latino-americano

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latino-americano
Química Têxtil
ANO XXXIII
MAR 2010
A
A
T CC Corporate Member
Membro Titular
ISSN 0102-8235
XX CONGRESSO
LATINO-AMERICANO
DE QUÍMICA TÊXTIL
PERÚ - NOVEMBRO 2010
89
Tecnologia Fibras
Tecnologia Qualidade
Tecnologia Não-tecidos
Tecnologia Corantes
Tecnologia Acabamento
Tecnologia Processos
Site: www.abqct.com.br
e-mail: [email protected]
ÓRGÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS
Editorial
XX CONGRESSO DA FLAQT
Nesta edição da nossa revista estamos iniciando a
divulgação do XX CONGRESSO LATINOAMERICANO DE QUÍMICA TÊXTIL, promovido
pela FLAQT e organizado, neste ano, pela
Associação Peruana de Técnicos Têxteis.
O evento, que é sem sombra de dúvidas o maior
acontecimento na área da “química têxtil” da
América Latina, acontecerá no Sheraton Lima
Hotel, (Lima, Peru) entre os dias 16 e 19 de
Novembro próximo, com o tema “HARMONIZANDO O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO COM O MEIO AMBIENTE”.
A associação Peruana está organizando este
congresso pela terceira vez, sendo que as edições de
1970 e 1991 foram coroadas de pleno sucesso. Nesta
oportunidade, o evento será realizado simultâneamente ao VI Congresso Nacional de Tecnologia
Têxtil e Confecções, realização local e de
responsabilidade da APTT, que tratará dos processos
secos (fiação e tecelagem), confecções, desenho e da
moda.
Os objetivos do congresso, segundo o Comitê
Organizador são:
- Estimular a investigação científica, compartilhando os últimos avanços tecnológicos na
indústria têxtil na América Latina.
- Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento da
tecnologia mediante a apresentação de trabalhos
acadêmicos.
- Estabelecer vínculos de comunicação para
facilitar o intercâmbio de conhecimentos e
experiências entre profissionais da América Latina.
- Fomentar o cuidado em relação ao meio ambiente,
com a aplicação de procedimentos novos e não
agressivos.
- Fortalecer os laços fraternos entre as associações e
profissionais da área, incrementando o desenvolvimento do setor.
A ABQCT, na busca de incrementar a participação
dos seus associados e dos profissionais que atuam na
área de química têxtil em geral, e pensando em formar
uma grande delegação de brasileiros que serão nossos
representantes, convoca todos os técnicos e
empresários a aderirem, pois esta será uma
oportunidade de desenvolver seus conhecimentos
técnicos e aplicá-los em benefício da indústria têxtil
brasileira.
Evaldo Turqueti
Presidente.
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
03
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS
E COLORISTAS TÊXTEIS
Membro Titular FLAQT
AATCC Corporate Member
Site: www.abqct.com.br
e-mail: [email protected]
SUMÁRIO
Editorial ...............................................................................................................................................03
Identificação de fibras por microscopia-método alternativo para preparo da amostra.
Ivonete O. Barcellos*; Melissa T. O. Popenga; Giovana A. Vieira e Nelson Budag ............................ 08
Análise da influência da presença de NaCl na remoção dos corantes reativos Laranja
16 e Preto 5 utilizando o processo combinado coagulação/adsorção
F.R. Furlan,L.G.M. da Silva, A.A. Ulson de Souza, A.F. Morgado .M.A. Guelli U. Souza...................14
Produção de Algodão Orgânico no Brasil e seu Potencial de Uso na Moda
Adriana Yumi Sato Duarte, Júlia Baruque Ramos, Regina Aparecida Sanches, Waldir Mantovani......24
Avaliação do processo de secagem de não-tecidos de pet na fabricação de palmilhas
para calçados, por curvas exotérmicas e índice de flexão
L. P. Ceron, S. Einloft, M. Seferin......................................................................................................... 30
Estudo comparativo das propriedades de permeabilidade ao vapor transporte de
umidade e proteção ultravioleta em malhas de poliamida 6.6 e poliéster com elastano.
Fernando Gasi, Edison Bittencourt, Fernando Barros de Vasconcelos..................................................36
Efeitos da termofixação em tecido de poliéster.
José Geraldo de Carvalho, João Sinézio de C. Campos, João Batista Giordano ..................................42
Um estudo da normalidade das propriedades de tensão de fios texturizados de
poliester.
Gabriel Guillén Buendia, Ana Maria Islas Cortes e Alejandro Yañes Kernke.......................................50
Análise comparativa da inspeção contínua x inspeção por amostragem em uma linha
de acabamento têxtil
Rodrigo Rodrigues Vaz, José Antonio Arantes Salles ............................................................................60
Paramêtros da curva de absorção de iodo do poliester Termofixado em diferentes
temperaturas
J. Gacén, J. Maillo, D. Cayuela, I. Gacén................................................................................................68
SENAI apresenta projeto «aprendiz» .........................................................................................77
Conheça os vencedores do III Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo ............................80
Informativo da
.
FLAQT
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Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
pág.82
DIRETORIA NACIONAL
Presidente: Evaldo Turqueti
Vice- Presidente: Lourival Santos Flor
1º Secretário: Walter José Mota
2º Secretário: Ricardo Vital de Abreu
1º Tesoureiro: Adir Grahl
2º Tesoureiro: João Lino Gonçalves
Diretor Técnico: Humberto Sabino da Silva
Núcleo Nordeste
Coordenador: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho
Vice- Coordenador: Silvagner Adolpho Veríssimo
Tesoureiro: Francisco Paiva Costa
Secretário: Milton Glavina
Suplente: Manuel Augusto Vieira
Núcleo Santa Catarina
Coordenador Geral: João Vergilio Dias
Vice-coordenador: Walter Alvaro da Silva Junior
Secretário: Vitor Alexandre dos Santos
Tesoureiro: Sergio Da Costa Vieira
Suplente: André Luis Klein da Silva
Suplente: Luiz Alexandre Schneider
Núcleo de Americana
Coordenador: Durval B. F. Costa
Vice-coordenador: João Jose Gobbo
Secretári:o Izaias Ezipati
Tesoureiro: Eduardo Junger
Suplente: José Antonio M. Lima
Suplente: Irani Monteiro
CORPO REVISOR
Esta edição da Revista Química Têxtil contou com uma
equipe técnica para revisar os artigos aqui publicados.
A equipe é formada pelos seguintes profissionais:
Humberto Sabino
Patricia Piazza Dias da Silva
Reinaldo Ferreira
Luiz Wagner de Paula
Wagner Mota
Ricardo Vital de Abreu
Rafael Rodrigues Ramos
Guido Valente Neto
Os autores devem enviar seus artigos para publicação
com, pelo menos, 3 meses de antecedência.
EXPEDIENTE
Química Têxtil é uma publicação da Associação
Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis.
Os artigos aqui publicados são de inteira
responsabilidade dos seus autores.
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Periodicidade: Trimestral (mar./jun./set./dez.)
Distribuição: mala-direta: associados da ABQCT,
Indústrias Têxteis, tinturarias e entidades filiadas à
FLAQT e AATCC.
Circulação: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná.
Régia Comunicação e Design
Jornalista Responsável: Caroline Bitencourt Mtb 02462/SC
E-mail: [email protected]
www.regiacomunicacao.com - FoneFax: (11) 4330.5624
Colaboradores: Kelson dos Santos Araújo e Márcio Dantas
Foto-reportagem: Orlando Novaes
Impressão: Ipsis Gráfica
e Depto. Comercial:
ABQCT Administração
C.G.C: 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est.isento
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Tel: (11) 4195.4931 FAX: (11) 4191.9774 e-mail: [email protected]
Tecnologia Fibras
Identificação de fibras por microscopia-método
Alternativo para preparo da amostra.
Autores: Ivonete O. Barcellos*;
Melissa T. de Oliveira Popenga;
Giovana A. Vieira e Nelson Budag*. *[email protected]
Departamento de QuímicaUniversidade Regional de Blumenau-FURB, Blumenau-SC
Revisão Técnica: Guido Valente Neto
INTRODUÇÃO
Existem vários métodos para identificação de fibras
têxteis que podem ser por via úmida ou via seca. Entre os
métodos por via seca destaca-se a análise da morfologia
da fibra tanto por vista longitudinal como transversal,
sendo esta última a que melhor permite caracterizar as
fibras naturais, regeneradas e sintéticas[1-12]. Entre as
fibras naturais o algodão é o que costuma apresentar
maior variação em sua morfologia, pois esta varia com o
grau de maturidade, e tratamentos, por exemplo se é cru,
caustificado ou mercerizado. Dependendo do método
empregado para o corte da fibra para análise da vista
transversal esta morfologia pode ser distorcida, desta
forma uma técnica que permita um corte com ótima
precisão é fundamental para análise microscópica e
identificação da fibra. Por tanto este artigo propõe um
método alternativo aos convencionais [5] de preparo de
amostra para analisar, com o máximo de eficiência,
através de microscópio óptico a morfologia da seção
transversal das fibras, o resultado aqui apresentado é
parte de um trabalho de conclusão de curso o qual trata
estudo das manchas de óleo em tecidos de malha de
algodão [12].
natureza em combinação com outras substâncias, sendo a
mais comum a lignina. Também contém impurezas tais
como ceras, gorduras, gomas e pigmentos[13].
O algodão apresenta-se com uma coloração creme. A
natureza do pigmento responsável pela cor não é conhecida,
mas acredita-se que está relacionado com o ácido
clorogênico.
Figura 1: Algodão pronto para a colheita.
Fonte:http://www.fao.org.br, acessada em maio de 2009.
Fibra de Algodão
O algodão é uma fibra natural de origem vegetal que
cresce em forma de invólucro fibroso que cobre as
A análise por Raio-X mostra que a celulose tem estrutura
sementes de arbustos da família das malváceas cristalina, sendo um polissacarídeo de longa cadeia e alta
gossypium (figura 1). Estas fibras são essencialmente massa molecular (figura 2). As fibras celulósicas naturais
constituídas de celulose, a qual se encontra sempre na têm regiões amorfas, além de cadeias cristalinas e orientadas
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Tecnologia Fibras
paralelamente. No tingimento de fibras celulósicas os 1- a cutícula: é a parte mais externa da fibra. Contem pectinas
corantes penetram pelas regiões amorfas [13-15].
e materiais protéicos. Cumpre a missão de recobrimento
resistente a água que protege o resto da fibra.
13
2- a parede primária: corresponde a uma fina parede original
Figura 2: Estrutura da celulose .
da célula. Sua natureza é principalmente celulósica, e
também contêm materiais peptídicos, ceras e proteínas. Está
coberta e impregnada por materiais componentes da
cutícula.
3- a capa envolvente: é a primeira de todas as paredes
secundárias. Sua estrutura difere pouco da parede primária e
também do resto da parede secundária.
4- a parede secundária: é formada por capas concêntricas de
celulose e constitui o componente mais importante da fibra
de algodão
5- a parede do lúmem: que se caracteriza por ser mais
Morfologia da Fibra de Algodão
As fibras de algodão apresentam uma morfologia resistente a algumas reações que as capas da parede
tanto longitudinal quanto da secção transversal muito secundária.
6- o lúmem: correspondem ao espaço central da fibra. Seu
características [1].
tamanho e forma variam de uma fibra a outra, e também
seguem sua posição ao largo de fibra. Observada com maior
a) Longitudinal:01
Ao longo de uma fibra madura de algodão podem facilidade no corte transversal. Contem matéria sólida de
composição nitrogenada, que procede do resto sólido do
distinguir-se três partes:
1.a base: consiste em uma porção frágil que durante o protoplasma vivo [13,14].
crescimento da fibra permanece incrustada no
c) Diâmetro:
crescimento entre as células epidérmicas.
2.o corpo: constitui a parte mais importante da fibra e As características mais surpreendentes da secção transversal
das fibras de algodão são as variedades de qualquer
representa de 75 a 95% de seu comprimento.
3.a ponta: está situado no extremo da fibra e constitui no parâmetro que as definem. As formas da secção transversal
máximo 25% da longitude total. Carece de lúmem, são classificadas em três grupos: circular, elíptico e
apresenta seu diâmetro bastante menor que o do corpo da achatados. A forma da secção das fibras maduras oscila entre
elíptica e circular, sendo freqüente uma forma arredondada
fibra (figura 3 ) [13,14]
(comumente chamada de feijão devido a sua aparência). Em
13
fibras com uma parede secundária má formada se
Figura 3: Fibra de algodão vista longitudinal
apresentam secções achatadas e retangulares com as pontas
arredondadas. As fibras imaturas possuem uma secção em
forma de U e um lúmem maior (figura 4)..
Figura 4: Imagens do corte transversal de fibras de algodão:
b) Transversal:
Transversalmente, se distinguem seis partes em uma
fibra de algodão:
a) fina imatura e
b) intermediária madura.13
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
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Tecnologia Fibras
MATERIAIS E MÉTODO
Materiais Utilizados
Tecidos de malha 100% algodão do tipo meia malha
impregnada com óleo de tear, fibras do pseudocaule da
bananeira, fibras sintéticas de poliéster e poliamida.
Tubo plástico e borracha para servir de base.
Para imobilização das fibras utilizou-se resina epóxi
comercial com a seguinte composição*:
Figura 6: Micrótomo rotativo
Zeiss - HM 325
*Dados fornecidos pelo fabricante na embalagem do
produto.
Os equipamentos utilizados foram: foulard de
laboratório (Kimak- AF – 1VV); micrótomo rotativo Avaliação da Morfologia das Fibras
(Zeiss- HM 325); microscópio óptico (Olympus CX31),
A morfologia das fibras retiradas dos tecidos de malha
balança analítica (Shimadzu - AX 200).
impregnados com óleo, das fibras do pseudocaule de
bananeira e das fibras sintéticas (poliéster e poliamida), foi
Preparação das Amostras para Análise Morfológica examinada em corte transversal. O exame das lâminas e
Preparou-se um pavio com as fibras escolhidas, microfotografias foi realizado no microscópio Olympus CX
aplicou-se a resina epóxi preparada de acordo com as 31, com aumento de 400 vezes (Figura 7).
instruções do fabricante e paralelizou-se as mesmas.
Figura 7: Microscópio marca Olympus CX 31.
Após o endurecimento ou cura da resina, este pavio foi
fixado em uma borracha perfurada e centralizado em um
tubo de plástico flexível que foi preenchido com a resina
epóxi. Após o endurecimento, retirou-se do invólucro de
plástico o bloco de resina epóxi (Figura 5) e fez-se o
corte transversal em micrótomo (Figura 6) com
espessura de 20 micras.
Figura 5: (a) Bloco de resina epóxi
(b) Tubo de plástico.
10
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Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Tecnologia Fibras
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Morfologia das Seções Transversais das Fibras
O método mais convencional para obter o corte da
secção transversal de uma fibra, consiste no emprego de
lâmina de barbear e como suportes para a fibra rolha de
cortiça, conduíte plástico (recobrimento de fios
elétricos) ou ainda lâmina de metal com orifícios de
aproximadamente 0,75 mm [5]. Nesta proposta
apresentada de preparo de amostra para análise
microscópica da secção transversal os cortes foram
realizados com um micrótomo. Sabe-se que os aparelhos
micrótomos de precisão são capazes de fatiar materiais e
fornecer finíssimos filmes. É sabido também que seu
custo acaba resultando em rara presença em laboratórios
industriais [1]. A determinação da morfologia de fibras
de aramida mostrou-se muito difícil segundo
Schneegluth[16], devido a elevada resistência desta
fibra durante o corte, pois estas se movem e, somente
parte da secção é cortada. Assim como para a Aramida
outras fibras como Polibenzimidazol(PBI) [17],
Elastano e lycra(mescla de elastano /poliamida) [18],
Lyocell [19] a obtenção de microcortes se torna muito
problemático e em alguns destes casos os autores
recorreram a aplicação de uma cola transparente nas
fibras antes do corte.
Segundo Schneegluth [8] encontram-se numerosas
micrografias de fibras têxteis tanto mostrando vista
longitudinal quanto secção transversal. Mas o que
interessa em muitos casos além da forma é se conhecer as
dimensões das fibras observadas, por exemplo, seu
diâmetro e comprimento, bem como mudanças na
morfologia da vista longitudinal e na secção transversal
que é o que acontece, por exemplo, com o algodão
mercerizado [10]. Nestes casos a eficiência do método
de preparo e a qualidade de resolução da análise são
fundamentais.
A microfotografia da fibra retirada de tecido de malha
100% algodão que passou por processo de impregnação
com óleo de tear está apresentada na Figura 7a, onde
pode ser observada perfeita nitidez da análise,
mostrando que este método será adequado também para
tecidos mistos considerando a qualidade da imagem
obtida [5,9]. No exame das microfotografias pode-se
visualizar fibras maduras e imaturas, conforme descrito na
introdução, nos cortes transversais de todos os tecidos, pois o
lúmen está bem definido, o que mostra a qualidade do corte
na forma de suporte que foi empregado para imobilizar as
fibras o que nem sempre é possível com outros método
convencionais como citados anteriormente. A Figura 7b
mostra a microfotografia de uma fibra natural do
pseudocaule da bananeira que está sendo estudada visando a
possibilidade de aplicação têxtil [20]. Nas Figuras 7c e 7d
observa-se a morfologia das fibras sintéticas poliéster e
poliamida, respectivamente.
Figura 7a: Corte transversal das
fibras de algodão.
Figura 7b: Corte transversal
das fibras do pseudocaule da
bananeira.
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Tecnologia Fibras
morfologia da fibra de algodão vista em corte transversal.
AGRADECIMENTOS
Ao laboratório de anatomia patológica (FURB) pelo
empréstimo do micrótomo e a técnica Neli Branco de
Miranda pela realização dos cortes transversais.
Ao laboratório de Parasitologia (FURB) pelo empréstimo do
microscópio e ao professor Júlio César de Souza Júnior pela
realização das microfotografias.
Figura 7c: Corte transversal das
fibras de poliéster.
Figura 7d: Corte transversal das
fibras de poliamida.
A análise da secção transversal de uma fibra é muito
útil, pois a modificação da secção transversal das fibras
químicas tem permitido melhorar determinados
comportamentos e conseguir efeitos especiais muito
apreciados no desenho de artigos têxteis de grande
qualidade [21].
CONCLUSÃO
As fotos da micrografia mostram a eficiência do
método de preparação das amostras para cortes
microtômicos, bem como a sua reprodutibilidade. O que
nos garante uma identificação da natureza da fibra
mesmo em casos de mesclas de fibras sintéticas com
algodão, por exemplo. Mesmo o tecido impregnado com
o óleo de tear de malharia, não comprometeu a análise da
12
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Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
REFERÊNCIAS
1- SCHNEEGLUTH, Hermann. La Microfotografía
aplicada a la industria textil (Parte 2) Revista de la
Industria Textil, Barcelona, n. 381, p. 80-83, out., 2000.
2- SCHNEEGLUTH, Hermann. La Microfotografía
aplicada a la industria textil (Parte 3). Revista de la
Industria Textil, Barcelona, n. 382, p. 28-30, nov., 2000.
3- SCHNEEGLUTH, Hermann. La Microfotografía
aplicada a la industria textil (Parte 4). Revista de la
Industria Textil, Barcelona, n. 383, p. 48-51, dez., 2000.
4- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 5).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 384, p. 32-37,
jan., 2001.
5- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 6).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 385, p. 66-69,
fev., 2001.
6- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 7).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 386, p. 32-38,
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7- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 9).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 388, p. 50-54,
mai., 2001.
8- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 10).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 389, p. 74-79,
jun., 2001.
9-SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 11).
Tecnologia Fibras
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 390, p. 26-33,
set., 2001.
10- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 12).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 391, p. 56-64,
out., 2001.
11- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos.
La Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 17).
Revista de la Industria Textil, Barcelona, n. 396, p. 36-42,
mar., 2002.
12- POPENGA, M.T.O. Estudo das manchas de óleo em
tecidos de malha de algodão. 2003. 32 f. Monografia
(Trabalho de Conclusão de Curso) - Bacharelado em Química,
FURB – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau,
2003.
13- GUILLEN, J., G. – Fibras Textiles – Propriedades y
descripcion. Editora Terrasa, 1987.
14- GUILLEN, J., G.; GARRIDO, J.,M. – Algodón y celulose
– estrutura y propriedades. Editora Terrasa. 1987.
15- CORBMAN, P., B. – Textiles fiber to fabric. 6º ed.
McGRAW-HILL internation editions. 1985.
16- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La
Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 20). Revista de
la Industria Textil, Barcelona, n. 399, p. 64-72, jun., 2002.
17- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La
Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 22). Revista de
la Industria Textil, Barcelona, n. 401, p. 66-71, out., 2002.
18- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La
Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 26). Revista de
la Industria Textil, Barcelona, n. 405, p. 42-51, fev., 2003.
19- SCHNEEGLUTH, Hermann; SCHNEEGLUTH, Carlos. La
Microfotografía aplicada a la industria textil (Parte 28). Revista de
la Industria Textil, Barcelona, n. 407, p. 48-53, abr., 2003.
20- COPPINI, S.R. Estudo da caracterização da fibra da
bananeira visando emprego na indústria têxtil. 2008.
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Bacharelado em
Química, FURB – Universidade Regional de Blumenau,
Blumenau, 2008.
21-GUILLÉN, G.J. ; Fibras de Seções Transversais Especiais,
Química Têxtil, n.59, p 18-27, jun., 2000.
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Tecnologia Corantes
Análise da influência da presença de NaCl na remoção dos corantes
reativos Laranja 16 e Preto 5 utilizando o processo combinado
coagulação/adsorção
Autores: F.R. Furlan1, L.G.M. da Silva2, A.A. Ulson de Souza3,
A.F. Morgado4, S.M.A. Guelli U. Souza5
1Aluna do Curso de Doutorado
Engenharia Química /UFSC
Aluna
do Curso de Graduação
2
Engenharia Química /UFSC
3,4,5Professor do EQA - Departamento de Engenharia
Química e Engenharia de Alimentos/UFSC
Revisão Técnica:Reinaldo Ferreira
RESUMO
A demanda por água de boa qualidade, assim como as
restrições impostas pela legislação ambiental vigente,
tanto com relação à captação de água, quanto para a
liberação de efluentes para o meio ambiente, vem
obrigando os setores industriais, principalmente o setor
têxtil que contribui significativamente para a poluição
dos rios em algumas regiões do Brasil, a realizar uma
reavaliação dos seus métodos de captação de recursos
hídricos e de seus tratamentos e liberação de efluentes. A
combinação do processo de coagulação e adsorção para
o tratamento de efluentes têxteis foi investigada.
Utilizou-se um coagulante baseado em alumínio (cloreto
de alumínio) e um adsorvente de origem vegetal (carvão
ativado de casca de coco) para a remoção dos corantes
reativos Preto 5 e Laranja 16 na presença de sal (cloreto
de sódio). O efeito do NaCl na solução sintética foi
investigado tanto para o processo de coagulação quanto
para os processos de adsorção e dessorção. Dados de
equilíbrio foram obtidos dos estudos cinéticos, sendo
que o mesmo foi atingido em aproximadamente 340 e
380 minutos para as soluções com e sem sal,
respectivamente, para ambos os corantes. As isotermas
de adsorção foram determinadas e correlacionadas com
o modelo de Langmuir. Os resultados obtidos nos
ensaios de dessorção foram menos eficientes quando o
adsorvente esteve saturado na presença do NaCl.
Através da análise da toxicidade do efluente em relação à
Artemia salina, verificou-se que o efluente, após o
processo completo de tratamento, não apresentou
14
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Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
toxicidade aguda. Além da alta remoção de corante, os
processos de tratamento combinados oferecem vantagens
como aplicação de quantidades menores de coagulante e
adsorvente, gerando menor quantidade de lodo no processo
biológico e/ou físico-químico.
Palavras-Chave: Corantes Reativos; Isotermas de
Adsorção; Dessorção; Coagulação; Efluentes Têxteis;
Toxicidade.
1. INTRODUÇÃO
A remoção de cor dos efluentes líquidos é um dos
principais problemas da indústria têxtil, devido à grande
quantidade de água utilizada pela mesma, a qual deve ser
total ou parcialmente reduzida depois de tratamentos
industriais. Apesar da existência de várias alternativas de
processos para o tratamento de águas residuárias, não há um
processo simples capaz de fazer uma adequada
mineralização dos efluentes coloridos, principalmente
devido a sua natureza complexa. Os corantes normalmente
são recalcitrantes, ou apresentam uma cinética de
degradação muito lenta para processos biológicos
convencionais, resultando em efluentes finais com
coloração ainda muito intensa (Kunz et al., 2002; Araujo e
Yokoyama, 2006; Santos et al., 2009).
