Manual de IM do 10º Ano

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Manual de IM do 10º Ano
COLÉGIO MILITAR
CORPO DE ALUNOS
SECÇÃO DE INSTRUÇÃO MILITAR
GUIA DO FORMANDO
10º ANO
ÍNDICE
1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4
2. ARMAMENTO E TIRO (ATI) ................................................................................. 5
2.1 - Reconhecer o armamento e equipamento individual principal usado pelo
Exército............................................................................................................................. 5
2.2 - Desmontar e montar a espingarda automática G-3 7,62 mm ............................... 9
2.2.1 - Montar e desmontar acessórios na Espingarda Automática G3 ....... 22
2.2.2 - Fazer a manutenção de 1º escalão da espingarda automática G3 7,62
mm ............................................................................................................... 27
2.3 - Determinar o olho director e a mão que deve empunhar a Espingarda
Automática G3................................................................................................................ 30
2.3.1 - Empunhar a Espingarda Automática G3 .......................................... 33
2.3.2 - Apontar a Espingarda Automática G3 ......................................... 34
3. INFORMAÇÃO E SEGURANÇA (IS) .................................................................. 41
3.1 - Descrever as classes de fogo e os diversos agentes extintores ........................... 41
3.2 - Identificar as normas de prevenção de incêndios ............................................... 45
3.2.1- Identificar as Classes das áreas de Segurança das instalações e
identificar estados de segurança .................................................................. 55
4 - MORAL, CÍVICA E MILITAR (MCM) ............................................................. 61
4.1 - Identificar a Bandeira Nacional (os Estandartes Militares), o Hino Nacional e os
Conceitos de Pátria, de Cidadania e de Cidadania Europeia .......................................... 61
4.2 - Reconhecer a importância da Democracia e da CRP ......................................... 64
4.2.1 Reconhecer o conceito de "Defesa Nacional" e a sua Componente
Militar .......................................................................................................... 68
4.2.2 Identificar a componente terrestre da defesa militar e segurança do
território nacional......................................................................................... 71
4.2.3 Identificar a organização do Exército Português – Divisão Militar
Territorial ..................................................................................................... 72
4.3 - Identificar os compromissos militares internacionais – a OTAN ...................... 76
4.3.1 Identificar a missão das forças armadas portuguesas e as suas
especificidades ............................................................................................. 85
4.3.2 Reconhecer a missão do Exército ....................................................... 87
5. NBQ – NUCLEAR, BIOLÓGICO E QUÍMICO .................................................. 88
5.1 Identificar os componentes e vestir o equipamento de protecção individual para
agentes BQ...................................................................................................................... 88
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5.2Colocar,
usar
e
guardar
a
máscara
de
protecção
de
agentes
BQ
........................................................................................................................................ 90
5.3 Mudar os filtros da máscara de protecção ............................................................ 94
5.4 - Inspeccionar e fazer a manutenção do operador da máscara de protecção de
agentes BQ...................................................................................................................... 98
5.5 - Interpretar e aplicar os diferentes níveis de protecção contra ataque BQ, Mudar
de equipamento de protecção individual para agentes BQ (PPOM) ............................ 104
6. SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE (SHS) ....................................................... 115
6.1 Imobilizar uma fractura num dos membros ........................................................ 115
6.1.1- Avaliar as Funções vitais................................................................. 119
6.1.2- Desobstruir as vias respiratórias ...................................................... 121
6.1.3- Colocar uma vítima em posição adequada ...................................... 124
6.1.4- Colocar uma vítima com fractura de coluna em posição adequada 127
6.2- Socorrer um queimado grave ............................................................................ 130
6.3- Os primeiros socorros em ambiente NBQ ........................................................ 132
7. TOP- Topografia .................................................................................................... 134
7.1- Determinar o azimute cartográfico na carta entre dois pontos do terreno
localizados na carta ....................................................................................................... 134
7.2- Converter o azimute magnético de uma direcção em azimute cartográfico (rumo)
e azimute geográfico e vice-versa ................................................................................ 136
7.3- Determinar a distância entre dois pontos do terreno localizados na carta ........ 138
7.4- Determinar as coordenadas militares de um ponto do terreno na carta ............ 141
8.BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 158
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1.INTRODUÇÃO
Ensinar não é só transmitir um conjunto de conhecimentos. É também adequá-los
aos alunos a que se destinam e mostrar-lhes a melhor forma da sua aplicação futura.
Não contendo do ponto de vista científico nenhuma novidade, esta publicação
originária do MC-110-10, INSTRUÇÃO GERAL MILITAR, surge, no entanto
impregnada de um esforço pedagógico resultante de um trabalho de anos com os alunos
do Colégio Militar. A experiência adquirida na docência destas matérias vem reforçar o
objectivo do Colégio Militar que tem por missão ministrar e assegurar a sua formação
militar base.
Neste sentido, corolário natural de ministrar e proporcionar uma aproximação da
disciplina aos alunos este guia do formando foi realizado com o objectivo de facultar ao
mesmo a matéria de suporte, aprovada por Despacho Conjunto nº 275/2006, de 22 de
Março, para o respectivo ano lectivo.
De forma clarificada aborda todos os pontos propostos relacionados com a
matéria leccionada ao longo do ano. Constituída por um núcleo central dedicado à
topografia, informações e segurança, nuclear biológica e química, este guia do
formando estende-se também ao armamento e tiro, à saúde e higiene, segurança e
educação moral cívica e militar.
Resultante do trabalho lectivo de vários anos no Colégio Militar, os autores não
podem deixar de agradecer a colaboração e o empenho que outros elementos que
passaram pela docência das matérias agora expostas foram dando e que permitiram
aperfeiçoar o que agora se revela.
Que este manual seja uma ferramenta e um instrumento de fácil compreensão e
acessível a qualquer leitor/aluno.
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2.ATI – ARMAMENTO E TIRO
2.1 - Reconhecer o armamento e equipamento individual
principal usado pelo Exército
O combate é uma acção violenta, onde praticamente não existem regras que
definem ou limitem o confronto. Para o combatente, a lei da guerra resume-se a
matar ou morrer. Por isso o soldado serve-se de todos os meios ao seu alcance
para destruir o Inimigo, utilizando desde as mãos até à arma de fogo mais
sofisticada.
 Armamento individual principal em uso no Exército Português
 Granadas de mão
Ofensivas
Defensivas
Fig.1
Fig.2
 Espingardas e acessórios
Fig.3
Fig.4
Fig.5
Fig.3 - Espingarda automática G3 – 7,62mm
Fig.4 - Sabre Baioneta
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Fig.5 - Espingarda automática G3 7,62mm com coronha retráctil
Fig.6 (Espingarda automática Galil 5,56mm M/SAR com coronha rebatível)
Fig.7 (sabre baioneta)
Fig.8 (sabre baioneta)
 Pistolas
Fig.9 (Pistola-metralhadora FBP 9mm)
Fig.10 (Pistola Walther 9mm)
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 Equipamento Individual
 O equipamento individual destina-se a proteger o combatente e a
proporciona-lhe a maior comodidade possível, tanto no transporte de todos os
artigos que necessita para o combate, como para a sua sobrevivência em combate.
Fig.11
Fig.12
Fig.11 - Cinturão
Fig.12 - Porta Carregadores
Fig.13 - Porta Granadas
Fig.13
Fig.15
Fig.16
Fig.14
Fig.14 – Cantil
Fig.15 – Suspensórios
Fig.16 – Mochila M-85
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Fig.17
Fig.18
Fig.17 – Saco de dormir (vulgo saco cama)
Fig.18 – Poncho impermeável
Fig.19
Fig.20
Fig.19 – Capacete de Combate (balístico)
Fig.20 – Máscara BQ M17 – A2
Fig.21
Fig.22
Fig.21 – Rede camuflada biface para capacete
Fig.22 – Ferramenta portátil do combatente
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2.2 - Desmontar e montar a espingarda automática G-3 7,62 mm
a. A Espingarda Automática G-3 7,62 mm é uma arma:
- Ligeira porque pode ser transportada por um só homem;
- Individual, porque um só homem pode tirar dela o máximo rendimento;
- Executa Tiro Automático:
 Modalidade de tiro em que, após o primeiro disparo, as operações
necessárias à execução dos disparos seguintes se efectuam sem
intervenção do atirador, desde que este mantenha o gatilho premido.
-Tiro Semi-Automático:
 Modalidade de tiro em que as operações necessárias aos disparos
seguintes se efectuam sem intervenção do atirador que, para novo disparo,
necessita apenas de deixar de premir o gatilho e de voltar a premi-lo.
b. Utiliza os seguintes tipos de munição:
- Cartucho normal 7,62 x 51 NATO. Utilizado no serviço de segurança, na
execução dos programas de tiro e em combate;
- Cartucho de salva. Utilizado em algumas cerimónias, prestação de honras
fúnebres, por exemplo, e em instrução para lhes imprimir maior realismo.
Apesar de não ter projéctil este cartucho pode causar lesões quando disparado
a distâncias inferiores a 5 metros;
- Cartucho para lançamento de granadas. Utilizado para lançar granadas de
espingarda até uma distância de 120 metros;
- Cartucho de manobra. Utilizado para treino do atirador nas operações de
manejo de fogo, no carregamento e enchimento de carregadores.
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c. Alcances:
Alcance máximo de 3800 metros (distância máxima que os projécteis
atingem dando à arma uma inclinação de 40º).
Alcance prático de 200 metros (distância a que uma arma normalmente faz
fogo).
d. Velocidade:
Tem uma velocidade prática de tiro de 100 tiros por minuto em tiro
automático e de 40 tiros por minuto em tiro semi-automático (número de tiros
executados por minuto, considerando as pausas provenientes da substituição
de carregadores, rectificações de pontaria e resolução expedita de avarias).
e. Fabrico:
É fabricada em PORTUGAL (Fábrica das Indústrias Nacionais de Defesa
INDEP – em BRAÇO DE PRATA, LISBOA) sobe licença da firma alemã
HECKLER e KOCH GMBH que a concebeu, e é a única arma com que todos
os militares do Exército executam tiro.
NOTA: Na descrição da forma como se executa cada um dos procedimentos respeitantes às
operações que se seguem, considerou-se o caso do atirador que empunha a arma com a mão
direita – atirador direito. O atirador esquerdo, em cada procedimento, deverá utilizar a mão
contrária da indicada e posições simétricas das referidas.
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 Executar as Operações de Segurança
Seja em que circunstância for, a arma deve sempre considerar-se como
CARREGADA até se verificar o contrário. Em obediência a este princípio, ANTES
de se iniciar a desmontagem da Espingarda Automática G-3 7,62 mm DEVE
SEMPRE executar-se as OPERAÇÕES DE SEGURANÇA seguintes:
(1) Empunhar a arma com a mão direita (Fig.23) estendendo o dedo indicador ao
longo do guarda-mato e segurar o guarda-mão com a mão esquerda, voltando a
boca do cano para cima.
Fig.23
(2) Colocar o comutador de tiro na posição de SEGURANÇA (S) (Fig.24),
utilizando o polegar da mão direita.
Fig.24 (comutador de tiro)
(3) Retirar o carregador (Fig.25), pressionando para a frente, com o polegar da
mão esquerda, o respectivo fixador.
Fig.25
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(4) Puxar a alavanca do manobrador à retaguarda (Fig.26), com a mão esquerda, e
fixá-la no entalhe do tubo-guia.
Fig.26
(5) Verificar, através da visão e pelo tacto (com a ponta do dedo), se não há
munição introduzida na câmara.
Fig.27
(6) Levar de novo a culatra à frente, libertando, com a mão esquerda, a
alavanca do manobrador do respectivo entalhe de fixação (não soltar
bruscamente o manobrador).
Fig.28
(7) Colocar o comutador de tiro na letra “E”.
(8) Colocar-se na posição de sentido com a arma ao quadril e pedir autorização
(pedir licença) para dar gatilhada.
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(9) Colocar o comutador de tiro na posição de SEGURANÇA (S) (Fig.24),
utilizando o polegar da mão direita.
Fig.24 (comutador de tiro)
(10) Colocar de novo o carregador na arma.
 Desmontar a arma
A desmontagem da Espingarda Automática G-3 7,62 mm executa-se quando
se torne necessário proceder a qualquer operação de manutenção (limpeza e
conservação), ou para aprendizagem do seu funcionamento e/ou emprego.
Para desmontar a arma, não se utiliza qualquer tipo de ferramenta especial
(basta um punção ou um cartucho de manobra).
O militar a quem está a arma está distribuída, só está autorizado a proceder às
operações de desmontagem que a seguir se indicam:
- Desmontagem da arma nas suas partes principais;
- Desmontagem da culatra;
- Desmontagem do carregador.
NOTA: As operações de desmontagem devem ser executadas pela sequência indicada e as
partes desmontadas/componentes devem ser arrumados ordenadamente, de forma a não se
extraviarem e a facilitar a montagem.
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 Desmontar a arma nas suas partes principais (Depois de executadas as
operações de segurança).
1) Retirar a bandoleira: Libertar o zarelho da bandoleira do olhal da cavilha de
fixação da base do ponto de mira. Soltar a extremidade posterior da correia, do
botão. (Fig.29)
Fig.29
2) Retirar a coronha e a tampa posterior da caixa da culatra: Com a culatra
à frente, retirar as cavilhas que ligam a coronha à caixa da culatra. Introduzir as
cavilhas nos alojamentos dos casquilhos de fixação da coronha. (Fig.30)
Fig.30
3) Separar a correia da caixa da culatra. (Fig.31)
Fig.31
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4) Retirar o punho: Retirar a cavilha de fixação do punho à caixa da culatra.
Separar o punho da caixa da culatra. Reintroduzir a cavilha de fixação no orifício
respectivo. (Fig.32)
Fig.32
5) Retirar a culatra: Com a mão esquerda puxar o manobrador à retaguarda.
Retirar a culatra do interior da caixa da culatra. Levar, de novo, o manobrador à
frente. (Fig.33)
Fig.33
6) Retirar o tapa-chamas: Com a mão direita, desenroscar o tapa-chamas da
boca do cano. (Fig.34)
Fig.34
7) Retirar o guarda-mão: Retirar a cavilha de fixação do guarda-mão. Separar
o guarda-mão da arma. Reintroduzir a cavilha no orifício respectivo. (Fig.35)
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Fig.35
Espingarda Automática G-3 7,62 mm desmontada nas suas partes
principais
 Desmontar a culatra
1) Segurar o bloco da culatra com a mão direita. Fazer rodar a cabeça da culatra
de 180º para a esquerda (para fora) e separá-la do porta-percutor. (Fig.36)
Fig.36
a. Rodar o porta-percutor 90º para a esquerda (para fora), extraindo-o da
armadura da culatra. (Fig.37)
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Fig.37
b. Separar o percutor e sua mola, do porta-percutor. (Fig.38)
Fig.38
Desmontar o carregador
Levantar um pouco a tampa do fundo do carregador, com a mão direita.
Retirar a tampa do carregador, empurrando-a para a direita com o polegar da
mesma mão. (Fig. 39)
Fig.39
Extrair do interior da caixa, a mola, o transportador e placa-suporte, sem os separar.
(Fig.40)
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Fig.40
Fig.40
Carregador desmontado (Fig.41)
Fig.41
 Montagem da Arma
NOTA: Antes de iniciar a montagem, verificar se o comutador de tiro se encontra
na posição de segurança (S). (Fig.24).
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(1) Montar a culatra
1. Colocar a mola e o percutor no alojamento do corpo da culatra.
2. Introduzir a peça de comando de travamento no alojamento do corpo da
culatra, fazendo passar o percutor pelo seu canal interior.
3. Premir a peça de comando de travamento e rodá-la 180º no sentido dos
ponteiros do relógio.
4. Colocar a cabeça da culatra sobre a peça de comando de travamento com a
sua rampa posterior voltada para o detentor da cabeça da culatra. Fazer
pressão sobre a cabeça da culatra até vencer a resistência da mola do detentor.
5. Rodar a cabeça da culatra 45º, no sentido dos ponteiros do relógio, até o
rolete de travamento esquerdo ficar em frente do detentor da cabeça da
culatra.
6. Puxar a cabeça da culatra para a frente, até os roletes de travamento
começarem a recolher, tendo o cuidado de não puxar demasiado.
7. Rodar a cabeça da culatra 90º, no sentido indicado, até que as guias inferiores
da culatra fiquem completamente voltadas para baixo.
(2) Montar o carregador
Segurar a caixa do carregador com a mão esquerda e com o fundo para cima.
Colocar o transportador e a respectiva mola. Colocar a tampa do carregador
fazendo-a deslizar nas suas guias respectivas, pressionando-a no final, para baixo.
(Fig.42)
Fig.42
(3) Montar/ligar as partes principais
1. Colocar o guarda-mão: (Fig.43)
i. Retirar a cavilha de fixação do orifício respectivo.
ii. Encostar o guarda-mão ao cano.
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iii. Fixar o guarda-mão à caixa da culatra, por intermédio da cavilha respectiva.
Fig.43
2. Colocar o tapa-chamas:
i. Roscá-lo completamente na boca do cano.
3. Colocar a culatra na caixa da culatra: (Fig.44)
i. Introduzir a culatra na caixa da culatra tendo em atenção:
ii. Manobrador esteja à frente;
iii. Os roletes da culatra estejam recolhidos;
iv. As guias do corpo da culatra estejam em concordância com as guias da caixa
da culatra.
Fig.44
4. Colocar o Punho: (Fig.45)
Fixar o punho à caixa da culatra, através da cavilha de fixação respectiva,
tendo em atenção:
i. O cão deve estar armado;
ii. O ejector (parte anterior) deve estar na sua posição mais baixa.
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Fig.45
5. Colocar a coronha e a tampa posterior da caixa da culatra: (Fig.46)
i. Encostar a extremidade posterior da armadura do punho à face inferior da
caixa da culatra.
ii. Introduzir o conjunto coronha – peça de ligação da caixa da culatra,
colocando as guias de uma e de outra peça em correspondência.
iii. Exercer pressão na coronha, para a frente.
iv. Fixar o conjunto através das cavilhas de fixação da caixa da culatra.
Fig.46
6. Colocar a bandoleira
Fixar a extremidade posterior da correia pelo botão, depois de ter feito passar
em volta do suporte da bandoleira, na coronha.
(4) Verificar o Funcionamento da Arma
No final da montagem da arma, verificar o seu funcionamento da seguinte forma:
i. Com a boca do cano voltada para cima, puxar a culatra à retaguarda e fechá-la
em seguida;
ii. Colocar o comutador de tiro na posição “E”;
iii. Premir o gatilho;
iv. Certificar-se de que o funcionamento não apresenta anomalias.
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2.2.1 - Montar e desmontar acessórios na Espingarda Automática G3
 Para além de dispositivos que permitem melhorar a pontaria, e que são de
distribuição restrita, a Espingarda Automática G-3 7,62 mm possui os seguintes
acessórios, cujo conhecimento é de interesse geral:
- Sabre-baioneta, bipé, batente de instrução.
 O Sabre-Baioneta: destina-se à luta corpo a corpo e é constituído por:
Fig.47
1) Montar o SABRE-BAIONETA na Espingarda Automática G-3 7,62 mm:
- Colocar a arma na posição de segurança.
- Retirar a tampa do tubo do manobrador (fazer pressão na respectiva cavilha –
êmbolo de fixação para dentro, e puxar a tampa para a frente). (Fig.48)
Fig.48
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- Retirar o parafuso de fixação do adaptador (Fig.49)
Fig.49
- Introduzir o adaptador no tubo do manobrador para que os orifícios do tubo do
manobrador e os do adaptador fiquem em concordância. (Fig.50)
Fig.50
- Colocar o parafuso de fixação do adaptador, roscando-o. (Fig.51)
Fig.51
- Enfiar o olhal do sabre-baioneta no tapa-chamas e a cabeça com perno do punho
no adaptador. (Fig.52)
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Fig.52
2) Retirar o SABRE-BAIONETA
Colocar a arma na posição de segurança:
- Premir o fixador da cabeça do punho do sabre-baioneta e retirá-lo.
- Desenroscar o parafuso de fixação do adaptador e retirá-lo.
- Retirar o adaptador do tubo do manobrador.
- Enroscar o parafuso de fixação no adaptador.
- Colocar a tampa no tubo do manobrador
Fig.53
 O bipé destina-se (novo modelo) apoiar à Espingarda Automática G-3 7,62
mm, no tiro no solo. É montado na parte média da arma entre o guarda-mão e o
alojamento do carregador. (Fig.54)
Fig.54
 O bipé é constituído por: 1 cabeça semi-esférica amovível com 2 garras de
fixação; e 2 pernas articuladas ligadas pela cabeça menor que gira dentro da cabeça
amovível. (Fig.55)
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Fig.55
1) Montar o BIPÉ (novo modelo) na Espingarda Automática G-3 7,62 mm
Colocar a arma na posição de segurança; Retirar o guarda-mão;
Articular o conjunto cabeça amovível – cabeça menor, pernas articuladas,
conforme indica a figura (as duas garras laterais da cabeça amovível abertas.
(Fig.56)
Fig.56
Montar o conjunto indicado junto ao alojamento do carregador (Fig.57). Fixar as
duas garras laterais da cabeça amovível nos alojamentos respectivos da caixa da
culatra. (Fig.58)
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Fig.57
Fig.58
2) Retirar o bipé:
Colocar a arma na posição de segurança.
Retirar o guarda-mão;
Retirar as garras laterais da cabeça amovível dos alojamentos respectivos na
caixa da culatra;
Retirar o conjunto do bipé empurrando-o para a frente e para baixo;
Colocar o guarda-mão.
 O Batente de instrução é um dispositivo que, adaptado à Espingarda
Automática G-3 7,62 mm, permite a execução de tiro com cartucho de salva. É
feito em liga de alumínio para não poder ser facilmente confundido com o tapachamas. (Fig.59)
Fig.59
1) Montar o batente de instrução na Espingarda Automática G-3 7,62 mm:
i. - Colocar a arma na posição de segurança.
ii. - Retirar o tapa-chamas.
iii. - Enroscar o batente de instrução no cano até ficar bem firme.
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2.2.2 - Fazer a manutenção de 1º escalão da espingarda automática G3
7,62 mm
 O militar a quem a Espingarda Automática G-3 7,62 mm está
distribuída, é responsável pela execução dos trabalhos do 1º escalão de
manutenção.
A manutenção de 1º escalão:
- Assegura o funcionamento da arma;
- Diminui o risco do seu desgaste prematuro;
- Evita acidentes;
- Reduz os custos e os tempos de reparação.
► Comporta dois tipos de limpeza:
- Limpeza ordinária: Destina-se a conservar o asseio indispensável e renovar
a untura das partes metálicas mais expostas; efectua-se sempre que a arma
regresse de uma instrução, sem que tenha feito fogo ou quando esteja
armazenada por longos períodos;
- Limpeza extraordinária: Visa evitar a oxidação das partes metálicas da
arma, formação e depósito de poeiras, resíduos de pólvora ou outros detritos no
cano, câmara, mecanismos ou peças, de forma a evitar o desgaste prematuro da
arma, mantendo a sua operacionalidade durante longo tempo; efectua-se sempre
após a execução de tiro, quando a arma se tenha molhado, enlameado, apanhado
pó ou areia e ainda quando exposta a ambientes húmidos salgados, bem como
quando após longos períodos de armazenamento, seja colocada ao serviço.
 Executar as Operações de Manutenção de 1º Escalão
O material a utilizar na limpeza da arma é o seguinte: (Fig. 60)
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Fig.60
 Estojo de Limpeza;
 Ingredientes de limpeza:
Ingrediente nº 80 (óleo de limpeza)
Utiliza-se para a remoção de unturas antigas, resíduos de pólvora, eventual
ferrugem (em armas portáteis); Tem propriedades lubrificantes e de protecção
contra a corrosão.
Ingrediente nº 10 (óleo de lubrificação)
Destina-se à lubrificação e à protecção contra a corrosão; É um óleo lubrificante
para fins genéricos.
 Mechas, trapos e desperdícios: devem ser macios e devem encontrar-se secos.
 Acções de carácter geral:
Durante a execução das limpezas, colocar as peças já limpas sobre uma
superfície limpa e seca. Efectuar as limpezas do cano com o tapa-chamas
colocado. Não obstruir a boca do cano com tampas, rolhas, trapos, etc.
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 Executar a limpeza ordinária:
Desmontar a arma nas suas partes principais, a culatra e os carregadores. Uma vez
concluídas as acções de desmontagem indicadas na alínea anterior, proceder às
seguintes operações de limpeza e lubrificação:
-Passar várias vezes o escovilhão de lubrificação pelo cano, com ingrediente
nº10;
- Limpar o cano com escovilhão de limpeza do cano;
- Limpar a câmara com escovilhão de limpeza da câmara;
- Limpar o bloco da culatra e o interior da caixa da culatra;
- Limpar o percutor e o seu alojamento;
- Limpar a garra do extractor;
- Limpar, olear e secar a alça e o ponto de mira;
- Lubrificar ligeiramente as partes móveis com o ingrediente nº 10;
- Limpar o carregador e as munições e verificar se a mola do carregador
permite um manejamento normal do transportador indispensável ao bom
funcionamento da arma.
 Terminadas as acções de limpeza e lubrificação:
Montar a arma verificar o funcionamento da arma.
 Executar a limpeza extraordinária
- Desmontar a arma nas suas partes principais, a culatra e os carregadores.
- Uma vez concluídas as acções de desmontagem indicadas na alínea
anterior, proceder às seguintes operações de limpeza e lubrificação:
- Aplicar o ingrediente nº 80 nas zonas que possuam unturas antigas,
resíduos de pólvora, ou vestígios de ferrugem;
- Remover os detritos e secar completamente todas as partes da arma,
exterior e interiormente;
- Proceder como na limpeza ordinária.
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 Terminadas as acções de limpeza e lubrificação:
- Montar a arma conforme o prescrito e verificar o funcionamento da arma.
NOTA: Sempre que a arma tenha feito fogo, repetir a limpeza extraordinária nos
dois dias seguintes à execução do tiro.
2.3 - Determinar o olho director e a mão que deve empunhar a
Espingarda Automática G3
Em cada indivíduo os olhos não desempenham o mesmo papel na visão:
- Um deles determina a direcção do olhar – é o OLHO DIRECTOR;
- O outro visa ligeiramente ao lado, de forma a focar o alvo, ajustando os órgãos
de visão à distância de atirador – alvo.
Face a esta característica da visão, é de todo o interesse determinar qual o olho
que “vê direito” (OLHO DIRECTOR).
Como determinar o Olho Director
1) 1º Método: Empurrar o visor com as dimensões indicadas na fig.61
Fig.61
Instrução Militar
10º Ano
-30-
Estender horizontalmente o braço na direcção da referência, situada a cerca
de 5 m. Com os dois olhos abertos ver a referência do orifício do visor. Tapar em
seguida o olho esquerdo e verificar se continua a ver a referência com o olho
direito (que se mantém aberto). (Fig.62)
Fig.62
Em caso afirmativo:
O OLHO DIRECTOR É O DIREITO
Executar a operação inversa, no caso da condição anterior não se verificar,
isto é, tapar o olho direito e verificar se o olho esquerdo vê a referência.
Em caso afirmativo.
O OLHO DIRECTOR É O ESQUERDO
2) 2º Método (Expedito)
Estender os braços e formar um círculo com as duas mãos. (Fig. 63)
Fig.63
Fixar uma referência colocada a cerca de 5 m à frente, através do círculo e com
os dois olhos abertos. (Fig. 64)
Instrução Militar
10º Ano
-31-
Fig.64
Tapar o olho esquerdo e verificar se continua a ver a referência no círculo,
com o olho direito que se mantém aberto.
Em caso afirmativo:
O OLHO DIRECTOR É O DIREITO
NOTA: Tapar agora o olho direito e verificar se a referência se
deslocou do círculo.
Fig.65
Como determinar a mão que deve empunhar a arma (face ao olho
director)
Como norma, a arma deve ser empunhada:
-
Com a mão direita, se o olho director for o direito; (Fig.66)
Instrução Militar
10º Ano
-32-
Fig.66
-
Com a esquerda, se o olho director for o esquerdo. (Fig.67)
Fig.67
Se não conseguir empunhar a arma com a mão do lado do olho director:
- Empunhar a arma com a mão que lhe for mais confortável, se os
resultados do tiro forem bons;
- Adaptar-se à posição correspondente ao olho director, se os resultados do
tiro não satisfazerem
2.3.1 - Empunhar a Espingarda Automática G3
Conseguir manter a estabilidade da arma é uma das dificuldades sentidas
pelo atirador. Este tem tendência para segurar a arma com muita força, a fim de
a manter imóvel. A tensão muscular é muitas vezes excessiva, originando
vibrações que, ao serem transmitidas à arma, tornam difícil a precisão do tiro.

