Ocupação e resistência: videodocumentário sobre o Ocupa Curitiba
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Ocupação e resistência: videodocumentário sobre o Ocupa Curitiba
FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL DANIÉLLE R. DE L. PARABOCZ LARISSA CRISTINI SOARES OCUPAÇÃO E RESISTÊNCIA: VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O OCUPA CURITIBA CURITIBA 2012 DANIÉLLE R. DE L. PARABOCZ LARISSA CRISTINI SOARES OCUPAÇÃO E RESISTÊNCIA: VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O OCUPA CURITIBA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, Escola de Comunicação Social das Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil. Orientador: Prof. Ivan Mizanzuk CURITIBA 2012 DEDICATÓRIA Dedicamos este projeto a todos os envolvidos em projetos sociais que de alguma forma dedicam sua força física e intelectual para a melhoria do país tentando visar o bem para todos. Educação e Progresso. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que me deu forças pra continuar nos momentos que pensei em desistir. Aos meus pais, Celso e Ilza, pelo esforço e colaboração para que esse projeto pudesse ser elaborado. A minha irmã, Gabriélle, que mesmo pequena foi o motivo dos meus sorrisos todas as manhãs. A um antigo amigo de longe, Bruno, que no pior momento da faculdade me deu forças e não deixou esse sonho acabar. A todos os parentes e amigos que entenderam meus momentos estressados e de choro por achar que este trabalho não iria dar certo e, é claro, a minha grande parceira Larissa, que desde o inicio da faculdade, mesmo com tantas diferenças, soube respeitar e me ajudar a chegar até aqui! Daniélle Parabocz Agradeço a meus pais Sandra e Durval pelas noites interrompidas em prol da minha rotina acadêmica. Aos amigos que entenderam as ausências e falta de tempo, assim como o gerente Eduardo Ferri que entendeu minhas faltas no trabalho para poder ir ao encontro dos entrevistados. Obrigada também a Tarcis Neppel que demonstrou grande companheirismo e amizade nos momentos mais complicados do projeto e mostrou que desistir não era uma opção. Por fim, a parceira, amiga e que tantas vezes me deu impulso, Daniélle Parabocz pela paciência, esforço, compreensão e acima de tudo por acreditar em nossas ideias e não desistir delas. Larissa Soares Ao professor Ivan Mizanzuk pela paciência e esforço em nos ajudar a tornar nossa ideia este trabalho. Aos ocupantes da Praça Santos Andrade que colaboraram com suas histórias e documentos compartilhando conosco. Aos professores Felipe Harmata e Elaine Javorski que participaram da evolução do projeto para se tornar este trabalho. Aos editores Guto e Roberto pela ajuda e paciência conosco durante a produção do produto final. Nós EPÍGRAFE “Admiro profundamente todos os jovens que ocupam praças e ruas em diferentes partes do planeta. Estão desafiando nossos governantes com humor, brio e entusiasmo.” (Tariq Ali – Occupy movimento de protesto que tomaram as ruas) RESUMO Esta pesquisa busca compreender como o jornalismo por meio do videodocumentário influencia no pensamento dos telespectadores quanto ao movimento social Ocupa Curitiba, que se manteve no mês de Janeiro de 2012 na capital do Paraná. A reflexão metodologia é realizada através de teorias de Movimento Social e Comunicação, e de uma análise de conteúdo jornalístico dos meios de comunicação online e impressos de Curitiba sobre o assunto. Discute-se também a como o jornalismo pode servir de representante da sociedade para a própria sociedade. Além traçar a história do movimento social desde a primeira ocupação em Wall Street. Palavras-chave Jornalismo, Movimentos Sociais, videodocumentário jornalístico e Occupy SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS............................................................................... 2.2 ANONYMOUS............................................................................................... 2.3 OCCUPY WALLSTREET.............................................................................. 2.4 OCUPA BRASIL............................................................................................ 2.5 OCUPA CURITIBA........................................................................................ 2.2.1 Como o Ocupa Curitiba foi retratado nos jornais locais.............................. 2.6 PROBLEMA................................................................................................... 2.7 HIPÓTESE..................................................................................................... 3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 3.1 OOBJETIVO GERAL..................................................................................... 3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS......................................................................... 4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 5.1 MOVIMENTAÇÃO SOCIAL E MÍDIA............................................................. 5.2 O CONCEITO DO DOCUMENTÁRIO E A TRANSFORMAÇÃO PARA O DIGITAL.............................................................................................................. 5.2.1 O modo reflexivo do documentário............................................................ 5.3 REPRESENTANTE SOCIAL NO JRONALISMO.......................................... 6 METODOLOGIA .............................................................................................. 6.1 MÉTODOS USADOS NO RELATÓRIO MONOGRAFICO............................ 6.2 MÉTODOS DE PESQUISA QUANTO AO OBJETIVO.................................. 7 DELINEAMENTO DO PRODUTO ................................................................... 7.1 FORMATO..................................................................................................... 7.2 PERSONAGENS........................................................................................... 7.3 PÚBLICO-ALVO............................................................................................ 7.4 VEÍCULAÇÃO............................................................................................... 7.5 TRILHA SONORA.......................................................................................... 7.6 PROCESSO DE GRAVAÇÃO E RESTRIÇÕES .......................................... 7.7 ORÇAMENTO E VIABILIDADE..................................................................... 7.8 ROTEIRO...................................................................................................... 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. REFERÊNCIAS................................................................................................... ANEXOS............................................................................................................. 8 10 10 12 15 16 18 19 19 20 21 21 21 22 25 25 28 30 32 38 35 35 39 39 40 41 42 43 43 44 45 47 49 55 8 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como objetivo servir de base para um videocumentário de apresentação e análise do movimento Ocupa Curitiba, que aconteceu durante o mês de Janeiro de 2012 na Praça Santos Andrade no centro da cidade. Com barracas e instalações improvisadas, ocupantes tomaram a praça durante dias e noites em favor de protestar e a exemplo do Occupy Wall Street ocorrido em 2011. Colocaremos em pauta através dos depoimentos dos participantes os objetivos do movimento social, o motivo da rápida caída do acampamento e a relação que existe entre os meios de comunicação e tais ativistas. Para melhor entendimento colocamos aqui um breve histórico sobre as movimentações sociais ocorridas no mundo, dando ênfase aos movimentos que embasam o nosso tema principal de análise, apresentando os movimentos Ocupa que aconteceram pelo Brasil. Notou-se que os meios de comunicação citaram poucas vezes o acampamento e com pouca ou nenhuma extensão do assunto. Pouco mais de oito matérias e artigos foram escritos na cidade no período de existência do grupo e em poucos são colocados à visão direta dos ativistas, que se dividiam entre jovens do movimento punk de Curitiba e estudantes engajados em ações sociais. O videodocumentário, que será o produto final deste trabalho, vai dar espaço aos integrantes para discorrer sobre o tema e sair de um possível estereótipo que possa ter sido colocado nos mesmos. A escolha do produto é justificada pelo fato de vermos a necessidade de uma ferramenta que abranja o maior número de pessoas possível independente de formação acadêmica, classe social ou nível de estudo. Com um formato então que lembra uma conversa, um depoimento direto. Como temos por objetivo também a apresentação de um objeto, levamos em conta a universalidade do produto escolhido, sendo assim uma forma de representação “da realidade de forma mais ampla, exposta por meio de mensagens com contextos imagéticos que propõem uma fácil aceitação pelo telespectador” (MACHADO, 2006, P.6). Em termos teóricos a pesquisa a seguir tem como principal segmento os movimentos sociais e mídia. Não vamos aqui estender a análise a todos os meios de comunicação que poderiam vir a citar o movimento Ocupa, mas sim retrataremos um período de tempo, trazendo informação sobre algo que fará parte da história social e 9 deixando para interpretação do telespectador o nível de importância do movimento na cidade. Os métodos utilizados para essa pesquisa foram baseados em documentos da ciência da comunicação e do jornalismo. Utilizando-se de livros e artigos, além de publicações em jornais e redes sociais dos próprios representantes do movimento. Através do produto escolhido, busca-se que o espectador aproxime-se da realidade e compartilhe suas opiniões gerando discussões em torno do Ocupa Curitiba. 10 2 DELIMITAÇÃO DO TEMA Aqui discutimos os assuntos que contextualizam o tema proposto para a pesquisa central, assim como as definições de termos e movimentos que deram início ao objeto central da nossa pesquisa. No dia 14 de Janeiro de 2012, Curitiba recebeu a extensão do movimento OccupyWallStreet e abrigou em uma das praças mais famosas da cidade, a Santos Andrade, um acampamento constituído por participantes de movimentos sociais que procuravam mudanças. A partir disso e das poucas citações na internet do chamado “Ocupa Curitiba” começamos a criar questionamentos sobre comunicação social, podendo chegar ao problema do tema proposto. 