Conversas: Folclore e Educação Comissão Mineira de Folclore Belo

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Conversas: Folclore e Educação Comissão Mineira de Folclore Belo
 Conversas: Folclore e Educação Comissão Mineira de Folclore Belo Horizonte 2013 1 Aluna: Bruna Chagas Rosa Xavier 9º Ano 01 Escola Estadual Padre Piccinini de Ensino Fundamental E Médio Município: Paraguaçu‐MG Professora: Andréa Aparecida Cambraia Elias 2 Equipe de trabalho Coordenador José Moreira de Souza Pesquisadores Elieth Amélia de Sousa Lúcia Tânia Augusto Com participação de todos os membros. 3 Benze os quarenta e quatro Oh! Frade! Na boca do Forno, Oh! Forno! Darei um Bolo, Oh! Bolo! Fareis tudo que o Mestre mandar? Sim, Senhor! E se não fizer? Ganha um bolo. Então, vai ali, vai ali e traz... 4 Dedicatória Esta obra resulta de homenagem da Comissão Mineira de Folclore ao professor Antônio Henrique Weitzel, emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora, pelos oitenta anos dedicados às conversas sobre o saber expressar na linguagem popular. É também homenagem ao professor Braulio Nascimento, Presidente de Honra da Comissão Nacional de Folclore, em agradecimento ao empenho de acompanhar a trajetória da Comissão Mineira. É dedicada a todos os profissionais de nossas escolas que acreditam na Vocação de educar e resistem em se transformar em simples trabalhadores da educação. 5 Sumário Apresentação 8 1 A Comissão Mineira de Folclore e a Educação 11 2. Propostas e exame das propostas 25 3.Resultados obtidos 37 4. Dificuldades e valores hegemônicos 80 Para concluir 90 Referências bibliográficas 96 6 Lista de Figuras, quadros e tabelas Figura 1 . Municípios de Minas Gerais em que pelo menos uma escola atendeu à proposta Figura 2.: Concentração / dispersão dos municípios que atenderam à proposta Quadro 1. Escolas que atenderam à proposta da Superintendência de Modalidades e Temáticas da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais por município endereço do remetente Quadro 2. Microrregiões por Mesorregiões nas quais nenhuma escola encaminhou resultados 44 50 44 45 Quadro 3: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de 54 Folclore como resposta à proposta – Série/ano não informados – Título/tema. Quadro 4: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 1º ano e 2º– Título/tema. 55 Quadro 5: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 3º ao 5º ano – Título/tema. 56 Quadro 6: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 6º ao 9º ano – Título/tema. 60 Quadro 7: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 64 Quadro 8: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 64 Quadro 9: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 64 Quadro 10. Obras do acervo de uma professora do fundamental interpretadas como Folclore. 75 Tabela 1. Municípios em que mais de uma escola que atendeu à proposta 42 Tabela 2: Escolas que atenderam à proposta por mesorregiões do estado de Minas Gerais 45 Tabela 3: Microrregiões ‐ número de municípios componentes, domicílios e população da microrregião por municípios e escolas que atenderam à proposta 46 com os respectivos domicílios e população residente 7 Apresentação Em primeiro lugar, agradecimentos a Guiomar Maria Jardim Leão Lara Diretora da Superintendência de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino e a Soraya Hissa Hojrom de Siqueira Diretora de Temáticas Especiais da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Somos gratos também a todas as Superintendências Regionais de Ensino que se dispuseram a interpretar e disseminar a proposta da Comissão Mineira de Folclore; às diretoras e aos diretores, supervisoras, supervisores, professoras e professores que atenderam à nossa solicitação. São partes componentes do presente Relatório um CD onde se encontram 1. Cópias de todos os documentos encaminhados pelas escolas 2. Informações tratadas em acces nas quais as informações são cruzadas com dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE 3. Tabelas em excell com o mesmo conteúdo 4. Reprodução do presente documento. O presente comentário está dividido nas seguintes seções: 1. Na primeira, recupera‐se a história da Comissão Mineira de Folclore no que diz respeito ao seu compromisso com a educação, entendido como eixo principal de estudo, compreensão e desenvolvimento do saber popular. 2. Na segunda, apresenta‐se a proposta da Comissão Mineira de Folclore, suas origens recentes e as etapas de compreensão desta proposta. 3. Na terceira, expõem‐se os resultados obtidos e analisam‐se as características do estudo do Folclore nas escolas que atenderam à proposta. 4. Na quarta e última, examina‐se, avalia‐se e pondera‐se a abrangência das respostas, a dificuldade de inserir o estudo do Folclore nas escolas diante das diretrizes curriculares e os valores hegemônicos. Este relatório se orienta para compreender a pergunta: Como, quando e por que alguma escola acolhe o saber popular? E desenvolve a conversa tendo como verdade esta afirmação de um dos membros fundadores da Comissão Nacional de Folclore: 8 “Não se há de ensinar Folclore ao povo, está claro, mas aprender com ele, o que não tem sido tão claro assim, o seu Folclore”. (Oswaldo Rodrigues Cabral da Universidade Federal de Santa Catarina) A verdade deste imperativo categórico se sustenta em outra verdade de cunho epistemológico que pode ser enunciada desta maneira: Todas as relações entre seres humanos considerados como tais exibem como marca identificadora a conversa [ diálogo ]. Dessa verdade decorre que todas as vezes em que qualquer indivíduo se vale de procedimentos externos ao diálogo para impor sua verdade, outra verdade, tal indivíduo desumaniza o outro na relação. Decorre também que, numa conversa sobre qualquer que seja o assunto, nenhuma das partes detém a síntese do discurso. Resulta também que uma conversa entre seres humanos, enquanto humanos, é busca constante de atenção ao saber do outro e reconhecimento da ausência de saber. Na conversa busca‐se a compreensão do assunto e não a imposição de verdades parciais. Há, portanto, na conversa, a ideia reguladora de Verdade, a qual se orienta pela procura insistente de compreensão dos argumentos examinados e discutidos em comum. Disso resulta que nenhuma conversa é possível sem acordo explícito a respeito da humanidade do outro. O outro é tão humano quanto eu e tão capaz de compreender o que afirmo quanto eu; e, também, que nenhuma das partes detém a verdade. Ela resulta da conversa. Verdade não é imposta. Tem‐se como enunciado síntese: Em toda conversa as verdades pessoais são ponto de partida para a prática da conversação e a orientação pela Verdade pauta o diálogo como ideia reguladora. Um diálogo, se é realmente diálogo, exige que cada outro afirme o que é verdade da qual está convencido. Essa convicção da verdade pessoal opera a conversa favorecendo o reconhecimento da humanidade do outro e a denúncia do emprego de recursos dominadores como estratégias para influenciar falsos acordos. Numa conversa, quando alguém, pode ser até professor, afirma ao outro “Não é possível que você não entenda o que eu digo” isto mostra um caso de dominação e de encerramento da conversa. Sinteticamente, esta é a proposta pedagógica dos estudiosos do folclore quando pensam em educação libertadora. Alguns autores estão privilegiados no que se afirma acima: Hanna Arendt: A condição humana e dessa mesma autora O Sistema Totalitário Karl Popper: Conhecimento objetivo. Jürgen Habermas: Teoría de La acción comunicativa, complementos y estúdios prévios. 9 Jean Piaget: Sabedoria e ilusões da Filosofia. Arthur Schopenhauer: Como vencer um debate sem precisar ter razão. R. Pannikar: “Compreensão e convicção”. Amartya Sen: A ideia de Justiça. E do mesmo autor Desenvolvimento como Liberdade. Marília Amorim: O pesquisador e seu outro, Bakhtin nas ciências humanas. Antônio de Paiva Moura: Violência no mundo, ontem e hoje: uma visão interdisciplinar. 10 1 A Comissão Mineira de Folclore e a Educação Como temos divulgado à saciedade, a Comissão Mineira de Folclore completou no dia 19 de fevereiro de 2013, 65 anos de fundação. Nesse dia, no ano de 1948, em resposta à convocação de Renato Almeida, do Ministério de Relações Exteriores, Aires da Mata Machado Filho1 reuniu mais 27 estudiosos da Cultura Popular e fundou a Subcomissão Regional de Folclore de Minas Gerais. Há que fixar alguns aspectos pouco enfatizados. O movimento do Folclore tem longo percurso no Brasil. Nossa elite intelectual foi sempre ávida por novidades. Assim o foi com o movimento romântico, mesmo sem termos raízes medievais. Tal como todos os manuais insistem Folclore é palavra datada. É registrada no dia 22 de agosto de 1846 por Willian John Thoms, o qual reivindica direitos autorais pelo neologismo. Segundo esse patrono, o termo designaria a coleta de fragmentos de um saber popular em extinção numa Inglaterra em acelerado processo de mudança em razão da hegemonia capitalista – o saber técnico que domina todas as relações sociais. Segundo esse aspecto, é extremamente curioso que Sílvio Romero, Mello Morais Filho, João Ribeiro, entre outros, tenham abraçado a causa de recolha de “fragmentos da cultura popular tradicional” em pleno século XIX. Curioso porque não se tratava de “recolher as poucas espigas” como registrou Thoms; aqui o campo era fértil. A locomotiva visualizada em planos ambiciosos ainda ensaiava a faina de “derrubar árvores e plantar dormentes”, o telégrafo era o meio mais veloz de comunicação, mas, não competia com o poder de informação dos tropeiros; as companhias de cavalinhos eram o veículo principal de novidades do que passou a ser designado de setores de políticas culturais; os meios de comunicação, jornais e revistas, circulavam em meio a uma elite mínima alfabetizada, predominava um universo de analfabetos; a 1
Cumpre registrar que o membro fundador da Comissão Mineira de Folclore que esteve presente no ato de fundação da Comissão Nacional foi Lindolfo Gomes (Guaratinguetá, São Paulo, 12 de março de 1875 ‐ Rio de Janeiro, 15 de maio de 1953) contista, folclorista, jornalista e professor, o qual manteve laços estreitos com a Comissão Nacional. Entre as obras publicadas, destacam‐se: Folclore e Tradições do Brasil (1915); Contos Populares Brasileiros (1918). Outra pessoa nascida em Minas que também esteve presente foi Basílio Magalhães, historiador e folclorista, o qual não se tornou membro da Comissão Mineira. 11 indústria nos moldes capitalistas, era vista como surto modernizador e não como salto para uma economia urbano‐industrial. Enfim, a seara era vasta. Contudo, a palavra de ordem de Thoms nos chegou como imperativo categórico e assumiu a marca da resistência à modernidade, à afirmação do conservadorismo, à defesa do atraso cultural. Coisas de Brasil. Mais contraditoriamente ainda, será o movimento modernista que colocará em primeiro plano os estudos de Folclore no Brasil. Ai destaca‐se a figura de Mário de Andrade que influirá diretamente na postura de alguns dos fundadores da Comissão Mineira de Folclore. O cuidado de Mário pela “Coleta Folclórica” é exemplar. Fundadores expressivos da Comissão Mineira de Folclore mantiveram contatos frequentes ou esporádicos com esse personagem tais como os de Cataguases, com o “Grupo Verde”, os de Belo Horizonte com o grupo “Leite Criôlo”, ou mesmo pela afinidade de preocupação com a música e o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A consolidação da Universidade de Minas Gerais, no ano de 1927, acontece na esteira dessa busca pela modernidade e seu primeiro reitor, professor Mendes Pimentel, frisa já nessa época, os obstáculos pedagógicos a serem vencidos: “A aula não é um salão de conferências. O lente é o aluno mais experiente, que, em contato seguidos com os companheiros mais moços, sugere temas para as investigações científicas e os assiste e os acompanha na elaboração.” Fernando Correia Dias que se debruça sobre a concepção de Universidade que se fundava destaca quatro grandes eixos temáticos: 1. Formação profissional garantida pela aproximação do professor – todo professor é também aluno – “O lente é [apenas] o aluno mais experiente”. 2. Elaboração científica tendo como fim prestar serviços à coletividade. 3. Fidelidade à cultura nacional. “Não se julga que a Universidade possa ter influência de âmbito nacional, mas que possa “nacionalizar” a mentalidade dos jovens”. É possível interpretar que a Universidade, no caso é a de Minas Gerais, deve lembrar sempre aos seus membros a realidade a que estamos submetidos. Vivemos em Minas, Minas está no Brasil. 12 4. Responsabilidade e compromisso social. Significa que a Universidade deve ao povo e tem obrigação de pagar o que deve.[Fernando Correia Dias.Universidade Federal de Minas Gerais, projeto intelectual e político. Belo Horizonte: UFMG, 1993. P.164‐165]. Há um traço marcante entre os membros fundadores da Comissão Mineira – e pode‐se generalizar para as de todos os estados que responderam a Renato Almeida – todos querem conhecer o lugar onde vivem, com ou sem ufanismo. A ideologia pregada pelos fundadores da Universidade de Minas Gerais determinará também o discurso e, muitas vezes, a prática. Vivemos no Brasil, precisamos conhecer nosso Brasil, saber de nossa herança, honrá‐la ou depurá‐la. Em primeiro lugar, os fundadores da Comissão Mineira de Folclore não irão se apresentar pelos títulos acadêmicos, mas pelo “amor ao povo, ao saber popular que deve ser conhecido”. O estudioso de folclore é aluno, sempre aluno, nada mais que aluno. Mas, aluno pronto a aprender, ouvir, registrar, disseminar o saber. Muitos já eram professores universitários, como Aires da Mata Machado Filho, Franklin Teixeira de Sales, Levindo Lambert, Flausino do Vale; outros se tornaram, como Saul Alves Martins; outros ainda permaneceram sem graduação acadêmica, como Maria Orminda Mata Machado e Sílvio do Amaral Moreira. Alguns labutavam diretamente no campo do ensino escolar fundamental ou ginasial, como Henriqueta Lisboa – de Cambuquira, Maria Orminda – de Diamantina ‐, Heli Menegale – de Passa Quatro, que se torna Reitor do Colégio Estadual. A primeira preocupação de Aires como coordenador do grupo é de oferecer um curso de Folclore, o qual será ministrado no Conservatório Mineiro de Música – hoje Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais ‐. Esse curso se repetirá alcançando um centro de educação no povoado de Várzea do Pantana, Fazenda do Rosário – Sociedade Pestalozzi ‐ do atual município de Ibirité. A experiência da Sociedade Pestalozzi com a formação de educadores merece uma rápida referência. Como se sabe, Dona Helena Antipoff foi uma sonhadora e uma realizadora. Como realizadora implantou na Fazenda do Rosário um centro de educação para atender a pessoas ditas, hoje, com deficiência e uma Escola Normal Regional para formar professoras para escolas rurais. Nada mais importante do que uma discussão sobre Folclore nesse espaço. A preocupação com o desenvolvimento rural fez também com que o ambiente da escola se tornasse laboratório de práticas agrícolas. 13 No ano de 1961, o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Minas Gerais – INEP ‐ publicou um estudo em que se avalia a região de Várzea do Pantana. Merece transcrição a análise feita pelos autores, Hiroshi Watanabe, Welber da Silva Braga, Tocary Assis Bastos e José Nilo Tavares, valendo ressaltar que os três primeiros se tornaram professores do Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia da UFMG, tendo o último migrado para a cidade do Rio de Janeiro, logo após o golpe de 1964. Cumpre lembrar ainda que Aires nesse curso foi também assistido pelo, então, militar Saul Alves Martins que posteriormente seria também professor do mesmo curso de Ciências Sociais. Pois bem, eis a análise. “Dentro e fora da escola, contudo, parecem ter falhado as tentativas das Instituições não só de atuar em outros setores além do educacional, como de se afastar de uma ação formal dentro do mesmo, fora de uma prestação de serviços ajustada aos conceitos de valoração da escola estabelecidos pelo grupo. Tentou‐se, por exemplo, a experiência de aplicação, nas escolas primárias anexas, do método de projetos, com a criação de granjinhas de vinte metros quadrados, no cultivo das quais as crianças aprenderiam noções básicas de agricultura, aritmética, geometria, ciências naturais, contabilidade – através do controle de venda dos produtos – e português, redigindo relatórios sobre os progressos do empreendimento. Em cada escola, as granjinhas se filiam a um Clube Agrícola ao qual revertem os possíveis rendimentos da venda de seus produtos. O projeto foi mal recebido pela população local, que o considera um desvio das finalidades sérias da escola. Uma opinião típica a este respeito foi colhida em casa do proprietário de um pequeno estabelecimento industrial local, cuja mulher nos declarou, com relação ao Clube Agrícoola da Escolas Reunidas “D. Silvério”, anexas à Sociedade Pestalozzi e onde estudam os seus filhos. Para trabalhar de enxada, eles trabalham aqui, que é terra deles. E lá não dá lucro nenhum. Eles trabalham o ano inteiro, e nas férias morre tudo. Eles deixam secar, entra animal e come... E explicou: Se eu não fosse sozinha, já tinha ido lá reclamar, mas as outras acha que as professora vai ficar com raiva. Este relatório põe em evidência um dos maiores obstáculos entre pedagogias de promoção social. Os educadores não conversam, supõem saber o que o outro sabe. É possível avaliar a acolhida do curso de Folclore na Fazenda do Rosário: a direção e, talvez, alguns professores se convenceram da importância do folclore para as escolas rurais, mas se esqueceram de conversar com o povo, aqueles que buscam a escola. Coube aos pesquisadores do Centro Regional de Pesquisas Educacionais ouvir o 14 povo. Mais, eis o grande equívoco das burocracias: quem pensa saber não ouve e quem ouve não está comprometido com a realidade prático sensível do cotidiano2. Na área de Educação Popular, outra contribuição importante é da professora Angélica de Rezende Garcia. Nossos avós contavam e cantavam tornou‐se uma obra de orientação para atividades escolares. A Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais determinou a reprodução para todas as escolas de uma obra semelhante dessa mesma autora Cancioneiro Escolar. Há, porém, uma diferença, enquanto Angélica como estudiosa do folclore registra a herança deixada pelos “nossos avós”, O Cancioneiro resulta de uma incumbência do Estado para o que as escolas devem ensinar às crianças. Sabe‐se do esforço de Angélica pela informação oferecida pelo diretor da Imprensa Oficial, José Guimarães Alves. O Cancioneiro exibe centenas de poemas musicados. A maioria das músicas e das letras tem autores conhecidos. Veja‐se este como exemplo para ajudar a conversa com a valorização da atividade agrícola em Ibirité. Chama‐se “Seu Juca” a autora informa ser uma “Cantiga Roceira” a música é de J.B. Melo e Sousa. Coro Chega seu Zé! Chega Mané! Chega Pedro e Bastião Que Seu Juca vai contá O que viu na Capitá Umas coisa de fazê espantação. Vou contá as maravia Que eu vi lá no outro dia Quando eu fui lá na cidade passeá Eu fiquei atrapaiado Fiquei mesmo apalermado, Co’as beleza dessas coisa que eu vi lá. E por aí vai. A última estrofe lembra folclore, mas é só o saci pererê : Deu‐se um causo mais horrive! Que eu jurei era impossive! 2