Como empunhar a arma?
1) Puxar a arma à retaguarda, de modo a que a chapa de couce fique apoiada
no peito, imediatamente abaixo da clavícula.
2) Colocar uma vara vertical à frente da extremidade do cano e ordenar ao
instruendo que puxe a arma com a mão que não dispara. A pressão da arma
contra o ombro é correcta quando a extremidade do cano tiver recuado 1 cm.
Instrução Militar
10º Ano
-33-
3) Apoiar a parte da face situada imediatamente abaixo da maça do rosto, na
coronha.
4) Controlar a pressão da face na coronha de modo a manter o olho que
executa a pontaria defronte do orifício do diópter e a equilibrar a força exercida
pelo braço que empunha a arma.
5) Aplicar uma folha de papel entre a face do atirador e a coronha, retirando-a
para cima com pequenos puxões; o apoio é correcto quando o papel deslizar
com ruído, sem rasgar.
6) Consolidar o bloco cabeça – coronha para que, após o disparo, aquele recue
em conjunto.
Fig.68
2.3.2 - Apontar a Espingarda Automática G3
Para apontar a Espingarda Automática G-3 7,62 mm, o atirador necessita saber
determinar o centro óptico do diópter, entender o que é uma linha de mira e
fazer a mirada.
Determinar o centro óptico do diópter
Quando se olha através do diópter apercebemo-nos de que existe uma zona
circular enevoada, enquanto o círculo central, pelo contrário, aparece bem
nítido. (Fig. 69)
Fig.69
Este círculo claro central chama-se:
Instrução Militar
10º Ano
-34-
CENTRO ÓPTICO
A determinação do centro óptico é necessária para identificar o ponto central
do diópter, que é fundamental para se fazer a mirada.
Aproximando o olho do diópter, verifica-se que as dimensões do centro
óptico diminuem. (Fig. 70)
Fig.70
Instrução Militar
10º Ano
-35-
Obviamente, afastando o olho do diópter, as dimensões do centro óptico
aumentam. (Fig. 71)
Fig.71
O atirador só deve apontar a arma depois de constatar que a abertura do centro
óptico é MÍNIMA, o que acontece quando o olho se encontra à distância.
De 4 a 8 cm do diópter (Fig.72)
Fig.72
Instrução Militar
10º Ano
-36-
Linha de mira é a linha que passa pelo centro do diópter e pelo vértice do ponto
de mira. (Fig. 73)
Fig.73
A linha de mira é, pois, um conceito ligado exclusivamente à arma.
1) Fazer a Mirada
Fazer a mirada é colocar o olho director do atirador no prolongamento da
linha de mira. (Fig.74)
Fig.74
Enquanto a linha de mira é um conceito exclusivamente ligado à arma, a
mirada já pressupõe o bloco atirador-arma.
Instrução Militar
10º Ano
-37-
2) Apontar a arma
Apontar a arma ou fazer pontaria é fazer coincidir com o ALVO a linha
que passa pelo vértice do ponto de mira, pelo centro do diópter e pelo
olho do atirador. (Fig. 75)
Fig.75
Assim, para APONTAR A ARMA é necessário:
3) Identificar o ALVO.
4) Escolher no alvo o PONTO A VISAR.
5) Alinhar o OLHO do atirador, CENTRO ÓPTICO e o VÉRTICE do ponto de
mira, com o PONTO escolhido no alvo.
Nota: VISUAL DO ALVO é a zona central do alvo pintada de preto.
Como PONTO A VISAR (ponto a bater) o atirador deve escolher:
- Nas visuais circulares, o CENTRO da VISUAL. (Fig. 76)
Fig.76
Instrução Militar
10º Ano
-38-
- Nas visuais rectangulares, a BASE da VISUAL. (Fig.77)
Fig.77
6) Concentrar o olhar no PONTO DE MIRA, para que este apareça bem nítido,
de contornos bem distintos e bem destacados no alvo que, pelo contrário, passa
a apresentar-se nublado. (Fig.78)
Fig.78
7) Executar a triangulação
A triangulação é um exercício de aplicação das técnicas de execução da
mirada que permite detectar eventuais erros de procedimento possibilitando,
consequentemente, a sua correcção.
Instrução Militar
10º Ano
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(1) Para executar uma triangulação proceder do seguinte modo:
- Assentar a Espingarda Automática G-3 7,62 mm (com a alça 2 introduzida)
num apoio e dirigi-la para um alvo em branco (folha de papel), colocado
verticalmente a 5 m;
- Tomar a posição de atirador deitado e fazer a mirada sem mover a espingarda
ou o apoio;
- Indicar ao monitor (sentado no caixote e segurando numa das mãos um
regulador de pontaria), por meio de sinais com a mão, o deslocamento a dar ao
regulador de pontaria, até que a mirada passe pelo centro do disco daquele
regulador, sustendo a respiração no ajustamento final.
- Indicar ao monitor que deve marcar ponto final. Ao receber esta indicação, o
monitor marca no alvo aquele ponto, introduzindo a ponta do lápis no centro do
regulador de pontaria, mantendo este imóvel;
- Executar 3 vezes as acções referidas;
- Unir com segmentos de recta os 3 pontos assim obtidos (no caso de não
serem coincidentes) de modo a obter um triângulo.
Fig.79
(2) Apreciação/interpretação do resultado da triangulação.
O ideal será obter a sobreposição dos 3 pontos. Contudo, pode considerar-se
satisfatório o triângulo cujos lados não excedam 5 mm cada, desde que a
distância atirador – alvo seja de 5 m, o que equivale a um desvio da ordem de 1
milésimo.
Para distâncias de 3, 4 e 6 mm, os lados do triângulo não devem exceder
respectivamente 3, 4 e 6 mm.
Quando os pontos obtidos na triangulação não forem coincidentes utilizar
como suporte aos juízos a emitir sobre a proficiência do instruendo “no apontar
da Espingarda” (na execução da triangulação) o quadro Anexo a esta FII.
Instrução Militar
10º Ano
-40-
3. INFORMAÇÃO E SEGURANÇA (IS)
3.1 - Descrever as classes de fogo e os diversos agentes extintores
O que é o Fogo?
É o resultado de uma reacção química exotérmica designada por combustão.
Formas de combustão:
Combustão lenta (não há emissão de luz = T <500ºC).
Combustão viva (há emissão de luz = Fogo). Explosão (combustão que se
verifica quando determinados gases em presença de uma fonte de calor, se
combinam com o ar em determinadas proporções sendo a velocidade de
propagação > 340m).
1) Deflagração (combustão viva com velocidade de propagação <340m/s).
Combustão Viva <Deflagração <Explosão
2) Propagação da combustão
3) Condução (propagação através dos corpos).
4) Convecção (deslocamento de matéria aquecida).
5) Irradiação (transmissão no espaço).
6) Deslocamento de corpos inflamados (artifícios pirotécnicos).
7) Triângulo de fogo
CALOR
COMBURENTE
COMBUSTÍVEL
COMBUSTÍVEL
Instrução Militar
10º Ano
-41-
8) Métodos de Extinção
(1) Carência ou limitação de combustível.
9) Retirando o combustível.
10) Afastar o fogo do combustível.
11) Dividindo o material inflamado, criando-se pequenos fogos facilmente
domináveis.
(1) Asfixia e abafamento ou limitação de comburente
(a) Abaixamento do teor de
simultaneamente a sua renovação.
oxigénio,
impossibilitando
(b) Implica uma acção mecânica de corte (ex: Extintor).
(2) Arrefecimento ou limitação de temperatura
(a) Baseia-se na absorção pelo agente extintor de uma maior
quantidade de calor do que a que é gerada pela combustão dos
materiais incendiados, diminuindo progressivamente a
temperatura (ex: água).
(b) A absorção do calor é feita por:
- Elevação da sua própria temperatura;
- Vaporização.
É portanto desejável que o agente extintor tenha um elevado calor
específico e um elevado calor latente de vaporização.
12) Classes de fogo
As classes de fogo caracterizam-se de acordo com diferentes tipos de
chama, velocidade de propagação, violência de combate.
(1) Classe A
(a) Combustíveis sólidos (matéria, papel, palha, tecidos, etc.).
(b) Chama viva, combustão viva, incandescência.
(c) Combustão lenta
alta temperatura
combustão viva.
(2) Classe B - Líquidos combustíveis (éter, benzina, álcool, óleos, cera
resinas, etc.).
(3) Classe C - Gases liquefeitos sob pressão (acetileno, hidrogénio,
butano, propano, metano, etc.).
(4) Classe D - Metais (alumínio, magnésio, sódio, potássio, etc.).
13) Agentes extintores
Agente extintor é toda a substância sólida, líquida ou gasosa que lançada
convenientemente sobre o fogo o extingue, podendo existir sob a forma
de água, espumas, pó químico seco, dióxido de carbono, agentes
halogenados.
Instrução Militar
10º Ano
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(1) Água
A água produz os efeitos de arrefecimento, abafamento, sopro,
choque e encharcamento.
(a) Arrefecimento - Por cada grama de água a 10ºC a energia
calorífica absorvida é de 90ºC (100ºC – 10ºC).
(b) Abafamento - Formação de vapor de água – gás inerte.
(c) Sopro, choque e encharcamento - Força viva do jacto.
Inconveniente: condutibilidade eléctrica.
(2) Espumas
Para uso de um agente extintor à base de espumas é fundamental uma
mistura de água com espumifero ou concentrado espumifero à qual se
adiciona ar.
Existem 2 tipos de espumas:
Espumas químicas (funcionam por asfixia - libertação de CO2);
Espumas mecânicas (funcionam por sopro e choque).
(3) Pó Químico Seco
É uma substância constituída por cristais finamente divididos.
(a) Dividem-se em 3 grupos
1
Grupo 1: à base de sódio - Fogos das classes B e C.
2
Grupo 2: à base de potássio - Fogos das classes B e C.
3
Grupo 3: à base de amónio - Fogos das classes A, B e C.
4
Pó químico seco especial: à base de grafite - Fogos das classes
D.
(b) Mecanismo de extinção
Arrefecimento e impedimento do desenvolvimento da reacção em
cadeia.
(4) Anidrido Carbónico
- Substância à base de neve carbónica.
- Mecanismo de extinção - Faz uso do efeito mecânico, de
abafamento e de arrefecimento.
(5) Agentes halogenados
- Um agente halogenado é um derivado dum hidrocarboneto onde
um ou mais átomos de hidrogénio foram substituídos por átomos da
série dos halogenados: cloro, flúor, crómio e iodo.
- São perigosos com grandes concentrações e impedem reacções em
cadeia.
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10º Ano
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14) Extintores
15) Extintores de Água
- Utilizados em fogos de classe A, não se utilizam em fogos de líquidos
inflamáveis ou causados por corrente eléctrica.
- Devem ser testados de 5 em 5 anos (recipiente ou depósito).
- Inspeccionados de 6 em 6 meses.
- Ensaiados por descarga anualmente, 20% dos extintores (verificação da
sua eficácia).
16) Extintores de Espuma
-
Utilizados em fogos da classe B, não se utilizam em fogos que
envolvam corrente eléctrica.
-
São de difícil conservação.
-
A carga só deve durar 1 ano.
17) Extintores de Neve Carbónica
-
Eficientes em fogos de líquidos combustíveis, mesmo em presença de
corrente eléctrica - classe B.
-
Verificar mensalmente os selos de chumbo.
-
Inspeccionar semestralmente.
-
Recarregar ao haver 10% da perda de gás.
18) Extintores de Pó Químico Seco
-
Grande poder extintor.
-
Aplicável em fogos de classes B, C e D.
-
Não é condutor de corrente eléctrica.
-
Não congela nem se evapora.
Não é nocivo aos animais, nem aos materiais
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10º Ano
-44-
3.2 - Identificar as normas de prevenção de incêndios
Normas de prevenção gerais a adoptar na presença de um incêndio
(1)
Não entrar em pânico.
(2)
Se por qualquer motivo se pegar fogo às roupas, não se deve correr.
Deite-se no chão e role. Procure tapar-se com um cobertor ou cortinado
de modo a abafar o fogo.
(3)
Tenha sempre em local acessível o número de telefone dos bombeiros.
(4)
Não receie chamar os bombeiros quando tiver problemas. A chamada
tardia pode já não ser necessária.
(5)
Chame a atenção de todos os seus familiares para os cuidados de
prevenção contra incêndios.
(6)
Não faça fogo nas florestas e se tiver de o fazer procure uma clareira sem
vegetação. No final certifique-se que a fogueira ficou completamente
apagada ou com água ou com a terra que lhe deitou.
(7)
Não deixe papéis, latas e vidros nos pinhais.
(8)
Não deite pontas de cigarro para a mata. Se fumar, esmague a ponta de
cigarro na terra.
(9)
Quando viajar não deite a ponta de cigarro acesa para o exterior,
especialmente se for numa zona de mata. Utilize o cinzeiro do carro.
Normas de prevenção contra incêndios em edifícios
(1)
Cuidados nas habitações.
- Evitar a sobrecarga na instalação eléctrica. Numa mesma tomada não
ligue diversos aparelhos através das fichas triplas sucessivas.
- Não permitir que crianças tenham acesso a fósforos ou isqueiros.
- Não abrir os bicos dos fogões sem antes ter o fósforo ou isqueiro acesso.
- Ter sempre junto às fritadeiras as respectivas tampas para as utilizar em
caso de incêndio, colocando-as sobre as fritadeiras.
- Não deixar crianças trancadas sozinhas em casa.
- Certificar-se que ao deixar a casa não deixou equipamentos ligados.
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10º Ano
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- Se pelo cheiro detectar fuga de gás não acenda nem apague qualquer luz.
Não procure a fuga com uma chama. Utilize uma solução de sabão para
procurar a fuga.
- Tenha em local acessível um extintor de pequena capacidade e ensine
todos os membros da família a manejá-lo.
- Se a cobertura da casa é de madeira e tem sótão não acumule material
combustível e proceda a limpeza frequente do pó acumulado.
(2)
No local de trabalho.
- Não deixar pontas de cigarro no cesto dos papéis.
- Não abandonar o gabinete no final do dia sem desligar aquecedores e
máquinas eléctricas e outro equipamento semelhante.
- Reconhecer o local ou locais onde estão colocados os extintores.
- Ler as instruções do modo de funcionamento dos extintores.
- Verificar as saídas possíveis do local e do respectivo andar.
- Procurar conhecer o plano de evacuação se existir.
(3)
Num hotel
-
Leia as instruções colocadas por trás da porta. Elas dão-lhe indicações
muito importantes em caso de incêndio.
-
Veja quantas portas de quartos existem entre o seu e a escada à esquerda
e à direita.
-
Faça um pequeno reconhecimento das escadas de evacuação do seu
andar.
-
Se tiver que sair do quarto e o corredor já estiver com fumo desloque-se
rente ao chão. Se não conseguir sair pelo corredor faça a calafetagem das
portas com toalhas húmidas e assinale a sua presença à janela.
(4)
Numa casa de espectáculos
Instrução Militar
10º Ano
-46-
-
Procure localizar duas hipóteses de saída e se não forem visíveis pergunte
aos empregados. Se a resposta não for clara não frequente essa casa de
espectáculos.
-
Procure localizar os extintores.
-
Não deite pontas de cigarros no chão.
-
Em caso de alarme mantenha a calma. Não entre em pânico. As
catástrofes nestes recintos são provocados mais pelo pânico do que pelos
efeitos directos do fogo.
(5)
Carro próprio
-
Verifique frequentemente os bornes da bateria e o sistema eléctrico.
-
Tenha em local acessível um extintor apropriado no seu carro.
-
Se sentir cheiro a queimado desligue o motor e pare imediatamente o
carro. Muna-se de extintor, ou com terra ou areia.
Instrução Militar
10º Ano
-47-
Normas de prevenção contra incêndios nas florestas
Para se evitarem situações de risco que podem levar à perda de vidas
humanas ou materiais, deve conhecer-se o decálogo do combate a incêndios
florestais.
(1)
Informar-se das condições do tempo
a) Conheça o tempo diariamente e passe a informação a toda a
guarnição.
b) Conheça o comportamento normal do vento no local.
c) Informe o seu comando das mudanças de vento que observa depois
de se certificar que elas são definitivas.
(2)
Observar pessoalmente ou usando patrulhas
a)
b)
c)
d)
(3)
Saiba sempre o que está acontecendo com o incêndio.
Observe cuidadosamente o tempo e o fogo.
Antes de iniciar o ataque avalie o possível comportamento do fogo.
Conheça pessoalmente a área do fogo reconhecendo de dia as zonas
onde circulará à noite.
Basear as acções no comportamento actual e previsto do fogo
a) Trace planos flexíveis.
b) Considere acções de alternativa.
(4)
Prepare rotas de fuga para todos e dê-as a conhecer
a) Itinerários de fuga são as áreas já queimadas, aceiros, estradas ou
zonas sem vegetação.
b) Os itinerários de fuga devem estar fora do percurso do fogo e nunca
por cima dele.
c) Deve-se ter atenção ao calor irradiante.
d) Ter um sinal de alarme conhecido de todos, para movimentação
rápida da guarnição.
(5)
Coloque vigias quando há possibilidade de perigo
a) Se não pode observar pessoalmente, monte postos de observação e
garanta o contacto com eles.
(6)
Esteja calmo, mantenha-se atento e tome decisões calmas
a) Trace o seu plano e concentre-se na acção imediata.
Instrução Militar
10º Ano
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b) Dê confiança à sua guarnição não apresentando um ar atormentado.
c) Estude a situação, decida e actue de acordo com ela.
d) Se precisar de ajuda, peça-a.
(7)
Mantenha comunicação permanente com os homens sobre o seu
comando e outras forças
a) Saiba com quem deve comunicar.
b) Use os meios rádio com a profusão possível.
(8)
Dê instruções claras e certifique-se de que são compreendidas
a) Pense as ordens antes de as dar.
b) Gaste o tempo necessário,
compreendidas.
c) Verifique o seu cumprimento.
(9)
mas
garanta
que
elas
foram
Manter sempre o controle dos seus homens
a) Exija que cada um trabalhe na área atribuída.
b) Designe um comando subordinado para cada frente de luta.
c) Controle todas as acções.
(10) Combata o fogo agressivamente, mas garanta, antes, a segurança
a) Seja o primeiro a cumprir as normas de segurança.
b) Exija que os seus homens sigam o seu exemplo.
c) Não descure a segurança dos seus homens. Ela está antes de tudo.
A DETECÇÃO
Dada a celeridade com que se desenvolve o incêndio, quanto mais
rapidamente for detectado e combatido menores serão os efeitos devastadores.
Para melhor ilustrar esta afirmação, é uso dizer-se que:

Durante o 1º minuto, o fogo apaga-se com um copo de água;

Durante o 2º minuto, com um balde de água;

Durante o 3º minuto, com um tanque de água;

