carbono orgânico em latossolo vermelho cultivado com
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carbono orgânico em latossolo vermelho cultivado com
III Symposium on Agricultural and Agroindustrial Waste Management March 12-14, 2013-Sao Pedro, SP, Brazil CARBONO ORGÂNICO EM LATOSSOLO VERMELHO CULTIVADO COM MILHO E AVEIA EM PLANTIO DIRETO E ADUBADO COM DEJETO SUÍNO Paulo Cezar Cassol 1*; Maria Sueli Heberle Mafra1; Marco André Grohskopf1; Jonas Panisson1 1 Universidade do Estado de Santa Catarina–Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, SC-Brasil *[email protected] ABSTRACT: The swine manure (DS) use in soils under no-tillage is a common practice in southern Brazil. In addition to providing nutrients to plants, the DS may increase the content of total organic carbon (TOC) in the soil. The aim of this study was to quantify the TOC in a Hapludox soil cultivated with corn (Zea mays) in the summer and oat (Avena strigosa) in the winter under no-tillage and subjected to surface application of DS at doses up to 200 m3 ha-1 or fertilization with soluble fertilizer (AS) alone and along with DS. A field experiment was carried out in Campos Novos – SC when the treatments were control (without fertilizer), DS at doses 25, 50, 100 and 200 m3 ha-1, fertilization with AS or with 25 m3 ha-1 of DS complemented with AS (DS+AS). The experimental design was randomized blocks with four replications. The TOC content and stock were determined in the 0-2.5; 2.5-5.0; 5.0-10 and 10-20 cm layers at the five, nine and eleven years of the experiment. The TOC content was highest in the surface layers, up to 5 cm of soil. Over time the differences of the TOC between treatments were increased. There was no significant increase in TOC stocks by increasing the dose of DS above 50 m3 ha-1 yr-1. Keywords: Manure, organic fertilizer, organic matter. INTRODUÇÃO Diversos trabalhos realizados no Brasil evidenciaram grande potencial fertilizante dos dejetos de suínos (Ernani, 1984; Scherer et al., 1995), e contribuíram para racionalizar a prática do uso de DS como fonte de fertilizante, principalmente nas regiões onde se concentram as granjas de suínos. O uso do DS como fertilizante pode ocorrer sem danos ao ambiente, aproveitando-se os nutrientes com benefícios adicionais no solo, incluindo melhoria em propriedades físicas, químicas e biológicas que favorecem o desenvolvimento das plantas (Cassol, 1999). Diversas práticas de produção têm sido propostas ao longo dos últimos anos visando conservar e, ou aumentar o teor de COT do solo, dentre eles o sistema plantio direto na palha e o uso de resíduos orgânicos como dejetos de animais. Este trabalho teve o objetivo de quantificar o incremento de COT e estoques de carbono na camada de 0 a 20 cm de um Latossolo Vermelho Distroférrico submetido a doses crescentes de DS sob sistema de plantio Direto. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi implantado em 2001 no município de Campos Novos - Santa Catarina, coordenadas: W 51º 21’ 47’’ e S 27º 23’ 34,5’’ e altitude média de 863 m, sobre um Latossolo Vermelho Distroférrico, onde se vem cultivando anualmente milho (Zea mays) no verão e aveia (Avena strigosa) no inverno sob sistema de plantio direto (PD). O solo apresenta textura muito argilosa, contendo em média 675 g.kg-1 de argila e o teor de COT em 2001 foi 25 g kg-1. Os tratamentos aplicados foram: testemunha (sem adubação), dejeto suíno (DS) nas doses 25, 50, 100 e 200 m3 ha-1 ano-1, adubação solúvel (AS) e adubação com 25 m3 ha-1 de DS, complementado com adubo solúvel (DS+AS). Para os tratamentos AS e DS+AS seguiuse a orientação da Comissão de Química e