ANUAL DE ERGULHO Curso Avançado 2 Estrelas

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ANUAL DE ERGULHO Curso Avançado 2 Estrelas
CONFÉDÉRATION MONDIALE
DÉS ACTIVITÉS SUBAQUATIQUES
MANUAL DE MERGULHO
WORLD UNDERWATER FEDERATION
Curso Avançado
2 Estrelas
MANUAL DE MERGULHO
ÍNDICE
TABELAS DE MERGULHO
Tabelas de Mergulho ............................................................................... 05
Tabelas de Mergulho Repetitivo .............................................................. 06
Regras Gerais.......................................................................................... 08
Usando as Tabelas .................................................................................. 08
Planejamento de Mergulhos Repetitivos .................................................. 10
MERGULHO PROFUNDO
O Mergulho Profundo............................................................................... 14
Definições ................................................................................................ 14
Conseqüências do Mergulho Profundo .................................................... 16
Embriaguez nas Profundezas .................................................................. 16
Doença Descompressiva ......................................................................... 17
Sinais e Sintomas da Doença Descompressiva ....................................... 20
Tratamento da Doença Descompressiva ................................................. 22
Planejamento, Preparação e Técnicas .................................................... 23
Técnicas de Descompressão de Emergência .......................................... 28
Misturas Gasosas .................................................................................... 28
Mergulho de Saturação............................................................................ 29
Tabela de Mergulho Repetitivo ................................................................ 29
MERGULHO NOTURNO
O Mergulho Noturno ................................................................................ 32
Considerações Gerais ............................................................................. 32
Procedimentos para Mergulhos Noturnos ................................................ 34
Aquacidade Noturna e Sua Importância................................................... 35
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MANUAL DE MERGULHO
Equipamentos .......................................................................................... 36
Planejamento ........................................................................................... 40
Biologia Marinha ...................................................................................... 40
Bioluminescência do Plâncton ................................................................. 41
Protozoários ............................................................................................ 41
NAVEGAÇÃO NATURAL
Navegação Natural .................................................................................. 42
Estimando Distâncias .............................................................................. 45
Referências Naturais ............................................................................... 46
Relocalizando um Local de Mergulho ...................................................... 47
Orientação Subaquática .......................................................................... 47
Definições Básicas .................................................................................. 48
Navegação com Bússola ......................................................................... 49
Usando a Bússola.................................................................................... 50
Bússola – Marcação de um Rumo ........................................................... 51
Dicas de Como Usar a Bússola ............................................................... 52
SEGURANÇA DO MERGULHO
Segurança do Mergulho........................................................................... 53
Primeiros Socorros .................................................................................. 53
Avaliação da Vítima ................................................................................. 54
Parada Cardíaca Respiratória.................................................................. 54
Salvamento .............................................................................................. 56
Afogamento ............................................................................................. 57
Massagem Cardíaca Externa................................................................... 64
Hidrocussão............................................................................................. 65
Hiportemia ............................................................................................... 66
Prevenção do Pânico ............................................................................... 67
Cãibras .................................................................................................... 69
Insolação ................................................................................................. 70
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MANUAL DE MERGULHO
Desmaios................................................................................................. 70
Efistaxe .................................................................................................... 71
Lesões – Costas e Pescoço..................................................................... 72
Lesões Cranianas .................................................................................... 73
Lesões Comuns ....................................................................................... 75
Cortes e Arranhões .................................................................................. 75
Escoriações ............................................................................................. 75
Uso do Torniquete ................................................................................... 76
Mordidas e Picadas de Animais Marítimos .............................................. 77
PLANEJAMENTO DE MERGULHO
Planejamento de Mergulho ...................................................................... 80
Exercícios de Fixação .............................................................................. 85
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MANUAL DE MERGULHO
TABELAS DE MERGULHO
O corpo absorve nitrogênio durante cada mergulho. A quantidade
absorvida depende da profundidade e da duração do mergulho. Se a
quantidade de nitrogênio no corpo exceder um certo número crítico,
ocorrerá uma doença descompressiva após o mergulhador emergir, a não
ser que um complexo procedimento de paradas durante a subida,
chamado descompressão, seja seguido, para permitir a eliminação do
excesso de nitrogênio. Todos os mergulhos devem ser feitos dentro dos
limites de tempo estabelecidos. Os mergulhos que excederem estes limites
requerem descompressão, e não competem ao mergulhador de nível
básico. Os mergulhos feitos dentro dos limites de tempo destas tabelas
são chamados mergulhos não-descompressivos. Mergulhos a
profundidades menores que 9 metros não tem limite de tempo. À medida
que a profundidade aumenta o tempo de mergulho permitido para os
mergulhos não-descompressivos diminui.
Depois de um mergulho, o nível de nitrogênio do corpo retorna
gradualmente ao normal em 12 horas. Se um mergulho for feito dentro de
12 horas após o mergulho anterior, deve-se considerar o nitrogênio
residual no corpo. Quanto maior o tempo entre os mergulhos, menos
nitrogênio haverá no sistema. Para manter os níveis de nitrogênio no
corpo dentro dos limites de segurança, as tabelas desenvolvidas pela
Marinha Americana fornecem as seguintes informações:
1 - Tempo máximo que se pode ficar a uma profundidade que
permitirá ao mergulhador subir diretamente para a superfície sem fazer
descompressão.
2 - Classificação da quantidade de nitrogênio residual no corpo
após o mergulho, para ser considerada nos mergulhos subseqüentes.
3 - Descompressão necessária no caso do
acidentalmente exceder os limites de não-descompressão.
mergulhador
Não use os limites máximos de tempo fornecidos pela tabela. Mergulhe
conservadoramente e dentro dos limites de não-descompressão.
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MANUAL DE MERGULHO
TABELA DE MERGULHO DESCOMPRESSIVO
DEFINIÇÃO DOS TERMOS
1 - TEMPO REAL DE FUNDO: o tempo total em minutos desde o início da
descida até o início da subida.
2 - NITROGÊNIO RESIDUAL: nitrogênio remanescente no corpo depois
de um mergulho. São necessárias 12 horas para eliminar todo o excesso
de nitrogênio no corpo.
3 - GRUPO REPETITIVO: uma letra do alfabeto e usada nas tabelas de
mergulho para designar a quantidade de nitrogênio residual no corpo do
mergulhador após um mergulho.
4 - MERGULHO REPETITIVO: mergulho feito entre 10 minutos e 12 horas
após outro mergulho. Os mergulhos feitos antes de um intervalo de 10
minutos são considerados um único mergulho.
5 - TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL: certa quantidade de tempo, em
minutos, somada ao tempo de fundo de um mergulho repetitivo representa
o nitrogênio residual do mergulho anterior. A quantidade é obtida de uma
tabela usando-se a letra do grupo repetitivo.
6 - TEMPO DE FUNDO TOTAL: a soma do tempo de nitrogênio residual e
do tempo real de fundo de um mergulho, usada para determinar um grupo
repetitivo depois do mergulho repetitivo.
7 - LIMITES DE NÃO-DESCOMPRESSÃO: o tempo total de fundo
máximo que se pode ficar numa profundidade sem necessidade de
descompressão.
8 - LIMITES AJUSTADOS DE NÃO-DESCOMPRESSÃO: o tempo de
limite de não-descompressão menos o tempo de nitrogênio residual para
um mergulho repetitivo especifico. É usado para o planejamento dos
mergulhos não-descompressivos. O tempo real de fundo não deve exceder
os ajustes dos limites não-descompressivos.
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MANUAL DE MERGULHO
9 - PARADA DESCOMPRESSIVA: ficar numa profundidade específica
para um período de tempo específico durante a subida.
10 - ESQUEMA DE MERGULHO: a profundidade e o tempo total de fundo
de um mergulho expressos em profundidade e tempo, por exemplo: 27/30
= 27 metros por 30 minutos.
As tabelas são feitas para serem usadas em seqüência para mergulhos
repetitivos não-descompressivos. Existem três tabelas (uma é continuação
da outra), sendo:
TABELA 1
A tabela 1 é dos limites não-descompressivos e grupos repetitivos. Ela
fornece os limites máximos para o tempo de fundo, e uma letra para indicar
a quantidade de nitrogênio acumulado para vários tempos numa
profundidade determinada. A tabela também indica o tempo necessário de
descompressão na subida no caso do mergulhador exceder por engano os
limites não-descompressivos de um mergulho. Esta parte da tabela só
deve ser usada numa emergência, e não deve ser usada para mergulhos
normais.
TABELA 2
A tabela 2 é de crédito para intervalo de superfície. Ela fornece ao
mergulhador a perda gradual de nitrogênio que ocorre na superfície para
as 12 horas seguintes a um mergulho, até que o nível de nitrogênio no
corpo volte ao normal. As tabelas 2 e 3 só são necessárias para mergulhos
repetitivos. O grupo repetitivo mudará, passando para o início do alfabeto a
medida que o tempo passa, e desta maneira indicando um nível de
nitrogênio menor no sistema.
TABELA 3
A tabela 3 é de tempo do mergulho repetitivo, e fornece dois grupos de
números: os tempos de nitrogênio residual e os limites ajustados para não-7-
MANUAL DE MERGULHO
descompressão para mergulhos repetitivos. O tempo de nitrogênio residual
desta tabela é somado ao tempo real de fundo para se obter o tempo total
de fundo, que é usado para obter outro grupo repetitivo na tabela 1,
completando o ciclo.
REGRAS GERAIS
Ao usar tabelas de mergulho, as seguintes regras devem ser observadas:
1 - Use o número exato ou maior (o próximo) nos tempos e profundidades
de todos os mergulhos. As profundidades são dadas em metros, e todos
os tempos em minutos, ou horas e minutos separados por dois pontos, por
exemplo: 2:10 significa duas horas e dez minutos.
2 -
Suba em todos os mergulhos na velocidade máxima de 18
metros/minutos; você aprenderá a estimar a velocidade correta de subida
durante o treinamento.
3 - Use o esquema para a próxima profundidade maior
e o tempo maior
quando um mergulho for frio ou cansativo.
4 -
Planeje os mergulhos repetitivos de forma que cada mergulho
sucessivo seja mais raso. Isto auxilia a eliminação do nitrogênio e diminui a
necessidade de descompressão.
5 - Os mergulhos não devem exceder 40 metros de profundidade, sendo
de 30 metros o limite recomendado para o mergulho amador.
USANDO AS TABELAS
TABELA 1
Comece na tabela 1 verticalmente do alto na profundidade exata ou maior
mais próxima alcançada no mergulho. Selecione o tempo de fundo do
mergulho exatamente igual ou maior mais próximo. Siga a coluna
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MANUAL DE MERGULHO
horizontalmente para a direita para obter o grupo repetitivo de exposição.
Por exemplo, um mergulho de 18/30 colocaria o mergulhador no grupo F.
Um mergulho de 19/33 colocaria o mergulhador no grupo G; já que os
números exatos não se encontram nas tabelas, e os maiores mais
próximos são 21/35.
TABELA 2
Comece horizontalmente pelo tempo de intervalo de superfície. Vá para a
direita e selecione o tempo de intervalo de superfície. Siga a coluna
escolhida para baixo para obter o novo grupo repetitivo para o final do
intervalo de superfície. Por exemplo: um esquema de mergulho de 24/30
coloca um mergulhador no grupo G (veja tabela 1). Depois de ficar na
superfície por 1h30min, o mergulhador quer descobrir o novo grupo
repetitivo. Comece pela linha horizontal com a letra G. Um intervalo de
superfície de 1:30h fica entre os tempos 1:12 e 1:59. Descendo nesta
coluna, encontraremos o novo grupo repetitivo do mergulhador, a letra E.
Note que o intervalo de superfície for menor que 10 minutos, trate os
mergulhos como um único mergulho, somando os tempos de fundo e
usando a maior profundidade alcançada nos dois mergulhos para
determinar o grupo repetitivo. Porém, não é recomendado fazer pequenos
intervalos de superfície (veja tabela 2).
TABELA 3
A tabela 3 dá dois ítens de informações para o mergulho repetitivo. O
número de cima em cada coluna horizontal é o tempo de nitrogênio
residual em minutos para um grupo repetitivo específico, e deve ser
somado ao tempo real de fundo de um mergulho. A soma do tempo de
nitrogênio residual com o tempo real de fundo é o tempo total de fundo,
que é usada na tabela 1 para determinar o grupo repetitivo para um
mergulho repetitivo. O número de baixo em cada linha horizontal é o limite
ajustado para não-descompressão em minutos para a combinação de
profundidade com o grupo repetitivo. O tempo real de fundo não deve
exceder este período de tempo. Em vários casos, no canto esquerdo de
baixo da tabela, não há limite ajustado para não-descompressão. Isto
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MANUAL DE MERGULHO
porque o tempo de nitrogênio residual é tão grande nestas circunstancias
que é necessário descompressão. Nestes casos, suba um pouco, ou
estenda o intervalo de superfície para atingir um grupo repetitivo e um
tempo de nitrogênio residual menor. Um exemplo do uso da tabela 3 é o
que se segue: o mergulhador com grupo F no final do intervalo de
superfície planeja um mergulho a 18 metros. Nas coordenadas F e 18 na
tabela 3, encontramos 36 sobre 24. Isto significa que o tempo de nitrogênio
residual é de 36 minutos e o limite ajustado de não-descompressão é de
24. O mergulhador deve somar 36 minutos do tempo de nitrogênio residual
ao tempo real de fundo do mergulho, e o tempo real de fundo não deve
exceder 24 minutos (veja tabela 3).
VOLTANDO A TABELA 1
Para completar o ciclo do uso da tabela para mergulhos repetitivos, os
números do tempo totais de fundo para a profundidade do mergulho
repetitivo são usados para recomeçar na tabela 1 e obter o grupo repetitivo
para aquele esquema. Se, devido a algum erro, os limites de nãodescompressão forem excedidos num mergulho, a seção de
descompressão (quadrinhos pretos e brancos) da tabela 1 terão que ser
usados. Os números de cima indicam o tempo total de fundo, e o de baixo,
o numero de minutos que se deve ficar a 3 metros de profundidade durante
a subida.
PLANEJAMENTO DE MERGULHOS REPETITIVOS
As tabelas no mergulho amador são destinadas para mergulhos nãodescompressivos. Para mergulhos repetitivos, um planejamento adequado
assegura que os mergulhos serão feitos dentro dos limites de nãodescompressão.
Pode-se controlar isso limitando-se a duração e a profundidade do
mergulho, e planejando- se a duração do intervalo de superfície. O
equipamento necessário inclui profundímetro, placa, lápis, tabelas de
mergulho, e meios de acompanhar o tempo passado embaixo d'água.
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MANUAL DE MERGULHO
Você precisa planejar os mergulhos não-descompressivos usando as
tabelas e os fatores limitantes para determinar os esquemas de mergulho
não-descompressivos. Para um mergulho repetitivo, é preciso saber a
profundidade do mergulho planejado, ou o mergulhador deve limitar-se a
uma profundidade máxima no mergulho.
Também é preciso saber aproximadamente quanto tempo ficará naquela
profundidade. Com a experiência, pode-se estimar esse tempo facilmente.
Vamos planejar um mergulho repetitivo de 18 metros para um mergulhador
no grupo E. Na tabela 3, encontramos o limite ajustado para nãodescompressão de 30 minutos. Isto significa que nosso tempo real de
fundo não pode exceder 30 minutos. Este mergulho pode ser feito dentro
dos limites de não-descompressão, portanto, você estará seguro, mas e se
você estivesse no grupo G?. O tempo real de fundo de 18 metros não deve
exceder 16 minutos e poderemos ficar 25 minutos. Devemos limitar o
tempo real de fundo a menos que 16 minutos. Mergulhar mais raso, ou
aumentar o intervalo de superfície a fim de fazer este mergulho com
segurança. Suponha que nesta situação quiséssemos ficar a 18 metros por
25 minutos.
Como conseguir isto sem exceder os limites de não-descompressão?. Só é
necessário encontrar um limite ajustado para não-descompressão a 18
metros maior que os 25 minutos que queremos ficar la, encontrar o grupo
