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09 de junho de 2008 Vol. 3 No. 11 NOTÍCIAS MULTILATERAIS NAMA: negociações temporariamente suspensas Negociações agrícolas continuam, mas são poucos os avanços OMC destaca crescimento da China, mas ressalva desequilíbrios econômicos Biodiversidade: regime de responsabilidade e compensação, acesso e repartição de benefícios 1 1 NOTÍCIA REGIONAL Tratado da Unasul é assinado em Brasília 6 6 BREVES MULTILATERAIS Cinco anos depois, Brasil vence caso do algodão na OMC OMS adota estratégia em saúde pública, inovação e propriedade 7 2 3 4 7 8 BREVES REGIONAIS Brasil cria posto de adido agrícola em oito embaixadas Chile, primeiro país latino-americano a concluir um TLC com a Austrália 9 10 EVENTOS 10 INFORMAÇÕES ÚTEIS 12 9 PONTES Quinzenal também está disponível online e é atualizado a cada duas semanas. Caso deseje cadastrar-se (gratuitamente) em nossa lista de envio do Pontes Quinzenal, envie uma mensagem para [email protected] . No título do e-mail escreva “inscrição” e, no corpo do texto, indique seus dados (nome completo e profissão) e como conheceu o periódico. NOTÍCIAS MULTILATERAIS NAMA: negociações temporariamente suspensas O presidente das negociações sobre acesso a mercado de produtos não agrícolas (NAMA, sigla em inglês), o Embaixador canadense Don Stephenson, decidiu suspender temporariamente as reuniões do grupo de negociação Stephenson ressaltou que as diferenças entre os Membros parecem ter aumentado durante as últimas semanas, mas pediu aos delegados que continuem a reunir-se para tentar alcançar um compromisso que possa ser levado à mesa de negociações multilaterais. O esboço de texto de NAMA, discutido durante as duas últimas semanas, apresenta diversas opções potenciais para os temas centrais das negociações de bens industriais, notadamente os coeficientes para a fórmula que determinará os níveis tarifários futuros dos países e as flexibilidades para países em desenvolvimento (PEDs). O texto também inclui a possibilidade de estender tratamento especial a certos Membros e uniões aduaneiras (ver Pontes Quinzenal v. 3, n. 10, 26 mai. 2008, disponível em: <http://www.ictsd.org/pont_quinze/08-05-26/art1.htm>). O texto revisado gerou controvérsias. Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Européia (UE) alegaram que as propostas contidas no texto não trarão acesso expandido aos mercados dos PEDs, ao passo em que o grupo NAMA-11 – o qual inclui Argentina, Brasil, Índia e África do Sul – argumentou que a margem de corte tarifário para NAMA exigida de PEDs é ainda maior do que aquela para países desenvolvidos (PDs). Don Stephenson afirmou ser hora dos Membros e seus oficiais seniores tomarem responsabilidade pelas negociações e trabalharem para superar as diferenças. O presidente de NAMA também afirmou que não marcará mais nenhuma reunião até que os Membros mostrem sinais de que tenham alcançado alguma convergência nos temas em negociação e que precisem de uma oportunidade para apresentar essa PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 Vol. 3, N. 11 Um delegado em Genebra atribuiu o tom hostil das últimas semanas ao fato dos países não saberem como serão afetados pelas novas propostas contidas no esboço de texto. O oficial explicou, ainda, que os negociadores precisam saber sobre o que estão concordando para poder avaliar se as propostas serão aceitas em suas respectivas capitais. convergência à totalidade dos Membros da Organização Mundial do Comércio (OMC). Stephenson colocou-se à disposição dos Membros para apóiá-los em tal processo. Posições dos Membros são as mesmas Fontes afirmam que, durante as reuniões de NAMA das últimas semanas, os Membros repetiram suas velhas posições. Os números mais controversos – que determinarão os futuros níveis tarifários dos países e o nível de flexibilidade para PEDs – não foram discutidos. Delegados e possivelmente oficiais seniores planejam reunir-se fora da sede da OMC para discutir as negociações de NAMA. Tais negociações devem envolver países como EUA, UE, Brasil, China, México, Índia, Canadá e África do Sul, entre outros. Não há, todavia, detalhes sobre quando essas reuniões ocorrerão. Espera-se que negociadores comercias seniores de diversos países encontrem-se na sede da OMC a partir da semana de 9 de junho. Os Membros do Mercosul explicaram como seriam afetados por sua controversa proposta de excluir o comércio interno das uniões aduaneiras das limitações de importação nas flexibilidades. Muitos países são contra tal proposta por recearem que os Membros de blocos aduaneiros protejam produtos da redução tarifária. Tradução e adaptação de artigo originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest Vol. 12, No. 20, 04 jun. 2008. Os PEDs que têm limites consolidados para menos de 35% de suas linhas tarifárias – incluindo Nigéria, Camarões, Sri Lanka e Ilhas Maurício – pediram permissão para consolidar a maioria de suas linhas tarifárias em uma média de 32.6% ao invés de 28.5% (cifra indicada no texto revisado de Don Stephenson). Negociações agrícolas continuam, mas são poucos os avanços Os negociadores agrícolas da Organização Mundial do Comércio (OMC), começaram, em 3 de junho passado, a aprofundar as negociações para um acordo que reduza os subsídios e as tarifas dos produtos agrícolas. As economias pequenas e vulneráveis (SVEs, sigla em inglês) – outro grupo de países que deverá receber um tratamento mais ameno para suas reduções tarifárias – pediu que os níveis tarifários futuros correspondam aos números mais altos contidos no texto. Os EUA – apoiados por alguns países industrializados – sugerem exatamente o contrário: que os níveis tarifários correspondam aos números mais baixos presentes no texto de Stephenson. Durante a reunião, aberta a todos os Membros da Organização, e também durante as negociações de “Sala E” – realizadas entre alguns Membros que representam os interesses de todos os demais –, os delegados trabalharam para diminuir as diferenças surgidas após a publicação do esboço de texto sobre modalidades agrícolas, em 19 de maio. O tema “erosão de preferências” foi outro assunto controverso durante as recentes negociações. O esboço de texto apresenta opções para que EUA e UE tenham um período de implementação estendido de sete a nove anos para cortes tarifários em diversos produtos. O objetivo é amenizar os efeitos da liberalização aos países (geralmente os mais pobres do