Boletim - Castro Verde

Transcrição

Boletim - Castro Verde
OCampaniço
Nº 74
SETEMBRO/OUTUBRO 2007 Boletim Informativo da Câmara Municipal de Castro Verde
Distribuição gratuita
“Há falta de cereal
no mundo!”
A agricultura tem pela frente novos cenários. Os agricultores do Campo Branco falam das dificuldades que
daí decorrem. Há uma nova geração de agricultores e um Plano Zonal que se reclama mais justo.
p. 10, 11
Entrevista
urbanismo
reportagem
Melhor qualidade urbana
A Força da Fé Compreender
Pessoa
Com vista ao reordenamento
do espaço público, a Câmara Municipal vai reorganizar o tráfego
e o estacionamento na Praça do
Município, Rua de Mértola e Rua
de Aljustrel. A requalificação destes espaços tem como objectivo a
resolução de algumas situações
de conflito ao nível da mobilidade e a qualificação urbana.
p. 5
Após sete anos em Castro Verde, de
trabalho e proximidade com as gentes alentejanas, o Padre Rui regressou a Lisboa. A formação de futuros
sacerdotes é a missão que se aproxima. Voltar, é mais do que uma vontade. É um sentimento de pertença que
desenvolveu ao integrar-se na comunidade local.
p. 14
Boas Festas
Câmara Municipal de Castro Verde
Depois de ter frequentado os estabelecimentos de ensino do concelho, Manuela Parreira da Silva prosseguiu os
seus estudos na área da literatura. Em
entrevista ao “Campaniço”, fala-nos
de Fernando Pessoa, um dos mais brilhantes poetas portugueses do século
XX e a base de toda a sua investigação.
p. 8, 9
O Campaniço
setembro/outubro 2007
AUTARQUIA Gestão da Água, que Futuro?
A gestão dos recursos hídricos exige uma atenção cada vez maior e mais urgente por parte das entidades competentes. “Que
sistema de gestão para a distribuição de água em alta?” foi o tema do debate que encheu o auditório do Fórum Municipal e que
reuniu autarcas de todo o distrito de Beja. Em discussão estiveram os dois sistemas possíveis para o Baixo Alentejo.
A gestão da água é uma das problemáticas actuais que mais tem
dominado a actualidade regional.
A não aprovação da candidatura
da AMALGA (Associação de Munícipios Alentejanos para a Gestão
do Ambiente) ao Fundo de Coesão
para financiamento do Sistema Intermunicipal de Abastecimento de
Água e Saneamento, veio colocar na
ordem do dia a necessidade de cada
município envolvido decidir, a curto prazo, sobre o modelo que pretende para a gestão da água.
Foi neste contexto que, no passado dia 17 de Setembro, se sentaram
à mesa Francisco Pinto, da Euraudit, Marques Ferreira, em representação do Conselho de Administração das Águas de Portugal, Manuel
Francisco Camacho, Presidente
do Conselho de Administração da
AMALGA e Fernando Caeiros, presidente da Câmara Municipal de
Castro Verde, para debater que sistema de gestão para a distribuição
de água e saneamento em alta.
Organizada pela Câmara Municipal de Castro Verde, a iniciativa
encheu o Fórum Municipal e reuniu autarcas de todo o distrito de
Beja, prolongando-se durante toda
a tarde. Em discussão estiveram os
dois sistemas possíveis para o Baixo Alentejo: intermunicipal e multimunicipal. Fernando Caeiros, presidente da Câmara Municipal de
Castro Verde, introduziu no debate
Mesa do debate
uma questão prioritária: “estamos
a pensar no sistema de gestão e de
como ele há-de funcionar, mas estamos a passar por cima de uma etapa anterior. São necessárias infraestruturas básicas. Esta parece-me
ser a última oportunidade de sermos beneficiados financeiramente para estes efeitos. Há um prazo
bem definido, 2007-2013, do próximo QREN.
Francisco Pinto, representante da Euraudit, empresa que está a
efectuar um estudo sobre a matéria
em análise para a autarquia de Castro Verde, lembrou que “não se dispõe de muito tempo, de modo a assegurar a realização financeira no
âmbito dos Fundos Comunitários”
e que “a região deve decidir em torno de projectos que possibilitem
um desempenho global compatível com as exigências que o posicionamento comunitário exige e que
as populações merecem”. O projecto intermunicipal alentejano foi
lançado em 2001 e após 11 revisões
da candidatura foi chumbado por
Bruxelas. Até agora, tanto o município de Mértola como o de Ourique, que integravam a candidatura
da AMALGA, decidiram optar por
integrar o sistema multimunicipal,
um projecto que vai ser desenvolvido no âmbito da empresa Águas de
Portugal.
Marques Ferreira, por sua vez, representante da empresa Águas de
Derrama e IMI aprovados
Ficha Técnica
A Assembleia Municipal de Cas- Finanças Locais, os municípios vão
tro Verde aprovou, por unanimida- perder entre 30% a 40% da sua rede, o lançamento da derrama sobre ceita habitual, com possíveis conseIRC em 2008, na sequência da de- quências a nível orçamental.
liberação tomada em reunião pela
Segundo a Lei n.º 2/2007 de 15
Câmara Municipal de Castro Ver- de Janeiro, art. 10.º, a derrama
de, no passado dia 5 de Setembro constitui uma das receitas munido corrente ano, para que em 2008 cipais e o produto da cobrança da
seja lançada uma derrama de 1,5% mesma é lançada nos termos do art.
sobre o produto tributável e não 14.º, onde é fixada a percentagem a
isento de IRC.
aplicar pelos municípios, a qual não
Uma proposta que surge da ne- pode exceder 1,5% sobre o lucro tricessidade do município vir a re- butável sujeito e não isento de IRC.
forçar a sua capacidade financeira, Segundo cálculos efectuados petendo em conta o conjunto de inves- los serviços municipais a aplicação
timentos em PPI, nomeadamente da nova lei das finanças locais, em
os co-financiados parcialmente pe- 2008, no que se refere à derrama
los fundos comunitários. De referir lesará a autarquia em 7500 €/dia.
ainda que, perante a actual Lei das Igualmente aprovado por unanimi-
Campaniço
dade, pela Assembleia Municipal,
após deliberação da mesma Câmara
Municipal, foi a fixação das taxas do
Imposto Municipal sobre Imóveis
em 2008, que estabelece fixar em
0,6% a taxa para os prédios urbanos
e em 0,3% a taxa para os prédios urbanos novos, tendo por referência
as taxas de imposto municipal estabelecidas pelo CIMI, no art. 112º, do
n.º 1 (Prédios rústicos: 0,8%; Prédios urbanos: 0,4% a 0,8%; Prédios urbanos avaliados, nos termos
do CIMI: 0,2% a 0,5%). O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)
veio substituir a Contribuição Autárquica a partir de 1 de Dezembro
de 2003 e incide sobre o valor patrimonial dos bens imóveis.
PUBLICAÇÃO BIMESTRAL - Propriedade da Câmara Municipal de Castro Verde DIRECTOR Fernando Caeiros
COORDENAÇÃO Paulo Nascimento REDACÇÃO Carlos Júlio, Liliana Valente, Sandra Policarpo GRAFISMO
Pedro Pinheiro APOIO FOTOGRÁFICO Serviços Sócio-Culturais REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Câmara
Municipal de Castro Verde - Praça do Município, 7780 Castro Verde. Tel. 286 320700 Tiragem 4200
exemplares IMPRESSÃO Gráfica Comercial Loulé E-mail [email protected] / gab.comunicacao@
cm-castroverde.pt Página Web: www.cm-castroverde.pt
Portugal (AdP), sublinhou que “205
municípios estão associados à AdP
em sistemas multimunicipais e que
a questão do grupo AdP tem de ser
assumida como um instrumento
do Estado”. A proposta passa assim
pela empresa Águas de Portugal deter 51% das acções, enquanto as câmaras municipais ficam com os restantes 49%. Uma proposta que, de
acordo com Marques Ferreira, “não
pretende criar nenhum encargo
nem nenhum ónus financeiro para
as autarquias”.
Porém, a questão não é assim tão
clara para a maioria dos autarcas
que defendem a água como um bem
público de primeira necessidade e
que se interrogam sobre uma futura
privatização das Águas dee Portugal o que, segundo as regras do mercado, alteraria todo o cenário.
Na perspectiva de Manuel Camacho, presidente da AMALGA “as câmaras municipais deveriam fazer
um esforço para que fossem elas a
ter a possibilidade de pôr de pé um
sistema integrado”. Para Manuel
Camacho, “neste momento, o mais
importante é infra-estruturar e não
perder as oportunidades”. Ainda segundo o presidente da AMALGA, o
estudo preparado para os sete concelhos alentejanos, leva a concluir
que “as tarifas vão ser mais baixas,
uma vez que saíram dois municípios”
e que “esta estrutura é rentável”.
Em jeito de conclusão, Fernando Caeiros considerou que é fundamental contrariar a ideia defendida por alguns de que a água será
o “ouro branco” do futuro “porque
se está a falar de um bem essencial
que não pode ser confundido com
negociatas de qualquer natureza”.
Referiu ainda “a necessidade de
conjugação de esforços entre entidades públicas para cooperação
dos finaciamentos comunitários,
propondo que a gestão da opção final por sistema intermunicipal ou
multimunicipal deve ser alargada
para período posterior à conclusão
dos investimentos, considerando
que é fundamental que a gestão da
água se mantenha no sector público local.
Celebração de
protocolo com
CEBAL
A Câmara Municipal de Castro Verde aprovou a celebração
de um protocolo de colaboração
com o Centro de Biotecnologia
Agrícola e Agro-alimentar do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral (CEBAL), após parecer positivo da
Assembleia Municipal. O protocolo tem como objectivo o acompanhamento da implementação
do Pólo Tecnológico da Cavandela de forma a assegurar, durante o
processo, os interesses da região,
do concelho e da autarquia.
O Empreendimento Turístico
da Cavandela tem no seu projecto
a criação de um parque tecnológico, onde se destaca a instalação de
um centro de desenvolvimento de
tecnologias e biotecnologias agro-
alimentares e ambientais, que
merece por parte da autarquia
uma atenção especial.
Atendendo ao facto de que o
CEBAL está localizado nesta região e que tem como objectivos,
entre outros, a investigação e consultoria em Biotecnologia e a colaboração com entidades públicas
no âmbito das suas competências
e tem as condições técnico-científicas e os recursos humanos necessários e adequados, a autarquia espera que esta colaboração potencie
a análise e a informação necessária
para que sejam tomadas as melhores decisões na implementação
do Pólo Tecnológico, contribuindo assim para o surgimento deste
projecto sustentável.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
AUTARQUIA Geminação com localidades espanholas
Castroverde de Lugo, de Zamora e de Valladolid foram as localidades espanholas com as quais o município de Castro Verde
acordou recentemente uma proposta de geminação cuja filosofia assenta no aprofundar de laços e no estabelecer de relações
sociais e culturais entre as comunidades envolvidas.
Foi recentemente formalizada a proposta de geminação entre
o Município de Castro Verde e os
municípios espanhóis de Castroverde de Campo (Zamora), Castroverde (Lugo) e Castroverde de
Cerrato (Valladolid). A formalização ocorreu durante o encontro
realizado em Agosto passado, na
Galiza, onde estiveram reunidos
os representantes dos diferentes
municípios.
Este processo de geminação
entre localidades que partilham
em comum o topónimo “Castro
Verde”, vai assim ao encontro do
“Ano Europeu do Diálogo Cultural”, a realizar em 2008, e ao programa “Europa para os Cidadãos”,
promovido pela União Europeia,
entre 2007 e 2013, e cujo objectivo é a promoção de uma “cidadania europeia mais activa”.
Neste contexto, a geminação enquadra-se claramente nos objectivos celebrados aquando da sua
formalização e que visam, essencialmente, o desenvolver de actividades que preconizem o aprofun-
Castroverde, província de Lugo,
comunidade autónoma da Galiza,
de área 174,84 km² com população de 3286 habitantes (2004) e
densidade populacional de 18,79
hab/km².
Castroverde de Campos, província de Zamora, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área
64,00 km² com população de 436
habitantes (2004) e densidade populacional de 6,34 hab/km².
Castroverde de Cerrato, província de Valladolid, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área
32,73 km² com população de 279
habitantes (2004) e densidade populacional de 8,13 hab/km².
Reunião de geminação
dar de laços entre as comunidades
e os cidadãos da União Europeia.
O estabelecer de relações sociais
e culturais como pontes de intercâmbio e organização de inicia-
tivas conjuntas, indispensáveis
para a construção da Europa, representa outro dos objectivos da
geminação.
Descobrir cenários geográficos
diferentes, modos de vida e línguas
diferenciadas como elo de ligação e
aproximação entre comunidades,
é descobrir que a toponímia pode
ser assim o princípio para Castro
Verde participar num processo de
geminação com outras comunidades, mesmo que as suas características sociais, culturais e antropológicas sejam distintas.
Castro Verde
Candidatura a Julgado de Paz
As Câmaras Municipais de Castro Verde, Aljustrel, Ourique e Almodôvar candidataram-se à criação de um “Julgado de Paz” em
cada sede de concelho, para instalação já em 2008.
Castro Verde candidatou-se à instalação de um Julgado de Paz, à semelhança dos concelhos vizinhos
de Aljustrel, Almodôvar e Ourique.
Com instalação prevista para 2008,
este tratar-se-á do primeiro agrupamento de julgados de paz em todo o
Alentejo e Algarve.
Criados em 2001, os julgados de
paz visam aliviar os tribunais de
processos até cinco mil euros que
envolvam questões muito diversas,
como ofensas corporais simples, injúrias, difamações ou determinados incumprimentos de contratos.
A sua instalação implica a abertura de um gabinete e sala de audiências em cada concelho, onde um juíz
e os respectivos mediadores – funcionários do Ministério da Justiça –
se deslocam para tentar conciliar as
partes.
A criação destas estruturas pretende tornar a justiça mais acessível aos cidadãos que procuram a solução para questões jurídicas mais
simples. Ao Ministério da Justiça cabe assegurar o pagamento da
actividade desempenhada pelos
Juízes de Paz e mediadores, insta-
lação e funcionamento do sistema
informático. À autarquia restam
as responsabilidades para com as
instalações, eventuais obras, mobiliário, equipamentos e ainda os
meios humanos para os serviços
de atendimento e de apoio administrativo.
Apesar das dúvidas que estes
ainda possam levantar, deverão assumir um papel significativo à escala local, ao permitirem uma resposta mais eficaz às necessidades
da sociedade actual de acordo com
os seus direitos e interesses.
O que são?
Os Julgados de Paz são uma nova - Responsabilidade civil – contratuforma de administração da justiça, al e extracontratual;
regendo-se pelos princípios de sim- - Direito sobre bens móveis ou imóplicidade, imparcialidade, oralidade veis – como por exemplo propriee rapidez processual, privilegiando a dade, condomínio, escoamento
proximidade e a participação activa natural de águas, comunhão de
das partes na condução do processo.
valas, abertura de janelas, portas
e varandas, plantação de árvores
Que questões podem
e arbustos, paredes e muros divisórias;
resolver?
- Arrendamento urbano, exceptuan- Incumprimento de contratos e
do o despejo;
obrigações;
- Acidentes de viação.
Orçamento e Plano de actividades 2008
Reuniões preparatórias
Reunião em casével
A Câmara Municipal, Juntas de
Freguesia e Assembleias de Freguesia do concelho de Castro Verde promoveram um conjunto de
reuniões para discutir e preparar
os Orçamentos e as Opções do Plano de Actividades dos órgãos autárquicos para o ano de 2008. As
reuniões, nas quais se apelou à
participação das populações e dos
agentes activos da comunidade,
decorreram nas sedes de freguesia
e procuraram ouvir opiniões que
contribuíssem na definição de linhas de actuação autárquica para
o futuro.
Após o término deste ciclo de
assembleias, a Câmara Municipal
vai reunir com as Juntas de Freguesia para analisar toda a informação participada e proceder à
inscrição das acções consideradas
prioritárias em plano de actividades e orçamento, onde os protocolos de delegaçãoção de competências para as Juntas de Freguesia
assumem especial importância.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
local Toponímia Local
RÚBRICA
Ruas com nome de gente
Continuamos a viagem pelas
ruas e praças da nossa
vila. Na origem do nome
que têm hoje, estiveram
não só acontecimentos
políticos e históricos, mas
também personalidades
que marcaram o país. Mais
do que uma homenagem,
atribuir o seu nome a uma rua
é também perpetuar o seu
percurso de vida, valorizando
os seus feitos.
Quem foi...
António Francisco Colaço
Médico e matemático. Presidente
da Câmara entre 1882 e 1884.