Depois faz-se o que puder.
(1)A detecção faz-se fundamentalmente através de:
Instrução Militar
10º Ano
-49-
(a)
Meios humanos
(1) Rondas ou patrulhamentos.
(2) Torres de vigia (incêndios vegetais).
(3) Outros.
(b)
Meios automáticos
(1)
Instalações de detecção automática
O sistema automático de detecção de incêndios (SADI) é uma instalação
capaz de detectar um incêndio sem intervenção humana, transmitir essa
informação a uma central, dar o alarme e o alerta automaticamente, e accionar os
equipamentos necessários para impedir a propagação do incêndio.
O objectivo fundamental de um sistema deste tipo é avisar o homem do
perigo de incêndio, de forma a permitir a sua intervenção no momento em que
esse perigo é, geralmente, ainda insignificante; dispensa assim a intervenção
humana, mas não só a minimiza como faz extraordinariamente o intervalo de
tempo entre a detecção e a primeira intervenção.
Em geral, um sistema de detecção automática de incêndios é
constituído por:
 Um conjunto de órgãos sensíveis - os detectores;
 Um dispositivo de alarme;
 Uma central de sinalização e comando;
 Fontes de alimentação (energia normal e de recurso);
 Equipamentos de repetição e transmissão à distância (os sistemas mais
sofisticados). Permitindo assim a organização do alarme que é, aliás, o cerne da
segurança oferecido por este sistema ao seu utilizador.
Com efeito, consegue-se, com o sistema, atingir os seguintes
resultados:
 A informação imediata às pessoas que o incêndio possa colocar em situação
de perigo;
 A intervenção imediata do pessoal de 1ª intervenção que desencadeia o
ataque inicial e orienta a evacuação se necessário;
Instrução Militar
10º Ano
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 A efectivação dos comandos indispensáveis (corte de ventilação e ares
condicionados, abertura de extractores de fumos, fecho de portas corta- fogo,
etc.);
 O alerta do pessoal encarregado de missões complementares, como seja os
bombeiros, forças de segurança, pessoal dirigente, etc.
A EXTINÇÃO
(1) Fases da extinção
A extinção de qualquer incêndio deve seguir as seguintes fases:
(a)
Reconhecimento
Deve haver a preocupação de, antes de iniciar as operações, efectuar um
reconhecimento inicial, embora rápido e expedito, de modo a avaliar-se a
extensão do fogo e a permitir definir os meios a empregar.
O reconhecimento é efectuado pelo chefe mais graduado presente nas
operações. Se o sinistro tiver grandes proporções, pode o chefe dividir a área
total em fracções e cometer a responsabilidade do reconhecimento dessas
fracções aos seus imediatos colaboradores.
No reconhecimento, procurar-se-á escolher posições onde o fogo pode ser
melhor atacado, tendo em atenção a sua direcção de progressão e os locais que
se querem proteger a todo o custo.
Por vezes, mesmo antes de o reconhecimento estar concluído, é possível
estabelecer já algum equipamento em posição de ataque ou mesmo em ataque.
O reconhecimento dá origem a um plano de trabalhos. Através dele, o
chefe que orienta a operação dá aos seus subordinados uma ideia do modo
como vai executar a missão, dando-lhes instruções e ordens de preparação e
ataque.
Essas ordens ou instruções podem ser dadas directamente de viva voz pelo
chefe, ou então através de meios rádio ou de ordenanças.
(b)
Salvamentos
Os trabalhos de salvamento têm sempre prioridade em relação a qualquer
outro. Em alguns casos a sua execução torna-se possível simultaneamente com
outros trabalhos e, por vezes, o ataque precede os salvamentos para tornar estes
possíveis.
Instrução Militar
10º Ano
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O chefe e os colaboradores directos devem dirigir os salvamentos sempre
que os haja.
(c)
Estabelecimento dos meios de acção.
Esta fase corresponde ao desenvolvimento do trabalho de cada equipa de
acordo com as ordens recebidas do chefe, em função do plano de trabalhos que
delineou.
O chefe de cada equipa deve saber, em cada momento, o que a sua equipa
está a fazer e qual a posição de cada elemento. Deve inspirar calma e
confiança, manter a ordem sem gritos e sem mostrar alarmismos. A ordem, a
calma e a rapidez são fundamentais para um bom êxito.
(d)
Ataque e protecção
O ataque corresponde ao conjunto de trabalhos indispensáveis para debelar
o sinistro, limitar os seus efeitos e evitar a sua repetição. Paralelamente ao
ataque deverá fazer-se a protecção, quer do pessoal, quer do material.
Essa protecção tem por fim limitar até onde for possível os prejuízos
causados, quer pelo fogo, quer pelos meios de socorro.
Nos trabalhos de protecção, incluem-se os escoramentos, demolições,
escoamentos de águas, protecção de móveis e utensílios.
O ataque propriamente dito engloba geralmente as seguintes modalidades:
1. Circunscrição do fogo;
2. Domínio do fogo;
3. Extinção do fogo;
4. Rescaldo;
5. Prevenção.
A. Circunscrição
Um fogo diz-se circunscrito ou localizado quando o ataque foi estabelecido de
forma a impedir o seu alastramento para fora da zona já atingida. Esta é talvez a
mais importante e é conseguida se a localização dos meios for criteriosamente
escolhida.
Instrução Militar
10º Ano
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B. Domínio
Um fogo considera-se dominado quando cede de forma permanente sob a
acção dos meios de ataque. Depois de circunscrito e, portanto, tendo o fogo a
possibilidade de alastrar, os meios de ataque incidem em plena força sobre o fogo,
reduzindo a sua violência. A intensidade da chama diminui e os fumos passam a ter
uma cor esbranquiçada proveniente do vapor da água.
C. Extinção
O fogo considera-se extinto quando os principais focos estão apagados,
mantendo-se a arder quase sem chama pequenos detritos.
D. Rescaldo
O rescaldo inclui as operações de extinção total de todos os focos de incêndio e
a remoção dos escombros. É uma acção morosa, mas importante. Se o rescaldo não
for bem feito, pode o incêndio voltar a reacender-se. O pessoal não deverá
abandonar o local sem se certificar que todos os focos de incêndio foram extintos.
E. Prevenção
Em certo tipo de fogos, e quando o chefe dirige os trabalhos sentir que é
prudente não abandonar completamente o local, poderá deixar uma guarda de
prevenção para manter uma vigilância permanente e atacar qualquer fogo que se
reacenda.
Terrenos e situações perigosas
O conhecimento dos terrenos e situações perigosas é fundamental para a
segurança do pessoal, descrevendo-se as principais:
(1)Encostas
Toda a permanência numa encosta por cima do fogo é perigosa. Nunca desça
uma encosta ao encontro do fogo. Procure chegar ao cume quando o fogo aí
chegar e ataque-o vigorosamente. Não vá directamente pela encosta abaixo para
atacar o fogo. Desça pelo lado de onde sopre o vento e daí progrida lateralmente
mantendo o nível a que o fogo se desenvolve, ou mais abaixo.
(2)Cumes
Embora o cume seja o melhor local para atacar o fogo, não se deve colocar na
frente da sua progressão mas lateralmente e, quando este atingir a cumeada, atacálo de lado. Elimine os focos dispersos acima do declive para que não o possam
envolver. Quando fizer o ataque, procure impedir a progressão lateral do incêndio,
trabalhando a nível inferior ao da testa de avanço do fogo.
Instrução Militar
10º Ano
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(3)Vales
Um fogo progredindo para o fundo de um vale, de acordo com as alterações
do terreno, de ventos ou de humidade, pode modificar a sua progressão de uma ou
mais formas das que se indicam:
(a)
O fogo pode afastar-se;
(b)
O fogo pode saltar para a vertente oposta do vale e criar novos focos,
principalmente se o vale é estreito;
(c)
O fogo pode atear-se a uma ou às duas vertentes e arder para trás e
para cima em direcção ao cume;
(d)
O fogo pode aquecer o ar existente e os combustíveis expostos, e darse uma explosão em simultâneo com a expansão da combustão a uma zona
vasta.
Colocação de viaturas
As viaturas que se movimentam numa área de fogo só deverão estacionar nos
locais definidos pelo comandante da força que fará uma inspecção para localizar
áreas seguras para o estacionamento.
Devem-se procurar parques de estacionamento sem vegetação ou barreiras
naturais ou artificiais. A viatura deve estacionar de modo que a sua saída rápida
seja possível sem ter que efectuar manobras preparatórias.
Deve-se estacionar fora da estrada, ficando esta desimpedida para o trânsito
das viaturas operacionais, mas nunca em cabeços, no topo de encostas, em cima
de vegetais combustíveis ou em frente a um incêndio que progrida.
Instrução Militar
10º Ano
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3.2.1- Identificar as Classes das áreas de Segurança das instalações e
identificar estados de segurança
a) Introdução
1.
A contra-informação é a parte da actividade de informações militares
relacionada com as medidas de segurança, activas e passivas, destinadas a
salvaguardar as nossas actividades, possibilidades e intenções, o pessoal, o
material e as instalações contra as actividades de informação, terrorismo,
espionagem, sabotagem e subversão desenvolvidas por países estrangeiros,
grupos ou indivíduos desafectos que constituam ameaça à segurança Nacional.
A contra-informação inclui a detecção de actos de traição, de sedição e de
desafeição entre o pessoal militar e entre os funcionários civis do exército, e a
neutra1ização ou destruição das actividades hostis de informação e subversão.
Em tempo de paz, a contra-informação traduz-se na adopção de medidas
1ógicas de salvaguarda e segurança enquanto em campanha, a ap1icação destas
medidas é o prolongamento das que foram desenvolvidas desde o tempo de paz.
Os princípios e técnicas de contra-informação em campanha são também
aplicáveis a todo o tipo de exercícios. Na alínea b. Descrevem-se tais princípios
e técnicas, bem como a sua execução.
As acções de contra-informação integram-se nas seguintes acções gerais:
- Segurança Militar;
- Segurança Civil;
- Segurança das fronteiras, viajantes e bagagens;
- Censura;
- Acções Especiais.
As ameaças à segurança resultam fundamentalmente de 4 tipos de
actividades:
- Terrorismo, inclui ataques armados, assassinatos, raptos, entre outras
formas;
- Espionagem, é um método coberto, usado pelo serviço de Informações
para adquirirem informação que afecte a Segurança Nacional;
- Sabotagem, ocorre normalmente antes do início de um conflito, de forma
a obter mais impacto;
- Subversão, adopta métodos ilegais e inconstitucionais para que se
verifiquem mudanças governamentais favoráveis aos seus interesses.
Instrução Militar
10º Ano
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É de esperar que as ameaças sejam conduzidas por:
- Serviços de Informações hostis;
- Organizações, Grupos ou indivíduos subversivos;
- Organizações, Grupos ou indivíduos terroristas;
- Forças Especiais In;
- Unidades de Reconhecimento e vigilância, utilizando meios de recolha
de informações através de Imagem e Reconhecimento das Transmissões;
inclui satélites.
As Informações que o In mais provavelmente deseja obter são as
seguintes:
- Possibilidades e limitações, intenções e planos de emprego das nossas
Forças;
- Composição, efectivo, dispositivo, armamento, equipamento, instrução e
moral das nossas forças;
- Pontos vulneráveis do nosso Sistema logístico e administrativo;
- Dados biológicos relativos
personalidades, entre outros.
aos
nossos
comandantes
e
outras
Entre as mais importantes origens, processos e órgãos de que o In em
campanha pode obter notícias, encontram-se:
- Observação e reconhecimento;
-
PG e refugiados;
- Escuta e análise das transmissões;
- Documentos e material;
- Análise dos mass media;
- Indiscrições, acidentais ou deliberadas;
- Agentes secretos e colaboracionistas;
- Viajantes.
Instrução Militar
10º Ano
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(b) Tipos e Medidas de contra-informação
Existem 3 tipos de medidas de contra-informação: protecção, detecção e
decepção (Fig.80).
1) Medidas de protecção
As medidas de protecção visam impedir que o inimigo obtenha notícias acerca
das nossas actividades. Incluem, entre outras:
(a)Disciplina do segredo
A salvaguarda de notícias e documentos pode, em parte, ser garantida
limitando, tanto quanto possível, o conhecimento dos nossos planos e intenções
ao menor número de pessoas, ou impedindo a saída do pessoal das áreas de
bivaque antes de um deslocamento ou operações. O esclarecimento do pessoal
acerca de conversas descuidadas, ainda que sobre assuntos militares
aparentemente inócuos, é uma medida fundamental para a salvaguarda da
informação militar.
Do mesmo modo deve a INTERNET ser apontada como um excelente meio
de recolha de informação pelo In, se nos entregarmos a uma utilização
descuidada, mesmo que o título particular. Cartas, diários e outros documentos
de natureza pessoal que por qualquer forma, possam revelar ou fornecer
elementos acerca das respectivas unidades, não devem ser mantidos nas áreas da
frente. A instrução sobre a disciplina do segredo inclui o esclarecimento dos
militares sobre o que apenas são obrigados a declarar ao inimigo, ou a outros
prisioneiros, em caso de captura: nome, posto, número e data de nascimento. Por
vezes, entre os capturados, o inimigo coloca falsos prisioneiros.
(b) Segurança de documentos e das Matérias Classificadas
A classificação da correspondência, cartas, fotografias e material especial
fornece indicações quanto ao grau de salvaguarda a adoptar para impedir que
caiam nas mãos do inimigo.
(c) Camuflagem e Cobertura
A disciplina de camuflagem e cobertura consiste na adopção de medidas
activas e passivas, pelo pessoal, ou pelas unidades, para evitar que o inimigo
detecte as nossas posições, material e instalações.
(d) Segurança das Transmissões
A segurança das transmissões compreendem as medidas destinadas a evitar
que as entidades não autorizadas cheguem ao conhecimento de notícias e
informações através dos nossos meios de transmissão. Inclui o emprego de
códigos e cifras e a salvaguarda do material ou sistemas criptográficos.
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(e) Contra-Reconhecimento
É a acção preventiva destinada a proteger as nossas formas da actividade de
reconhecimento do inimigo. Inclui um sistema de alerta contra pessoal infiltrado,
uma cortina defensiva que proteja as nossas forças dos órgãos de pesquisa
inimiga, e uma cortina ofensiva que neutralize o esforço de reconhecimento do
inimigo antes que este obtenha resultados.
Fig.80 - Medidas de contra-informação
(f) Controlo de movimentos e de acessos
Adopção de procedimentos destinados a evitar que pessoas não autorizadas
tenham entrada em áreas de acesso condicionado.
2) Medidas de Detecção
As medidas de detecção tem por finalidade revelar e neutralizar as
actividades de informações do inimigo. Alguns exemplos:
(a) Reconhecimento Aéreo e Terrestre
(b) Investigações de Segurança
Destinam-se a verificar a lealdade do pessoal.
Instrução Militar
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(c) Passes para Civis
Estes documentos constituem um bom processo de identificação de civis
autorizados a entrar numa determinada área. Permitem a rápida detecção
de pessoas estranhas ou em trânsito.
(d) Senha e contra-senha
O correcto emprego da senha e contra-senha permite a detecção de
pessoas ou grupos que pretendam infiltrar-se nas nossas posições ou
instalações.
3) Medidas de Decepção
As medidas de decepção destinam-se a iludir o inimigo acerca dos nossos
verdadeiros planos e intenções.
(a) No planeamento das medidas de decepção consideram-se dois aspectos:
- Identificar o alvo do esforço de decepção; geralmente é o comandante
inimigo.
- Dar tempo e oportunidade suficiente ao comandante inimigo para reagir de
maneira que nos seja favorável.
(b) Exemplos de medidas de decepção:
Ardis – ardil é ma actividade simulada destinada a fazer crer no inimigo que
estamos a desenvolver uma determinada acção quando, de facto, não há
intenção de a realizar, na área em causa.
Posições simuladas - As posições simuladas são preparadas e melhoradas
do mesmo modo que as posições reais. Destinam-se a fazer crer ao inimigo
que certas forças ocupam posições onde de facto não se encontram.
Falsas notícias - As notícias falsas, para fins da decepção, são difundidas
através de documentos mensagens, emissões de rádio e instruções verbais
fictícias. Para serem eficazes exigem pré-planeamento e adequada difusão,
segundo um critério lógico e oportuno.
Quando se utilizam medidas de decepção, as nossas forças devem ser
perfeitamente esclarecidas acerca do que se pretende, para não serem elas
próprias iludidas.
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Incursões – Uma incursão é um ataque em terreno na posse do inimigo,
para cumprir uma missão específica, seguindo normalmente de retirada.
Fintas – Uma finta é um ataque de objectivo limitado, destinado a enganar
o inimigo, desviando a sua atenção do ataque principal.
Demonstrações – Uma demonstração é uma acção destinada a enganar o
inimigo, através da exibição de uma força numa área onde não se procura a
decisão. Difere da finta por não implicar progressão.
(c) Órgãos de contra-informação:
- Um órgão de contra-informação é qualquer Unidade, repartição, secção,
organização, grupo ou indivíduo que contribua para o cumprimento das
medidas de contra-informação. É através destes órgãos que o Oficial de
Informações acciona as medidas de contra-informação.
Militar
- Todo o militar tem responsabilidade de contra-informações, seja na sua
própria segurança e camuflagem, seja na recusa em divulgar ao inimigo e a
pessoas não autorizadas notícias de valor. Neste sentido todo o militar é um
órgão de contra-informação. Em conjunto, os militares podem apoiar muito
melhor o esforço de contra-informação que qualquer outro grupo.
- O militar deve não só adoptar conscientemente medidas de contrainformação, como também cooperar na detecção das actividades de
informações inimigas. Além disso, pode, eventualmente, fornecer
importantes notícias sobre actividades subversivas no exército. Contudo, o
valor do militar como órgão de contra-informação está muito dependente da
instrução que, sobre esta matéria, lhe for ministrada.
- Mal instruído, poderá comprometer não só a sua própria segurança, como
a da unidade a que pertence.
Especialistas de Informações
- Estes especialistas fazem parte dos órgãos de contra-informação do
exército. Têm por missão detectar actos de sedição, traição, subversão e
desafeição e ainda prevenir a espionagem e sabotagem.
- O pessoal de contra-informação ocupa-se dos assuntos mais técnicos da
contra-informação, sendo constituído por investigadores especializados.
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Unidades
- Todas as unidades executam medidas de contra-informação. O êxito das
acções de contra-informação está muito dependente do exacto entendimento
daquelas medidas, da eficiência com que são executadas e da coordenação
com outras unidades.
- Uma vez que o exército se compõe de várias unidades, são estas que
realizam uma grande parte das funções de contra-informação.
Outros órgãos
- Outros órgãos militares, designadamente a Polícia do Exército, a Polícia
Judiciária Militar, os Destacamentos de Informações, certos serviços
técnicos e outras unidades desempenham também algumas funções
especia1izadas de contra-informação.
- Os órgãos de segurança nacionais e de países amigos ou aliados são
importantes para averiguar as origens de notícias em matéria de contrainformação.
4 - MORAL, CÍVICA E MILITAR (MCM)
4.1 - Identificar a Bandeira Nacional (os Estandartes Militares), o Hino
Nacional e os Conceitos de Pátria, de Cidadania e de Cidadania
Europeia
 Pátria
“Pátria”, etimológicamente, significa a terra dos antepassados (“terra
patrum”), no sentido real é a nação enquanto objecto de amor e de devoção na
consciência colectiva.
São elementos da “Pátria”:
- Terra;
- Pessoas;
- Elementos espirituais.
Uma pátria não é apenas uma comunidade, mas sobretudo uma
continuidade histórica, que engloba dois factores determinantes: o território e a
sucessão de gerações. Nem todas as nações se podem considerar rigorosamente
pátrias.
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Uma nação nómada ou dispersa pelo mundo, rigorosamente não é uma
pátria, mas somente aquela que habita uma certa região do globo.
Pátria é assim o meio físico que serve de moldura à nossa vida, a paisagem
onde ela se desenrola com todas as alegrias e sofrimentos, o palco onde se joga,
do berço ao túmulo nosso destino de homens - onde nascemos, onde
crescemos, onde trabalhamos e amamos, onde morremos.
Pátria é a terra já trabalhada, já habitada pelos nossos maiores, onde cada
geração que passou deixou aí o vestígio de uma transformação qualquer:
campos que lavrou, casas e monumentos que edificou, estradas que abriu, etc.
 Bandeira Nacional (Estandartes Militares)
A Bandeira Nacional é o símbolo da Pátria.
A Bandeira Portuguesa não foi sempre a mesma ao longo da história
pátria. A evolução da nossa bandeira está intimamente ligada à evolução do
“escudo de armas” dos reis de Portugal.
Com a implementação da República, a bandeira da monarquia é
substituída, pela Comissão nomeada pelo “Diário do Governo” (15-10-1910)
para apresentar o projecto, por uma bandeira com as cores (verde e vermelho)
dos pendões hasteados na revolta de 31 de Janeiro de 1891 e na Rotunda em 5
de Outubro de 1910. Essa comissão era constituída por Abel Botelho,
Columbano, João Chagas e Ladislau Pereira. O decreto de 19 de Junho de
1911, da Assembleia Nacional Constituinte, determinou:
“ A Bandeira Nacional é bipartida verticalmente em duas cores
fundamentais, verde-escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao
centro e sobreposto à união das duas cores, terá o escudo das Armas Nacionais,
orlado de branco e assentando sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e
avivado de negro. Nas bandeiras das diferentes unidades militares, que serão
talhadas em seda, a esfera armilar, em ouro, será rodeada por duas vergônteas
de loureiro, também em ouro, cujas hastes se cruzam na parte inferior da
esfera, ligadas por um laço branco, onde, como legenda imortal, se inscreverá o
verso camoniano: “Esta é a ditosa Pátria minha amada”.
O significado atribuído às partes constitutivas
Verde - representa o Território da Pátria com os seus campos verdes.
Escarlate - representa o sangue dos Portugueses que há oito séculos têm
mantido Portugal independente e livre.
Esfera Armilar - representa o mundo que os portugueses descobriram e
civilizaram, e assim a missão ecuménica de Portugal.
As quinas - são o desenvolvimento heráldico da primitiva cruz cristã azul do
brasão de D. Afonso Henriques, Primeiro Rei de Portugal.
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Banda encarnada com castelos em ouro - é o escudo de D. Afonso III. Em
virtude das regras heráldicas, por ter herdado o trono de seu irmão, o escudo de
seu avô (a cruz azul transformada em quinas) ficou sobreposto ao seu.
A Bandeira Nacional das unidades militares é designada “Estandarte Nacional”
Como símbolo da Pátria, a bandeira nacional merece todo o respeito dos
cidadãos. Ela deve ser incitamento ao caminho da honra, do dever e do amor a
Portugal.
 Hino Nacional
O Hino Nacional é uma composição poética e musical em honra da Nação.
É um cântico patriótico, solene, destinado a exaltar a Pátria e é entoado em seu
louvor.
O Hino Nacional português, “ A Portuguesa”, tem letra de Henrique Lopes
de Mendonça e música de Alfredo Keil.
Porque é um dos símbolos da Pátria, o Hino Nacional é executado em
várias cerimónias de carácter patriótico.
O Hino Nacional deve ser cantado ou escutado com o máximo respeito,
tendo-se por ultraje à própria Pátria a falta de consideração devida quer ao
Hino Nacional, quer à bandeira do país.
A música de um Hino Nacional está sempre impregnada de sentimentos
patrióticos e nobres. Ao ouvi-la sente-se uma comoção indescritível, emoção
que parece aumentar tanto mais quanto mais longe nos encontramos do torrão
natal.
Qualquer militar, mais do que outro cidadão, deve dar provas públicas de
que está sempre disposto a amar, defender, sacrificar-se, respeitar e fazer
respeitar a sua pátria, mesmo quando representada apenas nos seus símbolos.