mundo) que se beneficiam de acesso preferencial aos dois mercados gigantes. Alguns desses bens, especialmente os têxteis, são aqueles mais protegidos pelas duas nações e apoiados por pesados lobbies nacionais. Apesar de importantes diferenças ainda persistirem, os Membros buscam agora reduzir o número de temas controversos presentes na mesa de negociações, em antecipação à possível reunião de alto nível que deve ocorrer em junho ou julho. Nesta ocasião, ministros de comércio tentarão concluir acordos em temas agrícolas, industriais e de outras áreas, com o objetivo de concluir a Rodada Doha. O Brasil, em nome do G-20 – grupo de países em desenvolvimento (PEDs) – e o Grupo Cairns de exportadores agrícolas – representado pela Austrália – publicaram declarações que criticam a recém-aprovada Lei Agrícola estadunidense, conhecida como Farm BilI (ver Pontes Quinzenal v. 3, n. 10, 26 mai. 2008, disponível em: <http://www.ictsd.org/pont_quinze/0805-26/art4.htm>). Tais grupos consideram a atual Farm Bill – que dá continuidade aos pagamentos diretos aos Fontes afirmam que o Grupo NAMA-11 pediu que o acesso aos mercados de EUA e UE por parte dos PEDs não seja afetado. Por outro lado, PEDs poderiam beneficiar-se de “períodos de graça” para alguns produtos de sua escolha. 2 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 agricultores – um “passo na direção errada” em um momento no qual os preços dos alimentos estão em alta. A Rodada Doha procura reduzir tarifas e subsídios no setor agrícola e em demais áreas. Vol. 3, N. 11 2007. O documento (WT/TPR/S/199) observou que a China constitui a terceira maior economia e comércio do mundo. Apesar de sua crescente estatura e do aumento verificado na renda per capita do país, o estudo apontou para a persistência de alguns desafios relacionados à crescente desigualdade de renda, à lacuna cada vez maior entre poupança e investimento e à orientação do crescimento mais pelo investimento e pelas exportações do que pelo consumo. Durante a reunião de 3 de junho, a Índia apresentou uma nova proposta para produtos sensíveis – que poderão ser protegidos de cortes tarifários em troca de maior acesso a mercado por meio de quotas de importação. A proposta indiana prevê que os PEDs que não apresentam quotas tarifárias terão duas opções: (i) aplicar a fórmula de corte tarifário integral num período de três anos adicionais aos oito anos já autorizados, totalizando assim um período de implementação de onze anos; ou (ii) divergir em 25% dos cortes tarifários padrão para dois terços de seus produtos sensíveis durante um período de seis anos (ao invés de oito). Apesar de ter ressaltado a estimativa do Banco Mundial de que o crescimento da China cairá para 9,6% em 2008, a TPR previu que o “gigante asiático” desfrutará de um crescimento econômico sustentado, ainda que com uma taxa mais baixa. Esse crescimento contínuo pode ser alimentado pelos vastos recursos humanos da China, pelas altas taxas de investimento em capital físico e, em menor medida, pelo alto desempenho da produtividade de trabalho e uma economia cada vez mais orientada ao mercado, aberta ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros. As negociações ocorridas desde a publicação do esboço de texto agrícola, em 19 de maio passado, indicam que não há progresso significativo em direção a um consenso. Os negociadores, contudo, sentem-se obrigados a elevar as modalidades agrícolas a um nível de acordo que permita que oficiais seniores comecem os trade-offs inter-setoriais – processo que pode levar a uma possível reunião ministerial nos próximos dois meses. Rápido crescimento O aumento observado no PIB per capita da China de US$ 1.490 (2004) para US$ 2.017 (2006) foi acompanhado de uma queda na pobreza, uma vez que o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia passou de 23,7 milhões (2005) para 21,5 milhões (2006). O crescimento real do PIB em 2007 foi de 11,4%. O comércio de bens respondeu, isoladamente, por 65% do PIB e 13% do comércio global em 2006. A China continua a ser o maior receptor de investimento estrangeiro direto (IED), o quarto maior investidor do mundo e o maior país dentre os países em desenvolvimento (PEDs). O investimento chinês além-mar aumentou para US$ 18,72 bilhões em 2007, mais de dez vezes o montante investido em 2004. Alguns países, como o Uruguai, sugerem que prazos artificiais – como aquele estipulado para uma possível reunião ministerial – não deveriam ser impostos aos Membros da OMC. Os Membros reconhecem, contudo, que quando as negociações recomeçarem – na semana de 9 de junho – eles deverão trabalhar duro. Pascal Lamy, Diretor Geral da OMC, afirmou, durante a reunião da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês), que o comércio internacional pode contribuir para a queda dos preços dos alimentos na medida em que promove uma competição maior e mais justa. Em tom menos otimista, o relatório mencionou a lacuna cada vez maior entre poupança (correspondente a 54,4% do PIB) e investimento (44,9% do PIB). O aumento nas receitas em comparação às despesas conduziu a um corte no déficit fiscal do PIB de 1,3% (2006) para 0,6% (2007) e reduziu a dívida pública de 17,5% (2005) para 16,3% (2006). Tradução e adaptação de artigo originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest Vol. 12, No. 20, 04 jun. 2008. OMC destaca crescimento da China, mas ressalva desequilíbrios econômicos O relatório também destacou que a China apresenta uma série de desequilíbrios econômicos crescentes, o que inclui: i) dependência de investimentos e exportações como fontes de crescimento; ii) ineficiência na alocação de capital devido ao baixo desenvolvimento do mercado de capitais; e iii) necessidade de ajuda à manufatura. Degradação ambiental e amplos abismos entre renda urbana e rural A segunda Análise de Política Comercial (TPR, sigla em inglês) da China, publicada pelo Secretariado da Organização Mundial do Comércio (OMC) na segunda quinzena de maio, destacou que as reformas estruturais levadas a cabo pelo país desde 2006 impulsionaram de forma significativa a economia do país, que registrou crescimento de mais de 11% em 3 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 Vol. 3, N. 11 que utilizam grande quantidade de recursos energéticos e energia em sua produção. Exemplo disso é o recente aumento em 142 linhas tarifárias temporárias com vistas à redução de exportações de bens produzidos com uso