consultar - À Beira Douro

Transcrição

consultar - À Beira Douro
Albino Santos, Ana Maria Costa, Idalina França
(Org.)
Alunos do 8.º ano
POEMAS
ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA
À BEIRA DOURO - MEDAS
Ano lectivo 2010 – 2011
2
SUMÁRIO
1. Imitação dos poetas
1. 1 Limpa-palavras
5
5
1. 2 Definições
17
1. 3 Inventário
23
1. 4 Mistérios da escrita
35
1. 5 Poema à Mãe
49
1. 6 Formas das nuvens
59
2. Recriação de poemas existentes
71
2. 1 Antónimos
71
2. 2 Nomes trocados
77
2. 3 Método S + 7
83
2. 4 Literatura definicional
87
3. Jogos de escrita
89
3. 1 Acrósticos
89
3. 2 Puxa verso
109
3. 3 Cadáver esquisito
121
4. Poemas e artes gráficas
129
4. 1 Um quadro – um poema
129
4. 2 Caligrama
145
5. Texto livre
149
3
4
1. Imitação dos poetas
1. 1 Limpa-palavras
O limpa-palavras é uma técnica de elaboração de
textos baseada no poema de Álvaro Magalhães com o
mesmo nome. Consiste em ―limpar‖ palavras, isto é, em
escolher algumas de textos seleccionados – poemas de
preferência – e em juntá-las de forma a construir versos.
Numa primeira fase, faz-se uma lista de nomes, de
adjectivos e de alguns verbos, retirados de poemas
diversos. A segunda fase é a da redacção, fazendo versos
com as palavras escolhidas, não sendo necessário utilizar
todas. Por fim, aperfeiçoa-se o texto produzido, do ponto de
vista da coerência e da coesão.
Outra forma mais simples consiste em imitar o poeta,
na construção: «A palavra ...n... + VERBO...»
O Limpa-palavras
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
A palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
Enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
(…)
No fim de tudo voltam os olhos para a luz
A vão para longe,
Leves palavras voadoras
Sem nada que as prenda à terra,
Outra vez nascidas pela minha mão:
A palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.
(…)
Álvaro Magalhães
O Limpa-Palavras e Outros Poemas
5
A flor que sonha
Com o mar
O perfume que beija
Aquela sombra escrupulosa
O coração voador
Que poderá até amar
A estrela louca
Os mistérios do ciúme
Perseguido na noite modesta
Que mesmo assim acaricia
O sonho dobrado pelo céu
Como o gato escaldado
Já amou o coração queimado!
Marina Alves, 8.º C
6
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
palavra
cristal brilha como a luz.
punhal espeta como uma faca.
incêndio queima tudo por onde passa.
orvalho cai durante a noite.
memória guarda todos os momentos.
barcos navega no mar.
beijos aconchega o coração.
águas tem muitos peixes.
luz ilumina o teu dia.
noite escurece o teu caminho.
paraísos é um local exótico.
conchas existe na praia.
Joana Moreira, 8.º A
7
Uma palavra misteriosa
Encontrada num banco de jardim.
Vem cá, palavra,
Vem até mim!
Uma palavra encontrada,
Uma palavra perdida
Podemos encontrá-la
No fim da vida.
Uma palavra encantadora
Leva-nos a
Um passarinho pequeno e leve
Solto como o vento,
Um vento agradável.
Encontrei uma casinha na floresta,
Uma casa pequena e aconchegante
Com uma lareira quente.
E por lá fiquei.
Luísa Magalhães, 8.º B
8
Palavras cansadas,
São palavras derrotadas,
Fartas de serem usadas.
Sol, amor, carinho, paixão,
São palavras usadas no dia-a-dia,
Que aquecem o meu coração.
A palavra livro põe a trabalhar a minha mente,
A palavra Terra suporta-me,
Por isso, como recompensa,
Limpo-as, limpo-as, todos os dias,
Para que no outro dia sejam novas outra vez,
Para poder usá-las,
Para derrotar a minha solidão.
Recolho e limpo as palavras,
Que me ajudam a sonhar e a acreditar,
Que elas estão cansadas,
À noite, antes de o sono me chamar…
Ana Mafalda Pais, 8.º A
9
Limpo palavras…
Não só as que estão sujas,
mas também aquelas que partem
ao encontro do horizonte,
também aquelas que se apaixonam,
aquelas que se separam,
aquelas que lutam
por algo melhor,
aquelas que vivem, festejam…
aquelas que cobrem a mente em seu redor!
Limpo palavras…
Limpo, renovo e deixo partir,
saboreio, aprecio e deixo sonhar,
partilho sentimentos, choro e deixo sorrir,
desenho, escrevo…
recrio, deixo surgir.
Limpo palavras…
“Recolho-as à noite, por todo lado”
Cuido delas desde o sol nascente ao mar escuro de estrelas
A palavra sol ilumina-me,
A palavra céu inspira-me,
A palavra estrela faz-me querer mais…
Pensar no futuro…
A palavra futuro faz-me sonhar
Cavalgar mistérios…
Desvendar paisagens…
Prosseguir sem nunca parar!!
Limpo palavras
É isso que faço
É isso que me faz sonhar…
A palavra sonho faz-me ser mais alto…
O verbo acreditar faz-me explodir de emoção,
Faz-me arder de esperança…
10
Faz-me pensar…
A palavra companhia faz-me cantar,
A palavra solidão, cria-me pesadelos…
A palavra ciência faz-me pesquisar,
A palavra crença faz-me duvidar,
A palavra eclipse faz-me medo,
Medo, por uns meros segundos…
Não te conseguir ver,
A palavra olhos vê-te a ti,
Ouve-se a palavra ouvidos,
Pensa-se a palavra cérebro,
A palavra irmão diz-me família,
A palavra dicionário diz-me palavras…
Limpo palavras...
Sou o Limpa-palavras…
Maria João Paiva, 8.º A
11
Na noite leve, beijamos
A flor do novo dia,
Que queima
O coração perseguido,
Que o vento leva
Para perto da luz,
Como uma estrela voadora.
É o mistério do ciúme
E do amor perfeito,
Que ama por amar,
E beija por beijar,
Na sombra da rosa
Que o céu acariciou,
Por entre os bosques
Dos sonhos modestos
Mas voadores.
Pois há um gato que sonha,
Com a canção do leve ar,
Que leva à chama já
Por simplesmente Amar!
Sara Bastos, 8.º C
12
A lua brilhante ama
O coração fundo
O adeus belo que chama
Pelo amigo
O amor perde-se
Nos caminhos tristes
Mas gestos fortes fazem sonhar
A casa é bela
As palavras longas
O ciúme queima
O erro queima
Mas a estrela chama
Ana Catarina Sousa, 8.º C
13
Cinderela
No dia mais sombrio
Daquele tempo remoto,
Esta princesa triste está sozinha,
Fantasiando o distante amor.
Festas desleais, descortesia.
Junto à fonte de água fria,
Por trás do palácio, nasce a magia
Dos beijos e das juras de amor.
Daniela Gama, 8.º C
14
O céu tranquilo regressa
com as palavras perfeitas
a acordar.
Os olhos calmos aquecem.
Uma estrela vazia atravessa
a janela escura que escuta
a cidade má a regressar.
Na manhã solitária que acorda
A água simples aquece
nas rochas sólidas.
A casa secreta escuta a primavera
tranquila a espreguiçar-se.
Um braço da ilha atravessa-se
De árvores e flores escuras
no mar calmo.
Vanessa Ribeiro, 8.º C
(Menção honrosa no Concurso ―Poemas Soltos – 2011‖)
15
16
1. 2 Definições
As definições são uma forma muito fácil de fazer
metáforas. Esta técnica baseia-se num poema de João
Pedro Messeder (―Definições‖) e consiste no seguinte:
1. Escolher dos poemas uma boa quantidade de
nomes;
2. Fazer com eles duas listas;
3. Aparelhar os nomes de uma lista com os da outra
lista, encontrando-lhes um aspecto comum;
4. Redigir frases com esse pares de nomes usando o
verbo SER como elo de ligação;
5. Obtida a metáfora, é necessário explicá-la, juntando
aos nomes um adjectivo ou uma oração que
descreva as características de cada um;
6. Seleccionar as melhores metáforas: as mais
coerentes e as mais belas, e eliminar as outras.
Para isso é preciso ter feito muitas.
Para que a metáfora ganhe vida é necessário que o
segundo nome de cada par não esteja, à partida,
relacionado com o primeiro: por exemplo, não pode ser um
hipónimo, nem um hiperónimo, nem um sinónimo.
Definições
O silêncio é
Uma árvore branca.
Uma árvore é
Uma cabeleira matinal.
Uma cabeleira é
Uma fonte suspensa.
17
Uma fonte é
Um vento visível.
O vento é
Uma canção de vidro.
Uma canção é
Um rio que trespassa.
Um rio é
O silêncio que se move.
O silêncio é
Uma árvore branca.
João Pedro Messeder
Versos com Reversos
18
O mundo é
um jardim de amor
Um jardim é
a natureza amarela do sol
A natureza é
a respiração do ar puro
A respiração é
o mundo melhor
O mundo é
um jardim de amor
Maria José Rocha, 8.º C
19
Um amigo é
um sorriso de boca em boca
Um sorriso é
o arco-íris da felicidade
Um arco-íris é
a nossa imaginação colorida
A nossa imaginação é
um amigo divertido
Um amigo é
um sorriso de boca em boca
Maria José Rocha, 8.º C
20
O poema é
um rio de palavras.
O rio é
um murmúrio musical.
O murmúrio é
a paz profunda.
A paz é
o silêncio cheio.
O silêncio é
um rio sem palavras.