2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS Após o século XVlll onde o processo de industrialização teve início, as discussões econômicas tornaram-se comuns e a divisão de classes se tornou mais acentuada, a concentração da riqueza social se tornou maior dando, de algum modo, embasamento para o que vivemos hoje. É importante, porém salientar que as revoluções já haviam se iniciado na Inglaterra no século XV com significativas mudanças econômicas decorrentes do crescimento da indústria têxtil e das divisões de classes de trabalho que se formavam. Porém, foi no século VXIII que o público em geral deixa de mediar discussões sociais e isto se limita a grupos privados que vão surgindo com o passar do tempo. O autor Hobsbawn discorda dessa divisão de datas referente a revolução e diz que “de fato, a revolução industrial não foi um episódio com um princípio, meio e fim. Não tem sentido perguntar quando se ‘completou’ pois sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma desde então”. (HOBSBAWN, 2005, p. 21). No século XXl tais movimentos continuam surgindo dia após dia em defesa de minorias. Tais ações também têm como base para a luta, questões ligadas à democratização e igualdade. Movimentos como o Movimento Estudantil (1967 – Estudantes se organizaram e protestavam contra o regime militar existente na época, o movimento conquistou visibilidade com o “Diretas já”, e mudanças 11 políticas1) e Movimento sem terra (MST- 1983- Movimento dos trabalhadores rurais que lutam pela Reforma Agrária, transformações sociais e econômicas2) são exemplos de movimentos que despertaram a atenção para seus objetivos, que geralmente se baseiam em críticas ao sistema econômico e político atual, a desigualdade, as deficiências no governo, e defesa aos menos favorecidos. Os movimentos vêm se metamorfoseando seguindo as mudanças sociais ocorridas. “No inicio do século XX, era muito mais comum à existência de movimentos ligados ao rural assim como movimentos que lutavam pela conquista do poder político” (SOUZA, 2004, p. 2). Quando Souza cita o “rural” entende-se um movimento composto por trabalhadores sem terra, arrendatários, pequenos proprietários, boiasfrias, que eram a camada da sociedade que se sentia em desvantagem dentro da produção capitalista3. Nos dias atuais o leque de temas abordados pelos movimentos se faz cada vez maior. Souza (2004) também acredita que foi a partir de 1950 que tais movimentos começaram a realmente tomar o espaço público. A crise econômica e os movimentos iniciados fora do Brasil foram contribuintes para que a onda de protestos, passeatas e ações começassem a tomar corpo no nosso país. A revolução nos países árabes que explodiram em 2011 são exemplos da crescente forma de se fazer ouvir adquirida pela população. As informações disponibilizadas principalmente na internet sobre as revoluções que estavam acontecendo no exterior serviram como gatilho para alguns brasileiros criarem maiores discussões sobre os problemas internos. Além das manifestações via internet4, que explodem e têm uma grande aceitação do público, as passeatas e movimentações em praça pública, são as que dão maior visibilidade ao movimento social pelo qual lutam, principalmente quando conquistam a ajuda da mídia (SOUZA, 2004 p. 3). Em linhas gerais, o conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específicos, permeados por 5 tensões sociais (Ribeiro, Paulo Silvino, projeto Brasil Escola ). 1 2 3 4 5 Ver mais em http://www.dceunicamp.org.br/o-que-e-o-dce/historia-do-movimento-estudantil/ Ver mais em http://www.mst.org.br/ Obras como 1984, de George Orwell tratam da questão da inquietude e infelicidade social das classes menos favorecidas. Rede mundial de computares interligados que permitem o acesso a informações de qualquer parte do mundo Retirado do site Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/sociologia/movimentos-sociais-brevedefinicao.html 12 Nos últimos anos também as questões ligadas ao meio ambiente têm conquistado uma grande visibilidade, discussões sobre emissões de óxidos poluentes são as maiores preocupações em países desenvolvidos. No Brasil, essas preocupações ficam em torno da poluição dos rios e do grande e rápido crescimento das cidades (SOUZA, 2004, p. 11). 2.2 ANONYMOUS Com tal crescimento da população e mudanças de hábitos, vários novos grupos vêm se formando e novas formas de se comunicar e divulgar ideias vem surgindo. Uma das ferramentas que mais toma destaque é a internet e foi nela que surgiu o grupo que deu início a nosso objeto de estudo. Em uma pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC), foi visto que o número de internautas brasileiros em Junho deste ano ultrapassava os 40 milhões, em 2000 eram pouco mais que quatro milhões 6. Sendo o Brasil o 5º país com maior número de conexões a internet ele não fica de fora de novos movimentos sociais que surgem, e também faz parte do grupo Anonymous. Muitas histórias foram criadas para descrever o início do grupo ANONYMOUS (ou simplesmente ANONS). A ideia teria começado em 2003 no imageboard, um fórum na internet onde a imagem de Guy Fawkes, personagem desenhado por David Lloyd para o livro V de Vingança e criado por Alan Moore, foi colocada como representante do grupo que estava sendo formado baseado na anarquia defendida e posta em prática através da internet. O personagem, que a princípio fazia parte de um quadrinho criado por Alan Moore, é um defensor da liberdade que tem como objetivo se vingar daqueles que praticam a injustiça através do poder do estado e o afetam de alguma forma. Outros afirmam que o grupo se iniciou no fórum 4chan em 2004. Um famoso vídeo disponibilizado na internet, diz que o movimento se firmou realmente em 15 de Junho de 20117. O Anonymous se descreve como uma ideia que se divide num plano de três fases, elas dão ênfase as palavras: unir, organização e mobilização. Um dos 6 7 Vejam os números da internet no Brasil em http://www.cetic.br/usuarios/ibope/tab02-01-2012.htm Ver vídeo do site Youtube http://www.youtube.com/watch?v=jsx3skXvsZ0 13 objetivos citados no início do surgimento da ideia Anon era a contenção de Wall Street, e tal tentativa realmente foi feita como veremos adiante. O “hacker ativismo”, ou “hacktivismo”, como é chamado, nada mais é do que ações de cunho social realizadas através de redes de relacionamento como fóruns de conversa, Facebook, twitter, sites, blogs. Os “anons”, representados por Guy Fawkes podem ser qualquer um. As ideias, ações, informações, assim como a ideologia anonymous são divulgadas a partir de textos, vídeos e conteúdos postados na internet. Um dos primeiros protestos do grupo foi contra a “Igreja da Cientologia” com ideias divulgadas a partir de um vídeo8. Outro episódio se deu no período em que sites de compartilhamento de conteúdo estavam sendo censurados, os Anonymous se organizaram e fizeram a ação “Operation Payback” (Operação Vingança, em tradução livre) que derrubou por mais de 30 horas sites de organizações que faziam parte da censura e também de grupos envolvidos, como escritórios de advocacias e empresas. Em matéria pro site SuperDownloads, de dois de Fevereiro deste ano, André Felipe de Medeiros confirma que, após o bloqueio do site de compartilhamento Megaupload, os “anons” como forma de protesto, fecharam 14 websites, como da Universal Music, da Casa Branca, do Departamento de Justiça e do FBI9. O grupo tem seus fóruns em vários países nos quais centenas de pessoas participam de ações hacker ativistas, algumas dessas não se resumem a derrubadas de sites, e os anonymous munidos da máscara de V de Guy Fawkes, vão às ruas para protestar um fato específico ou uma sequência de acontecimentos. O Anonymous frequentemente faz ameaças a sites como o site de notícias da Fox News. Aqui no Brasil já tentaram derrubar o site da grande rede de televisão Globo. Protestos como criar seu próprio site de uploads, divulgar informações secretas do governo e órgãos públicos também são comuns. Eles também são responsáveis por denúncias contra sites que divulgavam pedofilia na internet, revelando a identidade dos computadores de usuários (Internet Protocol, ou simplesmente Ip que é o número de identificação de um computador e que o liga a rede e outros computadores) estes foram achados e presos10 (2012). 8 9 10 Ver vídeo no site Youtube http://www.youtube.com/watch?v=JCbKv9yiLiQ Ver o que é Anonymous em http://www.superdownloads.com.br/materias/o-que-e-anonymous.html Site TechTudo 14 Há centenas de vídeos na internet que divulgam o plano e os conceitos do grupo, na maioria desses vídeos a frase “Nós somos Anonymous. Nós somos Legião. Nós não perdoamos. Nós não esquecemos. Esperem por nós” se torna jargão daqueles que fazem ativismo no anonimato. Em 2011, o movimento teve participação em eventos como Operação Malásia e Síria11, protesto anti SOPA (Stop Online Piracy Act, movimento que solicitava bloqueio dos sites de compartilhamento nos Estados Unidos), Primavera Árabe (onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio e no Norte da África desde o início de 2010). Os anons participavam fornecendo suporte de comunicação na internet a essas movimentações. O OcuppyWallStreet, que veremos mais adiante, também foi fortemente apoiado pelo anons que divulgavam as ideias do movimento e muitos também ocuparam de fato as ruas para protestar contra o capitalismo atual12. Aqui no Brasil, o Anonymous também fornece grande divulgação de informações através de redes sociais, fazem petições, protestos físicos e internéticos contra leis que estão sendo votadas, twittaços contra políticos considerados corruptos, e apoio a qualquer tipo de ação que vise o bem social e a transparência de informações que envolvem interesse público. O movimento chamado “99%” foi um dos que mais teve destaque nos últimos tempos. A ideia consistia na divulgação de vídeos em que pessoas comuns que sofreram algum tipo de repressão do sistema contavam sua história, representando a porcentagem que não faz parte da minoria que concentra o maior poder econômico13. Poder econômico este que tem como um dos pontos principais de concentração Wall Street, em Nova York. Lá, as principais bolsas, empresas, e orgãos da econômia mundial tiveram sede, e o lugar se tornou alvo do grupo Anonymous. O grupo adicionou as ideias principais do Anons a antiga prática social de domínio do espaço público. Começou-se então a divulgar a ideia dos 99% poderem ocupar Wall Street para discutir ideias em praça publica, alcançando qualquer 11 12 13 A Operação Malásia – Anonymous fizeram uma sequencia de ações contra o bloqueio de sites de compartilhamento no país ocorrido em 2011 e solicitado pela Comissão de Comunicação da Malásia. A operação Síria consistia na invasão de sites que eram usados para divulgar estatísticas dos conflitos existentes no país. Cerca de 7 sites foram invadidos mostrando um mapa com esses números Ver no site http://anonanalytics.com/ Ver no site Ocupa Brasil http://www.ocupabrasil.com/ 15 pessoa interessada e podendo assim gerar a conscientização da situação politica e econômica atual. De alguma forma então um grupo surgido na atualidade retoma a ideia da Polis grega e da ideia de ocupação de lugares públicos. Miguel Midões 14 em artigo descreve a Polis antes do século XVI como uma discussão limitada a questões do estado visando um bem comum e da qual participavam os cidadãos livres. Isso coloca em termos simples o início da ocupação do Wall Street. 