intensivo de energia e poluição, bem como aqueles que consomem grande quantidade de matéria-prima. constituem exemplos de outros impactos negativos do crescimento econômico. O TPR reconheceu, entretanto, que, em relação à última edição do estudo, a China aumentou a transparência de sua governança econômica por meio de ações como o estabelecimento de uma divisão de prevenção à corrupção e a aprovação de leis que regulamentam monopólios, procedimentos de falência, propriedade e tributos. Críticas por parte dos EUA Durante a elaboração do relatório, os EUA mostraramse preocupados com diversas políticas comerciais chinesas, como: (i) restrições às exportações de uma série de commodities; (ii) a aplicação de padrões nacionais específicos quando já existem padrões internacionalmente definidos; (iii) a frágil proteção aos direitos de propriedade intelectual; e (iv) seu regime de investimento crescentemente restritivo. Os EUA também pediram que a China assuma maior liderança na Rodada Doha, particularmente nas três principais áreas de negociação – agricultura, bens industriais e serviços. Restrições às exportações persistem Apesar das taxas de importação terem respondido por somente 3,3% da receita tributária, as tarifas continuam a ser o principal instrumento de política comercial da China. O relatório destacou a redução nas barreiras não-tarifárias do país, como foi o caso das linhas tarifárias sujeitas a licença de importação automática. Quotas tarifárias (TRQs, sigla em inglês) sobre soja, óleo de palma e outros óleos foram eliminadas em 2006. Em resposta às declarações estadunidenses, a China destacou o papel ativo que o país vem desempenhando nas negociações e declarou que, uma vez que o mandato da Rodada é pautado pelo desenvolvimento, maior atenção deveria ser direcionada aos interesses dos PEDs nas negociações. Além disso, a resposta da China atentou para a doação feita pelo país à OMC em fevereiro de 2008, com o objetivo de auxiliar PEDs a aumentar sua participação no comércio internacional. A China ressaltou, ainda, o fato de ter concedido isenção tarifária a 41 países de menor desenvolvimento relativo (PMDRs) para a maior parte dos produtos exportados por eles (volume correspondente a 97,9% do total de exportações para a China em 2007). A China adquiriu o status de nação mais favorecida (NMF) perante os Membros da OMC, à exceção de El Salvador e alguns territórios da União Européia (UE). A tarifa NMF média aplicada pela China manteve-se em 9,7% nos últimos dois anos, com tarifas médias aplicadas de 15,3% para agricultura e 8,3% para a indústria. Durante o período compreendido pelo relatório, entraram em vigor dois tratados de livre comércio (TLC) no país: um com o Chile (outubro de 2006) e outro com o Paquistão (julho de 2007). Neste mesmo mês, também entrou em vigor o capítulo de serviços do TLC China-ASEAN. As tarifas preferenciais aplicadas a esses acordos bilaterais variam de 3,5% a 9,1%. Atualmente, estão em fase de negociação outros quarto acordos bilaterais – com Austrália, Conselho de Cooperação do Golfo, Islândia e Nova Zelândia. Tradução e adaptação de texto originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 12, No. 19, 28 mai. 2008. O TPR destaca que a China continua a utilizar diversas ferramentas comerciais para promover o investimento em alta tecnologia, incentivar a inovação e proteger o meio ambiente (por exemplo, reduzindo o consumo de energia). Tais ferramentas incluem incentivos fiscais, subsídios não tributários, controles de preços e diversas formas de “orientação”, como políticas industriais específicas a determinados setores. Biodiversidade: regime de responsabilidade e compensação, acesso e repartição de benefícios A maior reunião já realizada sobre biossegurança ocorreu em Bonn, Alemanha, de 12 a 16 de maio deste ano. Os participantes da IV Reunião do Protocolo de Cartagena sobre Biosssegurança (COP-MOP 4) no contexto da Convenção sobre Biodiversidade (CBD) discutiram transporte e embalagem de produtos geneticamente modificados – chamados pelo Protocolo de organismos vivos modificados (OVMs) –, avaliação e gerenciamento de risco e inclusão de considerações Medidas comerciais como impostos sobre exportação, redução de Taxas sobre o Valor Agregado (VAT, sigla em inglês) e exigências de licenciamento constituem aspectos interessantes da política comercial da China que restringem – quando não proíbem – exportações de um número considerável e crescente de produtos 4 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 Vol. 3, N. 11 autoridades atribuam responsabilidade por danos à biodiversidade a determinados operadores de biotecnologia. De acordo com o compromisso assumido, as Partes trabalharão no desenvolvimento de um regime legal vinculante baseado na abordagem administrativa, mas dotado de dispositivos relativos à responsabilidade civil. As Partes ressaltam, entretanto, o princípio de que “nada está acordado até que tudo esteja acordado”. sócio-econômicas relativas à formulação de políticas de biossegurança, entre outros temas. A maior parte do debate concentrou-se em responsabilidade e compensação. Logo após a COP-MOP-4, representantes de 191 países participaram da IX reunião da Conferência dos Estados Signatários (COP-9) da CBD, ocorrida de 19 a 30 de maio. As negociações trataram principalmente de iniciativas voltadas à conservação e sustentabilidade da biodiversidade no mundo – tema cada vez mais ligado a questões como segurança alimentar, mudanças climáticas e redução da pobreza. Nesse sentido, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, enfatizou que a perda de biodiversidade traz “dimensões humanas e econômicas profundas”. Achim Steiner, Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA), caracterizou a biodiversidade como a “base econômica” do mundo e observou que sustentar um quadro econômico que destrói o meio-ambiente é como “queimar dinheiro”. O instrumento de responsabilidade e compensação será discutido na próxima reunião da COP-MOP, que ocorre em outubro de 2010 em Nagóia, Japão. Duas reuniões preliminares devem ocorrer na Malásia e no México, nas quais os detalhes de tal instrumento serão negociados. Membros da CBD estabelecem plano de ação relativo a acesso e repartição de benefícios Uma vez que a última reunião do Grupo de Trabalho sobre ABS obteve avanços significativos quanto à natureza, ao escopo e aos objetivos de um regime internacional