora vão vocês, que escaparam da espada, e sirvam ao vosso
Deus... Assim está escrito na Bíblia. Isto nós queremos fazer: Encher o Brasil com o
evangelho e ajudar aos pobres, aos desamparados e às viúvas nas suas dificuldades;
esta é a nossa Missão.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
88
Em todos os projetos de desenvolvimento, a divulgação do evangelho é o
“motor” para a restauração econômica e social de pessoas nos lugares esquecidos
do Brasil.
O MENSAGEIRO
Deus tem feito proezas através dos 29 anos que passaram de O Mensageiro.
Muitas pessoas se converteram a Jesus Cristo e tiveram a vida transformada através
da leitura deste pequeno livrinho, mas de grande conteúdo.
Cartas ao Mensageiro
O ano todo nós recebemos cartas, a respeito do “O
Mensageiro”, como ele atua e modifica a vida dos leitores.
Ele é um Guia para o céu.
Aqui alguns testemunhos:

A forte mão de Deus nos segura. Nós não
precisamos nos desesperar. Nós seguramos
firmemente na fé e na esperança. Se hoje
choramos, amanhã venceremos. Aleluia!

Na cidade Sucre, na Bolívia, moram estudantes
brasileiros. Eles transmitem um programa de rádio
na língua portuguesa. Muitas vezes os testemunhos do Mensageiro são lidos
neste programa.

Da África e de cidades brasileiras recebemos um bom respaldo a respeito do
Mensageiro. Ele transforma jovens e idosos. Os pedidos de O Mensageiro
vão de Janeiro até Dezembro.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Acampamento Bethel
QUEM SOMOS
Há muitos anos (por volta de 1960) surgiu a necessidade de termos um local
para retiros e a vontade de possuir um acampamento próprio motivou as igrejas
Irmãos Menonitas a formarem um comitê para conseguir uma área apropriada.
Liderado pelo Sr. Willy Janz este comitê visitou cerca de 15 locais antes de optar pelo
que hoje é o Acampamento Bethel. A área era antes uma chácara particular e como
seu dono tinha falecido, foi vendida. Muitas melhorias foram feitas com o apoio de
voluntários.
O primeiro casal que administrou o Bethel foi Willy e Maria Gorz. Outros casais,
como Erwin e Ilse Lenz e Ingo e Irmgard Neumann, os sucederam. Atualmente os
administradores são Jair e Sônia Bergmann.
Durante todas estas décadas, muitos membros das Igrejas Irmãos Menonitas
atuaram no Conselho Diretor do Bethel. Alguns dos presidentes do Conselho foram:
Arno Seifert, Manfred Unruh, Henrique Wiens e Rony Wilmar Duck. (Atual presidente).
INSTALAÇÕES
• Dormitório (200 lugares)
• Refeitório (200 lugares)
• Cantina
• Salão de Reuniões (200 lugares)
• Novo Salão de Reuniões - Em construção
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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• Bosque
• Canchas
• Campo de Futebol
• Pista de Bocha
• Trenzinho
• Playground
• Piscina
• Churrasqueiras
• Lago
• Natureza
Área Total = 100.000 m²
Colônia Witmarsum
Situada no município de Palmeira no Estado do Paraná a Colônia Witmarsum
foi formada em julho de 1951 por menonitas que reimigraram da cidade de Witmarsum
do Estado de Santa Catarina. Os menonitas da Colônia Witmarsum pertencem ao
grupo dos menonitas alemães-russos, que tem sua origem na Frísia, no norte da atual
Holanda e Alemanha. Através da Prússia eles imigraram para Rússia no século XVIII,
de onde fugiram em 1929, quando o comunismo se instalou naquele país. Em 1930
vieram ao Brasil onde, após uma tempo em Santa Catarina, fundaram em 1951 a
Colônia Witmarsum no Paraná. Graças a um financiamento conseguido junto aos
menonitas da América do Norte, foi possível comprar em 7 de junho de 1951 a
Fazenda Cancela.
Ocupa
uma
área
de
aproximadamente
7800
hectares
e
possui
aproximadamente 1500 habitantes. Compreende cinco núcleos de povoamento,
denominados aldeias e numerados de 1 a 5 e, dispostos em torno de um centro
administrativo comercial e social situado na sede da antiga Fazenda Cancela (atual
museu Casa Fazenda Cancela).
Sua base econômica reside na agropecuária, desenvolvida sobretudo no setor
da pecuária leiteira. Também há criação de frangos e porcos para o abate e
plantações de soja e milho.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Casa Fazenda Cancela - Museu histórico de Witmarsum
Igreja Menonita de Witmarsum,
Mantendo também cultos em língua alemã.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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+ de 50 anos – Igreja Irmãos
Menonitas de Witmarsum
Igreja – vista da cooperativa.
+ de 50 anos de
Fé, Sacrifício e Trabalho Conjunto.