Um dos redatores deste Relatório teve oportunidade de conversar com Hiroshi Watanabe e com Saul Martins. O primeiro insistiu nos reparos feitos à concepção de folclore determinada pela direção; quanto ao segundo, registrava reconhecimento irrestrito ao trabalho desenvolvido na Fazenda do Rosário. 15 Fui falá no telefônio que estrilou; Quem haverá de dizê! Foi o Saci Pererê Que de dentro da caixinha me xingô! Cantando estes versos, a criança aprende a ter vergonha de morar no interior. Na Capital, tudo é moderno. Fora dela, só há atraso. Há também poemas de elogio ao campo e sua fecundidade: “Mocidade, a terra é boa, / É mãe fecunda e opulenta/ A terra que nos sustenta/ A mãe que nos abençoa.” Este poema se fixou em muita memória infantil: “Nós as crianças de hoje, / Botões em flores s’entreabrindo, / Vemos, ridentes, o futuro/ Qual rosicler brilhante infindo.// Hoje, petizes no estudo, /Devemos por todo cuidado;/Homens será nosso culto inteiro/ À Pátria consagrado.” O poema de Olavo Bilac que recebeu música de J. Gomes Júnior é um primor de repasse de deveres para as crianças: Tal como a chuva caída Fecunda a terra no estio, Para fecundar a vida O trabalho se inventou Feliz quem pode orgulhoso Dizer: “Nunca fui vadio; E se hoje sou venturoso, Devo ao trabalho o que sou. É preciso desde a infância, Ir preparando o futuro; Para chegar a abundância É preciso trabalhar. Não nasce a planta perfeita; Não nasce o fruto maduro; E para ter a colheita, É preciso semear. São vários os músicos fundadores da Comissão Mineira de Folclore. Levindo Lambert foi Diretor do Conservatório Mineiro de Música, junto ao qual se juntaram vários professores. Merece comentário a obra de Flausino do Vale. Esse moço de Barbacena tornou‐se catedrático de História da Música e publicou duas obras de interesse para os estudiosos de Minas. Músicos Mineiros recupera a história da música, merecendo atenção; contudo a de interesse para o folclore é Elementos de Folclore 16 Musical, publicada em 1936 e reeditada mais duas vezes – 1947 e 1978 na série Brasiliana da Cia Editora Nacional ‐. A leitura do primeiro capítulo dessa obra é recomendada para os que estudam folclore. O título “Importância do Folclore” já o justifica. O autor defende que, em criação musical, não há como se afastar do folclore, entendido como o saber expressar em sons e ritmos mensagens fundamentais de nossa educação desde o berço. Flausino defende um nome novo para o folclore musical: “Melodemia”, Melo de melodia e Demia de demos = povo. Reconhece, porém, algo de fundamental importância para o estudo desse povo no que diz respeito à música: “A escola, a música brasileira, no sentido técnico da expressão, por enquanto ainda não existe. E isto porque nossa raça ainda não se tipificou, permanecendo em estado de amálgama. Ora, as manifestações artísticas e culturais de qualquer país exercem‐se nas grandes cidades; e estas, nas nações novas, sempre são cosmopolitas; de maneira que é no interior do país, do centro para a periferia, que se dá a gestação dos caracteres distintivos do povo, o que requer longo trato de tempo.” Afirmação de profunda lucidez. Leitores apressados poderão fixar‐se em pormenores “raça” por exemplo, mas o que o autor afirma é que há um confronto que impede algo que estaria no centro do movimento modernista, sondar as raízes de formação brasileira. Flausino, além disso, mostra ‐ talvez defenda – o imperativo de o folclorista não estranhar o povo que é e defende como músico que isto é impossível. No caso pessoal, esse autor formado em Direito, seguiu a carreira de músico por herança familiar. “Os homens de ciência não inventam nada; o que fazem é, apenas, compendiar os segredos recebidos das próprias mãos dadivosas da mãe natura, ou seja, aquilo que a natureza ensina àquele que vive mais ligado a ela. Em matéria de arte, não é menos verídica esta assertiva.” Com esta afirmação o autor defende uma indistinção entre sujeito e objeto, o não distanciamento radical. A leitura dessa obra vale até mesmo para quem não tem qualquer interesse pelo tema. A graça das construções encanta. Referindo‐se a Sabará, por exemplo, “O bom povo desta cidade tem duas religiões: a católica e a música. Lá, mesmo em meio da semana, às caniculares horas do dia, não há uma rua por mais modesta que seja, onde não se ouça um violino, uma flauta, um piano, um violão” (...) “E de mim para comigo concluí: até hoje e para sempre em matéria de arte, o Amor será o supremo mestre.” Há que registrar o empenho de Henriqueta Lisboa pelo folclore na educação. A obra Literatura oral para a infância e a juventude: lendas, contos & fábulas populares no Brasil. Teve a primeira edição no ano de 1955 e mereceu reedição em 2002 por uma editora de São Paulo. Henriqueta mais conhecida como poetisa traz para o público algo que resulta de sua frequentação junto ao grupo de fundadores, a articulação entre Folclore e Educação. 17 Vê‐se logo na “Introdução” este alerta mais do que necessário: “o folclore não deve ser ministrado à infância a feitio de estudo, mas, sim, proporcionado de modo recreativo, espontâneo, sem insistência. O que se define como popular,tradicional e anônimo não lograria viver em clima de imposição.” A leitura atenta e repetida deste manifesto mostra a diferença entre estudar e recrear. A recreação favorece o criar novamente, quanto ao estudo parece supor ausência de criação, ou aquilo que caracteriza a recreação, liberdade em oposição a disciplina. O exame rápido desses poucos fundadores em seu contexto revela como se formou o pensamento da Comissão e o meio em que atuou. b) A Comissão Nacional e a questão da educação ‐ Congresso e a Carta do Folclore Tão logo foi fundada, a Comissão Nacional de Folclore deu início às Semanas Nacionais de Folclore. A primeira aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1948, a segunda, em São Paulo, em 1949, a terceira em Porto Alegre, no ano de 1950. O ano de 1951 foi reservado para a realização do I Congresso Brasileiro de Folclore do qual resultou a Carta do Folclore Brasileiro. Já na Primeira Semana Nacional de Folclore em mesa redonda examinou‐se o compromisso do Folclore com a Educação e da Educação com o Folclore. Cecília Meirelles se encarregou de expor para conversa a proposta síntese: Nas escolas primárias e instituições pré‐escolares, o Folclore não pode ser encarado especulativamente, mas vivido, cada dia, na sua realidade, justamente para assegurar a sua permanência e prosseguir na sua evolução. Nossa grande poetisa lembra ainda que “o Folclore deve constituir a esfera da criança” tanto para a recreação quanto para atividades manuais. Como se vê, esta proposta exige uma intensa relação entre escola, família e comunidade de vizinhança. A escola não pode se constituir em esfera autônoma do saber. Ela tem que acolher o que não sabe. Eis o maior desafio. Congressos para lá, congressos para cá, semanas de Folclore pra lá, semanas pra cá, até chegar ao ano de 1995, quando se realiza o VIII Congresso Brasileiro de Folclore, em Salvador/BA. (1995). 18 Era acontecimento que marcava nova era. O golpe militar de 1964 afetou seriamente a reunião nacional dos folcloristas. Após 1963, novos congressos aconteceram apenas em 1970 e 1974 e sempre em Brasília. Como interpretar isto? Perdida a continuidade, os congressos retornaram após uma interrupção de 21 anos. A retomada exigiu a revisão da Carta Nacional de Folclore e atenção destacada à educação. Capítulo III Ensino e Educação Recomenda‐se 1. Desenvolver ação conjunta entre os Ministérios da Cultura e da Educação a fim de que o conteúdo do folclore e da cultura popular seja incluído nos níveis de 1º e 2º graus e como disciplina específica do 3º grau de forma mais ampla, incluído enfoque teórico e prático através de ensino regular, de oficinas, de observações e de iniciação às pesquisas bibliográficas e de campo. 2. Considerar a cultura trazida do meio familiar e comunitário pelo aluno no planejamento curricular, com vistas a aproximar o aprendizado formal e não formal, em razão da importância de seus valores na formação do indivíduo. 3. Envolver os educadores de diferentes matérias em torno do folclore, considerando‐o um amplo campo de ação para estudos e a prática da multidisciplinaridade. 4. Buscar assessoramento para a ação pedagógica relacionada ao folclore junto as instituições de estudo e pesquisa e/ou especialistas. 5. Manter, ampliar e melhorar a oferta de cursos de Folclore com vistas ao aperfeiçoamento dos especialistas em exercício na área de Folclore e a reciclagem de professores, a fim de que possam recorrer à produção científica mais recente que veicule uma visão contemporânea do folclore/cultura popular. 12. Orientar a rede escolar para que as datas relativas ao Folclore e Cultura sejam comemoradas como um conjunto de temáticas que devem constar dos conteúdos das várias disciplinas pois configuram expressões em diferentes linguagens ‐ a da palavra, a da música a do corpo ‐ bem como técnicas cuja prática implica acumulação e transmissão de saberes e conhecimentos hoje sistematizados por diferentes Ciências. Instruir os professores para que motivem seus alunos, tais datas, a estudar manifestações de seu próprio universo cultural. Ao se desdobrar em recomendações a Carta se torna prolixa. São relacionadas 17 longas recomendações. A Carta quer obedecer à prolixidade normativa característica dos anos pós Constituição de 1988 e esquece que os Dez Mandamentos trazidos por Moisés do Monte Sinai eram também tão prolixos que poderiam se resumir em dois: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo.” No caso da Carta seriam suficientes duas recomendações: 1 As escolas devem entender que o folclore é externo ao seu saber sistematizado. 19 2.As escolas devem entender que seu saber está encadeado numa malha burocrática. A possibilidade de um diálogo resulta dessas duas verdades. Como consequência: A Escola não pode ensinar Folclore porque ele deixa de sê‐lo. Diante disso, todo o sistema escolar deve assumir a consciência de que ele se põe para impor uma forma codificada de dominação, seja patriarcal patrimonial, seja racional‐burocrático‐legal. A escola pode e deve, pela sua característica, estudar folclore, mas não pode ensiná‐lo porque o descaracteriza enquanto processo de interpretação da realidade emergente nas relações pessoais. Por mais que o aluno conheça, na escola, lendas, parlendas, provérbios, ditos populares, ritos, danças, folguedos, dramatizações, adivinhações, ele não domina o Folclore, mas registros empalhados de algum saber popular fora do contexto. A diferença é a mesma entre língua e fala. Quando a escola ensina folclore, ela de fato está ensinando como foram registradas, congeladas e sistematizadas determinadas práticas. O saber popular traz para a escola um grande desafio: ele não simplifica o Real para complexificar a Razão; pelo contrário, simplifica a Razão e crê com fé na complexidade do Real. c) As universidades Federais de Minas Gerais e o Estudo do Folclore Em 1978, a Universidade Federal de Viçosa promoveu o primeiro Encontro Universitário de Estudos de Folclore. Esse Encontro definiu como “objetivo central discutir o seu aproveitamento no ensino de 1º e 2º graus e o papel da escola, na preservação do fato folclórico”. Foi um momento alviçareiro. Esta Universidade era altamente competente para colocar o assunto em pauta. A atividade de extensão rural, a preocupação com a Economia Doméstica tornavam‐na centro de referência para o exame da relação Estudo e Saber Popular. A proposta tomou corpo e, no ano de 1979, nos dias 10 e 11 de dezembro, sob coordenação do professor Benito Taranto da Assessoria de Assuntos Culturais e do Conselho de Extensão, realizou‐se o II Encontro sobre Folclore na Educação. Expandia‐se para todas as universidades federais existentes no estado de Minas Gerais Esse Encontro foi apoiado pelos reitores e contou com a participação de professores das universidades: Federal de Viçosa, Federal de Juiz de Fora, Federal de Ouro Preto e Federal de Minas Gerais. Era continuidade do Primeiro acontecido no ano anterior, mas, como se vê, com maiores ambições pela abrangência das instituições participantes. A Secretaria de Estado da Educação esteve presente e atuante através de suas Diretorias e de inúmeras delegacias regionais: 20 13ª Delegacia Regional de Ensino, com sede em Muriaé, Diretoria de Ensino 1º grau da Secretaria de Estado da Educação, 6ª Delegacia Regional de Ensino, com sede em Divinópolis, Delegacia Regional de Ensino, de Ponte Nova, Delegacia Regional de Ensino, de Ouro Preto. Dos 37 participantes, havia assessores dos Conselhos de Extensão e alguns membros da Comissão Mineira de Folclore. O Encontro se iniciou com palestra do professor Saul Alves Martins – UFMG ‐, prosseguiu com Wilson de Lima Bastos – UFJF ‐, Anita Ribeiro de Castro da Secretaria de Estado da Educação ‐ 13ª D.R.E. ‐, e encerrou com Benito Taranto e Alice Inês de Oliveira e Silva da UFV. O relatório desse encontro concluiu: “O Estudo do Folclore deve partir do lar dos educandos para a vizinhança do município e da região e estimular o aluno a trazer para a escola valores de seu meio ambiente.” Dois estudos se destacaram. Foram apresentados e discutidos o “Atlas Linguístico de MG” elaborado por professores da Universidade Federal de Juiz de Fora e o “Relatório de Pesquisa sobre Cultura Popular na Zona da Mata”. Ambos estudos favoreceram a compreensão daquele ideal universitário sonhado quando da fundação da Universidade de Minas Gerais em 1927. A universidade tem um compromisso com o lugar que ocupa. A educação formal deve compreender a linguagem e o saber em sua diversidade. Entre os participantes, havia um jovem de nome Sebastião Rocha que captou no ar esta mensagem, levou‐a sério e criou, anos depois, o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento. A Comissão Mineira fez também multiplicar os cursos de extensão em Folclore em toda Minas Gerais como relatou Domingos Diniz, responsável maior por sua disseminação. Surge ainda, movido por ventos favoráveis, o Centro de Informações Folclóricas para atender estudiosos e, especialmente, crianças e jovens por iniciativa própria ou por recomendação de professores – projetado e concretizado por Antônio de Paiva Moura. d) Nasce o CPCD Tião Rocha relata dois fatos que determinaram sua conversão em Educador Popular. O primeiro vem da atenção da criança para os silêncios na escola. A professora ensina a história de reis e rainhas em aulas de História. O menino levanta a mão e afirma; “Eu tenho uma tia que é rainha”. A sábia ensinante não ouve, a criança repete, insiste e quer ser ouvida. A professora determina o “cala a boca”. 21 O segundo é sua experiência como professor numa Universidade Federal: o professor finge que ensina e o aluno faz que aprende. Talvez, outra interpretação seria: o professor ensina disciplina e o aluno aprende a burlar. Isto bastou. E ele decidiu ser Educador Popular, aquilo que falta à escola. No ano de 1984, surge o CPCD na cidade de Curvelo brotado da imaginação do que não existe e precisa vir à luz. O CPCD emerge do silêncio da escola. Do que não se diz e do que não se pratica; do “cala a boca”. Na obra Criatividade na Educação (São Paulo: Imprensa Oficial, 2009), Terezinha Araújo resume o percurso do educador popular e do CPCD. Surgiu ante uma constatação de que a educação tradicional não conseguia bons resultados com as crianças pobres, desnutridas, carentes, que, apesar de frequentarem a escola, continuavam com defasagem de aprendizagem. O CPCD atua nas áreas de educação popular e desenvolvimento comunitário, tendo a cultura como matéria prima e instrumento de trabalho, e elabora diversos projetos com foco no aprimoramento de agentes de transformação social que possam multiplicar suas ações. (...) As ações do CPCD estão apoiadas no trinômio a. Metodologia inovadora b. Formação de educadores c. Participação comunitária. A autora lembra, ainda, como a proposta se disseminou pelo mundo, por Minas, pelo Brasil, pela América Latina e pela África. Podemos acreditar que o maior feito de Tião se sustenta não no trinômio enunciado, mas no poder de “ouvir os silêncios”. O que se deixa de dizer foi silenciado em algum momento. O silêncio visto sob esse aspecto é recusa de poder. Não há pessoas tímidas, há pessoas intimidadas. Eis um caso que se tornou emblemático. Em diversos documentos audiovisuais, Tião divulga uma roda de crianças e também um cachorrinho participante. Como isso se deu? Uma criança se recusava a ir à escola. Ouvindo o seu silêncio, Tião escuta: “Meu único amigo é meu cachorro. E ele não pode ir à Escola.” “Como não? Pode sim” foi a resposta. E a criança passou a frequentar a escola com seu único amigo. Como a Metodologia inovadora tem como centro a “Roda de Conversação” tudo era decidido na roda. Chega a vez do menino se expressar, em seguida é a do amigo cachorro, ou melhor, do cachorro amigo. O menino justifica: “Eu falo por ele” E Tião: “Mas a vez é dele. Ele é que tem de falar.” A criança: “Mas ele não sabe falar”... Essa conversa deve continuar nas escolas como lição. 22 Há dois outros feitos que merecem registro, a participação no estado do Maranhão registrada na obra O caminho das pérolas e Araçuaí de UTI Educacional a Cidade Educativa. Caminho das pérolas aponta para o poder transformador da linguagem. De pedras para pérolas privilegia conversa sobre o saber popular nos serviços de Saúde. E a atuação na educação em Araçuaí exibe um teste das coações institucionais para uma educação popular Da experiência de Araçuaí – uma das mais cruciais porque o CPCD assumiu a Secretaria Municipal de Educação – Tião retirou como lição ao ser perguntado “O que aprendeu”. Descobrimos que é possível desconstruir velhas práticas e que é possível sobrepor a ética à burocracia para criar caminhos novos e absolutamente legais para resolver questões crônicas e urgentes. Porém, o percurso desse educador popular não se encerrou aí. O desafio atual é a “Cidade Sustentável”. Projeto que se desenvolveu pioneiramente em Araçuaí e que se encontra também na cidade de Raposos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Diante da pergunta, como um educador pode se multiplicar em tantos lugares, Curvelo, Virgem da Lapa, Araçuaí, Raposos, Maranhão, Peru, Guiné Bissau, etc.? Resposta: Ouvindo o que ainda não foi dito e falando para os que estão dispostos a ouvir. Apenas as burocracias necessitam de controle absoluto para avaliar metas alcançadas. A escola valoriza a nota como valor último e despreza a aprendizagem como centro de promoção humana. f) Na cultura do povo a cidadania consciente – Carlos Felipe A trajetória de Carlos Felipe merece atenção. Jornalista conceituado nos meios hegemônicos de comunicação, aproveitou‐se deles para defesa da causa de estudo do Folclore. Como professor em cursos de Comunicação Social pôs no centro da agenda questões relacionadas à decifração de mensagens. Porém, o documento mais importante desse membro está concretizado numa proposta à Secretaria de Estado da Educação com o título Na cultura do povo a cidadania consciente – Concurso Liberdade e Cidadania. A Secretaria da Educação de Minas Gerais acolheu e reproduziu o texto divulgando‐o para todas as escolas de Minas Gerais, no ano de 1992. No documento, Felipe enumera e 23 comenta as perguntas que poderiam interessar aos professores em suas atividades docentes e conclui: Centenas de perguntas semelhantes a estas podem ser feitas e, à medida que forem sendo dadas respostas, percebe‐se a descoberta de um mundo mais vasto do que se supunham. Por sinal, cada criança traz, dentro de si, o universo familiar com costumes, lendas, estórias e causos, modos de agir, cantigas de ninar, alimentos e modos de prepará‐
los, enfim um modo totalmente seu por mais que, na aparência, todos os grupos familiares se assemelhem. E como seria fantástico descobrir o lastro cultural de grupos familiares de cada aluno! De repente, à medida que vários pontos de identidade forem encontrados entre grupos, percebe‐se a razão de ações e modos de agir semelhantes. Uma criança aprende a tecer e a bordar porque sua mãe mantendo uma linha tradicional de aprendizado cultural folclórico, lhe ensina. Descobre‐se a propriedade do hortelã como remédio porque o conhecimento é transmitido de geração em geração entre os componentes do grupo familiar ou comunitário. Pesquisas deste tipo revelarão os contextos socioeconômicos, políticos e culturais de uma comunidade, explicando de maneira decisiva, as razões de suas ações e pensamento de ideias. É só escolher qual rota. Por exemplo, numa cidade onde há manifestações folclóricas visíveis, partir para o levantamento de sua história a até as razões que as fizeram nascer. Em comunidades onde o folclore não é tão visível, vamos descobrir o invisível. A medicina familiar, os chás, as benzeções, por exemplo. Ou as manifestações religiosas. Quem sabe, as cantigas familiares, desde canções de ninar ou “modas” que a família conserva, geração após geração. A culinária através dos pratos típicos, os bolinhos, os doces, o modo de fazer de cada um. (...) De uma hora para outra, o universo comunitário estará mais claro para todos e a própria comunidade irá adquirir uma noção mais ampla e consciente do que ela é e o que representa.(...) Será uma grande descoberta e os próprios professores vão sentir que aumenta a importância social de cada grupo social. Mais que isto, revelando mais ainda a alma do povo, base essencial de sua própria identidade. Como se vê, há uma crença compartilhada de que o folclore pode ensejar oportunidade para o desenvolvimento da uma “cidadania consciente”. 24 2. Propostas e exame das propostas Em primeiro lugar, há se esclarecer o que os proponentes da Comissão Mineira entenderam como proposta ao elaborar a que se considera em seguida. Entendeu‐se como tal uma sugestão para outros. No caso, os outros seriam os professores das escolas estaduais de Minas Gerais. Era uma sugestão porque não se tratava de oferecer orientação, nem de dar um opinião. Como sugestão, a proposta poderia ser abandonada completamente, acatada com alterações ou experimentada em sua íntegra. Entendeu‐se, também, que uma proposta se é realmente proposta deve ser examinada enquanto proposta. Ou seja, uma proposta, qualquer que seja se faz entre pessoas livres ou entidades autônomas. Na proposta apresentada estão embutidas convicções que justificam sua elaboração. A qualidade de propostas supõe duas alternativas:. ser descartada sem exame ou ser examinada. A rejeição de uma proposta sem exame implica na recusa de reconhecer o proponente como digno, competente ou qualificado para apresentá‐la. Nesse caso, o proponente é desqualificado e tem sua condição de não humano, ou seja, de excluído da oportunidade de conversar sobre o assunto proposto. No caso de a proposta ser examinada, a primeira condição é de entender o sentido da proposta, ou seja compreendê‐la. A compreensão exige a prática da conversação, do diálogo. É tendo presente essas considerações que este Relatório passa a examinar o percurso de compreensão da Proposta da Comissão Mineira de Folclore para os professores das escolas da rede estadual de ensino. Há que lembrar que a proposta não foi enviada diretamente pela Comissão Mineira, mas foi entregue para exame e conversação com a Superintendência de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino. 2.1. Origem Como se viu nas seções anteriores, as Comissões de Folclore sempre tiveram em pauta um diálogo frequente com os setores formais de educação – escolas. A Carta do Folclore Brasileiro de 1995 se ocupou tanto disso que desmembrou as recomendações de conversa em 17 longos discursos. No caso específico da Comissão Mineira, houve sempre parceria com a Secretaria de Estado da Educação no apoio à promoção de cursos e seminários e na divulgação ampla de nossos estudos e recomendações. Por sua vez, em quase todas as publicações da Comissão, há artigos referentes à relação entre Folclore e Educação. Além do que já se comentou tome‐se ao acaso, a Revista Comissão Mineira de 25 Folclore nº 22 – 2001. O primeiro artigo tem o título “Conhecimento Escolar e Cultura Popular: os caminhos para a educação do novo milênio” de autoria de Gustavo Côrtes. O seguinte, de Luiz Fernando Viera Trópia, “Cultura Popular, Folclore e Educação”. O terceiro é de Maria José de Souza (Tita), “O Folclore na escola”. Dentre as origens recentes da proposta que justifica o presente Relatório, duas devem ser enumeradas. 