Anais - Estado do Paraná
Transcrição
Anais - Estado do Paraná
Umuarama, PR 1 ANAIS DA VI MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA E II MOSTRA DE TRABALHOS DE EXTENSÃO RURAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA 20 a 24 de SETEMBRO de 2010 TIRAGEM 500 EXEMPLARES Organizadores Prof. Dr. Tiago Roque Benetoli da Silva Prof. Drª. Cláudia Regina Dias-Arieira Prof. Drª. Juliana Parisotto Poletine Normalização Técnica Juliana Parisotto Poletine Yara Camila Fabrin Cabral A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos são de exclusiva responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada à fonte. 2 3 4 ANAIS DA VI MOSTRA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DE AGRONOMIA E II MOSTRA DE TRABALHOS DE EXTENSÃO RURAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS REGIONAL DE UMUARAMA ANO 2010 Reitor: Décio Sperandio Diretor do Centro de Ciências Agrárias: Prof. Dr. Bruno Luiz Domingos De Angelis Chefe do Departamento de Ciências Agronômicas: Prof. Dr. Tiago Roque Benetoli da Silva Chefe Adjunto do Departamento de Ciências Agronômicas: Prof. Dr a. Cláudia Regina Dias - Arieira COMISSÃO ORGANIZADORA _____________________________________________________________________ Dr. Tiago Roque Benetoli da Silva (Coordenador) Dra. Cláudia Regina Dias-Arieira (Vice-Coordenadora) Dra. Juliana Parisotto Poletine Dr. Leandro Paiola Albrecht Dr. Leandro Boch da Silva Volk Ivan Walisson Carrito Renan Alenbrant Migliavacca (Presidente do Centro Acadêmico) Willian Fagner Pereira (Vice-Presidente do Centro Acadêmico) Rafaela Alenbrant Migliavacca Vinícius Hicaro Frederico Abe Rafael Petineli Marcelo Henrique Brandalise Lucas Pastre Dill Beatriz Tomé Gouveia Ana Cláudia Mascarello Erick Zobiole Marinellí Yara Camila Fabrin Cabral Alex Eduardo Zaniboni Diego Beltrame Rodrigues Juliano Bortoluzzi Lorenzetti Lais Fernanda Fontana COMISSÃO CIENTÍFICA _____________________________________________________________________ Juliana Parisotto Poletine Yara Camila Fabrin Cabral ORGANIZADORES _____________________________________________________________________ Tiago Roque Benetoli da Silva Cláudia Regina Dias-Arieira Juliana Parisotto Poletine 5 Sumário INFLUÊNCIA DA LASTRAGEM LÍQUIDA DE TRATOR AGRÍCOLA NA ÁREA 11 DE SOLO MOBILIZADO E RECALQUE................................................................. Lucas S. Doimo; Walter F. Frohlich; Carlos Fernando I. Moretti; Jean C. Morando; Vítor H. D. Nogueira; Fabrício Leite e Leandro B. da Silva Volk REAÇÃO DE CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR A MELOIDOGYNE 15 PARANAENSIS........................................................................................................ Fábio Biela; Cláudia R. Dias-Arieira; Tatiana P. L. Cunha; Fernando M. Chiamolera; Simone M. Santana; Heriksen H. Puerar e Vinícius H. F. Abe DESENVOLVIMENTO DA PARTE AÉREA DE MILHO SUBMETIDO À 19 APLICAÇÃO DE TORTA DE FILTRO..................................................................... Cleber de Oliveira Santini; Antonio Nolla; Eduardo Jamir Paes Vila e Thiago R. B. da Silva DESEMPENHO DE SEMENTES DE CRAMBE, COM E SEM PERISPERMA, 24 SUBMETIDAS A CONDIÇÕES SIMULADAS DE ESTRESSE HÍDRICO............... Yara Camila Fabrin Cabral; Marizangela Rizzatti Ávila; Willian Fagner Pereira e Erick Zobiole Marinélli DESEMPENHO AGRONÔMICO E TEORES DE ÓLEO E PROTEÍNAS NAS 28 SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB APLICAÇÃO DE GLYPHOSATE EM DIFERENTES ESTÁDIOS................................................................................. André Felipe M. Silva; Magnum R. da Silva; Leandro P. Albrecht; Éder P. Gomes; André P. Barbosa e Matheus A. Mendes DESEMPENHO DAS PLANTAS DE TRIGO SOB EFEITO DE REGULADORES 32 DE CRESCIMENTO E DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO........................... André Felipe M. Silva; André P. Barbosa; Matheus A. Mendes; Lucas B. Battisti; Leandro P. Albrecht e Alfredo Júnior. P. Albrecht DOSAGEM IDEAL DE VINHAÇA PARA O CULTIVO DE MILHO EM SOLO 35 ARENOSO................................................................................................................ Eduardo Jamir Paes Vila; Antonio Nolla; Cleber de Oliveira Santini e Leandro B. da Silva Volk INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE TORTA DE FILTRO NO 40 DESENVOLVIMENTO RADICULAR DA CULTURA DO MILHO CULTIVADA EM SOLO ARENOSO..................................................................................................... Eduardo Jamir Paes Vila; Antonio Nolla;Cleber de Oliveira Santini e Tiago Roque B. da Silva 6 PERFILHAMENTO DE CANA DE AÇÚCAR E ATRIBUTOS QUÍMICOS DE UM 45 ARGISSOLO SUBMETIDO À DOSES DE CALCÁRIO E ESCÓRIA DE SIDERURGIA........................................................................................................... Cleber de Oliveira Santini; Antonio Nolla; Eduardo Jamir P.Vila e Leandro B. da Silva Volk PRODUTIVIDADE DE SEMENTES DE TRIGO PRODUZIDAS SOB 50 DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DIFERENTES NÍVEIS DE COBERTURA VEGETAL.............................................................................. Ligia M. Maraschi-Silva; Thiago A. Ortiz; Rafaela A. Migliavacca; Marizangela R. Ávila; Willian F. Pereira e Erick Z. Marinelli QUALIDADE FISIOLÓGICA E SANITÁRIA DE SEMENTES DE SOJA 55 TRANSGÊNICA SOB APLICAÇÃO DE GLYPHOSATE EM DIFERENTES ESTÁDIOS................................................................................................................ André P. Barbosa; Allan V. Sacuchi; Leandro P. Albrecht; Éder P. Gomes; André Felipe M. Silva e Matheus A. Mendes DOSES DE VINHAÇA E DESENVOLVIMENTO RADICULAR DA 59 CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM LATOSSOLO ARENOSO DO NOROESTE PARANAENSE......................................................................... Cleber de Oliveira Santini; Antonio Nolla; Eduardo Jamir P.Vila e Leandro B. da Silva Volk PRODUTIVIDADE, QUALIDADE E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE SEMENTES 64 DE GIRASSOL (HELIANTHUS ANNUS L.) CULTIVADO SOB DIFERENTES Kc............................................................................................................................. Rafaela Alenbrant Migliavacca; Kalina Sala Michelan; Thiago Alberto Ortiz; Lígia Maria Maraschi-Silva; Marizangela Rizzatti Ávila e Éder Pereira Gomes DESEMPENHO DE PLÂNTULAS DE MILHO TRANSGÊNICO SOB EFEITO DO 69 TRATAMENTO DE SEMENTES COM BIORREGULADOR................................... André P. Barbosa; André Felipe M. Silva; Rafaela A. Migliavacca; Leandro P. Albrecht; Matheus A. Mendes e Alfredo Júnior P. Albrecht MANEJO DE MELOIDOGYNE INCOGNITA UTILIZANDO EFLUENTES DE 73 BIODIGESTOR A BASE DE REPOLHO, ALHO E PIMENTA................................. Rafael M. Mattos; Tereza C. Sassaki; Heriksen H. Puerari; Tatiana P. L. Cunha; Fabio Biela; Fernando M. Chiamolera; Cláudia R. Dias-Arieira QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO PRODUZIDAS SOB 77 DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DIFERENTES NÍVEIS DE COBERTURA........................................................................................................... Thiago A. Ortiz; Lígia M. Maraschi-Silva; Marizangela R. Ávila; Rafaela A. Migliavacca; Yara C. F. Cabral e Éder P. Gomes 7 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB 81 TRATAMENTOS COM BIORREGULADOR............................................................ Matheus A. Mendes; Leandro P. Albrecht; Alfredo Junior P. Albrecht; Alessandro L. Braccini; Marizangela R. Ávila; André P. Barbosa; André Felipe M. Silva; Rafaela A. Migliavacca CRESCIMENTO INICIAL DE EUCALYPTUS GRANDIS TRATADO COM 85 DIFERENTES DOSES DE LODO DE ESGOTO NO NOROESTE DO PARANÁ... Thiago Henrique Oro; Erci Marcos Del Quiqui; Douglas Kaplum; Hiales Carpine Fodra; Diego Luiz Ferreira; Juliano Sartori Emerick EFEITO DE SUBSTRATO ALTERNATIVO E COMERCIAL NO 90 DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE Eucalyptus grandis................................. Alan Cesar Zanco; Erci Marcos Del Quiqui; Jean Carlo Possenti; Rodrigo Gonçalves de Oliveira; Tatiana Pagan Loeiro da Cunha AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE EUCALIPTUS AOS 30 MESES PARA O 95 NOROESTE DO PARANÁ....................................................................................... Renan Alenbrant Migliavacca; Erci Marcos Del Quiqui; Alex Eduardo Zaniboni; Lucas Pastre Dill; Jean Carlo Possenti RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO PARA DIFERENTES PRESSÕES 100 DE INFLAÇÃO DOS PNEUS DE UM TRATOR AGRÍCOLA.................................. Alan Antoniassi; Lucas da Silva Doimo; José Augusto Kaplum; Walter Felipe Frohlich; Fabrício Leite e Leandro B. S. Volk COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE CAFEEIRO EM SOLO INFESTADO 104 POR MELOIDOGYNE SPP. .................................................................................... Vinicius H. F. Abe; Cláudia R. Dias-Arieira; Simone M. Santana; Fernando M. Chiamolera; Tatiana P. L. da Cunha; Fabio Biela; Heriksen H. Puerari, Diego B. Rodrigues EFICIÊNCIA DO PARCELAMENTO E MODO DE APLICAÇÃO DE 109 NITROGÊNIO NA CULTURA DA ALFACE............................................................. Jéssica da Silva Santos; Andressa Brandão; Franciele Moreira Golçalves; Luma Alana Vieira Henrique; Rerison Catarino da Hora EFICIÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE TORTA DE FILTRO NO 113 DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DE MILHO................................................... Eduardo Jamir Paes Vila; Antonio Nolla; Cleber de Oliveira Santini e Leandro B. da Silva Volk LEVANTAMENTO DO NÚMERO DE PLANTAS DANINHAS EM DIFERENTES 118 PROFUNDIDADES DO SOLO DE ÁREAS SOB DIFERENTES MANEJOS.......... ; Willian F. Pereira; Erick Z. Marinélli; Yara C. F. Cabral ; Marizangela R. Ávila e Manoel G. Pequeno 8 SOBRESSEMEADURA DE CULTIVARES DE AVEIA E CENTEIO EM CAPIM 122 MOMBAÇA IRRIGADO............................................................................................ Eduardo P. Ribeiro; Max E. Rickli; Ulysses Cecato; Camila V. Viana; André P. Barbosa; Matheus A. Mendes; Eder P. Gomes LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DE PLANTAS DANINHAS EM 127 DIFERENTES MANEJOS DE SOLO ATRAVÉS DA EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS............................................................................................................ ; Erick Zobiole Marinélli; Yara Camila Fabrin Cabral Willian Fagner Pereira; Marizangela Rizzatti Ávila;Manoel Genildo Pequeno DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE MILHO SUBMETIDO À 131 APLICAÇÃO DE ADUBAÇÃO MINERAL E DIFERENTES DOSES DE RESÍDUO DE FILMES RADIOGRÁFICOS.............................................................. Renan Alenbrant Migliavacca; Antonio Nolla; Edmilson C Bortoletto; Tiago Mazetto; Célia Regina Granhen Tavares AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE AZOSPIRILLUM 135 BRASILENSE EM ASSOCIAÇÃO COM BRADYRHIZOBIUM JAPONICUM SOBRE AS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DA CULTURA DA SOJA..... Mauro Cezar Barbosa; Glenberson G. Piccinin; Anderson F. Biani; Cleison G. Piccinin; Alex Ortix; Paulo V. Demenck; Alessandro de Lucca e Braccini 9 Apresentação Atualmente o mercado de trabalho está bastante seletivo e apenas profissionais qualificados encontram espaço para seu desenvolvimento profissional. Para isso, o ensino superior de qualidade auxilia nessa etapa importante, sendo a Universidade Estadual de Maringá - UEM, uma das mais destacadas e conceituadas dentre as Instituições de Ensino Superior do Brasil. A UEM está localizada no Noroeste do Paraná, sendo organizada nos campus de Maringá, Umuarama, Cianorte, Goioerê, Diamante do Norte e Cidade Gaúcha, além da Fazenda Experimental de Iguatemi, da Base Avançada de Pesquisa em Porto Rico e do Centro de Pesquisa em Piscicultura em Floriano. No Campus Regional de Umuarama, dentre os cursos existentes, há o conceituado curso de Agronomia, um dos melhores do Brasil, formando profissionais capazes de atuar com brilhantismo nas áreas de ensino, extensão e pesquisa. Para aprimorar conhecimentos na área agronômica, no ano de 2010 é realizada a XIII Semana Acadêmica de Agronomia – SEAGRO e a VI Mostra de Trabalhos Científicos de Agronomia e II Mostra de Trabalhos em Extensão Rural, proporcionando atividades como palestras, mini cursos, bem como a apresentação de trabalhos científicos. O evento é de grande importância na região, pois engloba a realidade do cultivo na região do arenito, atraindo a participação de profissionais e acadêmicos da área de Ciências Agronômicas. É com enorme satisfação que lançamos, aqui, a versão digital dos anais, contendo os trabalhos aprovados e apresentados na XIII SEAGRO realizada em setembro de 2010. Com esta iniciativa, estamos promovendo a possibilidade de divulgar ainda mais os avanços tecnológicos desenvolvidos na área de agronomia. Que esse conjunto de trabalhos possa auxiliar na solução de problemas regionais, almejando a sustentabilidade, assim como demonstrar o avanço científico alcançado pelo curso de Agronomia da UEM – Umuarama. Prof. Dr. Tiago Roque Benetoli da Silva Chefe do Departamento de Ciências Agronômicas 10 INFLUÊNCIA DA LASTRAGEM LÍQUIDA DE TRATOR AGRÍCOLA NA ÁREA DE SOLO MOBILIZADO E RECALQUE Lucas S. Doimo1; Walter F. Frohlich1; Carlos F. I. Moretti1; Jean C. Morando1; Vítor H. D. Nogueira1; Fabrício Leite1 e Leandro B. S. Volk1 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas – Campus de Umuarama - PR INTRODUÇÃO A tração é influenciada diretamente pelo sistema rodado-solo que varia de acordo com o tipo de solo e pneu (YANAI et al., 1999). Quando se passa da condição de pista de concreto para terreno agrícola, é justamente na interface rodado-solo onde as perdas de potência se tornam mais críticas (MIALHE, 1991). Baixos níveis de lastragem líquida ou altas cargas podem levar a uma sobrecarga nos pneus, provocando grandes deformações no solo. Estas deformações no solo são a área de solo mobilizada e o tamanho da profundidade do recalque do pneu no solo (PAULA, 2008). A utilização do trator numa propriedade é variada, devendo-se considerar que tipos de lastragem inadequadas representam elementos negativos para a maior parte, culturais, induzindo a compactação do solo, a emissão de gases poluentes ao ambiente e aumento do consumo de combustível durante a execução do trabalho (MAZETTO, 2004). A massa do trator influi diretamente no desempenho a campo deste, sendo importante também na definição da aptidão na execução de determinadas tarefas (BIONDI et al., 1996; LINARES, 1996), portanto, o correto ajuste da lastragem de um trator é essencial para a execução de determinadas tarefas e fundamental para um maior rendimento da máquina. Em vista do exposto, o objetivo deste trabalho é analisar a influência da lastragem líquida sobre área de solo mobilizado e profundidade do recalque. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em área pertencente à Universidade Estadual de Maringá - UEM - Campus de Umuarama - PR, em um LATOSSOLO VERMELHO 11 Distrófico típico, de textura arenosa. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, composto por três blocos, três parcelas e quatro repetições. Cada parcela tem área de 70 m² (3,5 x 20 m), com espaçamento entre parcelas de 2m, 5 m utilizados no início de cada parcela para aceleração do trator, 10 m de onde eram coletados os dados para realização do experimento e 5 m ao final da parcela para desaceleração e manobra do trator. Os três tratamentos foram compostos por três níveis de lastragem líquida L1, L2 e L3, representando 75, 50 e 25% de água. No experimento foi utilizado trator da marca JOHN DEERE modelo 7515 de 103kw (140cv) trabalhando na marcha B4 a 1900 rpm desenvolvendo uma velocidade de 8 km.h-1 com 18 psi de pressão nos pneus com a tração dianteira auxiliar (TDA) ligada e também foi utilizado uma enxada rotativa para fazer as pistas e realizar os ensaios experimentais. Na determinação da área mobilizada, utilizou-se um perfilômetro com distância entre haste de 4 cm. A leitura do perfilômetro foi feita a partir da área de solo mobilizado pelo rodado do trator, também com o perfilômetro foi determinado à altura do recalque. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância a 5 % de probabilidade (P<0,05) e, quando significativas, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme pode ser observado na Tabela 1, os valores obtidos de área de solo mobilizado foram significativos com a variação da lastragem, ao nível de 5% de probabilidade. O mesmo observou-se para o valor do recalque com a variação da lastragem, também foi significativo ao nível de 5% de probabilidade. Tabela 1. Valores médios de área mobilizada (AM) e recalque (R) para três níveis de lastragem de líquida no pneu, L1 (75%), L2 (50%) e L3 (25%). TRATAMENTOS AM (cm²) R (cm) L1 851,04 a 14,5 a L2 792,04 ab 13,12 b L3 763,41 b 13 b MÉDIA GERAL 802,16 13,5 C.V. (%) 7,90 6,40 12 1 Médias com letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). Na Tabela 1 o valor que se destacou de área do solo mobilizado foi o L1, pois nesta condição o trator estava lastrado com 75% de água em todos os pneus, sendo assim seu peso total era maior e consequentemente resulta em maior resistência ao deslocamento da máquina e aumento no consumo de combustível, conforme exposto MAZETTO (2004). Na condição L2, observa-se que o valor de área de solo mobilizado não diferiu significativamente para o valor de L1 nem para L3. Entretanto, para o valor de L3 houve diferença significativa em relação a L1, a justificativa para isso é que nesta condição a lastragem tem 50% menos água do que em L1, portanto 50% menos peso. Portanto o tratamento L3 mostrou-se a melhor condição para operação com a máquina sendo o valor que apresenta a menor deformação do solo. Observando os valores de recalque o valor que se destaca é o tratamento L1, sendo este o maior valor de recalque. Os valores de recalque L2 e L3 não apresentaram uma diferença significativa entre si. Figura 1. Relação entre área de solo mobilizado e três lastragens líquidas. Figura 2. Relação entre recalque e três níveis de lastragem líquida. 13 CONCLUSÃO Com a realização deste trabalho conclui-se que, conforme maior for a lastragem utilizada, maiores serão a área de solo mobilizado e altura do recalque, o que pode ocasionar maior consumo de energia, conforme diminui-se as lastragens menores serão as deformações no solo. REFERÊNCIAS BIONDI, P. et al. Technical trends of tractors and combines (1960-1989) based on Italian type-approval data. Journal of Agricultural Engineering Research, v.65, p.114, 1996. LINARES, P. Teoría de la tracción de tractores agrícolas. Madrid : ETSIA, 1996. 157p. Apuntes Didácticos Departamento de Publicaciones de la Escuela Técnica Superior de Ingenieros Agrónomos. MAZETTO, F.R. Avaliação das metodologias de determinação das áreas de contato e deformações elásticas de pneus agrícolas em função das pressões de inflação e cargas radiais. 2004. 100 f. Dissertação (Mestrado em Energia na Agricultura) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2004. MIALHE, L.G. Gerência de sistema tratorizado vs operação otimizada de tratores. Piracicaba: ESALQ/USP, 1991. 30 p. PAULA, C. A. Desenvolvimento de um perfilômetro laser para determinação da área e volume de contato entre o pneu e o solo. 2008. 96 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, 2008. YANAI, K.; SILVEIRA, G.M.; LANÇAS, K.P.; CORRÊA. I.M.; MAZIERO, J.V.G. Desempenho operacional de trator com e sem acionamento da tração dianteira auxiliar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.8, p.1427-34,1999. 14 REAÇÃO DE CULTIVARES DE CANA-DE-AÇÚCAR A MELOIDOGYNE PARANAENSIS Fábio Biela1; Cláudia R. Dias-Arieira1; Tatiana P. L. Cunha 1; Fernando M. Chiamolera1; Simone M. Santana1; Heriksen H. Puerari1; Vinícius H. F. Abe1 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama - PR INTRODUÇÃO Diversos condicionantes gêneros da de produção fitonematóides são agrícola Saccharum de reportados spp. como fatores (MOURA & ALMEIDA, 1981). Mais de 310 espécies, filiadas à pelo menos 48 gêneros, já foram encontrados nas raízes e no solo da rizosfera desta cultura, alguns causando significativas reduções de produtividade (CADET & SPAULL, 2005). Dentre as espécies de nematóides que atacam a cana-de-açúcar, as principais limitantes da produção pertencem ao gênero Meloidogyne. A importância dos nematóides de galhas para a cultura da cana-de-açúcar pode ser especialmente verificada quando se avalia o aumento na produtividade devido ao controle destes patógenos, conforme foi constatado nos trabalhos realizados por DINARDOMIRANDA et al. (1995). O plantio de variedades resistentes é a solução ideal para o problema com os nematóides na agricultura (NOVARETTI et al., 1988). O comportamento dos híbridos de cana-de-açúcar frente às populações de nematóides é variável. DINARDO-MIRANDA et al. (1995), estudando no campo o comportamento de variedades de cana-de-açúcar a M. javanica, observaram que 12 dos materiais avaliados apresentaram suscetibilidade ao nematóide, com incrementos na produção devido ao controle deste patógeno. Até o presente, são poucos os estudos avaliando o comportamento de variedades de cana-de-açúcar frente aos nematóides de galhas. No que tange à espécie M. paranaensis nenhum trabalho foi realizado até o momento, apesar desta espécie ter sido constatada em uma área de plantio de cana-de-açúcar do Paraná (SEVERINO et al., 2008). Assim o presente trabalho teve como objetivo avaliar a 15 suscetibilidade de variedades de cana-de-açúcar ao nematóide de galhas M. paranaensis. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional de Umuarama. Os materiais selecionados para esse estudo foram as cultivares CTC 11, CTC 12, CTC 13, CTC 14, CTC 15, CTC 16, CTC 17 e CTC 18. Inicialmente os toletes das variedades de cana de açúcar foram cortados para a retirada das gemas, as quais foram colocadas em recipiente gerbox, com papel absorvente e água, permanecendo por seis dias no aparelho germinador. Posteriormente, foram transferidos para bandejas de polietileno contendo areia autoclavada, dando condições para as gemas emergirem, permanecendo por aproximadamente 15 a 20 dias. Cada muda foi transplantada para vaso de 3 L contendo uma mistura de solo:areia (2:1), previamente autoclavada. O inóculo de M. paranaensis foi preparado a partir de populações puras, mantidas em tomateiro cv. Santa Cruz Kadá. O inóculo foi obtido através da metodologia de BONETI & FERRAZ (1981), sendo a suspensão calibrada para 1000 ovos + J2 em 1 mL de água, com auxílio de lâmina de Peters e microscópio óptico. A inoculação foi realizada utilizando-se 4 mL da suspensão do inóculo, uniformemente distribuída em quatro orifícios de 2 a 4 cm de profundidade, ao redor da planta. Após 60 dias da inoculação, as plantas foram retiradas dos vasos, separando-se o sistema radicular e parte aérea. Na parte aérea foram feitas as avaliações de altura de planta, sendo medido, em centímetros, da base do caule da planta até a maior folha presente, peso da massa fresca e peso seco, em balança semi-analítica. As raízes foram lavadas cuidadosamente com água corrente, descartando-se o tolete que gerou a nova planta. Posteriormente foram pesadas e submetida a extração do nematóide seguindo a metodologia acima citada. O material obtido foi avaliado sob microscópio óptico e os valores obtidos, correspondentes à população final, foram plotados na fórmula FR = (Pf/Pi), onde FR, Pf e Pi correspondem a fator de reprodução, população final e população inicial, respectivamente (OOSTENBRINK, 1966). 16 Após a retirada da cana-de-açúcar, uma plântula de tomateiro cv. Santa Cruz Kadá foi transplantada para cada vaso, para realização do bioteste. As plantas permaneceram nos vaso durante 30 dias e, após esse período, as raízes foram avaliadas quanto ao número de galhas e ovos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todas as cultivares de cana-de-açúcar comportaram-se como suscetíveis a M. paranaensis, ou seja, apresentaram FR>1 (Tabela 1). As cultivares CTC 15 e CTC 16 foram as que apresentaram maior população final do nematóide, com número de ovos superior a 12.000. Estes resultados são importantes, visto que muitos canaviais paranaenses estão sendo implantados em áreas nas quais durante muitos anos foi cultivado o café, havendo na região relato desta espécie associada a cana-de-açúcar (SEVERINO et al., 2008). Apesar de não haver diferença estatística entre o número de ovos deste nematoide, observou-se que o FR variou de 1,4 a 3,3, para as variedades CTC17 e CTC 15, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1. População final (PF) e fator de reprodução (FR) de Meloidogyne paranaensis em variedades de cana-de-açúcar do grupo CTC, número de galhas e ovos no bioteste (tomateiro) e valores relacionados ao desenvolvimento da cana-de-açúcar após sessenta dias de inoculação com 4.000 espécimes do nematóide FR Galhas bioteste Ovos bioteste Altura (cm) PFPA (g) PSPA (g) PFRA (g) 1º. Experimento CTC 11 8.296ns 2,1 142b 7.160b 1,26a 12,31ns 4,24ns 34,17a CTC 12 8.106 2,0 192b 13.940b 1,01bc 11,59 3,98 19,00b CTC 13 9.087 2,3 217b 7.602b 0,10bc 10,27 4,25 22,54ab CTC 14 11.599 2,9 156b 10.076b 0,87c 11,21 2,94 16,42b CTC 15 13.135 3,3 353b 12.694b 1,08b 15,22 4,70 34,43a CTC 16 12.027 3,0 1.069ª 37.978a 0,99bc 12,48 3,13 23,41ab CTC 17 5.702 1,4 236b 7.534b 1,05b 11,70 4,07 23,81ab CTC 18 10.509 2,6 320b 16.485b 1,14ab 13,79 4,56 23,95ab Variedade PF FR = fator de reprodução (= população final/população inicial) (OOSTENBRINK, 1966). PFPA = peso fresco da parte aérea; PSPA = peso seco da parte aérea; PFRA = peso fresco da raiz. Dentro de um mesmo experimento, médias na coluna seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% de probabilidade; ns = não significativo a 5% de probabilidade. 17 Dos parâmetros vegetativos avaliados apenas dois apresentaram diferença estatística entre si: altura de planta e peso fresco da raiz. Para estes, a CTC 14 foi a variedade que apresentou maior redução, enquanto a CTC 11 apresentou melhor desenvolvimento. CONCLUSÃO Todas as cultivares de cana-de-açúcar foram suscetíveis a M. paranaensis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONETI, J. I. S.; FERRAZ, S. Modificação do método de Hussey e Barker para extração de ovos de Meloidogyne exigua de raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, v. 6, p. 553, 1981. CADET, P.; SPAULL, V. W. Nematodes parasites of sugarcane. In: LUC, M.; SIKORA, R. A.; Bridge, J. (Eds). Plant Parasitic Nematodes in Subtropical and Tropical Agriculture. 2ª. Ed. Cambridge, MA: CABI Publishing. Pp. 645-674. 2005. DINARDO-MIRANDA, L. L.; NOVARETTI, W. R. T.; MORELLI, J. L.; NELLI, E. J. Comportamento de variedades de cana-de-açúcar em relação a Meloidogyne javanica em condições de campo. Nematologia Brasileira, v. 19, n. 2, p. 60-66, 1995. MOURA, R. M.; ALMEIDA, A. V. Estudos preliminares sobre a ocorrência de fitonematóides associados à cana-de-açúcar em áreas de baixa produtividade agrícola no estado de Pernambuco. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE NEMATOLOGIA, 5, 1981, Piracicaba. Anais... Piracicaba, 1981. p. 213-220. NOVARETTI, W. R. T.; CARDERÁN, J. O.; CARPANEZI, A.; RODRIGUES, J. C. S. Comportamento de três variedades de cana-de-açúcar em relação ao nematóide das lesões das raízes Pratylenchus zeae GRAHAM, 1951. Nematologia Brasileira, v. 12, p. 110-120, 1988. OOSTENBRINK, R. Major characteristics of the relation between nematodes and plants. Mededeelingen der Landbouw-Hoogeschool, v. 66, p. 1-46, 1966. SEVERINO, J. J.; DIAS-ARIEIRA, C. R.; TESSMANN; D. J.; SOUTO, E. R. Identificação de populações de Meloidogyne spp. parasitas da cana-de-açúcar na região Noroeste do Paraná pelo fenótipo da isoenzima esterase. Nematologia Brasileira, v. 33, n. 3, p. 206-21, 2008. 18 DESENVOLVIMENTO DA PARTE AÉREA DE MILHO SUBMETIDO À APLICAÇÃO DE TORTA DE FILTRO Cleber de Oliveira Santini1; Antonio Nolla1; Eduardo Jamir P. Vila2 e Thiago R. B. da Silva1 Primeiro autor: Apresentador. [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama -PR 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Agronomia – Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO O crescente interresse pelo cultivo de culturas comerciais em áreas de solos arenosos, é decorrente da expansão do setor agrícola no país, a qual nos últimos anos sofre expansão em virtude da geração de alimentos. Contudo, estes solos são caracterizados pelos baixos teores de argila (<150 g Kg-1), elevados teores de alumínio (>0,5 cmol c kg-1) e elevada acidez, condições estas que tornam indispensável a utilização de fertilizantes químicos ou orgânicos para o cultivo de culturas com elevado potencial produtivo (Nolla et al., 2009). Uma alternativa utilizada em solos arenosos tem sido a utilização de resíduos orgânicos, por apresentarem menores problemas relacionados à volatilização e lixiviação de nutrientes, quando comparados à fontes minerais. Esta prática vem sendo empregada em áreas de cultivo com cana de açúcar, de forma que os resíduos oriundos do processo industrial da cana de açúcar são utilizados como fertilizante orgânico (Nardin, 2007). Nardin (2007) estudando a aplicação de torta de filtro (60 t ha -1), em Argissolo (250 g Kg-1 de argila), observou que os teores de Ca e P no solo, aumentaram 14 e 2,25 vezes respectivamente em relação aos teores originais do solo. Perante a escassez de bibliografia para solos arenosos, objetivou-se determinar a influência da aplicação de torta de filtro no desenvolvimento de milho e nos atributos químicos de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico, bem como estabelecer critérios e dosagens ideais de fertilização. MATERIAL E MÉTODOS Foi instalado um ensaio na área experimental da Universidade Estadual de Maringá, campus de Umuarama. No ano de 2009, coletaram-se amostras de um 19 Latossolo Vermelho distrófico psamítico arenoso, originalmente sob campo natural, cuja descrição dos atributos químicos (0-20 cm) está apresentada na Tabela 1. Coletaram-se amostras do Latossolo, as quais foram secas e peneiradas. Acondicionou-se 3 kg do solo em colunas de PVC (20 x 15 cm). Incorporou-se, no solo, doses de torta de filtro equivalentes a 0, 25, 50, 100, 200 e 400 t ha-1. Tabela 1: Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural pH Al 2+ Ca Mg 2+ ...................cmolc dm-3................... H2O 5,30 2+ 3+ 0,2 Ca , Mg 2+, 3+ Al 1,67 - extraídos com KCl 1 mol L 0,63 -1 + K P ..........mg dm -3.......... 