Álvaro Romano Colaço
Agricultor, Vogal da Câmara
(1923), Secretário da Câmara
(1925-1926),
Vice-Secretário
(1930), Vogal (1936), Vereador
(1939-1941)
É frequente reconhecer nas ruas,
praças ou largos de Castro Verde
nomes de grandes personalidades,
locais ou não, que de qualquer forma, deram o seu contributo para a Avenida General Humberto Delgado
história da vila e do país. Compreender o porquê destas designações de Lisbôa, fique com a mesma deOutras ruas se seguiram nesta e participação na campanha de
é explorar e identificar as raízes que nominação. Porém, posteriormen- atribuição de nomes de persona- Humberto Delgado... Considerannos rodeiam diariamente. A actual te, a esta Rua em toda a sua exten- lidades que marcaram uma épo- do o implemento que deu ao coopeRua Dr. António Francisco Colaço, são, foi reposto o anterior nome de ca, um movimento, ou que simples- rativismo como principal fundador
por exemplo, foi outrora Rua 25 de “Rua Fialho de Almeida.”
mente tiveram um acto de coragem e impulsionador da cooperativa de
Julho. Conforme consta na acta reNa sessão de 16 de Setembro de na luta contra as desigualdades ou consumo de Castro Verde em beneferente à sessão de 24 de Dezembro 1974 e, segundo a respectiva acta, contra o regime. Exemplo disso foi fício das populações e ainda a Coode 1934, deliberou a Câmara Muni- aprovou-se a decisão de dar à Rua a proposta apresentada pelo Senhor perativa Agrícola dos pequenos e
cipal que fosse dado “à Rua 25 de Campo Branco o nome do General Vereador Manuel Sequeira Afonso médios Agricultores que substitui
Julho, o nome de Rua Dr. Antó- Humberto Delgado: “Na reunião onde argumenta: “Porque há alguns o Grémio da Lavoura... O Vereanio Francisco Colaço, para que ordinária realizada no dia vinte e dias faleceu Adriano Correia de Oli- dor do Partido Socialista, Horácio
a sua memória se perpetue na lem- cinco de Maio último, dando satis- veira, lutador antifascista, que, de Manuel Figueira da Cruz, propõe
brança de todos”.
fação ao desejo manifestado pelo uma forma ou de outra a todos to- que em sua memória e em honra da
Na sessão de 3 de Junho de 1943 Povo, deliberou a Comissão Admi- cou de maneira especial pelo modo Democracia seja dado o seu nome
e por proposta do vereador João Ce- nistrativa da Câmara Municipal, como nos transmitiu a Mensagem a uma Rua de Castro Verde, terra
lorico Drago deu-se“à parte da Rua por unanimidade, que a Praça Sa- de Fé e de Esperança, proponho um da sua naturalidade.” Apreciada a
Fialho de Almeida, desta vila, com- lazar, desta Vila, passasse a desig- voto de pesar, lavrado em acta. Que presente proposta, a Câmara delipreendida entre o Largo da Feira e nar-se Praça da Liberdade, e que, seja dado o nome de Adriano Cor- berou, por unanimidade, dar-lhe
o cruzamento com a Rua Joaquim por proposta do vogal, senhor Vaz reia de Oliveira a uma rua ou praça inteiro apoio, decidindo dar o nome
Romão Júlio, o nome de Rua Ál- Ramos fosse dado o nome do Gene- da vila de Castro Verde.”
de Manuel Assunção Mestre, à
varo Romano Colaço. Como ar- ral Humberto Delgado a uma das
Depois de apreciada a proposta, a rua paralela com a rua de Olivença,
gumentos para tal proposta foram principais ruas da vila a indicar Câmara deliberou por unanimida- sita no Bairro Municipal e que coninvocadas as seguintes palavras: oportunamente, prestando des- de dar-lhe a sua aprovação e dar o fronta a Nascente com a Rua da Li“Encontra-se por pagar por parte te modo, justíssima homenagem à nome do cantor Adriano Correia berdade e a Poente com a Avenida
desta Câmara uma divida de grati- memória dum homem que se bateu de Oliveira à praça projectada na 25 de Abril.
dão para com um Filho Ilustre des- até à morte pela causa da liberda- urbanização da Coophecave, em
Por fim, e no que respeita à Rua
ta terra, Grande Benemérito que de. Nestes termos, dando satisfa- Castro Verde.
Zeca Afonso deliberou a Câmara
foi e que ao concelho e a esta mes- ção à referida deliberação a ComisNa “Sessão de 2 de Março de 1983 Municipal na sessão de 24 de Fevema Câmara prestara os mais ele- são Administrativa deliberou, por foi presente uma proposta apresen- reiro de 1987 “e sob proposta do seu
vados e desinteressados serviços, unanimidade, dar o nome do Ge- tada pelo Sr. Vereador Horácio Ma- Presidente, aprovar um voto de peÁlvaro Romano Colaço.
neral Humberto Delgado à nuel Figueira da Cruz, cujo teor é o sar pela morte do poeta e cantor
Contudo, na sessão de 25 de No- actual Rua Campo Branco e que a seguinte: “Considerando que Ma- José Afonso (Zeca Afonso). Mais
vembro de 1946 decidiu-se que “em sessão de homenagem tenha lugar nuel Assunção Mestre foi um gran- deliberou a Câmara, também por
aditamento à deliberação tomada no dia cinco do próximo mês de Ou- de defensor e impulsionador dos unanimidade, dar o nome de Zeca
em reunião de 3 de Junho de 1943 tubro, pelas onze horas, dando-se a ideais de 25 de Abril... Conside- Afonso – poeta, músico e cantor, à
e relativamente à Rua Álvaro Ro- maior publicidade desta delibera- rando que os seus ideais se guia- rua situada na Expansão Oeste de
mano Colaço, que a parte restante ção a fim da população conscien- ram por conceitos de liberdade e Castro Verde” pelo facto de que “ao
da mesma artéria compreendendo te da dimensão desta homenagem, antifascismo, como o prova, en- longo da sua vida, esteve sempre
já o prolongamento até à estrada possa comparecer em massa.”
tre outras coisas, o seu empenho identificado com os problemas so-
Fialho de Almeida
Escritor português, natural de Vila
de Frades, no Alentejo. Completou
o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, em 1875.
Passou a última fase da sua vida
no Alentejo, dedicando-se à agricultura.
General Humberto Delgado
Conhecido como o “General sem
Medo”. Participou activamente no
movimento militar de 28 de Maio
de 1926, que conduziu mais tarde
ao Estado Novo. Anos depois rompeu relações com o regime de Salazar, apresentando-se em 1958
como candidato à Presidência da
República. Foi assassinado a tiro
pela PIDE em 1965, perto de Badajoz.
Adriano Correia de Oliveira
Músico português e um dos mais
importantes intérpretes do fado de
Coimbra. Fez parte da geração de
compositores e cantores de cariz
político, que lutaram contra o Estado Novo.
Zeca Afonso
Cantor e um dos maiores compositores de sempre da música portuguesa. José Afonso ficou associado
à música de intervenção, através
da qual criticava o Estado Novo,
regime de ditadura vigente em Portugal entre 1933 e 1974.
ciais que afligem a sociedade, estando sempre onde era preciso
para fazer qualquer coisa para o
bem estar e emancipação do povo
português”.
A partir de trabalho de Ana Paula
Vilhena
damos as boas vindas aos novos castrenses. É com agrado que noticiamos os
Natalidade Aqui
nascimentos registados no concelho de Castro Verde. Fonte: Conservatória do Registo Civil de castro verde
Agosto
11/08/2007 Manuel Camões Cravo filho de Manuel Francisco Mira
Cravo e de Ada Sofia Domingos Camões
16/08/2007 David José Martins Silva Mestre filho de Carlos
Alberto Domingos Mestre e de Maria de Fátima Martins da Silva
Setembro
08/09/2007 Dinis Jerónimo Matos filho de Carlos Frederico Dória
Soares de Albergaria Matos e de Maria João Mamede Jerónimo
11/09/2007 Íris Afonso Rosa filho de Francisco de Sousa Rosa e
de Sónia Cristina Afonso Nascimento
11/09/2007 Maria Beatriz Coelho Romano Colaço filha de
António Francisco Sobral Romano Colaço e de Elisete Maria
Guerreiro Coelho
12/09/2007 José Pedro Paulino Palma filho de Manuel António
Cristina da Palma e de Maria Felicidade Conceição Paulino
22/09/2007 Sofia Margarida Tomé Cavaco filha de Vítor Manuel
Cordeiro Cavaco e de Mafalda Cristina Santos Tomé
Outubro
19/10/2007 Catarina Isabel da Costa Monteiro filha de Jorge
Manuel Custódio Monteiro e de Maria da Graça Gil da Costa
Monteiro
29/10/2007 Raquel Pereira Raposo Ledo filha de David Manuel
Raposo Ledo e de Vera Brito Pereira
O Campaniço
setembro/outubro 2007
urbanismo Reordenamento do Espaço Urbano
Com vista ao reordenamento do espaço público e
a uma melhoria da circulação, as Ruas de Mértola
e Aljustrel, e a Praça do Município vão ser sujeitas
a obras de requalificação, com início previsto para
Novembro.
A Câmara Municipal de Castro
Verde aprovou recentemente um
projecto de reordenamento do espaço público para a Rua de Aljustrel, e vias envolventes, Praça do
Município e Rua de Mértola. A requalificação destes espaços tem
como objectivo a resolução de algumas situações de conflito ao nível da mobilidade e estacionamento de viaturas, assim como, uma
melhor qualidade urbana.
Rua de Aljustrel
Na Rua de Aljustrel vai proceder-se à semaforização do entroncamento com a Avenida General Humberto Delgado e a Rua
da Liberdade; ao levantamento e
realinhamento de lancis existentes; levantamento e regularização de calçada à portuguesa em
cubos de vidraça; consolidação do
pavimento betuminoso existente; reordenamento de lugares de
estacionamento; remarcação de
sinalização horizontal e colocação
de nova sinalização vertical. Uma
intervenção que contempla ainda
a mudança de via prioritária, no
entroncamento da rua de Aljustrel com a rua Alexandre Herculano. Também as artérias transversais com a Rua Fialho de Almeida
vão beneficiar da redifinição de
bolsas de estacionamento e sentido de circulação. Durante o período de execução da obra, cujo início está previsto para Novembro,
a rua de Aljustrel terá tráfego apenas no sentido ascendente.
Praça do Município
e Rua de Mértola
Rua de Aljustrel - Entrocamentos: Ruas de Casével e Alexandre Herculano
Com vista à melhoria da circulação, do acesso aos serviços e da valorização do Jardim do Padrão, o
estacionamento da Praça do Município vai ser reorganizado. Neste, serão desenhadas bolsas de estacionamento para permitir uma
maior disciplina, ao mesmo tempo que sete lugares, junto ao edifício da Câmara Municipal, passam a ser estacionamento pago.
Por outro lado, a diminuição da
pressão automóvel na Praça do
Município irá implicar uma reorganização da Rua de Mértola, que
passará a ter um só sentido, disponibilizando assim uma maior área
de estacionamento.
Esta intervenção contempla ainda a acessibilidade para cidadãos
com mobilidade reduzida, quer ao
nível dos estacionamentos, quer
ao nível do acesso aos serviços.
Praça do Município e Rua de Mértola
Jardim do Padrão Revitalizado
Está terminada a intervenção no
Jardim do Padrão (Praça do Município) cujo objectivo foi efectuar uma manutenção do espaço de
modo a travar o estado de degradação que vinha a apresentar. Pequenas obras possibilitaram a criação
de um passeio ao longo da rua superior, o restauro de canteiros e mobiliário, bem como uma melhoria na
iluminação pública através da colocação de novos candeeiros. Destaque merece a plantação de novas espécies de flores, arbustos e árvores,
aumentando também a área de canteiros relvados, que substituem o
coberto vegetal que já não se encontrava em condições.
No que ao futuro diz respeito, a
Junta de Freguesia de Castro Verde tem no seu plano de acção, num
prazo mais dilatado, uma intervenção profunda neste espaço, que colocará para discussão pública junto dos castrenses, e que carecerá de
um acordo por parte dos cidadãos,
bem como do IGESPAR – Instituto
de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, uma vez que
o projecto se desenrolará na área
de protecção da Basílica Real, edifício classificado. Essa intervenção,
de carácter delicado e moroso, terá
como principal objectivo retirar definitivamente a circulação automóvel e o estacionamento da Praça do
Município.
Exposição no Jardim
Desta actual revitalização do Jardim do Padrão faz parte a intenção
de promover algumas “exposições”
ou “campanhas” temáticas, ideia
que será desenvolvida a título experimental, e que consistirá na colocação de um conjunto de pendões nos
suportes criados para o efeito nos
candeeiros de iluminação pública.
A primeira temática será “O Alentejo nas Mãos dos Poetas”, que apresentará uma selecção de 21 poesias
Jardim do Padrão
sobre o Alentejo, acompanhada de
pequena nota biográfica do autor.
Em plano estão outras apresenta-
ções em torno de valores do nosso
património, como é o caso da avifauna e da flora.
O Campaniço
veterinária setembro/outubro 2007
A doença da Língua Azul
A doença da Língua
Azul já chegou ao
nosso Concelho
Esta doença não é desconhecida
no nosso País, mas desde 1959 que
não se registavam novos casos. Desde essa altura, só em 2004 surgiu
um novo surto (com o serótipo 4 do
vírus), que se controlou através de
vacinação e restrições da circulação
animal. A doença da Língua Azul ou
Febre Catarral Ovina (FCO) é uma
doença que é causada por um vírus.
Esta doença não é uma doença contagiosa, ou seja, não passa directamente de animal para animal, nem
é transmissível aos humanos.
Existem 24 tipos diferentes do vírus da Doença da Língua Azul que
são denominados serótipos de 1 a
24. O surto que surgiu em 2004 foi
do serótipo 4 e o que surgiu em Setembro de 2007 foi do serótipo 1. As
vacinas utilizadas contra um serótipo não conferem protecção contra
outro serótipo diferente.
Não se transmitindo directamente esta doença, é necessário que
existam insectos picadores do género Culicoides que se alimentem
num animal doente e em seguida o
façam num animal saudável. Estes
insectos, semelhantes a pequenas
moscas (medem 1 a 2 milímetros e
vivem 2 a 3 semanas), alimentamse de sangue, reproduzem-se em
zonas húmidas e podem ser transportados pelo vento a grandes distâncias.
A doença é originária e man-
Infelizmente não existe tratamento
para esta doença. Para proteger os
nossos rebanhos devem ser tomadas as seguintes medidas:
1 - Luta contra os vectores transmissores da doença com desinsectizações periódicas dos animais,
das instalações e meios de transporte dos animais.
2 - Vacinação contra o serótipo 1
da doença (esperemos que a vacina chegue em breve).
3 - Restringir a circulação dos animais das zonas afectadas para
zonas livres da doença.
4 - Todas as explorações consideradas infectadas são colocadas
sob sequestro, ou seja são proibidas a entrada e a saída de animais
da exploração, devem ser feitas
desinsectizações periódicas e não
movimentar os animais ao amanhecer e entardecer.
Ovino com sintomas da doença da Língua Azul
tém-se facilmente em zonas tropicais, subtropicais de África e Médio
Oriente. A reintrodução do vírus
em regiões com climas temperados
da Europa foi, provavelmente, feita
mediante o transporte de animais
infectados ou mediante o transporte pelo vento de Culicoides portadores do vírus através do Mediterrâneo.
Nas regiões de clima temperado
a maior incidência da doença ocor-
re no final do Verão e no princípio
do Outono, no entanto pode surgir
em qualquer altura do ano se a temperatura o permitir (condições que
favorecem a multiplicação do vector). Esta doença afecta os ruminantes (bovinos, ovinos, caprinos e
ruminantes selvagens) se bem que
a doença só se manifeste de forma
severa no ovinos (especialmente
em determinadas raças). O período de incubação (ou seja o período
Pârametros
EDITAL nº. 11/2007
CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE
Qualidade da água 2007
António João Fernandes Colaço, Vereador da Câmara Municipal de Castro
Verde, torna públicos os resultados das análises efectuadas à água no
Concelho de Castro Verde, referentes ao 3º trimestre de 2007.
Para constar se publica o presente edital e outros de igual teor que vão ser
afixados nos lugares públicos do costume.
Castro Verde, 19 de Outubro e 2007
O Vereador responsável
António João Fernandes Colaço
1
- Soma das concentrações dos 4 compostos
2
- Soma das concentrações dos 2 compostos
3
- Soma das concentrações dos 4 compostos
de tempo que vai da picada da mosca até à manifestação dos primeiros sintomas) é de 5 a 20 dias nas
ovelhas. Os sintomas manifestados
pelos animais são febre que pode
atingir 42º C; depressão; anorexia; edema, hemorragias e feridas
na boca, narinas e língua; descarga
nasal e salivar; dispneia; pneumonia; aborto e anomalias fetais.
Por vezes, embora, o número de
ovelhas afectadas num rebanho
possa atingir os 100%, a mortalidade nos animais afectados geralmente não ultrapassa os 10%. Por
isso a morte dos animais surge em
8 a 10 dias, mas a grande maioria
recupera em cerca de 2 semanas.
Apesar destes sinais serem evidentes, o diagnóstico definitivo e
identificação do serótipo do vírus
tem que ser sempre feito com base
amostras de sangue e tecidos enviados para um laboratório.
Nuno Rosa
Médico Veterinário Municipal
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Valor
Paramétrico
Controlo de Rotina 1
E. Coli (N/100 ml)
Bactérias Coli formes (N/100 ml)
Desin fectante residual (mg/l Cl)
Controlo de Rotina 2
Alumínio (µg/l Al)
Amónio (mg/l NH 4)
Cheiro (Factor de diluição a 25ºC)
Clostridium perfringens (N/100 ml)
Conduti vidade (µS/cm a 20ºC)
Cor (mg/l)
Ferro (µg/l Fe)
Manganês (µg/l Mn)
Nitratos (mg/l NO 3)
0
0
0,09
0
0
< 0,05
0
0
< 0,05
0
0
< 0,05
0
6
< 0,05
0
0
0,6
0
0
0,56
0
0
0,46
16
16
< 0,05
0
0
< 0,05
0
0
< 0,05
0
0
< 0,05
0
0
< 0,05
0
0
< 0,05
0
0
-
< 0,05
<3
863
<2
< 50
120
20
< 0,05
<3
934
<2
27
9
-
-
< 0,05
<3
822
<2
23
19
< 0,05
<3
1180
<2
40
<2
-
-
< 0,05
<3
383
<2
< 10
<2
63
< 0,05
<3
0
374
<2
< 10
<2
520
< 0,05
<3
0
393
<2
< 10
<2
250
< 0,05
<3
0
385
<2
< 10
2
< 0,05
<3
1310
<2
< 10
19
< 0,05
<3
1010
<2
< 50
< 10
61
Nº de colónias a 22ºC (N/ml 22ºC)
> 300
> 300
-
-
> 300
0
-
-
170
> 300
> 300
> 300
58
> 300
Nº de colónias a 37ºC (N/ml 37ºC)
> 300
> 300
-
-
> 300
6
-
-
> 300
120
> 300
> 300
190
> 300
Oxidabilidade (mg/l O 2)
pH (Unidades de pH)
Sabor (Factor de diluição a 25ºC)
Turvação (UNT)
Controlo de Inspecção
Alumínio (µg/l Al)
Antimónio (µg/l Sb)
Arsénio (µg/l As)
Benzeno (µg/l)
< 0,5
7,2
<3
< 0,7
1,6
8,2
<3
< 0,7
-
-
< 0,5
7,3
<3
< 0,7
0,6
7,9
<3
1,2
-
-
2,4
8,2
<3
< 0,7
1,3
7,8
<3
< 0,7
1,7
7,2
<3
1,1
2,8
8,1
<3
< 0,7
0,7
7,6
<3
< 0,7
< 0,5
7,2
<3
< 0,7
200
0,5
3
0
2500
20
200
50
50
s/alt.
anormal
s/alt.
anormal
5
6,5 a 9,0
3
4
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
200
5
10
1
Benzeno(a)pireno (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0,01
Boro (mg/l)
Bromatos (µg/l BrO 3)
Cádmio (µg/l Cd)
Cloretos (µg/l Cl)
Clostridium perfringens (N/100 ml)
Cianetos (µg/l Cn)
Chumbo (µg/l Pb)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
<3
<3
< 0,25
<
0,0050
< 0,2
5
<0,40
80
< 10
< 5,0
<
0,010
< 10
< 0,25
0
< 50
< 0,40
<
0,0050
<
0,0050
<
0,0050
<
0,0050
<
0,0050
< 1,0
< 5,0
< 0,02
<3
50
22
< 0,50
< 0,50
14
6,4
2,9
4
0,74
-
-
1
10
5
250
0
50
25
-
-
2
-
-
50
3
0
200
1,5
-
-
0,1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
20
0,5
10
200
250
10
10
150
-
Cobre (µg/l Cu)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2 - Entradas - Centro de Dia (11/07/2007)
Crómio (µg/l Cr)
1,2-Dicloroetano (µg/l)
Enterococos (N/100 ml)
Ferro (µg/l Fe)
Fluoretos (µg/l F)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
3 - Entradas - Restaurante “A Cavalariça” (08/08/2007)
Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos 1 (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Benzeno(k)fluroanteno (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Benzeno(ghi)perileno (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Benzeno(b)fluoranteno (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
10 - Castro Verde - Hab. Rua Zeca Afonso (11/07/2007)
Indeno(1,2,3-cd)pireno (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
11 - Estação de Ourique - Hab. Rua de Castro Verde (08/08/2007)
Mercúrio (µg/l Hg)
Níquel (µg/l Ni)
Nitritos (mg/l NO 2)
Selénio (µg/l Se)
Sódio (mg/l Na)
Sulfatos (mg/l SO 4)
Tetracloroeteno 2 (µg/l)
Tricloroeteno 2 (µg/l)
Triahalometanos 3 (µg/l)
Cloro fórmio (µg/l)
Dibromoclorometano (µg/l)
Bromodiclorometano (µg/l)
Bromo fórmio (µg/l)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1 - Figueirinha - Fontanário no Largo da Poviação (05/09/2007)
4 - Entradas - Hab. Rua de Santa Bárbara (05/09/2007)
5 - Galeguinha - Hab. Largoda Povoação (05/09/2007)
6 - Santa Bárbara dos Padrões - Hab. Rua de Santa Bárbara (11/07/2007)
7 - Santa Bárbara de Padrões - Hab. Rua das Flores (08/08/2007)
8 - Lombador - Café “O Regresso” (05/09/2007)
9 - Casével - Bar da Associação Cante Alentejano (19/09/2007)
12 - Castro Verde - Refeitório Municipal (05/09/2007)
13 - Piçarras - Hab. no Largo do Pelourinho (05/09/2007)
14 - Monte Serro - Hab. Largo da Povoação (05/09/2007)
- Publicação prevista no termo do Decreto-Lei nº 243/2001 de 5 de Setembro.
