Clique para visualizar o trabalho completo.
Transcrição
Clique para visualizar o trabalho completo.
ELIETE AGUIAR DE MIRANDA FRIGATTO Evolução Temporal das Concentrações Inibitórias Mínimas para os Glicopeptídeos entre Isolados Clínicos de Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Mestre em Ciências. São Paulo 2013 ELIETE AGUIAR DE MIRANDA FRIGATTO Evolução Temporal das Concentrações Inibitórias Mínimas para os Glicopeptídeos entre Isolados Clínicos de Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Mestre em Ciências. Orientadora: Profa. Dra. Ana Cristina Gales Disciplina de Infectologia - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Co-orientadoras: Profa. Dra. Antonia Maria Oliveira Machado e Dra. Cecilia Helena Vieira Franco de Godoy Carvalhaes Este trabalho foi realizado com auxílio financeiro fornecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, processo 2009/15986-3) e da Sanofi-Aventis (Projeto FAP - 1428-09). São Paulo 2013 ii FRIGATTO, Eliete Aguiar de Miranda Evolução Temporal das Concentrações Inibitórias Mínimas para os Glicopeptídeos entre Isolados Clínicos de Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina. Eliete Aguiar de Miranda Frigatto - São Paulo, 2013 - xxii, 113f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Infectologia. Título em inglês: Temporal Evaluation of the Glycopeptideos MICs Among ORSA Clinical Isolates in Brazil. 1. Staphylococcus aureus, 2. ORSA, 3. Creep de Vancomicina e Teicoplanina, 4. SCCmec. iii UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DISCIPLINA DE INFECTOLOGIA Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alvaro Nagib Atallah Coordenador do curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Ricardo Sobhie Diaz Chefe da Disciplina de Infectologia: Prof. Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros São Paulo 2013 iv ELIETE AGUIAR DE MIRANDA FRIGATTO Evolução Temporal das Concentrações Inibitórias Mínimas para os Glicopeptídeos entre Isolados Clínicos de Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina BANCA EXAMINADORA: Presidente: Profa. Dra. Ana Cristina Gales Professora Adjunta e Diretora do Laboratório ALERTA da Disciplina de Infectologia do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Titulares: Profa. Dra. Elsa Masae Mamizuka Professora Doutora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo - USP. Profa. Dra. Marinês Dalla Valle Martino Professora Adjunta da Disciplina de Microbiologia do Departamento de Ciências Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e Médica-coordenadora do Setor de Microbiologia do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein - HIAE. Dra. Adriana Macêdo Dell'Aquila Médica Infectologista e Pesquisadora da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP e responsável pelo controle de infecções osteoarticulares do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNIFESP. Suplentes: Profa. Dra. Luci Correa Médica Pesquisadora da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP e Médica Infectologista da Unidade de Controle de Infecção do Hospital Israelita Albert Einstein - HIAE. v “Sonhar mais um sonho impossível, Lutar, quando a regra é ceder, vencer o inimigo invencível... e assim, seja lá como for, Vai ter fim a eterna aflição E o mundo verá uma flor Brotar do impossível chão” “D. Quixote” (Miguel de Cervantes) vi Dedico esta tese a Deus, pelo dom divino da vida e por suas constantes bênçãos. Também dedico aos meus amados pais, David e Celeste, meus maiores exemplos de sabedoria, dedicação e perseverança. Pelo amor incondicional dispensado durante todos os momentos de minha vida. Por ensinar que a vida é simplesmente amar e que sempre no final tudo dará certo! vii Ao meu amado esposo, amigo e companheiro de todas as horas, Roberto, pela sua paciência, pelo seu apoio e por prescindir de valiosos momentos do nosso convívio diário em prol da realização deste trabalho e, o mais importante, pelo seu amor. Aos meus queridos irmãos David, Célia, Celina e Celeste, por estarem sempre ao meu lado, por respeitarem e compreenderem a minha ausência, principalmente neste momento tão delicado de nossas vidas. O apoio nesta caminhada me ajudou a construir o que sou e a concretizar esse sonho. Aos meus sobrinhos, Raphael, Raphaella e Maria Olívia que são presença constante em minha vida e que me proporcionam muitas alegrias. À minha querida afilhada Cristhianne, pelo seu carinho e amor. Com certeza você é a filha que eu não tive, obrigada por você existir. Às queridas Fernanda e Cleusa, cuidadoras amáveis dos meus pais. Durante a realização deste estudo, tive que me ausentar em um momento tão delicado e difícil na vida dos meus pais. Entretanto estive tranquila, pois sabia que eles estavam sendo protegidos por vocês duas. Muito obrigado por tudo. viii AGRADECIMENTOS À minha orientadora Profa. Dra. Ana Cristina Gales pela amizade e carinho. Pelo seu exemplo inigualável de profissionalismo, ética e sabedoria. Meus agradecimentos, não só pela orientação neste estudo, mas pela paciência a mim direcionada e pelo privilégio de tê-la como minha orientadora. Espero um dia poder retribuir tudo o que fez por mim. À minha co-orientadora Prof. Dra. Antonia Maria de Oliveira Machado, meu respeito e admiração pelos valiosos ensinamentos durante o convívio diário no Laboratório Central. Agradeço a orientação para o aprimoramento deste trabalho e principalmente por insistir na realização deste sonho. Eu me sinto honrada de fazer parte da sua equipe. À minha co-orientadora Dra Cecilia Carvalhaes, a quem eu tive o prazer de conhecer ainda na residência e tê-la como verdadeira amiga. Minha competente mestra, mentora, companheira e o melhor e mais incansável Anjo da Guarda que Deus poderia ter colocado em meu caminho. A você, Doutora, meus respeitos, admiração e toda a minha gratidão! Ao Marcelo Carvalhaes meu sincero agradecimento por compreender e aceitar a ausência da Dra. Cecilia do convívio diário com a família, para gentilmente compartilhar esse momento de minha vida. Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Campos Pignatari agradeço pelas informações enriquecedoras para desenvolvimento deste trabalho e pelos seus valiosos ensinamentos que muito ajudaram na concretização final desta tese. ix À Dra. Soraya S Andrade, que tão poucas oportunidades tive de convivência, mas o suficiente para admirá-la pelo seu profissionalismo e exemplo de caráter. Agradeço por ter sido a idealizadora deste projeto, que, com certeza, ajudou a realizar o meu sonho. Ao Dr. André Doi, meu amigo de todos os momentos, principalmente os mais difíceis. A sua dedicada presença sempre me conforta e sua alegria contagia onde quer que você esteja. À secretaria do Laboratório Especial de Microbiologia Clínica - LEMC, Rosana Capecce, pela amizade, carinho e pelo apoio nos momentos que mais precisei. A todos os amigos do Laboratório Especial de Microbiologia Clínica - LEMC por terem viabilizado os procedimentos de tipagem molecular. Meu muito obrigada, em especial, à Fernanda Marques, que sempre muito solicita e pronta para as devidas explicações. Aos amigos Vinícius Gomes e Marcus Vinícius, desculpem por todo o trabalho; à Roberta Cabral, Rafaela Sittolin e Thaís Ávila pelo auxílio nos dendrogramas. Sei que passamos momentos difíceis, mas os resultados compensaram por todas as dificuldades encontradas. À Fernanda Inoue meu agradecimento pela fundamental contribuição nos procedimentos do SCCmec. Suas informações e interpretações foram sempre muito valiosas. À querida Alinne Guimarães que me encanta com o seu jeito especial e meigo de ser. Muito obrigada, principalmente, pelas suas palavras no momento certo que me ajudavam a não desanimar e parar no caminho. x À Jussimara Monteiro pela sua amizade, competência e profissionalismo, os quais me ajudaram a esclarecer minhas dúvidas. Seus esclarecimentos foram fundamentais para finalização deste trabalho. A toda equipe do Laboratório Central, em especial, aos queridos amigos Ademir Medeiros, Clarice Matsumoto, Cynthea Carolina, Erivan Tavares, Fernando Pereira, Flávia Palomo, Márcia Pozo, Mirela Baretta, Regina Côrrea, Sandra Bonifácio, Katiane Santin, Vivian Mota, Viviane Amaral do Setor de Microbiologia, pelo convívio diário, paciência, amizade e por entenderem pelas vezes que tive que me ausentar para desenvolver este trabalho. Às queridas amigas Euza Alves e Tânia, por todo o carinho e apoio que sempre me deram. Às amigas Laíde Santos e Júlia Souza que tanto contribuíram para a preparação dos meios de cultura utilizados neste estudo. Meus sinceros agradecimentos. Ao meu amigo Thomas Chagas Neto, pela sua amizade, incentivo, pelos conselhos e por me mostrar à vida de uma maneira muito diferente a que eu estava acostumada a ver. Que Deus o abençoe sempre. À querida amiga Agda Braga, que devido a minha ausência teve, brilhantemente, que dar continuidade ao meu trabalho no Laboratório Central. Você, com certeza, faz parte deste meu momento. À amiga Bruna Nonato, com quem tive o prazer de conviver durante todo o período deste estudo e que muito me ajudou na elaboração da parte prática. Pelo carinho, paciência e conforto xi nos momentos mais difíceis deste trabalho. Sua alegria contagiante, sempre presente, certamente ajudou a driblar, e muito, os grandes desafios que encontrei. À Maria Inês Nonato, pela sua amizade e pela palavra amiga nos momentos mais difíceis que passei com meus pais, cunhado e esposo. Estes momentos passaram, mas a sua amizade vai ficar para sempre. Agradeço as orações que muito me ajudaram a enfrentar o dia-dia e que colaboraram para a finalização deste trabalho. Com a sua fé, com certeza, você me mostrou que o dia seguinte pode ser melhor. À Odimara Paes, minha querida amiga, obrigada pela amizade sincera, pelo convívio e pela força. Para mim você é muito especial. Ao grupo do Laboratório Alerta que me receberam com tanto carinho e sempre muito solícitos. Meu eterno agradecimento a todos, principalmente à querida Raquel que tanto me auxiliou nos difíceis cálculos das várias concentrações necessárias para a realização da microdiluição em caldo. Agradeço pela paciência com que conduziu este trabalho, que sem a sua ajuda, com certeza, o caminho teria sido muito mais árduo. Jamais esquecerei o que aprendi e vivenciei neste laboratório. Tenho orgulho de fazer parte de um grupo tão especial. E finalmente, ao querido e amável supervisor do Laboratório Alerta, Rodrigo Cayô, o que escrever de alguém que por si só já irradia luz própria e ajuda a iluminar o caminho de todos que por aqui passam. Muito obrigada, por toda ajuda e que foi fundamental para a finalização deste trabalho. xii Sumário ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................... XIV ÍNDICE DE TABELAS................................................................................................................ XVI ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................. XVIII RESUMO ................................................................................................................................... XXI ABSTRACT............................................................................................................................... XXII 1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1 1.1 - Agente Etiológico .............................................................................................................. 1 1.1.1 - Identificação de S. aureus.......................................................................................... 2 1.2 - Epidemiologia das Infecções causadas por S. aureus ...................................................... 3 1.3 - Mecanismo de Resistência aos β-lactâmicos .................................................................... 4 1.3.1 - Resistência à Penicilina ............................................................................................. 4 1.3.2 - Resistência à Oxacilina .............................................................................................. 7 1.3.3 - Resistência aos Glicopeptídeos ............................................................................... 17 1.3.3.1 - Implicação Clínica da Resistência aos Glicopeptídeos......................................22 1.3.3.2 - Evolução Temporal das CIMs de Vancomicina.................................................23 1.4 - Disseminação de Clones ORSA ...................................................................................... 27 2 - OBJETIVOS ........................................................................................................................... 33 2.1 - Objetivo Principal............................................................................................................. 33 2.2 - Objetivos Secundários..................................................................................................... 33 3 - MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................... 34 3.1 - Amostras Bacterianas ..................................................................................................... 34 3.2 - Confirmação da Identificação Bacteriana ........................................................................ 34 3.3 - PCR-multiplex para a Detecção do Gene mecA e Tipagem do SCCmec ....................... 35 3.3.1 - Extração do DNA genômico ..................................................................................... 36 3.3.2 - Reação de Amplificação .......................................................................................... 37 3.3.3 - Eletroforese.............................................................................................................. 37 3.4 - Análise do DNA Cromossômico por Pulsed Field Gel Electrophoresis - PFGE............... 38 3.5 - Testes de Sensibilidade aos Antimicrobianos ................................................................. 41 3.5.1 - Microdiluição em Caldo ............................................................................................ 41 3.5.2 - Etest® ....................................................................................................................... 44 3.6 - Análise Estatística ........................................................................................................... 44 4 - RESULTADOS ....................................................................................................................... 46 4.1 - Distribuição das Amostras de ORSA ............................................................................... 46 4.2 - Resultados da Caracterização Genética das Amostras .................................................. 46 4.2.1 - Identificação da Espécie .......................................................................................... 46 4.2.2 - Detecção e Caracterização do SCCmec .................................................................. 47 4.2.3 - Perfis genotípicos dos tipos de SCCmec ................................................................. 49 4.3 - Avaliação da Sensibilidade aos Glicopeptídeos .............................................................. 56 4.3.1 - Vancomicina ............................................................................................................ 56 4.3.2 - Teicoplanina ............................................................................................................. 63 4.3.3 - Evolução temporal da CIM dos glicopeptídeos de amostras relacionadas ao CEB . 70 5 - DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 77 6 - CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 88 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 90 xiii ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS BHI - Brain Heart Infusion BMD - Broth microdilution BSAC - British Society for Antimicrobial Chemotherapy CA-ORSA - Staphylococcus resistente à oxacilina adquirido na comunidade ccr - Cassete chromosome recombinase CDC - Center for Diseases Control and Prevention CEB - Clone endêmico brasileiro CIM - Concentração inibitória mínima CLSI - Clinical and Laboratory Standard Institute DNA - Ácido desoxirribonucléico EUA - Estados Unidos da América GISA - Glicopeptide Intermediate Staphylococcus aureus HA-ORSA - Staphylococcus resistente à oxacilina hospitalar HCL - Ácido clorídrico ICS - Infecção de corrente sanguínea IgG - Imunoglobulina G LEMC - Laboratório Especial de Microbiologia Clínica MH - Mueller-Hinton MLSB - Macrolídeos, às lincosaminas e às estreptograminas B MRSA - Staphylococcus resistente à meticilina NCBI - National Center for Biotechnology NNIS - National Nosocomical Infections Surveillance NY/J - Clone Nova Iorque/Japão ORF - Open reading frames xiv ORSA - Staphylococcus resistentes à oxacilina OSPC - Clone Oceania/Pacífico Sudoeste OSSA - Staphylococcus sensível à oxacilina PBP - Proteína ligadora de penicilina PCR - Reação em cadeia da polimerase PFGE - Pulsed Field Gel Electrophoresis PVL - Leucocidina Panton-Valentine rRNA - RNA ribossômico SCCmec - Staphylococcal Cassette Chromosome mec SCCHg - Operon de resistência ao mercúrio UFC - Unidades formadoras de colônias UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas UTI - Unidades de terapia intensiva VISA - Vancomycin intermediate Staphylococcus aureus VRE - Vancomycin resistant Enterococcus VRSA - Vancomycin resistant Staphylococcus aureus xv ÍNDICE DE TABELAS Tabela 01 - Identificação dos diferentes tipos de SCCmec descritos em S. aureus até o momento..... 12 Tabela 02 - Estudos avaliando a evolução temporal da CIM de vancomicina....................................... 25 Tabela 03 - Estudos avaliando a evolução temporal da CIM de teicoplanina….………………….......... 27 Tabela 04 - Regiões alvo, cepas controles e número de acesso GenBank........................................... 35 Tabela 05 - Sequência dos primers utilizados na PCR multiplex para determinação dos tipos de SCCmec.................................................................................................................................................. 36 Tabela 06 - Cepas controles de S. aureus utilizadas nas reações de PCR para a tipagem do SCCmec ......................……………………………................................................................................... 40 . Tabela 07 - Seleção de ORSA isolados de hemoculturas entre os anos 2002 e 2009.......................... 46 Tabela 08 - Caracterização dos cassetes cromossômicos SCCmec dos isolados de ORSA................ 48 Tabela 09 - Distribuição das CIMs para vancomicina por microdiluição em caldo entre os isolados ORSA avaliados neste estudo................................................................................................................ 57 Tabela 10 - Distribuição das CIMs para vancomicina pelo método E-test dos isolados ORSA avaliados neste estudo........................................................................................................................... 58 Tabela 11 - Distribuição das CIMs para teicoplanina por microdiluição em caldo entre os isolados ORSA avaliados neste estudo................................................................................................................ 63 Tabela 12 - Distribuição das CIMs para teicoplanina pelo método Etest® dos isolados ORSA avaliados neste estudo........................................................................................................................... 64 xvi Tabela 13 - Valores das CIM50 e CIM90 para teicoplanina dos isolados de ORSA de acordo com o período do estudo pelas diferentes metodologias.................................................................................. 66 Tabela 14 - Distribuição das médias das CIMs de vancomicina de acordo com a tipagem molecular de SCCmec dos isolados ORSA avaliados............................................................................................ 69 Tabela 15 - Distribuição das médias das CIMs de teicoplanina de acordo com a tipagem molecular de SCCmec dos isolados ORSA avaliados............................................................................................ 69 Tabela 16 - Distribuição de ORSA com similaridade acima de 80% com o CEB.................................. 70 Tabela 17 - Análise estatística das CIMs de vancomicina por microdiluição em caldo de acordo com o padrão de PFGE dos isolados ORSA avaliados.................................................................................. 75 Tabela 18 - Análise estatística das CIMs de teicoplanina por microdiluição em caldo de acordo com o padrão de PFGE dos isolados ORSA avaliados.................................................................................. 76 xvii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 01 - Evolução temporal da resistência aos antimicrobianos em isolados de S. aureus.......... 06 Figura 02 - Ilustração do cassete cromossômico encontrado na cepa de OSSA N315 (pré-ORSA).. 09 Figura 03 - Estrutura do SCCmec....................................................................................................... 10 Figura 04 - Ilustração dos tipos de SCCmec....................................................................................... 14 Figura 05 - Mecanismo de ação dos glicopeptídeos na parede celular bacteriana (acima) e mecanismo de resistência de S. aureus aos glicopeptídeos (abaixo)................……………..….......... 22 Figura 06A - Concentrações de vancomicina na placa de microdiluição. Cada linha representa uma amostra e cada coluna uma concentração do antibiótico de 0,06 a 0,469 µg/mL................................. 42 . Figura 06B - Concentrações de vancomicina de 0,5 a 1,375 µg/mL na placa de microdiluição. Cada linha representa uma amostra e cada coluna uma concentração do antimicrobiano............................ 42 Figura 06C - Concentrações de vancomicina 1,5 a 64 µg/mL na placa de microdiluição. Cada linha representa uma amostra e cada coluna uma concentração do antimicrobiano......……………............. 43 Figura 07 - Gel de agarose mostrando a amplificação correspondende ao fragmento específico do gene nuc (117 Kb) nos isolados clínicos de ORSA.......................................................................……. 47 Figura 08 - Gel de agarose com a amplificação dos fragmentos específicos do gene mecA e caracterização do SCCmec pela técnica de Zhang e colaboradores (2005) nos isolados clínicos de ORSA.............................................................................................................................................……. 48 Figura 09 - Distribuição da frequência de SCCmec dos isolados de ORSA de acordo com o ano de isolamento......................................................................................................................................……. 49 xviii Figura 10 - Perfil de bandas de amostras ORSA carreadoras do SCCmec III pela técnica de eletroforese em campo pulsado.....................................................................................................……. 50 Figura 11 - Gráfico da frequência de isolados ORSA relacionados aos principais clones epidêmicos conhecidos encontrados neste estudo..........................................................................................……. 51 Figura 12 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec I, utilizando o coeficiente de similaridade de Dice de 80% (linha vertical pontilhada), tolerância de 1,5% e o método UPGMA.. 52 Figura 13 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec II, utilizando o coeficiente de similaridade de Dice de 80% (linha vertical pontilhada), tolerância de 1,5% e o método UPGMA.. 53 Figura 14 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec IV, utilizando o coeficiente de similaridade de Dice de 80% (linha vertical pontilhada), Tolerância de 1,5% e o método UPGMA. 54 Figura 15 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec V em comparação às cepas padrão utilizadas neste estudo (coeficiente de similaridade de Dice de 80%, representado pela linha vertical pontilhada, tolerância de 1,5% e o método UPGMA)................................................ 55 Figura 16 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec III, utilizando 80% de coeficiente de similaridade de Dice (linha vertical pontilhada), tolerância de 1,5% e o método UPGMA.................................................................................................................................................. 56 Figura 17 - Escatergrama utilizado valores ajustados para diluições log2 dos resultados das CIMs para vancomicina obtidas por microdiluição em caldo e Etest® entre os isolados ORSA avaliados................................................................................................................................................ 59 Figura 18 - Aumento dos valores de CIM50 e CIM90 para vancomicina dos isolados de ORSA entre os períodos do estudo: P1 (2002-2005) e P2 (2006-2009), * p < 0,0001.............................................. 60 Figura 19 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p < 0,05)...................................................................................................................................... 61 xix Figura 20 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,051)..................................................................................................................................................... 62 Figura 21 - Escattergrama utilizado valores ajustados para diluições log2 dos resultados das CIMs para teicoplanina obtidas por microdiluição em caldo e Etest® entre os isolados ORSA avaliados................................................................................................................................................ 65 Figura 22 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p = 0,512).................................................................................................................................... 67 Figura 23 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,214)..................................................................................................................................................... 