fasciculo nº6 - 1915-1950
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fasciculo nº6 - 1915-1950
Enquanto isso, no Brasil e no mundo... Semana de Arte Moderna de 22 na Bahia Realizada no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, a Semana de Arte Moderna foi organizada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e outros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 56 ANDRADE, Alberto Kirchner de. Estação de Itaú, berço histórico de uma cidade, Itaú, Gráfica e Editora Letrícia, 2001. BORGES, Sebastião Wenceslau. Memoriando, 3ed, Passos, Editora São Paulo, 2003. FAUSTO, Boris. História do Brasil, EDUSP, 2ed,1995. GRILO, Antonio Theodoro. Sindicato Rural de Passos, Passos, Editora São Paulo, 2002. GRILO, Antonio Theodoro. Câmara Municipal 150 anos, Passos, Editora São Paulo, 1998. LEMOS, Domiciano José. As Tiradas do Coronel, São Paulo, Editora CLA, 1995. NORONHA, Washington. História da cidade de Passos, do Senhor Bom Jesus dos Passos, vol. 1 e 2. PRETTI, Leonel. Lembranças de Passos, 1936. VASCONCELOS, Elpídio Lemos de. Álbum de Passos, 1920. Acervo Darcy Maria da Silveira Moraes - Fotos e documentos. Gazeta de Passos, Edições nºs 113 a 268 de 1943 a 1945. Tombo. Volume 1. Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus. Itaú de Minas,1941-1985. p. 03-07. EXPEDIENTE Especial editado pelo Jornal Folha da Manhã e Fundação de Ensino Superior de Passos - FESP JORNAL FOLHA DA MANHÃ Carlos Antônio Alonso Parreira - Diretor Jornalístico Maria das Graças Lemos - Diretora Comercial FESP/UEMG Prof. Fábio Pimenta Esper Kallas - Presidente do Conselho Curador Moeda de níquel de 1948. Ela valia 10 centavos e foi cunhada em homenagem a José Bonifácio. EDIÇÃO EDIÇÃO:: Carlos Antônio Alonso Parreira/ Profª. Selma Tomé PESQUISA E REDAÇÃO: Profª. Leila Maria Suhadolnik Oliveira Pádua Andrade REVISÃO: Prof. José dos Reis Santos IMA GENS E FO TOGRAFIA IMAGENS FOT OGRAFIA:: Prof. Diego Vasconcelos PROJ AGEM /CAP A : Profª. Heliza Faria PROJ.. GRÁFICO/MONT GRÁFICO/MONTA GEM/CAP /CAPA Fascículo 06/10 - Agosto de 2008 A Semana marca o advento do modernismo brasileiro e é o ponto de encontro das várias tendências modernas que vinham, desde a Primeira Guerra Mundial (1914-18), se firmando em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tais tendências defendiam a liberdade nas artes e o rompimento com os padrões europeus, inaugurando uma arte visual e letrada essencialmente brasileira. Era V ar gas Var argas A República do Café com Leite durou até 1930, quando, por meio da Revolução de 30, Vargas instalou um governo que durou 15 anos. Nesse período, as liberdades democráticas foram praticamente abolidas e a Constituição de 1891 foi suspensa. Os governadores eleitos foram destituídos de seus cargos, sendo substituídos por interventores nomeados pelo governo federal. A Era Vargas é tradicionalmente dividida em três fases. Período Provisório (de 1930 a 1934) ou da instalação do regime varguista. Encontrou uma forte oposição por parte de São Paulo, que liderou a Revolução Constitucionalista, iniciada em 9 de julho de 1932. O governo federal venceu São Paulo, mas iniciou um processo de redemocratização. De 1934 até 1937 houve um breve período chamado de Constitucional, marcado pela elaboração de uma constituição com características democráticas e o retorno do direito de voto. Com a expansão dos regimes ditatoriais de direita nazi-fascista e dos movimentos da esquerda socialista, a situação política européia influenciou o surgimento da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista, e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), que seguia o modelo socialista. Esses grupos tiveram um grande chamamento popular, dando oportunidade para os seguidores de Vargas alega- rem, devido à insegurança que causaram os movimentos, o perigo de uma ameaça comunista. Vargas, aproveitando-se da situação, deu o Golpe Cohen e ficou no poder até 1945. A partir de 1937, o regime ditatorial foi explícito com ações direcionadas