a utilização da arte sequencial como uma ferramenta de
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A UTILIZAÇÃO DA ARTE SEQUENCIAL COMO UMA FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Marcio Roberto da Silva Garcia 1 - PUCPR Grupo de Trabalho – Práticas e Estágios na Licenciatura Agência Financiadora: PIBIC - PUCPR Resumo Partimos do principio que utilizar imagens em sequencia para contarmos uma história poderia auxiliar os alunos de Ensino Médio com suas dificuldades de leitura e interpretação de textos. Por este motivo surgiu o projeto Histórias em Quadrinhos na Escola, o projeto teve sua origem na pesquisa de iniciação cientifica com o tema: GÊNEROS TEXTUAIS E DIVERSIDADE DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: A ARTE SEQUENCIAL, do curso de Pedagogia da PUCPR. Para isso foi verificado como estão sendo elaboradas as políticas de incentivo a leitura dentro do âmbito escolar, quais são as ferramentas e como estão sendo utilizadas as HQs dentro da sala de aula, para isto consultamos o PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais - que cita a necessidade de uma nova releitura das práticas pedagógicas dentro da escola, mencionando os quadrinhos. Como arcabouço teórico utilizamos, autores como EISNER (1995), RAMOS (2012), VERGUEIRO, RAMA (2012) para melhor entendimento da linguagem das HQs. No decorrer do segundo ano do projeto percebemos que inserção da tecnologia é outro ponto importante para a diversificação do trabalho pedagógico, aplicativos existem para desenvolver nossos alunos nessa intensa era tecnológica, no ano de 2014 ampliamos a pesquisa para averiguar como estava sendo elaboradas as políticas de incentivo a leitura das HQs e do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) dentro do âmbito escolar, quais eram essas ferramentas utilizadas, também como identificar se as histórias em quadrinhos e os recursos tecnológicos estão sendo usadas nas disciplinas de Língua Portuguesa pelos professores e os resultados que ambas trazem para o aprendizado. Para isso desenvolvemos o Projeto “Gramática, Tecnologia e Quadrinhos”, que desenvolveu a produção de HQs através da tecnologia educacional dos IPADS dentro de aulas. Palavras-chave: Educação. Quadrinhos. Tecnologia. 1 Professor de Ensino Fundamental, graduando em Relações Internacionais pela UNIBRASIL, graduando em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), pesquisador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). ISSN 2176-1396 30157 Introdução Nas ultimas décadas as histórias em quadrinhos tiveram altos e baixos dentro da sociedade, desde seu “boom” na década de 1940, quando as tiras de jornais faziam grande sucesso, até a criação do Comic book, que oficializou os quadrinhos como conhecemos, seguindo pela criação das novelas gráficas e os Super-Heróis, até os dias de hoje com adaptações para o cinema e a inserção de literatura clássica e moderna em adaptações em HQ´s. De uma leitura infantilizada ou marginal os quadrinhos começaram a ser inseridos dentro de meios nunca pensados, como livrarias, escolas e universidades. No Brasil ocorre um processo gradativo de inserção dos quadrinhos nos meios acadêmicos e escolares. A partir da criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que apontava a necessidade da diversificar as linguagens no ensino médio e fundamental, por exemplo, no seu artigo 3º item II: (BRASIL,1996) Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; Isso mostra a intenção da lei em diversificar o ensino, abrindo espaço para as histórias em quadrinhos, que foram também mencionadas nos PCN de Língua Portuguesa “o estudo de gêneros discursivos e dos modos que se articulam proporciona uma visão ampla das possibilidades do uso da linguagem [...]”. (BRASIL, 2000, p. 8). No PCN do ensino médio a utilização de tiras e charges é citada no auxilio na leitura de diferentes linguagens. “Embora predomine na arte, a orientação para a leitura conotativa pode ocorrer em contextos não relacionados à linguagem artística, como na gíria, no repertório de expressões populares, nos provérbios, nos cartuns, nas charges [...]”