práticas de letramento na eja com alunos portadores de
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práticas de letramento na eja com alunos portadores de
PRÁTICAS DE LETRAMENTO NA EJA COM ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS Andréia Cristina da Silva Soares¹ Soraya Sampaio Vergilio² RESUMO Alguns pesquisadores no campo de EJA como Marta Kohl nos apontam para a importância de delinearmos o campo de atuação ao qual estamos nos referindo e o público específico de que se trata o campo. Nossa proposta de trabalho, ora apresentado em resumo, remete a um determinado grupo que se caracteriza por jovens entre 15 e 24 anos, da rede municipal de ensino, situados numa turma de classe especial denominadas DI 3 (Deficiência intelectual ), ou seja, são jovens portadores de necessidades especiais cujo trabalho realizado com estes demanda olhares para além da especificidade EJA nos fazendo buscar outras compreensões de modo a entender o desafio em atuar nesse campo, desvelando práticas de trabalho apropriadas, considerando tal especificidade e garantindo a idéia de educação como direito universal e como direito a ser exercido por esses sujeitos considerando suas condições diferenciadas de desenvolvimento. O trabalho realizado nesta turma baseia-se em práticas pedagógicas que, como temos visto, partem dos seguintes argumentos: o que lêem e o que querem escrever esses jovens? Que conhecimentos trazem do mundo? Trabalho esse realizado, não na perspectiva do que “não sabem”, mas das informações que trazem oportunizando através delas novas aquisições necessárias a sua real inserção na sociedade. As fórmulas efetivas desta atuação pedagógica garantem aos alunos adequações às suas condições no que tange ao “pensar diferenciado” e redimensionam o conceito de alfabetismo ao partir da idéia de que os discentes por viverem numa sociedade letrada trazem consigo conhecimentos sobre a escrita e suas funções sociais. Tais conhecimentos, em se tratando das especificidades deste público, chegam à sala de aula repletos de “novos olhares” e ressignificações que servem como pretexto para práticas educativas desenvolvidas pela professora. Palavras-chave: EJA - Alunos portadores de necessidades especiais – Alfabetismo Letramento 2 INTRODUÇÃO À professora Nilma o nosso “Muito Obrigada” pelo exemplo de trabalho, de ser humano!...Continue não “se adaptando”, usando seu poder de luta, denúncia da realidade e transformação...SEMPRE! O trabalho apresentado busca relatar a ação pedagógica na perspectiva do letramento, realizado numa turma com alunos entre 15 e 24 anos com deficiência mental, numa escola da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Gostaríamos, nesse primeiro momento, de situar o que algumas pesquisas apontam sobre a presença desse aluno na Educação de Jovens e Adultos e, sobretudo, quem é esse aluno. Em tempos de políticas de inclusão social em diferentes perspectivas, o tema ainda é desafiador, visto que pouca produção tem sido encontrada nesse campo de pesquisa e que o quadro de exclusão ainda é grande. Alguns indícios apontam que esses alunos (jovens e adultos portadores de necessidades especiais) começam a “aparecer” na EJA pelo fato de terem permanecido fora da escola diurna, por não reconhecerem nesta um espaço que os acolha levando em consideração tanto as suas necessidades em relação á deficiência quanto aos anseios da faixa etária em que se situam. Enquanto “crianças”, permanecem no sistema diurno de ensino porém, num determinado momento de sua etapa de vida ,esta mesma escola já não vai ao encontro de suas necessidades. (Quando estes alunos portadores de necessidades especiais chegam a ter acesso á escola diurna!) Esses alunos são marcados por suas diferenças e especificidades socioculturais, desestabilizam certezas e a escola ainda desconhece sua forma de pensar e interagir com o mundo, fatores esses que geram certo “incômodo” no caminhar da escola e suas práticas diárias. São também marcados por uma “cultura escolar” que desconsidera suas potencialidades e infantiliza, (infelizmente mesmo nas práticas de EJA) seu modo de aprender, partindo da idéia de “compensação de suas carências”, cultivando uma prática de ensino também rudimentar emprenhada da idéia de que para “esse tipo de 3 aluno” basta fazer com que aprenda a escrever seu nome e tenha acesso a noções elementares de “leitura e escrita”. A educação de Jovens e Adultos (EJA) representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso e nem domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela, e tenham sido a força empregada