nessa matéria, a principal atribuição da COP-9 foi determinar os próximos passos para as negociações que deverão ser concluídas em 2010. O foco foi a discussão de uma série de reuniões compostas por diversas sessões do Grupo de Trabalho, assim como o estabelecimento de grupos de especialistas. Também foram discutidas formas de assegurar o financiamento necessário a tais reuniões. A relação entre regras de comércio e políticas econômicas foi um dos temas específicos discutidos na reunião. Dentre estes, dois dos mais controversos tinham como objeto o regime de Acesso e Repartição de Benefícios (ABS, sigla em inglês), bem como os potenciais impactos dos biocombustíveis para a biodiversidade. Reunião sobre biossegurança: acordo político sobre responsabilidade e compensação Após discussões com um grupo consultivo e consultas informais, as Partes acordaram que o Grupo de Trabalho sobre ABS encontrar-se-ia três vezes antes da COP-10, com consultas informais dois dias antes de cada reunião. Em relação aos grupos de especialistas, o número e foco das próximas reuniões permaneciam indefinidos até a primeira semana de junho, mas sugestões feitas por alguns países incluíam a revelação de dados, outras medidas para prevenir desapropriação e eficácia de julgamentos estrangeiros. Discussões sobre revelação de dados também estão ocorrendo no Conselho sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (Conselho de TRIPS) na OMC. Mesmo após quatro anos de intensas negociações, as Partes do Protocolo de Cartagena não conseguiram cumprir o prazo estipulado pela COP-MOP-4 para a adoção de regras e procedimentos internacionais relativos a responsabilidade e compensação de danos resultantes de movimentos trans-fronteiriços de OVMs. Os participantes acordaram, entretanto, em trabalhar para o desenvolvimento de regras e procedimentos vinculantes, além de estabelecer um cronograma e uma estrutura de negociações. Ursula Heinen, Secretária de Estado de Agricultura da Alemanha, enfatizou a importância dos resultados obtidos, na medida em que garantem a implementação do Protocolo nos próximos dois anos. Biocombustíveis: tema controverso nas discussões da CBD A escolha de um instrumento foi fonte de grande controvérsia, assim como o conteúdo das regras sobre responsabilidade e compensação. Muitos dos países signatários – particularmente os países em desenvolvimento (PEDs) – eram favoráveis à inclusão de uma abordagem de responsabilidade civil, ou seja, que possibilitasse a compensação por danos. Outros países propuseram uma abordagem mais administrativa: um mecanismo que permita que as A relação entre biocombustíveis e biodiversidade, tema recente no contexto da CBD, foi motivo de muitas discussões e controvérsias na COP-9. Em conformidade com uma recomendação enviada pelo Órgão de Assessoramento Científico, Técnico e Tecnológico (SBSTTA, sigla em inglês), o Secretário Executivo da CBD apresentou uma avaliação dos desenvolvimentos recentes em biocombustíveis, 5 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 Vol. 3, N. 11 examinou o potencial positivo e os impactos negativos dos biocombustíveis para a biodiversidade e explorou opções possíveis para que essa fonte alternativa de energia seja considerada nos diversos programas de trabalho da CBD. Andina de Nações (CAN) em matéria de integração, com vistas a contribuir para a convergência entre os blocos. Não há concessão de poderes supranacionais à Unasul, o que é evidenciado pelo processo decisório baseado em consenso perante todos os seus órgãos. Os critérios de sustentabilidade para os biocombustíveis – que estão sendo desenvolvidos por diversos países e organizações internacionais – estão tornando-se tema comercial controverso. Na COP-9, as preocupações levantadas relacionavam-se à definição de padrões vinculantes de biocombustíveis e à compatibilidade com as regras da OMC. Ao final da reunião, os biocombustíveis permaneciam um dos temas de destaque. Muitos foram os percalços enfrentados durante a negociação desse tratado, sobretudo em função da recente crise diplomática envolvendo Colômbia, Equador e Venezuela, pois influenciou o posicionamento dos países acerca da proposta brasileira de criação de um conselho de defesa comum sul-americano. A proposta concebe o conselho como um foro de elaboração de políticas de defesa conjunta, que possibilite o intercâmbio de pessoal entre as forças armadas de cada país, exercícios militares conjuntos, participação em operações de paz das Nações Unidas, bem como integração de bases industriais de material bélico. A idéia foi rejeitada pela Colômbia, país que enxerga como precipitada a adoção de um conselho de defesa neste momento. O Presidente colombiano Álvaro Uribe admitiu, entretanto, que pode aderir futuramente ao conselho, sob a condição de que todos os países da região reconheçam as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) como grupo terrorista. Tradução e adaptação de texto originalmente publicado em Bridges Trade BioRes, Vol. 8, No. 10., 30 mai. 2008. NOTÍCIA REGIONAL Tratado da Unasul é assinado em Brasília Foi firmado em Brasília, no último dia 23 de maio, o tratado constitutivo da União de Nações Sulamericanas (Unasul). A assinatura do texto ocorreu durante a III Cúpula de Chefes de Estado, que contou com a presença de líderes dos doze países que compõem o bloco. O tratado cria uma organização internacional dotada de personalidade jurídica e estabelece seus atributos institucionais, além de definir metas para ações futuras em diferentes áreas, dentre as quais: (i) cooperação econômica e comercial; (ii) integração energética e desenvolvimento da infraestrutura; (iii) integração industrial e produtiva; (iv) integração financeira; (v) promoção da diversidade cultural; (vi) intercâmbio de informação e de experiências em matéria de defesa; e (vii) segurança pública. As restrições impostas pela Colômbia não constituíram o único fator a bloquear a adoção do conselho de defesa. Os líderes ainda possuem diferentes percepções sobre o escopo e a função a serem conferidos a tal órgão. Enquanto o governo brasileiro prefere dar um status de foro político ao conselho, Venezuela e Bolívia defendem que ele tenha um papel operacional amplo, abrangendo áreas como segurança energética e combate ao narcotráfico. O Presidente Hugo Chávez sugeriu que o futuro órgão tenha capacidade de ação regional e orçamento próprio, de modo a garantir a resolução