74,29 6,30 V m Argila ........% ........ g kg-1 36,78 7,43 120 P, K – extraídos com Melhlich 1 O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições. Cultivou-se milho (2 plantas por vaso), por 45 dias, mantendo-se a umidade próxima à capacidade de campo. Aplicou-se 90 kg ha-1 de N (sulfato de amônio), 50% na emergência e 50% após 15 dias. No final do cultivo, as plantas de milho foram cortadas rente ao solo, determinando-se o diâmetro do caule (região do coleto), altura das plantas, massa de matéria verde e seca das partes aérea e radicular. O solo proveniente das colunas foi seco e peneirado (2 mm), determinadose o pH H2O, Ca+2, Mg+2, Al+3, K+ e P, todos conforme Tedesco et al. (1995). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo software SISVAR e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO As equações obtidas através da relação dos atributos químicos do solo e as doses crescentes de torta de filtro apresentaram significância (Tabela 2) para os atributos pH-H2O, Ca, Mg, saturação por bases e saturação por alumínio. A partir da primeira derivada das equações de regressão descritas na Tabela 2, as quais relacionam atributos químicos do solo com parâmetros de planta, pode-se calcular o máximo obtido pelos atributos químicos do solo a fim de se determinar um critério para fertilização com uso da torta de filtro. A aplicação da torta de filtro aumentou o pH e reduziu a saturação por alumínio no solo, (Tabela 3). Resultado este associado 20 ao efeito quelante da matéria orgânica sobre o alumínio e diminuição da acidez, atribuindo propriedades corretivas de acidez a este resíduo (KORNDOFER E ANDERSON, 1997). Tabela 2: Equações de regressão relacionando atributos químicos do solo e doses de torta de filtro aplicadas em um Latossolo Vermelho Psamítico ATRIBUTOS QUÍMICOS pH ÁGUA PARÂMETROS PLANTA MASSA SECA PARTE AÉREA EQUAÇÃO Y = - 46,067X² + 520,27X - 1451,4 AJUSTE 0,63** ALTURA PLANTA Y = - 85,127X² + 968,09X - 2664,9 0,63** MASSA SECA RADICULAR Y = - 124,55X² + 1405,9X - 3889,8 0,66** MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 0,356X² + 4,2419X + 5,3886 0,47 ALTURA PLANTA Y = - 0,8039X² + 10,527X + 57,197 0,54** MASSA SECA RADICULAR Y = - 0,9426X² + 11,112X + 45,788 0,50 n.s. MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 19,144X² + 32,788X + 4,5592 0,52** ALTURA PLANTA Y = - 38,23X² + 70,83X + 57,673 0,56** MASSA SECA RADICULAR Y = - 51,537X² + 87,75X + 43,089 0,55** MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 0,0134X² + 0,5056X + 9,8345 0,34 n.s. ALTURA PLANTA Y = - 0,0457X² + 2,3247X + 57,185 0,30 n.s. MASSA SECA RADICULAR Y = - 0,0355X² + 1,3052X + 57,66 0,36 n.s. MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 0,0013X² + 0,1791X + 11,63 0,44 n.s. ALTURA PLANTA Y = - 0,0029X² + 0,4393X + 72,683 0,46 n.s. MASSA SECA RADICULAR Y = - 0,0036X² + 0,4764X + 62,01 0,47 n.s. MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 0,0215X² + 2,1301X - 33,535 0,71** ALTURA PLANTA Y = - 0,04X² + 4,1132X - 15,138 0,77** MASSA SECA RADICULAR Y = - 0,0573X² + 5,6588X - 57,685 0,73** MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 0,2285X² + 1,6747X + 13,873 0,44 n.s. ALTURA PLANTA Y = - 0,1181X² - 0,5902X + 81,17 0,56** MASSA SECA RADICULAR Y = - 0,6682X² + 5,241X + 67,377 0,42 n.s. n.s. 2+ Ca Mg 2+ K+ P2O5 V% m% . **significativo a 5% de probabilidade; n.s.= não significativo 21 No presente trabalho, o ponto de máximo de torta de filtro aumentou a concentração de cálcio em 3,92 vezes, o que certamente está atribuído à baixa concentração (6,50%) de Ca no resíduo testado. Em relação ao Mg, observou-se que, na média, o melhor desenvolvimento da cultura do milho ocorreu quando foi alcançado 0,88 cmol c dm-3, observando-se significância para todos os atributos do milho testados. Tabela 3: Valores de referência para índices de fertilidade do solo baseadas no máximo atingido pelos atributos químicos de um Latossolo Vermelho PARÂMETROS PLANTA MASSA SECA PARTE AÉREA ALTURA PLANTA MASSA SECA RADICULAR MÉDIA ATRIBUTOS QUÍMICOS pH ÁGUA Ca2+ Mg2+ V m -3 2,5:1 --------cmolc dm -------- -------------%------------5,6 0,86 49,54 5,7 6,55 0,93 51,41 2,49 5,6 0,85 49,38 5,6 6,55 0,88 50,11 2,49 O melhor desenvolvimento dos parâmetros de milho foi verificado quando a saturação por bases atingiu o valor de 50,11% (Tabela 3), resultado este inferior ao valor de 65%, atualmente utilizado como critério de calagem para o estado do Paraná (Caires et al., 2000). O melhor desenvolvimento dos parâmetros do milho ocorreu quando aplicou-se, na média, 177 t ha-1 de torta de filtro, o que pode ser considerado como dosagem ideal de fertilização para o solo arenoso testado (Tabela 4). Este critério obtido é superior às 62 t ha -1 de torta de filtro considerada como dosagem ideal para o cultivo do algodoeiro (Pereira et al., 2005). TABELA 4: Valores de referência para doses de torta de filtro baseadas no máximo atingido pelos atributos das plantas de milho cultivadas em um Latossolo PARÂMETROS PLANTA MASSA SECA PARTE AÉREA ALTURA PLANTA MASSA SECA RADICULAR MÉDIA -1 DOSE DE TORTA DE FILTRO (t ha ) 168 184 179 177 CONCLUSÃO A aplicação da torta de filtro disponibilizou Ca e Mg no solo e demonstrou poder corretivo, por aumentar o pH e reduzir a saturação por alumínio no solo. O melhor desenvolvimento do milho foi atingido com a aplicação média de 177 t ha-1 de 22 torta de filtro, onde o pH (H2O), saturação por bases, Ca e Mg apresentavam valores de 5,6 e 50,11%, 6,55 e 0,88 cmol c dm-3, respectivamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAIRES, E. F.; BANZATTO, D. A; FONSECA A.F. Calagem Superfície em Sistema de Plantio Direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.24, p.161-169, 2000. KORNDOFER, G. H.; ANDERSON, D. L. Use and impact of sugar-alcohol residues vinasse and filter cake on sugarcane production in Brazil. Sugar y Azucar, Englewood Cliffs, NJ., n. 92, v. 3, p. 26-35, 1997. NARDIN, R. R. Torta de filtro aplicada em argissolo e seus efeitos agronômicos em duas variedades de cana de açúcar colhidas em duas épocas. 2007. 51 f. Dissertação (Mestrado - Área de Conc. Tecnologia de Produção Agrícola) - IAC, 2007. NOLLA, A.; PALMA, I. P.; SANDER, G.; VOLK, L. B. S.; Silva, T. R. B. Desenvolvimento de milho submetido à aplicação de calcário e silicato de cálcio em um Argissolo arenoso do noroeste paranaense. Revista cultivando o saber, v. 2, p. 154-162, 2009. PEREIRA, J. R. et al. Adubação orgânica com torta de filtro de cana de açúcar no algodoeiro semiperene BRS 200 no cariri cearense. In: V Congr.Br. Alg., 2005. TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H. & VOLKWEISS, S.J. Análise de solo, plantas e outros materiais. 2.ed. Porto Alegre, UFRGS, 1995. 174p. (Boletim Técnico, 5) 23 DESEMPENHO DE SEMENTES DE CRAMBE, COM E SEM PERISPERMA, SUBMETIDAS A CONDIÇÕES SIMULADAS DE ESTRESSE HÍDRICO Yara Camila Fabrin Cabral 1; Marizangela Rizzatti Ávila2; Willian Fagner Pereira1; Erick Zobiole Marinélli1; Primeiro Autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama-PR. 2 Instituto Agronômico do Paraná, Unidade Regional de Pesquisa Oeste, Santa Tereza do Oeste-PR. INTRODUÇÃO O crambe (Crambe abyssinica) é uma planta pertencente à família Brassicaceae, que segundo Neves et al. (2007), possui alta rusticidade e alta quantidade de óleo em suas sementes, de 26 a 38%, o que o coloca como cultura potencial para a produção de biocombustível. Esta brássica não pode ser utilizada na alimentação humana, pois é composta de grande quantidade de ácido erúcico, o qual é destinado para produção de lubrificantes, anti-corrosivos entre outros subprodutos industriais. Além destes usos, o crambe pode ser mais uma opção para o sistema de rotação de culturas. As sementes do crambe possuem formato esférico e são revestidas por uma estrutura tegumentar denominada perisperma, a qual tem sido apontada como um dos fatores que retardam os processos fisiológicos da germinação. Além do perisperma, a restrição hídrica também pode atrasar a germinação. A germinação rápida e uniforme é essencial para o estabelecimento de um bom estande no campo, o qual contribuirá para um bom rendimento da cultura e aumentará a capacidade competitiva da mesma com as plantas daninhas, podendo assim representar diminuição nos custos de produção. Atualmente, não existem estudos que demonstrem os efeitos da restrição hídrica em atributos fisiológicos das sementes como germinação e vigor. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo identificar o desempenho de sementes com e sem perisperma submetidas a diferentes condições simuladas de estresse hídrico. 24 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Maringá – Campus Regional de Umuarama, utilizando sementes da variedade SMS Brilhante. Foi composto por um fatorial 6X2, sendo um tratamento para simular o estresse hídrico, onde se utilizou diferentes potenciais osmóticos: 0 (água); - 0,2; 0,4; - 0,6; - 0,8; e - 1MPa conseguidos com diferentes concentrações de polietileno glicol, e o outro com sementes com e sem perisperma. A retirada do perisperma das sementes foi de forma manual tendo o cuidado para que não ocorressem danos mecânicos. Para estudar o desempenho das sementes com e sem perisperma sob estresse hídrico simulado foram realizados os seguintes testes: Teste de germinação - foi conduzido utilizando-se oito repetições de 50 sementes colocadas para germinar dentro de gerbox e sobre quatro folhas de papel germitest umedecidas 2,5 vezes o seu peso com as soluções dos potenciais descritos anteriormente. Após a montagem do teste, as caixas foram levadas para um germinador tipo “Mangelsdorf” regulado a temperatura constante de 20ºC. As avaliações foram efetuadas aos quatro (primeira contagem, indicativo de vigor) e sete dias (contagem final), computando-se a porcentagem de plântulas normais (Brasil, 1992). Teste de emergência em areia: realizado utilizando-se quatro linhas (repetições) de 100 sementes colocadas para germinar em substrato de areia, umedecida com 60% de sua capacidade de retenção de água, com as mesmas soluções utilizadas para o teste de germinação. As sementes foram semeadas em sulcos longitudinais na bandeja a profundidade de 1cm e espaçamento entre linhas de 5cm. Este teste foi conduzido a temperatura ambiente, realizando-se contagens diárias das plântulas emergidas. Foram consideradas emergidas aquelas plântulas que estavam com os cotilédones acima do nível do leito da areia (BRASIL, 1992). Velocidade de emergência: realizada em conjunto com o teste de emergência em areia. Para o cálculo de velocidade de emergência utilizou-se a fórmula proposta por EDMOND & DRAPALA (1958). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. Os dados foram submetidos a análise de variância e quando houve interação desdobraram-se os 25 dados. Os tratamentos com e sem perisperma foram comparados pelo teste F e a avaliação dos potenciais por análise de regressão, ambos a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio da análise de variância foi possível verificar que a interação entre os diferentes níveis de potencial osmótico e a presença ou ausência de perisperma foi significativa para todas as variáveis analisadas, exceto para o vigor (Tabela 1). Tabela 1. Avaliação das sementes de crambe com e sem perisperma em cada concentração de polietileno glicol em relação a germinação, primeira contagem da germinação, velocidade de emergência em areia, emergência de plântulas em areia. Perisperma Ausência Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência Presença Concentração de Polietileno Glicol Germinação (%) 0 -0,2 -0,4 -0,6 -0,8 -1,0 65 a 48 a 12 a 0 0 0 52 b 17 b 1b 0 0 0 Primeira contagem da germinação (%) 26 a 2a 0 0 0 0 36 a 0a 0 0 0 0 Velocidade de emergência das plântulas em areia (dias) 7a 0 0 0 0 0 9b 0 0 0 0 0 Emergência de plântulas em areia (%) 63 a 0 0 0 0 0 39 b 0 0 0 0 0 Pela análise de regressão não foi possível encontrar ajustes matemáticos que expliquem o comportamento das sementes de crambe através do estresse hídrico simulado. Contudo a Figura 1 A, B, C e D mostra que à medida que o potencial osmótico vai diminuindo, ou seja, conforme a restrição hídrica aumenta, há redução da germinação, vigor, velocidade de emergência em areia e porcentagem de emergência em areia, chegando próximo a zero a partir do potencial -0,2 para as sementes com e sem perisperma. A exceção da germinação onde a redução tornase próxima a zero no potencial -0,4 para sementes com perisperma e -0,6 para sementes sem. 26 A B C D Figura 1 - Germinação (A), primeira contagem da germinação (B), velocidade de emergência (C) e porcentagem de emergência de plântulas em areia (D) em função de diferentes potenciais osmóticos. No teste de velocidade de emergência em areia, notou-se a inibição da germinação a partir do potencial -0,2, contradizendo o teste de germinação. Tal resultado deve-se, provavelmente, ao fato do teste de emergência em areia ter sido conduzido em condições de temperatura e umidade ambiente. CONCLUSÃO A retirada do perisperma das sementes de crambe não alterou sua sensibilidade à restrição hídrica. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. EDMOND, J.B.; DRAPALA, W.J. The effects of temperature, sand and soil, and acetone on germination of okra seeds. Proceedings of American Society of Horticultural Science, v. 71, n. 2, p. 428-434, 1958. NEVES, M. B.; TRZECIAK, M. B.; VINHOLES, P. S.; TILLMAN, A. C.; VILLELA, F. A. Qualidade fisiológica de sementes de crambe produzidas em Mato Grosso do Sul. Universidade Federal de Pelotas: Pelotas, 2007. 27 DESEMPENHO AGRONÔMICO E TEORES DE ÓLEO E PROTEÍNAS NAS SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB APLICAÇÃO DE GLYPHOSATE EM DIFERENTES ESTÁDIOS André Felipe M. Silva¹; Magnum R. da Silva¹; Leandro P. Albrecht¹; Éder P. Gomes²; André P. Barbosa¹; Matheus A. Mendes¹ Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama - PR ²Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências Agrárias, Dourados – MS. INTRODUÇÃO O glyphosate pode causar estresse, mesmo em plantas de soja RR, para as quais é seletivo, ou seja, não possui ação herbicida, mas pode gerar efeito fitotóxico, afetar a eficiência no uso da água, a fotossíntese e o balanço nutricional (ZOBIOLE et al. 2010; ZOBIOLE et al., 2009a; ZOBIOLE et al. 2009b; ALBRECHT et al., 2008). Qualquer estresse acarreta efeito negativo sobre o crescimento e desenvolvimento normal das espécies vegetais (TAIZ; ZEIGER, 2004). Existem prováveis conseqüências do uso de glyphosate em pós-emergência na cultura da soja RR, como alterações diretas na nutrição de mineral das plantas de soja, no caso do Mn e outros nutrientes, como N, Ca, Mg, Fe e Cu, podem ter seus níveis alterados sob a aplicação de glyphosate (HUBER et al., 2004; GORDON, 2006; SANTOS et al., 2007). Sabe-se também que as plantas de soja RR possuem em seu interior resíduos de AMPA (ácido aminometilfosfônico), produto da degradação do glyphosate, após a aplicação de glyphosate (REDDY et al., 2004). O aumento na dose de glyphosate pode elevar o conteúdo de AMPA, potencializando assim o efeito fitotóxico desse metabólito (REDDY et al., 2004). Além de outra alterações na fisiologia da planta (ZOBIOLE et al, 2009) decorrentes do uso do glyphosate e que podem afetar diretamente o desempenho da cultura da soja. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a performance agronômica e os teores de óleo e proteínas das sementes de soja transgênica sob aplicação do herbicida glyphosate. 28 MATERIAL E MÉTODOS A área experimental foi instalada no Campus Regional de Umuarama (CAU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no município de Umuarama, na região noroeste do Estado do Paraná. Os manejos agrotecnológicos na cultura da soja seguiram as recomendações da Embrapa Soja (2008). Foi utilizado no experimento, a cultivar de soja CD 219 RR, pertencente ao grupo de maturação médio. As sementes de soja da cultivar em questão foram semeadas no mês de novembro do ano agrícola de 2009/2010. Para as avaliações foi utilizada uma área útil de 5,4 m². Os tratamentos avaliados consistem da pulverização foliar de glyphosate (Roundup Ready®) nas doses 0, 1440 e 2880 g.i.a ha-1, em dois estádios fenológicos (V6 e R2). Foram efetuadas as seguintes determinações: altura média das plantas, estande, inserção da primeira vagem, número de vagens por planta, massa de cem sementes, produtividade, teores de óleo e proteína. O delineamento experimental utilizado foi em blocos completos com tratamentos casualizados, com quatro repetições e, arranjo fatorial 2X3 (dois estádios e três doses). Atendidas as pressuposições básicas, os dados foram submetidos à análise de variância e, independente da significância pelo teste F (P<0,05), nas interações, prosseguirão os desdobramentos necessários para diagnosticar possíveis efeitos da interação. A análise de regressão foi utilizada para verificar o comportamento das variáveis, em função das doses de glyphosate aplicados via foliar, em nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os resultados obtidos caracterizou-se efeito significativo (P<0,05) para diferentes variáveis, como altura de planta, número de vagens por planta, massa de cem sementes (Tabela 1), produtividade e teores de proteínas. Destaca-se que para os caracteres altura de planta, massa de cem sementes e proteínas, ocorreram resultados negativos da aplicação de glyphosate, quando o mesmo foi aplicado no estádio reprodutivo. Enquanto, para as variáveis, número de vagens e produtividade (Figura 1), foram ajustados modelos de regressão linear decrescente para o efeito principal doses, evidenciando a diminuição no desempenho agronômico, independente do estádio de aplicação. 29 Tabela 1. Massa de 100 sementes e produtividade obtidas de sementes de soja transgênica sob aplicação de glyphosate em diferentes estádios. Doses Massa de cem sementes (g) Produtividade (kg ha-1) (g.i.a ha-1) V6 R2 V6 R2 0 14,32 A 14,49 A 3875,16 3434,83 1440 14,26 A 14,07 A 3446,66 3342,71 2880 14,79 A 12,72 B 2349,69 2617,93 Média 14,46 13,76 3223,84 3131,83 * Médias acompanhadas de letras maiúsculas iguais, na linha, não diferem entre si pelo teste F, a 5% de probabilidade. Figura 1. Regressões lineares para número de vagens de soja transgênica e produtividade de soja sob aplicação de glyphosate. Os efeitos negativos caracterizados provavelmente se relacionam ao potencial de injúria ou a ação deletério do glyphosate, como constatado na literatura pertinente (HUBER et al., 2004; REDDY et al., 2004; GORDON, 2006; ZOBIOLE et al, 2009). CONCLUSÃO O desempenho agronômico e os teores de proteína são afetados negativamente com o aumento da dose de glyphosate, até o nível de 2880 g.i.a ha -1, especialmente comprometedor em aplicações no reprodutivo. 30 REFERÊNCIAS ALBRECHT, L.P.; ALONSO, D.G.; OLIVEIRA JR, R.S.; BRACCINI, A.L.; ALBRECHT, A.J.P.; BARBOSA, M.C.; CONSTANTIN, J.; ÁVILA, M.R. Efeito do manejo de glyphosate em pós-emergência nos componentes de produção e na qualidade das sementes de soja. In: XVIII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Malezas; e XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2008, Ouro Preto. Anais..., 2008. GORDON, B. Adubação com manganês em soja convencional e soja resistente ao glyphosate. Informações Agronômicas, n. 117, p. 6, 2007. HUBER, D.M. What about glyphosate-induced manganese deficiency. Fluid Journal, p. 20-22, 2007. REDDY, K.N.; RIMANDO, A.M.; DUKE, S.O. Aminomethylphosphonic acid, a metabolite of glyphosate, causes injury in glyphosate-treated, glyphosate-resistant soybean. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v.52, p.5139-5143, 2004. REDDY, K. N.; ZABLOTOWICZ, R. M. Glyphosate-resistant soybean response to various salts of glyphosate and glyphosate accumulation in soybean nodules. Weed Science, v. 51, p. 496- 502, 2003. SANTOS, J.B., FERREIRA, E.A., REIS, M.R.; SILVA, A.A.; FIALHO, C.M.T.; FREITA, M.A.M. Avaliação de formulações de glyphosate sobre soja Roundup Ready. Planta daninha, Viçosa, v. 25, n. 1, p. 165-171, 2007. TAIZ, L.; ZEIGER. Fisiologia vegetal. 3.ed.Tradução E. R. Santarém. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p. ZOBIOLE, L. H. S.; OLIVEIRA JUNIOR, R. S.; KREMER, R.J. ; CONSTANTIN, J. ; YAMADA, T.; CASTRO, C.; OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA JUNIOR, A.. Effect of glyphosate on symbiotic N2 fixation and nickel concentration in glyphosate-resistant soybeans. Applied Soil Ecology, v. 44, p. 176-180, 2010. ZOBIOLE, L. H. S.; OLIVEIRA JUNIOR, R.S.; BONATO, C.M. ; MUNIZ, A.S. ; CASTRO, C. ; OLIVEIRA, F. A. ; CONSTANTIN, J. ; OLIVEIRA JUNIOR, A.. Effet of increasing doses of glyphosate on water use efficiency and photosynthesis in glyphosate-resistant soybeans. In: VIII World Soybean Research Conference, 2009, Summaries: Beijing. Weed and Its Management, 2009a. ZOBIOLE, L. H. S.; OLIVEIRA JUNIOR, R. S.; HUBER, D.M.; CONSTANTIN, J.; CASTRO, C.; OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA JUNIOR, A.. Glyphosate reduces shoot concentrations of mineral nutrients in glyphosate-resistant soybeans. Plant and Soil, v. 321, p. 4, 2009b. 31 DESEMPENHO DAS PLANTAS DE TRIGO SOB EFEITO DE REGULADORES DE CRESCIMENTO E DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO André Felipe M. Silva1; André P. Barbosa1; Matheus A. Mendes1; Lucas B. Battisti1 ; Leandro P. Albrecht1; Alfredo Jr. P. Albrecht2 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama - PR 2 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO Reguladores vegetais são compostos orgânicos que, em baixas concentrações, inibem, promovem ou modificam processos morfológicos e fisiológicos nas plantas. Essas substâncias naturais ou sintéticas podem ser aplicadas diretamente nas plantas, com o objetivo de interferir em diversos processos fisiológicos e/ou morfológicos, provocando alterações nos processos vitais e estruturais das plantas, com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade e facilitar a colheita. A ação dessas substâncias depende das condições ambientais, assim como das características e potencialidades genéticas das plantas (VIEIRA; MONTEIRO, 2002). A interação entre reguladores de crescimento e adubação nitrogenada vem sendo muito estudada, pois o nitrogênio é um dos nutrientes absorvidos em maior quantidade pela cultura do trigo e também pode ser o mais limitante para a mesma (FANCELLI; DOURADO NETO, 1996). Porém muito ainda precisa ser elucidado para melhores recomendações em nível de campo, portanto, é importante avaliar a relação entre o aporte de N e reguladores de ação promotora, assim como retardadores de crescimento. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos dos biorreguladores STIMULATE® e do MODDUS®, aplicados via foliar e combinados a diferentes doses de nitrogênio em cobertura, nas características agronômicas da cultura do trigo. 32 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em área localizada na Fazenda do Centro Avançado de Umuarama (CAU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no município de Umuarama, região noroeste do Estado do Paraná. No experimento foi utilizada a cultivar de trigo BRS 220, ciclo de maturação médio. Para os tratamentos foram utilizado os reguladores de crescimento STIMULATE® e MODDUS®, na quantidade de 400 mL ha-1, através de pulverização foliar entre o primeiro e o segundo nó visível, combinadas com diferentes doses de nitrogênio (0; 45; 90; 135 e 180 kg N ha -1), aplicadas no mesmo estádio, constituindo um fatorial 2X5. Avaliou-se o crescimento das plantas (a partir de mensuras em diferentes estádios da cultura), a altura de plantas no florescimento, massa fresca de plantas e massa seca de plantas. O delineamento experimental foi com blocos casualizados, com 3 repetições, em arranjo fatorial. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância a 5% de probabilidade e quando significativas, foram efetuados os desdobramentos necessários. O teste F foi conclusivo para diferenciar as médias entre os reguladores e foi realizada análise de regressão de regressão (P<0,05) para o tratamento quantitativo, doses de N. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância dos dados indicou efeito significativo (P<0,05) apenas dentro do desdobramento da interação regulador de crescimento X doses de N, para a variável altura de plantas, enquanto massa fresca e massa seca não apresentaram diferenças significativas (P<0,05). Para a variável crescimento de plantas foi apenas efetivado a análise descritiva dos dados. Para altura de plantas observou-se que o biorregulador MODDUS®, permitiu valores maiores de altura, dentro da dose de 90 kg ha -1 de N, enquanto que o biorregulador STIMULATE® foi superior ao MODDUS® dentro da maior dose de N. Quanto a análise de regressão, o regulador de crescimento, MODDUS ®, apresentou comportamento quadrático em função da elevação na dose de N. Supõe-se que as esperadas interações entre reguladores de crescimento e doses de N, não foram possíveis devidos as condições climáticas desfavoráveis 33 para o crescimento e desenvolvimento da cultura, no que concerne ao estresse hídrico por falta de água. O déficit hídrico foi marcante, tanto antes como depois das aplicações da fertilizante nitrogenado, assim como no momento que antecederam e após a aplicação dos biorreguladores avaliados. CONCLUSÃO Diante das condições climáticas constatadas, não foi possível detectar a expressiva efetividade da ação dos biorreguladores avaliados na cultura do trigo, assim como sua interação com a adubação nitrogenada. REFERÊNCIAS FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Cultura do milho: aspectos fisiológicos e manejo da água. Inf. Agron., v.73, p.1-4, 1996. VIEIRA, E.L.; MONTEIRO, C.A. Hormônios vegetais. In: CASTRO, P.R.C.; SENA, J.O.A.; KLUGE, R.A. (Eds.). Introdução à fisiologia do desenvolvimento vegetal. Maringá: EDUEM, 2002. p.79-104. 34 DOSAGEM IDEAL DE VINHAÇA PARA O CULTIVO DE MILHO EM SOLO ARENOSO Eduardo Jamir Paes Vila2; Antonio Nolla1; Cleber de Oliveira Santini1; Leandro B. da Silva Volk1 Primeiro autor: Apresentador. [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama -PR 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Agronomia – Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO O interresse pelo cultivo de culturas comerciais em áreas de solo arenoso vem se expandindo, vista à ampliação da agricultura brasileira. No entanto, estes solos são caracterizados tipicamente pela elevada acidez, baixa concentração de nutrientes e pelo baixo potencial produtivo devido às suas características granulométricas (NOLLA & ANGHINONI, 2004). O cultivo do solo nessas condições é dificultado sendo indispensável à utilização de fertilizantes químicos ou orgânicos para obtenção de altos rendimentos em lavouras comerciais como o milho. De acordo com Korndofer & Anderson (1997), a utilização de resíduos da indústria sucroalcooleira como a vinhaça, em áreas de cultivo, favorece a obtenção de altos rendimentos em lavouras comerciais, bem como na ascensão da fertilidade destes solos. Imthurn et al. (2008), trabalhando com doses crescentes de vinhaça no desenvolvimento da cultura do milho concluíram que a fertilização orgânica promoveu aumento no desenvolvimento e produtividade. Por sua vez, Pereira et al. (1992), em um Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, observou melhor desenvolvimento e acúmulo de massa seca e verde da parte aérea da planta de milho, quando adicionados 400 m3 ha-1 de vinhaça. Apesar da literatura existente quanto à utilização de resíduos da indústria sucroalcooleiro em culturas como o milho, é necessário o desenvolvimento de estudos capazes de estabelecer critérios e dosagens da vinhaça a ser aplicada em condições de solos arenosos. Assim objetivou-se estudar o desenvolvimento do milho submetido à aplicação de doses crescentes de vinhaça, com vistas a estabelecer critérios e 35 dosagem ideal deste resíduo para um Latossolo Vermelho distrófico psamítico arenoso. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na Universidade Estadual de Maringá (UEM), campus Regional de Umuarama (CAU), no período de fevereiro a março de 2009, utilizandose como base experimental um Latossolo Vermelho distrófico psamítico (LVd) de textura arenosa sob mata natural, coletado na camada de 0 - 20 cm, cujos atributos químicos e físicos originais estão descritos na Tabela 1. O solo foi peneirado, seco e acondicionando cerca de 3 kg em colunas de PVC (20 x 15 centímetros), onde posteriormente foi semeado milho (hibrido duplo IPR119) permanecendo 2 plantas por vaso após o desbaste. Após a emergência das plântulas de milho, aplicou-se superficialmente vinhaça nas doses equivalentes a 0, 100, 200, 400 e 800 m 3 ha-1. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. TABELA 1: Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural. Al3+ pH ...................cmolc dm ................... 5,30 Ca , Mg Mg2+ -3 H2O 2+ Ca2+ 0,2 2+, 3+ Al 1,67 - extraídos com KCl 1 mol L 0,63 -1 K+ P -3 ..........mg dm .......... 