informativo 8 caracois

Transcrição

informativo 8 caracois
Informativo nº 8 / Junho de 2011
www.caramujoafricano.com / [email protected]
EDUCAÇÃO E CIDADANIA: A MELHOR PROFILAXIA
CONTRA AS DOENÇAS E A IGNORÂNCIA
Mauricio Aquino / Méd. Veterinário / Especialista em Docência para o Nivel Superior / Mestrando em Ciências da Saúde
Com a expulsão dos jesuítas no século XVIII o rumo da
educação no Brasil ficou comprometido; como consequência imediata desta perseguição política foram fechados 50
colégios e interrompidas atividades educacionais em inúmeras aldeias indígenas, retardando até os dias de hoje, a
educação das classes desfavorecidas.
Quando pessoas instruídas conversam, contemporaneamente, sobre as origens dos problemas comuns à comunidade, seja numa festa, num restaurante, na beira da praia
ou numa sala de aula, a conclusão quase sempre aponta
para uma queixa comum: a falta de educação.
Um exemplo: se a população toma conhecimento através
de uma matéria jornalística que diz, explicitamente, que o
Caracol Africano transmite doenças graves que podem matar e que em hipótese alguma, ele pode ser tocado, exceto
através de luvas, a população entenderá, simplesmente,
que o caracol mata ao toque.
Se um veículo jornalístico divulga uma informação incompleta, como se isso fosse uma regra e não uma exceção,
para uma comunidade carente de educação sem apresentar alternativas, ele na verdade está prestando um desserviço, pois passa a representar apenas o interesse de uma
minoria.
Sem educação, fica difícil distinguir nas entrelinhas a diferença entre a verdade e o exagero, pois para interpretar o
que se lê, ouve ou assiste é necessária uma prática que só
se adquire através da busca espontânea pelo conhecimento.
Dizer que o Caracol Africano, num país de dimensão continental como o nosso, mata ao simples toque, sem esclarecer que lesmas e caracóis nativos também podem ser vetores potenciais das mesmas doenças e que houve apenas
duas mortes em 23 anos, é um bom exemplo de desserviço
em escala continental.
Já no caso do Caracol Africano o problema está na interpretação pontual das notícias incompletas e distorcidas,
publicadas em veículos de comunicação que, só divulgam,
os malefícios e, ainda por cima, de forma exagerada.
Ratos (Rattus rattus, R. muelleri e R. norvegicus) são hospedeiros definitivos do Angiostrongylus cantonensis, um
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
parasito que pode causar a Meningite Eosinofílica. Ao eliminarem ovos e larvas do verme através das fezes, o roedores contaminam o ambiente. Algumas lesmas e caracóis,
nativos e exóticos e entre eles, o Bradybaena similaris, Subulina octona, Veronicella alte além do próprio caracol africano, podem se contaminar e desempenhar o papel de
hospedeiro intermediário e, ao serem ingeridos, podem
transmitir a Meningite Eosinofílica para o homem mas apenas se, forem ingeridos crus, mal cozidos ou através de
legumes e verduras mal lavadas, contaminados por esses hospedeiros.
A Meningite Eosinofílica é a doença mais grave associadas
ao Caracol Africano (Achatina fulica) e ao Caramujo Dourado (Ampullarium canaliculatus), responsabilizando-se, até
hoje, por 2.827 óbitos registrados na história médica. Na
Tailândia a ingestão de caramujos do gênero Pila spp. crus
são os principais responsáveis pela Meningite Eosinofílica.
Caranguejos, camarões, peixes, rãs e sapos, por exemplo, são hospedeiros de transporte, mas não se conhece
casos de infecção em humanos, com exceção de dois
casos, provavelmente causados pela ingestão de fígado fresco de sapo e outro, de músculos e ossos de rã, resultantes do tratamento pela medicina chinesa.
Esse número, 2.827, é relativo; expressivo para a população de uma cidade pequena, por exemplo. No entanto, pequeno, quando o referencial passa a ser a população mundial ao longo de toda a história médica registrada desde
1945, quando a Meningite Eosinofílica foi diagnosticada
pela primeira vez. Mas esta meningite parasitária não é
causada apenas pelo Angiostrongylus cantonensis. O Toxocara e o Gnathostoma, entre outros parasitos, também
são responsáveis pela sua ocorrência.
É claro que a prevenção de doenças é uma obrigação de
todos, no entanto, o pânico gerado pelos veículos de comunicação, responsáveis por este desserviço sem benefícios
diretos, serve apenas para gerar o medo e o sentimento de
impotência junto à população menos esclarecida que, infelizmente, em nosso caso, é a maioria da população brasileira.
Mas nem tudo está perdido, pois sempre podemos tirar
lições de qualquer situação e, em minha opinião, todo o
www.Achatinafulica.com
pag.01
país poderia lucrar muito, nesse momento, com uma campanha bem orquestrada de educação para a saúde, onde conceitos básicos de higiene poderiam ser relembrados, objetivamente, contribuindo para a prevenção de milhares de mortes.
