Relatório Semanal de Estratégia de Investimento
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Relatório Semanal de Estratégia de Investimento
14 de dezembro de 2015 Relatório Semanal de Estratégia de Investimento | Destaques da Semana Economia Internacional: Queda no preço das Commodities, com destaque para o petróleo; Dados fracos da balança comercial da China; PIB em linha com o esperado na Europa; Apreensão com reunião do FED ; Fortalecimento do Dolár; Economia brasileira: Possibilidade de novo downgrade do país pela agencia de risco Moody´s;Avanço no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff; Clima de aversão ao risco volta ao mercado; Declarações de Tombini de que o BC não limitará suas decisões pelos possíveis impactos fiscais ; Levy expressou preocupação com o rating, mas lembrou que a dívida externa do País é "relativamente pequena" e que não há risco de o Brasil não pagar seus compromissos;IPCA acima das expectativas; | Economia Internacional A semana anterior marcou o retorno de aversão a risco aos mercados de ativos globais. Os principais índices acionários do mundo desenvolvido e emergente fecharam em forte queda, MSCI AC World (-5.07%) e MSCI Emerging Markets (-10,90%). As commodities terminaram a semana com quedas significativas com os principais destaques sendo Petróleo (-23,10%) e Minério de Ferro (-22,12%). O índice de High Yield Spread dos EUA, que mede a diferença de rentabilidade entre os títulos do tesouro norte-americano e os ativos de alto risco do país (junk bonds), atingiu o nível mais alto dos últimos três anos (aproximadamente 724 bps). Um fundo de investimentos norte-americano (Third Avennue) dedicado ao mercado de alto risco suspendeu os resgates na semana anterior após sofrer mais de USD$1 bilhão de resgates neste ano até Novembro. No momento onde o mercado já lida com nível de liquidez extremamente baixa, juntamente com a eminência do início de normalização da taxa de juros americana e a queda do preço do petróleo ao menor nível desde 2008, exacerbando as perdas em dívida das empresas de alto risco no setor de energia que representa 12% do mercado de high-yield. Existe um sentimento de forte preocupação à medida que mais empresas deste setor começaram a não honrar suas dívidas e muitas vezes é um indicador antecedente do que pode vir a acontecer na economia. Na Europa, a semana anterior foi de ajuste às decisões do Banco Central Europeu, com os principais índices acionários em queda e o Euro se valorizando frente ao dólar, mesmo após Mario Draghi voltar a reforçar que o BCE está disposto a fazer o necessário para manter o crescimento e impulsionar a inflação na região. Os números de produção industrial divulgados nesta segunda-feira avançaram 0,6% em outubro e 1,9% na comparação anual, melhor que o esperado pelos agentes de mercado. Resta saber se o ímpeto do crescimento se manterá na região nas próximas leituras, uma vez que levarão em conta os efeitos dos atentados terroristas em Paris do dia 13 de novembro. Com relação à China, após a divulgação de dados fracos da balança comercial na semana passada, segue a percepção de que a segunda maior economia do mundo continue seu processo de transição de crescimento através de investimento em infraestrutura para o de consumo, e com isso crescendo a níveis muito inferiores ao passado recente. O governo chinês ao longo do último ano, cortou suas taxas de juros seis vezes, implementou diversos projetos de infraestrutura e cortou o compulsório dos bancos várias vezes, liberando mais dinheiro para empréstimos. Todo este empenho do governo chinês pela primeira vez parece ter surtido algum efeito na economia. Nesta segunda-feira, uma série de informações foi divulgada. A produção industrial que pela primeira vez em quatro meses mostrou recuperação com crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O Politburo, principal órgão decisório do Partido Comunista, anunciou que o país continuará crescendo num patamar razoável em 2016, sem especificar