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Países e Ilhas da África África Austral África do Sul Angola Botsuana Lesoto Moçambique Namíbia Suazilândia Zâmbia Zimbábue África Oriental Quênia Tanzânia África Central Camarões Congo Gabão Rep. Dem. do Congo Uganda África Ocidental Benin Costa do Marfim Gana Libéria Mali Mauritânia Nigéria Saara Ocidental Senegal Serra Leoa Togo África Setentrional Argélia Egito Marrocos 145 África do Sul República da África do Sul é o país mais meridional do continente africano, limitado pela Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Moçambique, Suazilândia e Lesoto, banhado pelos oceanos Atlântico e Índico. São três as capitais: Pretória (executiva), Cidade do Cabo (legislativa) e Bloemfontein (judiciária). A maior cidade, no entanto, é Johanesburgo. A África do Sul é famosa por sua diversidade cultural, onde 11 línguas são oficiais, predominando o inglês na vida pública e comercial. A história do país começou no século XV, com os primeiros navegadores europeus dobrando o Cabo da Boa Esperança, dois séculos mais tarde foi ocupada pelos holandeses. Depois, veio a união de colônias britânicas, originando a nação África do Sul. A estrutura política e social passou a ser regida pelo apartheid a partir de 1948 até 1990, quando o regime segregacionista começou a ser desmontado com a libertação do líder oposicionista Nelson Mandela. No ano de 1994, a principal organização política negra, Congresso Nacional Africano (ANC), ganha as eleições multirracionais e Nelson Mandela torna-se o primeiro presidente sul-africano negro. Hoje, o governo sul-africano mantém um sistema parlamentar com o presidente sendo, ao mesmo tempo, chefe de Estado e chefe de Governo. A África do Sul é a nação mais rica e industrializada do continente africano, com forte economia de mercado na indústria, na exploração de minerais e na agricultura. Conta com recursos minerais como carvão, cobre, ouro e diamantes. E grande área de terras cultivadas para exportação de produtos alimentares. Os principais parceiros comerciais são os Estados Unidos, Itália, Japão, Alemanha, Holanda, Brasil e o Reino Unido. Table Mountain na Lagoa Milnerton, Cidade do Cabo, África do Sul Durban, a cidade das férias, com muita alegria ao sol 146 147 Angola República de Angola é um país da África Austral, limitado pela República Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia. Angola inclui também o enclave Cabinda, que faz fronteira com o Congo. Sua capital e maior cidade é Luanda. O nome Angola deriva da palavra bantuN’gola, título dos governadores do passado. Luanda foi ocupada por holandeses ao desapossar os portugueses da região até 1648, quando o luso-brasileiro Salvador Correia de Sá, com frota de 15 navios e cerca de 2 mil homens, expulsou os holandeses para contentamento de Portugal. Angola foi uma colônia portuguesa, desde o século XVI, até sua independência, em 1975. Mas não conheceu a paz, de 1975 até 2002, com os principais partidos numa guerra civil de 27 anos entre Movimento Popular de Libertação (MPLA) de Angola e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), causando grandes danos às instituições políticas e sociais do país. Finalmente, em 2008 foram realizadas eleições legislativas, com o MPLA obtendo mais de 80% dos votos. A economia de Angola é predominantemente agrícola, tendo o café como principal cultura, seguido da cana-de-açúcar. Entre as culturas comerciais, destacam-se o algodão, o tabaco e a borracha. Grande parte da população vive em pobreza, embora Angola seja muito rica na exploração de minerais, especialmente diamantes e petróleo. Jazidas descobertas, em 1966, tornaram o país um dos principais produtores de petróleo da África. 148 Vista noturna de Luanda, capital de Angola Panorâmica de Luanda, junto ao Atlântico 149 Botsuana República do Botsuana é um país da África Austral, limitado pela Namíbia, Zimbábue, Zâmbia e África do Sul. Sua capital é Gaborone. O território era habitado por um povo banto, denominado tswana, quando recebeu os primeiros exploradores ocidentais no século XVIII, chamando a terra de Bechuanaland = Bo (homem) + tswana (povo) + land (terra). “Bechuanalândia” era um protetorado britânico desde 1885, com influência da África do Sul. E, somente em 30 de setembro de 1966, a nação declarouse independente, passando a se chamar Botswana, em português: Botsuana. Está situada em zona árida no centro da África, onde se encontra o deserto de Kalahari. Ao norte, limita-se com a depressão Mababe, onde termina o curso do caudaloso Rio Okavango, com canais, lagoas e ilhas que vão se alternando. Na região habitam muitos grupos étnicos indianoafricanos, como tsuana, kalanga, khoisan, entre outros. O primeiro presidente foi Seretse Khama, que governou o país como república presidencialista, até sua morte, em 1980, sendo sucedido pelo vice, Ketumile Marise. Botsuana sofreu incursões do Exército sul-africano, por se opor ao regime de segregação racial na África do Sul, sendo acusado de dar abrigo aos guerrilheiros do Congresso Nacional Africano. Com o fim do apartheid, no entanto, as relações entre Botsuana e África do Sul melhoraram. Dependente da mineração, o país passou por forte depressão econômica, nos anos 90. A reação ocorreu com a participação na CEA – Comissão Econômica da África – que colocou Botsuana em destaque entre países que fizeram progressos nas políticas de crescimento econômico para reduzir a pobreza. A principal economia do país é a mineração de diamantes. E o turismo, com belíssimas atrações da natureza, como o Parque Nacional de Chobe, lar de grande número de hipopótamos, felinos e elefantes. 150 Pousada típica em Kasane, Botsuana Centro de Gaborone, capital de Botsuana 151 para a África do Sul. Forte na criação de gado e na exportação de diamantes. Ali foi encontrado o maior diamante do século – “Promessa de Lesoto” de 603 quilates (120 gramas). Maior do que uma bola de golfe é o 15º maior diamante da história. Lesoto Reino do Lesoto é um pequeno país da África Austral, encravado no interior da África do Sul, sem saída para o mar. Sua capital é Maseru. Uma tribo de basotos, em conflito com guerreiros zulus, chegou à região de Transvaal no século XVI, ali estabelecendo uma nação denominada Basutolândia. No século XIX, os basotos travaram guerras com os bôeres (agricultores brancos de origem holandesa). Em 1868, o chefe tribal basoto pediu proteção aos britânicos e a Basutolândia passou a ser protetorado do Reino Unido. Anexada à Colônia do Cabo, por um longo período, a terra dos basotos se converte, também, em colônia a partir de 1884. A independência veio em 1966, quando o país adotou o regime monárquico constitucional, dentro da Commonwealth, sob o nome de Reino do Lesoto. E o chefe tribal Moshoeshoe II foi coroado rei. Em 1970, contrário ao regime de segregação racial de apartheid, o Rei Moshoeshoe II dá abrigo aos exilados políticos da África do Sul. Em 1990, ele é deposto em golpe militar preparado por seu filho Letsie, que assume o poder e dissolve o parlamento. Cinco anos depois, Letsie renuncia a favor do pai Moshoeshoe, que reassume, mas morre no ano seguinte num acidente de automóvel. E o filho volta ao trono como Rei Letsie III. Em 1997, o parlamento aprova uma comissão para organizar eleições controversas, colocando o país em violentos confrontos. Somente em 2002 foram realizadas novas eleições parlamentares, de forma pacífica. Atualmente, Lesoto é governado por uma monarquia constitucional. O rei, no entanto, não tem poderes executivos ou legislativos. O pequeno tamanho do país é engrandecido pelas paisagens, com uma série de montanhas que atraem os mais aventureiros turistas. A economia de Lesoto é baseada na exportação de água e energia 152 Agricultura nas montanhas de Lesoto Maseru, capital do Reino de Lesoto 153 Moçambique República do Moçambique é um país da África Austral, limitado pela África do Sul, Suazilândia, Zimbábue, Zâmbia, Malaui e Tanzânia, separado da ilha de Madagascar pelo Canal de Moçambique e Oceano Índico. Sua capital e maior cidade é Maputo, na baía do mesmo nome. No passado era chamada de Lourenço Marques. A penetração dos portugueses, iniciada no século XVI, levou à adoção da língua