Essa campanha abordaria questões de higiene pessoal; hábitos simples que devem ser cultivados, regularmente, tais como o banho diário, a higiene das mãos antes das refeições e
depois de utilizar o banheiro, a limpeza e o corte das unhas,
a higienização bucal e a ingestão de água potável que podem, com certeza, salvar milhares de vidas pela simples prevenção.
Já a higiene coletiva, é o conjunto de normas elaboradas para zelar pela saúde da população em geral, especificando
diretrizes comuns, por exemplo, para a manutenção da qualidade do ambiente que nos rodeia e assim, como na higiene
pessoal, contribua para a prevenção de doenças e epidemias. Um exemplo são as doenças transmitidas por alimentos
(DTA), causadas pela ingestão de comidas ou bebidas contaminadas. Existem mais de 250 tipos de DTA e a maioria são
causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e parasitas.
Para a prevenção de doenças que podem, raramente, serem
transmitidas pelo caracol africano, que é um alimento rico e
desprezado pelo preconceito, o procedimento é simples e já
adotado para a prevenção contras outras doenças transmitidas pela carne de frango, porco, peixe, carneiro, boi, ou qualquer outro animal, porque qualquer animal pode ser um
transmissor potencial de enfermidades:
• Não ingerir carne crua ou mal cozida, especialmente
sem inspeção. (No caso do caracol, cozinhá-lo pelo
menos 20 minutos em panela de pressão);
• Lavar bem as frutas, os legumes e as verduras, especialmente os que são consumidos crus, deixando-os
em solução de hipoclorito de sódio. Na prática é só
colocar uma colher das de sopa de sanitária para cada litro de água e deixar os alimentos em imersão por
15 minutos para eliminar larvas de nematódeos e as
bactérias. Depois é só lavar em água corrente.
Se pensarmos seriamente, por um minuto, chegaremos a
conclusão que o problema, no final das contas, não é alimentar mas, educacional. A população desinformada sobre os
seus direitos, ainda se permite eleger dirigentes que primam
pela perpetuação da ignorância no país, desde o século XVIII, sem assumirem nenhum compromisso para o bem estar de
seus eleitores ou do país.
Para cada real investido em saneamento básico, por exemplo, temos uma economia de 4 reais com assistência médica, no entanto, existe uma enorme quantidade de brasileiros
que não tem acesso a esses benefícios essenciais e moram, literalmente, entre dejetos humanos e animais que
escoam no seu peridomicílio, locais onde hábitos saudáveis
de higiene, infelizmente, pouco contribuem para a prevenção
do inevitável. Você pode contribuir para minimizar este quadro, exigindo de seus representantes, um compromisso por
uma educação de qualidade, no mínimo.
Referências:
http://www.saberecrescer.com/educ-higiene_tipos-higiene_ambiental=+066790?v1&
•
•
•
•
•
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
http://revistavivasaude.uol.com.br/Edicoes/47/artigo50498-1.asp
http://www.applesnail.net/content/pila.htm
http://www.ajtmh.org/content/76/2/399.full.pdf+html
http://www.planetauniversitario.com/index.php?
option=com_content&view=article&id=1950:pucrs-eferia-na-detec-de-meningiteeosinofca&catid=27:notas-do-campus&Itemid=73
www.Achatinafulica.com
pag.02
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
www.Achatinafulica.com
pag.03
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
www.Achatinafulica.com
pag.04
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
www.Achatinafulica.com
pag.05
O CÃO PODE SER UM RESERVATÓRIO PARA
Angiostrongylus costaricensis?
Mauricio Aquino / Méd. Veterinário / Especialista em Docência para o Nivel Superior / Mestrando em Ciências da Saúde
O Angiostrongylus costaricensis é um nematóide,
parasitária de roedores silvestres, que vem sendo
apontado no Brasil como uma grave verminose, largamente transmitida pelo Caracol Africano
(Achatina fulica), muito embora, na prática, nunca
tenha se diagnosticado um único caso Angiostrongilíase abdominal, em 23 anos, transmitido por ele. O
A. costaricensis, nos roedores, habita o interior das
artérias mesentérica e seus ramos, podendo infectar
o homem, acidentalmente.
Em Costa Rica, a infecção natural de um cão doméstico (Canis familiaris) com lesões intestinais semelhantes às descritas em seres humanos, motivou
um experimento preliminar, publicado em 2002 na
Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo, realizado por um seleto grupo de pesquisadores gaúchos, do Inst. De
patologia de Passo Fundo, do Inst. De Ciências Biológicas da Universidade de Passo Fundo, do Lab.
De Parasitologia Molecular do Instituto de Pesquisas Biomédicas e de Biologia Parasitária da Faculdade de Biociências da PUCRS de Porto Alegre.
O experimento foi planejado para avaliar a viabilidade da utilização de cães como modelo experimental
