Ocupação e resistência: videodocumentário sobre o Ocupa Curitiba

Transcrição

Ocupação e resistência: videodocumentário sobre o Ocupa Curitiba
FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL
DANIÉLLE R. DE L. PARABOCZ
LARISSA CRISTINI SOARES
OCUPAÇÃO E RESISTÊNCIA: VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O OCUPA
CURITIBA
CURITIBA
2012
DANIÉLLE R. DE L. PARABOCZ
LARISSA CRISTINI SOARES
OCUPAÇÃO E RESISTÊNCIA: VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE O OCUPA
CURITIBA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em
Jornalismo, Escola de Comunicação
Social das Faculdades Integradas do
Brasil – Unibrasil.
Orientador: Prof. Ivan Mizanzuk
CURITIBA
2012
DEDICATÓRIA
Dedicamos este projeto a todos os envolvidos em projetos
sociais que de alguma forma dedicam sua força física e
intelectual para a melhoria do país tentando visar o bem para
todos. Educação e Progresso.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me deu forças pra continuar nos momentos que pensei
em desistir. Aos meus pais, Celso e Ilza, pelo esforço e colaboração para que esse
projeto pudesse ser elaborado. A minha irmã, Gabriélle, que mesmo pequena foi o
motivo dos meus sorrisos todas as manhãs. A um antigo amigo de longe, Bruno, que
no pior momento da faculdade me deu forças e não deixou esse sonho acabar. A
todos os parentes e amigos que entenderam meus momentos estressados e de
choro por achar que este trabalho não iria dar certo e, é claro, a minha grande
parceira Larissa, que desde o inicio da faculdade, mesmo com tantas diferenças,
soube respeitar e me ajudar a chegar até aqui!
Daniélle Parabocz
Agradeço a meus pais Sandra e Durval pelas noites interrompidas em prol da minha
rotina acadêmica. Aos amigos que entenderam as ausências e falta de tempo, assim
como o gerente Eduardo Ferri que entendeu minhas faltas no trabalho para poder ir
ao encontro dos entrevistados. Obrigada também a Tarcis Neppel que demonstrou
grande companheirismo e amizade nos momentos mais complicados do projeto e
mostrou que desistir não era uma opção. Por fim, a parceira, amiga e que tantas
vezes me deu impulso, Daniélle Parabocz pela paciência, esforço, compreensão e
acima de tudo por acreditar em nossas ideias e não desistir delas.
Larissa Soares
Ao professor Ivan Mizanzuk pela paciência e esforço em nos ajudar a tornar nossa
ideia este trabalho. Aos ocupantes da Praça Santos Andrade que colaboraram com
suas histórias e documentos compartilhando conosco. Aos professores Felipe
Harmata e Elaine Javorski que participaram da evolução do projeto para se tornar
este trabalho. Aos editores Guto e Roberto pela ajuda e paciência conosco durante a
produção do produto final.
Nós
EPÍGRAFE
“Admiro profundamente todos os jovens que ocupam praças e
ruas em diferentes partes do planeta. Estão desafiando nossos
governantes com humor, brio e entusiasmo.”
(Tariq Ali – Occupy movimento de protesto que tomaram as
ruas)
RESUMO
Esta pesquisa busca compreender como o jornalismo por meio do
videodocumentário influencia no pensamento dos telespectadores quanto ao
movimento social Ocupa Curitiba, que se manteve no mês de Janeiro de 2012 na
capital do Paraná. A reflexão metodologia é realizada através de teorias de
Movimento Social e Comunicação, e de uma análise de conteúdo jornalístico dos
meios de comunicação online e impressos de Curitiba sobre o assunto. Discute-se
também a como o jornalismo pode servir de representante da sociedade para a
própria sociedade. Além traçar a história do movimento social desde a primeira
ocupação em Wall Street.
Palavras-chave
Jornalismo, Movimentos Sociais, videodocumentário jornalístico e Occupy
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ...............................................................................
2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS...............................................................................
2.2 ANONYMOUS...............................................................................................
2.3 OCCUPY WALLSTREET..............................................................................
2.4 OCUPA BRASIL............................................................................................
2.5 OCUPA CURITIBA........................................................................................
2.2.1 Como o Ocupa Curitiba foi retratado nos jornais locais..............................
2.6 PROBLEMA...................................................................................................
2.7 HIPÓTESE.....................................................................................................
3 OBJETIVOS .....................................................................................................
3.1 OOBJETIVO GERAL.....................................................................................
3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS.........................................................................
4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................
5.1 MOVIMENTAÇÃO SOCIAL E MÍDIA.............................................................
5.2 O CONCEITO DO DOCUMENTÁRIO E A TRANSFORMAÇÃO PARA O
DIGITAL..............................................................................................................
5.2.1 O modo reflexivo do documentário............................................................
5.3 REPRESENTANTE SOCIAL NO JRONALISMO..........................................
6 METODOLOGIA ..............................................................................................
6.1 MÉTODOS USADOS NO RELATÓRIO MONOGRAFICO............................
6.2 MÉTODOS DE PESQUISA QUANTO AO OBJETIVO..................................
7 DELINEAMENTO DO PRODUTO ...................................................................
7.1 FORMATO.....................................................................................................
7.2 PERSONAGENS...........................................................................................
7.3 PÚBLICO-ALVO............................................................................................
7.4 VEÍCULAÇÃO...............................................................................................
7.5 TRILHA SONORA..........................................................................................
7.6 PROCESSO DE GRAVAÇÃO E RESTRIÇÕES ..........................................
7.7 ORÇAMENTO E VIABILIDADE.....................................................................
7.8 ROTEIRO......................................................................................................
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................
REFERÊNCIAS...................................................................................................
ANEXOS.............................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como objetivo servir de base para um videocumentário de
apresentação e análise do movimento Ocupa Curitiba, que aconteceu durante o mês
de Janeiro de 2012 na Praça Santos Andrade no centro da cidade. Com barracas e
instalações improvisadas, ocupantes tomaram a praça durante dias e noites em
favor de protestar e a exemplo do Occupy Wall Street ocorrido em 2011.
Colocaremos em pauta através dos depoimentos dos participantes os
objetivos do movimento social, o motivo da rápida caída do acampamento e a
relação que existe entre os meios de comunicação e tais ativistas.
Para melhor entendimento colocamos aqui um breve histórico sobre as
movimentações sociais ocorridas no mundo, dando ênfase aos movimentos que
embasam o nosso tema principal de análise, apresentando os movimentos Ocupa
que aconteceram pelo Brasil.
Notou-se que os meios de comunicação citaram poucas vezes o
acampamento e com pouca ou nenhuma extensão do assunto. Pouco mais de oito
matérias e artigos foram escritos na cidade no período de existência do grupo e em
poucos são colocados à visão direta dos ativistas, que se dividiam entre jovens do
movimento punk de Curitiba e estudantes engajados em ações sociais. O
videodocumentário, que será o produto final deste trabalho, vai dar espaço aos
integrantes para discorrer sobre o tema e sair de um possível estereótipo que possa
ter sido colocado nos mesmos.
A escolha do produto é justificada pelo fato de vermos a necessidade de uma
ferramenta que abranja o maior número de pessoas possível independente de
formação acadêmica, classe social ou nível de estudo. Com um formato então que
lembra uma conversa, um depoimento direto. Como temos por objetivo também a
apresentação de um objeto, levamos em conta a universalidade do produto
escolhido, sendo assim uma forma de representação “da realidade de forma mais
ampla, exposta por meio de mensagens com contextos imagéticos que propõem
uma fácil aceitação pelo telespectador” (MACHADO, 2006, P.6).
Em termos teóricos a pesquisa a seguir tem como principal segmento os
movimentos sociais e mídia. Não vamos aqui estender a análise a todos os meios de
comunicação que poderiam vir a citar o movimento Ocupa, mas sim retrataremos um
período de tempo, trazendo informação sobre algo que fará parte da história social e
9
deixando para interpretação do telespectador o nível de importância do movimento
na cidade.
Os métodos utilizados para essa pesquisa foram baseados em documentos
da ciência da comunicação e do jornalismo. Utilizando-se de livros e artigos, além de
publicações em jornais e redes sociais dos próprios representantes do movimento.
Através do produto escolhido, busca-se que o espectador aproxime-se da realidade
e compartilhe suas opiniões gerando discussões em torno do Ocupa Curitiba.
10
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
Aqui discutimos os assuntos que contextualizam o tema proposto para a
pesquisa central, assim como as definições de termos e movimentos que deram
início ao objeto central da nossa pesquisa.
No dia 14 de Janeiro de 2012, Curitiba recebeu a extensão do movimento
OccupyWallStreet e abrigou em uma das praças mais famosas da cidade, a Santos
Andrade, um acampamento constituído por participantes de movimentos sociais que
procuravam mudanças. A partir disso e das poucas citações na internet do chamado
“Ocupa Curitiba” começamos a criar questionamentos sobre comunicação social,
podendo chegar ao problema do tema proposto.
2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS
Após o século XVlll onde o processo de industrialização teve início, as
discussões econômicas tornaram-se comuns e a divisão de classes se tornou mais
acentuada, a concentração da riqueza social se tornou maior dando, de algum
modo, embasamento para o que vivemos hoje. É importante, porém salientar que as
revoluções já haviam se iniciado na Inglaterra no século XV com significativas
mudanças econômicas decorrentes do crescimento da indústria têxtil e das divisões
de classes de trabalho que se formavam. Porém, foi no século VXIII que o público
em geral deixa de mediar discussões sociais e isto se limita a grupos privados que
vão surgindo com o passar do tempo. O autor Hobsbawn discorda dessa divisão de
datas referente a revolução e diz que “de fato, a revolução industrial não foi um
episódio com um princípio, meio e fim. Não tem sentido perguntar quando se
‘completou’ pois sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou
norma desde então”. (HOBSBAWN, 2005, p. 21).
No século XXl tais movimentos continuam surgindo dia após dia em defesa de
minorias. Tais ações também têm como base para a luta, questões ligadas à
democratização e igualdade. Movimentos como o Movimento Estudantil (1967 –
Estudantes se organizaram e protestavam contra o regime militar existente na
época, o movimento conquistou visibilidade com o “Diretas já”, e mudanças
11
políticas1) e Movimento sem terra (MST- 1983- Movimento dos trabalhadores rurais
que lutam pela Reforma Agrária, transformações sociais e econômicas2) são
exemplos de movimentos que despertaram a atenção para seus objetivos, que
geralmente se baseiam em críticas ao sistema econômico e político atual, a
desigualdade, as deficiências no governo, e defesa aos menos favorecidos. Os
movimentos vêm se metamorfoseando seguindo as mudanças sociais ocorridas. “No
inicio do século XX, era muito mais comum à existência de movimentos ligados ao
rural assim como movimentos que lutavam pela conquista do poder político”
(SOUZA, 2004, p. 2). Quando Souza cita o “rural” entende-se um movimento
composto por trabalhadores sem terra, arrendatários, pequenos proprietários, boiasfrias, que eram a camada da sociedade que se sentia em desvantagem dentro da
produção capitalista3. Nos dias atuais o leque de temas abordados pelos
movimentos se faz cada vez maior. Souza (2004) também acredita que foi a partir de
1950 que tais movimentos começaram a realmente tomar o espaço público.