. (BRASIL, 2000, p. 42) A partir destes documentos podemos verificar que os quadrinhos podem ser inseridos na escola com um caráter pedagógico, e para incentivar a produção destas histórias no ano de 2006 foram selecionados quadrinhos para a lista do PNBE (Plano Nacional Biblioteca na Escola) neste primeiro ano apenas sete obras foram selecionadas. A Arte Sequencial Os quadrinhos são um gênero de grande amplitude, abordam varias formas de linguagem, por este motivo encontramos a dificuldade de encontrarmos um termo que 30158 abrangesse todas as formas de expressão desta arte, segundo RAMOS (2012, p. 20) “Quadrinhos seriam, então, um grande rótulo, um hipergênero, que agregaria diferentes outros gêneros, cada um com suas particularidades”. Para podermos utilizar este termo mais amplo, a Arte Seqüencial, precisamos voltar mais no tempo e verificar como cita (NETO e SILVA, 2011. p.19): “ Nosso fascínio pela imagem, bem como a necessidade de se comunicar, data desde os primórdios da história da humanidade.” A tapeçaria Bayeux (séc. XIII) pode ser vista como uma espécie de HQ, ou Arte Seqüencial, assim como a arte funerária do Antigo Egito. Segundo Will Eisner, “[...] em sua forma mais simples, os quadrinhos empregam uma série de imagens repetitivas e símbolos reconhecíveis. Quando são usados vezes para expressar idéias similares, tornam-se uma linguagem – uma forma literária se quiserem. E é essa aplicação disciplinada que cria a “gramática” da Arte Seqüencial.” (EISNER, 2012. p. 8). A Arte Seqüencial como termo amplo também engloba o cinema como uma arte que utiliza quadros em seqüência para contar uma determinada história, mas ela este termo é mais utilizado para as histórias em quadrinhos. Os quadrinhos como recursos pedagógico Os quadrinhos, também conhecidos como Arte Sequencial (EISNER, 2012) tem evoluído desde sua criação, tornando-se um meio de cultura de massa, atingindo principalmente crianças e adolescentes, por transmitir através das imagens de textos idéias de fácil entendimento. Mas como poderíamos levar esse produto que faz parte da vida dos alunos para dentro da sala de aula com um caráter pedagógico. Nos Estados Unidos desde o inicio dos anos de 1940 os quadrinhos estavam sendo pensados com uma ferramenta de ensino como cita Vergueiro e Rama (2012, p.17): As primeiras revistas de quadrinhos com caracter educacional publicadas nos Esados Unidos, tais como True Comics, Real Life Comics e Real Fact Comics, editadas durante a década de 1940, traziam antologias de historias em quadrinhos sobre personagens da historia, figuras literárias e eventos históricos. No Brasil a partir de 1944 o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) iniciou um estudo sobre as publicações de Histórias em Quadrinhos que estavam sendo publicadas, com o interesse de identificar funções educativas nas HQs, foram observados critérios como, 30159 gramática, ilustrações, anúncios e adequação dos títulos para os gêneros. No mesmo ano foram publicadas as conclusões na Revista de Estudos Pedagógicos entre os meses de julho a novembro. Vale citar algumas conclusões publicadas pelo INEP referente às HQs, sobre o uso das onomatopéias, dentro do item “Erros e vícios de linguagem segundo as publicações”. [...] é de notar que não se computaram, para o cálculo acima, as inter-jeições 2 originais das gravuras importadas, e, as mais das vezes, não adaptadas à nossa língua, (para aproveitamento de clichês, ou matrizes, sem maior dispêndio) tais como: POW! WHAM! REESH! SCREE! CHH ! BIFF ! SOKK ! BANG ! SOK ! (BRASIL,1944. p.403). Outro ponto de destaque do estudo é sobre a posição dos professores frente ao aumento do gosto dos alunos a leitura dos suplementos infantis e revistas em quadrinhos: As professoras de ensino primário apresentavam, porém, juízo mais severo. Assim, apenas 18% deram resposta afirmativa, declarando aconselhável a leitura; 38% assinalaram que não; e 40% responderam sim e não, opondo restrições a determinadas publicações, ou