- As recolhas de amostras e análises foram efectuadas pelos técnicos do
laboratório Agroleico.
- De acordo com os resultados obtidos, os parâmetros obedecem às normas de
qualidade à excepção de situações pontuais em que foi ultrapassado o valor
paramétrico.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
notícia Maria Rosa Contreiras
Casa do Alentejo em Toronto
O Alentejo
ali tão perto
A Câmara Municipal de
Castro Verde associou-se à XXIII Semana
Cultural da Casa do
Alentejo em Toronto,
edição que assinalou o
regresso da castrense
Maria Rosa Contreiras
à actividade da
associação.
M
aria Rosa Contreiras de
Sousa é a sócia número 1
da Casa do Alentejo em Toronto. Chegou ao Canadá em 1974,
onde assentou arraiais e lhe nasceu
uma filha... sempre com a sua terra
natal perto do coração. Facto que a
levou a integrar o grupo de pessoas
que a 20 de Fevereiro de 1983 fundariam uma Casa do Alentejo em
paragens distantes. Durante os primeiros 12 anos desempenhou diversos cargos na direcção, entre os
quais, o de Presidente, a que se seguiu um período de interregno após
o falecimento do seu marido, também ele sócio fundador. Actualmente, é Presidente da Direcção a jovem
luso-canadiana Stephanie Fidalgo,
descendente de família de Aljustrel.
Agora, Maria Rosa está de regresso à actividade na Casa do Alentejo desempenhando o papel de coordenadora cultural, onde assume
responsabilidades ao nível da programação. Exemplo disso foi a or-
ganização da XXIII Semana Cul- bem vista pelos governantes protural Alentejana, que aconteceu de vinciais e federais”. A maioria che19 a 28 de Outubro, e à qual se as- gou há muito tempo, constituiu nesociou a Câmara Municipal de Cas- gócio, agarrou uma carreira laboral
tro Verde, fazendo-se representar e viu a família crescer e ganhar raíe patrocinando a participação do zes.Talvez por isso, poucos pensem
Grupo Violas Campaniças, que se em voltar. Há jornais, rádios e teleapresentou com uma formação di- visões portuguesas. Há uma rua dos
ferente daquela a que estamos ha- portugueses onde os reclames fabituados. Constituída pelos jovens lam duas línguas. Uma outra com
Pedro Mestre, Márcio Isidro e Ana um painel de azulejos e uma estátua
Valadas, a actuação do Grupo pau- de homenagem ao poeta Camões.
tou por um bom desempenho nas Há uma Casa do Benfica e um Nútrês actuações que efectuou.
cleo do Sporting. No entanto, é no
Durante uma semana, tendo pre- número 1130 da Dupont Street que
sente o lema da casa “Alentejo, uma há uma porta aberta para os alenregião, um povo, uma tradição”, os tejanos repartirem a saudade e enconvívios intensificaram-se e a nos- contrarem um pouco da sua terra. É
sa maneira de estar foi rainha. À aí que fica a sede da Casa do Alenmesa teve assento a gastronomia tejo, um espaço amplo e acolhedor,
(não faltaram as migas, o ensopa- com serviço de bar e restaurante,
do de borrego, etc), o cante alente- sala de espectáculos, a galeria Aljano, os bailes, o fado… e claro, tam- berto de Castro e outras instalações,
bém se mostraram os trabalhos que continuam a receber o entusiasdesenvolvidos pelos projectos que mo dos que aí procuram o convívio,
a associação dinamiza junto da co- “Há entusiasmo, não o mesmo dos
munidade: o grupo coral, as danças primeiros tempos, mas também tefolclóricas, a ginástica, etc. Na opi- mos que compreender que as pessonião de Maria Rosa “a Casa do Alen- as se modificam. Passados 25 anos
tejo tem sido uma das que tem dado muita coisa mudou, as pessoas enmaior nome à comunidade portu- velhecem, temos que enfrentar a reguesa. Foi a partir dela que se inicia- alidade. Para os nossos filhos a Casa
ram as semanas culturais, exemplo do Alentejo não lhes diz aquilo que
seguido por outras casas, continu- nos diz a nós.” Mesmo com cenário
ando a nossa a ser a maior de to- diferente nos dias de hoje, os memdas elas, porque trazemos artistas e bros mais velhos comungam que é
convidados de Portugal. A maioria sua responsabilidade continuar a
fica-se pela prata da casa”.
ensinar à juventude o valor das suas
Toronto é uma cidade do mundo tradições e da cultura, assim como
Diferentes comunidades continu- o sentimento de comunidade que
am a fixar-se nesta metrópole de 4 forma a Casa do Alentejo. Muitos
milhões de habitantes, onde se es- jovens luso-canadianos aí crescetima que portugueses sejam per- ram, tiveram na Casa do Alentejo,
to de 300 mil, “uma comunidade em determinada fase da sua vida, a
sua segunda casa, por isso, a aposta em não perder o sentimento de
pertença é um desafio para o futuro. O facto de nos cargos dos orgãos
de gestão se encontrarem jovens de
segunda geração, como é o caso da
Presidente da Direcção, evidencia
essa preocupação.
Mas o Alentejo não é excepção,
muitas outras regiões (Beiras, Minho, Açores, etc.) têm na cidade as
suas casas, o que fez com que surgisse um organismo denominado
de Aliança dos Clubes e Associações
Portuguesas do Ontário, onde Maria Rosa é vice-presidente do Conselho de Presidentes. “Trata-se da
cúpula de todos os clubes existentes,
que procura estabelecer o diálogo e
a unidade associativa entre os membros e que assume especial importância nas Comemorações do Dia
de Portugal (10 de Junho)”, uma
enorme festa marcada por uma parada que percorre algumas artérias
da cidade.
Terminada que está a Semana
Cultural, Maria Rosa e a equipa que
integra têm pela frente a programação do XXV Aniversário da Casa do
Alentejo, que irá acontecer em Fevereiro de 2008: “Nós queremos fazer
uma retrospectiva do que fizemos
durante estes 25 anos. Gostaríamos
de ter um pouco de tudo do nosso
Alentejo, para divulgar a nossa riqueza e demonstrar à comunidade
que continuamos a ter capacidade
Actuação Violas Campaniças
para trabalhar.” Ao longo do tempo a actividade dinamizada contou
com o apoio de diferentes entidades,
com destaque para as Câmaras Municipais: “continua a existir um trabalho de parceria e hoje muitas das
autarquias são sócias colectivas da
Casa do Alentejo.”
Toronto, capital da província do
Ontário, é a maior cidade do Canadá. Situa-se na margem norte
do Lago Ontário e é considerada
uma das cidades mais dinâmicas
da América do Norte, atraindo
milhares de de imigrantes anualmente, desde a década de 1850. É
actualmente o “motor da economia do Canadá”, assumindo-se
como uma cidade global que exerce significativa influência a nível nacional e internacional pelo
facto de ser um centro financeiro,
bem como um dos principais centros culturais e científicos. Possui
um dos melhores padrões de vida
da América do Norte, sendo para
muitos uma das melhores metrópoles do mundo para se viver.
Toronto é uma cidade multicultural e que faz desta coabitação
uma mais valia, reservando espaço para as vivências especificas
das comunidades. É nesse contexto que os alentejanos dinamizam a
sua cultura e ultrapassam a barreira da distância. No calor do convívio, no nº 1130 da Dupont Street,
o Alentejo fica ali tão perto.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
entrevista CICLO DE ENTREVISTAS
Compreender Fernando Pessoa
Depois da ciência, a literatura é o tema em destaque neste ciclo de entrevistas dedicado a castrenses
envolvidos em projectos de investigação científica. Manuela Parreira da Silva é natural de Castro Verde e a
segunda entrevistada deste ciclo. Fernando Pessoa é o seu objecto de estudo e de constante pesquisa. Há já
alguns anos que escreve poesia, tendo publicado parte da sua obra em revistas e na editora Assírio & Alvim.
Actualmente, dedica-se ao estudo do espólio pessoano, nomeadamente à fixação e edição de textos do
poeta, bem como à investigação da sua correspondência, a qual resultou na obra “Correspondência 19051935”, editada em dois volumes. Em entrevista ao “Campaniço” fala-nos de um dos mais brilhantes poetas
portugueses do século XX - Fernando Pessoa.
Sandra Policarpo
Como descreveria os seus tempos
de liceu em Castro Verde? Já
mantinha, nesta fase dos seus
estudos, um encantamento pela
poesia? Sente que estes tempos
foram também um incentivo para
aquele é hoje o centro dos seus
estudos?
Sempre gostei muito de frequentar a escola e de aprender tudo o que
pudesse aprender. Os anos passados no Colégio, em Castro Verde,
foram de uma permanente descoberta, quase poderia dizer deslumbramento. Era o mundo que se
abria! Numa época tão cinzenta e
numa vila tão fechada e sufocante
como era Castro Verde nessa altura, o único caminho para a liberdade de espírito era mesmo estudar e
ler tudo o que apanhasse à mão. Às
vezes, em casa, perguntavam-me
de que disciplina gostava mais e eu
hesitava, porque me parecia difícil
escolher entre História, Português,
Geografia, Inglês, Francês, Ciências, apesar de ter tido sempre uma
maior inclinação para as Letras. Por
isso, posso dizer que tudo o que fui
aprendendo, mesmo até com os
professores menos preparados, foi
um incentivo para continuar a estudar. O meu primeiro contacto a sério com livros de poesia surgiu, no
entanto, com a biblioteca itinerante
da Gulbenkian. Lembro-me de requisitar alguns e copiar os poemas
ou versos que mais me tocavam
para uma agenda que eu tinha com
o mapa de Portugal. Quando penso no que teria podido ler, se existisse uma bela biblioteca como a que
existe hoje na nossa terra…
contas de alfaiate, horóscopos, cartas recebidas e cópias de cartas enviadas, mas também poemas e textos em prosa acabados e passados e
passados a limpo, originais manuscritos e dactilografados de parte da
sua obra publicada em vida, etc., etc.
É preciso identificar os fragmentos,
tentar perceber a que obra se destinariam, o que nem sempre é claro e,
evidentemente, ler o que lá está escrito… Outra das vertentes do meu
trabalho, consiste em republicar
textos já conhecidos, depois de confrontados com os originais do autor,
tentando portanto corrigir ou propor leituras que parecem ser mais
correctas.
Editar Fernando Pessoa passa
certamente por um trabalho
minucioso de análise. Como lidou
com o carácter fragmentário da
escrita pessoana e a multiplicidade
de suportes, como as folhinhas
tiradas de mini blocos de papel,
os grandes recortes de imprensa,
os cartões de visita e os diversos
envelopes?
Manuela Parreira da Silva
Portuguesa, mas o que fui (fomos)
descobrindo no espólio ultrapassava tudo o que eu podia supor.
Como é que Fernando Pessoa é,
Como surgiu este interesse pela
na sua perspectiva, encarado pela
investigação da obra literária de
sociedade? É lhe dado o devido
Fernando Pessoa?
valor nas escolas, a nível curricular,
Tudo começou quando estava a ou sente que a sua obra passa um
fazer um mestrado em Literatura na pouco despercebida no contexto
Faculdade de Ciências Sociais e Hu- actual?
manas, por volta de 1988, data do 1º
A mim, parece-me que Fernando
centenário do nascimento de Fer- Pessoa continua a ser muito pouco
nando Pessoa. Teresa Rita Lopes, conhecido, embora muita gente lhe
grande especialista da obra pessoa- saiba o nome e até identifique bem
na, era minha professora e sugeriu a sua figura. Alguns sabem quem foi,
que nos dedicássemos à pesquisa que escreveu em nome de mais três
do espólio do poeta. Era essa, na sua personalidades, leram poemas da
opinião, a melhor forma de come- «Mensagem», sabem talvez de cor
morar o seu nascimento: conhecer alguns versos que se tornaram quae dar a conhecer aos outros o mui- se provérbios, como aquele «Tudo
to que permanecia ignorado da sua vale a pena, se a alma não é pequeobra. É certo que eu já tinha contac- na». Uns vêem-no como um louto com a poesia de Pessoa, e estuda- co, bêbado e miserável, porque ouva-a, porque estava a dar, há alguns viram dizer; outros acham que era
anos, aulas do 12º ano de Literatura um bocadinho fascista; outros, que
escrevia de uma forma muito complicada e incompreensível. Tudo
isso, evidentemente, tem muito de
fantasioso.
Conhecer melhor a sua biografia
e, sobretudo, ler o que escreveu, evitaria estas apressadas conclusões.
Infelizmente, em Portugal, lê-se
muito pouco, as pessoas contentamse com o que ouvem dizer, não têm
grande gosto pela cultura em geral e
muito menos ainda pela poesia. De
qualquer modo, o facto de fazer parte do currículo escolar tem levado
as novas gerações a estudar e a interessar-se pelo poeta. Tenho encontrado muita gente jovem que fica
encantada com os heterónimos. Tenho também muitos alunos estrangeiros que vêm para Portugal para
estudar Pessoa e que são incentivados a estudar português para o poderem estudar no original. Neste
momento, não sei se Fernando Pessoa não será mais apreciado no estrangeiro do que em Portugal.
Fernando Pessoa foi uma
das personagens que mais
profundamente marcou a literatura
e a cultura portuguesa do século
XX. A Manuela tem centrado a sua
investigação na obra pessoana. No
que consiste concretamente a sua
pesquisa e como descreveria todo o
trabalho que tem desenvolvido em
torno do poeta?
O meu trabalho (e da equipa
em que me integro) consiste, fundamentalmente, em decifrar, entender e organizar os papéis que
Fernando Pessoa deixou e que
constituem o seu espólio (comprado à família depois da sua morte e
depositado na Biblioteca Nacional
de Lisboa). São cerca de 27 mil documentos: rascunhos de poemas e
outros textos em prosa (contos, peças de teatro, ensaios sobre os mais
variados temas, traduções), esboços, projectos de obras a escrever e
a publicar, planos de vida, apontamentos, notas, recortes de jornais,
É, de facto, um trabalho de minúcia e de grande paciência. A grande
dificuldade está precisamente em
decifrar a letra de Pessoa. Por vezes,
as palavras são escritas nas margens, com palavras alternativas nas
entrelinhas. Regra geral, o texto vai
diminuindo de legibilidade à medida que avança na folha. Ficam muitas vezes frases incompreensíveis,
a que é preciso voltar várias vezes,
“(...) nada se consegue
sem esforço.
Neste campo de
investigação, como
noutro qualquer,
a persistência, a
paciência e o amor
ao conhecimento são
imprescindíveis.”
uma e outra vez, às vezes durante
meses, nem sempre com total satisfação. É também uma questão de
treino e, sobretudo, nunca desistir…
Depois, nem sempre a articulação
dos textos é linear. É fundamental
ir percebendo os hábitos de escrita do autor. Conhecer cada vez me-
O Campaniço
setembro/outubro 2007
entrevista lhor a sua obra ajuda a pesquisa, e a
pesquisa ajuda a conhecer cada vez
melhor a sua obra. Mas só assim se
pode pretender editar a sua obra de
uma forma credível. Lembro que as
primeiras edições póstumas, feitas
talvez com alguma pressa, contêm
muitos erros e discrepâncias que
eram, se calhar, inevitáveis, pois só
um continuado contacto com o espólio pode dar resultados aceitáveis.
brar em tantos autores o tenho salvado da loucura. Vivendo e dando
expressão a cada uma das suas partes, esta foi também uma forma de
alcançar a unidade do seu ser disperso. E assim, ele construiu «toda
uma literatura». A verdade é que
Pessoa é muitas pessoas (se calhar
como todos nós, só que nos empenhamos em parecer uma só, coerente, normalzinha…) e estudar a
sua obra é estudar, pelo menos, seis
ou sete grandes obras. É isso, de resto, que faz dele um caso único na literatura e que atrai a atenção de estudiosos e leitores de todo o mundo.
Para além dos fragmentos da sua
escrita e da sua incompletude,
que outras dificuldades encontrou
aquando da organização do espólio
de Fernando Pessoa?
Uma grande dificuldade é, por vezes, reconhecer «quem» escreveu
este ou aquele texto. Como se sabe,
Pessoa desdobrou-se em três heterónimos e em muitas personalidades literárias. Por vezes, indicava a
obra a que se destinava o fragmento ou o nome (completo ou em iniciais) do seu «autor»: Livro do Desassossego, Regresso dos Deuses,
ou Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alexander Search, António
Mora, por exemplo. Mas, a maioria
das vezes, isto não acontece. É o investigador que acaba por ter de atribuir essa autoria, o que, se em muitos casos se pode fazer com elevado
grau de confiança (atendendo ao estilo da escrita), noutros casos é extremamente difícil. Uma outra dificuldade tem que ver com a decisão
sobre que textos devem ou não ser
publicados. Será legítimo publicar
textos incompletos, com muitas lacunas? Interessará ao leitor conhecer as obras menos conseguidas?