A crise econômica e os movimentos iniciados fora do Brasil foram
contribuintes para que a onda de protestos, passeatas e ações começassem a tomar
corpo no nosso país. A revolução nos países árabes que explodiram em 2011 são
exemplos da crescente forma de se fazer ouvir adquirida pela população. As
informações disponibilizadas principalmente na internet sobre as revoluções que
estavam acontecendo no exterior serviram como gatilho para alguns brasileiros
criarem maiores discussões sobre os problemas internos.
Além das manifestações via internet4, que explodem e têm uma grande
aceitação do público, as passeatas e movimentações em praça pública, são as que
dão maior visibilidade ao movimento social pelo qual lutam, principalmente quando
conquistam a ajuda da mídia (SOUZA, 2004 p. 3).
Em linhas gerais, o conceito de movimento social se refere à ação coletiva
de um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio
do embate político, conforme seus valores e ideologias dentro de uma
determinada sociedade e de um contexto específicos, permeados por
5
tensões sociais (Ribeiro, Paulo Silvino, projeto Brasil Escola ).
1
2
3
4
5
Ver mais em http://www.dceunicamp.org.br/o-que-e-o-dce/historia-do-movimento-estudantil/
Ver mais em http://www.mst.org.br/
Obras como 1984, de George Orwell tratam da questão da inquietude e infelicidade social das
classes menos favorecidas.
Rede mundial de computares interligados que permitem o acesso a informações de qualquer parte
do mundo
Retirado do site Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/sociologia/movimentos-sociais-brevedefinicao.html
12
Nos últimos anos também as questões ligadas ao meio ambiente têm
conquistado uma grande visibilidade, discussões sobre emissões de óxidos
poluentes são as maiores preocupações em países desenvolvidos. No Brasil, essas
preocupações ficam em torno da poluição dos rios e do grande e rápido crescimento
das cidades (SOUZA, 2004, p. 11).
2.2 ANONYMOUS
Com tal crescimento da população e mudanças de hábitos, vários novos
grupos vêm se formando e novas formas de se comunicar e divulgar ideias vem
surgindo. Uma das ferramentas que mais toma destaque é a internet e foi nela que
surgiu o grupo que deu início a nosso objeto de estudo. Em uma pesquisa divulgada
pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e da Comunicação
(CETIC), foi visto que o número de internautas brasileiros em Junho deste ano
ultrapassava os 40 milhões, em 2000 eram pouco mais que quatro milhões 6. Sendo
o Brasil o 5º país com maior número de conexões a internet ele não fica de fora de
novos movimentos sociais que surgem, e também faz parte do grupo Anonymous.
Muitas histórias foram criadas para descrever o início do grupo ANONYMOUS
(ou simplesmente ANONS). A ideia teria começado em 2003 no imageboard, um
fórum na internet onde a imagem de Guy Fawkes, personagem desenhado por
David Lloyd para o livro V de Vingança e criado por Alan Moore, foi colocada como
representante do grupo que estava sendo formado baseado na anarquia defendida e
posta em prática através da internet. O personagem, que a princípio fazia parte de
um quadrinho criado por Alan Moore, é um defensor da liberdade que tem como
objetivo se vingar daqueles que praticam a injustiça através do poder do estado e o
afetam de alguma forma. Outros afirmam que o grupo se iniciou no fórum 4chan em
2004. Um famoso vídeo disponibilizado na internet, diz que o movimento se firmou
realmente em 15 de Junho de 20117.
O Anonymous se descreve como uma ideia que se divide num plano de três
fases, elas dão ênfase as palavras: unir, organização e mobilização. Um dos
6
7
Vejam os números da internet no Brasil em http://www.cetic.br/usuarios/ibope/tab02-01-2012.htm
Ver vídeo do site Youtube http://www.youtube.com/watch?v=jsx3skXvsZ0
13
objetivos citados no início do surgimento da ideia Anon era a contenção de Wall
Street, e tal tentativa realmente foi feita como veremos adiante.
O “hacker ativismo”, ou “hacktivismo”, como é chamado, nada mais é do que
ações de cunho social realizadas através de redes de relacionamento como fóruns
de conversa, Facebook, twitter, sites, blogs. Os “anons”, representados por Guy
Fawkes podem ser qualquer um. As ideias, ações, informações, assim como a
ideologia anonymous são divulgadas a partir de textos, vídeos e conteúdos postados
na internet. Um dos primeiros protestos do grupo foi contra a “Igreja da Cientologia”
com ideias divulgadas a partir de um vídeo8. Outro episódio se deu no período em
que sites de compartilhamento de conteúdo estavam sendo censurados, os
Anonymous se organizaram e fizeram a ação “Operation Payback” (Operação
Vingança, em tradução livre) que derrubou por mais de 30 horas sites de
organizações que faziam parte da censura e também de grupos envolvidos, como
escritórios de advocacias e empresas. Em matéria pro site SuperDownloads, de dois
de Fevereiro deste ano, André Felipe de Medeiros confirma que, após o bloqueio do
site de compartilhamento Megaupload, os “anons” como forma de protesto,
fecharam 14 websites, como da Universal Music, da Casa Branca, do Departamento
de Justiça e do FBI9.
O grupo tem seus fóruns em vários países nos quais centenas de pessoas
participam de ações hacker ativistas, algumas dessas não se resumem a
derrubadas de sites, e os anonymous munidos da máscara de V de Guy Fawkes,
vão às ruas para protestar um fato específico ou uma sequência de acontecimentos.
O Anonymous frequentemente faz ameaças a sites como o site de notícias da
Fox News. Aqui no Brasil já tentaram derrubar o site da grande rede de televisão
Globo. Protestos como criar seu próprio site de uploads, divulgar informações
secretas do governo e órgãos públicos também são comuns. Eles também são
responsáveis por denúncias contra sites que divulgavam pedofilia na internet,
revelando a identidade dos computadores de usuários (Internet Protocol, ou
simplesmente Ip que é o número de identificação de um computador e que o liga a
rede e outros computadores) estes foram achados e presos10 (2012).
8
9
10
Ver vídeo no site Youtube http://www.youtube.com/watch?v=JCbKv9yiLiQ
Ver o que é Anonymous em http://www.superdownloads.com.br/materias/o-que-e-anonymous.html
Site TechTudo
14
Há centenas de vídeos na internet que divulgam o plano e os conceitos do
grupo, na maioria desses vídeos a frase “Nós somos Anonymous. Nós somos
Legião. Nós não perdoamos. Nós não esquecemos. Esperem por nós” se torna
jargão daqueles que fazem ativismo no anonimato.
Em 2011, o movimento teve participação em eventos como Operação Malásia
e Síria11, protesto anti SOPA (Stop Online Piracy Act, movimento que solicitava
bloqueio dos sites de compartilhamento nos Estados Unidos), Primavera Árabe
(onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio e no Norte da África desde o
início de 2010). Os anons participavam fornecendo suporte de comunicação na
internet a essas movimentações. O OcuppyWallStreet, que veremos mais adiante,
também foi fortemente apoiado pelo anons que divulgavam as ideias do movimento
e muitos também ocuparam de fato as ruas para protestar contra o capitalismo
atual12.
Aqui no Brasil, o Anonymous também fornece grande divulgação de
informações através de redes sociais, fazem petições, protestos físicos e internéticos
contra leis que estão sendo votadas, twittaços contra políticos considerados
corruptos, e apoio a qualquer tipo de ação que vise o bem social e a transparência
de informações que envolvem interesse público.
O movimento chamado “99%” foi um dos que mais teve destaque nos últimos
tempos. A ideia consistia na divulgação de vídeos em que pessoas comuns que
sofreram algum tipo de repressão do sistema contavam sua história, representando
a porcentagem que não faz parte da minoria que concentra o maior poder
econômico13. Poder econômico este que tem como um dos pontos principais de
concentração Wall Street, em Nova York. Lá, as principais bolsas, empresas, e
orgãos da econômia mundial tiveram sede, e o lugar se tornou alvo do grupo
Anonymous.
O grupo adicionou as ideias principais do Anons a antiga prática social de
domínio do espaço público. Começou-se então a divulgar a ideia dos 99% poderem
ocupar Wall Street para discutir ideias em praça publica, alcançando qualquer
11
12
13
A Operação Malásia – Anonymous fizeram uma sequencia de ações contra o bloqueio de sites de
compartilhamento no país ocorrido em 2011 e solicitado pela Comissão de Comunicação da
Malásia. A operação Síria consistia na invasão de sites que eram usados para divulgar estatísticas
dos conflitos existentes no país. Cerca de 7 sites foram invadidos mostrando um mapa com esses
números
Ver no site http://anonanalytics.com/
Ver no site Ocupa Brasil http://www.ocupabrasil.com/
15
pessoa interessada e podendo assim gerar a conscientização da situação politica e
econômica atual. De alguma forma então um grupo surgido na atualidade retoma a
ideia da Polis grega e da ideia de ocupação de lugares públicos. Miguel Midões 14 em
artigo descreve a Polis antes do século XVI como uma discussão limitada a
questões do estado visando um bem comum e da qual participavam os cidadãos
livres. Isso coloca em termos simples o início da ocupação do Wall Street.
2.3 OCCUPY WALLSTREET
O movimento teve início em 17 de Setembro de 2011 nos Estados Unidos,
como protesto não violento à crise econômica que afetou vários países estrangeiros.
A ideia baseava-se na ocupação do grande centro financeiro do país onde um
acampamento foi montado e ficaria lá até quando fosse permitido em atitude de
resistência. Junto ao acampamento, os ocupantes organizavam assembleias,
discussões e manifestos. Os protestos também eram direcionados a outros
problemas sociais como desigualdade, consumismo excessivo e uma forma
realmente efetiva de democracia15.Tais ações tiveram seu engatilhamento através
do movimento “99%” iniciado pelo grupo Anonymous e que vimos anteriormente. O
sociólogo Immanuel Wallerstein (2011), em artigo publicado na revista eletrônica
“Outras Palavras”16 diz que pela primeira vez em muito tempo, pessoas comuns
passaram a discutir a natureza do sistema no qual vivem (WALLERSTEIN, 2011).
Voltando um pouco, ainda podemos citar Karl Marx em sua obra “O capital” no qual
discorre sobre a autodestruição do capitalismo, um sistema que muda e vive de
fases ao longo da história e acabaria se autodestruindo, ou sendo destruído por
pessoas que tem participação nele e o entende.
O que começamos a ver de forma mais efetiva foi a tentativa de dominação
do espaço público utilizando-se das novas forma de comunicação social. O
acampamento se tornou um grande centro de produção e divulgação de informações
de cunho social, também as praças públicas já não eram associadas e imagem do
Estado.