assuntos por elas tratados. Número igual a 4% dos questionários não apresentaram resposta a este item. (BRASIL 1945, p.88). Após a publicação deste documento, apresentado uma posição negativa por parte de pais e professores, o mercado brasileiro de quadrinhos apresentou uma grande queda, levando os editores a buscar uma nova estratégia, em 1939 foi lançada a revista Grandes Figuras do Brasil (JUNIOR, 2004) em quadrinhos, como uma forma de acalmar a opinião pública e mostrar que os quadrinhos tinham uma função educacional, assim como a revista Edição Maravilhosa que trazia adaptações da revista norte-americana Classic Ilustrated e de clássicos da literatura brasileira em quadrinhos. Essa preocupação ampliou-se no período Pós-Guerra quando novas formas de Histórias em Quadrinhos surgiram, como: quadrinhos de terror, suspense e de propaganda de guerra. Em 1954 o livro “Sedução dos Inocentes” do psiquiatra alemão Frederic Wertham também contribuiu para a mudança de pensamentos sobre essas histórias. Nos Estados Unidos foi criado o Comic Code um código de ética que classificava os quadrinhos “[...] que visava garantir a pais e educadores que o conteúdo da revista não iria prejudicar o desenvolvimento moral e intelectual de seus filhos e alunos” (VERGUEIRO, RAMA, 2012, p.13). O livro de Wertham teve uma grande repercussão quando lançado, “[...] segundo a revista Time, 2 Este trecho é uma citação literal do documento, o correto é interjeições. 30160 descreveu como uma comunidade inteira se mobilizou para fazer das primeiras fogueiras públicas de revistinhas nos Estados Unidos” (JUNIOR, 2004, p.126). Os estudos de Wertham tiveram como base tratamentos feitos com adolescentes com distúrbio de comportamento, associando, crimes cometidos por menores de idade à leitura de quadrinhos. O Brasil seguindo a fórmula norte-americana criou também seus “códigos de ética” primeiramente o Código de Ética da Associação Brasileira de Educação - ABE (1948) e o Código de Ética Brasileiro (1961). (JUNIOR, 2004) Podemos destacar do código criado pela ABE, alguns dos temas “censuráveis”, dentre eles podemos destacar o veto a linguagem que possuísse erros, vícios, e o sentimento estético preconizado na escola, e que as histórias não deveriam conter apenas imagens. E dos pontos “aconselháveis” estão histórias com referencia ao território e ao povo brasileiro, preceitos morais e cristãos e que desenvolvesse a imaginação das crianças e dos adolescentes (JUNIOR, 2004, p.395-396). O Código de Ética Brasileiro possuía dezessete artigos determinam como deveria ser as produções das Histórias em Quadrinhos em território nacional. Artigo 1º- As histórias em quadrinhos devem ser um instrumento de educação, formação moral, propaganda dos bons sentimentos e exaltação das virtudes sociais e morais. Artigo 10º A gíria e as frases de uso popular devem ser usadas com moderação, preferindo-se sempre que possível a boa linguagem (idem, p.404). O que pode parecer uma limitação a produção gráfica teve uma resposta contraria. Este Código de Ética serviu em um primeiro momento para limitar a produção dos quadrinhos, mas a solução encontrada por artistas e editores foi criar uma produção de quadrinhos voltada totalmente para a educação. Porém os quadrinhos voltaram a ser pensados na educação no ano de 1996 com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), no já citado artigo 3º item II que discorre sobre a liberdade de aprender, pesquisar a cultura e o uso de formas contemporâneas de linguagem, abrindo novamente espaço para a leitura e o ensino efetivo das Histórias em Quadrinhos em sala de aula (VERGUEIRO, RAMOS. 