São perguntas que constantemente
se nos deparam.
O corpus pessoano atrai cada
vez mais investigadores, dada a
dimensão inacabada e múltipla da
sua obra literária. É de prever que
o seu trabalho continuado torne
gradualmente conhecida quase toda
a produção de Pessoa?
Convém esclarecer que muitas
pessoas foram trabalhando o espólio de Pessoa, ao longo dos anos.
Este trabalho não poderia nunca ser realizado por uma só pessoa. A equipa a que pertenço (dirigida pela Prof. Teresa Rita Lopes)
integra uma meia dúzia de «operários», nem tanto, mas há outras
pessoas, algumas estrangeiras, que
trabalham nessa tentativa de dar a
conhecer «quase toda» a produção
pessoana. Mas, a mim parece-me
que seriam precisas muitas mais.
Sobretudo, seria importante que
houvesse gente não só do campo da
literatura, mas de outros domínios,
preparada para poder compreender o alcance e aferir o valor de tudo
quanto Fernando Pessoa escreveu,
em português e inglês, no plano
da filosofia, sociologia, maçonaria,
esoterismos vários, astrologia, etc.
Como se liga a poesia de Pessoa à
sua correspondência? As cartas são
também espaço de criação?
Pude estudar com bastante profundidade a correspondência de
Fernando Pessoa, com vista à minha tese de doutoramento que incidiu sobre esse tema. Uma das con-
A Manuela editou, juntamente
com Ana Maria Freitas e Madalena
Dine, a obra ortónima de Fernando
Pessoa, numa publicação que se
divide em três volumes. O que
exprime objectivamente a poesia
ortónima do poeta?
Poema após poema, íntimo, escrevia
Aquela grande obra do seu ser
Que nunca em tempo algum alguém leria
E que ele via o universo a ler.
Era mais que poeta: era profeta,
E em seus versos errados e divinos
Toca o rebate o que nele era poeta,
Mas numa torre que não tinha sinos.
Viveu assim, feliz do que escreveu,
Morreu, deixando a obra como sobra
Da alma que fora… Mas, meu Deus, e eu?
Eu que nem tenho a fé nem tenho a obra?
Fernando Pessoa
13 Agosto1934
clusões a que cheguei foi essa: há Tendo em consideração o contacto
uma continuidade entre a escrita li- que tem tido com a sua escrita,
terária e a escrita de uma carta. Não como o descreveria na sua
é assim tão diferente como se pode- personalidade de homem/poeta?
ria pensar. Escrever é um acto criaParece-me que no caso de Pessoa
tivo, solitário, mesmo que exista no é difícil separar o homem do poeta.
horizonte um destinatário real ou Ele vivia certamente para a sua obra.
fictício. Pessoa escreveu também Até a sua relação amorosa com Ofémuitas cartas de ficção, e, nas cartas lia Queirós foi interrompida por ele
realmente dirigidas aos amigos, ir- com esse argumento. O seu destino
rompe muitas vezes um sujeito po- não podia ser a vida banal, «quotiético.
diana e tributável» das pessoas comuns. Estava destinado a outra forA correspondência denota também
ma de existência e, por isso, não
essa poética do fingimento tão
podia distrair-se com o amor. Era
característica da sua poesia?
também com certeza um homem de
Como dizia, as cartas são propí- grandes projectos, que teria depois
cias á ficção, ao «fingimento», até alguma dificuldade em concretiporque o destinatário não está pre- zar. Isto não será para admirar, pois,
sente. Encontrei, por exemplo, con- para realizar todos os projectos que
tradições, entre cartas enviadas e nos deixou esboçados no seu espóos rascunhos delas. A própria exis- lio, precisaria de mil vidas, e ele só
tência de tantos rascunhos de cartas teve uma, bem curta.
mostra que escrever cartas é uma
actividade muito pouco espontânea Na carta a Adolfo Casais Monteiro,
(pelo menos para Fernando Pes- Fernando Pessoa escreveu: «A
soa). O interessante é que ele afirma, origem dos meus heterónimos
com frequência, aos seus interlocu- é o fundo traço de histeria que
tores, que está a escrever ao correr existe em mim». Pessoa foi o
da pena ou da máquina, sem pen- maior e o mais conhecido exemplo
sar muito… O que não é verdade. Há da produção de heterónimos,
uma grande preocupação em esco- despersonalizando-se, dividindo-se
lher as palavras, em escrever de uma em autores vários e de cuja obra
forma que deixe o destinatário bem era ele o executor. Como podemos
impressionado. É humano… Escre- compreender essa capacidade de
ver é «outrar-se», como ele diria, é multiplicidade em Fernando Pessoa?
ser outro, é ver-se de fora, conhecerPessoa
auto-diagnosticou-se
se e dar a conhecer uma faceta de si muitas vezes. Talvez esta sua capaaos outros. Em verso ou em carta.
cidade extraordinária de se desdo-
A poesia ortónima (assinada com
o seu próprio nome) é também ela
multifacetada. Há muitas linhas de
leitura possíveis: há poemas rimados, segundo uma estrutura perfeitamente tradicional; há poemas
longos, dentro de uma lógica modernista; há poesia filosófica ou filosofante e poesia satírica; há quadras
populares e versos de circunstância feitos para as crianças da família e grandes poemas líricos, de uma
densidade enorme. Por grande parte dos seus versos ortónimos (mas
não só) perpassa um sentimento
profundo de solidão essencial, de
insatisfação, de saudades da infância e do futuro, uma permanente
interrogação do real e da transcendência.
Esta edição dá conta da evolução
do autor…
Até certo ponto, sim, pois apresenta, de forma cronológica, a
maior parte da sua produção, desde 1902 até 1935, ano da sua morte.
Podemos ter acesso aos inúmeros
poemas da juventude e ir acompanhando a biografia da sua obra. Por
outro lado, embora, como é natural,
encontremos poemas algo incipientes, próprios de um jovem que estava a aprender a escrever em português (já que passou a infância e
adolescência na África do Sul, e estudou em escolas inglesas), encontramos também poemas de grande
qualidade e de grande profundidade, que anunciam e definem o grande poeta em que se tornaria. Mas é
bom não esquecer que o próprio
Fernando Pessoa disse, muito mais
tarde: «Não evoluo. Viajo». Nesta
edição, creio que podemos acompanhar a sua «viagem».
Fernando Pessoa possuía ligações
com o ocultismo e o misticismo,
salientando-se a Maçonaria e a
Rosa Cruz (embora não se conheça
qualquer filiação concreta em Loja
ou Fraternidade destas escolas de
pensamento). Estas ligações são
visíveis na sua escrita? De que
forma se manifestam?
Esta é uma vertente da obra de
F. Pessoa que não está ainda suficientemente estudada. Há milhares de páginas escritas sobre esses
assuntos, no seu espólio. Infeliz-
mente, muitas das pessoas que a
têm abordado, têm dificuldade em
estudar os contributos de Pessoa
com algum distanciamento intelectual. Querem à força encontrar nas
suas palavras uma filiação que vá
ao encontro da sua própria (dos investigadores), o que distorce muitas
vezes a realidade. Também neste
campo, é preciso conhecimentos de
ocultismo que permitam reconhecer a importância e o sentido daquilo que é dito. Mas, sem dúvida, que
não podemos estudar a obra de Pessoa ignorando esta vertente. Para
além das páginas dedicadas aos referidos temas, há muitos reflexos
deles na obra literária pessoana: referências a personalidades do campo esotérico, reflexões sobre a alma
oculta do ser e do universo, uso de
símbolos, para além de poemas assumidamente esotéricos. Creio até
que uma explicação para a obra pessoana no seu todo pode passar por
uma leitura desta natureza, como
já tem sido feita e que resulta muito
estimulante.
Sendo natural de Castro Verde
e, considerando este trabalho um
estímulo e um exemplo para os
jovens do concelho e do país, que
queiram enveredar por esta área,
que conselho lhes daria?
Uma coisa muito importante, a
ter sempre presente, é que nada se
consegue sem esforço. Neste campo
de investigação, como noutro qualquer, a persistência, a paciência e o
amor ao conhecimento são imprescindíveis. Se se estiver a pensar em
ganhar muito dinheiro, e ainda por
cima «com uma perna às costas»,
que parece ser, nos tempos actuais,
o único objectivo a alcançar, não
vale a pena enveredar por esta área.
É igualmente importante que o investigador saiba assumir os seus erros e esteja sempre disponível para
aceitar as críticas como bem-vindas.
Não parecerá talvez muito importuno dizer que o esforço, a vontade de
aprender e a alegria intensa da descoberta são um grande espaço de felicidade. E isto todos queremos, novos e menos novos…
Manuela Parreira da Silva nasceu
em Castro Verde, em 28 de Outubro de 1950 e doutorou-se em Literatura Portuguesa na Faculdade
de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, em
1999.
É Professora auxiliar do Departamento de Línguas e Literaturas Românicas da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas, onde lecciona
Teoria da Tradução e Teoria e Prática da Tradução Literária. Pertence ao Instituto de Estudos sobre o
Modernismo, orientado pela Professora Doutora Teresa Rita Lopes,
dedicando-se, nomeadamente, à
investigação do espólio de Fernando Pessoa e outros modernistas.
Tem trabalhado na fixação do texto, selecção, introdução e notas de
diversos textos de que se destaca
a Correspondência Inédita de Fernando Pessoa .
O Campaniço
setembro/outubro 2007
destaque 10
“Há uma falta extraordinária
É conhecida a afirmação de que o bater de asas de uma borboleta na Ásia pode provocar uma tempestade na América. É uma
imagem do mundo global em que vivemos. Também a decisão dos Estados Unidos de aumentar substancialmente a quota de
biocombustíveis fez com que as reservas de cereais em todo o mundo estejam quase esgotadas e que o seu preço esteja a subir
em flecha. Consequências que também já chegaram ao Campo Branco, mas onde, feitas as contas do deve e haver, o aumento do
preço dos cereais não compensa o aumento dos factores de produção.
Carlos Júlio
Os cereais voltam a estar na
ordem do dia. Não há cereais no mundo e tudo devido à política energética do Estados Unidos,
que também pode mudar, basta o
novo presidente americano, que aí
vem, mudar a política para tudo se
alterar. “A subida dos cereais vai inflacionar toda uma cadeia. No Campo Branco somos perdedores porque a nossa campanha de cereais
do ano passado foi péssima e estamos a comprar cereais e rações a
preços muito caros. Neste saldo estamos a perder”, considera José da
Luz, presidente da Associação de
Agricultores do Campo Branco.
José da Luz está há 35 anos na actividade agrícola e não se lembra de
uma situação como a que hoje se
vive: “O mundo está a passar por
uma falta abismal de cereais, devido à sua utilização para biocombustíveis, o que nos leva a concluir que
terrenos que não eram propícios à
sementeira de cereais, o sejam muito brevemente dada a escassez dos
mesmos, até porque os melhores
terrenos de cereais do Alentejo têm
sido, nos últimos tempos, plantados de olivais”.
“Neste momento há já dificuldade em arranjar cereal para o consumo humano. Isso começa a ser bastante preocupante. Por isso, este
ano, o “setaside”, ou seja, os terrenos que ficavam sem ser cultivados, mas cuja área era paga, acabou.
Nesta campanha essa terra já pode
ser semeada, ou pastoreada, devido
precisamente à grande falta de cereais. Outra situação grave que está
a acontecer é o aumento substancial do preço das rações que começa
a ser incomportável para os produtores pecuários” acrescenta José da
Luz, dizendo que esta situação torna a vida dos agricultores do Campo
Branco ainda mais complicada.
E explica porquê: “(...) no ano
passado mal conseguimos semear.
Houve pouco cereal e os agricultores desta zona, para fazerem as suas
sementeiras, têm que comprar cereais a preços muito altos. Por outro lado, os combustíveis aumentaram de preço e os adubos também
subiram muito, assim como as rações para o gado. E a nossa situação aqui no meio é muito difícil”.
À pergunta - neste contexto dos
biocombustíveis, as regiões tradicionais na produção de cereais,
como Castro Verde, poderiam sair
O Campaniço
setembro/outubro 2007
destaque 11
de cereais em todo o mundo”
a ganhar? - José da Luz considera
que não é bem assim. As produções
na região são fracas, e os aumentos decorrentes da falta de cereais vão atingir fortemente os agricultores. “ Esse problema já se põe
hoje. Os preços estão exorbitantes. O pão já subiu, subiu o arroz, o
leite. A carne é que não. E compreendemos: se a carne subir não tem
comprador.Tudo sobe: o preço dos
combustíveis, os adubos, que tiveram agora uma subida nunca antes
vista, devido ao facto dos Estados
Unidos semearem “todas as pontas” para a produção de biocombustíveis, inclusive áreas que já tinham
abandonado. Estão também a comprar todas as matérias-primas para
a produção de adubos, daí que estes
tenham subido avassaladoramente e isso já se faz sentir aqui. Os adubos actualmente estão mais caros
40% do que há um ano atrás”.
“Por vezes não
compensa semear”
firma, “este ano é verdade que o trigo subiu. Houve trigo vendido a 20,
a 40 e a 60 escudos, mas em contrapartida os adubos num mês já
aumentaram duas ou três vezes. O
preço do que compramos sobe sempre mais que o preço daquilo que
vendemos. A meu ver, a situação
nunca esteve tão má como agora.
Os preços dos factores de produção
são muito elevados e o produtor é o
que menos recebe: é ele que prepara a terra, que semeia e tem que investir, mas no final não tem garantia nenhuma de que o que recebe
lhe dá para pagar as despesas”.
Para Carlos Colaço ainda há muitas incógnitas. “E se o preço do trigo
agora está alto ninguém nos garante que no fim da campanha não haja
um excesso de produção aqui ou ali
ou uma mudança na política e que
os preços não desçam de tal forma
que mal dê para as despesas”. Essa
é também a opinião de José Fernando. “É o que eu acho que vai acontecer. Não acredito muito nessa política energética. Já há muito tempo
que ouvimos falar que as reservas
de petróleo se estão a esgotar, será
por isso que se estão a preparar com
os biocombustíveis, mas na minha
opinião ainda não se sabe muito
bem o que vai acontecer”.
Mais jovens, José Fernando, Vasco Canas e Carlos Colaço, também
agricultores em Castro Verde, concordam com José da Luz e dizem
que a situação é grave e que as saídas são poucas, numa região sobretudo de pecuária em extensivo, onde os cereais muitas vezes se
destinam apenas a forragem e a palhas. Para José Fernando “na nossa
região, no distrito de Beja, os bons
Apesar deste “renascimento” da
terrenos estão cultivados de olivei- produção de cereais, a região do
ras e de vinha. Depois sobram os Campo Branco tem tido na produoutros, que são os terrenos mais es- ção cerealífera, desde sempre, uma
queléticos, mais ruins. Tem que ser das suas componentes principais.
um ano excepcional para se faze- As alternativas têm sido poucas ou
rem aqui dois mil, dois mil e poucos nenhumas. José da Luz refere que
quilos por hectare. De facto, com houve alterações, mas sobretudo
os biocombustíveis esses terrenos nas técnicas e na maquinaria utilimarginais podem ser aproveitados, zada. “As alterações que se verificamas há a questão dos custos para os ram foram mais técnicas, porque o
cultivarmos. Está tudo alto, os com- que fazíamos antes é exactamente
bustíveis, os adubos e as produções o mesmo que fazemos agora: ceresão sempre fracas.” Carlos Cola- ais e pecuária em extensivo. Com a
ço afina pelo mesmo diapasão. “Na criação da Zona de Protecção Espemaior parte dos casos nem sequer cial estão-nos muito limitadas ouse justifica estarmos a semear um tras alternativas, Não temos acesterreno marginal. Não compensa, so ao regadio, do mesmo modo que
por muito bom que seja o ano”.
não nos é permitida a florestação.
Vasco Canas, no mesmo tom, rea- Daí que não tenhamos nem a alter-
“Alterações foram
mais técnicas”
nativa da floresta, nem a alternativa de pomares ou de olivais. Isso
limita-nos muito, sobretudo as camadas de agricultores mais jovens.
Quanto a mim, embora não fosse
em grandes áreas, podia-se dar a
possibilidade a um jovem agricultor de fazer algum regadio que permitisse, por exemplo, o olival ou outros pomares ou mesmo a produção
de forragens”.
Aliás, o mal-estar com a ZPE e
com as medidas compensatórias
introduzidas pelo Plano Zonal parece estar a crescer. “O Plano Zonal
quando foi criado tinha bons objectivos só que, ao longo dos tempos,
caiu muito na politiquice e sempre
que há alterações no Quadro Comunitário de Apoio o Plano Zonal
é revisto. Dá ideia que o Plano Zonal flutua à maré da onda política.
O que acontece é que um agricultor que adira ao Plano Zonal ao fim
de 5 anos não sabe se vai continuar,
já que desconhece as regras do jogo.
Um agricultor duma área vizinha
que faça floresta tem o problema
garantido por 20 anos, com ajudas
muito mais compensatórias. Em
contrapartida, o agricultor do Plano Zonal que protegeu a paisagem
e o ambiente, que contribuiu para a
protecção da natureza, tem ajudas
muito mais reduzidas e muito distantes daqueles que fazem floresta.
Foi uma luta que sempre travámos
para que essas ajudas fossem similares, mas que nunca conseguimos
ganhar. E as informações que tenho
sobre as ajudas para este novo ciclo do Plano Zonal é que elas estão,
mais uma vez, desajustadas”.
“O Plano Zonal é
para esquecer”
Relativamente ao cenário actual,
José Fernando é ainda mais pessimista. “Vou cumprir o último contrato das agro-ambientais, que foi
feito em 2004 e para o ano não sei
se vou aderir às medidas que saíram agora. Pelo que li, aquilo vai
ser muito complicado. Aqui na
zona não se pode fazer nada. Eu sou
agricultor em Castro Verde, se fosse agricultor em Beja, se calhar, ti-
nha alternativas. Aqui não! Bastava
ser em Ourique ou em Almodôvar.
Com o Plano Zonal acabámos por
ficar a perder. Primeiro, não podemos florestar. Agora praticamente nem temos Plano Zonal. Mesmo
que queiramos vender aos espanhóis, que estão comprando tudo,
eles não as querem porque não podem fazer regadio e, por isso, as terras valem muito menos aqui do que
fora do Plano Zonal”.
