nunca antes na história desse país
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nunca antes na história desse país
Informativo 10 Setembro denº2011 outubro / 2011 Informativo nº 10 NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS... o Africano foi responsável por uma única zoonose até outubro de 2011. “Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.” (Abraham Lincoln) Eu tive uma surpreendente revelação enquanto fazia o fichamento dos artigos para o meu mestrado: o Caracol Africano nunca transmitiu uma única zoonose no Brasil até hoje, Outubro de 2011, muito embora, isso seja possível, em condições muito especiais. O Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822), por exemplo, ainda não foi responsabilizado no país, por um único caso de Angiostrongilíase abdominal, uma enfermidade causada pelo verme A. costaricensis e que tem diversos hospedeiros nativos. Caldeira, Mendonça & Goveia (2007) citam que o verme A. cantonensis, responsável pela Meningite Eosinofílica (ME), a pior enfermidade associada ao Africano, foi provavelmente introduzido no Brasil através de ratos parasitados em navios, pois tanto Cariacica, Vila Velha (ES) e São Vicente (SP) constituem importantes zonas portuárias (p. 888). Para Júnior et al (2010) a distribuição silvestre do A. cantonensis no Brasil é provavelmente o resultado de múltiplas introduções do parasita por ratos contaminados durante o período do Brasil Colônia devido ao intenso comércio colonial com o continente Africano. A descoberta do nematódeo A. cantonensis [...] longe do litoral, na região do Vale do rio Paraíba e a observação da variabilidade morfológica intra-específica dos vermes adultos, corrobora para a confirmação essa hipótese (JUNIOR et al., 2010, p. 940). Nenhum dos quatro casos de ME provocados pelo verme A. cantonensis e descritos na literatura brasileira desde 2007 foram provocados pelo Africano! Em 2007, os dois primeiros casos de ME no Brasil, ocorridos em Cariacica, ES, foram provocados por uma lesma VERONICELLIDAE, Sarasinula marginata (Semper, 1885)(Caldeira; Mendonça & Goveia 2007; Thiengo et al 2010). Em 2008, o caso de Escada, PE, foi provocado provavelmente pelo caramujo límnico nativo Pomacea lineata Spix, 1827, a única espécie encontrada no peri -domicílio do paciente infestada pelo ver- Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 01 (>) Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 02 MOLUSCOS VETORES DE DOENÇAS PARASÍTICAS NO BRASIL (•) Relação sinóptica das doenças parasíticas estudadas, vermes envolvidos e respectivos moluscos vetores ocorrentes no estado de Santa Catarina, SC 1 DOENÇA VERME PARASÍTICO MOLUSCO VETOR Veiculação Hídrica Gastropoda—Pulmonata ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni Biomphalaria Glabrata (caramujo) Incidente Transmissão ativa Homem agente dispersor (Platyhelminthes —Trematoda) Verme chato/plano Digenético B. straminea (caramujo) B. tenagophila (caramujo) (•) Relação sinóptica das doenças parasíticas estudadas, vermes envolvidos e respectivos moluscos vetores ocorrentes no estado de Santa Catarina, SC 2 DOENÇA VERME PARASÍTICO MOLUSCO VETOR (Gastropoda—Pulmonata) Fasciola hepatica (Platyhelminthes—Trematoda) Verme chato/plano Digenético Lymnaea columella (caramujo) L. viatrix (caramujo) Veiculação Hídrica (•) Fonte: AGUDO-PADRÓN (2006 - Com modificações) FASCIOLOSE Incidente Transmissão passiva Homem agente dispersor (•) Relação sinóptica das doenças parasíticas estudadas, vermes envolvidos e respectivos moluscos vetores ocorrentes no estado de Santa Catarina, SC 3 DOENÇA VERME PARASÍTICO MOLUSCO VETOR Veiculação Terrestre ANGIOSTRONGILÍASE Emergente Transmissão passiva Homem não agente dispersor Angiostrongylus costaricensis (Aschelminthes—Nematoda) Verme cilíndrico Belocaulus angustipes (lesma) Bradybaena similaris (caracol) Helix aspersa (caracol/escargot) Phyllocaulis soleiformis (lesma) P. variegatus (lesma) Sarasinula linguaeformis (lesma) Sarasinula marginata* S. plebéia (lesma) Deroceras laeve (lesma) Limacus flavus (lesma) Limax maximus (lesma) Pomacea canaliculata (caramujo) * Espécie não reportada no Estado Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 03 (•) Até agora, a Angiostrongilíase abdominal encontra-se sub-diagnosticada em Santa Catarina, restringindo-se/concentrando-se os escassos registros conhecidos apenas a 2 Municípios Agropecuários Rurais: Nova Itaberaba, próximo à cidade de Chapecó, e São Lourenço d’Oeste, próximo a cidade de Pato Branco, na divisa com o Estado do Paraná, PR, apresentando este último inclusive registros clínicos de óbitos humanos. Áreas endêmicas rurais na região Oeste com transmissão focal da doença, envolvendo confirmadamente pelo menos 2 das espécies de moluscos terrestres. (•) Relação sinóptica de doenças parasíticas com potencial ocorrência, vermes envolvi dos e respectivos moluscos vetores no estado de Santa Catarina, SC DOENÇA VERME PARASÍTICO (Gastropoda— Prosobranchia) Caramujos (•) Fonte: AGUDO-PADRÓN (2006 - Com modificações) Veiculação Hídrica PARAGONIMÍASE HUMANA OU Paragonimus westermani SOLHA DO PULMÃO (Platyhelminthes— Transmissão passiva Trematoda) Homem agente dispersor Verme chato/plano Digenético CLONORQUÍASE Transmissão passiva Homem agente dispersor Clonorchis sinensis (Platyhelminthes — Trematoda) Verme chato/plano Digenético Veiculação Terrestre ANGIOSTRONGILÍASE MENINGOENCEFÁLICA OU MENINGITE Transmissão passiva Homem não agente dispersor MOLUSCO VETOR Heleobia piscium (=australis ) (caramujo) Melanoides tuberculatus (caramujo) Melanoides tuberculatus (caramujo) (Gastropoda—Pulmonata) Caracóis Angiostrongylus cantonensis (Aschelminthes—Nematoda) Verme cilíndrico Achatina fulica (caracol) Sarasinula marginata (lesma)* Pomacea canaliculata (caramujo)* Pomacea lineata (caramujo)* *Ocorrência