Moradores processam Sabesp por cobrar e não tratar

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Moradores processam Sabesp por cobrar e não tratar
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Ultramaratonista Carlos Dias
lança vaquinha na internet para
correr no Sri Lanka. PÁG. 12
Regional, de verdade
Divulgação
DESDE 2006 | ANO 10 | nº 982 | 22 de dezembro de 2015
Moradores processam Sabesp
por cobrar e não tratar esgoto
Ação contra estatal paulista é encabeçada por associação de moradores de São Bernardo e pede
que a Sabesp pare de cobrar taxa de esgoto, já que não executa o tratamento, além de reivindicar
a devolução do que já foi pago. Omissão impede que moradores regularizem imóveis. PÁG. 3
ALUNOS DESOCUPAM ESCOLAS
P olí t i ca
Após a Justiça cancelar oficialmente a “reorganização” do ensino, que poderia fechar cerca de 94 escolas em todo o Estado, estudantes
da Região desocuparam as últimas unidades de ensino no ABCD. Agora, “luta” será por qualidade de ensino. Pág. 6
prefeitura de
são caetano
abre 880 vagas
Edital de concurso público já está publicado
para empregos em diversos setores, como
Saúde e Educação; inscrições variam
de R$ 30 a R$ 60. PÁG. 4
Cult ura
livro retrata
primeira mulher
a viver da escrita
A italiana Christine de Pizan viveu no
fim da Idade Média e é considerada
a primeira escritora profissional da
história. PÁG. 11
naci onal
dilma defende
ajuste, mas quer
crescimento PÁG. 9
e conomi a
movimento
nas mecânicas
cresce 60% PÁG.8
Fabiano Ibidi
2 ABCDMAIOR | 22 de dezembro de 2015
opinião
EDITORIAL
Sabesp nos cobra
e não entrega
A cada metro cúbico de água entregue pela Sabesp o consumidor paga também o equivalente a
um metro cúbico de esgoto gerado que deveria ser
coletado, transportado e entregue a uma estação de
tratamento.
Mas não é isso o que acontece. Conforme dados
de relatório da Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb) 86% do esgoto da Grande São
Paulo é coletado e, desse total, 49% é tratado.
Ou seja, a Sabesp cobra por um serviço que não
executa. Talvez resida aí um dos motivos pelo lucros
exorbitantes alcançados pela empresa: foram R$ 903
milhões no ano passado. Tudo bem que esse valor
represente queda de 53% frente ao resultado de R$
1,92 bilhão em 2013. Afinal, foi o ano no qual a crise hídrica foi detonada. Se a Sabesp cumprisse com
sua obrigação talvez a região Metropolitana não enfrentasse o racionamento que atravessa atualmente.
E é para por fim aos abusos da companhia estadual
que uma associação de moradores de São Bernardo
ingressa na justiça para suspender o pagamento da
taxa de esgoto da conta de água.
O fato da Sabesp não recolher o esgoto destes
moradores, especialmente em áreas de manancial, os
impede de conseguir a regularização fundiária de suas
propriedades por não conseguirem licença ambiental,
uma vez que não há coleta de esgoto. A propósito,
todo esse esgoto tem a Billings como destino, inviabilizado a represa como fornecedora de água potável.
A demanda, no entanto, não é nova. Fatos assim levaram o Ministério Público do Estado (MP) a
ingressar com uma ação contra a Sabesp em 2012.
A Promotoria de Meio Ambiente do MP pede na ação
indenização de R$ 11,2 bilhões da empresa por causa
do lançamento, sem tratamento, de esgoto nos rios e
represas da Região Metropolitana de São Paulo.
O MP também pede na ação civil pública que a
Justiça obrigue a Sabesp a universalizar a coleta e o
tratamento do esgoto da Região Metropolitana até
2018, sob pena de multa diária. De acordo com a
Promotoria, isso é necessário para cessar a “poluição
hídrica na Bacia do Alto Tietê e também nas Represas Billings e do Guarapiranga, com prejuízos ao meio
ambiente”.
Aqui tem
ABCD MAIOR
Defender as empresas públicas e seus
trabalhadores prossegue em 2016
Maria Rita Serrano *
O ano de 2015 começou e termina com a marca do desafio, e assim
também será 2016. Para defender o
patrimônio público dos brasileiros, intensas disputas vêm sendo travadas
e, agora, convergem para uma necessidade ainda mais ampla, que é a manutenção da democracia no
País. Logo no início de janeiro,
quando a sociedade ainda vivia a expectativa do novo governo de Dilma
Rousseff – eleita com 54, 5 milhões
de votos -, a notícia de que a Caixa poderia abrir seu capital mobilizou entidades em prol da Caixa 100% pública.
Foram meses de debates, palestras,
seminários e manifestações pelo Brasil para que seu principal banco público não abrisse mão do importante papel social que desempenha em nome
de interesses do mercado.
As iniciativas, que ganharam alcance nacional com o empenho das
entidades representativas – CUT,
CTB, Conlutas, sindicatos e representantes dos trabalhadores no Conselho de Administração do banco – resultaram num desfecho positivo, e a
abertura de capital não se consolidou.
