O Kit de Sobrevivência da Mulher Positivo

Transcrição

O Kit de Sobrevivência da Mulher Positivo
O Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva foi produzido para e por mulheres vivendo com
HIV/SIDA. As mulheres positivas em todo o mundo buscam força uma da outra e o Kit de
Sobrevivência faz parte deste processo. Por isso utilize-o, partilhe-o e inspire-se nele.
“A maioria das mulheres contraem o vírus em casa,
não na rua: é nas suas próprias camas”.
Giovanna, Perú
“A ignorância gera medo, o medo gera intolerância,
a intolerância gera ódio. Se essa minha humilde
reclamação ajudar a quebrar este cíclo vicioso, então
é a única coisa que posso fazer”.
Doreen, Canada
“Será que sou um número ou estatística? Sou uma
pessoa, uma mulher vivendo com HIV”.
Bridgette, Zâmbia
A comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV/SIDA (ICW)
"Support for this communication is provided by the Global Bureau of Health, U.S. Agency
for International Development (USAID), under the terms of the CORE Initiative Award
No. GPH-A-00-03-00001-00.The CORE Initiative is a USAID-funded global program whose
mission is to support an inspired, effective and inclusive response to the causes and
consequences of HIV/AIDS by strengthening the capacity of community and faith-based
groups worldwide. Leading this initiative is CARE International in partnership with the
World Council of Churches (WCC), International Center for Research on Women (ICRW),
International HIV/AIDS Alliance, and the Johns Hopkins Bloomberg School of Public
Health, Center for Communication Programs (CCP). The opinions expressed herein are
those of the author(s) and do not necessarily reflect the views of the U.S. Agency for
International Development."
O Kit de
Sobrevivência da
Mulher Positivo
Este Kit é dedicado a todas mulheres HIV positivo em todo mundo.
Cada uma de nós é um ser humano especial.
Cada uma de nós merece ser tratada com respeito e dignidade.
Produzido por
ICW
O Kit de Sobrevivência
da Mulher Positiva
Índice
Introduzindo o Kit de Sobrevivência
Introduzindo a ICW
ICW 12 afirmações
1. Lidando com um diagnóstico de HIV Positivo
2. Revelação
3.Vivendo saudável
4. Gravidez, nascimento e amamentação
5. Comunicando com as nossas Crianças
6. Livros de Memórias
7. Relacionamentos
8. Sexo e sexualidade
9. Dor e perda
10.Trabalho de sexo/venda do sexo
11. Mulheres na prisão
12. Mulheres jovens
13. Mulheres positivas: mudando e ligando-se
Direitos humanos e HIV
Fontes, Agradecimentos e Reconhecimentos
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
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3
5
9
9
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46
Folhas de factos
1. HIV/SIDA e sua Transmissão
2. Dicas para se comer bem
3. Reduzindo a transmissão
vertical de HIV
4. Grupos de auto ajuda
5. Uso de drogas e redução de
danos
6. Preservativos
7. Candidíase
8. Doenças de Transmissão
Sexual (DTS”s)
9. Direitos humanos e HIV
10. Recursos
Ficha de membro de ICW
Ficha de avaliação
O Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
foi feito com base nas experiências
comuns das mulheres vivendo com HIV
no Mundo. Contudo, isto não significa que
somos iguais.Temos opiniões e formas
diferentes de encarar a vida, o trabalho,
o relacionamento, a religião, a política e
o HIV/SIDA. E este Kit reflecte isso.
A informação constante neste kit é apenas
um recurso de formação, e por isso, não
diz que a ICW aprova qualquer dos
tratamentos ou terapias aqui descritas.
1
Comunidade Internacional
Introduzindo
o Kit de Sobrevivência
de
da Mulher Positiva
lá, Shalom, Jambo, Dziem Dobry,
Sawat-Dii, Guten Tag, Hey, Komichi
Wa, Namaste, Sat Sri Akai,
Chemchor, Yasas, Salaam Alikhom, ZdrastViytye, Hola, Bonjour, Makadii: Benvindo ao
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
O
Pode ler o Kit no seu todo ou escolher apenas
as partes ou secções que são do seu interesse.
A primeira parte do Kit focaliza a sua atenção às
vozes das mulheres positivas. A segunda
parte consiste nas Folhas de Factos que dão
mais informações sobre assuntos específicos.
Está convidada a adiccional as suas notas ao Kit.
O que é ICW?
palavra ICW significa, Comunidade
• AInternacional
de Mulheres Vivendo com
•
Partilhando informações além fronteiras
O Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva foi
concebido e produzido por e para as mulheres
vivendo com HIV e SIDA. Nós envolvemos
mulheres positivas de todas as partes do
mundo no processo de criação deste Kit.
Muitas destas mulheres vêm vivendo com HIV
e SIDA ha muitos anos, e por isso, achamos
que têm muita coisa a partilhar com outras
mulheres.
Este Kit está mais dirigido para as mulheres
nos países com poucos recursos, por isso,
achamos melhor não focalizar atenção aos
tratamentos porque não são abrangentes a
muitas pessoas (mulheres) destes países.
‘Conhecendo
outras mulheres
e partilhando
nossas
experiências
dá-nos a ideia de
pertença – que
não estamos
sozinhos’.
Maria, diagnosticada
em 1987, Uganda
‘Muito obrigada por ter me aceite como
membro da ICW. Partilhei todas as
informações, artigos educacionais e panfletos
com outras amigas minhas. Nós queremos
fundar uma associação para mulheres.Temos
muito medo da discriminação, do estigma e
isolamento nas nossas comunidades, mas
estamos suficientemente fortes para enfrentar
os problemas. Pode dar-nos a experiência
de outros grupos similares?‘
O kit de Sobrevivência da mulher
positiva é parte de um processo
contínuo. Os folhas de factos inclusos
são apenas um começo. No futuro
queremos incluir mais folhas de factos
sobre assuntos de interesse para a
mulher positiva, tais como as infecções
oportunistas,TB, como lidar com
diarreias e muito mais. Contudo,
preencha a ficha de avaliação anexa e
dê-nos feedback sobre assuntos que
gostaria de ver incluídos.
Esperamos que o Kit lhe ajude a adquirir a
força necessária para começar a fazer as suas
próprias perguntas. Nós, as mulheres positivas
em todo mundo, buscamos esforços e inspiração
em cada uma de nós. E o Kit de Sobrevivência
da Mulher Positiva faz parte deste processo.
Esperamos que o kit lhe encoraje e lhe ajude
a levar uma vida alegre e saudável.
Mulheres Vivendo com
HIV/SIDA (ICW)
•
HIV/SIDA;
É uma rede internacional dirigida por
mulheres HIV positivas para mulheres HIV
positivas.
Qualquer mulher vivendo com HIV/SIDA
pode torna-se membro
A ICW foi fundada em Amsterdão em 1992 em
resposta à falta de informações e apoio para
as mulheres HIV positivas em todo mundo. O
nosso objectivo é melhorar a situação das
mulheres vivendo com HIV através de concessão
de poderes e informações correctas e acessíveis.
‘A minha vida mudou a partir do momento
em que eu fui à reunião. O impacto de
encontrar outras mulheres seropositivas que
não estavam a permitir que o virus governasse
as suas vidas e que acreditavam que nós
poderiamos trabalhar nos nossos próprios
países e ligarmo-nos em rede com outras
mulheres seropositivas e quebrar o isolamento’.
ICW:
Chega ao alcance de todas as mulheres
seropositivas de todo mundo;
Une todas mulheres HIV positivas em volta
das questões que afectam a todas nós,
Assegura que todas as mulheres de HIV positivo
sejam visíveis e que as suas vozes sejam ouvidas;
Actua como um recurso de informação
Desafia a discriminação, o estigma e abusos
dos direitos das mulheres HIV positivas;
Encoraja auto suficiência e autoridade.
•
•
•
•
•
•
‘Recebendo apoio das outras, pensando
positivamente e estando astuta, faz-me
continuar a pensar em frente’.
Scovia, diagnosticada em 1990
‘Será que pareço número ou estatística? Sou
uma pessoa, uma mulher vivendo com HIV‘.
Bridgette, HIV positiva, Zâmbia
Linda Reed, diagnosticada em 1988, Eire
Mulheres HIV
positivo em todo
o mundo estão
activamente
envolvidas em
todas as actividades
da ICW ou todos
os trabalhos da
ICW.
Junta-te nós!
A filiação na ICW
das mulheres
positivas de HIV é
grátis. Preenche a
ficha de membro
e envia para os
nossos escritórios
em Londres.
Partilhe o Kit com outras mulheres.
Inspire-se nele.
Uma mulher HIV positiva, Etiópia
Se não perceber algo que esteja a ler, tenha a
coragem e pergunte outras pessoas. Não
existe tal coisa como “uma pergunta absurda/
boba/ridicula. Cada um de nós aprende a fazer
perguntas e ninguém conhece todas as respostas.
2
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Conferência Mundial de SIDA, Amsterdão, 1992
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
3
Obtendo mais
informação
ICW 12 Afirmações
Se queres mais
informação local ou
se pretendes-te
envolver no trabalho
da ICW, por favor
contacte com o teu
“contacto chave”
regional.
Para melhorar a situação das mulheres vivendo com HIV/SIDA em todo mundo:
1. QUEREMOS encorajamento e apoio para o desenvolvimento de grupos de auto-ajuda
Uma lista dos
actuais “contactos
chave” ICW está
disponivel a partir
do escritório ICW
em Londres.
e estabelecimento de uma rede;
2. QUEREMOS que os media nos retratem de forma realística e não nos estigmatizem;
3. QUEREMOS cuidados médicos acessíveis e suportáveis (convencionais e
complementares) e pesquisa sobre como o vírus de HIV afecta as mulheres;
Algumas
organizaçoes de
ajuda regionais e
internacionais
estão alistadas na
folha de factos
4. QUEREMOS financiamento para serviços de diminuição do nosso isolamento e que vão ao
encontro das nossas necessidades.Todos fundos a nós alocados devem ser supervisionados
de modo a garantir que chegam aos beneficiários, que somos nós;
5. QUEREMOS o direito de ser respeitados e apoiados nas nossas escolhas sobre a
reprodução. Isto inclui o direito de ter ou não ter filhos;
12 Afirmações
6. QUEREMOS o reconhecimento do direito das nossas crianças e órfãos de receberem
cuidados e o da importância de sermos seus pais;
Contactos Chaves na Cidade do Cabo em 1995: Cladia, Dorthy, Daniela, Bev, Winnie (falecido), Esme (falecido), Linda,Yolanda e Jeanne.
ICW:
Trabalha com 15 contactos chave, mulheres
de HIV positivo cuja tarefa é organizar e
fazer network (estabelecer redes) nas suas
regiões. Estas regiões são: África, Ásia e o
Pacífico, Europa, América Latina e as
Caraíbas, e América do Norte.
Facilita a troca de informações ao nível
internacional através do seu boletim
informativo, ICW news;
Organiza reuniões internacionais para as
mulheres de HIV positivo;
Apoia as mulheres HIVpositivo a formar
grupos de auto-ajuda;
Facilita seu Serviço Internacional de Oradores
que facilita oradores especialistas seropositivas
(HIV positivas) para conferências e para os
órgãos de informação (media)
Advoga a participação de mulheres HIV
positivas no desenvolvimento de serviços,
pesquisa e elaboração de políticas.
•
•
•
•
•
•
4
‘Não há palavras para descrever, o poder (a
força) de trazer juntas mulheres de HIV
positivas. Quando conheci outras mulheres
enfrentando o mesmo problema que eu,
apercebi-me que não estava sozinha’.
Antigone Hodgins, diagnosticada em 1990, EUA.
‘Durante o verão de 1992 uma conferência
internacional sobre SIDA teve lugar em
Amsterdão e uma noite com fim da
cobertura da conferência uma coisa milagrosa aconteceu. No ecrã vi um grupo de
mulheres vivendo com HIV, paradas de
fronte ao mundo, reclamando a sua existência
e que iam fazer alguma coisa acerca da
invisibilidade das mulheres no cenário da
epidemia de HIV. Eram as mulheres
fundadoras da ICW. Queria entrar no
televisor e tocar nelas’.
7. QUEREMOS educação e formação pelos agentes de saúde e pela comunidade sobre
os riscos das mulheres positivas e as nossas necessidades. Queremos ter à disposição todas
as informações actualizadas relacionadas às questões das mulheres vivendo com
HIV/SIDA.
8. QUEREMOS o reconhecimento dos direitos humanos fundamentais de todas as
mulheres vivendo com HIV/SIDA, com especial destaque para as mulheres nas prisões,
utilizadoras de drogas e trabalhadoras de sexo. Estes direitos fundamentais devem incluir
o direito à casa, emprego e direito de viajar sem restrições;
9. QUEREMOS pesquisa sobre a ‘infectabilidade’ feminina, incluindo a transmissão de mulher
para mulher, reconhecimento e apoio às lésbicas vivendo com HIV/SIDA.
10. QUEREMOS o poder de tomada de decisões e de consulta em todos os níveis sobre
políticas e programas que nos dizem respeito;
11. QUEREMOS e exigimos apoio económico às mulheres vivendo com HIV/SIDA nos países
em desenvolvimento de modo a permitir que sejam auto-suficientes e independentes;
12. QUEREMOS que quaisquer definições de SIDA incluam os sintomas e manifestações clínicas
típicas para mulheres.
‘Estas 12 afirmações foram acordadas no primeiro encontro
da ICW em Amsterdão em 1992. Foi a primeira vez que as
mulheres de HIV positivo se juntaram e exprimiram as suas
necessidades. Foram a base da criação da ICW’.
Martina Clark, diagnosticada em 1992, EUA.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Jo Manchester, membro fundador.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
5
1
Lidando com um
diagnóstico de HIV Positivo
Descobri que sou seropositivo.
O que é que isto significa?
“Hoje estou aqui
porque antes
recebi o apoio
das outras.
Quando foi
diagnosticada,
pensava que
já não tinha
possibilidades, mas
a Acção Humana
ajudou-me
acreditar na vida.”
Marieth dos Santos
Angola
A palavra HIV significa Vírus de Imunodeficiência
Humano. Ser seropositivo significa que está
infectado pelo vírus. O seu corpo reage
produzindo anticorpos de HIV. Os anticorpos
desenvolvem-se no sangue quando o organismo
luta contra os vírus como o HIV. Estes anticorpos
podem ser detectados através do teste de
sangue. Se o teste mostrar que o seu sangue
contém anticorpos de HIV, então você está
infectado pelo HIV, isto é, você é seropositiva.
Ruby, HIV positiva, Bangladesh
‘Quando o médico deu-me essa informação
fiquei tão chocada que eu queria acabar
com minha vida’.
Diana, seropositiva, Malasia
‘Obviamente eu não era gay. Nunca tinha
sido passadora de drogas injectáveis nem
nunca tinha tido transfusão de sangue. O
que fiquei a saber foi que, envolvendo-me
numa relação desprotegida com um amigo
da minha vida adulta, tornei-me seropositiva
com 50 anos de idade’.
Até que fossemos capazes de saber mais do
HIV/SIDA, muitas de nós estávamos demasiados
amediontadas até mesmo para deixar que
alguém nos tocasse ou falarse acerca disso.
‘Honestamente falando, não sei até hoje,
como me senti naquele tempo. Todos os
meus sentidos gelaram, sobretudo o tacto,
porque não guardava dor, rancor, lágrimas,
nada. Estava entorpecida. Ainda pensei que
não era verdade’.
Petudzai, diagnosticada em 1992, Zimbabwe
‘Tornei-me dependente de drogas aos 17
anos. Dois anos depois de ter deixado o vício,
relaxei e pensei em começar uma nova vida.
Mas depois tive o diagnóstico. Foi um choque’.
Oom, HIV positivo,Tailândia
Jane Pecinovsky, 63 anos de idade,
HIV positivo, EUA
Patricia, Argentina; Giovana. Peru
Nem todas descobrimos que éramos HIV
positivas voluntariamente. É muito provável
que tenhamos sido testadas sem o nosso
conhecimento ou contra as nossas vontades.
O nosso estatuto de portadas de HIV foi
revelado a outras pessoas de forma maligna
ou descuidada.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Mesmo se estás doente agora, não significa
que ficarás para sempre. Algumas de nós já
estivemos muito doentes, mas recuperamos
a nossa saúde. Uma vez sabendo que és
seropositiva, há muitas formas de melhorar a tua
saúde e sentires-te mais em controle da tua vida.
‘A primeira vez que conheci o meu marido
parecia não haver nada a intervir na nossa
vida. Agora a SIDA está nas nossas cabeças.
Temos planos, mas depois penso, ‘oh Deus
para que fazemos isto? E ele te dirá, não
podes pensar assim. Pensa no futuro’.
Pat, HIV positiva, Uganda
Liza Henrique, diagnosticada em 1993, Filipinas
O vírus do HIV aloja-se no sangue, no leite
do peito, sémen ou fluídos vaginais e no
sangue de menstruação. Durante o acto
sexual desprotegido, o HIV pode passar do
sangue, sémen ou fluidos vaginais da pessoa
infectada directamente para o sangue,
membranas mucosas da vagina, pénis ou anus
da outra pessoa. Também pode-se infectar
através da transfusão de sangue infectado ou
instrumentos injectáveis e contaminados ou
outros instrumentos cortantes. Também pode
passar de mãe para o filho durante a gravidez,
o parto ou o aleitamento.
É muito sufocante e amedrontador saber que
se é HIV positivo. É muito difícil para muitas
de nós acreditar logo à primeira, sobretudo
quando nos sentimos muito saudáveis à altura do
diagnóstico. Algumas mulheres aperceberam-se
do seu estado de seropositividade muito tempo
depois de terem deixado de se injectar drogas.
Nós outras fomos informadas enquanto
ainda tomávamos drogas. Noutros casos só
descobrimos da seropositividade de alguém
depois da sua morte. Outras descobriram que
eram de HIV positivos quando começaram a
doecer. Algumas vezes as nossas crianças
começaram a ficar doentes ao mesmo tempo
que os pais.
6
‘Fui testada seropositiva
em 1993 quando o meu
marido morreu. Com
um choque tremendo,
senti também uma coisa
à mistura com os meus
sentimentos incluindo
a vergonha e embaraço.
Chorei muito nesse tempo. Pensei que estava
a morrer’.
‘Cerca de seis meses depois de um acidente
vim a tornar-me muito doente. Fui internada
num outro hospital onde fui testada o
sangue. Agora sei que o teste foi positivo
mas ninguém se dignou a informar-me na
altura. Tive alta e disseram-me que tudo
estava bem. Mas depois de 3 dias a polícia
apareceu em casa da minha família à meio
da noite e fui detida. A polícia deu a minha
foto e fez uma declaração a um jornal local.
No dia seguinte uma multidão estava em
redor da prisão’.
Capitulo I
Se sou HIV positivo, significa que
tenho SIDA?
Ser HIV positive não significa automaticamente
ter SIDA. A palavra SIDA significa Síndroma de
Imunodeficiência Adquirida. Usa-se para designar
um conjunto de infecções e doenças que
incluem perda de peso, infecções de fungos,
diarreias, pneumonia e certos cancros. Se o
teu sistema imunológico for enfraquecido pelo
HIV, estas condições de saúde desenvolvem.
O período entre a infecção do vírus e o
aparecimento dos primeiros sintomas pode
variar consideravelmente. Poderá levar qualquer
tempo, desde poucos meses até mais de 15 anos.
Em alguns países ricos há drogas que ajudam a
prolongar a vida das pessoas por mais tempo.
Infelizmente essas drogas não estão disponíveis
para todos em todo mundo. Mesmo nos
países ricos como os EUA, não são todos
que têm acesso a eles para além de que nem
sempre dão os efeitos desejados para todos.
E para alguns, provocam efeitos colaterais não
desejáveis.
‘Através do
envolvimento no
projecto as
pessoas, incluindo
a mim, mesma,
esquecíamos
que estávamos
infectados e
sentiamo-nos
alegres’.
Agnes, diagnosticada
em 1990, Uganda
7
Conhecendo
um ao outro
Revelação 2
estar assolado pelo diagnóstico, tente começar
a viver uma nova vida, a vida com o HIV.
‘Quando tomei os inibidores `protease`, a
soma das minhas células-T subiu e a
quantidade da carga viral começou a
baixar, e comecei a sentir-me melhor do
que como me sentia antes’.
Nora , diagnosticada em 1987, EUA.
‘Tento ser brava
e paro com os
meus dois pés,
mas às vezes
não aguento, e
aí, penso em
cometer suicídio.
O meu chefe
aconselhou-me a
não chorar.
Disse-me que há
muita gente
como eu e que
enfrentam este
problema com
bravura. Não
acreditei nele.
‘Para mim a qualidade de vida é a coisa
número 1. Neste momento não quero lidar
com os efeitos colaterais. Olho para as amigas
e outros que estão nesses regimes e vejo
eles a passar por muitas mudanças. Oiço
os vómitos, vejo a fadiga, ouço quando
falam de depressão, náuseas, alto nível de
colesterol, diabetes, altos níveis de “triglycerides, lipodystrophy”’.
Nilda Rodriguez, diagnosticada em 1986, EUA
Por vezes há muitos factores que jogam um
papel na evolução do SIDA, como é a falta de
uma alimentação boa e adequada e ou sofrer de
alto nível de stress.
‘Hoje o vírus e eu tivemos que viver juntos
em pé de igualdade. Todos nós temos de
lutar pela vida. Mas um de nós tem uma
montanha muito alta para galgar’.
Idar Lorenz Lopez, diagnosticada em 1990, Brasil
As vezes o pânico regressa, sobretudo quando
nos sentimos doentes ou isolados. Se for o
caso, procure alguém mais seguro com quem
conversar.
‘Ouvi do meu estado de seropositivo, queria
suicidar-me para poupar a minha família de
se preocupar com a minha saúde. Mas
pensei, eles ficariam mais magoados. Afinal
de contas porque morrer tão cedo? Gostava
de viver muito mais tempo. Estou satisfeita,
por estar aqui. O vírus do HIV faz parte de
mim e mesmo que as vezes não seja
agradável viver com ele, a vida continua
maravilhosa.
Isabelle Defeu, HIV positiva, Bélgica
Depois o meu
chefe encorajou-me a vir para
esta conferência.
Vi tanta gente
como eu, a rir, a
sorrir vivendo
bem e trabalhando
juntos.
Costumava
pensar que era a
única pessoa
sofrendo com
HIV. Agora estou
muito inspirada.
Quero assegurar
que o que aconteceu comigo
não volte a
acontecer com
uma outra
pessoa de novo.
