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Memorial dos 50 Anos
de Existência
da Áurea Alimentos
pesquisas
Christina Baumgarten e Rogéria Fernandes Albrecht
entrevistas e texto original
revisão ortográfica
design gráfico
Christina Baumgarten
Mario Costa
Oscar Rivas Beasley
coordenação gráfica
Gabriela Pakuczewsky
fotos especiais: Manolo Bastos Toniolli
Ficha Catalográfica
capa
B348n Baumgarten, Christina
Nossa doce vida : memorial dos 50 anos de existência da Áurea Alimentos /
Christina Elisa F. Baumgarten. – Florianópolis : HB Ed. , 2011.
100p. : il.
Oscar Rivas Beasley, com imagem da obra de Nononon
impressão
Impressul Indústria Gráfica Ltda.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-86864-75-9
1. Áurea Alimentos – Santa Catarina – História. 2. Alimentos – Indústria –
Santa Catarina – História. 3. Empreendedores – Biografia.
4. Família Felipe – História. I. Título. CDU: 338.45(816.4)
Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071
hermann baumgarten editora ltda.
www.hbeditora.com.br
E-mail: [email protected]
Contatos com a autora: [email protected]
2012, Christina Baumgarten. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 5988/73. Nenhuma parte deste
livro poderá ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios, sem prévia autorização dos editores.
Livro Nossa Doce Vida - Memorial dos 50 anos de existência da Áurea Alimentos
Áurea
Os Philippi
O nome Philippi, também grafado como Phillipi, Filippi, Felippe e Felipe,
é oriundo da mesma família.
Naquelas décadas de 1920, 1930, 1940 e 1950 os nomes de origem
germânica costumavam ser muito perseguidos por autoridades brasileiras, em
virtude do sentimento de antigermanismo espalhado pelas 1ª. e 2ª. Guerras
Mundiais, que tiveram como um dos principais protagonistas a Alemanha. Assim
sendo, muitas famílias optaram por abrasileirar seus nomes, a fim de evitar
perseguições.
Também havia a questão dos registros em cartório, nem sempre executados
com o rigor e cuidado dos dias atuais.
Esta é a causa de tantas variáveis para o nome da mesma família,
originalmente Philippi.
Sentados: Antonio Philippi e Helena Winter
Em pé
(da esq.para dir.) :
Augusto Phillipi, Elisabeth
Philippi e Manoel antunes Frutuoso
22
Áurea
Hino da Aurea
Letra do colaborador Elton Bloemer Michels, elaborada por ocasião dos
festejos de 45 anos da empresa.
1962, a história começa aqui, 4
irmãos, um só coração e muita
luta para conseguir.
Um sonho que se transformou
em realidade que aqui ficou.
Todos juntos por uma razão,
ser destaque na região.
E hoje onde estamos, o melhor
doce do Brasil, entre os quatro
cantos do País,
algo assim jamais alguém viu.
De fracassos e vitórias, é
possível entender, só assim se
faz história,
só depende de você.
Áurea, quero mais 45, o presente
já está indo, e o futuro vamos
buscar
Áurea, quero mais 45, o presente
já está indo, e o futuro vamos
buscar!
24
DNA da Áurea
Valores
Missão
Valorização dos colaboradores para produção com qualidade e satisfação.
Desenvolver e comercializar alimentos para consumidores
e fabricantes que valorizam a qualidade, satisfazendo clientes, colaboradores,
acionistas, comunidade e meio ambiente.
Negócio
Visão
Estar entre as melhores opções no mercado de alimentos.
A Áurea Alimentos caracteriza-se pela Industrialização e Comercialização de Doces e
Salgados e, de acordo com a classificação fiscal, de faturamento e de empregados, a
mesma pode ser classificada como empresa de Médio Porte. A empresa atua no mercado
de doce de frutas desde 1962 e vem ocupando lugar de destaque no mercado nacional,
principalmente com destaque para a linha institucional, recebendo todos os anos prêmios
no segmento panifício.
1870
Colonos alemães fundam uma colônia que viria a ser
a cidade de Braço do Norte
1875
Chegada de imigrantes italianos à colônia de Braço
do Norte
1921
Nascimento de Tobias Felipe, filho do casal Augusto
e Maria Wendhausen Felipe
1923
Nascimento de Nicodemos Felipe, filho do casal
Augusto e Maria Wendhausen Felipe
1946
Casamento de Tobias Felipe e Tereza Warmling
1947
Nasce o primeiro filho do casal Tobias e Tereza,
Ademar Felipe, na localidade de Morro do Cruzeiro,
onde o casal residia
1948
1949
1950
1955
Casamento de Nicodemos Felipe e Zilda Daufenbach
Nascimento de Áurea Felipe, filha de Nicodemos
Felipe
Nasce o terceiro filho do casal Tobias e Tereza, Arley
José Felipe
Braço do Norte torna-se município, desmembrandose de Tubarão
1961
Arley José vai morar e trabalhar com seu tio
Nicodemos, em Braço do Norte
1961
Nascimento de Amélia Felipe, filha de Tobias e Tereza
Felipe
1962
Fundação oficial da Áurea Alimentos, ainda sob a
denominação de Irmãos Felipe e Cia. Ltda., fruto da
sociedade entre os irmãos Nicodemos, David, Tobias
e Severiano
1963
Aquisição da primeira caldeira da Áurea, um
equipamento pequeno e rudimentar
1963
Saída de David e Severiano da sociedade, passando
a empresa a pertencer apenas a Nicodemos e Tobias
Felipe
1964
Nascimento de Solange Felipe, segunda filha de
Nicodemos Felipe
1964
1964
Primeira mudança de razão social da empresa,
passando a chamar-se Nicodemos Felipe & Cia. Ltda.
1964
1965
Introdução do doce de leite na linha de produtos da
pequena empresa
1965
Entrada do primeiro vendedor da empresa, Agenor
Aguiar, que atuaria por 35 anos na empresa
1966
1974
Nascimento de Marcia Torres Felipe, 2ª. filha de
Ademar Felipe e Teresinha Torres (3ª. geração na
familia)
1977
A empresa perde o registro da marca Áurea, consegue
reavê-lo e incorpora-o na razão social, passando a
denominar-se Doces Áurea Indústria e Comércio Ltda.
1977
Aquisição de uma área de 18.800 metros quadrados
para as futuras instalações da empresa
1977
Falecimento de Nicodemos Felipe, patriarca e um dos
fundadores da Áurea Alimentos
Entrada de Ademar Felipe, filho de Tobias, na empresa
Casamento de Arley José Felipe e Maria Gorete Felipe
1978
Marcel, filho de Ademar, começa a trabalhar na
empresa com apenas 8 anos
1978
Entrada dos funcionários e atualmente representantes
Aroldo dos Santos Ferreira e João Colaço
Registro e início da utilização da marca Áurea
1979
Inauguração da primeira parte da terceira sede da
empresa (sede atual)
1966
1969
1970
Venda do ponto de comércio e foco exclusivo na
indústria
1979
Entrada de Lauro Rita da Silva na empresa, como
auxiliar contábil
Entrada do irmão Aluisio Felipe na empresa
1979
Nascimento de Marcio Torres Felipe, 3ª. Filho de
Ademar Felipe e Teresinha Torres (3ª. geração na
empresa)
1971
Nascimento de Marcel Torres Felipe, filho de Ademar
Felipe e Teresinha Torres (3ª. geração na empresa)
1973
Início do processo de expansão de vendas da Áurea
para outros Estados do Brasil, sob a coordenação de
Arley José Felipe
1974
1974
Mudança para a segunda sede da empresa
Casamento de Ademar Felipe e Teresinha Torres
1979
Nascimento de Adria Felipe, 1ª. filha de Arley José
(3o. geração na empresa)
1979
Entrada de Luis Carlos Figueiredo Martins como
funcionário da Áurea Alimentos. Este viria a se
transformar num elemento importante na expansão
territorial da empresa.
Início da produção das balas de banana Áurea
A empresa é atingida por uma grande enchente e
sofre graves prejuízos
1982
Nascimento de Adriele Felipe, 2ª. filha de Arley José
(3ª. geração na empresa)
1983
1984
1984
1986
1986
Mudança definitiva da Áurea Alimentos para a sede
atual
Nascimento de Aline Felipe, 3ª. filha de Arley José
(3ª. geração na empresa)
Casamento de Lauro Rita da Silva e Amélia Felipe
Finalização da produção de balas de banana
Tobias Felipe passa o controle da empresa para os
filhos Arley, Ademar, Aloísio e Amélia
1986
Nascimento de Joice Felipe da Silva, 1ª. filha de
Amélia Felipe e Lauro Rita da Silva (3ª. geração da
família)
1988
Nascimento de Laís Felipe da Silva, 2ª. filha de Amélia
Felipe e Lauro Rita da Silva (3ª. geração na empresa)
1989
A empresa faz uma experiência na produção de
bolachas, que é logo abandonada
Criação da empresa transportadora da Áurea, a TransÁurea
1990
Lançamento da linha de produtos salgados (ketchup,
maionese, mostarda e queijos)
1997
1998
Comemoração dos 35 anos da Áurea Alimentos
1999
2002
2002
2003
Lançamento do Informativo Doces Áurea
Mudança para a atual razão social da empresa, Áurea
Alimentos
Lançada pela empresa a marca BOCARDO
Marcel Felipe assume a Gerência Nacional de Vendas
da Áurea Alimentos
Aluizio Felipe retira-se da sociedade
2004
Lançada a linha de sachês salgados (maionese,
ketchup e mostarda)
2006
Arley José Felipe, Ademar Felipe e Lauro Rita da Silva
formam uma holding familiar, incluindo seus filhos,
como controladora dos negócios da Áurea
2006
2007
Lançada pela empresa a marca HÁBITO
A Áurea Alimentos completa 45 anos
2008
Lançamento complementar da linha de sobremesas
lácteas, doce de leite clássico, doce de leite com
cappuccino e novas embalagens
2009
Afastamento de Ademar Felipe da direção da
empresa, por aposentadoria
2010
Realização da Terceira Convenção de Motoristas,
com vistas à revisão de normas e procedimentos na
Trans-Áurea, que foi então reativada
2010
Participação da Áurea no evento “Lugar de homem é
na cozinha”, promovido pelo Jornal Notisul
2011
2011
2011
2011
2011
2011
2012
2012
Realização da 1ª. Convenção Nacional de Vendas da
Áurea, que até então realizava convenções regionais
Participação da Áurea em mais uma edição da
EXPOSUPER, feira organizada pela ACATS
Lançamento da linha de refrescos FRUTAU
Lançamento da linha de atomatados Detomato
Lançamento da linha de extratos de tomate Áurea
Lançamento da linha de temperos Áurea
Criação da logomarca dos 50 anos
Lançamento da linha de molhos
Falecimento de Tobias Felipe
Áurea
Sumario
Capítulo 7
Apresentação
34
A Áurea no terceiro milênio
68
Capítulo 1
Por entre as brumas do Morro do Cruzeiro
Capítulo 8
36
Áurea Alimentos hoje
76
Capítulo 2
O nascimento de uma empresa
Capítulo 9
42
Evolução da marca Áurea
80
Capítulo 3
Os difíceis primeiros anos
Capitulo 10
48
A carta do futuro
84
Capítulo 4
A incrível década de 70
Capítulo 11
52
Depoimentos
88
Capítulo 5
Conquistas e mudanças na década de 80
58
Referências Bibliográficas.
100
Capítulo 6
Os anos 90 e a terceira geração
64
32
Áurea
Apresentação
Muito é possível fazer em 50 anos de vida.
Aprendizado, crescimento, provações, evolução, tudo em
harmonia, orquestração que se cristaliza na história de cada
um, em sua marca, nos requisitos da humanidade.
No ano de 2012, quando a Áurea Alimentos completa o
seu cinquentenário de existência, o sentimento de realização
é uma presença constante, resultado do empenho, dedicação
e esforço de cada um dos nossos colaboradores, dos nossos
representantes, dos nossos clientes e de alguns milhares de
consumidores espalhados por todo este nosso Brasil.
É difícil deixar de refletir, nesta data comemorativa, sobre
as expectativas, dificuldades e glórias vividas ao longo de toda
esta batalha. Momentos de um passado distante, mas presente
em cada ação.
Comemoramos cada vitória como se fosse a primeira, cada
evento ou trabalho também, pelo simples fato de que não
aceitamos a condição de sucesso constante como garantia de
perpetuidade. Ao invés de uma atitude acomodada, encaramos cada dia como um novo e importante desafio, sempre
lembrando que, para estar no topo, é preciso merecer e para
permanecer lá, é preciso trabalhar....trabalhar...trabalhar e trabalhar.
Por ser uma empresa nascida da união entre irmãos, com
objetivos ancestrais e dificuldades sempre presentes, nosso combustível tem sido a convicção de um amanhã melhor,
convicção esta que tem sido, desde os primórdios de nosso
negócio, a marca do espírito aguerrido que nos faz crescer e
prosperar crescentemente.
Com as dificuldades evoluímos e com a união encontramos
o alicerce para seguir progredindo...E que venham os próximos
50 anos e que sejam cada vez melhores!
Arley José Felipe – Diretor Geral
34
Capítulo 1
Por entre
as brumas
do Morro
do Cruzeiro
Linha de Doces de Leite :Clássico, com Chocolate eCremoso com Leite.
Por entre
as brumas
do Morro
do Cruzeiro
Mais um dia amanhecia,
surgindo por entre
as brumas do Morro
do Cruzeiro. O cantar
alegre dos galos, a
passarinhada fazendo
coro e o mugido
das vacas eram os
sons perfeitos para
harmonizar-se com a
paisagem bucólica e
pacífica.
Áurea
O
moído, como forma de remuneração. Este excedente era muito significativo para a
família e representava um diferencial, destacando a propriedade em toda a região.
Em 1923, quando o pequeno Tobias contava apenas dois anos, nasceu Nicodemos e a família continuou crescendo gradativamente. Naquela época os casais,
principalmente se fossem habitantes da zona rural, costumavam ter muitos filhos,
pois era uma forma de obter, no futuro, mais braços para a lavoura.
Tobias, Nicodemos, Severiano e David, os filhos mais velhos da família Philippi,
muito cedo começaram a lida da roça, trabalhando de sol a sol nas plantações da
família. Era uma vida árdua, eivada de muito trabalho pesado e poucas alegrias, mas
nenhum deles se queixava. Tiravam alegria das coisas simples da vida, como uma
manhã de sol e brisa fresca, o zumbido das abelhas em volta do pão com mel ou
doce que a mãe lhes trazia na hora do lanche, ou os passeios nos finais de semana,
para pescarias, brincadeiras e banhos de rio.
Foram crescendo saudáveis e empenhados no progresso e melhoria de sua
propriedade, inspirados no exemplo do pai e de seus ancestrais.
Morro do Cruzeiro era uma localidade rural pertencente ao município de São Ludgero, no sul do Estado de Santa Catarina, uma cidadezinha colonizada por alemães a partir do segundo quartel do século XVIII. Retirado da pequena
sede, era pontuado por pequenas propriedades rurais que mostravam, na ordem e
limpeza, o capricho daquela boa gente que por lá vivia.
Graciosas casinholas, das quais saia espessa fumaça das chaminés, surgiam
por entre o intenso verde, ostentando caprichosos jardins e convidativas hortas,
que regurgitavam de verduras e legumes viçosos. As flores emprestavam especial
colorido aos locais por onde pastavam, preguiçosamente, animais de cria doméstica. Eram olhos de boneca, gérberas, rosas e palmas em profusão, num verdadeiro
festival colorido.
Para além das casas com suas hortas e jardins, estendiam-se as plantações de
milho, feijão, fumo, mandioca e cana-de-açúcar, ondulando ritmicamente à brisa da
manhã.
Corria o ano de 1921 e o outono ainda tardava, pendurando-se nas frutas que
pendiam fartas dos galhos das ameixeiras, pessegueiros e laranjeiras carregadas
naquele final de maio.
Em uma das casinholas daquele remoto povoado percebia-se uma azáfama
diferente da usual rotina diária daquela boa gente, que madrugava dia após dia para
trabalhar a terra e tirar dela o seu sustento.
Pessoas andavam para lá e para cá, numa agitação inusual, enquanto um homem de estatura mediana, sentado em frente à casa, num banco, ao sol da manhã,
fumava nervosamente um palheiro acabado de preparar. Alguns momentos depois
estacou e, atirando fora o palheiro, entrou precipitadamente na casa, atraído por um
choro de criança recém-nascida.
Este homem era Augusto Philippi, e era sua esposa Maria quem acabara de
dar à luz o primogênito do casal, depois de horas de intensa angústia para os jovens e despreparados esposos. Mas agora tudo estava bem e, tomando nos braços
o recém-nascido ainda coberto de sangue, Augusto, feliz pelo nascimento de um
homem, imediatamente avisou as parentes que estavam em volta, auxiliando no
parto:
- Já escolhi o nome do meu filho. Ele vai se chamar Tobias, e terá grande sucesso na vida! Ele carrega no sangue toda a tradição e a honestidade de uma família
que sempre honrou sua história e seu legado de trabalho e sacrifício!
E assim se iniciava a saga de uma família de empreendedores que resultaria,
muitos anos depois, na construção de uma das mais sólidas empresas da região, a
Áurea Alimentos.
Era uma vida que não possuía grandes sobressaltos e da qual se extraía um ritmo sempre igual. Trabalhar de sol a sol enquanto se crescia, procurar alfabetizar-se
da melhor maneira que as imensas dificuldades da região e desta época permitiam;
depois de uma certa idade procurar uma boa moça e com ela constituir uma família
que seguiria os mesmos passos da casa de onde se provinha e assim sucessivamente, por gerações afora.
Com os irmãos Philippi não foi diferente. Em 1946, Tobias Felippe contraiu núpcias com a jovem e bela Tereza Warmling e em 1948 foi a vez de Nicodemos casar-se com Zilda Daufenbach. Estavam dados os primeiros passos para a formação da
pequena dinastia que, no futuro, faria toda a diferença para aquela região. O espírito
de empreendedorismo que se desenvolvera aos poucos no cerne desta família e
dos irmãos Philippi iria, em breve, quebrar este ritmo constante e sempre igual.
Aos poucos, quase que imperceptivelmente, eles iam se preparando para construir
outra realidade.
Após o casamento, Tobias e Tereza mudaram-se para a propriedade dos pais da
noiva e Tobias passou a ser o braço direito do sogro, em tudo o auxiliando na sua
propriedade.
A lida dura e constante continuava, sendo que agora as responsabilidades haviam se tornado ainda maiores para o jovem rapaz.
Na propriedade dos Wendhausen plantava-se principalmente mandioca, que
era beneficiada ali mesmo para transformar-se em farinha e era toda comercializada
ali na região, gerando uma pequena renda extra para a família. Mas também eram
plantados milho e fumo, em épocas alternadas, o que fazia com que o trabalho fosse constante e sempre árduo. Era uma rotina sem fim, que se iniciava às 5 horas da
manhã, com o primeiro cantar dos galos ao derredor. Depois de um café da manhã,
reforçado especialmente com polenta e leite, os homens seguiam para a roça e as
mulheres cuidavam da limpeza da casa, preparo das refeições, manutenção da horta
e pomar caseiro e dos animais de cria doméstica. Não era nem um pouco mais leve
a carga feminina naqueles dias e, quando todo este trabalho terminava, não raro
iam até o campo para auxiliar os maridos em alguma outra tarefa. Tereza ia todos os
dias, na metade da manhã e da tarde, levar alimento para o pai e o marido, o famoso “frueshteck”, nome que os alemães davam aos lanches que eram feitos nestas
horas, com o objetivo de reforçar a capacidade de trabalho braçal deles.
A família Philippi era tradicional e respeitada em toda a região, tanto pela
honestidade e seriedade, quanto pela fantástica capacidade de trabalhar de sol a
sol, não só em busca do sustento, mas também pelo progresso da propriedade, que
vicejava a olhos vistos.
Além do cultivo de milho, feijão, mandioca e cana-de-açúcar, a família possuía
um moinho que não só beneficiava os grãos produzidos por eles, bem como prestava este serviço para toda a vizinhança, representando um acréscimo à renda da
propriedade. Naquela época, a moagem de grãos se dava em sistema de meagem,
ou seja, em troca do serviço o moleiro tinha direito de reter uma parte do grão
Ao final do primeiro ano de casados, Tobias e Tereza foram surpreendidos com
uma furiosa tempestade de granizo durante a noite, e permaneceram insones e in-
40
50 anos
propriedade, sendo as tarefas divididas entre os maiores(as mais pesadas) e os
menores (as mais leves).
Todos os domingos a família reunia-se com outros moradores das imediações
para a reza do terço, que era sagrada. Tobias era um pai severo e a sua religiosidade
fazia com que exigisse dos filhos extrema correção e fervor em todos os momentos. A hora do terço era sagrada, não se podia burlá-la por nenhum motivo. Outra
exigência de Tobias, e que no futuro faria imensa diferença na construção do patrimônio da família e da empresa, foi com o estudo. Próximo da casa da família havia
uma pequena escola rural, mas Tobias achava-a insuficiente para o aprendizado e
exigiu que seu filhos estudassem em outro local, onde teriam maior preparo. Ocorre
que esta outra escola distava quase quatro quilômetros da propriedade paterna, o
que obrigava as crianças a vencerem a pé esta distância, muitas vezes rompendo o
gelo que as madrugadas frias deixavam na rudimentar trilha de terra que fazia as
vezes de estrada naquele interior.