Mas bem pouco tempo se passou
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até que uma nova ameaça surgisse,
colocando em risco não só o papel e
autonomia da Caixa como de todas
as estatais em operação no País. Em
setembro, veio a público o conteúdo
do Projeto de Lei do Senado (PLS)
555, ou Estatuto das Estatais. Com o
pretexto de trazer mais transparência
para a governança destas empresas,
o projeto, cujos autores são, respectivamente, os senadores Tasso Jereissati e Aécio Neves, propõe um modelo
de gestão privada para as empresas
públicas. Para brecar esse rolo compressor, teve início, então, uma nova
onda de mobilização capitaneada por
centrais sindicais e associativas, conselhos de administração, movimento
social e parlamentares. Mais uma
vez, foi preciso percorrer o País em
busca de apoio para impedir a votação e questionar um projeto que pode
abrir uma nova leva de privatizações,
tão ao gosto dos governos do PSDB,
como já demonstrou a era FHC.
Paralelamente, porém, assistimos
neste último mês do ano a uma grande turbulência política, com pedido
de impeachment da presidenta Dilma
Rousseff, que – não custa repetir –
foi eleita democraticamente por 54,5
milhões de brasileiros. Um processo
acionado por interesses pessoais de
Eduardo Cunha e que não se sustenta já que, ao contrário do que ocorreu
no impeachment de Collor (acusado
de corrupção passiva e ativa), a presidenta tem uma biografia de defesa do
Brasil e não há acusações contra ela.
De qualquer forma, é um momento de
alto risco para a democracia no Brasil,
tão duramente conquistada. E também para seus trabalhadores e entidades representativas, ameaçados
pela política do retrocesso e da retirada de direitos.Vamos somar nossas
forças para barrar essas ameaças e
construir um Brasil melhor. Que 2016
renove nossa esperança e a capacidade de acreditar e em nome da democracia e da perspectiva de que as
gerações que nos sucedem possam
usufruir de tempos mais solidários e
menos desiguais. Afinal, somos brasileiros: a gente insiste, resiste e não
desiste!
*Maria Rita Serrano é representante
dos trabalhadores no Conselho de
Administração da Caixa, diretora do
Sindicato dos Bancários do ABC e
mestra em Administração.
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22 de dezembro de 2015 | ABCDMAIOR
política
3
Economizando em tempos de crise
A Câmara de Santo André devolverá nesta quarta-feira (23/12)
R$ 4 milhões aos cofres da Prefeitura, diante de economias que realizou neste ano de 2015.
Morador aciona Sabesp por
cobrança indevida em SBC
Estatal cobra por serviço de tratamento de esgoto, mas despeja dejetos na represa Billings
Karen Marchetti
[email protected]
A Associação dos Movimentos de Moradia e Melhores
Condições de Vida, que representa 69 vilas localizadas
em áreas de mananciais de
São Bernardo, entrou com
ação civil pública para suspender a cobrança da taxa de
esgoto nos locais, serviço que
é cobrado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo) mas
não é realizado. Isso porque
a empresa, vinculada ao governo de Geraldo Alckmin
(PSDB), continua despejando esgoto coletado na represa
Billings, responsável pela água
que abastece parte do ABCD e
também da Capital.
A ação representa diretamente cerca de 250 mil pessoas que moram nas áreas de
mananciais. Os moradores
reclamam que o Estado cobra
não só pela coleta, mas também pelo tratamento do esgoto, o que não é efetuado.
A ação, que também pede
o ressarcimento dos valores já
quitados pelas famílias, está
respaldada pela lei de Direitos
do Consumidor; a ausência na
coleta de esgoto ainda causa
mais transtornos à população,
que não consegue registrar
os imóveis. De acordo com a
nova Lei da Billings, os proprietários só poderão receber a
documentação de posse depois
de receberem a licença ambiental, que só é emitida depois de comprovar a coleta e o
tratamento de esgoto no local.
O vereador José Ferreira realizou coletiva de imprensa nesta segunda-feira (21/12) para
anunciar a ação civil pública e
o apoio à população.
“Não podemos pagar por
serviço não prestado. Não
existe cronograma da Sabesp
para iniciar as obras para destinação do esgoto. Este processo, além de corrigir um erro,
é uma forma de pressionar e
obrigar a Sabesp a colocar os
coletores troncos para fazer o
afastamento e tratamento do
esgoto nas regiões de mananciais”, disse o vereador.
A assessoria de imprensa da Sabesp informou que a
cobrança da tarifa de esgoto é regulamentada por meio
do decreto estadual número
41.446/96 e que são cobrados
os custos dos serviços “efetivamente prestados”.
Fabiano Ibidi
Esgoto é despejado na Billings, mas Sabesp ainda cobra da população
Andris Bovo
Zé Ferreira anuncia ação contra taxa
Regularização fundiária fica prejudicada
Sem as obras necessárias que garantam o tratamento do esgoto, o
que evitaria o descarte na represa
Billings, os proprietários dos imóveis nas áreas de mananciais ficam
impedidos de receber o título de
propriedade.
“As obras dos coletores troncos
do Ribeirão dos Couros são de
nossa responsabilidade e estamos
fazendo. Inclusive, vamos realizar
uma parte que era de responsabilidade da Sabesp. No entanto, a
empresa estatal não fez a rede para
levar o esgoto até o coletor tronco
central. A Sabesp informou que
iria concluir as obras neste ano,
mas as obras foram adiadas e não
existe novo prazo”, afirmou o secretário de Serviços Urbanos de
São Bernardo, Tarsicio Secoli.