portuguesa como oficial e Moçambique passou a ter uma administração colonial. Depois da guerra da libertação, que durou dez anos, Moçambique tornou-se independente, em 25 de junho de 1975, sendo instituído regime socialista de partido único. O país passou por grave crise econômica, desencanto popular pelas políticas socialistas e uma guerra civil entre os anos 1976 e 1992. A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento que lutou pela independência, desde a década de 1960, ganhou três eleições multipartidárias e permanece no poder até os dias atuais. Hoje, a população de Moçambique é de maioria negra, com um reduzido número de brancos, que continuam sendo olhados como colonialistas. A economia é predominantemente agrícola, baseada principalmente no algodão e na cana-de-açúcar. Padrões das descobertas e Museu Álvaro de Castro Monzinho de Albuquerque e Câmara Municipal de Maputo 154 155 Namíbia República da Namíbia é um país da África Austral, limitada por Angola, Zâmbia, Botsuana e África do Sul, banhada ao oeste pelo Oceano Atlântico. Sua capital é Windhoek. Foram os navegadores portugueses, Diogo Cão, em 1485, e Bartolomeu Dias, em 1486, que primeiro ali desembarcaram para explorar as costas daquela região africana. A coroa portuguesa, no entanto, não exigiu que aquelas terras ficassem sob sua tutela. Na sequência da Conferência de Berlim, em 1885, a Alemanha passou a administrar o território do Sudoeste Africano, crescendo o número de alemães na região, até a Primeira Guerra Mundial. Após o término daquela guerra, com mandato da Liga das Nações, a Namíbia passou a ser administrada pela União Sul-Africana, como se fosse uma província. Em 1966, o movimento independentista SWAPO (South-West África People’s Organization) lançou uma guerrilha contra as forças ocupantes, exigindo que o governo sul-africano, com base no plano de paz das Nações Unidas, entregasse a administração ao novo país independente. Assim, a Namíbia se tornou independente da África do Sul, em 1990. Desde então, a língua oficial do país passou a ser o inglês, embora a língua mais usada continue sendo o afrikaans. Diversas culturas com influência portuguesa e alemã ainda são significativas. A Namíbia é um país de dois espetaculares desertos, com alojamentos e reservas para turistas: Deserto de Namibe, junto à costa, e Deserto de Kalahari, no interior. Outra fantástica experiência para os visitantes são os safáris aéreos com balões. A principal economia do país é a extração e processamento de minerais, sendo o quarto maior exportador de minério não-combustível da África e o quinto maior produtor de urânio do mundo. 156 Belo grupo de mulheres africanas, na Namíbia Igreja luterana em Winhoek, capital na Namíbia 157 Constituição, assinada em 2005, impedindo processos contra a monarquia. E o Reino da Suazilândia continua sendo uma monarquia constitucional. A economia baseia-se na agricultura, principalmente de milho e cana de açúcar. Entre os recursos minerais, o país conta com asbestos, ferro, carvão e diamantes. Suazilândia Reino da Suazilândia é um pequeno país da África Austral, limitado pela África do Sul e Moçambique. Suas capitais são Mbabane (administrativa) e Lobamba (legislativa). Pelo século XVI, os suazis viviam ao longo da costa de Moçambique, até serem expulsos pelos zulus. Comandados pelo chefe Ngwane II, um pequeno grupo de suazis atravessou as montanhas até a região sudoeste da Suazilândia, iniciando uma fusão com outras tribos. Comerciantes britânicos e bôeres (agricultores brancos de origem holandesa) chegaram à região, em 1830, na busca de terras para cultivar. Com a descoberta do ouro, em 1880, o aumento da penetração branca resultou em numerosas concentrações de terras na busca de minérios e pastagens. Em 1894, foi imposto à Suazilândia o governo da República Bôer Sul-Africana, resultando a revolta do povo suazi. Depois de vencer a Guerra dos Bôeres, em 1902, os britânicos assumiram o controle da Suazilândia, até 1949, quando negaram aos suazis o pedido de incorporação do país pela União-Sul-Africana. Em 1963, os suazis passaram a ter uma autonomia limitada, sendo proclamado, quatro anos depois, o Reino da Suazilândia sob protetorado britânico. Era o caminho para a plena independência, conquistada em 6 de setembro de 1968. O país passou a ser uma monarquia constitucional, dirigida pelo Rei Sobhuza II que, em 1977, dissolveu o Parlamento e aboliu a constituição. Com a morte de Sobhuza II, em 1982, a instabilidade política tomou conta do país. Na década de 1990, com o fim do apartheid e sem o apoio da África do Sul, o rei não conseguiu manter seu regime autoritário. E o movimento pela democratização levou à realização de eleições regionais e nacionais, em 1993, mas ainda com parcela considerável de poder do rei. Greves gerais, exigindo o fim da monarquia absolutista e revisões constitucionais, mantiveram o país em constantes modificações políticas até a nova 158 Construção típica urbana de Mbabane, capital administrativa do país Hipopótamo, animal respeitado na Suazilândia 159 Antes de produzir uma queda impressionante de 110 metros de altura, o Rio Zambeze se estende em quase dois quilômetros de largura, formando um espetáculo grandioso com suas inúmeras ilhas. A maior parte do território é coberta por savanas, com parques nacionais abrigando grande variedade de animais. Zâmbia República de Zâmbia é um país da África Austral, sem costa marítima, limitado pelo Zimbábue, Namíbia, Moçambique, Malaui, Tanzânia, República Democrática do Congo e Angola. Sua capital é Lusaka. Com a chegada de missionários e exploradores britânicos, o território zambiano recebeu a influência ocidental. Cecil Rhodes obteve licença para exploração mineral, em 1888, quando foram fundadas as colônias britânicas da Rodésia do Norte (hoje Zâmbia) e Rodésia do Sul (hoje Zimbábue). A Companhia Britânica da África do Sul administrou a Rodésia do Norte até 1924, quando ela passou ao domínio do Reino Unido. Em 1953, as duas Rodésias fundem-se com a Colônia Britânica de Niassalândia (atual Malauí) e formam uma federação, que é dissolvida, em 1963. No ano seguinte, a Rodésia do Norte torna-se independente com o nome de Zâmbia, sob a presidência de Kenneth Kaunda. E, em 1973, o país fecha as fronteiras com a Rodésia do Sul, em protesto contra o regime racista de Ian Smith. Apesar dos movimentos guerrilheiros, do combate ao regime branco, das greves e medidas de austeridade econômica, Kaunda é reeleito várias vezes e fica na presidência até as eleições de 1991, quando Frederick Chiluba, líder do Movimento pela Democracia Multipartidária (MMD) é eleito. Os anos seguintes foram de conflitos entre o governo de Chiluba, reeleito, e os partidários de Kaunda, para que ele voltasse ao poder. Em 1997, o governo debela uma tentativa de Golpe de Estado liderada por militares rebeldes. O ex-presidente Kaunda, detido sob acusação de participar do golpe, é libertado em junho de 1998. Além da agricultura, a principal economia do país está na extração de cobre no Copperbelt, colocando Zâmbia entre os maiores produtores mundiais desse minério. Zâmbia abriga as famosas Cataratas de Vitória e o Rio Zambeze, demarcando a fronteira com o Zimbábue. 