Igreja Witmarsum
Sendo um daqueles que pertencem à geração mais nova, sempre me pareceu
óbvio que a nossa igreja (o templo) estivesse no morro próximo da Cooperativa. De
todos os lados ela podia ser vista com a sua torre alta e suas paredes grossas. É
como se ela simplesmente pertencesse a essa paisagem. Imagino que quase todos
os que têm menos de 50 anos de idade, sentem o mesmo. Aqueles que são mais
velhos e, acompanharam o desenvolvimento desde o seu início, sabem que não foi
bem assim. Estes certamente podem dar testemunho de que três palavras
caracterizaram a atitude dos pioneiros. FÉ, SACRIFÍCIO e TRABALHO CONJUNTO.
O falecido irmão David Schartner escreveu a muitos anos atrás sobre o que eles
vivenciaram: “Foi um grande empreendimento! O terreno era duro e pedregoso.
Nivelar o terreno foi um árduo trabalho, mas hoje a construção está firme e sem
rachaduras. O trabalho foi quase todo feito pelos irmãos da igreja. No domingo
durante o culto se fazia um chamado dizendo quantos obreiros seriam necessários
para cada dia daquela semana. E sempre haviam voluntários dispostos e suficientes.
Quando a igreja estava terminada, havia tanta alegria e vontade de seguir
trabalhando, que decidiram construir o salão ao lado. Tivemos muitos dias lindos de
trabalho em conjunto.”
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
93
Na Bíblia encontramos a impressionante história da construção de um
muro em volta de Jerusalém, em apenas 52 dias (Neemias 6:15). Como conseguiram
isso? Apesar das ameaças dos vizinhos, poucos recursos e trabalho pesado,
conseguiram tal feito, que os inimigos tiveram que reconhecer que fora um “milagre
de Deus” (v.16). Quando lemos o livro de Neemias temos a percepção de que não
existem tantos milagres sobrenaturais, o que vemos é um povo que tem fé, está
disposto ao sacrifício e trabalha unido. Estas atitudes, são hoje também a base sobre
a qual o nosso bom Deus edifica o seu Reino. Se uma dessas qualidades faltar, não
veremos o “milagre de Deus”, por isso queremos hoje provar as nossas atitudes,
agradecer a Deus pelo exemplo dos nossos irmãos mais velhos e trabalhar unidos
com fé e muita disposição.
A Cooperativa Witmarsum
A Cooperativa Witmarsum está situada à BR 277 no Km 146 no Município de
Palmeira, na Região Sul do Paraná, distante 70 km de Curitiba, capital do Estado do
Paraná.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
94
Construída por pessoas que vieram da Europa, Menonitas que pertencem ao
grupo de alemães russos que tiveram origem na Frísia, no norte da Holanda e
Alemanha. “Menonitas” – assim chamados por seu líder espiritual, Menno Simons,
um holandês que viveu entre 1492 – 1559, num lugar chamado Witmarsum. São
descendentes de imigrantes que chegaram à Rússia, através da Prússia, de onde
fugiram do comunismo e descobriram o Brasil por volta de 1930 em Santa Catarina.
Após uma longa temporada neste local saíram para algo melhor e conseguiram
comprar a Fazenda Cancela de 7.800 ha, que pertencia ao Sr. Roberto Glaser, dando
início a formação da Colônia Witmarsum em julho de 1951, dividida em lotes rurais
de 50 ha em média, destinada a cada colono.
Fundada em 28 de outubro de 1952, a Cooperativa Mista Agropecuária
Witmarsum Ltda, sucessora da Sociedade Anônima, que funcionava em Ibirama, no
estado de Santa Catarina, organizou a migração dos colonos alemães daquela região
para a Colônia de Witmarsum no estado do Paraná. O objetivo da então fundada
Colônia, era coordenar a vida social e econômica de todos os imigrantes. Hoje a
Cooperativa atua na região de Palmeira, Ponta Grossa, Porto Amazonas e Balsa
Nova, no Paraná.
A Cooperativa conta atualmente com aproximadamente 310 sócios, que tiram
seu sustento basicamente da agropecuária ou seja, produção de leite, frangos de
corte, milho, soja, trigo, etc.
A Cooperativa tem como atividades industriais a fábrica de rações e fábrica de
queijos finos e mantém toda estrutura para recepção e armazenagem de grãos
produzidos pelos associados, bem como presta toda assistência técnica veterinária e
agronômica, fornece todos insumos necessários para produção e atua na
comercialização da produção de seus associados.
A Cooperativa é proprietária da Escola, Hospital, Museu que hoje são
administrados pela Associação de Moradores.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
95
COBIM
Convenção Brasileira das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas.
“Nenhum outro fundamento além de Jesus Cristo.”
1 Corintios 3:11
AMÉRICA DO SUL
Em 25
de
novembro
de 1929 devido
a
este
contexto, partiram
aproximadamente 1300 pessoas via Rússia e nos próximos anos até 1934 outras 200
pessoas chegavam via China. Todas estas famílias fixaram residência no município
de Ibiramã, Santa Catarina – lugar chamado de Alto Rio Kraul.
Durante os próximos 20 anos que se seguiram transformam o vale do Rio Kraul
numa linda zona colonial, com igrejas, escolas, serrarias, indústrias de óleos vegetais,
um hospital e uma Sociedade Cooperativa. Devido à baixa rentabilidade dos trabalho
quase com exclusividade braçais, fizeram com que os agrupamentos menores e
maiores se deslocassem para cidades com Curitiba, São Paulo, Bagé e outras mais.