2.3 OCCUPY WALLSTREET O movimento teve início em 17 de Setembro de 2011 nos Estados Unidos, como protesto não violento à crise econômica que afetou vários países estrangeiros. A ideia baseava-se na ocupação do grande centro financeiro do país onde um acampamento foi montado e ficaria lá até quando fosse permitido em atitude de resistência. Junto ao acampamento, os ocupantes organizavam assembleias, discussões e manifestos. Os protestos também eram direcionados a outros problemas sociais como desigualdade, consumismo excessivo e uma forma realmente efetiva de democracia15.Tais ações tiveram seu engatilhamento através do movimento “99%” iniciado pelo grupo Anonymous e que vimos anteriormente. O sociólogo Immanuel Wallerstein (2011), em artigo publicado na revista eletrônica “Outras Palavras”16 diz que pela primeira vez em muito tempo, pessoas comuns passaram a discutir a natureza do sistema no qual vivem (WALLERSTEIN, 2011). Voltando um pouco, ainda podemos citar Karl Marx em sua obra “O capital” no qual discorre sobre a autodestruição do capitalismo, um sistema que muda e vive de fases ao longo da história e acabaria se autodestruindo, ou sendo destruído por pessoas que tem participação nele e o entende. O que começamos a ver de forma mais efetiva foi a tentativa de dominação do espaço público utilizando-se das novas forma de comunicação social. O acampamento se tornou um grande centro de produção e divulgação de informações de cunho social, também as praças públicas já não eram associadas e imagem do Estado. 14 15 16 Novos e Velhos meios de comunicação na esfera pública de Habermas – Mestrado em Comunicação Pública, Política e Intercultural na Universidade de Trás os Montes e Alto DouroUTAD Ver em http://occupywallst.org/ Revista Outras Palavras: http://www.outraspalavras.net/2011/10/14/o-tempo-em-que-podemosmudar-o-mundo/ 16 Essa nova esfera social já havia sido citada como, por exemplo, por João Carlos Correa que tenta descrevê-la, “a nova esfera identificou-se pelo exercício da racionalidade por parte de sujeitos que se olham a si próprios como livres e iguais, pela articulação entre comunicabilidade e exercício da razão, e pelo fato de a forma de relacionamento entre seus membros implicar a interação e o livre questionamento crítico com base na pura e simples troca de argumentos” (CORREA, 1998, p. 22). Antes disso, e paralelamente ao Ocuppy, vários movimentos vinham tomando destaque como a Revolução no Egito17 e as chamadas Revoluções Coloridas18. 2.4 OCUPA BRASIL A partir de 2012, o Brasil começa a importar de forma mais efetiva essas movimentações. Inspirando-se no movimento Ocuppy, algumas cidades começam a montar seus acampamentos. As manifestações do Ocupa ocorreram nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba. As ocupações começaram a se manifestar após o dia 15 de outubro de 2011. Em Salvador, os membros ficaram acampados 30 dias na Praça dos Indignados em Ondina. No dia 15 de novembro 2011 os participantes se retiram do local, mas continuam seus trabalhos pela internet principalmente através do site http://www.ocupasalvador.org/. Na praça, além do acampamento foram realizadas as ações culturais envolvendo teatro, musicais e apresentações de artistas de rua, e também assembleias diárias onde havia discussões livres, entre atividades na praça e em outros pontos da cidade19. São Paulo teve cerca de 400 campistas que conseguiram ficar dias no Viaduto do Chá, Vale do Anhangabaú, desde o dia 15 de outubro de 2011. Entre todas as atrações culturais, o Acampa Sampa, como também é conhecido, contou com a ajuda de outras manifestações e outros grupos que ajudaram a fazer passeatas, manifestação e cursos de primeiros socorros em parceria com os Bombeiros. Com suas manifestações, o OcupaSampa conseguiu interromper a 17 18 19 Teve início em Janeiro de 2011 e teve apoio e grande destaque em várias redes sociais o que garantiu um rápido alcance a pessoas de outros países, veja mais em http://www.outraspalavras.net/2011/02/06/egito-revolucao-espontanea-e-das-margens/ Ver mais em http://michelamaryneto.wordpress.com/tag/revolucao-colorida/ Retirada do site do Ocupa Salvador: http://www.ocupasalvador.org/ 17 construção de uma ensecadeira no rio Xingu em Belo Monte no Pará. Eles se juntaram com outros grupos e moradores locais e conquistaram a batalha contra a construção no rio no dia 18 de Janeiro de 2012. Os grupos Movimento Passe Livre20*, Coletivo armas menos letais, Combio Ocupação Urbana e Movimento Nacional da População de rua, foram alguns dos grupos que ajudaram a formar o acampamento da cidade paulista (Site Diário de São Paulo, 18 de Outubro de 2011). Além de contarem com o site do Acampamento, no qual são explicadas todas as reuniões, encontros e manifestação, eles contam com uma equipe de Comunicação que fazem mini videodocumentários onde são mostradas as ações e manifestos do Ocupa21. Outra cidade que também ganhou um acampamento foi Campinas, onde as barracas estavam instaladas na Catedral Metropolitana desde o dia 11 de novembro de 2011. O OcupaRio ocorreu após uma manifestação no dia 15 de outubro de 2011, se instalaram com 65 barracas e 250 pessoas que visitavam o acampamento na cidade da Cinelândia no Rio de Janeiro no dia 22 de outubro de 2011. Além desse, no Rio também tem o OcupaNiterói, que se instalou nas areias da Praia de Icaraí, em frente a Praça Getúlio Vargas e fizeram um pequeno acampamento de dois dias na Praça da República, depois de uma marcha para defender vários assuntos, entre eles saúde e educação. O Ocupa Rio chegou a fazer greve de fome em protesto pelo Pinheirinho, se juntaram a causa do Rio Xingu e fizeram várias manifestações. Após dois meses de acampamento, eles foram convidados a se retirar, mas fizeram um panelaço contra a remoção de suas barracas22. Em Belo Horizonte os integrantes do OcupaBH estão acampadas na Praça da Assembléia, e assim como a mobilização planetária, deu inicio as atividades de ações culturais e reivindicações no dia 15 de outubro. Ocupando um bairro de elite na cidade, eles colocam em prática as atividades diárias no acampamento e fizeram manifestações e passeatas. O resumo geral das ocupações pelo Brasil se dá à Democracia Real, ao sistema de governo, ao sentido real que a palavra governo representa, batalha contra a corrupção, luta contra vários tipos de preconceitos23. 20 21 22 23 O Movimento Passe Livre defende o livre acesso dos cidadãos ao transporte público, ver mais em http://www.mpl.org.br/ Retirada do site do Ocupa São Paulo: http://15osp.org/ Retirada do site do Ocupa Rio: http://ocupario.org/ Idem 3 18 A ocupação em Curitiba será um tópico a parte deste trabalho, pois esse é nosso principal objetivo: retratar as ideias dos ocupantes do acampamento na cidade de Curitiba. 2.5 OCUPA CURITIBA Curitiba, no dia 13 de Janeiro de 2012 às 14 horas de uma sexta-feira também deu início a sua ocupação. Partindo de um pequeno grupo ativista local, o movimento começou a ser divulgado pela rede social facebook e conseguiu em poucos dias mais de 800 membros no grupo do movimento na internet. O local escolhido foi a Praça Santos Andrade palco de onde saíram muitas ações populares ocorridas na capital como Passeata Dia do Basta, passeata do movimento Veta Dilma, Passeatas do grupo Acorda Cidadão entre outros. Mas no acampamento, após um mês iniciada a ação, com grande custo o Ocupa chegou a 10 barracas e até sua primeira queda contava com não mais que 3 ocupantes 24. Relatos de alguns dos integrantes indicam uma possível falta de organização inicial que levou a derrubada das barracas. O movimento teve algum destaque, mas agora dá um passo para trás para tentar uma reestruturação. Acampamento desmontado, o grupo realiza assembleias e ações que não contam com as mesmas pessoas em todos os encontros, mas esta em constante tentativa de criar princípios básicos e claros para estruturar uma ocupação na cidade. “Retroceder para evoluir” é uma das frases usadas para descrever o momento pelo qual o movimento vem passando. Para Baumman (2001) em sua obra “Modernidade Líqudida” cita então Cornelius e diz “o que está errado com a sociedade em que vivemos, diz Cornelius Costoriadis, é que ela deixou de se questionar” (BAUMMAN, 2001, p. 30). Ainda para Baumman 2001: Somos ‘seres reflexivos’ que olhamos de perto cada movimento que fazemos (...), no entanto essa reflexão não vai longe o suficiente para alcançar os complexos mecanismos que conectam nossos grupos (...) e condições que mantenham esses mecanismos em operação (BAUMMAN, 2001, p. 31). 24 Informações presentes no documento de conceitos internos do movimento, compartilhado para as autoras pelos ocupantes. 19 Vamos então analisar tal laboratório no movimento ocupa local para entender como funcionou nele, essa reflexão entre os grupos participantes. 2.2.1 Como o Ocupa Curitiba foi retratado nos jornais locais O Ocupa Curitiba não teve um grande destaque nos meios de comunicação ou um aprofundamento por meio dos mesmos. Além das redes sociais, como facebook, twitter e tumblr, o grupo tem um canal no site Youtube, no qual os integrantes postaram vídeos sobre passeatas e manifestações. Durante o período de análise dos meios de comunicação, nos meses de novembro de 2011 e fevereiro de 2012, o movimento foi citado em cinco jornais eletrônicos e impressos de Curitiba. Uma das primeiras entrevistas cedida pelos ocupantes foi para a rede CGN no dia 17 de janeiro de 2012, explicando o que era o acampamento, outra matéria na qual foram citados foi no jornal impresso Gazeta do Povo. Neste a primeira citação foi feita no mês de outubro de 2011 do mesmo mês em que a organização do grupo se iniciou na internet. No dia 17 de janeiro de 2012, a Gazeta publicou em seu caderno “Vida e Cidadania” outra matéria, agora mais extensa, sobre o grupo e a inspiração no movimento WallStreet. No jornal online “Jornal Comunicação” o movimento teve um espaço para explicar todas as atividades, e do que se trata o movimento. Outros jornais como Jornal Centro Cívico e Jornal Alto da XV em 1º de Março de 2012, relataram que o movimento chegou em Curitiba depois de passar por outros países e cidades do Brasil, e pelo destaque na mídia quando ocuparam WallStreet. Uma ferramenta jornalística que pode ser usada para retratar e analisar o movimento OcupaCuritiba é um videodocumentário que abranja a ideia e o pensamento dos representantes do movimento, e onde eles mesmo sejam colocados diante de questões sociológicas, sociais e de comunicação. A informação sobre o assunto pode causar o questionamento por parte da sociedade, algo que até agora ainda não foi feito. 2.6 PROBLEMATIZAÇÃO Após apresentado as questões em torno do OcupaCuritiba, como o videodocumentário pode servir para a reprodução da ideia dos ocupantes? 20 2.7 HIPOTESES É possível fazer um videodocumentário jornalístico sem retratar temas abordados pela imprensa local usando os depoimentos dos ocupantes do movimento OcupaCuritiba. 21 3 OBJETIVO 3.1 OBJETIVO GERAL 3.1.1 Apresentar através de um videodocumentário jornalístico, as ideias dos participantes do OcupaCuritiba, por meio do depoimento e histórias vividas pelos participantes. 3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS 3.2.1 Registrar a história de um período vivido pelo Ocupa e a cidade de Curitiba. 3.2.2 Trazer uma análise dos participantes da forma como o acampamento foi retratado na mídia. 