1. O professor doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves iniciou uma conversa sobre um tal de “Cipriano Capador”. Essa conversa rendeu com a sequência de vários casos acontecidos e comentários analíticos. O assunto exigiu a criação de uma seção no Boletim da AFAGO – Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia – sobre folclore. Cumpre lembrar que o professor Raimundo foi docente na Universidade Federal de Viçosa. Em outra oportunidade, promoveu‐se, na cidade de Gouveia, um concurso de textos para alunos das escolas estaduais da sede municipal. Para surpresa dos avaliadores, os contos vencedores se dedicavam a histórias narradas pelos pais. Os contos eram mais criativos, mais descontraídos e a comissão de avaliação constituída em dois estágios foi unânime em conferir posição de destaque às histórias recuperadas pela tradição. 2. O conteúdo da proposta apresentada à Secretaria de Estado da Educação tem mais um componente. No ano de 2012, o professor Antônio Henrique Weitzel celebrou 80 anos. Ora, o professor Weitzel é emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora, membro da Comissão Mineira de Folclore e o mais conceituado estudioso de folclore Literário e Linguístico. Portanto, nada melhor do que propor às escolas que as crianças e jovens registrassem o próprio conhecimento nessa área de domínio do celebrado estudioso. Privilegiaram‐se, então, duas alternativas para atividades escolares, considerando como fato inquestionável que, em todas as escolas, no mês de agosto ocorrem atividades pedagógicas relacionadas ao Folclore, e tendo em vista que isto está inserido na malha burocrática da educação. A primeira era que os professores propusessem aos alunos escreverem sobre a história dos lugares em que moram a partir de relatos ouvidos em casa ou na vizinhança. A segunda era que os alunos relatassem um caso qualquer e fossem capazes de concluir com um provérbio ou dito popular: “É por isso que eu digo”, ou “bem diz o ditado”. Em ambas propostas, o aspecto central era relatar o que foi ouvido dizer e não o que os livros dizem. 26 Outras experiências também foram levadas em conta. A mobilização dos municípios para obterem o Selo UNICEF. Conforme a própria UNICEF, o selo “É uma estratégia para promover os direitos das crianças e adolescentes. São desenvolvidas as capacidades do município em um trabalho intersetorial, onde serão avaliadas as políticas e o impacto da gestão e da participação social na vida de meninos e meninas. Os municípios que conseguem os maiores avanços obtêm um reconhecimento internacional: O Selo UNICEF Município Aprovado”. No ano de 2006, inúmeros municípios do Semiárido de Minas se mobilizaram para obterem o referido selo. Basicamente, o esforço é semelhante ao desenvolvido nos anos 70 pela Universidade Federal de Viçosa. É um levantamento das “Expressões Culturais do Município”. No município de Gouveia, 587 pessoas foram mobilizadas. Todas as escolas, e as pessoas que as crianças e as professoras entenderam capazes de repassar relatos da memória local. A mensagem local elaborada por um membro da Comissão Mineira registrava: A articulação da família com as escolas, com as associações locais e com as oportunidades que a vida oferece é tudo que fazemos e prometemos fazer sempre mais, sem esmorecimento. Quanto mais nossas crianças e nossos jovens se sentirem valorizados, tanto mais nosso futuro será brilhante. O mundo tem mudado, mas isso não nos deve assustar. Nós somos herdeiros de um legado de valorização das pessoas e isso nenhuma mudança consegue destruir. Quem sabe, está pronto para oferecer seu saber; quem tem está pronto para acolher e todos nós estamos prontos para a alegria do viver. O manual de instruções pedia também que os municípios elaborassem um vídeo que sintetizasse o viver local. Para Gouveia, sugeriu‐se o “Pião de Taca” resumindo a seguinte mensagem: “Aqui o mundo é redondo” Apresenta‐se em seguida o roteiro do vídeo Música de fundo: Tira o laço da cabeça, fulano. peão bambeia, peão bambá, peão bambeia, peão bambá. Enfatiza‐se o domínio completo dos processos produtivos e das relações de cooperação. Roteiro: 1. Uma criança escolhendo um galho de árvore e serrando um pedaço com mais ou menos 10 centímetros, exibe‐o em forma de cone. 27 2. Meninas cantando e brincando de roda. 3. A roda d’água e a roda do moinho. 4. Um mastro preparado para a festa de Santo Antônio. 5. Uma girândola em roda. 6. A criança constrói um papavento. 7. Uma vovó ensinando uma menina a cortar uma cuia para fazer um fuso. 8. O algodão colhido e cardado. 9. Retorno à girândola. 10. Corte de uma lasca de bambu para preparar o fuso. 11. Colocação do algodão no fuso. 12. O fuso gira com o algodão e prepara a linha – pavio – que se transforma em cordão 13. Crianças giram na grande roda da quadrilha de festa junina. 14. Mostra‐se o fiatório na indústria têxtil. 15. Mostra‐se o carretel girando na máquina de costura. 16. Crianças recolhem carretéis e os transformam em piorra, fazendo a piorra girar sobre a mesa. 17. Crianças fazem zorra com botões de costureira: tomam um botão e enfiam cordões entre dois buracos e fazem o botão girar produzindo ruído de vento. 18. Fogos se abrem em grandes estrelas, sobe o mastro. A banda toca uma marcha e faz‐
se zoon sobre todos os instrumentos redondos. 19. Um adulto ensina uma criança a preparar o pião com o canivete. 20. Em uma aula de física, o professor fala dos movimentos circulares e da inércia – o que mantém os corpos em movimento.. 21. A criança aprende a colocar a taca. 22. A criança aprende a colocar o pião em movimento. Música do pião, acompanhada por violas e caixas: “Tira o laço da cabeça, fulano. Peão bambeia, Peão bambá, peão bambeia, peão bambá”. Ou “O pião entrou na roda. Roda Pião, Bambeia Pião” entre outras da memória local. 23. Sobrepõe‐se a cena do pião, da piorra, à do movimento do fuso, do fiatório na indústria, do carretel na máquina de costura e da girândola, dos instrumentos musicais redondos, para se fixar nos movimentos da quadrilha. 24. Apresenta‐se a quadrilha com música local – procurar Serafim, ele têm músicas locais de quadrilha do século XIX. Uma delas acompanha o Rei da Festa de Nossa Senhora do Rosário. As cenas devem ser acompanhadas por narrativas e entrevistas. Conclusão: Em Gouveia, o Mundo é Redondo. A experiência da mobilização pelo selo UNICEF em Gouveia deixou algumas lições para a proposta da Comissão Mineira de Folclore. Em primeiro lugar, lembrou‐se a todos os moradores que o Selo não era importante, eram as pedras da sopa de Pedro Malasartes. Depois de preparada a sopa, as pedras são guardadas para nova sopa. O objetivo maior era promover os laços comunitários e entender sua consistência. 28 Toda premiação reproduz dominação e negação de qualificação dos dominados. Exatamente, por isso a Comissão Mineira, ao elaborar sua proposta não prometeu nada além de retornar com um Relatório. 2.2. O texto de proposta da CMFL Como foi afirmado, toda proposta é apenas sugestão para ser examinada e estabelecer conversa. A proposta encaminhada à Secretaria de Estado da Educação teve a redação que se segue, juntamente com uma reunião com a Superintendência. Redações Escolares Propostas para a Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais É muito comum, no mês de agosto, os professores do fundamental e do nível médio solicitarem aos alunos atividades escolares referentes ao Folclore. Mais comum ainda, é exigirem tratamento de temas totalmente distanciados da realidade dos alunos, o que favorece uma compreensão distorcida do que é Folclore. É frequente exigirem “pesquisas” sobre o Folclore da Amazônia, ou do Rio Grande do Sul, ou, o que é mais lamentável a exploração do exótico e de tudo que foge à realidade próxima do aluno. Muitas vezes Folclore é confundido com superstições, crendices, benzeções, ou os chamados “tipos populares “, pessoas excêntricas. Para favorecer a atividade pedagógica, a Comissão Mineira de Folclore deliberou oferecer como sugestão algumas atividades para serem recomendadas aos alunos. O objetivo maior dessa proposta é de favorecer, juntamente com a compreensão do que é Folclore, o emprego de temas relevantes que ajudem na compreensão do que é realmente transversalidade e no que é promoção da cidadania. 1. Provérbios e ditos populares. Caracterizam‐se como provérbios ou ditos populares enunciados que as pessoas usam quase automaticamente como preceito, recomendação ou conclusão do que pode se caracterizar como um longo discurso. Para o caso presente, não se trata de o estudante sair por aí buscando em livros e na internet relação de provérbios, mas de escolher aqueles que já são do próprio conhecimento e que circulam em sua rede familiar. Exemplo: Uma venerável senhora narrava um caso típico de sedução e concluiu; “Quem quer pegar galinha, não diz que xô, né?” Eis a síntese do saber popular. Em todos os quintais de Gouveia, havia pelo menos meia dúzia de galinhas e um galo no terreiro. Pela manhã, as donas de casa chamavam suas 29 galinhas: prrriu, prrriu, prriu! Elas vinham correndo, certas de que, pelo menos, um punhado de milho lhes seria jogado. Quando, porém, se tratava de afastá‐las, o comando era diferente: “Xô, xô, xô”, dizia a mulher. Dizer xô para pegar uma galinha era contrassenso. O saber popular expressava o uso da sedução. A dona do quintal queria chamar uma galinha, desta vez para preparar um ensopado saboroso com quiabo e angu, ou um molho pardo. Ia à porta com um prato de milho e ... prrriu, prrriu, prriu!. É a técnica da sedução. Daí a moral da história: “Quem quer pegar galinha, não diz que xô.” Proposta: O professor pedirá aos estudantes que contem uma história acontecida em seu meio e recomenda que concluam sempre com um dizer desse tipo: “é por isso que eu digo...” Exemplo, o jovem narra peripécias de seu dia a dia e relata comentários de terceiros que levam o caso ao conhecimento de outros. Conclui, então, “é por isso que eu digo: Quem conta um conto, aumenta um ponto.” 2. Lendas e casos como sustentação de topônimos. Todas as pessoas vivem em algum lugar. O nome desses lugares pode ser invenção de loteadores ou de empresários imobiliários. Nesse caso, tem pouca importância para o saber popular. Por outro lado, há nomes de lugares que identificam profundamente os moradores. Há nomes de bairros que são efêmeros. Eles aparecem na planta dos loteamentos e logo em seguida desaparecem. Há também os que se fixam para sempre. Alguns são sustentados por lendas, outros pela necessidade de afirmação de status, outros ainda como discriminação. Um exemplo, no caso do perímetro interno da avenida do Contorno em Belo Horizonte, não existem bairros oficiais, mas Seções Urbanas. Entretanto, há pessoas que dizem morar em Santa Efigênia, em Lourdes, no Santo Agostinho, no Pio XII, no Santo Antônio, no São Lucas. O caso do Funcionários é exemplar. Poucas pessoas afirmam morar nesse local. Preferem dizer que moram na Savassi. Topônimos populares tem essa dinâmica. Certo dia, alguém afirmou: a Savassi já está chegando em Santa Efigênia. Ainda, no caso de Belo Horizonte, a prefeitura elaborou um cadastro em que consta o nome do bairro oficial, aquele definido por lei de parcelamento e que determina direitos quanto ao uso do solo, código de posturas e de obras, e o nome do bairro popular. O Renascença popular é diferente do Renascença oficial, até no nome. Do mesmo modo, o Mangabeiras, a Barroca e a Pampulha. Os nomes de vilas e favelas são também bons exemplos. Cabeça de Porco, Gogó da Ema, Pau Comeu, Rock in Rio, Vila dos Marmiteiros, Vila dos Marimbondos são nomes que identificam lugares para os de dentro ou para os de fora. Todos eles têm história colada à própria realidade. Há também topônimos com raízes antigas e que são transmitidas através de gerações: Capela Nova de Betim, Contagem das Abóboras, Lagoa Santa, Paragem do Retiro, Lagoa Seca, Cruz das Almas. Muitos desses topônimos têm sua história garantida por lendas. Proposta. 30 O professor pedirá aos estudantes que contem a história que justifique o nome de seu bairro, ou de sua cidade, ou de sua rua, ou de um ponto notável situado na vizinhança. Exemplo: Fogo Apagou; Santo Antônio da Roça Grande. Ressaca, Fidalgo, Morro Vermelho. Várzea do Pantana. Esquina dos Aflitos, Rua do Zé Sem Braço, Rua do Amendoim. Rua do Fogo, Rua do Sabão. Córrego Ferrugem, Ribeirão Arrudas, Córrego Acaba Mundo. Serra do Rola Moça. Morro do Quebra Cangalha. Um exemplo. Ao consultar arquivos das Cartas de Sesmarias concedidas por Gomes Freire de Andrade, deparei com topônimos tais como: Córrego do Menino Diabo, Córrego das Almas, Córrego da Paciência, Córrego do Chiqueiro, Córrego Sepultura tudo isto no “Distrito de Gouveia”. Todos esses topônimos permaneceram, exceto o de “Córrego do Menino Diabo”. Ao ler relatos de Viagem de Saint’Hilaire, deparei‐me com o mesmo topônimo na cidade de Paracatu ‐ Córrego do Menino Diabo. Este teve também dois outros nomes, córrego Pobre e córrego Superbo. Pois, bem, em Diamantina, nas terras do Biribiri há também um córrego Superbo. Saint’Hilaire comenta o nome de Córrego do Menino Diabo atribuindo a rixas locais entre os jovens. Porém, em Gouveia, onde ninguém localiza o Córrego do Menino Diabo, prevaleceu esta lenda explicativa do topônimo: Nesse córrego, com frequência aparecia um menino “saci”. Era um local de assombração. Os moradores incomodados com o fantasma resolveram chamar o padre para expulsar essa figura infernal. O padre foi munido de crucifixo e água benta. Chegado à paragem em que o menino aparecia para apavorar os viajantes e garimpeiros, eis que surge a criança no meio do córrego. O padre mostra‐lhe o crucifixo e o menino nem se abala. Toma imediatamente a caldeirinha com água benta, molha o hissopo e asperge água em forma de cruz na direção da endiabrada criança, e nada acontece. Intrigado, o venerando sacerdote inquire o menino: ‐ Afinal, quem é você que não foge da cruz, nem da água benta? Você é ou não um diabo? Ao que a criança respondeu prontamente: ‐ Sou um diabo, mas um diabo batizado. A história desse topônimo é um prato cheio para historiadores e antropólogos. Não vem ao caso interpretá‐la aqui. São riquezas como esta que se espera das redações das crianças, de jovens dessas Minas Gerais. Esta proposta é também uma homenagem da Comissão Mineira de Folclore ao folclorista Antônio Henrique Weitzel, pesquisador do Folclore Literário e Linguístico, que completou 80 anos no dia 22 de abril de 2012. Recomenda‐se aos professores a leitura das seguintes obras: WEITZEL, Antônio Henrique. Folclore literário e linguístico; pesquisa de literatura e de linguagem popular. Juiz de Fora: UFJF, 1995. WEITZEL, Antônio Henrique.Vozes do saber das gentes. Juiz de Fora: O Autor, 2001 José Moreira de Souza Presidente da Comissão Mineira de Folclore 31 a) interpretação do texto da CMFL pela Superintendência Ofício Circular nº 162 /2012 Belo Horizonte, 7 de agosto de 2012. Assunto: Semana do Folclore Senhor (a) Diretor (a), Como é do conhecimento de V. Sª, em agosto, é comemorada a “Semana do Folclore”, sendo a data 22 de agosto sua culminância. Folclore, do inglês, folk‐lore, é a identidade, a tradição e o conhecimento de um povo expressos em lendas, crenças, provérbios, canções e costumes. Minas Gerais é um Estado extremamente rico na variedade dessas crenças, folguedos, mitos, provérbios, ditos populares e casos como sustentação de topônimos. As manifestações folclóricas em Minas têm suas origens nas tradições, usos e costumes dos colonizadores portugueses, com forte influência das culturas indígena e africana. Essas influências estão guardadas nos objetos de artesanato, na culinária, danças típicas, nas músicas, na linguagem, na literatura, na medicina popular e nas festas com manifestações populares tradicionais. Curupira, o Protetor das Florestas; Iara, a Mãe das Águas; o Caboclinho D’água no Velho Chico; o Saci‐Pererê, como a Mula sem Cabeça, povoam o imaginário popular. Em Belo Horizonte, por exemplo, como em muitas cidades mineiras, os nomes dos bairros e aglomerados remetem aos topônimos com raízes antigas e que são transmitidos através das gerações. Muitos dos nomes topônimos têm sua história garantida por uma lenda. O Folclore, do ponto de vista pedagógico, apresenta vários eixos temáticos que podem mostrar ao aluno a riqueza de sua cultura. O tema permite ao professor, explorar e favorecer atividades pedagógicas de leitura, por exemplo, relacionadas aos diversos personagens apontados acima. Destacam‐se, ainda, provérbios e ou ditos populares, enunciados que as pessoas usam, quase automaticamente, como recomendação ou conclusão de um relato. Nesse sentido, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, em atendimento à Comissão Mineira de Folclore, reitera seu apoio às tradições populares dos municípios de Minas. Assim, sugere que a escola incentive e instigue seus alunos, nas atividades da Semana do Folclore, a relatarem, ou criarem e escreverem histórias a partir do imaginário popular de seu bairro, de sua comunidade, dos diversos centros de cultura popular ou, ainda, a partir de um provérbio ou dito popular conhecido. A Comissão Mineira do Folclore é uma entidade que atua em Minas Gerais, desde 1948, sem fins lucrativos. Realiza pesquisas e estudos na área de Folclore e Cultura Popular. Assim, tem grande interesse em colecionar trabalhos de estudantes que tenham sido feitos sobre o tema. Portanto, solicita às escolas enviarem redações feitas para o e‐mail : [email protected] , com a devida identificação da Escola, Município, nomes dos alunos e respectivos professores orientadores. 32 Contando com o habitual apoio dessa instituição, desejamos‐lhes muito êxito nas atividades a serem desenvolvidas durante a “Semana do Folclore”. Atenciosamente, Soraya Hissa Hojrom de Siqueira Diretora de Temáticas Especiais Guiomar Maria Jardim Leão Lara Diretora da Superintendência de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino Exame comparativo da compreensão das propostas. O texto da proposta da Comissão Mineira de Folclore tem a seguinte estrutura visando à comunicação: O primeiro parágrafo manifesta uma preocupação da Comissão Mineira de Folclore a partir da interpretação equivocada do que é Folclore. Não se detém no termo, por entender que todas as escolas trabalhem no mês de agosto com assuntos relacionados ao Folclore. Insiste nos objetivos no segundo parágrafo: “ O objetivo maior dessa proposta é de favorecer, juntamente com a compreensão do que é Folclore, o emprego de temas relevantes que ajudem na compreensão do que é realmente transversalidade e no que é promoção da cidadania.” Há suposições não declaradas, como se vê, ao examinar mais detidamente a afirmação dos objetivos. Eles são facilmente compreendidos pelos membros das comissões de Folclore de qualquer parte do país, mas o mesmo pode não acontecer com pessoas ligadas às instituições educacionais. Em seguida, cada proposta é apresentada desdobrada em três partes. Primeiro a caracterização dos termos objetos da proposta; em segundo lugar, um exemplo prático e real de exercício da proposta; e, finalmente, o que se propõe. Vale destacar: “Para o caso presente, não se trata de o estudante sair por aí buscando em livros e na internet relação de provérbios, mas de escolher aqueles que já são do próprio conhecimento e que circulam em sua rede familiar.” Enfatiza‐se; o estudante é convocado para levar o seu saber para a escola, sem reproduzir o que a escola já lhe ensinou. Por último, recomendou‐se aos professores o conhecimento de obras do professor Antônio Henrique Weitzel, homenageado pela Comissão Mineira de Folclore. 33 No exame da interpretação realizada pelos técnicos da Superintendência de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino, nota‐se que a proposta foi examinada com atenção e reelaborada para alcançar uma melhor comunicação com as Diretoras e os Diretores das Escolas da Rede Estadual de Ensino. Em primeiro lugar, o ofício circular lembra aos diretores o que se faz no mês de agosto e, em seguida, acrescenta a definição da palavra folclore. Coisa que não se fez na proposta da Comissão Mineira. Os autores cuidam de mostrar o que são “manifestações folclóricas em Minas”. Isto também não consta na proposta da Comissão Mineira. Novo parágrafo exemplifica: “Curupira, o Protetor das Florestas; Iara, a Mãe das Águas; o Caboclinho D’água no Velho Chico; o Saci‐Pererê, como a Mula sem Cabeça, povoam o imaginário popular.” Exemplifica‐se também com os topônimos e sua história contada pela tradição oral. O parágrafo seguinte amplia a interpretação, entendendo ser mais apropriado à compreensão dos diretores de todas as escolas da rede: O Folclore, do ponto de vista pedagógico, apresenta vários eixos temáticos que podem mostrar ao aluno a riqueza de sua cultura. O tema permite ao professor, explorar e favorecer atividades pedagógicas de leitura, por exemplo, relacionadas aos diversos personagens apontados acima. Destacam‐se, ainda, provérbios e ou ditos populares, enunciados que as pessoas usam, quase automaticamente, como recomendação ou conclusão de um relato. O parágrafo que se segue é fundamental como síntese de uma proposta ampliada: Nesse sentido, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, em atendimento à Comissão Mineira de Folclore, reitera seu apoio às tradições populares dos municípios de Minas. Assim, sugere que a escola incentive e instigue seus alunos, nas atividades da Semana do Folclore, a relatarem, ou criarem e escreverem histórias a partir do imaginário popular de seu bairro, de sua comunidade, dos diversos centros de cultura popular ou, ainda, a partir de um provérbio ou dito popular conhecido. Os termos criarem e escreverem histórias acrescenta à proposta da Comissão uma nova oportunidade para professores e alunos. b) Interpretação do texto da Superintendência pelas escolas em suas instâncias: É concurso, é prêmio, para que? Todas as escolas da Rede Estadual receberam o ofício exposto e analisado, juntamente com as Superintendências Regionais. Em seguida, algumas iniciaram consultas à Comissão Mineira de Folclore. A pergunta mais insistente foi o que a Comissão Mineira de Folclore 34 quer com isto? As mais específicas pediam informações sobre qual uso a Comissão daria aos trabalhos encaminhados, ou seja, para que a Comissão pede isto. Outro foco se referia: é concurso? Tem premiação? Com raríssimas exceções as que pediram informações adicionais não atenderam à proposta. Diante da resposta: A Comissão estuda, a Comissão quer conhecer melhor as atividades escolares, a Comissão vai elaborar um Relatório de Estudo e encaminhá‐lo à Secretaria e através dela às escolas, a Comissão não premia, nem incentiva competição, parece que desestimulava a participação. Pode‐se também interpretar que o Ofício Circular ficou na caixa de e‐mail de muitos diretores. Alguns entrevistados afirmaram estarem assoberbados e não terem tempo de repassar a proposta aos professores ou aos supervisores escolares. Há que sublinhar que, embora a Comissão tenha membros efetivos e colaboradores em quase todas as regiões de Minas Gerais, alguns deles não tomaram conhecimento da mensagem enviada. Há, portanto, que avaliar a velocidade dos meios de comunicação e o ritmo das atividades dos que recebem mensagens. Pode‐se imaginar a frequência com que chegam mensagens pela internet às caixas dos diretores, como das pessoas em geral. A interpretação da proposta, porém, somente pode ser compreendida a partir das escolas que reponderam à proposta. O silêncio das demais não autoriza imaginação. A única interpretação advém da comparação de como se encaminhou a proposta do Selo UNICEF. Nesse caso, as prefeituras municipais foram convidadas a comparecerem a uma reunião em cada polo regional, apresentado e comentado o edital, forma de inscrição, formulários de coleta e encaminhamento de relatórios. Ao longo do levantamento, os municípios foram visitados por coordenadores e no seminário final, em cada município, havia agentes do programa assistindo e avaliando os resultados. 