na constituição de riquezas e na elevação de obras públicas. Ser privado deste acesso é, de fato, a perda de um instrumento imprescindível para uma mudança significativa na convivência social contemporânea (...)Fazer a reparação desta realidade, dívida inscrita em nossa história social e na vida de tantos indivíduos, é um imperativo e um dos fins da EJA porque reconhece o advento para todos deste princípio de igualdade. (Parecer CEB 11/200 das Diretrizes Curriculares Nacionais da EJA, p.5-6) Acreditando nos fins da EJA, na garantia do acesso aos bens sociais, no seu ideal de reparação e na possibilidade da construção de uma sociedade menos desigual e excludente é que nos mobilizamos a descrever esse belo trabalho que nos faz ver caminhos novos, possibilidades e acolhimento ao “diferente”. 4 SOBRE A QUESTÃO DO LETRAMENTO Para falarmos das práticas de letramento na educação de jovens e adultos portadores de necessidades especiais, sentimos a necessidade de refletirmos um pouco sobre a questão do LETRAMENTO em si, e é com o aporte da autora Magda Soares que tecemos alguns esclarecimentos sobre o tema. A autora nos coloca que o termo LETRAMENTO trata-se de uma versão para a Língua Portuguesa da palavra inglesa literacy que etimologicamente vem do latim littera (letra), com o sufixo cy que denota qualidade, condição, estado, fato de ser. Ou seja, literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever. A referida autora também nos aponta que o termo literacy apresenta uma idéia implícita de que esse “ler e escrever” traz conseqüências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas, lingüísticas tanto para um grupo social em que seja produzido quanto para o indivíduo que aprende a fazer uso destes. Mais do que estar “alfabetizado”, o termo “letramento” aponta para um indivíduo que faz uso das práticas sociais da escrita envolvendo-se de tal maneira levando-o a alterar seu estado ou condição em seus aspectos sociais, psíquicos, culturais, cognitivos, etc. Recentemente esse termo tornou-se necessário porque passamos a enfrentar uma nova demanda social em que não basta só ler e escrever, é preciso saber fazer uso dos mesmos, saber responder ás exigências da leitura e da escrita que a sociedade apresenta. Assim, o uso da palavra “letramento” representa uma mudança histórica das práticas sociais: fazer uso do material escrito, compreendê-lo, interpretá-lo e extrair informações necessárias. Enfim, dar ao sujeito a capacidade de fazer uso de todo e qualquer material escrito, possibilitando uma inserção na cultura, com o contexto e com os bens materiais. Um dado importante para o nosso trabalho que registra essas práticas sociais da escrita com alunos portadores de necessidades especiais, é que podemos partir da idéia de que um indivíduo pode não saber ler e escrever, isto é, pode ser analfabeto, mas pode ser letrado. Essa é uma inferência que podemos tirar do conceito de letramento e, certamente, vai ao encontro do nosso relato visto que alguns alunos que vivenciam a prática do letramento ainda não escrevem nem lêem. 5 O QUE DIZEM OS TEÓRICOS SOBRE AS PRÁTICAS COM ESSES ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NA EJA? De acordo com Katiusha Lara Genro Bins, esses alunos são jovens e adultos com dificuldades cognitivas, biológicas ou sociais, o que não lhes retira o estatuto e jovem ou adulto, que como tal, deve ser respeitado em suas individualidades. Esses sujeitos devem ser motivados a aprender e possuem potencialidades para além de seus déficits biológicos e neurológicos. A aprendizagem do jovem ou adulto PNE (Portador de Necessidades Especiais) deve ser compreendida a partir de suas necessidades pessoais e sociais e não somente objetivar atividades de cunho técnico-educacional, é necessário ir além da idéia de treinamento ou exercitação. As necessidades de aprendizagem dos alunos com déficit intelectual não devem ser consideradas de forma diferente de outras pessoas. Há que se considerar que eles precisarão de mais estímulos e mais apoio, mas certamente vão aprender algo que lhes seja significativo.Sendo assim, deve haver a promoção de atividades que possam ajudar os alunos a desenvolver novos sentidos e novas experiências em seu dia-a-dia. Esse processo deve ser integral com a finalidade de formar cidadãos participativos. O aprendiz com deficiência mental apresenta maior lentidão e uma diferenciação em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, mas não poder ser visto como um ser incapaz de aprender. O importante é considerar suas possibilidades e potencialidades. A autora considera