por dois departamentos: o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). A Segunda Guerra Mundial, que opôs Aliados e Eixo, criou uma contradição interna no Brasil. Vargas, ditador, entrou na guerra, em 1944, para defender as democracias aliadas. No Brasil, vozes se levantaram, especialmente em Minas Gerais, com o Manifesto dos Mineiros. Vargas foi deposto em 1945, pondo fim aos 15 anos de poder. Logo após, foi eleito o General Dutra, herdeiro do varguismo. Em 1946, uma nova constituição foi elaborada, iniciando o período denominado República Nova ou populista dos anos 50 a 60. O Brasil na Guerra Em pleno desenrolar da Segunda Guerra, em janeiro de 1943, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt esteve em Natal, no Rio Grande do Norte, onde se reuniu com Vargas, comentando as decisões importantes tomadas na Conferência de Casablanca. Os dois líderes estabeleceram que o Brasil colocaria navios mercantes à disposição dos Estados Unidos e mandaria forças armadas para a guerra, lutando ao lado dos Aliados. A FEB foi incorporada ao Exército Americano, passou por treinamentos de adaptação ao clima e compreensão de instruções e armamentos. Enfrentando dificuldades, eles combateram as tropas do Eixo na Itália em diversas regiões: Vecchiano, norte de Pisa, Massarozza, Camaiore, Monte Prano, Galiciano, Barga e Monte San Quirino, fechando a primeira fase de operação da tomada de Castel Nuovo. Os expedicionários da FEB, conhecidos popularmente como pracinhas, retornaram ao Brasil em julho de 1945. Desembarcaram no Rio de Janeiro em meio a uma grande e emocionante comemoração de recepção pelo povo. Após os conflitos intensos que levaram à matança do Fórum, os políticos passenses canalizaram a disputa política por meio de dois partidos, que ficaram conhecidos pelos nomes de Pato e Peru. Após o incidente, o primeiro presidente da Câmara foi o Coronel João de Barros, que concluiu várias obras iniciadas por Neca Medeiros: construiu o adro e as escadarias da Matriz e o Jardim Público. O Coronel João de Barros era alto e vermelho e por isso apelidado de Peru, enquanto seu oponente, Joaquim Gomes de Souza Lemos, tinha baixa estatura, o que favoreceu o apelido de Pato. Assim, surgiram as denominações de Pato e Peru. Os célebres Patos e Perus 50 Perus: Cel. João de Barros, Dr. Lourenço Andrade, Cel. Azarias Lemos, Cel. Francisco de Silva Maia, Cel. José Stockler de Lima, Cap. João Inácio de Andrade, Cap. Manuel Ferreira Cardoso, Cel. Joaquim Botrel, Cap. Lucio da Silva Maia, Cap. Antônio Domingos, Cel. Antônio Domingos, Cap. José Pinto Oliveira Correa, Cel. José Israel, Cap. José de Melo Pádua, Cap. Sabino Beraldo, Cap. Francisco Cândido de Souza, Cap. Olimpio Souza Lima, Cap. Joaquim Alves da Silva, Cap. Sinfrônio de Vasconcelos, Cel. Adoniro José Lemos e Cel. Brígido José Bernardes. Patos: Cel. Joaquim Gomes S. Lemos, Cel. Francisco Gomes S. Lemos, Cap. Urias Lopes, Cap. Eusébio, Cap. José de Melo Coelho, Cap. José Rodrigues Teixeira, Cap. Irineu Francisco, Cap. Vitalino Barbosa, Cap. Randolfo Vasconcelos, Cap. Evaristo da Silveira, Cap. João de Melo Santos, Cap. Otaviano Cintra, Dr. Mario Amâncio da Silveira, Cel. Saturnino Gomes Grilo, Dr. Wellington Brandão e Nestor Vilela Lemos. Os irmãos Gomes Estação Mogiana Joaquim Gomes ficou no poder até 1915, sendo sucedido por seu irmão Francisco Gomes. Jayme Gomes, irmão dos dois, era deputado estadual e, de Belo Horizonte, dava um suporte político para o Partido Pato. Assim, os irmãos Gomes trabalharam para conseguir trazer para Passos a Ferrovia e o Telégrafo, entrando em entendimento com a administração da Companhia Mogiana, na cidade de Campinas, Estado de São Paulo. Vários desencontros e incidentes dificultaram o início dos trabalhos de construção da estrada de ferro. No final do processo, a Cia. Mogiana exigiu que se fizesse uma mudança no traçado inicial dos trilhos, aumentando em 70 km o percurso entre Guaxupé e Passos, favorecendo a cidade de São Sebastião do Paraíso. No lançamento