160 Rua Cairo, em Lusaka, capital de Zâmbia O Rio Zambeze desaguando nas Cataratas Victória 161 Zimbábue República do Zimbábue, que significa “Casa de Pedra”, anteriormente designado como Rodésia do Sul, é um país da África Austral, limitado por Zâmbia, Moçambique, Botsuana e pela África do Sul. Sua capital é Harare, que até 1982 era conhecida como Salisbury. A descoberta do ouro, em 1867, levou os ingleses a ocuparem aquela colônia portuguesa, que passou a se chamar Rodhesia, a partir de 1895, em homenagem a Cecil Rhodes, que promoveu a constituição. A Federação da África Central, da qual as duas Rodésias faziam parte, acabou sendo desfeita, em 1963. A Rodésia do Norte conseguiu a independência, ganhando a designação de Zâmbia, mas o Reino Unido negou-se a conceder autonomia à Rodésia do Sul, por ser governada por minoria branca. E a independência só veio, em 1980, quando a Rodésia do Sul ganhou a designação de Zimbábue. A partir daquele ano, Robert Mugabe, líder nacionalista negro, passou a governar, até 1987, quando foi estabelecido o regime presidencial e ele foi eleito Chefe de Estado. Mugabe foi reeleito até o sexto mandato. O país passou a apresentar um caos econômico e lutas enormes contra a inflação, considerada uma das maiores do planeta. O território, no entanto, é de solo fértil propício para a agropecuária, onde o gado bovino e cultura de tabaco constituem a principal riqueza econômica. Entre o Zimbábue e Zâmbia corre o Rio Zambeze, com 1.700 km, desde sua nascente, ganhando velocidade e potência até se lançar numa das maiores e mais belas quedas do mundo – as Cataratas de Vitória, com 110 metros de altura e 1,7 quilômetros de largura. A quase 40 quilômetros de distância das quedas é possível ouvir o estrondo das águas. Em seguida vem a barragem do Kariba, formando um grande lago artificial. Flamboyant em flor na rua Blakiston, em Harare Lago artificial Kariba, na fronteira entre Zimbábue e Zâmbia 162 163 ro candidato presidencial da oposição a ser eleito. A economia do país é movimentada pela extração de minerais, como pedra calcária e carbonato de sódio, indústria de plásticos, refino de petróleo e artefatos de madeira. Aufere também bons lucros com o turismo e notoriedade por seus atletas, que costumam vencer maratonas pelo mundo. Quênia República do Quênia é um país da África Oriental, limitado pelo Sudão, Etiópia, Somália, Tanzânia e Uganda, banhado pelo Oceano Índico. Sua capital é Nairóbi. O nome Kenya vem de “monte nevado”, que fica a 200 quilômetros de Nairóbi. É o segundo ponto mais alto da África, com 5.199 metros, perdendo apenas para o Kilimanjaro, 5.895 metros, na fronteira com a Tanzânia. Depois das migrações dos povos nômades, procedentes do sul da Etiópia, há 2.000 anos, comerciantes árabes e persas chegaram às costas do Quênia, no século VII, implantando portos comerciais. No século XVI apareceram os portugueses, que passaram a dominar as rotas comerciais do leste da África, até 1698, quando foram derrotados pelos muçulmanos. A partir de 1880 começa a expansão europeia pela África. Em 1885, o Quênia foi entregue, em regime de monopólio, à Companhia Imperial da África Oriental Britânica, portanto ao Reino Unido, que assegurou o arrendamento da faixa costeira, cedida pelo Sultão de Zanzibar. As melhores terras cultiváveis foram monopolizadas pelos britânicos, gerando confronto político com os indianos. Em 1921, a Associação Central de Kikayu passou a exigir participação no poder. Em 1944, o líder Jomo Kenyatta formou a organização nacionalista KAU – União Africana do Quênia – exigindo redistribuição das terras. Em 1952, a Sociedade Secreta Mau Mau dos kikui dá início a uma revolta contra o domínio colonial inglês, originando um guerra que se prolongou até 1960, quando o líder Kenyatta foi preso e a KAU foi prescrita. Era, no entanto, o início de uma luta pela independência, que aconteceu em dezembro de 1963. O líder Jomo Kenyatta foi eleito presidente e o Quênia tornou-se um Estado independente e membro da Commonwealth. Kenyatta ainda foi reeleito, em 1969 e 1974. O seu partido KANU – União Nacional Africana do Quênia foi maiorista até 2002, quando Mwai Kibaki tornou-se o primei164 Vida selvagem no Quênia, ao fundo, o Monte Kilimanjaro Nairóbi, centro financeiro e comercial da África Oriental 165 Tanzânia República Unida da Tanzânia é um país da África Oriental, limitada por Uganda, Quênia, Moçambique, Malaui, Zâmbia, República Democrática do Congo, Burundi e Ruanda, com costa para o Oceano Índico, onde se encontra o arquipélago de Zanzibar. Suas capitais são: Dodoma (constitucional) e Dar es Salaam (sede do governo). Na Antiguidade, a região foi lar de antigos assentamentos humanos. Ao norte, próximo à Garganta de Olduvai, originada por atividade sísmica, foram encontrados fósseis dos primeiros seres humanos, sendo a área conhecida como um dos Berços da Humanidade. A região, anteriormente conhecida como Tanganica, foi colônia alemã, desde 1880 até 1919, quando a Alemanha foi derrotada na Primeira Guerra Mundial. O grande território passou então para o Reino Unido. O mesmo acontecendo com a parte insular das duas ilhas de Zanzibar, que se tornou um protetorado britânico, até 1961. Tanganica tornou-se independente em 13 de dezembro de 1962. E se uniu a Zanzibar, em 26 de abril de 1964, para criar a República Unida da Tanzânia. O primeiro presidente do novo país foi Julius Nyerere, que ficou no poder até 1985, com uma política denominada de “Socialismo Africano”. O regime de partido único chegou ao fim, em 1995, quando foram realizadas as primeiras eleições democráticas. Tanzânia é um país rico em belezas naturais, como o Monte Kilimanjaro com 5.895 metros. Considerado Patrimônio da Humanidade, o pico mais alto da África está situado ao norte junto à fronteira do Quênia. O país é também rico em grandes lagos, como o Lago Victória (o maior da África) e Lago Tanganica (o mais profundo da África). A economia depende da agricultura e do turismo. O país conta com grandes parques, como a famosa Cratera Ngorongoro, no Parque Nacional de Serengueti, onde se encontram búfalos, leões, elefantes, zebras, rinocerontes, dentre outros. E a queda d’água Kalambo, no sudoeste, um dos principais destinos turísticos da Tanzânia. 166 Porto de Dar es Salaam, principal cidade e capital da Tanzânia Típico Hotel Baharl, em Dar es Salaam 167 Camarões República dos Camarões é um país na África Central, limitado pela Nigéria, Chade, República Centro-Africana, Congo, Gabão e Guiné Equatorial, com costa para o Golfo da Guiné. Sua capital é Yaoundé. Quando os portugueses chegaram à costa dos Camarões, no século XV, encontraram a malária como grande impedimento para se instalarem no local. Europeus, no entanto, voltaram à costa daquela região no final da década de 1870, quando grandes quantidades de quinino, para combate à malária, os encorajava a continuar a comerciar e adquirir escravos. No século XIX, missões cristãs ali chegaram para reprimir o comércio de escravos e desempenhar um papel na vida do país. Em 1884, vieram os alemães, tomando o território camaronês e alguns territórios vizinhos, formando a Colônia de Kamerun, tendo como capital Yaoundé. E ali ficaram até o final da Primeira Guerra Mundial, quando o Reino Unido e a França dividiram aquela colônia. A independência dos Camarões franceses aconteceu em 1960, sob a denominação de República dos Camarões. A maioria muçulmana dos Camarões britânicos, que dominavam dois terços do território, votou pela adesão à Nigéria, enquanto a maioria cristã, que dominava o outro terço, votou pela adesão à República dos Camarões. Junto à costa, onde se situa a grande cidade de Douala, está também o monte Fako, com 4.095 metros de altitude, um dos mais altos picos da África. A economia de Camarões é forte na agricultura e pecuária, além da pesca. Forte, também, na mineração de petróleo. Monte Camarões, a mais alta montanha da África Ocidental Casa de barro e telhado de sapé, estilo típico de Camarões 168 169 Congo República do Congo é um país africano, limitado pelo Gabão, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Angola (através de Cabinda), banhado pelo Oceano Atlântico. Sua capital é Brazzaville. No início, o Congo foi um reino africano localizado no sudoeste da África, no grande território que hoje corresponde a partes de Angola, de Cabinda, da República Democrática do Congo, do Gabão e da própria República do Congo. O império foi fundado no século XIII por Ntinu Wene e governado por um monarca – o manicongo. A capital era M’Banza Kongo (cidade do Congo). Com a chegada dos primeiros portugueses, comandados por Diogo Cão, em 1482, a cidade passou a se chamar São Salvador do Congo. E o monarca manicongo converteu-se ao catolicismo. Com o domínio português, o primeiro Rei do Congo, de 1491 a 1506, foi D. João I – Nzinga-a-Nkuvu. Foram muitos os reis convertidos ao catolicismo, no período de monarquia entre 1390 a 1914. No século XVI instalou-se o mercado de escravos no reino e as relações com Portugal se agravaram. Em 1880, os franceses estabeleceram uma colônia no Congo, como protetorado, denominada África Equatorial Francesa. Em 1888, o protetorado passou a se chamar Congo Francês – Brazzaville, para diferenciar do Congo Belga – Zaire. O país obteve sua independência da França, em 15 de agosto de 1960. Seu primeiro presidente foi Fulbert Youlou, que deixou o poder face a uma revolta, em 1963. O país adotou uma economia planificada de base socialista, gerando tensões entre governo e militares, até o golpe de esta170 do liderado pelo major Marien Ngouabi, que assumiu o poder e criou o PCT – Partido Congolês dos Trabalhadores. Em 1970, o país passou a ser República Popular do Congo e o PCT permaneceu como sendo o único partido legal, até 1977, quando o presidente foi assassinado e os militares assumiram o poder. O coronel SassouNguesso governou como ditador, até 1989, quando o colapso comunista levou o governo a se relacionar também com o capitalismo. Uma nova constituição foi votada, em 1992, prevendo um sistema político multipartidário, gerando novos conflitos e ataques contra tropas do governo. Greves e motins se transformaram numa guerra civil que durou até 1999, quando foi assinado o cessar-fogo. Estima-se as perdas em bilhões de dólares e em mais de 10 mil os mortos. A principal economia do Congo está na extração de recursos naturais, devido à formação rochosa do país, rica em diamantes, cobre, cobalto e petróleo. Portal de Brazzaville, capital do Congo 171 Gabão República Gabonesa é um país da África Central, limitado pela República Democrática do Congo, Camarões e Guiné Equatorial, banhado pelo Oceano Atlântico e pelo Golfo da Guiné. Sua capital é Libreville. No século XV, comerciantes portugueses chegaram à região pelo estuário do Rio Komo, cujo formato lembrava um capote de mangas com capuz, conhecido como “gabão”. Dalí o nome dado ao território. Escravos passaram a ser vendidos na costa do Gabão, atraindo comerciantes holandeses e britânicos. Mas foram os franceses que procuraram estabelecer um regime de “proteção” com os chefes de tribos locais, entre 1839 a 1841. Logo depois, missionários norte-americanos se estabeleceram no assentamento litorâneo de Baraka, que passou a ser Libreville a partir de 1849, quando franceses capturaram um navio de escravos. Ao serem libertos, os escravos batizaram o lugar de Libreville. O interior do Gabão passou a ser explorado pelos franceses, que conquistaram todo o território, ocupado pela França a partir de 1885. O Gabão se tornou um dos territórios da África Equatorial Francesa até o ano de 1960, quando de sua independência, em 17 de agosto, dando origem à República Gabonesa. O primeiro presidente eleito foi Leon M’Bá, que foi substituído, após sua morte, em 1967, por Omar Bongo. Uma nova constituição foi adotada, em 1991, com a criação de um Conselho Nacional de Democracia para garantia de direitos, assuntos econômicos e sociais. A língua oficial é o francês, embora o país tenha muitos grupos étnicos com línguas e culturas separadas, como o fang, myene, bandjabi, eshiras, bapounous, okandé... A economia do Gabão dependia da produção de manganês e de madeira, até a descoberta do petróleo. 172 Barragem hidroelétrica de Kingele, no Gabão Aspecto de Libreville, capital da República Gabonesa 173 República Dem. do Congo República Democrática do Congo (anteriormente Zaire) é um dos maiores países da África Central, limitado por Uganda, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Zâmbia, República Centro-Africana, Congo, Sudão, Angola, e com o enclave de Cabinda. Sua capital é Kinshasa. A história do Congo começa, em 1885, quando o rei belga Leopoldo II recebeu aquele território como possessão pessoal. Em 1908, deixa de ser propriedade da Coroa e a colônia passa a ser chamada de Congo Belga. Sob a liderança de Patrice Lumumba, a colônia belga conquista a independência em 1960 e passa a se chamar República do Congo, quando a maioria dos colonos europeus deixa o país. Os cinco anos seguintes foram de rebeliões, iniciadas por Moïse Tshombe. No ano seguinte, Lumumba é sequestrado e assassinado. Para restabelecer a ordem no Congo, a ONU envia tropas de diversos países e Tshombe foge. Com apoio da Bélgica, ele retorna para assumir a presidência, mas é derrubado em 1965 num golpe liderado por Mobuto Joseph Désiré, que estabelece uma república personalista. Em 1971, Mobuto muda o nome do país para Zaire e o da capital Leopoldville para Kinshasa. Passaram-se três décadas de pressões nacionais e internacionais sobre o implacável governo de Mobuto, que se considerava o “todo poderoso guerreiro”. Em 1992, o Alto Conselho da República ordenou o desligamento de Mobuto, sem sucesso. Liderada por Laurent Kabila, uma rebelião, em 1996, ganha rapidamente adesão da população, insatisfeita com a pobreza e corrupção do governo. No ano seguinte, a guerra civil alastra-se por todo o território, com a Força Aérea bombardeando cidades controladas pelos rebeldes e propondo ao Exército uma ocupação pacífica da capital Kinshasa, o que acontece em 17 de maio de 1997. Mobuto foge para o exílio no Marrocos, onde morre em setembro daquele ano. 174 Laurent Kabila assume o poder e promete eleições gerais. E o Zaire passa a se chamar República Democrática do Congo. Mas, apesar da promessa de democracia, Kabila suspende os partidos e proíbe manifestações políticas, gerando revolta dos militares e dando início a uma nova guerra civil. Com a entrada de forças estrangeiras acaba a revolta militar, obrigando Kabila a prometer eleições gerais para 1999. Assinado o Acordo de Lusaka para o cessar-fogo, ele não foi cumprido, cabendo à ONU preparar uma missão de paz. Com a morte de Kabila, em 2001, o filho Joseph Kabila assume o governo. E inicia um processo de paz prometendo eleições, que ocorrem em 2006, quando ele foi eleito presidente. As políticas econômicas melhoraram no fim de 2002, com a retirada das tropas estrangeiras do país. A infraestrutura da República Democrática do Congo, no entanto, ainda sente os efeitos das guerras, ditaduras e tumultos. O país possui alguns dos melhores depósitos mundiais de cobre e cobalto. E outras fontes ricas de minerais, como ouro, ferro, urânio e diamantes. A capital do país, Kinshasa, com o Rio Congo ao fundo 175 Uganda República de Uganda é um país da África Oriental, limitado pelo Sudão, Quênia, Tanzânia, Ruanda e República Democrática do Congo, sem saída para o mar. A capital é Kampala, às margens do grande Lago Vitória. Ali começa o Rio Nilo, em Jinga, na borda norte do lago, onde é conhecido como Nilo Vitória. Depois se transforma em Nilo Branco e Nilo Azul até desaguar no Mediterrâneo, após percorrer 6.677 quilômetros. No século XIX, árabes e europeus chegaram à região inicialmente habitada por bantus e nilotas, ali encontrando vários reinos. O mais importante era na região de Buganda, cuja área foi concedida à Companhia Britânica da África Oriental, tornando-se um protetorado do Reino Unido, em 1894. Os britânicos dominaram o país até as eleições de 1961, com Benedicto Kiwanuka como Ministro-Chefe. Uganda se tornou independente, em 1962. Em 1966, o Primeiro Ministro Milton Obote suspendeu a constituição, assumiu os poderes e proclamou Uganda como república, em 1967. Idi Amin Dada, chefe do Exército do Presidente Milton Obote, tomou o poder num golpe de estado e passou a dirigir Uganda como ditador de temperamento excêntrico, vingativo e violento, durante quase uma década. O regime arbitrário de Idi Amin terminou com a invasão de um exército de rebeldes, em 1979, convocados pelo líder Milton Obote, que ele havia deposto. Depois do contragolpe, a Frente Nacional de Libertação de Uganda formou um governo interino e adotou um sistema ministerial de administração que foi logo substituído por uma Comissão Militar até 1980, quando eleições levaram Obote novamente à presidência. 