4 ABCDMAIOR | 22 de dezembro de 2015
política
Contra o golpe, de novo
A base aliada irá recorrer ao STF se houver qualquer tentativa de “driblar”
a decisão da Corte sobre o andamento do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff.
Prefeitura abre inscrições para
880 vagas em São Caetano
Salários para os cargos variam de R$ 1,7 mil até R$ 6,5 mil em diversas oportunidades, na área da Saúde, Educação, entre outros
Gislayne Jacinto
[email protected]
A Prefeitura de São Caetano
abriu neste domingo (20/12) as
inscrições para o concurso público que oferece 880 vagas de emprego. Os salários variam de R$
1,7 mil a R$ 6,5 mil, sendo que
a taxa para participar do processo
é de R$ 30 a R$ 60, dependendo
da escolaridade do candidato.
O concurso será realizado pela
USCS (Universidade de São Caetano do Sul). O edital pode ser
encontrado no link (http://goo.
gl/EN6uM6); já as inscrições são
realizadas no seguinte endereço:
http://goo.gl/zMXWHZ
O prefeito Paulo Pinheiro
(PMDB) foi obrigado a realizar
o concurso após o TCE (Tribunal de Contas do Estado) cobrar
a substituição de três mil funcionários terceirizados. A troca será
feita de forma gradativa. Por isso,
além das vagas oferecidas, a Prefeitura está criando um cadastro
reserva.
Entre as vagas oferecidas, está
o cargo de agente administrativo. O salário para função, que
conta com o maior número de
oportunidades oferecidas, é de
R$ 2,4 mil. A área da saúde também tem contratações abertas,
sendo 102 para técnico de enfermagem, 86 para auxiliar de enfermagem e 42 para enfermeiro,
além de médicos.
ANDRIS BOVO
Prefeitura foi obrigada a abrir concurso após TCE apontar que Administração contava com muitos funcionários terceirizados
22 de dezembro de 2015 | ABCDMAIOR
cidades
5
Patrulha contra a dengue
A Prefeitura de São Caetano lança nesta terça-feira (22/12) a Patrulha contra a Dengue. Quatro veículos irão circular pela cidade para
combater o mosquito Aedes que transmite dengue, chikungunya e zika.
Verão começa nesta terça
com influência do El Niño
Fenômeno climático contribui para elevação das temperaturas e aumento no volume de chuvas
Rosângela Dias
[email protected]
O verão começa nesta terça-feira (22/12) em todo o hemisfério sul sob forte influência do
El Niño. O fenômeno climático é
responsável pelo aquecimento das
águas do oceano, resultando na
elevação da temperatura e distribuição irregular da chuva no País.
Por isso, enquanto o clima seco
será uma constante em áreas do
Nordeste, a chuva deve aparecer
com mais intensidade em estados
do Sul e Sudeste.
Em São Paulo, as temperaturas
podem ficar acima da média, com
mínima na casa dos 20°C e máxima entre 28°C e 30°C. Noites
abafadas serão constantes ao longo da estação, mas em menor intensidade do que nos últimos dois
verões, quando bloqueios atmosféricos impediram a aproximação
de frentes frias.
Considerado um dos eventos
mais fortes desde 1997 e 1998, o
El Niño deverá perder força com
o final do verão, em março. “Já
passamos pelo pico do El Niño
no final de novembro e começo
de dezembro, e a tendência é que
ele perca a força ao longo da es-
tação”, afirmou o meteorologista
do Climatempo, Alexandre Nascimento.
Para os próximos meses, a previsão é de chuva de 25% a 30%
acima dos valores históricos para
o período, variando de 220 a
330 mm a cada mês. A tendência é que fevereiro seja o mês
com maior intensidade de chuva,
seguido de dezembro e janeiro.
Apesar de chuva perto ou um
pouco acima da média, o volume
não será suficiente para a recuperação dos reservatórios que abastecem o Estado.
“As chuvas podem amenizar
um pouco a situação, mas não há
previsão de recuperação dos mananciais. O forte calor contribui
para maior evaporação da água
nos reservatórios e também para o
maior consumo d’água por parte
da população”, observou Marcelo
Schneider, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia.
O sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de mais
de 5 milhões de pessoas na Região
Metropolitana de São Paulo, continua operando no volume morto
em consequência da crise hídrica.
Já o sistema Alto Tietê também
seguirá em situação crítica.
rodrigo pinto
Verão terá chuvas acima da média
6 ABCDMAIOR | 22 de dezembro de 2015
cidades
Feira de Artesanato melhorada!
A Feira de Artesanato de Mauá foi entregue reformulada na sexta-feira (18/12). Os
comerciantes, que ficam na praça da Paineira, no Centro, agora têm 20 barracas fixas
e carrinhos ambulantes mais modernos para vender alimentos e artesanato em geral.
