Três desejos - Teatro de Brinquedo

Transcrição

Três desejos - Teatro de Brinquedo
N
arrador – Era uma vez uma casa simples numa cidade pequena em
algum canto do Brasil. Lá moravam Maria e José. Eles eram um
casal muito unido. Um dia, estavam na cozinha procurando alguma
comida para preparar o jantar.
Trago aqui três desejos. Vocês podem escolher. Mas
pensem bem no que pedir, pois tudo pode acontecer!
Ronc, trum, escabilulu, rons, trum, escabilelê!
José: Maria, tem arroz?
Narrador – Maria olhou assustada para a velhinha e chamou
José.
Maria: Não tem, não!
Maria: José! Vem aqui, marido! A velhinha é mágica!
José: Maria, tem feijão?
Narrador – A velhinha entregou a eles três moedas de ouro e
antes de partir avisou:
Maria: Não tem, não!
José: E o que a gente vai jantar, então?
Maria: Se eu pudesse, José, assava um leitão, mas como não
tem, vamos comer um ovo que sobrou com pedaço de pão.
Senhora: Deixo aqui essas três moedas de ouro. Cada
vez que fizerem um pedido, uma das moedas vai
desaparecer. Pensem com cuidado e escolham com
sabedoria.
Narrador – De repente, tocou a campainha e Maria se assustou com o
barulho. Ao abrir a porta, encontrou uma senhora muito pobre.
Senhora: Ô minha filha, me dê alguma coisa pra comer que as
pernas estão fracas. Tô cansada que dói e a fome é tanta que
já tô vendo tudo escurecer! (Maria olha pra José como se fosse
perguntar para ele o que fazer. José faz que sim com a cabeça.)
Três desejos
José: Entre, minha senhora. A casa é pequena, mas o coração
é grande.
Personagens: José, Maria e
Senhora/Princesa, Narrador.
Maria: É... Aqui um quase não janta e dois comem metade.
Mas, se a senhora vier alegre, a gente divide a fome e a
tempestade.
Adereço de cena: Chouriço
Narrador – José, Maria e a senhora jantaram juntos. Depois do jantar,
José foi para o quarto e Maria foi até a mesa recolher a louça quando
escutou um barulho estranho. A louça caiu toda no chão! Que susto
Maria teve! A senhora começou a dançar, rodopiar e pular pela cozinha. Maria até pensou que
estava ficando maluca!
Senhora: Ronc, trum, escabilulu, ronc,
trum, escabilelê! Eu tava tão sozinha e
encontrei vocês! Nessa casa tem amor,
ronc, trum, escabilelê, mas não tem o
que comer, ronc, trum, escabilelê, de
velhinha viro princesa que é pra
abençoar vocês e pelo jantar agradecer!
Narrador – A velhinha
transformada em princesa desapareceu
e José e Maria se abraçaram.
José: Maria, vamos escolher
direitinho como gastar nossos
desejos... Escolher com cuidado
pra gente não se arrepender. Pode
ser carro e casa, pode ser vestido
novo, pode ser acabar com a
fome, pode ser viver pra sempre,
pode ser viajar o mundo ou em um
castelo morar.
Maria: Ô barriga danada pra roncar! Desde ontem antes de a
velhinha chegar que eu tô assim cheia de fome. Mas não é
fome à toa não. Tô com desejo de comer chouriço!
Narrador – Imediatamente aparece diante de Maria um enorme chouriço de feijoada.
Maria: Meu Deus! O José vai me matar! Desejei esse
chouriço! E agora?
Narrador – O relógio bateu as doze badaladas. José chegou para
almoçar.
José: Maria, que cheiro bom é esse de comida?
Maria: Nada não, marido! (Maria fala escondendo o
chouriço)
José: Maria, não me esconda nada que antes de eu sair pra
comer não tinha nada e a casa tá cheirando a feijoada!
José: Mas vamos tomar cuidado
pra saber o que desejar!
Maria: Tá certo, José! Eu não
vou pensar em nada, vou
aquietar o coração. Você
também se aquiete pra
quando vier o desejo ele
ser bem acertado. A
escolha mais bonita, o
desejo mais ajustado.
Narrador – De- pois daquela noite tão maluca,
José e Maria foram dormir.
De manhã, o galo cantou. José acordou e se despediu de Maria
para ir trabalhar.
José: Maria, vou trabalhar e volto para almoçar.
Maria: Tá certo, marido. Eu vou te esperar.
Narrador – Assim que José saiu, Maria começou a fazer o almoço. Abriu as panelas e os armários procurando por comida. A
barriga de Maria roncava tanto que, distraída, falou:
Maria: Ai José, aconteceu uma tragédia! Minha barriga
roncou de fome e desejei um chouriço! Ele apareceu na hora!
Foi sem querer que eu estraguei um desejo!
José: Ô mulher, que coisa é essa? Eu não posso acreditar. Foi
só eu sair de perto pra tudo desandar! Tô com raiva de boi
bravo, não posso nem te olhar. Esse chouriço infeliz! Meu
desejo agora é que ele fosse o seu nariz!
Narrador – Imediatamente o nariz de Maria se transformou em chouriço.
Maria: Meu Deus, a feijoada sou eu! Tô com nariz de
chouriço! Me salva, Zé!
José: Merecer, você não merece, Maria! Mas o que é que eu
posso fazer? Antes passar fome contigo do que ser feliz sem
você! Seja feito o certo então. Que o último desejo, o mais
importante, eu não vou desperdiçar. Traz o nariz de Maria de
novo, velha princesa, que tudo volta ao normal. Desejo é
coisa traiçoeira, cavalo a galope que ninguém pode domar!
Narrador – Foi assim e vim contar. Tanto reboliço, minha gente, e volta
tudo ao mesmo lugar! Termina aqui essa pequena história,
mas os desejos vão continuar. Quem tiver uma ideia
nova, que venha contar.