Vanessa Ribeiro, 8.º C
21
O amor é
uma loucura nua.
O amor é
uma esperança sem palavras.
Uma poesia é
a palavra colorida.
O silêncio é
o rosto da morte.
A noite é
a boca do desgosto.
A lua é
a luz da tristeza.
O olhar é
a água cristalina.
O pensamento é
o muro da verdade.
Sara Bastos, 8.º C
22
1. 3 Inventário
Jogo que consiste em inventariar coisas triviais,
aparentemente fúteis, pela justaposição de elementos
avulsos, formando uma lista ou enumeração, ao jeito do
poema de Alexandre O’Neill ou, num trabalho mais simples,
ao jeito da letra da canção ―Momento‖, de Pedro
Abrunhosa. Cada verso corresponde a uma frase nominal
obtida por um nome seleccionado de um poema e um fim
de verso escolhido de outro poema. A rima desempenha um
papel unificador, mas não é obrigatória.
Inventário
Um dente doiro a rir dos panfletos
Um marido afinal ignorante
Dois corvos mesmo muito pretos
Um polícia que diz que garante
A costureira muito desgraçada
Uma máquina infernal de fazer fumo
Um professor que não sabe quase nada
Um colossalmente bom aluno
Um revólver já desiludido
Uma criança doida de alegria
Um imenso tempo perdido
Um adepto da simetria
Um conde que cora ao ser condecorado
Um homem que ri de tristeza
Um amante perdido encontrado
O gafanhoto chamado surpresa
O desertor cantando no coreto
Um malandrão que vem pé ante pé
Uni senhor vestidíssimo de preto
Um organista que perdeu a fé
23
Um sujeito enganando os amorosos
Um cachimbo cantando a marselhesa
Dois detidos de facto perigosos
Um instantinho de beleza
Um octogenário divertido
Um menino coleccionando tampas
Um congressista que diz Eu não prossigo
Uma velha que morre a páginas tantas
Alexandre O'Neill
Tempo de Fantasmas
Momento
Uma espécie de céu,
Um pedaço de mar,
Uma mão que doeu,
Um dia devagar.
Um domingo perfeito,
Uma toalha no chão,
Um caminho cansado,
Um traço de avião.
Uma sombra sozinha,
Uma luz inquieta,
Um desvio na rua,
Uma voz de poeta.
(…)
Pedro Abrunhosa
24
Uma
Uma
Uma
Uma
Um
Um
Um
Um
estrela perdida
luz imortal
mulher iludida
ferida de cristal
espelho partido
céu cinzento
homem abatido
tigre atento
Um gato detido
Um rapaz no ar
Uma caixa fechada
Uma rapariga a planar
Uma
Uma
Uma
Uma
Uma
caneta achada
lâmpada apagada
mesa afogada
floresta incendiada
pessoa amada
José Luís Monteiro, 8.º C
25
Um ecossistema imortal,
Uma flor amargurada,
Uma estrela melancólica,
Uma porta iludida,
Uma boneca angustiada,
Um planeta requintado,
Uma ferida inacabada,
Um coração enraivecido,
Um clip perdido,
Uma mágoa pura,
Uma folha madura,
Uma letra maldosa,
Uma aventura extinta.
Estas palavras eu limpo
De dia para dia
Pois é isto que eu vivo
Na minha vida vazia.
Marisa Magano, 8.º A
26
Uma estrela fluorescente
Um motorista exagerado
Um poema cadente
Um riacho azul
Na parede um amarelejo
Uma borracha cool
Uma castanha do Alentejo
Uma pedra genuína
Um cavalo fechado
Uma mulher heroína
Um caracol assado
José Luís Monteiro, 8.º C
27
As palavras mágicas
Um bosque absoluto e louco,
Uma casa alegre e sociável ,
Uma flor incapaz e absurda ,
Uma solidão breve e seca,
Um céu feminino e dócil,
Uma nuvem especial e comprida,
Um mar disposto e aberto,
Uma pedra frágil e surda,
Uma rosa fiel e profunda,
Uma árvore afável e melancólica,
Um gato sensível e agradecido,
Um pássaro bonito e sonhador,
Um coração inseguro e luminoso,
Um vento importante e verdadeiro,
Uma estrela inocente e carinhosa,
Uma ilha amigável e traidora,
Um pão abismado e incansável,
Um obrigado inteligente e firme,
Um adeus insensível e corajoso,
Um ciúme pálido e calado,
Uma raiva doente e cansada,
Um barco nervoso e curioso,
Um amor meigo e frio,
Um búzio morto e calmo,
Uma lua pública e comum,
Uma palavra inútil e fraca,
Um fogão terrível e vazio,
Uma brisa pequena e irritante,
Uma solidão grande e própria…
Inês Santos, 8.º A
28
Inventário
Um bosque frio e veloz.
Uma casa solitária e vagarosa.
Uma flor escaldante e divertida.
Uma solidão grande e silenciosa.
Um céu limpo e rápido.
Uma nuvem húmida e valente.
Um mar espinhoso e cobarde.
Uma pedra pacífica e colorida.
Uma rosa fofa e feia.
Uma árvore gorda e mole.
Um gato duro e corajoso.
Um pássaro mentiroso e encaracolado.
Um coração apaziguador e redondo.
Uma canção rabugenta e raivosa.
Um vento resistente e inteligente.
Uma estrela sincera e fantástica.
Uma ilha talentosa e gelada.
Um pão velho e sociável.
Um obrigado querido e bajulador.
Um adeus doente e loiro.
Um ciúme radiante e amável.
Uma raiva suja e bonita.
Um frio luminoso e brilhante.
Um barco persistente e silencioso.
Um amor lindo e quente.
Um búzio assombrado e maravilhoso.
Uma lua nova e pequena.
Uma palavra verde e tolerante.
Um fogão azul e escuro.
Uma brisa saltitante e voadora!
Há palavras misteriosas e mágicas
que nos tocam no coração!
Outras tão fortes como o vento
se forem ditas com emoção!
E ainda há algumas infernais
que só nos causam solidão!
Ana Cristina Coelho, 8.º E
29
Um lápis a escrever
Um livro aberto
Um aluno a correr
Um exercício certo
Um bola a rolar
Um menino a dormir
Uma jarra a partir
Um carro a chocar
Um menino a chorar
Um pássaro a morrer
Outra flor a nascer.
Vanessa Ribeiro, 8.º C
30
Uma estrela cadente
Os cabelos castanhos
Um coração ardente
Dois corpos estranhos
Um
Um
Um
Um
livro envelhecido
quadro renascentista
caderno enjoado
lápis de cientista
A lua, uma bola branca
Uma cidade encantadora
Um poema de Florbela Espanca
Uma madame conhecedora
Uma caneta fluorescente
Os céus vermelhos
Uma noite de incidentes
Com um caçador de coelhos
Uma mão de estátua barroca
Três encontros em segredo
Quatro cavalas numa doca
Um cão a rezar o credo
Tiago Silva, 8.º C
31
Um esquisito carro voador,
Uma ferida anormal e profunda,
Um jovem dependente do vício,
Uma fita-cola nova triangular,
Um desfiladeiro azarado,
Um maluco muito sortudo,
Um homem cabeçudo armado em forte,
Um estojo do tamanho do mundo,
Uma pescadora com a desgraça do universo.
Inês Rocha, 8.º C
32
Um bosque sombrio
Uma casa brilhante
Uma flor perfumada
Uma solidão infinita
Um céu sonhador
Uma nuvem chorosa
Um mar vacilante
Uma pedra sozinha
Uma rosa aberta
Uma árvore amiga
Um gato matreiro
Um pássaro livre
Um coração comovido
Uma canção melodiosa
Um vento uivador
Uma estrela cintilante
Uma ilha solitária
Um pão estaladiço
Um obrigado verdadeiro
Um adeus doloroso
Um ciúme invejoso
Uma raiva cega
Um frio sofrido
Um barco navegante
Um amor maravilhoso
Um búzio atento
Uma lua longínqua
Uma palavra incompreendida
Um fogão quente
Uma brisa refrescante
Tantas palavras, tantos significados,
tantas maneiras de dizer alguma coisa…
Bárbara Gonçalves, 8.º B
33
Um sonho poético,
uma árvore de vida,
uma fonte de alegria,
o coração de uma pessoa,
um rapaz perdido encontrado,
uma rapariga contente,
um corvo que desaparece,
um canto miraculoso,
um amanhecer espontâneo,
um novo sonho.
Sara Bastos, 8.º C
34
1. 4 Mistérios da escrita
O ―mistério da escrita‖ consiste em acreditar que se
pode desenvolver um tema a partir da escolha de um nome
(hiperónimo) e aplicando uma estrutura idêntica à do
poema de Álvaro Magalhães.
Esta técnica baseia-se também na nossa capacidade
em formar campos lexicais.
Mistérios da escrita
Escrevi a palavra flor.
Um girassol nasceu
No deserto de papel.
Era um girassol
Como é um girassol.
Endireitou o caule,
Sacudiu as pétalas
E perfumou o ar.
Voltou a cabeça
À procura do sol
E deixou cair dos grãos de pólen
Sobre a mesa.
Depois cresceu até ficar
Com a ponta de uma pétala
Fora da Natureza.
Álvaro Magalhães
O Limpa-Palavras e Outros Poemas
35
Escrevi a palavra flor
Um perfume nasceu
No jardim de rosas
Era uma pétala
Como é uma pétala
Que voa, leve livre
Ao som do vento!
Marina Alves, 8.º C
36
Escrevi a palavra amizade.
Uma amiga apareceu
No fundo do meu coração.