NO MUNDO
Em 1993, os Irmãos Menonitas se encontravam em mais de 25 países na
América do Sul, do Norte, África, Ásia e Europa. A membresia mundial era por volta
de 180.000 membros.
BRASIL
Somos mais de 6.000 membros distribuídos em 40 igrejas afiliadas à
Convenção Brasileira das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas – COBIM. Temos 1
Seminário Teológico com cursos básicos para formação de obreiros e pastores.
Estamos em 5 estados brasileiros do Centro para o Sul do país.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
96
DOUTRINA
• Cremos na Bíblia como única autoridade de fé e conduta
• Cremos em Jesus Cristo como o único mediador entre Deus e os Homens
• Cremos nas necessidade da conversão e batismo voluntário
• Cremos na vida baseada nos ensinamentos de Cristo – discípulo
• Cremos na missão salvadora de Cristo – o evangelho da salvação
• Cremos na volta iminente de Cristo para buscar o Seu povo
VISÃO
Ser uma instituição de serviços em todo território brasileiro, servindo com
excelência às Igrejas como agência facilitadora do cumprimento da missão integral
da igreja, a qual foi comissionada por Deus por intermédio de Jesus Cristo.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
97
MISSÃO
Incentivar o crescimento das igrejas, preservar e fortalecer a comunhão
mútua e a unidade doutrinária, direcionar suas estratégias, promover a identidade
denominacional e a qualidade de ensino teológico, cristão e secular, estimular e dar
suporte para implementação de projetos missionários de responsabilidade social e
discipulado.
Missões:
RELATO CONVERSÃO MENNO SIMONS:
No relato da sua conversão, Menno descreve a mudança de seu coração com
as seguintes palavras: “Meu coração tremia dentro de mim. Rogava a Deus com
lágrimas e gemidos que concedesse a mim, pobre e atribulado pecador, o dom da
Sua graça, e que criasse um coração limpo dentro de mim pelos méritos do precioso
sangue de Cristo, que perdoasse a minha vida ímpia e egoísta e me investisse de
sabedoria, sinceridade e valor para pregar o Seu glorioso e bendito nome e a Sua
santa Palavra sem adulterações e que manifestasse a Sua verdade e a Sua Glória”.
A mudança foi tão profunda, radical e completa, e deu-lhe um sentido tal de sua
divina missão, que foi capacitado pela graça de Deus para chegar a ser um líder
inspirado, um formidável e forte torreão para o seu amargurado e perseguido povo,
por mais de vinte e cinco anos.
MISSÕES, ORDENANÇA DE JESUS:
Mateus 4:16-19
16. O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que
estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou.
17. Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos céus.
18. E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado
Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores;
19. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Mateus 28:18-20
18. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e
na terra.
19. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo;
20. Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
SABEDORIA HISTÓRICA:
A estrutura organizacional da Igreja Menonita tem mudado com os anos com
as necessidades das congregações e suas missões. Em 1720 não havia outras
organizações menonitas na América do Norte do que as poucas dúzias de
congregações. Em 1829 as conferências distritais antigas, tais como Francônia,
Lancaster, Washington-Franklin e possivelmente Ontário, haviam surgido e foram
logo seguidas por Virgínia e Ohio. Entre 1875 e 1895 foram organizadas três juntas:
de Publicação, 1875; de Missões, 1882 e de Educação, 1895. Estas, por seu lado,
tornaram-se a Junta de Publicação Menonita em 1908, a Junta Menonita de Missões
e Caridade em 1906 e a Junta de Educação também em 1906. Em sua forma inicial,
portanto, estas três juntas precederam a Conferência Geral Menonita.
Conforme a igreja crescia em sua identidade e sentido de missões, estas
formas novamente pareciam inadequadas. Havia necessidade de maior liberdade por
parte das congregações para executar seu trabalho, mas, ao mesmo tempo, uma
crescente necessidade de conferências, juntas e comitês que poderiam ajudar as
congregações a cumprirem sua missão. A antiga Conferência Geral, à qual nem todas
as conferências distritais haviam se unido, necessitava de flexibilidade e abertura para
seu crescimento nos anos 1970 e posteriores. Consequentemente a Conferência
Geral Menonita sucedida pela Assembléia Geral em 1971 e com ela um novo
compromisso de cumprir a vontade de Deus na igreja e no mundo.
CONSCIÊNCIA:
Os Irmãos Menonitas tem uma forte consciência histórica. Eles estão
profundamente cientes de que seus antepassados sofreram e morreram pela fé e
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
99
fugiram de um país para o outro em busca de liberdade. Muitas orações públicas
fazem fervorosas menções e agradecimentos pelo fato de que, neste país, podem
adorar a Deus de acordo com os mandamentos de suas consciências e sem temor
de serem machucados, molestados ou até mesmo mortos.