2009, p.10) que foram oficializados no ano de 1997 nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN´s. Os PCN´s de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental salientam o uso dos quadrinhos quando se refere aos recursos que devem estar disponíveis nas bibliotecas 30161 escolares (1997, p.61) e aos gêneros a serem trabalhados com a linguagem escrita (1997, p.72). Projeto Histórias em Quadrinhos na Escola A partir do mês de agosto de 2012 de deu início a pesquisa de iniciação científica (PIBIC) junto ao curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná como o tema, GÊNEROS TEXTUAIS E A DIVERSIDADE DO TRABALHO PEDAGOGICO NO ENSINO DA LINGUA PORTUGUESA: A ARTE SEQUENCIAL, com a orientação da Profº Doutoranda Fabiane Lopes de Oliveira, com o objetivo de verificar como está sendo elaboradas as políticas de incentivo a leitura dentro do âmbito escolar, quais são as ferramentas utilizadas, também tínhamos como objetivo identificar se as histórias em quadrinhos estão sendo usadas em sala de aula pelos professores e os benefícios que elas trazem para o aprendizado e apresentando com objetivos específicos: inserir as histórias em quadrinhos como ferramenta de estudo em sala de aula propondo estratégias de uso desta ferramenta e propondo espaços adequados dentro das bibliotecas escolares para a leitura das histórias em quadrinhos. No primeiro momento as atividades foram voltadas para o ensino fundamental, onde fomos verificar como os quadrinhos estavam sendo utilizados na escola, o que percebemos em nossas visitas é que havia uma lacuna entre a inserção dos quadrinhos na escola e seu uso com caráter didático. Na sequencia em decorrência do estágio em uma escola de Ensino Médio Técnico de Curitiba foi verificada nesta escola a dificuldade dos alunos sentiam com a disciplina da Língua Portuguesa, questões de interpretação e criação de textos, síntese e leitura em geral. Por este motivo foi elaborado o Projeto HqE – Histórias em Quadrinhos na Escola, para justificar a leitura dos quadrinhos como auxilio no entendimento de temas complexos em que os alunos tem dificuldade de compreensão. Aulas de Literatura e Histórias em Quadrinhos Após apresentação e aprovação do projeto junto à direção da escola, foi apresentado aos professores no Núcleo de Linguagens e Códigos o projeto e a proposta de trabalhar os quadrinhos com a disciplina de Literatura no dia 13 de março de 2013, após dialogo com os professores foi acordado que trabalharíamos com os todos os alunos do segundo ano do 30162 ensino médio integrados aos cursos de informática e administração com o livro de Álvares de Azevedo, “Noite na Taverna” (que já estava no planejamento da disciplina) e sua adaptação em quadrinhos, roteirizada por Reinaldo Seriacopi e desenhada por vários quadrinistas. No planejamento para as aulas os temas abordados foram à origem das histórias em quadrinhos; entendo as histórias em quadrinhos; literatura, quadrinhos e o gênero de terror; totalizando 264 alunos em 11 turmas dos períodos da manhã e tarde. A atividade proposta para os alunos foi à criação de uma FANZINE dos principais autores do Romantismo, para que eles pesquisassem sua biografia e a estruturassem em formato de um roteiro de histórias em quadrinhos, que foi previamente explicado em aula. Toda esta atividade se deu dentro de sala aula e em grupos para que os alunos interagissem e compartilhassem o conhecimento, já que muitos dos alunos também desenham. Também foi solicitado aos alunos que escrevessem uma releitura dos contos de “Noite na Taverna”, todo material que os alunos produzirem será selecionado para uma exposição dentro das dependências do colégio, além de integrar um IBook que será disponibilizado para toda comunidade escolar. Gramática, Quadrinhos e Tecnologia A inclusão da tecnologia é um dos motivos para também é importante para a diversificação do trabalho pedagógico. Aplicativos “inteligentes” existem, para desenvolver nossas crianças nessa intensa era tecnológica. Os smartphones e tablets e tornam-se utilizados como meio educativo, sendo que em algumas escolas já possuem tablets. “Enquanto fazem, sua tarefa, as crianças ouvem sua música favorita no mp3 u em CD, respondendo a mensagens...” (VEEN & VRAKKEINH, 2009. p.32). Para isso fizemos uma convergência entre duas linguagens, unindo as Histórias em Quadrinhos e a Tecnologia, relacionando as novas e antigas tecnologias fazendo uma interação principalmente com as novas tecnologias midiáticas (LUIZ, 2013. p. 68). Nas aulas de Português é importante que os alunos entrem em contato com situações reais do uso da língua materna. Assim poderão explorar noções gramaticais, significados, contextos e variações linguísticas. Ensinar a estrutura da língua de forma prática auxilia os alunos tanto a escreverem melhor, quanto a interpretarem textos com maior facilidade. Buscando, portanto, uma concepção diferente do ensino de gramática, os alunos foram convidados a aplicar o conteúdo aprendido de maneira lúdica, aliando tecnologia e criatividade. 