Baixar o arquivo
Transcrição
Baixar o arquivo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2010 RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA VIVIAN CRISTINE COSTA DAL LIN INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PESQUISA VOLUNTÁRIA PLANO DE TRABALHO: Ecotech Architecture: Elementos de sustentabilidade na arquitetura de Norman Foster Relatório apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da Universidade Federal do Paraná – UFPR por ocasião da conclusão das atividades de Iniciação Científica. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Arquitetura e sustentabilidade: bases conceituais para o projeto ecológico BANPESQ/THALES: 2007021212 CURITIBA 2010 2 1. TÍTULO Ecotech Architecture: Elementos de sustentabilidade na arquitetura de Norman Foster 2. RESUMO Esta pesquisa de cunho exploratório buscou, através de um estudo web e bibliográfico, identificar, descrever e analisar características da chamada Ecotech Architecture, presentes na obra do arquiteto britânico Norman Foster. Iniciando a partir da conceituação e caracterização das bases da arquitetura sustentável e seguindo por uma análise das obras de Foster, tornou-se possível a seleção de 3 (três) exemplares de seu trabalho, a saber: Hong Kong & Shanghai Bank Corporation (1980/86, Hong Kong, China), 30 St. Mary Axe Building (2000/03, Londres, Inglaterra) e Hearst Tower (2006/08, Nova York, EUA). Por fim, realizou-se uma pesquisa sobre essas obras, buscando identificar os aspectos sustentáveis presentes em cada uma, cujos parâmetros baseiam-se naqueles propostos pelos atuais sistemas de certificação ambiental, como o Leadership in Energy & Enviromental Design – LEED e Building Research Establishmente Environmental Design – BREED. Como resultado da pesquisa, foi possivel identificar um fio condutor presente nas obras de Norman Foster: a extrema relevância dada à interferência da arquitetura no meio ambiente, o que deixou de ser apenas conceitual para ser a base principal do partido arquitetônico de seus projetos. 3. PALAVRAS-CHAVE Sustentabilidade. Arquitetura Sustentável. Ecotech Architecture. Norman Foster. 4. OBJETIVOS De modo geral, pretende-se fazer uma pesquisa web e bibliográfica sobre os elementos da arquitetura sustentável presentes em obras de alta-tecnologia (Ecotech Architecture), os quais buscam a eficiência energética, a diminuição do impacto ambiental e a preservação do meio ambiente. De modo específico, busca-se selecionar, descrever e avaliar 03 (três) obras edificadas de autoria do arquiteto contemporâneo britânico Norman Foster, identificando e analisando seus principais elementos de sustentabilidade. 5. INTRODUÇÃO O principal fator que determina a intervenção humana na natureza é o consumo. A maneira como os recursos naturais são extraídos e utilizados pelos seres humanos, bem como as tecnologias usadas para isso, ditam o quão prejudicial é essa intervenção para o planeta. Diante disto, nas últimas décadas, devido à exploração desenfreada da natureza pelo homem, durante uma série de importantes congressos mundiais, surgiu um novo conceito: o da sustentabilidade, que, em termos gerais, trata-se do conjunto de valores que se baseia na ética da responsabilidade 3 ambiental, especialmente no que se refere ao consumo responsável dos recursos naturais. Pode-se dizer que medidas ditas sustentáveis já podiam ser identificadas desde o início dos assentamentos humanos, como, por exemplo, o uso de recursos extraídos do entorno das casas do período antigo ou medieval (RUANO, 2000). A economia de subsistência, as técnicas de exploração e cultivo, a velocidade e abrangência de impactos; tudo possibilitava a sustentabilidade de populações e de seus padrões de produção e consumo. Porém, essas práticas não se mantiveram ao longo dos anos, devido à expansão territorial e, principalmente, populacional. Embora as cidades não ocupem uma área muito grande da superfície terrestre – apenas de 1 a 5% do planeta – elas alteram radicalmente a natureza dos rios, das florestas e dos campos naturais e cultivados, assim como da atmosfera e dos oceanos, devido aos ambientes extensos de entrada e saída que demandam, os quais geralmente sofrem com a poluição e degradação resultantes dessa alteração (ODUM, 1988). O grande e acelerado crescimento das zonas urbanas – sendo a previsão de que, no ano de 2025, a população fora delas seja de apenas 25% em todo o mundo – faz com que as metrópoles e megalópoles sejam os principais causadores dos problemas ambientais atuais (RUANO, 2000). O marco principal dessa expansão foi a Revolução Industrial (1750-1830), a qual permitiu um maior grau de exploração da natureza, assim como fez com que surgisse uma preocupação cada vez mais forte com a relação homem-meio ambiente. Foram várias as críticas que denunciaram o panorama industrial e suas consequências sobre as cidades, o que levou à formulação de inúmeros modelos urbanos, na maioria utópicos. Em fins do século XIX, surgiu o conceito das Cidades-Jardim, criado pelo pré-urbanista britânico Ebenezer Howard (1850-1928) e que contribuiu com a mudança de visão do homem daquela época em relação à natureza (RUANO, 2000). Esta deixou de ser vista apenas como um objeto de exploração, passando a ser considerado um importante contribuinte para a sua saúde física e mental, cuja presença deveria ser garantida na cidade – ou em forma de “cinturões verdes”. Durante o período moderno da arquitetura e urbanismo, houve muitos progressos tecnológicos, mas a forma como a natureza era vista não se alterou muito. Isto porque, no início do século XX, acreditava-se que o impacto das máquinas e novas tecnologias não causariam grandes problemas para a humanidade e nem ao meio ambiente. A natureza era apenas um pano de fundo para as construções, concebida mais como “espaço verde”, em uma concepção funcionalista e higienista das áreas livres na cidade. Ainda segundo Ruano (2000), foi após a Segunda Guerra Mundial (1939/45) que mudanças mais significativas começam a aparecer, especialmente devido aos danos causados e o perigo nuclear eminente. Durante as décadas de 1950 e 1960, surgiram as primeiras críticas ao consumismo e aos impactos dele decorrentes, assim como as denúncias em relação à frágil 4 matriz energética do desenvolvimento econômico. Apareceram os primeiros estudos sobre fontes de energia renováveis, como a eólica, a solar, a térmica e outras. Com a crise do petróleo 1 em meados da década de 1970, a pesquisa desses recursos aprofundou-se ainda mais, fazendo com que o consumo de combustíveis fósseis diminuísse, embora ainda mantivesse índices altos e problemáticos. E isto é evidenciado até hoje. Justamente neste período, com a conscientização ambiental, surgiu a arquitetura ecológica, que pode ser entendida como uma corrente pós-moderna que se dividiu em várias ideologias como, por exemplo, o neovernaculismo, o regionalismo e o bioclimatismo – termos que tentam designar as diferentes posturas dos arquitetos dos anos 60 e 70 em relação ao despertar ecológico, ora resgatando práticas vernáculas e regionais, ora se apropriando de recursos de conforto ambiental e controle energético, para garantir economia e menor impacto na natureza. Vertentes como as da arquitetura subterrânea, arquitetura bioclimática e ecoarquitetura tinham todas como objetivo reduzir os efeitos negativos gerados pelas obras no meio ambiente. Vários protocolos foram firmados desde essa época em prol da preservação ambiental, como, por