Fertilidade do Solo (CQFS-RS/SC, 2004). O delineamento experimental utilizado foi blocos casualisados, com quatro repetições. O III Symposium on Agricultural and Agroindustrial Waste Management March 12-14, 2013-Sao Pedro, SP, Brazil dejeto foi derivado de suínos em terminação, sendo recolhido e armazenado por cerca de 3 meses em esterqueira descoberta. O DS aplicado anualmente apresentou massa seca, NT e COT de 51, 3,6 e 23,7 kg m-3, respectivamente na média dos 11 anos de aplicação. As amostragens do solo foram realizadas no quinto, nono e décimo primeiro ano de condução do experimento através de sub-amostras coletadas em pontos aleatórios das parcelas que compreenderam a 50 m2 de área útil, nas profundidades de 0-2,5; 2,5-5,0, 5,010 e 10-20 cm. O solo foi seco a 60oC e moído para diâmetro menor que 2mm, determinouse os teor de COT pelo método Walkley-Black descrito por Tedesco et al. (1995). Os estoques de C foram calculados com base na densidade do solo e expressas pela equação de Veldkamp (1994). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). RESULTADOS AND DISCUSSÃO Observou-se diferenças significativas nos teores de COT nas três épocas avaliadas (Tabela 1), sendo que o maior acúmulo de C acorreu nas camadas superficiais, de 0 a 5 cm. O maior acúmulo de COT nas camadas superficiais pode ser explicado pelo sistema de manejo em plantio direto e pela aplicação do DS sem incorporação. Gonçalves e Ceretta (1999) também observaram maiores teores de COT na superfície em até 2,5 cm de profundidade e declínio em profundidade após seis anos de experimento com sucessão de milho e aveia preta. Nas camadas até 5 cm de profundidade, os maiores teores de COT foram observados nos tratamentos DS50, DS100 e DS200 que foram as doses maiores de DS e no tratamento DS+AS (adubação combinada). Não se observou diferença significativa entre estes tratamentos nas camadas de 0-2,5 cm e 2,5-5 cm. Provavelmente, a redução da relação C/N resultante da adição de DS sobre a biomassa da aveia pode ter acelerado a decomposição desse material e com isso ter aumentado a liberação de CO2 para atmosfera, diminuindo a acumulação na forma de CO do solo. Saviozzi et al. (1997) e Chantigny et al. (2001) observaram que o dejeto de suíno estimula a decomposição da palha de trigo já que a emissão total de CO2 do tratamento que continha a mistura de dejetos e palha superou a soma das quantidades de CO2 emitidas pelos tratamentos com o uso isolado de dejetos e de palha. Entretanto, Aita et al. (2006) não observaram aumento na decomposição da palha de aveia quando foi utilizado com DS em relação á palha e DS isolados. O teor de COT no tratamento DS50, se comparado com os tratamentos DS+AS DS100 e DS200, não apresenta diferença significativa, indicando ausência de efeito de doses além de 50 m3. Por outro lado, os tratamentos DS25 e AS se mostraram estatisticamente inferiores ao DS50, indicando que a fertilização com adubos químicos solúveis nas doses aplicadas e com a dose de 25 m3 ha-1 ano-1 são insuficientes para aumentar o teor de COT do solo. No tratamento AS, observou-se discreto aumento no teor de COT no nono e 11 o anos de aplicação, o que se deve possivelmente ao aumento da produção de biomassa de milho no verão e de aveia no inverno decorrente da adubação mineral, considerando-se que essa biomassa foi mantida na superfície do solo. Nesse sentido, Gonçalves e Ceretta (1999) observaram que os sistemas de culturas de cobertura, sob plantio direto durante seis anos, promoveram acúmulos significativos de carbono orgânico apenas na camada mais superficial do solo. O teor de COT aumentou significativamente entre o quinto e o nono