7 Uni-ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS
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7 Uni-ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS
1 7 Uni-ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS REF CURSO DE AGRONOMIA ERÊ NCI AS BIB LIO GRÁ FIC AS BAL BIN O et al. Evol ução tecno lógic a e arran jos prod PRODUÇÃO DE SOJA E MILHO NA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE ILPF utivo s de PARA PRODUÇÃO DE LEITE siste mas de integ ração lavou AUGUSTO TORQUATO DE SOUSA rapecu áriaflore sta no Brasi l. Pesq . agro pec. bras. Brasí lia, GOIÂNIA v.46, Maio/2015 n.10, p.ixii, out. 2011 . 2 AUGUSTO TORQUATO DE SOUSA PRODUÇÃO DE SOJA E MILHO NA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE ILPF PARA PRODUÇÃO DE LEITE Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de Agronomia do Centro Universitário de Goiás, Uni-ANHANGUERA, sob Orientação da Prof.ª Dra. Cristiane Rachel de Paiva Felipe, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Agronomia. Goiânia Maio/2015 3 4 A pior coisa que pode acontecer na vida de uma pessoa não é quando seu projeto não dá certo, seu plano de ação não funciona ou quando a viagem termina no lugar errado. O pior é não começar. Esse é o maior naufrágio. Amyr Klink 5 Resumo A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e/ou florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. Busca-se com a ILPF efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema, como a conservação dos recursos hídricos; redução da emissão de gases de efeito estufa, venda de créditos de carbono; redução do custo para a recuperação de pastagens degradadas, além do conforto térmico para os animais. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produção de soja e milho na fase de implantação do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta voltada para produção de leite com ênfase nos aspectos produtivos e econômicos. O experimento foi conduzido no campo experimental da Fazenda Pró Campo de propriedade do Laticínios Piracanjuba na cidade de Bela Vista De Goiás GO. Foi adotado delineamento experimental de blocos completos casualizados com três tratamento e três repetições (E.maculata, Clone AEC 224 e o E. cloeziana). No primeiro ano foi cultivada três variedades diferentes de soja, LuziâniaRR, BRS 8560RR e BRSGO 8360. A produtividade média da soja foi de 5.087,5 kg.ha-1, não havendo diferença entre os intervalos de confiança das cultivares. No segundo ano cultivou-se milho na safra de verão, sendo hibrido da Dow AgroSciences 2B 707 Power Core. A produtividade média do milho foi de 53 toneladas/ha. Na segunda safra (safrinha), cultivou-se milho com hibrido Biogênese BG7049 cruiser com população de 60.000 plantas/ha, com produtividade média de 40 toneladas/ha. A cultura da soja e do milho inseridos no sistema ILPF se apresentaram tecnicamente viáveis, pois remuneraram os custos de produção e apresentaram lucro. PALAVRAS-CHAVE: ILPF. Agricultura sustentável. Custo. Produtividade. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO 9 2.1 Modalidades do sistema ILPF 9 2.2 Benefícios da ILPF 10 2.3 Produção de soja no sistema ILPF 11 2.4 Produção de milho no sistema ILPF 12 2.5 Importâncias da renovação de pastagens para produção de leite 13 2.6 Contribuição do sistema ILPF para redução do aquecimento global pelo Programa ABC 15 2.7 Crédito de carbono em sistema ILPF 16 2.8 Linhas de crédito 18 3 MATERIAL E MÉTODOS 20 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26 APÉNDICE A 29 7 1 INTRODUÇÃO A agricultura vem passando por desafios como a busca pela melhoria da qualidade e da segurança alimentar, o aumento de produção, a produção de energia, fibra, madeira e outros bens, assim como a redução da agressão ao meio ambiente. E o sistema integração lavoura-pecuária (ILP) auxilia na redução dos efeitos negativos do uso intenso das áreas agrícolas e melhora o solo ao longo do tempo (BALBINOT JUNIOR et al., 2009). Segundo Balbino et al. (2012), o elemento florestal deu um rumo mais amplo a integração lavoura-pecuária, possibilitando a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Este sistema sustentável unifica a agricultura pecuária e floresta, utilizando a mesma área em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, buscando efeitos positivos ao agroecossistema e viabilizando as atividades agropecuárias. O sistema ILPF é conhecido pelos europeus desde a antiguidade. Diversos escritores romanos do século I d.C. entre eles, Plínio, que escreveu a enciclopédia intitulada história natural (Naturalis Historia), e Lucius Junius Moderatus Moderatus autor de grande conhecimento da agricultura romana, faziam menção sobre o sistema de integração entre árvores, como nogueiras e oliveiras, e pastagens (BALBINO et al., 2011). Balbino et al. (2012) destacam que a conjunção entre lavoura, pecuária e floresta chegou ao Brasil pelos imigrantes europeus. Porém, Macedo (2009) relata que com o passar do tempo, a agricultura, pecuária e floresta passaram a trabalhar de forma separada e independente. O uso indiscriminado de agrotóxicos e manejo inadequado do solo tem causado cada vez mais degradação do solo e dos recursos naturais. Na intenção de diminuir esta degradação e de melhorar as condições sociais no meio rural e diminuir impactos ao meio ambiente, iniciaram-se as pesquisas com integração lavoura-pecuária, cujos maiores incrementos ocorreram a partir de 1990, quando foram instalados os primeiros experimentos em longa duração com sistema ILP. (MACEDO, 2009) Dentre os pontos de grande importância sobre a produção agropecuária no sistema ILPF está o rápido retorno financeiro do investimento, possibilitando o produtor a custear outras atividades agrícolas na propriedade. A ILPF une tecnologias importantes como o sistema de plantio direto (SPD), que contempla não só o preparo mínimo do solo, mas também a prática de rotação de culturas. Com efeito, há uma melhor qualidade do solo, que se reflete em pastagens mais produtivas e no aumento da competitividade da atividade (MACEDO, 2009). 