Mobilidade Urbana

Transcrição

Mobilidade Urbana
Pesquisa de Percepção 2013
Parte 3 – Mobilidade Urbana
Apresentação
Esta é a quarta pesquisa de percepção da cidade encomendada pela Rio Como Vamos. Anteriormente, já havia sido
realizada nos anos de 2008, 2009 e 2011.
A pesquisa de 2013 é composta por três partes. A primeira, e mais extensa, apresenta o resultado de pesquisa
quantitativa com mais de 1.500 moradores da cidade. Foram abordados temas como educação, saúde, segurança,
transporte, etc. Diante dos grandes eventos que a cidade está e estará sediando e das manifestações populares por
mudanças e melhores condições de vida, esta pesquisa se mostra de extrema importância para identificar os atuais
desafios da sociedade carioca.
Pela primeira vez, fez-se necessário aprofundar dois temas além da pesquisa de percepção da cidade: descarte de
resíduos sólidos e mobilidade urbana. Esses dois temas formam a segunda e terceira partes da Pesquisa de
Percepção do Rio de Janeiro 2013.
Os próximos slides apresentam as análises sobre a mobilidade urbana no Rio de Janeiro a partir da experiência
vivenciada por um grupo de antropólogos e pesquisadores, que utilizaram os meios de transporte públicos e
privados em diferentes momentos, trajetos e horários. A descrição da situação atual na cidade é o ponto de partida
para uma discussão ampla envolvendo as autoridades, especialistas e organizações representativas da sociedade
civil.
É importante ressaltar que as ideias apresentadas são percepções dos entrevistados, e não refletem,
necessariamente, a visão do Rio Como Vamos.
Índice
O documento está dividido nos capítulos abaixo. Para facilitar a navegação e busca de informações,
foi criado um sistema de links que permite a fácil navegação dentro do relatório. Ao clicar nas opções
abaixo o leitor será direcionado para os slides do tópico desejado.
Objetivo
Metodologia
Perfil dos
entrevistados
Perfil dos especialistas
Impactos na vida
da população
Ônibus
Trem
Metrô
Trânsito
Portadores de
deficiência física
Grandes eventos
Futuro
Conclusão
Objetivo
Descrever a situação atual dos transportes na cidade do Rio de Janeiro, bem como avaliar as condições
das ruas. Ou seja, traçar o panorama de questões relativas à mobilidade urbana.
Foram abordadas questões como:
• A percepção de qualidade dos serviços;
•
O quanto o sistema de transporte público influencia na vida dos moradores da cidade;
•
Como os cariocas estão avaliando as obras que estão sendo realizadas para os eventos que a cidade
irá sediar;
•
O que poderia ser feito e de quem é a maior responsabilidade para melhorar os meios de transporte
públicos e o trânsito.
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Metodologia
A pesquisa foi realizada utilizando uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas em
profundidade com roteiros semiestruturados e observação participante com 13 moradores da cidade
do Rio de Janeiro. Junto com cada um dos entrevistados, os pesquisadores utilizaram os transportes
públicos e privados repetindo os trajetos que eles fazem diariamente para as atividades de trabalho
e/ou lazer por 4 vezes. Foram selecionadas pessoas que fazem trajetos diferentes, em horários diversos
e em meios de transportes variados.
Além dos entrevistados descritos acima, foram acompanhados em seus deslocamentos mais 4
deficientes (2 cadeirantes e 2 deficientes visuais) para identificação de problemas e oportunidades
específicas.
Ainda foi montado um grupo de especialistas, formados por 7 pessoas que possuem algum
envolvimento com mobilidade urbana, seja profissional ou defendendo alguma causa. Esse grupo nos
ajudou na análise de algumas situações e enriqueceu o debate com informações além das percepções
dos usuários dos transportes públicos.
As entrevistas e visitas foram realizadas entre os dias 02 e 30 de maio de 2013.
Abordagem
Qualitativa
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Observação
Participante
Roteiro
Não Diretivo
Entrevista em
profundidade
Perfil dos entrevistados – moradores da cidade
13 moradores e seus trajetos habituais para o trabalho / escola / lazer.
Total de quilômetros percorridos: aproximadamente 900 km.
Sexo
Idade
Classe
Social
Profissão
Trajeto
Transportes utilizados
Tempo
trajeto
F
47
B1
dona de casa
Magalhães Bastos – Centro
ônibus + trem
01:02
M
27
B1
vendedor
Maria da Graça – Siqueira Campos
Metrô
01:08
F
26
C1
analista de crédito
Realengo – Centro
ônibus + trem + metrô
01:42
F
27
C1
analista de sistemas
Oswaldo Cruz – Ipanema
ônibus + trem + metrô
02:18
F
32
B2
secretária
Tanque – Curicica
ônibus
01:06
M
31
B1
advogado
Jacarepaguá – São Cristóvão
carro
01:35
F
31
B2
representante comercial
Pavuna - Ipanema
carro
01:30
M
24
B2
estatístico
Campo Grande - Centro
trem
01:30
M
34
C2
analista administrativo
Braz de Pina – Lagoa
trem + ônibus
01:36
M
34
B1
assistente administrativo
Ilha de Guaratiba - Centro
metrô + ônibus + BRT +
ônibus
02:00
F
49
A1
jornalista
Humaitá - Manguinhos
carro
00:25
M
26
A1
analista de marketing
Grajaú - Centro
ônibus
01:10
M
22
C1
estudante
Colégio - Catete
metrô
01:05
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Perfil dos entrevistados – moradores da cidade
4 portadores de deficiência, sendo 2 visuais e 2 cadeirantes.
Sexo
Idade
Classe
Social
Profissão
Trajeto
Transportes utilizados
Tempo
trajeto
*M
58
B2
analista de sistemas
Botafogo - Copacabana
ônibus
00:40
*M
42
B2
lutador de judô
Senador Camará - Bangu
ônibus
00:25
**F
38
B2
bancária - CEF
Centro – Tijuca
metrô
00:55
**M
54
B2
sociólogo
Catete - Centro
metrô
00:20
*Deficiente Visual **Cadeirante
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Perfil da amostra – especialistas
Grupo de 7 pessoas que se relacionam com temas relacionados à mobilidade por conta do trabalho ou
estilo de vida.
Sexo
Idade
Especialidade
Tempo na especialidade
(em anos)
F
40
Ciclista
20
F
29
Ciclista
2
M
43
Guarda de trânsito
2
M
38
Guarda de trânsito
11
M
47
Motorista de ônibus
27
M
51
Motorista de táxi
5
M
39
Motoboy
-
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“Se tudo der certo, vai ficar bem pior. Porque, para
melhorar, tem que sair diferente do que está planejado.”
Percepção de um dos interlocutores que resume o sentimento dos entrevistados.
Impacto da qualidade do transporte
público na vida da população
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Análise *
 A baixa qualidade do transporte coletivo influencia na qualidade de vida dos usuários do
serviço.
Principais problemas:
 Tempo perdido no deslocamento
 Atraso em compromissos
 Desconforto no trajeto
Principais consequências:
 Redução do tempo destinado para sono, atividades físicas e aprimoramento educacional
 Cansaço físico e estresse
 Menos tempo com a família
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Impacto da qualidade do transporte
público na vida da população
Segundo os interlocutores, o nível de qualidade de vida daqueles que utilizam transporte público fica
bastante comprometido por causa da baixa qualidade dos serviços atuais.
Fatores que interferem na qualidade de vida das pessoas:
 Tempo que as pessoas perdem se deslocando, o que impossibilita ou
dificulta:
 Atividades físicas
 Mais tempo de sono em casa;
 Tensão gerada por várias circunstâncias: possibilidade de chegar atrasado
ao trabalho, o desconforto e a proximidade invasiva de corpos causados
pela superlotação, etc.;
 o cansaço e o estresse durante as viagens de ida e volta interferem na
quantidade e qualidade do tempo com filhos e família;
 o desconforto da viagem de ida ao trabalho interfere no aspecto físico
que a pessoa chega para trabalhar: suado e amarrotado;
 o cansaço provocado pelo estresse e desconforto da viagem interfere no
desempenho no trabalho e na escola.
“Quem aguenta um trânsito estressante pra
ir trabalhar? Chega no trabalho já azedo,
verde, mal-humorado. Na volta vai chegar
em casa arrasado e verde do mesmo jeito.
Quer dizer, isso influencia na saúde:
coração, pressão, tudo! A pessoa não come
direito, não dorme direito: tem pessoa que
acorda de madrugada para não pegar
trânsito pra ir e pra voltar. Vem de
madrugada... Não tem vida! Então, eu acho
que o transporte público influencia pra
caramba!”
Mulher – 47 anos – moradora de Magalhães Bastos
“Afeta totalmente! Eu acho que é uma coisa que eu já ...
dependendo de como eu esteja ... de como eu pegue o
trem ... se eu fui muito “amassada”... com o ar
condicionado ruim, ou sem ar condicionado ... e você vê
que as pessoas estão entrando e você ter a preocupação
do tipo ... ninguém te encostar e ficar de um jeito que você
possa ficar direito segurando ... é um estresse! É uma hora
que você passa estressado! E já chega no trabalho
estressado ....”
Mulher – 24 anos – moradora de Campo Grande
Impacto da qualidade do transporte
público na vida da população
Os usuários de transporte público deixam de fazer muitas coisas por causa da baixa qualidade dos serviços oferecidos.
Entre as atividades citadas pelos interlocutores, o aprimoramento educacional foi a mais recorrente.
Além da educação, a baixa qualidade do transporte público na cidade:
 Diminui a quantidade e qualidade do tempo com filhos e família
 Dificulta as atividades regulares de consultas médicas, banco, mercado, etc.;
 Influencia na saúde, quando não sobra tempo para atividades físicas;
 Restringe as atividades de lazer.
“Tanta coisa que a gente tem que fazer, as
vezes se organizar e não dá (...) eu faria
bastante coisa. Aproveitaria bem meu tempo,
mas se eu pudesse, se eu não levasse uma hora
e meia ou duas horas pra chegar em casa todo
dia, essas horas eu ganharia numa academia.
Faria alguma coisa!”
Mulher – 26 anos –moradora de Realengo
“Banco, médico e cursos, por ser longe e
demorar muito, não tem condições de eu
fazer um curso no Méier. Vai demorar muito
para chegar, o horário já não tem condições,
não dá, eu chego em cima da hora, atrasado
sempre. Tudo por causa do transporte.”
Homem – 27 anos – morador de Maria da Graça
“Uma pessoa que acorda
4 horas da manhã para se
arrumar, para pegar um
trem, pegar um ônibus às
5 horas. Gastar 2 ou 3
horas no trânsito para
chegar no trabalho.
Quando chega a tarde é a
mesma coisa (...). Eu acho
que isso altera e muito a
vida das pessoas.”
“Sim, porque se tiver um transporte ruim, lento, você acaba
passando mais tempo no trajeto que em casa. Então, você não
tem tempo, por exemplo, pra você praticar um esporte,
estudar. (...) Eu faria academia, porque eu preciso fazer
exercício. Só que eu não faço porque eu não tenho tempo pra
fazer. Acho que eu faria academia ou algum outro curso,
porque hoje não dá.”
Mulher – 27 anos – moradora de Oswaldo Cruz
Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de
deficiência visual
Impacto da qualidade do transporte
público na vida da população
Quantas baldeações você faz normalmente para chegar no trabalho / local onde estuda? Considere como
baldeação a troca de meio de transporte (do ônibus para o trem, por exemplo) ou a troca de linhas de ônibus,
trem ou metro.
O tempo médio por viagem do carioca é de 51 minutos, reforçando a percepção dos
interlocutores da perda de tempo no translado entre trabalho e casa.
Aproximadamente 40% dos cariocas precisam fazer ao menos 1 baldeação para chegar no
trabalho ou local onde estuda.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Impacto da qualidade do transporte
público na vida da população
Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa MUITO RUIM e 10 significa MUITO BOM, como você classifica os
meios de transporte públicos:
Ruim
Notas
1 a 4:
Notas
7 a 10:
44%
26%
18%
49%
15%
61%
16%
61%
Bom
A percepção de falta de qualidade nos serviços de transporte público também é observada no pontuação dada pelos
pesquisados da parte 1 desta pesquisa. As notas 7 a 10 (maiores) tiveram redução do percentual de 49% para 26% entre
2011 e 2013.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
O transporte público no Rio de Janeiro
Ônibus
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índice
Ônibus: Análise *
 O ônibus foi avaliado como o pior meio de transporte da cidade e deveria ser o foco de investimentos
em melhorias.