exemplo, em 1979, quando a Convenção de Genebra foi assinada por 34 países, tendo por objetivo diminuir a poluição global do ar com a redução da emissão de CO2 e de óxidos de nitrogênio. Em 1987, devido ao grande choque das mudanças climáticas ocorridas na década de 1980, foi assinado, por 100 países, o Protocolo de Montreal, que visava banir a produção de gases destruidores da camada de Ozônio, recém-descoberta (BURGOS, 2003). Nos anos 90, a palavra “sustentabilidade” passou a ser difundida amplamente, bem como uma consciência social sobre a fragilidade do nosso planeta. Desde o Relatório Brundtland 2, o modelo de desenvolvimento usado pelos países centrais viu-se confrontado com a idéia de uma nova forma de progresso, a qual garantisse que as futuras gerações pudessem usufruir dos bens naturais da mesma forma que as atuais: era a idéia do desenvolvimento sustentável. Em outras palavras, o desenvolvimento sustentável “satisfaz a necessidade da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer suas próprias”. Em um momento, no qual ONGs como o Greenpeace e a World Wild Found for Nature já eram amplamente difundidas, consolidava-se cada vez mais o movimento ambientalista e seus rebatimentos em todas as áreas, inclusive na arquitetura e construção civil. Em 1992, 172 países reuniram-se no Rio de Janeiro por ocasião da CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CNUMAD, a ECO’92, a partir da 1 A Guerra dos Seis Dias e Guerra do Yom Kippur, ambas localizadas no Oriente Médio, entre 1973 e 1975, envolvendo países como Egito, Israel e Síria, comprometeram a produção e distribuição de petróleo, que sofreu uma supervalorização e desequilibrou todo o mercado mundial (N. da autora). 2 Em 1987, a COMISSÃO MUNDIAL PARA O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO – CMMAD, pertencente à ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, divulgou o documento intitulado Our common future (“Nosso futuro comum”); uma obra política e oficial que expressava a preocupação acerca do então chamado “desenvolvimento sustentável”. Foi com este documento – popularmente conhecido por Relatório Brundtland, em honra à primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, então presidente da CMMAD – que se passou a definir desenvolvimento sustentável como “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades” (FOLADORI, 2001). 5 qual se popularizou o termo “sustentabilidade socioambiental”. Esse evento, também conhecido como a Cúpula da Terra, definiu várias estratégias globais em direção ao desenvolvimento sustentável, tais como: a Agenda 21 3, a Declaração sobre Florestas, a Convenção sobre a Biodiversidade e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. Entretanto, muitas dessas idéias ficaram apenas no papel e não foram executadas. Em 1996, importante papel desempenhou a CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE ASSENTAMENTOS HUMANOS – CNUAH, ocorrida em Istambul, na Turquia. Também conhecido como a Cúpula das Cidades, esse evento enfatizou a questão urbana ambiental ao definir a sustentabilidade como princípio e os assentamentos humanos sustentáveis como objetivo mundial a ser perseguido. Seu documento principal, a Agenda Habitat, aponta caminhos para a construção sustentável, refletindo o compromisso com os princípios democráticos de equidade e justiça social; e convocando todos os esforços nacionais e internacionais, sejam públicos como privados, em direção à sustentabilidade socioambiental (ROLNIK; SAULE JÚNIOR, 1996). Durante toda a década de 1990, muitas controvérsias surgiram entre os países ricos e os pobres como, por exemplo, durante o Protocolo de Quioto de 1997, em que não se atingiu um consenso de que os países mais industrializados deveriam reduzir mais suas taxas de emissões de gases responsáveis pelo aumento do Efeito-Estufa do que aqueles que ainda estavam em estágio preliminar de desenvolvimento. Apesar disso, a partir de então, a manutenção da natureza passou a ser vista como essencial para garantir a qualidade de vida e sobrevivência da humanidade, assim como a pesquisa sobre novas tecnologias e recursos de projeto e construção. Tornou-se um objetivo comum a criação de comunidades humanas sustentáveis em todos os seus aspectos, incluindo o desenvolvimento urbano e principalmente a arquitetura, tendo em vista que as edificações são as principais fontes de emissão de CO2. Foi deste panorama que nasceu a chamada “ecotecnologia”, que se baseia na utilização de recursos naturais renováveis e também não-renováveis, porém de uma maneira consciente e racional. Muitos arquitetos em todo o mundo começaram a praticar uma arquitetura que explorasse a tecnologia em benefício da preservação ambiental ou, pelo menos, na sua redução de impacto em relação à natureza, destacando-se a Escola Britânica de High-Technology (“AltaTecnologia”), composta por vários profissionais, entre os quais: Ove Arup (1895-1988), Richard Rogers (1933-), Cedric Price (1934-2003), Peter Rice (1935-92), Norman Foster (1935-), Michael Hopkins (1935-) e Nicholas Grimshaw (1939-). Passou-se a compreender a criação de edifícios que fossem “eficientes quanto ao consumo de energia, saudáveis, cômodos, flexíveis no seu uso e projetados para ter uma larga vida útil” (CASTELNOU, 2010). 3 A Agenda 21, mais que um documento, constituiu-se de uma proposta de planejamento participativo, que procuraria analisar a situação de um país, região ou município, visando planejar o futuro de forma sustentável. Para tanto, segundo Barbieri (1997), a análise e encaminhamento de propostas devem ser feitos a partir de uma abordagem integrada e sistêmica de várias dimensões (N. da autora). 6 Desde o Relatório Brundtland, concebe-se o desenvolvimento sustentável em três dimensões – a sustentabilidade ambiental, a econômica e a social –; e isto deve ser buscado em nível local (Figura A). De acordo com Assis (2001), um projeto somente é sustentável quando atinge um índice de ecoeficiência, ou seja, “a velocidade da inevitável agressão ambiental é menor do que a velocidade com que a natureza consegue reagir para compensar esses danos”. FIGURA A – Esquema para o desenvolvimento sustentável em nível local. (FONTE: BARBIERI, 2010) De acordo com Edwards (2005), a indústria da construção absorve 50% de todos os recursos mundiais; 45% da energia gerada é utilizada para esquentar, iluminar e ventilar edifícios; 40% da água utilizada no mundo destina-se a abastecer instalações sanitárias; 60% da melhor terra para plantio é usada para a construção civil; e, por fim, 70% dos produtos provenientes da madeira são utilizados na construção de edifícios. Todos esses dados tornam a arquitetura a atividade menos sustentável do planeta. Logo, o desenvolvimento de edifícios sustentáveis é essencial para a criação de uma cidade – e até mesmo um planeta – sustentável. “A construção sustentável é a base do design sustentável, que, por sua parte, influência no desenvolvimento sustentável” (EDWARDS, 2004). A arquitetura pode, portanto, contribuir significativamente na criação de ambientes mais sustentáveis. E a arquitetura sustentável teria como objetivos principais: a eficiência energética 7 dos edifícios, a correta especificação dos materiais, a proteção da paisagem natural, o reaproveitamento do patrimônio histórico existente e a atenuação da urbanização, e por fim a integração com as condições climáticas locais e regionais. A associação desses princípios ao uso da tecnologia de ponta gerou