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O cenário criminoso e longevo que levou Joseph
Ratzinger, o papa Bento XVI, a renunciar
Sobre a decisão de Joseph Ratzinger, o
papa Bento XVI, de deixar o comando do
Vaticano, assinei matéria que relata fatos
comprovados
por
autoridades,
alguns
deles por mim testemunhados in loco.
Bento XVI sofre de doenças típicas de uma
pessoa com 85 anos, mas não foi a
anunciada artrose que o levou à decisão
de interromper o próprio pontificado. Ratzinger não conseguiu conviver com o crime
organizado que grassa nas coxias do Vaticano. Quem não aceita tal realidade
ignora a verdade, o óbvio, o que foi provado e comprovado por investigações de
todos os naipes.
Ter escrito sobre o tema causou uma revolução na banda católica que frequenta a
rede mundial de computadores, os ortodoxos se rebelaram, sem contar os que
pegaram carona no tema sem saber uma vírgula sequer sobre o assunto. É aquela
velha história dos oportunistas que nada são, mas aproveitam um momento para
ganhar os quinze minutos de fama a que se referiu, um dia, o artista plástico Andy
Warhol. E até os desprovidos de inteligência e conhecimento têm direito a esses
escassos minutos de fama, algo que será regurgitado aos bolhões nas conversas
dos botecos de esquina, para que a claque canalha aplauda um herói de mentira,
um sabereta de araque.
Gostem ou não os incomodados, não há
como fugir da verdade dos fatos, da história.
A
patifaria
circula
pelos
corredores
do
Vaticano desde o fim da era de João XXIII, o
que não significa que antes a sacanagem
por lá deixou de reinar em algum momento.
Entre ser católico e acreditar no que fazem e
dizem os inquilinos do Vaticano existe uma
abissal distância. E é exatamente essa distância que torna muitas pessoas cegas
diante da realidade.
O Estado paralelo e criminoso que existe na Praça São Pedro ganhou força quando
Licio Gelli, que foi próximo de Benito Mussolini, se juntou ao então arcebispo Paul
Marcinkus e a Roberto Calvi, que presidia o Banco Ambrosiano e ficou conhecido
como o “banqueiro de Deus”, no rastro de um dos maiores escândalos políticofinanceiros da história da Itália. Com a morte de Giovanni Montini, o papa Paulo
VI, chegou ao cargo máximo da Igreja Católica o ex-patriarca de Veneza, Albino
Luciani, o papa João Paulo I. Homem correto, probo e humilde, Luciani durou
pouquíssimo tempo no cargo.
Nos trinta e três dias de seu pontificado,
João Paulo I tentou acabar com o crime
organizado que dominava o Vaticano desde
muito. A Santa Sé anunciou que Albino
Luciani
morreu
em
decorrência
de
um
infarto, mas na verdade ele foi envenenado.
Um
assessor
próximo,
integrante
da
quadrilha que agia desde os tempos de
Paulo VI, colocou cianureto no chá de Luciani. Enquanto aguardava-se a escolha de
um novo pontífice, Gelli, Marcinkus e Calvi agiam livremente e contavam com a
mente criminosa de Michele Sindona, o “Tubarão”, destacado integrante da loja
maçônica Propaganda Due ou P2, um dos vértices do escândalo, banqueiro e
membro da Cosa Notra, a máfia siciliana.
Escolhido como novo papa, o polonês Karol Wojtyla, ou João Paulo II, também
tentou fazer uma faxina nas entranhas do Vaticano, pois fora avisado sobre o
funcionamento do esquema criminoso que imperava na Santa Sé. Wojtyla havia
mal começado a adotar medidas moralizadoras quando sofreu um atentado em
plena Praça São Pedro, episódio que teve como atirador, não por acaso, o turco
Mehmet Ali Agca.
O criminoso, que foi preso imediatamente
pelos seguranças do Vaticano e depois foi
perdoado por Karol Wojtyla ainda no
cárcere,
era
membro
do
grupo
Lobos
Cinzentos e estava a serviço da máfia turca,
que por sua vez contava com o apoio
operacional
e
estratégico
do
soviético
Leonid Brejnev. A máfia turca era a outra
ponta do esquema que usava o Banco Ambrosiano como central de branqueamento
de capitais.