O cotidiano das crianças Felippe não era em nada mais fácil do que havia sido o
de seus pais e avós, e quando chegavam da escola, já ao anoitecer, ainda tinham diversas tarefas a serem executadas, muitas delas já no escuro, pois a única fonte de
luz era proveniente de um lampião a querosene, que permanecia na sala da casa.
A Ademar, como era o mais velho, cabia tratar os porcos com as batatas e milho
que ele havia preparado no dia anterior. Depois ,ainda auxiliava a mãe na limpeza
da casa, passava pano, lavava louça e cuidava da horta.
Aos sábados, um ritual que toda a família executava junta: o banho semanal.
Uma tina de madeira era colocada na cozinha, repleta de água quente e, um por
um, dos mais velhos até os mais novos, todos tomavam banho na mesma água.
quietos até o amanhecer, quando então Tobias seguiu para o campo, a fim de avaliar
os estragos. Tereza preparou um lanche e seguiu-o, mentalmente fazendo preces
para que o estrago não houvesse sido muito grande. Naquele ano, o milharal estava
especialmente viçoso, prometendo uma excelente colheita que se avizinhava.
Quando chegou ao local convencionado com o marido, encontrou Tobias sentado desconsoladamente no cabo da enxada, olhando para a desolação que restara
depois da tormenta. O milharal do qual ele se orgulhara tanto estava totalmente
destruído, não restara nada de todo aquele viço e beleza tão caprichosamente cultivado. Lágrimas vieram aos olhos da jovem esposa, ao ver a desolação do marido,
mas ele olhou-a e, com um débil sorriso, estendeu-lhe a mão e convidou-a para
rezarem juntos.
- Vem, Tereza, vamos agradecer ao Senhor. Com certeza, se ele levou nosso
milharal, é porque nos reserva coisas muito maiores e melhores!
Foi esta fibra e determinação que ajudou a construir o que viria ser uma das
mais tradicionais e importantes empresas da região.
O final do ano e o Natal trouxeram outra grande surpresa para Tobias e Tereza. Seus sogros comunicaram que iriam de mudança para o Paraná, viver junto de
outros filhos que haviam migrado para o interior daquele Estado há alguns anos e,
plantando café, haviam prosperado. Agora ofereciam esta oportunidade aos pais,
que resolveram aceitá-la.
Tobias e Tereza ficaram responsáveis pela propriedade, mas Tobias não queria
ser um mero empregado, ele desejava ser proprietário do seu próprio quinhão;
assim sendo, pediu ao sogro para comprar a fazenda. Mas Herr Wendhausen era um homem muito duro e conservador, e disse que iria pensar
a respeito e que, oportunamente, daria a resposta. Ele também não desejava aventurar-se em terras estranhas sem possuir a garantia de um
pedaço de terra só seu para onde pudesse voltar, em qualquer caso de
necessidade. Só depois de alguns anos finalmente cedeu e vendeu a
propriedade ao genro.
O casal tomou o rumo do Paraná e Tobias e Tereza passaram
a administrar sozinhos a fazendola. Com seu tradicional tino para
o aproveitamento de tudo que a terra gerava, Tobias comprou um
pequeno tacho de cobre e trazia frutas que apanhava em todas
as árvores da propriedade e da região, para que Tereza confeccionasse doces. Apesar do trabalho que o processo rudimentar dava,
era mais uma pequena fonte de renda, sem falar no incremento
à alimentação do casal. Este era um hábito até certo ponto usual
na região rural de colonização germânica, pois os alemães possuíam, em seu DNA, o gene do aproveitamento e da economia, desenvolvido nos tempos históricos de escassez que toda
a Europa já enfrentara inúmeras vezes. Mas fazer doce de frutas
sempre fora uma ocupação muito trabalhosa. Assim sendo, os
que tinham a disciplina necessária para isto sempre acabavam auferindo algum resultado extra.
Os anos foram passando e nasceu o primeiro filho,
Ademar, de uma prole de 13 filhos.
Depois dele nasceram Ademir, Arley, Adelaide, Aluízio, Alda, Abel, Amélia, Airton, Atílio e Adélia, além de
Alécio e Aroldo, que viriam a falecer mais tarde.
À medida que os filhos cresciam, iam sendo
incorporados ao trabalho no campo e às lidas da
M e s m o assim, os meninos viviam felizes e cheios de esperança. Tinham uma
família
sólida e unida, alimentação farta e saudável, e até a oportunidade de jogar cartas e futebol no salão paroquial da localidade, enquanto
f i c ava m
de olho nas meninas que por ali passeavam preguiçosamente
ao sol.
Arley José, o terceiro filho do casal Tobias e Tereza, desde
muito cedo demonstrou inteligência e sagacidade especiais.
Para tudo achava soluções engenhosas, encantando a família com a sua capacidade inata de entender o mundo à
sua volta. Em 1959, quando contava apenas nove anos,
Tobias tomou uma decisão importantíssima, ao perceber
que o potencial do rapaz não podia ser desperdiçado.
Mandou-o para a casa de uma tia, Petronilha Felippe,
que residia na sede do município de São Ludgero.
Desta forma, Arley teria acesso a estudo de qualidade e poderia desenvolver todo o seu potencial.
Os primeiros estudos se deram em São Ludgero mas, apenas dois anos depois, Arley seguia para
Braço do Norte, onde já residia seu tio Nicodemos,
casado com Zilda.
Nicodemos Felippe, ou apenas Nico, como era
por todos conhecido, logo após as bodas, seguira um
destino bem diferente dos irmãos,estabelecendo-se
na cidade e passando a trabalhar com o sogro, que
possuía uma marcenaria. Rapidamente aprendeu o
ofício e tornou-se exímio no que fazia, tanto que
confeccionou, com capricho e beleza ímpares, todos
41
Áurea
50 anos
empresário, dono do próprio negócio.
- Ainda não sei bem no que, amigo Barbi, mas eu quero ter meu próprio negócio, ser dono do meu nariz! Estou convicto de que aqui, onde falta de tudo, basta
esforço, muito trabalho e seriedade para enriquecer, e eu ainda vou descobrir como!
O espírito de empreendedorismo se manifestava diretamente da alma daquele
homem, que unia simplicidade com uma imensa capacidade para vencer. Valmor
Barbi, com sua experiência de técnico em manutenção industrial, contribuiu para a
formação do ideário de Nicodemos com a sua experiência e valiosos conselhos. No
futuro, viria a exercer importante papel na empresa que nasceria.
os bancos da igreja de Braço do Norte.
A pequena cidade, colonizada desde 1870 por colonos alemães, seguidos logo
depois por italianos, tinha apenas uns poucos habitantes e constituía-se num aglomerado de umas vinte casas, em torno da pequena igrejinha que servia de sede
principal do município, ponto de encontro da comunidade. A marcenaria de Herr
Daufenbach era renomada em toda a região e atendia inúmeras localidades do
entorno. Foi assim que Nico acabou sendo muito conhecido, respeitado por todos
graças ao excelente trabalho e uma natural alegria de viver, que a todos contagiava.
Foi por esta época que conheceu e travou amizade com Valmor Barbi, que era técnico de máquinas industriais e lhe encomendara alguns móveis.
Esta amizade floresceu muito, a tal ponto que Valmor foi o primeiro a ouvir
as confidências que lhe fazia Nico, expressando seu grande sonho de tornar-se um
Arley morava na casa do tio, estudava e, conversando com ele, percebia-lhe as
ideias arrojadas, que encantavam a criança que ele ainda era.
inauguração clube 7 de Braço do Norte
Imigrantes em 1921 desembarcando em braço do norte
Festa de inauguração da igreja de Braço do Norte.
42
43
Áurea
50 anos
Nicodemos com seus irmãos na comemoração
dos 30 anos da Áurea
44
45
Capítulo 2
O
nascimento
de uma
empresa
Linha de Doce de Leite com Chocolate
O
nascimento
de uma
empresa
No ano de 1961, uma
grande mudança
começou a florescer no
seio da família Felipe.
David, um dos irmãos,
que desde muito jovem
aventurara-se indo
residir em Porto Alegre,
e lá sempre atuara no
comércio, foi visitar
os irmãos e, durante as
muitas conversas que
ouviu, soube da imensa
vontade de Nico de
montar um negócio
próprio.
Áurea
O
Arley imediatamente interessou-se pela produção e começou a produzir,
aprendendo com José Lino o pouco que ele sabia e, logo em seguida, suplantando seu professor, começou a melhorar o processo com pequenas ideias que
ajudavam a facilitar a produção.
Desta forma, as atividades se intensificaram e havia necessidade de mais braços para dar força ao negócio. Ademar, filho primogênito de Tobias e que permanecera no campo ajudando o pai, foi enviado para a cidade, a fim de ajudar. Sua
primeira função foi aprender a dirigir o velho jipe e, assim, ele assumiu as pequenas viagens em busca de matéria prima, passando em seguida a fazer também
entregas de doces nas cidades da redondeza.
É o próprio Ademar quem relembra deste período: “Eu cheguei em fevereiro
do ano em que completaria 18 anos, quando a empresa nada mais era do que um
armazém e a fabriqueta de doces, juntos. O tio Nico resolvera comprar um jipe e
eu vim aprender a dirigir para buscar bananas e frutas, levar doces, fazer o transporte. Nos finais de semana, íamos para a colônia de jipe e voltávamos domingo
à noite, trazendo o queijo que o meu pai fazia para vender aqui na cidade. Eu e
Arley ficávamos na casa do tio Nicodemos, ele era um verdadeiro pai para mim.
Ele admirava minha capacidade de trabalho e sempre me elogiava. Meu trabalho
era buscar frutos, de jipe, com o José Lino Meurer. Nesta época, começamos a
incrementar as vendas e logo alcançamos um resultado de aproximadamente mil
quilos por mês, em Braço do Norte, São Ludgero, Orleans e Tubarão. Íamos de jipe,
levando trezentos quilos de doces de cada vez e vendíamos de porta em porta,
nos pequenos comércios de toda região. Aproveitávamos a ocasião para receber
novos pedidos, dos produtos faltantes, que trazíamos na próxima entrega.”
Foi por esta época que David, que até então permanecera em Porto Alegre,
resolveu mudar-se para Braço do Norte com toda a família e trouxe, a bordo de
um velho caminhão, as instalações de uma fabriqueta de doces que, encontrando
desativada em terras gaúchas, adquiriu e levou para Braço do Norte. Com este
equipamento rudimentar, a produção foi bastante incrementada, pois agora a
empresa contava com tachos maiores e uma pequena caldeira.
À época, a produção de geleias funcionava, de acordo com expressão própria, “dia sim, dia não”. Primeiro era necessário buscar a matéria prima. O duro era
o aproveitamento da goiaba. Mesmo trabalhando cerca de 50 pessoas, mão de
obra temporária que era arregimentada na época da safra, cortar ao meio e retirar
a semente, à mão, era uma ação demorada. A fruta cozinhava no domingo à tarde.
Ademar, Arley, José Lino e os contratados temporários colocavam a fruta para cozinhar e iam jogar uma partida de futebol, aguardando o preparo inicial, para que
na segunda-feira a fruta fosse passada na peneira.
No caso da banana e do mamão, o trabalho era ainda maior. Sem recursos, os
colaboradores descascavam e moíam o material em uma máquina idêntica à de
fazer salame, movida manualmente. “Chegamos a pegar um pedido de São Paulo,
cerca de 14 mil quilos, e tínhamos que embalar em saquinhos pequenos. Levamos dias e noites para completar a carga. A luz, na época ,possuía duas fases. De
dia a gente tocava a produção e à noite lacrávamos os sacos”, lembra Arley José.
Tempos árduos. Dentre as inúmeras dificuldades, a retirada dos produtos do
tacho representava outra ação heroica. “Após estar pronto, era necessário grande
esforço físico para acionar as correias que viravam o tacho. Isso quando não faltava energia, algo comum naquela época. O processo de mexida passava a ser feito
manualmente. Quando faltava energia, a produção não podia parar. Assim, uma
pessoa subia em cima da máquina e tocava com a mão aquela carambola que
mexia o produto. Encher os potes a gente enchia de concha um por um”.
germe de uma ideia começou a brotar na cabeça dos irmãos e,
ao longo de muitas conversas ao pé do fogo, começaram a delinear um projeto.
David, sonhador e empolgado, acreditava no sucesso de um bem sortido armazém
que pudesse fornecer de um tudo para as gentes de toda a região. Nico queria
mais: acalentava a ideia de produzir algo, não só comerciar. Tobias e Severiano,
que também tinham vindo rever o irmão, entraram nas conversações e logo o
alinhavo de uma sociedade estava formado. Surgia a Irmãos Felipe & Cia Ltda, uma
junção de vontades, esforços e anseios de quatro grandes homens.
Por esta época, havia em Braço do Norte uma pequena casa de comércio pertencente à família Meurer, localizada na esquina das ruas Senador Nereu Ramos e
Senador Raulino Horn. Era uma pequena bodega onde se vendia cachaça, fumo,
cereais, verduras, frutas e carnes de porco, abatidos ali mesmo, no pátio de trás
da construção. Lá trabalhava toda a família Meurer, os pais e os filhos José Lino e
Teresinha.
Foi este tímido empreendimento que os irmãos Felipe resolveram comprar
no início do ano de 1962, para dar início ao seu negócio. Enquanto David voltava
para Porto Alegre, a fim de incrementar as compras de mercadorias para o armazém e pesquisar novos negócios, Nico se encarregou de reformar e modernizar o
local, dando ares de novidade ao estabelecimento. A ampliação física foi seguida de um impressionante incremento nos produtos oferecidos, transformando a
casa comercial em imediata referência na região. Uma curiosidade interessante
que entrou para a história da Áurea, empresa que surgiria deste embrião, foi que
esta primeira sede, antes de abrigar a casa de comércio dos Meurer, havia sido um
pequeno hospital da cidade.
Tobias, embora sócio no empreendimento, resolveu permanecer no campo,
cuidando da propriedade rural, enquanto seu filho Arley era o verdadeiro braço
direito do tio, secundando-o em tudo o que fazia e aprendendo o ofício inspirado no arrojo deste. Severiano, o outro irmão que também era sócio do pequeno
empreendimento, cuidava de serviços gerais externos, buscando e trazendo mercadorias, fazendo entregas e recebendo materiais.
José Lino e Teresinha, filhos dos Meurer, foram contratados e continuaram a
trabalhar na pequena casa comercial, Teresinha atendendo no balcão, onde sempre trabalhara, e José Lino para serviços gerais de todo tipo. De olho na expansão
da empresa, Nicodemos logo sentiu a necessidade de um veículo. Foi adquirido
um velho jipe e, desde então, José Lino começou a se embrenhar no interior para
comprar os produtos coloniais dos moradores dos arredores, a fim de oferecer no
armazém. Compravam cebolas e logo o pátio atrás do armazém estava repleto
de varais, onde a cebola era posta para secar. Também compravam muito milho
que, depois de moído, era vendido no balcão. As frutas de estação vinham em
profusão, pois quando as árvores carregavam, os colonos, por falta de mão de
obra, deixavam-nas fenecer nos pés. Para eles era um alto negócio ganhar algum
dinheiro por aquilo e Nicodemos, visionário e empenhado, logo viu nas frutas
uma possibilidade de ganhar dinheiro e iniciar o que sempre sonhara: uma produção própria! José Lino era habilidoso, sabia obter o ponto certo do doce. Assim
iniciaram atrás do armazém, com um pequeno tacho de cobre, a produzir doces
de goiaba, abóbora, maçã, pêra e banana. A produção variava de acordo com a
safra e com as frutas que se conseguia adquirir pelo interior.
50
50 anos
Outro bom negócio, iniciado naquela época e também fruto da visão empreendedora de Nicodemos, foi a venda de mel. O mel era adquirido dos produtores
na cidade de São Bonifácio, onde havia um núcleo de apicultores produzindo com
alta qualidade, e logo este mel precioso passou a atrair os muitos turistas que
acorriam às águas termais localizadas na cidade de Gravatal, vizinha de Braço do
Norte.
O mel era centrifugado à noite, à custa de muitas ferroadas das irritadas abelhas nas pessoas que executavam o serviço, e colocado em latas para posterior
comercialização.
Num curto período de tempo, a venda atingiu 1000 latas por mês. José Lino
Meurer, funcionário que já atingira o status de alta confiança dos proprietários,
foi enviado para Porto Alegre para aprender o processo de solda das latas, e a
pequena empresa comercial deu mais um importante passo no rumo da sua consolidação.
que acabou causando divergências que resultaram em clima tenso e consequentes
problemas na empresa. Depois de alguma conversa e muitas negociações, David
resolveu sair da sociedade e investir em um negócio só seu, enquanto Severiano,
que estava desestimulado do negócio, aproveitou a oportunidade para também sair
da sociedade. Tobias Felipe aproveitou a deixa e fez o grande negócio da sua vida.
Vendeu o sítio onde vivia e adquiriu a parte dos dois irmãos, tornando-se sócio
majoritário da pequena empresa. O restante de sua família mudou-se para Braço do
Norte e iniciou uma nova era. Tereza passou a trabalhar no armazém, atendendo no
balcão, e Tobias incorporou-se à produção de doces da incipiente fabriqueta, trazendo uma força extra ao processo de produção.
Enquanto Tobias era homem de muito trabalho e dedicação, Nicodemos era
um verdadeiro líder e, nesta qualidade, foi indispensável para a continuidade do
crescimento da empresa. Sabia comandar, delegar e liderar. Era extremamente exigente, mas também protetor, como fica claro na lembrança do funcionário José Lino
Meurer, verdadeira testemunha viva daqueles primeiros tempos:
“Nicodemos foi um verdadeiro pai para mim. Para ele a gente nunca tinha
coragem de dizer não, parecia que ele não aceitava, mas também, sempre que
alguém precisava, ele ajudava. Inclusive em uma virada do ano, estávamos todos
prontos para comemorar o reveillon e o Nicodemos lembrou que tinha deixado
Ocorre que, com a vinda de David para a cidade e sua participação diuturna
nos negócios, começaram os choques de ideias entre os irmãos. David era visionário, sonhador, gostava de arriscar e Nicodemos tinha uma incomparável visão de
mercado e era muito prudente. Ambos com grandes qualidades, porém díspares, o
51
Áurea
açúcar na rua. Imediatamente nos pediu que fossemos até lá para guardar o material.
O resultado foi que nós passamos a “virada” de ano carregando fardos de açúcar, e
ninguém reclamou!”
Corria o ano de 1964 e, motivados pela saída de dois dos sócios e pela descoberta
de que havia outra empresa com a mesma razão social, Tobias e Nicodemos resolveram alterar a razão social para Nicodemos Felipe &Cia Ltda.
Em março estourou a revolução que colocou o Brasil no regime militar. Nos primeiros e conturbados tempos da mudança, muitos dos produtos e matérias-primas
básicas escassearam e esta foi outra grande oportunidade para os irmãos Felipe. Como
necessitavam de grandes quantidades de açúcar, compravam em cargas fechadas e
possuíam um respeitável estoque, quando exatamente este insumo tornou-se raro no
mercado. Vendendo açúcar fracionado, a empresa levantou um significativo capital e
pôde investir em maquinário novo e aquisição de matéria-prima numa época em que
a maior parte das empresas estava retraída e muitas, inclusive, faliram.
Muitas explicações podem ser dadas para o sucesso de uma empresa, depois
que o mesmo está consolidado, mas a história da Áurea registra marcos insuperáveis
de situações limite em que, enquanto muitos faliram, os irmãos Nicodemos, Tobias e
seus filhos souberam utilizar as crises e dificuldades a seu favor.
Os negócios iam bem, apesar de todas as dificuldades enfrentadas.
Certo dia, ainda no ano de 1964, um enorme caminhão encostou na frente da
Nicodemos Felipe e começou a descarregar baldes de doce de leite MuMu. Este era
um dos produtos que, devido à grande venda, a empresa comprava diretamente da
fonte produtora.
Enquanto Arley recebia e conferia o pedido e a entrega, Seu Nico olhava fixamente para aqueles baldes e uma ideia começava a ser formar em sua cabeça.
Ora, se eles já produziam todos aqueles doces de frutas e estavam tendo sucesso
tanto na produção quanto na venda, porque não produzir também doce de leite? A
região, ainda acentuadamente rural e com predominância de agropecuária, era exímia
produtora e potencial fornecedora de leite bom e puro. Para Seu Nico, a equação parecia simples demais. Era juntar um bom leite com açúcar, cozinhar até obter o ponto
certo e pronto! Estaria finalizado um bom produto para aumentar o mix
de vendas e a renda de empresa.
Imediatamente, Nico chamou Tobias e seus filhos e puseram-se a confabular e planejar a produção deste novo item da empresa.