8 A Embrapa (2014) cita a importância do sistema ILPF para os pecuaristas de leite, sendo uma de suas propostas o consórcio de forrageiras com culturas anuais, destinando essa produção para a fabricação de concentrado ou silagem para alimentação do rebanho reduzindo significamente o custo da produção. Nascimento (2011) salienta que o componente florestal entra como alternativa para produção de madeira e em conforto térmico para os animais. O autor aponta que o sistema ILPF também promove a redução do desmatamento das florestas nativas, uma vez que supre a necessidade do mercado. Müller et al. (2014) destacam que a silvicultura traz uma série de benefícios, tanto produtivos, quanto ambientais, na medida em que representa a otimização do uso do solo. Müller et al. (2014) mencionam que o estudo do sistema ILPF é fundamental para o direcionamento de práticas de manejo, tais como definição de espaçamento entre plantas e arranjo de plantio, recursos disponíveis e como utilizá-los. Para os autores a otimização de várias atividades em uma mesma unidade produtiva pode trazer diversos benefícios socioeconômicos, porém requerem diversos cuidados especiais que devem ser estudados e observados. Este trabalho tem por objetivo avaliar a produção de soja e milho na fase de implantação do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta voltada para produção de leite com ênfase nos aspectos produtivos e econômicos. 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Modalidades do sistema ILPF A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e/ou florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, e busca efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema. A estratégia de ILPF contempla quatro modalidades de sistemas, assim caracterizados: Integração Lavoura-Pecuária (Agropastoril), Lavoura-Pecuária-Floresta (Agrossilvipastoril), Pecuária-Floresta (Silvipastoril) e Lavoura-Floresta (Silviagrícola) (PERACI et al., 2012). Freitas (2011a) cita como modelo de ILP o sistema Barreirão, sendo uma alternativa precursora para recuperação/renovação de pastagens degradadas, tendo como proposito diminuir o custo destas ações. O plantio da cultura comercial e da forrageira é realizado de forma consorciada. O sistema foi criado, inicialmente, com a cultura do arroz na intenção de diminuir riscos climáticos e corrigir atributos físicos do solo, de forma a possibilitar o aprofundamento do sistema radicular quando comparado à sistemas convencionais de cultivo. Outro exemplo de ILP é o chamado Sistema Santa Fé – Tecnologia EMBRAPA; em homenagem a Fazenda Santa Fé, em Santa Helena de Goiás-GO, onde se iniciou a tecnologia. Balbino et al. (2011) explicam que este sistema é formado pela produção consorciada de culturas de grãos, especialmente, o milho, sorgo, milheto, arroz e soja, com forrageiras tropicais, principalmente as do gênero Brachiaria sp. e, ou, outras, em áreas de lavoura com solo parcial, ou devidamente, corrigido. Seus objetivos são a produção de forrageiras para a entressafra e palhada em quantidade e qualidade para o SPD. A inclusão do componente arbóreo representa um avanço inovador da ILP. A Fazenda Santa Brígida, em Ipameri-GO, é um exemplo inquestionável desta estratégia, já que desde 2006 apresenta significativos ganhos agronômicos, econômicos, ambientais e sociais. Em 2013, foram contabilizadas mais de 40 mil árvores de eucalipto em sistemas de ILPF na fazenda contribuindo para a mitigação da emissão de gases de efeito estufa por meio do sequestro de carbono. Este sistema também proporciona nove safras a cada oito anos: duas a três de grãos, cinco a seis safras de pecuária e uma de eucalipto. (OLIVEIRA et al., 2013; CNA, 2012). 10 Oliveira et al. (2013) destaca a importância do Sistema Santa Brígida – Tecnologia Embrapa que tem como desenvolvimento o sistema de ILPF com leguminosas utilizando consórcio de milho, braquiária e leguminosa, preferencialmente, grandu-anão. Este sistema traz como objetivos a produção de uma forrageira mais rica em proteína, o aumento do aporte de nitrogênio no solo, via fixação biológica do nitrogênio (FBN), a redução do uso de fertilizante mineral no cultivo subsequente, a melhoria na qualidade das pastagens e a diversificação das palhadas para o SPD. 2.2 Benefícios da ILPF A sustentabilidade só será verificada se o sistema preconizado for: tecnicamente eficiente; ambientalmente adequado; economicamente viável e socialmente aceito. Assim, ILPF tem como grande objetivo a mudança do sistema de uso da terra, fundamentando-se na integração dos componentes do sistema produtivo, visando atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade. Portanto, apresenta-se como uma estratégia para maximizar efeitos desejáveis no ambiente, alinhando o aumento da produtividade com a conservação de recursos (BALBINO et al., 2011). Diel et al. (2014) mencionam que as árvores tem características de grande importância no sistema de produção, podendo influenciar a quantidade e a disponibilidade de nutrientes na zona de absorção radicular das culturas consorciadas. Este fato pode ser explicado por as árvores possuírem um sistema radicular mais profundo, interceptando nutrientes localizados em camadas do solo pouco acessíveis as raízes das culturas agrícolas ou forrageiras. Além disso, a disponibilidade de grande quantidade de resíduos orgânicos, em constante renovação pelas árvores e pela pastagem, aumenta os teores de carbono e melhora as condições de aeração, de infiltração de água e de estruturação do solo. Macedo (2009) aponta o fato do uso contínuo de grade em preparo de solo tem sido causa de degradação das propriedades físicas do solo, com camadas pulverizadas na superfície, perdas de solo por erosão e selamento superficial. Ainda menciona a associação do mau manejo do solo com o monocultivo podendo acarretar problemas como concentração da fertilidade nas camadas superiores, aumentando a saturação de base, causando deficiência de micronutrientes. Outro fator observado foi a distribuição das raízes no perfil do solo que ficam também concentradas na superfície, tornando mais vulnerável a veranico. Do ponto de vista técnico, Spera et al. (2010) complementam que um sistema de manejo deve contribuir para a manutenção ou melhoria da qualidade