Oryctolagus cuniculus - Departamento de Biologia

Transcrição

Oryctolagus cuniculus - Departamento de Biologia
Expediqgo Cientifica Faial 1993, Rel. Com. Dep. Biol. 22: 49-60, 1994.
ESTUDO PRELIMINAR DE ALGUNS PAR~\METROS
DE UMA POPULACAO DE
COELHO SELVAGEM (ORYCTOLAGUS CUNICULUS) DA ]TICHA DO FAIAL
-
Acorn
'
~nivecsidadedos A~ores- h p t . de Biologia PT-9500 Ponta Delgada (Apores), PORTUGAL.
2~niversidadedos Aqoxes - Dept. de Ciencias Tecnol6gicase Desenvolvimento PT- 9500 Ponta Delgada, PORTUGAL.
~ nversidade
i
do Porto - Faculdade de Cigncias PT-4000 Porto, PORTUGAL.
Entre 26 de Junho a 3 de Julho de 1993,
efectuou-se a ExpedigQoCientifica do D e p m e n t o
de Biolagia da Universidade dos A p e s h jlha do
Faial.
Nesta expediqlo inseriu-se a Equipa de
MAMOLOGIA constituida por Investigadores,
Docentes, Tkcnicos e Alunos dos Cursos de
Biologia.
0 Coelho-bravo ( Oryctolagus cuniculus ) t ulna
especie de ampla distribuiqgo mundial, estando
intimamente ligada a processes de colonizaqFio.
Embora originirio da regiao rnediterrlnea,
caracterizada por um clima corn uma dernarcada
estaq30 sseca, o coelho-bravo adaptou-se muito bem
a urna grande variedade de habitats onde foi
introduzido. Deste modo constitui urn dos
marniferos mais abundantes que ocorre no
Arquipilago dos Asores, sendo a sua principal
esecie cinegCtjca.
Tanto os aspectos histbricos e evolutivos como
as da sua ecologia, tornam de maior interesse a
realizaqgo de estudos cientfficos no sentido de
avaliar o cadcter adaptativo e evolutivo bem assirn
o estudo da d i n h i c a populacional desta es@cie .
A densidade populacional actual € digamos uma
densidade rnkdia da que existia em 1988, ano em
que foi introduzido nesta Ilha o virus hemorrdgico
do coelho cuja sigla 14 R.V.H.D.;
nas colheitas dos
eswimens n5o verjfacamos quaisquet vestigios da
existencia do R.V.H.D.
Baseando-nos apenas, em dados histdricos
considerados verdadeiros e n50 em hip6teses
podemos a f m a r que me 1439 eram jA conhecidas
as IIhas do grupo Central. Esta data deve
correspnder ao inicio da c o l o n i ~ i i odo Faid.
Relativamente hs Ilhas do Grupo Central
verifica-se uma correlac;~entre o clima. vento e ma
colonizaqEo. 0 clima, a precipita~goaumenta de
Leste para Oeste, a velocidade dos ventos aumenta
igualmente de Leste para Oeste e a cotonizaqb do
Grupo Central tambCm se efectuou de Leste para
Oeste o que leva a inferir que esta se iniciou em
1439.
E de referir um crescente amento de elementos
nJo Portugueses na coloniza@o notando-se selativa
importfncia dos Elamengos nesta.
A Ilha do Faial encontra-se a 30° 31' e 38O 39'
de Latitude Norte e 20° 35' e 2g0 50' da Latitude
Oeste. A sua 6rea (173,1 ~m 2, ocupa 7,4580 da ~ e a
total da RegiIo.
Esta Area encontra-se distribuida por 3 cotas de
altitude: 53,3% iinferiores a 300m; 42,1% enntre 300
e 800 metros e 5,4% a cotas superiores a 800
metros.
Do ponto de vista geogrfifico ela 6 constitufda
quase em sua esssncla por derrames andesitos
originArios do vulcIo da Caldeira e de oumos centros
eruptivos de caracter secundfiria; existem
igualrnente alguns filks e chamin6s mquiticas que
cortam em determinadas regiks a skrie andesitica
entre as quais podernos mencionar: a Regilo de
Espalhafat~se de Pedro MigueP.
Originados por erup@es mais recentes como por
exemplo: Conceiq50 (1I3 m); Dr. Neves (191 m) e
Monte da Guia (145 m), encontramos ainda
doleritos e basaltos.
