revista l`attitude - Instituto Cenorpsi

Transcrição

revista l`attitude - Instituto Cenorpsi
L’attitude
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
“A arte é a assinatura
da civilização”
A Revista L’attitude é uma publicação anual do Instituto Cenorpsi, através de sua
extensão, o Núcleo de Estudos e Pesquisas que é constituído por seus membros
pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. Seu conteúdo privilegia o saber e
práticas humanas que promovam a atitude nos diversos campos de trabalho e em
distintas latitudes geográficas.
www.cenorpsi.com
[email protected]
Os artigos publicados são de integral responsabilidade dos autores.
Esta obra pode ser reproduzida, desde que citada devidamente a fonte.
Ficha Catalográfica
L’attitude / Instituto Cenorpsi (Núcleo de Estudos
e Pesquisas) – v. 1, n. 1, Online, jan./dez. 2011.
2011 –
Anual
CDD 050
r e v ist a l’att itu d e
Sumário
3
Editorial ..........................................................................................
4
Personalidade
Música, arte e existência
Marcela Caselle Paulino ....................................................................
5
Artigo
Um novo ambiente para as organizações: competitividade e gestão de pessoas
Osvaldo Gastaldon ...........................................................................
8
Ensaios
Uma experiência em humanização hospitalar
Sandra Maria da Silva Vieira Suguiura .................................................... 11
A filosofia da educação platônica: o desejo de sabedoria e a Paideia justa
Vanessa Rufino Vieira Gomes Morita ..................................................... 13
O jogo simbólico no desenvolvimento da criatividade e habilidades das crianças
Angélica Bocca Rossi ........................................................................ 15
Artigos Científicos
A arte visual na educação básica
Joelma Fátima Rocha dos Santos .......................................................... 17
A situação dos alunos de licenciatura, frente à falta de professores no país
Wanderson Militão Gualberto da Fonseca ............................................... 23
Post-scriptum
Corrente ou concorrente?
Joaquim Marciano Ribeiro Filho ........................................................... 34
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
r e v ist a l’att itu d e
Editorial
Chegamos. Após quase duas décadas de observações, pensamentos e dúvidas;
discussões e desenvolvimento; capacitações e práticas, finalmente elaboramos o
primeiro número desta revista, que mesmo com sua intencionalidade simples, cada
fenômeno foi artística e subjetivamente planejado.
Para este número selecionamos a temática: arte. Simplesmente pelo fato de nosso
cenário existencial ser uma tela artística em que, enquanto personagens, nós possuímos
movimento e autonomia; e, além disso, somos a própria arte: pintamo-nos,
manifestamo-nos, restauramo-nos... e, nesse processo, possuímos a oportunidade de
(re)criar, pois somos atores e autores.
Pensando em nossa criação de diversidades profissionais e nos cenários de
atuação, selecionamos os trabalhos que nos evidenciaram o fato de constantemente
termos que possuir a atitude; pensamos que seja esta a mensagem explícita em cada
um deles. Entretanto, qual será a mensagem que se tornará evidente a você ao absorver
esse conjunto de informações?
Provavelmente, na diversidade de possibilidades, que a face de seu conhecimento
e de suas práticas está ausente neste mosaico ou ainda que você deva favorecer
novamente a ampliação dessa tela assinada por civilizadores.
Desejamos que a construção desse periódico seja não apenas embasada na
ciência, mas também seja cultural e beneficamente influenciadora para
compartilharmos o que estamos pensando, almejando, criando, enfim, o que nós,
nobres promotores do conhecimento estamos praticando.
Sim, chegamos; no entanto, não pretendemos estacionar. Há um longo caminho a
percorrer, visto que queremos insaciavelmente estabelecer relações com a diversidade
e contribuir, pelo menos, inicial e subjetivamente para uma sociedade una.
Em vista disso, mesmo que delongue, estamos construindo a história em distintos
e harmônicos tons, e como afirma a poesia: “basta lembrar que no inverno sob a neve
amarga, vive lá as sementes, que com o amor do sol, na primavera, chegará a ser uma
rosa”.
Joaquim Marciano Ribeiro Filho
Editor
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4
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Personalidade
5
Música, arte e existência
Marcela Caselle Paulino, 26, cantora há
15 anos, cursou canto no Conservatório
Souza Lima/Berklee e atualmente cursa
música na Faculdade de Artes Alcântara
Machado – FAAM, em São Paulo.
L’attitude – Em tese, um profissional na
música não possui tanto reconhecimento e
valor se compararmos com outras
atividades. Em seu ponto de vista, em que
a música vem contribuindo em nossa
sociedade?
Marcela Caselle Paulino - Na verdade, a
música sempre foi uma aliada de grande
importância no processo de aprendizagem
e na formação do indivíduo. Mais do que
entretenimento ou fonte de conhecimento, a linguagem musical contribui
significativamente no aspecto afetivo,
social, cognitivo e motor. Através dela,
conseguimos
desenvolver
memória,
concentração, raciocínio, sensibilidade,
criatividade, comunicação, disciplina,
entre outras coisas. Por tantos benefícios
gerados é uma incoerência o tratamento
dado à arte em nosso país.
L’attitude – O que é música para você?
Marcela Caselle - A música é a menor
distância entre o homem e Deus. Só a
alma compreende.
L’attitude – O que você poderia nos
informar sobre a história da música?
Marcela Caselle - Considerando o termo
de maneira abrangente, a história da
música envolve origens, influências,
evolução, técnicas, formas e compositores. Como toda arte, a música é um
reflexo da sociedade de determinada
época.
L’attitude – Pensando agora na sua
história: quais razões lhe motivaram a
escolher o caminho musical?
Marcela Caselle - O amor pela música e o
incentivo que fui recebendo ao longo dos
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anos, através do convívio com profissionais
renomados.
L’attitude – E, o que lhe mantém nesta
carreira artística?
Marcela Caselle - A certeza de que nada
me faria mais feliz e realizada. Tenho
consciência
das
dificuldades
dessa
escolha, mas vale o sacrifício. Para mim
não há nada mais prazeroso do que criar e
cantar.
L’attitude – Uma das perguntas que a
humanidade faz é “Quem sou eu?”. Hoje,
com sua experiência, como responderia
está indagação filosófica?