 O motorista tem um papel importante na qualidade do serviço oferecido, mas as condições de trabalho
e do transito são fontes de estresse percebidas e reconhecidas pelos usuários do transporte publico.
 UPPs, BRT e BRS foram melhorias percebidas pelos usuários dos ônibus em segurança e organização do
trânsito.
 Existe grande preocupação com a segurança (risco de vida e acidentes) por parte dos usuários, que
mencionam o medo em vários momentos da pesquisa.
 2 fontes de risco foram destacadas:
 (1) a falta de infraestrutura e conforto dos pontos de ônibus (alguns interlocutores mencionaram a
necessidade de ir até a pista para fazer sinal e embarcar nos veículos);
 (2) a função dupla motorista e cobrador, que também atrapalha o trânsito e complica o trabalho do
motorista.
 É percebida diferença entre as ruas e infraestrutura dos pontos de ônibus da Zona Sul e Centro para
demais regiões. O grupo de especialistas também destacou a educação dos moradores da Zona Sul.
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Uso dos meios de transporte
na cidade
Qual o seu principal meio de locomoção, ou seja, aquele que você fica mais tempo ou faz o maior percurso?
O ônibus é o meio de transporte mais utilizado pelos
cariocas. Então, seus problemas possuem uma repercussão
maior do que os demais meios de transporte.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Ônibus: situação geral
O ônibus foi considerado pelos interlocutores como o pior meio de transporte urbano da cidade.
desconfortáveis
superlotados
mal conservados
frotas reduzidas após 22h e
finais de semana
inseguros
intervalos longos e
irregulares
responsáveis pelos
engarrafamentos
Ônibus: situação geral
Ônibus da linha 859 – Covanca X Largo do Tanque - 18:00
Ponto inicial em São Cristóvão das linhas 461 – São Cristóvão X
Ipanema (circular via Túnel Rebouças) e 460 – São Cristóvão X
Leblon (circular via Túnel Rebouças) às 07:55.
4 filas formadas à espera de um carro da linha 460 + 4 filas à
espera de um carro da linha 461, após descida da estação de
trem de São Cristóvão.
Avaliação dos transportes
públicos
Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa MUITO RUIM e 10 significa MUITO BOM, como você classifica os
meios de transporte públicos: (Cada entrevistado avaliou o meio de transporte que mais utiliza)
A constatação de que o ônibus é o pior meio de
transporte da cidade também pode ser
observada na pesquisa quantitativa. O ônibus
recebeu a pior avaliação dentre as modalidades
públicas mais utilizadas.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Ônibus: Principais problemas
Por que você classifica desta forma este meio de transporte? Marque até 3 opções. (Pessoas que atribuíram
notas de 1 a 5 para seus meios de transporte principais).
Principais problemas
Ônibus
Superlotação
67%
Intervalo grande / demora para passar
32%
Demora muito por causa do trânsito
27%
Preço alto da passagem
25%
Falta de conforto
24%
Falta de educação dos motoristas
19%
Mau estado dos veículos
16%
Motoristas não dirigem bem / arriscam a segurança dos
passageiros
14%
Roubos / insegurança
13%
Sujeira / falta de higiene
4%
A pesquisa quantitativa revelou que os principais problemas dos ônibus na cidade são a superlotação, os grandes
intervalos entre os carros e a demora no trajeto por conta do trânsito.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Ônibus: função do motorista
Os motoristas de ônibus são percebidos como despreparados para exercer um tipo de atividade que requer
muita segurança, cuidado e habilidade para o trato com o público.
Muitos ...
param fora das
paradas, no meio de
ruas e avenidas
são grosseiros
são apressados: não
esperam os passageiros
subirem
dirigem em alta
velocidade
freiam bruscamente
ignoram passageiros que fazem
sinal nos pontos onde não tem que
descer ninguém
não param para
estudantes e idosos
não têm paciência e
atenção com pessoas
com crianças
não têm paciência e
atenção aos idosos e
deficientes
“Os motoristas têm que ser mais educados. Ganham muito pouco e
encaram um trânsito que é muito ruim, mas não podem ficar freando e
acelerando desse jeito que eles fazem. Param em qualquer lugar (...) é
muito comum acontecer isso, saindo da porta têm uma poça de água,
sabe? Então, precisariam de mais treinamento. De muito treinamento.”
“Aí o cara já é meio estressado por
natureza, junta com uma empresa
que não presta e o cara vira um
capeta. O cara vira um louco, um
doido adormecido.”
Motorista de ônibus - sobre a má conduta dos
colegas de profissão.
Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual
Ônibus: função do motorista
Opinião do
grupo
Especialista
Porém, é percebido que o estresse não é somente por causa do
motorista. As condições de trabalho não são ideais.
Condições trabalhistas ...
baixo valor da cesta
básica
ausência de auxílio
insalubridade
as empresas não oferecem
plano de saúde
carros velhos que tornam a
dirigibilidade prejudicial à saúde do
motorista: problemas na coluna,
surdez, etc.
o exercício da dupla função
motorista + cobrador é
extremamente desgastante
perdem as horas acumuladas no
banco de horas, caso sejam transferidos
para outra linha da mesma empresa
obrigatório fazer 3 viagens por dia.
Quando não fazem, por qualquer
motivo, devem pagar à empresa com
horas extras de trabalho
“As diretorias das empresas junto com os órgãos públicos têm que acolher o trabalhador,
o funcionário, principalmente do transporte. Ele está desamparado. Ele está trabalhando
por necessidade extrema. Isso aí tem que ser mexido, isso aí tem que dar uma melhorada,
entendeu? E as remunerações não estão boas. Esse ruído tem que sumir da minha vida.”
Motorista sobre o ruído alto do motor: além do estresse, prejudica a audição.
Ônibus: função do motorista
Opinião do
grupo
Especialista
O estresse do motorista no dia a dia se deve, em grande parte, ao
trânsito caótico da cidade.
São considerados os melhores trajetos para se trabalhar
São considerados os piores trajetos para se trabalhar aqueles
aqueles que ligam a Zona Sul ao Centro da cidade. Nestas
que vêm da Zona Norte, da Avenida Brasil e trechos da Linha
áreas, o trânsito é mais organizado, as ruas são melhores
Amarela. Nesses trajetos existe muita obstrução do trânsito.
pavimentadas e os passageiros são considerados mais
Além disso, as ruas são mais estreitas e sem pavimentação ou
educados.
conservação.
“ (...) a maioria dos trajetos da Zona Sul é mais
fácil. Porque o pessoal já trabalha no centro
urbano, já tem sua educação própria e eles, para
mim, eles não me perturbam em nada aqui não.”
Motorista de ônibus - sobre os passageiros na Zona Sul.
Ônibus em Jacarepaguá
Ruas da Zona Norte e Zona Oeste
Ônibus: função do motorista
RISCO: dupla função (motorista + cobrador) é algo que põe em risco a vida de todos.
DUPLA FUNÇÃO
coloca em risco a vida do motorista +
passageiros + outros motoristas +
todos que circulam pelas ruas.
Aumenta o tempo das viagens e
atrapalha o trânsito.
Ônibus em Jacarepaguá
Caixa de cobrança operada pelo motorista.
Ele recebe a passagem, dá o troco e libera a
roleta.
Empresas que instituíram essa
prática são percebidas como
gananciosas e irresponsáveis
Estado, que autorizou essa prática, é
percebido como comprometido com os
interesses econômicos das empresas
em detrimento da segurança da
população.
Ônibus: função do motorista
Depoimentos sobre o desempenho da dupla função motorista + cobrador
“Eu não gosto de ônibus
sem cobrador, além de
não gerar trabalho,
atrasa a viagem, porque
o motorista às vezes para
na pista pra ficar dando
troco, ou então, coloca a
vida do passageiro em
risco.”
Homem – 34 anos – morador de Braz de Pina
Linha 238 – Água Santa X Praça XV - Circular – na qual o
motorista exerce a dupla função motorista + cobrador
“Eu não acho legal esse lance
dos ônibus não terem
cobrador. Porque é ruim pra
todo mundo: para o cobrador
que perde o emprego, para o
passageiro que fica sem
segurança nas mãos de um
motorista que faz todo o
trabalho.”
Homem – 34 anos –morador de Ilha de Guaratiba
“Olha, trabalhar sem cobrador é um
tormento, porque você tem que prestar
atenção nas contas, prestar atenção no
usuário, no dinheiro que está recebendo e no
trânsito. Você tem três visões ao mesmo
tempo, quer dizer, é um transtorno. E ainda
você obstrui as vias porque você não tem
como adiantar esse carro por que você está
cobrando, o carro fica parado pra você
cobrar. Ou vice-versa, você cobra com o carro
em movimento que é um perigo maior do que
falar em celular, entendeu, então eu acho
errado.”
Motorista de ônibus
“Eu acho um absurdo isso, e nem vou
falar do emprego do cobrador que esta
deixando de existir, o que também é
péssimo, mas principalmente existe o
perigo que a empresa de ônibus coloca
o motorista e os passageiros. Eu fico
desesperado quando eu vejo o ônibus
sem cobrador, por que ele na maioria
das vezes não deixa de acelerar por
estar recolhendo o dinheiro de alguém.
Além de pegar o dinheiro e dirigir, tem
ainda gente na fila pra pagar, quer
dizer, só não aconteceu um acidente
até agora, por acaso.”
Homem – 26 anos – morador do Grajaú
Experiência vivida na pesquisa – em um
dos acompanhamentos no trajeto Padre
Miguel – Realengo às 18 horas, o motorista
dirigia, recebia, passava o troco aos
passageiros e comia um pastel ao mesmo
tempo.
Ônibus: melhorias recentes
Para os entrevistados, a implantação das UPPs, os corredores do sistema BRS e o BRT são considerados
melhorias importantes.

As UPPs trouxeram mais segurança, ainda que este item seja considerado distante do ideal.

O sistema BRS contribuiu para organizar melhor o trânsito.

O sistema BRT também é considerado uma forma de organizar a desordem do trânsito.
“(...) hoje melhorou um pouco, em termos
de urbanização, esses corredores aí, esse
BRS. O trânsito era caótico. Tinha van, tinha
muito táxi, muito carro de passeio. Hoje deu
uma melhoradinha (...) só falta mais
fiscalização para parar de ser obstruído.”
Motorista de ônibus sobre as melhoras percebidas
Ônibus: condições diferentes
entre Z. Sul e demais áreas
As paradas de ônibus fora do eixo Zona Sul e Centro não recebem a mesma atenção dos órgãos
responsáveis segundo os entrevistados das Zonas Norte e Oeste da cidade.
 Muitas delas não possuem boa visibilidade da placa indicativa de parada.
 A maioria não possui qualquer infraestrutura, como abrigo contra sol e chuva ou
bancos.
Parada colada a uma
saída de veículos,
conforme
rebaixamento da
calçada.
Parada de ônibus no Grajaú
 lixo acumulado
 calçada sem
pavimentação
 falta de placa
indicativa de
parada de ônibus
 não há abrigo
contra sol ou
chuva
 Calçada estreita. Os
usuários ficam fora
da calçada para pedir
parada ou descer.
Parada das linhas 601 e 861 na estrada do Guerenguê
em Curicica
Parada de ônibus na Taquara
O transporte público no Rio de Janeiro
Trem
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índice
Trem: Análise *
 O trem tem uma percepção vantajosa em relação ao ônibus, por ser mais rápido.
 As principais percepções negativas relatadas pelos entrevistados são: desconforto, superlotação,
intervalos irregulares, falta de fiscalização e falta de planejamento, estrutura e manutenção.
 As percepções mencionadas são vistas como causadoras de situações que colocam em risco a
segurança dos usuários, tais como:
 Trem trafegando de portas abertas
 Plano de evacuação ruim, em caso de pane (os usuários têm que andar pelos trilhos entre as
estações)
 Presença de ambulantes
 Presença de usuários de drogas em algumas estações
 Os interlocutores acreditam que a aquisição de novas composições com ar refrigerado é a principal
melhoria dos últimos anos.
