márcio tiradentes cunha nível sérico de glutamato, serina e glicina
Transcrição
márcio tiradentes cunha nível sérico de glutamato, serina e glicina
MÁRCIO TIRADENTES CUNHA NÍVEL SÉRICO DE GLUTAMATO, SERINA E GLICINA EM PACIENTES PORTADORES DE ESQUIZOFRENIA E SEUS FAMILIARES EM PRIMEIRO GRAU Ribeirão Preto 2008 MÁRCIO TIRADENTES CUNHA NÍVEL SÉRICO DE GLUTAMATO, SERINA E GLICINA EM PACIENTES PORTADORES DE ESQUIZOFRENIA E SEUS FAMILIARES EM PRIMEIRO GRAU Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Saúde Mental. Área de Concentração: Saúde Mental Orientador: Prof. Dr. Jaime E. C. Hallak Ribeirão Preto 2008 FICHA CATALOGRÁFICA Cunha, Marcio Tiradentes Nível sérico de glutamato, serina e glicina em pacientes portadores de esquizofrenia e seus familiares em primeiro grau. Ribeirão Preto, 2008. 90p. Dissertação de mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Saúde Mental. Orientador: Hallak, Jaime Eduardo Cecílio. 1. Serina. 2.Glicina. 3. Esquizofrenia. 4. Glutamato. Dedico esse trabalho ao meu filho Mateus, que, após seu nascimento, tem me transformado em um ser À PROVA DE TUDO. AGRADECIMENTOS Um especial agradecimento ao meu orientador e amigo Jaime Eduardo Cecílio Hallak pela oportunidade concedida de uma forma muito generosa e dotada da maior nobreza humana. Agradeço aos meus amigos Valter Seabra e Eloisa, sem os quais não teria sido possível concluir esse trabalho. Agradeço ao João Paulo, a Marciana, ao Gladimir, ao André Maltos, ao Nelson e a todas as outras pessoas que contribuíram na elaboração dessa monografia. Agradeço a minha família pela paciência e tolerância para suportar minha ansiedade. Agradeço a professora Roseli e aos técnicos da disciplina de bioquímica da UFTM que realizaram as análises laboratoriais. De maneira muito carinhosa agradeço aos pacientes, seus familiares e os voluntários que “deram seu sangue” na esperança de que os avanços científicos de alguma forma amenizem os seus sofrimentos. RESUMO CUNHA, M. T. Nível sérico de glutamato, serina e glicina em pacientes portadores de esquizofrenia e seus familiares em primeiro grau. 2008. 90 f. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Nas últimas duas décadas, alternativas à hipótese da disfunção da transmissão dopaminérgica na esquizofrenia têm sido buscadas intensamente, uma vez que as possibilidades terapêuticas que enfocam esse sistema não têm se mostrado satisfatoriamente eficientes. Um especial interesse tem recaído sobre uma provável disfunção da transmissão glutamatérgica, englobando aqui não somente o glutamato, mas também seus precursores, a serina e a glicina. Apesar dos diversos estudos que buscaram identificar alterações nesse sistema na esquizofrenia, ainda existem diversas questões a serem respondidas. Uma delas diz respeito aos níveis plasmáticos destes aminoácidos. As evidências atualmente disponíveis são contraditórias no sentido de esclarecer qual a natureza destas alterações, se é que elas ocorrem. Assim, procuramos no presente estudo identificar se existem alterações nos níveis plasmáticos de pacientes portadores de esquizofrenia crônica em tratamento antipsicótico comparados com voluntários sadios. Além disso, buscamos identificar se tais alterações ocorrem em familiares de primeiro grau destes pacientes e se seria possível utilizá-las como possíveis marcadores de risco para o desenvolvimento da esquizofrenia ou como um preditor da resposta terapêutica. Assim, foram selecionados quinze pacientes esquizofrênicos em tratamento antipsicótico tradicional (denominados de responsivos) e seus familiares em primeiro grau, quinze pacientes esquizofrênicos em tratamento antipsicótico com clozapina (denominados de não-responsivos) e seus familiares e sessenta voluntários sadios emparelhados quanto ao gênero e idade. Em relação à glicina, foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, com pacientes responsivos apresentando os maiores níveis plasmáticos. Quanto ao glutamato, foi encontrado um aumento dos níveis plasmáticos em pacientes não-responsivos comparados com pacientes responsivos e controles sadios. Em relação aos familiares, houve também diferenças entre os grupos, em que os familiares de pacientes responsivos apresentaram níveis menores que os outros familiares. Estes achados sugerem que pacientes esquizofrênicos considerados responsivos e não-responsivos em tratamento farmacológico e estabilizados diferem quanto aos níveis plasmáticos de glutamato e glicina, mas não de serina. O fato novo dessa pesquisa foi a verificação de uma alteração nos níveis de glutamato em familiares de pacientes esquizofrênicos, sem que os mesmos sejam portadores de esquizofrenia. Novas pesquisas são necessárias para que se confirmem e se compreendam esses resultados. Palavras-chave: Serina, Glicina, Esquizofrenia, Glutamato. ABSTRACT CUNHA, M. T. Glutamate, serine and glycine plasma levels in schizophrenic patients and their first-degree relatives, 2008. 90 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. In the last two decades, alternatives to the dysfunction in the dopaminergic transmission in squizophrenia have been intensively sought after, since the therapeutic approaches focused on this system have not been satisfactorily efficient. Particular interest has been raised regarding a probable dysfunction in the glutamatergic transmission, encompassing not only glutamate itself but also its precursors, serine and glycine. In spite of the several studies which investigated alterations in this system in schizophrenia, many questions remain to be answered. One of those refers to the plasma levels of these amino acids. The evidence available thus far is contradictory in the sense of clarifying the nature of such alterations, or even if they indeed occur. Thus, in this study we tried to identify possible changes in the plasma levels of amino acids in chronic schizophrenic patients on antipsychotic treatment compared to healthy volunteers. Additionally, we investigated whether those changes occur in the patients’ first-degree relatives and, in case they do, if it would be possible to use them as possible risk markers for the development of schizophrenia or its therapeutic responses. The sample comprised 15 schizophrenic patients under usual treatment with antipsychotics (responsive) and their first-degree relatives, 15 schizophrenic patients under antipsychotic treatment with clozapine (non-responsive) and their first-degree relatives, and 60 healthy volunteers matched to the other participants according to gender and age. Significant differences were found between the groups concerning glicina, with responsive patients presenting higher plasma levels. Regarding glutamate plasma levels, however, nonresponsive patients presented higher glutamate plasma levels compared to their controls and to responsive patients. Differences were also found between the first-degree relatives, with relatives of responsive patients presenting lower glutamate levels than the others. These findings suggest that stabilized treatment-responsive and resistant schizophrenic patients present differences concerning glutamate and glycine - but not serine - plasma levels. The novel aspect of the study were the measures involving first-degree relatives of schizophrenic patients, which provide evidence about changes in the glutamate levels in this group of healthy participants. Further investigation is required so that these results may be confirmed and better understood. Keywords: Serine, Glicine, Glutamate, Schizophrenia LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Estrutura do receptor NMDA...................................................................... 19 Figura 2. Médias de idade dos 6 grupos participantes do estudo. As colunas representam a média de idade dos voluntários (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Fam Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Fam Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados com esquizofrênicos – Controle Esq; coluna laranja = controles emparelhados com familiares de esquizofrênicos – Controle Fam Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias............................................................. 41 Figura 3. Escores médios da PANSS negativa. As colunas representam a média dos escores dos pacientes (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. O asterisco indica uma diferença estatísticamente significativa entre grupos (p < 0,05) ........................................................................... 44 Figura 4. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de serina em pacientes e controles. As colunas representam os voluntários (coluna azul-claro = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados aos Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias ..........................................................................45 Figura 5. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina em pacientes e controles. As colunas representam os voluntários (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados aos Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. * indica diferença estatística do grupo em relação aos demais grupos (p < 0,05) ........ 46 Figura 6. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato em pacientes e controles. As colunas representam os voluntários (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados aos Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. * indica diferença estatística do grupo em relação aos demais grupos (p < 0,05) ............................................................................................................................. 47 Figura 7. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina e serina em ambos os grupos de pacientes ...................................................................................... 48 Figura 8. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e serina em ambos os grupos de pacientes ...................................................................................... 48 Figura 9. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e escores da PANSS negativa em ambos os grupos de pacientes ..................................................... 49 Figura 10. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e glicina nos grupos de pacientes Esq R ..................................................................................... 50 Figura 11. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina e serina nos grupos de pacientes Esq NR ........................................................................................ 51 Figura 12. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e serina nos grupos de pacientes Esq NR .................................................................................. 51 Figura 13. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e glicina nos grupos de pacientes Esq NR .................................................................................. 52 Figura 14. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de serina em familiares e controles. As colunas representam os voluntários (coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna laranja = controles emparelhados aos familiares de Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias................................................... 53 Figura 15. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina em familiares e controles. As colunas representam os voluntários (coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna laranja = controles emparelhados aos familiares de Esq). As barras acima das colunas indicam o erro padrão das médias................................................... 54 Figura 16. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato em familiares e controles. As colunas representam os voluntários (coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna laranja = controles emparelhados aos familiares de Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. * indica diferença estatística do grupo em relação aos demais grupos (p<0,05) ............................................................ 54 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Receptores do glutamato .............................................................................. 16 Tabela 2. Distribuição de subunidades do receptor NMDA no SNC dos mamíferos ....... 16 Tabela 3. Teste de Tukey em relação à faixa etária dos grupos participantes no estudo ....................................................................................................................42 Tabela 4. Características clínico-demográficas dos pacientes participantes do estudo ....... 43 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11 1.1 OS RECEPTORES GLUTAMATÉRGICOS ............................................... 15 1.2 TRANSMISSÃO GLUTAMATÉRGICA ..................................................... 21 1.3 GLUTAMATO E ESQUIZOFRENIA ......................................................... 22 1.4 NÍVEIS PLASMÁTICOS DE GLUTAMATO ............................................. 25 1.5 GLICINA E SERINA ..................................................................................... 27 2 OBJETIVOS ................................................................................................. 31 3 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................... 33 3.1 PARTICIPANTES.......................................................................................... 34 3.1.1 Critérios de inclusão ................................................................................. 34 3.1.2 Critérios de exclusão ................................................................................. 35 3.2 INSTRUMENTOS ......................................................................................... 35 3.2.1 Método para análise de aminoácidos ......................................................... 36 3.3 PROCEDIMENTO........................................................................................ 37 3.3.1 Análise Estatística...................................................................................... 38 4 RESULTADOS ............................................................................................. 40 4.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-DEMOGRÁFICAS................................. 41 4.2 NÍVEIS PLASMÁTICOS DOS AMINOÁCIDOS DOS PACIENTES ....... 45 4.3 CORRELAÇÕES DOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE AMINOÁCIDOS DOS PACIENTES ENTRE SI E COM AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E USO DE ANTIPSICÓTICOS ............................................................................. 47 4.4 NÍVEIS PLASMÁTICOS DOS AMINOÁCIDOS DOS FAMILIARES...... 52 5 DISCUSSÃO ................................................................................................ 55 6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 68 7 REFERÊNCIAS............................................................................................ 70 8 APÊNDICES ................................................................................................ 84 APÊNDICE A – Aprovação do comitê de ética. .................................................. 85 APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido ............................. 