qual seria a meta de crescimento. Além disso, afirmou que vai trabalhar para reduzir o estoque de imóveis no país e impulsionar a demanda no ano que vem reduzindo os impostos e a burocracia para as empresas além de acelerar reformas nas estatais e nos setores fiscais e financeiro. Por último, o Banco do Povo da China procurou hoje reduzir a pressão de venda sobre o yuan, ao repetir que há "base" para manter a moeda chinesa em um equilíbrio razoável. Nesta semana, todos os olhos estarão com a decisão de política monetária do FOMC (Federal Open Market Comittee) que irá se reunir nos dias 15 e 16 de Dezembro. A ampla maioria dos agentes de mercado acredita que o FED inicie já nesta semana a tão aguardada normalização da taxa de juros americana. Uma decisão de manutenção da taxa nos patamares atuais (0% - 0,25%) sinalizaria preocupação com o andamento da maior economia do mundo e levaria a maior volatilidade em todas as classes de ativos. A monitorar. | Economia brasileira Na semana passada, um dos principais destaques ficou para a divulgação do IPCA de novembro. A inflação oficial, e referência para a meta de inflação do Banco Central, registrou variação de 1,01%, superando as estimativas de analistas, cuja mediana apontava para 0,95%. A alta expressiva dos combustíveis e dos alimentos foram as principais responsáveis pela surpresa ruim da inflação de novembro que, com esse resultado, passou a acumular 9,62% no ano, e 10,48% em 12 meses, atingindo o maior nível desde janeiro de 2003. O comportamento dos núcleos da inflação (medidas que excluem itens mais voláteis) e do índice de difusão (percentual dos itens pesquisados que registrou alta), que atingiu 78%, reforçam a percepção de que a alta de preços é generalizada, a despeito do claro processo de recessão pelo qual passa a economia brasileira. Não bastassem os problemas no front econômico, o aprofundamento da crise política contribui para a paralisação da pauta do ajuste fiscal no congresso, tornando ainda mais frágil a perspectiva para as contas públicas no próximo ano e, assim, colocando um peso extra para a política monetária no combate a alta dos preços. Diante deste quadro, as expectativas de inflação (especialmente a de 2016) permanecem em elevação e se afastando da meta, e o Banco Central parece ter aceitado a dura realidade de ter que retomar o ciclo de alta dos juros, mesmo diante de um cenário de recessão pela frente. O simples fato de a autoridade monetária ter sinalizado uma eventual elevação dos juros já provocou um efeito benéfico nas expectativas para o IPCA de longo prazo, o que indica que ao menos por enquanto não existe por parte dos analistas de mercado a percepção de um quadro de dominância fiscal (onde elevações de juros perderiam o efeito de reduzir a inflação). Assim, a perspectiva de elevação da taxa Selic vai se consolidando no mercado - a pesquisa Focus dessa semana já aponta para uma primeira alta em março, e o mercado futuro de juros sinaliza elevação a partir de janeiro. Esta semana será bastante movimentada no front político, com destaque para a decisão do STF, de dar ou não continuidade ao processo de impeachment aberto há duas semanas. Além disso, teremos a definição se algumas votações importantes – como o orçamento de 2016 – ocorrem ainda este ano ou ficam para 2016. A própria decisão de cancelar ou não o recesso parlamentar terá um peso importante para a definição do cenário de curto prazo. Diante da fragilidade dos fundamentos econômicos – exemplificada pelo fato de o BC discutir a necessidade de elevação dos juros em uma das piores recessões da história recente, e das incertezas relacionadas ao cenário político – que permanecem bastante elevadas, continuamos a recomendar aos investidores uma postura bastante cautelosa na alocação dos recursos financeiros. | Mercados BOLSA under Over Ibovespa 61500 59500 57500 55500 53500 51500 49500 47500 45500 43500 jul-14 ago-14 set-14 out-14 nov-14 dez-14 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 mai-15 