o meio fundamental para o desenvolvimento dessas pessoas (apoio da família e da sociedade). É a partir da interação com o meio, da mediação e da mobilização que ele será capaz de construir seu conhecimento. Corroborando com a idéia de Paulo Freire, também é apontado que a melhor forma de considerar como alguém irá aprender é partir de sua própria realidade, e, no caso de alunos PNE, de sua deficiência e do meio em que está inserido. A prática educativa deve ser coerente com a realidade e estabelecida dialogicamente. Segundo Vygostsky, o conhecimento e o desenvolvimento intelectual são construídos no meio social, ou seja, nas relações humanas e é na aprendizagem das relações com os outros que se constroem os conhecimentos, que se dá o desenvolvimento mental. 6 A aprendizagem do deficiente mental, deve acontecer a partir do conhecimento pela interação que o sujeito estabelece com o meio, essa interação deve ser mediada por várias relações, sejam elas familiares, educacionais ou sociais. E para que seja mais significativa, é preciso, na escola, que o professor compreenda como o aluno PNE aprende, quais são as funções mais desenvolvidas, visual, auditiva ou sinestésicocorporais, dando atenção à diversidade destes e levando em conta os êxitos e fracassos escolares anteriores e atuais do mesmo. A leitura e a escrita se constituem em um instrumento de desenvolvimento cultural e do pensamento e é na dinâmica das relações sociais que emergem os signos verbais e não verbais. Os fundamentos cognitivos envolvidos e como ocorre o processo de aprendizagem da escrita são temas complexos e geram muitas dúvidas para os educadores alfabetizadores. A apropriação do sentido social de ler e escrever não pode ser considerada como um processo abstrato. Ela deve ocorrer em contextos culturais e sociais no qual o sujeito está inserido e deve proporcionar a esses alunos a possibilidade de recriação e compreensão da realidade. Não deve ser um ato mecânico, rudimentar .que não os faz avançar. Dentro de uma prática mecanicista e rudimentar de leitura e escrita, esses alunos acabam se tornando analfabetos funcionais, perdendo a motivação para aprender o que agrava suas dificuldades sociais e o processo de exclusão. Cabe à escola, então, proporcionar um ambiente rico em materiais escritos, levando em consideração os anseios, as necessidades desse aluno e a leitura de mundo trazida por ele para que avanços significativos possam ocorrer na aprendizagem. 7 PARTINDO PARA A AÇÃO... QUEM SÃO OS AUTORES “DESSA” HISTÓRIA? São alunos entre 15 e 24 anos de idade, portadores de necessidades especiais. Oriundos de família de baixa renda, com pequeno nível de escolaridade, moradores dos arredores da escola, que fica situada no meio de duas comunidades carentes, zona de violência e constantes conflitos em decorrência do tráfico de drogas. Eles vivem em condições precárias de moradia, saneamento básico e assistência médico-hospitalar. Importante também se faz registrar que alguns alunos já trabalham: no Mc Donald e num restaurante perto do próprio CIEP, cujo dono conheceu os alunos através dos eventos promovidos pelo grupo de professores da Classe Especial, que são muito atuantes e festivos. O CIEP em que estudam chama-se Dr. Adelino da Palma Carlos, pertencente á 7° Coordenadoria Regional de Educação. A referida Unidade de Ensino está localizada em Jacarepaguá, num bairro denominado Mato Alto. Dentro da Rede Municipal de Ensino, esses alunos pertencem á Classe de Educação Especial, mas estudam á noite, espaço que dividem com os alunos do PEJA (Projeto de Educação de Jovens e Adultos). Esse grupo de alunos já caminhava junto numa Classe Especial em uma escola regular diurna, com a mesma professora. A vinda para uma “outra escola noturna” causou um pouco de temor e estranhamento por parte dos responsáveis, principalmente. Ao próprio grupo, gerou bastante expectativa. Hoje, constata-se o avanço cognitivo e social que obtiveram nessa troca com outros alunos de diferentes segmentos, uma vez em que participam ativamente dos eventos realizados, festas, reuniões, movimentos culturais. Há de se ressaltar que a professora da turma é uma peça chave nessa questão; seu trabalho mobiliza e contagia o restante da escola e muitas vezes não são seus alunos que se integram ás atividades que a escola proporciona, mas é a escola, como um todo, que acaba se integrando ás suas atividades de tão envolventes que são. A prática pedagógica descrita nesse trabalho é realizada pela professora Nilma Ramos Ximenes. 8 Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.