do solo e do ambiente, 11 bem como para a obtenção de rendimentos adequados das culturas em longo prazo. Com isso, o sistema plantio direto (SPD), quando realizado adequadamente, pode possibilitar a recuperação e a preservação da estrutura do solo. A recuperação de solos degradados mediante uso de plantas de cobertura é mais efetiva quando forem associadas ao preparo reduzido, demonstrando a importância de sistemas de manejo de solo com baixo revolvimento e alto aporte de resíduos vegetais para aumentar o carbono do solo. A adoção da ILPF está associada a práticas conservacionistas como o SPD, que consiste em um sistema sustentável e proporciona a redução de efeitos ambientais importantes como erosão, compactação do solo entre outros, reduzindo o custo para a recuperação de pastagens degradadas, promovendo benefícios econômicos (TRECENTI, 2008). No sistema plantio direto diminui-se a intensidade de tráfego de máquinas agrícolas o que reduz a compactação. A compactação dos solos é avaliada, tanto pelo aumento da densidade do solo, quanto pela relação entre macro e microporosidade. Com o passar dos anos, a densidade do solo sob SPD pode diminuir parcialmente, em consequência do aumento de matéria orgânica melhorando a estrutura do solo. Por outro lado, com a porosidade total e a macroporosidade pode acontecer o inverso, variando com o tipo de manejo e a profundidade, e também com o SPD. Várias pesquisas relacionadas ao plantio direto e rotação de cultura mostram efeitos benéficos ao estado estrutural do solo (SPERA et al., 2010). Para o componente pecuário, a ILPF proporciona microclima favorável ao aumento do índice de conforto térmico com presença dos animais na sombra das árvores, ao contrário da exposição a insolação direta ou às baixas temperaturas do inverno. Este benefício torna-se muito importante por produzir reflexos positivos sobre a produtividade e a reprodução animal (BALBINO et al., 2012). Trecenti (2008) aponta um fator importante sobre as culturas agrícolas, as quais aumentam a renda financeira, com entradas e saídas em curto prazo, geram insumo para a alimentação dos animais, contribuem com o preparo do solo e melhoram as condições químicas com suas adubações e resíduos orgânicos. Além disso, menciona que o animal é um componente muito importante no sistema, gerando receitas mensais, anuais ou bianuais, também aumentando a renda financeira e a atratividade do negócio. 2.3 Produção de soja no sistema ILPF Moreira (2012) relata que a cultura da soja está ganhando cada vez mais importância na agricultura mundial devido a grande diversidade do uso da oleaginosa e ao aumento da 12 demanda global por alimentos, em que a área destinada ao cultivo de soja vem aumentando anualmente. Freitas (2011b) aponta que um dos fatores que contribuíram para o aumento no consumo mundial de soja é principalmente o crescente poder aquisitivo da população nos países em desenvolvimento, o que vem provocando uma mudança no hábito alimentar. Freitas (2011b) observa cada vez mais a troca de cereais por carne bovina, suína e de frango. Tudo isso, resulta numa maior demanda de soja, ingrediente que compõe 70% da ração para esses animais. Não menos significativo é o crescente uso de biocombustíveis fabricados a partir do grão, resultado de um ascendente interesse mundial na produção e no consumo de energia renovável e limpa. Godinho et al. (2009) explicam que para se obter estabilidade e sustentabilidade da produção de soja, uma opção é empregá-la em sucessão com forrageiras ou consorciação. Um dos focos da ILPF é a rotação ou sucessão de culturas, por isso a necessidade de adaptação de tecnologias que permitem a utilização da soja no sistema. Os autores ressaltam que a cultura inserida no sistema traz inúmeros benefícios por recuperar pastagens degradadas trazendo melhorias para o solo, cobrindo com os custos iniciais do sistema e gerando lucro. Outro fator sobre a importância de rotação ou sucessão de cultura com a soja é a fixação de nitrogênio, um nutriente de grande importância para as culturas em geral, sendo considerado como um macronutriente. As plantas da família botânica das leguminosas como a soja, são capazes de absorvê-lo por meio da atmosfera via de nódulos formados nas raízes. Este fato ocorre por meio da simbiose estabelecida por bactérias do gênero Bradyrhizobium, que são adicionadas nas sementes antes da semeadura, com isto não a necessidade de adubação nitrogenada na soja, podendo contribuir para culturas posteriores (PEREIRA et al., 2007). 2.4 Produção de milho no sistema ILPF A composição química, o valor nutritivo e o potencial produtivo fazem com que o milho seja um dos mais importantes cereais cultivados e consumidos no mundo. Entre a evolução mundial de produção de milho, o Brasil é o terceiro maior produtor, contudo, apenas uma pequena parcela de grandes produtores se preocupa com a produção comercial e com altos índices de rendimento. E uma grande parcela de pequenos agricultores que não possuem altas tecnologias depende da produção única e exclusivamente para subsistência, destacando a importância do milho sob o aspecto social (KAMINSKI, 2013). 13 O milho se destaca no contexto da ILPF devido às várias aplicações que esse cereal possui dentro da propriedade agrícola, tanto na alimentação animal na forma de grãos, em forragem verde ou conservada (silagem), na alimentação humana ou na geração de receita, mediante a comercialização da produção excedente (TRECENTI, 2008). Segundo Kaminski (2003), o milho por suas características fisiológicas e pelo manejo que vem sendo adotado em grande parte das propriedades, pode ser muito beneficiado por um sistema adequado de rotação e sucessão de culturas. Borges (2011) descreve que o enfoque do sistema é a busca por uma sustentabilidade, entretanto, além de ambientalmente, economicamente. Com isto ele aponta que a cultura do milho no sistema, é viável e recomendável, trazendo uma maior diversificação da renda, uma vez que a área será cultivada com três culturas diferentes, por exemplo: milho, forrageira e eucalipto. Dessa forma o sistema traz ganhos em curto prazo, com a comercialização ou utilização do milho, em médio prazo, com a venda ou aumento da produção dos animais e em longo prazo, com o corte do eucalipto. Dentre as culturas sucessoras ao período de pastejo, o milho é aquela que demanda maior aplicação de nitrogênio. Por essa razão é uma cultura indicadora da adubação nitrogenada da pastagem. Além do mais, a utilização de uma gramínea no período de verão é necessária, de forma a possibilitar a rotação de culturas, prática que é imprescindível para a sustentabilidade do sistema ILPF, pois melhora a qualidade e a conservação do solo, reduz a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas e aumenta a diversificação temporal da exploração econômica na propriedade rural (BALBINOT JUNIOR et al., 2009). 