da pedra fundamental da Estação Mogiana de Passos, foram colocadas no local moedas de circulação da época, fotografias e uma cópia da ata lavrada por Dr. Washington Noronha para o Livro de Ouro da Municipalidade. A Estação Ferroviária foi inaugurada em 1921, no mandato do Coronel João de Barros. Nesse dia, duas placas estavam fixadas na parede da plataforma: uma contendo os nomes dos vereadores que compunham a Câmara Municipal e outra de agradecimento à diretoria da Cia. Mogiana. Nenhuma das placas foi preservada; ambas encontram-se desaparecidas desde a desativação da estação. Em 1940, após várias petições do povo passense, a empresa Mogiana colocou um trem expresso, de passageiros. O Clube de Natal do Capitão Hilarino Por vários anos, o “Club” editou um fascículo intitulado “O Natal”, que circulava uma vez por ano, durante as festas natalinas. Além de relatos dos trabalhos desenvolvidos pelo clube, eram incluídos contos, poesias, homenagens a vivos e mortos e artigos sobre Itapecerica, a cidade natal do Capitão Hilarino. O Clube Infantil de Natal foi uma agremiação infantil criada em 1903, por Hilarino de Moraes, para celebrar o nascimento do Menino Jesus. Essas festas eram muito populares em Portugal e denominavam-se apresentação das Pastorinhas. O Capitão Hilarino estudou no Colégio Caraça de Belo Horizonte e, de lá, trouxe a tradição e os hinos. Foto Pastorinhas. Foto Capitão Hilarino. O “Club” foi crescendo, organizou uma biblioteca que chegou a ter mais de 1200 volumes e ganhou prestígio entre as famílias dos coronéis, que se envolviam com a preparação dos presépios e das fantasias. Inicialmente, os trabalhos foram modestos e simples; depois, as celebrações foram ficando cada vez mais luxuosas. Nos anos 20, além do luxo com que se celebrava o Natal, havia disputa entre as adolescentes para ter a honra de participar das apresentações. Após a morte do Capitão, a sra. Elza Barros de Melo coordenou as Pastorinhas até os anos 80. O grupo religioso das Pastorinhas é uma encenação, na qual várias jovens vestidas de pastoras visitam o Menino Jesus e fazem saudações por meio do canto e da dança. Um pastor e a pastora Briosa lideram o grupo, fazendo contra-cantos. Todo o ano preparava-se o Natal, ensaiando exaustivamente os passos e os cantos das pastorinhas. Os pracinhas passenses na Segunda Guerra A partir de 1944, o Brasil envolveuse na Segunda Guerra Mundial e, devido à presença do Tiro de Guerra na cidade, muitos jovens passenses foram convocados para a guerra. Os nascidos em 1.922 e 1.923 fizeram parte do 12º Regimento de Infantaria de São João Del Rey-MG, cidade sede da infantaria, que treinou diversos jovens para compor a Força Expedicionária Brasileira (FEB). A primeira emissora de rádio da cidade Dr. Breno Soares Maia, Jacob Negrão, José Figueiredo e Geraldo Starling Soares perceberam a necessidade do veículo de informação e entretenimento e foram os responsáveis pela instalação da ZYN4 - Rádio Sociedade de Passos. No dia 22 de dezembro de 1945, o Diário Oficial da União publicou o decreto que permitiu o surgimento da emissora. O primeiro locutor a falar na Rádio Passos, naquele dia, foi Antônio Caetano Lemos. Desde a fundação, a emissora teve a participação de um dos grandes comunicadores passenses: Alípio Ferreira Dias. O primeiro operador de som e o primeiro funcionário registrado na Rádio Sociedade Passos foi Joaquim Almeida (Quinzinho do Cinema). Os expedicionários de Passos eram: Jones Pimenta de Vasconcelos, Geraldo Silvério de Almeida, Antonio Formágio, Lauro Sawaya, Jorge Jabur, Alfredo Lemos de Vasconcelos, João Lemos Filho, Maurício Gomes de Pádua e Djalma Bordezan. Embora a guerra na Europa tenha terminado em julho de 1945, os expedicionários chegaram a Passos somente em novembro. Foram recebidos com grande festa na Praça da Matriz, onde foi realizado um comício homenageando-os. O orador oficial foi o professor Teodoro, que assim se expressou: “Queridos expedicionários, vocês são as marcas luminosas de nossa era, amado povo de minha terra.