Também tem um forte senso de missão. Creem nas doutrinas bíblicas, como
foram entendidas historicamente, querem levar o povo de todas as nações e culturas
a esta mesma fé cristã pacifista. Antes de 1940 três missões estrangeiras foram
estabelecidas, um antes de 1900 e uma em cada um dos vinte anos seguintes. No
entanto desde 1940 o trabalho é feito em aproximadamente 40 países. Os relatos
afirmam que nenhuma causa apela mais a doações dos menonitas que as missões,
conscientes da mesma flexibilidade com as necessidades atuais, todas porém
afirmam a união e a estrutura para que as missões sejam racionais e cumpram com
o mesmo propósito de liberdade e dignidade com Jesus.
A influência da renovação dentro da igreja, proporcionou não só um
desprendimento dos restos do legalismo. Ser um membro da igreja significa cada vez
mais não somente o discipulado e o trabalho duro, senão também uma simples e
franca comunhão com os irmãos desfrutando das alegrias no Senhor.
ATIVIDADES MISSIONÁRIA:
De 1930 a 1950, os menonitas desenvolveram poucas atividades missionárias;
a situação econômica, geográfica e o desconhecimento da língua portuguesa eram
barreiras na área evangelística-missionária. Era o período histórico pela luta da
própria sobrevivência. Não esquecendo do quanto foram ajudados nestes períodos
iniciais no Brasil. Foi apenas na década de 1950-1960 que estas igrejas sentiram o
seu chamado para retornarem às missões.
Para atender as pessoas doentes, os menonitas criaram hospitais e clínicas
desde o Rio Grande do Sul até os grandes rios da Amazônia, servindo ao bem-estar
social, promovendo uma campanha pela saúde e dando assistência especial aos
desamparados e crentes da região de cada comunidade. Muitas campanhas foram
feitas nas igrejas, angariando fundos para atender aos pobres com roupas,
medicamentos, escolas e orientação doméstica e agrícola. Sempre visando o
atendimento integral do homem, os menonitas pregam o evangelho do amor, da
caridade e da salvação em Jesus Cristo, conforme acima Mateus 28:18-20.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
100
VALE DO KRAUEL E BLUMENAU:
Historicamente as igrejas Irmãos Menonitas se destacaram por sua ênfase
missionária. Já durante os primeiros anos em Santa Catarina no Vale do Krauel,
apesar das dificuldades típicas do começo da colonização, houve um sentimento de
responsabilidade pelos vizinho que não sabiam de uma salvação pessoal. Os jovens
menonitas que procuravam trabalho em Blumenau esporadicamente, desenvolveram
aos poucos um trabalho sistemático e evangelístico que também resultou na fundação
de uma Igreja, tamanha importância de Blumenau, estes jovens mantiveram seus
corações na multiplicação do Amor de Jesus, renovados pela importância de missões.
Com a dissolução da colônia no Vale do Krauel e o surgimento de vários
estabelecimentos novos, a atenção missionária foi atraída pelas famílias brasileiras
que viviam na redondeza e, muitas vezes, estavam empregados nas leiteiras
menonitas. As poucas pessoas que dominavam a língua nacional, normalmente
jovens e estudantes, iniciaram trabalhos evangelísticos que se desenvolveram até o
surgimento de pequenas igrejas. Praticamente todas as igrejas étnicas formaram ou
ajudaram a formar em torno de si igrejas novas.
Na fundação da Associação estava presente um forte sentimento de dívidas
para com a população de língua alemã em Santa Catarina, em 1963. A obra cresceu
e hoje existem igrejas formadas em Witmarsum, Ribeirão Pinheiro, Jaraguá do Sul,
Joinville e Rio Bonito. Trabalhos evangelísticos estão sendo realizados ainda em
Timbó, Presidente Getúlio, Angelina, Florianópolis e em Santa Maria.
Nos primeiros anos de Convenção, os 277 membros em 1966 aumentaram
para 679 em 1971, atentos as oportunidades e necessidades desta nação, a liderança
traçou planos para acelerar o crescimento. Durante os anos de 1972 a 1976 houve
uma equipe de evangelismo concentrada. Iniciando e ampliando trabalhos no RS, SC,
MS, MT, SP, as quais até os dias de hoje, permanecem ativam desenvolvendo os
seus devidos trabalhos nas comunidades onde estão inseridas.
Exemplos, a irmã Ana Schroeder foi a pioneira em missões pregando a palavra
e trabalhando para estabelecer igrejas novas. Foi enviada pela Igreja Menonita do
Boqueirão ao Estado de São Paulo, mas tarde trabalhou em Curitiba. Henrique e Hedi
Loewen, da Igreja Vila Guaíra trabalharam em Vila Lindóia, estabelecendo a Igreja
Menonita naquele bairro. Outro exemplo a Igreja de Palmeira se formou com
resultados das pregações de Peter Pauls Junior.
Os Batismos foram verdadeiras festas, sempre com apoio, estrutura e união
de outros pastores, missionários e membros.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Quantos lembram, participaram e participam destes momentos...
...momentos de esforços, de doação e de vitórias.
Hoje, MISSÃO é parte integral:
COBIM (Convenção Brasileira das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas.)
Incentivar o crescimento das igrejas, preservar e fortalecer a comunhão mútua
e a unidade doutrinária, direcionar suas estratégias, promover a identidade
denominacional e a qualidade de ensino teológico, cristão e secular, estimular e dar
suporte para implementação de projetos missionários de responsabilidade social e
discipulado.