68 Figura 24 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p = 0,021)........................................................................................................ 71 Figura 25 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,807)................................................................................................................................... 72 Figura 26 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p = 0,816)........................................................................................................ 73 Figura 27 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,111)................................................................................................................................... 74 xx RESUMO Introdução: A vancomicina é a primeira opção terapêutica para o tratamento de infecções causadas por S. aureus resistentes à oxacilina (ORSA). Entretanto, sua utilização na prática clínica está em questionamento. Modificações nas CIMs para vancomicina ao longo do tempo e falências no tratamento têm sido reportadas para isolados considerados sensíveis à vancomicina. Material e Métodos: Este estudo avaliou a modificação das CIMs de isolados de ORSA para vancomicina e teicoplanina em um período de oito anos utilizando acréscimos mínimos nas concentrações do glicopeptídeo por microdiluição em caldo. Os resultados obtidos por BMD foram comparados aqueles do Etest®. Adicionalmente, a análise genotípica, assim como a distribuição de SCCmec, foram analisadas por PFGE e PCR-multiplex, respectivamente. Resultados: Duzentos isolados de ORSA, igualmente distribuídos entre os períodos P1 (2002 a 2005) e P2 (2006 a 2009), foram estudados. No P1, os isolados de ORSA exibiram CIM50 e CIM90 para vancomicina de 0,625 µg/mL e 0,813 µg/mL, respectivamente. O SCCmec III (84%), na sua maioria relacionado ao CEB (77%), foi o mais prevalente tipo de SCCmec. Em contraste, no P2, um aumento na CIM50 (0,75 µg/mL) e CIM90 (1,5 µg/mL) foi observada e associada ao declínio da frequência do SCCmec III (33%) e emergência dos SCCmec I e II (23% e 33%, respectivamente, p< 0.05). No P2, o clone de ORSA mais prevalente foi relacionado ao clone NY/J (22%). Não houve diferença estatisticamente significativa nas CIM50 e CIM90 entre os períodos estudados. As taxas de concordância geral entre a BMD e o E-test (±1 diluição logarítmica de diferença) para vancomicina e teicoplanina foram de 89% e 73%, respectivamente. Conclusão: A variação temporal nas CIMs para vancomicina notada nos isolados de ORSA provenientes de infecções de corrente sanguínea parece estar associada a uma substituição gradual do CEB, predominantemente pelo clone NY/J (SCCmec II), que reconhecidamente apresenta valores mais elevados de CIM para vancomicina. xxi ABSTRACT Background: Vancomycin remains the cornerstone for treatment of oxacillin-resistant Staphylococcus aureus (ORSA) infections. However, the vancomycin role has been questioned since shifts in the VAN MICs over time and therapeutic failures have been reported for isolates still categorized as vancomycin susceptible. Methods: This study evaluated the trend of vancomycin and teicoplanin MICs against bloodstream ORSA isolates in an 8-year-period by using precise incremental broth microdilution. Broth microdilution results were compared to those of Etest®. Additionally, the genotypic pattern and SCCmec distribution were analyzed by PFGE and multiplex PCR, respectively. Results: Two hundred ORSA isolates, equally distributed between two periods, Period 1 (P1; from 2002 to 2005) and Period 2 (P2; from 2006 to 2009), were studied. In the P1, ORSA isolates exhibited vancomycin MIC50 and MIC90 of 0.625µg/mL and 0.813µg/mL, respectively. The SCCmec type III (84%), mainly related to the BEC (77%), was the most prevalent SCCmec type. In contrast, in the P2, an increase in the vancomycin MIC50 (0.75 µg/mL) and MIC90 (1.0 µg/mL) was observed and associated with a decline in the frequency of SCCmec type III (33%) and emergence of SCCmec types I and II (23% and 33%, respectively, p< 0.05). In the P2, the most prevalent clone of ORSA isolates was genetically related to the NY/J clone (22%). No statistically significant difference on teicoplanin MIC50 and MIC90 was noticed between both periods. The essential agreement rates between broth microdilution and Etest® (±1-log2 dilution difference) for vancomycin and teicoplanin were 89% and 73%, respectively. Conclusion: A shift on vancomycin MICs over time among Brazilian bloodstream ORSA isolates seems to be associated with a gradually replacement of BEC, predominantly, by the NY/J clone harboring SCCmec II, which is known to present higher vancomycin MIC values. xxii INTRODUÇÃO 1 - INTRODUÇÃO 1.1 - Agente Etiológico Alexandre Ogston e Louis Pasteur, em 1880, descreveram bactérias isoladas de secreções de furúnculos, que, posteriormente foram denomidadas por Ogston como gênero Staphylococcus (Kloos, 1997). Esse gênero foi agrupado na família Micrococacceae que inclui, além de Staphylococcus, mais três gêneros: Micrococcus, Stomatococcus e Planococcus. Em 2005, foi proposta uma nova família para os Staphylococcus spp., família Staphylococcaceae, porém, apenas em 2010 essa classificação foi aprovada pelo Bergeys Manual (Schleifer & Bell, 2010). O gênero Staphylococcus é composto por 40 espécies, 17 das quais podem ser isoladas de amostras biológicas humanas. Staphylococcus aureus subesp. aureus é o patógeno mais importante entre os estafilococos (Cohen, 1986; Kloss, 1997). Essas bactérias estão amplamente distribuídas na natureza e podem ser isoladas de ambientes ou como habitantes comensais de pele, mucosas e outros sítios corpóreos dos seres humanos e animais (Cohen, 1986; Kloss, 1997). Esses micro-organismos são cocos Gram positivos, medindo de 0,5 a 1,5 µm de diâmetro, imóveis, não formadores de esporos e geralmente produtores de catalase. Apresentam-se aos pares, tétrades ou cadeias curtas, ou ainda em aglomerados irregulares de cachos de uva (“Staphylé” em grego significa cacho de uva e “aureus” em latim significa dourado) (Kloss & Bannerman, 1994). Macroscopicamente, suas colônias em meio sólido apresentam 1 a 3 mm de diâmetro, após 24 horas de incubação a 35ºC, ou de 3 a 8 mm após 72 horas de incubação. As colônias de S. aureus após 24 horas de incubação, podem ter pigmento amarelo ou amarelo-alaranjado, enquanto outras espécies podem produzir colônias esbranquiçadas ou acinzentadas, lisa, côncavas e com a borda contínua. Alguns isolados podem apresentar uma difusa zona de β-hemólise ao redor das colônias que pode ser evidenciada após 1 INTRODUÇÃO a incubação prolongada. São anaeróbios facultativos, com metabolismo oxidativo e fermentativo, utilizando carboidrato e aminoácidos como fonte de energia (Kloss, 1997; Waldvogel, 2000; Koneman et al., 2001). 1.1.1 - Identificação de S. aureus A identificação laboratorial basea-se na pesquisa de fatores de virulência, como as enzimas catalase, coagulase e DNAse; além da proteína A e a capacidade de fermentar o manitol, entre outros (Cohen, 1986). Os membros da família Staphylococcaceae diferenciam-se da família Streptococcaceae pela prova da catalase, sendo os primeiro positivos para esse teste. Embora raros, existem relatos na literatura de S. aureus catalase negativos relacionados a processos infecciosos (Crawford et al., 1994). O S. aureus pode ser identificado pela prova da coagulase, pois a maioria das cepas possui uma coagulase unida ou “fator de agregação” na superfície da parede celular. Esse fator reage diretamente com o fibrinogênio presente no plasma e produz uma rápida aglutinação das células bacterianas. Outro procedimento alternativo para a realização da prova da coagulase é a aglutinação com látex, onde são utilizadas partículas de látex recobertas com imunoglobulina G (IgG) e fibrinogênio que se liga na proteína A e ao fator de aglutinação, na superfície da célula bacteriana (Cohen, 1986). Provas adicionais incluem a prova da desoxirribonuclease (com azul de toluidina O ou com HCL 1N) e fermentação do manitol. Após a semeadura e incubação das colônias de S. aureus em meio de ácido desoxirribonucléico (DNA) com o corante azul-de-toluidiuna O, o meio em torno da colônia bacteriana torna-se de azul intenso a rosa, indicando hidrólise do DNA. Quando utilizado o meio de DNA sem o corante, a revelação da hidrólise é feita com HCL 1N, onde se observa a formação de um halo transparente ao redor do crescimento bacteriano. A propriedade do S. aureus em fermentar o manitol é utilizada para detecção desse micro-organismo em alguns espécimes clínicos. Devido à alta concentração de sais no meio de 2 INTRODUÇÃO ágar sais-manitol, o crescimento de outros micro-organismos é inibido, isolando de modo seletivo, estafilococos. A detecção de S. aureus pode ser verificada pela presença de um halo amarelo ao redor das colônias, indicando a produção de ácido a partir do manitol. Ocasionalmente, isolados de S. aureus geram resultados equivocados nos testes de coagulase ou outros testes bioquímicos e a confirmação da identificação se faz necessária por um método alternativo. Os testes moleculares, visando à detecção de alvos específicos da espécie de S. aureus permitem uma rápida identificação dessa espécie. A maioria dos testes moleculares está baseada na técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR). Os alvos mais frequentemente empregados para a identificação espécie-específica de S. aureus compreendem os genes que codificam as proteínas nuclease (nuc), coagulase (coa), proteína A (spa), ou ainda os genes femA e femB (que codificam as proteínas, respectivamente, FemA e FemB, envolvidas na síntese da parede de peptidioglicano), além da região codificadora do 16S rRNA (Stapleton & Taylor, 2002; Brown et al., 2005; Hübscher et al., 2007). 1.2 - Epidemiologia das Infecções causadas por S. aureus Passado mais de um século da descrição de Ogston, em 1880, S. aureus continua sendo um dos patógenos mais importantes na prática médica. Esse micro-organismo é considerado um dos principais agentes etiológicos nas infecções relacionadas à assistência à saúde, acometendo, principalmente, pacientes submetidos aos procedimentos invasivos e internação prolongada (Kloss & Bannerman, 1994; Shaberg et al., 1997; Lowy, 1998). Devido a sua admirável capacidade de adaptação ao meio ambiente e à pele, às mucosas e às glândulas de seres humanos e animais é capaz de causar desde infecções superficiais, disseminadas a processos toxigênicos diversos, como intoxicação alimentar, síndrome do choque tóxico e síndrome da pele escaldada (Lowy, 1998; de Almeida Filho & Nader Filho, 2000; Bures et al., 2000; Huang et al., 2002; Pedro & Branchini, 2002). 3 INTRODUÇÃO S. aureus é um persistente membro da microbiota humana, apresentando taxas de colonização de 25 a 50%, sendo que, as maiores taxas são encontradas entre algumas populações específicas como: usuário de drogas endovenosas, portadores de diabetes insulinodependente, indivíduos apresentando enfermidades dermatológicas, portadores do vírus da imunodeficiência adquirida, em pacientes com uso de cateteres venosos de longa permanência e em trabalhadores da área da saúde. A colonização pode ser transitória ou persistente e se prolongar por longos períodos (Peacock et al., 2001). Algumas infecções por S. aureus são agudas e podem disseminar para diferentes tecidos e provocar focos metastáticos. Episódios mais graves, como bacteremia, pneumonia necrotizante, osteomielite, endocardite, miocardite, pericardite e meningite, também podem ocorrer (Lowy, 2003; Moran & Mount, 2003). Esse patógeno apresenta grande facilidade em se disseminar nos ambientes intra e interhospitalares, em parte devido à facilidade dessa bactéria em sobreviver no meio ambiente e à frequente colonização de profissionais da saúde e material inanimado (Pedro & Branchini, 1997; Waldvogel, 2000; Sader et al., 2001). Pacientes ou profissionais de saúde colonizados por S. aureus são responsáveis pela introdução e disseminação desse patógeno no ambiente hospitalar. Recentemente, Piechowicz e colaboradores (2012) descreveram um surto de impetigo bolhoso em uma maternidade, causado por S. aureus relacionados geneticamente com dois isolados recuperados de profissionais da saúde do mesmo setor. No Brasil, os estudos mostram uma prevalência em torno de 25-45% de profissionais de saúde colonizados por S. aureus (Santos, 1999; Busato et al., 2006; da Silva et al., 2012). Atualmente a prevalência de infecções por esse patógeno tem sido relatada por diversos estudos de vigilância epidemiológica. Segundo dados do SENTRY Antimicrobial Surveillance Program, S. aureus foi o patógeno isolado com maior frequência de infecções de corrente sanguínea, trato respiratório, pele e tecidos moles na América Latina, América do Norte e Europa, no período compreendido entre 1998 a 2004 (Moet et al., 2007). No Brasil, estudos de 4 INTRODUÇÃO vigilância, como o Brazillian SCOPE e o SENTRY, demostraram que S. aureus foi o agente etiológico mais frequentemente isolado tanto de infecções de corrente sanguínea como de infecções nosocomiais no geral, entre os anos 2005 e 2010 (Gales et al., 2009; Marra et al., 2011). 1.3. Mecanismo de Resistência aos β-lactâmicos 1.3.1. Resistência à Penicilina A emergência de resistência aos antimicrobianos em patógenos, particularmente Gram positivos, é um importante fator de morbi-mortalidade de pacientes hospitalizados (Sola et al., 2002; Lowy, 2003). A mortalidade dos pacientes com bacteremia por S. aureus na era préantibótica excedia 80%, sendo que, mais de 70% desses indivíduos desenvolviam infecções disseminadas. Os antibióticos β-lactâmicos produzem um efeito bactericida pela inibição das enzimas responsáveis por catalisar um estágio vital da biossíntese do peptídeoglicano, principal componente da parede celular das bactérias Gram positivas. A resistência aos antibióticos βlactâmicos apresentada pelos estafilococos deve-se principalmente a dois mecanismos. O primeiro mecanismo é a produção de uma enzima β-lactamase, que hidroliza o anel β-lactâmico, inativando o antimicrobiano (Brumfitt & Hamilton-Miller, 1989). Essas enzimas, porém, mostram pouca atividade contra as penicilinas semisintéticas, como a meticilina, a oxacilina e a nafcilina. O segundo mecanismo está associado à alteração do sítio de ação do antibiótico β-lactâmico pela produção de uma proteína ligadora de penicilina (PBP) modificada, a PBP2a (também denominada PBP2’), que está ausente nos Staphylococcus spp. sensíveis à oxacilina (Hackbarth et al., 1989). Após 1940, com a disponibilidade da penicilina para o tratamento das infecções por S. aureus, a mortalidade causada por esse patógeno caiu consideravelmente. Porém, dois anos mais tarde, esse micro-organismo adquiriu mecanismos de resistência a essa droga (Skinner & 5 INTRODUÇÃO Keefer, 1941; Rossi & Andreazzi, 2005), dessa forma, em 1942, Rammelkamp & Maxon descrevem o primeiro caso de resistência à penicilina de isolado de S. aureus, proveniente de pacientes hospitalizados, como demonstrado na Figura 01. Figura 01 - Evolução temporal da resistência aos antimicrobianos em isolados de S. aureus. Adaptada do artigo de Chamber & DeLeo (2009). A prevalência de amostras resistentes à penicilina, devido à produção de penicilinases, aumentou progressivamente devido, em parte, à ampla utilização desse antimicrobiano no ambiente hospitalar e comunitário e à disseminação dessas cepas por pacientes colonizados. No final da década de 50, foram isoladas amostras de S. aureus resistentes não somente à penicilina como também à eritromicina, à estreptomicina e à tetraciclina. No final da década de 60, mais de 80% dos isolados de S. aureus, provenientes do ambiente hospitalar ou da 6 INTRODUÇÃO comunidade, apresentavam resistência à penicilina. Atualmente mais de 90% dos isolados de S. aureus produzem penicilinases (Poston, 1966; Jessen et al., 1969; Lowy, 2003). 1.3.2 - Resistência à Oxacilina Em 1960, a meticilina foi lançada no mercado como alternativa terapêutica para cepas produtoras de penicilinase, uma vez que essa droga não sofre ação dessa enzima. Porém, já em 1961, surge o primeiro relato S. aureus resistentes à meticilina (MRSA), proveniente de um hospital britânico (Jevons, 1961); esse relato foi logo seguido de descrições de surtos relacionados a clones de MRSA na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA) (Barrett et al., 1968; Jessen et al., 1969). Logo, observaram tratar-se de outro mecanismo de resistência, uma vez que não havia inativação do antimicrobiano (Chambers & Deleo, 2009). A identificação do determinante de resistência gene mecA ocorreu somente 20 anos após o primeiro relato de resistência à meticilina. A meticilina e a oxacilina são antimicrobianos similares, sendo que ORSA (S. aureus resistentes à oxacilina) é a designação mais aceita atualmente, já que à meticilina não está mais disponível comercialmente (Korn et al., 2001). Dados do National Nosocomical Infections Surveillance (NNIS) e do Center for Diseases Control and Prevention (CDC), mostram que, desde 1999, a proporção de ORSA ultrapassa 50% entre os pacientes em UT nos EUA. Porém, em estudo recente do CDC, encorajadores resultados foram publicados, os quais mostraram que no período de 2005 a 2008 houve um decréscimo nas taxas de incidência de infecções invasivas por ORSA de 9,4% ao ano, especialmente no subgrupo de infecção de corrente sanguínea (de 11,2% ao ano) (Kallen et al., 2010). Entretanto, no Brasil, os índices de cepas ORSA ainda são bastante elevados e variam de 30-40%, alcançando seus maiores índices em cepas de S. aureus isoladas de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (Gales et al., 2009; Marra et al., 2011). 7 INTRODUÇÃO Com o advento da resistência à oxacilina, vários estudos buscaram correlacionar os fatores de risco associados à aquisição de ORSA no ambiente hospitalar. Entre esses fatores, os principais descritos são: histórico de hospitalização, realização de procedimentos cirúrgicos, admissão em unidades de terapia intensiva (UTI), uso de dispositivos invasivos, contato com indivíduos colonizados ou infectados com ORSA, assim como a pressão seletiva por uso prévio de determinados antimicrobianos (Tacconelli, et al., 2008; Fukuta et al., 2012). Os primeiros relatos de S. aureus resistentes à oxacilina adquiridos na comunidade (CAORSA) estavam associados a populações específicas, entre os quais: homem que mantém relação sexual com homens, presidiários, crianças atendidas em centros de saúde, recrutas militares e esportistas profissionais (Saravolatz et al., 1982; Kluytmans-Vandenbergh et al., 2006). Em muitos locais, isolados de CA-ORSA foram introduzidos no ambiente hospitalar, substituindo o clássico clone ORSA hospitalar (HA-ORSA) (Turnidge et al., 2000, Carleton et al., 2004). Os estudos que avaliaram os riscos para aquisição do CA-ORSA são limitados. Os pacientes geralmente são mais novos que aqueles que adquiriram HA-ORSA e foram previamente expostos a agentes antimicrobianos (Naimi et al., 2003; Baggett et al., 2003). A resistência à oxacilina em S. aureus é frequentemente decorrente da aquisição de um gene de resistência denominado mecA e consequente alteração do sítio de ação dos βlactâmicos, devido à produção de uma PBP alterada, denominada PBP2a ou PBP2’, uma proteína de 78 kDa (Brumfitt & Hamilton-Miller, 1989; Chambers, 1997). Essa PBP é capaz de substituir a função das demais PBPs da bactéria, permitindo a reação de transpeptidação; porém, possui baixa afinidade pelos compostos β-lactâmicos. Consequentemente, a resistência à oxacilina em S. aureus confere resistência a todos os β-lactâmicos, inclusive às cefalosporinas (Tomasz et al., 1989; CLSI, 2006). O gene mecA faz parte de um elemento genético móvel encontrado na maioria dos isolados de ORSA designado Staphylococcal Cassette Chromosome mec (SCCmec), integrado 8 INTRODUÇÃO ao cromossomo do S. aureus (Katayama et al., 2000; Hiramatsu et al., 2002;). O SCCmec tem importância fundamental na transmissão da resistência e na epidemiologia desses isolados (Ito et al., 2003; Oliveira et al., 2006; Kondo et al., 2007). Estudo de Ito e colaboradores (1999) descreveu integralmente o elemento SCCmec, ainda conhecido como DNA mec, na cepa N315 que era sensível à oxacilina (OSSA) e foi nomeada como pré-ORSA (Figura 02). Essa cepa apesar de apresentar o gene mecA, era sensível à oxacilina. A explicação desse fato é que a expressão do gene mecA estava fortemente reprimida na cepa N315 pelo produto de um gene regulador denominado mecl (Ito et al., 1998; Ito et al., 1999). Figura 02 - Ilustração do cassete cromossômico encontrado na cepa de OSSA N315 (préORSA) (Disponível em http://www.staphylococcus.net). Com a evolução das técnicas de clonagem e sequenciamento, toda a região do cromossomo em torno do gene Meca, em poucos anos, foi analisada. Portanto, o SCCmec é composto pelo complexo do gene mec, que codifica resistência à oxacilina e o complexo do gene ccr (do inglês cassete chromosome recombinase), que codifica recombinases responsáveis pela sua mobilidade. Além disso, uma região denominada J (derivada do termo inglês junkyard) 9 INTRODUÇÃO compõe o restante do material genético do complexo SCCmec. As regiões junkyard compreendem três partes: J1 (a região entre ccr e flanqueando a região cromossômica), J2 (a região entre o mecI e ccr) e J3 (a região entre o orfX e o gene mec) (Figura 03). Figura 03. Estrutura do SCCmec. Disponível em: http://www.staphylococcus.net. As regiões J não são necessariamente idênticas entre SCCmec do mesmo tipo, portanto, podem se constituir em alvos para a subtipagem dos elementos SCCmec em estudos epidemiológicos. As diferenças de nucleotídeos na região J1 e/ou a presença de inserção de plasmídeos e transposons, que na sua maioria codificam outros determinantes de resistência integrados às regiões J2 e J3, podem ser úteis na caracterização dos elementos SCCmec. Entretanto, a importância das regiões J, em termos funcionais, ainda permanece como objeto de estudo (Katayama et al., 2000; Katayama et al., 2001; Ito et al., 2007). Cinco classes principais do complexo do gene mec foram identificadas com o uso de primers específicos através da técnica de PCR utilizando o DNA cromossômico, de várias espécies de estafilococos resistentes à oxacilina, como alvo. As classes desse complexo, são nomeadas de A a E, que divergem entre 10 INTRODUÇÃO si de acordo com a presença de determinadas sequências de inserção (sequências de DNA envolvidas com a mobilização de informação genética de função similar aos plasmídeos) (Katayama et al., 2001). O complexo mec contém os genes reguladores da expressão do gene mecA, que são o mecl e mecR1, localizados na região posterior ao promotor do gene mecA. O gene mecI codifica uma proteína que se liga ao DNA e reprime a transcrição do gene mecA, enquanto que o gene mecR1 codifica uma proteína que promove a transcrição do gene mecA na presença de β-lactâmicos (Sharma et al., 1998). A outra região gênica que é comum a todos SCCmec é o complexo do gene ccr (cassette chromossome recombinase) que é composto pelos genes ccrA, ccrB e ccrC envolvidos por ORFs (fases abertas de leitura, do inglês open reading frames) localizadas no complexo SCCmec, responsáveis pela codificação de polipeptídeos que têm como função a excisão e integração do SCCmec no cromossomo estafilocócico (Katayama et al., 2000; IWG-SCC, 2009). Esses genes são designados de ccrA1 e ccrB, ccrA2 e ccrB2, ccrA3 e ccrB3, ccrC, ccrA4 e ccrB4, ccrA1 e ccrB6, e, ccrA1 e ccrB3 (Ito et al., 2004; IWG-SCC, 2009, Li et al., 2011; GarcíaÁlvarez et al., 2011), como demonstrado na Tabela 01. Experimentos demonstram que os genes das recombinases codificados no elemento SCCmec, ccrA e ccrB são suficientes para transferir o elemento de um plasmídeo para um cromossomo em um sítio específico e com orientação específica. No entanto, o mecanismo exato da transferência do SCCmec na natureza ainda é desconhecido (Robinson et al., 2003). Embora a origem do SCCmec permaneça desconhecida, uma das hipóteses seria que o cassete poderia provir do S. sciuri que albergou o ancestral da PBP2a, uma vez que uma PBP foi encontrada no mesmo e demonstrou ter 87,8% de similaridade com a sequência dos aminoácidos da PBP2a (Wu et al., 2001). 11 INTRODUÇÃO Tabela 01. Identificação dos diferentes tipos de SCCmec descritos em S. aureus até o momento. SCCmec Complexodo gene ccr (alotipo) Complexo do gene mec I 1 (A1B1) B II 2 (A2B2) A III 3 (A3B3) A IV 2 (A2B2) B V 5 (C) C2 VI 4 (A4B4) B VII 5 (C) C1 VIII 4 (A4B4) A IX 1 (A1B1) C2 X 7 (A1B6) C1 XI 8 (A1B3) E Atualmente, são conhecidos 11 diferentes tipos de SCCmec, classificados em tipos (SCCmec I a XI) e subtipos (subtipos IVa, IVA, IVb, IVc, IVd, IVE, IVg, IVh, IVi e IVj). Essa nomenclatura foi proposta quando realizada a descrição dos três primeiros elementos por Ito e colaboradores (2001). Porém uma nova proposta contendo informações adicionais, baseadas no tipo de ccr e classe de mec presente, foi estabelecida para nomear os novos elementos SCCmec (IWG-SCC, 2009). Dessa maneira, os tipos de SCCmec devem ser designados por números romanos de acordo com a ordem em que foram reportados, seguidos pelo complexo do gene ccr e do gene mec juntos dentro de um parêntesis (Tabela 01). Os elementos SCCmec I, II, III e VI estão mais associados a infecções causadas por estafilococos de origem nosocomial, enquanto que os tipos IV e V são encontrados com maior frequência em estafilococos de infecções comunitárias (Hisata et al., 2005; Kondo et al., 2007). 12 INTRODUÇÃO O tipo VII foi encontrado em cepas comunitárias isolados na Suécia (Higuchi et al., 2008), assim como o SCCmec VIII no Canadá (Zhang et al., 2009). Os tipos mais recentemente descritos de SCCmec (IX, X e XI), foram inicialmente identificados em isolados de S. aureus de animais. Os tipos de SCCmec são definidos por meio da combinação do complexo ccr e seu alotipo e a classe do gene mecA (Tabela 01) (IWG-SCC, 2009). O tipo I (34 Kb) foi identificado na primeira cepa de ORSA isolada em 1961, no Reino Unido (cepa NCTC 104442). O SCCmec I promove resistência somente aos β-lactâmicos (Figura 04). 