(...) meu coração está seco como erva do campo, diante de nós desfila um rosário de cidades desoladas, guerra sanguinolenta, cruel, destruidora desumana, implacável. A cobra fumou: lutaram em Montese, Marano, Soprassasso, Coléchio, Fornovo, Monte Castelo. Na Itália imortal venceram as batalhas. Vocês, pracinhas passenses, representam nossos ideais! Salve!” Para homenagear aos pracinhas, a antiga Rua Primeira Chapada passou a ser chamada de Avenida dos Expedicionários passenses, e na Praça Geraldo da Silva Maia (Praça do Rosário), foi erguido um monumento. Pracinhas sem ir à Europa Jales Machado, Antonio Coelho de Melo e Antonio Caetano (Cuecão) foram convocados pela FEB, mas não foram para a Europa. Permaneceram prestando serviços na Praia de Marataízes e depois em Vila Velha, no Espírito Santo. A foto foi tirada em São João Del Rey, em 1943, e nela estão: Valdomiro Caetano, Antonieta, José Caetano Lemos e Jales (de pé); de cócoras: Antonio Coelho de Melo, Antonio Caetano (Cuecão) e demais recrutas. 55 Em 1882, por meio da Câmara Municipal de Passos, importaram-se mudas de cana. Desde o início da formação das fazendas, há referências aos engenhos domésticos para a fabricação da rapadura, do açúcar mascavo e da garapa. A partir da importação das mudas, a produção passou a ser mais efetiva e vai se desenvolver cada vez mais, chegando à formação das Usinas Açucareiras. A Sociedade Rural na cidade Em maio de 1938, por iniciativa dos produtores rurais, foi fundada a União Rural de Passos. E m 1.943, a 1ª Exposição Pecuária de Passos, realizada pela Prefeitura e pela Sociedade Rural no Largo do Rosário, foi um sucesso econômico e político. Foram montadas barracas, houve leilões e shows. A presença do cantor Vicente Celestino, muito famoso na época, despertou no povo grande emoção e constante presença no local. Na Confeitaria Seleta, de Souza, Cintra e Cia. – um bar com salões de bilhares e snookers, na Praça da Matriz –, havia concentração diária de zebuzeiros e agricultores de Passos e região. A Seleta, como passou a ser chamada, transformou-se no ponto de encontro da elite passense. Nesse tempo, era também o reduto do partido Peru, enquanto o bar Pingüim, na mesma rua, acolhia o partido Pato. Nesses bares, os homens divertiamse jogando, apostando e exibindo os lucros que conseguiam com o gado. Vacas eram batizadas com champanhe importado e alguns, em vez de usar palha para enrolar o famoso cigarro de palha, usavam uma nota de 100 réis. Era o delírio! A Igreja Presbiteriana em Passos 54 Carlos Suhadolnik dirigia, em 1932, o Curtume Santa Isabel e uma sapataria que produzia botinas. O governo de Minas entrou em entendimento com o curtume para que produzisse botinas para os soldados que lutavam na Revolução Constitucionalista de 32. Assim foi feito. Uma partida de botinas foi produzida em tempo recorde e enviada ao governo estadual, que nunca pagou a encomenda. A partir de 1921, com a expansão da Missão Cristã “West Brasil”, a propaganda do culto evangélico foi iniciada em Passos pelos pioneiros Rev. Roberto Daffin e o sr. Paulo Valetim. Houve muita resistência aos cultos evangélicos na cidade que, até então, era somente católica. Em 1925, a Congregação comprou um terreno na Primeira Chapada e continuou a expandir as pregações. Os católicos ficaram incomodados com a presença do novo culto e os protestantes queriam continuar sua missão. Foi necessária a interferência da Câmara Municipal, especialmente do Dr. Lourenço de Andrade e de Washington Noronha, já que católicos exaltados e radicais depredaram o local de culto dos evangélicos. Contornada a situação, que foi reprovada por grande parte da população católica, a Congregação Presbiteriana de Passos progrediu e foi pastoreada por líderes religiosos como Rev. Eduardo Lane e Rev. Joaquim Augusto Machado. A partir de 1944, assumiu o pastorado o Rev. Jairo Borges, que continuou à frente da igreja até 1980, expandindo a ação pastoral para os bairros Coimbras e Bela Vista. Em 1966, a Presbiteriana e outras igrejas evangélicas fundaram uma associação – a Servirás. Em 1949, com o empenho de todos os congregados, foi inaugurado o novo e majestoso templo no centro da cidade, na Rua Cel. Neca Medeiros. O templo é importante herança arquitetônica de Passos. Anos 30: Passos ganha organizações e cultura 1930 Foi fundado o Passos Club – uma sociedade literária e recreativa com 88 sócios. Seus primeiros dirigentes foram Dr. Sidney do Amaral, Cel. Symphronio de Vasconcellos e Dr. Carlos José Lemos. 