Ditadura Militar a
crise que alavancou
a história da
áurea alimentos
Foram necessários meses de experiências, muitos braços e mãos
queimados e muito leite e açúcar desperdiçados para que finalmente
o tacho apresentasse um creme brilhoso, de aroma agradável e consistência perfeita: ali nascia o doce de leite Áurea, um produto que se
tornaria emblemático e referencial de qualidade em todo o Brasil.
A questão da conservação foi outra novela. No início eram utilizados
conservantes caseiros como o cremor tártaro, o bicarbonato, o sorbato ou
o amido. Mas, aos poucos, os empreendedores foram aprendendo novas
técnicas e diversas dicas, muitas delas passadas pelos próprios vendedores
que por ali transitavam. Como a produção do doce de leite enferrujava o cobre, os tachos também tiveram que ser trocados por inox. Assim, aos poucos,
surgia de muitas experiências e dificuldades, o famoso doce de leite Áurea.
Acima o time que liderou
a Áurea nas suas várias
fases e ao lado catálogo
do primeiro doce de leite
Áurea
52
Capítulo 3
Os
difíceis
primeiros
anos
Linha de rec heios de frutas.
Os
difíceis
primeiros
anos
No início do ano de 1965,
as coisas iam muito bem
para a Nicodemos Felipe
& Cia Ltda., apesar dos
solavancos que o Brasil
enfrentava. Apenas 3 anos
haviam se passado desde
a fundação da empresa
e seus produtos já eram
conhecidos e respeitados
em toda a região.
50 anos
Áurea
ram-se com a aquisição mais inusitada que o tio Nicodemos poderia fazer: uma
velha ambulância, que estava em desuso, para fazer entrega dos doces na região!
A Wanderléia, como foi apelidado o combalido automóvel, ficou conhecida em
todas as cidades da região e quando Ademar, ou Arley, ou mesmo o tio Nico vinham
chegando, de longe eram avistados e as pessoas já diziam:
O
doce de leite, que sofria feroz concorrência da MuMu, já se tornara
uma referência para todas as pequenas casas comerciais das cidades vizinhas a
Braço do Norte. Assim como a cidade, que crescia e progredia a olhos vistos, a
empresa de Tobias e Nicodemos também florescia e se tornava cada vez mais importante no contexto da região. Empregava cerca de 50 pessoas, o que era muito
significativo para a economia da pequena cidade, bem como tornava-a conhecida
em contexto regional. Até na capital do Estado já se vendiam produtos da Nicodemos Felipe & Cia Ltda.
- Lá vêm os doces dos Felipe!
E foi assim, com soluções inusitadas, muita criatividade e acima de tudo uma
dose extra de coragem, que os irmãos Felipe construíram uma história de bravura
e sucesso que resultaria na Áurea Alimentos, uma empresa de renome nacional.
Inclusive, foi por aquela época que uma marca própria, mais forte e fácil de se
tornar conhecida no mercado, começou a ser cogitada.
Os irmãos, reunidos, discutiam sobre as diversas possibilidades e nunca chegavam a um consenso. Tobias acreditava na força do nome COLIBRI e Nicodemos gostava mais de SABIÁ, mas uma visita do irmão Paulo, que há muitos anos vivia em
Florianópolis, acabou resolvendo o impasse. Como Paulo era o “mais estudado” da
família, como eles costumavam dizer ao referir-se ao irmão que cursara a universidade, costumavam pedir seu conselho, principalmente em questões que envolviam
aspectos legais. E uma nova marca para a empresa era um caso destes, a ser muito
discutido e analisado, dada a importância do tema.
Enquanto os irmãos conversavam, Áurea, a filha mais velha de Nicodemos
entrou na sala. Ela era uma jovenzinha loira, de intensos olhos azuis e uma beleza
ímpar, além da vivacidade natural de toda adolescente de 17 anos. Paulo olhou-a e
teve, de imediato, a ideia que expressou aos irmãos:
- Por que não registrar o nome Áurea? É um nome forte, lembra a Lei Áurea e,
além disso, faz referência a ouro, o mais nobre metal.
Eu acho que este nome tem força e vai fazer brilhar
ainda mais esta empresa. Todos se entreolharam
e ali, naquele momento, o nome Áurea ressoou
em todos os ouvidos para nunca mais ser mudado!
A própria dona do nome, Áurea Felipe, lembra com nostalgia aqueles tempos longínquos, nos
quais ajudou a fazer parte da história:
“Lembro que, a cada manhã, quando eu levantava, eles estavam ali atrás de casa mexendo
nas panelas de doces. Começou com um puxado
feito atrás de casa e apenas dois tachos pequenos.
Arley ia de bicicleta distribuir os doces e meu pai
Nicodemos, para Siderópolis, Criciúma, Tubarão e
muitos outros locais para vender os doces e voltava
com o caminhão cheio de frutas. Depois, começaram a vender doce de ambulância.
Foi dando certo o negócio, mas não tinha
nome. Meu tio Paulo Felipe morava em Florianópolis e era praxe na família que, quando a gente
precisava de algum conselho, ele era consultado,
pois tinha estudo. Foi ele quem opinou para o meu
pai: Áurea, tua filha, tem um nome forte, lembra
lei Áurea e ouro! Meu pai chegou a conjecturar que
meu tio Tobias, seu irmão e sócio, poderia ficar
chateado, mas o nome, forte e bom, passou na
Apenas dois anos depois, em 1967, os irmãos Nicodemos e Tobias, bem como
os filhos deste, decidiram que era hora de vender a parte comercial da empresa e
investir maciçamente na indústria. O armazém gerava muito trabalho, por causa da
administração das operações de compra e venda, e a produção de doces drenava
todo o tempo deles, tornando-se cada vez mais complexa, além de estar a exigir
novos investimentos.
Além de todos estes fatores, havia outro problema que incomodava sobremaneira os irmãos. Era a localização da empresa, que já não comportava mais a
produção de doces.
Nicodemos e Tobias começaram a sonhar com uma nova sede para a empresa
e tomaram, mais uma vez, uma arrojada decisão que permitiu a imediata expansão
das atividades, com a aquisição de uma área de terras e a construção de um galpão
espaçoso.
Novos equipamentos foram adquiridos e a produção sofreu
mais um grande incremento. O que os irmãos não sabiam era
que esta nova sede ficava numa localização que apresentava um
sério problema.
Ficava numa região muito baixa e sujeita a frequentes inundações, pois a tubulação não suportava a vazão, dando origem
a invasão das águas cada vez que chovia. Este problema acabou
arrasando com produções inteiras, por diversas vezes.
Ainda naquele mesmo ano, uma das caudalosas chuvas que
assolaram a região poderia ter colocado tudo a perder. Tobias
Felipe lembra com tristeza desta ocasião: “tínhamos acabado de
produzir uma grande quantidade de doce e deixado para esfriar,
para no outro dia embalar e entregar, mas a noite deu uma chuvarada e acabou com a produção”.
Assim sendo, mais um extenuante trabalho foi acrescentado
à já extensa lista da família: sair correndo cada vez que uma
chuvarada despencava sobre a cidade, para recolher os produtos
e evitar as perdas.
Uma buzina estridente fez Arley e Ademar, que desde a madrugada mexiam nos tachos de doce de leite e supervisionavam
o trabalho dos aproximadamente 50 funcionários da empresa,
se sobressaltarem. Quem poderia ser àquela hora, e com tal
buzina?
Ao saírem para verificar o origem do movimento, depara-
58
pronta entrega na região da capital e passei a atender apenas a distribuidora”.
análise de registro de marca e acabou ficando.
Lembro de meu pai, todo orgulhoso dizendo: - por enquanto esta fábrica é uma
linda menina moça, mas ainda vai ser uma belíssima senhora!
Ele era uma pessoa visionária. Naquela época ele já falava que um dia nós
teríamos aparelhos de telefone para carregar no bolso com TV e agora está aí o
celular para provar que ele tinha visão de futuro. Ele sempre soube que a empresa
iria crescer.
Eu era filha única, meus primos Arley e Ademar eram como meus irmãos.
Mas, em 1964 nasceu minha irmã Solange; aí deixei de ser filha única e passei
a ser a cuidadora dela, praticamente criei ela, pois minha mãe trabalhou a vida
toda na empresa. Ela e minha tia Tereza cuidavam do mercado, eu ajudava em casa
e cuidava da minha irmã para ela poder trabalhar. Também ficava um pouco no
mercado ajudando a vender no balcão, tarefa que eu adorava executar, embora só
tenha podido participar poucas vezes. Na fábrica eu até entrava algumas vezes, para
buscar alguma coisa, mas nunca cheguei a trabalhar lá.
Tenho lembranças inesquecíveis do meu pai, como por exemplo dele raspando os tachos de doce de leite e enchendo vidros para comermos e distribuir para
a vizinhança.
Também era chamado de ‘Conde’ pelos pescadores de Garopaba. Ele adorava
aquela praia, inclusive investiu muito no mercado imobiliário de lá e tinha amizade
com os pescadores; começou quando Garopaba ainda não tinha nada.
Assim era meu pai Nico!
Na época de contratar mão de obra temporária para descascar banana, ele
chegava em casa rindo e dizia: - Hoje dei um porre de banana no pessoal, nunca
mais vão querer comer banana!
Se ele não tivesse morrido tão cedo, hoje seria um grande empreendedor, mas
Arley pegou todo o seu jeito, estilo e até os traços, por isto vejo nele o continuador
do meu pai.
Quando vejo a Áurea hoje, dá um aperto no coração, fico feliz de ver que meus
primos deram continuidade ao sonho do meu pai!”
Pouco depois, o mesmo ocorreu com o antigo sócio da empresa, David, que
morava em Criciúma e passou a distribuir os produtos Áurea na capital do carvão.
Após este período, Agenor passou a exercer a função de consultor em vendas, na
qual permaneceu durante muitos anos.
A nova sede da indústria, com o consequente incremento produtivo, passou a
gerar maior necessidade de venda e escoamento do produto.
Nicodemos então resolveu convidar o genro de sua vizinha, que já conhecia
de longa data, para aproveitar sua folga e fazer alguns trabalhos de entrega para a
indústria.
Seu Agenor recorda quando estava a passeio no município de origem, hospedado na casa da sogra, e que Nicodemos veio fazer-lhe o convite. A primeira
viagem foi realizada no velho Jeep 1957, único veiculo da empresa. Outras viagens
se seguiram, principalmente para Criciúma, Tubarão, Araranguá, entre outros tantos
municípios, até receber o convite oficial para trabalhar como motorista. Proposta
aceita, logo em seguida o veiculo foi substituído por uma F350, caminhonete com
maior capacidade, possibilitando viagens mais longas.
Após seu ingresso no quadro de funcionários, quando não estava na estrada,
na programação de entregas, ou no transporte de lenha, tijolos e das matérias-primas, geralmente vindas de municípios como Urubici, São Joaquim, Urussanga,
entre outras, Agenor era requisitado e passava o tempo ajudando na execução de
tarefas dentro da empresa. Nas viagens para entrega de produtos, assumia também
o posto de representante comercial.
Ele conta que as viagens passaram a ser mais longas com a criação, por parte
de um cunhado de Nicodemos, de uma distribuidora em Florianópolis. “Eu fazia
Primeiras embalagens dos doces
de frutas Áurea.
59
Capítulo 4
A
incrível
década
de 70
Tradicional Goiabada Cascão, 100% de Goiaba
A incrível
década de 70
A década de 70 começou com
notícias alvissareiras. Em
11 de julho, Ademar Felippe
contraiu núpcias com
Teresinha Torres e, logo no
ano seguinte, nascia Marcel
Torres Felipe, primeiro filho
do casal. Marcel, ainda bebê,
era o signo da continuidade
da gestão familiar da Áurea,
pois representava a 3ª. geração
que viria a atuar na empresa,
sempre com as mesmas
características de trabalho
e esforço individual dos seus
antecessores.
50 anos
Áurea
contratado um técnico da cidade de Tijucas/SC, onde se localizava uma fábrica renomada deste produto, e a produção começou. As balas de banana da Áurea eram
deliciosas, porém seu custo de produção muito alto. Primeiro, porque a capacidade
era pequena e a necessidade de mão de obra imensa. Segundo, porque Nicodemos,
sempre preocupado com a qualidade dos produtos ali produzidos, fazia uma rigorosa seleção de matéria-prima, não permitindo que o engaço (sementes centrais
da banana) fosse incorporado à massa da bala, uma vez que isto conferiria sabor
levemente amargo a mistura, diminuindo a qualidade.
Assim sendo, o produto teve muita dificuldade para conseguir conquistar espaço no mercado e acabou sendo abandonado alguns anos depois, já na década de 80.
Em 1974, a sede da empresa foi atingida pela maior enchente que já ocorrera
desde sua mudança para aquele local, em 1965. Em quase uma década, apesar
dos constantes estorvos ocorridos e de muito trabalho para socorrer as instalações
sempre que uma chuva mais forte atingia o município, nunca houvera tamanho
estrago e perda para a Áurea, nem tanto trabalho para os familiares. Todos tiveram
que se envolver, mesmo as mulheres e meninas que, de ordinário, mantinham-se
afastadas do processo cotidiano da indústria.
O
casal Ademar e Teresinha tiveram ainda Márcia, nascida em 1974
e Marcio, nascido em 1979.
A partir de 1972, Arley José começou a atuar como vendedor, abrindo praça em
outros municípios, entre eles as capitais Florianópolis e Curitiba, no Paraná. Naquela
época, a extinta Companhia Brasileira de Alimentos (COBAL) era cliente Áurea em
todas as cidades do Estado, ocasião em que Arley passou a trabalhar efetivamente
nas vendas. “Em 1969 foram contratados Osmar Koch e Agenor de Aguiar, que já
era nosso motorista. Ele fazia a região sul até Florianópolis e Osmar dali em diante
até Joinville. Ainda em 1969 contratamos mais um para Mafra, Rio Negrinho e outras cidades. Em 1972, foi a vez do terceiro vendedor, para a região Lages até Rio do
Sul e, neste mesmo ano, contratamos Gilberto Pires em Curitiba para fazer a Grande
Curitiba. Em 1976, eu também fazia muito esse trabalho, viajava abrindo mercado.
Neste ano, contratei um vendedor para a região do oeste até o norte do Paraná.”
A década de 70, apesar de todas as dificuldades apresentadas, também representou importantes avanços tecnológicos nos maquinários da época, quando o
processo de industrialização dos doces ainda era rudimentar. Desde o período em
que as frutas eram descascadas e passadas na máquina de fazer salame ou na peneira, muitos avanços foram sendo incorporados, como uma máquina despolpadeira, que foi descoberta na cidade de Jaraguá e que evitava a presença de sementes
no doce de goiaba. O próprio Ademar, cada vez mais engolfado na produção, uma
vez que Arley José agora estava se enfronhando mais na venda, desenvolveu uma
pequena engenhoca que descaroçava as ameixas e isto representou um grande incremento produtivo. Outro aspecto que tornava a Áurea um diferencial no mercado
era o cuidado com as embalagens. Desde o começo, mesmo com poucos recursos
financeiros, Nicodemos fizera questão de investir em embalagens de qualidade,
com a marca estampada. As latas eram adquiridas da FEBERNATI de Porto Alegre, e
comparavam os Doces Áurea aos melhores do mercado.
No ano de 1973, Nicodemos resolveu incorporar um novo produto ao mix da
Áurea, as balas de banana. Guloseima famosa e apreciada em todos os lares, prometia um substancial aumento nas vendas, uma vez que o canal de colocação do
produto era o mesmo que já vinha sendo desenvolvido para os outros doces. Foi
Produtos que marcaram
a história da Áurea
Enchente em 1974 ,determinante
na decisão de Nicodemos de
comprar a atual sede da empresa
raspar tachos de doce de leite, era uma delícia! Comecei a trabalhar na indústria na
época da bala de banana, trabalhava na máquina de embalar, foi um período curto,
menos de 1 ano. Quando passei para o comercial, tinha que fazerà mão as notas
fiscais. Saía caminhão com até 70, 80 notas fiscais, eu e Aluísio fazíamos tudo.
Quando mudamos para a empresa nova, eu vim com esta mesma função. Com o
crescimento, passei a cuidar do acerto com os motoristas, emitir relatórios e efetuar
acertos de contas. Quando minha tia Zilda, esposa do Nico, saía de férias, eu fazia o
trabalho de banco e quando ela se aposentou eu fiquei no lugar dela. Depósitos, pagamentos, baixas de duplicatas, contas a pagar e receber, enfim, acumulando todo
o trabalho. Fiquei nesta função por 10 anos e ao todo, na empresa, 20 anos. Quando
saí, em 2000, já havia uma equipe estruturada. A minha saída se deveu a uma
diretriz da diretoria, a partir da qual ficou decidido que as esposas não trabalhariam
mais na empresa,e eu acatei, assim como as outras mulheres de nossa família.”
Nesta época, a Áurea ainda contava com os serviços de uma empresa terceirizada para execução de sua contabilidade. Mas o destino uniu Amélia e Lauro Rita
da Silva, técnico contábil e acadêmico da mesma área e que trabalhava na empresa
que realizava a contabilidade da Áurea. Com o namoro, uma mudança foi proposta.
Lauro Rita da Silva nascera em 19 de setembro de 1959. Iniciou o namoro com
Amélia em 1978 e, em 11 de fevereiro de 1984, se casaram. A união gerou duas
filhas, Joice, que nasceu em 1986 e é estilista e Lais, de 1988, que trabalha junto à
família na Áurea.
As reminiscências de Lauro também ajudam a compor o grande mosaico de
emoções que formam a incrível saga da Áurea:
“Na época que entrei na empresa, tinha uns 50 funcionários, já com caminhão
para entrega. Entrei como auxiliar de contabilidade. Formei-me em 1982 em Ciências Contábeis e então a contabilidade, que era terceirizada, passou a ser coordenada e executada por mim, internamente. Entre 1983 e 1987, quando consolidou-se
a cisão, fui funcionário. Aí passei a ser sócio, pela parte que coube à minha esposa
Amélia. Neste ano assumi a parte financeira da empresa. Em 1989, criamos a Transportadora Transcel e aí não dei mais conta de tudo: assumi financeiro e larguei a
contabilidade.”
Depois desta ocorrência, Nicodemos tomou uma decisão interna que nada abalaria, nem o pouco capital de que a empresa dispunha. Iria adquirir uma área de
terras em local alto e de bom acesso, garantido para instalar a futura fábrica dos
seus sonhos. Este sonho se realizaria em 1977, quando finalmente apareceu uma
área de 18.800 metros quadrados, em local que lhe pareceu perfeito, em zona
retirada do centro da cidade, e Nicodemos pôde fazer o negócio. Infelizmente, não
viveu para ver seu grande sonho realizado. Neste mesmo ano de 1977 sobreveio
a desgraça. Nicodemos, sempre alegre e de aparência forte, ocultava um mal que
nem ele mesmo conhecia, um coração frágil. Em junho daquele ano, em plena festa
de casamento, alegre e comemorando com os amigos e parentes, caiu fulminado
por um ataque, vindo a falecer em seguida.
A notícia espalhou-se como rastilho de pólvora pela cidade e mesmo pela
região, causando imensa comoção. O benemérito cidadão, que tantas vezes fora
cogitado para o cargo de prefeito da cidade, que sempre acorrera a todas as causas
sociais relevantes da região, que era amado e admirado por todos, desaparecido
para sempre!
A família enlutada lamentava a perda do grande empreendedor e visionário,
que transformara uma simples ideia numa indústria próspera.
Passada a comoção e a dor iniciais, restou aos sobreviventes pensar no que
fazer. Tobias e seus filhos conversaram muito, conjecturaram todas as opções possíveis e acabaram concordando que a melhor saída seria adquirir o controle da empresa. D. Zilda, viúva de Nicodemos, não tinha interesse em integrar-se ao processo
industrial, que então era a essência da Áurea, e suas filhas Áurea e Solange tinham
outras ocupações, desenvolvidas desde a adolescência.
Tobias e os filhos, então, juntando as reservas de que dispunham, propuseram
à viúva e administradora dos bens deixados pelo irmão a aquisição daquela parte.
Proposta aceita, foi neste momento que a empresa passou a ser unifamiliar, e cada
filho assumiu um compromisso no controle da mesma.
Dona Zilda, viúva de Nicodemos, continuou à frente da gestão financeira da
empresa como funcionária contratada, não só por
deferência à memória do fundador, mas também pelo conhecimento e eficiência com que executava tal função.
Tobias havia apostado no filho Arley quando o mandara, ainda garoto, estudar
fora da região, para adquirir conhecimento e virar um homem de negócios. A esperança do pai se oficializou quando o filho, aos 27 anos, ainda jovem e solteiro,
recebeu a notícia de que teria que assumir o controle da empresa, confiança que o
fez diretor da Áurea Alimentos.
Tobias, que já era sócio majoritário na empresa Nicodemos Felipe e Cia Ltda,
com 67,5% do capital, adquiriu mais 12,5%, integralizando 80% do capital. Ademar
e Arley adquiriram 10% do capital restante cada um deles, participando desta forma
na formação da nova empresa, que passou a ser denominada Áurea Ind. e Com.
Ltda. Arley José assumiu como diretor administrativo e Ademar como diretor industrial. Tobias preferiu permanecer na figura de sócio-cotista e continuar a administrar,
com sua esposa e os filhos menores, o pequeno armazém que possuía desde 1968.
