O Sistema Eleitoral Norte - Americano - Augusta
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O Sistema Eleitoral Norte - Americano - Augusta
- Escola Secundária Martins Sarmento - Matemática Aplicada às Ciências Sociais - Ana Sofia Baptista Cardoso, n.º 1 Catarina Isabel Fernandes Almeida Pinheiro, n.º 8 Diogo Carlos Machado Freitas da Silva, n.º 15 Elisabete da Conceição da Costa Martins, n.º 16 Sandra Raquel da Silva Fernandes, n.º 25 10º ano, turma SH1 _ ano lectivo 2004/2005 Índice - Índice ……………………………………………………………………………………………………… pág. 2 - Introdução ………….………………………………………………………………………………… pág. 3 e 4 - Como é feita a eleição do presidente norte-americano ………………………………………… pág. 5 a 7 - Os poderes do presidente norte-americano e diferença entre os seus poderes e os poderes do presidente português ………………………………………………………………….……………… pág. 8 e 9 - Resultado das eleições presidenciais norte-americanas de 1876 a 1996 ………………… pág. 10 e 11 - As eleições presidenciais norte-americanas de 2000 e de 2004 …………………………… pág. 12 a 16 - Considerações sobre a forma como as políticas definidas pelos EUA e, em particular, pelo Presidente, afectam a Europa e o mundo ………………………………………………….…… pág. 17 e 19 - Conclusão ……………………………………………………………………………….……………… pág. 20 - Bibliografia Consultada………………………………………………………………………………… pág. 21 Introdução: radiografia à super-potência Com o presente trabalho o grupo pretende explicar como é que funciona o sistema eleitoral norte-americano, os poderes daquele que é considerado o homem mais poderoso do planeta, ou seja 2 o presidente dos Estados Unidos da América e também fazer uma retrospectiva das eleições norteamericanas desde as primeiras, em 1876, até às mais recentes, as de 2004, focando de uma forma mais profunda as de 2000 e as de 2004. Tentaremos também explicar de que forma as políticas definidas pelos EUA afectam o resto do planeta. Mas antes de mais, o grupo irá fazer uma “radiografia” a esta super-potência, de forma a compreendermos melhor a realidade norte-americana. Este país da América do Norte é constituído por um distrito federal - Colúmbia - e 50 estados1. Possui uma área total de 9 629 091 km2. Além dos estados na América do Norte, dependem ainda dos EUA a ilha de Guam, a Samoa Americana e as ilhas Virgens, além de Porto Rico e das ilhas Marianas, que constituem uma associação de mercado livre com os EUA. Encontra-se limitado pelo Canadá, a norte, pelo oceano Pacífico, a oeste, pelo México, pelo golfo do México e pelo estreito da Florida, a sul, e pelo oceano Atlântico, a leste. A capital é Washington, com 565 400 habitantes (2004), podendo ser referidas, pela sua importância, cidades como Nova Iorque, com 8 134 800 habitantes (2004), Los Angeles (3 900 700 hab.), Chicago (2 888 200 hab.) e Houston (2 071 800 hab.). Os Estados Unidos da América são a maior potência económica do mundo, com o maior Produto Interno Bruto (PIB). Praticamente todos os sectores da actividade económica se encontram bastante desenvolvidos. Na agricultura, destacam-se o trigo, o milho, a soja, a beterraba, o arroz, o algodão, o tabaco, a cana-de-açúcar, a aveia e ainda os citrinos, o amendoim e uma grande variedade de produtos hortícolas. A criação de gado, em especial de bovinos, tem igualmente muita importância. O país tem reservas elevadas não só de petróleo, mas também de gás natural, carvão, crómio, manganésio e platina. Os produtos industriais mais importantes são o alumínio, o aço, a porcelana, o cimento e outros materiais de construção, a maquinaria, os motores de automóveis e outros equipamentos para os transportes, os artigos eléctricos e electrónicos, os produtos alimentares, o tabaco, os produtos químicos, os têxteis e o vestuário, a borracha e o plástico. Também são produzidos papel, o cartão, a pasta de papel, veículos aerospaciais e produtos informáticos. Os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos da América são o Canadá, o Japão, o México e o Reino Unido. Em termos ambientais, o valor das emissões de dióxido de carbono, per capita (toneladas métricas, 1999), é de 19,7. A nível da população esta era, em 2003, de 290 342 554 habitantes, o que corresponde a uma densidade de aproximadamente 30,15 hab./km2. As taxas de natalidade e de mortalidade são, respectivamente, de 14,14 ‰ e 8,44 ‰. A esperança média de vida é de 77,14 anos. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,937 e o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0,935 (2001). Estima-se que, em 2025, a população seja de 338 071 000 habitantes. Em termos de grupos étnicos, os brancos não hispânicos representam 73% da população, seguindo-se-lhes os negros não hispânicos, com 12%, os hispânicos, com 11%, os asiáticos, com 4%, e os índios e esquimós, com menos de 1%. As religiões maioritárias são a protestante, com 58%, e a católica, com 21%. As línguas mais faladas são o inglês e o castelhano. 1 Consultar apêndice A, para ver uma mapa dos EUA 3 A nível da história, é de referir que a determinação em se tornarem independentes deu origem à célebre revolta do Tea Party. Em 1773, um grupo de patriotas lançou à água 342 caixas de chá da Companhia Britânica das Índias Orientais, num duplo protesto contra o monopólio e os impostos britânicos. Este acto foi um dos primeiros passos para a Guerra da Independência. No dia 4 de Julho de 1776, as 13 colónias proclamaram a criação dos Estados Unidos da América através da Declaração de Independência. Esta declaração esteve na origem da elaboração da Constituição, em 1787, que instituiu a república federal e dividiu os poderes em três: o executivo, o legislativo e o judicial. Em 1789, George Washington tornou-se o primeiro presidente dos EUA. À luz da Constituição, a União começou imediatamente a crescer, tendo-se tornado na grande potência que é hoje. Embora os Estados Unidos da América