 Outra melhoria significativa é a organização nas estações e saída das composições nas plataformas
anunciadas.
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Trem: situação geral
O trem é percebido como uma opção mais rápida do que o ônibus (principal diferencial).
+ rápido
falta de organização e
planejamento
trens muito velhos em
circulação
malha +
abrangente
seguro*
informações confusas
e insuficientes
Sinais de liberação
atrasam o trem
inseguro*
superlotação
* O trem é considerado um meio de transporte mais seguro se comparado ao ônibus em termos de assaltos e possibilidade de acidentes. Por outro lado,
o trem é inseguro porque circula de portas abertas e seu plano de evacuação quando quebra transmite muita insegurança aos passageiros.
Trem: Principais problemas
Por que você classifica desta forma este meio de transporte? Marque até 3 opções. (Pessoas que atribuíram
notas de 1 a 5 para seus meios de transporte principais).
Principais problemas
Trem
Superlotação
74%
Intervalo grande / demora para passar
31%
Demora muito por causa do trânsito
12%
Preço alto da passagem
27%
Falta de conforto
46%
Falta de educação dos motoristas
0%
Mau estado dos veículos
16%
Motoristas não dirigem bem / arriscam a segurança dos
passageiros
12%
Roubos / insegurança
12%
Sujeira / falta de higiene
12%
A pesquisa quantitativa revelou que a superlotação é o principal problema dos trens, bem como foi observado pelos
interlocutores das entrevistas realizadas para este documento.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Trem: problemas
Na opinião dos entrevistados, os trens da SuperVia, apesar de rápidos, não oferecem uma viagem
confortável e digna aos seus passageiros.
superlotação
corpos colados
uns aos outros
“intimidade
involuntária”
A superlotação gera uma aproximação excessiva e involuntária das pessoas. Além do
desconforto - pois a pessoa não tem espaço para se mexer - tal proximidade pode
ocasionar situações em que os passageiros se sentem agredidos ou abusados.
“o maquinista freia mais pesado ao parar na
estação, e aí dá “aquela arrumada” à força.
Por que todos estão grudados e o freio tira o
eixo, o equilíbrio, pois não dá para ninguém
segurar, é um apoiado no outro.”
Mulher – 26 anos – moradora de Realengo
Trem sentido Santa Cruz X Central às 07:30.
Trem: problemas
Nas horas de rush, tanto pela manhã como na volta do trabalho, os trens estão geralmente com
superlotação.
superlotação
dificuldade para
entrar no trem +
circulação com
portas abertas
insegurança /
perigo de
acidente
 A superlotação gera uma disputa na hora da entrada no trem para garantir um lugar. Mesmo que
não seja sentado, os passageiros tentam, ao menos, ter onde se apoiar durante a viagem.
 A superlotação gera até mesmo disputas em relação aos apoiadores manuais (ganchos ou
ferros). Quem não consegue se segurar, está sujeito a ser jogado de um lado para outro, pois
frequentemente são realizadas freadas bruscas pelos condutores.
 A superlotação, muitas vezes, impede o fechamento das portas. Passageiros viajam expostos ao
perigo de queda.
Trem sentido Santa Cruz X Central às 07:30.
Trem em movimento com as portas abertas
Trem: problemas
O placar informativo dos horários e destinos dos trens da SuperVia nas estações, atualmente, não informa os horários de
chegada e saída dos trens. Por causa dos atrasos constantes, passou-se a informar o intervalo estimado entre uma
composição e outra.
intervalos
irregulares
demora na
liberação do
sinal
viagens mais
demoradas
Estação de Deodoro às 14:00.
Segundo os interlocutores, os atrasos entre uma
composição e outra podem variar entre 5 e 40
minutos. Ainda segundo os interlocutores, os sinais de
liberação dos trens no meio do trajeto é o que mais
atrasa, principalmente entre as estações São Cristóvão
e Central do Brasil.
Trem
Trem: problemas
A falta de agentes de segurança é sentida em todas as estações, com exceção da estação Central do Brasil,
onde os agentes se concentram nas plataformas de embarque.
1
falta de fiscalização
privação do direito de
vagão exclusivo para as
mulheres
Segundo os interlocutores, os vagões destinados exclusivamente às mulheres só
são respeitados na Estação Central do Brasil, onde existe agentes de segurança.
Porém, assim que a composição para na estação São Cristóvão, alguns homens
ocupam os vagões exclusivos, o que se repete nas demais estações por ausência
dos agentes de segurança.
“O vagão feminino funciona de 6 às 9 da manhã. São dois ou
três vagões, mas no ramal Gramacho (que eu pego) ou no
Saracuruna não tem controle não em relação a isso. Então, tem
muitos homens que continuam pegando.”
Homem – 34 anos – morador de Braz de Pina
1 - Estação de São Cristóvão
2 – Estação Padre Miguel
Presença de homens nos vagões destinados
exclusivamente às mulheres.
2
Trem
Trem: problemas
A raridade de agentes de segurança nas estações, de uma forma geral, traz um sentimento de insegurança
aos usuários dos trens da SuperVia.
Falta de
fiscalização
presença de
usuários de
drogas e menores
de rua nas
estações
presença de
pedintes e
ambulantes nos
vagões
• Um exemplo flagrante de insegurança foi apontado por uma das interlocutoras, a qual utiliza a estação de Padre
Miguel: usuários de drogas fizeram uma espécie de cavidade entre o muro que separa a parte externa da parte interna
da estação, onde se instalam e permanecem fazendo uso de entorpecentes. Essa situação provoca muito desconforto e
insegurança aos usuários do trem.
• Já na estação Central do Brasil, a presença de agentes de segurança é percebida em maior número nas plataformas de
embarque e desembarque. Porém, no saguão da estação, o sentimento de insegurança é grande, pois é frequente a
presença de pedintes e menores de rua. Nas imediações da estação Centra do Brasil, o sentimento de insegurança se
agrava, porque os furtos são frequentes.
• Dentro dos vagões a presença de pedintes e ambulantes aumenta o desconforto durante as viagens.
Trem
Trem: problemas
A estrutura das plataformas por onde embarcam e desembarcam os passageiros dificulta a saída
em estações de maior fluxo.
3
Plataformas
mal
planejadas
Demora para
sair da
estação
maior tempo
gasto no
trajeto
1
Uma das estratégias usadas
por alguns dos interlocutores
2
é viajar sempre nos primeiros
vagões, assim não perde
tanto tempo na saída da
estação.
1 – Chegada de composição às 14:00 na estação Central do
Brasil
2 – saída da estação São Cristóvão às 07:50
3 – saída da estação São Cristóvão às 07:50
Trem
Trem: problemas
Ainda em relação à estrutura, planejamento e manutenção de trens e estações
da SuperVia, os interlocutores apontaram algumas outras falhas:
 Há acúmulo de lixo nos trilhos entre as estações.
 Em algumas estações é comum a presença de ratos e baratas.
 A altura dos ganchos e ferros para apoio manual dentro dos vagões não foi pensada
respeitando a estatura média dos brasileiros, especialmente as mulheres, que sentem
dificuldades em segurá-los. Estes ficam, muitas vezes, fora do alcance.
 A circulação de trens muito velhos e desgastados ainda é uma constante, e eles não
possuem ar condicionado, o que torna a viagem, além de extremamente desconfortável,
insegura. Os passageiros ficam sujeitos a furtos, pois as janelas abertas possibilitam a
ação de marginais que tentam roubar os pertences dos passageiros ao longo do trajeto.
Vagões de trem linha Central X Campo
Grande às 16:00.
Trem
Trem: melhores recentes
Apesar de todo desconforto e insegurança relatados pelos usuários, esses percebem melhorias
significativas nos trens.
 A melhor mudança percebida foi a circulação de composições novas, com ar condicionado, pois apesar da superlotação, a
temperatura agradável torna a viagem mais confortável.
 Além disso, as composições novas não quebram com frequência, como acontece com as antigas, tornando a expectativa da
viagem mais segura.
 Antes, era comum a troca de plataforma de embarque em cima da hora, obrigando os usuários a correr. Muitas vezes, as
pessoas se arriscavam correndo nos trilhos para não perder a composição. Hoje, segundo os interlocutores, essa situação
melhorou e as composições costumam sair da plataforma inicialmente informada.
 Foi percebido, através dos discursos dos interlocutores, uma
resignação em relação aos meios de transportes e, em
especial, aos trens. Principalmente, porque os trens já foram
tão piores, que qualquer pequena mudança é percebida
como uma grande melhoria.
Trem
Trem: avaliação
Depoimentos sobre os trens:
“O mais chato é que as pessoas ficam muito
coladas umas nas outras, não dá pra mudar
de posição , nem se mexer, e não tem onde
se segurar, até por que não precisa, você
não sai do lugar. Mas dá a impressão de
que as pessoas estão se escorando em você,
mas é inevitável com o balanço do trem, o
peso dos outros recai sobre você.”
Mulher – 26 anos – moradora de Realengo
“Na estação Central a segurança funciona,
não deixa entrar homens nos vagões das
mulheres, mas essa é uma ação que
somente acontece na Central, então,
quando chega na estação seguinte, a de São
Cristóvão, por exemplo, os homens invadem
os vagões das mulheres, mas pelo menos as
mulheres vão sentadas.”
Mulher – 24 anos – moradora de Campo Grande
“Como eu prefiro o trem, pra mim hoje ele
melhorou muito do que era antigamente, (...), que
eu uso trem desde os 11 anos de idade. Pra mim o
que melhorou 80% é o trem. As outras opções
não! Foi o que aconteceu. E as pessoas no caso do
trem, são mais educadas hoje em dia, porque
muita gente fugiu do ônibus! Passou a ir pro trem.
Então, há uma mudança de comportamento no
trem que antigamente não tinha. Uma mistura de
classes. Então, o trem melhorou muito em função
disso! Antes era só pobre, ferrado que andava no
trem. Hoje em dia não, hoje em dia tem gente de
boa situação que prefere o trem, pelo trem ser o
melhor transporte!”
“A sujeira nos vagões é o que eu menos gosto de
ver, é horrível. Às vezes alguma falta de
atendimento para alguma dúvida que você
queira tirar. No trem velho você não tem aqueles
painéis com desenho das estações, no trem velho
não tem, já detonaram tudo, isso é ruim, no trem
novo você encontra, mas no trem velho não
encontra mais isso.”
Mulher – 47 anos – moradora de Magalhães Bastos
“Os trens de vez em quando saem com as
portas abertas de tão cheios. Mas estou
acostumado e a galera que pega também
está. Considero o trem seguro. Tem o risco
de cair alguém quando a porta está aberta,
mas as pessoas já estão acostumadas.”
“Eu acho que assalto pode acontecer em
todos os lugares, mas aqui não me sinto tão
inseguro quanto a isso. É cheio demais. Um
assalto aqui não valeria a pena para o
assaltante porque criaria muito tumulto.
Seria capaz de ele ser pisoteado.”
“O “quentão”, como são chamados os trens
sem ar condicionado, são menores do que os
novos, com ar condicionado. Os trens mais
novos não são muito colocados nesse ramal.
Eles são mais colocados no ramal de Santa
Cruz ou Campo Grande. Acho que é porque
tem um número maior de passageiros.”
Homem – 34 anos – morador de Braz de Pina
O transporte público no Rio de Janeiro
Metrô
Retornar ao
índice
Metrô: Análise *
 O metrô é percebido como o melhor meio de transporte do Rio de Janeiro.
 Os fatores apresentados como positivos são:
 Rapidez e previsibilidade
 Ar condicionado
 Vagões e estações limpos e organizados
 Sinalizações e informações claras

Fiscalização e presença de agentes de segurança
 Duas percepções são apresentadas como negativas:

Malha metroviária pequena

Superlotação => Para driblar esta situação, os usuários criam estratégias
 Melhorias percebidas:
 Aquisição de novos trens
 Uso de fitas de contenção
 Há a percepção de que existem diferenças entre as estações da Zona Sul (Linha 1) e as demais.
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Metrô: situação geral
O metrô foi considerado pelos interlocutores, como o melhor meio de transporte da cidade.
mais rápido
diferenças visíveis
entre as linhas 1 e 2
malha pequena
organizado
limpo
seguro
superlotação
Metrô: Principais problemas
Por que você classifica desta forma este meio de transporte? Marque até 3 opções. (Pessoas que atribuíram
notas de 1 a 5 para seus meios de transporte principais).