89 ARTIGO 1 INTRODUÇÃO 12 Tradicionalmente, acredita-se que a esquizofrenia, inicialmente referida por Kraepelin como demência precoce e, posteriormente, designada por Bleuler com seu nome atual, seja tão antiga quanto a raça humana (LEES, 2008). O registro mais antigo de uma condição semelhante à esquizofrenia é proveniente dos antigos hindus, por volta de 1400 AC, descrevendo uma condição provocada por demônios (LEES, 2008). Até por volta de 1800, doenças acompanhadas por delírios, alucinações, alterações do pensamento e isolamento social eram classificadas como mania (ADITYANJEE et al., 1999; KYZIRIDIS, 2005). Em 1853, Benedict Morel foi o primeiro a utilizar o termo “démencè précoce” para descrever o quadro de um garoto de 14 anos que havia se tornado cada vez mais isolado, degenerando em um estado de demência e expressando idéias homicidas em relação a seu pai. Kahlbaum (1963) foi o primeiro a classificar os transtornos mentais conforme a sintomatologia apresentada e, em 1863, Hecker introduziu o termo “hebefrenia”, referindose a uma insanidade própria da juventude. Entretanto, foi Emil Kraepelin que, ao defender as idéias de Kahlbaum, ganhou o reconhecimento (ADITYANJEE et al., 1999; KYZIRIDIS, 2005). Ele agrupou essas condições clínicas em uma única doença, a qual ele denominou dementia praecox, para diferencia-lá das demências próprias dos idosos. A esquizofrenia é uma condição clínica que acomete o pensamento, a iniciativa, a afetividade e até hoje intriga pesquisadores devido ao seu caráter heterogêneo e suas múltiplas hipóteses etiológicas. Cerca de 1% da população é portadora desse distúrbio (Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Psiquiátrica Americana – DSM IV), que tem seu início por ocasião da adolescência ou no início da idade adulta, tendo assim um impacto importante no trabalho e na vida social e familiar. Apesar dos avanços 13 farmacológicos, cerca de 25 % dos pacientes ainda hoje não apresentam uma resposta satisfatória ao tratamento medicamentoso. Segundo Javitt e Coyle (2004), os pesquisadores interessados no estudo da gênese da esquizofrenia necessitam considerar que a mesma possui uma miríade de sintomas que se distribuem em diferentes esferas e categorias, incluindo sintomas positivos, negativos e cognitivos. Dentre os sintomas positivos, podemos incluir a agitação psicomotora, os delírios e as alucinações. Já os sintomas negativos e cognitivos incluem o autismo, ambivalência, afeto embotado, perda da capacidade da associação, falta de espontaneidade, discurso empobrecido, dificuldade em estabelecer relações e lentidão de movimento, alterações de memória e atenção, dentre outros (JAVITT; COYLE, 2004). A maior ênfase na investigação do papel dos neurotransmissores na gênese da esquizofrenia tem recaído sobre a dopamina, isso desde que foi demonstrado que drogas antipsicóticas alteram o nível de catecolaminas no cérebro (CARLSSON; LINDQVIST, 1963). A hipótese da hiperfunção dopaminérgica continuou a evoluir principalmente quando foi descoberto que a eficácia e a potência das drogas antipsicóticas tradicionais eram diretamente relacionadas à sua habilidade em antagonizar os receptores dopaminérgicos D2 (CRESSE et al., 1976). Entretanto, não existe dúvida que o mecanismo fisiopatológico da esquizofrenia é mais complexo do que apenas um aumento de dopamina (BACHUS; KLEINAMAN, 1996). A maior parte dos antipsicóticos tradicionais, que são antagonistas D2, possui eficácia limitada, não promovendo, por exemplo, o alívio dos sintomas negativos da esquizofrenia (DAVIS et al., 1991). Em adição a dopamina, outros sistemas neurotransmissores passaram a ser investigados como tendo um papel na patogênese da esquizofrenia, como a serotonina, a 14 epinefrina, a norepinefrina, os canabinóides endógenos e, atualmente, o glutamato, que compreende um dos principais focos de estudo. Parte dessa nova investigação deveu-se ao fato que uma expressiva quantidade dos portadores desta patologia não responde a drogas antipsicóticas tradicionais, os antagonistas dopaminérgicos D2. Em cerca de 20-30% dos casos, a doença não responde à intervenção com antipsicóticos típicos (BRENNER; MERLO, 1995). Esta parcela dos pacientes é composta principalmente por indivíduos do sexo masculino, caracterizados pelo aparecimento de sintomas em faixas etárias anteriores, por um maior número de hospitalizações e por um funcionamento social ainda mais prejudicado que aquele observado em outros pacientes (HENNA et al., 1999; MELTZER et al., 1997). Devido a estas características peculiares, a doença nestes casos recebe a designação de “esquizofrenia refratária”. O termo esquizofrenia refratária já foi objeto de divergências na literatura científica, sendo erroneamente utilizado para designar, por exemplo, casos onde a adesão do paciente ao tratamento medicamentoso era duvidosa (HELKIS; MELTZER, 2007). De acordo com aqueles autores, a aplicação do termo deve antes ser utilizada para se referir àquelas situações onde a doença em si não responde ao tratamento da forma esperada, ainda que este seja seguido à risca, assim parece que os termos “responsivo” e “não-responsivo” ao tratamento farmacológico são mais adequados. De acordo com o The International Psychopharmacology Algorithm Project (www.ipap.org), a condição de refratariedade ou não-responsividade farmacológica é preenchida quando três critérios específicos (adaptados de Kane et al., 1988) estiverem presentes: “(1) ausência de períodos de bom funcionamento durante cinco anos; (2) ausência de resposta a pelo menos duas drogas antipsicóticas de classes químicas diferentes, 15 administradas durante períodos entre quatro e seis semanas em doses equivalentes a 400 mg/dia de clorpromazina ou 5 mg/dia de risperidona; e (3) sintomatologia de severa a moderada, especialmente com sintomas positivos: desorganização conceitual, suspeição, delírios ou comportamento alucinatório”. Essa diferenciação entre pacientes responsivos e não-responsivos não parece ser de menor importância, uma vez que uma das grandes dificuldades na pesquisa, assim como na prática clínica, é a busca por subgrupos mais específicos deste transtorno, o que permitiria uma melhor compreensão de aspectos fisiopatológicos e terapêuticos do mesmo. 1.1 OS RECEPTORES GLUTAMATÉRGICOS Antes de começar um aprofundamento nos mecanismos glutamatérgicos da esquizofrenia é importante que se tenha uma noção a respeito da complexidade dos receptores glutamatérgicos. O glutamato é o principal neurotransmissor aminoácido excitatório do SNC e atua através de três famílias de receptores ionotrópicos e em diferentes famílias de receptores metabotrópicos. Esses receptores são encontrados em neurônios por todo o SNC, tanto pré como pós-sinapticamente, e também na glia (TAMMINGA, 1999). Os receptores metabotrópicos ligam-se tanto ao L-glutamato quanto ao quisqualato, ativando uma proteína G associada, o que estimula a fosfolipase C ou inibe a adenil-ciclase, ativando ou inibindo as vias de segundos-mensageiros (SCHOEPP et al., 1990; TANABE et al., 1992). Já os três receptores ionotrópicos são receptores que fazem parte de canais iônicos que medeiam a vasta maioria da neurotransmissão excitatória do cérebro (BRESSAN, 2003; DINGLEDINE et al., 1999). 16 Os três receptores ionotrópicos foram nomeados de acordo com seus agonistas seletivos: 1) ácido N-metil-D-aspartato (NMDA); 2) ácido kaínico (kainato); e 3) ácido alfaamino-3-hidróxi-5-metil-4-isoxazole propiônico (AMPA) (TAMMINGA, 1998). Esses receptores se diferenciam por possuírem diferentes propriedades farmacológicas e características eletrofisiológicas e também por terem sido clonados recentemente. Atualmente, acredita-se que as subunidades dos receptores NMDA, AMPA e kainato sejam codificadas por seis famílias de genes, sendo três famílias para o receptor NMDA, uma única para o AMPA e duas famílias de genes para os receptores kainato (Tabela 1) (BOULTER et al., 1990; BRESSAN, 2003; DINGLEDINE et al., 1999; HOLLMANN; HEINEMANN, 1994; NAKANISHI, 1992). Embora existam evidências que sugiram que esses genes possuam uma origem evolutiva comum, eles encontram-se espalhados em numerosos cromossomos (DINGLEDINE et al., 1999). Tabela 1. Receptores do glutamato. Ionotrópicos (ligados ao canal iônico) Receptor Subunidades Constituintes NMDA Kainato AMPA NMDAR1A-G NMDAR2A-D NMDAR3A-B GluR5-7 (baixa afinidade) KA1-2 (alta afinidade) GluR1-4 Metabotrópicos (ligados à proteína G) Grupo Receptor Grupo I Grupo II Grupo III mGluR1, 5 mGluR2-3 mGluR4, 6-8 Fonte: CULL-CANDY et al., 2001 (adaptado). 17 Quando são comparadas as localizações dos receptores dentro do SNC, os receptores AMPA existem em maior densidade, os receptores kainato são os de menor densidade dentro do SNC e os receptores NMDA parecem se concentrar primariamente no sistema límbico (Tabela 2) (BRESSAN, 2003; HUNTLEY et al., 1994). Tabela 2. Distribuição de subunidades do receptor NMDA no SNC dos mamíferos. NMDA subunidades receptoras NMDAR1 Padrão de Expressão Vasta expressão por toda a matéria cinzenta. Proeminente no hipocampo, córtex frontal e temporal, caudado, putamen e tálamo NMDAR2A Córtex cerebral, hipocampo, córtex cerebelar córtex e bulbo olfatório NMDAR2B Telencéfalo NMDAR2C Cerebelo NMDAR2D Diencéfalo e tronco cerebral Fonte: AKBARIAN et al., 1996 (adaptado). Os receptores ionotrópicos podem se combinar em formas homoméricas e heteroméricas, a fim de fazerem uma grande variação multimérica através do SNC que se expressam diferentemente em diferentes regiões cerebrais (BRESSAN, 2003; DINGLEDINE et al., 1999; MONYER et al., 1994). As subunidades dos receptores AMPA incluem o GLU R1-GLU R4, enquanto as subunidades do kainato compreendem os receptores GLU R5–GLU R7 e KA1-2 (BRESSAN, 2003; DINGLEDINE et al., 1999). Essas subunidades de receptores ionotrópicos estão sujeitas a alterações póstranscripcionais, incluindo segmentação mRNA alternativa e edição pós-transcripcional, o que lhes propicia uma grande diversidade funcional e estrutural (DINGLEDINE et al., 18 1999). Tanto o receptor AMPA quanto o kainato são ligados a canais de sódio e potássio que abrem em presença de glutamato. Isso resulta em um fluxo iônico de menos de 1 milissegundo (ms), causando uma despolarização de curta duração do neurônio póssináptico (JAVITT; ZUKIN, 1990). Já o receptor NMDA é estruturalmente mais complexo que os outros receptores ionotrópicos e por isso é conhecido como complexo NMDA. A base molecular da diversidade dentro do complexo NMDA foi classificada de acordo com a subseqüente clonagem de genes para o receptor NMDA (BRESSAN, 2003; HOLLMAN; HEINEMANN, 1994; NAKANISHI; MASU, 1994). Este receptor é composto de duas diferentes subunidades protéicas denominadas NMDAR1 (NR1), com 4 subunidades tetraméricas variantes (NR1 1-4), e NMDAR2 (NR2), com cinco diferentes genes codificando as variantes (NR2 A-D, NR3 A) (BRESSAN< 2003; DINGLEDINE et al., 1999). Acredita-se que uma unidade NR1 tem que se combinar com uma ou mais subunidades NR2 para formar uma estrutura pentamérica (três NR1, dois NR2) ou tetramérica (duas NR1, duas NR2) (BRESSAN, 2003; DINGLEDINE et al., 1999). Aparentemente, existem ao menos seis sítios farmacológicos distintos aos quais algum composto pode se ligar ao complexo NMDA e alterar a atividade desse receptor. Como pode ser visto na figura 1, esses sítios de ligação são: 1) um sítio neurotransmissor primário liga-se ao aspartato, NMDA e glutamato, os quais promovem a abertura dos canais de alta condutividade, o que permite a entrada de sódio e cálcio na célula. 2) um sítio de ligação co-agonista que se liga a glicina e que precisa estar ocupado para que o canal iônico funcione. 19 3) um sítio de ligação voltagem-dependente ao qual se liga o magnésio, principalmente durante o potencial de repouso, e que bloqueia a condutância do canal. 4) um sítio inibitório ao qual se ligam o PCP, a ketamina e o MK-801. 5) um sítio poliamina regulatório ao qual se ligam a espermina e espermidina e que facilita a transmissão mediada pelo receptor NMDA. 6) um sítio catiônico bivalente inibitório próximo à entrada do canal que tem afinidade pelo Zn2+ e produz um bloqueio voltagem independente (BRESSAN, 2003). Ocorre o influxo de sódio, potássio e cálcio para dentro do receptor quando o glutamato é liberado pré-sinapticamente e também na presença de glicina (OLNEY; FARBER, 1995). Figura 1. Estrutura do receptor NMDA. Fonte: www.puc.cl/sw_edu/neurociencias/html. 20 A heterogeneidade farmacológica dos receptores NMDA parece variar de acordo com a região e a etapa de desenvolvimento cerebral (LYNCH; GALLAGHER, 1996). Avanços recentes, tal como o reconhecimento da família NMDAR3, têm mostrado que a complexidade funcional dos receptores NMDA é muito maior que o pensado anteriormente. Estabelecer o significado desta grande heterogeneidade continua a ser um grande desafio (BRESSAN, 2003; CULL-CANDY et al., 2001). Os receptores NMDA são compostos, portanto, por vários locais de ligação (Figura 1), aos quais se ligam numerosas substâncias endógenas e exógenas. Estas substâncias atuam como agonistas e antagonistas que regulam a atividade do receptor NMDA in vivo. Por exemplo, prótons (H+) inibem os receptores dos canais NMDA com valores de IC50 próximos ao pH fisiológico, significando que os canais dos receptores NMDA são tonicamente inibidos sob condições normais (BRESSAN, 2003; TRAYNELIS; CULLCANDY, 1990). Dentre os sítios de ligação regulatórios dos receptores NMDA (Figura 1), o sítio de ligação do PCP é de especial interesse para o entendimento da esquizofrenia. Antagonistas não-competitivos dos receptores NMDA atuam no sítio de ligação PCP bloqueando o canal (bloqueadores de canal). Para isso ocorrer é necessário que o canal esteja em estado aberto. Isso equivale a dizer que mesmo os antagonistas não-competitivos acabam produzindo um efeito equivalente de antagonismo direto dos receptores NMDA (HUETTNER; BEAN, 1988). Essa necessidade do canal iônico estar aberto ocorre porque as características de ligação a este sítio são sensíveis ao estado funcional do canal NMDA, ou seja, algumas ligações só podem acontecer no canal aberto (BRESSAN, 2003; JAVITT; ZUKIN, 2000). 21 Para se estudar a fisiologia do receptor NMDA, bloqueadores de canal têm sido largamente usados para medir ativação do receptor NMDA in vitro (CHEN et al., 1999; DZUBAY; JAHR, 1996; FLETCHER; MACDONALD; 1993). Quando os ligantes do sítio PCP ligam-se a este, eles ficam presos dentro do canal (BLANPIED et al., 1997). A afinidade do ligante pelo sítio é que vai determinar a intensidade dos bloqueios cinéticos e as posteriores ativações sucessivas dos receptores NMDA (PARSONS et al., 1995; ROGAWSKI, 1993). 1.2 TRANSMISSÃO GLUTAMATÉRGICA A neurotransmissão glutamatérgica é o mecanismo de excitação primário do cérebro e, portanto, modula praticamente todos os neurônios no SNC. O glutamato é armazenado em vesículas sinápticas no terminal nervoso pré-sináptico (NAITO; UEDA, 1989; STORM-MATHISEN et al., 1986). De uma maneira simplista, o sistema glutamatérgico é organizado em um sistema neuronal ascendente e um sistema neuronal descendente. No sistema ascendente, os axônios se prolongam a partir do complexo hipocampal e se estendem até os gânglios basais; enquanto no sistema descendente os axônios se estendem a partir do neocórtex até as estruturas subcorticais (TAMMINGA, 1999). O L-glutamato descendente estimula o fluxo de ácido γ-aminobutírico (GABA) a partir do nucleus accumbens, do estriado e do hipocampo (JANAKY et al., 1993; STELZER; WONG, 1989). Isso acontece em oposição às vias dopaminérgicas ascendentes que inibem a liberação de GABA a partir do estriado ligando-se a receptores dopaminérgicos do tipo 2 (D2) em neurônios colinérgicos e GABAérgicos (NICOLLON et 22 al., 1983). O L-glutamato descendente também estimula a liberação tônica de dopamina pelo núcleo accumbens e pelo estriado (THORNBERG; SAKLAD, 1996). Além disso, existem outras fortes evidências a respeito de ações recíprocas entre os sistemas dopaminérgicos e glutamatérgicos (CARLSSON, 1995). Por exemplo: a) receptores dopaminérgicos são localizados nas projeções terminais de neurônios glutamatérgicos córtico-estriatais (SCHWARCZ et al., 1978); b) receptores glutamatérgicos são encontrados em terminais nervosos das vias dopaminérgicas nigro-estriatais (ROBERTS; ANDERSON, 1979); c) ativação de receptores NMDA no córtex pré-frontal aumenta a liberação de dopamina e aumenta a ativação dopaminérgica seletiva (KALIVAS et al., 1989); e d) ambos neurônios dopaminérgicos e glutamatérgicos estimulam as espículas de células piramidais (SMILEY et al., 1992). Visto que existem receptores glutamatérgicos em neurônios dopaminérgicos e receptores dopaminérgicos em vias glutamatérgicas, um desequilíbrio nos níveis dessas duas substâncias pode predispor o indivíduo à esquizofrenia (HIRSCH et al., 1997). Claramente esses achados sustentam a necessidade de o cérebro manter um balanço regular entre a dopamina e o glutamato (RIEDERER et al., 1992). 1.3 GLUTAMATO E ESQUIZOFRENIA Como já dito acima, o foco dos trabalhos que investigam o papel dos neurotransmissores na gênese da esquizofrenia tem recaído sobre a dopamina, isso desde que foi demonstrado que drogas antipsicóticas alteram o nível de catecolaminas no cérebro (CARLSSON; LINDQVIST, 1963). A hipótese da hiperfunção dopaminérgica continuou a evoluir ao verificar-se que a eficácia e a potência das drogas antipsicóticas tradicionais eram 23 diretamente relacionadas à sua habilidade em antagonizar os receptores dopaminérgicos D2 (CREESE et al., 1976). Entretanto, não existe dúvida que o mecanismo neuropatológico da esquizofrenia é mais complexo que apenas um aumento de dopamina (KAPLAN; SADOCK, 1998; BACHUS; KLEINMAN, 1996). DAVIS et al., 1991, mostraram, por exemplo, que a maior parte dos antipsicóticos tradicionais (antagonistas D2) possui eficácia limitada, não promovendo o alívio dos sintomas negativos da esquizofrenia. Além da dopamina, outros sistemas neurotransmissores passaram a ser investigados na patogênese da esquizofrenia, tais como a serotonina, a epinefrina, a norepinefrina, os canabinóides endógenos e, atualmente, o glutamato, que representa um dos principais focos de estudo na área. Embora diversas linhas de pesquisa estejam investindo o papel do glutamato, até o momento ainda não existe nenhum antipsicótico disponível comercialmente que atue primariamente sobre esse sistema (CARLSSON et al., 1999; DEAKIN et al., 1989; DURSUN et al., 1999; DURSUN; DEAKIN, 2001; FARBER, 1995; HIRSCH et al., 1997; OLNEY; TAMMINGA, 1999, 1998). De maneira geral, pode-se afirmar que existem duas hipóteses opostas, mas não totalmente contraditórias, sobre o modo o glutamato estaria envolvido na esquizofrenia: (i) hipótese da hipofunção glutamatérgica e (ii) hipótese da hiperfunção glutamatérgica (DURSUN; DEAKIN, 2001). A hipofunção glutamatérgica foi primeiramente proposta por Kim et al. (1980) que relataram que esquizofrênicos apresentavam baixos níveis de glutamato no líquido cérebro-espinhal e foi reforçada pela descoberta de que antagonistas NMDA como a ketamina podiam induzir efeitos psicotomiméticos em humanos (JENTSCH; ROTH, 1999; STEMPRESIS, 1996; THORNBERG; SAKLAD, 1996). 