(Paulo Freire) 9 DESCREVENDO AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO COM ALUNOS DE EJA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS OS ANIVERSARIANTES DO MÊS Sempre que algum aluno aniversaria, a professora tem como hábito, fazer um bolo e levá-lo para a sala de aula para que o aniversariante seja homenageado e,como o convite é extensivo às famílias,todos acabam envolvidos e participando. Algumas mães e alunos acabam, também, trazendo alguma colaboração: doces, salgados, refrigerante e a festa vira um evento importantíssimo! Antes da festa “propriamente dita”, os alunos já sabem que precisam “preparála”: organizam faixas para pendurar no quadro, elaboram o cartão para o aniversariante e gostam de criar para o aniversariante um acróstico. (Eles adoram fazer acróstico para todos os temas trabalhados.) A elaboração da escrita de todo esse material para a festa ocorre de maneira variada, de acordo com a vontade do grupo. Ás vezes querem escrever sozinhos,com a intervenção da professora, com ajuda dos colegas ou até mesmo criar coletivamente. Sempre que há uma festa no grupo,eles já cobram da professora a preparação e organização desse material que envolve , inclusive,artes pois usam canetinhas, papéis diferentes, colagem, pintura e toda a alegria que esperar e criar uma festa proporciona. Um dia depois, os acontecimentos da festa viram um grande texto coletivo com a percepção de cada um, suas impressões e opiniões. A professora até hoje se pergunta o que os faz mais felizes: a preparação ou a festa? SARAU CULTURAL A escola trabalhou com o projeto “Olhar a África e ver o Brasil” e teve como culminância do mesmo um sarau. O combinado nesse sarau literário foi que dessa vez ( o sarau é um evento que acontece todo ano no CIEP variando conforme o tema trabalhado) os professores leriam as poesias de autores negros para os alunos e que cada grupo de alunos poderia contribuir com outras formas de apresentação. Essa turma contribuiu com um acróstico feito com a palavra NEGRO e explicou no evento o motivo de cada palavra escolhida para expressar a palavra referida. 10 Ainda para este evento se apresentaram cantando músicas e tocando berimbau e tambor. Como todo evento que se “preze” precisa ter um “lanche especial”, o grupo contribuiu com um chá de maçã, preparado por eles. Vale ressaltar que a professora tem o hábito de usar um fogareiro (que é seu) e trabalhar sempre com eles a questão do reaproveitamento tanto dos materiais da escola quanto dos alimentos. Também cabe dizer que as maçãs eram sobras de lanche de outros dias do CIEP. Focando a questão do letramento, para esse evento os alunos: Confeccionaram o acróstico Registraram a receita do chá Trabalharam com poesias de autores negros Ouviram Histórias e viram vídeos sobre a África Elaboraram convites para o sarau ( eles mesmos fazem questão de ir de sala em sala entregar os convites para os outros alunos ) O CHÁ DE BEBÊ DA SUELLEN Uma aluna do grupo ficou grávida. A notícia deixou o grupo animado e muitas discussões surgiram em torno da espera do bebê. A aluna levantou o desejo de ter algumas coisas (presentes) para o seu bebê e a professora sugeriu então que o grupo listasse algumas coisas que seriam necessárias para uma criança: surge então a lista coletiva desses artigos! Cada professor que passava pelo corredor era convidado a dar uma idéia para a lista e, consequentemente, a história desse registro acabou virando um chá de bebê, com direito a elaboração de convites, presentes, texto coletivo e lanche! É relevante também relatar que o grupo também quis discutir a questão do nome do bebê. Todos queriam que a criança tivesse “seu nome”. Para satisfazer a todos, eles chegaram a conclusão que os nomes podiam ser até “misturados”...um pedacinho de cada um!...E haja criatividade para compôr o nome da criança que ainda nem tinha nascido! Nesse acontecimento, dentre outras discussões pertinentes, o grupo criou: A lista do chá de bebê O convite para o evento Os papeizinhos com a escrita do que cada um ia trazer de presente 11 A lista com o nome do bebê A IDA AO CINEMA (NO SHOPING) A professora combinou de levá-los ao cinema para ver o filme : Karatê Kid. Já no caminho, começou a explorar a questão das ruas que conheciam, do ônibus que pegariam, e se sabiam onde ficava o shopping. (que fica relativamente perto do CIEP). Percebeu que muitos não conheciam o shopping (apesar de ser perto), mas que demonstraram alegria em conhecer e uma certa autonomia ao entrar nele. Não ficaram temerosos e muitos, que nunca andaram de escada rolante, obtiveram sucesso nessa “atividade”. (A