para estudos patológicos da Angiostrongilíase Abdominal.
De acordo com Rodriguez, et.al. (2002, p.55) foi utilizado um cão adulto de 9 kg, de estirpe indefinida,
inoculado por via oral com 75 larvas de terceiro estágio (L3 infectantes) de Angiostrongylus costaricensis. As larvas de metastrongilídios começaram a ser
encontradas entre o 28º e o 88º dia após a infecção
experimental inicial e a produção diária de L1
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
(larvas de primeiro estágio não infectantes) foi muito
variável ao longo deste período, com um número
máximo aproximado de detectado de 100.000 larvas
por grama de fezes. “A identificação das larvas
de A. costaricensis foi possível após a passagem
pelo caramujo Biomphalaria glabrata e camundongos, de onde foram recuperados vermes adultos no
interior das artérias mesentérica. O cão permaneceu
assintomático e sem lesões macroscópicas significativas durante o experimento e foi sacrificado para
necropsia no 94º dias após a infecção experimental
inicial. [...] No sul do Brasil, vários focos de transmissão estão localizados em áreas urbanas onde os
roedores silvestres não são facilmente encontrados.” (RODRIGUEZ, 2002, p.56)
Na opinião da equipe de pesquisadores, roedores
sinantrópicos (aqueles que vivem próximas às habitações humanas) de áreas urbanas não são tão
bem
adaptados
para
hospedar
o
A. costaricensis como os roedores silvestres
(Oligoryzomys nigripes) e portanto, a equipe considerou que outras espécies de vertebrados deviam
estar desempenhando o papel de hospedeiro definitivo.
Os dados preliminares obtidos através do experimento indicam o possível papel do cão doméstico
(Canis
familiaris) como
reservatório
para A. costaricensis já que o cão também é um hospedeiro natural para outra espécie de metastrongilídeos, como o Angiostrongylus vasorum (Baillet,
1866), por exemplo, parasita de artérias pulmonares.
De acordo com Rodriguez et.al. (2002, p.56) “o curso assintomático da infecção e a ausência de lesões
macroscópicas na laparotomia pode ser parte de
uma característica da doença em cães, não permitindo confirmação através de uma única infecção
experimental preliminar. [...] Se a baixa morbidade é
uma regra, o cão não seria um bom modelo experimental para estudos patológicos. Mas esse dado
também pode significar que o cão é um hospedeiro
bem adaptado para A. costaricensis e assumir em
áreas urbanas, o papel desempenhado pelos roedores no ciclo silvestre da Angiostrongilíase Abdominal.”
Referência:
RODRIGUEZ, Rubens, et.al. Dogs may be a reservoir host for Angiostrongylus costaricensis. Revista Inst. Med. Trop. São Paulo, jan.fev, 2002.
www.Achatinafulica.com
pag.06
O ESCLARECEDOR SURTO DE
MENINGITE EOSINOFÍLICA NA
CHINA
Mauricio Aquino / Méd. Veterinário / Especialista em Docência para o Nivel Superior / Mestrando em Ciências da Saúde
Pomacea spp.
A Meningite Eosinofílica, a pior doença associada ao caracol africano, é uma doença parasitária
potencialmente
fatal,
causada
pelo
verme Angiostrongylus cantonensis.
A Meningite Eosinofílica é uma doença grave
que já causou em todo o mundo, no mínimo,
“2.827 óbitos [...] devidamente documentados. [...] Os seres humanos são infectados de
várias maneiras, pois o ciclo de vida deste parasita envolve diferentes hospedeiros intermediários entre moluscos comestíveis e uma gama de
hospedeiros de transporte, onde o parasita não
evolui.” (WANG, Q..P. et. al. 2011, p.1)
O consumo de moluscos crus ou mal cozidos é
a principal via de infecção do A. cantonensis na
China e sudeste da Ásia. No Caribe, legumes e
condimentos contaminados foram responsabilizados por um surto na Jamaica. O lagarto monitor é considerado a principal fonte de infecção na
Índia e no Sri Lanka e nas ilhas do Pacífico os
principais suspeitos são camarões de água doce,
os peixes e os caranguejos.
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
No Brasil, onde só ocorreram dois casos até agora, o caracol africano (Achatina fulica) vem sendo considerado o grande vilão da história. Mas o
que ninguém esperava é que o maior responsável pela epidemia em Dali, na China, entre outubro de 2007 a março de 2008, com 19 casos clinicamente confirmados e 22 suspeitos fosse, na
verdade, um caramujo invasor de origem brasileira, o Pomacea canaliculata que, nos últimos 10
anos assumiu uma importância maior que o próprio A. fulica na transmissão dessa doença na
Ásia.
O Pomacea canaliculata foi introduzido como
alimento em Taiwan em 1979 e depois, na China
em 1981. Adaptou-se bem ao meio ambiente,
particularmente ao sul da China, espalhando-se
rapidamente para mais de 10 províncias, causando enormes danos à agricultura: milhares de
hectares de arroz, verduras e outras culturas
nessas províncias foram destruídos.
O principal sinal clínico é uma forte dor de cabeça e o principal achado hematológico é a alta