Ruby HIV positiva,Bangladesh
8
Mas há alguns passos que podemos dar para
melhorar a nossa saúde e consequentemente
viver bem.
‘Colocou a minha família e os meus amigos
juntos de novo e mostrou-me ao mesmo
tempo a força interna que o meu marido tem’.
Se sentir-se só e isolada, lembre-se que não está
sozinha, há milhares e milhares de mulheres
que passaram e passam pelas mesmas situações.
Qualquer pessoa que receba um diagnóstico
positivo enfrenta dificuldades em decidir se
anuncia ou não às pessoas sobre o seu estado
de seropositivo.
Tomando decisões sobre o anúncio
Leva o seu tempo a conformar-se com um
diagnóstico de HIV. Não corras para anunciar
as pessoas. Podes não dizer nada a ninguém
no início até que encontres alguém de confiança.
Podes anunciar só a pessoas mais próximas e
da tua confiança. Mesmo se tiveres vontade e
pressa de contar a alguém, é boa ideia esperares
um pouco e pensares pouco nas possíveis
consequências que daí poderão advir. Algumas
pessoas HIV positivas estão completamente mais
abertas sobre o seu estado de seropositividade.
Em qualquer das situações é aconselhável tomares
precauções e seres cautelosa.
‘Logo depois do diagnóstico, corri para
anunciar as pessoas. Disse à uma pessoa
errada. Quando ficou bêbado, contou a sua
namorada, e esta a outras pessoas’.
Uma positiva de HIV
Lynde, Beatrice, Martine
Uma mulher seropositiva
Será que os meus sentimentos
vão mudar?
As pessoas ao receberem o seu diagnóstico
reagem de maneiras diferentes. Contudo ss
mulheres que foram diagnosticadas algum
tempo atrás, recordam ter passado por uma
gama de situações de sentimentos tais como
vergonha, raiva, culpa, medo, tristeza e
depressão. No início as suas emoções são
muito intensas. Mas, a você aconselhamos não
criar em pânico, com tempo poderá gerir
razoavelmente essas emoções. Em vez de
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Infelizmente para muitas mulheres HIV positivas,
a decisão de informar ou não o seu estado
seropositivo, não cabe a elas. Qualquer
desvendamento involuntário é uma brecha
para a confidencialidade.
‘A razão da divulgação do meu estado de
seropositividade foi pelo facto de se saber
que o público já sabia. Não podia continuar
a esconder um secredo que já era público’.
Ser HIV positivo não afecta em nada o facto
de ser um ser humano. HIV é um vírus e mais
nada. Infelizmente existe ainda uma gama de
pessoas ignorantes e prejudiciais que continuam
a julgar-nos por sermos HIV positivos. A ICW
não só distancia-se destas atitudes, mas também
está contra qualquer tipo de discriminação
ou estigma de pessoas positivas e está disposta
a desafiar comportamentos desta natureza a
todo custo e de qualquer modo, em qualquer
parte onde quer que eles existam.
‘Recordo-me da altura em que descobri que
era seropositiva. Não fiz nada de estranho
nem de errado, todos fazem sexo – porque é
que a minha família ou amigos podiam
julgar-me? O ser seropositivo não é
consequência de comportar-se mal, é apenas
um vírus que faz-me adoecer. Podia ter tido
um acidente de viação, um cancro ou outra
coisa, mas o meu destino deu a mim este
vírus. Terei que viver com ele.
Isabelle Defeu, seropositiva, Bélgica
Confiar em alguns amigos chegados e parentes
que podem nos dar conforto e partilhar os
nossos sentimentos ajuda a diminuir o nosso
isolamento. Para muitos de nós conhecer outras
mulheres seropositivas foi muito importante.
Podíamos confiar e compreendermo-nos umas
a outra. Podíamos partilhar informações e
experiências. Em alguns países existem
organizações que podem providenciar apoio
confidencial às mulheres diagnosticadas com HIV.
Soube que era HIV
positiva no dia 14
de Janeiro de
1998, quando o
seu marido esteve
doente e foi lhe
diagnosticado HIV
positivo que veio a
falecer. Pensou que
só tinha apenas 3
meses de vida. Foi
lhe recomendado
no hospital para
se juntar a uma
organização de
pessoas vivendo
com HIV que è o
Kindlhimuka. O
seu pensamento
mudou para o
positivo, tem novos
planos pois sabe
que vai viver mais
tempo e vai pode
ver o crescimento
da sua neta que
actualmente tem
4 anos.
Irene Vasco Cossa
Moçambique
Falecida Elsabeth Ofwono, seropositiva, Uganda
Colette Moussa, HIV positiva,
ensinando enfermeiras sobre SIDA
República Centro Africana
Capitulo 2
9
Os ex-parceiros sexuais
Pode torna-se muito difícil anunciar para os
nossos ex-parceiros sexuais acerca do nosso
estado de HIV positivo. Dependerá do tipo
de relação que manteve no passado e mantém
no presente momento. Tem conhecimento
sobre o HIV e da testagem do HIV? Também
depende daquilo que tu quiseres que um teu
ex-parceiro sabia acerca de ti. Quererão eles
ouvir aquilo que aconteceu contigo? Falar
com outras senhoras seropositivas sobre como
elas queriam ou lidaram com a situação de dizer
aos seus parceiros, poderá ajudar-te a fazer a
melhor opção.
Dicas
Para ajudar a decidir com quem você pode
partilhar as informações do seu estado de
HIV positivo, pense ou faça uma lista de
prováveis pessoas a informar.
“Estar juntos
com as outras e
uma terapia.”
Marieth dos Santos:
Angola
‘No princípio
informei apenas
ao meu pai que
fez muita
pesquisa, e
descobriu que
ainda podia viver
mais tempo.
Fiquei tão
apreensiva
porque pensei
que estava
morrendo’.
Liza Enriques,
seropositiva,
Filipinas
10
Por exemplo:
Mãe ou pai;
Parceiro;
As suas crianças;
Amigos chegados
Colegas do serviço
Conselheiros religiosos ou espirituais;
Pessoas da sua igreja
Grupos de apoio ou organização de SIDA;
Organizações políticas;
Colegas de escola;
Professores.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
‘Tentei colocar-lhe na escola mas as autoridades
da mesma mandaram-lhe embora quando
souberam que a sua mãe era HIV positiva’.
Selvi, HIV positiva, trabalhadora comercial de sexo, India
Se vai dizer alguém o seu estado, ensaie
primeiro como vai quebrar a notícia. Que vai
dizer exactamente? Tente imaginar que tipo de
reacções vão ter as pessoas depois do anúncio.
‘Ainda não disse a minha mãe porque
estou longe dela e não gostaria de dizê-la
ao telefone. Ela acabou de perder a sua
mãe e irmã por cancro. Disse à alguns amigos
primeiro, e eles não estavam preparados
para ouvir esta notícia e mesmo assim tive
que dar um apoio. Quanto à minha mãe,
penso que devo estar ao lado dela e não
enviar-lhe uma bomba’.
Ale, diagnosticada em 1998, Argentina
Às vezes, há coisas da nossa vida e maneira
de ser que, fora do HIV, outras pessoas têm
dificuldade em aceitar.
‘Penso que quando as mulheres com HIV
positivo tomam conhecimento de que eu
sou lésbica elas afastam-se, mas depois
aprendem a aceitar-me. Não faz sentido
para muitos, mas lésbicas em África é uma
realidade’.
Uma mulher seropositiva, África
Pense nas vantagens ou desvantagens de
desvendar o seu estado de HIV positiva para
cada uma das pessoas ou grupo.
seriam as consequências se o seu
• Quais
estado de seropositivo fosse conhecido
publicamente?
o apoio dos membros
• Teria
comunidade e dos seus amigos?
da sua
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Juliet de Uganda
Foi difícil prever como os nossos familiares,
amigos e a comunidade em geral iriam reagir
ao anúncio do diagnóstico de HIV. Alguns deram
muito apoio, e outros pura e simplesmente
rejeitaram-nos ou abusaram-nos. Com o
tempo, alguns mudaram de ideia e prestam-nos
apoio quando superam o choque inicial. Só
que as vezes, acontece o contrário. Nós é que
temos que dar apoio pelo choque e pela
angústia pelos quais passam os nossos familiares
ou amigos quando sabem do nosso estado
de seropositivas.
Ninguém pode pretender insinuar que divulgar
o segredo é uma coisa fácil. Mas também não
há regras fixas, faz conforme o teu instinto,
afinal de contas não estás sozinha.
‘Antes de
desvendar para
alguém prepare-se
primeiro. Não
podia sair porque
todos faziam
perguntas. Não
sabia como
responder’.
Auxillia Chimusuro,
a primeira mulher
anunciar publicamente
como seropositiva
no Zimbabwe.
‘Não eram muitas pessoas que sabiam, e
as pessoas que não sabiam e ficaram a
saber mais tarde que eu era seropositiva e
estava grávida ao mesmo tempo, ficaram
um pouco chocados. Temos que preparar as
pessoas quando contamos coisas como
estas. Não podemos só dar a notícia e
deixarmos assim no escuro. Tem que ter
uma rede, e ajudar as pessoas de modo a
terem alguém a quem exprimir os seus
sentimentos.
Cathy, 21, diagnosticada em 1995, Austrália
Isto faz-nos recordar que, para muitos de nós,
a revelação não é uma questão de ‘tudo ou
nada’. Divulgar-se publicamente não é a mesma
coisa que dizer ao amigo mais íntimo, à sua
mãe ou ao seu parceiro. Se tiver que se abrir
pense antes nas repercussões e estabeleça
primeiro uma base de apoio.
Capitulo 2
Daria do Brasil. HIV positiva desde 1986
11
3
Vivendo Saudável
Tomando conta de nós e dos que
amamos
As necessidades da vida
‘Via o mundo em preto e branco. Agora
vejo-o colorido. Desenvolvi minhas habilidades
e aprofundei amizades’.
As mulheres sempre tornam conta dos
outros melhor do que delas próprias. Mas a
sobrevivência depende também da tomada
de conta de si própria. Aprendemos a tomar
conta de nós próprias cuidando dos nossos
corpos, alimentando a nossa mente e mantendo
a nossa saúde emocional e espiritual. A
manutenção e a valorização da nossa saúde é
boa para nossa própria saúde, e a da nossa
família e dos nossos filhos.
Mulher seropositiva, Peru
‘Em Uganda há muitas mulheres vivendo
com HIV que não podem suportar a si
próprias financeiramente. Lutam para ganhar
a vida enquanto vão tendo muitos órfãos
para cuidar. Isto é tão difícil para a classe
de mulheres trabalhadoras. Todas estas
dificulidades significam que as mulheres
poderão ser forçadas/obrigadas a encontrar
um homem que as suporte.
Anna, diagnosticada em 1993, Uganda
Necessidades específicas
Precisamos focalizar a nossa atenção nas
necessidades específicas dos diferentes grupos
de mulheres positivas.Todos somos portadoras
do HIV, mas temos necessidades diferentes.
Membros da ICW em Zimbabwe
“Bem feito,
tomas
medicamentos,
comemos bem e
praticamos sexo
seguro. Atinja os
dois objectivos de
prevenção e da
vida positiva.”
Marieth dos Santos:
Angola
12
‘Não acho fácil tomar conta de mim mesma.
Tenho tendência a edocar necessidades dos
meus filhos e do meu parceiro acima de tudo.
Mas também descobri que posso tomar conta
deles ao mesmo tempo que continuo a fazer
o trabalho que faço para a ICW e para as
mulheres de HIV positivas do meu país.Tenho
que tomar conta de mim mesma primeiro,
porque se eu adoecer serei inútil para todos
eles.
‘Sou uma lésbica e espero que a nossa
saúde e as diferentes questões que
enfrentamos sejam levados em conta. Penso
que deve haver ainda alguma coisa para se
saber sobre a transmissão do HIV de uma
mulher para outra’.
Hazel, seropositiva, EUA
Viv, Giovana, e Leigh
Linda Reed, diagnosticada em 1988, Eire
As mulheres são muitas vezes tratadas como
cidadãs de segunda classe e ensinadas que são
inferiores aos homens.Aprender a valorizarmo-nos é parte do desenvolvimento da nossa
auto-estima e de encontrar a nossa firmeza
como mulheres.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Nòs sabemos que o alimento
nutritivo pode ajudar a manter
os nossos organismos saudáveis
e a dar energia vital. Onde não
há comida nem dinheiro, será
difícil solucionar o problema
das necessidades nutriciarais
básicas. Contudo, não precisa
de comida caprichosa para
fazer uma dieta equilibrada.
‘Vou a cama muito cedo todas as noites.
Quando a minha filha volta da escola
comemos bem. Já tentei tirar o stress da minha
vida. Dou um passeio todas as dias. Não
costuma ser difícil. Stress é única coisa que
te põe doente, HIV cria muito stress. Penso
que tem que se estar bem para conseguir
fazer as coisas’.
Marlene Dias & sua filha Margaretha,
diagnosticadas em 1993, EUA
Claudia a comer
‘Nos países em desenvolvimento a regra de
ouro é `será que os teus antepassados comiam
isto? Se não, então devias evitar`. Deve ser difícil
para as pessoas do ocidente onde houveram
gerações que tiveram todo tipo de comida.
Mas o lema é `coma inteiro, coma natural`’.
Lynde Francis, nutricionista seropositiva, Zimbabwe
‘Muitas pessoas não
acreditam que seja
positiva porque pareço
mais saudável agora do
que como era antes.
Como verduras e agora
como também alho e
Dipuo sente-se bem
gengibre moída.
É importante diminuir de fumar ou beber. É
muito difícil, mas já diminui e gostaria de deixar
de vez. Agora faço exercícios e pratico yoga’.
Dipuo, diagnosticada em 1992, Botswana
É verdade que o riso cura. Alguns estudos já
provaram isso. Ri. Olhe para o lado alegre da
vida e das coisas. Assista crianças a brincar,
por exemplo, e divirta-se.
Mercy a sorir
`Trabalho muito para outras pessoas e os
seus problemas nunca passam. Assim, tenho
que ser rigorosa, com o meu tempo de
repouso. Desligava o telefone dos patrões,
sentia-me culpada, mas agora descobri que
não era só para meu benefício mas também para o bem deles.
Lynde Francis, HIV positiva, Zimbabwe
Exercícios físicos são benéficos e ajudam a
reduzir o stress. Natação, dar voltas, dançar,
ciclismo ou yoga são bons exercícios para
diminuir stress. De facto a passeata e uma
pequena ginástica muscular são excelentes.
Marina do Brazil a
dançar
‘Dançar deixa o teu corpo e a mente
alegres’.
Ale, diagnosticada em 1998, Argentina
V I D E O FAC T S H E E T 2
Dicas para uma boa alimentação
O repouso compensa porque ajuda a combater
o stress. Dentro das suas possibilidades tente tirar
algum tempo de repouso, não é fácil, tanto
mais que se tiver crianças em casa é quase
impossível se estiver a trabalhar. Mas, se houver
oportunidade ao longo do dia, aproveite
descansar quando toda agente estiver calma.
Talvez os seus vizinhos, amigos ou parceiro possam
tomar conta das crianças ocasionalmente.
Capitulo 3
Jo e Wojtek a dançar
13
Martina a relaxar
Não há garantias de sucesso para tratamentos
holísticos, terapias tradicionais ou da medicina
ocidental. Escolhemos os tratamentos e as
abordagens existentes e aquelas que achamos
que são melhores para nós.
‘Tenho mais confiança na medicina
holística/forma de vida do que as drogas
convencionais embora as use. Faz mais sentido
ou convém para mim utilizar a abordagem
holística tanto no viver e na medicina. Somos
mais do que corpos físico e mentais, nós
temos necessidades emocionais e espirituais.
Tenha certeza que não estaria hoje aqui se não
a para meditação e terapias complementares’.
Se vai a um agente da saúde que não conhece,
convém levar um amigo para lhe dar apoio, e
uma lista de perguntas que deseja fazer. Por
exemplo:
Linda Reed, diagnosticada em 1988, Eire
Se já fazes um trabalho físico duro, provavelmente
já praticas muito exercício físico. Nestes casos
tenta encontrar um tempinho para relaxar e
esticar os teus músculos.
‘Quando o meu corpo fica cansado, em vez
de me esforçar, estico-o devagarinho – isso
ajuda-me a reavivar a energia.
A maior parte
das mulheres são
desempregadas ou
tem baixo status
socio-económico.
As vezes quando
alguém não tem
aonde comer,
as mulheres
organizam-se e
confeccionam as
refeições para
esta pessoa
duma forma
rotativa.
‘Porque tem de ser o médico ou o
curandeiro tradicional? – há coisas que
funcionam de ambas as partes, mas não
tens que dizer nada a um acerca do outro.
Se trabalhassem juntos isso beneficiaria os
pacientes.Tive que fazer o equilíbrio sozinha, e
acho que funciona. As ervas neutralizam os
efeitos colaterais das drogas’.
Ale, diagnosticada em 1998, Argentina
Priscilla, diagnosticada em 1994, Zimbabwe
Para muitas mulheres, as abordagens tradicionais,
alternativas e complementares para questões
de saúde e cura são muito importantes para
viver saudável.
Alguns profissionais da saúde têm convicções
e opiniões muito fortes sobre que tipo de
tratamentos se deveria seguir. Lembra-te que
é o teu corpo e a tua vida que está em causa.
É preciso sentires-te confiante em qualquer
decisão que tomes. Procura informar-te e se
possível fala com outras mulheres seropositivas
para colher as suas experiências sobre os
tratamentos.
E esta incluem as técnicas de meditação e
relaxamento. Outras incluem a massagem,
aromaterapia, reflexologia, acumpuctura e o uso
de ervas medicinais. A espiritualidade é a outra
fonte de força e cura para muitas mulheres
positivas.
Às vezes curas milagrosas são sugeridas para
pessoas positivas. Infelizmente, há indivíduos
que querem enriquecer à custa do HIV pondo
à disposição medicamentos caros e inúteis.
Neste momento ninguém pode prometer
uma cura. Contudo, existem vários tipos de
tratamentos que incluem os tradicionais e medicina ocidental que ajudam a manter e a reaver
saúde.
‘Já que não somos bem vindos em alguns
hospitais, devemos dirigirmo-nos àquelas
que nos vão aceitar. Espaço para a cama,
porém é limitado. As vezes temos que recorrer
a tratamentos ‘mágicos’ como último recurso
e somos enganados.
Oom, HIV positiva,Tailândia
Familiares teve o direito de tomar decisões
pára os seus filhos e os tratamento nunca
deverão ser maudatados.
Boas amigas
quanto tempo a pessoa trabalha como
• Aagente
de saúde. Haverá efeitos colaterais
•
•
•
associados ao tratamento?
Pode-se começar com o novo tratamento
mesmo que esteja a receber outro tratamento?
Quanto tempo vai levar o tratamento?
Quanto vai custar o tratamento?
Se o agente recusar-se a responder às suas
perguntas, pense outra vez se quer iniciar o
tratamento.
“Tiramos o pouco
que temos para
ajudar as outras
– 20 ou 30
kwanzas (US$
0.40), ou tiramos
alguma comida
para as que não
tem.”
Estamos perto
do ano 2000. Já
é tempo para
termos um novo
medicamente
que seja mais
humano. Nós
ostentamos corpos,
temos espiritos e
mentes e por
isso colocam-se
para nós várias
opções para
regularizar um
sistema imunológico
deprimido
Marina, diagnostiçada
1996, Brazil
Reunião da ICW em Geneva, 1998
Catarina Cunha:
Angola
Blanca a andar
14
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 3
15
4
Gravidez,
Ficar grávida
parto e amamentação
Quando recebes um diagnóstico positivo a
pergunta se podes ou não ter filhos é
frequentemente a primeira coisa que ocorre na
tua cabeça. Pode tornar-se confuso e difícil pensar
nisso tomando em consideração o que tu
queres ou como o que as outras pessoas te
dizem. Podemos reassegurar-te que todas as
mulheres positivas no mundo já passaram por
emoções e decisões semelhantes.
Fazendo decisões sobre a
gravidez
Se estiver seropositivo posso ter filhos?
O ser HIV positiva não significa que não podes
ter filhos. Contudo, a decisão de ter filhos torna-se um pouco complicada. Algumas mulheres
desejam ter filhos mais do que qualquer outra
coisa na vida.
‘A dor provocada por não ter filhos é maior
do que a dor provocada pelo HIV’.
Para as mulheres que desejam engravidar ou
ter mais filhos, é preciso entender o quanto a
gravidez pode afectar a mulher seropositiva, o
risco de infectar o seu bebé e, o que é que
pode reduzir o risco de transmissão para o
bebé naturalmente, como se pode reduzir
este risco.
Rebeca Denison, HIV positiva, EUA
Em muitas comunidades as crianças são
consideradas uma parte integral da vida da
família e acredita-se que o papel das mulheres
é de fazer e tomar conta de filhos. Não ter
filhos poderá levar à rejeição. Pensando em
não ter filhos quando se está HIV seropositiva,
é um pouco difícil no meio da tradição.
‘Tive medo de recusar ter filhos. O meu
marido iria me bater, ou divorciar-se de mim e
casar com uma outra mulher. Optei por
ficar gravida’.
Uma mulher seropositiva, Zimbabwe.
‘Vivemos numa família juntos com os meus
sogros e cunhados. Eles sempre desejaram
um filho de mim. O meu marido tem apenas
27 anos. Fiquei infectada depois duma
transfusão de sangue e desde então o meu
marido tem sido bom e amável para mim
e nós todos compreendemos a situação.
Nós todos desejamos uma criança.
Disseram-me que o sexo desprotegido seria
arriscado para o meu marido e corria o
risco do bebé nascer com HIV, mas
ninguém podia falar com toda a certeza. Só
interrogo-me até quando estaremos a
praticar esta coisa de sexo seguro’.
Não é apenas a questão de tomar decisão
sobre o futuro. Muitas mulheres descobrem que
são seropositivas quando já estão no estado
de gravidez. Se passou por esta situação já
deve saber como é difícil. Talvez sofreu uma
pressão para abortar ou esterilizar-se. Deve
ter sido uma experiência amarga – aprender a
lidar com o diagnóstico e com as preocupações
da saúde e do futuro da criança ao mesmo
tempo. As mulheres nem sempre têm o apoio
que necessitam.
‘Eu e o meu marido somos seropositivos.
Fomos ter com o médico quando eu estava
no terceiro mês de gravidez. O médico
recomendou aborto porque o meu marido
tinha um nível baixo de células-T. Disse que
o bebé havia de nascer deformado’.