sejam uma única nação, cada um dos estados é uma entidade independente a nível de direitos e de poderes, mas unidos pela Constituição que é reconhecida como a lei suprema do país. Todos os estados delegam na União os poderes fundamentais de declarar guerra, de dirigir a política externa, de cobrar impostos federais e de regulamentar o comércio externo e interestatal. O presidente governa uma República Federal, com o Congresso, que é constituído pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. A título de curiosidade é de mencionar que no Nordeste dos EUA encontra-se a maior mancha contínua de cidades, designada por megalópolis, que vai de Boston a Baltimore e engloba cidades como Nova Iorque e Filadélfia. Depois desta breve descrição dos Estados Unidos da América, vamos agora aprofundar o sistema eleitoral norte-americano. Como é feita a eleição do presidente norte-americano Na prática, os eleitores presidenciais são escolhidos pelos partidos políticos, que nomeiam um painel em cada estado. Isto significa que os eleitores escolhem entre os painéis dos partidos 4 políticos e, quando, se decidem sobre um, esse fica com os votos todos do estado. As excepções são Maine e Nebraska, onde os eleitores presidenciais são escolhidos não como um todo, mas por um sistema de votação proporcional. Cada estado elege os seus grandes eleitores, ou seja, os seus representantes no colégio eleitoral que, depois, escolhem o presidente. A 13 de Dezembro – “na primeira Segunda–feira a seguir à segunda Quarta-feira de Dezembro”- os grandes eleitores reúnem-se nas respectivas capitais estaduais e enviam os seus votos, em câmara selada, ao presidente do senado. A 6 de Janeiro, as duas câmaras do congresso procedem à abertura e contagem dos votos. No dia 20 de Janeiro o presidente e o vice-presidente tomam posse. O facto das eleições decorrerem “na terça-feira a seguir à primeira segunda–feira de Novembro, em cada quatro anos a seguir à eleição de um presidente e de um vice-presidente”,tem a ver com as origens rurais dos EUA. No Inverno, a maior parte dos caminhos estavam intransitáveis; a Primavera era a época das plantações e o Verão o período para se trabalhar nos campos. A melhor altura para votar era depois da colheita do Outono. E, como, no Domingo, as famílias iam à missa, e para votar se tornava necessário percorrer certas distancias, o legislador julgou sensato os eleitores saírem das suas casas à segunda-feira de modo a que conseguissem chegar às Assembleias de voto, no dia seguinte. Quando os eleitores americanos vão às urnas para votar no presidente, a maioria acredita estar a participar numa eleição directa no entanto dezassete milhões de pessoas não podem votar, incluindo 1,7 milhões de ex-presidiários. Isso acontece devido à existência do colégio eleitoral. Colégio eleitoral é o nome dado a um grupo de “eleitores” indicado pelos militantes políticos e membros dos partidos nos Estados. No dia da eleição, esses eleitores, comprometidos com um ou outro candidato, são eleitos pelo voto popular. No total, são 538 os representantes do colégio eleitoral e é eleito o candidato que reunir 270 votos eleitorais. Existe a hipótese matemática de um empate em grandes eleitores (269-269). Nesse caso, cabe à Câmara de Representantes encontrar o presidente e ao Senado escolher o vice-presidente. Um dos factores de indefinição eleitoral é o chamado “voto provisório”; outro factor potencial de disputa é o voto por correspondência, em especial dos mais de 400 mil soldados em missão no exterior. O sistema eleitoral utilizado para o congresso e para a presidência dos EUA é frequentemente referido como um dos principais obstáculos ao crescimento de terceiros partidos na América. Baseiase no principio de maioria simples, ou como frequentemente se diz, no principio do “primeiro–a–cruzara-meta”, no qual não existem condicionalismos nem nenhum numero a atingir. Neste sistema existe apenas uma votação e é eleito aquele que num dado circuito eleitoral obtiver a maioria dos votos. Segundo Maurice Duverger: “O sistema de maioria simples com uma só volta favorece o bipartidarismo (…). Observa-se uma correlação quase total entre o sistema de maioria simples com uma só volta e o sistema bipartidário: os países dualistas usam o voto por maioria simples e os países que usam o voto por maioria simples são dualistas. As raríssimas excepções resultam como regra de condições especiais.” Os sistemas de maioria simples convertem votos em lugares. O método utilizado para determinar os lugares a atribuir a cada estado dos EUA na Câmara dos Representantes é o 5 método de Huntington-Hill e foi aprovado em 1941. A conversão dos votos em lugares é realizada de um modo que prejudica os pequenos partidos quando o seu apoio, já de si limitado, se dispersa por muitos círculos eleitorais. Os eleitores que de outro modo estariam dispostos a apoiar um pequeno ou um novo partido são dissuadidos de faze-lo porque sabem que o seu voto seria quase inevitavelmente desperdiçado. Votando num terceiro partido, poderiam inclusivamente prejudicarem-se a eles mesmos, reduzindo o apoio ao mal menor, ou seja, o grande partido que preferem. Por todos estes motivos diz-se que o sistema político norte-americano força o bipartidarismo. As incursões de terceiras vias não têm tido sucesso próprio, mas sim consequências. Nos EUA, um projecto de lei votado pela maioria dos deputados só se pode tornar lei se for votado nos mesmos termos pela maioria dos senadores e depois aprovado pelo presidente. Ao longo dos anos têm havido várias propostas para alterar este método de eleição presidencial. As críticas ao sistema ganharam peso nas penúltimas eleições, nas quais, pela primeira vez desde 1888, o candidato que ganhou o voto popular (Al Gore) não obteve a maioria do Colégio Eleitoral, que foi para