14
15
16
Novos e Velhos meios de comunicação na esfera pública de Habermas – Mestrado em
Comunicação Pública, Política e Intercultural na Universidade de Trás os Montes e Alto DouroUTAD
Ver em http://occupywallst.org/
Revista Outras Palavras: http://www.outraspalavras.net/2011/10/14/o-tempo-em-que-podemosmudar-o-mundo/
16
Essa nova esfera social já havia sido citada como, por exemplo, por João
Carlos Correa que tenta descrevê-la, “a nova esfera identificou-se pelo exercício da
racionalidade por parte de sujeitos que se olham a si próprios como livres e iguais,
pela articulação entre comunicabilidade e exercício da razão, e pelo fato de a forma
de relacionamento entre seus membros implicar a interação e o livre questionamento
crítico com base na pura e simples troca de argumentos” (CORREA, 1998, p. 22).
Antes disso, e paralelamente ao Ocuppy, vários movimentos vinham tomando
destaque como a Revolução no Egito17 e as chamadas Revoluções Coloridas18.
2.4 OCUPA BRASIL
A partir de 2012, o Brasil começa a importar de forma mais efetiva essas
movimentações. Inspirando-se no movimento Ocuppy, algumas cidades começam a
montar seus acampamentos.
As manifestações do Ocupa ocorreram nas cidades de São Paulo, Rio de
Janeiro, Campinas, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba. As ocupações começaram a
se manifestar após o dia 15 de outubro de 2011.
Em Salvador, os membros ficaram acampados 30 dias na Praça dos
Indignados em Ondina. No dia 15 de novembro 2011 os participantes se retiram do
local, mas continuam seus trabalhos pela internet principalmente através do site
http://www.ocupasalvador.org/. Na praça, além do acampamento foram realizadas
as ações culturais envolvendo teatro, musicais e apresentações de artistas de rua, e
também assembleias diárias onde havia discussões livres, entre atividades na praça
e em outros pontos da cidade19.
São Paulo teve cerca de 400 campistas que conseguiram ficar dias no
Viaduto do Chá, Vale do Anhangabaú, desde o dia 15 de outubro de 2011. Entre
todas as atrações culturais, o Acampa Sampa, como também é conhecido, contou
com a ajuda de outras manifestações e outros grupos que ajudaram a fazer
passeatas, manifestação e cursos de primeiros socorros em parceria com os
Bombeiros. Com suas manifestações, o OcupaSampa conseguiu interromper a
17
18
19
Teve início em Janeiro de 2011 e teve apoio e grande destaque em várias redes sociais o que
garantiu um rápido alcance a pessoas de outros países, veja mais em
http://www.outraspalavras.net/2011/02/06/egito-revolucao-espontanea-e-das-margens/
Ver mais em http://michelamaryneto.wordpress.com/tag/revolucao-colorida/
Retirada do site do Ocupa Salvador: http://www.ocupasalvador.org/
17
construção de uma ensecadeira no rio Xingu em Belo Monte no Pará. Eles se
juntaram com outros grupos e moradores locais e conquistaram a batalha contra a
construção no rio no dia 18 de Janeiro de 2012. Os grupos Movimento Passe
Livre20*, Coletivo armas menos letais, Combio Ocupação Urbana e Movimento
Nacional da População de rua, foram alguns dos grupos que ajudaram a formar o
acampamento da cidade paulista (Site Diário de São Paulo, 18 de Outubro de 2011).
Além de contarem com o site do Acampamento, no qual são explicadas todas
as reuniões, encontros e manifestação, eles contam com uma equipe de
Comunicação que fazem mini videodocumentários onde são mostradas as ações e
manifestos do Ocupa21. Outra cidade que também ganhou um acampamento foi
Campinas, onde as barracas estavam instaladas na Catedral Metropolitana desde o
dia 11 de novembro de 2011.
O OcupaRio ocorreu após uma manifestação no dia 15 de outubro de 2011,
se instalaram com 65 barracas e 250 pessoas que visitavam o acampamento na
cidade da Cinelândia no Rio de Janeiro no dia 22 de outubro de 2011. Além desse,
no Rio também tem o OcupaNiterói, que se instalou nas areias da Praia de Icaraí,
em frente a Praça Getúlio Vargas e fizeram um pequeno acampamento de dois dias
na Praça da República, depois de uma marcha para defender vários assuntos, entre
eles saúde e educação. O Ocupa Rio chegou a fazer greve de fome em protesto
pelo Pinheirinho, se juntaram a causa do Rio Xingu e fizeram várias manifestações.
Após dois meses de acampamento, eles foram convidados a se retirar, mas fizeram
um panelaço contra a remoção de suas barracas22.
Em Belo Horizonte os integrantes do OcupaBH estão acampadas na Praça da
Assembléia, e assim como a mobilização planetária, deu inicio as atividades de
ações culturais e reivindicações no dia 15 de outubro. Ocupando um bairro de elite
na cidade, eles colocam em prática as atividades diárias no acampamento e fizeram
manifestações e passeatas.
O resumo geral das ocupações pelo Brasil se dá à Democracia Real, ao
sistema de governo, ao sentido real que a palavra governo representa, batalha
contra a corrupção, luta contra vários tipos de preconceitos23.
20
21
22
23
O Movimento Passe Livre defende o livre acesso dos cidadãos ao transporte público, ver mais
em http://www.mpl.org.br/
Retirada do site do Ocupa São Paulo: http://15osp.org/
Retirada do site do Ocupa Rio: http://ocupario.org/
Idem 3
18
A ocupação em Curitiba será um tópico a parte deste trabalho, pois esse é
nosso principal objetivo: retratar as ideias dos ocupantes do acampamento na
cidade de Curitiba.
2.5 OCUPA CURITIBA
Curitiba, no dia 13 de Janeiro de 2012 às 14 horas de uma sexta-feira
também deu início a sua ocupação. Partindo de um pequeno grupo ativista local, o
movimento começou a ser divulgado pela rede social facebook e conseguiu em
poucos dias mais de 800 membros no grupo do movimento na internet.
O local escolhido foi a Praça Santos Andrade palco de onde saíram muitas
ações populares ocorridas na capital como Passeata Dia do Basta, passeata do
movimento Veta Dilma, Passeatas do grupo Acorda Cidadão entre outros. Mas no
acampamento, após um mês iniciada a ação, com grande custo o Ocupa chegou a
10 barracas e até sua primeira queda contava com não mais que 3 ocupantes 24.
Relatos de alguns dos integrantes indicam uma possível falta de organização inicial
que levou a derrubada das barracas.
O movimento teve algum destaque, mas agora dá um passo para trás para
tentar uma reestruturação. Acampamento desmontado, o grupo realiza assembleias
e ações que não contam com as mesmas pessoas em todos os encontros, mas esta
em constante tentativa de criar princípios básicos e claros para estruturar uma
ocupação na cidade. “Retroceder para evoluir” é uma das frases usadas para
descrever o momento pelo qual o movimento vem passando. Para Baumman (2001)
em sua obra “Modernidade Líqudida” cita então Cornelius e diz “o que está errado
com a sociedade em que vivemos, diz Cornelius Costoriadis, é que ela deixou de se
questionar” (BAUMMAN, 2001, p. 30). Ainda para Baumman 2001:
Somos ‘seres reflexivos’ que olhamos de perto cada movimento que
fazemos (...), no entanto essa reflexão não vai longe o suficiente para
alcançar os complexos mecanismos que conectam nossos grupos (...) e
condições que mantenham esses mecanismos em operação (BAUMMAN,
2001, p. 31).
24
Informações presentes no documento de conceitos internos do movimento, compartilhado para as
autoras pelos ocupantes.
19
Vamos então analisar tal laboratório no movimento ocupa local para entender
como funcionou nele, essa reflexão entre os grupos participantes.
2.2.1 Como o Ocupa Curitiba foi retratado nos jornais locais
O Ocupa Curitiba não teve um grande destaque nos meios de comunicação
ou um aprofundamento por meio dos mesmos. Além das redes sociais, como
facebook, twitter e tumblr, o grupo tem um canal no site Youtube, no qual os
integrantes postaram vídeos sobre passeatas e manifestações. Durante o período
de análise dos meios de comunicação, nos meses de novembro de 2011 e fevereiro
de 2012, o movimento foi citado em cinco jornais eletrônicos e impressos de
Curitiba. Uma das primeiras entrevistas cedida pelos ocupantes foi para a rede CGN
no dia 17 de janeiro de 2012, explicando o que era o acampamento, outra matéria
na qual foram citados foi no jornal impresso Gazeta do Povo. Neste a primeira
citação foi feita no mês de outubro de 2011 do mesmo mês em que a organização
do grupo se iniciou na internet. No dia 17 de janeiro de 2012, a Gazeta publicou em
seu caderno “Vida e Cidadania” outra matéria, agora mais extensa, sobre o grupo e
a inspiração no movimento WallStreet. No jornal online “Jornal Comunicação” o
movimento teve um espaço para explicar todas as atividades, e do que se trata o
movimento. Outros jornais como Jornal Centro Cívico e Jornal Alto da XV em 1º de
Março de 2012, relataram que o movimento chegou em Curitiba depois de passar
por outros países e cidades do Brasil, e pelo destaque na mídia quando ocuparam
WallStreet.
Uma ferramenta jornalística que pode ser usada para retratar e analisar o
movimento OcupaCuritiba é um videodocumentário que abranja a ideia e o
pensamento dos representantes do movimento, e onde eles mesmo sejam
colocados diante de questões sociológicas, sociais e de comunicação. A informação
sobre o assunto pode causar o questionamento por parte da sociedade, algo que até
agora ainda não foi feito.
2.6 PROBLEMATIZAÇÃO
Após apresentado as questões em torno do OcupaCuritiba, como o
videodocumentário pode servir para a reprodução da ideia dos ocupantes?
20
2.7 HIPOTESES
É possível fazer um videodocumentário jornalístico sem retratar temas
abordados pela imprensa local usando os depoimentos dos ocupantes do
movimento OcupaCuritiba.
21
3 OBJETIVO
3.1 OBJETIVO GERAL
3.1.1 Apresentar através de um videodocumentário jornalístico, as ideias dos
participantes do OcupaCuritiba, por meio do depoimento e histórias vividas pelos
participantes.
3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS
3.2.1 Registrar a história de um período vivido pelo Ocupa e a cidade de
Curitiba.
3.2.2 Trazer uma análise dos participantes da forma como o acampamento
foi retratado na mídia.
3.2.3 Mostrar a importância da junção social através de histórias de
convivência no loboratório criado pelo Ocupa.
3.2.4 Criar um produto que traga noções sobre o Ocupa e a espaço público
como inspiração para debates sociais.
22
4 JUSTIFICATIVA
A escolha pela extensão do movimento “Ocuppy” na cidade de Curitiba se deu
pelo fato de que a capital paranaense foi uma das cidades que fez parte do
movimento mesmo tendo pouca efetividade em sua realização. Viemos através
deste, tentar entender a ideologia de um grupo social existente na capital e qual sua
relação com os meios de comunicação e a sociedade em geral.
Em conversas com os integrantes que estavam no acampamento, ocorrido no
início de 2012, pode-se perceber a dificuldade da propagação das ideias defendidas
pelos ativistas. Nenhum material oficial trazia mais informações sobre o que estava
sendo feito e os debates promovidos pelos ocupantes sobre assuntos sociais
acabavam não saindo do círculo dos envolvidos. O questionamento sobre o que era
o acampamento e como poderia ser realizado se tornou mínimo dentro da cidade.