 O conceito de Cidadania e Cidadania Europeia
“A cidadania consiste na pertença juridicamente reconhecida a uma
comunidade política. É assim, o estatuto de membro de uma comunidade
política à qual se deve lealdade em troca da obtenção de segurança. Na
democracia portuguesa cada cidadão é membro de uma comunidade
independente, está dotado de direitos, liberdades e garantias, tais como os
direitos de votar e de ser eleito para cargos públicos.
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Uma vez que confere pertença plena à comunidade, não comporta graus.
Uma vez que é um estatuto jurídico-político, não pertence de pertenças
individuais tais como a língua, religião, etnia e classe económica.”
“Os tratados que instituíram as Comunidades têm privilegiado os factores
económicos. Contudo, o desenvolvimento do direito comunitário consagrou
valores relacionados com imperativos democráticos e com as exigências de
uma comunidade de direito, através de uma interpretação extensiva dos termos
dos Tratados em matéria de livre circulação de pessoas e direitos sociais.
Assim, no início da década de setenta, começou a ser ventilada a chamada
‘cidadania incipiente’ que reconheceria direitos especiais e comuns aos
cidadãos dos Estados-membros.
Começou a falar-se da ‘Europa dos cidadãos’ na sequência da cimeira de
Paris de 1974 e a ideia de cidadania europeia terá sido introduzida no relatório
Tindemans em 1975. (…) Já após a entrada de Portugal na CEE e inserindo-se
no aprofundamento da comunidade após o Acto Único, o Tratado de
Maastricht, depois ratificado pela Assembleia da República, em Portugal, criou
o estatuto de cidadão da União Europeia.”
4.2 - Reconhecer a importância da Democracia e da CRP
 Democracia
Numa definição muito simples, a Democracia é o governo dirigido e
controlado pelo povo. Em Democracia, os partidos políticos constituem as
diferentes formas de entender e realizar o “bem comum”.
A constituição fixa as bases da estrutura democrática da sociedade e os
princípios por que se regem os órgãos do poder político.
As Forças Armadas, num Estado democrático, asseguram o regular
funcionamento das instituições (democráticas) e o cumprimento da Constituição.
Apesar dos defeitos que tem - e que todos, mais ou menos pressentem - a
Democracia pluralista é, mesmo assim, a análise e a crítica das várias opções
políticas em liberdade.
Há ainda a considerar que a Democracia pluralista permite auscultar e
denunciar as forças não democráticas, as quais, obviamente preferem coisas bem
distintas do bem comum ou do interesse nacional.
É à Assembleia da República que compete legislar sobre a “organização
da defesa nacional e definição dos deveres destas decorrentes”, cabendo às
Forças Armadas a execução dos seus aspectos militares.
Instrução Militar
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O poder civil a que as Forças Armadas estão sujeitas - e que é característico
duma situação democrática - não é um poder partidário, mas sim aquele que
consubstancia o projecto social maioritário visando a realização do “bem
comum”. Assim, de modo algum pode ser entendido que por força da
supremacia do poder civil sobre as Forças Armadas estas estariam ao serviço de
desígnios políticos parcelares ou partidários.
A isenção partidária das Forças Armadas não significa apoliticismo, mas
pelo contrário uma intenção política, difícil mas meritória, de dar espaço político
ao poder civil para este exercer plenamente a especificidade democrática
pluralista consignada na Constituição.
A isenção partidária das Forças Armadas será entendida em termos de
rigoroso apartidarismo, definindo-se o apartidarismo como emanação do próprio
pluralismo político, tendo em vista o interesse nacional ou o bem comum.
Democracia – Forças
(Fonte: Walter Clemens Jr., Dianamics of Internacional Relations, 1998)
O regime menos mau – após Lord Acton no séc. XIX, muitos pensadores e
políticos afirmaram, como Winston Churchill, que “a democracia é a pior forma
de governo excepto todas as outras formas que foram ensaiadas”.
Realização humana – sendo o ser humano um animal social, a sua realização
exige participar na vida pública. A participação em eleições é uma forma
concreta de mostrar que cada indivíduo conta.
Paz – a política externa das democracias promove os interesses da paz, do
direito, do comércio e da comunidade e, nesse sentido, apazigua as relações
internacionais.
Segurança – os cidadãos dos regimes democráticos dispõe de garantias e de
instrumentos de domínio dos direitos e no da sobrevivência económica para
promover a segurança pessoal.
Democracia – Fraquezas
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Demagogia – a democracia pode transformar-se de governo de povo em
governo das massas, devido ao papel de dirigentes que arrastam as maiorias para
soluções de luta entre as várias classes e grupos.
Má política externa – os governos têm mais dificuldades em conduzir a política
externa devido à ausência de estratégia a longo prazo e de flexibilidade táctica
para mudar de campo quando as circunstâncias exigem.
Injustiça – o argumento de que a democracia é boa para quem já é rico mas má
para quem ainda é pobre também é sustentado pelos que consideram que o poder
político se serve, sobretudo, a si próprio.
Egoísmo – os interesses individuais divergentes promovidos pelos regimes
pluralistas são maus para a unidade requerida pela actuação governamental.
 Constituição da República Portuguesa
A Constituição da República Portuguesa e qualquer outra constituição tem
por finalidade dar fundamento a uma vida pública pacífica, justa e de qualidade.
A constituição é a fonte suprema de autoridade numa comunidade de
cidadãos e regula as relações económicas, sociais e culturais da sociedade civil,
providenciando segurança, e previsibilidade para a gestão de conflitos que nela
ocorrem.
“Os princípios constitucionais da democracia “ são essencialmente três:
1. Soberania popular, que implica que a autoridade política suprema reside na
totalidade da população que cria, modifica e extingues os governos. Deste
princípio decorre que o sistema eleitoral é a melhor forma de obter a decisão
popular;
2. Soberania do Direito, que implica o respeito pelos direitos individuais, a
exigência de instituições políticas representativas, a separação de poderes, a
separação da igreja e do Estado, o controlo civil das Forças Armadas;
3. Subsidiariedade, que implica a preferência pela decisão mais próxima do
cidadão dentro de cada Estado, e a maior legitimidade dos governos
democraticamente eleitos pelos cidadãos perante as organizações internacionais
em que se integram.”
Instrução Militar
10º Ano
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Na Constituição da República são definidos os princípios básicos da Defesa
Nacional na Parte III Título IX de que se ressaltam as seguintes:
Artigo 273º
(Defesa Nacional)
1. É obrigação do estado assegurar a defesa nacional.
2. A defesa nacional tem por objectivos garantir, no respeito da ordem
constitucional, das instituições democráticas e das convenções internacionais, a
independência nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança
das populações contra qualquer agressão ou ameaças externas.
Artigo 275º
(Forças Armadas)
1. Às Forças Armadas incumbe a defesa militar da República.
2. As Forças Armadas compõem-se exclusivamente de cidadãos portugueses e a
sua organização baseia-se no serviço militar obrigatório e a sua organização é
única para todo o território nacional.
3. As Forças Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos
termos da Constituição e da lei.
4. As Forças Armadas estão ao serviço do povo português, são rigorosamente
apartidárias e os seus elementos não podem aproveitar-se da sua arma, do seu
posto ou da sua função para qualquer intervenção política.
5. Incumbe às Forças Armadas, nos termos da lei, satisfazer os compromissos
internacionais do Estado Português no âmbito militar e participar em missões
humanitárias e de paz assumidas pelas organizações internacionais de que
Portugal faça parte.
6. As Forças Armadas podem ser incumbidas, nos termos da lei, de colaborar
em missões de protecção civil, em tarefas relacionadas com a satisfação de
necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, e em
acções de cooperação técnico-militar no âmbito da política nacional de
cooperação.
7. As leis que regulam o estado de sítio e o estado de emergência fixam as
condições do emprego das Forças Armadas quando se verifiquem essas
situações.
Artigo 276º
(Defesa da Pátria, Serviço Militar e Serviço Cívico)
1. As defesas da Pátria são direita e dever fundamental de todos os portugueses.
2. O serviço militar regulado por lei, que fixa as formas, a natureza voluntária
ou obrigatória, a duração e o conteúdo da respectiva prestação.
3. Os cidadãos sujeitos por lei à prestação do serviço militar e que forem
considerados inaptos para o serviço militar armado prestarão serviço militar não
armado ou serviço cívico adequado à sua situação.
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4. Os objectores de consciência ao serviço militar que legalmente estejam
sujeitos prestarão serviço cívico de duração e penosidade equivalentes à do
serviço militar armado.
5. O serviço cívico pode ser estabelecido em substituição ou complemento do
serviço militar e tornado obrigatório por lei para cidadãos não sujeitos a deveres
militares.
6. Nenhum cidadão poderá conservar ou obter emprego do Estado ou de outra
entidade pública se deixar de cumprir os seus deveres militares ou de serviço
cívico quando obrigatório.
7. Nenhum cidadão poderá ser prejudicado na sua colocação, nos seus
benefícios sociais ou no seu emprego permanente por virtude do cumprimento
do serviço militar ou do serviço cívico obrigatório.
4.2.1 Reconhecer o conceito de "Defesa Nacional" e a sua Componente
Militar
1) Os Princípios da Defesa Nacional
Portugal, signatário da Carta da Organização das Nações Unidas e
historicamente vocacionado para a manutenção da paz entre os povos, rege-se, nas
relações internacionais, pelos princípios da independência nacional, do respeito
pelos direitos do homem, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos
conflitos internacionais e da não ingerência nos assuntos de outros Estados.
Estes princípios estão consignados na Constituição da República Portuguesa,
a qual preconiza ainda o desarmamento geral e o estabelecimento de um sistema
de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de
assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
Na observância destes princípios e vocação pacífica, a Lei nº 29/82, de
Defesa Nacional e das Forças Armadas, estabelece que “ a defesa nacional é a
actividade desenvolvida pelo estado e pelos cidadãos no sentido de garantir, no
respeito das instituições democráticas, a independência nacional, a integridade do
Território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou
ameaça externas ” (Artigo 1º).
Esta definição é completada na mesma Lei, quando estabelece que “a política
de defesa nacional tem carácter permanente, exercendo-se a todo o tempo e em
qualquer lugar, tem âmbito interministerial e natureza global, abrangendo uma
componente militar e componentes não militares” (Artigo 6º).
A mesma Lei acrescenta ainda que “a defesa nacional é igualmente exercida
no quadro dos compromissos internacionais assumidos pelo país” (Artigo 3º).
Instrução Militar
10º Ano
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Assim não cabe unicamente às Forças Armadas a Defesa da Pátria, como
erradamente se possa pensar.
O jogo de interdependências entre os Estados soberanos, assume uma
importância vital na garantia dos interesses da comunidade nacional para atingir o
objectivo do bem comum.
Desdobra-se portanto a Defesa Nacional em várias componentes, como sejam
a económica, a científica, educacional, cultural, social e todas as demais que
fazem parte da nossa comunidade e de que as Forças Armadas são mais uma. A
importância relativa dos diferentes componentes da Defesa, não é mensurável e
cabe ao Governo definir o valor que a seu tempo dará a cada um.
2) Objectivos da Defesa Nacional
A Lei nº 29/82, estabelece para a política de Defesa Nacional os seguintes
objectivos permanentes (Artigo 5º):
- Garantir a independência Nacional;
- Assegurar a integridade do território;
- Salvaguardar a liberdade e a segurança das populações bem como a protecção
dos seus bens e do património nacional;
- Garantir a liberdade de acção dos órgãos de soberania, o regular funcionamento
das instituições democráticas e a possibilidade de realização das tarefas
fundamentais do Estado;
- Contribuir para o desenvolvimento das capacidades morais da comunidade, de
modo a que possa prevenir ou reagir pelos meios adequados a qualquer agressão
ou ameaça externas;
- Assegurar a manutenção ou restabelecimento da paz em condições que
correspondem aos interesses nacionais.
São objectivos de paz, de legítima defesa, coerentes com a afirmação dos
princípios de que Portugal é um País pacífico, identificado com as normas do
direito internacional e da Carta das Nações Unidas.
São objectivos nacionais permanentes, do estado e dos cidadãos, de natureza
global, juntamente com outros objectivos conjunturais da Defesa Nacional, devem
servir de base à definição e à execução da política e da estratégia da Defesa
Nacional, isto é, às orientações e às medidas a tomar nos vários departamentos do
Governo, no âmbito da componente militar e das componentes não militares da
Defesa Nacional pelas quais esses departamentos são responsáveis.
Mas são também, em quaisquer circunstâncias, para todos os portugueses, um
ponto de referência obrigatório para o seu comportamento individual no
cumprimento do dever fundamental da defesa da Pátria.
Instrução Militar
10º Ano
-69-
3) Conceito Estratégico de Defesa Nacional (Resolução do Conselho de
Ministros nº 9/94)
O conceito estratégico de defesa nacional define os aspectos fundamentais da
estratégia global adoptada pelo Estado para a consecução dos objectivos da
política de defesa nacional.
A política de defesa nacional tem carácter permanente, exercendo-se com
ritmos diferentes em tempo de paz, de crise ou de eventual conflito armado;
abrange todo o território nacional; tem em conta todo o espaço estratégico de
interesse nacional e visa garantir a salvaguarda dos interesses nacionais. De
natureza global, abrangendo uma componente militar e componentes não
militares, a política de defesa nacional tem ainda âmbito interministerial, cabendo
a todos os órgãos e departamentos do estado promover as condições
indispensáveis à respectiva execução.
4) A componente Militar da Defesa Nacional
O conceito estratégico de defesa nacional refere que no plano militar se deve:
Adoptar um postura estratégica defensiva e assegurar uma capacidade de
defesa de resistência que garanta a possibilidade de fazer funcionar em tempo
os mecanismos de contenção, políticos e diplomáticos, nacionais e
internacionais, e se necessário, a solidariedade militar aliada;
Providenciar no sentido de que as Forças Armadas possam actuar, para além do
âmbito das missões específicas e fundamentais de defesa militar da República,
como instrumento da política externa do estado;
Constituir um sistema de forças que, de acordo com os recursos financeiros
disponíveis e os objectivos estabelecidos, assegure as capacidades necessárias
para designadamente:
- Realizar operações conjuntas de vigilância, controlo e defesa do território
nacional, bem como de vigilância e controlo do espaço interterritorial;
- Satisfazer os compromissos assumidos por Portugal, no âmbito da OTAN
e da UEO, com graus de prontidão acordados;
- Colaborar em missões de manutenção ou estabelecimento da paz,
integradas em forças multinacionais a constituir no âmbito internacional;
- Realizar missões de interesse público, sem prejuízo das missões de
natureza intrinsecamente militar, participar em acções de auxílio humanitário
no interesse da comunidade internacional e colaborar na preservação e
reposição das condições ambientais;
- Actuar em situações de estado de sítio ou de emergência, conforme
definido em lei própria;
Instrução Militar
10º Ano
-70-
4.2.2 Identificar a componente terrestre da defesa militar e segurança
do território nacional
Considerações Gerais
A defesa de uma Nação, sob a perspectiva militar actual, pode considerar-se
possuir três componentes: a terrestre, a naval e a aérea. Daí a justificação da
constituição de três ramos nas Forças Armadas (FA) – Exército, Marinha e
Força Aérea -, não devendo daqui inferir-se que a actuação dos ramos é
independente e exclusivista.
Com efeito, apesar de cada uma das componentes de defesa militar ter o seu
campo de acção específico, nos dias de hoje a cooperação inter-ramos assume
papel preponderante por se tornar cada vez mais difícil definir à partida qual
daqueles campos se tornará no mais importante e decisivo no desfecho de
qualquer conflito.
Porém, a constatação do desenvolvimento de um dos Ramos em relação aos
outros está ligado as suas situações específicas (geográficas, normalmente) dos
respectivos países, havendo os que nem sequer consideram a componente naval
devido ao facto de não possuírem fronteiras marítimas. Nestes casos vemos um
muito maior desenvolvimento dos seus exércitos (ex: Áustria).
Por outro lado, nações existem em ilhas, como a Inglaterra, ou em que a
fronteira marítima é grande, como a Noruega, que desenvolveram
significativamente a sua componente de defesa naval.
A situação de PORTUGAL
Portugal tem fronteira terrestre com a Espanha e fronteira marítima com o
Oceano Atlântico.
Além disso é constituído pelas regiões autónomas dos Açores e Madeira, que
são Arquipélagos com afastamento relativo do continente.
Estas premissas, e sem atender a outras envolventes, levam a considerar um
desenvolvimento equilibrado das nossas componentes de defesa. A terrestre
tendo em atenção a defesa da fronteira terrestre; a naval considerando a posição
marítima e a insularidade de parte do território; a área para apoiar
convenientemente estas duas, pela vulnerabilidade que, isoladas, aquelas
apresentam.
Instrução Militar
10º Ano
-71-
Em relação às citadas componentes poder-se-ia fazer uma análise mais
exaustiva em favor da defesa da importância relativa de cada uma delas. Não
sendo agora esse o objecto, interessa antes debruçarmo-nos tão somente na
componente terrestre.
A Componente Terrestre
Para a política de defesa nacional é fundamental a existência de um exército
permanente, moderno e eficaz, capaz de crescer por mobilização em
consonância com as disponibilidades dos recursos humanos e económicos,
adequado à realidade social nacional, responsável directo pela componente
terrestres de defesa militar e apto a intervir em qualquer parte do território
nacional.
Um exército versátil, mais pequeno, mas mais eficaz que reflicta, igualmente,
no seu âmbito, uma capacidade efectiva de garantir os compromissos
internacionais do Estado, numa época em que a segurança se apresenta
internacionalmente cada vez mais colectiva.
O Exército é parte integrante do sistema de forças nacional. Nas componentes
do sistema de forças nacionais inserem-se:
-
Na componente operacional, os comandos operacionais, grandes
unidades e unidades de natureza operacional.
-
Na componente fixa ou territorial, os demais comandos, unidades,
estabelecimentos e órgãos da estrutura do ramo.
4.2.3 Identificar a organização do Exército Português – Divisão
Militar Territorial
a. Organização Geral do Exército
O Exército compreende:
- O Chefe do Estado-Maior do Exército;
- O Estado-Maior do Exército;
- Os órgãos centrais de administração e direcção;
- Os órgãos de conselho;
- Os órgãos de inspecção;
- Os órgãos de implantação territorial;
- Os elementos da componente operacional do sistema de forças nacional.
Instrução Militar
10º Ano
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b. O CEME
O Chefe do Estado-Maior do Exército é o comandante do Exército.
c. O EME
O Estado-Maior do Exército constitui o órgão de planeamento e apoio à
decisão do CEME.
d. Órgãos centrais de administração e direcção
Os órgãos centrais de administração e direcção, na dependência directa do
CEME, têm carácter funcional e visam assegurar a superintendência e
execução em áreas ou actividades específicas essenciais, de acordo com as
orientações superiormente definidas.
São órgãos centrais de administração e direcção:
- O Comando do Pessoal;
- O Comando da Logística;
- O Comando da Instrução e Doutrina.
e. Órgãos de conselho
Destinam-se a apoiar as decisões do CEME em assuntos especiais e
importantes na preparação, disciplina e administração do Exército.
São órgãos de conselho do CEME:
- O Conselho Superior do Exército;
- O Conselho Superior de Disciplina do Exército;
- A Junta Médica de Recurso do Exército.
f. Órgãos de inspecção
A Inspecção Geral do Exército apoia o CEME no exercício das funções de
controlo e avaliação.
Instrução Militar
10º Ano
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g. Órgãos de implantação territorial
São órgãos de implantação territorial os que visam a organização e apoio
geral do Exército, ou quando razões objectivas o aconselham das Forças
Armadas, e que não sejam especificamente caracterizados de outras forma.
Compreendem:
- Os Comandos Territoriais;
- O Comando das Tropas Aerotransportadas;
- As unidades, os estabelecimentos e os órgãos territoriais;
- Os campos de instrução.
e. Elementos da componente operacional do sistema de forças nacional
Os elementos da componente operacional do sistema de forças nacional da
responsabilidade do Exército compreendem:
- O Comando Operacional das Forças Terrestres;
- Outros comandos operacionais;
- As grandes unidades e unidades destinadas ao cumprimento das
missões de natureza operacional.
Instrução Militar
10º Ano
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f. Organigrama do Exército
Divisão Militar territorial
O território Nacional é dividido em:
- Unidades Estabelecimentos e Órgãos de Lisboa;
- Unidades Estabelecimentos e Órgãos Norte;
- Unidades Estabelecimentos e Órgãos Sul;
- Zona Militar dos Açores (ZMA);
- Zona Militar da Madeira (ZMM).
Instrução Militar
10º Ano
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4.3 - Identificar os compromissos militares internacionais – a OTAN
a. Os compromissos militares internacionais
Além de estar integrado na OTAN, com a qual assumiu compromissos que
mais à frente serão especificados, Portugal assumiu outros compromissos de
âmbito militar com países amigos e aliados nomeadamente:
Acordo de Defesa entre Portugal e os EUA (06SET51)
A finalidade deste acordo é:
- Congregar esforços para a defesa comum e para a preservação da paz e da
segurança;
- Regular, em tempo de paz, as providências de preparação militar necessárias
à defesa, de conformidade com os planos da OTAN.
É no âmbito deste acordo que foram concedidas facilidades para a utilização da
Base Aérea das Lages no Arquipélago dos Açores.
Acordo entre Portugal e a França para facilidades nos Açores (24FEV77)
Nos termos deste Acordo, o Governo Português faculta ao Governo Francês,
nas Ilhas dos Açores, um determinado número de meios e de serviços destinados a
facilitar a observação e a medição das trajectórias de engenhos balísticos
franceses sem ogivas nucleares, que serão lançados na direcção Oeste, a partir das
costas francesas do Atlântico.
Acordo entre Portugal e a RFA (15MAI80)
Dentro do âmbito deste acordo foram dadas facilidades à RFA quanto à
utilização da Base de Beja, à utilização do Campo de Tiro de Alcochete e o uso de
sistemas de comunicações.
Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e Espanha (22NOV77)
Foi propósito deste tratado fortalecer os vínculos de amizade e de
solidariedade europeia e contribuir para a paz e a segurança internacionais, num
espírito de fraternidade universal e de cooperação entre os Estados, de harmonia
com os fins e os princípios da carta das Nações Unidas e do Acto Final de
Helsínquia.
Instrução Militar
10º Ano
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b. A OTAN
1. História