George W. Bush. Há três propostas principais de alteração: 1ª Sugere que o Colégio Eleitoral seja substituído por um sistema de voto directo; 2ª Propõe dar a cada partido uma parte dos eleitores presidenciais proporcional aos votos conquistados; 3ª Aponta ao facto de se dever submeter individualmente ao voto popular os eleitores presidenciais, sendo em cada estado escolhidos dois deles pelo sistema actual. Mas como o sistema actual confere peso desproporcional aos pequenos estados (o que, aliás, é o seu objectivo, para garantir que o presidente represente o país de forma abrangente) e esses pequenos estados precisariam de ratificar qualquer alteração constitucional, parece pouco provável que o Colégio Eleitoral venha a ser abolido. Em suma, este sistema eleitoral não é proporcional. Quem tem mais votos num estado ganha todos os grandes eleitores atribuídos a esse estado. Há duas estratégias básicas para combater a desproporção resultante dos sistemas eleitorais de maioria simples: 1ª Os activistas dos terceiros partidos podem concentrar selectivamente os seus esforços em círculos eleitorais onde tenham uma qualquer fonte especial de força, como por exemplo, as regiões carboníferas na Grã-Bretanha; 2ª Podem evitar a dispersão dos votos da esquerda estabelecendo pactos eleitorais com o grande partido ideologicamente mais próximo, de modo a não competirem no mesmo distrito eleitoral. O sistema Americano tem funcionado, embora possibilite que o vencedor das eleições presidenciais não tenha obtido o maior número de votos individuais. Até hoje isso aconteceu quatro vezes: 1º Com John Quincy Adams face a Andrew Jackson, em 1824; 2º Com Rutherford Hayes face a Samuel Tilden, em 1876; 3º Com Benjamin Harrison face a Grover Cleveland, em 1888; 4º Com George W. Bush face a Al Gore, em 2000. 6 A 11 de Setembro de 2001, data dos ataques terroristas, em Nova Iorque e Washington, realizavam-se eleições para a Câmara de Nova Iorque. O governador, Georges Pataki, adiou o acto eleitoral. Caso se repetisse o cenário, seria difícil um adiamento à escala nacional. Concluímos que a eleição do presidente dos EUA, é feita através do sistema de maioria simples no qual não existem condicionalismos nem nenhum numero a atingir. Neste sistema existe apenas uma votação e é eleito aquele que num dado circuito eleitoral obtiver a maioria dos votos. Os sistemas de maioria simples convertem votos em lugares. O método utilizado para determinar os lugares a atribuir a cada estado dos EUA na Câmara dos Representantes é o método de Huntington-Hill. Este sistema político força o bipartidarismo. Por esse motivo ao longo dos anos têm havido várias propostas para alterar este método de eleição presidencial. No entanto nenhuma das propostas foi aceite e o sistema manteve-se. Os poderes do presidente norte-americano e diferença entre os seus poderes e os poderes do presidente português OS PODERES DO PRESIDENTE DOS E.U.A. 7 Segundo a Constituição Americana o Presidente dirige o seu partido, tem capacidades legislativas e preside o Executivo. O Presidente é o chefe supremo do Exército e da Marinha dos Estados Unidos e da milícia dos diversos do Estados, quando convocadas ao serviço activo dos Estados Unidos. Sendo-lhe permitido entrar em combate, porém é o Congresso que decide as intervenções militares. Ele poderá, mediante o parecer e aprovação do Senado, concluir tratados (desde que dois terços dos senadores presentes assim o decidam). Podes nomear, mediante o parecer e aprovação do Senado, os embaixadores e outros ministros e cônsules, juízes do Supremo Tribunal, e todos os funcionários dos Estados Unidos cujos cargos, criados por lei, não têm nomeação prevista nesta Constituição. O Congresso poderá, por lei, atribuir ao Presidente, aos tribunais de justiça, ou aos chefes das secretarias a nomeação dos funcionários subalternos, conforme julgar conveniente. Caso ocorram vagas durante a vigência do Senado, este poderá preenche-las, fazendo nomeações que expirarão no fim da secção. O Presidente tem que apresentar periodicamente informações sobre o estado da União onde também devem constar as recomendações que este achar convenientes. Também recebe os embaixadores e outros diplomatas, deve zelar pelo fiel cumprimento das leis e conferir as patentes aos oficiais dos Estados Unidos. DIFERENÇAS ENTRE OS PODERES PRESIDENCIAIS NOS E.U.A. E EM PORTUGAL Os Poderes do Presidente da República Portuguesa e os do Presidente dos E.U.A. são parecidos, mas diferentes. Só que o Presidente da República Portuguesa tem mais liberdade para o utilizar; o Presidente dos E.U.A. tem que pedir sempre uma opinião ao Senado, não pode fazer quase nada sem a autorização do senado. Ao nosso Presidente da República compete: 1.° - Nomear os Ministros de entre os cidadãos portugueses elegíveis e demiti-los; 2.° - Convocar o Congresso extraordinariamente, quando assim o exija o bem da Nação; 3.° - Promulgar e fazer publicar as leis e resoluções do Congresso, expedindo os decretos, instruções e regulamentos adequados à boa execução das mesmas; 4.° - Sob proposta dos Ministros, prover todos os cargos civis e militares e exonerar, suspender e demitir os respectivos funcionários, na conformidade das leis e ficando sempre a estes ressalvado o recurso aos tribunais competentes; 5.° - Representar a Nação perante o estrangeiro e dirigir a política externa da República, sem prejuízo das atribuições do Congresso; 6.° - Declarar, de acordo com os Ministros, e por período não excedente a trinta dias, o estado de sítio em qualquer ponto do território nacional, nos casos de agressão estrangeira ou grave perturbação interna, nos termos dos 1.°, 2.° e 3.° do n.º 16.° do artigo 26.° desta Constituição; 7.