Paralelamente a isso, as poucas vezes que o movimento esteve presente nos
meios de comunicação25, eram descritos com estereótipos dos manifestantes que
acabam por generalizar uma ação que tinha intenção de unir diferentes grupos
sociais. “A mídia pode influenciar nesse processo de estereotipia, através da
manutenção e divulgação desses estereótipos ou da transgressão dos padrões,
através de rupturas com a norma estabelecida” (STRASSBURGER E SILVEIRA,
2008, p. 2).
Partindo do conceito “pós moderno” analisado por Baumman (2001)
vemos que na sociedade atual há atitudes baseadas em ideias que são defendidas
por um pequeno período de tempo. Ainda seguindo os pensamentos do sociólogo,
vemos a importância que se dá ao indivíduo na pós-modernidade26 o Ocupa Curitiba
foi um movimento social feito por indivíduos sem relações estreitas com cargos de
poder. Mesmo os integrantes que não iam às ruas faziam movimentações na
internet, divulgando informações e dados sobre fatos ocorridos na política ou
economia em blogs, por exemplo, criados e alimentados por pessoas que não tem
relação direta com a “mídia oficial”, como blogs. Um movimento defensor de direitos
de uma sociedade em geral que sem apoio da mídia queria despertar o valor ético,
25
26
Ver argumentação em Como o Ocupa Curitiba foi retratado nos jornais locais, p. 19.
Idem 5
23
humano e moral.
A apresentação dos membros como indivíduos é a marca registrada da
sociedade moderna. Essa apresentação, porém, não uma peça de um ato: é
uma atividade reencenada diariamente. A sociedade moderna existe em sua
atividade incessante de “individualização”, assim como as atividades dos
indivíduos consistem na reformulação e renegociações diárias da rede de
entrelaçamentos chamada “sociedade” (BAUMAN, 2001, p. 39).
Para Baumman, essa individualização consiste em transformar a “identidade”
humana de um “dado” em uma “tarefa” e encarregar os atores da responsabilidade
da realizar essa tarefa e das consequências (2001, p. 40). Aplicando tal pensamento
a nosso objeto de estudo podemos perceber que o movimento ocupa foi uma junção
da individualidade em vários sentidos que resultou em uma ação coletiva posterior,
ação essa que mesmo após seu início não se desvencilhou da presença do
individual em vários sentidos.
Segundo Maria da Glória Gohn esses movimentos sociais “são vistos como
comportamentos coletivos originados de períodos de inquietação social, de
incertezas, onde ações são frustradas e/ou reprimidas” (1991, p. 31). Esses
movimentos passam a existir, a partir do momento que a sociedade tem um
costume, seja político ou não, mudado pelo Estado. Para Weber, a ação social
depende do seu valor ético na sociedade (CABRAL, 2012).
O filósofo Luiz Felipe Pondé diz “Consciência pós moderna não consegue
acreditar em nada por mais de duas horas”
27
(2011). Pondé (2011) também pensa
que a pós modernidade é caracterizada pelo pensamento raso e análise insuficiente
das atitudes, talvez o movimento Ocupa Curitiba tenha feito e ainda faça parte deste
comportamento.
Em artigo publicado no jornal Gazeta do Povo, onde se fazia uma
comparação do movimento Ocupa na capital e o carnaval fora de época o jornalista
Rodrigo Dedha diz “A mensagem tem de ser clara e simples... As pessoas podem
até ter simpatizado com o movimento, mas não viram razão para ocupar a praça”. 28
(2012).
Através de um vídeo documentário pode-se trazer de forma clara e objetiva
27
28
Retirada da entrevista na Tv Cultura: http://www.youtube.com/watch?v=58MMs5j3TjA
Retirada da matéria publicada na Gazeta do Povo em 20 de Fevereiro de 2012:
http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?id=1225350
24
um entendimento sobre o que os participantes do movimento reconhecem como
deficiências do projeto, se são todas ou as mesmas citadas nos meios de
comunicação. Essa ferramenta tem como característica, segundo Machado (2006),
representar a realidade por meio de mensagens em forma de imagem que trás a
proposta de facilitar a aceitação e compreensão do telespectador (2006, p.6).
“O
vídeo
documentário
se
caracteriza
por
apresentar
determinado
acontecimento ou fato, mostrando a realidade de maneira mais ampla e pela sua
extensão interpretativa” (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 15)
Partindo desse ponto, podemos conhecer as divergências que existem entre o
que é publicado e o que realmente aconteceu e ainda acontece no movimento.
Levando também em conta o papel social do jornalismo, identificando se há um
questionamento instigado pela mídia da situação política atual e da atuação social
de pessoas comuns, que não tem papel de grande influência econômica ou política
na cidade.
Para Zandonade e Fagundes, a jornalista Naide Duarte explica que o vídeo
documentário “espalha ideias e pensamento pelo ar, para que deles alguma coisa
frutifique, ainda que não se perceba, ainda que não se veja, nem saiba.” (2003, p.
16). Aí cabe a intenção de através de ele trazer informações e análise sobre uma
ação de duração física rápida. “Nos documentários, encontramos histórias ou
argumentos, evocações ou descrições, que nos permitem ver o mundo de uma nova
maneira” (NICHOLS, 2005, p. 28)
O documentário pode ser confundido com reportagem especial, mas o que o
diferencia são as formas mais soltas e a não necessidade de se basear somente em
fatos, podendo fugir um pouco da linguagem jornalística e usar textos mais informais
(MACHADO, 2006, p. 6).
“O documentário acrescenta uma nova dimensão à memória popular e a
história social” (NICHOLS, 2005, p. 27).
Seguindo a linha de estudo, Nichols explica que os documentários de
representações sociais, não são ficcionais por mostrar aspectos da sociedade que já
ocupamos e estamos ainda compartilhando (2005, p. 26).
25
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta etapa do trabalho a discussão é centralizada na teoria utilizada para
embasar o tema proposto, bem como nos debates pertinentes apresentados pelo
formato do produto. Desta forma, os reflexos da teoria dos Movimentos Sociais
sobre
a
área
de
atuação
do
jornalismo
e
questões
relacionadas
ao
videodocumentário são colocados em evidência.
5.1 MOVIMENTAÇÃO SOCIAL E COMUNICAÇÃO
Em 1980 os movimentos sociais tiveram grandes influências a partir das
manifestações das “Diretas Já” (SOUZA, 2004, p. 2). No final do século XX e inicio
do XXI, as manifestações sociais se tornaram mais populares. No Brasil movimentos
ligados à escravatura e à conquista da independência política do país já eram
comuns entre o século XIX. (SOUZA, 2004, p. 8)
Para Souza (2004), é importante lembrar que os movimentos populares dão
contexto no desenvolvimento da sociedade (2004, p. 15). Assim, as movimentações
sociais atuavam como uma rede de serviços e informações, que buscavam ligar
grupos e pessoas (LACERDA, 2012, p. 7). Cicilia Peruzzo (1999) admite que a
sociedade civil esteja ocupando novos espaços ou canais, e formando uma
comunicação popular, uma comunicação voltada para o povo e sobre o povo (p.
120).
Ao mesmo tempo que visualizamos inúmeras ações coletivas e nelas os
movimentos sociais, de cunho local e planetário, articulados via mídia
eletrônica, presenciamos organizações pontuais que podem possibilitar a
ampliação de práticas democráticas ou manter uma atuação isolada com
relação aos demais atores da sociedade civil. Cabe aos atores organizados
da sociedade, na busca de um projeto alternativo para o país, pensarem
estratégias de atuação conjunta e “comunicativa”. (SOUZA, 2004, p.15)
Já Baumman (2001) diz que este “comunitarismo e uma reação esperável à
acelerada 'liquefação' da vida moderna, uma reação antes e acima de tudo ao
aspecto de vida.” Dando ênfase ao “desequilíbrio entre liberdade e as garantias
individuais“ (BAUMMAN, 2001, p. 195).
Partindo do ponto em que os movimentos sociais são uma rede de
comunicação, o uso da internet fez crescer as movimentações e “a redefinição do
espaço público, garantindo a implementação de novas formas de ativismo,
26
produzindo novas identidades e criando cenários para a deliberação pública” (RIOS,
2005, p. 2). A rede de computadores permite romper a teoria de espaço-tempo,
favorecendo assim uma nova forma de interação entre os agentes sociais que lutam
pelo mesmo objetivo (RIOS, 2005, p. 2).
Essa ideia de comunicação social através da internet pode ser vista com mais
frequência desde o ano de 2011, foram à epidemia como chama Henrique Carneiro
(2012), em artigo público no livro OCCUPY, “o movimento estendeu-se de forma
epidêmica, no sentido grego original da palavra, que indica não só uma doença, mas
algo que ocorre com muita gente do povo” (HARVEY, 2012, p. 9).
(...) uma onda de catarse política protagonizada especialmente pela nova
geração, que sentiu esse processo como um despertar coletivo propagado
não só pela mídia tradicional da TV ou do rádio, mas por uma difusão nova,
nas redes sociais da internet, em particular o Twitter, tomando uma forma
de disseminação viral, um boca a boca eletrônico com mensagens
replicadas a milhares de outros emissores (HARVEY, 2012, p.9).
Giovanni Alves (2012) também observa o poder dos sites de relacionamento
nos desfechos das ações utilizando as redes sociais como o Facebook e o Twitter
“ampliando a área de intervenção territorial e mobilização social. Produzem sinergias
sociais em rede, tecendo estratégias de luta territorial num cenário de crise social
ampliada” (HARVEY, 2012, p. 33). Ele ainda afirma que os ativistas “expõe, com
notável capacidade de comunicação e visibilidade, as misérias de ordem burguesa
(...)” (HARVEY, 2012, p. 33). Movimentos como OccupyWallStreet, Movimento dos
Indignados e Movimento Geração à Rasca, segundo Alves, são exemplos candentes
de verdadeira globalização “ dos de baixo”, que hoje se contrapõe à globalização
dos “de cima” (HARVEY, 2012, p. 32). É um crescente poder da população comum
que, através da capacidade e meios de comunicações livres vem se juntando para
formar uma massa que vem contra uma elite dominante.
Baumman (2001) vem dizer que essa é uma forma de se afastar de técnicas
que permitem que o sistema e os agentes livres se mantenham desengajados e que
se desencontrem em vez de encontrar-se (p. 12). Como Gonh (1995) pensa, é
necessária essa nova forma de inclusão social, é preciso que sejam respeitados os
direitos de cidadania e que aumentem progressivamente os níveis de participação
democrática da população (GOHN, 1995, p. 357). A autora também critica o fato de
que a grande mídia ainda não retrata os movimentos de forma imparcial, “quando
27
são noticiados é sempre em função de algum desastre e não de suas conquistas”
(GOHN, 1995, p. 188).
Os movimentos sociais atuais trazem a ideia de desconstruir a ordem vigente
no mundo atual, a ordem significa a monotonia, regularidade, repetição e
previsibilidade, “(...) uma situação está em ordem se alguns eventos têm maior
probabilidade de acontecer do que suas alternativas” (BAUMMAN, 2001, p. 66).