Por dltirno em Setembro de 1957 deu-se a
erup~%o
do vulcb dos Capelinhos que se p l o n g o u
at6 1958. Este originou iniciatmente esc6rias cuja
composiqIo slo mais pobres em siEica do que as
I avaq emitidas posteriormente.
CLIM A E HlDROLOGlA
0 Clima do Faial d urn clima pouco hcimido. 0 s
valores mtdios da pluviosidade atingem o maxim0
no Inverno (Janeiro) e o rninimo no Veriio (Julho).
As ternperaturas medias rondam os 17,6OC ,
variando a amplitude timica durante o ano durn
valor equivaleate a 5OC.
A humidade relativa do ar, varia entre os 7 8 8 e
os 83%, durante as horas diurnas.
Em termos hidricos, o Faial n8o tern qualquer
ribeira de crtricterperrnanente.
Baseando-nos na evoluq50 recente da ocupaqZo
dos solos (19851, verifica-se urna dirninui~goem
I
C . A . C.P.
P.
I
F.
M. ocu*rt&&,rol.
S.A.U.77,8%
Figura 1 - OcupqIo dos solos da llha do Faial. S.A.U. - Superficie Agricola Oti177,8%, C. A. - CuIturas Anuais
9,6%,C. P. - Culturas Permanentes 1,2%, P. - Pastagens 67,O%, F. - Florestas (s6 Area p6blica) 8,1%, M. Matos 14,l%.
percentagem da Superficic Agricola ~ t i devido
l
ao
aumento da pastagem, da 6rca dc matos e flotestas,
sendo a diminui~goda Area de culturas anuais
consequenternente as principais alteraqks.
0 material colhido para o estudo foi o coelhoselvagem (Oryctolagns cuniculus); o m6todo
utilizada nas colheitas foi a tiro.
As colheitas [oram erectuadas nos pen'odos de
maior actividade da esphcie, que s5o os perfodos
crepusculares e noctusnos. Pretendeu-se efectuar
urna colheita aleat6ria de toda a ilha conforme se
pode verificar pelo mapa 1 (locais de colheita e de
[email protected]),contuda devido a que a densidade dos
coelhos n50 era uniforme em toda a ilha, efmtuou-se
(mapa 2) corn as zonas de diferentes concentraq5o
populacional, servindo-nos para tal nZo s6 dos
animais capturados como dos observados (por falta
de tempo n50 foi possivel para o estudo da
densidade populacional a observaqgo de vestigfos o
que nos permitiriam efectuar urn mapa como uma
destribuigBo mais corrects).
0 s animais capturados foram em nimero de 62.
Todos os animais forarn pesados a fresco numa
balan~aelectr6nica corn sensibilidade de 0,001 gr.
A determinaqgo do sexo dos individuos fez-se
primeiramente por o b s e r v a ~ z o externa
(preenchimento da ficha de campo) e
secundariarnente no laborat6rio (preenchimento da
ficha de trabalho laboratotial)
Logo a p h a captura, foram retiradas as arnostras
de sanguc por punqgo cardiaca, para estudos
gendticos, conforme o indicado na tabela 1.
Nos animais colhidos e em laborat6ria
procedemos primeiramente
recolha dos
cctoparasitas seguindo-se a obtengto das medidas
somat6melricas .
Separamos a cabqa do tronco para se preparar o
d n i o para a obtenqgo daq medidas craniom&ricas.
Extraimos os globos oculares que se colocaram
em fomol a 10% durante 21 dias, findo os quais se
extrai o cristalino. 0 s cristalinos slo colocados
nurna estufa a XOO C durante 7 dias seguindo-se o
processamento da sua pesagem. A balanqa utilizada
foi uma de 0,0001 gr de sensibilidade. Obtidos os
pesos, utilizamos a formula de MYERS e GILBERT
(1968): I= -57 + 181,4/(5,749 - 2,3026) log,p que
nos dB a idade em dias.
Utilizamos igualmente para determinaqlo da
idade a formula CARVALHO (1992) que utiliza o
Peso Total dos individuos.
Legenda:
Locais de obsemqk
m Locais de cobita
EsWmprincipais
-
-
Esagdas secuxrdhim
Cgminhasdepemm&
Elaborado por: Pedro Mantua
ILHA DO FAIAL
MAPA No2
Bada da R W m d e s Ca
do Inferno
Elaborado por: Pedro Mdntua
Tabela 1: Marcadores gentticos, mazerial 'biolbgico (M. B.) e a tecnica electrofordtica utilizada na an8lise
e fecruada.
m
M
E
Bnr.
EC.