2.5 Importâncias da renovação de pastagens para produção de leite Macedo (2009) expõe que a degradação das pastagens é o fenômeno mais importante na atualidade comprometendo a sustentabilidade da produção animal nos Cerrados. A degradação pode ser explicada como um processo dinâmico de degeneração, perda de vigor ou de queda relativa da produtividade, Isso leva a diminuição da capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar economicamente os níveis de produção e de qualidade exigida pelos animais. Assim como, o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, atingindo o ponto mais elevado a degradação dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados. Os solos ocupados por pastagens, em geral, são marginais quando comparados àqueles usados pela agricultura de grãos. Estes solos apresentam problemas de fertilidade natural, 14 acidez, topografia, pedregosidade ou limitações de drenagem. Os solos de melhor aptidão agrícola são ocupados pelas lavouras anuais de grãos ou as de grande valor industrial para a produção de óleo, fibras, resinas, açúcar, etc. (MACEDO, 2009). A Embrapa (2007), aponta que a evolução desse cenário, apesar dos aspectos positivos, trouxe consequências negativas dos pontos de vista econômico e ambiental. O manejo inadequado dos solos, o uso intensivo de máquinas e implementos pesados e o sistema convencional de preparo dos solos, assim como a não adubação de pastagens e a não utilização de sistemas de rotação de culturas e práticas como plantio direto, foram decisivos no processo. Isso trouxe consequências ambientais em níveis críticos e insustentáveis, com a degradação e baixos índices de produtividade. A produção de leite no Brasil cresceu a uma porcentagem de 350% desde 1974 até 2011, saindo de 7,1 bilhões para 32,1 bilhões de litros de leite, esse crescimento pode ser responsável pelo aumento de animais e o crescimento da produtividade dos animais. Dentre o contexto mundial, o Brasil em 2010 estava entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, sendo responsável por 5,1% da produção mundial. Entretanto, deve-se salientar que essa grande produção foi obtida por meio de um grande contingente do rebanho e uma baixa produção de leite por animal, caracterizando assim, uma baixa produtividade (MAIA et al., 2013). A Embrapa (2014) aponta que a pecuária leiteira tem uma característica de dependência de pastagens principalmente tropicais nativas ou naturalizadas cultivadas, com produção vegetal sazonal em consequência de fatores climáticos. Ainda relata que para ter uma produção regularizada o pecuarista torna-se dependente de alternativas de alimentos como suplementação em pasto ou o uso de forragens conservadas. A pecuária leiteira vem passando por problemas com custo de produção chegando a 60% do custo operacional em sistema de confinamento ou semiconfinamento. A Embrapa (2014) propõe que a renovação das pastagens para alimentação de animais em lactação é uma opção para a redução desses custos. Confrontando com o conceito inadequado de alguns pecuaristas, do qual a pastagem não é uma cultura que necessita de cuidados. A degradação das pastagens, grandes extensões de área com monocultivo da soja no verão, a pressão social sobre a terra, dividas financeiras, preços de insumos e produtos e competição global, vem exigindo, cada vez mais eficiência dos produtores. Nesse sentido, os sistemas de integração lavoura-pecuária podem ser promissores para atender tanto as dificuldades da pecuária, como alternativa de recuperação de pastagens degradadas, como para a agricultura anual e o SPD, visando à produção de palha, melhoria das propriedades do 15 solo e utilização plena de equipamentos, empregos e aumento de renda no campo (MACEDO, 2009). 2.6 Contribuição do sistema ILPF para redução do aquecimento global pelo Programa ABC O homem sempre explorou os recursos naturais de maneira inadequada a fim de conseguir o tão ambicionado desenvolvimento. Santos Filho e Lima Filho (2012) afirmam que várias descobertas tecnológicas fizeram com que ocorresse um desenvolvimento acelerado em todos os cantos do planeta: automóveis, formas de aumento da produção na agricultura, crescimento na criação de animais. Países que tinham pouca, ou nenhuma, importância no cenário econômico mundial passaram a aproveitar todas estas descobertas para, assim, poderem crescer. Porém, com todos estes avanços vieram também consequências geradas por uma devastação desenfreada em busca de um crescimento a todo custo. Durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15), o governo brasileiro se compromissou a reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) projetadas para 2020, estimando o volume de redução em torno de um bilhão de toneladas de CO2 equivalente (t CO2 eq). O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, o denominado Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), é um dos planos setoriais elaborados de acordo com o artigo 3º do Decreto 7.390/2010 para responder aos compromissos assumidos na redução de emissão de GEE (PERACI et al., 2012). O sistema ILPF está associado aos objetivos específicos do Plano ABC, a saber: incentivar a adoção de Sistemas de Produção Sustentáveis que assegurem a redução de emissões de GEE e elevem simultaneamente a renda dos produtores, sobretudo com a expansão das seguintes tecnologias: Recuperação de Pastagens Degradadas; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e Sistemas