dos conflitos localmente, sem necessidade de recorrer a potências estrangeiras. Por sugestão da Presidenta chilena, Michelle Bachelet, deverá ser formado um grupo de trabalho no âmbito da Unasul, com o intuito de revisar – em 90 dias – a proposta brasileira à luz das preocupações dos demais países. A estrutura institucional criada pelo tratado estabelece o funcionamento da Unasul com base em cúpulas presidenciais anuais (Conselho de Chefes de Estado e de Governo), reuniões ministeriais semestrais (Conselho de Chanceleres) e encontros de delegados a cada dois meses (Conselho de Delegados), além de criar uma secretaria permanente, a Secretaria-Geral, com sede em Quito, Equador. O tratado também prevê a criação de um parlamento sul-americano com sede em Cochabamba, Bolívia, o que deverá ser negociado futuramente e implementado mediante a assinatura de um protocolo adicional durante a próxima Cúpula de Chefes de Estado. Cabe destacar que o tratado determina a inclusão das “conquistas e avanços” obtidos no âmbito do Mercosul e da Comunidade Em mais um desdobramento da referida crise diplomática, o Chile ficou encarregado da presidência pro tempore da Unasul,. O encargo havia sido originalmente designado à Colômbia, mas o Presidente Uribe rejeitou o posto, considerando não ser “prudente” chefiar a nova Organização no atual contexto político. A mesma linha de raciocínio parece ter levado o governo equatoriano a apoiar a renúncia de Rodrigo Borja ao cargo de Secretário-geral da Unasul. Borja, ex-Presidente do Equador, desferiu duras críticas ao texto do tratado ao deixar o cargo. Para ele, o texto cria “instituições fracas” ao deixar “praticamente sem 6 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 poderes” o Secretariado-geral e os demais órgãos. Ele afirma, ainda, que a Unasul deveria englobar a CAN e o Mercosul, de modo a evitar conflitos entre as normas provenientes dos diferentes blocos, além de ser dotada de supranacionalidade. Vol. 3, N. 11 BREVES MULTILATERAIS Cinco anos depois, Brasil vence caso do algodão na OMC O Brasil defende que o tratado é um “plano de ação” para a instituição, pois prevê reuniões capazes de aprofundar a cooperação entre os países no futuro. Sua importância seria a consolidação do compromisso de institucionalização, transformando declarações presidenciais em obrigações concretas. Para tanto, serve de exemplo o igualmente acidentado – porém bem sucedido – processo de construção da União Européia. O Órgão de Apelação (OA) da Organização Mundial do Comércio (OMC) publicou, em 2 de junho passado, seu relatório final sobre o contencioso do algodão levantado pelo Brasil em 2003 contra os Estados Unidos da América (EUA). O relatório considera que os EUA não cumpriram sua obrigação de eliminar os subsídios concedidos ao algodão – decisão tomada pelo Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da OMC em 2005 – dando a vitória, portanto, ao Brasil. Reportagem Equipe Pontes A decisão do OA é final e inapelável. O relatório, assinado por Luiz Olavo Batista, presidente do julgamento em questão, deve ser adotado no prazo de 30 dias, contados a partir de 2 de junho. Cabe ao painel arbitral da OMC definir o valor e as modalidades de retaliação que o Brasil poderá impor contra os EUA, processo que pode durar até 90 dias. Segundo os cálculos preliminares do governo brasileiro e de produtores nacionais de algodão, o valor pode chegar a US$ 4 bilhões. Fontes Consultadas: Tratado Constitutivo da União de Nações SulAmericanas. Disponível em: <http://www.comunidadandina.org/unasur/tratado_cons titutivo.htm>. Acesso em: 09 jun. 2008. Mercosur ABC, Unasur y su tratado constitutivo. Las bases jurídicas para la acción. Disponível em: <http://www.mercosurabc.com.ar/nota.asp?IdNota=155 0&IdSeccion=3>. Acesso em: 05 jun. 08. O processo contra os subsídios ao algodão estadunidense teve início em 2002, quando o Brasil solicitou aos EUA consultas preliminares sobre o assunto. Em 2003, o Brasil iniciou a disputa na OMC, questionando os subsídios concedidos pelo governo estadunidense ao setor entre 1999 e 2002. A primeira vitória brasileira ocorreu em 2004. Nesta ocasião, a OMC concedeu aos EUA prazos para a eliminação de tais subsídios e para o fim do apoio financeiro à produção de algodão. Por força do incumprimento da decisão da OMC pelos EUA, o Brasil recorreu, em 2006, novamente à OMC e, uma vez mais, ganhou. Em fevereiro deste ano, o governo estadunidense recorreu OA, mas perdeu. O relatório final da Organização reforça a condenação dos EUA e concede ao Brasil direito de retaliação. Folha de São Paulo, Unasul deve agilizar integração dos países andinos ao Mercosul (24/05/2008). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=457845>. Acesso em: 05 jun. 08. Folha de São Paulo, Falta de consenso impede a criação do Conselho de Defesa (24/05/2008). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=457864>. Acesso em: 05 jun. 08. Valor Econômico, Organização regional já nasce marcada por atritos (23/05/2008). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=457495>. Acesso em: 05 jun. 08. Apesar do Ministério da Agricultura (MA) Brasileiro ser a favor de medidas severas de retaliação e do mentor inicial do painel do algodão, Pedro de Camargo Neto (ex-Secretario de Produção e Comercialização do MA) ter sugerido retaliação cruzada na área de propriedade intelectual, o Itamaraty tem sido cauteloso ao abordar o tema. Segundo Haroldo Cunha, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a associação financiadora de grande parte do contencioso que custou cerca de US$ 3,5 milhões, uma retaliação do Brasil no setor de bens de produção 7 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 poderá trazer prejuízos para segmentos que importam produtos estadunidenses. Por esta razão, o Itamaraty ainda não definiu oficialmente se retaliará os EUA. É bastante provável que o governo aguarde os resultados finais da Rodada Doha de negociações comercias (prevista para o mês de julho), já que existe a possibilidade dos EUA reduzirem seus subsídios agrícolas. Vol. 3, N. 11 OMS adota estratégia em saúde pública, inovação e propriedade A Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu sua Assembléia Mundial com a adoção de uma resolução que instrumentaliza a Estratégia Global em saúde pública, inovação e propriedade intelectual. O Plano de Ação – nome dado à resolução – tem como escopo promover uma nova