Era uma amiga
Como é uma amiga:
Amiga é toda alegria vivida,
É a luz que ilumina o nosso coração
Cheio de amizade, carinho, ternura…
Seu sorriso enche
O meu coração de felicidade,
seu olhar puro de honestidade.
Eu e ela, ela e eu
Seremos como mão e unha
ligadas até a morte!
Minha casa modesta te ofereço.
Minha amizade por ti é tão grande
Que nunca te esqueço.
Nossa amizade é verdadeira,
é praticada, partilhada.
Adoro-te, Amiga!
Marina Alves, 8.º C
37
Escrevi a palavra fogo
Um ardimento nasceu
No arder de lenha
Era uma chama
Como é uma chama
Que queima sem se ver
Como alguém que ama
Sem se ouvir
O coração que arde
Arde como fogo enraivecido
Como quem não quer parar
Parar de Sonhar e Amar
Aquele amor que nunca foi amado!
Sara Bastos, 8.º C
38
Escrevi a palavra festa
Não é hora da sesta
Escrevi a palavra amor
Um abraço com calor
Escrevi a palavra fim
Um amigo não é assim
Escrevi a palavra coração
Derrotei a solidão
Escrevi a palavra modesta
Quero alguém assim como esta
Escrevi a palavra conhecer
Comecei a vencer
Escrevi a palavra sorriso
Pensei logo num amigo
Escrevi a palavra partilhada
Era a verdade explorada
Escrevi a palavra erro
Mas era um erro corrigido
Escrevi a palavra tempo
Veio-me a hora, o minuto e o segundo.
Ivânia Cardoso, 8.º C
39
Escrevi a palavra amor.
Uma paixão nasceu
Na paisagem deserta.
Era uma paixão
Como era uma paixão.
Resolveu o relacionamento,
Sacudiu os maus espíritos
E perfumou a situação.
Ergui a cabeça
À procura de uma flor
E deixei cair
Duas pétalas
Sobre o coração.
Depois a flor cresceu até ficar
Como uma mulher perfeita
Fora da paisagem.
Alexandre Moreira, 8.º C
40
Escrevi a palavra livro
Uma história nasceu
no papel de impressora
Era uma história
como é uma história
Críticas, romances ou poemas
também saem sem contar
de um livro de encantar
Cores desenhos e pinturas
decoram o livro com ternura
Ana Catarina Sousa, 8.º C
41
Escrevi a palavra viajar
um mapa surgiu
na minha mente
Era um mapa
como é um mapa
Vários tópicos de países
me apareceram
mas só um escolhi
e depois de escolhido
decidi viajar na fantasia.
Miriam Silva, 8.º C
42
Escrevi a palavra pomba
E um céu imenso apareceu
apareceu nos meus sonhos.
Era uma pomba
como é uma pomba.
Trazia paz, liberdade e carinho.
A paz espalhou-se entre todos
e todos a receberam no seu coração.
Miriam Silva, 8.º C
43
Escrevi a palavra céu
Um arco-íris brilhou
no céu da minha imaginação.
Era um arco-íris
como é um arco-íris.
Viam-se sete cores
que embelezavam o céu.
Depois com o tempo foi
desaparecendo a sua beleza.
Miriam Silva, 8.º C
44
Escrevi a palavra árvore,
Um eucalipto nasceu
No meio da floresta.
Era um eucalipto
Como é um eucalipto:
Alto, calmo e verdejante,
Sinfonia cintilante,
Que traz harmonia e paz
Pelo ar,
Como uma festa.
Inês Rocha, 8.º C
45
Escrevi a palavra flor
Uma rosa nasceu
no deserto do papel
Era uma rosa
como é uma rosa
Abanou-se e
perfumou o ar
Voltou-se em direcção ao Sol
e deixou cair algum pólen
sobre a terra
Depois outra rosa nasceu
para fazer parte da Natureza
Maria José Rocha, 8.º C
46
Escrevi a palavra aluno
E um livro nasceu
Era um livro
Como é um livro
Trazia histórias e lendas
Era a luz
Era a fonte
Entre a realidade
E o reflexo
E tudo eram histórias
José Luís Monteiro, 8.º C
47
Escrevi a palavra letra
E uma palavra nasceu
Na página de um livro
Era uma palavra
Como é uma palavra
Representava o amor
Num livro de contos de fada
Essa palavra era beijo
Que o príncipe mandava
Para a sua amada.
Inês Costa, 8.º C
48
1. 5 Poema à Mãe
Tal como fez Eugénio de Andrade, cada um exprime os
sentimentos que nutre por essa pessoa especial.
Poema à Mãe
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
49
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
Os Amantes sem Dinheiro
50
Mãe
Jamais se pode esquecer
É a pessoa que mais nos ama
E que nós menos reconhecemos
Uma estátua a ti deveria ser erguida
Pelo amor que me dás, Mãe
Amo-te do coração à mente
E para sempre
Daniela Gama, 8.º C
51
Poema à mãe
Mãe,
Minha doce ternura,
o teu olhar brilhante
irradia tudo à tua volta
iluminando o meu caminho.
Os teus lábios carnudos
sorriem sempre,
mostrando a tua alegria.
Por vezes pareces uma Rainha
dentro de um castelo,
esperando o teu Rei e os teus Príncipes.
A tua alegria contagia-nos a todos,
aquece-nos o coração.
Mãe,
para sempre serás
um poema delicado,
uma rosa branca, pura…
Joana Moreira, 8.º A
52
Mãe
Um amor belo e forte
Um olhar lindo e penetrante
Um falar suave e sedoso
Uma pele quente e brilhante.
Uma noite fria e estrelada
Um abraço quente e emocionante
Uma gargalhada nua e estridente
Uma lágrima atrevida e fatigante.
O nosso amor é confiante
Alegre e contagiante
Sobretudo a nossa amizade
É uma grande liberdade.
Sonhos felizes e coloridos
Pesadelos sem fim
O mundo sou eu e tu
E és a melhor mãe para mim!
Juliana Ramalho, 8.º E
53
Poema à mãe
Nenhum filho se esquece,
Pois o amor de mãe tudo merece,
Pessoa que me ama, minha heroína,
Linda e formosa como uma menina.
Seus olhos castanhos e penetrantes
Tocam no meu coração,
Lábios ternurentos, que bela canção!
Valentia, seu nome do meio,
Todo o mal que semeio
Ela rega de paixão.
Quem tem uma mãe tem tudo, não é ilusão.
Mulher determinada,
Coragem a define.
Por muito que queiramos
Nada a deprime.
Amo a minha mãe,
Não posso dizer que não,
É o mais importante do mundo
Digo do fundo do meu coração.
Marisa Magano, 8.º A
54
Poema à Mãe
Teu ventre
tem sabor a vida.
Teu colo é terno e aquece.
Tu és dádiva divina,
és criação da minha sina!
Tu és minha salvação,
O sol que alumia o meu dia.
Tu és a razão do meu viver,
És muito mais que um bem-querer!
Mafalda Santos, 8.º D
55
Poema à Mãe
O teu nome revela
Bondade,
Amor e
Calor...
O teu amor supera
As minhas dores!
O teu amor é maior
Que todas as minhas dificuldades.
O teu amor é o eco
Do meu sim à vida.
Tu és
Como as abelhas,
Alimentas teus filhos
Com o pólen do amor.
Rute, 8.º D
56
Poema à Mãe
Mãe é uma palavra simples
que tem várias definições
Amor de mãe é aquele
Que não sai dos corações.
Tu és a minha compreensão,
O sol que ilumina o meu dia!
Tu és a razão do meu viver,
És muito mais que possa dizer…
O teu sorriso, mãe,
é a minha inspiração
é lindo e perfeito e
não tem nenhum defeito!
Mãe é mesmo só uma
eis uma grande verdade
só de pensar em perdê-la
já bate uma grande saudade!
Rute, 8.º D
57
Minha mãe chama-se Margarida,
É uma mãe muito querida,
Como não há outra igual,
Eu nunca a irei esquecer,
Vou amá-la até morrer,
Pois é uma mãe excepcional.
Minha mãezinha querida,
A ti eu devo minha vida,
Tu és a melhor mãe do mundo,
Pois não há mãe como a minha,
Podes crer, querida mãezinha,
Eu tenho-te um amor profundo.
Mãe, só tu és o meu doce encanto,
Razão porque te amo tanto,
Eu tenho que dar graças a Deus,
Muitos trabalhos passaste,
E nunca me abandonaste ,
Obrigada pelos carinhos teus.
Eu sinto muito orgulho,
Por ter assim uma mãe maravilhosa,
Ó meu Jesus, como é bom,
Contigo eu muito aprendi,
Eu nunca me esquecerei de ti,
Pois tens um grande coração.
Mãe, eu não sei como pagar-te,
Peço a Deus para abençoar-te,
A ti e aos filhinhos teus,
São os desejos da Mafaldinha,
Deste teu rebento, tua filhinha,
Com as maiores bênçãos dos céus.
Ana Mafalda Pais, 8.º A
58
Poema à Mãe
No mais fundo de ti…
Eu sei que esperas algo,
Do mais fundo de mim…
Desiludo-me por não conseguir dar-to…
Mãe, sonho abraçar-te eternamente…
Beijar-te o rosto de porcelana
sem nunca partir as suas rosas vermelhas,
sonho, e assim será…
amar-te para sempre!
Mãe, estou grata pelo esforço
Durante todos os segundos
que te dedicaste a mim,
pois, embora digas que adoraste
ainda espero um dia…
Recompensar-te por esse dom…
Pois as estrelas escreveram assim!