176 Seguiu-se, no entanto, um período com as forças de segurança estabelecendo um dos piores recordes de violações aos direitos humanos do mundo. Para terminar com as forças de segurança, o Exército de Resistência Nacional – NRA (Nacional ResistanceArmy) praticamente destruiu uma parte substancial do país, ao norte de Kampala. Em 1985, uma brigada do exército composta por “Acholi” (uma das etnias de Uganda) tomou a capital Kampala e proclamou novamente o governo militar. Uganda só encontrou paz quando o NRA capturou a capital, em 1986, colocando um novo presidente, Yoweri Museveni, que acabou com os abusos aos direitos humanos, iniciando uma política de liberação e de liberdade de imprensa. Nas eleições democráticas de 1996, Museveni foi eleito com grande maioria de votos. Uganda tem importantes recursos naturais, solos férteis, chuvas e depósitos minerais de cobre e cobalto. O principal setor da economia está na agricultura, empregando cerca de 80% da força de trabalho. Casas com telhado de sapé, nas colinas no sul de Uganda 177 Benin República do Benin é um país na África Ocidental, limitado por Burkina Faso, Níger, Nigéria e Togo, banhado pelo Golfo da Guiné. Sua capital é Porto-Novo. No período pré-colonial, o território era ocupado por pequenas monarquias tribais. A mais poderosa foi o reinado Fon de Daomé. O litoral do território passou a ser conhecido como Costa dos Escravos, quando os portugueses ali estabeleceram entrepostos a partir do século XVII. Os negros capturados eram vendidos no Brasil e no Caribe. No século XIX, numa campanha para abolir o comércio de escravos, a França entrou em guerra com os reinos locais. O reinado Fon foi dominado, em 1892, e o país passou a ser denominado Daomé, sob o protetorado francês, integrando-se à África Ocidental Francesa, em 1904. A independência ocorreu em 1960, com Hubert Maga como primeiro presidente. O país passou a enfrentar, no entanto, alguns anos de instabilidade política com sucessivos golpes militares, até 1972, quando um grupo de oficiais subalternos toma o poder, instituindo o regime esquerdista, liderado pelo major Mathieu Kérékou, que assume a presidência. O país passou a designar-se Benin, a partir de 1975. Kérékou procurou nacionalizar companhias estrangeiras e estatizar empresas privadas de grande porte. Embora mantendo o marxismo-leninismo como doutrina oficial do Estado, o comércio e a agricultura continuaram em mãos privadas. O regime político entra em crise e ondas de protestos levaram Kérékou a promover uma abertura política e econômica em 1989. Surgem diversos partidos políticos e um governo de transição chefiado por Nicéphore Soglo, que é eleito presidente democrático, em 1991. A economia de Benin depende da agricultura, com cultivo de algodão, exportando produtos têxteis, produtos artesanais e cacau. Benin mantém forte vínculo cultural com a Bahia. Pratos como acarajé, feijoada, inhame e azeite-de-dendê, fazem parte da culinária beninense. 178 Grande Mesquita de Porto Novo, capital do Benin Mercado Ouando, na capital de Benin, Porto Novo 179 Costa do Marfim Costa do Marfim, em francês Côte d’Ivoire, é um país na África Ocidental, limitado por Mali, Burkina Faso, Gana, Libéria e Guiné, banhado pelo Atlântico. Capitais: Yamoussoukro (constitucional) Abidjan (sede governo). No século XV, exploradores portugueses iniciaram o comércio de marfim e de escravos no litoral. Dois séculos depois, diferentes estados negros foram ali estabelecidos até a chegada dos franceses, que fundaram os entrepostos de Assini e Grand-Bassane, celebrando pactos com chefes locais. O objetivo era estabelecer uma colônia, que se tornou autônoma, em 1893, passando a fazer parte da Federação da África Ocidental Francesa, seis anos depois. Entre 1908 e 1918, ocorreu uma ocupação militar durante a construção da linha férrea de Abidjan, no litoral, até Burkina Faso. Abidjan permaneceu sob a jurisdição francesa durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de a França ter sido ocupada pelos alemães. Após construção do porto, em 1958, foi proclamada a República Democrática da Costa do Marfim dentro da Comunidade Francesa e, em 1960, o país alcançava a independência plena. Foi eleito Félix HouphouëtBoigny, líder do Partido Democrático da Costa do Marfim, considerado como única agremiação política legal do país. E lá ficou até 1990, quando houve a primeira disputa real pelo poder, com diversos partidos legalizados. Houphouët-Boigny foi reeleito e ficou no poder até 1993, quando faleceu. O antigo presidente do parlamento assumiu a presidência, mas foi destituído pelo General Robert Guel, num golpe de estado, em 1999, convocando todos os partidos políticos para um governo de transição, prometendo retorno à democracia. Em 2002, Robert Guel foi assassinado durante um movimento patriótico, gerando uma guerra civil até 2004, quando Laurent Ghagbo passou a ser o presidente. A economia é baseada no cultivo do cacau, como um dos maiores exportadores do mundo. Forte também no óleo de palma, algodão e borracha. No passado, era o maior explorador de marfim, gerando o nome do país. 180 Abidjan, capital da Costa do Marfim Visão noturna, com a Ponte Houphouet-Boigny e o porto, em Abidjan 181 Gana, conhecida como Tabom, objetivando o retorno à África de ex-escravos libertos no Brasil. Como na chegada à Gana eles só falavam português, para os cumprimentos usados “como está?”, a resposta era “tá bom”. Gana República de Gana é um país da África Ocidental, limitado por Burkina Faso, Togo e Costa do Marfim, banhado pelo Golfo da Guiné. Sua capital é Acra. Conta a história que, no passado, Gana se desenvolveu numa área livre dos colonizadores, onde migrações de reinos antigos ocuparam partes do atuais Mali e Mauritânia, fazendo divisa com o imenso deserto do Saara. Longe do oceano, foi num mar de areia em que Gana se desenvolveu. Através do Saara, muçulmanos, em seus camelos, chegaram à África Negra, em busca de ouro, que era escoado, principalmente, para a região do Mediterrâneo, onde árabes o utilizavam na cunhagem de moedas. O nome Gana veio da forma como o líder era tratado: Gana, “senhor do ouro”. Seu nome original era: Costa do Ouro. Os europeus só chegaram a Gana no século XV, quando portugueses desembarcaram para negociar com o Rei de Elmina, onde estabeleceram uma feitoria portuguesa, em 1482 – o Castelo de São Jorge da Mina, para controlar e defender o comércio do ouro. Os portugueses dominaram a região até Acra, mas não conseguiram evitar a chegada de outros grupos europeus, como os neerlandeses, que tomaram o castelo e fizeram dele a capital da Costa de Ouro Holandesa, rebatizando a fortaleza como Fort de Veer. Em 1873, o forte foi bombardeado e conquistado pelos britânicos, que dominaram toda a Costa do Ouro, transformando-a numa colônia livre de todos os concorrentes europeus e acabando com os reinos nativos. Kwame Krumah, um dos fundadores do Pan-Africanismo, lutou pela independência de Gana, em 1957, sendo declarado Osagyefo – líder vitorioso. Depois de ser primeiro-ministro, Krumah foi presidente do país até 1966. A economia de Gana é baseada na extração de recursos naturais e exportação de ouro, madeira e cacau. É um dos países mais ricos da África tropical, graças à agricultura e mineração. Um fato marcante foi a criação da Comunidade Afro-Brasileira de 182 Forte Amsterdã, em Abanazi, na “costa do ouro” Plantação de abacaxi, nos campos de Gana 183 Libéria República da Libéria é um país da África Ocidental, limitado pela Serra Leoa, Guiné e Costa do Marfim, banhado pelo Oceano Atlântico. Sua capital é Monróvia. Em 1461, o navegador português Pedro de Sintra atingiu a costa da Libéria, que passou a ser conhecida como “Costa da Pimenta”, devido à abundância do grão de pimenta, de forte interesse comercial. Depois dos portugueses vieram os corsários franceses, ingleses e holandeses. O nascimento da Libéria, no entanto, ocorreu no século XIX, quando os Estados Unidos passou a devolver para a África negros livres ou libertos da escravatura. A organização American Colonization Society, criada por Robert Finley, em 1816, procurava atender à opinião de alguns setores da população norte-americana da época, de que os negros não seriam capazes de se integrar na sociedade do país. Um pequeno território foi adquirido próximo da área de Cabo Mesurado, para ali fixar os primeiros colonos negros dos Estados Unidos, em 1821, recebendo o nome de Libéria, que em latim significa “terra livre”. Uma colônia que se desenvolveu em duas décadas, declarando sua independência a 26 de julho de 1847, para se transformar na República da Libéria. O país procurou seguir a Constituição dos Estados Unidos, inclusive adotando, como símbolo nacional, uma bandeira quase igual. O primeiro presidente foi Joseph Jenkins Roberts, um negro natural do Estado