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Transcrição

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ISSN 2178-5781
Ano XIII | 228 | Junho 2014
Vinho
A produção goiana de
uma das bebidas mais
famosas do mundo
Faeg e Senar
José Mário Schreiner deixa
presidência, mas linha de
trabalho não muda
Produzir
sem degradar
Parque Serra Dourada: produtores e
ambientalistas brigam em prol do meio ambiente
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NOVOS DESAFIOS
CAMPO
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
Desafios em tempo de desinformação
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com
distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.
CONSELHO EDITORIAL
Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto
e Eurípedes Bassamurfo da Costa.
Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)
Reportagem: Catherine Moraes e Michelle Rabelo
Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho
Dar continuidade aos trabalhados que têm sido desenvolvidos pela Faeg
e pelo Senar, abrindo cada vez mais espaço para o produtor e homem do
campo. Com esse objetivo assumi no mês de junho a presidência das duas
entidades. Pouco muda na gestão. Tudo continua sendo conduzido da maneira como vinha sendo anteriormente, porém com atenção especial aos
problemas emergenciais que forem surgindo ao longo do tempo.
Revisão: Denise N.Oliveira
Diagramação: Rowan Marketing
Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 12.500
Comercial: (62) 3096-2123
[email protected]
DIRETORIA FAEG
Presidente: Leonardo Ribeiro
Vice-presidente: Antônio Flávio Camilo de Lima.
Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira,
Wanderley Rodrigues de Siqueira.
Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da
Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis.
Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo,
Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da
Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi.
Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira
dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos
Santos, José Carlos de Oliveira.
Suplentes: Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da
Silva, Oswaldo Augusto Curado Fleury Filho, Joaquim Saeta
Filho, Henrique Marques de Almeida.
Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio
Maróstica.
Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar
Rodrigues da Rocha.
Um deles foi a polêmica gerada em torno da demarcação do Parque Serra
Dourada, situado na região Noroeste do Estado. Diferentemente do que tem
sido dito, produtores e ambientalistas estão do mesmo lado e lutam para
proteger o meio ambiente. Cada um à sua maneira.
No geral, quando me perguntam qual será o foco da minha gestão, eu
aponto três temas: infraestrutura, que exige principalmente a busca por
uma solução para o problema da energia elétrica e das vias de escoamento
da produção, seguro rural, que precisa urgentemente de um novo modelo
que traga mais segurança ao produtor e assistência técnica, que hoje é a
maior demanda do pequeno agricultor.
Nesta edição da Revista Campo, abordamos ainda questões como a luta
de quem escolheu viver do leite mas que se depara com inúmeras dificuldades e vê no Balde Cheio uma ponta de esperança, a produção do vinho
em terras goianas e a história das professoras que não satisfeitas em somar
conhecimento, multiplicam esse saber em forma de cidadania por meio do
programa Agrinho.
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR
Presidente: Leonardo Ribeiro
Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo
Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.
Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva,
Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago
de Castro Raynaud de Faria.
Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e
Sandra Maria Pereira do Carmo.
Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Marco Antônio
do Nascimento Guerra e Sandra Alves Lemes.
Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander,
Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,
José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza.
Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia
Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do
Nascimento e Marcelo Borges Amorim.
Histórias como a de Mauro, Igor, Fernando e João fazem a minha missão
à frente da Faeg e do Senar ainda mais importante e dão à ela um grau de
responsabilidade incalculável, afinal, são planos e sonhos de quem nasceu
ou escolheu o campo para fincar os pés e as raízes.
Meu maior desafio é, com bom senso, ter entendimento e abertura de
diálogo para atender os objetivos de superação de todas as demandas de
quem vive no campo e que contribui tanto com quem vive em todos os
outros lugares.
Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa
Larissa Melo
FAEG - SENAR
Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300
Goiânia - Goiás
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Para falar com a redação ligue:
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Leonardo Ribeiro
Presidente do Sistema FAEG
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Fredox Carvalho
Fredox Carvalho
PAINEL CENTRAL
Prosa
Serra Dourada em Goiás
Em meio ao imbróglio que envolve
o Parque Estadual Serra Dourada, o
advogado Victor Alencar fala sobre
como deve ser a criação de uma
Unidade de Conservação
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Diante de uma possível desapropriação, produtores
e ambientalistas se colocam do mesmo lado: em prol
do meio ambiente
Visita técnica
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Larissa Melo
Comitiva de Serranópolis e Aporé foi até o município de Itarumã
para conhecer a história de quem vive, muito bem, do leite
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Fredox Carvalho
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A delícia que vem da uva
Fino ou de mesa, Goiás segue produzindo uma
das bebidas mais famosas do mundo
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Multiplicação
Somando esforços e dividindo experiência,
professores goianos que participam do Agrinho
divulgam programa por meio da multiplicação
O diploma que abre portas
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A história de Igor Gomes Garcez, o casqueador que
fez sua história de sucesso com um certificado, força
de vontade e o Exército Brasileiro
Agenda Rural
06
Fique Sabendo
07
Delícias do Campo
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Treinamentos e cursos
do Senar
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Campo Aberto
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Faeg e Senar sob nova direção
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Fredox Carvalho
João Batista deixou tudo
para viver no Parque
Serra Dourada
Larissa Melo
José Mário Schreiner deixa presidência das casas e Leonardo Ribeiro
assume o cargo prometendo seguir mesma linha de trabalho
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AGENDA RURAL
27/05 a 13/06
Horário: 8h às 17h
Local: SFA-GO (Praça Cívica, n°100, Setor Central)
Informações: Márcia Costa (62 3221-7302) / Mariane Rodrigues (62 3221-7204)
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26/06
26/06
Jantar beneficente Equoterapia
Local: Sindicato Rural de Goiatuba
Horário: 19h
Informações: (64) 3495-1663
Maiores do ICMS Goiás
Local: Espaço Memoratto, Goiânia
Horário: 20h30
Informações: (62) 3250-1430
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FIQUE SABENDO
Larissa Melo
Divulgação
Faeg pede reestudo sobre averbação
de reserva legal
Melhoramento
genético de plantas
A Embrapa Pecuária Sudeste lançou, recentemente, o livro
“Construção de ideótipos de gramíneas para usos diversos”. Especialistas de várias instituições brasileiras apresentam quais seriam os
tipos ideais de gramíneas conforme a necessidade, região ou condição climática. A publicação abre
um novo horizonte para a pesquisa
na área de melhoramento genético
no Brasil. Com esse mapeamento é
possível iniciar pesquisas para desenvolver as novas plantas.
No livro, os leitores podem encontrar, por exemplo, informações
sobre as características necessárias
para a obtenção de forrageiras tolerantes aos principais problemas
como as cigarrinhas-das-pastagens, seca, alagamento e encharcamento, baixa fertilidade do solo e
as geadas.
Com o objetivo de que a reserva
legal seja regularizada apenas pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR), já que
este está em pleno funcionamento em
Goiás, o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg),
Leonardo Ribeiro, esteve na Corregedoria do Tribunal de Justiça (TJ-GO), no
último dia 16 de junho, onde protocolou
um ofício com a solicitação.
da que os proprietários que precisam fa-
No documento, Leonardo explica
solicitação. A Faeg aguarda, agora, um
que o CAR já está regulamentado em
posicionamento por parte do TJ-GO é
Goiás, o que desobriga, conforme a Lei
esperado para os próximos dias. O ofício
12.651, o proprietário de averbar sua re-
foi entregue, em mãos, para a Correge-
serva legal junto cartório. Ele alegou ain-
dora Geral, Nelma Branco Ferreira Perilo.
zer transferência e desmembramento de
imóveis estão sendo prejudicados com
a exigência por parte dos cartórios que
continuam exigindo esse procedimento.
Leonardo afirmou também que o
Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos de Goiás (Semarh) apoiam a
PESQUISA
Pesquisa da Unesp estuda lodo
para ser utilizado como fertilizante
O Instituto de Biociências da Unesp
de Rio Claro (SP) estuda a possibilidade de usar o lodo, sobra tóxica do tratamento de esgoto, como fertilizante
na agricultura. A pesquisa começou
depois de uma análise que provou a
perda de carga poluente da substância
misturada com o solo, após um ano.
Em 2013, a descoberta garantiu a vitória de um prêmio do Ministério Federal
de Educação e Pesquisa na Alemanha
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para jovens cientistas do mundo.
Atualmente, 55% do esgoto gerado pelos moradores é tratado e, na
estação, passa por inúmeros processos até que a água fique em condições de retornar ao rio. O problema,
entretanto, é que o lodo que sobra
do tratamento é prejudicial ao meio
ambiente. Além disso, o transporte
ao aterro sanitário e a armazenagem
desse material tem um custo elevado.