Entende-se assim que o poder e livre acesso a determinadas mídias se tornam a
alternativa atual para disseminação dos movimentos em conjunto que visam um bem
social.
(...) o que eles compartilhavam era um pressentimento de um mundo
estritamente controlado, de liberdade individual não apenas reduzidas a
nada ou quase nada, mas agudamente rejeitada por pessoas treinadas a
obedecer às ordens e seguir rotinas estabelecidas, de uma pequena elite
que manejava todos os cordões (...) (BAUMMAN, 2001, p. 64; em
referência a obra de George Orwell).
A internet causa a troca de ideia, seja por meio de fóruns ou troca de e-mails,
facilitando assim a comunicação entre os cidadãos, “haja vista que não há como
pensar em ativismo na rede sem considerar a dimensão humana e democrática em
que as pessoas, os cidadãos, devem ser tidos como peça fundamental” (RIOS,
2005, p. 3).
Segundo Aline Rios (2005), com a internet aumenta a aglomeração de
cidadãos que simpatizam com as causas que afetam mundialmente. Por outro lado,
a aqueles que não estão envolvidos nas ações sociais, mas que vêem em si próprio
um agente social que deve ir à “luta por melhores condições de trabalho entre outras
razões publicas” (RIOS, 2005, p. 4).
Gohn (2010) cita o poder do bom uso midiático para os movimentos sociais
quando citou Poupeau, “(...) estes movimentos transformam os meios em fins, o
êxito é dado não pelas conquistas, mas pelo número de participantes e seu impacto
midiático na sociedade”. Lembrando também que “a mídia e sua cobertura torna-se
elementos estratégicos nessa configuração” (GOHN, 2010, p. 339). Para o autor, a
mídia contribui para a direção do movimento, pois o movimento social precisa de
visibilidade (GOHN, 2010, p. 339).
Mesmo com a aproximação desses agentes sociais pelo uso da internet, o
espaço público ainda é necessário. Baumman (2001) diz que “se o tempo das
revoluções sistêmicas passou, é porque não há edifícios que alogem as mesas de
controle” (BAUMMAN, 2001, p. 12). Assim as ações sociais se dão também pela
28
ocupação de espaços públicos, e ferramentas midiáticas além da internet como
mídia
impressa
alternativa
e
audiovisual,
então
consideremos
um
videodocumentário.
Para Penafria (2004), o documentário tem o objetivo de voltar à atenção dos
espectadores para os fatos cotidianos e estabelecer uma ligação entre os
acontecimentos (p. 5). Ainda segunda ela, “só por si documentário é um termo que
arrasta consigo um peso: a obrigação de 'representar a realidade'” (PENAFRIA,
2006, p. 2). Por tanto, documentar algo seria passar através de filme ao real para
espectadores.
5.2 O CONCEITO DE DOCUMENTÁRIO E A TRANSFORMAÇÃO PARA O DIGITAL
Ao registrar a saída dos trabalhadores das fábricas Lumière, os irmãos
Lumière deram início ao registro de acontecimentos em forma de filme, “Essas
primeiras obras serviram tipicamente como 'origem' do documentário ao manter 'fé
na imagem'” (NICHOLS, 2005, p. 118). Ao registrar os trabalhadores saindo da
fábrica ou a chegada do trem à estação, os irmãos Lumière fizeram daquele
momento um pequeno passo para o documentário, mesmo com pouca técnica, eles
faziam registros do cotidiano e o reproduziam de maneira misteriosa (NICHOLS,
2005).
Mas segundo Nichols (2005) o “pai” do documentário foi Robert
Flaherty, que filmou a vida dos inuits em “Nanook, o Esquimó” em 1922 com uma
narração diferenciada e também com John Grierson com o desenvolvimento
comercial do gênero estabelecido. Flaherty inovou as filmagens fazendo com que
todos pensassem que as imagens do seu trabalho fossem feitas dentro de iglus,
quando na verdade foram gravadas com apenas a metade de um iglu além de terem
sido gravadas ao ar livre. “Isso deu a Flaherty luz suficiente para filmar, mas exigiu
que seus personagens atuassem como se estivessem no interior de um iglu de
verdade, quando não estavam” (NICHOLS, 2005, p. 120), o que mostra que não são
apenas as fotos que podem ser modificadas, mas também as filmagens. (NICHOLS,
2005)
No entanto, definir o que seria documentário não seria tão simples. “Na
verdade, alguns filmes de ficção, como Ladrões de Bicicleta (1947), de Vittorio de
Sica, também compartilham essas características com Nanook sem, de modo algum,
29
serem considerados documentários” (NICHOLS, 2005, p. 49). Para Penafria
qualquer filmagem, sendo ele construído propositalmente ou não para o filme, no
sentido de documentar algo, se torna um filme documental. (2004, p.5)
Entre os gêneros dos filmes documentários, Nichols (2005) apresenta seis
subgêneros que são formados por poético, expositivo, participativo, observativo,
reflexivo e performático. Ainda segundo o autor, o documentário “propicia
expectativas específicas que os espectadores esperam ver satisfeitas” (p. 135). No
entanto, Nichols (2005) deixa claro que o filme pode ter mais de uma definição, que
não precisa se identificar totalmente com um dos subgêneros. “Um documentário
reflexivo pode conter porções bem grandes de tomadas observativas ou
participativas” (p. 136)
Ainda segundo Nichols (2005), um documentário tem a mesma função de um
advogado quando “representa os interesses de um cliente: colocam diante de nós a
defesa de um determinado ponto de vista ou uma determinada interpretação das
provas” (p. 30). O documentário, portanto, busca mostrar qual a natureza do
assunto, para assim influenciar nas opiniões.
Os documentários, como explica Dulcília Buitoni (2008), “podem fugir os
padrões jornalísticos habituais sem perder o caráter de registro.” Algumas formas de
documentário são usadas como matérias jornalísticas para canais específicos e para
webjornalismo (BUITONI, 2008, p. 93).
Junto com o cinema, o documentário teve seus primeiros experimentos. Com
a chegada da televisão, este tipo de filme passou a ter maior acesso e a utilizar o
meio digital para garantir maior qualidade tanto de armazenamento quanto de
desenvolvimento (SACRINI, 2004, p. 3). Para Sacrini o desenvolvimento do
documentário está constantemente ligado à evolução tecnológica, “A tecnologia
digital, além disso, permite a convergência de mídias numa escala jamais pensada
nos suportes analógicos de produção documentarista” (p. 3).
Os filmes voltados para a Web29 são diferenciados dos documentários
tradicionais, mas podem ter seu uso combinado (SACRINI, 2004, p. 3). Ainda
segundo Sacrini, “deve-se esclarecer que um filme documentário digitalizado,
transmitido
29
pela
Web,
não
se
configura
necessariamente
Interface gráfica da Rede Mundial de Computadores; Internet; www
como
um
30
webdocumentário, pois não incorpora em si os elementos significativos de
linguagem e os aspectos formais consagrados no meio” (p. 3).
Para Penafria (1999), o documentário sendo visto como um gênero de filme,
pode se tornar “um produto interativo” e “tratar-se da possibilidade de uma produção
renovada e inovadora” (p. 4). Com a tecnologiaa, o gênero passa a ter uma evolução
e diversificação nos meios de produção do documentário. “Um documentário digital
para cuja produção se utilizam os mesmos meios que para a produção multimédia
será um produto interativo que tem como base as características do documentário”
(PENAFRIA, 1999, p. 5).
Além disso, “podemos afirmar que há uma maior mobilidade na recolha de
imagens com as câmeras de filmar mais pequenas e manejáveis” (PENAFRIA, 1999,
p. 5), capitando um maior número de imagens e tornando assim o documentário
mais interativo.
O documentário é um gênero cujo maior atributo é ser uma porta aberta
para o mundo, para diferentes olhares sobre o mundo, para a reflexão sobre
o mundo e é, para quem a eles se dedica, um espaço aberto para a
experimentação e exploração criativa. O gênero documentário reinventa-se
cada vez que é produzido um novo documentário (PENAFRIA, 1999, p. 7).
O documentário digital então, propõe uma evolução do documentário
tradicional, dando espaço para conteúdos e formatos diversos, além de não se
pautar “apenas por um grandioso e inquestionável valor social ou histórico, como por
novas formas de construir argumentos sobre o mundo” (PENAFRIA, 1999, p. 7), mas
mantendo sua característica de aprofundamento sobre o mundo de uma maneira
mais atrativa.
5.2.1 O modo reflexivo do documentário
A escolha do estilo de documentário foi o modo reflexivo. De acordo com
Nichols (2005), “em lugar de ver o mundo por intermédio dos documentários, os
documentários reflexivos pedem-nos para ver o documentário pelo que ele é: um
contexto ou representação” (p. 163). Esta forma de fazer uso desta ferramenta
midiática também está incluída na tese do autor de que “um documentário só é bom
quando seu conteúdo é convincente” (NICHOLS, 2005, p. 163).
31
O modo reflexivo ainda é caracterizado por tratar o filme de modo realista.
Este é um estilo que facilita o elo entre telespectador e o mundo, tomando “forma de
realismo físico, psicológico e emocional por meio de técnicas de montagem de
evidência ou em continuidade, desenvolvimento de personagem e estrutura
narrativa” (NICHOLS, 2005, p. 164). Para Zandonade e Fagundes (2003), o modo
reflexivo
faz
o
telespectador
refletir
sobre
as
propostas
presentes
no
videodocumentário (p. 19).
Essa forma de trabalho propõe mostrar como os personagens são tratados e
a representação que eles têm diante das câmeras. “Esses filmes tentam aumentar
nossa consciência dos problemas da representação do outro, assim como tentam
nos convencer da autenticidade ou da veracidade da própria apresentação”
(NICHOLS, 2005, p. 164). É se baseando neste quesito que poderemos mostrar a
representação social dos ocupantes através do produto final. Ou então como esses
mesmo ocupantes encaram seu papel social no movimento do qual fizeram parte.
Para Penafria (2004), o filme documentário é uma maneira de lembrar-nos
que estamos ligados ao mundo, que fazemos parte e temos que interagir com ele.
Mas para a autora, o documentário é uma intervenção na realidade e é mais um
relacionamento entre o autor do filme e o telespectador. “Decidir fazer um
documentário é uma intervenção na realidade, é um percurso que se faz e que se
partilha com o espectador” (PENAFRIA, 2004, p. 8). É uma relação de compromisso
com os personagens.
Nichols (2005) retrata que o modo reflexivo é o modo que mais questiona
sobre si mesmo e “estimula no espectador uma forma mais elevada de consciência
a respeito de sua relação com o documentário e aquilo que ele representa” (p. 166)
Ao filmar um documentário, Penafria (2001) afirma que o momento de
filmagen é extremamente importante “porque o material recolhido é decisivo para o
filme final” (p. 4). Assim, cada liga e desliga da câmera é determinado como um
ponto de vista do autor da filmagem. Outro fator que determina esse ponto de vista é
a ligação entre imagem e som, com a mescla de vários elementos como “entrevistas,
som ambiente, legendas, música, imagens filmadas in loco, imagens de arquivo,
reconstruções, etc.” (PENAFRIA, 2001, p. 5).