Marcela Caselle - Alguém que busca
aprender, dividir e somar sempre. As
pessoas precisam se conscientizar de que
pessoas “melhores” e “piores” sempre
existirão, mas o que vale mesmo é
procurar dar sempre o melhor de nós pra
tudo que nos propomos a fazer.
L’attitude – Como você avalia o seu
desempenho profissional até o presente
momento?
Marcela Caselle - Costumo dizer que sou
uma eterna aprendiza. No início, me
cobrava demais e nunca me dava por
satisfeita, depois fui percebendo que a tal
perfeição não existe. Desde então,
conduzo meu trabalho dentro das minhas
limitações do momento. Tudo é uma
questão de vivência e dedicação, assim a
evolução se torna mera consequência.
L’attitude – Sua performance profissional
lhe auxiliou no desenvolvimento de sua
personalidade?
Marcela Caselle - Entendo que, a minha
personalidade e a minha formação musical
é que auxiliaram na minha performance
profissional. A partir delas é que damos o
tom e o diferencial em um trabalho
artístico.
L’attitude – Você já encontrou barreiras
para desenvolver seus pensamentos,
desejos, ações, enfim, já vivenciou
imposições que desejavam impedir sua
criatividade nesse ramo?
Marcela Caselle - Sim, já me sugeriram
partir para outro gênero musical de
respaldo imediato e garantido ou, mesmo
propostas mais comerciais sempre frisando
a ideia de me ver como produto. Dizendo
isso, pode parecer utopia, entretanto,
para mim o meu trabalho é arte. Minha
música é a minha verdade; e ela não está
à venda.
L’attitude – E qual foi a situação profissional mais difícil que você vivenciou?
Marcela Caselle - Quando vim estudar
música em São Paulo, me deparei com a
exploração no sentido literal da palavra, é
um absurdo o que donos de bares e casas
noturnas propõem a músicos que se apre-
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sentam em seus estabelecimentos. Como
levar um bom trabalho, acompanhada de
bons músicos, recebendo de 50, 100 reais
por 2 horas de apresentação?
da, afinal, a vida muitas vezes nos leva
por caminhos nem sempre esperados.
L’attitude – O que aconteceu depois?
Marcela Caselle - Sim, acabo de gravar o
meu segundo cd demo com gravações de
minha autoria e algumas regravações de
canções consagradas.
Marcela Caselle - Cheguei à conclusão de
que entrando nesse esquema teria que
pagar para trabalhar. Sendo assim, decidi
investir e buscar oportunidade através de
gravações que disponibilizaria na internet.
Assim, o retorno tem vindo, seja por meio
de bons contatos ou trabalhos em
parcerias.
L’attitude – Hoje, quais são suas metas
profissionais a longo-prazo?
L’attitude – Algum projeto seu está em
andamento?
L’attitude – Qual mensagem desejaria
compartilhar com o mundo?
Marcela Caselle - Cantar é se expressar, é
revelar o seu verdadeiro eu, é afugentar
os males, é reflexão, é cura. Permitam-se,
façam da música parte de vocês.
Marcela Caselle - Atenho-me à ideia da
construção de uma carreira artística sóli-
Marcela Caselle
www.myspace.com/marcelacaselle
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Artigo
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Um novo ambiente para as organizações:
competitividade e gestão de pessoas
Osvaldo Gastaldon1
Introdução
O modelo de gestão baseado nas grandes corporações americanas que datam do
início da década de 1920 mudou. Tais organizações tinham como foco central a busca de
capital, recurso esse, escasso por excelência. O defensor desta ideia é Sumantra
Ghoshal (1999). Esse pensador apregoa que agora “o novo recurso escasso é o
conhecimento. Juntamente com a iniciativa, criatividade e em associação com o
cliente, o conhecimento é um fator de sucesso [...] e só pode ser desenvolvido pelas
pessoas [...]” (1999, p. 21).
As mudanças que estão ocorrendo de forma global, necessariamente envolvem, as
organizações, que, fundamentalmente, devem tomar medidas para se adaptar às novas
formas de gerir pessoas, como afirma Ghoshal.
É importante compreender que as pessoas e a forma como estas são gerenciadas
podem fazer a grande diferença nesse momento de rápidas mudanças ambientais, pois
consistem num diferencial difícil de ser imitado, mas, no entanto proporcionam uma
vantagem competitiva poderosa, como sustentam Pfeffer (1995) e Ulrich (1998).
É necessário haver uma transformação na forma de pensar das organizações, que, em
muitos casos, ainda não veem as pessoas como fator competitivo; são mais propensas a
acreditar e investir em novas tecnologias, produtos, processos e técnicas de gestão.
Importa colocar as pessoas em um novo patamar, e, é preciso antes resgatá-las do longo
período de esquecimento que passaram, para depois poder obter o retorno. Como ad1
Graduado em Administração de Empresas e Ciências Contábeis pela Unifev; Mestre em Administração
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; e, Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade
Metodista de Piracicaba.
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verte Ghoshal: “Não é possível, claro,
transformar uma organização sem
revitalizar seus funcionários; é preciso
influir no seu comportamento e em sua
maneira de pensar” (1999, p. 21).
A questão do conhecimento
O mundo vem passando por uma
mudança significativa que é a era do
conhecimento (Stewart, 1998), consequentemente, as pessoas e as organizações não estão excluídas desse
processo. Esse fato muito importa,
pois, como defende Ghoshal (1999), a
criatividade,
a
iniciativa
e
o
conhecimento são reconhecidamente
fatores de sucesso organizacional que
passam a suplantar o capital.
Estes novos fatores apontados por
Ghoshal são características humanas,
então a importância das pessoas fica
evidente,
nesta
nova
base
da
competição. Reconhecendo este fato,
Davenport e Prusak, afirmam: “O
conhecimento
existe
dentro
das
pessoas, faz parte da complexidade e
imprevisibilidade humanas” (1998, p.
6).
Ghoshal (1999) lembra que para as
organizações
que
pretenderem
transformar
essas
características
pertinentes às pessoas, em uma
possível vantagem competitiva, tornase
necessário
desenvolver
um
gerenciamento das pessoas que ofereça as condições ideais para tal.