Menonitas além do Brasil
Rembrandt
Rembrandt sofreu muito. Já idoso, perdeu o único filho de sua Saskia que
sobreviveu à infância: Tito morre quando o pai já estava com 62 anos. As tragédias
pessoais e a dureza de sua condição econômica marcam muito profundamente esse
grande homem.
Pintura: O Pregador Menonita Anslo e sua mulher (1641)
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
102
Mas ele nunca deixou de ser admirado em vida. Sua reputação como artista
sempre se manteve alta. Quando a guilda dos pintores recusa seu nome, ele se une
a um galerista para continuar pintando e vendendo. Basta dizer que quando Cosimo
III de Medici foi a Amsterdam, fez questão de ir visitar Rembrandt.
Artista extraordinário, foi também um excelente professor e formou vários e
importantes pintores flamengos. Em seus quadros ele mostrava um alto
conhecimento da iconografia clássica. Uma cena bíblica feita por ele vinha sempre
carregada de tudo que ele leu ou aprendeu sobre o assunto. Viveu em um bairro judeu
de Amsterdam, onde fez grandes amigos e com eles passava horas a discutir e a
debater a Bíblia.
Por sua empatia pela condição humana, Rembrandt foi chamado um dos
grandes profetas da civilização.
O quadro acima mostra Cornelis Claesz Anslo e sua mulher, Geertgen Jans.
Mercador de tecidos, ele era pregador da Igreja Menonita, muito respeitado entre
os fiéis desse ramo dos Anabatistas. Na antessala da Igreja Menonita de Amsterdam,
às margens do Singel, ainda se lê:
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
103
Ó Rembrandt, desenhe a voz de Cornelis. A parte visível desse homem é o de
menos: a invisível só é conhecida através da audição; para ver quem é Anslo é preciso
ouvi-lo. Seu olhar demonstra sua fé e zelo; no entanto se um pincel pudesse fazer
sua voz ser ouvida, o coração de todos se converteria a uma vida virtuosa.
Não podemos ouvir a voz do pregador, mas seu zelo e a devoção de sua mulher
estão intactos na tela de Rembrandt.
Gemäldegalerie, Berlim
Irmãos Menonitas Norte Americanos
Irmãos Menonitas na Convenção América do Norte 1930
No início, os Irmãos Menonitas na América do Norte lutavam com a transição
da cultura orientada a partir do idioma alemão para Inglês, respeitando os principais
mandamentos, os Irmãos Menonitas queriam fazer a diferença para Deus em seu
contexto.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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"Ensine-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado ..."
Por causa de seu compromisso com a autoridade da Palavra de Deus, Irmãos
Menonitas não via a conversão como um fim em si mesmo, mas como a porta de
entrada para uma vida de discipulado. "O que Jesus faria?" Foi a questão de formação
para Irmãos Menonitas antes de se tornarem culturalmente populares na América do
Norte.
O avivamento espiritual em 1860, que acendeu o movimento Irmãos Menonitas
começou com o estudo das Escrituras, assim como a Reforma e o surgimento dos
anabatistas antes desse tempo. Ensino bíblico sólido no lar, na igreja e na escola
sempre foi importante para os Irmãos Menonitas. Através das décadas, essa
convicção se expressou na formação de noites familiares, escola dominical,
programas no meio da semana, escola bíblica de férias, programas de acampamento,
retiros de jovens, escolas de ensino médio patrocinada pela Igreja, conferências de
estudo, escolas bíblicas, conferências bíblicas, várias faculdades e um seminário.
ESCOLAS
MISSÕES
Os irmãos menonitas estabeleceram escolas para equipar a geração mais jovem
a se levantar contra "mundanidade", para preservar a visão cristã do mundo e
prepará-los para servir a igreja e sua missão. Hoje, as instituições de ensino superior
apoiados por Irmãos Menonitas norte-americanos continuam a ser um recurso de
treinamento primário para os jovens da denominação. Mas na busca de tanto
sobrevivência econômica e de maior impacto espiritual, eles têm se posicionado para
oferecer uma perspectiva Irmãos Menonita de moldar e equipar jovens a partir de uma
ampla gama de tradições cristãs, bem como para motivar e crescer na vida Cristã.
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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Sobre a questão de tratar necessidades físicas, os Irmãos Menonitas ajudaram
a criar e apoiar inúmeros projetos de compaixão, para si, para os vizinhos na
comunidade e para completos estranhos em sua região e em todo o mundo. Eles se
juntaram com outras denominações menonitas como apoiantes ávidos e participantes
em organizações como o Serviço de Desastres Menonita em casa e no Comitê
Central Menonita em todo o mundo para oferecer ajuda e esperança "em nome de
Cristo".