contagem de eosinófilos no sangue e no líquido
www.Achatinafulica.com
pag.07
Map
da cid
calização
a com a lo
li
ade de Da
ao sul
próprio Achatina fulica.
O artigo chinês é surpreendentemente e demonstra, claramente, que o problema no Brasil não é a presença do caracol invasor africano que, raramente, pode ser hospedeiro
intermediário ao A. cantonensis e transmitir
a Meningite Eosinofílica mas sim, a grande
fragilidade da fiscalização sanitária em nossas duanas que já permitiu, aparentemente,
a entrada do principal hospedeiro definitivo
contaminado do A. cantonensis em duas
cidades portuárias no país, Vitória e Recife, onde foram diagnosticados, até agora,
os dois casos de Meningite Eosinofilica.
Minha sugestão é que, a energia e os recursos desperdiçados nas tentativas infrutíferas
para o controle do Achatina fulica sejam,
imediatamente redirecionados, para pesquisas que apontem para o seu controle através de seu aproveitamento racional e para
o combate de roedores estrangeiros contaminados que entram no Brasil, especialmente, através dos portos e aeroportos,
pois mesmo que erradiquemos o A. fulica
no país, nunca poderemos erradicar o
caramujo nativo Pomacea canaliculata,
presente em boa parte da América do
Sul. Isso sem falar que para Neuhauss
et.al. (2007), que submeteu o caracol africano a
infecções experimentais por A. cantonensis e A.
costaricensis,, ele “não representa [...] uma ameaça significativa para a saúde humana” no Brasil
pois não se comporta, propriamente, com um vetor significativo.
☼
cefalorraquidiano (LCR). O tratamento adotado contra a Meningite Eosinofílica é uma
combinação de anti-parasitários como o albendazol e corticosteróides que, em Dali, resultou em
significativa melhora dos pacientes tratados. Do
total de paciente, 22 relataram o consumo de Pomacea canaliculata crus ou mal cozidos antes Referências:
do início dos sintomas. A fonte da epidemia foi o
MARTÍN, P.R., ESTEBENET, A.L. e CAZZANIGA, N.J. Factors
mercado da cidade onde 1% dos caracóis comer- affecting the distribution of Pomacea canaliculata (Gastropoda:
cializados estavam infectados pelo Angiostrong- Ampullariidae) along its southernmost natural limit. Malacologia,
ylus cantonensis. Nas populações de caramujos vol. 43, 2001, p. 13-23.
asselvajados pesquisadas, no entorno de Dali, o NEUHAUSS, Erli; FITARELLI, Monaliza; ROMANZINI, Juliano;
GRAEFFETEIXEIRA, Carlos. Low susceptibility of Achatina fulica
parasita não foi detectado.
from Brazil to infection with Angiostrongylus costaricensis e A.
No Brasil, nossa preocupação há alguns anos é Cantonensis. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do
com o caracol africano (Achatina fulica) e o seu Sul (PUCRS) e Laboratório de Biologia Parasitária, Faculdade de
Biociências da PUCRS. Porto Alegre, RS, 2007.
“potencial” como hospedeiro intermediário do A.
cantonensis, no entanto, o que esta pesquisa chi- SHANG Lv, et.al. Human Angiostrongyliasis outbreak in Dali,
China. PLOS Neglected Tropical Diseases. Setembro de 2009,
nesa claramente evidencia é que o nosso cara- vol. 3, p. 1-7.
mujo nativo, conhecido pelo nome de Aruá WANG Q.P. et. al. Human angiostrongyliasis. Disponível em:
(Pomacea canaliculata), pode vir a desempenhar, <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18922484> Acesso:
aqui, um papel muito mais preocupante que o 06/06/2011
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
www.Achatinafulica.com
pag.08
CARACOL AFRICANO COMO SENSOR BIOLÓGICO:
UMA DESCOBERTA VENEZUELANA
Exames parasitológicos realizados por Liboria
et.al. (2010) em 542 caracóis africanos (A.fulica)
asselvajados coletados em diferentes regiões na
Venezuela demonstrou que o caracol africano
pode se comportar como vetor de transporte, ingerindo e eliminando ovos de vermes presentes
no ambiente em que vive.
Neste trabalho, Liboria (2010) encontrou nas
fezes de Achatina fulica ovos de S. mansoni,
Trichuris spp, Hymonolepis spp, Strongyloides spp, mas não evidenciou, em nenhum animal, a presença de uma única larva de Angiostrongylus cantonensis, responsável pela Meningite Eosinofílica, a pior doença associada ao
Achatina, nem de Angiostrongylus costaricensis,
responsável pela Angiostrongilíase Abdominal.
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
Caramujos de água doce do gênero Biomphalaria responsáveis pela
transmissão da Esquistossomose ao homem.
www.Achatinafulica.com
pag.09
Fotos de locais pesquisados pela equipe venezuelana durante o experimento: A) em gaiolas de frangos;
B) Peri-domicilios humanos C) Contato humano com coleções d’agua D) Coleta de caramujos aquáticos.
Felizmente, os ovos de S. mansoni encontrados
nas fezes de Achatina fulica não caracteriza esse caracol como transmissor da Esquistossomose, pois o responsável pela infecção no homem
não é o ovo do verme, mas a sua cercária, uma