Principais problemas
Metrô
Superlotação
72%
Intervalo grande / demora para passar
24%
Demora muito por causa do trânsito
17%
Preço alto da passagem
37%
Falta de conforto
30%
Falta de educação dos motoristas
22%
Mau estado dos veículos
0%
Motoristas não dirigem bem / arriscam a segurança dos
passageiros
9%
Roubos / insegurança
9%
Sujeira / falta de higiene
13%
Bem como destacado pelos interlocutores, a superlotação também foi destacada pelos entrevistados na parte
quantitativa da pesquisa de Percepção do Rio de Janeiro 2013.
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Metrô: vantagens
Os principais diferenciais do metrô em relação aos outros meio de transporte são a rapidez e a
previsibilidade.
 Menos tempo para fazer os mesmos trajetos feitos pelos ônibus.
 Atrasa com pouca frequência e, quando o faz, é por conta da liberação do sinal entre as estações.
 Os carros do metrô, diferentemente dos trens, raramente apresentam falhas técnicas, o que torna as viagens mais
seguras e previsíveis.
“Metrô, com seus problemas todos, ainda é
com o metrô que eu consigo chegar mais
rápido onde eu quero. Isso aí é fato. Ônibus
não tem como, não dá por causa do
trânsito.
“Se eu não viesse de metrô lá de onde eu
moro pra cá, eu teria que pegar dois ônibus
e demoraria uma hora e meia. E isso só pra
chegar ao centro da cidade. Do centro, eu
teria que pegar outro pra vir pro Catete.
Então é claro que não vale a pena.”
Homem – 22 anos – morador do Colégio
Homem – 26 anos – morador de Maria da Graça
metrô Linha 2 sentido Pavuna às 22:00
Metrô: pontos positivos
O metrô, apesar dos problemas (descritos nos próximos slides), é percebido como um meio de transporte
confortável fora dos horários de pico.
 Os vagões e as estações do metrô estão sempre muito limpos e organizados. As lojas e lanchonetes nas estações
exibem um padrão de higiene, limpeza e organização muito diferente do apresentado nas estações de trem.
 O ar condicionado funciona muito bem, proporcionando uma viagem agradável, mesmo em dias de muito calor.
 As informações nas placas e através de alto-falantes são claras e sempre atualizadas.
 Os agentes de segurança estão sempre presentes em todas as estações e são muito solícitos e prestativos. O
usuário sente que o metrô é o meio de transporte mais seguro na cidade.
“Eu já estou tão acostumado com o
metrô que vou andando de olhos
fechados. Mas mesmo que não
estivesse. Acho tranquilo. Acho fácil.
Qualquer um se acha por aqui. ”
Homem – 34 anos – morador da Ilha de Guaratiba
Exemplo de limpeza e organização das estações do metrô Rio.
Metrô: pontos positivos
A aquisição de trens novos é percebida como uma mudança positiva no metrô.
 Os usuários valorizam a aquisição de novos trens, considerados mais espaçosos e rápidos do que os antigos.
 A colocação de fitas de contenção nas plataformas de estações com maior fluxo de passageiros também é
percebida como uma melhora, pois denota o cuidado com a segurança dos passageiros e facilita a organização de
entrada e saída dos vagões.
“Os metrôs novos têm menos bancos e
privilegia o espaço para as pessoas ficarem em
pé. Quase não têm bancos pras pessoas
sentarem. Tem esses ganchos pra gente
segurar quando fica em pé, parecido com os do
trem. Esses novos começaram a circular em
novembro. O lado bom é que são mais rápidos
e eficientes. Faz uma diferença de 15 minutos a
menos no trajeto. Daí eu tenho chegado mais
cedo na faculdade e até em casa. ”
Homem – 22 anos – morador do Colégio
Metrô: problemas
Um ponto negativo do metrô, em relação ao trem e ao ônibus, é a pequena malha metroviária da cidade. Alguns
interlocutores salientaram o pequeno alcance do metrô, que não serve a boa parte da população.
“O metrô é o melhor, o metrô é bom. O metrô
não é melhor por causa do trajeto dele. O
trajeto é muito mal desenhado. As soluções
que eles arranjam, têm uma frase que eu
costumo dizer, em relação ao trânsito do Rio:
Se tudo der certo, vai ficar bem pior. Porque
para melhorar tem que sair diferente do que
se está planejando. Só planeja para piorar, eu
acho isso, porque tem sido assim.”
“O melhor (meio de transporte) é o nosso
acanhado metrô, muito acanhado. Comparado
com o da cidade de Munique, que tem menos
de 1,5 milhão de habitantes e tem umas 400
estações de metrô; você chega em qualquer
canto. É caro, mas é o que resolve.”
Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual
Metrô: problemas
O que mais desagrada aos usuários é a superlotação, principalmente na linha 2 ou nas estações de
integração com o trem.
 A superlotação no metrô nos horários de rush na linha 2 é igual ou pior à percebida no trem. O inconveniente já
citado sobre a proximidade excessiva das pessoas no trem, acontece no metrô da mesma forma. Assim como
flagrantes de desrespeito ou mal-entendidos, essa situação traz uma tensão para todos tocando em valores ligados
à dignidade.
 Por conta do embarque e desembarque constante, os usuários precisam ficar procurando um ponto fixo para se
segurar o tempo todo. Não existe como relaxar na viagem.
“O metrô Linha 2, (...)
trajeto a Irajá, muito cheio,
ida e volta. Pela hora do
rush, na hora do trabalho,
ida e volta, superlotação,
superlotação. As pessoas
mal educadas, sem
educação nenhuma, e é
muito cheio, muito cheio.
Não tem outra coisa assim,
muito cheio. Já passei mal
no metrô.”
“Na ida para o centro, quando chego em Del Castilho
ele já está superlotado. Tem que empurrar todo mundo
pra poder entrar, e quando você pensa que não cabe
mais ninguém, ele para na Estação de Maria da Graça
e entra mais umas cinco pessoas sabe-se lá como.
Depois vai todo mundo enlatado até a Central do Brasil.
Esse geralmente é o quadro de todos os dias”
Homem – 34 anos – morador da Ilha de Guaratiba
metrô Linha 2 sentido Zona Sul às 07:30.
Mulher – 26 anos – moradora de
Realengo
Metrô: problemas
As estações onde entram e saem passageiros vindos de linhas de ônibus e do trem são as piores para
embarque e desembarque.
 Na Linha 2, entra-se por uma porta e a descida é realizada pela porta contrária. Entrar e sair são considerados missões quase
impossíveis, pois devido à superlotação não há quase espaço para apoiar os pés no chão e a travessia se dá através de muita pressão.
As estações Central do Brasil, Carioca e Uruguaiana são aquelas onde o fluxo de pessoas é maior e o embarque e desembarque mais
difíceis.
 Por esse motivo, é importante a existência de vagões exclusivos para as mulheres. Os homens apoiam essa ideia, por que, para eles,
os vagões exclusivos para mulheres os livram de possíveis constrangimentos.
 No metrô, como a fiscalização é maior do que nas estações de trem, há maior observância quanto à restrição de homens em vagões
exclusivos.
Entrada metrô Estação Central do Brasil
Filas na Estação Uruguaiana para sair do metrô pela manhã
Metrô: táticas dos usuários
Os usuários criam algumas estratégias para driblar o desconforto das viagens nos horários de rush.
 Alguns pegam o metrô no sentido contrário ao destino desejado, no intuito de conseguir se acomodar melhor. Com
isso, perdem o tempo de ida até a estação inicial e o retorno até a estação da onde deveriam ter partido.
 Outros, vindo da Zona Sul, preferem pegar o trem da Linha 1 até as estações de transferência, onde embarcam no
trem da Linha 2. Dessa maneira, passam menos tempo dentro do trem considerado mais desconfortável.
Trânsito
Retornar ao
índice
Trânsito: Análise *
 Para a maioria dos interlocutores, a melhoria no trânsito dependerá da educação do motorista.
 A maioria dos interlocutores aprova as obras de infraestrutura que estão sendo realizadas direcionadas
ao trânsito.
 O trânsito é percebido como caótico por todos os interlocutores. Os principais fatores são:
 Em primeiro lugar: falta de educação para o trânsito
 Falta de investimento em infraestrutura e transportes de massa
 Aumento de veículos que transportam passageiros (vans, lotadas, etc.)
 Aumento no número de veículos novos
 Aumento no número de veículos de carga
 Existem diferenças na percepção de quem são os piores tipos de motoristas na visão dos diferentes
interlocutores do grupo de especialistas (motoristas de ônibus, taxistas, motoboys e ciclistas)
 As principais infrações percebidas pelos guardas de trânsito são:
 Estacionamento irregular
 Não uso do cinto de segurança
 Falar ao celular enquanto dirige
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Trânsito: situação ruim
Segundo todos os interlocutores ouvidos nesta pesquisa, o trânsito da cidade do Rio de Janeiro é caótico por vários
motivos. O principal deles: a falta de educação dos cidadãos.
Falta de
investimento em
infraestrutura e
transporte de
massa
Grande
aumento de
veículos que
transportam
passageiros
Aumento
vertiginoso do
número de
veículos novos
Falta de
educação no
trânsito
Aumento de
veículos de
carga na
cidade
Trânsito: situação ruim
Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa MUITO RUIM e 10 significa MUITO BOM, como você classifica o
trânsito:
Na pesquisa quantitativa, menos de 10% dos cariocas atribuíram nota 7 ou superior para o trânsito na cidade,
reforçando a percepção dos interlocutores. 40% acreditam que nada mudou nos últimos 12 meses, enquanto que
33% acham que o trânsito piorou.
E você diria que a locomoção por este meio de transporte na cidade do Rio de Janeiro melhorou, permaneceu igual ou piorou ao que era há
1 ano?
* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.
Trânsito: soluções
Existe a percepção unânime entre os interlocutores entrevistados que a melhoria do trânsito na cidade
dependerá da educação do motorista.
A educação para o trânsito, segundo alguns
interlocutores, deveria ser disciplina obrigatória nas
escolas desde as primeiras séries.
Atualmente os únicos exemplos que as crianças
recebem são os dos pais, que já internalizaram formas
de agir que nem sempre condizem com uma boa
educação em relação ao trânsito.
Educação! Para os 3: pedestre, ciclista e motorista. Para
cada um saber seus direitos e seus deveres. Cada um sabe
que acaba o seu quando o do outro começa pra haver um
conjunto que dá certo.
Mulher – 47 anos – moradora de Magalhães Bastos
“O que tem na Alemanha e podia ter aqui: na Alemanha tem muito mais ciclovias. E uma coisa que
eu acho fundamental. Eu tirei na escola primária uma carteira de “ciclista”. Um cursinho de
bicicleta. Você têm que fazer, igual com a carteira com carro, você tem que fazer uma prova de
prática. A polícia chega na escola, eles fizeram aula prática na escola, com semáforo, com tudo,
tudo o que tem. E têm que andar com a sua bicicleta e o policial está tirando, se você comete um
erro. E depois tem uma prova de teoria. Então, todo mundo faz isso. Claro que isso não é uma coisa
oficial, ninguém vai perguntar para você na rua, a polícia não vai chegar e perguntar para você “e aí
me apresenta sua carteira”, para ciclista isso não acontece. Mas eu acho isso uma coisa muito,
muito legal. Desde a escola primária.”
Ciclista alemã morando na cidade – intercâmbio educacional
Trânsito: investimentos
Os interlocutores percebem as atuais obras de infraestrutura direcionadas ao trânsito como muito
positivas, mas há ainda muito a ser feito.
Principais pontos que deveriam receber investimentos mencionados pelos entrevistados:
 Obras estruturais para resolver dois dos principais gargalos da cidade: a Avenida Brasil e o Túnel Rebouças.
 O transporte público é visto como um fator preponderante para a melhoria do trânsito na cidade. Para alguns
interlocutores, não há como deixar o carro em casa e pensar em usar um transporte público que atrasa, é muito
cheio e é imprevisível e desconfortável.