35 Fique como suposição que meios ágeis de comunicação são mais frios do que os meios lentos, garantidos por relações pessoais. É uma suposição frágil, sem dúvida, em face aos elogios constantes ao poder das “redes sociais”. 36 3. Resultados obtidos Como, quando e por que alguma escola acolhe o saber popular? É a pergunta que orienta este Relatório. Mais do que respondê‐la, é necessário compreender seu sentido. “Como” aponta para os processos de comunicação e de sua decifração. A compreensão do “como” pede, em primeiro lugar, o que se entende pela noção de Folclore. Na proposta encaminhada pela Comissão Mineira não se explicitou nenhuma noção, deixou‐se a cargo de cada professor interpretar o termo a seu bel prazer. Entendia‐se que qualquer que fosse a noção, a prática escolar sugerida não seria afetada. Por outro lado, a Superintendência de Modalidades e Temáticas interpretou a necessidade de explicitar a noção: “Folclore, do inglês, folk‐lore, é a identidade, a tradição e o conhecimento de um povo expressos em lendas, crenças, provérbios, canções e costumes.” Aparentemente a explicitação dessa noção não afeta a compreensão da proposta. A compreensão do como dispensa, portanto, noções instruídas. Na base, há que examinar como o termo folclore foi apropriado por diferentes movimentos. O que as pessoas entendem pelo termo “Folclore”? é a questão mais recorrente ao longo do percurso da Comissão. Isto não pode ser antecipado, mas afeta profundamente a possibilidade de desenvolvimento de uma conversa. Aproximação, distanciamento, ou pura rejeição – nem me fale esse nome. Melhor exemplo prático é visível nas políticas públicas. Vale consultar os setores compreendidos no Conselho Estadual de Política Cultural. Teatro; Museu e artes visuais; Dança e circo; Música; Produção cultural; Arte popular, folclore e artesanato; Entidades de Trabalhadores e das Entidades Empresariais; Patrimônio Histórico e artístico; Literatura, livro e leitura; Audiovisual e novas mídias; Design e moda. Os estudiosos de Folclore, imediatamente se perguntam: Mas não existe audiovisuais populares e novas mídias populares, como por exemplo a TVMuro? E Música folclórica? E Produção Cultural folclórica? E Patrimônio e literatura e livro e entidades e museu? A composição do Conselho se baseou, portanto, em acolhida de grupos de interesse para o exercício do poder em tal governo e em tal momento. 37 Compreender a noção de folclore pede, então que se examine sua relação com instituições. Como a grande mídia contempla e acolhe a noção e, para o que interessa a este Relatório, como os educadores acolhem essa noção. Por quem eles são afetados no momento em que decidem se dedicar ao folclore na educação: pelas políticas culturais? Pelos meios de comunicação hegemônicos? Pelas políticas de direitos humanos? Por diretrizes curriculares? Por adesão étnica ou religiosa? Eis mais um exemplo: no Congresso Brasileiro de Folclore, realizado na cidade de Goiânia, a Comissão Fluminense de Folclore pediu que se votasse uma moção de repúdio ao governo do estado do Rio de Janeiro pela repressão às manifestações escolares juninas. A repressão contaminava a noção de folclore no interior de políticas públicas, atuando diretamente no setor educação. Do ponto de vista da Comissão Mineira entende‐se como interpretação preconceituosa da palavra folclore o emprego de expressões que circulam nos meios de comunicação do tipo: “O folclórico deputado”; “isto já está virando é folclore”; “essas são coisas para fazerem parte do folclore”. De outra parte, veem‐se grupos se apropriarem do termo como se folclore fosse uma realidade promotora de seu saber fazer. A denúncia de Carlos Rodrigues Brandão merece registro: “Uma figurante carregava um estandarte onde todos liam “Este Fouclore agradece e pede passage”. Algumas pessoas veem nisso a extraordinária capacidade de o folclore se adaptar a tempos novos. Eu pensava que um modo popular de buscar símbolos entre os homens começava a morrer” Sacerdotes de Viola (1981, p.14). De um lado, o emprego da palavra folclore como indicação de identidade deteriorada – fulano já é folclore ‐; e o enobrecimento das manifestações populares como “fouclore que agradece pede passage”, de outro lado. Esta última ponderação de Carlos Rodrigues Brandão merece atenção. A noção erudita de Folclore designa o que é folclore. Os objetos preferidos dos folcloristas e as contestações a esses objetos preferidos. Na compreensão do “como” junta‐se, o quando e o por que. O dia 22 de agosto é o “Dia Internacional do Folclore”. Disso resulta que, por expansão, agosto é o mês do Folclore. Ora um dia ou um mês decidido como voltado para o folclore enseja práticas panorâmicas. Há que acontecer tudo ao mesmo tempo, no mesmo lugar. 38 A pergunta formulada não é para ser respondida, mas compreendida. Compreender exige atenção constante para o sentido e a situação de que surge a pergunta. A expressão popular “matar a charada” explicita o esforço de responder sem preocupação com o contexto gerador da charada. A compreensão deixa viva a charada para favorecer o exame da situações que lhe dá sentido. No caso deste Relatório, sua compreensão é apenas inicial e não passará do início. Em primeiro lugar, porque a proposta interpretada pela Superintendência de Modalidades e Temáticas, embora tenha sido encaminhada para milhares de escolas da rede pública, não trouxe de volta o “como” esse universo examinou a proposta. Em segundo, porque as que atenderam à proposta não encaminharam – isto não foi proposto – relato dos procedimentos realizados. Estimando‐se um universo de três mil escolas, vê‐se que 83 responderam. Isto equivale a 2,8% das escolas do suposto universo. O quadro exibido em seguida permite compreender alguns aspectos do como. A atenção para os endereços dos remetentes informa: 1. Que o diretor encaminhou a mensagem recebida ao supervisor ou diretamente a algum professor e solicitou ou obteve o retorno dos trabalhos para encaminhá‐los ao endereço da Comissão Mineira. Nessas escolas, a coordenação cuidou diretamente de encaminhar e tomar conhecimento do retorno. 2. Como variante dessa primeira opção, alguns diretores ou pessoas da secretaria optaram pelo uso de endereço de remetente diferentemente do padronizado pelo sistema do estado. O que quer dizer que a direção escolheu outro endereço de e‐mail o qual identificaria a escola no sistema estadual de ensino. 3. Ainda nessa mesma opção, houve escolas nas quais a direção tomou conhecimento da proposta sem a escola pertencer ao sistema estadual de ensino. É o caso de algumas escolas municipais. Essa informação favorece a compreensão de que a proposta poderia abranger um universo mais amplo além das escolas da rede estadual. 4. Houve outro percurso; a direção encaminhou a proposta aos professores que julgou antecipadamente responsáveis pela interpretação da proposta e eles mesmos se responsabilizaram pelo processo a partir disso. Cuidaram das atividades, tomaram conhecimento do endereço do destinatário e encaminharam. 5. Como variante dessa última opção (4), houve professores que realizaram atividades, mas não encaminharam ao destinatário e deram conhecimento do “cumprimento da tarefa” apenas à superintendência regional. Nota‐se que uma parte da compreensão do “como” tem a ver com estilo de gestão. 39 Quadro I. Escolas que atenderam à proposta da Superintendência de Modalidades e Temáticas da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais por município endereço do remetente Município Escola E mail (Macuco? ) E.E. Herbert José de Souza <[email protected]> (Não <[email protected]> identificada) (Não Escola Gomes Weber Alves <[email protected]> identificada) (Não Escola Municipal"Prof. Doriol <[email protected]> identificada) Beato (Santa Escola Estadual José Joaquim <glezia‐[email protected]> Maria?) Cabral ???????????? [email protected] Aimores EE Manoel Victorino de [email protected] Oliveira Alpercata Escola Estadual Terezinha [email protected] Pinto Fernandes Maia Andrelândia E.E. Gustavo Ernesto Alves [email protected] Araxá EE Delfim Moreira [email protected] Barroso Estadual Sant’ Ana [email protected] Belo E.E.Bolivar Tinoco Mineiro <[email protected]> Horizonte Berilo Escola Estadual Professor [email protected] Jason De Morais Bonfinopolis Creche municipal Arco Iris <[email protected]> De Minas. BURITIS Escola Municipal Antao Alves [email protected] Da Silva BURITIS ESCOLA ESTADUAL SÃO [email protected] DOMINGOS Cachoeira da E.E.”Maria Anália Mendes [email protected] Prata Ferreira” Cambuquira <[email protected] Campanha Escola Estadual Zoroastro de [email protected] Oliveira Campanha Escola Estadual Dom [email protected] Inocêncio Campanha Escola: Estadual Dom [email protected] Inocêncio Caraí E.E.Professor Abgar Renault [email protected]> Caraí MG <[email protected]> [email protected] Carandaí ESCOLA ESTADUAL “DEPUTADO PATRÚS DE SOUSA Caratinga E. E. Menino Jesus De Praga [email protected] Cel Fabriciano E. E. DR. JOAQUIM GOMES <[email protected]> DA SILVEIRA NETO CONSELHEIRO E. E. Marechal Humberto de [email protected] 40 Município LAFAIETE CONSELHEIRO LAFAIETE CONSELHEIRO LAFAIETE Conselheiro Lafaiete Conselheiro Pena Contagem Espinosa Formiga Francisco Dumont Frutal Governador Valadares Guaxupé Ipatinga Itajubá Itamarandiba Ituiutaba Juiz de Fora Leopoldina Leopoldina Manhumirim Mar de Espanha Nova Era Oliveira Ouro Fino Ouro Fino Paraguaçu Passa Quatro Passa Quatro – MG Escola Alencar Castello Branco E.M."PROFESSOR DORIOL BEATO" Escola: Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira” Escola Estadual Lopes Franco E mail [email protected] [email protected] [email protected] E.E. de Conselheiro Pena <[email protected]> CESEC Clemente Faria E. E. Professora Joana Porto Escola Estadual Aureliano Rodrigues Nunes E.E Francisco Dumont [email protected] [email protected] [email protected] Escola Estadual Geralda Carvalho de Souza E.E. Do Bairro Jardim Do Ipê [email protected] E. E. Major Luiz Zerbini Escola Estadual Haydée Maria Imaculada Schittini Escola Estadual Mestre João Silvério: Escola Álvaro Brandão de Andrade E.E.Maria Elba Braga Analista Educacional da SRE Leopoldin Escola Estadual Alfredo Lima Escola Estadual Mannarino Luigi E.E.Geralda Carvalho de Souza Ee Desembargador Continentino Escola Estadual Prof. Guerino Casasanta Escola Professor Guerino Casasanta E.E. Padre Piccinini Escola Estadual Professora Lourdes Castilho de Frêitas Escola Municipal Padre Apetche <silvanadesouza‐[email protected]> [email protected] [email protected] <[email protected]> [email protected] <[email protected]> [email protected] [email protected] <[email protected]> [email protected] [email protected] <[email protected]> <[email protected] <[email protected]> [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] ‐ 41 Município Patos de Minas Patrocínio Pedra Azul Escola E.E.Dr. Sebastião Silvério de Faria E. E. Joaquim Dias Escola Estadual Dr. Carlos Américo Pedrinópolis Escola Estadual Professor Leão Coelho de Almeida Pedro Lessa – Escola Estadual Mestra Rosa Serro‐ Madureira Fagundes Pouso Alegre. Conservatório Estadual De Música De Pouso Alegre. Raul Soares Escola Estadual "João Felisberto da Costa" Rio Espera E.E. "Mons. Francisco Miguel Fernandes" Santa Luzia Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro” 10693 Santo Antônio Escola Estadual de Santo do Cruzeiro Antônio do Cruzeiro São Francisco Estadual José Francisco Guimarães São Gotardo E. E. Cons. Afonso Pena São João del‐
SRE ‐ São João del‐Rei, MG Rei São João Escola Estadual Dona Judite Nepomuceno de Mendonça São Sebastiao E. E. Antonio Soares Pimenta Do Maranhao São Sebastião Escola São José do Paraíso SEM PEIXE ESCOLA ESTADUAL "SÃO SEBASTIÃO" Ubá Escola Estadual São José Uberaba Escola Estadual Dom Eduardo Uberaba Escola Estadual Lauro Fontoura Uberaba Escola Estadual Nossa Senhora da Abadia Uberlândia E. E. Padre Mario Forestan. Uberlândia Escola Estadual Coronel José Teófilo Carneiro Unai E.E Tancredo de Almeida Neves Unaí Escola Estadual Virgílio de Melo Franco Uruana de Escola Municipal Gustavo Minas Capanema E mail [email protected] , [email protected] [email protected] <[email protected]> [email protected] <[email protected]> <[email protected]> [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] <[email protected]> <[email protected]> [email protected] <[email protected]> [email protected] [email protected]> <[email protected]> [email protected] [email protected] <[email protected]> [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] 42 Município Varzelândia Escola E mail CESEC‐ Luís Elesbão Lopes [email protected] dos Reis Visconde do E.E. DR. “João Batista de <[email protected]> Rio Branco Almeida Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. a) Mapa regiões representação, número de escolas, obras encaminhadas. Seleção e censura. Dos 853 municípios existentes em Minas Gerais, 66 encaminharam informações relativas à proposta. Isto corresponde a 7,8% dos municípios. Nesse meio, seis não são identificáveis. O nome é de algum distrito ou povoado. Há, portanto, 60 municípios que podem ser distribuídos no território de Minas Gerais. Em 55 comparece uma escola que respondeu à proposta. Dez contaram com mais de uma escola. Há também quatro em que não se identifica o município. Na interpretação da Comissão Mineira de Folclore, o atendimento à proposta é mais do que auspicioso. Em primeiro lugar, porque manifesta a disposição da direção de se comunicar conosco; em segundo, porque, nós não temos nada a oferecer senão conversa. Não temos qualquer poder que garanta coação. Há, portanto, o exercício da “Prática da Liberdade”. Mais do que saber como as escolas atuam aprenderemos como conversar sobre o saber do outro. Não se trata, exatamente, por isso, de quantos; não é o caso de medir, de contar, mas de conversar com quem se apresenta. É óbvio para nós que, se cada escola que recebeu a proposta a tivesse examinado, em seguida, buscado prosseguir a conversa, haveria quantidade diferente para ser exibida. Há alguns aspectos adicionais. O município mais populoso no qual mais de uma escola compareceu foi o de Uberlândia. Nesse, duas escolas examinaram, atenderam e encaminharam atividades realizadas. Em seguida, comparece o vizinho, Uberaba, no qual três escolas foram até o fim da proposta. Conselheiro Lafaiete foi aquele em que houve maior atendimento. Veja‐se não haver qualquer correlação entre tamanho da população e atendimento à proposta. Sem Peixe, localizado na microrregião de Ponte Nova comparece com duas escolas e sua população registrada pelo Censo de 2010 era de 2847 residentes. Caraí, com 22.343 habitantes comparece com dois estabelecimentos escolares, do mesmo modo que Uberlândia com 604.013. Buritis, com 22.737 habitantes se iguala a Caraí e a Uberlândia . 43 Tabela 1. Municípios em que mais de uma escola que atendeu à proposta Município Ouro Fino Unaí Uberlândia SEM PEIXE Leopoldina Caraí BURITIS Uberaba Campanha Conselheiro Lafaiete Não informa Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Quantidade 2
2
2
2
2
2
2
3
3
4
4
A figura exibida em seguida permite visualizar a distribuição das escolas nos municípios do estado de Minas Gerais que atenderam à proposta. A exposição por microrregiões mostrada na tabela 2 favorece análise da figura. Vê‐se que as escolas que atenderam à proposta estão dispersas em todo o estado. Contempla‐se também concentração e dispersão. Triângulo, Sul, Mata e Rio Doce sobressaem sobre a dispersão rarefeita das demais regiões. Uma análise apressada afirmaria que os municípios em regiões de fronteira com outros estados estão mais atentos ao estudo do saber popular. Figura 1. Municípios de Minas Gerais em que pelo menos uma escola atendeu à proposta Espinosa
Buritis
Varzelândia
São Francisco
Pedra Azul
Jequitinhonha
Unaí
Bonfinópolis de Minas
Berilo
Paracatu
Buritizeiro
Caraí
Francisco Dumont
João Pinheiro
Carlos Chagas
Lassance
São Sebastião do Maranhão
Três Marias
Patos de Minas
Ituiutaba
Prata
Serro
Governador Valadares
Alpercata
Conselheiro Pena
Patrocínio
Uberlândia
Pedrinópolis
São Gotardo
Campina Verde
Uberaba
Araxá
Frutal
Ipatinga
Coronel
Fabriciano
Cachoeira da Prata
Caratinga
Santa Luzia
Contagem
Belo Horizonte
Raul
Sem-PeixeSoares
Manhumirim
Formiga
São Sebastião do Paraíso
Guaxupé
Conselheiro Lafaiete
Oliveira
Rio Espera
ViscondeUbá
do Rio Branco
Carandaí
Barroso
Paraguaçu
Campanha
São João Nepomuceno
Leopoldina
Juiz de Fora
Andrelândia
Mar de Espanha
Santa
do Sapucaí
Ouro
Pouso
FinoRita
Alegre
Itajubá
Passa-Quatro
Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. O Quadro II mostra as microrregiões nas quais nenhuma escola ou examinou a proposta encaminhada, julgou relevante ou irrelevante, mas não prosseguiu a conversa, ou nem mesmo tomou conhecimento da mesma. 44 Quadro 2. Microrregiões por Mesorregiões nas quais nenhuma escola encaminhou resultados Nome_da_micro Resultados Nome_da_meso Campo das Vertentes Lavras ‐00
Central Mineira Bom Despacho ‐00
Central Mineira Curvelo ‐00
Central Mineira Três Marias ‐00
Jequitinhonha Almenara ‐00
Diamantina ‐00
Jequitinhonha Metropolitana de Belo Horizonte Itaguara ‐00
Metropolitana de Belo Horizonte Ouro Preto ‐00
Metropolitana de Belo Horizonte Pará de Minas ‐00
Noroeste de Minas Paracatu ‐00
Norte de Minas Grão Mogol ‐00
Norte de Minas Pirapora ‐00
Norte de Minas Salinas ‐00
Oeste de Minas Campo Belo ‐00
Oeste de Minas Divinópolis ‐00
Piuí ‐00
Oeste de Minas Sul/Sudoeste de Minas Passos ‐00
Sul/Sudoeste de Minas Santa Rita do Sapucaí ‐00
Vale do Mucuri Nanuque ‐00
Vale do Mucuri Teófilo Otoni ‐00
Vale do Rio Doce Guanhães ‐00
Vale do Rio Doce Mantena ‐00
Zona da Mata Muriaé ‐00
Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. A tabela 2 resulta da análise das escolas agrupadas por mesorregiões. Vê‐se que Sul e Triângulo são as que marcaram maior presença, diferentemente do Oeste, Campo das Vertentes e Norte que registram os menores atendimentos às propostas. A zona da Mata se iguala ao que é chamado de Metropolitana de Belo Horizonte. Sob esse ponto de vista, escolas de todas as regiões do estado atenderam à proposta, tornando possível o desenvolvimento de conversas regionalizadas sobre o assunto proposto. Tabela 2: Escolas que atenderam à proposta por mesorregiões do estado de Minas Gerais Mesorregiões Escolas Campo das Vertentes Jequitinhonha Metropolitana de Belo Horizonte Noroeste de Minas Norte de Minas Oeste de Minas 2
Sul/Sudoeste de Minas Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Vale do Rio Doce 12
12
8
45 3
4
10
6
4
Mesorregiões Zona da Mata Total geral Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Escolas 10
71
b)Análise por regiões, escolas, cidades... Tabela 3: Microrregiões ‐ número de municípios componentes, domicílios e população da microrregião por municípios e escolas que atenderam à proposta com os respectivos domicílios e população residente. Microrregiã Total de Domicílios População Municípios Escola Domicílio Populaç
o municípi
participante
s s ão o s Aimorés Alfenas 13 12 16 62.529 88.381 63.915 149.404 225.356 179.658 2 1 2 1 20.097 7.930 47.201 20.245 ‐ Andrelândi
a 13 32.667 73.870 1 1 5.385 12.173 Araçuaí 8 10 12 53.084 74.614 80.820 156.418 204.412 221.989 2 2 2 1 2 2 15.232 33.720 15.045 44.686 97.162 42.945 1.652.441 4.772.562 3 1.112.043 3.181.535 3 Almenara Araxá Barbacena Belo Horizonte 24 Bocaiúva 5 12 25.155 65.185 68.624 165.172 1 ‐ 1 ‐ 2.064 ‐ 4.863 ‐ 7 45.177 111.762 ‐ ‐ ‐ ‐ Capelinha 14 69.535 197.507 2 2 15.648 44.475 Caratinga 20 95.492 253.421 1 1 31.692 85.239 Cataguases 14 85.429 216.590 2 1 40.270 102.260 Bom Despacho Campo Belo 46 Microrregiã
o Total de municípi
o Domicílios População Municípios participante
s Escola Domicílio
s s Populaç