Mulher seropositiva,Tailândia
Pramila, seropositiva, India
Talvez evitar ter filhos quando se está tentando
adaptar-se ao HIV. Talvez tenha que esperar
pelos desenvolvimentos do seu estado de
saúde. Estas todas constituem opções válidas e
possíveis. É importante que as mulheres que
não desejem engravidar ou ter mais filhos sejam
capazes de discutir a questão de controle de
nascimento com os seus parceiros.
‘Todas as mulheres deviam ter a liberdade
de ter filho se este for o seu desejo. Mas
podia ser o contrário também. Para mim, foi
desde aos 16 anos que não desejava ter
filhos. São nossas escolhas e deviam ser
respeitadas’.
Algumas mulheres seropositivas com parceiros
negativos de HIV, têm usado o sémen dos seus
parceiros para se engravidar sem que estejam
envolvidas num acto sexual desprotegido. O
homem ejacula num preservativo ou num
jarro limpo. A mulher coloca o esperma na
sua vagina. Algumas mulheres seropositivas e
seus parceiros decidem ter filho, mas realizam
o acto sexual só em momentos considerados
mais férteis. (isso acontece no meio do cíclo,
14 dias depois do último período). Nessas situações é preciso estar ciente que o homem
corre o risco de contrair o HIV.
Ale, HIV positiva desde 1998, Argentina
Rebeca (HIV+) e seus gémeos negativos, Sophie and Sarah, com Antigone
, Cecilia, uma mãe positiva e sua filha negativa.
Não há respostas simples para todas estas
questões e situações. Muitas das mulheres não
têm outra escolha. Mas é melhor quando nós
podemos pesar a situação e os nossos
sentimentos à luz de informação não sentenciável
e depois tomar a decisão que acharmos
conveniente para nós. Qualquer decisão que
tomamos, precisamos de apoio e suporte.
Mulheres da ICW em Acapulco, México (2 das quais
que tentaram desde tornarem-se mães)
16
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 4
17
Será que a mulher seropositiva terá
necessariamente uma criança
seropositiva?
O HIV pode ser transmitido de mãe positiva
para o filho. Contudo a transmissão não ocorre
na maior parte de casos de bebés nascidos
de mães positivas. Informações correntes
indicam que 2/3 dos bebés nascidos de mães
positivas não contraiem o HIV.
‘Em 1989 tive um teste positivo quando
estava de gravidez. Tive o meu filho, Vaurice
LaMon, e era bonito. O meu filho nasceu
HIV positivo e foi desenvolvendo a doença
até que faleceu aos 3 anos e meio’.
Monica Johnson, diagnosticada em 1989, EUA
Dados mais recentes da Organização
Mundial da Saúde (OMS) indicam que o risco
de transmissão de HIV de mãe para filho
apresenta-se da seguinte maneira:
•
•
•
2/3 das crianças nascidas de mães infectadas
não apresentam infecções de HIV;
Das remanescentes 1/3 bebés infectados, 2/3
das crianças são infectadas no útero ou
durante o parto;
Os restantes 1/3 ficam infectadas através do
leite do peito no período de aleitamento.
feita quando a vida da mãe ou do bebé está
em perigo. Este procedimento não aumenta a
protecção de contaminação de HIV.
Há evidência de que o risco de transmissão
aumenta se a saúde da mãe não for boa e se
tiver sintomas de SIDA. Se estiveres grávida e
pretenderes continuar com a gravidez até à
nascença, ou se decidiste ficar grávida, quanto
melhor podereste tratar durante a gravidez,
melhor serão os resultados para si e para o
seu filho.
‘Se nós queremos de facto tomar conta das
crianças, temos que pensar nas melhores
formas de tomar conta da saúde das mães’.
Monica Denisaon, mãe seropositiva de dois
gémeos negativos, EUA
Muitas mulheres seropositivas descobriram que
falando com outras mulheres seropositivas sobre
ter filhos, tem ajudado muito a pensar sobre
os seus sentimentos.Algumas mulheres, quando
têm opção de escolha, têm decidido não correr
o risco de ter filhos seropositivos. Outras pesaram
as coisas e decidiram ir avante. Enquanto a maioria
tem tido filhos de HIV negativo, há crianças que
nascem HIV positivas. É uma situação difícil.
Mas não constitui necessariamente aquela
que é a negação da decisão de ter filhos.
V I D E O FAC T S H E E T 3
Diminuindo a transmissão do
HIV de mãe para filho
Monica Johnson, EUA
18
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Marlene e Margaretha
‘Descobri que estava infectada no oitavo
mês de gravidez. Não sabia nada de HIV
nem AZT e fiquei muito chocada. A minha
filha, Margaretha, tem cinco anos e ela é
seropositiva. Depois foi-lhe diagnosticada
SIDA. Imaginei que tudo estaria a favor da
minha filha, que ela não teria que lutar com
este vírus’.
Marlene Diaz e sua filha HIV positivas
desde 1993, EUA
Tratamentos durante a gravidez
Há muitas técnicas incluindo aquelas com
drogas que poderão diminuir o risco de
transmissão de HIV de mãe para filho.
A ICW advoga que todas mulheres grávidas
positivas tenham acesso a tratamentos
actualizados. Mas por outro lado, registam-se
profundas desigualdades entre o tipo de
tratamento, informações e cuidado que as
mulheres podem ter acesso em diferentes países.
‘Tive que fazer uma escolha sobre se
tomava AZT ou não para o meu futuro
bebé.Tive que escolher a cesariana e pensar
se podia amamentar ou não. Eu e o meu
marido discutimos isso e ele ficou
sensibilizado e envolvido’.
Bridgette, HIV positiva, Zambia
Como poderei saber se o meu filho
é seropositivo?
Todas as crianças nascem com os anticorpos
da mãe. Pode às vezes levar até 18 anos ou
mais para se saber se o teu bebé é seropositivo
ou não.
Muitas mães positivas dizem que a melhor
coisa a fazer uma vez nascido o bebé, é
concentrar-se no bem-estar físico e emocional
do bebé. Também estando o mais saudável
que foi possivel vai ajudar-lhe a tomar conta
do bebé e permitir-lhe que se divirta com a
particularidade do seu filho.
Parto
Que se diz sobre o parto?
Até 2/3 das crianças infectadas pelo HIV,
tornaram-se no útero e durante a gravidez.
Uma bem planeada cesariana pode diminuir
os riscos durante o parto, mas constata-se
que é um procedimento muito caro que não
está ao alcance de muitas mulheres positivas. A
cesariana também é muito mais perigosa do que
um parto normal e o tempo de recuperação é
muito longo. Uma cesariana planificada é
diferente de uma cesariana de emergência
Capitulo 4
Ruth, mãe HIV positiva e sua filha negativa, Sarah
19
WHP PHOTO por L. Gubb
Amamentação
Será que pelo facto de ser HIV positivo
não posso amamentar?
É uma pergunta difícil. Não há respostas fáceis
e muito depende das circunstâncias.
Algumas crianças ficam infectadas com HIV
através de amamentação. Pensa-se que 10 dos
90 bebés que nascem de mães positivas serão
infectas pelo HIV durante a amamentação.
Mulheres positivas precisam de informações
sobre o risco de amamentação ou não das
suas crianças. Leite de peito é puro e
disponível, cheio de agentes nutritivos e
protege a criança de outras infecções.
Amamentação é recomendada para mulheres
seropositivas em situações onde as alternativas
apropriadas não estão disponíveis. As mulheres
positivas precisam de pesquisa e informação
para conhecer quais são alternativas de modo
a tomar a decisão.
‘O meu bebé foi dado AZT ao nascer mas
ninguém me disse para não amamentar’.
Está claro que as mulheres positivas que se
confrontam com as difíceis decisões acerca
da amentação são aquelas que vivem em
países em desenvolvimento, onde os recursos
não são necessariamente abundantes e em a
que pobreza é comum.
Contudo, algumas mulheres positivas em
países em desenvolvimento estão confiantes
que podem encontrar alternativas nutricionais à
amamentação para dar às suas crianças.
As mulheres estão a encontrar novas alternativas
e explorando as soluções antigas usadas quando
as mulheres não podiam amamentar. Usam,
por exemple, o leite de cabra ou ‘papinhas’
feitas de feijão soja, feijão jugo ou grãos como
o sorgo. As mulheres querem pesquisa sobre
se podem extrair o leite do peito e depois retirar
o vírus através da fervura ou do processo de
congelação. Neste último caso duvida-se se o
leite do peito manteria ainda as suas propriedades.
Mercy Makhalamele, HIV positiva, África do Sul
O que nós queremos é ter uma informação
útil e isenta de juizos e uma discussão de
quais são de facto as nossas opções. Se
não desejar amamentar, então precisa de
se capaz de responder a questões tais como:
Otilia, HIV positiva,
Zimbabwe
• Que substitutos do leite do peito serás
capaz de encontrar e suportar?
• É possível proceder à limpeza do equipamento em uso o suficiente, de modo a
evitar infecções?
• Podes garantir que a água é esterilizada?
• As alternativas existentes podem dar
nutrientes suficientes ao seu bebé de
modo a evitar malnutrição?
Para outras mulheres o amamento continua a
ser a melhor opção. Qualquer que seja a sua
opção para alimentação do seu bebé, ela tem
de ser respeitada. Está a fazer o que está ao
seu alcance para o seu bebé.
‘Não amamentei por dois dias. Cada vez
que olhava para ele sabia que era
insuficiente. Como podia dizer a mim
mesma que era mãe enquanto não
amamentava? Foi daí que decidi
amamentar. Informei as enfermeiras sobre
a decisão. Elas tentaram me convencer,
mas já tinha tomado a minha decisão.
Amamentei e não houve problemas. O único
problema que tinha era com as pessoas
que sabiam do meu estado de seropositiva’.
Mulher etíope e seus filhos
Se decidir não amamentar vai enfrentar
objecções tanto da parte dos amigos e familiares
assim como do pessoal da saúde. Noutras
situações, se não amamenta, as pessoas vão lhe
perguntar porquê e podem começar a especular
que seja por causa de HIV. Contudo, se o seu
parceiro ou familiares souberem que é HIV
positiva e compreendem o risco para o bebé,
só podem ajudar-lhe apoiando a sua decisão.
Pode também obter ajuda do médico, parteiras
ou amigos para ajudar a dar explicação médica
do porquê não pode amamentar.
‘No hospital as enfermeiras tentaram
forçar-me a amamentar os meus gémeos.
Tive que explicar do meu estado de HIV
positiva, o que eu queria fazer. Depois a
minha sogra apareceu e fez um escândalo.
Há um preconceito de que se não amamenta
é porque o bebé não é do seu marido. O
meu marido apoiou-me. Os gémeos têm
agora um ano e estão prósperos.
Pode ser dificil decidir se pode ou não
amamentar. É uma escolha nossa a fazer e é
nosso direito decidir o que é melhor para o
nosso bebé.
‘Não pretendo fazer do estado seropositivo
da minha filha bode expiatório. Só desejo
que tivesse tido naquela altura as
informações que tenho agora. Teria feito as
coisas de forma diferente. As mulheres
positivas desejam ter filhos de forma
responsável. Queremos mais estudos
conclusivos para conhecer toda a história’.
Marlene Diaz e filha todas HIV positivas desde
1993, EUA
V I D E O FAC T S H E E T 3
Diminuindo a transmissão do
HIV de mãe para filho
Primrose, HIV positiva, Zimbabwe
Otilia, HIV positiva, Zimbabwe.
20
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 4
21
5
Comunicando com as
nossas crianças
No geral, as mulheres positivas têm crianças
ou esperam ter no futuro. Nós HIV positivas
e a tomar conta dos nossos filhos temos que
aguentar com a nossa própria saúde e o bem
estar dos nossos filhos. Alguns dos nossos filhos
são também positivos.
Entre todas as necessidades práticas da nossa
vida diária, temos que decidir entre dizer ou
não aos nossos filhos o nosso estado de HIV
positivas. Se falamos para eles, como é que
podemos ajudá-los a saírem-se num mundo hostil
e estigmatizante? Mulheres positivas estão a
confrontar estes problemas e trazem novas
ideias sobre como falar com os filhos acerca
da vida, morte e de HIV. Indicadas abaixo estão
algumas perguntas e as respostas que trouxemos:
Deveria dizer aos meus filhos que sou
HIV positiva?
Você não está sozinha neste dilema. Muitas
mulheres vivendo com HIV/SIDA têm crianças
e já ponderaram sobre esta questão. Não
temos respostas fáceis a não ser saber que é
muito importante que os nossos filhos sejam
capazes de falar com pessoas com quem se
sentem seguros.
Uma mãe seropositiva
Australiana com a sua
filha negativa de HIV.
‘Para nós, como mães vivendo com
HIV/SIDA, a coisa mais difícil são os nossos
filhos. Estamos confusas quanto à questão
de como podemos preparar as nossas
crianças para aquilo que vem no futuro.
Não sabemos como e quando fazer isso.
Estamos sempre a badalar com o peso do
secretismo por cima da nossa indisposição
física.
Scovia, HIV positiva, Uganda
Quero dizer aos meus filhos acerca
disso, mas não sei por onde começar.
Os nossos filhos necessitam de informações
precisas, ditas de tal forma que eles possam
compreender. Mas como e onde dizer isso
aos nossos filhos é a nossa escolha. Algumas
mulheres falam com eles só entre ela e eles.
Outras preferem falar mas com o parceiro ali
também presente.
‘Sempre evitei falar de morte com o meu
filho. Se tivesse que ir a um hospital e se
me dissessem há coisa séria a acontecer, aí
seria a altura de falar com ele. Mas percebi
que deveriamos estar preparados e talvez
fosse boa ideia introduzir o assunto quando
eu estivesse realmente bem’.
Maggie, diagnosticada em 1988, Grã Bretanha
Como me arranjo se me fazem
perguntas que não posso responder?
É perfeitamente aceitável que você diga que
não conhece a resposta à uma pergunta da
criança. Explique que as informações sobre
HIV mudam constantemente, e que todos nós
estamos constantemente a aprender sobre o
assunto. Mas, também há vezes que as crianças
fazem perguntas embaraçosas sobre assuntos
sexuais ou partes íntimas do organismo.Algumas
mulheres sentem-se mal com tais perguntas.
Tente responde-las de forma simples e com
honestidade – afinal de contas teus fihos só
querem compreender.
Seria muito útil fazer a si própria
perguntas como estas:
acho que os meus filhos se sentem?
• Como
que acho que são as necessidades físicas
• Oe emocionais
mais importantes dos meus
•
filhos;
O que posso fazer para ajudar os meus filhos
a liderem com o meu diagnóstico de HIV?
Para muitos pais, falar sobre o seu diagnóstico
de HIV para os seus filhos não ocorre assim
dum momento para outro. Crianças pequenas precisam de muito tempo para digerir
pequenas coisas como o HIV/SIDA e sua situação.
Muitas vezes as crianças vão dar a entende
quando é que estão em condições de ouvir
e aprender de você. E começam por fazer
perguntas e levantar o assunto, mesmo que
não seja de forma directa.
Muitos pais decidem não dizer nada aos filhos
ou não encontram boa oportunidade para
fazê-lo.As crianças descobrem que um dos pais
é HIV positivo quando um destes fica doente.
Não interessa o quanto as coisas podem vir a
mudar, mas é sabido por todos que um diagnóstico de HIV é mesma coisa que uma sentença de morte. Não é surpreendente nestas circunstânancias que as crianças associem a morte
da mãe ou do pai com o diagnóstico de HIV.
Onde é que posso encontra suporte se
eu precisar?
Se conhece ou pode estabelecer contacto com
pais também com HIV positivo, seria muito
importante falar acerca da sua experiência
com os seus filhos.Também muitos contactos
chave da ICW têm filhos e seriam capazes de
falar-te acerca das suas próprias experiências.
‘Acabei não
dizendo nada a
minha filha
durante 1 ano e
meio. Ela soube
acerca do seu
pai. Mas agora já
sabe acerca de
mim. Foi muito
duro para ela’.
Uma mãe positiva
Acho muito fácil falar para foruns,
reuniões internacionais e aos líderes
políticos sobre HIV. Pode-torna-se muito
difícil falar para as minhas próprias
crianças – de facto, foi uma das coisas
mais difíceis de fazer na minha vida. As
crianças são sempre as últimas a saber.
Ainda não tinha dito nada à minha filha
acerca do meu estado ou situação quando
ela disse: “mamã, eu espero que haja cura
para HIV daqui a 7 anos”. Caí de costas.
Tomamos as crianças como as últimas a
saber e pensamos que elas não sabem
nem compreendem o que se passa.
Ficamos enganados pois elas sabem. Elas
sofrem de stress e ansiedade tal como nós
adultos’.
‘Como uma mãe solteira, torna-se difícil
tomar conta de mim própria ao mesmo
tempo que tenho de tomar conta do meu
filho que também é HIV positivo. Tenho
sorte por ter amigos e família próxima que
conhecem o nosso estado e dão-nos apoio’.
Marlene Diaz e sua filha Margaretha, HIV positivas
desde 1993, EUA
Lisa e Marise
Beatrice Were, HIV seropositiva, Uganda
‘As crianças sabem exactamente o que
está a acontecer. Elas não fazem aquelas
perguntas só porque não querem ouvir as
respostas. As crianças só aceitam as coisas.
Eu falo sempre directamente’.
Mulher HIV positiva, Austrália
22
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 5
23
6
Livros e Caixas de
Livro de notas pessoais
Memórias
Uma das formas com que as mulheres com
HIV positivo lidam com a possibilidade de morte
é concentrar-se em planos práticos. Já temos os
nossos desejos. Já planeamos o nosso próprio
funeral e possivelmente o do nosso parceiro.
Já organizamo-nos de modo a que as nossas
crianças sejam assistidas pelos nossos parentes
ou amigos quando nós despedirmo-nos.
Muitas de nós já pensamos quão importante
é assegurar que os nossos filhos fiquem com
as recordações da nossa vida juntos. Mais e
mais mulheres seropositivas estão a criar
aquilo que se chama `livros de memória` ou
caixas de ‘memória’ para as suas crianças terem
quando a morte lhes separar. Um livro de
memórias pode ser um simples rascunho ou
um diário. Uma caixa de memórias pode ser um
recipiente qualquer.
‘Tivemos que levar a cabo uma avaliação
junto das crianças e perguntamos as mães
dos seus receios em relação ao conhecimento
das questões em causa. Nós aconselhamos
o livro de memória. É um livro que regista
factos da nossa vida. A mãe faz este
registo com o filho ou filha e isso ajuda o
estabelecimento de diálogo entre ambos.
Contém boas coisas acerca de si, sua vida e
da do seu marido. Igualmente contém
as suas visões sobre o futuro. O que vai
acontecer quando você adoecer e que
planos fez para o futuro do seu filho?’
Algumas de nós fazemos e guardamos
apontamentos sobre as nossas crianças
enquanto estão crescendo. Estes apontamentos
registam os nossos pensamentos e sentimentos
quando vimos os nossos filhos crescer em
diversas etapas.
Uma forma para activar a sua imaginação
sobre coisas que deseja que o seu filho se
lembre é recordar as memórias da sua vida e
da sua infância. A lista a seguir pode lhe inspirar.
‘A avaliação deste projecto mostrou que as
crianças estão desejosas a estar envolvidas
e as mães estão muito alegres em ter este
diálogo com os seus filhos’.
‘Fique a saber do
meu estado no
ano de 2000.
Não foi fácil para
eu aceitar esta
situação mas,
acabei me
conformando.
E agora vivo
positivamente.
Iniciei o tratamento
ati-retroviral há 8
meses e estou a
me sentir melhor.’
Beatrice Were, HIV positiva, Uganda
Beatrice Were, HIV positiva, Uganda
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Tendo tempo para escrever e reflectir
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Deolinda Manhique
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a
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• Quando
Podes colocar qualquer coisa que quiseres
no livro de memórias ou na caixa de
memórias.
Fotografias com uma descrição das
pessoas da família quando e onde foi
tirada a foto;
Fitas áudio e imagens de vídeo com
algumas mensagens especiais se tiveres
acesso;
Poemas e pequenas histórias;
Pode incluir bugiganga ou brinquedo;
Algumas mulheres incluem ‘árvores
de família’ com informações sobre os
familiares de seus filhos e antepassados.
24
Todos nós somos únicos. Os nossos filhos e
os nossos amados são únicos. As formas
como nos podemos apoiar uns aos outros,
partilhar nossas experiências e ganhar força e
firmeza são muitas e variadas. Esperamos
que a ideia de livros de memória e caixas de
memória lhe inspirem a pensar sobre como
você e outras mulheres positivas na sua
região podem querer lidar com questões de
angústia e perda.
Capitulo 6
25
7
Relacionamentos
Parceiros, crianças, amigos, pais, irmãos e irmãs,
ex-parceiros, colegas do serviço – todos nós
temos uma gama de relacionamentos que o
HIV pode ter o seu impacto.
‘Amo-o mas tenho que dizer que já passei
por momentos em que tive rancor dele.
Era tão inocente, que não sabia o que ele
estava para fazer. Foi um choque, também.
Talvez seja por isso que foi muito útil falar
com outras mulheres HIV positivas que
tiveram as mesmas experiências’.
Uma mulher HIV positiva, Escócia
A falecida Milly
com Jacob, o amor
da sua vida
‘Às vezes faço piada comigo mesma dizendo
que estou casada com HIV. Vivemos juntos,
fazemos as coisas juntos. Falamos juntos
todas as noites’.
Quando o parceiro é o primeiro a adoecer
Mulher seropositiva, África
Em muitas outras situações, mulheres descobriram
o seu estado de seropositivas quando o seu
parceiro adoeceu ou morreu de HIV/ SIDA.
A questão não é como contar ao parceiro, mas
sim como sair-se com a sua morte, o seu
diagnóstico de HIV positivo e quando for o
caso, o possível diagnóstico do seu filho.Tudo
isto no momento em que tudo parece ter
caído em frente dos seus olhos. Quando o
diagnóstico positivo do seu parceiro se torna
fonte de fofoca, qualquer possibilidade de
privacidade cai por água abaixo. Nós sabemos
que esta é a experiência de milhares e milhares
de outras mulheres.
Infelizmente muitas mulheres positivas foram
rejeitadas pelos seus parceiros ou parentes
ou às vezes expulsas de casa. Mesmo sendo
algumas delas infectadas pelos próprios
parceiros, elas são rejeitadas por eles e seus
familiares quando elas são diagnosticadas com
o HIV. Mas não são todos parceiros que
rejeitam, embora fiquem chocados e chateados
no início.As mulheres de HIV positivo estão se
juntando com outras seropositivos em todo o
mundo para lutar contra a estigma de pessoas
vivendo com HIV. Todos nós merecemos o
respeito – mulheres, crianças e homens.