repetitivo relativo aquele limite de não-descompressão e, então, determinar
o intervalo de superfície mínimo necessário para atingir aquele grupo
repetitivo.
Neste exemplo, o primeiro limite ajustado para não-descompressão maior
que 25 minutos a 18 metros é 30 minutos, encontrado sob a coluna E.
Basta determinar o intervalo de superfície mínimo do grupo G para
alcançar o grupo E. Veja tabela 2, nas coordenadas horizontal G e vertical
E.
O tempo mínimo para alcançar o grupo E é de 1:16h, portanto, para fazer
um mergulho de 25 minutos a 18 metros sem descompressão, um
mergulhador no grupo G precisa esperar na superfície no mínimo durante
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MANUAL DE MERGULHO
uma hora e 16 minutos antes de mergulhar. Outra alternativa para o
mergulhador do grupo G é mergulhar mais raso do que 18 metros.
Mergulhando a 15 metros, o mergulhador poderia ficar 44 minutos acima
da duração de suprimento de ar.
Portanto, mergulhar mais raso é uma solução simples para situações onde
o tempo real de fundo for limitado devido ao nitrogênio residual.
As tabelas devem ser consultadas antes de cada mergulho repetitivo para
determinar os limites de não-descompressão do mergulho. Os
mergulhadores devem anotar isto nas placas, não esquecendo de anotar
também, os limites de não-descompressão para a próxima profundidade
maior, no caso da profundidade planejada ser excedida.
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MANUAL DE MERGULHO
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MANUAL DE MERGULHO
O MERGULHO PROFUNDO
Mergulhar profundamente pode ser emocionante. Em alguma oportunidade
você provavelmente precisará fazer um mergulho profundo. Apesar de
toda a excitação que isto pode provocar, tenha em mente sua própria
segurança, do seu companheiro e sua responsabilidade para com o
esporte. A segurança do mergulho profundo é expressa pelo
conhecimento, habilidade e equipamento adequado.
DEFINIÇÕES DE UM MERGULHO PROFUNDO
Se você já mergulhou uns 10 metros em apnéia, provavelmente ao olhar
para cima, você imaginou que a superfície parecia bem distante. Imaginese agora fazendo uma subida livre de 30 metros de profundidade. Haverá
uma considerável lâmina de água sobre você.
Mas o que pode ser considerado um mergulho profundo? Existe algum
limite seguro de profundidade para o mergulhador autônomo? Para
responder estas perguntas vamos considerar os seguintes conceitos que
se referem a mergulho profundo.
1 – TREINO E EXPERIÊNCIA
Para mergulhadores recém certificados, 8 metros já é fundo, a menos se
acompanhados de mergulhadores habilitados e experientes. Supervisão
profissional especializada é necessária durante sua exposição inicial ao
mergulho profundo para assegurar uma experiência tranqüila e segura.
2 – OBJETIVO
Não importa qual o motivo, qualquer mergulho além dos 18 metros deveria
ter um objetivo. Mergulhar apenas para ver quem vai mais fundo é
criancice. Você precisa de uma justificativa melhor como fotografia,
exploração de destroços observação de vida marinha ou para adquirir
experiência. Devido ao diminuto tempo de fundo dos mergulhadores além
dos 18 metros (60pés), um objetivo específico é necessário para ajudá-lo a
focalizar sua atenção na preparação e no planejamento. Um objetivo
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MANUAL DE MERGULHO
diminui a distração e aumenta a disciplina, auxiliando os mergulhadores a
serem mais eficientes.
3 – PREPARO PSICOLÓGICO
Estar psicologicamente preparado é tão importante quanto o preparo físico.
Treino e experiência são as melhores maneiras de preparar-se
mentalmente. O pânico, ansiedade, apreensão e os diversos tipos de
tensão estão diretamente relacionados ao preparo psicológico.
4 – PREPARO FÍSICO
O mergulho é basicamente um esporte relaxante, mesmo assim podem
acontecer momentos de grande esforço físico. Devido ao aumento da
pressão ambiental, você vai fazer maior quantidade de ajustes nas suas
vias aéreas, concentração e cadência respiratória. Uma possível
emergência pode solicitar maior resistência física e esforço a grandes
profundidades. O preparo físico começa com dieta adequada e exercício
físico. Se você vai mergulhar além dos 18 metros, esteja em boas
condições físicas.
5 – CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS
O ambiente a maiores profundidades é consideravelmente diferente do que
em águas mais rasas. A profundidade do seu mergulho deveria levar em
conta as condições aquáticas locais como visibilidade, correntes,
temperatura e luz ambiente. Um mergulho a 15 metros em águas de
visibilidade limitada contra a correnteza pode ser considerado demasiado
profundo para mergulhadores esportivos.
Como você pode ver, não há uma definição do que é um mergulho
profundo. As definições variam de mergulhador a mergulhador e de local
para local. Geralmente se considera que mergulhos além dos 18 metros
são profundos. PADI especifica 45 metros aproximadamente (130 pés)
como a profundidade máxima para o mergulho esportivo. Na realidade, 33
metros (100 pés) deveria ser o limite para o mergulho recreativo.
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MANUAL DE MERGULHO
CONSEQUÊNCIAS DO MERGULHO PROFUNDO
Se você é inexperiente em mergulhos profundos, você pode ficar sem ar
antes do esperado. O aumento da pressão a profundidades crescentes
requer um consumo de ar crescente. Devido ao aumento do consumo de
ar, seu tempo de fundo será muito reduzido a profundidades maiores.
A sua taxa de consumo de ar será influenciada pela profundidade,
experiência e treino prévio, eficiência natatória, condição física, tamanho,
grau de tensão, resistência à
respiração, manutenção inadequada do
regulador, hábitos de respiração,
vazamento de ar do equipamento e
compensação de flutuação.
Devido a tal quantidade de variáveis
imprevisíveis, você deve manter
constante vigilância no seu manômetro.
Retorno ao barco com pelo menos 25 atm (300 psi) de pressão na garrafa.
Certifique-se que tem ar suficiente para uma subida segura, possível
parada descompressiva e problemas na superfície.
Existe uma resistência maior a respiração ao mergulharmos mais
profundamente, devido ao aumento da densidade do ar. Respirar
rapidamente pode ficar cansativo. Em um mergulho profundo pode
acontecer que você solicite mais ar do que o seu regulador pode prover.
Pode acontecer de parecer que você tenha pouco ar quando ainda
dispuser de muito. Certifique-se de que seu regulador esta operando
eficientemente. Revise-o se não foi revisado nos últimos 6 meses. Para
diminuir a resistência a respiração em profundidade, respire devagar, use
um regulador balanceado e evite mergulhos extremamente profundos.
EMBRIAGUEZ NAS PROFUNDIDADES
Trata-se de um efeito do nitrogênio contido no ar que age sobre os nervos
das pessoas quando em certas profundidades (ou submetidos à pressão).
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MANUAL DE MERGULHO
O nitrogênio é um gás inerte e, a maior parte dos gases inertes, quando
respirados sob pressão, induzem um efeito anestésico.
Os sintomas são similares aos da intoxicação alcoólica. A gravidade
sintomática varia no mesmo individuo de um dia para outro e se torna mais
pronunciada com o aumento da profundidade e atividade. A ansiedade,
inexperiência, apreensão, água fria, ingestão recente de bebidas
alcoólicas, pouca visibilidade, níveis anormais de oxigênio ou de dióxido de
carbono e descida rápida (mais que 0,5 por segundo ou 75 pés por minuto)
agravam os efeitos da narcose.
Os sintomas são uma sensação geral de euforia, elação e bem estar além
do excesso de confiança, formigamento ou falta de tato nas pernas,
braços, lábios e gengivas, coordenação e concentração prejudicadas;
vertigem e perda de memória. Com a narcose
o maior perigo é a inabilidade de reconhecer
exatamente e em que grau você esta sendo
afetado.
Os efeitos mais graves da narcose acontecem
além dos 33 metros, mas freqüentemente os
sintomas aparecem bem antes em um grau
mais brando. Ao primeiro sinal de narcose,
para de descer e suba a profundidades menores. Os efeitos
desaparecerão assim que você subir a águas mais rasas.
No caso de seu companheiro comportar-se de forma estranho quando
mergulhando mais fundo, comunique-se com ele. Se continuar agindo
irracionalmente, conduza-o a profundidades menores. Muitas vezes não é
necessário emergir. Se ambos concordarem que a situação esta sob
controle após ascenderem uns metros, poderão continuar o mergulho
evitando locais mais profundos.
DOENÇA DESCOMPRESSIVA
E causada pelo excesso de nitrogênio acumulado nos tecidos que não teve
tempo de ser liberado pelos pulmões durante a ascensão a superfície.
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MANUAL DE MERGULHO
Como certos tecidos demoram mais tempo a
absorver o nitrogênio que se acumula durante
o mergulho e demoram mais a liberá-lo,
formam-se microbolhas nestes tecidos que
podem se expandir, provocando dores.
A quantidade de nitrogênio que é absorvida
pelo corpo depende da profundidade, duração
do mergulho e tipo de tecido. Os tecidos
profusamente irrigados se saturam mais
rapidamente que as cartilagens e a gordura,
cuja afinidade pelo nitrogênio e maior capacidade de absorção é bem
reconhecida.
Quando o mergulhador sobe, a pressão ambiente cai e os tecidos mais
irrigados (raidos) liberam o nitrogênio mais rapidamente através do ar
exalado. Os tecidos lentos como as cartilagens e gorduras podem demorar
muito tempo para liberar este excesso. Se o sangue não tiver a capacidade
de carregar o excesso de nitrogênio dos tecidos com a queda da pressão
ambiental, este excesso de nitrogênio pode formar bolha dentro da
corrente sanguínea ou dentro dos próprios tecidos. Isto acontece se a
descompressão é muito rápida ou inadequada.
Mergulhos de curta duração e profundos provocam absorção de grandes
quantidades de nitrogênio, ainda assim, devido ao perfil do mergulho, o
tempo de fundo foi insuficiente para que muito nitrogênio penetre nos
tecidos lentos. Ao final de tais mergulhos, se uma rápida subida acontece
ou se o tempo de fundo total exceder o limite de não descompressão, a
formação de bolhas pode ocorrer nos tecidos rápidos como o cérebro e o
sangue. Se tal mergulho deve ser efetuado, gaste pouco de tempo no
fundo e use-o para ascender à velocidade recomendada de 30 centímetros
pôr segundo. Evite este tipo de mergulho logo após mergulhos mais
longos. Este mergulho profundo, curto e repetido para localizar ancora ou
locais de mergulho podem ser perigosos.
A duração e profundidade de um mergulho são fatores importantes para
considerar; obesidade, idade e exercício após o mergulho também têm
sido apontados como fatores que aumentam a probabilidade de formação
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MANUAL DE MERGULHO
de microbolhas.
Os fatores seguintes têm sido indicados como agravadores das
possibilidades do aparecimento de sintomas de doença descompressiva:
1 - Banhos quentes. O aumento da temperatura provoca liberação mais
rápida do nitrogênio armazenado.
2 - O álcool alarga os capilares. Beber bebidas alcoólicas antes de
mergulhar aumenta a capacidade de absorção do nitrogênio durante o
mergulho. Bebendo após o mergulho vai facilitar a liberação mais rápida do
nitrogênio, podendo contribuir para a formação de bolhas.
3 - Desidratação: A perda de líquidos do corpo. Beba bastante líquido
antes de mergulhar.
4 - Sexo: Mulheres podem ser mais suscetíveis do que homens. Acreditase que assim se dá devido às mulheres geralmente terem maior
quantidade de tecido adiposo.
5 - Doença: Evidências documentadas indicam que mergulhadores
doentes ou em recuperação de uma doença recente, são mais suscetíveis
à doença descompressiva. As reduções das eficiências circulatórias ou
fraquezas gerais são as causas prováveis.
6 - Voar após mergulhar: A diminuição de pressão atmosférica durante o
vôo, logo após mergulhar, pode causar a formação de bolhas.
7 - Frio: Qualquer condição que dificulte a circulação pode aumentar a
probabilidade de doença descompressiva devido a diminuição da taxa de
eliminação do gás. Temperaturas baixas causam a constrição dos vasos
sanguíneos na pele e, por sua vez, pode resultar na formação de bolhas
logo abaixo da pele.
O uso de Lentes de contato rígidas durante mergulhos profundos pode
causar o aparecimento de bolhas imediatamente acima da córnea.
Algumas vezes dificultam a liberação das bolhas durante e subida. Lentes
de contato flexíveis são permeáveis e permitem a passagem do nitrogênio.
Sintomas pós-mergulho de formação de bolhas sob as lentes de contato
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MANUAL DE MERGULHO
rígidas incluem olhos doloridos e visão borrada. Tais ferimentos podem
infeccionar e causar danos permanentes à córnea. Os sintomas podem
persistir por até 2 horas após o mergulho. Muitos mergulhadores que usam
lentes de contato flexíveis nunca apresentam os sintomas, independentes
do perfil do mergulho.
Pesquisadores e oculistas recomendam a mergulhadores que necessitam
do uso de auxílio visual, lentes de contato flexíveis. Lentes de contato
rígidas podem ter um orifício único de 0,4mm no centro de cada lente, para
permitir passagem do gás. Uma máscara com lentes pode ser bom
substituto para lentes de contato.
SINAIS E SINTOMAS DA DOENÇA DESCOMPRESSIVA
Dependem da localização e do tamanho da formação de bolhas. Sintomas
geralmente aparecem num certo período após o mergulho: 50% dentro do
uma hora após; 95% dentro do 3 horas e 1% dentro de 6 ou mais horas.
Após 24 horas dificilmente o sintoma terá sido causado pôr doença
descompressiva. Entretanto, tem havido casos extremamente raros de
sintomas aparecerem semanas após o mergulho. O grau do aparecimento
dos sintomas dependa do tipo de tecido nos quais as bolhas de nitrogênio
se formaram. Sintomas relacionados cem o cérebro e medula vertebral
geralmente se desenvolvem mais
rapidamente que tecidos como
cartilagens e gordura.
Dores nas juntas e membros são os
sintomas mais comuns. Inicialmente a
área terá uma sensação de
amortecimento, após algumas horas
a dor será intensa e já foi descrita
como forte e latejante. O movimento agrava a dor e as pessoas
acometidas tendem a tomar uma posição inclinada para frente, que é o
mais confortável. Os ombros são mais afetados, mas a dor também
aparece nos pulsos, na pélvis, joelhos e tornozelos.
Se a formação de bolhas ocorrer nos tecidos nervosos, os sintomas podem
ser visão, dores no estômago, vertigem, náuseas e vômitos, dificuldades
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MANUAL DE MERGULHO
na audição e fala, fraqueza, torpor, perda de equilíbrio, dor de cabeça e
inconsciência. Lembre-se que alguns dos sintomas acima, como náusea,
dor de cabeça, dor nas costas, e fraquezas também podem ser associadas
a outros problemas. Se há suspeita de doença descompressiva, ministre
os primeiros socorros e encaminhe a vítima a uma câmara de
recompressão imediatamente.
As formações de bolhas de nitrogênio nas veias, dentro dos pulmões,
causam fortes tosse, dificuldade de respirar e dores no peito.
Exposições curtas e profundas tem sido a causa de erupções cutâneas.
Coceira se segue as erupções e são causadas pelas bolhas bloqueando
os capilares sob a pele.
Para distinguir os sintomas de doença descompressiva e embolia, observe
as características de cada uma abaixo:
DOENÇA DESCOMPRESSIVA
1 - Aparecimento dos sintomas tendem a demorar apesar de poderem
surgir ainda na água, quando da emersão;
2 - Dores nas juntas dos ombros, pélvis, joelhos e cotovelos são os
sintomas mais comuns;
3- Os sintomas tendem a acontecerem ambos os lados do corpo;
4- Os sintomas geralmente pioram ou não mudam com o decorrer do
tempo.
EMBOLIA
1 - O aparecimento dos sintomas acontece, quase sempre nos primeiros
10 minutos após a emersão ou enquanto o mergulhador estiver na água;
2 - A perda da consciência, problemas com a fala e visão e paralisia súbita
são os sintomas mais comuns:
3 - Os sintomas tendem a acontecer em um dos lados do corpo;
4 - Os sintomas podem diminuir antes da vítima chegar a uma câmara de
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MANUAL DE MERGULHO
recompressão, entretanto, sintomas que indicam perigo de vida podem
aparecer repentinamente.
TRATAMENTO DA DOENÇA DESCOMPRESSIVA
A demora na aplicação dos primeiros socorros ou tratamento médico pode
resultar em danos irreversíveis aos tecidos afetados. Respirar oxigênio
pode ser o tratamento satisfatório para os problemas menores causados
pela doença descompressiva, mas o único procedimento recomendado de
tratamento adequado é recompressão imediata em uma câmara de
recompressão. A recompressão reduz o tamanho das bolhas,
redissolvendo-as para dentro da corrente sanguínea.
Siga os procedimentos de primeiros socorros
abaixo para minimizar possíveis efeitos crônicos
em uma vítima de doença descompressiva
enquanto estiver a caminho da câmara do
recompressão:
1 - Coloque a vítima deitada em uma superfície
firme e reta;
2 - Ministre oxigênio imediatamente para ajudar
a drenar o excesso de nitrogênio do corpo;
3 - Mantenha a temperatura do corpo normal;
4 - Não ministre líquidos nem analgésicos;
5 - Observe cuidadosamente a respiração da vitima e ministre respiração
artificial se necessário;
6 - Transporte a vitima rápida e cuidadosamente para a câmara de
recompressão mais próxima.
Sempre procure obter assistência médica especializada tão rápido quanto
possível telefone para a câmara de recompressão mais próxima antes da
vitima chegar para que seja preparada e um médico requisitado ao local.
Importante: JAMAIS tente recomprimir uma vitima de doença
descompressiva com sintomas aparentes na água, porque os sintomas
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MANUAL DE MERGULHO
podem agravar e desenvolverem-se no fundo,
O tratamento de recompressão não deve ser conduzido na água, porque
exposição prolongada é perigosa e inconsciência e outros sintomas podem
ocorrer. Tratamento adequado requer recompressão a profundidades
extremas. A temperatura da água e suprimento de ar restringem as
possibilidades de completar uma recompressão sob a água.
PLANEJAMENTO, PREPARAÇÃO E TÉCNICAS
O mergulho profundo seguro requer planejamento adequado, preparação e
técnicas novas importantes. Planejamento deverá incluir previsão de
situações de falta de ar, descompressão de emergência, separação dos
companheiros, narcose, perda do cabo auxiliar de subida e desorientação,
para nomear umas poucas.
Em resumo, o planejamento de um mergulho profundo deveria incluir:

Verifique as condições de água do dia anterior e do dia do
mergulho;

Seleção do local;

Preparação de equipamentos e acessórios de apoio adicionais;

Inspeção cuidadosa do equipamento normal;

Localização da câmara de recompressão mais próxima e telefones
de emergência local;

Notifique a um não mergulhador sobre o seu mergulho e se
possível, peça a alguém para esperá-lo na praia ou no barco;

Estime o ar necessário;

Resolva qual o objetivo do seu mergulho;
- 23 -
MANUAL DE MERGULHO

Limite a profundidade e limite de fundo;

Delineie o horário do mergulho e planos alternativos;

Discuta as comunicações;

Escolha os métodos de entrada e saída adequados.
As maiores parte das técnicas utilizadas por mergulhadores esportivos
envolvem controle da compensação dos espaços aéreos, evitar
descompressões e prevenção da desorientação durante a subida, descida
e durante a permanência do fundo.
Antes de descer, relaxe e evite atividades cansativas. Neste momento
você deveria reavaliar as condições ambientais, prestando atenção
principalmente nas correntes, visibilidade e temperatura da água. Instale o
seu equipamento de emergência e informe ao não mergulhador que o
acompanha do seu plano de mergulho e procedimentos de emergência.
Uma vez dentro da água, sinalize OK ao seu companheiro de mergulho e
anote a hora. Pode ser uma boa idéia pré-compensar seus antes de
descer.
Usando um cabo guia para descer e subir, desça com os pés primeiro para
evitar a vertigem ou dificuldades de compensar. Desça devagar, (menos
que 0,5 metros pôr segundo), confira seu profundímetro para não exceder
a profundidade planejada. Mantenha contato com seu companheiro e
compense a sua flutuabilidade negativa crescente. Ao se aproximar do
fundo, pare o movimento de pernas para evitar agitar o sedimento do
fundo.
Quando estiver no fundo, verifique a posição do seu equipamento e
neutralize a sua flutuabilidade. Comunique-se com seu companheiro para
assegurar-se que tudo esta em ordem. Atente especialmente pelos
sintomas de narcose das profundezas.
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MANUAL DE MERGULHO
Se você tem que se separar de seu cabo de referência (subida e descida),
marque sua localização em referência ao ambiente. Faça uma marcação
na bússola e siga um rumo para longe do cabo e, cuidadosamente,
observe a distância que nada e as voltas que fizer. Mantenha um ritmo,
evite serviço cansativo que o leve a aumentar o nível de dióxido de
carbono e falta de ar. Constantemente verifique seu suprimento de ar e
profundidade.
Quando chegar a hora de subir ou se tiver completado seu objetivo, volte
ao cabo de referencia (ou cabo de âncora), usando a bússola e as
referencias naturais. Antes de começar a ascender, anote o tempo de
fundo. Remova um pouco de ar do seu colete e comece a ascensão a 18
metros por minuto. Sempre permaneça antes de sua menor bolha de ar
para assegurar-se não estar subindo demasiado rápido. Relaxe mantenha
contato e comunicação com seu companheiro enquanto verifica a área
acima. Confira seus instrumentos constantemente. Antes de chegar à
marca dos 3 metros resolva se uma parada de segurança é necessária.
Assim que tiver retornado a superfície, comunique-se e verifique as
reações de cada um. Evite nadar rapidamente para a praia ou barco.
Relaxe e nade devagar. Após remover o equipamento evite atividades
cansativas como puxar o cabo da ancora ou caminhar em ladeiras ou
rochas. Evite chuveiros quentes e álcool logo após o mergulho. Se você
estiver com frio, aqueça-se vagarosamente tomando líquidos quentes e
vestindo um casaco. Espere um prazo adequado antes de fazer outro
mergulho dentro das próximas 24 horas. Sempre faça mergulhos
repetitivos a profundidades menores. Tome bastante liquido antes de um
mergulho subseqüente.
Abaixo estão listadas técnicas importantes que devem ser usadas para
corrigir um plano de mergulho profundo que não deu certo:
Dificuldade em compensar: Suba até a dor parar, tente compensar
novamente. Se não conseguir, não force e aborte o mergulho;
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MANUAL DE MERGULHO
Se o fundo é mais longe que o planejado: Reavalie a situação
cuidadosamente. Verifique na sua tabela de mergulho qual o tempo de
fundo máximo de não descompressão da profundidade em questão;
Suspensão de sedimentos: Se você desagregou muito sedimento, mova
o peso do flutuador para outro local, aborte o mergulho se a visibilidade
chegar a zero;
Perda do cabo de ascensão: Juntos iniciem uma procura curta. Se não
forem bem sucedidos, comecem a ascender prestando atenção nos
instrumentos; permaneça abaixo das bolhas menores, mantenha o volume
pulmonar neutro e equalize sua flutuabilidade. Coloque uma mão acima da
cabeça e mantenha contato constante com seu parceiro enquanto observa
a área acima. Antes de emergir, pare, escute e observe para o caso de
haver barcos na superfície;
Sem ar: Dependendo da situação, você pode resolver iniciar uma subida
de emergência, respiração em 2 em 1 (cachimbo) com o companheiro ou
usar o 2º estágio de reserva do seu companheiro. Esta situação não
deveria acontecer nunca em mergulhos profundos. Sempre consulte o seu
manômetro submersível;
Mergulho cansativo ou frio: Use a profundidade e o tempo de fundo
seguinte de sua tabela;
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MANUAL DE MERGULHO
Variações na velocidade de subida: No caso de demora em subir de
profundidade abaixo de 15 metros (50 pés), aumente o tempo de fundo
total pela diferença entre o tempo de subida e a taxa normal de subida. Por
uma ascensão rápida, numa situação de não descompressão, onde o
tempo de fundo total (TFT) está dentro de 10 minutos do limite de não
descompressão, para a 3 metros (10 pés) pela diferença entre a taxa
normal de subida e a real;
Separação do companheiro: Inicie uma busca curta. Se não for capaz
de localiza-lo, suba e emerja. Não volte a descer para continuar a busca.
Se seu companheiro não emergir dentro de um período razoável de tempo,
procure auxílio com as autoridades de emergência locais;
Narcose das profundezas: Sempre suba a profundidades menores
quando sentir os efeitos da narcose;
Parada descompressiva omitida: Se o mergulhador emergir e descobrir
que era necessário parada descompressiva, mas esta não foi feita, devido
a distração ou falta de ar que o forçou a superfície, uma descompressão
pode ser feita reentrando na água, desde que o mergulhador não
apresentou sintomas de doença descompressiva e que o intervalo de
superfície não foi superior a 5 minutos. O mergulhador poderá então,
reentrar na água e descomprimir a:
12 mts por 1/4 do tempo de parada a 3 mts.
12 mts por 1/3 do tempo de parada a 3 mts.
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MANUAL DE MERGULHO
12 mts por 1/2 do tempo de parada a 3 mts.
12 mts por 1 1/2 do tempo de parada a 3 mts
TÉCNICAS DE DESCOMPRESSÃO DE EMERGÊNCIA
Um mergulho bem planejado é executado com segurança e nunca requer
paradas descompressivas de emergência. Entretanto, se um planejamento
de mergulho é alterado e o tempo de descompressão é necessário,
existem diversas técnicas que você pode usar para evitar dificuldades de
descompressão. Consulte a sua tabela de mergulho.
Se tudo foi arranjado adequadamente antes do mergulho profundo, uma
parada descompressiva de emergência no cabo de subida equipado com
cilindro e regulador, pesos e tabela de mergulho extra será mais fácil.
Verifique o seu tempo de descompressão e permaneça lá pelo período
adequado. Sempre mantenha seu peito na linha média do corpo a 10 pés
(3 metros).
Se você não conseguir localizar seu cabo de subida, você pode, ou subir a
10 pés e pairar durante o seu período de recompressão, ou, se estiver
perto de água rasa, nadar devagar até a profundidade de 10 pés até o
tempo de recompressão esgotar. Ambas as técnicas exigem esforço e
concentração para manter a posição a 10 pés da superfície. Porque você
esta longe dos seus cilindros de reserva, estas técnicas são perigosas e
deveriam ser usadas apenas em condições extremas de emergência.
MISTURAS GASOSAS
As misturas gasosas são feitas para tornar possível o mergulho em
profundidades onde o uso de ar comprimido é fisiologicamente proibido, e
também para aumentar a permanência em profundidades menores,
diminuindo assim a descompressão. Usam-se vários tipos de misturas que
veremos a seguir:
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MANUAL DE MERGULHO
MERGULHO DE SATURAÇÃO
Após o organismo estar saturado de gás inerte para a pressão de
exposição, nenhuma quantidade de gás a mais é dissolvida. Aqui, o tempo
de permanência não mais importa sendo a descompressão sempre feita de
acordo com a profundidade de mergulho e o tipo de gás utilizado na
mistura.
TABELAS DE MERGULHO DESCOMPRESSIVO
Esta tabela foi criada para fornecer ao mergulhador todos os dados
necessários para o planejamento de um mergulho descompressivo com
segurança.
Esta tabela está livre para uso para mergulhadores avançados , mas para
efeitos didáticos e disciplinares você mergulhador básico terá noções de
como navegar dentro dela. A confecção desta tabela trás embutido dentro
dela uma tolerância nos tempos de permanência no fundo, mantendo
assim o mergulhador em segurança. Mas isso não é suficiente, o
mergulhador deve ter a consciência de sempre executar o que foi
planejado e com tolerância sobre os tempos limites.
Esta tabela está dividida em 6 colunas:
1 - COLUNA: PROFUNDIDADES
Estas são dadas em metros. Quando não houver na tabela a profundidade
desejada, pega-se a maior.
2 - COLUNA: TEMPO DE ACESSO
Este tempo é dado em minutos e é calculado até a primeira parada,
obedecendo a velocidade de subida de 18 metros por minuto . As demais
paradas se houver serão desprezadas pela distância entre uma e outra. Se
não houver parado o mergulhador retornará direto a superfície, respeitando
é lógico a velocidade de subida.
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MANUAL DE MERGULHO
3 - COLUNA: TEMPO DE FUNDO
Estes são dados em minutos. Quando na houver na tabela o tempo
desejado, pega-se o maior.
4 a 8 - COLUNA: PARADAS DESCOMPRESSIVAS
Estas paradas são dadas em minutos e serão feitas nas seguintes
profundidades 15m, 12m, 9m, 6m, 3m. As paradas descompressivas são
necessárias quando a saturação de nitrogênio em nosso organismo,
derivado de um excesso de tempo além do limite de não descompressão
(curva de segurança) em uma determinada profundidade.
9 - COLUNA: GRUPOS REPETITIVOS.
Estes grupos são dados em letras e serve para designar a quantidade de
nitrogênio residual contido no organismo após o mergulho, que deve ser
eliminado em um próximo mergulho feito num prazo de 12 horas.
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MANUAL DE MERGULHO
TABELA 1 - TABELA PARA MERGULHO DESCOMPRESSIVO COM
AR COMPRIMIDO
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MANUAL DE MERGULHO
O MERGULHO NOTURNO
As pessoas mergulham a noite por curiosidade, desafio ou verdadeiro
interesse. Quanto aos primeiros, logo que percebem que durante o dia há
mais coisas a ser observada é natural que abandonem este hábito, após
algumas experiências. Acrescenta-se a isso a falta de sol para o
necessário aquecimento.
Quanto aos desafiantes, para os quais o mergulho noturno representa
algum tipo de afirmação pessoal, uma vez conseguido seus intentos dãose por satisfeitos e não mais mergulham a noite.
Resta-nos um grupo de pessoas que possuem um interesse específico por
algum tipo de observação que só pode ser realizada a noite. Essas
pessoas sempre mergulharão noturno e tenderão, cada vez mais, a se
sofisticarem em equipamentos e técnicas, tornando-se verdadeiros experts
no assunto.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Durante o mergulho noturno a primeira diferença a ser constatada é a
redução do campo de visão. Se durante o dia podem ser localizadas,
facilmente, regiões particulares e agrupamentos gerais de pedras, à noite
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MANUAL DE MERGULHO
serão percebidos apenas pequenos segmentos disto. Isto é: À parte destas
referencias que forem abrangidas pelo foco da lanterna. Em torno haverá
sombras vagas e escuridão.
Caso se tenha sorte, entretanto, à parte enfocada poderá apresentar
aspectos ainda não observados durante um mergulho (peixes ou moluscos
em típica atividade noturna). Mas talvez o mais interessado a ser
observado se constitua, justamente, no efeito das águas na escuridão.
Dependendo da qualidade das águas, nesta noite, todo verão que ela
brilha fosforescentemente.
Com as lanternas apagadas todo o contorno do mergulhador se torna
como que irradiante, bem como os movimentos realizados desprendem
pequenas fagulhas de luz que lentamente se apagam. Isto se deve ao fato
da existência de um micro organismo pertencente ao zooplancton, cujo
nome é “Nocte Lucca” (um tipo de vaga-lume microscópico do mar,
espalhado por toda massa d’água). Quanto menos luz, mais se nota a
presença deste fenômeno, durante os movimentos realizados.
Naturalmente, em águas poluídas, a presença desse micro organismo é
quase nenhuma. De qualquer modo, a noite sempre oferecerá a
oportunidade de observação de alguns animais que, durante o dia,
permanecem escondidos em suas tocas. São seres de hábitos noturnos e
caçam após o pôr do sol. Durante esse período muitos peixes de
atividades diurnas encontram-se como que dormindo, permitindo mesmo
que sejam tocados. É o caso dos Bodiões (também chamados de peixe
papagaio) que segregam um muco protetor e nele se envolve para
adormecer. Moréias costumam abandonar a sua toca para caçadas
noturnas. Em razão disso podem apresentar um procedimento mais
agressivo à noite. Outros animais eu são observados em pouca quantidade
durante o dia (caranguejos) aparecem em atividades durante a noite.
Procure não tocar nos animais que se encontram “adormecidos”. Tanto
você como eles podem se machucar. Aprecie e respeite, não intervindo
naquilo que não foi você quem organizou.
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MANUAL DE MERGULHO
PROCEDIMENTOS PARA MERGULHOS NOTURNOS
1ª - O ideal é que já se tenha mergulhado, durante o dia, no mesmo
local que se vai mergulhar à noite.
2ª - Aproveitando-se a luz do dia, é interessante elegermos áreas
específicas para a observação noturna, balizando o itinerário para atingilas, seja por meio de bússola, seja por meio de cabo guia.
3ª - Um mergulho prévio no local (no mesmo dia ou em dia anterior)
proporciona excelente descontração para o noturno. É durante este
mergulho que recomendamos eleger os “points” a serem observados
durante a noite.
4ª - Aguardar de 2 a 3 horas após o pôr do sol para iniciar o mergulho.
Este é o tempo para que os animais comecem a desempenhar seus
hábitos noturnos.
5ª - O ideal é a formação de equipes pequenas e que todos os
mergulhadores respeitem o que foi convencionado em relação a disciplina
de luzes (prática de lanternas).
6ª - Deslocar-se lentamente e parar muito, para poder observar um pouco.
7ª - Convencionar sinais de lanterna do tipo: subir, retornar, socorro, etc.
8ª - As possibilidades de auxílio mútuo se reduzem bastante durante a
noite, embora a luz da lanterna propicie menos possibilidades de
separação das duplas. A redução da visibilidade impede a observação de
vários detalhes do equipamento próprio e do equipamento do companheiro
(vazamentos, fivelas mal ajustadas, etc.). Portanto, antes de iniciar o
mergulho, cheque minuciosamente o equipamento. Se você possui algum
material com leitura fosforescente para ser consultado na obscuridade,