M
~CHB=A
Anidmsr e arl6nk a I
CA I
4.2.1.f
E
E
AGE
F
E E
F
E
E
E
E
E E
#GE
SGE
E E
Anidmsc cwbinich II
CA 11
Desidro@nrse ao k i l o 6 €os€oglucinito PGD
Fosf o*sc nwhorbbie*
NP
Deskmiar~t&a abcnesim*
ADA
Menihte cinrst
Gunihto c i w e
Didorue 2
AK
G UK
DiA2
-
4.2.1.1
1.1.1.4.4
2.4.2.1
3.5-4-4
2.7.43
2.7.4.8
1.6.4.3
-
AG E
K E
-
Legenda: E.C. C6digo enzimdtico international; E. - Eritrbcitos; F. Ffgado; AGE Electroforese horizontal
em gel & agarosc; SGE - Electroforese horizontal em gel de amido.
A f6rmula utilizada por este tiltirno rnEtodo k a
seguinte:
I= -57+ 18 1,415,749-2,3026 log. Y-349.&8
3.948
0 s animais foram dissecados no sentido de
reaTizar a pesagem a fresco dc vLios orgzos internos
(rins, figado, baqo e gonadas), e bem assim o
aproveitamento de rim. caraq5o e figado para
eshldos electrofordticos.
Ap6s a remoqi50 do tecido adiposo, os testiculos,
os ovfirios e o 6tero foram pesados numa balanqa
electr6nica de sensibilidade de 0,001gr.
0 peso dos testiculos t apresentado sem o
epididimo. No caso das fgrneas apresentarem
embribes, esles f o r m retirados do dtero, tende sido
anotado o seu nlimero e peso.
Deterrninamos o indice quanzificativo de gordura
renal pela razHo exjstente entre o peso rnCdjo da
gordura que envolve os rins e o peso m d i o dos rins,
multiplicada por cem. Durante a necropsia, fzemos
o registo qualificativo da gordura renal, numa escaIa
deOa3
Foram cansiderados adultos os animais corn
peso superiar a 850 gramas.
Ectoparasitas
No estudo dos ectopaxasitas colhidos apenas
encontramos a esp&cieSpillopsyliras cuniculi (Dale,
1878) (Insects: Siphonaptera: Pullicidae) a qua1 6
pela prirneica vez referenciada para esta Ilha
(Figura 2).
A espkie Spillopsyllus cuniculi tern sido dada
como comum em coelhos selvagens e domhticos
nas llhas Britanicas e no Continente Europeu.
As populaqks de coelhos nos Estados Unidos,
Austrdlia e Nova Zelandia, sEo oriundas do stock
Europeu, conrudo, a es#cie S,cuniculi n5o foi aid
data dada como existente nestas populaq&s.
No Arquiptlago dos Aqores, S.cunicdi havia j i
sido referenciada para as nhas Terceira e S. Miguel.
Nas coIheitas de ectoparasitas por 116sefectuadas
em coelhos selvagens da Ilha do Faial, foi
encontrada esta espicie corn uma distribujqFio
norma1 o significativa em t d a a Ilha.
0 grau de incidencia deste parasita n2o 6
uniforme durante todo o ano, varia corn as estaq6es
do ano, clirna, grau de hurnidade, natureza do solo e
bcm assim corn a natureza do sexo e idade, seu
nClmero C mais elcvado em femeas e jovens
Seu comprimento 6 muite varizIvel vai desde 1 a
9 mm,sendo os machos significativamente menores
do que as fEmcas.
S. cuniculi C a principal transmissora da
mixornatose, sendo tambem transmissora nos
coelhos do Continente Europeu do Tripanossoma
nabiasi RailIiek, 1895. Este hernoflagelado tern 24 a
28 mp de comprimento e desenvolve-sc no intestino
do hospedeiro inrermedihrio. sendo a sua
transmisslo efectuada pelas fezes.
Usaram-se tkcnicas vhias para a pesquisa desta
espCcie na populaqZo de coelhos colhida na Ilha do
Faial mas niio foi observade nem no hospedeiro
intermedihio nem no definitive
A anAIise da distribui~50do peso dos cristalino
sugere a divis3o em duas classes etArias: juvenis
(animajs R ~ S C ~ ~no
O prdprio
S
ano) e adultas (animais
nascidos em anos anteriores) (Figura 3). Embora
esta divisza da populapio pareqa constituir uma
excessiva sirnplificaq50 & estrutura da populqio,
reflecte o diferente estatuto reprodutor dos
indivfduos amostrados e uma certa sazondidade no
pen'oda de reprodu~Io,esta esmtura etiria sera
depois confirmada pelos dois rnttodos j$
enunciados.