 Rodízio e opções de transportes alternativos (caronas compartilhadas e uso de bicicletas) também são
apontados pelos interlocutores como alternativas para melhorar o trânsito da cidade. Porém, para que o uso de
bicicleta seja viável, é necessário o investimento em ciclovias, principalmente na Zona Oeste e em regiões
periféricas da cidade.
Trânsito: investimentos
Os interlocutores apontam também o desejo de que mais investimento humano seja realizado para a
melhoria do trânsito.
 Deve haver mais investimento em modelos e pessoas especializadas em trânsito, como engenheiros de tráfego. Foi
observado que os atuais planejadores do trânsito da cidade devem ouvir mais os motoristas, profissionais ou não, que
diariamente estão envolvidos com a questão. Por exemplo, foi apontada na pesquisa a falta de sincronia entre
semáforos.
 Não é só necessário aumentar os profissionais que orientam o trânsito, mas fixá-los em determinado local por um
período maior. Isso é importante para que eles entendam e se familiarizem com as particularidades de determinada
região ou cruzamento, agindo de forma mais eficiente e pró-ativa. Hoje eles não permanecem por muito tempo em
um lugar.
 Modelos importados de outras cidades ou de outros países só funcionarão se adequados à realidade e ao contexto
próprio da cidade, que sofre há muito tempo com carência de obras de infraestrutura.
“Planejadores, as decisões acerca dos investimentos em
transportes públicos são realizadas por pessoas que não
moram longe, andam de helicóptero, não andam nas
calçadas. Para que ter frade nas calçadas? Para que
você fazer obra e não sinalizar? Para que você botar
orelhão que não tem sinalização para cego. Isso é uma
armadilha”.
Homem – 58 anos – morador de
Botafogo – portador de deficiência visual
Trânsito: perspectiva dos
motoristas de ônibus
Segundo os motoristas de ônibus, os engarrafamentos em grandes vias e a falta de educação de outros
motoristas são os fatores que mais estressam o dia a dia de quem dirige na cidade.
Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade?
Motorista
de ônibus
Outros
motoristas
de ônibus
Na correria diária para cumprir as cotas de números de viagens, os motoristas de ônibus travam uma verdadeira
batalha entre si, tanto na disputas no trânsito como nas paradas BRSs.
Taxistas e motoristas de Vans também atrapalham o trânsito, na opinião do motorista de ônibus ouvido, pois
param em qualquer lugar para pegar ou deixar passageiros e invadem as faixas exclusivas para os ônibus.
Trânsito: perspectiva dos
motoristas de táxi
Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade?
Motorista
de táxi
Outros
taxistas
Na disputa por passageiros, os motoristas de táxi são verdadeiros concorrentes uns dos outros. Parar
abruptamente para pegar um passageiro é prática corriqueira entre os taxistas, o que torna a direção para eles e
para os demais motoristas mais perigosa.
Os motoristas de ônibus são o número 2 no ranking dos piores de lidar para os taxistas. Por estarem guiando
veículos maiores e pesados, dirigem ofensivamente.
Os motoristas de vans também atrapalham, pois não param em pontos específicos.
Trânsito: perspectiva dos
motoboys
Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade?
Motoboys
Motoristas de
táxi
Para o motoboy, o taxista é a maior ameaça, pois pode parar de repente em qualquer lugar para pegar
passageiros. Os motoristas de vans também têm esse tipo de comportamento, mas a frota de táxi existente na
cidade é numericamente muito superior.
Trânsito: perspectiva dos
ciclistas
Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade?
Para os ciclistas, os motoristas de ônibus e os motoristas de táxis são o piores inimigos no trânsito fora das
ciclovias. Os ciclistas frequentemente sofrem fechadas abruptas por parte desses motoristas.
As ciclovias localizadas ao longo de ruas e avenidas também não são respeitadas por taxistas e motoristas de
veículos de carga. Esses estacionam seus veículos sobre as ciclovias impedindo a passagem dos ciclistas.
A presença de carros com vidros escurecidos por filmes impede que o ciclista veja para onde o motorista está
olhando
“Tenho uma bicicleta boa lá em casa na Alemanha. Eu até pensei em trazer essa
bicicleta da Alemanha para o Rio, mas só desisti porque já pesquisei na internet
como era a situação aqui no Rio. Eu vi pela internet, pelos comentários, que o Rio de
Janeiro não é uma cidade para bicicleta.”.
Ciclista alemã morando na cidade – intercâmbio educacional
Trânsito: perspectiva dos
ciclistas
Falhas nas sinalizações de ciclovias e a falta de contato dos pedestres com as ciclovias também são
obstáculos a serem enfrentados diariamente pelos ciclistas.
Nas ciclovias, os pedestres são o maior tormento. As ciclovias são pouco sinalizadas e não houve a internalização,
ainda, no comportamento das pessoas de que por aquela via passam bicicletas em velocidade.
Falta maior sinalização e manutenção nas ciclovias. Existem faixas de sinalização no chão em alguns pontos que
estão muito apagadas e não há nenhum tipo de placa quando termina uma ciclovia informando a que distância
começa a próxima.
A iniciativa de aluguel de bicicletas, como está sendo feito com o Bike Rio, tanto recebeu críticas positivas como
negativas. Há quem considere a iniciativa como um instrumento de popularização do uso de bicicletas. Porém,
interlocutores consideram os ciclistas que alugam essas bicicletas, como “ciclistas de final de semana”, que podem
atrapalhar o trânsito.
Trânsito: perspectiva dos
guardas de trânsito
Para os guardas de trânsito, a opinião sobre os motoristas que mais descumprem as regras não é diferente:
motoristas de ônibus e motoristas de táxi são os maiores infratores.
Principais infrações – avanço de sinal e velocidade acima do permitido.
Motorista de ônibus
As multas recebidas pela infração não se convertem em pontos na carteira de
habilitação.
Principais infrações – fazem paradas irregulares e trafegam em baixa velocidade para
Motoristas de
táxi
pegar passageiros, obstruindo as vias. Mesmo orientados, repetem o
comportamento irregular.
Principais infrações – fazem paradas para embarque e desembarque de passageiros
Motoristas de
van
em qualquer lugar, travando o trânsito ao redor.
Existe um número muito grande de vans operando irregularmente na cidade.
Trânsito: perspectiva dos
guardas de trânsito
Principais infrações – estacionamento irregular, não uso do cinto de segurança e falar ao
celular enquanto dirige.
Motorista de carro
particular
Existe a percepção de que no comportamento desses motoristas está internalizada a
apropriação dos espaços públicos: a rua como extensão da casa. Como nos bairros e subúrbios
da cidade há menos fiscalização do que nas regiões centrais, o hábito de fazer as calçadas
como garagem é repetido quando se encontram em outras regiões.
No Centro da cidade são aplicadas mais multas do que em outras regiões, porque o fluxo e a
fiscalização são maiores. Existe também a percepção de que o Centro da cidade está inflado
devido à expansão comercial da região e o não acompanhamento de investimentos de
infraestrutura de trânsito.
“Você não pode retirar um carro que o reclamante está pedindo e deixar uma montoeira errada. Então, se você
foi num local, você tem que ir lá para ajeitar o que está de errado. Aí, você chega, multa e reboca o carro que
está em cima da calçada. Mas tem mais 10 em cima da calçada. Daí quando você vai “infracionar” estes outros
10, a pessoa que reclamou diz: “Mas esses não pode! Não, esses daqui não, porque são dos moradores!”. Mas,
espera aí, o código de trânsito não diz que o morador pode parar.”
Guarda de trânsito – sobre o atendimento de chamado de morador no Bairro de Santa Teresa, quanto a um
carro estacionado na calçada.
Trânsito: perspectiva dos
guardas de trânsito
Na visão dos guardas de trânsito, os motoboys e ciclistas são considerados muito imprudentes com a própria vida,
principalmente porque estão mais expostos e conduzem veículos desproporcionalmente menores que os outros.
Principais infrações – dirigir sem capacete e estacionamento na calçada.
Motoboy
É percebido que os motociclistas profissionais, quando utilizam o capacete, não o fazem de
forma correta.
Em relação ao estacionamento de motos nas calçadas, principalmente em ruas do centro da
cidade, é percebido que o grande aumento do número de motoboys nos últimos tempos não
foi acompanhado pelo investimento em infraestrutura, como, por exemplo, estacionamento
exclusivos e faixas exclusivas para motocicletas.
Motorista de
veículos de carga
Ciclista
Principais infrações – estacionamento fora de horários e locais permitidos.
Percepção de que não há investimento e planejamento na questão de transporte de carga
dentro da cidade.
Frequentemente – não utilizam equipamento de segurança e não são respeitados pelos
veículos maiores, principalmente por taxistas e motoristas de ônibus.
“Ciclista, eu sou totalmente contrário. Eu acho muito perigoso. Lugar de bicicleta é em ciclovia ou
então em Paquetá. Eu sou totalmente contra. É muito perigoso, eu já vi pessoa quebrar cabeça, ônibus
passar por cima de ciclista. Eu acho que deveria ser proibido ciclista em via pública. A minha opinião é
essa, deveria ser proibido, é muito perigoso.”
Guarda de trânsito
Mobilidade para pessoas portadoras de
deficiências físicas
Retornar ao
índice
PPDF: Análise *
 As dificuldades encontradas pelas PPDF (pessoa portadora de deficiência física) se iniciam desde que
saem de casa. As principais, citadas pelos entrevistados:
 Falta de adaptação das calçadas às necessidades da PPDF
 Falta de manutenção e padronização das calçadas
 Desrespeito
 O principal fator percebido é a falta de capacidade das pessoas de se colocar no lugar do outro, o que
causa uma série de desrespeitos às pessoas portadoras de deficiência, tais como:
 Estacionamento irregular
 Objetos deixados no caminho do PPDF
 Segundo os interlocutores, a reverberação do som é um ponto fundamental para os deficientes visuais,
mas pouco pensado pelos planejadores urbanos.
 O ônibus é percebido como o pior meio de transporte (entre deficientes visuais e cadeirantes)
 Apesar de terem necessidades diferentes, deficientes visuais e cadeirantes tem a mesma percepção:
 Trem ou metrô são vistos como as únicas opções viáveis, porém, não ideais
 Três dos quatro interlocutores tiveram que mudar de bairro para obter um pouco de autonomia
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
PPDF: depoimentos
“A cidadania não está restrita à um grupo específico, é um direito de todos,
então, eu não quero um estatuto do deficiente! Eu quero que respeitem o
meu direito de cidadã de ir e vir, de trabalhar, de me divertir, de fazer o que
eu quiser sem ter que me preocupar se a calçada está boa, se a rampa
existe, se o ônibus vai parar, se o metrô vai estar cheio ou vazio. Eu quero
ter opções como qualquer cidadão, só isso!”
Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante
“Mesmo que demore 10 minutos, as pessoas vão reclamar. Mas essa
reclamação faz parte justamente disso: de uma sociedade que não vive a
realidade do outro!”
Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante
PPDF: desafios
Desrespeito à mobilidade das pessoas, principalmente dos portadores de deficiência física, ocorre tanto em
ruas de grande movimento como em ruas menores. O problema ocorre em todas as áreas da cidade, inclusive
no Centro e na Zona Sul. O estado das calçadas e os obstáculos fazem da mobilidade um desafio a ser vencido
desde o momento que saem de casa até chegarem nos seus destinos.
Algumas imagens feitas durante os acompanhamentos dos cidadãos pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro:
2
Camelô, orelhão, poste, táxi estacionado na
calçada da Avenida Martin Luther King –
Zona Norte da cidade
Rua Fernando Esquerdo em Maria da Graça –
pedras e desníveis na calçada.
Rua Castanheiro em Magalhães Bastos –
canteiros com árvores impedem a passagem
na calçada em frente ao prédio.
PPDF: calçadas
Segundo os interlocutores com deficiência visual, a reverberação do som é um ponto fundamental para seu
deslocamento. Porém, pouco pensado pelos planejadores urbanos.
 Reverberação do som - é importante para orientar o deficiente, pois
permite a percepção, pelo reflexo do som, da presença e distância dos
obstáculos, como uma esquina, um muro mais recuado, carro parado na
calçada, etc.
 Ênclises táteis nas calçadas – as faixas de orientação tátil só funcionam
quando as calçadas são lisas e uniformes, o que não acontece na cidade do
Rio de Janeiro.