13 INTRODUÇÃO Figura 04 - Ilustração dos tipos de SCCmec. Adaptado de International Working Group on the Classification of Staphylococcal Cassette Chromosome Elements (IWG-SCC, 2009); Li e colaboradores (2011) e Shore e colaboradores (2011). 14 INTRODUÇÃO Os dois maiores elementos SCCmec II e III possuem elementos de transposição e genes codificadores de resistência aos antimicrobianos não β-lactâmicos. Esses elementos contém mais cópias das sequências de repetição IS431 e do transposon Tn544 (Ito et al., 2001; Katayama et al., 2001), como mostrado na Figura 4. O SCCmec II (52Kb) foi identificado na cepa N315, pré-ORSA, isolada no Japão em 1982. É o segundo maior elemento gênico e possui, a jusante do complexo mec, uma cópia do transposon Tn554, onde está inserido o gene spc que codifica a resistência à espectinomicina e o gene ermA que codifica a resistência aos macrolídeos, às lincosaminas e às estreptograminasB (MLSB). À direita do complexo mec está integrada uma cópia do plasmídeo pBU110 com os genes que codificam a resistência para canamicina e tobramicina (aadD) e para bleomicina (ble), um anticarcinogênico. Shore e colaboradores (2005) identificaram seis variantes do SCCmec II. O SCCmec III (66 Kb), identificado em uma cepa ORSA isolada, em 1985, na Nova Zelândia, é o maior elemento genético, mais complexo e que carreia o maior número de genes de resistência. O SCCmec III contém um plasmídeo pequeno, a montante do gene mecA, o pT181, que carreia o gene tetK o qual codifica uma proteína que promove o efluxo da tetraciclina (Oliveira et al., 2002). O SCCmec III é subdividido em IIIa e IIIb, o SCCmec tipo IIIa difere pela ausência do pT181 e seus elementos IS431. O SCCmec IIIb não apresenta integradas cópias de Tn554, pT181 e do operon mer com suas sequências de inserção associadas (Oliveira et al., 2002; Ito et al., 2003). Em 2006, foi descrita uma variante do SCCmec III que, na realidade, era composta de 2 elementos SCC pequenos, SCCmercury e o SCCmec III (3A). O elemento SCCmercury (SCCHg) carrega o operon de resistência ao mercúrio pode ser distinguido do SCCmec III pelo complexo do gene mec classe A e do complexo do gene ccr3 (Chongtrakool et al., 2006), como mostrado anteriormente na Figura 04. O SCCmec IV (20 a 24 Kb) foi identificado de um isolado ORSA adquirido na comunidade, geneticamente relacionado ao Clone Pediátrico. Vidal e colaboradores (2009) 15 INTRODUÇÃO sugerem que o SCCmec IV tem um baixo custo metabólico para transferência, pois carrega recombinases e os genes que regulam a expressão do mecA. O SCCmec IV tem uma nova combinação do complexo mec e do complexo ccr2, muito menor que os outros SCCmec descritos anteriormente. Ambos SCCmec I e IV têm o complexo mec com a sequência de inserção IS1272 inserida no mesmo ponto de junção, isso sugere que a recombinação ocorreu entre SCCmec I e outras sequências para gerar o SCCmec IV, porém o complexo ccr tem maior identidade com o complexo ccr2 característico do SCCmec II (Ma et al., 2002). O SCCmec V (28 Kb) foi isolado na Austrália da cepa WIS [WBG8318] de um ORSA comunitário (Ito et al., 2004). O SCCmec V não possui outro gene de resistência, além do gene mecA, porém já foram descritos ORSA multirrersistentes carreando esse tipo de elemento genético (O’Brien et al., 2005). O SCCmec V codifica um gene de uma nova recombinase, responsável por sua mobilidade, a ccrC, mas com uma única cópia do gene, diferente dos outros tipos de SCCmec que têm duas recombinases (Ito et al., 2004). Boyle-Vavra e colaboradores (2005) descreveram um novo subtipo de SCCmec V designado como SCCmec Vt, contendo uma nova variante de ccrC (ccrC2). Esses mesmos autores também detectaram um novo SCCmec que contém todas as características do SCCmec IV e também a ccrC. O SCCmec VI foi inicialmente descrito por Oliveira e colaboradores (2001a) como SCCmec IV, encontrado na cepa de S. aureus HDE28, posteriormente, revisado pelo mesmo grupo, que o reclassificou em SCCmec VI (4B) (Oliveira et al., 2006). O SCCmec VI, é um elemento menor, porém identificado em cepas nosocomiais. Sua estrutura se resume ao complexo ccrAB2 e ao complexo mec tipo B. Esse elemento foi predominante nos hospitais de Portugal, porém ainda é pouco descrito em outras localidades (Oliveira et al., 2006; Kondo et al., 2007). O SCCmec VII foi inicialmente encontrado em uma cepa de ORSA adquirida na comunidade em Taiwan (Higuchi et al., 2008). Os complexos dos genes mec (C2b) e ccrC2 16 INTRODUÇÃO presentes nesse tipo de SCCmec apresenta grande similaridade, com algumas inserções e substituição ao SCCmec V, provavelmente originando-se de sequências de eventos de recombinações e inserções (Higuchi et al., 2008). O SCCmec VIII foi descrito por Zhang e colaboradores (2009) em uma cepa de S. aureus isolada no Canadá. Esse tipo de SCCmec é um elemento que contém uma combinação única de mec classe A e complexos tipo 4 do gene ccr. Estudos de recombinação homóloga sugerem evidências da transferência horizontal de elementos SCCmec entre espécies de Staphylococcus spp. para a formação de novos tipos de SCCmec, que no caso do SCCmec VIII é quase idêntico ao elemento similar encontrado em S. epidermidis (Zhang et al., 2009). Um estudo conduzido por Li e colaboradores (2011), encontrou dois novos tipos de SCCmec, os tipos IX e X, em isolados de ORSA de pessoas participantes de uma conferência internacional sobre veterinária de porcos na Alemanha em 2006. Mais recentemente, uma nova variedade de mecA foi identificada em S. aureus isolados de animais e humanos em diversos países da Europa. Esse novo subtipo foi inicialmente designado como mecALGA251 (GarcíaÁlvarez et al., 2011), mas foi renomeado mecC, por ter apenas 70% de similaridade de nucleotídeos com o gene mecA. O gene mecC está presente em um complexo classe E do gene mec e esse está localizado em um então designado SCCmec XI, que também expressa recombinases (gene ccrA1B3) e resistência ao arsênio (Li et al., 2011; Vestergaard et al., 2012). Devido a sua baixa similaridade com gene mecA, testes específicos para detecção desse gene podem não detectar isolados de ORSA que apresentam o gene mecC (García-Álvarez et al., 2011). 1.3.3 - Resistência aos Glicopeptídeos O glicopeptídeo vancomicina foi introduzido clinicamente em 1958 para o tratamento de infecções causadas por bactérias Gram positivas. Devido ao aumento da prevalência de 17 INTRODUÇÃO infecções causadas por isolados de ORSA (Ena et al., 1993), a utilização desse agente aumentou significativamente nos últimos anos, permanecendo como a principal opção terapêutica no tratamento de infecções por esses isolados multirresistentes (Tenover et al., 2001). Para exercer sua ação, os glicopeptídeos se ligam ao terminal D-alanil-D-alanina da molécula de peptídeoglicano. Esses antimicrobianos podem se ligar a dois alvos principais, na célula bacteriana de S. aureus. O primeiro sítio de ligação se constitui nos resíduos de D-alanilD-alanina já integrados à camada de peptídeoglicano na parede celular, ou nas cadeias em formação de peptídeoglicano. O segundo sítio de ligação deses compostos são os precursores de peptídeoglicano que se encontram na membrana citoplasmática bacteriana, os monômeros de mureína (Biavasco et al., 2000). Em 1986, Wilson e colaboradores (1986) identificaram o primeiro isolado clínico de S. haemolyticus com sensibilidade diminuída para teicoplanina, cuja concentração inibitória mínima (CIM) era de 8 µg/mL, em uma unidade de cirurgia cardíaca que utilizava rotineiramente esse antimicrobiano para profilaxia. Em 1996, ocorreu no Japão o primeiro isolado clínico de S. aureus apresentando sensibilidade diminuída aos glicopeptídeos em uma criança de quatro meses de idade. A criança estava em uso de vancomicina para o tratamento de uma infecção do sítio cirúrgico causada por ORSA. O isolado de ORSA recuperado da secreção purulenta apresentava sensibilidade reduzida para vancomicina (CIM = 8 µg/mL). Esse patógeno foi denominado VISA - Vancomycin Intermediate Staphylococcus aureus ou GISA - Glicopeptide Intermediate Staphylococcus aureus (Hiramatsu et al., 1997). Na Europa, o primeiro relato de VISA ocorreu na França e apesar da cepa ter sido isolada de um paciente, em 1995, somente veio ao conhecimento da comunidade científica em 1998. A paciente estava recebendo vancomicina e amicacina para o tratamento de uma infecção por ORSA relacionada a um cateter venoso central que apresentou CIM de 2 µg/mL para vancomicina. Após 10 dias sem resposta clínica satisfatória, o antimicrobiano foi trocado por 18 INTRODUÇÃO teicoplanina. Foi coletada uma amostra de uma hemocultura nos dois primeiros dias de uso de teicoplanina, sendo isolado um ORSA com sensibilidade reduzida à vancomicina (CIM = 8 µg/mL) e teicoplanina (CIM = 16 µg/mL). A terapia antimicrobiana foi então substituída para quinupristin/dalfopristin com sucesso terapêutico (Ploy et al., 1998). As duas amostras de S. aureus (ORSA e VISA) foram comparadas através da análise do DNA cromossômico por eletroforese em campo elétrico variável (PFGE) e se mostraram idênticas, sugerindo que a amostra VISA fora, provavelmente, selecionada da comunidade de ORSA sensível à vancomicina. O primeiro caso de VISA nos EUA foi identificado em 1997, em um paciente com insuficiência renal crônica que apresentava uma infecção causada por uma cepa ORSA cuja CIM de vancomicina era de 8 µg/mL (Smith et al., 1999). Esses primeiros relatos de infecção por VISA foram logo seguidos pela identificação dos isolados com sensibilidade diminuída aos glicopeptídeos em várias outras partes do mundo, como no Reino Unido, Alemanha, Grécia, Hong Kong, Tailândia, Austria e Polônia (Fitch & Johnson, 1998; Bierbaum et al., 1999; Kantzanou et al., 1999; Wong et al., 2000; Trakulsomboon et al., 2001; Ward et al., 2001; Krzyszton-Russjan et al., 2002). Na América Latina, o programa de vigilância antimicrobiana SENTRY, analisando quase 2.000 isolados clíncos de S. aureus provenientes da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Uruguai (Diekema et al., 2001), no período entre 1997 e 1999, não detectou nenhum isolado com sensibilidade reduzida à vancomicina. Entretanto, o primeiro relato de VISA no Brasil foi reportado em um estudo realizado com 140 amostras de ORSA, isoladas de pacientes expostos à vancomicina, entre 1998 e 1999, onde cinco dessas apresentaram CIM para vancomicina de 8 µg/mL. O PFGE caracterizou esses isolados como pertencentes ao clone endêmico brasileiro (CEB). Esses isolados foram negativos para os genes vanA, vanB e vanC por PCR, mostrando tratar-se de um mecanismo de resistência diferente (Oliveira et al., 2001b). Em 2002, um outro 19 INTRODUÇÃO relato de VISA, foi descrito em um centro médico brasileiro (Andrade-Baiocchi et al., 2003). A paciente apresentava um quadro compatível com endocardite infecciosa por ORSA, refratário ao tratamento com altas doses de vancomicina. Sucessivos isolados de ORSA foram recuperados com CIM para vancomicina de 8 µg/mL. A emergência do VISA está relacionada à extensa exposição à vancomicina por um período de tratamento de 25 dias até 18 semanas (CDC, 2000). Apesar do número crescente de infecções causadas por VISA, nenhum isolado de S. aureus apresentando alto grau de resistência à vancomicina (CIM ≥ 32 µg/mL) havia sido identificado até 2001. Entretanto, em junho de 2002, um isolado de S. aureus apresentando CIM ˃ 128 µg/mL para vancomicina foi detectado em Michigan, nos EUA, em um paciente de 40 anos com diabetes e insuficiência renal crônica e portador de um Enterococcus faecalis resistente à vancomicina (VRE). A presença do gene vanA, nesse isolado de S. aureus sugere que a resistência a vancomicina pode ter sido adquirida através da troca de material genético com a cepa VRE. Esse novo fenótipo de resistência foi denominado VRSA - Vancomycin Resistant Staphylococcus aureus (Chang et al., 2003). Outro caso de VRSA foi reportado no mesmo ano, também nos EUA, proveniente de um paciente apresentando lesão cutânea infectada por S. aureus (CDC, 2004). Subsequentemente, diversos relatos foram realizados, porém restritos a locais como EUA, India e Irã (CDC, 2004; Weigel et al., 2007; Saha et al., 2008; Aligholi et al., 2008; Dezfulian et al., 2012; Azimian et al., 2012). Em comum, esses casos possuíam alto grau de resistência à vancomicina (32-1.024 µg/mL), porém, enquanto alguns isolados apresentavam sensibilidade a outras classes de antimicrobianos por disco difusão, outros eram resistentes a todos, exceto minociclina e gentamicina (Chang et al., 2003; CDC, 2004; Azimian et al., 2012). De forma interessante e preocupante, o isolado VRSA reportado por Azimian e colaboradores (2012) pertence ao ST1283, o qual difere em apenas uma única mutação do ST239 contendo o CEB. Curiosamente, três isolados de VRSA com CIM para vancomicina de 16-64 µg/mL foram negativos para detecção de vanA/vanB, sugerindo um 20 INTRODUÇÃO mecanismo alternativo de resistência a vancomicina, como descrito por Cui e colaboradores (2000), o intenso espessamento da parede celular. A resistência aos glicopeptídeos em S. aureus pode se expressar através de dois fenótipos distintos VISA e VRSA. Os isolados de VISA apresentam baixo grau de resistência a vancomicina, com CIMs variando de 8 a 16 µg/mL. O segundo fenótipo de resistência, VRSA, está relacionado ao alto grau de resistência à vancomicina, com CIM ˃32 µg/mL (Chang et al., 2003; Tenover et al., 2004). O mecanismo de resistência aos glicopeptídeos em S. aureus foi extensamente estudado no primeiro isolado clínico VISA, identificado no Japão por Hiramatsu, denominado Mu50 (Hiramatsu et al., 1997; Hanaki et al., 1999). Algumas propriedades identificadas nesse isolado não foram encontradas em cepas sensíveis à vancomicina, sugerindo que os isolados VISA apresentam características especificas de crescimento e multiplicação bacteriana (Figura 05). Dentre as características mais importantes, destacam-se (i) um aumento da produção de monômeros de mureína, precursores do peptideoglicano; (ii) maior quantidade de resíduos livres de D-alanil-D-alanina ou debris da parede bacteriana liberados para o meio extra-celular; (iii) elevada atividade autolítica e; (iv) aumento da produção e expressão de PBP2a. Essas caracteristicas traduzem-se em maior atividade da parede celular, que aumenta sua espessura, integrando mais precursores do peptideoglicano e dificultando a penetração aos glicopeptídeos (Hanaki et al., 1998). Não foi descrito, até o momento, um gene específico, relacionado a essa resistência. Esse mecanismo de resistência ainda não foi totalmente elucidado, mas estudos sugerem que esse fenômeno pode ser mediado pelo acúmulo de material ou por alterações na parede celular. Apesar da classificação de resistência como intermediária, essas cepas não respondem clinicamente ao tratamento com vancomicina e teicoplanina. 21 INTRODUÇÃO Figura 05 - Mecanismo de ação dos glicopeptídeos na parede celular bacteriana (acima) e mecanismo de resistência de S. aureus aos glicopeptídeos (abaixo). Adaptado de Sieradzki e colaboradores (1997). Diferentemente dos isolados VISA, a resistência à vancomicina em VRSA não está relacionada a alterações na parede bacteriana. Esses isolados apresentam resistência completa à vancomicina, decorrente da substituição do peptídeo final do terminal D-alanil-D-alanina, que passa a D-alanil-D-lactato. Esse novo peptídeo possui reduzida afinidade pela vancomicina, sem prejuízo da síntese da parede bacteriana. O mecanismo aparente desse fenótipo de resistência está relacionado à aquisição por conjugação, pelo S. aureus, de plasmídio carreador do gene vanA, proveniente do E. faecalis (Chang et al., 2003; Weigel et al., 2003). 1.3.3.1 - Implicação Clínica da Resistência aos Glicopeptídeos Vários estudos epidemiológicos foram realizados a fim de esclarecer se a elevação das CIMs para vancomicina se relacionavam a um pior desfecho clínico. A maioria desses estudos é 22 INTRODUÇÃO retrospectivo e conduzido em centros únicos, focando principalmente as infecções de corrente sanguínea (ICS) por isolados de ORSA. Os casos de falha terapêutica foram relatados quando a vancomicina foi utilizada para tratamento de infecções por ORSA, cujas amostras eram sensíveis a esse agente, porém com CIMs mais elevadas (1,0 a 2,0 µg/mL) (Moise-Broder et al., 2004a; Sakoulas et al., 2004; Hidayat et al., 2006, Soriano et al., 2008; Lodise et al., 2008a; van Hal et al., 2012). Inúmeras séries de casos demonstraram que a CIM de vancomicina elavada estaria relacionada a um desfecho clínico desfavorável e modificações nos pontos de corte foram sugeridas (Price et al., 2009). Diante, dessas evidências, os pontos de corte de sensibilidade para vancomicina foram recentemente redefinidos, sendo consideradas como sensíveis, aquelas amostras com CIM ≤ 2,0 µg/mL e, resistentes, aquelas amostras com CIM ≥ 16 µg/mL (CLSI, 2009). Embora VISA ou VRSA já tenham sido identificados, esses casos são raramente descritos em isolados clínicos de ORSA, principalmente em hospitais brasileiros (Tenover et al., 2001; Andrade-Baiocchi et al., 2003). 1.3.3.2 - Evolução Temporal das CIMs de Vancomicina A elevação temporal das CIMs de determinado antimicrobiano em uma população selvagem bacteriana é denominada creep. O inverso, ou seja, a diminuição dessas CIMs ao longo do tempo, é denominado reverse creep. Essa elevação ou diminuição das CIMs pode ocorrer sem, necessariamente, haver mudança da categoria de sensibilidade à vancomicina, ou seja, essas amostras podem não passar a ser resistentes à vancomicina. Portanto, não há uma associação direta entre a elevação das CIMs à vancomicina na população sensível e o surgimento de amostras VISA ou VRSA (Sader et al., 2009). Wang e colaboradores (2006) observaram, nos EUA, um aumento estatisticamente significativo da proporção de isolados de S. aureus com CIMs ≥ 1 µg/mL para vancomicina, no 23 INTRODUÇÃO ano de 2004, em comparação ao período de 2000-2003. Mais de 6.000 amostras foram testadas, utilizando a metodologia de microdiluição em caldo para predizer a sensibilidade à vancomicina. Steinkraus e colaboradores (2007) reportaram, também nos EUA, aumento nos valores das CIMs para vancomicina entre ORSA de um hospital terciário nos anos de 2001 a 2005. Esse aumento deveu-se principalmente à maior frequência de isolados bacterianos com CIMs ≥ 1 µg/mL nos últimos anos do estudo. Esses autores utilizaram a metodologia de Etest® para predizer a sensibilidade à vancomicina. Porém, em estudo envolvendo nove centros médicos dos EUA, Sader e colaboradores (2008) encontraram resultados distintos a esses. Foi avaliada a sensibilidade à vancomicina de 1.800 amostras de ORSA de ICS, coletadas de 2002 a 2006, por meio da metodologia de microdiluição. A presença de creep pôde ser detectada em apenas três centros. Esses autores relatam que a presença de creep na verdade era uma “falsa percepção”, já que essa era consequente à disseminação de clones específicos de ORSA com CIM para vancomicina > 1 µg/mL, como, o USA100, ou Nova Iorque/Japão (NY/J). Da mesma forma, utilizando a metodologia de Etest® em 287 isolados de ORSA em duas cidades da Alemanha, Kehrmann e colaboradores (2011) observaram um aumento na média geométrica da CIM para vancomicina apenas em uma das cidades estudadas. O programa SENTRY analisou as variações de CIMs para vancomicina e teicoplanina, pela técnica de microdiluição em caldo, de uma coleção de mais de 41.000 isolados clínicos de Staphylococcous spp., em um período de seis anos, entre 1998 e 2003 (Jones et al., 2006). A distribuição de CIM para os dois glicopeptídeos se manteve estável entre S. aureus, indicando ausência de creep nessa população bacteriana. Na América Latina, dados do programa SENTRY mostraram a ocorrência de um reverse creep, com aumento do número de isolados de S. aureus com CIMs ≤ 0,5 µg/mL para vancomicina, entre dois períodos avaliados, 1999-2002 e 2003-2006. A metodologia de microdiluição em caldo foi empregada na avaliação da sensibilidade à vancomicina nos dois períodos do estudo (Alós et al., 2008; Picão et al., 2008). 24 INTRODUÇÃO Entretanto, esse estudo não estratificou a amostragem por país e não realizou testes moleculares nos isolados clínicos de ORSA para confirmação da presença do gene mecA ou do tipo do SCCmec. Além disso, também não foi realizada a tipagem molecular dessas cepas. Em um estudo realizado na Espanha não houve detecção do creep para vancomicina por microdiluição em caldo entre mais de 3.000 amostras clínicas de S. aureus sensíveis e resistentes à oxacilina, isoladas em um período de cinco anos (2002-2006). Os autores atribuem os achados desse estudo ao baixo consumo de vancomicina na instituição. Achados contraditórios foram observados, dependendo da metodologia utilizada para se determinar a CIM. Mason e colaboradores (2009), assim como Pitz e colaboradores (2011), observaram a presença de creep para vancomicina, quando a técnica de Etest® foi empregada, mas, na mesma coleção de S. aureus, essa tendência não foi observada quando utilizada outras metodologias, como microdiluição em caldo (Mason et al., 2009), e os métodos automatizados, sensitire e microscan (Pitz et al., 2011). Dessa forma, as tendências nas variações de CIMs à vancomicina em S. aureus podem ser causadas pela utilização de diferentes metodologias para determinação da CIM. A Tabela 2 descreve os estudos que avaliaram as tendências da CIM de vancomicina no decorrer dos anos. Tabela 02 - Estudos avaliando a evolução temporal da CIM de vancomicina. Estudo Desenho do Estudo Período Métodologia Achados Wang et al., 2006 N= 6.003 Único centro, EUA ORSA e OSSA 2000-2004 BMD Vanco CIM = 1 µg/mL (19,9% em 2001 para 70,4% em 2004; p < 0,01) Steinkraus et al., 2007 N= 662 Único centro, EUA ORSA, ICS Sader et al., 2008 Jones et al., 2006 Picão et al., N= 1.800 9 centros, EUA ORSA, ICS Multicêntrico ORSA América Latina CIM = 0.5 µg/mL (46% em 2001 para 5% em 2005) Vanco CIM = 1 µg/mL (16% em 2001 para 69% em 2005; p < 0,01) 3 centros apresentaram aumento na média geométrica da CIM de vanco e 3 centros diminuição. 2001-2005 Etest® 2002-2006 BMD 1998-2003 BMD Não observou alteração significativa 1999-2006 BMD Aumento no número de isolados com CIM 25 INTRODUÇÃO 2008 ≤ 0,5 µg/mL Alós et al., 2008 N= 3000 M ORSA e OSSA Espanha Mason et al., 2009 N=165 ORSA e OSSA Unidade pediátrica Ho et al., 2010 N=247, ORSA, ICS Multicêntrico China 2002-2006 BMD Não observou alteração significativa 2001-2008 BMD e Etes®t BMD - não houve alteração significativa Etest® - aumento de isolados com CIM de 1 para 1,5 µg/mL (inicio em 2004, p < 0,001) e de 1,5 para 2 µg/mL (p = 0,04) Período 1: 1997-99 Período 2: 2004 Período 3: 2006-08 Etest® Vanco CIM = 1 µg/mL (10,4% no P1, 21,6% no P2 e 38,3% no P3, ; p < 0,001) Pitz et al., 2011 N= 167, ORSA, ICS Único centro, EUA 2000-2008 Sensititre Microscan Etest® Sensititre e Microscan não mostraram alteração. Etest mostrou aumento não linear na moda da CIM de vancomicina (p < 0,01) Kehrmann et al., 2011 N= 287 ORSA, ICS Multicêntrico, 2 cidades Alemanha 2004-2009 Etest® Cidade A: aumento da média geométrica da CIM de vancomicina (p < 0,05) Cidade B: alteração não signficativa No isolamento: Etest mostrou um aumento na CIM de vanco (p = 0,012), mas não após estocagem por nenhum método empregado. Edwards et al., 2012 N=208, ORSA, ICS Único centro, Reino Unido 2006-2010 -No isolamento: Etest® -Após estocagem: Vitek 2, BMD e Etest Yeh et al., 2012 N= 140 Único centro, Taiwan 2001 2005 2009 Etest® Aumento da média geométrica da CIM de vancomicina entre 2001 - 2009 (p < 0,01) e entre 2005 -2009 (p < 0,001). Reynolds et al., 2012 N= 271 ORSA, ICS Multicêntrico Reino Unido e Irlanda 2001-2007 BSAC diluição em ágar Discreta diminuição (0,027 diluições por ano; p=0,006) BMD - microdiluição em caldo, BSAC - British Society for Antimicrobial Chemotherapy. Os únicos estudos na literatura que avaliaram a evolução das CIMs para teicoplanina em isolados de S. aureus não observaram modificações significatvas (Jones et al., 2006, Reynolds et al., 2012; Tascini et al.,2012). Apenas Ahlstrand e colaboradores (2011) observaram um aumento no número de cepas com o fenótipo de heterorresistência aos glicopeptídeos entre isolados de S. epidermidis e S. haemolythicus (Tabela 03). Nota-se que nenhum dos estudos verificou se existia variações das CIMs para glicopeptídeos entre isolados do CEB, o clone hospitalar mais prevalente no território brasileiro. Portanto, não se sabe se o fenômeno de creep pode ocorrer nesse clone específico. Há dúvidas também se os dados de creep para 26 INTRODUÇÃO vancomicina podem ser extrapolados para outros glicopeptídeos em uso no Brasil, como a teicoplanina. Tabela 03 - Estudos avaliando a evolução temporal da CIM de teicoplanina. Referência Desenho Período Achados Reynolds et al., 2012 271 isolados de MRSA 2001-2007 Diluição em ágar BSAC Não observou tendência Tascini et al., 2012 91 isolados de S. aureus 2007-2010 Etest Não observou tendência 1980-2009 Etest Não observou tendência nas CIMs para teicoplanina, porém aumento no número de isolados hGISA 1998-2003 BMD Não observou tendência Ahlstrand et al., 2011 Jones et al., 2006 SCoN > 35.000 isolados de MRSA Multicêntrico BMD - microdiluição em caldo, BSAC - British Society for Antimicrobial Chemotherapy. 1.4 - Disseminação de Clones ORSA Cinco linhagens principais de ORSA foram descritas inicialmente, denominadas de “clones epidêmicos”, pela habilidade de se disseminar através de distintas regiões geográficas. A classificação desses clones reflete a região na qual eles foram inicialmente identificados, ou indicam alguma propriedade epidemiológica característica de determinada linhagem. Esses clones foram classificados como ibérico, CEB, húngaro, NY/J e pediátrico epidêmico (Oliveira et al., 2002). Além dos clones internacionais epidêmicos, outras linhagens genotípicas tem sido descritas localmente (Nimmo et al., 2000; Aires de Sousa et al., 2000). Nos EUA, de acordo com CDC, esses clones receberam denominações específicas: USA100 (clone NY/J), USA200 (EORSA-16), USA500 (clone ibérico) e USA800 (clone pediátrico) (McDougal et al., 2003). Nesse estudo norte-americano, o CEB não foi reclassificado, devido à baixa prevalência do mesmo entre as amostras isoladas localmente. 