24 Dados provenientes de estudos post-mortem com pacientes esquizofrênicos também indicaram anormalidades dos receptores glutamatérgicos no córtex e nos lobos temporais, reforçando a hipótese de que a esquizofrenia poderia resultar de um decréscimo da liberação de glutamato nessas áreas (HUMPHRIES et al., 1996; ISHIMARU et al., 1994; SHERMAN et al., 1991; TAMMINGA, 1998). Esses achados prontamente induziram ao teste de substâncias que pudessem restaurar o suposto déficit de glutamato em pacientes com esquizofrenia. Entretanto, o uso de glicina demonstrou apenas limitada eficácia (HERESCO-LEVY et al., 1996; JAVITT et al., 1994; LEIDERMAN et al., 1996; POTKIN et al., 1999; WAZIRI, 1988), enquanto a milacemida não mostrou eficácia alguma (ROSSE et al., 1991) e a cicloserina e a glicina bloquearam os efeitos terapêuticos da clozapina em alguns pacientes (GOFF et al., 1996; POTKIN et al., 1999). A hipótese da hiperfunção glutamatérgica foi primeiramente sugerida pelos achados de níveis plasmáticos aumentados em portadores de esquizofrenia (SACKLER et al., 1954) e, posteriormente, desenvolvida por Deakin et al. (1989) a partir de evidências neuroquímicas de uma superabundância de sinapses glutamatérgicas no córtex frontal de esquizofrênicos (DEAKIN et al., 1989; DEAKIN; SIMPSON, 1997; SIMPSON et al., 1998). Em um teste explícito dessa hipótese de hiperfunção glutamatérgica, Dursun et al. (1999) testaram a adição de um inibidor da liberação de glutamato, a lamotrigina, à clozapina no tratamento de esquizofrênicos refratários e observaram um efeito de melhora dramática em todo o espectro sintomatológico e psicopatológico em seis pacientes. Recentemente, Saba et al. (2002) reproduziram esse achado com outros três pacientes (SABA et al., 2002) e Tiihonen et al. (2003) confirmaram esses dados em um ensaio duplocego. 25 Embora as evidências conectando transmissão glutamatérgica e esquizofrenia sejam na sua maioria indiretas e grande atenção seja dirigida à possibilidade de uma hipofunção glutamatérgica (TSAI; COYLE, 2002), uma revisão acurada da literatura internacional suporta a idéia de que a esquizofrenia seja um distúrbio de complexas redes neurais no qual as anormalidades dos receptores glutamatérgicos possuem um papel fundamental, coexistindo no cérebro diferentes áreas com características hipo e hiperglutamatérgicas. 1.4 NÍVEIS PLASMÁTICOS DE GLUTAMATO Uma maneira de se investigar a existência de anormalidades na transmissão glutamatérgica na esquizofrenia é através da mensuração dos níveis deste aminoácido. O primeiro relato a respeito dos níveis de glutamato no líquido cefalorraquidiano (LCR) mostrou que, em um grupo de 20 (16 medicados) esquizofrênicos paranóides, esses níveis eram menores que os dos controles utilizados (KIM et al., 1980). Desde então, outros laboratórios têm produzido resultados conflitantes ao medirem os níveis de glutamato em humanos. Em pacientes esquizofrênicos, a maioria estando medicada, Gattaz et al. (1982, 1985) relataram um aumento nos níveis de glutamato no LCR e concluíram que deve haver uma correlação entre a eficácia dos neurolépticos e o nível de glutamato cerebral. Em comparação, Korpi et al. (1987) verificaram não haver diferenças nos níveis de glutamato de 23 pacientes esquizofrênicos crônicos não-medicados quando comparados com os controles. Além disso, verificaram ainda não haver diferenças nos níveis de glutamato no LCR nos períodos pré e pós-tratamento em seis desses pacientes. 26 Van der Heijden et al. (2004), Tortorella et al. (2001) e Sackler et al. (1954), examinando a concentração sanguínea encontraram níveis aumentados no plasma de pacientes esquizofrênicos quando comparado com controles normais. Van der Heijden et al. (2004) ainda encontraram uma correlação inversa entre os níveis de glutamato e sintomas negativos e mostraram que o glutamato aumentou após o tratamento com um neuroléptico atípico. No estudo de Tortorella et al. (2001), o glutamato que estava aumentado diminuiu após o uso de clozapina, embora ainda tenha se mantido aumentado (foram considerados valores estatisticamente significativos). Macciardi et al. (1990), quando examinando a concentração sanguínea e urinária de vários aminoácidos encontraram níveis elevados de glicina, glutamato e serina em esquizofrênicos comparados a controles. Entretanto, quando comparados a outros pacientes psiquiátricos ambulatoriais, os pacientes esquizofrênicos não apresentaram níveis anormais de glutamato (ALTRAMURA et al., 1993). A análise conjunta desses dados não permite conclusões definitivas, uma vez que esse tipo de estudo apresenta alguns pontos fracos metodológicos. Dentre esses, pode ser incluída a instabilidade do glutamato durante o processamento do LCR (FERRARESE et al., 1993). Além de se medir o glutamato propriamente dito, é possível se investigar os precursores e as enzimas envolvidas no metabolismo glutamatérgico. A N-acetil-alfadipeptidase-ligada ácida (NAALADase) é a enzima que converte o precursor de glutamato N-acetil-aspartil-glutamato (NAAG) em N-acetil-aspartato (NAA) e em glutamato no mesmo tecido. Tsai et al. (1995) encontraram níveis reduzidos de NAALADase, bem como um aumento em NAAG no hipocampo e no córtex cerebral de esquizofrênicos quando comparados a controles tratados com neurolépticos e a controles não-psiquiátricos. 27 1.5 GLICINA E SERINA Quanto a glicina, esta é um co-agonista obrigatório em receptores NMDA que aumenta a transmissão glutamatérgica, assim como sua precursora a serina. Estes são aminoácidos que merecem atenção na pesquisa da esquizofrenia. A glicina atua melhorando a ativação do canal de cátions voltagem-dependente do receptor NMDA (SUMIYOSHI et al., 2004). Achados histoquímicos sugerem que a D-Serina pode modular as posições de glicina no receptor NMDA (SUMIYOSHI et al., 2004). A glicina é produzida através da serina que está sujeita a ação da enzima SHMT (serina hidroximetil transferase) e do GCS (sistema de clivagem enzimática da glicina). A enzima SHMT tem apresentado atividade deficitária em alguns esquizofrênicos. Observa-se que há uma correlação entre os níveis séricos e liquóricos de glicina e serina. E ainda, observa-se também uma correlação dos mesmos com sintomas esquizofrênicos, embora os achados tenham se apresentado controversos, ou seja, ora os níveis estão aumentados, ora estão diminuídos ou normais (SUMIYOSHI et al., 2004). Outros estudos revelam que os sintomas negativos melhoram quando a glicina é associada ao tratamento antipsicótico. Assim, a queda de glicina sérica reforça a hipótese hipoglutamatérgica da esquizofrenia, ou seja, níveis de glicina mais baixos que os normais estariam relacionados com sintomas negativos. Tais achados sugerem que a D-Serina pode servir como um marcador periférico da esquizofrenia (SUMIYOSHI et al., 2004). A enzima SHMT (serina hidroximetil transferase) que participa da reação serina-glicina pode ter dificuldade de ser ativada em alguns esquizofrênicos, assim como níveis elevados de serina e glicina também são observados na esquizofrenia (SUMIYOSHI et al., 2004). 28 A serina é o aminoácido mais investigado nas psicoses. Waziri et al. (1993) observaram níveis aumentados de serina no sangue e no cérebro de pacientes esquizofrênicos. Este mesmo autor também aponta que os níveis plamáticos de serina estão aumentados na psicose ativa quando se comparam com níveis de serina em pacientes que melhoraram dos sintomas psicóticos, porém estes níveis ainda são maiores do que nos controles. Macciardi et al. (1990) também encontraram aumento plasmático de serina, mas, diferentemente de Waziri et al. (1985), não afirmam que tal aumento possa ser considerado um marcador biológico de psicose per se. Usando outra metodologia, Carl et al. (1992) trabalharam com pacientes esquizofrênicos crônicos hospitalizados e também não encontraram diferenças em relação a serina quando compararam tais pacientes com trabalhadores normais do hospital. Baruah et al. (1993) encontraram concentrações anormalmente aumentadas de serina e baixa atividade de serina hidroximetil transferase (SHMT) em pacientes psicóticos e esquizofrênicos quando comparados com controles. Em concordância, Wilcox et al. (1985) também encontraram que a atividade de SHMT está diminuída em pacientes psicóticos. Foram descritos também aumentos de glicina e serina e alteração de SHMT em cérebros necropsiados de esquizofrênicos (BARUAH et al., 1993). Já quando foram realizados estudos a respeito da ação dos neurolépticos sobre o metabolismo dos aminoácidos, Waziri et al. (1984) observaram níveis plamáticos de serina decrescentes com o tratamento antipsicótico. Grundig et al. (1976) administraram altas doses de fenotiazinas que produziram rigidez e tremor em ratos e 20 minutos após a decaptação dos mesmos foram encontradas concentrações aumentadas de serina e glicina no fígado e cérebro dos ratos. 29 Em estudo prévio, Baruah et al. (1993) revelou o efeito dos neurolépticos em um grupo misto de pacientes esquizofrênicos e afetivos, os quais ficaram livres de antipsicóticos por três semanas e quando estes foram reintroduzidos observou-se uma concentração baixa dos mesmos, mas sem afetar a atividade plasmática de SHMT. Os achados da pesquisa têm mostrado que os efeitos dos neurolépticos sobre os aminoácidos são mais relevantes quando comparados à dieta e outras variáveis. Porém, ainda não se conhece o possível local de ação dos neurolépticos sobre a glicina, a serina e o glutamato (BARUAH et al., 1993). Os achados de Baruah et al. (1993) sugerem que neurolépticos são, na verdade, neuroprotetores por seus efeitos sobre a concentração de serina e glicina, pois a concentração elevada das mesmas teriam uma ação neurotóxica na via glutamatérgica através do receptor NMDA. Logo, os neurolépticos tenderiam a normalizar a concentração de serina e glicina no cérebro de esquizofrêncios. Van der Heijden et al. (2004) verificaram a ação dos antipsicóticos atípicos sobre o glutamato e encontraram uma elevação dos níveis glutamatérgicos em pacientes esquizofrênicos. Perceberam, ainda, que há uma correlação inversa entre os níveis de glutamato e sintomas negativos. Entretanto, observaram que o tratamento de esquizofrênicos com neurolépticos atípicos aumenta a concentração de glutamato. Tortorella et al. (2001) observaram que os valores do glutamato estavam aumentados em pacientes livres de neurolépticos e após doze semanas de tratamento com clozapina houve significativa redução dos níveis glutamatérgicos, embora não restaurados até os valores encontrados em controles normais. 30 Tortorella et al. (2001) encontraram concentração de serina diminuída em pacientes livre de drogas e que continuou diminuída quando a clozapina foi introduzida, embora fosse observada uma melhora clínica dos pacientes. Frente a esses achados, fica claro que ocorre algum grau de disfunção na transmissão glutamatérgica em pacientes esquizofrênicos. O que ainda não está claro é a real natureza dessa disfunção e também o quanto a mesma pode ser identificada através da mensuração dos níveis deste aminoácido e seus precursores e agonistas em nível periférico (valores sorológicos ou plasmáticos). Além disso, tem sido descrita em estudos de neuroimagem, particularmente com o uso da espectroscopia de prótons, uma alteração dos valores de glutamato nos cérebros de pacientes em primeiro episódio psicótico e crônicos, bem como em familiares considerados como de alto risco para o desenvolvimento de esquizofrenia (THÉBERGE et al., 2002; THÉBERGE et al., 2003; TIBBO et al., 2004). Em relação aos níveis plasmáticos, não há relatos suficientes na literatura em relação aos familiares. Assim, o presente trabalho justifica-se, em primeiro lugar, tentando reproduzir os achados da literatura com uma população bem caracterizada e uniforme do ponto de vista clínico. Em segundo lugar, acrescentando o grupo de familiares em primeiro grau, o que poderá ajudar a identificar se essas variações ocorrem e se poderiam ser consideradas um marcador ou um fator de risco para o desenvolvimento de esquizofrenia. 31 2 OBJETIVOS 32 Este estudo teve por objetivo avaliar os níveis dos aminoácidos glutamato, serina e glicina no soro de pacientes esquizofrênicos em tratamento com haloperidol e clozapina e em seus familiares em primeiro grau e compará-los com os níveis séricos de controles sadios. Além disso, objetivou-se correlacionar tais níveis entre si e com a expressão sintomatológica dos pacientes e com a medicação em uso pelos mesmos. 33 3 MATERIAIS E MÉTODOS 34 3.1 PARTICIPANTES Foram selecionados 15 pacientes portadores de esquizofrenia diagnosticada pelos critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Psiquiátrica Americana – 4a edição (Diagnostic and Statistical Manual – DSM-IV) em tratamento antipsicótico tradicional, denominados de responsivos (Grupo Esq R); 15 pacientes portadores de esquizofrenia diagnosticada pelos critérios diagnósticos do DSM-IV em tratamento antipsicótico com clozapina, denominados não-responsivos conforme os critérios adaptados de Kane et al. (1988) (Grupo Esq NR); 30 familiares em primeiro grau dos respectivos pacientes (Grupo Fam Esq R e Grupo Fam Esq NR) e 60 voluntários sadios emparelhados de acordo com a idade e o sexo com os respectivos grupos do estudo (grupos Controle Esq R, Controle Fam Esq R, Controle Esq NR, Controle Fam Esq NR). O emparelhamento dos grupos de pacientes e familiares com os voluntários sadios foi realizado dois a dois da seguinte maneira: Grupo Esq R com o Grupo Controle Esq R, Grupo Fam Esq R com o Grupo Controle Fam Esq R, Grupo Esq NR com o Grupo Controle Esq NR, Grupo Fam Esq NR com o Grupo Controle Esq NR. 3.1.1 Critérios de inclusão Pacientes com esquizofrenia, familiares em primeiro grau dos mesmos e voluntários sadios. Todos dentro da faixa etária entre 18 e 75 anos, de ambos os sexos. Os pacientes deviam estar em tratamento farmacológico com antipsicóticos tradicionais ou 35 clozapina. Os pacientes aqui denominados como responsivos obtiveram um controle clínico satisfatório com antipsicóticos tradicionais, estabilizados com a mesma dose de medicação antipsicótica por ao menos quatro meses. Os pacientes aqui denominados como nãoresponsivos assim o foram devido ao fato de terem sido submetidos a pelo menos dois ensaios clínicos completos com antipsicóticos tradicionais ou de segunda geração, o que levou a necessidade de introdução de clozapina para atingir estabilização clínica, sendo necessário também que não houvesse modificação do esquema posológico por pelo menos 4 meses. 3.1.2 Critérios de exclusão Pacientes fora da faixa etária de 18 a 75 anos, portadores de quadros orgânicos clínicos significativos, erros inatos do metabolismo, co-morbidades psiquiátricas, abuso ou dependência de álcool e drogas. Os familiares deveriam estar na faixa etária de 18 a 75 anos, e não apresentar diagnóstico psiquiátrico ou clínico significativo e nem abuso ou dependência de álcool ou drogas. Os voluntários sadios não poderiam apresentar história familiar de quadros psiquiátricos, nem apresentar diagnóstico psiquiátrico ou clínico significativo e nem abuso ou dependência de álcool ou drogas. 3.2 INSTRUMENTOS • Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve (Brief Psychiatric Rating Scale – BPRS, OVERALL; GORHAM, 1962) modificada por Bech (1986), traduzida e adaptada para o português (ZUARDI et al., 1994). 36 • Escala de Avaliação das Síndromes Positiva e Negativa para Esquizofrenia - Escala Negativa (Positive and Negative Syndrome Scale - PANSS, KAY et al., 1987), traduzida e adaptada para o português por Vessoni (1993). • Cromatógrafo 3.2.1 Método para análise de aminoácidos A concentração dos aminoácidos serina, glicina e glutamato foi determinada no soro através do método cromatográfico descrito por Burbach et al. (1982). O sangue venoso (10ml) foi coletado de pacientes em jejum, em tubos a vácuo sem anticoagulante. As amostras foram deixadas coagular em temperatura ambiente e o soro foi separado por centrifugação a 3.500 rpm durante 10 minutos. O sobrenadante foi separado, aliquotado e congelado a –20ºC até o momento do uso. As amostras (0,2 ml) foram preparadas pela adição de ácido tricloroacético (Merck) (0,2ml) a 5%, mantidas a 4ºC por 10 minutos e centrifugadas a 14.000 rpm. Procedimento idêntico foi realizado com as amostras após a adição de 250umol do aminoácido Norleucina (padrão interno). Foi feita neutralização das amostras utilizando-se uma solução de Li(OH)3 (Merck) 4 M. As análises de aminoácidos foram realizadas usando uma coluna de octadecilsilano (Lichrospher, 4,6 x 125mm, Merck), equilibrada em metanol (Carlo Erba, Grau HPLC) a 20 % em tampão citrato de sódio 0,1 M, pH 6,5 e eluída com um gradiente de metanol 100%. Foi utilizada a pré-derivação com o-ftalaldeído (Sigma), segundo Burbach et al. ( 1982). 37 3.3 PROCEDIMENTO Os pacientes e seus familiares foram selecionados a partir da população usuária do Ambulatório de Esquizofrenia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e do Ambulatório de Reabilitação Psicossocial da Enfermaria de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (APÊNDICE A). Todos aqueles pacientes e seus familiares que aceitaram participar do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido pós–informação (APÊNDICE B). O diagnóstico de esquizofrenia foi confirmado através de entrevista clínica utilizando-se os critérios diagnósticos do DSM-IV, realizada pelo autor do projeto. No ato da entrevista diagnóstica também foram aplicadas a BPRS e a PANSS negativa, com a finalidade de identificar a predominância sintomatológica no momento da coleta do sangue, para posterior correlação dos níveis plasmáticos dos aminoácidos com as manifestações clínicas dos pacientes. Os voluntários sadios foram selecionados a partir de busca ativa de moradores da cidade de Uberaba emparelhados de acordo com a idade e o gênero com os pacientes e seus familiares. Uma vez identificados, eram submetidos a uma entrevista não-estruturada para identificação de possíveis critérios de exclusão. Não havendo contra-indicação eram então convidados a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido pós-informação e era agendada uma data para coleta das amostras de sangue. 