Após vitória, alunos desocupam
últimas escolas na Região
Antes de deixar unidades, estudantes limparam e promoveram melhorias nas escolas e agora cobram qualidade no ensino
Fabiano Ibidi
Jéssica Marques
[email protected]
Carregando travesseiros, colchonetes e mochilas, os alunos
das últimas cinco escolas ocupadas no ABCD deixaram as
unidades na tarde desta segunda-feira (21/12). Após mais de
um mês “na luta”, como dizem
os estudantes, a ideia agora é
de mudar de estratégia e buscar
apoio para melhoria da qualidade de ensino, além de continuar se posicionando contra
a proposta de “reestruturação”
apresentada pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB), que
previa o fechamento de quase
100 escolas em todo o Estado.
Durante a desocupação o
cheiro de produtos de limpeza
e sacos de lixo na frente das unidades de ensino já anunciavam
a mudança. Junto às chaves dos
portões das quatro escolas em
Santo André e uma em Diadema, os alunos entregaram
documentos que garantiam a
integridade física do prédio.
Em Santo André, foram desocupadas as escolas Wanda
Bento Gonçalves, Marajoara
2, Oscavo de Paula e Américo
Brasiliense. “Limpamos tudo,
As cinco escolas do ABCD que estavam ocupadas foram deixadas nesta segunda-feira pelos estudantes
pintamos e até retiramos focos
de dengue. Na entrega, fizeram
vistoria e nenhum problema
foi encontrado”, relatou o aluno Douglas Versuri, da Wanda
Bento. Na E. E. Diadema (antigo Cefam), primeira escola
do estado a ser ocupada, em 9
de novembro, os próprios alunos encontraram diversos problemas. Dentre os mais graves,
estão extintores vencidos, man-
gueiras de hidrante furadas,
caixa d’água suja e materiais didáticos que deveriam ser distribuídos entre os alunos mas estavam guardados em armários.
Todas as irregularidades foram anotadas para serem passadas à Diretoria de Ensino de
Diadema. “Instalamos chuveiros nos vestiários, limpamos os
banheiros, a cozinha, as salas de
aula. Todo mundo participou e
ajudou”, disse a estudante Rafaela Boani, 16 anos.
No entanto, as mudanças vão
além da parte estrutural. A experiência de ocupar as escolas
e buscar a garantia de direito
trouxe novos ensinamentos.
“A maior e melhor loucura
que fiz na minha vida foi anunciar a ocupação”, diz Rafaela,
que estuda na E. E. Diadema
desde a primeira série. “Acor-
dar todos os dias e ver que todo
mundo estava aqui, apesar dos
problemas, foi muito gratificante”, contou a estudante, enquanto enxugava as lágrimas de
emoção.
REORGANIZAÇÃO
O projeto de “reestruturação” da rede estadual de ensino
foi anunciado em setembro e
motivou uma série de protestos em todo o Estado. A ideia
inicial era ampliar o número
de escolas de ciclo único, o que
resultaria no fechamento de 94
escolas.
O movimento de protesto
foi intensificado a partir do
mês de novembro, quando as
ocupações tiveram início. Foram mais de 200 escolas tomadas por estudantes no Estado,
sendo pelo menos 25 unidades
no ABCD.
Após forte pressão estudantil, Alckmin anunciou, em 4
de dezembro, a suspensão da
medida. Neste período, Herman Voorwald pediu demissão
do posto de secretário de Educação. Na quarta-feira (16/12),
uma decisão da justiça determinou que a reorganização
fosse suspensa até 2016.
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22 de dezembro de 2015 | ABCDMAIOR
HC como referência
O Hospital de Clínicas de São Bernardo tem sido decisivo na
recuperação de pacientes que sofreram lesão cerebral ou
infarto. Há um ano o serviço era ofertado apenas fora da cidade.
7
Feira Estadual de Ciência
Oito projetos do ABCD estão na segunda fase da 3ª Feira
de Ciências da rede estadual, entre os 148 projetos desenvolvidos por estudantes em todo o Estado.
Aluna conta como alunos
reagiram à pichação racista
Uma pichação racista encontrada, em outubro, no banheiro feminino da
Faculdade Direito São Bernardo trouxe à tona diversas discussões sobre
o racismo. A estudante de direito Vanessa dos Santos Almeida, 19 anos,
que é negra, contou que desde pequena foi preparada para ser melhor
que os brancos para conseguir estar no mesmo patamar. Outra crítica
feita pela jovem é a diferença entre salários entre brancos e negros.
Jessica Marques
[email protected]
ABCD MAIOR – Uma
pichação racista foi encontrada
no banheiro feminino da
Faculdade Direito São
Bernardo em outubro. Como
foi a reação das estudantes
negras?
Vanessa - Estávamos procurando umas às outras, porque
não podíamos deixar esse episódio passar batido. A gente
conseguiu juntar um grupo de
sete meninas e fizemos a semana Cena Preta, para falar sobre
racismo e a cultura negra. A
faculdade nos apoiou bastante, porque não quer ser vista
como uma instituição racista.
Tudo o que nós precisamos
foi fornecido e os alunos também estavam de acordo com a
gente.
A pichação dizia que “turbante
não é coisa da faculdade.” Qual
a importância deste item na
cultura negra?
O turbante é uma expressão
de poder. Não é só mulher
que usa, principalmente nos
países africanos. Eu acho que
aqui no Brasil o turbante vem
para empoderar o negro. Mesmo assim ainda é visto como
um absurdo. Tem também a
questão capitalista, o turbante
vende muito, porque as mulheres brancas acham bonito
e virou um sinal de consumismo. Não que a mulher branca
não possa usar, mas o turbante é visto como feio na gente e
bonito nelas.