‘Torna-nos difícil falar com os nossos
maridos, amigos, ou parentes acerca da
nossa condição de saúde. Algumas de nós
sentimos medo de sermos rejeitadas depois
de revelar a nossa situação’.
‘Foi em 1985 depois do parto do meu
último filho, que comecei a ver o meu
marido a passar por várias dificuldades na
sua vida e aparecimento de sintomas
estranhos no seu corpo. No dia 31 de Maio
de1986, ele morreu. Fiquei confusa, porque
não acreditava, para depois os médicos
dizerem-me que o próximo a morrer seria eu’.
Bernice e Neris, HIV positivas,Venezuela
Jennifer, diagnosticada em 1988, Uganda
Pimjai, HIV positiva,Tailândia
Descobrindo que está gravida e
HIV positiva
Muitas de nós fomos diagnosticadas de HIV
em estado de gravidez. Ficamos preocupadas
não só pelo diagnóstico e a saúde do nosso bebé,
mas também tivemos que enfrentar o facto
de temos que falar com os nossos parceiros.
Embora alguns parceiros negativos de mulheres
positivas dêem apoio, há outros que se zangam
e as acusam. Neste caso, se o aconselhamento
estiver disponivel para os dois poderá se útil.
‘As vezes se a mulher é a primeira a ser
diagnosticada, o homem recusa a fazer o
diagnóstico. E diz `não estou doente`. Acho
que é muito importante os casais submeterem-se à testagem juntos’.
‘Infelizmente, a discriminação contra as mulheres ainda está espalhada no meu país.
As mulheres tomam conta dos homens quando
eles padecem, mas o contrário já é difícil. A
mulher corre o risco de ser abandonada’.
Martine Somda, HIV positiva, Burkina Faso
‘Fui depositada no lixo pelo meu marido em
1993 depois de ter adoecido e dito o meu
estado de seropositiva. Ele nunca esperou
que fosse assim, já que tinha trazido uma
outra segunda mulher para a nossa casa.
Disse-me que eu era puta e ciumenta e foi
por isso que deus tinha me punido ficando
infectada pelo HIV. Escorraçou-me da casa
e dormia ao ar livre com os meus filhos’.
Anna, HIV positiva Zimbabwe
‘As vezes as pessoas escondem-se e não
dizem nada por terem medo de serem
rejeitadas. Acham que é melhor assim para
não se colocar naquela situação. Acredito
que não é salutar andar a esconder coisas
e separar-se completamente delas. No
futuro alguém pode estar interessado em si,
mas quando descobre que é
seropositivo, ele desaparece. O que você faz
depois? Se isso acontece é porque eles não
merecem saber. Há também a possibilidade
de não desaparecerem, mas aí nunca
saberá ultrapassar o medo da rejeição.
Uma HIV positiva, Austrália
Violência
É triste que um diagnóstico de HIV provoque
abuso e um comportamento violento de
membros da família, e até vizinhos. Se chegar
ao ponto de espancamento, convém procurar
apoio de uma organização da mulher local.
Nunca foi correcto bater na mulher. Nunca
foi correcto tratar a mulher violentamente
por ela ser é HIV positivo. Nenhuma de
nós pode ser culpada por ser seropositiva.
Nenhuma de nós merece um tratamento
violento.
Há vezes que o homem é HIV positivo, mas
ou não sabe ou pura e simplesmente não
quer confrontar a verdade. A sua mulher pode
ser infectada por ele. Se for ela a adoecer
primeiro acaba sendo a primeira a ser
diagnosticada.
Martine Somda
‘A maioria das mulheres HIV positivo
contraem o vírus em casa e não na rua,
mas sim nas suas próprias camas’.
‘Estavam todos a gritar coisas más para
mim. Queriam queimar-me viva, disparar
para mim e matar-me. Outros sugeriram
que devia ser colocada num quarto de vidro
de onde eu não podia sair e todos
podiam ver-me’.
Giovana Torres, HIV positiva, Peru
Ruby, HIV positiva, Bangladesh
26
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 7
27
Rancor
Muitas das mulheres descobrem que são
seropositivas antes dos seus parceiros. Ficam
chocadas porque são sempre fieis aos seus
parceiros.
‘Estou desapontada e zangada com a
desonestidade do meu parceiro. Ele foi o
meu único parceiro sexual. Foi apertir do
resultado de teste que descobri que tinha
outras parceiras’.
‘Uma das razões pelas quais casei-me foi
porque achei importante fazer uma
declaração pública. Muitas pessoas
acharam muito absurdo que duas pessoas
HIV positivas pudessem casar, porque
casamento é considerado como uma
questão de futuro. Muitas das pessoas que
estavam ali já tinham estado nos funerais ao
longo dos anos e pareceu uma grande
mudança. Uma celebração de vida e de futuro’.
Fiona, HIV posistiva, Uganda
‘Nunca teria imaginado que havia de ter
um relacionamento com uma mulher, e
agora que tenho, ah, sinto-me feliz como
nunca. A vida esta cheia de supresas.
Andrea, Skopp, HIV positivo, EUA
Martina, Jecenia e Cindy
‘Não uso drogas há 2 anos porque quero
viver. O meu parceiro está sob-custódia de
2 seus filhos. Chamam-me ‘mamã’. Deixei-os
porque quero ser capaz de tomar conta
deles. Ele é também positivo, alias nós os
dois somos. Se ele fosse e eu não, acho que
ainda estaria com ele. Sou pessoa de sorte.
Tenho um bom homem. Vivo muito melhor
agora do que antes’.
‘Casei-me com HIV negativo há 3 anos atrás
e adoptamos um filho’.
A compreensão, o apoio, o tratamento e o
desejo de viver a vida junto com respeito
e sentido são mais importantes’.
Beatrice Were, HIV positiva, Uganda
Sugar, diagnosticada em 1991, EUA
Nira, diagnosticada em 1986, Israel
Amizade
Diana, HIV positiva, Malásia
Nova felicidade
Ninguém finge que a vida é fácil quando se é
seropositivo, mas nem sempre a vida é triste
e negativa. Ninguém pode escolher ter o
vírus de HIV. Contudo, o diagnóstico de HIV
positivo permite-nos reavaliar a nossa
maneira de viver. Nós apreciamos histórias
de alegria, tanto nossas como de outras pessoas,
mesmo que estejamos passando por uma
situação difícil. Depois de teste positivo de HIV,
muitas mulheres acreditam que nunca mais virão
ter um relacionamento. Estes sentimentos
podem mudar. Muitas de nós encontramos
um novo amor. E as amizades, antigas ou
novas, são o suporte das nossas vidas.
28
‘Resolvi casar-me com um seropositivo.
Estamos casados e sou muito fiel a este
relacionamento porque nós compreendemo-nos
bem. Os meus pais estão muito contentes
porque nunca esperaram que eu, seropositiva,
podesse encontrar um parceiro que
podesse casar comigo. As pessoas da minha
aldeia estão hipnotizadas com o meu
casamento’.
Sarah, diagnosticada em 1988, Uganda
Felicidade
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
‘O Richard foi uma dor para os meus
sogros. Depois da morte do meu primeiro
marido, os seus parentes acreditavam que
o meu cunhado tinha a obrigação de me
herdar como sua esposa. Foi um rapaz
insuspeitável dos seus 17 anos cujo, a
compreensão de questões relacionadas
com o HIV/SIDA era ínfima. De facto ele
e o seu clã acreditavam que eu era
culpada pela morte do meu marido. Sou
privilegiada de ter desapontado os meus
parentes e sogros através da minha
teimosia. Mas agora, já colhi alegria que
em outras condições não podia. O
relacionamento que agora tenho com o
Richard que também é seropositivo já me
mostrou que o sexo não é a componente
mais importante no amor.
Beatrice e Richard
Capitulo 7
29
8
Sexo e
Suzanne Desbiens
Sexualidade
Muitas mulheres adoram o sexo e acham-no
maravilhoso. Mas para muitas outras sexo é
uma coisa indesejável e que pode ser forçado
nelas. Em muitas comunidades as mulheres são
desencorajadas ou mesmo proibidas de falar
abertamente sobre o sexo ou a sua saúde sexual.
Aprendendo a ser mais relaxada ao falar acerca
do sexo pode ajudar as mulheres a começar
a definir o que é que querem e precisam.
‘Os homens nunca percebem que as
mulheres podem ter prazer sexual. E visto
como não sendo natural e mesmo perigoso
que a mulher tente falar dele.
Marlene Somda, HIV positiva, Burkina Faso
Que acha acerca do sexo?
Depois do diagnóstico, as mulheres podem
ter muitas reacções. Sexo pode ser a última
coisa no mundo que elas gastariam de
pensar. Algumas mulheres nunca chegam a
perder o desejo sexual. Outras ficam aliviadas
com o facto de poder dizer não ao sexo
que nunca gostaram. De facto, adquirem
sentimentos mutáveis sobre o sexo
dependendo de vários factores tais como o
quem são, quem são os seus parceiros, o estado
da saúde, a idade e se sêm ou não filhos.
‘Mesmo quando estou fisicamente bem,
ocasionalmente sinto como se o vírus
tivesse dominado o meu organismo e
faz-me sentir indesejável, sobretudo quando
tenho infecções vaginais e estou cansada’.
‘Penso que é muito importante lembrar que
eu sou mais que um vírus. Faço questão de
recordar aos meus amantes que têm muita
sorte de encontrar uma mulher única nas
suas vidas’.
Philipa, diagnosticada em 1986, Grã Bretanha
‘Sempre fui muito cautelosa, mesmo antes
do diagnóstico. Nos anos 80 eu e minhas
amigas andávamos com preservativos
pendurados nos nossos brincos. Era uma
questão de modernidade. De facto, não
mudou muita coisa na minha vida sexual
desde que fiquei infectada’.
Kate e Steve
Uma mulher positiva, Grã Bretanha
Muitas mulheres positivas gostariam de falar
com seus parceiros acerca da vida sexual.
Haverá formas de explorar novas formas
sexuais de estar juntos? O que pode vir a não
mudar? Embora não pareça fácil começar a falar
de sexo, uma vez começado pode ajudar a unir
o casal.
É muito duro para uma mulher seropositiva
infectar um homem ou outra mulher do que
um homem seropositivo infectar uma mulher.
Muitas de nós têm parceiros de hà a longa data
com HIV negativo. Como é sabido o homem
pode infectar-se através dum acto sexual
desprotegido com uma mulher positiva. E isso
acontece todas as vezes que há relação sexual
de penetração vaginal ou anal sem preservativo.
A presença de outras doenças de transmissão
sexual, infecções orais, sangue do ciclo pode
aumentar esta possibilidade. Independentemente
das circunstâncias, a prática de sexo seguro
não só previne a contaminação com o HIV,
mas também outras infecções de transmissão
sexual.
‘Sinto uma amargura com relação aos
meus parceiros anteriores. É uma
lamentação de todas nós. Os homens no
Botswana usam as mulheres; eles estão só
interessados no sexo. Uma vez satisfeitos,
mandam-nos passear. Sendo que este é já
um problema comum, é extremamente
importante que as mulheres insistam no
uso do preservativo. Esta parece uma
opção mais fácil do que tentar mudar as
atitudes das pessoas’.
Dipuo, diagnosticada em 1992, Botswana
Ale, diagnosticado em 1998, Argentina
‘Quando descobri que estava infectada,
pensei que nunca mais estaria em condições
de fazer mais sexo. Já fiz tantas vezes e
tenho tido momentos maravilhosos’.
Jo Manchester, diagnosticada em
1986, Grã Bretanha
Intimidade
Muitas mulheres associam o sexo com o desejo
de ter uma intimidade com outra pessoa.
Pode-se atingir este fim, bastando apenas para
isso, pegar o teu amado, ou vice-versa, ou
através de roços ou beijos. Este tipo de
sensualidade, pode dar uma grande emoção
de satisfação assim como conforto e intimidade.
‘HIV é a melhor coisa que já aconteceu no
nosso casamento. O meu marido nunca
voltava à casa a tempo e só tínhamos sexo
quando estivesse bêbado. Agora conversamos
e o sexo seguro abriu-nos para novas coisas
sexualmente como por exemplo tocando os
nossos corpos um a outro’.
Tatenda, HIV positiva, Zimbabwe
É tão importante para mim dizer o que
acho bom sexualmente tanto quanto é
dizer a alguém que sou seropositiva’.
Uma mulher HIV positiva, Grã Bretanha
30
Estou preocupado com a possibilidade
de infectar o meu parceiro – quais são
os riscos?
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 8
O que é sexo seguro?
Sexo seguro significa prevenir o sémen infectado
de penetrar no organismo do parceiro
durante um acto sexual de penetração seja
vaginal ou anal desprotegido. Desprotegido
significa sexo sem preservativo. Significa também
prevenir que secreções vaginais entrem no
organismo do parceiro durante um acto sexual
de penetração. Sangue menstrual infectado
contém HIV e pode procurar evitar sexo oral
durante o período com a sua parceira se ela
for seropositiva. O sexo oral ocorre quando
31
um parceiro lambe ou chupa a área vaginal e
o clitóris ou uma parceira faz o mesmo com
pénis do homem. Mas a forma mais comum
de transmissão do HIV é através do acto
sexual penetrativo vaginal ou anal sem
preservativo.
‘Achei sempre o
sexo oral mais
agradável. Porem
por muito tempo
fiquei muito preocupada com
isso, por causa de
toda ênfase que
se coloca na
relação sexual.
Agora não. Afinal
de contas, é
apenas uma das
muitas formas de
fazer sexo e
agora dizem-me
ser igualmente
segura’.
Mulher HIV positiva,
Grã Bretanha
Há muitas formas aliciantes, seguras de fazer e
obter prazer sexual. Beijo suave, beijo intenso,
fazendo o seu parceiro atingir o orgasmo com
o uso das mãos e dedos, contando histórias
sexys, explorando formas de dar-se prazer sexual
quando se está sozinho, pegar e apalpar o/a
seu/sua parceiro/a nos genitais, massagens suaves,
exprimindo palavras de amor – todos esses
são actos sexuais agradáveis. Fazendo uma
exploração sexual com muita calma pode dar
muito mais prazer e diversão.
Sexo seguro é acerca de cuidar
tomando conta de nós próprias e dos
nossos parceiros.
É importante proteger-se de outras infecções
que podem fragilizar o sistema imunológico,
embora as vezes seja difícil. Sexo seguro é
um processo contínuo. Se não tiver êxito na
primeira vez pense no que fará para ser
sucedido na vez seguinte.
Preservativos femininos
Estamos mais habituadas a preservativos
masculinos (vulgarmente denominadas camisinhas). Há entretanto um novo tipo de
preservativo desenvolvido especialmente
para as mulheres chamado camisinha feminina
ou femidom. Á boa coisa acerca delas é que a
mulher pode controlar o seu uso pessoalmente.
‘É muito maravilhoso dormir e depois
acordar e ir para mais uma rodada sem
que tenhamos que levantar para mudar. O
meu marido está particularmente satisfeito
com o preservativo e não tem que se preocupar
em perder a erecção e coisas assim’.
A pratica de sexo seguro também significa
evitar infectar-se por uma outra classe de HIV,
o que a acontecer, significaria que o nível de
HIV no seu sangue irá-se elevar. Algumas
classes de vírus de HIV são mais resistentes a
certas drogas anti-HIV. E isso significa que
essas drogas não seriam eficazes se tivesse
que tomá-las no futuro.
‘Já estávamos juntos antes do meu diagnóstico.
No início não falávamos sobre sexo porque
parecia que tudo estava em ordem já que
todos éramos seropositivos. Cansei-me, mas
ainda estou com ele já que quero manter
uma família para as crianças. Sai e trouxe
alguns folhetos e ele tomou a sério a
questão da reinfecção do HIV. Começou a
utilizar preservativos apartir daí’.
Mulher HIV positiva, Escócia
Problemas com preservativos
Alguns homens dizem que não aguentam com os
preservativos. Reclamam não gostar da forma que
sentem quando usam preservativos ou às vezes
dizem que quando não usam o preservativo
é prova do seu amor com a parceira. Alguns
parceiros podem lhe acusar de falta de confiança
neles ou infidelidade quando você fala de utilizar
preservativos. Como mulheres de HIV positivo
já ouvimos todo este tipo de desculpas e
justificações. Nós queremos proteger a nós
próprias e aos nossos parceiros, mas eles
devem-se comportar com respeito perante a
nós também.
‘As vezes fico farta e doente de ouvir as
minhas responsabilidades todo o tempo.
E o meu parceiro?’
Tatenda, HIV positiva, Zimbabwe.
‘Quando vi pela primeira vez, disse a mim
mesma `oh, isto parece-me uma meia
plástica. Não vai servir-me`. A explicação
que tive foi de que tinha que ser grande
para acomodar qualquer pénis e não a
minha vagina. Uma vez lá dentro é muito
bom’.
Trabalhadora de sexo comercial
seropositiva, Zimbabwe
Se não estiver a seguir nenhuma outra forma de
controle de nascimento, o sexo seguro pode
ajudar a prevenir gravidez indesejada. Como
mulheres positivas, nós queremos fazer melhores
escolhas sobre se podemos engravidar e quando
podemos engravidar.
Mulher HIV positiva, EUA
O sexo seguro diminui o risco de infecção de
doenças de transmissão sexual tais como a
clamidia, herpes, a gonorreia, a sífilis, verrugas
genitais assim como as hepatites B e C. As
DTS’s podem trazer piores consequências para
as mulheres de HIV positivo. O sexo seguro
pode igualmente evitar a retransmissão de
candidíase entre os parceiros.
‘É muito bom ter uma protecção que posso
controlar pessoalmente. É diferente quando
tem de esperar por ele para usar uma
coisa. Às vezes mudam de opinião logo no
último instante e corres o risco de levar uma
bofetada se protestares. Com o preservativo
feminino tudo está ai desde o início com
toda segurança. Nunca tive uma DTS já faz
um ano e tenho a certeza que não estou a
infectar os meus clientes’.
Trabalhadora de sexo comercial
seropositiva, Zimbabwe
V I D E O FAC T S H E E T 6
Para mais informações sobre
preservativos femininos e masculinos
Outras soluções
Embora o uso do preservativo feminino está
sobcontrole da mulher, muitos homens ainda
recusam aceitar o seu uso. Nestes casos, as
mulheres são forçadas a encontrar outras
soluções alternativas para o sexo seguro.
Igualmente, noutros casos, os preservativos
femininos têm sido escassos e de difícil acesso.
Mas mesmo assim as mulheres têm sido criativas
neste aspecto.
‘O meu marido não quer usar o preservativo
mesmo sabendo que eu sou HIV positiva.
Contei a uma minha amiga com o mesmo
problema como eu e disse-me que usa um
diafragma e coloca espermicida na sua vagina.
Pensei que também podia fazer o mesmo’.
Uma mulher HIV positiva, Grã Bretanha
V I D E O FAC T S H E E T 6
Para mais informações sobre as
Doenças de Transmissão Sexual (DTS’s)
Kate e Steve
32
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 8
33
De quem é a responsabilidade?
‘Sexo seco’
Tenho medo da violência
A maioria das pessoas no mundo não sabem do
seu estado de HIV positivo. Muitos simplesmente
assumem-se que são negativos e não tomam
qualquer precaução. Fazer sexo seguro, não
é apenas responsabilidade nossa, mas de
qualquer um.
Em certas partes do mundo, os homens
preferem ter parceiras com vagina seca.
Acreditam que passam bons momentos com
o sexo penetrativo com vagina seca. Já que
a humidade e as secreções vaginais são
normais e ocorrem naturalmente nas mulheres,
para manter a vagina seca as mulheres tem
de usar vários métodos tais como passar um
pano seco dentro da vagina, ou a utilização de
ervas que provocam a secura.
Algumas de nós já vivem com parceiros
violentos. Outras ficam com medo de fazer
pedidos sobre a prática de sexo seguro.
Nestas circunstâncias é difícil ou mesmo
impossível discutir sobre sexo seguro. Pode
ter algum apoio de grupos ou organizações
de SIDA locais. Caso contrário não se
coloque numa situação perigosa por causa da
prática do sexo seguro.
‘Acontece que se as mulheres trazem
preservativos em casa, elas são ditas para
devolver para onde encontraram. É por isso
que incluímos homens nos nossos grupos de
suporte: que sejam educados e formados e
que podem educar outros homens também.
Não queremos que digam que é assunto
de mulheres’.
Agnes, diagnosticada em 1990, Uganda
Pânico no uso do preservativo
Não poucas vezes, os preservativos quebram
ou saem. Não crie pânico. É pouco provável
que o seu parceiro fique infectado num incidente
de escassos segundos. As probabilidades
de infecção ocorrem quando o acto sexual
desprotegido se repete várias vezes.
‘Uma vez, em pleno acto entre mim e meu
marido, o preservativo rasgou-se. Ficamos
muito assustados. Semanas depois, o
diagnóstico deu resultado negativo para o
meu marido.
Uma mulher seropositiva.
‘Fui educada a pensar que o homem é o
chefe. É muito interessante porque fui
sempre um pouco rebelde e entrei em
drogas e nunca questionei isso aos homens.
Tentei falar com o meu marido acerca do
uso de preservativo, mas ele nunca topou
nada. E agora digo a mim mesma `não cai
tudo sobre mim`. A responsabilidade é de
todos nós’.
Uma mulher HIV positiva, Escócia
Algumas de nós insistimos em utilizar
preservativos argumentando que não queremos
engravidar ou queremos dar intervalo entre
as gravidezes. Se é verdade ou não, o que nós
queremos é que haja condições para a prática
do sexo seguro sem precisar de dizer a ele
que somos seropositivos. Algumas mulheres
conseguem persuadir os seus parceiros a
tomar parte na prática de sexo seguro tais
como sexo oral ou masturbação mútua em
vez de sexo de penetração vaginal ou anal.
Equilíbrio natural
Alguns ensaios clínicos mostraram que as
mulheres que usam duches e outro tipo de
substâncias nas áreas em volta da vagina são
mais vulneráveis a infecções de transmissão
sexual e HIV. Isto tem haver com a alteração
do equilíbrio natural na vagina. Pode restabelecer
o equilíbrio natural da vagina deixando de
fazer duches. A outra alternativa encontrada
é colocar iogurte vivo na vagina, o que traz um
alívio e ajuda a restabelecer o equilíbrio químico.