Embora não se envolvesse diretamente com a administração da empresa, participava de todas as tomadas de decisão estratégicas. Apenas em 1986 ele assumiria uma
função executiva na empresa, após desfazer-se de seu pequeno comércio.
Também Aluisio, que passou a fazer parte do corpo diretivo responsável pelos
destinos da Áurea, acrescenta reminiscências daquela época de lutas e desafios inimagináveis: “Apesar de sermos filhos do dono da empresa, não havia regalia para
ninguém, todos tinham que pegar no pesado, eram encarados como funcionários e
seguiam as regras de Nicodemos e Tobias, que imprimiram a sua marca administrativa e os grandes ensinamentos que estabeleceram muitas das características
da empresa.”
Com o falecimento de Nicodemos e a compra daquela parte por Tobias e os
filhos, de acordo com Aluízio Felipe, que participou ativamente daquela época juntamente com o pai e os irmãos, estabeleceu-se uma árdua luta na família. Para conseguir saldar parte do investimento, muitos empréstimos foram feitos, até a quitação
integral da dívida. Ele recorda que uma das dificuldades para efetuar a compra da
outra parte ocorreu no mesmo período em que a Áurea Alimentos deixava de ter
uma produção de fundo de quintal para ser uma indústria de médio porte.
Aluízio casou com Valnize Irene Werner em 12 de janeiro de 1980, união que
aumentou o clã, trazendo ao seio familiar mais três integrantes: Fernando, Eduardo
e Sheila, filhos do casal.
Amélia Felipe da Silva recorda desta época com lucidez, rememorando também
tudo o que a Áurea representou em sua vida, desde os mais tenros anos: “minha
primeira recordação relativa á empresa é a de quando íamos, ao final das tardes,
64
Um dos primeiros desafios de Arley José, assim que assumiu a direção geral,
65
Áurea
50 anos
as mais variadas, mas nenhuma delas fácil. Descascava bananas, limpava tinas,
encaixava produtos e, durante um bom tempo, cuidou da caldeira, uma das
tarefas mais arriscadas e árduas da indústria. Para Marcel não havia empecilhos,
ele aceitava executar qualquer trabalho, a fim de melhor conhecer a empresa
que já amava como seu pai, tios e avós. Foi desta forma que se capacitou para,
no futuro, exercer um dos cargos mais estratégicos da empresa.
foi com a própria marca Áurea, àquela altura totalmente consolidada no mercado.
Passados 10 anos do registro inicial, e sem que eles percebessem, o contrato prescreveu e a marca foi novamente colocada em disponibilidade para qualquer outra
empresa que a quisesse registrar. Por sorte, Arley foi muito rápido e conseguiu comprovar, através de um processo simples, a justiça na propriedade da mesma. Para
evitar que problema semelhante viesse a ocorrer, e também aproveitando a nova
mudança societária da indústria, foi registrada uma nova razão social, incorporando
definitivamente o nome Áurea: Doces Áurea Ind. e Com. Ltda.
No final da incrível década de 70, que tantas modificações trouxe para a
Áurea, que de incipiente indústria de fundo de quintal passou a ser uma pequena potência na região, foram admitidos Aroldo dos Santos Ferreira e João Colaço,
que posteriormente tornaram-se dos mais antigos, fiéis e dedicados representantes que a empresa já teve, e que permanecem até hoje ainda na ativa.
Também data desta época a entrada de Luis Carlos Figueiredo Martins na
Áurea. Há anos, ele conhecia a empresa e vendia frutas para a mesma, e no final
de década de setenta recebeu uma oportunidade que se revelaria importante
para os dois lados, tanto o dele quanto o da empresa: desbravar a região de São
Paulo, na qual os produtos Áurea ainda eram pouco conhecidos. Martins fez um
excelente trabalho, partindo de São Paulo capital e posteriormente expandindo
a sua ação para todo o Estado. Com o passar dos anos, acabou assumindo todo o
sudeste brasileiro e houve uma época em que, do seu trabalho dependia quase
a metade do faturamento da Áurea Alimentos. Foi a partir de 2000, quando a
empresa reestruturou a área de vendas, que esta situação se modificou. Em
2008, o inesquecível colaborador ainda passou a integrar os quadros da empresa, atuando na BOCARDO, um braço da Áurea, até o seu falecimento.
Em 1978, Arley José Felipe, então com apenas 28 anos e já dirigente de uma
das mais tradicionais indústrias da região, casou com Maria Gorete Felipe, iniciando
a sua descendência com a filha Adria, que nasceria em 1979. O casal ainda viria
a ter outras duas filhas: Adriéli, em 1982 e Aline, em 1984. Atualmente Adria é
responsável pela gestão de pessoas, Aline atua na engenharia de produtos e Adriéli
trabalha no setor financeiro da Bocardo, todas integradas à empresa.
Seu projeto de administração da Áurea estava embasado, além da tradição
familiar e do espírito empreendedor dos Felipe, no Relatório Final para obtenção
de grau no curso de Administração, junto à Fundação Educacional do Sul de Santa
Catarina, de Tubarão. O documento permanece junto ao acervo histórico da Áurea
Alimentos. Dois anos depois, foi iniciada a construção definitiva de todo o complexo,
onde todos os setores passaram a atuar a partir de 1983, quando a Áurea mudou de
endereço, permanecendo até hoje na Rodovia SC-438, quilometro 34.
Segundo Arley, os tempos eram duros: “mesmo com os investimentos na estrutura, a empresa não possuía capital para investir em tecnologia. O que era investido,
vindo dos sócios, não era suficiente para grandes mudanças, ficando a empresa
totalmente dependente dos financiamentos bancários. Além disso, os investimentos
em tecnologia eram considerados de risco, principalmente porque geralmente não
eram vistos em seu pleno funcionamento. Mesmo assim, algumas modificações
para acelerar a produção eram feitas. Hoje a postura é outra, a empresa é considerada modernizada, mas com grandes desafios a serem superados”, conclui.
Uma das características principais de Arley José Felipe como administrador é saber reconhecer e valorizar o potencial dos seus comandados. Fiel a esta estratégia,
resolveu dar uma grande oportunidade ao motorista Osmar Koch, que trabalhava na
Áurea desde 1968, promovendo-o a vendedor comissionado. A promoção revelou-se tão acertada que Osmar foi um dos grandes responsáveis pela expansão do mercado catarinense nas cidades de Brusque, Blumenau, Joinville e Itajaí. O valoroso
representante só deixou os quadros da empresa com a aposentadoria, sendo então
substituído por Antônio Grassi.
Ainda em 1978, um menino de apenas 8 anos começava uma brilhante carreira
na Áurea Alimentos, dando continuidade à tradição da família Felipe.
Era Marcel Felipe, filho primogênito de Ademar, por sua vez o primogênito de
Tobias. A terceira geração desta exemplar família entrava em campo, honrando a
tradição de esforço, trabalho e dedicação ímpares que havia destacado o clã desde
o início desta história.
Marcel ia juntamente com o pai para o trabalho, iniciando a árdua jornada em
torno das cinco horas da manhã, e prosseguia na empresa até as 18 horas, quando
retornava ao lar igualmente em companhia do pai. As tarefas que executava eram
66
A integração entre funcionários,
representantes e diretoria da
áurea sempre foi uma constante
67
Capítulo 5
Conquistas
e mudanças
na década
de 80
Geléias de frutas
Conquistas e
mudanças na
década de 80
Em 1983, a Áurea
mudou-se
definitivamente,
e com toda a sua
produção, para a sede
atual.
Foi uma conquista
difícil
de ser alcançada, e
que exigiu esforço
hercúleo de toda
a família Felipe.
50 anos
Áurea
funcionários, recorda Seu Valdo. Dentre as lembranças, ressalta que responsabilidade era palavra de ordem pois, apesar de sua bondade e humanidade, todos os
diretores cobravam o compromisso dos funcionários com a empresa, palavra que
Valdo Torres conta conhecer muito bem. A nostalgia toma conta do homem que
volta no tempo, afirmando que procurava estar sempre antes do horário, para ligar
compressores, receber o leite, analisar a produção, antes mesmo dos funcionários
chegarem. No segundo turno, outro colaborador assumia por ele, mas a qualquer
problema, era chamado. Isso ocorria em sábados, domingos e feriados. “A folga era
somente no Natal e final de ano e os funcionários pegavam junto para terminar
com o que era solicitado. Mas éramos recompensados”, reconhece com gratidão.
Tal característica - comprometimento com a empresa -, além de seu desempenho, levaram Valdo, durante a mudança de endereço, a se tornar encarregado
da fiscalização das obras do pavilhão que receberia, após a conclusão, a área de
produção de doce de leite, que gerava um consumo diário de quatro mil litros. Outro
problema enfrentado, nessa árdua jornada, surgia em períodos de baixa produção,
quando o leite líquido era substituído pelo leite em pó. Conta que os ásperos tempos também representavam um controle rigoroso por parte da vigilância sanitária,
que acompanhando o desenvolvimento da empresa, estava presente através de
fiscal do Ministério da Agricultura, o qual “cobrava higiene, uniforme branco, touca
e barba feita, do contrário o funcionário
não entrava na empresa”.
Em 1994, saiu da empresa, na qualidade de aposentado, feliz pela missão
cumprida e resultados obtidos. “Boa parte do que tenho é fruto do esforço na
empresa. Hoje a Áurea é uma potência,
investe em novas tecnologias, ganhou
seu espaço no mercado”, reconhece,
feliz.
A
época da grande mudança é registrada por Arley José, quando
volta ao tempo e lembra que “até 1982 ficamos com a produção em dois locais e
em janeiro de 1983 trouxemos tudo para cá. Entre 1983 e 1986 tivemos um super
crescimento, com a empresa bem estruturada, financeiramente forte, trabalhamos
com solidez e tranquilidade.”
Aluízio Felipe recorda que neste período, durante a mudança de endereço, a visão empreendedora do então proprietário, Tobias Felipe, voltou a determinar o rumo
que deveria ser seguido pela administração, nomeando cada filho para ser responsável por um setor, de acordo com suas características. Ressalta que “algumas discórdias
quanto às determinações de Tobias, durante o período que participou ativamente
das decisões, houve, mas ele conseguiu repassar, ainda na época com 65 anos, seus
conhecimentos e a responsabilidade de conduzir a empresa para a geração seguinte”.
À época, Aluízio contava pela casa dos 30 anos de idade, e faz considerações
acerca da postura do pai, com relação à decisão de repassar, ainda novo, as responsabilidades dos negócios aos filhos: “Eu concordo com ele.
Esta responsabilidade tem que ser passada o mais cedo
possível, sob pena de não permitir à próxima geração o
desenvolvimento necessário para sair-se tão bem quanto
a anterior”, enfatiza.
“Isso só ocorreu por persistência e muito trabalho. Enquanto o pai administrava os negócios, já havia a responsabilidade em desempenhar o papel de colaborador, de
encarar o trabalho como uma missão, tendo que acordar
cedo, sem precisar ser chamado”.
Ademar também confirma, naturalmente, as declarações do antigo colaborador e parceiro. Conta que, em 1983,
as mudanças se iniciaram com a transferência da produção de doce de leite
para a nova unidade, “ainda mantendo a
forma de produção arcaica, em um processo que demorou certo tempo para ser
ultrapassado, iniciado também pelo Ministério da Agricultura, que priorizava algumas questões, como sala adequadas,
recepção de leite, segurança e higienização. Era uma época onde os tachos eram
mexidos pelos irmãos durante a semana
e por ele nos finais de semana e ninguém estava livre do produto respingar
e ‘sapecar a pele’. Três anos depois, o
pavilhão para produção dos doces de
frutas foi finalizado e a empresa seguiu
finalmente para o novo endereço”.
Reminiscências de antigos funcionários da empresa
também ajudam a compreender as dificuldades vividas na
década de 80.
Em 15 anos de Áurea, tendo ingressado na empresa
em 1979, Valdonir Torres, ou Valdo Torres, como todos o
chamavam, atuou na parte de manutenção de máquinas,
boa parte deste tempo sem auxiliar. Nos primeiros anos,
conta que as máquinas precisavam ser adaptadas, ou
“enjambradas”. Afirma que “a empresa era fraca financeiramente, tinha muitos gastos mas, em contrapartida,
não lembro de ter recebido um não quando era necessário comprar algum equipamento para poder fazer a
manutenção e colocar a máquina novamente para funcionar”.
Assim como todos os colaboradores afirmam o tratamento impecável e humano sempre recebido por parte
dos patrões, estes também se orgulhavam do tratamento
dado aos que contribuíam para o crescimento empresarial, fazendo-os sentir-se como parte da família. Os finais
de ano eram sempre regados a festas, totalmente patrocinadas pela empresa, que na época possuía poucos
Registra ainda que, ao mesmo tem-
72
societário assim constituído: Ademar e Arley
com 30% das ações cada um e Aluizio e Amélia com 20% cada.
Apenas Aluisio acabou saindo da sociedade algum tempo depois, permanecendo os
demais até os dias atuais.
po em que eram iniciados os investimentos em novas tecnologias, para melhorar a produção, a empresa passou a
acumular novo problema, a pouca demanda de matéria-prima, o leite, para o doce de leite. Remonta àqueles
tempos quando conta que “nas estações com temperatura mais elevadas, havia maior produção; já no inverno, a
produção caia muito e acabava faltando material. Nossa
alternativa era utilizar leite em pó, para compensar”.
Arley José, que já era dirigente máximo
da empresa, recorda as aflições vividas esta
época:
Em 1986, com a divisão feita pelo pai, a
empresa se descapitalizou tremendamente.
Perdemos crédito, foi difícil. Ainda por cima,
neste mesmo ano, sobreveio o congelamento
do preços determinado pelo Plano Funaro. Nós
praticamente quebramos. Em 1987 iniciamos
a recuperação, mas foi com imensa dificuldade. O que nos salvou foi o mercado, pois o nosso
produto sempre foi campeão de vendas.”
Ademar tem a nítida compreensão de que uma das dificuldades enfrentadas na área de produção é representada pela administração da equipe. Coloca, com conhecimento de causa, quão delicado é demonstrar às pessoas como
se desenvolve o funcionamento administrativo e qual é
o papel de cada colaborador no processo, sem que haja
discórdia. Ele, que era responsável pela produção e pela
área de construção da empresa, afirma que esteve afastado durante seis meses, devido a uma depressão, gerada por
tais obstáculos, à época das mudanças na empresa.
Apesar disso, os Felipe jamais abaixaram a cabeça diante de dificuldades, fossem elas quais fossem. A fibra da família tornava-se mais evidente justamente
nestes períodos de grandes provas e dificuldades, fato corroborado por Lauro Rita da
Silva, que embora não seja consanguíneo dos Felipe, tendo entrado para a família a
partir de seu casamento com Amélia, faz coro com a visão geral do empreendedorismo que destaca todos eles: “a Áurea sentiu muito as crises, os planos econômicos
geraram grandes dívidas, foi muito estressante e difícil. Nesta fase contratamos um
consultor para gerenciar as dívidas, propor negociações. Depois percebemos que
tínhamos tomado a decisão certa, na hora certa, conseguimos nos reerguer muito
mais rápido que outras empresas. Depois do plano Collor,
realinhamos o administrativo,
planejamento e financeiro
da empresa e conseguimos
melhorar muito, começar a
reinvestir na empresa. De
lá para cá não houve maior
turbulência séria, navegamos
em águas tranquilas.”
Em meio a tantas recordações, Lauro Rita remonta
ao trágico momento em que
explodiu a tampa da caldeira,
com dimensões aproximadas
a uma roda de carroça larga. Lembra que “voou 100
metros e caiu no asfalto em
frente a um carro. Muitas peças voaram, mas ninguém se
feriu. Foi num sábado à noite, eu estava na praça e ouvi
comentários que a caldeira
Reflete e comenta que “cada geração é criada em um estilo. Na minha época,
a força vinha dos braços, da vontade; nós não tínhamos muito estudo, diferente das
gerações seguintes. Todo o serviço era programado mas, às vezes, havia imprevistos
e éramos chamados de madrugada para solucionar, porém estas horas extras eram
embutidas no salário. Nossos filhos buscam instrução, trabalhar mais com a cabeça
do que com o corpo. Mas no fundo há o mesmo espírito que tínhamos, o que nos
deixa muito orgulhosos”.
Em 1986, novo “terremoto” na vida da Áurea.
Tobias Felipe, depois de muita reflexão
e confabulação com sua esposa Tereza,
resolveu afastar-se da empresa e dividir
a sua herança, fazendo uma doação em
vida para seus filhos.
A Doces Áurea Ind. e Com. Ltda. foi
doada para os filhos Ademar, Arley, Aluisio e Amélia, que já atuavam efetivamente na mesma desde seus primórdios. Os
outros filhos receberam outros bens do
casal que, desta forma, procurou harmonizar com justiça toda a família. Abel e
Atílio herdaram a empresa Agrocel, com
terreno, galpão e loja. Para Ademir e Airton coube a granja de porcos, gado e engenho de cana-de-açúcar, acrescidos de
uma revenda de produtos agropecuários.
Alda e Adélia receberam diversos imóveis
em Braço do Norte, enquanto Adelaide
herdou imóveis em Laguna e Florianópolis, além de uma carreta.
Com a cisão, a Áurea Alimentos passou a ser composta por um novo quadro
73
Áurea
uma equipe de assessores foi contratada para analisar as contas e tratar dos pagamentos. A segurança e a confiança depositada nos administradores foi fator preponderante para que todos os débitos estivessem negociados em algumas semanas e,
posteriormente, totalmente quitados.
Superando diariamente as adversidades, os fatores para o sucesso igualmente
são destacados por Lauro Rita. Enfatiza a união familiar, quando destaca que Tobias
Felipe sempre priorizou a união e cordialidade entre os filhos e seus ensinamentos
são levados a sério por todos dentro da empresa. Da mesma forma, a união de
diretores, com as reuniões semanais e sua vital importância. Entende também, que
acreditar nas novas gerações, mais dinâmicas, pode ser considerado ponto fundamental para o acerto. Unindo novas ideias, criatividade e conceitos à experiência
daqueles que estão à frente há muito mais tempo, gera-se crescimento, além de superação de barreiras estabelecidas por conservadorismos hoje ultrapassados. Acredita que recorrer à assessorias é fator primordial, comprovado em vários momentos
na história da empresa, gerando importantes e positivos retornos.
tinha explodido e que deveria ter morrido muita gente. Vim nervoso para cá. Foi falha humana, a válvula explodiu e ficamos muito assustados, mas a sorte foi grande,
pois ninguém se feriu. Aliás, sorte é uma das características importantes da história
da Áurea.”.
Lauro considera que o período da hiperinflação foi o mais estressante para a
empresa, “os produtos mudavam de preço mais de uma vez por dia, o contraste era
muito difícil. Comprávamos açúcar com um preço, quando chegava para carregar já
era outro preço, quando chegava para produzir já era outro e assim por diante, era
muito difícil calcular o preço e saber se a gente estava ou não tendo algum lucro,
coisa de louco”.
Lauro é categórico ao afirmar que a empresa foi uma das pioneiras na automação, investindo na informática, para absorção de informações, mas que inicialmente, contava com apenas um computador. Nele eram armazenados dados de
faturamento, contabilidade e estoque. Cada setor possuía um período determinado
para a utilização do equipamento. O maior problema, de acordo com o contador,
ocorria quando surgiam falhas eventuais. “Tínhamos que solicitar um técnico, mas
era bem diferente. Na época ele levava muitos dias para atender, pois vinha da capital, Florianópolis”. É um dos que também faz questão de registrar as dificuldades
que foram enfrentadas. Relembra que estiveram a ponto de encerrar as atividades,
mas que a garra dos colaboradores e o empreendedorismo nas tomadas de decisões foram cruciais para a superação daquela etapa, e que a cada retomada, novos
objetivos de crescimentos eram implantados.
“muitos destes resultados foram obtidos através das reuniões de diretorias.
Como cada sócio é responsável por uma área especifica, muitas vezes era difícil o
contato. Para isso, acabamos organizando uma rotina de reuniões semanais. Dela
dependem as tomadas de decisões, análise de mercado,
novos investimentos, aquisições, suspensão de projetos, entre outros assuntos.
Até os dias de hoje, a reunião é considerada pelos diretores o momento mais importante em todo o processo”.
A cisão, segundo Lauro Rita, foi um dos momentos mais conturbados da história
da empresa. Após a divisão dos bens entre filhos, a Áurea teve seu capital reduzido
e, para honrar os credores, a situação era considerada desesperadora. Na ocasião,
Foi só no final da década de 80, depois de vencidas as imensas dificuldades que a
empresa vivera, que surgiram novos investimentos.
Guindados pela estabilidade conquistada a duras penas, e com a empresa totalmente saneada e novamente estável, os Felipe ousaram fazer novas tentativas, como, por
exemplo, a aquisição de uma fábrica de bolachas, empreendimento que acabou abandonado logo depois.