38 Foram colhidas amostras de sangue de voluntários de todos os grupos após doze horas de jejum e a seguir, pelo método de cromatografia, foram mensurados os níveis de serina, glicina e glutamato, comparando-os entre si. 3.3.1 Análise Estatística As análises estatísticas foram realizadas usando o pacote estatístico SPSS, versão 13.0 (SSPS - Incorporation, 2001). A análise dos dados demográficos e clínicos da amostra estudada foi realizada por meio da aplicação de testes estatísticos descritivos paramétricos e não-paramétricos. Para a comparação entre grupos, foi utilizada uma Análise de Variância - ANOVA para a comparação da idade, sendo submetidos à análise post-hoc com o teste de Tukey, e o Teste do Qui-quadrado para a comparação de gênero entre os grupos. Adotou-se como nível de significância p < 0,05. Os dois grupos de pacientes tiveram seus escores das escalas BPRS e PANSS comparados através do teste t de Student. Para a BPRS foi realizada ainda uma análise dos quatro fatores que a compõem (Ansiedade-Depressão, Retraimento-Retardo, Distúrbio do Pensamento, Ativação), de acordo com Crippa et al. (2002). Os níveis séricos dos diferentes grupos foram analisados através da ANOVA, sendo submetidos à análise post-hoc com o teste de Tukey. Esta análise considerou dois agrupamentos dos voluntários investigados neste estudo, assim delineados: os pacientes responsivos e não-responsivos, juntamente com seus respectivos voluntários sadios foram comparados entre si, o mesmo tendo sido feito para os familiares dos pacientes responsivos e não-responsivos e seus respectivos controles. 39 A correlação entre os níveis plasmáticos dos aminoácidos e os sintomas psicopatológicos dos pacientes foi realizada através do Coeficiente de Correlação de Pearson, bem como a correlação com a dose diária de antipsicóticos. A dose diária de antipsicóticos tradicionais foi transformada em equivalentes de clorpromazina para fins de análise. 40 4 RESULTADOS 41 4.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-DEMOGRÁFICAS Os seis grupos de voluntários foram comparados em relação à faixa etária utilizando uma ANOVA seguida pelo teste post-hoc de Tuckey. A ANOVA identificou uma diferença estatística entre os grupos (F5,115=25,467; p < 0,001). A Figura 2 mostra as médias de idade dos diferentes grupos participantes deste estudo. 70 60 50 Esq R Fam Esq R 40 anos Esq NR Fam Esq NR 30 Controle Esq Controle Fam 20 10 0 idade Figura 2. Médias de idade dos seis grupos participantes do estudo. As colunas representam a média de idade dos voluntários (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Fam Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Fam Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados com esquizofrênicos – Controle Esq; coluna laranja = controles emparelhados com familiares de esquizofrênicos – Controle Fam Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. 42 Já o teste de Tuckey mostrou que os grupos dispuseram-se em 2 agrupamentos conforme a faixa etária, confirmando a eficiência do emparelhamento realizado no processo de seleção (Tabela 3). Quanto ao gênero, não houve diferenças estatísticas entre as médias de idade dos grupos (x2=8,142; GL=5; p=0,149). Tabela 3. Teste de Tukey em relação à faixa etária dos grupos participantes no estudo Subset para alpha = 0,05 GRUPO 1* Esq R 33,47 Esq NR 36,20 Controle Esq 35,47 2* Fam Esq R 54,60 Fam Esq NR 58,62 Controle Fam Esq 62,13 Sig. 0,979 0,499 * Média de idade em anos A Tabela 4 apresenta algumas características clínico-demográficas dos grupos de pacientes responsivos e não-responsivos. 43 Tabela 4. Características clínico-demográficas dos pacientes participantes do estudo. N° Cadastro Pacientes Idade (anos) Sexo Medicamento (dose diária em mg) Diagnóstico 001-001 37 F Haloperidol 15 mg/dia F 20.0 001-002 35 M Clorpromazina 300mg/dia F 20.0 001-003 23 M Clorpromazina 400mg/dia F 20.0 001-004 45 M Haloperidol 15mg/dia F 20.0 001-005 24 M Haloperidol 15mg/dia F 20.0 001-006 38 F Clorpromazina 300mg/dia F 20.0 001-007 43 M Haloperidol 15mg/dia F 20.3 001-008 37 F Haloperidol 15mg/dia F 20.3 001-009 28 M Haloperidol 15mg/dia F 20.0 001-010 29 M Haloperidol 15mg/dia F 20.0 001-011 45 F Haloperidol 15mg/dia F 20.3 001-012 30 F Haloperidol 15mg/dia F 20.0 001-013 25 F Haloperidol 15mg/dia F 20.0 001-014 33 F Clorpromazina 400 mg/dia F 20.0 001-015 30 M Haloperidol 15 mg/dia F 20.0 003-001 36 M Clozapina 300 mg/dia F 20.0 003-002 45 M Clozapina 700 mg/dia F 20.3 003-003 31 M Clozapina 300 mg/dia F 20.0 003-004 28 F Clozapina 200 mg/dia F 20.0 003-005 35 M Clozapina 600 mg/dia F 20.1 003-006 30 M Clozapina 350 mg/dia F 20.0 003-007 41 M Clozapina 800 mg/dia F 20.3 003-008 28 F Clozapina 600 mg/dia F 20.1 003-009 32 M Clozapina 850 mg/dia F 20.0 003-010 40 M Clozapina 600 mg/dia F 20.1 003-011 42 M Clozapina 400 mg/dia F 20.0 003-012 27 M Clozapina 150 mg/dia F 20.0 003-013 49 F Clozapina 450 mg/dia F 20.3 003-014 31 F Clozapina 400 mg/dia F 20.3 003-015 51 M Clozapina 700 mg/dia F 20.1 44 Em relação à sintomatologia, os grupos de pacientes Esq R e Esq NR não apresentaram diferenças estatísticas quanto à sintomatologia avaliada utilizando a BPRS e considerando os escores totais da mesma (t=-1,504; GL=28; p=0,144). Já a análise dos fatores que compõem a escala mostrou diferenças estatisticamente significativas em relação ao fator Ansiedade-Depressão, com escores maiores para o grupo Esq NR (t=-3,479; GL=28; p=0,002), mas não para os outros fatores (Retraimento-Retardo, t=-1,330; GL=28; p=0,194 – Distúrbio do Pensamento, t=0,649; GL=28; p=0,522 – Ativação, t=0,922; GL=28; p=0,365). Quanto à PANSS negativa, foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos de pacientes, com os escores aumentados para o grupo de pacientes Esq NR (t=-5,103; GL=28,p<0,001 – Figura 3). * Figura 3. Escores médios da PANSS negativa. As colunas representam a média dos escores dos pacientes (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. O asterisco indica uma diferença estatísticamente significativa entre grupos (p < 0,05). 45 4.2 NÍVEIS PLASMÁTICOS DOS AMINOÁCIDOS DOS PACIENTES A comparação entre os níveis plasmáticos de serina, glicina e glutamato foi feita comparando-se os grupos de pacientes com os respectivos controles (três grupos comparados entre si). Em relação aos níveis plasmáticos de serina dos pacientes comparados aos de seus controles não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos (F2,58=1,206; p=0,307) (Figura 4). A comparação dos níveis plasmáticos de glicina de pacientes e seus controles evidenciou diferenças estatísticas entre os grupos (F2,58=3,796; p=0,028), com os Esq R apresentando níveis plasmáticos aumentados em relação aos outros grupos (Figura 5). Níveis plasmáticos de serina em pacientes e controles 100 90 80 nmol/ml 70 60 Esq R 50 Esq NR Controle Esq 40 30 20 10 0 serina Figura 4. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de serina em pacientes e controles. As colunas representam os voluntários (coluna azul-claro = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados aos Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. 46 Níveis plasmáticos de glicina em pacientes e controles 250 * nmol/ml 200 150 Esq R Esq NR Controle Esq 100 50 0 glicina Figura 5. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina em pacientes e controles. As colunas representam os voluntários (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados aos Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. * indica diferença estatística do grupo em relação aos demais grupos (p < 0,05). Em relação aos níveis plasmáticos de glutamato dos pacientes comparados aos de seus controles foram encontradas diferenças estatísticas, com esquizofrênicos nãoresponsivos apresentando níveis plasmáticos aumentados em relação aos controles e aos pacientes responsivos (F2,58=10,585; p<0,001) (Figura 6). 47 Níveis plasmáticos de glutamato em pacientes e controles 400 * 350 300 nmol/ml 250 Esq R Esq NR 200 Controle Esq 150 100 50 0 glutamato Figura 6. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato em pacientes e controles. As colunas representam os voluntários (coluna azul = esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna amarela = esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna cinza = controles emparelhados aos Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. * indica diferença estatística do grupo em relação aos demais grupos (p < 0,05). 4.3 CORRELAÇÕES DOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE AMINOÁCIDOS DOS PACIENTES ENTRE SI E COM AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E USO DE ANTIPSICÓTICOS Em relação às correlações, quando foram avaliados ambos os grupos de pacientes conjuntamente, foi notada uma correlação positiva entre os níveis plasmáticos de serina com os de glicina (r=0,433; p=0,017 – Figura 7) e de glutamato (r=0,513; p=0,004 – Figura 8), mas não entre glicina e glutamato (r=-0,244; p=0,194). 48 350 300 Glicina (nmol/ml) 250 200 150 100 50 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Serina (nmol/ml) Figura 7. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina e serina em ambos os grupos de pacientes. 600 Glutamato (nmol/ml) 500 400 300 200 100 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Serina (nmol/ml) Figura 8. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e serina em ambos os grupos de pacientes. 49 A correlação entre os níveis plasmáticos e os sintomas apresentados pelos pacientes mostrou uma correlação positiva entre os níveis de glutamato e os escores da PANSS negativa (r=0,401; p=0,028 – Figura 9), mas não foi observada nenhuma correlação significativa entre as outras medidas plasmáticas e os escores da BPRS total ou dos fatores da BPRS. 25 PANSS Negativa 20 15 10 5 0 0 100 200 300 400 500 600 Glutamato (nmol/ml) Figura 9. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e escores da PANSS negativa em ambos os grupos de pacientes. Quando os grupos de pacientes foram analisados separadamente, foi observada uma correlação negativa entre os níveis de glicina e de glutamato (r=-0,642; p=0,010 – Figura 10), mas não houve correlações significativas entre os níveis de serina e glicina considerando o grupo Esq R (r=0,119; p=0,672), nem entre serina e glutamato (r=0,176; p=0,531). 50 600 Glutamato (nmol/ml) 500 400 300 200 100 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Glicina (nmol/ml) Figura 10. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e glicina nos grupos de pacientes Esq R. Em relação à correlação entre os níveis plasmáticos dos aminoácidos e os sintomas dos pacientes, não foi observada correlações significativas quando se examinando apenas o grupo de pacientes responsivos. Curiosamente, também não houve correlação entre os níveis plasmáticos e os equivalentes de clorpromazina, e nem destes com os sintomas, fossem medidos pela BPRS e seus fatores, fossem medidos com a PANSS negativa. Já a análise de correlação entre os níveis plasmáticos dos aminoácidos no grupo Esq NR mostrou uma correlação positiva entre os níveis de serina tanto com a glicina (r=0,827; p<0,001 – Figura 11), quanto com o glutamato (r=0,804; p<0,001 – Figura 12). O mesmo foi encontrado para os níveis de glicina e glutamato (r=525; p=0,045 – Figura 13). Na correlação entre os níveis plasmáticos de aminoácidos dos Esq NR com os sintomas (BPRS total e fatores e PANSS negativa) e com a dose diária de clozapina, também não foram evidenciadas correlações significativas, como já ocorrera com o grupo Esq R. 51 350 300 Glicina (nmol/ml) 250 200 150 100 50 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Serina (nmol/ml) Figura 11. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina e serina nos grupos de pacientes Esq NR. 600 Glutamato (nmol/ml) 500 400 300 200 100 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Serina (nmol/ml) Figura 12. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e serina nos grupos de pacientes Esq NR. 52 600 Glutamato (nmol/ml) 500 400 300 200 100 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Glicina (nmol/ml) Figura 13. Correlações entre os níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato e glicina nos grupos de pacientes Esq NR. 4.4 NÍVEIS PLASMÁTICOS DOS AMINOÁCIDOS DOS FAMILIARES A comparação entre os níveis plasmáticos de serina, glicina e glutamato foi feita comparando-se os grupos de familiares com os respectivos controles (quatro grupos comparados entre si). Assim como para os pacientes, os níveis plasmáticos de serina dos familiares comparados aos de seus controles não apresentaram diferenças estatísticas entre os grupos (F2,58=2,252; p=0,114) – Figura 14. 53 Níveis plasmáticos de serina em familiares e controles 100 90 80 nmol/ml 70 60 Fam Esq R 50 Fam Esq NR Controle Fam 40 30 20 10 0 serina Figura 14. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de serina em familiares e controles. As colunas representam os voluntários (coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna laranja = controles emparelhados aos familiares de Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. A comparação dos níveis plasmáticos de glicina dos familiares comparados aos de seus controles também não apresentou diferenças estatísticas entre os grupos (F2,58=1,044; p=0,358) – Figura 15. Quanto aos níveis plasmáticos de glutamato dos familiares, também houve diferença entre os grupos, com os familiares de pacientes responsivos com níveis menores que os outros familiares e os respectivos controles (F2,58=9,114; p<0,001) – Figura 16. 54 Níveis plasmáticos de glicina em familiares e controles 200 180 160 nmol/ml 140 120 Fam Esq R 100 Fam Esq NR Controle Fam 80 60 40 20 0 glicina Figura 15. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glicina em familiares e controles. As colunas representam os voluntários (coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna laranja = controles emparelhados aos familiares de Esq). As barras acima das colunas indicam o erro padrão das médias. Níveis plasmáticos de glutamato em familiares e controles * 280 260 240 220 200 nmol/ml 180 160 Fam Esq R 140 Fam Esq NR 120 Controle Fam 100 80 60 40 20 0 glutamato Figura 16. Níveis plasmáticos (nmol/ml) de glutamato em familiares e controles. As colunas representam os voluntários (coluna vinho = familiares de esquizofrênicos responsivos – Esq R; coluna verde = familiares de esquizofrênicos não-responsivos – Esq NR; coluna laranja = controles emparelhados aos familiares de Esq). As barras acima das colunas indicam o erro-padrão das médias. * indica diferença estatística do grupo em relação aos demais grupos (p<0,05). 55 5 DISCUSSÃO 56 A partir do estudo seminal de Sakler et al. (1954) que evidenciaram um aumento dos níveis plasmáticos de glutamato em pacientes esquizofrênicos crônicos internados e, apesar do longo intervalo, de Kim et al. (1980) que descreveram uma diminuição dos níveis liquóricos deste aminoácido, ficou patente que uma maneira de se investigar a hipótese de uma disfunção glutamatérgica na esquizofrenia seria através da mensuração direta dos níveis de glutamato e seus precursores, serina e glicina, no líquido cefalorraquidiano (LCR) e no plasma de pacientes portadores de esquizofrenia. Frente à complexidade técnica e questões éticas envolvidas na coleta seriada de LCR, a mensuração periférica torna-se uma alternativa viável. Entretanto, em revisão realizada em 2007, Cunha e Hallak (submetido) identificaram que a literatura atualmente disponível apresenta resultados discordantes. A partir da revisão de 24 artigos selecionados, os autores identificaram que os grupos que têm investigado alterações da transmissão glutamatérgica através da mensuração dos níveis plasmáticos ou liquóricos de glutamato e seus precursores serina e glicina pressupõem que a mesma esteja alterada na esquizofrenia, independente da direção que esta alteração siga. Além disso, foi possível identificar um esforço em correlacionar estas alterações com as manifestações de grupos específicos de sintomas (particularmente sintomas negativos) e com a ação antipsicótica de medicações utilizadas para o tratamento deste transtorno. Um ponto que chama a atenção neste estudo de revisão foi a identificação de que os diferentes trabalhos apresentam uma grande variabilidade na seleção de seus sujeitos e também de seus controles, tanto em relação ao número de sujeitos, quanto a características clínicas das amostras. 