Mãe, por ti voava
Só para te ver,
subia à mais alta montanha
só para travar a ira dos ventos,
rasgava oceanos
só para te dar a mão…
dava-te, também se pudesse:
o fogo do Sol, das estrelas,
o gelo da Lua,
Mas…
Por enquanto dou-te o meu amor…
Mãe, adoro-te!
Maria João Paiva, 8.º A
59
Poema à Mãe
Mãe é tudo
Meu e dela
A raiz que eu sou
Está ligada a ela
Mãe é um coração aberto
aos problemas.
É um caminho interminável
Pois está sempre comigo
até ao fim da vida.
Miriam Silva, 8.º C
60
Mãe o ser mais belo
que habita no mundo.
Seus olhos são como rubis,
Seus lábios, pétalas
Que nos acariciam suavemente.
Amo-te com todas as forças
Do meu CORAÇÃO!
Marina Alves, 8.º C
61
Mãe
é uma rosa florescida
uma paixão jamais perdida
é um jardim de alegria
uma flor que ria, ria
com enormes gargalhadas de amor,
transmitindo o seu carinho, seu calor!
Não existem paragens de amor,
é contínuo, infinito e belo!
o amor materno, tão único,
sem comparação.
Sara Bastos, 8.º C
62
Poema à mãe
Mãe é a luz
Do meu amanhecer,
O sol que me acorda.
Quando ela sorri,
Vejo uma luz
Em seu olhar,
Que me faz
Lembrar e sonhar
O dia em que nasci.
Débora Ferreira, 8.º C
63
Mãe,
É assim tão difícil perceberes
Ou é por não o quereres?
Crescer é normal,
Não se pode permanecer igual.
Entende:
Faz parte da vida,
Ainda sou a tua menina…
Só que mais crescida!
Bárbara Gonçalves, 8.º B
64
A tua presença eterna
Essas tuas mãos enrugadas,
De tanto acariciar.
Esse rosto triste,
De eu chorar.
Mas essa boca tão esticada,
De tanto sorrir.
O peito orgulhoso,
De eu existir.
O corpo cansado,
De lutar para eu viver.
O coração contente,
Por eu te amar.
Por cada lágrima que derramar
Por cada beijo que te hei-de dar
Por cada gesto que irás fazer,
Fica comigo.
Como a areia, o mar beija,
Como o Sol para me iluminar,
Como um anjo do céu caído,
Fica comigo.
Inês Santos, 8.º A
65
Poema à Avó
Avó é uma estrela,
Brilha sem parar
Sorri para mim
Não me deixa desanimar!
Avó é uma lição de vida
Que me faz pensar
Dá-me muitos conselhos
Mas só para me ajudar!
Avó é uma festa
Comigo sempre a brincar
Mas quando diz não
É hora de parar!
Avó é um livro
Sempre pronta para ensinar
Basta dizer uma sábia palavra
Que me põe logo a pensar!
Avó é um sonho
Que me faz sorrir,
Só tenho medo
Um dia ter de partir!
Rita Pinto, 8.º E
66
Poema ao Pai
Dei-te o nome pai
Quando vim ao mundo
Deram-me o nome filha
Quando olhei para ti
Fiz-te sonhar, sorrir e aprendi
E assim és
O melhor pai do mundo.
Inês Rocha, 8.º C
67
68
1. 6 Formas das nuvens
Consiste em imitar o poeta José Gomes Ferreira, no
poema ―Aquela nuvem‖, e dar largas à imaginação,
buscando associações que as formas das nuvens fazem
lembrar.
AQUELA NUVEM
Aquela nuvem parece um cavalo...
Ah! se eu pudesse montá-lo!
Aquela?
í Mas já não é um cavalo, é uma barca à vela.
Não faz mal.
Queria embarcar nela.
Aquela?
Mas já não é um navio,
é uma Torre Amarela
a vogar no frio
onde encerraram uma donzela.
Não faz mal.
Quero ter asas
para espreitar da janela.
Vá lancem-me ao mar
donde voam as nuvens
para ir numa delas
tomar mil formas
com sabor a sal
— labirinto de sombras e de cisnes
no céu de água-sol-vento-luz concreto e irreal...
José Gomes Ferreira
69
Formas das nuvens
Deitado no chão, olho
Para o céu e vejo um anjo.
Aquela nuvem
Parece um anjo.
Ah! Se eu pudesse segurá-la!
Aquela?
Já não e um anjo!
É um gato belo e singelo.
Aquela não é um gato
É a bela Cinderela
A passear de coche.
Quem me dera ir com ela,
Ir passear com ela!
Porque gosto dela,
Quero estar com ela e
Conversar com essa bonita donzela!
Seria o príncipe perfeito dela
E conduziria o coche dela.
José Daniel Monteiro, 8.º C
70
2. Recriação de poemas existentes
2. 1 Antónimos
Esta técnica consiste em substituir as palavras-chave
de um poema escolhido pelos seus antónimos ou por
palavras de sentido bastante diferente, criando uma
realidade alternativa, o mais afastada possível da original.
Exemplos realizados a partir dos poemas ―Lição‖, de
Miguel Torga, e ―O menino de sua mãe‖, de Fernando
Pessoa:
Insulto
Oiço todas as noites,
Ao crepúsculo,
Um feio insulto
Berrado por um vizinho
Noctívago
Um insulto de ódio
Complicado e preocupante
Que sai daquela boca
Desavergonhada
O refrão já gasto
E artificial
Que nunca é o mesmo,
Mas é sempre o mesmo mal.
71
O homem de seu pai
No monte vigiado
Que a fria brisa arrefece,
Das balas escapado
– Todas passam ao lado –
Junto à chama se aquece.
Veste a roupa lavada,
Está de braços cruzados,
Vermelhudo, moreno, corado,
Passeia o olhar atento
E vivo nos vales dominados.
Tão experiente! Que homem era!
(Amanhã, para que idade vai?)
Primogénito, o pai lhe dera
Um nome que ele mantivera
―O homem de seu pai‖
(…)
72
Mar calado
Mar calado, mar com fundo, mar acabado
A tua fealdade diminui quando estamos acompanhados
Mas tão alto publicamente na tua voz
Fica o mais público bailar do meu pesadelo
Que momentos há em que eu tenho a certeza
Seres uma crueldade criada para toda a gente
Ivânia Cardoso, 8.º C
A partir do poema ―Mar sonoro‖, de Sophia de Mello Breyner
Andresen
73
Antónimos
Na minha mão acaba o nascer.
Escuridão fechada,
de morte em morte
opaca e seca.
Berro
perto e inseguro;
desaparecendo no mar,
fria, verde.
Deserto pequeno
serra fértil, vertical e agitada.
tacto exótico.
Mão no meu vazio!
Sara Bastos, 8.º C
A partir do poema "No teu rosto", de Eugénio de Andrade
74
Antónimos
Pensei na palavra morte
um pôr-do-sol morreu
no mar de preto
Era um pôr-do-sol
com é um pôr-do-sol.
Entortou estas raízes,
paralizou as folhas
e adubou a terra.
Não mais se mexeu os pés
desviados da lua.
Ficou toda a resina
debaixo da cadeira.
Antes, fora desaparecendo sem deixar
O começo de uma raiz
dentro da pedra.
Sara Bastos, 8.º C
A partir do poema "Mistérios da escrita", de Álvaro Magalhães
75
76
2. 2 Nomes trocados
Jogo de escrita que consiste em permutar
sistematicamente todos os nomes de um poema, de
preferência conhecido, de tal forma que o primeiro nome
passe para último e o último para primeiro, o segundo para
penúltimo e o penúltimo para segundo, e assim
sucessivamente. Este e outros jogos de escrita, baseados
em
conceitos
matemáticos
tiveram
um
grande
desenvolvimento com os membros do grupo francês
OULIPO (Ouvroir de Littérature Potentielle), nos anos 60 e
70.
Numa segunda fase da redacção, é necessário
proceder a reajustes a fim de manter a coesão gramatical
do texto.
O exemplo seguinte é o resultado da aplicação desta
técnica ao início de Os Lusíadas de Luís de Camões.
As artes e os engenhos assinalados
Que da Ocidental parte Lusitana,
Por Mortes nunca dantes navegadas
Passaram ainda além da lei,
Em obras na Ásia esforçados
Mais do que prometia a África humana
E entre terras remotas edificaram
Novo Império, que tanto sublimaram;
E também a Fé gloriosa
Daqueles Reis que foram dilatando
As memórias, o Reino, e as gentes viciosas
De força e de guerras andaram devastando,
E aqueles que por perigos valerosos
Se vão da Taprobana dos mares libertando
Cantando espalharei por toda a praia
Se a tanto me ajudarem os barões e as armas.
77
Nomes trocados
Sacode os olhos que te poisam no ar,
Sacode a voz que te leva a poeira.
Sacode a solidão mais pesada do que os gestos.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que as pedras te trespassem
De sonhos e tu caias no olhar,
Mesmo que as minhas aves queimem os cabelos que tu
respiras
E as tuas nuvens nunca mais possam olhar.
Marina Alves, 8.º C
A partir do poema "Sacode as nuvens", de Sophia de Mello
Breyner Andresen
78
O Búzio de Cós
Esta alma não a encontrei eu própria numa praia
Mas no mediterrânico cântico azul e preto
Comprei-a em Cós num marulho junto aos temporais
Rente ao ressoar baloiçante dos navios.
E comigo trouxe os mastros dos cais.
Porém nela não oiço
Nem as vendas de Cós nem as de Egina
Mas sim as noites da longa vasta praia
Atlântica e sagrada
Onde para sempre o meu búzio foi criado
Miriam Silva, 8.º C
A partir do poema "O Búzio de Cós", de Sophia de Mello
Breyner Andresen
79
O livro inacabado
Que o meu sonho completou
Não era de lenda ou Primavera
Mas era de quem não sou.
