catalogo online expo paralela bienal.FH11

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catalogo online expo paralela bienal.FH11
museu da cidade de aveiro | 2011
autores
portugueses
O Município de Aveiro congratula-se por acolher, no Museu da Cidade,
uma exposição integrada na 10ª Bienal Internacional de Cerâmica
Artística de Aveiro. Uma mostra de grande qualidade que prima pela
excelência dos criadores - mestres ceramistas- e pelo produto da sua
criatividade.
É com orgulho que o Museu da Cidade expõe os trabalhos de cerâmica
de Cecília de Sousa, Heitor Figueiredo, João Carqueijeiro, Sofia Beça
e Virgínia Fróis, todos eles autores portugueses e que agora se
encontram nesta Exposição Itinerante "5 autores portugueses. Escultura
Cerâmica".
A cerâmica é um património que advém de séculos e séculos de
pesquisa tecnológica e criativa, tendo sido motivo de muita investigação,
quer ao nível da ciência, como das artes.
A Cidade de Aveiro, pela sua ancestralidade, sempre esteve ligada à
cerâmica, sendo a argila uma das matérias-primas deste território.
Como tal, e porque o subsolo desta região sempre foi rico nestes
materiais, a cerâmica foi origem das mais diversas aplicações em
produtos diversos que vão desde a azulejaria, às peças utilitárias de
uso doméstico, até às decorativa, passando ainda pelos materiais de
construção.
Destacamos a construção civil e a sua aplicação na construção de
unidades fabris, hoje consideradas arqueologia industrial e da qual
um dos mais belos exemplos é a Antiga Fábrica Campos, que hoje
acolhe os serviços da Câmara Municipal de Aveiro e do Centro de
Emprego e Formação Profissional.
Esta exposição reúne cinco grandes artistas portugueses que com os
seus trabalhos fazem a diáspora da cerâmica artística e cujas peças
reactualizam a linguagem especifica desta matéria, mas que não
descuram a inovação na concepção das formas, na modelação espacial
que estas evocam, bem como nas texturas e cores que reinventam e
que colocam à nossa interpretação.
O Município de Aveiro agradece a participação destes cinco magníficos
artistas e o empenho e esforço de toda a equipa do Museu da Cidade,
sempre inexcedível, que conseguiu montar cenograficamente este
conjunto de peças.
Maria da Luz Nolasco
Vereadora da Cultura
da Câmara Municipal de Aveiro
Sabemos desde sempre que a matéria cerâmica também pode ser feita
escultura. Chegaram até nós terracotas milenares, vindas dos quatro
cantos do mundo. Conhecemos o exército de guerreiros e cavalos do
imperador chinês Qin Shi Huang e os delicados relevos renascentistas
de Luca della Robbia. Gauguin, Matisse e Picasso deixaram-se
ocasionalmente seduzir pelas singularidades do barro. Já nos nossos
dias artistas plásticos como Tapiès, Caro, Serra ou Anish Kapoor têm
aproveitado a cerâmica para melhor expressar conceitos específicos
do seu trabalho. Recentemente Miquel Barceló revestiu o interior da
catedral de Palma de Mallorca com painéis de barro esculpido e Antony
Gormley usou 180000 pequenas figuras em terracota modeladas por
aldeões chineses para montar a sua famosa instalação "Asian Field".
No entanto, o escultor - artista plástico que faz da cerâmica o seu
principal campo de investigação só aparece nos anos 50 do séc. XX.
Esta nova disciplina alimenta-se naturalmente dos movimentos artísticos
em voga; descobre a liberdade do expressionismo abstracto, a força
construtivista, a depuração do modernismo ou deleita-se com as
múltiplas referências e citações pós-modernas. Acontecem
performances e surgem instalações conceptuais.
Podemos reconhecer no trabalho dos ceramistas portugueses
apresentados nesta exposição algumas destas correntes artísticas: a
obra expressionista e monumental da pioneira Cecília de Sousa que
remete frequentemente para uma arqueologia ligada aos lugares dos
seus afectos, a força telúrica da transformação matérica nas peças de
João Carqueijeiro, as construções lúdicas de imaginário arquitectónico
e mecânico de Heitor Figueiredo, enriquecidas com irreverentes
pormenores em materiais recuperados. O carácter conceptual das
instalações de Sofia Beça, metáforas das suas vivências inspiradas na
natureza, confirma uma contemporaneidade que também é reforçada
pela contaminação de outras disciplinas artísticas como a fotografia e
a música. Virgínia Fróis, cujas peças reivindicam uma dimensão simbólica
e espiritual alimentada pela força inspiradora dos lugares que irão
habitar, também partilha de uma abordagem conceptual quando perpetua
em vídeo todas as fases através das quais a peça se vai transfigurando.
A singularidade da escultura cerâmica alimenta-se de inúmeros aspectos
de carácter técnico que definem a sua expressão. A aparentemente
dócil matéria prima é de uma infinita versatilidade mas o desafio de
fazer dela uma obra artística exige trabalho longo e árduo, muito ofício
e anos de experimentação com pastas, cores, temperaturas e cozeduras,
pois se a imprevisibilidade em maior ou menor grau do resultado faz
parte do encanto de ser ceramista, não se entrega no entanto o que
pediu tanta dedicação à força transformadora mas potencialmente
demolidora do fogo sem domínio.
Ao longo dos tempos, por todo o lado, muitas maneiras de submeter o
barro ao fogo foram encontradas, de acordo com os recursos disponíveis,
a composição das pastas utilizadas e o carácter das suas superfícies.
Sofia Beça tira partido do comportamento mais temperamental do seu
forno a lenha para enriquecer as suas despojadas peças com manchas
de fumo e tons de redução. O ambiente neutral e estável do forno a gás
usado por Heitor Figueiredo faz sobressair as delicadas cores e texturas
das suas obras. Por sua vez Virgínia Fróis transforma a cozedura da
sua obra num ritual, em que o acto de incendiar a peça adquire uma
dimensão performativa.