exponha-o a uma luz forte antes do mergulho.
9ª - É importante contar-se com um elemento, a bordo, que seja bom
nadador e esteja em condições de, na superfície, prestar socorro a um
mergulhador que tenha se desgarrado do grupo sem ter sido notado.
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MANUAL DE MERGULHO
10ª - Evite impactos no equipamento e entre na água com suavidade.
11ª - Ilumine o local de entrada na água, para evitar uma desorientação
espacial causada peça escuridão. Nade para o local do mergulho
lentamente, com a lanterna acesa e prestando atenção para não se chocar
com os demais companheiros.
12ª - Na subida mantenha o facho da lanterna voltado para cima, visando
liberar o seu caminho, bem como permitir que o pessoal a bordo o
identifique.
13ª - Não aponte a lanterna para os olhos do companheiro. Aponte-o da
cintura para baixo, deixando seu rosto na obscuridade.
14ª - Não procure chamar o companheiro com movimentos desordenados
de lanterna. Use o som. O ideal é que você realize o mergulho ao alcance
do braço da dupla.
15ª - Possuindo uma segunda lanterna reserva, leve-a também ao
mergulho. Outros sinais adicionais (tintas químicas) podem ser colocados
em parte do equipamento.
16ª - Mesmo que a temperatura da água esteja excelente, use roupa
completa. Você não terá visão para desviar-se a tempo de medusas e
outros seres urtificantes.
AQUACIDADE NOTURNA E SUA IMPORTÂNCIA
Os seres marinhos são verdadeiros sensores vivos. A forma como a vida e
a sobrevivência se estabeleceram neste ambiente obrigou-os a
desenvolverem dispositivos de permanente identificação, uns sobre os
outros. Estes dispositivos serão tão mais eficientes quanto de mais longe
puderem ser utilizados. Para tal mister, usam a vista, o olfato, as vibrações
sonoras e as mecânicas.
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MANUAL DE MERGULHO
Lembre-se de que os peixes podem sentir a forma da s coisas à
distância (tato) pelas vibrações captadas em sua linha lateral (linha de
escamas que percorre longitudinalmente o animal).
O homem, neste ambiente, quase nada ouve, e enxerga num
ângulo e numa profundidade muito pequena e tem seu olfato reduzido a
zero. Se, além de todas essas limitações, ainda lhe falta luz, torna-se um
total incompetente para a percepção do que lhe está próximo. Mas nem
por isso é menos percebido pêlos formidável sensor da vida marinho tem.
Se acaso você se movimentar desordenadamente, os seres
marinhos lhe captam como você perceberia a chegada de um caminhão
com o silencioso furado e com a buzina em curto, tocando. Você sumiria
da frente da tal aberração, correndo.. É assim que os peixes fazem. Por
isso há gente que vê muitas coisas em seus mergulhos e outras nada
vêem.
Lembre-se de que é preciso parar para poder observar. Um
mergulhador mal lastreado terá sempre dificuldades neste intento.
Finalmente, considere que mesmo que você nada tenha visto,
certamente você terá sido notado por todos que lá estavam, como se o
mais claro dos dias fosse.
Portanto, mergulhe como se fosse você mesmo um peixe, em
harmonia com água, sem pressa e sem desorganização.
EQUIPAMENTOS
O mergulhador, além do equipamento normal, deve portar:
I - LANTERNA
Deve-se
importantes.
antes
de
comprar
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uma
lanterna
verificar
fatores
MANUAL DE MERGULHO
1 – Sistema de vedação
Os melhores são aqueles em que o o-ring fica na sua base e não na
tampa. O o-ring deve manter um abaulamento em relação ao seu encaixe
e deve permanecer fixo para não rodar nem torcer ao fechar a lanterna.
2 – Sistemas de acionamento
Existem três tipos:
2.1 – Magnético: são os melhores,
pois permitem que não haja um
contato do interruptor externo com a
parte interna da lanterna. O
funcionamento
é
simples.
O
interruptor externo é constituído de
uma barra magnética (imã) que
aciona duas lâminas internas, por
cima da parede da área interna da
lanterna, dando contato.
2.2– Interruptor liga – desliga: muito
usado, mas seu perfeito funcionamento só ocorre durante algum tempo,
devido à utilização na vedação de um o-ring interno que se desgasta com
o decorrer do tempo, permitindo assim a penetração de água. Estes
interruptores devem possuir uma trava de segurança, para que não haja o
acionamento da lanterna durante o transporte.
2.3 – Pressão sobre refletor: não é muito usado por não permitirem a
função liga – desliga no fundo. O funcionamento é o seguinte: rosqueia-se
o refletor até que haja o acionamento do foco de luz, e depois se retorna o
mínimo até haver o desligamento. Com esse mínimo retorno, você permite
o mínimo contato, que só será acionado quando ocorrer a ação da pressão
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MANUAL DE MERGULHO
sobre o interruptor. Por esse motivo é que esse sistema não é
aconselhado para o mergulho diurno.
3 – Tipos de Lâmpadas
Existem três tipos:
3.1 – Comum: foco de pequeno alcance e aberto de cor amarelada
3.2 – Kripton: foco de longo alcance e mais concentrado do que o comum,
cor gelo.
3.3 – Halogêneas: foco de longo alcance, mas com uma vantagem sobre
as demais: permite um foco concentrado para longas distâncias, e aberto
para pequenas. Deve-se tomar um cuidado muito grande com seu
manuseio, pois qualquer contato com a pele pode danificar a lâmpada.
4 – Refletores
Existem dois tipos:
4.1 – Espelhados lisos: são os mais usados, mas não permitem uma boa
ampliação do foco.
4.2 – Espelhados desenhados: permitem maior ampliação do foco em
relação aos lisos. Deve-se tomar cuidado com o manuseio de ambos, pois
qualquer contato com a pele escurece-os.
5 – Baterias
Existem três tipos:
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MANUAL DE MERGULHO
5.1 – Comuns (pilhas): com uma autonomia pequena, e comum, ela não
permite ao mergulhador detectar o final de sua carga.
5.2 – Alcalinas: com uma autonomia maior em relação a comum, ela já
permite ao mergulhador detectar o seu final. Só que essa vantagem se
perde em relação ao preço entre uma e outra.
5.3 – Recarregáveis: com uma autonomia bem superior as demais, elas
permitem um mergulho tranqüilo, sem que haja problema de se apagar de
repente, e que se recarregará facilmente em uma tomada 110/220V. Seu
preço é alto no ato da compra, mas se tornará algo compensador com o
tempo.
Todos os tipos de baterias devem ser colocadas na lanterna em locais
onde na haja contato com o ar marítimo ou com a água salgada, evitando
assim, possíveis oxidações.
Já existe no mercado um equipamento que substitui a lanterna de
sinalização de equipamento (primeiro estágio). Este equipamento é o
CYALUME.
Este cyalume consiste num tubo de plástico que contém dois tipos de pósfluorescentes e que em contato entre si, produzem luz; para isto, basta que
se torça o tubo.
II - BÚSSOLA
Deve ser de fácil leitura, com
mostradores fluorescentes para facilitar a visão
no escuro. Pode ser de pulso ou pode estar
contida no console, e deve ser usada para
determinar o curso a ser seguido usando pontos
da superfície como referência. Ou através da
graduação, tanto no fundo, como na superfície.
A graduação determinada para o curso de ida
será relativa para a volta.
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MANUAL DE MERGULHO
PLANEJAMENTO
Nunca é demais dar ênfase a um prévio e meticuloso planejamento.
Todos os detalhes deverão estar verificados antes da imersão. Tempo de
fundo, profundidade a ser atingida e cálculo de nitrogênio residual já
preestabelecido. Quase sempre o mergulho noturno enquadra-se em um
sucessivo, a praxe é realizar um diurno no local para reconhecimento
prévio.
Por isso, o mergulhador deve dar preferência ao uso da tabela 2
(mergulho sem descompressão), seu tempo de fundo, deve ser também
controlado pela equipe de apoio (embarcação). Consultar a tabela 4, caso
seu mergulho se enquadre num sucessivo, com o intuito de certificar-se de
seu tempo real de fundo.
BIOLOGIA MARINHA
PLÂNCTON MARINHO, FITOPLÂNCTON E ZOOPLÂNCTON
PLÂNCTON MARINHO
São organismos que flutuam movidos pelos ventos,
ondas ou correntes.Tamanho muito pequeno ou
microscópios inclui muitos protozoários.
FITOPLANCTON:
São organismos unicelulares, livres ou
coloniais, capazes de sintetizar sua própria
biomassa
utilizando
energia
luminosa
(fotossíntese). Constituem a base das cadeias
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MANUAL DE MERGULHO
tróficas marinhas, servindo de alimento diretamente ao zooplâncton
herbívoro.
ZOOPLANCTON OU PLÂNCTON ANIMAL:
É um grupo extremamente variado e
compreende representantes de quase todos os
grandes grupos de animais marinhos.
BIOLUMINESCÊNCIA DO PLÂNCTON
A bioluminescência observada pelos mergulhadores: produção de luz
pelos seres vivos, é encontrada em grandes números de organismos
marinhos, principalmente planctônicos.
As hipóteses para explicar a bioluminescência sugerem que a mesma seja
um mecanismo para assustar a presa e facilitar
a evasão e que apresente um papel de atração
entre indivíduos da mesma espécie para facilitar
a reprodução. Este reconhecimento seria
efetuado através de comprimentos de onda da
luz específicos para cada espécie.
PROTOZOÁRIOS (Filo Protozoa)
Organismos geralmente microscópicos unicelulares, ou seja, organismos
de apenas uma célula, podendo alguns formar colônia.
Forma variável, mas em regra constante (oval, esférica, alongada ou
disforme). A locomoção faz-se por meio de flagelo, de pseudópodes, de
cílios ou de movimentos da célula. Apresentam um ou vários núcleos, mas
possuem órgãos ou tecidos diferenciados. Algumas espécies apresentam
conchas protetoras. Tem vida livre, parasita ou comensal. Reprodução
sexuada ou assexuada.
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MANUAL DE MERGULHO
Do grande número de protozoários marinhos que existe na fauna
brasileira mencionaremos um, que facilmente se pode observar.
Noctiluca miliaris: Flagelado planctônico que apresenta a
particularidade de se tornar fosforescente quando é agitada a água em
que se encontra. Este fenômeno observa-se com freqüência nas noites de
verão, quando se trabalha a beira mar ou se efetua mergulhos noturnos.
Neste último caso, os movimentos dos mergulhadores são aco mpanhados
por toda uma plêiade de pequenos pontos luminosos.
NAVEGAÇÃO NATURAL
As pessoas raramente se dão conta de como é difícil para os
mergulhadores saberem sua localização sob a água. A visibilidade é
limitada, referências são raramente disponíveis e a inadequação dos
sentidos ao meio contribui para a desorientação. Apesar deste e de outros
problemas, mergulhadores habilidosos podem navegar sob a água com
precisão razoável.
Quando um mergulhador passeia sob a água, movendo-se de forma,
irregular e sem direção, para frente, para trás, para os lados, etc.. ele
pouco saberá sobre a sua localização.
Utilizando algumas técnicas de navegação bastante simples, o
mergulhador tem condições de evitar nadar na superfície por longas
distancias após o mergulho; ajuda as duplas a se manterem juntas porque
mantem uma direção comum e facilita reconhecer um determinado sítio de
modo que poderá ser relocalizado mais tarde.
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MANUAL DE MERGULHO
A técnica mais simples de navegação submarina é seguir uma direção
mais ou menos reta até a metade do mergulho e retornar pelo mesmo
caminho de “a”até “b” e vice-versa.
Para explorar o ambiente submarino deforma menos restritiva podemos
utilizar padrões de navegação, principalmente quando mergulhamos em
locais de profundidade relativamente uniforme, como em parcéis, arrecifes,
destroços e outras formações longas e estreitas.
Consiste em ir por um lado da formação e voltar pelo outro. Nestes casos é
importante lembrar a direção correta de retorno. É interessante notar que
o vai-e-vem das ondas exerce uma força sobre o mergulhador que quando
com um pouco de distração pode levar este a se desorientar quanto a
direção que deve tomar para retornar.
Dois outros padrões populares de navegação são o quadrado e o
retângulo. Ambos são fáceis de visualizar e tem ângulos retos, que
facilitaram a referencia e orientação. Padrões triangulares são mais difíceis
de seguir porque os ângulos de 120 graus são mais difíceis de estimar. Por
outro lado os padrões circulares são os piores de serem seguidos.
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MANUAL DE MERGULHO
As dicas a seguir lhe auxiliarão a implementar o sistema de navegação
natural submarina utilizando padrões de navegação.
1.
Previamente ao mergulho combine com sua dupla o padrão a ser
utilizado.
2.
Visualize o padrão na sua imaginação e procure localizar os
diversos pontos do mergulho no seu padrão imaginário, principalmente
após uma mudança do curso. Antes de mudar de curso imagine a direção
a tomar para permanecer no seu padrão de navegação.
3.
Mantenha as pernas do seu padrão de mergulho pequenas até
habituar-se e sentir-se confiante com ele. Mova-se devagar e aprecie as
coisas pequenas do fundo. Seu ar durará mais tempo, você descobrirá
muitas coisas pequenas e fascinantes e evitará nadar por longas
distancias no caso de ter cometido algum erro.
4.
Não é necessário manter-se estritamente no curso. Você poderá se
desviar do mesmo ocasionalmente para examinar uma determinada área
desde que saiba onde está em relação ao seu padrão e como retornar a
ele. Lembre-se sempre da direção em que saiu do curso. Procure
estabelecer pontos de referência sob a água, para poder se relocalizar.
Note que pequenas mudanças de direção não são críticas desde que o
sentido geral do percurso seja mantido.
5.
Um dos mergulhadores deverá ser encarregado da navegação de
ambos, mas deverá obter a concordância do outro antes de qualquer
mudança de direção geral do seguimento.
6. Quando você utiliza pela primeira vez o sistema de padrões de
navegação submarina, emerja num final das pernas do curso geral para
confirmar a direção, se necessário.
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MANUAL DE MERGULHO
Usando padrões de navegação adequadamente, será mais fácil
permanecer com seu dupla, você chegará no local ou próximo a ele e terá
boas condições e probabilidades de retornar a uma área de interesse.
ESTIMANDO DISTÂNCIAS
A habilidade de estimar distâncias sob a água facilita a localização de
áreas submarinas de interesse nas técnicas de busca e para medições
submarinas.
Você pode estimar distâncias de diversas maneiras. Uma delas é a
pressão da garrafa. A pressão útil pode ser dividida pelo número de pernas
ou seguimentos de um determinado padrão de navegação. Lembre-se de
deixar umas 26 ATM de pressão como medida de precaução.
O tempo também pode ser usado para estimar distancias. O rendimento de
um mergulhador equipado é da ordem de 40 a 60 cm por segundo quando
está nadando sob a água. Cronometrando seu tempo de natação
submarina você poderá ter uma idéia razoável da distância percorrida.
Entretanto, sua estimativa poderá ser totalmente inutilizada no caso de
uma parada por qualquer motivo.
O ciclo de batidas de perna pode ser usado para estimar distâncias. Um
ciclo é o movimento para cima e para baixo de uma perna. A média é da
ordem de 90 a 120 cm por ciclo. Portanto, contando as batidas de pernas
você poderá estimar distâncias com precisão razoável, podendo
interromper o deslocamento aqui e ali sem perder a noção de distância,
desde que recomece a contar.
No caso de visibilidade limitada, quando certo grau de precisão de medida
é necessário a envergadura dos braços pode ser usada. Sabendo sua
envergadura vocÊ terá condições de estimar distâncias sob a água com
precisão razoável. A média da envergadura é da ordem de 1,80 mts para