74,29 6,30 V m Argila ........% ........ g kg-1 36,78 7,43 120 P, K – extraídos com Melhlich 1 O milho foi cultivado por 45 dias, mantendo-se a umidade próxima à capacidade de campo. Durante a condução do experimento, aplicou-se nitrogênio na dosagem de 90 kg ha-1 de N , aplicando-se sulfato de amônio em duas parcelas (50% cada uma). Na colheita, as plantas de milho foram cortadas rente ao solo, determinando o diâmetro do caule (região do coleto) altura das plantas, massa de matéria verde e seca das partes aérea e radicular. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo software SISVAR e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 36 RESULTADOS E DISCUSSÃO As equações que relacionam a performance das plantas de milho e adição de vinhaça apresentaram significância para todos os parâmetros avaliados, com alto ajuste para o modelo de regressão quadrático (R2> 0,77). Esses resultados indicam que a aplicação de vinhaça como adubo orgânico contribuiu para o incremento no desenvolvimento das plantas de milho (Tabela 2), concordando com Imthurn et al. (2008). No entanto, nos tratamentos onde aplicou-se a maior dose do fertilizante (800 m3 ha-1), as plantas apresentaram redução significativa de performance. Provavelmente isto ocorreu devido a um desequilíbrio nutricional, salinidade ou toxicidade de nutrientes como potássio ou sódio (BRITO et al., 2005). TABELA 2: Equações de regressão (e sua significância) relacionando parâmetros de plantas de milho e doses de vinhaça PARÂMETROS PLANTA EQUAÇÃO AJUSTE SIGNIFICÂNCIA MASSA VERDE PARTE AÉREA Y = - 0,0006X² + 0,6121X + 44,725 0,88** P > 0,005 MASSA SECA PARTE AÉREA Y = - 8E-05X² + 0,0838 + 6,1312 0,87** P > 0,005 ALTURA PLANTA Y = - 0,0002X² + 0,1915X + 51,716 0,93** P > 0,005 DIÂMETRO CAULE Y = - 4E-05X² + 0,0403 + 13,004 0,77** P > 0,005 MASSA VERDE RADICULAR Y = - 0,0005X² + 0,55X + 62,063 0,85** P > 0,005 MASSA SECA RADICULAR Y = - 0,0003X² + 0,3537X + 45,168 0,85** P > 0,005 **significativo a 5% de probabilidade Com base nas equações de regressão obtidas na Tabela 2, pode-se calcular o desenvolvimento máximo obtido pelos atributos da planta. Observou-se que o máximo desenvolvimento dos atributos das plantas de milho foram alcançados entre as doses de 481 e 589 m3 ha-1, com média de 526 m3 ha-1 de vinhaça (Tabela 3). Assim, pode-se observar que a dosagem recomendada de vinhaça a ser adicionada para a fertilização orgânica do Latossolo Vermelho Psamítico estudado apresentouse superior ao recomendado (400 m3 ha-1) por Pereira et al. (1992). Esta maior quantidade de vinhaça necessária para atingir o melhor desenvolvimento do milho pode ser atribuída ao solo estudado apresentar condição de fertilidade baixa (saturação por bases = 36,78%). No entanto, é importante observar que este solo apresenta concentração de argila de 120 g kg-1 (Tabela 1). Nessas condições, poderia-se pré-supor que dosagens altas de vinhaça (>400 m3 ha-1) possam provocar problemas quanto à contaminação do lençol freático com elementos como 37 o sódio e o potássio, uma vez que a recomendação de vinhaça varia entre 60 a 250 m3 ha-1, dependendo do tipo de solo (RAIJ et al., 1997). Por outro lado, utilizando-se a fórmula elaborada pela CETESB (CETESB, 2006), para estabelecer a dosagem máxima permitida para utilização no solo, observou-se que a dosagem de 526 m3 foi 55,4% menor que a dosagem máxima recomendada nessas condições (1.176 m3 ha1 ). Assim, pode-se concluir que a dosagem média de 526 m3 ha-1 de vinhaça determinada no trabalho para o desenvolvimento mais adequado do Hibrido IPR119 não devera ocasionar problemas de contaminação do solo e lençol freático. TABELA 3: Valores de referência para doses de vinhaça baseadas no máximo atingido pelos atributos das plantas de milho PARÂMETROS PLANTA 3 -1 DOSE DE VINHAÇA (m ha ) MASSA VERDE PARTE AÉREA 510 MASSA SECA PARTE AÉREA 526 ALTURA PLANTA 479 DIÂMETRO CAULE 504 MASSA VERDE RADICULAR 550 MASSA SECA RADICULAR 589 MÉDIA 526 CONCLUSÃO O melhor desenvolvimento dos parâmetros agronômicos do hibrido IPR119 foram atingidos utilizando doses entre 481 e 589 m3 ha-1 de vinhaça, sendo em média a dose ideal caracterizada em 526 m3 ha-1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, F. L.; ROLIM, M. M.; PEDROSA, E. M. R. Teores de potássio e sódio no lixiviado e em solos após a aplicação de vinhaça. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, p.52-56, 2005. CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Norma Técnica P4.231 – Vinhaça - Critérios e Procedimentos para Aplicação no Solo Agrícola. São Paulo: CETESB, Janeiro, 2006. 38 IMTHURN, A. C. P.; CARMELLO, Q. A. de C.; ANTI, G. R. Uso de vinhaça granulada como fertilizante em milho: produção de material seco. ESAQ, USP, 2008. KORNDOFER, G. H.; ANDERSON, D. L. Use and impact of sugar-alcohol residues vinasse and filter cake on sugarcane production in Brazil. Sugar y Azucar, Englewood Cliffs, NJ., n. 92, v. 3, p. 26-35, 1997. NOLLA, A.; ANGHINONI, I. Métodos utilizados para a correção da acidez do solo no Brasil. Revista Ciências Exatas e Naturais, Guarapuava, v. 6, n.1, p. 97-111, 2004. PEREIRA, J. P. et al. Efeito da adição de diferentes dosagens de vinhaça a um latossolo vermelho-amarelo distrófico na germinação e vigor de sementes de milho. Rev. Bras. Sementes, v. 14, n. 2, p. 147-150, 1992. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (Ed.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100). 39 INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE TORTA DE FILTRO NO DESENVOLVIMENTO RADICULAR DA CULTURA DO MILHO CULTIVADA EM SOLO ARENOSO Eduardo Jamir Paes Vila2; Antonio Nolla1; Cleber de Oliveira Santini1 e Thiago R. B. da Silva1 Primeiro autor: Apresentador. [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama -PR 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Agronomia – Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO Em função do aumento das áreas agricultáveis no Brasil ao longo dos anos, cresce a demanda de se cultivar em solos arenosos, o que certamente irá modificar formas e dosagens de fertilização para estas condições. Tais solos apresentam baixos teores de argila (< 150 g Kg -1), elevada acidez e baixa concentração de nutrientes (SOUSA & LOBATO, 2004). As características químicas e físicas destes solos reduzem à produção de lavouras comerciais sendo fundamental a utilização de fertilizantes químicos ou orgânicos para a melhoria e manutenção da produtividade (NOLLA et al., 2009). Com a crescente expansão de áreas cultivadas em solos de menor potencial produtivo, uma alternativa bastante implementada é a adubação orgânica. Esta prática apresenta menores problemas quanto à volatilização e lixiviação de nutrientes, quando comparados às fontes minerais. Como vantagem, os resíduos provenientes do processo de industrialização da cana de açúcar (torta de filtro) são utilizados como fertilizante orgânico nas áreas de cultivo (SANTOS et al., 2008), repondo parte dos nutrientes extraídos. Nardin (2007) estudando a aplicação de torta de filtro (60 t ha-1), em Argissolo (250 g Kg-1 de argila), descreve maior concentração das raízes na camada 0–20 cm profundidade utilizado o resíduo. Apesar dos trabalhos relacionados à fertilização orgânica, ainda são necessários estudos capazes de estabelecer dosagens ideais e recomendação de utilização de torta de filtro em solo arenoso. 40 O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de estudar o desenvolvimento radicular de milho submetido à fertilização com doses crescentes de torta de filtro, afim de estabelecer sua dosagem ideal na cultura do milho. MATERIAL E MÉTODOS Utilizou-se de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico de textura arenosa sob mata natural, cujos atributos químicos originais (0 - 20 cm) estão descritos na Tabela 1. O trabalho foi realizado na Universidade Estadual de Maringá, campus Regional de Umuarama, no ano de 2009. Coletaram-se amostras do Latossolo, as quais foram secas e peneiradas. Acondicionou-se 3 kg do solo em colunas de PVC (20 x 15 cm) incorporando- se as doses de torta de filtro equivalentes a 0, 25, 50, 100, 200 e 400 t ha-1. TABELA 1: Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural Al3+ pH Mg2+ -3 H2O ...................cmolc dm ................... 5,30 2+ Ca2+ 0,2 Ca , Mg 2+, 3+ Al 1,67 - extraídos com KCl 1 mol L 0,63 -1 K+ P -3 ..........mg dm .......... 74,29 6,30 V m Argila ........% ........ g kg-1 36,78 7,43 120 P, K – extraídos com Melhlich 1 O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições. Cultivou-se duas plantas de milho por vaso conduzidas por 45 dias, mantendo-se a umidade próxima à capacidade de campo. Aplicou-se 90 kg ha-1 de N na forma de sulfato de amônio, 50% na emergência e 50% após 15 dias. Na colheita, o solo foi peneirado para a retirada das raízes das plantas. Foi obtida a massa de matéria seca e fresca do sistema radicular. Retirou-se uma alíquota das raízes, as quais foram armazenadas em freezer para quantificação do comprimento radicular (TENNANT, 1975). O raio radicular foi estimado pela fórmula (r0=((V/L) x π)1/2) descrita por Barber (1995). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo software SISVAR e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Estabeleceram-se relações entre os parâmetros radiculares das plantas de milho e a dosagem de torta de filtro aplicada. 41 RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação de doses crescentes de torta de filtro aumentou o comprimento, raio e o acúmulo de matéria seca radicular (Figura 1), entretanto a maior dose de torta de filtro aplicada (400 t ha -1) reduziu o desenvolvimento radicular. Provavelmente isto ocorreu devido à aplicação excessiva do fertilizante, o que pode ter ocasionado um desequilíbrio nutricional (GIGLIOTI et al., 1999). Observando-se as relações entre doses de torta de filtro e parâmetros radiculares das plantas de milho, percebe-se um alto ajuste e significância para todas as relações obtidas. 30 A 80 COMPRIMENTO RADICULAR (m) M. SECA RADICULAR (g coluna -1) 90 70 60 50 40 2 2 y = -0,0008x + 0,2643x + 57,217 R = 0,61** 30 0 50 100 150 200 250 300 350 B 28 26 24 22 20 18 16 y = -0,3017x2 + 109,05x + 19636 R2 = 0,72** 14 400 0 DOSES DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) 50 100 150 200 250 300 350 DOSES DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) 0,19 RAIO RADICULAR (cm) B C 0,18 0,17 0,16 0,15 0,14 y = -8E-07x2 + 0,0004x + 0,1338 R2 = 0,89** 0,13 0 50 100 150 200 250 300 350 400 DOSES TORTA DE FILTRO (t ha-1) **significativo a 5% de probabilidade Figura 1. Relação entre a aplicação de doses crescentes de torta de filtro e a massa de matéria seca (A) do sistema radicular, comprimento radicular (B) e raio radicular (C) da cultura de milho. Baseando-se nas equações de regressão descritas nos gráficos da Figura 1, pode-se calcular o máximo desenvolvimento radicular atribuído a cultura de milho, a partir da primeira derivada das equações. Assim, observa-se que o máximo desenvolvimento dos atributos do sistema radicular foi obtido com doses entre 165 e 42 400 250 t ha-1 (Tabela 2), sendo que a média obtida foi de 199 t ha-1, dose esta considerada como ideal para cultivo de milho no Latossolo Vermelho Psamítico arenoso. A maior dose de torta (199 t ha -1) recomendada no presente trabalho pode ser atribuída à condição do solo (arenoso), uma vez que a torta de filtro propicia um incremento no aumento na CTC do solo (RODELLA et al., 1990), aliado às condições de elevada acidez e baixa concentração de nutrientes (Tabela 1) do solo testado. Tabela 2: Valores de referência para doses de torta de filtro baseadas no desenvolvimento do sistema radicular das plantas de milho PARÂMETROS DA PLANTA DOSE DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) MASSA SECA RADICULAR 165 COMPRIMENTO RADICULAR 181 DIÂMETRO RADICULAR 250 MÉDIA 199 CONCLUSÃO A aplicação de torta de filtro aumentou o desenvolvimento radicular das plantas de milho. O melhor desenvolvimento do sistema radicular da cultura de milho foi atingido com a aplicação média de 199 t ha -1 de torta de filtro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBER, S.A. Soil nutrient bioavailability: a mechanistic approach. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1995. 414p GIGLIOTI, E. A.; ZAVAGLIA, L.; MENEZES, L. L.; MOURA, G. L. de & MATSUOKA, S. Resistência e tolerância a ferrugem da cana de açúcar: O caso da RB 835486. Araras: UFSC, 1999. NARDIN, R. R. Torta de filtro aplicada em argissolo e seus efeitos agronômicos em duas variedades de cana de açúcar colhidas em duas épocas. 2007. 51 f. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração em Tecnologia de Produção Agrícola) - IAC, 2007. 43 NOLLA, A.; PALMA, I. P.; SANDER, G.; VOLK, L. B. S.; SILVA, T. R. B. Desenvolvimento de milho submetido à aplicação de calcário e silicato de cálcio em um Argissolo arenoso do noroeste paranaense. Revista cultivando o saber, v. 2, p. 154-162, 2009. RODELLA, A. A.; SILVA, L. C. F. DA; FILHO, J. O. Effects of filter cake application on sugarcane yields. Turrialba, v.40, n.3, p.323-326, 1990. SANTOS, D.H.; TIRITAN, C.S.; FOLONI, J.S.S.; JUNQUEIRA FILHO, R.G.; LEONI JUNIOR, R. Resposta do milho submetido a adubação fosfatada organomineral com diferentes doses de torta de filtro. In.: FERTBIO, 2008, Londrina. Anais. Londrina: EMBRAPA, 2008, Cd Rom. SOUSA, D.M.; LOBATO, E. Cerrado: Correção do solo e adubação. 2.ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416 p. TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length. J Appl. Ecol. 63:995-1001, 1975. 44 PERFILHAMENTO DE CANA DE AÇÚCAR E ATRIBUTOS QUÍMICOS DE UM ARGISSOLO SUBMETIDO A DOSES DE CALCÁRIO E ESCÓRIA DE SIDERURGIA Cleber de Oliveira Santini1; Antonio Nolla1; Eduardo Jamir Paes Vila2 e Leandro B. da Silva Volk1 Primeiro autor: Apresentador. [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama -PR 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Agronomia – Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO O Brasil, com área canavieira de 4,5 milhões de hectares, é o maior produtor de cana de açúcar do mundo com 343.700.000 de toneladas e uma produtividade de 66,2 t ha-1 (safra 2003/2004), responsável por mais de 25% da produção mundial. O Paraná é o segundo maior estado produtor, com 30 milhões de toneladas (CASER et al., 2004). Para que a produtividade se mantenha, é fundamental a aplicação de corretivos de acidez. O controle da acidez do solo é efetuado com a aplicação de oxidrilas, capazes de neutralizar os prótons em solução. Tal como o calcário, as escórias têm sido utilizadas para a correção da acidez, as quais liberam cálcio e/ou magnésio em solução, além de ânions (SiO 3-2), que apresentam a mesma valência que o ânion carbonato (KORNDÖRFER et al., 2003). Segundo Alcarde & Rodella (2003), o silicato de cálcio é 6,78 vezes mais solúvel que o carbonato de cálcio, apresentando um maior potencial para a correção da acidez do solo em profundidade que o calcário. Apesar dos estudos envolvendo corretivos de acidez do solo para a cultura da cana de açúcar, ainda são necessários estudos para elucidar questionamentos a respeito de critérios e dosagens de aplicação destes produtos, especialmente em solos arenosos. Isto porque a necessidade de calagem é significativamente inferior a solos com maior teor de argila, em função de sua baixa capacidade de troca de cátions. O objetivo do trabalho foi comparar o efeito de dosagens de calcário e silicato de cálcio sobre os atributos químicos de um Argissolo Vermelho distrófico típico arenoso cultivado com cana de açúcar. 45 MATERIAL E MÉTODOS Utilizou-se de um Argissolo Vermelho Distrófico típico de textura arenosa, sob mata natural, cuja caracterização química está descrita na Tabela 1. Tabela 1: Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Argissolo Vermelho distrófico típico sob campo natural 3+ 2+ Al H2O ------------ cmolc. dm-3 ------------ 5,0 0,2 2+ 2+, Ca , Mg Ca Mg 2+ pH 1,0 3+ Al - extraídos com KCl 1 mol L 0,4 -1 + K P V Argila -------- mg dm-3-------- % g kg-1 3,5 34 120 78 H + Al 3,17 P, K – extraídos com Melhlich 1 O experimento foi dessecado com herbicida a base de glyphosate, e na seqüência arado e gradeado. Os tratamentos foram instalados em parcelas de 4 x 6 metros, aplicando-se superficialmente calcário dolomítico e silicato de cálcio e magnésio nas doses de 0, 500, 1000 e 2000 kg ha-1 num DBC com 4 repetições, em esquema fatorial 2 x 5. As mudas da variedade RB 855156 foram colocadas dentro dos sulcos no dia 10 de agosto de 2009. Na implantação do experimento aplicou-se 750 kg ha-1 do formulado NPK (4-20-20), e duas coberturas (30 e 60 DAE), na dose de 45 kg ha-1 de nitrogênio (sulfato de amônio). Durante o cultivo da cana de açúcar, foram contados os perfilhos, na fase inicial da cultura. Após 90 DAE, o solo foi amostrado determinando-se pH-H2O e pH-CaCl2; Ca, Mg e Al3+ (KCL 1 mol L-1), K e P disponíveis (TEDESCO et al., 1995). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa computacional SISVAR e as médias serão comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos tratamentos onde aplicou-se calcário e silicato de cálcio, observou-se que o pH aumentou significativamente, indicando a eficiência dos corretivos (Tabelas 2 e 4) Aplicando-se calcário para elevar a V até 60% (1,0 t ha-1de calcário e silicato de cálcio), o pH (H2O) atingiu valores considerados adequados (5,5-6,0) para o crescimento da cana (QUAGGIO, 2000). A aplicação dos corretivos reduziu a concentração de Al+3, nas duas maiores dosagens (1,0 e 2,0 t ha-1). Percebe-se que 46 a eficiência do calcário, na primeira avaliação, foi maior que a do silicato de cálcio aplicado (Tabelas 2 e 4). Isto pode ter ocorrido em função do PRNT do silicato (68%), gerando menor neutralização da acidez que o calcário PRNT 75,2% (ALCARDE & RODELLA, 2003). Tabela 2. Valores de pH (H2O e CaCl2) e teores de Al, P e K de um Argissolo arenoso, submetido à aplicação de doses de calcário para cultura da cana de açúcar Doses kg ha-¹ 0 500 1000 2000 Al3+ K+ -3 ----------------cmolc dm ----------- pH H2O CaCl2 5,3 5,5 5,8 5,9 4,3 4,5 4,7 4,8 b b a a b b b a 0,45 0,33 0,16 0,06 b b a a 0,18 0,21 0,23 0,24 P mg dm-3 a a a a 4,2 4,5 4,9 5,2 a a a a Médias seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si na coluna, pelo teste de Tuk ey, a 5% de probabilidade. Tabela 3. Valores de soma de bases, saturação por alumínio, cálcio e magnésio trocáveis, CTC efetiva e número de perfilhos de um Argissolo arenoso, submetido à aplicação de doses de calcário para cultura da cana de açúcar Doses kg ha-¹ 0 500 1000 2000 SB cmolc dm-3 1,83 c 2,81 c 2,93 c 3,81 c m % 25,62 c 11,87 b 5,70 ab 1,75 a Ca+2 Mg+2 CTC efetiva -3 ---------------cmolc dm --------------1,2 c 2,0 b 2,1 b 2,5 a 0,42 c 0,58 bc 0,75 b 1,01 a 2,3 c 3,1 b 3,1 b 3,8 a N0 de perfilhos 90 c 108 b 114 b 124 a Médias seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si na coluna, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Em relação aos nutrientes Ca e Mg, percebe-se um aumento nos teores em solução com aplicação de corretivo (Tabelas 3 e 5). A aplicação de silicato foi mais eficiente que o calcário em aumentar os teores de Ca+2, provavelmente devido à maior quantidade de silicato aplicado no solo (PRNT 68%), o que pode ter aumentado o teor de Ca no solo, de forma que o teor de Ca foi 28% superior ao tratamento com mesma dosagem de calcário (2 t ha-1). A aplicação das duas maiores dosagens (1,0 e 2,0 t ha-1) reduziu a %Al a valores baixos (<6,1%). Entretanto, observa-se que para o solo testado, a saturação por alumínio original já está próxima dos 20% (Tabelas 3 e 5). 47 Tabela 4. Valores de pH (H2O e CaCl2) e teores de Al, P e K de um Argissolo arenoso, submetido à aplicação de doses de silicato para cultura da cana de açúcar Al3+ K+ ------------------cmolc dm-3----------- pH Doses - kg ha ¹ 0 500 1000 2000 H2O CaCl2 5,2 5,4 5,8 5,9 4,2 4,4 4,8 4,9 b b a a b b b a 0,41 0,22 0,23 0,10 c b b a 0,15 0,17 0,26 0,28 a a a a P mg dm-3 3,4 4,0 5,4 5,6 a a a a Médias seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si na coluna, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. O silicato de cálcio proporcionou maior estímulo no desenvolvimento dos perfilhos em relação às parcelas com tratamento de calcário nos tratamentos onde aplicou-se as duas maiores dosagens (1,0 e 2,0 t ha-1), provavelmente devido ao silicato ser fonte de Si, e este favorece o aumento na resistência das plantas à pragas e doenças (KORNDÖRFER et al., 2003) Tabela 5. Valores de soma de bases, saturação por alumínio, cálcio e magnésio trocáveis, CTC efetiva e número de perfilhos de um Argissolo arenoso, submetido à aplicação de doses de silicato para cultura da cana de açúcar SB m Ca+2 cmolc dm-3 % -------------cmolc dm-3------------- 0 2,01 d 23,20 c 1,5 d 0,34 c 2,4 d 77 c 500 2,83 c 8,85 b 2,0 c 0,51 c 3,0 c 118 b 1000 3,56 b 6,07 b 2,6 b 0,77 b 3,7 b 128 ba 2000 4,54 c 3,2 a 1,04 a 4,6 a 142 a Doses Mg+2 CTC efetiva N0 de perfilhos - kg ha ¹ 2,22 a Médias seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si na coluna, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. CONCLUSÃO O calcário e o silicato foram igualmente eficientes na correção da acidez do solo e no fornecimento de cálcio e magnésio no solo. O silicato de cálcio foi mais eficiente em estimular o perfilhamento das plantas de cana de açúcar. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCARDE, J.A.; RODELLA, A.A. Qualidade e legislação de fertilizantes e corretivos. In: CURI, N.; MARQUES, J.J.; GUILHERME, L.R.G.; LIMA, J.M. de; LOPES, A. S. Tópicos em Ciência do Solo. Viçosa, SBCS, 2003. p. 291-334. CASER, D.V.; CAMARGO, A.M.M.P. de; FRANCISCO, V.L.F. dos S. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de SP. Instituto de economia agrícola. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/iprevis.htm>. Acesso 24 mai. 2004. KORNDÖRFER, G.H.; PEREIRA, H.S.; CAMARGO, M.S.– Silicatos de Cálcio e Magnésio na Agricultura. Uberlândia, GPSi/ICIAG/UFU, 2003. 28 p.(Boletim Técnico 01). QUAGGIO, J.A. Acidez e calagem em solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 2000. 111p. TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S.J. Análise de solo, plantas e outros materiais. 2.ed. Porto Alegre, UFRGS, 1995. 174p. (Boletim Técnico, 5). 49 PRODUTIVIDADE DE SEMENTES DE TRIGO PRODUZIDAS SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DIFERENTES NÍVEIS DE COBERTURA VEGETAL Thiago A. Ortiz1; Lígia M. Maraschi-Silva1; Rafaela A. Migliavacca1; Marizangela R. Ávila2; Willian F. Pereira1;Erick Z. Marinelli1. Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected]. 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Umuarama - PR 2 Instituto Agronômico do Paraná,Unidade Regional de Pesquisa Oeste, Santa Tereza do Oeste-Pr. INTRODUÇÃO O município de Umuarama, localizado na região do Arenito Caiuá, possui precipitação anual da ordem de 1.700 mm por ano e apenas dois meses com precipitações abaixo de 100 mm, julho e agosto (IAPAR, 2010). À primeira vista, essa situação parece bastante confortável, não justificando a utilização de irrigação em cultivos anuais. No entanto, devido à baixa capacidade de armazenamento hídrico do solo desta região a ocorrência de curtos veranicos pode comprometer a produtividade de trigo. Segundo MOURA et al. (1993) a precipitação pluviométrica é, dentre os fatores climáticos, que mais freqüentemente limita o rendimento dos cultivos. Em regiões de insuficiência pluviométrica, seja em quantidade ou distribuição, o êxito da atividade agrícola depende da irrigação. LIBARDI (1996) ainda afirma que o conhecimento das necessidades hídricas para cada fase do ciclo dos cultivos se torna, cada vez mais, imperioso para o sucesso de qualquer empreendimento relacionado à irrigação. Experimentos realizados por FRIZZONE & OLITTA (1990) demonstraram que o trigo é bastante sensível ao déficit de água, obtendo-se as maiores reduções no rendimento de grãos quando este ocorria entre o início do florescimento à fase de grãos leitosos. Este trabalho tem como objetivo comparar diferentes lâminas de irrigação e níveis de cobertura vegetal no solo e a interação desses fatores sobre a produtividade das sementes de trigo. 50 MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido em área localizada na Fazenda do Campus Regional de Umuarama em Umuarama - PR, pertencente à Universidade Estadual de Maringá, em um LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico. Umuarama está situada a uma latitude de 23º47‟ sul e longitude de 53º14‟ a oeste de Greenwhich, com altitude de 403 m. O clima predominante na região é do tipo Cfa segundo classificação de Köppen. A semeadura foi realizada na segunda quinzena do mês de junho de 2009, utilizando sementes do cultivar IAPAR 85 em linhas espaçadas a 0,20 m, a profundidade de 0,02 m, com 350 sementes viáveis para cada metro quadrado. O experimento caracterizou um fatorial 4x6 organizado em blocos casualizados com quatro repetições em esquema de parcela subdividida, Cada parcela foi constituída por doze linhas de 30 m de comprimento cada, e divididas em seis subparcelas de 5 m de comprimento. As parcelas foram compostas pelos tratamentos com irrigação, onde utilizou-se quatro lâminas de irrigação (472,75 (sem irrigação suplementar - água da chuva); 482,74; 494,25 e 511,22 mm de água). A partir dos coeficientes de cultura (kc) para a cultura do trigo (fase inicial - 0,3 a 0,4; desenvolvimento - 0,7 a 0,8; fase média - 1,05 a 1,20; fase final - 0,65 a 0,70 e na colheita - 0,20 a 0,25), aplicadas com auxílio de aspersores, enquanto as subparcelas foram compostas pelos tratamentos com diferentes níveis de cobertura morta (feno de Brachiaria brizanta) sobre o solo (0; 3.300; 6.600; 10.000; 13.300; 16.600 kg ha-1). O manejo da irrigação para os tratamentos irrigados iniciou-se após a emergência, estes foram manejados a partir de leituras obtidas de um tanque Classe A. A irrigação foi realizada em esquema de turno de rega fixo, onde a irrigação era efetuada 3 vezes por semana e a lâmina de irrigação aplicada foi estimada de acordo com a Etc ocorrida entre os dias de irrigação. Para as avaliações, foram consideradas as seis linhas centrais, descartandose 0,5m de cada extremidade, totalizando, assim, área útil de 4,8m2 por subparcela. No décimo dia após a maturação fisiológica das sementes as espigas da área útil de cada parcela e subparcela foram colhidas, debulhadas e limpas manualmente 51 e com o auxílio de peneira, secas em condições naturais e classificadas em peneira e posteriormente acondicionadas em sacos de papel kraft. Após a colheita avaliou-se a produtividade de sementes em kg ha-1 de cada um dos tratamentos, para isso foi determinado o grau de umidade das sementes foi por meio do método de estufa a 1051oC (Brasil, 1992) e corrigido para 13 %. Em seguida, determinou-se a massa de mil sementes (g), por meio da pesagem de oito sub-amostras de 100 sementes, para cada repetição de campo, com o auxílio de balança analítica com precisão de um miligrama, multiplicando-se os resultados por 10 (Brasil, 1992). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e à desdobramentos na interação entre os tratamentos considerando a significância do teste de Fischer a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos estão dispostos nas Tabelas 1 e 2. Tabela 1. Produtividade em kg ha-1 sementes de trigo produzidas sob diferentes lâminas de irrigação e diferentes níveis de cobertura vegetal. Umuarama-PR, 2009. Níveis de cobertura morta sobre o solo (Kg ha-1) Lâmina de Irrigação 0 3.300 6.600 10.000 13.300 16.600 472,75 1881 1761 1523 1508 1579 940 482,74 1546 989 1022 1024 1130 559 494,25 1999 1568 1778 1279 1358 1636 511,22 1641 1807 1463 1303 1375 1667 (mm) C.V. (a) 27 C.V. (b) 31 Conforme pode ser observado nas Tabelas apresentadas (1 e 2), embora haja algumas pequenas diferenças entre os resultados, a análise de variância dos dados revelou que não houve efeito significativo entre os tratamentos, a 5% de 52 probabilidade. As diferentes lâminas de irrigação não alteraram significativamente a produtividade, tal fato pode ser explicado considerando que a precipitação foi constante e bem distribuída durante o ciclo da cultura. Tabela 2. Massa em gramas de 1000 sementes de trigo produzidas sob diferentes lâminas de irrigação e diferentes níveis de cobertura vegetal. UmuaramaPR, 2009. Níveis de cobertura morta sobre o solo (Kg ha-1) Lâmina de Irrigação 0 3.300 6.600 10.000 13.300 16.600 472,75 4 4 4 4 4 4 482,74 4 4 4 5 4 4 494,25 4 4 4 4 4 4 511,22 4 4 4 4 4 4 (mm) C.V. (a) 10 C.V. (b) 7 CONCLUSÕES Efetuando a análise dos resultados obtidos não se constata diferenças significativas entre os mesmos, pois as chuvas ocorreram de maneira bem distribuídas em todo o ciclo da cultura e desta forma os efeitos e benefícios da irrigação e da cobertura do solo podem ter sido subestimados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. FRIZZONE, J.A. & OLITTA, A.F.L. Efeitos da supressão de água em diferentes fases do crescimento e na produção do trigo. Engenharia Rural, Piracicaba, v.1, n.1, p.2336; 1990. IAPAR. Cartas climáticas do Paraná. Disponível em: <http://www.iapar.br/>. Acesso em 08 jul. de 2010. 53 LIBARDI, V.C. de M. Efeitos de diferentes níveis de irrigação e do déficit hídrico na produção do feijoeiro. Piracicaba, 1996. (Mestrado – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP). MOURA, M.V.T. de; BOTREL, T.A.; FRIZZONE, J.A.; MARQUES JÚNIOR, S. Determinação do consumo de água na cultura da cenoura (Daucus carota L.) através do método lisimétrico. Engenharia Rural, Piracicaba, v. 4, p.88-101, 1993. 