o termo Ecotech Architecture (CASTELNOU, 2002). Os espaços criados pelos arquitetos devem satisfazer tanto as necessidades humanas como as de todas as outras espécies, para assim garantir a biodiversidade. Deve-se também propor o uso de novos materiais na construção, a reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais, o aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia – como a solar, a eólica e a geotérmica –, a reciclagem de materiais reaproveitáveis e o consumo racional de água e de alimentos, entre outros (BRUNDTLAND, 1991). Em 1993, após a realização da ECO’92, a UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUITETOS – UIA, juntamente com o AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTURE – AIA, criaram a “Declaração de Interdependência para um Futuro Sustentável”, a qual incentiva a criação da chamada Green Architecture, que torna a sustentabilidade sociambiental responsabilidade profissional de todos os arquitetos do planeta (CASTELNOU, 2010). A própria UIA tem um código de condutas que deve ser seguido por todos os membros das associações profissionais representadas por ele. Nesse código, fica clara a obrigação dos arquitetos de, frente à sociedade, equilibrar os impactos social e ambiental derivados de suas atividades profissionais. Em uma outra cláusula, estabelece-se o critério concreto de que o arquiteto deve conservar o patrimônio natural e cultural da comunidade onde realiza seu trabalho. A partir do ano 2000, obras arquitetônicas mais sustentáveis passaram a ser criadas no mundo todo. Também foram criados sistemas que passariam a avaliar o quão sustentáveis eram as construções e também os métodos para a sua construção. Entre os principais sistemas estão: o Leadership in Energy & Enviromental Design – LEED, elaborado por uma associação norteamericana formada por entidades privadas e agências do governo federal; o Building Research Establishmente Environmental Assessment Method – BREEAM, de bases britânicas; e o Haute Qualité Environnementale – HQE, desenvolvido e aplicado na França; além dos sistemas do EcoHomes, The Green Guide to Housing Specification e GBC 2000 (BURGOS, 2003). Basicamente, tais sistemas avaliam as obras em quatro principais campos: consumo de energia, consumo de água, materiais utilizados e implantação do edifício. No Brasil, atualmente existem dois sistemas de certificação: o LEED Brasil e o Processo AQUA, adaptados respectivamente do LEED americano e do HQE francês. O primeiro deles é uma iniciativa do GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL – GBC/BRASIL; grupo formado por diversos profissionais da área da construção civil, comprometidos com a interpretação e adaptação do modelo americano para uma ferramenta direcionada para o mercado nacional. Já o sistema baseado na ALTA QUALIDADE AMBIENTAL – AQUA foi adaptado ao país por uma equipe formada por 8 instituições brasileiras e francesas, representada pela Fundação Vanzolini 4. Ele é caracterizado por processo de gestão do projeto, visando obter a qualidade ambiental de um empreendimento de construção ou de reabilitação (ROSELL, 2010). Diante do quadro contemporâneo, o espaço construído deve respeitar o espaço natural, não apenas na quantidade de solo ocupado, mas também nas possíveis alterações que podem ocorrer na região devido à construção da obra. O uso de um novo terreno deve ser evitado, dando prioridade a práticas de reutilização e recuperação de áreas degradadas. O tipo e quantidade de energia utilizada por um edifício, segundo Adam (2001), também são aspectos relevantes para se determinar a sustentabilidade de um edifício, sendo fundamental alcançar um equilíbrio entre a economia energética, a ecologia e o meio ambiente. Além desses indicadores, há os que dizem respeito à qualidade de vida dos trabalhadores da obra e de seus futuros moradores. Em paralelo, a eficiência energética de uma edificiação pode ser calculada e então modificada para a melhoria do projeto. Entretanto, não se pode calcular o impacto tecnológico total gerado pela extração, fabricação e uso de um material de construção. Por isso, o arquiteto deve priorizar a escolha de materiais sustentáveis. Um edifício sustentável deve usar apenas energia renovavél e deve procurar ser auto-suficiente na produção dela. Sistemas que contribuam com o reaproveitamento da água pluvial – e também daquela usada nas edificações para uso próprio –, contribuem para o desenvolvimento sustentável, tendo em vista que reduzem os impactos causados no cico natural da água. Um resultado mais eficiente ocorre quando é possível integrar ambos projetos: o de eficiência energética e o de reaproveitamento de água. De acordo com Roaf (2006), uma outra medida importante considerando o impacto ambiental de um objeto/construção é dada pelo conceito de “energia incorporada”, ou seja, a quantidade de energia desprendia para a produção do objeto em questão. Por essa razão, os diferentes tipos de materiais empregados nos chamados “ecoedifícios” devem ser escolhidos com cautela pelo arquiteto. Materiais como pedra e tijolos devem ser extraídos de lugares próximos ao canteiro de obras ou devem ser produzidos nele próprio, pois isso evita um uso de energia para o tranporte desses materiais. Além disto, deve ser analisado se o material escolhido é reciclável, como é o caso do aço. Por fim, o arquiteto contemporâneo deve tentar criar edificações que possam ser reutilizadas para que então não seja gasto mais energia para a demolição e posterior construção de outros edifícios. Algumas qualidades aumentam a possibilidade de reutilização de uma obra como, por exemplo, o aproveitamento de luz e ventilação naturais, o acesso a infraestruturas (transporte público e serviços), a ausência de materiais tóxicos, o emprego de materiais naturais e 4 A FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI – FCAV, também conhecida simplesmente como Fundação Vanzolini, é uma instituição sem fins lucrativos, criada, mantida e gerida pelos professores do Departamento de Engenharia de Produção da ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – POLI/USP para desenvolver atividades de caráter inovador na área de Engenharia de Produção e Administração de Operações, priorizando seus projetos por critérios de relevância econômica e social e pautando sua atuação por critérios de excelência acadêmicos, profissionais e éticos (N. da autora). 9 uso de energia renovável. Da mesma maneira, a forma do edifício interfere nas trocas de calor existentes, já que quanto maior o volume da edificação, mais área de superfície ela terá para perder ou ganhar calor. Além disto, um bom isolamento pode ser eficiente para evitar trocas de calor indesejáveis (ROAF, 2006). 6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: A segunda Revolução Industrial – a qual pode ser entendida como aquela que transformou radicalmente a vida humana no século passado, em seus níveis de consumo e comunicação; e que teve como base as mudanças produzidas pela Revolução Industrial clássica, ocorrida desde meados do século XVIII – foi marcada por um avanço espetacular no ramo da tecnologia, culminando com a criação do primeiro satélite artificial da Terra, o russo Sputnik, e com a posterior reposta dos americanos, que levaram o homem, pela primeira vez, ao solo lunar. Conforme Lambot (1989), os efeitos sociais causados por esses avanços marcaram profundamente o desenvolvimento da sociedade futura. Na arquitetura e urbanismo, esses desenvolvimentos tecnológicos também influenciaram a postura e a forma de projetar, mas isto já podia ser constatado através dos esforços de Walter Gropius (1883-1969) para unificar o trabalho de arquitetos e a indústria, ocorridos desde o início do século XX, com a fundação da escola alemã Bauhaus (1919/33). Entretanto, os modernistas apenas flertaram com a idéia. Essa união e intercâmbio de conhecimentos passou a ocorrer somente alguns anos mais tarde (LAMBOT, 1989). Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939/45), muitos arquitetos retomaram os princípios gropiusianos de diversas maneiras e, embora não tenham polemizado como os modernos, redescobriram uma tradição européia antiga: a confiança no progresso tecnológico e a presteza em compor seus resultados para as exigências de uma sociedade pluralista. Denominados de ultra ou tardomodernistas, propuseram-se a continuar o trabalho dos mestres modernos – especialmente no que se refere à aplicação da industrialização, funcionalidade e universalismo das soluções –, ampliando suas pesquisas para territórios mais vastos e adotando a tecnologia como sua principal fonte de inspiração (CASTELNOU, 2010). Entretanto, foi na virada cultural das décadas de 1980 e 1990 que houve o surgimento de uma demanda objetiva por renovação em escala mundial, o que, segundo Benevolo (2007), fez com que os arquitetos tomassem uma posição de ponta no período seguinte. Nesse momento, os protagonistas foram os já citados Norman Foster, Richard Rogers e Michael Hopkins, entre outros britânicos, aos quais se somou o arquiteto italiano Renzo Piano (1937-). Estes partiram de um grande interesse tecnológico para desenvolver sua arquitetura, passando a serem igualados pelo rótulo High-Tech, criado em 1983 pelo crítico Peter Buchanan em seu artigo na revista The Architectural Review (BUCHANAN, 2010). 10 De acordo com Montaner (2001), a Grã-Bretanha foi o principal foco da arquitetura dita High-Tech 5 e, além de equipes formadas pelos arquitetos já listados anteriormente, a empresa de Foster & Partners transformou-se na responsável pelo maior número de obras realizadas desta arquitetura totalmente baseada na alta tecnologia. Contudo, o estilo dessa equipe tornou-se, aos poucos, visivelmente menos mecânico, evoluindo para uma modernidade depurada, facilmente aceita em qualquer lugar do mundo (JODIDIO, 1996). Norman Robert Foster nasceu em 1935 na cidade de Manchester, na Inglaterra. Proveniente de uma família operária, escolheu a arquitetura como um ofício trivial, que o ajudasse a pagar os estudos (BENEVOLO, 2007). Foi no escritório John Beardshaw & Partners, que Foster descobriu seu talento para desenho, quando foi então transferido do departamento de contabilidade para o de projeto. Com 21 anos, conforme Jodidio (1996), ele ingressou na Universidade de Manchester para estudar arquitetura e planejamento urbano. Sua aptidão e dom para a arquitetura eram claros; e Foster sempre se mostrou influenciado pelos grandes mestres modernos Frank Lloyd Wright (1867-1959), Mies van der Rohe (1886-1969) e Le Corbusier (18871965), como cita o site da BBC (2010). Após se formar, em 1961, o arquiteto ganhou o Henry Fellowship na Universidade de Yale, onde conheceu Richard Rogers, com quem mais tarde, em 1963, constituiu o Team 4, juntamente com Sue Rogers e Wendy Georgie Cheesman. Rapidamente ganharam a reputação de design industrial e, no ano seguinte, o arquiteto projetou sua primeira obra: a Creek Vean House (1965/66), situada em Cornwall GB. A associação durou até 1967, quando ele acabou fundando sua própria firma: a hoje conhecida como Foster & Partners (Figura B). Seu ateliê está situado no edifício Riverside Three (Hester Road, SW11 4AN, Londres), construído em 1990 para esse propósito e cujo site emprega mais de 400 pessoas de todos os lugares do mundo, já atuando em mais de 150 cidades e em 50 países (FOSTER & PARTNERS, 2010). As primeiras obras de Foster foram extremamente influenciadas pela fórmula desenvolvida no início da década de 1960 pelo arquiteto norte-americano Ezra D. Ehrenkrantz (1932-2001), o School Construction System Development – SCSD, que se tratava de um sistema de construção de escolas públicas na Califórnia, o qual visava obter a máxima performance em termos funcionais, estruturais e mecânicos. Em 1973, Norman Foster ganhou destaque mundial com o Sainsbury Centre for Visual Arts, situado na Universidade de East Anglia, Norwich GB; uma obra compacta, locada sobre um amplo terreno verde. Entre 1968 e 1983, trabalhou juntamente com Richard Buckminster Füller (1898-1983) em diversos projetos. Sem dúvida, essa cooperação 5 Basicamente, a arquitetura High-Tech baseia-se nos avanços tecnológicos, desenvolvendo-se portanto à base de altíssimos gastos econômicos, para solucionar problemas de diversos setores que condicionam a arquitetura, tais como: questões urbanísticas, programações funcionais, possibilidades tecnológicas, transformações interiores, buscas estéticas, recriações de valores simbólicos e possíveis intervenções dos usuários, entre outros (MONTANER, 2001). 11 influenciou profundamente seu estilo de pensar e projetar, uma vez que Füller ficou conhecido mundialmente devido sua perspectiva global sobre os problemas ambientais, defendendo ser possível fazer “mais com menos” material, peso ou energia6 (LAMBOT, 1989). FIGURA B – Norman Foster & Partners Studio, Londres, Inglaterra. (FONTE: GALINSKY, 2010) Além do sentido ecológico, Foster deve ter aprendido com Buckminster Füller sobre a leveza das construções; uma das preocupações constantes da arquitetura High-Tech, que a faz procurar soluções em outras áreas que a construção civil. Embora a idéia de produção em massa de edifícios preocupe os arquitetos adeptos dessa linguagem tardomoderna, segundo Steele (1997), somente com a transferência de tecnologia de outros setores já massificados, como a indústria automobilística e aeronáutica, torna-se possível aplicar os avanços técnicos descobertos na arquitetura, adequando-os de acordo com a necessidade do projeto. De acordo com Jodidio (1996), o método de Noman Foster tem consistido em adaptar a sua abordagem arquitetônica a cada situação particular. Para Lambot (1989), um dos fatos que distinguiria seu escritório das grandes empresas de construção industrializada – e que o torna bem sucedido dentro do universo arquitetônico – seria a grande habilidade de seus profissionais, tanto dos arquitetos que lá trabalham, como dos designers industriais. Em seus projetos, nota-se um cuidadoso desenho arquitetônico, isento de qualquer brutalismo tecnológico. Dentre todas as obras realizadas pelo arquiteto, a que melhor exemplifica esse cuidado, bem como os princípios da arquitetura High-Tech, consistiria no arranha-céu para a HongKong & Shanghai Bank Corporation – HSBC (1979/85), situado em HongKong. Nesta obra, conforme Montaner (2001), Foster aproxima-se ao máximo da expressão do poder da tecnologia. Segundo Lambot (1989), enquanto o Palácio de Cristal, construído por Joseph Paxton (1803-65) para a 6 De acordo com o site do Buckminster Füller Institute (2010), Füller acreditava que, com o uso de tecnologias inovadoras, era possível revolucionar a construção civil e melhorar as condições das habitações humanas, o que o tornou pioneiro em assuntos relacionados à sustentabilidade e uso racional dos recursos naturais. Além disso, Füller também foi um visionário no que diz respeito à criação de sistemas estruturais extremamente leves – como as cúpulas geodésicas treliçadas – e, consequentemente, na criação de novas técnicas construtivas (STEELE, 1997). 