Menonita Publishing Company
Menonita Publishing Company, Elkhart, Indiana, a sucessora da empresa de
John F. Funk e o irmão, foi fundado em 1875 e completou sua vida fretado de 50
anos, embora ele vendeu suas publicações periódicas (Herald of Truth e
Mennonitische Rundschau) em 1908 para o Conselho de publicação menonita que
tinha acabado de criar Menonita Publishing House como a agência de publicações da
Igreja Menonita (MC). Menonita Publishing Company era uma sociedade por ações,
cujo estoque foi amplamente realizada na seção leste da Pensilvânia da Igreja
Menonita. Em grande parte devido a uma falha de banco e um incêndio que foi forçado
a falência em 1903 com pesadas perdas para os acionistas. Seu presidente ao longo
SAIBA + IRMÃOS MENONITAS
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de sua história e gerente de negócios até cerca de 1900, era John F. Funk (18351930), um líder de destaque na Igreja Menonita (MC). Menonita Publishing Company
fez um excelente serviço em seu livro e publicações periódicas, tanto em Inglês e
Alemão, servindo não só os menonitas e menonitas Amish, mas também um grande
bloco dos imigrantes menonitas russos, particularmente em Manitoba. Para este
último grupo que publicou o Mennonitische Rundschau e hinários, catecismos e
confissões de fé
Universidade Canadense Menonita
UCM (Universidade Canadense Menonitas) confere graus para 80 alunos, a sua
maior turma de formandos.
Você enfrenta um mundo diferente do que graduados de um ano atrás, disse o
Dr. Nettie Wiebe na turma de 2009 UCM.
Dr. Nettie Wiebe, um agricultor orgânico, ativista ambiental, co-fundador da Via
Campesina, um movimento internacional de camponeses e professor de Igreja e
Sociedade na Universidade de St. Andrew, em Saskatchewan.
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"Suas perspectivas são visivelmente diferente do que eles fizeram uma turma
atrás", disse aos 80 alunos, a maior classe formada da UCM, em um ginásio lotado
com a família e amigos. A economia está falhando, os trabalhadores estão perdendo
seus empregos, o fosso entre ricos e pobres está aumentando, e as mudanças
climáticas está tratando com duro golpe as populações mais vulneráveis do planeta,
Wiebe avisa.
"Isso vai exigir mudanças sociais, políticas, culturais e econômicas radicais.
Fundamental para estancar a destruição e injustiças entre nós", disse ele. "Mas eu
quero persuadi-los de que o dom mais importante que você pode nutrir é a esperança
no trabalho que você vai fazer .... A esperança não é fantasia ou ilusão. Mas não
esqueça que a verdadeira esperança está fundamentada na fé e mantida viva pelo
amor e ação ".
Naimodu (um dos formando).
"Eu estava inspirado não apenas para ser um ministro na igreja, mas por estar
envolvido com a transformação física. África luta contra a pobreza. Precisamos de
desenvolvimento holístico, bem como o desenvolvimento espiritual ", disse Naimodu.
Em julho Naimodu retorna ao Quênia, onde ele estará dirigindo um projeto que
prevê as necessidades e educação de 210 crianças quenianas em uma comunidade
onde 98 por cento da população é analfabeta. O projeto é uma parceria entre Olepolos
Igreja da Comunidade Menonita e Compassion International.
Enquanto isso, Nicole Enns Fehr vai prosseguir estudos de mestrado no
prestigiado Instituto Kroc de Estudos Internacionais de Paz da Universidade de Notre
Dame, em Indiana. Enns Fehr disse que seus quatro anos em Estudos enraizou-a em
uma teologia da paz, que será um ativo valioso para os seus estudos em andamento.
Sandra Dueck disse que o grau de Bacharel em Musicoterapia ela ganhou na
UCM lhe ensinou sobre a aplicação de fé à sua vocação. Dueck vai fazer um estágio
de seis meses no Baycrest Hospital em Toronto após sua formatura. Seu trabalho vai
envolver a utilização de música para reduzir o estresse em pacientes idosos. A música
pode ser usado para ajudar os pacientes a sair de seu isolamento, ela disse.
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ICOMB
International Community of Mennonite Brethren
UMA INTRODUÇÃO
A Comunidade Internacional de Irmãos Menonitas (ICOMB) é um dos melhores
exemplos de nossos irmãos menonitas. ICOMB é o veículo através do qual as
conferências da Igreja Irmãos Menonitas do mundo expressam sua parceria na
missão e ministério. Foi lançado oficialmente em 1990, durante a Assembléia da
Conferência Mundial Menonita em Winnipeg, Manitoba. Atualmente 19 conferências
de membros em 16 países.
16 Países Membros:
AFRICA
•
Replúbica Democratica do Congo
Angola
ASIA
•
India
Japão
EUROPE
•
Alemanha
Austria
Portugal
AMERICA CENTRAL
•
Mexico
Panama
AMERICA DO SUL
•
Peru
Colombia
Brasil
Uruguai
Paraguai
AMERICA DO NORTE
•
Canada
Estados Unidos
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MB Mission
SOBRE MB MISSION
Há lugares escuros deste mundo, onde até mesmo um pouco de luz faz uma
diferença enorme. A luz fica mais brilhante quando os professores, engenheiros,
pastores e empresários estão trazendo coletivamente transformação de uma
comunidade. Descubra como MB Missão está brilhando para fazer a diferença para
Jesus.
Voltando a 1860, quando os irmãos menonitas foram concebidos como um
movimento missionário. Mesmo antes dos primeiros missionários foram já enviados
para a Índia, a missão estava no DNA desse avivamento.