Microbicidas
Esperamos que a pesquisa sobre microbicida
continue. Microbicidas são cremes antivirais
que criam um cenário que destroe o HIV. Não
são muito lubrificantes, por isso, são aceites
também por pessoas que preferem `sexo seco`.
Microbicidas são uma alternativa de sexo seguro
para todas mulheres positivas que querem
ter a possibilidade de controlar o seu corpo.
‘Não utilizo ervas para manter `apertada e
seca`, o meu marido não se incomoda com isso’.
Mary, HIV positiva, Zimbabwe
‘A nossa lei no Uganda não diz nada sobre
certas questões como a violação.
Entende-se que uma vez casada você
consentiu ao sexo a qualquer altura’.
Beatrice, HIV positiva, Uganda
Tentar manter a vagina seca pode causar
algumas ranhuras, mesmo quando não sentes
nada. Por causa da secura é mais provável que
apareça ranhuras e cortes durante o sexo de
penetração desprotegido. Pode também fazer
com que o preservativo se rasgue durante o
acto sexual.
‘Dói, mas também não posso mostrar
satisfação senão há-de achar-me muito
experimentada’.
Chipo, HIV positiva, Zimbabwe
É muito difícil para as mulheres persuadirem
os seus parceiros que o sexo seco é muito
arriscado. Mas tente explicar que o sexo seco
pode fazer arrebentar o preservativo. Talvez
ele entenda.
Importa acreditar que você não é responsável pela violência do seu parceiro. A violência
nada tem haver consigo.Você é importante e
o seu bem estar emocional e físico também é
importante. Mesmo em situações que pareçam
impossíveis, mudanças podem acontecer.
‘Torna-me difícil
cuidar e amar a
mim mesma,
depois de tanto
tempo de
violência. Estoume adaptando a
novas formas de
vida, mas está a
ser difícil. Devo-me
a mim mesma
pela compreensão,
paciência e a
aceitação que
encontro’
Mulher HIV positiva
‘O que deixei para trás é a violência, a
intimidação, e o abuso e descobri em mim
novas forças e potencialidades que nunca
pensei que tivesse’.
Mulher HIV positiva
‘Um dos obstáculos na prevenção do
HIV/SIDA no Botswana é a prática do sexo
seco. O pior é que as mulheres concordam
que uma das condições para se casar é
acordar a prática do sexo seco’.
Dipuo, HIV positiva, Botswana
Se não quero dizer a alguém que sou
seropositiva apenas insisto nos preservativos
se ele não aceita, é para esquecer.
Mulher HIV positiva
34
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 8
35
Dor e perda
Histórias de sucessos
Comunicar ou falar sobre sexo não é sempre
fácil. Pensando sobre as mudanças e como
lidar com o HIV e as exigências do sexo
seguro pode parecer difícil de contemplar.
Contudo, pequenas mudanças podem ser
feitas de forma gradual e continuar a fazer a
diferença. Mesmo que se sinta esmagada
hoje, amanhã você se sentirá mais firme.
‘Podes fazer mudanças. Nunca pensei que
eu poderia perguntar. Já comecei a dizer
coisas como eu adoro quando tu me tocas lá’
Mulher HIV positiva
‘Descobrir como maravilhoso era fazer sexo
com uma mulher – foi a melhor coisa que
me aconteceu há muito tempo’.
Mulher HIV positiva, Austrália
‘Aprendi, através de muita leitura de alguns
livros sobre as mulheres como sendo muito
peremptórias. Acredito em mim mesma
mais agora. É sou um pouco mais confiante. Estou a começar a aprender a ser
enérgica e a safar-me. É muito bom’.
Mulher HIV positiva
‘Nas minhas apresentações, as pessoas
ouvem-me falar da minha carta favorita
enviada depois duma apresentação na qual
revelo como tornei-me seropositiva. “Cara
Jane Fowler”, escreveu uma menina escolar
de 12 anos, “Gee, com toda certeza nunca
soube que uma mulher acima dos 50
pudesse fazer sexo’”
Jane Pecinovsky Fowler, 63 anos de idade,
HIV positiva, EUA
Perder alguém que amamos ou gostamos
é muito doloroso. Ser HIV positivo significa que
estamos frente a frente com a nossa própria
mortalidade. Todos passamos por várias
experiências emocionais, pensamentos e
comportamentos quando alguém morre.
Não há forma correcta de chorar – varia de
pessoa para pessoa, de cultura para cultura e
mesmo de uma comunidade para outra.
‘Não há um conjunto de formas de chorar.
Ainda pesa-me e penso que será sempre
assim. Quando alguém diz-me que passa
com o tempo, mando passear. Não passa,
será sempre diferente porque John nunca
mais voltará’.
‘Na minha cultura, é proibido falar de
sexo. E fiquei com medo de ser rejeitada
se dissesse ao meu marido que era
seropositiva. Levou muito tempo até que
contasse. Ainda não falamos de sexo
embora neste momento utilizamos
preservativos’.
Mulher HIV positiva, Austrália
Ale, diagnosticada em 1998, Argentina
9
Testamento é um documento escrito que
diz claramente o que e que uma pessoa
deseja que aconteça depois da sua morte.
Fazer um testamento é fácil. Mas algumas
pessoas acham que é difícil fazer ou
acreditam que o testamento faz com que
elas morram rapidamente. Os primeiros que
se seguem foram desenvolvidos na Tanzânia
em resposta ao número crescente de
mulheres e crianças abandonadas. As
vezes não havia um testamento válido e as
propriedades, a terra, e o dinheiro iam sendo
apoderados por membros de outras famílias.
O testamento tem de ser feito de acordo com a
lei local, embora os princípios sejam semelhantes
em qualquer parte. Um testamento pode:
que propriedades, a terra e
• Assegurar
outros bens passem para as pessoas que
•
Mulher HIV positiva,Tailândia
Ser diagnosticada com o HIV, fez-me
ser mais engenhosa, mais habilidosa. Prefiro
os jogos de amor agora – namoriscar,
beijar, roçar’.
Fazer um Testamento
•
Lembramos as mulheres que nós perdemos
‘Assusta-me a ideia de ficar doente neste
momento. Não é o medo de morrer, é o
processo de morrer. Não estou a ver bem
as coisas. Estou a pensar fazer um testamento neste momento. Penso também
quem será o executor. Está ficando cada
vez mais difícil para mim suportar a
doença. É o medo de adoecer e morrer. O
peso é maior’.
Lynde e Prudence
Mulher HIV positiva
•
o declarante gostaria que as recebessem;
Clarifica sobre quem fica a custódia
das crianças, e se não houver parceiro
indica outro protector;
Especifica quem irá assegurar que o
testamento seja aceite (gestores/depositários ou executores do testamento).
Dar instruções sobre os preparativos
para o funeral.
Para ser válido o testamento deve ser:
Escrito com tinta permanente ou
dactilografado;
Assinado pela pessoa e com data clara;
Testemunhado por pessoas na altura
da assinatura e colocação de data. O
número de testemunhas varia de país
para país. Os beneficiários não podem
ser testemunhos;
Escrito enquanto e no momento em
que a pessoa ainda goza de sanidade
mental e que não esteja sendo forçado
a fazer por quem quer que seja.
•
•
•
•
36
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 9
Fonte: Writing a valid will, M.C.Mukoyogo. publicado por AMREF
PO Box 2773, Dar-es- Salam,Tanzania
37
Embora a morte seja uma parte inevitável das
nossas vidas, isso não reduz a dor, não diminui
a dor quando perdemos as pessoas mais
próximas de nós. Muitos de nós não conseguimos
sair desse momento. Quando as pessoas
próximas de nós morrem trás consigo cara a
cara a possibilidade da nossa própria morte.
Haverá tempo para dizermos o nosso adeus?
E os nossos amados como vão se aguentar?
Perda múltipla
Muitos de nós já perdemos nossos pais, filhos,
parceiros e por ai fora por causa do HIV/
SIDA. Carregamos um fardo pesado de
augústia e pesar. A perda de mulheres positivas
que já tinham-se juntado a nós no apoio e
luta pelos nossos direitos, tem outro nível de
dor e tristeza.
Auxillia Chimusuro, Zimabwe
‘Não há palavras para exprimir a minha
profunda tristeza de saber que a minha
amável amiga Auxillia morreu. Fomos
amigas desde 1992 e amava-a pela sua
paixão, sua coragem e seu maravilhoso
sentido de humor. Ensinou-me muito e com
o seu alto sentido de justiça lutou contra a
discriminação, a estigma, a ignorância e o
medo que envolve o HIV/SIDA. Ela amava e
cuidava de muitas pessoas, e em retorno
ela era amada por muitas pessoas. Auxillia,
amo-te e sinto falta de ti’.
Bev Greet, diagnosticada em 1988, Austrália
Petudzai, HIV positiva, Zimbabwe
Jeannine va Woerkum
Jeannine van Woerkum, Países Baixos
‘Todo o seu trabalho foi conduzido com
grande sentido de humor e amor por outras
pessoas’.
Tanne de Goei, Holanda
Marife Tenate
‘A brava elegante e inteligente Marife foi
uma verdadeira inspiração para mim. Vou
sentir sua falta. Ensinou-me e foi modelo
para mim. Lutou pela `causa até` ao fim’.
Colleem Perez, HIV positiva, Guam
Jennifer, Uganda
A falecida Auxillia Chimusuro e Winnie Chikafumbwa
‘Em 1997 comecei a notar e sentir novas
coisas a acontecer no meu corpo: cansaço,
fraqueza, dores de cabeça, febres e sono.
Os sintomas abatiam, mas aguentava-me.
Lutei como um lutador, como sempre, vivendo
positivamente e contemplando a morte
com dignidade’.
Winnie Chikafumwa
A falecida Winnie Chikafumbwa foi uma
blazer de ensaio que era largamente
responsável pela formação da Associação
nacional de Pessoas vivendo com HIV/SIDA
(National Association of People Living with
HIV/AIDS) do Malawi. Winnie foi uma
pessoa de espírito gentil que se viu forçada
a lutar e tornou-se uma gurreira e vencedora
em nome de outras pessoas’.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
‘Cada ano
realizamos um
memorial para
as mulheres que
morreram de
HIV/SIDA.
A Gloria morreu
de linfoma, Ivy e
Irene morreram
de MAC.
Christine morreu
de uma droga
exprimental que
lhe foi dada por
causa dos seus
rins. Nancy e
Barbara
morreram de
cancro enquanto
sofriam de
HIV/SIDA. o
Grupo de
Irmã-para-Irmã
merecia férias de
HIV/SIDA.
Tinhámos perdido
15 das nossas
irmãs’.
Mulher HIV positiva,
EUA
Jennifer, diagnosticada em 1988, Uganda
O filho amado de Petudzai morreu em 1997
Lynde Francis, HIV positiva, Zimbabwe
38
Mas mesmo nos momentos difíceis nós lutamos
para lidarmos com a perda dos que amamos
e pensamos da possibilidade da nossa própria
morte. As crianças e amigos dão-nos a razão
para sobrevivermos. Temos o apoio onde
podemos encontrar. Nós buscamos força nos
recursos que as mulheres encontram nos
momentos difíceis da vida.
Jo Manchester, diagnosticada em 1988, Grão Bretanha
Honrando aqueles que perdemos
‘Alguém pode imaginar que estou habituada
a morte, mas não é o caso. Cada falecimento
constituiu um sinal da minha própria morte
eminente. Esta eminência é reforçada pelo
fim mortal de muitas mulheres corajosas que
se tinham juntado para formar o nosso
grupo, incluindo amiga minha com quem
fundamos o grupo. Comecei a ter a consciência dos rituais e cerimónias que
envolvem a morte. Quão importante seria
para mim como amiga da defunta dedicar
todo aquele tempo e envolvimento para
recordar uma amiga que morreu e celebrar a
vida que elas tinham vivido. Ligar-se pelo
menos mais uma vez as rédeas da vida da
minha amiga e compartilhar a dor com
umas e outras’.
‘Agosto de 1997- começam os
piores dias da minha vida.Taku fez 2 anos e
celebramos o seu aniversário no hospital
com ele. Foi a sexta baixada. Morreu em
paz em casa no dia 3 de Outubro de 1997’.
Capitulo 9
39
10
‘Sou uma mãe
solteira e lésbica
que trabalha
num sala de
massagens como
prostituta. Tenho
a precaução de
usar aparelho
cervical ou
preservativos
com cada cliente
que se envolve
comigo’.
Trabalhadora de
sexo HIV positiva
‘Agora podemos
exigir os nossos
clientes para usa
preservativos.
Descobri que a
ameaça do SIDA
diminuiu os actos
sexuais de
penetração que
tive que fazer’.
Trabalho de sexo
Vender o sexo
Algumas mulheres de HIV positivo fazem sexo
por dinheiro ou por bens materiais como a
comida. Algumas de nós chamamo-nos
trabalhadoras de sexo e outras não. Às vezes
o trabalho é a nossa única opção. Talvez é
a única forma de conseguir dinheiro para
sustentar as nossas famílias ou evitar viver
sem casa, ao relento. Às vezes somos
ameaçadas com violência se não concordamos
vender os nossos corpos em troca de dinheiro.
Existe pouca ou nenhuma evidência de que as
trabalhadoras de sexo sejam responsáveis
por espalhar o HIV. Algumas trabalhadoras de
sexo têm tomado responsabilidade da sua
saúde e seu bem estar.
Mary, HIV positiva,
trabalhadora de
sexo comercial, Índia
40
Trabalhadoras de sexo indianas: parte da solução
‘Nós pedimos aos homens para ter precauções. A nós não só nos interessa a vida
deles, mas também a das suas mulheres.
Ainda somos retractadas como marginais’.
Selvi, HIV positiva e trabalhadora
comercial de sexo, Índia
Onde existem preservativos, as trabalhadoras
de sexo insistem que os seus clientes os utilizem.
Mesmo em casos em que o cliente queira pagar
mais dinheiro para ter um relação desprotegida
elas insistem que eles usem preservativos.
Com ausência de preservativos as trabalhadoras
do sexo preferem oferecer sexo seguro aos seus
clientes tais ‘hand jobs’ (masturbação) ou ‘blow
jobs’ (sexo oral) de modo a evitar o sexo de
penetração vaginal ou anal desprotegido.
Para qualquer mulher estar detida na prisão é
uma experiência traúmática. E para as mulheres
seropositivas é mais que isso. Algumas de nós
fomos submetidas a testagem de HIV enquanto
na prisão e descobrimos que somos positivas
lá. Isoladas e com medo de reacções negativas
por parte do staff da prisão e de outros
prisioneiros, muitas mulheres são incapazes de
falar com alguém a não ser o pessoal médico.
Outras são colocadas em quarentena ou
separadas de outras prisioneiras por causa de HIV.
Trabalhadora de sexo HIV positiva.
As que entre nós são trabalhadoras de sexo ou
vendem o sexo por dinheiro, sofrem discriminação,
mesmo dentro das organizações de SIDA e entre
outras mulheres HIV positivas. Para a ICW são
benvindas todas as mulheres HIV positivas e
tenta olhar mais para as coisas que as unem.
Discriminação social
Trabalhadora de
sexo HIV positiva
‘Geralmente os
nossos clientes
aparecem
bêbados, fazendo
com que seja
difícil negociar
sexo seguro. Se
as mulheres
insistem no uso
do preservativo,
eles tornam-se
violentes’.
‘Quando comecei a trabalhar, podia aparecer
um cliente a falar de SIDA dizendo que estava
preocupado com esta epidemia. Alguns
diziam que já não iriam mais às moças de
rua. Muitos, ao ver preservativos, vêm com a
espalhafate de dizer ‘sou limpo, só vou com a
minha namorada e mais ninguém, confie em
mim’ ou não pago dinheiro para fazer com
borracha’ ou ‘é que gosto muito de ti, com as
outras não há problema, mas contigo, quero te
sentir’. Mas no todo só perdi um trabalho por
ter recusado fazer sem preservativo’.
Mulheres na
‘A trabalhadora do sexo aterra na rua onde
não há comida, abrigo ou cuidado médico.
Em Pune, há sempre uma mulher deitada
na rua a necessitar de apoio médico ou
social. A sociedade que é responsável pelo
sofrimento delas, não está preparada para
tomar conta delas’.
Mary, profissional de sexo HIV positiva, Índia
Infelizmente em alguns países do mundo, a posse
de preservativo por uma mulher é motivo
para ser detida e processada por acusações
de vadiagem e aliciamento. Esta situação põe
as trabalhadoras do sexo em risco, baixando
as oportunidades de proteger a si e aos seus
clientes da contaminação do HIV por não usar
preservativos. A ICW, em conjunto com
outras organizações, opõe-se a estas práticas
e advoga o fim das mesmas através da alteração
das disposições legais.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
‘Recebi o meu resultado na prisão. Foi-me
informado que estava HIV positiva, mas que
não devia falar disso senão criaria histeria
em massa. Se alguém perguntasse devia
fingir que tinha hepatite B. Apartir daí fui
isolada e a minha comida era me
entregue através duma escotilha. Não
posso imaginar um outro lugar pior para
receber notícias como esta. Não sabia o que
fazer. Sentia-me enjoada com abstinência da
heroina. Pesava apenas uns 10 a 15 quilos’.
Leigh, diagnostica em 1987, Grã Bretanha
Algumas mulheres prisioneiras não têm sido
capazes de escrever ou falar com os seus
familiares sobre o HIV por falta de privacidade
na prisão. As cartas eram lidas e as conversas
postas à escuta. O staff da prisão conta aos
outros e informações espalham-se pela prisão.
11
Prisão
Em alguns países como Argentina, Brasil, Grã
Bretanha, Tailândia, Austrália e os EUA, as
mulheres positivas dentro como fora da
prisão, têm levado a cabo campanhas exigindo
o acesso a informações e apoio apropriado
para as mulheres encarceradas portadoras
de HIV. Estas campanhas devem ter em conta
que mesmo na posse das informação é necessário
segurança para não causar problemas. Por
exemplo, se as outras prisioneiras descobrirem
que há prisioneiras que estão preocupadas
com informações sobre HIV ou pedindo
apoio, como é que serão tratadas? Será ela
isolada e ao mesmo tempo rejeitada?
‘Tem sempre havido preconceitos e estigma
aqui em Albion. As pessoas ainda sussurram
a palavra SIDA. É triste, mas real. Temos um
grupo de apoio maravilhoso todas as quintas
feiras à noite. Não temos agenda, mas
partilhamos forças e esperanças. Sentimo-nos
seguras porque temos algo em comum –
somos infectadas e afectadas’.
Linda Suarez, HIV positiva, Albion Correctional
Facility, EUA
Está claro que o pessoal da prisão e os
prisioneiros precisam de educação sobre
SIDA para diminuir o isolamento e abuso que
as mulheres positivas sofrem na prisão. Serviço
ao domicílio para as mulheres nas prisões
está a progredir em muitos países. Mas ainda
temos um logo caminho para percorrer.
‘Mudaram as coisas? Com certeza. Mas
muitas mulheres seropositivas continuam
a lidar com esta doença no segredo dos
deuses porque toca assuntos considerados
tabus: a morte, o sexo, a sexualidade, drogas.
HIV/SIDA ainda estimula discriminação
entre o staff e os presidiários’.
Leigh, Grã Bretanha
Capitulo 11
Leigh, diagnostica em 1987, Grã Bretanha
41
12 MulheresJovens
A Declaração da ICW sobre
as Mulheres Jovens
Dia mundial do SIDA, 1 de
Dezembro de 1998
As mulheres jovens constituem a população
que mais rapidamente está ficando infectada
de HIV. A ICW acredita que as pessoas
no mundo – apartir de governos até as
comunidades e famílias – devem reconhecer
a grande vulnerabilidade que as mulheres
jovens enfrentam em todas as regiões do
planeta.Todos nós somos chamados a
procurar e ouvir experiências e vozes de
mulheres jovens que vivem com o
HIV/SIDA.Todos nós somos responsáveis
pela protecção das mulheres jovens da
exploração económica, sexual e emocional.
Recursos devem ser investidos para dar
poder, educar e apoiar as mulheres
jovens HIV positivas.
Marie-Joseph, Camarões
Embora haja semelhanças de situações entre
adultas e jovens vivendo com HIV/SIDA, os
jovens têm frequentemente menos poder
pessoal. São imaturos e não merecedores de
respeito que as mulheres adultas granjeiam
através do casamento e filhos. Algumas jovens
que já estão envolvidas em relacionamentos,
ficam no isolamento quando estão assoladas
pela epidemia do SIDA.
‘Para a mulher jovem vivendo com HIV/SIDA,
a vida não corre às mil maravilhas. A sociedade
olha para si com ar de desconfiança. Você é
vista como fonte de perigo e morte para
toda a sociedade’.
‘Hoje não é de admirar encontrar viúvas
com 18 anos no Uganda. Porque é que
essas jovens mulheres correm o risco de
viver solteiras para toda a vida enquanto os
jovens conseguem angariar simpatia da
sociedade quando voltam a casar? Será que
os homens são considerados mais humanos
que as mulheres? ou é o poder económico
que lhes dá o poder social?’.
Beatrice Were, HIV positiva, Uganda
‘Oiço isto de outras pessoas jovens – quão baixa
é a nossa auto-estima e sentido de si mesma
pode jogar um papel nos comportamentos
que nos colocam em risco de HIV em
primeiro lugar. Como é que não tiveram
informações suficientes sobre o HIV para
saber que estavam em risco de ser infectadas
com o vírus. Quantas vezes mulheres jovens
querem ser amadas e ditas que são dignas
de amor e o que pretendem fazer para ter
esse amor. Os jovens não crescem no vazio.
Todos nós desenvolvemos no seio da família,
amigos, mentores, professores e pessoas de
prestação de serviços. O que nos espera
quando não temos nenhum destes disponível?’.
Antigone Hodgins, HIV positiva, EUA
Muitas de nós descobrimos o nosso estado
de seropositivas quando ainda estávamos na
escola. As nossas esperanças e sonhos de um
dia termos carreiras profissionais aliciantes e,
por conseguinte, vidas independentes, de
amar e sermos amadas e eventualmente termos
nossas próprias famílias e crianças, desmoronam ou ficam ameaçadas.
‘A minha mãe perguntou-me se era portadora
de HIV. Ela verificou o inchamento das glândulas
do hemisfério norte do meu corpo e ficou
muito curiosa. E advertiu-me `se você está
infectada convém nos informar de modo a
não gastarmos mais dinheiro para a sua
educação’.