ão Conceição do Mato Dentro 13 32.409 84.605 1 1 Conselheiro Lafaiete 12 89.109 247.251 4 4 165.040 466.048 Curvelo 11 8 57.329 30.316 150.701 82.707 ‐ ‐ Divinópolis 11 175.601 483.473 ‐ ‐ Formiga 8 12 25 60.734 70.518 154.087 152.171 179.512 415.696 1 1 2 1 1 2 6 15.336 42.669 ‐ ‐ ‐ ‐ Guanhães 15 45.324 130.963 ‐ ‐ ‐ ‐ Ipatinga 13 18 9 13 6 13 16 33 178.087 133.480 28.878 71.132 56.000 86.989 85.658 289.810 526.781 379.237 61.411 189.193 143.348 247.487 274.092 728.602 2 1 ‐ 1 1 1 1 3 2 114.488 343.162 1 6.126 17.528 ‐ ‐ ‐ ‐ 31.883 90.658 1 36.722 97.171 1 10.668 31.113 1 16.266 53.828 3 215.778 553.053 9 57.336 149.669 ‐ ‐ Diamantina Frutal Governador Valadares Grão Mogol Itabira Itaguara Itajubá Ituiutaba Janaúba Januária Juiz de Fora Lavras 47 7.349 20.835 ‐ ‐ ‐ ‐ 25.731 65.128 20.368 53.468 98.758 270.861 ‐ ‐ Microrregiã
o Total de municípi
o Domicílios População Municípios participante
s Escola Domicílio
s s Populaç
ão Manhuaçu 20 98.469 273.814 1 1 Mantena 7 22 25.647 206.061 63.208 601.867 ‐ 1 ‐ 1 ‐ 6.577 ‐ 19.116 20 10 9 4 107.247 43.150 48.505 63.461 275.986 118.762 125.981 173.797 ‐ ‐ 1 ‐ ‐ ‐ 1 ‐ ‐ ‐ 14.296 ‐ ‐ ‐ 39.466 ‐ Pará de Minas 5 44.969 123.379 ‐ ‐ ‐ ‐ Paracatu 10 14 10 81.115 88.730 97.066 217.618 226.412 253.241 ‐ ‐ 2 ‐ ‐ 2 ‐ ‐ ‐ ‐ 63.119 170.529 11 74.890 197.700 1 1 28.697 82.471 9 5 28.571 28.898 81.520 83.123 1 1 1 1 3.632 7.922 10.647 23.839 Piuí 10 9 Poços de Caldas 13 55.966 35.084 135.288 164.903 81.643 342.055 ‐ ‐ 2 ‐ ‐ 2 ‐ ‐ 25.900 ‐ ‐ 63.136 Ponte Nova 18 69.346 187.147 3 3 11.700 29.512 Pouso Alegre 20 126.837 326.425 1 1 45.254 130.615 Salinas 17 15 74.754 53.751 210.771 140.170 ‐ ‐ ‐ ‐ Montes Claros Muriaé Nanuque Oliveira Ouro Preto Passos Patos de Minas Patrocínio Peçanha Pedra Azul Pirapora Santa Rita do Sapucaí 48 ‐ ‐ ‐ ‐ Microrregiã
o Total de municípi
o Domicílios População Municípios participante
s Escola Domicílio
s s Populaç
ão São João del Rei 15 73.659 182.696 1 1 33.255 84.469 São Lourenço 16 84.960 208.293 3 2 17.101 43.766 São Sebastião do Paraíso 14 102.240 265.777 2 2 41.915 114.410 Sete Lagoas 20 144.052 393.875 1 1 1.356 3.654 Teófilo Otoni 13 93.452 266.651 ‐ ‐ ‐ ‐ 7 37.938 96.839 ‐ ‐ ‐ ‐ 17 7 10 100.457 125.369 300.304 269.650 346.024 820.245 2 3 2 2 49.499 139.461 3 320.331 887.964 1.208.026 2 436.874 Três Marias Ubá Uberaba Uberlândia Unaí 9 57.119 148.800 6 6 79.229 209.704 Varginha 16 158.672 441.060 3 3 17.742 46.299 Viçosa 20 86.873 221.585 1 1 2.707 6.070 Total 3.255.409 9.058.791 853 7.165.457 19.597.330 76 72 Fonte: IBGE: Censo Demográfico 2010.Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 49 Figura 2: Concentração / dispersão dos municípios que atenderam à proposta . Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Atividades nas Escolas Algumas escolas encaminharam relatos de como as propostas foram examinadas e realizadas como se pode verificar por algumas correspondências exibidas em seguida. Outras encaminharam também registros realizados, incluindo fotos e vídeos. •
E. E. Dr. Joaquim Gomes da Silveira Neto. Cel Fabriciano ‐ MG Assunto: Texto sobre folclore local e cultura popular. Em atendimento ao ofício circular nº 162/2012 estamos postando para conhecimento público alguns textos coletados por entrevista após o projeto folclore realizada na escola. O trabalho se realizou da seguinte forma: Desde o dia 06/08/2012 foram agendados momentos do projeto com um CDROM motivacional, da turma do Sítio do Pica‐pau Amarelo, baseado na obra de Monteiro Lobato. O episódio assistido foi: O SACI, nele Narizinho e Pedrinho descobrem que o saci é o diabinho responsável por todas as traquinagens que deixam a cozinha da Tia Nastácia uma confusão. Com ajuda do Tio Barnabé, resolveram prende‐lo em uma garrafa. Quando Pedrinho foge 50 para a floresta com a garrafa, o Saci propõe proteger o menino dos perigos da mata caso ele seja libertado. Os dois, então, se envolvem em uma deliciosa aventura cheia de fantasias onde aparecem todos os personagens folclóricos do Brasil. Em um segundo momento todas as turmas receberam um encarte com algumas lendas para conhecimento, estudo e elaboração de trabalhos artísticos (Murais). Para concluirmos o trabalho foi elaborada uma entrevista com os familiares e/ou conhecidos para averiguar os contos e lendas locais e divulgarmos esta cultura popular da nossa cidade, Coronel Fabriciano. Em destaque a história do bairro onde se localiza a “ E.E. Dr.Joaquim Gomes da Silveira Neto”, o bairro Caladinho de Cima. •
Após ouvir o texto “UM ENCONTRO FANTÁSTICO”, lido pela professora crie um conto fantástico. Nele, você deverá incluir um dos personagens citados no texto. Use sua imaginação. •
Trabalho realizado com turma de 6° ano do Ensino Fundamental. ‐ Leitura do texto (em anexo) pela professora. ‐ Discussão oral com os alunos. ‐ Proposta de produção de texto (em anexo) ESCOLA: Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia MUNÍCIPIO: Alpercata •
1º PASSO: Discutimos o que é folclore. Quais as lendas, quem são os personagens, o que cada um representa de acordo com a lenda. 2º PASSO: Alunos coloriram a gravura 3º PASSO: Alunos produziram um texto envolvendo os personagens da lenda. A escola de São Sebastião do Paraíso enviou o projeto completo: PROJETO “FOLCLORE” ESCOLA ESTADUAL SÃO JOSÉ Diretora: Josiane Almeida Segheto Supervisora: Flávia Cristina Carneiro Chírico Bibliotecária: Maria Cristina Eulálio Professora Eventual: Mônica Regina Pires da Costa Público Alvo: Alunos do 1° ao 6° ano do Ensino fundamental e corpo docente Período: de 13 à 31 de Agosto Ano: 2012 1 – JUSTIFICATIVA: Sabendo que o folclore é um dos principais fatores de identificação de um povo e de sua nacionalidade, torna – se de fundamental importância o seu trabalho como prática pedagógica nas unidades escolares. 51 O folclore brasileiro é muito rico e possui diferentes manifestações: lendas, fábulas,cantigas, parlendas, adivinhas, brinquedos e brincadeiras, provérbios e ditos populares, artesanato, frases de parachoque de caminhão, trava‐línguas, comidas e remédios caseiros, crendices e supertições, literatura, poesias e outros, que precisam ser conhecidos. Acreditamos ser esta uma forma de possibilitar o crescimento das nossas crianças, além de colocá‐las em contato com as diversidades culturais do nosso país e aprenderem um pouco mais sobre alguns gêneros textuais. 2 – OBJETIVOS GERAIS: – Colocar os alunos em contato com diferentes gêneros textuais; – Colocar os alunos em contato com diferentes manifestações da cultura popular; – Levar ao reconhecimento da importância do folclore na história de um país; – Estimular e desenvolver a imaginação e a criatividade; – Incentivar o gosto pela leitura, canto, dança.... – Apresentar diversas manifestações do folclore brasileiro; – Respeitar a individualidade cultural. 3 – DESENVOLVIMENTO: 1‐ Ler o texto informativo, resolver as dificuldades de vocabulário, interpretar, discutir e comentar; 2‐ Trabalhar a pluralidade cultural, apresentando os seguintes assuntos relacionados ao folclore; ‐ Superstições, lendas e mitos; ‐ Frases de para – choque de caminhão; ‐ Ditados populares; ‐ Medicina popular ( fazer uma pesquisa sobre as plantas medicinais da região ); ‐ Brincadeiras populares; ‐ Comidas e bebidas típicas, trajes típicos; ‐ Literatura de cordel; ‐ Trava – línguas, parlendas, quadrinhas; ‐ Artesanato popular, músicas e danças folclóricas; ‐ Provérbios populares, brinquedos populares; ‐ Adivinhações e crendices; 3‐ Apresentação do material pesquisado e exposição; 52 4‐ Fazer dramatizações das lendas, fábulas, contos ou “causos ”, através de fantoches, dramatizações, teatro.... 5‐ Criação do Dia da Brincadeira ( Educação Física ); 6‐ Escolher provérbio e explicar o que ele quer dizer; 7‐ Correção da poesia “ O Passador de Gado que está no Dialeto Caipira”; 8‐ Pedir aos alunos para trazerem revistas do “Chico Bento ” para analisar a sua linguagem e transcrever alguns diálogos para a linguagem padrão; 9‐ Mostrar às crianças como é pitoresco o Dialeto Caipira, sem muitos cuidados gramaticais, mas cheio de comparações e expressões sutis; 10‐ Montagem de um álbum folclórico de acordo com o assunto apresentado ( cada turma confeccionará o seu ); 11‐ Escolher um provérbio, fazer a ilustração e escrever um texto sobre o mesmo; 4‐ CULMINÂNCIA: 1‐ Exposição dos trabalhos realizados através de cartazes ou álbum; 2‐ Exposição dos trabalhos manuais criados pelos alunos ( brinquedos, dobraduras, etc...) 3‐ Dramatizações de lendas, contos, danças, cantigas , brincadeiras, etc... 4‐ Recitar quadrinhas, parlendas, trava‐língua etc... Em seguida apresentam‐se quadros demonstrativos das atividades por escolas, séries ou anos escolares. O primeiro grupo é formado pelas escolas que não informaram nos textos dos alunos o ano ou a série que cursavam. Mesmo assim, pelo exame dos títulos de alguns textos é possível avaliar se se trata das primeiras séries do fundamental ou de séries mais avançadas como a sétima ou a oitava. O exame dos temas será examinado em outra seção, mas, desde já adianta‐se a possibilidade dessa interpretação. 53 Quadro 3: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Série/ano não informados – Título/tema. Temas/Títulos Escola Ano Município O menino e seu amigo corajoso Carta ao Saci‐ De: Iara, a Águas Sereia Claras Folclore Desembargador Continentino Oliveira E.E. Tancredo de Almeida Neves – Unaí /MG Unaí Lenda mula‐sem‐cabeça Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro s/n Escola Estadual de Santo Antônio do Cruzeiro s/n A bruxa do armário (Conto Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel da Entrevista da: Izabelle Silveira Neto Fabriciano 6º06) História do Caladinho Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel (História sobre o bairro Silveira Neto Fabriciano Caladinho de Cima) A mulher do bule (Conto da Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel Entrevista da: Isadora Santos Silveira Neto Fabriciano Alves M.) Texto sobre folclore local e Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel cultura popular (carta de Silveira Neto Fabriciano encaminhamento) O carro Preto (Conto da Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel Entrevista do: João Pedro Silveira Neto Fabriciano Silva Cotta Rinco) A noiva de branco (Conto da Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel Entrevista da: Cleisla) Silveira Neto Fabriciano A curva da morte Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel Silveira Neto Fabriciano Folclore Brasileiro Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel Silveira Neto Fabriciano O bicho da Noite (Conto da Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Coronel Entrevista do: Matheus Silveira Neto Fabriciano Gonçalves) A História do Caladinho Escola Estadual Dr. Joaquim Gomes da Silveira Coronel Neto Fabriciano A moita de bambu Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Rio Espera assombrada Fernandes A história da Iara Escola Estadual Sant’ Ana Barroso O Canto do Sabiá Escola Estadual Sant’ Ana Barroso Paródia sobre Folclore Escola Estadual São Domingos Buritis ‐ (Música Asa Branca) Distrito de São Pedro do Passa Três Folclore Escola Municipal Gustavo Capanema Uruana de Minas O Folclore Brasileiro Escola Municipal Gustavo Capanema Uruana de 54 Temas/Títulos Folclore brasileiro Escola Escola Municipal Gustavo Capanema Ano Município Minas Uruana de Minas s/n Folclore, que seja eterno s/n enquanto dure (conceito) Mitos e lendas do nosso xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Brasil O tangalomango xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Receita para pegar Saci xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Berilo Caratinga Caratinga As atividades desenvolvidas no primeiro e segundo ano do fundamental são menos frequentes. Chama a atenção para conversa a presença de assuntos como “Mula sem Cabeça” e “Saci Pererê” para criancinhas com até oito anos de idade. Não há censura, mas assunto para conversa. Quadro 4: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 1º ano e 2º– Título/tema. Temas/Títulos Escola Ano Município Folclore (conteúdo Escola Desembargador Continentino 1º Oliveira estudado nas aulas) ano fund Folclore (conteúdo Escola Desembargador Continentino 1º Oliveira estudado nas aulas) ano fund O folclore de Sem Peixe s/n 2º Sem Peixe Relatos Escola Estadual "São Sebastião" 2º Sem peixe fund Lenda da Mula‐sem‐
Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves 2º Andrelândia
cabeça fund Advinhas Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves 2º Andrelândia
fund Dobradura do Saci Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves 2º Andrelândia
fund Ditos e provérbios Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves 2º Andrelândia
fund Mula‐sem‐cabeça Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar 2º Conselheiro Castello Branco fund Lafaiete Saci Pererê Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar 2º Conselheiro Castello Branco fund Lafaiete Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Para comodidade deste Relatório, agruparam‐se as classes de 3º até o 5º, tendo em vista esperar‐se que a maioria das crianças já ter um início de alfabetização e poderem ler e escrever, mesmo que 55 sofrivelmente. O exame dos títulos faz‐nos deparar com propostas dissertativas já no 3º ano fundamental “Conceito de Folclore”, abordagem que também é lembrada em salas de anos mais avançados, “A importância do folclore”. Isto é, também, uma excelente oportunidade para conversa. Perguntamos, não para os professores, mas para nós mesmos, se é oportuno apresentar qualquer conceito de folclore nos anos iniciais do fundamental. Outro ponto que nos trouxe para conversa é a frequência com que livros de leitura serviram de suporte para as atividades dos alunos. Iara, Curupira, Saci e “Irapuru” comparecem em textos dos alunos provenientes de leituras de obras destinadas a crianças. Quadro 5: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 3º ao 5º ano – Título/tema. Temas/Títulos Escola Ano Município Folclore (lendas) Escola Desembargador Continentino 3º Oliveira ano fund Folclore (conteúdo Escola Desembargador Continentino 3º Oliveira estudado nas aulas) ano fund Folclore (conteúdo Escola Desembargador Continentino 3º Oliveira estudado nas aulas) ano fund Folclore (conceito) Escola Desembargador Continentino 3º Oliveira ano fund Folclore (conceito) Escola Desembargador Continentino 3º Oliveira ano fund Folclore (conceito) Escola Desembargador Continentino 3º Oliveira ano fund Uma casa Estadual José Francisco Guimarães 3º São Francisco assombrada ano fund Por pouco não virou Estadual José Francisco Guimarães 3º São Francisco comida de ano lobisomem fund Folclore (história Estadual José Francisco Guimarães 3º São Francisco local) ano fund Mulher fantasma da Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar 3º Conselheiro meia‐noite Castello Branco fund Lafaiete Era uma vez a casa Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar 3º Conselheiro do monstro Castello Branco fund Lafaiete 56 Temas/Títulos O aparecimento de uma luz Lobisomen O jogo de cartas Lenda da vovó Gegê Folclore A casa abandonada O tatu branco A importância do folclore Tungo‐tungo A lenda do Lobislama Lenda da Rebeca Lenda do homem fogo As assombrações do Sítio de Rondomelia O Folclore Folclore O folclore Folclore Iara e o milagre dos peixes O Curupira E O Caçador Curupira, O Protetor Das Florestas. Nós e o folclore Historinhas da vovó Folclore ‐ Defensor Das Águas A lenda do acidente misterioso O castelinho do Barreiro O túmulo da Filomena O cavaleiro O sumiço de Suelen Escola Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco s/n Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Professor Abgar Renault Município Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete s/n 4º Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Caraí de Minas Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault 4º 4º Caraí de Minas Caraí de Minas Escola Estadual Sant’ Ana 4º Escola Estadual Zoroastro de Oliveira s/n s/n s/n E.E. Dr. “João Batista De Almeida” Escola Maria Elba Braga E. E. Conselheiro Afonso Pena 4º 4º 4º 4º 4º ano 4º ano 4º ano 4º Ano 4º 5º Barroso Campanha s/n s/n s/n Visconde do Rio Branco Frutal Frutal Ipatinga Escola Estadual Delfim Moreira 5º Araxá Escola Estadual Delfim Moreira 5º Araxá Escola Estadual Delfim Moreira 5º Araxá Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira 5º 5º Araxá Araxá Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza Escola Estadual Haydée Maria Imaculada Schittini 57 Ano 3º fund 3º fund 3º fund 3º fund 3º fund 4º 4º 4º 4º Belo Horizonte São Gotardo Temas/Títulos A escrava Luzia A casa mal assombrada São Domingos A dama de Branco Lenda do Pau de Binga O mito da árvore dos enforcados A loira do banheiro A mula sem cabeça A lenda do Lamartine Mistérios A árvore dos enforcados A menina do cemitério Hotel Assombrado (Contos folclóricos de Araxá) Folclore da nossa região Artesanato A floresta amaldiçoada Tatu diabo Iara, a sereia dos mares O saci pererê A mulher de duas cores A mulher e o algodão A loira do banheiro A boneca assassina A assassina Acume O Chorocuçu Os velhos A lenda da cabra Lenda do Válter O buraco do lobisomem ‐ Acredite se quiser Folclore Escola Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira Ano 5º 5º Município Araxá Araxá Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira 5º 5º 5º Araxá Araxá Araxá Escola Estadual Delfim Moreira 5º Araxá Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira 5º 5º 5º Araxá Araxá Araxá Escola Estadual Delfim Moreira Escola Estadual Delfim Moreira 5º 5º Araxá Araxá Escola Estadual Delfim Moreira 5º Araxá Escola Estadual Delfim Moreira 5º Araxá Escola Estadual José Joaquim Cabral 5º s/n Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco Escola Estadual Professor Abgar Renault 5º 5º Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Caraí de Minas Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault 5º 5º Caraí de Minas Caraí de Minas Escola Estadual Professor Abgar Renault 5º Caraí de Minas Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Professor Abgar Renault Escola Estadual Sant’ Ana Escola Estadual Sant’ Ana 5º 5º 5º 5º 5º 5º 5º 5º 5º Caraí de Minas Caraí de Minas Caraí de Minas Caraí de Minas Caraí de Minas Caraí de Minas Caraí de Minas Barroso Barroso Escola Estadual Zoroastro de Oliveira 5º Campanha 58 5º 5º Temas/Títulos O Folclore O saci pererê Não se deve dar pérolas aos porcos A Iara (2) Escola Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira” Ano 5º 5º 5º Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira” 5º A Iara Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira” 5º A mula sem cabeça Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira” 5º A mula sem cabeça Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º Não se deve dar pérolas aos porcos A Iara Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º O Irapuru Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º A Iara Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º O barato sai caro Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º Não se deve dar pérolas aos porcos Não se deve dar pérolas aos porcos O barato sai caro Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira 5º Folclore: mundo da imaginação e da fantasia Folclore Folclore O folclore da minha região A noiva do trevo . s/n 5º s/n s/n xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 5º 5º 5º s/n s/n Escola Estadual São José Lenda do Bodesomem Lendas e “ Causos” ‐ Os dois Amigos A Lenda da Cebola Escola Estadual São José A lenda do Curupira E.E. Dr. “João Batista De Almeida” A lenda do Lobisomem A lenda da Iara E.E. Dr. “João Batista De Almeida” 5º ano 5º ano 5º ano 5º ano 5º ano 5º ano 5º São Sebastião do Paraíso São Sebastião do Paraíso São Sebastião do Paraíso São Sebastião do Paraíso Visconde do Rio Branco Visconde do Rio Branco Visconde do Escola Estadual São José Escola Estadual São José E.E. Dr. “João Batista De Almeida” 59 Município Campanha Campanha Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete Conselheiro Lafaiete s/n Temas/Títulos Escola Maria Engomada Escola Estadual São José O Lobisomem mal e as indefesas amigas O Que É Folclore Escola Estadual Antônio Soares Pimenta O Folclore Brasileiro Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza O Folclore No Brasil Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza Uma História De Escola Municipal Padre Apetche Assombração Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Ano ano 5º ano 5º ano 5º ano 5º ano 5º ano 5º ano Município Rio Branco São Sebastião do Paraíso São Sebastiao do Maranhao Frutal Frutal Frutal s/n Nas séries que compreendiam o antigo ginasial, há que destacar propostas vinculadas a comentários de leitura. Parece que os professores, com mais frequência indicaram obras e pequenos textos para os alunos desenvolverem livremente suas interpretações. Comparecem textos dissertativos, mas principalmente, contos, lendas e criações com base em personagens apresentadas em obras de Folclore, como “Lenda folclórica da Iara reescrita em versão moderna.”, “Versão moderna da lenda folclórica do Saci Pererê.”; “Carta da Iara, sereia para o Lobisomem”, “O aniversário do Saci Pererê”. Quadro 6: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 6º ao 9º ano – Título/tema. Temas/Títulos Escola Ano Município A Cara do Povo Brasileiro Escola Estadual Mestre João 6 Itamarandiba Silvério O folclore na nossa região Escola Estadual Mestre João 6 Itamarandiba Silvério Versão moderna da lenda E. E. Major Luiz Zerbini 6º Guaxupé folclórica do Saci Pererê. Lenda folclórica da Iara reescrita E. E. Major Luiz Zerbini 6º Guaxupé em versão moderna. A Vitória Régia e o Boto Escola Estadual Lopes Franco 6º Conselheiro Lafaiete Um encontro fantástico Escola Estadual Lopes Franco 6º Conselheiro Lafaiete O Folclore Escola Estadual Padre Mario 6º Uberlândia Forestan Folclore brasileiro Escola Estadual Padre Mario 6º Uberlândia Forestan A importância do Folclore. Escola Estadual Padre Mario 6º Uberlândia Forestan Parece que esta lenda foi