Dessa forma, o estudo em muito contribui para a destinação adequada.
A pesquisa foi desenvolvida pela
aluna de pós-graduação do curso de
ciências biológicas Dânia Elisa Christtofoleti Mazzeo e levou quatro anos
para ser publicada. A aluna misturou
lodo ao solo em várias proporções
e o enterrou. Depois de um ano, a
análise mostrou que a carga tóxica
contida no lodo havia desaparecido.
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Fredox Carvalho
PROSA RURAL
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Victor Alencar
é advogado e presidente da Comissão de Direito Ambiental
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Goiás e
da Câmara Técnica de Unidades de Conservação no Conselho
Estadual de Meio Ambiente do Estado de Goiás
Michelle Rabelo
| [email protected]
E
m meio ao imbróglio que envolve o Parque Estadual Serra Dourada, desde que foi divulgada a
possibilidade da desapropriação de cerca de 28
mil hectares no local, o advogado Victor Alencar
é firme ao dizer que estudos técnicos, bem como uma
discussão ou debate público são necessário antes que
uma Unidades de Conservação seja efetivamente criada.
A dúvida da demarcação que tem tirado o sono de produtores e ambientalistas - cada um com seus motivos – esbarra em pontos da legislação ambiental. Alencar falou à
revista Campo sobre as medidas que deixaram de ser tomadas para a possível criação da unidade de conservação.
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Revista Campo: Quantas são as
vinte e duas unidades estaduais.
Unidades de Conservação (UC) exis-
A legislação estabelece, e não poderia ser
tentes, atualmente, no Brasil? Como
diferente, que estudos técnicos precede-
são feitas e qual o maior empecilho
rão à criação de unidades de conservação,
para estas efetivações?
bem como a discussão ou o debate pú-
Victor Alencar: Como as unidades
blico a seu respeito. Em seguida o Poder
de conservação podem ser criadas tan-
Executivo normatiza as características da
to pela União, quanto pelos Estados, o
unidade, estabelecendo sua criação for-
Distrito Federal e os Municípios, tor-
mal e disciplinado as normas de uso do
na-se difícil obter um número preciso.
espaço e recursos naturais abrangidos.
De toda forma, o Cadastro Nacional
Quanto ao maior empecilho, vejo o
de Unidades de Conservação aponta a
adequado planejamento quanto ao as-
existência de duas mil e onze unida-
pecto fundiário, que possa propiciar
des de conservação em todo território
uma harmonização do uso das proprie-
nacional. No Estado de Goiás, a Se-
dades para fins econômicos e as nor-
cretaria Estadual de Meio Ambiente e
mas de proteção ou, quando a convi-
Recursos Hídricos – SEMARH, publica
vência se torna impossível, a adequada
em sua página oficial a existência de
desapropriação dos imóveis.
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Revista Campo: Se da área total
das propriedades rurais, 20% são
destinados a Reserva Legal e outros
15% à Áreas de Preservação Permanente (APPS´s), porque entende-se
mais 20% devem ser de UC?
Victor Alencar: Não existe um percentual de imóveis legalmente pré-definido para ser destinado à criação
de unidades de conservação, no que
pese alguns estados assumirem compromissos próprios visando metas de
proteção do respectivo bioma.
Importante é observar que a unidade
de conservação tem uma destinação
diferenciada em relação a área de preservação permanente ou reserva legal,
posto que sua criação se dá com objetivo certo e determinado para cada
caso, tanto que existe uma classificação em categorias visando, cada uma,
um mecanismo de proteção diferente.
Revista Campo: Como se dá o processo de criação de uma UC?
Victor Alencar: Uma unidade de
conservação pode ser criada por ato
do executivo, mediante decreto, ou
por lei, sendo que sua posterior alteração ou supressão deve se dar necessariamente por lei, como disciplinado
pela Constituição Federal.
A Lei nº 9.985 de 2000, norma que
define regras gerais em relação aos espaços especialmente protegidos e que
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, define diferentes
grupos e categorias de unidades, cada
uma tendo um objetivo muito específico em relação ao bem ambiental de
maior relevo que visa proteger.
Revista Campo: O que acontece
quando existem na área de uma UC,
além de propriedades rurais, assentamentos? Essas áreas também podem ser desapropriadas?
Victor Alencar: As propriedades
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Importante é
observar que
a unidade de
conservação tem
uma destinação
diferenciada em
relação a área
de preservação
permanente ou
reserva legal
rurais que são abrangidas por uma
unidade de conservação observará limitações quanto ao uso, ou até mesmo será desapropriada, dependendo
da categoria em que for classificada.
Existem certas categorias de unidades de conservação do grupo “Proteção Integral”, que não admitem qualquer tipo de uso dos recursos naturais
ou exploração do espaço, levando à
desapropriação, entretanto algumas
categorias do grupo “Uso Sustentável” permitem uma gama bem ampla
de atividades em seu interior.
Independente se o imóvel rural é utilizado para fins de assentamento ou
não, a legislação não abre exceções
quando se trata de algumas categorias de unidades de conservação, pois
o meio ambiente é tipo como de interesse difuso, ou seja, de interesse que
sobrepõem interesses privados.
Revista Campo: No caso da desapropriação de fato, como funciona
o processo indenizatório? Quantos
processos deste tipo já foram finalizados no Brasil e em Goiás?
Victor Alencar: De forma bem resumida, após o decreto desapropriatório pelo Poder Executivo, ou por ini-
ciativa do legislativo, o Estado deve
proceder ao depósito dos valores correspondentes aos imóveis afetados,
tendo-se como parâmetro o valor de
mercado e as benfeitorias indenizáveis presentes no local, e mediante a
abertura de processo judicial específico. Logo após a efetivação do depósito pode o Estado ser beneficiado
com a imissão na posse, ou seja, começar a utilizar o imóvel para o fim
pelo qual foi desapropriado.
Revista Campo: Qual a orientação
para o produtor rural que se sentir
lesado em virtude da insegurança
jurídica resultante de uma desapropriação – em reação da criação de
uma UC?
Victor Alencar: A melhor atitude
é realmente investigar o processo de
criação da referida unidade de conservação e se há possibilidade para a
conciliação com as atividades econômicas desenvolvidas. Quanto as exigências legais não são absolutamente
observadas, pode-se até chegar à anulação do ato de criação ou até mesmo
influenciar sua reformulação.
Em último caso, um acompanhamento
adequado leva a uma influencia positiva até mesmo nos valores destinados
à indenização por desapropriação.
Quanto as
exigências
legais não são
absolutamente
observadas, podese até chegar à
anulação do ato
de criação
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MERCADO E PRODUTO
Shutter
Iniciada a colheita
de milho safrinha
em Goiás
Cristiano Palavro | [email protected]
Abastecimento (Conab).
junho, iniciou-se a colheita
Atualmente os preços do milho
da segunda safra de milho
na Bolsa de Chicago (CBOT) estão em
em todo o Brasil e em Goiás, que se
patamares baixos e estas cotações ge-
destaca no cenário nacional de milho
ram, internacionalmente, uma forte
safrinha como o quarto maior pro-
pressão de baixa nos preços internos
dutor. Do total, mais de 90% desta
do grão. Isso ocorre porque grande
produção está na região Sudoeste do
parte do que é produzido no Brasil tem
estado, com destaque para os muni-
como destino a exportação.
cípios de Jataí e Rio Verde.
Deve ocorrer, portanto, uma pa-
A safrinha deste ano iniciou-se em
ridade entre os preços comercializa-
clima de incerteza, principalmente in-
dos dentro do país e os preços em
fluenciada pelos baixos preços comer-
Chicago. Frente às expectativas de
cializados após a colheita da safrinha
poucas variações nas taxas cambiais
passada, que estreitou fortemente as
no curto prazo, para que esta parida-
margens de rentabilidade dos produ-
de ocorra, é esperada uma redução
tores rurais, aumentando os riscos da
nos preços do milho internamente.
atividade. Fato é que, influenciados
É bastante provável que estes preços
pela retomada de preços, a necessida-
possam cair abaixo do preço mínimo
de de aproveitamento das terras e a re-
estabelecido pelo governo (R$17,4 6),
alização da rotação de culturas, Goiás
podendo ser necessária a intervenção
teve um crescimento em sua área plan-
para garantir este valor.
tada de milho na segunda safra.
Apesar de já iniciada em Goiás, o
Os números oficiais ainda estão
maior volume de colheita na safrinha
sofrendo algumas variações, mas a ex-
ocorrerá entre a segunda quinzena
pectativa é que o estado cultive nesta
de julho e a primeira de agosto, e os
safra aproximadamente 910 mil hecta-
produtores rurais de todo o Estado
res de milho safrinha, uma área plan-
partem para mais esta etapa ainda na
tada 8% maior que em 2013, segundo
insegurança em relação aos preços a
os dados da Companhia Nacional de
serem comercializados nesta safra.