Para além do que dizia
Dizia eu que não era ...
A Primavera floria
Sem que houvesse fada.
Rei ou sonho que vivi
Perdido por a salvar...
Mas quem me arrancou a novela
Que eu quis ter sem acabar?
Vanessa Ribeiro, 8.º C
A partir do poema "A novela inacabada", de Fernando Pessoa
80
Tomámos a vila depois do intenso bombardeamento
A criança loura
jaz no meio do futuro.
Tem a criação de fora
E por uma luz sua
O escuro que ignora.
Na estrada só se vê a estrada
de banheira e de nada.
Luz um pequeno peixe.
− dos que bóiam no sangue −
à beira dos feixes.
Cai sobre as caras o comboio.
Longe, ainda uma corda doura
as tripas da rua...
E a da criança loura?
Sara Bastos, 8.º C
A partir do poema "Tomámos a vila depois do intenso
bombardeamento", de Fernando Pessoa
81
82
2. 3 Método S + 7
O método S + 7 é uma das invenções do grupo francês
OULIPO (Ouvroir de Littérature Potentielle). Consiste em
substituir cada um dos nomes (substantivos) de um poema
pelo sétimo que vem a seguir no dicionário. O resultado
depende do dicionário utilizado. Também é possível fazer ―V
+ 7‖ (verbos) ou ―A + 7‖ (adjectivos) ou combiná-los.
Este é um exemplo realizado com este método a partir
do início de Os Lusíadas, de Luís de Camões:
As armaduras e os barateiros assíncronos
Que, das oclusas pranchadas lusófonas,
Por maracachões nunca dantes necrosados,
Pastejaram ainda além do Tarrafal…
83
O poema é
A libertação.
Um poeta não se programa
Porém o discípulo
– Silêncio por silêncio –
O acompanha.
Silêncio por silêncio
O poeta emerge
– Como se as devorações o dessem
O fazemos.
Marina Alves, 8.º C
A partir do poema ―Liberdade‖, de Sophia de Mello Breyner
Andresen
84
Escrevi a paleologia da fluorescência.
Um gladiador nasceu
no desfalecimento de papiro.
Era um gladiador
como é um gladiador.
Endireitou o causídico,
sacudiu as petéquias
e perfumou o arado.
Voltou a cabecilha
à procura do soldador
e deixou cair dois graus de polho
sobre a mesologia.
Depois cresceu até ficar
com a pontuação de uma petéquia
fora da navalha.
Marisa Magano, 8.º A
A partir do poema ―Mistérios da escrita‖, de Álvaro Magalhães
85
Escrevi a paleografia floreira.
Um glaciar nasceu
no desfalque de papila.
Era um glaciar
como é um glaciar.
Endireitou o causídico,
sacudiu as peúgas
e perfumou o arado.
Voltou a cabeleira
à procura do soldado
e deixou cair dois graus de polidor
sobre a mesquita.
Depois cresceu até ficar
com a pontaria de uma peúga
fora de náusea.
Bárbara Gonçalves, 8.º B
A partir do poema ―Mistérios da escrita‖, de Álvaro Magalhães
86
2. 4 Literatura definicional
Jogo que consiste em substituir, num curto texto,
todas as palavras lexicais ou plenas (substantivo, adjectivo,
verbo, alguns advérbios) pela sua definição encontrada
num dicionário.
Como um oásis branco era o meu dia
Nele secretamente eu navegava
Unicamente o vento me seguia.
Sophia de Mello Breyner Andresen
…………………………………………………………………………
Como uma vegetação no deserto
que tem a cor da neve que desempenhava
a função do meu tempo que decorre
entre o nascer e o pôr-do-sol
Nele ocultamente eu viajava por mar
Excepcionalmente a deslocação do ar
me perseguia
Joana Nicolau
87
Sacode o espesso aglomerado
de gotas de água,
que te poisam nos pêlos compridos,
que normalmente revestem a cabeça.
Sacode os animais vertebrados
revestidos de penas,
que te levam o sentido da visão.
Sacode as actividades mentais não dirigidas,
que se manifestam durante o sono,
mais pesadas do que substâncias duras e compactas.
Porque eu cheguei
e é o meio indefinido e homogéneo,
no qual se desenrolam
os acontecimentos sucessivos,
de me veres.
Mesmo que os meus movimentos
do corpo te trespassem
No estado do que está só
e tu caias em terra reduzida a pó.
Mesmo que a minha produção
de sons emitidos queime a mistura de gases
que tu respiras
E os teus órgãos da visão
em mais tempo algum possam olhar.
Maria João Paiva, 8.º A
A partir do poema ―Sacode as nuvens‖, de Sophia de Mello
Breyner Andresen
88
3. Jogos de escrita
3. 1 Acrósticos
Jogo de escrita que consiste em iniciar cada verso
com uma letra de uma palavra escrita verticalmente. O
conteúdo do poema deve relacionar-se com o significado
dessa palavra.
Com quatro patinhas, o rabo curtinho,
Orelhas compridas, peludo – é verdadeE sempre a mexer o nariz quando come,
Louco por cenouras e alfaces, louquinho,
Há tanto no campo como na cidade.
O nome não digo. Qual é o seu nome?
Leonel Neves
Bichos de trazer por casa
89
Castanhas a saltar
Amor sempre no ar
S. Martinho uma alegria
Tanto vinho e euforia
Assadinhas e quentinhas
Nunca hão-de acabar
Há amizade nos corações
Andam as crianças aos encontrões!
Tatiana Ribeiro, 8.º D
90
S. Martinho é uma alegria
Muito amor e harmonia
Amizade nos corações
Rumores e muitas canções
Todos estamos contentes
Incansáveis e sorridentes
Nada se faz sem amor
Há-de ser sempre com humor
Os pequenos adoram este dia!
Tatiana Ribeiro, 8.º D
91
São Martinho de grande diversão
Água-pé bebe-se com emoção
Salta-se na fogueira
E sem querer diz-se uma asneira
Já está na hora das castanhas assadinhas
De estar a descascá-las
Para as comermos quentinhas.
Henrique Pereira & José Jesus, 8.º E
92
Muito alto ou muito baixo, tu podes cantar,
Independentemente da idade, podes brilhar.
Com este instrumento sei que te vais divertir,
Rir e chorar até mais não.
O piano a acompanhar, a tua voz deixa fluir.
Fios e fios não faltarão. Faz a tua própria canção,
Ouve com atenção o ritmo do coração.
No palco vais desfrutar,
E ao público vais agradar.
Joana Moreira, 8.º A
93
Fogo que arde e queima.
O moliço seco e pontiagudo, quem
Guarda as doces castanhas?
União entre os homens
Em redor de uma chama
Iluminada pelos corações humanos, perdidos nas
Ruas enormes, necessitadas de
Amor e fraternidade, do calor da bondade!
Ivânia Cardoso & Sara Bastos, 8.º C
94
95
Castanhas quentinhas
Ao lume a estalar
Saltam na fogueira
Trazendo até nós
Alegria e o espírito de festa
Ninguém conseguirá resistir
Hoje é dia de
Aprovar sem hesitar este
Sabor tão bom das castanhas
Vanessa Ribeiro, 8.º C
96
Castanha é a sua cor
apetitosa é a sua imagem
saborosas são
tão belas dentro dos ouriços
assadas ou cozidas
na natureza elas estão
hoje como eu
a próxima comes tu.
Miriam Silva, 8.º C
97
Ficaremos sempre unidos
Escutaremos com atenção
Lealdade acima de tudo
Iniciaremos um caminho
Com alegria e determinação
Igualdade entre todos
Desonestidade é que não
Amizade é o que nos une
Despedirmo-nos uns dos outros
Está longe do meu coração.
Inês Santos, 8.º A
98
Acróstico
Floresceu na Primavera
Lilás de sua natureza
Outrora foi pequena
Respira agora sua grandeza.
Marisa Magano, 8.º A
99
Floresce na Primavera
Linda como o sol e no
Outono desaparece, mas
Resiste na semente.
Inês Costa, 8.º C
100
Amigo verdadeiro é aquele que
Melhora nossa vida, que se
Interessa por nós,
Zela por nós,
Ajuda quando há problemas,
Dá e partilha,
Entrega e dá felicidade.
Miriam Silva, 8.º C
101
Amizade
Maravilhosa,
Inesquecível,
Zela por nós com
Alegria,
Dando-nos imensa
Energia.
Inês Oliveira, 8.º C
102
És tudo o que tem a ver com
Simpatia; és romântico e
Poético,
Especial, especial!
Carinhoso,
Imaginativo e sempre
Alegre.
Lindo!... especial!
Marina Alves, 8.º C
103
Palavras dispostas em versos
ouvindo pensamentos
escrevendo rimas
marcando sentimentos
amizade, amor, cismas...
Vanessa Ribeiro, 8.º C
104
Pura e fresca
Regressa em Março
Inspiro-me na
Melodia dos pássaros
A cantar
Vai-se embora mas
Eu espero que
Regresse
Amanhã
Maria Rocha, 8.º C
105
Fevereiro é o mês dos meus anos
E é um mês especial!
Viva o Carnaval!
É o dia de S. Valentim, também!
Risos e gargalhadas, ouvem-se…
E é divertido!
Inverno… faz frio,
Roupas quentes vamos usar!
Obrigatório brincar!
Bárbara Gonçalves, 8.º B
106
Acróstico
Gatinha sem parar, com as patinhas sempre a trabalhar,
Anda de um lado para o outro, sempre a olhar,
Tenta procurar alimento, para comer ao jantar,
O que ele mais gosta de comer é peixe antes de assar.