° - Negociar tratados de comércio, de paz e de arbitragem e ajustar outras convenções internacionais, submetendo-as à ratificação do Congresso. Os tratados da aliança serão submetidos ao exame do Congresso, em sessão secreta, se assim o pedirem dois terços dos seus membros; 8 8.° - Indultar e comutar penas; 9.º - Prover a tudo quanto for concernente à segurança interna e externa do Estado, na forma da Constituição. 9 Página propositadamente deixada em branco – ver ficheiro “anexos” (Eleições até 1996) 10 As eleições presidenciais norte-americanas de 2000 e de 2004 AS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS DE 2000: A 7 de Novembro de 2000 realizaram-se nos EUA as eleições para a Presidência, tendo como principais candidatos à Casa Branca George W. Bush, dos Republicanos, governador do Texas, e Al Gore, vice-presidente de Bill Clinton e representante dos Democratas. Depois de uma campanha bastante renhida e também bastante animada chegava o dia de todas as decisões. As primeiras projecções, às 0h45 de 8 de Novembro davam Bush como potencial vencedor, pois tinha já ganho cinco estados e assegurado 54 grandes eleitores, ao contrário de Gore, com um e três, respectivamente. Mas a pouco e pouco Gore foi ganhando terreno, tendo vencido no importante estado da Califórnia. Até às 7h da manhã imperou a incerteza, ainda que com uma certa tendência de vitória para os Republicanos. Cerca das 7h 18 as televisões davam como vencedor Bush, o 43.º presidente dos EUA. No entanto, e como durante toda a campanha, na Flórida nada estava decidido. Apesar de no 11 estado de Oregon ainda também nada estar decidido, foi o estado da Flórida que fez com que seis horas depois do encerramento das urnas, ainda não se conhecesse o futuro presidente dos EUA. Tudo indicava um empate técnico, com o candidato Gore, no entanto, a ter mais votos do que Bush, embora no sistema eleitoral americano tal não fosse sinal inequívoco de vitória. Era necessário esperar-se pelo colégio eleitoral... ou pelos tribunais. Em termos eleitorais, e perante a indefinição da Flórida - sujeita depois a recontagens e a peritagens dos boletins de votos, a par de inspecções sucessivas e suspeitas de eventuais actos menos claros no processo eleitoral em certos condados - a abstenção baixara nos EUA em comparação com as presidenciais de 1996, com mais de 50% do eleitorado a acorrer à urnas. Nunca nenhum candidato democrata terá tido tantos votos como Gore, que ultrapassou em número o candidato republicano George W. Bush, mas a distribuição dos seus votos revelou-se-lhe contrária ao sentido do voto popular. A América estava dividida: Gore ganhou nas cidades, Bush nas áreas rurais. O Sul e o Midwest mantiveram-se tendencialmente republicanos, mesmo no Tennessee, o estado de natal de Gore, que aí perdeu, ou no Arkansas, estado de origem de Bill Clinton. Nova Iorque e Califórnia votaram maioritariamente nos Democratas, enquanto que nos outros dois grandes estados, Texas - onde era governador George W. Bush - e Florida, os Republicanos levaram vantagem no primeiro e tudo se mantinha em suspenso no segundo (democrata em 1996). Aqui a primeira contagem oficial dera uma vantagem de 1 715 votos para Bush, mas tudo podia mudar, pois ainda faltavam os votos de 2 300 eleitores da Florida residentes no estrangeiro. Durante as semanas seguintes, as contagens sucederam-se, as vistorias aos boletins de voto também, as dúvidas subsistiam e a polémica teimava em manter-se, mesmo em relação aos famigerados votos dos eleitores no estrangeiro. O empate técnico era claro, com poucas centenas de eleitores a provavelmente terem de decidir o futuro de 280 milhões de habitantes da democracia "mais forte" do mundo, mas afinal com um sistema eleitoral confuso. Para além da Flórida, uma semana depois das eleições ainda subsistiam dúvidas e a eventualidade de possíveis recontagens em quatro outros estados: Oregon, Novo México (ambos ainda sem vencedor), New Hampshire e Wisconsin (estes empatados claramente). Os 25 grandes eleitores da Florida eram, ainda algumas semanas depois, o cerne da questão eleitoral e a chave para a sucessão de Bill Clinton na Casa Branca. 20 de Janeiro de 2001 era a data de encerramento do mandato de Bill Clinton, e para os americanos, na primeira semana de Dezembro, o nome do novo presidente parecia ainda longe de ser conhecido pela via eleitoral. De facto, tiveram que ser os tribunais americanos, um mês depois das eleições, a darem a vitória ao candidato com menos votos populares nas eleições de 7 de Novembro de 2000, mas aquele que tinha mais grandes eleitores: George W. Bush, 54 anos, filho do antigo presidente George Bush. Com esta vitória, Bush tornou-se no segundo filho de uma ex-presidente norte-americano a assumir o cargo político mais importante da nação. O primeiro foi John Quincy Adams (1825–29), the son of John Adams (1797–1801). Após Gore ter assumido a derrota, Bush num tom reconciliador afirmou: “Eu não fui eleito para servir um partido, mas para servir uma nação. Quer tenham votado em mim, quer não o tenham feito, eu darei o meu melhor para servir os vossos interesses.” 2 2 Consultar apêndice B, para mapas e tabelas. 