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Larissa Melo
O
Com a chegada do mês de
Cristiano Palavro é
engenheiro agrônomo e
consultor técnico do Senar
Goiás para a área de cereais,
fibras e oleaginosas
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AÇÃO SINDICAL
CEZARINA
Sindicato Rural de Gouvelândia
Curso de
inseminação artificial
Sindicato Rural de Cezarina
Treinamento técnico
em pintura
GOUVELÂNDIA
Produtores do município de Gouvelândia realizaram, no
último mês de maio, o curso de inseminação artificial.
O evento ocorreu em Sete Lagoas e, durante o curso,
os produtores aprenderam conceito, história, situação
atual, vantagens e limitações da prática. Além disso, o
instrutor tratou de reprodução, sanidade, ginecológico,
controle zootécnico, instalações, segurança no trabalho
e meio ambiente.
O Sindicato Rural de Cezarina realizou, no início de
junho, uma edição do Treinamento em Técnica/Pintura.
No total, 12 mulheres participaram com instrução de
Lânia Aparecida Guireli.
ÁGUAS LINDAS
ARAGUAPAZ
Mendel Cortizo
Nota de falecimento
Em nome da Federação
da Agricultura e Pecuária
de Goiás (Faeg) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar
Goiás), o presidente Leonardo Ribeiro presta solidariedade à
família de Augusto Irineu Luciano. Presidente do Sindicato
Rural de Araguapaz, Augusto que faleceu no último dia 17
de junho, aos 24 anos.
O corpo foi velado no Clube Municipal da cidade e o enterro
foi realizado no Cemitério de Araguapaz. Augusto é filho de
Fausto Brito Luciano (Prefeito de Araguapaz e ex-Presidente
do SR) e Magareth Luciano (1ª dama e ex-presidente do SR).
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Dirceu Borges
Repasse do Agrinho
O Município de Águas Lindas recebeu, no mês de maio, o
repasse metodológico do Programa Agrinho. Vencedora
do concurso final por duas vezes, a professora Maria
do Disterro esteve presente e repassou um pouco do
conhecimento adquirido no programa. Na ocasião, a
professora falou dos desafios que culminaram na sua
premiação de dois carros zero quilômetro pela primeira
colocação na categoria experiência pedagógica, nos
anos de 2011 e 2013. Entre os participantes, o supervisor
regional Dirceu Borges.
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RIO VERDE
INDIARA
Sindicato Rural de Indiara
Sindicato Rural de Rio Verde
Quadrilha da equoterapia
Produtos de limpeza e
higiene
Quadrilha, pipoca, algodão doce, cachorro quente
e pescaria, assim foi a festa junina do Centro de
Equoterapia Primeiro Sorriso do Sindicato Rural, que
aconteceu na tarde do dia 11 de junho no galpão do
Parque de Exposições de Rio Verde. A festa que é
realizada há seis anos, reuniu cerca de 100 pessoas
entre praticantes da equoterapia e familiares que
aproveitaram a tarde para descontrair e sair da rotina
das práticas.
O Sindicato Rural de Indiara, em parceria com o Senar
Goiás realizou um treinamento em produtos de limpeza e
higiene. O curso tem como objetivo ensinar: produção de
água sanitária e alvejante; purificação das gorduras; base
gleicerinada para sabonete; aromatizante de ambiente,
sabão sólido, xampu e sabonete líquido para corpo
desinfetante; condicionador e amaciante; sabonete sólido;
detergente; sabonete líquido para mãos; sabão em pó e
cera líquida.
Sindicato Rural de Silvânia
SILVÂNIA
CRISTALINA
Sindicato Rural de Cristalina
Panificação
O Sindicato Rural de Cristalina promoveu, no último mês,
o curso de panificação para moradores da cidade e do
campo. Na programação do curso constam elementos
como: preparação de pães artesanais, salgados, bolos e
tortas. Quem participou conheceu um pouco mais sobre
higienização pessoal, valor nutritivo e acondicionamento e
congelamento dos alimentos.
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O Sindicato Rural de Silvânia realizou, no último
mês um curso em Aplicação de Defensivos
Agrícolas - Pulverizador Autopropelido. O objetivo
do repasse e ensinar sobre cuidados ambientais
(descarte e armazenamento de embalagens) ,
conhecimento das formas de exposição direta
e indireta aos agrotóxicos, sinais e sintomas de
intoxicação e medidas de primeiros socorros.
Além disso, inclui na grade de ensino: medidas
higiênicas durante e após o trabalho, regulagens
e manutenções dos componentes (mecânica e
princípios ativos), limpeza e manutenção das
roupas, vestimentas e equipamentos de proteção
pessoal, entre outros.
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Larissa Melo
Transferência de cargo
Sem José Mário Schreiner, Faeg
segue sob nova direção, mas
com mesma linha de trabalho
Ex-presidente da Comissão de Irrigação, Leonardo
Ribeiro, assume o cargo
Catherine Moraes | [email protected]
Michelle Rabelo | [email protected]
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vernador José Eliton; do deputado
federal Vilmar Rocha, entre outras
autoridades. No total, mais de 400
pessoas participaram do evento.
José Mário relembrou alguns dos
programas voltados para a saúde e
educação executados pelas duas casas
como: Campo Saúde, Agrinho, Pronatec, Balde Cheio. Além disso, falou
sobre a importância do setor para a
economia do país. “Não fosse o setor
agropecuário, o Brasil estaria amargando um PIB negativo. Temos muitas
conquistas dos últimos anos e vamos
avançar ainda mais. Hoje me licencio
da Faeg para me dedicar a um novo
projeto, um novo desafio”, completou.
Se pronunciando pela primeira
vez como presidente, Leonardo falou
da importância em ser líder de uma
instituição como a Faeg, assim como
a responsabilidade que isto agrega.
“Substituir uma pessoa com a capacidade e competência do José Mário não
é tarefa fácil. A Faeg e o Senar são estruturas reais de transformação social
e econômica. Pretendo ter bom senso
Fredox Carvalho
C
om a certeza de uma gestão
eficiente, José Mário Schreiner
se afastou da presidência da
Federação da Agricultura e Pecuária de
Goiás (Faeg) e do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás no último
dia 4 de junho. Ele estava à frente das
entidades desde 2008 e repassou o comando para o vice Leonardo Ribeiro.
Com uma pré-candidatura a deputado federal em estudo, José Mário se
afastou agradecendo pelas conquistas
realizadas com apoio dos diretores,
técnicos, funcionários e, claro, produtores rurais. Eleito no último ano
com 96% dos votos válidos, ele tomou
posse pela última vez no dia 12 de dezembro. Na mesma semana, Schreiner
também se afastou da vice-presidência
de finanças da Confederação Nacional
da Agricultura e Pecuária (CNA).
A solenidade de transmissão de
cargo a Leonardo Ribeiro foi realizada na sede da federação e contou
com a presença do governador do
Estado, Marconi Perillo; do vice-goJosé Mário disse que deixa o
cargo com a sensação de dever
cumprido
José Mário e Leonardo Ribeiro
no momento da transferência de
cargo
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Larissa Melo
Governador Marconi Perillo esteve
no evento e falou sobre a importância
de uma boa gestão da Faeg
e equilíbrio e me comportar com humildade para reconhecer meus erros
e limitações. Conto com esta equipe,
dirigentes, presidentes de Sindicato.
Ao amigo José Mário, muito sucesso
nesta nova empreitada e conte com
a gente!”, concluiu.
Passo fundamental para o agro
Na ocasião, o governador de
Goiás, Marconi Perillo afirmou que
José Mário dá agora, um passo fun16 | CAMPO
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damental para o setor agropecuário.
“Sabemos que este é um momento
de pré-candidatura a deputado federal e sete deputados federais não
irão mais para a disputa, incluindo
o goiano aqui presente, Vilmar Rocha. José Mário é um dirigente classista do mais alto talento e Goiás
precisa ter forte representação na
bancada da Câmara Federal. Ao Leonardo, deixo, como sempre, todo
meu apoio”, completou.
O governador também falou sobre
a isenção do IPVA de máquinas agrícolas, conforme solicitado pela Faeg
durante despacho na Exposição Agropecuária de Goiânia (Expoago), afirmando que, isentará máquinas deste
pagamento em Goiás. “Já vivemos
sem esta verba, continuaremos sem
cobrá-la. Também recebi solicitações
de mais rodovias a serem cuidadas e
já demandei que o pedido seja cumprido”, pontuou.