57 Por exemplo, em relação ao número de sujeitos que compunham a amostra foi possível observar uma variabilidade bastante grande, com os estudos indo de um mínimo de 12 pacientes esquizofrênicos a um máximo de 144. Além dessa diferença na quantidade de sujeitos, foi bastante difícil caracterizar os critérios utilizados para o emparelhamento dos diferentes grupos estudados, com alguns trabalhos incluindo outras patologias psiquiátricas (e.g. depressão) e até neurológicas (que foram de cefaléia a coréia de Huntington), o que pode ser utilizado para explicar a variabilidade dos achados da revisão. No presente estudo, foi realizado um esforço grande para uniformizar as características demográficas e clínicas para reforçar o significado de possíveis resultados positivos. Assim, houve um emparelhamento sujeito a sujeito para a composição dos grupos participantes envolvidos no estudo. Isso pode ser identificado na ausência de diferenças estatísticas entre os grupos nos critérios utilizados para tal emparelhamento (gênero e idade). Quanto às características clínicas dos pacientes, também é possível identificar o esforço para a composição de subgrupos homogêneos, haja vista a grande semelhança de subtipos diagnósticos de esquizofrenia em cada grupo. Já a diferença entre os dois grupos de pacientes na sintomatologia aferida pela BPRS e seus fatores e pela PANSS negativa pode ser explicada pela refratariedade aos antipsicóticos do grupo não-responsivo, o que indica uma maior gravidade do transtorno nesse grupo. Em relação à metodologia para dosagem de aminoácidos, foi optado pela cromatografia no presente estudo, uma vez que esta é a modalidade mais utilizada em pesquisas semelhantes. Além disso, Cunha e Hallak (submetido) apontam em sua revisão que dentre os estudos que dosaram os aminoácidos no plasma em portadores de 58 esquizofrenia, dez deles usaram a cromatografia para esta finalidade e quatro usaram outros métodos. Dos seis estudos que encontraram níveis alterados, dois utilizavam outras técnicas que não a cromatografia e dos oito que não encontraram alterações, dois usavam a fluorometria. A comparação dos níveis plasmáticos de serina entre os pacientes responsivos e não-responsivos e seus controles não evidenciou diferenças estatisticamente significativas, indo ao encontro de resultados presentes na literatura (ALTAMURA et al., 1993; BARUAH et al., 1993; BJERKENSTEDT et al., 1985; PERRY; LUCCA et al., 1992; NEEMAN et al., 2005; HANSEN, 1985). Entretanto, existem estudos que evidenciam um aumento nos níveis plasmáticos de serina em portadores de esquizofrenia (CARL et al., 1992; FEKKES et al., 1994; SUMIYOSHI et al., 2004) e mesmo um estudo que encontrou diminuição de serina em pacientes comparados a controles sadios (TORTORELLA et al., 2001). O que a maior parte destes autores refere como fonte de discordância entre seus resultados é a questão metodológica, particularmente o tamanho das amostras (SUMIYOSHI et al., 2004) e o uso de medicações (SUMIYOSHI et al., 2004). Ambas as explicações são questionáveis, uma vez que mesmo estudos que utilizaram pacientes livres de medicação ou com amostras comparáveis em magnitude apresentaram resultados discordantes. Apesar dessa ausência de alterações nos níveis plasmáticos de serina em portadores de esquizofrenia em parte dos estudos, tem sido descrito um possível efeito das medicações antipsicóticas sobre os mesmos. Por exemplo, Tortorella et al. (2001) descrevem um aumento nos níveis plasmáticos de serina após a introdução de clozapina em pacientes livres de medicação. Em compensação, Baruah et al. (1993) descrevem uma diminuição não- 59 significativa dos níveis plasmáticos de serina em pacientes em tratamento com haloperidol e significativa em ratos tratados com haloperidol. No presente estudo, não foi possível fazer tal comparação, uma vez que todos os pacientes estavam estabilizados e em uso da mesma dosagem de antipsicóticos há pelo menos quatro meses. Ainda assim não foi encontrada diferença entre os dois grupos de pacientes em relação aos níveis de serina. Uma possibilidade para explicar tal discrepância entre os resultados existentes na literatura poderia ser a própria variação sintomatológica da esquizofrenia, com pacientes apresentando uma grande multiplicidade de apresentações clínicas, mesmo dentre os diferentes subtipos diagnósticos. Entretanto, nossos resultados não reforçam tal hipótese, uma vez que os níveis plasmáticos de serina não apresentaram correlações significativas com os sintomas expressos pelos pacientes. Os achados da comparação entre os grupos de pacientes esquizofrênicos responsivos e não-responsivos e seus respectivos controles quanto aos níveis plasmáticos de glicina apontaram um aumento destes níveis nos pacientes responsivos. Uma possibilidade para explicar tal achado é que um aumento nos níveis deste precursor seria compensatório a uma função glutamatérgica diminuída em portadores de esquizofrenia. Para explicar que este aumento ocorra somente no grupo Esq R e não no Esq NR, outra possibilidade seria que o uso de clozapina diminuiria tais níveis plasmáticos, ou isso seria em decorrência de um provável aumento de glutamaton pela clozapina. A literatura aponta, em relação aos níveis plasmáticos de glicina, que os mesmos foram relatados como aumentados quando comparados a controles no estudo de Baruah et al. (1993), e diminuídos nos estudos de Neeman et al. (2005) e Sumioshy et al. (2004). Novamente Baruah et al. (1993) afirma que o uso de antipsicóticos diminui os níveis também deste aminoácido, mas não os corrige, já Neeman et al. (2005) não confirmaram 60 esses achados, nem com o uso de clozapina. Quanto a Neeman et al. (2005) e Sumiyoshi et al. (2004), os autores correlacionaram os achados com a expressão de sintomas negativos pelos pacientes. Além disso, Neeman et al. (2005) mostraram em seu estudo que a glicina estava diminuída mais em homens do que em mulheres. Em 2005, Sumiyoshi et al., não compararam os níveis plasmáticos de serina e glicina com os de controles, mas buscaram correlacionar os mesmos com o uso de clozapina, encontrando que níveis diminuídos de serina e glicina são preditores de resposta à clozapina. Isso poder-se-ia dever a uma provável modificação dos níveis de glutamato. Apesar desses achados positivos, outros estudos também não encontraram diferenças entre os níveis plasmáticos de glicina em pacientes com esquizofrenia e controles normais (BJERKENSTEDT et al., 1985; CARL et al., 1992; LUCCA et al., 1993; PERRY; HANSEN, 1984; TORTORELLA et al., 2001). A correlação entre os níveis plasmáticos com sintomatologia ou dosagem utilizada de antipsicóticos foi negativa. Novamente a explicação possível estaria nas diferenças metodológicas entre os diversos estudos, bem como nas características clínicas e terapêuticas dos pacientes, que poderiam ter interferido nos resultados. Já a mensuração dos níveis plasmáticos de glutamato em pacientes e controles apresentou diferenças entre os três grupos, com uma maior concentração plasmática deste aminoácido nos controles e em pacientes portadores de esquizofrenia não-responsiva ao uso de antipsicóticos tradicionais, sendo que estes dois outros grupos de voluntários não diferiram entre si. Esse é um achado importante que merece uma discussão detalhada à luz da literatura e das hipóteses que envolvem o glutamato na gênese da esquizofrenia. 61 Essa concentração aumentada de glutamato periférico poderia ser explicada de algumas maneiras: inicialmente, se a hipótese de que ocorre uma hiperfunção glutamatérgica na esquizofrenia, secundária ou não a uma deficiência específica na transmissão NMDA, estiver correta, seria esperado que níveis plasmáticos de glutamato estivessem aumentados na esquizofrenia. Isso porque, aparentemente, existe uma correlação entre os níveis plasmáticos e cerebrais de aminoácidos excitatórios (ALFREDSSON et al., 1988; SUMIYOSHI et al., 2004), apesar de que alguns autores questionem tal fato. Shulman et al. (2006) questionam, mais particularmente, a validade de se medir aminoácidos perifericamente, uma vez que, utilizando a espectroscopia de prótons realizada com uma máquina de ressonância magnética de 3 Teslas, não conseguiram encontrar uma correlação entre estes e os níveis medidos pela espectroscopia no córtex pré-frontal. Apesar da observação destes autores, ainda que pese o avanço das técnicas de neuroimagem, estas não parecem ter atingido um grau de sensibilidade e especificidade totalmente satisfatório para se medir o glutamato cerebral. Assim, uma explicação plausível para este aumento de glutamato nos pacientes não-responsivos, mas não nos responsivos, seria a própria gravidade do transtorno ou intensidade dos sintomas. Ou seja, pacientes mais gravemente enfermos apresentariam um maior desequilíbrio na sua função glutamatérgica. Outra explicação possível seria o uso de medicações antipsicóticas. Aqui duas possibilidades se apresentam: primeiro – o uso de antipsicóticos típicos diminuiria os níveis de glutamato; segundo – o uso de clozapina aumentaria os níveis de glutamato e; terceiro: as duas alternativas anteriores acontecem conjuntamente. Como já apontado anteriormente, antipsicóticos tradicionais, particularmente o haloperidol, apresentam uma propensão a diminuir os níveis liquóricos de glutamato 62 (LABARCA et al., 1995). Quanto aos antipsicóticos atípicos, em seu estudo, Van der Heijden et al., (2004) verificaram em um grupo de pacientes esquizofrênicos, após um período de livre de medicação, que o mesmo apresentava níveis aumentados de glutamato comparados a controles sadios e que o uso de antipsicóticos atípicos (incluindo olanzapina, quetiapina e sertindole) elevava esses níveis após 3, 6 e 14 semanas de uso. Esse fato vai ao encontro de nossos resultados no sentido de que a clozapina também pode ser considerada um antipsicótico atípico, embora apresente um perfil particular de ação e que nossos pacientes encontravam-se estabilizados há pelo menos 16 semanas. Infelizmente, não possuímos dados prévios ao uso da clozapina para comparação. Estudos animais apresentam significativas evidências de que a clozapina aumenta a transmissão glutamatérgica, quando comparada com haloperidol, particularmente na região cortical pré-frontal (AEVAVNOV et al., 1997; DALY e MOGADHAM, 1993; TARAZI et al., 1996; YAMAMOTO et al., 1994a; YAMAMOTO et al., 1994b). Entretanto, Tortorella et al. (2001) observaram uma significativa redução dos níveis glutamatérgicos, embora não restaurados até os valores encontrados em controles normais após introdução de clozapina e uso subseqüente por pelo menos 12 semanas, o que reforçaria a idéia de um aumento de glutamato nos pacientes mais graves. Em suma, como apontado por Heresco-Levy (2003), parece que a eficácia dos agentes antipsicóticos em uso na prática clínica diária pode ser relacionada, ao menos em parte, à sua capacidade em modular, direta ou indiretamente, a neurotransmissão glutamatérgica. Ele embasa esta observação no fato de Gattaz et al. (1985) terem relatado uma ausência de alterações nos níveis liquóricos de glutamato em pacientes esquizofrênicos paranóides livres de medicação em comparação com pacientes em tratamento antipsicótico tradicional, que apresentaram um aumento nesses níveis; e também nos achados de 63 Alfredsson e Wiesel (1990) que descreveram um aumento nos níveis de glutamato em pacientes responsivos e diminuídos em não-responsivos medicados com o antipsicótico sulpiride. Heresco-Levy (2003) afirma que essa observação de uma ação diferencial dos antipsicóticos atípicos, particularmente a clozapina, sobre a atividade glutamatérgica comparados aos antipsicóticos tradicionais seria de grande importância para explicar o melhor desempenho dos atípicos. Essa idéia seria reforçada pelos achados de Goff et al. (1996) que relataram um aumento significativo dos níveis plasmáticos de pacientes em uso de clozapina comparados a pacientes em uso de antipsicóticos tradicionais, assim como observado no presente estudo. Além disso, Evins et al. (1997) demonstraram que a troca de antipsicóticos tradicionais por clozapina resultava em um aumento de glutamato plasmático. Ainda que parte desses achados pareça contraditória entre si, fica clara a existência de uma alteração nos níveis de glutamato na esquizofrenia, bem como uma ação diferencial dos antipsicóticos nesses níveis. Estudos animais podem ajudar a entender tais discrepâncias. Por exemplo, Daly e Moghaddam (1993) descrevem que a administração aguda de clozapina produz um aumento nos níveis extracelulares de glutamato no córtex pré-frontal medial, e que a administração aguda de haloperidol não produz as mesmas alterações. Yamamoto et al. (1994a) por sua vez, também relataram que a administração de clozapina ou haloperidol por 3 semanas produziu um aumento nos níveis extracelulares de glutamato no córtex pré-frontal, mas não no caudado-putamen e no núcleo accumbens. Pietraszek et al. (2002), em um estudo de 6 semanas de administração de clozapina ou haloperidol, demonstraram uma diminuição dos níveis basais de glutamato no córtex fronto-parietal no grupo clozapina e um aumento no grupo haloperidol. Assim, parece que 64 o tempo de administração dessas medicações e também as condições clínicas do momento da medida desses níveis influenciariam o resultado final da mesma, devendo ser considerados no delineamento do estudo para que se esclareçam essas alterações. Finalmente quanto aos achados relativos aos pacientes de uma correlação positiva entre os níveis plasmáticos de serina e glicina, esta seria esperada, uma vez que a glicina é proveniente da transformação da serina pela SHMT. A ausência de correlações significativas entre serina e glicina com o glutamato na análise dos dois grupos de pacientes conjuntamente pode dever-se a mistura de dois grupos com uso de antipsicóticos distintos (tal idéia é reforçada pelo encontro de correlações entre estes níveis, quando considerando os grupos isoladamente). Mais difícil é explicar o padrão de correlações encontrado quando se analisa os grupos de pacientes isoladamente, mas pode ser que o pequeno número de sujeitos compondo cada grupo e a falta de uma maior variabilidade das doses de medicação utilizadas tenham contribuído para o mesmo. Em nosso estudo, foi encontrada uma correlação positiva entre os níveis de glutamato e os escores da PANSS negativa, assim como nenhuma correlação significativa entre as outras medidas plasmáticas e os escores da BPRS total e seus fatores ao se analisar todos os pacientes conjuntamente. Quando os dois grupos de pacientes são separados não foram observadas correlações significativas quando se examinando apenas o grupo de pacientes responsivos e também não houve correlação entre os níveis plasmáticos e os equivalentes de clorpromazina, e nem destes com os sintomas, fossem medidos pela BPRS e seus fatores, fossem medidos com a PANSS negativa. Esse achado de uma correlação positiva entre os sintomas negativos medidos com a PANSS e os níveis de glutamato poderia ser devido a um possível papel neurotóxico de uma sobrecarga de glutamato, caso a teoria hiperglutamatérgica proposta por Deakin et 65 al. (1989) esteja correta. Ou seja, maiores níveis de glutamato, particularmente em regiões pré-frontais poderiam gerar uma maior expressão de sintomas negativos e déficits cognitivos em pacientes esquizofrênicos crônicos, explicando tal achado. Outra possibilidade é que a clozapina aumente os níveis de glutamato, e como esta é reservada para uso em pacientes mais graves e, conseqüentemente, mais deficitários, ou seja, com mais sintomas negativos, seria uma correlação esperada. Novamente, a ausência de outras correlações entre níveis plasmáticos de aminoácidos e sintomatologia, bem como com as doses de medicação, diferindo de outros resultados da literatura (FAUSTMAN et al., 1999; NEEMAN et al., 2005; SUMIYOSHI et al., 2004), pode dever-se ao número de sujeitos avaliados, bem como às próprias características clínicas das populações avaliadas neste estudo, conforme apontado por Sumiyoshi et al. (2004). A grande inovação deste estudo foi ter incluído pela primeira vez, ao menos em nosso conhecimento, familiares em primeiro grau de pacientes portadores de esquizofrenia, tanto de responsivos, quanto de não-responsivos, em um estudo mensurando níveis plasmáticos de aminoácidos. Tal idéia surgiu da hipótese de que uma alteração genética responsável pelo desenvolvimento de esquizofrenia deveria implicar em alterações no metabolismo de glutamato. Se isso realmente ocorre, seria de se esperar que houvesse uma propensão para alteração neste mesmo metabolismo em familiares de pacientes esquizofrênicos. Essa hipótese é reforçada pelos achados de Tibbo et al. (2004), que relataram um aumento da concentração cerebral de glutamato/glutamina em filhos de pacientes esquizofrênicos através do uso de espectroscopia de prótons por ressonância magnética. 66 Além disso, Viña et al. (1997) afirmam que o glutamato não atravessa a barreira hemato-encefálica em quantidades consideráveis em ratos adultos, mas que a permeabilidade desta barreira em ratos recém-nascidos é maior que a dos adultos, particularmente no hipocampo e cerebelo. Além disso, não notaram evidências que a exposição aguda a níveis plasmáticos de glutamato resultasse em danos à barreira hemato-encefálica, mas não descartam a possibilidade de tal fenômeno ocorrer em situações de exposição crônica. Partindo da idéia que a esquizofrenia possui ao menos um componente neurodesenvolvimental, poderia ser esperado que tanto na gênese, quanto no desenvolvimento do feto, se ocorresse uma alteração nos níveis plasmáticos da mãe, ou do próprio feto, isto poderia vir a alterar o seu desenvolvimento cerebral posterior. Assim, nós selecionamos familiares em primeiro grau de nossos pacientes e medimos os níveis plasmáticos de serina, glicina e glutamato. Foi encontrado que os níveis de serina e glicina não diferiram entre os grupos avaliados. Já a comparação entre os níveis plasmáticos de glutamato apresentou diferenças entre os grupos, com os familiares de pacientes responsivos apresentando uma diminuição na concentração de glutamato em relação aos outros dois grupos. Esse por si só, já é um achado importante, ainda que pese o fato de que seria esperado encontrar alterações em ambos os grupos de familiares de pacientes. A diminuição de glutamato em familiares poderia ser utilizada como marcador para o reconhecimento de pessoas com risco para o desenvolvimento de esquizofrenia. O fato de apenas os familiares de pacientes responsivos terem esses níveis diminuídos levanta a possibilidade de que a esquizofrenia que responde ao tratamento antipsicótico tradicional difira da esquizofrenia não-responsiva. Uma vez que a esquizofrenia é considerada um distúrbio em parte neurodesenvolvimental, pode ser que esses níveis diminuídos de glutamato, se ocorrerem 67 desde a gestação, facilitariam um desenvolvimento cerebral anormal facilitando o aparecimento do transtorno, ainda que pese o fato dos pacientes responsivos não apresentarem em nosso estudo alterações nos níveis de glutamato (embora tal achado possa ser explicado pelo uso dos antipsicóticos). O achado negativo em relação aos familiares de esquizofrênicos nãoresponsivos, com os mesmos apresentando níveis de glutamato semelhantes aos controles sadios não descarta essa hipótese, já que algum outro tipo de alteração cerebral que possa estar ocorrendo levará no futuro ao aparecimento de sintomas em seus familiares, que não responderão ao tratamento farmacológico tradicional. Outra consideração possível seria decorrente do fato de se ter coletado amostra apenas de um familiar (pai, mãe ou irmão), o que cria a possibilidade de se ter colhido material apenas de sujeitos que não seriam portadores da carga genética responsável pelos níveis diminuídos de glutamato. 