Algumas empresas já pensam assim,
como
aponta
Kozel
Jr.
(1997)
McDonald‟s, Wall Mart, Disney e
Citibank, saíram na frente nesse
quesito, desenvolveram formas de ge-
renciamento onde se acredita e
valoriza o potencial das pessoas e, por
meio desses, conseguem criar uma
„diferenciação‟, isto é, uma vantagem
competitiva sobre empresas que não
apresentam uma gestão de pessoas
inovadora.
Para Ulrich (1998), constituir-se-á
um trabalho muito importante da área
de
Gestão
de
Pessoas,
criar
organizações nas quais o capital
intelectual (conhecimento) seja uma
constante.
No enfoque da importância do
conhecimento para as organizações,
Davenport & Prusak, pontificam: “Hoje
as empresas necessitam de qualidade,
valor, bom atendimento, inovação e
velocidade de chegada ao mercado
para que possam ter sucesso, e esses
fatores serão ainda mais críticos no
futuro. Cada vez mais as empresas
serão diferenciadas com base naquilo
que as pessoas sabem” (1998, p. 15).
O conhecimento defendido pelos
autores, apesar de ser vital, parece
encontrar-se apenas em algumas
pessoas e nas organizações para as
quais
trabalham,
dessa
forma
destacam-se, entre tantas outras que,
por não dominarem este „novo idioma‟
– universal e indispensável – terminam
dominadas e subordinadas às diretrizes
daquelas que assim não atuam.
Em se tratando dessa nova „ordem
competitiva‟,
em
especial
o
conhecimento e a importância das
pessoas para o desenvolvimento desse
conhecimento,
vale
ressaltar
a
observação de Naisbitt e Abuderne
apud Almeida et al. (1993, p. 18):
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A nova empresa difere da velha tanto
nos
objetivos
como
nos
seus
pressupostos
básicos.
Na
época
industrial, quando o recurso estratégico
era o capital, o objetivo da companhia
podia ser apenas obter lucros. Mas na
era
da
informação,
o
recurso
estratégico
é
a
informação,
o
conhecimento e a criatividade. Só há um
modo da empresa ter acesso a esses
bens – através das pessoas em que tais
recursos residem [...] Assim, o
pressuposto
básico
da
empresa
reinventada é que as pessoas – o capital
humano – são o seu bem mais precioso.
ção das vantagens competitivas, por
promoverem as mudanças e, ainda, em
última
análise,
prepararem
a
organização para assimilar essas
mudanças, de ordem externa, fugindo
ao controle dessas empresas, e, por
conseguinte, manter-se como empresa
competitiva é resultado de real
envolvimento dos funcionários.
Considerações finais
Mediante as opiniões dos autores,
torna-se possível afirmar que hoje o
fator
que
uma
empresa
pode
apresentar como diferencial neste
cenário agressivamente competitivo é o
capital humano. Com o despertar das
organizações
para
a
era
do
conhecimento
e
consequente
constatação que as pessoas são as
responsáveis
pela
geração
e
desenvolvimento
do
mesmo,
as
empresas passam a cuidar para que
esse potencial dos funcionários seja
bem aproveitado.
Wood (1995) salienta que está no
gerenciamento de pessoas o ponto
crucial da organização, porque ali se
pode desenvolver uma vantagem
competitiva para a empresa através das
pessoas, lembrando que o inverso
também é verdadeiro.
Finalizando, baseado em Möller
(1997), pode-se afirmar que a base da
competitividade mudou, a globalização
exige novas habilidades. Nesse novo
contexto, pode-se concluir que as
pessoas
assumem
o
papel
de
responsáveis pela criação e manuten-
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. I. R. et al. Por que
administrar estrategicamente recursos
humanos? R A E, vol. 33, n. 2, 1993.
DAVENPORT,
T.
H.;
PRUSAK,
L.
Conhecimento empresarial: como as
organizações gerenciam o seu capital
intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
GHOSHAL, S. A empresa individualizada.
HSM Management, n. 14, ano 3, 1999.
KOZEL Jr., J. O top do marketing
brasileiro. São Paulo: Sipione Cultural,
1997.
MOLLER, C. O lado humano da qualidade.
São Paulo: Pioneira, 1997.
PFEFFER, J. Vantagem competitiva através
de pessoas. São Paulo: Makron Books, 1995.
STEWART, T. A. Capital intelectual. Rio de
Janeiro: Campus, 1998.
ULRICH, D. Os campeões de recursos
humanos. São Paulo: Futura, 1988.
WOOD
Jr.,
T.
et
al.
Mudança
organizacional:
aprofundando
temas
atuais em administração de empresas. São
Paulo: Atlas, 1995.
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Ensaio
11
Uma experiência em humanização hospitalar
Sandra Maria da Silva Vieira Suguiura2
É significativo iniciar questionando: o que é humanizar? Pessini & Bertachini (2004),
oferecem uma resposta humanizadora:
Humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento
humano e as percepções de dor ou de prazer sejam humanizados, é preciso que as
palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro. É preciso, ainda, que o
sujeito ouça, do outro, palavras de reconhecimento. É na linguagem que fazemos as
descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos desumanizamos
reciprocamente. Sem comunicação, não há humanização. A humanização depende da
nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do diálogo com os nossos semelhantes
(PESSINI; BERTACHINI, 2004, p. 5).
A humanização no contexto hospitalar é fundamental, pois se atende e se convive
com pessoas que se encontram em uma situação de fragilidade, angústia, desespero e
muitas vezes sem nenhuma esperança.
Cada um se deve colocar no lugar do Outro, porque muitas vezes o que se impera é a
ignorância ao fechar os olhos; situações diversas que por profissionais são presenciadas.
Precisa-se aprender a acolher, a ouvir e principalmente a se doar sem esperar nada em
troca; um doar, um acolher e um ouvir incondicional. Muitas vezes se age com egoísmo
e na individualidade, por isso, os profissionais precisam se unir para um bem comum,
tratando as pessoas como são: pessoas, seres humanos.