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Questionados sobre pontos positivos e
negativos da gestão, produtores elogiaram
José Mário pela luta em prol do setor e pelo
legado que deixa. Para o novo presidente,
Leonardo Ribeiro, muitas expectativas.
Para o presidente do Sindicato Rural
(SR) de Minaçu, Ian George Carvalho,
José Mário repassa o cargo, mas deixa
um legado muito importante: pequenos
produtores incluídos nas decisões do
agronegócio goiano. “O que acompanhei desde que José Mário assumiu a
Faeg, é uma gestão aberta que vai lá à
ponta para captar o que o produtor espera de melhorias. Isso é valioso, e assim a gente se sente acolhido”, explica.
Ian, que também é criador de gado
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de corte, espera que Leonardo Ribeiro
dê continuidade ao trabalho de Schreiner mantendo a liberdade que sempre
teve junto à presidência da Casa. “Nós,
os produtores, presidentes de SR e sindicalistas no geral, sempre tivemos abertura para expor nossas ideias e mostrar
o que era melhor para cada região. As
coisas precisam continuar assim”.
O produtor não poupou elogios a
Schreiner, à frente da entidade desde
2008. “José Mário deu mais visibilidade para o sistema Faeg e para o Senar
perante pessoas que às vezes nem são
ligada ao meio rural e acabam não sabendo o que as entidades fazem pelo
homem do campo”.
Fredox Carvalho
Balanço positivo para
quem vive do agro
Para Ian George, José Mário deixa um legado
muito importante
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Fredox Carvalho
PRODUÇÃO DE VINHO EM GOIÁS
Marcelo produz vinhos
tintos finos em pleno
Cerrado Goiano
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Da uva ao
vinho em pleno
Cerrado Goiano
Bebida produzida em cidades do
interior conquistam seu espaço
Karina Ribeiro | [email protected]
S
comercialização, serão produzidos
cerca de 3,5 mil garrafas de vinho
fino. Para a próxima safra, que será
comercializada somente em 2016, a
perspectiva é de dobrar o volume. Na
vinícola Pireneus, são elaborados os
vinhos tintos finos Bandeiras (elaborado com uvas Barbera) e o Intrépido
(uvas Syrah). A unidade dos dois produtos oriundos da colheita de 2012
será comercializada a R$ 85. Com
vendas consolidadas em cartas de
restaurantes de Goiânia e Brasília,
as portas começam a se abrir para
os mercados cariocas e paulistas.
“Vamos reservar um pouco para
exportar para outros Países. Embora ainda não tenha entrado efetivamente no mercado paulista, a ideia
é que ele seja avaliado pela crítica
internacional”, diz Marcelo.
Não é para menos. A rapidez com
que o vinho produzido na vinícola Pireneus, localizada em Cocalzinho, a
132 quilômetros de Goiânia, surpreendeu até o próprio empreendedor.
A primeira safra, comercializada em
2012, foi bem avaliada por enólogos
e degustadores de vinhos.
Os produtos colecionam uma avalanche de reconhecimento. O rótulo
Bandeiras safra 2010 participou, junFredox Carvalho
e de médico e louco todo
mundo tem um pouco, observando precipitadamente é possível acreditar que
Marcelo de Souza detenha
uma dose extra de ambos. Mesmo
depois de aprofundar os estudos,
participar de eventos e debruçar sobre a literatura, o otorrinolaringologista foi chamado de maluco aos
quatro ventos quando decidiu colocar em prática uma ideia antiga: produzir vinhos tintos finos. Detalhe:
em pleno Cerrado Goiano.
A ousadia rendeu frutos. Em
sua terceira safra com volume para
O médico investiu
em aprendizado
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Larissa Melo
duzidos 4 hectares de uva que rendem uma produção de 3,5 toneladas
por safra. Ele explica que a produção
ainda é modesta em função da necessidade de realizar alterações nos
parreirais ao longo dos anos. Com
a chegada de novos investidores, a
ideia é aumentar a área para 7 hectares. Agora mais experiente, afirma,
a perspectiva é atingir, em quatro
anos, até 5,5 toneladas por hectare/
safra, próximo ao limite da linha premium. “É mais difícil modificar um
parreiral do que plantar um do zero”,
salienta.
Marcelo afirma que os rótulos
dessa safra prometem surpreender
ainda mais o mercado. O Intrépido evoluiu 18 meses em barricas de
carvalho francês e americano enquanto o Bandeiras evoluiu em 12
meses. “Quase se enquadra a um
Gran Reserva”, finaliza.
Valdir está no
ramo há 6 anos
tamente com outras jovens promessas do mercado brasileiro, da quinta
edição da Vinum Brasilis 2012 – figurando em segundo lugar entre os tintos. Isso tudo ocorreu apenas quatro
meses após o lançamento comercial
de sua marca. E não parou por aí. Feito com um mistura de barbera (85%),
tempranillo (10%) e sangiovese (5%),
angariou ainda o título de melhor tinto na categoria outras uvas do Anuário de Vinhos Brasileiros do Instituto
Brasileiro 2012. Na Revista Baco, na
seleção feita em dezembro de 2012,
o vinho está entre os seis melhores
tintos nacionais entre os valores de
R$ 60 e R$ 100. “Foi surpreendentemente rápido e as dúvidas dissiparam
na cabeça de muita gente”, ressalta.
Marcelo conta que apreciava vinhos
desde a década de 1990, quando fazia sua especialização médica em São
Paulo. Em meio ao estudo, circulou
por eventos sobre o assunto e investiu em aprendizado. “Estava fascinado sobre vinhos quando voltei para
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Goiás para me estabelecer e trabalhar
como médico”, diz. Daí foi um passo
para tomar iniciativa de criar grupos
de apreciadores de vinhos na capital.
Ele afirma que começou a perceber que as regiões mais elevadas do
Cerrado tinham características interessantes para a produção de uva–
altitude, baixas temperaturas à noite
e altas temperaturas durante o dia.
Essas características, explica,
permitem que a maturação da casca,
semente e polpa ocorram de forma
mais uniforme – o que não ocorre
em regiões mais frias. “Vi que na
Índia estavam desenvolvendo projetos com clima muito próximo ao
nosso”, afirma. Ele diz que utiliza
técnicas semelhantes às asiáticas,
porém com uvas mais selecionadas.
Implementação
Foi em 2004 que adquiriu uma
área com um pouco mais de 30 hectares no município de Cocalzinho a
950 metros de altitude. Hoje são pro-
Vinhos de mesa
Pelo menos outras duas vinícolas
instaladas em solos goianos ganham
o mercado de vinhos populares e de
preços mais acessíveis.
A Serra das Galés, localizada em
Paraúna, Região Sudoeste do Estado, começou a produção de vinhos e
suco de uva em 2008, um ano após
a inauguração da vinícola. A produção é de 450 mil litros de bebida
por ano, sendo 65% destinado ao
de suco de uva natural e integral e
o restante destinado à produção de
vinho de mesa. “O mercado de suco
de uva natural cresce a cada ano”,
diz o sócio-gerente da vinícola e responsável técnico dos produtos, Valdir
Cristofoli. São cultivadas as variedades Niágaras branca e rosada, Isabel
precoce, Violeta e Cora.
O custo do vinho de mesa Cálice
de Pedra para o consumidor final é de
R$ 6 a garrafa enquanto que a garrafa
de 2 litros do suco de uva integral de
mesmo nome, o de maior volume de
vendas, é de R$ 13. Existem também
opções 300 ml, 500 ml e 1 litro.
Embora o crescimento da produção seja de 10% ao ano, Valdir explica
que o mercado está em franca expanwww.sistemafaeg.com.br
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Larissa Melo
Anir ainda espera a autorização
para comercializarem o vinho
afirma que muita gente duvidou do
sucesso da produção de uvas em solos
goianos. Ele explica que além da excelente condição climática (temperatura
média no inverno de 28 graus durante
o dia e 15 graus na madrugada), faz
com que a maturação seja mais uniforme, além da produção não sofrer
com ataques de pragas. “Antes de
virmos, estudamos todas essas condições e analisamos o solo”, explica
Mais na Região Central do Esta-
Larissa Melo
são. Tanto, diz, que se houvesse matéria-prima suficiente poderia dobrar
a produção das bebidas. “Não produzimos uva, só sucos e vinhos”, diz.
Tanto que estão planejando investir
na produção do fruto em 40 hectares de terra. “ O mercado está bom,
vendemos basicamente para Goiás e
a Região do Triângulo Mineiro”, diz.
Oriundo de tradicional região produtora de vinhos e sucos de uva de
Bento Gonçalves (RS), Valdir também
do, o município de Itaberaí também
é berço de um caso de sucesso no
mundo dos parreirais. Precursores
em plantação de uvas em escala comercial em Goiás, há 13 anos a família Razia toca a Vinícola Goiás.