54 QUALIDADE FISIOLÓGICA E SANITÁRIA DE SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB APLICAÇÃO DE GLYPHOSATE EM DIFERENTES ESTÁDIOS André P. Barbosa1; Allan V. Sacuchi1; Leandro P. Albrecht 1; Éder P. Gomes2; André Felipe M. Silva1; Matheus A. Mendes 1 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] ¹Universidade Estadual de Maringá, Depto de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama – PR. ²Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências Agrárias, Dourados – MS. INTRODUÇÃO A soja tem grande importância no sistema de produção brasileiro e mundial, isso tem exigido a constante reformulação, adaptação de tecnologias, como o manejo do herbicida glyphosate, aplicado em pós-emergência na cultura da soja RR®. No entanto, problemas como no balanço nutricional após aplicação de glyposate, tem sido observado e estudado. Nutrientes como N, Ca, Mg, Fe, Mn e Cu, podem ter seus níveis alterados com a aplicação de glyphosate (HUBER et al., 2004; GORDON, 2006; SANTOS et al., 2007). Plantas como problemas nutricionais ou demais alterações fisiológicas oriundas do uso do glyphosate (ZOBIOLE et al., 2009), tendem a possuir sementes mal formadas, implicando em sementes menos aptas fisiologicamente (MARCOS FILHO, 2005). Sabe-se que as plantas de soja RR possuem em seu interior resíduos de AMPA (ácido aminometilfosfônico), produto da degradação do glyphosate, após a aplicação de glyphosate (REDDY et al., 2004). O AMPA acumulado nas sementes pode ser um agente nocivo na fisiologia da semente, desencadeando distúrbios que levam a plântulas anormais (DUKE et al., 2003). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica e sanitária de sementes de soja RR submetida a aplicação de glyphosate em diferentes estádios de desenvolvimento. MATERIAS E MÉTODOS O experimento foi conduzido na fazenda experimental e laboratório de tecnologia de sementes do Centro Avançado de Umuarama (CAU-UEM), pertencente a Universidade Estadual de Maringá, e localizado no município de 55 Umuarama, noroeste do Estado do Paraná. Na implantação a campo foi utilizada cultivar de soja CD 219 RR®, de ciclo de maturação médio, semeada em 15 de novembro de 2009. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições, em arranjo fatorial de 2X3, onde dois representou os estádios de aplicação (V6 e R2) do herbicida glyphosate (Roundup Ready®) e três as doses em pós-emergência (0, 1440 e 2880 g e.a. ha-1). A área útil das parcelas foi constituída de 5,4 m², sendo que todos os demais manejos agrotecnológicos necessários foram realizados segundo recomendações da Embrapa (2008). A qualidade fisiológica e sanitária foi avaliada através de testes de germinação, primeira contagem do teste de germinação (vigor), matéria fresca e seca de plântulas, comprimento de plântulas e raízes e pelo teste de tetrazólio. A qualidade sanitária foi avaliada por meio do método do papel-filtro, segundo metodologia descritas por NAKAGAWA (1999) e BRASIL (2009). Os dados foram submetidos à análise de variância e, independente da significância pelo teste F (P<0,05), nas interações, prosseguirão os desdobramentos necessários para diagnosticar possíveis efeitos da interação. Em complemento, os dados foram submetidos a análise de regressão para verificar o comportamento das variáveis, em função das doses de glyphosate em nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todas as variáveis (relacionadas a germinação, vigor, desempenho de plântulas e tetrazólio) foi possível observar diferenças significativas (P<0,05), com exceção para sanidade. Desse modo, os resultados indicaram que o aumento nas doses de glyphosate interferiram apenas na qualidade fisiológica das sementes. Nas Figuras 1 e 2 encontram-se dispostos os ajustes significativos do modelo de regressão linear decrescente para as variáveis germinação (Figura 1 A), vigor (Figura 1 B) e tetrazólio (2 A e B). Apenas para germinação foi possível discriminar o comportamento das doses dentro de cada estádio. As demais variáveis como comprimento de plântulas, matéria fresca e matéria seca, também apresentaram tendência linear decrescente para variáveis vigor e tetrazólio (1-3 e 1-5). 56 Figura 1 – Porcentagem de plântulas normais para germinação (A) e vigor de sementes (B) de soja CD 219 RR®, submetida a aplicação de glyphosate em diferentes estádios. Figura 2 – Viabilidade - A (tetrazólio 1-5) e vigor - B (tetrazólio 1-3) das sementes de soja CD 219 RR®, submetida a aplicação de glyphosate em diferentes estádios. Os resultados corroboram com observados por Albrecht et al. (2007; 2008) e são entendidos a partir da premissa de que injúrias que afetem a fisiologia do desenvolvimento podem gerar sementes com menor aptidão fisiológica, e portanto, com menor germinabilidade e vigor decorrente. CONCLUSÃO A aplicação de glyphosate pode interferir negativamente na qualidade fisiológica das sementes de soja CD219 RR quando aplicado em doses de 1440 a 2880 g e.a. ha-1 nos estágios V6 e R2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, L.P.; OLIVEIRA JR, R.S.; BRACCINI, A.L.; ALONSO, D.G.; BARBOSA, M.C.; ALBRECHT, A.J.P. Componentes de produção e qualidade fisiológica e sanitária de sementes de soja RR em resposta a aplicação de glyphosate. In: I Simpósio Internacional sobre Glyphosate, 2007, Botucatu. Anais... Botucatu : UNESP, 2007. 57 ALBRECHT, L.P.; ALONSO, D.G.; CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR, R.S.; BRACCINI, A.L.; BARBOSA, M.C.; ALBRECHT, A.J.P. ; BIFFE, D.F. Qualidade fisiológica e sanitária das sementes de soja RR em resposta ao uso do glyphosate; em misturas ou isolados; aplicados seqüencialmente. In: XVIII Congresso de la Asociación Latinoamericana de Malezas; e XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2008, Ouro Preto. Anais..., 2008. BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília, DF: Secretaria de Defesa agropecuária, 2009. 399 p. DUKE, S.O.; RIMANDO, A.M.; PACE, P.F.; REDDY, N.K.; SMEDA, R.J. Isoflavone, glyphosate, and aminomethylphosphonic acid levels in seeds of glyphosate-treated, glyphosateresistant soybean. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 51, p. 340-344, 2003. EMBRAPA SOJA. Tecnologias de produção de soja – região central do Brasil – 2008. Londrina: Embrapa Soja; Embrapa Cerrados; Embrapa Agropecuária Oeste, 2008. 280p. (Sistemas de Produção, 12). GORDON, B. Manganese nutrition of glyphosate-resistant and conventional soybeans. In: Great Plains Soil Fertility Conference Proceeding. Denver, CO, March 7-8, 2006, p. 224-226. HUBER, D.M. What about glyphosate-induced manganese deficiency. Fluid Journal, p. 20-22, 2007. MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: Fealq, 2005. 495p. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANCA NETO, J.B. (Eds.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p.2.1 - 2.24 REDDY, K.N.; RIMANDO, A.M.; DUKE, S.O. Aminomethylphosphonic acid, a metabolite of glyphosate, causes injury in glyphosate-treated, glyphosate-resistant soybean. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v.52, p.5139-5143, 2004. SANTOS, J.B., FERREIRA, E.A., REIS, M.R.; SILVA, A.A.; FIALHO, C.M.T.; FREITA, M.A.M. Avaliação de formulações de glyphosate sobre soja Roundup Ready. Planta daninha, Viçosa, v. 25, n. 1, p. 165-171, 2007. ZOBIOLE, L. H. S. ; OLIVEIRA JUNIOR, R.S.; BONATO, C.M. ; MUNIZ, A.S. ; CASTRO, C. ; OLIVEIRA, F. A. ; CONSTANTIN, J. ; OLIVEIRA JUNIOR, A. . Effect of increasing doses of glyphosate on water use efficiency and photosynthesis in glyphosate-resistant soybeans. In: VIII World Soybean Research Conference, 2009, Summaries: Beijing. Weed and Its Management, 2009. 58 DOSES DE VINHAÇA E DESENVOLVIMENTO RADICULAR DA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM LATOSSOLO ARENOSO DO NOROESTE PARANAENSE Cleber de Oliveira Santini1; Antonio Nolla1; Eduardo Jamir Paes Vila2 e Leandro B. da Silva Volk1 Primeiro autor: Apresentador. [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama -PR 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Agronomia – Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO O cultivo de milho vem sendo amplamente difundido nos últimos anos no País, em decorrência do aumento da população e geração de alimentos, além de ser uma alternativa economicamente viável para o cultivo de outono/inverno. Por sua vez, o cultivo de milho em condições de solos arenosos é dificultado devido ao baixo potencial produtivo, decorrente da baixa concentração de nutrientes, baixos teores de argila (<150 g Kg-1) e elevados teores de alumínio (>0,5 cmol c kg-1) (NOLLA et al., 2009). De acordo com Korndofer e Anderson (1997), a utilização de resíduos da indústria sucroalcooleira como a vinhaça, em áreas de cultivo, favorece a obtenção de altos rendimentos em lavouras comerciais, bem como na ascensão da fertilidade destes solos. Bebé et al. (2008) trabalhando com cinco doses equivalentes de vinhaça para recomendação de potássio para a cultura de milho em Argissolo (206 g Kg-1 argila), relata que o máximo desenvolvimento do sistema radicular do milho foi atingido quando utilizados 25% da necessidade de potássio com vinhaça, complementados com 75% de potássio mineral. Apesar das pesquisas existentes quanto à utilização de vinhaça, é necessário o desenvolvimento de estudos capazes de estabelecer recomendações de utilização deste resíduo para solos arenosos. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento radicular do milho submetido à aplicação de doses crescentes de vinhaça e estabelecer recomendação de utilização deste resíduo para solos arenosos da região noroeste do Paraná. 59 MATERIAL E MÉTODOS Utilizou-se de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico de textura arenosa sob mata natural, cujos atributos químicos originais (0-20 cm) estão descritos na Tabela 1. O trabalho foi realizado na Universidade Estadual de Maringá, campus Regional de Umuarama, no ano de 2009. Coletaram-se amostras do solo, as quais foram secas e peneiradas. Acondicionou-se 3 kg do solo em colunas de PVC (20x15 cm). A semeadura ocorreu em vasos de 3,5 litros, permanecendo duas plantas por vaso após o raleio. Após o raleio, aplicou-se superficialmente vinhaça nas doses equivalentes a 0,100, 200, 400 e 800 m3 ha-1. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições. Tabela 1: Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural pH H2O 5,30 Al3+ Ca2+ Mg2+ -3 ...................cmolc dm ................... 0,2 1,67 0,63 Ca2+, Mg2+, Al3+ - extraídos com KCl 1 mol L-1 K+ P -3 ..........mg dm .......... 74,29 6,30 V m Argila ........% ........ g kg-1 36,78 7,43 120 P, K – extraídos com Melhlich 1 O milho foi cultivado por 45 dias, mantendo-se a umidade próxima à capacidade de campo. Aplicou-se nitrogênio na dosagem de 90 kg ha -1 de N, sendo a aplicação parcelada em duas vezes utilizando como fonte o sulfato de amônio. Na colheita, o solo foi peneirado para a retirada das raízes das plantas. Foi obtida a massa de matéria seca e fresca do sistema radicular. Retirou-se uma alíquota das raízes, as quais foram armazenadas em Freezer para quantificação do comprimento radicular (TENNANT, 1975). O raio radicular foi estimado pela fórmula (r0=((V/L) x π)1/2) descrita por Barber (1995). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo software SISVAR e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 pode ser observado que a relação entre o desenvolvimento radicular e a aplicação de doses de vinhaça apresentou ajuste de 85% (R2> 0,85). 60 No entanto, a aplicação de doses excessivas (800 m3 ha-1) reduziu a capacidade do sistema radicular se desenvolver, provavelmente em função de um possível desequilíbrio nutricional e salinização do solo (BRITO et al., 2005). O desenvolvimento radicular do milho aumentou à medida que foram adicionadas doses crescentes de vinhaça, concordando com os resultados obtidos por Bebé et al. (2008), sendo o máximo desenvolvimento radicular atingido entre as doses de A 220 M. SECA RADICULAR (g coluna -1) M. FRESCA RADICULAR (g coluna -1) 550 e 667 m3 ha-1, com média de 617 m3 ha-1 (Tabela 2). 200 180 160 140 120 100 80 60 y = -0,0005x2 + 0,55x + 62,063 40 R2 = 0,85** 20 0 100 200 300 400 500 600 -1 700 800 140 120 100 80 60 40 y = -0,0003x2 + 0,3537x + 45,168 R2 = 0,85** 20 0 DOSES DE VINHAÇA (m³ ha ) 100 200 300 400 500 600 700 800 DOSES DE VINHAÇA (m³ ha-1) D D 0,28 C 40 0,26 35 RAIO RADICULAR (cm) COMPRIMENTO RADICULAR (m) B 160 30 25 20 15 10 0,24 0,22 0,20 0,18 0,16 y = -8E-05x2 + 0,1062x + 2,2679 5 R2 = 0,86** 0 100 200 300 400 500 600 DOSES DE VINHAÇA (m3 ha-1) 700 y = -3E-07x 2 + 0,0004x + 0,1345 R 2 = 0,89** 0,14 0 800 900 0,12 0 100 200 300 400 500 DOSES DE VINHAÇA (m3 ha 600 -1 700 800 ) **significativo a 5% de probabilidade Figura 1. Relação entre a aplicação de doses crescentes de vinhaça e a massa de matéria fresca (A) e seca (B) do sistema radicular, comprimento radicular (C) e raio radicular (D) da cultura de milho, cultivada em um Latossolo arenoso. Bebé et al. (2008) descreve em seu trabalho que este fato pode estar associado ao tempo de incubação do solo com a vinhaça, o qual possui tendência de acidificação no inicio do processo e após um período de reação com o solo resulta na neutralização direta da acidez (H+) ou indireta por meio de geração de íons O2 que se combina com os íons H+ formando água. Pode-se afirmar que a 61 dosagem ideal para a fertilização orgânica do solo testado é de 617 m3 ha-1, fato discordantes dos resultados obtidos por pesquisas que descrevem como dosagens ideais para a fertilização do solo o uso de 400 (Pereira et al., 1992) e de 60 a 250 m 3 ha-1 (Raij et al., 1997). No entanto, é necessário destacar que a variação das dosagens recomendadas está intimamente ligada à textura do solo. Tabela 2: Valores de referência para doses de vinhaça baseadas no desenvolvimento do sistema radicular das plantas de milho cultivadas em Latossolo arenoso PARÂMETROS PLANTA DOSE DE VINHAÇA (m3 ha-1) MASSA VERDE RADICULAR 550 MASSA SECA RADICULAR 589 COMPRIMENTO RADICULAR 664 RAIO RADICULAR 667 MÉDIA 617 CONCLUSÃO A aplicação de doses crescentes de vinhaça aumentou de forma significativa o desenvolvimento radicular da cultura de milho. O melhor crescimento radicular foi obtido quando se aplicou uma dose média de 617 m3 ha-1 de vinhaça. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBER, S.A. Soil nutrient bioavailability: a mechanistic approach. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1995. 414p. BEBÉ, F. V. et al. Desenvolvimento do milho e alterações químicas em solo sob aplicação de vinhaça. Rev. Biol. Ciên. Terra, v. 8, n. 2, 2008. BRITO, F. L.; ROLIM, M. M.; PEDROSA, E. M. R. Teores de potássio e sódio no lixiviado e em solos após a aplicação de vinhaça. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, p.52-56, 2005. KORNDOFER, G. H.; ANDERSON, D. L. Use and impact of sugar-alcohol residues vinasse and filter cake on sugarcane production in Brazil. Sugar y Azucar, Englewood Cliffs, NJ., n. 92, v. 3, p. 26-35, 1997. 62 NOLLA, A.; PALMA, I. P.; SANDER, G.; VOLK, L. B. S.; SILVA, T. R. B. Desenvolvimento de milho submetido à aplicação de calcário e silicato de cálcio em um Argissolo arenoso do noroeste paranaense. Revista cultivando o saber, v. 2, 2009. PEREIRA, J. P. et al. Efeito da adição de diferentes dosagens de vinhaça a um latossolo vermelho-amarelo distrófico na germinação e vigor de sementes de milho. Rev. Bras. Sementes, v. 14, n. 2, p. 147-150, 1992. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (Ed.). Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997. 285p. (Boletim Técnico, 100). TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length. J Appl. Ecol.. 63:995-1001, 1975. 63 PRODUTIVIDADE, QUALIDADE E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE SEMENTES DE GIRASSOL (Helianthus annuus L.) CULTIVADO SOB DIFERENTES Kc Rafaela Alenbrant Migliavacca1; Kalina Sala Michelan1; Thiago Alberto Ortiz1; Lígia Maria Maraschi-Silva1; Marizangela Rizzatti Ávila2 e Éder Pereira Gomes1 Primeiro Autor: Apresentador. E-mail:[email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama-Pr. 2 Instituto Agronômico do Paraná,Unidade Regional de Pesquisa Oeste, Santa Tereza do Oeste-Pr. INTRODUÇÃO O girassol destaca-se como a quarta oleaginosa em produção de grãos e a quinta em área cultivada no mundo e apresenta características agronômicas importantes, como maior resistência à seca, ao frio. Apresenta ampla adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas e seu rendimento é pouco influenciado pela latitude, pela altitude e pelo fotoperíodo. Apresentando-se como uma opção nos sistemas de rotação e sucessão de culturas. Além de o seu óleo possuir excelentes características físico-químicas e nutricionais, para o consumo humano, outra vantagem é a possibilidade de associação do cultivo do girassol com a apicultura, e dá sua utilização como alimento animal (silagem e torta) e do seu potencial para produção de biodiesel. As necessidades hídricas do girassol ainda não estão perfeitamente definidas. Segundo Carter (1978) a necessidade hídrica do girassol vai aumentando com o desenvolvimento da planta, partindo de valores ao redor de 0,5 a 1,0 mm por dia durante fase de semeadura à emergência para um máximo de 6 a 7mm por dia na fase de floração e maturação dos aquênios, decrescendo após este período. O município de Umuarama, localizado na região do Arenito Caiuá, possui precipitação anual da ordem de 1.700 mm por ano e apenas dois meses com precipitações abaixo de 100 mm, julho e agosto. À baixa capacidade de armazenamento hídrico do solo desta região e a ocorrência de curtos veranicos durante o ciclo da cultura, podem comprometer tanto a produção como a qualidade das sementes de girassol, principalmente em fases que são consideradas críticas para a cultura, sendo de fundamental importância a utilização de complementação hídrica. 64 Considerando que a irrigação, praticada de forma suplementar pode se tornar uma opção de garantia tanto de quantidade quanto de qualidade de sementes de girassol torna-se crucial a realização de pesquisa nesta área, com o objetivo produzir sementes com qualidade utilizando-se irrigação. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido em Umuarama-PR, na área localizada na Fazenda do Campus Regional de Umuarama pertencente à Universidade Estadual de Maringá. O local possui clima, Cfa e está situado a uma latitude de 23º47‟sul e longitude de 53º14‟ a oeste de Greenwhich, com altitude de 403 m, e solo classificado como LATOSSOLO VERMELHO Distrófico.A semeadura foi realizada no mês de outubro de 2008 utilizando sementes do cultivar AGUARÁ 4, distribuída em linhas espaçadas a 0,70 m e 0,30 m entre plantas. A adubação e correção do solo foram realizadas de acordo com recomendações de CASTRO & FARIAS (2005) e com base nas características químicas do solo. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições de campo, onde quatro tratamentos corresponderam aos diferentes coeficientes de cultura (Kc) e a testemunha apenas água das chuvas ocorridas durante o período de condução do experimento. Cada parcela apresentou área de 9 m2, sendo compostas por cinco linhas com 10 plantas cada. Para irrigação foram utilizados quatro micro-aspersores (NAANDAN HADAR 7110, amarelo) e a pressão de serviço foi de 205 Kgf cm-2. O experimento ocupou área total igual a 693 m2 com 135 m2 de área ocupada pelas parcelas. Para o estudo foram estabelecidas cinco fases fenológicas com diferentes valores de coeficiente de cultura de acordo com a Tabela 1. Tabela 1 - Tratamentos utilizados no trabalho. Variação de Kc Fase I Fase II Fase III Fase IV Fase V 0 Chuva ocorrida durante o período de condução do experimento Até 15 (V1-R4) (R4-R6) (R6-R8) (R8-R9) 0,5 0,15 0,35 0,50 0,35 0,15 DAS 1 (Recomendado) 0,30 0,70 1,00 0,70 0,30 1,5 0,45 1,05 1,50 1,05 0,45 2 0,60 1,40 2,00 1,40 0,60 65 As fases foram identificadas conforme Castro & Farias (2005), onde a Fase I (estabelecimento); Fase II, desenvolvimento vegetativo (V1). Fase III, florescimento (emissão do broto floral (R1) até a fase que antecede o enchimento dos aquênios). Fase IV, frutificação (antecede o enchimento dos aquênios (R4) até o início da maturação). Fase V, maturação (início da maturação (R8) até a maturação fisiológica, dorso do capítulo e brácteas amareladas (R9), quando está fase foi identificada a irrigação foi suspensa para que a colheita fosse realizada. A irrigação iniciou-se após a semeadura quando todos os tratamentos receberam 30 mm de irrigação de estabelecimento. O manejo de irrigação foi realizado por meio de balanço hídrico. Valores de precipitação e evapotranspiração de referência foram fornecidos pela Estação Agroclimática do Campus. Antes da colheita avaliou-se o diâmetro do capítulo, diâmetro do caule e altura de planta. Após a colheita as sementes foram limpas e em seguida avaliou-se a produtividade e a massa de mil sementes. As sementes foram avaliadas pelos seguintes testes: Germinação, de acordo com (Brasil, 1992) onde a primeira contagem do teste de germinação foi conduzida em conjunto com o teste de germinação; o teste de sanidade e o teste de condutividade elétrica, com o auxílio de condutivímetro. Na determinação de óleo, utilizou-se o procedimento descrito nas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (I.A.L., 1985). O teor de proteínas foi determinado pelo método de Kjeldahl (Nitrogênio total), conforme recomendação da Association of Official Analytical Chemists (A.O.A.C, 1975). Para avaliar o comportamento das características avaliadas os dados foram submetidos à análise de regressão múltipla a 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados são apresentados nas Tabelas 2 e 3. Através da análise de regressão, verificou-se que as variáveis, teor de óleo, teor de proteínas, massa seca de planta e sanidade para os fungos Alternaria spp. e Fusarium spp. não apresentaram resultados significativos a 5% de probabilidade. Enquanto que as variáveis: massa de 1000 sementes, produtividade e condutividade elétrica, apresentaram tendência linear. 66 Tabela 2 – Médias dos tratamentos, para as variáveis, diâmetro do capítulo, diâmetro do caule, altura de planta, produtividade e sanidade. ∆Kc Massa de Diâmetro do Altura de Produtividade Colletotrichum spp. (%) 1000 Caule Planta (kg ha-1) Sementes (g) (mm) (cm) 0 0,5 1 1,5 2 127,07 145,12 163,18 181,23 199,29 Ȳ = 127,07 + 36,11∆Kc Equação 14,22 17,79 18,20 17,70 18,55 Ȳ =14,2+11,8 ∆Kc-10∆Kc2 +3,02∆Kc3 133,62 157,73 174,17 182,93 184,02 Ȳ=133,62+ 55,9∆Kc 15,35∆Kc2 4.633,17 5.167,67 5.702,18 6.236,68 6.771,19 Ȳ =4.633,1+ 1069,01∆Kc 5 2,31 0,87 0,68 1,75 Ȳ= 5- 6,6∆Kc +2,5∆Kc2 Já as variáveis: altura de planta, sanidade para o fungo Colletotrichum spp., germinação e primeira contagem apresentaram tendência quadrática, já o diâmetro do caule e o diâmetro do capítulo apresentaram tendência cúbica. Tabela 3 – Médias dos tratamentos, para as variáveis, condutividade elétrica, massa de 1000 sementes, germinação e primeira contagem da germinação. ∆Kc Condutividade Diâmetro do Germinação Primeira elétrica capítulo (cm) (%) Contagem (µScm-1g-1sementes) (%) 0 0,5 1 1,5 2 88,93 93,94 98,95 103,97 108,98 15,77 64,84 20,52 76,20 21,07 81,70 20,66 81,35 22,55 75,14 Ȳ=15,77+15,87∆kc Ȳ =64,84 Ȳ=88,93+10,023*∆Kc -14,9∆kc2 +28,57∆Kc 3 Equação + 4,3∆kc -11,7∆Kc2 55,92 65,06 69,52 69,30 64,41 Ȳ =55,92 + 22,96∆Kc -9,3∆Kc2 CONCLUSÕES O kc que mais apresentou desempenho satisfatório para as características avaliadas foi o igual a 1,5 podendo este tratamento ser o mais recomendado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis.Washington: AOAC, 1975.1054 p. BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. 67 CARTER, J.F. Sunflower science and technology. Madison: American Society of Agronomy, 1978. 505 p. CASTRO, C., FARIAS, J. R. B. Ecofisiologia do girassol. In: LEITE, R. M. V. B. C. Et al. Girassol no Brasil. Londrina: EMBRAPA, 2005. p. 163-218. INSTITUTO ADOLF LUTZ. Métodos químicos e físicos para analise de alimentos. São Paulo, v.1,1985. p.533. IAPAR. Cartas climáticas: Curitiba, 2009.Disponível em: www.iapar.br. 68 DESEMPENHO DE PLÂNTULAS DE MILHO TRANSGÊNICO SOB EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES COM BIORREGULADOR André P. Barbosa1; André Felipe M. Silva1 ; Rafaela A. Migliavacca1; Leandro P. Albrecht1; Matheus A. Mendes1; Alfredo Jr. P. Albrecht² Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama – PR. 2 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Maringá – PR. INTRODUÇÃO Os biorreguladores com ação promotora são complexos que promovem o equilíbrio hormonal das plantas, favorecendo a expressão do seu potencial genético, estimulando o desenvolvimento do sistema radicular (ONO et al., 1999). Esses produtos agem na degradação de substâncias de reserva das sementes, na diferenciação, divisão e alongamento celulares (CASTRO & VIEIRA, 2001). Considerando que um determinado produto comercial, como o biorregulador Stimulate®, tem em sua concentração 0,005% do ácido indolbutíricorico (auxina), 0,009% de cinetina (citocinina) e 0,005% de ácido giberélico (giberelina), sendo eles análogos sintéticos de hormônios vegetais, que atuam como mediadores de processos morfológicos e fisiológicos, acredita-se que este biorregulador, também chamado „bioestimulante‟, pode, em função da sua composição, concentração e proporção de substâncias, incrementar o crescimento e o desenvolvimento vegetal, estimular a divisão celular, podendo, também, aumentar a absorção de água e nutrientes pelas plantas (VIEIRA & CASTRO, 2001; VIEIRA & MONTEIRO, 2002). O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do tratamento de sementes com diferentes manejos de doses do biorregulador ST ® (Stimulate®) em diferentes tempos de embebição, no desempenho de plântulas de milho Bt (YieldGard®) de diferentes peneiras. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em casa de vegetação localizada na Fazenda do Centro Avançado de Umuarama (CAU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no município de Umuarama, região noroeste do Estado do Paraná. Foi 69 utilizada no experimento, o híbrido de milho Agroceres 9010 YieldGard ® (AG 9010 YG). Os tratamentos consistiram na embebição (0, 24, 48 e 72 horas) das sementes de milho de duas peneiras (C2 e R2 – menor e maior, respectivamente) em diferentes manejos da dose do biorregulador ST ® (por ha e por kg – 15 mL kg-1 e 500 mL ha-1, respectivamente). Avaliou-se o desempenho de plântulas com os seguintes testes: emergência em areia, velocidade de crescimento, coeficiente de emergência, índice de emergência, massa fresca de plântulas e massa seca de plântulas, velocidade de emergência, comprimento de plântulas e comprimento de raízes (BRASIL, 2009 & NAKAGAWA, 1999). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, em arranjo fatorial (2X3X4). Os dados coletados foram submetidos à análise de variância (P<0,05) e, quando significativas, as médias do tratamento qualitativo - manejo - foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05), o teste F foi conclusivo para peneiras e o tratamento quantitativo - tempo - foi submetido a análise de regressão (P<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância dos dados revelou efeito significativo (P<0,05) para a maioria das variáveis dentro dos efeitos principais, sendo possível captar diferenças significativas para todas as variáveis dentro do desdobramento de segunda ordem. Para praticamente todas as variáveis houve decréscimo linear do desempenho de plântula em função das horas de tratamento (Figura 1). As sementes de peneira menor tenderam a apresentar valores superiores ao de peneira maior dentro dos manejos de biorregulador e tempo de embebição, para as diferentes variáveis, porém a peneira maior foi mais responsiva aos manejos com o biorregulador. Quanto ao manejo da dose do biorregulador, observou-se superioridade do manejo em que a dose foi estimada por quilograma de sementes, para a maioria das variáveis, dentro dos desdobramentos. 70 Figura 1. Regressão linear para as variáveis massa seca e comprimento de plântulas de milho transgênico manejadas com Stimulate ®, em diferentes tempos de embebição, em Umuarama – PR, 2010. Portanto, concordando com DOURADO NETO et al. (2004), o uso do biorregulador Stimulate® é uma opção viável no tratamento de sementes. A recomendação, a partir dos resultados obtidos, seria a utilização preferencial do produto com dose estimada por quilograma de sementes e, evitando-se a embebição das sementes por muitas horas. CONCLUSÃO O biorregulador influencia positivamente o desempenho das plântulas. Quanto maior o tempo de embebição no biorregulador, piores são os resultados do tratamento de sementes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 2009. 365p. CASTRO, P.R.C.; VIEIRA, E.L. Aplicações de reguladores vegetais na agricultura tropical. Guaíba: Agropecuária, 2001. 132p. DOURADO NETO, D.; DARIO, G. J. A.; VIEIRA JÚNIOR, P. A.; MANFRON, P. A.; MARTIN, T. N.; BONNECARRÉRE, R. A. G.; CRESPO, P. E. N. Aplicação e influência do fitorregulador no crescimento das plantas de milho. Revista da FZVA, v.11, n.1, p. 1-9. 2004. 71 NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANCA NETO, J. B. (Eds.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p.2.1 - 2.24. ONO, E.O.; RODRIGUES, J. D.; SANTOS, S. O. Efeito de fitorreguladores sobre o desenvolvimento de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) cv Carioca. Revista Biociências, v.5, n.1, p.7-13, 1999. VIEIRA, E.L.; MONTEIRO, C.A. Hormônios vegetais. In: CASTRO, P.R.C.; SENA, J.O.A.; KLUGE, R.A. (Eds.). Introdução à fisiologia do desenvolvimento vegetal. Maringá: EDUEM, 2002. p.79-104. 