Observa-se ainda que um abraço, um sorriso, um toque é mais importante que
palavras. A humanização é possível em todos os lugares não só no âmbito hospitalar;
mas também: nas UBS, nas escolas, nos asilos, nas casas de recuperação, no âmbito fa2
Graduada em Psicologia pela UFMS e pós-graduanda em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da
Família pela Unoeste.
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miliar, entre outros.
Geralmente se encontram nas
instituições de saúde pessoas que estão
doentes não apenas física, mas também
emocionalmente. Com isso, nos dias
atuais são comuns instituições adaptadas ao descaso onde pessoas ignoradas
não são atendidas adequadamente.
Deve-se pensar nesse momento, sobre a
humanização, a incondicionalidade de
humanos que atendem humanos.
A humanização deve estar em
qualquer ambiente de recuperação, e
ela é composta não apenas pelo
cuidado medicamentoso, mas também
com a presença da família que são
ícones de acolhimento, afeto, carinho e
respeito, incluindo os profissionais.
O Instituto Adelina Thiago Dias é
uma
instituição
referência
no
atendimento em psiquiatria no Estado
do Mato Grosso do Sul, conforme
apontam informações em seu site:
conhecem o significado de humanizar,
que trabalham para promoção da saúde
de todos os pacientes, sendo o
destaque institucional a interação entre
os pacientes e os profissionais. Foi ali,
praticando, que aprendi o que é
humanizar.
Portanto, exercer a humanização na
Saúde possibilita a recuperação do
respeito à vida humana nos aspectos
social, ético, educacional e psíquico;
aspectos que estão presentes em todos
os relacionamentos humanos.
A partir do ano de 2004, a instituição
passou, de acordo com dados relativos
ao Programa Nacional de Avaliação dos
Serviços Hospitalares – PNASH-Psiquiatria a figurar entre os melhores
hospitais psiquiátricos do País, pois
atingiu 80,2% dos pontos na vistoria
realizada por técnicos do Ministério da
Saúde. Em 2006 na nova avaliação do
PNASH o Hospital atingiu a pontuação
expressiva de 92,5% dos pontos na
vistoria realizada pelos técnicos do
Ministério da Saúde (INSTITUTO, 2011).
Pensando nisso, registro minha
experiência neste Instituto, na cidade
de Paranaíba, Mato Grosso do Sul, do
qual considero um centro humanizador
de excelência em Saúde Mental.
A instituição possui estrutura física
ampla, alimentação nutricional e
higiene; profissionais qualificados que
REFERÊNCIAS
INSTITUTO Adelina Thiago Dias. Disponível
em: <www.loucospelavida.com.br>. Acesso
em: 24 jun. 2011.
PESSINI, L.; BERTACHINI, L. (orgs.).
Humanização e cuidados paliativos. São
Paulo: EDUNISC-Edições Loyola, 2004.
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Ensaio
13
A filosofia da educação platônica:
o desejo de sabedoria e a Paideia justa
Vanessa Rufino Vieira Gomes Morita3
A filosofia platônica busca soluções refletindo a partir das ideias de Sócrates, seu
mestre, com questões sobre o conhecimento: como é possível conhecer e a sua
importância, visto que a partir das reflexões sobre o conhecimento empírico e
epistemológico é possível o ato do saber, mesmo a partir das ideias sensíveis e
inteligíveis. A partir da análise metodológica de seu mestre, Platão seguia a prática da
maiêutica, aprofundando suas ideias a partir do diálogo e indagação com questões
éticas, políticas e sociais de forma virtuosa buscando o respeito às leis e valorizando a
forma de governo democrático, ou seja, a aretê, sendo então proposta na cidadania
ateniense e como se tornar o homem virtuoso com princípios de cidadania para uma boa
pólis, um bom governo/cidade (Estado), onde cada indivíduo que busca a felicidade se
desenvolve a partir do desempenho de sua função.
Na obra A Replúbica de Platão, o filósofo, expõe os desafios éticos e políticos que
devem ser desenvolvidos a partir da Paideia, ou seja, educação, onde o cidadão
ateniense se preocupará em ser bom, praticar o bem e ser justo a partir de então, logo
a reforma moral e política ateniense precisa redefinir o que vem a ser justiça, focando
a alma, a partir de homem virtuoso e do ideal de cidade justa. A cidade ideal seria
aquela constituida de três estratos: o guardião, governantes e artesãos, e que todos
devem viver em harmonia e constituir a felicidade, no entanto cada um enganja-se para
desempenhar a sua função, como produzir bens materiais (artesãos); protege-se de
ameaças internas e externas (guardiãos); e outros defininem as leis (governantes).
Platão propõe que os filósofos sejam os governantes ou governantes sejam filósofos,
pois tais viveram bastante a partir de reflexões, sendo que para ser filósofo a partir das
3
Licenciada em História pela UFMS e Filosofia pela Unimes; especialista em Educação Inclusiva pela
Fatece; e, graduanda em Pedagogia pela Unesp/Univesp.
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ideias platônicas, precisa-se ter mais
de quarenta anos, ter então experiências empíricas e epistemológicas,
conhecer o ethos e procurar garantir a
felicidade e organização justa da pólis.
A Alegoria da Caverna de Platão faz
com que seus leitores associem a sua
teoria do conhecimento, em busca das
ideias verdadeiras, próprias dos sábios,
um
processo
de libertação
do
prisioneiro, com a saída do estado da
ignorância e do mundo da opinião para
o estado de sabedoria e o mundo
inteligível. Na educação vejo como uma
reflexão do cotidiano, do próprio
conhecimento em si, do que se conhece
e como é possível conhecer, sair da
alienação, do senso comum para
repensar por si só, ou seja, adquirir
autonomia, como hoje com nossos
alunos para que questionem seu próprio
processo
de
aprendizagem.
Nas
situações de aprendizagem a alegoria
da caverna pode ser comparada com o
momento que o aluno a partir de uma
situação problema ou não, ou ainda de
espanto ou admiração, lembrando que
a partir da reflexão do próprio
cotidiano é possível filosofar e sair da
"caverna": seja de um local que você se
encontra presente; seja de companhias; ou ainda de seu próprio conhecimento, questionando quem o faz:
você ou a mídia? E quando é a mídia
que influencia? Como recebe tais informações? Reflete, analisa ou a utiliza
pelo "modismo".