A presença de corantes nos efluentes é altamente visível,
afeta a estética, a transparência da água e a solubilidade de
gases nos corpos receptores, reduzindo também a
capacidade de regeneração dos corpos hídricos em função da
redução da penetração de luz solar e conseqüente alteração
Tecnologia Corantes
dos processos de fotossíntese (Guaratini e Zanoni,
2000).
Nos processos de tingimento de fibras têxteis, além
dos corantes que visam o tingimento da fibra,
encontram-se presentes outras substâncias que permitem
que ocorra o fenômeno de adsorção do corante. A
adsorção e retenção do corante dentro da fibra pode ser
química, física ou ambas, dependendo da fibra e do
corante (Duan et al., 2002; Guilarduci et al., 2006.).
Podem estar presentes em um banho de tingimento
compostos químicos como: corantes, fixadores,
seqüestrantes, retardadores e carregadores (“carriers”),
entre outros.
Na etapa de acabamento têxtil também são utilizados
diversos produtos químicos com a finalidade de conferir
as propriedades necessárias tais como: peso, toque,
recuperação da ruga, vinco permanente, impermeabilidade, fungicida, antitraça, antiencolhimento, etc.
Estes produtos químicos podem ser classificados em:
ácidos, bases, sais, oxidantes, redutores, solventes
orgânicos e produtos orgânicos diversos. Os sais em
geral são aplicados nos banhos de tingimento para
aumentar a eficiência na fixação do corante à fibra do
tecido.
O presente trabalho tem como objetivo investigar o
processo de adsorção e dessorção em carvão ativado
granular combinado com o pré-tratamento coagulação/floculação na remoção de cor em meios salinos,
avaliando também o processo inverso de tratamento e a
toxicidade final do efluente.
Figuras 1 e 2 mostram os esquemas de tratamento.
Figura 1: Proposta 1 - Esquema principal de tratamento.
Figura 2: Proposta 2 - Esquema de tratamento do processo inverso.
2.2. Materiais
Os experimentos foram realizados utilizando-se dois
corantes reativos, Preto 5 e Laranja 16. Como coagulante
utilizou-se o cloreto de alumínio (AlCl3.6H2O - 99,5% teor
de pureza). Carbonato de sódio (Na2CO3 - 99% teor de
pureza) foi utilizado como alcalinizante.
Inicialmente, uma solução padrão concentrada (2000
mg/L) foi preparada a partir da mistura de quantidades
estabelecidas de corante e água destilada. A solução padrão
deu origem a todas as outras soluções utilizadas
experimentalmente (100, 150, 200, 250, 300, 400, 600, 800 e
1200 mg/L) através de uma cuidadosa diluição. Em seguida
o pH das soluções diluídas foi ajustado em um pHmetro, nos
níveis desejados com adição de hidróxido de sódio e ácido
clorídrico 0,1 M (molar). Visando simular as reais condições
dos efluentes de banhos de tingimento, diferentes
quantidades de cloreto de sódio (NaCl) foram adicionadas à
solução padrão. Devido às diferentes afinidades dos corantes
pelo adsorvente, na presença de diferentes concentrações de
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
sal, verificadas nos ensaios preliminares, fez-se necessária a
2.1. Proposta de Tratamento
dosagem de diferentes quantidades do mesmo, assim como a
A realização dos ensaios consistiu na seguinte determinação de novos valores de pH, devido sua forte
seqüência de tratamento:
influência no meio em estudo. As quantidades estudadas
Processo 1: pré-tratamento físico-químico (coagu- foram: 0, 3, 6 e 10% da massa da solução aquosa, para o
lação-floculação-sedimentação).
corante Preto Reativo 5 e 0 e 1% para o corante Laranja
Processo 2: adsorção do efluente pré-tratado, ou seja, o Reativo 16, para uma faixa de pH de 4 a 12.
efluente bruto recebe o tratamento físico-químico
(coagulação-floculação-sedimentação) e em seguida é 2.3 Métodos
adsorvido em carvão ativado.
2.3.1. Processo 1: Ensaios de Coagulação-FloculaçãoO procedimento inverso, adsorção seguida de Sedimentação
coagulação – proposta 2, também foi analisado. As
16
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Tecnologia Corantes
Os experimentos de coagulação química foram
realizados em equipamento de reatores estáticos (Jar
Test) da Nova Ética, composto de 6 reatores (jarros)
tronco-prismáticos de seção transversal quadrada, de
capacidade de 2 litros cada reator. Todos os
experimentos foram conduzidos com 1 L de solução em
cada reator à temperatura de 25 ± 2ºC. As amostras
foram deixadas para precipitar por um período de 1h
depois de 1,40 min. de mistura rápida (175 rpm) e 10
min. de mistura lenta (15 rpm). Ao término do período de
sedimentação, foram retiradas amostras a 2 cm abaixo
do nível do efluente, para a determinação da cor residual.
2.3.2. Processo 2: Ensaios de Adsorção
Os ensaios experimentais de adsorção foram
realizados em batelada com o efluente sintético prétratado utilizando como adsorvente o carvão ativado,
onde se determinou dados cinéticos e de equilíbrio. Para
realização dos experimentos, um volume de 20 mL da
solução corante foi misturado com 1 g de adsorvente
(partícula entre 1,0 mm - 600 ìm) em um tubo de ensaio
de 40 mL em pH 3. Procurou-se estudar a influência da
adição do cloreto de sódio no processo de remoção de
cor objetivando-se uma melhora no fenômeno da
adsorção.
2.3.3. Experimentos Cinéticos de Dessorção
Devido à grande influência que o reagente cloreto de
sódio exerce sobre a fixação do corante no material
adsorvente, os testes de dessorção foram realizados para
dois casos diferentes visando analisar a influência do
cloreto de sódio na interação entre as moléculas de
corante e o adsorvente. No primeiro caso, o adsorvente
foi saturado com corante em solução aquosa contendo
uma quantidade determinada de cloreto de sódio. No
segundo caso, a saturação do adsorvente aconteceu na
ausência do sal
Para realização dos estudos de dessorção, o
adsorvente foi primeiramente saturado com o corante
Preto Reativo 5 em uma solução aquosa com sal e sem
sal, proveniente de uma solução de concentração inicial
de 400 mg/L do efluente após pré-tratamento. Após estar
saturado, o adsorvente foi filtrado e conduzido à estufa para
secar a 80°C. Os ensaios foram realizados em tubos de 40 ml,
onde foram adicionados 1 g de carvão contendo o corante
adsorvido e 20 ml de solução dessorvente, mantidos sob
agitação, sendo as amostras coletadas em diferentes tempos
até que o equilíbrio fosse estabelecido. A concentração de
corante na solução foi determinada espectrofotometricamente. A solução utilizada nos ensaios de dessorção
foi uma mistura água/ etanol (50:50) em volume.
2.4. Teste de Toxicidade Aguda com Artemia salina
O procedimento de eclosão e crescimento dos
microcrustáceos ocorreu num período de 60 horas de
incubação em solução de sal marinho sintético (32 g/L), com
aeração e a uma temperatura de 30ºC. Após a eclosão, dez
larvas do microcrustáceo foram selecionadas e incubadas em
uma placa multipoços, tendo-se a primeira coluna da placa
preenchida com solução salina e as restantes, com diferentes
concentrações do efluente. As soluções foram diluídas em
concentrações seriadas (100, 90, 80, 70, 60 e 50%) para
melhor obtenção da CL50. Após 24 horas de incubação, foi
feita a contagem do número de larvas mortas e a CL50 foi
calculada. Para cada concentração testada foram realizadas
análises em quadruplicata.
Os ensaios de toxicidade aguda foram realizados
conforme método modificado de Matthews (1995).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Influência da adição de sal na etapa de coagulação
Os ensaios com a adição de sal à solução foram realizados
utilizando-se os parâmetros mais adequados encontrados
nos ensaios preliminares; no entanto, devido à forte
influência do pH na solução em estudo, foram determinados
novos valores do mesmo. A Tabela 1 apresenta as condições
utilizadas no processo de coagulação.
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
17
Tecnologia Corantes
A remoção dos corantes Preto 5 e Laranja 16, sob a
influência da adição do cloreto de sódio em determinada
faixa de pH, pode ser analisada através dos resultados
apresentados na Figura 3
Figura 3: Efeito do pH com a adição de sal à solução
(a) Corante Preto 5
(b) Corante Laranja 16
do corante em estudo. Para o corante Preto 5, o melhor meio
na presença do cloreto de sódio foi em pH 10 e, na ausência
do mesmo, em pH 6 conforme observado na Figura 3. Para o
corante Laranja 16, tanto na presença quanto na ausência de
sal, o meio mais adequado permaneceu em pH 6.
3.2. Influência da adição de sal na etapa de adsorção
Para os ensaios cinéticos realizados na presença de sal,
foi utilizada a massa de 1,0 g de carvão em 20 mL de solução
e concentração inicial de corante de 400 mg/L para os dois
corantes em estudo. Diferentes quantidades de cloreto de
sódio foram adicionadas à solução.
A influência deste composto químico na cinética de
adsorção dos corantes Preto 5 Laranja 16 é apresentada na
Figura 4..
Figura 4: Cinética de adsorção dos corantes com
influência da adição de Cloreto de Sódio
(a) Corante Preto 5
Com a adição do cloreto de sódio na solução corante,
a eficiência de remoção tornou-se pior para ambos os
corantes. Esta baixa remoção pode ocorrer devido à
influência dos íons (cloreto e sódio), afetando
significativamente a eficiência no processo de
coagulação. Com relação ao corante Laranja 16, a
máxima quantidade de cloreto de sódio utilizada foi de
1%, pois em concentrações maiores o mecanismo da
coagulação não se realizava de maneira efetiva para este
corante. Para o corante Preto 5, foi possível testar uma
ampla faixa de concentrações salinas. O efeito salino
pode provocar disfunções no processo de coagulação,
sobretudo se ocorrerem alterações abruptas na
concentração destes íons.
À medida que aumenta a concentração de íons na
solução, a gama de pH ótimo do sal inorgânico
coagulante tende a alargar, para valores de pH mais
ácidos ou mais básicos dependendo das características
18
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Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
(b) Corante Laranja 16
Tecnologia Corantes
Observando os gráficos ilustrados na Figura 4,
verifica-se que o tempo necessário para que as soluções
com adição de cloreto de sódio atinjam o equilíbrio é de
aproximadamente 340 minutos; no caso da solução
isenta de cloreto de sódio, a adsorção é um pouco mais
lenta, e o equilíbrio é atingido em 380 minutos, para
ambos os corantes.
As isotermas construídas para as diferentes
quantidades de cloreto de sódio para os corantes Preto 5 e
Laranja 16 são apresentadas na Figura 5.
Figura 5: Isotermas de Langmuir para
diferentes quantidades de cloreto de sódio
(a) Corante Preto 5
melhorar o processo de remoção de cor para os corantes
Preto 5 e Laranja 16, respectivamente.
De acordo com Guelli U. Souza et al. (2008), a presença
de sal promove a adsorção de forma positiva quando
comparada com os experimentos na sua ausência. Pode-se
sugerir que os cátions do sal neutralizam a carga negativa na
superfície do carvão, possibilitando que mais moléculas
adsorvam, ou que os cátions atuam diretamente nos íons
adsorbatos negativos, mediante dois mecanismos:
a) Os cátions do sal podem se ligar com o adsorbato
negativo, reduzindo a repulsão iônica, aumentando assim a
quantidade de moléculas adsorvidas na superfície;
b) Pode ser que atuem como força protetora adjacente
(devido às cargas positivas) entre as moléculas de adsorbato
negativas.
Batizias & Sidiras (2007) estudaram a adsorção do
corante azul de metileno na presença de sais (CaCl2, ZnCl2,
MgCl2, NaCl) e concluíram que a eficiência do processo de
adsorção é aumentada na presença dos mesmos, sendo a
maior eficiência obtida utilizando-se cloreto de sódio.
(b) Corante Laranja 16
3.3. Dessorção do corante Reativo Preto 5
Os ensaios de dessorção foram realizados de acordo com
o procedimento descrito no item 2.3.3 deste trabalho.
A curva cinética de dessorção é ilustrada na Figura 6.
Figura 6: Cinética de dessorção para o corante Preto Reativo 5.
Analisando-se as isotermas de Langmuir para o
corante Preto 5 apresentadas na Figura 5a, verifica-se
que a capacidade máxima de adsorção cresce de 19 para
87,7 mg/g com o aumento da quantidade de cloreto de
sódio de 0% para 6%. Porém decresce para 43,7 mg/g
com o contínuo aumento da quantidade de cloreto de
sódio para 10%. Em relação ao corante Laranja 16
A partir dos dados de dessorção apresentados na Figura 6,
verificou-se que a capacidade máxima de adsorção pode-se determinar a quantidade de corante dessorvido em
cresce continuamente de 27,5 para 74,1 mg/g com o uma solução aquosa.
aumento da quantidade de cloreto de sódio de 0% para
As Figuras 7 e 8 ilustram os gráficos de dessorção
1%. Dessa forma, conclui-se que 6 e 1% de cloreto de (comprimento de onda x absorbância), para as soluções com
sódio são as quantidades ótimas necessárias para
20
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Tecnologia Corantes
e sem sal, respectivamente.
Figura 7: Dessorção da solução corante
Preto 5 com 6% de sal
3.4. Avaliação da Toxicidade Aguda com Artemia salina
A avaliação da toxicidade do corante foi realizada para as
seguintes soluções:
1- Solução inicial (efluente não tratado);
2- Solução após o pré-tratamento de coagulaçãofloculação-sedimentação;
3- Solução após o processo completo de tratamento
(coagulação seguida de adsorção).
Os resultados são expressos através da mortalidade da
Artemia salina, como apresentado na Tabela 2.
Tabela 2: Toxicidade do corante Reativo Preto 5 com
Artemia salina, após 24 horas de incubação.
Concentração
do corante (%)
Figura 8: Dessorção da solução corante
Preto 5 com 0% de sal
Mortalidade (%) na
Mortalidade (%) na
solução inicial
solução após o pré-
Mortalidade (%) na
solução após o
tratamento com
processo completo de
coagulação
tratamento
0
0
0
100*
80
5
0
90
60
0
0
80
45
0
0
70
45
0
0
60
32,5
0
0
50
25
0
0
Controle
(solução salina)
* A solução concentrada 100% é referente a uma
concentração de 100 mg/L.
Os efeitos agudos apontados pelos testes de toxicidade
são avaliados de acordo com a concentração letal (CL50), ou
Analisando-se as Figuras 7 e 8, pode-se observar que
a dessorção do adsorvente saturado com solução corante
na presença de cloreto de sódio foi menor em relação ao
adsorvente saturado em solução sem cloreto de sódio. O
tempo de equilíbrio para a máxima dessorção do corante
na presença de NaCl foi de 60 minutos e sem NaCl foi de
300 minutos; após este tempo ocorreu uma estabilização
no processo de dessorção.
Nas condições estudadas, a dessorção do corante foi
de 1 e 5,7%, para o adsorvente saturado em solução
corante com e sem cloreto de sódio, respectivamente.
Estes dados comprovam que as forças de interação entre
as moléculas de corante e o adsorvente, na presença do
sal, são mais fortes do que na ausência de sal, diminuindo
a porcentagem de remoção de corante do adsorvente.
seja, a concentração do agente tóxico, presente no ambiente
aquático, que causa 50% de letalidade.
A concentração letal, CL50, encontrada para o corante
Preto 5, para a solução inicial é de 83,3%. Isto significa que
valores de concentração maiores que 83,3 mg/L são
considerados tóxicos para o ambiente aquático. O valor de
CL50 foi encontrado através de uma interpolação dos
resultados experimentais apresentados na Tabela 2.
Para as soluções de corante após o pré-tratamento,
coagulação-floculação-sedimentação, e após o processo
completo de tratamento, não foi verificada toxicidade do
efluente, indicando que não há formação de subprodutos
tóxicos nocivos sobre o organismo teste no efluente em
estudo. Logo, conclui-se que o processo completo de
tratamento, além de remover maior quantidade de cor,
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Tecnologia Corantes
diminui a toxicidade do efluente gerado no processo baixa remoção pode ocorrer devido à influência dos íons
final.
(cloreto e sódio) afetando significativamente a eficiência no
processo de coagulação.
3.5. Análise das Propostas de Tratamento
A dessorção do corante, ou seja, a remoção do corante da
Os ensaios experimentais foram otimizados para o fase sólida adsorvente para uma nova fase fluida isenta de
corante Preto Reativo 5 com concentração inicial de 100 cor, foi de 1 e 5,7%, para o adsorvente saturado em solução
mg/L, para as duas propostas de tratamento.
corante com cloreto de sódio e sem cloreto de sódio,
Os resultados das análises dos processos de respectivamente.
tratamento propostos no item 2.1 são apresentados nas
Através da análise da toxicidade do efluente em relação à
Tabelas 3 e 4.
Artemia salina, verificou-se que o efluente após os processos
de tratamento não apresentou toxicidade aguda para o
respectivo microrganismo, indicando que não há formação
de subprodutos tóxicos no efluente em estudo.
As duas propostas de tratamento (propostas 1 e 2) se
mostraram eficazes na remoção de corante na ausência do
cloreto de sódio na solução; na presença do mesmo a
proposta 2 foi mais eficiente. Em termos econômicos a
proposta 2 (adsorção seguida de coagulação) é mais
vantajosa pois, além de promover maior qualidade do
efluente próximo às condições reais (contendo sal), têm-se a
possibilidade de se otimizar o processo de coagulação após a
adsorção reduzindo a quantidade dos reagentes adicionados
e, conseqüentemente, reduzindo o volume de lodo gerado no
processo.
As duas propostas de tratamento se mostraram 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
eficientes, removendo 100% do corante presente na ARAUJO, F.V.F.; YOKOYAMA, L. Remoção de cor em soluções de corantes reativos
por oxidação com H O /UV. Revista Química Nova, v. 29, n. 1, p. 11-14, 2006.
solução. Para soluções na ausência de cloreto de sódio, a BATIZIAS, F.A.; SIDIRAS, D.K. Simulation of methylene blue adsorption by saltsproposta 1 (pré-tratamento com coagulação) se mostrou treated beech sawdust in batch and fixed-bed systems. Journal of Hazardous Materials,
149, p. 8-17, 2007.
mais eficiente, removendo 97,6% da cor, enquanto que DUAN, J.; WILSON, F.; GRAHAM, N.; TAY, J.H. Adsorption of humic acid by
para o esquema invertido (proposta 2) a remoção foi de powdered activated carbon in saline water conditions. Desalination, 151, p. 53–66,
93,5%. Para soluções contendo cloreto de sódio, a 2002.
GUARANTINI, C.C.I.; ZANONI, M.V.B. Corantes Têxteis. Revista Química Nova, v.
proposta 1 de tratamento se mostrou menos eficiente, 25, n. 1, p. 71-78, 2000.
removendo 50% da cor, enquanto que para o esquema GUELLI U. SOUZA, S.M.A.; PERUZZO, L.C.; SOUZA, A.A.U. Numerical study of
the adsorption of dyes from textile effluents. Applied Mathematical Modelling, v. 32,
invertido a remoção foi de 96,1%. Conclui-se que a p. 1711-1718, 2008.
adição de sal na solução em estudo influencia GUILARDUCI, V. V. S.; MESQUITA, J. P.; MARTELLI, P. B.; GORGULHO, H. F.
Adsorção de fenol sobre carvão ativado em meio alcalino. Revista Química Nova, v.
significativamente no processo de remoção de cor.
29, n. 6, p. 1226-1232, 2006.
2
4. CONCLUSÕES
Com a adição do cloreto de sódio na solução corante
durante a etapa de pré-tratamento, a eficiência de
remoção tornou-se pior para ambos os corantes. Esta
22
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2
KUNZ, A.; ZAMORA, P.P.; MORAES, S.G.; DURÁN, N. Novas Tendências no
Tratamento de Efluentes Têxteis. Revista Química Nova. v. 25, n. 1, p. 78-82, 2002.
MATTHEWS, R.S. Artemia salina as a test organism for measuring superoxidemediated toxicity. Free Radical Biology & Medicine, v. 18, p. 919-922, 1995.
SANTOS, K.A., COSTA, C.H., ULSON DE SOUZA, A.A., GUELLI U. SOUZA,
S.M.A., Remoção de Cor e DQO de Efluentes Têxteis pelo Processo de Ozonização,
Revista Química Têxtil, ISSN 0102-8235, Edição 95, p. 48-60, 2009.
Tecnologia Fibras
Produção de Algodão Orgânico no Brasil e seu Potencial
de Uso na Moda
Organic Cotton Production in Brazil and Its Fashion Employment Potential
Autores:Adriana Yumi Sato Duarte: Bacharel em Têxtil e Moda - USP
Júlia Baruque Ramos: Profa. Dra. Curso de Bacharelado em Têxtil e Moda - USP
Regina Aparecida Sanches: Profa. Dra. Curso de Bacharelado em Têxtil e Moda - USP
Waldir Mantovani: Prof. Dr. Curso de Gestão Ambiental - USP
Revisão Técnica:Patricia Piazza
Palavras-chave: Algodão orgânico, Brasil, moda.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo descrever a
produção de algodão orgânico no Brasil, relacionando
uso dessa fibra e a aplicabilidade na indústria de
confecção e moda, tendo como base a mudança de
comportamento de consumo gerada pela conscientização ecológica. Visa ainda levantar perspectivas para
esse segmento em um futuro próximo.
Figura 1: Capulho e Maçã (Fonte: www.iac.sp.gov.br)
Key-words: Organic cotton, Brazil, Fashion.
Abstract
The present work describes the organic cotton
production in Brazil, relating the employment of this
fiber and its applicability in the confection and fashion
industry, based in the change of consumer behavior
generated by the ecological awareness. It also aims at
A cultura do algodão apresenta altas taxas de aplicação de
cogitating perspectives for this segment in a near future. produtos químicos, como fertilizantes e desfolhantes,
gerando riscos ao ambiente e ao homem. Por este motivo, a
1. Introdução
produção livre de substâncias tóxicas, denominada
A fibra de algodão é unicelular, composta em sua produção orgânica, tem se expandido no Brasil, sendo parte
maioria por celulose (85,5%), além de outros fundamental no desenvolvimento sustentável, que alia
constituintes como óleos e ceras. A planta de algodão benefícios econômicos, sociais e ambientais (LIMA et al,
pertence à ordem natural das Malváceas (Figura 1), 2006).
sendo encontrada em áreas de clima subtropical como
A consciência ecológica divulgada por meio da mídia
Ásia, África, Egito e Américas do Norte e Sul. A espécie está mudando a preferência do consumidor, que se vê num
particular da ordem Malvácea da qual a fibra é obtida é a papel atuante na manutenção do equilíbrio do sistema
Gossypium, e apresenta uma extensa variedade, ambiente-sociedade, adquirindo novos hábitos de consumo
cultivada de acordo com a localização geográfica com base no desenvolvimento sustentável.
(BEZERRA, 2003).
24
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Tecnologia Fibras
2. Produção de Algodão Orgânico no Brasil
A agricultura orgânica é uma técnica que tem como
objetivo preservar o equilíbrio natural do ecossistema
utilizando métodos contrários à aplicação de
agrotóxicos, substâncias químicas e materiais sintéticos
que depositam resíduos tóxicos e geram riscos à saúde
ambiental e humana (AMBIENTE BRASIL, 2009). As
áreas de agricultura orgânica são trabalhadas a fim de
manter o equilíbrio natural, produzindo plantas sadias e
conseqüente produto final limpo, com rendimento
satisfatório (LIMA, 1995).
As técnicas aplicadas na agricultura elevam a matéria
orgânica e melhoram as condições do solo, sendo
utilizadas nas diferentes etapas do plantio do algodão. A
adubação verde, método que emprega esterco animal ou
compostos orgânicos no solo, e a rotação de culturas são
exemplos de técnicas aplicadas durante o desenvolvimento da planta (LIMA, 1995).