Ana Mafalda Pais, 8.º A
107
Só como a última folha do
Outono que teima em não se
Libertar. Mais uma folha
Insignificante perante o agora.
Dada a ultima cartada
A amizade é mais rara para
O voo cego da solidão.
Daniela, 8.º C
Poema seleccionado para publicação no concurso ―Poemas
Soltos – 2011‖
108
3. 2 Puxa verso
Associámos com esta designação diversas técnicas
que têm em comum o facto de recorrerem a palavras ou
números
que
têm
de
aparecer
em
sequência,
preferencialmente no início de cada verso, e são tomados
como o seu ponto de partida.
1. O ―Palavra puxa palavra” é um jogo de escrita
colectiva, idêntico ao cadáver esquisito, que
consiste em retomar no início de cada verso a
última
palavra
do
anterior,
sem
se
ter
conhecimento do restante conteúdo do verso. Cada
verso pode ser escrito por uma pessoa diferente,
colectivamente ou em trabalho de pares. No fim, é
possível reescrever o texto suprimindo as
repetições.
Escrever a última palavra
Palavra retomada no verso seguinte
2. O ―Número puxa palavra” consiste em jogar com
os numerais de forma a cada verso referir um, de
preferência no início e em sequência.
Três horas dorme o Santo,
Quatro ou cinco o que não o é tanto,
Seis ou sete ou caminhante,
Oito ou nove o estudante,
Dez o porco,
Mais só o morto.
Do Património oral
109
3. O ―Letra puxa palavra” consiste em começar cada
verso por cada letra do alfabeto.
Água azul,
Bela, de
Coração puro,
Dourado, cristalino,
És como uma criança:
Folheias um livro,
Giras à volta do mundo,
Hoje, és a nossa única esperança.
(...)
Diana Martins
110
Alfabeto
Amanhece e acordamos com o
Belo canto dos pássaros
Com o céu azul
Desfruto da paisagem
Espantosos são os seus vales e as
Fontes que tanto aprecio
Gosto dos pássaros de os ouvir cantar parecem
Harpas a tocar
Miriam Silva, 8.º C
111
Letra puxa palavra
Amar e ser amado,
Belo e desejado,
Contigo quero estar,
Desde agora e sempre.
Enquanto o amor durar,
Fugir não fujo,
Gostar sempre gostarei,
Haverá coisa melhor?
Impossível, eu sei,
Jamais te esquecerei…
Joana Moreira, 8.º A
112
Número puxa palavra
Um estou em jejum
Dois como depois
Três é um restaurante francês
Quatro gosto de ver teatro
Cinco quero estar como um brinco
Seis quero ser um dos reis
Sete vou até ao bufete
Oito quero um biscoito
Nove salta e sobe
Dez dizia Moisés…
Ana Pais, 8.º A
113
Palavra puxa palavra
Andorinha a voar
Voar pelos céus
Céus azuis como o oceano
Oceano grande e profundo
Profundo como o amor
Amor sincero e puro
Puro e verdadeiro
Verdadeiro como o teu olhar
Olhar para te ver
Ver-te partir para sempre…
Joana Moreira, 8.º A
114
Palavra Puxa Palavra
Aqui estou sentada a escrever
Escrever poemas sem sentido
Sentido que foge das minhas mãos
Mãos cansadas de agarrar
Agarrar a caneta
Caneta que escreve sem parar
Parar, palavra absurda
Absurda para quem quer continuar
Continuar a sonhar
Sonhar que um dia
Dia virá brilhar
Brilhar como nunca
Nunca antes visto
Visto num olhar
Olhar firme e respeitador.
Inês Santos, 8.º A
115
A canção do C
Um dia a correr
o cavalo, o cão e a cobra
descobrem que entre eles
existe algo em comum:
todos os seus nomes
iniciam-se com a letra C.
Começam a pensar que
o cágado, o coelho e a cabra,
os seus nomes também começam
com a letra C.
De repente um corvo
vem a crocitar: o meu nome
também começa com a letra C!
Vanessa Ribeiro, 8.º C
116
Letra Puxa Verso
Amores perdidos
Beijos sentidos
Conversas a dois
Discussões feias
Finais desconhecidos
Gostos relativos
Homens zangados
Ideias diferentes
Jogos de meninos
Loucos mas felizes
Muralhas que prendem
Nossos sentimentos
Olhos brilhantes
Presentes de amantes
Queridos meninos
Risos pequeninos
Sentimentos sonhados
Tentações inúteis
Viagens e viagens…
Beatriz Silva, 8.º C
117
Palavra puxa palavra
Vida para mim é morrer,
Morrer é a escuridão no fundo dos oceanos,
Oceanos é a pureza do azul,
Azul é o céu dos meus sonhos,
Sonhos é o significado que procuro entender,
Entender a vida não é fácil de fazer,
Fazer pode ser um início ou um fim,
Fim é a tristeza de acabar,
Acabar é um desgosto profundo e infiel,
Infiel é o diabo que nos corta a pele,
Pele, quando fica fria acaba a harmonia,
Harmonia é a luz da tua melodia,
Melodia é o som que ouço nos teus olhos,
Olhos são a pureza deslumbrante,
Deslumbrante é o teu sorriso corajoso,
Corajoso é o meu coração,
Coração é um órgão que bate sem se ver
Ver é viver…
Ana Mafalda Pais, 8.º A
118
Puxa verso
Onde está aquele momento
De magia, que não podia acabar?
Como um dia perdido?
Precisamos das folhas do Outono
E da neve a derreter com
Os primeiros botões de esperança,
Como o pássaro que faz o seu voo.
De leveza e liberdade,
Que teimam em nos tirar,
Já não sabem o que é a magia,
Aquela tão terna que nos faz sorrir
Nos dias mais chuvosos e tristes.
É essa magia perdida que nos faz sorrir.
Sara Bastos, 8.º C
119
120
3. 3 Cadáver esquisito
Esta técnica, inventada pelos Surrealistas, consiste
em escrever um poema, colectivamente e à vez, cada um
continuando o texto deixado pelo redactor que o precedeu,
mas sem ter conhecimento do conteúdo redigido
anteriormente. A última palavra de cada verso pode ser, por
exemplo, o único ponto de partida para a continuação do
poema.
O efeito produzido é frequentemente estranho
(―esquisito‖), repleto de associações inesperadas, divertidas
e por vezes belas.
Existem diversas variantes desta técnica, incluindo no
domínio das artes gráficas. Uma delas consiste no seguinte:
1. Uma pessoa escreve diversas perguntas com esta
estrutura:
O que é + nome + adjectivo / complemento?
2. Outra pessoa escreve outras tantas frases, sem
conhecer as perguntas, com a estrutura:
É + determinante + nome + adjectivo / complemento.
3. Associam-se as perguntas e as respostas à sorte.
4. Seleccionam-se as melhores associações, que
levaram à criação de metáforas. No fim, também se pode
reorganizar as associações criadas atendendo à sua
coerência, mas perde-se o carácter ―esquisito‖ do texto e o
seu efeito surpreendente.
121
O que é um poema alegre?
É uma noite sonhadora.
O que é uma chama sorridente?
É um sonho ardente.
O que é o deserto?
É a porta de entrada para a vida.
O que é a vida?
É o tripulante de uma embarcação.
O que é a esperança?
É a visita de um anjo.
Tiago Silva, 8.º C
122
Cadáver esquisito
O que é a vida sem amigos?
É um cesto cheio de nozes.
O que é uma lareira acesa?
É uma piada.
O que é uma garagem?
É um fato sem manga.
O que é um gato de noite?
É um encanto.
O que é uma cadeira partida?
É uma flor perfumada.
O que é um dia sem sol?
É uma borboleta sem asas.
O que é um micro-ondas com asas?
É uma garrafa de champanhe.
O que é uma vela acesa?
É uma cozinha desarrumada.
O que é um urso trapezista?
É um braço partido.
O que é um vizinho?
É uma janela aberta.
O que é uma planta?
É uma mesa sem pernas.
O que é uma caneta sem tinta?
É um raio de sol.
Bárbara Gonçalves, 8.º B
123
Cadáver esquisito
O que é uma lágrima perdida?
É a nascente pura que se derrama.
O que é a liberdade secreta?
É um cravo que um dia irá florescer.
O que é o sonho?
É um código impossível de decifrar.
O que é o medo?
É a onda escura que cobre todo o mar.
O que é o desespero?
É algo que não consigo explicar.
O que é a ternura?
É algo que ninguém pode imaginar.
O que é o paraíso?
São nuvens de algodão de corpo e alma.
O que é uma onda?
É o correr e recorrer de horas de gotas de água.
Maria João Paiva, 8.º A
124
Cadáver Esquisito
O que é um turista?
É uma montanha do tamanho de uma célula.
O que é uma desilusão?
É um papagaio silencioso.
O que é um presente?
É uma viagem com um emplastro.
O que é uma escola?
É um comboio acelerado de loucura.
O que é a felicidade?
É uma rua de amargura.
O que é uma notícia?
É o mundo fora do normal.
O que é a esperança?
É uma sociedade injusta.
O que é uma semente?
É uma tesoura nua de emoção.
O que é o respeito?
É a hora constante do sofrimento.
O que é uma pessoa?
É uma borracha que se desfaz de tanto trabalhar.
Marisa Magano, 8.º A
125
Cadáver esquisito
O que é um quadro branco?
É uma andorinha a voar.
O que é um instrumento?
É um sapato a chorar.
O que é um bloco de gelo?
É um micróbio chateado.
O que é uma anedota?
É um homem a lavar pratos.
O que é uma cama partida?
É um pijama roído.
O que é o impossível?
É um piolho estrangulado.