Para José da Luz “falou-se muito
em substituição do cereal por outro tipo de culturas, mas isso nunca aconteceu, nunca foi viável. Culturas alternativas ao trigo, à cevada
e à aveia ou ao triticale precisam
de água. Sem água não há quaisquer alternativas. A complementaridade aos cereais sempre foi a pecuária. Aqui predomina a pecuária
extensiva e depois há o aproveitamento de terras agrícolas para se
produzirem complementos. O cereal que produzimos, grande parte
das vezes, é utilizado para o fabrico
de rações para a própria exploração e para fenos e palhas. Em relação à pecuária houve, a dado, momento um aumento de bovinos,
mas neste momento está estacionário. Os ovinos, no entanto, prevalecem na região. Há 140 mil ovinos adultos, enquanto temos 22 ou
23 mil bovinas adultas. É um factor
importante da economia das explorações agrícolas”.
Mais jovens e
mais cultos
José da Luz diz que a região não
tem vindo a perder agricultores.
Pelo contrário. “Eu até acho que
aqui o Campo Branco é das zonas
onde aparecem mais jovens a virem
para a agricultura, muitos deles já
com cursos e mesmo licenciados,
que vêm dar continuidade às explorações dos pais. Pena é que não possam ter mais alternativas”.
E acrescenta: “Vivemos rodeados de papéis. É um absurdo. Os
agricultores estão completamente exaustos de papéis. A carga burocrática é imensa e não tem diminuído. O que tem evoluído é a
capacidade do agricultor e das suas
organizações conseguirem mexerse com toda essa papelada. Hoje já
muitos agricultores, e não só a camada mais jovem, recorrem à informática e à Internet”.
Mas nem tudo está tão mau assim, refere José da Luz com uma
ponta de esperança. “Considerando
a nossa região como uma zona, não
de terras marginais, mas de terras
pobres, com as dificuldades e com
a crise que tem estado latente, originada pelas condições climatéricas
adversas, os agricultores têm evoluído bastante e têm procurado criar
condições para poderem sobreviver
e dar alguma dignidade ao futuro
das suas famílias e da região”.
Reclamando por um Plano Zonal mais justo
Desde o início do Plano Zonal de Castro Verde, em 1995, que a Liga para Protecção da Natureza (LPN) e a Associação de Agricultores
do Campo Branco (AACB) têm desenvolvido
um trabalho de parceria para a implementação desta Medida Agro-Ambiental. O Plano
Zonal tem desempenhado um papel crucial na
manutenção de uma agricultura que promove
a conservação de aves que estão ameaçadas
mundialmente, funcionando como um instrumento de gestão activa da biodiversidade e da
conservação da natureza.
No Quadro de Programação Financeira
2000-2006, verificaram-se algumas alterações no Plano Zonal ao nível dos compromissos agrícolas e dos montantes de apoio pela
perda de rendimentos e custos adicionais.
Estas alterações financeiras tiveram um
impacte muito negativo, pois o Plano Zonal
deixou de compensar os agricultores pelo
serviço ambiental prestado. Sendo a agricultura uma actividade económica e produtiva,
rapidamente se verificou que outras opções,
como a florestação de terras agrícolas ou o
aumento dos efectivos pecuários, poderiam
trazer mais rendimento que manter as práti-
cas agrícolas tradicionais previstas no Plano
Zonal.
Conscientes da importância do Plano Zonal, a LPN e a AACB têm desenvolvido, desde
Julho de 2006, um esforço para sensibilizar
os decisores políticos da importância do
Plano Zonal, solicitando um enquadramento
mais justo no novo Quadro de Programação
para 2007-2013, através do novo Plano de
Desenvolvimento Rural Estas diligências
culminaram com reuniões em Bruxelas com
o Comissário do Ambiente e com a Comissária da Agricultura, durante o passado mês de
Setembro, para sensibilizar a Comissão Europeia relativamente a todo o trabalho desenvolvido ao longo de mais de uma década pelos
agricultores do Campo Branco na defesa da
biodiversidade ameaçada.
A AACB e a LPN continuam, assim, zelosamente empenhadas na defesa de um Plano
Zonal que reconheça o contributo inigualável
que os agricultores do Campo Branco já efectuaram e que se deseja que continue.
Rita Alcazar
(LPN)
O Campaniço
setembro/outubro 2007
cultura 12
Viola campaniça e viola caipira
Encontro de Culturas
Um encontro de violas que resultou na incursão
pela cultura de dois países. Um encontro que
juntou Pedro Mestre e Chico Lobo e que agora
resultou na edição de um CD.
CD pela preservação da
caipira e campaniça
Conheceram-se há apenas um
ano mas a cumplicidade que os une
parece existir desde sempre. Em
comum, partilham uma sonoridade rústica, profunda, característica
da região onde nasceram. Foi nesta perspectiva de afinidades que a
campaniça de Pedro Mestre se cruzou com a caipira de Chico Lobo,
tocadores de viola mas também
percursores de um processo de valorização e divulgação destes instrumentos.
Depois do encontro que encheu
a antiga Fábrica, em Castro Verde, Chico Lobo e Pedro Mestre editaram recentemente o CD “Encontro de Violas”, numa homenagem à
música que os une. Um álbum que
é não só o registo inédito do (re) encontro entre a cultura portuguesa e
brasileira, mas também a soma da
viola caipira de Chico Lobo com a
viola campaniça de Pedro Mestre
como símbolo da união entre os povos.
“Encontro de Violas” foi idealizado na Sete e é uma co-produção entre a Associação de Cante Alentejano os Cardadores (ACA) e a Viola
Brasil Produções. Nas palavras de
Chico Lobo o resultado da gravação
deste CD é como um reencontro entre mãe e filha. “A viola caipira é filha da viola campaniça. Têm uma ligação umbilical. A caipira deixa de
ser órfã e a campaniça ganha novo
sentido’’
Em Agosto, Pedro Mestre regressou ao Brasil para apresentação do
CD, juntamente com Chico Lobo,
numa tournée que se prolongou
até ao mês de Setembro e que percorreu várias regiões do Brasil, desde Minas Gerais, S. Paulo e Paraná. Contudo, o lançamento do disco
Pedro Mestre e Chico Lobo
não se limitará ao Brasil. Em 2008,
será a vez de Chico Lobo regressar a Portugal para outros “encon- “Encontramo-nos em Évora onde o que juntos poderiam desempenhar
tros” na companhia de Pedro Mes- Pedro me falou de todo o trabalho pela preservação, divulgação, vatre. Tudo em prol da divulgação de que se realiza aqui em Castro Ver- lorização destas culturas que se induas culturas que se interligam e de ao nível do ensino e da constru- terligam, Chico Lobo e Pedro Mescomplementam. O CD é prova des- ção da viola campaniça. Durante o tre decidiram percorrer Portugal e
se trabalho conjunto pela preserva- meu concerto em Serpa convidei-o o Brasil.
ção e valorização das duas violas en- a tocarmos algo juntos. Quando eu
Chico Lobo tinha apenas 7 anos
quanto tradições em ascensão.
bati na viola, e o Pedro bateu na vio- quando contactou pela primeira
la, percebemos que havia qualquer vez com a cultura da viola. Hoje é
O início de uma
coisa em comum. E tudo de impro- pioneiro da caipira no Brasil e uma
grande amizade
viso… O público ficou emocionado. referência da música de tradição.
Trouxe algo da memória. Recordou “Quando o meu pai recebia em nosFoi em Serpa, no III Encontro a campaniça que faz parte da iden- sa casa as Folias de Reis, que são
de Culturas, em 2006, que os dois tidade do Alentejo. Voltei ao Brasil acompanhadas de variados insvioleiros se cruzaram pela primei- convicto que precisava de trazer o trumentos, sendo o principal a caira vez. Chico Lobo, natural de São Pedro ao Brasil”.
pira, eu ficava deslumbrado com
João Del Rei, compositor e cantaE assim foi… Três meses depois o seu toque. Cresci ouvindo isso e
dor mineiro, curioso pela história actuavam juntos pelo estado de Mi- foi assim que aos 14 anos tive a mida campaniça, partiu em busca de nas Gerais. Foram notícia de pri- nha primeira viola e passei a tocar
Pedro Mestre. Hoje encara esse en- meira página. Tempos mais tarde, e a aprender sozinho.” Uma paixão
contro como “um grande aconteci- Serpa decidiu convidar os dois mú- que foi crescendo e que se matemento que ocorreu na vida de am- sicos para um espectáculo a dois, rializou verdadeiramente quando
bos”. Ainda em Serpa, durante a sua naquele que seria o IV Encontro Chico Lobo se mudou para a capiactuação no III Encontro de Cul- de Culturas. Desde então, decidi- tal de Minas Gerais. Aí começou a
turas, Chico Lobo convidou Pedro ram iniciar juntos um trabalho de pesquisar a viola e a aprender com
Mestre a subir ao palco, para uma resgate cultural das violas caipira e os mestres, os violeiros dos grotões,
participação especial, de improviso: campaniça. Conscientes do papel que lhe ensinaram o universo da
viola e as raízes profundas que explicam a sua origem.
Artisticamente lançou o seu primeiro trabalho em 1996. Em 1997
aventurou-se pela Itália, onde realizou dez espectáculos, despertando aos poucos o interesse da crítica sobre aquele novo violeiro que
chegava com a caipira às costas.
Hoje, a viola é tocada no Brasil inteiro, atravessando um período de
grande ascensão na música popular brasileira, agregando em seu
redor uma cultura popular tradicional, de riqueza e de valor inestimável para a humanidade.
Pedro Mestre e Chico Lobo, músicos que através das cordas das
suas violas tocam prosas mineiras
e alentejanas conduzindo o público numa viagem através das caravelas da história. Uma fusão que
Chico Lobo encara como imprescindível por considerar que juntos
podem “desenvolver um maior trabalho de valorização destes instrumentos.”
Santa bárbara de padrões
“Fragmentos da Memória”
Quem passou por Sta. Bárbara de Padrões no último fim-de-semana de Agosto não ficou indiferente à
festa: o cartaz diversificado, aliado ao espírito popular, esteve à medida de todos. A apresentação da
primeira edição da freguesia “Santa Bárbara de Padrões: Fragmentos da Memória” foi este ano um
dos grandes momentos das festas.
Foi no terceiro dia das tradicio- Bárbara de Casa (Andaluzia), Lenais festas da aldeia que foi apre- onardo Abreu, Presidente da Junsentado ao público o livro “Santa ta de Freguesia de St.ª Bárbara de
Bárbara de Padrões: Fragmentos da Nexe (Algarve), Paulo NascimenMemória”, a primeira publicação to, Vereador da Cultura da Câmara
editada pela Junta de Freguesia. Na Municipal de Castro Verde e Miguel
apresentação estiveram presentes Rego, coordenador da publicação e
Manuel dos Santos, Presidente da autor de parte dos seus textos.
Junta de Freguesia de St.ª Bárbara
Segundo Manuel dos Santos
de Padrões, Gonzala Santos, Presi- “este livro dará aos leitores a possidente da Junta de Freguesia de St.ª bilidade de conhecerem melhor a
freguesia, não só no ponto de vista
histórico, mas também ao nível da
geologia, das questões ambientais e
do território”.
A publicação nasceu no âmbito de
um projecto regional transfronteiriço que dura há já três anos e que tem
permitido o aprofundar de conhecimentos e o contacto com a realidade destas freguesias que partilham
em comum o mesmo topónimo. De
acordo com Leonardo Abreu, “o
objectivo deste projecto era tornar
mais conhecida a história das nossas freguesias, enquanto factor determinante para a identidade de
cada um de nós”.
A primeira fase desta colaboração
entre as três Santas Bárbaras acabou por ser o aprofundar do património histórico e cultural de cada
uma das freguesias, resultando em
cada uma delas na concretização
de um livro. Para breve aguarda-se
a realização de outras actividades,
nomeadamente de carácter recreativo e cultural.
Três dias de pura festa que, a par
da apresentação da edição, ficaram
marcados pelo convívio e pela presença dos emigrantes da terra que
reviveram uma vez mais a animação
característica da sua freguesia.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
cultura 13
Feira de Castro 2007
Mais um ano!
O tradicional cante alentejano, o fado, e
os ritmos tradicionais “encontraram-se”
este ano num espectáculo que marcou o
arranque de mais uma Feira de Castro.
Pelas ruas apinhadas de gente, houve
desfile de grupos corais que, a passo
lento, entoaram a genuinidade do seu
cante. Houve folclore algarvio e cante
ao baldão. Tudo ao sabor de mais uma
tradicional Feira de Castro.
C
astro Verde vestiu-se de gala,
uma vez mais, para receber
os milhares de pessoas que
anualmente acorrem a uma das
mais antigas e tradicionais feiras do
Sul do país.
Domingo, foi como sempre o
grande dia, mas o espectáculo evocativo deste momento histórico aconteceu logo na sexta à noite.
“Encontro na Feira” encheu o CineTeatro Municipal e levou a palco os
“Ganhões”, “Maio Moço” e o fadista
António Zambujo. Momentos musicais distintos, mas largamente
aplaudidos pelo público.
Estava dado o “pontapé de saída”
para uma das maiores feiras do país.
Das principais ruas da vila até ao
Largo, o espaço de mostra, compra e
venda de produtos, trouxe milhares
de forasteiros que encheram as ruas
formando um mar de gente. O Sol
inundou este ano a Feira de Castro,
dificultando o negócio aos vendedores de guarda-chuvas e agasalhos
para o Inverno. Mas será sempre assim: faça chuva, ou faça sol, haverá
sempre quem não goste!
No sábado, dia 20, a Banda da
Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro saiu à rua pelas
principais artérias da vila e à tarde cumpriu-se a tradição em mais
edição de dvd
Baldão na Feira de Castro
“Baldão na Feira de Castro”. Assim
se intitula o documentário editado
em DVD pela Câmara Municipal
de Castro Verde, durante a Planície Mediterrânica 2007. A apresentação aconteceu no Fórum Municipal, no dia 13 de Setembro e foi
transmitida em directo pela Rádio
Castrense, no programa “Património”. O documentário, produzido por José Luis Jones, reúne
imagens recolhidas no encontro
de baldão que aconteceu na Feira
de Castro 2006, e é fruto de uma
parceria entre a Cortiçol, a Câmara Municipal e José Luís Jones.
Com apenas 18 minutos de gravação, este breve documentário reúne à mesa cantadores de baldão
e tocadores de viola campaniça e
estabelece a relação desta manifestação com a última grande fei-
ra do sul, outora palco de grandes
desafios de despique e baldão que
animavam as muitas noites que
durava a feira. Fruto de uma organização diferente que já se tornou tradição na feira de hoje, o
conjunto de imagens assume-se
como um documento importante
para a memória cultural da região
e como uma introdução importante para um primeiro contacto com
o cante ao Baldão, procurando divulgar de modo pedagógico esta
tradição.
Depois da apresentação do
DVD, seguiu-se um encontro de
cante ao baldão, onde se reviveu
a proeza deste “canto de improviso”, onde os muitos cantadores
presentes responderam com rapidez e imaginação aos motes obrigatórios.
uma “Planície a Cantar” com desfile de grupos corais alentejanos. À
noite, no Restaurante Solposto foi
a vez do “XVII Encontro de Tocadores de Viola Campaniça e Cantadores de Despique e Baldão” homenagear esta forma de cantar de
improviso.
No Domingo a feira revelou-se,
em toda a sua exuberância, com as
amêndoas e os figos secos do Algarve, os pêros e as maçãs, as guloseimas, mas também as ultimas tendências em roupa e sapatos.
Para o ano há mais, com a certeza que esta é uma tradição que está
para durar. z
O Campaniço
setembro/outubro 2007
actividades 14
Projectos para todas as idades
Agora que o Outono chegou, é tempo de fazer o balanço das actividades que marcaram este Verão. Paralelamente aos ATL’s
infantis, a Câmara Municipal de Castro Verde promoveu nestes meses o projecto“RIR em Movimento” para animar as horas
vagas de pessoas com mais de 55 anos. Projectos para todas as idades que levaram a animação fora de portas.
T
odos os anos, o entusiasmo
de ocupar de forma divertida os tempos livres de Verão, traz dezenas de crianças para
esta iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Castro Verde,
que já dura há 10 anos.
Este ano, apesar de privilegiarem o contacto com o ar livre e
com as actividades desportivas, os
ATL’s não se limitaram a isso. O
projecto foi essencialmente formado por ateliers de diferentes
áreas, nomeadamente, ateliers de
expressão plástica, de educação
ambiental, de expressão motora e
visitas culturais
Com início a 9 de Julho, o projecto prolongou-se até ao fim de
Agosto e dividiu-se em dois pólos:
em Castro Verde, agrupando também as crianças das freguesias de
Casével e Entradas, e em Santa
Bárbara, estendendo-se às crianças da freguesia de São Marcos da
Atabueira.
Tudo em prol de uma uma ocupação saudável e enriquecedora
destes meses de férias e de um espírito de entreajuda mais fortalecido.
Paralelamente aos ATL’s, a Câmara Municipal de Castro Verde
decidiu este ano alargar a oferta e
promover o projecto “RIR em Movimento” com o objectivo de dinamizar os tempos livres de indivíduos com mais de 55 anos.
“Recrear, Inovar e Reabilitar”
foi o lema deste projecto que teve
como cenário a actividade física, a criatividade e o convívio. A
par de tudo isto, o projecto procurou essencialmente desenvolver um conjunto de actividades
inovadoras, determinantes para o
bem-estar dos participantes. Piscina, passeios, caminhadas e roteiros patrimoniais pelo concelho,
foram apenas algumas das actividades desenvolvidas nestes dois
meses.
A experiência, dizem os participantes, é para repetir. Para o ano,
a animação regressará aos espaços de sempre, com a promessa de
mais e melhores actividades.
Nesta edição, damos a conhecer
a opinião de miúdos e graúdos sobre os projectos de tempos livres
em que participaram, não fossem
eles os actores principais destas
iniciativas.
O Campaniço esteve na festa de
encerramento dos Atl’s e do projecto RIR em Movimento”. Entre
crianças e adultos ficámos a saber
aquilo que mais gostaram nestes
dois meses de actividade.
***
1. Este é o primeiro ano em que participas
nos Atl’s?
2. Porque é que decidiste participar?
3. O que é que mais gostaste nestes Atl’s?
4. Foste tu quem quis inscrever-se nos
Atl’s ou foram os teus pais?
5. O que aprendeste de novo nos Atl’s
deste ano?
6. E agora que os Atl’s encerraram, vais
sentir saudades?
7. Para além das actividades na piscina,
do cinema e das visitas, em que
outras actividades gostavas de ter
participado?
Marta Marques
1 2 anos
1. Não, já não é a primeira vez. Tinha 10 anos
quando me inscrevi.