1934 Fundada a Associação Comercial de Passos. O primeiro presidente foi o Dr. Wellington Brandão e o secretário, Dr. Eduardo de Carvalho. É a semente da ACIP. Fundação da Associação Espírita Santo Agostinho. Desde a sua fundação, dedicou-se a serviços gratuitos de ajuda à comunidade, como o Natal dos pobres, distribuição gratuita de medicamentos, assistência social e Escolas do Evangelho. Mantém hoje um albergue e uma creche que atendem muitos necessitados Foi construído o primeiro cinema de Passos – o Cine São Luiz –, por Ângelo Oliveri. Os filmes eram mudos, acompanhados de partituras que eram executadas ao vivo pela exímia pianista D. Arminda. 1935 Foi fundado o Gymnásio de Passos, um estabelecimento de ensino primário e secundário situado na Rua Cristiano Stockler, exclusivo para alunos do sexo masculino. Fundação da Loja Maçônica Deus Universo e Virtude na casa do Sr. Fernandes de Souza Bueno. 1939 Em 02 de março, foi inaugurado o Cine Rex (atual Cine Roxy), localizado na praça Presidente Getúlio Vargas (hoje Monsenhor Messias Bragança). Residências modernas No período de 1912 a 1915, a Câmara Municipal estabeleceu algumas posturas para modernizar as construções de casas, o que embelezou muito a cidade. A Câmara encomendou ao Coronel Jorge Davis, que morava em Belo Horizonte, alguns modelos de construções para servir de referência para os construtores. As novas obras tiveram que seguir, obrigatoriamente, o padrão estabelecido pela Câmara. Em 1919, ainda na gestão do presidente da Câmara, Francisco Gomes, foi construído o Paço Municipal para abrigar a Câmara e, depois, a prefeitura. Tinha o estilo neoclássico com releituras de rococó, representando um notável patrimônio da história passense. Foi durante muitos anos a sede do Fórum. Liga Operária de Passos Sociedade literária e recreativa Durante os festejos de 1º de Maio, em 1919, vários operários reuniram-se para comemorar a data. Das conversas, nasceu a idéia de se criar uma associação com o nome de Liga Operária de Passos. O seu primeiro presidente foi Leonel Pretti, o fotógrafo. Tinha como objetivos: “Proporcionar benefícios a seus associados e contribuir para o engrandecimento da classe operária, moral e materialmente.” Uma das primeiras providências da diretoria foi fundar uma corporação musical chamada Banda São José. Por meio de apresentações, desfiles cívicos e saraus, a banda contribuiu para o lazer dos passenses. A Liga possuía uma biblioteca e promovia aulas noturnas e horas dançantes. Existiu até 1947, quando foi extinta. Colégio Imaculada Conceição: 91 anos de existência As cinco primeiras religiosas – Madre Maria del Camino Hualde, Sóror Mercedes D’Ávila, Sóror Mariana Cuenca, Sóror Rafaela Perez e Irmã Rosa Alcalde – chegaram a Passos no dia 20 de junho de 1917. O padre Dr. Eduardo de Oliveira Batista empenhou-se para que elas substituíssem as Irmãs da Providência, que estavam deixando o Colégio São José e a cidade. Pe. Eduardo, além de sacerdote da Igreja Matriz do Senhor dos Passos, era advogado e amigo de D. Maria Bárbara de Melo, que doou a casa grande, onde as irmãs passaram a morar. Essa casa estava situada onde hoje é a capela do CIC. D. Maria Bárbara, esposa do Barão de Passos, doou também o terreno contíguo. Nesse terreno, por meio de outras doações e da renda de quermesses, foi edificado o Colégio Imaculada Conceição. É o prédio onde moram as irmãs. Tem um estilo neoclássico, com decoração rococó na fachada. O “Colégio das Freiras” passou a ser a