12 Exposição Universal de Londres de 1851, seria a obra-símbolo da Primeira Era Industrial, o prédio da HSBC corresponderia ao marco da Segunda Era Industrial. Esse edifício caracteriza-se por evidenciar o projeto de montagem: uma estrutura do tipo Vierendeel, construída através de lajes suspensas sob plataformas e vigas-mestras gigantescas, que foram erguidas por meio de guindastes, macacos hidráulicos e andaimes provisórios. As fachadas têm caráter diverso, sendo que as do leste e oeste mostram os núcleos de serviços, enquanto as fachadas norte e sul são definidas por panos de vidro quase contínuos. Nessas fachadas, conforme Montaner (2001), destaca-se o desenho dos protetores solares horizontais, com forma aerodinâmica que, além de funcionar como acesso para a manutenção e limpeza dos vidros, decompõem a ação de eventuais furacões que venham a atingir o edifício, em esforços tangenciais (Figuras 1 a 4). O Carré d’Art (1985/93), realizado em Nîmes, França, constitui em um importante exemplo de como a boa arquitetura pode se integrar em um local histórico sem qualquer agressividade. Entretanto, algumas críticas forma feitas quanto ao tamanho do átrio presente na obra: isto fez com que as galerias de exposição e outros espaços públicos fossem deslocados para os cantos dos edifícios (JODIDIO, 1996). Assim como as Sackler Galleries (1985/91), acrescentadas à Burlington House, obra setecentista situada em Piccadilly, Londres, as novas estruturas metálicas de ambos projetos comparam-se com simplicidade aos monumentos do passado; e são corretamente ambientadas, pois declaram sua heterogeneidade (BENEVOLO, 2007). Para Foster, é preciso analisar primeiramente as exigências de cada trabalho e depois tentar ir ao seu encontro da forma mais eficaz possível. Tal postura resultou em inúmeras soluções técnicas, que podem ser vistas em obras como a finíssima Torre de Telecomunicações Collserola (1988/92), de Barcelona, Espanha; ou na concepção simples e luminosa do terceiro aeroporto de Londres, o Stansted Airport (1987/91), construído com cerca de menos 15% de custos (JODIDIO, 1998a). No decorrer da década de 1990, a pesquisa sobre eficiência energética tornou-se um fio condutor recorrente das obras de Foster, que construiu vários edifícios experimentais, como os três prédios em Duisburg, na Alemanha, realizados entre 1993 e 1996. Contudo, uma obra que exemplifica a sua capacidade em criar soluções inovadoras e econômicas em projetos sujeitos a grandes custos foi a sede social do Commerzbank (1994/97), importante banco do setor privado alemão, situado na cidade de Frankfurt. Esse edifício, juntamente com a Century Tower (1987/91) de Tóquio, no Japão; e a visionária Millennium Tower (1996, projeto), em Londres, renova radicalmente a tipologia do edifício alto, decompondo-o em uma série de volumes livremente dispostos (BENEVOLO, 2007). De acordo com Montaner (2001), o Commerzbank é considerado por Foster como sendo a primeira torre ecológica do mundo, de grande altura, força eficiente e fácil utilização. O arquiteto 13 defende que edifícios construídos para servirem como escritórios deveriam ter seu interior com planta livre e todas as instalações sob o piso. Assim, um espaço suficientemente humano deveria ser definido para potencializar a flexibilidade e a participação dos usuários. Isto é evidenciado no Commerzbank, que não possui colunas nas salas de trabalho. Outro aspecto recorrente em suas obras é uma cuidadosa atenção ao envolvimento imediato do edifício, o que também está presente no Commerzbak, uma vez que os edifícios do entorno foram restaurados e um jardim de inverno, com restaurantes e espaços expositivos abertos ao público, foi criado (JODIDIO, 1998b). A Faculdade de Direito da Universidade de Cambridge (1993/95), localizada no Sidgwick Avenue Campus, trata-se de uma hábil mistura de traço moderno e respeito por um meio já existente. Tendo em conta árvores adultas e modificando os níveis rasteiros perto do edifício para aproximá-lo dos seus vizinhos, Foster tornou o espaço circundante da faculdade mais harmonioso. Nesta obra, segundo Jodidio (1998a), é possível identificar a preocupação do arquiteto em criar um prédio sustentável no que diz respeito ao gasto de energia. Cálculos cuidados dos ângulos do sol e o uso de concreto para arrefecer o edifício resultaram em uma temperatura interior agradável. Assim, o edifício tornou-se energeticamente eficiente, deixando dispensável o uso de ar-condicionado (JODIDIO, 1998a). Segundo Benevolo (2007), também exemplificam essa busca da eficiência energética de Foster as suas obras para o Scottish Exhibition and Conference Centre (1997), em Glasgow; e a sede da Greater London Autority (1998/2002), Inglaterra. Foi nesse período que a pesquisa para limitar o consumo de bens renováveis ganhou destaque, nascendo igualmente os Rating Systems, ou seja, os sistemas de certificação ambiental, como o BREEAM inglês, de 1990; e o LEED americano, de 2000. Assim, foi a partir dos anos 90 que Norman Foster & Partners ingressam definitivamente na Escola da Ecotech Architecture. Outra linha de pesquisa do escritório compreende as abóbadas e cúpulas envidraçadas de diversas formas, apoiadas no chão ou parcialmente enterradas. Em 1994, o Parlamento alemão aprovou seu projeto para a renovação do Reichstag (1994/99), cuja transformação, segundo o site da Foster & Partners (2010), estaria enraizada em quatro questões: a importância do Parlamento como um fórum democrático; um compromisso com a acessibilidade ao público, que pode caminhar pelas coberturas; uma sensibilidade para a história; e uma rigorosa agenda ambiental. A grande cúpula de vidro sela todas essas questões, além de se tornar um símbolo para a cidade e população (JODIDIO, 1996). Mais recentemente, Foster vem se dedicando à experiência no que diz respeito à retícula das estruturas de sustentação em malha triangular, as quais evitam a orientação referida às três dimensões ortogonais e repropõem as estruturas em malha contínua, as quais já haviam sido pensadas há muitas décadas por Buckminster Füller. Esse novo dispositivo solucionaria a relação entre volume interno e superfície das paredes externas. Além disso, de acordo com Benevolo (2007), aumentaria o recurso à luz natural. A associação desses pressupostos levou à construção 14 de edifícios altos com uma volumetria extremamente simples e simétrica. Um exemplo é o famoso arranha-céu londrino da companhia de seguros Swiss Re (1997/2003), também conhecido como 30 St. Mary Axe (Figuras 5 a 9). Esse edifício constitui-se em um sólido de rotação afuselado, considerado a primeira construção ecológica de Londres, tornando-se um importante marco no céu da cidade. Com 40 andares e 200 m de altura, sua superfície externa é formada por cerca de 300 painéis romboiados, com uma dupla pele, dentro da qual passa o ar que é extraído dos ambientes internos, o que diminui a temperatura no verão e eleva-a no inverno, reduzindo em 40% o consumo de energia. Já a sede da nova jurisdição da área londrina, a Greater London Authority (1998/2002), possui o mesmo tipo de estrutura. O edifício, igualmente conhecido como City Hall, exprime a transparência e demonstra o potencial existente para uma construção sustentável. A pesquisa de uma volumetria compacta, com suas vantagens estáticas, energéticas e distributivas, foi também aplicada na