Sócrates acreditava na liberdade da
alma, ou seja, mesmo após a sua
condenação, depois da morte a partir
de uma justificativa injusta, ele acreditava que princípios eram importantes e
tais se estabeleceriam mesmo após a
morte, como de fato, até hoje ouvimos
falar do filósofo. Acredito que quando
Platão escreveu Alegoria da Caverna,
se baseou em seu mestre, como o
prisioneiro que se liberta, e mesmo
com olhos ofuscados ele não deixou de
acreditar na importância de se
conhecer primeiramente e mesmo
quando um dos deuses disse a ele que
era um dos homens mais sábios,
Sócrates não perdeu a humildade em
dizer que nada sabia e que a partir do
não saber (ignorância) vai em busca de
novas "verdades".
O
pensamento
socrático
está
baseado na maiêutica (“parto das
ideias”) e na irônia (“perguntas”) e
Platão seguindo seu mestre, dá
continuidade
na
maiêutica
se
preocupando com o mundo sensível e
inteligível e a partir da dialética,
desenvolve seu conhecimento.
Assim, nas concepções pedagógicas,
acredito que ambos estão corretos, pois
é possível conhecer a partir do diálogo
e de forma empírica, pela busca do
Bem (valores) através da educação e
uma sociedade mais justa.
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Ensaio
15
O jogo simbólico no desenvolvimento da
criatividade e habilidades das crianças
Angélica Bocca Rossi4
Antes de refletir propriamente sobre o jogo simbólico, deve-se entender o que
significam cada uma destas palavras.
De acordo com o Dicionário Michaelis, jogo é compreendido como brincadeira,
divertimento, passatempo; divertimento ou exercício de crianças, em que elas fazem
prova da sua habilidade, destreza ou astúcia; e, simbólico é pertencente ou relativo a
símbolo; então, símbolo é qualquer coisa usada para representar outra, especialmente
objeto material que serve para representar qualquer coisa imaterial.
Se jogo é uma brincadeira, um divertimento sem deixar de ser um exercício e há
seriedade em seu desenvolvimento, logo não há necessidade de discorrer sobre a
importância do jogo na educação escolar, especialmente na primeira fase, a educação
infantil. Em relação à palavra simbólico, a própria definição oferece sua real ideia:
representação.
Desta forma, agrupando essas palavras se obtém, simultaneamente, um significado
simples e complexo, pois sua definição pode ser compreendida como uma brincadeira
divertida com significado abstrato.
Desse modo, nesse momento, explicitar-se-á sobre esta brincadeira, sua importância
e os efeitos que causam na formação das crianças em relação à sua criatividade e
desenvolvimento afetivo-cognitivo.
De acordo com a Enciclopédia Multilíngue Livre – Wikipédia, jogo simbólico significa:
faz de conta e caracteriza-se por recriar a realidade usando sistemas simbólicos; ele
4
Licenciada em Pedagogia pelo Centro Universitário Padre Anchieta; especialista em EaD pelo Senac,
Paraná; Assessora Acadêmico-pedagógica e Administrativa em IES; e, Tutora no Polo de Apoio
Presencial na Unopar – Marília, São Paulo.
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r e v ist a l’att itu d e
estimula a imaginação e a fantasia da
criança, favorecendo a interpretação e
resignificação do mundo real.
Nesse sentido, tratando-se da
importância da resignificação do mundo
real para crianças ela é uma atividade
para ser desenvolvida dentro das
escolas de educação infantil, visto que
quando uma criança de 2 a 6 anos faz
uso do jogo simbólico em suas
atividades dentro do ambiente escolar
ela está interpretando exatamente
como vê o mundo em que vive. Assim,
são muitas às vezes em que a criança
reproduz o comportamento dos pais,
irmãos, amigos, parentes, professores,
entre outros; para a criança a
oportunidade é singular, mesmo que
ela não perceba, pois é o momento em
que
está
exteriorizando
seus
sentimentos.
Com esta brincadeira, pode-se
observar o quanto a criança gosta ou
não de alguém ou de alguma situação
e, principalmente, dependendo de que
papel
ela
está
desempenhando,
verifica-se claramente como ela
gostaria que a situação ou os atores se
comportassem
e
qual
resultado
gostariam de obter, ou, ainda, como
agiriam com o resultado obtido. Notase
também,
como determinadas
situações afetam emocionalmente cada
criança e se a observação estiver
focada, ou seja, se a atividade tiver
sido planejada com objetivos claros, é
possível perceber quais aspectos
cognitivos são afetados, positiva ou
negativamente. Além disso, é uma
ótima oportunidade dela se libertar de
seus medos e, até mesmo, responder às
suas frustrações, mesmo que sem saber
ou sem exteriorizar os fatos.
Frise-se ainda que esse cenário seja
um momento de riqueza no que se
refere ao seu comportamento social,
pois praticará as situações do jogo com
as outras crianças, renunciando,
concordando,
cedendo,
impondo,
desenvolvendo, reagindo de outras
formas, seja chorando ou desistindo;
todos esses momentos são riquíssimos
de observação do comportamento para
o professor.
O jogo simbólico é tão importante
para a criança quanto é para um
professor de educação infantil, pois
com ele tanto crianças expressam seus
sentimentos sem receios, como os
professores podem, por meio da
observação focada, concluir as razões
dos comportamentos de cada aluno. A
recomendação é que o jogo simbólico
seja planejado, com objetivos claros e
que os professores façam relatórios
durante o jogo, individual e do grupo,
para ter subsídios na reflexão. Além
disso, que os temas dos jogos
simbólicos não sejam sempre os
mesmos, ou seja, que ao planejar os
professores possam oferecer situações
diversificadas das situações da vida
cotidiana, para que a observação seja
com foco no objetivo.