escola das filhas dos fazendeiros e sempre ofereceu bolsas de estudo para famílias das classes menos favorecidas, seguindo o exemplo da fundadora espanhola Madre Carmen Sallés. D. Maria Bárbara era viúva e não tinha filhos. Foi acolhida pelas irmãs, que cuidaram dela durante a doença até a sua morte. Em 1934, a superiora do Colégio, Me. Rosário Tejel, contou com a ajuda de uma comissão para iniciar uma campanha visando à construção de uma capela mais espaçosa. A casa grande foi derrubada e no seu lugar ergueu-se a nova capela, que foi solenemente inaugurada no dia 14 de abril de 1936. O sino foi doado pelo Sr. Joaquim Gomes de Pádua. Portanto, a casa das irmãs e a capela são dois importantes registros arquitetônicos e históricos de Passos. 51 Notas políticas De 1922 a 1927, foi presidente da Câmara o Cel. José Stockler de Lima (o Juca Stockler), que também era do Partido Progressista ou Peru. Seu governo contribuiu para a construção da Santa Casa e do Asilo São Vicente de Paula. Com seu mandato, encerrou o ciclo dos coronéis. De 1923 a 1926, foi deputado estadual o passense Dr. Bernardino Vieira de Medeiros. Estudou Medicina no Rio de Janeiro, destacando-se no estudo de doenças cardíacas. Além da medicina e da atividade agrícola, tinha um talento para as letras e para a oratória. Escreveu vários poemas e dedicou-se, ferrenhamente, à política local. Liberal e boêmio, desinteressou-se pela reeleição para deputado, mudando-se da cidade. Seus poemas mais conhecidos são: Flor Azul, Castália, Vozes, O despertar do gigante sul americano, Terra Natal e Passos. Em 1927, Dr. Lourenço Ferreira de Andrade foi eleito vereador e presidente da Câmara, depois de uma acirrada disputa. O partido Peru venceu as eleições e despontou, desde esse primeiro período, a liderança do Dr. Lourenço. Com a ditadura Vargas, ele permaneceu 18 anos dirigindo a cidade. Lourenço de Andrade: 18 anos de poder A arte de Jerônimo Neto na Matriz 52 No dia da reinauguração da igreja, o bispo diocesano Dom Ranulfo da Silva Farias, ao lado do Monsenhor João Pedro, benzeu-a após uma missa festiva. Em 1925, foi composta uma comissão visando reformar a Igreja Matriz. Na época, o pároco era o Monsenhor João Pedro, mas a presidência dos trabalhos foi entregue ao Padre Eusébio Leite e, depois, ao padre Felipe de Oliveira. Participaram da comissão: Capitão Adoniro José Lemos, Otávio de Vasconcelos, Dr. Lourenço Andrade, Capitão Lúcio da Silva Maia, Cel. Antenor Negrão, Arlindo de Vasconcelos Figueiredo, Cel. Evaristo Lemos, Alfredo Gomes de Souza Lemos e o engenheiro Dr. Arthur Löfgren. O Cel. Azarias José Lemos também se empenhou pela reforma e a Câmara Municipal de Passos financiou a instalação elétrica da igreja. Durante os quatro anos de trabalho, os senhores João Orlandi e David Baldini foram os construtores. A mais encantadora das modificações foi a decoração do teto e das laterais do altar, feita pelo artista Jerônimo Neto. Jerônimo Felipe da Costa Neto era natural de Formiga, onde nasceu em setembro de 1894. De família simples, cursou até o terceiro ano primário. Era autodidata, inteligente, habilidoso e aprendeu vários ofícios. Residia à Rua Dois de Novem- bro, em uma casa onde cultivava muitas flores: miosótis, açucenas, margaridas, rosas e cravos. Inspirado nelas começou a fazer os primeiros rabiscos. Foi carpinteiro, alfaiate primoroso das Lojas Sarno, cozinheiro, tocava flauta e bandolim, tendo participado da banda de música Nossa Senhora das Dores. Para a família, era muito dedicado: fazia deliciosas balas de coco e muita goiabada para guardar em caixas. As asinhas dos anjos usadas nas coroações eram feitas por ele. Era muito caridoso e querido: à porta da sua casa recorriam mendigos, doentes, necessitados ou quem queria apenas um aperto de mão e uma palavra de atenção. Em 1927, quando iniciou o trabalho de pintura da Igreja Matriz, ele mesmo preparou a madeira, os panos para a pintura e as tintas. No barrado das bordas do teto, foram usados mais de 80 anjinhos diferentes e