Daisi, diagnosticada em 1992, Nigéria
Se informamos as nossas famílias ou amigos
do nosso estado de HIV e obtemos apoio,
significa que este apoio será acompanhado de
protecção. Ficamos muito gratas pelo apoio
dado, mas queremos ser adultas independentes
também. Mesmo quando apoiamos grupos
de mulheres positivas, é possível ter respostas
protectivas de mulheres adultas nesses grupos.
Beatrice Were, HIV positiva, Uganda
Tal como outras jovens mulheres vivendo em
partes do mundo, nós também tentamos
encontrar os nossos valores pessoais e convicções.
Estamos a começar a pensar nos nossos
relacionamentos e temos que estar a par do
impacto que o HIV tem na exploração da
nossa sexualidade.
‘À altura que fui admitida à universidade
em 1994, já sabia que era HIV positiva.
Estava determinada a não relacionar-me
intimamente com qualquer e fazer sexo.
Com aquela decisão e num ambiente novo
para mim, senti-me muito fraca, isolada,
muito inconfortável e também ludibriada
quando vi outras meninas e colegas, irem às
festas, aos clubes nocturnos, concertos e
coisas assim, com os seus namorados’.
Daisi, diagnosticada em 1992, Nigéria
‘As estatísticas mostram que o grupo
crescente com níveis mais altos de infecções
é basicamente o grupo compreendido entre
as idades 18-24. Esta é a altura em que
frequentam as discotecas ou clubes nocturnos,
e correm riscos, tomam álcool, tomam drogas,
adquirem certas atitudes, eu sou eu,
ninguém faz nada, vou viver sempre, etc.’.
Cathy, 21 anos, diagnosticada em 1995, Austrália
42
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Capitulo 12
Marie-Jo, Tita e Euphrasie, Camarões
Para muitas jovens positivas todas estas coisas
isoladas. Pensa que é a único acontecer no
mundo. Encontrando outras mulheres jovens
positivas com as quais podemos partilhar as
experiências de sermos HIV positivas fez com
que nós nos sentíssemos menos isoladas.
Falando com mulheres adultas que haviam
passado por experiências similares e que
estevam disponíveis para agir como mentoras
ou guias nestas situações foi sempre valioso.
Um dos grandes problemas com que as jovens
se debatem é que grande parte das informações
disponíveis fala apenas acerca de infecções
com o HIV. Mas nós já somos seropositivas.
Em muitas partes do mundo mulheres jovens
constituem a maioria nos grupos com a taxa
mais alta de crescimento de infecções com o HIV.
‘Se você grita `prevenção, prevenção` a falar
como se as jovens não estivessem infectadas,
e não fala acerca de aconselhamento ou
testagem, você não está a dizer nada sobre
os riscos. As pessoas fazem isto todas as
vezes, mas nunca se apercebem. E isso
aconteceu comigo. Ninguém tinha dito
sequer que eu deveria fazer o teste e as
vezes desencorajaram-me a fazer. Diziam `tu
és nova, tu és jovem. Está tudo bem`’.
Oom, Tailândia
Antigone Hodgins, HIV positiva, EUA
Escutando e dando apoio as pessoas jovens
das mais honesta e criativa formas é muito
importante. Não podemos ser complacentes
com o trabalho que precisamos fazer com a
juventude. Ouvindo-lhes constitui o primeiro passo.
43
13
‘È tão pouco que
resta das nossas
vidas, que è o
mesmo que gastar
a linha em coser
roupa velha,
quando se pode
coser nova’.
Mercy Makhalemele,
HIV positiva, África
do Sul
Descriminei-me a
mim mesma por
muito tempo.
Agora vejo a
necessidade de
dar poderes à
mulher’.
Ruth, diagnosticada
em 1991, Filipinas
‘Recordem-se.
Unidos ficamos
de pé, divididos
caímos – Irmãs
Positivas Uni-vos’.
Linda Reed,
diagnosticada em
1988, Eire
Mulheres positivas
HIV e SIDA mudaram completamente as nossas
vidas. Continuamos a lutar numa batalha dura
contra a ignorância, o medo, a indiferença e
o sofrimento e o desgosto nas nossas vidas
pessoais. Mas já aprendemos o suficiente.
Sabemos que ligações com outras mulheres
positivas no mundo pode-nos ajudar a ganhar
força e confiança nas nossas vidas.
‘For a o medo criado pelos medias, pessoas
vivendo com HIV estão sendo postas fora
do emprego, pois são considerados inúteis,
sem esperança e sem futuro mas, nós temos
esperança e estamos a planificar o futuro’.
‘Dizem que todos nós temos direito à vida,
à saúde e à educação. Onde é estão todos
esse direitos?’.
Givanna Torres, diagnosticada em 1995, Peru
Inami e Mercy
‘Agora acredito que o HIV não é o fim de
tudo. Pode ser um começo no qual tem de
tomar conta de si mesma’.
Diana, HIV, Malásia
‘Se tudo correr de acordo com o planificado,
estarei novamente casada. Estou muito
entusiasmada. É uma coisa que pensei que
nunca havia de acontecer outra vez já que
tinha sido diagnosticada. Deus foi grande
para mim e vai acontecer’.
Sue Burton, HIV positiva desde 1993,
Antilhas Holandesas
Dorothy, HIV positiva Quénia
‘As pessoas estão livres para falar sobre
SIDA. Têm mais consciência e sentiram que
precisam de ajudar as outras. O problema,
de longe, deixou de ser o vírus em si. Agora
nós queríamos definir as nossa necessidades
e descobrir o que é importante para nós’.
Agnes, diagnosticada em 1990, Uganda
‘Eu sou de opinião que o teste de HIV
positivo em todo o mundo pode evocar
pensamentos profundos e mudanças
fundamentais nas nossas vidas’.
Jan, diagnosticada em 1995, Alemanha
‘Tenho 32 anos de idade, com 4 filhos e oito
órfãos deixados pela minha falecida irmã mais
velha que junto com o seu marido morreram
de SIDA. A vergonha, o stress e a discriminação
aqui na região Central de África faz com que
a comunicação sobre o HIV/SIDA seja difícil.
Falo com estudantes, alunos, trabalhadores do
Estado, comerciantes, diferentes igrejas,
prostitutas, viúvas, muçulmanos, hospitais, centros
de diagnósticos de SIDA, pais de filhos positivos.
Fiz muito trabalho meus amigos. Já falei com
mais de 2600 mulheres positivas e há mais’.
Collette Moussa, diagnosticada em 1991,
República Centro Africana
‘A ignorância gera o medo, o medo gera a
intolerância. A intolerância gera o ódio. Se a
minha reclamação pode ajudar a quebrar
este terrível cíclo vicioso, é a última coisa
que posso fazer’.
Doreen Millman, 63 anos, HIV positiva, Canada
44
‘Temos que fornecer informações às mulheres.
Mas é difícil quando as mulheres não têm
os seus direitos, e são ensinadas que são
inferiores aos homens e que são menos de
importância enquanto, ao mesmo tempo,
meninos são ditos que têm o direito de
dominar as mulheres’.
Martine Somda. HIV positiva, Burkina Faso
Oom, HIV positiva,Tailândia
‘Nós sabemos apartir da nossa própria
experiência que a mulher positiva é muito
eficaz em despertar a consciência. As pessoas compreendem melhor depois de falar
com elas. Mas precisamos de apoio se nós
queremos dar apoio aos outros’.
Prudence, África do Sul
Direitos Humanos
e HIV
Mudando e ligando-se
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Em todo o mundo, os direitos humanos da
mulher são violados todos os dias. Muitas
mulheres não ganham o salário para uma vida
normal e não conseguem suportar as necessidades básicas da vida. Como se não bastasse, em algumas comunidades certos aspectos culturais não permitem que as mulheres
sejam reconhecidas, nem tratadas em igualdade com homens. Estas circunstâncias podem
fazer com que as mulheres sejam vulneráveis
às infecções e doenças. Para elas o HIV passa
a ser um dos muitos factores que levam à
opressão. Muitas de nós, infelizmente,
passamos por situações de discriminação e
estigma por causa de sermos HIV positivas.
‘Agora quando discuto o meu estado de
HIV positivo em frente das pessoas, sei que
devo exigir os meus direitos. Penso que devo
apoiar as pessoas que têm medo de ser
HIV positivas e ajudar a ir a frente na luta
pelos seus direitos. Não devem se deixar
ultrapassar por outras pessoas’.
Mary, 20 ano, HIV positiva, Índia
‘Quando fui diagnosticada com HIV, os
primeiros sentimentos foram de angústia e
desastre. Mas logo a seguir decidi frequentar
o grupo de auto-ajuda e comecei a ganhar
coragem de enfrentar a nova situação da
minha vida. Foi através desta única experiência que fiquei madura e aprendi muito.
Encontrei-me com mulheres especiais e
poderosas que pensam na vida e esperam
construir uma sociedade dignificada e igual’.
Foi há 50 anos que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos foi adoptada pelo Conselho
das Nações Unidas em 1948. Nestes anos
todos temos tentado batalhar pelos direitos
humanos básicos. A ICW acredita que todas
a mulheres com HIV/SIDA merecem respeito,
direitos básicos, informações e apoio.
Marina, Diagnosticada em 1996, Brasil
V I D E O FAC T S H E E T 9
Para mais informações sobre
Direitos Humanos
‘Juntei-me à rede
de ajuda às
mulheres e SIDA.
Tive poderes e
eduquei-me
acerca dos meus
direitos. Fui ao
tribunal e tive a
minha casa de
volta das mãos
do meu marido e
da sua segunda
mulher’.
Anna, HIV positiva,
Zimbabwe
Fiquei a saber
que sou HIV
positivo no mês
de Agosto de
2001. Pensei
fosse o fim do
mundo, Soube da
existência da
Associacao
Kindlhimuka
juntei-me como
membro e aqui
recebi muitos
conselhos, neste
momento vivo
com outras
pessoas com
mesma situação
que eu, vivo
positivo estou
com muitos
planos da vida
Mulher, HIV positiva,
Moçambique
Associação Kindlhimuka, Moçambique
Esperamos que este Kit de Sobrevivência
ajude as mulheres nesta luta.
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
45
Fontes, Agradecimentos e Reconhecimentos
Fontes
Agradecimentos
A ICW deseja dar a conhecer a lista dos valiosos boletins,
livros e outros recursos disponíveis para pessoas vivendo
com HIV/SIDA. O Kit de Sobrevivência de Mulheres Positivas
pegou nas mais importantes que incluem os seguintes:
Muitos agradecimentos para a Healtlink Worldwide, GNP+,
the Nationla AIDS Manual e a Health Education Authority
pelas informações generosamente fornecidas.
• AIDS Action: boletim internacional sobre a prevenção e
cuidados de SIDA, da Healthlink Worlawide, Grã Bretanha
• AIDS Tratamento Actualizado: NAM, Grã Bretanha
• Diálogo da Saúde da Criança: produção especial em joint
venture AIDS Action, Grã Bretanha
• Folha de Factos 1.98, Aleitamento e transmissão de HIV,
SAFAIDS, CP. A509, Avondale, Harare, Zimbabwe
Fax: 263 4 33 61/4 Tel: 263 4 3361/4
Email: [email protected]
• HIV and AIDS: Tudo que as mulheres (e seus parceiros)
querem saber, North Manchester Health Promotion,
Grã Bretanha
• ICW News: boletim informativo da ICW, Grã Bretanha
• Keep it Simple: guia para o sexo seguro, centro de estudos
de doenças sexualmente transmissíveis, Universidade
de La Trobe, para o Centro Nacional para Controle da
Doença, Austrália
• Newsline: People with AIDS Coalition of New York, EUA
• Positive Development: setting up self help groups and
advocating for change, um manual para as pessoas
vivendo com HIV/SIDA, GNP+ em colaboração com
Healtlink Worldwide, Grã Bretanha
• Positive Women: um boletim para mulheres vivendo com
HIV/SIDA no Uganda (NACWALA)
• Positively Women: Living with AIDS, editado por Kate
Thomson e Sue O’Sullivia, Grã Bretanha
• Positive Women’s Newsletter,Victoria, Austrália
• A Positive Life: a Portraits of Women Living with HIV,
River Huston e Mary Berridge, EUA
• Positive Women: Reclamações de Mulheres com HIV/SIDA,
Women’s Health Resource Collective,Victoria, Austrália
• SAFAIDS News: Boletim da Southern African AIDS
Information Service, Zimbabwe
• Sexual Healing: Guia para as mulheres positivas.
Publicado pelo Terrence Higgins Trust para Positvely
Women, escrito por Sue O’Sullivian, Grã Bretanha
• STOPAIDS News: uma publicação trimestral da
STOPAIDS Organization, Nigeria
• WORLD – newsletter: EUA
Seus Apontamentos
Um maior agradecimento para a Hansa Patel-Kanwal que
compilou o KIT e a Sue O’Sullivian que editou.Todas
form além da chamada do dever.
Muitos agradecimentos a todas as mulheres que disponibilizaram o seu tempo para oferecer-nos o seu feedback
construtivo durante a criação e o desenvolvimento do KIT.
Em destaque para as nossas Chaves de Contacto que
forneceram contribuições válidas e úteis. Estamos também
agradecidos às contribuições de outros membros da
ICW em todo mundo e às mulheres nos Escritórios de
Londres que trabalharam muito no KIT com particular
destaque para Philippa, Lawson, Jo Manchester, Kate
Thomson, Araba Mercer, Maggie Matheson, Ale Trossero
e Alegria
Jillian Mackin e Janet Hadly fez um trabalho apreciável
no design e produção. Sue Lucas, Siân Long, Susan Perl
e Nel Druce deram um conselho muito útil. Nicky
Davies e Ben plmley da Positive Action deram
necessário encorajamento. Dra. Sara Madge da Royal
Free Hospital deu um conselho valioso nas secções
sobre a gravidez, nascimento e amamentação assim
como sobre as DTS’s.
Finalmente, a ICW gostaria de agradecer a todas as
mulheres Positivas citadas nominalmente ou de forma
anónima.
Reconhecimento
A ICW gostaria de amavelmente reconhecer o apoio
da GlaxoWelcome’s Positive Action Programme.
É através da generosidade dos financiadores que
recursos vitais como este são possíveis.
Design e impressão por DS Print & Redesign
© Copywright Comunidade Internacional de Mulheres
Vivendo com HIV/SIDA, Março de 1999
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Seus Apontamentos
Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva
Folha
de factos
HIV/SIDA e
Transmissão de HIV
Breve definição HIV-SIDA
A sigla HIV significa vírus de imunodifiencia
humana. Um indivíduo é seropositivo quando
estiver infectado com este vírus. O corpo reage
produzindo anticorpos de HIV. Uma vez realizado
o teste HIV do sangue, o teste mostra estes
anticorpos. Mesmo com HIV positivo, o indivíduo
pode não manifestar sintomas podendo estar
saudável por vários anos. Contudo, independemente
do seu estado de saúde o vírus mantém-se no
corpo e pode facilmente passar para outras pessoas.
SIDA significa Síndroma de Imunodeficiência
Adquirida. Quando um indivíduo é HIV positivo, o
seu sistema imunológico fica fragilizado. E isto significa
que a pessoa fica vulnerável a uma vasta gama de
enfermidades que um indivíduo saudável e HIV
negativo não pode ter. Estas doenças incluem a
tuberculose, alguns tipos de cancro, e afecta também
a vista, a pele e o sistema nervoso. Contudo, ser
diagnosticado com SIDA não significa ter
definitivamente uma saúde debilitada, pois a pessoa
pode ter, por exemplo, uma doença grave, podendo
depois recuperar e continuar a viver normalmente.
1
As crianças podem ser infectadas com
HIV através:
• Transfusão de sangue infectado;
• Recepção de tratamentos médicos com
instrumentos médicos não esterilizados, tais
como agulhas, seringas e instrumentos cirúrgicos;
• De abuso sexual de penetração vaginal ou anal.
Ainda não foi provado que o HIV seja transmitido
através do sexo oral1. Pensa-se que corre-se algum
risco de contaminação, num envolvimento
desprotegido2, se o sémen do homem HIV positivo
for engolido; por outro lado, também algumas
pessoas pensam que existe um pequeno risco de se
transmitir quando se tem contacto com a vagina
duma mulher HIV positiva, principalmente quando
esta se encontrar menstruada3. No entanto, e no
geral, o risco de transmissão de HIV através de sexo
oral são reduzidos quando comparados com os de
sexo de penetração vaginal ou anal desprotegido.
O HIV não se transmite através de:
• Aperto de mãos ou abraços;
O HIV pode-se transmite através de:
• Lágrimas ou suor;
• Sexo vaginal ou anal desprotegido (sem
preservativo) com alguém infectado pelo HIV,
• Uso partilhado de seringas ou outro
equipamento injectável não esterilizado;
• Equipamento médico contaminado não esterilizado;
• Transfusão de sangue não testado ou produtos
sanguíneos infectados pelo HIV;
• Inseminação artificial com sémen infectado pelo HIV;
• Espirro ou tosse;
Transmissão vertical de mãe para filho
ocorre quando:
• Beijos ou saliva;
• Uso comum de talheres, copos, pratos ou
roupa de cama;
• Uso comum da mesma casa de banho;
• Mordedura de cães, gatos ou insectos;
• Comer no mesmo prato
• O vírus é transmitido para o bebé através da
placenta durante a gravidez;
• " bebé é infectado durante o parto;
• O bebé é infectado através do aleitamento.
1 O sexo oral ocorre quando alguém tem contacto através da boca ou língua com o pénis do homem ou a vagina ou o clitóris da mulher.
2 Sem do uso do preservativo ou barreiras latex, dentais ou protecção plástica no acto de sexo oral.
3 Embora haja várias pessoas que pura e simplesmente menosprezam o risco e envolvem-se num acto de sexo oral desprotegido.
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Folha
de factos
Dicas para uma boa
alimentação
Nutrição
Uma boa alimentação é importante para uma boa
saúde. Se for seropostiva, uma dieta equilibrada
ajuda simultaneamente a si e sua família a manter-se
saudável.
O alimento:
• Ajuda o sistema imunológico a funcionar a
altura das suas capacidade;
• Fornece ao organismo todos nutrientes
necessários para uma boa saúde;
• Ajuda a manter o peso;
• Melhora a força e a energia no organismo;
2
Alimentos construtivos. Estes incluem a galinha,
o peixe, ovos, derivados de leite, feijão, lentilhas,
ervilha ou amêndoas. Estes alimentos contêm
proteínas e minerais tais como o ferro, zinco,
cálcio e algumas vitaminas.
• Evite o consumo de carnes vermelhas e carne
de porco porque contêm toxinas e a sua
digestão é mais prolongada.
Água potável é bom alimento. A água é uma
fonte de vida. Importa salientar a necessidade de
consumo de água limpa e esterilizada.
• Ajuda a prevenir enfermidades;
Alimentos ricos em vitaminas. Estes incluem
alimentos tais como verduras, em especial verduras
verde escuras e alaranjadas, e a fruta.
• Pode ser divertido.
Que fazer quando tenho falta de apetite:
O que é uma dieta equilibrada?
É extremamente importante ter uma dieta que
ajude a:
Nutrientes são componentes do alimento que o
organismo precisa para produzir energia para o
crescimento e movimento, criar e reparar células ,
assim como protege-las de infecções. É geralmente
possível obter os nutrientes que o organismo
precisa apartir de alimentos que comemos no
nosso dia-á-dia.
• Aumentar o apetite e ajude consumir nutrientes
em quantidades suficientes;
• Recuperar o peso e força perdida durante a
doença;
Dicas úteis:
Porém, cada refeição deve conter
alimento proveniente de cada um dos
grupos tipo abaixo mencionados:
Alimentos energéticos. Estes incluem arroz,
milho, papas ou xima, pão, mandioca, inhame.
Convêm comer alimentos não processados para
obter o melhor proveito. Estes alimentos
constituem a grande parte da refeição e fornecem
a maior quantidade de energia necessária ao
nosso organismo.
• A gordura animal, óleo vegetal e as amêndoas
constituem uma forma concentrada de energia,
mas o seu uso deve ser controlado para evitar
casos de diarreias.
• Tente comer quantidades reduzidas de alimentos,
mas tantas vezes ao dia do que o usual. Introduz
variedades alimentares na sua refeição.
• Se sentir-se nervoso evite comer alimentos
cheirosos ou cozinhar alimentos com cheiro
persistente.
As feridas da boca doem muito:
Se tens feridas dolorosas na boca, tente comer
alimentos que não precisam de ser mastigados,
tais como iogurtes, papas, sopa, fruta ou verduras
esmagadas. A papaia e o iogurte contêm enzimas
que aliviam as dores e ajudam a curar as feridas.
• Convêm não ferver as verduras demasiadamente
em água abundante. A maior parte das vitaminas
é desperdiçada junto com a água. Aconselha-se
cozer as verduras a vapor.
• Alimentos arrefecidos são mais atenuantes do
que alimentos quentes. Evite comer alimentos
picantes e com muitos temperos. Evite tomar
sumos de fruta – bebidas feitas com base de
leite são mais aliviantes para a boca e a garganta.
• O óleo da planta do chá é benéfico para o
alívio da candida bocal e da garganta;
Veja a folha de factos 2
Como posso comer com diarreia?
A diarreia pode danificar os intestinos e fazer com
que poucos nutrientes sejam absorvidos dos
alimentos. Intestinos danificados precisam de alimentos
facilmente digeríveis tais como papas ou sopas.
O consumo de alimentos oleosos e gordurosos
pode piorar a diarreia pelo facto de estes alimentos
serem de difícil absorção pelos intestinos.
O leite também pode provocar absorção deficiente
nas algumas pessoas. Intestinos danificados, as
vezes, também podem ser intolerantes à lactose que
é um açúcar natural encontrado no leite. Se a
diarreia persistir tente considerar o corte do leite
na sua dieta convista a diminuir a sua intensidade.
Entretanto, para algumas mulheres que não podem
tolerar o leite podem recorrer ao iogurte que
também ajuda a restaurar o balanço normal dos
intestinos. É de recordar que algumas vezes os
antibióticos podem piorar a diarreia. Coma
iogurte vivo enquanto estiver a medicar antibióticos.
Durante a enfermidade, no caso especial da diarreia
e vómitos, é extremamente importante tomar
muitos líquidos adicionais para evitar a desidratação.
Aconselha-se papas finas, leite de coco, sumos de
fruta adicionados com água limpa, sopas finas de
verduras ou bebidas derivadas de iogurte. Sais
minerais que podem ser adquiridos nas farmácias,
também conhecidas por comprimidos de calor
ou sais reidratantes podem ajudar a prevenir
desidratação.
