Mobilidade Urbana
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Mobilidade Urbana
Pesquisa de Percepção 2013 Parte 3 – Mobilidade Urbana Apresentação Esta é a quarta pesquisa de percepção da cidade encomendada pela Rio Como Vamos. Anteriormente, já havia sido realizada nos anos de 2008, 2009 e 2011. A pesquisa de 2013 é composta por três partes. A primeira, e mais extensa, apresenta o resultado de pesquisa quantitativa com mais de 1.500 moradores da cidade. Foram abordados temas como educação, saúde, segurança, transporte, etc. Diante dos grandes eventos que a cidade está e estará sediando e das manifestações populares por mudanças e melhores condições de vida, esta pesquisa se mostra de extrema importância para identificar os atuais desafios da sociedade carioca. Pela primeira vez, fez-se necessário aprofundar dois temas além da pesquisa de percepção da cidade: descarte de resíduos sólidos e mobilidade urbana. Esses dois temas formam a segunda e terceira partes da Pesquisa de Percepção do Rio de Janeiro 2013. Os próximos slides apresentam as análises sobre a mobilidade urbana no Rio de Janeiro a partir da experiência vivenciada por um grupo de antropólogos e pesquisadores, que utilizaram os meios de transporte públicos e privados em diferentes momentos, trajetos e horários. A descrição da situação atual na cidade é o ponto de partida para uma discussão ampla envolvendo as autoridades, especialistas e organizações representativas da sociedade civil. É importante ressaltar que as ideias apresentadas são percepções dos entrevistados, e não refletem, necessariamente, a visão do Rio Como Vamos. Índice O documento está dividido nos capítulos abaixo. Para facilitar a navegação e busca de informações, foi criado um sistema de links que permite a fácil navegação dentro do relatório. Ao clicar nas opções abaixo o leitor será direcionado para os slides do tópico desejado. Objetivo Metodologia Perfil dos entrevistados Perfil dos especialistas Impactos na vida da população Ônibus Trem Metrô Trânsito Portadores de deficiência física Grandes eventos Futuro Conclusão Objetivo Descrever a situação atual dos transportes na cidade do Rio de Janeiro, bem como avaliar as condições das ruas. Ou seja, traçar o panorama de questões relativas à mobilidade urbana. Foram abordadas questões como: • A percepção de qualidade dos serviços; • O quanto o sistema de transporte público influencia na vida dos moradores da cidade; • Como os cariocas estão avaliando as obras que estão sendo realizadas para os eventos que a cidade irá sediar; • O que poderia ser feito e de quem é a maior responsabilidade para melhorar os meios de transporte públicos e o trânsito. Retornar ao índice Metodologia A pesquisa foi realizada utilizando uma abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas em profundidade com roteiros semiestruturados e observação participante com 13 moradores da cidade do Rio de Janeiro. Junto com cada um dos entrevistados, os pesquisadores utilizaram os transportes públicos e privados repetindo os trajetos que eles fazem diariamente para as atividades de trabalho e/ou lazer por 4 vezes. Foram selecionadas pessoas que fazem trajetos diferentes, em horários diversos e em meios de transportes variados. Além dos entrevistados descritos acima, foram acompanhados em seus deslocamentos mais 4 deficientes (2 cadeirantes e 2 deficientes visuais) para identificação de problemas e oportunidades específicas. Ainda foi montado um grupo de especialistas, formados por 7 pessoas que possuem algum envolvimento com mobilidade urbana, seja profissional ou defendendo alguma causa. Esse grupo nos ajudou na análise de algumas situações e enriqueceu o debate com informações além das percepções dos usuários dos transportes públicos. As entrevistas e visitas foram realizadas entre os dias 02 e 30 de maio de 2013. Abordagem Qualitativa Retornar ao índice Observação Participante Roteiro Não Diretivo Entrevista em profundidade Perfil dos entrevistados – moradores da cidade 13 moradores e seus trajetos habituais para o trabalho / escola / lazer. Total de quilômetros percorridos: aproximadamente 900 km. Sexo Idade Classe Social Profissão Trajeto Transportes utilizados Tempo trajeto F 47 B1 dona de casa Magalhães Bastos – Centro ônibus + trem 01:02 M 27 B1 vendedor Maria da Graça – Siqueira Campos Metrô 01:08 F 26 C1 analista de crédito Realengo – Centro ônibus + trem + metrô 01:42 F 27 C1 analista de sistemas Oswaldo Cruz – Ipanema ônibus + trem + metrô 02:18 F 32 B2 secretária Tanque – Curicica ônibus 01:06 M 31 B1 advogado Jacarepaguá – São Cristóvão carro 01:35 F 31 B2 representante comercial Pavuna - Ipanema carro 01:30 M 24 B2 estatístico Campo Grande - Centro trem 01:30 M 34 C2 analista administrativo Braz de Pina – Lagoa trem + ônibus 01:36 M 34 B1 assistente administrativo Ilha de Guaratiba - Centro metrô + ônibus + BRT + ônibus 02:00 F 49 A1 jornalista Humaitá - Manguinhos carro 00:25 M 26 A1 analista de marketing Grajaú - Centro ônibus 01:10 M 22 C1 estudante Colégio - Catete metrô 01:05 Retornar ao índice Perfil dos entrevistados – moradores da cidade 4 portadores de deficiência, sendo 2 visuais e 2 cadeirantes. Sexo Idade Classe Social Profissão Trajeto Transportes utilizados Tempo trajeto *M 58 B2 analista de sistemas Botafogo - Copacabana ônibus 00:40 *M 42 B2 lutador de judô Senador Camará - Bangu ônibus 00:25 **F 38 B2 bancária - CEF Centro – Tijuca metrô 00:55 **M 54 B2 sociólogo Catete - Centro metrô 00:20 *Deficiente Visual **Cadeirante Retornar ao índice Perfil da amostra – especialistas Grupo de 7 pessoas que se relacionam com temas relacionados à mobilidade por conta do trabalho ou estilo de vida. Sexo Idade Especialidade Tempo na especialidade (em anos) F 40 Ciclista 20 F 29 Ciclista 2 M 43 Guarda de trânsito 2 M 38 Guarda de trânsito 11 M 47 Motorista de ônibus 27 M 51 Motorista de táxi 5 M 39 Motoboy - Retornar ao índice “Se tudo der certo, vai ficar bem pior. Porque, para melhorar, tem que sair diferente do que está planejado.” Percepção de um dos interlocutores que resume o sentimento dos entrevistados. Impacto da qualidade do transporte público na vida da população Retornar ao índice Análise * A baixa qualidade do transporte coletivo influencia na qualidade de vida dos usuários do serviço. Principais problemas: Tempo perdido no deslocamento Atraso em compromissos Desconforto no trajeto Principais consequências: Redução do tempo destinado para sono, atividades físicas e aprimoramento educacional Cansaço físico e estresse Menos tempo com a família *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Impacto da qualidade do transporte público na vida da população Segundo os interlocutores, o nível de qualidade de vida daqueles que utilizam transporte público fica bastante comprometido por causa da baixa qualidade dos serviços atuais. Fatores que interferem na qualidade de vida das pessoas: Tempo que as pessoas perdem se deslocando, o que impossibilita ou dificulta: Atividades físicas Mais tempo de sono em casa; Tensão gerada por várias circunstâncias: possibilidade de chegar atrasado ao trabalho, o desconforto e a proximidade invasiva de corpos causados pela superlotação, etc.; o cansaço e o estresse durante as viagens de ida e volta interferem na quantidade e qualidade do tempo com filhos e família; o desconforto da viagem de ida ao trabalho interfere no aspecto físico que a pessoa chega para trabalhar: suado e amarrotado; o cansaço provocado pelo estresse e desconforto da viagem interfere no desempenho no trabalho e na escola. “Quem aguenta um trânsito estressante pra ir trabalhar? Chega no trabalho já azedo, verde, mal-humorado. Na volta vai chegar em casa arrasado e verde do mesmo jeito. Quer dizer, isso influencia na saúde: coração, pressão, tudo! A pessoa não come direito, não dorme direito: tem pessoa que acorda de madrugada para não pegar trânsito pra ir e pra voltar. Vem de madrugada... Não tem vida! Então, eu acho que o transporte público influencia pra caramba!” Mulher – 47 anos – moradora de Magalhães Bastos “Afeta totalmente! Eu acho que é uma coisa que eu já ... dependendo de como eu esteja ... de como eu pegue o trem ... se eu fui muito “amassada”... com o ar condicionado ruim, ou sem ar condicionado ... e você vê que as pessoas estão entrando e você ter a preocupação do tipo ... ninguém te encostar e ficar de um jeito que você possa ficar direito segurando ... é um estresse! É uma hora que você passa estressado! E já chega no trabalho estressado ....” Mulher – 24 anos – moradora de Campo Grande Impacto da qualidade do transporte público na vida da população Os usuários de transporte público deixam de fazer muitas coisas por causa da baixa qualidade dos serviços oferecidos. Entre as atividades citadas pelos interlocutores, o aprimoramento educacional foi a mais recorrente. Além da educação, a baixa qualidade do transporte público na cidade: Diminui a quantidade e qualidade do tempo com filhos e família Dificulta as atividades regulares de consultas médicas, banco, mercado, etc.; Influencia na saúde, quando não sobra tempo para atividades físicas; Restringe as atividades de lazer. “Tanta coisa que a gente tem que fazer, as vezes se organizar e não dá (...) eu faria bastante coisa. Aproveitaria bem meu tempo, mas se eu pudesse, se eu não levasse uma hora e meia ou duas horas pra chegar em casa todo dia, essas horas eu ganharia numa academia. Faria alguma coisa!” Mulher – 26 anos –moradora de Realengo “Banco, médico e cursos, por ser longe e demorar muito, não tem condições de eu fazer um curso no Méier. Vai demorar muito para chegar, o horário já não tem condições, não dá, eu chego em cima da hora, atrasado sempre. Tudo por causa do transporte.” Homem – 27 anos – morador de Maria da Graça “Uma pessoa que acorda 4 horas da manhã para se arrumar, para pegar um trem, pegar um ônibus às 5 horas. Gastar 2 ou 3 horas no trânsito para chegar no trabalho. Quando chega a tarde é a mesma coisa (...). Eu acho que isso altera e muito a vida das pessoas.” “Sim, porque se tiver um transporte ruim, lento, você acaba passando mais tempo no trajeto que em casa. Então, você não tem tempo, por exemplo, pra você praticar um esporte, estudar. (...) Eu faria academia, porque eu preciso fazer exercício. Só que eu não faço porque eu não tenho tempo pra fazer. Acho que eu faria academia ou algum outro curso, porque hoje não dá.” Mulher – 27 anos – moradora de Oswaldo Cruz Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de deficiência visual Impacto da qualidade do transporte público na vida da população Quantas baldeações você faz normalmente para chegar no trabalho / local onde estuda? Considere como baldeação a troca de meio de transporte (do ônibus para o trem, por exemplo) ou a troca de linhas de ônibus, trem ou metro. O tempo médio por viagem do carioca é de 51 minutos, reforçando a percepção dos interlocutores da perda de tempo no translado entre trabalho e casa. Aproximadamente 40% dos cariocas precisam fazer ao menos 1 baldeação para chegar no trabalho ou local onde estuda. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Impacto da qualidade do transporte público na vida da população Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa MUITO RUIM e 10 significa MUITO BOM, como você classifica os meios de transporte públicos: Ruim Notas 1 a 4: Notas 7 a 10: 44% 26% 18% 49% 15% 61% 16% 61% Bom A percepção de falta de qualidade nos serviços de transporte público também é observada no pontuação dada pelos pesquisados da parte 1 desta pesquisa. As notas 7 a 10 (maiores) tiveram redução do percentual de 49% para 26% entre 2011 e 2013. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. O transporte público no Rio de Janeiro Ônibus Retornar ao índice Ônibus: Análise * O ônibus foi avaliado como o pior meio de transporte da cidade e deveria ser o foco de investimentos em melhorias. O motorista tem um papel importante na qualidade do serviço oferecido, mas as condições de trabalho e do transito são fontes de estresse percebidas e reconhecidas pelos usuários do transporte publico. UPPs, BRT e BRS foram melhorias percebidas pelos usuários dos ônibus em segurança e organização do trânsito. Existe grande preocupação com a segurança (risco de vida e acidentes) por parte dos usuários, que mencionam o medo em vários momentos da pesquisa. 2 fontes de risco foram destacadas: (1) a falta de infraestrutura e conforto dos pontos de ônibus (alguns interlocutores mencionaram a necessidade de ir até a pista para fazer sinal e embarcar nos veículos); (2) a função dupla motorista e cobrador, que também atrapalha o trânsito e complica o trabalho do motorista. É percebida diferença entre as ruas e infraestrutura dos pontos de ônibus da Zona Sul e Centro para demais regiões. O grupo de especialistas também destacou a educação dos moradores da Zona Sul. *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Uso dos meios de transporte na cidade Qual o seu principal meio de locomoção, ou seja, aquele que você fica mais tempo ou faz o maior percurso? O ônibus é o meio de transporte mais utilizado pelos cariocas. Então, seus problemas possuem uma repercussão maior do que os demais meios de transporte. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Ônibus: situação geral O ônibus foi considerado pelos interlocutores como o pior meio de transporte urbano da cidade. desconfortáveis superlotados mal conservados frotas reduzidas após 22h e finais de semana inseguros intervalos longos e irregulares responsáveis pelos engarrafamentos Ônibus: situação geral Ônibus da linha 859 – Covanca X Largo do Tanque - 18:00 Ponto inicial em São Cristóvão das linhas 461 – São Cristóvão X Ipanema (circular via Túnel Rebouças) e 460 – São Cristóvão X Leblon (circular via Túnel Rebouças) às 07:55. 4 filas formadas à espera de um carro da linha 460 + 4 filas à espera de um carro da linha 461, após descida da estação de trem de São Cristóvão. Avaliação dos transportes públicos Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa MUITO RUIM e 10 significa MUITO BOM, como você classifica os meios de transporte públicos: (Cada entrevistado avaliou o meio de transporte que mais utiliza) A constatação de que o ônibus é o pior meio de transporte da cidade também pode ser observada na pesquisa quantitativa. O ônibus recebeu a pior avaliação dentre as modalidades públicas mais utilizadas. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Ônibus: Principais problemas Por que você classifica desta forma este meio de transporte? Marque até 3 opções. (Pessoas que atribuíram notas de 1 a 5 para seus meios de transporte principais). Principais problemas Ônibus Superlotação 67% Intervalo grande / demora para passar 32% Demora muito por causa do trânsito 27% Preço alto da passagem 25% Falta de conforto 24% Falta de educação dos motoristas 19% Mau estado dos veículos 16% Motoristas não dirigem bem / arriscam a segurança dos passageiros 14% Roubos / insegurança 13% Sujeira / falta de higiene 4% A pesquisa quantitativa revelou que os principais problemas dos ônibus na cidade são a superlotação, os grandes intervalos entre os carros e a demora no trajeto por conta do trânsito. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Ônibus: função do motorista Os motoristas de ônibus são percebidos como despreparados para exercer um tipo de atividade que requer muita segurança, cuidado e habilidade para o trato com o público. Muitos ... param fora das paradas, no meio de ruas e avenidas são grosseiros são apressados: não esperam os passageiros subirem dirigem em alta velocidade freiam bruscamente ignoram passageiros que fazem sinal nos pontos onde não tem que descer ninguém não param para estudantes e idosos não têm paciência e atenção com pessoas com crianças não têm paciência e atenção aos idosos e deficientes “Os motoristas têm que ser mais educados. Ganham muito pouco e encaram um trânsito que é muito ruim, mas não podem ficar freando e acelerando desse jeito que eles fazem. Param em qualquer lugar (...) é muito comum acontecer isso, saindo da porta têm uma poça de água, sabe? Então, precisariam de mais treinamento. De muito treinamento.” “Aí o cara já é meio estressado por natureza, junta com uma empresa que não presta e o cara vira um capeta. O cara vira um louco, um doido adormecido.” Motorista de ônibus - sobre a má conduta dos colegas de profissão. Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual Ônibus: função do motorista Opinião do grupo Especialista Porém, é percebido que o estresse não é somente por causa do motorista. As condições de trabalho não são ideais. Condições trabalhistas ... baixo valor da cesta básica ausência de auxílio insalubridade as empresas não oferecem plano de saúde carros velhos que tornam a dirigibilidade prejudicial à saúde do motorista: problemas na coluna, surdez, etc. o exercício da dupla função motorista + cobrador é extremamente desgastante perdem as horas acumuladas no banco de horas, caso sejam transferidos para outra linha da mesma empresa obrigatório fazer 3 viagens por dia. Quando não fazem, por qualquer motivo, devem pagar à empresa com horas extras de trabalho “As diretorias das empresas junto com os órgãos públicos têm que acolher o trabalhador, o funcionário, principalmente do transporte. Ele está desamparado. Ele está trabalhando por necessidade extrema. Isso aí tem que ser mexido, isso aí tem que dar uma melhorada, entendeu? E as remunerações não estão boas. Esse ruído tem que sumir da minha vida.” Motorista sobre o ruído alto do motor: além do estresse, prejudica a audição. Ônibus: função do motorista Opinião do grupo Especialista O estresse do motorista no dia a dia se deve, em grande parte, ao trânsito caótico da cidade. São considerados os melhores trajetos para se trabalhar São considerados os piores trajetos para se trabalhar aqueles aqueles que ligam a Zona Sul ao Centro da cidade. Nestas que vêm da Zona Norte, da Avenida Brasil e trechos da Linha áreas, o trânsito é mais organizado, as ruas são melhores Amarela. Nesses trajetos existe muita obstrução do trânsito. pavimentadas e os passageiros são considerados mais Além disso, as ruas são mais estreitas e sem pavimentação ou educados. conservação. “ (...) a maioria dos trajetos da Zona Sul é mais fácil. Porque o pessoal já trabalha no centro urbano, já tem sua educação própria e eles, para mim, eles não me perturbam em nada aqui não.” Motorista de ônibus - sobre os passageiros na Zona Sul. Ônibus em Jacarepaguá Ruas da Zona Norte e Zona Oeste Ônibus: função do motorista RISCO: dupla função (motorista + cobrador) é algo que põe em risco a vida de todos. DUPLA FUNÇÃO coloca em risco a vida do motorista + passageiros + outros motoristas + todos que circulam pelas ruas. Aumenta o tempo das viagens e atrapalha o trânsito. Ônibus em Jacarepaguá Caixa de cobrança operada pelo motorista. Ele recebe a passagem, dá o troco e libera a roleta. Empresas que instituíram essa prática são percebidas como gananciosas e irresponsáveis Estado, que autorizou essa prática, é percebido como comprometido com os interesses econômicos das empresas em detrimento da segurança da população. Ônibus: função do motorista Depoimentos sobre o desempenho da dupla função motorista + cobrador “Eu não gosto de ônibus sem cobrador, além de não gerar trabalho, atrasa a viagem, porque o motorista às vezes para na pista pra ficar dando troco, ou então, coloca a vida do passageiro em risco.” Homem – 34 anos – morador de Braz de Pina Linha 238 – Água Santa X Praça XV - Circular – na qual o motorista exerce a dupla função motorista + cobrador “Eu não acho legal esse lance dos ônibus não terem cobrador. Porque é ruim pra todo mundo: para o cobrador que perde o emprego, para o passageiro que fica sem segurança nas mãos de um motorista que faz todo o trabalho.” Homem – 34 anos –morador de Ilha de Guaratiba “Olha, trabalhar sem cobrador é um tormento, porque você tem que prestar atenção nas contas, prestar atenção no usuário, no dinheiro que está recebendo e no trânsito. Você tem três visões ao mesmo tempo, quer dizer, é um transtorno. E ainda você obstrui as vias porque você não tem como adiantar esse carro por que você está cobrando, o carro fica parado pra você cobrar. Ou vice-versa, você cobra com o carro em movimento que é um perigo maior do que falar em celular, entendeu, então eu acho errado.” Motorista de ônibus “Eu acho um absurdo isso, e nem vou falar do emprego do cobrador que esta deixando de existir, o que também é péssimo, mas principalmente existe o perigo que a empresa de ônibus coloca o motorista e os passageiros. Eu fico desesperado quando eu vejo o ônibus sem cobrador, por que ele na maioria das vezes não deixa de acelerar por estar recolhendo o dinheiro de alguém. Além de pegar o dinheiro e dirigir, tem ainda gente na fila pra pagar, quer dizer, só não aconteceu um acidente até agora, por acaso.” Homem – 26 anos – morador do Grajaú Experiência vivida na pesquisa – em um dos acompanhamentos no trajeto Padre Miguel – Realengo às 18 horas, o motorista dirigia, recebia, passava o troco aos passageiros e comia um pastel ao mesmo tempo. Ônibus: melhorias recentes Para os entrevistados, a implantação das UPPs, os corredores do sistema BRS e o BRT são considerados melhorias importantes. As UPPs trouxeram mais segurança, ainda que este item seja considerado distante do ideal. O sistema BRS contribuiu para organizar melhor o trânsito. O sistema BRT também é considerado uma forma de organizar a desordem do trânsito. “(...) hoje melhorou um pouco, em termos de urbanização, esses corredores aí, esse BRS. O trânsito era caótico. Tinha van, tinha muito táxi, muito carro de passeio. Hoje deu uma melhoradinha (...) só falta mais fiscalização para parar de ser obstruído.” Motorista de ônibus sobre as melhoras percebidas Ônibus: condições diferentes entre Z. Sul e demais áreas As paradas de ônibus fora do eixo Zona Sul e Centro não recebem a mesma atenção dos órgãos responsáveis segundo os entrevistados das Zonas Norte e Oeste da cidade. Muitas delas não possuem boa visibilidade da placa indicativa de parada. A maioria não possui qualquer infraestrutura, como abrigo contra sol e chuva ou bancos. Parada colada a uma saída de veículos, conforme rebaixamento da calçada. Parada de ônibus no Grajaú lixo acumulado calçada sem pavimentação falta de placa indicativa de parada de ônibus não há abrigo contra sol ou chuva Calçada estreita. Os usuários ficam fora da calçada para pedir parada ou descer. Parada das linhas 601 e 861 na estrada do Guerenguê em Curicica Parada de ônibus na Taquara O transporte público no Rio de Janeiro Trem Retornar ao índice Trem: Análise * O trem tem uma percepção vantajosa em relação ao ônibus, por ser mais rápido. As principais percepções negativas relatadas pelos entrevistados são: desconforto, superlotação, intervalos irregulares, falta de fiscalização e falta de planejamento, estrutura e manutenção. As percepções mencionadas são vistas como causadoras de situações que colocam em risco a segurança dos usuários, tais como: Trem trafegando de portas abertas Plano de evacuação ruim, em caso de pane (os usuários têm que andar pelos trilhos entre as estações) Presença de ambulantes Presença de usuários de drogas em algumas estações Os interlocutores acreditam que a aquisição de novas composições com ar refrigerado é a principal melhoria dos últimos anos. Outra melhoria significativa é a organização nas estações e saída das composições nas plataformas anunciadas. *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Trem: situação geral O trem é percebido como uma opção mais rápida do que o ônibus (principal diferencial). + rápido falta de organização e planejamento trens muito velhos em circulação malha + abrangente seguro* informações confusas e insuficientes Sinais de liberação atrasam o trem inseguro* superlotação * O trem é considerado um meio de transporte mais seguro se comparado ao ônibus em termos de assaltos e possibilidade de acidentes. Por outro lado, o trem é inseguro porque circula de portas abertas e seu plano de evacuação quando quebra transmite muita insegurança aos passageiros. Trem: Principais problemas Por que você classifica desta forma este meio de transporte? Marque até 3 opções. (Pessoas que atribuíram notas de 1 a 5 para seus meios de transporte principais). Principais problemas Trem Superlotação 74% Intervalo grande / demora para passar 31% Demora muito por causa do trânsito 12% Preço alto da passagem 27% Falta de conforto 46% Falta de educação dos motoristas 0% Mau estado dos veículos 16% Motoristas não dirigem bem / arriscam a segurança dos passageiros 12% Roubos / insegurança 12% Sujeira / falta de higiene 12% A pesquisa quantitativa revelou que a superlotação é o principal problema dos trens, bem como foi observado pelos interlocutores das entrevistas realizadas para este documento. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Trem: problemas Na opinião dos entrevistados, os trens da SuperVia, apesar de rápidos, não oferecem uma viagem confortável e digna aos seus passageiros. superlotação corpos colados uns aos outros “intimidade involuntária” A superlotação gera uma aproximação excessiva e involuntária das pessoas. Além do desconforto - pois a pessoa não tem espaço para se mexer - tal proximidade pode ocasionar situações em que os passageiros se sentem agredidos ou abusados. “o maquinista freia mais pesado ao parar na estação, e aí dá “aquela arrumada” à força. Por que todos estão grudados e o freio tira o eixo, o equilíbrio, pois não dá para ninguém segurar, é um apoiado no outro.” Mulher – 26 anos – moradora de Realengo Trem sentido Santa Cruz X Central às 07:30. Trem: problemas Nas horas de rush, tanto pela manhã como na volta do trabalho, os trens estão geralmente com superlotação. superlotação dificuldade para entrar no trem + circulação com portas abertas insegurança / perigo de acidente A superlotação gera uma disputa na hora da entrada no trem para garantir um lugar. Mesmo que não seja sentado, os passageiros tentam, ao menos, ter onde se apoiar durante a viagem. A superlotação gera até mesmo disputas em relação aos apoiadores manuais (ganchos ou ferros). Quem não consegue se segurar, está sujeito a ser jogado de um lado para outro, pois frequentemente são realizadas freadas bruscas pelos condutores. A superlotação, muitas vezes, impede o fechamento das portas. Passageiros viajam expostos ao perigo de queda. Trem sentido Santa Cruz X Central às 07:30. Trem em movimento com as portas abertas Trem: problemas O placar informativo dos horários e destinos dos trens da SuperVia nas estações, atualmente, não informa os horários de chegada e saída dos trens. Por causa dos atrasos constantes, passou-se a informar o intervalo estimado entre uma composição e outra. intervalos irregulares demora na liberação do sinal viagens mais demoradas Estação de Deodoro às 14:00. Segundo os interlocutores, os atrasos entre uma composição e outra podem variar entre 5 e 40 minutos. Ainda segundo os interlocutores, os sinais de liberação dos trens no meio do trajeto é o que mais atrasa, principalmente entre as estações São Cristóvão e Central do Brasil. Trem Trem: problemas A falta de agentes de segurança é sentida em todas as estações, com exceção da estação Central do Brasil, onde os agentes se concentram nas plataformas de embarque. 1 falta de fiscalização privação do direito de vagão exclusivo para as mulheres Segundo os interlocutores, os vagões destinados exclusivamente às mulheres só são respeitados na Estação Central do Brasil, onde existe agentes de segurança. Porém, assim que a composição para na estação São Cristóvão, alguns homens ocupam os vagões exclusivos, o que se repete nas demais estações por ausência dos agentes de segurança. “O vagão feminino funciona de 6 às 9 da manhã. São dois ou três vagões, mas no ramal Gramacho (que eu pego) ou no Saracuruna não tem controle não em relação a isso. Então, tem muitos homens que continuam pegando.” Homem – 34 anos – morador de Braz de Pina 1 - Estação de São Cristóvão 2 – Estação Padre Miguel Presença de homens nos vagões destinados exclusivamente às mulheres. 2 Trem Trem: problemas A raridade de agentes de segurança nas estações, de uma forma geral, traz um sentimento de insegurança aos usuários dos trens da SuperVia. Falta de fiscalização presença de usuários de drogas e menores de rua nas estações presença de pedintes e ambulantes nos vagões • Um exemplo flagrante de insegurança foi apontado por uma das interlocutoras, a qual utiliza a estação de Padre Miguel: usuários de drogas fizeram uma espécie de cavidade entre o muro que separa a parte externa da parte interna da estação, onde se instalam e permanecem fazendo uso de entorpecentes. Essa situação provoca muito desconforto e insegurança aos usuários do trem. • Já na estação Central do Brasil, a presença de agentes de segurança é percebida em maior número nas plataformas de embarque e desembarque. Porém, no saguão da estação, o sentimento de insegurança é grande, pois é frequente a presença de pedintes e menores de rua. Nas imediações da estação Centra do Brasil, o sentimento de insegurança se agrava, porque os furtos são frequentes. • Dentro dos vagões a presença de pedintes e ambulantes aumenta o desconforto durante as viagens. Trem Trem: problemas A estrutura das plataformas por onde embarcam e desembarcam os passageiros dificulta a saída em estações de maior fluxo. 3 Plataformas mal planejadas Demora para sair da estação maior tempo gasto no trajeto 1 Uma das estratégias usadas por alguns dos interlocutores 2 é viajar sempre nos primeiros vagões, assim não perde tanto tempo na saída da estação. 1 – Chegada de composição às 14:00 na estação Central do Brasil 2 – saída da estação São Cristóvão às 07:50 3 – saída da estação São Cristóvão às 07:50 Trem Trem: problemas Ainda em relação à estrutura, planejamento e manutenção de trens e estações da SuperVia, os interlocutores apontaram algumas outras falhas: Há acúmulo de lixo nos trilhos entre as estações. Em algumas estações é comum a presença de ratos e baratas. A altura dos ganchos e ferros para apoio manual dentro dos vagões não foi pensada respeitando a estatura média dos brasileiros, especialmente as mulheres, que sentem dificuldades em segurá-los. Estes ficam, muitas vezes, fora do alcance. A circulação de trens muito velhos e desgastados ainda é uma constante, e eles não possuem ar condicionado, o que torna a viagem, além de extremamente desconfortável, insegura. Os passageiros ficam sujeitos a furtos, pois as janelas abertas possibilitam a ação de marginais que tentam roubar os pertences dos passageiros ao longo do trajeto. Vagões de trem linha Central X Campo Grande às 16:00. Trem Trem: melhores recentes Apesar de todo desconforto e insegurança relatados pelos usuários, esses percebem melhorias significativas nos trens. A melhor mudança percebida foi a circulação de composições novas, com ar condicionado, pois apesar da superlotação, a temperatura agradável torna a viagem mais confortável. Além disso, as composições novas não quebram com frequência, como acontece com as antigas, tornando a expectativa da viagem mais segura. Antes, era comum a troca de plataforma de embarque em cima da hora, obrigando os usuários a correr. Muitas vezes, as pessoas se arriscavam correndo nos trilhos para não perder a composição. Hoje, segundo os interlocutores, essa situação melhorou e as composições costumam sair da plataforma inicialmente informada. Foi percebido, através dos discursos dos interlocutores, uma resignação em relação aos meios de transportes e, em especial, aos trens. Principalmente, porque os trens já foram tão piores, que qualquer pequena mudança é percebida como uma grande melhoria. Trem Trem: avaliação Depoimentos sobre os trens: “O mais chato é que as pessoas ficam muito coladas umas nas outras, não dá pra mudar de posição , nem se mexer, e não tem onde se segurar, até por que não precisa, você não sai do lugar. Mas dá a impressão de que as pessoas estão se escorando em você, mas é inevitável com o balanço do trem, o peso dos outros recai sobre você.” Mulher – 26 anos – moradora de Realengo “Na estação Central a segurança funciona, não deixa entrar homens nos vagões das mulheres, mas essa é uma ação que somente acontece na Central, então, quando chega na estação seguinte, a de São Cristóvão, por exemplo, os homens invadem os vagões das mulheres, mas pelo menos as mulheres vão sentadas.” Mulher – 24 anos – moradora de Campo Grande “Como eu prefiro o trem, pra mim hoje ele melhorou muito do que era antigamente, (...), que eu uso trem desde os 11 anos de idade. Pra mim o que melhorou 80% é o trem. As outras opções não! Foi o que aconteceu. E as pessoas no caso do trem, são mais educadas hoje em dia, porque muita gente fugiu do ônibus! Passou a ir pro trem. Então, há uma mudança de comportamento no trem que antigamente não tinha. Uma mistura de classes. Então, o trem melhorou muito em função disso! Antes era só pobre, ferrado que andava no trem. Hoje em dia não, hoje em dia tem gente de boa situação que prefere o trem, pelo trem ser o melhor transporte!” “A sujeira nos vagões é o que eu menos gosto de ver, é horrível. Às vezes alguma falta de atendimento para alguma dúvida que você queira tirar. No trem velho você não tem aqueles painéis com desenho das estações, no trem velho não tem, já detonaram tudo, isso é ruim, no trem novo você encontra, mas no trem velho não encontra mais isso.” Mulher – 47 anos – moradora de Magalhães Bastos “Os trens de vez em quando saem com as portas abertas de tão cheios. Mas estou acostumado e a galera que pega também está. Considero o trem seguro. Tem o risco de cair alguém quando a porta está aberta, mas as pessoas já estão acostumadas.” “Eu acho que assalto pode acontecer em todos os lugares, mas aqui não me sinto tão inseguro quanto a isso. É cheio demais. Um assalto aqui não valeria a pena para o assaltante porque criaria muito tumulto. Seria capaz de ele ser pisoteado.” “O “quentão”, como são chamados os trens sem ar condicionado, são menores do que os novos, com ar condicionado. Os trens mais novos não são muito colocados nesse ramal. Eles são mais colocados no ramal de Santa Cruz ou Campo Grande. Acho que é porque tem um número maior de passageiros.” Homem – 34 anos – morador de Braz de Pina O transporte público no Rio de Janeiro Metrô Retornar ao índice Metrô: Análise * O metrô é percebido como o melhor meio de transporte do Rio de Janeiro. Os fatores apresentados como positivos são: Rapidez e previsibilidade Ar condicionado Vagões e estações limpos e organizados Sinalizações e informações claras Fiscalização e presença de agentes de segurança Duas percepções são apresentadas como negativas: Malha metroviária pequena Superlotação => Para driblar esta situação, os usuários criam estratégias Melhorias percebidas: Aquisição de novos trens Uso de fitas de contenção Há a percepção de que existem diferenças entre as estações da Zona Sul (Linha 1) e as demais. *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Metrô: situação geral O metrô foi considerado pelos interlocutores, como o melhor meio de transporte da cidade. mais rápido diferenças visíveis entre as linhas 1 e 2 malha pequena organizado limpo seguro superlotação Metrô: Principais problemas Por que você classifica desta forma este meio de transporte? Marque até 3 opções. (Pessoas que atribuíram notas de 1 a 5 para seus meios de transporte principais). Principais problemas Metrô Superlotação 72% Intervalo grande / demora para passar 24% Demora muito por causa do trânsito 17% Preço