da Virgínia, USA. Foi um início difícil, com os nativos contestando o estabelecimento de colonos americanos no território. E pelo fato do país ter se confrontado com ambições territoriais da Grã-Bretanha e da França, até assinaturas de tratados, em 1892 e 1911, definindo as fronteiras. A Libéria declarou guerra à Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial. E atravessou uma crise financeira que foi atenuada com um 184 empréstimo de 5 milhões de dólares por parte da empresa de pneus Firestone, em troca da concessão de terras para plantações de borracha. A Libéria passou por período de crescimento ao eleger William Tasman como presidente, em 1943, mantendo a aproximação com os Estados Unidos e obtendo maiores rendimentos ao país pela exploração do minério de ferro. A partir de 1980, o país entrou em conflitos políticos com a execução do Presidente William Tolbert Jr., pelo militar Samuel Doe, que assumiu a presidência, em 1985. Guerrilheiros da Frente Patriótica Nacional da Libéria derrubam o governo, em 1989, e Samuel Doe é executado. A guerra civil, até 2003, resultou na fuga de investimentos estrangeiros e empresários da Libéria. E o novo governo, eleito em 2006, procura reconstruir a economia nacional. As principais exportações do país são a borracha, o ferro e a madeira. Baía de Monróvia, a caminho do Oceano Atlântico Broad Street de Monróvia, capital da Libéria 185 Mali República do Mali é um país da África Ocidental, limitado pela Mauritânia, Argélia, Níger, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné e Senegal. Sua capital é Bamako. A história de Mali teve início nos impérios medievais africanos, perto do Rio Níger, onde o antigo Reino de Gana, mantido pelos berberes e muçulmanos, acabou sendo conquistado pelo rei de Mali, transformandose num império que dominou a região no século XIII. No início do século XIV, o soberano Marsa Musase converteu-se ao Islã, fazendo peregrinação a Meca com 15 mil servos, muitos camelos e expressiva quantidade de ouro. Escolas islâmicas foram construídas em Timbouctou, então capital, que se tornou centro de estudos religiosos. No século XIX, o Mali foi ocupado pelos franceses, tornando-se parte do Sudão Francês, uma colônia com dois períodos distintos de existência. O primeiro, de 1890 a 1899, com um governo em Kayes. Depois, de 1920 a 1960, quando a colônia alcançou a independência, em 22 de setembro, como República do Mali. Bamako, que significa “rio crocodilo”, passou a ser capital, em 1908. Localizada ao lado do Rio Níger, é uma das cidades com maior crescimento da África. A língua oficial continua sendo o francês, com grande número de outros dialetos étnicos. Na região sul se encontra a maior atividade humana, já que a região Norte é desértica, fazendo parte do Saara. Agricultura é o setor econômico mais importante, com arroz e algodão. O país conta com forte atividade piscatória nos deltas do interior. Empresas multinacionais procuram explorar operações de mineração de ouro do Saara. Pescadores no Rio Níger, em Mopti Aldeia da tribo Dogon, em Banani Dançarinos da tribo Dogon, do Mali 186 187 Os mouros queriam a Mauritânia como um país árabe e os não-mouros desejavam uma diversidade cultural. Discórdia étnica que ainda hoje é tema de muita força no debate político nacional. A economia da Mauritânia depende da agricultura e pecuária para sua sobrevivência. O país conta com amplos depósitos de ferro e companhias mineradoras de ouro e cobre. Mauritânia República Islâmica da Mauritânia é um país na África Ocidental, limitado pelo Senegal, Mali, Argélia e Saara Ocidental, banhado pelo Oceano Atlântico. Sua capital e maior cidade é Nouakchott. Situado na região do deserto do Saara, o território era habitado pelos bafours com seus camelos, primeiros povos a abandonar a vida tradicionalmente nômade e se dedicar à agricultura. Depois de expulsos pelos berberes do Norte da África, no século VII, houve uma migração em massa dos povos que habitavam a região desértica do Saara Central para a África Ocidental. Em 1076, a região foi conquistada pelos almorávidas, monges-guerreiros islâmicos, que conquistaram Gana, Marrocos e a Península Ibérica. Foram cinco séculos de confrontos entre árabes e a população local, de berberes e não-berberes. A Guerra de Char Bubá (1644-1674) colocou a população da Mauritânia contra os invasores árabes liderados pela tribo dos Beni Hassan, gerando uma alta camada da sociedade moura conhecida como hassane. Os berberes, por sua vez, preservaram a tradição islâmica. No início do século XIX, a colonização francesa passou a absorver os territórios da atual Mauritânia e Senegal, com o militar Xavier Coppolani assumindo o controle da missão colonial e ampliando o domínio francês por todos os emirados mauritanos. A partir de 1920, a Mauritânia passou a fazer parte da África Ocidental Francesa. Com as proibições legais contra a escravidão, a dominação francesa acabou com as guerras entre os diferentes clãs. A Mauritânia – Terra dos Mouros – obteve sua independência em 1960, com Moktar Ould Dahad, como presidente, sendo fundada a capital Nouakchott numa pequena aldeia colonial. Com a independência, populações de origem subsaariana entraram na Mauritânia. Conhecedores do idioma e costumes franceses, muitos se tornaram funcionários e administradores do novo Estado, o que, aliado à opressão militar dos franceses, afetou o equilíbrio de poder, criando novos conflitos entre mouros e berberes. 188 Kasar de Chimghetti, cidade fortificada Mesquita central em Nauakchott, capital da Mauritânia 189 sendo anulada e, em 1999, nas primeiras eleições em 16 anos, a Nigéria elegeu Olusegun Obasanjo, que foi reeleito, em 2003. A principal economia da Nigéria está no subsolo, onde se encontra uma das maiores reservas de minério fóssil do mundo. Os recursos minerais incluem o petróleo, o carvão e o estanho. Nigéria República Federal da Nigéria é um país na África Ocidental, limitada por Benin, Níger, Chade e Camarões. Sua costa está no Golfo da Guiné e parte do Oceano Atlântico. Sua capital é Abuja. Até 1991 era a cidade de Lagos. A história da Nigéria remonta a 9.000 a.C., quando migrantes Bantos ocuparam a área do Rio Benue. Os rios Níger e Benue dividem o território nigeriano em três partes, se juntam no centro e vão desaguar em grande delta no mar. No começo do século XIX, a parte norte esteve sob controle de um império islâmico. E muitos “pagãos” tiveram suas culturas originais destruídas, sendo levados como escravos para o mundo do Islã. Mais tarde, comerciantes europeus estabeleceram portos costeiros para o tráfico de escravos para as Américas, concorrendo com os árabes. A Grã-Bretanha criou a Companhia Real de Níger, em 1886, tornando aquele território um protetorado britânico, em 1901, e em uma colônia, em 1914. E o nome Nigéria foi criado das palavras Níger (rio que atravessa o país) e área. No final da Segunda Guerra Mundial, o governo britânico iniciou um processo de transição para um governo próprio, concedendo a independência, em 1960, tornando a Nigéria uma federação de três regiões. Em 1966, golpes militares deixaram o país sob uma ditadura, que acabou se transformando numa guerra civil, conhecida como Guerra de Biafra, de 1967 a 1970, na tentativa de separação das províncias ao sudoeste da Nigéria. A partir de 1975, uma sucessão de golpes políticos tentou retornar o país ao estado civil. Uma nova Constituição foi promulgada, em 1977, e em eleições realizadas, dois anos depois, foi eleito presidente Shehu Shagari. Mas a Nigéria retornou ao governo militar, em 1983, ao estabelecer o Supremo Conselho Militar como novo órgão regulamentador do país. Dez anos depois, eleições foram canceladas pelo governo militar, com o general Sani Abacha subindo ao poder. A Constituição de 1977 acabou 190 Aeroporto internacional Murtala Muhammed, em Lagos Cidade de Lagos, antiga capital da Nigéria 191 Saara Ocidental República Árabe Saaráui Democrática é um país da África Setentrional, limitado por Marrocos, Argélia e Mauritânia, banhado pelo Oceano Atlântico, onde faz fronteira com a região autônoma espanhola das Ilhas Canárias. Sua capital é El Aaiún. A região foi ocupada pelo Islã no século VIII. A partir de 1884, foi colonizada