Em 1949, o receio da continuação da expansão soviética para ocidente levou
os países europeus a formar uma aliança com os Estados Unidos da América e o
Canadá, a fim de garantir a sua segurança através de um sistema de defesa
colectiva.
O Tratado do Atlântico Norte foi assinado em 4 de Abril de 1949, dando
origem a uma aliança da qual hoje fazem parte 19 países independentes.
A OTAN foi constituída com o fim de atingir os objectivos do Tratado do
Atlântico Norte. A organização serve os seus países membros e encarrega-se de
todas as tarefas – políticas, militares, económicas e científicas – que lhe foram por
eles entregues.
Os factos falam por si.
A expansão do poder soviético não continuou na Europa desde que a Aliança
foi criada.
A OTAN preservou a paz na Europa e a liberdade dos seus países membros
durante mais meio de século, através de uma política firmada em dois pilares
fundamentais:
- Manutenção de um poderio militar suficiente para dissuadir qualquer potencial
agressor;
- Diálogo construtivo Este-Oeste para prevenir ou aliviar as tensões e promover
relações vantajosas para ambas as partes.
2. Finalidades
A OTAN na nova estrutura de comando é mais flexível e preconiza um
carácter mais amplo dos conceitos de defesa e segurança, reflexo da
implementação do novo Conceito Estratégico em que incluí missões de Defesa
Colectiva, Operações de Resposta a Crises, Expansão / Estabilidade e Contra
Proliferação em tempo de paz, crise e conflito.
Instrução Militar
10º Ano
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Ressalta o alargamento a Leste através do Programa de Parceria para a Paz
(PfP) e subsequentes propostas de adesão, o reforço da iniciativa do Diálogo com
o Mediterrâneo (Med Dialog) reconhecendo e envolvendo países desta importante
região, a expansão dos limites de actuação da OTAN, a ênfase do conceito “Joint”
(todos os ramos das Forças Armadas) e consequente reforço de
multinacionalidade e do conceito CJTF “ Combined Joint Task Force”.
Adicionalmente, a nova estrutura prevê ainda a incorporação da Identidade de
Defesa e Segurança Europeia (ESDI) no nosso planeamento. Neste contexto
(ESDI), o CINCSOUTHLANT está preparado para assumir uma operação da
UEO ou Comandar a sua Força se para tal for designado.
Instrução Militar
10º Ano
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3. Países Integrantes
(a) Alemanha
(b) Bélgica
(c) Canadá
(d) Dinamarca
(e) França (não faz parte da estrutura militar)
(f) Grécia
(g) Hungria*
(h) Irlanda
(i) Itália
(j) Luxemburgo
(k) Holanda
(l) Noruega
(m) Portugal
(n) Polónia*
(o) Rep. Checa*
(p) Espanha
(q) Turquia
(r) Reino Unido
(s) Estados Unidos da América
* 3 Novos membros
4. Funcionamento
Instrução Militar
10º Ano
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A OTAN é uma organização de Estados soberana e igual em direitos. As
decisões tomadas representam, portanto, a expressão da vontade colectiva dos
governos, de comum acordo.
O Conselho do Atlântico Norte, composto por representantes dos dezanove
países membros, é a instância suprema de decisão e consulta no seio da Aliança.
Nas reuniões ministeriais do Conselho, realizadas duas vezes por ano, os
membros da Aliança, são representados pelos seus Ministros dos Negócios
Estrangeiros. O Conselho também pode reunir ao nível de Chefes de Estado ou de
Governo. O Conselho em sessão permanente reúne pelo menos uma vez por
semana ao nível dos embaixadores (Representantes Permanentes).
O Comité Planeamento Defesa é composto por representantes dos países
membros que participam na estrutura militar integrada na OTAN e trata dos
assuntos especificamente relacionados com a defesa. Tal como o Conselho, reúne
em sessão permanente ao nível de Embaixadores e duas vezes por ano a nível
ministerial, cabendo a representação neste último caso aos Ministros da Defesa. O
Conselho e o Comité Planeamento Defesa são presididos pelo Secretário-Geral,
independentemente do nível a que reúnem. As sessões de abertura das reuniões
ministeriais também são presididas pelo Presidente de Honra, cargo honorífico
anual ocupado por um dos Ministros dos Negócios Estrangeiros.
As questões nucleares são discutidas pelo Grupo de Planeamento Nuclear,
que integra representantes de todos os países membros. Este órgão reúne
regularmente ao nível dos Representantes Permanentes e duas vezes por ano ao
nível dos Ministros da Defesa.
5. Estrutura Militar
O Comité Militar é a mais alta autoridade militar na Organização do Tratado
do Atlântico Norte. É constituído pelos Chefes de Estado Maior General das
Forças Armadas de cada um dos países membros, com excepção da França que
está representada no Comité por uma missão militar. O Comité Militar tem sede
em Bruxelas, reúne-se regularmente no escalão dos Chefes de Estado Maior, pelo
menos duas vezes por ano, ou quando for julgado necessário.
Instrução Militar
10º Ano
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RELACIONAMENTO
EURO-ATLÂNTICO
NATO HQ
SACEUR
SACLANT
Comandos
Estratégicos
Ligação Operacional
CINC EASTLANT
CINC WESTLANT
Northwood
Norfolk
CINC SOUTHLANT
Oeiras
CINC SOUTH
CINC NORTH
Naples
Brunssum
COMAIRSOUTH
Ex: Cmd Componente,
tendo um total de 2
destes Comandos
COMJCSOUTH
Ex: Cmd Sub-Regional Conjunto,
tendo um total de 4 destes Comandos
(3 Sub)
Comandos
Regionais
(2 Comp)
Comandos
Sub-Regionais
Conjuntos ou
Comandos de
Componente
A zona estratégica coberta pelo Tratado do Atlântico Norte, está dividida em
dois Comandos – da Europa e do Atlântico – e num grupo de Planeamento
Regional constituído pelos EUA e Canadá. Os comandantes da Europa e do
Atlântico têm a designação de Comandantes Supremos Aliados respectivamente
SACEUR e SACLANT.
Todos estes Comandantes (SACEUR e SACLANT) e o Grupo de
Planeamento Regional são directamente responsáveis perante o Comité Militar
pelo exercício das suas funções.
O Comando Aliado da Europa (ACE) (Comando Estratégico), tem sede na
Bélgica (Mons), cujo Quartel-General é designado por SHAPE (Supreme
Headquarters Allied Powers Europe) e sob o ponto de vista operacional dispõe de
dois Comandos Regionais, baseados na divisão natural da Europa em duas regiões
distintas, nomeadamente Norte e Sul dos Alpes (CINCNORTH e CINCSOUTH).
Os Comandos Regionais, comandados por Comandantes em Chefe (CINC)
são apoiados pelos Comandos de Componentes que centralizam uma política
específica de serviços e administram forças atribuídas, sendo complementados por
Comandos Sub-Regionais que proporcionam um vasto planeamento militar
comum (Joint) e capacidade de comando e controlo.
No ACE, o Comandante Supremo Aliado da Europa (SACEUR) é assim o
responsável pela defesa do conjunto destes territórios contra qualquer ataque
vindo do exterior.
De referir que o ACE dispõe de Forças de Reacção Rápida, das quais se
salienta o Corpo Aliado de Reacção Rápida (ARRC) (componente terrestre deste
tipo de forças), e de Forças de Reacção Imediata, das quais se salientam as Forças
Móveis do ACE (AMF), a sua componente terrestre (Land), AMF (L) na qual
Portugal está inserido com a atribuição de um Destacamento de Operações
Especiais do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE).
Em tempo de paz, o SACEUR não tem forças sob o seu comando e as suas
funções compreendem a preparação de planos de defesa, bem como a instrução,
treino e equipamento das forças militares norte-atlânticas que estiverem afectadas
ou reservadas ao seu Comando para o caso das operações.
Instrução Militar
10º Ano
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Em tempo de guerra, o SACEUR assumirá a direcção de todas as operações
militares terrestres, navais e aéreas na sua zona de acção, contra qualquer agressão
militar externa, ficando a defesa interna e as águas territoriais não afectadas pelas
operações sob a responsabilidade das autoridades nacionais.
Estrutura NATO
CINCEASTLANT
SACEUR
CINCNORTH
SACLANT
CINCSOUTHLANT
CINCWESTLANT
CINCSOUTH
COMSTRIKFLTLANT
COMSUBACLANT
SACEUR
CANARY ISLANDS (SP)
O Comando Aliado do Atlântico (ACLANT), Comando Estratégico, tem sede
nos EUA (Norfolk) e sob o ponto de vista operacional dispõe de três Comandos
Regionais, a que correspondem CINCWESTLANT, CINCEASTLANT e
CINCSOUTHLANT. Estende-se do Árctico ao Trópico de Câncer e das águas
territoriais da América do Norte às costas da Europa e da África, excluindo as
Ilhas Canárias e as Ilhas Britânicas.
Adicionalmente, têm funcionalmente Organizados dois Comandos de
Combate, estabelecidos na directa subordinação do Comandante Aliado Supremo
do Atlântico (SACLANT), 2 Comandos ao nível dos Comandos Regionais que
são a Esquadra de Ataque do Atlântico (STRIKFLTLANT), que está
permanentemente disponível para se constituir numa base de ataque a partir do
mar, utilizando o conceito de uma Combined Joint Task Force (CJTF) e a Força
de Submarinos do Atlântico (SUBACLANT).
Este último é essencialmente uma autoridade de coordenação, constituindo a
fonte primária operacional de direcção e controlo submarina. Embora na directa
subordinação do SACLANT, estes dois Comandos têm responsabilidades de
actuação em toda a Área de Responsabilidade da OTAN.
Os Comandos Regionais do ACLANT não se dividem em Sub-Regionais e de
Componente como no ACE.
O SACLANT é responsável, em tempo de paz, por preparar os planos de
defesa da sua zona de acção, dirigir exercícios de treino e de fornecer informações
ao Comité Militar sobre as suas necessidades de forças.
Instrução Militar
10º Ano
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Em tempo de guerra, o SACLANT será essencialmente responsável pela
garantia do funcionamento das rotas marítimas do Atlântico Norte, pela defesa das
Ilhas situadas nessa zona, pelas operações de tipo clássico e nuclear contra as
bases e aeródromos navais adversários, e ainda pelo apoio às operações do
SACEUR.
COMANDO REGIONAL
DO ATLÂNTICO
NATO
Headquarters
Brussels BE
SUPREME ALLIED COMMANDER
ATLANTIC
(SACLANT)
Norfolk US
Regional Headquarters
Regional Headquarters
Regional Headquarters
WEST ATLANTIC
(WESTLANT)
Norfolk US
EAST ATLANTIC
(EASTLANT)
Northwood UK
SOUTH ATLANTIC
(SOUTHLANT)
Oeiras PO
Os dois Comandos Estratégicos (SC) estabeleceram áreas de responsabilidade
permanentes (AOR´s), embora dentro da AOR do ACLANT (ao contrário do que
acontece no ACE), área essa que inclui Portugal, não haja nenhum limite
permanente entre comandos, levando a que os Comandos Regionais como o
CINCSOUTHLANT tenham agora mais responsabilidades e maior possibilidade
de intervenção.
De referir ainda que o ACLANT, contrariamente ao ACE, não dispõe de
Comando de Componente.
ÁREAS DE RESPONSABILIDADE
NATO=ACE+ACLANT
Área de responsabilidade
(AOR)
Área ACLAN
T
de In
(AO teresse
I)
Instrução Militar
10º Ano
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6. Compromissos de Portugal
O Comandante em Chefe da Zona Ibero-Atlântica (CINCSOUTHLANT) é
um Almirante Português.
Para além da localização e instalação do Comando referido, Portugal
contribui para a OTAN com a defesa do seu próprio território e com uma grande
variedade de infra-estruturas militares dos três ramos das Forças Armadas,
instaladas nos Açores, Madeira e Continente. Participa em exercícios de treino
organizados e conduzidos pelos Comandos OTAN, com forças navais, terrestres e
aéreas.
Em síntese e de facto, parece poder dizer-se que a participação de Portugal na
estrutura de defesa militar da OTAN é feita, essencialmente, no que se pode
chamar da componente atlântica da defesa da Europa, em conformidade com a
condição geopolítica euro-atlântica do Território Nacional.
No entanto, isso não quer dizer que para Portugal não haja o interesse e,
assim, o compromisso de participar com forças terrestres, navais e aéreas para
efeitos da defesa avançada da Europa, como aliás acontece com as nossas Forças
Armadas.
RHQ SOUTHLANT
CINC
COMNAV
(PON)
Portuguese Navy
Operational Fleet
DCINC
SOUTHLANT
(AIR)
(SPN)
(POAF)
COS
USNR DET 106
(USN)
Director Of Staff
(SPAF)
Operations, Intelligence,
Plans & Policy
(UKN)
Operations
Intelligence
INTEL
Land
Maritime
(PON)
Communications &
Information Systems
(USA)
Personnel
Operations
P&P
Logistics
Requirements
CIMIC
Infrastructure
Support
Plans/Policy
Budget
Air
METOC
Resources
REA
Instrução Militar
10º Ano
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7. Participação de Portugal com forças em missões OTAN
Após a nomeação do Comando OTAN para uma Missão, este estabelece as
necessidades de forças para a operação e entrega a mesma ao Conselho Atlântico
Norte (NAC) (órgão com capacidade de decisão política), aqui as Nações
comprometem-se a contribuir com forças para preenchimento das necessidades
listadas.
Foi através deste processo que Portugal integrou, para participar nas
operações nos Balcãs, uma Unidade escalão Batalhão na então designada
Implementation Force (IFOR) em finais de 1995, na Bosnia Herzegovina.
A partir de finais de 1996 continuou a participar na Stabilization Force
(SFOR) com uma unidade do mesmo tipo, ainda que com menor efectivo,
mantendo-se ainda neste Teatro de Operações.
Igualmente, é desta forma que Portugal participa com outra unidade Escalão
Batalhão no Kosovo Force (KFOR) desde 1999.
4.3.1 Identificar a missão das forças armadas portuguesas e as suas
especificidades
a. As Forças Armadas Portuguesas (FA) asseguram, de acordo com a
Constituição da República e as leis em vigor, a execução da componente militar
da defesa nacional. São constituídas por cidadãos nacionais, na base do serviço
militar obrigatório / voluntário e contratado e inscrevem-se na administração do
Estado através do Ministério da Defesa Nacional.
A missão genérica das FA é a de assegurarem a defesa militar do País contra
qualquer ameaça ou agressão externas.
Mas podem também, em obediência a disposições legais, desempenhar outras
missões de interesse geral a cargo do Estado, ou colaborar em tarefa relacionadas
com a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das
populações, sem prejuízo da missão genérica referida.
Isto implica que o nosso sistema nacional de forças armadas deverá ser
constituído a partir da organização dos sistemas de armas de terra, mar e ar
considerados
imprescindíveis,
em
adequada
complementaridade
e
compatibilidade entre si, formando um conjunto operacional lógico e de acordo
com a situação do nosso País, servindo uma estratégia apropriada ao cumprimento
da missão de defesa autónoma e de defesa colectiva em que Portugal está inserido.
Dentro dos parâmetros referidos, a missão cometida na Lei às Forças
Armadas Portuguesas, de assegurarem a defesa militar contra qualquer agressão
ou ameaça externas, pode traduzir-se como segue:
-
Defesa do território nacional e do espaço marítimo e aéreo de interesse
nacional;
Instrução Militar
10º Ano
-85-
-
Contribuição para assegurar, nas áreas marítimas atribuídas à
responsabilidade da OTAN e no quadro dos compromissos da Aliança, o
controle e a protecção da navegação nacional e aliada;
-
Contribuição com forças de reforço para a defesa colectiva da OTAN;
-
Enquadramento de reforços aliados eventualmente julgados necessários
para a defesa do território nacional no contexto da OTAN.
b. Dependências
A estrutura das FA está definida na Lei e compreende os órgãos militares de
comando e os três ramos das Forças Armadas; Marinha, Exército e Força Aérea.
Os órgãos de Comando são o Chefe do Estado Maior General das Forças
Armadas, o Chefe do Estado Maior da Armada; o Chefe do Estado Maior do
Exército e o Chefe do Estado Maior da Força Aérea.
As FA obedecem aos órgãos de soberania competentes, dentro do principio
da subordinação ao poder político.
O Presidente da República é, por inerência, Comandante Supremo das Forças
Armadas e ocupa, nesta qualidade, o primeiro lugar da respectiva hierarquia.
Compete-lhe declarar a guerra, em caso de agressão militar externa efectiva ou
iminente e fazer a paz, sob proposta do governo, ouvido o conselho do Estado e
mediante autorização da Assembleia da República. Assume a direcção superior da
guerra declarada, em conjunto com o Governo. Preside ao conselho Superior da
Defesa Nacional.
A Assembleia da Republica tem, em matéria de defesa nacional e Forças
Armadas, competência especial, nomeadamente para legislar sobre a organização
da defesa e a definição dos deveres dela decorrente, bem como as bases gerais da
organização, do funcionamento e da disciplina das FA.
O Governo é o órgão de soberania responsável pela condução da política de
defesa nacional, e o órgão superior da administração das FA. Compete-lhe em
especial elaborar e fazer executar as leis da programação militar, fazer os
regulamentos necessários à boa execução das leis em matéria de defesa nacional e
das Forças Armadas e determinar a mobilização militar. Compete-lhe também
propor ao Presidente da República a nomeação e exoneração do Chefe dos
Estados Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea.
O Ministro da Defesa Nacional é politicamente responsável pela
administração das FA, pela preparação dos meios militares e pelo resultado do seu
emprego. Dependem directamente do Ministro da Defesa Nacional, além de
outros órgãos, o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e os Chefes
dos Estados Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea. Como principal
órgão consultivo militar, o Ministro da Defesa Nacional dispõe do Conselho
Superior Militar. Compete ao Ministro apresentar ao Conselho Superior de Defesa
Nacional propostas sobre as missões específicas das FA e os respectivos sistemas
de forças, elaboradas mediante projectos do Conselho de Chefes de Estados
Maiores.
Compete-lhe ainda aprovar as propostas do Conselho de Chefes de Estados
Maiores sobre dispositivos das FA, e apresentar ao Conselho de Ministros as
Instrução Militar
10º Ano
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propostas de Lei da Programação Militar e do Orçamento anual das FA,
elaboradas no CSM.
As Forças Armadas nascem da ideia de “serviço” da Nação: a defesa, a
segurança, viver o quotidiano em paz interno e externa, o progresso e o bem
comum nacional.
A Paz é um desejo colectivo, um bem transcendente e superior, que a
comunidade nacional sente ser necessário preservar a todo o custo, e que é
necessário que permaneça constante.
Daí que é a Nação, o Povo todo, que se adestra nas armas para uma
presumível defesa na hipótese, embora longínqua, de um provável ataque à paz e
progresso dos cidadãos. Por isso se diz que o Exército é a Nação em armas, e
porque aquele é constituído por todos os cidadãos válidos de uma certa idade se
afirma que o Exército é a emanação do Povo este “braço armado” da Nação pode
ser considerado sob o ponto de vista militar ou técnico – e neste caso é ordenado
às necessidades da guerra, como defesa armada da Nação: para a manutenção da
sua integridade; ou pode ser considerado no ponto de vista jurídico e político –
como instituição de direito público, relacionado ao Estado, no quadro geral das
funções políticas e administrativas.
A missão das Forças Armadas não termina com o fim da guerra, de contrário
se lhe aplicariam com verdade as palavras de Castilho: “O Exército não passa de
um complexo de males sem número e que só por necessidade absoluta se pode
tolerar” (in “Felicidade pela Agricultura”). O Exército não é uma escola literária,
uma escola da arte de representar ou de passear fardas, nem um modo de vida
como outro qualquer.
Para Mouzinho a vida militar era equivalente à função do próprio sacerdócio.
Em ambas as carreiras – cogitava ele – se exige, mais do que em qualquer outra, a
obrigação elevada a ponto de sacrificar sempre o indivíduo à colectividade, o
esquecimento completo dos mais caros interesses pessoais.
Por sua vez Moniz Barreto predicara de “padre de civismo” o soldado.
A missão das Forças Armadas, em tempo de paz, continua activa em favor do
povo e portanto o trabalho de ajuda ao mesmo povo está na linha da missão de
defesa da Pátria, enquanto considerada, não já em sentido estrito do termo, mas
em sentido lato: a defesa de “qualquer” inimigo do mesmo Povo, e tudo é serviço
da Paz.
4.3.2 Reconhecer a missão do Exército
a. Missão do Exército
De acordo com a Constituição da República, e a lei nº 29/82, da Defesa
Nacional e das Forças Armadas, o Exército:
Instrução Militar
10º Ano
-87-
Participa na defesa militar da república, contribuindo, como ramo das FA e
em conjunto com a Marinha e a Força Aérea, para garantir a independência
nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações,
contra qualquer agressão ou ameaça externa;
Cumpre as missões de natureza militar que lhe sejam atribuídas no quadro dos
compromissos internacionais assumidos pelo País, designadamente no da aliança
defensiva da OTAN;
Mantêm-se aptos, para, quando tal for determinado e nas condições estabelecidas
na legislação em vigor, intervir quando for decretado o estado de sítio ou
emergência e de acordo com as condições específicas estabelecidas para cada
caso;
Colabora na criação das condições militares que permitam aos órgãos de
soberania determinar a utilização da resistência, activa ou passiva, como forma de
defesa em caso de ocupação do território nacional; mantêm-se em condições de,
quando determinado, enquadrar e apoiar o desenvolvimento de tal resistência;
Colabora na preparação militar da Nação e contribui para a sua valorização
técnico- profissional e científica, através da instrução dos contingentes que
incorpora;
Colabora nas acções desenvolvidas pelo sistema nacional de protecção civil ou
naquelas que se relacionem com a satisfação de necessidades básicas e melhoria
da qualidade de vida das populações, sem prejuízo das tarefas anteriores e de
acordo com o estabelecido na lei.
b. Decreto-Lei nº50/93 de 26 Fevereiro
Artigo 1º
1- O Exército tem por missão cooperar, de forma integrada, na defesa militar da
República, através da realização de operações terrestres.
2- Compete-lhe ainda satisfazer missões no âmbito dos compromissos
internacionais assumidos, bem como as missões de interesse público que
especificamente lhe são consignadas.
3- As missões específicas do Exército são as definidas nos termos da lei.
5. NUCLEAR, BIOLÓGICO E QUÍMICO (NBQ)
5.1 Identificar os componentes e vestir o equipamento de
protecção individual para agentes BQ
O equipamento de protecção individual para agentes BQ deve ser colocado
sempre que:
- For ordenado por estar eminente um ataque químico;
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10º Ano
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- Se entrar numa área contaminada quimicamente ou biologicamente;
- Se reconhecer um perigo BQ.
Dada a ordem ou alarme BQ, o combatente deverá envergar o equipamento de
protecção pela ordem abaixo estabelecida, pois vai corresponder aos vários
níveis de Postura de Protecção Orientada para a Missão (PPOM).
1) Vestir as calças de protecção sobre o uniforme normal ou sobre a roupa
interior no caso de tempo quente. Apertar a braguilha e ajustar a cintura
das calças. Não apertar os fechos na parte de baixo das calças.
2) Vestir o casaco de protecção, correr os fechos, fechar aberturas e apertar as
três molas existentes à retaguarda ligando o casaco às calças.
Deste modo atingiu-se o nível 1 de PPOM (PPOM 1) - fig. 1.
3) Calçar as sobrebotas de protecção química sobre as botas de cabedal e
apertá-las de acordo com as instruções contidas na embalagem.
4) Colocar as calças sobre as sobrebotas fechando os fechos de correr, a fita
velcro e apertando os cordões.
Atinge-se assim o nível 2 de PPOM (PPOM 2) - fig. 2.
5) Colocar a máscara com capuz, de acordo com a FII NBQ (00) -01-02.
Deste modo atinge-se o nível 3 de PPOM (PPOM 3) - fig. 3.
6) Fechar todos os fechos de correr e outras aberturas do equipamento.
7) Calçar o conjunto de luvas protecção (luvas interiores em algodão e luvas
exteriores de protecção).
8) Colocar os punhos (com elástico) das mangas do casaco sobre as luvas.
Instrução Militar
10º Ano
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Deste modo atinge-se o nível 4 de PPOM (PPOM 4) – fig.4
Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
Fig. 4
As várias peças que constituem o equipamento de protecção são
fornecidas em embalagens seladas que devem ser mostradas aos instruendos,