3.2.3 Mostrar a importância da junção social através de histórias de convivência no loboratório criado pelo Ocupa. 3.2.4 Criar um produto que traga noções sobre o Ocupa e a espaço público como inspiração para debates sociais. 22 4 JUSTIFICATIVA A escolha pela extensão do movimento “Ocuppy” na cidade de Curitiba se deu pelo fato de que a capital paranaense foi uma das cidades que fez parte do movimento mesmo tendo pouca efetividade em sua realização. Viemos através deste, tentar entender a ideologia de um grupo social existente na capital e qual sua relação com os meios de comunicação e a sociedade em geral. Em conversas com os integrantes que estavam no acampamento, ocorrido no início de 2012, pode-se perceber a dificuldade da propagação das ideias defendidas pelos ativistas. Nenhum material oficial trazia mais informações sobre o que estava sendo feito e os debates promovidos pelos ocupantes sobre assuntos sociais acabavam não saindo do círculo dos envolvidos. O questionamento sobre o que era o acampamento e como poderia ser realizado se tornou mínimo dentro da cidade. Paralelamente a isso, as poucas vezes que o movimento esteve presente nos meios de comunicação25, eram descritos com estereótipos dos manifestantes que acabam por generalizar uma ação que tinha intenção de unir diferentes grupos sociais. “A mídia pode influenciar nesse processo de estereotipia, através da manutenção e divulgação desses estereótipos ou da transgressão dos padrões, através de rupturas com a norma estabelecida” (STRASSBURGER E SILVEIRA, 2008, p. 2). Partindo do conceito “pós moderno” analisado por Baumman (2001) vemos que na sociedade atual há atitudes baseadas em ideias que são defendidas por um pequeno período de tempo. Ainda seguindo os pensamentos do sociólogo, vemos a importância que se dá ao indivíduo na pós-modernidade26 o Ocupa Curitiba foi um movimento social feito por indivíduos sem relações estreitas com cargos de poder. Mesmo os integrantes que não iam às ruas faziam movimentações na internet, divulgando informações e dados sobre fatos ocorridos na política ou economia em blogs, por exemplo, criados e alimentados por pessoas que não tem relação direta com a “mídia oficial”, como blogs. Um movimento defensor de direitos de uma sociedade em geral que sem apoio da mídia queria despertar o valor ético, 25 26 Ver argumentação em Como o Ocupa Curitiba foi retratado nos jornais locais, p. 19. Idem 5 23 humano e moral. A apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da sociedade moderna. Essa apresentação, porém, não uma peça de um ato: é uma atividade reencenada diariamente. A sociedade moderna existe em sua atividade incessante de “individualização”, assim como as atividades dos indivíduos consistem na reformulação e renegociações diárias da rede de entrelaçamentos chamada “sociedade” (BAUMAN, 2001, p. 39). Para Baumman, essa individualização consiste em transformar a “identidade” humana de um “dado” em uma “tarefa” e encarregar os atores da responsabilidade da realizar essa tarefa e das consequências (2001, p. 40). Aplicando tal pensamento a nosso objeto de estudo podemos perceber que o movimento ocupa foi uma junção da individualidade em vários sentidos que resultou em uma ação coletiva posterior, ação essa que mesmo após seu início não se desvencilhou da presença do individual em vários sentidos. Segundo Maria da Glória Gohn esses movimentos sociais “são vistos como comportamentos coletivos originados de períodos de inquietação social, de incertezas, onde ações são frustradas e/ou reprimidas” (1991, p. 31). Esses movimentos passam a existir, a partir do momento que a sociedade tem um costume, seja político ou não, mudado pelo Estado. Para Weber, a ação social depende do seu valor ético na sociedade (CABRAL, 2012). O filósofo Luiz Felipe Pondé diz “Consciência pós moderna não consegue acreditar em nada por mais de duas horas” 27 (2011). Pondé (2011) também pensa que a pós modernidade é caracterizada pelo pensamento raso e análise insuficiente das atitudes, talvez o movimento Ocupa Curitiba tenha feito e ainda faça parte deste comportamento. Em artigo publicado no jornal Gazeta do Povo, onde se fazia uma comparação do movimento Ocupa na capital e o carnaval fora de época o jornalista Rodrigo Dedha diz “A mensagem tem de ser clara e simples... As pessoas podem até ter simpatizado com o movimento, mas não viram razão para ocupar a praça”. 28 (2012). Através de um vídeo documentário pode-se trazer de forma clara e objetiva 27 28 Retirada da entrevista na Tv Cultura: http://www.youtube.com/watch?v=58MMs5j3TjA Retirada da matéria publicada na Gazeta do Povo em 20 de Fevereiro de 2012: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?id=1225350 24 um entendimento sobre o que os participantes do movimento reconhecem como deficiências do projeto, se são todas ou as mesmas citadas nos meios de comunicação. Essa ferramenta tem como característica, segundo Machado (2006), representar a realidade por meio de mensagens em forma de imagem que trás a proposta de facilitar a aceitação e compreensão do telespectador (2006, p.6). “O vídeo documentário se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato, mostrando a realidade de maneira mais ampla e pela sua extensão interpretativa” (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 15) Partindo desse ponto, podemos conhecer as divergências que existem entre o que é publicado e o que realmente aconteceu e ainda acontece no movimento. Levando também em conta o papel social do jornalismo, identificando se há um questionamento instigado pela mídia da situação política atual e da atuação social de pessoas comuns, que não tem papel de grande influência econômica ou política na cidade. Para Zandonade e Fagundes, a jornalista Naide Duarte explica que o vídeo documentário “espalha ideias e pensamento pelo ar, para que deles alguma coisa frutifique, ainda que não se perceba, ainda que não se veja, nem saiba.” (2003, p. 16). Aí cabe a intenção de através de ele trazer informações e análise sobre uma ação de duração física rápida. “Nos documentários, encontramos histórias ou argumentos, evocações ou descrições, que nos permitem ver o mundo de uma nova maneira” (NICHOLS, 2005, p. 28) O documentário pode ser confundido com reportagem especial, mas o que o diferencia são as formas mais soltas e a não necessidade de se basear somente em fatos, podendo fugir um pouco da linguagem jornalística e usar textos mais informais (MACHADO, 2006, p. 6). “O documentário acrescenta uma nova dimensão à memória popular e a história social” (NICHOLS, 2005, p. 27). Seguindo a linha de estudo, Nichols explica que os documentários de representações sociais, não são ficcionais por mostrar aspectos da sociedade que já ocupamos e estamos ainda compartilhando (2005, p. 26). 25 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesta etapa do trabalho a discussão é centralizada na teoria utilizada para embasar o tema proposto, bem como nos debates pertinentes apresentados pelo formato do produto. Desta forma, os reflexos da teoria dos Movimentos Sociais sobre a área de atuação do jornalismo e questões relacionadas ao videodocumentário são colocados em evidência. 5.1 MOVIMENTAÇÃO SOCIAL E COMUNICAÇÃO Em 1980 os movimentos sociais tiveram grandes influências a partir das manifestações das “Diretas Já” (SOUZA, 2004, p. 2). No final do século XX e inicio do XXI, as manifestações sociais se tornaram mais populares. No Brasil movimentos ligados à escravatura e à conquista da independência política do país já eram comuns entre o século XIX. (SOUZA, 2004, p. 8) Para Souza (2004), é importante lembrar que os movimentos populares dão contexto no desenvolvimento da sociedade (2004, p. 15). Assim, as movimentações sociais atuavam como uma rede de serviços e informações, que buscavam ligar grupos e pessoas (LACERDA, 2012, p. 7). Cicilia Peruzzo (1999) admite que a sociedade civil esteja ocupando novos espaços ou canais, e formando uma comunicação popular, uma comunicação voltada para o povo e sobre o povo (p. 120). Ao mesmo tempo que visualizamos inúmeras ações coletivas e nelas os movimentos sociais, de cunho local e planetário, articulados via mídia eletrônica, presenciamos organizações pontuais que podem possibilitar a ampliação de práticas democráticas ou manter uma atuação isolada com relação aos demais atores da sociedade civil. Cabe aos atores organizados da sociedade, na busca de um projeto alternativo para o país, pensarem estratégias de atuação conjunta e “comunicativa”. (SOUZA, 2004, p.15) Já Baumman (2001) diz que este “comunitarismo e uma reação esperável à acelerada 'liquefação' da vida moderna, uma reação antes e acima de tudo ao aspecto de vida.” Dando ênfase ao “desequilíbrio entre liberdade e as garantias individuais“ (BAUMMAN, 2001, p. 195). Partindo do ponto em que os movimentos sociais são uma rede de comunicação, o uso da internet fez crescer as movimentações e “a redefinição do espaço público, garantindo a implementação de novas formas de ativismo, 26 produzindo novas identidades e criando cenários para a deliberação pública” (RIOS, 2005, p. 2). A rede de computadores permite romper a teoria de espaço-tempo, favorecendo assim uma nova forma de interação entre os agentes sociais que lutam pelo mesmo objetivo (RIOS, 2005, p. 2). Essa ideia de comunicação social através da internet pode ser vista com mais frequência desde o ano de 2011, foram à epidemia como chama Henrique Carneiro (2012), em artigo público no livro OCCUPY, “o movimento estendeu-se de forma epidêmica, no sentido grego original da palavra, que indica não só uma doença, mas algo que ocorre com muita gente do povo” (HARVEY, 2012, p. 9). (...) uma onda de catarse política protagonizada especialmente pela nova geração, que sentiu esse processo como um despertar coletivo propagado não só pela mídia tradicional da TV ou do rádio, mas por uma difusão nova, nas redes sociais da internet, em particular o Twitter, tomando uma forma de disseminação viral, um boca a boca eletrônico com mensagens replicadas a milhares de outros emissores (HARVEY, 2012, p.9). Giovanni Alves (2012) também observa o poder dos sites de relacionamento nos desfechos das ações utilizando as redes sociais como o Facebook e o Twitter “ampliando a área de intervenção territorial e mobilização social. Produzem sinergias sociais em rede, tecendo estratégias de luta territorial num cenário de crise social ampliada” (HARVEY, 2012, p. 33). Ele ainda afirma que os ativistas “expõe, com notável capacidade de comunicação e visibilidade, as misérias de ordem burguesa (...)” (HARVEY, 2012, p. 33). Movimentos como OccupyWallStreet, Movimento dos Indignados e Movimento Geração à Rasca, segundo Alves, são exemplos candentes de verdadeira globalização “ dos de baixo”, que hoje se contrapõe à globalização dos “de cima” (HARVEY, 2012, p. 32). É um crescente poder da população comum que, através da capacidade e meios de comunicações livres vem se juntando para formar uma massa que vem contra uma elite dominante. Baumman (2001) vem dizer que essa é uma forma de se