30163 Dessa forma, com a intenção de criar um projeto inédito que além de despertar a curiosidade dos alunos, possibilitasse um ambiente diferenciado nas aulas de português resolvemos unir as histórias em quadrinhos aos aplicativos do IPAD - por um lado, um gênero muito cobrado em vestibulares e concursos e, de outro, uma ferramenta que auxiliasse os alunos, não de maneira facilitadora, mas sim como um novo desafio. A ideia teve origem após a aplicação do projeto HqE nas aulas de literatura. Nesse primeiro momento, pode-se observar a identificação dos jovens com as histórias em quadrinhos, uma vez que permeiam suas escolhas de leitura. Além do gosto, o método se tornou atrativo, já que eles passaram da posição de leitores para a de produtores desse gênero. A fim de inserir novas possibilidades e desafios ao projeto, optamos pela utilização dos iPads no desenvolvimento da atividade com os alunos durante o estudo da gramática. Essa escolha inicialmente permitiu uma nova opção para os alunos que não se expressam bem através de desenhos e, com o decorrer das três etapas propostas para a confecção das tirinhas e histórias em quadrinhos, ficou evidente a autonomia que os estudantes obtiveram, já que tinham as ferramentas para pesquisar, revisar conteúdos e produzir um bom trabalho. Para desenvolver a atividade foram necessárias três aulas ministradas em sala, com a presença do professor e do responsável pelo projeto HqE, com a utilização de aplicativos e objetos educacionais para a produção das tirinhas e histórias em quadrinhos, abordando os modos verbais indicativo e subjuntivo. Na primeira etapa alguns objetos educacionais foram escolhidos para auxiliar na revisão de conteúdo, bem como na produção do trabalho final. Uma cruzadinha online sobre verbos para revisão, o site conjuga-me para consulta e alguns vídeos do YouTube com dicas de quadrinistas profissionais. Já na segunda etapa, os alunos produziram roteiros para organizar as ideias e descrever como ficariam os quadrinhos. Nesses roteiros explicaram, por exemplo, qual verbo haviam escolhido e se o trabalho seria colorido ou em preto e branco. Por fim, na terceira etapa, os estudantes produziram as tirinhas e histórias em quadrinhos com os aplicativos selecionados: Câmera Comics HD, Photo Comics, Zoodle Comics, Comic Book, Kaboom. Com esses aplicativos tornou-se possível desenhar, montar quadrinhos com fotos, editar e salvar o trabalho finalizado. Quando o trabalho foi proposto, as primeiras reações dos alunos foram de desconfiança e euforia, pois além de levarmos as HQs também levamos um IPAD para cada 30164 aluno utilizar nas aulas, para poderem produzir suas tiras e histórias com o tema “verbos” tendo como recursos os aplicativos disponíveis no dispositivo. Com os alunos dos 2º anos do Ensino Médio, o trabalhado foi realizado na disciplina de literatura com o objetivo de estimular a leitura dos livros propostos nos Planos de Aprendizagem, aqueles considerados “chatos” pelos alunos, por serem indicados em concursos e vestibulares. Para tanto, utilizamos os livros de literatura e suas adaptações em quadrinhos para o desenvolvimento das atividades e, como auxílio no processo de assimilação a utilização dos aplicativos dos IPADS, para que os alunos produzissem Histórias em Quadrinhos digitais. De forma tradicional ou com auxílio de outras ferramentas de produção de material digital. A pesquisa se tornou mais dinâmica com o uso dos tablets, pois durante a aula os alunos tinham acesso à internet o que tornou