Ainda para Penafria (2001), a maneira como o documentário será entendido
pelo espectador, depende das escolhas do documentarista e do envolvimento com o
que se filma (p. 7)
32
Assim, o espectador poderá interpretar o filme através do olhar do
documentarista e aperceber-se de que determinada realidade pode ser vista
de modo diferente. Enquanto figura o documentarista é uma referência para
o documentarismo (PENAFRIA, 2001, p. 6).
Nichols (2005) ainda afirma que “os documentários politicamente reflexivos
reconhecem a maneira como as coisas são, mas também inovam a maneira como
poderiam ser” (p. 169). Por tanto, videodocumentário seria mostrar o assunto como
ele realmente é tratado, e deixar que o espectador tire suas conclusões sobre a
relevância do assunto.
5.3 REPRESENTAÇÃO SOCIAL NO JORNALISMO
Segundo Nichols (2005), os documentários de representação social, são
aqueles que normalmente não mostram a ficção. Eles buscam mostrar os aspectos
do mundo no qual vivemos e compreender a realidade. Além disso, esse tipo de
filme, busca transmitir a verdade, se for de desejo do documentarista (p. 26).
O fato é que a comunicação popular pode se aproveitar desses grandes
veículos de comunicação (PERUZZO, 1999, p. 131). Assim os documentários como
representação de comunicação popular, podem ser veiculados dentro dessa
comunicação massiva. “Nesse sentido destaca-se o papel da televisão e do
jornalismo, na difusão das informações pertinentes ao desenvolvimento crítico da
sociedade, com o vídeo documentário” (ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 43).
Para Barbara Machado, “apesar de ser mais usado dentro do cinema, visto
como produto, o videodocumentário representa, dentre outras vertentes, a mídia
televisiva” (2006, p. 6). Ainda pensando em como os movimentos podem usar dessa
mídia para divulgação de ideologias, Nichols (2005) pensa que cada documentário
tem sua voz distinta. Como toda voz que fala, a voz fílmica tem um estilo ou uma
“natureza” própria, que funciona como uma assinatura ou impressão digital (2005, p.
135).
Dessa forma, o videodocumentário além de retratar assuntos do mundo onde
os indivíduos estão inseridos, também os valoriza (ZANDONADE E FAGUNDES,
2003, p. 44). Assim, a televisão tem o papel de mobilizar e disponibilizar a
participação da comunidade com maior facilidade pela narrativa e a linguagem
“imagética” (MACHADO, 2006, p. 6). Como “assuntos abordados na televisão
envolvem a realidade de determinados fatos ou pessoas” (MACHADO, 2006, p. 6), o
33
documentário torna-se importante para a veiculação do real. Por tanto, documentário
seria a junção de televisão e jornalismo, que buscam mostrar a crítica da sociedade
(ZANDONADE E FAGUNDES, 2003, p. 31).
Para Penafria (2004), o documentário tem o objetivo de voltar à atenção dos
espectadores para os fatos cotidianos e estabelecer uma ligação entre os
acontecimentos (p. 5). Ainda segundo ela, “só por si documentário é um termo que
arrasta consigo um peso: a obrigação de 'representar a realidade'” (PENAFRIA,
2006, p.2).
Ainda focando na responsabilidade que um documentário tem em ser
representante da realidade, Gohn (1995) acredita que os novos movimentos exigem
uma nova forma de retratação, que há um novo cenário neste milênio: novos tipos
de movimento social, novas demandas, novas identidades, novos repertórios.
Proliferam movimentos multi e pluri classistas (GOHN, 1995, p. 344). O uso de um
videodocumentario vem por meio dele trazer o aprendizado dos envolvidos e gerar
assim um novo questionamento social. Gohn cita Vygotsky, que diz que o
aprendizado ocorre quando as informações fazem sentido para os indivíduos
inseridos em um dado contexto social. A aprendizagem no interior de um movimento
social, durante e depois de uma luta, são múltiplas, tanto para o grupo como para
indivíduos isolados (GOHN, 1995, p. 352).
O gênero reinventa-se cada vez que é produzido um novo trabalho. Trata-se
de um filme onde a relação conteúdo- forma se encontra em permanente criação e
recriação (PENAFRIA, 1998). Tal gênero pode ser introduzido ao jornalismo quando
o formato do documentário se propõe dar uma nova visão sobre um assunto de
relevância social que não possui uma resposta fechada e pode variar de acordo com
a opinião de cada pessoa. (PERES, 2007).
Para Gustavo Souza (2006), o documentário é uma narrativa da história
assim como o jornalismo propriamente dito, então “a relação entre jornalismo e
documentário se dá quando a notícia ajuda no encadeamento da narrativa
documental e por essa razão vem sendo utilizada com frequência nos
documentários” (SOUZA, 2006, p.4). A construção do documentário o diferencia de
uma matéria jornalística. O tempo de preparação para um documentário pode se
estender por anos, dando assim ao documentarista e ao personagem um vínculo
que no caso da matéria jornalística não é estabelecido, pela urgência em abordar
um determinado tema (SOUZA, 2006, p. 7).
34
Essa diferença no procedimento de elaboração permite ao documentário
aprofundar questões, não apenas descrevendo-as, mas apresentando
razões, causas e possíveis desdobramentos que ultrapassam o campo da
descrição, como também estabelece com o personagem um diálogo de mão
dupla, onde o documentarista pode promover o confronto com o
entrevistado, instigando-o a rever posicionamentos ou lançando desafios
(SOUZA, 2006, p. 7).
Segundo Zandonade e Fagundes, o jornalista Walter Sampaio diz que o
documentário é um estado evolutivo do telejornalismo e que é um gênero jornalístico
pouco explorado na mídia televisiva brasileira, considera-se o documentário como
uma extensão de um trabalho já iniciado do jornalismo que é retratar um fato ou
acontecimento que tenha alguma importância social (p. 15). Como diz Penafria, o
documentário trás um diálogo diferente e cria novas experiências que são “sentidas
com maior ou menor intensidade” e vem “apresentar novos modos de ver o mundo
ou de mostrar aquilo que, por qualquer dificuldade ou condicionalismos diversos,
muitos não veem ou lhes escapa” (2001, p. 7).
A pesquisadora Cristina Melo, afirma que: “o fato de ser um discurso sobre o
real e utilizar imagens in loco são características que aproximam o documentário da
prática jornalística” (2002, p. 6).
35
6 METODOLOGIA DE PESQUISA
Aqui se explicam os métodos científicos utilizados para defender as propostas
do presente trabalho. Esclarecido os métodos de pesquisa são expostos os temas
apresentados anteriormente como Movimento Social, Comunicação Social e
pesquisa online de matérias veiculados na mídia.
6.1 MÉTODOS USADOS NO RELATÓRIO MONOGRÁFICO
Aqui consideramos os autores que embasaram a fundamentação teórica
dando direção ao produto final. Para conseguirmos isto nos aprofundamos
primeiramente em autores que nos orientam sobre o que são os movimentos sociais
e seu papel na sociedade atual. A delimitação foi sustentada por autores como
BAUMMAN (2011), SOUZA (2004), CABRAL (2012), LACERDA (2012). No
embasamento para o produto final, que é o vídeo documentário, contamos com
autores como NICHOLS (2005), MACHADO (2005) e PENAFRIA (2001).
Para GOLDENBERGER (1997), qualquer assunto da atualidade poderia ser
objeto de uma pesquisa cientifica, então tratamos o assunto de ocupação em
Curitiba como nosso foco de análise levando em conta livros e principalmente
artigos que tratam sobre movimentos sociais. Também consultamos sites de notícias
que relataram de alguma forma a ocupação ocorrida na cidade do mês de Janeiro.
Segue-se então:
6.1 MÉTODOS DE PESQUISA QUANTO AO OBJETIVO
Os tipos de pesquisa então usadas quanto ao objetivo específico foram:
Pesquisa descritiva que segundo Gil (1999) “tem como principal objetivo a descrição
de algo, um evento, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (p.
44). Identificou-se caráter descritivo quando apresentamos os movimentos que
englobam todo o movimento social Occupy explicando da onde vem cada segmento
e porque a importância social de cada um deles. Usando autores como BAUMMAN
(2001), pudemos traçar um paralelo com a pós modernidade e comportamentos
típicos de tal sociedade. Este tipo de pesquisase aplica uma vez que trabalharemos
a apresentação de tal movimento e das ideias de seus participantes. Segundo Gil
36
(1999), elas “vão além da simples identificação da existência de relações entre
variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação” (p. 44).
Nossa pesquisa teve caráter descritivo quando apresentamos os movimentos
que englobam todo o movimento social Occupy explicando da onde vem cada
segmento e porque a importância social de cada um deles. Usando autores como
BAUMMAN (2011), pudemos traçar um paralelo com a pós modernidade e
comportamentos típicos de tal sociedade. Este tipo de pesquisa de aplica uma vez
que trabalharemos a apresentação de tal movimento e das ideias de seus
participantes na cidade de Curitiba.
6.2 DELINEAMENTOS DA PESQUISA
Porém além da analise descritiva, também utilizamos a pesquisa exploratória,
que tem como objetivo “de proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo,
acerca de determinado fato” (GIL, 1999, p. 43). Ainda segundo Gil, a analise
exploratória é usada quando o tema escolhido “é pouco explorado e torna-se difícil
sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis” (p. 43).
Nosso trabalho procurou como base ao produto final esclarecer o que cada
movimento isolado representa em uma visão mais ampla de movimento social
atuais. A pesquisa exploratória “habitualmente envolve levantamento bibliográfico e
documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso” (p.43), o que também
justifica nossa forma de pesquisa que teve grande auxilio de sites atuais e
conteúdos publicados na internet.
Como os movimento Anonymous e Occupy surgiram a pouco tempo, ainda
não há um tratamento específico da mídia para estes casos assim também como
ainda não existem livros que tratem ou expliquem somente estes objetos de estudo.
Nossa pesquisa então foca na apresentação de todos os conteúdos que
englobam a direcionam ao produto final, utilizando as ferramentas disponíveis
atualmente e principalmente informações das pessoas que participam de tais
movimentos, seja através da própria internet ou de entrevistas cedidas pelos
ocupantes de Curitiba a nós. Gil ainda ressalta que as “pesquisas descritivas são,
juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores
sociais preocupados com a atuação pratica” (p. 44).
37
Também utilizamos como método de pesquisa o modo bibliográfico e
documental. Utilizando-se de livros, artigos, publicações de jornais na internet e
publicações nas redes dos próprios representantes da ocupação. Gil (1999) pensa
que tal pesquisa “reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama
de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisa diretamente”
(p.65). Foi através de livros e artigos científicos que se tornou possível, além da
descrição, um pequeno entendimento sobre a sociedade atual e a ação do indivíduo
presente em toda pesquisa.
A pesquisa documental se aplicou uma vez que o movimento analisado
iniciado no final de 2011 ainda não tem bibliografia ou estudo direcionado e tal
assunto. Gil (1999) diz que “a pesquisa documental vale-se de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de
acordo com os objetivos da pesquisa” (p. 66).
Primeiro para entender o sentido amplo do objeto estudado iniciamos a
pesquisa sobre movimentos sociais no Brasil e também a influência da internet em
movimentos mais atuais usando autores como AGUIAR (2010) e CABRAL (2012).