afastar de técnicas que permitem que o sistema e os agentes livres se mantenham desengajados e que se desencontrem em vez de encontrar-se (p. 12). Como Gonh (1995) pensa, é necessária essa nova forma de inclusão social, é preciso que sejam respeitados os direitos de cidadania e que aumentem progressivamente os níveis de participação democrática da população (GOHN, 1995, p. 357). A autora também critica o fato de que a grande mídia ainda não retrata os movimentos de forma imparcial, “quando 27 são noticiados é sempre em função de algum desastre e não de suas conquistas” (GOHN, 1995, p. 188). Os movimentos sociais atuais trazem a ideia de desconstruir a ordem vigente no mundo atual, a ordem significa a monotonia, regularidade, repetição e previsibilidade, “(...) uma situação está em ordem se alguns eventos têm maior probabilidade de acontecer do que suas alternativas” (BAUMMAN, 2001, p. 66). Entende-se assim que o poder e livre acesso a determinadas mídias se tornam a alternativa atual para disseminação dos movimentos em conjunto que visam um bem social. (...) o que eles compartilhavam era um pressentimento de um mundo estritamente controlado, de liberdade individual não apenas reduzidas a nada ou quase nada, mas agudamente rejeitada por pessoas treinadas a obedecer às ordens e seguir rotinas estabelecidas, de uma pequena elite que manejava todos os cordões (...) (BAUMMAN, 2001, p. 64; em referência a obra de George Orwell). A internet causa a troca de ideia, seja por meio de fóruns ou troca de e-mails, facilitando assim a comunicação entre os cidadãos, “haja vista que não há como pensar em ativismo na rede sem considerar a dimensão humana e democrática em que as pessoas, os cidadãos, devem ser tidos como peça fundamental” (RIOS, 2005, p. 3). Segundo Aline Rios (2005), com a internet aumenta a aglomeração de cidadãos que simpatizam com as causas que afetam mundialmente. Por outro lado, a aqueles que não estão envolvidos nas ações sociais, mas que vêem em si próprio um agente social que deve ir à “luta por melhores condições de trabalho entre outras razões publicas” (RIOS, 2005, p. 4). Gohn (2010) cita o poder do bom uso midiático para os movimentos sociais quando citou Poupeau, “(...) estes movimentos transformam os meios em fins, o êxito é dado não pelas conquistas, mas pelo número de participantes e seu impacto midiático na sociedade”. Lembrando também que “a mídia e sua cobertura torna-se elementos estratégicos nessa configuração” (GOHN, 2010, p. 339). Para o autor, a mídia contribui para a direção do movimento, pois o movimento social precisa de visibilidade (GOHN, 2010, p. 339). Mesmo com a aproximação desses agentes sociais pelo uso da internet, o espaço público ainda é necessário. Baumman (2001) diz que “se o tempo das revoluções sistêmicas passou, é porque não há edifícios que alogem as mesas de controle” (BAUMMAN, 2001, p. 12). Assim as ações sociais se dão também pela 28 ocupação de espaços públicos, e ferramentas midiáticas além da internet como mídia impressa alternativa e audiovisual, então consideremos um videodocumentário. Para Penafria (2004), o documentário tem o objetivo de voltar à atenção dos espectadores para os fatos cotidianos e estabelecer uma ligação entre os acontecimentos (p. 5). Ainda segunda ela, “só por si documentário é um termo que arrasta consigo um peso: a obrigação de 'representar a realidade'” (PENAFRIA, 2006, p. 2). Por tanto, documentar algo seria passar através de filme ao real para espectadores. 5.2 O CONCEITO DE DOCUMENTÁRIO E A TRANSFORMAÇÃO PARA O DIGITAL Ao registrar a saída dos trabalhadores das fábricas Lumière, os irmãos Lumière deram início ao registro de acontecimentos em forma de filme, “Essas primeiras obras serviram tipicamente como 'origem' do documentário ao manter 'fé na imagem'” (NICHOLS, 2005, p. 118). Ao registrar os trabalhadores saindo da fábrica ou a chegada do trem à estação, os irmãos Lumière fizeram daquele momento um pequeno passo para o documentário, mesmo com pouca técnica, eles faziam registros do cotidiano e o reproduziam de maneira misteriosa (NICHOLS, 2005). Mas segundo Nichols (2005) o “pai” do documentário foi Robert Flaherty, que filmou a vida dos inuits em “Nanook, o Esquimó” em 1922 com uma narração diferenciada e também com John Grierson com o desenvolvimento comercial do gênero estabelecido. Flaherty inovou as filmagens fazendo com que todos pensassem que as imagens do seu trabalho fossem feitas dentro de iglus, quando na verdade foram gravadas com apenas a metade de um iglu além de terem sido gravadas ao ar livre. “Isso deu a Flaherty luz suficiente para filmar, mas exigiu que seus personagens atuassem como se estivessem no interior de um iglu de verdade, quando não estavam” (NICHOLS, 2005, p. 120), o que mostra que não são apenas as fotos que podem ser modificadas, mas também as filmagens. (NICHOLS, 2005) No entanto, definir o que seria documentário não seria tão simples. “Na verdade, alguns filmes de ficção, como Ladrões de Bicicleta (1947), de Vittorio de Sica, também compartilham essas características com Nanook sem, de modo algum, 29 serem considerados documentários” (NICHOLS, 2005, p. 49). Para Penafria qualquer filmagem, sendo ele construído propositalmente ou não para o filme, no sentido de documentar algo, se torna um filme documental. (2004, p.5) Entre os gêneros dos filmes documentários, Nichols (2005) apresenta seis subgêneros que são formados por poético, expositivo, participativo, observativo, reflexivo e performático. Ainda segundo o autor, o documentário “propicia expectativas específicas que os espectadores esperam ver satisfeitas” (p. 135). No entanto, Nichols (2005) deixa claro que o filme pode ter mais de uma definição, que não precisa se identificar totalmente com um dos subgêneros. “Um documentário reflexivo pode conter porções bem grandes de tomadas observativas ou participativas” (p. 136) Ainda segundo Nichols (2005), um documentário tem a mesma função de um advogado quando “representa os interesses de um cliente: colocam diante de nós a defesa de um determinado ponto de vista ou uma determinada interpretação das provas” (p. 30). O documentário, portanto, busca mostrar qual a natureza do assunto, para assim influenciar nas opiniões. Os documentários, como explica Dulcília Buitoni (2008), “podem fugir os padrões jornalísticos habituais sem perder o caráter de registro.” Algumas formas de documentário são usadas como matérias jornalísticas para canais específicos e para webjornalismo (BUITONI, 2008, p. 93). Junto com o cinema, o documentário teve seus primeiros experimentos. Com a chegada da televisão, este tipo de filme passou a ter maior acesso e a utilizar o meio digital para garantir maior qualidade tanto de armazenamento quanto de desenvolvimento (SACRINI, 2004, p. 3). Para Sacrini o desenvolvimento do documentário está constantemente ligado à evolução tecnológica, “A tecnologia digital, além disso, permite a convergência de mídias numa escala jamais pensada nos suportes analógicos de produção documentarista” (p. 3). Os filmes voltados para a Web29 são diferenciados dos documentários tradicionais, mas podem ter seu uso combinado (SACRINI, 2004, p. 3). Ainda segundo Sacrini, “deve-se esclarecer que um filme documentário digitalizado, transmitido 29 pela Web, não se configura necessariamente Interface gráfica da Rede Mundial de Computadores; Internet; www como um 30 webdocumentário, pois não incorpora em si os elementos significativos de linguagem e os aspectos formais consagrados no meio” (p. 3). Para Penafria (1999), o documentário sendo visto como um gênero de filme, pode se tornar “um produto interativo” e “tratar-se da possibilidade de uma produção renovada e inovadora” (p. 4). Com a tecnologiaa, o gênero passa a ter uma evolução e diversificação nos meios de produção do documentário. “Um documentário digital para cuja produção se utilizam os mesmos meios que para a produção multimédia será um produto interativo que tem como base as características do documentário” (PENAFRIA, 1999, p. 5). Além disso, “podemos afirmar que há uma maior mobilidade na recolha de imagens com as câmeras de filmar mais pequenas e manejáveis” (PENAFRIA, 1999, p. 5), capitando um maior número de imagens e tornando assim o documentário mais interativo. O documentário é um gênero cujo maior atributo é ser uma porta aberta para o mundo, para diferentes olhares sobre o mundo, para a reflexão sobre o mundo e é, para quem a eles se dedica, um espaço aberto para a experimentação e exploração criativa. O gênero documentário reinventa-se cada vez que é produzido um novo documentário (PENAFRIA, 1999, p. 7). O documentário digital então, propõe uma evolução do documentário tradicional, dando espaço para conteúdos e formatos diversos, além de não se pautar “apenas por um grandioso e inquestionável valor social ou histórico, como por novas formas de construir argumentos sobre o mundo” (PENAFRIA, 1999, p. 7), mas mantendo sua característica de aprofundamento sobre o mundo de uma maneira mais atrativa. 5.2.1 O modo reflexivo do documentário A escolha do estilo de documentário foi o modo reflexivo. De acordo com Nichols (2005), “em lugar de ver o mundo por intermédio dos documentários, os documentários reflexivos pedem-nos para ver o documentário pelo que ele é: um contexto ou representação” (p. 163). Esta forma de fazer uso desta ferramenta midiática também está incluída na tese do autor de que “um documentário só é bom quando seu conteúdo é convincente” (NICHOLS, 2005, p. 163). 31 O modo reflexivo ainda é caracterizado por tratar o filme de modo realista. Este é um estilo que facilita o elo entre telespectador e o mundo, tomando “forma de realismo físico, psicológico e emocional por meio de técnicas de montagem de evidência ou em continuidade, desenvolvimento de personagem e estrutura narrativa” (NICHOLS, 2005, p. 164). Para Zandonade e Fagundes (2003), o modo reflexivo faz o telespectador refletir sobre as propostas presentes no videodocumentário (p. 19). Essa forma de trabalho propõe mostrar como os personagens são tratados e a representação que eles têm diante das câmeras. “Esses filmes tentam aumentar nossa consciência dos problemas da representação do outro, assim como tentam nos convencer da autenticidade ou da veracidade da própria apresentação” (NICHOLS, 2005, p. 164). É se baseando neste quesito que poderemos mostrar a representação social dos ocupantes através do produto final. Ou então como esses mesmo ocupantes encaram seu papel social no movimento do qual fizeram parte. Para Penafria (2004), o filme documentário é uma maneira de lembrar-nos que estamos ligados ao mundo, que fazemos parte e temos que interagir com ele. Mas para a autora, o documentário é uma intervenção na realidade e é mais um relacionamento entre o autor do filme e o telespectador. “Decidir fazer um documentário é uma intervenção na realidade, é um percurso que se faz e que se partilha com o espectador” (PENAFRIA, 2004, p. 8). É uma relação de compromisso com os personagens. Nichols (2005) retrata que o modo reflexivo é o modo que mais questiona sobre si mesmo e “estimula no espectador uma forma mais elevada de consciência a respeito de sua relação com o documentário e aquilo que ele representa” (p. 166) Ao filmar um documentário, Penafria (2001) afirma que o momento de filmagen é extremamente importante “porque o material recolhido é decisivo para o filme final” (p. 4). Assim, cada liga e desliga da câmera é determinado como um ponto de vista do autor da filmagem. Outro fator que determina esse ponto de vista é a ligação entre imagem e som, com a mescla de vários elementos como “entrevistas, som ambiente, legendas, música, imagens filmadas in loco, imagens de arquivo, reconstruções, etc.” (PENAFRIA, 2001, p. 5). Ainda para Penafria (2001), a maneira como o documentário será entendido pelo espectador, depende das escolhas do documentarista e do envolvimento com o que se filma (p. 7) 32 Assim, o espectador poderá interpretar o filme através do olhar do documentarista e aperceber-se de que determinada realidade pode ser vista de modo diferente. Enquanto figura o documentarista é uma referência para o documentarismo (PENAFRIA, 2001, p. 6). Nichols (2005) ainda afirma que “os documentários politicamente reflexivos reconhecem a maneira como as coisas são, mas também inovam a maneira como poderiam ser” (p. 169). Por tanto, videodocumentário seria mostrar o assunto como ele realmente é tratado, e deixar que o espectador tire suas conclusões sobre a relevância do assunto. 