 Sinais sonoros – não existem na cidade sinais sonoros que auxiliem as
pessoas portadoras de deficiência visual. Cria-se assim uma situação de
dependência quando esse precisa atravessar um semáforo.
“Colocaram umas faixas nas calçadas,
funciona, mas eu já vi coisas melhores na
Europa. São melhores as faixas que eles
usam lá, orientam melhor. Porque sabe o
que acontece com essas faixas? Você têm
que perceber, por exemplo, que se colocar
um faixa daquela nesse piso que não é
muito certinho, ela vai ser muito mais
imperceptível do que se você colocar aquela
faixa em um piso bem liso. É a mesma coisa
de colocar letras azuis escuro, em um fundo
preto. Se não tiver muito contraste, você
não percebe. Isso, as pessoas eu acho que
são tão doidas, eu até suponho que elas
acham que se colocar uma faixa no chão,
aquela faixa vai atrair o cego, porque ele vai
andar em cima daquela faixa. O ideal da
calçada, é que você ande nela sem ter que
olhar para o chão. A calçada tem que ser
boa, tem que ser sem obstáculos. Aqui no
Rio você não pode fazer isso, você não anda
dois metros sem que haja uma alteração
qualquer no piso.”
Homem – 58 anos – morador de Botafogo –
portador de deficiência visual
PPDF: calçadas
Para os cadeirantes, todos os obstáculos encontrados em ruas e calçadas demandam um esforço a mais na
manipulação das cadeiras. O resultado é o gasto grande de tempo de locomoção, pois são necessários
longos desvios para passar os obstáculos e voltar ao trajeto.
Uma das interlocutoras da pesquisa gasta mais tempo entre a estação de metrô da Carioca até o edifício onde
trabalha, na mesma calçada da Avenida Rio Branco, do que na viagem de metrô desde a Tijuca até o Centro. Os
principais desvios ocorrem por:
1 – não existem rampas de acessibilidade em todas as saídas do metrô;
2 – inúmeros camelôs e outros trabalhadores informais ocupam as calçadas nas imediações da entrada do metrô;
3 – nos dias de chuva, as pessoas se aglomeram embaixo das marquises e impendem a passagem.
“Até a Uruguai (rua na Tijuca) você encontra rampa fácil, você encontra calçadas mais largas, mesmo assim, você vê
que elas são todas desniveladas, a maioria com buracos. Essas obras que estão fazendo... A CEG, então, é um
espetáculo! Ela é boa em furar e péssima em fechar! Mas da Uruguai pra cima, você já começa a ver que tem
lugares que ou você vai pela rua ou você precisa de ajuda para descer o meio-fio. Não tem rampa. Quando você
atravessa uma rua: uma tem rampa e a outra não, eles acham que você vai ficar no meio da rua.”
Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante sobre as ruas na Tijuca
PPDF: falta de
cidadania
Existe a percepção por parte das pessoas portadoras de deficiência física que um individualismo exacerbado está
internalizado nas pessoas que vivem nas grandes cidades brasileiras. Esse individualismo, cada um faz da forma
que acha melhor, se transforma em falta de cidadania e senso coletivo.
“Eu acho que o que falta na nossa cidade é cidadania. A
cidadania não está restrita à um grupo específico, é um
direito de todos, então, eu não quero um estatuto do
deficiente! Eu quero que respeitem o meu direito de
cidadã de ir e vir, de trabalhar, de me divertir, de fazer o
que eu quiser sem ter que me preocupar se a calçada está
boa, se a rampa existe, se o ônibus vai parar, se o metrô
vai estar cheio ou vazio, eu quero ter opções como
qualquer cidadão, só isso!”
Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante
“Eu tenho muito mais dificuldade de
locomoção nas calçadas que são muito mal
cuidadas. Muito mal cuidadas, não se têm a
menor noção de que se tiver uma obra têm
que sinalizar a proteção. De vez em quando
eu preencho um buraco na calçada. Uma
vez eu cai em uma piscina numa calçada, lá
na rua Jardim Botânico.”
Homem – 58 anos – morador de Botafogo
– portador de deficiência visual
“Existe uma questão que ela é obvia; essa coisa
que todo mundo é dono de um quadrado,
rampas nas calçadas é a representação disso. E
aí ser dono de um quadrado, cada um padroniza
a sua entrada.”
Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante
PPDF: desafios
Imprevisibilidade: sair do bairro em que vive e ir para lugares nunca visitados é sempre uma incógnita e
apreensão para os interlocutores portadores de deficiências físicas.
Carros estacionados nas calçadas ou nas faixas de pedestres;
carros estacionados em frente às rampas de acessibilidade: o
que fazer?
Muitas vezes, os deficientes têm que andar fora da calçada,
correndo outros riscos. Durante o período de
acompanhamento de um dos interlocutores desta pesquisa,
observou-se situação em que o deficiente visual foi obrigado a
andar na rua por causa dos carros estacionados na calçada em
frente a um posto da secretária municipal de saúde.
Possivelmente, um cadeirante nessa mesma situação
necessitaria da ajuda de um transeunte para descer a sua
cadeira de rodas do meio-fio para a pista.
Fotos de
interlocutor
deficiente visual
caminhando nas
ruas de Senador
Camará até a
parada de ônibus.
PPDF: transportes
públicos
O ônibus é considerado pelos portadores de deficiência física como o pior meio de transporte,
e o metrô, apesar das ressalvas, o melhor e o mais utilizado.
Embarcar e
desembarcar do
O principal problema do ônibus está no
ônibus =
embarque e desembarque desse meio
dependência dos
de transporte.
outros
DEPENDÊNCIA
PPDF: transportes
públicos
Além das dificuldades para chegar à parada de ônibus, outras graves barreiras existem quando o
deficiente visual chega no ponto de ônibus.
Não existe qualquer tipo de
sinalização que identifique
ao deficiente visual quais
ônibus param em
determinado local.
Não existe qualquer mecanismo
tecnológico implantados no sistema de
ônibus da cidade que avise quando
determinado ônibus está chegando.
“Então, o problema também que acontece, muitas vezes é por
conta de pegar o ônibus. Você precisa da boa vontade de
alguém para parar o ônibus para você. Às vezes você dá até
sorte, quando a pessoa vai pegar o mesmo ônibus. Porque em
alguns casos, uma pessoa que está parando o ônibus para
você, vêm o ônibus dela e ela esquece de te avisar, ela vai e
você fica esperando e ela não está mais ali!”
Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência
visual
DEPENDÊNCIA
PPDF: transportes
públicos
Uma vez dentro do ônibus, existe uma preocupação quanto à hora de descer. É preciso depender e confiar no motorista,
cobrador ou outros passageiros para não descer no local errado. Para o deficiente visual, a quantidade de semáforos e de
pontos de ônibus existentes nas vias públicas pode se transformar em aspectos positivo na medida em que utiliza esses
sinais e paradas para se localizar, ou seja, identificar o ponto específico onde vai descer.
Não há padronização
do lugar onde fica
localizado o leitor de
cartão magnético
dentro dos ônibus.
O sentido de orientação do
deficiente visual através da
reverberação do som dentro
do ônibus fica
comprometido pelos ruídos
do motor e da embreagem
do veículo.
Descer do veículo no ponto
correto de seu destino é algo
incerto, pois os ônibus não
oferecem áudio ou outros
equipamentos / tecnologias
para que auxiliem a
identificação das paradas.
DEPENDÊNCIA
“O que incomoda no ônibus: medo deles me
deixarem fora do ponto e também por
causa dessas curvas que eles fazem. As
curvas que eles fazem, parece que está
carregando boi dentro do ônibus.”
Homem – 42 anos – morador de Senador
Camará – portador de deficiência visual
PPDF: transportes
públicos
As dificuldades para os cadeirantes são diferentes das dificuldades dos deficientes visuais, mas impactam
da mesma forma. Para os interlocutores desta pesquisa, não há muito o que escolher: trem ou metrô se
tornam as únicas opções viáveis.
Motoristas evitam
parar para cadeirantes
Motoristas param o
ônibus fora do ponto
Calçadas inadequadas:
não dá para adequar o
elevador X altura da
calçada
Motoristas não sabem
operar elevador
Muito comum o
elevador não funcionar
“Ah... tem ônibus adaptado! Pois é... mas
será que esse ônibus, quando parar, o
motorista vai saber operar? Ou será que
o ônibus vai passar? Porque as pessoas
com deficiência utilizam o Metrô? Porque
ele sabe que por mais dificuldade que ele
tenha de chegar à plataforma ele vai
pegar! Por mais que ele tenha
dificuldade, ele sabe que aquele trem ele
vai pegar! Diferente do ônibus. Porque eu
posso ficar no ponto do ônibus sem saber
se vou pegar o ônibus. Tem vários fatores,
várias ocorrências que não dependem de
mim.”
Homem – 54 anos – morador do Catete –
cadeirante
“ A adaptação que é colocada dentro do ônibus,
ela é inadequada pra nossa cidade. Não adianta
você colocar um ônibus com o elevador, se é um
elevador que não funciona em qualquer lugar.”
Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca –
cadeirante
PPDF: transportes
públicos
Como foi observado, os motoristas estão presos ao tempo de cada viagem – atrasos geram descontos em
horas extras. O tempo gasto para se colocar um cadeirante dentro do ônibus é um problema para o
motorista.
Quando o elevador não
funciona, o motorista não é
obrigado a colocar o
cadeirante dentro do
ônibus.
Quando o elevador não está
funcionando cria-se uma
situação maior de
dependência, pois dependese da boa vontade de outros
para entrar no ônibus.
Os próprios passageiros
reclamam do tempo parado
para transportar o
cadeirante para dentro do
ônibus
Os motoristas sofrem
pressão dos fiscais em
relação ao tempo parado.
“Porque, assim, mesmo que demore 10
minutos, as pessoas vão reclamar. Mas essa
reclamação faz parte justamente disso: de
uma sociedade que não vive a realidade do
outro!”
Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante
O cinto que prende a
cadeira de rodas não passa
segurança. Parece ser frágil,
principalmente nas curvas
em alta velocidade, o que
ocorre com frequência.
“A minha cadeira por exemplo, ela é difícil
de carregar, só ela pesa 60kgs, mesmo
assim já teve momento de estar no ônibus e
a cadeira sair no lugar. A sensação é que ia
virar! Aí eu desisti!”
Mulher – 38 anos –morador da Tijuca – cadeirante
PPDF: transportes
públicos
A escolha pelo metrô como o meio de transporte mais frequente se dá por 3 fatores principais:
 Segurança - a opção pelo metrô traz mais segurança em relação ao local que o deficiente visual deve ou não descer.
 Previsibilidade - a opção pelo metrô traz a previsibilidade de embarque, pois mesmo que os aparelhos não funcionem, existem agentes
bastantes solícitos, e ainda que demore, sempre aparece um disponível para auxiliar.
 Viabilidade - a decisão em transformar o metrô no transporte para o dia a dia surge a partir de experiências negativas com outros meios
de transporte que se tornam inviáveis.
“porque as pessoas com deficiência utilizam
o Metrô? Porque ele sabe que por mais
dificuldade que ele tenha de chegar à
plataforma ele vai pegar! Por mais que ele
tenha dificuldade, ele sabe que aquele trem
ele vai pegar! Diferente do ônibus... Porque
eu posso ficar no ponto do ônibus sem saber
se vou pegar o ônibus. Tem vários fatores,
várias ocorrências que não dependem de
mim.”
Homem – 54 anos –morador do Catete –
cadeirante
PPDF: transportes
públicos
O trem também representa uma opção viável e segura para os interlocutores portadores de deficiência
física.
Segurança no
embarque e
desembarque
Segurança
durante a viagem
 Os trens se tornam uma opção segura, principalmente, para os deficientes visuais,
porque, assim como no metrô, as paradas são previsíveis e se tem a certeza de
chegar ao destino certo.
“Os trens têm melhorado, parece. Eu andei de trem
ha 1 mês e meio atrás Eu andei em um trem com ar
condicionado, estava muito confortável. (...) Eu
peguei um trem para ir ao Trem do Samba. Eu fui
daqui a Oswaldo Cruz em 16 minutos. Acho que de
carro não faz isso não.”