Num segundo momento então tentamos descrever o que é o movimento Occupy
Wallstreet através de artigos e matérias que foram veiculadas no período que teve
maior impacto (início de Setembro de 2011). Utilizando principalmente a internet
consultamos então todos os sites de informações sobre as ocupações brasileiras
onde tais informações são produzidas pelos próprios participantes. Cada ocupação
teve sua data inicial particular. Aqui em Curitiba a página de facebook do Ocupa
Curitiba foi criada em Janeiro.
Analisamos também através dos canais de redes sociais dos movimentos de
ocupação no Brasil a quantidade de pessoas que aderem a tais movimentos pela
internet e a quantidade de pessoas que realmente vão às ruas para concluir tais
ações. Por exemplo, no início do ano a página do facebook do movimento Ocupa
Curitiba contava com cerca de 800 membros, mas não foi esse total de pessoas que
participarão das ações efetivas. Em entrevista cedida as autoras, os ocupantes
contam que teve em média 10 pessoas que permaneceram nas barracas desde o
começo do movimento até o início do seu final.
Ainda na pesquisa documental e fazendo o estudo de caso que segundo Yin
(2005), citado por Gomes (2008), é um método de abordagem de investigação, e
assim usando o método de analise documental, analisamos as citações ao
38
movimento na internet em sites de notícia no período de Outubro de 2011 à de
Março de 2012. Foram publicadas cerca de 10 matérias e notas sobre a ocupação
sendo que poucas delas traziam entrevistas com os ocupantes ou então uma
explicação sobre o motivo pelo qual o fato estava acontecendo.
Uma das matérias mais completas datada de 13 de Fevereiro de 2012 foi
veiculada no Jornal Comunicação, uma reportagem de Marianna Ceccon onde se lia
“Movimento ‘Ocupa Curitiba’ convida cidadãos a serem protagonistas de suas
próprias histórias”.
Quando pesquisamos em sites de busca e também em publicações,
procuramos pelas principais palavras: Occupy WallStreet, Ocupa Brasil, Ocupa
Curitiba, Ocupações, Movimentos Sociais Curitiba, Movimento Praça Santos
Andrade. Levamos em conta a sequência normal dos fatos e o início da ideia em
Wall Street a partir daí conseguimos acompanhar a cronologia dos fatos até chegar
às particularidades do movimento em Curitiba.
39
7 DELINEAMENTO DO PRODUTO
As questões mostradas neste tópico explicam as escolhas que resultaram no
videodocumentário final intitulado como “OCUPAÇÃO E RESISTÊNCIA”. Cada
tópico explica uma parte do produto e como chegamos ao resultado final. O nome
dado ao videodocumentário é escolhido por ser usado como “lema” do movimento e
foi escolhido pelas acadêmicas evidenciando o motivo principal do acampamento.
7.1 PERSONAGENS
Os personagens escolhidos para dar contexto ao documentário não se
limitaram a apenas quem realmente ocupou a Praça Santos Andrade. Pelo fato de
que citamos o destaque que tem a internet em novos movimentos sociais (assim
também no Ocupa Curitiba), ouvimos também um personagem que participou do
movimento através dessa ferramenta de comunicação. Ninguém que não tenha
participado do movimento poderia contar a história “nua e crua”, como um de seus
ocupantes ou então quem teve um maior contado com seus ideais.
Vários contatos foram feitos com outros ocupantes e participantes. Em
primeiro contato, muitos não demonstraram interesse, ou disseram que poderiam
apenas contribuir com depoimentos não registrados em câmera, o que nos auxiliou
no entendimento do movimento e dos grupos distintos que nele estavam envolvidos.
Dois participantes marcaram pré-entrevista e não compareceram.
Com a dificuldade de contato, postamos na página do OcupaCuritiba no
facebook (http://www.facebook.com/groups/ocupacuritiba/) explicando o que o
presente trabalho pretende e quem se interessava em participar. Obtivemos
resposta imediata do participante que não ocupou a praça mas ajudou através da
internet. O segundo entrevistado também veio a nós da mesma forma, este, porém
acampou no período de duas semanas seguidas e após isso, acampou em dias não
sequenciais.
O terceiro, assim como o quarto entrevistado que ocuparam a praça foram
citados pelos primeiros que nos cederam a entrevista. Mesmo tendo ideias e sendo
de grupos diferentes todos eles provaram que interagiram no período da ocupação e
linkavam suas ideias com a de outros participantes que viriam a ser entrevistados
por nó, mesmo sem tais entrevistados terem acesso a entrevista do outros. Outros
40
ocupantes foram contactados, mas pela falta de tempo não puderam contribuir.
Assim como, nem todos os entrevistados fazem parte do produto final do projeto.
São então estes os principais colaboradores:
- Luiz Felipe Porto, 27 anos, formado em Engenharia da Pesca, de Londrina.
Envolvido com projetos e ações do Movimento Sem Terra (MST) e outros movimento
da luta pela terra. Começou a ocupar a Praça Santos Andrade poucos dias após o
início do acampamento, acampou por três semanas
- Phillipe Trindade, 23 anos, colaborador no portal Soy Loco por Ti que visa a
interação entre os países Latinos Americanos e colabora com ações culturais na
cidade de Curitiba. Participante também no Movimento Humanista.
- Rodrigo Ul, 28 anos, Estudou História na UFPR e atualmente cursa letras na
mesma faculdade. Trabalha como Designer freelance e também faz parte de ações
sociais na cidade de Curitiba, assim como faz parte do Movimento Humanista.
Acampou desde a primeira noite.
- Cleiton Calisto, 18 anos, estudante, aderiu ao movimento Anonymous na internet e
através dele cria e participa de movimentos sociais em Curiitba. Acampou desde a
primeira noite.
Todos os participantes do videodocumentário são ativistas desde antes da
ocupação e já estão familiarizados com movimentos sociais, podendo assim fazer
uma análise de pontos distintos do movimento Ocupa Curitiba assim como analisar
porque tal ação durou um período curto de tempo.
7.2 FORMATO
O formato escolhido é pertinente ao que se busca com o videodocumentário.
Uma forma rápida e esclarecedora de passar o que buscamos através dessa
ferramenta. Para Porto e Morais, os vídeos têm que passar por algumas alterações
correspondentes ao seu tipo de veículação:
41
Percebe-se que determinados vídeos apresentam uma estética destinada
às telas do cinema ou da televisão, diferentes das telas de computador.
Algumas obras exploram o uso de legendas e créditos com tamanho que se
tornam ilegíveis no monitor de computador, e isso em alguns casos
compromete o resultado final da exibição (Porto e Morais, 2012).
Para a Agência Nacional do Cinema (Ancine), os filmes de curta metragem
têm duração inferior ou igual á 15 minutos; os média metragem, duração superior a
15 minutos; os longa metragem duração superior a 70 minutos. Desta divisão
optamos por um formato de curta metragem com tempo de duração próximo a 15
minutos. Acreditamos que por ser um videocumentário que será exibido da web, o
mais indicado era seguir um tempo curto com uma mensagem clara e direta sobre o
assunto tratado. Tendo como desafio conciliar o tema entre as falas dos
entrevistados. Como o documentário será feito de modo reflexivo 30 usamos a própria
realidade dos ocupantes para dar forma ao filme. Optou-se por usar os personagens
para contar a história do OcupaCuritiba e usar o espaço deles para fazer as
filmagens31 (Praça Santos Andrade).
7.3 PÚBLICO-ALVO
O público-alvo deste produto são pessoas que não estão ligadas ao Ocupa
Curitiba ou que viram o movimento, mas não tiveram grande contato com os
ocupantes. São pessoas que não sabem do que se trata o assunto, ou que já
ouviram falar, mas por não se aprofundarem no caso, acabam por não saber o que é
o movimento que tomou conta não apenas de Curitiba, mas de todo o mundo
começando por Wall Street. Assim também como os próprios ocupantes que no
período do acampamento não puderam talvez ouvir de forma aprofundada a visão
do outro.
O perfil do telespectador mudou, agora ele está conectado, imerso em uma
irradiação viral de signos, informações e mensagens que comunicam a todo
instante e por consequência, seu modo de ver televisão, também está
mudando drasticamente (Galvão, 2012, p. 6)
A definição de público-alvo aqui pode não ser específica. O produto também
será desenvolvido para estudantes que se interessam pelo aprofundamento no
30
31
Ver argumentação na fundamentação teórica, p. 30.
Ver argumentação no roteiro, p. 45.
42
conhecimento de movimentos sociais ocorridos atualmente e ações que tem
participação unicamente de cidadãos que não representam partidos políticos ou
grandes corporações. Um material que contribuirá para estudos sobres atitudes do
indivíduo na pós modernidade e sua relação social. Além, de contribuir como
material histórico e de apoio ao OcupaCuritiba, podendo fortalecer as bases do
acampamento.
7.4 VEÍCULAÇÃO
Para atingir o público-alvo proposto neste trabalho, escolhemos veicular o
videodocumentário apenas na internet. Por tanto, para não restringir o público que
poderá ter interesse após a visualização do videodocumentário, optamos por
disponibilizá-lo na rede YouTube32 (www.youtube.com.br), facilitando assim, o
acesso de toda e qualquer pessoa que tenha interesse em descobrir como foi a
extensão do movimento Occupy na cidade de Curitiba. Além de ser um meio de
veiculação gratuita o site “consiste em um serviço de publicação de vídeos que
proporciona aos participantes e visitantes a possibilidade de compartilhar e comentar
clipes de vídeo” (Serrano e Paiva, 2008, p. 3).
Para os criadores Chad Hurley e Steve Chen, a junção entre YouTube e
Google, em novembro de 2006, veio para completar a missão de informar o mundo e
torná-las acessíveis a todos os públicos (Serrano e Paiva, 2008).
Entre os recursos disponíveis no site, existe o de “envio de vídeos para o
próprio site e a possibilidade de exportação desses vídeos para outros sites, blogs
ou e-mails através do código de incorporação disponibilizado” (Serrano e Paiva,
2008, p. 7), além de busca com palavras-chave, exibição de vídeos relacionados,
entre outros recursos funcionais e interacionais (Serrano e Paiva, 2008).
O emissor em nenhum momento encontra-se isolado dos receptores da
informação, telespectadores e usuários tornam-se sujeitos ativos no
processo comunicacional, que ocorre de forma desterritorializada, trata-se
de uma explosão na democracia digital (Serrano e Paiva, 2008, p. 5).
Por tanto, o videodocumentário é produzido pra outras mídias, mas podem
ser adaptado para veiculação online.
32
Ver anexo do site na página 56
43
7.5 TRILHA SONORA
O movimento punk foi uma dos grupos que deu início ao movimento na
cidade de Curitiba. O movimento contou com a participação de muitos músicos da
cena underground, como por exemplo, os integrantes da banda Vat Bier que
acamparam na praça. A escolha feita então para trilhar as imagens finais do produto
é de uma música chamada Old School song, da banda francesa Curlys Revenge. A
faixa tem licença liberada no site CriativeCommons33. Dois principais motivos nos
levaram a tal escolha, primeiro pela forte ligação entre o movimento punk e os
movimentos socias e segundo pelo fato citado acima, da participação de tal
movimento no Ocupa. É importante resaltar que não existiu a intenção de
esteriotipar de alguma forma o grupo retratado, mas sim usar uma trilha que
conseguisse transmitir a energia, vivacidade e atualidade do movimento social
liderado por jovens ativistas.