várias tonalidades. O destaque são as quatro pinturas da nave central que rememoram o Nascimento, a Transfiguração, a morte de Cristo e Deus Pai. O quadro do nascimento é singular, pois, numa época em que Jesus era comumente retratado loiro e de olhos azuis, Jerônimo buscou ins- piração nas longínquas regiões do Oriente Médio para retratar o menino com feições peculiares. O quadro do centro, que retrata a Transfiguração de Jesus, é uma releitura do quadro renascentista de Rafael Sânzio. O Cristo Crucificado tem inspiração em Velásquez, um artista do barroco espanhol. Essas obras são muito valiosas e formam, com o corpo arquitetônico da igreja, um valioso conjunto do patrimônio Histórico de Passos. Não é um bem tombado, mas encontra-se muito bem conservado pela Paróquia Matriz do Senhor Bom Jesus dos Passos. Álbuns de Passos: preservação da História através de fotos Em 1920, foi publicado o Álbum do Município de Passos, organizado por Elpídio Lemos de Vasconcelos durante o mandato do Coronel João de Barros, que exerceu a presidência da Câmara de 1918 a 1922. Nas 264 páginas do álbum, podemos perceber como era importante o ramo do comércio na cidade de Passos. Naquela época, havia 146 armazéns de secos e molhados, ferragens e gêneros; 38 negociantes de fazendas (tecidos), armarinhos e novidades, 32 açougues de gado e porcos e 11 padarias e confeitarias. Pelas páginas dedicadas pelo Álbum de Elpídio às fazendas criadoras, podese observar a importância que alcançou a criação do gado zebu na região, transformando-a num dos melhores centros pastoris de Minas Gerais. Os fazendei- ros retrataram seus espécimes mais valiosos para a posteridade. Um novo álbum fotográfico foi organizado por Leonel Pretti, em 1936, contendo 284 páginas. Comparando-se os registros deste com os do Álbum do Elpídio de 1920, pode-se obser var um crescimento da cidade no setor comercial e industrial, destacando-se: bancos, hotéis, escritórios jurídicos, empreiteiros e construtores, médicos, dentistas, advogados, alfaiates, cabeleireiros, seleiros e açougues. Entre as várias casas de comércio, estão; Casa Dois Irmãos, de Jorcelino José Esper; Casa Nogueira, de Alexandre de Mello Nogueira; Casa Alux; Padaria São João, de Eduardo Moraes; Casa Brasileira, de Li- mirio de Paula e Silva; Casa das Louças, de J. M. Duarte; Confeitaria Seleta; Casa Confiança, de Elias Kallás, etc. O Álbum de Leonel Pretti mostra a urbanidade em franco progresso e, nas entrelinhas dos textos, podemos perceber que nos anos 30, a cidade passava por grandes modificações: estava abandonando o passado da exclusividade pecuária invernista para dedicar-se também ao comércio e às pequenas indústrias. Os dois álbuns, deixaram uma contribuição muito grande para o estudo histórico e para a memória fotográfica da cidade. Durante a Revolução de 30, Getúlio Vargas assumiu o poder, destituindo Washington Luís e impedindo a posse de Júlio Prestes, que havia saído vitorioso nas eleições. Todos os cargos públicos foram destituídos e, para seus lugares, foram nomeadas pessoas da confiança de Vargas. Benedito Valadares foi nomeado interventor para Minas Gerais e, aqui em Passos, Dr. Lourenço de Andrade permaneceu durante 18 anos à frente do poder municipal, com a criação do cargo de prefeito. Assim, quando iniciou o governo provisório de Vargas, Dr. Lourenço foi indicado para o cargo. No Período Constitucional, que durou de 1934 a 1937, Dr. Lourenço de Andrade foi reeleito para o seu segundo mandato à frente da Prefeitura Municipal. Deveria permanecer por quatro anos, mas ficou até 1945, devido ao Golpe de 1937, quando foi novamente indicado pela ditadura varguista. Nesse período até 1942, a política passense foi marcada pelo protecionismo. Vargas, Valadares e Lourenço representavam a aliança a favor da ditadura populista. Dr. Lourenço de Andrade exerceu um mandato com muita ação. Um dos seus principais feitos foi dotar a cidade de um moderno sistema de abastecimento de água, finalizando a canalização e concluindo a