27 INTRODUÇÃO Alguns desses clones internacionais possuem também características fenotípicas em relação ao seu perfil de sensibilidade a antimicrobianos. Uma coleção de amostras dessas cinco linhagens foi testada in vitro para diversos antimicrobianos não β-lactâmicos, tais como clindamicina, eritromicina, espectinomicina, gentamicina, tetraciclina e sulfametoxazoltrimetoprima. À exceção do clone pediátrico, as demais linhagens apresentaram-se resistentes à maioria dos agentes testados. Os clones ibérico, húngaro e NY/J foram sensíveis somente a sulfametoxazol-trimetoprima, enquanto o clone brasileiro apresentou sensibilidade somente à espectinomicina. O clone pediátrico, por sua vez, apresentou resistência somente à gentamicina, e, em algumas amostras, à eritromicina (Oliveira et al., 2002). O clone ibérico foi descrito inicialmente na Espanha, em 1989, sendo relacionado a um surto epidêmico em um hospital em Barcelona (Dominguez et al., 1994). Atualmente, esse clone está disseminado em vários países da Europa e nos EUA (Roberts et al., 1998; Sanches et al., 1995; Sá-Leão et al., 1999). A partir de 1993, o clone ibérico foi sendo paulatinamente substituído em vários hospitais da Espanha e de Portugal, por outras linhagens clonais, incluindo representantes do CEB (Amorim et al., 2002) e clones ORSA, fenotipicamente menos resistentes (Cuevas et al., 2007; Vindel et al., 2006). Além de encontrar-se amplamente disseminado em hospitais da Hungria, o clone Húngaro foi recentemente identificado em Taiwan (Aires et al., 2003). O clone NY/J foi considerado o clone de ORSA predominante em hospitais da região metropolitana de Nova Iorque e algumas regiões adjacentes, além de ter sido identificado também em um hospital em Tókio no Japão (de Lencastre et al., 1996). Esse clone foi documentado infectando pacientes no México e Hungria, substituindo novas linhagens locais ou internacionais de ORSA previamente dominantes (Conceição et al., 2007; Velazquez-Meza et al., 2004). Atualmente, esse clone multirresistente é considerado predominante nos casos de infecções associadas à assistência à saúde nos EUA. A maioria das amostras de VISA e VRSA 28 INTRODUÇÃO descritas até o momento nos EUA apresentam o mesmo perfil genotípico desse clone endêmico. No Brasil, Cabloco e colaboradores (2012), recentemente, descreveram a presença do clone NY/J (12% dos 99 ORSA estudados) em dois hospitais do Rio de Janeiro. O CEB foi descrito inicialmente no Brasil em 1993, na cidade de São Paulo (Sader et al., 1993; Sader et al., 1994) e, posteriormente, por Teixeira e colaboradores (1995) em outros estados brasileiros. Esse clone encontra-se amplamente disseminado por várias regiões do mundo, incluindo países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) e Europa (República Tcheca e Portugal) (Aires de Souza et al., 2001; Gomes et al., 2001). No Brasil, esse clone de ORSA pôde ser identificado em diferentes hospitais da região norte até o sul do país, frequentemente associado a surtos epidêmicos (Santos et al., 1996; Oliveira et al., 2001b). Na década de 90, o mesmo representava 77% de todas as amostras ORSA isoladas de vários sítios de infecção, coletadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Porto Alegre e Manaus (Sader et al., 1994; Teixeira et al., 1995). É possível observar que ao longo dos anos, foi relatado um aumento progressivo de isolados pertencentes ao CEB, a saber: Oliveira e colaboradores (2001b) relataram 80,3% em amostras de ORSA coletadas entre 1995 e 1997, provenientes de 19 cidades no país. Enquanto que, estudo realizado por Aires de Souza e colaboradores (2001) evidenciaram taxas ainda maiores, cerca de 97% do CEB em amostas isoladas de seis hospitais de São Paulo e em um hospital do Rio de Janeiro. Essa predominância do CEB, no Brasil, foi corroborada por relatos adicionais, com alta frequência do mesmo em vários hospitais brasileiros (Oliveira et al., 2001b; Aires de Sousa et al., 2001; Vivoni et al., 2006). No hospital São Paulo, pertencente à UNIFESP, durante os períodos de 1991 a 1992 e de 1995 a 1996, foi observado que 86% dos isolados de ORSA coletados de hemoculturas de pacientes hospitalizados pertenciam ao CEB (Conterno, 1999). Taxa semelhante (87%) foi verificada por um em estudo realizado com isolados de ORSA no período de janeiro 2002 a 29 INTRODUÇÃO dezembro de 2005 nessa mesma instituição (Inoue et al., 2008). Entretanto, a partir de 2007, Paschoal (2010), reportou que somente 47% das amostras de ORSA isoladas de ICS nessa instituição pertenciam ao clone epidêmico brasileiro. Esse resultado demonstrou uma possível mudança no perfil epidemiológico de ORSA incluindo a introdução de novos tipos de clones como o pediátrico e o NY/J e, consequentemente, a redução do CEB. Em hospitais de diversas localidades do mundo, isolados de ORSA relacionados ao CEB tornaram-se predominantes entre os isolados de ORSA, como na Argentina, Espanha e Republica Tcheca, ou ainda permanecem na quase totalidade dos isolados nosocomiais, como na República da Georgia (pertencente à antiga URSS). Modificações na epidemiologia dos clones de ORSA são descritos em todo mundo, na República Tcheca o CEB foi, recentemente, substituído por outro clone local, também multirresistente (Melter et al., 2003). Em Portugal, a frequência desse clone entre isolados clínicos de ORSA, em pacientes hospitalizados, declinou de 69% do período de 1996 a 2000 para apenas 12% no período de 2003 a 2005 (Amorim et al., 2007). Na Argentina, a substituição do CEB pelo clone Cordoba/Chile iniciou-se em 1999, e esse tornou-se predominante em 2001. O mesmo ocorreu na Espanha, onde o predomínio dos clones CEB e NY/J foi gradativamente substituído pelo E-ORSA-16 (SCCmec II) (Sola, et al., 2006; Potel et al., 2007). Após seu isolamento em uma instituição pediátrica, em 1992, em Portugal, por isso denominado clone pediátrico epidêmico, já foi reportado em quase todos os países do mundo (Roberts et al., 1998; Sá-Leão et al., 1999; Gomes et al., 2001; DeLeo et al., 2010). Surpreendentemente, o padrão de resistência de quase metade das amostras de ORSA de um dos hospitais pediátricos portugueses era limitado aos β-lactâmicos, sendo a maioria das amostras sensíveis aos antimicrobianos de outras classes, como, clindamicina, ciprofloxacina, eritromicina, tetraciclina, e sulfametoxazol-trimetoprima. Verificou-se que várias amostras isoladas na Argentina (1994-1998), Colômbia (1996), Nova Iorque (1988-1991) e Polônia (1990- 30 INTRODUÇÃO 1996), quando comparadas aos perfis moleculares armazenados em um banco de dados internacional, possuíam genótipos idênticos entre si e às amostras do clone pediátrico (Oliveira et al., 2002; Sá-Leão et al., 1999). Os representantes clonais dessas quatro regiões foram recuperados, predominantemente, de crianças, assim como descrito em Portugal. No Brasil, a presença de ORSA SCCmec IV de origem hospitalar foi notada quando um aumento na proporção de isolados de ORSA, que apresentavam sensibilidade aos antimicrobianos não-β-lactâmicos, foi observado a partir de 2004 (de Trindade et al., 2005; de Miranda et al., 2007). Esse perfil de sensibilidade também foi descrito em isolados relacionados ao clone pediátrico colonizando indivíduos nas cidades do Rio de Janeiro (Melo et al., 2004) e Recife (de Miranda et al., 2007). Entretanto, isolados clínicos classificados como CA-ORSA foram detectados em pacientes provenientes da comunidade, muitos dos quais não exibiam histórico de hospitalização recente. Esses isolados foram recuperados de diversos sítios de infecção ou colonização, frequentemente associados a surtos esporádicos em populações específicas, tais como, crianças, pacientes imunossuprimidos, indivíduos encarcerados e participantes de esportes coletivos (Kluytmans-Vandenbergh et al., 2006). CA-ORSA tornou-se, nos últimos anos, de grande importância por conter o gene de virulência que codifica a leucocidina Panton-Valentine (PVL), capaz de provocar choque séptico e necrose na pele, tecido celular subcutâneo e pulmonar (Boyle-Vavra & Daum, 2007; Carvalho et al., 2010). Alguns dos primeiros casos de infecções por CA-ORSA ocorreram em populações indígenas na Austrália Ocidental na década de 1990 (Udo et al., 1993; O’Brien et al., 2005). Essas cepas foram distinguíveis de clones contemporâneos (isto é, os genótipos) que circulam em hospitais australianos por seus padrões de PFGE e sensibilidade à maioria dos antimicrobianos β-lactâmicos, sugerindo que elas eram descendentes de linhagens hospitalares ou cepas comunitárias que tinham adquirido o mecA por transferência horizontal de genes. Nos 31 INTRODUÇÃO EUA, os primeiros casos bem documentados de infecção de ORSA que eram verdadeiramente associados à comunidade ocorreram em crianças saudáveis entre 1997 e 1999, descritos pelo CDC. Essas crianças, não tinham fatores de risco para ORSA e todas tiveram infecção fulminante rapidamente, sugerindo que essas cepas CA-ORSA eram especialmente virulentas. Amostras de CA-MRSA são frequentemente sensíveis a vários antimicrobianos não βlactâmicos. Essa observação é consistente com a ausência de outros genes de resistência, à exceção do mecA, no complexo genômico SCCmec de representantes dos tipos IV e V. Por outro lado, algumas linhagens de CA-ORSA podem apresentar resistência a alguns compostos não β-lactâmicos, pela presença de determinantes de resistência inseridos fora do SCCmec IV e V (Yamamoto et al., 2010; Mediavilla et al., 2012). Surtos e epidemias de CA-ORSA, atualmente, ocorrem em todo o mundo e com uma epidemiologia semelhante. Embora surgiram clones específicos, eles variam de acordo com a localização geográfica. Os genótipos de isolados de CA-ORSA indicam que não estão intimamente relacionados com clones hospitalares e essas cepas comunitárias são sensíveis a numerosos antibióticos para as quais as cepas hospitalares são rotineiramente resistentes. No Brasil, os primeiros relatos de infecções por CA-ORSA ocorreram no Rio Grande do Sul entre os anos 2002 e 2003 (Ribeiro et al., 2005). Os isolados foram caracterizados como carreadores do SCCmec IV e produtores de PVL e enterotoxina, além de relacionarem-se com o clone Oceania/Pacífico Sudoeste (OSPC). Outros relatos se seguiram, todos relacionados à infecções graves associadas, inicialmente, à infecção de pele e partes moles (Fortes et al., 2008; Rozenbaum et al., 2009; Gelatti et al., 2009; Razera et al., 2009). Reinert e colaboradores (2008) relatou três isolados de ORSA SCCmec IVc, produtores de PVL, isolados entre 1995 e 1999, sugerindo a presença do SCCmec IV, no Brasil, há mais de uma década. 32 OBJETIVOS 2 - OBJETIVOS 2.1 - Objetivo Principal Determinar a variação das CIMs de vancomicina e teicoplanina durante um período de oito anos em isolados clínicos de S. aureus resistentes à oxacilina provenientes de ICS de pacientes do Hospital São Paulo. 2.2 - Objetivos Secundários Comparar as técnicas de microdiluição em caldo e Etest® na determinação das CIMs para os glicopeptídeos entre os isolados ORSA; Avaliar a dinâmica temporal dos clones epidêmicos de ORSA e o complexo SCCmec presente nesses isolados; Correlacionar a variação da CIM para vancomicina e teicoplanina em isolados ORSA de acordo com os respectivos clones encontrados; 33 MATERIAL E MÉTODOS 3 - MATERIAL E MÉTODOS 3.1 - Amostras Bacterianas O cálculo de amostragem para este projeto levou em consideração o estudo realizado por Steinkraus e colaboradores (2007). Esses autores detectaram creep para vancomicina obtendo um aumento na média geométrica das CIMs de 0,32 µg/mL em cinco anos de estudo: de 0,62 µg/mL (2001) para 0,94 µg/mL (2005). Com isso, através do cálculo de diferenças entre as médias, o número de isolados de ORSA necessários para se detectar diferenças em oito anos de estudo seriam de 200 amostras no total, ou seja, aproximadamente 25 por ano. Os isolados clínicos de ORSA foram selecionados de maneira que o número de amostras fosse dividido igualmente entre os dois períodos: Período 1 (P1) de 2002 a 2005 e Período 2 (P2) de 2006 a 2009. Os isolados clínicos de ORSA, inicialmente identificados pelo sistema Phoenix® (BD diagnostics), foram selecionados aleatoriamente entre janeiro de 2002 a dezembro de 2009, de pacientes com diagnóstico de ICS hospitalizados no Hospital São Paulo (hospital universitário, público e terciário com mais de 600 leitos), pertencente ao complexo UNIFESP. Apenas um isolado por paciente foi considerado para o estudo. As amostras foram obtidas do banco de microrganismos do Laboratório Especial de Microbiologia Clínica - LEMC, da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, onde se encontravam armazenadas. 3.2 - Confirmação da Identificação Bacteriana A confirmação da identificação dos isolados de ORSA, selecionados para o presente estudo, foi realizada pela técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase) para a detecção do gene nuc, específico da espécie S. aureus. Os primers foram desenhados utilizando-se o software Primer3 (nuc - R1: 5` GCCACGTCCATATTTATCAG 3`) e (nuc - F1: 5` 34 MATERIAL E MÉTODOS TATGGTCCTGAAGCAAGTG 3`), a partir da cepa ORSA 252 (sequência de DNA obtida pelo número de acesso GenBank NC_002952) e, posteriormente, encaminhados para síntese (IDT Integrated DNA Tecnologies Inc., Coralville, EUA). 3.3 - PCR-multiplex para a Detecção do Gene mecA e Tipagem do SCCmec A tipagem do SCCmec e detecção do gene mecA foi realizada utilizando a metodologia de PCR-multiplex, conforme o protocolo desenvolvido por Zhang e colaboradores (2005). O protocolo detecta o gene mecA e os SCCmec tipos I a V, incluindo os quatro subtipos de SCCmec tipo IV (IVa, IVb, IVc, e IVd), utilizando apenas 9 loci, selecionados com base em sequências do SCCmec descritas previamente e disponíveis no banco de dados GenBank (NCBI - National Center for Biotechnology Information; http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Genbank/index) (Ito et al., 1999; Ito et al., 2001). As respectivas regiões alvo, cepas e números de acesso do GenBank no qual esse protocolo foi delineado estão na Tabela 04. Tabela 04 - Regiões alvo, cepas controles e número de acesso GenBank para determinação do SCCmec. SCCmec Região Cepa Número de acesso GenBank Tipo I ORF E008 NCTC 10442 AB033763 Tipo II kdpE N315 D86934 Tipo III ORF CZ049 85/2082 AB37671 Tipo IVa ORF CQ002 CA05 AB063172 Tipo IVb ORF CM001 8/6-3P AB063173 Tipo IVc ORF CR002 MR108 AB096217 Tipo IVd ORF CG001 JCSC4469 AB0967677 Tipo V ORF V011 JCSC3624 AB12121 35 MATERIAL E MÉTODOS Para a detecção do gene mecA, foi utilizada a cepa NCTC8325 (número de acesso GenBank X52593). As sequências dos primers utilizados nas reações de PCR-multiplex para a determinação dos tipos de SCCmec estão descritos na Tabela 05. Tabela 05 - Sequência dos primers utilizados na PCR multiplex para determinação dos tipos de SCCmec, segundo Zhang e colaboradores (2005). Primer Sequência de oligonucleotídeos Tamanho (5´- 3´) amplicon (pb) Tipo I–F GCTTTAAAGAGTGTCGTTACAGG Tipo I–R GTTCTCTCATAGTATGACGTCC Tipo II–F CGTTGAAGATGATGAAGCG Tipo II–R CGAAATCAATGGTTAATGGACC Tipo III–F CCATATTGTGTACGATGCG Tipo III–R CCTTAGTTGTCGTAACAGATCG Tipo IVa–F GCCTTATTCGAAGAAACCG Tipo IVa–R CTACTCTTCTGAAAAGCGTCG Tipo IVb–F TCTGGAATTACTTCAGCTGC Tipo IVb–R AAACAATATTGCTCTCCCTC Tipo IVc-F ACAATATTTGTATTATCGGAGAGC Tipo IVc–R TTGGTATGAGGTATTGCTGG Tipo IVd–F CTCAAAATACGGACCCCAATACA Tipo IVd–R TGCTCCAGTAATTGCTAAAG Tipo V-F GAACATTGTTACTTAAATGAGCG Tipo V–R TGAAAGTTGTACCCTTGACACC mecA147-F GTGAAGATATACCAAGTGATT mecA147-R ATGCGCTATAGATTGAAAGGAT Especificidade 613 SCCmec I 398 SCCmec II 280 SCCmec III 776 SCCmec IVa 493 SCCmec IVb 200 SCCmec Ivc 881 SCCmec Ivd 325 SCCmec V 147 mec A 3.3.1 - Extração do DNA genômico Para a extração do DNA genômico foi utilizado a metodologia de extração por fervura, segundo Zhang e colaboradores (2005). Para isso, de uma a cinco colônias bacterianas, 36 MATERIAL E MÉTODOS cultivadas em placa de ágar Columbia (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra) acrescido de 5% de sangue de carneiro, foram suspensas em 50 µL de água destilada estéril contido em tubo eppendorf. Os tubos foram aquecidos a 99ºC em banho-maria, durante 10 minutos. Após essa etapa, os tubos foram submetidos à centrifugação durante 3 minutos a 13.000 rpm. Uma alíquota de 40 µL do sobrenadante foi estocado em freezer e utilizado posteriormente 2 µL dessa para a reação de PCR (volume final de 25 µL). 3.3.2 - Reação de Amplificação A reação de amplificação foi realizada nas seguintes condições: 12,5 µL de mastermix para multiplex (Qiagen, Valencia, CA, EUA), um total de 7,7 µL de primers, 2,8 µL de água estéril deionizada e 2 µL do sobrenadante da extração de DNA. A reação de amplificação foi realizada no termociclador MasterCycler gradient (Eppendorf, Hamburgo, Alemanha), utilizando o seguinte programa: 5 min a 94ºC, seguido por 10 ciclos de 45s a 94ºC, 45s a 65ºC e 1,5 min a 72ºC e outros 25 ciclos de 45s a 94ºC, 45s a 55ºC e 1,5 min a 72ºC. O programa termina com uma extensão adicional de 10 min a 72ºC. Os tubos foram mantidos a 20ºC até o momento da eletroforese (Zhang et al., 2005). 3.3.3 - Eletroforese Após a reação de amplificação, foi acrescido 4 µL de loading buffer em cada tubo e os produtos de PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1% (contendo brometo de etídio) em tampão TBE 0,5X por 40 min a 120V. Como padrão de peso molecular foi utilizado um marcador de 100 bp (Invitrogen, Carlsbad, Califórnia, EUA). Os fragmentos de DNA foram visualizados e fotografados sob transiluminação ultravioleta. Como controles positivos para os diferentes tipos de SCCmec foram utilizadas as seguintes cepas de ORSA: NCTC 10422 (SCCmec I), N315 (SCCmec II), 85/2082 (SCCmec III), JCSC 1968/CA05 (SCCmec IVa), 37 MATERIAL E MÉTODOS JCSC1978/8/6-3P (SCCmec IVb), MR 108 (SCCmec IVc), JCSC 4469 (SCCmec IVd) e JCSC 3624/WIS [WBG8318] (SCCmec V) (Ito et al., 2001; Ito et al., 2004; Ma et al., 2002; Okuma et al., 2002). As cepas controle foram gentilmente cedidas pelo Prof. Keiichi Hiramatsu e Profª Teruyo Ito, do Departamento de Bacteriologia, Universidade de Juntendo - Tóquio, Japão, e Prof. Robert S. Daum, Universidade de Chicago, Departamento de Pediatria, Chicago, Illinois. Como controle negativo, utilizou-se água destilada deionizada estéril. 3.4 - Análise do DNA Cromossômico por Pulsed Field Gel Electrophoresis - PFGE A análise do DNA cromossômico dos isolados de ORSA foi realizada, segundo protocolo estabelecido pelo CDC, por McDougal e colaboradores (2003), para tipagem molecular de S. aureus, utilizando a técnica de PFGE, no qual o cromossomo bacteriano foi digerido com a enzima de restrição SmaI. Uma colônia do isolado teste foi inoculada em 5 mL de caldo BHI (Brain Heart Infusion) e incubada a 35-37ºC por 24 horas. As concentrações das suspensões celulares foram ajustadas com solução salina até atingir uma leitura de turbidez de 1,1 a 1,3. Um volume de 200 µL da suspensão de células ajustadas foi transferido para um tubo de microcentrífuga de peso conhecido, centrifugado a 12.000 X g por aproximadamente 2 a 4 min e o sobrenadante aspirado. Os tubos foram novamente pesados com a finalidade de se determinar o peso do centrifugado (células). Dez microlitros da suspensão bacteriana foi transferida para um novo tubo, ao qual foi adicionado 300 µL de tampão EC (Tris 6 mM, ph 7,5; NaCL 1M; EDTA 0,01M; Brij-58 0,5%; Sarcosil 0,5% e Deoxicolato de sódio 0,2%), 15 µL de lisostafina e, posteriormente, 340 µL de agarose 2% (UltrapureTM Low Melting Point Agarose, Invitrogen) para a formação dos blocos de gel. Esses blocos de gel foram incubados por um período mínimo de quatro horas em solução EC a 37ºC. A seguir, os blocos de gel foram lavados várias vezes em solução tampão Tris-EDTA e armazenados nessa solução a 4ºC, até serem submetidos à digestão enzimática e posterior eletroforese. 38 MATERIAL E MÉTODOS Os blocos de agarose foram cortados em três partes iguais e armazenados em tampão de restrição 1x por 30 min. O tampão de restrição das amostras foi removido e o DNA das amostras foi digerido com 3 µL da enzima SmaI (Promega R6125, 10U/µL) em 200 µL do tampão de restrição 1x, com incubação a 25ºC por duas a três horas. A eletroforese foi realizada em gel de agarose a 1% no sistema CHEF-DRII (Bio-Rad Laboratories, Hercules, CA, EUA). Os fragmentos de restrição resultantes foram colocados no aparelho de eletroforese com corrente alternando de 5 a 40 segundos a 6 V/cm e temperatura de 14ºC durante 21 horas em gel de agarose a 1%. Os géis foram corados com brometo de etídio (1,5 µg/mL) por 1 hora, descorados em água bidestilada por mais 45 min, e fotografados sob luz ultravioleta com filme FUJI FTI-500 e capturados com o programa LISCAP Image Capture Software com o aparelho ImageMaster® (Amersham Pharmacia Biotech AB, CA, EUA). As fotos foram digitalizadas e salvas como arquivo TIF para análise posterior. Como padrão de peso molecular, foi utilizado o Lambda DNA Ladder (New England Biolabs, EUA) na primeira e última coluna de cada gel. Além do peso molecular, foi incluída a cepa de referência S. aureus NCTC 8325, posicionada entre as amostras clínicas, em todos os géis de PFGE. A amostra NCTC 8325 foi gentilmente cedida pela Prof. Hermínia de Lencastre, Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Oeiras, Portugal (número de acesso GenBank CP000253). Amostras de ORSA representantes de clones mundiais ou locais foram também incluídas nos experimentos: NCTC 10422 (SCCmec I), A1721/HU25 (CEB, SCCmec III), BK2464 (NY/J, SCCmec II), HDE288 (Clone Pediátrico/USA800, SCCmec IVa). Todos os controles foram gentilmente cedidos pelo Profº. Keiichi Hiramatsu e Profª. Teruyo Ito, do Departamento de Bacteriologia, Universidade de Juntendo - Tóquio, Japão; Profº. Robert S. Daum, Universidade de Chicago, Departamento de Pediatria, Chicago, Illinois; Profª. Hermínia de Lencastre, Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Oeiras, Portuga; Profª. Agnes Figueiredo, Instituto de 39 MATERIAL E MÉTODOS Microbiologia Profº. Paulo de Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. A Tabela 06 sumariza todas as cepas controle utilizadas no presente estudo. Tabela 06 - Cepas controles de S. aureus utilizadas nas reações de PCR para a tipagem do SCCmec. Número da Amostra Clone SCCmec NCTC8325 - - NCTC10442 - SCCmec I N315 - SCCmec II NCTC85/2082 - SCCmec III JCSC1968 - SCCmec IVa JCSC1978 - SCCmec IVb MR108 - SCCmec IVc JCSC4469 - SCCmec IVd WIS WBG8318 SCCmec V A1721 Clone Epidêmico Brasileiro SCCmec III BK2464 New York - Japan - USA 100 SCCmec II HU25 Clone Epidêmico Brasileiro SCCmec III HDE 288 Clone Pediátrico - USA800 SCCmec VI Os géis foram analisados pelo programa BioNumerics versão 5.0 (Applied Maths, Kortrijk, Belgium) como imagens preto e branco invertidas de 8 bits. Para cada imagem foi realizada a análise espectral para determinar o tamanho do disco a ser utilizado na extração do plano de fundo da imagem, pela técnica de rolamento de disco. As cepas de referência S. aureus NCTC 8325 de cada gel foram normatizadas entre si. Após digestão com a enzima SmaI, essa cepa produz 13 bandas visivelmente definidas, distribuídas entre 674 kb e 36 kb. A cepa NCTC 8325 é considerada padrão internacional de referência para normalização dos fragmentos cromossomais de amostras de S. aureus submetidas ao PFGE. O processo de normalização é 40 MATERIAL E MÉTODOS etapa essencial e obrigatória para corrigir as distorções intra e inter-géis que podem ocorrer na técnica de PFGE. Bandas de amostras clínicas situadas acima da maior banda da NCTC (674 kb) não foram incluídas para análise, pois essas bandas não foram normalizadas. Da mesma maneira, bandas abaixo de 36 kb foram excluídas da análise pela menor resolução e impossibilidade de normalização das mesmas (Murchan et al., 2003). A definição de bandas foi realizada automaticamente em todas as imagens pelo programa e depois conferida por comparação visual. O coeficiente de similaridade utilizado foi o coeficiente de Dice baseado na presença e posição de bandas. O dendrograma foi construído utilizando o algoritmo de análise filogenética UPGMA (Unweighted Pair-Groups Method using arithmetic averages). Esse algoritmo realiza as análises através de agrupamentos por médias não ponderadas. Os valores de otimização e tolerância utilizados para o conjunto de isolados foram de 0,8 e 1,8%, respectivamente. Um coeficiente de similaridade acima de 90% foi selecionado para definir cada cluster de isolados (McDougal et al., 2003). 3.5 - Testes de Sensibilidade aos Antimicrobianos 3.5.1 - Microdiluição em Caldo As CIMs de vancomicina e teicoplanina foram determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo, segundo as recomendações do Clinical and Laboratory Standard Institute (CLSI, 2012a). Os sais de antimicrobiano foram obtidos da Sigma-Aldrich (St Louis, MO, USA). Uma solução mãe contendo 1.280 µg/mL de cada antimicrobiano foi preparada em água ultrapura e diluída 1:10 em caldo Mueller-Hinton - MH (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra) para obtenção da concentração máxima de 128 µg/mL. A partir dessa solução, foram realizadas diluições seriadas até a obtenção da concentração de 0,125 µg/mL. Para verificar a existência de uma tendência no aumento das CIMs, diluições com intervalos menores foram utilizadas na 41 MATERIAL E MÉTODOS microdiluição. Para isso, soluções mãe de 120 µg/mL, 100 µg/mL, 75 µg/mL, 65 µg/mL, 55 µg/mL e 45 µg/mL foram preparadas e diluídas conforme descrito acima até a obtenção de 36 diluições, que variaram entre 0,06 e 128 µg/mL e distribuídas em três placas. Dentre as diluições de 0,25 e 2 µg/mL, foram empregados pequenos acréscimos, oito para cada passo de diluição log2. As soluções mãe de cada antimicrobiano foram armazenadas em freezer a -70ºC para utilização posterior, se necessária. Cem microlitros de cada diluição de antimicrobiano foi dispensado nas placas de microdiluição, conforme Figuras 6A, 6B e 6C com auxílio de uma pipeta multicanal. As placas foram armazenadas em freezer a -70ºC até sua utilização. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 A 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 B 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 C 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 D 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 E 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 F 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 G 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 H 0,06 0,094 0,125 0,188 0,25 0,281 0,313 0,344 0,375 0,406 0,438 0,469 Figura 6A - Concentrações de vancomicina na placa de microdiluição. Cada linha representa uma amostra e cada coluna uma concentração do antibiótico de 0,06 a 0,469 µg/mL. A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 B 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 C 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 D 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 E 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 F 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 G 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 H 0,5 0,563 0,625 0,688 0,75 0,813 0,875 0,938 1 1,125 1,25 1,375 Figura 6B - Concentrações de vancomicina de 0,5 a 1,375 µg/mL na placa de microdiluição. Cada linha representa uma amostra e cada coluna uma concentração do antimicrobiano. 42 MATERIAL E MÉTODOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 A 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 B 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 C 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 D 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 E 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 F 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 G 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 H 1,5 1,625 1,75 1,875 2 2,5 3 4 8 16 32 64 Figura 6C - Concentrações de vancomicina 1,5 a 64 µg/mL na placa de microdiluição. Cada linha representa uma amostra e cada coluna uma concentração do antimicrobiano. Após o crescimento em placas de ágar sangue por 18 horas, com auxílio de uma alça de semeadura, 3 a 5 colônias isoladas de S. aureus foram transferidas para tubos contendo 5 mL de caldo MH (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra), para obtenção de uma concentração bacteriana em torno de 1,5 x108 unidades formadoras de colônias (UFC)/mL correspondente a 0,5 da escala de McFarland. Trinta e dois microlitros dessa solução foi diluída em 968 µL de caldo MH, reduzindo a concentração celular para 5x106 UFC/mL. Novamente, 500 µL dessa solução foi adicionado a 4,5 mL de caldo MH obtendo uma concentração final de 5x105 UFC/mL. Cem microlitros do inóculo bacteriano foi dispensado na placa de microdiluição. Dessa forma, tanto o inóculo bacteriano, quanto a concentração dos antimicrobianos foram diluídos pela metade. A seguir, as placas foram incubadas entre 35ºC e 37ºC, em aerobiose por 24 horas. A CIM foi definida como a menor concentração de antimicrobiano capaz de inibir o crescimento bacteriano. Foram utilizadas, como controles de qualidade as cepas ATCC 29213 de S. aureus, ATCC 29212 de E. faecalis. As amostras foram classificadas como sensíveis, intermediárias ou resistentes, seguindo os critérios de sensibilidade estabelecidos pelo CLSI para métodos quantitativos (CLSI, 2012). 43 MATERIAL E MÉTODOS 3.5.2 - Etest® A avaliação da sensibilidade à vancomicina e à teicoplanina também foi realizada pela metodologia Etest®, de acordo com as instruções do fabricante (bioMérieux, Marcy l’Étóile, França). Foi preparada uma suspensão bacteriana, com turbidez correspondente a 0,5 da escala de McFarland, de cada amostra e semeada em uma placa de MH ágar (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra). Após um intervalo de 15 min, as fitas de Etest®, foram dispensadas na superfície do ágar. As placas foram incubadas por 18 a 20 horas para teicoplanina e 24 horas para vancomicina, em temperatura de 35ºC. Conforme instruções do fabricante, a CIM foi determinada como sendo a concentração da intersecção entre a fita de Etest® e a zona elíptica de inibição de crescimento bacteriano. As amostras foram classificadas como sensíveis, intermediárias ou resistentes, seguindo os critérios de sensibilidade estabelecidos pelo CLSI (CLSI, 2012) para métodos quantitativos. O controle de qualidade foi realizado com as cepas ATCC 29213 de S. aureus e ATCC 29212 E. faecalis. 3.6 - Análise Estatística A análise dos dados foi realizada utilizando o software IBM SPSS Statistics 17.0 (IBM Corporation, New York, USA). A média da CIM e o intervalo da CIM, a CIM50 e CIM90 foram calculados para cada antimicrobiano. A análise da tendência central das CIMs, de acordo com o ano de estudo, foi realizada através da comparação entre as médias de múltiplos grupos usando o teste T3 de Dunnet (One-Way Anova, Post Hoc Multiple Comparisons). Os dados foram analisados considerando-se cada ano do estudo individualmente e, também, através da análise por períodos, sendo denominado de Período 1 aquele compreendendo os 4 primeiros anos do estudo (P1; 2002-2005) e Período 2 aquele compreendendo os 4 últimos anos do estudo (P2; 2006-2009). As variações temporais nas CIMs para vancomicina e teicoplanina foram analisadas pela distribuição de acordo com o ano de isolamento, metodologia testada, tipo de SCCmec e 44 MATERIAL E MÉTODOS padrão de genotipagem encontrados. As tendências foram estudadas através de testes de correlação (Pearson x2), sendo a significância estatística considerada em associações com valores de p ≤ 0,05. 45 RESULTADOS 4 - RESULTADOS 4.1 - Distribuição das Amostras de ORSA A distribuição de isolados de ORSA selecionados para o estudo está descrita na Tabela 07. Pode-se observar que não houve variação no número de isolados ORSA entre os anos do estudo. Tabela 07 - Seleção de ORSA isolados de hemoculturas entre os anos 2002 e 2009. Período 1 Ano 2002 N (%) 24 (12) 2003 Período 2 2004 26 (13) 25 (12,5) 2005 2006 2007 25 (12,5) 25 (12,5) 24 (12) 2008 2009 26 (13) 25 (12,5) 4.2 - Resultados da Caracterização Genética das Amostras 4.2.1 - Identificação da Espécie Todas as amostras inicialmente identificadas pelo sistema Phoenix como S. aureus tiveram sua identificação confirmada por meio da detecção do gene nuc por PCR, como demonstrado na Figura 07. 46 RESULTADOS Figura 07 - Gel de agarose mostrando a amplificação correspondende ao fragmento específico do gene nuc (117 Kb) nos isolados clínicos de ORSA. PM - peso molecular; C - controle negativo, S. epidermidis ATCC 14990; C + - controle positivo S. aureus ATCC 33591, colunas 1 a 9 - amostras de S. aureus. Coluna 1 - amostra A10283; Coluna 2 - amostra A10404; Coluna 3 - A10405; Coluna 4 - amostra A10497; Coluna 5 - amostra 10561; Coluna 6 - amostra A11103; Coluna 7 - amostra A11241; Coluna 8 - amostra 11347; Coluna 9 - amostra A11520. 4.2.2 - Detecção e Caracterização do SCCmec O gene mecA foi detectado por PCR em todas as amostras ORSA avaliadas neste estudo (Figura 08). Os resultados da PCR multiplex para determinação do SCCmec, pela metodologia de Zhang e colaboradores (2005), mostraram que a maioria das amostras carreava o SCCmec III (58,5%), seguido do SCCmec II (17,5%), SCCmec I (13,5%) e SCCmec IV (9,5%). Apenas 2 (1,0%) isolados carreavam o SCCmec V (Tabela 08). 47 RESULTADOS Figura 08 - Gel de agarose com a amplificação dos fragmentos específicos do gene mecA e caracterização do SCCmec pela técnica de Zhang e colaboradores (2005) nos isolados clínicos de ORSA. Colunas 1, 10 e 21 - peso molecular (100 pb; Sigma Aldrich). Colunas 2-9 - controles SCCmec I: cepa NCTC 10442, SCCmec II: cepa N315, SCCmec III: cepa 85/2082, SCCmec IVa: cepa CA05, SCCmec IVb: cepa 8/6-3P, SCCmec IVc: cepa MR108, SCCmec IVd: cepa JCSC4469 e SCCmec V: cepa JCSC3624, respectivamente. Coluna 11 - amostra A27942 SCCmec IVa; Colunas 12 e 19 - amostras A10404 e A10405 SCCmec III; Colunas 13-17 amostras A13596, A19992, A26675, A26933 e A27305 SCCmec II; Coluna 18 - amostra A15450 SCCmec I. Coluna 20 - controle negativo da reação, S. epidermidis (MSSE) ATCC 14990. Tabela 08 - Caracterização dos cassetes cromossômicos SCCmec dos isolados de ORSA. SCCmec N Frequência (%) I II III IV V Total 27 35 117 19 2 200 13,5 17,5 58,5 9,5 1,0 100,0 Analisando-se a caracterização do SCCmec dos isolados distribuídos anualmente, observa-se que nos anos de 2002 e 2003, havia um total predomínio do SCCmec III. Porém, a partir de 2004, a introdução de outros tipos de SCCmec foi documentada, excentuando-se os 48 RESULTADOS SCCmec I, II e IV. Após essaa data, observa-se observa uma progressão decrescente de isolados de S. aureus carreadores do SCCmec mec III, em decorrência do aumento dos isolados que carreavam os SCCmec II e I, principalmente. Apesar de um aumento inicial durante os anos de 2004 e 2005, o SCCmec IV declinou sua frequência entre os isolados de ORSA até o ano de 2009. 2009 Apenas dois isolados de ORSA carreadores do SCCmec V foram detectados, nos anos de 2006 e 2009, como mostra a Figura 099 abaixo. SCCmec I SCCmec II SCCmec III SCCmec IV SCCmec V 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 SCC dos isolados de ORSA, de acordo com o ano Figura 09 - Distribuição da frequência de SCCmec de isolamento. 4.2.3 - Perfis genotípicos enotípicos dos tipos de SCCmec SCC A determinação da relação genética pela técnica de PFGE, utilizando coeficiente de Dice de 80% de similaridade, demonstrou a presença de seis principais clusters. A Figura 10 exemplifica um dos perfis de bandas de isolados de ORSA encontrados neste estudo. Todos os isolados da Figura 10 carreavam o SCCmec SCC III, sendo alguns relacionados geneticamente à cepa HU25 correspondente ao clone endêmico brasileiro (A10283, A10404, A10405, A10497 e A10561), e outros não relacionados à cepa HU25, porém, também bém carreadores do SCCmec SCC III. 49 RESULTADOS Figura 10 - Perfil de bandas de amostras ORSA carreadoras do SCCmec III pela técnica de eletroforese em campo pulsado. Colunas 1 e 19 - marcador de peso molecular 48,5 kb (Lambda ladder); Colunas 2, 7, 12, e 18 - cepa padrão de S. aureus NCTC 8325; Isolados de ORSA com mais de 80% de similaridade com a cepa do clone epidêmico brasileiro HU25: Coluna 3 A10283, Coluna 5 - A10404, Coluna 6 - A10405, Coluna 11- A10497 e Coluna 14 - A10561 carreadoras do SCCmec III. Isolados de ORSA com perfil distinto da cepa HU25: Coluna 4 A11610, Coluna 8 - A12061, Coluna 9 - A13127, Coluna 10 - A14179, Coluna 13 - A17931, Coluna 15 - A24145, Coluna 16 - A27069 e Coluna - 17 - A27123. O CEB foi o mais frequente, agrupando 48% dos isolados. Entretanto, a prevalência do CEB foi progressivamente reduzida com o passar dos anos (p < 0,05) e não foi detectado entre os ORSA isolados em 2009. A diminuição da representatividade desse clone na amostragem foi acompanhada pelo aumento de dois outros clones, o Nova Iorque/Japão (NY/J) e um clone, K 50 RESULTADOS SCCmec I, não relacionado aos controles testados neste estudo, como mostra a Figura 11 abaixo. K CEB NY/JP 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Figura 11 - Gráfico da frequência de isolados ORSA relacionados aos principais clones epidêmicos conhecidos, encontrados neste estudo. CEB - amostras com mais de 80% de similaridade com o clone endêmico brasileiro; NY/J - amostras com mais de 80% de similaridade com o clone Nova Iorque/Japão; K - amostras com mais de 80% de similaridade entre si, porém não relacionadas a nenhum clone testado. As Figuras 12 a 15 mostram a análise dos clusters das amostras contendo SCCmec I, II, IV e V, respectivamente. Entre as 27 amostras de ORSA SCCmec I, 10 clones foram encontrados com predominância de dois deles, detectados a partir de 2007, sendo que um desses clones agrupou 27% dos isolados de ORSA SCCmec I, porém sem relação com nenhum clone conhecido testado (Figura 12). Na Figura 7, observa-se uma grande variedade de clones, porém, dois deles, os clone V e o X, foram os mais frequentes, agrupando 28,6% e 22,9% das 51 RESULTADOS amostras SCCmec II, respectivamente. As amostras do clone V apresentaram similaridade maior que 80% à cepa BK2464, representante do clone NY/J. Esse clone, assim como o clone X, foi detectado somente a partir de 2007. Figura 12 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec I, utilizando o coeficiente de similaridade de Dice de 80% (linha vertical pontilhada), tolerância de 1,5% e o método UPGMA. As colunas à direita do dendrograma correspondem à identificação da amostra e ano de isolamento. 52 RESULTADOS Figura 13 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec II, utilizando o coeficiente de similaridade de Dice de 80% (linha vertical pontilhada), tolerância de 1,5% e o método UPGMA. As colunas à direita do dendrograma correspondem à identificação da amostra e ano de isolamento. Uma diversidade menor de clones foi encontrada nos isolados ORSA SCCmec IV, com 63% dos isolados agrupados em um único clone que exibia similaridade superior a 80% com a cepa HDE 288, representante do clone pediátrico (Figura 14). Neste estudo, o clone pediátrico foi observado em 2004 e 2005, em quatro isolados em cada ano, porém em 2006 apenas um isolado de ORSA, representante do clone pediátrico foi detectado, dois em 2007, nenhum em 2008 e apenas um em 2009. As duas amostras de ORSA SCCmec V, isoladas em distintos anos 53 RESULTADOS (2006 e 2009) não apresentavam similaridade entre si, porém, uma delas exibia similaridade ao padrão demonstrado pela cepa BK2464, representante do clone NY/JP (Figura 9). Figura 14 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec IV, utilizando o coeficiente de similaridade de Dice de 80% (linha vertical pontilhada), Tolerância de 1,5% e o método UPGMA. As colunas à direita do dendrograma correspondem à identificação da amostra e ano de isolamento. 54 RESULTADOS Figura 15 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec V em comparação às cepas padrão utilizadas neste estudo (coeficiente de similaridade de Dice de 80%, representado pela linha vertical pontilhada, tolerância de 1,5% e o método UPGMA). As colunas à direita do dendrograma correspondem à identificação da amostra e ano de isolamento. A Figura 16 abaixo representa a análise dos clusters dos isolados de ORSA SCCmec III classificados de acordo com o período de isolamento, P1 e P2. Houve um grande aumento na variedade de clusters encontrados nos últimos anos do estudo. Dos seis clusters observados durante o P1, destaca-se aquele que apresenta mais de 80% de similaridade com a cepa HU25 do CEB. Esse cluster é compreendido por 88% dos isolados ORSA SCCmec III isolados durante o P1. Em contraste, durante os anos do P2, 16 diferentes clusters foram detectados e apenas cinco isolados ORSA SCCmec III (28%) apresentaram similaridade > 80% com a cepa HU25, pertencente ao CEB. Neste estudo, 97% dos isolados de ORSA relacionados ao CEB carreavam o SCCmec III, duas cepas isoladas em 2004 e 2008 carreavam o SCCmec I não apresentavam, portanto, relação temporal entre si, e apenas um isolado carreava o SCCmec IV. 55 RESULTADOS Figura 16 - Análise dos clusters das amostras ORSA contendo SCCmec III, utilizando 80% de coeficiente de similaridade de Dice (linha vertical pontilhada), tolerância de 1,5% e o método UPGMA. O dendograma à esquerda corresponde às amostras isoladas durante o P1 (2002 a 2005); o dendograma à direita corresponde às amostras isoladas durante o P2 (2006 a 2009). Os ramos colaps ados (triângulo invertido) correspondem às amostras com mais de 80% de similaridade com a cepa HU25 do clone epidêmico brasileiro. 4.3 - Avaliação da Sensibilidade aos Glicopeptídeos 4.3.1 - Vancomicina O teste de sensibilidade para vancomicina pela metodologia de microdiluição em caldo, utilizando-se mínimos acréscimos nas concentrações do antimicrobiano, revelou uma variação na CIM dos isolados de S. aureus entre 0,344 e 1,5 µg/mL. A frequência das CIM para vancomicina, encontradas no estudo, estão discriminadas na Tabela 9. 56 RESULTADOS Tabela 09 - Distribuição das CIMs para vancomicina, por microdiluição em caldo, entre os isolados ORSA avaliados neste estudo. CIM Vancomicina (µg/mL) N Frequência (%) 0,344 2 1,0 Frequência Acumulada (%) 1,0 0,375 1 0,5 1,5 0,438 5 2,5 4,0 0,469 6 3,0 7,0 0,5 27 13,5 20,5 0,563 21 10,5 31,0 0,564 3 1,5 32,5 0,625 34 17,0 49,5 0,638 1 0,5 50,0 0,688 20 10,0 60,0 0,75 21 10,5 70,5 0,813 13 6,5 77,0 0,875 10 5,0 82,0 0,938 15 7,5 89,5 0,968 1 0,5 90,0 1 12 6,0 96,0 1,125 1 0,5 96,5 1,25 3 1,5 98,0 1,375 3 1,5 99,5 1,5 1 0,5 100,0 Total 200 100,0 Segundo as recomendações atuais do CLSI (2012), para a classificação de categorias de sensibilidade de S. aureus para vancomicina, todos os isolados do estudo apresentaram-se como sensíveis a esse antimicrobiano (CIM ≤ 2 µg/mL). De maneira geral, a mediana, média e moda para vancomicina foram 0,638 µg/mL, 0,71 µg/mL e 0,50 µg/mL, respectivamente. As CIMs capazes de inibir 50% e 90% dos isolados ORSA, ou seja, CIM50 e CIM90 foram de 0,638 µg/mL e 0,968 µg/mL, respectivamente. 57 RESULTADOS O método de gradiente de difusão apresentou uma variação de CIM para vancomicina entre 0,5 µg/mL e 3 µg/mL (Tabela 10). A média geométrica, mediana e moda foram, respectivamente, de 1,45 µg/mL, 1,50 µg/mL e 1,50 µg/mL. Em relação à metodologia padrãoouro, o método de gradiente antimicrobiano em fita (Etest®) apresentou taxas de concordância geral e por categorias de 89,5% e 99,5%, respectivamente. Tabela 10 - Distribuição das CIMs para vancomicina pelo método Etest® dos isolados ORSA avaliados neste estudo. CIM Vancomicina (µg/mL) N Frequência (%) 0,5 1 0,5 Frequência Acumulada (%) 0,5 0,75 9 4,5 5,0 1,0 45 22,5 27,5 1,5 105 52,5 80,0 2,0 39 19,5 99,5 3,0 1 0,5 100,0 Total 200 100,0 Uma tendência a resultados superiores de CIMs para vancomicina foi observada com a metodologia de Etest®, como mostra a Figura 17 abaixo. Segundo os critérios de sensibilidade estabelecidos pelo CLSI (2012), apenas um isolado de S. aureus exibiria resistência intermediária à vancomicina pela metodologia de Etest® e constituiria um erro leve. 58 RESULTADOS Figura 17 - Escatergrama catergrama utilizando utiliza valores ajustados para diluições log2 dos resultados das CIMs para vancomicina, obtidas por microdiluição em caldo e Etest® entre os isolados ORSA avaliados. Quando comparados os valores val das CIM50 e CIM90 para vancomicina,, de acordo com o período de estudo (P1, 2002--2005 e P2, 2006 a 2009), observa-se se um aumento em ambas as taxas, apenas quando a metodologia de microdiluição em caldo com mínimos acréscimos acrésc foi empregada (Figura 18). 59 RESULTADOS Figura 18 - Aumento dos valores de CIM50 e CIM90 para vancomicina dos isolados de ORSA entre os períodos do estudo: P1 (2002-2005) e P2 (2006-2009), * p < 0,0001. As Figuras 19 e 20 representam aspectos importantes da variação dos valores de CIMs de vancomicina, de acordo com o ano de estudo. Nelas podemos observar a tendência do conjunto de dados, sendo a linha central da caixa a mediana, o limite inferior e superior da caixa, respectivamente, o primeiro quartis (Q1) e o terceiro quartis (Q3). Além disso, é possível avaliar a heterogeneidade na distribuição da CIM para vancomicina em cada ano de estudo, através do tamanho da caixa, e se determinar os valores mínimos e máximos de cada conjunto. Os pontos representados por círculos ou asteriscos, isolados nos gráficos, representam valores fora da faixa analisada (atípicos ou “outliers”) e são calculados levando-se em consideração a diferença interquartílica (Q3-Q1). O círculo representa valores 1,5 vezes à diferença interquartílica e o asterisco três vezes essa diferença. 60 RESULTADOS Figura 19 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de S. aureus, distribuídas por ano de estudo, determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p < 0,05). Intervalo entre valores máximo e mínimo, coluna representa o espaço interquartil (entre os quartis 25 e 75) e a linha em negrito a mediana. Na Figura 19, observa-se que nos primeiros anos do estudo (2002 e 2003), a distribuição da CIM para vancomicina era bastante homogênea (pequenas caixas), a partir de 2004 houve uma crescente heterogeneidade nos valores de CIM para vancomicina, determinados pela microdiluição em caldo, assim como uma elevação na mediana progressiva até o ano de 2007 e estabilização dessa em 2008 e 2009, porém em valores inferiores aquele atingido em 2007. Essa tendência ao aumento da CIM para vancomicina nos isolados ORSA avaliados, denominada de “MIC Creep” foi apenas observada e, estatisticamente significantiva, quando 61 RESULTADOS avaliados ano a ano os resultados de microdiluição em caldo com mínimos acréscimos, como mostra a Figura 19 (Pearson test, p < 0,0001). Entretanto, quando os valores obtidos pela metodologia de Etest® foram avaliados foi possível observar uma tendência (p = 0,051) para o aumento dos valores da CIM para vancomicina nos anos 2007 e 2009 (Figura 20). Figura 20 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,051). Na Figura 20, observa-se, pelo tamanho das caixas, uma homogeneidade nos valores de CIM para vancomicina pelo Etest® nos anos estudados, sendo que em 2005 e 2006, os valores de Q1, Q3 e a mediana foram coincidentes, e, portanto, não há representatividade de “caixa”. 62 RESULTADOS 4.3.2 - Teicoplanina O teste de sensibilidade para teicoplanina, pela metodologia de microdiluição em caldo, utilizando-se mínimos acréscimos nas concentrações do antimicrobiano, revelou uma variação de 0,250 a 2,0 µg/mL na CIM dos isolados de ORSA. A frequência das CIM para teicoplanina encontradas no estudo estão discriminadas na Tabela 11 abaixo. Tabela 11 - Distribuição das CIMs para teicoplanina por microdiluição em caldo entre os isolados ORSA avaliados neste estudo. CIM Teicoplanina N Frequência (%) 0,25 6 3,0 Frequência cumulativa (%) 3,0 0,313 2 1,0 4,0 0,344 3 1,5 5,5 0,375 8 4,0 9,5 0,406 9 4,5 14,0 0,438 11 5,5 19,5 0,469 6 3,0 22,5 0,5 27 13,5 36,0 0,561 1 0,5 36,5 0,563 10 5,0 41,5 0,625 20 10,0 51,5 0,688 22 11,0 62,5 0,75 20 10,0 72,5 0,813 12 6,0 78,5 0,83 1 0,5 79,0 0,875 12 6,0 85,0 0,938 3 1,5 86,5 1 17 8,5 95,0 1,5 5 2,5 97,5 1,75 3 1,5 99,0 1,875 1 0,5 99,5 2 1 0,5 100,0 63 RESULTADOS Total 200 100 De maneira geral, os valores de média, mediana e moda para as CIMs de teicoplanina foram de 0,686 µg/mL, 0,625 µg/mL e 0,50 µg/mL, respectivamente. As CIM50 e CIM90 foram de 0,625 µg/mL e 1,0 µg/mL, respectivamente. Segundo as recomendações atuais do CLSI (2012) para a classificação de categorias de sensibilidade de S. aureus para teicoplanina, todos os isolados do estudo exibiram sensibilidade a esse antimicrobiano (CIM ≤ 8 µg/mL). A distribuição das CIMs de teicoplanina pela técnica de Etest® limitou-se a valores entre 0,5 µg/mL e 3,0 µg/mL (Tabela 12). Os valores da média geométrica, moda e mediana foram, respectivamente, de 1,58 µg/m, 1,5 µg/m e 1,5 µg/m. As CIM50 e CIM90 para os isolados ORSA analisados foram de 1,5 µg/m e 2,0 µg/m, respectivamente. Tabela 12 - Distribuição das CIMs para teicoplanina pelo método Etest® dos isolados ORSA avaliados neste estudo. CIM Teicoplanina (µg/mL) N % % cumulativa 0,5 0,75 1 1,5 2 3 Total 3 1,5 1,5 6 3,0 4,5 25 12,5 17,0 101 50,5 67,5 61 30,5 98,0 4 2,0 100,0 200 100,0 Os resultados obtidos pela metodologia de Etest® para teicoplanina, atingiram uma taxa de concordância geral com a microdiluição em caldo de apenas 71,5%, porém, obtiveram 100% de correlação nas categorias de sensibilidade, quando os atuais pontos de corte recomendados pelo CLSI foram empregados (S ≤ 8 µg/mL). A Figura 21, abaixo, ilustra esses dados e permite a visualização de uma tendência a valores de CIMs para teicoplanina, superiores pela técnica de Etest® quando comparados à microdiluição em caldo. 64 RESULTADOS Figura 21 - Escattergrama cattergrama utilizando utiliza valores ajustados para diluições log2 dos resultados das CIMs para teicoplanina obtidas por microdiluição em caldo e Etest® entre os isolados ORSA avaliados. Quando comparados os valores das CIM50 e CIM90 para teicoplanina entre os períodos do estudo (P1 e P2), não foram observadas alterações significativas na distribuição das CIMs para teicoplanina por ambas as metodologias empregadas (Tabela 13). 65 RESULTADOS Tabela 13 - Valores das CIM50 e CIM90 para teicoplanina dos isolados de ORSA de acordo com o período do estudo pelas diferentes metodologias. Teicoplanina (µg/mL) BMD E-test MIC50 MIC90 MIC50 MIC90 P1 (2002-2005) 0,688 1,0 1,50 2,00 P2 (2006-2009) 0,625 1,0 1,50 2,00 Da mesma maneira, não foi observada nenhuma tendência quando os valores de CIM para teicoplanina foram avaliados ano a ano, seja ela técnica de microdiluição em caldo (p = 0,512) como por Etest® (p = 0,214) (Figura 22 e 23). As Figuras 22 e 23 mostram uma distribuição bastante homogênea entre os valores de CIMs para teicoplanina, de acordo com os anos de estudo, assim como pequena variação nas respectivas medianas, independente da metodologia testada. 66 RESULTADOS Figura 22 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo, determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p = 0,512). 67 RESULTADOS Figura 23 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de S. aureus distribuídas por ano de estudo, determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,214). Os valores das médias de CIM para vancomicina e teicoplanina, de acordo com o tipo de SCCmec dos isolados de ORSA podem ser observados na Tabela 14 abaixo. A comparação da média de CIM para vancomicina e teicoplanina do SCCmec III em relação aos demais tipos de SCCmec, por ambas as metodologias de teste de sensibilidade utilizadas, demonstrou uma singela tendência, sem alcançar significado estatístico (p = 0,077), apenas para o SCCmec II e vancomicina por microdiluição em caldo (Tabela 14). 68 RESULTADOS Tabela 14 - Distribuição das médias das CIMs de vancomicina, de acordo com a tipagem molecular de SCCmec dos isolados ORSA avaliados. Vanco_BMD SCCmec I SCCmec II SCCmec III SCCmec IV SCCmec V N 27 35 117 19 2 média 0,74 0,79 0,67 0,68 0,97 p* 0,734 0,077 - 1,000 0,896 * valor de p em relação ao SCCmec III; Vanco_BMD - microdiluição em caldo para vancomicina. Apesar dos isolados ORSA SCCmec I, IV e V apresentarem valores superiores ao SCCmec II para as médias de CIM de vancomicina por microdiluição em caldo, nenhum resultado foi significativo na análise estatística. O mesmo ocorreu com os isolados ORSA SCCmec I e V, em relação ao tipo III para a micordiluição em caldo para teicoplanina (Tabela 15). Tabela 15 - Distribuição das médias das CIMs de teicoplanina, de acordo com a tipagem molecular de SCCmec dos isolados ORSA avaliados. Teico_BMD SCCmec I SCCmec II SCCmec III SCCmec IV SCCmec V N 27 35 117 19 2 média 0,73 0,60 0,71 0,62 1,11 p* 1,000 0,387 - 0,633 0,994 * valor de p em relação ao SCCmec III; Teico_BMD - microdiluição em caldo para teicomicina. 