confirmada no Brasil Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 04 me A. cantonensis. O Achatina transmissão dessas doenças parasí(Lissachatina) fulica apesar de ter sido ticas temos hoje, apenas "caramujos encontrado no local, não esnativos envolvidos", confirmadamentava parasitado pelo A. te, embora eles sejam "aquáticos cantonensis (Thiengo et límnicos"... pelo que valendo em al 2010). tempo aquela sua importante Neste mesmo ano, três dica de "consumo só ameses depois, ocorreu pós passar por panela mais um caso em Perde pressão"... nambuco, na cidade de "consumo cru nem Olinda e que, de acordo pensar", ao estilo com a anaminese médica, do que tradicionalfoi também provocado pemente se faz com lo caramujo límnico nativo as deliciosas Pomacea lineata (Lima "ostras mariet al 2009; Thiengo et al nhas", por exem2010). plo... mas não por Há ainda uma citação feiisso têm que ir à ta por Caldeira(2007, loucura coletiva do p.887) de um óbito 10 diextermínio! :-( as após a ingestão do Africano, mas, infelizmente, Referências: nunca foi publicado, porCALDEIRA, R. L.; MENtanto, não pôde ser conDONÇA, C.L.G.F. & GOsiderado. VEIA, C.O. 2007. First record of molluscs naturally Então, a pergunta que infected with Angiostrongnão quer se calar é: ylus cantonensis (Chen, qual a intenção de 1935) (Nematoda: Metastrongylidae) in Brasil. Mem alguns poucos pesInst Oswaldo Cruz, Rio de quisadores e dos Janeiro, 102(7): 887-889. meios de comunicaDisponível em: <http:// ção, desde 1988, que www.scielo.br/pdf/mioc/ v102n7/5872.pdf>. Acesso difundem o Africano em: 01 out. 2011. como a pior praga do Brasil, como se ele já MALDONADO JÚNIOR, A. et al. 2010. First report of Angitivesse causado muitas ostrongylus cantonensis mortes ou grandes pre(Nematoda: Metastrongylidae) juízos econômicos? in Achatina fulica (Mollusca: Gastropoda) from Southeast Uma célebre frase de and South Brazil. Mem Inst OsAbraham Lincoln diz que "você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo." OBS:. Infelizmente, importante se frisar que na waldo Cruz, Rio de Janeiro, 105 (7): 938-941. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2011. THIENGO, S.C. et al. 2010. The giant African snail Achatina fulica as natural intermediate host of Angiostrongylus cantonensis in Pernambuco, northeast Brazil. Acta Tropica, Rio de Janeiro, 115(3): 194-199. Abstract disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ pubmed/20083081>. Acesso em: 01 out. 2011. ☼ Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 05 A PRESENÇA DO AFRICANO, O PRECONCEITO E A DESTRUIÇÃO DA MALACOFAUNA EM TODOS OS ESTADOS BRASILEIROS Mauricio Aquino, M. Veterinário. simplesmente, Africano, como será chamado neste artigo, veio para ficar, pois posso afirmar agora, complementando as informações repassadas durante a palestra da Dra Thiengo em Fortaleza que, hoje, o africano está presente em todo o país, sem exceções, apesar dos intensos esforços das autoridades para eliminá-lo. Em 2010 já havíamos declarado, Aquino e Agudo-Padrón (2010) sua presença em 25 dos 26 estados brasileiros, baseados em respectivas publicações jornalísticas, com exceção de Roraima mas, os dois estados onde até agora, acreditavase livre desta espécie, de acordo com a palestrante, o Rio Grande do Sul e o Acre, na verdade, já estão infestados. Dra. Maria de Fátima Martins, Dr. José Willibaldo Thomé e senhora e eu. O XXII EBRAM foi o primeiro que participei e desejo transmitir aos organizadores os meus sinceros parabéns; primeiro pela organização impecável, segundo pelo alto nível das participações, em terceiro pela belíssima cidade escolhida para sediar o evento e, finalmente, por aceitar em seu quadro de participantes, profissionais de distintas áreas, como eu! No Rio Grande do Sul, o geógrafo e malacologista Ignacio Agudo cita a existência de populações bem estabelecidas do Africano no município de Torres, na divisa com Santa Catarina (SC), informações estas repassadas para a Dra Mansur pouco antes do seu mini curso sobre Invasores Continentais ofertado no EBRAM 2011; já no estado do Acre, Oliveira (2008) relata a sua ocorrência em Acrelândia, a primeira cidade planejada do Acre, que faz limite ao norte com Amazonas e Rondônia, ao sul e a sudoeste com o município de Plácido de Castro, a leste com a Bolívia e a oeste com o município de Senador Guiomard, desde 20 de março de 2008. Da mesma forma que uma paisagem pode adquirir aspectos surpreendentemente diferentes se Interessante que muita gente culpa, exclusivaapreciada de ângulos distintos, esta analogia pode mente, os criadores do Africano pela grande infesadequar-se a ciência, por exemplo: diferentes profissionais podem sugerir diferentes soluções para um mesmo problema. No meio científico costuma-se definir o especialista como o profissional que sabe muito sobre quase nada! Claro que é uma piada de pesquisador, mas que no fundo, não deixa de ser o reconhecimento de uma verdade, por isso, o conceito de interdisciplinaridade é tão contemporâneo. Em Fortaleza, por exemplo, o painel sobre a nova metodologia de criação intensiva de caracóis trará benefícios para muitos pesquisadores da área que, a partir de agora, associarão praticidade para a manutenção dos caracóis em ambiente de laboratório observando a questão do bem estar animal. Este novo método foi desenvolvido por mim, um médico veterinário e serve exemplificar um das vantagens da interdisciplinaridade. Não resta dúvida de que o caracol africano, ou Dra. Thiengo (uma das maiores especialistas em patologia helicícola do país). Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 06 que hoje, afirmo, tomou todo o país, simplesmente, acusando esse segmento de ter abandonado seus plantéis na natureza devido à falta de mercado. Mas o que ninguém comenta é que em São Paulo, estavam para ser inauguradas antes da proibição da criação do Africano, cooperativas que, de acordo com Aquino (1989) iriam resolver o maior de todos os problemas dos criadores de caracóis no Brasil, a falta do mercado.