72 MANEJO DE MELOIDOGYNE INCOGNITA UTILIZANDO EFLUENTES DE BIODIGESTOR A BASE DE REPOLHO, ALHO E PIMENTA Rafael M. Mattos; Tereza C. Sassaki; Heriksen H. Puerari; Tatiana P. L. Cunha; Fabio Biela; Fernando M. Chiamolera; Cláudia R. Dias-Arieira Primeiro autor: Apresentador. E-mail:[email protected] Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus Regional de Umuarama - PR INTRODUÇÃO Nos últimos anos o cultivo de hortaliças no Paraná apresentou aumentos substanciais na produtividade. Apesar da área cultivada ter diminuído entre os anos de 1993 a 2003, passando de 65.601 ha para 62.551 ha, a produção aumentou, no mesmo período, de 1.039.220 t para 1.460.609 t (SEAB, 2007). Contudo, diversos são os desafios para manter esta posição e entre os fatores que limitam a produtividade de hortaliças estão os fitonematóides, em especial os nematóides de galhas (SIKORA & FERNANDEZ, 2005). O controle de nematóides é complexo e requer um sistema de manejo integrado, sendo o uso de matéria orgânica um dos métodos de controle indicado (CAMPOS et al., 2001). Desta forma, restos culturais de repolho e outras hortaliças podem ser importante fonte de matéria orgânica, uma vez que algumas espécies apresentam efeito comprovado para o controle de nematóides (NEVES et al., 2009). Desta forma, objetivou-se avaliar a eficiência de materiais biodigeridos, a base de repolho (Brassica oleraceae var. capitata), pimenta (Capsicum frutensens) e alho (Allium sativum), no controle de M. incognita. MATERIAL E MÉTODOS Para obtenção dos extratos biodigeridos, as diferentes combinações de materiais vegetais: a) 500 g de repolho - R; b) 450 g de repolho + 50 g de pimenta RP; c) 350 g de repolho + 150 g de alho - RA; d) 300 g de repolho + 150 g de alho + 50 g de pimenta – RAP, foram misturados a 3 L de água e depositados em um tambor de polietileno com capacidade para 10 L, o qual foi totalmente vedado e adaptado para funcionar como biodigestor. 73 O experimento foi conduzido entre os meses de dezembro/2009 a fevereiro/2010, em área de produção orgânica de hortaliças, com ocorrência natural do nematóide, em um canteiro de 30 m x 1,2 m. Realizou-se, no momento da instalação do experimento, a amostragem de solo para determinação da população inicial (JENKINS, 1964). Para identificação da espécie de Meloidogyne utilizou-se a metodologia de eletroforese de isoenzima para esterase em gel de poliacrilamida (TIHOHOD, 1993; CARNEIRO & ALMEIDA, 2001), sendo as fêmeas obtidas de raízes de tomateiros cultivados na área. O canteiro foi dividido em parcelas de 1 m2, nas quais foram incorporados ao solo os efluentes biodigeridos, na dosagem de 1 L para cada parcela. Parcelas tratadas com água e com repolho fresco picado (1 kg m-2) foram utilizadas como testemunhas. No dia posterior, cada parcela recebeu 16 mudas de tomateiro, espaçadas entre si em 20 cm. Após 15, 30 e 45 dias do transplantio repetiram-se as aplicações. Decorridos 60 dias do transplantio, duas plantas centrais de cada parcela foram coletadas para análise da massa fresca (Mfpa) e seca (Mspa) da parte aérea, massa fresca da raiz (Mfra), número de galhas e número de ovos por sistema radicular, conforme metodologias descritas anteriormente. O experimento utilizado foi o DIC, com seis repetições para cada tratamento. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A identificação do nematóide indicou a presença de M. incognita na área onde o experimento foi realizado. Maior número de nematóides no solo foi obtido no tratamento com repolho+alho (Tabela 1). Tal resultado refletiu também no aumento no número de galhas, sendo este superior aos demais tratamentos, inclusive à testemunha. Quanto ao número de ovos, não houve diferença estatística entre os tratamentos, corroborando com o resultado anteriormente observado por NEVES et al. (2009), no qual também não foi verificado efeito nematicida de extratos obtidos do alho. O tratamento repolho+alho+pimenta afetou negativamente o desenvolvimento das plantas (Tabela 1). A população inicial de nematóides no solo foi amostrada 74 antes da instalação do experimento e houve declínio da população durante o período experimental. Contudo, este não pode ser conferido aos tratamentos, visto que as parcelas que não os receberam também apresentaram reduções, as quais variaram de 50,0 a 58,7 %, sendo que na testemunha correspondeu a 50,2 %. Por tratar-se de cultivo orgânico, práticas culturais realizadas em ciclos de cultivo anteriores, como adição de matéria orgânica ao solo, podem ter contribuído com estes resultados. Tabela 1 - População inicial (Pi) de Meloidogyne incognita no solo, número de galhas e ovos no sistema radicular do tomateiro, massa fresca da raiz (Mfra) e massa fresca (Mfpa) e seca da parte aérea (Mspa), após 60 dias de tratamento com diferentes materiais biodigeridos. Tratamento Pi Galhas Ovos Mfra Testemunha 930 ab 55 a 463ns 7,17 ab 37,29 a 5,30 a Repolho fresco 748 ab 29 a 309 7,85 a 5,19 a 643 ab 31 a 299 4,84 ab 18,76 ab 2,80 ab Rep2+Alho B 1440 b 103 b 720 7,19 ab 33,44 ab 4,52 ab Rep+Alho+Pim3 B 324 a 45 a 458 2,40 b 1,78 b Repolho B 1 Mfpa 38,02 a 13,52 b Mspa 1 Biodigerido, 2repolho, 3pimenta. Médias nas colunas seguidas pela mesma não diferem entre si pelo teste Tukey a 5 % de probabilidade. Apesar dos experimentos que comprovam a eficiência de brássicas, alho e pimenta no controle de nematóides (KRISHNAMURTHY & MURTHY, 1993; NEVES et al., 2009), nas condições em que o presente trabalho foi conduzido estes não se confirmaram, ao contrário, no tratamento repolho+alho+pimenta houve aumento na população de nematóides em 41,4%. Porém, outros trabalhos de campo têm apresentado resultados insatisfatórios, como o realizado por MONFORT et al. (2007), no qual o cultivo seguido da adição de resíduos de repolho esteve entre os tratamentos menos eficientes em reduzir a população de M. incognita. Os autores chamam a atenção para a importância de estudos a respeito da quantidade de matéria fresca produzida pela planta e da quantidade de glucosinolatos em diferentes espécies de brássicas. No presente trabalho, o processo de biodigestão também pode ter contribuído para a ausência de controle. 75 CONCLUSÃO Os materiais biodigeridos não controlaram M. incognita em tomateiro. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS, V.P.; CAMPOS, J.R.; SILVA, L.H.C.P.; DUTRA, M.R. Manejo de nematóides em hortaliças. In: SILVA, L.H.C.P., J.R. CAMPOS & G.B.A. NOJOSA (ed). Manejo Integrado: Doenças e Pragas em Hortaliças. Editora UFLA, Lavras MG, p.125-158. 2001. CARNEIRO, R.M.D.G. & M.R.A. ALMEIDA. 2001. Técnica de eletroforese usada no estudo de enzimas dos nematóides de galhas para identificação de espécies. Nematologia Brasileira, 25 (1): 35-44. JENKINS, W.R. 1964. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Report, 48: 692. KRISHNAMURTHY, G.V.G. & P.S.N. MURTHY. 1993. Further studies with plant extracts on root-knot nematode (Meloidogyne javanica) larvae. In: CHARI, M.S. & G. RAMAPRASAD (ed). Botanical Pesticides in Integrated Pest Management. Indian Society of Tobacco Science, Rajahmundry, p. 438-448. MONFORT, W.S., A.S. CSINOS, J. DESAEGER, K. SEEBOLD, T.M. WEBSTER & J.C. DIAZ-PEREZ. Evaluating Brassica species as an alternative control measure for root-knot nematode (M. incognita). Crop Protection, v. 26, n. 9, p. 1359-1368, 2007. NEVES, W.S., L.G. FREITAS, M.M. COUTINHO, R. GIARETTA-DALLEMOLE, C.F.S. FABRY, O.D. DHINGRA & S. FERRAZ. 2009. Atividade nematicida de extratos botânicos de pimenta malagueta (Capsicum frutescens), mostarda (Brassica campestris) e alho (Allium sativum) sobre o nematóide das galhas, Meloidogyne javanica, em casa de vegetação. Summa Phytopathologica, 35 (4): 255-261. SEAB – Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná. 2007. Estimativa na área e na produção de hortaliças no Paraná. Disponível em: http://www.seab.gov.pr.br. Acesso em: 06 de março de 2010. SIKORA, R.A. & E. FERNANDEZ. 2005. Nematode Parasites of Vegetables. In: LUC, M., R.A. SIKORA & J. BRIDGE (ed). Plant Parasitic Nematodes in Subtropical and Tropical Agriculture. CAB International, Wallingford - UK, p. 319-392. TIHOHOD, D. 1993. Nematologia Agrícola Aplicada. Editora FUNEP, Jaboticabal (SP), 372 p. 76 QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO PRODUZIDAS SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DIFERENTES NÍVEIS DE COBERTURA Thiago A. Ortiz1; Lígia M. Maraschi-Silva1; Marizangela R. Ávila2; Rafaela A. Migliavacca1; Yara C. F. Cabral1; Éder P. Gomes1 Primeiro Autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama-Pr. 2 Instituto Agronômico do Paraná,Unidade Regional de Pesquisa Oeste, Santa Tereza do Oeste - Pr. INTRODUÇÃO A produção de semente de trigo no Brasil evoluiu de maneira significativa, com a implantação de novos programas e técnicas de manejo. Contudo, a produção de sementes de qualidade se torna uma necessidade fundamental, pois é este insumo agrícola que carrega os caracteres desejados para uma condução eficiente das lavouras que resultam em produtividades maiores a cada safra. O uso de espécies forrageiras como as do gênero Brachiaria para a formação de palha, vêm despertando há algum o interesse de agricultores e pesquisadores. Destacam-se pela excelente adaptação a solos de baixa fertilidade, fácil estabelecimento e considerável produção de biomassa durante o ano, proporcionando excelente cobertura vegetal do solo. Estas forrageiras são de grande potencial na manutenção da palha sobre o solo devido a sua relação C/N alta, o que retarda sua decomposição e aumenta a possibilidade de utilização em regiões mais quentes. No setor de produção de sementes, a correta utilização da irrigação é importante para garantir a alta qualidade do produto, que será beneficiado como semente, assim como para que a semente produzida possa expressar plenamente seu potencial produtivo, comprovando sua qualidade (TAVARES, 2007). Neste contexto, o trabalho teve por objetivo comparar diferentes lâminas de irrigação associados a diferentes níveis de cobertura morta sobre o solo e a interação desses fatores sobre a qualidade de sementes da cultura de trigo, para se 77 obter informações a respeito destes parâmetros de produção para a região do Arenito Caiuá, em Umuarama - PR. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda do Campus Regional de Umuarama da Universidade Estadual de Maringá, o qual caracterizou um delineamento em blocos casualizados em arranjo fatorial 4x6 com quatro repetições e em esquema de parcela subdividida, sendo a parcela composta por lâminas (472,75 - sem irrigação suplementar, ou seja, apenas água da chuva - 482,74; 494,25 e 511,22 mm de água) e as subparcelas por diferentes níveis de cobertura morta sobre o solo (0; 3.300; 6.600; 10.000; 13.300; 16.600 kg ha-1). A partir dos coeficientes de cultura (kc) para a cultura do trigo (fase inicial - 0,3 a 0,4; desenvolvimento - 0,7 a 0,8; fase média - 1,05 a 1,20; fase final - 0,65 a 0,70; e na colheita - 0,20 a 0,25), aplicadas com auxílio de aspersores e o material usado como cobertura morta sobre o solo foi palha seca de braquiária (Brachiaria brizanta) na forma de feno. Cada parcela foi constituída por doze linhas de 30 m de comprimento cada, e divididas em seis subparcelas de 5 m de comprimento, sendo a área total de cada parcela e subparcela de 72 e 12 m2, respectivamente, avaliando uma área de 4,8 m2 por subparcela. Após a colheita, avaliou-se a qualidade fisiológica das sementes de trigo através do teste de germinação (BRASIL, 1992), primeira contagem do teste de germinação (Brasil, 1992), classificação do vigor das plântulas (NAKAGAWA, 1999), teste de tetrazólio, comprimento de plântula (NAKAGAWA, 1999) e massa seca de plântula (NAKAGAWA, 1999). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e efetuados os desdobramentos necessários na interação entre os tratamentos considerando a significância 5% de probabilidade. RESULTADO E DISCUSSÃO A análise de variância dos dados revelou que não houve efeito significativo entre os tratamentos, a 5% de probabilidade. Como pode ser visto na Tabela 1, a qualidade fisiológica de sementes de trigo não diferenciou estatisticamente nos tratamentos com diferentes lâminas de irrigação em interação com os níveis de 78 cobertura morta sobre o solo. Portanto, a porcentagem de germinação, porcentagem de germinação da primeira contagem do teste de germinação, porcentagem de plântulas normais fortes, porcentagem de sementes viáveis obtidas no teste de tetrazólio, comprimento de radícula, comprimento de parte aérea e matéria seca das plântulas de trigo não apresentou influência da interação dos fatores as quais foram submetidas, diferentes lâminas de irrigação, com diferentes níveis de cobertura morta sobre o solo. Tabela 1. Qualidade fisiológica de sementes de trigo produzidas sob diferentes lâminas de irrigação e diferentes níveis de cobertura morta sobre o solo. Lâmina de Níveis de cobertura morta sobre o solo (Kg ha -1) Irrigação 0 3.300 6.600 10.000 13.300 16.600 (mm) Germinação de sementes de trigo(%) C.V.= 8 91 81 93 92 96 90 88 93 94 92 74 91 92 94 90 87 94 90 92 90 90 90 90 90 Primeira contagem de germinação das sementes de trigo (%) C.V.= 24 472,75 49 40 62 50 51 50 482,74 50 53 53 46 37 48 494,25 39 45 47 52 57 45 511,22 58 59 47 49 52 52 Plântulas normais obtidas no teste do vigor de plântulas de trigo (%) C.V.= 10 472,75 76 66 86 77 85 79 482,74 75 78 80 78 62 77 494,25 78 79 76 74 80 74 511,22 79 79 75 77 77 79 Sementes viáveis obtidas no teste de tetrazólio em trigo (%) C.V. = 8 472,75 90 89 89 91 94 92 482,74 96 91 89 94 94 85 494,25 92 91 86 87 89 80 511,22 88 88 80 85 97 95 Comprimento de radícula de plântulas de trigo (cm) C.V.= 13 472,75 27 24 23 27 27 23 482,74 27 30 26 26 26 21 494,25 30 27 25 26 25 22 511,22 27 26 27 25 26 26 Comprimento de parte aérea de plântulas de trigo (cm) C.V.= 15 472,75 14 13 12 13 14 11 482,74 14 17 14 14 13 13 494,25 16 14 13 14 14 11 511,22 14 14 16 13 13 14 Matéria seca de plântulas de trigo (g) C.V.= 9 472,75 0,16 0,19 0,21 0,21 0,22 0,25 482,74 0,26 0,70 0,36 0,29 0,22 0,24 494,25 0,25 0,24 0,22 0,21 0,27 0,32 511,22 0,28 0,18 0,18 0,22 0,22 0,17 472,75 482,74 494,25 511,22 79 CONCLUSÃO A interação dos fatores diferentes lâminas de irrigação e diferentes níveis de cobertura morta sobre o solo não apresentou diferença significativa nos parâmetros avaliados referentes à qualidade fisiológica das sementes de trigo, sob as condições da região em que o experimento foi conduzido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília, DF: Departamento Nacional de Produção Vegetal, Divisão de Sementes e Mudas, 1992. 365p. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANCA NETO, J.B. (Eds.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p.2.1 - 2.24. NAKAGAWA, J. et al. Qualidade de sementes de trigo e de soja em função de sistemas de preparo de solo e da sucessão de culturas. Acta Scientiarum: Agronomy, Maringá, v. 25, n. 1, p. 73-80, 2003. TAVARES, V.E.Q. Sistemas de irrigação e manejo de água na produção de sementes. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Estadual de Pelotas, 2007, 182f. 80 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS SEMENTES DE SOJA TRANSGÊNICA SOB TRATAMENTOS COM BIORREGULADOR Matheus A. Mendes1; Leandro P. Albrecht1; Alfredo Junior P. Albrecht2; Alessandro L. Braccini2; Marizangela R. Ávila3; André P. Barbosa1; André Felipe M. Silva1; Rafaela A. Migliavacca1. Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] ¹Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama – PR ²Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia – Campus de Maringá. ³IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná, Estação Experimental de Santa Tereza do Oeste – PR INTRODUÇÃO Com o intuito de alcançar maiores retornos econômicos, incremento na produtividade da cultura, a fim de melhorar a qualidade e composição química das sementes em níveis satisfatórios, faz-se necessária a continuidade no processo de geração de informações, provenientes da pesquisa dirigida, que avalie práticas inovadoras de manejo, como o uso de biorreguladores. Reguladores vegetais ou biorreguladores são substâncias ou associações, podendo elas ser análogos químicos de hormônios vegetais. Algumas pesquisas demonstram o efeito de biorreguladores com ação promotora na cultura da soja, como os de Klahold et al. (2006), Campos et al. (2008) e Moterle et al. (2008), que apontam resultados concernentes ao desempenho das plantas e componentes da produção. Porém, poucos trabalhos, como o de Ávila et al. (2008), abarcam aspectos sobre a qualidade de sementes e teores de óleos e proteínas. Portanto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação do biorregulador Stimulate® na composição química das sementes. MATERIAS E MÉTODOS O experimento foi instalado no campo experimental da FEI-UEM (Fazenda Experimental de Iguatemi – Universidade Estadual de Maringá). Sementes de soja da cultivar BRS 246RR foram semeadas no mês de outubro dos anos agrícolas de 2007/2008 e 2008/2009. 81 Os tratamentos foram compostos pelo tratamento de sementes, com e sem o produto Stimulate®, além de cinco doses do Stimulate ® aplicadas, via foliar, em dois estádios de desenvolvimento da cultura, ou seja, V 5 ou R3, constituindo-se um fatorial 2 x 5 x 2. As dosagens utilizadas foram as seguintes: via tratamento de sementes – 0 e 0,500 L 100 kg-1 de sementes; pulverização foliar – 0; 0,125; 0,250; 0,375 e 0,500 L ha-1. O biorregulador utilizado é composto por três reguladores vegetais nas seguintes concentrações: 0,005% do ácido indolbutirico (auxina), 0,009% de cinetina (citocinina) e 0,005% de ácido giberélico (giberelina). Os manejos da cultura seguindo recomendações da Embrapa (2006). Para as avaliações foi utilizada uma área útil de 5,4 m2. As sementes colhidas foram acondicionadas e, após, efetuado a determinação dos teores de óleo e proteína (I.A.L., 1985; A.O.A.C., 1990). O delineamento experimental adotado foi em blocos completos casualizados, com 20 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados no esquema fatorial 2 x 5 x 2 (tratamento de sementes x aplicação foliar x estádio de desenvolvimento). Os resultados foram submetidos à análise de variância, procederamse os desdobramentos necessários; o teste F foi conclusivo na comparação das médias dos efeitos de tratamento de sementes e de estádios fenológicos. A análise de regressão foi utilizada para verificar o comportamento das variáveis, em função das doses de bioregulador aplicados via foliar, em nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a safra 2007/2008, após análise estatística dos dados, assumindo uma probabilidade de 5% de erro, observou-se efeito significativo para praticamente todos os fatores e a interação dos mesmos, especialmente para o teor de proteínas. Quanto ao teor de óleo, mesmo não havendo efeito significativo para a interação de segunda ordem na Anova, o desdobramento da mesma permitiu a obtenção de diferenças significativas. Na segunda safra avaliada (2008/2009), após a análise de variância, notou-se a presença de efeito significativo (P<0,05) para o fator isolado dose, em ambas as variáveis (óleo e proteínas). Porém, no desdobramento das interações, diferenças significativas foram obtidas dentro do desdobramento de segunda ordem, o que possibilitou gerar os resultados apresentados na Figura 1. 82 Figura 1 - Regressão polinomial dos teores de proteínas e óleo determinados nas sementes, em função de diferentes doses do biorregulador aplicadas, via foliar, em diferentes estádios de desenvolvimento e na presença de tratamento de sementes, no ano agrícola 2008/2009. A composição química é afetada pelo genótipo e pelo ambiente, e pela interação deles (RANGEL et al., 2004); o resultado dessa interação é passível de ser modificada por manejos agrotecnológicos (ALBRECHT et al., 2008). Infere-se que a ação do biorregulador avaliado, por ter ação fisiológica direta, propicie modificações no metabolismo, direcionando as reações anabólicas no sentido de permitir condições para maior acúmulo de proteínas em detrimento dos teores de óleo. Caso a comercialização do produto, na forma de grão, seja considerada a composição química e valorizada a presença de altos níveis protéicos, a margem líquida sobre a venda seria incrementada quando do uso do biorregulador em dose ótima, focando a expressão de maiores teores de proteínas. CONCLUSÃO Os teores de óleo e proteínas são alterados pela ação do biorregulador, com possibilidade de favorecimento do conteúdo protéico em detrimento ao óleo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, L. P.; BRACCINI, A. L.; ÁVILA, M. R.; SUZUKI, L. S.; SCAPIM, C. A.; BARBOSA, M. C. Teores de óleo, proteínas e produtividade de soja em função da antecipação da semeadura na região oeste do Paraná. Bragantia, Campinas, v. 67, n. 4, p. 865-873, 2008. 83 AOAC - Association of Official Analytical Chemist. Official methods of the Association of Official Analytical Chemist. 15. ed. Washington, D.C.: AOAC, 1990. v. 1, p. 209-230. ÁVILA, M. R.; BRACCINI, A. L.; SCAPIM, C. A.; ALBRECHT, L. P.; TONIN, T. A.; STÜLP, M. Bioregulator application, agronomic efficiency, and quality of soybean seeds. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 65, n. 6, p. 567-691, 2008. CAMPOS, M. F.; ONO, E. O.; BOARO, C. S. F.; RODRIGUES, J. D. Análise de crescimento em plantas de soja tratadas com substâncias reguladoras. Revista Biotemas, Florianópolis, v. 21, n. 3, p. 53-63, 2008. EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja: Paraná – 2007. Londrina: Embrapa Soja, 2006. (Sistemas de produção, 10). IAL - Instituto Adolfo Lutz. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. São Paulo, 1985. v. 1, p. 533. KLAHOLD, C. A.; GUIMARÃES, V. F.; ECHER, M. M.; KLAHOLD, A.; ROBINSON L. C., BECKER, A. Resposta da soja (Glycine max (L.) Merrill) à ação de bioestimulante. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 28, n. 2, p. 179-185, 2006. MOTERLE, L. M.; SANTOS, R. F.; BRACCINI, A. L.; SCAPIM, C. A.; BARBOSA, M. C. Efeito da aplicação de biorregulador no desempenho agronômico e produtividade da soja. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 30, supl., p. 701-709, 2008. RANGEL, M. A. S.; CAVALHEIRO, L. R.; CAVICHIOLLI, D.; CARDOSO, P. C. Efeito do genótipo e do ambiente sobre os teores de óleo e proteína nos grãos de soja, em quatro ambientes da região sul de Mato Grosso do Sul, safra 2002/2003. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004. (Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 17). 84 CRESCIMENTO INICIAL DE EUCALYPTUS GRANDIS TRATADO COM DIFERENTES DOSES DE LODO DE ESGOTO NO NOROESTE DO PARANÁ Thiago Henrique Oro1; Erci Marcos Del Quiqui1; Douglas Kaplum1; Hiales Carpine Fodra1; Diego Luiz Ferreira1; Juliano Sartori Emerick1 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia – Campus de Umuarama INTRODUÇÃO Uma alternativa interessante para a disposição final do lodo de esgoto, na maioria das cidades brasileiras, é sua utilização na agricultura. De acordo com Luduvice (2000), o potencial agronômico do lodo é inquestionável, mas sua utilização em áreas agrícolas deve ser feita de maneira cuidadosa, de modo a não provocar danos à saúde pública, ao ambiente ou prejuízos financeiros ao agricultor. Assim, seu aproveitamento em plantações florestais parece ser uma das opções mais indicadas sob os aspectos sanitário, ambiental, silvicultural, social e econômico. No Brasil, os solos utilizados para plantios florestais são geralmente de baixa fertilidade e necessitam de um aporte de nutrientes, suprido geralmente por adubos minerais, os quais poderiam ser substituídos, com certa vantagem, por adubos orgânicos, como por exemplo, o lodo de esgoto. No entanto, para se obter essa vantagem, é necessária a determinação da amplitude das doses que atendam às necessidades nutricionais das árvores, principalmente durante a fase inicial de crescimento da cultura florestal, sem impactar o ambiente. O lodo de esgoto, que depois de tratado é citado por alguns autores pelo nome de biossólido, apresenta vantagens em relação à fertilização mineral convencional, em função da lenta liberação dos nutrientes no solo, após aplicação (POGGIANI, 2006). Em geral, as estações de tratamento de esgoto (ETEs), no Brasil, tratam o lodo com a adição de cal hidratada e cloreto férrico, visando inclusive sua utilização na agricultura. Contudo, pouco se conhece atualmente a respeito da utilização de lodo de esgoto , quanto ao seu potencial uso em culturas agroflorestais como adubo orgânico e condicionador do solo. Este trabalho tem como objetivo verificar o efeito da aplicação dos lodos de esgoto, produzidos na ETE de Umuarama da SANEPAR, no crescimento e na 85 produção de biomassa lenhosa de Eucalyptus grandis, plantado em solo arenoso de baixa fertilidade. MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi conduzido na dependência da Fazenda do Campus da Universidade Estadual de Maringá, em Umuarama, localizado na região noroeste do estado do Paraná, a 23° 47‟ de latitude S, 53° 15‟ de longitude W e altitude média de 375 m. O clima é classificado como Cfa, segundo Köppen, com precipitação média anual de 1.500mm, temperatura média anual de 22 oC, umidade relativa média anual 70% com média de 2 geadas por ano (IAPAR, 1994). O solo pertence à classe Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico típico (EMBRAPA, 1999). A espécie utilizada foi Eucalyptus grandis plantada em 4410 m2, submetidos a 7 tratamentos com 3 repetições. Cada parcela possui 210 m² (14x15 m), sendo constituída por 5 linhas. As plantas foram espaçadas em 2 m na linha de plantio e em 3 m nas entrelinhas, totalizando 35 árvores por parcela. Na área útil da parcela foram consideradas as 15 plantas centrais. O plantio foi realizado com sulcador onde foi aplicada as doses do lodo e demais fertilizantes (Tabela 1). Os níveis de N, P e K serão aqueles recomendados por Novais et al. (1990) para solos arenosos. A complementação com P foi realizada simultaneamente com a fertilização de base e K e B em cobertura aos 45 e 90 dias após o plantio. Esta complementação foi necessária nos tratamentos com lodo de esgoto, devido aos baixos teores de fósforo e potássio encontrados no lodo produzido pela ETE de Umuarama de modo a igualar a quantidade aplicada no tratamento com a adubação mineral. Tabela 1. Nutrientes adicionados ao solo com a aplicação dos lodos de esgoto e da fertilização mineral (Umuarama/ PR, 2010) Tratamento N P2O5 K2O Ca Mg S B -1 Kg ha Testemunha 0 0 0 0 0 0 0 Fertilização mineral 40 65 40 65 65 40 3 10 t 244 11,4 6,7 1072 889 64 0 5 t +P+K+B 122 65 40 536 444 32 3 10 t +P+K+B 244 65 40 1072 887 64 3 20 t +P+K+B 489 65 40 2145 1777 128 3 40 t + B 977 65 40 4290 3554 256 3 86 Os parâmetros avaliados foram altura total das árvores, medida com régua telescópica e o diâmetro com auxílio de paquímetro digital, nas idades 4 e 8 meses. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se na Tabela 2 que, em todos os tratamentos com aplicação de lodo de esgoto, nas duas idades avaliadas, a partir da dose de 5t +P+K+B foram significativamente superiores ao tratamento testemunha, com exceção à altura aos 4 meses. Aos 8 meses, tratamento com 40t+B apresentou crescimento em altura semelhante á fertilização mineral e superior aos demais, provavelmente devido ao aporte maior de nutriente nessa dose e à liberação lenta de nutrientes para o sistema radicular, favorecendo seu desenvolvimento em idades mais avançadas. Crescimento em altura é o fator mais crítico para sobrevivência de árvores em competição, representando, portanto, um dos índices mais seguros para aliar seu desempenho no local de plantio (GOMES, 1977). Tabela 2. Altura e diâmetro dos eucaliptos medidos aos 4 e 8 meses após o plantio, tratados com diferentes doses de lodo de esgoto e com fertilização mineral Tratamento 4 meses 8 meses Altura (m) Diâmetro (cm) Altura (m) Diâmetro (cm) Testemunha 1,14 a 1,51 a 2,32 a 3,35 a Fertilização mineral 1,34 ab 1,84 ab 2,91 10 t 1,34 ab 1,81 ab 2,56 ab 3,60 ab 5 t +P+K+B 1,43 ab 2,10 bc 2,79 bc 4,05 bc 10 t +P+K+B 1,36 bc 1,99 b 2,61 abc 4,03 bc 20 t +P+K+B 1,43 bc 2,05 bc 2,75 bc 3,91 abc 40 t + B 1,65 2,39 3,11 C.V. (%) 28,97 c 33,16 c 26,71 cd d 3,97 bc 4,29 c 24,18 Valores seguidos pelas mesmas de letras, em cada coluna, não diferem estatisticamente pelo teste Tukey, P<0,05 Para a característica altura e diâmetro, aos 8 meses constata-se que a aplicação de lodo de esgoto a partir de 5t mais complementação foi estatisticamente semelhante à aplicação da fertilização mineral. Do ponto de vista operacional, inferese que as doses de lodo de esgoto, a partir dessa dose, poderiam ser consideradas 87 adequadas, visto que resultam num incremento equivalente podendo substituir a fertilização comercial. Resultados semelhantes foram observados por Polglase e Myers (1995), Guedes (2005) e Silva et al. (2008). CONCLUSÃO A dose de lodo de 5t ha-1, pode ser considerada a mais adequada, pois, além de estimular o crescimento dos eucaliptos, tem menor custo de aplicação, sendo menor o risco de impacto ambiental. Portanto, quando aplicados na linha de plantio, podem substituir as adubações comerciais. REFERÊNCIAS EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro: EMBRAPA/CNPS, 1999. 180p. GOMES, J. M. et al. Competição de espécies e procedências de eucalipto na região de Viçosa, Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa–MG, v. 1, n. 2, p. 72-88, 1977. GUEDES, M.C. Ciclagem de nutrientes após aplicação de lodo de esgoto (biossólido) sobre latossolo cultivado com Eucalyptus grandis. 2005. 154p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005. IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. Cartas climáticas do estado do Paraná. Londrina, 1994. 49p. LUDUVICE, M. Experiência da companhia de saneamento do distrito federal na reciclagem agrícola de biossólido. In: BETTIOL, W.. CAMARGO, O.A. (Ed). Impacto ambiental do uso agrícola do lodo de esgoto. Jaguariúna: EMBRAPA Meio Ambiente, 2000. cap.5, p.153-162. NOVAIS, R.F.; BARROS, N.F.; NEVES, J.C.L. Nutrição mineral do eucalipto. In: BARROS, N.F.; NOVAIS, R.F., ed. Relação solo-eucalipto. Viçosa: Editora Folha de Viçosa, 1990. cap.2, p.25-98. POGGIANI, F. Uso de biossólidos produzidos nas estações de tratamento de esgoto da região metropolitana de São Paulo em plantações florestais. Piracicaba: FEALQ/SABESP, 2006. 