Basicamente há duas maneiras de fazer uma escultura em cerâmica:
extraí-la de um bloco de barro, esculpindo-a no verdadeiro sentido da
palavra, tendo o cuidado de escavar o seu interior, como trabalha Cecília
de Sousa, ou fazê-la modelando, isto é, acrescentando organicamente
como faz Sofia Beça ou construindo como Heitor Figueiredo.
Em relação a qualquer outra técnica escultórica, na cerâmica, o escultor
tem a vantagem de poder apresentar a superfície das suas obras de
infindáveis maneiras que vão do brilhante ao mate, da cor viva aos tons
mudos, do liso ao rugoso, aceitando qualquer tipo de textura, tudo é
possível, como esta exposição demonstra eloquentemente.
Resta abordar a questão da escala. Compreende-se que, tendo em
conta os materiais e a técnica utilizados, é complicado fazer escultura
de grandes dimensões em cerâmica. O problema resolve-se
trabalhando em módulos, que se juntam ou encaixam. Bons exemplos
disto são as "formas perdidas" de Cecília de Sousa e as colunas de
João Carqueijeiro. Outra maneira de ampliar o volume ou a área da
obra consiste em fazer uma composição de vários elementos separados
distribuídos no espaço, como fazem Sofia Beça ou Virgínia Fróis. Por
vezes Heitor Figueiredo combina a parte feita em cerâmica com uma
parte em ferro ou madeira, o que também resulta numa ampliação da
dimensão da peça.
Não há dúvida de que a escultura cerâmica partiu à conquista do seu
lugar como disciplina artística contemporânea no panorama mundial.
No entanto ainda se move bastante num mundo à parte, feito de bienais
de cerâmica e de exposições em espaços e galerias a ela especificamente
dedicados. Assim também acontece em Portugal.
Com esta exposição pretende-se de alguma forma dar mais visibilidade
a esta tão singular manifestação artística e contribuir para a divulgação
entre nós do trabalho de alguns dos mais destacados escultores
cerâmicos portugueses de renome internacional.
Karin Somers
ceramista - artista plástica
Comissária da exposição no
Museu Amadeo de Souza Cardoso em
Amarante e na XIª Cerco de Saragoza
A exposição em parte aqui apresentada foi inicialmente pensada para
os espaços interiores e exteriores do Museu Municipal Amadeo de
Souza-Cardoso em Amarante, Portugal. Este museu, instalado no
antigo convento dominicano de S. Gonçalo e exemplarmente
remodelado, é considerado um dos melhores museus regionais e está
vocacionado à pintura e escultura portuguesa desde o naturalismo
até à contemporaneidade, com destaque para a obra do pintor
vanguardista Amadeo de Souza-Cardoso (1888-1918), natural de
Amarante e patrono do museu.
Foi com o espaço conventual que as peças de Virgínia Fróis partilharam
uma dimensão simbólica e espiritual e as colunas de João Carqueijeiro
cresceram em sintonia com as colunas do pátio envolvente. Na sala
grande das exposições temporárias as formas orgânicas das instalações
de Sofia Beça surgiram do chão e das paredes e do outro lado da sala
as antigas sepulturas dos frades acolheram numa silenciosa
cumplicidade arqueológica as obras de Cecília de Sousa. Uma sala
envidraçada resguardou as construções delicadas de Heitor Figueiredo
num mundo só dele. Conseguida esta harmonia, ficou demonstrada a
dimensão assumidamente artística e monumental da escultura
cerâmica portuguesa contemporânea de que Cecília de Sousa (º1937)
é pioneira de renome. Estudou na Escola de Artes Decorativas António
Arroio em Lisboa onde iniciou um trabalho ainda decorativo mas já
então caracterizado por uma atitude experimentalista e pela preferência
por formas elementares, inscrições gráficas e superfícies texturadas.
Realizou dezenas de trabalhos integrados na arquitectura assim como
dezenas de exposições individuais e colectivas no país e no estrangeiro
e está representada em vários museus conceituados. Nos anos 80 a
sua obra aponta para objectos de pura vocação expressiva, remetendo
frequentemente para uma arqueologia ligada aos lugares dos seus
afectos. Também Sofia Beça (º1972, curso de cerâmica da Escola de
Artes Decorativas Soares dos Reis, Porto) parte das suas vivências
pessoais e afectivas para as traduzir em metáforas inspiradas na
natureza, conferindo-lhes uma dimensão conceptual. Confirma assim
uma contemporaneidade que também é reforçada pela contaminação
de outras disciplinas como a fotografia e a música. Organizadora
dinâmica dos Encontros de Boassas, tem marcada presença em muitos
certames internacionais e nacionais onde o seu trabalho tem sido
reconhecido e premiado. Amplamente reconhecida e premiada também
é a obra de Heitor Figueiredo (º1952, curso de cerâmica da Escola de
Artes Decorativas Soares dos Reis e da Cooperativa Arvore, Porto,
frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto), um imaginário
lúdico de inspiração arquitectónica e mecânica enriquecido com
irreverentes pormenores em materiais recuperados que dialogam
com as subtis cores e texturas das superfícies. Este jogo com os
materiais conheceu recentemente uma nova fase onde Heitor constrói
simbioses em que as partes feitas em cerâmica são sustentadas por
irónicas estruturas periclitantes feitas de madeira ou ferro. Em
contraste com esta fragilidade minuciosa erguem-se as colunas
totémicas de João Carqueijeiro (º1954, cursos de cerâmica da Escola
de Cerâmica de La Bisbal), telúricas na sua transformação matérica,
monumentais na sua dimensão. É professor na Cooperativa Árvore e
coordenador de inúmeros Encontros de Artistas e Workshops de
cerâmica. Foi responsável pela realização de diversos murais cerâmicos.
As peças de Virgínia Fróis (º1954, curso de escultura da Escola Superior
de Belas Artes de Lisboa) denunciam o processo ritual da sua feitura.