Já no controle biológico, o manejo de pragas e
doenças é realizado por métodos de monitoramento,
pulverização com produtos de origem vegetal ou óleos e
sabões, armadilhas de feromônios, catação manual e uso
de organismos vivos tais como Bacillus thuringiensis,
baculovirus ou insetos predadores e parasitas (SOUZA,
2000).
No caso do Brasil, essa atividade iniciou-se em meio
a uma grave crise na produção do algodoeiro Gossypuim
hirsutum Marie galante Hutch, conhecido como
“mocó”, que quase foi extinto na Região Nordeste
devido à praga do bicudo. A cultura orgânica foi
utilizada para manter e recuperar a qualidade nutricional
do solo, de modo a elevar a produção local (LIMA,
1995).
Os principais Estados Brasileiros produtores de
algodão orgânico são Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco e Paraná, como mostra a Figura 2.
A produção nacional de algodão orgânico está a
cargo de pequenos produtores que empregam mão-deobra familiar em cultivo consorciado com outras
culturas (Tabela 1).
Figura 2: Principais Estados produtores de Algodão Orgânico
Tabela 1: Produção de Algodão Orgânico no Brasil – 2006
Regiões
Nº
Produtores
%
Área
(ha)
%
Produção (ton.
algodão em rama)
%
64,7
Nordeste
304
95,0
270
92,8
36,0
Ceará
206
64,4
218
75,0
20,0
36,0
Paraíba
18
5,6
19
6,5
5,0
9,0
Pernambuco
62
19,4
21
7,2
6,2
11,1
Rio Grande do Norte
18
5,6
12
4,1
4,8
8,6
Sul
16
5,0
21
7,2
19,6
35,3
Paraná
16
5,0
21
7,2
19,6
35,3
Total
361
100
291
100
55,6
100
Com o crescimento da demanda, criou-se a necessidade
de certificar o produto orgânico, com normas que
regularizem a produção, processamento e comercialização
desses produtos. Coube então à Federação Internacional de
Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM) elaborar
legislação especifica, em vigor na União Européia e em
diversos países. Outros estabelecimentos certificadores são:
KRAV (Suécia), Biokultura (Hungria), Instituto
Biodinâmico (Brasil), FVO (Estados Unidos) e NASAA
(Austrália) (LIMA, 1995).
3. Panorama e Perspectivas do Algodão Orgânico na
Moda
Um exemplo da diferenciação de commodities agrícolas
é o mercado de produtos orgânicos, produzidos a partir de
sistemas de produção seguros sob o aspecto ambiental. É
um mercado pequeno e crescente, pois a preocupação dos
consumidores com o meio ambiente tem se intensificado ao
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
25
Tecnologia Fibras
longo do tempo e está permitindo a segmentação de um
tradicional mercado de commodities: o mercado de
algodão. A fibra é um produto homogêneo, sujeito a
grande assimetria informacional e forte regulamentação. Empresas do setor têxtil, buscando atender a
consumidores de produtos orgânicos, passaram a
demandar fibras produzidas dentro de sistemas de
produção menos agressivos ao meio ambiente, como
forma de diferenciar seus produtos diante do
consumidor. A produção orgânica do algodão ainda é
pequena, mas está levando a uma reorganização do
sistema produtivo convencional. As agências que
certificam o produto desempenham papel importante
para assegurar a diferenciação do produto, reduzindo a
assimetria de informações entre compradores e
vendedores, permitindo agregação de valor ao produto e
a obtenção de margens mais elevadas pelos diversos
segmentos (SOUZA, 1999).
Em relação ao cultivo mundial, um fator importante
é que a demanda por algodão orgânico continua em
crescimento, incentivando a expansão da produção e
promovendo um significativo progresso no mercado.
Segundo Relatório Anual da Organic Exchange, a
demanda das indústrias por fibra de algodão orgânico
cresceu de 13.610 toneladas em 2004 para 45.837 em
2006, o que representa um crescimento médio de 118%.
Esses números vão além de dados estatísticos e
significam a não emissão de produtos químicos na
atmosfera, bem como a oferta de trabalho para muitos
agricultores que não correm o risco de contaminação por
esses produtos químicos e que se beneficiam de uma
qualidade de vida com melhoras significativas na saúde.
Com esse aumento da demanda, agricultores ao redor do
mundo têm respondido ao movimento de forma
interessante e estão cultivando mais algodão orgânico e
certificando suas produções, assim eles expandem a
quantidade de terra em conversão do sistema de cultivo
químico para o orgânico. A produção da fibra cresceu de
25.394 toneladas na colheita de 2004/2005 para 57.931
toneladas em 2006/2007.
Segundo a Organic Exchange, existem, atualmente,
50 companhias com significativos programas de
26
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
algodão orgânico, aproximadamente 1.500 pequenas e
médias marcas e comerciantes participando do mercado de
algodão orgânico a nível global e também, 67 projetos
certificados com programa de agricultores.
Neste novo mercado do algodão, não é apenas o produto
final que ganha em qualidade. Todo o processo produtivo de
forma orgânica apresenta vantagens em relação ao cultivo
químico: o trabalho dos agricultores é reconhecido e
valorizado, a identidade do produto é preservada, os
consumidores têm mais alternativas e mais informações a
respeito dos produtos que estão comprando, estes produtos
chegam às mãos do consumidor sem perder sua história.
Além de tudo isso, são distribuídos por toda a cadeia
produtiva mais saúde e retornos justos, desde agricultores até
as indústrias e marcas, chegando também aos consumidores,
assim, todo o processo de produção até o produto final é feito
com respeito ao planeta.
Com essas vantagens, muitos passos importantes já
foram realizados por companhias e agricultores para
expandir a produção e o uso do algodão orgânico, bem como
para construir novos modelos de comércio justo, com
sustentabilidade, transparência e acordos no fornecimento
do algodão até chegar aos acessórios, roupas, produtos de
higiene pessoal e outros produtos comprados por
consumidores ao redor do mundo.
No ano de 2006, as vendas do mercado de produtos de
algodão orgânico foram 85% mais altas do que em 2005 e
estimativas mostram um crescimento de 83% nas vendas de
2006 para 2007. As porcentagens para produtos de
vestimenta usual são de 85% do total das demandas do
mercado, roupas de cama são 10% e higiene pessoal 5%.
Hoje figuram entre os 10 maiores produtores de fibra
orgânica no mundo a Turquia, Índia, China, Síria, Peru,
USA, Uganda, Tanzânia, Israel e Paquistão.
A indústria têxtil e de confecção é de extrema importância
para a economia e geração de empregos no Brasil. A cadeia
produtiva têxtil nacional é formada por aproximadamente
30.000 empresas entre fiações, tecelagens, malharias,
estamparias, tinturarias e confecções, que geram 1,6 milhão
de empregos formais e informais (PORTAL FATOR
BRASIL, 2008).
Por ser uma técnica ainda em desenvolvimento, o principal
Tecnologia Fibras
ponto questionado pelos produtores é a viabilidade da
produção orgânica, pois o custo de produção é de 10 a
15% maior, rendimento final 15% menor, e o preço da
fibra orgânica têm acréscimo médio de 45% em
comparação à fibra comum, que consequentemente
eleva o preço do produto final (SOUZA, 2000).
Entretanto, a difusão do conceito ecológico está
mudando as preferências dos consumidores, que
buscam produtos com selos que garantem a procedência
do produto. Isso levou a criação de novas propostas de
coleção de Moda e materiais sustentáveis.
O número de marcas varejistas que oferecem
produtos de algodão orgânico cresceu exponencialmente de 2001 e 2005 no Japão, Europa e América
do Norte. Nesse período, as vendas passaram de US$
245 milhões para US$ 583 milhões, e com taxa média
anual de 93% com relação à produção de fibra (LIMA et
al, 2006).
Peças de roupas produzidas a partir do algodão
orgânico são oferecidas em grandes marcas e lojas de
varejo, como por exemplo, Nike, Armani, H&M,
Timberland e Wal-Mart (FERREIRA, 2007). No Brasil,
as grifes apostam nos materiais sustentáveis,
principalmente nos tecidos orgânicos, como a grife
Osklen (PICK-UPAU, 2007). Outra forma de utilização
dos tecidos de algodão orgânico está em linhas
especificas para segmentos de mercado, como a linha
infantil, das grifes YOU e Pistache e Banana (GUIA
JEANS WEAR, 2007), e a underwear como Lupo, Un.i,
Forum Lingerie e Upman (COMBINANDINHO,
2008).
A Cooperativa de Produção Têxtil e Afins do Estado
da Paraíba (CoopNatural), comercializa roupas feitas
com algodão orgânico colorido do Brasil. A cooperativa
reúne empresas e grupos de artesãos que fabricam
roupas sob a marca Natural Fashion. Em Portugal, a
marca NaturaPura, comercializa produtos para bebês e
possui a certificação “Eco-Label” (ALVES &
RUTHSCHILLING, 2007)
O faturamento mundial desses produtos passou de
245 milhões de dólares para 1 bilhão de dólares entre
2001 e 2005. A previsão para os próximos anos é de
triplicar esse valor. Porém o maior desafio do setor orgânico
é a substituição da produção comum pela a que beneficia o
meio ambiente e sociedade, fato que levará alguns anos para
ser consumado, pois hoje muitos especialistas no setor
divergem com relação a adoção ou não de todos os
produtores da fibra de algodão.
Apesar do início promissor e de contar com o apoio da
patrulha de ativistas ambientalistas, a moda ecologicamente
correta terá de superar alguns obstáculos para se sustentar a
médio e longo prazo. O principal deles é convencer a maior
parte dos consumidores a pagar mais pelas roupas "verdes".
Algumas peças orgânicas chegam a custar 30% mais caro
que as tradicionais. A entrada das grandes redes varejistas
no negócio resolve parte do problema. O Wal-Mart está
investindo pesado no ramo desde 2004, a ponto de ser hoje o
principal comprador de algodão orgânico no mundo. Graças
à escala monumental do negócio, a companhia americana
conseguiu reduzir sensivelmente os preços, chegando a
oferecer em suas gôndolas camisetas ecologicamente
corretas a partir de 8 dólares.
Problema resolvido? Não. Caso outras redes varejistas
sigam o mesmo caminho, pode faltar matéria-prima no
mercado. Atualmente, o algodão orgânico representa
apenas 1% da produção global dessa commodity. A área de
cultivo concentra-se na Turquia e na Índia. O Brasil, quinto
maior produtor de algodão convencional no mundo, ainda
não tem uma atuação significativa nesse nicho de mercado.
Convencer mais agricultores a aderir ao negócio será uma
tarefa árdua. Sem o uso de agrotóxicos e de fertilizantes
artificiais, o trabalho de cultivo é redobrado para evitar a
incidência de pragas (GIANINI, 2007).
4. Conclusões
O consumo da fibra de algodão comum no mercado
nacional representa cerca de 60% do total de fibras
consumidas, 80% das fibras utilizadas nas fiações e 65% nas
tecelagens (PERRUPATO et al, 2004 e FILHO, 2004). A
cultura de algodão é uma das maiores poluidoras do meio
ambiente, pois com a competitividade e necessidade de
produção em larga escala, o uso de pesticidas, herbicidas e
fertilizantes é prática comum, e muitos produtores recorrem
a esses produtos químicos para incrementar a produção. Por
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
27
Tecnologia Fibras
esse motivo, diversos casos de destruição ambiental
foram registrados devido ao uso abusivo de produtos
tóxicos ao ambiente.
Com o objetivo de minimizar tais efeitos, o método
de produção orgânica de algodão, que tem como
princípio a aplicação de “técnicas verdes” principalmente no que diz respeito a adubação e controle de
pragas. A produção de algodão orgânico vem crescendo
a cada ano, e o processo de certificação da matéria-prima
tem sido discutida e exigida pelos consumidores. Os
produtores ainda enfrentam dificuldades com a
articulação do mercado, tanto na produção como na
comercialização da fibra.
O uso dessa fibra no mercado de Moda ainda é
restrito, devido principalmente ao seu custo no início e
fim da confecção do produto. Porém, a consciência
ecológica divulgada pela mídia está atingindo uma
parcela da população, que vêem seus hábitos de
consumo como grandes influentes no bem-estar geral.
Portanto, a demanda do mercado para têxteis orgânicos
tende a aumentar, trazendo benefícios não somente para
o consumidor final, como também por todos aqueles
envolvidos direta ou indiretamente com a produção.
5. Referências Bibliográficas
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Convencional: Aplicação e Comercialização de Eco-Têxteis.
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FERREIRA, E. L. 1º Workshop sobre têxteis Orgânicos no
28
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
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D i s p o n í v e l e m h t t p : / / w w w. r e v i s t a f a t o r. c o m . b r / ver_noticia.php?not=34137. Arquivo capturado em 15/04/09.
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29/05/2008).
Tecnologia Não-tecidos
Avaliação do processo de secagem de não-tecidos de pet
na fabricação de palmilhas para calçados, por curvas exotérmicas e
índice de flexão
Autores:L. P. Ceron1, S. Einloft2, M. Seferin2
Av. Protásio Alves, 2365 / 603, CEP 90410-002, Porto Alegre, RS
[email protected]
1
Renner Têxtil Ltda
2
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Faculdade de Química
Revisão Técnica: Rafael Rodrigues Ramos
A indústria têxtil é um dos setores fundamentais do
mundo e está fortemente motivada a procura de
processos alternativos que possam oferecer um custo
mais baixo, mantendo a qualidade e o desempenho do
produto final. O controle da reação de cura de resinas
termorrígidas em não-tecidos de poli(tereftalato de
etileno)-PET, foi otimizado pelos parâmetros de tempo e
temperatura, no processo de secagem em secador Rama
Texima para o fabrico de palmilhas para calçados. As
curvas exotérmicas levantadas para o secador serviram
como modelo da pesquisa na produção, assim como o
teste de índice de flexão, realizada nas amostras. Os
resultados das propriedades mecânicas mostraram que
baixas temperatura e velocidade da esteira do secador
são ideais para não-tecidos de PET, com a melhora da
qualidade no produto e uma minimização de 19,4% com
custo em gás liquefeito de petróleo (GLP). Por meio do
presente trabalho, foi possível verificar que o emprego
correto de energia térmica é uma alternativa eficaz para
o controle da qualidade e custos de processos
industriais.
Palavras-chave: Tempo de Cura, Temperatura de Cura,
Palmilha, Secagem, Rama.
INTRODUÇÃO
O setor calçadista é muito dinâmico, caracterizado
pela produção constante de novos produtos. Neste
contexto, está inserida a fabricação de palmilhas em base
de não-tecidos de poliéster, também conhecido por
“nonwoven”, que possui uma significativa participação
30
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
no mercado global nesta linha de produtos. Os não-tecidos
formam o principal grupo de produtos têxteis utilizados na
indústria calçadista, juntamente com os tecidos e as
malhas(1).
O não-tecido (Figura 1-a) é um têxtil produzido sem um
entrelaçamento ordenado e homogêneo dos fios, mas sim
com uma distribuição aleatória das fibras, diferente de um
tecido (Figura 1-b) em que o conjunto de fios é formado por
ângulo próximo de 90º, em forma de lâmina flexível(2).
Figura 1 - (a) Não-tecido; (b) Tecido.
A fabricação da palmilha de montagem baseia-se no
processo de impregnação de solução de látex de estirenobutadieno em manta de não-tecido de poliéster, com
posterior secagem e reticulação em secador Rama, seguido
de compactação do produto por meio de calandras. Depois
disso, o produto obtido é bobinado. Este método difundiu-se
a partir de 1979 devido ao custo deste material ser inferior ao
da celulose, usado até então como base para palmilhas(3).
A Rama (Figura 2) é um secador com as funções de
extrair água, promover a cura da resina, padronizar
dimensionalmente e dar acabamento ao produto final. É
constituído por um alargador que, através de garras
Tecnologia Não-tecidos
acopladas a correntes, trabalha numa determinada
velocidade em trilhos junto à estrutura rígida da
máquina, tensionando o tecido no sentido transversal e
fazendo o mesmo atravessar o túnel de ar aquecido. O
túnel é um longo caminho por onde passa o tecido,
normalmente dividida em vários campos. Nos campos
existem ventiladores para insuflar o ar quente e seco,
forçando a passagem pelo tecido pelo princípio de
convecção forçada, secando o tecido pelos dois lados.
normas SATRA PM 3, BS 5131/1990 e NBR 10455/2006.
Figura 3 - Não-tecido agulhado de poliéster.
Figura 2 - Secador Rama.
A complexidade do controle térmico esta em
determinar a relação entre velocidade da esteira do
secador e temperatura nas cinco câmaras de secagem,
com ajuste nos dampers, para promover a cura da resina
de forma econômica. O tempo de cura é o intervalo de
tempo necessário para que a reação de reticulação
ocorra, aglomerando as camadas em uma massa sólida e
compacta. Já a temperatura de cura é a temperatura
máxima atingida pelo sistema reacional durante a cura.
Este trabalho foi desenvolvido em indústria de
componentes para calçados, localizada em São
Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil, com o objetivo de
minimização dos custos de produção com GLP no
processo de secagem, usando curvas de secagem
exotérmicas e índice de flexão para avaliação.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido com não-tecidos
agulhados de poliéster da Bidim (Figura 3), do grupo
BBA-Fiberweb, nas gramaturas de 110, 150 e 200 g/m2.
A geometria do túnel de secagem escolhida foi a de
largura constante em 1,5 metros, pois, esta é utilizada
como padrão pela empresa.
O índice de flexão de cada amostra foi determinado
no equipamento chamado de Máquina de Flexão de
Palmilhas Fibrosas SATRA STM 129, de acordo com as
O ensaio de resistência à tração e alongamento foi
determinado na Máquina de Ensaio Universal EMIC DL200 Computadorizada, seguindo as normas NBR
13041/1993, BS 5131/1990 e SATRA PM 2. Os gráficos e
resultados foram gerados pelo software programa Tesc
versão 3.00.
A primeira parte constituiu-se em um estudo térmico
sobre as condições do secador e tecido, associando às
aberturas dos dampers a uma gramatura de material e perfil
térmico. Fixou-se nos dez queimadores a velocidade do ar de
secagem em 5 m3/h. As temperaturas nas câmaras de
secagem foram ajustadas em display. Para as medições das
temperaturas dentro de cada câmara do secador, usou-se
termopares do tipo T, acoplado a um indicador digital de
temperatura Agilent 34970A. A metodologia adotada
baseou-se na norma NBR 14610:2000 – Indicador de
temperatura com sensor. Utilizou-se o método Simplex
Modificado como auxílio, para determinar os valores
máximos e mínimos para velocidade da esteira secadora,
correlacionado ao teor máximo de 0,8% de umidade em
palmilha seca (método direto em estufa), obtendo-se assim
curvas de secagem para cada gramatura de não-tecido de
poliéster.
A segunda parte do estudo representa os testes nas
amostras para definir qual a melhor curva de secagem, com
ensaios de índice de flexão, resistência à tração e
alongamento na ruptura. Utilizou-se as curvas dos extremos,
uma com perfil econômico (velocidade mínima e
temperatura baixa) e outra de perfil avançado (velocidade
máxima e temperatura alta).
Na terceira parte foi realizada a produção-teste por seis
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
31
Tecnologia Não-tecidos
meses, utilizando-se das curvas de secagem econômica e
avançada, como modelo de operação na Rama, para
avaliar a redução nos custos com GLP.
Figura 4 - Curva de secagem para gramatura de 110 g/m2.
1,2
1,1
110 g/m2
1,0
Para manta de alta gramatura, 200 g/m2, foi
necessário o fechamento progressivo do damper no
quarto e quinto campos do secador. Constatou-se que
não-tecidos mais grossos, devido ao maior percentual de
água retida entre as suas fibras para evaporar, necessitam absorver maior quantidade de energia para realizar
o processo de secagem. Comprovou-se esta hipótese,
pela elevação do perfil térmico mínimo de 180ºC para
190ºC, pois, o não-tecido quando exposto a um perfil
térmico constante inferior a 190ºC, deixou a manta
molhada na saída do secador.
As curvas de secagem desenvolvidas no secador
Rama, com as relações de velocidade da esteira versus
umidade na palmilha, são mostradas nas Figuras 4,5 e 6.
Os valores recomendados por Bomtempi(4), para
umidade em palmilha de poliéster situam-se entre as
linhas tracejadas, com teores de 0,30 a 0,80% de
umidade interna em relação à massa seca do tecido.
32
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Umidade (% )
superfície dos tecidos de 110, 150 e 200 g/m ,
conseguiu-se nas cinco câmaras do secador um perfil
térmico decrescente de ajuste no display, em relação ao
medido na superfície do tecido, com resultados de:
+10ºC, 0ºC, -10ºC, -10ºC, -20ºC. Este incremento de
energia térmica inicial foi necessário por ser uma região
de entrada do túnel do secador, com perda térmica para o
ambiente externo, e também, devido à maior taxa de
evaporação de água nesta câmara inicial. Já na segunda
câmara, sem perda de energia térmica, as temperaturas
de display e medido foram praticamente iguais. A partir
da terceira câmara, conseguiu-se a minimização térmica
com o fechamento nas aberturas dos dampers e
reaproveitamento da energia.
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
8,0
8,5
180ºC
9,0
9,5
190ºC
10,0
200ºC
10 ,5
210ºC
11,0
11,5
220ºC
12,0
12,5
13,0
13,5
14,0
Velocidade da esteira (m/min)
Figura 5 - Curva de secagem para gramatura de 150 g/m2.
1,2
1,1
2
150 g/m
1,0
0,9
Umidade (% )
2
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
7,5
180ºC
8,0
8,5
190ºC
9,0
200ºC
9,5
10,0
210ºC
10,5
220ºC
11,0
11,5
12,0
12,5
Velocidade da esteira (m/min)
Figura 6 - Curva de secagem para gramatura de 200 g/m2.
1 ,2
1 ,1
2
200 g/m
1 ,0
0 ,9
Umidade (% )
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Curvas de Secagem
Devido à temperatura de secagem linear na
0 ,8
0 ,7
0 ,6
0 ,5
0 ,4
0 ,3
0 ,2
0 ,1
0 ,0
5,5
190ºC
6,0
200ºC
6,5
210ºC
7,0
220ºC
7,5
8 ,0
8,5
9,0
Velocidade da esteira (m/min)
Perfis Econômicos e Avançados
A Figura 7 mostra as identificações das amostras nas
curvas de perfis econômicos e avançados, usados nos
ensaios de índice de flexão, resistência à tração e
alongamento na ruptura.
Tecnologia Não-tecidos
Observou-se que nos perfis econômicos das três
gramaturas, nas zonas com baixos teores de umidade e
mínima velocidade, pontos 2, 9 e 15, apresentaram os
maiores valores no índice de flexão (Figura 8), obtendo
produtos com melhor qualidade técnica. Os pontos 1 e 5
(secos em excesso) e os pontos 4 e 8 (com excesso de
umidade) apresentaram baixo índices de flexão, mostrando
que a umidade interfere nos resultados de índice de flexão.
Confirmou-se a faixa de umidade ideal para palmilha de
poliéster, entre 0,30 e 0,80%(4), onde os valores de índice de
flexão apresentaram os melhores resultados.
Palmilhas com maior gramatura tiveram os valores de
índice de flexão significativamente aumentados.
Figura 7 - Identificação das amostras nas curvas de
perfis econômico e avançado.
Índice de Flexão
1,2
1,1
2
110 g/m
1,0
0,9
Umidade (%)
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
8,0
8,5
9,0
9,5
10,0
180ºC
10,5
11,0
11,5
12,0
12,5
13,0
13,5
14,0
Veloc idade da esteira (m/min)
220ºC
1,2
2
150 g/m
Figura 9 - Gráfico de tração para 110, 150 e 200 g/m2.
0,8
0,7
0,6
400
360
0,5
0,4
0,3
2
Tração (N/2. 000 mm )
Um idade (%)
1,1
1,0
0,9
0,2
0,1
0,0
7,5
8,0
8,5
180ºC
9,0
9,5
10,0
10,5
220ºC
11,0
11,5
12,0
12,5
Velocidade da esteira (m/min)
320
280
240
200
160
120
80
40
Um idade (% )
1,2
1,1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
2
200 g/m
1,0
0,9
0,8
Paralela
Perpendicular
Amostra
Figura 10 - Gráfico de alongamento para 110, 150 e 200 g/m2.