homens e 1,60 mts para mulheres, isto é, aproximadamente sua altura.
Para medir distâncias sob a água você precisará determinar sua
velocidade pessoal enquanto estiver submerso. Nade ao longo de uma
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MANUAL DE MERGULHO
distância previamente conhecida, em velocidade confortável. Não se
apresse. Conte suas batidas de perna e faça as contas para verificar seu
rendimento médio. Sempre que você utilizar o mesmo equipamento e em
condições semelhantes, sua média será a mesma.
Ao comparar sua velocidade sob a água com a da superfície, você notará
que se desloca mais eficientemente sob a água. Correntes vão aumentar
ou diminuir sua velocidade de deslocamento. Lembre-se de ser generoso
ao estimar sua velocidade a favor da corrente para que você não termine o
seu mergulho além do ponto desejado.
REFERÊNCIAS NATURAIS
Você deve estudar o lugar do mergulho antes de entrar no mar.
Procure distinguir correntezas e estimar sua direção e força.
Familiarize-se com as rochas e recifes ao redor. Geralmente uma rocha
submersa é continuação da parte que está sobre a água.
É importante iniciar um mergulho sabendo onde estamos. Para tanto
mergulhe com os pés primeiro, olhando para o seu companheiro. O
responsável pela navegação deve ver sua direção de seguimento em
frente.
Desta forma devem chegar ao fundo sem virarem para os lados.
1 – Observe a posição de sol e da lua e a direção em que os raios
penetram na água.
2 – Correntezas podem ser usadas para determinar a direção relativa.
Como podem variar bastante, não devem ser tomadas como única
referência. Inicie o seu mergulho contra a correnteza para não terminar
muito abaixo do ponto de saída escolhida.
3 – Observe o fundo. No caso de ver estrias parecidas com cômoros de
areia contínuos e paralelos. Estes serão paralelos a praia e nos darão uma
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MANUAL DE MERGULHO
referência de direção. Qual o tipo de fundo? É chato ou afunda
abruptamente? Quanto mais para o fundo você se mover, mais afastado
da praia estará.
4 – Preste a atenção para algum barulho de motor, sua intensidade indica
maior ou menor proximidade da embarcação.
A palavra chave para a navegação natural é esta alerta em relação ao
meio ambiente. Observe formas incomuns de conchas, ou recifes.
Você pode desenhar mapas toscos da localidade na sua tabuleta de
anotações e ainda empilhar pedras para reconhecer o local ao final do
mergulho.
DESENVOLVA SUAS PRÓPRIAS TÉCNICAS
RELOCALIZANDO UM LOCAL DE MERGULHO
Marcar uma área de mergulho para lá retornar mais tarde é uma habilidade
útil em determinadas circunstâncias.
Para fixar um ponto, selecione pontos de terra bem determinados e fixos,
como antenas, postes, cumeeiras de casas, faróis, etc... Dois ou mais
pontos alinhados um atrás do outro e formando um ângulo bem grande (60
graus ou mais) com um alinhamento de outros dois ou mais pontos.
Você poderá usar dois grupos de pontos de referências, isto lhe dará maior
precisão. Anote estas linhas de visadas na sua tabuleta de mergulho e a
profundidade do local para relocalizar o ponto, as linhas de visadas e a
profundidade facilitarão o trabalho, conferindo precisão e satisfação a
você.
ORIENTAÇÃO SUBAQUÁTICA
Quando falamos em orientação subaquática, imediatamente nos vem à
mente a idéia de bússola. Realmente, é um pensamento acertado. Na
orientação terrestre podemos contar com diversos auxílios, tais como sol,
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MANUAL DE MERGULHO
lua, posição de determinadas estrelas, radiogonometria e todos os
recursos utilizados na navegação de superfície.
Navegar é o termo certo. Quando viajamos ou nos deslocamos em
constante processo de orientação, seja no mar, no ar ou na terra, é normal
dizer que estamos realizando uma navegação. Esta navegação pode ser
visual ou por instrumentos. A bússola seriá um dos diversos equipamentos
a poderem ser utilizados... Mas, sob a água, é praticamente o único.
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Bússola - é um instrumento destinado a medir ângulos horizontais (em
graus ou milésimos), contados a partir do Norte da agulha.
Carta náutica ou terrestre - vem a ser a representação gráfica de uma
determinada região, parte do litoral ou superfície de mar aberto,
desenhada em escala, a partir de diversas medições e projeções,
utilizando-se processos que melhoram ao máximo qualquer imperfeição.
Orientar uma carta - é obter a coincidência entre o Norte da carta e o
Norte Verdadeiro (geográfico).
Escala de uma carta - é a proporção entre uma determinada dimensão
gráfica e a dimensão verdadeira.
Norte Verdadeiro ou Geográfico - é o ponto, acima da linha do equador,
onde se dá o encontro de todos os meridianos terrestres. Nas cartas sua
direção é representada pelas linhas verticais.
Norte Magnético - é a direção indicada pela ponta Norte de agulha de
uma bússola. Na verdade este local não é fixo e veria de posição
continuamente, ao longo dos anos.
Pólo Norte Verdadeiro - é o pólo geométrico ou geográfico da Terra.
Pólo Norte Magnético - é o ponto onde as agulhas imantadas (das
bússolas) apontam.
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MANUAL DE MERGULHO
Como você já percebeu, o Norte Verdadeiro não é obrigatoriamente
coincidente com o Norte Magnético. O Norte Magnético tanto pode estar a
Leste quanto a Oeste do Verdadeiro, dependendo da cada lugar.
Você já pode perceber que existe um ângulo entre o NM e o NV. Este
ângulo chama-se Declinação Magnética.
Declinação Magnética – é o ângulo essencialmente variável, formando
pelas direções do Norte Magnético e do Norte Verdadeiro. É medido em
graus ou milésimos. Dizemos que a declinação é Leste (E), se o NM
estiver a direita do NV. Estando a esquerda do NV, dizemos que a
declinação é a Oeste (W).
Este ângulo é importante para os nossos cálculos, sempre que tivermos
que tomar uma leitura na carta e transportá-la para nossa bússola e voce e
versa.
NAVEGAÇÃO COM BÚSSOLA
Outras maneiras disponíveis. Possibilita ao mergulhador seguir uma
direção ou curso com bastante precisão sob a água. Nos casos de
visibilidade limitada num fundo liso ou a meia água, entre a superfície e o
fundo a bússola serve como excelente refer6encia.
Ao escolher uma bússola para mergulhar, veja que ela tenha as seguintes
características mínimas:
1 – Deve ser cheia de líquido para suportar a pressão e amortecer o
movimento da agulha.
2 – A agulha deve girar e permitir a leitura com precisão mesmo quando a
bússola estiver levemente inclinada em relação ao plano horizontal;
3 – Uma linha de referência atravessando o centro da bússola é essencial.
É chamada de linha de fé e é usada como referência para fazer marcações
e seguir cursos;
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MANUAL DE MERGULHO
4 – Um perfil baixo é desejável porque o mergulhador necessita olhar a
bússola de frente para usá-la corretamente;
5 – Marcas índices rotativas que podem ser alinhadas sobre a agulha para
servir de memória de um curso determinado são úteis e desejáveis;
6 – As marcas da bússola devem ser em graus ao invés de pontos
cardeais;
7 – O mostrador deve ser luminoso para facilitar a leitura quando houver
pouca luz.
A bússola exige pouca manutenção de modo que umas poucas regras
quando seguidas aumentam a vida útil do instrumento.
Primeiro evite bater ou derrubar sua bússola porque é sensível a choques.
Evite expor o instrumento ao calor e a longos períodos ao sol brilhante
porque o líquido interno pode expandir e vazar. Guarde sua bússola com
equipamentos mais sensíveis
de mergulho ao transportá-la.
Lave-a com água corrente após
o
mergulho,
removendo
qualquer resíduo de areia ou
sal. Finalmente lubrifique as
partes móveis como a coroa,
cujo movimento deve ter alguma
resistência e não deve mudar
de posição inadvertidamente.
USANDO A BÚSSOLA
É importante a referência que a bússola dá. A agulha aponta sempre para
o NORTE MAGNÉTICO, não importando a direção em que o aparelho é
movido. Lembre-se sempre desta característica do instrumento. Assim a
direção do movimento ou o curso a seguir é sempre em referência ao
Norte. De sorte que quando a linha de fé e a agulha apontada para o
Norte, está é a direção do movimento. Se o mergulhador seguir rumo a
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MANUAL DE MERGULHO
Oeste à agulha continuará apontando para o NORTE, se este modificar
seu curso para Leste, a agulha ainda assim apontará para o NORTE.
Pode-se imaginar, portanto, que apenas seguindo cursos individuais e
iguais, e ao final de cada um deles fizer um ângulo de 90 graus,
poderemos retornar ao ponto de partida, após percorrer um padrão
quadrado do percurso.
É importante ter uma direção relativa
no começo do mergulho. Isto quer dizer que você sabe o seu curso em
relação ao barco, praia, etc.
Com esta referência, mudanças no curso podem ser feitas sem perder
posição relativa ao curso em original e manter a noção de localização.
Esta direção relativa ou visada deve ser estabelecida antes de submergir e
pode ser feita de duas maneiras. O método preferido é apontar a linha de
fé da bússola na direção desejada e girar as linhas índices da coroa até
coincidir com o Norte da agulha. As linhas índices servirão como memória
da sua direção relativa. A outra forma é memorizar a direção desejada.
Recomenda-se anotar esta marcação ou, como se diz, fazer a marcação
na tabuleta de mergulho para evitar qualquer problema no caso de
esquecimento. Este método é usado quando a bússola não é equipada
com linhas índices.
BÚSSOLA – MARCAÇÃO DE UM RUMO
A marcação que você seleciona, seja ela a direção inicial do mergulho, a
final a praia etc , não é tão importante quando saber onde aquela
marcação o coloca em relação a onde você quer ir.
Diversas regras simples devem ser seguidas para que possamos navegar
com precisão sob a água. Talvez a mais importante é alinhar a linha de fé
da bússola com a linha central do corpo e a linha da direção do
movimento. Se não for feito assim, você não estará no curso correto,
mesmo que a bússola assim o indique.
Os métodos mais populares são: colocar o dedo médio da mão cujo pulso
está presa a bússola na depressão do cotovelo do outro braço, estando
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MANUAL DE MERGULHO
este estendido para frente; Outra posição é segurar a bússola com ambas
as mãos a frente, paralelas e esticadas de forma a observar o instrumento
enquanto o mergulhador nada. Uma terceira posição é usada quando se
dispõe de um painel de instrumentos ou “console”
O próximo procedimento a lembrar é olhar para bússola e a frente, de
modo a observar o instrumento e os arredores. O ideal seria selecionar um
objeto a frente, que está no exato rumo desejado, seguir até ele, de lá
selecionar outro objeto nas mesmas condições, seguir até ele e assim
sucessivamente. Está claro que este procedimento pode ficar impossível
em águas turvas quando temos que confiar inteiramente na observação
pura e simples do instrumento, enquanto nadamos.
Por ser um instrumento magnético, a bússola não deve estar
excessivamente perto de qualquer peça de equipamento ferrosa. Caso
contrário às leituras podem ficar prejudicadas e, conseqüentemente os
rumos. Para notar tais efeitos e verificar a proximidade relativa dos objetos
em que a bússola é afetada por eles, teste em seco movimentando sua
bússola ao redor das peças de equipamento que tem acessórios ferrosos,
procurando determinar a distância mínima que o instrumento pode ficar de
tais objetos sem modificar a posição da agulha.
DICAS DE COMO USAR SUA BÚSSOLA
1 – Após aprender a usar sua bússola, confie nela. Freqüentemente os
instintos indicam que você esta indo para a direção errada enquanto o
instrumento informa que você está no curso. Confie na sua bússola e ficará
surpreso de sua eficácia;
2 – Use a bússola para determinar uma direção, depois use as técnicas de
navegação natural. Como navegação aproximada, consulte a bússola para
informações mais precisas;
3 – A “derrota triangular” pode ser útil em algumas situações. Neste caso
lembre-se que você deve fazer curvas com ângulos de 120 graus e não de
60 graus;
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MANUAL DE MERGULHO
4 – Pratique a sua derrota ou padrão de navegação em terra antes de o
fazer no mergulho. Usando como referência, veja em que grau de precisão
você pode voltar ao ponto de partida;
5 – No caso de obstáculos a frente, contorne-os e volte ao rumo original
após contorná-los. Se quiser maior precisão contorne-os utilizando ângulos
retos que possibilitará medir distâncias de forma mais precisa;
6 – navegar numa determinada direção a meia água é mais difícil porque
requer manter profundidade e rumo constantes. Para tanto é melhor que
um dos membros da dupla de mergulho navegue enquanto o outro controla
a profundidade, ambos nadando lado a lado. Esta técnica requer um pouco
de prática para executar de forma correta;
7 – Você pode fazer marcações de um determinado ponto usando a
bússola.
Entretanto é preferível usar referências de terra para maior precisão. Caso
você possa usar referências de terra de forma alinhada co referências de
bússola, será melhor. Duas ou mais marcações são preferíveis. Talvez a
forma mais eficiente de marcar pontos é a partir de uma área mais fácil
seguir a um ponto cuja localização é mais difícil. Por exemplo, você pode
seguir um determinado rumo e, a partir dele, encontrar um pequeno
destroço.
SEGURANÇA DO MERGULHO
PRIMEIROS SOCORROS
Chamamos Primeiros Socorros as medidas iniciais e imediatas aplicadas à
vitima fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa para
garantir a vida da vítima o evitar o agravamento de lesões preexistentes.
No entanto essas medidas devem ser executadas por indivíduos que
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MANUAL DE MERGULHO
tenham um conhecimento prévio sobre o assunto, pois dependerá da sua
avaliação e responsabilidade para se estabelecer prioridades.
O tratamento inicial do acidentado consiste em identificar a causa do
acidente e dai reconhecer e trabalhar em cima das prioridades.
AVALIAÇÃO DA VÍTIMA (Ordem de prioridades)
1- Verificar se a vítima respira;
2. Verificar se há pulso presente (Batimentos Cardíacos);
3. Observar lesões ou hemorragias externas;
4 Observar a existência de fraturas.
Temos que ter em mente que a PCR pode estar presente, ou vir a
acontecer em quase todos os tipos de acidentes à que estamos expostos.
Por isso é de vital importância que tenhamos conhecimento e habilidade
para identificar e atuar sobre uma PCR.
Vamos então iniciar nosso curso falando como identificar uma PCR e como
atuar nela.
PARADA CARDÍACA RESPIRATÕRIA (Sem evidência de Trauma)
PCR é o cessar súbito da função do coração como bomba e dos
movimentos respiratórios ocorrendo como evento catastrófico e
inesperado.
Como identificar
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MANUAL DE MERGULHO
Colocar nosso rosto em contato com a narina da vítima para constarmos
se há saída de ar quente da expiração, ao mesmo tempo olhar para o tórax
da vítima para detectar a oscilação do tórax.
Ao mesmo tempo detectar a presença de pulso (batimentos cardíacos),
levantando os dedos indicadores e médios aos locais determinados:
1. Batimentos carotídeos (pescoço).
2. Batimentos braquiais (cotovelo).
3. Batimento radial (punho).
4. Batimentos femorais (virilha). É o ultimo a desaparecer.
Se há evidência de parada cárdio respiratória executar as manobras de
ressuscitação.
Se houver apenas um socorrista:

15 compressões cardíacas para duas insuflações pulmonares.
Se houver dois socorristas:

05 compressões cardíacas para duas insuflações pulmonares.
Obs.: - Procedimento Atual: Compressões cardíacas e
insuflações pulmonares contínuas.
-
Uso contínuo do ambu.
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MANUAL DE MERGULHO
DEVEMOS SEMPRE ESTAR
ATENTOS AO PULSO DA VÍTIMA
VERIFICANDO-O SEMPRE.
Agora que já sabemos executar as
manobras de ressuscitação vamos
falar sobre as diversas situações de
emergência que podemos encontrar.
SALVAMENTO
INTRODUÇÃO
Desde a mais remota Antigüidade o homem tratou de transpor a imensa
barreira líquida que o cercava, enfrentando-a a principio apenas com o
próprio corpo e, a seguir, com os meios flutuantes que passou a construir.
Desde essa época constatou que, diferentemente de outros mamíferos
terrestres, era difícil para ele se manter na superfície. ou melhor manter
fora d’água a cabeça e as vias respiratórias por onde deve penetrar o ar
indispensável a sua respiração. Graças a uma série de movimentos
desenvolvidos pelo treinamento. o homem é capaz de nadar, deslocandose em velocidade reduzida.
Quando não sabe executar esses movimentos ou por problemas de um
mal súbito ou de exaustão em águas revoltas ou longas travessias, o
homem não mais se mantém na superfície, sendo vitimado pelo acidente
que ora estudamos.
O
afogamento apresenta uma elevada incidência nas estatísticas
mundiais e é a primeira causa de morte, na faixa de 1 a 25 anos, depois
dos desastres de automóvel.
A média anual de afogamentos é de 140.000 casos pôr ano. O fato de
essas mortes aparecerem como eventos isolados e em condições
rotineiras, faz com que os Órgãos de divulgação as releguem ao pleno
secundário, deixando que passe desapercebido esse grave acidente.
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MANUAL DE MERGULHO
Países como a Inglaterra, o Japão, a Austrália e os Estados Unidos pagam
um tributo bastante elevado neste contexto, devido as dimensões do seu
litoral. No Brasil com 8.500Km de litoral; é grande o número de
afogamentos.
AFOGAMENTO
É um acidente de asfixia por
imersão prolongada em um
meio liquido, com inundação e
encharcamento alveolar e
graves
distúrbios
hidroeletrolíticos.
O termo asfixia indica a
concomitância de um baixo
nível de oxigenação e um
excesso de gás carbônico no
organismo, ambos de conseqüência
metabólicos celulares.
danosa
para
os
processos
Como sabemos, o oxigênio é indispensável à vida e os centros nervosos
não podem permanecer pôr mais de três minutos em anoxia.
AFOGAMENTO PRIMÁRIO
É a forma mais freqüente. Ocorre primeiramente asfixia, parada
respiratória e posteriormente síncope circulatória. Por não saber nadar, por
exaustão ou qualquer outro motivo de incapacidade, não podendo se
manter na superfície, a vitima debate-se (conseguindo por algumas vezes
voltar a superfície) antes de desaparecer definitivamente, caso não seja
socorrida. Seu aspecto é cianótico.
AFOGAMENTO SECUNDÁRIO
Nessa forma, ocorre inicialmente e sincope cardíaca e posteriormente a
parada respiratória. O nadador desaparece da superfície silenciosamente,
sem se debater. O acidente passa despercebido aos circundantes,
retardando o socorro mesmo em piscinas e locais rasos. Quando
- 57 -
MANUAL DE MERGULHO
encontrado, o corpo apresenta uma coloração brancocérea.
AFOGAMENTO SECO
Um dos fenômenos iniciais no contato com o meio liquido é um espasmo
da glote, visando evitar a penetração da água nas vias respiratórias. Em
alguns indivíduos esse espasmo não é vencido por outros fatores que
surgem posteriormente, perecendo a vitima em asfixia a seco. Sem liquido
nos alvéolos pulmonares.
AFOGAMENTO EM ÁGUA DOCE
No afogamento pôr água doce, os alvéolos pulmonares são invadidos por
um liquido hipotônico (menos concentrado) em relação ao plasma,
provocando (processo osmótico) a passagem de um considerável volume
hídrico dos pulmões para a corrente sanguínea, podendo atingir um
montante de 3 a 4 litros em poucos minutos. Dai surgem vários distúrbios
hidrossalinos: inicialmente há uma baixa de todos os eletrólitos por
hemodiluição.
Posteriormente, com a rotura das hemaceas, elementos como o potássio
cai na corrente sanguínea, contribuindo para a intoxicação do músculo
cardíaco, já bastante enfraquecido pela hipoxia. Ocorre parada cardíaca.
AFOGAMENTO DE ÁGUA SALGADA
O
afogamento em água salgada leva aos alvéolos pulmonares uma
solução hipertônica (mais concentrada) em relação ao plasma, que atrai
líquido da corrente sanguínea (processo osmótico).
Os alvéolos são invadidos por um líquido albuminoso, responsável
pela espuma expelida por esses afogados. A hipovolemia resultante
provoca uma concentração maior dos eletrólitos no sangue, subindo com
especialidade a taxa de magnésio. O músculo cardíaco para por
esgotamento e anoxia proveniente das dificuldades no transporte do pouco
oxigênio ainda existente.
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MANUAL DE MERGULHO
EVOLUÇÃO DO AFOGAMENTO
1 - Espasmo da glote (ósteo-tubário)
2 - Início da invasão da glote.
3 -Morte Clínica (parada circulatória, interrupção repentina e inesperada de
circulação, ausência de pulso em artéria de grosso calibre - apnéia inconsciência)
4 - Inicio da Morte Cerebral (inconsciência, lesão de córtex cerebral)
Respiração (espontânea, podendo necessitar de suporte).
Circulação (espontânea, podendo necessitar de suporte).
5 - Coma
6 - Óbito
CAUSAS DO AFOGAMENTO
1 - Excesso de Hiperventilação.
2- lmprudência.
3 - Falta de técnica (regra dos 3 tempos).
4 - Fadiga Física.
COMO PROCEDER COM O AFOGADO
1 - Retirar a vitima da água.
2 - Avaliação da consciência.
3 - Posicionara vítima.
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MANUAL DE MERGULHO
4 - Suspensão do quadril para eliminar a água da traquéia.
5 - Permeabilizar vias aéreas - extensão da cabeça, tração da mandíbula,
boca entre aberta.
6 - Avaliar a ventilação (ouvir e sentir a respiração, ver a expansão do
tórax). Em caso de apnéia:
7 - Ventilar duas vezes, boca a boca.
8 - Palpar pulso carotídeo. se ausente:
9 - Iniciar massagem cardíaca externa (15 MCE x 2V).
Quando forem dois os reanimadores, a proporção é de 5 MCE x 1V.
10 - Ministrar oxigênio 100% medicinal.
11 - Levar para o hospital.
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MANUAL DE MERGULHO
QUANTO À GRAVIDADE DO AFOGAMENTO
GRAU I - LEVE
É o grau de menor gravidade.
Trate-se de um indivíduo retirado do maio liquido aos primeiros minutos de
asfixia.
Agitado, assustado, tossindo bastante, ele terá engolido apenas alguma
água, sem maiores complicações.
Pode apresenta cefaléia, náusea e vômitos.
GRAU II - MODERADO
É o paciento que, retirado mais tardiamente, aspirou algum líquido,
manifestando um quadro incipiente de afogamento que, atendido regredirá
prontamente.
Apresenta pouca quantidade de secreção espumosa, estando consciente.
GRAU III - GRAVE
Por ter aspirado quantidade considerável de líquido, este paciente
apresenta um quadro nítido de afogamento, com acentuados distúrbios
circulatórios, respiratórios e hidroeletrolíticos.
Sua recuperação é trabalhosa e dependerá da precocidade e eficiência do
atendimento.
GRAU IV - GRAVÍSSIMO
Retirada d’água tardiamente, a vitima jaz inanimada, já em parada
- 61 -
MANUAL DE MERGULHO
cárdiorespiratória.
Sua recuperação é difícil e o prognóstico é reservado.
PRIMEIROS
gravíssimos)
ATENDIMENTOS
(casos
classificados
como
O fator tempo é primordial no socorro ao afogado.
Assim, durante o resgate do corpo, logo que possível deve-se começar a
respiração boca a boca.
As possibilidades de recuperação vão caindo percentualmente à medida
que tarda o socorro.
Assim, se este é prestado nos primeiros 3 minutos, a percentagem de
recuperação é de 75%, caindo para 50% se o tempo decorrido é de 4
minutos e para 25% se o tempo é de 5 minutos.
Logo que o paciente chega a terra firme (ou é recolhido a bordo), faz-se
uma limpeza sumária de suas vias aéreas, visando retirar restos
alimentares, outros resíduos e peças de prótese dentária.
A seguir coloca-se o paciente com a cabeça mais baixa do que o plano do
corpo (voltada para o mar, se o local do atendimento for uma praia).
Não deve haver preocupação em retirar água dos alvéolos pois o volume
de água retirado com as melhores manobras é desprezível, não
justificando nenhum retardo no socorro.
A seguir deverá ser aplicado o método boca a boca que dá ao paciente a
melhor oxigenação possível, movimentando para dentro de seus pulmões
um maior volume de ar em comparação com outros métodos de
reanimação.
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MANUAL DE MERGULHO
MËTODO BOCA A BOCA
É de fundamental importância a posição da cabeça da vítima.
A cabeça fletida permite a que a língua flácida obstrua as vias aéreas do
paciente, dificultando ao mesmo impedindo a entrada de ar.
Muitas vezes, apenas corrigindo-se a
hiperextensão, a respiração se restabelece.
posição
da
cabeça
pela
Caso isso não aconteça, o socorrista, mantendo a cabeça de vítima em
hiperextensão e tapando com uma das mãos as narinas do paciente,
deverá coaptar os seus lábios aos do paciente até conseguir um selo
completo sem escapamento de ar.
A seguir, deve exalar o seu ar para os
pulmões
da
vitima,
observando
atentamente o resultado pela expansão do
tórax.
Se este permanecer imóvel, devera ser
revista a posição de cabeça e tentadas
novas exalações.
O número de exalações deve ser, aproximadamente, 12 por minuto e o
volume exalado igual ao de uma expiração normal.
Em crianças esse volume deverá ser controlado com observação da
expansão do tórax para evitar a rotura dos alvéolos pulmonares por uma
hiperdistensão.
Após algumas exalações do boca a boca (4 ou 5) o socorrista deve
procurar sinais de reanimação do paciente.
Se este não reage, levanta-se a suspeita de parada cardíaca: se os
batimentos carotídeos estiverem ausentes. inspecionam-se as pupilas.
Se houver midríase esta confirmada a parada cardíaca, devendo-se iniciar
- 63 -
MANUAL DE MERGULHO
imediatamente a massagem cardíaca externa.
MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA
O paciente deverá estar deitado em decúbito dorsal sobre uma superfície
bastante dura. O socorrista procurará o terço inferior do externo, aplicando
as duas mãos justapostas com cuidado.
A seguir, com golpes secos e seguros, (cerca de sessenta pôr minuto)
procurará massagear o coração na área em que o mesmo está mais
exposto ao contato externo.
Os dois socorristas deverão trabalhar
coordenadamente. Ao ser aplicada
uma massagem cardíaca não deverá
ser realizada uma exalação do boca
a boca, pois seria inútil.
O ideal é que se aplique uma
exalação do boca a boca para cinco
massagens cardíacas.
Eventualmente um único socorrista
poderá ter que aplicar os dois
métodos simultaneamente, devendo
então se deslocar rapidamente, alternando duas exalações com quinze
massagens cardíacas.
Para um bom resultado a aplicação deste método de reanimação
cárdiorespiratória deverá ser:
IMEDIATA - Iniciar a aplicação tão rapidamente possível, para
restabelecer nos centros nervosos superiores, em um minuto de tempo, o
suprimento de oxigênio indispensável á sobrevivência.
CONTÍNUA - Uma vez iniciado o método, não deve ser interrompido sob
nenhum pretexto. A mudança da equipe deverá se fazer gradativamente,
sem solução de continuidade.
- 64 -
MANUAL DE MERGULHO
RITMADA - De nada adianta um inicio frenético, levando rapidamente
estafa e, a seguir, um, período lento e intermitente. É indispensável a
regularidade na aplicação do método.
PROLONGADA - Uma vez iniciado, o método só deverá ser interrompido
pela chegada a um hospital ou pela constatação indiscutível da morte.
Muitos casos considerados perdidos tem sido recuperados após uma hora
de reanimação.
O paciente só deverá ser aquecido após restabelecida a circulação
sangüínea. A remoção deverá ser feita sem interrupção da reanimação,
sendo prestado na ambulância um socorro melhor, assistência ventilatória
com balão de Ambu.
No hospital o paciente será entregue a uma equipe especializada que
disporá de muitos mais recursos.
As primeiras medidas na redução dos casos de afogamento são as
campanhas comunitárias, visando ensinar precocemente a natação.
A natação em águas frias, abaixo de 15 graus centígrados é
desaconselhada, principalmente depois de exposição demorada ao sol.
Evitar nadar após libações alcoólicas, exaustão, etc.
O método de reanimação cárdiorespiratória deve ser de tal maneira
divulgada, que qualquer circunstante eventualmente transformado em
socorrista seja capaz de aplicar ao afogado as medidas que lhe salvarão a
vida.
HIDROCUSSÃO
Conhecida também como síndrome termodiferencial ou “water shock” é um
caso especial de afogamento secundário.
Um mecanismo reflexo seria a causa da parada cardíaca. A diferença de
temperatura entre a água e a superfície cutânea do mergulhador, a dor
- 65 -
MANUAL DE MERGULHO
provocada por certos mergulhos desajeitados (atingindo o epigástrio ou a
genitália do homem) e a entrada de água na região retrofaringéia, são
algumas das possíveis causas.
Indivíduos tresnoitados, embriagados ou em tratamento com certos
medicamentos, estariam mais propensos a esse acidente.
O mergulho desprotegido, em águas com temperatura inferior a 15 graus
centígrados e também desaconselhável.
HIPOTERMIA
EXCITAÇÃO: Calafrios e vasoconstrição periférica. A temperatura do
corpo já é próxima dos 34 graus C.
ADINAMIA: Respiração acelerada (taquipnéia) e aumento do débito
cardíaco até 5 vezes os valores em repouso. A temperatura do corpo,
nesses casos, está entre 34 e 30 graus.
FASE DE PARALISIA: Situação já bastante
grave, com tendências a evoluir para o coma. Os
músculos e as articulações ficam rígidos e a pele
apresenta-se muito fria, em tudo aparentando
uma rigidez cadavérica. A respiração é quase
imperceptível e não se sente o pulso.
O reaquecimento lento é o melhor remédio.
Alguma bebida doce e quente (café) pode ser de
utilidade. O aquecimento ao sol, em loca! Seco
da embarcação (de preferência abrigado do vento), agasalhado em
qualquer coisa seca, é a providência mais imediata. Quanto ao neoprene.
Se por vezes, antes do mergulho, pode provocar excesso de calor, após o
esfriamento conserva umidade. É melhor tira-lo por diversos motivos.
Não se deve ingerir ou fornecer bebida alcoólica para “aquecer”. Até algum
tempo atrás se acreditava que a bebida fosse importante auxilio no
processo de aquecimento.
- 66 -
MANUAL DE MERGULHO
PREVENÇÃO DO PÂNICO
Para poder auxiliar a outros mergulhadores em dificuldades, você
necessita conhecer técnicas de reboque, transporte, RCP. Tomar conta de
si mesmo na superfície e sob a água significa ser capaz de controlar a si e
ao equipamento. O controle próprio, ou a prevenção do pânico é uma
técnica importante para os mergulhadores que são visitantes temporários a
um ambiente estranho onde o frio, cansaço, medo e outros fatores podem
causar bastante tensão.
Pânico é o extremo medo, súbito
e ilógico - um pavor que toma
conta da pessoa, causando
comportamento
irracional.
A
pessoa em pânico abandonou o
processo
de
raciocino
e
permanece com uma idéia fixa.
Desnecessário dizer que esta situação deve ser evitada.
No mergulho, o pânico comumente é relacionado com o ritmo respiratório.
Quando surge um problema ou dificuldade, o nível de ansiedade do
mergulhador aumenta, causando uma elevação no ritmo respiratório.
Infelizmente é provavelmente devido a restrições de respiração e outros
fatores relacionados com o mergulho, o aumento da cadência respiratória
resulta no ofegar, tem o nome de hipoventilação.
O processo de hipoventilação significa que existe um nível muito pobre de
trocas de gases nos pulmões. Há um aumento de dióxido de Carbono
combinado com um nível de oxigênio abaixo do normal, estimulando um
ritmo respiratório que conduz a mais hipoventilação, falta de ar e fadiga.
- 67 -
MANUAL DE MERGULHO
CICLO DO PÂNICO
Uma vez que a raiz do problema está na respiração, ai está a chave para
evitar o pânico. Um mergulhador precisa aprender a reconhecer os
sintomas do pânico e controlar a respiração para participar em atividades
de mergulho Quando se mantém o controle, o pânico é evitado e o
mergulhador tem condições de resolver a dificuldade tranqüilamente.
PROBLEMA E/OU
ANSIEDADE
RESPIRAÇÃO
FALTA DE AR
OFEGANTE
FADIGA EXAUSTÃO
Sugestões para evitar o pânico:
1 - Quando você pensar que está com um problema, AVALIE a situação
pôr alguns momentos antes de reagir. Certifique-se que o problema é real
(pode ser imaginário) e PENSE nas OPÇÕES. Aja ao invés de reagir.
2 - Preste atenção no seu ritmo respiratório. Se você descobrir que esta
ofegante ou sente falta de ar, force-se a respirar profundamente.
Interrompa o que estiver fazendo ou pare e relaxe tanto quanto possível e
controle a sua respiração.
3 - Evite a fadiga. Use a flutuação na superfície para reduzir o esforço. Sob
a água, descanse no fundo e resolva o problema no local, se possível, ao
- 68 -
MANUAL DE MERGULHO
invés de nadar. Reduzir o nível de atividade vai auxiliar significativamente
no controle da situaçãoA seqüência para resolver um problema, deveria ser reduzir a atividade
controlar a respiração; planejar um curso de ação e, então, corrigir o
problema. Ação calma, deliberada e planejada é sempre mais desejável ás
condições subaquáticas.
Para ser competente no mergulho, uma pessoa precisa estar
adequadamente preparada e treinada nas técnicas necessárias. Além do
mais, esta pessoa tem que manter o controle de si mesmo em todos os
momentos para poder auxiliar os demais. Felizmente todas estas
habilidades podem ser facilmente aprendidas. Por causa disso, as
atividades de mergulho, mesmo as especializadas, podem ser muito
seguras quando os princípios corretos são aprendidos e praticados.
CÃIBRAS
A cãibra é uma contração abrupta, vigorosa, involuntária e dolorosa de um
músculo que ocorre geralmente na perna do mergulhador devido a tensão
muscular, ao trabalho excessivo e ao frio.
COMO PROCEDER
Segurar a ponta da nadadeira da perna afetada e puxar para cima com o
membro esticado e ao mesmo tempo massagear o músculo,
O auxilio do canga facilita o processo. A seguir basta nadar de forma mais
lenta e descansar em seguida. Aconselhável também aquecer o membro
afetado assim que possível.
- 69 -
MANUAL DE MERGULHO
INSOLAÇÃO
A insolação ocorre quando temperaturas muito
altas sobrepujam o sistema de controle térmico do
organismo, quando há exposição prolongada a
temperaturas elevadas.
SINAIS DE INSOLAÇÃO