construção do condomínio de madeira em Sant Moritz, na Suíça, chamado Chesa Futura (2002/03). Além de ser adaptado ao clima e a colocação panorâmica, o volume traz ao edifício um destaque inesperado (BENEVOLO, 2007). Na passagem do século XX para o XXI, a firma de Foster projetou e realizou muitas obras no campo da arquitetura e engenharia de transportes, com resultados igualmente excelentes, como a estação da Jubilee Line (1991/99), em Canary Wharf, Londres; a malha metroviária de Bilbao (1997/2004), na Espanha; o KongKong International Airoport (1998/99), na China; e a Millennium Bridge (1999/2000), situada sobre o rio Tâmisa, em Londres (BENEVOLO, 2007). Conforme o site da Foster & Partners (2010), a filosofia e os valores que inspiram cada projeto da firma são os mesmos, independente da escala. Assim, a mesma importância é dada, seja na hora de projetar uma torneira ou de criar um edifício. A arquitetura produzida pela equipe é sempre orientada pela busca de qualidade e pela crença de que o ambiente ao nosso redor influencia diretamente a qualidade de vida. Esta busca pode ser exemplificada pelo conceito de máxima eficiência que Norman Foster imprime em suas obras. Um meio de conseguir atingir esse alto desempenho – de preocupação essencialmente ambiental – é através da criação de um único componente que substitua o trabalho de vários outros (LAMBOT, 1989). Concluído em 2004, o arranha-céu Hearst Tower, construído em Nova York, é o primeiro edifício “verde” concluído naquela cidade (Figuras 10 a 14). Na obra, há diversos sistemas tecnológicos que ajudam a reduzir os gastos energéticos. O pavimento do piso térreo é pavimentado com calcário, o qual possui um sistema de condução térmica. De acordo com o site Constructalia (2010), a estrutura do edifício foi concebida com a finalidade de consumir cerca de 26% a menos de energia que outros edifícios. Esta obra recebeu selo de ouro do sistema LEEDTM. Entre as obras mais recentes do escritório de Foster destacam-se: o gigantesco Viaduto Millau 15 (2004), na França; o novo Wembley Stadium (2004/06), ainda em Londres; a Torre Caja Madrid (2004/08), na Espanha; a Thomas Deacon Academy (2005/07), em Peterborough GB; as Lumiere Residences (2006/08), em Sydney, Austrália; a ampliação do Beijing International Airport (2007), na China; e a John Spoor Broome Library (2006/08), em Camarillo, Califórnia. Desde que foi criada, a Foster & Partners recebeu mais de 470 prêmios e citações por excelência, vencendo mais de 86 concursos nacionais e internacionais. Em 1990, Foster ganhou o Prêmio de Arquitetura Contemporânea Mies van der Rohe; este concedido pela União Européia e a Fundación Mies van der Rohe de Barcelona, desde 1988, a cada dois anos. Também em 1990, foi-lhe conferida a condição de Sir 7 e, em 1994, recebeu a Medalha de Ouro do AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTURE – AIA. Foster foi ainda condecorado com a Ordem do Mérito em 1997, condecoração criada em 1902 na Grã-Bretanha como uma recompensa por serviços extraordinários, das Forças Armadas até as Ciências e as Artes; e em 1999 foi elevado à condição de Barão, sendo conhecido atualmente como Barão Foster do Tâmisa. Em 1999, Norman Foster também recebeu o Prêmio Pritzker 8; e foi o segundo arquiteto britânico a ganhar o Prêmio Stirling 9 duas vezes, sendo a primeira vez pelo Imperial War Museum de Duxford, em 1998; e a segunda pelo edifício 30 St. Mary Axe de Londres, em 2004. Finalmente, em 2009, foi agraciado com o Prêmio Príncipe de las Astúrias de las Artes10. Em suma, a arquitetura de Foster oferece vantagens econômicas e facilidades de préfabricação, como rapidez e diminuição de desperdício. A estrutura altamente flexível aliada à funcionalidade garante para suas obras a possibilidade de mudanças de uso sem comprometer a funcionalidade e estrutura do edifício, garantindo assim a eficiência máxima tão desejada pelo arquiteto e bastante defendida pela Ecotech Architecture. Norman Foster foi – e continua sendo – um dos responsáveis por quebrar todas as barreiras e preconceitos existentes, quando se fala em unir arquitetura e indústria, incluindo preocupações ambientais, sendo hoje considerado um dos arquitetos mais influentes em todo o mundo. 7 Sir ("Senhor", em inglês) é um título britânico de nobreza, inferior a Barão e a Comendador, mas superior a Baronete. Significa aquele que tem domínio sobre algo ou alguém. Historicamente, este título indicava a superioridade de alguém em relação aos escravos dos quais era amo ou aos vassalos aos quais dominava em troca de proteção. Atualmente, é utilizado como forma de agraciar algumas personalidades pelo destaque de suas atividades, indicando que é integrante dos Knights of the British Empire (“Cavalheiros do Império Britânico”). Seu equivalente feminino é Dame (“Dama”). 8 O Prêmio Pritzker consiste em uma premiação anual que tem como objetivo agraciar um arquiteto vivo por um grande trabalho. Foi criado em 1979 por Jay Arthur Pritzker (1922-99) – membro de uma das famílias mais ricas da América, dona da rede hoteleira Hyatt, além de outras atividades ligadas de bancos a cruzeiros marítimos –, sendo muitas vezes chamado de “o Nobel da Arquitetura” (N. da autora). 9 O Prêmio Stirling foi criado em 1996 pelo Royal Institute of British Architects Stirling Prize para agraciar profissionais pela excelência de sua arquitetura, sendo considerado um dos mais prestigiosos prêmios do Reino Unido. Tem este nome em homenagem ao arquiteto James Stirling (1962-82), que foi o organizador do ROYAL INSTITUTE OF BRITISH ARCHITECTS – RIBA. Antes de Foster, a firma Wilkinson Eyre Architects já havia sido contemplada duas vezes (2001 e 2002). Os laureados pelo Prêmio Stirling recebem a quantia de GB£ 20,000 (N. da autora). 10 O Prêmio Príncipe de Astúrias faz parte de um grupo de premiações anuais atribuídas pela Fundación Príncipe de Asturias, na Espanha, a indivíduos ou instituições de todo o mundo que tenham produzido contribuições notáveis nas seguintes áreas: Artes, Esportes, Ciências Sociais, Comunicação e Humanidades, Cooperação Internacional, Investigação Científica e Técnica e Letras. Os prêmios são apresentados em Oviedo, a capital do Principado das Astúrias, na Espanha (N. da autora). 16 7. RESULTADOS Após a realização da revisão bibliográfica sobre a vida e a obra do arquiteto britânico Norman Foster, foi possível selecionar 03 (três) exemplares para a descrição e posterior análise dos elementos sustentáveis presentes nessas obras. O critério utilizado na seleção foi a relevância dessas edificações na carreira do arquiteto, além de todas estarem enquadradas na Ecotech Architecture. Deste modo, foram escolhidas obras ícones e referenciais e preferencialmente de períodos distintos da carreira de Foster: décadas de 1980, 1990 e 2000. Tendo isto em mente, selecionaram-se as seguintes obras: I. HongKong & Shangai Bank Corporation (1979/85, HongKong, China) II. 30 St. Mary Axe Building (1997/2003, Londres, Inglaterra) III. Hearst Tower ( 2000/06, Nova York, EUA) Na sequência, com base no material coletado em fontes web e bibliográficas, fez-se uma breve descrição sobre as obras selecionadas, destacando 05 (cinco) principais características de sustentabilidade presentes em cada uma delas, as quais justificariam o seu enquadramento na Escola da Ecotech Architecture. A seguir, apresenta-se na Discussão dos Resultados cada uma das obras, respeitando-se a ordem cronológica de construção delas. 