pelos espanhóis e transformada em província como Saara Espanhol. Em 13 de dezembro de 1974, uma Missão de Visita das Nações Unidas esteve no Saara Espanhol para verificar o processo de descolonização. Após a Marcha Verde, organizada pelo Rei Hassan II do Marrocos, sobre o território, a Espanha abandonou a antiga colônia, deixando para trás um país sem infra-estrutura e com uma população completamente desprovida. O vazio criado pela Espanha procurou ser aproveitado pelos países vizinhos da Mauritânia e Marrocos, ambos invocando direitos históricos sobre a região abandonada. Os saaráuis, habitantes do território abandonado, fundaram a Frente Polisário, um movimento político-revolucionário pela libertação do Saara Ocidental, para expulsar os mauritânios e os marroquinos. Em 27 de fevereiro de 1976, a Frente Polisário proclamava a República Árabe Saaráui Democrática (RASD). Frente a frente, nas areias do deserto, os guerrilheiros da Frente Polisário enfrentavam as forças marroquinas de Hassan II, cujo exército retirou-se para a região fronteira com o Marrocos, zona dos fosfatos, riqueza do Saara Ocidental. Para proteger a extração do minério, a engenharia militar construiu um grande muro de concreto armado, onde os soldados marroquinos viviam entricheirados, contra os saaráuis. Foram anos de conflitos entre saaráuis e forças marroquinas, com ataques esporádicos à zona dos fosfatos, até 1987, quando uma missão da ONU visitou a região para analisar o futuro do país. A independência do Saara Ocidental foi, finalmente, reconhecida em 1993. A economia do país é baseada principalmente na pesca, agricultura, e extração e exportação de fosfato. 192 Caravana com camelos no deserto do Saara Ocidental Cidade de El Aaiún, capital de Saara Ocidental 193 Senegal República do Senegal é um país da África Ocidental, limitado pela Mauritânia, Mali, Guiné, Guiné-Bissau e Gâmbia, banhado pelo Oceano Atlântico, tendo em frente o arquipélago de Cabo Verde. Sua capital é Dakar. A região onde hoje é o Senegal, foi parte de antigos reinados como o Império Sudânico de Gana, Império Mali e Império Songai. A colonização, no entanto, começou quando navegadores portugueses, no século XV, alcançaram o arquipélago de Cabo Verde, fundando um povoado em Gorée, pequena ilha em frente a Dakar. Mas foram os franceses, no século XVII, que marcaram a cultura, ao estabelecerem um povoado em SantLouis, na foz do Sio Senegal. O domínio francês foi se expandindo, sob o governo do general Faidherbe, e o Senegal passou a ser sede administrativa da Federação da África Ocidental Francesa, a partir de 1895. O Senegal tornou-se território da União Francesa, a partir de 1946, para se transformar em república dentro da Comunidade Francesa, em 1958. Dois anos depois, a República do Senegal se tornava independente, tendo Léopold Sedar Senghor como primeiro presidente, baseado num sistema democrático, inspirado no socialismo islâmico. O primeiro-ministro Mamadou Dia tentou derrubar o presidente e foi preso com seus correligionários. E o Senegal adotou nova constituição, dando autoridade executiva ao Presidente Senghor, que foi reeleito em 1978. Em 1982, Senegal e Gâmbia tentaram formar a Confederação Senegâmbia para unir instituições comuns e integração das forças armadas e de segurança. Divergências levaram a Senegâmbia a ser dissolvida, em 1989. Atualmente, o Senegal tem a capital Dakar como um dos mais importantes portos da África. Na economia, o setor de pesca lidera as exportações. Outro item importante na pauta econômica é a extração de fosfato. 194 Grande Mesquita de Ouakan, no Senegal Bloco administrativo em Dakar, capital do Senegal 195 gerando revolta nos oficiais, que criam o AFRC – Conselho Revolucionário das Forças Armadas. Em 1998, a RUF lança uma campanha de terror contra a população civil. No ano seguinte, o AFRC tenta um novo golpe contra o governo. Em 2000, a Organização das Nações Unidas concordou em enviar forças de paz para ajudar a restaurar a ordem e desarmar os rebeldes. Em 18 de janeiro de 2002, o Presidente Kabbah declarou a guerra civil encerrada. A principal economia de Serra Leoa está nos minerais, rica em diamantes, ferro, platina e bauxita. Serra Leoa República de Serra Leoa é um país na África Ocidental, limitado pela Guiné e Libéria, banhado pelo Oceano Atlântico. Sua capital e sede do governo é Freetown. Até o século XV, a região era habitada apenas pelos temnes, sendo descoberta pelo navegador português Pedro de Sintra, em 1460. A primeira atividade econômica dos portugueses foi o comércio de escravos. Três séculos depois, em 1786, o território passou a ser ocupado pelos ingleses, quando a Companhia Comercial britânica fundou a cidade de Freetown (cidade livre), recebendo ex-escravos refugiados no Canadá e Reino Unido. No início do século XIX, o território é transformado em colônia da Coroa Britânica. Com a proibição da escravidão, a partir de 1907, milhares de exescravos de toda a África Ocidental são levados para Serra Leoa. Apoiados pelos ingleses, os ex-escravos passam a compor a elite do país, gerando uma luta com os nativos temnes, que se prolonga até o final do século XIX. A luta pela independência é obtida, em 1961, sem grandes alterações políticas. A situação só se transformou, em 1967, quando Siaka Stevens, do APC – Congresso de Todo o Povo – torna-se primeiro-ministro. Um golpe militar o derruba, mas um contragolpe, em 1968, o reconduz ao poder. Os laços com os britânicos são rompidos definitivamente, em 1971. Com a proclamação da república, Siaka Stevens torna-se presidente de Serra Leoa. Nos anos seguintes o país passa por sucessivas crises políticas e econômicas, corrupções e problemas administrativos nas minas de diamantes. Em 1991 é criada a RUF – Frente Unida Revolucionária – que passa a controlar a província leste, rica em diamantes, e dando início a uma guerra civil. O recrutamento de meninos-soldados foi uma das estratégias dos rebeldes. Em 1995, a RUF chegou aos arredores da capital Freetown. O então Presidente Strasser é deposto e Ahmad Kabbah, do Partido do Povo de Serra Leoa, assume o poder e inicia diálogo com as guerrilhas. Em 1996, o Major-General Korona tenta derrubar Kabbah e é preso, 196 Escola destruída pela Guerra Civil de Serra Leoa Tribunal de Freetown, capital de Serra Leoa 197 Togo República Togolesa é um país na África Ocidental, limitado por Burkina Faso, Benin e Gana, banhado pelo Golfo da Guiné. Sua capital é Lomé, com seu importante porto comercial. Um território estreito, povoado entre os séculos XIV e XVI por tribos da língua euê, provenientes da Nigéria. No século seguinte, outras tribos emigraram de regiões hoje ocupadas por Gana e Costa do Marfim. O comércio de escravos começou com a chegada dos dinamarqueses, durante o século XVIII. Missionários alemães chegaram, em 1847, para ocupar a região costeira, que passou a ser um protetorado da Alemanha até a Primeira Guerra Mundial, quando os alemães foram desalojados. Em 1922, a Liga das Nações dividiu o Reinado da Togolândia, entregando a parte ocidental ao Reino Unido e a parte oriental (dois terços do território) à França. Os dois países colocaram seus territórios sob a custódia das Nações Unidas, em 1946. Quando a parte do Reino Unido foi incorporada ao território da Costa do Ouro, atual Gana, a parte francesa se transformou em República Autônoma de Togo. E o país conquistou a independência em 1960, como República Togolesa. Durante a década de 1960, o país passou por tribulações políticas e golpes de estado que, em 1967, culminaram na ascensão do general Etienne Gnassingbe Eyadema ao poder. Com nova constituição, em 1979, Eyadema proclamou a terceira república togolesa. Novos conflitos surgiram, em 1982, quando Gana decretou o fechamento da fronteira para conter contrabandos. Três anos depois, o regime de Eyadema começou a se liberalizar. Uma Conferência Nacional foi convocada em 1991, quando o general suspendeu a constituição. Joseph Koffigoh, um civil, foi eleito para o cargo de primeiroministro. E Togo tornou-se uma república multipartidária, com um presidente como chefe de estado e um primeiro-ministro como chefe de governo. A principal economia da República Togolesa está na agricultura, com exportação de mandioca, milho, algodão e frutas. 