Homem – 58 anos –morador de Botafogo – portador de
deficiência visual
 A segurança transmitida pelo trem e metrô também se refere ao deslocamento em
si, pois para um deficiente físico, a maneira como os motoristas de ônibus dirigem
atualmente na cidade (solavancos, curvas em velocidade e freadas bruscas) coloca
ainda em maior risco aqueles que não possuem todas as habilidades físicas para se
segurarem.
“Eu acho que o ônibus é o pior. (...) E hoje em dia
eu ando mais seguro de trem. Por exemplo, eu
pego o trem aqui ou o de Deodoro, já salto na
Central. Aí ali eu sei que é o ponto final dele, não
tem como ele ir mais para lugar nenhum! Lá é o
ponto final dele, então, eu salto na Central.”
“Antigamente eu andava muito conduzido pelas
pessoas mesmo, os passageiros, que iam pegar o
trem e me embarcava. Mas hoje em dia não! Metrô
melhorou muito, melhorou sistema de informação
das coisas todinhas.”
Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de
deficiência visual
PPDF: transportes
públicos
Entretanto, metrô e trem estão longe de ser o meio de mobilidade ideal para essas pessoas.
As pessoas portadoras de deficiência física são liberadas de pagar as passagens nos meios de transporte público. No
entanto, os interlocutores não percebem essa situação como um privilégio: o serviço não tem a qualidade esperada e
impossibilita a inclusão.
Problemas encontrados no metrô ou trem e suas consequências:
 Embarque no sentido contrário para conseguir sentar ou ajeitar a cadeira de rodas.
 Não conseguir desembarcar na estação desejada .
SUPERLOTAÇÃO
 Não sair da estação na saída desejada.
 Outros passageiros percebem o espaço ocupado pela cadeira de rodas como um vão, tentando entrar
naquele espaço.
 MAIOR DEPÊNDENCIA.
EQUIPAMENTOS
DEFEITUOSOS
 Maior tempo gasto, até que um funcionário esteja disponível para auxiliar.
 Às vezes, nenhum equipamento disponível funciona. Funcionários são obrigados a carregar o deficiente
e a cadeira na mão, gerando uma situação constrangedora.
PPDF: transportes
públicos
Um dos pontos mencionados que faz do metrô um meio de transporte pouco eficiente para
POUCAS ESCADAS
ROLANTES
os cadeirantes é o fato de que poucas estações possuem escadas rolantes para subir e
para descer. Quando a escada rolante funciona apenas em um sentido, é preciso parar a
escada. Enquanto isso, os outros passageiros têm que esperar.
POUCAS SAÍDAS COM
ACESSIBILIDADE
As rampas que permitem a acessibilidade de cadeirantes não estão presentes em todas as
saídas disponíveis nas estações.
O tempo gasto para sair ou entrar nas estações, muitas vezes é o mesmo ou até maior do o
TEMPO GASTO
PARA SAIR E
ENTRAR DAS
ESTAÇÕES =
INSATISFATÓRIO
tempo gasto no trajeto da viagem:
 equipamento defeituoso = mais tempo de espera pelo agente;
 poucas escadas rolantes = mais tempo de espera pelo agente parar a escada rolante;
 poucas rampas nas estações = mais tempo gasto buscando entradas e saídas mais
distantes.
PPDF: transportes
Necessidades especiais de mobilidade
públicos
Lógica atual na cidade do Rio de Janeiro: a pessoa portadora de deficiência física tem que se adaptar à
cidade e não a cidade se adaptar às pessoas portadoras de deficiência física.
 Mudar de bairro está associado a melhorar a autonomia e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida e
autoestima. Leva-se em conta a quantidade e disponibilidade de serviços e as possibilidades de meios de
transporte reduzidas nos bairros periféricos da cidade.
 Três dos quatro interlocutores portadores de deficiência física tiveram que mudar de bairro para se adaptar à
cidade de forma a obter um pouco de autonomia. Lembra-se que morar em bairros com acesso ao metrô ou
trem possuem custos elevados na cidade.
Bangu
Xerém
Catete
Nova Iguaçu
Rocinha
Tijuca
Vila da Penha
PPDF: mobilidade
Necessidades especiais de mobilidade
urbana
As pessoas portadoras de deficiência física deixaram e ainda deixam de fazer muitas coisas por conta da
baixa qualidade de mobilidade vivenciada na cidade.
Algumas das atividades elencadas pelos interlocutores nessa pesquisa que deixaram ou deixam de realizar pela
dificuldade de deslocamento na cidade:
TRABALHAR
LAZER
ESTUDAR
“Por exemplo, tem coisa que de vez em
quando eu me animo, mas aí depois eu
penso no negócio do deslocamento. Porque
é assim, o deslocamento... por exemplo, eu
já fiz prova para sociologia urbana e fiquei
por 1 ponto... e aí depois eu pensei em fazer
de novo, mas aí eu pensei que não queria
mais aquela relação de esperar metrô... de
esperar guarda... é cansativo! É muito
cansativo! Então, o período que eu estudei,
foi um período na faculdade que eu me
desdobrei! Quando pegava carro demorava
horrores, por causa do trânsito! Quando
pegava o metrô, “Chama o guarda lá para
mim!” (...) corria até chegar à porta da
faculdade e cadê a rampa?”
Homem – 54 anos –morador do Catete –
cadeirante
“Eu tenho que sair sempre mais cedo. Se eu
vou à algum lugar, eu tenho que verificar se
tem acesso ou não. Se eu não posso ir de
metrô, eu acabo tendo que gastar um pouco
mais, porque tem que ir de táxi. Nem
sempre um táxi me atende, porque nem
sempre eles querem ajudar a sair da cadeira.
E aí eu não posso ir na minha cadeira, se não
em um táxi especial. Só que táxi especial é
bem mais caro. (...) O que acontece? O taxi
amarelo, que é o comum, a maioria usa gás,
então perde mala e aí a cadeira, eles não
querem colocar no banco porque estraga o
banco. Quando tem mala, eles não gostam
de pegar porque demora a sair da cadeira,
eles não gostam de ter o trabalho de
desarmar, só que isso é inerente à profissão
deles.”
Mulher – 38 anos –moradora da Tijuca – cadeirante
“Por exemplo, eu ia pra Niterói
entrar pra a equipe que me
convidou. É o meu sonho, eu vivo
de judô, eu vivo do esporte!
Esporte é... não ganho pra isso,
mas, assim, esporte é qualidade de
vida, né? Atividade física em si é
qualidade de vida pra mim, então,
gosto muito de esporte. Viajei
muito com esporte. Então, uma
dessas coisas seria aceitar esse
emprego.”
Homem – 42 anos –morador de
Senador Camará – portador de
deficiência visual – esportista –
lutador de judô – sobre ter
recusado o convite para fazer
parte de uma equipe de
instrutores de judô em Niterói
por conta do problema de
mobilidade na cidade.
PPDF: de
melhorias
Necessidades especiais
mobilidade
O que poderia ser feito? Acredita-se que a falta de planejamento esteja associada à falta de conhecimento
específico dos profissionais que planejam a mobilidade na cidade.
O que poderia ser feito para reverter de forma positiva essa situação de acordo com entrevistados:
 Os profissionais que planejam a mobilidade na cidade devem ser assessorados por pessoas portadoras de deficiência física que
efetivamente utilizam os meios de transportes públicos.
 Os meios de transporte públicos não devem ser pensados primordialmente como produtos geradores de lucro às empresas. Antes
disso, devem ser pensados como instrumentos importantíssimos de inclusão social.
 A padronização e a fiscalização dos espaços públicos, em todos os níveis e em todas as regiões da cidade, são objetos que
requerem muita atenção do poder público para a garantia de liberdade de ir e vir de todos.
Percepção e avaliação dos grandes eventos na cidade
Retornar ao
índice
Grandes eventos: Análise *
 Aos mesmo tempo que as obras são bem-vindas, há um sentimento de que elas estão pouco
relacionadas com o bem-estar da população
 Existe o sentimento, entre os interlocutores, de que os investimentos cessarão após as Olimpíadas de
2016
 Obras positivamente avaliadas pelos interlocutores:
 TransOeste
 TransCarioca
 Sistemas BRT e BRS
 Estas obras têm efeitos que são sentidos no dia a dia da população
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Obras na cidade
Os grandes eventos que serão realizados na cidade são percebidos como positivos, mas existem ressalvas.
Investimento
direcionado
de forma
errada
Obras
maquiagem
corrupção
“Atleta não se constrói com estádio, atleta se constrói com política esportiva e desportiva. Com
base em escola melhor, que forma esse atleta, que você vai ter em uma geração, o estádio é só
consequência.”
Mulher – 47 anos – moradora do
Humaitá
Obras na cidade
Ao mesmo tempo que os interlocutores percebem que a cidade vai ser apresentada ao mundo e que as
obras são bem-vindas, há um sentimento de que elas estão pouco relacionadas com o bem-estar da
população. Existe a percepção de que a cidade está sendo maquiada. Obras que não estão diretamente
ligadas à melhoria da mobilidade são vistas como obras que irão beneficiar exclusivamente o segmento
turístico da cidade.
“Eles vão querer maquiar tudo pros turistas não verem as coisas ruins da
cidade, como foi no Pan. Eu vejo como negativo, porque eles têm que fazer
essas melhorias o ano inteiro e não só agora por causa dos turistas.”
Mulher – 27 anos – moradora de Oswaldo Cruz
“ Eu acho muito bom, mas, assim, depende de como está sendo conduzido. É
bom por um lado, que está melhorando algumas coisas: visibilidade do país e
da cidade. Mas tem muita gente se aproveitando disso e esse é o lado ruim.
Essas pessoas que pensam em superfaturar por causa desse tipo de evento. Se
aproveitar da situação.
Homem – 34 anos – morador da Ilha de Guaratiba
Obras na cidade
Um dos sentimentos presentes nos discursos dos interlocutores é de que os investimentos em
infraestrutura que a cidade vem recebendo terminem após a realização das Olimpíadas em 2016.
 Experiências anteriores, como as obras do Pan Americano de 2007, reforçam esse sentimento. A sensação geral é que é
sempre preciso um motivo externo para que as coisas sejam feitas na cidade. O sentimento é de que a cidade não
está sendo pensada para o cidadão carioca e sim para o turista que vem visitá-la.
 Foi citado nas interlocuções que existe concentração de obras que beneficiam a Barra da Tijuca e parte da Zona Oeste,
porque lá fica a cidade olímpica. Umas delas é a Linha 4 do metrô.
 Outro exemplo, é o sentimento de que a revitalização do Centro da cidade do Rio está voltada para a instalação de
grandes empresas na cidade, o que pode levar à descaracterização do Centro e a sua tradição histórica.
“ Não posso dizer que seja muito boa, não. Porque o governo que atende a padrões internacionais, a
compromissos internacionais, fazendo metrô, por uma linha que vai ter menos gente, menos demanda, e
desrespeitando as associações de toda a Zona Sul: Jardim Botânico, Humaitá e Gávea, que queriam, por
exemplo, que o metrô passasse por lá. Eu não considero um governo que esteja ouvindo o povo, a
população. Eu acho que ele atendeu a outros compromissos e vai beneficiar. Vai melhorar? Vai. Porque
nada foi feito. Agora, que isso é o ideal, não. Isso é uma postura absolutamente errada, com uma obra
gigantesca, com volume e injeção de recursos gigantescos, para atender a compromissos assumidos com a
FIFA ou o Comitê Olímpico, com quem quer que seja, e desrespeitando, e não ouvindo as associações que
legitimamente representam uma grande parcela da população.”
Mulher – 47 anos – moradora do Humaitá
Obras na cidade
A TransOeste, a TransCarioca e os sistema BRT e BRS são obras bem avaliadas pelos
interlocutores, pois seus efeitos são sentidos no dia a dia da população.
A TransCarioca e a TransOeste, apesar de terem impactos positivos à cidade do Rio, ainda não estão operando completamente na sua
capacidade. O corredor de ônibus, segundo os interlocutores, está quase sempre vazio e a quantidade de ônibus ainda é pequena. Estão
sempre lotados. Ou seja, a ideia é percebida como boa, mas a implementação precisava melhorar.
A maior parte dos interlocutores vê de forma positiva a retirada das Vans na Zona Sul e acham que a medida deveria ser estendida para
outros bairros da cidade. Mas ressaltam que não adianta retirar as vans de circulação se não forem implementadas melhorias na quantidade
e na qualidade dos outros meios de transporte.