Você considera que os jovens
negros não têm voz ou que
reprodução
a discussão já está sendo
ampliada?
Temos aproximadamente 4%
de alunos que se declaram negros
e 11% daqueles que se declaram
pardos. Estamos em um número
reduzido em salas totalmente diferentes. Depois dessa pichação,
começamos a nos juntar e temos
a ideia de formar um coletivo.
Ainda sim, a gente vê que são
poucos alunos.
Como está sendo feita a
organização para o coletivo?
A internet facilita esse processo,
o que é bom por um lado, mas é
ruim por ser um espaço cheio de
ódio. A gente consegue se unir
mais e se manifestar, principalmente agora, após a ocupação
das escolas, em que a juventude
teve mais voz, de forma geral. A
gente não via isso antes, então é
uma luta que tem que continuar.
Além de aproximar as pessoas,
a internet também favorece o
debate sobre o empoderamento
dos negros?
Sim, porque com o conhecimento do outro a gente acaba
descobrindo que existem vários
modos de pensar. Tendo esse
diálogo, a gente consegue ultrapassar a barreira do racismo.
Como você sente o racismo no
ambiente acadêmico?
Só de entrar em uma instituição
e ter pouca representatividade,
nenhum professor negro e poucos alunos negros, a gente já sabe
que existe um racismo institucional. Mesmo que a gente não
sofra um racismo de forma individualizada, a gente sente na pele
que tem um racismo, principalmente depois dessa pichação.
Inclusive, temos um debate para
Estudante Vanessa Almeida alerta que poucos negros atuam no judiciário porque poucos ingressam no curso de Direito
implementar uma política de
cotas dentro da faculdade. É um
espaço universal, tem que haver
mais negros, não pode ser apenas
um grupo determinado.
Como você está se preparando
para o mercado de trabalho?
Sei que vou enfrentar dificuldades, porque o negro é visto como
alguém que não é bonito e quem
contrata ainda preza pela imagem. Desde pequena fui preparada para isso, meus pais sempre
falam que preciso ser melhor que
um branco para chegar no mesmo patamar. Espero não precisar falar isso para os meus filhos.
Não tem cabimento, porque nós
deveríamos ser iguais e não somos.
Na sua visão, como o judiciário
recebe os negros?
O ambiente jurídico é muito
tradicionalista, a faculdade de
direito é tradicional, apesar de
agora nós termos um alunado
feminino muito grande, dentro
dos tribunais ainda são mais homens. O número de mulheres
está crescendo porque o concurso é mais justo e ninguém vê sua
cara. Ainda assim, poucos negros
entram na faculdade de direito.
Na minha sala tem duas negras
e tem sala que não tem nenhum.
Consequentemente, poucos vão
atuar no judiciário, é um reflexo.
Você tem uma visão otimista
sobre mudanças nesta área?
Não muito. Nossa luta é revolucionária. A gente quer chegar
lá e ter mais igualdade, mas não
adianta a igualdade estar só na
constituição e não no mercado
de trabalho. Para a mulher chegar ao mesmo patamar que o homem, foram feito pesquisas de
que vão levar 40 anos. A mulher
negra ganha quatro vezes menos
que o homem branco, vai levar
quanto tempo até chegarmos no
mesmo patamar? A mulher negra não sofre só o racismo, mas
também com o machismo.
8 ABCDMAIOR | 22 de dezembro de 2015
economia
Contratação gigante
O Ministério do Planejamento autorizou o IBGE a contratar por tempo determinado até
82.023 pessoas para realizar o Censo Agropecuário 2016. As contratações deverão ser
feitas em processo simplificado, observados critérios estabelecidas pelo governo.
Acordo de Leniência é 1ª resposta
de Dilma a centrais e a empresas
Empresas envolvidas em corrupção poderão manter atividades e firmar contratos com o governo mudando procedimentos
Redação
[email protected]
O Diário Oficial da União
publicou em sua edição de
ontem o texto da medida provisória que permite acordos
de leniência entre empresas
envolvidas em escândalos de
corrupção com a União, estados e municípios. A medida
foi anunciada pela presidente
Dilma Roussef como a primeira das respostas prometidas por
ela aos representantes de 70 entidades, entre centrais sindicais
e patronais, que lhe entregaram
na terça-feira (15/12) uma carta com sugestões e propostas
pra acelerar o desenvolvimen-
to do país em 2016. O intuito
da iniciativa é construir uma
agenda econômica positiva, de
emprego e renda para o próximo ano. E o acordo de leniência foi uma das solicitações. Ele
permite que investigações em
caso de corrupção não atrapalhem as atividades econômicas
das mesmas, como vem ocorrendo com a empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato.
De acordo com a presidente,
seu governo apoia totalmente
o combate à corrupção. Conforme destacou ela, a medida
provisória vai permitir que empresas investigadas e declaradas
inidôneas possam voltar a fechar negócios com o governo,
de forma a preservar empregos.
Os termos da MP foram acordados em conjunto entre representantes do Executivo e destas
entidades sindicais e patronais.