12 AS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS DE 2004: A 2 de Novembro de 2004 realizaram-se nos EUA as eleições para a Presidência, tendo como principais candidatos à Casa Branca George W. Bush, representante dos Republicanos e John Forbes Kerry, representante dos Democratas3. Mas para além destes dois principais candidatos, concorreram a estas eleições4: Walter Brown, de 78 anos, e Mary Alice Herbert, de 68, candidatos à presidência e à vice-presidência dos Estados Unidos em nome do Partido Socialista Americano (SP-USA); O jornalista Bill van Auken, de 54 anos, e James Lawrence, de 65, apresentam-se em nome do Partido Socialista para a Igualdade (SEP); Roger Calero e Arrin Hawkins são os candidatos do Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP) um movimento que se define como comunista; John Parker e Teresa Gutierrez são os candidatos do Partido dos Trabalhadores do Mundo (WWP); Leonard Peltier, é candidato à Presidência dos Estados Unidos em nome do Partido Paz e Liberdade (PFP), sendo a candidata a vice-presidente Janice Jordan; Ralph Nader, corre pelo Partido Reformista e os Verdes também estão representados por David Cobb e por Pat LaMarche, um militante ecologista de 44 anos. As sondagens demonstraram que tanto as questões do terrorismo e economia, bem como a questão do Iraque foram os temas mais importantes desta campanha, servindo tanto de vantagem a Kerry como a Bush, dependendo das novidades trazidas pelas agências de notícias. Serviram também tornar esta campanha tão renhida e apaixonante, além de terem dividido tanto o eleitorado No último dia antes das eleições, os candidatos voltaram a este tema: "Estou confiante de que vamos ganhar", disse Bush, e "vamos construir uma América mais segura, uma América mais forte, uma América melhor." "Eu farei um trabalho melhor que George Bush na segurança da América", disse Kerry. "Os republicanos traficam em medo porque não deram à nossa nação a segurança que merecemos." No que toca aos outros candidatos, as suas votações foram insignificantes, tendo apenas Ralph Nader, como já era previsto, adquirido uma certa percentagem, ainda que reduzida, de votos. Em 2000, Nader obteve três por cento dos votos. Como Nader está na extrema-esquerda do espectro político americano, os democratas acusaram-no de ter "roubado" votos a Al Gore. Por exemplo, na Florida, onde Gore perdeu por 537 votos, Nader teve mais de 96 mil. Temia-se que nas eleições de 2004, a votação de Nader fosse ainda mais marginal. Para além do "factor Nader", o período antes das eleições foi marcado por outros receios como foi o caso de complicações na nova maquinaria de voto5. Era tido como um cenário plausível que o escrutínio se arrastasse por vários dias sem se saber quem ganhou. Havia também receios de fraudes. De resto, ainda antes das eleições houve acusações e uma chuva de processos em tribunal. Democratas e republicanos acusam-se de tentativas de intimidação; de recenseamentos fictícios; de viciar a emissão e contagem dos votos postais. Estudos de opinião revelaram que uma maioria preocupava-se com a hipótese do seu voto não ser contado - e esta maioria é esmagadora entre os afro-americanos. Algumas organizações 3 Consultar apêndice C, para uma caracterização mais profunda dos dois principais candidatos à presidência dos EUA e dos respectivos candidatos a vice-presidente. 4 Consultar apêndice D, para ver a importância dos terceiros partidos. 5 Consultar apêndice C, para uma informação pormenorizada dos sistemas de votos utilizados nestas eleições. 13 democratas começaram no fim-de-semana anterior às eleições, a planear manifestações de "exigência de recontagem, investigação a fraudes e/ou protesto silencioso" para a noite eleitoral. As eleições de 2004 contaram, pela primeira vez na história americana, com a presença de observadores internacionais. Muitos foram convidados por ONG americanas, mas os únicos com um papel oficial, e presentes em mesas de voto, são os observadores da Organização de Segurança e Cooperação na Europa. Tudo por receio pelo que acontecera na Flórida em 2000. A título de curiosidade os jornais norte-americanos referiram indicadores adicionais. Um tem a ver com futebol americano; nos últimos 60 anos, o resultado nas presidenciais seguiu sempre o resultado no fim-de-semana anterior da equipa dos Washington Redskins; no domingo, os Redskins perderam frente aos Green Bay Packers. Ou seja, mau presságio para Bush (a nível deste factor, a tradição foi quebrada, pois o vencedor foi Bush). O outro indicador: tradicionalmente ganha o candidato de cujo rosto se vendam mais máscaras de Halloween. O facto é que entre os americanos que celebraram o Halloween, venderam-se mais máscaras de Bush que de Kerry (aqui a tradição continuou sem ser quebrada, dada a vitória de Bush). Todos estes factores demonstravam o quão divididos estavam os norte-americanos. Finalmente chegou o dia das eleições. Os norte-americanos ocorreram às urnas de uma forma massiva no dia 2 de Novembro. As primeiras estimativas indicavam que tinham votado cerca de 120 milhões de americanos, face ao recorde anterior de 2000 de 105,6 milhões (51,3% dos eleitores inscritos). O que é verdade é que este ano, graças a uma aposta forte de vários grupos de interesse, inscreveram-se para votar 193 milhões de americanos. Ao cabo de uma longa noite eleitoral, tornou-se claro que o Ohio decidiria tudo. Bush aparecia na contagem com 135 mil votos de avanço, mas os democratas agarravam-se a uma última esperança: o "voto provisório" e os votos por correio. O "voto provisório" permite a eleitores cujo nome não conste, por erro, dos cadernos eleitores, preencher um boletim; depois de cada caso ser analisado por autoridades independentes, é decidido se o voto conta ou não. Chegou a pensar-se que ia ser preciso esperar 11 dias até o Ohio contar todos os seus "votos provisórios". Falou-se até em exércitos de advogados a caminho do Ohio para disputar a contagem nos tribunais. Mas o voto "provisório" ou postal não chegaria para fechar a diferença. O Ohio não foi a Florida; a diferença não foi de 537 mil votos, mas sim 135 mil. Kerry foi pressionado a resistir e partir para a luta jurídica pelo seu partido. Mas Kerry decidiu que a luta era inglória, que apenas iria agravar as divisões na nação e prejudicar a imagem de um Partido Democrata que, nas presidenciais e também nas eleições legislativas, saiu devastado de uma "terça-feira negra". Esperavam-se fraudes, mas a margem de vitória de Bush foi demasiado grande para que esses problemas se tornem relevantes. Por seu lado, também as máquinas electrónicas não deram os problemas que se receava. Por todo o lado, apesar de longas filas nas mesas de voto, não houve grandes irregularidades, mesmo na Florida. 