ano, no entanto não houve aumento significativo entre o nono e décimo primeiro ano de condução do experimento. Inclusive, neste último intervalo observou-se uma aparente diminuição, que pode ser resultado do fato da coleta ter sido realizada em diferentes épocas do ano. A coleta do solo no 11o ano foi realizada no mês de maio e nas entrelinhas do milho, enquanto a do nono ano foi realizada no final do ciclo da aveia. Campos et al. (2011) observaram diferenças significativas no teor de COT do solo em função da época, sendo esse atributo III Symposium on Agricultural and Agroindustrial Waste Management March 12-14, 2013-Sao Pedro, SP, Brazil sensivelmente superior na época chuvosa comparativamente à época de seca, o que foi justificado pela presença maior de raízes na época das chuvas. Na Tabela 2 encontram-se os resultados de estoques de carbono em quatro camadas até 20 cm de profundidade no quinto, nono e 11o ano de condução do experimento. As diferenças entre os tratamentos foram mais expressivas no nono e 11o ano do experimento e nas camadas até 5 cm de profundidade. Os maiores valores de estoque de C foram observados na camada de 0-2,5 cm, onde há maior acúmulo de MOS devido à deposição de resíduos vegetais na superfície e ao sistema plantio direto não incorporas esses material no solo. Seguindo a mesma tendência do COT, observou-se que os tratamentos ASDS, DS50, DS100 e DS200 foram os que mais estocaram C. A dose de 50 m3 ha-1 ano-1 de DS resultou em 3,1; 4,2 e 4,7 Mg ha-1 de C no quinto, nono e 11o ano de condução do experimento, respectivamente, na camada de 0-2,5 cm. Na média das três épocas avaliadas, o estoque de C no tratamento DS50 diferiu estatisticamente somente do tratamento Testemunha e na camada de 0-2,5 cm. Na camada de 2,5-5 cm o maior incremento no estoque de C foi observado no nono ano de experimento para o tratamento DS200. O tratamento DS50, se comparado ao tratamento testemunha resultou num incremento de 2,1; 3,0 e 3,0 Mg ha-1 de C no quinto, nono e 11o ano, respectivamente. Nas camadas de 5-10 e 10-20 cm, observaram-se diferenças significativas entre os tratamentos, porém a magnitude dos volumes de C estocados foi menor do que na camada superior. Na camada de 5-10 cm houve incremento de 1,3, 1,1 e 2,5 Mg ha-1 de C, respectivamente para o quinto, nono e 11o ano. O incremento médio nos estoques de C na camada de 0 a 20 cm no tratamento DS50 e DS+AS em relação ao tratamento testemunha foi 10,1 Mg ha-1 em 11 anos, ou seja em torno de um Mg ha-1 ano-1. No tratamento AS a diferença foi de 3,3 Mg ha -1, evidenciando a contribuição da biomassa vegetal no incremento do C orgânico do solo e a importância do manejo não incorporado dos resíduos culturais no solo. O estoque de C no tratamento AS foi semelhante ao tratamento onde foi aplicado 25 m3 ha-1 ano-1 de DS. CONCLUSÕES O teor de COT foi maior nas camadas até 5 cm de profundidade em relação às camadas mais profundas. As diferenças nos teores de COT entre os tratamentos foram mais expressivas no nono e 11º anos em elação ao quinto ano após o início do experimento. Não houve incremento significativo dos estoques de COT com o aumento da dose de DS acima de 50 m3 ha-1 ano-1. REFERÊNCIAS Chantigny, M.H.; Rochette, P.; Angers, A. (2001). Short-term C and N dynamics in a soil amended with pig slurry and barley straw: a field experiment. Canadian Journal of Soil Science, 81, 31-137. Campos, L.P. et al. (2011). Atributos químicos de um Latossolo Amarelo sob diferentes sistemas de manejo. Pesq. agropec. bras. [online]. 