É visível o esforço para caracterizar a espécie como non grata no Brasil e foi exatamente por isso que os criadores ameaçados criminalmente e portanto, revoltados, simplesmente desfizeram-se dos seus plantéis da forma mais rápida conhecida, jogando -os fora. Logo, a culpa não pode e nem deve ser atribuída apenas aos criadores, ou ao governo que proibiu a criação do Africano que até então estava confinado em caixas mas, principalmente, aos técnicos que atacaram a atividade desde o início, os que usaram a imprensa para difundir suas “impressões”, aos que correram atrás dos seus 15 minutos de fama, paramentados em peles de “heróis sanitários”. Em nenhum momento houve uma preocupação que esta proibição criaria, como a “malacofobia”, por todo o país. Há um consenso no meio malacológico de que a "Campanha Pública Terrorista" conduzida desde o ano de 2003 " ‘Pro Erradicação do Achatina (Lissachatina) fulica no Meio Ambiente do Brasil’ têm como reflexo, a imediata e indesejável aceleração do processo de extinção das nossas espécies nativas de caracóis terrestres, a tempo ameaçadas pelas diversas ações antrôpicas que agridem o nosso meio ambiente natural, especialmente os representantes específicas das Famílias BULIMULIDAE, STROPHOCHEILIDAE e MEGALOBULIMIDAE, muitas delas formas raras, endêmicas e no geral muito pouco conhecidas cientificamente até hoje.” (AGUDO-PADRÓN, 2011) fico que se perpetuam na mídia através de discursos apocalípticos. No momento estou desenvolvendo pesquisas em zooterapia com o muco do Achatina fulica, seguindo os passos da Dra Maria de Fátima Martins, da USP, pois tenho convicção de que sua fisiologia pujante, aperfeiçoada ao longo de 150 milhões de anos pela seleção natural, possa, sinceramente, trazer benefícios práticos para auxiliar o homem em suas necessidades". Reflitamos sobre o assunto, afinal, somos animais racionais, verdade? ☼ Escargot X Picanha: qual é sonho e qual é realidade. Foto do saudoso artista brasileiro, Mazzaropi. Pois bem, de lá para cá, outras sandices foram divulgadas, entre elas, a difusão em larga escala de inverdades que definiram o Africano como espécie não comestível ou vetor de grande especificidade e responsável pela transmissão de um significativo número de casos de Meningite Eosinofílica e Angiostrongilíase Abdominal, como se ele fosse o único capaz de transmití-las em todo território nacional. Os Africanos são comestíveis como a maioria das espécie exótica introduzida no país como os bovinos, suínos, caprinos, ovinos, avestruzes, javalis, tilápias, pombos, abelhas... enfim, a lista é grande... e podem, como todas elas, transmitir, em condições especiais, zoonoses, inclusive fatais. No entanto, divulgar a forma de abate ideal ou o seu correto preparo para o consumo, colaboPainel apresentado no XXII EBRAM, 2011, em rando para a preservação das espécies nativas e Fortaleza, Ceará: Novo Manejo Zootécnico Malacocultor para a Criação de Caracóis (Mollusca, Gastropoda, para o controle do Africano, parece mais fácil do Pulmonata) em caixas. conter o ego de poucos narcisistas do meio cientíInformativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 07 A IMPRENSA: O PIOR INIMIGO DA MALACOFAUNA MUNDIAL Nas fotos das imagens exibidas podemos visualizar diversos caracóis nativos sacrificados no meio dos caracóis africanos, um preconceito que se alastra rapidamente, em todo o mundo e contribui para o empobrecimento do planeta O Portal G1 Globo publicou ontem, dia 06, uma matéria sobre a invasão de caracóis em Sergipe: veja a reportagem em: http://glo.bo/r2p1sT “A praga tomou conta dos laranjais nos municípios de Boquim, Lagarto e Salgado, na região sul de Sergipe. Os caramujos se alimentam dos frutos e das folhas das árvores e destroem as mudas. A cada dois meses um caramujo põe cerca de 200 ovos. Cinco meses depois, os filhotes se tornam adultos e começam a se reproduzir. O caramujo africano foi introduzido ilegalmente no Brasil na década de 80 por criadores que desejavam utilizá-lo como alternativa para a criação de escargot. Com o abandono das criações e fugas acidentais, os moluscos se dispersaram e hoje são encontrados em quase todos os estados. Sem informação sobre como combater os caramujos, os citricultores de Sergipe se desesperam. Poucos têm condições de pagar por uma assistência técnica particular para resolver o problema. O secretário de Agricultura de Sergipe, José Macedo Sobral, informou que a secretaria está organizando palestras para orientar os agricultores dos municípios infestados pela praga. O secretário também afirmou que agentes de saúde ajudarão no combate ao caramujo.” (G1, 2011) (>) Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 08 (>) Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 09 Os caracóis, como qualquer outro ser vivo do planeta, possuem um papel no ecossistema que apenas começamos a querer compreender. Infelizmente, o radicalismo adotado pelos serviços de saúde no Brasil, recomendo a erradicação do Africano há anos, vem causando perdas irreparáveis à malacofauna brasileira. Recentemente, o médico veterinário uruguaio Miguel de Bethencourt, exibiu uma foto de um Africano que causou muita confusão entre os maiores especialistas brasileiros. O malacologista Ignacio Agudo (RS) difundiu a foto da concha do Achatina fulica uruguaio entre os seus colegas brasileiros, para todos participassem de sua identificação e o resultado não poderia ter sido mais curioso: ninguém identificou o Africano corretamente, confundindo a sua concha com o caracol nativo do gênero Megalobulimus sp. De acordo com MS Bethencourt, “cuando se realizó la experiencia con los