0,7
0,6
0,5
50
0,4
45
Alongamento (%)
0,3
0,2
0,1
0,0
5,5
6,0
6,5
190ºC
7,0
7,5
220ºC
8,0
8,5
9,0
Velocidade da esteira (m/min)
40
35
30
25
20
2
Índic e de Flexão (Longitudinal)
Figura 8 - Gráfico de índice de flexão para 110, 150 e 200 g/m .
4,4
4,2
4,0
3,8
2
2
2
110 g/m - 150 g/m - 200 g/m
3,6
3,4
3,2
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
1
2
3 4 5
6
7 8
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
15
1
2
Paralela
3
4
5
6
7
Perpendicular
8
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Amos tra
Como já esperado(5), o ensaio de tração as fibras
depositadas na direção paralela (longitudinal) é cerca de
50% maior que a disposição perpendicular (transversal).
Esta situação pode ser explicada devido ao processo de
fabricação do não-tecido ser induzido ou pelo efeito de
tensão dos morcetes no tecido.
Amostra
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
33
Tecnologia Não-tecidos
Para uma mesma gramatura os resultados de tração e
alongamento mostraram-se praticamente lineares,
dentro de cada perfil. Por sua vez, o perfil econômico
apresentou um pequeno acréscimo nos resultados de
tração e alongamento em relação ao perfil avançado.
Com a elevação da gramatura do não-tecido,
constatou-se maiores valores de tração e alongamento,
obtendo produtos mais rígidos.
Nos pontos 1, 4, 5 e 8 os resultados de tração e
alongamento apresentaram valores fora da faixa
recomendada pela literatura, que confirmam os efeitos
excessivos de umidade e secagem em palmilha de
poliéster.
ASSINTECAL, 1990. p. 132-141.
2.MORONI, L. G. et al. (Org.). Manual de não-tecidos:
classificação, identificação e aplicações. 3. ed. São Paulo:
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Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica)–PósGraduação em Engenharia Mecânica, Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2004.
5.BIDIM. Cátologo de Aplicações Industriais: Bidim. [São
Paulo], 2000. 8 p.
Produção Teste
Tabela 1- Resultados comparativos entre
produção-teste e produção normal
Produção
Palmilha (m2/ano)
GLP
(kg/m2)
GLP
(kg/ano)
Avaliação
(%)
Normal
2.226.192
0,103
229.298
-
Avançado
2.226.192
0,135
300.536
+ 31,1
Econômico
2.226.192
0,083
184.774
- 19,4
CONCLUSÕES
Em termos de redução de custos de produção com
GLP, utilizando-se as curvas de secagem como modelo
operacional, os resultados obtidos foram considerados
excelentes. Constatou-se a vantagem de se realizar a
secagem em perfil térmico econômico, o qual
minimizou em 19,4% o consumo de GLP. Já a produção
com perfil térmico avançado aumentou em 31,1%.
Os ensaios de índice de flexão, tração e alongamento
demonstraram que quantitativamente é recomendável o
uso de curvas de secagem com perfil térmico
econômico, em zonas próximas a 0,30% de umidade e
baixa velocidade da esteira, por apresentarem melhores
resultados físico-químicos no produto.
REFERÊNCIAS
1.NIEWOHNER, U.; KUNST, E. R. Perfomance das
Palmilhas de now-woven. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DO CALÇADO, 4.,
1990, Novo Hamburgo. Anais... Novo Hamburgo:
34
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
EVALUATION OF PROCEDURE FOR DRYING OF
NONWOVEN OF PET
FOR THE CONSTRUCTION OF INSOLES SHOES,
BY COURBES EXOTÉRMICAS AND CONTENTS
OF FLEXÃO
ABSTRACT
The textile industry is one of the key sectors of the world
and is strongly motivated to search for alternative processes
that may offer a lower cost while maintaining the quality
and performance of the final product. The control of the
reaction of cure of resins termorrígidas in non-woven
fabrics of polyethylene terephthalate (PET)-PET has been
optimized by the parameters of time and temperature, in the
process of drying hair in Rama Texima for the manufacture
of insoles for shoes. The curves exothermic raised for the
dryer served as a model of search in production as well as
the index of bending test, held in the samples. The results of
the mechanical properties showed that low temperature and
speed the wake of hair are ideal for non-woven PET, with
the improvement of quality in product and a minimization
of 19.4% with a cost of liquefied petroleum gas (LPG).
Through this work, were unable to verify that the correct use
of thermal energy is an effective alternative to control the
quality and costs of industrial processes.
Tecnologia Qualidade
Estudo comparativo das propriedades de permeabilidade ao vapor
transporte de umidade e proteção ultravioleta em malhas
de poliamida 6.6 e poliéster com elastano.
Autores: Fernando Gasi
Doutorando em Engenharia Química – UNICAMP (SP)
Edison Bittencourt
PhD em Engenharia Química
Professor da FEQ - UNICAMP
Fernando Barros de Vasconcelos
Engenheiro Têxtil
Professor do Centro Universitário da FEI
Revisão Técnica: Luiz Wagner de Paula
RESUMO
Vários estudos têm sido realizados, sobretudo na
última década, analisando artigos têxteis de diferentes
fibras quanto ao seu desempenho em relação ao
conforto. Porém são raros os que tratam das malhas
sintéticas de microfibras em misturas com elastano,
notadamente aquelas produzidas em máquinas finas (3638 agulhas por polegada). Essas malhas têm sua alta
aceitação no mercado devido a vários fatores, dentre os
quais se destacam o conforto proporcionado ao usuário.
A fim de avaliar o comportamento desses artigos com
diferentes fibras (poliamida e poliéster), comparamos
malhas com as características acima focando alguns
aspectos ligados ao conforto e mostramos como os
resultados obtidos dependem tanto do tipo de fibra como
da estrutura da malha variando segundo o tipo de
propriedade analisada.
Palavras-chave: poliamida; poliéster; elastano;
conforto; malha.
1. INTRODUÇÃO
O conforto é um dos mais importantes atributos da
vida. O ser humano está permanentemente consciente ou
inconscientemente, procurando manter ou melhorar seu
estado de conforto, físico ou psicológico.
O conforto pode ser definido como um estado de
harmonia física e mental com o meio ambiente, baseado
na ausência de qualquer sensação de incômodo.
Em relação ao uso de um vestuário, o conforto é
36
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
definido em três aspectos:
1) Físico: relacionado às sensações provocadas pelo
contato do tecido com a pele e pelo ajuste da confecção ao
corpo e aos seus movimentos.
2) Fisiológico: ligado à interferência do vestuário nos
mecanismos de metabolismo do corpo, em especial o termo
regulador.
3) Psicológico: função de fatores relacionados à estética,
aparência, moda, situação, meio social e cultural.
Estudar as propriedades das fibras é fundamental para se
estabelecer uma relação com a funcionalidade da roupa. Os
fios e tecidos inteligentes agregam, no interior da fibra,
tecnologia e ciência. Em razão disso, são capazes de oferecer
propriedades funcionais de desempenho, de bem-estar e de
conforto.
Este artigo aborda as propriedades das fibras,
relacionando-as com as funcionalidades importantes dos
tecidos, tais como a permeabilidade ao vapor, o transporte e
absorção de umidade e a proteção aos raios ultravioleta.
2. OBJETIVOS
O principal objetivo deste trabalho é analisar
comparativamente as propriedades de permeabilidade ao
vapor, capilaridade e proteção aos raios UV de duas
principais fibras sintéticas para o vestuário: a poliamida 6.6 e
o poliéster.
3. CONCEITUAÇÃO TEÓRICA
3.1. Transporte de líquido por capilaridade
Segundo Laughlin (1961), o estudo da capilaridade em
função do tempo para uma estrutura têxtil obdece à seguinte
k
relação h=ct
Tecnologia Qualidade
Onde “h” é a altura atingida pelo líquido num tempo
“t”, e “c” é uma constante que depende da viscosidade
do líquido, ângulo de contato do líquido com o tecido,
tensão superficial do líquido, raio do capilar.
Por outro lado, o estudo de Benltoufa et al (2008)
mostra como o efeito de capilaridade numa malha é
função, entre outros, da característica superficial da
matéria prima (tipo de fibra) e dos espaços vazios intra
fios (distância entre os filamentos no fio) e inter fios
(distância entre os fios na malha).
3.2. Permeabilidade ao vapor d'água
Consiste na passagem de água, sob a forma de vapor
pelo substrato têxtil e é uma das propriedades mais
importantes de um tecido no que tange ao conforto
fisiológico.
É muito importante em especial para o balanço
térmico ao permitir à umidade gerada pelo suor da pele
evaporar e passar como vapor pela estrutura fibrosa,
facilitando o processo de termo regulação e impedindo
que o vapor da transpiração fique retido entre a pele e o
artigo têxtil.
3 .3. Proteção aos raios ultravioleta
A radiação ultravioleta (UV) é a radiação
eletromagnética com um comprimento de onda menor
que a da luz visível e maior que a dos raios X, (de 380 nm
a 1 nm). A radiação UV pode ser subdividida em UV
próximo (comprimento de onda de 380 até 200 nm mais próximos da luz visível), UV distante (de 200 até
10 nm) e UV extremo (de 1 a 31 nm).
No que se refere aos efeitos à saúde humana e ao
meio ambiente, classifica-se como UVA (400 – 320 nm,
também chamada de "luz negra" ou onda longa), UVB
(320–280 nm, também chamada de onda média) e UVC
(280 - 100 nm, também chamada de onda curta ou
"germicida").
Segundo CITEVE – Centro Tecnológico das
Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal são vários os
fatores que determinam o grau de proteção da radiação
ultravioleta nos têxteis, nomeadamente:
Composição do tecido – a característica das
matérias-primas influencia a capacidade de absorção de
radiação UV.
Densidade/contextura – a densidade de fios e a própria
contextura da estrutura têxtil são fatores que por si só
permitem maior ou menor fator de cobertura. Assim, a
máxima proteção aos raios UV é obtida com a menor
porosidade óptica possível, ou seja, com o maior fator de
cobertura.
Cor – para a mesma qualidade de matéria-prima, com
tecidos de densidades e gramatura semelhantes às cores mais
intensas absorvem maiores quantidades de radiação UV,
conferindo por isso maior proteção.
Elasticidade – a maior ou menor capacidade elástica das
estruturas têxteis permite também maior ou menor
capacidade de absorção. A máxima proteção consegue-se
com a menor elasticidade.
Umidade – quando comparados com tecidos úmidos de
idênticas características, a transmitância de radiações UV em
tecidos secos é menor. O fator de proteção é nestes casos
superior.
Design da peça – o design associado à função é também
um fator determinante da máxima cobertura e, por
conseguinte, da máxima proteção.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram produzidas malhas de poliamida/elastano e
poliéster/elastano em condiçoes equivalentes de fator de
cobertura conforme especificações a seguir.
4.1. Fios Utilizados
Foram selecionados os seguintes fios para os ensaios:
- Fio de poliamida 6.6, com título de 1x80/68 dtex
- Fio de poliéster, com título 80/72 dtex
- Fio de elastano, com título 20 denier.
4.2. Produção das malhas
As amostras de malha forma produzidas num tear circular
com 38 agulhas/polegada, diâmetro 34 polegadas. Essa
característica de máquina fornece o que há de mais atual em
contrução de tecidos de malha com elastano.
A seguir, para efeito de acabamento, as malhas foram
fixadas em rama com sete campos num intervalo de
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
37
Tecnologia Qualidade
temperatura de 185 a 190 °C com uma velocidade de 16
m/min a uma largura natural (sem tensão).
4.2.1. Tecidos de Malha para os Ensaios – Dados em
Cru
Tabela 1. Dados do Tecido de Malha em Cru.
Fonte: Laboratório Físico Têxtil. Rhodia Poliamida, 2009.
Onde LFA: Longuer de Fil Absorbée, op.: opaco, s.o.: semi-opaco.
4.2.2. Tecidos de Malha para os Ensaios – Dados
Acabado
Tabela 2. Dados do Tecido de Malha acabado.
Fonte: Laboratório Físico Têxtil. Rhodia Poliamida, 2009.
Onde LFA: Longuer de Fil Absorbée, PA: poliamida, PES: poliéster
4.3. Determinação da Capacidade de Transporte de
Líquidos por Capilaridade (AATCC)
A água é transportada pelo tecido imerso e se
deslocará verticalmente contra a gravidade. A
velocidade em que a água se desloca é visualmente
observada e os tempos limites são cronometrados.
Figura 1. Cuba retangular com Régua
4.4. Determinação da Permeabilidade ao Vapor (ASTM
E-96-00)
Um recipiente contendo determinada quantidade de
água é recoberto de forma hermética com o artigo a ser
avaliado.
O recipiente é movimentado de forma contínua em
ambiente de atmosfera padrão sendo a perda de água por
evaporação controlada em intervalos de 1 hora. A
transmissão do vapor de água é determinada pela reação
linear entre a perda de peso e o tempo.
4.5. Determinação do Fator de Proteção Solar em
Tecidos (AS/NZS 4399, 1996)
O método consiste em medir através de um espectrofotômetro a radiação ultravioleta que passa pelo substrato
têxtil numa faixa de comprimento de onda entre 280 nm a
400 nm (UVB + UVA).
A partir dos dados obtidos é calculado o Fator de
Proteção Solar (UPF), utilizando-se a expressão a seguir:
Onde:
Eë = Espectro eritemal segundo CIE (Comissão
Internacional de Iluminação)
Së = Distribuição espectral da radiação
Të = Transmissão espectral do têxtil
Äë = Amplitude da faixa em nm
ë = Comprimento de onda em nm
Os valores de UPF determinados para o têxtil são
classificados em função do nível de proteção conforme
tabela abaixo:
Tabela 3. Fator de proteção solar (UPF)
Fonte: Laboratório Físico Têxtil. Rhodia Poliamida, 2009.
38
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Fonte: Australian/New Zealand Standard. AS/NZS 4399, 1996.
Onde U V: Ultra Violeta, UPF: Ultra Violet Protection. Factor
Tecnologia Qualidade
comparação com as malhas de poliéster, o que se soma ao
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
motivo anterior (característica da fibra) na explicação da
5.1. Capilaridade
5.1.2. Resultados de Capilaridade no Sentido diferença de comportamento entre as malhas.
Longitudinal
Figura 3. Microscopia Poliamida
O gráfico a seguir mostra as curvas de transporte de
liquido em função do tempo e na tabela abaixo temos os
resultados de altura máxima atingida pelo líquido após
300 segundos (H max) para as duas amostras (A1 e A2)
de poliamida e poliéster:
Figura 2. Curva Altura do Líquido.
80 ,0
70 ,0
y = 4,0811x0,5033
R² = 0,9928
60 ,0
y = 4,0416x0,5056
R² = 0,9928
50 ,0
)
m
(m40 ,0
ra
u
lt
A
PA A1
PA A2
PES A1
y = 1,7571x0,5909
PES A2
R² = 0,947
30 ,0
1,5642x0,6078
y=
R² = 0,9372
20 ,0
Fonte: Autor
10 ,0
0 ,0
0,0
50,0
1 00,0
150,0
2 00,0
250,0
3 00,0
Figura 4. Microscopia Poliéster
350,0
Tempo (s)
Fonte: Autor
Tabela 4. Taxa de vapor por unidade de área
A1
A2
media
Fonte: Autor
H max (mm)
poliamida
poliester
72,0
45,0
73,0
44,0
72,5
44,5
5.1.3. Discussões sobre a capilaridade
Nas duas amostras (A1 e A2) as malhas de poliamida
apresentam um efeito de capilaridade superior ao das
Fonte: Autor
malhas de poliéster.
Se tomarmos em consideração o valor de altura 5.2. Permeabildade ao Vapor
máxima atingida pelo líquido com 300 segundos temos 5.2.1. Resultados de Permeabilidade ao Vapor
um resultado para a polimida 63% superior ao do
Tabela 5. Taxa de vapor por unidade de área.
poliéster (média de 72,5 mm na poliamida contra
Taxa de vapor (g/h.m²)
44,5 mm no poliéster).
poliamida
poliester
A poliamida tem maior afinidade superficial com a
A1
34,5
29,5
água, o que afeta positivamente o efeito de capilaridade.
A2
35,0
29,5
Além disso, como podemos observar nas figuras
media
34,8
29,5
abaixo, as malhas de poliamida apresentam menores
Fonte: Autor
espaços inter fios em sua estrutura (figuras 3 e 4) em
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
39
Tecnologia Qualidade
5.2.2. Discussões sobre a permeabilidade ao vapor
As malhas de poliamida apresentam resultados
superiores às de poliéster em torno de 18% (média de
34,75 g/h.m² na poliamida contra 29,5 g/h.m² no
poliéster). Embora as malhas de poliamida se mostrem
com menos espaços vazios inter fios (como avaliado no
item 4.1.3), os melhores resultados observados podem
ser explicados pela diferença de Regain entre as fibras
5,75% para a poliamida 6.6 e 1,5% para o poliéster. A
taxa de regain reflete a facilidade de penetração de vapor
na estrutura da fibra e tem importância significativa na
propriedade de permeabilidade ao vapor.
poliamida apresentou resultado superior ao da malha de
poliéster devido à caracteristica intrínseca da fibra e ao
efeito provocado por esta na estrutura da malha;
Permeabilidade ao vapor d'agua: malha de poliamida
apresentou resultado superior ao da malha de poliéster
devido principalmente ao seu maior regain;
Proteção aos raios ultravioleta: ambas as malhas de
poliamida e poliéster apresentaram proteção máxima (UPF
50+) em função da estrutura fechada das malhas com
elastano.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5.3. Fator de proteção Ultravioleta (UPF)
5.3.1. Resultados de fator de proteção UV (UPF)
Tabela 6. Fator de Proteção solar nos Tecidos de Malha
Matéria Prima
Amostra
LFA
UPF Médio
Categoria de Proteção
Poliamida 6.6
A1
980
777,016
Máxima
Poliamida 6.6
A2
980
782,500
Máxima
Poliéster
A1
980
278,834
Máxima
Poliéster
A2
980
274,979
Máxima
Matéria Prima
Fonte: Autor
5.3.2. Discussões sobre Fator de Proteção Ultravioleta
Todas as malhas, tanto de poliamida 6.6 como de
poliéster apresentaram Fator de Proteção Ultravioleta
(UPF) com nível de proteção máxima. Isso ocorre por
que, devido à presença de elastano na estrutura, a
densidade das malhas é alta, ou seja, as malhas são
bastante fechadas evidenciando uma influência da
estrutura da malha sobre o fator de proteção solar mais
significativa do que a matéria prima.
6. CONCLUSÃO
As características das malha de filamentos sintéticos
com elastano analisadas nesse artigo apresentam
comportamentos que dependem da estrutura da malha e
do tipo de fibra.
Dentro da faixa e do tipo de malha estudado podemos
resumir os resultados da seguinte forma:
Transporte de líquido por capilaridade: malha de
40
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
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Tecnologia Processos
Efeitos da termofixação em tecido de poliéster
Autores: José Geraldo de Carvalho –
3M do Brasil - [email protected]
João Sinézio de C. Campos Departamento de Tecnologia de Polímeros,
Faculdade de Engenharia Química,UNICAMP.
João Batista Giordano - Departamento Têxtil,
Faculdade de Tecnologia de Americana [email protected]
Revisão Técnica:Wagner Mota
RESUMO
Largamente utilizada na indústria têxtil é a fibra de
politereftalato de etileno (PET), a qual é obtida pela
extrusão do PET e é uma das fibras de maior consumo na
indústria têxtil, representando mais de 50% da demanda
dentre as fibras químicas.
A termofixação é um processo importante no
beneficiamento de tecido de poliéster, porque tem a
finalidade de conferir estabilidade dimensional ao
tecido. Mas esse processo altera outras propriedades do
material, como hidrofilidade e alongamento. O objetivo
desse trabalho é analisar as alterações proporcionadas
pela termofixação nas propriedades de encolhimento,
alongamento, força de ruptura e hidrofilidade do tecido
de poliéster.
Selecionou-se temperaturas e tempos de termofixação de interesse industrial, estando estes respectivamente nos intervalos de 120 a 220°C e de 30 a 120
segundos.
Amostras de tecido plano de poliéster foram
termofixadas em diversas combinações de tempo e
temperatura dentro dos intervalos mencionados. Após a
termofixação submeteu-se as amostras a testes de
hidrofilidade, alongamento e ruptura. Também
observou-se o grau de encolhimento do tecido pela
comparação das dimensões das amostras antes e depois
da termofixação.
Os resultados mostraram que os índices de
encolhimento e de alongamento aumentam em função
do tempo de termofixação. Observou-se também que a
42
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
hidrofilidade do tecido diminui com a termofixação e a força
de ruptura do tecido não é modificada por esse processo.
1. INTRODUÇÃO
As normas ISO 2076 e a Diretiva UE definem o nome
genérico poliéster (PES) como “fibra composta de
macromoléculas lineares cuja cadeia contém um mínimo de
85% em massa de um diol e do ácido tereftálico”, GUILLEN
(2003).
O PET é o mais importante membro da família dos
poliésteres, e há mais de 40 anos vem sendo utilizado em
variados setores de atividades. É usado como fibra na
indústria têxtil, embalagens de alimentos, cosméticos,
produtos farmacêuticos, frascos de bebidas gaseificadas, e
como filme em radiografias, fotografias e reprografia. Em
geral, este polímero é conhecido como poliéster na indústria
têxtil e no segmento de embalagens como PET, ODIAN
(1991).
O PET foi desenvolvido por dois químicos britânicos
Whinfield e Dickson em 1941 e é classificado quimicamente
como um poliéster termoplástico, ou seja, funde por
aquecimento e solidifica por resfriamento. Pode ser
apresentado no estado amorfo (transparente), parcialmente
cristalino e orientado (translúcido) e altamente cristalino
(opaco), LUDEWIG (1964). Este polímero é obtido pela
polimerização por condensação do ácido tereftálico (ou
tereftalato de dimetila) com o etileno glicol, ODIAN (1991).
A fibra de poliéster é obtida por extrusão do PET. O
polímero é extrudado por fusão (260 °C) e depois os
filamentos são estirados para otimizar a orientação das
Tecnologia Processos
cadeias.
Figura 1: Reação de condensação do PET
É durante o processo de estiragem que se promove a
cristalinidade do poliéster. As cadeias moleculares do
poliéster são bastante rígidas em conseqüência da
presença de grupos ésteres do PET que garantem à fibra
um elevado grau de cristalinidade, LUDEWIG (1964).
Também no segmento de mantas e não-tecidos, o poliéster é
bastante utilizado em aplicações como entretelas,
enchimento de agasalhos e edredons (isolante térmico), além
de outras aplicações não têxteis (filtros, mantas impermeabilizantes, etc.), ODIAN (1991).
.Propriedades
Propriedades físicas - As propriedades físicas das fibras
de poliéster variam com o método de manufatura e com o
peso molecular do polímero. Um aumento no peso molecular
causa aumento na resistência à tração e elongação e no
módulo de Young, ARAUJO (1984). Propriedades físicas e
mecânicas das fibras de PET são dadas na tabela 1.
Tabela 1: Propriedades Físicas das Fibras de Poliéster
Figura 2: Processo de obtenção de filamento de
fibra de poliéster
A fibra de poliéster é a fibra de maior consumo no
setor têxtil, representando pouco mais de 50% da
demanda total de fibras químicas, ABIT (2009). Pode ser
utilizada pura ou em mistura com algodão, viscose,
náilon, linho ou lã, em proporções variadas. Os tecidos
resultantes prestam-se à fabricação de inúmeros artigos:
camisas, camisetas, pijamas, calças, ternos, lençóis,
cortinas, costado para indústria de abrasivos, etc.
(a) fio para tecido;
(b) filamento com alta resistência, alto módulo; fio
industrial;
(c) fibra regular de 100% poliéster, fios de tapetes,
blendas com celulose;
(d) alta resistência, alto módulo; fibras para aplicação
industrial.
Propriedades químicas: Poliéster tem boa resistência a
ácidos fracos, até mesmo a altas temperaturas e é resistente a
ácidos fortes à temperatura ambiente, mas se dissolve com
decomposição parcial na presença de ácido sulfúrico
concentrado. Podem-se deixar fibras de PET por várias
semanas em água a 70 °C que elas não perdem a resistência,
já deixando por uma semana a 100 °C sua resistência sofre
uma diminuição de 20 %. Base forte, como a soda cáustica,
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
43
Tecnologia Processos
reduz a resistência. Amônia e bases orgânicas penetram
na estrutura das fibras causando degradação e
diminuição das propriedades físicas. Têm excelente
resistência a oxidantes, ARAUJO (1984).