5.3 REPRESENTAÇÃO SOCIAL NO JORNALISMO Segundo Nichols (2005), os documentários de representação social, são aqueles que normalmente não mostram a ficção. Eles buscam mostrar os aspectos do mundo no qual vivemos e compreender a realidade. Além disso, esse tipo de filme, busca transmitir a verdade, se for de desejo do documentarista (p. 26). O fato é que a comunicação popular pode se aproveitar desses grandes veículos de comunicação (PERUZZO, 1999, p. 131). Assim os documentários como representação de comunicação popular, podem ser veiculados dentro dessa comunicação massiva. “Nesse sentido destaca-se o papel da televisão e do jornalismo, na difusão das informações pertinentes ao desenvolvimento crítico da sociedade, com o vídeo documentário” (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 43). Para Barbara Machado, “apesar de ser mais usado dentro do cinema, visto como produto, o videodocumentário representa, dentre outras vertentes, a mídia televisiva” (2006, p. 6). Ainda pensando em como os movimentos podem usar dessa mídia para divulgação de ideologias, Nichols (2005) pensa que cada documentário tem sua voz distinta. Como toda voz que fala, a voz fílmica tem um estilo ou uma “natureza” própria, que funciona como uma assinatura ou impressão digital (2005, p. 135). Dessa forma, o videodocumentário além de retratar assuntos do mundo onde os indivíduos estão inseridos, também os valoriza (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 44). Assim, a televisão tem o papel de mobilizar e disponibilizar a participação da comunidade com maior facilidade pela narrativa e a linguagem “imagética” (MACHADO, 2006, p. 6). Como “assuntos abordados na televisão envolvem a realidade de determinados fatos ou pessoas” (MACHADO, 2006, p. 6), o 33 documentário torna-se importante para a veiculação do real. Por tanto, documentário seria a junção de televisão e jornalismo, que buscam mostrar a crítica da sociedade (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 31). Para Penafria (2004), o documentário tem o objetivo de voltar à atenção dos espectadores para os fatos cotidianos e estabelecer uma ligação entre os acontecimentos (p. 5). Ainda segundo ela, “só por si documentário é um termo que arrasta consigo um peso: a obrigação de 'representar a realidade'” (PENAFRIA, 2006, p.2). Ainda focando na responsabilidade que um documentário tem em ser representante da realidade, Gohn (1995) acredita que os novos movimentos exigem uma nova forma de retratação, que há um novo cenário neste milênio: novos tipos de movimento social, novas demandas, novas identidades, novos repertórios. Proliferam movimentos multi e pluri classistas (GOHN, 1995, p. 344). O uso de um videodocumentario vem por meio dele trazer o aprendizado dos envolvidos e gerar assim um novo questionamento social. Gohn cita Vygotsky, que diz que o aprendizado ocorre quando as informações fazem sentido para os indivíduos inseridos em um dado contexto social. A aprendizagem no interior de um movimento social, durante e depois de uma luta, são múltiplas, tanto para o grupo como para indivíduos isolados (GOHN, 1995, p. 352). O gênero reinventa-se cada vez que é produzido um novo trabalho. Trata-se de um filme onde a relação conteúdo- forma se encontra em permanente criação e recriação (PENAFRIA, 1998). Tal gênero pode ser introduzido ao jornalismo quando o formato do documentário se propõe dar uma nova visão sobre um assunto de relevância social que não possui uma resposta fechada e pode variar de acordo com a opinião de cada pessoa. (PERES, 2007). Para Gustavo Souza (2006), o documentário é uma narrativa da história assim como o jornalismo propriamente dito, então “a relação entre jornalismo e documentário se dá quando a notícia ajuda no encadeamento da narrativa documental e por essa razão vem sendo utilizada com frequência nos documentários” (SOUZA, 2006, p.4). A construção do documentário o diferencia de uma matéria jornalística. O tempo de preparação para um documentário pode se estender por anos, dando assim ao documentarista e ao personagem um vínculo que no caso da matéria jornalística não é estabelecido, pela urgência em abordar um determinado tema (SOUZA, 2006, p. 7). 34 Essa diferença no procedimento de elaboração permite ao documentário aprofundar questões, não apenas descrevendo-as, mas apresentando razões, causas e possíveis desdobramentos que ultrapassam o campo da descrição, como também estabelece com o personagem um diálogo de mão dupla, onde o documentarista pode promover o confronto com o entrevistado, instigando-o a rever posicionamentos ou lançando desafios (SOUZA, 2006, p. 7). Segundo Zandonade e Fagundes, o jornalista Walter Sampaio diz que o documentário é um estado evolutivo do telejornalismo e que é um gênero jornalístico pouco explorado na mídia televisiva brasileira, considera-se o documentário como uma extensão de um trabalho já iniciado do jornalismo que é retratar um fato ou acontecimento que tenha alguma importância social (p. 15). Como diz Penafria, o documentário trás um diálogo diferente e cria novas experiências que são “sentidas com maior ou menor intensidade” e vem “apresentar novos modos de ver o mundo ou de mostrar aquilo que, por qualquer dificuldade ou condicionalismos diversos, muitos não veem ou lhes escapa” (2001, p. 7). A pesquisadora Cristina Melo, afirma que: “o fato de ser um discurso sobre o real e utilizar imagens in loco são características que aproximam o documentário da prática jornalística” (2002, p. 6). 35 6 METODOLOGIA DE PESQUISA Aqui se explicam os métodos científicos utilizados para defender as propostas do presente trabalho. Esclarecido os métodos de pesquisa são expostos os temas apresentados anteriormente como Movimento Social, Comunicação Social e pesquisa online de matérias veiculados na mídia. 6.1 MÉTODOS USADOS NO RELATÓRIO MONOGRÁFICO Aqui consideramos os autores que embasaram a fundamentação teórica dando direção ao produto final. Para conseguirmos isto nos aprofundamos primeiramente em autores que nos orientam sobre o que são os movimentos sociais e seu papel na sociedade atual. A delimitação foi sustentada por autores como BAUMMAN (2011), SOUZA (2004), CABRAL (2012), LACERDA (2012). No embasamento para o produto final, que é o vídeo documentário, contamos com autores como NICHOLS (2005), MACHADO (2005) e PENAFRIA (2001). Para GOLDENBERGER (1997), qualquer assunto da atualidade poderia ser objeto de uma pesquisa cientifica, então tratamos o assunto de ocupação em Curitiba como nosso foco de análise levando em conta livros e principalmente artigos que tratam sobre movimentos sociais. Também consultamos sites de notícias que relataram de alguma forma a ocupação ocorrida na cidade do mês de Janeiro. Segue-se então: 6.1 MÉTODOS DE PESQUISA QUANTO AO OBJETIVO Os tipos de pesquisa então usadas quanto ao objetivo específico foram: Pesquisa descritiva que segundo Gil (1999) “tem como principal objetivo a descrição de algo, um evento, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (p. 44). Identificou-se caráter descritivo quando apresentamos os movimentos que englobam todo o movimento social Occupy explicando da onde vem cada segmento e porque a importância social de cada um deles. Usando autores como BAUMMAN (2001), pudemos traçar um paralelo com a pós modernidade e comportamentos típicos de tal sociedade. Este tipo de pesquisase aplica uma vez que trabalharemos a apresentação de tal movimento e das ideias de seus participantes. Segundo Gil 36 (1999), elas “vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação” (p. 44). Nossa pesquisa teve caráter descritivo quando apresentamos os movimentos que englobam todo o movimento social Occupy explicando da onde vem cada segmento e porque a importância social de cada um deles. Usando autores como BAUMMAN (2011), pudemos traçar um paralelo com a pós modernidade e comportamentos típicos de tal sociedade. Este tipo de pesquisa de aplica uma vez que trabalharemos a apresentação de tal movimento e das ideias de seus participantes na cidade de Curitiba. 6.2 DELINEAMENTOS DA PESQUISA Porém além da analise descritiva, também utilizamos a pesquisa exploratória, que tem como objetivo “de proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato” (GIL, 1999, p. 43). Ainda segundo Gil, a analise exploratória é usada quando o tema escolhido “é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis” (p. 43). Nosso trabalho procurou como base ao produto final esclarecer o que cada movimento isolado representa em uma visão mais ampla de movimento social atuais. A pesquisa exploratória “habitualmente envolve levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso” (p.43), o que também justifica nossa forma de pesquisa que teve grande auxilio de sites atuais e conteúdos publicados na internet. Como os movimento Anonymous e Occupy surgiram a pouco tempo, ainda não há um tratamento específico da mídia para estes casos assim também como ainda não existem livros que tratem ou expliquem somente estes objetos de estudo. Nossa pesquisa então foca na apresentação de todos os conteúdos que englobam a direcionam ao produto final, utilizando as ferramentas disponíveis atualmente e principalmente informações das pessoas que participam de tais movimentos, seja através da própria internet ou de entrevistas cedidas pelos ocupantes de Curitiba a nós. Gil ainda ressalta que as “pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação pratica” (p. 44). 