Ao perpetuar em vídeo todas as fases através das quais as peças se
vão transformando, também adopta uma abordagem claramente
conceptual, reivindicando uma dimensão simbólica e espiritual
alimentada pela força inspiradora dos lugares que irão habitar.
Professora de escultura na ESBAL Virgínia estende a sua actividade
ao projecto das Oficinas do Convento em Montemor-o-Novo de que foi
fundadora e ao Projecto Guardar Águas, uma investigação no campo
da Etnocerâmica/Olaria de Mulheres na comunidade de Trás di Munti
em Cabo Verde.
Embora qualquer um destes ceramistas já tenha exposto em Espanha
noutros contextos, esperamos que o diálogo que esta mostra estabelece
entre diferentes linguagens contribua para uma perspectiva actualizada
de alguma da mais interessante escultura cerâmica contemporânea
portuguesa no panorama artístico internacional.
Karin Somers
ceramista - artista plástica
Comissária da exposição no
Museu Amadeo de Souza Cardoso em
Amarante e na XIª Cerco de Saragoza
Cecília de Sousa
... Importa porém esclarecer que, sabendo Cecília de Sousa da tradição,
de certo modo lhe fuja, porque é a única forma de vir, paradoxalmente
a criar tradição.
in Catálogo 1991, Fernando de Azevedo
...uma exposição que nos remete para a consciência em acto de uma
ceramista continuamente descobrindo e redescobrindo as
possibilidades, aparentemente infindáveis, da sua disciplina.
in Expresso - Caderno ACTUAL, 6 de Novembro de 2004, José Luís
Porfírio
Cecília de Sousa (Lisboa, 1937) Cecília é a pioneira na escultura cerâmica
e o muralismo em Portugal. A sua dilatada traxectoria converteuse en
foco e referencia para as novas xeracións de artistas ceramistas.
Ligada a uma estética plenamente expressionista e existencial de
técnica depurada interésase conceptualmente pola evocación da
inquietude milenária que posúe o home de deixar a pegada da sia
existência a través do pictograma sumario, do gravado ou da construcion
utilitária.
O paso do tempo é a base dunha estética que trata de recuperar os
vestuxios dunha época, dun trabalho ou dunhas vivências.
De aí que ao longo da sua traxectoria, a sua investigación centrase na
recuperación de resíduos próprios dunha determinada manufactura,
a funcionalidade e as formas descontextualiazadas, entendido tod como
un desexo existencial por rescatar o esquecemento. É por isso que a
prodsución cerâmica de Cecília de Sousa tem que ser concibida como
autobiográfica no sentido de que é o reflexo das histórias, dos lugares
e das persoas que coñeceu ao longo da sua vida.
De aí que as suas esculturas se inspiren en evocación tan dispares
como os símbolos dos azulexos portugueses, peças de antigos fornos
de leña, o pozo dos avós, a extinción dos olivos locais, as antigas prensas
de aceite das almazaras de Lisboa oo a arqueoloxia.
in Catálogo de "Escultura Cerâmica Ibérica Contemporânea", 2007,
António Garrido Moreno - Universidade de Santiago de Compostela
CECÍ LIA DE SOUS A
Estudou, vive e trabalha em Lisboa.
Realizou 22 exposições individuais das
quais releva a primeira em 1957, em 1991
no Museu Nacional do Azulejo, a Exposição
Retrospectiva de 50 anos de Actividade
Profissional também no Museu Nacional
do Azulejo, no Lagar de Azeite (Oeiras) em
1999, na Galeria de Arte Concento Espírito
Santo-Loulé em 2009 e na Galeria Valbom
em 2010.
Está representada
Everson Museum of Art, Siracuse, Nova
Iorque, EUA (Escultura adquirida e
oeferecida pela Fundação Calouste
Gulbenkian). Keramikmuseet Grimmerhus,
Middelfar, Dinamarca. Nederlands
Tegelmuseum, Otterlo, Holanda. Museu
Nacional do Azulejo, Lisboa. Museu Amadeo
Souza-Cardoso, Amarante. Museu Vasco
de Lima Couto, Constância. Museu Luíz de
Camões, Macau. Fundação Cupertino de
Miranda, Famalicão. Colecções particulares
em Portugal, Espanha, Brasil, Bélgica, EUA,
Argentina, Suíça, Canadá e Alemanha.
Distinguida
Prémio Manuel da Costa Brioso em 1957.
Medalha de bronze em 1962, medalha de
prata em 1964 e 1965. Menção honrosa em
1989 e 1.º Prémio em 1991 (I.ª e II.ª Bienal
Internacional de Cerâmica Artística de
Aveiro). Convites para membro de Júri:
Exposição Internacional de Arte Infantil em
1987. IV e V Bienal Internacional de
Cerâmica Artística de Aveiro em 1995 e
1997. "Artista Convidada" na III Bienal
Internacional de Cerâmica Artística de
Aveiro 1993. Convidada para membro de
"Maison de la Ceramique" - Mulhouse,
França, 1995.
Participou em 88 Exposições Colectivas,
36 das quais no estrangeiro, com destaque
para a IV e V Exposições de Cerâmica
Moderna em 1954 e 1957. releva ainda:
Representação portuguesa na Suíça,
Lausanne 1957. Kiln Clube of Washington
em 1959. Musée de Beaux-Arts de Ostende,
Bélgica em 1959. Musée d'Art Moderne de
la Ville de Paris em 1960. Exposition
Internacional de Cerâmica Contemporânea,
Argentina 1963. Salões dos Novíssimos Lisboa em 1959/60/61/62 e 1963. BIO Bienal Internacional de Óbidos em 1987.
L'Europe dês Ceramiste, em Auxerre,
França. Linz, Áustria. Budapeste, Hungria.
Madrid, Espanha e Haguenau, França em
1989/90. V Trienal Internacional de
Cerâmica, Varsóvia, Polónia. VII Bienal
Internacional de Vila Nova de Cerveira em
1992. I, II e III Bienais Internacionais de
Cerâmica Artística de Aveiro em 1989, 91,
93. IV World Triennal Exhibition of
Ceramics, Zagreb, Croácia em 1993.