Hoje, A MB missão continua a brilhar intensamente para Jesus em todo o
mundo. Até à data, MB Missão enviou mais de 2.400 pessoas como missionários
residentes. Milhares mais têm servido em missões de curta duração e em parceria
com outras organizações missionárias. Deus abençoou muito essa obediência em
missão. E o trabalho continua.
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Amanhã é como hoje. Seguimos Jesus e esperamos que vidas sejam
transformadas. Nossa oração é que a luz de Jesus irá brilhar mais forte a cada dia,
até que toda a terra esteja cheia da sua glória.
Conclusão:
Menno Simons, um sacerdote católico do povoado de Witmarsum, no norte da
Holanda, aderiu ao movimento anabatista, defendendo uma postura pacifista. Em
1536 ele já tinha cortado todos os laços com a igreja Católica Romana e passou a ser
perseguido.
Diversos movimentos de reavivamento, como os sacramentários, a Devotio
Moderna e os Irmãos da Vida Comum, prepararam o caminho para os refugiados
anabatistas. Na Holanda, os anabatistas encontraram um líder religioso capaz de
uni-los, o ex-padre católico Menno Simons.
O novo líder conseguiu organizar os menonitas e mantê-los unidos com base
exclusiva em sua lealdade para com Cristo e de seu amor de uns para com os outros.
Essa vida de discipulado os separaria do mundo. Essa separação do mundo era
aconselhada através do estabelecimento de colônias isoladas, autossuficientes, com
pouco contato com o mundo exterior. Tal isolamento passou a ser mais e mais
necessário em razão da perseguição sistemática que os menonitas sofriam.
Os menonitas tiveram durante a sua história diversos pontos de discórdia entre
si o que sempre acabou levando a divisões e novas denominações entre eles, como
por exemplo os Amish.
Tanto o evangelho pregado pelo pastor Eduardo Wuest como a literatura
religiosa ao pietismo de Wuettemberg, na Alemanha, movimento de avivamento com
ênfase na regeneração e santificação, encontraram boa aceitação junto a muitos que,
insatisfeitos com o estado das igrejas, almejavam uma vida renovada. O resultado foi
um reavivamento espiritual na região, que resultou na Igreja Irmãos Menonitas,
fundada em 6 de janeiro de 1860.
Chamavam-se de irmãos porque os crentes ao Novo Testamento assim eram
chamados (Fil. 4:1; l Pe 2:17).
Com todas as perseguições, passando pela primeira e segunda Guerra Mundial,
a Igreja Evangélica Irmãos Menonitas mantém como parâmetro:
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DOUTRINA:
• Cremos na Bíblia como única autoridade de fé e conduta
• Cremos em Jesus Cristo como o único mediador entre Deus e os Homens
• Cremos nas necessidade da conversão e batismo voluntário
• Cremos na vida baseada nos ensinamentos de Cristo – discípulo
• Cremos na missão salvadora de Cristo – o evangelho da salvação
• Cremos na volta iminente de Cristo para buscar o Seu povo
VISÃO:
Ser uma instituição de serviços em todo território brasileiro, servindo com
excelência às Igrejas como agência facilitadora do cumprimento da missão
integral da igreja, a qual foi comissionada por Deus por intermédio de Jesus
Cristo.
MISSÃO:
Incentivar o crescimento das igrejas, preservar e fortalecer a comunhão mútua
e a unidade doutrinária, direcionar suas estratégias, promover a identidade
denominacional e a qualidade de ensino teológico, cristão e secular, estimular e
dar suporte para implementação de projetos missionários de responsabilidade
social e discipulado.
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In English – Summarized Texts:
INTRODUCTION:
in full Menno Simons , Simons also spelled Simons.
born 1496, Witmarsum, Friesland [Netherlands]
died January 31, 1561, near Lübeck, Holstein [Germany]
Dutch priest, an early leader of the peaceful wing of Dutch Anabaptism
(Anabaptist), whose followers formed the Mennonite church.
LIFE:
Little is known about Menno's early life. He was born into a Dutch peasant
family, and his father's name was Simon. At an early age he was enrolled in a monastic
school, possibly at the Franciscan monastery in Bolsward, to prepare for the
priesthood. In March 1524, at the age of 28, he was ordained at Utrecht and assigned
to the parish at Pingjum, near the place of his birth. Seven years later he became the
village priest in his home parish at Witmarsum.
Though Menno was to become a leading advocate of ethical Christianity,
his initial concern was doctrinal. During his first year as a priest, he questioned the
real presence of Christ in the bread and wine of the Eucharist. His concerns may have
developed because of the antisacramental tendencies prevalent in the Netherlands at
that time, tendencies that developed from the humanism of Erasmus (Erasmus,
Desiderius) and the ethical concerns of the Brethren of the Common Life (Common
Life, Brethren of the). These doubts led Menno to read both the Bible and the writings
of Martin Luther (Luther, Martin). At first he read the Bible with real fear, for he knew
this step had driven Luther and the Swiss Reformer Huldrych Zwingli (Zwingli,
Huldrych) out of the Roman Catholic (Roman Catholicism) church, but he soon agreed
with them that biblical authority ought to be primary in the life of the believer and in the
church. By 1528 he was known as an Evangelical preacher, though he continued as
parish priest.