37 Também utilizamos como método de pesquisa o modo bibliográfico e documental. Utilizando-se de livros, artigos, publicações de jornais na internet e publicações nas redes dos próprios representantes da ocupação. Gil (1999) pensa que tal pesquisa “reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisa diretamente” (p.65). Foi através de livros e artigos científicos que se tornou possível, além da descrição, um pequeno entendimento sobre a sociedade atual e a ação do indivíduo presente em toda pesquisa. A pesquisa documental se aplicou uma vez que o movimento analisado iniciado no final de 2011 ainda não tem bibliografia ou estudo direcionado e tal assunto. Gil (1999) diz que “a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (p. 66). Primeiro para entender o sentido amplo do objeto estudado iniciamos a pesquisa sobre movimentos sociais no Brasil e também a influência da internet em movimentos mais atuais usando autores como AGUIAR (2010) e CABRAL (2012). Num segundo momento então tentamos descrever o que é o movimento Occupy Wallstreet através de artigos e matérias que foram veiculadas no período que teve maior impacto (início de Setembro de 2011). Utilizando principalmente a internet consultamos então todos os sites de informações sobre as ocupações brasileiras onde tais informações são produzidas pelos próprios participantes. Cada ocupação teve sua data inicial particular. Aqui em Curitiba a página de facebook do Ocupa Curitiba foi criada em Janeiro. Analisamos também através dos canais de redes sociais dos movimentos de ocupação no Brasil a quantidade de pessoas que aderem a tais movimentos pela internet e a quantidade de pessoas que realmente vão às ruas para concluir tais ações. Por exemplo, no início do ano a página do facebook do movimento Ocupa Curitiba contava com cerca de 800 membros, mas não foi esse total de pessoas que participarão das ações efetivas. Em entrevista cedida as autoras, os ocupantes contam que teve em média 10 pessoas que permaneceram nas barracas desde o começo do movimento até o início do seu final. Ainda na pesquisa documental e fazendo o estudo de caso que segundo Yin (2005), citado por Gomes (2008), é um método de abordagem de investigação, e assim usando o método de analise documental, analisamos as citações ao 38 movimento na internet em sites de notícia no período de Outubro de 2011 à de Março de 2012. Foram publicadas cerca de 10 matérias e notas sobre a ocupação sendo que poucas delas traziam entrevistas com os ocupantes ou então uma explicação sobre o motivo pelo qual o fato estava acontecendo. Uma das matérias mais completas datada de 13 de Fevereiro de 2012 foi veiculada no Jornal Comunicação, uma reportagem de Marianna Ceccon onde se lia “Movimento ‘Ocupa Curitiba’ convida cidadãos a serem protagonistas de suas próprias histórias”. Quando pesquisamos em sites de busca e também em publicações, procuramos pelas principais palavras: Occupy WallStreet, Ocupa Brasil, Ocupa Curitiba, Ocupações, Movimentos Sociais Curitiba, Movimento Praça Santos Andrade. Levamos em conta a sequência normal dos fatos e o início da ideia em Wall Street a partir daí conseguimos acompanhar a cronologia dos fatos até chegar às particularidades do movimento em Curitiba. 39 7 DELINEAMENTO DO PRODUTO As questões mostradas neste tópico explicam as escolhas que resultaram no videodocumentário final intitulado como “OCUPAÇÃO E RESISTÊNCIA”. Cada tópico explica uma parte do produto e como chegamos ao resultado final. O nome dado ao videodocumentário é escolhido por ser usado como “lema” do movimento e foi escolhido pelas acadêmicas evidenciando o motivo principal do acampamento. 7.1 PERSONAGENS Os personagens escolhidos para dar contexto ao documentário não se limitaram a apenas quem realmente ocupou a Praça Santos Andrade. Pelo fato de que citamos o destaque que tem a internet em novos movimentos sociais (assim também no Ocupa Curitiba), ouvimos também um personagem que participou do movimento através dessa ferramenta de comunicação. Ninguém que não tenha participado do movimento poderia contar a história “nua e crua”, como um de seus ocupantes ou então quem teve um maior contado com seus ideais. Vários contatos foram feitos com outros ocupantes e participantes. Em primeiro contato, muitos não demonstraram interesse, ou disseram que poderiam apenas contribuir com depoimentos não registrados em câmera, o que nos auxiliou no entendimento do movimento e dos grupos distintos que nele estavam envolvidos. Dois participantes marcaram pré-entrevista e não compareceram. Com a dificuldade de contato, postamos na página do OcupaCuritiba no facebook (http://www.facebook.com/groups/ocupacuritiba/) explicando o que o presente trabalho pretende e quem se interessava em participar. Obtivemos resposta imediata do participante que não ocupou a praça mas ajudou através da internet. O segundo entrevistado também veio a nós da mesma forma, este, porém acampou no período de duas semanas seguidas e após isso, acampou em dias não sequenciais. O terceiro, assim como o quarto entrevistado que ocuparam a praça foram citados pelos primeiros que nos cederam a entrevista. Mesmo tendo ideias e sendo de grupos diferentes todos eles provaram que interagiram no período da ocupação e linkavam suas ideias com a de outros participantes que viriam a ser entrevistados por nó, mesmo sem tais entrevistados terem acesso a entrevista do outros. Outros 40 ocupantes foram contactados, mas pela falta de tempo não puderam contribuir. Assim como, nem todos os entrevistados fazem parte do produto final do projeto. São então estes os principais colaboradores: - Luiz Felipe Porto, 27 anos, formado em Engenharia da Pesca, de Londrina. Envolvido com projetos e ações do Movimento Sem Terra (MST) e outros movimento da luta pela terra. Começou a ocupar a Praça Santos Andrade poucos dias após o início do acampamento, acampou por três semanas - Phillipe Trindade, 23 anos, colaborador no portal Soy Loco por Ti que visa a interação entre os países Latinos Americanos e colabora com ações culturais na cidade de Curitiba. Participante também no Movimento Humanista. - Rodrigo Ul, 28 anos, Estudou História na UFPR e atualmente cursa letras na mesma faculdade. Trabalha como Designer freelance e também faz parte de ações sociais na cidade de Curitiba, assim como faz parte do Movimento Humanista. Acampou desde a primeira noite. - Cleiton Calisto, 18 anos, estudante, aderiu ao movimento Anonymous na internet e através dele cria e participa de movimentos sociais em Curiitba. Acampou desde a primeira noite. Todos os participantes do videodocumentário são ativistas desde antes da ocupação e já estão familiarizados com movimentos sociais, podendo assim fazer uma análise de pontos distintos do movimento Ocupa Curitiba assim como analisar porque tal ação durou um período curto de tempo. 7.2 FORMATO O formato escolhido é pertinente ao que se busca com o videodocumentário. Uma forma rápida e esclarecedora de passar o que buscamos através dessa ferramenta. Para Porto e Morais, os vídeos têm que passar por algumas alterações correspondentes ao seu tipo de veículação: 41 Percebe-se que determinados vídeos apresentam uma estética destinada às telas do cinema ou da televisão, diferentes das telas de computador. Algumas obras exploram o uso de legendas e créditos com tamanho que se tornam ilegíveis no monitor de computador, e isso em alguns casos compromete o resultado final da exibição (Porto e Morais, 2012). Para a Agência Nacional do Cinema (Ancine), os filmes de curta metragem têm duração inferior ou igual á 15 minutos; os média metragem, duração superior a 15 minutos; os longa metragem duração superior a 70 minutos. Desta divisão optamos por um formato de curta metragem com tempo de duração próximo a 15 minutos. Acreditamos que por ser um videocumentário que será exibido da web, o mais indicado era seguir um tempo curto com uma mensagem clara e direta sobre o assunto tratado. Tendo como desafio conciliar o tema entre as falas dos entrevistados. Como o documentário será feito de modo reflexivo 30 usamos a própria realidade dos ocupantes para dar forma ao filme. Optou-se por usar os personagens para contar a história do OcupaCuritiba e usar o espaço deles para fazer as filmagens31 (Praça Santos Andrade). 7.3 PÚBLICO-ALVO O público-alvo deste produto são pessoas que não estão ligadas ao Ocupa Curitiba ou que viram o movimento, mas não tiveram grande contato com os ocupantes. São pessoas que não sabem do que se trata o assunto, ou que já ouviram falar, mas por não se aprofundarem no caso, acabam por não saber o que é o movimento que tomou conta não apenas de Curitiba, mas de todo o mundo começando por Wall Street. Assim também como os próprios ocupantes que no período do acampamento não puderam talvez ouvir de forma aprofundada a visão do outro. O perfil do telespectador mudou, agora ele está conectado, imerso em uma irradiação viral de signos, informações e mensagens que comunicam a todo instante e por consequência, seu modo de ver televisão, também está mudando drasticamente (Galvão, 2012, p. 6) A definição de público-alvo aqui pode não ser específica. O produto também será desenvolvido para estudantes que se interessam pelo aprofundamento no 30 31 Ver argumentação na fundamentação teórica, p. 30. Ver argumentação no roteiro, p. 45. 42 conhecimento de movimentos sociais ocorridos atualmente e ações que tem participação unicamente de cidadãos que não representam partidos políticos ou grandes corporações. Um material que contribuirá para estudos sobres atitudes do indivíduo na pós modernidade e sua relação social. Além, de contribuir como material histórico e de apoio ao OcupaCuritiba, podendo fortalecer as bases do acampamento. 7.4 VEÍCULAÇÃO Para atingir o público-alvo proposto neste trabalho, escolhemos veicular o videodocumentário apenas na internet. Por tanto, para não restringir o público que poderá ter interesse após a visualização do videodocumentário, optamos por disponibilizá-lo na rede YouTube32 (www.youtube.com.br), facilitando assim, o acesso de toda e qualquer pessoa que tenha interesse em descobrir como foi a extensão do movimento Occupy na cidade de Curitiba. Além de ser um meio de veiculação gratuita o site “consiste em um serviço de publicação de vídeos que proporciona aos participantes e visitantes a possibilidade de compartilhar e comentar clipes de vídeo” (Serrano e Paiva, 2008, p. 3). Para os criadores Chad Hurley e Steve Chen, a junção entre YouTube e Google, em novembro de 2006, veio para completar a missão de informar o mundo e torná-las acessíveis a todos os públicos (Serrano e Paiva, 2008). Entre os recursos disponíveis no site, existe o de “envio de vídeos para o próprio site e a possibilidade de exportação desses vídeos para outros sites, blogs ou e-mails através do código de incorporação disponibilizado” (Serrano e Paiva, 2008, p. 7), além de busca com palavras-chave, exibição de vídeos relacionados, entre outros recursos funcionais e interacionais (Serrano e Paiva, 2008). O emissor em nenhum momento encontra-se isolado dos receptores da informação, telespectadores e usuários tornam-se sujeitos ativos no processo comunicacional, que ocorre de forma desterritorializada, trata-se de uma explosão na democracia digital (Serrano e Paiva, 2008, p. 5). Por tanto, o videodocumentário é produzido pra outras mídias, mas podem ser adaptado para veiculação online. 