Agroflorestais; Sistema Plantio Direto; Fixação Biológica do Nitrogênio; e Florestas Plantadas. Entre outros objetivos estão o uso de Tratamento de Dejetos Animais para geração de biogás e de composto orgânico, o incentivo a estudos de novas técnicas e esforços para reduzir o desmatamento (PERACI et al., 2012). O sistema ILPF e os SAFs, contribuem significativamente ao Plano ABC devido as suas finalidades, como o reforço para recuperação de áreas degradadas, manutenção e reconstituição da cobertura florestal, promoção e geração de emprego e renda, adoção de boas práticas agropecuárias (BPA), melhoria das condições sociais e adequação da unidade 16 produtiva à legislação ambiental. Além destes, Peraci et al. (2012) ainda destacam, a valorização de serviços ambientais oferecidos pelos agroecossistemas, tais como: conservação dos recursos hídricos e edáficos; abrigo para os agentes polinizadores e de controle natural de insetos-pragas e doenças; fixação de carbono e nitrogênio; redução da emissão de gases de efeito estufa; reciclagem de nutrientes; biorremediação do solo e manutenção e uso sustentável da biodiversidade. Conquistar a adesão dos produtores para as vantagens de incorporar os sistemas ILPF e SAF, fortalecer a assistência técnica pública e privada em todo o território nacional, desenvolver e adequar tecnologias de gestão e de produção em ILPF e de SAF, bem como garantir a oferta de incentivos econômicos são uns dos desafios propostos em ações de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Embrapa no Plano ABC, em que os resultados esperados são a capacitação de técnicos e produtores rurais e a implantação de 4 milhões de ha com uso da ILPF e dos SAFs até 2020 (PERACI et al., 2012). 2.7 Crédito de carbono em sistema ILPF O Crédito de carbono é uma unidade comercial, com objetivos monetários, que representa uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente. O valor desse crédito varia diariamente, pois sua atribuição de valor é dada por vários fatores externos. A variação é semelhante a observada na bolsa de valores (PORTAL BRASIL, 2015). Os créditos de carbono surgiram após a convenção realizada em 1997 no Japão por participantes da Eco 92 (Rio 92). Como o encontro ocorreu na cidade de Kyoto, o tratado ficou conhecido como Protocolo de Kyoto. De acordo com Macedo (2014), o objetivo principal é a redução de gases que provocam o efeito estufa, principalmente nos países desenvolvidos, que assumiram o compromisso da redução dos gases poluentes. Os principais gases do efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), a família de gases hidrofluorcarbonos (HFC) e perfluorcarbonos (PFC) (PORTAL BRASIL, 2015). Os créditos de carbono são comercializados por meio do processo chamado Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). A prática baseia-se no artigo 12 do Protocolo de Quioto. Segundo o acordo, os países não desenvolvidos poderiam cooperar com a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos países desenvolvidos (países relacionados no anexo I da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima 17 – CQNUMC). Dessa forma, os países em desenvolvimento poderiam desenvolver projetos de MDL para a comercialização de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs). Assim, as nações mais poluidoras aumentariam a chance de atingirem suas metas de redução de emissões (CNA, 2012). Pelo que foi definido pelo Protocolo, uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono. Conforme previsões feitas pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF), que acompanha o mercado de carbono ao redor do mundo, a expectativa é que o mercado movimente R$ 148 bilhões de reais ao redor do mundo. Outros gases que também causam o efeito estufa podem ser convertidos em créditos, mas a conversão é diferente e eles seguem o conceito de Carbono Equivalente (CNA, 2012). O processo de certificação para oferecer carbono no mercado pode chegar a um ano e é feito por meio de etapas. Primeiramente é desenvolvido um documento de concepção do projeto, contendo informações de caráter técnico, financeiras e ambientais. O documento deve informar detalhes da metodologia de cálculo para se quantificar o real resultado a ser alcançado pelo projeto quando este estiver em andamento e as metas propostas. Assim, deve ser enviado e validado pela Entidade Operacional Designada (EOD), que tem como função avaliar se o projeto se enquadra nas regras de MDL. Após sua validação o projeto é então encaminhado para a Autoridade Nacional Designada (AND) (MACEDO, 2015). Macedo (2015) esclarece que no Brasil é representada pela Comissão Interministerial de Mudanças Globais do Clima. Cada país define a sua autoridade nacional que, no caso do Brasil, é composta por representantes dos seguintes ministérios: Ciência e Tecnologia; Relações Exteriores; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Transportes; Minas e Energia; Planejamento, Orçamento e Gestão; Meio Ambiente; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Cidades; Fazenda; e Casa Civil. Após aprovação da AND, se faz necessário que seja feita a submissão do projeto para a solicitação de um registro junto ao próprio MDL, de uma forma mais precisa, ao seu Comitê Executivo. Depois de registrados é que ações mais diretas são executadas. Nesse processo é realizada a elaboração de um plano geral para que o projeto seja monitorado. Sendo assim, é emitido um relatório que deve conter, dentre as suas informações, o cálculo da redução de emissão (MACEDO, 2015). Macedo (2015) acrescenta que, com o projeto em andamento, o EOD faz a verificação para comprovar que as metas determinadas foram cumpridas de forma correta, por um período pré-estabelecido. Esse monitoramento pode ser realizado quantas vezes o mantenedor do projeto achar necessário, de forma à saber se o resultado está no caminho correto. Após 18 essa etapa é realizada uma auditória no projeto para que ele possa ser certificado. O EOD então determina a quantidade de RCEs – Redução Certificada de Emissão que serão concedidos ao projeto e encaminha a solicitação ao MDL, que emite esses certificados que poderão ser negociados com países