Achatinas en Uruguay, nunca pensamos que se iba a producir tanto revuelo. Una foto publicada en el blog http:// caracolesuruguay.blogspot.com/ bajo el título Achatina, llevó a que varios técnicos en moluscos me escribieran, comentando que no parecía un Achatina. Realmente no parece un Achatina, pero era el único caparazón de los Achatinidae que tenía en mi poder. Como en general tiendo a que las fotografías que acompañan mis publicaciones sean de ejemplares colectados o criados por nosotros y dado que lo criamos desde huevo podemos asegurar que realmente es un juvenil de esa familia. La coloración no es la típica y presenta un diseño muy especial. Tal vez pueda deberse a las condiciones en que fue criado, sin luz natural, o por el estrés sufrido por las bajas temperaturas, etc. Las especulaciones pueden ser muchas, pero el hecho es que el animal existió y su caparazón es el que Ud. ven. Dado que una imagen vale por mil palabras, acompañan este texto fotos de la concha del ejemplar solo y fotos de la misma comparándola con la de un Megalobulimus. La similitud es extraordinaria.” Não tenho como precisar onde surgiu no Brasil a primeira crítica ao Achatina fulica que gerou até hoje, ao longo de mais de 20 anos, tantos prejuizos a nossa malacofauna, mas posso garantir que a imprensa vem contribuindo fundamentalmente para difundir esse preconceito equivocado não só para o Brasil, mas para para todo o mundo. Fiquei ainda mais preocupado quando soube que agora, o jornalista não precisa mais ter nível superior para exercer a sua profissão! Moral da estória: se nem os especialistas souberam identificar um Achatina fulica, como podemos esperar que a população leiga entenda a diferença? Achatina Foto de Miguel de Bethencourt Achatina fulica (esq.) e o Megalobulimus sp. (direita) Achatina Foto de Miguel de Bethencourt Achatina fulica (esq.) e o Megalobulimus sp. (direita) Achatina Foto de Miguel de Bethencourt Achatina fulica. (acima) Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 10 COMUNICAÇÃO PESSOAL AUTORIZADA: ATENÇÃO From: Ignacio Agudo To: [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] Cc: [email protected] ; [email protected] Sent: Thursday, October 06, 2011 12:17 AM Subject: ALERTA VERMELHO EM PAUTA --- Confusão evidente de "Achatina" com espécies nativas & "Barreira natural" no Bioma PAMPA ...! ATENÇÃO -- ATENÇÃO ... ... ... Em tempo, um "Arrazoado URGENTE" a seguir, mesmo que acho deverá (... deveria !) ser levado em consideração - e "muito a sério daqui pra frente" - pelos técnicos pesquisadores e "especialistas" do Brasil e da América do Sul em geral: +++ Pelo menos na "Região Central Norte do Cone Sul" da nossa América ficou claramente evidenciado, através da valiosa experiência, fotografias e declarações sopesadas do destacado Médico Veterinário e Técnico Malacocultor/ Helicicultor Uruguaio Miguel de Bethencourt, que a espécie de caracol exótico invasor africano Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822), por razões biotécnicas ainda não esclarecidas/ estabelecidas, pode: ... ... 1.- Apresentar "radicais" variações fenotípicas adaptativas/ mutações à nível conquiliológico que virão a "confundir" ainda mais dita espécie exótica invasora com as nossas espécies de caracóis nativos endêmicos. Embora esta possa representar uma "situação isolada", nunca antes reportada até onde sabemos, e conveniente e URGENTE levar este fato em consideração para os efeitos da correta diferenciação entre as espécies (... de fato, Achatina fulica já é "facilmente" confundido em campo com diversas espécies nativas endêmicas, à diversos níveis: ... público leigo, naturalista, técnico, especialista !), o que exige imediatos e redobrados cuidados quanto à destruição de animais visando fins de controle/ erradicação. ... 2.- Existir (... o que ao parecer já é um fato !) uma "barreira/ barragem natural", de ordem ambiental ainda não determinada (... basicamente climática ??? ... ou também co-relacionada aos tipos de solos e formações vegetais regionais ???), entre o Bioma PAMPA (... que domina os espaços geográficos do Uruguai na sua totalidade, a maior porção da Argentina e o Extremo Sul do Brasil !) e o território limítrofe do Bioma MATA ATLÂNTICA (... este último já invadido pela espécie em questão no Cone Sul - territórios do Brasil, Paraguai e Argentina !). "... a situação ventilada, caso confirmada, poderá vir AGRAVAR AINDA MAIS o inconsciente e "precipitado" processo antrópico/ campanha terrorista pública em andamento, ocasionando acelerada EXTINÇÃO dos nossos já sofridos e muito pouco conhecidos/ estudados caracóis terrícolas nativos endêmicos, em significativa contravenção ao que os "especialistas" vêm - a muitos anos já - denunciando e advertindo. “... Opino que tá na hora dos "setores" unir / combinar esforços e, conjuntamente, decidir de vez quais os CAMINHOS a ser trilhados daqui para frente - no futuro imediato, em benefício tanto da nossa AMEAÇADA BIODIVERSIDADE NATIVA quanto da SAÚDE FÍSICA E PSÍQUICA DOS NOSSOS POVOS (... historicamente sofridos e despreparados !) que precisam URGENTEMENTE, mais do que apavorantes e "amarelístas" conflitos públicos, de sólidas e imediatas SOLUÇÕES COLETIVAS ... de cunho prático, sopesado, realista e integrador ...". Considerar emergencialmente os pontos de vista deste "arrazoado" e dar-lhes a devida "divulgação técnica e popular" é tarefa que amerita urgente participação por parte de todos nós !!!! (>) Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 11 NOTÍCIAS-MALACOLÓGICAS. Caramujos africanos causam prejuízo a produtores de laranja de Sergipe—SE. Disponível em: <http://noticiasmalacologicas-am.webnode.pt/news/caracoisterricolas-nativos-abatidos-indiscriminadamenteem-conjunto-com-exoticos-africanos-nonordeste-do-brasil-/ > Acesso em: 08/10/2011 Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 12 Un maestro de Uruguay MSc Miguel de Bethencourt Facultad de Veterinaria Montevideo - Uruguay [email protected] "La vida de cualquier animal es mucho mas valiosa que la de aquel humano que es capaz de torturarlo" De los caracoles exóticos, son pocos los que se han adaptado en el Uruguay:entre ellos los más notables son (Scarabino 2003) : Cryptomphalus aspersa (Helix aspersa) es la especie que más fácilmente se aclimató a la región. Está distribuido en todo el país, siendo un animal cosmopolita, habitando más que nada en jardines, cementerios y parques. No se ven en el campo, ni en las plantaciones de eucaliptus ni de pinos. El Otala lactea se encuentra en toda la costa atlántica en las zonas de playa, y se pueden ver prendidos a los escasos y duros pastos de las dunas. En Montevideo ha ido desapareciendo y salvo algún parque o cementerio cerca de la playa, no se ven con frecuencia, mientras que en el departamento de Rocha, es bastante abundante. El Rumina decollata ha sido detectado en jardines en la ciudad de Montevideo. Se supone que debe de haber llegado con algunas plantas importadas de Europa. Por comentarios personales, se sabe que ingresaron a Uruguay, en diversas oportunidades, ejemplares de Helix pomatia. En todos los casos tuvieron dificultades para adaptarse y desaparecieron en poco tiempo. En el año 1996 ingresaron a Uruguay 200 huevos de Achatina, supuestamente Achatina fulica. Estos huevitos, de color fuertemente amarillo, se incubaron en cajas plásticas con algodón humedecido en agua. A las dos semanas eclosionaron 182 alevines en la Facultad de Veterinaria de Montevideo. Los animales se criaron en recipientes de vidrio, humidificando y limpiando diariamente y manteniéndose a temperaturas no inferiores a 15ºC. Se suministró alimento a base de concentrados, la misma fórmula utilizada para los C. aspersa, con un 17% de proteína, suplementando con zanahoria y a veces con col y lechuga frescas. El crecimiento fue muy lento y la mortalidad de alevines en el primer mes fue de 122 ejemplares, representando el 67%de la población, quedando solo 60 animales. En los dos meses siguientes continuó la mortandad, sobreviviendo solo 7 ejemplares. Se extremaron los cuidados con los escasos sobrevivientes, pero ya en invierno fue muy difícil mantener las temperaturas por encima de los 15ºC y continuaron muriendo. Al completar los 9 meses de la eclosión, murió el último de los animales, con un peso de 38g sin llegar al estado adulto. Se necropsiaron 4 de los más grandes y no encontramos lesiones (al menos visibles) en los órganos más importantes, solo pérdida de masa corporal (no llegaban a llenar su caparazón). Dado que la temperatura a la que se criaron los animales, variaba diariamente entre 15ºC y 25ºC, se adjudicó al estrés provocado por dichas variaciones de temperatura, la mortalidad de los animales. La experiencia sirvió para demostrar la gran dificultad que existen en nuestro país para criar dicha especie, habituada a condiciones de mayor temperatura. A pesar de que en el trabajo de Borrero y cols. (2009) se cita el sur del Uruguay como una región en la que podría existir una escasa posibilidad de ser colonizada por el Achatina fulica creemos que las altas variaciones que se registran diariamente, sumado a los períodos de heladas en que a nivel del suelo la temperatura es de 0ºC o inferior, hacen muy difícil que esta especie se pueda aclimatar en el país. Analizando los resultados, tomando los datos de la publicación de I. Agudo (2011) en la que divide la región en diferentes biomas, todo daría a indicar que sería totalmente improbable que la especie lograse distribuirse en todo el bioma Pampa. Referencias Bibliográficas: - BORRERO, F.J.; BREURE, A.S.J.; CHRISTENSEN, C.C.; CORREOSO, M. & ÁVILA, V.M. 2009. “Into the Andes: three new introductions ofLissachatina fulica (Gastropoda, Achatinidae) and its potential distribution in South America”. IUCN/ SSC Mollusc Specialist Group Newsletter TENTACLE, (17): 6-8. - AGUDO-PADRÓN, A.I . 2011. “Ocorrência de moluscos límnicos na localidade de “Rincão Gaia”, Município Pântano Grande, Microrregião Vale do Rio Pardo, RS, no Pampa Gaúcho” Projeto “Avulsos Malacológicos – AM”, Florianópolis SC, Brasil http://noticias-malacologicasam.webnode.pt/. - SCARABINO, I. 2003. “Lista sistemática de los gastrópodos terrestres del Uruguay”Comunicaciones de la Sociedad Malacológica del Uruguay Vol. 8 nº 78/79 pp203-214. Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 13 O AFRICANO ES UMA EXCELENTE OPCIÓN ALIMENTARIA ADEMÁS DE SER UM AFRODISÍACO Opinión del Dr. Alfonso Ordosgoitti Franceschi (especialista e investigador de caracoles comestibles del INIA). Diario El Aragueño el lunes 22 de octubre de 2007, para calmar el pánico infundado a los habitantes de Maracay, por las opiniones negativas dadas en relación al gigante de la tierra. Caracol gigante africano No representa peligro para la comunidad: No debe exterminarse, más bien debe aprovecharse para obtener proteínas en sustitución de los productos como carne y pollo. Hago un llamado a la colectividad, en especial a las de El Limón y el Castaño, para advertirles que la proliferación del caracol gigante africano, Achatina fulica, no representa ningún peligro para la comunidad. Se ha difundido entre la opinión pública que el caracol gigante africano, originario de África Oriental y Ecuatorial, representa un peligro para la comunidad, por el contrario este caracol ha servido de alimento para muchos africanos, europeos y asiáticos desde hace mucho tiempo e incluso se consumió en grandes cantidades durante la Segunda Guerra Mundial, como sustituto de la carne de res. A. fulica no es un enemigo de la humanidad, es un gran aliado si aprendemos a convivir con él. En el período lluvioso su