14 Ambos os partidos concordaram que a eleição correu bem. Curiosamente, as únicas acusações vieram dos republicanos. No início da noite eleitoral, quando as projecções davam (erradamente) vantagens a Kerry em "estados decisivos", o presidente do Comité Republicano Nacional, Ed Gillespie, falou em "intimidação de eleitores republicanos" por membros da organização independente MoveOn.org. Os democratas viram-se para os seus problemas internos, e para as suas perspectivas de futuro (o aparecimento de Edwards ao lado de Kerry no discurso de derrota será um sinal? E Hillary em 2008?). Surpreendentemente quase nada mudou em quatro anos. O mapa eleitoral ficou quase igual. Os estados que votaram Gore em 2000 votaram Kerry este ano, e Bush manteve também todos os estados que venceu em 2000 (duas excepções: o New Hampshire passou para os democratas e o Novo México, aparentemente, para os republicanos). A afluência às urnas, como já foi referido, foi muito grande para padrões americanos. Mas ao contrário do que se previa, os novos eleitores não eram novos (ou melhor, não eram jovens), e não votaram contra o detentor no cargo. Ralph Nader, o independente que os democratas demonizaram como o "desmancha-prazeres" de 2000, teve uma votação muito menor que há quatro anos e não influenciou nada. Foi um triunfo total também de Karl Rove, o estratega-mor de Bush. As minorias continuam a votar democrata (os negros esmagadoramente, os hispânicos com uma tendência mais republicana), mas todos os objectivos eleitorais dos republicanos foram cumpridos, obtendo Bush mais 3,5 milhões de votos que John Kerry. George W. Bush recebeu mais votos que em 2000 - na verdade, mais que qualquer outro Presidente na história dos EUA (quase 59 milhões). Na manhã do dia 3, Kerry reconheceu que a eleição estava perdida e telefonou a dar os parabéns a Bush, um telefonema descrito pelo Presidente como "muito bom, muito gracioso". À tarde, George W. Bush discursou em Washington. Agradeceu à mulher ("o amor da minha vida"), aos pais, aos apoiantes, ao "arquitecto" da sua campanha, Karl Rove. "Nos últimos quatro anos, grandes tarefas se depararam à América. Enfrentámo-las com grande coragem." Bush reiterou as suas promessas nos campos diplomático e económico, "defender os valores da família e da fé", proteger "as democracias no Iraque e no Afeganistão", e "combater esta guerra contra o terror com todos os nossos recursos". Pouco antes, John Kerry fizera o seu discurso de derrota, ladeado pelo seu "vice", John Edwards. Prometeu que "todos os votos serão contados", mas admitiu: "Não teremos votos suficientes para ganhar no Ohio". Com a voz embargada pela emoção, Kerry apelou à unidade. E prometeu "continuar a lutar". Em números, os republicanos mantiveram as maiorias que detinham nas duas Câmaras do Congresso americano, com a noite de desalento democrata a culminar na derrota no Dakota do Sul de Tom Daschle, que assim se tornou no primeiro líder do Senado derrotado em meio século. Senado e Câmara dos Representantes estão ainda mais nas mãos do partido de George W. Bush, com 55 dos 100 lugares no Senado e 14 lugares acima da maioria de 217 na Câmara baixa. Os democratas foram salvos de uma derrota maior por duas personalidades fora do comum que ganharam lugares aos republicanos - o hispânico Ken Salazar, eleito senador pelo Colorado 15 (será o quarto hispânico de sempre no Senado; o primeio desde 1977), e o negro Barack Obama, eleito no Illinois. No extremo oposto está a derrota cheia de significado de Daschle, chefe dos democratas no Senado há uma década, batido por John Thune. Aos 56 anos, depois de ter sido apontado como possível vice de John Kerry e com uma longa carreira que inclui 18 anos no Senado e oito na Câmara), Daschle viu o seu percurso político interrompido prematuramente. Desde 1952 que o líder de um partido no Senado não perdia a luta pela reeleição. A votos, para além de 34 dos 100 lugares de senadores, foram todos os 435 lugares da Câmara dos Representantes. Os republicanos conseguiram pelo menos 231 vitórias (tinham 227 lugares). Das 34 corridas para o Senado, apenas nove se adivinhavam concorridas, com os democratas a terem de defender mais lugares que os republicanos, muitos deles no Sul, onde o peso dos conservadores se confirma a cada ciclo eleitoral. Ao mesmo tempo, não se esperavam grandes mudanças na Câmara de Representantes, onde os congressistas desenham os seus próprios círculos eleitorais, garantindo a própria vitória. Nestas eleições houve um estado em que o "desenho" assumiu grande importância: no Texas, os republicanos redesenharam o mapa para obrigar cinco democratas a apresentar-se perante votantes diferentes dos que os tinham eleito em 20026. Considerações sobre a forma como as políticas definidas pelos EUA e, em particular, pelo Presidente, afectam a Europa e o mundo Neste tema, o grupo pretende mostrar como as políticas defendidas por Kerry poderiam ter vindo a afectar a Europa, e como as defendidas por Bush e com a sua vitória, as defendidas pelos EUA, vão afectar não só a Europa mas também o mundo. Os programas apresentados por George Walker Bush e John Forbes Kerry apresentam visões claramente opostas sobre o curso a seguir pelos E.U.A.. Estes dois candidatos apresentam também vários pontos em comum entre eles, ambos querem combater o terrorismo, onde quer que ele esteja. Da mesma forma, a actual situação que se vive no Iraque, influencia também os objectivos do novo presidente dos E.U.A.. Tanto Bush como Kerry prometem manter o envolvimento militar dos E.U.A. até à pacificação do país e dizem-se empenhados num Iraque democrático e independente. Em relação ao Iraque, Kerry dá mais importância que Bush aos Aliados (sobretudo europeus) e à ONU no reconstrução; muitos comentadores notam que, esteja o Republicano ou o Democrata na Casa Branca, a comunidade internacional mostrará pouco entusiasmo em reforçar a sua participação. 