“Eu acho que vão ficar legados, sim. Eu acho que a maioria delas (obras) vai ajudar. Ainda não vi nenhuma que
eu achasse que fosse desnecessária, que está sendo feita diretamente para as Olimpíadas e para a Copa. Tem a
TransBrasil, a TransOlímpica, a TransOeste, a TransCarioca, para mim essas são as maiores. Vai dar mais fluxo
para as pessoas. Essas quatro vias que eu falei, no meu dia a dia, se eu quiser ir para o aeroporto, eu vou poder ir
por dentro... e pessoas que às vezes pegam as vias expressas, que querem ir para bairros vão poder parar de
pegar e desobstruir, então eu acho que a tendência é que, mesmo após os jogos, isso vá ser um legado bom. O
problema é que isso só está sendo feito por causa dos eventos.”
Parada BRS Av. Rio
Branco à noite
Homem – 31 anos – morador de Jacarepaguá
Obras na cidade
Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa NENHUMA IMPORTÂNCIA e 10 é MUITO IMPORTANTE, que nota
você daria para os recentes ou possíveis investimentos em transporte:
Investimento
Nota média
BRT(corredores expressos de ônibus articulados)
7,4
BRS (as vias exclusivas para ônibus nas ruas de grande movimento)
7,5
Expansão do metrô
8,0
Novos trens do metrô
8,0
Novos trens da SuperVia
7,9
Novos trajetos e novas embarcações para a barca
7,6
Licenciamento de mais motoristas de taxi
6,1
Na pesquisa quantitativa, os participaram também avaliaram bem os investimentos recentes em transporte. A
expansão do metrô (novas linhas e trens), em novos trens na supervia, BRS e BRT obtiveram boas acima de 7 na
avaliação dos cariocas.
Cenário Futuro: visões e soluções
Retornar ao
índice
PPDF: Análise *
 Os cariocas estão pessimistas quanto ao futuro da mobilidade na cidade
 Os principais motivos para o sentimento negativo em relação ao futuro, na opinião dos interlocutores,
são: a falta de planejamento e concretização de mudanças efetivas por parte dos governantes e o fim
dos investimentos após os Jogos Olímpicos em 2016 (comentado também no capítulo anterior da
pesquisa)
 Percepção de que faltam grandes investimentos em transporte público
 Percepção de que falta investimento em outras alternativas, como a construção de ciclovias,
bicicletários, etc.
 A maior responsabilidade nas mudanças e melhorias é do governo, tanto estadual quanto municipal.
As mudanças estão relacionadas com obras e pouco se expressou sobre as mudanças no
comportamento dos motoristas. Essas mudanças comportamentais da população seriam
consequência do investimento dos governos.
*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.
Cenário futuro: visões
A expectativa dos interlocutores é de que o cenário futuro não é promissor em termos de mobilidade na
cidade.
“O futuro é o caos. Caos total. Vai parar
mesmo, não vai ter condições. Porque cada
dia mais se vende mais carros. A gente não
está preparado para isso. (...) Eles
melhoram até um certo ponto, depois
param. Então, a grande parte do Rio de
Janeiro, mesmo do Centro, não tem mais o
que se fazer. Ou proibir ou vai virar um caos
total.”
Homem – 27 anos – morador de Maria da Graça
“Péssimo! Péssimo! Porque não adianta: eles
falam que vão construir mais estradas e mais
vias, mas em compensação tem muito mais
carro e ônibus na rua. A população cresce! A
cada medida que as ferrovias e estradas
melhoram, o número de pessoas na rua
também aumenta! Então eu só vejo piora. Eu
não vejo solução à longo prazo! Eu não vejo!
Imagino daqui há 30 anos só pior! Tem
muito carro na rua: carro velho e carro
novo.”
Mulher – 47 anos –moradora de Magalhães
Bastos
Cenário futuro: visões
 O sentimento geral é que os governantes, independente das obras que estão sendo
realizadas agora para os grandes eventos, não planejam e executam coisas efetivas que
façam com que o cenário futuro possa ser vislumbrado de forma diferente.
 Mesmo as obras que estão sendo realizadas, como foi visto anteriormente, são criticadas
porque estão voltadas para um objetivo específico (a Copa e as Olimpíadas).
 Para todos, a raiz do problema está na falta de grandes investimentos em transporte
público ou na falta de investimento em outras alternativas, como a construção de ciclovias,
bicicletários etc. que efetivamente possam fazer com que as pessoas deixem de usar carro.
 As pessoas não acreditam que, a médio prazo, as coisas melhorem. Acreditam que todos
esses investimentos que estão sendo feitos na cidade possuem grande chance de parar
depois de 2016.
“Incerto, as pessoas perdem dinheiro paradas no
trânsito, no engarrafamento; se você mensurar esse
custo durante uns cinco anos, você paga a obra de
metrô. Quanto se perde engarrafado no trânsito?”.
Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de
deficiência visual
Estão sendo feitas obras, né, para
melhorar o trânsito, melhorar a rede
hoteleira, né? Vão ter mais quartos, né?
Mas é principalmente visando os
estrangeiros, visando os turistas. Para a
cidade, não vai ter, como o Pan, não deu
praticamente nenhum legado. Acho que
a cidade não vai ter um grande legado
não.
Homem – 34 anos – morador de Brás de Pina
“Caótico, caótico. E não é retirando van da
Zona Sul, que prejudica a população mais
próxima que mais necessita desse
deslocamento, que vai resolver. Eu queria
que o prefeito tivesse coragem de retirar
os grandes carrões da Zona Sul e também
impedir que novos edifícios fossem
construídos com não sei quantas vagas,
especialmente em Botafogo. “
Mulher – 47 anos – moradora do Humaitá
Cenário futuro:
responsabilidades e soluções
De quem as pessoas devem cobrar? As pessoas acreditam que a responsabilidade pela situação atual de mobilidade
na cidade é dos governantes, tanto estadual quanto municipal.
O que as pessoas devem cobrar?
 Investimentos pesados em transporte público de qualidade
 Investimento em obras de infraestrutura para acabar com os grandes engarrafamentos.
 A construção de ciclovias por toda a cidade. Dessa forma, retirando o ciclista do meio do trânsito e encorajando
outras pessoas a aderirem ao uso de bicicletas.
 Maior fiscalização e aplicação de leis mais duras para os infratores no trânsito.
 Investimento em educação.
 Planejamento e execução de obras visando primordialmente o bem-estar da população.
“Eu acho que o governo tem que fiscalizar e
determinar também onde vai passar as linhas de
ônibus, fazer uma pesquisa pra ver quantos ônibus
tem, quantas pessoas tem, qual é a demanda, qual a
necessidade...Então acho que o governo tem essa
responsabilidade.”
Mulher – 32 anos –moradora de Curicica
“Governo incentiva a redução de IPI, de impostos, mas para o
transporte individual e não para o transporte coletivo. O
transporte coletivo é que tem que atender a grande massa,
porque quanto mais carro você colocar na rua, mais difícil vai ser
a mobilidade urbana”... “você está transferindo novamente para
o cidadão a questão do transporte, ou seja, você está com um
problema, compra um carro”.
Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante
Cenário futuro:
responsabilidades e soluções
De que maneira as pessoas devem cobrar?
 Indo às ruas protestar, fazendo abaixo-assinados, ligando para os órgão competentes para denunciar irregularidades, boicotando
empresas de ônibus e outros serviços que não apresentem a qualidade desejada, fiscalizando o gasto do dinheiro público que deve ser
mais transparente, etc.
 As pessoas também têm sua parte de responsabilidade, pois a educação no trânsito e a forma de agir em relação ao outro são
comportamentos que devem mudar.
 Mas esse comportamento só irá mudar se os poderes públicos não só fiscalizarem e punirem através de multas, mas investirem na
educação no trânsito
“É, a gente tem que se unir, né? Se unir, ir
pro Centro fazer greve mesmo. Só o povo
unido mesmo é que consegue mudar as
coisas.”
Homem – 26 anos – morador de Maria da Graça
Denunciar, ir para as ruas, botar quente mesmo. Ir para as ruas,
denunciar. Se eu ver algum motorista fazendo algo de errado: passou
do ponto, deu sinal e ele não parou, ligar rapidamente para um órgão
competente pra denunciar. Eu já reclamei que o motorista uma vez
não queria me deixar entrar no ônibus.
Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de deficiência
visual
Cenário futuro:
responsabilidades e soluções
Para melhorar os transportes e o trânsito na cidade do Rio de Janeiro nos próximos anos, quem deve se
esforçar mais? Utilize uma escala de 1 a 10, em que 1 significa NÃO PRECISA SE ESFORÇAR NADA e 10
significa TEM QUE SE ESFORÇAR MUITO MAIS DO QUE SE ESFORÇA HOJE.
Responsável
2013
Governo
8,5
Empresas de transporte
8,4
Motoristas / trabalhadores do segmento do transporte
7,6
População
7,3
A responsabilidade de melhorar o trânsito e os transportes na cidade é dividida entre todos os envolvidos. O
governo e as empresas de transporte possuem um grau de responsabilidade um pouco mais elevado do que os
motoristas e profissionais e a sociedade.
Conclusões
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Conclusões
 A principal conclusão a que se pode chegar é que os cidadãos cariocas estão bastante insatisfeitos em relação às
condições de mobilidade na cidade do Rio.
 Lembrando que o campo dessa pesquisa foi realizado no mês anterior ao das manifestações populares que exigiam a
redução do preço das passagens de ônibus, alguns depoimentos são bastante ilustrativos do sentimento de que algo
mais consistente precisa ser feito.
 O metrô é considerado o melhor meio de transporte pelos atributos de agilidade e segurança, mas ainda assim foi
muito criticado por causa da superlotação. O trem segue a mesma lógica, só que pior avaliado pelos constantes
atrasos e pelo desconforto das composições mais antigas em estado de conservação ruins que ainda circulam.
 Existe um descontentamento grande em relação aos serviços oferecidos pelas empresas de ônibus. É clara a
percepção de que os empresários do setor não são fiscalizados e cobrados pelo poder público. A consequência é o
despreparo dos motoristas. Eles, por sua vez, não prestam um serviço de qualidade pelas condições de trabalho a que
são submetidos e pela falta de treinamento.
 Por conta da má qualidade dos meios de transportes públicos, as pessoas portadoras de deficiência física se sentem
tolhidas do seu direito de ir e vir. Ao mesmo tempo, a não inclusão gerada por essa situação impede o pleno
desenvolvimento social desses cidadãos.
Conclusões
 Em relação ao trânsito na cidade, o principal sentimento que emerge da fala dos interlocutores é a falta de educação e
cidadania manifestada entre os motoristas no dia a dia no trânsito.
 Mas há o sentimento e a percepção de que os governos não priorizam o bem-estar da população, porque não são
percebidos grandes investimentos para mudar. As grandes obras que estão sendo realizadas ou concluídas não são
percebidas, pelo menos de imediato, como objetivadas nesse sentido. Ao contrário, levam ao raciocínio de que
quando há vontade política, elas são possíveis. E acreditam que essa vontade política se deu por outros motivos e não,
primordialmente, objetivando o conforto e bem-estar da população. Esse sentimento se reforça, ainda mais, pelo fato
de muitas obras ainda em fase de construção estarem atrapalhando a mobilidade na cidade.
 Os grandes eventos que serão realizados na cidade são percebidos de forma ambígua. Boa parte dos interlocutores,
principalmente aqueles de classes mais baixas, não se sentem incluídos. Há um sentimento de que os eventos são
para os turistas e para aqueles que se beneficiam da larga presença destes na cidade.
 Em relação ao futuro, conforme é possível constatar em algumas declarações presentes neste documento, há um
pessimismo por parte da população. Os problemas a serem resolvidos são muitos e há a crença de que o investimento
irá parar após a realização dos grandes eventos em 2016.
Pesquisa realizada em parceria pela Consumoteca e M.Sense:
Responsável: Bruno Maletta – [email protected]
Equipe envolvida no projeto:
Eliana Vicente
Lídia Canellas
Milena de Lima e Silva Camila Rolim
Rafael Dyer
Paulo Cardoso
Shirley Torquato
Thais Eletherio
Karen Costa

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