Para o presidente da CUT,
Vagner Freitas, a MP vai ajudar a resolver o problema do
desemprego no Brasil. “Só nos
estaleiros, temos milhões de
trabalhadores ficando desempregados. A agenda do Brasil
para 2016 precisa ser o desenvolvimento e medidas que levem o país a crescer e gerar empregos, e não o impeachment
e a crise política”, disse. O
presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
Luiz Moan, afirmou que a MP
não é boa apenas para o setor
rodrigo pinto
Para Freitas, da CUT, acordo ajuda a resolver o problema do desemprego
automotivo, mas para todas as
organizações que se aliaram na
parceria por um Brasil melhor.
Na sua avaliação, o governo
deu um excelente sinal, que foi
o de agilidade e disposição no
atendimento das propostas. “E
agilidade é o que o país mais
precisa neste momento para
sair da crise.” (Com informações de Hylda Cavalcanti - da
Rede Brasil Atual).
22 de dezembro de 2015 | ABCDMAIOR
nacional/internacional
9
Mirou na presidência, mas ficou sem o partido
Após desavenças, o presidente do Senado, Renan Calheiros, articula a destituição do vice-presidente da República, Michel Temer, do comando nacional do PMDB.
Dilma defende ajuste, mas
quer retomada do crescimento
Novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tomou posse nesta segunda-feira
Redação
[email protected]
Durante a posse do novo
ministro da Fazenda, Nelson
Barbosa, nesta segunda-feira
(21/12), a presidente Dilma
Rousseff afirmou que a mudança da equipe econômica
não altera os objetivos de
longo prazo, mas garantiu
que será necessário conciliar
o “equilíbrio fiscal” com a
“retomada do crescimento
econômico”. Barbosa assume
em substituição ao ex-ministro Joaquim Levy, mais ligado aos interesses do mercado
financeiro. Também foi empossado o substituto de Barbosa no ministério do Planejamento, Valdir Simão.
“A tarefa dos ministros
Nelson Barbosa e Valdir Simão é de imediato contagiar
a sociedade brasileira com a
crença de que equilíbrio fiscal e crescimento econômico
podem e devem caminhar
juntos. Na verdade, criam
as bases para novas medidas
e reformas de médio e longo
prazo necessárias para um
sustentado e prolongado ciclo de expansão. Precisamos
também atuar para estabili-
zar e reduzir a dívida pública
”, afirmou Dilma, em discurso.
A presidente começou seu
discurso agradecendo ao ex-ministro Levy, que estava
presente na cerimônia. “Sua
presença à frente do Ministério da Fazenda foi decisiva
para que fizéssemos ajustes
imprescindíveis. Sua dedicação e trabalho ajudaram na
aprovação da legislação fiscal, mesmo em um ambiente
de crise política. Joaquim Levy
revelou grande capacidade de
agir com serenidade e eficiência, mesmo sob intensa pressão.”
Ainda nesta segunda. Barbosa disse a investidores estrangeiros que o governo continua
comprometido com o ajuste
fiscal e que fará o que for necessário para cumprir a meta de
superávit primário de 0,5% do
PIB (Produto Interno Bruto,
soma de todos os bens e serviços produzidos no país) em
2016. O superávit primário é
a poupança que o governo faz
para o pagamento dos juros da
dívida. O objetivo é tranquilizar o mercado financeiro e
mostrar o empenho do governo
nos ajustes da economia.
Roberto Stuckert filho/ PR
Novo ministro, Barbosa defende meta de superávit primário menor do que seu antecessor, Joaquim Levy
10 ABCDMAIOR | 22 de dezembro de 2015
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22 de dezembro de 2015 | ABCDMAIOR
cultura
11
Arte pela Igualdade no Sesc Santo André
A exposição Pestana: 30 anos de Arte pela Igualdade, de Mauricio Pestana ficará em
cartaz no Sesc (rua Tamaratutaca, 302, Vila Guiomar) até 31/01. A mostra traz cartuns, cartazes e ilustrações sobre e relações de trabalho, a segurança pública e a educação. Grátis.
DivulgaÇÃO
Lucimara Leite é professora universitária e leciona sobre história da arte e teoria de gêneros; recentemente a autora esteve em São Bernardo para lançar seu livro sobre uma importante personagem da luta feminina
Livro retrata primeira
mulher a viver da escrita
Christine de Pizan: uma resistência conta sobre aquela que é considerada a primeira escritora profissional
Marina Bastos
[email protected]
O livro Christine de Pizan:
uma resistência, de Lucimara Leite, é fruto de mais de 20 anos de
pesquisa relacionados a esta que é
considerada a primeira mulher a
viver da profissão de escritora. A
obra, lançada recentemente na
Fasb (Faculdade São Bernardo),
retrata uma mulher medieval que
tem muito em comum com as lutas femininas de hoje.
Christine de Pizan viveu no
final da Idade Média e, em seus
livros Cité des Dames e Trois
Vertus, já defendia um perfil de
mulher atuante na sociedade,
ideias revolucionárias para o período. Apesar de pouco difundida
no Brasil, seu nome é bastante
conhecido no exterior, inclusive
com congressos internacionais
específicos que debatem sua vida
e obra.