~ u n i (c~ a~i c . 1 8 718- 8
ks.
F. d e Crrvaiho
-
Eigurs 3
X i s t o g ~ ~ dt
m frequ&cias
classes dr; peso do crir+al ino
.
mbsolutms &
(figura 4). Esta diferenya 6 estatisticamente
significativa, como demonshado pela andlise da
varihcia (tabela IV).Esta poder5 ser explicada pelo
facto de as Erneas se e n c o n m m , na sua maioria,
em gestaq;lo.
Biometria
SZo apresentados na Tabela 2 os vdores para os
parametros biomdtricos mais comunamente
utilizados (peso total, comprimento totaI,
comprimento da orelha e comprimento da pata
posterior), referindo-se o nQrnerode jndivMuos
analisados, mkdia e o desvio padrZio. Estes valores
aproximam-se apenas dos obtidos nos trabalhos
realizados na Peninsula h k r i c a e dos obtidos na ilha
das Flores,coma podemos observar na tabela 3.
A diferenqa dos walores obtidos em Portugal
(incluindo as ilhas aqoreanas) e Espanha em relaqgo
com outros paises, sugere que se estas populaqdes
tenham sofrido diferentes processes adaptativos elou
evolutivos, sendo estes resultados confirmados corn
os trahalhos de indole genetics (FERRAND, 1993).
Em rela~go?ts diferenqas entre os sexos, C de
salientar as existentes em rela@o ao peso corporal
0 s estudos da reproduqiio podem ser analisados
tendo em conta virias perspectivas, tais como:
duraqIo da dpoca de reproduq50, localizaqgo da
Cpoca reproduziva, nirrnero de ninhadas por
fhealano, tamanho das ninhadas, percentagem de
ferneas reprodutoras, etc. No entanto, estes estudos
exigem pel0 menos urn ano de capturas. Uma vez
que e presente trabalho apenas se refere a uma
amostragem isolada, a infoma~Boque se pode
obter escassa.
Tabela 2. Parhems biomktricos dos indiwiduos adultos (peso corporal >850) corn indicacb do valor medio,
desvio padrSo e o n6rnero de individuos amostrados (n).
Peso corporal
Comp. total
Comp. orel ha
Comp. pata
(mm)
(mm)
(mm)
(4
m6dia
1054.67
307.62
76.62
81.22
Desvio padr50
135.1 1
46.43
3.6
3.41
II
37
37
35
37
Tabela 3. Quadro cornparativo dos valores m6dios do peso corporal, cornprimento total, da orelha e da
pata, corn ouwos trabalhos.
Local
Autor
Data
Peso total
(8)
Cornp.
Tonal
(mm)
Comp.
Orelha
(mm)
Comp.
Pata. (mm)
Portugal
(Faial)
este
trabalho
Portugal
(Flares)
dados nao
publicados
PortugaI
(Santardrn)
Queir6s er a1
(1992)
Espanha
Fmqa
Austrhlia
Soriguer
(1980)
Rogers
( 1979)
Daly
(1980)
1445
1736
1054.67
1042
1 020
1092
307.52
412
396
411
76.62
67
66
74.7
71
81.22
80
82
72.5
85
Tabela 4. Valor mgdio do peso corpora1 (g) dos machos e femeas (adultos) corn
indjcaeo do valor de F e graus de liberdade (GL)da anltIise de variiincia .
Mtdia
Machos
1121.6
TI
16
F
Fheas
1003.7
26.9
21
8.321
36
GI
p<O.O 1
n
r
Figura 4 - Valor media e intervalo de confianqa (95%) do
peso corporal (g) das @mease dos machos.
Na Tabela 5 apsesentam-se os vaIores rntdios do
peso dos ov8rios, dtero e testiculos, corn os
respectivos desvio padrzo e eC6mer de individuos
adultos analisados. Nesta tabela 6 tambgm possivel
comparar estes valores corn os obtidos na mesrna
tpwa do ano no continente, na regizo de Santadm,
obtidos por ACYES et al. (1993). As diferen~as
existentes entre os pesos mtdios dos ov&ios e dos
testiculos s50 ssignificativamente diferentes pela
andise do teste t. 0 s valores superiores, para estes
parhetros, encontrados nesta populaqlo indicam
que os animais ainda se encontram em pleno
Tabela 5. Valores mddios, desvio padrzo Is) e niirnero de amostra (n) dos ov&rios,fitero e testiculos de
individuos adultos, e sua camparqio corn os valores obtidos em Santargm; I**)
~0,01.