Ademar recorda o que aconteceu: “compramos uma fábrica de bolachas que estava
meio falida, mas o equipamento era ruim e a bolacha era de má qualidade, então resolvemos fechar”. Eram as oportunidades de crescimento que se apresentavam e aquela equipe entendia que os riscos faziam parte dos novos negócios e que, se ao longo da jornada
não resultassem positivos, simultaneamente serviam de parâmetro de avaliação para
novas investidas. Um exemplo disso foi a fundação da Trans-Áurea, uma transportadora
para os próprios transportes da indústria e também capacitada para terceirizar serviços.
Nos anos seguintes, a Trans-Áurea chegou a ser um negócio mais rentável do que
a indústria, que ainda enfrentaria muitas turbulências até se tornar a potência que se
tornou atualmente.
74
Condimentos Áurea Maionese e Mostarda
Capítulo 6
Os
anos 90 e
a terceira
geração
Os
anos 90
e a terceira
geração
Até o ano de 1986,
Marcel Felipe continuou
trabalhando na
produção da Áurea,
completamente
integrado ao
processo produtivo
dos doces. Este ano,
no entanto, marca a
sua passagem para a
área administrativa,
inicialmente na área
contábil e, logo
em seguida, na área
comercial.
50 anos
Áurea
O
pois a Áurea é idônea, inesquecível e vale a pena voltar”, conclui, no papel de fiel
escudeiro, plenamente satisfeito com a trajetória profissional junto à empresa.
Marcio Marques Martins é representante de Uberlândia, Minas Gerais, desde
1991. É também o orgulhoso pai de Maylara, Maylane e Vinicius e, com pouca
palavras, reconhece a importância e o valor de fazer parte da equipe da empresa:
“Sou grato à Áurea por ter me proporcionado trabalho e recompensa. Consegui
formar minhas duas filhas, advogada e oficial de justiça, consegui prosperidade!”.
início da década de 90 o encontraria ocupado com as rotinas burocráticas do processo de vendas da Áurea, assimilando conhecimentos que, menos
de uma década depois, o colocariam na posição de Gerente Nacional de Vendas.
Ao tomar proporções nacionais, a empresa se viu em meio à necessidade de
contratar profissionais que a representassem nos locais mais distantes, onde não
seria tão fácil chegar. O representante comercial era a figura que desempenharia
este papel, mas quem iria coordenar, dar suporte? Apesar de poucos conhecerem
a verdadeira função de um supervisor em vendas, um profissional da área foi contratado, numa época que apenas as grandes empresas dispunham deste tipo de
colaborador. Quando se iniciou o trabalho deste profissional, sua necessidade não
foi sentida, mas bastou a empresa ter a ausência deste departamento para avaliar
sua necessidade e mudar seu conceito.
A função foi desempenhada durante dois anos por Aluisio Felipe, nesta época
ainda sócio da Áurea, que levava o perfil da empresa aos clientes do Sul do País,
acompanhado de perto pelo sobrinho Marcel. Com o passar do tempo, a tarefa foi
dividida em regiões e foram contratados profissionais para exercer o ofício de intermediar as informações entre a empresa e o representante comercial.
Os representantes comerciais que foram admitidos naquela nova fase da indústria trazem até os dias atuais a marca da importância desta contratação em suas
vidas.
Célio Branco Moreira é representante comercial da Áurea em Joinville desde
1991. Passados mais de vinte anos junto à empresa, depõe com tranquilidade e
conhecimento de causa. “Conheço a Áurea desde 1980. Forneci matéria-prima para
eles, produtos químicos, quando a fábrica ainda era no centro de Braço do Norte. Em 1991 um amigo em comum me convidou para trabalhar na Áurea. Aceitei
de imediato”, resume, com orgulho. “Naquela época a Áurea estava expandindo a
rede de representantes, era um trabalho de Antônio Grassi, que reformulou todo o
sistema de vendas, quando foram contratados Célio, Nelson, o pai de Cesar e Ademilson, para a região de Esteio, no Rio Grande do Sul. Cesar e Ademilson , os filhos
de Nelson, fazem parte do time da Áurea até os dias atuais. Neste período criei e
casei 2 filhos. Hoje tudo está diferente, mais profissional. Os proprietários da Áurea
são mais amigos que patrões. Em 2006, foi feita uma reformulação de áreas e em
função disto eu saí, mas voltei em 2009. Me procuraram para voltar e eu aceitei,
A partir de 1990, sempre em busca de ampliação e diversificação de sua participação no mercado, a Áurea lançou a linha de alimentos salgados, com os produtos catchup, maionese, queijos e a mostarda.
Os anos 90 marcaram a gradativa entrada, na empresa, da 3ª. geração dos Felipe. Os filhos de Ademar e Arley José, capacitando-se em diferentes cursos de acordo
com suas inclinações e talentos, iniciaram uma marcha para assumir áreas estratégicas da indústria e comandar um crescimento cada vez mais acelerado e afinado com
as hodiernas tendências da cadeia produtiva. Foi, no entanto, respeitado o pendor
de cada herdeiro, dando oportunidade de ingressar na empresa apenas aqueles
que realmente demonstraram interesse, enquanto que, os que preferiram seguir
carreiras diferentes foram igualmente apoiados em sua decisão. A grande lição de
vida deixada por Nicodemos Felipe e vivenciada por seu irmão Tobias passava agora
para a terceira geração da família, à frente do próspero negócio.
Quando completou 35 anos de existência, em 1997, a Áurea pôde ostentar,
além de um quadro de funcionários perfeitamente afinado com os princípios e
objetivos da empresa, o fortalecimento de sua administração, através da perfeita
sintonia do seu quadro diretivo.
– Feira de Produtos, Equipamentos e Serviços, realizada em Porto Alegre, no Rio
grande do Sul.
Neste mesmo ano, na esteira de novidades que a administração tinha preocupação constante em incrementar na empresa, focada no bem-estar de sua equipe,
era realizada a VI Semana Interna de Prevenção a Acidentes no Trabalho e a Feira
de Saúde, com introdução da ginástica laboral compensatória.
No mês de julho deste mesmo ano, foi lançada a edição inaugural do Informativo Interno da Áurea, referente ao bimestre jul/ago. Aquela seria a primeira forma
de comunicação interna entre a empresa e seus colaboradores. Este primeiro e
histórico exemplar ostentava na capa a mais antiga foto da indústria, com o letreiro
pintado em sua fachada: Fábrica de Pasta de Frutas de Nicodemos Felipe & Cia. Em
seguida, um texto narrando a trajetória da Áurea e ainda as sessões: Dê seu Recado!
e Fique por Dentro, onde dicas de saúde, aniversariantes, classificados e informes
internos foram abordados.
Muitas homenagens foram propostas nesta grande festividade, que acabou
envolvendo toda a comunidade de Braço do Norte e redondezas.
Antigos colaboradores foram homenageados e a saga dos Felipe foi relembrada e exaltada em discursos, homenagens e extensas matérias jornalísticas que
deixaram claro a importância que a empresa soubera conquistar, ao longo destes 35
anos. Olhando para trás e visualizando, por entre as “brumas do Morro do Cruzeiro”,
o início de tão bela saga, podia-se vislumbrar o desenho de uma verdadeira história
de sucesso.
José Lino Meurer, o primeiro funcionário oficial da empresa, quando ainda usava a denominação Irmãos Felipe & Cia Ltda., ostenta na sala de
visitas da sua graciosa e modesta casinha – segundo ele comprada graças à prosperidade que obteve trabalhando toda a
sua vida útil na Áurea – uma placa comemorativa que recebeu nesta ocasião, com os seguintes dizeres:
No final daquela década, os colaboradores participaram do Ensino Supletivo de 1º. Grau, nas dependências da própria empresa, ministrado por Suham
Dabbous Dellatorre, professora especialmente contratada para desenvolver
esta ação interna e muito querida por todos os alunos e demais colaboradores. O grande objetivo da empresa, com esta ação, foi melhor qualificar
e gerar oportunidade de crescimento ao corpo funcional.
Pessoas como você deixam a marca
por onde passam. Olhando ao redor
desta empresa, em tudo tem um pouco de você. Muito obrigada!
Doces Áurea Ind. Com. Ltda. “35
anos” 27.05.1997
Ainda em 1999, a Áurea participou da Feimbra – Feira Multisetorial de Braço do Norte e Região.
No mesmo ano, encerrando a década, a Áurea participou,
na qualidade de expositora, da Mercosuper – Feira e Convenção
Paranaense de Supermercados.
Jose Lino Meurer faleceu em fevereiro
de 2012.
Sempre atenta às oportunidades de
mercado, a Áurea, já em 1998, participou como expositora da XI Exposuper – XI Convenção Catarinense de Supermercadistas, em Florianópolis, vitrine para os produtos
e contatos comerciais. No ano seguinte, a empresa se fez novamente presente na
Convenção.
O ano de 1998 também foi palco de outro importante evento que contou com
a presença da Áurea Alimentos, a Expoagas – Convenção Gaúcha de Supermercados
Com a diversificação do mix de produtos, ao final do ano de 1999, a razão
social passou a denominar-se Áurea Indústria e Comércio Ltda, tendo como nome
fantasia, Áurea Alimentos.
O importante lançamento
da linha de Salgados.
Festa dos 35 anos da Áurea Alimentos
80
81
Capítulo 7
A
Áurea no
terceiro
milênio
Ketchup Tradicional e Picante
A Áurea
no terceiro
milênio
Em 2002, Aluisio
Felipe decidiu sair da
sociedade e assumir,
definitivamente, a
administração da
Agrocel, função que
já vinha acumulando
há tempos.
A
50 anos
Áurea
investindo em novas tecnologias para atingir alto índice de qualidade. Uma das preocupações da marca é desenvolver, constantemente, novos produtos, sob o slogan:
Bocardo deixa sua vida com mais sabor!
luisio recorda o momento da difícil decisão, respaldada nos interesses de toda a sua família: “Até 2002, a Áurea permaneceu como sócia majoritária da agropecuária, e a mesma foi expandindo seus negócios, primeiro abrindo
uma loja em Rio Fortuna, município vizinho, seguida de uma fábrica de ração. Com
a chegada da concorrência, a Áurea passou a pensar se valia a pena a manutenção da agropecuária. Como não era a atividade principal, poucos investimentos
eram feitos. Após a contratação e avaliação de uma consultoria, que resultou na
inviabilidade de manter a empresa no grupo, eu resolvi assumir esta empresa,
deixando, depois de 15 anos, a diretoria e definitivamente a empresa da família.
É que eu já notara a ligação e o carinho dos meus filhos pela agropecuária, já
que o mais velho, Eduardo, estudava medicina veterinária e Fernando seguia para
agronomia”, conclui satisfeito.
Os produtos da linha BOCARDO seguem o mesmo padrão de qualidade das
demais linhas e proporcionam uma grande diversidade na sua utilização, propiciando a utilização nas mais simples receitas, assim como nos pratos mais elaborados,
garantindo o melhor sabor.
A marca dispõe das linhas doméstica e institucional, que se constituem em
ótimas opções para supermercados, lojas de conveniência, padarias, lanchonetes,
restaurantes, cozinhas industriais, hotéis e são disponibilizados em potes, baldes,
bisnagas, bombonas, sachê.
Por ocasião dos 40 anos da Áurea, festivamente comemorados em 2002, a
empresa lançou a campanha Um Presente Profissional, destinado ao público institucional, “para presentear amigos e pessoas que fazem parte da sua equipe”. Numa
bela e colorida caixa de papelão com alça, a oferta trazia a logomarca alusiva ao
aniversário e continha um kit de produtos Áurea.
Com a sua saída, Marcel Torres Felipe, filho primogênito de Ademar, recebeu a
sua grande oportunidade, assumindo a Gerência Nacional de Vendas. A lembrança
impactante daquele momento crucial permanece viva na memória do jovem empreendedor: “
Minha mudança foi abrupta e tive que assumir
rapidamente, com a saída de Aluisio, em 2002.
Mudamos muito a estrutura comercial desde
aqueles tempos. Tínhamos vinte representantes e
hoje temos quase oitenta. Foi difícil, pois os representantes eram da casa, foi uma mudança de
cultura complicada. Tivemos que contratar uma
assessoria para reforçar a ideia da mudança. Por
exemplo,o representante de São Paulo, que não
queria largar a praça, mas atendia uma área muito grande e subaproveitada diante do mercado.
Tive que tirar os representantes da zona de conforto e foi bem difícil. Mas a estratégia funcionou,
alavancou vendas e deu grande impulso para a
Áurea. Nosso grande trunfo hoje é a nossa equipe
de vendas. Estamos nos movendo para que os representantes possam sobreviver
só com os produtos Áurea. Nossa tendência é aumentar o mix de produtos. Quando
mudamos a direção do comercial, a diretoria me deu carta branca. Foi um período
de incertezas, difícil para todos nós, mas a percepção de que a mudança era necessária estava clara. Nossos clientes mais tradicionais são do Sul. Atualmente, vendemos desde Wal-Mart até o mercadinho da esquina, com igual respeito por todos os
clientes, mas o mercado atacadista representa 65% da nossa clientela.”
À época, o jornal Tribuna do Dia, de Criciúma,
em sua sessão de economia, fazia alusão à data,
ocasião em que, durante entrevista, Arley foi enfático ao afirmar que qualidade, desde a compra
da melhor matéria-prima, e investimento junto aos
colaboradores, através de treinamentos, palestras e
eventos, representam pontos cruciais na empresa.
Também nos idos de 2002, mais precisamente
em 15 de abril, a empresa lançou seu novo informativo dentro da empresa: o Áurea.com – Informativo
Quinzenal – Áurea Alimentos. No informativo no. 1,
à guisa de editorial, encontramos: “O Áurea.com
surge como continuidade do nosso trabalho de planejamento estratégico. Um dos aspectos abordados
foi o ENDOMARKETING, ou seja, o marketing interno, a
comunicação interna na empresa”.
Em 2004, foi a vez do lançamento dos sachês de salgados, maionese, ketchup
e mostarda, uma decisão que se revelou acertada, uma vez que os produtos se
tornaram campeoníssimos de vendas e significaram um incremento respeitável no
faturamento da indústria.
Pensando neste mercado em constante evolução, Marcel iniciou uma surpreendente expansão dos negócios da empresa, respaldado no apoio e confiança de
toda a diretoria.
Uma das primeiras ações no sentido deste fortalecimento foi o lançamento da
marca BOCARDO, neste mesmo ano de 2002.
O grande objetivo da BOCARDO era disponibilizar aos parceiros comerciais um
produto de qualidade, competitivo e com condições exclusivas de comercialização.
A marca firmou sua excelência no segmento alimentício, na produção de alimentos derivados de leite e frutas, além de maionese, ketchup e mostarda.
Nos últimos anos, especializou-se na produção e distribuição de alimentos,
O acertado lançamento da linha de sachês
trabalhei em muitas empresas grandes, mas a Áurea é destaque, única no Brasil. O
mix de produtos Áurea nos permite manter equilíbrio em vendas, pois uma coisa
compensa a outra. O que é mais notável nesta empresa é a sua capacidade de
crescimento, aliada ao respeito e reconhecimento pelos colaboradores e amigos,
considerados construtores de novas páginas desta história.”
Em junho de 2006, dando prosseguimento ao
estratégico planejamento de novas abordagens de
mercado, a empresa lançou a marca HÁBITO em
todos os Estados do Brasil. O lançamento foi precedido de uma extensa pesquisa de mercado que
identificou desejos e necessidades dos clientes, além de seu preço acessível. Além
dos Doces de Frutas, que foram os primeiros produtos comercializados pela marca,
passou a oferecer o Doce Cremoso com Leite, Doce de Soro de Leite, Doce de Soro
de Leite com Chocolate, Maionese, ketchup e Mostarda.
Não são raros os casos em que vários membros de uma mesma família vieram
a trabalhar na Áurea. É o caso de Cesar Davantel, representante de Cascavel, no Paraná e de seu irmão Ademilson Davantel, representante da capital daquele Estado.
Nelson Davantel, pai dos dois jovens, trabalhou por mais de vinte anos na
empresa, tendo falecido quando ainda atuava. É César quem, emocionado, lembra
o verdadeiro caso de amor de seu pai para com a Áurea. “Mesmo hospitalizado, um
dia antes de morrer, encontrei meu pai na cama tirando pedidos”, conta ele, que por
sua vez já atua há dezesseis anos na empresa.
“Mudei de Blumenau para Cascavel para assumir as vendas da Áurea naquela
região. Quando comecei, a região estava meio abandonada, eu só tinha um cliente,
mas a Áurea me deu todo o apoio para crescer. Consegui tudo o que tenho nesse
período de Áurea com o
apoio deles. Estou preparando o meu filho,
de treze anos, para ser
vendedor Áurea também. Eu sempre conto,
com muito orgulho que
ele, quando aprendeu
a falar, falou papai, mamãe e Áurea”, depõe
emocionado.
Ademilson, o irmão de Cesar, relata
um episódio engraçado,
dentre os tantos vividos
no trabalho: “80% dos
clientes nos chamam de
Áurea. Certa vez, numa
visita, deu confusão com
o nome, quando me perguntaram: um homem deste tamanho chamado Áurea?”.
Todas estas ações de expansão de mercado demandaram a progressiva contratação de novos representantes, significando a sua presença expressiva em todos
os Estados da federação.
A admiração dos representantes pela empresa e pela maneira especial e carismática com que é conduzida fica claro nos depoimentos de todos os seus representantes. Um exemplo é o de Acir Carvalho de Souza, que entrou neste mesmo ano
na Áurea: “Em 2002, a Áurea me procurou para ser representante de Ponta Grossa,
no Paraná. Fiquei feliz com a
oportunidade e impressionado com a agilidade deles.
Recebi o telefonema à tarde,
passei o currículo à noite e
no outro dia pela manhã me
ligaram para fechar o negócio. Isto foi numa quinta-feira; na outra segunda,
encostou uma Parati laranja
com amostras e material
para começar a trabalhar.
Na sexta-feira seguinte, eu
teria que estar na empresa
às 7 horas e 59 minutos. Lá
cheguei e tinha alguém me
esperando mesmo! Me receberam com coquetel, fiquei
encantado com a recepção
que recebi. Assinamos o contrato e estou até hoje atuando na empresa, baseado
num espírito de mútua confiança. Tenho 4 representadas, mas a Áurea é disparadamente a melhor, impecável, até hoje nunca atrasaram um pagamento sequer. Eles
são amigos, mantêm este lado familiar e amigo em todos os momentos. Em 2008,
fizeram uma campanha enviando sandálias para as esposas dos representantes,
como incentivo para ganhar uma viagem de prêmio. A competitividade saudável
que eles incentivam entre os representantes é fora de série. A Áurea é incrível, não
conheço outra igual a ela. Eu tenho fama de ser exigente, mas nunca tenho NADA
para reclamar da Áurea. É uma empresa de paz, honestidade, muito forte.”
Decisões estratégicas são cruciais para a sobrevivência e desenvolvimento de
qualquer empreendimento, em qualquer lugar do mundo, quanto mais no Brasil,
um país que, embora rico e emergente, ainda possui discrepâncias significativas.
Esta sempre foi uma ciência praticada com excelência pelos dirigentes da Áurea
Alimentos.
Foi com base nesta filosofia que os irmãos Arley José e Ademar, juntamente
com o cunhado Lauro e os filhos, fundaram uma holding familiar controladora da
empresa no ano de 2006.
Suspender projetos também faz parte dos desafios enfrentados. Há que se
ter clareza da realidade para alçar novos vôos, dentro da perspectiva dos menores
riscos possíveis, como aconteceu com a decisão pela suspensão de investimento no
leite condensado. Esta decisão foi tomada durante a crise mundial que se iniciou nos
Estados Unidos e afetou todas as nações do mundo. A empresa estudava investir na
fabricação de leite condensado, mas após uma longa análise, o projeto não decolou.
Outro representante que considera a Áurea uma empresa de características
incomparáveis é Marcelo Rufato, de Curitiba. Ele ingressou em 2005 nos quadros da
Áurea e declara grande satisfação profissional e pessoal por integrar a equipe: “eles
nos dão muita liberdade e confiam em nosso trabalho, isto faz com que aumente
a nossa responsabilidade, ao ponto de nós mesmos nos vigiarmos. Sentimo-nos
responsáveis pelo nosso desempenho e nos policiamos para ter bom resultado. Já
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Áurea
a emissão de produtos poluentes ao meio ambiente. Enfatiza o jornal que, naquela
região, já havia vários exemplos dessa valiosa atitude, destacando a Áurea como
pioneira em atitudes como o repasse de valores oriundos das vendas de recicláveis
para associações criadas visando o lazer dos colaboradores, unindo consciência e
benefícios diretos.
Na ocasião, o jornal entrevistou Arley José Felipe e obteve dele o seguinte depoimento: “Não é algo que estejamos fazendo unicamente em alusão aos 45 anos
da empresa; estas atitudes fazem parte da preocupação em encontrar soluções para
diminuir as agressões causadas ao meio ambiente e já vêm desde a fundação da
empresa. Implantamos lagoas de decantação há mais de trinta anos, quando ainda
não havia esta conscientização, devolvendo aos rios uma água de qualidade, além
da reciclagem de materiais que têm função social. A Áurea também adotou o uso
do biodiesel, combustível vegetal, para uso em sua frota de caminhões. Este combustível promete ser um aliado para amenizar a emissão de enxofre, diminuindo o
envio de gases à atmosfera. A nova opção nos foi apresentada pela Copetrol, que, à
época, já nos fornecia combustível há mais de quinze anos. Após o teste, realizado
pelo motoristas da Áurea que utilizam a frota, a aprovação foi unânime e nós adotamos esta solução que, embora represente um custo mais alto para a Áurea, não
tem preço em termos de benefício ao planeta”.