alto da passagem 37% Falta de conforto 30% Falta de educação dos motoristas 22% Mau estado dos veículos 0% Motoristas não dirigem bem / arriscam a segurança dos passageiros 9% Roubos / insegurança 9% Sujeira / falta de higiene 13% Bem como destacado pelos interlocutores, a superlotação também foi destacada pelos entrevistados na parte quantitativa da pesquisa de Percepção do Rio de Janeiro 2013. * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Metrô: vantagens Os principais diferenciais do metrô em relação aos outros meio de transporte são a rapidez e a previsibilidade. Menos tempo para fazer os mesmos trajetos feitos pelos ônibus. Atrasa com pouca frequência e, quando o faz, é por conta da liberação do sinal entre as estações. Os carros do metrô, diferentemente dos trens, raramente apresentam falhas técnicas, o que torna as viagens mais seguras e previsíveis. “Metrô, com seus problemas todos, ainda é com o metrô que eu consigo chegar mais rápido onde eu quero. Isso aí é fato. Ônibus não tem como, não dá por causa do trânsito. “Se eu não viesse de metrô lá de onde eu moro pra cá, eu teria que pegar dois ônibus e demoraria uma hora e meia. E isso só pra chegar ao centro da cidade. Do centro, eu teria que pegar outro pra vir pro Catete. Então é claro que não vale a pena.” Homem – 22 anos – morador do Colégio Homem – 26 anos – morador de Maria da Graça metrô Linha 2 sentido Pavuna às 22:00 Metrô: pontos positivos O metrô, apesar dos problemas (descritos nos próximos slides), é percebido como um meio de transporte confortável fora dos horários de pico. Os vagões e as estações do metrô estão sempre muito limpos e organizados. As lojas e lanchonetes nas estações exibem um padrão de higiene, limpeza e organização muito diferente do apresentado nas estações de trem. O ar condicionado funciona muito bem, proporcionando uma viagem agradável, mesmo em dias de muito calor. As informações nas placas e através de alto-falantes são claras e sempre atualizadas. Os agentes de segurança estão sempre presentes em todas as estações e são muito solícitos e prestativos. O usuário sente que o metrô é o meio de transporte mais seguro na cidade. “Eu já estou tão acostumado com o metrô que vou andando de olhos fechados. Mas mesmo que não estivesse. Acho tranquilo. Acho fácil. Qualquer um se acha por aqui. ” Homem – 34 anos – morador da Ilha de Guaratiba Exemplo de limpeza e organização das estações do metrô Rio. Metrô: pontos positivos A aquisição de trens novos é percebida como uma mudança positiva no metrô. Os usuários valorizam a aquisição de novos trens, considerados mais espaçosos e rápidos do que os antigos. A colocação de fitas de contenção nas plataformas de estações com maior fluxo de passageiros também é percebida como uma melhora, pois denota o cuidado com a segurança dos passageiros e facilita a organização de entrada e saída dos vagões. “Os metrôs novos têm menos bancos e privilegia o espaço para as pessoas ficarem em pé. Quase não têm bancos pras pessoas sentarem. Tem esses ganchos pra gente segurar quando fica em pé, parecido com os do trem. Esses novos começaram a circular em novembro. O lado bom é que são mais rápidos e eficientes. Faz uma diferença de 15 minutos a menos no trajeto. Daí eu tenho chegado mais cedo na faculdade e até em casa. ” Homem – 22 anos – morador do Colégio Metrô: problemas Um ponto negativo do metrô, em relação ao trem e ao ônibus, é a pequena malha metroviária da cidade. Alguns interlocutores salientaram o pequeno alcance do metrô, que não serve a boa parte da população. “O metrô é o melhor, o metrô é bom. O metrô não é melhor por causa do trajeto dele. O trajeto é muito mal desenhado. As soluções que eles arranjam, têm uma frase que eu costumo dizer, em relação ao trânsito do Rio: Se tudo der certo, vai ficar bem pior. Porque para melhorar tem que sair diferente do que se está planejando. Só planeja para piorar, eu acho isso, porque tem sido assim.” “O melhor (meio de transporte) é o nosso acanhado metrô, muito acanhado. Comparado com o da cidade de Munique, que tem menos de 1,5 milhão de habitantes e tem umas 400 estações de metrô; você chega em qualquer canto. É caro, mas é o que resolve.” Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual Metrô: problemas O que mais desagrada aos usuários é a superlotação, principalmente na linha 2 ou nas estações de integração com o trem. A superlotação no metrô nos horários de rush na linha 2 é igual ou pior à percebida no trem. O inconveniente já citado sobre a proximidade excessiva das pessoas no trem, acontece no metrô da mesma forma. Assim como flagrantes de desrespeito ou mal-entendidos, essa situação traz uma tensão para todos tocando em valores ligados à dignidade. Por conta do embarque e desembarque constante, os usuários precisam ficar procurando um ponto fixo para se segurar o tempo todo. Não existe como relaxar na viagem. “O metrô Linha 2, (...) trajeto a Irajá, muito cheio, ida e volta. Pela hora do rush, na hora do trabalho, ida e volta, superlotação, superlotação. As pessoas mal educadas, sem educação nenhuma, e é muito cheio, muito cheio. Não tem outra coisa assim, muito cheio. Já passei mal no metrô.” “Na ida para o centro, quando chego em Del Castilho ele já está superlotado. Tem que empurrar todo mundo pra poder entrar, e quando você pensa que não cabe mais ninguém, ele para na Estação de Maria da Graça e entra mais umas cinco pessoas sabe-se lá como. Depois vai todo mundo enlatado até a Central do Brasil. Esse geralmente é o quadro de todos os dias” Homem – 34 anos – morador da Ilha de Guaratiba metrô Linha 2 sentido Zona Sul às 07:30. Mulher – 26 anos – moradora de Realengo Metrô: problemas As estações onde entram e saem passageiros vindos de linhas de ônibus e do trem são as piores para embarque e desembarque. Na Linha 2, entra-se por uma porta e a descida é realizada pela porta contrária. Entrar e sair são considerados missões quase impossíveis, pois devido à superlotação não há quase espaço para apoiar os pés no chão e a travessia se dá através de muita pressão. As estações Central do Brasil, Carioca e Uruguaiana são aquelas onde o fluxo de pessoas é maior e o embarque e desembarque mais difíceis. Por esse motivo, é importante a existência de vagões exclusivos para as mulheres. Os homens apoiam essa ideia, por que, para eles, os vagões exclusivos para mulheres os livram de possíveis constrangimentos. No metrô, como a fiscalização é maior do que nas estações de trem, há maior observância quanto à restrição de homens em vagões exclusivos. Entrada metrô Estação Central do Brasil Filas na Estação Uruguaiana para sair do metrô pela manhã Metrô: táticas dos usuários Os usuários criam algumas estratégias para driblar o desconforto das viagens nos horários de rush. Alguns pegam o metrô no sentido contrário ao destino desejado, no intuito de conseguir se acomodar melhor. Com isso, perdem o tempo de ida até a estação inicial e o retorno até a estação da onde deveriam ter partido. Outros, vindo da Zona Sul, preferem pegar o trem da Linha 1 até as estações de transferência, onde embarcam no trem da Linha 2. Dessa maneira, passam menos tempo dentro do trem considerado mais desconfortável. Trânsito Retornar ao índice Trânsito: Análise * Para a maioria dos interlocutores, a melhoria no trânsito dependerá da educação do motorista. A maioria dos interlocutores aprova as obras de infraestrutura que estão sendo realizadas direcionadas ao trânsito. O trânsito é percebido como caótico por todos os interlocutores. Os principais fatores são: Em primeiro lugar: falta de educação para o trânsito Falta de investimento em infraestrutura e transportes de massa Aumento de veículos que transportam passageiros (vans, lotadas, etc.) Aumento no número de veículos novos Aumento no número de veículos de carga Existem diferenças na percepção de quem são os piores tipos de motoristas na visão dos diferentes interlocutores do grupo de especialistas (motoristas de ônibus, taxistas, motoboys e ciclistas) As principais infrações percebidas pelos guardas de trânsito são: Estacionamento irregular Não uso do cinto de segurança Falar ao celular enquanto dirige *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Trânsito: situação ruim Segundo todos os interlocutores ouvidos nesta pesquisa, o trânsito da cidade do Rio de Janeiro é caótico por vários motivos. O principal deles: a falta de educação dos cidadãos. Falta de investimento em infraestrutura e transporte de massa Grande aumento de veículos que transportam passageiros Aumento vertiginoso do número de veículos novos Falta de educação no trânsito Aumento de veículos de carga na cidade Trânsito: situação ruim Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa MUITO RUIM e 10 significa MUITO BOM, como você classifica o trânsito: Na pesquisa quantitativa, menos de 10% dos cariocas atribuíram nota 7 ou superior para o trânsito na cidade, reforçando a percepção dos interlocutores. 40% acreditam que nada mudou nos últimos 12 meses, enquanto que 33% acham que o trânsito piorou. E você diria que a locomoção por este meio de transporte na cidade do Rio de Janeiro melhorou, permaneceu igual ou piorou ao que era há 1 ano? * Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013. Trânsito: soluções Existe a percepção unânime entre os interlocutores entrevistados que a melhoria do trânsito na cidade dependerá da educação do motorista. A educação para o trânsito, segundo alguns interlocutores, deveria ser disciplina obrigatória nas escolas desde as primeiras séries. Atualmente os únicos exemplos que as crianças recebem são os dos pais, que já internalizaram formas de agir que nem sempre condizem com uma boa educação em relação ao trânsito. Educação! Para os 3: pedestre, ciclista e motorista. Para cada um saber seus direitos e seus deveres. Cada um sabe que acaba o seu quando o do outro começa pra haver um conjunto que dá certo. Mulher – 47 anos – moradora de Magalhães Bastos “O que tem na Alemanha e podia ter aqui: na Alemanha tem muito mais ciclovias. E uma coisa que eu acho fundamental. Eu tirei na escola primária uma carteira de “ciclista”. Um cursinho de bicicleta. Você têm que fazer, igual com a carteira com carro, você tem que fazer uma prova de prática. A polícia chega na escola, eles fizeram aula prática na escola, com semáforo, com tudo, tudo o que tem. E têm que andar com a sua bicicleta e o policial está tirando, se você comete um erro. E depois tem uma prova de teoria. Então, todo mundo faz isso. Claro que isso não é uma coisa oficial, ninguém vai perguntar para você na rua, a polícia não vai chegar e perguntar para você “e aí me apresenta sua carteira”, para ciclista isso não acontece. Mas eu acho isso uma coisa muito, muito legal. Desde a escola primária.” Ciclista alemã morando na cidade – intercâmbio educacional Trânsito: investimentos Os interlocutores percebem as atuais obras de infraestrutura direcionadas ao trânsito como muito positivas, mas há ainda muito a ser feito. Principais pontos que deveriam receber investimentos mencionados pelos entrevistados: Obras estruturais para resolver dois dos principais gargalos da cidade: a Avenida Brasil e o Túnel Rebouças. O transporte público é visto como um fator preponderante para a melhoria do trânsito na cidade. Para alguns interlocutores, não há como deixar o carro em casa e pensar em usar um transporte público que atrasa, é muito cheio e é imprevisível e desconfortável. Rodízio e opções de transportes alternativos (caronas compartilhadas e uso de bicicletas) também são apontados pelos interlocutores como alternativas para melhorar o trânsito da cidade. Porém, para que o uso de bicicleta seja viável, é necessário o investimento em ciclovias, principalmente na Zona Oeste e em regiões periféricas da cidade. Trânsito: investimentos Os interlocutores apontam também o desejo de que mais investimento humano seja realizado para a melhoria do trânsito. Deve haver mais investimento em modelos e pessoas especializadas em trânsito, como engenheiros de tráfego. Foi observado que os atuais planejadores do trânsito da cidade devem ouvir mais os motoristas, profissionais ou não, que diariamente estão envolvidos com a questão. Por exemplo, foi apontada na pesquisa a falta de sincronia entre semáforos. Não é só necessário aumentar os profissionais que orientam o trânsito, mas fixá-los em determinado local por um período maior. Isso é importante para que eles entendam e se familiarizem com as particularidades de determinada região ou cruzamento, agindo de forma mais eficiente e pró-ativa. Hoje eles não permanecem por muito tempo em um lugar. Modelos importados de outras cidades ou de outros países só funcionarão se adequados à realidade e ao contexto próprio da cidade, que sofre há muito tempo com carência de obras de infraestrutura. “Planejadores, as decisões acerca dos investimentos em transportes públicos são realizadas por pessoas que não moram longe, andam de helicóptero, não andam nas calçadas. Para que ter frade nas calçadas? Para que você fazer obra e não sinalizar? Para que você botar orelhão que não tem sinalização para cego. Isso é uma armadilha”. Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual Trânsito: perspectiva dos motoristas de ônibus Segundo os motoristas de ônibus, os engarrafamentos em grandes vias e a falta de educação de outros motoristas são os fatores que mais estressam o dia a dia de quem dirige na cidade. Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade? Motorista de ônibus Outros motoristas de ônibus Na correria diária para cumprir as cotas de números de viagens, os motoristas de ônibus travam uma verdadeira batalha entre si, tanto na disputas no trânsito como nas paradas BRSs. Taxistas e motoristas de Vans também atrapalham o trânsito, na opinião do motorista de ônibus ouvido, pois param em qualquer lugar para pegar ou deixar passageiros e invadem as faixas exclusivas para os ônibus. Trânsito: perspectiva dos motoristas de táxi Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade? Motorista de táxi Outros taxistas Na disputa por passageiros, os motoristas de táxi são verdadeiros concorrentes uns dos outros. Parar abruptamente para pegar um passageiro é prática corriqueira entre os taxistas, o que torna a direção para eles e para os demais motoristas mais perigosa. Os motoristas de ônibus são o número 2 no ranking dos piores de lidar para os taxistas. Por estarem guiando veículos maiores e pesados, dirigem ofensivamente. Os motoristas de vans também atrapalham, pois não param em pontos específicos. Trânsito: perspectiva dos motoboys Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade? Motoboys Motoristas de táxi Para o motoboy, o taxista é a maior ameaça, pois pode parar de repente em qualquer lugar para pegar passageiros. Os motoristas de vans também têm esse tipo de comportamento, mas a frota de táxi existente na cidade é numericamente muito superior. Trânsito: perspectiva dos ciclistas Quem são os piores motoristas a se enfrentar nas batalhas diárias travadas no trânsito da cidade? Para os ciclistas, os motoristas de ônibus e os motoristas de táxis são o piores inimigos no trânsito fora das ciclovias. Os ciclistas frequentemente sofrem fechadas abruptas por parte desses motoristas. As ciclovias localizadas ao longo de ruas e avenidas também não são respeitadas por taxistas e motoristas de veículos de carga. Esses estacionam seus veículos sobre as ciclovias impedindo a passagem dos ciclistas. A presença de carros com vidros escurecidos por filmes impede que o ciclista veja para onde o motorista está olhando “Tenho uma bicicleta boa lá em casa na Alemanha. Eu até pensei em trazer essa bicicleta da Alemanha para o Rio, mas só desisti porque já pesquisei na internet como era a situação aqui no Rio. Eu vi pela internet, pelos comentários, que o Rio de Janeiro não é uma cidade para bicicleta.”. Ciclista alemã morando na cidade – intercâmbio educacional Trânsito: perspectiva dos ciclistas Falhas nas sinalizações de ciclovias e a falta de contato dos pedestres com as ciclovias também são obstáculos a serem enfrentados diariamente pelos ciclistas. Nas ciclovias, os pedestres são o maior tormento. As ciclovias são pouco sinalizadas e não houve a internalização, ainda, no comportamento das pessoas de que por aquela via passam bicicletas em velocidade. Falta maior sinalização e manutenção nas ciclovias. Existem faixas de sinalização no chão em alguns pontos que estão muito apagadas e não há nenhum tipo de placa quando termina uma ciclovia informando a que distância começa a próxima. A iniciativa de aluguel de bicicletas, como está sendo feito com o Bike Rio, tanto recebeu críticas positivas como negativas. Há quem considere a iniciativa como um instrumento de popularização do uso de bicicletas. Porém, interlocutores consideram os ciclistas que alugam essas bicicletas, como “ciclistas de final de semana”, que podem atrapalhar o trânsito. Trânsito: perspectiva dos guardas de trânsito Para os guardas de trânsito, a opinião sobre os motoristas que mais descumprem as regras não é diferente: motoristas de ônibus e motoristas de táxi são os maiores infratores. Principais infrações – avanço de sinal e velocidade acima do permitido. Motorista de ônibus As multas recebidas pela infração não se convertem em pontos na carteira de habilitação. Principais infrações – fazem paradas irregulares e trafegam em baixa velocidade para Motoristas de táxi pegar passageiros, obstruindo as vias. Mesmo orientados, repetem o comportamento irregular. Principais infrações – fazem paradas para embarque e desembarque de passageiros Motoristas de van em qualquer lugar, travando o trânsito ao redor. Existe um número muito grande de vans operando irregularmente na cidade. Trânsito: perspectiva dos guardas de trânsito Principais infrações – estacionamento irregular, não uso do cinto de segurança e falar ao celular enquanto dirige. Motorista de carro particular Existe a percepção de que no comportamento desses motoristas está internalizada a apropriação dos espaços públicos: a rua como extensão da casa. Como nos bairros e subúrbios da cidade há menos fiscalização do que nas regiões centrais, o hábito de fazer as calçadas como garagem é repetido quando se encontram em outras regiões. No Centro da cidade são aplicadas mais multas do que em outras regiões, porque o fluxo e a fiscalização são maiores. Existe também a percepção de que o Centro da cidade está inflado devido à expansão comercial da região e o não acompanhamento de investimentos de infraestrutura de trânsito. “Você não pode retirar um carro que o reclamante está pedindo e deixar uma montoeira errada. Então, se você foi num local, você tem que ir lá para ajeitar o que está de errado. Aí, você chega, multa e reboca o carro que está em cima da calçada. Mas tem mais 10 em cima da calçada. Daí quando você vai “infracionar” estes outros 10, a pessoa que reclamou diz: “Mas esses não pode! Não, esses daqui não, porque são dos moradores!”. Mas, espera aí, o código de trânsito não diz que o morador pode parar.” Guarda de trânsito – sobre o atendimento de chamado de morador no Bairro de Santa Teresa, quanto a um carro estacionado na calçada. Trânsito: perspectiva dos guardas de trânsito Na visão dos guardas de trânsito, os motoboys e ciclistas são considerados muito imprudentes com a própria vida, principalmente porque estão mais expostos e conduzem veículos desproporcionalmente menores que os outros. Principais infrações – dirigir sem capacete e estacionamento na calçada. Motoboy É percebido que os motociclistas profissionais, quando utilizam o capacete, não o fazem de forma correta. Em relação ao estacionamento de motos nas calçadas, principalmente em ruas do centro da cidade, é percebido que o grande aumento do número de motoboys nos últimos tempos não foi acompanhado pelo investimento em infraestrutura, como, por exemplo, estacionamento exclusivos e faixas exclusivas para motocicletas. Motorista de veículos de carga Ciclista Principais infrações – estacionamento fora de horários e locais permitidos. Percepção de que não há investimento e planejamento na questão de transporte de carga dentro da cidade. Frequentemente – não utilizam equipamento de segurança e não são respeitados pelos veículos maiores, principalmente por taxistas e motoristas de ônibus. “Ciclista, eu sou totalmente contrário. Eu acho muito perigoso. Lugar de bicicleta é em ciclovia ou então em Paquetá. Eu sou totalmente contra. É muito perigoso, eu já vi pessoa quebrar cabeça, ônibus passar por cima de ciclista. Eu acho que deveria ser proibido ciclista em via pública. A minha opinião é essa, deveria ser proibido, é muito perigoso.” Guarda de trânsito Mobilidade para pessoas portadoras de deficiências físicas Retornar ao índice PPDF: Análise * As dificuldades encontradas pelas PPDF (pessoa portadora de deficiência física) se iniciam desde que saem de casa. As principais, citadas pelos entrevistados: Falta de adaptação das calçadas às necessidades da PPDF Falta de manutenção e padronização das calçadas Desrespeito O principal fator percebido é a falta de capacidade das pessoas de se colocar no lugar do outro, o que causa uma série de desrespeitos às pessoas portadoras de deficiência, tais como: Estacionamento irregular Objetos deixados no caminho do PPDF Segundo os interlocutores, a reverberação do som é um ponto fundamental para os deficientes visuais, mas pouco pensado pelos planejadores urbanos. O ônibus é percebido como o pior meio de transporte (entre deficientes visuais e cadeirantes) Apesar de terem necessidades diferentes, deficientes visuais e cadeirantes tem a mesma percepção: Trem ou metrô são vistos como as únicas opções viáveis, porém, não ideais Três dos quatro interlocutores tiveram que mudar de bairro para obter um pouco de autonomia *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. PPDF: depoimentos “A cidadania não está restrita à um grupo específico, é um direito de todos, então, eu não quero um estatuto do deficiente! Eu quero que respeitem o meu direito de cidadã de ir e vir, de trabalhar, de me divertir, de fazer o que eu quiser sem ter que me preocupar se a calçada está boa, se a rampa existe, se o ônibus vai parar, se o metrô vai estar cheio ou vazio. Eu quero ter opções como qualquer cidadão, só isso!” Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante “Mesmo que demore 10 minutos, as pessoas vão reclamar. Mas essa reclamação faz parte justamente disso: de uma sociedade que não vive a realidade do outro!” Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante PPDF: desafios Desrespeito à mobilidade das pessoas, principalmente dos portadores de deficiência física, ocorre tanto em ruas de grande movimento como em ruas menores. O problema ocorre em todas as áreas da cidade, inclusive no Centro e na Zona Sul. O estado das calçadas e os obstáculos fazem da mobilidade um desafio a ser vencido desde o momento que saem de casa até chegarem nos seus destinos. Algumas imagens feitas durante os acompanhamentos dos cidadãos pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro: 2 Camelô, orelhão, poste, táxi estacionado na calçada da Avenida Martin Luther King – Zona Norte da cidade Rua Fernando Esquerdo em Maria da Graça – pedras e desníveis na calçada. Rua Castanheiro em Magalhães Bastos – canteiros com árvores impedem a passagem na calçada em frente ao prédio. PPDF: calçadas Segundo os interlocutores com deficiência visual, a reverberação do som é um ponto fundamental para seu deslocamento. Porém, pouco pensado pelos planejadores urbanos. Reverberação do som - é importante para orientar o deficiente, pois permite a percepção, pelo reflexo do som, da presença e distância dos obstáculos, como uma esquina, um muro mais recuado, carro parado na calçada, etc. Ênclises táteis nas calçadas – as faixas de orientação tátil só funcionam quando as calçadas são lisas e uniformes, o que não acontece na cidade do Rio de Janeiro. Sinais sonoros – não existem na cidade sinais sonoros que auxiliem as pessoas portadoras de deficiência visual. Cria-se assim uma situação de dependência quando esse precisa atravessar um semáforo. “Colocaram umas faixas nas calçadas, funciona, mas eu já vi coisas melhores na Europa. São melhores as faixas que eles usam lá, orientam melhor. Porque sabe o que acontece com essas faixas? Você têm que perceber, por exemplo, que se colocar um faixa daquela nesse piso que não é muito certinho, ela vai ser muito mais imperceptível do que se você colocar aquela faixa em um piso bem liso. É a mesma coisa de colocar letras azuis escuro, em um fundo preto. Se não tiver muito contraste, você não percebe. Isso, as pessoas eu acho que são tão doidas, eu até suponho que elas acham que se colocar uma faixa no chão, aquela faixa vai atrair o cego, porque ele vai andar em cima daquela faixa. O ideal da calçada, é que você ande nela sem ter que olhar para o chão. A calçada tem que ser boa, tem que ser sem obstáculos. Aqui no Rio você não pode fazer isso, você não anda dois metros sem que haja uma alteração qualquer no piso.” Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual PPDF: calçadas Para os cadeirantes, todos os obstáculos encontrados em ruas e calçadas demandam um esforço a mais na manipulação das cadeiras. O resultado é o gasto grande de tempo de locomoção, pois são necessários longos desvios para passar os obstáculos e voltar ao trajeto. Uma das interlocutoras da pesquisa gasta mais tempo entre a estação de metrô da Carioca até o edifício onde trabalha, na mesma calçada da Avenida Rio Branco, do que na viagem de metrô desde a Tijuca até o Centro. Os principais desvios ocorrem por: 1 – não existem rampas de acessibilidade em todas as saídas do metrô; 2 – inúmeros camelôs e outros trabalhadores informais ocupam as calçadas nas imediações da entrada do metrô; 3 – nos dias de chuva, as pessoas se aglomeram embaixo das marquises e impendem a passagem. “Até a Uruguai (rua na Tijuca) você encontra rampa fácil, você encontra calçadas mais largas, mesmo assim, você vê que elas são todas desniveladas, a maioria com buracos. Essas obras que estão fazendo... A CEG, então, é um espetáculo! Ela é boa em furar e péssima em fechar! Mas da Uruguai pra cima, você já começa a ver que tem lugares que ou você vai pela rua ou você precisa de ajuda para descer o meio-fio. Não tem rampa. Quando você atravessa uma rua: uma tem rampa e a outra não, eles acham que você vai ficar no meio da rua.” Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante sobre as ruas na Tijuca PPDF: falta de cidadania Existe a percepção por parte das pessoas portadoras de deficiência física que um individualismo exacerbado está internalizado nas pessoas que vivem nas grandes cidades brasileiras. Esse individualismo, cada um faz da forma que acha melhor, se transforma em falta de cidadania e senso coletivo. “Eu acho que o que falta na nossa cidade é cidadania. A cidadania não está restrita à um grupo específico, é um direito de todos, então, eu não quero um estatuto do deficiente! Eu quero que respeitem o meu direito de cidadã de ir e vir, de trabalhar, de me divertir, de fazer o que eu quiser sem ter que me preocupar se a calçada está boa, se a rampa existe, se o ônibus vai parar, se o metrô vai estar cheio ou vazio, eu quero ter opções como qualquer cidadão, só isso!” Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante “Eu tenho muito mais dificuldade de locomoção nas calçadas que são muito mal cuidadas. Muito mal cuidadas, não se têm a menor noção de que se tiver uma obra têm que sinalizar a proteção. De vez em quando eu preencho um buraco na calçada. Uma vez eu cai em uma piscina numa calçada, lá na rua Jardim Botânico.” Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual “Existe uma questão que ela é obvia; essa coisa que todo mundo é dono de um quadrado, rampas nas calçadas é a representação disso. E aí ser dono de um quadrado, cada um padroniza a sua entrada.” Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante PPDF: desafios Imprevisibilidade: sair do bairro em que vive e ir para lugares nunca visitados é sempre uma incógnita e apreensão para os interlocutores portadores de deficiências físicas. Carros estacionados nas calçadas ou nas faixas de pedestres; carros estacionados em frente às rampas de acessibilidade: o que fazer? Muitas vezes, os deficientes têm que andar fora da calçada, correndo outros riscos. Durante o período de acompanhamento de um dos interlocutores desta pesquisa, observou-se situação em que o deficiente visual foi obrigado a andar na rua por causa dos carros estacionados na calçada em frente a um posto da secretária municipal de saúde. Possivelmente, um cadeirante nessa mesma situação necessitaria da ajuda de um transeunte para descer a sua cadeira de rodas do meio-fio para a pista. Fotos de interlocutor deficiente visual caminhando nas ruas de Senador Camará até a parada de ônibus. PPDF: transportes públicos O ônibus é considerado pelos portadores de deficiência física como o pior meio de transporte, e o metrô, apesar das ressalvas, o melhor e o mais utilizado. Embarcar e desembarcar do O principal problema do ônibus está no ônibus = embarque e desembarque desse meio dependência dos de transporte. outros DEPENDÊNCIA PPDF: transportes públicos Além das dificuldades para chegar à parada de ônibus, outras graves barreiras existem quando o deficiente visual chega no ponto de ônibus. Não existe qualquer tipo de sinalização que identifique ao deficiente visual quais ônibus param em determinado local. Não existe qualquer mecanismo tecnológico implantados no sistema de ônibus da cidade que avise quando determinado ônibus está chegando. “Então, o problema também que acontece, muitas vezes é por conta de pegar o ônibus. Você precisa da boa vontade de alguém para parar o ônibus para você. Às vezes você dá até sorte, quando a pessoa vai pegar o mesmo ônibus. Porque em alguns casos, uma pessoa que está parando o ônibus para você, vêm o ônibus dela e ela esquece de te avisar, ela vai e você fica esperando e ela não está mais ali!” Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual DEPENDÊNCIA PPDF: transportes públicos Uma vez dentro do ônibus, existe uma preocupação quanto à hora de descer. É preciso depender e confiar no motorista, cobrador ou outros passageiros para não descer no local errado. Para o deficiente visual, a quantidade de semáforos e de pontos de ônibus existentes nas vias públicas pode se transformar em aspectos positivo na medida em que utiliza esses sinais e paradas para se localizar, ou seja, identificar o ponto específico onde vai descer. Não há padronização do lugar onde fica localizado o leitor de cartão magnético dentro dos ônibus. O sentido de orientação do deficiente visual através da reverberação do som dentro do ônibus fica comprometido pelos ruídos do motor e da embreagem do veículo. Descer do veículo no ponto correto de seu destino é algo incerto, pois os ônibus não oferecem áudio ou outros equipamentos / tecnologias para que auxiliem a identificação das paradas. DEPENDÊNCIA “O que incomoda no ônibus: medo deles me deixarem fora do ponto e também por causa dessas curvas que eles fazem. As curvas que eles fazem, parece que está carregando boi dentro do ônibus.” Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de deficiência visual PPDF: transportes públicos As dificuldades para os cadeirantes são diferentes das dificuldades dos deficientes visuais, mas impactam da mesma forma. Para os interlocutores desta pesquisa, não há muito o que escolher: trem ou metrô se tornam as únicas opções viáveis. Motoristas evitam parar para cadeirantes Motoristas param o ônibus fora do ponto Calçadas inadequadas: não dá para adequar o elevador X altura da calçada Motoristas não sabem operar elevador Muito comum o elevador não funcionar “Ah... tem ônibus adaptado! Pois é... mas será que esse ônibus, quando parar, o motorista vai saber operar? Ou será que o ônibus vai passar? Porque as pessoas com deficiência utilizam o Metrô? Porque ele sabe que por mais dificuldade que ele tenha de chegar à plataforma ele vai pegar! Por mais que ele tenha dificuldade, ele sabe que aquele trem ele vai pegar! Diferente do ônibus. Porque eu posso ficar no ponto do ônibus sem saber se vou pegar o ônibus. Tem vários fatores, várias ocorrências que não dependem de mim.” Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante “ A adaptação que é colocada dentro do ônibus, ela é inadequada pra nossa cidade. Não adianta você colocar um ônibus com o elevador, se é um elevador que não funciona em qualquer lugar.” Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante PPDF: transportes públicos Como foi observado, os motoristas estão presos ao tempo de cada viagem – atrasos geram descontos em horas extras. O tempo gasto para se colocar um cadeirante dentro do ônibus é um problema para o motorista. Quando o elevador não funciona, o motorista não é obrigado a colocar o cadeirante dentro do ônibus. Quando o elevador não está funcionando cria-se uma situação maior de dependência, pois dependese da boa vontade de outros para entrar no ônibus. Os próprios passageiros reclamam do tempo parado para transportar o cadeirante para dentro do ônibus Os motoristas sofrem pressão dos fiscais em relação ao tempo parado. “Porque, assim, mesmo que demore 10 minutos, as pessoas vão reclamar. Mas essa reclamação faz parte justamente disso: de uma sociedade que não vive a realidade do outro!” Homem – 54 anos – morador do Catete – cadeirante O cinto que prende a cadeira de rodas não passa segurança. Parece ser frágil, principalmente nas curvas em alta velocidade, o que ocorre com frequência. “A minha cadeira por exemplo, ela é difícil de carregar, só ela pesa 60kgs, mesmo assim já teve momento de estar no ônibus e a cadeira sair no lugar. A sensação é que ia virar! Aí eu desisti!” Mulher – 38 anos –morador da Tijuca – cadeirante PPDF: transportes públicos A escolha pelo metrô como o meio de transporte mais frequente se dá por 3 fatores principais: Segurança - a opção pelo metrô traz mais segurança em relação ao local que o deficiente visual deve ou não descer. Previsibilidade - a opção pelo metrô traz a previsibilidade de embarque, pois mesmo que os aparelhos não funcionem, existem agentes bastantes solícitos, e ainda que demore, sempre aparece um disponível para auxiliar. Viabilidade - a decisão em transformar o metrô no transporte para o dia a dia surge a partir de experiências negativas com outros meios de transporte que se tornam inviáveis. “porque as pessoas com deficiência utilizam o Metrô? Porque ele sabe que por mais dificuldade que ele tenha de chegar à plataforma ele vai pegar! Por mais que ele tenha dificuldade, ele sabe que aquele trem ele vai pegar! Diferente do ônibus... Porque eu posso ficar no ponto do ônibus sem saber se vou pegar o ônibus. Tem vários fatores, várias ocorrências que não dependem de mim.” Homem – 54 anos –morador do Catete – cadeirante PPDF: transportes públicos O trem também representa uma opção viável e segura para os interlocutores portadores de deficiência física. Segurança no embarque e desembarque Segurança durante a viagem Os trens se tornam uma opção segura, principalmente, para os deficientes visuais, porque, assim como no metrô, as paradas são previsíveis e se tem a certeza de chegar ao destino certo. “Os trens têm melhorado, parece. Eu andei de trem ha 1 mês e meio atrás Eu andei em um trem com ar condicionado, estava muito confortável. (...) Eu peguei um trem para ir ao Trem do Samba. Eu fui daqui a Oswaldo Cruz em 16 minutos. Acho que de carro não faz isso não.” Homem – 58 anos –morador de Botafogo – portador de deficiência visual A segurança transmitida pelo trem e metrô também se refere ao deslocamento em si, pois para um deficiente físico, a maneira como os motoristas de ônibus dirigem atualmente na cidade (solavancos, curvas em velocidade e freadas bruscas) coloca ainda em maior risco aqueles que não possuem todas as habilidades físicas para se segurarem. “Eu acho que o ônibus é o pior. (...) E hoje em dia eu ando mais seguro de trem. Por exemplo, eu pego o trem aqui ou o de Deodoro, já salto na Central. Aí ali eu sei que é o ponto final dele, não tem como ele ir mais para lugar nenhum! Lá é o ponto final dele, então, eu salto na Central.” “Antigamente eu andava muito conduzido pelas pessoas mesmo, os passageiros, que iam pegar o trem e me embarcava. Mas hoje em dia não! Metrô melhorou muito, melhorou sistema de informação das coisas todinhas.” Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de deficiência visual PPDF: transportes públicos Entretanto, metrô e trem estão longe de ser o meio de mobilidade ideal para essas pessoas. As pessoas portadoras de deficiência física são liberadas de pagar as passagens nos meios de transporte público. No entanto, os interlocutores não percebem essa situação como um privilégio: o serviço não tem a qualidade esperada e impossibilita a inclusão. Problemas encontrados no metrô ou trem e suas consequências: Embarque no sentido contrário para conseguir sentar ou ajeitar a cadeira de rodas. Não conseguir desembarcar na estação desejada . SUPERLOTAÇÃO Não sair da estação na saída desejada. Outros passageiros percebem o espaço ocupado pela cadeira de rodas como um vão, tentando entrar naquele espaço. MAIOR DEPÊNDENCIA. EQUIPAMENTOS DEFEITUOSOS Maior tempo gasto, até que um funcionário esteja disponível para auxiliar. Às vezes, nenhum equipamento disponível funciona. Funcionários são obrigados a carregar o deficiente e a cadeira na mão, gerando uma situação constrangedora. PPDF: transportes públicos Um dos pontos mencionados que faz do metrô um meio de transporte pouco eficiente para POUCAS ESCADAS ROLANTES os cadeirantes é o fato de que poucas estações possuem escadas rolantes para subir e para descer. Quando a escada rolante funciona apenas em um sentido, é preciso parar a escada. Enquanto isso, os outros passageiros têm que esperar. POUCAS SAÍDAS COM ACESSIBILIDADE As rampas que permitem a acessibilidade de cadeirantes não estão presentes em todas as saídas disponíveis nas estações. O tempo gasto para sair ou entrar nas estações, muitas vezes é o mesmo ou até maior do o TEMPO GASTO PARA SAIR E ENTRAR DAS ESTAÇÕES = INSATISFATÓRIO tempo gasto no trajeto da viagem: equipamento defeituoso = mais tempo de espera pelo agente; poucas escadas rolantes = mais tempo de espera pelo agente parar a escada rolante; poucas rampas nas estações = mais tempo gasto buscando entradas e saídas mais distantes. PPDF: transportes Necessidades especiais de mobilidade públicos Lógica atual na cidade do Rio de Janeiro: a pessoa portadora de deficiência física tem que se adaptar à cidade e não a cidade se adaptar às pessoas portadoras de deficiência física. Mudar de bairro está associado a melhorar a autonomia e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida e autoestima. Leva-se em conta a quantidade e disponibilidade de serviços e as possibilidades de meios de transporte reduzidas nos bairros periféricos da cidade. Três dos quatro interlocutores portadores de deficiência física tiveram que mudar de bairro para se adaptar à cidade de forma a obter um pouco de autonomia. Lembra-se que morar em bairros com acesso ao metrô ou trem possuem custos elevados na cidade. Bangu Xerém Catete Nova Iguaçu Rocinha Tijuca Vila da Penha PPDF: mobilidade Necessidades especiais de mobilidade urbana As pessoas portadoras de deficiência física deixaram e ainda deixam de fazer muitas coisas por conta da baixa qualidade de mobilidade vivenciada na cidade. Algumas das atividades elencadas pelos interlocutores nessa pesquisa que deixaram ou deixam de realizar pela dificuldade de deslocamento na cidade: TRABALHAR LAZER ESTUDAR “Por exemplo, tem coisa que de vez em quando eu me animo, mas aí depois eu penso no negócio do deslocamento. Porque é assim, o deslocamento... por exemplo, eu já fiz prova para sociologia urbana e fiquei por 1 ponto... e aí depois eu pensei em fazer de novo, mas aí eu pensei que não queria mais aquela relação de esperar metrô... de esperar guarda... é cansativo! É muito cansativo! Então, o período que eu estudei, foi um período na faculdade que eu me desdobrei! Quando pegava carro demorava horrores, por causa do trânsito! Quando pegava o metrô, “Chama o guarda lá para mim!” (...) corria até chegar à porta da faculdade e cadê a rampa?” Homem – 54 anos –morador do Catete – cadeirante “Eu tenho que sair sempre mais cedo. Se eu vou à algum lugar, eu tenho que verificar se tem acesso ou não. Se eu não posso ir de metrô, eu acabo tendo que gastar um pouco mais, porque tem que ir de táxi. Nem sempre um táxi me atende, porque nem sempre eles querem ajudar a sair da cadeira. E aí eu não posso ir na minha cadeira, se não em um táxi especial. Só que táxi especial é bem mais caro. (...) O que acontece? O taxi amarelo, que é o comum, a maioria usa gás, então perde mala e aí a cadeira, eles não querem colocar no banco porque estraga o banco. Quando tem mala, eles não gostam de pegar porque demora a sair da cadeira, eles não gostam de ter o trabalho de desarmar, só que isso é inerente à profissão deles.” Mulher – 38 anos –moradora da Tijuca – cadeirante “Por exemplo, eu ia pra Niterói entrar pra a equipe que me convidou. É o meu sonho, eu vivo de judô, eu vivo do esporte! Esporte é... não ganho pra isso, mas, assim, esporte é qualidade de vida, né? Atividade física em si é qualidade de vida pra mim, então, gosto muito de esporte. Viajei muito com esporte. Então, uma dessas coisas seria aceitar esse emprego.” Homem – 42 anos –morador de Senador Camará – portador de deficiência visual – esportista – lutador de judô – sobre ter recusado o convite para fazer parte de uma equipe de instrutores de judô em Niterói por conta do problema de mobilidade na cidade. PPDF: de melhorias Necessidades especiais mobilidade O que poderia ser feito? Acredita-se que a falta de planejamento esteja associada à falta de conhecimento específico dos profissionais que planejam a mobilidade na cidade. O que poderia ser feito para reverter de forma positiva essa situação de acordo com entrevistados: Os profissionais que planejam a mobilidade na cidade devem ser assessorados por pessoas portadoras de deficiência física que efetivamente utilizam os meios de transportes públicos. Os meios de transporte públicos não devem ser pensados primordialmente como produtos geradores de lucro às empresas. Antes disso, devem ser pensados como instrumentos importantíssimos de inclusão social. A padronização e a fiscalização dos espaços públicos, em todos os níveis e em todas as regiões da cidade, são objetos que requerem muita atenção do poder público para a garantia de liberdade de ir e vir de todos. Percepção e avaliação dos grandes eventos na cidade Retornar ao índice Grandes eventos: Análise * Aos mesmo tempo que as obras são bem-vindas, há um sentimento de que elas estão pouco relacionadas com o bem-estar da população Existe o sentimento, entre os interlocutores, de que os investimentos cessarão após as Olimpíadas de 2016 Obras positivamente avaliadas pelos interlocutores: TransOeste TransCarioca Sistemas BRT e BRS Estas obras têm efeitos que são sentidos no dia a dia da população *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Obras na cidade Os grandes eventos que serão realizados na cidade são percebidos como positivos, mas existem ressalvas. Investimento direcionado de forma errada Obras maquiagem corrupção “Atleta não se constrói com estádio, atleta se constrói com política esportiva e desportiva. Com base em escola melhor, que forma esse atleta, que você vai ter em uma geração, o estádio é só consequência.” Mulher – 47 anos – moradora do Humaitá Obras na cidade Ao mesmo tempo que os interlocutores percebem que a cidade vai ser apresentada ao mundo e que as obras são bem-vindas, há um sentimento de que elas estão pouco relacionadas com o bem-estar da população. Existe a percepção de que a cidade está sendo maquiada. Obras que não estão diretamente ligadas à melhoria da mobilidade são vistas como obras que irão beneficiar exclusivamente o segmento turístico da cidade. “Eles vão querer maquiar tudo pros turistas não verem as coisas ruins da cidade, como foi no Pan. Eu vejo como negativo, porque eles têm que fazer essas melhorias o ano inteiro e não só agora por causa dos turistas.” Mulher – 27 anos – moradora de Oswaldo Cruz “ Eu acho muito bom, mas, assim, depende de como está sendo conduzido. É bom por um lado, que está melhorando algumas coisas: visibilidade do país e da cidade. Mas tem muita gente se aproveitando disso e esse é o lado ruim. Essas pessoas que pensam em superfaturar por causa desse tipo de evento. Se aproveitar da situação. Homem – 34 anos – morador da Ilha de Guaratiba Obras na cidade Um dos sentimentos presentes nos discursos dos interlocutores é de que os investimentos em infraestrutura que a cidade vem recebendo terminem após a realização das Olimpíadas em 2016. Experiências anteriores, como as obras do Pan Americano de 2007, reforçam esse sentimento. A sensação geral é que é sempre preciso um motivo externo para que as coisas sejam feitas na cidade. O sentimento é de que a cidade não está sendo pensada para o cidadão carioca e sim para o turista que vem visitá-la. Foi citado nas interlocuções que existe concentração de obras que beneficiam a Barra da Tijuca e parte da Zona Oeste, porque lá fica a cidade olímpica. Umas delas é a Linha 4 do metrô. Outro exemplo, é o sentimento de que a revitalização do Centro da cidade do Rio está voltada para a instalação de grandes empresas na cidade, o que pode levar à descaracterização do Centro e a sua tradição histórica. “ Não posso dizer que seja muito boa, não. Porque o governo que atende a padrões internacionais, a compromissos internacionais, fazendo metrô, por uma linha que vai ter menos gente, menos demanda, e desrespeitando as associações de toda a Zona Sul: Jardim Botânico, Humaitá e Gávea, que queriam, por exemplo, que o metrô passasse por lá. Eu não considero um governo que esteja ouvindo o povo, a população. Eu acho que ele atendeu a outros compromissos e vai beneficiar. Vai melhorar? Vai. Porque nada foi feito. Agora, que isso é o ideal, não. Isso é uma postura absolutamente errada, com uma obra gigantesca, com volume e injeção de recursos gigantescos, para atender a compromissos assumidos com a FIFA ou o Comitê Olímpico, com quem quer que seja, e desrespeitando, e não ouvindo as associações que legitimamente representam uma grande parcela da população.” Mulher – 47 anos – moradora do Humaitá Obras na cidade A TransOeste, a TransCarioca e os sistema BRT e BRS são obras bem avaliadas pelos interlocutores, pois seus efeitos são sentidos no dia a dia da população. A TransCarioca e a TransOeste, apesar de terem impactos positivos à cidade do Rio, ainda não estão operando completamente na sua capacidade. O corredor de ônibus, segundo os interlocutores, está quase sempre vazio e a quantidade de ônibus ainda é pequena. Estão sempre lotados. Ou seja, a ideia é percebida como boa, mas a implementação precisava melhorar. A maior parte dos interlocutores vê de forma positiva a retirada das Vans na Zona Sul e acham que a medida deveria ser estendida para outros bairros da cidade. Mas ressaltam que não adianta retirar as vans de circulação se não forem implementadas melhorias na quantidade e na qualidade dos outros meios de transporte. “Eu acho que vão ficar legados, sim. Eu acho que