6 Consultar apêndice C, para mapas e gr. 16 Mas estas semelhanças ocultam grandes diferenças existentes entre dois candidatos. No Iraque, a atitude perante a comunidade internacional tem importância, mesmo que não se traduza no envio de novas tropas europeias. A guerra é vista como um projecto de Bush, que encara o Iraque como um passo necessário da guerra contra o terrorismo. Já Kerry criticou repetidamente a forma como o Presidente planeou e conduziu a invasão, que ele vê como um desvio no combate ao terrorismo. Bush continuará a defender o Iraque como um ponto de partida para a democratização do Médio Oriente; a prioridade de Kerry será encontrar um processo de retirada progressiva. Cada uma destas atitudes terá uma resposta diferente da comunidade internacional. OS OBJECTIVOS DOS DOIS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DOS E.U.A. QUE PODERÃO AFECTAR A EUROPA/OU TODO O MUNDO Temas George W. Bush John F. Kerry Desviaria 20 mil milhões de dólares Ambiente A favor de perfurações petrolíferas na de impostos sobre gasolina e Reserva de Vida Selvagem do Árctico. petróleo para desenvolver «energias limpas». A favor de uma política de ataques Apoiou a decisão de entrar em Política preventivos contra potenciais guerra com o Iraque, mas agora diz Externa ameaças; os E.U.A. fá-lo-ão sozinhos que o fez com base em dados se necessário. errados fornecido pela espionagem. Controlo de Armas A favor da concessão de imunidade contra os processos civis aos fabricantes de armas. É contra o aborto e uso de fundos federais que o facilitem, contra o financiamento internacional americano Aborto a organizações pró-aborto mas duplicou para 273 milhões de dólares o financiamento para programas que advogam a abstinência. Opõe-se à concessão de imunidade judicial aos fabricantes. Opõe-se ao aborto mas apoia o direito constitucional do cidadão do financiamento governamental para a interrupção voluntária da gravidez e planeamento familiar. Promete reiniciar o financiamento internacional das organizações próescolha. OS OBJECTIVOS A ALCANÇAR PELO PRESIDENTE ACTUAL DOS E.U.A. George W. Bush ao analisar que o preço do petróleo atingia preços recordes, resolveu aumentar a eficiência a nível do combustível, construindo uma conduta de gás natural até ao Alasca e aumentar assim a alternativa em termos de combustíveis. O actual Presidente dos Estados Unidos é a favor da exploração deste território poderá levar à extinção de várias espécies que aí vivem. Bush também tem como objectivo a construção de novas centrais nucleares que poderá afectar a qualidade de todos os países. 17 OS VÁRIOS DESAFIOS PARA O PRESIDENTE DOS E.U.A. Existem várias situações pelas quais, o actual Presidente dos Estados Unidos da América terá de passar. Terrorismo, Iraque e a Economia são as grandes preocupações dos americanos. Iraque Encontrar uma solução para o Iraque sem perder a face é o desafio maior que se coloca ao Presidente, possivelmente através de um maior envolvimento dos aliados e da comunidade internacional. Durante a campanha, tanto Bush como Kerry comprometeram-se com a implantação da democracia em Bagdad. Um primeiro grande teste à determinação americana ocorrerá em Janeiro, data para a qual foram agendadas eleições livres e democráticas no Iraque. Muito fracturante da sociedade americana, e tema omnipresente nos noticiários televisivos, a guerra do Iraque esteve no centro da campanha. Durante a campanha, ambos os candidatos concordaram nas reticências ao reforço da presença militar americana no Iraque. E também que a estabilização da região passa pela resolução do conflito israelo-árabe, com ambos a apoiar um Estado palestiniano. Terrorismo e segurança A ameaça de Bin Laden, em vésperas da ida às urnas, gerou uma reacção de repulsa na sociedade americana, ainda com a memória da destruição das Torres Gémeas bem presente. A reacção dos dois candidatos foi imediata e concordante – recusa total de diálogo com os terroristas, Bin Laden é um homem a capturar ou a abater, afirmaram em uníssono Bush e Kerry. Assim como punir os países que continuarem a apoiar o terrorismo e a desenvolver armas de destruição maciça. Prosseguir com a modernização das forças armadas e retirar estas da Europa e da Ásia. Continuar a desenvolver o programa de mísseis de defesa da Guerra das Estrelas. Um primeiro teste ao Presidente surgirá já em 2005, com a necessidade de renovar alguns pontos da Homeland Security Patriot Act, a lei especial votada após os ataques de 11 de Setembro de 2001 para proteger os E.U.A. de novos atentados. Tanto o candidato republicano como o democrata apoiaram esta lei. Terá, porém, de ser aperfeiçoada para, por um lado, evitar constrangimentos de sustentação do terrorismo. Ao contrário da intervenção no Iraque, a necessidade de uma guerra global ao terror parece ser consensual. Ambiente País imenso, com quase 300 milhões de habitantes, os E.U.A. são o maior consumidor mundial de recursos energéticos, sobretudo de petróleo. Além do consumo industrial, há que somar o combustível gasto diariamente por uma população que fez do avião e , sobretudo, do automóvel a sua forma de vida. O Presidente terá como prioridade assumida reduzir a dependência energética do país, que o torna susceptível às crises regionais, como a do Médio Oriente. Uma solução e curto prazo não é fácil, pois mesmo em nome da protecção ambiental nenhum discurso mudará o estilo de vida dos americanos, habituados aos carros enormes. Mas, durante a campanha, tanto Bush como Kerry declararam serem favoráveis à aposta nas energias