32 Ver anexo do site na página 56 43 7.5 TRILHA SONORA O movimento punk foi uma dos grupos que deu início ao movimento na cidade de Curitiba. O movimento contou com a participação de muitos músicos da cena underground, como por exemplo, os integrantes da banda Vat Bier que acamparam na praça. A escolha feita então para trilhar as imagens finais do produto é de uma música chamada Old School song, da banda francesa Curlys Revenge. A faixa tem licença liberada no site CriativeCommons33. Dois principais motivos nos levaram a tal escolha, primeiro pela forte ligação entre o movimento punk e os movimentos socias e segundo pelo fato citado acima, da participação de tal movimento no Ocupa. É importante resaltar que não existiu a intenção de esteriotipar de alguma forma o grupo retratado, mas sim usar uma trilha que conseguisse transmitir a energia, vivacidade e atualidade do movimento social liderado por jovens ativistas. 7.6 PROCESSO DE GRAVAÇÃO E RESTRIÇÕES As gravações que resultaram nas imagens finais do videodocumentário,foram produzidas na Praça Santos Andrade em duas entrevistas, na qual tivemos complicações com barulhos de veículos. A entrevista do Phelipe Trindade visitamos, um espaço co-working que pertence a empresa Ethymos e também serve como sede da ONG Soy Loco por Ti , que é o local de trabalho do entrevistado que teve participação pela internet. O produto pode ser gravado durante a semana no período da tarde, e em alguns finais de semana. Ao todo foram realizados quatro dias de filmagem. Tendo em vista que gravamos no mesmo dia com dois participantes no mesmo local, porém um em local externo e outro em local interno. Tivemos problemas na gravação de um dos personagens (Rodrigo Ul) pela falta de microfones lapela disponíveis na Unibrasil. Usamos então o microfone de mão que comprometeu as imagens, então optamos por não utiliza-lás. 7.7 ORÇAMENTO E VIABILIDADE 33 Em anexo uma copia das páginas de liberação do site CriativeCommons nas páginas 57, 58 e 59 44 Para a execução do produto final deste trabalho são necessários recursos financeiros para as despesas de produção e edição do documentário. É necessária a contratação de dois profissionais da área de jornalismo para realizar as filmagens e a edição do material em vídeo que durou aproximadamente um mês. De acordo com o Sindicato de Jornalistas do Paraná (Sindijor) o salário de um Free Lance em cinematográfica custa, num período de 5 horas, R$ 397,44. Para um salário mensal, o piso de acordo com o Sindijor, custa R$ 2.323,6834. O aluguel do equipamento necessário para as filmagens contando com uma câmera PANASONIC possui o valor diário de R$ 1.400,00 para 4 horas de uso, na empresa Performance Áudio e Vídeo. A edição do material bruto de filmagem que será reduzida pra cerca de 20 minutos no vídeo final custa o valor de R$ 100, referentes a aproximadamente 20 horas de edição. Além destes gastos, também temos R$ 60 de etanol para o abastecimento do automóvel de transporte até os locais de gravação e os equipamentos de filmagem, e R$ 65 na compra de 5 fitas virgens. TABELA 1 – ORÇAMENTO Despesas Valor Dois jornalistas cinematográficos em quatro dias de gravação R$ 3.974,40* Dois jornalistas cinematográficos em dois dias de edição R$ 3.974,40** Três diárias de câmera e equipamentos para filmagens R$ 4.200,00 20 horas de edição R$ 100,00 Combustível etanol para veiculação R$ 60.00 5 fitas virgens R$ 65,00 Total R$ 8.178,00 *Dois profissionais por 5 horas durante 5 dias. **Dois profissionais por 5 horas durante 5 dias. 34 Em anexo na página 60 tabela de salários. Disponível também em http://www.sindijorpr.org.br/uploads/pdf/tabeladefrilas2012.pdf 45 Mas para a versão apresentada para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o trabalho dos jornalistas foi substituído pelo das acadêmicas, assim como os equipamentos de filmagem e a ilha de edição, subsidiados pela faculdade. Diminuindo assim, o custo final para a produção do produto. O custo das fitas virgens utilizadas no valor de R$ 65 foram pagas pelas acadêmicas. Além do valor do combustível etanol para o transporte. O videodocumentário pode ainda contar com o patrocínio de empresas e instituições que apoiam causas sociais. Enquadram-se nessas categorias organizações como a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), da Prefeitura Municipal de Curitiba, não foi o caso do documentário “ Ocupação e Resistência”. 7.8 ROTEIRO Uma das primeiras escolhas para o roteiro do videodocumentário foi a metodologia de narração e locais de filmagem. Tais entrevistas seriam feitas na Praça Santos Andrade trazendo assim a ideia básica de ocupação de lugares públicos para produção de projetos culturais de algum tipo de relevância social. Também seria usado um espaço para depoimento de um integrante do grupo OcupaCuritiba na internet que não teve participação física no acampamento, mas que de alguma forma colaborou para as ações, representando assim a participação individual em movimentos sociais, o indíviduo pós moderno que tem outras formas de proteger sua identidade e mesmo assim ser participativo de alguma forma. Este depoimento será recolhido em espaço fechado também levando em conta essa forma de “individualismo social”. Os assuntos abordados no videodocumentário foram previamente retirados das pré entrevistas feitas com os participantes, além das questões de escolha das próprias acadêmicas que já tinham o delineamento básico do produto no início do projeto. Colocamos em questão a visão dos ocupantes sobre os grupos que representam e no que consiste a visão social defendida por eles, qual o seu papel como cidadão e indivíduo e como aconteceu o processo de comunicação e desenvolvimento dentro do acampamento. 46 Queremos entender as dificuldades físicas e psicológicas que envolviam a escolha feita pelos ativistas e se isso trouxe ou não algum tipo de resultado social ou individual a quem esteve envolvido com a ocupação. Deste modo são abordados os seguintes temas: como os participantes ficaram sabendo do Ocupa Curitiba, comunicação entre o grupo, movimentos sociais e ocupação. A identidade visual do videodocumentário, lembra a ocupação da Praça Santos Andrade e o Dia do Basta, protesto ocorrido no dia 21 de Abril que contou com a participação de quase todos os envolvidos no Ocupa Curitiba. Usa imagens cedidas pelos entrevistados e vídeos feitos por eles mesmos no período de ocupação. Para a identificação dos personagens do videodocumentário foi necessário a inclusão de geradores de caracteres (GC) na tela do vídeo. Os GCs seguindo a proposta visual do trabalho usam os nomes dos entrevistados e sua representação social para dar contexto ao telespectador, mostrando de quais movimentos sociais o entrevistado participa. Ao final do roteiro se faz o uso da imagem que representa o período de ocupação, com fotos de oficinas feitas pelos ocupantes com a trilha sonora adequada e os créditos finais, apontando que o documentário termina, mas lembrando que aquele local foi usado para uma representação social nacional, mesmo que a ideia original venha do exterior. Foi um movimento com referências diversas, mas com foco na capital paranaense. Para base e inspiração foram assistidos pelas acadêmicas alguns documentários brasileiros como Botinada, A história do punk no Brasil35, e outros vídeos das ocupações feitas fora de Curitiba, e o documentário "The Take", de Naomi Klein, este fala sobre o movimento das fábricas retomadas na Argentina depois de uma crise econômica no país. Ele traz o depoimento dos operários que sofreram com tal crise. Esse material serviu de inspiração para o modelo de enquadramento e questões estéticas, ajudando nas videodocumentário produzido posteriormente. 35 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=22lSR-o4n98 escolhas para o 47 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho foi realizado para conclusão de curso e teve como objetivo registrar os depoimentos dos ocupantes de Curitiba, sobre o movimento Ocupa que foi uma extensão do movimento OccupyWallStreet. Através de seus depoimentos colocamos em questão a convivência entre grupos diferentes e as causas sociais defendidas pelos ativistas. Para melhor embasamento do produto analisamos a representação social e teorias da comunicação social. Também aspectos do documentário, e acompanhamento das ações dos ocupantes desde o início do acampamento em Janeiro de 2012. O tema “comunicação” esteve presente em toda extensão do trabalho e nossos entrevistados puderam expor suas ideias sobre o tratamento que a mídia atual tem com os movimentos sociais, bem como a deficiência que ainda existe no ser humano na tentativa de se fazer entender num processo de comunicação. Mesmo sendo algo tão natural e presente, percebemos que a diferença entre grupos urbanos ainda é algo que limita a boa comunicação entre a sociedade em geral. E, nem a grande difusão dos meios de comunicação alternativos como a internet, conseguiu chegar ao seu total à chamada “linguagem universal”. Perguntas como o que era defendido pelo movimento e, se ele ainda existe, deram impulso inicial para as entrevistas realizadas e conseguimos perceber que mesmo os participantes tendo pontos de vistas diferentes sobre o mesmo assunto, todos acreditam na força da dominação do espaço público e no poder da liberdade de expressão ou comunicação livre que existe hoje. Mesmo que o termo livre possa ser questionado em alguns pontos. Também foi interessante constatar que, na visão dos ocupantes a mídia “oficial”, ou grande mídia, ainda tem como hábito colocar grupos urbanos como grupos que não podem estar juntos ou ser algo (em forma de movimento urbano). Os ocupantes mostraram que mesmo entrando em debates candentes durante o acampamento e durante as gravações do videodocumentário, pessoas distintas e opostas podem conviver e tentar chegar ao consenso visando um bem maior. Percebeu-se também que há uma carência da comunicação realmente social que interligue tais movimentos sociais, criando assim uma rede específica de serviço para a população que traga diferentes pontos de vistas e diferentes causas que possam vir a serem defendidas. 48 Esperamos através desse projeto, iniciar mais ideias semelhantes que tenham como objetivo colocar em pauta questões políticas, econômicas e sociais e que coloquem o indivíduo comum como protagonista de uma história que é construída por todos e por um país inteiro. 49 REFERÊNCIAS AGUIAR, Thales. Comunicação nos Movimentos Sociais ONGs e Movimentos Sociais: Novos desafios da comunicação tecnológica. Governador Valadares, 2010. Disponível em: /www.bocc.ubi.pt/pag/aguiar-thales-comunicacao-nosmovimentos-sociais.pdf Acessado em 08/03/2012 ALVES, Giovanni et al. OCCUPY: movimentos de protesto que tomaram as ruas. Tradução de João Alexandre Peschanski et al. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. BAUMMAN, Zygmunt. 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