69 RESULTADOS 4.3.3 - Evolução temporal da CIM dos glicopeptídeos de amostras relacionadas ao CEB No subgrupo constituído apenas por ORSA com mais de 80% de similaridade ao CEB (96 isolados), a distribuição nos anos do estudo mostraram uma diminuição importante e progressiva da frequência desse clone (Tabela 16). Quando avaliada a sensibilidade aos glicopeptídeos especificamente nesse grupo de ORSA, observamos que houve uma diferença estatisticamente significativa na distribuição dos valores da CIM de vancomicina pelos anos do estudo (p = 0,021), pela técnica de microdiluição, mas não pelo Etest® (p = 0,807) (Figuras 18 e 19). Da mesma maneira que os demais isolados de ORSA do estudo, não houve modificação significativa nas CIM de teicoplanina por nenhuma das metodologias de sensibilidade aplicadas (p > 0,05). Entretanto, nota-se que nos últimos anos do estudo, o número de isolados de ORSA relacionados com o CEB foi muito inferior aos demais anos, sendo que 2009 não houve nenhum isolado detectado. Tabela 16 - Distribuição de ORSA com similaridade acima de 80% com o CEB. Ano Total 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 CIM Vanco/N° 23 24 15 16 11 3 4 0 Média 0,600 0,651 0,577 0,680 0,718 0,527 0,613 - Mediana 0,563 0,625 0,563 0,657 0,750 0,500 0,594 - 96 Na Figura 24, abaixo, observa-se uma grande variação da mediana das CIMs para vancomicina pela microdiluição em caldo. Além disso, observamos um aumento progressivo da mediana, principalmente entre os anos de 2004 e 2006, entretanto, em 2007 e 2008, houve uma diminuição acentuada dessa. Contudo, a baixa representatividade de isolados relacionados ao 70 RESULTADOS CEB em 2007 e 2008 limita o valor dessa análise. Esse comportamento foi similar ao ocorrido com o grupo total de ORSA avaliado neste estudo (Figura 19). Figura 24 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p = 0,021). Da mesma forma que no grupo total de ORSA do estudo, o subgrupo de isolados relacionados ao CEB apresentou uma homogeneidade nos resultados de CIM para vancomicina obtidos por Etest®, sendo que nos anos de 2005 e 2006 os valores de Q1, Q3 e mediana foram coincidentes, formando apenas um linha na representação gráfica (Figura 25). 71 RESULTADOS Figura 25 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para vancomicina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,807). As CIMs de teicoplanina obtidas por microdiluição em caldo do subgrupo de isolados ORSA relacionados ao CEB apresentou maior homogeneidade dos grupos do que a vancomicina e uma menor variação da mediana. Entretanto, nota-se um discreto aumento da mediana entre os anos de 2002 e 2005, e ligeira queda nos anos subsequentes. Em 2008, o valor da mediana foi semelhante ao de 2003 (Figura 26). 72 RESULTADOS Figura 26 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo (p = 0,816). Quando os resultados de CIMs para teicoplanina, obtidos por Etest® no subgrupo de ORSA relacionados ao CEB, foram avaliados, nota-se que a mediana era de 2 µg/mL em 2002, caiu para 1,5 µg/mL nos anos de 2003 a 2007 e para 1 µg/mL em 2008 (Figura 27). 73 RESULTADOS Figura 27 - Representação gráfica da mediana e quartis das CIMs para teicoplanina dos isolados de ORSA relacionados ao CEB, distribuídos por ano de estudo e determinadas pela metodologia de Etest® (p = 0,111). A análise estatística das CIMs de vancomicina, comparadas entre os principais clusters encontrados neste estudo, ou seja, CEB, NY/J e cluster K, mostrou valores mais elevados para os dois últimos clusters, principalmente para o NY/J, como mostra a Tabela 17. 74 RESULTADOS Tabela 17 - Análise estatística das CIMs de vancomicina por microdiluição em caldo, de acordo com o padrão de PFGE dos isolados ORSA avaliados. Padrão PFGE CIM Vanco CEB NY/J Cluster K Todos N° 96 24 14 200 média 0,652 0,796 0,748 0,707 moda 0,625 0,813 0,750 0,663 mediana 0,625 0,938 0,938 0,625 Entretanto, quando avaliados os valores de CIMs para teicoplanina, essa diferença não foi observada para o cluster NY/J que apresentou valores menores quando comparados ao CEB (Tabela 18). A comparação múltipla entre as médias das CIMs, de acordo com os três principais clones observados nessa amostragem, mostrou uma tendência apenas para a CIM de vancomicina obtida por microdiluição em caldo entre os clones NY/J e CEB, porém não significante estatisticamente (p = 0,076). As demais combinações de método e antimicrobiano (vancomicina/Etest®; teicoplanina/microdiluição em caldo e teicoplanina/Etest®) não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre as médias de CIM dos principais clones observados. 75 RESULTADOS Tabela 18 - Análise estatística das CIMs de teicoplanina por microdiluição em caldo, de acordo com o padrão de PFGE dos isolados ORSA avaliados. Padrão PFGE CIM Teico CEB NY/J Cluster K Todos N° 96 24 14 200 média 0,697 0,553 0,768 0,686 moda 0,688 0,485 0,813 0,625 mediana 0,500 0,625 0,813 0,500 76 DISCUSSÃO 5 - DISCUSSÃO S. aureus é um dos patógenos mais frequentemente isolados no ambiente hospitalar, podendo causar uma variedade de infecções, de leves a fatais. A vancomicina é o antimicrobiano de escolha para o tratamento de infecções graves no ambiente hospitalar. Entretanto, há dúvidas quanto a sua eficácia clínica para o tratamento de infecções graves causadas por ORSA que apresentam CIM no limite superior de sensibilidade. O objetivo deste estudo foi avaliar a dinâmica das CIMs para vancomicina e teicoplanina em cepas de ORSA isoladas de infecções de corrente sanguínea de pacientes internados no Hospital São Paulo durante um período de oito anos. Os estudos que avaliaram as tendências das CIMs de glicopeptídeos ao redor do mundo apresentaram resultados contraditórios, mostrando claramente que essa é uma questão multifatorial e de difícil comparação devido à heterogeneidade nos estudos. Os estudos diferem entre si pelos períodos analisados, pelos métodos de teste de sensibilidade empregados (Etest®, microdiluição tradicional ou microdiluição com mínimos acréscimos), pelo tempo no qual o teste de sensibilidade foi realizado (no momento do isolamento ou após congelamento) e tipo de isolado analisado, ORSA e/ou OSSA. Além disso, a intensidade de utilização do antimicrobiano em questão estaria diretamente relacionada às modificações graduais e não notórias nas tendências centrais das CIMs desse, como sugere a própria definição do fenômeno creep. Desse modo, o primeiro fator que pode influenciar a capacidade de observação do creep é, sem dúvida, a metodologia do teste de sensibilidade empregada. Os estudos revelam que quanto mais precisas forem as diluições testadas, mais sensível será a capacidade de se notar mudanças nas CIMs (Sader et al., 2008). Segundo essa lógica, os primeiros estudos que compararam a técnica de microdiluição tradicional ou semiautomatizada com o Etest®, método que apresenta maior discriminação nos valores das CIMs, observaram a presença de creep 77 DISCUSSÃO somente com a metodologia do Etest® (Mason et al., 2009; Pitz et al., 2010). Porém, no presente estudo, o emprego de acréscimos mínimos nos valores das concentrações testadas por microdiluição em caldo foram mais sensíveis para a observação do creep para vancomicina do que o Etest® para os isolados de ORSA. Entretanto, nem todas as instituições médicas relatam aumento nas CIMs de vancomicina. Estudo de Sader e colaboradores (2008), envolvendo nove centros americanos e empregando acréscimos mínimos nas concentrações de vancomicina por microdiluição em caldo, mostrou a presença de creep em apenas três centros, sugerindo a influência de fatores locais. Portanto, o segundo fator que pode estar associado à presença ou não de creep é a pressão seletiva do próprio antimicrobiano, ou mais claramente, a quantidade de vancomicina consumida pela instituição (Alos et al., 2008; Ho et al., 2010). Ho e colaboradores (2010) realizaram, em diversos centros médicos da China, estudo que correlacionou o aumento no uso endovenoso de vancomicina com a observação de creep para esse antimicrobiano a partir de 2004. Da mesma maneira, Yeh e colaboradores (2012) observaram, em Taiwan, um aumento na média geométrica da CIM de vancomicina no mesmo período no qual foi intensificado o uso de vancomicina endovenosa naquela instituição. Já, Alós e colaboradores (2008) não observaram creep para vancomicina em sua instituição, cuja prevalência de ORSA é baixa e, consequentemente, o uso de vancomicina endovenosa restrito. Entretanto, esse estudo utilizou a técnica de microdiluição em caldo com diluições seriadas tradicionais (log2), sendo a menor concentração testada de 1 µg/mL. Visto que a maioria dos estudos observou aumento do número de isolados com CIM = 1 µg/mL em relação aos isolados com CIM ≤ 0,5 µg/mL; em seu estudo, Alós e colaboradores (2008) não foram capazes de detectar a frequência de isolados com CIM ≤ 0,5 µg/mL, e, portanto, não puderam descartar completamente a presença de creep. Adicionalmente, um novo interferente sugerido por Edwards e colaboradores (2011) estaria relacionado ao armazenamento das cepas bacterianas. Em seu estudo, entre dezembro 78 DISCUSSÃO de 2007 e 2010, 208 isolados de ORSA de infecção de corrente sanguínea do Reino Unido foram avaliados, prospectivamente, por Etest® no momento do isolamento e, retrospectivamente, por Etest® e microdiluição em caldo, após armazenagem a 70°C. Houve uma discrepância na percepção da variação nas CIMs para vancomicina quando o teste de sensibilidade foi realizado no momento do isolamento ou após estocagem. Uma variação (creep) foi observada nos resultados obtidos por Etest® prospectivamente, porém, não acompanhada dos resultados retrospectivos por ambas as metodologias (Etest® e microdiluição em caldo). Esse fato sugere que, provavelmente, na ausência de exposição aos antimicrobianos esses isolados possam modificar, ainda que discretamente, seu perfil de sensibilidade. Um quarto fator que pode incorrer na observação ou não de creep e, talvez, o mais importante deles, seriam as características epidemiológicas de cada localidade estudada. Os resultados contraditórios na literatura documentando a elevação da CIM de vancomicina em ORSA podem ser causados parcialmente pela irregularidade de dados de tipagem molecular dos isolados de ORSA. Alguns clusters de ORSA possuem maior tendência à disseminação que outros e apresentam CIM para vancomicina mais elevadas. Dessa forma, muitos dos estudos que observaram creep para CIM de vancomicina em ORSA foram estudos restritos a uma única instituição, assim como o presente estudo (Wang et al., 2006; Steinkraus et al., 2007; Yeh et al., 2012) e, portanto, mais susceptíveis a diferenças epidemiológicas que os grandes estudos de vigilância, que não demonstraram variações significativas na CIM de vancomicina (Jones et al., 2006; Picão et al., 2008; Reynolds et al., 2012). As modificações epidemiológicas de clones de ORSA são descritas há mais de duas décadas, e as razões para tal fenômeno permanecem como um desafio para os epidemiologistas. Uma das possíveis explicações seria a maior capacidade de disseminação ou ainda a vantagem seletiva presente em determinado clone, a exemplo do ocorrido em Portugal na década de 90, com a substituição do clone Ibérico pelo CEB, carreador da vantagem de apresentar-se resistente ao sulfametoxazol-trimetoprima. No 79 DISCUSSÃO Brasil, os estudos epidemiológicos mostraram um quase absoluto predomínio do CEB entre os isolados hospitalares de ORSA, assim como de isolados que carreavam o SCCmec III, até meados da década de 2000 (Vivoni et al., 2006; Lamaro-Cardoso et al., 2007; Reinert et al., 2008). Entretanto, alguns isolados de SCCmec IV passaram a ser relatados, em pequenos números, entre os isolados hospitalares de ORSA (de A Trindade et al., 2005; Reinert et al., 2008). Neste estudo, 9,5% dos isolados de ORSA carreavam o SCCmec IV, sendo que 37% desses eram relacionados ao clone epidêmico Pediátrico. Apenas recentemente, a diminuição da prevalência do CEB e aumento de isolados geneticamente relacionados a outros clones epidêmicos, como o Córdoba/Chile e o NY/J foi notada (Paschoal, 2010; Marra et al., 2011; Becker et al., 2012). No presente estudo, evidenciouse o movimento epidemiológico de ORSA com a detecção da substituição do CEB (SCCmec III) por outros clones, o NY/J (SCCmec II) e clone K (SCCmec I), sendo que no último ano do estudo nenhum isolado relacionado ao CEB foi detectado, e apenas 16% carreavam o SCCmec III. Representação semelhante foi observada por Becker e colaboradores (2012), em Porto Alegre em isolados de ORSA em 2008. Neste estudo, apesar da maioria dos ORSA pertencerem ao CEB (60), a emergência do clone Córdoba/Chile (SCCmec I) em 37% dos ORSA foi documentada (Becker et al., 2012). No Rio de Janeiro, Cabloco e colaboradores (2013), observaram, a emergência de ORSA SCCmec IV e II em 23% e 14% dos isolados, respectivamente. Contudo, dentre os poucos estudos que descreveram o fenômeno de creep para vancomicina, nem todos analisaram os isolados de ORSA por tipagem molecular a fim de se determinar quando o creep foi decorrente da disseminação de clusters de ORSA. Na presente investigação, o congelamento dos isolados bacterianos, aparentemente, não prejudicou a determinação da CIM, uma vez que pudemos observar uma variação na CIM para vancomicina. Essa variação foi, provavelmente, impulsionada pela mudança na distribuição de clones durante o período do estudo. Após décadas de isolados relacionados ao CEB serem 80 DISCUSSÃO responsáveis pela maioria das infecções por ORSA em hospitais brasileiros, observou-se uma gradual substituição desse clone, até o ano de 2009, onde o ORSA SCCmec II passou a ser predominante, seguido do tipo I. Marra e colaboradores (2011) observaram 24% de isolados ORSA SCCmec II em estudo multicêntrico brasileiro, nos anos de 2007 e 2010, porém o CEB manteve-se presente em 47% dos ORSA. A substituição desse por outros clones, sendo um deles o NY/J, foi também descrita em outros estudos (Sader et al., 2008; Ho et al., 2010). O maior impacto desse fenômeno deve-se a observação de CIM para vancomicina mais elevada nos isolados relacionados ao clone NY/J que nos demais clones internacionais. Assim como observado por outros autores, nos Estados Unidos e na China, o clone NY/J apresenta valores de CIM para vancomicina, superiores aos demais clones conhecidos, inclusive ao CEB (Ho et al., 2010; Sader et al., 2009). No presente estudo, as medianas das CIMs para vancomicina dos clones K e NY/J foram superiores à do CEB em 0,313 µg/mL (Tabela 17), corroborando com os achados da literatura, nos quais o clone NY/J está mais relacionado, inclusive, ao fenótipo hVISA ou VISA (Sader et al., 2009). A principal preocupação com a ocorrência de creep nas CIMs é, justamente, a perda gradual da atividade de vancomicina e, consequentemente, o comprometimento de sua utilidade clínica (Hidayat et al., 2006; Kollef, 2007; Neoh et al., 2007; Soriano et al., 2008). Entretanto, a ocorrência do fenômeno de creep para vancomicina parece estar limitada a alguns centros ou regiões, e quando ocorre, o aumento é de apenas uma fração da diluição logarítmica, e sucede-se de maneira lenta, às vezes no decorrer de uma década. Por outro lado, uma falsa percepção de creep poderia ser decorrente de substituições clonais, principalmente quando de trata de ORSA. Entretanto, neste estudo, a observação de um aumento discreto, porém com significado estatístico pela microdiluição em caldo, na tendência central da CIM de vancomicina no subgrupo CEB sugere a observação do fenômeno denominado creep, apesar do limitado número de isolados relacionados ao CEB a partir do ano de 2007. 81 DISCUSSÃO O aumento na variabilidade de clones, observado no segundo período deste estudo, faz refletir sobre o fitness e a habilidade dos clones de ORSA em se disseminar pelo sistema de saúde e o impacto que as medidas de controle podem assumir. A rápida e extensa disseminação desses clones de ORSA, para os quais a vancomicina apresenta CIM elevada, intra e inter hospitalar pode ter um impacto muito maior na utilidade clínica da vancomicina do que a ocorrência lenta e gradual do verdadeiro creep em cepas selvagens de S. aureus. A modificação das CIMs para teicoplanina, ao longo dos anos, foi abordada por apenas quatro estudos até a presente data. O maior deles, conduzido por Jones e colaboradores (2006), foi um estudo multicêntrico, avaliando-se um total de mais de 35 mil isolados de ORSA entre os anos 1998 e 2003, por microdiluição em caldo tradicional. Este estudo não observou mudança significativa na CIM para teicoplanina. Mesmo com o emprego de concentrações intermediárias para teicoplanina e vancomicina por diluição em ágar, Reynolds e colaboradores (2012) não detectaram o fenômeno de creep em 271 isolados de ORSA provenientes de diversos centros da Irlanda e Reino Unido. O estudo de Tascini e colaboradores (2012) avaliou 91 isolados de S. aureus, entre os anos de 2007 e 2010, por Etest e não observou creep para teicoplanina, mas sim para vancomicina no mesmo grupo de S. aureus. No presente estudo, de maneira similar, não foi observada modificações significativas nas tendências de CIM para teicoplanina por Etest®, ou ainda empregando-se diminutos aumentos nas CIMs por microdiluição em caldo, como ocorrido para vancomicina. Apesar de diferenças específicas entre clones de ORSA não terem sido avaliadas em outros estudos da literatura, uma diminuição na mediana das CIMs para teicoplanina por Etest® foi observada neste estudo quando o subgrupo CEB foi avaliado (2002 foi de 2 µg/mL; de 2003 a 2007 µg/mL foram de 1,5 µg/mL e em 2008 foi de 1,0 µg/mL). Entretanto, essa variação pode ser inerente ao teste e não necessariamente representa uma queda, uma vez que não foi estatisticamente significativa (p = 0,111). Portanto, a ausência de percepção de creep para teicoplanina, quando avaliado apenas o subgrupo de ORSA relacionado ao CEB, 82 DISCUSSÃO sugere que a inexistência de pressão seletiva desse antimicrobiano possa desempenhar um papel fundamental na ocorrência do fenômeno creep. Da mesma maneira, com o emprego de concentrações intermediárias, através da técnica de Etest, Ahlstrand e colaboradores (2011) não observaram variações significativas nas CIMs para teicoplanina, porém, desta vez para 406 isolados clínicos de SCoN durante três décadas (1980-2009). A resistência adquirida aos glicopeptídeos foi primeiro reconhecida em isolados de SCoN (Biavasco et al., 2000). Desde então, tem se observado que a resistência à teicoplanina é mais comum que à vancomicina, e mais frequente em espécies como S. haemolyticus e S. epidermidis (Biavasco et al., 2000). Entretanto, diversos estudos que detectaram maior taxa de resistência à teicoplanina em isolados de SCoN, quando comparados aos isolados de S. aureus, observaram que essa nem sempre era acompanhada de taxa similar de resistência à vancomicina (Nunes et al., 2001). O fato de, os estudos da literatura não terem obtido sucesso na detecção de creep para teicoplanina pode estar relacionado ao menor consumo desse antimicrobiano nas respectivas instituições. Outros fatores que também poderiam estar relacionados, mas devem ser melhor caracterizados, seriam o efeito de clones epidemiológicos e diferenças na atividade da teicoplanina contra Staphylococcus spp. em relação à vancomicina. Alguns autores sugerem que a teicoplanina atua mais lentamente que a vancomicina e a obtenção de colônias com CIMs elevadas, após exposição in vitro a esses antimicrobianos a partir de isolados sensíveis, é mais frequente com teicoplanina do que com vancomicina, especialmente para algumas espécies de SCoN (Biavasco et al., 2000). Ma e colaboradores (2011) sugeriram que a resistência a teicoplanina pode ser um marcador para a detecção de isolados não sensíveis à vancomicina. Kuti e colaboradores (2008) demonstraram através de modelos farmacodinâmicos que em doses habituais, tanto a vancomicina (1000 mg a cada 12 horas) como a teicoplanina (400 mg a cada 24 horas), possuem baixa fração cumulativa de 83 DISCUSSÃO resposta (CFR) contra isolados de S. aureus no Brasil. A CFR para determinado alvo farmacodinâmico é calculada levando em consideração a probabilidade de se atingir o alvo para cada CIM e a porcentagem de organismos que apresentam a CIM em questão (Drusano et al., 2001). Dessa forma, modificações nas posologias de glicopeptídeos foram sugeridas, entretanto, a exposição farmacodinâmica pode ainda não ser suficiente mesmo em regimes de 1000 mg cada 8 horas para vancomicina e 800 mg cada 24 horas para teicoplanina em isolados de ORSA com CIM ≥ 2 µg/mL (Etest®) (Kuti et al., 2008). É importante ressaltar que os atuais pontos de corte do CLSI para vancomicina foram modificados baseando-se nos achados farmacodinâmicos assim como nos estudos que relacionaram a CIM para vancomicina com o desfecho clínico das infecções causadas por Staphylococcus spp. Entretanto, poucos dados similares a respeito da teicoplanina estão disponíveis e a limitada experiência clínica americana com esse antimicrobiano não possibilitou a revisão dos pontos de corte para teicoplanina, segundo o próprio documento do CLSI. Dessa forma, há uma diferença importante nos pontos de corte para teicoplanina entre as recomedações do CLSI (sensível ≤ 8µg/mL) e as do comitê europeu para teste de sensibilidade aos antimicrobianos (EUCAST; sensível ≤ 2 µg/mL) (http://www.eucast.org) que poderiam justificar as diferentes taxas de sensibilidade à vancomicina e à teicoplanina, principalmente entre SCoN, nos estudos de vigilância. O impacto da variação das CIMs para os glicopeptídeos na prática clínica mantém-se obscuro. Porém, sabe-se que a infecção de corrente sanguínea por S. aureus é um frequente desafio para o sistema de saúde, visto estar relacionada a altas taxas de mortalidade. Apesar das modificações epidemiológicas a que se tem assistido o uso clínico de novos antimicrobianos e melhorias nas terapias de suporte, a mortalidade de ICS por ORSA, no Brasil e no mundo, permanece ao redor de 30% (Marra et al., 2011; Gasch et al., 2012). Da mesma maneira, a resistência antimicrobiana parece evoluir continuamente. Recentemente, foram somados aos então oito tipos de cassetes cromossômicos conhecidos em S. aureus, mais três novos tipos (IX, 84 DISCUSSÃO X e XI), todos relacionados à resistência à oxacilina associada ou não à resistência a outros grupos de antimicrobianos. Devido à alta prevalência de ORSA em países como o Brasil, onde 30-40% dos isolados de S. aureus causadores de infecção de corrente sanguínea são resistentes à oxacilina (Gales et al., 2009; Marra et al., 2011), a principal opção terapêutica é a vancomicina. Porém, essa se tornou palco de muitas discussões. Apesar de ser utilizada em ampla escala para o tratamento de infecções graves causadas por ORSA nas últimas duas décadas, a grande maioria dos isolados de ORSA permanecem sensíveis à vancomicina pelo atual ponto de corte estabelecido pelo CLSI (Cardo et al., 2004). Quatro décadas se passaram para que o primeiro isolado com sensibilidade reduzida aos glicopeptídeos emergisse (Hiramatsu et al., 1997). Entretanto, apesar de sua sustentada atividade inibitória in vitro, recentemente há um questionamento sobre a sua utilização. Os argumentos compreendem a observação de uma atividade bactericida subótima, quando comparada aos antimicrobianos β-lactâmicos e a tendência a um aumento nas CIMs de vancomicina ao longo dos anos (Small et al., 1990; Sader et al., 2009). Além disso, dados emergentes sugerem que a vancomicina pode ser menos efetiva contra infecções graves por ORSA com valores de CIM próximos ao limite de sensibilidade atualmente estabelecido pelo CLSI (van Hal et al., 2012). Apesar da redução para 2 µg/mL nos critérios de sensibilidade (CLSI, 2012) para a combinação S. aureus e vancomicina (anteriormente de 4 µg/mL), o aumento das taxas de falha terapêutica descritas para infecções por ORSA com CIM igual a 2 µg/mL originou um debate sobre a acurácia deste ponto de corte em predizer o sucesso clínico. Seguindo este raciocínio, na última década, os estudos que avaliaram a mortalidade de isolados clínicos de ORSA com redução da sensibilidade à vancomicina suscitaram apreensão no impacto clínico do fenômeno de creep para este antimicrobiano (van Hal et al., 2012; Pastagia et al., 2012; Rojas et al., 2012). 85 DISCUSSÃO Recentemente, uma meta-análise elaborada por van Hal e colaboradores (2012) demonstrou uma associação entre o aumento da mortalidade e valores de CIMs de vancomicina (≥ 1,5 µg/mL por Etest®) em infecções causadas por ORSA. Esta associação foi ainda maior quando infecções de corrente sanguínea e CIM ≥ 2 µg/mL foram avaliadas. Da mesma forma, valores elevados de CIM para vancomicina (≥ 1,5 µg/mL) foram preditivos de falha terapêutica, independentemente do método de sensibilidade empregado ou da fonte da infecção. Entretanto, apenas dois estudos inclusos na meta-análise utilizaram o método padrão-ouro, ou seja, microdiluição em caldo, na determinação da CIM de vancomicina. Levando em consideração estes dados, 20% dos isolados de ORSA do presente estudo teriam maior risco de evoluir para óbito (CIM ≥ 2 µg/mL pelo Etest®), e 72,5% maior risco de insucesso clínico com o uso da vancomicina (CIM ≥ 1,5 µg/mL pelo Etest®). Porém, na mesma amostragem, utilizando-se o padrão-ouro, ou seja, a microdiluição em caldo (ajustando-se os valores de CIM > 1 µg/mL para 1,5 µg/mL), apenas 4% dos isolados apresentaram CIM para vancomicina ≥ 1,5 µg/mL. Dessa forma, faltam, na literatura, estudos que deem subsídios suficientes para a avaliação do desfecho clínico em relação às CIMs de vancomicina determinadas pela metodologia padrãoouro, recomendada pelas maiores organizações de padronização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos no mundo (CLSI e EUCAST). Outro interessante estudo, conduzido por Holmes e colaboradores (2011), mostrou que a mortalidade dos pacientes tratados com oxacilina ou meticilina para infecções por OSSA com CIM de 2 µg/mL para vancomicina tinham aumento da mortalidade em relação aos pacientes infeção por OSSA com CIM < 2 µg/mL. Este estudo sugere que independente do antimicrobiano utilizado para o tratamento, a resposta a β-lactâmicos ou à vancomicina mostra-se inferior, provavelmente, devido a um espessamento da parede bacteriana, tornando-a menos susceptível a outros antimicrobianos. 