Os Lobos Cinzentos participaram da Operação Gladio (a qual detalho mais adiante),
mas tinham em seus quadros agentes soviéticos que se infiltraram a mando de
Brejnev, que queria detalhes sobre a atuação do grupo clandestino de informações
secretas.
Na ocasião em que o escândalo veio à tona, descobriu-se que o rombo no Banco do
Vaticano, acionista do Ambrosiano, era de quase US$ 2 bilhões. Nos bastidores, a
ação criminosa – que levou o Ambrosiano à quebra e provocou um rombo no Banco
do Vaticano – foi comandada por Roberto Calvi, Paul Marcinkus, Licio Gelli e Michele
Sindona.
Por conta desse enredo criminoso, que levou um internauta debochado e abusado a
afirmar que a minha matéria mais parecia um roteiro de Dan Brown, autor do bestseller “O Código da Vinci”, desço aos detalhes do esquema que levou Bento XVI a
optar pela renúncia. Não criei qualquer história e muito menos estória, mas relatei
fatos que acompanhei de perto, além de muitos outros que acompanhei e estudei
ao longo de mais de vinte anos. Quando integrantes da Igreja Católica entram em
contato para, sob a promessa do sigilo, reconhecer que estou certo, fica claro que
não
sou
roteirista
de
filme
de
suspense
e
nem
recebo
para
ovacionar
descompensados mentais.
Quem era quem na trama
Paul Marcinkus
Nascido
nos
Estados
Unidos,
Paul
Marcinkus, o Gorila (que já havia presidido o
Banco Ambrosiano), chegou ao posto de
terceiro
homem
mais
importante
do
Vaticano e, durante dezoito anos (1971 a
1989), presidiu o Banco do Vaticano, que
era sócio-controlador do Ambrosiano. Por
seu
porte
físico
avantajado
e
jeito
truculento, Marcinkus passou a atuar como guarda-costas do papa Paulo VI e foi
acusado de participar da trama que levou João Paulo I à morte.
O escândalo do Ambrosiano foi tamanho, que o Vaticano funcionou como refúgio
para um marginal que falava em nome de Cristo não fosse preso e condenado. Para
proteger Marcinkus, a Santa Sé colocou sua rede criminosa para atuar nos
bastidores da Justiça italiana, a quem coube investigar o caso. Para justificar a não
punição a Marcinkus e aos outros administradores do Banco Ambrosiano, a Justiça
italiana invocou o Tratado de Latrão, que transformou o Vaticano em Estado e
prevê, em um dos seus artigos, que “os entes centrais da Igreja Católica estão
isentos de qualquer ingerência por parte do Estado italiano”. Marcinkus viveu no
Vaticano à sombra do Tratado de Latrão até voltar para os Estados Unidos, onde
morreu em 2006.
Licio Gelli
Licio Gelli, chefão da loja maçônica P2, onde
é mestre venerável, e criminoso conhecido
que agia nos escaninhos do poder, foi
informante da Gestapo durante a 2ª Guerra
Mundial.
Gelli
participou
da
Operação
Gladio, uma organização clandestina que
funcionava como central de informações
secretas, cujo objetivo era evitar a invasão
da Itália pela União Soviética. Em muitos momentos, a Gladio, que teve sua
existência
reconhecida
oficialmente
pelo
ex-primeiro-ministro
italiano
Giulio
Andreotti, usava de estratégias baixas para desestabilizar o sistema político do
país. O que explica o apoio logístico dado à máfia turca por Leonid Brejnev, que
tinha na Itália dúzias de espiões infiltrados.
Licio Gelli foi acusado de participação nas mortes do ex-primeiro-ministro italiano
Aldo Moro, do jornalista Carmine “Mino” Pecorelli, de Roberto Calvi e de João Paulo
I. Prestes a completar 94 anos, Gelli cumpre prisão domiciliar na propriedade que
tem na Toscana.