mentalidade em relação à inovação e acesso a medicamentos. Além disso, o Plano também visa promover um arcabouço para a pesquisa e desenvolvimento (P&D) direcionados a doenças que afetam em maior proporção os países em desenvolvimento (PEDs). Resta agora aguardar a decisão do governo brasileiro, a qual será seguramente influenciada pelos resultados de uma possível reunião ministerial da OMC em julho próximo. Enquanto isto, a recém aprovada Lei Agrícola estadunidense (Farm Bill) – que passa a regular os subsídios agrícolas até 2011 – dá continuidade aos programas de subsídio ao algodão. Após intensas discussões, os participantes alcançaram consenso sobre diversos tópicos tradicionalmente controversos. Um deles foi a conclusão de que a P&D em países desenvolvidos (PDs) deveria refletir melhor as necessidades dos PEDs. Se, por um lado, o Plano reconhece que os direitos de propriedade intelectual (DPIs) são um incentivo relevante ao desenvolvimento de novos produtos, por outro, faz uma ressalva a esse argumento: se considerados isoladamente, tais direitos não provêem estímulo suficiente para a inovação em medicamentos que combatam doenças nos mercados de poder aquisitivo reduzido. Reportagem Equipe Pontes Fontes consultadas: Inside U.S. Trade. WTO Appellate Body Rules Against U.S. In Cotton Case On All Counts (06/06/2008). Disponível em: <http://www.insidetrade.com/secure/dsply_docnum_txt. asp?f=wto2002.ask&dn=INSIDETRADE-26-23-4>. Acesso em: 06 jun. 2008. Agência Brasil. Brasil poderá adotar retaliações comerciais contra Estados Unidos (03/06/2008). Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/06/02/m ateria.2008-06-02.8141467409/view >. Acesso em: 06 jun. 2008. Diante dessa consideração, o Plano encoraja os governos a considerarem novos meios de estimular P&D em doenças que afetam com maior intensidade os PEDs. As sugestões de incentivo incluem prêmios para recompensar a invenção de novos medicamentos, a celebração de um tratado sobre P&D biomédica e a formação de pools de patentes (mecanismo por meio do qual os detentores de patentes compartilham tecnologia a fim de prover uma plataforma comum para inovações posteriores). Valor Econômico. País vence disputa por algodão e pode retaliar EUA (03/06/2008). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=460718>. Acesso em: 04 jun. 2008. Um dos pontos mais controversos da Estratégia Global foi o princípio de que o direito à saúde deve prevalecer sobre interesses comerciais, tese defendida pelos PEDs. Em função da forte oposição oferecida por PDs, não foi possível chegar a um consenso sobre os termos dessa assertiva, que foi, assim, removida do texto final. O Estado de São Paulo. Brasil vence OMC , mas hesita em retaliar 03/06/2008. Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=460715>. Acesso em: 04 jun. 2008. O Estado de São Paulo.Vencemos os EUA - e agora? 04/06/2008. Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=461195>. Acesso em: 06 jun. 2008. OMS: instância principal de decisão? Os países também não chegaram a um acordo sobre a preponderância das decisões tomadas no seio da OMS em ações relacionadas à propriedade intelectual (PI) frente a outros fóruns, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) ou a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Após a apresentação de diversas propostas que buscavam equilibrar os interesses, o grupo concordou com a formulação que 8 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 atribui ao Diretor-Geral da OMS a tarefa de implementar a Estratégia Global sem prejuízo aos atuais mandatos de outras entidades. Vol. 3, N. 11 mais amplo. Lino Colsera, Vice-Secretário das Relações Internacionais do Agronegócio do MAPA, explica que o embate com a União Européia (UE) representa apenas um episódio no bojo da crescente competitividade do agronegócio brasileiro. Colsera ressalva, ainda, que o forte crescimento é o real motivo da iniciativa governamental, cujo intuito é reforçar ainda mais a vocação exportadora do país. A Diretora Gerald da OMS, Margaret Chan, comemorou o avanço em seu discurso de encerramento, ao apontá-lo como uma relevante contribuição à justiça na área de saúde e qualificando o Plano como pró-ativo. German Velásquez, Diretor do Comitê de Saúde Pública, mostrou-se satisfeito com a disposição dos Membros em fazer concessões e considerou o acordo uma legitimação do papel da OMS na área de saúde pública, inovação e PI. Os adidos atuarão junto às missões brasileiras situadas em Buenos Aires, Bruxelas, Genebra, Moscou, Pequim, Pretória, Tóquio e Washington. Em Bruxelas, o adido agrícola terá a missão de acompanhar as negociações dos delicados temas comerciais com a UE (a exemplo das citadas exigências sanitárias relativas à carne brasileira). Já em Genebra, o foco do trabalho será orientado a temas de interesse no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). As demais capitais representam os principais destinos das exportações agrícolas brasileiras, à exceção de Buenos Aires, uma vez que o maior volume das importações agrícolas realizadas pelo Brasil é oriundo da Argentina. Vários delegados, inclusive do Brasil, celebraram a Estratégia Global como um dos mais significativos documentos multilaterais na área de saúde. O fortalecimento do papel da OMS na relação entre saúde pública e PI, segundo eles, demonstra sensível mudança de mentalidade, importante ponto de partida para o avanço da agenda internacional. Outra proposta discutida na Assembléia foi uma resolução cujo objetivo é reforçar o envolvimento da OMS na luta contra a falsificação de medicamentos. Essa discussão, porém, foi postergada para a próxima reunião do Órgão Executivo da OMS, prevista pra janeiro de 2009. A Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI), designada para encaminhar o processo seletivo e de capacitação para o cargo, está formando um grupo de trabalho para definir o perfil do profissional que ocupará cada posto. Já foi estipulado, entretanto, que os candidatos devem integrar o quadro do MAPA há pelo menos quatro anos. Os aprovados passarão, ainda, por um curso preparatório a ser ministrado pelo Instituto Rio Branco, em coordenação com o MAPA. Tradução e adaptação de artigo originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 12 No. 19, 28 mai. 2008. BREVES REGIONAIS O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeará os candidatos a partir de uma lista elaborada conjuntamente