forma larvária que faz parte de seu ciclo de vida,
desenvolvendo-se nos caramujos de água doce
do gênero Biomphalaria.
No entanto, este trabalho
nos permite
afirmar que o
Achatina fulica pode se comportar
como um sensor
biológico, útil, portanto, para o diagnóstico de
parasitoses humanas e veterinárias na sua região de ocorrência por um custo muito mais baixo
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
e esta característica, com certeza, pode vir a ser
explorada como mais uma utilidade, juntamente
com o seu potencial zootécnico, nutricional e medicamentoso.
A Dra Liboria Matinella, autora do artigo original,
que gerou esta publicação, enviou com exclusividade para nosso informativo, a sua opinião sobre
o Achatina fulica.
“En ningún país deben introducirse especies exóticas, algunas Achatina han adquirido notoriedad
mundial, su penetración tanto en países en vías de
desarrollo como en los más avanzados, prueba que
su control no es fácil, cuando queremos erradicar
una especie encontramos factores ecológicos muy
complejos, unos favorecen nuestra acción mientras
otros lo contrarrestan. Generalmente las especies
introducidas, disminuyen de alguna forma, la capawww.Achatinafulica.com
pag.10
cidad vectora que poseen en su lugar de origen.
Observamos A. fulica en las inmediaciones de cursos y cuerpos de agua donde habita B. glabrata,
donde el contacto humano es frecuente para fines
recreativos o laborales Es natural esta asociación
debido a que los Achatina, encuentran los parámetros ambientales que favorecen su existencia. En
Maracay, estado Aragua Venezuela, los medios televisivos y escritos, causaron alarma a los
Dra Liboria Matinella
habitantes quienes por
pánico formularon denuncias por la notoriedad de A. fulica en sus
viviendas, cultivos y
jardines. Al respecto se
recolectaron 452 ejemplares, de los cuales
253 correspondientes
al Sector El Limón,
municipio Mario Briceño Iragorry, al analizar las muestras de
heces resultaron positivos a huevos de Schistosoma mansoni el 8,70%, Trichuris spp. 2,77% y
Hymenolepis spp. 5,93%. Mientras que de los 90
caracoles A. fulica, procedentes del Sector La Pedrera, del municipio Girardot, en 10,42% se evidenció la presencia de larvas de Strongyloides spp. en
heces y en 9,52% de los mismos, al evaluar la secreción mucosa.
De manera resumida podrían citarse algunos aspectos beneficiosos de A. fulica:
1) Es una especie de mucha importancia médica en
Venezuela por su valor como transportador mecánico de diferentes especies de helmintos y un indicador de las infecciones parasitarias en la población
humana, lo que facilitaría, a las Instituciones de salud y específicamente al departamento de Parasitosis Intestinales, realizar un tratamiento masivo en
una comunidad después de evaluar las heces de A.
fulica.
2) En el análisis parasitológico de la secreción mucosa no se encontraron larvas infectantes de Angiostrongylus spp., se requiere la introducción del
agente etiológico o sea el nematodo, para que se
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
establezca la enfermedad. En Venezuela Incani y
cols, (2007) reportaron el primer caso introducido
de A. costaricensis.
3) Llama la atención de los laboratorios malacológicos, por cuanto permite mantener el ciclo biológico de Schistosoma mansoni.
4) Investigaciones serias realizadas por farmacólogos y dermatólogos en la secreción mucosa, reportaron
que contiene
proteasas,
enzimas
fibrinolíticas, antibióticos naturales y
otras sustancias con
probada actividad biológica, como alantoína, colágeno, elastina,
ácido glicólico y diversas vitaminas.
5) Puede ser utilizada
como fuente de alimento por su alto contenido proteico, alcanza ser una alternativa
nutricional en países
donde actualmente la
población padece de hambre por el bajo poder adquisitivo.
6) Pudieran ser utilizados en nuevos procesos alternativos productivos.
Debido a la importancia creciente del tema en la
actualidad, antes de intentar exterminar al caracol
gigante de la tierra (A. fulica), y los
Biomphalaria es preciso profundizar en su biología y ecología, se trata de emprender estudios que conlleven
a innovadoras investigaciones de aprovechamiento
animal y humano.” ☼
À Dra Liboria, sua equipe e a todo povo venezuelano,
os nossos sinceros agradecimentos!
Referência:
LIBORIA et.al. Primer hallazgo em Venezuela de huevos de Schistosoma mansoni y de otros helmintos
de interes em salud pública, presentes em heces y
secreción mucosa del molusco terrestre Achatina fulica (Bowdich, 1822) Disponível em:
<http://www.sian.inia.gob.ve/repositorio/revistas_ci/Zo
otecniaTropical/zt2803/pdf/2803_liboria_m.pdf>.
Acesso em: 12/06/2011
www.Achatinafulica.com
pag.11
Print out this poster and publish in your university or department. Thanks.
Informativo AchatinafulicaNEWS nº 8 / Junho 2011
www.Achatinafulica.com
pag.12