Um dos principais motivos foi a demanda da matéria-prima. A produção regional
ainda estava aquém da necessidade da empresa e com isso, ao analisar os custos,
a fabricação desta linha chegaria ao consumidor com preços elevados. Outro motivo
contundente foi a retração econômica, iniciada nos últimos meses de 2008 e que se
estendeu durante o ano de 2009. Analisando todos estes fatores, a diretoria optou
por postergar o lançamento do leite condensado para os anos seguintes, assim que
fossem vencidas todas as burocracias. Na última década, a empresa foi reorganizada e uma profissionalização acentuada está em curso desde então, visando um
nível de excelência ainda maior de todos os envolvidos no processo.
“Sempre fomos uma empresa familiar, mas nunca deixamos de mirar no futuro e nas necessidades ingentes, tanto internas quanto externas e mercadológicas.
Creio que este é um dos fatores do nosso sucesso”, raciocina Arley José Felipe, que
representa o pensamento máximo da Áurea Alimentos.
Em 27 de maio de 2007, a empresa completou 45 anos, data comemorada
juntamente com os acionistas, colaboradores, clientes e a comunidade. O mês do
aniversário foi marcado por ações promocionais na cidade de Braço do Norte, além
de eventos internos na empresa. Por ocasião daquele aniversário, o slogan impresso
nas lâminas promocionais continha os dizeres:
No início de 2008, foi lançada no mercado a complementação da linha de Sobremesas Lácteas. O trio ficou completo com o Brigadeiro, Beijinho e Cajuzinho nas
versões 450g.
A seguir, a empresa lançou um sabor inédito na linha de misturas com Doce de
Leite, o Doce de Leite com Cappuccino, fortalecendo ainda mais o mix de produtos.
Ainda no segundo semestre daquele ano, passa a ser comercializado o Doce de
Leite Clássico, um produto superior aos similares do mercado, produzido de maneira
diferenciada, para atingir um alto padrão de sabor e agradar aos paladares mais
refinados.
Áurea 45 anos: de olho no futuro e preservando a tradição do passado.
Em 16 de julho de 2007, o Jornal Notisul, de Tubarão, publicou uma matéria
intitulada Meio Ambiente e a preocupação das empresas, na qual salienta que as
empresas estavam mudando de perfil e adotando novos sistemas para minimizar
88
50 anos
giada e rara visão do mercado da Áurea e traz na mente uma análise retrospectiva
do processo como um todo e de todos os seus avanços:
“Para permanecer no mercado competitivo, ao invés de utilizar a própria fruta,
hoje usamos a polpa, matéria prima de menor custo e igual garantia de qualidade.
O número de produtores de leite aumentou e novas tecnologias foram sugeridas a
eles pelos profissionais da empresa, para que a demanda fosse atendida. Da mesma forma, o soro, resíduo do leite que antes era rejeitado, hoje é utilizado na produção de outros produtos. Mesmo com todas as mudanças ocorridas neste processo,
um dos itens que permanece sem grandes modificações e sempre se manteve atual
é a nossa forma de tomada de decisão, sempre em conjunto com todos os sócios.
Nestas reuniões, discutimos os assuntos e sempre chegamos a um consenso. A nossa filosofia permanece a mesma desde os idos
tempos em que os jovens Nicodemos e Tobias
deram início à nossa saga: preferimos cobrar
qualidade e pagar por ela”, encerra, com a
certeza do dever cumprido, numa trajetória de
grandes barreiras, mas coroada de sucesso.
A ação seguinte consistiu em atender as necessidades do mercado, valorizando
ainda mais os produtos, quando foram reformuladas as embalagens da linha de doces de frutas. Além dos novos rótulos, as tampas coloridas facilitaram a identificação
do sabor do produto. As mudanças procuraram dar destaque à logomarca e valorizar
o sabor do doce, deixando-as mais bonitas e atraentes aos olhos do consumidor.
Em 18 de maio de 2010, foi realizada pela Áurea Alimentos, a 3ª Convenção de
Motoristas, evento que contou com dinâmicas, palestras e premiações para os motoristas, contendo como real objetivo, a revisão de normas e procedimentos da empresa, em virtude do relançamento da transportadora Trans-Áurea, que havia sido
fundada em 1989, posteriormente deixara de operar e nesta ocasião, percebendo a
demanda de mercado novamente aquecida e o momento oportuno, voltara a
ser ativada pela diretoria. Na ocasião, foram lançados a nova logomarca, layout
de frota e uniformes da transportadora.
O evento ainda contou com a divulgação das premiações daquele ano e foi
organizado pelo Gerente de Transportes,
Alex Schulz, através do departamento
de Gestão de Pessoas e Marketing.
2010 foi um ano marcado pelo evento
beneficente Lugar de Homem é na Cozinha,
ocorrido em 21 de outubro, no Clube Cruzeiro, sediado em Braço do Norte e organizado
pelo jornal Notisul. A Áurea esteve presente
com um estande, quando serviu a sobremesa
Mousse de Doce de Leite.
No início de 2009, um grande guerreiro resolveu abandonar a arena das
renhidas lutas enfrentadas ao longo de
62 anos de existência. Ademar Felipe
resolveu sair da linha de frente da Áurea, baseado no seguinte pensamento:
“já havia colocado na cabeça que iria
deixar a Áurea e, mesmo afastado, sei que há muito a crescer, que todos os colaboradores devem manter o profissionalismo e dedicação. Mas os meus filhos,
que comecei a levar para a empresa com nove ou dez anos, para que ajudassem,
obedecendo seus limites em todas as áreas da empresa, agora são a minha continuidade e a minha fonte de orgulho. Lembro que minha esposa chorava ao vê-los
desde cedo trabalhando. Eles começaram por baixo, foram estudando e crescendo
dentro da empresa. Vejo que a fruta nunca cai longe do pé e aquela atitude teve reflexo, pois hoje eles assumiram o compromisso, têm responsabilidade com a Áurea,
sinto que eles a têm no coração e isso é importante para que ela se mantenha no
mercado. Mas a minha hora de descansar e sair da linha de frente chegou! Trabalhei minha vida toda, desde os 3 anos de idade, primeiramente na roça com meus
pais e depois na Áurea, de sol a sol, incansavelmente, e hoje vejo que todo o meu
esforço valeu a pena. Olhar esta empresa e tudo o que ela significa não tem preço,
aquece o coração de qualquer um. Aposentei-me mas continuo por aqui e a Áurea
está sempre em meus pensamentos e no meu coração!”
Ademar Felipe esteve com a família, à frente da Áurea, durante 47 anos dedicados como colaborador, encarregado, diretor, pai, dentre tantos outros atributos.
Sua saída foi recebida com espanto por muitos, mas a decisão estava tomada. Para
alguém que viveu para levar a Áurea ao caminho do crescimento, também foi difícil.
Ademar ajudou a montar a empresa, na unidade alugada, preparou milhares de
tachadas de doces e, neste momento, passava o que havia semeado para os filhos,
sobrinhos, netos, bisnetos e todas as gerações seguintes.
Ainda assim, afastando-se do comando geral da empresa, ele tem uma privile-
O ano de 2011 começou alvissareiro e
produtivo para a Áurea Alimentos, com a realização da 1ª Convenção Nacional de Vendas.
Até aquela data, eram realizadas apenas Reuniões Regionais, de acordo com as
gerências regionais de vendas, que abrangem as regiões Sul, Centro-Oeste, Sudeste
e Norte-Nordeste.
A convenção ocorreu entre 26 e 28 de janeiro, nas instalações do Hotel Internacional Termas do Gravatal. Bem instalados num verdadeiro parque ecológico que
oferece espaço, beleza e conforto, os 70 representantes, muitos deles acompanhados de suas famílias, puderam vivenciar um verdadeiro clima de confraternização,
comprometimento e ,ao mesmo tempo, de muito trabalho.
O tema escolhido para o desenvolvimento dos trabalhos da convenção foi “Tropa de Elite”, com diversas caracterizações e apresentações teatrais, que procuraram
motivar e colocar a equipe de vendas no clima pretendido. A visão atual da Áurea
é de que o mercado, cada vez mais competitivo, exige dedicação, trabalho, esforço,
superação e comprometimento.
Todos os representantes receberam um Kit Sobrevivência, composto de camiseta tema da convenção, crachá e pasta e, a partir daquele momento, entraram
num verdadeiro clima de “Tropa de Elite”, construído com esmero e extrema dedicação pela equipe de marketing da Áurea, capitaneada pela jovem e competente
Jadna Nazário Bittencourt.
No evento também foram apresentados um breve histórico da empresa, as
estruturas das equipes interna e comercial, além de ressaltados os cinquenta anos
que em breve seriam comemorados. Palestras motivacionais também fizeram parte
da pauta, a exemplo do tema Vendas, Perfil do Representante Tropa de Elite, Foco
em Resultados e Comprometimento com Novos Projetos. Como já é tradicional, os
89
Áurea
Tenho como cliente o 25º maior cliente da Áurea: Edivaldo Batista Embalagens. Lutei
muito mas ganhei a confiança dos clientes graças à força da Áurea.”
diretores da empresa fizeram uso da palavra, e tanto Arley José Felipe, Diretor Geral
quanto Marcel Torres Felipe, Gerente Nacional de Vendas, destacaram as perspectivas de mercado, o cenário atual e o contrato de comprometimento. Também foi
apresentado um vídeo denominado “Tropa de Elite”, com posterior explanação de
como o assunto se encaixaria na rotina diária da empresa e seus representantes.
Dinâmicas igualmente fizeram parte da ação, assim como o lançamento do refresco
em pó Frutau e degustações, com entrega de material de marketing, além da revisão dos números alcançados em 2010 e das metas para 2011, tema abordado por
Marcel Felipe e Gerentes. As equipes de vendas tiveram a oportunidade de visitar as
instalações da empresa, focando a filosofia de trabalho, cenário das matérias-primas
e política comercial.
Em 21 de fevereiro de 2011, foi divulgado no Notisul, na coluna assinada por
Cesar Borges, Economia Regional, a seguinte matéria:
“Aumentar a produção e gerar mais empregos são itens trabalhados pelos empresários da região Sul. Gerar impostos, melhorar a manutenção das estradas, a
educação, saúde e segurança... Tudo passa pelo progresso de cada região. Diante
da necessidade de expandir o mix de produtos e aumentar seus negócios, a Áurea
Alimentos, de Braço do Norte, investiu em duas unidades fabris novas. A primeira
unidade, que já está praticamente pronta e em breve dará partida ao funcionamento, é a mistura em pó, que inicia sua produção com a fabricação do refresco em
pó. A nova estrutura tem capacidade para produzir diversas misturas em pó, como
achocolatados, gelatinas, pudins, mistura para bolos, entre outros. Já a segunda unidade é a de laticínios II, que iniciou a construção no começo deste ano. A intenção
é aumentar a produção dos produtos derivados do leite. Para esta nova unidade,
foram adquiridos equipamentos importados da Argentina, de alta tecnologia. Esta é
mais uma mostra da confiança de empresários que acreditam nos seus produtos e
também no crescimento econômico, com este conjunto de obras”.
A Cerimônia de Premiação, seguida de confraternização, contemplou as seguintes categorias: Promoção Tempere suas Vendas; Ranking Desbravador 2010 e
Ranking de Vendas 2010.
Os novos tempos e filosofias da empresa estão expressos também na contratação da primeira representante feminina no time de vendas. Reduto tradicionalmente masculino, o corpo de comercialização dos produtos Áurea conta agora
com a presença de Maria Edna Souza da Cunha, representante comercial da Áurea
Alimentos em Sergipe. Ela relata que passou a fazer parte da equipe em junho de
2009, quando a empresa estava em busca de um profissional na Bahia. “O representante escolhido era meu amigo e me recomendou para pegar o Sergipe, pois
o anterior fora demitido. Acertei com eles por telefone mesmo, que me pediram o
currículo e a relação de documentos. Eu me encontrei com Marcel na FIPAN para nos
conhecermos pessoalmente. Conversamos e acertamos tudo. Sofri muito preconceito, pois profissionais antigos queriam a representada e ficaram com raiva, pois eu fui
a escolhida. Mas os clientes já confiavam em mim, eu construí um relacionamento
sólido com eles e pude desenvolver um bom trabalho. No começo, eu chegava nos
clientes pisando em ovos pois o trabalho que até então era feito, era desencontrado.
Em 2011, a Áurea também participou em mais uma edição da Feira de Produtos, Serviços e Equipamentos para Supermercados – Exposuper, realizada na cidade
de Joinville/SC, que abriga a Convenção Catarinense de Supermercadistas, um dos
maiores eventos de geração de negócios do panorama nacional.
Organizada e promovida pela Associação Catarinense de Supermercados ACATS, a Feira tem como objetivos, a geração de oportunidades de novos negócios,
o acesso à informações atualizadas e em tempo real, às novas tecnologias e inovações, bem como a integração do setor.
A participação da Áurea nestes eventos sempre tem sido marcada pela elaboração de belíssimos espaços, nos quais a vibrante e rubra cor da marca está em
90
50 anos
destaque, em ambientes onde os administradores, colaboradores, demais participantes e público em geral são calorosamente recebidos e podem degustar as
delícias da marca.
Um ano antes da emblemática data do cinquentenário da empresa, o departamento de marketing, gerenciado por Jadna Nazario Bittencourt, começou um estimulante movimento para marcar, de maneira inesquecível, esta importante passagem.
Foi elaborado um Plano de Marketing completo, visando contemplar os colaboradores, familiares, fornecedores, representantes da empresa, clientes e consumidores, imprensa e comunidade.
Para elaboração do mesmo foi realizado um Laboratório de Ideias com os representantes da empresa, durante a Convenção de Vendas, além de coletas de sugestões dentro da própria empresa com colaboradores do Departamento Comercial e
Gestão de Pessoas, pesquisas em cases das empresas Bunge 100 anos, Salton 100
anos e Nestlé 90 anos, e análise da missão e visão da empresa.
Após a coleta de dados, foi realizada uma compilação e, a partir desta, foi
elaborada a análise do ambiente externo e interno.
Com a diversificação do projeto pretende-se atuar em várias frentes, gerando
divulgação espontânea, amenizar a concorrência, criar valor para marca, além de
valorizar todos envolvidos no processo da indústria, sem esquecer que sem estas
pessoas não seria possível chegar aos 50 anos.
O slogan de toda a campanha ficou assim definido: 50 anos – uma história de
amor, repleta de sabor!
No final do segundo semestre de 2011, os Departamentos de Marketing e
Gestão de Pessoas do Grupo Áurea Alimentos promoveram o lançamento do refresco em pó Frutau. O evento contou com degustação do novo produto e entrega de
brindes, quando todos os colaboradores tiveram a oportunidade de experimentar o
refresco e levar para casa os dez sabores disponíveis no mercado, além de um copo
personalizado. A ação faz parte do plano de marketing para o lançamento do novo
produto da Áurea Alimentos, o Frutau. Utilizando como slogan
Frutau: o melhor gostinho da fruta.
Foi deflagrada uma campanha nacional que a agência criciumense GT América
criou para divulgar o novo produto. A estratégia para lançá-lo partiu do nome e
logomarca e contempla toda a comunicação com mercadistas, representantes e
consumidores finais.
Além da linha Frutau, a empresa, fiel à sua característica de arrojo e inovação,
lançou também os seguintes produtos: Linhas Atomatados e temperos Áurea.
91
Capítulo 8
Áurea
Alimentos
hoje
Linha de Sobremesas, Beijinho
A Áurea
Alimentos
hoje
Passadas cinco décadas
desde sua criação, em 2012,
a Áurea está sediada em modernas instalações, ocupando uma área industrial
de 14.000 m², com um parque
fabril de 65.000 m², onde se
concentra toda sua produção. Conta com um quadro
de 300 colaboradores e 80
representantes, produzindo, em média, quase 2 mil
toneladas mensais, distribuídas por todo o território nacional.
O
Áurea
50 anos
de jogos, sala zen, sala de treinamento, restaurante e outros projetos e ações que
visam elevar a qualidade de vida da equipe, focando nos indivíduos e profissionais.
Da mesma forma, apoia e incentiva ações, realizadas pelos colaboradores, que
venham agregar valor, dinamizar e beneficiar a comunidade. Exemplo disso foi a
campanha Fazer o Bem Faz Bem, criada por Gisele Oliveira, através da qual os
funcionários da Áurea se mobilizaram para arrecadar alimentos e roupas que foram
distribuídos para trinta famílias da cidade, por ocasião do Natal. Gincanas realizadas
junto aos colaboradores, por ocasião de datas comemorativas, especialmente os
aniversários da Áurea, também contemplam tarefas de arrecadação de alimentos,
que são doados à entidades e famílias carentes da cidade.
Forte exemplo de solidariedade foi destacado em 2010 pelo Jornal Notisul, em
seu caderno Pelo Vale, sob o título: Solidariedade - Casa Lar recebe doações e divulga a campanha intitulada Chocolate com Pimenta, idealizada e realizada pela Áurea
Alimentos e seus colaboradores, através da qual foram arrecadados mais de 200kg,
doados à Casa Lar de Braço do Norte. O objetivo central consistia em motivar os 60
representantes espalhados pelo País, a aumentar suas vendas pela Páscoa, além
da arrecadação. Os que atingissem maior meta recebiam um cupom para participar
de sorteio, cujo prêmio era extensivo à família do representante e a uma entidade
filantrópica, que poderia ser escolhida pelo vencedor. O felizardo foi o Dadá, como é
conhecido Ercides Fernandes, representante da Áurea.
Comprometimento, energia, criatividade, habilidades interpessoais, espírito de
equipe, capacidade intelectual são algumas das características dos profissionais Áurea Alimentos. Disponível no site da empresa, o segmento Trabalhe com a Gente,
convida os interessados a fazer parte da equipe de profissionais da empresa, disponibilizando espaço para envio de currículos.
Para a Áurea Alimentos, a qualidade dos produtos está diretamente ligada à
satisfação dos clientes. São realizados constantes investimentos na implantação de
sistemas de qualidade para aperfeiçoar processos, melhorar a qualidade e garantir
a segurança dos produtos.
Através da implantação do Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos
de Controle (APPCC), unido às Boas Práticas de Fabricação (BPF), utiliza-se matéria-prima de boa qualidade e controla-se o processo produtivo, para garantir a entrega
de alimentos seguros aos nossos consumidores, pois consideramos que a segurança
dos alimentos é nossa primeira e principal responsabilidade, sendo que os colaboradores participam de constantes treinamentos.
Sinônimo de trabalho, competência e qualidade, a empresa tem por missão
industrializar e comercializar produtos que proporcionam mais sabor aos consumidores, através de tecnologias, dedicação e criatividade.
cupando uma área de 221,311 km² e sua população é de 29018
habitantes, de acordo com censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Representa o 42º município mais populoso de Santa Catarina e o
quarto de sua microrregião. A cidade é banhada pelo Rio Braço do Norte.
Braço do Norte é um município brasileiro do sul do Estado de Santa Catarina e
pertencente à mesorregião do Sul Catarinense e microrregião de Tubarão, cidade da
qual se desmembrou em 1955.
Até a década de 60 do século XX, a economia do município era
fundamentada na agropecuária. Hodiernamente, possui um parque industrial
diversificado, que produz bebidas, refrigerantes, produtos alimentícios, a exemplo
de doces, derivados de leite, suínos e aves, além de máquina para acabamento de
molduras, um referencial. O parque industrial moldureiro de Braço do Norte, o maior
da América do Sul no setor, abrange também os municípios vizinhos de Grão Pará,
Orleans e São Ludgero.
Braço do Norte orgulha-se principalmente de ser a sede da Áurea Alimentos,
uma empresa que soube escrever, com as tintas da competência e de árduas batalhas, uma história de inegáveis sucessos e invejável trajetória.
Acompanhando as tecnologias de mercado, a Áurea disponibiliza, através de
seu site: http://www.aureaalimentos.com.br/, informações sobre a história da empresa, produtos, notícias, contato através de endereço físico, telefones e e-mail,
promovendo interação com o público e empresariado. Tal perfil, já delineado na segunda metade do século XX, mantém a constante busca pela qualidade e excelência
nos produtos e negócios.
O site também oferece um link de receitas, com assinatura da newsletter da
empresa para recebimento de novas receitas pelo público interessado.
Os pratos, doces e salgados e as bebidas são desenvolvidos com os produtos
da linha Áurea, numa gama que envolve aperitivos, bebidas, doces e guloseimas,
lanches e pizzas, salgados e saladas, sobremesas, tortas e bolos. Receitas impressas
também fazem parte da divulgação dos produtos Áurea.
Da mesma forma, disponibiliza o e-book Receitas Especiais: Áurea. Trata-se de
um livro bem estruturado, com imagens e receitas simples, de fácil preparo, de alta
qualidade e que enche os olhos.