O jornalista Pecorelli, que era um desafeto de Licio Gelli, foi assassinado porque em
um livro deu detalhes do planejamento do assassinato de Aldo Moro, ex-primeiroministro da Itália. Moro, que era ligado à Igreja Católica, foi sequestrado e morto
pelas “Brigate Rosse” (Brigadas Vermelhas), organização terrorista italiana com que
Gelli mantinha estreitas relações por causa da Operação Gladio, que foi o pano de
fundo para as atrocidades cometidas por Cesare Battisti, o criminoso que contou
com a ajuda de Lula para continuar impune no Brasil.
O grupo “Brigadas Vermelhas”, que participou da Gladio, foi responsável pela
explosão de um trem em Bologna, em 1980, que ao deixar a estação da cidade foi
alvo de bomba dentro de um túnel, matando dezenas de pessoas e deixando
duzentos passageiros feridos.
Em 2002, a Justiça italiana condenou Giulio Andreotti e o mafioso Gaetano
Badalamenti a 24 anos de prisão pela morte do jornalista Mino Pecorelli. Um dos
chefões da Cosa Nostra, a máfia siciliana, Badalamenti foi também condenado à
prisão nos Estados Unidos por ser um dos líderes da organização mafiosa que ficou
conhecida como “Pizza Connection”, uma rede pizzarias que funcionava como
lavanderia do dinheiro dos mafiosos que atuavam em território norte-americano.
Roberto Calvi
Nascido em Milão, Roberto Calvi presidiu o
Banco Ambrosiano e ficou conhecido, à
época do escândalo, como “Banqueiro de
Deus”. Envolvido diretamente na trama que
levou o Ambrosiano à falência e provocou
um rombo bilionário no Banco do Vaticano,
com direito a desvios de dinheiro para uso
pessoal
de
muitos
dos
integrantes
do
esquema e pagamentos indevidos à loja maçônica P2, Calvi fugiu da Itália e acabou
sendo assassinado em Londres.
Em junho de 1982, o corpo de Calvi foi encontrado em um terreno debaixo de uma
ponte da capital inglesa, pendurado em uma corda, dando a entender que o expresidente do Banco Ambrosiano cometera suicídio. Na ocasião, afirmei que Calvi
fora assassinado, mas apenas em 2002 essa tese foi confirmada por uma equipe de
médicos-legistas, após a exumação dos restos mortais do integrante da quadrilha
que operava sob as bênçãos do Vaticano.
Durante o período em que presidiu o Banco Ambrosiano, Roberto Calvi tinha como
principal assessor e braço direito um ex-agente do serviço secreto italiano,
Francesco Pazienza. Acusado de envolvimento no atentado terrorista de Bologna,
na morte de Calvi e no escândalo que levou à
quebra do Ambrosiano, Francesco Pazienza
fugiu da Itália e prestou serviços a agências de
inteligência de vários países latino-americanos
e serviu a Manoel Noriega, traficante de drogas
panamenho de quem era amigo.
Pazienza
foi
preso
nos
Estados
Unidos
e
extraditado para a Itália, onde cumpriu pena e foi colocado em liberdade
condicional em 2009. Por ser um arquivo ambulante, pois muitas informações sobre
a quebra do Ambrosiano ainda são ignoradas, Pazienza não deve durar muito
tempo.
Michele Sindona
Michele Sindona, banqueiro inescrupuloso
que era conhecido como “Tubarão” e que
dirigia uma instituição financeira na Suíça e
levou à bancarrota a Banca Privata Italiana,
atuou
durante
décadas
como
o
braço
financeiro da Cosa Nostra, a máfia siciliana.
Sindona também foi acusado de pagar
propina de US$ 5,5 milhões a Marcinkus e
Calvi.
Em 1986, Michele Sindona foi condenado à prisão perpétua pela morte do
advogado Giorgio Ambrosoli, ocorrida em 1979. Ambrosoli foi indicado pela Justiça
italiana como síndico da massa falida da Banca Privata Italiana, quando descobriu a
atuação criminosa de Sindona na instituição financeira. Antes disso, Michele
Sindona foi nomeado pelo papa Paulo VI como assessor financeiro do Vaticano e
membro do conselho de administração do Banco do Vaticano.