46(12), 1681-1689. Ernani, P.R. (1984). Necessidade da adição de N para o milho em solo fertilizado com esterco de suínos, cama de aves e adubos minerais. R. Bras. Ci. Solo, 8, 313-317. Gonçalves, C.N.; Ceretta, C.A. (1999). Plantas de cobertura de solo antecedendo o milho e seu efeito sobre o carbono orgânico do solo, sob plantio direto. R bras Ci Solo, Viçosa, 23, 307-313. Saviozzi, A.; Levi-Minzi, R.; Riffaldi, R.; Vanni, G. (1997). Role of chemical constituents of wheat straw and pig slurry on their decomposition in soil. Biology and Fertility of Soils, 25,.401- 406. Scherer, E.E.; Baldissera, I.T. & Dias, L.F.X. (1995). Potencial fertilizante do esterco líquido de suínos da região Oeste Catarinense. Agropec. Catarinense, 8, 35-39. III Symposium on Agricultural and Agroindustrial Waste Management March 12-14, 2013-Sao Pedro, SP, Brazil Tabela 1. Teor de carbono orgânico em três épocas no solo nas camadas 0-2,5; 2,5-5; 5-10 e 10-20 cm em Latossolo Vermelho cultivado com milho e aveia sob aplicação anual de 0 (Test), 25, 50, 100 e 200 m3 ha-1 de dejeto suíno (DS) adubação solúvel (AS) e combinada (DS+AS) no período 2001 a 2011. Camada Test AS DS+AS DS25 DS50 DS 100 DS 200 2006 -1 0-2,5 2,5-5 5-10 10-20 30,2 Ac 27,0 Bc 22,3 Cc 12,8 Dc -------------------------------------------- g kg ---------------------------------------28,5 Ac 33,8 Aabc 33,3 Abc 38,3 Aab 36,5 Aab 39,6 Aa 27,0 Ac 30,5 Aabc 28,5 Bbc 32,4 Bab 32,0 Bab 34,3 Ba 23,3 Bbc 25,6 Bab 24,6 Cabc 24,6 Cabc 26,4 Ca 27,2 Ca 15,7 Cab 14,9 Cabc 15,5 Dab 13,0 Dc 17,1 Da 14,2 Dbc 0-2,5 2,5-5 5-10 10-20ns 34,0 Ad 29,2 Bc 24,5 Cb 23,0 C 38,5 Acd 33,9 Bbc 26,8 Cab 22,8 D 42,8 Abc 37,5 Bb 27,5 Cab 24,7 D 0-2,5 2,5-5 5-10 10-20 34,4 Ad 24,5 Bc 20,8 Cc 17,6 Db 37,6 Acd 32,1 Aabc 22,7 Bbc 21,2 Ba 42,6 Abc 37,2 Aa 26,1 Bab 21,4 Ba 2010 40,6 Abcd 33,9 Bbc 26,2 Cab 21,9 D 45,5 Aab 37,5 Bb 26,7 Cab 21,5 D 46,5 Aab 38,8 Bb 30,1 Ca 22,9 D 52,3 Aa 44,3 Ba 28,8 Ca 22,7 D 36,6 Acd 28,1 Bbc 24,2 BCbc 21,4 Ca 47,3 Aab 32,5 Babc 24,8 Cab 22,4 Ca 50,3 Aab 34,3 Ba 25,6 Cb 24,3 Ca 53,6 Aa 37,3 Ba 28,3 Ca 23,0 Ca 2012 *Médias seguidas de letras distintas, minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p<0,05) Tabela 2. Estoque de carbono no solo em três épocas nas camadas 0-2,5; 2,5-5; 5-10 e 1020 cm em Latossolo Vermelho cultivado com milho e aveia sob aplicação anual de 0 (Test), 25, 50, 100 e 200 m3 ha-1 de dejeto suíno (DS) adubação solúvel (AS) e combinada (DS+AS) no período 2001 a 2011. Tratamento Ano Test AS DS+AS DS25 DS50 DS100 DS200 2006 2010 2012 2006 2010 2012 2006 2010 2012 2006 2010 2012 ---------------------------------------- Mg ha-1 ---------------------------------------0 – 2,5 cm 9,2 Bc 9,5 Bbc 9,7 Bbc 10,2 bc 12,3 Ba 11,2 Bab 10,7 Babc 10,4 Ab 12,4 Aab 12,3 Aab 12,5 ab 14,6 ABa 14,2 Aa 14,2 Aa 10,5 Ab 12,1 Ab 12,3 Ab 11,3 b 15,2 Aa 15,4 Aa 14,5 Aa 2,5 – 5 cm 8,6 c 8,7 c 9,5 abc 9,2B bc 10,7 ab 9,9 B abc 10,9 Ba 9,4 c 10,9 abc 11,6 bc 10,8Abc 12,4 ab 11,9 A abc 14,2 Aa 7,8 b 10,3 ab 11,6 a 8,9 Bab 10,8 ab 10,6 Bab 11,8 ABa 5 - 10 cm 16,4 Bc 16,9 Bbc 18,7 ab 17,3 bc 17,7 Bbc 19,7 Ba 19,7 a 18,0 Ab 19,4 Aab 20,0 ab 18,4 b 19,2 Ab 22,4 Aa 20,9 ab 15,3 ABc 16,4 Bbc 19,1 ab 17,1 bc 17,8 Bab 19,1 Bab 20,5 a 10 – 20 cm 18,5 Cc 22,8 Bab 21,6 Cabc 22,4 Bab 18,8 Bc 24,8 Ba 20,6 Bbc 33,4 A 33,1 A 35,9 A 31,8 A 31,2 A 33,2 A 32,9 A 25,5 Bb 30,7 Aa 31,0 Ba 31,0 Aa 32,5 Aa 35,3 Aa 33,3 Aa 0 – 20 cm 52,7 Cd 57,9 Bc 59,4 Bbc 59,2 Bbc 59,5 Bbc 65,5 Ba 61,9 Bab 71,1 Ac 75,8 Aabc 79,8 Aab 73,6 Abc 77,3 Aabc 81,7 Aa 82,1 Aa 59,1 Bd 69,5 Abc 73,9 Aabc 68,3 Ac 76,3 Aab 80,3 Aa 80,1 Aa 2006 2010 2012 *Médias seguidas por letras distintas (minúsculas nas horizontais e maiúsculas na vertical) diferem pelo teste de Tukey (p<0,05).
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