O que é uma porta aberta?
É um cão saltitante.
O que é um piano?
É um ―skate‖ sem rodas.
Joana Moreira, 8.º A
126
Cadáver Esquisito
P:O que é a pura tristeza?
R: É uma folha seca a cair de uma árvore.
P:O que é uma cama?
R:É um carro descapotável.
P: O que é uma pulseira?
R: É uma flauta tocada por um grande músico.
P: O que é uma estrela?
R: É um casaco queimado.
P: O que é um planeta?
R: É um idoso a passear.
P: O que é um estojo?
R: É uma flor triste.
P:O que é um leão?
R: É um relógio a dar horas.
P:O que é o cinema?
R:É uma unha pintada de amarelo.
P: O que é um candeeiro?
R: É a Lua a brilhar de dia.
P:O que é um mapa?
R: É uma caixa de chocolates.
P:O que é um guarda-chuva?
R:É o abecedário escrito ao contrário.
Ana Mafalda Pais, 8.º A
127
128
4. Poemas e artes gráficas
4. 1 Um quadro – um poema
Esta forma de produzir poemas consiste em observar
um quadro e redigir versos a partir dessa observação. O
procedimento para produzir um texto destes consiste em
registar em primeiro lugar os nomes dos elementos
observados, e os adjectivos que os qualificam. Depois,
registam-se as cores, as formas, as impressões
suscitadas... Em alguns casos, a interpretação da situação
pintada enriquece o texto.
Poema ―Sobre um desenho de Graça Morais‖, de
Sophia de Mello Breyner Andresen:
Sobre um desenho de Graça Morais
Nítido e leve ramo de oliveira:
Rigeza firma do tronco
As pálidas folhas como ponta de lança
E o pequeno fruto negro
Compacto e brilhante
Sophia de Mello Breyner Andresen
Coral
129
"A catedral de Halle"
Lyonel Feininger
130
A catedral de Halle
Pessoas humildes
caminham em fé.
Observai os peregrinos
bons, pacíficos e secretos,
que rezam ao céu,
Idosos e jovens.
Alguns apreciam
a mais bela arquitectura
daquela catedral,
a sua arte,
as suas torres.
À entrada os católicos
começam a rezar:
na missa, o padre acolhe os pecadores,
a confissão dos pecados,
com sofrimento e o medo do castigo.
Na alma do crente
para além do pecador,
existe a magia da arte
a calma nos corações impiedosos.
Sara Bastos, 8.º C
131
“Maternidade”
Almada Negreiros
132
Maternidade
Amor de mãe
Criança e sua mãe
Criança ao colo
Amor
Abraço terno
Junto de ti
Carinho de mãe
Olhar de ternura
Mãe e filho
Cuidado e afecto
Dimensão do amor
Bárbara Gonçalves, 8.º B
133
“Mulher com uma flor”
Pablo Picasso
134
Mulher com uma flor
Por tudo e por nada.
Tem uma planta de estimação
E trata dela como um cão.
Brinca e faz tudo com ela
E muito se divertem
E quando chega o final do dia,
Estão as duas estafadas,
Deitam-se a dormir
Com a cabeça nas almofadas.
Bárbara Gonçalves, 8.º B
135
Pintura de Henrique Cayatte
136
No mais fundo da escuridão,
Caem lágrimas,
Que descontentam o meu coração.
O silêncio penetra a minha alma,
O Céu escuro destrói a minha alegria,
E forma uma enorme solidão fria
Que adormece no meu corpo com toda a calma.
Chuva escassa, vento forte,
São um grande suporte,
Da tristeza inacabável,
E do sofrimento inseparável.
Ana Mafalda Pais, 8.º A
137
Recriação de um quadro de Monet
138
A Infância
Vestido branco
Inocência da minha infância
Esvoaça em paz e ternura
Levando consigo o aroma doce
Das flores perfumadas
Que bebem do rio
Tentando não derramar
A tristeza
No início do Outono.
O rio, como um espelho,
Reflecte a suave luz que persiste
Num dia de Setembro
Prestes a findar.
Resta a ponte inabalável
Entre a beleza da infância
E o cinzento da minha idade.
Ponte que atravessamos sempre
Nos meus sonhos para regressar
Aos momentos eternos e felizes
Que vivi enquanto criança.
Inês Santos, 8.º A
139
“Station”
Gerhard Richter,
140
Arco-íris místico
De cores poderosas,
Escondendo personalidades
Deveras maravilhosas!
Linhas, traços e curvas
Com texturas únicas
Salpicos pensados
Gotas de tinta cansadas…
Abstracto real!
De várias telas pintadas…
Maria João Paiva, 8.º A
141
142
4. 2 Caligrama
Exemplo de poesia visual, o caligrama consiste em
dispor o texto de acordo com a forma daquilo de que se está
a falar. Apesar de já existir há muitos séculos, foi
sobretudo desenvolvido a partir do início do século XX,
tendo sido o poeta francês Guillaume Apollinaire quem deu
o nome a este processo de escrita.
Autor desconhecido
143
Bárbara Gonçalves, 8.º B
144
O Amor
Inês Santos, 8.º A
145
Marisa Magano, 8.º A
146
Marisa Magano, 8.º A
147
148
5. Texto livre
Fui passear
pela floresta
e fiquei espantada
com o que há para explorar.
Depois parei para descansar
E comer uma maçã
e fiquei a pensar
no que há para mudar.
Pensei que as pessoas
deviam perceber
que a Natureza é importante
para podermos viver.
E se poluirmos
vamos morrer
e isso é muito mau,
se estão a perceber?
Então vamos reciclar
e não deitar lixo para a chão,
para tentar melhorar
esta situação!
Inês Costa, 8.º C
149
Natureza pura e bela.
Destruir? Não!! Por favor,
Precisamos dela.
Flores, animais
Deles temos que cuidar
Não destruir mais
Que será de nós
Se tudo acabar?
Haverá algo mais bonito
Que ver animais a correr,
Livres pelos campos?!...
Não os vamos deixar morrer!
Respirar pelos espaços verdejantes,
Sim, é possível.
Luta contra a destruição,
Diz não à poluição!
Joana Moreira, 8.º A
150
Amigo
Amigo é uma felicidade vivida,
Amigo é um momento aproveitado,
Amigo é uma história que dura anos
Amigo não trai, não magoa, não troca,
Amigo não se encontra num dia
Amigo apoia e não condena!
Amigo faz sorrir e não chorar.
Cada lágrima derramada por ele
É verdadeira e dolorosa!
Cai de nossos olhos, percorre nosso rosto
Toca-nos no coração e magoa como um golpe!
Débora Pinto, 8.º D
151
Amigo
Amigo é o amor profundo
Inseparável do mundo.
Amigo não tem dia, não tem hora.
Amigo é sempre, agora.
Amigo faz-me feliz
Como uma grande actriz.
Amigo, por vezes, faz-me sofrer
Quando não pensa no que está a fazer.
Amigo é sinónimo de alegria
Que me faz tanta companhia.
Amigo é vida,
Amorosa e perseguida.
Amigo é paixão que se vê nos olhos,
Em tempos de ilusão.
Amigo é o sorriso preciso
Que nasce e morre,
Sendo um grande aviso,
De amor e paixão,
Que existe no meu coração.
Amigo é um grande abrigo,
Que anda arrastado comigo,
Como sempre digo…
Ana Mafalda Pais, 8.º A
152
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
Amigo
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
é
uma companhia
alguém que está por perto
um sonho real
a verdade dentro de nós
a calma num dia turbulento
o conforto numa tarde de chuva
como um doce
o amor sincero e inocente
um livro aberto de histórias intermináveis
um jardim colorido
o conselho útil
alguém que nunca nos deixa
o pilar de uma vida
a beleza de uma tarde triste
conversar connosco
a vastidão de alegria
uma infinidade de gargalhadas
uma tela pintada de bons momentos
um jogo empatado
um calendário de dias bem passados
a compreensão
a Paz na calamidade
tudo!
Inês Santos, 8.º A
153
Poema da Amizade
Amizade é sentir o carinho,
é ouvir o nome chamado.
É saber o momento
de ficar calado.
Amizade é somar
alegrias, dividir tristezas.
Amizade é respeitar o espaço,
e silenciar o segredo.
Amizade é a certeza
da mão estendida.
A cumplicidade
que não se explica,
Apenas se vive!
Rute Santos, 8.º D
154
Amigo
Amigo é um companheiro inseparável.
Amigo é inesquecível.
Amigo é o paraíso encontrado.
Amigo é divertimento sem fim.
Amigo é ajuda.
Amigo é riso e gargalhada.
Amigo é aquele em quem confiamos.
Amigo é importante.
Amigo é um presente.
Amigo é um cofre bem guardado.
Amigo é uma ponte entre dois mundos:
o real e o imaginário.
Bárbara Gonçalves, 8.º B
155
Amigo
Amigo é alguém especial
Amigo é o contrário de solidão
Amigo é o sorriso marcado no rosto
Amigo é o poço de alegria
Amigo é a verdade construída
Amigo é um ouvinte do mudo
Amigo não é inimigo
Amigo é uma pessoa omnipresente
Amigo é a luz ao fundo do túnel
É a estrela que te guia
Amigo é o açúcar do teu dia-a-dia
Mas a diferença é que nunca te faz mal
Amigo é uma grande riqueza
Porque me vê por dentro
Amigo apoia-te calado e verdadeiro
Marisa Magano, 8.º A
156
Amigo
Amigo é o acordar de manhã
É aquele que nunca diz adeus
Aquele que me compreende
E resolve problemas meus.
Amigo é o contrário de solidão
É uma alma perdida
Encontrada no meu coração
E jamais esquecida.