198 Praia da capital, Lomé, vista do Bis Hotel Casas típicas tradicionais de Taberna, no Togo 199 Argélia República Argeliana Democrática e Popular é um país da África Setentrional, limitado pela Tunísia, Líbia, Níger, Mauritânia Mali, Saara Ocidental e Marrocos, banhado pelo Mar Mediterrâneo. Sua capital é Argel. A Argélia vinha sendo habitada pelos berberes desde 10.000 antes de Cristo. E somente a partir de 1.000 a.C apareceram os cartagineses, instalando-se ao longo da costa. Os primeiros reinos berberes aproveitaram as oportunidades das guerras púnicas para se tornarem independentes de Cartago. Em 200 a.C eles foram anexados a Roma, até a queda do Império Romano do Ocidente. Depois vieram os bizantinos, e finalmente chegaram os árabes, no século VIII. Começava, então, a história mais recente da Argélia, quando anexada ao Império Otomano. Foram estabelecidas as atuais fronteiras ao norte, transformando a costa em base de corsários, que por volta do século XVII atacavam navios no Mediterrâneo. Em 1830, a França invade a Argélia enfrentando forte resistência da população, mas obtendo completo controle do país. Colonizadores vieram da França, Itália, Espanha e Malta para cultivar as planícies costeiras, gerando conflitos com a população argeliana. As pessoas de descendência europeia, conhecidos como pieds-noirs (pés pretos) e os judeus argelinos eram considerados cidadãos franceses, enquanto a maioria dos argelinos muçulmanos não tinha cidadania ou direito de voto. Uma guerra prolongada de libertação durou até 1947, quando a França permitiu o acesso dos muçulmanos a postos governamentais, sendo fundada a FLN – Frente de Libertação Nacional – para organizar a luta pela independência. Atentados anti-árabes por colonos direitistas aconteceram nas cidades e nos campos. Em 1958, rebeldes exilados fundaram um governo provisório no Cairo. E as forças militares da França ampliaram a guerra, que culminou com o golpe militar de nacionalistas e ultradireitistas na Argélia, em 1958, 200 levando o presidente francês, Charles de Gaulle, a conceder autodeterminação aos argelinos. Surge a OAS – Organização do Exército Secreto – comandada pelo general Salan, com atos de terrorismo, respondidos pela FLN com mais terrorismo. Somente em 1962 é acertado o Armistício de Evian, com a independência do país como Republique Algérienne Démocratique et Populaire, em troca de garantias aos franceses no país. O território argeliano tem duas regiões principais: a região norte, onde se concentram os negócios e maior parte da população. E a região árida do sul, onde se encontra o deserto do Saara. Em 1989, a Argélia participou da criação do UMA – União do Maghreb Árabe – definindo “o islã, o árabe e o berbere” como identidade do povo argeliano e o país como terra do Islã. A maior economia da Argélia está no setor dos hidrocarbonatos e de uma das maiores reservas de gás natural do mundo. O país integra a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Casbá, na cidade de Argel Mesquita de Guardaïa, no vale M’Zab 201 Egito República Árabe do Egito é um país da África Setentrional, limitado pela Líbia, Sudão, Faixa de Gaza e Israel, banhado pelo Mar Mediterrâneo e pelo Mar Vermelho. Sua capital é a cidade do Cairo. É uma das civilizações mais antigas do mundo. Monumentos contam a história, como as pirâmides de Gizé e a Grande Esfinge. Vestígios da ocupação humana no vale do Nilo atingem 8.000 a.C., quando povos tribais migraram para a região, desenvolvendo uma economia agrícola sedentária. Depois do Império Antigo (2.700-2.200 a.C), famoso pelas pirâmides, veio o Império Médio, quando invasores ocuparam grande parte do Baixo Egito por volta de 1.650 a.C., fundando uma nova capital em Aváris. O Império Novo (1.550-1.070 a.C.) marcou a ascensão do Egito como potência internacional, sendo governado pelos faraós conhecidos como Tutmés III, Akhenaton e sua mulher Nefertiti, Tutankhamon e Ramsés II. O cristianismo foi trazido ao país por São Marcos, no primeiro século da Era Cristã, com transição entre os Impérios Romano e Bizantino. Depois vieram os persas, os árabes muçulmanos, os turcos otomanos e até os franceses, com a breve invasão de Napoleão Bonaparte, em 1798. A abertura do Canal de Suez, em 1869, tornou o Egito um centro mundial de transporte e comércio. Para controlar o canal, o Reino Unido enviou tropas a Alexandria, eliminando o governo nacionalista e dissolvendo as forças armadas do país. Após a Primeira Guerra Mundial, um movimento nacionalista egípcio fez o país se levantar. Era a primeira revolta de sua história moderna que levou o Reino Unido a proclamar a independência do Egito, em 1922. Mas um tratado anglo-egípcio foi assinado em 1936, no qual os britânicos continuariam a manter tropas no Canal de Suez, em defesa do Egito. A Revolução de 1952 forçou o Rei Faruk a abdicar em favor do filho Fuad. E a República do Egito foi proclamada em 18 de junho de 1953, pre202 sidida pelo General Muhammad Naguib. No ano seguinte, Gamal Abdel Nasser – verdadeiro arquiteto do movimento de 1952 – forçou Naguib a renunciar e assumiu a presidência. Em 18 de junho de 1956, ele declarava a total independência do Egito, com a retirada das tropas britânicas e a nacionalização do Canal de Suez. Israel invadiu a península do Sinai, em 1967, na Guerra dos Seis Dias. Nasser faleceu em 1970, sendo substituído por Anwar Sadat, que deflagrou a guerra do Yom Kippur contra as forças israelitas, que ocupavam a península e as colinas de Golan. A completa retirada israelense aconteceu com o tratado de paz, em 1979. A economia do Egito baseia-se na agricultura, exportações de petróleo, turismo e rendas com o tráfego do Canal de Suez. Sarcófago de Tutankamon em madeira revestida em ouro Detalhe da cidade do Cairo, Capital do Egito 203 de Libertação da Palestina (OLP) e com Israel. A economia do país é forte na agricultura, com grandes produções de trigo, milho, cevada, cana-de-açúcar, algodão. E nas indústrias transformadoras, com produtos alimentares, têxteis e artigos de couro. Outras fontes de receitas estão na extração de fosfato no Saara Ocidental e no turismo, sempre crescente. Marrocos Reino de Marrocos é um país da África Setentrional, limitado pela Argélia, Saara Ocidental e, no Estreito de Gibraltar, com a Espanha. Costas para o Mar Mediterrâneo e Oceano Atlântico. Sua capital é Rabat. E a cidade mais populosa é Casablanca. Na Antiguidade, a região era dominada pelos fenícios e pelos Impérios Romano e Bizantino. No século VII, vieram os árabes com o islamismo. Depois os berberes, que assumiram o controle da região até o século XII. Em 1415, Portugal conquistou Ceuta e o litoral marroquino passou a ser controlado por portugueses e espanhóis. Na Conferência de Algeciras, em 1904, para pagar grande dívida contraída com os ingleses, o sultão concordou com a Inglaterra em conceder o domínio de Marrocos aos franceses. Em troca, a França concordou que o Reino Unido governasse o Egito. Somente após a Segunda Guerra Mundial, de acordo com a Carta do Atlântico, assinada por Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt, o Marrocos exigiu o regresso do sultão Mohammed V. E a independência do país foi celebrada no dia 2 de março de 1956. Em 1957, o sultão Sidi Muhammed transformou Marrocos em reino, enfrentando manobras políticas entre dois grupos, um conservador e outro de caráter republicano e socialista. Com o falecimento de Sidi, em 1961, o filho assumiu o poder como Rei Hassan II. Em 1974, o Rei Hassan II declarou a sua pretensão sobre o Saara Espanhol, rico em minérios. Em novembro do ano seguinte, 350.000 voluntários desarmados faziam a Marcha Verde sobre o protetorado da Espanha, que concordou com as ambições de Marrocos, para evitar maiores conflitos. Hassan II enfrentou obstáculos à política marroquina, com a Frente Popular para Libertação de Saguia e do Rio do Ouro, apoiada pela Argélia e pela Líbia. Bem como a criação do Saara Ocidental, em 1989. Marrocos passou a desempenhar importante papel no processo de paz na Palestina, com Hassan II procurando um bom relacionamento com a Organização 204 Mausoléu de Mohammed V, em Rabat, capital do Marrocos Place Mohammed V, em Casablanca 205