Temperatura corporal superior à 37.7 graus centígrados.
Pele vermelha e quente.
Ausência de sudorese.
Confusão ou perda da consciência.
Desmaios.
Convulsões.
COMO PROCEDER




Remova a pessoa para um lugar fresco.
Molhe a pessoa com uma mangueira ou jogue baldes de água fria.
Massageie os membros e dorso.
Verifique a temperatura da pessoa a cada dez minutos (quando a
temperatura estiver abaixo dos 37 graus pare o resfriamento).
Mantenha a pessoa resfriada aplicando compressas frias.
Obs.: Não de à pessoa bebidas alcoólicas que contenham cafeína
ou refrigerantes, pois dificultam o controle do calor.


DESMAIOS (Perda da consciência)
Reação cerebral devido á uma cessação momentânea do oxigênio
cerebral, os desmaios podem ocorrer devido a:

Hipoglicemia (Falta de açúcar no sangue).
- 70 -
MANUAL DE MERGULHO






Hipotensão.
Exposição prolongada ao sol.
Ambientes fechados ou aglomerados.
Visão de sangue.
Situações de stress.
Excesso de alimentação, etc.
COMO PROCEDER






Deite a vitima de costas e eleve seus membros inferiores cerca de
20cm do chão.
Afrouxe roupas em torno do pescoço.
Molhe sua testa e rosto com compressa de água fria.
Se vomitar, vire-a de lado e desobstrua as vias aéreas.
Não use estimulantes como sais aromáticos ou álcool para
acordar a vítima.
Não dê nada para a vitima beber até que esteja totalmente
acordada.
Obs.: VERIFIQUE SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR OS MOVIMENTOS
CARDÍACOS E RESPIRATÓRIOS DA VITIMA, NA AUSÊNCIA DOS
MESMOS EXECUTE IMEDIATAMENTE AS MANOBRAS DE
RESSUCITAÇÃO.
EFISTAXE (Sangramento Nasal)
Em geral os sangramentos nasais são mínimos, amiúde, causados pôr
irritação, conseqüentes e resfriados, alergias, limpeza do nariz e uso
exagerado de remédios descongestionantes.
COMO PROCEDER
- 71 -
MANUAL DE MERGULHO
 Incline a cabeça da pessoa para frente de modo que o sangue não
escorra para a garganta.
 Faça a pessoa cuspir o sangue existente na boca, pois, sua deglutição
pode causar o vômito.

Peça para a pessoa pinçar a narina sangrante com firmeza pôr 10 min.

Aplique compressas frias no nariz e área circundante.
 Se não estancar o sangue, utilize
gaze ou pano limpo e introduza dentro
da narina sangrante pôr 5 min, e
continue pinçando o nariz.
Depois de cessar o sangramento não
assoe o nariz por algumas horas.
LESÕES - COSTAS E PESCOÇO
A coluna vertebral é constituída por pequenos ossos (Vértebras) que
circundam e protegem a medula espinhal.
Uma vértebra quebrada pode esmagar ou seccionar a medula espinhal
provocando paralisia, choque, ou até mesmo a morte.
Esta é a razão pela qual se evita a mobilização da pessoa ferida a menos
que sua vida corra perigo imediato, e porque ao mover uma vitima é
importante não dobrar nem virar seu pescoço ou costas.
COMO PROCEDER
Se a vitima estiver consciente pergunta-lhe:
- 72 -
MANUAL DE MERGULHO

Se o pescoço ou as costas dói.

Se os braços ou pernas estão paralisados ou fracos.

Se sente formigamento ou entorpecimento dos braços ou das
pernas.

Imobilizar a vitima na posição exata em que foi encontrada
colocando toalhas enroladas, cobertores, etc, junto à cabeça.
Bolsas e malas pesadas são ótimos suportes. Mantenha esses
materiais no lugar calçando-os com seus cintos de lastro.
 Se a vítima estiver de bruços e
houver a necessidade de virá-la
execute
esse
procedimento
sempre em 4 pessoas e vire a
vítima em bloco. Isto é, todo o
corpo junto.
 Se a vítima estiver em PCR
execute
as
manobras
sem
estender o pescoço.
CRANIANAS
As fraturas de crânio podem resultar em lesões cerebrais, embora muitas
fraturas cranianas não provoquem qualquer lesão cerebral.
Essas fraturas podem provocar sangramentos internos ou o escoamento
de LCR (Liquido acéfalo-raquidiano) através do ouvido, nariz ou boca.
Cortes no couro cabeludo tendem a ser profundos e sangram bastante,
necessitando de uma compressão no local.
Observe primeiro os seguintes sinais:
- 73 -
MANUAL DE MERGULHO

Perda da consciência. Sonolência ou desorientação.