Durante boa parte do tempo, a
dedicação de pai e filho foi exclusiva ao suco de uva integral Del Nonno. Nos 12 hectares são colhidos
250 toneladas de uvas que rende 80
mil litros que abastece rede hoteleira, bares, restaurantes, redes de fast
food e pousadas. Danilo e Anir ainda
esperam a autorização para comercializarem o vinho e enquanto isso
se dividem os cuidados com os parreirais. “Está desmistificando essa
questão de que é difícil produzir uvas
em Goiás”, afirma Anir.
O jovem calcula que sejam produzidas 3 mil garrafas de vinho colonial
por safra. Agora, a família investe no
enoturismo. “Recebemos alunos de
gastronomia, agronomia e famílias
que querem visitar a produção e conhecer os parreirais”, conta. Ele ressalta que está em fase de construção
um restaurante na propriedade. Enquanto isso, Danilo exibe orgulhoso
os cachos que dão vida a uma das bebidas mais famosas do mundo.
Danilo mostra os
cachos da fruta com
orgulho
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PARQUE ESTADUAL SERRA DOURADA
Produtores e
ambientalistas do
mesmo lado: em prol
do meio ambiente
Os desafio de quem vive da terra
e quer produzir sem degradar
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para a Revista Campo
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D
Fredox Carvalho
João Batista, de 67 anos,
vive com a família na zona
rural de Mossâmedes e diz
não pretender sair do lugar
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epois que o governo revogou
a pedido de produtores e lideranças ruralistas o decreto
que desapropriava 28 mil hectares
de propriedades particulares situadas dentro do Parque Estadual Serra Dourada, um grupo de estudo foi
formado para discutir a proposta de
redelimitação do parque. Os levantamentos devem começar em agosto e
a tendência é de que sejam retiradas
as áreas antropizadas e incluídas as
Serras Cantagalo e de São Francisco
na unidade de conservação com o
intuito de alcançar o volume de área
inicial. Essa nova diretriz trouxe alívio a produtores rurais que temem a
desapropriação de suas terras.
A primeira reunião para discutir
as propostas de redelimitação do
parque ocorreu no dia 12 de julho e
contou com a participação de representantes do Iphan, Incra, Associação Para Recuperação e Conservação
Ambiental (Arca), sindicatos rurais,
Secult, Faeg, além da Secretaria do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Semarh), que coordena o grupo.
Segundo a secretária da Semarh,
Jacqueline Vieira, a partir de agosto,
por meio da contração de uma empresa terceirizada, estudos técnicos
vão levantar aspectos socioeconômicos, físicos e fundiários do local.
“Vamos fazer uma espécie de radiografia da região”, afirma. A ideia é
que as informações apuradas pela
equipe técnica sejam analisadas para
que o grupo construa uma proposta.
No entanto, a secretária admite que a
permanência do antigo Decreto 5768,
criado em 2003, que delimitava a área
do Parque Serra Dourada em 28 mil
hectares e cujo Decreto 7992, publicado ano passado, que determinava a
desapropriação de propriedades particulares localizadas nestas áreas, não
deve ser efetivada. “Com a delimitação antiga que gerou o decreto de desapropriação não vamos chegar a um
acordo”, frisa. Ela explica que essa
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José Pereira enumera
alternativas que podem
ser exploradas com a
criação do parque
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de terras previsto no decreto inicial –
cerca de 28 mil hectares. Em sua concepção, o estudo deve ser finalizado
ainda este ano para que a proposta
seja enviada à Assembleia Legislativa.
“Hoje o setor produtivo, ambiental
e a secretaria do meio ambiente tem
liberdade para buscar a melhor solução, que pode não ser ideal para um
nem para outro, mas que atenda as
necessidades de cada um sem gerar
trauma nem insegurança”, ressalta o
presidente da Faeg, Leonardo Ribeiro.
Para ele, a organização de um grupo para estudar as propostas mais
viáveis para a criação do parque ambiental é a melhor solução para o bem
Fredox Carvalho
lacuna de 10 anos criou um impasse.
“Na ocasião, se tivessem seguido todos os trâmites poderia ter resolvido
e evitado tudo isso”, ressalta.
“É uma região muito importante
para Goiás, vamos fazer um estudo
minucioso com o intuito de passar realmente por um processo de construção envolvendo todos os interessados”, informa. A tendência, ressalta,
é de que os proprietários permaneçam em suas terras, cumpram um termo de compromisso para que sejam
mantidas as áreas de preservação. No
entanto, a ideia é agregar outras áreas
próximas da área anteriormente delimitada para assim manter o volume
coletivo, sobretudo, o meio ambiente.
Isso porque, o trabalho em harmonia
pode evitar um embate jurídico. “Isso
atrasaria ainda mais a criação do parque e não é o que queremos”,diz.
Ele explica que os proprietários
rurais e assentados estão dispostos
a assinar um termo de compromisso
para continuar preservando suas reservas legais e Área de Preservação
Ambiental (APP).
Leonardo informa que essa diretriz pode ser favorável a todos:
sociedade, setor produtivo e setor
ambiental. Como mecanismo de
compensação ambiental os produtores poderiam doar para o Estado
suas reservas legais, ficando desobrigados de terem que cuidar dessa
área, ou uma segunda alternativa seria vender suas reservas legais para
outros proprietários rurais que tem
necessidade de averbar essas áreas.
“Desobrigando o Estado de indenizar esses produtores”, explica.
Por isso, se mostra otimista com
os rumos para a criação do Parque
Estadual Serra Dourada. A revogação do decreto de desapropriação das
propriedades rurais, diz, trouxe tranqüilidade para que todos discutissem
o assunto mais aprofundadamente e
apontassem diversas soluções para o
problema. “Devemos fazer o bom uso
dessa oportunidade para criarmos
um projeto que seja modelo para outras unidades que também precisam
ser regularizadas”, finaliza.
O presidente do Sindicato Rural
de Mossâmedes, José Pereira Caetano compartilha da opinião de Leonardo. Ao contrário de torcerem contra a
criação da unidade de conservação,
ele enumera outras alternativas que
podem ser exploradas por produtores
rurais com a criação do parque. “Nós
entendemos que a terra é um bem para
todos, que pode ser explorada para o
turismo, para a medicina (plantas medicinais), piscicultura. Com um parque
bem administrado, isso vem em forma
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Fredox Carvalho
Entenda o caso
Adelcir Ferreira destaca a
existência dos assentamentos
Decreto 5768 para a criação do
Parque Estadual Serra Dourada
(PESD) foi publicado em junho de
2003 e ficou engavetado até setem-
de riqueza. O produtor fica feliz, a sociedade e o governo”, enfatiza.
O Sindicato Rural de Goiás contratou técnicos nos quais apuraram
que na área do parque existem 188
propriedades rurais e dois assentamentos regularizados pelo Instituto
Nacional de Regularização e Reforma Agrária (Incra). Ao todo, atingiria
mais de 250 famílias.
“Muitos são pequenos produtores
que vivem exclusivamente da produção. Vale lembrar ainda que existem
dois assentamentos no local”, afirma
o vice-presidente do Sindicato Rural de
Goiás, Adelcir Ferreira da Silva. Além
disso, lembra que existem casarões
centenários que fazem parte do patrimônio histórico de Goiás. “Muitos dos
proprietários vivem em casarões que
foram dos seus bisavós”, ressalta.
Após levantamento, o primeiro
projeto apresentado pelo Sindicato
Rural de Goiás desagradou a Semarh
e,sobretudo, ambientalistas. A proposta, que agora pouco ventila entre líderes
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bro de 2013, quando outro decreto
desapropriava as áreas particulares
localizadas dentro do (PESD).
Esse foi o ponto de partida do
imbróglio envolvendo setores produtivos, ambientais e o governo. Segundo representantes de entidades, a
criação do parque em 2003 foi realizada somente no papel. Ou seja, não
foram realizados levantamentos fundiários, socioeconômicos entre outros
necessários para a regularização do
parque. Isso inclui também a ausência de uma audiência pública, fundamental e também prevista em lei, para
discutir o assunto com a população
diretamente afetada com a criação
da unidade de conservação. “Existem
leis estadual e federal que não foram
cumpridas para a criação do parque.
Não foi feito estudo para conhecer a
limpo o parque e seus produtores. O
governo desconhece quem são essas
pessoas”, afirma a consultora técnica
do Senar, Jordana Sara. No entanto,
a secretária Jaqueline Vieira informa
que na ocasião foram realizados estudos e a delimitação englobava áreas
prioritárias, porém não havia recursos
disponíveis para a indenização das
propriedades. “Essa lacuna de 10 anos
criou esse impasse”, reitera.