Com atitudes como estas um
professor de educação infantil, terá
muito mais subsídios para preparar suas
aulas e conhecerá mais sobre seus
alunos, o que lhe garantirá um melhor
relacionamento e consequentemente
adequados resultados em suas ações
pedagógicas.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
16
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Artigo científico
17
A arte visual na educação básica
Joelma Fátima Rocha dos Santos5
RESUMO
A Arte Visual na Educação Básica promove o respeito à individualidade, à autonomia, à
criação, à diversidade e às produções individuais de cada criança e adolescente. Por
isso, os alunos devem ser estimulados a desenvolver suas competências e habilidades
através das trocas de experiências, do prazer lúdico gerador do processo de produção e
contatos com diversas obras de arte. O presente trabalho desenvolvido in loco utilizouse da experiência dedutiva (observação de um princípio geral para se chegar a
conclusões particulares) com alunos do ensino infantil, através da prática da autora,
buscando formar um ponto de vista a respeito da importância da arte visual no
ambiente escolar; considerando ao final que a atuação dos profissionais da Educação
Básica e os conteúdos propostos são o que se diferenciam na sala de aula, na sociedade
e no mundo.
Palavras-chave: Criatividade; Desenvolvimento; Arte; Educação Básica.
ABSTRACT
The Visual Arts in the Basic Education promotes respect for the individuality, autonomy,
the creation, production and diversity of individual children and adolescents. Therefore,
students should be encouraged to develop their skills and abilities through exchanges of
experiences, generating playful pleasure of the production process and contacts with
various works of art. This work was used in loco of deductive experience (observation of
5
Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco – FAECA e
Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano; bacharela em Teologia pelo Instituto Missionário
Coração Imaculado de Maria; especialista em Educação Infantil pela Unicid; e, pós-graduanda em
Tecnologia e Educação a Distância pela Unicid.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
r e v ist a l’att itu d e
a general principle to arrive at particular conclusions) with students from pre-school,
through the practice of the author, seeking to form a view about the importance of
visual art in the school environment; considering the end of the performance of
education professionals and the contents are proposed that are differentiated in the
classroom, in society and the world.
Keywords: Creation; Development; Art; Basic Education.
Desde os primórdios e às antigas
gerações, a Arte tem a capacidade de
expressar, comunicar e transmitir
ideias,
pensamentos,
imagens,
sentimentos e realidades de diferentes
formas. Ao rabiscar, desenhar, pintar e
criar é possível manifestar relações
com a humanidade e com diversas
culturas e civilizações.
A arte, a linguagem e o conhecimento,
de modo geral, são frutos da ação
humana sobre o mundo, sobre a
realidade. Ao mesmo tempo em que os
criamos, agem sobre nós, identificandonos de muitas maneiras, dependentes do
tempo histórico e dos grupos sociais em
que nascemos. A arte, a linguagem e o
conhecimento fazem parte do acervo
cultural do homem, como resultado de
suas necessidades filosóficas, biológicas,
psicológicas e sociais, entre outras.
Estabelecemos novas realidades, novas
formas de inserção no mundo e de visão
deste mesmo mundo, quando, como
autores e atores, dançamos, pintamos,
tocamos instrumentos, entre muitas
outras possibilidades elaborando e
reconhecendo de modo sensível nosso
pertencimento ao mundo (BRASIL, 2007,
p. 48).
A Arte, mais que uma visão de belo e
estético, deve ser vista como uma
manifestação cultural e patrimônio da
humanidade. Nasce da necessidade do
ser humano de imaginar, manifestar
sensações, emoções, pensamentos,
ideias, desejos, frustrações, tristezas,
alegrias e tantos outros sentimentos
pertencentes à vida e ao mundo.
Desde o nascimento a arte faz parte
da vida humana. Estampada nas ruas,
nas vitrines, nos outdoors, nas telas de
televisão, nas embalagens de algum
produto
comercializado,
nas
fabricações têxteis, nas manifestações
culturais e em tantas outras formas, a
criança e o adolescente, até a vida
adulta se depara com as artes visuais
em seus vários estilos e formas. Desta
forma, a criança e o adolescente, ao
chegar à sala de aula, já têm uma visão
de arte. Esta ideia deve ser respeitada
e ampliada na educação atual. Como
nos diz Kramer & Leite (1998), “para
ser educativa a arte precisa ser arte e
não arte educativa”. Sendo assim, a
disciplina de Artes, na Educação Básica,
na Educação Brasileira, necessita ter
como objetivo “alargar e aprofundar o
conhecimento
do
ser
humano,
possibilitando-lhe maior participação
social” (BRASIL, 2007).
A arte na educação possibilita ao ser
humano uma experiência transformadora capaz de conduzir e desenvolver
nos estudantes várias interpretações a
cerca da realidade do mundo.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
18
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As obras de arte são modos instigantes
de ver e ler o mundo, estão
impregnadas de conteúdos sociais que,
portanto, podem ser analisados e
debatidos, pelas várias interpretações
que podem suscitar. O olhar crítico que
as crianças desenvolvem com esse tipo
de
conhecimento,
muitas
vezes,
surpreende-nos. É preciso apostar muito
nas crianças e nos adolescentes, em suas
capacidades de aprender e conhecer
(BRASIL, 2007, p. 49).
Quando a criança e o adolescente
têm contato com a Arte é possível
possibilitar uma experiência inovadora
“provocando novas formas de sentir,
pensar, compreender, dizer e fazer”
(BRASIL, 2007). O encontro com a
estética, a cultura, o belo, promove
“diferentes formas de expressão e de
compreensão da vida” (BRASIL, 2007).
O trabalho apresentado demonstra a
importância da disciplina de Artes na
Educação Brasileira e manifesta sua
capacidade de criar, formar e
transformar,
assim,
promovendo
crianças e jovens ao senso crítico,
criativo e transformador, tendo um
novo olhar de mundo e da sociedade.
O ensino de artes no Brasil
A Arte no Brasil sofreu várias
mudanças no decorrer das décadas. O
ensino
de
Artes,
na
educação
tradicionalista, segundo Santos (2010)
estava voltado para o domínio técnico,
mais centrado na figura do professor
que trabalhava com exercícios por eles
selecionados e livros didáticos.
Por volta dos anos 20 ao 70, o ensino
de Artes, contagiada pela tendência
escolanovista,
voltou-se
para
o
desenvolvimento
da
criança,
valorizando as formas de expressão e
compreensão do mundo, respeitando
sempre suas necessidades e aspirações.
O ensino valorizava a espontaneidade e
o crescimento do aluno. As atividades
tornaram-se um espaço de invenção,
autonomia e descobertas com grande
valorização na autoexpressão do aluno.