Propriedades ópticas: O PET é transparente, provido
de brilho, o efeito brilhante é desejável para alguns fins,
como vestuário. Quando esse efeito não é requerido,
adicionam-se substâncias como dióxido de titânio para
reduzir o brilho e melhorar a brancura. Pigmentos ou
tintas podem ser adicionados durante a manufatura do
polímero ou na extrusão, para se obter um material já
colorido.
Propriedades Térmicas: As propriedades térmicas das
fibras de poliéster dependem de sua estrutura. Elas são
afetadas pelo grau de cristalinidade de forma
significativa, e este aspecto determina a utilização desses
materiais sob diferentes temperaturas. A cristalinidade é
alterada com aumento da temperatura, nas proximidades
da temperatura de fusão (Tm), com isso o módulo, a
rigidez, a resistência à tração e a dureza diminuem. Esse
fato limita o uso de polímeros em alta temperatura.
Termofixação: ROUETTE (2001)
O processo de termofixação é baseado no
aquecimento dentro de uma faixa específica de
temperatura cujo limite superior é a temperatura de fusão
e o limite inferior é a temperatura de transição vítrea da
fibra (necessária para quebrar as ligações secundárias).
Os principais objetivos obtidos pelo processo de
termofixação são:
* Homogeneização da estrutura da fibra;
* Eliminação de tensão interna da fibra, resultando
em redução do encolhimento durante processos de
beneficiamento e uso final;
* Aumento da estabilidade dimensional;
* Redução do enrolamento das laterais de tecidos
planos e malhas;
Os parâmetros mais importantes na temofixação são
temperatura, tempo de residência e a tensão mecânica
aplicada ao tecido.
As mudanças causadas pela termofixação não são
apenas mecânicas, mas também nas propriedades de
44
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
tingimento das fibras sintéticas. A temperatura determina as
propriedades de tingimento como segue: Com o aumento da
temperatura (no caso do poliéster, acima de 200 °C) a
proporção de regiões cristalinas diminui porque os cristalitos
instáveis fundem e a massa polimérica recristaliza
parcialmente. Quanto maior a proporção de regiões não
cristalinas depois da termofixação, que também é
influenciada pela taxa de resfriamento (resfriamento rápido
reduz a recristalização), melhores serão as propriedades de
tingimento posterior.
A temperatura de termofixação deve ser de pelo menos 25
-30 °C (para poliéster 30 – 40 °C) acima da temperatura na
qual o material têxtil será submetido nos processos
subseqüentes ou no uso.
A termofixação dos tecidos de poliéster pode ser feita em
temperaturas compreendidas entre 160 °C e 220 °C e tempos
de 30 a 120 segundos.
Alteração Dimensional de tecidos
Na produção dos tecidos e nos seus diferentes processos
de beneficiamento, surgem alterações dimensionais devido
às ações mecânicas, térmicas e químicas que, na maioria dos
casos, se manifestam posteriormente, por encurtamento na
direção longitudinal. Este fenômeno é geralmente referido
como encolhimento. A quantidade que encolhe um tecido
depende principalmente do material, das condições de
produção, do ambiente que o tecido é beneficiado (água,
vapor, calor, seco, etc.), a temperatura e os esforços
mecânicos aos quais ele é submetido.
O mecanismo do encolhimento pode ser explicado pelo
alívio de tensões internas introduzidas nos fios durante os
processos de fiação e tecelagem. Pela atuação de água, ar
quente ou vapor, as tensões podem ser aliviadas.
Melhorando a estabilidade das dimensões, e o tempo
necessário para isto vai depender do tipo da fibra, do tipo e
condições de tratamentos aplicados.
Nos tratamentos hidrotérmicos, o encolhimento não é
linear com o aumento da temperatura. Já no tratamento em ar
quente, há certa linearidade na relação entre a temperatura e
o encolhimento.
Assim, nota-se claramente a importância do conhecimento sobre tratamentos térmicos e processos de termofixação,
Tecnologia Processos
Materiais e Métodos
Materiais
* Tecido 100 % poliéster
* Urdume 36 fios/cm 30 tex
* Trama 24 fios/cm 80 tex
* 350 g/m²
* Dinamômetro
* Rama
* Balança hidrostática
* Corante
* Vidrarias
Metodologia
Ensaio de tração e alongamento
Recortou-se amostras de tecido de poliéster e
preparou-se as mesmas para o ensaio de resistência à
tração e alongamento nos sentidos da trama e do
urdume, segundo a norma NBR 11912. Submeteu-se as
amostras ao processo de termofixação em diferentes
condições de tempo e temperatura como descrito abaixo.
Submeteu-se amostras termofixadas e sem termofixar
ao ensaio de alongamento ruptura em dinamômetro
como descrito na norma NBR 11912 com o objetivo de
verificar a influência do tempo e temperatura de
termofixação nas propriedades de alongamento e força
de ruptura do tecido de poliéster.
Termofixação
Termofixou-se amostras de tecido de poliéster nas
seguintes temperaturas: 120, 160, 180, 200 e 220 °C por
30, 60, 90 e 200 segundos. Utilizou-se rama de
laboratório com controles automáticos de tempo e
temperatura.
Encolhimento
Com o objetivo de verificar a influência da
temperatura e tempo de termofixação no encolhimento
do tecido de poliéster, mediu-se as dimensões das
amostras preparadas para ensaio de alongamento
ruptura antes e depois da termofixação e em seguida
calculou-se o percentual de encolhimento das mesmas.
Hidrolifilidade
Mediu-se a hidrofilidade do tecido através da análise de
absorção de gota de solução de corante depositada na
superfície do tecido, de acordo com a norma NBR 13000.
Também foram feitos testes de hidrofilidade pelo método
de ascensão capilar, que consiste em colocar as amostras no
sentido vertical, e mergulhar uma das extremidades do
tecido na solução de corante, como mostra a figura 3, e
observar a altura da coluna de solução absorvida em um
determinado tempo que para esse trabalho foi 15 min. Os
testes de hidrofilidade foram realizados com o objetivo de
verificar a influência do tempo e temperatura de
termofixação nessa propriedade do tecido.
Figura 3: Medição de hidrofilidade de tecidos por ascensão capilar
tecido
Becker com solução de corante
Resultados e discussões
Encolhimento
A figura 4 apresenta os resultados das amostras do
tecido de poliéster submetidas aos ensaios de
encolhimento em função da temperatura de termofixação
para trama (Fig. 4A) e urdume (Fig. 4B). Na ordenada temse o percentual de encolhimento e na abscissa as
temperaturas de termofixação.
Figura 4: Encolhimento (%) em função da temperatura de
termofixação para amostras de tecido de poliéster
no sentido da trama (A) e
no sentido do urdume (B) para tempos de
termofixação de 30, 60, 90 e 200s.
(a)
Encolhimento (%)
pois estes são fundamentais para estabilidade e
propriedades físico-químicas das fibras têxteis.
Temperatura de termofixação oC
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
45
Tecnologia Processos
Encolhimento (%)
b
para trama (Fig. 5A) e urdume (Fig. 5B). Na ordenada temse o percentual de alongamento e na abscissa as
temperaturas de termofixação.
Figura 5: Alongamento (%) em função da temperatura de
termofixação para amostras de tecido de poliéster
no sentido da trama (A) e no sentido do
urdume (B) para os tempos de termofixação 30, 60, 90 e 200s.
Alongamento e Ruptura
A figura 5 apresenta os resultados das amostras do
tecido de poliéster submetidas aos ensaios de
alongamento em função da temperatura de termofixação
46
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Temperatura de termofixação oC
b
b
Alongamento (%)
Observa-se na figura 4, que o processo de
termofixação promove encolhimento do tecido de
poliéster no sentido da trama e do urdume, e esse
encolhimento varia com tempo e temperatura de
termofixação. Pode-se observar que o encolhimento
aumenta com o aumento da temperatura do processo.
Observa-se que para temperatura de 120 °C o
encolhimento é pequeno em comparação às demais
temperaturas. Observa-se também que as porcentagens
de encolhimento são muito semelhantes em relação à
trama e urdume.
O tempo de termofixação também causa variação no
encolhimento para cada temperatura de termofixação
nos dois sentidos do tecido, podendo-se destacar que
para o tempo de 30s obteve-se o menor encolhimento em
todas as temperaturas, e com valor Máximo de 11% para
temperatura de termofixação em 220 °C. Observa-se
também que para o tempo de termofixação 60s o tecido
praticamente atinge seu encolhimento máximo em cada
temperatura de termofixação, ou seja, mesmo que o
tempo aumente não se observa diferença dos resultados
em relação àqueles obtidos a 60s.
Pode-se notar também que independente da
temperatura de termofixação o encolhimento teve o
mesmo comportamento tanto para a trama como para o
urdume, ou seja, com o aumento da temperatura aumenta
o encolhimento do tecido.
Alongamento (%)
a
Temperatura de termofixação oC
Temperatura de termofixação oC
Observa-se na figura 5 que o processo de termofixação
promove o aumento do alongamento do tecido de poliéster
no sentido da trama e do urdume, e esse aumento varia com a
temperatura de termofixação, ou seja, aumentando a
temperatura de termofixação aumenta-se também o
percentual de alongamento do tecido.
Observa-se também que o tempo de termofixação não
promove alterações consideráveis no percentual de
alongamento do tecido de poliéster no sentido da trama e do
urdume.
Esse comportamento está associado ao fato de as cadeias
poliméricas terem se encolhido durante a termofixação,
tornando possível um alongamento maior quando
Tecnologia Processos
Figura 6: Força de ruptura (Kgf) em função da
temperatura de termofixação para amostras de tecido de
poliéster no sentido da trama (A) e no
sentido do urdume (B) para os tempos de
termofixação 30, 60, 90 e 200s.
Hidrofilidade
A figura 7 apresenta os resultados das amostras de tecido
de poliéster submetidas aos ensaios de hidrofilidade em
função da tenperatura de termofixação. Na ordenada tem-se
o tempo de absorção da gota de corante pelo tecido e na
abscissa as temperaturas de termofixação.
Figura 7: Tempo de absorção de uma gota de
solução de corante em função do tempo de termofixação
Tempo de absorção (s)
submetidas a uma força de tração. Isso pode ser visto ao
comparar as figuras 4 e 5, onde observa-se que as
amostras que tiveram maior encolhimento na
termofixação, foram as que alcançaram maior
alongamento nos ensaios de alongamento e ruptura.
A figura 6 apresenta os resultados das amostras do
tecido de poliéster submetidas ao ensaio de ruptura em
função do tempo termofixação para trama (Fig. 6A) e
urdume (Fig. 6B). Na ordena tem-se a força de ruptura
(kgf) e na abscissa as temperaturas de termofixção.
Força de ruptura (Kgf)
a
Temperatura de termofixação oC
Temperatura de termofixação oC
Força de ruptura (Kgf)
b
Observa-se na figura 7 que o processo de termofixação
promove a diminuição da hidrofilidade do tecido de
poliéster, ou seja, as amostras termofixadas apresentam
tempos maiores para absorção da gota de solução de
corante. Pode-se observar que a hidrofilidade diminui com o
aumento da temperatura e do tempo de termofixação.
Não obsrva-se absorção de solução de corante pelas
amostras do tercido termofixado na temperatura de 220 °C.
A figura 8 apresenta amostras de tecido de poliéster sem
termofixar (esquerda) e termofixada na temperatura de
220 °C por 60 s submetidas ao ensaio de hidrofilidade por
ascensão capilar.
Figura 8: Amostra de tecido de poliéster sem termofixar
(esquerda) e termofixada a 220 °C por 60s (direita)
submetidas a teste de hidrofilidade.
Temperatura de termofixação oC
Observa-se na figura 6 que o processo de
termofixação pouco influencia na força de ruptura das
amostras de poliéster no sentido da trama e do urdume.
Área do tecido
mergulhada na
solução de corante
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
47
Tecnologia Processos
Observa-se na figura 8 que as amostras de tecido de
poliéster sem termofixar a solução de corante se
espalhou para regiões do tecido que não estavam
mergulhadas na mesma. Nas amostras termofixadas
observa-se que a solução de corante só molhou a região
do tecido que estava mergulhada na mesma.
Conclusões
1. A termofixação promove encolhimento do
tecido de poliéster e esse encolhimento aumenta com
aumento da temperatura do processo. O tempo de
termofixação pouco influência nessa propriedade do
tecido.
2. A termofixação promove o aumento do índice
de alongamento do tecido de poliéster e esse
alongamento aumenta com o aumento da temperatura de
termofixação. O tempo de termofixação pouco
influência nessa propriedade.
3. A termofixação não promove alterações
consideráveis na força de ruptura do tecido de poliéster.
4. A termofixação promove a diminuição da
hidrofilidade do tecido de poliéster.
48
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A B I T
–
http://www.abit.org.br/site/navegação.asp?id_menu=9&id
_sub=32&idioma=PT. Site consultado no dia 08/12/2009.
ARAUJO, MÁRIO de CASTRO, E. M. de Melo.
Manual de Engenharia Têxtil. V. 2. Fundação Cauloste
Gulbenkia. Lisboa. Portugal, 1984. 948 P..
BARBOSA, M. C., ROSA, S. E. S., CORREA, A. R.,
DVORSAK, P., GOMES, G. L., Setor de fibras sintéticas e
suprimento de intermediários petroquímicos, BNDES
Setorial, Rio de Janeiro, n. 20, p. 77-126, set. 2004.
GUILLÉN, J. G., Nomes genéricos das fibras químicas
normativas e legislação. Revista Química Têxtil, ano XXVI,
no 70, pg. 29, Mar. 2003.
LUDEWIG, H., Polyester fibres chemistry and
technology, New York: Wiley-Interscience Publicacion, pg.
453, 1964.
ODIAN,G.,Principles of polymerization, third edition,
New York: Wiley-Interscience Publicacion, pg. 12-194,
1991.
ROUETTE, HANS-KARL. Encyclopedia of Textile
Finishing. Woodhead Publishing, 2001. 3011p.
Tecnologia Qualidade
Um estudo da normalidade das propriedades de
tensão de fios texturizados de poliester.
Autores: Gabriel Guillén Buendia(1), Ana Maria Islas Cortes(2)e Alejandro Yañes Kernke(3).
(1)
ESIME-Azcapotzalco, Instituto Politécnico Nacional - [email protected]
(2)
ESIT, Instituto Politécnico Nacional – [email protected]
(3)
ESIME-Zacatenco, Instituto Politécnico Nacional – [email protected]
Tradução: Agostinho S. Pacheco – ABQCT
Revisão Técnica: Guido Valente Neto
é minimizar de forma direta a soma de quadrados de
residuais mediante um procedimento iterativo (1). Em
determinadas circunstâncias é útil considerar uma
transformação de linearidade da função não linear para
calcular suas constantes, primordialmente quando se trata de
introduzir jovens estudantes neste campo do ajuste
numérico.
A exploração visual de diferentes dados associados a
fenômenos naturais e/ou processos industriais pode sugerir
diversas distribuições, todavia nesta ocasião prestamos
atenção à distribuição unimodal de forma centrada, como a
que aparece na figura 1.
Figura 1. Distribuição unimodal de forma centrada
100
80
60
Frequência (No.)
RESUMO
Neste trabalho foi estudada a influência das
condições de torção e fixação nas propriedades
mecânicas dos fios de poliéster previamente
texturizados. Estes fios foram retorcidos em uma
máquina de dupla torção a 600 v/m e fixados na
temperatura de 100ºC. Por outra parte, se apresenta o
ajuste do modelo normal em quatro histogramas de
freqüência usando a técnica do ponto conhecido. Esta
técnica permite obter os parâmetros do modelo normal
através de sua transformação linear obtida a partir de
um ponto determinado aleatoriamente sobre a curva
não linear. O grau de ajuste alcançado depende de tal
ponto. Desta forma, utiliza-se o algoritmo de
Guggenheim e o método Marquardt para verificar os
resultados obtidos pela técnica que fundamenta o
presente documento. Os dados correspondem a 250
valores de propriedades mecânicas dos fios de poliéster
de uso comum na indústria têxtil.
Palavras chave:
Modelo Normal, Transformação linear, Técnica do
ponto conhecido, Fios texturizados.
40
20
0
22
24
26
28
30
32
34
1. INTRODUÇÃO
Em engenharia e em ciências os problemas são
abordados freqüentemente usando-se modelos de
regressão não linear. Quando se aplica o método de
A curva envolvente sobre a distribuição anterior pode
mínimos quadrados nesses modelos, as equações obedecer a múltiplas equações matemáticas, uma delas, por
normais que resultam são não lineares e, em geral, exemplo, é a expressão do quadrado da secante hiperbólica(2)
resolvê-las apresenta certa dificuldade. O método usado
Alongamento (%)
50
68
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Tecnologia Qualidade
que é indicada a seguir:
Onde:
f – é a freqüência dimensional correspondente à
observação do tamanho “x”.
fm – é a freqüência no máximo da distribuição de peso
estatístico de amostra, que se manifesta para uma
observação de tamanho “x” (forma estatística).
k – é a constante da distribuição de peso estatístico da
amostra.
Seu modelo de freqüências cumulativas pode ser
determinado por uma simples integração, conduzindo a
um modelo matemático muito simples, do qual é
possível obter o tamanho de um indivíduo “x” e fixando
o número de indivíduos acumulados de esquerda para a
direita, se pode perceber que estes indivíduos têm um
tamanho menor do que o anteriormente mencionado, e
numericamente calculável.
Outra opção, e a mais generalizada, é assumir a
normalidade dos dados observados, ainda que seja
recomendável aferir sempre se é possível assumir ou não
tal distribuição. A expressão matemática do modelo
normal é:
Não é possível simplificar mais este sistema de equações
não lineares. Este pode ser resolvido por um método
iterativo.
A transformação linear do modelo normal também
representa uma possibilidade que conduz a resultados
satisfatórios.
1.1. A transformação linear do modelo normal
O ajuste de modelos não lineares através de sua
transformação linear é um assunto constantemente estudado,
e é atrativo por finalidades didáticas porque o estudante
dedica maior tempo para a compreensão do fenômeno em
estudo, e não no método numérico. Em um trabalho anterior(3)
os autores trataram da determinação numérica do modelo
normal (2) através de sua transformação linear usando uma
modificação do algoritmo de Guggenheim, mas no presente
trabalho o citado método é usado para comprovar os
resultados obtidos com a técnica do ponto conhecido.
Esta técnica não aparece em textos de estatística, e sua
aplicação ao modelo normal permite determinar suas
Os parâmetros do modelo (2) são determináveis constantes através da transformação linear do modelo
normal. Ela indica que ao inspecionar um histograma
aplicando a técnica de mínimos quadrados:
unimodal de moda centrada e, sobre uma zona qualquer
marcar aleatoriamente um ponto, ao qual se denomina
“ponto conhecido”, ou seja, Pk (xk, yk), que completa a
expressão seguinte, por situar-se em algum ponto do modelo
normal:
Resolvendo as equações normais
¶
S ¶
A=
¶
S ¶
m
=
¶
S ¶
s
=
0 , vamos obter um
Desenvolvendo algebricamente a expressão anterior,
sistema de três equações não lineares com três
chega-se a equação (6) que é a forma linear do modelo
incógnitas, assinaladas a seguir:
normal usando a técnica do ponto conhecido:
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
51
Tecnologia Qualidade
Isto significa que colocando em gráfico os dados da
coluna “x” contra os dados da coluna de transformação
“Ln(f / fk)/(x – xk)”, podemos obter uma reta, que é mais
acentuada quanto mais se ajusta o histograma unimodal
ao modelo normal. Calculando os parâmetros da reta é
2
possível estimar a variação (
e a “média aritmética”
)
s
)
m
,(
, como indicado abaixo:
O parâmetro “A” do modelo normal é extraído de (2) e
a média do parâmetro é calculada usando as coordenadas
de todos os dados experimentais:
conferir-lhes caráter, volume, extensão e toque mais
agradável, que os torne parecidos aos fios elaborados com
fibras naturais, mas mantendo as vantagens próprias das
fibras sintéticas. Na imagem que segue, ilustramos o aspecto
de um fio texturizado.
Os multifilamentos sintéticos que são serão submetidos
ao processo de texturização estão parcialmente orientados,
possuem uma fase cristalina e outra amorfa e, seu
processamento inicia quando o material fundido passa pela
extrusão através de tubos (figura 3a) e é enrolado em pares de
cilindros com diferenças de velocidades periféricas (figura
3b) e aquecidos até uma temperatura superior à de transição
vítrea. A orientação do fio varia em função do número destes
últimos pares presentes no processo.
Figura 3.
a) Fotografia de tubulação de fiação
Neste trabalho foram usados dados experimentais
correspondentes às propriedades mecânicas de fios
texturizados de poliéster.
Figura 2. Aspecto geral de um fio texturizado.
b) Fotografia dos cilindros esticadores para filamentos sintéticos.
Neste estudo os multifilamentos usados foram de
1.2.-A normalidade das propriedades mecânicas dos
poliéster, que representa atualmente mais de 30% do
fios texturizados
(4)
Os fios texturizados apareceram nos anos 50, e se consumo mundial de materiais têxteis, somente abaixo das
entende que são aqueles multifilamentos sintéticos cujo
aspecto liso e uniforme se modificam geometricamente
para alterar suas características básicas, mediante a
aplicação de torção e calor para fixar a ondulação e
52
68
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fibras de algodão. O poliéster (5) é definido como um
composto de macromoléculas lineares cuja cadeia contenha
pelo menos 85% em peso de um éster de um diol e de ácido
tereftálico, e sendo formado por uma unidade repetida de
Tecnologia Qualidade
80
60
50
Freqüência (No.)
usual dos fios deste material é de 1.39-1.4 gcm , então a
proporção em peso das regiões cristalinas no fio
ordinário é de 48-50%.
A modificação das propriedades do poliéster depende
do histórico térmico e das tensões às quais foram
submetidos os fios nos processos industriais. Na prática,
as variações na microestrutura e a orientação dos fios de
poliéster se manifestam nas propriedades mecânicas do
mesmo, quando se submete ao ensaio de tração nas
condições técnicas e atmosféricas estabelecidas no
método de ensaio. As propriedades mecânicas no ponto
de ruptura, como o alongamento, a resistência, a
resistência específica e o trabalho, para o caso de
materiais sintéticos têm uma regularidade em seus
valores. Pode-se dizer que ao tabular um número
importante de resultados do ensaio de tração destes fios,
são obtidos histogramas unimodal de forma centrada.
Para algumas propriedades de materiais naturais o
comportamento é diferente ao citado anteriormente.
Figura 4.Histogramas de freqüência dos dados de
alongamento (%), resistência (cN),
resistência específica (cN/tex) e trabalho (cN.cm),
todos eles com relação à ruptura dos fios texturizados de poliéster.
40
30
20
25
54
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20
26
27
28
29
30
Alongamento (%)
360
370
380
390
Resistência (cN)
80
80
60
60
40
20
29
ASTM (6).
Os resultados das propriedades mecânicas são
mostrados na figura 4 sob a forma de histogramas para
40
0
350
0
0
2.- PARTE EXPERIMENTAL
Foram usados filamentos texturizados de poliéster de
calibre comercial de 16,7 tex (um tex é a massa em
gramas de 1000 metros de fio, esta relação é usada
devido a que os fios são facilmente deformáveis em seu
diâmetro). O processo de texturização dos fios de
poliéster foi realizado em uma máquina de dupla torção
da marca RPR e as condições técnicas foram 600
torções/metro (v/m) e a temperatura de fixação foi de
100ºC. Os fios alimentados na máquina de texturização
foram previamente estirados em uma máquina Barman a
1.8 de relação de estiragem. Os fios obtidos foram
ensaiados à tração usando um dinamômetro universal
Statimat M da Textechno, de acordo com a norma técnica
60
10
Freqüência (No.)
3
Freqüência (No.)
cristalino é de 1.335 g/cm3, enquanto que a densidade
alongamento (%), resistência (cN), resistência específica
(cN/tex) e trabalho (cN.cm), todos eles com relação à ruptura
dos fios em estudo.