8. DISCUSSÃO I. HongKong & Shangai Bank Corporation (1979/85, HongKong, China) Esta edificação, sede do Banco HSBC, é considerada uma das obras mais conhecidas de Norman Foster, além de ser um dos edifícios de maior custo do mundo e também símbolo do século XX. O prédio exalta o poder econômico do grupo empresarial que o encomendou e inova na solução formal e estrutural, através da criação de uma planta livre, pela criação de um espaço vazio que liga os diferentes níveis do edifício e pela escala de dimensões urbanas. Sua estrutura é exposta externamente através de 08 (oito) mastros e parte dela foi retirada de conhecimentos da área da indústria aeronáutica e da engenharia militar. Paralelamente, algumas idéias do feng shui também foram utilizadas durante a concepção deste edifício comercial, o qual marca a evolução da arquitetura de Foster em direção de uma arquitetura sustentável; e que, pela primeira vez, possibilita seu autor sair de seu ambiente doméstico, partindo para a prática internacional. Por ter sido criado quando a discussão ecológica ainda era pouco difundida, esse edifício não aparenta características sustentáveis de fácil percepção. Entretanto, analisando seu projeto, é possível identificar solução técnicas que já mostravam a visão sustentável de Foster. Algumas dessas soluções são citadas a seguir: A estrutura do prédio (Figura 1) é metálica, formada basicamente por aço, que é considerado um material reciclável, quando produzido de forma certificada, além de permitir maior rapidez de execução. Soma-se a isso o fato de grande parte da obra ter sido feita com pré-fabricados, o que reduz o desperdício de materiais; O emprego do sistema de viga em Vierendeel, bastante aplicado na construção de pontes e aeronaves, permite maior economia de material, além de vencer vãos maiores (Figuras 1 e 2). A concentração de serviços e utilização de sistemas computacionais de gerenciamento garantem a inteligência da arquitetura; 17 Internamente, o grande átrio (Figura 2) possibilita um vazio que permite a iluminação natural, além da ventilação e integração visual de todo o complexo. A multifuncionalidade do prédio, que inclui áreas comerciais e residenciais, promove sua flexibilidade do uso; A planta livre (Figura 3) é formada por espaços flexíveis, permitindo assim que eles possam ser alterados ao longo dos anos, além de garantir maior integração entre os funcionários da empresa. Em termos de conforto ambiental, há elementos refletores externos e internos que captam a luz solar e a refletem, principalmente no átrio, garantindo maior qualidade visual e reduzindo o consumo de energia artificial (Figura 4). A elevação do acesso do edifício, o qual se dá por meio de escadas rolantes, liberou o pavimento térreo (Figura 4), possibilitando a criação de uma grande praça coberta e pública, única na cidade de HongKong. 1 3 2 4 II. 30 St. Mary Axe Building (1997/2003, Londres, Inglaterra) Este arranha-céu situado em plena City de Londres pertence à companhia de seguros suíça Swiss Re, sendo chamado pelos londrinos de The Gherkin (“O Pepino”), devido ao seu formato inusitado. Considerado um dos primeiros edifícios sustentáveis da cidade, segue o esquema tradicional de torre, ou seja, um core central, um grande hall de entrada, um espaço especial no topo e uma praça pública ao redor da construção. Com 180 m de altura, distribuídos em 40 andares, o formato aerodinâmico favorece o fluxo dos ventos ao redor da fachada, diminuindo a pressão sobre a estrutura. Suas paredes e cobertura são formadas por uma pele triangular, que permite amplos espaços livres, grande entrada de luz e belas vistas de Londres. 18 5 6 7 8/9 9 Esse edifício utiliza a tecnologia de ponta para traduzir, com sucesso, os conceitos da arquitetura sustentável, obtendo o menor impacto possível na cidade. São muitos os elementos de sustentabilidade presentes nessa obra, sendo alguns citados na sequência: Uma das motivações para a criação da obra era a revitalização da região onde ela se insere, em pleno coração comercial do centro velho de Londres (Figura 5), marcando-se como símbolo e referência urbana; A fachada é formada por um vidro triplo, sendo duplo na parte externa e laminado internamente, o que otimiza a penetração de luz (Figura 5). Seu formato aerodinâmico (Figura 6) garante maior eficiência da ventilação natural, além de promover uma espécie de poço central para a circulação do ar verticalmente; Concentração das instalações e sistemas inteligentes garantem a economia energética de toda a edificxação (Figuras 5 e 6); A planta circular da edificação foi recortada (Figura 7), de maneira que as reentrâncias triangulares resultantes fossem aproveitadas para a instalação de átrios periféricos para melhorar a incidência de luz. Soma-se a isto o fato das salas de escritórios serem espaços flexíveis e cada uma possui seu microclima, 19 permitindo autonomia entre os andares; Com o objetivo de atenuar o impacto do edifício na cidade, Foster cria uma praça seca ao redor da obra (Figura 8); e, ainda minimizando os efeitos da obra dentro do contexto urbano, o arquiteto faz com que o prédio flutue, não encostando sua estrutura no chão (Figura 9). III. Hearst Tower ( 2000/06, Nova York, EUA) Primeiro edifício de Norman Foster nos EUA, a Hearst Tower é também o primeiro prédio sustentável da cidade de Nova York. Construído próximo a Columbus Circus, é a sede da Hearst Corporation, empresa fundada em 1887 e responsável por uma ampla rede de meios de comunicação de massa, incluindo televisão (Canais ESPN e A&E Television Networks, entre outras), jornais (Houston Chronicle, San Francisco Chronicle, Seattle Post-Intelligencer, etc.) e revistas (Cosmopolitan, Esquire e Marie Claire, além de várias outras). A torre, concluída em maio de 2004 e com 2.000 usuários, foi executada logo acima do prédio de seis andares encomendado pelo fundador da empresa, o magnata da imprensa estaduninense William R. Hearst (1863-1951), ao arquiteto Joseph Urban (1872-1933). Este realizou uma obra em Art Déco, a qual ficou parcialmente concluída em 1928, devido à Grande Depressão (1929). Trata-se da primeira edificação comercial a ser certificada pelo LEEDTM em Nova York, possuindo 182 m de altura e 46 andares. Os elementos sustentáveis presentes nesse Green Building podem ser notados tanto na parte externa como interna, onde a tecnologia mostrou-se mais uma vez importante aliada de Foster para colocar em prática suas soluções, a seguir descritas: Reaproveitamento do patrimônio histórico existente, executando o edifício logo acima do já presente (Figura 10), o que garante respeito à memória e preservação da história; A água da chuva é coletada em um tanque localizado na cobertura do edifício (Figura 11), para depois ser reutilizada para irrigar jardins internos e externos, além de abastecer uma queda d’água (Figura 12), presente no lobby, que ajuda a umidificar e amenizar a temperatura ambiente; Internamente, todas as mesas são livres de formaldeído e as paredes são pintadas com tintas sem componentes tóxicos (Figura 13). O primeiro andar é pavimentado em calcário com previsão para a condução térmica; Dentro dos escritórios (Figura 13), existem sensores que ao detectarem que a sala está vazia, diminuem automaticamente a luz do ambiente e a energia utilizada pelos computadores. Ao todo, a obra economiza 26% de energia se comparada a edifícios comuns de mesmo porte; O prédio foi construído com 85% de aço reciclado e com um sistema inovador chamado de diagrid, o qual criou uma série de triângulos na fachada do edifício, diminuindo o consumo de aço para a construção (Figura 14); 20 10 11 12/13 14 9. CONCLUSÕES Após a realização desta pesquisa, verificou-se a existência de um fio condutor nas obras do arquiteto britânico Norman Foster: a extrema relevância dada à interferência da arquitetura no meio ambiente e as implicações disso no planeta. Ao longos dos anos, essa importância deixou de ser conceitual para ser a base principal do partido arquitetônico de seus projetos. A busca pela máxima eficiência dos edifícios, o estudo e análise específica para cada projeto, bem como a extrema relevância dada a todos os aspectos da obra, desconsiderando a escala do trabalho, são características que também mostraram-se marcantes nas obras selecionadas para a realização dessa pesquisa. 