86 DISCUSSÃO A falta de dados acurados para a verificação de sensibilidade a outros grupos de antimicrobianos presentes no arsenal terapêuticos de infecções causadas por S. aureus não permitiu a exploração de sua relação com os tipos de SCCmec presentes nesta instituição, assim como sua relação com a substituição clonal e possível repercussão em outras opções terapêuticas. Outra limitação do estudo foi a ausência de dados sobre o desfecho clínico dos episódios de infecção de corrente sanguínea aqui apresentados e do consumo de glicopeptídeos na instituição em questão e sua relação com a presença ou não de creep. A presente investigação possibilitou a avaliação do comportamento epidemiológico de isolados clínicos de S. aureus resistentes à oxacilina e a determinação da evolução temporal de suas CIMs durante o período do estudo. Este estudo contribui para o conhecimento atual do comportamento dos isolados ORSA, e confirma a importância da metodologia na determinação da CIM para a avaliação do fenômeno de creep e a evidência de uma modificação no perfil de clusters epidêmicos de ORSA nesta instituição, principalmente a partir de 2006 com uma crescente diversidade local de linhagens de ORSA no decorrer dos anos do estudo. A substituição do SCCmec III, como principal elemento dos isolados de ORSA desta instituição por isolados carreadores dos SCCmec I e II foi evidenciada e correlacionada com a tendência a valores crescentes nas CIMs de vancomicina, mas não de teicoplanina, dos isolados de ORSA no decorrer dos anos pela técnica de microdiluição em caldo. 87 CONCLUSÕES 6 - CONCLUSÕES Foi observado um aumento significativo nas CIMs para vancomicina dos isolados ORSA provenientes de ICS, no período de oito anos no Hospital São Paulo, principalmente após 2006. Entretanto, o mesmo não foi observado para teicoplanina; A microdiluição em caldo utilizando variações sutis nas concentrações de vancomicina foi o único método capaz de identificar o fenômeno de creep, ao contrário do Etest®. Portanto, o presente estudo confirma a importância da técnica do teste de sensibilidade na avaliação do fenômeno de creep para os glicopetídeos em isolados ORSA; Durante os quatro primeiros anos de estudo (2002-2005) o CEB (SCCmec III) foi o clone mais prevalente e disseminado entre os isolados de ORSA no Hospital São Paulo; porém, sua frequência diminuiu consideravelmente nos quatro anos seguintes do estudo (2006-2009); Uma modificação nos clones epidêmicos de ORSA no Hospital São Paulo foi observada durante os oito anos de estudo, principalmente pela substituição de isolados ORSA carreadores de SCCmec III (CEB) por isolados carreadores dos SCCmec I (clone K) e II (clone NY/J) evidenciada, principalmente, no período de 2006-2009; A inserção e a disseminação de clones carreadores de SCCmec I e II contribuiram para a elevação nas CIMs para vancomicina, mas não para teicoplanina, nos isolados de ORSA no Hospital São Paulo; 88 CONCLUSÕES Nos primeiros quatro anos do estudo (P1), o CEB (SCCmec III) foi o mais frequente, sendo 88% das amostras ORSA agrupadas nesse genótipo. Por outro lado, em P2, há uma diminuição na frequência do CEB com inserção de novos grupos clonais e uma maior variedade genética entre os ORSA que carreavam SCCmec III. Entretanto, a distribuição do SCCmec IV é majoritariamente clonal, sendo similar ao clone pediátrico; 89 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ahlstrand E, Svensson K, Persson L, Tidefelt U, Söderquist B. 2011. Glycopeptide resistance in coagulase-negative staphylococci isolated in blood cultures from patients with hematological malignancies during three decades. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 30(11): 1349-1354. Aires de Sousa M, Crisóstomo MI, Sanches IS, Wu JS, Fuzhong J, Tomasz A, de Lencastre H. 2003. Frequent recovery of a single clonal type of multidrug-resistant Staphylococcus aureus from patients in two hospitals in Taiwan and China. J Clin Microbiol. 41(1): 159-163. Aires de Sousa M, de Lencastre H, Santos Sanches I, Kikuchi K, Totsuka K, Tomasz A. 2000. Similarity of antibiotic resistance patterns and molecular typing properties of methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates widely spread in hospitals in New York City and in a hospital in Tokyo, Japan. Microb Drug Resist. 6(3): 253-258. Aires de Sousa M, Miragaia M, Sanches IS, Avila S, Adamson I, Casagrande ST, Brandileone MC, Palacio R, Dell'Acqua L, Hortal M, Camou T, Rossi A, Velazquez-Meza ME, Echaniz-Aviles G, Solorzano-Santos F, Heitmann I, de Lencastre H. 2001. Three-year assessment of methicillinresistant Staphylococcus aureus clones in Latin America from 1996 to 1998. J Clin Microbiol. 39(6): 2197-2205. Aligholi M, Emaneini M, Jabalameli F, Shahsavan S, Dabiri H, Sedaght H. 2008. Emergence of high-level vancomycin-resistant Staphylococcus aureus in the Imam Khomeini Hospital in Tehran. Med Princ Pract. 17(5): 432-434. Alós JI, García-Cañas A, García-Hierro P, Rodríguez-Salvanés F. 2008. Vancomycin MICs did not creep in Staphylococcus aureus isolates from 2002 to 2006 in a setting with low vancomycin usage. J Antimicrob Chemother. 62(4): 773-775. Amorim ML, Aires de Sousa M, Sanches IS, Sá-Leão R, Cabeda JM, Amorim JM, de Lencastre H. 2002. Clonal and antibiotic resistance profiles of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) from a Portuguese hospital over time. Microb Drug Resist. 8(4): 301-309. Amorim ML, Faria NA, Oliveira DC, Vasconcelos C, Cabeda JC, Mendes AC, Calado E, Castro AP, Ramos MH, Amorim JM, de Lencastre H. 2007. Changes in the clonal nature and antibiotic 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS resistance profiles of methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates associated with spread of the EMRSA-15 clone in a tertiary care Portuguese hospital. J Clin Microbiol. 45(9): 2881-2888. Andrade-Baiocchi S, Tognim MC, Baiocchi OC, Sader HS. 2003. Endocarditis due to glycopeptide-intermediate Staphylococcus aureus: case report and strain characterization. Diagn Microbiol Infect Dis. 45(2): 149-152. Appelbaum PC. 2007. Reduced glycopeptide susceptibility in methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA). Int J Antimicrob Agents. 30(5): 398-408. Azimian A, Havaei SA, Fazeli H, Naderi M, Ghazvini K, Samiee SM, Soleimani M, Peerayeh SN. 2012. Genetic characterization of a vancomycin-resistant Staphylococcus aureus isolate from the respiratory tract of a patient in a university hospital in northeastern Iran. J Clin Microbiol. 50(11): 3581-3585. Baggett HC, Hennessy TW, Leman R, Hamlin C, Bruden D, Reasonover A, Martinez P, Butler JC. 2003. An outbreak of community-onset methicillin-resistant Staphylococcus aureus skin infections in southwestern Alaska. Infect Control Hosp Epidemiol. 24(6): 397-402. Barrett FF, McGehee RF Jr, Finland M. 1968. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus at Boston City Hospital. Bacteriologic and epidemiologic observations. N Engl J Med. 279(9): 441448. Becker AP, Santos O, Castrucci FM, Dias C, D'Azevedo PA. 2012. First report of methicillinresistant Staphylococcus aureus Cordobes/Chilean clone involved in nosocomial infections in Brazil. Epidemiol Infect. 140(8): 1372-1375. Biavasco F, Vignaroli C, Varaldo PE. 2000. Glycopeptide resistance in coagulase-negative staphylococci. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 19(6): 403-417. Bierbaum G, Fuchs K, Lenz W, Szekat C, Sahl HG. 1999. Presence of Staphylococcus aureus with reduced susceptibility to vancomycin in Germany. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 18(10): 691-696. 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Boyle-Vavra S, Daum RS. 2007. Community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus: the role of Panton-Valentine leukocidin. Lab Invest. 87(1): 3-9. Boyle-Vavra S, Ereshefsky B, Wang CC, Daum RS. 2005. Successful multiresistant communityassociated methicillin-resistant Staphylococcus aureus lineage from Taipei, Taiwan, that carries either the novel Staphylococcal chromosome cassette mec (SCCmec) type VT or SCCmec type IV. J Clin Microbiol. 43(9): 4719-4730. Erratum in: J Clin Microbiol. 2005. 43(12): 6223. Brown DF, Edwards DI, Hawkey PM, Morrison D, Ridgway GL, Towner KJ, Wren MW;Joint Working Party of the British Society for Antimicrobial Chemotherapy; Hospital Infection Society; Infection Control Nurses Association. 2005. Guidelines for the laboratory diagnosis and susceptibility testing of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA). J Antimicrob Chemother. 56(6): 1000-1018. Brumfitt W, Hamilton-Miller J. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus. 1989. N Engl J Med. 320(18): 1188-1196. Bures S, Fishbain JT, Uyehara CF, Parker JM, Berg BW. 2000. Computer keyboards and faucet handles as reservoirs of nosocomial pathogens in the intensive care unit. Am J Infect Control. 28(6): 465-471. Busato CR, Gabardo J, Leão MT. 2006. The evolution of the resistance of Staphylococcus aureus found on healthcare workers correlated with local consumption of antibiotics. Braz J Infect Dis. 10(3): 185-190. Caboclo RM, Cavalcante FS, Pontes Iorio NL, Schuenck RP, Olendzki AN, Felix MJ, Chamon RC, Netto Dos Santos KR. 2012. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus in Rio de Janeiro hospitals: Dissemination of the USA400/ST1 and USA800/ST5 SCCmec type IV and USA100/ST5 SCCmec type II lineages in a public institution and polyclonal presence in a private one. Am J Infect Control. Dec 20. doi:pii: S0196-6553(12)01204-7.10.1016/j.ajic.2012.08.008. [Epub ahead of print]. 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cardo D, Horan T, Andrus M, et al. 2004. National nosocomial infections surveillance (NNIS) system report, data summary from January 1992 through June 2004, issued October 2004. Am J Infect Control. 32(8): 470-485. Carleton HA, Diep BA, Charlebois ED, Sensabaugh GF, Perdreau-Remington F. 2004. Community-adapted methicillinresistant Staphylococcus aureus (MRSA): population dynamics of an expanding community reservoir of MRSA. J Infect Dis. 190(10): 1730-1738. Carvalho KS, Mamizuka EM, Gontijo Filho PP. 2010. Methicillin/Oxacillin-resistant Staphylococcus aureus as a hospital and public health threat in Brazil. Braz J Infect Dis. 14(1): 71-76. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 2000. Staphylococcus aureus with reduced susceptibility to vancomycin-Illinois, 1999. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 48(51-52): 1165-1167. Centers for Disease Control and Prevention. 2002. Vancomycin resistant Staphylococcus aureusPennsylvania. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 51: 902. Centers for Disease Control and Prevention. 2004. Vancomycin resistant Staphylococcus aureusNew York, 2004. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 53: 322-323. Chambers HF, Deleo FR. 2009. Waves of resistance: Staphylococcus aureus in the antibiotic era. Nat Rev Microbiol. 7(9): 629-641. Chambers HF. 1997. Methicillin resistance in staphylococci: molecular and biochemical basis and clinical implications. Clin Microbiol Rev. 10(4): 781-791. Chang S, Sievert DM, Hageman JC, Boulton ML, Tenover FC, Downes FP, Shah S, Rudrik JT, Pupp GR, Brown WJ, Cardo D, Fridkin SK, Vancomycin-Resistant Staphylococcus aureus Investigative Team. 2003. Infection with vancomycin-resistant Staphylococcus aureus containing the vanA resistance gene. N Engl J Med. 348(14): 1342-1347. Chongtrakool P, Ito T, Ma XX, Kondo Y, Trakulsomboon S, Tiensasitorn C, Jamklang M, Chavalit T, Song JH, Hiramatsu K. 2006. Staphylococcal cassette chromosome mec (SCCmec) typing of methicillin-resistant Staphylococcus aureus strains isolated in 11 Asian countries: a proposal for a new nomenclature for SCCmec elements. Antimicrob Agents Chemother. 50(3): 1001-1012. 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Clinical and Laboratory Standards Institute. 2009. Methods for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacteria that grow aerobically. Approved guideline M7-A8. CLSI, Wayne, PA. Clinical Laboratory Standards Institute. 2006. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing: sixteenth Informational Supplement. Clinical Laboratory Standards Institute, Wayne, PA. Clinical Laboratory Standards Institute. 2012. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing twenth-two Informational Supplement. Clinical Laboratory Standards Institute, Wayne, PA. Cohen ML. 1986. Staphylococcus aureus: biology, mechanisms of virulence, epidemiology. J Pediatr.108(5 Pt 2): 796-799. Conceição T, Aires-de-Sousa M, Füzi M, Tóth A, Pászti J, Ungvári E, van Leeuwen WB, van Belkum A, Grundmann H, de Lencastre H. 2007. Replacement of methicillin-resistant Staphylococcus aureus clones in Hungary over time: a 10-year surveillance study. Clin Microbiol Infect. 13(10): 971-979. Conterno LO. Avaliação dos aspectos epidemiológicos e evolutivos das bacteremias por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina. Comparação entre dois períodos: 1991-1992 e 1995-1996. Tese de Doutorado - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 1999, p. 110. Crawford PA, Hand MF, Richards SJ, Masterton RG. 1994. Septicaemia caused by a catalasenegative Staphylococcus aureus. J Hosp Infect. 27(4): 320-322. Cuevas O, Cercenado E, Bouza E, Castellares C, Trincado P, Cabrera R, Vindel A; Spanish Group for the Study of Staphylococcus. 2007. Molecular epidemiology of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in Spain: a multicentre prevalence study (2002). Clin Microbiol Infect. 13(3): 250-256. Cui L, Murakami H, Kuwahara-Arai K, Hanaki H, Hiramatsu K. 2000. Contribution of a thickened cell wall and its glutamine nonamidated component to the vancomycin resistance expressed by Staphylococcus aureus Mu50. Antimicrob Agents Chemother. 44(9): 2276-2285. 94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS da Silva EC, Samico TM, Cardoso RR, Rabelo MA, Bezerra Neto AM, de Melo FL, de Souza Lopes AC, da Silva Aca I, Maciel MA. 2012. Colonization by Staphylococcus aureus among the nursing staff of a teaching hospital in Pernambuco]. Rev Esc Enferm USP. 46(1): 132-137. de A Trindade P, Pacheco RL, Costa SF, Rossi F, Barone AA, Mamizuka EM, Levin AS. 2005. Prevalence of SCCmec type IV in nosocomial bloodstream isolates of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. J Clin Microbiol. 43(7): 3435-3437. de Almeida Filho E, Nader Filho A. 2000. Occurrence of Staphylococcus aureus in "frescal" type cheese. Rev Saude Publica. 34(6): 578-580. de Lencastre H, de Lencastre A, Tomasz A. 1996. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates recovered from a New York City hospital: analysis by molecular fingerprinting techniques. J Clin Microbiol. 34(9): 2121-2124. de Miranda OP, Silva-Carvalho MC, Ribeiro A, Portela F, Cordeiro RP, Caetano N, Vidal CF, Figueiredo AM. 2007. Emergence in Brazil of methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates carrying SCCmec IV that are related genetically to the USA800 clone. Clin Microbiol Infect. 13(12): 1165-1172. DeLeo FR, Otto M, Kreiswirth BN, Chambers HF. 2010. Community-associated meticillinresistant Staphylococcus aureus. Lancet. 375(9725): 1557-1568. Dezfulian A, Aslani MM, Oskoui M, Farrokh P, Azimirad M, Dabiri H, Salehian MT, Zali MR. 2012. Identification and characterization of a high vancomycin-resistant Staphylococcus aureus harboring vanA gene cluster isolated from diabetic foot ulcer. Iran J Basic Med Sci. 15(2): 803806. Diekema DJ, Pfaller MA, Schmitz FJ, Smayevsky J, Bell J, Jones RN, Beach M; SENTRY Partcipants Group. 2001. Survey of infections due to Staphylococcus species: frequency of occurrence and antimicrobial susceptibility of isolates collected in the United States, Canada, Latin America, Europe, and the Western Pacific region for the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program, 1997-1999. Clin Infect Dis. 32(Suppl 2): S114-S132. 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dominguez MA, de Lencastre H, Linares J, Tomasz A. 1994. Spread and maintenance of a dominant methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) clone during an outbreak of MRSA disease in a Spanish hospital. J Clin Microbiol. 32(9):2081-2087. Drusano GL, Preston SL, Hardalo C, Hare R, Banfield C, Andes D, Vesga O, Craig WA. 2001. Use of preclinical data for selection of a phase II/III dose for evernimicin and identification of a preclinical MIC breakpoint. Antimicrob Agents Chemother. 45(1): 13-22. Edwards B, Milne K, Lawes T, Cook I, Robb A, Gould IM. 2012. Is vancomycin MIC "creep" method dependent? Analysis of methicillin-resistant Staphylococcus aureus susceptibility trends in blood isolates from North East Scotland from 2006 to 2010. J Clin Microbiol. 50(2): 318-325. Ena J, Dick RW, Jones RN, Wenzel RP. 1993. The epidemiology of intravenous vancomycin usage in a university hospital. A 10-year study. JAMA. 269(5): 598-602. Fitch L, Johnson AP. 1998. Reduced susceptibility to teicoplanin in a methicillin-resistant strain of Staphylococcus aureus. J Antimicrob Chemother. 41(5): 578. Fortes CQ, Espanha CA, Bustorff FP, Zappa BC, Ferreira AL, Moreira RB, Pereira NG, Fowler VG Jr, Deshmukh H. 2008. First reported case of infective endocarditis caused by communityacquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus not associated with healthcare contact in Brazil. Braz J Infect Dis. 12(6): 541-543. Fukuta Y, Cunningham CA, Harris PL, Wagener MM, Muder RR. 2012. Identifying the risk factors for hospital-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) infection among patients colonized with MRSA on admission. Infect Control Hosp Epidemiol. 33(12): 1219-1225. Gales AC, Sader HS, Ribeiro J, Zoccoli C, Barth A, Pignatari AC. 2009. Antimicrobial susceptibility of gram-positive bacteria isolated in Brazilian hospitals participating in the SENTRY Program (2005-2008). Braz J Infect Dis. 13(2): 90-98. García-Álvarez L, Holden MT, Lindsay H, Webb CR, Brown DF, Curran MD, Walpole E, Brooks K, Pickard DJ, Teale C, Parkhill J, Bentley SD, Edwards GF, Girvan EK, Kearns AM, Pichon B, Hill RL, Larsen AR, Skov RL, Peacock SJ, Maskell DJ, Holmes MA. 2011. Meticillin-resistant Staphylococcus aureus with a novel mecA homologue in human and bovine populations in the UK and Denmark: a descriptive study. Lancet Infect Dis. 11(8): 595-603. 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Gasch O, Camoez M, Dominguez MA, Padilla B, Pintado V, Almirante B, Molina J, LopezMedrano F, Ruiz E, Martinez JA, Bereciartua E, Rodriguez-Lopez F, Fernandez-Mazarrasa C, Goenaga MA, Benito N, Rodriguez-Baño J, Espejo E, Pujol M; on behalf of REIPI/GEIH Study Groups. Predictive factors for mortality in patients with methicillin-resistant Staphylococcus aureus bloodstream infection: impact on outcome of host, microorganism and therapy. Clin Microbiol Infect. 2012 Nov 22. doi: 10.1111/1469-0691.12108. [Epub ahead of print]. Gelatti LC, Sukiennik T, Becker AP, Inoue FM, do Carmo MS, Castrucci FM, Pignatari AC, Ribeiro LC, Bonamigo RR, d'Azevedo PA. 2009. Sepsis due to community-acquired methicillinresistant Staphylococcus aureus in southern Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 42(4): 458-460. Gomes AR, Sanches IS, Aires de Sousa M, Castañeda E, de Lencastre H. 2001. Molecular epidemiology of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in Colombian hospitals: dominance of a single unique multidrug-resistant clone. Microb Drug Resist. 7(1): 23-32. Hackbarth CJ, Chambers HF. 1989. Methicillin-resistant staphylococci: detection methods and treatment of infections. Antimicrob Agents Chemother. 33(7): 995-999. Hanaki H, Hiramatsu K. 1999. Combination effect of teicoplanin and various antibiotics against hetero-VRSA and VRSA. Kansenshogaku Zasshi. 73(10): 1048-1053. Hanaki H, Kuwahara-Arai K, Boyle-Vavra S, Daum RS, Labischinski H, Hiramatsu K. 1998. Activated cell-wall synthesis is associated with vancomycin resistance in methicillin-resistant Staphylococcus aureus clinical strains Mu3 and Mu50. J Antimicrob Chemother. 42(2): 199-209. Hidayat LK, Hsu DI, Quist R, Shriner KA, Wong-Beringer A. 2006. High-dose vancomycin therapy for methicillin-resistant Staphylococcus aureus infections: efficacy and toxicity. Arch Intern Med. 166(19): 2138-2144. Higuchi W, Takano T, Teng LJ, Yamamoto T. 2008. Structure and specific detection of staphylococcal cassette chromosome mec type VII. Biochem Biophys Res Commun. 377(3): 752756. 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Hiramatsu K, Hanaki H, Ino T, Yabuta K, Oguri T, Tenover FC. 1997b. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus clinical strain with reduced vancomycin susceptibility. J Antimicrob Chemother. 40(1): 135-136. Hiramatsu K, Katayama Y, Yuzawa H, Ito T. 2002. Molecular genetics of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Int J Med Microbiol. 292(2): 67-74. Hisata K, Kuwahara-Arai K, Yamanoto M, Ito T, Nakatomi Y, Cui L, Baba T, Terasawa M, Sotozono C, Kinoshita S, Yamashiro Y, Hiramatsu K. 2005. Dissemination of methicillin-resistant staphylococci among healthy Japanese children. J Clin Microbiol. 43(7): 3364-3372. Ho PL, Lo PY, Chow KH, Lau EH, Lai EL, Cheng VC, Kao RY. 2010. Vancomycin MIC creep in MRSA isolates from 1997 to 2008 in a healthcare region in Hong Kong. J Infect. 60(2): 140-145. Holmes NE, Turnidge JD, Munckhof WJ, Robinson JO, Korman TM, O'Sullivan MV, Anderson TL, Roberts SA, Gao W, Christiansen KJ, Coombs GW, Johnson PD, Howden BP. 2011. Antibiotic choice may not explain poorer outcomes in patients with Staphylococcus aureus bacteremia and high vancomycin minimum inhibitory concentrations. J Infect Dis. 204(3): 340-347. Huang FL, Chen PY, Ma JS, Yu HW, Lu KC, Chi CS, Lau YJ, Peng HC. 2002. Clinical experience of managing empyema thoracic in children. J Microbiol Immunol Infect. 35(2): 115-120. Hübscher J, Jansen A, Kotte O, Schäfer J, Majcherczyk PA, Harris LG, Bierbaum G, Heinemann M, Berger-Bächi B. 2007. Living with an imperfect cell wall: compensation of femAB inactivation in Staphylococcus aureus. BMC Genomics. 8: 307. Inoue FM. Infecções da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina no Hospital São Paulo (2002-2005): fatores de risco e diversidade genética. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 2008. p. 87. International Working Group on the Classification of Staphylococcal Cassette Chromosome Elements (IWG-SCC). 2009. Classification of staphylococcal cassette chromosome mec (SCCmec): guidelines for reporting novel SCCmec elements. Antimicrob Agents Chemother. 53(12): 4961-4967. 98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ito T, Hiramatsu K. 1998. Acquisition of methicillin resistance and progression of multiantibiotic resistance in methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Yonsei Med J. 39(6): 526-533. Ito T, Katayama Y, Asada K, Mori N, Tsutsumimoto K, Tiensasitorn C, Hiramatsu K. 2001. Structural comparison of three types of staphylococcal cassette chromosome mec integrated in the chromosome in methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother. 45(5): 1323-1336. Ito T, Katayama Y, Hiramatsu K. 1999. Cloning and nucleotide sequence determination of the entire mec DNA of pre-methicillin-resistant Staphylococcus aureus N315. Antimicrob Agents Chemother. 43(6): 1449-1458. Ito T, Kuwahara K, Hiramatsu K. 2007. Staphylococcal cassette chromosome mec (SCCmec) analysis of MRSA. Methods Mol Biol. 391: 87-102. Ito T, Ma XX, Takeuchi F, Okuma K, Yuzawa H, Hiramatsu K. 2004. Novel type V staphylococcal cassette chromosome mec driven by a novel cassette chromosome recombinase, ccrC. Antimicrob Agents Chemother. 48(7): 2637-2651. Ito T, Okuma K, Ma XX, Yuzawa H, Hiramatsu K. 2003. Insights on antibiotic resistance of Staphylococcus aureus from its whole genome: genomic island SCC. Drug Resist Updat. 6(1): 41-52. Jessen O, Rosendal K, Bülow P, Faber V, Eriksen KR. 1969. Changing staphylococci and staphylococcal infections. A ten-year study of bacteria and cases of bacteremia. N Engl J Med. 281(12): 627-635. Jevons MP. 1961. “Celbenin” - resistant staphylococci. British Medical Journal. 1: 124-125. Jones RN. 2006. Microbiological features of vancomycin in the 21st century: minimum inhibitory concentration creep, bactericidal/static activity, and applied breakpoints to predict clinical outcomes or detect resistant strains. Clin Infect Dis. 42(Suppl 1):S13-S24. 99 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Kallen AJ, Mu Y, Bulens S, Reingold A, Petit S, Gershman K, Ray SM, Harrison LH, Lynfield R, Dumyati G, Townes JM, Schaffner W, Patel PR, Fridkin SK. 2010. Active Bacterial Core surveillance (ABCs) MRSA Investigators of the Emerging Infections Program. Health careassociated invasive MRSA infections, 2005-2008. JAMA. 304(6): 641-648. Kantzanou M, Tassios PT, Tseleni-Kotsovili A, Legakis NJ, Vatopoulos AC. 1999. Reduced susceptibility to vancomycin of nosocomial isolates of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. J Antimicrob Chemother. 43(5): 729-731. Katayama Y, Ito T, Hiramatsu K. 2000. A new class of genetic element, staphylococcus cassette chromosome mec, encodes methicillin resistance in Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother. 44(6): 1549-1555. Katayama Y, Ito T, Hiramatsu K. 2001. Genetic organization of the chromosome region surrounding mecA in clinical staphylococcal strains: role of IS431-mediated mecI deletion in expression of resistance in mecA-carrying, low-level methicillin-resistant Staphylococcus haemolyticus. Antimicrob Agents Chemother. 45(7): 1955-1963. Kehrmann J, Kaase M, Szabados F, Gatermann SG, Buer J, Rath PM, Steinmann J. 2011. Vancomycin MIC creep in MRSA blood culture isolates from Germany: a regional problem? Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 30(5): 677-683. Kirst HA, Thompson DG, Nicas TI. 1998. Historical yearly usage of vancomycin. Antimicrob Agents Chemother. 