jun-15 jul-15 ago-15 set-15 out-15 nov-15 dez-15 As bolsas asiáticas fecharam a última semana no vermelho, atingindo os níveis mais baixos desde setembro, influenciadas por preocupações com o desaparecimento do presidente do maior conglomerado chinês não controlado pelo governo. O mau humor veio em meio a receios causados pelo desaparecimento de Guo Guangchang, o bilionário cofundador e presidente do grupo Fosun. Na China, o tom negativo foi dado pela diminuição do apetite por risco, em meio à tendência de fraqueza das commodities, e por temores de que as saídas de capital do país se intensificaram diante da postura recente do PBoC - como é conhecido o banco central chinês - de enfraquecer o yuan por meio de uma taxa de referência diária. O clima na região tende a ser de cautela nos próximos dias, diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) anuncie seu primeiro aumento de juros em nove anos na reunião desta semana, nos dias 15 e 16. Na Europa não foi diferente. O fortalecimento do euro frente ao dólar e o declínio das commodities acabaram fazendo preço nos principais índices de bolsa da região. O Euro Stoxx 600 teve na última sexta-feira o pior fechamento desde o começo de outubro. Somente na semana que passou, a queda foi de 4%. Os setores de mineração e siderurgia foram destaque de baixa. Nos EUA, a volatilidade medida pelo VIX saltou para próximo de 25, maior nível em mais de dois meses, em reação a queda das commodities e duvidas quanto ao crescimento global. O principal índice da bolsa americana, o S&P500 voltou para perto de 2000 pontos, menor nível desde 21 de outubro. Analistas estimam que o juro americano possa subir 100 bps em 2016 e 100 bps em 2017, de forma gradual e dependente dos dados da economia (inflação, ganho salarial e emprego). No Brasil, a novela do impeachment segue dominando a primeira página dos jornais e mexendo com o preço dos ativos na Bovespa. A possibilidade do Banco Central do Brasil subir a Selic em janeiro do próximo ano para conter as expectativas de inflação e o desemprego podendo atingir dois dígitos no primeiro semestre de 2016, tem afastado investidores da bolsa brasileira nos últimos meses. Devemos acompanhar de perto as oportunidades que deverão surgir nos próximos meses e quando possível, fazer uma alocação um pouco mais estrutural na bolsa local. Continuamos dando preferência a investimentos em renda variável no exterior e renda fixa no Brasil, dado o alto nível do juro real local. Fonte: Bloomberg, 14/12/2015 às 8h00 CÂMBIO Under DXY 105 100 95 90 85 80 dez-15 out-15 nov-15 set-15 jul-15 ago-15 jun-15 abr-15 mai-15 jan-15 fev-15 mar-15 dez-14 nov-14 set-14 out-14 jul-14 75 ago-14 A semana que passou foi marcada pela queda generalizada das commodities, com o índice CRY retraindo 9,93%, com os principais destaques de queda sendo Petróleo (-23,10%) e Minério de Ferro (22,12%). Como consequência, as principais divisas emergentes e daqueles países desenvolvidos dependentes de commodities (i.e. Austrália, Canadá) sofreram quedas relevantes – Rand Sul-Africano (-8,82%), Peso Mexicano (-4,22%), Real (-3,25%), Dólar Canadense (2,73%), Coroa Norueguesa (-2,12%) e Dólar Australiano (-1,98%). No mundo desenvolvido, a semana foi de desvalorização do dólaramericano frente os seus principais parceiros comerciais. O DXY encerrou a semana em leve queda (-0,39%), e os destaques foram o Iene (1,92%), o Franco Suíço (+1,35%), o Euro (+1,07%) e a Libra Esterlina (+0,68%). O real voltou a perder força com a piora da percepção do risco país (CDS voltou ao patamar de 480 bps) juntamente com a possibilidade de um novo downgrade do país pela agência de risco Moody’s e o avanço no processo de impeachment da presidente. Seguimos com posição comprada no dólar, e aproveitamos movimentos exagerados para ajustar taticamente nossa exposição. Fonte: Bloomberg, 14/12/2015 às 8h00 Over JUROS 13,00 13,00 12,00 12,00 11,00 11,00 10,00 10,00 DI 17 nov-15 14,00 set-15 14,00 jul-15 15,00 mai-15 15,00 mar-15 16,00 jan-15 16,00 