construção do reservatório da Praça do Rosário. Assim, a população estava “abastecida de puríssima água potável, com previsão mínima de 20 anos, assinalando-se, desde já, a baixa de 50% da mortalidade”, segundo suas próprias palavras. Conseguiu do governo do Estado a construção da estrada Passos-São José da Barra, importantíssima na ligação com a capital Belo Horizonte. A construção do Mercado Municipal e o calçamento das ruas Antônio Carlos, Rui Barbosa (hoje Deputado Lourenço de Andrade) e Avenida da Estação também foram obras de sua administração. Dr. Lourenço preocupava-se com a educação. Incrementou a instrução primária e secundária, com a construção de prédios escolares, incentivando o funcionamento de 25 escolas rurais. Em 1929, com apoio de sua esposa Blandina de Andrade, do Cel. Azarias Lemos e do presidente do Estado Antonio Carlos de Andrada, foi criada a Escola Normal Oficial de Passos. O primeiro diretor foi o Dr. Washington Álvaro de Noronha e o secretário foi Eduardo Ferreira de Carvalho. A escola funcionou provisoriamente na Rua do Colégio e depois foi transferida, em 1934, para o Largo do Rosário, permanecendo por 24 anos. Lourenço Andrade promoveu também a remodelação das praças da Matriz e do Rosário, com a criação de belos jardins, com traçado harmonioso, de inspiração européia. Pagina 188 e outras Album Pretti Dedicou especial zelo ao setor da saúde pública, reestruturando a Santa Casa de Misericórdia, da qual era diretor clínico. Organizou e comandou a “Companhia de Guerra de Passos”, um grupo de 112 homens que participou da Revolução Paulista de 32. Os combatentes dirigiram-se para a região de São Sebastião do Paraíso e Guaxupé, onde permaneceram por quinze dias, evitando que as tropas paulistas invadissem territórios de Minas Gerais. Em 1945, a ditadura varguista estava desgastada devido a uma dicotomia interna. O Brasil, país com um governo ditatorial, entrou na guerra defendendo os Aliados democratas. O governo Vargas caminhou rapidamente para a deposição e, com ele, os governantes de Estados e municípios que o apoiavam ou que foram indicados por ele. O longo período à frente da Prefeitura trouxe desgaste político. Dr. Lourenço foi perdendo apoio de importantes líderes da cidade. Em 1.944, houve eleição para a diretoria da Sociedade Rural do Sudoeste Mineiro. Francisco Ferreira Maia, apoiado pelo Dr. Lourenço, perdeu para José Meirelles Junqueira (dono da empresa de energia) e isso desgastou as relações da família com o prefeito. Com a abertura política partidária no país, os representantes políticos da cidade Francisco Ferreira Maia, Joaquim de Melo Pádua e Dr. Wellington Brandão dirigiram-se a Belo Horizonte a fim de conversarem com o governador Valadares e pressioná-lo a destituir o prefeito. A decisão do governador foi revelada em 10 de maio de 1.945. Dr. Lourenço foi exonerado do cargo e, para seu lugar, foi nomeado o Dr. Geraldo Starling Soares. Houve comício, passeata e manifestações a favor do novo prefeito nomeado e contra o Dr. Lourenço. Foi o fim da “Era Lourenço de Andrade”. De 1945 a 1946, Dr. Geraldo Starling Soares, natural da cidade de Alvinópolis, deixou sua marca na história de Passos, apesar do pouco tempo de mandato. Conseguiu uma verba de 150 mil réis, com a qual foi construído o Estádio de futebol que leva seu nome. Foi também um dos criadores da primeira emissora de rádio passense. Em 1947, Lourenço de Andrade foi eleito Deputado Estadual representando a cidade e os distritos do Glória, Alpinópolis e Delfinópolis. 53 Itaú de Minas, que pertencia a Passos, era chamado de Córrego dos Ferros e tinha uma indústria de cimento Portland. Foi a primeira fábrica a ser instalada no Sul de Minas e era um orgulho para a população passense. Desentendimentos entre o Dr. Lourenço de Andrade, que era o chefe clínico da Santa Casa, com a empresa de energia Siqueira, Meirelles, Junqueira e Cia. levaram a desavenças políticas, culminando com a criação do município de Pratápolis, que encampou a região de Itaú.