2. Não gosto de estar desocupada, por isso
decidi participar. Assim pude vir à piscina
e divertir-me com os meus amigos. Gostei
muito deste ano, só tenho pena de para o ano
já não me poder inscrever.
3. Gostei muito do acampamento no Vale
Gonçalinho e do Peddy Paper. A piscina e
a visita aos Bombeiros foram outras das
iniciativas que mais gostei.
4. Uma amiga incentivou-me a inscrever. Depois
pedi aos meus pais e eles deixaram-me vir.
5. A visita que fizemos ao Fluviário de Mora
foi muito interessante e nesse dia vimos
exposições, aquários... Nunca lá tinha ido
e nesse dia fiquei a conhecer melhor os
diferentes tipos de peixes.
6. Sim, vou ter muitas saudades, até porque
depois deste ano já não me posso inscrever
mais.
7. Gostava de ter ido à praia fluvial, em Mora,
mas não levei fato de banho.
Ana Raimundo
11 anos
1. Não me lembro, mas já alguns anos que
participo.
2. Decidi participar por causa dos amigos, da
piscina e das brincadeiras. Pedi à minha mãe
para me inscrever e ela concordou.
3. O que mais gostei este ano foi mesmo o
acampamento e o Peddy Paper, mas também
gostei muito da visita ao Fluviário e de ter
feito mais amigos.
4. Os meus pais quiseram que eu me inscrevesse
mas eu também fiquei contente por vir, pois
sabia que vinha para a brincadeira.
5. Este ano, aprendemos alguns jogos
diferentes, como o Peddy Paper. Foi muito
engraçado.
6. Sim, agora vou sentir algumas saudades, mas
a escola está quase a começar. Para o ano há
mais! Ainda posso inscrever-me mais um ano.
7. As que realizámos foram interessantes mas o
que eu gostava mesmo era que pudéssemos
ter vindo todos os dias á piscina.
Mariana Dores
8 anos
1. Não. Há já dois anos que participo.
2. Inscrevi-me principalmente para poder
vir à piscina, sair e poder conhecer outras
pessoas e outros lugares. Tem sido uma boa
experiência. Nestes dois anos tenho sentido
algumas diferenças. Este ano, por exemplo,
gostei muito da ideia do acampamento.
3. Aquilo que mais gostei nestes Atl’s foi, sem
dúvida, o acampamento no Vale Gonçalinho e
a realização de um Peddy Paper, que foi muito
interessante. Nunca tinha acampado e adorei
a experiência.
4. Fui eu quem me quis inscrever e, entretanto,
perguntei à minha mãe que me disse logo
que sim. Acho que os Atl’s são bons para
nós porque nos ajudam a viver e a conviver
com outras pessoas que até então nem
conhecíamos.
5. Fomos à Sociedade e experimentámos alguns
instrumentos, como a trompa, o clarinete e
o trompete. Aprendemos também uma moda
alentejana cantada pelos Ganhões que se
chama “É tão grande o Alentejo”.
6. Vou sentir saudades. Gostava que os Atl’s
continuassem até à abertura da escola. Do
que vou sentir mais saudades é da piscina e
dos passeios.
7. Eu gostei de tudo, mas se fosse possível
gostava de ter feito uma visita à Alemanha.
***
1. O que o levou a participar no “RIR –
Recrear, Inovar e Reabilitar”?
2. Como descreve esta experiência?
3. Quais as actividades que mais gostou
neste projecto?
4. Acha que é importante desenvolver
este tipo de actividades para pessoas
com mais de 55 anos?
5. E agora que encerraram, vai sentir
saudades? Gostava que estes Atl’s
voltassem no próximo Verão?
Luís Jorge
Casével
1. Eu já ando na Ginástica há algum tempo em
Casével, e o João, que é o nosso professor
alertou-nos para esta iniciativa onde iriam
acontecer muitas actividades diferentes e
decidi participar.
2. Bem, eu só participei no RIR durante o mês
de Agosto e foi muito bom ter vindo. Gostei
muito das nossas vindas à piscina, duas
vezes por semana. Foi a primeira vez que
entrei numa piscina e agora até já sei dar
umas braçadas. Também gostei muito dos
professores. Foi tudo muito bem organizado.
3. Gostei muito de ir a Sintra, foi pena foi estar
a chover nesse dia. Mas foi muito bonito. O
convívio foi o melhor.
4. Estas actividades deviam ser sempre
desenvolvidas para pessoas da minha idade.
São muito boas para a cabeça e para o corpo e
ajudam uma pessoa a desenvolver.
5. Sim, vou ter saudades. Deus queira que para o
ano haja outra vez. Eu gosto destas coisas. No
meu tempo não havia nada disto. Diverti-me e
convivi muito.
Maria Cruz
Castro Verde
1. Gosto muito de conviver e aborrece-me estar
sozinha em casa. Aqui pude conhecer outras
pessoas e distrair-me um pouco.
2. Foram dois meses muito divertidos. Depois
de ter participado no mês de Julho, decidi
continuar e inscrevi-me nas actividades para
Agosto. Gostei muito da experiência.
3. Neste tempo todo, realizámos muitas
actividades, desde jogos tradicionais,
actividades aquáticas e caminhadas; passeios
e roteiros turísticos. Gostei muito de ter ido
a Belém e de conhecer os arredores da nossa
vila.
4. Sou uma pessoa activa e gosto muito de
conviver. Na minha opinião é bom que
existam este tipo de iniciativas para as
pessoas da nossa idade.
5. Vou, claro. Agora resta-me fazer a limpeza
da casa. Este projecto foi muito interessante
e para mim foi uma experiência nova muito
positiva.
Noémia Valente
S. Marcos
1. A Maria João avisou-me que ia abrir um novo
projecto durante os meses de Julho e Agosto.
Como preciso de fazer piscina, por questões
de saúde, inscrevi-me.
2. Esta foi a primeira vez que participei numa
iniciativa deste género e como tal achei tudo
muito interessante. Foi bom fazer novas
amizades.
3. Gostei bastante dos passeios, especialmente
os que fizemos a Nossa Sra. de Aracelis e a
Belém. Também gostei de visitar as igrejas do
concelho. Senti que aprendi coisas novas.
4. Sim, sem dúvida. Para além do convívio que
se cria, é sempre positivo participar nestas
actividades.
5. Sim, vou sentir algumas. Para o ano gostava
de me voltar a inscrever. Adorei a piscina.
Fizemos exercícios específicos, bons para a
minha saúde.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
reportagem 15
A Força da Fé
As coincidências da vida encaminharam o jovem para os caminhos da Igreja. A primeira missão foi vir para Castro Verde.
Terra pela qual se apaixonou e que agora deixou com a promessa de voltar, se possível, e com a certeza de que aqui se
sentiu feliz.
liliana valente
Por coincidências que o levaram a acreditar que elas não existem. Que têm um propósito e que
não acontecem por acaso, o Padre
Rui, seguiu os caminhos da Igreja
Católica. A data de nascimento foi
o primeiro prenúncio. Nasceu a 24
de Dezembro de 1964, no dia da celebração do nascimento de Jesus
Cristo. Era um facto demasiado
forte para se desprender dele. Foi,
por assim dizer, a primeira “coincidência”. As sendas da vida cruzaram-se sempre no mesmo ponto, parecendo indicar sempre na
mesma direcção. Tudo demasiado
forte. Tudo a produzir nele aquilo
a que se chama “vocação”. Acreditou nela desde sempre. Dizer que
as coincidências o levaram a acreditar na vocação não passa de pura
semântica, porque nunca tal foi
posto em causa nem foi uma coisa
a que fosse obrigado.
Nasceu em Ourém, distrito de
Santarém, num Ribatejo a pisar
a Beira Litoral. Terra da qual tem
saudades e onde teve uma infância que diz “normal”. Família, amiPadre Rui Valério
gos, brincadeiras e a fé. Sempre
a fé. Aos seis anos foi para a esco- olha para esse período de uma mala primária e aos sete, a segunda neira muito peculiar: “hoje vejo
coincidência. Desta vez, um triste que essas coisas não aconteceram
incidente, que o empurrou para o por acaso. Posso quase que dizer
Hospital Universitário de Coimbra. que os alicerces da minha vocação
Uma queda que lhe quebrou uma sacerdotal estariam a ser colocaperna, fê-lo passar tempo “infini- dos, por ventura, ali.” Segue-se o
to” longe da família e perto de mui- resto da escola primária, o Semitas desgraças, de muitas doenças e nário e a consequente Ordenação.
enfermos irreversíveis. Perto e lon- Primeira obediência: vir para Casge de mais para uma criança. Forte tro Verde. Decorria o ano de 1993
de mais mesmo para quem é forte. e acompanhavam-no o Padre CarFoi para ele uma experiência mar- los e o Padre Abel. Dois anos pascante, presenciou, durante quase 5 sados e voltou para Lisboa. Só em
longos meses, as desgraças vindas 2001 volta a Castro Verde, desda Guerra do Ultramar. Aí tomou ta vez sozinho, para a sua missão
“contacto com a realidade humana de seis anos. Parte agora com prona sua dimensão mais dramática, messas de, “se for possível”, voltar.
mais brutal.” Era a precoce prova Agora regressa para o mesmo sítio
de que a sua vida seria a de “man- em Lisboa, trabalhando na formadar a semente à terra”. Afirma que ção de futuros sacerdotes.
Tesouro da Basílica comemorou IV Aniversário
No passado dia 3 de Novembro, o Tesouro da Basílica Real assinalou o seu IV
Aniversário promovendo um concerto comemorativo pela Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1.º de Janeiro, que foi fortemente aplaudida, com
destaque para o solista André Dourado.
A iniciativa que se realizou no grandioso espaço da Basílica Real, evocou assim o surgimento do Núcleo de Arte Sacra, que integra a rede de museus da
Diocese de Beja. O projecto foi possível graças ao estabelecimento de uma
parceria, que levou à criação da associação Tesouro da Basílica Real, e que
permite actualmente abertura do templo e do museu ao público.
A Basílica Real é a principal peça do património edificado do concelho, pelo
que assume um papel muito importante na dinamização de roteiros culturais,
atraindo muitos visitantes.
A Obra
Não fala nela. Não a quer assumir
com a humildade cúmplice de quem
não quer os louros para si. Mas ela
é reconhecida, através dos vários
projectos em que se envolveu com
a comunidade. Os tesouros desvendados e publicitados estão agora à
mostra de todos como sinal da sua
passagem. O Tesouro mais rico de
todos, o da Basílica foi um projecto que abraçou e concretizou dando
a conhecer ao público peças únicas,
numa iniciativa também ela única.
Antes de partir quis deixar ainda
outra marca. Espera que em pouco tempo, o histórico relógio da Basílica dê as horas certas. Tirou-o
da arrecadação e procurou quem o
restaurasse. Encontrou o filho de
quem o tinha construído. Fé de família que com carinho abraçou esta
obra hercúlea.
Mas há mais. Há quem denote a
sua constante ligação com a comunidade. Não gosta de elogios, prefere reconhecer que fez amigos por
aqui e que leva consigo uma certeza:
“em Castro Verde fui feliz”.
A Fé do homem
e dos homens
A crença na vida religiosa, a Fé, é
como um membro da família, ou
um membro de si próprio: “no meu
sub-consciente, podíamos quase
dizer que nunca me compreendi,
nunca olhei para mim, nem tomei
consciência do meu nascimento,
da minha existência separada da
Neste momento está a decorrer um processo de diálogo entre diferentes parceiros que tem como objectivo a criação de um segundo núcleo de arte sacra
em Castro Verde, mais concretamente na Igreja da Misericórdia, juntando-se
assim ao da Basílica Real e ao Museu da Lucerna. Para além da exposição de
material, esta política tem subjacente a recuperação e valorização de espaços do nosso património edificado, bem como a salvaguarda e promoção do
mesmo.
Novos Párocos
Com a ida do Padre Rui Valério para Lisboa, assumiram funções nas paróquias do concelho os Padres Eduardo Osório e Ricardo Meira, pertencentes à
Ordem dos Missionários do Espírito Santo.
existência de Jesus.” Mas as coincidências estão sempre presentes e
“nunca são por acaso”. Foi por isso
que foi para o Seminário Monfortino. Findo o Seminário pensou ir
para a Faculdade de Direito, mas
preferiu descansar um ano e fazer
o noviciado. Diz que a ideia clara
de se tornar padre surgiu por volta
de 1984. A ordenação data de 23 de
Março de 1991. Depois de sair de
Castro Verde, em 1995, segue para
Leuven, na Bélgica, onde faz uma
pós-graduação, na Universidade Católica. Volta para Lisboa em
1996 onde fica cinco anos antes de
nova ingressão em Castro Verde.
De 2001 a 2007. Sete anos de
trabalho numa comunidade que
diz, tal como todo o povo alentejano, ter uma relação muito própria com a fé. Aprendeu a ver a fé
através dos olhos desses homens
e respeitou-a, integrou-se nela e
acreditou-a como uma forma diferente de viver a vida religiosa, não
menos bela, não menos verdadeira. A relação que se estabelece
com Deus é sempre uma relação
muito pessoal, relação que se tem
como quem se relaciona com a extensa planície. Essa coisa infindável sempre presente. Deve ser essa
a especificidade da fé dos alentejanos, essa coisa desprendida mas
forte. Não se explica. Sente-se. Foi
assim que olhou para este desafio,
como uma outra vivência enriquecedora.
Fundiu-se com a comunidade.
O cante “uma paixão”. As vozes
em uníssono das modas são como
“orações” cantadas, diz. Juntou a
sua às “Vozes de Casével” e viveu
em pleno essa prece das vozes graves, pedindo um Alentejo diferente e mais próspero. Deixa Casével
mas ficou-lhe o gosto. Em Lisboa já
procura um coral alentejano para
continuar a viver essa experiência
cultural tão própria do Alentejo.
O Campaniço
setembro/outubro 2007
novembro
Pomares, estercá-los no crescente, podá-los no Minguante, protegê-los das geadas. Plantar cerejeiras, pessegueiros, pereiras e macieiras, no Crescente. Plantar
batata, alho, couve temporã, tremoço. Semear cereais, fava, ervilha, e em camas
quentes alface, beterraba, cebola, nabiça, nabo, rabanete e tomate. Colher azeitona, beterraba. Na horta semear agrião, alface, cenoura, couves, com excepção da
couve-flor e brócolos. No jardim estercar covas para a plantação na Primavera de
árvores ou arbustos, e estercar as plantas contra o vento. Plantar bolbos de flores e
roseiras. Podar as roseiras.
FotoDestaque
Receitas
FASES DA LUA
Agricultura e jardinagem
Quarto Minguante – 1 Novembro
Lua Nova – 9 Novembro
Quarto Crescente – 17 Novembro
Lua Cheia – 24 Novembro
Quarto Minguante – 1 Dezembro
Lua Nova – 9 Dezembro
Quarto Crescente – 17 Dezembro
Lua Cheia – 24 Dezembro
Quarto Minguante – 31 Dezembro
Canja de Perdiz
Para 6 pessoas
Informações do Borda d’Água
Põe-se tudo a cozer em água
fria. Retiram-se a salsa atada, a
cebola, o toucinho e o osso. Desfia-se a carne das perdizes. No caldo passado coze-se o arroz. Á hora
de ir para a mesa, põe-se a carne
desfiada e os raminhos de hortelã
no fundo da terrina e rega-se com
o caldo a ferver. A linguiça e o toucinho que só deram gosto a sopa,
comem-se ao pequeno-almoço
do dia seguinte, sobre torradas de
pão alentejano, muito quentes.
O tocador de harmónica ou se
quiserem de “flaita de beiços”, fezse ao palco da tenda árabe na Planície
Mediterrânica. Já se mandavam
as valsas da Serra de Grândola e as
Papoilas tinham ensinado danças
dos nossos bailes de outros tempos.
Danças que agora se aposta em
revitalizar e salvaguardar. Neste foto
destaque aqui fica a homenagem
ao homem e ao instrumento que,
outrora, sem grandes aparelhagens,
eram suficientes para levantar o pó
do chão, animando até às tantas.
Manuel Florêncio
Planície Mediterrânica 2007
Recorrendo à temática local complete as palavras cruzadas.
1. Conhecido pelas suas mantas
2. É em Castro Verde no dia 29 de Junho
3. Erva que também é nome de rua
4. A cor do nosso campo
5. Diz o povo que às vezes alguém a tem curta ou solta
6. Localidade do concelho
7. Era utilizada para pintar as casas
8. Precede a Afonso Henriques
9. Diz o povo que é “andar na boa vida” ou “fazer troça de”
10. Monte com nome de algarismo
11. Todos os Santos têm um
12. É onde acontece o Património
13. Comida que pode ser de mão cheia
14. Estrutura de cera das colmeias
15. Canção alentejana
16. Local onde se tratava o cereal
17. Homem que trabalhava no campo
18. Agora
19. É quando nos lembramos de Sta. Bárbara
20. Dona da casa mais exótica de Castro Verde
21. Vento quente do Verão
22. O povo não gosta do ouvir cantar fora de horas
23. Homem que mais cabeças assa
24. Nome de rua e praça
25. Ribeira afluente do Guadiana
26. A dos Prazeres era a mais conhecida
27. Acontecem nos santos populares
28. Padroeira de Castro Verde
29. Título da Basílica
30. Chamar alguém é “dar de...” (popular)
31. Seara Nova é nome de
32. A procissão de Entradas é em sua honra
33. É quem levanta a moda
34. Antiga mina do concelho
35. Tema do nosso cancioneiro
36. Alimento base da nossa gastronomia tradicional
37. Forma de baile
38. Minério extraído em Neves – Corvo
39. O Abegão era perito em fixá-lo
40. Onde se fazem as mantas
41. Mês de feira
42. Bom sítio para se ir aos tordos
43. Poço com réplica no largo da feira
2 perdizes
1 fatia de toucinho
1 osso de presunto
Uma linguiça pequena
1 molho de salsa
Sal e pimenta
1 ramo de hortelã
Perna de Javali
assada no forno
Para 6 pessoas
1 perna de javali
2 colheres de banha
2 colheres de azeite
1 colher de colorau
6 dentes de alho
1 raminho de tomilho
ou alecrim
Sal e pimenta
Faz-se uma papa com todos os
temperos, sendo os alhos pisados.
Esfrega-se a perna de javali e deixa-se temperada uma hora. Salpica-se com tomilho e vai ao forno do pão. Vai-se regando com o
próprio molho. Assim que estiver
dourada, cobre-se com alumínio
e deixa-se ficar no forno até estar
completamente cozida.