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From doubts about the Eucharist, Menno moved gradually to questions
about infant Baptism and the meaning of church membership. His study of the New
Testament led him to the firm conviction that only persons of mature faith, who
acknowledged Jesus as Lord and had counted the cost of following him, could be
eligible for membership in the church. Only such persons could be baptized as a seal
(sign of guarantee) of the covenant and a witness to all the world. The grace of Christ
was sufficient for children until they reached the age of accountability and made a
conscious choice either for or against him. The experience of conversion came to be
central to all of Menno's life and theology.
Meanwhile, the revolutionary wing of early Dutch Anabaptism continued its
agitation. Members of that wing, under the leadership of the millenarian John of
Leiden, had taken control of the town of Münster and were under siege from the bishop
and local nobles. On April 7, 1535, the Olde Klooster near Bolsward, which had been
occupied by the Anabaptists as a staging area for aid to Münster, fell before the
onslaught of the state militia. Among those killed were members of Menno's
congregation and Peter Simons, who may have been his brother. This prompted him
to preach openly against the errors of the revolutionaries. In doing so, he articulated
with increasing clarity what he believed to be the true nature of a believers' church:
(church) pure doctrine, scriptural use of sacraments, ethical obedience, love of
neighbour, a clear and open witness to the faith, and a willingness to suffer. The fall
of Münster on July 25, 1535, increased pressure within him to help those whom he
considered to be misguided spirits. This bold and outspoken ministry soon jeopardized
his safety, and in January 1536 he went into hiding after a spiritual struggle of 11 years.
IN DESCRIBING HIS DECISION, HE WROTE,
Pondering these things my conscience tormented me so that I could no longer
endure it.…If I through bodily fear do not lay bare the foundation of the truth, nor use
all my powers to direct the wandering flock who would gladly do their duty if they knew
it, to the true pastures of Christ—oh, how shall their shed blood, shed in the midst of
transgression, rise against me at the judgment of the Almighty and pronounce
sentence against my poor, miserable soul!
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Menno spent a year in hiding, finding a sense of direction for his future work.
During this time he wrote Van de geestlijke verrijsenisse (“The Spiritual Resurrection”),
De nieuwe creatuere (“The New Birth”), and Christelycke leringhen op den 25. Psalm
(“Meditation on the Twenty-fifth Psalm”). Late in 1536 or early in 1537, he received
believer's baptism, was called to leadership by the peaceful Anabaptist group founded
in 1534 by Obbe Philips, and was ordained by Obbe. He also married. From this time
on his life was in constant danger as a heretic. In 1542 the Holy Roman emperor
Charles V himself issued an edict against him, promising 100 guilders reward for his
arrest. One of the first Anabaptist believers to be executed for sheltering Menno was
Tyaard Renicx of Leeuwarden, in 1539.
From 1543 to 1544 Menno worked in East Friesland, where in January 1544
he had a major interview or debate with the Polish Reformer Jan Laski, or Johannes
à Lasco (b. 1499, Warsaw, Poland—d. 1560). The next two years, 1544–46, were
spent in the Rhineland, after which Menno traveled from his new home base in
Holstein, near Oldesloe, northeast of Hamburg, until his death in 1561. Here he found
time for extensive writing and established a printing press to circulate Anabaptist
works. His travels took him not only back to the Netherlands but also to Danzig (now
Gdańsk, Poland).
INFLUENCE:
Menno was not the founder of the Mennonite Church nor the most articulate
spokesman of early Anabaptist theology. His greatness lay rather in the leadership he
gave to northern Anabaptism during its formative first generation, a leadership
maintained through his calm, biblically oriented approach and through his writings,
which consolidated the insights of the movement. Though these writings often seem
tedious and excessively polemical, they delineated the Anabaptist faith he defended
against both Catholic and Protestant attacks on the one hand and distortions by
zealots from within the movement on the other. During the last years of his life he was
troubled particularly by some of his own brethren, who pressed for great rigour in the
application of the ban (expulsion from the church) and other measures of discipline.
More than 40 of his writings are extant.
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ADDITIONAL READING:
J.A. Brandsma, Menno Simons Van Witmarsum (1960), a biography containing
a careful evaluation of stories and legends about Menno Simons; C.J. Dyck (ed.), A
Legacy of Faith: The Heritage of Menno Simons (1962), a discussion of Dutch
Anabaptism with three chapters devoted to Menno Simons; I.B. Horst, A Bibliography
of Menno Simons, ca. 1496–1561 (1962), the definitive bibliography of his writings; C.
Krahn, “Menno Simons,” in Mennonite Encyclopedia, vol. 3 (1957), a major interpretive
article by one of the foremost scholars of Dutch Anabaptism; F.H. Littell, A Tribute to
Menno Simons (1961), a discussion of the significance of the theology of Menno
Simons; H.W. Meihuizen, Menno Simons (1961), a biography giving particular
attention to the place of Menno Simons in the life and culture of his time; Menno
Simons, Opera Omnia Theologica (1681; The Complete Writings of Menno Simons,
ed. by J.C. Wenger, 1956), the definitive English-language edition; K. Vos, Menno
Simons, 1496–1561 (1914), the standard work (in Dutch).
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