Depressão no couro cabeludo.

Saída de sangue ou liquido pelo ouvido, nariz ou boca.

Paralisia de um lado do corpo.

Perda da visão.

Convulsões.

Vômitos.

Voz ininteligível.

Perda momentânea da memória.

Dor de cabeça.
COMO PROCEDER

Mantenha a vítima deitada.

Se o couro cabeludo apresentar cortes, controle o sangramento
cobrindo o ferimento com gaze ou pano limpo comprimindo com
firmeza todo o ferimento.

Não tente limpar o ferimento, pois se houver a possibilidade remota
- 74 -
MANUAL DE MERGULHO
de uma fratura de crânio deve-se evitar a contaminação cerebral.
ESTE É UM CASO ONDE HÁ ABSOLUTA NECESSIDADE DE AJUDA
MÉDICA
LESÕES COMUNS
De tecidos moles, escoriações, pequenos cortes e ferimentos mínimos.
CORTES E ARRANHÕES


Lavar cortes ou arranhões com água e sabão é especialmente
importante pois pode haver presença de areia, pedregulho, etc.
(Use uma escova macia para facilitar a saída).
Cubra os arranhões ou cortes com curativos como por ex.: BANDAID.

Cubra o curativo toda vez que molhar ou sujar.

Não aplique cremes ou pomadas que podem ser danosos.

Ouriços ou farpas podem ser
extraídos com uma pinça.

Se
as
bordas
do
corte
permanecerem abertas aproximeas com fita adesiva.
ESCORIAÇÕES

Aplique gelo sobre as escoriações em um pedaço de pano.
- 75 -
MANUAL DE MERGULHO

Eleve o local escoriado acima do nível do coração durante 15 min.
para diminuir o sangramento e a inchação.
USO DO TORNIQUETE
Torniquete é um método utilizado para interromper um sangramento mais
intenso de um braço ou pernas, pode lesar e até provocar a perde desse
membro pois interrompe por completo o fluxo sanguíneo. Daí a
necessidade de sabermos usar um torniquete corretamente.
COMO PROCEDER

Encontre um pedaço de pano com
pelo menos 5 cm de largura.
Obs.: Nunca utilize cintos, arames
ou cordas.
 O torniquete deve ser colocado acima do ferimento.

Dê três voltas com o pano acima do ferimento do membro afetado.

Amarre as pontas do pano.

Coloque um bastão que poderá ser um talher, um snorkel, etc...

A seguir dê um nó duplo sobre o bastão com as pontes do pano.

Vá torcendo o bastão até o sangramento estancar.

Prenda o bastão com as pontas soltas do torniquete.
- 76 -
MANUAL DE MERGULHO

Anote bem a hora da aplicação do torniquete.

Afrouxe o torniquete a cada 15 min. Mas não o retire.
PROCURE AJUDA MÉDICA
MORDIDAS E PICADAS DE ANIMAIS MARINHOS
As picadas de organismos marinhos podem ser extremamente dolorosas
mas raramente são responsáveis por lesões permanentes ou morte.
Várias formas de vida marinha podem ser responsáveis por picadas
venenosas quando roçadas ou pisadas.
- 77 -
MANUAL DE MERGULHO
As formas mais comuns e de fácil identificação:
CRIATURA
ASPECTOS
SINTOMAS
CARAMUJO
Concha com forma de cone
com faixas onduladas ou
padrão irregular.
Dor, inchaço,
formigamento, tonteira,
borramento da visão e
possível paralisia.
OURIÇO DO
MAR
Arredondado com espinhos
agudos
Dor, inchaço, tonteira,
fraqueza muscular e
possível paralisia.
ÁGUA VIVA
OU
CARAVELA
Sacos ou discos flutuantes
com tentáculos.
ARRAIA
Criatura achatada com pele
espessa e com farpas. Cauda
em forma de chicote.
CORAL
Grumos arredondados de
ramos curtos e cor variável.
Dor em queimação.
ANÊMONA DO
MAR
Semelhante a uma flor com
tentáculos compridos e
imóveis.
Dor em queimação,
calafrios, dor gástrica e
diarréia.
- 78 -
Dor em queimação,
pele avermelhada,
exantemas, cãibras e
náuseas.
Dor intensa, área da
picada torna-se pálida
e depois vermelha.
Sudorese, náusea,
tonturas e fraquezas.
MANUAL DE MERGULHO
COMO PROCEDER
Conchas ou Ouriços do Mar

Mantenha o local picado imóvel e numa posição mais baixa que o
nível do coração.

Amarre uma faixa de pano, cinto ou pulseira de relógio em torno do
braço ou perna afetados 5 a 10cm. (acima).

Se a inchação chegar até a faixa, amarre outra mais acima retire a
primeira.

Use pinça para retirar qualquer material no local da picada.

Não esprema ferrões, pois isto injetará mais veneno no local. Lave
bem o local com água e sabão.
Medusas ou Caravelas

Envolva sua mão com uma toalha ou pano e remova todos os
tentáculos aderidos.

Lave o local com álcool ou amônia e água salgada.

Não utilize água doce.
Arraias
- 79 -
MANUAL DE MERGULHO

Retire com pinça ou faca qualquer material solto na ferida. Banhe o
local com água o mais quente que a vitima possa suportar durante
1 hora.

Aqueça a vitima.

Verifique a respiração.
Coral

Lave bem o local com água e sabão.

Verifique dificuldades respiratórias.
Anêmonas

Mergulhe o local em água tão quente quanto a vítima possa
suportar durante 1 hora.

Verifique dificuldades respiratórias.
PLANEJAMENTO DE MERGULHO
Mergulhadores que planejam adequadamente, raramente ficarão
desapontados por problemas relacionados com esquecimentos, condições
ruins ou mal entendidos. No mergulho e em outras atividades complexas
se você esquece de planejar, freqüentemente você planeja falhar.
Tudo começa com a decisão de ir mergulhar. Após combinar com seu
companheiro que vocês vão a uma excursão de mergulho existem 5
passos que devem ser seguidos: (1) Combinar; (2) Prever: (3) Avaliar; (4)
- 80 -
MANUAL DE MERGULHO
Coordenar; (5) Colaborar.
1º PASSO - COMBINAR
Talvez o passo mais importante para você e seu companheiro de
mergulho.
O que vocês vão fazer? Fotografar, coletar conchas, explorar? O objetivo
auxilia a determinar o equipamento necessário, o local e outros fatores.
Após decidirem o que fazer é preciso considerar os equipamentos a serem
levados, a visibilidade, o acesso à área e as regras locais. Certifique-se de
determinar um local alternativo.
Depois podem combinar o quando mergulhar. Considere as marés, outras
atividades no local, horário pessoal, mudança de condições locais devido à
hora do dia, tempo de viagem, luz natural, etc...
O
último ponto a combinar é o quem. Quem vai providenciar o
transporte? Quem vai levar o que? Quem é o responsável para verificar se
tudo está pronto para o mergulho?
Combinar e concordar com estes 4 pontos (o que, onde, quando e quem)
evita muita confusão e é um excelente começo para uma excursão de
mergulho.
2º PASSO - PREVER
É essencialmente saber o máximo possível das condições do tempo o de
mergulho antes do mergulhar. Verifique a previsão de tempo e procure
informar-se sobre as condições de água locais (correntes, turgidez. etc...).
- 81 -
MANUAL DE MERGULHO
Então visualize o local de mergulho para prever suas necessidades.
Abaixo estão listadas algumas perguntas que o auxiliarão.
01 - Qual é o jeitão do local de mergulho? Qual a temperatura da água,
tipo e contorno do fundo?
02 - Qual equipamento será necessário para o mergulho?
03 - Como está o meu equipamento? Está inspecionado, marcado e pronto
para uso?
04 - Quanto ar será necessário? Meu cilindro está cheio?
05 - Quanto lastro vou necessitar? O lastro está adequado ao mergulho?
06 - Vou necessitar de licenças, permissões. passagens ou dinheiro?
07 - Vou precisar levar alimentos ou bebidas?
08 - Como vou lembrar de tens pessoais como maiô, toalha casaco,
bronzeador, credencial, livro de anotações, medicamentos, peças de
reposição, etc...?
09 - O que devo lazer em caso de emergência? Como preparar-me?
10 - O que devo fazer para estar fisicamente preparado para o mergulho?
IMAGINE A SUA EXCURSÃO DE MERGULHO E PREVEJA SUAS
NECESSIDADES
- 82 -
MANUAL DE MERGULHO
3º PASSO - AVALIAR
Existem 4 áreas de avaliação a serem realizadas antes de mergulhar; a
primeira é avaliar a si mesmo.
Você está saudável e apto, descansado e bem alimentado? Você tem um
sentimento de confiança sobre o mergulho? As respostas devem ser
afirmativas para você continuar. Se negativas, prorrogue sua excursão e
evite uma experiência que pode se tornar desagradável.
Você precisa julgar as condições de tempo. Estão como o previsto7 Vão se
manter durante o período da excursão? Telefone antes de sair de casa,
para a meteorologia e para o local de mergulho. Pode ser bem produtivo.
A seguir verifique o equipamento necessário. Você está levando tudo que
precisará? Uma lista de verificação dos tens auxiliará muito nesta tarefa.
No local de mergulho, antes de qualquer coisa, você deve avaliar as
condições locais de um ponto adequado e decidir se vai ou não mergulhar.
Se as condições forem perigosas, vá para um local alternativo ou desista
do mergulho. Caso contrário prossiga no seu plano
4º PASSO - COORDENAR
Logo antes de cair na água há a última chance de uma comunicação
eficiente com o seu parceiro- Reveja os seguintes itens:
1 - Comunicações: Reserve e combinem os sinais audíveis, visuais e
táteis.
2 - Limites: Combinem a profundidade máxima, tempo e pressão.
- 83 -
MANUAL DE MERGULHO
3 - Padrão de navegação: Coordenem o ponto de entrada, curso geral e o
local de saída.
4 - Distância: Combinem a que distância máxima estará um do outro sob a
água, como permanecer juntos e como reunir se separados
5 - Emergência: Combinem os procedimentos para o caso de falta de ar e
outras situações de emergência. Discutam sobre os locais de atendimento
a emergências e contatos de emergência.
A idéia geral é de que os companheiros tenham um entendimento comum
de todos os aspectos do mergulho A coordenação pode ser desenvolvida
até que os companheiros pensem e ajam como se fossem um só. Este
deverá ser o seu objetivo.
5º PASSO - COLABORAR
O
objetivo do planejamento perde a razão da ser se o plano
elaborado não é realizado. Certifique-se que você cumpre as decisões. E
possível que você precise ser paciente algumas vezes, mas lembre-se que
o mergulho é mais agradável quando os objetivos são alcançados pelos 2
companheiros.
A REGRA DO MERGULHO É:
PLANEJE O SEU MERGULHO E MERGULHE O PLANEJADO.
- 84 -
MANUAL DE MERGULHO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Tabelas:
Tabela 1
1 – Se você faz um mergulho a 15m durante 25 minutos, seu grupo de
letra será de:_______.
2 – Se você faz um mergulho a 22m durante 31 minutos, seu grupo de
letra será de _______.
3 – Se você faz um mergulho a 30m durante 21 minutos, seu grupo de
letra será de _______.
4 – Se você faz um mergulho a 36m durante 09 minutos, seu grupo de
letra será de ______.
5 – Se você faz um mergulho a 10m durante 70 minutos, seu grupo de
letra será de ______.
Tabela 2
6 – Se você tem um grupo de letra D e seu intervalo de superfície é de 1h
e 20 minutos, seu novo grupo de letra será: _______.
7 – Se você tem um grupo de letra C e seu intervalo de superfície é de 3h,
seu novo grupo de letra será: __________.
8 – Se você tem um grupo de letra G e seu intervalo de superfície é de 2h,
eu novo grupo de letra será: _________.
9 – Se você tem um grupo de letra A e seu intervalo de superfície é de 15
minutos, seu novo grupo de letra será: __________.
10 – Se você tem um grupo de letra K e seu intervalo de superfície é de 4h
e 25 minutos, seu novo grupo de letra será: __________.
- 85 -
MANUAL DE MERGULHO
Tabela 3
OBS.: Do cruzamento do grupo de letra com a profundidade podemos
localizar a tabela de TNR e LNDA.
IPC: O tempo de fundo (TTF) é a soma do TNR (Tempo de Nitrogênio
Residual) + TRF (Tempo Real de Fundo).
11 – Em um segundo mergulho com um grupo de letra F, profundidade de
15m, qual o TNR e o LNDA?
____________________________________________________________
12 – Em um segundo mergulho com um grupo de letra D, profundidade
21m, qual o TNR e o LNDA?
____________________________________________________________
13 – Em um mergulho aos 20m com o tempo de 40 minutos, qual o tempo
de fundo?
____________________________________________________________
14 - Em um mergulho aos 15m com o tempo de 35 minutos, qual o tempo
real de fundo?
____________________________________________________________
15 – Qual tempo total de fundo, em um mergulho aos 13m, grupo de
pressão F, com um TNR de 47 e um TRF de 25?
____________________________________________________________
GABARITO: 1-D, 2-H, 3-G, 4-D, 5-G, 6-C, 7-A, 8-D, 9-A, 10-C, 11- TNR: 47 LNDA:
53, 12 – TNR: 20 LNDA: 30, 13- 40 min., 14- TRF 35, 15- TTF 72 min.
- 86 -
MANUAL DE MERGULHO
Demais Assuntos
1 – Qual a finalidade das tabelas de mergulho?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
2 – A partir de que profundidade o mergulho é considerado Profundo?
a)
b)
c)
d)
08 metros
10 metros
18 metros
20 metros
3 – Quais são os sintomas da Narcose?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
4 – Defina Doença Descompressiva.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
5 – Um dos fatores que pode agravar o aparecimento dos sintomas da
doença descompressiva:
a)
b)
c)
d)
Banho morno
Desidratação
Cansaço
Ingestão de doces
6 – Cite alguns sintomas da Doença Descompressiva.
- 87 -
MANUAL DE MERGULHO
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
7 – Qual a finalidade da bússola no mergulho noturno?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
8 – Quais são as medidas iniciais, por ordem de prioridade, na avaliação
da pessoa acidentada?
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9 – Como identificar uma parada cardíaca respiratória?
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10 – O que é Afogamento Seco?
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11 – Quais são os primeiros socorros dados a uma vítima de afogamento?
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12 – Quais são os principais sintomas da Hiportemia?
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MANUAL DE MERGULHO
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13 – Qual é a finalidade do Torniquete?
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14 – Como proceder nas seguintes situações:
Sangramento Nasal:
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Cãibras:
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Insolação:
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Lesões Cranianas:
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Pânico:
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Desmaios
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Ferimentos por Água Viva:
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