Encharcada
Para 8 pessoas
0,5kg de açúcar
20 gemas e 4 ovos inteiros
2 dl de água
Canela em pó
Põe-se o açúcar ao lume num
tacho de fundo grosso, juntamente com a água até fazer ponto de
pérola. Entretanto separam-se
as gemas das claras, juntam-se
os ovos inteiros, batem-se ligeiramente com um garfo e passam-se
pelo passador. Juntam-se os ovos
à calda e mexem-se com uma colher de pau até cozerem. Deitamse num prato que possa ir ao calor e deixam-se 15 minutos sob o
grelhador para dourar. Serve-se o
doce frio, polvilhado com canela.
Soluções
1. Lombador 2. Feriado 3. Urze 4. Branco 5. Rédea 6. Neves 7. Oca 8. Dom 9.
Pagode 10. Sete 11. Dia 12. Rádio 13. Açorda 14. Favo 15. Moda 16. Eira 17.
Almocreve 18. Já 19. Trovoada 20. Maria 21. Suão 22. Galo 23. João
24. Liberdade 25. Terges 26. Moagem 27. Mastros 28. Conceição 29. Real
30. Vaia 31. Rua 32. Esperança 33. Alto 34. Ferragudo 35. Amor 36. Pão 37.
Roda 38. Cobre 39. Aro 40. Tear 41. Maio 42. Olival 43. Condessa
Palavras Cruzadas
LAZER&UTILIDADES 16
Receitas retiradas do livro
“Cozinha Tradicional do Alentejo”
de Maria Antónia Goes
O Campaniço
setembro/outubro 2007
cidadania 17
leones lima
Igualdade de oportunidades
Atravessou Portugal em cadeira de rodas. Mais de 700 km em protesto contra a desigualdade de
oportunidades. Castro Verde foi a penúltima etapa deste percurso que começou em Viana do Castelo.
© FOTO REVISTA CULTOS
José Leones Lima, 52 anos, paraplégico com 80% de incapacidade,
atravessou Portugal de lés a lés, de
Viana do Castelo a Faro, numa cadeira de rodas, com um objectivo
bem definido – protestar contra a
desigualdade de oportunidades de
cidadãos portadores de deficiência.
A viagem teve início dia 1 de
Agosto e dezoito dias depois, Castro Verde foi uma das paragens.
Uma estadia curta tendo em consideração a finalidade que levou
este homem a percorrer o país em
cadeira de rodas. Em Castro Verde foi recebido pelo Gabinete de
Educação e Acção Social da Câmara Municipal, seguindo-se depois
um almoço no Restaurante SolPosto e dormida no Aparthotel do
Castro.
Numa cadeira adaptada com
“pedais manuais”, Leones Lima
percorreu cerca de 731 quilómetros
(uma média de 35 a 40km por dia),
desde Viana do Castelo, até Faro, a
última etapa deste percurso.
Com esta viagem, Leones Lima
deu o seu “grito de protesto”, chamando a atenção sobre a lamentável situação em que vivem a maioria dos deficientes no nosso país.
Formado em electrónica, José Leones Lima foi Chefe de Departamento, Sub-Director e Director
Técnico em empresas de Electrónica Industrial. Está inscrito do
Centro de Emprego mas desempregado há três anos. Diz que se
inscreveu “numa ampla gama de
tarefas possíveis de executar com
qualidade” mas que as portas “se
fecham com um estrondo envergonhado quando vêem a cadeira
de rodas”. Para ganhar a vida começou a escrever. Neste momento
escreve o seu terceiro livro, um romance com 280 páginas.
Com o apoio de várias edilidades, José Leones Lima conseguiu
levar a efeito esta jornada que assinala o ‘Ano Europeu de Igualdade de Oportunidades” e que teve
como objectivo “protestar contra
a discriminação das pessoas portadoras de deficiência”.
As precipitações intensas são fenómenos meteorológicos característicos do período do Outono à
Primavera, embora possam ocorrer em qualquer altura do ano. Originam longos períodos de precipitação, por vezes com a duração
de vários dias, conduzindo à saturação dos solos, e proporcionado
a formação de cheias, com todas
as consequências associadas.
Estas precipitações podem durar
apenas alguns minutos ou horas.
As regiões planas, como o Alentejo e Algarve, são mais propícias à
sua formação. São fenómenos de
difícil previsão, que provocam rapidamente inundações urbanas
(habitações e estabelecimentos,
ruas e estradas), pela dificuldade de os colectores drenarem as
águas pluviais que se concentram
muito rapidamente, e podem ainda causar deslizamentos de solos
e sérios prejuízos na agricultura e
danos no ambiente.
Leones Lima em Castro Verde
energias renováveis
Pela saúde do planeta!
Os incentivos à utilização de
Até lá, dê o seu contributo na
energias renováveis e o grande in- poupança de energia! Existem peteresse que este assunto levan- quenos gestos que pode exercer no
tou nestes últimos anos deve-se à dia-a-dia, no sentido de contribuir
consciencialização da possível es- para uma utilização racional de
cassez dos recursos fósseis e à ne- energia. Tendo em conta uma sécessidade de redução das emissões rie de recomendações e conselhos
de gases nocivos para a atmosfera - úteis, é possível reduzir os consuos gases de efeito de estufa.
mos energéticos mantendo o conMatérias-primas como o petró- forto e a produtividade das activileo e o carvão têm vindo a consu- dades dependentes de energia.
mir-se rapidamente e são demasiaPara tal é necessário implemendo preciosas para serem utilizadas tar medidas e acções, que apesar
em processos de combustão para de simples, podem traduzir-se em
produzir energia eléctrica. Para significativas poupanças energéalém disso, ao serem queimados, ticas e económicas. Aqui ficam peestes combustíveis, produzem quenos truques para reduzir o congrandes quantidades de substân- sumo energético em sua casa:
cias poluidoras para o planeta. As
energias renováveis, por sua vez, Iluminação
são fontes inesgotáveis de energia
obtidas a partir da Natureza que m Utilize as lâmpadas económinos rodeia, como o Sol, o Vento, a cas: fluorescentes tubulares e as
Chuva, as Ondas do Mar, o Calor da fluorescentes compactas. EmboTerra ou as Plantas e poderão, num ra mais caras, emitem a mesma luz,
futuro próximo, e para bem de to- podem durar 8 a 10 vezes mais e
dos, vir a ser as mais importantes economizam até 80% do consumo
fontes na produção de electricida- de energia. m Prefira a luz natural
de. A energia solar, por exemplo, é (adapte a disposição da sala, quarcada vez mais utilizada no aqueci- to, etc.). m Desligue a iluminação
mento de água em habitações. No sempre que não precise. m Utilize
futuro, espera-se que a sua utiliza- lâmpadas com a potência adequação pelo homem aumente signifi- da às necessidades do local e tipo
cativamente.
de utilização.
Protecção
Civil alerta
Ferro de Engomar
a reduzir as trocas de água entre os
alimentos e o ar interior do frigorím Procure utilizá-lo o menor nú- fico.
mero de vezes possível. m O fer- m Nunca guarde alimentos quenro de engomar deve ser ligado, de tes no frigorífico, porque o choque
preferência, quando houver uma de temperaturas provoca a sua degrande quantidade de roupa para terioração e um aumento do conpassar. m Utilize a temperatura sumo de energia, para manutenção
correcta para cada tipo de tecido. da temperatura. m A regulação do
m As roupas mais delicadas devem termóstato é muito importante (as
ser passadas primeiro.
temperaturas recomendadas são
entre 3 a 5ºC para o frigorífico e Frigorífico
15ºC para o congelador). m Quando se ausentar de casa por períodos
m Deve evitar abrir desnecessaria- prolongados, se possível, esvazie
mente a porta, pense no
o frigorífico desligue-o
que vai buscar anda tomada.
tes de abrir o frigorífico,
uma
vez que a abertura das portas pode representar até
20% do consumo global
do electrodoméstico.
m Não encha
demasiado o frigorífico, para deste modo o ar circular livremente entre
os alimentos. m Coloque
a comida em recipientes de modo
A título de exemplo, as fortes chuvadas que ocorreram um pouco
por todo o concelho, em Novembro do ano passado, destruíram
estradas e caminhos municipais.
Após uma apreciação dos estragos, concluiu-se que esses locais
coincidiam principalmente com
zonas de pontes e pontões.
Na maior parte dos locais verificou-se que alguns agricultores,
provavelmente com a intenção de
evitar que os animais se deslocassem para a estrada, colocaram
protecções nos pontões. Porém,
essas protecções, em contacto
com os pastos acumulados, criaram um efeito tampa contribuindo para que a água passasse por
cima das estradas com facilidade,
rasgando a trincheira de queda.
Situações que, para além dos inúmeros estragos, podem pôr em
risco a segurança das pessoas.
Assim, no sentido de evitar situações idênticas durante os próximos meses, o Serviço Municipal
de Protecção Civil apela a todos
aqueles que tenham propriedades por onde passem linhas de
água com pontões, o favor de colaborarem de forma a evitar que os
mesmos fiquem obstruídos e causem transtornos desta natureza.
O Serviço Municipal de
Protecção Civil de Castro Verde
está ao seu dispor através do
telefone 286 320 700
[email protected]
Centro de saúde: 286 320 140
aaaaaaaaaa
O Campaniço
setembro/outubro 2007
leitores 18
Histórias, Lendas e Mistérios
Não polua
a natureza
Insatisfação e Pesar
No monte da Minhota, há um sobreiral e logo na ponta do sobreiral há umas sobreiras
altas e uma delas é a sobreira dos bonecos, essa sobreira tem uns bonecos desenhados
na casca cortiça, mesmo depois de lhe ser tirada a cortiça, trabalho que é feito de nove
em nove anos, passado uns tempos lá estão os bonecos desenhados, não me perguntem
porquê mas o que é certo é que os bonecos estão lá. Também junto à extrema com a herdade da Broca existe um cabeço que é o cerro do moinho da Broca onde, no princípio do
século XX, ainda existia um moinho de vento. O que vi do resto do moinho foi um pequeno planalto no cimo do cabeço. Na encosta do dito cabeço existe um chaparro com um
grande seixo branco por baixo. Chamam-lhe o “chaparro do seixo” e diziam que à tardinha aparecia um homem sentado no seixo e que era a alma do moleiro. Isso eu nunca vi,
mas o meu irmão Artur que era mais velho que eu dizia que o via com um colete cinzento
e a fumar um cachimbo, e outros moços que foram ajudas do meu pai também o viram.
Entre Aljustrel e Castro Verde existe uma estrada muito antiga que começa em Valdoca e atravessa as herdades do mau ladrão, broca, minhota, amendoeira, sobreira, corta
rabos, etc. e do monte da minhota parte uma estrada que vai até Messejana. Essa estrada cruza-se com a estrada de Castro e nessa cruz em noites de lua cheia iam lá fazer bruxarias com garrafas de bebidas, galinhas pretas, ervas, flores, etc. Eu sei porque quando
andava com os porcos via essas coisas mas não lhe tocava por medo, mas os porcos esses
não queriam saber das bruxas e comiam aquilo tudo.
No ano em que andei na escola na estação de Castro Verde, depois das aulas ficava na
brincadeira até às tantas da noite, um dia a minha mãe sem eu saber disse à minha prima Deolinda, que tinha mais dois anos que eu para me meterem medo, para que eu não
ficasse até tão tarde. É claro que arranjou a maneira de contarem histórias de medos, luzes, almas do outro mundo, almas de bico, etc. Bem, o que é certo é que eu depois de
andar uns quinhentos metros junto à linha de caminho de ferro que vai para Aljustrel,
comecei a ver luzes amarelas, verdes, azuis, já via uma égua branca sem cabeça tudo a
acompanhar-me do outro lado da ribeira. Eu só o que fazia era chorar. Fui até ao monte do Carregueiro, e pedi ao pastor das ovelhas que morava nesse monte, para que para
que o filho dele o Filipe fosse comigo até à minha casa. É claro, durante dois ou três dias,
não abalava tarde, mas depois comecei a pensar que essas luzes e medos só estavam na
minha imaginação, voltei ao mesmo e nunca mais tive medo dissessem o que dissessem.
Tudo isto são memórias doutros tempos.
Se o Campaniço achar que deve publicar estas memórias para que as pessoas se lembrem que sempre existiram estas lendas e mistérios, publique.
O planeta está moribundo
De tanta evolução
E as pessoas continuam
A deitar lixo no chão
É impossível estarmos satisfeitos com o
que se passa connosco: nas nossas vidas,
famílias, sociedade em geral. Connosco,
por ver que as pessoas que nos rodeiam,
só pensam em nos prejudicar, enganar,
roubar de toda a maneira e feitio. Quem
não tinha costume de duvidar das pessoas, tem que pensar que a maior parte delas só vive de enganos e vigarices, e
por isso o melhor é começar a duvidar de
toda a gente. Nas famílias também é muito triste. O que se verifica, em primeiro
lugar, é o interesse e não o amor que deveria existir entre pais e filhos. Haver solidariedade para com os mais velhos, pensar que um dia também vão ser velhos e
necessitar dos mais novos. Mas não é isso
que se verifica: põem-nos nos lares, vende-lhes o que lhes pertence e o desgosto
acaba com eles em pouco tempo. Esse é o
objectivo principal. Depois vão a Fátima
fazer penitência e fica tudo resolvido e a
consciência em paz… Como fazia aquele
assassino em série que matou três meninas de 16, 17 e 18 anos de idade. Acabava
de matar e depois ia a Fátima a pé. Aquilo
é que era “fé”. É nesta sociedade em que
nós vivemos!
E não há uma Justiça com mão pesada
para estes crimes que nos revoltam tanto? Começam por lhes fazer exames médicos, acabam por lhes “arranjar” doença
mentais que os consideram irresponsáveis dos seus actos. Vão sendo protegidos de todos os crimes que praticaram…
Tantas vidas ceifadas, tantas esperanças
perdidas, adiadas para sempre. As crianças também são muito mal tratadas, até
pelos pais, sendo ofendidas, violadas e
torturadas pelos que tinham o dever de
as respeitar e proteger de todo o mal. Os
nossos olhos choram com desgosto, o
nosso coração sangra de dor ao sabermos
que um tresloucado entra numa escola
mata dezasseis crianças, uma professora, uma funcionária, fere física e moralmente todas as alunas da mesma escola.
Porquê tudo isto…? Haverá alguém que
possa obter uma resposta plausível para
estas loucuras? Sim, porque só um louco varrido com instintos assassinos procederia assim. A loucura poderia vir de
repente, quanto à sua malvadez, essa já
estava dentro dele, sabe-se lá porquê…
Para nós, são pessoas ou crianças totalmente desconhecidas, mas esse facto
não obsta de maneira alguma a que mesmo de muito longe se sofra com tantas situações de injustiça e loucura criminosa.
A vida poderia ser tão e agradável se as
pessoas quisessem, mas infelizmente não
querem, preferem transformar o mundo
num arsenal de armamento para matar e
destruir cidades inteiras, destruir obras
de arte, coisa que esses assassinos nunca
saberiam fazer. Será que vale a pena viver
para se tomar conhecimento de tanta tragédia? Mas se isto nos servisse de conforto: saber que apenas podemos protestar e
revoltar porque não há forças com direito
de calar os nossos sentimentos enquanto
tivermos coragem para isso e não for proibido expressar a nossa modesta opinião.
Sebastião Augusto Manuel - Pinhal Novo
Caro Sebastião,
Porque não haveria o Campaniço de publicar estas estórias retiradas do nevoeiro da memória? Muitos são os dizeres que dão origem a estas situações que alimentam o imaginário e por vezes semeiam o medo. Já se dizem muito menos mas continuam a existir.
Mande sempre!
Elas dizem que não querem
No Ecoponto deitar
E pela sua ignorância
O clima está a mudar
Com esta evolução
Estragam o planeta
E qualquer dia isto vai
Mesmo tudo p’ro maneta
Já não há Verão nem Inverno
Vêem mas não querem crer
Há muita poluição no mar
E o peixe está a morrer
Cara Amiga,
Obrigado pelos
versos a apelar
à consciência
ambiental de todos
nós. Nunca é de
mais sensibilizar
para o equilíbrio
entre a actividade
humana e a
Natureza. Os
nossos pequenos
gestos todos
somados são muito
importantes. Aqui
fica o seu alerta.
Mande sempre!
Todos poluem a Terra
Disso eu tenho a certeza
Deitam-se gases no ar
E polui-se a Natureza
Esta coisa da poluição
Tem muito que se lhe diga
Mas alguns ainda dizem
Que isto é tudo cantiga
Mas eu também já ouvi
Que isto tudo é uma treta
E assim vão continuando
A poluir o planeta
Para bem de todos nós
Vamos lá reciclar
Não polua a Natureza
E o mundo vai mudar
Maria José Sebastião
Vale de Santiago
Caro Leitor,
Belo mote este do “Zé Saramago rural” / Incógnito trabalhador
... retrato de uma vivência rural que marcou tanta gente. Uma
homenagem. Aguardamos a próxima criação poética!
NECROLOGIA
Álvaro Manuel Custódio 83 anos – Entradas| Ana Bárbara Romano Palma – Beja| Ana Maria da Costa 91
anos – Mte da Figueirinha| António João Agostinho 77 anos – Entradas| Assunção das Neves Aires Pinto
89 anos – Casével| Beatriz da Conceição 69 anos – Rolão| Cândida Maria Contreiras 38 anos – Castro
Verde| Cândido Cavaco Fatias Pereira 64 anos – Beja| Carlos Figueira Revés 84 anos – Castro Verde|
Eduardo Maria de Matos 90 anos – Ourique-Gare| Eduardo Soares Ferreira 82 anos – Mte de Geraldos|
Emília Sousa Costa 77 anos – Casével| Idalina dos Santos Matos 87 anos – Entradas| Ilda Maria Catarina
Santiago 90 anos – Mte de Almeirim| Joana Fortes de Brito 73 anos – Entradas João Correia Branco 63
anos – Sta. Bárbara de Padrões| João Francisco 81 anos – Castro Verde| Júlia das Neves Guerreiro 87
anos – Castro Verde| Luísa Lança Damos 69 anos – Sete| Manuel Santos Lúcio 85 anos – Entradas|
Maria dos Prazeres Pereira 94 anos – Castro Verde| Maria Joana Santiago 87 anos – Entradas| Raul Maria
Bento 85 anos – Entradas| Sara Isabel Cordeiro 16 anos – Lisboa
“Zé Saramago”
Alquevei na Cavandela
Guardei cabras nos Janeiros
Ceifei trigo na Portela
Fui hortelão nos Pereiros.
Fiz atalho no Mourão
Mondei também nas Bicadas,
Semeei no Torrejão,
Fui seareiro nas Entradas.
Ordenhador nos Burunhaxos,
No Reguengo fui carteiro
Amansei mulas e machos,
Nos Gregórios fui caseiro.
Juntei cortiça amadia
No monte da Caldeireira
Fiz melão e melancia
Na terra da Ameixeira.