Freqüência (No.)
aproximadamente 10.75-10.90 Å tendo uma massa
molar de 15-20 kg/mol e um grau de polimerização 85130. O poliéster cristaliza em um sistema triclínico. A
densidade das regiões amorfas no poliéster parcialmente
29.5
30
30.5
31
31.5
32
Resistência específica (cN/tex)
40
20
0
2500
2700
2900
3100
3300
Trabalho (cN.cm).
Na tabela 1 estão os resultados de classe e freqüência dos
histogramas acima assinalados, que correspondem às
propriedades mecânicas dos fios em estudo.
Tabela 1.Dados experimentais do ensaio de
tração dos fios texturizados de poliéster.
3.APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Para determinar se os dados experimentais descritos
anteriormente seguem razoavelmente uma distribuição
Tecnologia Qualidade
normal, foi elaborado um gráfico de probabilidades para
cada uma das propriedades mecânicas. Os gráficos da
figura 5 mostram tendência linear em todos os casos,
com isso, fica confirmada a normalidade das
propriedades mecânicas dos fios texturizados.
calculando a média do parâmetro “A” para todos os pontos
experimentais com (8), chega-se à expressão numéricofuncional seguinte:
Figura 5. Gráficos de probabilidades realizados
sobre os dados das propriedades mecânicas dos fios
texturizados em estudo.Probabilidade normal
Na tabela 2 aparece a transformação linear do modelo
normal usando diversos pontos escolhidos aleatoriamente
sobre o histograma de alongamento à ruptura da figura 4.
99.9
99
99
95
95
Porcentagem
Porcentagem
99.9
80
50
20
Tabela 2.Parâmetros da transformação linear
em relação ao ponto conhecido.
80
50
20
5
5
1
1
0.1
0.1
25
26
27
28
29
30
350
Alongamento (%)
99.9
370
380
390
Os parâmetros da reta, isto é a pendente e a intersecção
ao eixo contidos na tabela anterior, permitem cálculos
estimativos para os parâmetros do modelo normal com (7) e
(8) e assim seu correspondente coeficiente de determinação
do modelo não linear, como assinalado na tabela 3 a seguir:
99.9
99
99
95
Porcentagem
95
80
Porcentagem
360
Ruptura (cN)
50
20
80
Tabela 3. Parâmetros do modelo normal em
relação ao ponto conhecido.
50
20
5
5
1
1
0.1
A
0.1
29
29.5
30
30.5
31
31.5
32
?
?
R2 (
%)
2
R
2500
Resistência específica (cN/tex)
2700
2900
3100
3300
Trabalho (cN.cm).
Usando o histograma de freqüências do alongamento
à ruptura, se escolhe um ponto aleatório, este é o
chamado ponto conhecido:
P1 (25.6, 10)
P2 (26.1, 28)
P3 (26.5, 44)
P4 (27.1, 52)
P5 (27.8, 54)
P6 (28.3, 40)
67.0670861
68.0564887
60.8176157
57.2222048
66.7016193
90.5950377
27.2383940
27.1944844
27.1372752
27.2881500
27.2881500
27.3795313
0.85186684
0.84737673
0.90337331
0.92847685
0.86546184
0.78073202
%
?
89.2077639
86.7756114
84.3432466
90.9818799
92.2871596
75.4719482
O melhor ajuste do modelo normal foi alcançado com o
ponto P5, com um coeficiente de determinação de
92.620597%, enquanto que o menor ajuste foi obtido com o
ponto P6.
As estimativas do modelo normal contidas na tabela
De acordo com a expressão (6) ao relacionar os dados
da coluna “x” contra a coluna transformação “Ln( f /
fk)/(x - xk)” da tabela 1, se obtêm a forma linear do modelo
normal; aplicando regressão simples a ambas as colunas
chega-se à pendente da reta, a intersecção à origem e ao
coeficiente de correlação, mostrados a seguir:
anterior foram otimizadas pelo método Marquardt(7)
chegando, em todos eles, aos valores mostrados na tabela 4
abaixo:
Tabela 4. Otimização do modelo normal
através do método Marquardt.
Parâmetros do modelo normal
Ponto escolhido
A
?
?
R2 (
%)
2
R
Substituindo os valores (9) nas expressões (7), e
56
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
P1 (25.6, 10)
P2 (26.1, 28)
P3 (26.5, 44)
P4 (27.1, 52)
P5 (27.8, 54)
P6 (28.3, 40)
59.16320
59.15790
59.17040
59.15860
59.18850
59.18390
27.35480
27.35470
27.35490
27.35520
27.35470
27.35470
0.985904
0.985852
0.983880
0.986389
0.985390
0.985584
?
94.92840
94.92830
94.92840
94.92840
94.92830
94.92830
Tecnologia Qualidade
Com o objetivo de comprovar os resultados obtidos,
(3)
usamos o algoritmo de Guggenheim . Este indica que
tomando valores sobre a curva igualmente espaçados nas
abscissas, podem ser estabelecidos dois cubconjuntos de
n/2 pontos cada um (x, f) e (x', f'). Onde os (x, f) são os
primeiros n/2 pontos da curva e (x', f') são os seguintes
n/2 pontos da mesma. Evidentemente, por havermos
tomado pontos igualmente espaçados, a diferença é
Desta equação resulta que colocando em gráfico os dados
da coluna “x” contra a coluna de transformação “Ln (f' /
f)” se obtêm uma reta e obtendo-se os parâmetros desta
podemos calcular a “média aritmética” (m
) e a “variação”
2
(s
), como assinalado em (12):
constante “ t
” e se denomina constante de deslocamento de Guggenheim, como se indica na tabela 5.
Tabela 5. Disposição retangular de Guggenheim
A transformação linear do modelo normal usando o
algoritmo de Guggenheim se expressa a seguir:
A expressão (11) relaciona os dados experimentais das
colunas “x” contra os dados da coluna transformação
“Ln(f' / f) contidos na tabela 5, onde os parâmetros da reta
são:
Substituindo os valores (13) nas expressões (12) e (8)
chegamos ao modelo numérico-funcional seguinte:
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
57
Tecnologia Qualidade
Por fim, a tabela 6 resume os resultados obtidos ao alongamento (%), resistência (cN), resistência específica
ajustar o modelo normal com as três técnicas numéricas (cN/tex) e trabalho (cN.cm) referentes à ruptura de fios
tratadas no documento.
texturizados de poliéster.
Tabela 6. Valores numéricos do modelo normal
usando diversas técnicas de ajuste numérico
Método
A
Modelo normal
?
?
R
Ponto conhecido*
Marquardt
Guggenheim
66.70162
59.16320
71.35533
27.28815
27.35480
27.23118
0.865462
0.985904
0.828939
R (
%)
2
2
?
%
92.28716
94.92840
86.80643
Na figura 4 mostramos os histogramas de
freqüências da resistência (cN), resistência específica
(cN/tex) e trabalho (cN.cm) referentes à ruptura dos fios
texturizados de poliéster, e na tabela 1 seus
correspondentes resultados de classe e freqüências.
Sobre os histogramas citados, foi ajustado o modelo
normal usando as três técnicas numéricas citadas em
múltiplas ocasiões, chagando-se aos resultados que se
resume na tabela 7.
Tabela 7. Ajuste do modelo normal usando a técnica do
ponto conhecido, método de Marquardt e Guggenheim.
Propriedade
Técnica usada:
Modelo normal
Valores numéricos dos parâmetros
A
Alongamento (%)
Pk(26.8, 48)
Resistência (cN)
Pk (360, 45)
Resistência específica
(cN/tex)
Pk(30.3, 50)
Trabalho (cN.cm)
Pk (2800, 50)
Guggenheim
Punto conocido
Marquardt
Guggenheim
Punto conocido
Marquardt
Guggenheim
Punto conocido
Marquardt
Guggenheim
Punto conocido
Marquardt
71.35533
66.70162
59.17360
67.19573
73.25519
62.15830
74.14017
59.60628
64.83650
55.16861
65.26364
57.27250
?
27.23118
27.28815
27.35450
366.4439
366.2167
365.9130
30.64599
30.58253
30.60590
2870.825
2901.523
2874.950
2
?
0.828939
0.8654620
0.985521
6.630232
6.426366
7.185990
0.545236
0.603040
0.638729
175.1637
163.5170
163.9150
R2 (
%)
R
%
?
86.806434
92.287160
94.928200
94.220434
92.332733
96.179900
85.988586
80.784811
89.590500
73.740613
74.286635
80.659100
4.CONCLUSÕES
As técnicas de transformação linear foram
amplamente tratadas para resolver modelos não
lineares. Neste documento apresentamos uma delas
aplicadas ao modelo normal, a técnica do ponto
conhecido, aparentemente não existem referências dela
em livros de estatística. Esta permite a transformação
linear do modelo normal marcando-se um ponto
aleatoriamente sobre o histograma unimodal de modo
centrado por analise, e a forma ideal de ajuste depende
de tal ponto. É usado o algoritmo de Guggenheim como
método de comprovação, assim como o método iterativo
Marquardt. Os resultados dos três métodos são
comparáveis. Neste trabalho foram usados dados
experimentais mostrados em histogramas do
58
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
5.REFERENCIAS.
1.
Montgomery, D. C., Peck, E. A., & Vining, G. G.;
(2002), “Introducción al análisis de regresión lineal”,
Primera edición, Ed. CECSA, México, 373-379.
2. Guillén, G., Islas A. M.; (2005), “El modelo de
campana de Phillips como función densidad de muestra en
ingeniería textil”, Revista de la Industria Textil, No. 424, 7882. España.
3. Guillén, G., Islas, A. M., Guillén, E.; (2005), “Ajuste a
modelos no lineales sin el uso de computadoras“, Revista
ContactoS, No. 58, 11-20. México.
4. Hearle, J.W.S, Hollick, L. & Wilson, D. K.; (2000),
“Yarn Texturing Technology”, The Textile Institute, 1-8.
England.
5. Campbell, I. M., (2000), “Introduction to Synthetic
Polymers”, Second Editions, Oxford University Express.
6. ASTM Standard; (1992), D:2256-90, “Annual Books
of ASTM Standars”, Section 7 (textiles), Volumen
07.01,596.
7. A Manugistics Products; (2000), “Statgraphics Plus”,
Statgraphics Co.
Somos sempre levados para o caminho
que desejamos percorrer...
ABQCT
apresentando direções
Tecnologia Acabamento
Análise comparativa da inspeção contínua x inspeção por
amostragem em uma linha de acabamento têxtil
Autores: Rodrigo Rodrigues Vaz (UNINOVE)
[email protected]
José Antonio Arantes Salles (UNINOVE)
[email protected]
Revisão Técnica: Humberto Sabino
Resumo
Um dos grandes desafios na indústria têxtil é
conseguir reduzir a variabilidade dos tecidos em
relação à gramatura, um dos principais geradores de
reclamações de qualidade por parte dos clientes. Neste
artigo é apresentado um estudo de campo realizado em
uma empresa do segmento visando comparar o método
atual de controle de gramatura de tecidos por
amostragem, com um método automatizado de
monitoramento contínuo da densidade do tecido. A
introdução do segundo método foi planejada a partir da
adoção na empresa do modelo Seis Sigma como sistema
de gestão da qualidade. Também segue uma tendência
para o acabamento têxtil que é o aumento no nível de
tecnologia utilizada nos maquinários, com acessórios
específicos e técnicas de monitoramento na busca de
melhorias. Com base nos resultados, foi possível
observar que a adoção do método de monitoramento
contínuo, aliado à análise estatística do processo, se
mostra como uma opção efetiva para a redução da
variabilidade no controle de gramatura. Este artigo
exemplifica que o programa Seis Sigma, por ser uma
metodologia eficaz para resolução de problemas através
de diminuição de variações nos processos, vem
adquirindo a cada dia mais espaço dentro das
organizações.
Palavras-chave: Indústria Têxtil; Controle de
Qualidade; Seis Sigma.
60
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
1. Introdução
Com o crescimento da competitividade no mercado interno
têxtil e das importações de produtos chineses, a redução das
variações nos processos e os conseqüentes benefícios
gerados por esta redução nos custos de produção são
fundamentais para a sobrevivência das empresas. Neste
cenário a busca por novas tecnologias e ferramentas de
gestão de qualidade aparece como ponto de destaque na
estratégia e no planejamento, objetivando produtos com
preços atrativos e de excelente qualidade.
Procurando atender os requisitos deste cenário, uma
empresa do segmento situada em São Paulo adotou o
modelo Seis Sigma como modelo de gestão de qualidade.
Um de seus projetos teve como escopo a redução da
variabilidade de gramatura em seus produtos, apontada
como um dos principais geradores de 2ª qualidade, de
retrabalho, e de potencial para reclamações de clientes.
Como a produção da empresa é alta, o impacto da perda de
receita motivada pelo menor valor atribuído ao produto de
2ª qualidade quando comparado com o de 1ª qualidade é
bastante significativo.
Este trabalho está focado na verificação dos resultados
da implantação de um equipamento para monitoramento
contínuo no setor de acabamento, considerado no projeto
como possível fator de melhoria para a redução da
variabilidade. Este artigo tem, portanto, como objetivo,
comparar dois métodos usados hoje para controle de
qualidade do acabamento de tecidos em relação ao
parâmetro gramatura, um por amostragem coletada no
término do processo e outro por monitoramento contínuo.
Tecnologia Acabamento
No desenvolver deste trabalho será apresentada uma
breve revisão literária sobre o modelo Seis Sigma, com
destaque para aspectos de sua aplicação no cenário
nacional e para suas ferramentas. Também serão tratadas
algumas questões relevantes para o alvo do estudo, o
acabamento têxtil. Na sequência será apresentada a
metodologia utilizada e a demonstração dos resultados.
2. Modelo Seis Sigma
O modelo Seis Sigma foi introduzido e popularizado
pela Motorola, e em seguida adotado por outras empresas
classe mundial. Tem por objetivo auxiliar a resolução de
problemas de qualidade com forte enfoque na obtenção
de resultados, inclusive com divulgação de cifras e
ganhos obtidos por parte das empresas que o utilizam.
Um dos fatores de sucesso do programa está na
integração de ferramentas estatísticas para o gerenciamento, controle e diretrizes dos processos, focando
nas necessidades dos clientes (CARVALHO; ROTONDARO, 2006).
No Brasil, após a introdução do modelo através de
subsidiárias das empresas classe mundial, percebe-se em
estudos recentes que o modelo ainda está se difundindo
no cenário nacional. Um destes estudos, realizado por
Andrietta e Miguel (2007), do tipo survey exploratóriadescritivo, aponta como característica da empresa
nacional que adota o modelo o fato de ter uma visão
estratégica e de implantá-lo em quase todas as áreas
funcionais da organização, tendo como objetivo
principal a redução de desperdícios. Em pesquisa similar
de Carvalho, Ho e Pinto (2007), a busca da melhoria da
qualidade e da produtividade foi apontada como o
principal motivo para a sua implantação.
Com este foco na busca da melhoria da qualidade e
redução de desperdícios, Rebelato e Oliveira (2006)
classificam o modelo como método de avaliação da
capacidade do processo de produzir livre de defeitos,
utilizando a letra grega sigma, que para estatísticos, é
utilizada para mensuração de variâncias em processos. O
desempenho da empresa é medido então pelo nível sigma
de seus processos.
Porém, segundo Carvalho e Rotondaro (2006), não
são apenas o pensamento estatístico e o controle da
variabilidade dos processos que caracterizam o modelo Seis
Sigma. Este ainda promove o alinhamento estratégico,
fazendo uso de medidores de desempenho e interligando-os
com os resultados da organização e prioridades estratégicas
para projetos de melhoria.
Neste conceito de estratégias para projetos de melhoria,
é importante definir primeiramente os pontos críticos para a
qualidade dentro da organização, conhecidos como CTQ
(Critical to Quality), e com isso garantir que seus recursos
sejam bem alocados. Tendo conhecido o CTQ a empresa
passa a desenvolver projetos Seis Sigma para garantir que
seu desempenho no controle de variabilidade do processo
seja considerado classe mundial (FERNANDES;
TURRIONI, 2007).
Para o desenvolvimento dos projetos de melhoria o
modelo Seis Sigma dispõe de metodologias sistematizadas,
sendo uma delas o Define, Measure, Analyze, Improve and
Control (DMAIC) definido por Carvalho e Rotondaro
(2006) como aperfeiçoamento do processo por meio de
seleção correta dos processos que possam ser melhorados e
das pessoas a serem treinadas para obter o resultado. Este
método é apontado como o mais difundido nas empresas
nacionais (ANDRIETTA; MIGUEL, 2007).
A metodologia DMAIC é composta por 5 fases. Na 1ª
fase, devem-se definir os requisitos do cliente e converter
em CTQ, analisando a relação custo-benefício do projeto e
ter visão clara do retorno para a empresa. A 2ª fase objetiva
desenhar o processo relacionado com a CTQ, realizar
medições e determinar os índices de capacidade do
processo, passando então para a 3ª fase, que é a análise
destas medições através de ferramentas estatísticas. Nesta
etapa são descobertas as causas geradoras de defeitos e
fontes de variações nos processos. Tendo as causas
definidas passa-se então para a 4ª fase, que é promover as
melhorias nos processos existentes, transformando os dados
estatísticos em dados de processo. Finalizando a
metodologia, a 5ª fase trata da manutenção destas melhorias
nos processos, estabelecendo e validando um sistema de
medição e controle para garantir que a capacidade do
processo seja mantida (CARVALHO; ROTONDARO,
2006).
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
61
Tecnologia Acabamento
2.1 Capacidade Sigma
Para gerenciar a qualidade com base na redução da
variabilidade dos processos, se faz necessário a adoção
de técnicas de controle estatístico monitorando os
parâmetros, e com isso conhecer a estabilidade do
processo. A capacidade sigma esta associada às
especificações atribuídas a este processo e seus limites
de controle, objetivando descobrir se o processo em
estudo esta sob controle, ou se é capaz (CARVALHO;
ROTONDARO, 2006).
A verificação se o processo é ou não capaz se dá
através de coleta periódica de amostras e análise destas,
sendo considerado um processo sob controle aquele em
que a distribuição das amostras obtidas assume uma
distribuição normal. (RUTHES; CERETTA; SONZA,
2006). De acordo com Carvalho e Rotondaro (2006) as
métricas mais usuais nas empresas hoje são o Cp, Cpk, Pp e
Ppk. Porém, hoje existem estudos que buscam alternativas
para determinação da capacidade também para
processos com distribuições não normais. Gonçalves e
Werner (2009) fazem um comparativo de 3 propostas de
indicadores que tratam estas situações. A primeira, de
Clements, propõe o uso da família de curvas de Pierson
para qualquer tipo de distribuição; a segunda, de Pearn e
Chen, atende situações onde a normalidade não é
verificada; e a terceira, proposta por Chen e Ding, atende
qualquer distribuição e considera no cálculo a
variabilidade do processo. A meta do Seis Sigma é
reduzir a variabilidade até a obtenção do chamado
padrão classe mundial de 3,4 defeitos por milhão
(CARVALHO; ROTONDARO, 2006).
2.2 Índice Cp
Tendo somente a capacidade potencial do processo, não
se consegue indicar especificamente o desempenho deste. O
Cp serve para indicar o quão capaz é este processo para
produzir dentro dos limites especificados de acordo com a
tabela 1.
TABELA 1: Intervalos de referência para análise do índice Cp
Cp
Itens não-conformes (PPM)
Interpretação
Cp < 1
Acima de 2700
Processo incapaz
1 < Cp < 1,33
64 a 2700
Processo aceitável ou relativamente capaz
Cp > 1,33
Abaixo de 64
Processo potencialmente capaz
Fonte: Gonçalves e Werner (2009)
2.3 Índice Cpk
Para obtenção do índice de capacidade C p k ,
primeiramente se faz necessário validar a normalidade da
distribuição e que o processo seja capaz (Cp >1). A
capacidade é dada pela razão entre a faixa de especificação e
a variação do processo, ou seja, ± 3 desvios-padrão. Este
índice é expresso pela equação (2), onde LSE é o limite
superior de especificação, LIE é o limite inferior da
especificação, ì é a média do processo e ó é o desvio-padrão
do processo.
m
m
LSE LIE ö
æ
(2)
Cpk =
minç
;
÷
s
3
s
3
è
ø
De acordo com a tabela 2, é possível identificar através
do resultado em qual classe competitiva a empresa se
encontra e número de partes por milhão (PPM) que estariam
fora dos limites. Portanto, quanto maior o valor de sigma,
menor a probabilidade de gerar defeitos e custos com não
conformidades (CARVALHO; ROTONDARO, 2006).
TABELA 2: Capacidade e ppm
O índice Cp é definido por Gonçalves e Werner (2009)
como índice de capacidade potencial do processo,
considerando que o processo está centrado no valor
nominal da especificação. A fórmula para o Cp é expressa
pela equação (1), onde LSE é o limite superior de
especificação, LIE é o limite inferior da especificação e
ó é o desvio-padrão do processo.
LSE LIE
(1)
Cp =
6s
62
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Fonte: Carvalho e Rotondaro (2006)
Tecnologia Acabamento
3. Características do acabamento têxtil
O acabamento têxtil através de processos químicos e
físicos tem por objetivo proporcionar características
mais nobres e funcionais de aparência aos tecidos, como
toque, caimento e uso. Dentre seus equipamentos o de
maior destaque é a rama, responsável por uniformizar
parâmetros como largura, gramatura e estabilidade
dimensional através de termofixação.
Dentro do cenário têxtil atual, de alta competitividade tanto interna quanto externa, as empresas devem
traçar estratégias para obter produtos com preços
atrativos e excelência em qualidade. Uma das principais
tendências para o setor apontado por Bagley (2003) é o
os
aumento no nível de tecnologia utilizada nos
maquinários, com acessórios específicos e técnicas de
monitoramento com ênfase em obter acabamentos mais
eficientes e de maior qualidade em relação às
características do tecido, além de contribuir na redução
dos custos operacionais.
No Brasil, a indústria têxtil tem por característica
influenciar de maneira decisiva no desenvolvimento e
geração de novas tecnologias no setor de máquinas.
Como as empresas fornecedoras de tecnologia
geralmente são pequenas, a interação com o usuário dos
equipamentos, através de troca de informações é
fundamental para adequar os acessórios as características específicas de cada usuário (GOMES et al., 2007).
3.1 Controle da gramatura
A redução da variabilidade no controle de gramatura
é hoje um dos maiores desafios no acabamento têxtil,
pois este é apontado como um dos maiores geradores de
2ª qualidade, de retrabalho, e de potencial para
reclamações de clientes.
Atualmente, a maioria das empresas utiliza a coleta
de amostras na saída da rama para monitoramento e
correção dos valores. Com o aumento no nível de
tecnologia, novos equipamentos surgem para tentar
reduzir o impacto deste problema durante o processo de
produção. O impacto do uso deste método é a quantidade
de amostras que deve ser tomada para avaliação, gerando
aparas no processo. Outro ponto é o controle manual de
alimentação que exige maior perícia do operador para saber
o quanto deve ser corrigido de acordo com o valor obtido.
Um deles é a medição contínua através de radiação, que
identifica a densidade do tecido e faz a conversão para
gramatura. Com este recurso é possível interferir no cilindro
alimentador automaticamente, quando fora de padrão.
Neste método apenas uma amostra é coletada no início do
processo, para aferir o equipamento. A tabela 3 apresenta de
maneira resumida as principais características dos métodos.
TABELA 3: Comparativo entre métodos
Fonte: Desenvolvida pelos autores
4. Metodologia
No desenvolvimento deste artigo foi utilizada a
capacidade sigma para comparar dois métodos de
monitoramento e controle de gramatura no processo de
acabamento, visando à redução da variabilidade. Foram
usados para este fim os dados primários levantados na
empresa, e o referencial teórico obtido em pesquisa
bibliográfica. Os dados foram tabulados e analisados
utilizando o software estatístico Minitab, versão 14.
Os dois principais artigos com problemas, de acordo
com a figura 1, são M 8522 e M 9611. Para a pesquisa será
utilizado o M 8522, pois na máquina onde este é produzido
foi implantado o equipamento de monitoramento contínuo.
FIGURA 1: 2ª qualidade por artigo.
Fonte: Controle de Qualidade da empresa
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
63
Tecnologia Acabamento
Para a avaliação da inspeção por amostragem, foram
utilizados dados referentes a novembro de 2008 (5509
amostras), traçando um comparativo com cinco dias de
maio/2009 (604 amostras), quando os dados foram
obtidos com o uso do monitoramento contínuo. Para o
artigo em estudo, os limites de especificação foram
considerados de acordo com a tabela 4.