Em São Paulo, no ano de 1922, com
a Semana de Arte Moderna, ocorreu um
grande marco para a caracterização de
um pensamento modernista. Com as
crescentes novas expressões e o
surgimento dos museus ocorreu uma
crescente abertura nas Artes Plásticas.
Qualquer professor poderia lecionar
desenho ou artes plásticas nos anos 60
mesmo
não
possuindo
formação
específica. A qualidade desta disciplina
ficava a desejar por falta de
profissionais qualificados.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, no ano de 1971, a
Arte com o título de Educação Artística,
foi incluída pela primeira vez no
currículo escolar. No entanto, foi
considerada como atividades educativas
e não como disciplina.
Nos anos 80 surgiu o Movimento Arte
– Educação que tinha como objetivo
conscientizar
e
organizar
os
profissionais do Ensino de Arte. Com
este
movimento
ampliou-se
e
organizaram-se os profissionais da área
que se encontraram isolados e
desmotivados dentro da escola.
Com a promulgação da Constituição
Federal de 1988, iniciam-se as
discussões sobre a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação
Nacional,
porém,
ocorreram
manifestações e protestos de inúmeros
educadores contrários a uma versão da
lei que retirava a obrigatoriedade da
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
19
r e v ist a l’att itu d e
área.
Revogaram-se
as
disposições
anteriores e Arte passa a ser
considerada obrigatória na Educação
Básica com a Lei n. 9394/96; no art.
26, §2º: “o ensino de arte constituirá
componente curricular obrigatório, nos
diversos níveis da Educação Básica, de
forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos” (BRASIL, 1996).
Na década atual se vivenciam as
características desse novo marco
curricular
as
reivindicações
de
identificar a área por Arte, e não mais
por Educação Artística, e de incluí-la na
estrutura como área, com conteúdos
próprios ligados à cultura artística e
não apenas como atividade.
Hoje o ensino de Artes visa uma
experiência transformadora, capaz de
criar oportunidades de vivência com a
cultura,
com
as
diferentes
manifestações e expressões artísticas.
As explorações com diversos tipos de
materiais gráficos, plásticos e obras de
artes
promovem
uma
ação
transformadora que associa a vivência
com a cultura a uma atitude criadora
nos alunos da educação básica.
A arte como experiência pessoal e
social
As atividades artísticas proporcionam vivências íntimas em cada um e
vivências nas relações interpessoais. No
contexto
pessoal
as
expressões
artísticas manifestam sentimentos de
dor, alegria, satisfação, tristeza,
inquietudes,
pensamentos,
ideias,
desejos, sonhos, frustrações, serenidade e várias outras demonstrações
pessoais e próprias do ser humano. Nes-
sas expressões o indivíduo dialoga
consigo mesmo, com a arte criada e
com o mundo a sua volta.
Ao reelaborar as experiências
pessoais e sociais vivenciadas, ampliase o universo de expressão da criança e
do adolescente, como também sua
percepção, sensibilidade, criatividade e
conhecimento do mundo.
A criança e o adolescente motivados
pelas formas de expressões têm mais
facilidade na concentração, noções de
estético e belo, e maior facilidades nas
formas de se expressar criticamente.
A disciplina de Arte da Educação
Básica colabora na construção de
autoconhecimento, autoconfiança e
autocrítica do educando. O fazer
artístico colabora na busca da própria
identidade e também no desenvolvimento das habilidades de perceber a
realidade, compreendê-la, codificá-la e
reelaborá-la. Assim, Arte desenvolve a
inteligência, o raciocínio espacial e
lógico, a compreensão da comunicação,
a coordenação motora e os sentidos.
Ao expressar artisticamente são
desenvolvidos meios para solucionar
problemas e conflitos pessoais, pois o
educando necessitará de realizar uma
releitura
da
sua
vida,
medos,
obstáculos e conceitos a serem
superados.
Além das produções e expressões
individuais
que
proporcionam
a
construção do eu, é possível produzir o
fazer artístico em grupo. Essa prática
desencadeia
a
vivência
da
sociabilidade, do respeito, da crítica,
da autocrítica, da tolerância, da
cooperação, do domínio próprio, do
reconhecimento de princípios éticos,
entre outros.
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20
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A vivência das Artes Visuais de
forma compartilhada ensina o indivíduo
a aprender a lidar com suas próprias
limitações e com as limitações do
outro. Serão muitas vezes levados a
situações em que será induzido a
atitudes de compreensão, aceitação e
perdão em relação a si mesmo e aos
outros.
A Arte atua diretamente no processo
de construção da vida do homem em
sociedade. Possibilita a construção da
individualidade do educando mediante
a sua interação consigo mesmo, com o
outro e com o meio.
O papel do professor de artes visuais
O professor de Arte tem a missão de
explorar a prática da Arte de diferentes
formas
com
a
finalidade
do
desenvolvimento do intelecto, do
aprendizado e das relações humanas,
tanto para a formação pessoal de novos
alunos quanto à formação social.
Sua metodologia deve transcender a
vivência intelectual e cultural para
promover o desenvolvimento integral
da criança e do adolescente. O método
deve oportunizar a exploração da
transdisciplinaridade e propiciar a
compreensão do seu universo interior e
exterior.
Infelizmente muitos educadores,
sem conscientização da importância de
seu papel transformador, apresentam
conteúdos que favorece apenas cópias
ou desenhos livres sem ligação com a
realidade dos educandos.
A vivência da arte transcende o seu
papel ao fazer parte da vida dos alunos
e os conduzem a uma “realização
pessoal, satisfação, prazer, equilíbrio,
alegria, paz, compreensão, confiança,
reciprocidade, identificação com o
outro e comunhão com o semelhante e
com o universo” (PROSSER, 2006, p.
16).
Considerações finais
Pode-se afirmar que o ensino de Arte
no processo pedagógico amplia o
mundo
expressivo,
cognitivo
e
perceptivo do ser humano. Possibilita
maior exploração e compreensão de
suas
próprias
potencialidades
e
colabora para que se obtenham
rendimentos nos diversos campos do
saber.
A Arte vivenciada por meio de
conceitos éticos contribui intensamente
na formação integral do homem e do
cidadão independente de sua classe
social, etnia e cor.