Em se falando de marketing, a Áurea mantém inserções com seus produtos em
diversas mídias, não dispensado as locais, como o jornal O Paroquial - Informativo
da Paróquia Nosso Senhor do Bonfim de Braço do Norte e o programa de rádio Entrevistão, em se considerando ser a empresa de família religiosa e participativa na
comunidade. Atua fortemente também nas mídias sociais
Dentre as centenas de imagens do acervo da empresa, destacam-se em maior
número as de datas especiais e comemorativas, como o Dia do Trabalho, Dia Internacional da Mulher, Festa Junina, Natal, Páscoa, aniversários da empresa e gincanas
culturais. Em sintonia com o que relatam os entrevistados, as fotografias registram
e confirmam que toda sorte de momentos de lazer e descontração que venham
agregar valor e qualidade de vida, são motivo para que a Áurea promova festividades junto aos colaboradores e amigos, confirmando seu perfil junto à sociedade
em que atua.
Muito se fala na formação de líderes, nos pré-requisitos necessários e na exímia
formação requestada. Mas os irmãos Nicodemos e Tobias Felippe, seus filhos Arley
e Ademar e todos os membros que compõem a terceira geração desta honrosa
família mostraram, a bordo de uma bem sucedida iniciativa, que para além das
fórmulas prontas, existe o componente do espírito de luta que nasce nos corações
dos verdadeiros homens!
A Diretoria da Áurea Indústria e Comércio Ltda é composta pelos familiares e
sócios:
Diretor Geral: Arley José Felipe
Diretor Financeiro: Lauro Rita Silva
Diretor Industrial: Marcio Roberto Torres Felipe
Diretor Comercial: Marcel Torres Felipe
Gestão de Pessoas: Adria Esmeraldino Felipe Weber
Acreditando que a participação e o envolvimento das pessoas são a base para
o sucesso do negócio, a Áurea Alimentos envolve em sua política de gestão de
pessoas vários processos que visam a adequação, satisfação, desenvolvimento e
envolvimento de seus colaboradores. Dispõe de um complexo com médico, sala
96
97
50 anos
Áurea
A Partida de
um Herói
O sonho se iniciou com muito planejamento, reuniões,
estudos e trabalhos diversos: publicar um livro contando a
saga da família Felipe e da valorosa empresa que construíram parecia um desafio enorme no início, mas acabou por
se transformar numa tarefa tão saborosa quanto os doces
produzidos pelos tachos da Áurea Alimentos!
O trabalho foi desenvolvido em grupo, ao longo de um
ano e meio de trabalho e dedicação, com uma grande equipe envolvida. Entrevistas, pesquisas, reuniões, sessões de
fotos... enfim, uma verdadeira caça ao tesouro que é esta
maravilhosa história.
Ver o livro pronto, folhear suas páginas, percorrer o fio
da história era um dos grandes sonhos de Tobias Felipe,
acalentado há muitos anos e que finalmente se tornava
realidade. Eis que, na conclusão do trabalho e no limiar
da festividade dos 50 anos, o valoroso guerreiro resolveu
abandonar a casa terrestre e ir fazer companhia aos anjos!
Com absoluta certeza, deve estar a mexer nos tachos
de São Pedro, cozinhando ambrosia para alimentar os seres celestes e alados, fazendo a diferença lá como sempre
fez aqui.
Tobias Felipe adentrou o novo século com a tranquilidade de quem cumpriu sua missão na vida. Foi um homem
que soube aliar vontade férrea, disciplina no trabalho e
persistência nas horas difíceis.
No dia 27 de janeiro de 2012 partiu com a mesma elegância e discrição com que sempre viveu, aos 90 anos de
vida e realização. Deixará muitas saudades, é claro, mas
principalmente um exemplo a ser seguido e vivido, não só
pelas gerações que o seguiram, mas por toda a comunidade que vivenciou a acompanhou seu majestosa trajetória!
Muito obrigado pela sua vida, Tobias Felipe!!
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99
Capítulo 9
Evolução
da marca
Áurea
Linha de sobremesas, cajuzinho.
1974
1962
1993
1992
2002
1997
2007
1977
1988
1990
1999
2000
2010
2012
Capítulo 10
A
carta do
futuro
Linha de Sobremesas, Brigadeiro
A carta
do futuro
Mas, acima de tudo,
a diretoria da Áurea
acredita que no
futuro somente
haverá espaço para
empresas eticamente
comprometidas
com a comunidade,
preocupadas com
os valores humanos
e a preservação do
planeta.
Áurea
F
alando sobre o faturamento da empresa, Arley José Felipe, diretor
geral, destaca que o planejamento da diretoria prospectou uma meta de 2008
para 2009 num crescimento real de 5% e a empresa atingiu 8%. Em 2010, a meta
tornou-se mais arrojada, para um crescimento de 15% e a empresa novamente
a superou, chegando aos 21%. O ano de 2011 marcou o atingimento de 15% de
crescimento real, mostrando que as ações planejadas têm se mostrado acertadas e
adequadas às exigências do mercado.
Porém, mesmo sabendo que uma empresa se constrói a partir de sua capacidade de produção e vendas, o mais importante, para a diretoria da Áurea, é a
preservação de valores de olho no futuro.
“Somos uma empresa que conseguiu completar 50 anos num país onde o
processo de industrialização, como um todo, não passa de 200 anos”, destaca ele,
acrescentando que, neste cenário, a hora é de comemorar a conquista realizada.
“Porém, não se pode parar no tempo, sentar sobre conquistas realizadas e
acreditar que a segurança chegou. O mercado é nervoso, instável, arredio e em
constante mutação e qualquer empresário brasileiro que não estiver de olho
nestes movimentos corre o sério risco de ficar para trás da concorrência, ou mesmo desagradar os consumidores.”
“Caminhamos para novos tempos, nos quais produzir um bom produto,
adequado ao seu mercado, com preço justo e concorrência leal não é nada mais
do que obrigação das empresas. Vão realmente se destacar aquelas que demonstrarem claramente, através da sua filosofia e das ações emanadas a partir deste
pensamento corporativo, que estão efetivamente comprometidas com a manutenção da vida, da dignidade e da evolução harmônica do planeta.”
A família Felipe tem demonstrado, ao longo destas cinco décadas à frente
da Áurea Alimentos, que sabe progredir mantendo o foco na tradição que emana do passado, sem deixar de manter a visão nas tendências de futuro.
“Educação, trabalho, disciplina, honestidade, ética, preocupação com a
comunidade, respeito aos mais experientes e vividos são valores que jamais
deixarão de fazer parte de uma história de sucesso, tanto nos dias atuais quanto
na carta do futuro do nosso planeta!” encerra Arley Felipe, expressando o pensamento de toda a diretoria da Áurea Alimentos.
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Capítulo 11
Depoimentos
Doces de Frutas
50 anos
Áurea
Tobias Felipe, fundador da empresa (in memoriam)
Arley Felipe, Diretor Geral da empresa
“Temos muito orgulho de olhar para a empresa e ver tudo o que fizemos. Nos sentimos realizados. Nossos filhos são trabalhadores, ninguém se poupa do trabalho
e, assim sendo, todos venceram na vida.”
“A Áurea faz parte da minha vida desde os nove anos de idade. Perdi a conta
dos tachos de doce que preparei, das frutas que descasquei, dos quilômetros
que percorri em busca de colocação dos produtos no mercado e da abertura de
novas frentes de venda.
Paralelamente a isto, sempre obtive o incentivo dos meus pais para estudar, me
capacitar e adquirir conhecimentos. Isto me levou ao que sou hoje, o diretor geral
da empresa, acumulando tanto responsabilidades quanto a satisfação de ver que
o sonho do meu pai e do meu saudoso tio se tornou uma bela e pujante realidade.”
P
Tereza Felipe, esposa de Tobias
P
“Somos uma família de vencedores. Sempre levamos uma vida calma, nunca fomos dados a aventuras, sempre fomos prudentes e demos os passos conforme
as pernas. Posso dizer que a melhor coisa que herdei dos meus pais foi a religião,
o costume de rezar e ir à missa. Tobias também cultivava profunda religiosidade,
tanto que muitas vezes foi o capelão nas capelas da zona rural, pois não tinha
muita gente para auxiliar. Certa vez, nossa prima Regina pediu para rezar para vir
chuva pois estava muito seco. Tobias rezou e choveu por uma semana sem parar.
Aí nossa prima disse que sempre que houvesse alguma necessidade, iria procurá-lo, já que sua fé estava comprovada.”
Lauro Rita da Silva, Diretor Financeiro da empresa
“Como pessoas vindas do interior, pouco instruídas escolarmente, poderiam
ter uma visão empreendedora tão ampla e perceber, na época, que das sobras
de frutas poderiam gerar uma renda adicional e que isso se transformaria em
um grande negócio no futuro, hoje consolidado? Esta é a história da Áurea
Alimentos, que se profissionalizou, mudando de mãos dentro da família através
das gerações, conquistou seu espaço, primeiro dentro da região, se solidificou
como grande marca do segmento alimentício no Estado e leva o nome do
município a todos os cantos do País, sendo considerada ainda, uma das
melhores na fabricação de produtos para panificação.”
P
Áurea Maria Felipe, filha de Nicodemos Felipe
P
Ademar Felipe, filho primogênito de Tobias Felipe
“Cada geração é criada em um estilo. Na minha época, a força vinha dos braços,
da vontade, sem muito estudo, diferente das gerações seguintes. Todo o
serviço era programado, mas às vezes tinha imprevistos e éramos chamados de
madrugada para solucionar, porem não ganhávamos nada a mais por isto, as
horas extras eram embutidas no salário. Hoje nossos filhos buscam instrução,
trabalhar mais com a cabeça do que com o corpo, estão mais preparados e isto
fez a empresa crescer tanto quanto o nosso esforço daqueles primeiros tempos.
Cada geração dá a sua contribuição.”
P
112
P
Laís Felipe da Silva,
atua no planejamento comercial da Áurea Alimentos e filha
de Amélia Felipe
“Eu sou a mais nova da terceira geração da família a atuar na empresa, mas as
lembranças da Áurea Alimentos estão em minha mente praticamente desde que
existo; posso dizer que cresci aqui dentro juntamente com minha mãe Amélia e
meu pai Lauro, bem como meus tios e primos. A Áurea Alimentos é a segunda
casa de toda a nossa família, nos reuníamos aqui aos finais de semana e, enquanto nossos pais trabalhavam, nós nos divertíamos por entre doces, caixas e potes.
Durante algum tempo quis seguir outro caminho, fiz cursos na área de design
e até atuei profissionalmente nesta área, mas aos poucos a energia da empresa
começou a fazer falta, acabei aproveitando uma vaga que surgiu e vim trabalhar
aqui. Hoje não penso em sair, quero consolidar a minha carreira aqui na Áurea
Alimentos. Acho que meus filhos estarão dando um depoimento como este para
o livro dos 100 anos da empresa.”
P
“Fazer parte da família ÁUREA ALIMENTOS para mim é um orgulho.
Ter a oportunidade de acompanhar desde o início da fundação os desafios enfrentados e superados foi gratificante.
Fato extraordinário e fundamental foi verificar que mesmo se tratando de empresa familiar, sempre foi buscado a profissionalização dos envolvidos na administração ,por isso o sucesso da Áurea Alimentos.”
“Quando eu assumi a Gerência Nacional de Vendas, tivemos que mudar muito a
estrutura comercial da Áurea. Tínhamos 20 representantes e hoje temos quase
90. Foi difícil para os representantes que eram tradicionais na casa, foi uma
mudança de cultura e isto sempre é muito difícil, tem um alto custo pessoal.
Tivemos que contratar uma assessoria para reforçar a ideia da mudança. Tive
“A Áurea Alimentos é para mim o passado, o presente e o futuro. No passado, meus
avós e pais criaram a empresa e puderam nos sustentar e educar graças a ela; no
presente, ela representa o sustento de toda a nossa família e também meu e do
meu marido Emmanuel, que trabalha aqui; e quanto ao futuro vejo o crescimento
e evolução constante da Áurea Alimentos como uma perspectiva de sucesso e maturidade. Tenho muito orgulho de fazer parte desta empresa e desta família pois,
afinal de contas, uma história de 50 anos não se faz de um dia para o outro. Ver a
atuação do meu pai (Arley José Felipe) à frente da empresa me enche de orgulho,
pois é uma pessoa de pensamento inovador, vontade para realizar e consolidar
nosso capital, deixando uma herança sólida para o nosso futuro.
“A Áurea faz parte da minha vida ....Quando começamos a falar sobre o
aniversário da Áurea, o meu pai Arley, meu Avô Tobias e meu tio Ademar
sugeriram escrever um livro sobre a história da Áurea. Pois o dia da festa vai
passar, mas um livro, este é para sempre ... Achei a ideia muito legal e resolvi
assumir, em conjunto com a Jadna ( gerente de Marketing ), a coordenação deste
projeto, pois minha vida está diretamente ligada à Áurea.
Trabalho na Áurea há uns 18 anos, sempre na área que gosto de paixão, as pessoas ... Minha mãe trabalhava aqui e eu assumi o cargo dela. Fico muito satisfeita
quando um colaborador fala que adora trabalhar aqui, pois aqui é uma família ...a
família Áurea! Tenho muito orgulho em fazer parte desta família!”
“Quando meu tio Nicodemos faleceu, eu tive um pânico, achando que a nossa
pequena empresa iria com ele para o túmulo. Mas foi aí que pude avaliar a
verdadeira capacidade de visão do meu pai, que teve a humildade de colocar
seus filhos, mais preparados intelectualmente, à frente da administração da
empresa, permanecendo ele como uma liderança espiritual verdadeira ao nosso
lado. Ele sempre soube demonstrar que a força do trabalho ainda era o maior
capital que um homem pode desenvolver na vida, para atingir seus objetivos.
Nesta ocasião, nossa vontade de encarar o desafio falou mais alto e, em pouco
tempo, cada um buscou se adaptar a um setor da empresa e levar a próspera
indústria adiante.”
Atua na Engenharia de Alimentos da
Áurea Alimentos e filha de Arley Felipe
Áurea Alimentos e filha de Arley Felipe
Abel Felipe,
Marcel Torres Felipe, filho de Ademar Felipe
Aline Esmeraldino Felipe Lorenzoni,
Adria Esmeraldino Felipe Weber, Responsável pela Gestão de Pessoas da
Aluisio Felipe, filho de Tobias Felipe
P
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“Durante muito tempo fui filha única, e a menina dos olhos do meu pai Nicodemos.
Ele foi um tipo inesquecível, empreendedor, honesto e comprometido com a comunidade. Tudo o que ele fazia era com amor e perfeição, fosse uma tachada de doce
de leite, fosse uma grande negociação bancária, f osse uma monumental venda
de produtos. Este amor pelo trabalho e pelo capricho está até hoje impresso nos
bancos da nossa igreja, feitos por ele com todo carinho quando ainda era um jovem
aprendiz de marcenaria, trabalhando com meu avô.”
ela está presente em muitos lares do Brasil.”
que tirar os representantes da zona de conforto, mas a estratégia funcionou,
alavancou vendas e deu grande impulso para a Áurea. Nosso grande trunfo hoje
é a nossa equipe de vendas. Estamos nos movendo no sentido de reestruturá-la
até 2012, para que os representantes possam sobreviver só com os produtos
Áurea. O mais importante é que, quando eu assumi, a diretoria me deu carta
branca para que eu fizesse do jeito que eu achasse certo. Este voto de confiança
fez toda a diferença. Foi um período de incerteza, difícil para todos nós, mas a
percepção de que a mudança era necessária ficou clara para nós.”
Representante Comercial da Áurea Alimentos e filho de Tobias Felipe
P
P
Adriéli Esmeraldino Felipe Bitencourt,
Airton Felipe,
Coordenadora
Financeira Bocardo Ind. E Com. de Alimentos Ltda. e filha de Arley Felipe
Gerente de Expedição e filho de Tobias Felipe
“Toda a minha vida profissional se passou e acontece aqui na Áurea Alimentos,
embora quando houve a partilha de bens, feita pelo meu pai, eu não tenha me
transformado em sócio. Mas eu simplesmente adoro trabalhar aqui e, embora
pudesse estar me ocupando com outras atividades, é aqui que eu me realizo
profissionalmente. Nem passa pela minha cabeça possuir outras ocupações
profissionais, é aqui na Áurea Alimentos que eu vou me aposentar.”
“A Áurea está em minha vida desde sempre... Desde muito pequeninha, gostava
de vir para a empresa para ficar junto de minha mãe que trabalhava aqui e andar
pela produção vendo como eram feitas as balas.
Desde o ano 2000, eu trabalho na Áurea. Já passei por alguns setores para aprender os trabalhos mais distintos e, às vezes, pouco entendia por que estava ali, mas
hoje vejo que tudo foi importante para minha formação.
Sinto-me muito feliz em fazer parte desta família Áurea e orgulhosa em saber que
113
50 anos
Áurea
Marcio Roberto Torres Felipe,
de Ademar Felipe
Gerente Industrial da Áurea Alimentos e filho
José Lino Meurer,
“Mesmo sendo um homem extremamente rigoroso, Nicodemos foi um homem
inesquecível e a notícia mais triste que eu poderia ter recebido foi justamente a
do falecimento deste que era considerado o patriarca e com quem eu dividia uma
grande amizade.
Jamais vou esquecer que, no mesmo dia em que morreu, eu havia conversado
com ele sobre um empréstimo para adquirir a minha casa. Eu possuía 30 mil e
precisava de mais quinze. Ele confirmou que daria, mas neste mesmo dia faleceu. Mas a palavra de um homem valia muito e, mesmo com o falecimento, o
valor chegou às minhas mãos através da esposa dele. Ela me disse que ele havia
prometido me deixar o valor e cumpriu, ela honrou a palavra dele. Para mim, isto
é a verdadeira honra que faz, de simples pessoas, heróis dignos de serem para
sempre lembrados.”
“Já passei por várias áreas dentro da empresa até atingir a posição que ocupo
atualmente. A Áurea Alimentos é praticamente a minha vida, herdei do meu pai
Ademar esta preocupação e amor pela empresa, vivencio e sinto na carne qualquer problema enfrentado por ela e, se preciso, não durmo e não tenho horário
para atender as suas necessidades. Quando eu era pequeno, vinha com ele para
a empresa, pois aprendi e herdei dele esta dedicação ao trabalho aqui na Áurea
e hoje, como em tudo que faço, sigo seu exemplo e trago minha filhinha Isabela
para cá. Embora ela seja ainda um bebê, quero que esta energia especial que circula aqui na Áurea Alimentos entre no seu sangue, assim como entrou no meu!”
P
Guilherme Felipe Luciano,
P
Auxiliar de PCP e neto
de Ademar Felipe
Valdonir Torres,
“Eu sou o primeiro representante da quarta geração da família na Áurea Alimentos, sou neto de Ademar Felipe e é extremamente gratificante dar continuidade
à tradição desta família e continuar a ser um baluarte de trabalho, dedicação e
amor pela Áurea. Quando eu nasci, a minha mãe trabalhava aqui, logo pode-se
dizer que eu vinha para cá todos os dias, durante a gestação dela. Parece que
esta energia da Áurea Alimentos entrou no meu sangue, porque nunca pensei em
fazer outra coisa a não ser crescer e vir trabalhar aqui. Atualmente, a Áurea não é
mais apenas uma empresa familiar, adquiriu características de empresa de grande
porte. Hoje estamos consolidando uma marca forte no mercado e procuramos
com afinco sermos os melhores. Eu estou me preparando para atender as novas
exigências que o crescimento da empresa vai trazer e queremos uma Áurea cada
vez mais forte e poderosa, reconhecida em todo o mercado nacional.”
funcionário da Áurea durante 15 anos
“Em 1994, saí já aposentado da empresa, depois de 15 anos de trabalho, mas tudo
que eu conquistei na vida, e foram muitas coisas durante este tempo, é fruto do
meu esforço na empresa, somado ao estilo dos diretores, que prestigiam e ajudam seus colaboradores. Hoje a Áurea é uma potência, investe em novas tecnologias, ganhou seu espaço no mercado. Cada vez que eu passo na frente dela, sinto
um estremecimento de orgulho pelo que ela representa.”
P
Agenor de Aguiar,
P
Natalino Della Giustina,
primeiro funcionário da Áurea Alimentos (in memoriam)
um dos primeiros vendedores da empresa
“Os principais pontos fortes da empresa, os quais merecem destaque, são a honestidade e o respeito com os colaboradores que, fora da empresa, também
permanecem na convivência social, sendo sempre reconhecidos e considerados
amigos. Isso permanece enraizado na empresa desde sua fundação, pois o falecido Nicodemos já usava o termo “colaboradores” para se referir aos funcionários
muito antes desta expressão se tornar corriqueira no mundo empresarial. Ele
sempre nos dizia que deveríamos nos dedicar, pois a empresa indo bem, todos
os funcionários iriam bem. Sinto muita gratidão por ter participado efetivamente
do desenvolvimento da empresa e também a satisfação de ver sua continuidade.
Muitas famílias ainda sobrevivem pelo trabalho oferecido pela Áurea.”