proliferación es notoria y eleva su reproducción. nar su exterminio, los Organismos Competentes, deben elaborar un proyecto de investigación y de transferencia tecnológica para criarlos y así aprovechar las virtudes de A. fulica, sería diferente! Receta criolla a la Achatina Ingredientes: • • • • • • • • 1 Kg de carne de caracol sin hepatopáncreas 2 cebollas Ají dulce 3 cabezas de ajo criollo 2 cubitos 3 papas grandes 1 copa de vino Sal al gusto Hacer un guiso y cocinar durante 20 minutos, servir con aguacate y arepa. Bióloga Liboria Matinella 27/09/2011, con adaptaciones Regenerador de la piel: Este caracol no se debe exterminar sino más bien controlar su reproducción, para procesarlo y extraer de la secreción mucosa, alantoína, colágeno y elastina. Importancia económica: Es una especie voraz, se alimenta de muchas especies vegetales, pero en vez de promocioInformativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 14 La fauna molusca dulceacuícola autóctona de Venezuela e implicaciones de las especies introducidas molusco en cuestión, como un transportador mecánico de diferentes helmintos de interés en salud pública, y aunque es una plaga agrícola, puede ser utilizado como un indicador de infecciones parasitarias en una comunidad. No debe considerarse una especie que enferma a la población, por cuanto se requiere un perfecto acoplamiento y esencialmente la introducción del nematodo para el desarrollo del ciclo de Angyostrongilus spp. Otros caracoles dulceacuícola del género Thiara, originarios del Medio Oriente y Africa del Este, introducidos al país para el Dra. Liboria Martinela control biológico de Biomphalaria glabraEl Filo Mollusca incluye más de cien mil es- ta, son excelentes hospedadores de la Parapecies de caracoles, que están agrupados gonimosis, patología ahora presente en Veen ocho clases: Caudofoveata, Cephaló- nezuela y reportada en humanos. poda, Bivalvia, Galeroconcha, Gastrópoda, Placóphora, Scaphópoda y Soleno- Para implementar las estrategias de prevengastres, estas clases están ampliamente ción vigilancia y control en los caracoles, es distribuidas; habitan en el fondo de los oc- indispensable conocer nociones de su moréanos, áridos desiertos, aguas dulces, trópi- fología, modo de vivir y relaciones con el cos húmedos y cimas de las montañas. parásito. Estas medidas servirán para disminuir la densidad poblacional de los mismos, La mayoría de los moluscos son formas li- pero difícilmente para exterminarlos. bres que se arrastran o bien que viven enterrados. Todos tienen cuerpos blandos, y la Liboria Matinella, Bióloga mayoría de las especies están protegidas por conchas duras o exoesqueletos. En Venezuela la fauna molusca autóctona dulceacuícola es conocida, así mismo los beneficios, y la relación parásito- hospedador intermediario que afecta la salud humana y animal. En lo que respecta a las especies introducidas en el país, se han realizado diferentes estudios los cuales han demostrado la dificultad para su erradicación. Tal es el caso del caracol terrestre Achatina fulica, originario de África Ecuatorial Oriental que ha invadido diferentes estados del país por el traslado humano a través de mercancía. Matinella, y cols. 2010, han reportado al Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 15 Conducta de Achatina fulica Dra. Liboria Martinela La notoriedad del caracol gigante de la tierra Achatina fulica en las proximidades del domicilio humano fue desapercibida por muchos años. En Venezuela, se conocen casos de tenencia de Achatina spp. como mascota y ornamento natural de jardines o para curar lesiones en la piel. Sin embargo, a mediados del año 2007 hasta la actualidad algunas informaciones mostraron solamente la parte negativa de A. fulica, lo que creó una resonante alarma en la población de Aragua-Venezuela, quienes comenzaron a realizar constantes denuncias por la presencia de caracoles (de cualquier especie) en sus jardines viviendas y cultivos. Esta situación comprometió a muchas Instituciones y a las Comunidades Organizadas, a realizar reuniones con el objetivo de promover la participación de cada Organización de acuerdo a su competencia. En tal sentido, se priorizó sensibilizar a la población, identificar los sectores infestados, atender la proliferación en cultivos, conocer la relación con el domicilio humano, implementar ensayos a nivel de campo y laboratorio y establecer normas y procedimientos técnicos para la prevención, vigilancia y control del caracol A. fulica. En base a estas experiencias se mencio- nan algunos logros alcanzados: a) Se elaboró un manual de Normas y Procedimientos Técnicos para la Prevención Vigilancia y Control de A. fulica, b) Se implementaron las estrategias para la prevención, vigilancia y control de A. fulica, las cuales se dividieron en cuatro etapas: Informativa, Organizativa, Operativa y Evaluativa. c) Se elaboraron formatos para: la recolección de caracoles, levantamiento de índice de infestación (búsqueda activa) y recepción de denuncias (búsqueda pasiva). d) En el Laboratorio Malacológico, se realizó el diagnóstico parasitológico de la materia fecal y se creó la técnica de “Verificación Directa” (Foto a) para analizar la secreción mucosa de A. fulica, (con la importante observación que no se evidenció la larva infectante L3 y no todas las muestras recibidas pertenecían a la especie A. fulica. e) Se colectaron muestras biológicas en campo y los caracoles fueron mantenidos en “hábitat simulado” (Foto b) en un área aledaña al Laboratorio Malacológico. Entre los ensayos realizados es interesante citar el que se muestra en la Foto c), donde se observa que los caracoles rodean el tallo de la planta pero no suben, por tanto podría ser de utilidad para proteger los cultivos u otras plantaciones de la apetencia de los caracoles. Otro ensayo realizado conjuntamente por la Dirección Control de Vectores Reservorios y Fauna Nociva (Laboratorio Malacológico) y el Instituto Nacional de Salud Agrícola Integral (INSAI), resultó no efectivo, para tal propósito, por cuanto los caracoles son capaces de consumir la cal hidratada sin sufrir daños aparentes y como se observa en la Foto d para superar la barrera con cal, un primer caracol segrega la baba que le permite a sus compañeros avanzar en busca de alimento y expandirse por toda el área. Maracay, 04/09/2011 Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 16 (>) PARADIGMAS RUINS Por WALTER CRUZ “Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..." Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo... ‘É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE QUEBRAR UM PARADIGMA’. (Albert Einstein)” ☼ Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 17 Fome X Ignorância Mauricio Aquino / www.CaramujoAfricano.com / [email protected] A fome pode ser classificada em aguda, que é momentânea e a crônica, que é permanente e ocorre quando não consumimos, diariamente, o suficiente para a manutenção de nosso organismo. Um bilhão de pessoas, quase um sexto da população mundial, sofria de desnutrição em 2009, de acordo com Martins (2009, p.1) e embora o Brasil seja o quarto maior produtor mundial de alimentos, produzindo 25.7% a mais do que necessitamos para alimentar nossa sua população, ele também ocupa, entre todos os países no mundo, o 6° lugar em subnutrição. “A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que anualmente desperdiçamos 26 milhões de toneladas de alimentos no país. O montante seria suficiente para alimentar 35 milhões dos cerca de 72 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, em situação de insegurança alimentar.” (ECODEBATES, 2009) De acordo com a FUNDAMIG (2009, P.1) o desperdício diário equivale a 39 mil toneladas de alimentos, quantidade suficiente para saciar a fome de 19 milhões de brasileiros, com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar. “A Bahia é o estado brasileiro com a maior concentração de pessoas em situação de extrema pobreza (2,4 milhões), de acordo com dados Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. [...] Os três estados com maior número de pessoas em extrema pobreza estão no Nordeste - o segundo é o Maranhão (1,7 milhão) e o terceiro é o Ceará (1,5 millhão). O Pará, na região Norte, é o quarto (1,43 milhão). O quinto é Pernambuco (1,37 milhão) e, em sexto, está São Paulo (1,08 milhão). [...] O ministério informou que o Brasil tem 16,27 milhões de pessoas nessa condi- ção.” (WSCOM, 2011) O estado de Alagoas aparece em 10º lugar e segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, temos 633.650 pessoas em extrema pobreza, o que representa 20.3% da população total do estado. (CALHEIROS, 2011) Para que o governo possa assegurar segurança alimentar para toda a sua população, de acordo com o Bancodealimentos (2011, p.1), é importante discutir-se várias causas: cidadania; distribuição igualitária de alimentos e combate ao desperdício; superação da pobreza; escolaridade e saneamento básico; inserção social; geração de renda; quantidade e qualidade da alimentação. Uma educação de qualidade, pelo menos em minha opinião, é prioridade entre todas as outras, pois dar o peixe ajuda a matar a fome, mas não ensina ninguém a pescar, contribuindo apenas, para a perpetuação do assistencialismo em favorecimento da miséria, o que só beneficia a curto prazo, a classe política dominante que, tradicionalmente, manipula esses eleitores na base do toma-lá-dá-cá. Mas até que possamos colher os frutos da conscientização social em prol da segurança alimentar, o caracol africano, que a imprensa vem alardeando como uma praga nociva, na verdade, engendra algumas das qualidades essenciais para minimizar a desnutrição do país: abundância e alto valor nutricional. O Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822) encontra-se hoje ocupando todos os Estados da União, confirmadamente desde o Roraima, RR até o Rio Grande do Sul, RS. Dos sete (7) Biomas biogeográficos de terra firme ocorrentes no Brasil, apenas o "Bioma Pampa" é o único ambiente natural que "ainda" não foi invadido pelo caracol exótico africano Achatina Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 18 Localização geoespacial do Bioma PAMPA na América do Sul (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822). A sua Distribuição mais "Meridional" (ao Sul) no Continente da América do Sul encontra-se justo no Brasil, na cidade e Município de Torres, RS, domínio da Mata Atlântica limítrofe com o Bioma Pampa. Os registros conhecidos da espécie para os vizinhos países do Paraguai e da Argentina também correspondem ao domínio da Mata Atlântica. (AGUDO-PADRÓN, 2011) Em setembro deste ano participei do encontro brasileiro de malacologia, que reuniu os maiores nomes do país no XXII EBRAM – 2011, em Fortaleza e durante um dos debates, sugeri que o caracol africano, presente hoje, em todos os estados brasileiros, poderia constituir-se numa alternativa alimentar de excelente qualidade, capaz de minimizar a desnutrição das comunidades mais carentes e para isso seria necessário apenas, eliminar-se o preconceito alimentar. Esta prática contribuiria ainda para o eficiente controle do Caracol Africano, como vem ocorrendo, contemporaneamente, na China. Não é preciso dizer que a sugestão gerou um debate exaltado entre eu e alguns pesquisadores que fingem desconhecer a realidade da fome no Brasil. Atualmente, o Brasil lidera o processo de extinção de "caracóis nativos endêmicos" no continente sul-americano, muitos deles ameaçados de extinção devido a ação antrópica. Mas essa situação começa a mudar, pois há um consenso quase generalizado de que a "Campanhas Públicas Terroristas - Doentias e Mal