Keramik Europas em Keramikmuseum,
Hohr.Grenzhause, Alemanha, Princesshof
Museum, Leeuwarden - Holanda, Maison
de la Ceramique, Mulhouse, França,
Bornholms Kuntsmuseum, Dinamarca em
1993/94. Escultura Cerâmica, Broadway,
New-York em 1995. Musée de Carouge,
Genéve, Suíça em 1966. 3rd Cairo
International Biennial for Ceramics, Cairo,
Egipto, em 1996. Europaíshe Keramik como
representante portuguesa em 1998/99 em
Kunsthalle. Osnabruck, Alemanha,
Keramion, Frechen, Alemanha, Bornholm,
Dinamarca e Keramikmuseet, Middelfart,
Dinamarca.
Tem 46 trabalhos integrados na
arquitectura, dos quais releva o primeiro
em 1957, painel em azulejos para o "hall"
de entrada do edifício n.º 110 da Avenida
EUA, em Lisboa, e em 1999, para o átrio e
para o exterior da Estação dos Olivais do
Metropolitano de Lisboa.
Coluna - 2000
Pasta preta mate, constituída pela
mistura de várias pastas, cozedura
a 1030ºC, pintura a ouro e cozedura
a 700ºC, forno eléctrico
151 x 38 x 32 cm
Forma perdida quadrada - 1999
Pasta branca mate, constituída
pela mistura de várias pastas,
pintura com pigmentos
cerâmicos, cozedura a 1030ºC,
aplicação de latão, base de
madeira, forno eléctrico
110 x 110 x 60 cm
Forma perdida redonda - 1999
Pasta branca constituída pela
mistura de várias pastas, pintura
com vidro mate amarelo,
cozedura a 980º, forno eléctrico
55 diâmetro x 24 cm
Silêncio Oleiro e Terra - 1992
Roda de oleiro (madeira) com 4 Tapadores
de Forno em Terracota
50 x 110 (diâmetro) cm
Heitor Figueiredo
A origem do Homem
Chegado à terra depois de percorrer os recantos do universo, Kenos
descansou. Na altura, era um ser só e a própria terra não conhecera
ainda outra criatura que não kenos. Olhou em seu redor e notou que
toda a terra era um enorme terreno pantanoso. Tomou então um
punhado de terra húmida e com ela esculpiu o sexo masculino. Satisfeito
com o resultado, tomou de imediato outro pedaço de terra e esculpiu
o sexo feminino. Exausto, deixou as suas criações lado a lado para que
secassem durante a noite e foi dormir. Durante a noite, as esculturas
de areia uniram-se e engendraram qualquer coisa como um ser
humano. Este ser cresceu rapidamente e fez-se adulto num só dia.
Afastados durante o dia, os dois sexos voltaram a unir-se na noite
seguinte e daqui nasceu o segundo homem. Assim foi durante muitos
dias; as esculturas de terra húmida separavam-se durante o dia e
voltavam a unir-se à noite, trazendo à vida novas criaturas.
Chegou uma altura em que a terra estava já povoada de seres humanos
e os homens haviam finalmente aprendido a fecundar as mulheres. A
partir de então, os seres humanos pareciam não querer outra coisa
senão reproduzir-se e a terra cedo ficou sobrepovoada. Então, Kenos,
o Pai do homem, resolveu intervir. Inquietado com a situação, o criador
perguntava-se o que fazer. Surgiram-lhe apenas duas opções. Ou
privava os seres humanos do poder da autoprocriação ou teria de
arranjar forma de lhes dar um espaço maior. Decidiu então usar as
suas forças para erguer o céu que pesava sobre a terra. Assim fez e
é a Kenos que os homens devem o espaço que hoje têm para se mover
e a liberdade de procriar.
Terra do Fogo, Sek'nam - in Rosa do Mundo - 2001
Poemas para o Futuro
Trad. Manuel João Magalhães
HEITOR FIGUEIREDO
Braga, 1952
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Curso de cerâmica da Escola de Artes Decorativas Soares dos
Reis . Porto.
Curso de cerâmica da Cooperativa Árvore , Porto.
Aluno da Escola de Belas Artes , Porto
Estágios de cerâmica no Cencal , Caldas da Rainha , com os
ceramistas Francis Behets, Erich Habberling, Xoan Viqueira,
Senya Sonobe e yuji Terashima.
Encontros de verão na Fábrica de Sargadelos, orientado pelo
ceramista Arcádio Blasco, Sargadelos, Espanha.
Estágio de cerâmica com o escultor Emídio Galassi, Escola
Textura, Gijon, Espanha.
Estágio de roda e esmaltes na Escola la Bisbal, Girona, Espanha
Workshop com os escultores Emídio Galassi e Iozune Ruiz, Arte
Aperto Faenza, Itália.
Workshop na Casa dos Oleiros com os ceramistas Aline Favre,
David Roberts e Jorge Mealha.
Participação no 1º Simpósio de Esculturas em Terra, Oficinas do
Convento Montemor o Novo.
Participação na oficina experimental Forno-Escultura com os
ceramistas Nina Hole e Claus Hansen.
Participação na Feira Internacional de Cerâmica, Millenium,
Amesterdão, Holanda.
Colaboração no 2º Simpósio de Esculturas em Terra, Habitar
2001, Oficinas do Convento, Montemor o Novo.
Participação no 1º Simpósio internacional de cerâmica das Caldas
da Rainha.
Participação no Simpósio internacional de Cerâmica do Falmouth
College of Arts, Falmouth, Inglaterra.
Participação no estágio de cerâmica de La Rambla, Córdoba,
Espanha.
Participação no Concurso internacional de cerâmica Euceco,
Grécia.
Participação no European Ceramic Context, Bornholm,
Dinamarca.
Participação nos encontros de Cerâmica de Boassas, Portugal.