A autora, Lucimara Leite, teve
o primeiro contato com a histó-
ria de Christine Pizan enquanto
cursava o último ano do curso de
Filosofia na PUC-SP, e um professor solicitou um trabalho sobre
mulheres do Renascimento. “Ele
notou meu interesse pelo assunto
e me passou uma lista com diversos nomes. Dentre eles, estava
Christine de Pizan” contou. “Sabemos que em pleno século 21
as mulheres ainda precisam lutar
para ter seus direitos atendidos.
Então me intrigou saber que já
no século 15 houve uma mulher
que escrevia, que tinha uma profissão e sobrevivia do ato de escrever”, relacionou Lucimara, que
é professora e no ambiente universitário desenvolve projetos nas
disciplinas de Filosofia e História
da Arte e em Teoria dos gêneros.
Em tempos que campanhas
feministas ganham força na internet é importante perceber que há
muito tempo algumas mulheres
já ousavam não se contentar com
o papel que lhes era reservado na
sociedade. Quando falamos em
luta por direitos das mulheres no
século 15, falamos de direitos básicos como o acesso aos estudos.
“A importância de conhecermos
uma autora como a Christine é
sabermos que há 600 anos viveu
uma autora que ousou afirmar
que as mulheres eram consideradas inferiores porque não tinham
acesso à educação. Que a diferença entre homens e mulheres é
de origem social e não por uma
determinação biológica”, afirmou
Lucimara leite.
Serviço
O livro Christine de Pizan: uma resistência, está disponível no site da Editora
Chiado: https://www.chiadoeditora.com/livraria/christine-de-pizan.
O que une uma mulher
medieval à contemporânea
Após mais de 20 anos de pesquisa, Lucimara pode afirmar
com propriedade que ser mulher
sempre foi difícil em qualquer
tempo. Sem jamais menosprezar
as conquistas já feitas, como o direito à educação, ao voto, ou ao
divórcio, é inegável ainda vivermos numa sociedade patriarcal e
desigual. “O que nos une às mulheres medievais é a dificuldade,
ainda, de ser mulher. No sentido
de um ser livre com igualdade e
direitos. Já conquistamos muito
nesses 600 anos, mas ainda ganhamos menos, sofremos abusos
e ficamos com a maior parte da
educação dos filhos.”
Christine e Gil Vicente
Lucimara é doutora em Língua
e Literatura Francesa pela Paris
IV-Sorbonne/USP e considera
que a maior dificuldade em escrever sobre Christine de Pizan foi a
falta de acesso às fontes. “Estudar
Idade Média no Brasil é difícil e
pesquisar sobre a Christine, quase
impossível. Para que eu pudesse
desenvolver meu trabalho, contei
com bolsas que me permitiram
morar na França, no doutorado,
e em Portugal, no pós-doutorado,
para realizar o estudo. Aqui no
Brasil, ainda há poucas pesquisas
sobre ela”, relatou a autora. “Nesse sentido, este livro é uma referência importante. Mas Christine
é um nome reconhecido internacionalmente, principalmente
nos EUA e Europa. Na França,
ela é referência obrigatória na
formação dos alunos. Podemos
dizer que ela é como um Luís de
Camões ou um Gil Vicente para
nós”, comparou.
12 ABCDMAIOR | 22 de dezembro de 2015
esporte
Superliga
Pela Superliga Feminina de Vôlei, o São Bernardo recebe o Sesi-SP nesta terçafeira (22/12), às 19h, no ginásio Poliesportivo. O time do ABCD sonha com vaga
nos playoffs do campeonato nacional.
Ultramaratonista lança vaquinha
na internet para correr no Sri Lanka
Carlos Dias precisa de R$ 30 mil para participar da última etapa da 4Deserts, principal ultramaratona de ambientes extremos no mundo
Antonio Kurazumi
[email protected]
Há dois anos, o ultramaratonista Carlos Dias saiu nas páginas
do ABCD MAIOR pela história ímpar no esporte, em que já
cruzou o Brasil do Oiapoque ao
Chuí, e a ligação com causas sociais. O bernardense é o garoto-propaganda do bem, pois corre
para ajudar as pessoas fazendo
campanha de arrecadação para o
Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança).
Prestes a completar 43 anos, o
super-humano - título ganho em
programa do canal de TV The
History Channel - lançou campanha de financiamento coletivo na
internet, popularmente chamada
de “vaquinha”, a fim de viabilizar
participação em prova de 250 km
no Sri Lanka. Prevista para fevereiro, a corrida é a última etapa da
4Deserts, principal ultramaratona
de ambientes extremos do mundo. Dias vem de desafios no Ata-
Canela de ferro
cama (Chile), deserto do Saara,
Gobi (China) e Antártida.
O atleta convive com a dificuldade de obter apoios por não
ser de um esporte olímpico no
Brasil, o que afasta possíveis patrocinadores. Por esse motivo, ele
recorreu ao crowdfunding para
não ficar de fora dessa reta final
do 4Deserts. A meta é juntar R$
30 mil, que servirão para pagar a
inscrição, equipamentos, hospedagem e alimentação. A ajuda na
“vaquinha” de Dias prevê brindes,
tais como camisetas, palestras e
até treinos individuais.
“Sobre a prova, minha maior
expectativa é me manter firme na
trilha e conseguir chegar ao final.