pois em campanha o equipamento ser-lhes-á entregue nessas condições.
Existem vários tamanhos que vão desde o XS - Extra Pequeno ao XL - Extra
Largo, pelo que a cada homem deve ser fornecida roupa de acordo com a sua
estatura.
5.2 Colocar, usar e guardar a máscara de protecção de agentes BQ
Os agentes químicos e biológicos actuais são altamente tóxicos, pelo que o
uso de máscara de protecção é a mais importante medida de protecção individual.
Mas para que esta medida seja efectiva a colocação da máscara tem que ser
realizada correctamente e no tempo estabelecido.
a.
Colocar, limpar e verificar a máscara
1. Suspender a respiração e fechar os olhos.
2. Retirar o capacete e colocá-lo num local conveniente, evitando se possível,
qualquer superfície contaminada (o capacete pode ser colocado entre as
pernas ou sobre o cano da arma segura entre as pernas).
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10º Ano
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3. Se usar óculos, retirá-los e colocá-los dentro do capacete.
4. Abrir a bolsa de transporte com a mão esquerda e mantê-la aberta.
5. Agarrar a máscara, logo abaixo das oculares, e retirá-la da bolsa de transporte
deixando o capuz do avesso e á frente do corpo da máscara.
6. Agarrar o corpo da máscara com as duas mãos, meter os polegares, voltados
para cima, na parte interior da máscara de modo que o corpo da máscara e as
correias da cabeça fiquem o mais abertas possível, (fig.1).
Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
Fig.
44
7. Colocar o queixo na bolsa do queixo da máscara, (fig. 2).
8. Puxar as correias da cabeça sobre a mesma, assegurando-se de que todas elas
estão direitas e a almofada da cabeça está centrada.
9. Ajustar as correias das fontes puxando-as com ambas as mãos.
10. Limpar o interior da máscara (expulsando qualquer gás).
(a) Colocar uma mão em concha sobre a válvula de saída e a outra mão sobre
o vocímetro – (fig. 3).
(b)Soprar fortemente para forçar a saída do ar á volta do corpo da máscara.
11.
(a)
Verificar se há fugas na máscara.
Colocar as palmas das mãos sobre as tampas das válvulas de
admissão, exercendo pressão.
(b) Inspirar ligeiramente e conter a respiração (fig. 4), se não existirem fugas a
máscara aderirá à face e permanecerá assim até se expirar. Neste caso passar
para (12). Caso contrário:
(c) Verificar se existe qualquer coisa, tal como cabelo ou roupa, entre a cara e o
corpo da máscara.
(d) Remover tudo o que impeça a máscara de aderir à cara.
(e) Assegurar-se de que as correias e almofada da cabeça não estão torcidas.
Apertar as correias se for necessário.
(f) Limpar a máscara novamente (passo 10).
(g) Verificar de novo se há fugas (passo 11).
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10º Ano
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(h) Começar a respirar normalmente.
12. Puxar o capuz para cima e cobrir a cabeça, tapando os ombros, e fechar o
fecho de correr. Ajustar o cordão do capuz. Colocar e ajustar as correias de
fixação do capuz, passando-as pelos sovacos.
13. Colocar o capacete.
14. Fechar a bolsa transportadora.
15. Dar o alarme BQ e continuar a missão.
Uma vez colocada a máscara, o seu uso prolongar-se-á até que seja dada a
voz de “área limpa”. Após esta voz o combatente deverá guardar a máscara
na bolsa de transporte. O combatente deve estar preparado para executar a
sua missão usando a máscara durante 6 horas.
b. Retirar a máscara
(1) Retirar as correias de fixação do capuz.
(2) Desapertar o cordão do capuz.
(3) Desapertar o fecho de correr.
(4) Retirar o capacete.
(5) Agarrar o capuz atrás da cabeça, levantá-lo para cima e puxá-lo para a frente
do corpo da máscara.
(6) Agarrar a máscara com a mão sobre o capuz e na zona da válvula de saída
(junto ao queixo).
(7) Retirar a máscara puxando-a para baixo, para a frente e depois para cima.
(8) Voltar a colocar o capacete.
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c.
Guardar a máscara na bolsa de transporte
(1) Abrir todas as correias, cordão e fecho do capuz (se não se está a fazer
logo a seguir a retirar a mascara da cabeça).
(2) Agarrar a abertura da máscara e as correias da cabeça na mão esquerda.
Deixar o capuz cair, sobre o corpo da máscara. Agarrar a parte superior do
capuz com a mão direita, (fig. 5).
Fig. 5
(3) Dobrar o capuz sobre o lado esquerdo do corpo da máscara e mantê-lo
nessa posição com a mão esquerda (fig. 6 e 7).
Fig. 6
Fig. 7
(4) Dobrar a parte pendente do capuz para cima, sobre o lado esquerdo da
máscara. Assegurar que as correias de fixação estão metidas dentro da
parte que agora foi dobrada (fig. 8).
Fig. 8
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(5) Meter a máscara com capuz dobrado dentro da bolsa transportadora com
as oculares voltadas para cima e para fora.
(6) Fechar a bolsa de transporte (fig. 9).
Fig.9
5.3 Mudar os filtros da máscara de protecção
Para que uma máscara de protecção desempenhe eficazmente a finalidade para
que foi criada é necessário, entre outras coisas, que os seus filtros se encontrem
em perfeito estado.
a. A mudança dos filtros deve ocorrer
(1)
Se estiverem molhados ou húmidos.
(2)
Se estiverem rasgados.
(3)
Se o adaptador á válvula de admissão estiver danificado.
(4)
Após um ataque com agentes do sangue (hematóxicos).
(5)
Por ordem do comandante.
(6)
Semanalmente, em situação de combate.
(7)
De acordo com os prazos de validade dos lotes, em tempo de paz.
Para a substituição dos filtros da máscara, devem seguir-se os
procedimentos que a seguir se descrevem.
(a) Retirar as válvulas de admissão empurrando para cima e sobre a orla inferior
da gola da válvula com os polegares (fig. 1).
Instrução Militar
10º Ano
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Fig.1
(b) Retirar o colar que se encontra por baixo da gola adaptadora do filtro, (fig. 2).
Fig.2
(c) Alargar os elásticos das correias da cabeça e voltá-las colocando-as para a
parte da frente da máscara. Para evitar distorções não puxar a almofada para
baixo das lentes (fig. 3).
Fig.3
(d) Desabotoar o alojamento do nariz dos botões das abas (fig. 4).
Fig.4
(e) Desabotoar a aba superior da cavidade facial; desabotoar ambos os lados da
máscara antes de continuar (fig. 5).
Fig.5
(f) Agarrar a parte superior dum filtro entre os dedos e o polegar; agarrar a parte
exterior do corpo da máscara na zona compreendida entre o conjunto
Instrução Militar
10º Ano
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vocímetro/ válvula de saída e o adaptador, com a outra mão. Retirar o
segundo filtro da mesma maneira (fig. 6).
Fig.6
Atenção: Para evitar rasgões, não esticar a borracha mais do que o necessário
para retirar ou instalar os componentes na máscara.
(g) Os filtros estão marcados com “LEFT” (esquerdo) e “RIGHT” (direito),
alinhar os filtros com o contorno exterior das bochechas para assegurar que
irão ser bem instalados (fig. 7).
Fig.7
(h) Segurar o filtro pelo canto em ângulo recto, com os dedos no lado do
adaptador; puxar a aba inferior da bochecha para fora, abrindo a cavidade;
introduzir o lado pontiagudo do elemento do filtro, rodando-o de forma
deslizante e alojando-o na cavidade (fig. 8).
Fig.8
(i) Agarrar o canto do filtro inicialmente introduzido e ajustar o filtro á cavidade
(fig. 9).
Fig.9
(j) Deixar o alojamento do nariz e as abas das bochechas caírem na posição
normal; verificar que a base do alojamento do nariz assenta no topo do
alojamento do queixo para que a humidade do ar exalado não entre na bolsa e
estrague os filtros (fig. 10).
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10º Ano
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Fig.10
(k) Colocar o colar que abraça o adaptador do filtro e voltar a verificar a posição
do filtro (fig. 11).
Fig.11
(l) Depois de os filtros estarem instalados abotoar as abas das bolsas e do
alojamento do nariz; colocar um dedo sob o botão pequeno (do lado de fora)
e abotoar a casa correctamente na aba sobre o botão (fig. 12).
Fig.12
(m)Abotoar a casa do alojamento do nariz sob o botão interior.
(n) Abotoar ambos os lados da mesma maneira.
(o) Instalar as válvulas de admissão (fig. 13).
Fig.13
(p) Ajustar a máscara, se necessário.
b. Ao instalar as válvulas de admissão deve ter-se em atenção o seguinte:
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(1) A palavra “top” inscrita no bordo da válvula de admissão deve ser
centrada por cima das frestas que se encontram dentro da válvula. Para
verificar a posição das frestas, manter a válvula na direcção de uma fonte
luminosa, com o lado da rede voltada para o observador. Os espaços de luz
entre frestas deve diminuir e desaparecer quando o fundo da válvula é
inclinado em direcção à fonte luminosa. Se a palavra “top” não estiver
centrada ou faltar, rodar as válvulas; até que as fendas fiquem horizontais.
Marcar a borda no ponto central do topo com um sinal de tinta branca.
Reinstalar os discos se tiverem sido retirados.
(2) Posicionar a válvula sobre um lado do adaptador com a palavra “top”
(se correctamente localizada) ou sinal virado para o topo da máscara.
Introduzir a válvula no lugar.
5.4 - Inspeccionar e fazer a manutenção do operador da
máscara de protecção de agentes BQ
a. Outros acessórios além da máscara de protecção essenciais para se sobreviver
em ambiente NBQ
Ver Fig. 1.
Nota: As máscaras M17A2 diferem da máscara M17A1 por esta não estar
equipada com a válvula de saída, que permite o uso do tubo de reanimação.
Fig.1
Instrução Militar
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Em combate, a máscara deve ser semanalmente submetida a manutenção para
se manter em boas condições. Em tempo de paz a manutenção deve ser feita de 6
em 6 meses ou após qualquer exercício. Sempre que sejam detectadas
deficiências/faltas (das apontadas em 2. b. e c.) e que não são possíveis de
corrigir pelo utente, a máscara deve ser considerado inoperacional e ser pedida a
sua substituição ou reparação.
b. Inspeccionar o exterior da máscara e a bolsa de transporte
(1)
Retirar a máscara da bolsa de transporte e verificar se todos os
acessórios estão presentes (ver fig. 1), informar o comandante de
quaisquer faltas.
(2)
Verificar se na bolsa de transporte existe sujidade superficial, bolor,
rasgões, correias partidas ou peças em falta.
(3)
Verificar se no corpo da máscara existem buracos, rasgões, fendas ou
sinais de deterioração das partes de borracha.
(4)
Verificar se os filtros estão em condições de utilização e devidamente
instalados.
(5)
Verificar se:
(a)As oculares estão partidas, riscadas, descoloridas (interferem
com a visão) ou sujas;
(b)
Os anéis de fixação estão ferrugentos, amachucados ou
arrancados do corpo da máscara;
(c) As borrachas das oculares exteriores estão rasgadas, soltas ou
fendidas.
(6)
Verificar se:
(a) As lentes estão partidas, riscadas (interferindo com a visão) ou sujas
e corrigem a visão devidamente;
(b) As armações metálicas estão partidas ou dobradas;
(c) As partes de plástico estão partidas ou dobradas.
Nota: Os fixadores de lentes são um artigo pessoal (quando distribuídos). O
soldado deve mantê-los durante o seu serviço militar.
Verificar se, nas correias da cabeça:
(a) A almofada de lona está rasgada, mole ou suja;
(b)As tiras elásticas estão muito roçadas, partidas, com pouca
elasticidade, sujas ou faltam as extremidades metálicas;
Instrução Militar
10º Ano
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(c) As correias estão instaladas correctamente (fig. 2).
Fig. 2
Verificar no conjunto da válvula de admissão se:
(a) As válvulas estão soltas (folgadas) sujas ou estragadas;
(b) A palavra “top”, inscrita na borda da válvula de admissão, deve
estar para cima (ficando as frestas inclinadas para fora, evitando
que a água da chuva entre no filtro);
(c) Os discos de borracha das válvulas não estão rasgados, colados,
dobrados ou em falta (os discos devem estar centrados e planos).
Verificar, no vocímetro e conjunto da válvula de saída, se:
(a) A cobertura está folgada demais, suja, colada ou rasgada;
(b)A armação e anel de fixação estão danificados ou soltos;
(c) Os grampos metálicos de fixação estão danificados;
(d)O diafragma do vocímetro está sujo, danificado ou solto (com a
palma da mão, experimentar se roda);
(e) O disco de borracha da válvula está sujo, quebrado, dobrado,
rasgado, em falta ou solto (protuberância do disco bem metida na
armação da válvula);
(f) A armação do conjunto da válvula está partida ou dobrada.
Verificar se:
(a) O tubo para beber água está danificado, solto ou sujo (ou se falta);
(b) O adaptador á tampa do cantil está entupido (ou falta);
(c) As cavidades de armazenagem estão sujas ou rasgadas;
(d) A alavanca está danificada, dobrada ou solta;
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10º Ano
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Nota: A alavanca controla o bocal para beber, no interior da máscara, em
ambos os modelos e também o bocal do tubo de reanimação da M17A1 pelo
que deve ser rodado suavemente num e noutro sentido.
Verificar se a tampa do cantil M1, distribuída pela unidade, se ajusta ao
cantil e não está suja ou estragada.
c. Inspeccionar o interior da máscara
Nota: Para inspeccionar o interior, puxar as correias da cabeça e virá-las do
avesso, colocando-as sobre as oculares.
Ter cuidado para não as puxar para cima do vocímetro.
1) Verificar, na cavidade do nariz, se:
Fig.3
(a) Está solta, suja, deformada, rasgada ou desabotoada;
(b) A aba do queixo está dobrada ou franzida para baixo ou para dentro da
área da bolsa; a aba do queixo, que se encontra na cavidade do nariz, deve
ficar plana e sobre o batente do queixo a fim de impedir que a transpiração
escorra para os elementos de filtro;
(c) Os discos de borracha da válvula do nariz estão danificados, colados,
sujos ou em falta;
(d) Os alojamentos das válvulas estão sujos ou danificados.
2) Verificar se os elementos de filtros estão molhados, sujos, esmagados ou
incorrectamente instalados (os elementos de filtro estão marcados esquerdo
"LEFT" e direito "RIGHT" e não são intermutáveis devendo a parte aguda ficar
para trás. O corpo da máscara estragar-se-á se os elementos de filtros estiverem
incorrectamente instalados ou trocados. O número do lote em ambos os
elementos de filtro de combate M13A2 deve ser igual), (fig. 4).
Instrução Militar
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Fig.4
Nota: A máscara pode danificar-se se manuseada descuidadamente.
3) Verificar se o diafragma do vocímetro está obstruído, sujo ou danificado.
Note bem: Não usar solução descontaminante 2 (DS2) na máscara pois poderá
danificar o diafragma (em "MYLAR") do conjunto do vocímetro.
4) Verificar se os tubos deflectores estão obstruídos, furados, fendidos ou
torcidos.
5) Verificar se as abas da bolsa dos elementos de filtro estão desapertadas, com
falta de botões ou danificados e se as casas dos botões estão rasgadas. Quando se
substituam os botões, ter em consideração que os botões mais compridos
apertam as abas á cavidade do nariz. A cabeça larga dos botões fica voltada para
a bolsa dos elementos de filtro. A aba superior da bolsa dos elementos de filtro
deve ser abotoada por cima da aba inferior a fim de evitar que a transpiração
escorra para dentro dos elementos de filtro. As abas devem estar sempre
abotoadas. Se os botões estiverem molhados o processo de abotoar torna-se mais
fácil (fig. 5).
Fig.5
6) Verificar se o local para beber água e bocal para reanimação (só M17A1)
estão danificados, sujos, obstruídos ou encravados (os bocais devem mover-se
livremente para a frente e para trás quando se roda a alavanca).
d. Lavar a máscara
1) Sempre que a máscara necessitar, dar-lhe uma boa lavagem. Não é necessário
ficar com um preto brilhante. Uma película branca ou borolenta não significa
que a máscara esteja suja. A película (chamada florescência) é proveniente duma
substância preservativa incorporada na borracha e continuará a aflorar enquanto
o corpo da máscara estiver bom. Retirar a florescência, escovando, só quando se
Instrução Militar
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acumular demasiadamente ou começar a esmigalhar. Para uma limpeza devem
usar-se panos macios, uma escova de cerdas macias (tal como um pequeno
pincel), água quente saponificada e água quente limpa.
2) Para limpar a máscara devem executar-se os passos que a seguir se
descrevem.
Nota: Não mergulhar a máscara ou bolsa de transporte em água.
(a) Remover a cobertura do vocímetro/válvula de saída, tampas das válvulas
de admissão e oculares externas.
(b) Não retirar os elementos de filtro; verificar se as abas de bolsa estão
completamente apertadas e não deixar a água entrar em contacto com os
adaptadores da válvula de admissão.
(c) Molhar um pano limpo e macio em água quente saponificada; em
seguida espremê-lo bem; lavar a máscara e o capuz por fora e por dentro.
Fazer o mesmo para a cobertura do vocímetro/válvula de saída e
conjunto das válvulas de admissão; ter cuidado redobrado ao limpar os
discos de borracha dos conjuntos das válvulas.
(d) Enxaguar o pano em água limpa quente e espremê-lo; limpar todas as
partes lavadas anteriormente.
(e) Secar tudo com um pano limpo, seco e macio; utilizar uma escova macia
para secar os cantos, juntas, extremidades onduladas e outros locais que
sejam difíceis de alcançar.
(f) Recolocar a cobertura dos conjuntos vocímetro/ válvula de saída e da
válvula de admissão; verificar se os discos de borracha das válvulas de
admissão e da válvula de saída estão bem instalados e planos; carregar
nas válvulas de admissão com força, de modo a que elas fiquem
devidamente instaladas; para facilitar a substituição da tampa da válvula
de saída, tocar com um dedo húmido no anel de selagem, pernos de
fixação e na armação (fig. 6).
Fig.6
e. Limpar as oculares
Instrução Militar
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Para manter as oculares interiores e exteriores limpas, utilizar o plástico de
polir (NSN 7930-00-634-5340) se disponível, ou usar água quente com sabão.
O plástico de polir não só limpa as oculares como também remove arranhões.
f. Inspeccionar o capuz
O capuz estará inoperacional se apresentar alguns dos problemas seguintes
(pedir a sua substituição):
(1) Áreas pegajosas ou o revestimento de cor preta está a deslocar-se do
tecido base.
(2) Falta de cordões ou correias e se o fecho está danificado ou não funciona.
Nota: Em combate, verificar o capuz semanalmente.
Em tempo de paz, verificá-lo semestralmente e após cada exercício de
instrução.
5.5 - Interpretar e aplicar os diferentes níveis de protecção contra
ataque BQ, Mudar de equipamento de protecção individual para
agentes BQ (PPOM)
a) A Postura de Protecção Orientada para a Missão (PPOM) é um sistema flexível
de protecção contra agentes químicos (e também biológicos e nucleares) utilizado
pelos comandantes para facilitar o cumprimento da missão.
Proporciona ao combatente o uso de equipamento protector adequado quanto:
1) À ameaça química;
2) Ao regime de trabalho imposto pela missão;
3) À temperatura ambiente.
b) Se por um lado o uso de um nível de PPOM facilita o cumprimento da missão
(permite sobreviver em ambientes contaminados), por outro lado cria alguns
problemas que os comandantes, especialmente nos escalões mais baixos, têm que
ter em especial atenção e que são:
1) Maior fadiga resultante de:
(a) Resistência da máscara à respiração.
(b)Aumento da temperatura do corpo devido às dificuldades de dissipação do
calor desenvolvido durante o trabalho e pelo sol.
(c) Tensão psicológica causada pela sensação de isolamento (especialmente se
o combatente sofrer de claustrofobia).
Instrução Militar
10º Ano
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2)
Diminuição das capacidades sensativas como:
(a) Destreza manual (devido às luvas).
(b) Acuidade visual (devido ao uso da máscara).
(c) Audição (dificuldade em ouvir e fazer-se ouvir devido ao uso da máscara
com capuz).
3)
Dificuldade em satisfazer necessidades básicas do combatente, tais
como:
(a) Comer e beber.
(b)Barbear.
(c) Eliminar os desperdícios do corpo.
(d)Tratar ferimentos.
4)
Assim, para evitar estes efeitos, os comandantes deverão:
(a) Fazer rodar o pessoal na execução de trabalhos mais pesados.
(b)Permitir frequentes intervalos de descanso.
(c) Usar ajudas mecânicas em substituição do trabalho muscular.
(d)Fornecer água em quantidade suficiente, em média considerar:
1-
Temperatura menor que 27º C - 9 litros/homem/dia.
2-
Temperatura maior que 27º C - 13 litros/homem/dia.
Os oficiais e sargentos NBQ, assim como o pessoal do serviço de saúde, poderão
aconselhar nestes aspectos. Em caso de dúvidas procurar o seu apoio.
(e) Aplicar os diferentes níveis de protecção
(f) Indicar aos soldados para colocarem a roupa e outro equipamento
necessário para assumirem o nível de PPOM determinado (quadro A e Fig. 1).
Normalmente, o nível de PPOM será estabelecido pela cadeia de comando. No
entanto, se a unidade for atacada com agentes químicos/biológicos, sem qualquer
aviso prévio, assumir imediatamente PPOM 4.
Considera-se ainda o nível 0 (zero) PPOM 0, que consiste em transportar ou ter
em local rapidamente acessível o equipamento de protecção.
Poderá também ser dada a ordem: "só máscara" que corresponderá ao uso de
uniforme de campanha e máscara com capuz.
Quadro A
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Nível
PPOM
Protecção
Sobrebotas
Máscara
capuz
com
1
Vestida
(a)
Transportadas
Transportada
Transportada
s
2
Vestida
(a)
Calçadas
Transportada
Transportada
s
3
Vestida
(a)
Calçadas
Colocada (b)
Transportada
s
4
Vestida
fechada
Calçadas
Colocada
capuz
fechado
Calçadas
Luvas
Notas: (a) Roupa aberta ou fechada conforme a temperatura ambiente
(b) Capuz aberto ou fechado conforme a temperatura ambiente
Fig. 1
a.
Inspeccionar-se a si próprio e aos soldados para assegurar-se de que:
Instrução Militar
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(a) Todos os soldados vestem a roupa e equipamentos correspondentes ao
nível de PPOM ordenado.
(b)Nos níveis 3 e 4 as máscaras de protecção estão correctamente ajustadas
e seladas.
(c) A roupa de protecção está correctamente colocada.
b.
Tomar medidas para reduzir a tensão psicológica e a fadiga:
(a) Fazer rodar o pessoal na execução de trabalhos pesados.
(b)Permitir frequentes intervalos de descanso.
(c) Usar ajudas mecânicas em substituição do trabalho muscular.
(d)Fornecer água em quantidade suficiente.
a. Técnicas de descontaminação de uma unidade para manter o potencial de
combate, após ter sido contaminada
A mudança de equipamento PPOM é a mais importante e todos os combatentes
devem estar familiarizados com a sua execução.
É recomendável executar a mudança de equipamento PPOM, usando subunidades do tipo secção.
Os soldados são divididos em equipas de dois (pares), dispostos em círculo e
afastados de 1 a 3 metros; um par constituído pelo comandante de secção e outro
elemento, colocados no centro do círculo, dirige a mudança do equipamento do
seguinte modo:
1. Os soldados executam o passo 1, alternando as suas posições.
2. Nos passos seguintes o soldado nº 1 de cada par auxilia o soldado nº 2 a
executar os procedimentos de descontaminação (para assegurar que não haja
transferência da contaminação para as luvas e uniforme) como mostra o
quadro.
Quadro A
Passo
Quem executa
Quem ajuda
1. Descontaminar o equipamento
individual
Ambos os soldados
Trocam
posições
2. Descontaminar o capuz
Soldado nº 2
Soldado nº 1
3. Despir o fato de protecção
Soldado nº 2
Soldado nº 1
4. Descalçar as sobrebotas e
luvas
Soldado nº 2
Soldado nº 1
5. Vestir o fato de protecção
Soldado nº 2
Soldado nº 1
6. Calçar as sobrebotas e luvas
Soldado nº 2
Soldado nº 1
Instrução Militar
10º Ano
de
-107-
7. Desenrolar o capuz
Soldado nº 2
Trocam de posição
O soldado nº 1 passa a executar todos os passos
desde o 2 até ao 7, ajudado pelo soldado nº2
8.
Colocar
e
ajustar
equipamento individual
o
Soldado nº 1
Ambos os soldados
b. Detalhe dos passos a seguir na execução da mudança de equipamento PPOM
(1)Descontaminar o equipamento individual (Passo 1).
(a) Finalidade
Remover grandes quantidades de contaminação do equipamento
individual (arma, capacete, mochila, porta máscara, etc.).
(b)Execução:
1- Para descontaminação química

