a história da igreja primitiva e antiga

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a história da igreja primitiva e antiga
A HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA E ANTIGA
Karl Josef Romer – 2014
Tema 13
V. Após o Império Romano, a Igreja na (trans)formação da Europa IV
8) A herança carolíngia dos Otões
Conrado I (Konrad I), provavelmente parente de um ramo da família
carolíngia, diretamente de origem franca, desde 906 é Conde dos francos. Pela
conspiração dos representantes dos Saxões, Francos, Alamanos e Bávaros, é
eleito rei no ano 911. Procura, com apoio dos Bispos, estender seu poder na
direção dos condados do Sul da Alemanha. Segundo as fontes, no final da vida,
Conrado indicou, antes da sua morte em 918, como sucessor o seu até então
maior inimigo, o poderoso Henrico da Saxônia, que será o Imperador Henrico I.
Henrico I (919-936), no início, distanciou-se da tradição carolíngia, não
aceitou a “consagração” (unção) ofertada pelo Arcebispo. Mais tarde, retomou a
tradição carolíngia. Obteve grande sucesso contra os checos (928-9) e rechaçou
os húngaros. Com o interesse de ter o título de Imperador, decidiu ir a Roma. Por
grandes somas adquiriu de Rodolfo de Borgonha a Sagrada Lança que já tinha
sido usada por Constantino. Sua morte se deu em 936, sem ter chegado a Roma.
Surgimento dos Otões
A situação geral: Faltava, quase em toda parte, a consciência “nacional”.
Reinavam os Duques (Herzoge) ou Condes (Grafen) com poder mais ou menos
absoluto. Em algumas regiões havia reis regionais que, no entanto, não uniam
toda a nação alemã. A Itália estava profundamente dividida por condados e por
Cidades autônomas. Só o Imperador representava uma autoridade universal
moral para os cristãos, mas sem autoridade política absoluta sobre os reis e
condes. Os Bispos e mosteiros, normalmente, preferiam estar sob a autoridade
imperial, para não terem as freqüentes intromissões dos condes ou duques.
A dependência das Igrejas do rei (conde) ou Imperador era concebível em
um tempo em que não se tinha entendido a diferença ontológica entre Igreja e
Estado. Distinguia-se, todavia, as funções do Sacerdotium e do regnum
(Imperium). Posto que ambas as autoridades, como membros de uma unidade
superior sujeita ao domínio de Cristo, sentiam-se obrigadas a servir à mesma
finalidade religiosa e política, o serviço ao reino, a administração civil e o culto
divino podiam entender-se como um mesmo e único serviço religioso e moral.
Os bispos recebiam da mão do monarca, com a investidura do anel e do báculo,
não somente os bens e direitos seculares da soberania, mas também o cargo
espiritual. O Monarca, na mente daquele tempo não era simplesmente um laico.
O sacerdote ou Bispo ordenado recebiam o seu “benefício”, sua função
eclesial da mão de um leigo, que tinha certos deveres de garantir a
funcionalidade de tal ministério (benefício).
No final do século oitavo, esta
Investidura foi usada também na colocação de Bispos ou Abades.
Mais tarde, o rei (ou Imperador) dava ao Bispo não só o benefício
eclesiástico, mas simultaneamente o governo civil sobre uma cidade ou região.
Como os Bispos eram celibatários, não podia surgir o problema da herança do
poder; isto é: o benefício civil (o governo sobre uma região) voltava então à mão
do rei ou Imperador. Muitas Igrejas, Dioceses e paróquias conseguiam assim uma
estabilidade material e a proteção civil. – Ninguém se escandalizava com o fato
de o Imperador ou rei entregar o báculo e o anel ao Bispo com a fórmula “recebe
a Igreja” (recipe Ecclesiam).