pelo MAPA e o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Cada adido ocupará o cargo por dois anos, prazo prorrogável por igual período. A SRI realizará avaliações periódicas do desempenho dos profissionais. Brasil cria posto de adido agrícola em oito embaixadas O governo brasileiro acaba de criar uma nova função em embaixadas situadas nos mercados mais relevantes para o agronegócio: o adido agrícola. Criado pelo Decreto Presidencial nº 6.464, o cargo será ocupado por servidores públicos federais do quadro do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA). Sua principal atribuição será fornecer informações mais qualificadas para as negociações da diplomacia brasileira no que tange aos assuntos agrícolas. Nessa esfera, o destaque de sua atuação será direcionado à discussão dos temas sanitários e fitossanitários. Os processos de seleção e capacitação devem transcorrer 2008, para que os adidos ocupem os postos junto às embaixadas já no início do próximo ano. Reportagem Equipe Pontes. Fontes consultadas: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Imprensa (03/06/2008). A despeito das pressões de alguns setores e de medidas tomadas contra o Brasil por parceiros comerciais – como o recente embargo europeu à carne brasileira –, a nova função insere-se num contexto Netcomex. Missões diplomáticas do Brasil ganham reforço para negociações agrícolas. (28/05/2008). Disponível em: 9 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 Vol. 3, N. 11 não está vendendo seu setor agrícola a baixo custo com o objetivo de concluir um TLC. <http://www.netcomex.com.br/noticias.asp?id_noticia=7 318&id_secao=10&id_tipo_noticia=1&>. Acesso em: 28 mai. 2008. Espera-se que o TLC entre os dois países seja concretizado em julho próximo e entre em vigor em janeiro de 2009. Folha de São Paulo. Presidente cria cargo de adido agrícola em oito embaixadas. (27/05/2008). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/se lecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=458698>. Acesso em: 27 mai. 2008. Tradução de artigo originalmente publicado Puentes Quincenal, Vol. 5, No. 11, 03 jun. 2008. Chile, primeiro país latino-americano a concluir um TLC com a Austrália EVENTOS Chile e Austrália acabam de negociar um tratado comercial bilateral que regulará o comércio de bens e serviços, investimentos, compras públicas, propriedade intelectual, além de contar com disposições sobre cooperação entre os dois países. Esse é o quinto tratado de livre comércio (TLC) concluído pela Austrália, mas o primeiro com um país latinoamericano. Para o Ministro do Comércio australiano, Simon Crean, o TLC com o Chile será não somente o mais amplo já firmado pela Austrália, mas também o mais consistente com os princípios do multilateralismo – e nesse sentido, Crean afirmou que o tratado será aplaudido em Genebra. Fóruns Multilaterais em OMC Local: Genebra, Suíça. Informações: <http://www.wto.org/meets_public/meets_e.pdf>. 09 a 11 de junho Reunião do Mecanismo de Revisão de Políticas Comerciais – Estados Unidos da América 13 de junho Dia de introdução à OMC O comércio bilateral de bens entre Austrália e Chile movimentou US$ 541 milhões em 2007, sendo a relação superavitária em US$ 141 milhões para o Chile. O tratado liberalizará o comércio de 97% dos bens, reservando a liberalização dos demais para 2015. 16 de junho Conselho sobre comércio de serviços 16 de junho Grupo de trabalho sobre regulação doméstica Os dois países possuem particular interesse na liberalização em serviços e investimentos. Interessam à Austrália os serviços ligados a engenharia, consultorias, tecnologia, franquias, turismo e educação. Quanto aos investimentos, a Austrália é atualmente o quinto maior investidor estrangeiro no Chile, com US$ 3 bilhões. Também é importante destacar as áreas de tecnologia para a mineração e energia, bem como a distribuição de gás e a geração de energia. 17 e 18 de junho Reunião do Conselho sobre TRIPS UNCTAD Informações: <http://www.unctad.org/Templates/StartPage.asp?intIte mID=2068>. No âmbito da cooperação, o Chile pretende aproveitar a oportunidade para obter maior número e qualidade de bolsas de estudos para institutos profissionais, áreas técnicas, estudos de pós-graduação e estágios, entre outros. 10 a 12 de junho Workshop nacional sobre formulação de políticas comerciais para políticos da República Democrática do Congo Local: Kinshasa, República Democrática do Congo De acordo com Crean, mais do que um passo decisivo na crescente relação entre ambos os países, o TLC assinala o aprofundamento das relações entre Austrália e América do Sul. O Ministro australiano assegurou que, diferentemente do governo antecessor, a Austrália 16 a 18 de junho Grupo de trabalho sobre o planejamento de médio prazo e programação orçamentária, V Sessão Local: Genebra, Suíça 10 09 de junho de 2008 PONTES Quinzenal Fóruns Regionais 09 de junho XXXII Período de sessões da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) Local: Santo Domingo, República Dominicana Mercosul Informações: <http://www.mercosur.gov.ar/calendario.php>. Outros Fóruns OCDE 09 a 11 de junho LXXIV Reunião do Comitê de Cooperação Técnica (CCT) Local: Buenos Aires, Argentina Informações: <http://www.oecd.org/document/49/0,3343,en_2649_20 1185_32618737_1_1_1_1,00.html>. 09 a 12 de junho Reunião do CCR (Setor de educação) Local: Buenos Aires, Argentina 09 e 10 de junho Conferência de Alto Nível sobre técnicas orçamentárias Local: Cidade do México, México 10 de junho VIII Reunião Especializada de Defensores Públicos (REDPO) Local: Buenos Aires, Argentina 09 a 12 de junho Conferência “A grande transição: lidando com as mudanças”, do International Economic Forum of the Americas Local: Montreal, Canadá Ateliê: Especificações Técnicas sobre biocombustíveis Local: Buenos Aires, Argentina 09 a 13 de junho Seminário “Crise de liquidez, crise de capitais?” Local: Paris, França 10 e 11 de junho Comitê Coordenador Regional Local: Buenos Aires, Argentina 13 de junho Reunião de Ministros e Desenvolvimento Social (RMDS) Local: Buenos Aires, Argentina Vol. 3, N. 11 Autoridades 10 e 11 de junho Fórum científico global Local: Bolonha, Itália. de 11 de junho Publicação do relatório econômico da Polônia Local: Varsóvia, Polônia 2ª quinzena de junho Reunião do Subgrupo de Trabalho Nº. 15 Local: Buenos Aires, Argentina 11 e 12 de junho Fórum regional “Facilitação ao comércio: desafios e oportunidades para a África do Sul e do Leste” Local: Cidade do Cabo, África do Sul 17 de junho XIV Reunião do Comitê Mercosul Livre de Febre Aftosa (CMA) Local: Montevidéu, Uruguai 13 e 14 de junho Encontro dos ministros de finanças do G8 Local: Osaka, Japão 17 e 18 de junho LII Reunião do Foro de Consulta e Concertação Política do Mercosul (FCCP) Local: Montevidéu, Uruguai 15 e 16 de junho Fórum econômico mundial sobre a Ásia do Leste Local: Kuala Lumpur, Malásia 19 e 20 de junho LXXII Reunião Ordinária do Grupo Mercado Comum (GMC) Local: Buenos Aires, Argentina 16 e 17 de junho Conferência “Um novo acordo climático global? Obtenção de uma cooperação verdadeira para um futuro com baixas emissões” Local: Londres, Inglaterra CEPAL Informações: <http://www.eclac.org/noticias/calendarioactividades/de fault.asp?mes=12&agno=2007>. 