21 Abaixo, um quadro comparativo exibe alguns dados físicos sobre as obras escolhidas, além de mostrar a síntese do trabalho de Foster: para cada obra há soluções sustentáveis específicas e diferentes umas das outras. Segue quadro comparativo: Caso I Caso II Caso III Obra HSBC Building 30 St.Mary Axe Hearst Tower Proprietário HSBC Swiss Re Hearst Corporation Data do Projeto 1979 1997 2000 Data da Construção 1983-1985 2001-2003 2003-2006 Local HongKong, China Londres, Inglaterra Nova York, EUA Altura 178,8 m 180 m 182 m Andares 44 Área Soluções de sustentabilidade 10. 99.000 m 40 2 ● Estrutura em aço e préfabricados; ● Sistema de viga em Vierendeel : economia de materiais; ● Grande átrio: ventilação, integração natural, iluminação; ● Planta livre, multifuncional e espaços flexíveis; ● Refletores internos e externos: captação luz solar; ● Elevação do acesso do edifício. 47.950 m 46 2 ● Revitalização da área onde esta inserida; ● Fachada formada por vidro triplo otimiza penetração de luz; ● Formato aerodinâmico maior eficiência da ventilação natural; ● Concentração de instalações e sistemas inteligentes; ● Planta circular com átrios periféricos para melhor incidência de luz; ● Minimiza efeitos da obra dentro do contexto urbano. 80.000 m2 ● Reaproveitamento do patrimônio histórico existente; ● Reuso de águas pluviais; ● Mobiliário e tinta usada nas paredes são livres de componentes tóxicos. ● Instalações elétricas inteligentes Economia de energia de 26%; ● Sistema construtivo: Diagrid diminui consumo de aço ( 85% reciclado); REFERÊNCIAS ADAM, R. S. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo: Aquariana, 2001. ASSIS, J. C. de. Brasil 21: Uma nova ética para o desenvolvimento. 6. ed. Rio de Janeiro: CREA-RJ, 2001. BBC – British Broadcasting Corporation. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/dna/h2g2/A1087256>. Acesso em: 6.jun.2010. BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21. Petrópolis RJ: Vozes, 1997. BENEVOLO, L. A arquitetura do novo milênio. São Paulo: Estação Liberdade, 2007. BUCHANAN, P. High-tech: another british thoroughbred. In: THE ARCHITECTURAL REVIEW, jul. 1983 [On line]. Disponível em: < http://www.architectural-review.com/home/ar-archive/ar-july-1983-essay-high-tech-by-peterbuchanan/8604479.article>. Acesso em: 18.set.2010. BUCKMINSTER FULLER INSTITUTE. Disponível em: < http://www.bfi.org/about-bucky/biography>. Acesso em: 6.jun.2010. BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD: Fundação Getúlio Vargas – FGV, 1991. BURGOS, A. C. I. Paramétros de sostenibilidad. Barcelona: ITEC, 2003. CASTELNOU, A. M. N. Arquitetura e cidade contemporâneas. Curitiba: Apostila didática, Universidade Federal do Paraná – UFPR, 2010. ______. Por uma arquitetura ecológica. In: REVISTA TERRA & CULTURA – Cadernos Científicos de Ensino e Pesquisa. Londrina PR: Centro Universitário Filadélfia – Unifil, ano XVIII, n. 35, jul./dez.2002. p.18-24. CONSTRUCTALIA. Disponível em: <http://www.constructalia.com/br_BR/gallery/galeria_detalle.jsp?idProyec=3545552#>. Acesso em: 30.maio.2010. FOLADORI, G. Limites do desenvolvimento sustentável. Campinas SP: Imprensa Oficial: Universidade de Campinas – Unicamp, 2001. 22 FOSTER AND PARTNERS. Disponível em: <http://www.fosterandpartners.com/Projects/0686/Default.aspx>. Acesso em: 3.jun.2010. JODIDIO, P. Contemporary european architects. Köln: Taschen, vol. III, 1996. _____. Contemporary european architects. Köln: Taschen, vol. V, 1998a. _____. Contemporary european architects. Köln: Taschen, vol. VI, 1998b. LAMBOT, I. Norman Foster Associates: Buildings and projects. Honk Kong: Watermak, 1989. MONTANER, J. M. Depois do Movimento Moderno: arquitetura da segunda metade do século XX. 2. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2001. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. ROAF, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. ROLNIK, R.; SAULE JÚNIOR, N. Habitat II: assentamentos humanos como tema global. In: BONDUKI, N. (Org.) Habitat: as práticas bem-sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo: Studio Nobel, 1996. p.13-17. ROSELL, D. Conheça a Casa Aqua, um modelo de habitação sustentável e de baixo custo. Disponível em: <http://casaeimoveis.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/04/28/conheca-a-casa-aqua-um-modelo-de-habitacaosustentavel-e-de-baixo-custo.jhtm>. Acesso em: 18.set.2010. RUANO, M. Ecourbanismo: entornos humanos sostenibles: 60 proyectos. 2. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2000. STEELE, J. Architecture today. Londres: Phaidon, 1997. 11. FONTES DE ILUSTRAÇÕES Figura A BARBIERI, J. C. Desenvolvimento sustentável regional e municipal: conceitos, problemas e pontos de partida. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas – FGV: Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP, 2000 [On line]. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/art14/barbieri.htm> Acesso em: 18.set.2010. Figura B GALINSKY. Norman Foster and Partners Studio. Disponível em: <http://www.galinsky.com/buildings/foster/index.htm>. Acesso em: 18.set.2010. Figura 1 ISTRUCTE. Disponível em: <http://www.istructe.org/students/db/51.asp>. Acesso em: 8.jun.2010. Figura 2 USER COMPAQNET. Disponível em: <http://users.compaqnet.be/cn117945/foster/>. Acesso em: 8.jun.2010. Figura 3 ARCHITECTURE WEEK. Disponível em: <http://www.architectureweek.com/cgibin/supporting_architectureweek.cgi?dir=2003/0618&article=building_1-2.html&image=12185_image_9.jpg>. Acesso em: 8.jun.2010. Figura 4 ARCOWEB. Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/artigos/marcelo-meirino-projeto-arquitetonico-17-052004.html>. Acesso em: 8.jun.2010. Figura 5 PINIWEB. Disponível em: <http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/a-altura-da-new-britain-79517-1.asp>. Acesso em: 8.jun.2010. Figuras 6 e 7 PLUS MATHS. Disponível em: <http://plus.maths.org/content/perfect-buildings-maths-modern-architecture>. Acesso em: 8.jun.2010. Figuras 8 e 9 VITRUVIUS. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/04.041/3516>. Acesso em: 8.jun.2010. Figuras 10 a 14 DKMONTANA. Disponível em: <http://dkmontana.blogspot.com/2009/01/hearst-tower.html >. Acesso em: 9.jun.2010. 23 12. BIBLIOGRAFIA DE APOIO EDWARDS, B. Guía básico de la sostenibilidad. 2. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2004. QUANTRILL, M. The Norman Foster Studio: consistency through diversity. Londres: Taylor & Francis e-Library, 2005. E-book. RATTENBURY, K. ; BEVAN, R. ; LONG, K. Architects today. Londres: Laurence King, 2004. TED. Vídeo disponível em : < http://www.ted.com/talks/lang/por_br/norman_foster_s_green_agenda.html > Acesso em: 30.maio.2010.