alternativas. Outro desafio para o presidente 18 vem, segundo o Boston Globe, das pressões da comunidade internacional para a ratificação do Protocolo de Quioto, que Bush fez a América abandonar. Pelo que foi dito durante a campanha eleitoral, é possível alguma evolução da posição americana se a situação de «injustiça» criada para benefício dos países em vias de desenvolvimento. Copley News Service Conclusão Na campanha presidencial mais disputada nas últimas décadas nos EUA, sabe-se que a uma semana das eleições, já todos deveriam saber em quem votar. As sondagens durante a campanha já previam que o número de eleitores indecisos fosse grande. E, por isso, o desfecho das presidenciais continuaria impossível de prever devido à existência de 11 estados indecisos (os famosos Swing States), sendo estes determinantes para as contas finais. Estes "estados indecisos" eram aqueles em que, ao contrário das outras quatro dezenas, nenhum dos candidatos parecia ter a vitória garantida, pois as sondagens, que surgiam, utilizando amostras e métodos diferentes, teimavam em pô-los numa situação de empate técnico.. Os estados indecisos são decisivos porque é um Colégio Eleitoral, e não o voto popular, que escolhe o Presidente. Tem 538 membros (cada estado elege representantes em proporção ao seu peso demográfico) e nenhum dos candidatos tem garantidos os 270 votos necessários para ganhar. Apesar desta indecisão durante a campanha o vencedor foi George W. Bush. Em suma, podemos concluir que os Estados Unidos, um país tão desenvolvido, continua a ter um sistema eleitoral porventura um pouco injusto e ao mesmo tempo causador de tantas indecisões e 19 dificuldades eleitorais: desde os riscos de fraude até aos diferentes sistemas de voto adoptados por cada estado. Esperamos então que este trabalho, que nos proporcionou um alargamento do nosso conhecimento em relação a este sistema eleitoral, seja útil para o aumento da cultura de quem desfrute da sua leitura e que esta seja agradável. Mapa com os Swing States, in Público Online Bibliografia consultada -Revista Focus, n.º 263, 27 de Outubro de 2004; -Revista Visão, 28 de Outubro de 2004; -Revista Grande Reportagem, n.º 199, 30 de Outubro de 2004; -Revista Única, 18 de Setembro de 2004; -Jornal Público (diversos números consultados); -Jornal de Notícias (diversos números consultados); -Diário de Notícias (diversos números consultados); -Jornal Expresso, 13 de Novembro de 2004; -Diciopédia 2005, Porto Editora Multimédia, 2004; -www.embaixadaamericana.org.br; -www.nationalatlas.gov/electionsprint.html; -www.gwydir.demon.co.uk/sundry/usapres.htm; -www.search.eb.com/elections/etable3.html; -dir.yahoo.com/Arts/Humanities/History/U_S__History/By_Subject/Presidency/Presidential_Elections/; -www.usatoday.com/news/politicselections/vote2004/countymap.htm; 20 -dossiers.publico.pt/dossier.asp?id=1353; -www.visaoonline.clix.pt. 21 ANEXOS Anexos - Apêndice A: mapa dos Estados Unidos da América; - Apêndice B: resultado das eleições presidenciais norte-americanas de 2000; - Apêndice C: as eleições presidenciais norte-americanas de 2004; - Apêndice D: os terceiros partidos na história da América. 22 Apêndice A: mapa dos Estados Unidos da América: 23 Diciopédia 2005 Apêndice B: resultado das eleições presidenciais norte-americanas de 2000: 24 Milhas quadradas de condados ganhos População (1999) dos condados ganhos Condados ganhos por menos de 5 % Bush Gore Bush Gore Bush Gore 2,432,603 577,029 148,000,000 133,000,000 229 175 Nota: Esta contagem não inclui o Alaska. Os condados a azul, indicando um voto para Gore incluem as reservas índias de Montana, Novo México e Dakota do Sul. Fonte: the Associated Press, ESRI Inc. USATODAY analysis by Paul Overberg. Candidato George W. Bush Albert Gore Resultado das eleições presidenciais em 2000 Ralph Nader por candidatos/partidos Patrick Buchanon Partido C. E.* Votos Republicanos 271 50,459,624 Democráticos 266 51,003,238 Verdes 2,882,985 Reformistas 449,120 Harry Browne Liberais 384,440 Howard Phillips Constitucionais 98,022 John Hagelin Lei Natural 83,712 James Harris Trabalhadores Socialistas 7,378 Neil Smith Liberais do Arizona 5,775 David McReynolds Socialistas 5,602 * Lugares no Colégio Eleitoral Apêndice C: as eleições presidenciais norte-americanas de 2004: 25 - Os principais candidatos à presidência dos EUA e os respectivos candidatos a vicepresidente: - Sistemas de voto utilizados por cada estado nas eleições presidenciais de 2004: 26 © Copyright VISÃO / Edição nº 607 - Resultados das eleições norte-americanas de 2004: 27 Milhas quadradas de condados ganhos População (2003) dos condados ganhos Condados ganhos por menos de 5 % Bush Kerry Bush Kerry Bush Kerry 2.54 million 592,000 159,2 million 130.9 million 164 146 Nota: Esta contagem não inclui o Alaska. Fonte: the Associated Press, ESRI In . USATODAY analysis by Paul Overberg. 28 AK AL AR AZ CA CO CT DE FL GA - Alasca Alabama Arkansas Arizona Califórnia Colorado Connecticut Delaware Florida Geórgia HI IA ID IL IN KS KY LA MA MD - Havai Iowa Idaho Ilinois Indiana Kansas Kentucky Louisiana Massachusetts Maryland ME MI MN MO MS MT NC ND NE NH - Maine Michigan Minnesota Missouri Mississipi Montana Carolina Norte Dakota Norte Nebraska New Hampshire NJ NM NV NY OH OK OR PA RI SC - New Jersey Novo México Nevada Nova Iorque Ohio Oklahoma Oregon Pensilvânia Rhode Island Carolina Sul SD TN TX UT VA VT WA WI WV WY - Dakota Sul Tennessee Texas Utah Virginia Vermont Washington Wiscosin West Virginia Wyoming © 2004 copyright PUBLICO.PT 29 - Cartoons referentes às presidenciais de 2004: Cartoon referente ao facto de Bush ter ganho maioritariamente nos estados menos desenvolvidos e mais rurais. Copley News Service 30 Copley News Service Copley News Service 31 32 33 Apêndice D: os terceiros partidos na história da América. 34