FIGURA 3: Análise de capacidade - Contínuo
Monitoramento contínuo
(using 95,0% confidence)
LS L
P rocess
LSL
Target
USL
Sample Mean
Sample N
StD ev (Within)
USL
Data
193, 00000
*
217, 00000
203, 53974
604
4, 41057
P otential (Within)
Cp
Low er C L
Upper C L
CP L
CP U
C pk
Low er C L
Upper C L
C C pk
C apability
0, 91
0, 86
0, 96
0, 80
1, 02
0, 80
0, 74
0, 85
0, 91
TABELA 4: Limites de especificação
190
O bserved P erf ormance
PP M < LSL
54635, 76
PP M > USL
81125, 83
PP M T otal
135761, 59
200
210
220
23 0
240
E xp. Within Perf ormance
P PM < LSL 8432,15
P PM > US L 1137,30
P PM T otal 9569,44
Fonte: Desenvolvido pelos autores
5. Pesquisa de campo: resultados
As informações obtidas através da análise no período
de utilização do método de monitoramento por
amostragem foram analisadas com a ferramenta de
capacidade de processo, conforme a figura 2. Com base
nas tabelas 1 e 2, mostradas anteriormente, verifica-se
que o processo é considerado incapaz (Cp=0,78) e de
classe não competitiva (Cpk=1,83ó).
A tabela 5 resume os valores obtidos. Pode-se perceber
que apesar de ambos os processos serem considerados
incapazes (Cp<1,00), somente a mudança no método de
monitoramento reduziria em aproximadamente 73% a
quantidade de pontos com defeito, o que pode ser
evidenciado na análise do PPM potencial, ou seja,
eliminando as demais variabilidades do processo. Os
métodos não apresentam diferenças em relação à média
obtida para as amostras, mas sim um estreitamento da faixa
de desvio no monitoramento contínuo.
FIGURA 2: Análise de capacidade - amostragem.
Tabela 5: Resultado Comparativo
Fonte: Engenharia de Produto da empresa
Fonte: Desenvolvido pelos autores
Fonte: Desenvolvido pelos autores
Repetindo a mesma análise para as amostras obtidas
com o uso do equipamento para monitoramento contínuo
(figura 3), o processo ainda é considerado incapaz
(Cp=0,91) e de classe não competitiva (Cpk=2,4ó).
64
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
6. Considerações finais
Buscar novas tecnologias e criar estratégias para tratar os
problemas existentes é primordial para o sucesso da
organização. Com base nos resultados obtidos foi possível
observar que a adoção do método de monitoramento
contínuo aliado à análise estatística do processo se mostra
como uma opção viável a ser considerada para a redução da
Tecnologia Acabamento
variabilidade no controle de gramatura no processo.
Outro ponto a ser destacado é que por ser o
monitoramento contínuo um método de controle não
destrutivo, não se faz necessário o corte do tecido,
incidindo diretamente na redução de desperdício no
processo.
Ambos os métodos apresentam uma falha, como só é
possível verificar a gramatura na saída da rama e a
correção devendo ser feita na entrada, em média 30 a 40
metros de distância, esta parte em processo dentro do
equipamento não sofre efeitos da correção quando
identificado um problema. Fica a sugestão para estudos
futuros de utilização de equipamentos que monitorem o
resultado na entrada do processo.
É importante ressaltar que o objetivo deste estudo foi
o de apenas comparar os métodos e seus resultados. Para
a eliminação da variabilidade seria necessário envolver
as demais atividades do processo no estudo.
Referências
ANDRIETTA, J.M.; MIGUEL, P.A.C. Aplicação
do programa Seis Sigma no Brasil: resultados de
um levantamento tipo survey exploratóriodescritivo e perspectivas para pesquisas futuras.
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and Management, 2003, vol.3, no.3, p.1-7
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Implementação e difusão do programa Seis Sigma no
Brasil. Produção, Dez 2007, vol.17, no.3, p.486-501
CARVALHO, M.M.; ROTONDARO, R.G. Modelo
Seis Sigma no Brasil. In: CARVALHO, M.M.;
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casos. Rio de Janeiro: Campus, p. 125-151, 2006
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setor automobilístico. Produção, Dez 2007, vol.17, no.3,
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GOMES, R.; STRACHMAN, E.; PIERONI, J.P.; SILVA,
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vol.16, no.3, p.405-433.
GONÇALVES, P.U.; WERNER, L. Comparação dos
índices de capacidade do processo para distribuições não
normais. Gestão e Produção, Mar 2009, vol.16, no.1,
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REBELATO, M.G.; OLIVEIRA, I.S. Um estudo
comparativo entre a gestão da qualidade total (TQM), o seis
sigma e a ISO 9000. Revista Gestão Industrial, Mar 2006,
vol.2, no.1, p.106-116
RUTHES, S.; CERETTA, P.S.; SONZA, I.B; Seis Sigma:
Melhoria da qualidade através da redução da variabilidade.
Gestão Industrial, 2006, vol.2, no.2, p.171-188
Você sabia?
Além dos uniformes dos jogadores, sem saber, os torcedores
também podem estar utilizando camisetas normais ou dos
times de futebol com PET reciclado em sua composição.
Afinal, a indústria têxtil brasileira é a maior usuária do
material. Em torno de 38% de todo o PET reciclado no Brasil
vai para esta indústria, que foi a pioneira neste tipo de uso. Em
uma das primeiras edições da São Paulo Fashion Week, um dos
destaques foi um desfile onde a coleção de luxo era produzida
com PET reciclado.
66
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Tecnologia Fibras
Paramêtros da curva de absorção de iodo do poliester
Termofixado em diferentes temperaturas
Autores: J. Gacén, J. Maillo, D. Cayuela, I. Gacén
Universidade Politécnica da Catalunha – Espanha
Tradução:Agostinho S. Pacheco – ABQCT
Revisão Técnica: Ricardo Vital de Abreu
RESUMO
Um substrato de poliéster foi termofixado em
temperaturas nominais de 160-220ºC, que correspondiam a temperaturas efetivas entre 162 e 231ºC. Dos
substratos resultantes, foi determinada a absorção de
iodo em um elevado número de temperaturas, de modo
que foi possível determinar com facilidade diferentes
parâmetros da curva de absorção de iodo em função da
temperatura do ensaio, tais como a temperatura de
máxima absorção, a absorção máxima, a temperatura de
absorção média, a pendente do trecho ascendente da
curva de absorção, a temperatura crítica de absorção, e a
absorção associada a esta temperatura. Estes parâmetros
foram relacionados com a temperatura efetiva de
termofixação, com a cristalinidade e também entre eles.
Palavras chave: poliéster, termofixação, estrutura
fina, absorção de iodo
INTRODUÇÃO
A absorção de iodo foi proposta por Schwertassek
(1), como método de medida do volume livre das fibras
celulósicas. Sladecek (2) observou que a absorção de
iodo do poliéster é fortemente favorecida quando se
inclui fenol na solução de iodo. Mais tarde, Lacko e
Galanski (3) realizaram um detalhado estudo dos
parâmetros que influem no processo de absorção do iodo
pelo poliéster. Gacén, Maillo e Bordas (4) estudaram a
absorção de iodo em função da temperatura do ensaio
com a intenção de avaliar indiretamente a distribuição do
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
volume livre nas fibras de poliéster. Estes autores
estudaram também a influência da concentração da solução
de absorção com efeito de estabelecer a concentração mais
adequada segundo o histórico térmico do substrato (4).
Na curva de absorção de iodo das fibras de poliéster em
função da temperatura podemos distinguir três trechos (5).
No primeiro deles, a absorção de iodo aumenta escassa ou
moderadamente ao aumentar a temperatura do ensaio. A
este trecho se segue outro, no qual a absorção de iodo é
muito sensível à variação da temperatura, de modo que em
aumentos unitários da temperatura correspondem
aumentos de absorção muito mais pronunciados do que no
trecho anterior. Finalmente, depois de passar por um
máximo, mais ou menos definido, a absorção de iodo
diminui ao aumentar a temperatura do ensaio.
Quando se dispõe de suficiente informação sobre a
curva de absorção de iodo pelo poliéster, podemos deduzir
parâmetros globais do processo de absorção. Este é o caso
da temperatura de máxima absorção (Tmax), da absorção que
lhe corresponde, e da temperatura na qual se apresenta um
aumento brusco da absorção (temperatura de absorção
crítica TI) e a absorção a ela associada. A reta determinada
por estes pontos pode servir para caracterizar o trecho
ascendente da curva (6). Também se pode citar a
temperatura na qual se apresenta a metade da absorção
máxima (7).
Em trabalhos posteriores, Gacén, Maillo e Cayuela (8)
(9) estudaram a absorção de iodo do poliéster termofixado
em diferentes temperaturas e/ou tempos e relacionaram
estes parâmetros da curva de absorção com a temperatura
Tecnologia Fibras
efetiva de termofixação e com a cristalinidade e também
entre eles.
Nestes estudos podemos apreciar um deslocamento
da curva de absorção em direção à direita do eixo de
temperaturas na medida em que aumenta a temperatura
de termofixação. Neles, as temperaturas efetivas
estavam situadas entre 140 e 190ºC, pelo que faltava
informação sobre a absorção de iodo do poliéster em
todo o intervalo de condições industriais. Foi possível
cobrir esta lacuna com um estudo recente no qual foi
procedida a termofixação de um substrato de poliéster
em uma planta industrial em temperaturas nominais
entre 160 e 220ºC, que corresponderam a temperaturas
efetivas entre 161 e 231ºC (10). Neste estudo foi
determinada a absorção de iodo em um elevado número
de temperaturas, de forma que foi possível determinar
com mais precisão os valores de TI , Tmax e da pendente do
trecho ascendente da curva de absorção (10).
Nesta publicação foi realizado um estudo sobre a
relação dos parâmetros globais da curva de absorção de
iodo mencionados com a temperatura efetiva do
tratamento térmico, assim como a relação entre os
parâmetros globais da curva de absorção dos substratos
de poliéster termofixados em diferentes temperaturas.
título nominal 167/30 f/dtex.
Tratamento
Depois de proceder o descrude (11) o tecido descrito foi
termofixado horizontalmente em uma rama industrial
(Bruckner) de seis campos, na planta da indústria Tints i
Aprestos Valls. As temperaturas nominais de termofixação
oscilaram entre 160 e 220ºC, com intervalos de 10ºC. O
tempo total de permanência foi de 90 segundos.
Dos substratos termofixados foram retirados o primeiro
e o último metro para garantir a uniformidade do material a
estudar. Pela mesma razão foram descartados 20
centímetros a partir de cada ourela.
A absorção de iodo foi determinada sobre a trama dos
tecidos termofixados.
Caracterização
A absorção de iodo em uma determinada temperatura se
define como a quantidade (em mg) de iodo absorvido por 1
grama de fibra de poliéster, depois de permanecer em
contato durante 30 minutos com uma solução de iodo 0,5 M
em água que contenha fenol como agente inchante. Neste
estudo foi utilizada uma solução de continha 425 ml de fenol
por litro. O modo operatório foi descrito com detalhes
anteriormente (12).
PARTE EXPERIMENTAL
Material
RESULTADOS
A Tabela 1 mostra a absorção de iodo entre 30 e 80ºC dos
Tecido de poliéster, gramatura laminar 160 g/m .
Urdume:- fio contínuo de poliéster trilobal, de título substratos termofixados em diferentes temperaturas e a
Figura 1 mostra sua representação gráfica.
nominal 120/46 f/dtex.
2
Trama:- fio contínuo de poliéster texturizado, de
Tabela 1. Absorção de iodo (mg I2/g) dos substratos
termofixados em diferentes temperaturas.
T efetiva
Temperatura do ensaio
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
69
Tecnologia Fibras
Figura 1. Absorção de iodo dos substratos termofixados
Figura 2. Relação entre cristalinidade e
temperatura efetiva de termofixação
90
160 oC
170 oC
180 oC
190 oC
200 oC
210 oC
220 oC
Absorção de iodo (mg/g).
70
60
64
62
Cristalinidade (%)
80
50
40
30
58
56
54
52
10
50
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
Temperatura do ensaio (ºC)
Tabela 2. Parâmetros da curva de absorção do
poliéster termofixado em diferentes temperaturas.
Temperatura nominal de termofixação (ºC)
Parâmetro
Temperatura efetiva (ºC) –
160
Cristalinidade
161,9
Temperatura de máxima absorção (ºC)(Tmax) 49,8
55
Absorção máxima (mg I2/g)(Smax)
Temperatura de média absorção (ºC) (Tmax/2) 82,2
Pendente do trecho ascendente (mg I2/g/ºC) 46,5
7,14
Temperatura crítica de absorção (ºC) (TI)
44
Absorção crítica (mg I2/g) (STI)
23,5
Tmax – TI (ºC)
11
170
175,3
51,6
60
61,0
52,8
4,16
48
12
12
180
184,8
53,7
65
45,8
55,6
3,33
51
8,5
14
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
190
195,3
55,3
67,5
34,6
57,5
2,33
53
7,5
14,5
48
150
160
170
180
190
200
210
220
230
240
PEP (ºC)
A Tabela 2 mostra o valor dos parâmetros globais
relacionados com a absorção de iodo a partir das
correspondentes curvas de absorção. Também mostra
os valores das temperaturas nominais e efetivas de
termofixação ou PEP (premelting endothermic peak) e a
cristalinidade dos substratos termofixados, sendo que
esta foi deduzida a partir de medidas de densidade em
uma coluna de gradiente de densidades. Estes valores
figuraram inicialmente em um trabalho anterior, assim
como a representação da relação entre cristalinidade e
temperatura efetiva, representação que se reproduz na
Figura 2 (11).
70
68
60
20
0
a= 21,153
b= 0,1756
r= 0,997
200
206,2
57,3
70
30,9
59,0
1,66
53
6,5
17
210
216,2
59,7
70
28,4
62,5
56,5
4,5
13,5
220
231,3
61,5
74
20,9
60,2
0,88
54
4,0
20
Na Figura 1 e os dados da Tabela 1 confirmam que na
medida em que aumenta a temperatura de termofixação
aumenta a temperatura na qual se apresenta a absorção
máxima e diminui a absorção que lhe corresponde.
Em um estudo anterior, foram descobertos os fenômenos
que produzem um aumento ou uma diminuição da absorção
de iodo do poliéster na medida em que aumenta a
temperatura do ensaio de absorção. Em temperaturas
inferiores à da máxima da curva de absorção predominam os
fenômenos que tendem a aumentá-la ao aumentar a
temperatura de ensaio, frente aos que a diminuem. O
contrário sucede em temperaturas de ensaio superiores à de
máxima absorção (12).
A diminuição da absorção máxima quanto maior for a
temperatura de absorção máxima poderia ser devido a que
uma estrutura menos aberta ou compacta (menor volume
livre) fixaria menos iodo e alcançaria, em maior
temperatura, o máximo de absorção. Tudo isso significaria
um deslocamento das curvas de absorção para a direita do
eixo de temperaturas.
Na Figura 3 se encontra representada a absorção máxima
de iodo em função da temperatura efetiva de termofixação
(PEP). Nela podemos apreciar claramente dois trechos retos
descendentes com pendentes muito diferentes. A alteração
de pendente se apresenta em uma temperatura efetiva de
195ºC, que corresponde a uma cristalinidade de 55% (veja a
Figura 2). A variação da pendente em relação à absorção
máxima versus o PEP significa que para um determinado
aumento da cristalinidade lhe corresponde uma absorção
menor de iodo nos substratos com um PEP superior a 195ºC.
Tecnologia Fibras
Esta descontinuidade não foi possível ser determinada
com certeza em trabalhos anteriores devido a que não
incluíam temperaturas efetivas superiores a 205ºC (2)
(3).
Figura 5. Relação entre absorção máxima de iodo
e temperatura de máxima absorção.
90
80
70
90
60
50
40
30
20
10
150
160
170
180
190
200
210
220
230
240
PEP (ºC)
Absorção máxima (mg I2/g)
Absorção máxima (mg I2/g)
Figura 3. Relação entre absorção máxima de iodo
e temperatura efetiva de termofixação.
Na Figura 5, foi relacionada a absorção máxima em
função da temperatura de máxima absorção. Nela se pode
apreciar uma excelente linearidade (r = -0,99), de modo que,
como já foi indicado, na medida em que aumenta a
temperatura de máxima absorção diminui a absorção
máxima.
a=259,03
b= -3,2707
r= -0,992
80
70
60
50
40
30
20
10
50
A Figura 4 mostra que na evolução da temperatura de
absorção máxima em função da temperatura efetiva de
termofixação existem, também, dois trechos retos e neste
caso ascendentes, com pendentes muito diferentes em
temperaturas inferiores e superiores a 195ºC. Esta
descontinuidade, que se apresenta na mesma temperatura em que a relação absorção máxima versus PEP,
também não pode ser observada nos estudos anteriores.
Tanto esta descontinuidade como a que se apresenta ao
relacionar a absorção máxima em função da temperatura
efetiva de termofixação podem ser devidas a que a partir
de uma temperatura efetiva de 195ºC, que corresponde a
uma cristalinidade de 55%, são produzidas variações
pronunciadas ou bruscas em tamanho e/ou perfeição das
zonas cristalinas da fibra (15).
Figura 4. Relação entre temperatura de máxima
absorção de iodo e temperatura efetiva de termofixação
Temperatura de máxima
absorção (ºC)
78
74
70
66
62
58
54
50
150
160
170
180
190
200
210
220
230
240
54
58
62
66
70
74
78
Temperatura de máxima absorção
Por outra parte, acontece que esta relação linear entre
estes parâmetros da curva de absorção de iodo é de caráter
geral, independentemente do tipo de substrato.
Concretamente, os valores obtidos neste estudo são
complementados agrupando-se valores obtidos sobre
substratos de poliéster microfibra termofixados entre 150 e
200ºC, estabilizados previamente na planta de produção a
150 e 190ºC (14), de substratos termofixados entre 170 e
190ºC durante tempos entre 20 e 60 segundos (13), e de
substratos fabricados por uma mesma produtora destinados
a diferentes campos de aplicação (15). Ao conjunto de
valores agrupados corresponde um intervalo de
temperaturas de máximas absorções entre 20 e 75ºC, de
absorções máximas entre 20,9 e 262 mg I2/g, resultando um
coeficiente de correlação de -0,99.
A Figura 6 mostra a evolução da temperatura de absorção
média em função da temperatura efetiva de termofixação
segundo uma linha curva bem definida, na qual se pode
apreciar que o aumento da temperatura de absorção média,
que corresponde a um determinado aumento do PEP,
diminui na medida em que aumenta a temperatura de
termofixação, sem que se produza variação ao passar o PEP
de 215 a 230ºC.
PEP (ºC)
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
71
Tecnologia Fibras
Temperatura de absorção média (ºC)
Figura 6. Relação entre temperatura de absorção
média de iodo e temperatura efetiva de termofixação.
66
62
58
54
50
46
42
150
160
170
180
190
200
210
220
230
240
PEP (ºC)
Na Figura 7 se encontra representada a temperatura
de absorção média em função da temperatura de
máxima absorção. Nela se pode verificar um aumento
pronunciado da primeira quando a temperatura de
máxima absorção passa de 55 a 60ºC e um aumento
linear e menos rápido entre as temperaturas de 60 e
74ºC.
Temperatura de absorção média (ºC)
Figura 7. Relação entre temperatura de absorção
média e temperatura de máxima absorção.
68
64
a= 20,078
b= 0,549
r= 0,989
60
56
52
58
44
40
52
56
60
64
68
72
76
Temperatura de máxima absorção (ºC).
O trecho ascendente da curva de absorção de iodo do
poliéster em função da temperatura do ensaio foi
considerado em uma publicação anterior pela linha
definida pelas coordenadas da absorção máxima e as
coordenadas da absorção crítica (6). Todavia,
acreditamos que este trecho pode ser definido melhor
através de sua pendente, a qual seria obtida pelo
aumento da absorção que corresponde a um aumento
72
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
unitário da temperatura. No caso de substratos não tratados
termicamente (procedentes diretamente das produtoras de
fibras), o valor da pendente do trecho ascendente da curva
de absorção estaria relacionado com a distribuição da
ordem/desordem nas regiões não cristalinas da fibra. Uma
maior pendente significaria, na curva de absorção de um
determinado substrato, uma distribuição mais estreita da
ordem/desordem do que em um substrato com uma
pendente menor. Diferenças de pendente explicariam
diferenças de estrutura fina em substratos com iguais
absorções máximas.
As diferentes pendentes do trecho ascendente da curva
de absorção de um mesmo substrato termofixado em
diferentes temperaturas podem ser interpretadas tendo em
conta que a termofixação do poliéster produz uma
cristalização secundária nas zonas não cristalinas da fibra. A
temperatura de fusão dos novos cristalinos, conhecida como
PEP (premelting endothermic peak), aumenta ao aumentar a
temperatura de termofixação como conseqüência do
aumento do tamanho destes novos cristalinos.
Precisamente, o PEP é considerado como a temperatura
efetiva de um determinado tratamento no qual se produz
uma cristalização secundária.
Estes cristalinos produziriam um efeito de pinçamento e,
concretamente, uma limitação da capacidade de inchamento
da fibra no ensaio de absorção de iodo em uma determinada
temperatura ao aumentar a temperatura de termofixação ou
ao aumentar a temperatura do ensaio em um substrato
termofixado em uma determinada temperatura.
Logicamente, a limitação da capacidade de inchamento a
uma determinada temperatura e do aumento da capacidade
de inchamento ao aumentar a temperatura deveria ser tanto
maior quanto maior for o tamanho dos cristalinos formados
na cristalização secundária, o que explicaria uma
diminuição da pendente do trecho ascendente ao aumentar a
temperatura de termofixação.
A Figura 8 mostra que a pendente do trecho ascendente
da curva de absorção diminui muito ao passar a temperatura
efetiva de termofixação de 162 para 175ºC, menos
rapidamente e em forma linear entre 175 e 206ºC, e muito
menos entre 206 e 232ºC.
Tecnologia Fibras
Figura 10. Pendente do trecho ascendente
da curva de absorção versus absorção máxima.
6
5
4
3
2
1
0
150
170
190
210
230
250
PEP (ºC)
Por sua parte, a Figura 9 demonstra uma excelente
correlação linear de sinal negativo (r = -0,999) entre o
logaritmo da pendente do trecho ascendente e o
logaritmo do PEP.
Logaritmo pendente trecho ascendente
Figura 9. Relação entre o logaritmo da pendente
da curva de absorção e a temperatura
efetiva de termofixação
a=13,754
b= -5,844
r= 0,999
0,9
0,7
0,5
0,3
0,1
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
15
25
2,25
2,3
2,35
45
5
65
75
85
Absorção máxima (mg I2/g)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
54
56
58
60
62
64
66
68
70
72
74
Temperatura de máxima absorção (ºC)
-0,1
2,2
35
Figura 11.Pendente do trecho ascendente
da curva de absorção versus temperatura de absorção máxima.
Pendente do trecho ascendente (mg I2/g/ºC)
7
2,4
Logaritmo PEP
Na Figura 10 podemos ver que a pendente do trecho
ascendente da curva de absorção evolui linearmente e
de forma ascendente ao aumentar a absorção máxima
nos substratos termofixados entre 160 e 210ºC e em
maior medida quando a temperatura nominal de
termofixação passa de 210 para 220ºC. Uma evolução
similar, mas de sinal contrário, aparece na Figura 11 ao
relacionar a pendente do trecho ascendente da curva de
absorção com a temperatura de absorção máxima. Por
sua parte, a Figura 12 mostra uma excelente correlação
linear de sinal negativo em todo o intervalo de
temperaturas de termofixação entre a pendente do
trecho ascendente da curva de absorção e a temperatura
de absorção média dos substratos termofixados.
Pendente trecho ascendente (mg I2/g/ºC)
Pendente do trecho
ascendente mg I2/g/ºC
8
Pendente do trecho ascendente (mg I2/g/ºC)
Figura 8. Relação entre a pendente do trecho
ascendente da curva de absorção e a
temperatura efetiva de termofixação
Figura 12.Pendente do trecho ascendente
da curva de absorção versus temperatura de absorção média.