• Em caso de uma criança com diarreia e desidratação,
ela precisa de soluções de reidratação e um cuidado
adicional o mais rápido possível. Em caso de a
diarreia não ser acompanhada de desidratação
dê uma dieta alimentar que contenha pouco
leite animal até que a diarreia diminua ou pare.
• Se a criança só se alimenta de leite do peito, amamente de forma mais frequente e longa dia e noite.
• Se a criança toma outro tipo de leite, substitua
a quantidade de leite à metade por alimentos
semi-sólidos ricos em nutrientes.
Preparação segura dos alimentos
O viver com o HIV faz de nós mais vulneráveis à
infecções. Preparando e guardando os alimentos
em condições higiénicas e limpas diminui a
propagação dos micróbios, incluindo aqueles que
causam a diarreia.
• Cozinhe os alimentos até temperaturas máximas
e reaqueça os líquidos até ferver para matar os
micróbios;
• Evite reservar alimentos cozidos por mais de
24 horas. Aqueça bem de novo os alimentos
que tenham sido guardados por mais de 2
horas depois da cozedura. Reserva os alimentos
e a água em recipientes limpos e tapados.
• Lave a fruta e as verduras com água limpa;
• Use água limpa para beber e preparar os ali
mentos. Ferva a água por mais de 10 minutos;
• Lave as mãos com água e sabão ou cinzas antes
e depois de preparar e comer os alimentos;
• Assegure que todos na sua família lava as mãos
com água e sabão ou cinzas depois de
necessidades maiores e antes de comer;
• Utilize utensílios limpos para preparar e comer
os alimentos;
• Mantenha limpo o lugar para confeccionar os
alimentos o mais limpo possível;
• Mantenha os alimentos fora do alcance de
insectos, roedores e animais de estimação.
Como reduzir a transmissão
de HIV de mãe para filho
O que aumenta o risco de infecção do
bebé com HIV?
É um facto reconhecido que se a saúde da mãe
não estiver boa ou se ela manifestar sintomas de
SIDA, o risco da sua transmissão para a criança é
maior. Se a mãe for portadora de uma doença de
transmissão sexual não tratada (DTS’s), pode
também aumentar o risco. (vide a folha de factos
8 sobre as DTS”s)
Tratamentos para reduzir a transmissão
do HIV durante a gravidez?
Entretanto já foram desenvolvidos tratamentos
medicinais que reduzem o risco de transmissão
do HIV de mãe para filho e o mais comum
chama-se AZT. Um estudo realizado nos EUA e
na França mostrou que o risco de transmissão
reduzia em 60%, quando AZT era tomada pela
mãe nos primeiros 3 meses, administrado de
forma intravenosa durante o parto e administrado
ao recém-nascido em forma líquida depois do parto.
Contudo esta forma longa de tratamento é cara
e não é acessível para muitas mulheres positivas,
principalmente nas comunidades rurais. Assim,
outras formas de tratamento foram desenvolvidas
e, ensaios tiveram lugar na Tailândia, onde
mulheres positivas receberam o AZT no ultimo
mês da gravidez e 3 vezes durante os trabalhos
de parto, tendo o risco de transmissão caído em
50%. É de salientar que neste estudo nenhuma
mulher teve este tratamento até ao período de
amamentação. Outros ensaios tiveram lugar,
como foi o caso da PETRA na África do Sul,
Uganda e Tanzânia, onde as mulheres receberam
o AZT durante o parto, seguindo-se mais uma
semana tanto para ela como para a criança, tendo,
outras mulheres continuado até a amamentação.
Os primeiros resultados anunciados em Fevereiro
de 1999, davam a conhecer que o tratamento
reduzia o risco em 37%. Entretanto e no geral
teremos que esperar por resultados de longo
prazo para o conhecimento global da eficácia
Folha
de factos
3
deste tratamento na redução dos riscos de
transmissão de mãe para filho, uma vez que
algumas da mães procederam à amamentação
Estratégias de redução de transmissão de
HIV durante o parto:
• Administrar medicamento anti – HIV às
mulheres antes e depois do parto;
• Evitar procedimentos invasivos desnecessários
(incisões ou exames médicos) que podem
causar infecções;
• Os médicos e as parteiras cuidando das mulheres
positivas são aconselhados a evitar a rotura
artificial das membranas durante o trabalho de
parto e assegurar que o tempo gasto no trabalho
de parto seja o mais curto possível.
• Uma pesquisa está em andamento no que
concerne à administração de vitaminas a base de
suplementos minerais às mulheres com gravidez,
em particular destaque para aquelas com
insuficiência de vitamina A. (Contudo as mulheres
que consomem uma dieta variada e nutritiva
raramente manifestam a insuficiência em vitamina A,
mas quando aplicada em excesso pode ser
perigoso para o bebé e, por isso, aconselha-se a
pedir conselho acerca disso).
• Evitar a transmissão de HIV através do leite do
peito, onde existem métodos alternativos de
alimentação das crianças.
• Constitui factor de alto risco se a mulher
tornar-se HIV positiva durante a gravidez ou no
período de amamentação.
Amamentação e a transmissão de HIV
Foi em 1985, que casos concretos de transmissão
de HIV de mãe para filho através de amamentação
foram pela primeira vez documentados. Até 1999,
o nível de risco é minimamente percebido, mas
muito ainda falta por se saber sobre os riscos e
mecanismos de transmissão. Este fenómeno é tão
difícil pelo facto de saber-se que a amamentação
é a melhor forma de alimentação das crianças.
Teme-se que se todas as mães positivas deixarem
Continua no verso
de amamentar, muitas crianças perderão os
benefícios da alimentação através do leite do
peito por conseguinte correr-se-á o risco de
morrerem por doenças relacionadas com a
pobreza tais como a malnutrição ou a diarreia.
Entende-se também que a amamentação reduz o
risco de concepção nos primeiros 6 meses, por
isso, as mulheres que não amamentam devem
usar métodos contraceptivos para evitar a gravidez.
O leite de substituição pode ser uma fórmula
industrializada, papas de feijão, ou leite animal
modificado. Leite animal fresco, leite em pó ou
leite condensado não açucarado deve ser
submetido à transformações para ser propício
para alimentação dos bebés. Caso concreto, para
preparar leite fresco de vaca: misture 100ml de
leite com 50ml de água e 2 colheres de sopa de
açúcar e ferva-o.
Quanto arriscada é amamentação?
É de recordar que o tratamento de AZT não
beneficia directamente a mãe, mas sim serve
apenas para reduzir o risco de transmissão de
HIV desta para o filho. Assim, se a mãe tomar
AZT durante a gravidez, recomenda-se o seu
abandono após o parto se o médico assim o
aconselhar.
O HIV pode ser transmitido através da amamentação.
Nas comunidades onde os bebés se alimentam
através do leite do peito, cerca de um 1/3 das
crianças positivas assim se tornaram por amamentação. A amamentação constitui um factor de
alto risco sobretudo quando:
• A mãe se infecta de HIV durante a gravidez ou
amamentação;
• Os mamilos da mãe têm arranhões ou se ela
tiver abscessos ou outros problemas na mama;
• A mãe manifestar sintomas de doenças
relacionadas com HIV;
• O bebé tem feridas na boca ou intestinos
inflamados;
Alternativas ao método de amamentação
Para permitir uma alternativa segura de
amamentação a mulher precisa de:
• Fornecimento de água potável;
• Saber como substituir alimentos de forma segura;
• Ter acesso ao fornecimento de leite de
substituição garantido pelo menos num período
de vários meses, ou um ano;
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Grupos de auto–ajuda
Grupos de auto-ajuda são constituídos por ou
para pessoas vivendo com HIV existindo em toda
a parte do mundo. Estes grupos constituem uma
enorme fonte de suporte, apoio e advocacia para
as pessoas positivas ao nível local e nacional.
Grupos de auto-ajuda podem fornecer:
• Apoio emocional e social em casa ou em
sessões de grupo;
Folha
de factos
4
Mulheres e homens com HIV e SIDA poderão
manifestar necessidades e preocupações diferentes,
dependendo do momento em que souberam da
sua infecção com HIV, o seu estado de saúde, a
sua situação financeira e responsabilidade familiar.
Muitas mulheres preferem um grupo onde estejam
entre elas, enquanto outras acham importante o
envolvimento de homens.
• Oportunidades para encontrar e partilhar ideias
e informações práticas com outras pessoas
vivendo com HIV;
Para assegurar que cada um no grupo seja encorajado
a participar e sentir-se seguro, torna-se importante
acordar em que condições os membros do
grupo vão trabalhar juntos. Isto pode se aleançar
públicas acordando em algumas regras básicas.
• Treinamento em educação, sessões ao público
e habilidades de aconselhamento;
Os princípios abaixo indicados são alguns dos
quais alguns grupos acharam importantes:
• Oportunidades para ganhar rendimentos
através de pequenos projectos de geração de
rendimentos tais como costura, criações de
animais de pequena espécie (galinhas, coelhos)
e partilha de lucros;
• Respeitar a necessidade de sigilo e confidencialidade;
• Por atitudes e comportamento de não
sentenciamento;
• Abrir-se às várias experiências dos participantes
do grupo nas questões relacionadas com raça,
religião, sexualidade, ou consumo de droga;
• Dar um a outro um feedback construtivo, e
usar uma língua que seja acessível a todos os
membros do grupo;
• Respeitar os sentimentos e pontos de vista de
cada um;
• Assegurar o acolhimento de novos membros no
grupo. Às vezes os membros antigos esquecem
quão assustador deve ser ir ao primeiro
encontro;
• Reunir-se com uma pessoa fora de um encontro
formal de apoio para explicar o que acontece
num encontro normal;
• Idealizar o local para realização de encontros
de apoio de modo a que as as mulheres sintam-se
acolhidas e seguras;
• Considerar se as mulheres estarão em
condições de manter a sua privacidade caso
participem num encontro de apoio de grupo.
• Habilitar-se um a outro a fazer algo como difundir
o uso de preservativos ou enfrentar o abuso;
• Uma base para a advocacia e campanha.
Constituição do grupo de auto-ajuda
É importante que os membros fundadores
tenham a clareza do principal propósito da
criação do grupo.Terá o grupo o papel de apoio
a novos indivíduos diagnosticados? Ou irá se
concentrar no trabalho de educação e campanha?
Dum modo geral, projectos de geração de
rendimentos não devem ser misturados com
trabalho de grupos de apoio psico-social pelo
simples facto de que as suas actividades nem
sempre são compatíveis. Quaisquer que sejam os
objectivos do grupo, estes terão que ser sempre
discutidos entre e com os novos membros.
Continua no verso
Algumas mulheres seropositivas precisam
desesperadamente de apoio material como
dinheiro ou alimentação. Convém deixar claro
para os novos membros se o grupo não puder
prestar apoio material.Tem conhecimento de
outras organizações que possam responder a
essas necessidades?
Reunir-se em grupo nem sempre é conveniente.
Algumas mulheres positivas receiam pela sua
própria segurança, dos filhos e de seus familiares se
o seu estado de infectado, tornar-se conhecido.
Neste caso é importante que cada indivíduo seja
visitado na sua própria casa de modo a que o
sigilo e confidencialidade não sejam quebrados.
Noutros casos, trabalho de apoio via telefone pode
ser válido.
Grupos de apoio e de auto-ajuda podem jogar
um papel importante na advocacia. Em conjunto
torna fácil abertura e envolvimento pessoal na
prevenção e cuidado de HIV. O nosso esforço
multiplica-se e damos confiança a cada um de nós.
Juntos estamos em melhores condições de exigir
mudanças e ajudar um ao outro ao mesmo tempo.
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Consumei de drogas e
diminuição dos danos
Existe uma gama de drogas usadas para o propósito
de recreação que incluem haxixe, anfitamina,
heroina, cocaína, khat, êxtase e álcool. Drogas
incluindo o álcool afectam a sua saúde em geral e
enfraquecem o seu sistema imunológico. Manter
boa saúde é muito importante. No geral muitas
drogas de recreação não melhoram a saúde,
contudo alguns peritos argumentam que a haxixe
pode ser benéfica para pessoas com determinados
condicionalismos de saúde, incluindo aqueles
associados ao HIV/SIDA.
Drogas de recreação tendem a ser colocadas no
mesmo saco e em alguns países são consideradas
ilegais. Ironicamente, o tabaco e o álcool que
também são mais prejudiciais à saúde do que
algumas consideradas ilegais, são legalizados em
muitos países no mundo. Quaisquer que sejam as
razões, muitas pessoas tomam drogas – para
relaxamento, estar “high”, para escapar de certas
dificuldades ou transtornos da vida ou porque
parceiros ou amigos as tomam.
Fumar, cheirar ou engolir drogas não transmite
por si só HIV. Nem tomar álcool. Contudo, estes
hábitos podem prejudicar a sua saúde ou trazer
consigo situações de outros riscos para si.
A partilha de agulhas e seringas não limpas e não
esterilizadas pode ser uma forma de transmissão
de HIV. O indivíduo pode também contrair HIV
através de equipamento não limpo e não esterilizado.
É preciso evitar partilhar algodão, colheres, tampas
de garrafas, ou filtros de cigarros usados para
chupar as drogas para as seringas. Contudo, a
partilha de agulhas e seringas constitui a forma
principal de transmissão ou infecção do HIV em
situações de consumo de droga. A partilha de
agulhas constitui ainda o maior perigo mesmo
quando a agulha não é directamente injectada na
veia, mas sim no músculo ou pele. Em situações
em que não há escolha na partilha destes
instrumentos, há formas de partilha mais eficazes
que reduzem a possibilidade de transmissão.
Se comprometer-se consigo mesmo e recorrer a
procedimentos limpos você poderá reduzir as
Folha
de factos
5
probabilidades de transmissão ou infecção em grande
medida. Embora não elimine o risco, é melhor do que
não fazer nada. Convem experimentares.Tu mereces.
Como limpar o equipamento
• Passe no interior da agulha o liquido de
branqueamento de utensílios domésticos até
no interior da seringa e agite 30 vezes;
• Objectos tais como tampas de garrafas, ou
colheres ou outros objectos usados na preparação
da droga devem ser limpos;
• Tome cuidado de não injectar ou beber o líquido
de branquear;
• Esfregar com álcool ou detergente líquido é
melhor do que nada se não tiver o líquido de
branquear;
• Ao fazer isso siga os mesmo passos para a
lavagem com o líquido de branquear;
• Chupe água fria e limpa para o interior da seringa
através da agulha e lave 3 vezes depois de passar
com detergente 3 vezes.
Água quente não é aconselhável já que faz com
que o sangue fique espesso, o que faz com que
algumas marcas dele permaneçam na agulha e na
seringa. Agulhas descartáveis derretem quando
expostas à altas temperaturas ao ferver.
Mais dicas
Tenha muito cuidado com o seu equipamento usado.
Se não tiver uma lata de lixo apropriada para objectos
aguçados, coloque as agulhas e as seringas numa e
esmague a boca de modo que nada possa cair e lance
para a lata de lixo normal. Outras doenças perigosas
podem ser transmitidas através do uso de drogas
injectáveis. Hepatite B e C são potencialmente
doenças perigosas e podem ser mais transmitidas
pela partilha de equipamento injectável do que
pelo HIV. O uso partilhado de seringas pode
igualmente expor-lhe a diferentes estirpes de HIV.
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Preservativos
(camisinhas)
Preservativos masculinos
Borracha, French letter, Johnny, Durex, Nirodh,
Prezervatifin, Capout, Rokesh ou Sheath. Preservativo
tem muitos nomes. É feito de uma borracha fina
chamada latex. É desenrolado sobre o pénis do
homem antes do sexo de penetração vaginal ou
anal. Algumas pessoas usam o preservativo também
para o sexo oral. O preservativo evita que o sangue,
o sémen ou fluídos infectados passem duma pessoa
para outra. Durante o sexo de penetração vaginal
e anal, o preservativo previne infecções incluindo HIV
e outras doenças de transmissão sexual. Para além
disso previne também a concepção.
Como usar preservativo masculino
As seguintes dicas ajudam no uso do preservativo
com êxito:
Folha
de factos
6
esfregue com um lubrificante a base de água
em volta do preservativo enquanto estiver
colocado no pénis do homem. Este procedimento
trás uma penetração confortável e é mais
agradável tanto para o homem como para a
mulher. Lubrificantes com base em óleo tais
como vaselina ou óleo de cozinha podem
danificar o preservativo.
• Depois da ejaculação,
diga ao parceiro para
segurar a base do
preservativo à medida
que ele vai saindo da
vagina ou do anus com
vista evitar que o pênis
saia enquanto o
preservativo se encontre
na vagina ou no anus.
• Evite usar o preservativo se o invólcro estiver
rasgado ou danificado, o preservativo pode
estar também danificado. Igualmente deite fora
se estiver expirado mesmo que aparente estar
em condições.
• Use um novo preservativo de cada vez que
tiver sexo penetrativo;
• Não use dentes para abrir
o preservativo;
• Deite o preservativo utilizado para a lata de lixo;
• Não deite preservativos utilizados na pia pois
podem bloquear os tubos.
Preservativos femininos (femidoms)
• Tenha cuidado com as
unhas ou as jóias ao abrir o
preservativo, pois estas
podem danificá-lo;
• Retire o ar da ponta do
preservativo antes de colocà-lo
no pénis erecto;
•Coloque o preservativo num
pénis erecto antes de nenhum
contacto com o parceiro;
• Se precisar de lubrificar um
pouco mais,
Preservativos femininos podem ser inseridos na
vagina antes do sexo de penetração vaginal. É
uma invenção nova e o seu uso está sendo mais
abrangente. Algumas mulheres preferem utilizá-los
sobretudo quando se verifica relutância em alguns
homens no uso de preservativos masculinos.
Outras nem vão por aí.
Como usar preservativos femininos
• Se tiver acesso a preservativos femininos, tente
praticar o seu uso sozinha. Explore a melhor
maneira de inserí-lo.
Continua no verso
• O Femidom é fabricado
com plástico fino, portanto
diferente do preservativo
masculino. Por isso,
pode ser lubrificado com
lubrificantes tanto à base
de água assim como de óleo.
• Este tipo de preservativo tem um anel interno
e um externo. O plástico fino estende-se entre
os anéis. O anel interno tem de ser puxado
para cima e encaixa-se sobre o cerviz. Cerviz é
a parte firme, redonda levantada em cima da
vagina. A entrada para o útero está no cerviz.
Algumas mulheres preferem-no sem o anel
inferior que pode ser removido.
Sexo anal
O preservativo feminino pode igualmente ser
usado num acto de sexo anal pelo facto de ser
altamente lubrificado.
• Ou pode-se inserir no ánus ou colocar
directamente no pénis do homem.
• Se colocado no pénis o anel inferior deverá ser
removido;
• Pode torna-se mais difícil inserir o anel inferior no
anus do que na vagina. Algumas mulheres
podem empurrá-lo um pouco para cima com os
dedos. Algumas mulheres gostam da sensação
do anel no ánus. Outras acham o anel
inconfortável ou doloroso. Se estiver a usar o
preservativo femenino para o sexo anal, faça
apenas o que for confortável para si. Não deve
continuar a fazer nada que doa.
• Se não usa o preservativo feminino, pelo menos
terá que usar qualquer outro preservativo,
sabido que são os perigos duma relação sexual
de penetração vaginal ou anal desprotegida.
Uma palavra acerca dos lubrificantes
• O anel inferior ajusta-se perfeitamente nos
lábios vaginais na parte superior da abertura
para a vagina. O pénis do homem penetra
através do anel exterior para dentro da vagina.
Uma vez dentro, o preservativo
encosta as paredes da vagina.
É importante dirigir o pénis de
modo a não ir ao lado do
preservativo. Se ouvir um
barulho estranho no
decurso do acto convém
verificar se nenhum dos
alinhamentos do preservativo estão fora da vagina.
Para muitas pessoas, lubrificantes são uma parte
importante do acto sexual seguro. Muitos preservativos vêm já lubrificados com espermacida que
mata o esperma, conhecido por Nonxynol 9. A
minoria das pessoas são alérgicas a este químico.
Se é o seu caso procure então outro não
lubrificado, e use um lubrificante à base de água.
Se estiver a usar preservativo feminino, pode usar
os dois tipos de lubrificantes.
Folha
de factos
Candida
O que é candida (candida albicans)?
Muitas pessoas já têm experiência de candida na
vida. É comum nos adultos que sofrem de stress
ou têm o sistema imunológico danificado por
causa da infecção do HIV. Muitos bebés também
contraem esta enfermidade.
7
• Uma descarga grossa branca na vagina com
aspecto encaroçado e cheiro a fermento;
• Vulva inchada;
• Dores durante o acto sexual penetrativo;
• Dores ao urinar.
Thrush esta enfermidade é causada por um
organismo pequeno conhecido por candida
albicans que vive normalmente inofensivo na sua
pele ou intestino e na boca.
Candida tende a desenvolver-se quando
você:
• Está gravida,
• Estiver a tomar certos antibióticos;
Tratamento de candida
O tratamento médico de candida não é
complicado. Geralmente consiste no uso de
cremes, pessária ou comprimidos vaginais.
Haverá alguma coisa que eu possa fazer
para aliviar os sintomas de candida?
• Ao primeiro sinal de irritação, deixa de usar
sabão faz a tua limpeza apenas com água;
• Tem diabetes;
• Estiver doente;
• Estiver a tomar pílulas (anti-conceptivos);
• Tem relação sexual de penetração com uma
pessoa infectada;
• Come demasiado açúcar ou seus derivados;
• Veste jeans ou calças apertadas ou roupa
interior de nylon.
Como diagnosticar candida?
Há manifestação que se verifique que um ou
mais dos sintomas abaixo indicados:
• Marcas de feridas ou manchas ou secreção
duma massa grossa na língua na boca ou nas
gengivas;
• Comichão, feridas e vermelhão em volta da
vagina, vulva ou ánus;
• Deixa de usar jeans ou calças ajustadas para
permitir maior circulação de ar.
• Evite fazer banhos frequentes ou lavar-se fre
quentemente porque pode parecer estar a
curar, mas depois tende a piorar as irritações;
• Não esfregue nem ponha desinfectante ou faça
banho de espuma. Contudo, pode usar vinagre
no seu banho ou 10 gotas de óleo da planta de
chá.