e empresas dos países desenvolvidos. No Brasil, devido a regras sobre valores mobiliários, a compra e venda de créditos é feita através de leilões promovidos pela BM&FBOVESPA. As transações são feitas via internet e os leilões são modelados conforme as características específicas da oferta. Podem participar destas operações as corretoras associadas à BM&FBOVESPA, traders do mercado de RCE e do mercado de permissão europeu, organismos multilaterais de financiamento, participantes do mercado de carbono global credenciados pela BM&FBOVESPA, incluindo fundos de carbono e entidades governamentais (PORTAL BRASIL, 2015). O mercado europeu utiliza a metologia ‘cap and trade’, expressão utilizada para nomear o processo que limita as emissões de gases. Essa estrutura compreende trinta e um países do continente e cobre 45% das emissões de gases causadores do efeito estufa na Europa. Aos participantes, é limitada a compra de créditos internacionais. Nos Estados Unidos algumas instituições se propuseram a organizar a realização das compras e vendas de créditos, como a Chicago Climate Exchange - CCX (Bolsa do Clima de Chicago, em português), onde os membros assumiram voluntariamente o compromisso de reduzir as emissões de gases (PORTAL BRASIL, 2015). 2.8 Linhas de crédito O sistema agroflorestal tem sido estudado de forma frequente nos últimos anos, principalmente com o crescente interesse por práticas agrícolas mais conservacionistas e sustentáveis. O sucesso do sistema, especialmente com eucalipto, está fundamentado na adoção de planejamento criterioso com base no levantamento minucioso de informações técnicas e econômicas. Um dos principais limitantes a adoção de sistemas mistos de cultivos, é a alta demanda por capital. Sem incentivos, é provável que, em regiões de lavouras produtivas, seja lenta a adoção destes sistemas (SALLES et al., 2012). Entre as linhas de crédito para financiamento de sistemas de ILPF está o Plano ABC, a fonte de recursos do plano ABC é o BNDES. O limite de financiamento é de R$ 2 milhões por beneficiário. Para os beneficiários do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) produtores com no mínimo 80% de renda bruta agropecuária ou extrativista com até R$ 1,6 milhão de renda bruta anual) os juros são de 4,5% a.a. Para os demais 19 produtores os juros são de 5% ao ano. Os pagamentos podem ser feitos em 10 anos, incluídos cinco anos de carência (BANCO DO BRASIL, 2015). O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste – FCO também é uma opção de crédito, por meio do FCO RURAL – ABC, o público alvo são produtores rurais e cooperativas, com limite de R$ 20 milhões de reais por cliente, grupo empresarial ou grupo agropecuário. Os juros são de 4,12% a.a. Para fins energéticos e sistemas agroflorestais o prazo para pagamento pode chegar até 15 anos, com carência de até 8 anos (CONDEL/SUDECO, 2015). Outras opções de linhas de crédito são o Pronaf Florestal e Pronaf Eco que tem como público alvo os agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf. O Pronaf Eco tem como objetivo implantar, utilizar, recuperar ou adotar tecnologias de energia renovável e ambientais, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos, silvicultura, praticas conservacionistas e de correção da acidez e fertilidade do solo. Os encargos financeiros são de 1% ao ano para valores de até R$ 10.000,00 (dez mil reais) e 2% ao ano para valores acima de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com limite máximo de 150 mil por beneficiário. Seu prazo é de até 12 anos incluindo a carência que pode chegar até oito anos (ROCHELLE, 2014). O Pronaf Florestal objetiva financiar projetos que preencham os requisitos pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário - SAF/MDA, para sistemas agroflorestais, como exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recomposição e manutenção de áreas degradadas etc. Os limites de financiamento são de até R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) destinados a projetos de sistema agroflorestais, exceto para produtores beneficiários do Pronaf dos grupos A, A/C e B, e até R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para os grupos A, A/C. Os encargos financeiros são 1% ao ano. Os prazos vão de 12 a 20 anos com até oito anos de carência (ROCHELLE, 2014). 20 3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo experimental da Fazenda Pró Campo de propriedade do Laticínios Piracanjuba na cidade de Bela Vista De Goiás GO (16°57’ S e 48°56’W, 821m de altitude) em uma área de dois ha na safra 2012/13. Esta área está sob domínio do ecossistema de cerrado, o clima local é tipo Aw, segundo a classificação de Köppen, com precipitação média anual de 1500 mm, temperatura média de 23.1 ºC. O experimento foi conduzido em delineamento experimental de blocos completos casualizados com três tratamentos e três repetições sendo três variedades de soja LuziâniaRR, BRS 8560RR e BRSGO 8360 e três variedades de eucalipto (E.maculata, Clone AEC 224 e o E. cloeziana). O primeiro ano foi cultivado com soja, antes da semeadura da soja a área foi corrigida com calcário na quantidade de quatro T.ha-1 e uma T.ha-1 de gesso agrícola, no preparo do solo foram realizados duas gradagens, uma subsolagem e duas nivelações. Utilizou-se tratamento de sementes com fungicida Fipronil na dosagem 50 ml.saco-1 de semente e inoculante Bradyrhizobium elkanii 150 ml.saco-1. Para adubação, utilizou-se a formulação NPK 00-28-16 na quantidade de 500 kg.ha-1. A semeadura foi realizada em novembro de 2012 para o plantio usou-se espaçamento de 50 cm entre linhas, quinze sementes por metro, sendo uma população de 300,000 pls.ha-1. Como tratos culturais foi realizada uma pulverização de pós-emergência com herbicida Haloxifope-p-Metílico e óleo mineral com 23 dias após plantio. A primeira aplicação de inseticida foi realizada com 55 dias após a semeadura, os produtos utilizados foram Metomil, Teflubenzurom e óleo mineral. Com 77 dias após o plantio aplicou-se fungicida Epoxiconazol na dosagem de um l.ha-1, óleo mineral um l.ha-1 e um kg.ha-1 de inseticida Acefato. Para estimar a produtividade da soja, com 125 dias após a semeadura, foram coletados quatro amostras de um metro quadrado por parcela. Utilizou-se trilhadeira portátil para separar as impurezas do grão, que após a trilhagem foram pesados numa balança comercial de uma grama de precisão. Foi calculado o intervalo de 95% de confiança para as médias das cultivares de soja. No final de janeiro com 56 dias após o plantio da soja realizou-se o plantio das mudas de eucalipto, com oito dias aplicou-se herbicida Isoxaflutol para controlar plantas daninhas e com 34 dias após o trasnplantio das mudas realizou-se replantio das mudas que morreram. 