Cobrir o equipamento com mistura seca de STB, quer escovando, quer
esfregando-o contra a mistura.

Sacudir cuidadosamente o excesso de material descontaminante.

Colocar o equipamento numa superfície não contaminada, junto ao local em
que se encontra.
2- Para descontaminação radiológica
 Sacudir ou escovar as poeiras radioactivas do equipamento individual. Se
possível lave-o com água morna ou sabão.
(2)Descontaminar o capuz (Passo 2)
(a) Finalidade
Remover grandes quantidades de contaminação
da máscara e capuz.
(b)Execução:
1. Descontaminar o capuz (fig. 1):
O soldado nº 1 desaperta o cordão do pescoço e
as presilhas de fixação aos braços.
Fig. 1
A. Para contaminação química ou biológica
 Soldado nº 1 usa o estojo de descontaminação da pele M258 e descontamina
o capuz e partes expostas da máscara do soldado nº 2.
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10º Ano
-108-
 As oculares exteriores da máscara são limpas primeiro com a solução nº 2 e
só depois com a solução nº 1 (ao contrário do normal), assim não ficará qualquer
resíduo nas oculares exteriores.
 Quando terminar de descontaminar a máscara do soldado nº 2, o soldado nº 1
descontamina as suas luvas.
B. Para contaminação radiológica
 O soldado nº 1 lava a máscara do soldado nº 2 com uma esponja molhada
com água quente e sabão.
 Limpa a máscara com uma esponja humedecida com água limpa.
 Seguidamente seca a máscara com toalhas de papel ou trapos.
 O soldado nº 1 descontamina as suas luvas.
No caso de não haver água os estojos de descontaminação da pele M258 podem
ser usados do mesmo modo que na contaminação química ou biológica.
2. Enrolar o capuz
a) O soldado nº 1 enrola o capuz do soldado nº 2.
b) O soldado nº 1 deixa o fecho de correr fechado e levanta a parte de trás do
capuz do soldado nº 2 agarrando as presilhas de fixação às mangas.
c) O capuz é puxado para a parte superior da cabeça do soldado nº 2, até que a
maior parte da mesma fique exposta, mas sem lhe tapar a cara.
d) O capuz é enrolado começando no queixo, continuando depois, ao longo da
máscara, é enrolado, apertando-o bem, mas sem tirar da parte de trás da
cabeça.
3- Despir o fato de protecção (Passo 3)
(a) Finalidade
Mudar o fato de protecção contaminado, antes que a contaminação o atravesse e
vá contaminar o uniforme ou a pele. Limita-se também a propagação da
contaminação.
(b)Execução
Despir o casaco
1. O soldado nº 1 desaperta as três molas existentes nas costas do casaco do
soldado nº 2, assim como as três molas da frente, o cordão e o fecho de correr.
2. O soldado nº 1 tira o casaco do soldado nº 2, puxando um braço de cada vez,
ficando o casaco do avesso (fig. 2)
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10º Ano
-109-
Fig.2
3. O soldado nº 2 deve cerrar as mãos, formando um punho, quando está a tirar
cada uma das mangas, evitando deste modo que as luvas saiam. O casaco colocase num local próximo e com a parte preta voltada para cima, mais tarde servirá
como área descontaminada para se permanecer quando voltarmos a vestir o novo
fato de protecção.
Despir as calças
O soldado nº 1 despe as calças ao seu camarada (fig. 3).
Fig.3
a) Abre os fechos laterais das calças.
b)Abre as molas da cintura.
c) Abre o fecho de correr da braguilha e se necessário as presilhas de ajustamento
da cintura.
d)Despe as calças, puxando-as pela parte inferior, uma perna de cada vez, e
afasta-se do local em que se encontram.
4- Descalçar as luvas e sobrebotas (Passo 4)
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10º Ano
-110-
(a) Finalidade
Descalçar as sobrebotas e luvas contaminadas para evitar a propagação da
contaminação.
(b)Execução
Descalçar as sobrebotas
a) O soldado nº 2 de pé, junto do seu casaco (da roupa de protecção).
b)O soldado nº 1 descalça as sobrebotas do soldado nº 2, uma de cada vez.
c) O soldado nº 2 coloca um pé de cada vez sobre o seu casaco.
Descalçar as luvas
a) O soldado nº 2 retira as suas luvas.
b)O soldado nº 1 ajuda-o de modo que este não
toque com a pele das mãos expostas, na
parte exterior das luvas (fig. 4).
5- Vestir o fato de protecção (Passo 5).
Fig. 4
(a) Finalidade
Estabelecer a postura de protecção.
(b)Execução:
Vestir o fato de protecção:
a) O soldado nº 1 abre o saco que contém o novo fato de protecção, mas não
toca no fato.
b)O soldado nº 2 aproxima-se do saco e retira o fato, sem tocar no saco (fig. 5).
Fig.5
c) Seguidamente o soldado nº 2 veste o fato deixando os fechos laterais das
calças abertas (fig. 6 e fig. 7).
Instrução Militar
10º Ano
-111-
Fig.6
Fig.7
d)Abotoa-se e corre-se os fechos do fato.
e) Não trocar de funções
Neste passo só um soldado coloca o novo fato de protecção.
6- Calçar as sobrebotas e luvas (Passo 6)
e. Finalidade
Restabelecer a postura de protecção.
f. Execução:
Calçar as sobrebotas
a) O soldado nº 1 levanta um pacote com o novo par de sobrebotas e abre-o
sem tocar nelas.
b) O soldado nº 2 retira as sobrebotas, sem tocar no exterior do pacote e calçaas (fig. 8 e fig. 9).
Calçar as luvas
a) O soldado nº 1 abre o pacote com as novas luvas, sem tocar nelas.
b) O soldado nº 2 retira-as do pacote e calça-as (fig. 10).
Instrução Militar
10º Ano
-112-
Fig.8
Fig.9
Fig.10
Instrução Militar
10º Ano
-113-
Fig.11
7- Desenrolar o capuz (Passo 7)
(a) Finalidade
Restabelecer a postura de protecção.
(b)Execução:
1. O soldado nº 1 descontamina as suas luvas com os estojos de
descontaminação da pele ou de equipamento.
2. O soldado nº 1 desenrola o capuz do soldado nº 2 e coloca as presilhas
de fixação aos braços (fig. 11).
8- Colocar e ajustar o equipamento (Passo 8)
(a) Finalidade
Preparar-se para voltar à posição de combate.
(b)Execução:
1. Agarrar o equipamento individual, colocá-lo e dirigir-se para a zona
de reunião.
2. Usar o sistema de pares para verificar o ajustamento de todo o
equipamento
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10º Ano
-114-
6. SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE (SHS)
6.1 Imobilizar uma fractura num dos membros
a. A imobilização é, em qualquer fractura, a operação fundamental para o seu
tratamento. Mas, para isso, há que proceder de modo adequado em cada caso. Não
iremos descrever, com todos os pormenores, as várias situações possíveis; cremos
preferível apresentar, tanto quanto possível, sob a forma de figuras, os exemplos
mais frequentes e mais ilustrativos. Mais do que em qualquer outra instrução de
socorrismo, é neste que a aprendizagem prática mais indispensável se torna.
b.
Sinais de Fractura
1. Dor é um sintoma que nunca falta desde que o sinistrado esteja consciente.
Além da dor “espontânea” comum a qualquer traumatismo, existe a dor
“provocada” que é bastante aguda à pressão ou tentativa de mobilização.
2. Deformação local é o sinal complementar e que pode ser devido quer ao
desvio do alinhamento normal, quer ao “inchaço” das partes moles da
região.
c.
Princípios a respeitar na colocação de uma tala
Deve abranger a articulação acima e abaixo da fractura, pondo-se uma tala de
cada lado mais ou menos paralelamente.
Sempre que possível proteger a pele sob as talas, “almofadando” os pontos em
que há saliências ósseas (cotovelo, punho, joelho, etc.) para evitar o efeito da
compressão dos tecidos.
Manter as talas em posição, com ligaduras próprias ou improvisadas, dispostas a
vários níveis acima e abaixo da fractura, apertadas por um nó sobre a tala do lado
de fora.
O “socorrista” tem de saber improvisar uma tala, pois não raro se verá forçado a
actuar sem material próprio.
Durante a sua aprendizagem prática deverá familiarizar-se, portanto, por um lado,
com os vários tipos de talas que eventualmente poderá ter à sua disposição, mas
que não seja a sua ausência que justifique uma incorrecta assistência a um
fracturado. Pode-se improvisar uma tala com tábuas, paus, ramos de árvores,
pranchas de cartão grosso, e até como uma espingarda descarregada ou um sabre.
Do mesmo modo, poderá ser necessário improvisar as ligaduras necessárias para
fixar as talas. Um cinto, uma correia, uma bandoleira, lenços ou tiras rasgadas da
roupa, tudo isso pode servir para o fim em vista.
Instrução Militar
10º Ano
-115-
c.
Fracturas nos braços (antebraço)
É nestes casos que tem plena aplicação a imobilização por talas. Nas figuras
seguintes mostram-se os casos mais exemplificativos, variando-se tanto quanto
possível o tipo de material, próprio ou improvisado, a que se pode recorrer.
Na figura 1 exemplifica-se um caso possível de fractura do braço ou do cotovelo,
se este for encontrado já dobrado. Se esta articulação se nos depara em extensão
(isto é, com o “braço estendido” e não dobrado) deve respeitar-se tal posição
(figura 2). Em resumo: deve imobilizar-se o membro na posição em que o
encontramos – se estiver flectido (dobrado) não o estender, se estiver estendido
não o dobrar.
Instrução Militar
10º Ano
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Na figura 3 mostra-se uma imobilização empregada para fracturas do antebraço ou
punho, recorrendo à improvisação: dois paus almofadados (com papéis ou panos)
servem de talas, o braço é mantido “ao peito pela “fralda” da camisa, e tira de
pano larga à volta do tronco assegura a completa imobilidade do membro.
e.
Fractura nas pernas
O problema principal da imobilização das fracturas do membro inferior é o de
que exigem talas, dificilmente improvisáveis, dadas as dimensões necessárias. Se
não dispomos de talas próprias, pode recorrer-se a tábuas largas e suficientemente
compridas, a espingardas, a paus; neste último caso as “talas” improvisadas só são
eficazes se estiverem ligadas uma à outra de forma a constituir-se uma espécie de
goteira, ao longo de toda a face posterior do membro, como se exemplifica na
figura 4. Em qualquer dos casos, as talas, devidamente almofadadas, devem ficar
uma do lado interno e outra do lado externo do membro, a primeira indo desde a
virilha até um pouco abaixo do pé, e a tala externa começando acima ou abaixo da
cintura, conforme se trate de fractura da coxa ou a nível inferior (joelho, perna ou
pé). Isso se mostra na figura 4.
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10º Ano
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Em último caso, não sendo possível improvisar qualquer tipo de tala, resta-nos
ainda uma hipótese: usar o membro oposto, desde que integro, como tala,
interpondo entre os dois membros qualquer coisa a almofadar e ligando-os acima
e abaixo da fractura (figura 5).
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10º Ano
-118-
6.1.1- Avaliar as Funções vitais
a. A respiração e a actividade cardíaca são funções vitais ou indispensáveis à
vida. Uma vez suspensas, restam-nos muito poucos minutos (2 ou 3), antes que a
morte seja inevitável; durante esses escassos minutos em que o coração não “bate”
sequer mas ainda é possível o regresso à vida, diz-se que há MORTE
APARENTE.
Em casos um pouco menos graves, o indivíduo pode até não ter perdido
completamente a consciência, mas aparenta nítida dificuldade em respirar, quase
sempre com tendência a agravar-se.
Em resumo, há várias fases de sofrimento das funções respiratórias e cardíaca,
mas, desde que se atinja determinado grau, em regra a situação tende sempre a
agravar-se.
No quadro seguinte fica expresso as situações de risco iminente de vida e a sua
gravidade relativa.
SITUAÇÕES DE RISCO IMINENTE DE VIDA
Asfixia
Respiração
Coração
Dificuldade
moderada
Sem alterações
aplicáveis
Dificuldade
acentuada
Alterações moderadas
(pulso rápido)
Paragem
Paragem
Situação
Grau de
Gravidade
I
Inconsciente
Coma não complicado
Alguma falta de ar
(Dispneia moderada)
Consciente
Semiconsciente
ou inconsciente
Absorção insuficiente
de oxigénio
“falta de ar” (Dispneia)
II
Alterações
mais acentuadas
(pulso rápido arrítmico)
Inconsciente
Asfixia com paragem
completa dos movimentos
respiratórios (Apneia)
III
Paragem
Inconsciente
Morte aparente
IV
Parcial
Asfixia
Estado de
consciência
Total
(1) Sinais de Asfixia Parcial (Dispneia)
 Tem dificuldade em respirar.
 Respiração ruidosa (farfalheira).
 Tosse realizada com grande custo.
 Agitação no doente.
 Se dura mais tempo: extremidades dos dedos, nariz e lábios ficam
azulados. (cianose)
 Cai em inconsciência, se é avançada e grave.
Instrução Militar
10º Ano
-119-
(2) Sinais de Asfixia Total (Apneia)