Participação na Exposição Ibérica de Escultura Cerâmica,
Pontevedra, Espanha.
Várias exposições em Portugal e outros países.
Prémio Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro 2005.
Homenagem ao meu
grelhador preferido
Grés chamotado, barro
vermelho e vidrados
45 x 20 x 15
Sem Título
Grés, vidrados e metal
112 x 49 x 17
Sem Título
45 x 23 x 23
Stories in Pictures
Cerâmica e madeira
100 x 25 x 11
Castelos no ar
Grés, vidrados, óxidos naturais
e lápis cerâmico
140 x 34 x 20
João Carqueijeiro
Nos instantes em que o olhar repousa sobre
as esculturas de João Carqueijeiro, pressentese a força do Artista que conforma o Real.
Elas conduzem o olhar ao tempo da origem à anterioridade da Terra e o Fogo - à exaltação
da Matéria que se transforma!
Depois, o olhar divaga, pelo espaço em volta...
Que melhor lugar para a celebração da
criação, do que o silêncio dos claustros, o
recato de um convento, ou a perenidade de
um Museu?
Cristina Leal
JOÃO CARQUEIJEIRO
Nasceu em 1954; concluiu o Curso Superior
de Desenho em 1982 (orientado pelo
mestre Sá Nogueira), bem como os Cursos
de Roda, Vidrados de Grés e Raku, na
Escola de Cerâmica de La Bisbal
(Catalunha).
É Formador de Cerâmica desde 1985,
acreditado pelo Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua de
Professores desde 1995 e Instituto de
Emprego e Formação Profissional.
É professor dos Cursos Livres de Cerâmica
na Coop "ÁRVORE" desde 1986. Foi
responsável pela realização de diversos
murais cerâmicos (Paredes de Coura,
Nortcoop-Porto). Foi membro fundador do
Projecto Cerâmica "Oficina 2000&5".
Coordenador de inúmeros Encontros de
Artistas e Work Shops de cerâmica.
Prémios
1989. 1º Prémio da II Exposição da
Cooperativa Árvore;
Menção Honrosa Bienal
Internacional de Cerâmica de
Aveiro; 1991.
1º Prémio de Cerâmica Criativa,
I.E.F.P;
Está representado no Museu da C.M.
Alcobaça, Museu do Azulejo (Lisboa), Museu
Luís de Camões (Macau), Museu de Olaria
de Barcelos, Museu da Câmara de Amakusa
(Japão), Museu da Bienal de Cerveira,
Museu Amadeu de Souza Cardoso
(Amarante), bem como em colecções
particulares e de outras instituições.
Participou em inúmeras exposições
colectivas, nomeadamente:
1986. 10º Encontro de Ceramista
Europeus "Perigueux".
1987. Simpósio Internacional de Cerâmica
"Alcobaça".
1988. "L' Europe des Céramistes"
Auxerre;
. Galeria Árvore (Porto);
. Leal Senado (Macau): C.A.M. da
Fundação Calouste Gulbenkian.
1989. "Cinq Jeunes Créateurs Portugais"
(Les Mureaux);
. Bienal Internacional de Cerâmica
Artística de Aveiro;
. Biblioteca Nacional de Lisboa.
1990. Encontro Europeu de Arte (Palais
des Papes - Avignon);
. Encontro Internacional Gaia 90;
. "3 Jovens Ceramistas" Fundação da
Juventude (Porto).
1991. Cooperativa Árvore (Porto); Galeria
Magellan (Paris).
1992. "8 Individuelles", Galerie Magellan
(Paris); Fontenay-Sous-Bois França.
. Encontro de Escultura Cerâmica
Petrogal/ Coop. Árvore - Porto.
1995. VIII Bienal de Arte de V.N. Cerveira.
1997. Fundação Engº António de Almeida.
Exposição do Simpósio "Silêncios /
Stille", Galeria Arménio Losa (S.
Mamede Infesta, Portugal).
1998. Simpósio de Escultura Cerâmica
(V.N. Cerveira); "Silêncios/Stille",
Ausstellung / Preetz - Alemanha.
1999. Exposição e Coordenação do
Workshop de RAKU - "Atmosfera"
Galeria Epicentro (Porto).
2001. Artista convidado, como
representante de Portugal no
Simpósio de Cerâmica de Amakusa
(Japão);
2003. Apresentação, na Bienal de
Cerveira, de dois projectos de vídeo,
co-realizados com Cristina Leal;
. Orientador na Oficina de Cerâmica,
do projecto colectivo "Gárgulas".
2004. Obras do Museu da Bienal de
Cerveira "Uma Selecção"
C.C. Deputación Ourense.
2005. Galeria Bobogi (Aveiro).
2006. Galeria Avizarte (Porto).
2007. Galeria Oficina das Coisas (Porto);
. Galeria João Pedro Rodrigues
(Porto).
. "A Cerâmica Contemporânea
em Portugal", Alcorá, Espanha;
. Artista Convidado na XIV Bienal
Internacional de Arte de Vila Nova
Cerveira;
. Membro do Júri da Bienal
Internacional de Cerâmica Artística
de Aveiro.
2008. Galeria Alvarez (Porto);
. "Feet to Feet" na Galeria Por Amor à
Arte (Porto);
. "Oficina 2000&5 no Museu", no Museu
de Olaria de Barcelos.
2009. Exposição "Prata da Casa" no Museu
da Bienal de V.N. Cerveira;
. Franchini`s Galeria (Porto); Galeria Stº
António (Porto);
. Centro Cultural S. Mamede
(Guimarães);
. Sala Municipal de Exposições de Tui,
integrada na XV Bienal Internacional
de V.N. Cerveira.
2010. Realização de painel em relevo de
0,75mx100mx0,05m, para exterior do
Crowne Plaza Hotel em Vilamoura.
. Oikos no Palácio da Bolsa (Porto).
. Galeria AP`ARTE (Porto);
. Galeria Stº António (Porto).
