Lista C (Limites e Continuidade) - Laboratório de Matemática Aplicada
Transcrição
Lista C (Limites e Continuidade) - Laboratório de Matemática Aplicada
Cálculo Infinitesimal I - 2015/01 - Marco Cabral Graduação em Matemática Aplicada - UFRJ Monitores: Zair Henrique & Jonathas Ferreira Lista C - Limites e Continuidade ”Perhaps the only difference between me and other people was that I’ve always demanded more from the sunset; more spectacular colors when the sun hit the horizon. That’s perhaps my only sin.” - Joe, Nymphomaniac: Vol. I (2013) 1. Definição 1. Seja f : X → R uma função real. Seja a ∈ X. Diremos que o número real L é o limite de f (x) quando x tende para a, e escreveremos lim f (x) = L x→a quando ∀ > 0, ∃δ > 0 tal que se 0 < |x − a| < δ então |f (x) − L| < . Leia e releia a Definição 1. (a) Prove que o limite da soma de duas funções é igual a soma dos limites. (b) Mostre que o limite, quando existe, é único. Dica: Suponha por contradição que não é único, isto é, existem L1 e L2 diferentes que satisfazem 2| a condição e então tome = |L1 −L . Uma figura ajuda. 2 1, se x ∈ Q, 2. A função de Dirichlet é definida por f (x) = 0, se x 6∈ Q. Mostre que para qualquer a ∈ R não existe lim f (x). Dica: Fixado a qualquer, mostre um (em x→a função de a) que vai tornar impossı́vel a escolha de δ. 3. Uma função real f : A → R é dita limitada se existe uma constante real M ≥ 0 tal que |f (x)| ≤ M, ∀x ∈ A. Sejam f e g duas funções reais. Mostre que se f é limitada e se lim g(x) = 0, então lim f (x)g(x) = 0 x→a x→a (mesmo que lim f (x) não exista). x→a 4. Apresentamos no inı́cio da lista uma das 15 definições de limite possı́veis. De fato, fixado c ∈ R, lim f (x) = B tem sentido com A ∈ {c, c+ , c− , ∞, −∞} e B ∈ {c, ∞, −∞}. A proposta aqui é adaptar x→A para cada caso. Vamos pedir somente dois, mas pense nos outros casos . . . (a) Defina lim f (x) = ∞ (utilizando δ e N ). x→c+ (b) Defina lim f (x) = c (utilizando e N ). x→∞ (c) Prove pela definição que lim x→∞ 5. Sejam os polinômios p(x) = n P k=0 1 = 0. x ak xk e q(x) = m P bk xk , onde m, n ∈ N, ai ∈ R para i = 1, ..., n, bi ∈ R k=0 para i = 1, ..., m e an , bm 6= 0. Calcule (em função de m, n, an , bm ) os limites abaixo: p(x) x→∞ q(x) (a) lim (b) lim p(x) x→−∞ q(x) (c) lim+ x→0 p(x) q(x) 6. 1 Definição 2. Seja f : X ∈ R uma função real. Seja a ∈ X. Diremos que f é contı́nua em a se lim f (x) = f (a) x→a ou utilizando definição de limites, se ∀ > 0, ∃δ > 0 (que depende de e de a) ∀x ∈ X que satisfaça ¿|x − a| < δ, temos que |f (x) − f (a)| < . (a) Prove que se f, g : X → R são contı́nuas no ponto a ∈ X então i. f + g é contı́nua em a. ii. existe δ > 0 tal que f é limitada (ver definição nesta lista) numa vizinhança δ de a. iii. f · g é contı́nua em a. (b) Seja f uma função contı́nua em x = 0 que satisfaz f (x + y) = f (x) + f (y). Mostre que f é contı́nua em todo ponto. (c) Prove o princı́pio da permanência de sinal de uma função contı́nua. Se f : X → R é contı́nua em a ∈ X e f (a) > 0, então ∃δ > 0 tal que f (x) > 0 se |x − a| < δ. Tradução: se f é positiva num ponto, é positiva numa vizinhança deste ponto. 