21 Seguindo os tratos culturais, com 35 dias após o trasnplantio das mudas foram feitas aplicações de adubação nas seguintes dosagens: 700g de adubo NPK 06-30-10 por cova e 10g de ácido boro e no dia 42 dias após o trasnplantio das mudas realizou-se a segunda aplicação de herbicida com Isoxaflutol. O milho foi introduzido no sistema no segundo ano, safra 2013/14, 10 dias antes da semeadura foram aplicados gesso agrícola na quantidade de um T.ha-1, cinco T.ha-1 de esterco de galinha e 150 Kg.ha-1 de Cloreto de Potássio. A adubação fosfatada com adubo MAP 150 Kg.ha-1 foi realizada no sulco de plantio. A semeadura foi realizada em outubro de 2013 seguindo as seguintes operações: Hibrido da Dow AgroSciences 2B 707 Power Core, espaçamento de 0,50 cm entre linhas com três plantas por metro, sendo uma população de 60,000 mil pls.ha-1. As sementes foram tratadas com fungicida thiodicarb 350 ml.saco-1. Aos 15 dias após a semeadura realizou-se adubação de cobertura com ureia na quantidade de 150 Kg.ha-1 e depois de 10 dias repetiu-se a operação. Com 20 dias após a semeadura realizou-se aplicação de herbicida Atrazina pós emergente, aos 45 dias após a semeadura aplicou-se fungicida Agroxistrobina e Tebuconazole na dosagem de 300 ml.ha-1 e 1,5ml.ha-1 de óleo mineral. Com 100 dias após a semeadura o milho foi ensilado com o intuito de alimentar os animais da propriedade. Depois da ensilagem do milho a área foi dessecada com herbicida Glifosato na dosagem de um l.ha-1. Em fevereiro de 2014 semeou-se o milho segunda safra (safrinha), o hibrido plantado foi da Biogênese BG7049 cruiser com população de 60.000 pls.ha-1, utilizou tratamento de semente thiodicarb 350 ml.saco-1, 10 dias após a semeadura realizou-se cobertura com uréia na quantidade de 150 Kg.ha-1, com cinco dias após a aplicação da cobertura foi feita aplicação de herbicida pós emergente com os produtos Glifosato um l.ha-1 e Nicosulfuron um l.ha-1, 35 dias após a semeadura aplicou fungicida e os produtos utilizados foram Agroxistrobina e Tebuconazole na dosagem de 300 ml.ha-1 e 1,5 ml.ha-1 de óleo mineral. Com 93 dias o milho foi ensilado e utilizado para alimentação dos animais. A estimativa de produtividade de silagem foi obtida pela média do peso de quatro carretas e multiplicada pelo número total, a pesagem foi obtida por balança móvel instalada no local. Sendo que a produtividade media da primeira safra foi 53 T.ha-1, e na segunda safra 40 T.ha-1. 22 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na implantação do sistema ILPF, safra 2012/13, não foram observadas diferenças entre os intervalos de confiança das médias das cultivares de soja testadas (Figura 1). A maior média resultou da cultivar BRSGO 8360 com 5.208,00 kg.ha-1 e a menor da cultivar BRS 8560 RR com 4.856,30 kg.ha-1. 5800 5600 produtividade (kg/ha) 5400 5200 5000 média limite superior 4800 limite inferior 4600 4400 4200 4000 Luziânia RR BRS8560RR cultivares BRSGO8360 Figura 1. Produtividade média da soja De acordo com Kluthcouski (2012) na Fazenda Santa Brígida, em Santa Helena de Goiás no estado de Goiás, foi obtida uma produção média de 3.720 Kg.ha-1. Em Vilhena, no estado de Rondônia, no campo experimental da Embrapa Godinho et al. (2009) relatam que a produtividade média foi de 3.696 Kg.ha-1 na safra 2009/10. Em Nova Canaã do Norte em Mato Grosso, na Fazenda Gamada, a produtividade média da safra 2010/11 foi de 3.498 kg.ha-1 de acordo com Behling et al. (2014). Tabela 1. Custo de Produção / Rendimento Safra Safra 2012/13 Safra 2013/14 Safra 2013/14 Safra 2012/13 (safrinha) Cultura Soja Milho Milho Eucalipto Valor Unitário R$ 60/ saco R$ 120 t R$ 120 t Produtividade Média 5087,50 kg/ha 53 t/ha 40 t/ha Custo de Produção R$ 2.212,70 R$ 3.903,36 R$ 1.765,55 R$ 1.094,50 Renda Bruta R$ 5.087,50 R$ 6.360,00 R$ 4.800,00 Renda Líquida R$ 2.874,80 R$ 2.456,64 R$ 3.034,45 Total líquido > R$ 7.271,39 23 A média geral de produtividade de soja foi de 5087,50 kg.ha-1, com custo de produção de R$ 2.212,70 (dois mil e duzentos e doze reais e setenta centavos) por hectare. Calculando o valor da soja nos dias atuais de R$ 60,00 (sessenta reais) por saco, a renda bruta por hectare corresponde à R$ 5.087,50 (cinco mil e oitenta e sete reais e cinquenta centavos). Já a renda líquida é de R$ 2.874,80 (dois mil e oitocentos e setenta e quatro reais e oitenta centavos) por hectare. De acordo com a Faeg (2015), a estimativa de custo de produção da soja em Goiás na safra de 2013/14 com cultivo tradicional foi de R$ 2.378,51 (dois mil e trezentos e setenta e oito reais e cinquenta e um centavos). Em termos de produtividade média sua estimativa é de 3.300 kg.ha-1. A Embrapa (2015) afirma que na safra 2013/14, a cultura ocupou uma área de 30,1 milhões de hectares, o que totalizou uma produção de 85,6 milhões de toneladas. A produtividade média da soja brasileira apontada pela Embrapa é de 2.842 kg.ha-1 em sistema tradicional. O custo da implantação do eucalipto foi de R$ 1.094,50 (mil e noventa e quatro reais e cinquenta centavos). Dessa forma, o custo de implantação do sistema no primeiro ano foi de R$ 3.307,20 (três mil e trezentos e sete reais e vinte centavos). Na Fazenda Santo Antônio, no município de Aparecida de Goiânia, em Goiás, segundo Chaul e Tibiriçá (2006), o custo de produção do eucalipto foi de R$ 1.895,01 (mil e oitocentos e noventa e cinco reais e um centavos) por ha, os autores relatam que os preços variam de acordo com cada região. No segundo ano safra 2013/14 o milho teve uma produtividade média de massa verde 53 T.ha-1 e na segunda safra (safrinha) no mesmo ano 2013/14 foram produzidos média 40 tonelada/ha. A estimativa de custo de produção do milho na primeira safra foi R$ 3.903,36 (três mil e novecentos e três reais e trinta e seis centavos) e na segunda safra R$ 1.765,55 (mil setecentos e sessenta e cinco reais e cinquenta e cinco centavos). Segundo a Faeg (2015) a estimativa de custo de produção de milho safrinha em Goiás na safra 2013/14 foi de R$ 2.267,98 (dois mil e duzentos e sessenta e sete reais e noventa e oito centavos). Paziani et al., (2009) relatam que a produção de massa verde é um dos primeiros parâmetros que deverão ser avaliados quando se busca informação sobre determinado cultivar, uma preocupação anterior aos parâmetros de qualidade da silagem. De acordo com os autores a produtividade média de massa verde feita em quatro localidades do Estado de São Paulo, inicialmente nos municípios de Tarumã, Mococa, Piracicaba e Votuporanga foi de 50,47 T.ha-1. 