8
a=27,678
b= -0,4422
r= -,0997
7
6
5
4
3
2
1
0
42
44
46
48
50
52
54
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60
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Temperatura de absorção média (ºC)
A variação mais ou menos brusca de absorção de iodo
que se apresenta ao passar do trecho inicial de baixa
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
73
Tecnologia Fibras
trechos retos ascendentes, de muito maior pendente, aquele
compreendido entre as temperaturas nominais de 160 e
190ºC do que quando se termofixa entre 190 e 220ºC, em
cujo intervalo a diferença é de somente 1ºC.
Figura 13. Relação TI versus PEP
58
56
TI(ºC)
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44
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160
170
180
190 200
PEP(ºC)
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Figura 14. Relação STI versus PEP
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160
170
180
190
200
210
220
230
240
PEP(ºC)
Por último, a Figura 15 mostra a relação STI versus TI
observando-se que evolui segundo dois trechos lineares de
pendentes muito diferentes abaixo e acima da temperatura
nominal de termofixação de 170ºC.
Figura 15. Relação STI versus TI
28
24
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16
12
8
4
0
44
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TI(ºC)
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
220
pronunciadamente no intervalo de temperaturas nominais
de termofixação entre 160 e 220ºC, conforme a Figura 14.
42
74
68
210
Por sua parte, a absorção de iodo que corresponde à
temperatura crítica de absorção (STI) diminui muito
Stc (mg l 2/g)
comparação da estrutura fina das fibras de poliéster (18)
(20).
A temperatura crítica de absorção de iodo pode ser
determinada:
a) Por intersecção da linha base (trecho de baixa
pendente) com a linha de máxima pendente do trecho
ascendente da curva de absorção (18).
b) Prolongando a linha de máxima pendente do
trecho ascendente da curva de absorção e tomando
como temperatura o ponto de intersecção com o eixo de
temperaturas (17).
O procedimento de Ingamells (17) apresenta a
vantagem de que pode requerer menos pontos
experimentais, entretanto, apresenta inconvenientes
quando não são similares as linhas de máxima pendente
dos correspondentes trechos ascendentes, sendo este
precisamente o caso dos substratos termofixados em
diferentes temperaturas. Por outra parte, o procedimento
a) apresenta a vantagem de que permite conhecer as duas
coordenadas do ponto de transição. Tendo em conta o
que foi indicado e dada a abundância de dados
experimentais correspondentes ao trecho inicial da
curva de absorção, a temperatura crítica de absorção foi
determinada segundo o procedimento a).
A Tabela 2 contém dados das coordenadas do ponto
de transição e nas Figuras 13, 14 e 15 foram relacionadas
com a temperatura de termofixação e entre elas. Na
Figura 13 podemos apreciar que a evolução da temperatura
crítica de absorção de iodo (TI) se produz segundo dois
Stl (mg l 2/g)
pendente ao trecho ascendente da curva de absorção
deve estar, logicamente, relacionada com um aumento
da penetrabilidade do substrato nas condições em que se
realiza o ensaio de absorção. A temperatura na qual se
apresenta esta variação pode ser localizada com maior
ou menor facilidade em função do número de dados
experimentais disponíveis, sobretudo no trecho de baixa
pendente. Esta temperatura pode ser associada a uma
transição no meio correspondente, de modo similar a
que se deduz da medida da absorção de corante em
função da temperatura de tingimento (17) (18). Esta
temperatura pode ser identificada como a temperatura
crítica de absorção de iodo no meio correspondente por
paralelismo com a temperatura crítica de absorção de
corante (TD) (19) e contribui com um novo critério na
50
52
54
56
Tecnologia Fibras
CONCLUSÕES
1.- A temperatura de máxima absorção de iodo
aumenta e a absorção máxima diminui ao aumentar a
temperatura efetiva de termofixação. Ambas evoluem
segundo dois trechos retos de pendentes muito
diferentes, sendo esta muito maior no trecho dos
substratos termofixados em temperaturas inferiores a
195ºC.
2.- Foi observada uma excelente correlação linear
entre a absorção máxima e a temperatura de máxima
absorção. Esta relação é de caráter geral, independentemente do tipo de substrato ensaiado.
3.- A temperatura de absorção média aumenta ao
aumentar a temperatura de termofixação, com aumentos
cada vez menores na medida em que aumenta a
temperatura de termofixação.
4.- A temperatura de absorção média e a temperatura
de máxima absorção se relacionam linearmente nos
substratos termofixados nominalmente entre 170 e
220ºC. No substrato termofixado a 160ºC, a temperatura
de absorção média se separa da linearidade, de modo que
seu valor é muito mais baixo do que lhe corresponderia
caso a linearidade se mantivesse.
5.- Existe uma excelente correlação linear entre o
logaritmo do trecho ascendente da curva de absorção e o
logaritmo da temperatura efetiva de tratamento
(premelting endothermic peak), relacionada com o
tamanho dos cristalinos formados na cristalização
secundária do poliéster que tem lugar na operação de
termofixação.
6.- Entre a pendente do trecho ascendente da curva de
absorção de iodo e a absorção máxima de iodo existe uma
excelente correlação linear de sinal positivo para os
substratos termofixados entre as temperaturas nominais
de 170 e 210ºC, de modo que quanto maior for a absorção
máxima maior será a pendente do trecho ascendente.
Quando se trata do substrato termofixado a 160ºC notase um desvio da linearidade, de modo que o valor da
pendente que corresponde à absorção máxima do
substrato termofixado nesta temperatura é muito maior
do que lhe corresponderia no caso de conservar-se a
linearidade.
76
68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
7.- Mesmo que a evolução seja no sentido contrário,
significa que a pendente do trecho ascendente da curva de
absorção diminui na medida em que aumenta a temperatura
de absorção máxima, sendo que o que foi indicado na
conclusão anterior é também válido para esta relação.
8.- Existe uma excelente correlação linear entre o trecho
ascendente da curva de absorção e a temperatura de
absorção média.
9.- A temperatura crítica de absorção aumenta rápida e
linearmente entre as temperaturas efetivas de 161 e 195ºC, e
também linearmente mas com uma pendente muito menor
entre 195 e 231ºC.
10.- A absorção associada à temperatura crítica de
absorção (absorção crítica) diminui rapidamente entre as
temperaturas efetivas de 161 e 185ºC, e muito menos e
linearmente entre 185 e 231ºC.
11.- A absorção crítica e a temperatura de absorção
crítica evoluem em sentido contrário. Esta absorção crítica
descende bruscamente quando a temperatura de absorção
crítica passa de 44 para 48ºC, e mais lentamente e
linearmente entre as temperaturas de absorção crítica
compreendidas entre 48 e 54ºC.
BIBLIOGRAFIA
1- Schevertassek, K., Faserforschung Textiltech, vol.10, 1957, p387.
2- Sladeck, Uveroflentlicher Berichtans von Wollforschunginstitut Conference Proc.,
vol. 2, p.20, Res. Inst. of Woll & Knitwer, Ernlo Czech Repub, 1960.
3- Lacko, V.and Galanski, M., Textilia,November 1972, p.47
4- Gacén, J.,Maillo, J.y Baixauli, J.J., Bull Scient. ITF, Vol. 9, n 34, Mayo 1980, p.14
5 - Gacén, J. and Millo, J. and Borbas, J., Bull.Scient. ITF, Vol 6,N 23, August 1977, p.
155
6- Gacén, J. and Maillo, J., Bull Scient., ITF, vol 11, N42, april 1982, p.9
7- Cayuela, D., Tesis Doctoral, Universidad de Barcelona 1994.
8- Gacén, J., Maillo, J., Naik, A. an Cayuela,D., Melliand Textilberichte, May 1991,
p.347
9- Gacén, J., Cayuela D., Maillo, J. and Rodriguez, M.T., Melliand Textilberichte,
august 1993, p.797.
10- Gacén, I., Tesis Doctoral, Universitat Politécnica de Catalunya, 2004.
11- Gacén, J., Cayuela, D., Maillo, J. and Gacén, I., J. Tex. Inst., 93, Part 1, N1, 2002,
p.29
12- Gacén, J., Maillo, J.and Borbas, J., Bull. Scient. ITF, vol6, N23, august 1997, p0155
13 - Gacén, J., Maillo, J., Cayuela, D., Tinctoria, N8, august 1993,p.52
14- Gacén, J., Cayuela, d., Maillo, J., Rodriguez, M.T., Tinctoria, N2, Febrero 1994, p30.
15 - Gacén, J., Cayuela, D.Tzvetkova, M., Manich, A., Man-Made Textiles in Indi, vol
XLV n.5, May 2002, p.168
16- Gahl, F., Textile Reserach J., Vol43, 1973, p.615
17- Ingamells, W., Peters, R. M.., Thormton, S.R., Appl. Polym. Sci 17, 1973, p.3733
18-Gulrajani, M.L., Saxena, R.K., J. Soc. Dyers and Colourists, vol.95, 1979, p.330.
19- Información de catálogos de Sandoz.
20- Moore, R.A.F., Peters, R.M., Text. Research J., vol49, 1979, p7
Capacitação
SENAI Oferece
SENAI apresenta projeto
“aprendiz”.
Nos termos da CLT, aprendiz é o jovem maior de 14 e
menor de 24 anos de idade que celebra contrato de
aprendizagem. Tão importante para a indústria quanto
para a sociedade, a Aprendizagem Industrial está ligada
às origens do SENAI.
O novo projeto, previsto para iniciação no próximo
ano, está em fase importante em sua estruturação, já que
pesquisas de demanda estão sendo realizadas dentro de
grandes empresas têxteis.
A aprendizagem na empresa é resultado de uma
parceria na qual ambos – SENAI e empresa – têm
responsabilidades e atribuições bem definidas e
negociadas. Criteriosamente planejados, acompanhados, controlados e auditados, os cursos de aprendizagem
na empresa representam a possibilidade de unir o
cumprimento às leis, o exercício da responsabilidade
social e o treinamento de futuros trabalhadores.
Em visita à Escola SENAI Francisco Matarazzo, em
São Paulo, a Química Têxtil soube de investimentos que
Diretor do SENAI Márcio Viera Marinho
estão sendo aplicados no curso técnico têxtil, desde novos
maquinários, bem como, uma reestruturação que está sendo
planejada em seu curso técnico. O coordenador técnico do
campus, Paulo Sergio Salvi diz que é preciso sempre
repensar o curso, pois novas tecnologias chegam a todo o
momento. “A didática será a mesma, porém é importante
atualizarmos sempre que possível o currículo escolar”.
Para o Diretor da Escola, Márcio Vieira Marinho, cada
passo deverá ser seguido com cautela. “Estamos em uma
fase importante de elaboração. Estas pesquisas sinalizarão
as possíveis carências das indústrias têxteis. Assim,
profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico,
moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as
tarefas necessárias a essa formação.
poderemos identificar as competências
requeridas pelo mercado de trabalho e,
contribuir para que a formação desses
profissionais possam suprir estas necessidades”, ressalta.
Marinho ainda enfatiza que o objetivo do
SENAI é atender à demanda. “Imagine que
neste projeto de 'aprendiz', o aluno ficará 4h na
escola e 4h dentro da empresa contratante. O
diferencial é que profissional poderá ser
formado de acordo com a política da empresa,
uma vez que, via de regra, não possui vícios”,
explica.
A condição de aprendiz, portanto,
pressupõe formalização do contrato do jovem
pela empresa e da sua matrícula em curso ou
programa de aprendizagem no SENAI. A idade
máxima prevista não se aplica a aprendizes
portadores de deficiência (Decreto nº
5.598/2005, art. 2º, parágrafo único)
O que é o contrato de aprendizagem?
É o contrato de trabalho especial, ajustado
por escrito e por prazo determinado, com
duração máxima de dois anos, em que o
empregador se compromete a assegurar ao
maior de 14 e menor de 24 anos, inscrito em
programa de aprendizagem, formação técnico-
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68
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
Sobre o SENAI
Criado em 1942, por iniciativa do empresariado do setor, o
SENAI é hoje um dos mais importantes pólos nacionais de geração e
difusão de conhecimento aplicado ao desenvolvimento industrial.
Parte integrante do Sistema Confederação Nacional da Indústria CNI e Federações das Indústrias dos estados -, o SENAI apóia 28
áreas industriais por meio da formação de recursos humanos e da
prestação de serviços como assistência ao setor produtivo, serviços
de laboratório, pesquisa aplicada e informação tecnológica. Graças à
flexibilidade de sua estrutura, o SENAI é o maior complexo de
educação profissional da América Latina. Diretamente ligados a um
Departamento Nacional, 27 Departamentos Regionais levam seus
programas, projetos e atividades a todo o território nacional,
oferecendo atendimento adequado às diferentes necessidades locais e
contribuindo para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento
pleno e sustentável do País.
Nesse sentido o SENAI colabora para transformar indivíduos
marginalizados da vida econômica em cidadãos. Oferecendo aquilo
que sabe fazer melhor - educar para o trabalho - a Entidade
desenvolveu, em 2007, 930 projetos, que atenderam a 202.486
beneficiados, sendo 120.894 com programas de capacitação
profissional, 63.151 com a prestação de serviços e 18.441 com
palestras de orientação, gerando a oportunidade de ingressarem ou
reingressarem na vida produtiva.
Desenvolvidas em parceria com instituições, empresas, órgãos
governamentais e ONGs, seus programas beneficiam jovens em
situação de risco social, trabalhadores excluídos da vida produtiva,
indígenas, presidiários, crianças abandonadas, candidatos ao
primeiro emprego, dentre outros grupos regularmente atendidos pelo
SENAI.
Coordenador Técnico Paulo Sergio Salvi
Processo Seletivo - Curso
Técnico Têxtil
Informamos a realização do Processo Seletivo Curso Técnico Textil - 1º Semestre 2010
a. O candidato poderá inscrever-se em uma única
habilitação, exclusivamente na Escola em que pretende
realizar o curso, podendo candidatar-se também para a
mesma habilitação pretendida na 1ª opção, se ofertada
pela mesma Escola em outro turno.
b. No ato da matrícula, somente poderá ser aceito o
candidato que comprovar ter concluído o ensino médio
ou estar matriculado em curso que lhe permita concluir
esse nível de ensino até a data de início das aulas.
c. Haverá cobrança de taxa de inscrição de R$ 37,00
(trinta e sete reais). O boleto é gerado pelo candidato
no ato da inscrição
d. A prova será composta por 60 questões de múltipla
escolha, em nível de conclusão do ensino médio: 20 de
Língua Portuguesa, 20 de Matemática, e 20 de Ciências da
Natureza (Física, Química e Biologia).
e. Os candidatos serão chamados à matrícula
obedecendo-se estritamente a ordem de classificação no
processo seletivo.
f. Não serão aceitas matrículas de candidatos que,
embora aprovados no processo seletivo, estejam
regularmente matriculados em cursos oferecidos
gratuitamente pelo SENAI/SP e que pretendam cursá-los
simultaneamente.
Inscrições: 08 a 26/03/2010.
Aplicação da Prova: 25/04/2010 às 8h.
Inscrição pela Internet: www.sp.senai.br/processoseletivo
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
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IIIPrêmio ABQCT
de Estímulo ao Estudo
Divulgado o nome dos vencedores do III Prêmio ABQCT de Estímulo ao
Estudo "Prof. Josep Valldeperas Morell".
A Diretoria da ABQCT divulgou o nome dos
vencedores do III Prêmio ABQCT de Estímulo ao
Estudo "Prof. Josep Valldeperas Morell".
A Química têxtil realizou uma breve entrevista com os
vencedores, eis que a alegria e a expectativa do vencedor
Dhenes Pereira Rodrigues foi tão empolgante em sua
entrevista que achamos conveniente repassar suas palavras
exatamente como nos foi contatado.
Dhenes Pereira Rodrigues, 25 anos, representante da
FEI, curso de Engª. Têxtil. Atualmente trabalha na Camelon
Mamut Tinturaria e Malharia Ltda. Reside e moraem São
Paulo, capital, filho de Arsênio da Silva Rodrigues,
encarregado de produção, e de Maria Eunice Pereira
Rodrigues, do lar. O estágio da estudante acontecerá no mês
de abril.
O que sentiu quando foi comunicado como vencedor do
prêmio?
Não sabia o que fazer na hora! Foi muito emocionante,
mas ao mesmo tempo tive uma sensação estranha porque
estávamos em semana de provas, entregas de trabalho, etc,
daí não consegui nem comemorar direito! Acho que a minha
ficha caiu no final de semana que consegui relaxar um pouco
mais, daí que a alegria tomou conta mesmo!
Dhenes Pereira Rodrigues
Patrocinadores
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Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
IIIPrêmio ABQCT
de Estímulo ao Estudo
Para você, o que este estágio significa?
Acredito que o estágio significa uma oportunidade
única de aprendizado, principalmente pelo fato de ir a um
lugar tão renomado. Acredito que a experiência que este
estágio poderá nos oferecer, não terá dinheiro que pague.
Qual a sua expectativa com relação a viagem?
As expectativas são muito grandes, principalmente
por um “marinheiro de primeira viagem” como eu!
Sinceramente, estou um pouco perdido ainda no que
posso fazer nas horas de folga lá. Como te falei, acho que
a minha ficha não caiu ainda!
Conheça Liliane Fernandes Dompieri, 22 anos,
também vencedora do prêmio, representante da FEI/ SBC
- São Paulo.
A recém-formada trabalha atualmente na Freudenberg NãoTecidos. Nasceu em São Bernardo do Campo e
reside em Santo André. Filha de Eliana Fernandes
Dompieri, funcionária pública, e de Nivaldo Ângelo
Dompieri, empresário.
Para ela, o prêmio é uma grande oportunidade de
crescimento dentro da profissão, já que é umcurso de alto
custo e inacessível para grande parte dos que atuam na
área. ‘Senti uma grande emoção quando
soube do resultado. Este estágio significa a
obtenção de grandes conhecimentos e
crescimento dentro de um dos maiores e
melhores centros de pesquisas têxteis
mundialmente conhecido,’diz ela.
Liliane ainda ressalta que a grande
expectativa trata-se, também, devido a
nunca ter tido a oportunidade de estar na
Europa e de viajar sozinha para o exterior e
completa: ‘Se pudesse escolher meu
relatório de estágio seria referente ao reúso
de água em processos têxteis e em
tratamentos que relacionam não tecidos.’
O estágio da estudante acontecerá no
mês de maio.
É importante lembrarmos do relatório do estágio que
deverá ser realizado. Você gostaria de trabalhar em que
assunto, caso pudesse escolher? Por que?
Sinceramente ainda não sei. Acho que ainda estou tão
empolgado que quero abraçar o mundo, tipo quero fazer um
pouco de tudo pra absorver ao máximo as informações,
anotar tudo, aproveitar cada momento!
Mas falando sério, acho que a análise das causas de
defeitos e o reaproveitamento de banhos de tingimento
seriam áreas legais de se trabalhar.
"Este projeto é uma das mais
gratificantes realizações desta gestão. O
mais importante é a compreensão e o
apoio das empresas para
concretizarmos sempre este concurso."
Evaldo Turqueti - Presidente da
ABQCT
Liliane Fernandes Dompieri
Revista Química Têxtil n 98/Março 2010.
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Congresso da FLAQT - Boletim Informativo
El Consejo Directivo de La Asociación Peruana de Técnicos
Textiles a través del presente boletín, hace llegar su más
fraternal saludo a la gran familia textil latinoamericana.
A la fecha, la APTT ha organizado los Congresos
Latinoamericanos de Química Textil de los años 1970 y 1991,
y ahora; tras 19 años y luego de la convocatoria de la FLAQT
después del Congreso del 2008 realizado en Santiago de Chile,
estamos enfocados a desarrollar el XX Congreso
Latinoamericano de Química Textil que nos motiva a recibir
nuevamente en nuestra casa, con entusiasmo y amistad; a los
colegas latinoamericanos. Hemos querido que este evento,
coincida con la ejecución de nuestro VI Congreso Nacional de
Tecnología Textil y Confecciones, para compartir los
ambientes de nuestra sede con los profesionales de la
agroindustria del algodón, de los llamados procesos secos
(Hilatura y Tejeduría), de las Confecciones, del Diseño y de la
Moda.
Estamos seguros que las conferencias técnicas y las
magistrales serán de mucha utilidad, que podremos
intercambiar experiencias y también compartir momentos
inolvidables con toda la comunidad textil latinoamericana;
por ello esperamos la participación de ustedes queridos
colegas y deseamos que los 4 días del Congreso resulten en
beneficio propio y de la industria.
La cita es del 16 al 19 de Noviembre del presente año, y la sede
es el Sheraton Lima Hotel & Convention Center, ubicado en la
zona centro de nuestra capital. Los invitamos a separar en sus
agendas estas fechas y dispongámonos a aprovechar al
máximo del Congreso.
El lema del congreso: "Armonizando el desarrollo
tecnológico con el medio ambiente", conlleva a tratar durante
las conferencias las perspectivas de mejora en el cuidado del
medio ambiente.
También será motivo de reflexión la actual situación de
nuestra industria textil regional frente al contexto mundial,
después de haber atravesado la etapa más crítica de la grave
crisis financiera mundial iniciada en el 2008.
Parte del desarrollo del evento serán las visitas a fábricas
textiles, un almuerzo de camaradería y desfile de modas.
Como despedida, el último día tendremos una cena bailable.
Por supuesto habrá también un programa especial para los
acompañantes.
Desde ya los esperamos aquí en Lima, y con anticipación les
deseamos a todos una feliz estadía en nuestro país y que el
mayor éxito sea la culminación al esfuerzo realizado.
El Comité Organizador
OBJETIVOS
* Estimular la investigación científica, compartiendo los
últimos avances tecnológicos en la industria textil y de
confecciones, tanto en el Perú como en Latinoamérica
* Incentivar la investigación y el desarrollo de la tecnología
mediante la convocatoria a la presentación de trabajos
* Establecer vínculos de comunicación para facilitar el
intercambio de conocimientos y experiencias entre
profesionales de la región
* Fomentar el cuidado del medio ambiente con la aplicación
de procedimientos novedosos
* Fortalecer los lazos fraternales entre asociaciones y
profesionales, fomentando el desarrollo del sector en el
actual contexto del comercio mundial.
TEMAS A DESARROLLAR
• Efectos de acabados funcionales Antimicrobiales, repelencia,
nanotecnología, etc.
• Procesos ecológicos
Ahorro en el consumo de agua, procesos cortos, aplicación de
enzimas, etc.
• Algodón
Nuevos desarrollos, variedades
• Desarrollo de nuevas fibras textiles – sus procesos y acabados
Bamboo, modal, etc.
• Tecnología de las fibras largas
Fibras de camélidos sudamericanos, pelos y lana
• Protección del Medio Ambiente
Tratamiento de aguas, bio-procesos, etc.
• Sistemas de Gestión aplicados a la Industria Textil y
Confecciones
• Diseño textil y tendencias de la moda
• Gestión de recursos en confecciones
• Novedades en Hilatura, Tejeduría Plana y de Punto
DIRIGIDO A
• Profesionales del sector textil y confecciones.
• Empresarios e Inversionistas del sector.
• Inversionistas nacionales y extranjeros.
• Empresarios nacionales y extranjeros de sectores
complementarios.
• Estudiantes de Ingeniería Textil y carreras afines
• Prensa especializada
• Autoridades del sector
Las inscripciones están abiertas a todos los interesados. Si el
participante inscrito no puede asistir, tiene como alternativa enviar
a otra persona en su reemplazo. La notificación debe ser hecha por
escrito enviándola al Fax (511) 225 7856 o por E-mail:
[email protected]
Para mayor información puede comunicarse con nosotros al (511)
475 4010, o visitar nuestra página Web: www.apttperu.com
CUOTAS DE INSCRIPCIÓN
Anulaciones: Se cobrará tasa administrativa de US $ 90.00 por
anulaciones que se reciban hasta el 15 de Julio de 2010. Aquellas
que se reciban después del 15 de Julio de 2010, no tendrán derecho
a devolución.
ABQCT convida
XX CONGRESO
LATINOAMERICANO
DE QUIMICA TEXTIL
PERÚ - NOVIEMBRE 2010
VI CONGRESO N
NACIONAL DE
TECNOLOGIA
OGIA TEXTIL
Y CONFECCIONES
Esta edição da Revista Química Têxtil
está chegando às suas mãos
graças à colaboração
dos seguintes anunciantes
Sua empresa também pode contribuir com o
aperfeiçoamento dos profissionais da Indústria Têxtil
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Tel. (11) 4195.4931

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