Conduzidas" desde o ano de 2003 "Pro Erradicação do Carol Africano (Achatina fulica) no Meio Ambiente do Brasil” têm como reflexo, a aceleração do processo de extinção das nossas espécies nativas de caracóis terrestres, especialmente os representantes específicas das Famílias BULIMULIDAE, STROPHOCHEILIDAE e MEGALOBULIMIDAE, muitas delas formas raras, endêmicas e no geral muito pouco conhecidas cientificamente até hoje. E o pior é que o Brasil, com suas dimensões continentais e aparente desenvolvimento, Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 19 vem influenciando seus "vizinhos territoriais" a seguir a mesma trilha desastrosa (AGUDO-PADRÓN, 2011) Mesmo assim outras sandices vêm sendo praticadas, entre elas, a difusão em larga escala de inverdades que definem o Africano como espécie não comestível, como hospedeiro intermediário responsável pela transmissão de um significativo número de casos de Meningite Eosinofílica, como se ele fosse o único capaz de transmiti-las no país ou até identificála como transmissora da esquistossomose, uma gravíssima doença transmitida por outro gênero de molusco nativo. Resumidamente, podemos citar, que até hoje, outubro de 2011, o Africano (Achatina fulica) ainda não foi responsável pela transmissão de nenhuma zoonose no Brasil, 23 anos depois da sua introdução no Brasil. Todos os quatro casos de Meningite Eosinofílica, por exemplo, estão associados à ingestão de outros moluscos crus. Além do Caracol Africano, outros moluscos têm sido apontados como hospedeiros intermediários do A. cantonensis: Sarasinula marginata, Subulina octona, Bradybaena similaris. Mas devem existir muitos outros, pois, de acordo com Thiengo et al., (2010, p.198) o A. cantonensis e outras espécies congêneres como o A. costaricensis tem baixa especificidade em relação aos seus hospedeiros intermediários e vários moluscos terrestres e aquáticos tem sido encontrados naturalmente infectados. Outra revelação é a citação de Maldonado Júnior et al. (2010) que sugere que a distribuição silvestre do A. cantonensis no Brasil seja fruto, provavelmente, de múltiplas introduções do parasita desde o período colonial, devido ao intenso comércio existente na época que favoreceu a intro- dução de ratos infestados pelo parasita. O mesmo ocorreu com outro parasito exótico, o Schistosoma mansoni Sambon, 1907, que também chegou ao Brasil com os escravos africanos trazidos pela Colônia Portuguesa (Pompeu 1986: 102; Pivetta 2003; Amaral 2005 apud AgudoPadron, 2006) que é responsável, todos os anos por centenas de óbitos apenas no Brasil. Logo, tudo leva a crer que a ME é uma enfermidade muito rara, pois já deveríamos tê-la diagnosticado anteriormente no Brasil já que o parasito e os seus hospedeiros intermediários estão aqui há séculos. Este é mais um argumento que me leva a sugerir o uso do Caracol Africano como alimento para a população e como forma de controle populacional. Fagbuaro (2006, p.688) assegura que o Caracol Africano é uma boa fonte de proteínas (18 ~ 21%) onde na Nigéria, um único caracol pequeno, com 25 gramas, fornece 45% da necessidade diária de PTN de uma criança. Hoje em dia, caracol é uma parte significativa e essencial da dieta diária de várias tribos no litoral nigeriano. O caracol é rico em minerais como zinco, magnésio, cálcio, fósforo, potássio, sódio e ferro. De acordo com Bender (1992) o ferro presente na carne de caracóis é 35% absorvido pelo nosso organismo, contra 1 ~ 10% do ferro presente em alimentos de origem vegetal. No Brasil, em 2009, registrou-se 139 mortes por anemia apenas por carência de Ferro, portanto, o consumo do Caracol Africano não só é recomendável, mas pode minimizar a desnutrição milhões de jovens e adultos em nosso país e, quem Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 20 alimentar-e-desafio-em-alagoas/> Acesso em: sabe salvar milhares de vidas. 26/09/2011. Mas para isso, o preconceito generalizado contra o caracol africano deve ser comba- ECODEBATE. Volume de alimentos desperditido com todas as armas disponíveis. çados no país alimentaria 35 milhões de Dessa forma o copo meio vazio seria visto pessoas. Disponível em: <http:// como meio cheio e com esta simples acei- www.ecodebate.com.br/2009/01/23/volumede-alimentos-desperdicados-no-paistação da realidade, estaríamos transforalimentaria-35-milhoes-de-pessoas/> Acesso mando um problema, numa solução. em: 26/09/2011. “Não se chegará jamais à paz com o FAGBUARO, O. et.al. Nutritional status of mundo dividido entre a abundância e four species of giant land snails in Nigeria. Journal of Zhejiang University SCIENCE B. a miséria, o luxo e a pobreza, o desNigériga. 2006 7(9):686-689. Disponível em: perdício e a fome. É preciso acabar <http://www.springerlink.com/content/ com essa desigualdade social”. v2x3643157735442/> Acesso em: 23/09/2011 Josué de Castro Referências: FUNDAMIG. A lixeira não sente fome. Disponível em: <http://www.fundamig.org.br/2009/ index.php?pg=ver_informativo&id=259> Acesso em: 28/09/2011 AGUDO-PADRÓN, A. Ignacio. Projeto "Avulsos Malacológicos - AM", Florianópolis/ SC, MALDONADO JúNIOR, Arnaldo et al. 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Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, que concentra maioria de pessoas nessa condiv. 102, n. 7, p.887-889, nov. 2007. Mensal. ção. Disponível em: <http:// www.wscom.com.br/noticia/brasil/ CALHEIROS, Valdete. Segurança Alimentar é BAHIA+E+ESTADO+COM+MAIS+MISERAVEIS desafio em Alagoas. Disponível em: < http:// -105729>. Acesso em: 26 set. 2011. ☼ www.ojornalweb.com/2011/09/25/segurancaInformativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 21 Informativo AchatinaNews n° 10 / Outubro /2011 / p. 22 Print out this poster and publish in your university or department. Thanks.
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