68 6 CONCLUSÕES 69 Pode-se concluir a partir dos resultados apresentados que pacientes esquizofrênicos responsivos e não-responsivos em tratamento farmacológico e estabilizados diferem quanto aos níveis plasmáticos de glutamato e glicina, mas não de serina. Além disso, pode-se afirmar que diferentes antipsicóticos (haloperidol e clorpromazina) geram modificações nos níveis plasmáticos de glutamato diversas daquelas observadas com o uso de clozapina. Conclui-se também que familiares de pacientes responsivos a antipsicóticos tradicionais apresentam níveis diminuídos de glutamato quando comparados com familiares de esquizofrênicos não-responsivos e controles sadios. Esse é um achado importante que cria possibilidades amplas de investigação que busquem a identificação de marcadores para a gênese da esquizofrenia e/ou de resposta ao tratamento antipsicótico. 70 7 REFERÊNCIAS 71 ADITYANJEE, A.; ADERIBIGBE, Y. A.; THEODORIDIS, D.; VIEWEG, W. V. R. "Dementia praecox to schizophrenia: The first 100 years." Psychiatry and Clinical Neurosciences, v. 53, p. 437-448, 1999. AKBARIAN, S.; SUCHER, N. J.; BRADLEY, D.; TAFAZZOLI, A.; TRINH, D.; HETRICK W. P.; POTKIN, S. G.; SANDMAN, C. A.; BUNNEY W. E. Jr.; JONES, E. G. Selective alterations in gene expression for NMDA receptor subunits in prefrontal cortex of schizophrenics. The Journal of Neuroscience, v. 16(1), p. 19-30, 1996. ALFREDSSON, G.; WIESEL, F. A. Relationships between clinical effects and monoamine metabolites and amino acids in sulpiride-treated schizophrenic patients. Psychopharmacology, v. 101(3), p. 324-331, 1990. ALFREDSSON, G.; WIESEL, F. A; TYLEC, A. Relationships between glutamate and monoamine metabolites in cerebrospinal fluid and serum in healthy volunteers. Biological Psychiatry, v. 23(7), p. 689-697, 1988. ALTRAMURA, C. A.; MAURI, M. C.; FERRARA, A. Plasma and platelet excitatory amino acids in psychiatric disorders. American Journal of Psychiatry, p. 1731-1733, 1993. American Psychiatic Association. Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders (4th Ed.) Washington D.C.: American Psychiatric Association, 1994. BACHUS, S. E.; KLEINMAN, J. E. The neuropathology of schizophrenia. Journal of Clinical Psychiatry, v. 57, p. 72-83, 1996. BARUAH, S.; WAZIRI, R..; SHERMAN, A. Neuroleptic effects on serine and glycine metabolism. Biological Psychiatry, v. 34(8), p. 544-550, 1993. BECH, P.; KASTRUP, M.; RAFAELSEN, O. J. Mini-compendium of rating scales for states of anxiety, depression, mania and schizophrenia with corresponding DSM-III syndromes. Acta Psychiatrica Scandinavica (Suppl), v. 326, p. 7-37, 1986. 72 BLANPIED, T. A.; BOECKMAN, F. A.; AIZENMAN, E.; JOHNSON, J. W. Trapping channel block of NMDA-activated responses by amantadine and memantine. Journal of Neurophysiology, v. 77(1), p. 309-323, 1997. BJERKENSTEDT, L.; EDMAN, G.; HAGENFELDT, L.; SEDVALL, G.; WIESEL F.A. Plasma amino acids in relation to cerebrospinal fluid monoamine metabolites in schizophrenic patients and healthy controls. British Journal of Psychiatry, v. 147, p. 276282, 1985. BOULTER, J.; HOLLMANN, M.; O'SHEA-GREENFIELD, A.; HARTLEY, M.; DENERIS, E.; MARON, C.; HEINEMANN, S. Molecular cloning and functional expression of glutamate receptor subunit genes. Science, v. 249 (4972), p. 1033-1037, 1990. BRENNER, H. D.; MERLO, M. C. G. Definition of therapy-resistant schizophrenia and its assessment. European Psychiatry, 10, suppl 1, 11-17, 1995. BRESSAN, R. A. In vivo investigation of NMDA receptors in schizophrenia with [123I]CNS1261 [Tese]. Londres: Institute of Psychiatry, University of London, 2003 BURBACH, J. P. H.; ARIE, P.; LEBOUILLE, J. L. M.; VERHOEF, J.; WITTER, A. Sensitive and rapid amino acid analysis of peptide hydrolysates by high performance liquid chromatografy of ophtalaldialdehyde derivatives. Journal of Chromatography, v. 37, p. 339-343, 1982. CARL, G. F.; BORGAN, M. P.; YOUNG, B. K. Is plasma serine a marker for psychosis? Biological Psychiatry, v. 31, p. 1130-35, 1992. CARLSSON, A.; HANSSON, L. O.; WATERS, N.; CARLSSON, M. L. A glutamatergic deficiency model of schizophrenia. British Journal of Psychiatry Suppl, v. (37), p. 2-6, 1999. CARLSSON, A. Neurocircuitries and neurotransmitter interactions in schizophrenia. International Clinical Psychopharmacology. 10 Suppl 3,p. 21-28, 1995. CARLSSON, A.; LINDQVIST, M. Effect of chlorpromazine or haloperidol on the formation of 3-methoxytryramine and normetanephrine on mouse brain. Acta Pharmacologica et Toxicologica, v. 20, p. 140-144, 1963. 73 CREESE, I.; BURT, D. R.; SNYDER, S. Dopamine receptor binding predicts clinical and pharmacological potencies of antischizophrenic drugs. Science, v. 192, p. 481-483, 1976. CHEN, J.; LI, H.; LUO, C.; LI, Z.; ZHENG, J. Involvement of peripheral NMDA and non-NMDA receptors in development of persistent firing of spinal wide-dynamic-range neurons induced by subcutaneous bee venom injection in the cat. Brain Research, v. 844(12), p. 98-105, 1999. CULL-CANDY, S.; BRICKLEY, S.; FARRANT, M. NMDA receptor subunits: diversity, development and disease. Current Opinion in Neurobiology, v. 11(3), p. 327-335, 2001. CUNHA, M. T.; HALLAK, J. E. C. Níveis plasmáticos e liquóricos de glutamato, serina e glicina na esquizofrenia – revisão da literatura. Submetido. DAVIS, K. L.; KAHN, R. S.; KO, G.; DAVIDSON, M. Dopamine in schizophrenia: a review and reconceptualization. American Journal of Psychiatry, v. 148(11), p. 1474-1486, 1991. DALY, D. A.; MOGHADDAM, B. Actions of clozapine and haloperidol on the extracellular levels of excitatory amino acids in the prefrontal cortex and striatum of conscious rats. Neuroscience Letters, v. 152(1-2), p. 61-64, 1993. DEAKIN, J. F.; SIMPSON, M. D. A two-process theory of schizophrenia: evidence from studies in post-mortem brain. Journal of Psychiatric Research, v. 31(2), p. 277-295, 1997. DEAKIN, J. F.; SLATER, P.; SIMPSON, M. D.; GILCHRIST, A. C.; SKAN, W. J.; ROYSTON M. C.; REYNOLDS, G. P.; CROSS, A. J. Frontal cortical and left temporal glutamatergic dysfunction in schizophrenia. Journal of Neurochemistry, v. 52(6), p. 17811786, 1989. DINGLEDINE, R.; BORGES, K.; BOWIE, D.; TRAYNELIS, S. The glutamate receptor ion channel. Pharmacological Reviews, v. 51, p. 6-71, 1999. DURSUN, S. M.; DEAKIN, J. F. Augmenting antipsychotic treatment with lamotrigine or topiramate in patients with treatment-resistant schizophrenia: a naturalistic case-series outcome study. Journal of Psychopharmacology, v. 15(4), p. 297-301, 2001. 74 DURSUN, S. M.; MCINTOSH, D.; MILLIKEN, H. Clozapine plus lamotrigine in treatment-resistant schizophrenia. Archives of General Psychiatry, v. 56(10), p. 950-950, 1999. DZUBAY, J. A.; JAHR, C. E. Kinetics of NMDA channel opening. Journal of Neuroscience, v. 16(13), p. 4129-4134, 1996. EVINS, A. E.; AMICO, E. T.; SHIH, V.; GOFF, D. C. Clozapine treatment increases serum glutamate and aspartate compared to conventional neuroleptics. Journal of Neural Transmission, v. 104(6-7), p. 761-766, 1997. FAUSTMAN, W. O.; BARDGETT, M.; FAULL, K. F.; PFEFFERBAUM, A.; CSERNANSKY, J. G. Cerebrospinal fluid glutamate inversely correlates with positive symptom severity in unmedicated male schizophrenic/schizoaffective patients. Biological Psychiatry, v. 45(1), p. 68-75, 1999. FEKKES, D.; PEPPLINKHUIZEN, L.; VERHEIJ, R..; BRUINVELS, J. Abnormal plasma levels of serine, methionine, and taurine in transient acute polymorphic psychosis. Psychiatry Research, v. 51(1), p. 11-18, 1994. FERRARESE, C.; PECORA, N.; FRIGO, M.; APPOLLONIO, I; FRATTOLA, L. Assessment of reliability and biological significance of glutamate levels in cerebrospinal fluid. Annals of Neurology, v. 33(3), p. 316-319, 1993. FLETCHER, E. J.; MACDONALD, J. F. Haloperidol interacts with the strychnineinsensitive glycine site at the NMDA receptor in cultured mouse hippocampal neurones. European Journal of Pharmacology, v. 235(2-3), p. 291-295, 1993. GATTAZ, W. F.; GATTAZ, D.; BECKMAN, H. Glutamate in schizophrenics and healthy controls. European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience, v. 231(2), p. 221-225, 1982. GATTAZ, W. F.; GASSER, T.; BECKMANN, H. Multidimensional analysis of the concentrations of 17 substances in the CSF of schizophrenics and controls. Biological Psychiatry, v. 20(4), p. 360-366, 1985. 75 GOFF, D. C.; TSAI, G.; MANOACH, D. S.; FLOOD, J.; DARBY, D. G.; COYLE, J. T. D-cycloserine added to clozapine for patients with schizophrenia. American Journal of Psychiatry, v. 153(12), p. 1628-1630, 1996. GRUNDIG, E.; RAHEEM, K. A.; SALVENMOSER, F.; SCHEDL, R.; WEISS, J. Druginduced parkinsonism in the rat- a model for biochemical investigation of the parkinsonsyndrome. III. The incorporation of D-glucose-14C(U) in amino acids of brain and liver from rats pretreated with reserpine or with phenothiazines. Psychopharmacology (Berl), v. 47(1), p. 111-118, 1976. HELKIS, H.; MELTZER, H. Y. Refractory schizophrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria (suppl 2), v. 29, p. 41-47, 2007. HENNA, J.; OLIVEIRA MELLO, M.; ALVES, T. M.; EIZENMAN, I. B.; ELKIS, H. Predictors of response and outcome in treatment resistant versus non treatment resistant schizophrenics patients. Schizophrenia Research, v. 36(1-3), p. 281-282, 1999. HERESCO-LEVY, U. Glutamatergic neurotransmission modulation and the mechanisms of antipsychotic atypicality. Progress in Neuro-psychopharmacology and Biological Psychiatry, v. 27(7), p. 1113-1123, 2003. HERESCO-LEVY, U.; JAVITT, D. C.; ERMILOV, M.; MORDEL, C.; HOROWITZ, A.; KELLY, D. Double-blind, placebo-controlled, crossover trial of glycine adjuvant therapy for treatment-resistant schizophrenia. British Journal of Psychiatry, v. 169(5), p. 610-617, 1996. HIRSCH, S. R.; DAS, I.; GAREY, L. J.; BELLEROCHE, J. A pivotal role for glutamate in the pathogenesis of schizophrenia, and its cognitive dysfunction. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 56, p. 797-802, 1997. HOLLMANN, M.; HEINEMANN, S. Cloned glutamate receptors. Annual Review of Neuroscience, v. 17, p. 31-108, 1994. HUNTLEY, G. W.; VICKERS, J. C.; MORRISON, J. H. Cellular and synaptic localization of NMDA and non-NMDA receptor subunits in neocortex: organizational features related to cortical circuitry, function and disease. Trends in Neurosciences, v. 17(12), p. 536-543, 1994. 76 HUETTNER, J. E.; BEAN, B. P. Block of N-methyl-D-aspartate-activated current by the anticonvulsant MK-801: selective binding to open channels. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 85(4), p. 1307-1311, 1988. ISHIMARU, M.; KIRIMAJI, A.; TORU, M. Increases in strychnin-insensitive glycine binding sites in cerebral cortex of chronic schizophrenics: evidence for the glutamate hypothesis. Biological Psychiatry, v. 35, p. 84-95, 1994. JANAKY, R..; SARANSARRI, P.; OJA, S. S. Release of GABA from rate hippocampal slices. Neuroscience, v. 53, p. 779-785, 1993. JAVITT, D. C.; COYLE, J. T. Decoding schizophrenia. Scientific American, v. 290(1), p. 48-55, 2004. JAVITT, D.; ZUKIN, S. The role of excitatory amino acids in neuropsychiatric illness. Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neurosciences, v. 2, p. 44-52, 1990. JAVITT, D. C.; ZYLBERMAN, I.; ZUKIN, S. R.; HERESCO-LEVY, U.; LINDENMAYER, J. P. Amelioration of negative symptoms in schizophrenia by glycine. American Journal of Psychiatry, v. 151(8), p. 1234-1236, 1994. JENTSCH, J. D.; ROTH, R.. H. The neuropsychopharmacology of phencyclidine: from NMDA receptor hypofunction to the dopamine hypothesis of schizophrenia. Neuropsychopharmacology, v. 20(3), p. 201-225, 1999. KALIVAS, P. W.; DUFFY, P.; BARROW, J. Regulation of the mesocorticolimbic dopamine system by glutamic acid receptor subtypes. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 251, p. 378-387, 1989. KANE, J.; HONIGFELD, G.; SINGER, J.; MELTZER, H. Clozapine for the treatmentresistant schizophrenic. A double-blind comparison with chlorpromazine. Archives of General Psychiatry, v. 45(9), p. 789-796, 1988. KAY, S. R.; FISZBEIN, A.; OPLER, L. A. The positive and negative syndrome scale (PANSS) for schizophrenia. Schizophrenia Bulletin, v. 13, p. 261-276, 1987. 77 KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J. Schizophrenia. In: Kaplan, H.I.; Sadock, B.J. Synopsis of Psychiatry 8th Edition. Maryland, USA: William and Wilkins, 1998, p. 456- 491. KIM, J. S.; KORNHUBER, H. H.; SCHMID-BURGK, W.; HOLZMULLER, B. Low cerebrospinal fluid glutamate in s chizophrenic patients and a newhypothesis on schizophrenia. Neuroscience Letters, v. 20(3), p.379-382, 1980. KORPI, E. R.; KAUFMANN, C. A.; MARNELA, K. M.; WEINBERGER, D. R. Cerebrospinal fluid amino acid concentrations in chronic schizophrenia. Psychiatry Research, v. 20(4), p.337-345, 1987. KYZIRIDIS, T. C. Notes on the history of schizophrenia. German Journal of Psychiatry, v. 8, p. 42-48, 2005. LABARCA, R.; SILVA, H.; JEREZ, S.; RUIZ, A.; RENTERIAS, P.; OGALDE, C.; BUSTOS, G. Effects of haloperidol on CSF glutamate levels in drug-naive schizophrenic patients. Schizophrenia Research, v. 16(1), p. 83-85, 1995. LEIDERMAN, E.; ZYLBERMAN, I.; ZUKIN, S. R.; COOPER, T. B.; JAVITT, D. C. Preliminary investigation of high-dose oral glycine on serum levels and negative symptoms in schizophrenia: an open-label trial. Biological Psychiatry, v. 39(3), p. 213-215, 1996. LEES, J. Investigating the role of glutamate and the NMDA receptor in schizophrenia using fMRI [Tese]. Manchester: Universidade de Manchester; 2008. LYNCH, D. R.; GALLAGHER, M. J. Inhibition of N-methyl-D-aspartate receptors by haloperidol: developmental and pharmacological characterization in native and recombinant receptors. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 279(1), p. 154-61, 1996. LUCCA, A.; CORTINOVIS, S.; LUCINI, V. Serine and glycine metabolism in schizophrenic patients. Progress in Neuro-psychopharmacology and Biological Psychiatry, v. 17, p. 947-953, 1993. MACCIARDI, F.; LUCCA, A.; CATALANO, M.; MARINO, C.; ZANARDI, R.; SMERALDI, E. Amino acid patterns in schizophrenia: some new findings. Psychiatry Research, v. 32(1), p. 63-70, 1990. 78 MELTZER, H. Y.; RABINOWITZ, J.; LEE, M. A.; COLA, P. A.; RANJAN, R.; FINDLING, R. L.; THOMPSON, P. A. Age at onset and gender of schizophrenic patients in relation to neuroleptic resistance. American Journal of Psychiatry, v. 154(4), p. 475482, 1997. MONYER, H.; BURNASHEV, N.; LAURIE, D. J.; SAKMANN, B.; SEEBURG, P. H. Developmental and regional expression in the rat brain and functional properties of four NMDA receptors. Neuron, v. 12(3), p. 529-540, 1994. NAITO, S.; UEDA, T. Characterization of glutamate uptake into synaptic vesicles. Journal of Neurochemistry, v. 44, p. 99-109, 1989. NAKANISHI, N.; AXEL, R.; SHNEIDER, N. A. Alternative splicing generates functionally distinct N-methyl-D-aspartate receptors. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 89(18), p. 8552-8556, 1992. NAKANISHI, S.; MASU, M. Molecular diversity and functions of glutamate receptors. Annual Review of Biophysics and Biomolecular, v. 23, p. 319-348, 1994. NEEMAN, G.; BLANARU, M.; BLOCH, B.; KREMER, I.; ERMILOV, M.; JAVITT, D. C.; HERESCO-LEVY, U. Relation of plasma glycine, serine, and homocysteine levels to schizophrenia symptoms and medication type. American Journal of Psychiatry, v. 162(9), p. 1738-1740, 2005. OLNEY, J. W.; FARBER, N. B. Glutamate receptor dysfunction and schizophrenia. Archives of General Psychiatry, v. 52(12), p. 998-1007, 1995. OVERALL, J. E.; GORHAM, D. R. The brief psychiatric rating scale. Psychological Reports, v. 10, p. 799-812, 1962. PARSONS, C. G.; QUACK, G.; BRESINK, I.; BARAN, L.; PRZEGALINSKI, E.; KOSTOWSKI, W.; KRZASCIK, P.; HARTMANN, S.; DANYSZ, W. Comparison of the potency, kinetics and voltage-dependency of a series of uncompetitive NMDA receptor antagonists in vitro with anticonvulsive and motor impairment activity in vivo. Neuropharmacology, v. 34(10), p. 1239-1258, 1995. PERRY, T. L.; HANSEN, S. Interconversion of serine and glycine is normal in psychotic patients. Psychiatry Research, v. 15(2), p. 109-113, 1985. 