a tarefa mais participativa e prática. Já nas aulas de literatura com os alunos do quarto ano de informática verificamos a dificuldade e/ou falta de interesse pela leitura dos livros indicados nos vestibulares. Tendo em vista o cansaço e o nervosismo gerado pela etapa de escolha de uma profissão, decidimos utilizar estratégias para atrair os estudantes e, também, para tornar as aulas de literatura mais interessantes. Para tanto, ao final de cada bimestre, os alunos organizavam-se em grupos, escolhiam um entre os livros estudados no bimestre, e produziam tirinhas com dicas e spoilers sobre a leitura da obra, levando em consideração o autor, o enredo e a escola literária. A estratégia rendeu bons resultados e, ao final do ano, montamos uma revista digital com todas as tirinhas produzidas. Os estudantes receberam esse material via e-mail e puderam utilizar como revisão das obras literárias antes do tão temido vestibular, facilitando o estudo não só por torná-lo mais dinâmico, mas também mais divertido. Dessa forma, verificamos através das atividades desenvolvidas com os alunos do ensino médio que a união das linguagens representou além de uma mudança de postura em sala de aula, uma mudança na visão que os alunos tinham sobre o uso de tecnologias educacionais, pois além de receberem conteúdos, por meio de pesquisas, puderam criaram novos. Além dessas observações, é importante ressaltar que aprendemos muito com os estudantes e, também, com o trabalho desenvolvido, pois, os usos de meios tecnológicos implicam na criação de novas formas de ação e interação com o mundo e de se relacionar com indivíduos e consigo mesmo. 30165 Considerações Finais O uso das Histórias em Quadrinhos em sala de aula nos mostrou uma fonte de possibilidades para a diversidade do trabalho pedagógico, se mostrou uma ferramenta de incentivo à criatividade dos alunos e de motivação para os professores. É fundamental uma introdução à linguagem e ao histórico da Arte Sequencial para que os alunos e professores entendam que este gênero textual não deve ser apenas utilizado para entretenimento, mas como uma ferramenta didática importante, principalmente para o entendimento de temas mais complexos. As aulas se demonstraram mais prazerosas para ambos e o produto final, que foi o aprendizado dos alunos foi demonstrado com as produções criadas por eles. Percebemos que durante o projeto os alunos entraram contato com situações reais de uso da língua. As atividades abordaram conteúdos que serão cobrados para a entrada no Ensino Superior e, também em outros concursos, o que demonstra, sobretudo, a importância do estudo das tirinhas e da utilização da tecnologia educacional. Como resultado complementar o projeto trouxe incontáveis benefícios para aulas, criando um “espelho” que nos permitiu observar com mais nitidez o processo de aprendizagem dos alunos. O material produzido dentro de sala de aula serviu de conteúdo para a elaboração de murais que ficaram expostos nas dependências da escola, bem como se tornou um objeto educacional que auxiliará outros alunos. As estratégias pedagógicas utilizadas nas aulas permitiram que os alunos fossem protagonistas do ensino, tendo os professores como orientadores e mediadores das atividades, portanto os saberes que os alunos trouxeram, baseados em suas experiências, foram respeitados, assim como o estilo de aprendizagem de cada um. Com isso, eles ficaram mais a vontade para mostrar suas habilidades, interesses e uma criatividade incrível. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases 9394/96. Brasília. 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 09 de fevereiro 2013. BRASIL, Ministério da Educação. PCN-Ensino Médio. Brasília. 2000. Disponível em <http://www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em 02 fevereiro /2013. BRASIL, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Revista de Estudos Pedagógicos, vol. 2. nº6. 1944. Disponível em: 30166 http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/3505/2105. 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