Com o decreto publicado em setembro do ano passado para a desapropriação das terras na área inicialmente delimitada, de 30 mil hectares,
sindicatos rurais de Mossâmedes, Goiás e lideranças de Buriti de Goiás com
o apoio da Faeg se uniram com o intuito de realizar um levantamento preciso dos proprietários rurais que seriam
atingidos com o decreto, além de discutirem os reflexos dessa interferência
nos âmbitos econômicos e sociais.
e representantes do grupo de estudo, é
de desafetação de 12 mil hectares onde
estão localizadas as 188 propriedades
rurais e os dois assentamentos. Com
isso, a redução da área total do PESD
seria de aproximadamente 42%.
Mas durante a consulta pública
realizada no dia 9 de junho no Sindicato Rural de Goiás foi apresentada
a ideia de uma terceira via: excluir as
áreas produtivas da unidade de conservação, mas agregar uma Área de
Proteção Ambiental (APA) vizinha ao
parque, onde estão as Serras do Cantagalo e de São Francisco. Na ocasião,
a proposta alternativa foi apresentada pelo especialista em planejamento
urbano e ambiental, Rodrigo Santana.
para a criação de um parque por meio
de um decreto publicado em 2003.
João Batista, de 67 anos, conta que
escolheu a dedo os 101 hectares de
terra situada na zona rural de Mossâmedes para curtir sua aposentadoria
de forma tranqüila. Em 2000, quando
decidiu tocar a vida exclusivamente
no campo, comprou terras próximas
à São Luis dos Montes Belos e também próxima à Goiânia. “Assim fico
perto do que tenho necessidade e de
minhas filhas”, afirma.
Na ocasião, diz que gastou R$ 130
mil reais, mas que hoje acha difícil ser
indenizado pelo preço real das terras.
Tendo como referência os valores comercializados de terras vizinhas, calcula que as suas chegam a valer R$
1 milhão. “Mas não tenho interesse.
Gastei tudo o que tinha para vim para
cá e ficar”, diz.
Ele explica que trabalha em diferentes atividades para garantir o próprio consumo, vende somente o excedente de leite. Gado de corte, leite,
Produtores
Mais aliviados com os novos rumos da criação do parque, a maioria
dos produtores admite que não tem
interesse em sair de suas propriedades. Desconhecem ainda que estivessem dentro de uma área delimitada
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Fredox Carvalho
Economia
Embora não haja um levantamento específico sobre o impacto que
a desapropriação dos produtores e
assentados acarretaria na economia
dos municípios, representantes e técnicos estão convictos que o resultado seria significativamente negativo.
Jordana Sara lembra que essas
áreas antropizadas não possuem
mais vegetação nativa e que são de
26 | CAMPO
extrema importância para a economia dos municípios. Na região onde
o PESD engloba o município de
Goiás, muitas áreas são dedicadas
à pecuária enquanto que do lado
de Mossâmedes e Buriti de Goiás,
existem pólos de piscicultura, aviários, produção de grãos. “São terras
mais férteis e de grande importância econômica”, afirma.
Adelcir Ferreira calcula que sejam criadas na região cerca de 15 mil
cabeças de gado, além da produção
leiteira, doces caseiros e confecção
de artesanato. “Gira a economia da
cidade. Os produtores e assentados
compram em farmácias, lojas de eletroeletrônicos, supermercados. Sem
falar nos funcionários das propriedades que teriam que buscar outro
lugar para viver”, informa.
Legislação
Na concepção do advogado agroambiental, Marcelo Feitosa, a unidade de conservação do Parque Estadu-
al Serra Dourada foi criada de forma
irresponsável pelo Estado, já que
descumpriu os requisitos básicos que
a constituição determina. “São necessários estudos prévios assim como
um diagnóstico preciso de todos os
que serão afetados”, resume.
Ele ressalta que ao deslumbrar
um espaço ecológico, o Estado deve
ter recursos para pagar a indenização à vista, em dinheiro e de acordo
com o valor de mercado.
“O que mais preocupa é que eles
revogaram o decreto inicial com outro decreto”, afirma. Conforme ele,
só uma lei ordinária pode revogar
o decreto de criação do parque. O
Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), informa, determina que parques só podem ser
criados se houver audiência pública
e estudos que avaliem a participação de todos os interessados.
Ele explica que o correto é o produtor rural que se sentir lesado em
virtude dessa insegurança jurídica é
buscar o poder judiciário.
Fredox Carvalho
lavoura e horta. Tudo para o consumo
dele, da esposa, Dinair Maria Gonçalves e para as filhas quando os visitam.
Se a terra lhe fornece o alimento
para viver, ele contribui com a preservação das reservas. “Protejo minhas
nascentes, conservo minha reserva.
Não quero indenização, quero ficar
do jeito que está”, finaliza.
Um dos líderes do assentamento
Bom Sucesso, Fernando Rodrigues
Rios, de 35 anos, diz que desde criança
viveu no campo e não vislumbra outro
meio de vida. Em sua única experiência na cidade, quando atuou no ramo
de confecção, não obteve sucesso.
Há cinco anos está no Assentamento Bom Sucesso em uma gleba
de 45 hectares. Ele diz que não ficou
preocupado com a visita dos técnicos
da Semarh, já que sua propriedade
não estava incluída na delimitação.
“Só atingia minha reserva, mas lutamos pelos outros”, diz.
Ele explica que outros assentados
ficaram desesperados com a possibilidade de terem que sair do local,
já que temiam não trabalharem mais
com a atividade rural. “Tem gente que
só sabe fazer isso. Foram funcionários de fazendas e agora conseguiram
suas terras”, afirma.
Fernando Rodrigues vive
no campo desde criança e
diz não vislumbrar outro
meio de vida
Parque
Serra Dourada
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Itarumã
Larissa Melo
Mauro acompanha atentamente
a explicação do técnico na
chácara de Itarumã
O empurrãozinho
que faltava para
quem sonha em
viver do leite
Comitiva visita propriedade de
integrante do Balde Cheio
Michelle Rabelo | [email protected]
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D
eixar de ser tirador e se trans-
de junho passado foi palco da visita or-
taca. Mas para chegar até esse patamar,
formar em produtor de leite.
ganizada por várias mãos. Falaram aos
o produtor precisou arregaçar as man-
Esse é o objetivo de Mauro Luis
presentes o técnico regional Raí Valle de
gas e confiar nas instruções do técnico
Lima. Juntamente com uma comitiva,
Souza, o coordenador do Balde Cheio,
responsável. Raí visita a propriedade
ele foi até o município de Itarumã co-
Marcos Henrique Teixeira, o supervisor
uma vez por mês e acompanha de perto
nhecer uma propriedade leiteira na qual
Regional do Sudoeste, Renildo Mar-
todo tipo de variação, como o pico de
se diminuiu os custos e hoje se produz
ques, e o presidente do Sindicato Rural
produção que é feito a partir do que o
mais. Com olhos atentos ele busca in-
(SR) de Itarumã, Elson Freitas.
animal come e do que ele produz.
formações que devem ser utilizadas
Durante a visita, o objetivo era apre-
Luiz fez a análise e a correção do
para mudar a realidade da sua proprie-
sentar a propriedade aos possíveis par-
solo, além das adubações de base,
dade, uma área de oito alqueires, em
ticipantes do Balde Cheio, assim como
orgânica e nitrogenada, a compra de
Serranópolis, onde vivem 50 animais.
a situação de outras propriedades assis-
um tanque de expansão, silo para ar-
Mauro conta que o gado mudou, o mer-
tidas. “Queremos mostrar na prática o
mazenagem de concentrado e quadro
cado evolui, e que o que ele mais preci-
que é apresentado para eles na teoria.
reprodutivo. Além disso, o produtor
sa no momento é de assistência técnica.
Mostrar que dá certo. Toda essa visita
mudou a pastagem: hoje são 0,6 hec-
Para isso, Mauro diz que comprometi-
é para eles saírem daqui incentivados e
tare de Tifton 85; 0,9 de Mombaça e
mento é sua palavra de ordem.
acreditarem que é possível ganhar di-
1 hectare de grama Jiggs.
Na busca por essa mesma transfor-
nheiro com o leite”, pontua Raí.