70p. (Relatório Técnico-Científico, 42). POLGLASE, P.J.; MYERS, B.J. Tree plantation for recycling effluent and biosolids in Australia. In: ELDRIDGE, K.G. (Ed). Environmental management: the role of eucalypts and other fast growing species: proceedings. Melbourne: JONT, 1995. p.100-109. 88 SILVA, P. H. M. da et al. Crescimento de Eucalyptus grandis tratado com diferentes doses de lodos de esgoto úmido e seco, condicionados com polímeros. Scientia Florestalis, Piracicaba, v. 36, n. 77, p. 79-88, mar. 2008. 89 EFEITO DE SUBSTRATO ALTERNATIVO E COMERCIAL NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE Eucalyptus grandis Alan Cesar Zanco1; Erci Marcos Del Quiqui1, Jean Carlo Possenti2, Rodrigo Gonçalves de Oliveira1, Tatiana Pagan Loeiro da Cunha1 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronônicas- Campus de Umuarama, PR 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Departamento de Agronomia- Campus de Dois Vizinhos, PR INTRODUÇÃO A demanda por produtos de origem florestal aumentou sensivelmente nas últimas décadas, levando a silvicultura a buscar alternativas que pressupõem altas produtividades (BOLFE et al., 2004). A produção de mudas florestais, em quantidade e qualidade, é uma das fases mais importantes para o estabelecimento de bons povoamentos florestais. O entendimento da nutrição das mudas e o uso de substratos de cultivos apropriados são fatores essenciais para definição de uma adequada recomendação de fertilização (GONÇALVES et al., 2000), já que, os substratos apresentam diferentes características químicas e físicas em função de suas composições, refletindo-se no desenvolvimento das espécies florestais, tanto no viveiro quanto no campo (OLIVEIRA, 2008). Diversos materiais de origem vegetal e animal têm sido utilizados no preparo de compostos orgânicos para produção de mudas. A escolha do substrato, quando da sua formulação, deve ser feita em função da disponibilidade de materiais, suas características físicas e químicas, seu peso e custo (TOLEDO, 1992). É necessário, portanto, testar substratos alternativos e de fácil aquisição. Dentre esses materiais estão o lodo de esgoto, obtido das estações de tratamento de efluentes (ETEs) dos resíduos líquidos urbanos e do aumento do desenvolvimento industrial. Melhorias nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo têm sido atribuídas à aplicação de lodo de esgoto (MELO et al., 2001; ABREU JÚNIOR et al., 2005). Já a torta de filtro é um subproduto abundante da indústria canavieira resultante da purificação do caldo sulfitado (CASARIN et al., 1989). A sua utilização como fertilizante orgânico após a compostagem é bastante difundida entre os produtores 90 e, seu uso como substrato está sendo bem aceito, como observado nos resultados satisfatórios encontrados na produção de mudas de eucalipto (BARROSO et al., 2000). Ambos são produtos abundantes e de baixo custo, apresentando características físicas e químicas desejáveis com potencial de serem utilizados como substrato florestal. A utilização desses resíduos como fonte de nutrientes apresentase como alternativa efetiva para a redução do elevado custo de produção, além de minimizar os impactos ambientais. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo testar, sob condições de viveiro, diferentes níveis de torta de filtro e lodo de esgoto na composição do substrato e seus efeitos no desenvolvimento em mudas de E. grandis. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em viveiro florestal na Fazenda da Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional de Umuarama, região noroeste do Estado do Paraná. Foram testados quatro níveis de cada substrato: torta de filtro e lodo de esgoto como complemento ao substrato comercial PlantMax® (Tabela 1) fertilizados com adubo microencapsulado da fórmula 13-6-16 na dosagem de 3 kg m-3 de substrato. O delineamento constitui-se de sete tratamentos em blocos casualizados constituído por 24 recipientes de polipropileno com 120 cm3 de oito estrias com quatro repetições, compostas esta por oito mudas centrais, dispostas em bandejas de 96 células. Decorridos 90 dias da semeadura foram avaliados os seguintes parâmetros: altura das mudas, diâmetro do colo, massa fresca de parte aérea, massa seca de parte aérea, massa fresca do sistema radicular, massa seca do sistema radicular e comprimento do sistema radicular, avaliado conforme metodologia descrita por Tennant (1975). Para tais avaliações foram utilizadas oito mudas alocadas nos recipientes centrais por meio do programa estatístico Statgraphics. 91 TABELA 1: Níveis de mistura de substrato para produção de mudas de E. grandis (Umuarama/PR, 2010) Tratamento Substrato comercial (%) Torta de filtro Lodo de esgoto (%) (%) T1 100 0 0 T2 66 33 0 T3 33 66 0 T4 0 100 0 T5 66 0 33 T6 33 0 66 T7 0 0 100 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise estatística dos dados obtidos para os parâmetros avaliados em mudas de E. grandis são apresentados na Tabela 2, onde observa-se que a composição do substrato dos tratamentos não diferem estatisticamente quantos aos parâmetros: altura, diâmetro do colo, peso fresco e seco da parte aérea. Com relação ao peso fresco e seco do sistema radicular e comprimento de raiz os tratamentos T7 (100% lodo de esgoto) e T2 (66% substrato comercial + 33% de torta de filtro) sobressaíram na comparação com os demais. Conforme Trocme & Gras (1979), citam que a matéria orgânica propicia a formação de um sistema radicular abundante e ramificado. Os mesmos autores ainda afirmam que a matéria orgânica exerce influência sobre muitos aspectos, como a modificação da estrutura do solo, liberação de nutrientes e produção de substâncias estimulantes ao crescimento. 92 Tabela 2: Valores médios de altura, diâmetro do colo, peso fresco da parte aérea (PFPA), peso seco da parte aérea (PSPA), peso fresco da raiz (PFR), peso seco da raiz (PSR) e comprimento da raiz (Comp. Raiz) na produção de mudas de E. grandis sob diferentes composição de substrato (Umuarama/PR, 2010) Trat. Altura (cm) Diâmetro (mm) PFPA PSPA PFR PSR (g) (g) (g) (g) Comp. Raiz (cm) T1 40,09a 2,33a 18,65a 8,40a 4,44bc 2,47b 355,38bc T2 40,14a 2,41a 20,23a 8,87a 4,26bc 2,34ab 304,01abc T3 37,75a 2,51a 19,77a 8,34a 3,85a 2,18ab 267,13ab T4 36,05a 2,45a 18.79a 7,97a 3,53a 1,98a 231,86a T5 39,77a 2,55a 19,27a 8,50a 3,71a 1,98a 218,19a T6 39,26a 2,46a 18,19a 7,59a 3,89bc 2,06ab 255,21ab T7 39,97a 2,47a 20,32a 8,28a 4,85c 2,49b 389,98c C.V.(%) 5,87 5,23 8,20 8,59 14,00 12,26 25,86 Médias seguidas pelas mesmas letras, dentro de cada fator não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES Com base no peso fresco e seco do sistema radicular e no comprimento de raiz, os tratamentos T7 e T2 apresentam-se como alternativas eficiente na substituição do substrato comercial puro para a produção de mudas de E. grandis, refletindo em mudas com vigor e qualidade, além de reduzir custos relativos a produção e, destinação ecologicamente correta desses resíduos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU JÚNIOR, C. H.; BOARETTO, A. E.; MURAOKA, T.; KIEHL, J. C. Uso agrícola de resíduos orgânicos: propriedades químicas do solo e produção vegetal. In: VIDAL-TORRADO, P.; ALLEONI, L. R. F.; COOPER, M.; SILVA, A. P.; CARDOSO, E. J. Tópicos em Ciência do Solo IV. Viçosa: SBCS, 2005. p. 391-470. BARROSO, D. G.; CARNEIRO, J. G de A.; LELES, P. S. dos S.; MORGADO, I. F. Regeneração de raízes de mudas de eucalipto em recipientes e substratos. Scientia Agricola, v.57, n.2, p.229-237, Piracicaba, abr/jun 2000. 93 BOLFE, E. L.; PEREIRA, R. S.; MADRUGA, P. R. A.; FONSECA, E. L. Avaliação da classificação digital de povoamentos florestais em imagens de satélite através de índices de Acurácia. Revista Árvore, Viçosa, v. 28, n. 1, p. 85-90, 2004. CASARIN, V.; AGUIAR, I. B.; VITTI, G. C. Uso de resíduos da indústria canavieira na composição do substrato destinado à produção de mudas de Eucalyptus citriodora Hook. Científica, v.17, n.1, p. 63-72, 1989. GONÇALVES, J. L. de; SANTARELLI, E. G.; MORAES NETO, S. P.; MANARA, M. P. Produção de mudas de espécies nativas: Substrato, nutrição, sombreamento e fertilização. In: GONÇALVES, L. M.; BENEDETTI, V. Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, p. 310-350, 2000. MELO, W. J.; MARQUES, M. O.; MELO, V. P. O uso agrícola do biossólido e as propriedades do solo. In: TSUTIYA, M. T.; COMPARINI, J. B.; SOBRINHO, P. A.; HESPANOL, I.; CARVALHO P. C. T.; MELFI, A. J.; MELO, W. J.; MARQUES, M. O. Biossólidos na agricultura. São Paulo: SABESP, 2001. p. 289-363. OLIVEIRA, R. B. de; LIMA, J. S. S.; SOUZA, C. A. M. de; SIVA, S. de A.; FILHO, S. M. Produção de mudas de essências florestais em diferentes substratos e acompanhamento do desenvolvimento em campo. Ciênc. agrotec. [online], v. 32, n. 1, p. 122-128, 2008. TENNANT, D. A test of a modified line intersect method of estimating root length. Journal of Apply Ecology, Oxford, v. 63, p.995-1001, 1975. TOLEDO, A. R. M. Efeito dos substratos na formação de mudas de laranjeiras (Citrus sinenses (L.) Osbeck cv Pêra Rio) em vasos. 1992. 88 p. Tese (Mestrado), Escola Superior de Agricultura de Lavras, Lavras. TROCME, S.; GRAS, R. Suelo y fertilization en fruticultura. 2. ed. Madrid: MundiPrensa, 1979. 388p. 94 AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES DE EUCALIPTUS AOS 30 MESES PARA O NOROESTE DO PARANÁ Renan Alenbrant Migliavacca1; Erci Marcos Del Quiqui;1 Alex Eduardo Zaniboni1; Lucas Pastre Dill1; Jean Carlo Possenti2 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia – Campus de Umuarama – Pr 2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Departamento de Agronomia- Campus de Dois Vizinhos, PR INTRODUÇÃO O gênero Eucalyptus pertencente à família Myrtaceae em que estão descritas mais de 600 espécies e subespécies de grande expressão em todos os campos de produção econômica florestal (RIZZINI, 1981). Em decorrência deste fato, um dos problemas da introdução para outros países é a seleção inicial das espécies, correlacionada com as condições ecológicas. As espécies de interesse para o Brasil se distribuem, na costa leste e nas ilhas ao norte da Austrália, onde existem aproximadamente 200 espécies, das quais algumas apenas são de interesse comercial (PRYOR, 1971). A crescente exploração de recursos florestais para a produção de papel, carvão e madeira, tem incentivado a pesquisa e a utilização do eucalipto em função de seu rápido crescimento, adaptabilidade e qualidade de madeira (ANDRADE 1991). Recentemente o reflorestamento tem emergido como uma atividade compensadora para o pequeno ou médio produtor rural, superando, em rentabilidade, atividades agropecuárias tradicionais, como a cultura canavieira e a bovinocultura (BAENA, 2005). Diversas pesquisas realizadas para avaliar o crescimento de espécies de eucalipto em diferentes regiões ecológicas comprovam que, para uma mesma espécie, o desempenho é variável dependendo do local de cultivo. Assim, o objetivo do presente estudo foi de avaliar o desempenho e a potencialidade de diferentes espécies de eucalipto afim de dar suporte á tomada de decisão quanto à escolha das espécies mais adaptadas nas condições ambientais estudadas. 95 MATERIAL E MÉTODOS Foi instalado um experimento envolvendo diversas espécies de eucalipto em dezembro de 2007, na fazenda experimental da Universidade Estadual de Maringá Campus Umuarama, no município de Umuarama, Estado do Paraná. O delineamento estatístico utilizado foi de blocos completos casualizados, constituídos 8 tratamentos e 4 repetições, em parcelas de 30 plantas, no espaçamento 3 m x 2 m, sendo utilizadas as 12 plantas centrais para as avaliações. O clima é do tipo Cfa, segundo a classificação climática de Köeppen. A precipitação média anual é de 1.500 mm a 1.800 mm. O solo local foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico, textura arenosa (EMBRAPA, 1999), relevo suave ondulado e altitude de 480 m. O experimento foi avaliado aos 30 meses de idade, medindo-se a altura, diâmetro, volume total com casca e sobrevivência. O volume total de madeira com casca (m3 ha-1) foi calculado pelas fórmulas: Em que: Vi = volume de madeira com casca da árvore i; A = área da parcela útil (72 m2); Vtc = volume total com casca (m3 ha-1); DAPi = diâmetro à altura do peito de cada árvore (m); ff = fator de forma. Neste caso, devido à inexistência de fatores definidos regionalmente para cada uma das espécies, arbitrou-se o valor 0,5 Hi = altura total de cada árvore (m). 96 Foram efetuadas análises de variância das características: altura, diâmetro e volume, considerando-se todos os efeitos aleatórios. As comparações entre as médias dos tratamentos foram feitas pelo teste Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão apresentados os resultados de desempenho em altura, diâmetro e volume com casca de cada espécie aos 30 meses. Com relação aos parâmetros altura e DAP verifica-se que o E. grandis foi estatisticamente semelhante ao E. urophylla x grandis e E. urophylla e superior às demais espécies testadas. E. citriodora, E. resinifera e E. dunnii foram as espécies que cresceram menos nas condições testadas. A mesma tendência foi verificada para DAP para essas espécies acrescidas do E. camaldulensis e E. robusta. Ressalta-se também o baixo desempenho das espécies, E. citriodora, E. resinífera e E. dunnii as quais possuíram altura inferior as demais espécies avaliadas. Tabela 1. Medida de altura, diâmetro e volume com casca das espécies testadas em Umuarama- Pr. Espécie 30 meses Altura (m) DAP (cm) Volume c/c (m3/ha) E. dunnii 14,45ab 9,93 ab 83,92 ab E. urophylla 16,65 11,52 bcd 147,91 E. robusta 15,9 10,46abc 117,09 ab E. resinífera 14,28ª 8,71 a 60,58 a E. citriodora 13,41ª 8,54 a 47,23 a E. camaldulensis 15,86 bc 10,44abc 117,65 ab E. grandis 17,95 d 13,27 d E. urophylla x grandis 16,79 cd 12,21 cd Média 15,78 10,74 113,12 C.V. 16,52 30,57 44,21 cd bc cd 196,63 d 133,99 bc (*) Valores seguidos pelas mesmas de letras, em cada coluna, não diferem estatisticamente pelo teste Tukey, P<0,05 97 Observa-se que para volume com casca aos 30 meses, o E. grandis foi estatisticamente semelhante ao E. urophylla e superiores aos demais seguido do E. urophylla x grandis que foi semelhante ao E. urophylla, porém inferior ao E. grandis. O E. citriodora e o E. resinifera foram as espécies que apresentaram o menor desenvolvimento em volume, diâmetro e altura dentre as espécies testadas. O E. camaldulensis e o E. robusta apresentaram desenvolvimento intermediário em todas as variáveis avaliadas quando comparados às demais espécies estudadas. Com relação à sobrevivência, o E. citriodora apresentou a menor taxa (64,6%). E. camaldulensis (93,8%), E. robusta (93,8%) E. urophylla (89,6%), E. grandis (87,5%) foram as espécies que se destacaram em apresentar as maiores taxas de sobrevivência nas condições estudadas. As demais apresentaram comportamentos intermediários (E. dunnii com 75%; E. resinifera e E. urophylla x grandis ambos com 72,9%) O bom desempenho do E. grandis e E. urophylla também foi constatado em outros estudos (SPELTZ, 1971; SIMÕES; CARPANEZZI et al., 1986; ARAÚJO, 1993; LIMBERGER, 1997; DEL QUIQUI et al, 2001; CAMPOS E LEITE, 2006; QUEIROZ, 2007). Apesar da taxa de sobrevivência representar um papel relevante na avaliação da adaptabilidade de espécies ou procedências ao local, nem sempre esses dados podem ser interpretados sob essa ótica, uma vez que a mortalidade pode ser decorrente de falhas técnicas na produção e plantio das mudas, ataques localizados de formigas cortadeiras ou de outras pragas e doenças (ANDRADE, 1991; ARAÚJO, 1993). CONCLUSÃO Nas condições estudadas, as espécies E. grandis e E. urophylla apresentaram os melhores desempenho sob os demais relacionados com crescimento em altura, diâmetro e volume, ao passo que as espécies E. resinifera e E. citriodora apresentaram os piores resultados nas condições estudadas. 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, H. B. Avaliação de espécies e procedências de Eucalyptus L’Héritier (Myrtaceae) nas Regiões Norte e Noroeste do Estado de Minas Gerais. 1991. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura de Lavras, Lavras, 1991. ARAÚJO, M. S. Avaliação de espécies e procedências de eucalipto na região de Imbuzeiro – PB. 1993. Dissertação Mestrado – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 1993. BAENA, E. de S. Aspectos econômicos, sociais e ambientais da cultura de Eucalyptus spp. Revista Conhecimento Interativo, São José dos Pinhais, v. 1, n. 1, p. 3-9, 2005. CAMPOS, J. C. C. & LEITE, H. G. Mensuração florestal: perguntas e respostas. ED. UFV, 2° ed., 470 p., 2006. CARPANEZZI, A. A. et al. Zoneamento ecológico para plantios florestais no Estado do Paraná. Embrapa-CNPF. p.1986. DEL QUIQUI. M. E.; MARTINS, S. S.; SHIMIZU. Y. J. Avaliação de espécies e procedências de Eucalyptus para o noroeste do estado do Paraná. Acta Scientiarum Agronomy. v. 23, n. 5, p. 1173-1177, 2001. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro: EMBRAPA/CNPS, 1999. 180p. LIMBERGER, E. Planejamento técnico para implantação de reflorestamento com Eucalyptus. Circular Técnica - EMATER/PR , n. 12, 1997. PRYOR, L. D. The biology of Eucalyptus. Canberra: Eduard Arnold, 1976. QUEIROZ, M. M. Comportamento de espécies de Eucalyptus em Paty do Alferes, RJ. 2007. Monografia (Graduação) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2007. RIZZINI, C.T. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia. 2.ed. São Paulo: Edgard Brücher, 1981. 294p. SPELTZ, R. M. Desenvolvimento do eucalipto na Fazenda Monte Alegre. Revista Floresta, Curitiba, n. 1, p. 51-58, 1971. 99 RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO PARA DIFERENTES PRESSÕES DE INFLAÇÃO DOS PNEUS DE UM TRATOR AGRÍCOLA Alan Antoniassi¹, Lucas da Silva Doimo¹, José Augusto Kaplum¹, Walter Felipe Frohlich¹, Fabrício Leite¹ e Leandro B. S. Volk¹. Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] ¹Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama - PR INTRODUÇÃO A alteração das propriedades físicas do solo, pelo uso contínuo de máquinas, tem despertado o interesse na pesquisa, pois, com o passar dos anos, os solos intensamente cultivados vêm apresentando problemas de erosão hídrica e redução de produtividade, mesmo com aplicações de adubação e calagem recomendadas (SILVA, 1981). De acordo com LANÇAS (1996), a compactação aumenta a densidade do solo e a sua resistência mecânica, diminuindo a porosidade total, tamanho e continuidade dos poros, principalmente no volume dos macroporos, enquanto os microporos permanecem teoricamente inalterados. Vários fenômenos aumentam o adensamento do solo até uma possível compactação, sendo que de acordo com SOANE et al. (1981), tanto a pressão de inflação quanto o tamanho do pneu atuam na distribuição das forças sobre a área de contato com o solo. A resistência à penetração é um dos atributos físicos do solo, que influencia o crescimento de raízes e serve como base à avaliação dos efeitos dos sistemas de manejo do solo sobre ambiente radicular. Portanto, uma das várias formas de caracterizar o estado de compactação do solo é a utilização de penetrômetros ou penetrógrafos, que são aparelhos capazes de determinar a resistência mecânica do solo à penetração através de uma ponteira cônica (LANÇAS e SANTOS, 1998). Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a resistência do solo à penetração em três níveis de pressão de inflação dos pneus de um trator em um Latossolo arenoso 100 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em uma área pertencente à Universidade Estadual de Maringá – UEM – Campus de Umuarama-PR, sendo o solo classificado como um LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico e de textura arenosa. Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, composto por três tratamentos e cinco repetições, com cada parcela apresentando uma área de 112 m² (5,60 x 20 m). O experimento foi realizado com um trator da marca JOHN DEERE, modelo 7715, com potência nominal no motor de 103 KW conduzindo uma semeadora da marca Kuhn Metasa e modelo SDM 2227/29. Os três tratamentos foram compostos pelas pressões P1 (243,37 kPa), P2 (184,96 kPa) e P3 (126,55 kPa), respectivamente, 25, 19 e 13 psi. Em cada bloco foram realizadas dez passadas com o conjunto de máquinas descrito acima, simulando o tráfego de uma semeadura, onde a capacidade de carga da máquina estava na metade e o teor de água no solo foi 0,093 g g -1. Após as passadas, foram amostradas nas parcelas a resistência do solo à penetração das camadas de 0-5 cm, 10-15 cm e 15-20 cm de profundidade com o auxílio do penetrômetro. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após os tráfegos realizados e de acordo com os dados obtidos, observa-se na Tabela 1 que a análise de resistência do solo à penetração com diferentes pressões de inflação dos pneus, apenas na camada de 10 – 15 cm houve significativa diferença de resistência da pressão P1 para a pressão P3, conforme pode ser observado na figura 1. Este resultado mostra que é esta camada que sofre mais com a pressão exercida pelo trator, coincidindo também com a camada de maior concentração das raízes de uma planta, resultado este também verificado por VOLK et al. (2010). E observando a resistência à penetração em relação às camadas conforme a tabela 1, verifica-se que a camada com menor resistência foi a de 0 – 5 cm de profundidade, havendo diferenças significativas para as demais camadas, porém não havendo diferenças significativas entres as pressões, sendo explicado tal fenômeno devido a passagem dos discos de corte, abertura e fechamento do sulco, 101 deixando o solo com maior desagregação, não fornecendo resistência ao inserir o penetrômetro no solo. Tabela 1. Valores médios de resistência do solo à penetração para cada profundidade nas pressões de pneu P1 (243,37 KPa), P2 (184,96 KPa) e P3 (126,55 Kpa) para um Latossolo Vermelho, textura arenosa. Umuarama, 2010. Tratamentos Profundidade (cm) 0–5 5 – 10 10 - 15 15 - 20 P1 1288 aA 2108,2 aB 2455,8 aB 2507 aB P2 1282,6 aA 1897 aB 1879,4 abB 2088,6 aB P3 1262,6 aA 1628,2 aAB 1752,6 bAB 1871 aB C.V. (%) 17,51 Média geral 1834,9 Médias com letras iguais e minúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05). Médias com letras iguais e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05). Figura 1. Resistência do solo à penetração para as pressões P1 (243,37), P2 (184,96) e P3 (126,55) para um latossolo vermelho, textura arenosa. Umuarama, 2010. 102 CONCLUSÃO Conclui-se que é nas camadas de 10 – 15cm e 15 – 20cm sofrem maiores resistência à penetração do solo. Conclui-se também que na camada de 0 – 5cm não sofre influência da pressão exercida pelo tráfego de máquinas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LANÇAS, K. P. A compactação do solo agrícola. Botucatu: Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, 1996. 23 p. LANÇAS, K. P.; SANTOS, C.A. Penetrômetro hidráulico-eletrônico equipado com DGPS para avaliação da compactação do solo. In: BALBUENA, R. H.; BENEZ, S. H.; JORAJURIA, D. Ingenieria rural y mecanización agrária em el âmbito latinoaméricano. La Plata: Editorial de La Universidad Nacional de La Plata, 1998. p.570-6 SILVA, I.F.da.; KLAMT, E.; SCHENEIDER, P.; SCOPEL, I.. Efeitos de sistema manejo e tempo de cultivo sobre propriedades de cultivo sobre propriedades físicas de um Latossolo. In.: III ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA SOBRE CONSERVAÇÃO DO SOLO, Recife-PE, 1981. Anais. SOANE, B. D.; BLACKWELL, P. S.; DICKSON, J. W. et al.Compaction by agricultural vehicles: a review I. Soil and wheel characteristics. Soil & Tillage Research, Amsterdam, v.1,p.207-237, 1981. VOLK, L.B.S; LEITE, F.; DOIMO, L. da S.; MIGLIAVACCA, R. A. Resistência a penetração em Latossolo Vermelho arenoso sob diferentes intensidades de tráfego e pressão de inflação. Anais da XVIII Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água (CD-ROM). Embrapa Meio Norte, Teresina PI. 2010. 103 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE CAFEEIRO EM SOLO INFESTADO POR MELOIDOGYNE SPP. Vinicius H. F. Abe1; Cláudia R. Dias-Arieira1; Simone M. Santana1; Fernando M. Chiamolera1; Tatiana P. L. da Cunha1; Fabio Biela1; Heriksen H. Puerari1, Diego B. Rodrigues1 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, DCA, Campus Regional de Umuarama INTRODUÇÃO O Brasil é o principal produtor e exportador de café do mundo, com produção anual de 39,47 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado em 2009, e com estimativa de produção, para a safra de 2010, de 47 milhões de sacas de café beneficiado (CONAB, 2010). Contudo, problemas fitossanitários são limitantes para a cultura, principalmente aqueles ocasionados por nematoides de galhas (Meloidogyne spp.). As espécies mais prejudiciais são M. exigua, pela ampla distribuição geográfica, e M. paranaensis e M. incognita pelos danos ocasionados à cultura (GONÇALVES et al., 2004). Após o estabelecimento da cultura, o controle de nematóides em cafeeiros é complexo e a resistência genética é o método mais recomendado para o produtor, por ser economicamente viável e ambientalmente seguro. Os cafeeiros derivados de Coffea canephora foram os primeiros a apresentarem resistência aos nematóides de galhas e deram origem ao porta-enxerto Apoatã, amplamente utilizado (FAZUOLI et al., 2002). Um dos trabalhos pioneiro em busca de híbridos de Coffea arabica resistentes foi realizado por GONÇALVES et al. (1987), no qual identificaram resistência para M. incognita em cafeeiros arábicos do germoplasma Sarchimor (Vila Sarchi x Híbrido de Timor). Fontes de resistência a M. incognita também foram constatadas em plantas do „Icatu‟ (C. arabica x C. canephora) (MATA et al., 2002; SERA et al., 2004). Atualmente, as pesquisas buscam cultivares pé franco de C. arabica com resistência a Meloidogyne spp. MATA et al. (2002) identificaram, em área altamente infestada com M. paranaensis, um genótipo de Catucaí (IAPAR Vit. 83), o qual deu origem a cultivar IPR-100, com 100% das plantas resistentes. 104 Assim, o trabalho teve como objetivo avaliar a reação das cultivares IPR-100 e IPR-106 ao nematóide M. incognita em área naturalmente infestada, com e sem aplicação de manipueira. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em Umuarama, noroeste do Paraná, em blocos casualizados, com 10 repetições para cada tratamento. Cada unidade experimental constou de parcelas com quatro linhas, com 2,70 m de distância entre as mesmas e quatro plantas por linha, distanciadas a 0,75 m entre si. Os tratamentos foram as cultivares pé franco de café IPR-100 e IPR-106, além do pé franco Iapar-59 (padrão de suscetibilidade) e do enxerto Apoatã 2258+Iapar-59 (resistente). As mudas foram produzidas em viveiros e transplantadas para a área em agosto/2007. No momento da instalação do experimento foram realizadas amostragens do solo para determinar a população inicial, sendo o mesmo submetido à metodologia descrita por JENKINS (1964). O plantio e a condução do experimento foram realizados conforme o recomendado para a cultura, na região. No plantio, quatro parcelas de cada bloco foram tratadas com manipueira 50%, na dosagem de 6 L/m2. A avaliação da população de nematóides foi feita após 17 meses (janeiro/2009) de instalação do experimento, coletando-se na região da rizosfera de duas plantas no centro de cada parcela, aproximadamente 200 cm3 de solo e 20 g de raiz de cada planta. Em cada planta amostrada determinou-se a altura da planta. Em junho/2009 estimou-se a produtividade pela colheita e pesagem de grãos de duas plantas de cada parcela. O solo e as raízes foram processados de acordo com as metodologias propostas por JENKINS (1964) e COOLEN e D‟HERDE (1972), respectivamente. Os nematóides foram quantificados sob microscópio óptico, em lamina de Peters. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve interação entre a aplicação de manipueira e os parâmetros avaliados. Não houve diferença estatística entre o número de juvenis de segundo 105 estádio (J2) no solo (Tabela 1). Observou-se que o número de ovos de M. incognita/sistema radicular do cafeeiro foi inferior para as cultivares IPR-100 e IPR106. No trabalho realizado por SERA et al. (2007), 24 progênies da cultivar IPR-100 também se comportaram como resistentes a M. paranaensis. ALBUQUERQUE et al. (2010) observaram que as células que circundavam os nematóides em cultivares de C. arabica com resistência a M. incognita apresentaram respostas características de reação de hipersensibilidade, como acúmulo de compostos fenólicos e células necróticas. Tabela 1. Número de nematóide no solo (J2) e no sistema radicular (ovos) de cafeeiro, altura e produtividade das plantas cultivadas em solo naturalmente infestados com Meloidogyne incognita. Umuarama, PR. Tratamento J2 no Solo Ovos/Raiz Altura (m) Produtividade (g) 110,8ns 7634,7 ab 0,86 ab 728,0 a IPR106 + Manipueira 99,3 3400,5 a 0,82 ab 734,3 a IPR 100 83,5 12655,0 b 0,78 abc 512,5 ab IPR 100 + Manipueira 86,5 4389,5 ab 0,79 abc 553,3 ab Apoatã+Iapar 59 111,0 6372,0 ab 0,86 ab 209,0 b Apoatã+Iapar 59 + Manipueira 121,3 25186,0 c 0,94 a 721,0 a Iapar 59 137,3 32598,7 c 0,60 c 181,3 b Iapar 59 + Manipueira 157,3 29205,0 c 0,69 bc 443,8 ab IPR106 ns =não significativo a 5% de probabilidade. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Quando se comparou os tratamentos das variedades com e sem a aplicação de manipueira, observou-se que, apenas no tratamento com o enxerto Apoatã 2258+Iapar 59 houve diferença estatística entre os parâmetros número de ovos por sistema radicular (Tabela 1). Menor altura das plantas foi observado para a cultivar Iapar 59. Por outro lado, as maiores produtividades foram obtidas para os tratamentos IPR-106, com ou 106 sem aplicação de manipueira e para o tratamento Apoatã 2258+Iapar 59 com manipueira. Com exceção deste último, o tratamento com manipueira não aumentou a produtividade. CONCLUSÃO As cultivares de cafeeiro IPR-100 e IPR-106 apresentam resistência a M. incognita, nas condições do Arenito Cauiá. A manipueira não controlou o nematóide. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, E.V.S.; CARNEIRO, R.M.D.G.; COSTA, P.M.;GOMES, A.C.M.M.; SANTOS, M.; PEREIRA, A.A.; NICOLE, M.; FERNANDEZ, D.; GROSSI-DE-SÁ, M.F. Resistance to Meloidogyne incognita expresses a hypersensitive-like response in Coffea arabica. European Journal of Plant Pathology, v. 127, n. 3, p. 365-373, 2010. CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de café – safra 2010, segunda estimativa, maio/2010. Companhia Nacional de Abastecimento, Brasília, 2010. COOLEN, W.A.; D'HERDE, C.J. A method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. State Agricultural Research Centre: Ghent, Belgium, 1972. FAZUOLI, L.C.; MEDINA FILHO, H.P.; GONÇALVES, W.; GUERREIRO FILHO, O.; SILVAROLLA, M.B. Melhoramento do cafeeiro: variedades tipo arabica obtidas no Instituto Agronomico de Campinas. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.) O Estado da Arte de Tecnologias na Produção de Café. Viçosa: Editora UFV, 2002. p. 162-215. GONÇALVES, W.; RAMIRO, D.A.; GALLO, P.B.; GIOMO, G.S. Manejo de nematóides na cultura do cafeeiro. In: REUNIÃO ITINERANTE DE FITOSSANIDADE DO INSTITUTO BIOLÓGICO – CAFÉ, 10., 2004, Mococa. Anais ... São Paulo: Instituto Biológico, 2004. p. 48-66. GONÇALVES, W.; SILVAROLLA, M.B.; LIMA, M.M.A. de. Estratégias visando a implementação do manejo integrado dos nematóides parasitos do cafeeiro. Informe Agropecuário, v. 19, n. 193, p. 36-47, 1998. 107 JENKINS, W.R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Report, v. 48, p. 692, 1964. MATA, J.S. da; SERA, T.; ALTÉIA, M.Z.; AZEVEDO, J.A.; FADELLI, S.; PETEK, M. R.; TRILLER, C.; SERA, G.H. Resistência de genótipos de cafeeiro (Coffea arabica L.) de São Jorge do Patrocínio ao nematóide Meloidogyne paranaensis (EMN2001.07). SBPN Scientific Journal (Ed. Especial), v. 6, p. 34-36, 2002. SERA, T.; MATA, J.S.; ITO, D.S.; DOI, D.S.; SERA, G.H.; AZEVEDO, J.A.; COTARELLI, V.M. Identificação de cafeeiros resistentes aos nematóides Meloidogyne paranaensis e M. incognita raças 2 e 1 em populações de Icatu (Coffea arabica). SBPN Scientific Journal, v. 8, p. 20, 2004. SERA, G.H.; SERA, T.; ITO, D.S.; MATA, J.S.; DOI, D.S.; AZEVEDO, J.A.; RIBEIRO FILHO, R. Progênies de Coffea arabica cv. IPR-100 resistentes ao nematóide Meloidogyne paranaensis. Bragantia,v. 66, n. 1, p. 43-49, 2007. 108 EFICIÊNCIA DO PARCELAMENTO E MODO DE APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO NA CULTURA DA ALFACE Jéssica da Silva Santos1; Andressa Brandão1; Franciele Moreira Golçalves1; Luma Alana Vieira Henrique; Rerison Catarino da Hora 1 Primeiro autor: Apresentador: E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Depto de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama – PR INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.), hortaliça herbácea pertencente à Família Asteraceae é uma planta de significativo valor para economia agroindustrial brasileira uma vez que a produção gira em torno de 16 milhões de toneladas gerando cerca de 2,4 milhões de empregos diretos, além de demonstrar sua importância na dieta humana, principalmente devido à facilidade no seu preparo, sendo esta hortaliça mundialmente consumida devido, entre outros fatores, a grande oferta, preço de mercado acessível, baixo valor calórico, por seu valor nutricional. De acordo com FILGUEIRA (2000) e LUENGO et al (2000), a planta de alface é rica em sais minerais com destaque para as vitaminas A e C, ressaltando que as folhas de coloração verde-escura, principalmente as externas, contêm 30 vezes mais vitamina A (retinol) do que aquelas internas, refletindo assim de maneira clara e objetiva a importância desta hortaliça no consumo e manutenção da saúde humana. Originária da região do Mediterrâneo a alface era uma planta típica de outono/ inverno. Hoje, a planta se adapta também a temperaturas mais elevadas, sendo as mais adequadas ao seu crescimento e produção estão entre 15 e 24°C. Segundo FURLANI (1978) e FILGUEIRA (2003), dentre as folhosas a alface é a que apresenta teores mais elevados de cálcio e nitrogênio, sendo este o nutriente que tem maior importância no crescimento vegetativo desta planta, logo, apresentando resposta positiva a tratamentos com adubação nitrogenada, através de um aumento na produtividade. Neste sentido o presente trabalho teve por objetivo verificar a eficiência do parcelamento e modo de aplicação de nitrogênio na cultura da alface. 109 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido nas dependências da Fazenda de Ensino e Pesquisa da UEM - Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional de Umuarama – PR, localizada a 23º47‟de latitude Sul e 53º14‟ de longitude Oeste, com altitude média de aproximadamente 400 metros. O clima da região caracteriza-se como subúmido, com pouca deficiência hídrica e com calor bem distribuído durante o ano, com estiagens no período de inverno e média anual de temperatura em torno de 24ºC, e precipitação média anual de 1600 mm. O solo da área experimental foi classificado como LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, textura arenosa, conforme nomenclatura e metodologia descrita no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos ( EMBRAPA, 2006). A adubação de plantio foi baseada na análise de solo, utilizando-se como referência as recomendações contidas em TRANI et al (1997), elevando-se a 80% a saturação por base com a aplicação de 1 t/ha de calcário dolomítico, 400 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ha de K2O, sendo todos aplicados e incorporados antes do plantio. A adubação de cobertura foi realizada aplicando 120 kg/ha de nitrogênio utilizando como fonte nitrogenada a uréia, aplicada conforme os diferentes tratamentos. As mudas foram confeccionadas no viveiro da universidade, semeadas em bandejas de poliestireno expandido de 128 células, utilizando substrato comercial. Utilizou-se como material genético a cultivar Vanda do grupo das alfaces crespas. As mudas foram transplantadas no dia 28 de maio quando apresentavam de quatro a cinco folhas verdadeiras totalmente expandidas, no espaçamento 0,35 x 0,35m dispostas no sistema em pararelo. Os tratamentos foram constituídos pela seguinte combinação: T1 – quatro adubações em cobertura realizadas em intervalos de 10 dias; T2 – cinco adubações em cobertura realizadas em intervalos de 7 dias; T3 – três adubações em cobertura realizadas em intervalos de 15 dias; T4 – cinco adubações foliares realizadas em intervalos de 7 dias (volume de calda de 400 l/ha). As adubações de cobertura via solo eram realizadas com a deposição da uréia nas entrelinhas alternando as ruas, a cada cobertura. 110 Após 48 dias realizou-se a colheita das plantas obtendo-se a massa fresca de planta inteira; o número médio de folhas por planta; altura do coração, diâmetro e massa média do caule (coração). RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todas as avaliações de crescimento realizadas não foi possível verificar diferença significativa entre tratamentos, com exceção para a altura do coração, cujo tratamento 4 (Tabela 1). Esses resultados refletem de forma clara e objetiva que o parcelamento e a forma de aplicação da adubação nitrogenada não interferem na produtividade da alface já que se trata de uma hortaliça em que a parte comercializada são as folhas cujo desenvolvimento está intimamente relacionado ao fornecimento de nitrogênio, conforme já discutido por FURLANI (1978) e FILGUEIRA (2003). Outrossim, pode-se afirmar diante dos resultados apresentados, que a adubação foliar é uma alternativa de adubação nitrogenada, com redução de custo e tempo, servindo assim como uma opção ao produtor, no cultivo desta espécie. Tabela 1 – Médias para massa fresca de planta inteira; o número médio de folhas por planta; altura, diâmetro e massa média do caule (coração), para variedade de alface crespa, cultivar Vanda. Umuarama (PR), 2010. Tratamentos Massa fresca de planta Número de folhas/planta Altura do coração Diâmetro do coração T1 345,0 A 27,4 A 2,9 B 1,5 A T2 345,2 A 27,0 A 3,2 AB 1,7 A T3 365,1 A 26,6 A 3,2 AB 1,7 A T4 332,9 A 24,7 A 3,6 A 1,8 A C.V. 15% 12% 10% 10% CONCLUSÃO Baseando-se nas condições em que o experimento foi conduzido, podemos concluir que o parcelamento não influenciou nas medidas de crescimento das 111 plantas, assim como o tratamento com adubação foliar não obteve difereça significativa com relação aos outros tratamentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2006. 412 f. FILGUEIRA, R.F.A. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção de comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 412p. FILGUEIRA, R.F.A. Novo manual de olericultura. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 402p. FURLANI, A. M. C.; FURLANI, P.R.; BATAGLIA, O. C.; HOROCE, R.; GALLO JR. 1978. Composição mineral de diversas hortaliças. Bragantia 37: 33-34. LUENGO, R.F.A.; PARMAGNANI, R.M.; PARENTE, M.R.; LIMA, M.F.B.F. Tabela de composição nutricional das hortaliças. Brasilia: Embrapa Hortaliças, 2000. TRANI, P.E.; PASSOS, F.A.; AZEVEDO FILHO, J.A. Alface, almeirão, chicória, escarola e agrião d´água. In.: VAN RAIJ, B. Recomendação de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2.ed. Campinas, Instituto Agronômico/Fundação IAC, n.100, p.168-169. 1997. (Boletim Técnico. 100). 112 EFICIÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE TORTA DE FILTRO NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DE MILHO Eduardo Jamir Paes Vila2; Antonio Nolla1; Cleber de Oliveira Santini1 e Leandro B. da Silva Volk1 Primeiro autor: Apresentador. Eduardo_ [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama -PR 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Agronomia – Campus de Maringá - PR INTRODUÇÃO O milho é uma cultura amplamente difundida no Brasil, onde o Paraná é o maior estado produtor de milho brasileiro, produzindo na safra 2008/2009 11,1 milhões de toneladas, representando 21,76% da produção brasileira (CONAB, 2010). Juntamente com a produção, cresce a busca de fontes alternativas de fertilizantes para a obtenção de altas produtividades com baixos custos de produção (REINERT & ELTZ, 1997). Os solos arenosos se caracterizam pelos baixos teores de argila (<150 g kg-1), elevados teores de Al+3 (>0,5 cmolc kg-1), elevada acidez e baixa concentração de nutrientes (NOLLA et al., 2009). Assim, é recomendada a fertilização orgânica, porque apresenta menor volatilização e lixiviação de nutrientes que as fontes minerais (NARDIN, 2007). PEREIRA et al. (2005) trabalhando em Latossolo Vermelho Amarelo (textura arenosa), relata o efeito da adubação com torta de filtro na cultura do algodoeiro, cuja dosagem de maior significância ao desenvolvimento da cultura foi atingido com o uso de 62 t ha -1 de torta de filtro. No entanto, devido aos escassos trabalhos relacionando adubos orgânicos utilizados em solos arenosos, justifica-se estabelecer dosagens e critérios de fertilização para as condições da região do noroeste do Paraná. Objetivou-se estudar a influência da aplicação de torta de filtro no desenvolvimento de milho, bem como estabelecer recomendações de fertilização. MATERIAL E MÉTODOS Foi instalado um ensaio na área experimental da Universidade Estadual de Maringá, campus de Umuarama. No ano de 2009, coletaram-se amostras de um 113 Latossolo Vermelho distrófico psamítico arenoso, originalmente sob campo natural, cuja descrição dos atributos químicos (0-20 cm) está apresentada na Tabela 1. Coletaram-se amostras do Latossolo, as quais foram secas e peneiradas. Acondicionou-se 3 kg do solo em colunas de PVC (20 x 15 cm). Incorporou- se, TABELA 1: Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural pH H2O 5,30 Al3+ Ca2+ Mg2+ -3 ...................cmolc dm ................... 0,2 1,67 0,63 Ca2+, Mg2+, Al3+ - extraídos com KCl 1 mol L-1 K+ P -3 ..........mg dm .......... 74,29 6,30 V m ........% ........ 36,78 7,43 Argila -1 g kg 120 P, K – extraídos com Melhlich 1 no solo, doses de torta de filtro equivalentes a 0, 25, 50, 100, 200 e 400 t ha -1. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições. Cultivou-se milho (2 plantas por vaso) variedade IPR 119, por 45 dias, mantendo-se a umidade próxima à capacidade de campo. Aplicou-se 90 kg ha-1 de N na forma de sulfato de amônio, 50% na emergência e 50% após 15 dias. No final do cultivo, as plantas de milho foram cortadas rente ao solo, determinando-se o diâmetro do caule (região do coleto), altura das plantas, massa de matéria verde e seca das partes aérea e radicular. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo software SISVAR e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação de torta de filtro proporcionou aumento no acúmulo de matéria verde da parte aérea e a altura de plantas em até 1,94 e 1,45 vezes, respectivamente, quando comparado ao tratamento testemunha. RIVERA-PINEDA (1994), trabalhando com cana de açúcar observou que aplicação de 60 t ha-1 de torta de filtro aumentou a produtividade da cana de açúcar em 27%. 114 O aumento na dosagem de torta de filtro também aumentou o diâmetro do caule das plantas de milho (Figura 1D), porque um maior crescimento das plantas está diretamente associado com maior desenvolvimento e engrossamento do caule, o que proporciona maior desenvolvimento da parte aérea das plantas. A parte aérea das plantas de milho obteve melhor desempenho quando aplicadas doses de 168 a 202 t ha -1 torta de filtro (Figura 1), sendo que a torta de filtro apresentou efeito fertilizante. Porém, em doses elevadas (>100 t ha-1) pode ocorrer imobilização de nitrogênio devido à alta relação C/N do resíduo (CAMARGO et al., 1984), o que pode ter contribuído para a redução do acúmulo de matéria seca e verde na 20 A 140 B 18 M. SECA PARTE AÉREA (g coluna -1) M. FRESCA PARTE AÉREA (g coluna -1) 150 130 120 110 100 90 80 16 14 12 10 8 6 4 y = -0,0003x 2 + 0,1005x + 9,7753 2 70 2 y = -0,0019x + 0,7687x + 71,767 R2 = 0,60** 2 R = 0,60** 0 60 0 0 50 100 150 200 250 300 350 50 100 400 150 200 250 300 350 400 DOSES DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) DOSES DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) 95 19 18 C 85 DIÂMETRO (mm) ALTURA DE PLANTA (cm) 90 80 75 70 65 D 17 16 15 60 y = -0,0006x 2 + 0,2212x + 69,18 55 14 R2 = 0,66** y = -0,0001x 2 + 0,0364x + 14,99 50 R2 = 0,72** 13 0 50 100 150 200 250 DOSES DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) 300 350 400 0 50 100 150 200 250 300 350 DOSES DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) FIGURA 1. Relação entre a aplicação de doses crescentes de torta de filtro e a matéria verde (A) e seca (B) da parte aérea, altura de planta (C) e diâmetro do caule (D) da cultura de milho, cultivada em um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural. altura de plantas (Figura 1), onde aplicou-se a maior dosagem (400 t ha-1) de torta de filtro. Com base nos dados obtidos da relação entre doses de torta de filtro 115 400 aplicada e atributos da parte aérea, pode-se obter a dosagem ideal, ou seja, a dose na qual foi obtido o melhor desenvolvimento da parte aérea (Tabela 2), a partir do cálculo da primeira derivada das equações de regressão apresentadas na Figura 1. TABELA 2: Valores de referência para doses de torta de filtro baseadas no máximo atingido pelos atributos das plantas de milho cultivadas em um Latossolo Vermelho distrófico psamítico sob campo natural PARÂMETROS PLANTA DOSE DE TORTA DE FILTRO (t ha-1) MASSA VERDE PARTE AÉREA 202 MASSA SECA PARTE AÉREA 168 ALTURA PLANTA 184 DIÂMETRO CAULE 182 MÉDIA 184 O desenvolvimento máximo do milho cultivado nos vasos foi atingido quando se aplicou na média 184 t ha-1 (Tabela 2). DONZELLI & PENATTI (1997) verificaram que o melhor desenvolvimento de cana de açúcar ocorreu quando se aplicou 21 t ha 1 de torta de filtro no sulco. Provavelmente, a diferença de dosagem ideal esteja relacionada à ausência na suplementação de P, aliada ao tipo de solo testado (Tabela 1). CONCLUSÃO A aplicação de torta de filtro aumentou o desenvolvimento da cultura do milho. O melhor desenvolvimento foi atingido com a aplicação de 184 t ha-1 de torta de filtro. 116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARGO, O.A. DE; BERTON, R.S.; GERALDI, R.N.; VALADARES, J.M.A.DA S. Alterações de características químicas de um Latossolo Roxo distrófico incubado com resíduos da indústria álcool-açucareira. Bragantia, v.43 n.1, 1984. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB. Milho - Brasil. Série histórica de: área, produtividade e produção. Disponível em: <http://www.conab.gov.br> Acesso em: 12 de jul. de 2010. DONZELLI, J.L. PENATTI, C.P. Manejo do solo classificado como Latossolo Roxo Ácrico. Centro de Tecnologia Copersucar. Relatório Técnico. Piracicaba, 1997. NARDIN, R. R. Torta de filtro aplicada em argissolo e seus efeitos agronômicos em duas variedades de cana de açúcar colhidas em duas épocas. 2007. 51 f. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração em Tecnologia de Produção Agrícola) - IAC, 2007. NOLLA, A.; PALMA, I. P.; SANDER, G.; VOLK, L. B. S.; Silva, T. R. B. Desenvolvimento de milho submetido à aplicação de calcário e silicato de cálcio em um Argissolo arenoso do noroeste paranaense. Cultivando o saber, v. 2, 2009. PEREIRA, J. R. et al. Adubação orgânica com torta de filtro de cana de açúcar no algodoeiro semiperene BRS 200 no cariri cearense. In: V CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 2005. REINERT, D.J. & ELTZ, F.L.F. Sucesso do plantio direto em solos arenosos: campo nativo, áreas degradadas e integração lavoura-pecuária. In: FRIES, M.R. & DALMOLIN, R.S.D. Atualização em recomendação de adubação e calagem - enfâse em plantio direto. Santa Maria: Soc. Bras. Ciência do Solo, 1997. RIVERA-PINEDA, P. A. Características químicas do solo e produtividade de soqueira de cana de açúcar, em resposta a aplicação de corretivos e fertilizantes. 1994. 72 f. Dissertação (Mestrado) - UFV, Viçosa, 1994. 117 LEVANTAMENTO DO NÚMERO DE PLANTAS DANINHAS EM DIFERENTES PROFUNDIDADES DO SOLO DE ÁREAS SOB DIFERENTES MANEJOS Willian Fagner Pereira1; Erick Zobiole Marinélli1; Yara Camila Fabrin Cabral1;; Marizangela 2 1 Rizzatti Ávila ; Manoel Genildo Pequeno . Primeiro Autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama-Pr. 2 Instituto Agronômico do Paraná, Unidade Regional de Pesquisa Oeste, Santa Tereza do Oeste-Pr. INTRODUÇÃO Sabe-se da importância dos fatores ambientais para a germinação das sementes das culturas. Para as plantas daninhas a importância destes fatores não é diferente. As condições ambientais como luminosidade, temperatura e a interação entre ambas e destas com os atributos do solo são os principais fatores ambientais que regulam a germinação e a emergência de plântulas (FRANKLAND & TAYLORSON, 1983). Segundo SEVERINO & CHRISTOFFOLETI (2001), pode haver grandes variações na composição e na densidade do banco de sementes com relação direta entre o histórico da área e o sistema de produção adotado. Isso se deve pelo fato de alguns sistemas de manejo favorecerem o revolvimento do solo (semeadura convencional), de forma a contribuir com a incorporação das sementes no solo, enquanto outros sistemas de manejo, que pregam o mínimo revolvimento do solo (semeadura direta) favorecem a deposição das sementes nas camadas mais superficiais do solo. De acordo com LORENZI (2008) um dos fatores responsável pela grande habilidade das plantas daninhas quanto a sobrevivência é a grande longevidade das sementes proporcionada pela existência de complexos mecanismos de dormência temporária. Deste modo os diferentes tipos de manejos podem expor as sementes das plantas daninhas, mais ou menos, às condições ambientais necessárias para a quebra da dormência e quiescência. Deste modo o presente levantamento teve por objetivo avaliar a emergência de plantas daninhas presentes em diferentes camadas do solo em quatro áreas distintas quanto manejo de solo e histórico de culturas implantadas. 118 MATERIAL E MÉTODOS O levantamento foi realizado na fazenda onde esta sediada a Universidade Estadual de Maringá – Campus de Umuarama – PR, localizada a 23º47‟66”S e 53º15‟19”O. Realizou-se a amostragem de quatro áreas que apresentavam histórico de sucessão de culturas e manejos diferentes entre si. Foram amostrados 20 pontos em cada área, sendo o tipo de caminhamento adotado “zig-zag”. As amostras foram retiradas com o auxílio de um trado holandês chegando a profundidades de 12,5 cm. As mesmas foram subdivididas em amostras de 0-2,5; 2,5-5; 5-7,5 ; 7,5-10; 10-12,5 cm e colocadas em copinhos plásticos os quais foram levados para casa de vegetação, onde foram regado s a cada dois dias. As áreas onde foram coletadas as amostras estavam sendo cultivadas com milho (1), soja (2), soja (3) e soja (4). Abaixo será apresentado um breve histórico de cada uma das áreas. Nas áreas 1, 2 e 3 o sistema de semeadura direta está implantado. A área 1, tem o sistema de semeadura direta mais recente, ou seja, de 2 anos, tinha milho como cultura principal em sucessão Brachiaria brizantha, como cobertura. A área 2, tem histórico de 6 anos em sistema de semeadura direta consolidada. A sucessão de culturas desta área era soja-aveia (cobertura). A área 3, possui em seu histórico de cultivos a rotação das seguintes culturas: Brachiaria brizantha - milho pipoca feijão - aveia - nabo - aveia - soja. A área 4, foi manejada com o sistema de semeadura convencional, possuindo soja antecedida por Brachiaria brizantha. A partir da data de coleta verificou-se diariamente a emergência das plântulas até 05.06.2010. Em seguida realizou-se a análise descritiva dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO De posse dos dados foi possível analisar quais as profundidades de maior emergência de plantas daninhas de cada área avaliada. Observando a Tabela 1 é possível relatar que nas áreas 1 e 2, manejadas sob sistema de semeadura direta, houve maior emergência de plantas daninhas na camada mais superficial do solo (0-2,5 cm) correspondendo respectivamente aos valores aproximados de 52 e 70%. Nas demais profundidades todas demonstraram valores inferiores. 119 Tabela 1. Quantidade de plantas emergidas nas diferentes áreas e profundidades. Área 1 2 3 4 Profundidade (cm) Numero de plantas Porcentagem 0 - 2,5 2,5 - 5 5 - 7,5 7,5 - 10 10 - 12,5 0 - 2,5 2,5 - 5 5 - 7,5 7,5 - 10 10 - 12,5 0 - 2,5 2,5 - 5 5 - 7,5 7,5 - 10 10 - 12,5 0 - 2,5 2,5 - 5 5 - 7,5 7,5 - 10 10 - 12,5 11 5 3 1 1 14 4 1 0 1 41 44 15 20 26 6 19 7 2 0 52,4 23,8 14,3 4,75 4,75 70 20 5 0 5 28 30 10,3 13,7 18 17 56 21 6 0 Em relação à área 3, a emergência de plântulas se ocorreu de forma mais uniforme sendo que apenas 30% das plantas germinaram entre 2,5-5cm seguida de 28% na profundidade de 0-2,5cm e 18% na profundidade de 10-12,5cm, sendo estas as que se mostraram com maior percentual germinativo. Tal uniformidade de germinação pode ser favorecida devido a longo período de rotação de culturas e semeadura direta. A área 4, trata se de uma área com semeadura convencional onde, 17% das plantas invasoras germinaram na profundidade de 0-2,5 cm, já na profundidade de 2,5 a 5 cm mostrou-se superior as demais chegando a 56% das plantas, em seguida 21% germinou na profundidade de 5-7,5 cm e em menor quantidade sendo apenas 6% germinou a 7,5-10 cm não ocorrendo germinação na profundidade de 10-12,5 cm. 120 CONCLUSÃO Concluiu-se que na área 3 onde apresentava maior histórico de rotação de culturas, possui maior uniformidade no banco de sementes de plantas daninhas no solo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e toxicas. 2008, 4º Edição. SEVERINO, F, J. et. al. Banco de sementes de plantas daninhas em solo cultivado com adubos verdes. Bragantia, Campinas, v. 60, n.3, p. 201-204, 2001 FRANKLAND, B. TAYLORSON, R. Light control of seed germination. In: SHROPSHINE, W.; MOHR, H. (Eds). Photo morphogenesis. Berlin: SpringerVerlag, 1983, p. 428-456. 121 SOBRESSEMEADURA DE CULTIVARES DE AVEIA E CENTEIO EM CAPIM MOMBAÇA IRRIGADO Eduardo P. Ribeiro1; Max E. Rickli2; Ulysses Cecato3; Camila V. Viana1; André P. Barbosa1; Matheus A. Mendes1; Eder P. Gomes 4 Primeiro autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama – PR 2 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Medicina Veterinária - Campus de Umuarama – PR. 3 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Zootecnia - Campus de Maringá – PR 4 Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências Agrárias – Dourados – MS INTRODUÇÃO A estacionalidade da produção de forragens é reconhecida como um dos principais fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade da pecuária nacional, visto que os níveis de produção animal obtidos na estação das “águas” (verão) são comprometidos pelo baixo rendimento forrageiro durante a “seca” (inverno). Ainda nesse sentido, BARIONI et al. (2003), ressaltam que o crescimento das forrageiras tropicais é desuniforme ao longo do ano, com alternância de produtividade. Nesse aspecto se consideram para referente pesquisa as forrageiras do gênero Panicum maximum, cultivar Mombaça, que comparadas a outras cultivares, apresentam maior sensibilidade em relação às baixas temperaturas, atingindo a plena estacionalidade por volta dos 17,5 oC (MORENO et al.2004). O uso da sobressemeadura com espécies temperadas sobre pastagens tropicais vem aumentando em função das vantagens técnicas e econômicas observadas, sendo, segundo RODRIGUES et al. (2006), uma forma de contribuir para aliviar a escassez de forragem durante a entressafra (outono/inverno). A sobressemeadura de forrageiras de inverno pode preferencialmente ser realizada com irrigação, exceto em regiões que apresentam inverno chuvoso (OLIVEIRA et al., 2005). 122 O presente trabalho tem por objetivo avaliar o potencial produtivo do capim Mombaça exclusivo e com sobressemeaduras de aveia e centeio, sob irrigação, no período de entressafra e na região Noroeste do Paraná. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em propriedade de atividade leiteira, no período de maio a outubro de 2009, em uma área de LATOSSOLO Vermelho-Amarelo distrófico típico (EMBRAPA, 1999), textura arenosa, na cidade de Icaraíma-PR (23º23‟25‟‟ de latitude Sul, 53º38‟95‟‟ de longitude Oeste e 385 m de altitude). Durante o período experimental, as temperaturas média e mínima foram da ordem de 23,3 0C e 19 0C, respectivamente. O manejo da irrigação foi realizado de forma suplementar, por meio de balanço hídrico simplificado, com turno de rega diário. As parcelas experimentais foram implantadas por meio de cinco tratamentos: três na forma de sobressemeadura de aveia (Iapar 61, IPR 126, MS, na dose de 50 kg/ha) em capim Mombaça e, um na forma de sobressemeadura de aveia em consórcio com centeio (IPR 126 + IPR 89 na dose de 70 kg/ha), também em capim Mombaça e, por fim, um tratamento testemunha com apenas capim Mombaça sem sobressemeadura. Estes tratamentos foram respectivamente denominados por M+61, M+126, M+MS, M+126+89 e Testemunha. As sobressemeaduras foram realizadas a lanço entre o período de 08 à 28 do mês de maio de 2009. Os animais foram colocados nos piquetes para pastejar e simultâneamente pisotear a área, sendo posteriormente roçada a 10 cm de altura. A área experimental foi instalada sobre vinte piquetes de pastejo intermitente, com 400 m2 cada. O período de ocupação foi de um dia e o ciclo de pastejo de aproximadamente 30 dias, totalizando 5 ciclos durante o período experimental. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso, com esquema de parcelas subdivididas, considerando nas parcelas os tratamentos e nas subparcelas os ciclos de pastejo, com quatro repetições. Antes das vacas entrarem nos piquetes, foram lançadas ao acaso duas molduras de ferro de 0,25m2 (50 x 50 cm) cada, totalizando uma área de 0,5 m2 por piquete. No interior da moldura o capim era cortado na mesma altura pré123 estabelecida para o pastejo dos animais, da ordem de 10 cm. Adubações com 25 kg ha-1 de N em forma de Uréia foram realizadas após cada ciclo de pastejo. Em laboratório, para a determinação da matéria seca (MS), a aveia foi separada do capim Mombaça e colocadas em estufa de ar forçado à 65 oC por 72 horas. Ao sair da estufa, as amostras foram pesadas em balança com precisão de 0,01g. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção média de MS total foi de 3890 kg -1 ciclo de pastejo-1, apresentando valores superiores ao encontrado por RODRIGUES et al, (2006) que encontraram 1636 kg-1 ha, com restrição no quarto corte. A sobressemeadura de forrageiras de inverno em mombaça apresentou visível variabilidade de produção de MS entre a maioria dos tratamentos conforme Tabela 1, mostrando-se responsiva, estando de acordo com o mesmo autor, em experimento com panicum, porém contradizendo OLIVEIRA et al. (2007), que não encontrou variabilidade de produção de MS em seus tratamentos. Tabela 01 – Produção de matéria seca total (kg ha-1) Ciclos de pastejo Testemunha 1º (junho) 2866 abB 2º (julho) 7962 cA 3º (agosto) 1732 bBC 4º (setembro) 1092 aBC 5º (outubro) 149 bC Média 2760 b CV% M+MS 3676 abBC 8229 cA 4747 aB 3162 aBC 1645 abC 4292 a M+126 5088 aB 11193 bA 3628 abBC 1660 aC 3150 aBC 4944 a 31,0 M+126+89 1584 bB 13802 aA 3302 abB 1470 aB 2141 abB 4460 a M+61 2707 abB 6332 cA 2573 abB 2475 aB 873 abB 2992 b Média CV% 3184 B 9504 A 31,9 3196 B 1972 C 1592 C Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, não diferem entre si (P>0.05). Os tratamentos com aveia 126, MS e 126+89 alcançaram produções médias de 4944, 4292 e 4460 kg.ha -1 respectivamente. Por vez, o tratamento com aveia 126 se diferenciou em relação aos demais, mesmo não havendo diferenças significativas entre eles, obtendo a maior média, fato que se confirma na tabela 2 onde esses mesmos tratamentos obtiveram as maiores produções de aveia. 