a maioria delas (obras) vai ajudar. Ainda não vi nenhuma que eu achasse que fosse desnecessária, que está sendo feita diretamente para as Olimpíadas e para a Copa. Tem a TransBrasil, a TransOlímpica, a TransOeste, a TransCarioca, para mim essas são as maiores. Vai dar mais fluxo para as pessoas. Essas quatro vias que eu falei, no meu dia a dia, se eu quiser ir para o aeroporto, eu vou poder ir por dentro... e pessoas que às vezes pegam as vias expressas, que querem ir para bairros vão poder parar de pegar e desobstruir, então eu acho que a tendência é que, mesmo após os jogos, isso vá ser um legado bom. O problema é que isso só está sendo feito por causa dos eventos.” Parada BRS Av. Rio Branco à noite Homem – 31 anos – morador de Jacarepaguá Obras na cidade Numa escala de 1 a 10, em que 1 significa NENHUMA IMPORTÂNCIA e 10 é MUITO IMPORTANTE, que nota você daria para os recentes ou possíveis investimentos em transporte: Investimento Nota média BRT(corredores expressos de ônibus articulados) 7,4 BRS (as vias exclusivas para ônibus nas ruas de grande movimento) 7,5 Expansão do metrô 8,0 Novos trens do metrô 8,0 Novos trens da SuperVia 7,9 Novos trajetos e novas embarcações para a barca 7,6 Licenciamento de mais motoristas de taxi 6,1 Na pesquisa quantitativa, os participaram também avaliaram bem os investimentos recentes em transporte. A expansão do metrô (novas linhas e trens), em novos trens na supervia, BRS e BRT obtiveram boas acima de 7 na avaliação dos cariocas. Cenário Futuro: visões e soluções Retornar ao índice PPDF: Análise * Os cariocas estão pessimistas quanto ao futuro da mobilidade na cidade Os principais motivos para o sentimento negativo em relação ao futuro, na opinião dos interlocutores, são: a falta de planejamento e concretização de mudanças efetivas por parte dos governantes e o fim dos investimentos após os Jogos Olímpicos em 2016 (comentado também no capítulo anterior da pesquisa) Percepção de que faltam grandes investimentos em transporte público Percepção de que falta investimento em outras alternativas, como a construção de ciclovias, bicicletários, etc. A maior responsabilidade nas mudanças e melhorias é do governo, tanto estadual quanto municipal. As mudanças estão relacionadas com obras e pouco se expressou sobre as mudanças no comportamento dos motoristas. Essas mudanças comportamentais da população seriam consequência do investimento dos governos. *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados. Cenário futuro: visões A expectativa dos interlocutores é de que o cenário futuro não é promissor em termos de mobilidade na cidade. “O futuro é o caos. Caos total. Vai parar mesmo, não vai ter condições. Porque cada dia mais se vende mais carros. A gente não está preparado para isso. (...) Eles melhoram até um certo ponto, depois param. Então, a grande parte do Rio de Janeiro, mesmo do Centro, não tem mais o que se fazer. Ou proibir ou vai virar um caos total.” Homem – 27 anos – morador de Maria da Graça “Péssimo! Péssimo! Porque não adianta: eles falam que vão construir mais estradas e mais vias, mas em compensação tem muito mais carro e ônibus na rua. A população cresce! A cada medida que as ferrovias e estradas melhoram, o número de pessoas na rua também aumenta! Então eu só vejo piora. Eu não vejo solução à longo prazo! Eu não vejo! Imagino daqui há 30 anos só pior! Tem muito carro na rua: carro velho e carro novo.” Mulher – 47 anos –moradora de Magalhães Bastos Cenário futuro: visões O sentimento geral é que os governantes, independente das obras que estão sendo realizadas agora para os grandes eventos, não planejam e executam coisas efetivas que façam com que o cenário futuro possa ser vislumbrado de forma diferente. Mesmo as obras que estão sendo realizadas, como foi visto anteriormente, são criticadas porque estão voltadas para um objetivo específico (a Copa e as Olimpíadas). Para todos, a raiz do problema está na falta de grandes investimentos em transporte público ou na falta de investimento em outras alternativas, como a construção de ciclovias, bicicletários etc. que efetivamente possam fazer com que as pessoas deixem de usar carro. As pessoas não acreditam que, a médio prazo, as coisas melhorem. Acreditam que todos esses investimentos que estão sendo feitos na cidade possuem grande chance de parar depois de 2016. “Incerto, as pessoas perdem dinheiro paradas no trânsito, no engarrafamento; se você mensurar esse custo durante uns cinco anos, você paga a obra de metrô. Quanto se perde engarrafado no trânsito?”. Homem – 58 anos – morador de Botafogo – portador de deficiência visual Estão sendo feitas obras, né, para melhorar o trânsito, melhorar a rede hoteleira, né? Vão ter mais quartos, né? Mas é principalmente visando os estrangeiros, visando os turistas. Para a cidade, não vai ter, como o Pan, não deu praticamente nenhum legado. Acho que a cidade não vai ter um grande legado não. Homem – 34 anos – morador de Brás de Pina “Caótico, caótico. E não é retirando van da Zona Sul, que prejudica a população mais próxima que mais necessita desse deslocamento, que vai resolver. Eu queria que o prefeito tivesse coragem de retirar os grandes carrões da Zona Sul e também impedir que novos edifícios fossem construídos com não sei quantas vagas, especialmente em Botafogo. “ Mulher – 47 anos – moradora do Humaitá Cenário futuro: responsabilidades e soluções De quem as pessoas devem cobrar? As pessoas acreditam que a responsabilidade pela situação atual de mobilidade na cidade é dos governantes, tanto estadual quanto municipal. O que as pessoas devem cobrar? Investimentos pesados em transporte público de qualidade Investimento em obras de infraestrutura para acabar com os grandes engarrafamentos. A construção de ciclovias por toda a cidade. Dessa forma, retirando o ciclista do meio do trânsito e encorajando outras pessoas a aderirem ao uso de bicicletas. Maior fiscalização e aplicação de leis mais duras para os infratores no trânsito. Investimento em educação. Planejamento e execução de obras visando primordialmente o bem-estar da população. “Eu acho que o governo tem que fiscalizar e determinar também onde vai passar as linhas de ônibus, fazer uma pesquisa pra ver quantos ônibus tem, quantas pessoas tem, qual é a demanda, qual a necessidade...Então acho que o governo tem essa responsabilidade.” Mulher – 32 anos –moradora de Curicica “Governo incentiva a redução de IPI, de impostos, mas para o transporte individual e não para o transporte coletivo. O transporte coletivo é que tem que atender a grande massa, porque quanto mais carro você colocar na rua, mais difícil vai ser a mobilidade urbana”... “você está transferindo novamente para o cidadão a questão do transporte, ou seja, você está com um problema, compra um carro”. Mulher – 38 anos – moradora da Tijuca – cadeirante Cenário futuro: responsabilidades e soluções De que maneira as pessoas devem cobrar? Indo às ruas protestar, fazendo abaixo-assinados, ligando para os órgão competentes para denunciar irregularidades, boicotando empresas de ônibus e outros serviços que não apresentem a qualidade desejada, fiscalizando o gasto do dinheiro público que deve ser mais transparente, etc. As pessoas também têm sua parte de responsabilidade, pois a educação no trânsito e a forma de agir em relação ao outro são comportamentos que devem mudar. Mas esse comportamento só irá mudar se os poderes públicos não só fiscalizarem e punirem através de multas, mas investirem na educação no trânsito “É, a gente tem que se unir, né? Se unir, ir pro Centro fazer greve mesmo. Só o povo unido mesmo é que consegue mudar as coisas.” Homem – 26 anos – morador de Maria da Graça Denunciar, ir para as ruas, botar quente mesmo. Ir para as ruas, denunciar. Se eu ver algum motorista fazendo algo de errado: passou do ponto, deu sinal e ele não parou, ligar rapidamente para um órgão competente pra denunciar. Eu já reclamei que o motorista uma vez não queria me deixar entrar no ônibus. Homem – 42 anos – morador de Senador Camará – portador de deficiência visual Cenário futuro: responsabilidades e soluções Para melhorar os transportes e o trânsito na cidade do Rio de Janeiro nos próximos anos, quem deve se esforçar mais? Utilize uma escala de 1 a 10, em que 1 significa NÃO PRECISA SE ESFORÇAR NADA e 10 significa TEM QUE SE ESFORÇAR MUITO MAIS DO QUE SE ESFORÇA HOJE. Responsável 2013 Governo 8,5 Empresas de transporte 8,4 Motoristas / trabalhadores do segmento do transporte 7,6 População 7,3 A responsabilidade de melhorar o trânsito e os transportes na cidade é dividida entre todos os envolvidos. O governo e as empresas de transporte possuem um grau de responsabilidade um pouco mais elevado do que os motoristas e profissionais e a sociedade. Conclusões Retornar ao índice Conclusões A principal conclusão a que se pode chegar é que os cidadãos cariocas estão bastante insatisfeitos em relação às condições de mobilidade na cidade do Rio. Lembrando que o campo dessa pesquisa foi realizado no mês anterior ao das manifestações populares que exigiam a redução do preço das passagens de ônibus, alguns depoimentos são bastante ilustrativos do sentimento de que algo mais consistente precisa ser feito. O metrô é considerado o melhor meio de transporte pelos atributos de agilidade e segurança, mas ainda assim foi muito criticado por causa da superlotação. O trem segue a mesma lógica, só que pior avaliado pelos constantes atrasos e pelo desconforto das composições mais antigas em estado de conservação ruins que ainda circulam. Existe um descontentamento grande em relação aos serviços oferecidos pelas empresas de ônibus. É clara a percepção de que os empresários do setor não são fiscalizados e cobrados pelo poder público. A consequência é o despreparo dos motoristas. Eles, por sua vez, não prestam um serviço de qualidade pelas condições de trabalho a que são submetidos e pela falta de treinamento. Por conta da má qualidade dos meios de transportes públicos, as pessoas portadoras de deficiência física se sentem tolhidas do seu direito de ir e vir. Ao mesmo tempo, a não inclusão gerada por essa situação impede o pleno desenvolvimento social desses cidadãos. Conclusões Em relação ao trânsito na cidade, o principal sentimento que emerge da fala dos interlocutores é a falta de educação e cidadania manifestada entre os motoristas no dia a dia no trânsito. Mas há o sentimento e a percepção de que os governos não priorizam o bem-estar da população, porque não são percebidos grandes investimentos para mudar. As grandes obras que estão sendo realizadas ou concluídas não são percebidas, pelo menos de imediato, como objetivadas nesse sentido. Ao contrário, levam ao raciocínio de que quando há vontade política, elas são possíveis. E acreditam que essa vontade política se deu por outros motivos e não, primordialmente, objetivando o conforto e bem-estar da população. Esse sentimento se reforça, ainda mais, pelo fato de muitas obras ainda em fase de construção estarem atrapalhando a mobilidade na cidade. Os grandes eventos que serão realizados na cidade são percebidos de forma ambígua. Boa parte dos interlocutores, principalmente aqueles de classes mais baixas, não se sentem incluídos. Há um sentimento de que os eventos são para os turistas e para aqueles que se beneficiam da larga presença destes na cidade. Em relação ao futuro, conforme é possível constatar em algumas declarações presentes neste documento, há um pessimismo por parte da população. Os problemas a serem resolvidos são muitos e há a crença de que o investimento irá parar após a realização dos grandes eventos em 2016. Pesquisa realizada em parceria pela Consumoteca e M.Sense: Responsável: Bruno Maletta – [email protected] Equipe envolvida no projeto: Eliana Vicente Lídia Canellas Milena de Lima e Silva Camila Rolim Rafael Dyer Paulo Cardoso Shirley Torquato Thais Eletherio Karen Costa