Não respira.
Está inconsciente.
Cianose acentuada.
Pupila (menina do olho) dilatada e com pouca reacção à luz.
b. Estado De Choque
Uma explicação muito simplificada do estado de choque é uma situação em que a
circulação está gravemente perturbada.
(1)
Principais Causas

Hemorragia prolongada.

Traumatismos importantes (mesmo sem hemorragia), sobretudo
quando existe uma ou mais das seguintes situações:
 Esmagamento de uma parte do corpo;
 Fracturas;
 Brusca deslocação de ar devido a uma explosão (“efeito de sopro”).

Queimaduras externas.

Paragem respiratória (mesmo sem paragem cardíaca).
(2)
Condições básicas do choque




Dor violenta.
Perda de sangue.
Perda de líquidos dos tecidos.
Destruição de tecidos.
Indícios de choque
O indivíduo pode estar inconsciente mas na maior parte dos casos,
sobretudo numa fase inicial, ele está consciente, mas prostrado e indiferente
pelo que o cerca; pode queixar-se de sede intensa.
Instrução Militar
10º Ano
-120-
Não esquecer que qualquer destes sinais pode ser mais ou menos intensivo, e
inclusive não estar presente no momento da nossa observação, mas só mais tarde.
O que interessa, é que existindo uma situação das que apontámos como causa
possível de choque, é necessária uma observação constante e medidas urgentes.
6.1.2- Desobstruir as vias respiratórias
a.
É indispensável actuar com a máxima rapidez se o sinistrado apresenta
dificuldades de respiração ou sofre de uma paragem respiratória.
Em caso de dificuldades de respiração, deve-se prestar ao sinistrado os seguintes
cuidados:
(1)
Examinar-lhe a boca, a fim de remover quaisquer objectos estranhos,
que possam impedir a respiração.
(2)
Desaperta-lhe a roupa à volta do pescoço e do peito.
(3)
Se o sinistrado recomeçar a respirar sossegadamente e se a sua pele
adquirir um tom rosado, continuar a desobstruir-lhe as vias respiratórias.
(4)
Se não recomeçar a respirar, aplicar-lhe imediatamente a respiração
artificial
(5)
Providenciar no sentido de obter imediata intervenção de pessoal
especializado do Serviço de Saúde.
Instrução Militar
10º Ano
-121-
b.
Desobstrução das vias respiratórias
Ao socorrista vulgar apenas compete a execução de alguns movimentos simples e
rápidos.
(1)
Tirar da boca da vítima quaisquer corpos estranhos (lama, pedaços de
comida, vomito, sangue, etc.), secreções abundantes ou uma dentadura, por
exemplo.
Para isso, um dedo ou mais, revestidos de um lenço, introduzem-se na boca e
em poucos segundos fazem o que se pretende.
(2)
Colocar a cabeça da vítima na posição adequada, de modo a evitar
dificuldade na passagem de ar nas vias aéreas superiores. Este, sim, é um
pormenor importante que se não deve esquecer. Por isso o vamos explicar
com um pouco mais de pormenor.
Se repararmos, na figura 1, no que sucede a um indivíduo que perdeu o
conhecimento vemos que o maxilar inferior e a língua caem para trás, tapando
parcial ou completamente as vias respiratórias ao nível da laringe. Ao mesmo
tempo os reflexos normais de protecção estão abolidos. De tudo isto resulta
que o ar não pode entrar na laringe e é, portanto, necessário corrigir tal
posição. Para isso basta uma manobra muito simples e rápida, apenas contra
indicada em casos excepcionais que na altura própria serão mencionados.
Trata-se da HIPEREXTENSÃO DA CABEÇA, exemplificada na figura 2
(hiperextensão significa exagero da inclinação da cabeça para trás).
Instrução Militar
10º Ano
-122-
 Deitar o doente de costas.
 Colocar uma mão na nuca e outra na testa.
 Levantar a nuca e empurrar a testa.
Com esta manobra consegue-se muitas vezes que o doente passe a respirar
espontaneamente. Mas pode suceder que tal não seja suficiente para a livre
passagem do ar e então pode completar-se esta manobra com uma outra – a
TRACÇÃO DO MAXILAR INFERIOR ilustrada na figura 3.
Com a manobra assim exemplificada logramos os dois objectivos, hiperextensão da
cabeça e tracção da maxila. O mesmo se consegue com uma manobra ligeiramente
diferente na posição das mãos do socorrista (fig.4).
Instrução Militar
10º Ano
-123-
 Uma mão sobre a testa que empurra a cabeça para trás.
 Outra mão sobre o queixo puxa-o para a frente.
A boca do doente deve estar entreaberta, mas não demasiado, porque se a abertura
for mais que um dedo travesso, ocorre-se o risco de a língua descair novamente
para trás.
6.1.3- Colocar uma vítima em posição adequada
a. Para se evitar o agravamento de lesões ou do estado do doente algumas
medidas são necessárias tomar, nomeadamente:
- Normalizar-lhe a respiração;
- Desapertar a roupa;
- Tranquilizar o doente;
- Imobilizar as fracturas;
- Instalar o doente numa posição adequada;
- Conservar a temperatura normal.
b. Instalar o doente numa “posição adequada” significa:
- Dar-lhe o maior conforto possível, embora nunca numa posição sentada,
em pé ou a andar;
- Aliviar-lhe as dores que possa sentir (para isso também concorrem a
imobilização das fracturas e penso das feridas);
Instrução Militar
10º Ano
-124-
- Acima de tudo pretende-se dar ao doente uma posição que facilite o
fluxo de sangue à cabeça (como sabemos é ao nível do sistema nervoso
central que mais se faz sentir o efeito da insuficiência circulatória do
choque);
Assim, a posição básica para o tratamento do choque é aquela em que a
cabeça fica a um nível inferior ao dos pés.
Há, porém, circunstâncias que obrigam a posições especiais. No Quadro seguinte
resumem-se as posições adoptadas nas várias situações possíveis:
Instrução Militar
10º Ano
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DEITADO de costas com os pés elevados cerca de 20cm
Casos
Gerais
Consciente
acima do nível da cabeça (figura1.a)
Inconsciente
«Posição de segurança»
NÃO baixar a cabeça se a face estiver congestionada elevar,
Traumatismo Craniano
Casos
Especiais
até, um pouco a cabeça.
Não baixar a cabeça: levantá-la, tal como os ombros,
Ferida no torax
para facilitar a respiração.
Feridas internas
NÃO baixar: manter o corpo direito e imóvel.
EM TODOS OS CASOS
1 – Não modificar a posição antes de imobilizar quaisquer fracturas.
2 – Não forçar o doente a tomar determinada posição se isso lhe aumentar o
desconforto ou as dores
c. A posição em que deve ser colocada uma vítima pode depender do tipo de
ferimento que teve, pelo que desde logo é necessário detectar a extensão da lesão.
Em caso de dúvida, deve-se mover o menos possível o doente sem alterar a
posição relativa do corpo.
MEIOS (HUMANOS E MATERIAIS)
QAI Nº 38 e 39/1986 (Manipular um ferido complicado com/sem morte aparente).
Diapositivos/Transparências, Colecção nº 28/1979 CHESMATI
Instrução Militar
10º Ano
-126-
6.1.4- Colocar uma vítima com fractura de coluna em posição adequada
a. Fractura sem deslocamento
Pode existir dor local, não se perde a sensibilidade e são possíveis os
movimentos
(Fig 1-a).
b. Fractura com deslocamento (Fig. 1-b e c).
Existe uma compressão ou corte da espinal-medula.
O sinistrado tem dores, formigueiros, sensação de água fria ou de choques
eléctricos nos membros inferiores e às vezes nos superiores.
Há deformação e paralisia abaixo da fractura.
Deve mover-se a vítima o menos possível.
Se estiver inconsciente ou tiver vómitos deve procurar-se colocá-lo em
posição lateral de segurança. Respeitar sempre o bloco rígido. Pode deitar-se
em decúbito dorsal sobre uma superfície dura, tendo o cuidado de colocar
pequenas almofadas ao nível do pescoço e da região lombar para que as
curvaturas normais da coluna se mantenham.
NOTA: Todo o sinistrado em COMA deve ser considerado como se
estivesse uma fractura da coluna vertebral e deve ser tratado como tal.
Transportar em seguida a um centro hospitalar.
Instrução Militar
10º Ano
-127-
c. Levantamento de um fracturado da coluna (fig. 3).
O número ideal de socorristas é 5, mas pelo menos 4. Colocar
antecipadamente na maca 2 pequenos rolos nas direcções do pescoço e da
cintura.
Um, o que comanda, segura bem a cabeça e puxa-a para si.
Outro, Segura bem nos pés e puxa-os para si.
Os outros três ou dois seguram um de cada lado do tronco e o 5º nas pernas.
Com todos nos seus postos à ordem do chefe, começam a levantar a vítima,
esforçando-se por respeitar o EIXO CABEÇA-PESCOÇO-TRONCOPERNAS, lenta e suavemente como se fosse uma força única.
Do mesmo modo farão a sua colocação na maca previamente apetrechada,
com os rolos.
Nunca esquecer que é preferível não fazer do que fazer mal. (fig.4)
Instrução Militar
10º Ano
-128-
Fig.3
Fig.4
Instrução Militar
10º Ano
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6.2- Socorrer um queimado grave
a.
É costume classificar as queimaduras quanto à profundidade das lesões sofridas
em três graus:
 QUEIMADURAS DE 1º GRAU – em que a pele apenas fica vermelha;
 QUEIMADURAS DE 2º GRAU – quando, além de vermelha, a pele
apresenta vesículas ou bolhas contendo um líquido claro;
 QUEIMADURAS DE 3º GRAU – quando há destruição dos tecidos em
maior ou menor profundidade, podendo até atingir músculos e pele.
b. Queimaduras graves
Não custa a compreender que uma queimadura profunda (3º Grau) é mais
grave do que uma superficial. Mas é importante lembrar que a extensão da área
queimada se pode tornar de longe mais importante: queimaduras do 1º ou 2º
Graus que atinjam uma área grande do corpo são sempre mais graves do que
uma pequena queimadura do 3ºGrau. Até uma “simples” queimadura de sol (1º
Grau), generalizada a toda a pele, pode produzir a morte.
Assim, há vantagem em calcular a percentagem de pele atingida para
percebermos a maior ou menor gravidade da situação e como consequência
decidirmos com a urgência correspondente, sabendo nós que a partir de 1/3 da
pele queimada a situação é muito grave, e quando se atinge metade ou pouco
menos é quase impossível salvar o indivíduo da morte. Mas, mesmo com 20%
a 30% da superfície do corpo atingidos, sobretudo com largas zonas de
queimaduras do 2º Grau, a gravidade é considerável.
Todo o queimado de certa gravidade corre dois riscos principais:
 Um efeito geral, quase imediato – CHOQUE;
 Outros mais tardios, localizados nos pontos queimados, sobretudo em 3º Grau
– INFECÇÃO.
Os primeiros socorros devem ser orientados, portanto, no sentido de combater
o choque e evitar a infecção, por esta mesma ordem.
c. Controlo ou prevenção do choque
Qualquer indivíduo gravemente queimado deve ser imediatamente tratado
para o choque, mesmo que os sinais deste não sejam ainda aparente, pois tal
estado acompanha sempre numa queimadura extensa. Iniciam-se, pois, as
medidas nesse sentido antes mesmo de tratar a própria queimadura. Não vamos
repetir o principal que há a fazer e que na altura própria ficou dito (posição da
cabeça, aquecimento geral do corpo, etc.). Há porém um cuidado especial a
pôr, nestas formas de choque, na administração de líquidos.
Mais que em qualquer outro chocado, o queimado tem deles uma grande
necessidade, pela enorme quantidade que perde pelas superfícies queimadas,
isto é, desprotegidas de pele. Infelizmente, se a vítima está inconsciente, se não
pode engolir (até por ter também queimaduras na parte superior do tubo
digestivo), ou se tem feridas internas abdominais, o socorrista não pode nem
deve tentar fazer-lhe engolir quaisquer líquidos. Terá de providenciar para o
Instrução Militar
10º Ano
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mais rapidamente possível, o doente ser evacuado para aí se proceder à
administração de líquidos pelas veias.
Mas se o doente está consciente, sem lesões internas e não vomita podemos
prestar-lhe um valioso auxílio, forçando-o a beber, quer água simples, quer,
sobretudo, um soluto salino (sais dissolvidos em água). Se não tivermos à mão
o soluto adequado, já preparado, podemos nós rapidamente prepará-lo, com ½
colher de chá de sal refinado mais outro tanto de bicarbonato de sódio (ou
mesmo sal de cozinha ou sal grosso – 1 colher de sopa) dissolvidos em 1 litro
de água fria ou gelada (se não houver bicarbonato, usar apenas o outro). Não se
usa água quente, pois a água salgada quente provoca, muitas vezes, os vómitos.
Esta bebida é fornecida ao doente, lentamente, mas de modo que ele consuma 1
litro por hora. Se começar a ficar agoniado, parar, pois os vómitos ainda o
fariam perder mais líquidos. Mas passado algum tempo, depois de passadas as
náuseas, tornar a tentar, pois esta administração de líquidos é realmente útil
para um queimado.
d. Tratamento da queimadura
Como vimos a infecção é o segundo grande risco que ocorre um queimado
grave. De facto, as queimaduras de 2º e 3º Grau são verdadeiras feridas,
inicialmente talvez não contaminadas, mas facilmente se tornando por qualquer
micróbio do ambiente, pois os tecidos sem vitalidade da região queimada lhes
oferecem bom terreno para se fixarem e desenvolverem. Por isso, o primeiro
cuidado do socorrista que “mexe” num queimado, é não pôr em contacto com
os tecidos queimados material não esterilizado, nem lançar de qualquer modo
sobre eles produtos contaminados (não tossir, nem respirar directamente sobre
a queimadura; se possível empregar uma máscara de gaze ou um lenço tapando
a boca e o nariz, ao debruçar-se sobre o queimado).
Talvez se possa dizer, em síntese, que o tratamento directo de uma queimadura
deve ser, para o socorrista, o mais simples possível. Assim, se houver a certeza
de que o queimado vai receber cuidados médicos durante as três primeiras
horas, o melhor é envolvê-lo, simplesmente, num lençol limpo e não tentar
qualquer manipulação das queimaduras.
Mas se já passar algum tempo e não houver a certeza de o queimado vir a ser
assistido num prazo máximo de 3horas. Teremos mesmo de fazer qualquer
coisa, sempre dentro do espírito de proteger a queimadura contra maior
contaminação, diminuindo, assim, as possibilidades de infecção.
(1)Se houver roupa a cobrir a queimadura, cortá-la e retirá-la, sem tocar
nesta: não tentar puxar fragmentos que fiquem agarrados aos tecidos
queimados e, do mesmo modo, não tentar mover quaisquer fragmentos
ou resto de óleo, metal, etc., que possam ter aderido fortemente à
queimadura.
(2)Não perfurar as vesículas, maiores ou menores, características das
queimaduras de 2º Grau.
(3)NÃO APLICAR QUALQUER PRODUTO, anti-séptico ou não
(proibido o uso de tintura, álcool, água oxigenada, etc.).
(4)Aplicar um penso, sendo obviamente preferível um penso esterilizado,
ou na sua falta um pano limpo. Ligar a região com certa firmeza (o que,
além de fixar o penso, faz diminuir a dor).
(5)Uma vez feito o penso, não o mudar até à observação pelo médico.
Instrução Militar
10º Ano
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Como vemos, a atitude do socorrista perante uma queimadura grave consiste,
fundamentalmente, em controlar o choque, pois, quanto ao tratamento directo
das lesões, é mais aquilo que não deve do que aquilo que lhe compete fazer.
Sobretudo, nada de “limpezas” ou “lavagens” dos tecidos queimados, só
indicados no ambiente perfeitamente esterilizado de uma sala de operações.
6.3- Os primeiros socorros em ambiente NBQ
a. Ambiente Biológico
As notícias sobre o uso de agentes biológicos pelo inimigo e/ou a ocorrência
invulgar de doenças, em campanha, são divulgadas pelos comandos superiores.
Neste contexto, a melhor defesa local contra a guerra biológica é o rigoroso
reforço de todas as medidas médicas e sanitárias preventivas e a manutenção de
elevados níveis de higiene.
O uniforme e as luvas, normais de serviço, protegem o homem das mordeduras
de insectos, tais como mosquitos e carraças, que podem ser portadores de
germes produtores de doenças. O vestuário deve manter-se abotoado e as
calças enfiadas nos canos das botas; a cobertura da pele reduz a possibilidade
de o agente penetrar no corpo através de feridas ou arranhões e também impede
os insectos portadores de doenças de atingirem a pele. Os repelentes de
insectos e os insecticidas são eficazes contra a maior parte dos insectos
portadores de doença. A rigorosa observância de normas difundidas sobre a
matéria e a manutenção de um elevado nível sanitário faz aumentar,
obviamente, a protecção contra alguns insectos.
Se o uniforme e as luvas de serviço não constituíram protecções suficientes
contra determinados agentes biológicos devem usar-se, então os fatos e as
máscaras de protecção.
b. Ambiente Químico
Os primeiros socorros incluem acções imediatas necessárias para impedir
lesões ou complicações adicionais produzidas por acção dos agentes químicos.
Por consequência, os primeiros socorros deverão incluir a descontaminação
individual, sempre que necessário.
Os sintomas e as fases da aplicação de primeiros socorros, são:
1. Agentes Neurotóxicos
Os sintomas de envenenamento por agentes neuróticos são os seguintes:
dificuldade na respiração, baba, náuseas, vómitos convulsões e, por vezes,
diminuição da visão.
A injecção do antídoto do agente neurotóxico e a aplicação de respiração
artificial ou reanimação são as medidas de primeiros socorros a ministrar ao
pessoal que apresenta sintomas de envenenamento por agente neurotóxico. Um
soldado pode dar de si próprio até três aplicações do antídoto, logo que sinta os
sintomas, respeitando entre eles os tempos recomendados.
Instrução Militar
10º Ano
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2. Agentes Vesicantes
Os sintomas de envenenamento por estes agentes são, o ardor na pele, olhos e
nariz. Estes sintomas podem ser retardados por várias horas ou dias, consoante
o tipo de agente utilizado.
Não existe qualquer tratamento contra o envenenamento por agentes
Vesicantes, a não ser a descontaminação.
Se, após esta, se verificarem queimaduras ou bolhas, os soldados devem cobrir
essas superfícies com gaze esterilizada, ou com um pano limpo, para evitar
uma infecção.
3. Agentes tóxicos – Sanguíneos
Os sintomas de envenenamento por estes agentes são convulsões e coma.
O tratamento para este tipo de envenenamento consiste em colocar duas
ampolas esmagadas de amilnitrite junto do nariz do homem afectado.
Se este ainda se encontrar numa área contaminada, as ampolas esmagadas
devem ser introduzidas na sua máscara.
E, se os sintomas persistirem, este tratamento deve ser repetido com uma
frequência de 4 ou 5 minutos, até ao restabelecimento da respiração normal ou
até serem utilizadas 8 ampolas. Pode ser ministrada respiração artificial se a
respiração do doente se tornar difícil ou parar.
4. Agentes Asfixiantes
Os sintomas de envenenamento por agentes asfixiantes são tosse, asfixia,
náusea e dor de cabeça.
O tratamento, neste caso, consiste em manter o soldado quieto, aquecido e
confortável. A menos que seja absolutamente necessário, a vítima não deve ser
removida do local.
Obs. Por uma questão de coerência e sistematização outras medidas de
protecção, activas e passivas, para evitar ou neutralizar os efeitos das armas
NBQ, bem como ainda outras matérias sobre este assunto, encontram-se
incluídas na disciplina “DEFESA NUCLEAR BIOLÓGICA E QUÍMICA”.
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10º Ano
-133-
7. Topografia (TOP)
7.1- Determinar o azimute cartográfico na carta entre dois pontos
do terreno localizados na carta
a. Generalidades
O Rumo de uma direcção é o ângulo que essa direcção (definida por dois pontos)
faz com o Norte Cartográfico (meridianos da carta). Um dos instrumentos usados
para medir e/ou marcar rumos numa carta é o transferidor, apresentando-se este
com várias formas (Fig 1).
- Círculo completo;
- Semicírculo;
- Quadrado ou rectângulo.
Os transferidores apresentam, todos eles, o circulo dividido em unidades de
medida angular sendo o grau a unidade mais comum. Qualquer que seja a forma
do transferidor, existe sempre uma referência que corresponde ao centro do
círculo do transferidor e donde partem todas as direcções:
Fig.1
Instrução Militar
10º Ano
-134-
b. Determinação do Azimute Cartográfico (Rumo)
Para se determinar o azimute Cartográfico, ou rumo, de uma direcção
definida por dois pontos na carta, procede-se da seguinte forma (Fig 2):
1. Localizar na carta os pontos (A e B);
2. Traçar uma linha recta que passe por esses mesmos pontos;
3. Colocar a referência do transferidor sobre o ponto A (em A se desejarmos o
rumo de A para B), com a linha 0-180 graus paralela a linha Norte-Sul da
quadrícula (meridianos da carta) e com a graduação 0 (zero) graus dirigida para
Norte;
4. Fazer a leitura no transferidor a partir dos 0 (zero) graus e no sentido do
movimento dos ponteiros do relógio no ponto em que a linha AB cruza a escala
do transferidor.
5. A leitura feita corresponde ao Rumo AB (Azimute Cartográfico).
Fig.2
Instrução Militar
10º Ano
-135-
7.2- Converter o azimute magnético de uma direcção em azimute
cartográfico (rumo) e azimute geográfico e vice-versa
a. Azimutes
Azimute de uma direcção LS é o ângulo que essa direcção faz com a direcção
Norte, tomada
Para referência, contado a partir desta e no sentido do movimento dos ponteiros
do relógio (Fig 1).
Azimute magnético de uma direcção é o ângulo que essa direcção faz com a
direcção do Norte magnético contado a partir desta e no sentido do movimento
dos ponteiros do relógio.
Azimute cartográfico, ou rumo, de uma direcção é o ângulo que essa direcção faz
com o Norte cartográfico contado a partir deste e no sentido do movimento dos
ponteiros do relógio.
Azimute geográfico de uma direcção é o ângulo que essa direcção faz com a
direcção do Norte geográfico contado a partir desta e no sentido do movimento
dos ponteiros do relógio.
Fig.1
b. Diagrama de declinação
Este diagrama existe na maior parte das cartas com a finalidade de permitir ao
utente a conversão de um tipo de azimute noutro (Fig 2). Consta de 3 linhas, com
uma origem comum. Uma referente á direcção do Norte geográfico, outra à do
magnético e a terceira com a do cartográfico e com os seguintes ângulos inscritos
(Fig 3):
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Declinação magnética – ângulo formado pelas direcções dos nortes geográfico
com o magnético.
Convergência de meridianos – ângulo formado pelas direcções do norte
geográfico com a direcção do norte cartográfico.
Declinação magnética cartográfica – ângulo formado pela direcção do norte
magnético com a direcção do norte cartográfico
A variação anual da declinação magnética é geralmente indicada sob o diagrama
de declinação, podendo a partir dela calcular a declinação magnética actual, o que
se deve fazer antes de efectuar qualquer operação que envolva azimutes
magnéticos (Fig 2).
Utiliza-se o diagrama de declinação para fazer as conversões de azimutes em
rumos ou vice-versa.
Fig.2
Fig.3
Instrução Militar
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c.
Conversão de um azimute magnético em cartográfico e vice-versa
(1) Norte magnético à direita do Norte Cartográfico
(a) Para converter um azimute magnético em azimute cartográfico
(RUMO) adicionar ao azimute magnético a declinação cartográfica
obtida nas indicações marginais da carta.
(b) Para converter um azimute cartográfico (RUMO) em azimute
magnético subtrair a declinação cartográfica ao azimute
cartográfico.
(2) Norte magnético à esquerda do Norte Cartográfico
(a) Para converter um azimute magnético em azimute cartográfico
(RUMO), subtrair ao azimute magnético a declinação cartográfica.
(b) Para converter um azimute cartográfico em azimute magnético
adicionar ao azimute cartográfico a declinação cartográfica.
7.3- Determinar a distância entre dois pontos do terreno
localizados na carta
a. Escala gráfica
A escala gráfica (Fig. 1) é um dos métodos utilizados na determinação de uma
distância na carta; vem impressa nas indicações marginais da folha e é constituída
por duas partes essenciais:
Fig.1
- A “escala principal”, que é parte à direita do zero e graduada a cheio de mil em
mil metros.
- “Talão”, que é a parte à esquerda do zero e graduada de cem em cem metros.
Existe na maior parte das cartas uma única escala gráfica; no entanto, e
dependendo do fim a que as cartas se destinam, podem ter impressas nas
indicações marginais várias escalas gráficas com diferentes unidades de medida –
Fig. 2.
Instrução Militar
10º Ano
-138-
Fig.2- ESCALAS GRÁFICAS
b. Determinação da distância
(1)Para determinar com uma escala gráfica a distância em linha recta entre dois
pontos na carta, procede-se da seguinte forma – Fig. 3:
(a) Colocar a margem de uma folha de papel sobre a carta para que a
margem una os dois pontos marcados;
(b) Traçar duas referências na margem da folha de papel correspondentes
aos pontos A e B da carta;
(c) Colocar a tira de papel sobre a escala gráfica para que a referência
coincida com uma divisão de mil metros da escala e a outra fique sobre o
talão da escala que está dividido de cem em cem metros.
(d) Proceder à leitura da distância, na escala, entre as referências traçadas
no papel correspondente aos pontos A e B da carta, com uma aproximação
de 50 metros.
Instrução Militar
10º Ano
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TRANSFERÊNCIA DA DISTÂNCIA DA CARTA PARA A FOLHA DE
PAPEL
FIG.3
MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS RECTAS NA CARTA
(2)Para se medir a distância ao longo de uma estrada sinuosa, rio ou qualquer
outra linha curva, utiliza-se também a margem de uma folha de papel, do
seguinte modo – Fig. 4;
(a) Fazer um traço (referência) próximo duma extremidade do papel e
colocar essa referência no ponto C, a partir do qual a linha vai ser medida;
(b) Alinhar a margem de papel ao longo de um traço recto e riscar no
papel e na carta a extremidade desse troço;
(c) Conservar estes traços coincidentes e rodar a tira de papel até ficar de
novo coincidente e com um novo troço recto da estrada;
(d)
Repetir as operações (b) e (c) até atingir o ponto D;
(e) Colocar a tira de papel sobre a escala da carta para que a última
referência coincida com uma divisão de 1.000 metros e a primeira fique
sobre o talão da escala;
(f) Fazer a leitura na escala entre os pontos C e D com uma aproximação
de 50 metros.
Fig.4
MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS NA CARTA SOBRE UMA LINHA CURVA
Instrução Militar
10º Ano
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7.4- Determinar as coordenadas militares de um ponto do terreno
na carta
a. Generalidades
Em combate, bem como na vida corrente, há sempre a necessidade de se
marcarem pontos de referência que devem ser identificados com precisão. Em
qualquer região do Globo a localização de pontos na carta ou no terreno pode ser
feita por vários processos. Contudo, dadas as características das necessidades
militares estes processos devem ter as seguintes características:
- Não exigir o conhecimento da região;
- Ser aplicável a grandes áreas;
- Não exigir pontos característicos do terreno;
- Ser aplicável a todas as escalas.
b. Uma carta é uma representação plana a duas dimensões de uma porção de
terreno. Deste modo um dos processos utilizados para referência de pontos é a
utilização de um sistema de eixos coordenados. Para tal é necessário definir
uma origem, dois eixos coordenados (perpendiculares) e uma unidade de
medida. Os sistemas de coordenadas mais comuns são:
- Coordenadas geográficas;
- Coordenadas Ortogonais ou rectangulares.
1. Coordenadas geográficas
Meridiano é o círculo máximo que resulta da intersecção da superfície
terrestre por um plano contendo a linha dos pólos.
Equador é o círculo máximo que resulta da intersecção da superfície
terrestre por um plano que contém o centro da terra e é perpendicular à linha
dos pólos.
Da definição resulta que há infinitos meridianos e um só equador.
No sistema de coordenadas geográficas usam-se como referência duas
linhas, o Equador e um meridiano de referência ou principal. O cruzamento
desses dois círculos máximos constitui a origem dos sistemas de
coordenadas (Fig. 1).
Instrução Militar
10º Ano
-141-
Fig.1
Considerando um ponto da superfície terrestre, podemos definir os seguintes
elementos (Fig.2):
- Meridiano do lugar, é o meridiano que passa pelo ponto;
- Paralelo do lugar, é o círculo menor, paralelo ao equador, que passa pelo ponto;
- Latitude do lugar, é o arco do meridiano do lugar compreendido entre o equador
e o paralelo do lugar, contado de 0º a 90º para Norte ou para Sul;
- Longitude do lugar, é o arco do equador compreendido entre a meridiano de
referência e o meridiano do lugar, contado de 0º a 180º ou de 0h a 12h,
negativamente para E e positivamente para W, ou simplesmente Este ou Oeste.
Fig.2
Instrução Militar
10º Ano
-142-
Quando falamos em meridiano origem ou principal, referimo-nos àquele que
passa pelo observatório de Greenwich em Londres, por ser o normalmente
utilizado (adoptado).
Normalmente, quando nos referimos ao meridiano de Greenwich, pretendemos
especificar o semi-meridiano, sendo o outro semi-meridiano designado por antimeridiano de Greenwich.
Para facilitar a referenciação de um ponto neste sistema utiliza-se uma rede de
meridianos e paralelos. A unidade de medida angular usada em coordenadas
geográficas é o grau sexagesimal com os seus submúltiplos, minutos e segundos.
Do exposto resulta que uma latitude pode ser Norte ou Sul; por conseguinte, o
Pólo Norte tem de latitude de 90ºN e o Polo Sul de 90ºS. Da mesma forma, a
longitude pode ser Este ou Oeste, pelo que o anti-meridiano de Greenwich terá a
longitude de 180º E ou 180º W (Fig.3).
Como a latitude pode ter o mesmo valor numérico a N ou a S do equador, deve
indicar-se se ela é N ou S, do mesmo modo quanto à longitude deve-se especificar
se é E ou W.
Fig.3
As coordenadas geográficas aparecem em todas as cartas militares e nalgumas são
o único processo de localizar ou referenciar um ponto. Na carta militar de
Portugal 1/25.000 encontram-se dois sistemas de coordenadas geográficas: um a
azul, referido à rede geodésica europeia unificada - DATUM EUROPEU, e o
outro referido à rede geodésica nacional DATUM de LISBOA representado a
preto (Fig. 4 e Fig. 5).
Instrução Militar
10º Ano
-143-
Fig.4
Fig.5
2. Coordenadas rectangulares ou ortogonais
Neste sistema, um ponto não é definido por intermédio de ângulos como
anteriormente mas sim por meio de distâncias medidas relativamente a um
sistema de eixos rectangulares, com um ponto de origem comum, a que se dá o
nome de coordenadas rectangulares. Assim a abcissa é a distância AB e a
ordenada é a distância BM representada na Fig. 6.
Fig.6
Instrução Militar
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(a) Coordenadas Militares Portuguesas (GAUSS)
No centro do território de Portugal Continental, a Norte de Abrantes e muito
próximo do vértice Geodésico MELRIÇA, situa-se o ponto central que
constitui a origem do sistema de coordenadas rectangulares utilizadas na
cartografia nacional.
Para que não apareçam valores negativos no sistema deslocou-se a origem
(Ponto Central) de 200 km para Oeste e 300 km para Sul definindo-se assim
uma outra origem denominada origem fictícia, situado a SW do Cabo de S.
Vicente.
Deste modo o território de Portugal Continental ficou enquadrado num sistema
de eixos coordenados com origem no ponto fictício, (Fig. 7).
Fig.7
Instrução Militar
10º Ano
-145-
Apoiada nos sistemas de eixos coordenados que passam pela origem fictícia,
lançou-se sobre o território Nacional uma malha de quadrados de 100 km de lado,
designado pelas letras de A a Z com excepção da letra I, distribuídos do seguinte
modo (Fig. 8):
Fig.8
As coordenadas dos pontos no sistema de eixos têm assim uma distância à
Meridiana M (abcissa) e uma distância perpendicular P (ordenada).
Instrução Militar
10º Ano
-146-
Assim as coordenadas tomam a forma seguinte:
Fig.10
Em relação ao ponto £ temos as seguintes coordenadas:
M = 215 km
P = 175 km
As coordenadas militares GAUSS do Ponto £ são:
S1575
É retirado o 1º algarismo da meridiana e da perpendicular porque é esse que
caracteriza a letra.
Para facilidade de localização de pontos divide-se, seguidamente, cada quadrado
de 100 km de lado por um quadrado de 10 km de lado, sendo cada quadrado
designado por dois algarismos (Fig. 11).
Fig.11
Instrução Militar
10º Ano
-147-
Ainda para facilidade de localização cada quadrado de 10 km de lado ainda foi
dividido numa malha de 100 quadrados de 1 km de lado cada (quadrícula
1/25000, Fig. 12).
Fig.12
(b) Referenciação de pontos no sistema GAUSS (Coordenadas
Militares Portuguesas)
Para referenciar um ponto neste sistema de coordenadas (Fig. 10) em primeiro
lugar refere-se o quadrado em que o ponto está localizado (letra).
S - A letra indica as centenas de quilómetros
A seguir refere-se um grupo, par de algarismos, que indica com maior ou menor
precisão, a distância à referência em que a primeira metade representa a meridiana
e a segunda a distância à perpendicular, dentro do quadrado.
Assim conforme maior ou menor precisão temos:
S
S
S
S
S
1
15
153
1532
15329
7 – Dezenas de quilómetros
75 - Quilómetros
750 - Hectómetros
7501 - Decâmetros
75015 – Metros
Na carta 1/25.000 a quadrícula que corresponde às coordenadas militares
portuguesas GAUSS aparece apenas apontada (de cor castanho), visto
actualmente as cartas virem impressas com a quadrícula UTM (a azul).
Instrução Militar
10º Ano
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(c) Sistemas de coordenadas militares UTM
As coordenadas UTM, ao contrário das coordenadas militares portuguesas que só
servem para o território nacional, aplicam-se a qualquer ponto da superfície
terrestre. A quadrícula UTM (Universal Transversa de Mercator) foi estabelecida
de acordo com as regras indicadas a seguir:
A parte da superfície terrestre situada entre as paralelas 84ºN e 80ºS dividida por
uma série de meridianos regularmente intervalados de 6º. A superfície entre dois
meridianos consecutivos constitui um fuso, havendo assim 60 fusos numerados de
1 a 60 para leste (Fig. 13 e Fig. 14)
Fig.13
Cada fuso tem o seu próprio sistema de referência (Fig. 14).
Meridiano Central do Fuso ao qual se atribui por convenção uma distância fictícia
de 500.000 metros a fim de evitar coordenadas negativas para os pontos a Oeste
do meridiano Central.
Equador, ao qual se atribui por razões semelhantes uma distância fictícia à
perpendicular de 0 ou 10.000.000 metros conforme se referir a zonas do
hemisfério Norte ou Sul, respectivamente.
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Fig.14
A contar do paralelo 80ºS, considera-se ainda uma série de paralelos intervalados
de 8º, excepto o último Norte, compreendendo a latitude 84ºN que tem 12º.
Cada área entre dois paralelos consecutivos constitui uma fila de zonas, cada uma
delas identificado por uma letra de C a X com excepção das letras I e 0 a partir do
Sul (Fig. 13).
Entre os paralelos 80º e 84ºN fica assim constituída uma malha geográfica de
meridianos e paralelos, definindo 60 x 20 - 1200 zonas, cada uma das quais
medindo 6º em longitude e 8º em latitude, com excepção da última Norte que
mede 6º em longitude e 12º em latitude.
As letras A,B,Y e Z são utilizadas para as calotes esféricas sendo as letras A e B
para a calote Sul e as letras Y e Z para a calote Norte.
Assim cada uma das 1200 zonas (identificada por um número, correspondente ao
fuso, e uma letra correspondente fila da zona (Fig. 15).
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Fig.15
Instrução Militar
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Portugal continental ficou assim, no fuso 29 e nas zonas S e T (Fig.16 e 17).
Fig.16 e 17 respectivamente
Implantou-se em seguida uma malha de quadrados de 100 km de lado (apoiada na
meridiana de origem), designada por duas letras, correspondentes à coluna e à fila
de que fazem parte (Fig. 15).
Foi sucessivamente criada uma quadrícula de 10 km de lado e sobre esta uma
outra de l km de lado.
(d)
Regras de Referenciação
A Referenciação dum ponto da quadrícula UTM faz-se de acordo com as
seguintes regras:
No caso mais completo, a referencia indicada por um grupo de letras e algarismos
que indicam:
- Fuso;
- A zona;
- Quadrado de 100 km de lado pertencente a zona em que se situa a
referencia;
- As coordenadas rectangulares da quadrícula UTM - parte numérica
de referenciação - com a precisão desejada.
Instrução Militar
10º Ano
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A designação duma referência é escrita por meio de uma expressão contínua sem
espaços, parêntesis, vírgulas ou pontos.
Deste modo temos:
29 - Designa o fuso onde está localizado o ponto (Portugal está localizado neste
fuso).
29S - Designa a zona dentro do fuso 29 (Parte Sul de Portugal).
29SND - Indica o quadrado de 100 km, de lado dentro da Zona S do fuso 29.
29SND56 - Indica que, dentro do quadrado ND, o ponto está a 50 Km da
meridiana e a 60 Km da perpendicular (Precisão da dezena de Km).
50km
60km
M – 50 Km
P – 60 Km
Fig.18
29SND5065 - Indica que, dentro do quadrado ND, o ponto está a 50 Km da
meridiana e a 65 Km da perpendicular (precisão de 1 Km).
29SND505656 - precisão de 100 metros.
29SDN50506550 - precisão de 10 metros.
Quando não haja confusão por esse facto, pode-se omitir a designação do fuso e
da zona.
As medições para utilização das coordenadas UTM vêm indicadas na margem da
carta (Fig. 19).
Instrução Militar
10º Ano
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Fig.19
Informações marginais
c. Determinação das coordenadas dum ponto
1. Escalas
Escala de uma carta é a relação entre uma distância medida na carta e a
correspondente distância horizontal medida no terreno.
As escalas podem ser numéricas ou gráficas:
(a) Escalas numéricas
Distância na Carta
Escala numérica =
Distância horizontal no terreno
(Ex. 1/25.000, 1/50.000, 1/250.000)
Assim na escala 1/25.000, 1 cm na carta corresponde a 250 metros no terreno; na
escala 1/50.000, 1 cm na carta são 500 metros no terreno; na escala 1/250.000, 1
cm na carta são 2500 metros no terreno.
(b)Escalas gráficas
As escalas gráficas são segmentos de recta graduadas que exprimem, também a
relação entre o desenho e o terreno (Fig. 20). Tem duas partes na sua constituição
que são:
- Talão;
- Escala principal.
Instrução Militar
10º Ano
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Fig.20
2. Esquadro de Coordenadas
O esquadro de coordenadas é um objecto graduado, em determinada (s) escala (s),
que permite referenciar com precisão um ponto através das suas coordenadas (Fig.
21).
Fig.21
Esquadro de coordenadas
Antes de utilizar o esquadro de coordenadas, deve-se seleccionar a escala
correspondente à da carta e ter em atenção que as quadrículas do Sistema de
Coordenadas Gauss e Utm não são paralelas. Para usar o esquadro de coordenadas
colocamos o zero da escala no canto inferior esquerdo do quadrado da quadrícula
onde se encontra o ponto, para que a linha inferior do esquadro fique coincidente
com a linha da quadrícula, de seguida desliza-se o esquadro, mantendo a
coincidência de linhas, até a linha vertical do esquadro passar pelo ponto.
Conservando o esquadro nessa posição, procede-se à leitura (distancia à meridiana
- escala horizontal - e distância à perpendicular - escala vertical) (Fig. 22).
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10º Ano
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Fig.22
3. Determinação das coordenadas militares hectómetricas (com seis
algarismos) de um ponto.
Escrever as letras que definem o quadrado de 100 Km de lado onde se situa o
ponto (duas nas coordenadas UTM e uma nas coordenadas GAUSS).
Localizar na carta o quadrado da quadrícula onde se localiza o ponto (Fig. 23).
Escrever os algarismos grandes da numeração da linha vertical situada
imediatamente à esquerda do ponto UTM (Fig. 23).
Nas coordenadas militares GAUSS, os algarismos da numeração só se escrevem
os dois algarismos mais à direita dessa numeração.
Instrução Militar
10º Ano
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Fig.23
O 3º algarismo é valor obtido na escala horizontal do esquadro de coordenadas
que dá a distância em centenas de metros desse ponto à linha vertical da
quadrícula e imediatamente à esquerda.
Escrever os algarismos grandes da numeração da linha horizontal situada abaixo
do ponto UTM (Fig. 23)
Coordenadas militares - GAUSS - passa-se o mesmo que foi dito no penúltimo
parágrafo acerca dos algarismos a escrever.
(40 e 50 algarismos das coordenadas do ponto)
60 Algarismo é o valor obtido na escala vertical do esquadro de coordenadas que
estabelece a distância em centenas de metros desde o ponto à linha horizontal da
quadrícula situada imediatamente abaixo.
Consultar as informações marginais da carta (Fig. 19) de modo a obter a
designação do fuso e da zona da quadrícula e escrevê-los no início.
Instrução Militar
10º Ano
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8.BIBLIOGRAFIA

Texto de Apoio nº 1, EMGFA, DIRPAC, NOV77.

Livro Branco da Defesa Nacional – Cap III.

Pad. Dr Luís Cupertino, Livro de Deontologista Militar, Ed. 1976 da
Academia Militar, Cap IV.

Lei nº 29/82 de Defesa Nacional e das Forças Armadas.

Resolução do Conselho de Ministros nº 9/94 de 04 Fev, Conceito
Estratégico de Defesa Nacional.

Constituição da República Portuguesa

Manual de Primeiros Socorros, Estado Maior do Exército, Lisboa, 1976.

MC 110-10 – Manual de Campanha do Exército
Instrução Militar
10º Ano
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