42(5): 1303-1304. Kloos WE, Bannerman TL. 1994. Update on clinical significance of coagulase-negative staphylococci. Clin Microbiol Rev. 7(1): 117-140. Kloos WE. 1997. Taxonomy and systematics of staphylococci indigenous to humans. The Staphylococci In Human Disease New York, Churchill Livingstone. p. 113-38. Kluytmans-Vandenbergh MF, Kluytmans JA. 2006. Community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus: current perspectives. Clin Microbiol Infect. 12(Suppl 1):9-15. 100 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Kollef MH. 2007. Limitations of vancomycin in the management of resistant staphylococcal infections. Clin Infect Dis. 45(Suppl 3):S191-S195. Kondo Y, Ito T, Ma XX, Watanabe S, Kreiswirth BN, Etienne J, Hiramatsu K. 2007. Combination of multiplex PCRs for staphylococcal cassette chromosome mec type assignment: rapid identification system for mec, ccr, and major differences in junkyard regions. Antimicrob Agents Chemother. 51(1): 264-274. Konemam EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn Jr WC. 2001. Coccos GramPositivos: Estafilococos e microrganismos relacionados In: Diagnóstico Microbiológico. Texto e atlas colorido. 5. ed. Rio de Janeiro: Medsi. p. 551-588. Korn GP, Martino MD, Mimica IM, Mimica LJ, Chiavone PA, Musolino LR. 2001. High frequency of colonization and absence of identifiable risk factors for methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) in intensive care units in Brazil. Braz J Infect Dis. 5(1): 1-7. Krzysztoń-Russjan J, Gniadkowski M, Połowniak-Pracka H, Hagmajer E, Hryniewicz W. 2002. The first Staphylococcus aureus isolates with reduced susceptibility to vancomycin in Poland. J Antimicrob Chemother. 50(6): 1065-1069. Kuti JL, Kiffer CR, Mendes CM, Nicolau DP. 2008. Pharmacodynamic comparison of linezolid, teicoplanin and vancomycin against clinical isolates of Staphylococcus aureus and coagulasenegative staphylococci collected from hospitals in Brazil. Clin Microbiol Infect. 14(2): 116-123. Lamaro-Cardoso J, Castanheira M, de Oliveira RM, e Silva SA, Pignatari AC, Mendes RE, Pimenta FC, Andrade AL. 2007. Carriage of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in children in Brazil. Diagn Microbiol Infect Dis. 57(4): 467-470. Li S, Skov RL, Han X, Larsen AR, Larsen J, Sørum M, Wulf M, Voss A, Hiramatsu K, Ito T. 2011. Novel types of staphylococcal cassette chromosome mec elements identified in clonal complex 398 methicillin-resistant Staphylococcus aureus strains. Antimicrob Agents Chemother. 55(6): 3046-3050. 101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Lodise TP, Graves J, Evans A, Graffunder E, Helmecke M, Lomaestro BM,Stellrecht K. 2008. Relationship between vancomycin MIC and failure among patients with methicillin-resistant Staphylococcus aureus bacteremia treated with vancomycin. Antimicrob Agents Chemother. 52(9): 3315-3320. Lowy FD. 1998. Staphylococcus aureus infections. N Engl J Med. 339(8): 520-532. Lowy FD. 2003. Antimicrobial resistance: the example of Staphylococcus aureus. J Clin Invest. 111(9): 1265-1273. Ma XX, Ito T, Tiensasitorn C, Jamklang M, Chongtrakool P, Boyle-Vavra S, Daum RS, Hiramatsu K. 2002. Novel type of staphylococcal cassette chromosome mec identified in communityacquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus strains. Antimicrob Agents Chemother. 46(4): 1147-1152. Ma XX, Wang EH, Liu Y, Luo EJ. 2011. Antibiotic susceptibility of coagulase-negative staphylococci (CoNS): emergence of teicoplanin-non-susceptible CoNS strains with inducible resistance to vancomycin. J Med Microbiol. 60(Pt 11): 1661-1668. Marra AR, Camargo LF, Pignatari AC, Sukiennik T, Behar PR, Medeiros EA, Ribeiro J, Girão E, Correa L, Guerra C, Brites C, Pereira CA, Carneiro I, Reis M, de Souza MA, Tranchesi R, Barata CU, Edmond MB; Brazilian SCOPE Study Group. 2011. Nosocomial bloodstream infections in Brazilian hospitals: analysis of 2,563 cases from a prospective nationwide surveillance study. J Clin Microbiol. 49(5): 1866-1871. McDougal LK, Steward CD, Killgore GE, Chaitram JM, McAllister SK, Tenover FC. 2003. Pulsedfield gel electrophoresis typing of oxacillin-resistant Staphylococcus aureus isolates from the United States: establishing a national database. J Clin Microbiol. 41(11): 5113-5120. Mediavilla JR, Chen L, Mathema B, Kreiswirth BN. 2012. Global epidemiology of communityassociated methicillin resistant Staphylococcus aureus (CA-MRSA). Curr Opin Microbiol. 15(5): 588-595. 102 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Melo MC, Silva-Carvalho MC, Ferreira RL, Coelho LR, Souza RR, Gobbi CN, Rozenbaum R, Solari CA, Ferreira-Carvalho BT, Figueiredo AM. 2004. Detection and molecular characterization of a gentamicin-susceptible, methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) clone in Rio de Janeiro that resembles the New York/Japanese clone. J Hosp Infect. 58(4): 276-285. Melter O, Aires de Sousa M, Urbásková P, Jakubů V, Zemlicková H, de Lencastre H. 2003. Update on the major clonal types of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in the Czech Republic. J Clin Microbiol. 41(11): 4998-5005. Moet GJ, Jones RN, Biedenbach DJ, Stilwell MG, Fritsche TR. 2007. Contemporary causes of skin and soft tissue infections in North America, Latin America, and Europe: report from the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program (1998-2004). Diagn Microbiol Infect Dis. 57(1): 713. Moise-Broder PA, Forrest A, Birmingham MC, Schentag JJ. 2004a. Pharmacodynamics of vancomycin and other antimicrobials in patients with Staphylococcus aureus lower respiratory tract infections. Clin Pharmacokinet. 43(13): 925-942. Moran GJ, Mount J. 2003. Update on emerging infections: news from the Centers for Disease Control and Prevention. Ann Emerg Med. 41(1): 148-151. Murchan S, Kaufmann ME, Deplano A, de Ryck R, Struelens M, Zinn CE, Fussing V, Salmenlinna S, Vuopio-Varkila J, El Solh N, Cuny C, Witte W, Tassios PT, Legakis N, van Leeuwen W, van Belkum A, Vindel A, Laconcha I, Garaizar J, Haeggman S, Olsson-Liljequist B, Ransjo U, Coombes G, Cookson B. 2003. Harmonization of pulsed-field gel electrophoresis protocols for epidemiological typing of strains of methicillin-resistant Staphylococcus aureus: a single approach developed by consensus in 10 European laboratories and its application for tracing the spread of related strains. J Clin Microbiol. 41(4): 1574-1585. Naimi TS, LeDell KH, Como-Sabetti K, Borchardt SM, Boxrud DJ, Etienne J, Johnson SK, Vandenesch F, Fridkin S, O'Boyle C, Danila RN, Lynfield R. 2003. Comparison of communityand health care-associated methicillin-resistant Staphylococcus aureus infection. JAMA. 290(22): 2976-2984. 103 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Neoh HM, Hori S, Komatsu M, Oguri T, Takeuchi F, Cui L, Hiramatsu K. 2007. Impact of reduced vancomycin susceptibility on the therapeutic outcome of MRSA bloodstream infections. Ann Clin Microbiol Antimicrob. 6:13. Nimmo GR, Schooneveldt J, O'Kane G, McCall B, Vickery A. 2000. Community acquisition of gentamicin-sensitive methicillin-resistant Staphylococcus aureus in southeast Queensland, Australia. J Clin Microbiol. 38(11): 3926-3931. Nunes AP, Schuenck RP, Bastos CC, Magnanini MM, Long JB, Iorio NL, Santos KR. 2007. Heterogeneous resistance to vancomycin and teicoplanin among Staphylococcus spp. isolated from bacteremia. Braz J Infect Dis. 11(3): 345-350. Erratum in: Braz J Infect Dis. 2007.11(5): 528. O'Brien FG, Coombs GW, Pearson JC, Christiansen KJ, Grubb WB. 2005. Type V staphylococcal cassette chromosome mec in community staphylococci from Australia. Antimicrob Agents Chemother. 49(12): 5129-5132. Okuma K, Iwakawa K, Turnidge JD, Grubb WB, Bell JM, O'Brien FG, Coombs GW, Pearman JW, Tenover FC, Kapi M, Tiensasitorn C, Ito T, Hiramatsu K. 2002. Dissemination of new methicillinresistant Staphylococcus aureus clones in the community. J Clin Microbiol. 40(11): 4289-4294. Oliveira DC, Milheiriço C, de Lencastre H. 2006. Redefining a structural variant of staphylococcal cassette chromosome mec, SCCmec type VI. Antimicrob Agents Chemother. 50(10): 3457-3459. Oliveira DC, Tomasz A, de Lencastre H. 2001. The evolution of pandemic clones of methicillinresistant Staphylococcus aureus: identification of two ancestral genetic backgrounds and the associated mec elements. Microb Drug Resist. 7(4): 349-361. Oliveira DC, Tomasz A, de Lencastre H. 2002. Secrets of success of a human pathogen: molecular evolution of pandemic clones of meticillin-resistant Staphylococcus aureus. Lancet Infect Dis. 2(3): 180-189. Oliveira GA, Faria JB, Levy CE, Mamizuka EM. 2001b. Characterization of the Brazilian endemic clone of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) from hospitals throughout Brazil. Braz J Infect Dis. 5(4): 163-170. 104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Paschoal L. Epidemiologia molecular de infecções da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina: Estudo multicêntrico (Projeto SCOPE Brasil). Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 2010, p. 115. Pastagia M, Kleinman LC. Lacerda de la Cruz EG, Jenkins SG. 2012. Predicting risk for death from MRSA bacteremia. Emerg Infect Dis.18(7): 1072-1080. Peacock SJ, de Silva I, Lowy FD. 2001. What determines nasal carriage of Staphylococcus aureus? Trends Microbiol. 9(12): 605-610. Pedro RJ, Branchini MLM. Estafilococcias. In. Veronesi R, Focaccia R. Tratado de Infectologia. São Paulo: Atheneu, 1996: 654-665. Picão RC, Sader HS, Jones RN, Andrade SS, Gales AC. Analysis of resistance and vancomycin "reverse creep" in Latin American Staphylococcus aureus: ten-year report of the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program (1997-2006). In: European Congress of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, 2008, Barcelona. European Congress of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, 2008. Piechowicz L, Garbacz K, Budzyńska A, Dąbrowska-Szponar M. 2012. Outbreak of bullous impetigo caused by Staphylococcus aureus strains of phage type 3C/71 in a maternity ward linked to nasal carriage of a healthcare worker. Eur J Dermatol. 22(2): 252-255. Ploy MC, Grélaud C, Martin C, de Lumley L, Denis F. 1998. First clinical isolate of vancomycinintermediate Staphylococcus aureus in a French hospital. Lancet. 351(9110): 1212. Poston SM. 1966. Cellular location of the genes controlling penicillinase production and resistance to streptomycin and tetracycline in a strain of Staphylococcus aureus. Nature. 210(5038): 802-804. Potel C, Alvarez M, Alvarez P, Otero I, Fluiters E. 2007.Evolution, antimicrobial susceptibility and assignment to international clones of methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolated over a 9-year period in two Spanish hospitals. Clin Microbiol Infect. 13(7): 728-730. 105 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Price J, Atkinson S, Llewelyn M, Paul J. 2009. Paradoxical relationship between the clinical outcome of Staphylococcus aureus bacteremia and the minimum inhibitory concentration of vancomycin. Clin Infect Dis. 48(7): 997-998. Rammelkamp C.H. & Maxton T. 1942. Resistance of Staphylococcus aureus to the action of penicilin. Proc. Royal Soc. Exper. Biol. Med. 51: 386-389. Razera F, De Stefani S, Bonamigo RR, Olm GS, Dias CA, Narvaez GA. 2009. CA-MRSA in furunculosis: case report of southern Brazil. An Bras Dermatol. 84(5): 515-518. Reinert C, McCulloch JA, Watanabe S, Ito T, Hiramatsu K, Mamizuka EM. 2008. Type IV SCCmec found in decade old Brazilian MRSA isolates. Braz J Infect Dis. 12(3): 213-216. Reynolds R, Hope R, Warner M, MacGowan AP, Livermore DM, Ellington MJ; BSAC Extended Working Party on Resistance Surveillance. 2012. Lack of upward creep of glycopeptide MICs for methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) isolated in the UK and Ireland 2001-07. J Antimicrob Chemother. 67(12): 2912-2918. Ribeiro A, Dias C, Silva-Carvalho MC, Berquó L, Ferreira FA, Santos RN, Ferreira-Carvalho BT, Figueiredo AM. 2005. First report of infection with community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus in South America. J Clin Microbiol. 43(4): 1985-1988. Roberts RB, de Lencastre A, Eisner W, Severina EP, Shopsin B, Kreiswirth BN,Tomasz A. 1998. Molecular epidemiology of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in 12 New York hospitals. MRSA Collaborative Study Group. J Infect Dis. 178(1): 164-171. Robinson DA, Enright MC. 2003. Evolutionary models of the emergence of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother. 47(12): 3926-3934. Rojas L, Bunsow E, Munoz P, Cercenado E, Rodriguez-Creixems M, Bouza E. 2012. Vancomycin MICs do not predict the outcome of methicillin resistant Staphylococcus aureus bloodstream infections in correctly treated patients. J Antimicrob Chemother. 67(7): 1760-1768. 106 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rossi F, Andreazzi DB. Resistência Bacteriana Interpretando o Antibiograma. São Paulo: Atheneu, 2005. p. 118. Rozenbaum R, Sampaio MG, Batista GS, Garibaldi AM, Terra GM, Souza MJ, Vieira EN, SilvaCarvalho MC, Teixeira LA, Figueiredo AM. 2009. The first report in Brazil of severe infection caused by community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus (CA-MRSA). Braz J Med Biol Res. 42(8): 756-760. Sader HS, Fey PD, Limaye AP, Madinger N, Pankey G, Rahal J, Rybak MJ, Snydman DR, Steed LL, Waites K, Jones RN. 2009. Evaluation of vancomycin and daptomycin potency trends (MIC creep) against methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates collected in nine U.S. medical centers from 2002 to 2006. Antimicrob Agents Chemother. 53(10): 4127-4132. Erratum in: Antimicrob Agents Chemother. 2010 Mar; 54(3):1383. Fish, Douglas N [corrected to Madinger, Nancy]. Sader HS, Fritsche TR, Jones RN. 2008. Frequency of occurrence and daptomycin susceptibility rates of Gram-positive organisms causing bloodstream infections in cancer patients. J Chemother. 20(5): 570-576. Sader HS, Gales AC, Pfaller MA, Mendes RE, Zoccoli C, Barth A, Jones RN. 2001. Pathogen frequency and resistance patterns in Brazilian hospitals: summary of results from three years of the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program. Braz J Infect Dis. 5(4): 200-214. Sader HS, Pignatari AC, Hollis RJ, Jones RN. 1994. Evaluation of interhospital spread of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in Sao Paulo, Brazil, using pulsed-field gel electrophoresis of chromosomal DNA. Infect Control Hosp Epidemiol. 15(5): 320-323. Sader HS, Pignatari AC, Hollis RJ, Leme I, Jones RN. 1993. Oxacillin- and quinolone-resistant Staphylococcus aureus in Sao Paulo, Brazil: a multicenter molecular epidemiology study. Infect Control Hosp Epidemiol. 14(5): 260-264. Saha B, Singh AK, Ghosh A, Bal M. 2008. Identification and characterization of a vancomycin resistant Staphylococcus aureus isolated from Kolkata (South Asia). J Med Microbiol. 57(Pt 1): 72-79. 107 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sakoulas G, Moise-Broder PA, Schentag J, Forrest A, Moellering RC Jr, Eliopoulos GM. 2004. Relationship of MIC and bactericidal activity to efficacy of vancomycin for treatment of methicillinresistant Staphylococcus aureus bacteremia. J Clin Microbiol. 42(6): 2398-2402. Sá-Leão R, Santos Sanches I, Dias D, Peres I, Barros RM, de Lencastre H. 1999. Detection of an archaic clone of Staphylococcus aureus with low-level resistance to methicillin in a pediatric hospital in Portugal and in international samples: relics of a formerly widely disseminated strain? J Clin Microbiol. 37(6): 1913-1920. Sanches IS, Aires de Sousa M, Sobral L, Calheiros I, Felicio L, Pedra I, de Lencastre H. 1995. Multidrug-resistant Iberian epidemic clone of methicillin-resistant Staphylococcus aureus endemic in a hospital in northern Portugal. Microb Drug Resist. 1(4): 299-306. Santos BM. 1999. A longitudinal study of healthy Staphylococcus aureus carriers among the students of a nursing aide course. Rev Soc Bras Med Trop. 32(4): 395-400. Santos Filho L, Silva Sader H, Bortolotto VI, Gontijo FIlho PP, Pignatari AC. 1996. Analysis of the clonal diversity of Staphylococcus aureus methicillin-resistant strains isolated at João Pessoa, state of Paraíba. Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 91(1): 101-105. Saravolatz LD, Markowitz N, Arking L, Pohlod D, Fisher E. 1982. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Epidemiologic observations during a community-acquired outbreak. Ann Intern Med. 96(1): 11-16. Schaberg DR. 1997. Gene exchange and antimicrobial resistance in gram-positive cocci. Trans Am Clin Climatol Assoc.108: 59-66; discussion 66-68. Schleifer & Bell, 2010: http://www.bacterio.cict.fr/bacdico/ss/staphylococcaceae.html. Sharma VK, Hackbarth CJ, Dickinson TM, Archer GL. 1998. Interaction of native and mutant MecI repressors with sequences that regulate mecA, the gene encoding penicillin binding protein 2a in methicillin-resistant staphylococci. J Bacteriol. 180(8): 2160-2166. 108 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Shore A, Rossney AS, Keane CT, Enright MC, Coleman DC. 2005. Seven novel variants of the staphylococcal chromosomal cassette mec in methicillin-resistant Staphylococcus aureus isolates from Ireland. Antimicrob Agents Chemother. 49(5): 2070-2083. Shore AC, Deasy EC, Slickers P, Brennan G, O'Connell B, Monecke S, Ehricht R, Coleman DC. 2011. Detection of staphylococcal cassette chromosome mec type XI carrying highly divergent mecA, mecI, mecR1, blaZ, and ccr genes in human clinical isolates of clonal complex 130 methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother. 55(8): 3765-3773. Sieradzki K, Pinho MG, Tomasz A. 1997. Inactivated pbp4 in highly glycopeptide-resistant laboratory mutants of Staphylococcus aureus. J Biol Chem. 274(27): 18942-18946. Skinner,D. & Keefer,C.S. 1941. Significance of bacteremia caused by Staphylococcus aureus. Arch. Intern. Med. 68: 851-875. Small PM, Chambers HF. 1990. Vancomycin for Staphylococcus aureus endocarditis in intravenous drug users. Antimicrob Agents Chemother. 34(6): 1227-1231. Smith TL, Pearson ML, Wilcox KR, Cruz C, Lancaster MV, Robinson-Dunn B, Tenover FC, Zervos MJ, Band JD, White E, Jarvis WR. 1999. Emergence of vancomycin resistance in Staphylococcus aureus. Glycopeptide-Intermediate Staphylococcus aureus Working Group. N Engl J Med. 340(7): 493-501. Sola C, Cortes P, Saka HA, Vindel A, Bocco JL. 2006. Evolution and molecular characterization of methicillin-resistant Staphylococcus aureus epidemic and sporadic clones in Cordoba, Argentina. J Clin Microbiol. 44(1): 192-200. Sola C, Gribaudo G, Vindel A, Patrito L, Bocco JL; Córdoba MRSA Collaborative Study Group. 2002. Identification of a novel methicillin-resistant Staphylococcus aureus epidemic clone in Córdoba, Argentina, involved in nosocomial infections. J Clin Microbiol. 40(4): 1427-1435. Soriano A, Marco F, Martínez JA, Pisos E, Almela M, Dimova VP, Alamo D, Ortega M, Lopez J, Mensa J. 2008. Influence of vancomycin minimum inhibitory concentration on the treatment of methicillin-resistant Staphylococcus aureus bacteremia. Clin Infect Dis. 46(2): 193-200. 109 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Stapleton PD, Taylor PW. 2002. Methicillin resistance in Staphylococcus aureus: mechanisms and modulation. Sci Prog. 85(Pt 1): 57-72. Steinkraus G, White R, Friedrich L. 2007. Vancomycin MIC creep in non-vancomycinintermediate Staphylococcus aureus (VISA), vancomycin-susceptible clinical methicillin-resistant S. aureus (MRSA) blood isolates from 2001-05. J Antimicrob Chemother. 60(4): 788-794. Tacconelli E, De Angelis G, Cataldo MA, Pozzi E, Cauda R. 2008. Does antibiotic exposure increase the risk of methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) isolation? A systematic review and meta-analysis. J Antimicrob Chemother. 61(1): 26-38. Tascini C, Flammini S, Leonildi A, Ciullo I, Tagliaferri E, Menichetti F. 2012. Comparison of teicoplanin and vancomycin in vitro activity on clinical isolates of Staphylococcus aureus. J Chemother. 24(4): 187-190. Teixeira LA, Resende CA, Ormonde LR, Rosenbaum R, Figueiredo AM, de Lencastre H, Tomasz A. 1995. Geographic spread of epidemic multiresistant Staphylococcus aureus clone in Brazil. J Clin Microbiol. 33(9): 2400-2404. Tenover FC, Biddle JW, Lancaster MV. 2001. Increasing resistance to vancomycin and other glycopeptides in Staphylococcus aureus. Emerg Infect Dis. 7(2): 327-332. Tenover FC, Weigel LM, Appelbaum PC, McDougal LK, Chaitram J, McAllister S, Clark N, Killgore G, O'Hara CM, Jevitt L, Patel JB, Bozdogan B. 2004. Vancomycin-resistant Staphylococcus aureus isolate from a patient in Pennsylvania. Antimicrob Agents Chemother. 48(1): 275-280. Tomasz A, Drugeon HB, de Lencastre HM, Jabes D, McDougall L, Bille J. 1989. New mechanism for methicillin resistance in Staphylococcus aureus: clinical isolates that lack the PBP 2a gene and contain normal penicillin-binding proteins with modified penicillin-binding capacity. Antimicrob Agents Chemother. 33(11): 1869-1874. 110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Trakulsomboon S, Danchaivijitr S, Rongrungruang Y, Dhiraputra C, Susaemgrat W, Ito T, Hiramatsu K. 2001. First report of methicillin-resistant Staphylococcus aureus with reduced susceptibility to vancomycin in Thailand. J Clin Microbiol. 39(2): 591-595. Turnidge JD, Bell JM. 2000. Methicillin-resistant Staphylococcal aureus evolution in Australia over 35 years. Microb Drug Resist. 6(3): 223-229. Udo EE, Pearman JW, Grubb WB. 1993. Genetic analysis of community isolates of methicillinresistant Staphylococcus aureus in Western Australia. J Hosp Infect. 25(2): 97-108. van Hal SJ, Lodise TP, Paterson DL. 2012. The clinical significance of vancomycin minimum inhibitory concentration in Staphylococcus aureus infections: a systematic review and metaanalysis. Clin Infect Dis. 54(6): 755-771. Velazquez-Meza ME, Aires de Sousa M, Echaniz-Aviles G, Solórzano-Santos F, MirandaNovales G, Silva-Sanchez J, de Lencastre H. 2004. Surveillance of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in a pediatric hospital in Mexico City during a 7-year period (1997 to 2003): clonal evolution and impact of infection control. J Clin Microbiol. 42(8): 3877-3880. Vestergaard M, Cavaco LM, Sirichote P, Unahalekhaka A, Dangsakul W, Svendsen CA, Aarestrup FM, Hendriksen RS. 2012. SCCmec Type IX Element in Methicillin Resistant Staphylococcus aureus spa Type t337 (CC9) Isolated from Pigs and Pork in Thailand. Front Microbiol. 3: 103. Vidal PM, Trindade PA, Garcia TO, Pacheco RL, Costa SF, Reinert C, Hiramatsu K, Mamizuka EM, Garcia CP, Levin AS. 2009. Differences between "classical" risk factors for infections caused by methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) and risk factors for nosocomial bloodstream infections caused by multiple clones of the staphylococcal cassette chromosome mec type IV MRSA strain. Infect Control Hosp Epidemiol. 30(2): 139-145. Vindel A, Trincado P, Gómez E, Cabrera R, Boquete T, Solá C, Valdezate S, Saez-Nieto JA. 2006. Prevalence and evolution of methicillin-resistant Staphylococcus aureus in Spanish hospitals between 1996 and 2002. J Clin Microbiol. 44(1): 266-270. 111 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Vivoni AM, Diep BA, de Gouveia Magalhães AC, Santos KR, Riley LW, Sensabaugh GF, Moreira BM. 2006. Clonal composition of Staphylococcus aureus isolates at a Brazilian university hospital: identification of international circulating lineages. J Clin Microbiol. 44(5): 1686-1691. Waldvogel D, van Gelderen P, Muellbacher W, Ziemann U, Immisch I, Hallett M. 2000. The relative metabolic demand of inhibition and excitation. Nature. 406(6799): 995-998. Wang G, Hindler JF, Ward KW, Bruckner DA. 2006. Increased vancomycin MICs for Staphylococcus aureus clinical isolates from a university hospital during a 5-year period. J Clin Microbiol. 44(11): 3883-3886. Ward PB, Johnson PD, Grabsch EA, Mayall BC, Grayson ML. 2001.Treatment failure due to methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) with reduced susceptibility to vancomycin. Med J Aust. 175(9): 480-483. Weigel LM, Clewell DB, Gill SR, Clark NC, McDougal LK, Flannagan SE, Kolonay JF, Shetty J, Killgore GE, Tenover FC. 2003. Genetic analysis of a high-level vancomycin-resistant isolate of Staphylococcus aureus. Science. 302(5650): 1569-1571. Weigel LM, Donlan RM, Shin DH, Jensen B, Clark NC, McDougal LK, Zhu W, Musser KA, Thompson J, Kohlerschmidt D, Dumas N, Limberger RJ, Patel JB. 2007. High-level vancomycinresistant Staphylococcus aureus isolates associated with a polymicrobial biofilm. Antimicrob. Agents Chemother. 51(1): 231-238. Wilson AP, O'Hare MD, Felmingham D, Grüneberg RN. 1986. Teicoplanin-resistant coagulasenegative staphylococcus. Lancet. 2(8513): 973. Wong SS, Ng TK, Yam WC, Tsang DN, Woo PC, Fung SK, Yuen KY. 2000. Bacteremia due to Staphylococcus aureus with reduced susceptibility to vancomycin. Diagn Microbiol Infect Dis. 36(4): 261-268. Wu SW, de Lencastre H, Tomasz A. 2001. Recruitment of the mecA gene homologue of Staphylococcus sciuri into a resistance determinant and expression of the resistant phenotype in Staphylococcus aureus. J Bacteriol. 183(8): 2417-2424. 112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Yamamoto T, Nishiyama A, Takano T, Yabe S, Higuchi W, Razvina O, Shi D. 2010. Communityacquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus: community transmission, pathogenesis, and drug resistance. J Infect Chemother. 16(4): 225-254. Yeh YC, Yeh KM, Lin TY, Chiu SK, Yang YS, Wang YC, Lin JC. 2012. Impact of vancomycin MIC creep on patients with methicillin-resistant Staphylococcus aureus bacteremia. J Microbiol Immunol Infect. 45(3): 214-220. Zhang K, McClure JA, Elsayed S, Conly JM. 2009. Novel staphylococcal cassette chromosome mec type, tentatively designated type VIII, harboring class A mec and type 4 ccr gene complexes in a Canadian epidemic strain of methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Antimicrob Agents Chemother. 53(2): 531-540. Zhang K, McClure JA, Elsayed S, Louie T, Conly JM. 2005. Novel multiplex PCR assay for characterization and concomitant subtyping of staphylococcal cassette chromosome mec types I to V in methicillin-resistant Staphylococcus aureus. J Clin Microbiol. 43(10): 5026-5033. 113