7. Definição 3 (Teorema do Valor Intermediário). Seja f : [a, b] → R contı́nua. Se f (a) < d < f (b), então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = d. (a) Procure uma boa definição do que é uma função ser contı́nua em um intervalo aberto. Procure também para um intervalo fechado. Atenção na diferença. (b) Suponha que f é contı́nua em [a, b] e que f (x) ∈ Q para todo x ∈ [a, b]. Mostre que f é constante. (c) Seja f : [0, 1] → [0, 1] uma função contı́nua. Mostre que f tem um (leia-se pelo menos um) ponto fixo, ou seja, existe x ∈ [0, 1] tal que f (x) = x. Generalize mostrando que toda função contı́nua f : [a, b] → [a, b] tem um ponto fixo. Esse é o caso unidimensional do Teorema do ponto fixo de Brouwer. A proposta da próxima questão é bem simples: assumindo que a função temperatura é contı́nua, queremos provar que existem dois pontos na Terra com a mesma temperatura. Porém, a demonstração requer algumas sutilezas, vejamos: i. Suponha, primeiramente, que a Terra é uma esfera. Chame-a de S, e corte esta esfera com um plano que passe pelo centro dela. Convença-se de que a intersecção deste plano com a esfera é um cı́rculo com o mesmo raio da esfera. ii. Sejam P1 e P2 dois pontos diametralmente opostos do cı́rculo e T : S → R uma função que diga a temperatura de um ponto S. Defina a função f tal que: f (P1 ) = T (P1 ) − T (P2 ) para todos os pares P1 , P2 de pontos diametralmente opostos do cı́rculo cortado pelo plano. iii. Use a hipótese de que T é contı́nua, aplique o TVI e conclua o resultado. Note que não provamos somente que dois pontos na Terra tem a mesma temperatura, provamos também que são pontos antipodais (diametralmente opostos). Isso pode ser generalizado para que toda função contı́nua de uma n-esfera em um n−espaço euclidiano tenha pelo menos um par de pontos antipodais com o mesmo valor. Esse resultado é conhecido como o teorema de Borsuk-Ulam. 8. Definição 4. Uma função f : X → R é chamada de uniformemente contı́nua quando, para cada > 0, existe δ > 0 tal que se x, y ∈ X, |x − y| < δ ⇒ |f (x) − f (y)| < . Em outras palavras, o δ não depende dos pontos do domı́nio, ele depende somente do dado. Pense nessa definição. Tente compreende-la pois a mesma não é trivial. (a) Compare com a definição de continuidade dada na lista. Diga, em suas palavras, a diferença entre continuidade em todos pontos de X e continuidade uniforme. 2 (b) Mostre que uma função f : R → R definida por f (x) = ax + b, com a, b ∈ R, é uniformemente contı́nua. 9. Definição 5. Uma função f : X → R é dita Lipschitz contı́nua se existe uma constante K ≥ 0 tal que |f (x) − f (y)| ≤ K|x − y| para todo x, y ∈ X. 2x, se x ≥ 0, (a) Mostre que a função g(x) = é Lipschitz contı́nua em R. Dica: Valor de K é 3x, se x < 0, dado pelo pior caso. (b) Mostre que o módulo do coeficiente angular da reta secante de uma função p Lipschitz contı́nua é limitada por uma constante. Utilize isto para mostrar que a função g(x) = |x| não é Lipschitz contı́nua (esboce o gráfico e veja o que ocorre com a reta secante passando por (0, 0)). (c) Mostre que toda função Lipschitz contı́nua é uniformemente contı́nua. Dica: Dado tome δ = /K. (d) Mostre que se f é derivável em R com |f 0 (x)| ≤ M (limitada) para todo x ∈ R, então f é Lipschitz contı́nua em R. Na verdade está é a essência de ser Lipschitz contı́nua (é praticamente uma função derivável). 3
Documentos relacionados
Lista B (Limites e Continuidade)
maiores que outros. Procure sobre o argumento diagonal de Cantor. 7. Um conjunto X é chamado denso em R quando todo intervalo aberto (a, b) ⊂ R possui algum ponto de X. Ou seja, ∀a, b ∈ R com a < ...
Leia mais