Lá na terra do Marguilho
Colhi grão de madrugada,
Fiz calcadoiros com trilho,
Limpei ao vento a cevada.
Mariana
Inácio cavaco
Faleceu a 19/08/07
Castro Verde
Albertina
Maria Mestre
Jacinto
José Pereira
Jacinto
Sales Neto
António
eduardo revés
Faleceu a 09/09/07
Castro Verde
Faleceu a 14 /09/07
Castro Verde
Faleceu a 25/10/07
Santiago do Caçém
Faleceu a 22/10/07
Castro Verde
A família participa o falecimento do seu ente
querido, agradecendo a todos os que o
acompanharam até à
sua última morada ou
que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.
A família participa o falecimento do seu ente
querido, agradecendo a todos os que o
acompanharam até à
sua última morada ou
que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.
A família participa o falecimento do seu ente
querido, agradecendo a todos os que o
acompanharam até à
sua última morada ou
que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.
A família participa o falecimento do seu ente
querido, agradecendo a todos os que o
acompanharam até à
sua última morada ou
que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.
A família participa o falecimento do seu ente
querido, agradecendo a todos os que o
acompanharam até à
sua última morada ou
que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.
Nas Cabeças, fui moiral,
De ovelhas, de alavão
Fui ao mato ao Garrochal
Tive um forno no Rolão
“Zé Saramago rural”
Incógnito trabalhador …
Estátua com pedestal
Na procura de um escultor
J.J. Alves da Costa
Rita Isidro
Cara Rita,
Recuperámos uma reflexão que nos havia
enviado e não foi possível publicar na
edição anterior. Aqui abrimos espaço à
sua legitima inquietação. Mande sempre!
O Campaniço
setembro/outubro 2007
leitores 19
Breve Desabafo sobre António Emídio Ventura
Como não concordo com as homenagens póstumas, nem com os nomes de ruas quando as pessoas já não estão entre nós e sou adepta de dizermos às pessoas que gostamos delas sem medos de represálias, eis-me aqui a escrever algumas palavras sobre António Emídio Ventura.
Neste tempo de viragem e numa altura em que na aldeia dos Aivados outros tempos se avizinham,
piores ou melhores só o futuro dirá, apraz-me escrever hoje algumas palavras (não é de modo nenhum uma homenagem), sobre um HOMEM que durante 30 anos ajudou (muito) uma aldeia comunitária do nosso país.
Sendo muito mais novo que António Carlos - nome porque é conhecido na aldeia( herança de seu
pai), desde sempre me lembro dele com carinho e quero aqui prestar-lhe algum tributo com as minhas humildes palavras e peço desde já desculpa se poucos defeitos lhe conseguir encontrar. Perfeito não é, pois defeitos todos temos.
De tenra idade lembro-me da sua moto potente e única que irrompia pela aldeia e anunciava a sua
chegada e algumas vezes lá íamos dar uma voltinha, com a sua filha pela rua sem saída. Lembro-me
perfeitamente das suas ausências na guerra colonial e como seus pais, esposa e filha viviam pendentes da chegada dos seus aerogramas. Da minha meninice pobre mas feliz nunca esquecerei as
suas chegadas do Ultramar: dos brinquedos que trazia para a filha e que todos compartilhávamos,
das frutas em calda que nunca tínhamos experimentado, da delicia que era entrarmos nos slides
que fazíamos com a filha. Nunca esquecerei o 1º. Romance (Jonh Chauffer Russo) que aos 11 anos li,
cedido por minha mãe que lhe tinha sido emprestado por António Carlos (o pai), homem bondoso ligado à pastorícia, mas à altura bastante culto e que só já recordo sentado num cadeirão de pau (cadeirão em lugar de destaque na sala de estar de sua única neta), sempre a ler e que muito nos incentivava, mostrando-nos sempre livros o que talvez feito nascer em mim o gosto pela leitura.
Dirão alguns que são palavras de saudosismo e não a falar dos 30 anos que esteve à frente da governação do povo de Aivados, mas sobre isso não me irei alargar muito pois, sou Aivadense (nascido e criado), de alma e coração, mas nunca me empenhei muito na parte politica. Sou interessado,
mas não participante activo.
Com o 25 Abril/1974 - versus fim da guerra colonial, Sargento Ventura fica no quartel de Beja e
começa o seu interesse(activamente) pela causa da herdade dos Aivados a que quase todos aderem
na que foi a grande “batalha”, entre o povo e os latifundiários que detinham parte da herdade como
sua,” batalha” que até hoje judicialmente ainda não está completamente vencida. Quando se chega ao fim do mandato da lista em vigência após o 25 Abril e há de novo eleições, pois sempre assim
foi nos Aivados, lá está António Ventura na frente e sempre durante 30 anos. Tanto tempo sempre
com a mesma pessoa a governar??!! Sim, somos uma freguesia/concelho de Dinossáurios!
Quando lhe foi confiado o destino de: terras, dinheiro (na altura doze contos e quinhentos) e
todos os pertences da aldeia para gerir com os seus companheiros democraticamente eleitos, começou um duro trabalho, de aprendizagem também para António Ventura que não teria na altura
grandes conhecimentos em áreas por onde teve de se aventurar, mas que volvidos 30 anos e contra
ventos e marés direi que estes anos enalteceram a minha aldeia. Dirão muitos: pode fazer-se melhor! Deixem-me duvidar… (e também não será difícil, dado o vasto património físico e financeiro
que foi entregue aos novos “governantes”). Duvido, mas estou de fora a ver e esperando que a lista agora eleita me mostre que estava enganada e gostaria de volvidos alguns anos voltar a fazer homenagem aos que estão agora à frente do destino da minha aldeia.
Lista essa que logo à partida não começou bem, uma vez que num universo de oitenta e tal votantes, só trinta e cinco votaram sim, todos os outros votos foram em branco, ou seja ficou demonstrado que a lista eleita é à partida perdedora e não vitoriosa, como se espera nestas coisas de votos.
Deixo o benefício da dúvida. O futuro dirá! Concordo que com a conta bancária recheada que fica e a
continuação de parcerias entre Câmara Municipal e Junta Freguesia e outras Instituições Locais se
pode fazer um bom trabalho.
Será matéria para outras crónicas, pois o que me traz aqui hoje é um simples tributo a um homem
que em matéria de ídolos masculinos, desde menino e depois de meus pais e avô (nesta altura não
tínhamos os Morangos com Açúcar/Floribella, para adorarmos), vem logo a seguir e que hoje merece aqui o meu muito obrigado, que se alarga certamente a toda a minha família, que mesmo sem ter
conhecimento do que estou a fazer me apoiará incondicionalmente. Pessoalmente agradeço poder
fazer parte do seu núcleo de amigos e atrevo-me a dar-lhe alguns conselhos: descanse, dedique-se
à sua família e a si próprio, coisa que nos últimos 30 anos descurou um pouco. Bem-haja!
Quem tão bom e tanto trabalho fez (ele e seus companheiros, claro), merece o descanso do guerreiro. Jamais se arrependa de ter sido: Justo, generoso, benemérito, teimoso, amigo de seu semelhante, coerente…e tal como diz o quadro herança de sua austera mãe:”Morre o homem, fica
a fama”, no seu caso a boa fama e para alguns incrédulos que possam pensar que estou a exagerar,
fica o seguinte ditado popular:”atrás de mim virá, quem bom de mim fará”.
A.P. Aivados
José Manuel Vargas é professor do Ensino Secundário e investigador de História Local e Regional. Nesta edição do Campaniço, publicamos um artigo da sua
autoria intitulado “O Foral de Castro Verde”. Um contributo documental sobre a
Carta de Foral, mais concretamente sobre a sua entrega e publicação em 1515.
O Foral de Castro Verde (1510)
A sua entrega e publicação em 1515
A recente edição do Foral
de Castro Verde, com reprodução fac-similada do original que se conserva na
posse da Câmara, veio colocar à disposição dos estudiosos novos contributos para o conhecimento
do processo de elaboração,
registo e entrega dos forais
manuelinos.
Um dos aspectos menos
conhecidos desse processo é precisamente a entrega e a publicação dos forais,
pois a maioria dos originais que chegaram até nós
não apresenta o registo do
auto de publicação e entrega, como sucede com o foral de Castro Verde.
Outorgado por D. Manuel,
em 20 de Setembro de 1510,
o foral de Castro Verde só foi
registado na chancelaria régia depois de 1512, pois foi
necessário aguardar que todos os forais das vilas de Campo de Ourique estivessem concluídos, já que foram registados
em conjunto a seguir ao foral de Santiago de Cacém que serviu de modelo, mas cuja concessão ocorreu em 20 de Setembro de 1512.
Curiosamente, o foral de Castro Verde, dado e assinado pelo Rei em 1510, apresenta
nas esferas do frontispício a data de 1512, o que demonstra ter sido a iluminura concluída numa fase posterior à execução caligráfica.
Feito o registo na chancelaria, foi colocado no foral o selo real de chumbo e foi rubricado pelo chanceler-mor Rui Boto na última folha, depois da assinatura do Rei. No foral de Castro Verde (fl. 12) podem ver-se quer a rubrica do chanceler (Rodericus) junto
à anotação “foral pera crasto verde”, quer o orifício por onde pendia o trancelim com o
selo régio, entretanto desaparecido.
Concluída esta primeira fase do processo, faltava então entregar o foral aos representantes do concelho e fazer a sua leitura pública, para entrar de facto e de direito em
vigor.
Foi o que aconteceu no dia 26 de Março de 1515, na presença dos oficiais concelhios e
do representante do senhorio da terra, que era comenda da Ordem de Santiago. Terminado esse acto, o escrivão da Câmara registou a seguinte acta:
Pruujcado foi o forall hatras estprito per pero fagrosso moço da camara d’el Rey nosso
senhor em ha camara da ujlla de crasto Verde xxbj dias de março Jbcxb perante Diego Alvarez escudeiro Jujz ordenayro em a dita ujlla E Ruy Diaz E Joham da Rossa uereadores E Domingos Fernandes procurador do Concelho, estando hy de presente Tristam Martins, Rendeiro das Rendas da comenda da mesma, sendo hy junta a maior parte do pouo que pera
Jsso em ispeçiall foi chamado como pollo Regimento de ssua alteza vinha ordenado. E
porque todo hassi passa na verdade asynaram haqui per cruzes e tambem hasinaram Gonçallo Vasquez e Luis Filisso E Gonçallo Ramirão E JorJe Diaz E eu Joham de contreyras, espriuam da camara que ho espriuj.
Na transcrição modernizada, pode ler-se: Publicado foi o foral atrás escrito, por Pedro Fragoso, moço da câmara de El Rei, nosso senhor, na câmara da Vila de Castro Verde,
26 dias de Março 1515, perante Diogo Álvares, escudeiro, juiz ordinário na dita vila, e Rui
Dias e João da Rosa, vereadores, e Domingos Fernandes, procurador do concelho, estando aí, de presente, Tristão Martins, rendeiro das rendas da comenda da mesma, sendo aí
junta a maior parte do povo que para isso em especial foi chamado, como pelo regimento de sua alteza vinha ordenado. E porque tudo assim passa na verdade, assinaram aqui
por cruzes. E também assinaram Gonçalo Vasques e Luís Felício e Gonçalo Ramirão e Jorge
Dias, e eu João de Contreiras, escrivão da câmara que o escrevi.
José Manuel Vargas
Nota da Redacção
O número de correspondência recebida por parte dos nossos leitores não nos permite publicar todos os textos. Foi feita uma selecção do conjunto que nos chegou às
mãos. Na próxima edição continuaremos a sua publicação. Os trabalhos podem ser
enviados por correio ou por email: Campaniço. Câmara Municipal de Castro Verde.
Praça do Município, 7780-217 Castro Verde. [email protected].
O Campaniço
setembro/outubro 2007
breves
ICNB vai criar
ZPE das
Piçarras
O Instituto de Conservação
da Natureza e da Biodiversidade apresentou as propostas
para a criação de novas zonas
de protecção especial, que surgem no contexto do processo
de colmatação da insuficiente
designação de áreas para aves
estepárias, decorrente do processo de contencioso comunitário. Destas novas zonas faz
parte a criação da ZPE das Piçarras, abrangendo território
dos concelhos de Castro Verde, Ourique e Almodôvar, num
total de 2827 hectares. O ICNB
argumenta que se trata de um
habitat em risco de fragmentação devido ao aumento de florestações recentes de pinheiro
manso na área circundante.
Após a conclusão da proposta
técnica, o processo entra agora
na fase de inquérito público.
AUTARQUIA 20
edifícios escolares
Transferência de titularidade
Escolas do Ensino Básico de Aivados, Almeirim, Geraldos, Namorados e
Piçarras vão ser sujeitas a obras de adaptação para reaproveitamento do
espaço. A utilização para actividades recreativas e comunitárias é um dos
objectivos da sua revalorização.
O endividamento líquido
bancário acumulado da Administração Local apresentou, no
final de Agosto de 2007, um
saldo positivo de 280 milhões
de euros.Regista-se assim uma
redução do endividamento líquido bancário relativamente ao período homólogo do ano
anterior, de que resulta um aumento do superávit de cerca de
272 milhões de euros. O Montante de capital em dívida junto
da banca decresceu 60% face ao
período homólogo do ano anterior. Este resultado positivo registado é o mais alto desde 1998,
representando, por um lado, o
inequívoco decréscimo do recurso ao crédito bancário, mas
também o aumento da liquidez
da Administração Local.
Aprendizagem
Conjunta
A Junta de Freguesia de Castro Verde proporciona, para os
meses que se aproximam, cursos direccionados a pessoas
com mais de 30 anos. A escolha
é variada e para todos os gostos.
Iniciação à informática, iniciação ao inglês, expressão plástica, português para estrangeiros
e bordados, são algumas das
aprendizagens disponíveis.
No âmbito do seu V Aniversário, o Grupo Coral “As Atabuas” de São Marcos da Atabueira organizou um encontro de
grupos corais como forma de
comemorar os seus cinco anos
de existência. A iniciativa aconteceu dia 27 de Outubro, em S.
Marcos da Atabueira.
Castrense
vence Torneio
da Rádio
O F.C. Castrense foi o grande
vencedor do 7.º Torneio de Futebol da Rádio Castrense, que
se realizou em Setembro passado. Esta foi a terceira vez que
a equipa castrense arrecadou o
primeiro lugar na competição
que juntou centenas de adeptos no Estádio Municipal 25 de
Abril, em Castro Verde. As restantes posições foram ocupada
pelos seguintes clubes: 2º Almodovarense, 3º S. Marcos e
4º Entradense.
Munícipios
Redução do
Endividamento
Bancário
Atabuas:
V Aniversário
Edifício Escolar dos Geraldos
Após aprovação da Assembleia
Municipal, a Câmara Municipal de
Castro Verde vai transferir a titularidade, a título gratuito, dos edifícios
escolares do 1.º ciclo do Ensino Básico de Aivados, Almeirim, Geraldos,
Namorados e Piçarras, para a Junta
de Freguesia de Castro Verde.
Uma decisão que teve por base o
encerramento dos respectivos edifícios e a sua capacidade de utilização para outras funções de interesse
comunitário, uma vez que, por razões de natureza demográfica, legal
e também de organização da rede
municipal de equipamentos educa-
tivos, consignada na Carta Educativa, não se perspectiva que os edifícios em causa possam vir a retomar
as funções escolares para que foram
criados.
A Carta Educativa recomenda assim que as escolas desactivadas devido à reestruturação da rede
deverão ser afectas a funções comunitárias de interesse público, nomeadamente à animação de projectos
Sócio-Culturais nas comunidades
onde se inserem. Nalguns destes
edifícios escolares já vêm decorrendo actividades sócio-culturais e
recreativas através de projectos di-
namizados pela Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Castro
Verde. De realçar que a Escola dos
Namorados já foi alvo de uma intervenção e já funciona como centro comunitário.
Assim, e reconhecendo o interesse destes projectos, a Câmara
Municipal acordou com a Junta
de Freguesia, a realização de obras
de adaptação e melhoria nalguns
destes edifícios com financiamento municipal, ao abrigo do protocolo de colaboração e delegação
de competências para o efeito celebrado.
Orçamento de Estado 2008
ANMP rejeita Proposta
O Conselho Geral da Associação
Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) rejeitou por unanimidade, a proposta de Orçamento de
Estado (OE) para 2008, alegando
que esta não contempla transferências devidas de centenas de milhões
de euros. Em causa está a “violação do estabelecido na lei de finanças locais”, uma vez que o governo
se comprometeu a um crescimento das transferências para os municípios equivalente ao crescimento
das receitas fiscais. Para este órgão
da ANMP, o crescimento das transferências para as autarquias deveria
ser da ordem dos 8%, equivalente
ao aumento das receitas fiscais (IVA,
IRS, IRC), e não de 4,5%, o que aca-
ba por lesar as autarquias em “cerca
de 200 milhões de euros”.
Para a associação, a proposta de
Lei do Orçamento do Estado para
2008 contém “diversos erros e
omissões, não cumprindo a Lei das
Finanças Locais imposta pelo próprio Governo em 2006, para além
de contradizer as afirmações proferidas pelo primeiro-ministro em
matéria de financiamento do poder local”.
“A proposta de OE para 2008 está
errada porque utiliza valores de cobrança do IRS diferentes dos que
constam da Conta Geral do Estado”
e utiliza “critérios irreais de distribuição do Fundo Social Municipal
que a própria Assembleia da Repú-
blica já rejeitou na Lei do Orçamento do Estado para 2007”, lê-se na resolução aprovada na reunião.
Quanto às omissões, a ANMP
alega que a proposta de OE “esqueceu as transferências de competências nas áreas do ambiente e
ordenamento do território”, acordadas com o primeiro-ministro em
Janeiro de 2007, e inscreve uma
verba insuficiente para satisfazer os
contratos-programa já assinados.
Exposição
“Projecto
Fábrica”
“Ser, Estar e Haver” é o título da exposição concebida
no âmbito do projecto Fábrica, patente ao público até 17 de
Novembro, no Fórum Municipal. Uma exposição que mostrou os trabalhos realizados pelos frequentadores do atelier e
a grande diversidade de sensibilidades que emergiram neste atelier de pintura. Ao todo 26
artistas, muitas probabilidades
e diferentes olhares para a realidade. Porque a pintura é isso
mesmo – “ser, estar e haver…”
Revista Cultos
tem novo rosto
Desde Outubro que a Revista
Cultos, editada no concelho de
Castro Verde, se apresenta nas
bancas com um novo design
gráfico e novos conteúdos informativos. Uma mudança que
se produziu também no site da
revista em www.revistacultos.
Onde é agora possível consultar as notícias mais recentes da
região e ter acesso a entrevistas
e crónicas de opinião já editadas. Tudo em prol de um produto jornalístico cada vez melhor e mais interessante a nível
informativo.

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