79 PIETRASZEK, M.; GOLEMBIOWSKA, K.; BIJAK, M.; OSSOWSKA, K.; WOLFARTH, S. Differential effects of chronic haloperidol and clozapine administration on glutamatergic transmission in the fronto-parietal cortex in rats: microdialysis and electrophysiological studies. Naunyn-Schmiedebergs Archives of Pharmacology, v. 366(5), p. 417-424, 2002. POTKIN, S. G.; JIN, Y.; BUNNEY, B. G.; COSTA, J.; GULASEKARAM, B. Effect of clozapine and adjunctive high-dose glycine in treatment-resistant schizophrenia. American Journal of Psychiatry, v. 156(1), p. 145-147, 1999. RIEDERER, P.; LANGE, K. W.; KORNHUBER, J.; DANIELCZYK, W. Glutamatergicdopaminergic balance in the brain. Its importance in motor disorders and schizophrenia. Arzneimittelforschung, v. 42, p. 265-268, 1992. ROBERTS, P. J. E.; ANDERSON, S. D. Stimulatory effect of L-glutamate and related amino acids on 3H dopamine release from rat stiatum: A in vitro model for glutamate action. Journal of Neurochemistry, v. 32, p. 1539-1545, 1979. ROGAWSKI, M. A. Therapeutic potential of excitatory amino acid antagonists: channel blockers and 2,3-benzodiazepines. Trends in Pharmacological Sciences, v. 14(9), p. 325331, 1993. ROSSE, F. B.; SCHWARTZ, B. L.; DAVIS, R. E.; DEUTSCH, S. I. An NMDA intervention strategy in schizophrenia with low dose milacemide. Clinical Neuropharmacology, v. 14, p. 268-272, 1991. SABA, G.; DUMORTIER, G.; KALALOU, K.; BENADHIRA, R.; DEGRASSAT, K.; GLIKMAN, J.; JANUEL, D. Lamotrigine--clozapine combination in refractory schizophrenia: three cases. Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neurosciences, v. 14(1), p. 86-86, 2002. SACKLER, M. D.; SANDERS, R. H.; SACKLER, A. M.; SACKLER, R. R. Plasma glutamic acid levels in health and disease. II. A report on hospitalized schizophrenics. Journal of Clinical and Experimental Psychopathology, v. 15(1), p. 26-31, 1954. SCHOEPP, D.; BOCKAERT, J.; SLADECZEK, F. Pharmacological and functional characteristics of metabotropic excitatory amino acid receptors. Trends in Pharmacological Sciences, v. 11, p. 508-514, 1990. 80 SCHWARCZ, R.; CREESE, I.; COYLE, J. T.; SNYDER, S. H. Dopamine receptors localised on cerebral cortical afferents to rat corpus striatum. Nature, v. 271(5647), p. 766768, 1978. SHERMAN, A. D.; HEGWOOD, T. S.; BARUAH, S.; WAZIRI, R. Deficient NMDAmediated glutamate release from synaptosomes of schizophrenics. Biological Psychiatry, v. 30, p. 1191-1198, 1991. SHULMAN, Y.; GRANT, S.; SERES, P.; HANSTOCK, C.; BAKER, G.; TIBBO, P. The relation between peripheral and central glutamate and glutamine in healthy male volunteers. Journal of Psychiatry and Neuroscience, v. 31(6), p. 406-410, 2006. SIMPSON, M. D.; SLATER, P.; DEAKIN, J. F. Comparison of glutamate and gammaaminobutyric acid uptake binding sites in frontal and temporal lobes in schizophrenia. Biological Psychiatry, v. 44(6), p. 423-427, 1998. SMILEY, J. F.; WILLIAMS, S. M.; SZIGETI, K.; GOLDMAN-RAKIC, P. S. Light and electron microscopic characterization of dopamine-immunoreactive axons in human cerebral cortex. Journal of Comparative Neurology, v. 321(3), p. 325-335, 1992. STEINPRESIS, R. E. The behavioral and neurochemical effects of phenyclidine in humans and animals: some implications for modeling psychosis. Behavioral Brain Research, v. 74(1-2), p. 45-55, 1996. STELZER, A.; WONG, R. K. GABAA responses in hippocampal neurons are potentiated by glutamate. Nature, v. 337(6203), p. 170-173, 1989. STORM-MATHISEN, J.; OTTERSEN, O. P.; FU-LONG, T.; GUNDERSEN, V.; LAAKE J. H.; NORDBO, G. Metabolism and transport of amino acids studied by immunocytochemistry. Med Bio, v. 64(2-3), p. 127-132, 1986. SUMIYOSHI, T.; JIN, D.; JAYATHILAKE, K.; MYUNG, L.; MELTZER, H. Y. Prediction of the ability of clozapine to treat negative symptoms from plasma glycine an serine levels in schizofrenia. International Journal of Neuropsychopharmacology, v. 8, p. 451-455, 2005. SUMIYOSHI, T.; ANIL, A. E.; JIN, D.; JAYTHILAKE, K.; LEE, M.; MELTZER, H. Y. Plasma glycine and serine levels in schizophrenia compared to normal and major 81 depression: relation to negative symptoms. Neuropsychopharmacology, v. 7(1), p. 1-8, 2004. International TAMMINGA, C. A. Glutamatergic aspects of schizophrenia. Psychiatry, v. 174, p. 12-5, 1999. Journal of British Journal of TAMMINGA, C. A. Schizophrenia and glutamatergic transmission. Critical Reviews in Neurobiology, v. 12, p. 21-36, 1998. TANABE, Y.; MASU, M.; ISHII, T. A family of metabotropic glutamate receptors. Neuron, v. 8, p. 169-182, 1992. THÉBERGE, J.; AL-SEMAAN, Y.; WILLIAMSON, P. C.; MENON, R. S.; NEUFELD, R. W. J.; RAJAKUMAR, N.; SCHAEFER, B.; DENSMORE, M.; DROST, D. J. Glutamate and Glutamine in the Anterior Cingulate and Thalamus of Medicated Patients With Chronic Schizophrenia and Healthy Comparison Subjects Measured With 4.0-T Proton MRS. American Journal of Psychiatry; v. 160, p. 2231–33, 2003. THÉBERGE, J.; BARTHA, R.; DROST, D. J.; MENON, R. S.; MALLA, A.; TAKHAR, J.; NEUFELD, R. W.; ROGERS, J.; PAVLOSKY, W.; SCHAEFER, B.; DENSMORE, M.; AL-SEMAAN, Y.; WILLIAMSON, P. C. Glutamate and Glutamine Measured With 4.0 T Proton MRS in Never-Treated Patients With Schizophrenia and Healthy Volunteers. American Journal of Psychiatry, v. 159, p.1944–46, 2002. THORNBERG, S. A.; SAKLAD, S. R. A review of the NMDA receptors and phencyclidine model of schizophrenia. Pharmacotherapy, v. 16, p. 82-93, 1996. TIBBO, P.; HANSTOCK, C.; VALIAKALAYIL, A.; ALLEN, P. 3-T Proton MRS Investigation of Glutamate and Glutamine in Adolescents at High Genetic Risk for Schizophrenia. American Journal of Psychiatry, v. 161, p. 1116–1118, 2004. TIIHONEN, J.; HALLIKAINEN, T.; RYYNÄNEN, O.; REPO-TIIHONEN, E.; KOTILAINEN, I.; ERONEN, M.; TOIVONEN, P.; WAHLBECK, K.; PUTKONEN, A. Lamotrigine in treatment-resistant schizophrenia: a randomised placebo-controlled cross-over trial. Biological Psychiatry, v. 54(11), p. 1241-1248, 2003. 82 TORTORELLA, A.; MONTELEONE, P.; VIGGIANO, A.; DE LUCA, L.; MAJ, M. Plasma concentrations of amino acids in chronic schizophrenics treated with clozapine. Biological Psychiatry, v. 44, p. 167-171, 2001. TRAYNELIS, S. F.; CULL-CANDY, S. G. Proton inhibition of N-methyl-D-aspartate receptors in cerebellar neurons. Nature, v. 345(6273), 347-350, 1990. TSAI, G.; COYLE, J. T. Glutamatergic mechanisms in schizophrenia. Annual Review of Pharmacology and Toxicology, v. 42, p. 165-179, 2002. TSAI, G.; PASSANI, L. A.; SLUSHER, B. S.; CARTER, R.; BAER, L.; KLEINMAN, J. E.; COYLE, J. T. Abnormal excitatory neurotransmitter metabolism in schizophrenic brains. Archives of General Psychiatry, v. 52(10), p. 829-36, 1995. VAN DER HEIJDEN, F. M. M. A.; TUINIER, S.; FEKKES, D.; SIJBEN, A. E. S.; KAHN, R. S.; VERTHOEVEN, W. M. A. Atypical antipsychotics and the relevance of glutamate and serotonin. European Neuropsychofarmacology; v. 14, p. 259-265, 2004. VESSONI, A. L. N. Adaptação e estudo da confiabilidade da escala de avaliação das síndromes positiva e negativa para a esquizofrenia no Brasil [Dissertação]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina, 1993. VIÑA, J. R.; DEJOSEPH, M. R.; HAWKINS, P. A.; HAWKINS, R. A. Penetration of Glutamate into Brain of 7-day-old Rats. Metabolic Brain Disease; v. 12, p. 219-27, 1997. WAZIRI, R.; BARUAH, S.; SHERMAN, A. D. Abnormal Serine-glycine Metabolism in the Brains of Schizophrenics. Schizophrenia Research, v. 8, p. 233-43,1993. WAZIRI, R. Glycine therapy in schizophrenia. Biological Psychiatry; v. 23, p. 210-201, 1988. WAZIRI, R.; MOTT, J.; WILCOX, J. Differentiation of psychotic from nonpsychotic depression by a biological marker. Journal of Affective Disorders, v. 9(2), p. 175-80, 1985. WAZIRI, R.; WILCOX, J.; SHERMAN, A. D.; MOTT, J. Serine metabolism and psychosis. Psychiatry Research, v. 12(2), p.121-36, 1984. 83 YAMAMOTO, B. K.; PEHEK, E. A.; MELTZER, H. Y. Brain region effects of clozapine on amino acid and monoamine transmission. Journal of Clinical Psychiatry (suppl B), v. 55, p. 8-14, 1994. ZUARDI, A. W.; LOUREIRO, S. R.; RODRIGUES, C. R. C.; CORREA, A. J.; GLOCK, S. S. Estudo da estrutura fatorial, fidedignidade e validade da tradução e adaptação para o português da Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve (BPRS) Modificada. Revista ABP-APAL, v. 16 (2), p. 63-68, 1994. 84 8 APÊNDICES 85 APÊNDICE A – Aprovação do comitê de ética. 86 87 88 89 APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Você está sendo convidado a participar do estudo Nível sérico de glutamato, serina e glicina em pacientes portadores de esquizofrenia e seus familiares em primeiro grau, que busca identificar possíveis alterações em pessoas que sejam portadoras de esquizofrenia. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é importante. O objetivo deste estudo é avaliar os níveis dos aminoácidos glutamato, serina e glicina no soro de pacientes esquizofrênicos em tratamento com haloperidol e clozapina, de seus familiares em primeiro grau e compará-los com os níveis séricos de controles sadios. Caso você participe, será necessária a realização de uma entrevista para confirmar ou excluir diagnósticos psiquiátricos, bem como medir a intensidade dos sintomas (caso você seja um paciente). Além disso, você terá que fazer um exame de sangue que permitirá medir os níveis de glutamato, serina e glicina no mesmo. Tal procedimento não oferece nenhum risco a sua vida, mas tem o desconforto de receber uma picada de agulha em seu braço. Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um número. Dr. Márcio Tiradentes Cunha Pesquisador Responsável CRM 29597T 90 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Eu, _________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Uberaba, ............./ ................../................ __________________________________________ _______________________ Assinatura do voluntário e/ou seu responsável legal Documento de identidade ______________________________ _________________________________ Assinatura do pesquisador responsável Assinatura do pesquisador orientador Dr Márcio Tiradentes Cunha Prof. Dr. Jaime E. C. Hallak CRM 29597T CRM 71498 Telefone de contato dos pesquisadores: (34) 9994-5535 Em caso de dúvida em relação a esse documento, você pode entrar em contato com o Comitê Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, pelo telefone 3318-5854. 91 ARTIGO TITLE PAGE SERUM GLUTAMATE, SERINE, AND GLYCINE IN TREATMENT-RESPONSIVE AND TREATMENT-RESISTANT SCHIZOPHRENIA WITH SYMPTOM REMISSION: PSYCHOPATHOLOGICAL CORRELATIONS Authors: Marcio Tiradentes Cunha – Uberaba Medical School – Uberaba Minas Gerais – Brazil Rosely A. Gomes – Uberaba Medical School – Uberaba – Minas Gerais – Brazil João Paulo Machado de Sousa – Neurology, Psychiatry and Psychological Medicine Department – Ribeirão Preto Medical School – University of São Paulo – Brazil Serdar M. Dursun – University of Alberta – Edmonton – Canada Jaime E. C. Hallak – Neurology, Psychiatry and Psychological Medicine Department – Ribeirão Preto Medical School – University of São Paulo – Brazil Correspondence author’s address: Jaime E. C. Hallak Neurology, Psychiatry and Psychological Medicine Department Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – Terceiro Andar Avenida Bandeirantes 3900 – Campus Universitário Ribeirão Preto – São Paulo – Brazil – ZIP 14048-900 e-mail: [email protected] ABSTRACT Since the seminal work by Sackler et al (1954), peripheral amino acid changes have been extensively reported in schizophrenia, although results remain inconsistent to date. One of the reasons for the inconsistent data may be related heterogeneity and poor phenotypic definition of the patients investigated. Therefore, we measured serum levels of serine, glycine and glutamate in 15 chronic patients with schizophrenia who are treatment responsive and in full remission and 15 treatment-resistant schizophrenia (TRS) patients treated with clozapine, and compared the data of both groups to healthy volunteers. Two psychiatric symptoms scales were used to assess psychopathology. No differences between groups were found in glycine and serine levels, but serum glutamate proved increased in treatment-resistant patients. Glutamate increase correlated with negative symptoms as measured by the PANSS in TRS. These data suggest that changes in serum amino acid levels may influence the central glutamatergic transmission in treatment-resistant schizophrenia and play a role in the persistence of negative symptoms in this group. Furthermore, serum glutamate levels may be a marker and should indeed be explored to predict treatmentresistance from first episode of the illness. KEYWORDS Schizophrenia, glutamate, serine, glycine, clozapine INTRODUCTION Schizophrenia is the most heterogeneous mental disorder. The distinct manifestations of the disease are commonly described in different groups or dimensions of psychopathology: positive (reality distortion), negative, and disorganized. The positive syndrome includes psychomotor agitation, dellusions, and hallucinations; while autism, ambivalence, flat affect, and poor speech, among others, are representative of the negative syndrome (Javitt e Coyle, 2004). The disorganization dimension includes symptoms of inappropriate affect, poverty of content of speech, tangentiality, derailment, pressure of speech, and distractibility (Andreasen et al, 2005). As previously mentioned, schizophrenia is a rather heterogeneous condition, a fact to be considered when discussing the participation of different pathways and substances in the etiology of the disorder. In around 20-30% of the cases, the condition does not respond to the intervention with typical antipsychotics (Brenner & Merlo, 1995). This group comprises mostly male patients and is characterized by early onset of symptoms, higher number of hospitalizations, and greater social functioning impairment as compared to other patients (Meltzer et al, 1997; Henna et al, 1999). Due to these peculiar features, the condition in these cases is named “treatment-resistant schizophrenia”, according to the fulfillment of three specific criteria (adaptaded from Kane et al, 1988): “(1) no period of good functioning in previous five years; (2) prior non-response to at least two antipsychitic drugs of two different chemical classes for at least 4-6 weeks each at doses ≥ 400 mg equivalents of chlorpromazine or 5 mg/day risperidone; and (3) moderate to severe psychopathology, especially positive symptoms: conceptual disorganization, suspiciousness, delusions or hallucinatory behavior. Despite poor response to pharmacological treatments, there are no peripheral markers to predict the patients from first episode who would then be managed more assertively. Almost all known neurotransmitters have been implicated in the pathophysiology of schizophrenia (Bachus & Kleinaman, 1996; Tamminga, 1999) Regarding the role of glutamate in schizophrenia, we came across two opposite hypotheses, though not totally contradictory: (i) the hypothesis of glutamatergic hypofunction and (ii) the hypothesis of glutamatergic hyperfunction (Dursun & Deakin, 2001). The hypothesis of glutamatergic hypofunction was first proposed by Kim et al (1980), who reported that schizophrenics presented low levels of glutamate in the cerebrospinal fluid, and reinforced by the discovery that NMDA antagonists such as ketamine could induce psicotomimetic effects in humans (Stempresis, 1996; Thornberg & Saklad, 1996; Jentsch & Roth, 1999). The glutamatergic hyperfunction hypothesis was suggested according to the findings of increased levels of this substance in patients with schizophrenia (Sackler et al, 1954) and later developed by Deakin et al (1989) based on neurochemical evidence of an overabundance of glutamatergic synapses in the frontal cortex of schizophrenics (Deakin et al, 1989; Deakin & Simpson, 1997; Simpson et al, 1998). Serine and glycine are co-agonists in the glutamatergic neurotransmission, which make them of special interest in the study of schizophrenia. Glycine is biosynthesized from the amino acid serine catalyzed by the enzyme serine hydroxymethyltransferase and by the GCE (glycine cleavage enzyme). There is a correlation between seric and liquoric levels of glycine and serine, and between these levels and schizophrenic symptoms. Nonetheless, findings concerning the levels of these substances are controversial, with reports of increase, decrease, or even even absence of alterations (Sumiyoshi et al, 2004). In this context, studies have shown that low glycine levels are implicated in the appearance of negative symptoms, and that the association of glycine in the antipsychotic treatment results, indeed, in improvement of these symptoms. These results support the hypoglutamatergic hypothesis of the disorder and the idea that D-Serine, a serine isomer precursor to glycine, might be a peripheral marker of schizophrenia (Sumiyoshi et al, 2004). Serine is the most widely investigated amino acid in psychosis (Tortorella et al., 2001). Waziri et al (1993) reported increased serine levels in the blood and in the brain of schizophrenic patients. Macciardi et al (1990) also found increased plasma serine, but differently from Waziri et al (1985), these investigators have not suggested that such increase can be considered a psychosis biological marker per se. Accordingly, the present study quantified the amino acids glutamate, serine, and glycine in the plasma of treatment-responsive and treatment-resistant schizophrenic patients on clozapine, in an attempt to identify possible differences in the characterization of these two patient groups. MATERIAL AND METHOD The Structured Clinical Interview for the DSM-IV (SCID-IV; First et al, 1997) was used for diagnostic purposes. Treatment-resistant schizophrenics (TRS) were defined as those who fulfilled the above mentioned criteria and who, for presenting no clinical response to at least two antipsychotics, were on clozapine (150-850 mg/day). Another group comprised patients who presented clinical response to typical neuroleptics, and was defined as ‘treatment-responsive schizophrenia’ (TRes). Both experimental groups comprised only schizophrenic patients regarded as in