Diante dos fatos, o Vaticano, sem ter como explicar a nomeação do criminoso,
informou por meio de nota que fora enganado por Sindoma. Cumprindo pena em
prisão de segurança máxima na Lombardia, Michele Sindona prometeu revelar
detalhes dos escândalos, mas morreu em sua cela, em março de 1986, enquanto
tomava café. Durante a perícia, a polícia descobriu que a bebida continha cianureto,
a mesma tática usada para assassinar João Paulo I.
O caso Emanuela Orlandi
Filha
de
um
funcionário
do
Vaticano,
Emanuela Orlandi não foi protagonista do
escândalo,
criminosa
mas
que
vítima
era
da
liderada
organização
por
Paul
Marcinkus. Emanuela desapareceu em 1983,
quando
tinha
15
anos,
e
jamais
foi
encontrada.
O que era para ser um caso corriqueiro de desaparecimento transformou-se, em
pouco tempo, no capítulo mais sinistro do escândalo que teve na proa o Banco
Ambrosiano e envolveu o Vaticano, o Banco do Vaticano e uma organização
criminosa conhecida como “Banda della Magliana”, que atuava na capital italiana.
A “Banda della Magliana” era comandada por Enrico de Pedis, um delinquente que,
junto com seus parceiros de crimes, atuava no tráfico de drogas, turfe e lavagem
de dinheiro. Ao lado da Gladio, a “Banda della Magliana” participou de ataques
terroristas realizados, durante a Guerra Fria, com o objetivo de desestabilizar a
política italiana durante o período que foi chamado de “Anos de Chumbo”.
A “Banda” foi acusada de participar dos
assassinatos do jornalista Carmine Pecorelli,
do ex-primeiro-ministro Aldo Moro e do
então presidente do Banco Ambrosiano,
Roberto Calvi, além de envolvimento no
atentado
na
estação
de
ferroviária
de
Bolonha. A “Banda della Magliana”, sob a
direção de Enrico de Pedis, era uma
espécie de apêndice criminoso das Brigada Vermelhas.
O desaparecimento de Manuela Orlandi foi relacionado com a tentativa fracassada
de assassinar Karol Wojtyla, o papa João Paulo II, na Praça São Pedro. Em junho de
2008, Sabrina Minardi, ex-namorada de De Pedis, afirmou em depoimento que
Emanuela foi sequestrada e morta pela “Banda della Magliana”, tendo seu corpo
arremessado em triturador de cimento. O crime, segundo Sabrina, foi ordenado
pelo arcebispo Paul Marcinkus.
Enrico de Pedis se aproximou de Marcinkus por intermédio de Roberto Calvi, então
presidente do Ambrosiano, que acolhia e lavava o dinheiro sujo da “Banda dela
Magliana”. De acordo com o depoimento de Sabrina Minardi, a ordem de Marcinkus
tinha o objetivo de calar o pai de Emanuela Orlandi, um funcionário do Vaticano,
que sabia demais sobre os bastidores imundos da Santa Sé.
Enrico de Pedis morreu em fevereiro de 1990, assassinado por seus antigos
comparsas. A sua proximidade com a cúpula criminosa do Vaticano garantiu-lhe o
sepultamento ao lado de papas e cardeais na Basílica de São Apolinário.
Após denúncia, o Ministério Público de Roma decidiu abrir o túmulo para
investigação e confirmou que De Pedis de fato tinha sido sepultado em uma basílica
pertencente ao Vaticano. Os procuradores prosseguem na investigação para apurar
os motivos que levaram a tão estranho sepultamento.
Há informações desconexas no caso, mas a ex-namorada de Enrico de Pedis não
tinha razão para mentir, em depoimento, depois de quase vinte anos da morte do
líder da “Banda della Magliana”.
As denúncias de Viganò
Joseph Ratzinger não é um homem inocente e desprovido de inteligência. Se assim
fosse, jamais teria chegado a Sumo Pontífice da Igreja Católica. Contra Ratzinger
pesa o fato de ter integrado a Hitlerjugend (Juventude Hitlerista), divisão da SS
criada por ordem de Adolf Hitler e composta por jovens alemães. Em outras
palavras, ao então jovem Joseph Ratzinger não restou opção, que não a de cumprir
a determinação de um facínora que acreditava na supremacia da raça ariana e na
possibilidade de dominar o mundo. E esse detalhe tem sido usado por alguns que
querem dar conotação distinta à decisão de Bento XVI encerrar seu período à frente
do Vaticano.