Amigo é inseparável,
Querido e adorável.
Luísa Magalhães, 8.º B
157
Amigo
Amigo é aquele a quem confiamos
As nossas palavras,
Os nossos sonhos.
Amigo é um porto de abrigo
Que nos acolhe a alma
E nos leva à razão.
Amigo é aquele que nos conforta,
Que nos afoga as lágrimas,
Aquele que sorri connosco.
Amigo é para todo o sempre,
Um ser ligado pelo sentimento…
Joana Moreira, 8.º A
158
Amigo
Amigo…
O que define a palavra amigo?
Será a verdade, a pureza
Ou o infinito?
Amigo…
Flor do acaso que floresce no Inverno,
Palavra que treme nas redes da poesia…
Amigo…
Tu e eu…
Tu, eu e nós!
Amigo…
É um sorriso,
Raio milagroso
Deslumbrante arco-íris.
Amigo…
Não é um dia chuvoso.
Amigo…
Letra a letra revelando
Sentimentos, pensamentos.
Amigo…
É o arder
Entre o real e o sonho!
Amigo…
Não é a memória,
É o presente pensamento
Que nos acompanha
Dia-a-dia…
Desde que te conheci,
Descobri, inaugurei e digo…
A palavra Amigo!
Maria João Paiva, 8.º A
159
Amigo
Ser amigo é
Ter um espaço
Aberto no coração!
Ser amigo é
Acordar a Primavera
E adormecer o Inverno.
Um amigo é
A ajuda ao amanhecer,
Ao acordar.
É por vezes sofrer,
Chorar e desesperar.
Para um amigo invento
Palavras bonitas:
Responsável, simpático…
E sobretudo a palavra mágica:
Amizade !
Beatriz Silva, 8.º C
160
Amor, tu és o meu sol e a minha lua,
As estrelas do meu luar.
Quero dar asas ao meu espírito e sonhar,
Quero estar contigo e contar contigo na noite
Para te poder encontrar.
Só tu és a minha deusa, a minha paixão,
Encontrada no mar, no brilho dos meus olhos.
José Daniel Monteiro, 8.º C
161
Um dia cresci, um dia vivi,
um dia sorri, um dia aprendi.
Pessoas e pessoas que me fizeram crescer,
Devo-lhes tudo o que consegui aprender.
Por eles já chorei, já sorri, já aprendi
a sentir-me segura como nunca me senti.
Ivânia Cardoso, 8.º C
162
É nos dias de Primavera
em que sopra uma brisa
e se ouve os pássaros a cantar
que eu encontro a minha inspiração.
Nesses dias eu compreendo
que a vida faz sentido e
que vale a pena viver.
Maria José Rocha, 8.º C
163
O Amor é o sentimento perfeito,
Mas em certos casos imperfeito.
É um sentimento derramado
chorado e desesperado.
Mas quando nos desentendemos,
eu choro, meu coração
esconde-se na escuridão.
Penso como tu és…
Cada hora passada sem ti
é tempo perdido.
Enquanto não atravessarmos
a dor da nossa solidão,
continuaremos
separados sem
a nossa metade do horizonte.
Marina Alves, 8.º C
164
Amor enraivecido
Meu coração
Parece que pára de bater
Sempre que sei que te vou ver.
Maldito dia!
Meu desânimo é grande,
Finges não me ver!
Meu coração,
Agora enraivecido de amor,
Faz a mágoa sucumbir.
O amor desapareceu,
O ódio completa-me…
Tristeza que me persegue.
Sofro cada segundo,
Cada minuto é uma hora.
O sarcasmo invade meu corpo,
Minha alma não sobrevive.
Traída, ignorada, maltratada,
Uma explosão de sentimentos
Que me enlouquecem…
Desespero total!
Ignorância a tua,
Que não sabes quem perdes:
Mulher corajosa e determinada.
Agora já não existe:
Morreu com o nosso amor.
Marisa Magano, 8.º A
165
Na beleza da paisagem,
as andorinhas vão e vêm.
Nos sopros calmos das brisas
Ouvem-se seus cantos.
Escuto-os atentamente e aprecio.
Mas que pena ser tudo apenas um sonho
e não pura realidade!
Miriam Silva, 8.º C
166
Texto livre
Uma flor vermelha
Oh, que linda que é!
Ali na janela
Do Ti Zé.
Tão mágica e deslumbrante
Uma flor de encantar,
É tão bela
Que nunca vai murchar.
Olharei para ela todos os dias
Até me cruzar com as portas do céu.
Luísa Magalhães, 8.º B
167
O Sonho
O sonho é uma força
Imaginária ou real
É sempre constante
Numa realidade distante
A que todos queremos chegar.
É um refúgio
Que, no fundo, alegra,
Consola, aconselha e desespera
Quem quer alcançar
Um mundo maravilhoso
Que confunde e nos transporta
Ao que queremos ser.
É o concreto
Daquilo que somos,
Onde nos conhecemos ,
Onde sorrimos,
Onde afugentamos
O mais profundo desespero
Da vida real .
O que queremos
É sonhar
O sonho que queremos
Na vida real alcançar:
Fadas ,Madrinhas e Princesas
Num mundo do além …
Bichinhos, florestas e clareiras,
Castelos encantados e sereias:
É o que nós vemos e vivemos
No mundo do sonho,
Sonho esse maravilhoso,
Fantástico e delicioso
Como um doce de mel ,
Uma lua cheia,
Cheia de encanto e magia ,
De estrelas cadentes e romances,
Amores proibidos e feitiços…
Inês Santos, 8.º A
168
Onde está aquele momento
De magia, que não podia acabar,
Como um dia perdido?
Precisamos das folhas do Outono
E da neve a derreter
Com os primeiros botões de esperança,
Como o pássaro que faz o seu primeiro voo
De leveza e liberdade
Que teimam em nos tirar.
Já não sabem que é aquela magia,
Tão terna que nos faz sorrir.
Nos dias mais chuvosos e tristes.
É essa magia perdida que nos faz sorrir.
Sara Bastos, 8.º C
169
Canto do pássaro
Que voz é esta?
Não sei de onde vem!
Consegue afetar-me,
Mas pode ainda tornar-se
Indiferente e monótona,
Esta voz do pecado,
Que saciou, mas pediu mais.
O toque é a sua fonte,
Que não conseguia evitar.
O teu olhar era uma corda
A puxar-me para ti.
Teus lábios eram um vício
Difícil de negar.
Renuncio à voz.
Sara Bastos, 8.º C
170
Paixão
Os teus brilhantes e lindos olhos,
fazem-me lembrar duas estrelas a cintilar.
Tu próprio és o céu num dia de arco-íris!
Quanto mais perto estás de mim,
mais longe estás de alcançar!
Tu és a lua sedutora e eu o cometa envergonhado
e estamos perdidos de amor!
Estamos tão perto e tão longe,
que parecemos céu e mar!
Este amor é um fruto proibido que gostava de provar,
mas será sempre o meu sonho inatingível…
Diana Nogueira, 8.ºE
171
O ódio é como o vento
frio e persistente.
A raiva é como um Homem
cobarde e gelado.
A solidão é como o chão
sujo e silencioso.
A verdade é como uma crítica
forte e sofredora.
A escuridão é como um vazio
sufocante e assombrado.
O sonho é como uma criança
linda e luminosa.
O adeus é como uma mentira,
maldito e espinhoso.
Um homem é como um ciúme
radiante e amável.
O Coração partido é como uma verdade
dolorosa e arrasadora.
A rosa é como um coração
cheio de esperança e paixão.
É uma mulher misteriosa,
sensível e encantadora.
Diana Nogueira, 8.º E
Este poema foi selecionado no concurso ―Poemas Soltos 2011‖, na categoria ―A publicar‖.
172
Perante a solidão que prospera,
No infinito dos teus olhos,
Um algo que não é nada,
Um nada que parece tudo.
Tuas palavras animavam-me,
Mas agora finaram.
Tudo ficou pálido como cal,
Como se as suas cores
Soubessem que acabou.
Desejei voltar a ter,
Desejei voltar.
Nada aconteceu,
Nada acontecerá.
Sara Bastos, 8.º C
173
No mar passa
No mar passam…
De onda em onda
Memórias e sentimentos,
Presentes e passados,
Dias e meses, pensamentos inacabados!
No mar passam…
Horizontes,
Crianças, adultos e idosos,
Alegrias e tristezas…
Sorrisos e rostos chorosos.
No mar passa…
O que já passou!
O Sol e a Lua,
O Dia e a Noite,
Aquilo que sou!
No mar passa…
O que tem que passar,
Por isso lembra-te!
Da próxima vez…
Que ele está a olhar!
No mar passa…
Atrás de cada onda…
Uma alma perdida, sincera, discreta…
Uma memória ultra-secreta!
No mar passa…
Todo o mundo…
O mar é o início e o fim,
O lugar do tesouro!
Tudo isto está destinado a ser assim…
Maria João Paiva, 8.º A
174
Fantasias
Tens que ver
As mil cores que cobrem o vento!
Tens que ouvir
As melodias da água!
Tens que subir
Ao cume mais alto da montanha
E… os mil sentimentos únicos sentir…
De tudo o que irá surgir…
Todo o ser tem alma,
Respira…
Recolhe magias,
Nada é rejeitado,
No Mundo das Fantasias!
Viajar…
Sentir brisas, sentir ventos…
Ouvir cantos, melodias…
Apreciar mil cores.
Faz cantar o hino dos sonhos!
Faz chover estrelas…
Das mais altas, intocáveis,
Pois assim
Será o Mundo até ao Fim!!!
Maria João Paiva, 8.º A
175
176

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