Tabela 6.Tamanho das ninhadas. Cornpanqiio corn dados obtidos noutros locais.
Faial
Portua
Santar6m
Portugal
Contenda
Portugal
Doiiana Andaluzia
Fspanha llbpanha
Camargue
Franqa
Paris
Franqa
Tamanho
das
ninhadas
Autor
5.17
4.3
3.5
3.9
3.2
4.7
4.7
Este
ttabalho
Alves,
1993
Rihiro,
1977
Delibes,
1979
Soriguer,
1983
Rogers,
198 1
Arthur,
1980
periodo reprodutnr. De referir ainda que das 16
femeas adultas capturadas, 6 estavam em perlodo de
gestaqiio, o que rcprcsenta de 37,5% de Rmeas
gestantes, tesulhdo eslc quc d bastante diferente do
obtido em Santarkm por ALVES et at., (1993), em
que ncnhuma das 22 femeas analisadas se
apresentava gestante, ncm mesmo em periodo de
Iactaqb.
Oulro aspect0 importante na ecologia
reprodutora das Emeas C o tamanho da ninhacla. 0 s
valores obtidos neste trabalho e por outros autores
encontram-se sintetizados na Tabela 6.
Condiq20 Fisica
Tal como foi referido no ponto anterior, os dados
obtidos apenas numa amostragem nzo fornecem
uma informaqZo precisa sobre a condi~iiofisica da
populaqgo. No entanto os valores dos indices
quantitativo e qualitativo de gordura renal slo
apresentados, assim como 6 feita a compara@o corn
dados obtidos em outros locais.
Pela anhlise da Tabela 7 podemos verificar que o
indice quantitativo de gordura renal 6 nitidamente
mais baixo em relaqIo ao obtido, duranze a rnesrna
6poca do ano em Santart5m por ALVES et 01. (1993).
Tabela 7. Valor rnBdio do indice quantitativo de
gordura renal obtido neste trabalho e em Santarkrn.
Faial
Santdrn
4.612;
138.48
Media
I)esviopadr50 12.73
110.48 1
n
36
53
Na figura 5, C apresentado o indice qualitativo de
gordura renal. Pela sua anhlise nota-se urn
acentuado predominio do niveI 0 do referido indice,
o que indica que os animais se encontram corn
muito poucas reservas energeticas. Este facto n%o
pode ser explicado pela falta de aliment0 uma vez
que na ilha C praticamente coberta por pastos. No
cntanto, o baixo nivcl das reservas energkticas 6
facilmente explicado pelo period0 reprodutivo que
os anirnais se cncontram, uma vez que grande parte
deslas rcscrvas s8o utilizadas na reproduqiio.
-
Desidrogennse do Acid0 6 fosfogluc6nico
0 estudo do "locus" PGD cm populaqiio dde
Oryctolagus cuniculus (Richardson et al; 1980,
Zarragoza, 1984) e de 0.c. algims, bem como de
coelho domCstico revelou-a como polim6rfic0,
sendo os aleIos PGA*A, PGD*B e PGD*C os mais
frequentes.
A analise da populaqgo do Faial revetou a
existgncia sornente dos alelos PGA*A e PGD*C, tal
como foi verificado para as populaq6es de S. Sorge e
Flores (Tabla 3). 0 que parece apojar a hipdtese
deque as populas6es aqorianas sgo descendenxes do
0.c. algirus do Continente, uma vex que o alelo
PGD*C se encontra em todai estas popula@cs e
muito esporadicamente nas popula~tiesde 0 . c .
cuniculus (Carvalho, B., 1993; Carvalho, G. el al.,
1993).
Fosforilase nucleosidica
0 "locus" NP foi descrito primeiro, como sendo
monomorFictl para as popula~8eseuropeias de
coelho selvagem e domdstico (RICHARDSON et a[.,
1980; SKOW et a1 ., 1978).
Tiguxa 5
-
rrrqu~nciasrclntilas do indicc q u a l i t a t i w
da gordura renal
'abela 8. Frequhcias ggnica i dos +'loci'' analisados para a popula~iiodo Eaial
Lacus
1
ADA
AK
CAI
CA II
I)&
GUK
m
E D
Tabela 9. Frequencias ginicas do locus PGD
Or* m
N
PG D*A
PGDW
Ihler8nch
FA
55
035
0,45
~ s t re ~ a m o
Flora r
34
0,56
0,44
Fonscc tt n h p d l i e d o s
I.