124 Verifica-se no quarto e no quinto corte que as produções de aveia foram maiores que a produção de mombaça em todos os tratamentos, justificando a importância da sobresemeadura da mesma em época crítica as pastagens tropicais. Tabela 02 – Produção de matéria seca da forrageira sobressemeada (kg ha -1) Ciclos de pastejo 1º (junho) 2º (julho) 3º (agosto) 4º (setembro) 5º (outubro) Média CV% M+MS 1310 aB 1608 bAB 515 aB 2631 aA 914 abB 1395,6 a M+126 M+126+89 1076 abBC 868 abB 3751 aA 2957 aA 128 aC 768 aB 1012 bcBC 648 bcB 1698 aB 1384 aB 1533 a 1325 a 72,2 M+61 288 abB 444 bcB 107 aB 1926 abA 483 abB 649,6 b Média 886 BC 2190 A 380 C 1554 AB 1120 BC CV% 60,1 Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, não diferem entre si (P>0.05). CONCLUSÃO A produção total de matéria seca foi influenciada pelas sobressemeaduras das forrageiras de inverno, sendo uma prática adequada para enfrentar o problema de estacionalidade da região Noroeste do Paraná. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARIONI, L. G.; MARTHA JR., G. B.; RAMOS, A. K. B.; VELOSO, R. F.; RODRIGUES, D.C.; VILELA, L. Planejamento e gestão do uso de recursos forrageiros na produção de bovinos em pastejo. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 20, 2003, Piracicaba. Anais.Piracicaba: FEALQ, 2003. p. 105-154. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA, 1999. 412p. 125 MORENO, L. S. B. Produção de forragem de capins do gênero Panicum e modelagem de respostas produtivas e morfofisiológicas em função de variáveis climáticas. 2004. 86 p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, 2004. OLIVEIRA, P.P.A.. Produção de forragem e composição botânica de três espécies de pastagem tropicais sobressemeadas com aveia ou azevém. Jaboticabal: 44ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2007. OLIVEIRA, P.P.A.; PRIMAVESI, A.C.; CAMARGO, A.C.; RIBEIRO, W.M.; SILVA, E.M.T. Recomendação da sobressemeadura de aveia forrageira em pastagens tropicais ou subtropicais irrigadas. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2005. (Comunicado Técnico, 61). 7p. RODRIGUES, A de A ; MENDONCA, F. C. ; PEDROSO, A. F ; SANTOS, P M ; FREITAS, A R de ; TUPY, O . Utilização, em pastejo, de aveia semeada sobre capim-tanzânia, para complementação da dieta de vacas de alta produção na época da seca: resposta bioeconômica. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste (Boletim de P&D, 3), 2006 (Boletim de Pesquisa Embrapa). 126 LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DE PLANTAS DANINHAS EM DIFERENTES MANEJOS DE SOLO ATRAVÉS DA EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS Erick Zobiole Marinélli1; Yara Camila Fabrin Cabral1; Willian Fagner Pereira1; Marizangela Rizzatti Ávila2;Manoel Genildo Pequeno1. Primeiro Autor: Apresentador. E-mail: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama-Pr. 2 Instituto Agronômico do Paraná, Unidade Regional de Pesquisa Oeste, Santa Tereza do Oeste-Pr. INTRODUÇÃO O banco de sementes do solo funciona segundo TEMPLETON & LEBIN (1979), como um arquivo de informações das condições ambientais e práticas culturais anteriores, importantes na avaliação do potencial de infestação das plantas daninhas no presente e no futuro. É valido lembrar que os efeitos de competição não são os únicos efeitos negativos causados pela presença das plantas daninhas, mas o conjunto de fatores que resultantes de pressões diretas (competição e alelopatia) e indiretas (hospedeiras de pragas, doenças e interferência na colheita). Estudos demonstram que as diferentes formas de manejo do solo e o histórico de culturas implantadas na área são fatores importantes para a composição do banco de sementes do mesmo. Nesse sentido, o revolvimento do solo no sistema de semeadura convencional tende a favorecer a quebra da dormência das sementes (BLANCO & BLANCO, 1991), enquanto na semeadura direta, que prega o mínimo revolvimento do solo, as plantas daninhas presentes nas camadas mais profundas tendem a permanecer dormentes por um longo período. De acordo com ALMEIDA (1985), diferentes programas de rotação de culturas causam efeitos diferenciados sobre a caracterização da comunidade infestante do terreno. Desta forma, o presente levantamento teve como objetivo identificar quais as espécies prevalecentes em quatro áreas com diferentes manejos do solo e históricos de culturas implantadas. 127 MATERIAL E MÉTODOS O levantamento foi realizado na fazenda da Universidade Estadual de Maringá - Campus de Umuarama-PR localizada a 23º47‟66”S e 53º15‟19”W, onde foi amostrado o banco de sementes de plantas daninhas em quatro áreas, com histórico de diferentes sucessões de culturas e manejos do solo. O levantamento foi constituído da amostragem de 20 pontos em cada área no dia 28.03.2010, através de caminhamento em “zig-zag” para maximizar a aleatoriedade das informações. As amostras de solo foram retiradas na profundidade máxima de 12,5 cm com o auxílio de trado holandês, e posteriormente subdivididas em subamostras nas profundidades de 0-2,5; 2,5-5; 5-7,5; 7,5-10; 1012,5 cm, as quais foram acondicionadas em copos plásticos e conduzidos em estufa plástica com irrigação a cada dois dias. Nas áreas estudadas as culturas presentes antes do momento da avaliação foram constituídas por: milho (1), soja (2), soja (3) e soja (4), sendo que o histórico das mesmas foi caracterizado por: áreas 1, 2 e 3, com sistema de semeadura direta implantado. A área 1, sistema de semeadura direta recente, ou seja, de 2 anos contínuos, onde houve milho como cultura principal em sucessão a Brachiaria brizantha (capim-braquiária) como cobertura. A área 2, sistema de semeadura direta consolidada com 6 anos de sucessão de soja-aveia (cobertura). A área 3 possui histórico de cultivos em rotação com capim-braquiária - milho pipoca - feijão - aveia nabo - aveia - soja. A área 4 foi manejada em sistema de semeadura convencional, possuindo soja antecedida por capim-braquiária. A partir da data de coleta verificou-se diariamente a emergência das plântulas até 05.06.2010. Em seguida realizou-se a análise descritiva dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através dos dados de germinação foi possível caracterizar a população de plantas daninhas existentes no banco de sementes das áreas avaliadas (Tabela 1). Na área 1, constatou-se a emergência de 21 plântulas de 6 espécies, sendo que dentre estas as que predominaram foram a macela (Gnaphalium spicatum Lam.) e a falsa-serralha (Emilia fosbergii) com 55% e 20 %, respectivamente. Observandose a amostragem da área 2, constatou-se menor diversidade de espécies de plantas 128 daninhas em relação a todas as demais áreas, sendo novamente a macela (G. spicatum Lam.) a espécie de maior representatividade (70%). Na amostragem referente a área 3 foi possível notar que a população de caruru (Amaranthus deflexus L.) apresentou germinação de 30% do total de 146 plântulas, seguido pelo capim-colchão (Digitaria horizontalis Willd.) com 27% e tiriricão (Cyperus esculentus L.) com 22,6%. Desta forma, verificou-se que esta área foi a de maior quantidade e diversidade de espécies de plantas daninhas, através do método de emergência das plântulas (146). Tabela 1. Incidência de plantas daninhas no solo de diferentes sistemas de manejo. Área 1 Plantas Daninhas Quantidade Quantidade (Nº) (%) Nome Comum Nome Científico Macela 12 55 Gnaphalium spicatum Lam. Caruru 1 5 Amaranthus deflexus L. Falsa-serralha 4 20 Emilia fosbergii Fazendeiro 1 5 Galinsoga parviflora Cav. Capim-braquiaria 2 10 Brachiaria decumbens Stapf Picão-preto 2 3 4 Macela Capim-colchão Falsa-serralha Macela Tiriricão Caruru Guanxuma Falsa-serralha Pé-de-galinha Capim-colchão Tiririca Macela Falsa-serralha Capim-colchão Caruru Tiriricão Bidens pilosa L. TOTAL Gnaphalium spicatum Lam. Digitaria horizontalis Willd. Emilia fosbergii TOTAL Gnaphalium spicatum Lam. Cyperus esculentus L. Amaranthus deflexus L. Anoda cristata (L) Schtltdl. Emilia fosbergii Eleusine indica (L) Digitaria horizontalis Willd. Cyperus rotundus L. TOTAL Gnaphalium spicatum Lam. Emilia fosbergii Digitaria horizontalis Willd. Amaranthus deflexus L. Cyperus esculentus L. TOTAL 1 21 15 3 2 20 19 33 44 1 4 3 39 3 146 14 12 4 3 1 34 5 100 75 15 10 100 13 22,6 30 0,7 2,7 2 27 2 100 41,2 35 12 8,8 3 100 129 Na área 4, observou-se que a macela (G. spicatum Lam.) (41,2%), novamente caracterizou-se pela maior quantidade de germinação e/ou emergência, seguida pela falsa-serralha (E. fosbergii) (35%), capim-colchão (D. horizontalis Willd.) (12%), caruru (A. deflexus L.) (8,8%) e apenas 3% de tiriricão (C. esculentus L.). A diferença entre as espécies e o número de plantas daninhas determinadas pela metodologia de amostragem do solo foram influenciadas pelo sistema de sucessão de culturas. Entretanto, apesar semeadura direta em sucessão de sojaaveia ter se destacado como o melhor sistema de manejo cultural de plantas daninhas, a espécie macela (G. spicatum Lam.)apresentou-se como a mais freqüente entre as condições estudadas. CONCLUSÃO O sistema de semeadura direta consolidada com 6 anos de sucessão de sojaaveia apresentou-se como o melhor manejo cultural de plantas daninhas, entre as condições estudadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. S. Influência da cobertura morta do plantio direto na biologia do solo. In: FANCELLI, A. L.; TORRADO, P. V.; MACHADO, J. Atualização em plantio direto. Campinas: Fundação Cargill, 1985. p.103-144. BLANCO, H.G; BLANCO, F.M.G. Efeito do manejo do solo na emergência de plantas daninhas anuais. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.26, n.2, p.215 -220, 1991. TEMPLETON, A.R.; LEVIN, D.A. Evolutionary consequences of seed pools. American Naturalist, Chicago, v.114, p.232-249, 1979. 130 DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE MILHO SUBMETIDO À APLICAÇÃO DE ADUBAÇÃO MINERAL E DIFERENTES DOSES DE RESÍDUO DE FILMES RADIOGRÁFICOS Renan Alenbrant Migliavacca1; Antonio Nolla1; Edmilson C Bortoletto2; Tiago Mazetto1; Célia Regina Granhen Tavares2 Primeiro autor: Apresentador. [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Ciências Agronômicas – Campus Umuarama 2 Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Engenharia Química – Campus Sede INTRODUÇÃO A falta de uma política nacional de extração e comercialização de adubos, a grande detenção destes por apenas algumas empresas multinacionais e as elevadas taxas portuárias do país, fazem com que este insumo seja o responsável por muitas vezes metade do custo de produção da maioria das culturas anuais em todas as regiões produtoras do país. De acordo com QUAGGIO (2000), a maximização de produção juntamente com a redução dos custos, tem sido a principal forma de capitalizar o agricultor. Desta forma, vem sendo utilizado nas lavouras de culturas como o milho, fertilizantes orgânicos, provenientes de resíduos das indústrias. Dentro dos grupos dos fertilizantes alternativos mais estudados estão o lodo de esgoto, torta de filtro e a vinhaça. A vinhaça é caracterizada como subproduto gerado em grande quantidade a partir da produção do açúcar e álcool (MEDINA & BRINHOLI, 1998), ou seja, estes resíduos são normalmente tidos como problema nos sistemas industriais, geralmente de difícil descarte. Na busca de materiais fertilizantes produzidos pelas indústrias, vários produtos vêm sendo testados. Um destes produtos estudados é o resíduo de filmes radiográficos. O efluente proveniente da etapa de revelação, fixação e a água de enxágüe gerada no processamento de filmes radiográficos contêm prata na forma de complexo negativo de tiossulfato de prata, o que torna este efluente extremamente tóxico a organismos aquáticos (BORTOLETTO 2007). Porém, após processos químicos os quais têm por objetivo isolar a prata por troca metálica com o ferro, precipitando a prata contida no efluente, resultando em uma solução que pode ser rica em nutrientes fundamentais para o desenvolvimento das plantas, tais como o nitrogênio e o enxofre. 131 Assim, o presente trabalho teve como objetivo comparar o desenvolvimento da cultura do milho submetido à aplicação de diferentes doses de efluente proveniente da etapa de fixação com a adubação mineral. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Estadual de Maringá, Campus de Umuarama, estado do Paraná, a partir de um Argissolo Arenoso sob mata natural, cuja caracterização química está apresentada na Tabela 01. Tabela 1. Caracterização química da camada de 0-20 cm de um Argissolo Vermelho distrófico típico sob campo natural pH (H2O) 1 : 2,5 4,9 Ca Mg V M.O. Argila ----- cmolc dm-3 ----- - mg dm-3 - ------- cmolc dm-3 ----- % ----g kg-1---- 0,66 16 0,23 -1 Al 1,3 P K 5,5 27 -1 S H+Al 0,96 4,96 T 5,92 15 200 -1 Ca, Mg, Al = (KCl 1 mol L ); P, K = (HCl 0,05 mol L + H2SO4 0,025 mol L ); S = soma de bases; H+Al = acidez potencial (Acetato de cálcio); T= CTC pH 7,0; V= Saturação por bases; M.O.= matéria orgânica(Walkley-Black). Inicialmente, foram acondicionados aproximadamente 2,5 quilos do solo original em colunas de polietileno (tubos de PVC) com dimensões de 20 cm de altura por 15 cm de diâmetro. As colunas foram dispostas em condições de campo ao ar livre, no intuito de simular com precisão as condições agrícolas. Foram aplicadas doses crescentes de resíduo radiográfico nas doses de 0 (T1), 1,25 (T2), 2,50 (T3), 5,00 (T4), 10,0 (T5), 20,0 (T6), 40,0 (T7), 80 (T8) e 160 (T9) ml por vaso (2,5 kg) além da adubação mineral (T10) recomendada para o cultivo de milho no solo testado (444 kg de Superfosfato simples por hectare Sp e 250 kg ha -1 de 20-0-20). A caracterização química do resíduo radiográfico está na Tabela 2. 132 Tabela 2. Análise do fixador após troca metálica. Parâmetros Ph 4,96 Nitrogênio total 22700 mg/L Sulfato 26500 mg/L Alumínio 1070 mg/L Prata 8 mg/L Ferro 2600 mg/L O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições. As colunas foram incubadas por 30 dias, mantendo-se a umidade dos vasos próxima da capacidade de campo. Posteriormente, semeou-se milho variedade CD 308, perfazendo 3 plantas após o desbaste. A cultura se desenvolveu por 30 dias, quando as plantas foram cortadas rente ao solo. Avaliou-se a parte aérea das plântulas de milho, determinando-se a altura, peso, diâmetro do colmo, matéria verde e seca. RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação de doses crescentes de resíduo radiográfico propiciou um aumento no crescimento da parte aérea das plantas de milho, quando comparado ao tratamento testemunha (Tabela 3). Isto parece demonstrar que o resíduo pode ser capaz de estimular o desenvolvimento das culturas, porque apresenta na sua composição 22,7 g L-1 de N, o que pode ser muito importante para o fornecimento de nitrogênio às plantas, principalmente na fase inicial de desenvolvimento vegetativo, onde este macronutriente é muito requerido pelas plantas (RIBEIRO, 1999). 133 Tabela 3. Desenvolvimento da parte aérea da cultura do milho submetido à aplicação de doses crescentes de resíduo radiográfico e adubação mineral em um ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico. Dose de resíduo (ml por vaso) Matéria Matéria Altura (cm) Peso (g) Diâmetro (cm) Verde (g) Seca (g) T1 26,11 a 1,76 a 3,73a 3,57a 0,53a T2 31,92 ab 2,60 a 4,34ab 7,81a 0,96a T3 30,02 ab 2,61 a 4,38ab 7,81a 1,01a T4 31,24 ab 2,63 a 4,20ab 7,89a 1,10a T5 33,62 ab 3,03 a 4,72abc 9,10a 1,33a T6 36,72 ab 4,03 a 5,40 bc 12,10a 1,78ab T7 35,22ab 3,99 a 5,01 abc 12,31a 1,78ab T8 37,22ab 4,63 a 5,88 cd 13,90a 1,99ab T9 46,33 a 8,33 b 7,01 d 24,99 b 3,44 b T10 37,99 ab 4,07 a 5,35 bc 12,02a 1,66ab Dados seguidos pela mesma letra, para cada parâmetro testado, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05) Comparando-se os tratamentos, verifica-se que a adubação mineral apresentou um desenvolvimento da parte aérea de milho maior que a testemunha para todos os tratamentos, indicando que a fertilização + calagem foi necessária para o desenvolvimento da cultura (Tabela 3). No entanto, quando se compara as diferentes doses do resíduo aplicado com o fertilizante mineral (T10), observa-se que a aplicação da maior dose de resíduo radiográfico (160 ml por vaso) foi capaz proporcionar um desenvolvimento de milho superior à adubação mineral. Entretanto, este resultado deve ser avaliado com cuidado, pois o resíduo testado pode ser fonte de metal pesado, o que não foi avaliado neste estudo. 134 CONCLUSÕES A adição de doses crescentes de resíduo radiográfico estimulou o crescimento de plântulas de milho para a cultura do milho. A maior dose do resíduo propiciou um melhor desenvolvimento de milho que a adubação mineral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORTOLETTO, E.C.; IGARASHI-MAFRA, l.; SORBO, A. C. A. C.; GALLIANI, N. A.; BARROS, M. A. S. D.; TAVARES, C. R. G. Remoção da prata em efluentes radiográficos. Acta Sci. Technol. Maringá, v. 29, n. 1, p. 37-41, 2007. MEDINA, C. C. & BRINHOLI, O. Uso de resíduos agroindustriais nas produções de cana-de-açúcar e álcool. Pesq. Agropec. Bras., v. 33, p. 1821-1825, 1998. QUAGGIO, J. A. Acidez e calagem em solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 111p. 2000. RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V. V. H. Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. CFSEMG-UFV, 359 p. 1999. 135 AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE Azospirillum brasilense EM ASSOCIAÇÃO COM Bradyrhizobium japonicum SOBRE AS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DA CULTURA DA SOJA Mauro Cezar Barbosa1, Glenberson G. Piccinin1, Anderson F. Biani1, Cleison G. Piccinin1, Alex Ortix1, Paulo V. Demenck1, e Alessandro de Lucca e Braccini2 *Apresentador/Autor para correspondência: [email protected] 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas - Campus de Umuarama-Pr. 2 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Agronomia - Campus de Sede – Maringá/Pr. INTRODUÇÃO A soja tem grande importância no sistema de produção brasileiro e mundial. No Brasil, essa cultura ocupa posição de destaque e se apresenta como a mais importante cultura em produção de grãos e em exportação, com produção superior a 57 milhões de toneladas na safra 2006/2007 (CONAB, 2008a), e com perspectiva de produção entre 58 e 60 milhões de toneladas para a safra 2008/2009 (CONAB, 2008a,b). A cultura da soja tem apresentado intensa atividade de pesquisa dirigida à obtenção de informações que possibilitem aumentos na produtividade e redução nos custos de produção (EMBRAPA SOJA, 2004). Isso tem exigido a constante reformulação e adaptação de tecnologias, como o manejo nutricional via fixação biológica de nitrogênio (FBN). O nitrogênio (N), por se constituir em elemento imprescindível na síntese de proteínas, requer demanda elevada para a cultura, acumulando cerca de 100 a 200 kg de N/ha, das quais 67% a 75% são alocados nas sementes. A simbiose, que ocorre entre esta leguminosa e as bactérias do gênero Bradyrhizobium (bactérias do grupo rizóbio) resulta na formação de nódulos nas raízes da planta, possibilitando a obtenção de todo o N que a cultura necessita, mesmo com expectativa de alta produtividade de grãos. No Brasil, porém, estudos sobre a tecnologia de co-inoculação de Bradyrhizobium e Azospirillum na cultura da soja ainda não foram elucidados. As bactérias do gênero Azospirillum, principalmente a da espécie A. brasilense tem sido usada como inoculante em diversas culturas como: cereais, algodão, tomate, banana, cana-de-açúcar, café, forrageiras, etc. Com resultados 136 significativos segundo vários autores dentre eles Didonet et al (2003), Fallik & Okon (1996), Pinheiro (1992), Sumner (1990), e Okon & Labandera (1994). Considerando a vasta quantidade de variedades, cultivos, solos e condições climáticas avaliadas, os resultados da inoculação com Azospirillum refletem claramente a capacidade da bactéria de promover o desenvolvimento das plantas e o impacto positivo gerado sobre o rendimento dos cultivos de grãos. Deste modo, a implementação de práticas experimentais que busquem resultados e respostas, para questões pertinentes a co-inoculação desses microorganismos, são indiscutivelmente válidas da ótica fitotécnica. Sobretudo, na cultura da soja, é necessária a busca constante de novas tecnologias que permitam o incremento na produtividade e a agregação de valor ao produto comercializado. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento de campo foi instalado no ano agrícola 2008/2009, em área localizada na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no município de Maringá, região noroeste do Estado do Paraná, situada a uma latitude de 23º25‟ sul e longitude de 51º57‟ a oeste de Greenwhich, com altitude média de 540 m. As avaliações dos parâmetros foram conduzidas no Laboratório de Tecnologia de Sementes do Núcleo de Pesquisa Aplicada à Agricultura (NUPAGRI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da UEM. A instalação e condução do experimento de campo foi de acordo com os pressupostos da Embrapa Soja (2008). O sistema de semeadura empregado foi o direto. A cultivar utilizada para a semeadura foi a BRS 232, pertencente ao grupo de maturação semi-precoce (6,9 da classificação norte-americana), qual, foi tratada com Vitavax-Thiram® 200 SC (Carboxin + Thiram) na dosagem de 250 mL 100 kg -1 de sementes, mais Co-Mo (100 mL para 50 kg de sementes) + tratamentos com inoculantes. Os tratamentos empregados estão descritos na Tabela 2: 137 Tabela 2. Tratamentos com Bradyhrizobium japonicum associado ou não ao Azospirillum brasilense, aplicados via tratamento de sementes na cultura da soja. Tratamentos Forma de Aplicação 1 Testemunha absoluta (sem N e sem Inoculação) 2 Tratamento com Inoculante à base de Bradyhrizobium japonicum 3 4 Tratamento com Inoculante à base de Bradyhrizobium japonicum (1º) + Inoculante à base de Azospirillum brasilense (2º). Um após o outro. Tratamento com Inoculante à base de Bradyhrizobium japonicum + Inoculante à base de Azospirillum brasilense. Previamente misturados Para a determinação da altura das plantas e altura de inserção da primeira vagem, foram avaliadas 10 plantas, escolhidas ao acaso na área útil das parcelas, realizando as medições com o auxílio de régua milimetrada de madeira, sendo os resultados expressos em centímetros. O número de vagens por planta foi avaliado por ocasião da maturação plena (estádio R 8), por meio da contagem manual do número de vagens presentes nas mesmas 10 plantas escolhidas aleatoriamente na área útil de cada parcela. Partindo-se do rendimento de sementes nas parcelas, foi determinada a massa de 100 sementes, por meio da pesagem de oito sub-amostras de 100 sementes, para cada repetição de campo, com o auxílio de balança analítica com precisão de um miligrama. Para o cálculo da massa de grãos, o grau de umidade das sementes, determinado por meio do método de estufa a 1053oC (BRASIL, 2009), foi corrigido para 13% base úmida. O delineamento experimental adotado foi o em blocos completos casualizados, com seis repetições. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância a 5% de probabilidade (P<0,05) e, quando significativas, as médias foram comparadas pelo teste de t (LSD) (P<0,05), de acordo com Banzatto e Kronka (2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio da análise de variância foi possível detectar que não ocorreram diferenças significativas (P<0,05) para os tratamentos pelo teste F para as variáveis altura de inserção da primeira vagem e numero de vagens por planta. Houve diferença entre os tratamentos para todas as variáveis restantes: altura de plantas, 138 massa de 100 grãos, número de nódulos no vegetativo, numero de nódulos no reprodutivo, massa seca de raízes, massa seca de parte aérea e produtividade. Podemos verificar na tabela 3, os resultados dos testes de médias para as variáveis. Para a variável massa de 100 grãos os tratamentos 3 e 4 diferiram da testemunha. O tratamento 4 foi o que apresentou a maior massa de 100 grãos. Para a altura de plantas observamos que os tratamentos 2 e 3 apresentaram as maiores medias. Tabela 3. Médias da altura de inserção da primeira vagem, altura das plantas, número de vagens por planta e massa de 100 grãos da cultivar BRS 232, em resposta aos diferentes tratamentos com Azospirillum brasilense em associação com Bradyrhizobium japonicum. Características avaliadas1 Tratamentos Inserção 1a vagem Altura das plantas Número Massa de de vagens 100 grãos ----- cm ------ ----- cm ------ ---unid.--- ------- g -------- 1 10,06 A 67,16 B 54,93 A 21,08 B 2 10,25 A 71,63 A 56,06 A 22,22 AB 3 9,48 A 72,26 A 58,70 A 22,45 A 4 8,83 A 70,96 AB 55,46 A 23,01 A Média 9,65 70,50 56,29 22,19 C.V. (%) 13,45 4,91 19,76 4,58 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste t (LSD), em nível de 5% de probabilidade. Estas combinações de bactérias aplicadas nas sementes têm proporcionado maior produção vegetal, na qual se relaciona na forma direta com uma maior fixação de nitrogênio nas quais estes microorganismos atuam. Nos casos onde se tem utilizado A. brasilense, tem se demonstrado que o efeito benéfico da associação se deve em maior parte a capacidade que a bactéria tem de produzir fito-hormônios que determinam um maior desenvolvimento do sistema radicular, e, portanto, a possibilidade de explorar um volume mais amplo de solo. 139 O gênero Azospirillum está incluído dentro do grupo de bactérias denominadas “Bactérias Promotoras de Crescimento Vegetal” (BPCP). A pesquisa relata que a estimulação da nodulação posterior pela inoculação de leguminosas com A. brasilense pode estar relacionada com o incremento na indução da produção de genes Nod, de raízes laterais, da densidade de pelos radiculares e nas ramificações dos seus pelos. Burdmann (1999-2000) em vários ensaios a campo com A. brasilense, verificou um incremento nos rendimentos das leguminosas com a inoculação mista, obtendo valores superiores aos obtidos com somente a inoculação com Bradyrhizobium. Os resultados obtidos com a inoculação combinada de leguminosas pode no entanto, mostrar respostas contraditórias, ou seja, tanto estimular como inibir a formação de nódulos e o crescimento radicular em um sistema simbiótico, variando em função do nível de concentração do inóculo e do tipo de inoculação. Assim, é preciso efetuar uma adequada seleção de estirpes diazotróficas compatíveis e aplicadas numa relação celular ótima. CONCLUSÕES O presente trabalho permitiu concluir que: Houve diferença significativa para a maioria dos parâmetros agronômicos em virtude do tratamento (inoculação mista, ou co-inoculação). Verificou-se um incremento positivo na produtividade da soja com a inoculação mista, obtendo valores superiores aos obtidos com somente a inoculação com Bradyrhizobium. A co-inoculaçao da soja com Bradyrhizobium japonicum associado ao Azospirillum brasilense pode propiciar melhores resultados no desempenho agronômico da cultura, permitindo incremento na produtividade e a agregação de valor ao produto comercializado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANZATTO, D.A.; KRONKA, S. N. Experimentação Agrícola. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, 2008. 237 p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 2009. 140 CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos: intenção de plantio, segundo levantamento, novembro de 2008. Brasília, 2008a, 36 p. CONAB. Estudos de prospecção para a safra 2008/2009. <http://www.conab.gov.br/2008>. Acesso em: 14 de novembro de 2008, Brasília, 2008b. DIDONET, A.D.; MARTIN-DIDONET, C.C.G.; GOMES, G.F. Avaliação de linhagens de arroz de terras altas inoculadas com Azospirillum lipoferum Sp59b e A. brasilense Sp24. Comunicado Técnico. EMBRAPA SOJA. Tecnologias de produção de soja – região central do Brasil – 2008. Londrina: Embrapa Soja; Embrapa Cerrados; Embrapa Agropecuária Oeste, 2008. 280 p. (Sistemas de Produção, 12). EMBRAPA SOJA. Tecnologias de produção de soja: Paraná – 2005. Londrina: Embrapa Soja, 2004. 224 p. (Sistemas de Produção/Embrapa Soja, n.5). EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação dos solos. Embrapa: Brasília, 1999. 412p. FALLIK, E.; OKON, Y. Inoculants of Azospirillum brasilense: biomass production, survival and growth promotion of Setaria italica and Zea mays. Soil Biology and Biochemistry, v. 28, n. 1, p. 123-126, 1996. FRED, E. B.; BALDWIN, I. L.; McCOY, E. Root nodule bacteria of leguminous plants. Madison: The University of Wisconsin Press, 1932. 343 p. IAPAR. Cartas climáticas básicas do Estado do Paraná. Londrina: Instituto Agronômico do Paraná, 1987. 35 p. HUNGRIA, M.; ARAUJO, R. S. Manual de métodos empregados em microbiologia agrícola. Brasília: Embrapa, 1994. 542 p. JORDAN, D. C. Transfer of Rhizobium japonicum Buchanan 1980 to Bradyrhizobium gen. nov., a genus of slow growing root-nodule bacteria from leguminous plants. International Jounal of Systematic Bacteriological, Washington, v. 32, p. 136-139, 1982. KUYKENDALL, L. D. et al. Genetic diversity in Bradyrhizobium japonicum, Jordan, 1982 and a proposal for Bradyrhizobium elkanii. Canadian Journal of Microbiology, Ottawa, v. 38, p. 501-505, 1992.MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba: POTAFÓS, 1997. 319p. 141 OKON, T.; LABANDERA-GONZALEZ, C. Agronomic applications of Azospirillum: an evaluation of 20 years worldwide field inoculation. Soil Biology Biochemistry, Oxford, v.26, n.12, p.1591-1601, 1994. PINHEIRO, R. O. Investigação da adesão de Azospirillum spp. às raízes de trigo. 1992. 110 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí, 1992. 142