11 09 de junho de 2008 PONTES Quinzenal Curitiba sediará o Global Forum - América Latina INFORMAÇÕES ÚTEIS Curitiba será sede do Global Forum - América Latina, evento que reúne líderes empresariais e acadêmicos, do governo e da sociedade civil para dialogar mudanças necessárias que possam favorecer o desenvolvimento sustentável. O Fórum ocorrerá de 18 a 20 de junho e a programação completa do evento pode ser acessada em: <http://globalforum.com.br>. Conferência da FAO tem declaração aprovada Após dias de reunião, a Conferência sobre Segurança Alimentar, organizada pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, sigla em inglês), culminou com a aprovação de uma declaração cujo principal objetivo é apresentar medidas para mitigar a crise dos alimentos. Os representantes dos 183 países reunidos em Roma acordaram reduzir pela metade, até 2015, o número de pessoas que passa fome no mundo. A declaração define como meta a duplicação da produção de alimentos até 2030, bem como o aumento da ajuda a produtores agrícolas de países pobres. Mesmo após sucessivas acusações direcionadas à produção de biocombustíveis como a grande responsável pela alta nos preços dos alimentos, o documento não adota essa abordagem, no que se considera ter sido uma conquista brasileira nas negociações em Roma. Para acessar os documentos da Conferência, ver: <http://www.fao.org/foodclimate/conference/doclist/en/? no_cache=1>. CAN convida sociedade propostas sobre integração civil a Vol. 3, N. 11 III Congresso Internacional de Bioenergia oordenado pela Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF) e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o III Congresso Internacional de Bioenergia objetiva discutir o aproveitamento racional de resíduos das indústrias de base, com vistas à geração de biomassa, matéria-prima para a produção de biocombustíveis. A programação do evento, que ocorrerá de 24 a 26 de junho em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, contará com debates sobre resíduos vegetais, biodiesel, legislação e energia renovável. Para mais informações sobre o evento, acessar: <http://www.eventobioenergia.com.br>. Workshop sobre indicadores de sustentabilidade apresentar O Siades promoverá, entre os dias 30 de junho a 3 de julho, o Workshop Internacional de Pesquisa em Indicadores em Sustentabilidade na Escola de Engenharia de São Carlos. Para acessar a programação, bem como realizar as inscrições, acessar: <http://hygeia.fsp.usp.br/siades>. A Secretaria Geral da Comunidade Andina de Nações (CAN) abriu espaço para que as organizações da sociedade civil dos países andinos apresentem propostas relativas à participação cidadã, com vistas ao fortalecimento do processo de integração da CAN. Para mais informações, acessar: <http://www.comunidadandina.org/socican/index.htm>. Evento do CEBRI debate caso dos pneus Fábio Morosoni, professor de Direito Internacional na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, debaterá sua tese de doutorado no evento “Disputas na OMC e Mercosul – o caso dos pneus”, que ocorrerá no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). A tese que servirá de fio condutor do seminário, intitulada “The Mercosur and WTO Retreated Tires Dispute: Rehabilitating Regulatory Competition in International Trade and Environmental Regulation”, foi defendida em 2007, na Universidade do Texas, EUA. O evento do CEBRI ocorrerá em 17 de junho, às 16h, na sede do CEBRI, localizada à Rua do Russel, 270, 2º andar, Glória, Rio de Janeiro. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail <[email protected]>, informando nome, instituição, cargo, endereço, telefone, fax e e-mail. Banco Real ganha o prêmio 'Banco Sustentável do Ano' O Banco Real recebeu na semana passada, em Londres, Inglaterra três prêmios do Financial Times Sustainable Banking Awards, que elege os bancos com as melhores políticas e práticas de sustentabilidade no mundo. O evento é realizado pelo jornal 'Financial Times' e pelo IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial. Na categoria "Banco Sustentável do Ano" - a principal da premiação -, o Banco Real, único brasileiro entre os finalistas, ficou com a primeira colocação. Concorreram duas instituições britânicas, além de uma norte-americana e uma holandesa. Para mais informações, acessar: Embaixada da Coréia do Sul oferece bolsas de pósgraduação <http://us.ft.com/ftgateway/superpage.ft?news_id=fto06 0320082109103112>. A Embaixada da Coréia do Sul lançou a edição de 2008 do Programa de Bolsa de Estudos para Alunos de Pós-Graduação, oferecido anualmente pelo governo da 12 PONTES Quinzenal 09 de junho de 2008 Vol. 3, N. 11 República da Coréia. Os interessados em concorrer à bolsa devem preencher o formulário, que pode ser solicitado pelo telefone (61) 3321-2500, e entregá-lo na Embaixada até 20 de junho. Edições anteriores de PONTES Quinzenal podem ser acessadas em: http://www.ictsd.org/pont_quinze/archive.htm PONTES é publicado pelo Centro Internacional para o Comércio e o Desenvolvimento Sustentável (ICTSD) e pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (DireitoGV). ICTSD é uma organização independente e sem fins lucrativos com sede em Genebra, Suíça, tel: (41-22) 917-8492; fax: 917-8093. Trechos de PONTES Quinzenal podem ser usados em outras publicações se forem citados de forma apropriada. Comentários e sugestões serão bem vindos e podem ser enviados para [email protected]. A produção de PONTES Quinzenal tem sido possível graças ao apoio generoso da Agência suíça para o desenvolvimento. 13
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