Jorge
43
0,59
0,4 1
ClrwJb, G . &dl; 1993
0 reconhecirnento do polimorfismo neste
"locus" foi descrito posteriormente apenas para as
populac6es ibEricas do coelho selvagem
(CARVALHQ er al, 1992; FERRAND et al., 1992)0 s estudos realizados nas populaqks qorianas
revelam t d a s a existCncia de poljmorfismo (tabela
41, mas as frequencias g6nicas encontradas para as
Ilhas Faial, S. Jorge e S. Miguel sio diferentes das
verificadas para a Ilha das Norm, sendo neste caso
o alelo N P 2 o mais frequente.(Tabela 10)
Desaminase de adenosine
Verificou-se a ocorrEncia de polimorfismo no
"locus" ADA na popula@o do Faial (tabela 111,
contrariamente ao verificado para a populaqBo de S.
Jorge, onde o alelo fixo (ADA"2) 6 o alelo mais
Tabela 10: Frequencias gdnicas do Locus NP.
Orjge m
H
NP*l
N M
Rt f e r k h
Fhhl
58
0,7Q
0,21
Esh twbdho
Fbrcs
40
0,31
OF9
Fonseca d o p d l i e d o s
I.Jorge
47
0,77
0,23
#mIha, G . &a4 1993
B. Migucl
26
0,7 1
0,29
Foue cr ni;o publickaos
N - Tamanho da amostra
TP.L*~- 1 I .
C--qu€ncias g5nica.s do locus ADA.
-
N Tamanho dn amostra
comum para as popular;&s continentais de coelho
selvagem (CARVALHO et d., 1993).
0 ""locus"CA I1 revelou-se como monom6rfico
para a populaq90 de coelho selvagem da llha do
Faial (TabeIa 21, sendo o alelo fixado o mesmo
encontrado para popuIag50 de S. Jorge (CARVALHO
et al., 1993).
0 "locus" CA IT 6 polim6rfico para a popula~Io
0.c, cuniculus e 0.c algirus, apresentando ambos
dois variantes (CAII* 1 e C A I I * ~ ) .Sendo a
frequencia do alelo C A L T *superior
~
nas populagks
de 0.c. algirus relativamente hs de 0.c. cuniculus
{VIEIRA, et al., I992 in CARVALHO et al., 1993).
No "locus" DiA2, n8o se detectou polimorfismo
na populaq50 do Faial (Tabela 2), contrariamente ao
observado para a populaqiio de 5. Jorge (VIEIRA,
1993) onde o p d u t o g6ico D ~ A Z1* surge como o
mais frequente (74%). 0 polimorfismo para este
"locus" apenas e s t i descrjto para as populaqks de
coelho selvagem de Braganqa, Santarem e de S.
Jorge ( V E R A , 1993).
0 s "loci" AK* e GUK* estk a ser estudados
pela 1' ves nas populag6es de cmlhos selvagens dos
Aqores e ati ao momento os estudos indicarn a
existencia de monomorfisrno.
A populaqFto estudada apresenta uma
caracterizaq50 biometrica semelhanre encontrada
nas populaq6es ibiricas de coel ho-bravo, o que vem
confirmar a semelhanqa encontrada pelcrs estudos
gen6ticos destas populaq6es ( E R R A N D , 1993).
0 s resultndos obtidos referem-se apenas a urn
pen'oda do ano pelo que n8o nos t possivel tirar
conclus6es sobre a dinimica da reprodu~Bodo
coelho-bravo da ilha. 0 mesmo se passa no que diz
respeito ao estado de condig50 fisisica dos animais,
No entanto, 6 de salientar o facto de neste pen'odo
do ano os animais ainda se encontrarem em plena
kpoca de reproduglo, o que difere do
camportamento reprodutor que ocorre em
populaqBes do continente.
Por outro lado, esta populaq50 appresenta uma
estrutura etAria corn um predominio de animais
jovens, que, eventualmente, poder6 significar que a
populaqgo se encontra em period0 de recuperaqiio,
apds o acentuado decrkscimo a que foi sujeita,
devido ?t Doen~aH e m d g i c a Viral.
Ao Sr. Antbnio Serafim Caldeira Baptista pela
colabora@o prestada nas colheitas.
Ao ST. Secrethrio Regional da S.R.A.P. peIo
financiamento das despesas inerentes h captura e
tratamento dos especimens colhidos.
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L.&
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