Documentos relacionados

QUEM TEM MEDO DO CARACOL?

QUEM TEM MEDO DO CARACOL? Na década de 80, como diretor tecnocientífico da Associação de Helicicultores do Rio de Janeiro (AHRJ), a primeira associação de criadores do país, sediada no Rio de Janeiro, percorri criatórios em...

Leia mais

entrevista sobre o africano: verdades e mentiras

entrevista sobre o africano: verdades e mentiras descritos até hoje na literatura científica brasileira foram provocados pelo Africano e em nenhum dos trabalhos houve relatos de óbitos. Segundo Chrosciechowski (1977), é surpreendente a falta de e...

Leia mais

informativo caracol 6

informativo caracol 6 normatização da criação da espécie exótica Achatina fulica. São Paulo, SP: Instituto de Pesca, Volume 2, 46 p. Março de 2002. NEUHAUSS, Erli; FITARELLI, Monaliza; ROMANZINI, Juliano; GRAEFFETEIXEIR...

Leia mais

nunca antes na história desse país

nunca antes na história desse país A PRESENÇA DO AFRICANO, O PRECONCEITO E A DESTRUIÇÃO DA MALACOFAUNA EM TODOS OS ESTADOS BRASILEIROS Mauricio Aquino, M. Veterinário. simplesmente, Africano, como será chamado neste artigo, veio pa...

Leia mais