Em lugares onde exista, iogurte vivo é usado por
certas mulheres aplicando-o ao redor da vagina
para aliviar as irritações. Algumas põe iogurte vivo
na vagina com o mesmo propósito através da
seringa ou do tampão. Pensa-se que as bactérias
encontradas no iogurte vivo possam curar
candida, embora para algumas mulheres e para
outras não. O alho constitui outra alternativa.
Um dente de alho é descascado, cortado ao
meio e mergulhado em óleo, e depois introduzido
na vagina duas vezes por dia (1 de manhã e 1 à
tarde) até que as irritações desapareçam.
Continua no verso
Pode-se prevenir candida?
Não há soluções simples. Mas existem uma gama
de coisas que se pode fazer para evitar infectar-se
frequentemente:
• Para casos de candida bocais evite o consumo
de açúcar, com especial destaque se tiver ataque;
• Se tiver ataque de candida evite frutas, mel e
fermento até que se livre de candida dentro
das últimas 3 semanas;
• Evite vestir esticas, roupa interior feita de
nylon, jeans ou calças apertadas;
• Use almofadas sanitárias em vez de tampões
quando estiver menstruada;
• Evite o uso de sabonetes perfumados, sprays
genitais e desodorantes e desinfectantes.
Igualmente evite o duche vaginal com misturas
químicas.
• Depois das necessidades maiores, limpe-se
sempre com um movimento da vagina para trás
de modo a evitar o contacto da vagina com as
escreções;
• Se tiver sido receitado um antibiótico, convém
recordar o médico que tem sofrido de candida;
Podes fazer sexo durante o tratamento?
É melhor não ter sexo vaginal penetrativo até
que tenha feito um check up final com o seu
médico. Se tiver afta bocal pare de dar beijos na
boca. Abraços são sempre bons.
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Infecções ou doenças de
transmissão sexual (vulgo DTS’s)
Muitas pessoas têm infecções de transmissão sexual,
sem que disso se apercebam por não terem sintomas.
Significa que as pessoas podem não ter nenhumas
dores ou qualquer outro desconforto resultantes
dessas infecções.
É muito importante conhecer as DTS’s porque se não
forem tratadas a tempo elas podem ter efeitos
danificadores para o portador tais como dores
crónicas, infertilidade ou cancro cervical. Uma mulher
que tiver uma DTS não tratada o risco de transmissão
desta assim como de HIV é maior. As DTS”s criam
condições propícias para a transmissão e contracção
de HIV.
Proteja-se
É importante, proteger-se das DTS”s e praticar sexo
seguro, e o uso de preservativos durante o sexo de
penetração é a forma mais eficaz de prevenir-se das
DTS’s. As DTS’s podem afectar por completo a sua saúde
e a contracção de HIV ocorre mais rapidamente.
Folha
de factos
8
DTS’s podem infectar o bebé no parto e causar
sérios problemas. É importante informar o seu agente
de saúde do seu estado de gravidez porque isso poderá
influenciar o tipo de tratamento que vier a obter.
DTS’s – em que podemos prestar a nossa
atenção?
Acontece que nas mulheres é difícil notar os sintomas
das DTS’s, mas se tiver tido sexo, os sintomas típicos e
comuns são:
• Sangramento anormal na vagina;
• Libertação de secreções ou substâncias que são
anormais da sua da vagina ou do pénis do seu
parceiro (descarga);
• Feridas, úlceras, caroços, bolhas, verrugas, e
erupções no seu pénis, testículos, vagina ou ânus;
• Dores ou sensação de ardor no acto sexual
ou ao urinar;
Diagnóstico
• Comichão na vagina ou no pénis ou em seu redor.
Diagnosticar uma DTS’s sem manifestação dos
sintomas não é coisa fácil em muitos países, porque as
condições para a realização de um exame médico
não existem. Felizmente há consciência de que a
realização de um exame médico de DTS”s e seu
tratamento constitui a forma eficaz de reduzir o
número de novos casos de infecções de HIV. O
tratamento das DTS”s é oferecido progressivamente
nas clínicas pré-natais e materno-infantil e nos
serviços de planificação familiar.
Se o seu parceiro tiver sintomas de DTS e você não,
é conveniente que vocês dois façam tratamento.
Ambos terão que submeterem-se ao tratamento para
evitar infectar-se de novo.
Tratamento
O tratamento das DTS’s é razoavelmente barato e
simples. Às vezes trata-se com apenas 1 dose de
antibióticos. Contudo as diferentes infecções precisam
de diferentes tipos de tratamento, por isso, convém obter
um conselho médico.
Se estiver em estado de gravidez ou planeando uma
é importante submeter-se à cuidados pré-natais de
modo a tratar-se e estar limpo de qualquer DTS’s. As
Se tiver uma DTS ou suspeitar que tenha, convém
dirigir-se a um posto de saúde para tratar-se.
Posso fazer sexo durante o tratamento?
Para cada tipo de DTS’s, a melhor forma de evitar o
contágio é o uso de preservativo e praticar sexo
seguro. Evitar o sexo oral quando tiver feridas, bolhas
ou verrugas diminui o risco de infecção. Igualmente
evitar tocar as feridas, as bolhas ou as verrugas.
Algumas Infecções de Transmissão Sexual
(DTS”s)
Cancroide: uma infecção bacteriana comum nos países
tropicais. Ela causa úlceras dolorosas nos órgãos genitais.
Pode-se diagnosticar através de testes laboratoriais e
tratado com antibióticos.
Clamidia (chlamydia): é uma infecção que afecta os
órgãos genitais. É uma das doenças mais comuns de
transmissão sexual. Não manifesta sintomas em muitas
mulheres, mas pode ser curada, uma vez diagnosticada,
com antibióticos.
Gonorreia: é causada por uma bactéria e como
Continua no verso
acontece com a clamidia, muitas mulheres não
apresentam sintomas desta doença.Transmite-se
muito facilmente através do sexo penetrativo vaginal,
anal ou oral. Pode também passar da mãe para o
bebé durante o parto, causando infecções nos olhos
e provocar a cegueira. O seu diagnóstico consiste
em recolha de produto no cerviz, uretra ou garganta
e o seu tratamento consiste em antibióticos. Quando
não tratada a gonorreia pode causar outras complicações como a Doença de Inflamação Pélvica (Pelvic
Inflamtory Disease: PID) que leva à infertilidade.
Verrrugas genitais: aparecem em qualquer parte nos
genitais ou na área anal. Esta doença é causada por um
vírus chamado Vírus Humano de Papilloma (Human
Papilloma Virus: HPV). As mulheres com verrugas não
tratadas correm o risco de desenvolver cancros genitais.
Esta doença espalha-se pelo contacto de pele a pele.
Se tiver uma relação sexual vaginal ou anal ou contacto
com alguém com esta doença pode estar contagiado.
O seu período de incubação leva entre 1 a 3 meses
até que apareçam verrugas nos seus órgãos genitais.
As verrugas não são dolorosas, mas provocam
comichão. Para o seu tratamento há vários métodos.
O mais comum é molhar as verrugas com químicos, o
que pode ser feito por si ou pelo o médico. Outras
maneiras incluem gelar as verrugas com nitrogénio líquido ou queima-las com raios laser;
Herpes genital: é causada por vírus simplex de herpes
(HSV) – herpes simplex virus. Provoca bolhas ou
úlceras dolorosas e que dão comichão. Nalgumas
pessoas provoca dores musculares e febre. Herpes do
tipo I causa feridas em redor do nariz e boca. Herpes
do tipo II causa feridas e bolhas em redor dos genitais
e do ânus.Transmite-se através do contacto directo
com a parte infectada do organismo da pessoa.
• as feridas de herpes na boca podem infectar os
genitais da outra pessoa.
• evite partilhar toalhas/toalhetes ou lencinhos com
outras pessoas
• lave sempre as mãos depois de tocar nas feridas
Haverão algumas coisas a fazer para ajudar?
• Mantenha a área infectada limpa e seca. Lave a área
das feridas com uma solução de sal ( _ colher de
sopa para _ litro de água morna). Adiciona, se quiser 5
gotas de óleo da planta do chá em água morna salgada.
• Pinte com violeta genciana nas feridas para evitar
outras infecções secundárias;
• Mel aplicado nas feridas de herpes causa dores por um
instante, mas pode ajudar a acalmar e sarar as feridas.
• Tome 50g de zinco e 500mg de vitamina E diariamente
apartir da altura que as borbulhas de herpes aparecem.
(fazendo isto frequentemente ajuda o desaparecimento
desta doença);
• O Zovirax (acyclovir) diminui e atenua herpes.Tome
com zinco e vitamina E;
• Vista-se de roupa não justa de modo a permitir a
circulação de ar nas feridas;
• Coloque gelo embrulhado num pano ou toalha
sobre a zona infectada;
• Descanse no máximo;
• Tome muitos líquidos
Sífilis: Uma infecção bacteriana normalmente transmitida
através do sexo vaginal, anal ou oral. Pode também ser
transmitido de mãe para o filho durante a gravidez.
Os sinais e os sintomas são comuns nas mulheres assim
como nos homens e manifestam-se pelo aparecimento
duma ferida no pénis ou na vagina ou na boca. O período
de incubação é de 10 dias à 2 semanas depois duma
relação com a pessoa infectada. A ferida desaparece
dentro de uma ou duas semanas mas as bactérias
permanecem no organismo. Contudo, a maior parte
das mulheres nunca chegam a ver a ferida nem ter os
sintomas. A única maneira de ver é o teste do sangue.
O próximo estágio ocorre nos próximos 2 anos e
manifesta-se pela aparição de erupções cutâneas
(enxatemas na pele) nas mãos e pés, na cara e outras
partes do corpo. O tratamento nestes dois estágios
cura a sífilis, mas depois disso ela trás consigo, anos
mais tarde danos graves de saúde.
Há várias coisas que se podem fazer para se aliviar
desta situação e sobretudo sarar as feridas na área
infectada:
• Se as dores forem fortes tome comprimidos e ou
calmantes (aspirina/paracetamol);
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Direitos Humanos e HIV
Folha
de factos
9
Promover os direitos humanos no contexto de HIV e SIDA significa:
Liberdade de tratamento humano e não
degradante:
• Encorajar as pessoas a respeitarem os direitos de
cada um, e a tratarem os outros como eles
gostariam de ser tratados;
Abusos:
• Isolamento de prisioneiros com HIV positivo;
• Assegurar que o acesso à educação e aos cuidados
de saúde esteja disponível para todos;
• Educar as pessoas a ultrapassarem o medo, a
ignorância e prejuízos que levam ao abuso dos
direitos humanos.
• Participação em ensaios médicos de droga
sem o seu consentimento total;
• Abuso físico, emocional e psicológico de
mulheres com HIV.
O direito de se casar e ter relacionamentos
e filhos
Proteger os direitos humanos significa:
• Apoiar e defender pessoas cujos direitos estão
ameaçados ou abusados;
Abusos:
• Aborto ou esterilização forçada;
• Teste pré-natal de HIV compulsivo;
• Remediar e compensar pelos abusos quando
ocorrem;
• Trabalhar para mudar as condições de pobreza,
falta de poder e dependência que faz com que
as pessoas sejam vulneráveis aos abusos;
• Discriminação contra relacionamentos de
indivíduos do mesmo sexo;
• Gravidez forçada;
• Herança forçada de esposa;
Direitos Humanos internacionalmente
aceites
• Tomada forçada das crianças.
Os direitos de pessoas portadoras de HIV são
abusados em muitos países em todo o mundo.
Os seguintes são alguns dos direitos humanos e
exemplos de abuso destes direitos.
A ICW está contra todo o tipo de abuso de
direitos humanos de pessoas portadoras de HIV.
Acesso igual à cuidados médicos
Liberdade, segurança e liberdade de
movimentação e circulação:
• Recusa em cuidar e tratar pessoas com HIV –
incluindo a recusa de camas hospitalares;
Abusos:
• Teste compulsivo de HIV;
• Cuidados domiciliários sem condições de
suporte e apoio em dia;
• Quarentena, isolamento e segregação tais como
colocar em quarentena trabalhadoras de sexo
seropositivas e a segregação de prisioneiros
com HIV.
• Falta de acesso aos centros de tratamento
médico.
Abusos:
• Falta de medicamentos apropriados, preservativos,
seringas limpas e procedimentos de diagnóstico
e tratamento;
Continua no verso
Educação
Abrigo, segurança social e habitação
Abusos:
• Falta de informação que permita às pessoas
fazerem escolhas certas;
Abusos:
• Negar o acesso à habitação e aos serviços de
saúde;
• Recusa em dar educação por causa do estatuto
de portador de HIV.
• Notificações de despejos pelos locadores das
pessoas por causa de HIV;
Igual protecção perante a lei
Trabalho e segurança
Abusos:
• Negar-lhe o acesso ao advogado e aos serviços
legais;
Abusos:
• Despedidas ilegais ou discriminação no trabalho;
• Testagem compulsiva dos acusados em
violação/abusos antes da pronúncia de um
veredicto de culpa;
• Limitação ou ausência total de cobertura de
seguros e outros benefícios;
• Testagem de HIV como pré-condição para o
emprego.
• Processar juridicamente trabalhadoras de sexo
com HIV;
Privacidade
Abusos:
• Falta de sigilo e desvendamento de resultados de
teste de HIV sem o consentimento da pessoa
visada;
• Denúncia compulsiva de pessoas com HIV às
autoridades de saúde;
• Perseguição ou notificação do parceiro sem o
seu consentimento;
• Testagem compulsiva de HIV aos recém-nascidos.
Autodeterminação
Abusos:
• Banimento de organizações por pessoas
vulneráveis ou afectadas por HIV;
• Falta de acesso à informação compreensiva que
permita às pessoas fazer escolhas informadas.
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK
Folha
de factos
10
Recursos
RECURSOS ÚTEIS:
Aqui estão algumas organizações
internacionais de SIDA que podem
fornecer ajuda para si. Existem também
disponíveis recursos locais incluindo
algumas organizações e alguns grupos
nacionais e locais de HIV/SIDA. Pode
obter os nomes e endereços de grupos
ou organizações de SIDA, contactando
uma das organizações regionais e
internacionais.Também pode encontrar
uma lista de Contactos Chave da ICW
nestas folhas de recurso.
INTERNACIONAL
Comunidade Internacional de
Mulheres Vivendo com o
HIV/SIDA,
Unit 6 Canonbury Yard
190a New North Road,
Londres N1 7BJ.
Tel: 44 (0)20 7704 0606;
Fax: 44 (0)20 7704 8070
email: [email protected]
site de web: www.icw.org
Rede Geral de pessoas Vivendo
com HIV/SIDA(GNP+)
Caixa Postal 11726
1001 GS Amsterdão, Holanda
Tel: 31 20 423 4114;
Fax: 31 20 423 4224
email: [email protected]
site do Web: www.hivnet.ch.gnp
Rede Internacional de Projectos
de Trabalho de Sexo
c/o de Healthlink, Farringdon Point,
29-35 Farringdon Road,
London EC1M 3JB, UK
Tel: 44 (0)20 7242 0606;
Fax: 44 (0)20 7242 0041
email: [email protected]
Conselho Internacional do SIDA.
Organizações de Serviço (ICASO)
399 Church Street,Toronto
N5B 2J6, Canada
Tel: 1416 340 2437;
Fax: 1416 340 8224
email: [email protected]
Fax: 92 21 262 6424
email: [email protected]
AFRICA
Concelho de organizações de
Serviços de SIDA da Asia/Pacific
(APCASO)
Yayasan Citra Usadha Indonesia. Jelan
Belimbing Gang Y No.4. Denpasar, Bali.
80231, Indonesia
Tel: 62 361 222 620;
Fax: 62 361 229 487
email: [email protected]
Rede Africana de pessoas
Vivendo com o
HIV/SIDA(NAP+)
PO Box 32717, Lusaka, Zambia
Tel: 260 1 223 191/223 151;
Fax: (c/o WHO) 260 1 223 209
email: [email protected]
Conselho Africano de
Organizações de Serviços de
SIDA (AFRTCASO)
6 rue Calmette, BP 3370,
Dakar, Senegal
Tel: 221 229 695/236 617;
Fax: 221 236 615
email: [email protected]
CARIBBEAN
Rede de Organizações de
Serviços de SIDA da África
Oriental (EANASO)
Kenya AIDS NG0s Consortium
(KANCO), P 0 Box 69866
Nairobi, Kenya
Tel: 254 2 71 7664;
Fax: 254 2 71 4837
email: [email protected]
EUROPE
Rede de Organizações de
Serviço de SIDA da África
Austral(SANASO)
PO Box 6690, Harare, Zimbabwe
Tel: 263 4 740610;
Fax: 263 4 740245
email: [email protected]
ASIA
Rede de Pessoas Vivendo com
HIV/SIDA do Pacífico Ásiatico
(APN+)
c/o Pakistan AIDS Prevention Society,
Ist Floor Delhi Muslim Hotel,
Arambagh
Road, PO Box 8756. Saddar, Karachi,
Pakistan
Tel: 92 21 721 3975
Rede de Pessoas positivas do
Caribe (CRN+)
Caixa postal3353,
Maraval,Trindad and Tobago
Tel/Fax: 1 809 622 0116
email: [email protected]
Rede Europea de Pessoas
Positivas(Euro-NP+)
c/o Ian Kramer
Coligação de Pessoas Vivendo com
HIV/SIDA da Grã Bretanha Kennington
Lane
Londres SE11 5RD, UK
Tel: 44 (0)20 7564 2180;
Fax: 44 (0)20 7564 2140
email: [email protected]
Concelho Europeu de
Organizações de Serviços de
SIDA (EUROCASO)
CH-1421 Fontaines s/Grendson,
Switzerland
Tel: 41 24 436 2663;
Fax: 41 24 436 2663
email: [email protected]
AMERICA LATINA
Concelho de Organizações de
Serviços de SIDA da América
latina e Caraíbas (LACCASO)
Fundacion para el Estudio e
Investigaci6n de la Muier (FEIM)
Continua no verso
ParanA 135, Piso 3, Depto 13,
1017 Buenos Aires, Argentina
Tel: 54 1 372 2763;
Fax: 54 1 375 5977
email: [email protected]
The Body
http://www.thebody.com
AMERICA DO NORTE
1.AIDS Action – uma publicação
quinzenal que fornece aos agentes de
saúde e educadores na Ásia, América
Latina e África informações sobre
assuntos relacionados com os cuidados
e a prevenção de HIV/ DTS. É produzido
em Português, Inglês, Espanhol e Francês.
Cada edição em cada Língua fornece
notícias regionais.
Custo: grátis em países em
desenvolvimento. Disponível aprtir
de Healthlink
Worldwide, Farringdon Point,
29-35 Farringdon Road,
Londres EC1M 3JB, UK
Tel: 44 (0)20 7242 0606;
Fax: 44 (0)20 7242 0041
email: [email protected]
website: www.healthlink.org.uk
(Edição Internacional em Inglês).
Contacte Healthlink Worldwide para
edições da sua região
GNP+ North America
6 Albert Frank Place,Toronto, Ontario,
M5A 4B4, Canada
Tel: 1 416 366 1972;
Fax: 1 416 361 9692
email: [email protected]
Secretariado Regional das
Organizaçõea de Seviços de
SIDA da América do
Norte(NACASO)
National Minority AIDS Council, 1931
13th Street NW, Washington DC
20009, USA
Tel: 1 202 483 6622;
Fax: 1 202 483 1135
email: [email protected]
Associação Nacional de Pessoas
com SIDA(NAPWA)
1413 K Street. NW, 7th Floor,
Washington. DC 20005
Tel: 1 202 898 0414;
Fax: 1 202 898 0432
website: www.napwa.org
WORLD (Women Respond to
Life-threatening Diseases)
414 13th Street, Oakland,
CA 94612, USA
Tel: 1 510 986 0340;
Fax: 1 510 986 0341
email: [email protected]
ALGUNS BOLTINS
INFORMATIVOS ÚTEIS.
2. AIDS Link – Encoraja as ONG’s
baseadas nos EUA e outras a colaborar e
a trocar informações sobre as actividades
internacionais de HIV/SIDA. Inclue
actualizações em notícias globais,
estudos de casos e novos recursos.
Aparece em Inglês.
Custo: $40
Disponível apartir da Global
Health Council,
1-701 K Street NW, Suite 600,
Washington DC 20006, USA
email: [email protected]
INTERNET ADDRESSES
Gender-AIDS
email: [email protected]
National AIDS Manual
http://www.aidsmap.com
SEA-AIDS
[email protected]
Intaids
http://www.hivnet.ch:8000/intaids/tdm
3. AIDS/ STD Health Promotion
Exchange – um quinzenal contendo
actividades relacionadas com educação
em HIV/SIDA, DTS’s ,da promoção da
saúde e Prevenção
Custo: Grátis nos países em
desenvolvimento.
Disponível apartir de KIT Royal
Tropical Institute), Mauritskade 63,
Caixa postal 95001, 1090 HA,
Amsterdão, Holanda
4. AIDS Treatment News – este
bimensal faz relatos sobre tratamentos
padrões e experimentais para HIV
Custo: $54 (para indivíduos com
baixo rendimento), $120 (indivíduos
singulares), $235 (organizações
voluntárias), $270 (outras
organizações). Para envio fora dos EUA,
Canada e México mais $20 do total.
Disponível aprtir de John S James,
Caixa postal 4111256, San Francisco,
CA 94141, USA
email: [email protected]
5. AIDS Treatment Update – este
boletim fornece informações ensaios
clínicos e tratamentos disponíveis com
linguagem simples e clara. Contém folhas
de factos sobre tratamentos, cuidados
e infecções oportunistas.
Custo: Grátis para pessoas HIV
positivas n Reino Unido; £40
(organizações voluntárias no Reino
Unido; £60 (outras organizações do
Reino Unido). Para o envio dentro da
União Europeia necessário o acréscimo
de £5, fora da União mais £15.
Disponível apartir de NAM, 16a
Clapham Common Southside, London,
SW4 ~AB, UK
email: [email protected]
6.WORLD (Women Respond to
Life-threatening Diseases) – é uma
publicação mensal de é destinadas às
mulheres com HIV. Contém
informações actualizadas sobre o
tratamento e pesquisa, histórias
de mulheres, e contém também uma
secção de recursos.
Custo: gratuito para aqueles que
não suportar as subscrições.; $20
indivíduos com baixo rendimento;
$20-50 indivíduos singulares; $50
– um grupo de 100 organizações.
Disponível apartir de WORLD, 414
13th Street, Oakland, CA, 94612, USA
Fonte: Kit de Sobrevivência da Mulher Positiva, Março de 1999, ICW, 2c Leroy House, 436 Essex Road, London N1 3QP, UK

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