Sabendo do que acontecia no Vaticano antes de sua escolha como papa, Joseph
Ratzinger foi alertado pelo arcebispo Carlo Maria Viganò sobre o esquema criminoso
que ainda domina a sede do Catolicismo.
Na carta que enviou ao papa, cujo conteúdo acabou vazando para a imprensa,
Viganò, que foi secretário-geral do governorado do Vaticano, afirmou que lá
“trabalham as mesmas empresas, ao dobro
(do custo) de outras de fora, devido ao fato
de não existir transparência alguma na
gestão dos contratos de construção e de
engenharia”.
Para
que
o
caso
não
se
transformasse em mais um escândalo na
seara
da
Igreja
Católica,
o
Vaticano
informou que as afirmações de Carlo Maria
Viganò resultavam de “avaliações incorretas”.
Viganó seguiu em suas denúncias e na carta endereçada a Ratzinger destacou:
“Jamais teria pensado em me encontrar diante de uma situação tão desastrosa”,
que apesar de ser “inimaginável, era conhecida por toda a Cúria”. Além disso, o
denunciante afirmou que banqueiros que integram o chamado Comitê de Finanças e
Gestão se preocupam muito mais com os próprios interesses do que com os do
Vaticano, lembrando que em dezembro de 2009 “queimaram US$ 2,5 milhões” em
uma operação financeira. Ou seja, o desvio de dinheiro para despesas pessoais dos
que integravam o concílio criminoso e que levou o Banco Ambrosiano à quebra
continua em pauta na Praça São Pedro.
O escândalo Vatileaks
Mordomo do papa Bento XVI desde 2006,
Paolo Gabriele foi preso sob a acusação de
ter roubado documentos secretos da cúpula
do Vaticano, encontrados pela polícia em
seu apartamento.
O
escândalo
Vatileaks,
uma
alusão
ao
Wikileaks, veio à baila em janeiro de 2012,
quando o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi publicou o conteúdo da carta do
arcebispo Carlo Maria Viganó ao papa.No documento, Viganó pedia ao Sumo
Pontífice para não ser transferido apenas por conta de suas denúncias. Contudo, a
decisão de Ratzinger de mandar um dos ex-administradores do Vaticano para os
Estados Unidos pode ter salvado a vida de Carlo Maria Viganó.
Ainda no primeiro semestre de 2012, o escândalo ganhou reforço com o vazamento
de documentos que tratam de uma ferrenha luta pelo poder no Vaticano e relatam
os esforços de Bento XVI para mostrar maior transparência financeira e cumprir à
risca as normas internacionais de combate à lavagem de dinheiro. Nesse período,
uma carta anônima, que ganhou o noticiário, fazia um alerta sobre ameaça de
morte contra o papa.
O imbróglio ganhou novos e explosivos
contornos com o lançamento, em maio de
2012, do livro “Sua Santidade, as Cartas
Secretas
de
Bento
XVI”,
do
jornalista
Gianluigi Nuzzi, que em sua obra tratou
das correspondências confidenciais trocadas
entre Bento XVI e seu secretário pessoal.
Polêmico, porém verdadeiro, o livro mostra
a face oculta do Vaticano, onde intrigas, armações e disputas intermináveis pelo
poder acontecem diuturnamente. O livro de Nuzzi também revela detalhes sobre as
finanças pessoais de Ratzinger, casos de pagamento de suborno para conseguir
agendar uma audiência com o papa, além de relatórios secretos sobre políticos
italianos, como o presidente Giorgio Napolitano e Silvio Berlusconi.
Gianluigi Nuzzi garante não ter desembolsado um euro sequer pela papelada, o que
confirma que importantes e secretos documentos do Vaticano foram vazados
propositalmente na tentativa de intimidar os criminosos que agem na Santa Sé.
Escolhido para ser o operador desse vazamento de documentos, o mordomo Paolo
Gabriele foi preso, mas por saber demais acabou solto e no final de 2012 recebeu
um indulto do papa, o que mostra que a operação foi previamente combinada, mas
não surtiu o efeito desejado e levou Ratzinger a anunciar o fim do seu pontificado.
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