turma possui alguns alunos que apresentam receio de altura, dificuldades em relação a questão do „equilíbrio” corporal). Juntos, compraram a entrada do cinema e assistiram embevecidos ao filme. A professora tinha a intenção de lanchar com o grupo após o cinema, mas algo inesperado aconteceu: como achava que pegaria a “promoção do cinema”, levou uma quantia que desse para pagar as entradas e o lanche. Mas teve que pagar pelas entradas uma quantia além da esperada e portanto o dinheiro não daria para comprar um “merecido lanche”. Expôs a situação para o grupo, dizendo que não tinha muito em dinheiro para gastar com o lanche e surpreendeu-se quando um aluno sugeriu o “Habib‟s” alegando que a esfiha era barata. Todos concordaram com a idéia e se deliciaram com a esfiha e...um refrigerante de 2 litros que também saía mais em conta do que comprar os copos separados ! A ida ao cinema proporcionou ao grupo as seguintes atividades: Registro da ida ao cinema com exploração dos assuntos: trajeto, ônibus, filme, etc Cálculos do que gastaram, discussões sobre os preços do lanche, da passagem, do dinheiro levado. Também fizeram um registro coletivo da “lição” que o filme visto passou para cada um. PROJETO PORTINARI A escola também vivenciou o projeto Portinari cujo objetivo era conhecer um pouco da vida e obra desse pintor. O final do projeto terminou com uma exposição de 12 trabalhos de todos os alunos da escola mostrando o que haviam realizado e os conhecimentos construídos. Vivenciando o projeto, a turma: Conheceu a biografia de Portinari Observou, através do data show, pinturas feitas por Portinari e outros pintores Fizeram releitura de algumas obras de Portinari Trabalharam com “filipetas” de circo porque descobriram que o pintor adorava o circo e muitas de suas obras abordam esse tema. Criaram convites para a exposição Trabalharam com letras de música que ,de uma certa forma, lembravam o pintor: “Feira de Mangaio” ( porque o pai de Portinari “tinha uma vendinha”), “O baile lá na roça foi até o sol raiar”...( na infância o pintor via seu pai tocando numa banda ,nos bailes da roça e nos casamentos) Fizeram lista de : Produtos agrícolas pintados por Portinari: café, algodão Brinquedos e brincadeiras que aparecem em suas obras: pião, pipa, gangorra, carniça. Profissões de pessoas ligadas ao circo: domador, bailarina, mágico. 13 CONCLUSÃO O trabalho apresentado nos remete a pensar em algumas questões que ainda se apresentam como desafio em nosso sistema educacional: a questão do letramento e do trabalho com alunos portadores de necessidades especiais, mas, sobretudo, investigar esse movimento nos aponta que muitas práticas (ainda que não divulgadas) caminham nesse sentido e ainda mais...caminham no sentido de unir um tema ao outro. Sabemos não ser tarefa fácil a aceitação do “diferente”, a busca de compreender uma outra forma de pensar “diferenciado”, um outro ritmo de aprendizagem e os anseios e desejos que não são os “nossos”...são de JOVENS E ADULTOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS! Há que se caminhar muito para superação das “expectativas mínimas” que se tem em relação à apropriação da leitura e escrita por parte desse aluno e que se concretiza através de uma prática pedagógica rudimentar que acredita que para o aluno PNE aprender seu nome , algumas poucas noções de alfabetização basta. Precisamos ir além dessa compreensão equivocada (que acaba excluindo o aluno ainda mais) e relatar práticas que evidenciam um “outro fazer” levando-nos a vislumbrar um caminho, que requer de cada um que ouse entrar nessa “aventura”: compreensão, solidariedade a aceitação do ser humano com suas complexas, inúmeras, imensuráveis possibilidades de VIR A SER! ¹ [email protected] ² [email protected] 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança, um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido. São Paulo. Paz e Terra.1992. KOHL, Marta. Vygotsky, aprendizado e desenvolvimento, um processo sóciohistórico. São Paulo. Scipione.1993 ___________ trabalho apresentado na XXII reunião da ANPED, Caxambu, setembro de 1999 MARGARETH, Jussara. Eja-planejamento, metodologias e avaliação. Editora Mediação. OLIVEIRA, Edna Castro de (texto apresentado no XI seminário capixaba de educação inclusiva em vitoria, Espirito Santo, 2008 PAIVA, Jane. Novos significados para as aprendizagens da leitura na educação de jovens e adultos. In: alfabetização e cidadania n°12 julho de 2001 SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autentica, 1998 TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo, Cortez, 1995.