2011. "Escultura Cerâmica Hoje - 5 Autores
Portugueses" no Museu Amadeu de
Souza Cardoso (Amarante). Cerco
(Zaragza).
. Mural modular instalado no Fórum da
Bienal de Cerveira.
Exposições individuais
1990.
1993.
1996.
2000.
2001.
2007.
2008.
Galeria Labirintho (Porto);
Galeria Magellan (Paris);
Galeria da C. M. Aveiro;
Galeria Epicentro;
Museu de Olaria de Barcelos;
Galeria AMI Arte (Porto);
Franchini`s Galeria (Porto).
S/ Título
mistura de pastas refractárias e óxidos
incorporados, cozedura 1200º C
forno eléctrico
751x35x32 cm
S/ Título
mistura de pastas refractárias e óxidos
incorporados, ardósia fundida, cozedura
1220º C forno eléctrico
196x44x32 cm
S/ Título
refractário óxido
manganês,corante ocre e
fundente, ardósia fundida
cozedura 1220º C forno eléctrico
230x220x45 cm
Sofia Beça
Sofia Beça reflexiona sobre las circunstancias de su trayectoria vital
por la vida.
Sofia Beça, entendió que la mano transmite el pensamiento y uno
puede contar sus inquietudes, hacerlas públicas, usando el barro
como materia expresiva.
Sofia Beça entendió el camino y lo sigue, desprendiéndose de lo
superfluo. En el mundo de la cerámica hay mucho de superfluo.
Sofia Beça va penetrando en el complejo mundo del arte conociendo
sus dificultades, pero sabiendo que toda contradicción se supera.
Entre algunos ceramistas, que asi se sienten y son, abunda la pirueta
y falta el misterio.
Sofia Beça tiene en sus manos, en su mente, salir de la desesperanza
que nos trae la vida sabiendo que siempre habrá una luz de esperanza.
Siendo yo muy joven, encontrándome com uno de los pocos maestros
que tuve, viendo mis obras mas recientes, me dijo: "no sigas haciendo
lo que ya sabes que sabes hacer. Encuentra salidas". El consejo fue
muy importante para mi.
Sofia Beça es persona inquieta, apasionada y tenaz, sabe convocar y en
Boassas provoca "encuentros", llenos de vida viva, en contacto con
nosotros mismos a la vez que colectivo, y en el trabajo creativo es el camino.
Sigue siendo como eres, Sofia Beça, que, como dijo nuestro poeta, vas
haciendo camino con tu caminar.
Arcadio Blasco
Julio 2010
”És a minha onda, 2010”
Quem conhece o percurso de Sofia Beça não terá dúvidas que este
trabalho é resultado de anos de experiência - a da sabedoria adquirida
relativamente aos meios e ferramentas que utiliza, por um lado, e a
experiência vivida ou vivencial que lhe permite chegar onde se encontra,
hoje.
Sofia Beça tem-se dedicado e demonstrado, através das materializações
do seu imaginário, que é especialista em cerâmica - este é o seu meio
privilegiado de expressão artística independentemente da denominação
das suas formalizações - objectos, relevos, painéis de azulejos,
esculturas ou instalações.
Do seu trajecto fazem parte diversos momentos que nos vão fornecendo
elementos acerca do seu processo e dos seus pressupostos.
Em ”És a minha onda”, 2010, sente-se uma vontade e necessidade da
autora de não se circunscrever a um espaço contido; uma espécie de
libertação através da ideia de continuidade. As suas medidas reais (200
x 130 x 7 cm) parecem deixar de ter relevância pelo facto de termos
a sensação ou o desejo de seguimento para além de si mesmo podemos comparar com uma fotografia ou uma pintura de uma
paisagem que não deixando de ser um recorte/fragmento permite-nos
ver além de e para além de.
Deste modo, a poética expressa em ”És a minha onda” implica,
simultaneamente, a nossa aproximação e distanciamento físicos,
permitindo-nos diferentes níveis de percepção, fruição e,
consequentemente, sensações distintas.
Mantendo a manufacturarão e repetição de gestos que caracterizam o seu processo de
materialização baseado em automatismo quotidianos, mas libertando-se de uma suposta
ilustração e formalização condicionadas, estes trabalhos mais recentes de Sofia Beça são
permeáveis à livre interpretação não se fechando em si mesmos e talvez por esse motivo
se enquadrem num novo capítulo da sua experiência artística.
Rute Rosas
Artista Plástica- Escultora
Professora | Investigadora . Novembro, 2010
SOFIA BEÇA
Nasceu no Porto em 1972.
Formação
1992. curso Técnico/Profissional de
Cerâmica da Escola de Artes
Decorativas Soares dos Reis do
Porto.
1997. "workshop" de Rakú promovido
pelo CEARTE, em Coimbra.
1998. Curso de "Escultura e Murais
Cerâmicos" orientado pelo
Ceramista Arcádio Blasco.
1999. Curso de "Cerâmica Criativa",
orientado pelo Escultor/Ceramista
Emidio Galassi, Espanha.
Exposições individuais (selecção)
1997. Museu de Olaria de Barcelos.
1999. Museu de Cerâmica das Caldas
da Rainha.
2001. "Voltar a Marrocos", com banda
sonora original de Gustavo Costa,
na Galeria Epicentro, no Porto.
2002. "Edificações", com banda sonora
original de Gustavo Costa, na
Galeria Sargadelos, Madrid,
Espanha.
2003. "Edificações", com banda sonora
original de Gustavo Costa, na
Galeria Sargadelos, Barcelona,
Espanha;
"Pequenas Construções", com
banda sonora original de Gustavo
Costa, na Sala Barbasan, Zaragoza,
Espanha.
2005. "Pedras", Posada del Potro,
Cordoba, Espanha.
2006. "Habitáculos", com banda sonora
original de Gustavo Costa e
fotografia de Rui Costa, na Galeria
2007.
2008.
2010.
2011.
de Arte do Museu Martins
Sarmento, Guimarães.