remission. The concept of symptom remission has been object of debate in the last decade, and on 2003 a working group was formed to develop a standardized set of remission criteria to be used in clinical and research settings. According to the group’s conclusions, remission can defined through widely used symptom scales with individual items scored as mild or less (Positive and Negative Syndrome Scale – PANSS ≤3; Brief Psychiatric Rating Scale – BPRS ≤3; Scale for the Assessment of Positive Symptoms – SAPS and Scale for the Assessment of Negative symptoms – SANS ≤2), sustained for a period of six months (Andreasen et al., 2005). A total of 60 volunteers took part in the study, enrolled in three different groups as follows: 15 patients with schizophrenia in treatment with traditional antipsychotic medications (TRes); 15 patients with schizophrenia in treatment with clozapine (TRS); and 30 healthy controls matched one by one with the patient groups in terms of age and gender. The inclusion criteria used were: age between 18 and 50 years, both genders, and use of medications corresponding to the TRes and TRS groups. The patients were select from those in follow-up at the Mental Health Outpatients Clinics of the University Hospital of Uberaba Medical School or at the Resistant Schizophrenia Out-Patient Clinics of the General Hospital of the Ribeirão Preto Medical School. The healthy controls were select at the vicinities of the patients and were select on an individual basis. All patients and their relatives signed the informed consent, so the controls. The research protocl was aproved by the local Ethics Committee. Blood samples (10ml) were collected from all groups after a 12-hour fast and analyzed through the chromatography method by quantification and comparison of serine, glycine, and glutamate levels. During the experimental sessions patients were evaluated with the BPRS and the negative subscale of the PANSS (PANSS-N). Chromatography procedure The samples were allowed to coagulate at room temperature and the plasma was separated by centrifugation at 3.500 rpm for 10 minutes. The supernatant liquid was separated, aliquoted and stored at –20ºC until assayed for. Samples (0,2 ml) were prepared by the addiction of trichloroacetic acid (Merck) (0,2ml) of 5%, kept at 04ºC for 10 minutes and e centrifuged at 14.000 rpm. An identical procedure was performed with the samples after addiction of 250umol of the amino acid Norleucine (internal standard). The samples were neutralized using a solution of Li(OH)3 (Merck) 4 M. At last, the amino acid analyses were performed with the use of an octadecylsilane column (Lichrospher, 4,6 x 125mm, Merck) equilibrated in methanol (Carlo Erba, HPLC Degree) of 20 % in a sodium citrate tampon/buffer 0,1 M, pH 6,5 and eluted with a methanol gradient of 100%. The pre-derivation with o-phthalaldehyde (Sigma) was performed according to Burbach et al (1982). The statistical analyses were performed using the statistical package SPSS, version 11.0 (SSPS - Incorporation, 2001) and the serum levels of the different groups were analyzed by analyses of variance. Tukey’s test was used for the posthoc analysis. Correlations between clinical data and amino acids levels were analyzed through Pearson´s correlation coefficient. RESULTS The amino acid quantifications in both patient groups, the first on traditional antipsychotics and the second on clozapine, are detailed on the table below, along with the clinical-demographic characteristics of the groups. INSERT TABLE 1 No significant differences were found in the levels serine in treatmentresponsive and resistant patients when compared with healthy controls. Regarding glycine levels, it was found an increase in TRes compared to TRS and controls (Table 2). In relation to glutamate, significant increases (p ≥ 0,05) were observed in TRS compared to controls and TRes (Table 2). INSERT TABLE 2 The correlation analysis involving the two groups of patients showed only a positive correlation between glutamate serum levels and intensity of negative symptoms assesses by the PANSS-N (R = 0,401; p = 0,028). The same analysis involving the data of the BPRS did not reveal any significant correlations. DISCUSSION We opted, in this work, for the collect of peripheral blood in the face of the ethical complexities involved in the serial collect of CSF. Analyzing the available findings related to serine levels, there is no consonance among the different investigators. Baruah et al (1993), Altramura et al (1993), and Neeman et al (2005), among others, obtained findings which are similar to those of the present study; while Carl et al (1992), Fekkes et al (1994), Sumiyoshi et al (2004), and others reported divergent findings. To Sumioshy et al (2004), what most of these authors regard as the source of such disagreement are methodological issues, particularly sample size and use of medications. In this point of view, Carl et al (1992) affirm that there is some disagreement in the literature concerning the use of plasma serine concentrations as a biological marker for psychoses including schizophrenia. Using the same methodology (high pressure liquid chromatography) than Carl et al (1992), we also did not find difference in plasma serine concentrations when comparing schizophrenia patients and a well-matched sample of healthy volunteers. Regarding the plasma glycine, increased levels in comparison with controls have been reported by Baruah et al (1993), and decreased levels were found by Neeman et al (2005) and Sumioshy et al (2004). Baruah et al (1993) support that the use of antipsychotics decreases the levels of this amino acid. Conversely, Neeman et al (2005) did not replicate these findings in a study that also included patients on clozapine. The groups of Neeman et al (2005) and Sumioshy et al (2004) correlated the findings with the expression of negative symptoms by the patients, showing that decreased glycine availability may be related to the pathophysiology of negative symptoms. In addition, Sumiyoshi et al (2005) found that the levels of glycine, serine, and their ratio were predictive of the SANS after six weeks in treatment with clozapine, indicating the association of the concentration of these amino acids with response to clozapine in terms of negative symptoms. One possibility for this discrepancy between our results and the above mentioned ones could be the fact that our patients were all in remission, which could also explain the absence of a correlation between this amino acid and negative symptoms. Another possibility could be that, since most studies did not differentiate between TRes and TRS, antipsychotic answer is a confound factor. A third possibility is related to the choice of controls, which was really strict, being chosen a control for each patient in his/her vicinities. A final explanation could be that th CNS after chronic treatment with neuroleptics could rearrange its own neurotransmission, correcting the acute lowering effects of neuroleptic described by Baruah et al (1993). The quantification of glutamate plasma levels in patients and controls presented differences among the three groups, with higher concentrations in patients with treatment-resistant schizophrenia. Such increased concentrations of peripheral glutamate could be explained by the hypothesis that a glutamatergic hyperfunction occurs in schizophrenia, secondary or not to specific deficiencies in NMDA transmission. This could be due to the apparent correlation between plasma and brain levels of excitatory amino acids (Alfredsson et al, 1988; Sumiyoshi et al, 2004). The results of a positive correlation between glutamate and the PANSS-N are in accordance with those described by Sumiyoshy et al (2004/05), which allows us to assume that the decrease in the levels of glycine in those studies might have been compensatory to a possibly increased glutamate levels as found in our study, or vice-versa. Another possible explanation for this could be the use of antipsychotic medications. As mentioned elsewhere, traditional antipsychotics, especially haloperidol, have a tendency to decrease liquor glutamate levels (Labarca et al, 1995), the same being true for atypical antipsychotics, including clozapine. In their study, Van der Heijden et al (2004) found that a group of schizophrenic patients submitted to a medication-free period presented increased glutamate levels compared to healthy controls, and that the use of atypical antipsychotics (including olanzapine, quetiapine, and sertindole) elevated these levels after three, six and 14 weeks. This finding differs from our results in the sense that clozapine, though being considered as an atypical antipsychotic, presents a particular action profile, and that our patients had been stable for at least 16 weeks. Unfortunately, no data prior to the use of clozapine were available for comparison. In summary, as pointed out by Heresco-Levy (2003), it seems that the efficacy of antipsychotic agents in the daily clinical practice might be related, at least in part, to their capacity to indirectly or directly modulate the glutamatergic neurotransmission. Goff et al (1996) reported a significant increase in glutamate plasma levels in patients on clozapine, compared to patients using traditional antipsychotics, exactly as found in the present study. Additionally, Evins et al (1997) demonstrated that the change from traditional antipsychotics to clozapine resulted in increased plasma glutamate. Alternatively, Tortorella et al (2001) found a decrease of glutamate plasma levels after introduction of clozapine in resistant schizophrenia patients, although this decrease was unsufficient to reach similar blood levels as those seen in controls. Even though a part of these findings may sound contradictory, the existence of alterations in glutamate plasma levels in schizophrenia is clear, as well as a differential action of antipsychotics over such levels. These data suggest that changes in serum amino acid levels may influence the central glutamatergic transmission in treatment-resistant schizophrenia and play a role in the persistence of negative symptoms in this group. Furthermore, serum glutamate levels may be a marker and should indeed be explored to predict treatment-resistance from first episode of the illness. REFERENCES 1. Alfredsson G, Wiesel FA, Tylec A. Relationships between glutamate and monoamine metabolites in cerebrospinal fluid and serum in healthy volunteers. Biol Psychiatry. 1988; 23(7):689-97. 2. Altramura CA, Mauri MC, Ferrara A. Plasma and platelet excitatory amino acids in psychiatric disorders. Am J Psychiatry. 1993; 1731-33. 3. AMERICAN Psychiatic Association. Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders. 4th ed. Washington D.C.: American Psychiatric Association. 1-550, 1994. 4. Andreasen NC, Carpenter WT Jr, Kane JM, Lasser RA, Marder SR, Weinberger DR. Remission in schizophrenia: proposed criteria and rationale for consensus. Am J Psychiatry. 2005;162(3):441-9. 5. Bachus S.E., Kleinman J.E. The neuropathology of schizophrenia. J Clinical Psychiatry, 57, (1996) 72-83. 6. Baruah S, Waziri R, Sherman A. Neuroleptic effects on serine and glycine metabolism. Biol. Psychiatry 1993; 34(8): 544-50. 7. Brenner HD, Merlo MC. Definition of therapy-resistant schizophrenia and its assessment. European Psychiatry. 1995; 10(suppl 1): 11-7. 8. Burbach JP, Arie P, Lebouille JL, Verhoef J, Witter A. Sensitive and rapid amino acid analysis of peptide hydrolysates by high performance liquid chromatografy of ophtalaldialdehyde derivatives. Journal of Chromatography. 1992; 37: 339-43. 9. Carl GF, Borgan MP, Young BK. Is plasma serine a marker for psychosis? Biol Psychiatry 1992; 31: 1130-35. 10. Deakin JF, Slater P, Simpson MD, Gilchrist AC, Skan WJ, Royston MC, Reynolds GP, Cross AJ. Frontal cortical and left temporal glutamatergic dysfunction in schizophrenia. J Neurochem. 1989; 52(6):1781-6. 11. Deakin JF, Simpson MD. A two-process theory of schizophrenia: evidence from studies in post-mortem brain. J Psychiatr Res. 1997 31(2): 277-95. 12. Dursun SM, Deakin JF. Augmenting antipsychotic treatment with lamotrigine or topiramate in patients with treatment-resistant schizophrenia: a naturalistic case-series outcome study. J Psychopharmacol 2001; 15(4): 297-301. 13. Evins AE, Amico ET, Shih V, Goff DC. Clozapine treatment increases serum glutamate and aspartate compared to conventional neuroleptics. J Neural Transm. 1997; 104(6-7):761-6. 14. Fekkes D, Pepplinkhuizen L, Verheij R, Bruinvels J. Abnormal plasma levels of serine, methionine, and taurine in transient acute polymorphic psychosis. Psychiatry Research. 1994; 51(1): 11-8. 15. First MB, Spitzer RL, Gibbon M, Williams JBW; Structured Clinical Interview for DSM-IV Axis I Disorders – Clinician Version (SCID-CV). Washington, DC: American Psychiatric Press, 1997, 84. 16. Goff DC, Tsai G, Manoach DS, Flood J, Darby DG, Coyle JT. D-cycloserine added to clozapine for patients with schizophrenia. Am J Psychiatry. 1996; 153(12): 1628-30. 17. Henna J, Oliveira Mello M., Alves TM, Eizenman IB, Elkis H. Predictors of response and outcome in treatment resistant versus non treatment resistant schizophrenics patients. Schizophr Research. 1999; 36(1-3): 281-2. 18. Heresco-Levy U. Glutamatergic neurotransmission modulation and the mechanisms of antipsychotic atypicality. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry. 2003; 27(7):1113-23. 19. Javitt DC, Coyle JT. Decoding schizophrenia. Sci Am. 2004; 290(1):48-55. 20. Jentsch JD, Roth RH. The neuropsychopharmacology of phencyclidine: from NMDA receptor hypofunction to the dopamine hypothesis of schizophrenia. Neuropsychopharmacology. 1999; 20(3): 201-25. 21. Kane J, Honigfeld G, Singer J, Meltzer H. Clozapine for the treatmentresistant schizophrenic. A double-blind comparison with chlorpromazine. Arch Gen Psychiatry. 1988;.45(9): 789-96. 22. Kim JS, Kornhuber HH, Schmid-Burgk W, Holzmuller B. Low cerebrospinal fluid glutamate in s chizophrenic patients and a newhypothesis on schizophrenia.Neurosci Lett. 1980; 20(3):379-82. 23. Labarca R, Silva H, Jerez S, Ruiz A, Renterias P, Ogalde C, Bustos G. Effects of haloperidol on CSF glutamate levels in drug-naive schizophrenic patients. Schizophr Res. 1995;16(1):83-5. 24. Macciardi F, Lucca A, Catalano M, Marino C, Zanardi R, Smeraldi E. Amino acid patterns in schizophrenia: some new findings. Psychiatry Res. 1990; 32(1): 63-70. 25. Meltzer HY, Rabinowitz J, Lee MA, Cola PA, Ranjan R, Findling RL, Thompson PA. Age at onset and gender of schizophrenic patients in relation to neuroleptic resistance. Am J Psychiatry. 1997; 154(4): 475-82. 26. Neeman G, Blanaru M, Bloch B, Kremer I, Ermilov M, Javitt DC, HerescoLevy U. Relation of plasma glycine, serine, and homocysteine levels to schizophrenia symptoms and medication type. Am J Psychiatry. 2005; 162(9): 1738-40. 27. Sackler Md, Sanders Rh, Sackler Am, Sackler Rr. Plasma glutamic acid levels in health and disease. II. A report on hospitalized schizophrenics. J Clin Exp Psychopathol. 1954; 15(1):26-31. 28. Simpson MD, Slater P, Deakin JF.Comparison of glutamate and gammaaminobutyric acid uptake binding sites in frontal and temporal lobes in schizophrenia. Biol Psychiatry. 1998; 44(6):423-7. 29. Steinpresis RE. The behavioral and neurochemical effects of phenyclidine in humans and animals: some implications for modeling psychosis. Behav Brain Res. 1996; 74(1-2): 45-55. 30. Sumiyoshi T, Jin D, Jayathilake K, Myung L, Meltzer HY. Prediction of the ability of clozapine to treat negative symptoms from plasma glycine an serine levels in schizofrenia. Intern J Neuropsychopharmacology. 2005; 8: 451-5. 31. Sumiyoshi T, Anil AE, Jin D, Jaythilake K, Lee M, Meltzer HY. Plasma glycine and serine levels in schizophrenia compared to normal contra and major depression: relation to negative symptoms. Int J Neuropsycopharmacol. 2004; 7(1): 1-8. 32. Tamminga CA. Glutamatergic aspects of schizophrenia. British J Psychiatry 1999; 174: 12-5. 33. Tortorella A, Monteleone P, Fabrazzo M, Viggiano A, De Luca L, Maj M. Plasma concentrations of amino acids in chronic schizophrenics treated with clozapine. Neuropsychobiology 2001; 44:167-71. 34. Thornberg SA, Saklad SR. A review of the NMDA receptors and phencyclidine model of schizophrenia, Pharmacotherapy 1996; 16: 82-93. 35. Van der Heijden FMMA, Tuinier S, Fekkes D, Sijben AES, Kahn RS, Verthoeven WMA. Atypical antipsychotics and the relevance of glutamate and serotonin. European Neuropsychofarmacology 2004; 14: 259-65. 36. Waziri R, Baruah S, Sherman AD. Abnormal serine-glycine metabolism in the brains of schizophrenics. Schizophrenia Research 1993; 8: 233-43. 37. Waziri R, Mott J, Wilcox J. Differentiation of psychotic from nonpsychotic depression by a biological marker. J Affect Disord. 1985; 9(2):175-80. Table 1: Clinical and demographic data Group Sex Age Male Female (+/- SD) Responsive 33.46 Schizophrenia 8 7 (13.74) (TRes) Resistant Schizophrenia (TRS) 11 Control 19 4 11 36.20 (8.05) 35.47 (9.95) Medication (range mg/day) Haloperidol Chlorpromazine (15 mg/day) (300-400 mg/day) 11 Schizophrenia subtype F-20.0 F-20.3 F-20.1 12 3 0 7 4 4 NA NA NA 4 Clozapine (150-850 mg/day) 15 NA Table 2: Plasma levels of amino acids +/- SD (nmol/mL) Responsive Resistant Schizophrenia Amino Acid Schizophrenia (TRes) (TRS) 81.61 (20.31) 92.19 (27.31) Serine 200.60 (56.69) 147.06 (75.99) Glycine 187.95 (126.79) 331.83 (98.73) Glutamate Control F; p 89.49 (14.40) 157.30 (47.82) 241.50 (49.17) F2,58=1.206; p=0.307 F2,58=3.796; p=0.028 F2,58=10.585; p<0.001