fato... Escola Estadual Mannarino Luigi 6º ano Mar de Espanha 60 Temas/Títulos Saci Pererê Iara Folclore (sobre o dia) Carta do vampiro para o Lobisomem Carta da Iara, sereia para o Lobisomem Carta da Iara, sereia para o Saci Carta do Lobisomem para o vampiro Carta da Cuca para Saci_Pererê Iara Interpretação de Provérbios Poema sobre folclore Mula sem cabeça O folclore As lendas do folclore Lendas folclóricas Dia vinte e dois de agosto O aniversário do Saci Pererê Pesquisa Folclore A lenda do caboclo d'água A loira do banheiro Cultura, folclore e lendas Lendas do folclore/ provérbios Folclore (conceito) A Loira Das Correntes A Importância Do Folclore Jack Sem Cabeça A Loira Dos Olhos Zuis O garoto do buraco O Folclore Fato Real Vampiro (Carta) A história que os idosos contavam (relatório) Escola Escola Estadual De Francisco Dumont Escola Estadual De Francisco Dumont Escola Estadual De Francisco Dumont Professor Guerino Casasanta Ano 6º ano III 6º ano III 6º ano III 7ª Município s/n Professor Guerino Casasanta 7ª Ouro Fino Professor Guerino Casasanta Professor Guerino Casasanta 7ª 7ª Ouro Fino Ouro Fino Professor Guerino Casasanta E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini E. E. Major Luiz Zerbini Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Estadual Zoroastro de Oliveira E. E. Conselheiro Afonso Pena E. E. Professor Álvaro Brandão de Andrade Escola Estadual Alfredo Lima Escola Estadual Alfredo Lima Escola Estadual Alfredo Lima Escola Estadual Alfredo Lima Escola Estadual Alfredo Lima Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes Escola Professor Guerino Casasanta Escola Estadual "São Sebastião" 7ª 7º 7º 7º 7º 7º 7º 7º 7º 7º Ouro Fino Guaxupé Guaxupé Guaxupé Guaxupé Guaxupé Guaxupé Guaxupé Guaxupé Campanha 7º Campanha 7º Campanha 7º Campanha 7º Campanha 7º Campanha 61 s/n s/n Ouro Fino 7º Ano São Gotardo 7º ano Ituiutaba 7º ano 7º ano 7º ano 7º ano 7º ano 7º ano Manhumirim Manhumirim Manhumirim Manhumirim Manhumirim Rio Espera 7º Ano Ouro Fino 8º Sem peixe Temas/Títulos Quaresma O folclore no Brasil Cuca (Carta) Lobisomem (Carta) Saci (Carta) Mula‐sem‐cabeça (Carta) Folclore Fazenda mais assustadora A nossa riqueza folclórica A cultura popular no meu município Vivenciando a cultura folclórica O lobisomem O viajante e o mineiro O menino e as almas A mineirinha O mineirim respondão e a granfina O Menino Espinho Pé Grande O folclore em minha região A mulher de minissaia O Terror O homem da cabeça cortada O sítio abandonado Papa‐figo O espírito da loira que pede carona Escola Escola Estadual Zoroastro de Oliveira Escola Municipal Antão Alves da Silva Escola Professor Guerino Casasanta Escola Professor Guerino Casasanta Escola Professor Guerino Casasanta Escola Professor Guerino Casasanta s/n Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes Escola Municipal Gustavo Capanema Escola Municipal Antão Alves da Silva Escola Estadual Mestre João Silvério Escola Estadual Professora Joana Porto Escola Estadual Professora Joana Porto Escola Estadual Professora Joana Porto Escola Estadual Professora Joana Porto Escola Estadual Professora Joana Porto E. E. Conselheiro Afonso Pena Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro” Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro” Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro” Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro” Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro” Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis 62 Ano 8º Município Campanha 8º Buritis 8º Ouro Fino 8º Ouro Fino 8º Ouro Fino 8º Ouro Fino 8º s/n 8º ano Rio Espera 8º ano Uruana de Minas 8º e 9º Buritis 9 Itamarandiba 9° ano Espinosa 9° ano Espinosa 9° ano Espinosa 9° ano Espinosa 9° ano Espinosa 9º Ano São Gotardo 9º ano Santa Luzia 9º ano Santa Luzia 9º ano Santa Luzia 9º ano Santa Luzia 9º ano Santa Luzia 9º ano Rio Espera CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia Temas/Títulos A velhinha Escola CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis O homem rezador CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis A história do lobisomem CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis Homem leva surra e não sabe de CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos quem Reis A igreja e o túmulo CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis A noiva CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis Estória da minha vó CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis Estória da fazenda pé de morro CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis A noiva do campo redondo CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Ano CESEC Município Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia CESEC Varzelândia Os três últimos quadros compreendem um só grupo. Salas do Nível Médio. Nota‐se maior liberdade no tratamento dos temas. Alguns destaques para conversa. Em primeiro lugar as “releituras”. Espera‐se com uma conversa dessas que o aluno seja capaz de expor seu saber local como ponto de partida para dialogar com o saber estranho captado por leituras de obras. É o caso do Negrinho do Pastoreio que é uma lenda com versões da tradição gaucha e que exige do aluno conversar com a trajetória do próprio saber. Do mesmo modo, a releitura do Saci, no contexto urbano de Belo Horizonte não tem nenhum sentido se o aluno não conseguir traduzi‐la readequando‐a aos dias atuais. Em segundo, a forma de brincar com o imaginário arcaico apresentado pela literatura e que encontra abrigo exclusivamente no espaço literário e não mais na convivência real. Assim, Iara, Curupira, Lobisomem , Mula Sem Cabeça, e as inúmeras criações míticas ou lendárias, não têm qualquer sentido sem o esforço da imaginação. Até mesmo a noção de folclore tal como é repassada pelos professores merece releitura. Com efeito, muitas dessas noções aparecem reificadas. Folclore é isto. Folclore é assim. Folclore é aquilo. Respondam: o que é Folclore? Tudo isto chega ao aluno como obrigação de dar a resposta certa. Reler essas noções torna o estudo lúdico e agradável, como se dá no texto: “Meu Querido folclore”. Aqui, folclore assume o lugar de um personagem para diálogo e abandona o espaço rígido dos conceitos definíveis. 63 Quadro 7: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. Temas/Títulos Escola Ano Município Minha cidade tem folclore xxxxx 1º e 2º (turma unificada) Santa Maria Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Quadro 8: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. Temas por série Temas/Títulos Uma noite misteriosa Escola Ano Município Escola Estadual Bolívar Ensino Tinoco Mineiro Médio O escravo do canavial (Releitura de O Escola Estadual Bolívar Ensino negrinho do Pastoreio) Tinoco Mineiro Médio O estranho José (releitura de Saci Pererê) Escola Estadual Bolívar Ensino Belo Tinoco Mineiro Médio Horizonte Filomena, mito de Araxá Escola Estadual Delfim Ensino Araxá Moreira Médio Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Quadro 9: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. Temas/Títulos Escola Ano Municípi
o A importância de Estadual José Francisco Guimarães 1º ano São se preservar o Francisco Folclore Brasileiro Meu Querido s/n 1º ano Uberaba folclore Minas Gerais A viagem Escola Maria Elba Braga 1º ano‐ Belo Médio Horizonte
O velho do saco Escola Maria Elba Braga 1º ano‐ Belo Médio Horizonte
A importância de Estadual José Francisco Guimarães 1º ano São se preservar o Francisco Folclore Brasileiro Meu Querido s/n 1º ano Uberaba folclore Minas Gerais sem título Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro 1º ano‐ Belo Médio Horizonte
Minha cidade tem xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 1º e 2º Santa folclore xxxxxxxxxxx (turma Maria unficad
a) Nonsense ‐ s/n 2° “Custar o olho da cara” 64 Temas/Títulos Escola Ano Municípi
o Caraí de Minas s/n Lendas e superstições Folclore (conteúdo estudado nas aulas) O folclore de Sem Peixe Jogral Folclórico Escola Estadual Professor Abgar Renault 2º s/n 2º s/n 2º Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes O pior cego é aquele que não quer enxergar Folclore Escola Maria Elba Braga 2º ano do Ensino Médio 2º ano‐ Belo Médio Horizonte
O folclore Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro Saci à vista E.E.”Maria Anália Mendes Ferreira” Cultura brasileira E.E.”Maria Anália Mendes Ferreira” 2º Médio O curioso caso de Alexandre Magno Chico Bento e seus amigos Personagens Folclóricos Namoro da Mula Escola Estadual de Conselheiro Pena Chico Bento em outra história O folclore brasileiro (Folclore... Resgat
e de Cultura) O Folclore Brasileiro Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia 2º médio 3ª médio 3ª médio 3ª médio 3ª médio 3º ano O protetor Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia Escola Estadual Joaquim Dias E.E. Tancredo de Almeida Neves 65 2º Ensino Médio 2º Ensino Médio 2º Médio 3º ano do Ensino Médio 3º Ensino Sem Peixe Rio Espera Belo Horizonte
Belo Horizonte
Cachoeir
a da Prata Cachoeir
a da Prata Conselhei
ro Pena Alpercata Alpercata Alpercata Alpercata Patrocíni
o Unaí Bel Hte Temas/Títulos Os mitos e os monstros no universo folclórico A bruxa Escola Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro Escola Estadual José Gomes Pimentel Forbidden Love (roteiro de filme sobre lobisomens e vampiro) Uma noite no Escola Maria Elba Braga celeiro Espíritos famintos Escola Maria Elba Braga Ano Médio 3º Ensino Médio Municípi
o Bel Hte 3º Ensino Médio 3º Médio Belo Horizonte
3º médio 3º médio Bel Hte Buritis Bel Hte Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. Apresentação e comentários de alguns textos Em seguida são apresentados alguns exemplares de textos e alunos de escolas. Cumpre registrar que não se obedeceu a critérios de qualidade. Os textos não estão classificados em melhores e piores. Não foram avaliados de acordo com critérios de superior ou inferior, mas apenas de acordo com algum grupo temático: dissertativos, narrativos, de conceituação, valorativos ou dialógicos. Eis alguns exemplos: Dissertação: Folclore brasileiro O folclore é uma tradição do povo brasileiro, é muito famoso e reúne muitas coisas, como lendas, mitos, festas, etc. A capoeira é uma prática muito praticada, parte da nossa cultura. Algumas pessoas sentem medo e calafrios quando alguém conta uma dessas lendas. O folclore também junta muitos personagens como: o Saci pererê, a mula‐sem‐cabeça, o curupira, etc. A importância do folclore é poder nos divertir e também lembrar antigamente, ver e compreender nossas raízes, a cultura do nosso povo. Algumas receitas folclóricas fazem parte da alimentação hoje como o pé de moleque, bolo de batata doce, bolo de fubá, quindim, mungunzá, canjica, pamonha, pão de queijo, entre outros. E também não podemos nos esquecer das brincadeiras: soltar pipa, estilingue, pega‐pega, esconde‐esconde, bola de gude, boneca de pano e pião. O folclore é o sinônimo de cultura popular e representa a identidade. O folclore é uma mistura de elementos da cultura de vários povos que formam o Brasil, como da cultura dos negros da África. 66 As festas folclóricas são muito típicas no Brasil, podemos encontrá‐las em várias regiões. E o mais importante na festa folclórica, que eu acho, é a religiosidade, a fé. O folclore brasileiro é rico e deve ser preservado sempre. Aluno: Bruno Naves Oliveira. Uruana de Minas 26/09/2012 67 Conto da história local Contos folclóricos de Araxá O hotel assombrado Em 1919 foi construído em cima de um cemitério o Hotel Colombo. Desde a época de sua construção operária juravam que ouviam barulhos e sombras no hotel, e a fama de hotel assombrado começou a se espalhar. Não publicaram nada sobre o acontecimento. Ao passar dos anos várias mortes estranhas de hóspedes e funcionários como suicídio, afogamentos e queda de janela sem explicação. Eles tentaram investigar, mas conseguiram. Outros funcionários disseram que achavam que eram os fantasmas que matavam as pessoas. Eles procuraram a história desses terrenos em livros antigos e descobriram que bem ali era um cemitério de negros do século passado. Quando os funcionários souberam se arrepiaram e largaram o emprego e fugiram da cidade. Sem hóspedes o dono resolveu fechar as portas e vender o hotel. Aluno: Isabele Mesquita Valle Macedo Professora: Adriana Maria Santos Ribeiro 5º ano Filme produzido pelos alunos do 3° Ano C da Escola Estadual José Gomes Pimentel Os alunos produziram um curta metragem para contar a história de duas lendas muito conhecidas no folclore brasileiro e mundial; “vampiros e lobisomens”, com um tom de comedia. Os alunos contaram a historia de um romance proibido, com o nome de “Forbidden Love”, entre uma jovem vampira e um jovem lobisomem. Ambas as famílias travavam uma guerra de séculos; e segundo a lenda, a mordida de um lobo em um vampiro (ou o contrario), seria letal para o que foi mordido. E para dar um fim a essa guerra o casal de apaixonados se morderam e morreram ambos. Assim as famílias perceberam que com essa morte, devem acabar com a guerra. Terminando assim a historia, ensinando que mesmo com divergências o amor pode nascer. 3° Ano C‐noturno (Weber, Lara, Natalya, Vinicius, Silvano, Luis, Elias, Aline, Cristiane, Elizangela, Tiago, Edmilson). Escola Estadual Jose Gomes Pimentel Buritis MG 68 Diálogo com o Folclore aprendido: E.E.”Maria Anália Mendes Ferreira” Professora:Patrícia Resende de Freitas Barbosa Aluna:Andreza Bárbara Turma:2º ano Amizade Cidade:Cachoeira da Prata‐MG Saci a vista Saci.Iara.Boto. Estes três,dentre dezenas de personagens lendários fazem parte do nosso rico folclore. Personagens que talvez são inspiração ou o terror das crianças. Quando era pequena,sempre tive uma certa admiração pelo saci,poxa!!! O garoto tem só uma perna e consegue dar a volta por cima,mesmo que seja um pouco travesso,mas ele teve muita força de vontade. Era o meu pensamento!!! Lembro da primeira vez que ouvi falar sobre o saci.Minha mãe disse que havia um certo homem que já estava cheio de tantas travessuras de um certo garotinho. Entre promessas e mais promessas ,uma delas é que o jogaria em uma cisterna.Em uma das travessuras,o homem decide cumprir com a promessa e o joga na cisterna,resolvendo deixá‐lo de um dia para o outro.Mas, no outro dia ,quando foi tirá‐lo,qual foi a sua surpresa ele não estava mais lá.Pensando que ,finalmente havia se livrado dele,foi embora. Quando chega em casa,avista‐o ,com uma perna só. Depois desse dia,tornei‐me fã desse “negrinho”.Mas,isto duraria por pouco tempo. Um dia, lendo Monteiro Lobato,vi que Pedrinho era o maior rival do tal saci.Pedrinho sabia de tudo sobre ele,como aparecia,onde aparecia ,enfim ,um “expert” no assunto saci‐pererê.Eu para imitar o Pedrinho ,fazia também minhas armadilhas,que achava serem melhores. Decidi então,ser uma caçadora de sacis. O tempo foi passando, eu fui crescendo e a rivalidade pelo saci foi acabando. A criança que existia também .Logo após,descobri que não passava de uma lenda mas,foi bom enquanto durou.Foi bom viver esta época de fantasias!!! Brincando com Folclore Escola Professor Guerino Casasanta ‐ Ouro Fino – MG Professora: Nilda Rosana Vaz de Lima Milhorini Aluno: José Sobreiro Júnior – 7º Ano Verde Gênero Textual: Carta San Veneno, 15 de agosto de 2012. Vampiro Eu preciso muito de sua ajuda. Estou com uma gripe muito forte! Preciso de sangue humano. Meu médico só me receitou isso. Você pode me mandar algumas amostras de sangue, do bom? 69 Se você conseguir , me envie pelo correio e depois me aceita ser seu amigo no facebook. Tchau Lobisomem P.S.: Aqui vai a minha senha do facebook: @lobo.eu quero tchu eu quero tcha. Larissa, Ariane Gomes e Thainara ‐8º Ano Amarelo A Floresta, 15 de agosto de 2012. Maldosa Cuca! Cuca, estou muito irritado com a minha vida. Estou cansado de tanta bagunça. Não quero mais... Você fez eu ficar assim, agora quero que você tire isso de mim, por isso, estou mandando essa carta para você me ajudar com isso. Não quero mais atormentar as criancinhas, porque quando eu atormento ,os pais delas vem atrás de mim e destrói a minha casa. E pra piorar, a Mula‐ sem‐cabeça colocou fogo na casa dos meus irmãos. Quando você receber esta carta e tiver uma resposta, me manda por e‐mail, é mais rápido. Abraços Saci‐Pererê P.S.: Esqueci de lhe deixar o meu e‐mail. Aqui vai: [email protected] Saber vivido e contado diretamente Os dois contos, “casos acontecidos” mostram como o saber popular tradicional opera o cotidiano e não a imaginação apenas. Os personagens dos mitos são identificados, designados, conhecidos. Estória da minha vó Segundo minha avó, há vinte anos atrás, existia uma galinha que sempre gritava na Semana Santa, e os porcos sempre roncavam. Isso, na Sexta‐feira da Paixão. No dia seguinte, quando minha avó ia olhar o poleiro e o chiqueiro, não via nenhuma galinha e nem porco. Então ela saia correndo para contar ao marido, e este falava que o Lobisomem havia comido a galinha e os porcos. A minha avó então, fazia uma oração com muita fé em Deus, e a galinha e os porcos reapareciam, para sua alegria. CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis – Varzelândia Aluno: Deuzeri Gonçalves de Queiroz Professora: Jandira Lopes dos Santos Dias CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis – Varzelândia 70 Aluna: Valdeson Rodrigues Chaves Professora: Leonardo Rodrigues Cardoso A história do lobisomem Meu avô conta que, quando ele morava na roça acontecia sempre festas de folia. Uma certa vez, em uma festa de folião, por volta de meia noite, em uma sexta‐feira, quando estava indo embora para a sua casa, no caminho ele escutou uns porcos gritando no chiqueiro. Quando ele se aproximou e olhou, dentro do chiqueiro estava o lobisomem correndo atrás dos porcos, foi então ele puxou um facão da sela do cavalo e desceu. Na hora de encarar o lobisomem, pensou que fosse o capeta, pois tinha chifres, olhos grandes e avermelhados, que nem brasa; era todo cabeludo, de orelhas em pé e enormes. Aí, quando meu avô tentou cortá‐lo com facão, acertou‐
lhe, tirando sangue. Foi então que o lobisomem se transformou em uma pessoa conhecida, que ele jamais imaginaria que fosse se transformar em lobisomem. 71 72 b) Destaques: fontes saber local e indústria cultural – livrinhos de folclore para crianças. Não foi por acaso que tenha sido um arqueólogo o criador da palavra Folclore. Ele achava que o saber popular mantido pela aprendizagem verbal, ou seja, transmitido oralmente de uma pessoa para outra, num meio em que predominassem instituições zeladoras de um saber erudito, escolar, ou mantido pelos meios modernos de comunicação, logo desapareceria, restando deles apenas restos, fósseis, esqueletos. Havia, portanto, que recolher esses restos antes de desaparecerem sem deixar vestígios. Ele entendia mais: esses restos tinham que ser recolhidos com as pessoas vivas, posto que eram práticas sociais ‐ literatura, costumes, crenças – diferentemente dos esqueletos de animais pré‐históricos. A preocupação legítima desse arqueólogo inglês trouxe também sequelas para os que aderiram a essa proposta. O recolhimento de fósseis é diferente do recolhimento de fragmentos de linguagem e de discursos. A partir da invenção da escrita, a humanidade ganhou muito com os registros é certo. A escrita garante a fossilização do passado. Desse modo, devemos aos escritos sagrados dos Vedas, dos Hebreus, dos Gregos, dos Egípcios, a memória de muitos de seus costumes. Devemos a Homero a memória da Ilíada e da Odisseia, garantida por séculos pela tradição oral. Devemos a Heródoto a História como gênero que se mantém pelos séculos. Na transição para a modernidade ocidental – ou seja, europeia – devemos a autores anônimos o Cantar de Mio Cid, recitado em 3.700 versos ao longo de três noites para entretenimento do público. Enfim, os registros em papel fotografam instantes da memória transmitida pela conversa e a crença na verdade dos relatos. Porém, a maior riqueza da transmissão oral é a adequação ao momento histórico. Assim, a lenda do lobisomem receberá tantas versões quantas forem as oportunidades de sua atualização em locais e momentos diferentes. Uma vez registrada, ou mumificada, ela perde o poder desse emprego. O lobisomem é um para um pai em cuja casa nasce o sétimo filho, é outro para o vizinho que viu nascer o sétimo filho, outro ainda para quem nunca viu essa ocorrência, e mais outro, para quem sabe que alguém sai por aí em noites de lua cheia sem saber sua procedência. Há uma crença na existência de lobisomem, mas a interpretação e o relato de sua realização diferem. Ao se tornar um registro, o lobisomem converte‐se em literatura, descola‐se do real. Ingressa no imaginário. 73 Ao longo da elaboração deste Relatório, conversamos com inúmeros professores, diretores, alunos, pais e crianças. Crianças de quatro ou cinco anos, já sabiam que Iara, boto, lobisomem, saci, negrinho do pastoreio, curupira, mula sem cabeça eram folclore. As professoras na Semana do Folclore lhes haviam ensinado. Por outro lado, em casa nunca se havia falado nisso. As crianças sabiam a história desses entes lendários, mas não os inseriam em nada da vida. Ao mesmo tempo, essas crianças brincavam com dinossauros, jacarés, leões, adquiridos em lojas de brinquedos e se divertiam no zootycoon e no youtube sabendo tudo de animais pré‐históricos e de museus temáticos. Há uma corrente que elogia irrestritamente esses acessos ao “folclore” disseminado pelas novas tecnologias. Não há mesmo que censurá‐las. Ao mesmo tempo, ao longo da elaboração deste mesmo Relatório, deparamos com crianças brincando de roda, na esquina de uma rua, sem outro espaço senão um passeio estreito e duas outras crianças que aparentavam 8 anos de idade brincando de luta corporal – chutar, derrubar o outro, espancar. Foram vistas crianças brincando de aulinhas, onde a professora impunha disciplina aos gritos, castigos, ameaças e expulsões. Como nada disso foi sistematizado para elaboração deste Relatório, fica apenas o registro passageiro. Contudo, a coordenação teve acesso ao acervo de uma professora, o qual é apresentado em seguida no Quadro 10. Foram listadas 118 obras, todas destinadas a crianças em preparação para alfabetização ou no início da alfabetização. Regra geral, essas obras foram adquiridas em feiras de livros realizadas anualmente, nas quais os professores têm facilidade de aquisição por doação ou compra em baixo preço. Pelo que se nota, o “folclore” não chega mais à criança pela vivência no meio familiar ou de vizinhança, mas, especialmente é ensinado pela escola. A oportunidade de saber o que é curupira, ou mula sem cabeça, não é buscada em situações reais, mas como recurso de supor a vivência da criança no mundo dos “seres imaginários”. Nada a reclamar, mas para nossa conversa fica a pergunta que fazemos a nós redatores: em que momento a escola aprende com o saber que a criança desenvolve fora da escola? 74 Quadro 10. Obras do acervo de uma professora do fundamental interpretadas como Folclore. Orde