Os Otões (cf. LThK² VII, 1303-1306)
Otto I, o Grande (936-973), era filho de Henrico I. Retomou
energicamente a tradição carolíngia. Fez questão de receber (em Aachen) a
sagração (unção) espiritual juntamente com sua posse. Sua autoridade entrou
facilmente em conflito com os feudos dos Condes e Duques. Otto nomeou
próximos de sua família para os feudos, para ligá-los à sua casa. Não obstante,
houve revoltas. Em sua expedição para a Itália, casou-se com Adelheid, princesa
de Borgonha (Burgund) e rainha da Itália, e aceitou para si, em Pavia, a
dignidade real (langobarda e) italiana. Em 955, sua vitória sobre os húngaros
garantiu-lhe o título do Rei Magno. Na segunda expedição à Itália, para socorrer
o Papa João XII contra Berengar, o Papa deu-lhe a coroa de Imperador (2.2.962).
Ele renovou os privilégios que Carlos Magno tinha dado à Igreja e assumiu a
proteção sobre Roma, o que mais tarde tendia a tornar-se um direito de intervir
na eleição do Papa.
De grande importância era a política eclesiástica de Otto. Nos bispos, viu
um reforço, um válido apoio moral e político para sua monarquia. Tentou
integrar em seu Império também a Polônia. Enviou (961-2) Adalberto de
Magdeburgo como missionário para a Rússia (sem sucesso). Seus esforços de
promover a vida espiritual fazem de seu reinado um dos momentos mais
sublimes do Império alemão.
Otto II (973-983) é filho de Otto I. Foi, por intervenção de seu pai, em
961, coroado rei, e, em 967, Imperador. Sujeitou a revolta dos bávaros (978); fez
uma expedição militar até Paris contra o rei francês Lothar, que tinha
conquistado Aachen. Desde 982, ele se chamava Romanorum imperator
Augustus. Desejava estreitar as relações ente Itália e Alemanha. Morreu em
Roma de malária.
Otto III (983-1002). Após a morte de seu pai, o menino foi seqüestrado
por Henrico, o que provocou enormes tensões entre o partido do raptor e os
adeptos da rainha (Theophanu). Em 984, Henrico teve que devolver à mãe o filho
Otto. Esta mãe, até sua morte em 991, dirigia o governo do Império de modo
exemplar. Otto III tinha excelentes mestres. Em 996, ele assumiu o governo e foi
a Roma para ser coroado Imperador por seu parente, o Papa Gregório V1 . Em
Roma teve conhecimento de grandes representantes da cultura e do mundo
político.
Na Alemanha não faltavam rivalidades e lutas. Mas em 998, Otto teve que
ir a Roma, onde Crescêncio, chefe dos Nobres da Cidade se tinha revoltado,
expulsado o Papa Gregório V e impostado um anti-papa, João XVI. Otto
1
Gregório V (996-999) foi o primeiro Papa alemão. Nasceu em 972 como filho do duque Otto de
“Kärnten”, o qual era bisneto de Otto o Magno. Em Ravenna, Otto III o indicou para uma delegação de
Roma como futuro Papa, o que em Roma foi aceito sem oposição, embora fosse o primeiro Papa não
italiano desde séculos. Em Roma, Gregório V coroou Otto III Imperador, no ano 996 (cf. LThK² IV,1182,
com ulteriores indicações sobre o feliz governo do Papa, em conflito com Bispos franceses e com o rei
Roberto II da França).
conseguiu tomar o Castelo Sant’Angelo, prendeu Crescêncio e o anti-papa,
pronunciando a mais dura sentença sobre os dois, que, não obstante intercessõe s
contrárias, foram executados.
O ideal era a renovação do Império Romano, mas em estilo cristão. Papa e
Imperador, juntos, devem governar este ‘Império mundial’. Otto tem um ideal
missionário. Na Polônia, ele consegue animar, no ano 1000, o duque polonês a
assumir a cristianização do povo desta terra. No ano 1002, Otto III morreu de
malária.

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