Mudanças que trazem a esperança
Para Elson Freitas, a metodologia é
conhecimento, outras 30 pessoas – vin-
um dos melhores quando o assunto é
Atualmente, a chácara Nova Espe-
da de Serranópolis e Aporé - , além de
assistência ao produtor rural em Goiás.
rança tem uma produção de 260 litros/
Mauro, visitaram a chácara de Luiz José
“Prova viva é o Luiz, que chegou a pro-
dia, o que resulta em uma média de
Machado. Desde 2013 a propriedade é
duzir 460 litros de leite por dia e que
205 litros de leite diariamente. Os nú-
uma Unidade Demonstrativa da meto-
conseguiu alcançar a 1ª meta, 400 li-
meros são bons, mas ainda estão lon-
dologia Balde Cheio e no início do mês
tros/dia, com 18 meses de projeto”, des-
ge da meta estabelecida por Raí, que é
Larissa Melo
mação, que exige dedicação e busca por
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O técnico regional Raí Valle é o
responsável pela propriedade do
José Luiz
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Larissa Melo
Os visitantes fizeram uma
análise de cada espaço da
chácara Nova Era
de 700 litros de leite cada vez que Luiz
O objetivo do programa é o sonho
responsável pela propriedade e não dar
de todo produtor de leite que se preze:
ouvidos aos conselhos desanimadores
“O projeto não é só encher o bal-
aumentar os lucros diminuindo os cus-
de vizinhos e parentes.
de de leite. É mudar a vida do produ-
tos. Para participar, o produtor precisa
Tudo precisa ser devidamente ano-
tor. A intenção é ver a cadeia do leite
se adequar a quatro requisitos básicos:
tado nas tabelas que, no início, deixam
crescer. Diminuir a terra e aumentar
fazer exames de brucelose e tuberculo-
os participantes de cabelo em pé. “O
o gado. Intensificar, produzir mais e
se em todos os animais da propriedade,
mais difícil não é mudar cerca, capim
saber, na ponta do lápis, o que entra
deixar o local aberto à visitação, cum-
ou animais. O difícil é mudar a gente”,
na gibeira”, destaca o técnico.
prir com o combinado junto ao técnico
conta Luiz José.
trocar a folhinha do calendário.
Larissa Melo
Luiz José e Ana na propriedade
que hoje gera frutos
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Compromisso social
Fredox Carvalho
Somando esforços,
dividindo
experiência e
expandindo
conhecimento
Professores goianos que participam
do Agrinho divulgam programa por
meio da multiplicação
Michelle Rabelo | [email protected]
O professor Marcos de Souza
passou foi um dos educadores
que passaram pelo processo de
capacitação
S
e educar é uma forma de investir no futuro do país, multiplicar modos de ampliar ainda
mais esse conhecimento é uma prova
de amor ao próximo. Há sete anos,
o Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar) Goiás realiza o Programa Agrinho envolvendo crianças da
educação infantil e do ensino fundamental da Rede Pública em atividades pedagógicas relacionadas a
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Larissa Melo
Fredox Carvalho
Fredox Carvalho
A edição de 2014 do
Agrinho trouxe o
tema “Esporte, Lazer,
Cidadania e Meio
Ambiente”
Os professores foram divididos em
turmas para serem capacitados
Brincadeiras usadas na
capacitação também foram levadas
para a fase da multiplicação
temas como cidadania, meio ambiente e responsabilidade social. Depois
de conhecerem o tema de 2014 – que
“Esporte, Lazer, Cidadania e Meio
Ambiente” - e passarem por uma
capacitação intensa, os professores
participantes entram na fase de multiplicação, quando transferem o que
aprenderam para outros educadores
e apostam em um alcance surpreendente.
A edição de 2014 trouxe o tema “Esporte, Lazer, Cidadania e Meio Ambiente”, e é a partir dele que alunos
e professores disputam nas categorias Redação, Desenho, Desenho Especial, Escola Agrinho e Experiência
Pedagógica. Os trabalhos de professores e estudantes concorrem a prêmios que vão de câmeras digitais a
um automóvel zero quilômetro.
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Ao todo, 381 professores de todo o
Estado compareceram às aulas da capacitação, que tiveram início em 18 de
fevereiro. Assim que chegam em suas
cidades, eles condensam as 36 horas
de aula em 12 que serão repassadas
aos educadores que não participaram
da capacitação. É tempo de multipli-
Maria Luiza, porém, também destaca
pontos que precisam ser melhorados.
Um deles é a escrita dos professores
que entregam projetos contando como
fizeram para repassarem o conhecimento e estimular os alunos a participarem do Agrinho. “Quando recebemos os projetos nos damos conta que
muitos dos nossos professores fazem
um trabalho diferenciado nas escolas,
mas eles têm uma dificuldade homérica de passar isso para o papel. Eles são
ótimos na ação, mas não são tão bons
na escrita”, conta.
Foi aí que decidimos convidar a professora bi-campeã do Agrinho, Maria
do Desterro, para ministrar palestras
contando como conseguiu levar para
casa dois carros zero quilômetro na
área experiência pedagógica. Hoje,
temporariamente fora da sala de aula
e da concorrência, ela corta o estado
com o objetivo de fazer com o que professor acredite que é possível ganhar
um carro.
Larissa Melo
Maria do Desterro
Maria do Desterro
ministra palestras sobre
metodologia de trabalho
car! As turmas precisam ter entre 20
e 50 professores, que durante a multiplicação se transformam em alunos.
Em 2012 foram 2.500 capacitados
que multiplicaram para 4 mil outros
educadores. Em 2013 esse número
em passou para 410 capacitados para
9.600 atingidos pela multiplicação e
em 2014, 381 para 11.878.
Os dados do Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar) Goiás
arrancam sorrisos de todo educador
que se preze: são ao todo 182 municípios, 1.316 escolas – entre estaduais, municipais e conveniadas – e
356.340 alunos. Os números enchem
de orgulho a coordenadora de ações e
projetos do Senar Goiás, Maria Luiza
Bretas, à frente do programa.
Os multiplicadores recebem, desde 2012, uma ajuda de custo, que na
opinião de Maria Luiza é muito justa.
“Eles passam a multiplicar com olhar
de instrutor. É um investimento na
qualidade do ensino”, conta.
Exemplo de sucesso
Maria do Desterro levou
um carro zero quilômetro
com projeto Sinal Verde
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b
Ita
í
a
r
e
Convite
SEMINÁRIO REGIONAL DE CONTABILIDADE RURAL
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR/AR-GO e o Conselho Regional
de Contabilidade têm a honra de convidá-lo para o Seminário Regional de Contabilidade Rural que
acontecerá no dia 13 de agosto de 2014, em Itaberaí.
Horário: 8h
Data: 13/08/2014
Local: Auditório do Sindicato Patronal Rural de Itaberaí
Rua Mestre Virgílio Esq. c/ Luiz Antônio, Centro - Itaberaí-GO
Palestrante: Israel Ferreira de Lima - Contador especialista em Direito Tributário e Controladoria, professor da
UFPE, Católica/PE, CESMAC/FEJAL e FAFIRE.
Programação:
8h Credenciamento
8h20 Abertura
8h30 Palestra: Instituição SENAR
9h Atividade Rural - Pessoa Física
12h Intervalo de Almoço
13h15 Atividade Rural - Pessoa Jurídica
16h45 Avaliação e certificação
17h Encerramento
INSCRIÇÃO GRATUITA - www.senargo.org.br - através de link: Seminário Regional
Informações: SENAR Goiás - (62) 3412-2748 ou (62) 3412-2750
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DELÍCIAS DO CAMPO
ABÓBORA CARAMELIZADA
INGREDIENTES:
1 abóbora cabotiá média
(lisa sem verrugas brancas)
3 copos de açúcar
1 copo de água
1 pau de canela
5 unidades de cravo da índia
• Envie sua sugestão de receita
para [email protected]
ou ligue (62) 3096-2200
• Receita elaborada pela
instrutora do Senar, Leila Delfina
Sirva quente e
acompanhada de
sorvete de creme,
ou fria com
queijo fresco.
Leila Delfina Machado / Shutterstock
Machado.
INGREDIENTES:
Lave a abóbora e fatie em pedaços
no sentido do comprimento em espessura de
2 centímetros de largura. Em seguida, retire
as sementes, lave os pedaços e reserve.
Em uma panela grossa, coloque a metade
do açúcar, o pau de canela, o cravo, a água
e disponha os pedaços da abóbora com a
casca verde para cima, colocando o
restante do açúcar.
Leve ao fogo baixo sem mexer, até formar
uma calda caramelada e os pedaços de
abóbora estejam cozidos.
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CASOS DE SUCESSO
Casqueador de cavalos e
conquistador de sonhos
A história do jovem que só queria um emprego e
acabou ganhando uma profissão
Michelle Rabelo | [email protected]
E
ntende-se por aprumos a exata
direção que têm os membros
em relação ao solo, e por bem
sucedida a pessoa que consegue superar dificuldades e chegar onde,
muitas vezes, além do que se imaginou. A vida de Igor Gomes Garcez
envolve aprumos e muito sucesso.