nov-14 17,00 set-14 17,00 jul-14 O tema principal da semana que passou para a curva de juros no Brasil foi a permanência de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda. O "estou fora" de Levy, no caso de o superávit primário de 2016 ser zerado, aumentou as incertezas quanto à condução do ajuste fiscal, justamente na semana em que a Moody's acenou com novo rebaixamento do Brasil. Segundo informações dos meios de comunicação, o ministro admitiu a membros da Comissão Mista de Orçamento (CMO) que poderá deixar o governo caso seja alterada a proposta de meta de superávit primário de 0,7% do PIB - definida por ele - para zero, como quer uma ala mais à esquerda no governo. Em entrevista coletiva após a reunião, Levy foi enfático ao afirmar que uma possível revisão da meta do ano que vem trará uma série de repercussões negativas ao País. Outro ponto que acabou fazendo preço na curva foi um tom mais duro do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em relação as expectativas de inflação. O presidente do BC reafirmou a independência da instituição na condução dos juros e sinalizou que o BC não hesitará em elevar os juros para fazer a inflação convergir à meta de 2016. O mercado já trabalha com uma elevação de 0,50 pontos na reunião do Copom de Janeiro/2016 e um ciclo de aproximadamente 250 pontos ao longo do primeiro semestre do próximo ano. O contrato DI 21 Fonte: Bloomberg, 14/12/2015 às 8h00 de Depósito Interfinanceiro (DI) de abril de 2016 chegou ao final da última sexta-feira com taxa de 14,68%, contra 14,63% do ajuste de quinta-feira. O DI para julho de 2016 terminou o dia projetando taxa de 15,23%, ante 15,19% do ajuste anterior. O vencimento de janeiro de 2018 terminou com 16,37%, frente a 16,33% do dia anterior. Na ponta mais longa da curva de juros, o DI para janeiro de 2021 ficou com taxa de 16,05%, de 15,88%. Juros Pré-Fixado Under Inflação Over Under | Indicadores e Cotações Over Classe Ativo Indicadores de Risco EMBI Brasil VIX US High Yield Spread Bolsas IBOV ISE IDIV SMALL SP 500 (USD) Euro Stoxx (EUR) Nikkei (JPY) Shangai Comp (CNY) MSCI ACWI (USD) MSCI Emerging Markets (USD) Último Nível Classe Ativo Commodities CRY Oil Gold Iron Ore Juros Germany Generic 10 Y US Generic 10Y Spread US x GE Brazil Generic 10Y IPCA 10 Y ( Generic NTN-B) Inflação Implicita Brazil 5 Y Inflação Implicita US 5 Y Fundo Imobiliario IFIX Moedas DXY BRL MXEF Curncy Último Nível Fonte: Bloomberg, 14/12/2015 às 8h00 524,00 24,39 723,58 45262,72 2163,44 2093,0056 871,67 2012,37 337,14 19230,48 3434,582 392,95 773,56 Dia Semana 28,00 5,05 31,60 -0,81% -0,86% -0,98% -0,47% -1,94% -1,98% 0,97% -0,61% -1,60% -1,96% Dia 174,86 35,62 1074,77 38,30 0,54 2,13 1,59 15,89 7,39 8,52 1,16 -0,03 -0,10 -0,07 0,16 0,02 0,00 -0,06 1442,9214 97,57 3,87 1451,75 121,00 8,88 125,48 -5,13% -5,52% -12,24% -0,47% -4,28% -5,77% 1,60% -0,72% -5,07% -10,90% Semana -1,23% -3,10% 0,30% -0,57% Mês -0,06 -0,10 -0,04 0,44 0,15 0,18 -0,09 -0,30% -0,38% 1,58% -0,76% 85,00 9,32 87,00 -1,32% -3,57% -8,09% -4,21% -3,22% -5,18% 0,77% 1,54% -4,45% -8,76% Mês -9,93% -23,10% -2,99% -22,12% 12 meses 2015 255,00 9,50 184,93 -9,82% -9,41% -25,49% -20,00% -2,30% 5,25% 7,96% 20,25% -6,49% -19,87% 12 meses -9,49% -11,03% -25,03% -19,84% -3,27% 5,78% 10,20% 8,49% -6,33% -18,96% 2015 -10,61% -23,55% -5,90% -23,14% 0,02 -0,01 -0,04 0,00 -0,03 -0,11 -0,03 -0,15 -0,09 0,06 3,64 1,40 2,02 -0,16 -0,30% 0,89% 8,39% 7,94% -0,39% 1,92% -3,10% 0,64% 0,44% -2,87% 10,01% 49,18% -8,30% 8,42% 45,73% -7,50% -30,35% -44,19% -12,70% -44,54% 255,00 8,47 176,13 -25,11% -34,18% -10,48% -46,17% 0,00 -0,06 -0,06 3,54 1,22 2,00 0,00 Fonte: Banco Votorantim, 14/12/2015 às 8h00 INFORMAÇÕES IMPORTANTES AO INVESTIDOR Este material, meramente informativo, foi preparado pela área de Estratégia do Votorantim Private Bank e não se caracteriza como relatório de análise, para fins da Instrução CVM nº 483/2010, e, não foi produzido por analista de valores mobiliários. 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