Contador da Áurea Alimentos
“Trabalho há 26 anos da Áurea, foi meu primeiro e único emprego até os dias
atuais. Foi trabalhando aqui que eu terminei a minha formação, portanto esta empresa é uma extensão da minha vida e da minha casa. Se ela dá lucro eu vibro e se
der prejuízo eu choro, como se fossem as conquistas e ritos de passagem da vida
de um filho meu, porque é isto que a Áurea Alimentos representa para mim. Sair
daqui é algo que nem passa pela minha cabeça. Além da admiração que tenho
pela empresa em si e pelo que ela representa, tenho imenso apreço e admiração
pela família Felipe, que, a meu ver, são empreendedores da melhor qualidade e
pessoas verdadeiramente admiráveis. É totalmente mérito deles a Áurea Alimentos ter se transformado no sucesso em que tornou.”
P
Aroldo dos Santos Ferreira,
P
representante da empresa
“Meu pai foi o 1º guarda da empresa, veio cuidar da construção e ficou até se
aposentar com 65 anos e trabalhou até 70 anos, seu nome era Francisco Manoel
Ferreira. Minha família é composta de 7 irmãos, e destes só duas irmãs que não
114
trabalharam na Áurea, todos os outros sim. Meu primeiro serviço foi descascar
bananas, depois aprendi a colocar a polpa com açúcar no tacho e passei a ajudante de doceiro. Depois consegui me tornar doceiro. Quando mudamos para a
fábrica nova, resolvi investir na minha verdadeira paixão, que sempre foi dirigir
caminhão. Comecei a dirigir caminhão, fazendo entrega e coletando fruta no interior: ameixa, laranja, banana e batata doce. Desde então não parei mais, estou até
hoje na Áurea e tenho muito orgulho de fazer parte deste time. Eu sempre digo
que eu também sou um dos As da família Felipe”. (fazendo alusão ao fato de que
o nome de todos os filhos de Tobias e Tereza começam com A).”
pelas fortes características de regionalização com as quais trabalha. Nossa relação
é excelente, pois o nível de profissionalismo que a Áurea Alimentos oferece é um
dos maiores destaques da empresa. Podemos afirmar que temos um casamento
saudável e equilibrado com a Áurea , o que explica o sucesso da nossa parceria.”
P
“Todo caminho é marcado pelas pegadas que deixamos escritas no chão. Com o
nosso não poderia ser diferente. Os nossos sonhos têm sempre uma marca que
não poderemos apagar jamais. Simplesmente porque são nossas e, principalmente, porque nos fizeram ser quem somos; fizeram-nos chegar aonde chegamos.
Levando seus sonhos de porta em porta para o deleite de cada um de seus clientes, Seu Salatiel da Silva e Dona Terezinha Amancio (sua esposa), os idealizadores
do Tieli Supermercado construíram juntos, uma rede que tem como um de seus
principais objetivos, transformar o dia-a-dia de cada um de seus clientes um doce
momento de alegria.
Mas quem acha que as pegadas legadas no chão são sinonímias de caminhadas
solitárias está enganado. Ao longo destes anos não faltaram parceiros que acreditaram nos sonhos e que fizeram parte desta história. Hoje, estamos aqui para
homenagear, talvez o maior deles, a Áurea Alimentos. Um grande exemplo de
como se deve acreditar nos sonhos, em todos eles, nos seus e, principalmente,
nos sonhos alheios. Enquanto Seu Salatiel e Dona Terezinha, e posteriormente o
Tieli Supermercados, produziam seus sonhos repletos de anseios, a Doces Áurea,
hoje Áurea Alimentos, se encarregava de recheá-los, se encarregava de atribuir
aos nossos sonhos, a possibilidade se tornar uma realidade na casa de cada braçonortense.
Hoje o Tieli cresceu. Com pesar, Seu Salatiel não está mais entre nós. Mas os sonhos, uma rede enorme de supermercados e, sobretudo, as pegadas escritas no
chão estão aí. Para não nos deixar nunca, esquecermos de onde viemos, por quais
caminhos andamos e a quem nós devemos prestar sempre as nossas homenagens. Como a Áurea Alimentos, por exemplo. Que sempre esteve conosco e poderá, sempre, contar com as nossas gôndolas, nossas prateleiras, mas principalmente, com o nosso apoio.
O que era sonho virou uma doce realidade e, com o passar dos tempos, a relação
entre o Tieli e a Áurea só tem se tornado cada vez mais firme. São laços entre a
amizade de Seu Salatiel e Dona Terezinha com Seu Tobias que se estenderam aos
negócios e tem proporcionado muitos resultados para a região e, sobretudo, para
todas as famílias residentes em nossa área de abrangência.
A Áurea Alimentos é uma das grandes e principais fornecedoras do mix do Tieli e,
por isso mesmo, uma das mais importantes para a cadeia de negócios. Por isso,
para nós, só nos resta desejar mais 50 anos, e mais 50 anos e mais 50 anos. Porque
só quem leva a vida com muito gosto, pode chegar até suas bodas de ouro transformando vidas.
A Áurea está de parabéns não só pelo fato de estar completando mais um aniversário, mas por ter se tornado uma referência para a região; por ter nos ensinado
que, mesmo em um mercado extremamente competitivo, não se chega a lugar
nenhum sem ética; e, acima de tudo, por ter nos legado uma grande lição - talvez
a maior de todas: a de que sonhar é preciso, mas trabalhar duro para realizar este
sonho, mais ainda. Parabéns a Áurea Alimentos por seus 50 anos!”
João Colaço,
P
Jeovagner da Silva,
mais antigo representante ainda na ativa
“Em 1978, quando eu comecei a viajar e vender os produtos Áurea, as estradas
eram horríveis, tinha que andar com corrente no carro. Chamavam a gente de
vendedor viajante naquela época e o vendedor, para ser bem sucedido, não precisava ter técnicas nem conhecimentos, precisava ser um bom contador de piadas.
Naquela época, a empresa nem tinha catálogo, tínhamos que viajar com amostras
do produto. No começo eu tinha uma malinha e colocava os potes de doce para
visitar os clientes. Éramos aproximadamente 8 vendedores, mas só atendíamos
Santa Catarina e Oeste do Paraná. Os doces de fruta e leite sempre tiveram muita
aceitação, pois são produtos carismáticos, que têm excelente imagem.”
P
Zefiro Giassi,
Diretor-Presidente do Giassi Supermercados (Içara/SC)
“Nossa empresa é cliente da Aurea Alimentos desde que iniciamos a revenda de
produtos alimentícios, pois em seu início o Giassi trabalhava com tecidos e ferragens. A parceria com a Áurea sempre foi da melhor qualidade, assim como seus
produtos. Estamos juntos praticamente há 50 anos, desde o início de nossas empresas, e esta parceria pode ser comparada a um casamento bem sucedido, pois
nunca tivemos problemas, rusgas, desentendimentos ou separações de qualquer
ordem. Sentimos orgulho de possuir, aqui em nossa região – o sul do Estado de
Santa Catarina – uma empresa de tanto sucesso e seriedade quanto a Áurea Alimentos.”
P
Alexandre Czermak,
Gerente de negócios do Supermercado Angeloni
(Criciúma/SC)
“A relação comercial que existe entre a Áurea Alimentos e o Angeloni vêm de muitos anos. Neste ano de 2012, enquanto a Áurea Alimentos comemora 50 anos, nós
já estamos a caminho dos 54 anos. Só pela longevidade das duas empresas já se
vê a seriedade com que gerem seus negócios e a solidez nos relacionamentos. O
trabalho que a Áurea Alimentos desenvolve na sua categoria é dos mais importantes e podemos afirmar que ela é uma marca líder aqui no sul de Santa Catarina,
115
Diretor Tieli Supermercados (Braço do Norte/SC)
50 anos
Áurea
P
Claudio Luiz Silva,
Walmir Luiz Grassi,
Edvaldo Batista,
A. V. Distribuidora de Alimentos (Caxias do Sul)
Atacado Henrique Engel (Pelotas/RS)
“Nestes 20 anos em que somos clientes da Áurea Alimentos só tivemos sucesso
e satisfação. A empresa tem um atendimento 100% eficiente em tudo, dá gosto
trabalhar com estes produtos!”
“Dá orgulho de ser parceiro de uma empresa como a Áurea Alimentos, o que já
acontece há mais de 30 anos entre nós. A primazia pelos valores humanos faz
dela uma empresa diferente, especial e com a qual é excelente fazer negócios e
também amizades.”
P
P
Sergio Schallemderger,
José Roberto Goff Estevef,
Comercial de Produtos Alimentícios Celrau (Ivoti/RS)
Coferpan (Londrina/PR)
“Somos clientes da Áurea Alimentos há 30 anos e em todo este período nunca
tivemos um único motivo para queixas. Só isto já é uma vitória incomparável, que
merece ser comemorada. Parabéns, Áurea Alimentos.”
“Estamos crescendo junto com a Áurea há mais de 20 anos. Dá gosto uma parceria
na qual a própria diretoria da empresa se preocupa em nos conhecer, atender nossas necessidades e tornar-se amiga do cliente, como é o caso da Áurea Alimentos.”
P
P
Valdemar Antônio Cunha,
Reni Sartori,
Atacado União (São José/SC)
“Nossa empresa é a segunda fornecedora de produtos para panificação no Estado
de Santa Catarina, e esta posição foi alcançada também com o auxílio da Áurea
Alimentos, nossa parceira de muitos anos. Em 2003, inauguramos um Centro Técnico de Panificação e, mais uma vez, a parceria da Áurea foi fundamental para o
sucesso da iniciativa. Um fornecedor assim é mais do que parceiro, é um verdadeiro amigo!”
Arthur Callegari Heinzen,
Reni Sartori Comércio de Alimentos (Carlos Barbosa/RS)
“Há mais de 20 anos fazemos negócios com a Áurea Alimentos e jamais houve
motivo para alguma insatisfação. A empresa prima pela seriedade, pontualidade
e qualidade em tudo o que faz.”
P
P
Milvo Antônio Bevilaqua,
P
P
Clóvis José da Silva,
“Estamos comemorando 25 anos, a metade do tempo de existência da Áurea Alimentos, e neste período só o que podemos dizer é a que a Áurea é tudo de bom,
e dá orgulho expor e vender seus produtos!”
“Qualidade, excelente preço, boa aceitação, atendimento impecável e entrega
pontual. Todas estas qualidades ajudaram a construir uma relação impecável de
negócios e amizade entre as nossas empresas. A Áurea Alimentos é um exemplo
para todo o Brasil!”
P
P
116
Fermisul Fermentos e Produtos para
“Só temos palavras elogiosas para falar da Áurea Alimentos. É uma empresa que
prima pela seriedade, qualidade, pontualidade e total aceitação dos seus produtos nos pontos de venda. Vale a pena ser parceiro da Áurea!”
P
Davi Treichel,
Macro Atacado Treichel (Pelotas/RS)
“A Áurea Alimentos é nossa parceira há muitos anos, somos clientes da empresa
desde 1990, começo das atividades do Treichel no setor atacadista.
É muito importante ter a Áurea Alimentos como fornecedor; além da qualidade
dos produtos, a empresa sempre cumpriu com prazos de negociação e entrega. A
nossa relação é excelente, desde o representante que faz parte do nosso dia a dia,
até o caminhoneiro que faz a entrega dos produtos.
Parabéns pelos 50 Anos da Áurea Alimentos ! É com muito orgulho que a família
Treichel faz parte desta história. Com certeza, foram 50 anos de muita luta, trabalho e dedicação.”
P
Leonel Vitorino Louro,
Comercial Louro de Frios e Salgados Ltda. (São Paulo/
SP)
“Mantemos uma relação com a Áurea Alimentos há 30 anos que, de estritamente
comercial, passou a ser de amizade e respeito mútuo. Parabenizamos a Áurea pelos seus 50 anos e desejamos pelo menos mais 50 de sucesso e qualidade!”
P
Distribuidora Leafar (Londrina/PR)
Supermercado Manentti (Criciúma/SC)
ter feito parte deste time e, mesmo aposentado, ainda me sinto como parte da Áurea.”
Panificação (Curitiba/PR)
Distribuidora de Alimentos Beliva (Santa Maria/
“Parabenizo a Áurea Alimentos por esta brilhante iniciativa de escrever um livro
de sua história. Este é um exemplo que todas as empresas deveriam seguir, pois é
de suma importância conhecermos histórias como esta, de empreendedorismo e
sucesso. Desta forma podemos aprender, pela via dos exemplos, como se tornar
um vencedor como a Áurea Alimentos.”
“Os produtos da Áurea Alimentos fazem parte de nosso portfólio desde a nossa
fundação e são um de nossos carros-chefe, pela sua qualidade e alto nível de aceitação. Assim como a Áurea, nossa empresa também é familiar e por isto temos
muita afinidade e admiração por eles!”
Volnei Manentti,
P
Pedro Raimundo Gobbo Esteves,
Luiz Carlos Silva,
Funcionário da Áurea durante 35 anos
“Sou um eterno apaixonado pela Áurea Alimentos, pois tudo o que eu conquistei na
vida, e foram muitas coisas durante este tempo, é fruto do meu esforço na empresa,
que sempre foi valorizado e reconhecido pela diretoria da empresa. Desconheço outra
empresa que valorize tanto seus colaboradores, ao mesmo tempo sempre atenta a tudo
o que acontece no mercado, e em constante modernização. Tenho muito orgulho de
“A Áurea Alimentos é a nossa melhor fornecedora, só temos elogios a fazer a esta
empresa e parabenizá-la por 50 anos de tanto sucesso e qualidade!”
RS)
Produpan (Tubarão/SC)
Francisco Bonin,
Edvaldo Batista dos Santos Embalagens (Aracajú/SE)
Rocha Pan Indústria e Comércio Ltda. (São Paulo/SP)
“Em primeiro lugar, parabenizo a Áurea alimentos pelos seus cinquenta anos de
existência. Acredito que com trabalho, empenho e, acima de tudo, com honestidade, podemos chegar longe. Muito nos alegra fazer parte da carteira de clientes
da Áurea Alimentos por mais de vinte anos, pois é uma empresa que prima por
produtos com qualidade e transparência. Estou na empresa por muitos anos e
pude ver o crescimento da Áurea e Rocha Pan juntas, acreditando que sempre é
possível.”
117
50 anos
Áurea
Referências Bibliográficas
SOBRE A EDITORA:
A Hermann Baumgarten Editora é especializada em publicações de resgate
de memórias, edições de luxo e livros de alto valor agregado.
Transformando trajetórias empresariais de entidades e instituições em excelentes ferramentas de marketing, a editora coloca no mercado nacional publicações diferenciadas, para públicos distintos, de alto valor agregado. Num país onde
o comércio só começou com a vinda dos portugueses, depois do descobrimento,
e o processo industrial tem pouco mais de 200 anos, histórias de empreendedorismo pessoal e corporativo são fantásticas oportunidades para mostrar ao mundo
as marcas que estas instituições têm deixado nele.
Defendendo a tese de que publicar livros com a história de empresas, entidades ou organizações, bem como biografias de empreendedores, é uma maneira
inovadora de mostrar, com sobriedade e elegância, a seriedade e solidez das empresas, a editora vem contextualizando a sua importância no desenvolvimento
das cidades, Estados e países.
SOBRE A AUTORA
Christina Baumgarten, escritora especializada em Resgate de Memórias, é catarinense de Blumenau.
Tem publicadas 45 obras, com destaque para trabalhos que resgatam e contam a história de entidades, instituições e empresas em todo o Brasil.
A HB Editora é uma empresa do Sul do País, integralmente dedicada ao resgate da memória de entidades, instituições, empresas, personalidades e famílias
de todo o Brasil, trabalho este que visa lançar uma compreensão inédita a respeito
da importância da história das organizações na prosperidade do nosso planeta. Já
tem publicados mais de 45 títulos dentro desta vertente editorial, que demonstra
cada vez mais vigor e importância em nossa sociedade.
“Tudo começou quase como um sonho, um capricho há muito acalentado
nas rodas de conversa com os mais antigos da família, quando as histórias narradas ao pé do fogo me faziam sonhar e viajar por uma realidade paralela. Eu
caminhava pelas ruas da minha cidade e conseguia visualizar, na tela da minha
mente, aquelas histórias antigas que eu ouvia dos meus pais, avós e tios. Fui me
apaixonando por estas lembranças e acalentando o desejo de passá-las para o
papel, eternizá-las como informação para as próximas gerações. Sempre acreditei
que a verdadeira saga humana está descrita nestas pequenas grandes histórias
do cotidiano das pessoas e não nos grandes acontecimentos e cataclismas que,
de tempos em tempos, sacodem a humanidade. A construção de um imaginário
rico e fértil está muito mais no dia a dia dos nossos amigos, parentes e conhecidos
do que no das grandes personalidades que ocupam as telas da mídia passageiramente. Assim sendo, passei a dedicar a minha vida ao resgate destas lembranças
e emoções. Tenho orgulho do meu trabalho, mas tenho muito mais das pessoas
que me deram a dádiva de colocar as suas histórias de vida sob a minha pena,
para que eu as contasse. Este é e sempre será o verdadeiro presente de vida que
Já foram perfiladas pelo projeto instituições como a Federação das Indústrias
do Estado de Santa Catarina, o SENAI/SC, o SIMMMEB – Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas da Região de Blumenau, o SINDUSCON – Sindicato da Construção
Civil de Santa Catarina, a ABAD – Associação Brasileira de Distribuidores e Atacadistas, além de inúmeras empresas e entidades culturais, com destaque para a
Volkswagen do Brasil – Caminhões e Ônibus e da ABIP – Associação Brasileira da
Indústria de Panificação e Confeitaria.
Também inúmeras personalidades como Emílio Baumgart, pai do concreto
armado, foram biografados pela pena precisa da escritora Christina Baumgarten,
e publicadas com o selo da HB Editora.
O projeto possui sistemática própria, totalmente autoral, desenvolvida pela
escritora titular, e que percorre desde as primeiras pesquisas até o livro pronto, aí
incluídas todas as ações e processos necessários.
118
IMPRESSOS
Acervo da Áurea Alimentos: documentos, jornais, informativos, livros, fotografias,
entrevistas, portais da internet, materiais e lâminas promocionais, catálogos, sacolas plásticas e de papel, chaveiros, displays e móbiles.
ENTREVISTAS
Áurea Maria Felipe
Ademar Felipe
Agenor Aguiar
José Alaor Aguiar
Aluízio Felipe
Amélia Felipe da Silva
Arley José Felipe
Adria Esmeraldino Felipe Weber
Abel Felipe
Adriéli Esmeraldino Felipe Bitencourt
Aline Esmeraldino Felipe Lorenzoni
Laís Felipe da Silva
Airton Felipe
Marcio Roberto Torres Felipe
Guilherme Felipe Luciano
Natalino Delle Giustina
Benicius Coan
David Felipe
José Lino Meurer
Lauro Rita da Silva
Marcel Torres Felipe
Pedro Boger
Tobias Felipe
Teresa Felipe
Valdonir Torres
Valmor Barbi
Manoel dos Passos de Oliveira
Aroldo Ferreira
Francisco Bonin
Abel Felipe
Adelaide Felipe Aguiar
Zefiro Giassi
Leonel Vitorino Louro
Arthur Callegari Heinzen
Volnei Manenti
Walmir Luiz Grassi
José Roberto Goff Estevef
Reni Sartori
Milvo Antônio Bevilaqua
Clóvis José da Silva
Edvaldo Batista
Pedro Raimundo Gobbo Esteves
Davi Treichel
Material de Pesquisa e entrevistas realizadas por Robson Lunardi.
LIVROS
BOSSLE, Ondina Pereira. História da industrialização catarinense: das origens à
integração no desenvolvimento brasileiro. Florianópolis: Confederação Nacional
da Indústria, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, 1998. 155p.
CARIO, Silvio A. F. Economia de Santa Catarina: inserção industrial e dinâmica
competitiva 2008. Blumenau : Nova Letra, 2008. 584 p. :il.
Dall’Alba, João Leonir. O vale do Braço do Norte. Orleans: Edição do autor, 1973.
430p.
DIAS, Jose Roberto de Souza, TEIXEIRA, Vera Iten, SANCHES, Denise Parana. Santa
Catarina: imigrantes e indústria. Sao Paulo : Rios, 1987. 192p. :il
Farias, Kelson Adriani de. 130 anos de colonização alemã em São Ludgero. São
Ludgero: Prefeitura Municipal de São Ludgero, 2003. 114p. il.
Harger, Enerson Xuxa. Os homens que fizeram nossa história. Braço do Norte:
Coan Gráfica e Editora, 2006. 318 p. il.
Expoentes da política braçonortense. Braço do Norte. 2. ed. Braço do Norte: [s.e.],
2008. il.
Respingos da nossa história: 1939 – 2009: relatos da história de Braço do Norte.
Braço do Norte: [s.e.], 2009. 80p. il.
Lottin, Jucely. O Verde Vale do Rio Braço do Norte. Tubarão: Copiart, 2009.
Lottin, Jucely. Orleans em dados: 2004. Florianópolis: Elbert, 2004. 176p. il. color.
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INTERNET
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Áurea
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