Ele fez três cursos de qualificação em
busca de um emprego e acabou conquistando uma profissão, além da
possibilidade de sonhar alto.
O casco é a base de sustentação de
todo peso do cavalo e por isso os cuidados específicos precisam ser feitos
por um profissional habilitado. Igor
Fredox Carvalho
sabia disso e parecia prever a valorização do casqueador quando procurou o Serviço de Aprendizagem Rural
(Senar) Goiás para fazer um curso na
área. Hoje, é ferrador de equinos do
Exército e engrossa a lista dos casos
de sucesso, motivos de orgulho para
família, Sindicato Rural, instrutor e
toda equipe do Senar Goiás.
Igor já vinha caminhando em busca do sucesso, que para ele é “fazer o
que se gosta”. O jovem de 18 anos havia acabado de terminar um curso de
auxiliar de veterinário e viu a profissão de casqueador como um meio de
ganhar a vida, já que falta mão de obra
Igor Gomes Garcez se
alistou e hoje trabalha
como casqueador e
ferrador no Exército
Brasieliro
especializada no mercado. A falta de
um casqueamento ou um tratamento
feito de maneira incorreta interfere na
saúde das articulações e tendões e na
qualidade da locomoção do animal.
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anos, alfabetizados e cheios de boa
vontade passaram 16 horas estudando a anatomia do casco, a elaboração
e a aplicação da pasta, a forma correta
de higienização do local, além outros
pontos que foram surgindo na interação entre o instrutor Carlos Vieira
Ferrari e participantes.
Segundo o mobilizador do SR, Marcos Paulo Batista, é muito gratificante
acompanhar um aluno como Igor, “que
se destaca e dá certo”. Ele conta que o
desejo do SR é ver o participante estabelecido financeiramente devido ao curso
promovido à várias mãos. “Quando a
pessoa evolui tenho a sensação de dever cumprido. É muito bom saber que
fiz parte daquela história de sucesso. E o
Igor é, sem dúvida, um caso de sucesso”.
Depois que concluiu o curso no
Senar Goiás, Igor começou a trabalhar
como casqueador, cuidando de animais
dos amigos. A fama de bom casqueador
se espalhou rápido e o jovem que sonhava apenas em ter um emprego chegou
ainda mais longe: no Exército Brasileiro.
Ao se alistar ele mostrou seus certificados e falou sobre sua paixão pelos animais. Foi aí que conseguiu ser
chamado como casqueador e ferrageador, cargo que ocupa há quase cinco
meses. Hoje, ele comemora em dobro
e contabiliza os rendimentos gerados
pela profissão. Os planos futuros?
Continuar na trilha do sucesso: fazer
o que gosta, viver disso e não parar de
se qualificar tão cedo.
Fredox Carvalho
Paixão antiga
Igor conta que seu amor por cavalos vem de muito tempo. “Sempre
que meu pai ia para fazenda eu ia
com ele. Olhava os cavalos e sabia
que queria trabalhar com aquilo. Eu
mesmo tinha meus cavalos e precisava pagar para cuidarem deles”. Decidido, Igor procurou, em setembro
de 2013, o Sindicato Rural (SR) de
Luziânia, município onde mora, para
saber mais sobre o curso - tipo Formação Profissional Rural (FPR) – de
Doma Racial de Equinos.
Em seguida fez o curso de Ferrageamento e para o de Casqueamento foi
um pulo. Neste último, junto com ele,
outros 15 participantes maiores de 18
Igor Gomes Garcez se
alistou e hoje trabalha como
casqueador e ferrador no
Exército Brasieliro
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Shutter
CURSOS E TREINAMENTOS
EM JUNHO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
408
44
Na área de
agricultura
CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL*
168
10
Em atividade
Na área de
de apoio
silvicultura
agrossilvipastoril
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02
Na área de
extrativismo
09
14
Em
na área de
agroindústria aquicultura
117
44
na área de
Em
pecuária
atividades
extrativismo relativas à
prestação
de
serviços
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Administrar da porteira
para dentro, colher bons
resultados da porteira
para fora
Michelle Rabelo | [email protected]
P
ara colher bons frutos da porteira para fora é
preciso, além de se organizar, se capacitar e ter
espírito empreendedor, saber administrar da porteira para dentro. Pensando nisso, além das capacitações mais voltadas às atividades do campo, o
Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás oferece cursos de conhecimentos básicos sobre Administração de Propriedades Rurais, dos tipos Empresa
Rural e Economia Familiar, destinado a produtores
e trabalhadores rurais interessados na gestão das
propriedades, análise financeira e conhecimento dos
fatores primordiais para as tomadas de decisões.
um inventário patrimonial, quais são as áreas e a
função da administração no campo e como fazer
o controle de custos de produção e a organização social rural, que é dividida entre associativismo, cooperativismo e sindicalismo.
Esses treinamentos de Formação Profissional Rural (FPR) têm duração (carga horária) de 24
horas durante as quais 16 alunos estudam temas
ligados ao melhor modo de tomar decisões e analisar a rentabilidade da propriedade, levando em
considerações os gastos, os investimentos e os
projetos do dono da terra. Ao todo, desde 2002
– quando o curso foi criado – 19.244 pessoas já
participaram do treinamento.
O curso de Administração de Propriedade Rural tipo Economia Familiar traz ainda conhecimentos sobre a história da agricultura familiar e conceitos específicos de administração rural. Ambos
os treinamentos são devidamente certificados e
para isso, o participante deve ter no mínimo 80%
de presença e rendimento satisfatório.
No treinamento de Empresa Rural, os participantes aprendem quais são as características e as
mudanças na administração rural. Entre os assuntos: qual a definição de empresa e empresário,
como fazer orçamentos e fluxo de caixa, como comercializar de forma vantajosa e, por fim, como
planejar o sistema de exploração e tomar decisões.
Compõem os conteúdos programáticos dos
cursos a importância da agropecuária e da administração rural, a forma correta de elaborar
Para outras informações sobre treinamentos
e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em
contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site
www.senargo.org.br
*Cursos promovidos entre os dias 26 de abril a 25 de maio
80 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
36
04
02
07
31
0
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato
Educação
para
consumo
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4.012
PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
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CAMPO ABERTO
Pivô: tecnologia
necessária e feita de
forma consciente
Jordana Sara | [email protected]
Hoje o Estado de Goiás tem a maior parte de suas
gestão é da Agência Nacional de Águas (ANA). A
áreas produtivas consolidadas sendo que boa
lei também determina que, em caso de escassez
parte delas foi constituída décadas atrás. Além
de água, o uso prioritário é do abastecimento
disso, o mundo vive uma constante demanda
humano, garantindo desta forma o abasteci-
por alimentos, impulsionada pelo aumento da
mento das cidades.
renda das populações, o aumento da expectativa
de vida e o fato de que a cada dia nascem cerca
No caso da grande maioria dos pivôs do Estado
de 120 mil crianças no mundo. Nesse contexto, o
de Goiás a captação não é feita diretamente dos
Brasil precisou de um grande diferencial, e, nas
mananciais, mas sim de captações em reservató-
últimas décadas, teve seu aumento de produção
rios. Esses reservatórios são construídos para o
devido à aplicação da tecnologia. Conseguimos,
acúmulo de água das chuvas, disponibilizando-a
com isso, garantir o crescimento de 120 milhões
para as necessidades humanas (usos múltiplos)
de toneladas em uma mesma área produtiva.
na época da escassez hídrica, inclusive para a
irrigação. Isso nos mostra que a irrigação utiliza
A irrigação é uma destas tecnologias que faz
de forma racional os recursos hídricos, amplian-
com que Goiás aumente a sua produtividade
do a eficiência produtiva e contribuindo para a
agropecuária e produza durante o ano todo, con-
sustentação dos sistemas hídricos do estado e
tribuindo no atendimento da demanda crescente
do país, merecendo uma correta gestão por par-
por alimentos. Visto isso, é importante deixar
te do poder público.
claro que a irrigação não interfere em abastecimento público, já que a água não é usada de
forma indiscriminada. Isto porque, a utilização
depende de autorização da Secretaria de Meio
Larissa Melo
Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
A Lei Federal Nº 9.433, conhecida como a Lei das
Águas foi estabelecida prevendo o uso múltiplo
dos recursos hídricos. Dessa forma, todos os
usuários têm direito e acesso ao uso da água,
concedido por meio de outorgas, expedidas peJordana Sara é
los órgãos de regulação destes recursos. Segun-
engenheira agrônoma
do a lei, os Estados são os responsáveis pela ges-
e consultora técnica do
tão dos recursos hídricos em seu domínio, e nos
Senar Goiás para a área
de Meio Ambiente
38 | CAMPO
casos de rios que cruzam mais de um estado, a
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