24 Calculando a quantidade da produção com o valor da silagem a R$ 120,00 (cento e vinte reais) a tonelada, houve uma renda bruta de R$ 11.160,00 (onze mil e cento e sessenta reais) e uma renda liquida de R$ 5.491,09 (cinco mil e quatrocentos e noventa e um reais e nove centavos). Somando o valor da renda liquida das três safras e o custo de produção da implantação do eucalipto chega-se a um valor líquido de R$ 7.271,39 (sete mil e duzentos e setenta e um e trinta e nove centavos). 25 5 CONCLUSÕES A cultura da soja inserida no primeiro ano da implantação do sistema ILPF apresentou-se tecnicamente viável, com correções do solo, adubação adequada e variedades adaptadas, obteve boa produtividade, consequentemente cobrindo os custos de implantação do sistema ILPF e ainda trazendo uma margem de lucro satisfatória. A cultura do milho implantado no segundo ano no sistema ILPF, também se apresentou viável uma vez que alcançou uma produtividade média satisfatória nas duas safras. O custo de produção da segunda safra foi menor devido a menor exigência nos tratos culturais, entretanto ambas as safras cobriram custos e obtiveram boa porcentagem de lucro. Conclui-se que a cultura da soja e a cultura do milho obtiveram aspectos positivos, tanto econômicos como produtivos na implantação do sistema ILPF voltada para produção de leite. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALBINO et al. Evolução tecnológica e arranjos produtivos de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta no Brasil. Pesquisa. agropecuaria. Brasileira, Brasília, v.46, n.10, p.1-12, out. 2011. BALBINO et al. Agricultura Sustentável por meio da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Informações Agronômicas, International Plant Nutrition Institute – Brasil. Piracicaba, n.138, p.1-18, jun. 2012. BALBINOT JUNIOR et al. Integração lavoura-pecuária: intensificação de uso de áreas agrícolas. Ciência Rural. Santa Maria, v.39, n.6, p.1925-1939, set. 2009. BANCO DO BRASIL. Agronegócio – Investimento Rural. Disponível em: < http://www.bb.com.br/portalbb/page100,8623,8653,0,0,1,1.bb?codigoNoticia=30750&codigo Menu=18709&codigoRet=11766&bread=2_1>. Acesso em: 20 abr 2015. 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Dissertação (Mestrado em Produção Animal) - Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2011a. FREITAS, M. de. C. M. de. A cultura da soja no Brasil: o crescimento da produção brasileira e o surgimento de uma nova fronteira agrícola. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia, v.7. n.12, p.1-12, maio. 2011b. GODINHO, et al. Produção e Custos de Produção de Soja no Sistema Integração Lavoura-PecuáriaFloresta em Vilhena-RO. In: Workshop de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, 1, 2009, Vilhena. Anais... Vilhena: Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento Embrapa. 2009. p.112-118. KAMINSKI, T. H. Efeito residual do nitrogênio aplicado no inverno para cultura do milho em um sistema de Integração Lavoura-Pecuária. 2013. 58 f. Dissertação (Mestrado em Concentração e Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO. Guarapuava, 2013. KLUTHCOUSKI, J. Estudo de Caso: Fazenda Santa Brígida. 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A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) é uma estratégia de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e/ou florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. Busca-se com a iLPF efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema, como a conservação dos recursos hídricos; redução da emissão de gases de efeito estufa, venda de créditos de carbono; redução do custo para a recuperação de pastagens degradadas, além do conforto térmico para os animais. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produção de soja e milho na fase de implantação do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta voltada para produção de leite com ênfase nos aspectos produtivos e econômicos. O experimento foi conduzido no campo experimental da Fazenda Pró Campo de propriedade do Laticínios Piracanjuba foi adotado na cidade de Bela Vista De Goiás GO (16°57’ S e 48°56’W, com 821 metros de altitude). Foi adotado delineamento experimental de blocos completos casualizados com três repetições e três tratamentos (E.maculata, Clone AEC 224 e o E. cloeziana). No primeiro ano foi cultivada três variedades diferentes de soja, LuziâniaRR, BRS 8560RR e BRSGO 8360. A produtividade média da soja foi de 5.087,5 kg/ha, não havendo diferença entre os intervalos de confiança das cultivares. No segundo ano cultivou-se milho na safra de verão, sendo hibrido da Dow AgroSciences 2B 707 Power Core, espaçamento de 0,50 cm entre linhas com três plantas por metro, sendo uma população de 60.000 mil plantas/há. A produtividade média do milho foi de 53 toneladas/ha. Na segunda safra (safrinha), cultivou-se milho com hibrido Biogênese BG7049 cruiser com população de 60.000 plantas/ha, com produtividade média de 40 toneladas/ha. A cultura da soja e do milho inseridos no sistema iLPF se apresentaram tecnicamente viáveis, pois remuneraram os custos de produção e apresentaram lucro. PALAVRAS-CHAVE: ILPF. Agricultura sustentável. Custo. Produtividade. 32
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