m Título Coleção Editora 1 Curupira Folclore divertido 2 Festa no céu Folclore divertido 3 Canto do sabiá Folclore divertido 4 Negrinho do pastoreio Folclore divertido 5 Mula sem cabeça Folclore divertido 6 Cavalo encantado Folclore divertido 7 Boto cor de rosa Folclore divertido 8 Bumba meu boi Folclore divertido 9 Saci pererê Folclore divertido 10 Lobisomem Folclore divertido 11 A bela adormecida O mundo encantado das princesas 12 Branda de neve O mundo encantado das princesas 13 A bela e a fera O mundo encantado das princesas 14 A pequena sereia O mundo encantado das princesas 15 Polegarzinha O mundo encantado das princesas 16 A princesa e o sapo O mundo encantado das princesas 17 Cherazade O mundo encantado das princesas 18 Os cisnes selvagens e a princesa 19 Rapuzel O mundo encantado das princesas 20 Lobisomem Itaú de livros infantis 21 O jogo da parlenda Itaú de livros infantis 22 Bemtevi Itaú de livros infantis 23 Os três porquinhos Itaú de livros infantis Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Kids Editora e ilustrações Companhia das letrinhas Companhia das letrinhas Companhia das letrinhas Companhia das letrinhas O mundo encantado das princesas 75 Orde
Título m 24 De Duendes e fantasmas 25 O lobisomem e a lua cheia 26 Saci, amigo da floresta 27 Mula sem cabeça e as noites sem luar 28 O boto que roubava rosas 29 Iara, a bela do lago 30 Negrinho do pastoreio, o Doutor da Floresta 31 Boitatá, a cobra que apaga incêndios 32 Curupira e a árvore dos desejos 33 Quel lê com pressa tropeça:ABC do trava‐
lingua 34 Caçadas de Pedrinho 35 A cigarra e a formiga 36 O cachorro burro 37 O mapa do tesouro Coleção Editora Encantamento Festa na Floresta Editora Lê Leitura Festa na Floresta Festa na Floresta Leitura Leitura Festa na Floresta Leitura Festa na Floresta Festa na Floresta Leitura Leitura Festa na Floresta Leitura Festa na Floresta Leitura Elias José Editora Lê Brasiliense Melhoramentos Melhoramentos Vale das Letras 45 A rãzinha malandra Monteiro Lobatp Fábulas de La La Fontaine Fábulas de La La Fontaine Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Piratas em busca do tesouro perdido Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 46 O pastor e o bode Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 47 O homem o menino e a mula 48 O sonhador Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 49 A lebre e a tartaruga Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 38 Papagaio pirata 39 Petrônio afunda o barco 40 Capitão mão de gancho 41 Navio Pirata 42 Amor de pirata 43 o polvo gigante 44 A selva pirata 76 Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Orde
Título m 50 O leão e o rato Coleção Editora Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 51 O Ratinho do campo e o ratinho da cidade 52 A cotovia e o fazendeiro Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 53 o Carvalho e o caniço Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 54 Júpiter e o macaco Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 55 O leão e o rato 56 O corvo e o jarro 57 O Rato do campo e o rato da cidade 58 A assembleia dos ratos 59 A cigarra e a formiga 60 A raposa e a cegonha 61 A raposa e o corvo 62 A raposa e as uvas 63 O cão e o osso 64 A bela adormecida ‐ A bela e a fera 65 Apequena sereia ‐ A princesa e o sapo 66 As viagens de Gulliver ‐ Bambi 67 Branda de neve ‐ Cachinhos dourados e os três ursos 68 Chapeuzinho Vermelho ‐ Cinderela 69 O mágico de Oz ‐ o Patiinho Feio 70 Os músicos de Bremen ‐ Os três porquinhos 71 Peter Pan ‐ Pinóquio 72 A princesa e o sapo 73 Aladim 74 Ali babá e os 40 ladrões 75 Cachinhos dourados e os três ursos 76 O flautista Hamelin 77 O patinho feio 78 O soldadinho de chumbo 79 Simbad o marujo Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Difusão cultural do livro Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Fábulas de Esopo Histórias encantadas Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Kids editora ilustraçoes Brasileitura Histórias encantadas Brasileitura Histórias encantadas Brasileitura Histórias encantadas Brasileitura Histórias encantadas Brasileitura Histórias encantadas Brasileitura Histórias encantadas Brasileitura Histórias encantadas Clássicos de sempre Clássicos de sempre Clássicos de sempre Clássicos de sempre Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Clássicos de sempre Clássicos de sempre Clássicos de sempre Clássicos de sempre Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine 77 Orde
m 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 Título Coleção Editora Branca de Neve A bela adormecida A bela e a fera A pequena sereia A princesa e a ervilha A princesa e o sapo Cinderela Princesa Sawana Rapunzel Peter Pan: Lealdade Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Coleção Princesinhas Virtudes e atitudes a Arte de conviver 90 Bambi: Amor Virtudes e atitudes a Arte de conviver 91 Branca de Neve: Bondade Virtudes e atitudes a Arte de conviver 92 Alice no país das Virtudes e atitudes a Arte de maravilhas: Coragem conviver 93 Mogli: Fraternidade Virtudes e atitudes a Arte de conviver 94 Galinha dos ovos de Virtudes e atitudes a Arte de ouro: Humildade conviver 95 Pocahontas: Justiça Virtudes e atitudes a Arte de conviver 96 Rapunzel: Persistência Virtudes e atitudes a Arte de conviver 97 O pequeno polegar: Virtudes e atitudes a Arte de Responsabilidade conviver 98 O mágico de Oz: Virtudes e atitudes a Arte de Solidariedade conviver 99 A bela adormecida Clássicos adoráveis 100 A bela e a fera Clássicos adoráveis 101 Aladim Clássicos adoráveis 102 Branca de Neve Clássicos adoráveis 103 Cinderela Clássicos adoráveis 104 João e o pé de feijão Clássicos adoráveis 105 O mágico de Oz Clássicos adoráveis 106 O patinho feio Clássicos adoráveis 107 Peter Pan Clássicos adoráveis 108 Pinóquio Clássicos adoráveis 109 Branca de Neve Os mais belos Clássicos 110 Chapeuzinho Vermelho Os mais belos Clássicos 111 Cinderela Os mais belos Clássicos 112 João e Maria Os mais belos Clássicos 113 O patinho feio Os mais belos Clássicos 78 Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Ciranda Cultural Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Edições Chocolate Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Brasileitura Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Orde
Título Coleção m 114 O príncipe sapo Os mais belos Clássicos 115 Os três porquinhos Os mais belos Clássicos 116 Peter pan Os mais belos Clássicos 117 Pinóquio Os mais belos Clássicos 118 Rapunzel Os mais belos Clássicos Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 79 Editora Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras Vale das Letras 4. Dificuldades e valores hegemônicos Ao longo da redação do presente relatório – repetimos ‐, conversamos com professores, diretores, crianças e pais. Chamou nossa atenção também que, entre as centenas de escolas da rede estadual presentes em Belo Horizonte, apenas uma atendeu à proposta. Cuidamos de examinar as dificuldades vividas nessas escolas. Esses e outros serão aspectos abordados nesta seção. Nosso companheiro Tião Rocha insiste neste refrão: “escola somente chama os pais para reclamar do comportamento dos filhos”. Um dos redatores deste Relatório publicou nos primeiros anos da década de setenta no Suplemento Pedagógico do “Minas Gerais um artigo com o título “Ensino, aprendizagem, escola”, no qual ele se concentrava noutro refrão, a lamentação de professores: “Eu ensino, mas os alunos não aprendem”. São desafios permanentes. As escolas públicas vivem o desafio das “políticas de inclusão”, de sua inserção em “áreas de risco” e no conflito entre educar para a dominação ou educar para a liberdade e a cidadania. O cerne da proposta da Comissão Mineira de Folclore não é o de resolver essas questões, mas de compreender o contexto em que surgem e como elas se mantêm. A proposta se resume em apenas uma coisa: conversar sobre o saber que a criança leva ao ambiente escolar a partir do que se entende por saber codificado ou não pelas instituições burocráticas, mas interpretado pelas redes de relações comunitárias. A proposta não tem objetivo externo a ela mesma. Ou seja, não traz solução para nada; apenas enfatiza conversar o que traz junto ouvir e dizer. “Dar e tomar a palavra” como afirma Godbout em O espírito da dádiva. Nossa conversa, pode ser resumida na pauta exposta em seguida: 1. O que está disponível para o professor e o que é Folclore. O que é chamado de “indústria cultural” oferece aos professores um repertório de obras para favorecer a atividade docente. Nessas obras está também embutida a concepção de folclore defendida por essa indústria. Este assunto merece uma longa conversa. 2. Educação e Novas Tecnologias 80 No dia 3 de março recente – 2013 ‐ o “Fantástico” da Rede Globo mostrou o exemplo de escola pública informatizada. Destacou o empenho no interior de políticas públicas de suprir as escolas de novas tecnologias. Ao mesmo tempo, exibiu a origem dos softwares disponíveis. Em outros programas, porém, foi dado destaque para as coações sofridas pelas escolas em relação ao seu meio e um termo até então desconhecido assumiu a pauta das discussões com respostas prontas: “bulling”. A questão da segurança foi colocada como primeiro valor. Às vezes, comparece na pauta de alguns meios de comunicação a questão do sofrimento psíquico dos professores de escolas públicas, o qual recebe também um nome técnico para assumir seriedade da importância: “síndrome de burnout”. Surge, portanto, na agenda, duas questões, a vantagem das novas tecnologias e as desvantagens das relações sociais. Em escolas, tanto da Capital, de municípios da RMBH, quanto do interior do estado, obtivemos relatos sobre: os equipamentos de informática chegam às escolas, mas não são instalados; faltam monitores com experiência em informática; CDs e DVDs são encaminhados pelo Ministério da Educação, mas não são utilizados pelos professores; o software Linux é de difícil emprego, posto que todo mundo já se acostumou com o Windows; computadores são mais utilizados para rotinas burocráticas; não se tem promovido relação entre biblioteca e as novas tecnologias, o mais frequente é o uso de vídeos no espaço da biblioteca, mas não de documentários que ajudem na conexão leitura e filmes. Há pequena frequência dos professores aos acervos das bibliotecas. Parece que isto merece muita conversa e remete para novos componentes na pauta. 3. Os desafios da escola e a educação popular: a) A cultura de massas coage? A escola deve valorizar os valores hegemônicos? Certa vez, um dos redatores deste relatório teve oportunidade de acompanhar monografias de cursos de especialização em Administração Municipal ‐ PEAM – Numa escola de Periferia no Município de Belo Horizonte a direção e os professores se preocuparam com o baixo rendimento escolar e o desinteresse ativo dos alunos adolescentes. Após muita conversa entre eles, decidiram criar um programa denominado “Sexta Livre”. Entendiam que os jovens tinham que levar para a escola seu saber. Entenderam mais ainda que eles gostavam das músicas e das danças atuais e que, se a escola lhes oferecesse a oportunidade de mostrar tudo isso, o interesse pelo estudo aumentaria e poria fim ao desinteresse. 81 O resultado foi inesperado. Nas sextas feiras, os alunos deixaram de frequentar a escola. O projeto era muito bom. Faltou apenas conversar com a parte interessada. Incluídos na conversa, os alunos responderam. “Escola não é lugar para isso”. b) Políticas públicas e obrigação – aprender como opção e aprender como obrigação. Outro desafio para o desenvolvimento da conversa tem a ver com a obrigação da matrícula e da frequência. O imperativo “Lugar de Criança é na escola” parece não merecer contestação. Alguém merece punição se não obedecer. Vale, portanto, começar a conversa a partir de dois casos. O primeiro resulta do Relatório “Cadastro de famílias Moradoras do OPH”. Há inúmeras políticas de distribuição de renda que condicionam a recepção de recursos à matrícula de crianças nas escolas. O relatório referido se surpreendeu com o abandono à escola das crianças a partir de 11 a 12 anos de idade, ou seja, após a conclusão do antigo “Grupo Escolar”. Os adolescentes não viam mais interesse na escola e partiam para expedientes de garantir um mínimo de subsistência para a família, contrariando tudo que determinava o Estatuto da Criança e do Adolescente. Alguns resultados chamaram a atenção dos analistas. Em primeiro lugar elevada taxa de acidentes devidos a quedas e atropelamentos. Ora, nenhuma das áreas estudadas se localizava nas proximidades das rodovias ou de vias arteriais. Tais acidentes tinham a ver com as “condições de trabalho” desses adolescentes que exigiam correrias de alguma ameaça. Quando se examinou o que esses adolescentes queriam aprender e como, a resposta era sempre aprender algo que garantisse algum rendimento e aprendendo com quem sabe. Esse “aprender com quem sabe” ajuda a compreender a rejeição à escola a partir do atual sexto ano. Vale lembrar que a renda média de todas as famílias moradoras nos referidos conjuntos habitacionais era 1,8 salários mínimos. O segundo caso é também de um relatório de pesquisa denominado “O caso do Poupança Jovem” As informações foram coletadas no município de Ribeirão das Neves para atender a demanda de uma Secretaria de Estado interessada em diminuir a delinquência juvenil. Entendia‐se, como se constatou no Cadastro de Famílias moradoras do OPH, que os jovens abandonavam as escolas para obter alguma renda. Se, se garantir algum rendimento com o obrigação de estudo, então, o jovem permaneceria na escola, raciocinava‐se. Porém, algumas condições eram necessárias. O jovem teria comportamento exemplar para ter direito à bolsa e o valor somente seria creditado em sua conta após concluir os estudos sem repetência nem infração que implicasse ação policial. 82 O relatório constatou que a bolsa seria ao final destinada aos alunos que já não ofereciam qualquer obstáculo e não converteria nenhum delinquente aos bons costumes desejados. Posto que algo como um terço dos alunos já eram bem comportados. Esses depoimentos valem longas conversas. c) Um depoimento: Querer como valor último e poder como valor último da racionalidade. Após o encaminhamento da proposta da Comissão Mineira às escolas, a equipe se interessou também pelos relatos das crianças em escolas de periferia para compreender um pouco melhor a sua lógica. Algumas crianças mostravam dificuldades de aprendizagem segundo as avaliações de professores. Relata‐se apenas um caso. Uma criança conhecia muito bem jogos em seu grupo de vizinhança, conhecia melhor ainda a diferença do estampido de armas de fogo, com a mesma competência discriminava o calibre dessas armas. Porém, essa criança não aprendia o valor das moedas nem das notas. Somava mal e multiplicava pior ainda. Em oportunidade de encontro com um dos redatores essa dificuldade foi posta em questão. Favoreceu‐se à criança acesso a um computador. Logo a criança procurou jogos que se podem interpretar como violentos e se desempenhou maravilhosamente no manejo das operações de ataque e fuga. Em seguida, sem nenhuma programação prévia, surgiu um assunto que exigia comparar quantidade e tinha a ver com pagamentos, dinheiro e troco. A criança imediatamente deu a resposta errada ao problema, embora manifestasse a compreensão dos termos do problema. Nenhuma demonstração empírica a demoveu da “resposta errada”. Ela estava certa e pronto. A mãe que estava presente foi inquirida sobre o valor “querer”. A situação convenceu o relator que a criança operava com uma lógica diferente entre acerto e erro, mas com querer e poder. Querer é operador da racionalidade. O que tem a ver com todos os acenos da mídia. Esta prática é mais do que comum na negociação de notas nas escolas. Talvez mais frequente na chamada classe médias. Querer é poder. Eu quero e pronto. A verdade mentirosa Há que confrontar afirmações como estas: Tudo tem seu preço – ou seja nada escapa ao mercado. Quem quer faz, quem não quer, manda. Defesa da autonomia submissa. A pessoa só é livre sozinha. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. O pleno elogio à submissão conformada. 83 O caso da criança deste relato, contudo, merece um acréscimo. A mãe, jovem de 28 anos, acabara de se separar do marido de 42 anos. O irmão mais velho ficou com o pai. O filho mais novo mudou‐se com a mãe. O irmão mais velho acompanhava o pai nos botecos da vida. Querer com operador da razão fazia todo sentido. d) A Comunidade escolar e burocracia – relações sociais e normas técnicas. Antes da apresentação da proposta à Secretaria de Estado da Educação e ao longo do acompanhamento, desenvolveram‐se inúmeras conversas. Esperava‐se que escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte se dispusessem a participar, tanto pela proximidade quanto pela necessidade de compreenderem melhor o saber que as crianças e jovens levam à escola como aceitação ou rejeição. Como se sabe, não foi o que aconteceu. Em Belo Horizonte, uma escola localizada no bairro Ribeiro de Abreu; em Santa Luzia, uma escola da sede urbana do município; e, em Contagem, um escola de jovens e adultos totalizaram a atenção à proposta. Não há como compreender satisfatoriamente a acolhida à proposta. Entretanto, algumas conversas destacaram os seguintes pontos: É melhor fazer do que registrar. Nesse caso, por exemplo, prefere‐
se trabalhar com técnicas de confecção artesanal, trabalhos manuais, pinturas, sem necessidade de elaborar textos. Destina‐se um dia para as crianças levarem chás, prepararem e saborearem na hora da merenda. Nesse caso, o cuidado de se a erva foi colhida na horta caseira, ou comprada em supermercado não é levado em consideração. Registrou‐se também o acúmulo de demandas sobre as atividades do diretor e a ordem de prioridade diante das exigências de respostas às Superintendências Regionais de Ensino, ou a falta de tempo dos supervisores escolares para se dedicarem a repassar a proposta aos professores. Lembrou‐se ainda a necessidade de visita de um membro da Comissão para se reunir com os professores e esclarecer o conteúdo da proposta recebida. Houve justificativas de desinteresse da parte de professores, por entenderem que folclore tem a ver com “macumba”, “crendices”, “superstições”, ou catolicismo popular. As razões dessas recusas, segundo alegações tinham a ver com denúncias de familiares de que a escola estaria contrariando os preceitos religiosos do pastor. Transpareceu, em algumas conversas, que os professores não tinham tempo para se dedicarem a demandas emergentes, tendo em vista sobrecarga de trabalho – cumprirem jornadas diferentes em diversas escolas. 84 Além disso, houve depoimentos que alegavam que as escolas são coagidas por regulamentos, resoluções, planos, rotinas que cerceiam sua autonomia atropelando a condição de desenvolver atividades criativas. A prioridade de zelar pela disciplina dispersa a concentração em outros objetivos. Esta alegação de algumas escolas de periferia foi comprovada pela análise de alguns registros em diários de classe. Infrequência, avaliações insuficientes, conflitos nas salas de aula e nos corredores, faltas justificadas ou injustificadas de professores. Casos de disciplinas sem professores, professores afastados por motivos de saúde, mas sem o prazo previsto para convocação de suplente. Enfim, desafios à gestão pedagógica. Sem dúvida, todas essas dificuldades intervêm sobre atendimentos que possam alterar rotinas, mesmo que as diretrizes curriculares contemplem atividades contidas na proposta. Houve casos em que escolas desenvolveram atividades, mas justificaram não poderem encaminhar por falta de equipamentos adequados para reproduzir os textos elaborados pelos alunos – digitá‐los ou escaneá‐los. O expediente de enviar pelo correio foi também descartado. Obstáculos a uma conversa Após esta agradável experiência de acolhimento de nossa proposta pela Secretaria de Estado da Educação através da Superintendência de Modalidades Especiais, a atenção das Superintendências Regionais, diretores, supervisores e professores, todas as constatações acima tornam‐se de menor importância. Com efeito, as escolas que encaminharam respostas são da rede estadual, estão submetidas às mesmas coações alegadas, e subestimaram essas dificuldades. Do ponto de vista dessa coordenação de Relatório, não importa a quantidade, mas a disposição para manter viva a conversação. Portanto, todas as escolas que nos atenderam declararam publicamente sua intenção de prosseguir na conversa. Contudo, a Comissão Mineira, neste momento, examina situações que sejam favoráveis ou desfavoráveis ao diálogo, não apenas no âmbito dos educadores e das instituições de ensino, mas considerando o repertório de assuntos dessa área de estudo. Ao longo de sessenta e cinco anos podemos enumerar a possibilidade de conversas férteis ou de recursa com as seguintes áreas de atividades: I.