Teremos um terreno bem molhado de floresta, muitas subidas
e plantações de arroz que dificultam muito o ritmo. A lama densa
faz com que os atletas atolem e
percam até horas”, descreve o bernardense.
Mais do que vencer ou terminar o trajeto, Carlos Dias se dá
Divulgação
por satisfeito em fazer a alegria
das pessoas. “Estou entusiasmado em poder correr onde exista
uma população que mora em um
lugar completamente isolado do
mundo e com minhas pernas vou
poder passar uma mensagem de
força e coragem.”
Em 2015, Dias correu 42 maratonas em 42 dias consecutivos,
sendo que na carreira já concluiu
40 provas acima de 42 km. O segredo, diz ele, é respeitar os limites
do corpo. A descoberta da modalidade foi por acaso, aos 12 anos,
quando era obrigado a percorrer
15 km por dia para vender doces.
Formou-se em administração de
empresas e fez pós-graduação em
psicologia organizacional.
Crowdfunding
A contribuição para a “vaquinha” do bernardense no Sri
Lanka pode ser feita no seguinte
site: http://www.kickante.com.
br/campanhas/ultramaratona-no-sri-lanka-250km-em-7-dias.
Carlos Dias busca ajuda para correr 250 km no Sri Lanka
por marcelo Mendez
Nanã é zagueirão e anti-herói é o diabo
A várzea da vez em Mauá...
Para mim a ida até essa cidade
sempre tem um charme, um elã de
algo muito especial que me acomete quando saio da redação do
jornal rumo aos bons terrões de lá.
Uma sensação muito boa, gostosa,
me sinto muito bem.
Da janela do carro vejo seus muitos bairros, suas pessoas, sua peculiar alegria que acomete a cidade
nos domingos pela manhã. Fecho
os olhos, sinto o vento quente da
manhã de verão de encontro a meu
rosto, penso no Mississipi; O verão
de lá no sul...
Com um milhão de blues cantados por Johnny Shines, encho meu
coração de poesia para mais um
relato que não há como ser menos
épico. Não se tem uma verdade
inexorável, intrínseca e inconteste
para tal. São várias as formas de se
ver a coisa, mas não sei. Para mim,
Mauá é muito de verdade, muito intensa, muito autêntica.
Trata-se de uma cidade que se
assume como tal. Popular, alegre,
bem resolvida com o que há de
mais prazeroro, eu diria que Mauá
é a cidade hedonista da região. A
cidade que melhor se diverte. Sua
várzea não poderia ser diferente.
Espalhada em várias divisões,
seus times são todos formados por
comunidades comprometidas e torcedores apaixonados. Em mundo
que muda a cada minuto, com as
exigências do futebol elitizado batendo na porta da várzea, pode-se
dizer que Mauá resiste aos profissionais e o espírito da velha tradição do futebol amador se mantém
em suas canchas. Domingo último,
pela final da Copa Lourencini, tive
contato com um desses que sem
dúvida personifica esse espírito varzeano.
Falo de Nanã, zagueiro do Hélida.
Em uma bola que o time do Santa Rosa atacava com seu camisa
10, o craque Camisinha, tivemos o
embate. Camisinha vinha com toda
a sanha de pernas e requebrados
pra cima do zagueiro. Este, por sua
vez, não piscava o olho, mantinha-se atento a tudo e tal e qual o
“Homem que Matou o Facínora” do
filme de John Ford, esperou o momento certo para dar o bote; Preciso, firme, na bola.
Em outro lance, o atacante veio
pra dividir com tudo e Nanã deu-lhe
uma escorada no ombro mandando longe de sua área qualquer tipo
de problema que o 9 adversário
causasse. Olhei para ele.
Pouco riso, fala nenhuma e ar
contrito. Mas esse negócio de “contrito” para a várzea num serve. Aqui
o nome é cara feia, mesmo! Nanã é
o zagueirão cara de mal típico. Não
fica de risinho, não gosta de gracinha, não perde tempo, não inventa
moda, não perde bola pra atacante, nem tempo.
Zagueiro de várzea num é dado a
frescuradas. Chega o reio mesmo. E
tem que chegar...
Diria um outro que o visse que
“não se trata de um zagueiro clássico”. Eu digo que se trata de um
zagueiro digno. Um homem honesto e verdadeiro que sabedor de seu
papel de anti-herói, o faz com uma
dignidade comovente. Emocionante vê-lo como o que para muitos
seria um vilão. Não, Nanã é muito
mais que isso.
Sabedor da responsabilidade
que carrega no bico de suas chuteiras cor de laranja, o zagueiro não
foge as suas origens, as suas crenças, a sua gente. Com a camisa do
Hélida, o zagueiro defende os amores todos de uma comunidade que
luta pra viver, que aguenta a dureza
do dia a dia e que precisa ao menos aos domingos pela manhã de
um réquiem de paz e alegria.
Defendendo a meta do Hélida,
Nanã defende o sonho dessa gente
toda e eles lhe são muito gratos por
isso. Ao término do match, o Santa
Rosa venceu o Hélida, mas Nanã
não perdeu.
Saiu de campo vitorioso, porque
sua existência enquanto zagueiro
varzeano é, por si só, grandiosa.
Nanã, o Grande!

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