"Metáforas do Mundo", espaço
cultural Velha-a-Branca, Braga.
"From Womb to Tomb - refuges
and habitats, com bando sonora
original de Gustavo Costa e
fotografia de Rui Costa, De Galerij
van De Lawei, Drachen, Holanda.
"Refúgios", Galeria Trindade, Porto.
"O Antes, o Durante e o Depois"
com a colaboração de Catarina
Mendes e Vitor Hugo, Sala de
exposições da Caja Duero,
Valladolid, Espanha e na Galeria
Trindade, no Porto.
"Vou e Venho", Galeria Municipal
de Exposições Palácio Quinta da
Piedade, Póvoa de Santa Iria.
Exposições colectivas (selecção)
2003. Amakusa Ceramic Art 2003,
Hondo, Japão.
2004. Itinerante do "1º Encontro
Internacional de Ceramistas em
Boassas", Fórum da Maia e no
Museu Nacional de Cerâmica
Gonzalez Marti, Valência, Espanha.
. "Rotas da Cerâmica", Museu
Nacional do Azulejo, Lisboa.
2005. "Cinco Partes", Galeria Bobogi,
Aveiro.
. "Seis menos Um", Galeria Por
Amor Á Arte, Porto.
. Participa na Feira de Arte
Contemporânea, através da galeria
Shibuichi, Buenos Aires, Argentina.
2006. Itinerante do "II Encontro
Internacional de Ceramistas em
Boassas",Cinfães (Portugal),
Avilés e Museu de Ceramica
Gonzalez Marti, (Espanha).
2008. Feira Internacional de Ceramica
Contemporanea CERCO, Zaragoza,
Espanha.
. Centro Municipal "Las Aulas",
Castelló, Espanha. Espai Antic
Hospital, Culla, Espanha.Museu de
Ceramica Gonzalez Marti, Espanha.
2009. Participação na Feira de Arte
Contemporânea ArteLisboa,
através da Galeria Trindade.
2011. Itinerante "Escultura Cerâmica
Hoje - 5 autores Portugueses,
Museu Amadeu Souza Cardoso,
Amarante, Cerco, Zaragoza ( como
país convidado),
. Museu da Cidade, Aveiro.
Prémios
2001. 1º Prémio do CER.TA.ME, em
Gondomar, com a obra "Second
Stone", tendo a colaboração
musical de Gustavo Costa.
2003. 1º Prémio do CER.TA.ME, em
Gondomar, com a obra "Cerco".
Menção Honrosa na Bienal
Internacional de Manises, Espanha.
2005. 1º Prémio de Cerâmica Mural,
L`Alcora, Espanha.
. 2º Prémio na VII Bienal de Cerâmica
Artística de Aveiro.
2006. 2º prémio da IV Bienal de Ceramica
Marti Royo, Espanha.
2007. Menção Honrosa na VIII Bienal de
Cerâmica Artística de Aveiro.
2009. 2º Prémio do XV Concurso
Internacional de Valladolid,
Espanha.
2011. Menção Honrosa na X Bienal de
Cerâmica Artística de Aveiro.
Participação em concursos com
respectivas exposições
2001. 21º Concurso Internacional de
Cerâmica de L`Alcora, Espanha;
. Bienal Internacional de Manises,
Espanha.
2002. 2º Prémio Internacional de
Cerâmica Cerco, Zaragoza,
Espanha;
2003. 3º Prémio Cerco, Zaragoza,
Espanha; 23º Concurso
Internacional de Cerâmica de
L`Alcora, Espanha.
2005. XIII Bienal Internacional de Arte de
Vila Nova de Cerveira. 25º Concurso
Internacional de Cerâmica de
L`Alcora, Espanha.
. 7ª Bienal Internacional de
Cerâmica de Manises, Espanha.
2006. III Trienal Internacional del Tile
Ceramico, Santo Domingo,
Republica Dominicana.
2007. XIV Bienal Internacional de Arte de
Vila Nova de Cerveira.
. 8ª Bienal Internacional de Cerâmica
de Manises, Espanha.
2008. Concurso de Cerâmica
Internacional, Valladolid, Espanha.
2009. IX Bienal Cerâmica Artistica de
Aveiro.
Obras realizadas para edifícios
2003. Mural para o Lar de Terceira Idade
de S. Cristóvão, Cinfães; Mural para
"Casa do Lódão" de Turismo
Rural, Cinfães;
. Mural para "Casa da Ventuzela" de
Turismo de Habitação, Cinfães.
2005. Mural para um largo, L´Alcora,
Espanha.
2010. Mural "Borboletário" para o parque
de Muel, Zaragoza, Espanha.
Outras actividades
2001. Trabalha com Arcádio Blasco, na
sua oficina, em Mutxamiel, Alicante,
Espanha. Simpósio de Rakú e
fornos de papel "1/2 + O Meio",
Sardoal.
2003. Convidada especial a participar no
Amakusa Ceramic Art 2003, Hondo,
Japão.
2004. Organizadora e participante do "
1º Encontro Internacional de
Ceramistas em Boassas".
. Coordenadora da exposição
e da "Mesa Redonda" do "1º
Encontro Internacional de
Ceramistas em Boassas",
. Museu Nacional de Cerâmica
Gonzalez Marti, Valência,
Espanha.
2005. Representa Portugal, através da
Embaixada de Portugal, no VII
Simpósio de Cerâmica de
Avellaneda, Buenos Aires,
Argentina.
2006. "II Encontro Internacional de
Ceramistas em Boassas",
Cinfães.
. Membro do júri do 26º concurso
internacional de cerâmica de
L´Alcora, Espanha.
2007. Comissária da Exposição
"Ceramistas Portugueses",
L`Alcora.
. I Encontro Internacional de Arte
de Culla, Valência, Espanha.
2009. Representa Portugal no 7º
Symposium Of Artistic Ceramics
for Mediterranean Countries,
Volos, Grécia.
. Representa Portugal na 6ª Edição
do salão "Ceramique 14", Paris,
França.