Com os especialistas em seus territórios eruditos: •
Há que reconhecer os plenamente convencidos apoiados em seus paradigmas ideológicos. Uma proposta de conversa poderia ter como resposta “Aqui não há o que conversar”. Quando aparentemente se desenvolve algo que pareça conversa constata‐
se que o que cada parte afirma não merece exame da outra parte. Estabelece‐se um 85 diálogo de surdos. As conversas caracterizam monólogos. No caso específico do tema Educação, se as verdades dos folcloristas continuarem gerando conversas apenas com folcloristas ou simpatizantes, consolida‐se o monólogo. O encontro com outras especialidades pode gerar altercações e nada mais. Basta apenas um exemplo. Na introdução a este Relatório foram enumeradas obras de alguns autores. De outro lado, pode‐se ouvir, “Vocês não sabem é nada. Nem se lembraram de Bourdieu, de Vygotsky, ou de Perrenoud nem de Jacques Delors, como querem conversar sobre educação?” •
Existem os que acreditam que problemas são postos para serem examinados e que todas respostas a problemas pedem novamente atenção à situação geradora do problema. Essa segunda possibilidade de conversa com especialista é a mais desejável pelos folcloristas, mas a menos frequente e a mais difícil. Começa‐se pelo que cada parte entende por Folclore e termina pela guarda da “caixa preta”. O próprio criador da palavra folclore é responsável por essa dificuldade de diálogo ao identificar o estudo às “antiguidades populares”. No anseio de modernidade dos outros, “antiguidade” arrepia. A divisão do trabalho intelectual, por sua parte, zela pelo diálogo restrito aos seus pares. A Comissão Mineira de Folclore passou a vivenciar isto ao longo do tempo. Até 1972 não havia critério para acolher os membros efetivos baseado em titulação acadêmica. A partir daí passou‐se a exigir titulação e obras publicadas. Curiosamente, havia membros sem titulação e os titulados se originavam das mais diversas áreas; médicos, físicos, matemáticos, poetas, músicos, historiadores, filósofos, profissionais de educação, antropólogos, sociólogos, advogados. Nenhuma especialidade se estranhava. Tivemos no Ciclo de Debates sobre Medicina Popular um grande exercício de disposição ao diálogo. Professores da Faculdade de Medicina, juntamente com os de Farmácia, ao lado dos raizeiros. No primeiro encontro, a afirmação das verdades irredutíveis. Na assembleia de encerramento, a disposição ao prosseguimento da conversa. Pode tornar‐se assunto de conversa a progressiva especialização dos estudos de Folclore. Nesse caso, reproduz‐se exatamente o mesmo estranhamento entre as especialidades e a dificuldade de diálogo como oportunidade de aprender. II. Com os gestores de Políticas Públicas No ano de 1954, o Governo do Estado de Minas Gerais assinou um Convênio com Instituto Brasileiro de Educação Ciência e Cultura – órgão da UNESCO ‐ entidade maior à qual pertencia a Comissão Mineira de Folclore. 86 O item IV do convênio declarava: “O Governo do Estado de Minas Gerais reconhece a Comissão Mineira de Folclore como órgão integrante da Comissão Nacional de Folclore, destinado à pesquisa e estudo do Folclore regional, e desta forma, atribui‐lhe a autoridade necessária a pronunciar‐se oficialmente no que disser respeito às suas atribuições...” Entre várias atribuições poderosas, constava: “A Comissão Mineira de Folclore, no âmbito de suas atribuições, promoverá (...) medidas que visem especialmente:d) fomentar a organização em estabelecimentos de ensino de centros de pesquisa folclórica, destinados à formação nas crianças e adolescentes de gosto e interesse pelos assuntos de folclore”. 1954 foi o ano do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Realizou‐se naquela cidade o Congresso Internacional de Folclore. A Comissão precisava de mostrar Minas Gerais para o Mundo; e isto interessava ao Governo.. Os anos se passaram e em ata lavrada no dia 19 de fevereiro de 1972 lembrou‐se a importância do cumprimento dos termos do Convênio, de decretos e leis originadas de propostas da Comissão Mineira. O interesse perdeu o momento. Os tempos mudaram, a Comissão conviveu com inúmeros governos de diferentes regimes. Há, portanto uma aprendizagem do que justifica ou dificulta o diálogo. A primeira possibilidade sustenta‐se nas razões do poder que determina “Quero e Posso” estou legitimado. •
Exclusão ‐Não queremos conversar com vocês. O governo sustenta‐se em argumentos tecnocráticos para esconder decisões autoritárias Afirmações desse tipo sintetizam o silêncio: “Temos critérios já estabelecidos do que importa e o que não importa. Vocês não cabem nos nossos critérios entendam isso.” •
A inclusão pela conversão. Sustenta‐se e esconde‐se no discurso da cooptação. “Para atenderem o que querem é preciso obedecer e seguir esses caminhos e observar tal percurso. Vocês estão equivocados, mas são “gente boa” •
Inclusão participativa. Aposta na participação sem reservas, eis a utopia. Quem estuda e se dedica à compreensão do saber popular pode iluminar os discursos defendidos como verdadeiros impostos como fim de conversa. 87 “Podemos examinar juntos a situação do problema”. III. Com os professores Conversar com professores, enquanto submetidos a uma ordem institucional comporta variações. Enumeram‐se alguns discursos conclusivos ou de abertura à conversação: •
Onde cabe no currículo? Vocês sabem o que preceituam o PCNs e o CBC? Se o interlocutor abrir a boca, a conversa já está encerrada. •
Isto não interessa à minha disciplina nem à prática pedagógica. É tudo bobagem. Folclore valoriza tudo que é atrasado. Nós queremos o que é moderno. Denuncia a noção que o professor tem de folclore e as ideologias que o convencem da verdade e praticidade. •
Podemos conversar, mas não vemos como enfrentar as dificuldades aqui. A limitação institucional é posta como obstáculo sem impedir uma conversa já classificada como sem proveito. •
Estamos abertos para qualquer conversa. Até alcançar essa possibilidade é possível que a conversa tenha percorrido todos ou alguns dos passos anteriores. “Tudo de que necessitamos é de compreender o que não compreendemos. Sabemos por que não compreendemos. Os livros mostram isto muito bem. Mas não temos coragem de nos aventurar para compreender o que não compreendemos.” IV. Com os alunos e suas famílias. A conversa com alunos e suas famílias é determinada pela sua exposição as correntes formadoras de opinião. Entendemos possíveis as seguintes alternativas e, seguramente muitas outras; •
Nem vem. Isto é puro atraso. •
Não quero saber disso. •
Para que serve? •
Não adianta. Ninguém quer ouvir o que nós temos a dizer. •
Não posso. Se disser o que penso, o que os outros vão dizer? •
A escola é que sabe o que deve fazer. 88 •
Deixa a gente em paz, conversa não vale de nada. •
Assunto de escola, eles é que mandam. •
Se a gente fala alguma coisa, vão é rir. •
Posso mesmo dizer tudo, tudo mesmo? [Não queira me ouvir, vocês não serão capazes de entender nunca.] •
Estava esperando a oportunidade para falar tudo. Tudo. •
Posso confiar? •
Não venham me ensinar mais nada. 89 5. Para concluir Conversa como foi defendido, supõe condição, domínio de linguagem como valor e não apenas como conhecimento de termos. É possível que a conversa seja facilitada ou dificultada tanto pelas alternativas examinadas anteriormente, quanto por muitas outras insuspeitas. O mais interessante é que haja muitas cabíveis nessa última categoria. Contudo, pelo que vem acontecendo com frequência e pelo que já foi insinuado em algumas partes deste Relatório, a universalização da escola tem se constituído num dos maiores desafios para quem atua em instituições educacionais em todos os níveis e graus. Essa universalização pede muita conversa em todas as instâncias, com especialistas, os que dominam territórios eruditos, os que dominam reservas de poder, os que enfrentam, no dia a dia, práticas educativas em instituições, e os que demandam o exercício dessas práticas. Contudo reservamos considerações especiais para questões que se acumulam em páginas do meios de comunicação e em comentários na imprensa em geral. A escola para população de baixa renda. Essa população vive orientada por dilemas. De um lado, há que buscar a própria subsistência sem possibilidade de se qualificar melhor para obtê‐la. Isto já foi comentado a respeito do Relatório Cadastro de Famílias Moradoras do OPH. O Censo de 2010 acusou a existência de famílias residentes na Região Metropolitana cuja renda familiar per capita era de R$180,00. Seriam necessárias três pessoas moradoras trabalhando para obter um salário mínimo de renda domiciliar. O comando deste lado do dilema é: “Salve‐se quem puder”. O lado oposto do dilema convoca as pessoas para estarem unidas. “Todos juntos, somos fortes” resumiria o imperativo declarado no indicativo. Vemos manifestações desse lado extremo em alguns momentos, nas épocas de enchentes, nos remanejamentos de famílias de suas áreas devido a obras. Entre um polo e outro, todas as contradições. A mulher é a maior vítima; o que já é reconhecido pelas políticas de habitação para a população de baixa renda. Contemplemos alguns casos recolhidos para o presente relatório à guisa de conclusão. São frequentes situações em que mulheres assumem o ônus da maternidade a partir da idade fértil. Ao chegarem aos 30 anos, algumas já são avós. Para garantirem um mínimo de subsistência valem‐se da 90 economia da procriação. Nascido o primeiro filho, chegam os conflitos e o “marido” se ausenta. Busca‐se um novo namorado. Para garantir sua permanência, dá‐lhe um filho. Isso não evita novos conflitos e desavenças. O novo marido se despede. Há casos em que mães têm filhos de até cinco homens diferentes. A escola recebe essas crianças sem pai e sem uma mãe que lhes garanta preencher o Nome do Pai. Cabe à escola suprir esse nome pela primeira vez na história de vida da criança. Mas, como? A escola está pronta para absorver a história dos membros da comunidade a que serve? Ocorre com a maior frequência, a escola transferir esse ônus imitando os expedientes das mulheres, as chamadas à polícia são frequentes nas escolas de periferia. Com alguma condescendência, substitui‐se a polícia pelo Conselho Tutelar, menos ágil e menos equipado para suprir o lugar do pai. Há um clima de sofrimento psíquico quase endêmico no quadro de trabalhadores de ensino nas periferias. Muitos professores, supervisores, diretores se arvoram em prepostos da polícia. Quando convocam os pais é para lembrar‐lhes o não suprimento do lugar que ocupam e eximir a escola de seus deveres. Outro caso recente. Uma mãe tem dois filhos ‐ dez e doze anos. Sem pai. Paga R$ 250,00 de aluguel em um barraco. Recebe Bolsa Família e faz faxina para garantir R$640,00 mensais. O filho mais velho tem deficiência que dificulta a locomoção. A necessidade de manter a casa exige que não possa cuidar dos filhos. Na escola, ambos são agressivos e ameaçam professores. Para a mãe, neste momento, ela visualiza duas soluções. Para o filho deficiente, tendo em vista as reclamações da escola, vê como opção, mudá‐lo de escola; para o menor que também gera queixas dos professores, o caminho possível é arranjar‐lhe uma escolinha de futebol. Fernanda Otoni de Barros registra o que queremos fique como mensagem também nossa: A família é uma organização que subsite às mudanças históricas e políticas da humanidade(...) Aos pouco (...) o Estado foi chamado para si muitas das funções familiares. Criação de escolas, hospitais, clubes de lazer, associações políticas e culturais foram convocando e levando para o espaço público muitas atividades antes exclusivas da entidade familiar. Com a introdução do Estado nesse campo íntimo e ordenador, o pai de família foi perdendo aos poucos sua autoridade suprema e outros poderes retiraram a sua legitimidade substituindo‐o. A própria ciência é um desses poderes substitutos do velho pai. De chefe de família, soberano em seu poder ordenador, o pai foi transformado em transmissor genético via espermatozoide, única função ainda indiscutível de sua autoridade (...) salvo no caso em que a produção independente dispensa seus últimos préstimos. 91 Os comentários de Fernanda Otoni devem balizar nossa conversa com as escolas e com os gestores de políticas. Fernanda é pioneira na articulação entre Psicanálise e Magistratura, o lugar dos “homens de capa preta” como ela designa essa última instância do lugar do pai nessa dita modernidade. Na contemporaneidade, o lugar do pai apresenta‐se na sua pluralidade. Seja o pai Estado, pai biológico, pai professor, pai namorado da mãe, pai vovô, padre‐pater, papai do céu, pai herói, pai bandido. Todos interferem na operação de constituição da criança (p. 110.) A diferença entre as ponderações de Fernanda e as nossas é que, na obra Do Direito ao Pai, ela convoca os juízes da infância e da juventude para uma conversa séria sobre o lugar que ocupam ao elaborarem sua sentença. Aqui, a Comissão Mineira de Folclore convida os professores e profissionais da educação. O texto transcrito em seguida mostra o sentido desta convite a longas e intermináveis conversas. Lobisomens e Saúde Mental José Moreira de Souza Eu não posso ir à Gouveia. Tomo um banho de cultura e retorno perfumado. Foi o que me aconteceu nesses dias. Segunda feira, dia 8 de março, dia internacional da mulher, cheguei à minha terra natal. Eu já vinha encucado com algumas coisas que queria escrever. A primeira delas tinha a ver com a importante Conferência Municipal de Saúde Mental promovida pela Prefeitura Municipal e noticiada no sítio www.afagouveia.org.br. A outra era um assunto para entretenimento do nosso leitor. Quaresma, mula sem cabeça e lobisomem. Enfim, casos de assombração. Imaginei – e quase tenho certeza disso – que hoje em dia, as pessoas não se incomodam mais com assombrações. Suspeito mesmo que quaresma não é mais aquele tempo de oração e penitência destinado à celebração da Paixão de Cristo e à esperança de sua gloriosa Ressurreição. Mesmo assim, resolvi conversar com algumas pessoas sobre isso. Antes de chegar aonde quero, mas já chegando, conto uma história que tem a ver com nosso assunto. É a história do Mago Merlin. Ela pode ser encontrada na obra As mais belas lendas da Idade Média, publicada em 2001 pela editora Martins Fontes. Reza a lenda: Era uma vez, na Bretanha, uma moça que deu à luz um bebê tão peludo como nunca se tinha visto igual. Ela pediu às pessoas que ajudaram seu parto que o levassem imediatamente à igreja para ser batizado. ‐ Que nome quer lhe dar? 92 ‐ O nome de seu avô materno – respondeu a moça. O bebê então recebeu o nome de Merlin. Ora o pai de Merlin era um diabo, mas isso a mãe não tinha coragem de contar para ninguém. Um dia, embalando o menino nos braços, ela o beijou, apesar de sua feiúra, e disse: ‐ Já que não posso contar quem é seu pai, meu querido, vou dizer que você é uma criança sem pai. Conforme a lei, vou ser condenada à morte, mesmo sem merecer. Assim começa a lenda do grande mago da Idade Média. Uma criança que é filha do diabo e que nasce feia e peluda. Por isso, ela tem que ser batizada imediatamente. Filho do diabo não pode dizer o nome do pai e condena a mãe à morte. Merlin, porém, tem um saber sobrenatural. Com nove meses já fala como adulto e livra sua mãe de ser condenada à fogueira. Denuncia diante do Juiz que “ se condenassem todas as pessoas que não podem dizer o nome do pai de seus filhos, haveria aqui muitas mulheres que seriam queimadas vivas.” O poder mágico de Merlin lhe garantia se transformar em qualquer outra coisa ou pessoa sem se dar a conhecer. A lenda encerra um mito que é um prato cheio para os psicólogos, especialmente para os que têm formação psicanalítica e melhor ainda para os que se dedicam à Psicanálise na linha de Jacques Lacan. Vejam, uma mulher dá à luz uma criança concebida do diabo. O psicanalista vai se fixar na questão da paternidade e na proibição de dizer o Nome do Pai. Prezado leitor, esse assunto é mais do que familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente instituiu o Conselho Tutelar, entre outras coisas, exatamente para zelar pelas crianças que não podem dizer o Nome do Pai. Os psicanalistas chamam isso de “foraclusão do nome‐do‐
pai”. Que significa esse nome feio? Que a criança tem tudo para ser psicótica porque ignora a Lei, não tem limites. Pessoa sem limites determina a própria lei e desconhece os princípios básicos de sociabilidade. Não conhecem a dor nem a culpa, são inimputáveis, ou seja, irresponsáveis. A mãe de Merlin livra‐o desse destino cuidando imediatamente de batizar o filho. Isso significa que ele terá um pai herdado pelo batismo. O nome do pai real não pode ser dito, mas ele ciente de sua condição tem poder de livrar a mãe da condenação pela Lei. Merlin aponta dois tipos de lobisomem, aquele que nasce filho do diabo e aquele que não sabe quem é o pai verdadeiro e vive acreditando que tem um pai falso. Nessa interpretação, o pior lobisomem é o segundo. Ele cria julgadores que agem em nome de uma lei injusta e se tornam acobertados em seus julgamentos por essa Lei. Como sociólogo, interpreto que essa é a característica daqueles que crêem que a ideologia é a verdade. Um exemplo o senhor insiste para seu escravo que ele tem todo o direito – de vida ou de morte, de obediência cega – cabendo ao escravo todos os deveres. Se o escravo aceita essa condição, ele tem um pai falso e aceita que é verdadeiro. Vamos agora ao Lobisomem do nosso folclore. Em Gouveia havia a crença, de que algumas pessoas se transformavam em lobisomem. Saíam pelas ruas, altas horas, de preferência em noites de lua cheia, tinham fisionomia de porcos, às vezes, uivavam. Ninguém ousava abrir as 93 janelas das casas para se deparar com esses estranhos homens‐animais ou homens animalizados. De outro lado, se todo mundo evitava o lobisomem, coitado daquele que fosse identificado e apontado como tal. Contudo, os pais podiam evitar que algum filho viesse a se tornar lobisomem na vida adulta. O cuidado estava em saber batizá‐los. Entro agora no banho de cultura que recebi em Gouveia nos dias 9 e 10 de março. Fui visitar Mariinha e Jésus de Juca de Celina, como é meu costume. Perguntei ao Jésus quantos filhos teve seu Juca e qual a ordem que ele ocupava. A conversa não era bem essa, mas veio ao acaso. Ele disse ser o sétimo filho e por isso foi batizado pelo seu irmão Antônio – Cabo Gouveia como era conhecido – por sua irmã Sinhá de Louro Pereira e representado pelo outro irmão José Maria. Sabe, prezado leitor, o que significa todo esse cuidado do velho sacristão? Preservar o filho mais novo de se desviar da Lei. Tendo três padrinhos que cuidariam de zelar pelo Nome do Pai, a criança jamais se tornaria lobisomem. Com efeito, o grande risco para famílias numerosas é o de o pai, ao envelhecer, não exercer mais a autoridade paterna sobre os filhos mais novos. O padrinho tem que ser escolhido dentro da família. Ele saberá zelar pela Lei, garantir responsabilidade. É por isso que Jésus ficou livre de se tornar lobisomem. Hoje, aos 84 anos, saudável, alegre, disposto e feliz, ao lado de sua Mariinha, amado pelos filhos e amigos é um pai exemplar. Por precaução, gerou apenas 5 filhos, todos solidários. Há mais, o folclore nos ensina algo muito importante e quero deixar isso como mensagem para os programas de saúde mental de Gouveia. É muito pouco confiar nos Conselhos Tutelares, nos Juizados da Criança e do Adolescente, nas Delegacias especializadas nisso ou naquilo. É muito pouco. O lobisomem é aquela pessoa que não reconhece os laços que lhe impõem responsabilidade. Pessoas nessas condições podem assumir qualquer identidade. Pairando além do bem e do mal. Agora, os caçadores de lobisomem são outro tanto lobisomens que escondem a identidade que desconhecem. Como não sabem dizer o Nome do Pai, correm em busca de outros e se livram da culpa original, terem nascido sem poder pronunciar o nome do pai. Para não confundir meu leitor, quero sublinhar que o que se chamava até recentemente de “filho natural” não caracteriza, nem determina a condição de lobisomem, a não ser numa sociedade altamente intolerante e desumana. É a falta de responsabilidade dos pais para com o filho que gera o sentimento de desobediência aos princípios morais que regem a convivência saudável. Esse Pai não recai apenas sobre o pai da casa – o provedor ‐, mas, sobre os professores, sacerdotes, diretores de empresa, chefes de trabalho e colegas. Quando todos esses encarregados de zelar pelo reconhecimento do Nome do Pai falham aí aparece o pior dos pais, o repressor, a polícia. Eu tenho insistido em nossas escolas aqui em Belo Horizonte. “Por favor, senhores professores, não permitam que a polícia ocupe o lugar do educador. A educação policial é a pior de todas. É a repressão total”. É a fogueira pressentida pela mãe de Merlin e da qual o filho a livrou ao dizer que ele sabia muito bem o 94 nome de seu pai. Afinal ele havia sido batizado e não precisava de se envergonhar de suas origens, antes diabólicas. Para finalizar, eis mais um caso que sintetiza toda a proposta: Uma diretora de escola havia assumido junto à comunidade escolar, quando de sua eleição, responsabilizar‐se com os pais por toda e qualquer querela entre alunos, e ouvir, em primeiro lugar, os responsáveis pelos adolescentes. Pois bem, certo dia, dois adolescentes encontraram‐se em conflito. Um jurou vingar‐se. No dia seguinte, o adolescente ressentido com a ofensa praticada pelo colega, levou para o recinto da escola uma faca. Na hora do recreio, o que se sentiu ofendido sacou da faca e feriu na coxa o colega. Sangue. A diretora estava ausente, convocada que fora pela superintendência A B ou C da Capital – não importa ‐. A vice‐diretora que não havia se comprometido com as diretrizes de gestão escolar, imediatamente, convocou a polícia, antes de informar os pais da dupla contenciosa. Quando do retorno da diretora, no dia seguinte, os pais foram chamados à escola. Cada um se responsabilizou pelos conflitos e orientou os filhos enfatizando a necessidade do diálogo. Porém como a ocorrência policial foi ter ao Juizado da Infância e da Juventude, a ação se protela até hoje, meses após a ocorrência. Conversando sobre assuntos como estes, um dos redatores deste Relatório comentou com diretoras de escolas estaduais de cidades do interior. “Imaginem. A escola é a única barreira que se forma entre a família e os aparelhos repressivos do Estado. Os aparelhos repressivos querem punir. Decretam falta grave. A escola forma a barreira, mas, quando o atacante corre e chuta, a barreira se abaixa e tudo fica a cargo do goleiro. É possível?” 95 Referências Bibliográficas Aires da Mata Machado Filho. Curso de Folclore. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1951. Amartya Sen. A ideia de Justiça. São Paulo: Cia das Letras, 2011 Amartya Sen. Desenvolvimento como Liberdade.São Paulo: Cia das Letras, 2000. Angélica de Rezende Garcia. 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