7.6 PROCESSO DE GRAVAÇÃO E RESTRIÇÕES
As gravações que resultaram nas imagens finais do videodocumentário,foram
produzidas na Praça Santos Andrade em duas entrevistas, na qual tivemos
complicações com barulhos de veículos. A entrevista do Phelipe Trindade visitamos,
um espaço co-working que pertence a empresa Ethymos e também serve como
sede da ONG Soy Loco por Ti , que é o local de trabalho do entrevistado que teve
participação pela internet. O produto pode ser gravado durante a semana no período
da tarde, e em alguns finais de semana. Ao todo foram realizados quatro dias de
filmagem. Tendo em vista que gravamos no mesmo dia com dois participantes no
mesmo local, porém um em local externo e outro em local interno.
Tivemos problemas na gravação de um dos personagens (Rodrigo Ul) pela
falta de microfones lapela disponíveis na Unibrasil. Usamos então o microfone de
mão que comprometeu as imagens, então optamos por não utiliza-lás.
7.7 ORÇAMENTO E VIABILIDADE
33
Em anexo uma copia das páginas de liberação do site CriativeCommons nas páginas 57, 58 e 59
44
Para a execução do produto final deste trabalho são necessários recursos
financeiros para as despesas de produção e edição do documentário. É necessária a
contratação de dois profissionais da área de jornalismo para realizar as filmagens e
a edição do material em vídeo que durou aproximadamente um mês. De acordo com
o Sindicato de Jornalistas do Paraná (Sindijor) o salário de um Free Lance em
cinematográfica custa, num período de 5 horas, R$ 397,44. Para um salário mensal,
o piso de acordo com o Sindijor, custa R$ 2.323,6834.
O aluguel do equipamento necessário para as filmagens contando com uma
câmera PANASONIC possui o valor diário de R$ 1.400,00 para 4 horas de uso, na
empresa Performance Áudio e Vídeo. A edição do material bruto de filmagem que
será reduzida pra cerca de 20 minutos no vídeo final custa o valor de R$ 100,
referentes a aproximadamente 20 horas de edição.
Além destes gastos, também temos R$ 60 de etanol para o abastecimento do
automóvel de transporte até os locais de gravação e os equipamentos de filmagem,
e R$ 65 na compra de 5 fitas virgens.
TABELA 1 – ORÇAMENTO
Despesas
Valor
Dois jornalistas cinematográficos em quatro dias de gravação
R$ 3.974,40*
Dois jornalistas cinematográficos em dois dias de edição
R$ 3.974,40**
Três diárias de câmera e equipamentos para filmagens
R$ 4.200,00
20 horas de edição
R$ 100,00
Combustível etanol para veiculação
R$ 60.00
5 fitas virgens
R$ 65,00
Total
R$ 8.178,00
*Dois profissionais por 5 horas durante 5 dias.
**Dois profissionais por 5 horas durante 5 dias.
34
Em anexo na página 60 tabela de salários. Disponível também em
http://www.sindijorpr.org.br/uploads/pdf/tabeladefrilas2012.pdf
45
Mas para a versão apresentada para o Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC), o trabalho dos jornalistas foi substituído pelo das acadêmicas, assim como os
equipamentos de filmagem e a ilha de edição, subsidiados pela faculdade.
Diminuindo assim, o custo final para a produção do produto.
O custo das fitas virgens utilizadas no valor de R$ 65 foram pagas pelas
acadêmicas. Além do valor do combustível etanol para o transporte.
O videodocumentário pode ainda contar com o patrocínio de empresas e
instituições
que
apoiam
causas
sociais.
Enquadram-se
nessas
categorias
organizações como a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), da Prefeitura
Municipal de Curitiba, não foi o caso do documentário “ Ocupação e Resistência”.
7.8 ROTEIRO
Uma das primeiras escolhas para o roteiro do videodocumentário foi a
metodologia de narração e locais de filmagem. Tais entrevistas seriam feitas na
Praça Santos Andrade trazendo assim a ideia básica de ocupação de lugares
públicos para produção de projetos culturais de algum tipo de relevância social.
Também seria usado um espaço para depoimento de um integrante do grupo
OcupaCuritiba na internet que não teve participação física no acampamento, mas
que de alguma forma colaborou para as ações, representando assim a participação
individual em movimentos sociais, o indíviduo pós moderno que tem outras formas
de proteger sua identidade e mesmo assim ser participativo de alguma forma. Este
depoimento será recolhido em espaço fechado também levando em conta essa
forma de “individualismo social”.
Os assuntos abordados no videodocumentário foram previamente retirados
das pré entrevistas feitas com os participantes, além das questões de escolha das
próprias acadêmicas que já tinham o delineamento básico do produto no início do
projeto. Colocamos em questão a visão dos ocupantes sobre os grupos que
representam e no que consiste a visão social defendida por eles, qual o seu papel
como cidadão e indivíduo e como aconteceu o processo de comunicação e
desenvolvimento dentro do acampamento.
46
Queremos entender as dificuldades físicas e psicológicas que envolviam a
escolha feita pelos ativistas e se isso trouxe ou não algum tipo de resultado social ou
individual a quem esteve envolvido com a ocupação.
Deste modo são abordados os seguintes temas: como os participantes
ficaram sabendo do Ocupa Curitiba, comunicação entre o grupo, movimentos sociais
e ocupação. A identidade visual do videodocumentário, lembra a ocupação da Praça
Santos Andrade e o Dia do Basta, protesto ocorrido no dia 21 de Abril que contou
com a participação de quase todos os envolvidos no Ocupa Curitiba. Usa imagens
cedidas pelos entrevistados e vídeos feitos por eles mesmos no período de
ocupação.
Para a identificação dos personagens do videodocumentário foi necessário a
inclusão de geradores de caracteres (GC) na tela do vídeo. Os GCs seguindo a
proposta visual do trabalho usam os nomes dos entrevistados e sua representação
social para dar contexto ao telespectador, mostrando de quais movimentos sociais o
entrevistado participa.
Ao final do roteiro se faz o uso da imagem que representa o período de
ocupação, com fotos de oficinas feitas pelos ocupantes com a trilha sonora
adequada e os créditos finais, apontando que o documentário termina, mas
lembrando que aquele local foi usado para uma representação social nacional,
mesmo que a ideia original venha do exterior. Foi um movimento com referências
diversas, mas com foco na capital paranaense.
Para base e inspiração foram assistidos pelas acadêmicas alguns
documentários brasileiros como Botinada, A história do punk no Brasil35, e outros
vídeos das ocupações feitas fora de Curitiba, e o documentário "The Take", de
Naomi Klein, este fala sobre o movimento das fábricas retomadas na Argentina
depois de uma crise econômica no país. Ele traz o depoimento dos operários que
sofreram com tal crise. Esse material serviu de inspiração para o modelo de
enquadramento
e
questões
estéticas,
ajudando
nas
videodocumentário produzido posteriormente.
35
Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=22lSR-o4n98
escolhas
para
o
47
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi realizado para conclusão de curso e teve como objetivo
registrar os depoimentos dos ocupantes de Curitiba, sobre o movimento Ocupa que
foi uma extensão do movimento OccupyWallStreet. Através de seus depoimentos
colocamos em questão a convivência entre grupos diferentes e as causas sociais
defendidas pelos ativistas. Para melhor embasamento do produto analisamos a
representação social e teorias da comunicação social. Também aspectos do
documentário, e acompanhamento das ações dos ocupantes desde o início do
acampamento em Janeiro de 2012.
O tema “comunicação” esteve presente em toda extensão do trabalho e
nossos entrevistados puderam expor suas ideias sobre o tratamento que a mídia
atual tem com os movimentos sociais, bem como a deficiência que ainda existe no
ser humano na tentativa de se fazer entender num processo de comunicação.
Mesmo sendo algo tão natural e presente, percebemos que a diferença entre grupos
urbanos ainda é algo que limita a boa comunicação entre a sociedade em geral. E,
nem a grande difusão dos meios de comunicação alternativos como a internet,
conseguiu chegar ao seu total à chamada “linguagem universal”.
Perguntas como o que era defendido pelo movimento e, se ele ainda existe,
deram impulso inicial para as entrevistas realizadas e conseguimos perceber que
mesmo os participantes tendo pontos de vistas diferentes sobre o mesmo assunto,
todos acreditam na força da dominação do espaço público e no poder da liberdade
de expressão ou comunicação livre que existe hoje. Mesmo que o termo livre possa
ser questionado em alguns pontos.
Também foi interessante constatar que, na visão dos ocupantes a mídia
“oficial”, ou grande mídia, ainda tem como hábito colocar grupos urbanos como
grupos que não podem estar juntos ou ser algo (em forma de movimento urbano).
Os ocupantes mostraram que mesmo entrando em debates candentes durante o
acampamento e durante as gravações do videodocumentário, pessoas distintas e
opostas podem conviver e tentar chegar ao consenso visando um bem maior.
Percebeu-se também que há uma carência da comunicação realmente social que
interligue tais movimentos sociais, criando assim uma rede específica de serviço
para a população que traga diferentes pontos de vistas e diferentes causas que
possam vir a serem defendidas.
48
Esperamos através desse projeto, iniciar mais ideias semelhantes que
tenham como objetivo colocar em pauta questões políticas, econômicas e sociais e
que coloquem o indivíduo comum como protagonista de uma história que é
construída por todos e por um país inteiro.
49
REFERÊNCIAS
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Sociais: Novos desafios da comunicação tecnológica. Governador Valadares,
2010.
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Tradução de João Alexandre Peschanski et al. São Paulo: Boitempo: Carta Maior,
2012.
BAUMMAN, Zygmunt. Modernidade Liquida. Editora Zahar. Rio de Janeiro, 2001.
BUITONI, Dulcília H. S. Documentário e jornalismo: produções antigas podem
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inovadoras.
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http://www.casperlibero.edu.br/rep_arquivos/2010/03/16/1268762801.pdf Acessado
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CECCON, Mariana; KLEINA, Nílton. Movimento “Ocupa Curitiba” convida cidadãos a
serem protagonistas de suas próprias histórias. Jornal Comunicação. Curitiba, 13
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CRUZ, Fábio Souza da; MOURA, Marcelo Oliveira de. Direitos humanos,
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ANEXOS
ANEXOS 1 – PRINT SCREEN PÁGINA YOUTUBE...........................................
56
ANEXOS 2 – PRINT SCREEN PÁGINAS DO CRIATIVECOMMONS................ 57
ANEXOS 3 – PRINT SCREEN TABELA SINDJOR............................................
60
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ANEXOS 1 – PRINT SCREEN PÁGINA YOUTUBE
57
ANEXOS 2 – PRINT SCREEN PÁGINA CRIATIVECOMMONS
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ANEXOS 3 – PRINT SCREEN TABELA SINDJOR

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