2010. Participa no Festival Domadores
de Fuego "Encuentros a la
tercera".
Membro do júri do XVI Concurso
de Cerâmica de Valladolid,
Espanha.
Floresta Portuguesa
Grês, técnica da lastra e
rolos, cozedura a 1.200ºC
com redução.
2008. 400 x 400 x 30 cms
Abesourar
grés, técnica da lastra
e rolos. cozedura a
1050º, forno de lenha
2008. 165x 165x 7 cm
O Caminho para casa
grês, técnica da lastra,
cozedura a 1100ºC
em forno de lenha.
2010. 41 x 41 x 5 cm
Colmeias
Grês, técnica da lastra, cozedura
a 1.100ºC em forno de lenha.
2009. 27 x 17 x 155 cm
Absorvemos e produzimos
Grês, técnica da lastra,
cozedura a 1200ºC
2011. 200 x 300 x 20 cm
Virgínia Fróis
Um olhar, um anel, uma relação de entrelaçamento
O círculo vazio do anel (da íris, do olho) simboliza ausência, uma falta,
tornando-se o pólo de um campo magnético onde se entrelaçam uma
rede de relações invisíveis. Tal como um olhar recebe do mundo ou de
outro olhar, uma impressão, acolhendo-a e, ao mesmo tempo, reagindo
ao que recebe, se desvela a si próprio, também a obra de arte constrói
uma ligação entre o criador e o mundo, fazendo irromper pequenos
movimentos entre as coisas, juntando-as, abrindo paisagens. Assim,
quando um olhar procura entrar noutro olhar, quando a "voz" contida
na obra de arte procura integrar a "voz do mundo", constrói-se uma
coreografia de forças: um atrai o outro que se deixa aprisionar ou seduzir.
Os anéis de Virgínia Fróis configuram moldes onde forças de
atracção/anulação se absorvem, consomem para se fundirem. A
escultora tem realizado uma série de formas anelares em material
cerâmico, evocando a reunião de forças em torno de um vazio, de algo
que se perdeu, ou mesmo, que nunca existiu. Por isso, representando
urnas, fósseis, como se fossem construções atingidas pela erosão,
pelo desgaste do tempo, pode considerar-se que as obras representam
estruturas fúnebres, metáforas de um tempo de luto e de despedida.
O que com elas se procura evocar é o arco que percorre o processo
criativo: desde a anulação, passando pelo encontro do vazio, até ao
despontar de um recomeço.
Esta ténue passagem, simbolizada pela metamorfose entre as raízes,
a água, a terra fértil, o tempo e o fogo que depois lhes é lançado para
fazer daquelas matérias Escultura, relações processadas entre o visível
e o invisível, o imerso e o emerso, realizam-se tão gradualmente, tão
suavemente, que acabam por se transformar sob o nosso olhar, num
outro corpo, sem nos apercebermos disso. Esta componente de
desmaterialização ganha mais relevância na última obra da artista.
Trata-se, agora, não da presença material da escultura mas, do filme
que fixa, processo volátil inerente à realização da peça. A obra é a
projecção-vídeo, captando aquele ciclo de metamorfose. O anel cerâmico
constitui o vestígio que resta do processo de execução da mesma. O
que interessa aqui à autora é a transformação da matéria, a captação
da metamorfose, o movimento etéreo, do fogo à cinza, e que só pode
ser fixado pela imagem em movimento.
Depois de moldar o anel com 3 metros de diâmetro, em terra bruta,
carvão e raízes, a artista deposita sobre a peça e em seu redor camadas
de material vegetal consumível: palha, madeira, mais carvão, compondo
uma cobertura que servirá simultaneamente de forno e de combustível.
O fogo é ateado ao nascer do dia, quando a claridade ainda se confunde
com o lusco-fusco da escuridão nocturna. O lume começa num ponto
e, em duas horas, alastra, incendiando todo o anel que, em chamas,
desenha a sua linha completa, em pleno dia.
O filme capta o desenho volátil desta acção a partir de um ponto fixo,
registando a sua extinção, um plano final de cinzas, ao pôr do sol.
Mas o movimento de renovação é continuo: das cinzas, matéria inerte
que descontamina o terreno, há-de brotar um novo olhar, limpo,
intenso e cristalino.
Sara Antónia Matos
VIRGÍNIA FRÓIS 1954
Licenciada em Escultura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa
onde desenvolve actividade docente no Curso de Escultura desde 1989.
Fundou em 1996 a Associação Cultural de Arte e Comunicação Oficinas
do Convento em Montemor-o-Novo, onde tem dirigido programas de
promoção da produção artística contemporânea.
Desenvolve actividade como Escultora, expondo individualmente com
regularidade, a sua investigação plástica realiza-se no âmbito da
Cerâmica. No domínio da Arte Pública realizou projectos para os
Municípios de Almada e Caldas da Rainha, e para o Ministério da Justiça.
Colaborou na recuperação do espólio da Escultura Barroca em Terracota
do Mosteiro de Alcobaça, onde coordenou e desenvolveu projecto
artístico no âmbito da Exposição E-Vocações.
Coordenou projectos na Companhia Nacional de Refractários da
Abrigada na Fábrica Bordalo Pinheiro e na SECLA nas Caldas da Rainha,
em programas de extensão da actividade docente.
Em 2005 inicia o Projecto Guardar Águas, investiga no campo da
Etnocerâmica / Olaria de Mulheres na comunidade de Trás di Munti no
Município do Tarrafal de Santiago em Cabo Verde. Em 2009 funda o
Centro de Artes e Ofícios onde coordena a actividades de investigação
e cooperação para o desenvolvimento.
Fóssil (Anel II)
diâmetro 220 cm x 23 cm alt
Terracota
Coroa
diâmetro 220 cm
terracota
Coroa negra
Diâmetro 40 cm
Barro vidrado baixa temperatura
Pêndulos
2 peças cerca de 25x55cm e 35x 70cm
Barro vidrado baixa temperatura

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