Ao contrário do que se imagina, a Arte
pode, sim transformar os valores e a
sociedade violenta em que vivemos.
Quanto mais forem levadas a sério, mais
a prática artística e a reflexão sobre a
prática artística serão mais eficientes
na construção de uma nova realidade. E
não se trata de utopia abstrata: tratase de algo possível e palpável, de
resultados a curto, médio e longo
prazos.
Basta
experimentá-las
e
explorá-las
nas
suas
incontáveis
possibilidades (PROSSER, 2006, p. 16).
As escolas, os educadores da
educação básica em geral, os gestores e
todos os formadores do ensino de Artes
têm um papel imprescindível de
formar, educar, capacitar e conduzir os
educandos no caminho do bem, da
cooperação, do diálogo e da vivência na
sociedade. Assim se formará crianças e
jovens com senso crítico, criativo e
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
21
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transformador, tendo um novo olhar de
mundo e de sociedade.
22
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Educação e do
Desporto.
Secretaria
de
Educação
Fundamental.
Referencial
curricular
nacional para a educação infantil:
conhecimento
de
mundo.
Brasília:
MEC/SEF, 1998.
____. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais: arte.
Brasília: MEC/SEF, 1997.
____. Lei de diretrizes e bases da
educação nacional. Lei n. 9394, de 20 de
dezembro de 1996.
____. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Básica. Ensino fundamental de
nove anos: orientação para a inclusão da
criança de seis anos de idade. Brasília.
2007.
KRAMER, S.; LEITE, M. I. Infância e
produção cultural. Campinas: Papirus.
1998.
PROSSER, E. S. Ensino de artes. Curitiba:
Iesde, 2006.
SANTOS, J. F. R. A importância das artes
visuais na educação infantil. São José do
Rio Preto: Unicid, 2010.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
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Artigo científico
23
A situação dos alunos de licenciatura,
frente à falta de professores no país6
Wanderson Militão Gualberto da Fonseca7
RESUMO
A situação da educação do Brasil tem sofrido grandes transformações. O Governo
finalmente se conscientizou da importância dos docentes e da necessidade de incentivar
a comunidade a seguir a carreira de professor. Mas isso não é tudo. A forma com que o
docente é formado também sofre transformações que a muito eram esperadas. Este
novo profissional não é mais, apenas um transmissor de conhecimento, e sim um
formador de pensadores. Nos dias atuais, muito tem se falado em relação aos cursos de
licenciaturas criados pelo Governo Federal com a implantação dos Institutos Federais
(IF‟s). Busca-se mostrar a situação do Licenciando no país: o início precoce na profissão,
as consequências de uma fraca base no Ensino Médio e a busca do Governo em reverter
o quadro da situação no Brasil.
Palavras-chave: Educação; Licenciatura; Professor.
ABSTRACT
The situation of the education of Brazil has suffered great transformations. The
Government finally was acquired knowledge of the importance of the teachers and the
necessity to stimulate the community to follow the teacher career. But this is not
everything. The form with that the teacher is also formed suffers transformations that
were very waited. This new professional is not more, only one transmitter of
6
7
Artigo apresentado no I Simpósio Baiano de Licenciatura, realizado na UESB, em Vitória da
Conquista/Bahia, nos dias 11 e 12 de agosto de 2011.
Graduando de Licenciatura em Física no IFNMG – Campus Salinas.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
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knowledge, and yes a former of thinkers. In the current days, much has been said with
regard to the courses of formation of professors created by the Federal Government
with the implantation of the Federal Institute (IF's). One search to show the situation of
graduating in the country: the precocious beginning in the profession, the consequences
of a weak base in average education and the search of the Government in reverting the
picture of the situation in Brazil.
Keywords: Education; Graduation; Teacher.
Introdução
Nos dias atuais, muito tem sido dito
sobre a formação de novos professores,
principalmente de Biologia, Física,
Matemática e Química para suprir a
carência desses profissionais no Brasil.
Estima-se que faltem hoje 200 mil
professores para o Ensino Médio. O
problema se torna
ainda mais
preocupante ao se analisar o crescente
número
de
alunos
nos
Ensino
Fundamental e Médio, pois a formação
de professores não acompanha tal
crescimento. Para tentar minimizar,
temporariamente este problema, o
Ministério da Educação e Cultura (MEC)
autoriza alunos de licenciatura a
lecionarem, provocando uma educação
aquém daquela que deveria ser
promovida, fato este que irá refletir
diretamente sobre a formação do
estudante, dificultando seu acesso ao
Ensino Superior. Estas e outras questões
contribuem para a evasão do aluno
quando este ingressa na graduação.
Destaca-se ainda, a fragilidade na
formação da identidade do licenciando,
que, ao iniciar precocemente na
docência, por ainda não ter uma base
pedagógica sólida para atuar no
magistério está sujeito a falhas que
podem determinar a construção de sua
identidade enquanto docente. Neste
sentido, será que vale a pena colocá-los
dentro da sala de aula antes do tempo?
O que tem sido feito por esses
acadêmicos? Qual o futuro desses
professores? Isso fez com que o Governo
voltasse seus olhos para aqueles que
estão buscando formação para o
magistério.
Programas
como
o
PIBID/CAPES foram meios encontrados
para contribuir para a melhor formação
de professores e diminuir a taxa de
evasão nos cursos de licenciaturas.
Conforme afirma Pimenta e Guedin
(2005) sobre afirmações de Donald
Shön, é necessário que
a formação não mais se dê nos moldes
de um currículo normativo que primeiro
apresenta a ciência, depois a sua
aplicação e por último um estágio que
supõe a aplicação pelos alunos dos
conhecimentos técnicos profissionais. O
professor assim formado, conforme a
análise de Shön, não consegue dar
respostas às situações que emergem no
dia-a-dia profissional, porque estas
ultrapassam os conhecimentos elaborados pela ciência e as respostas técnicas
que poderiam oferecer ainda não estão
formuladas (PIMENTA; GUEDIN, 2005, p.
19).
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
24
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A situação do professor no país
A formação de educadores está em
foco em todo o país, mas ainda assim
continua sendo um dos grandes desafios
para o atual e os próximos governos. Os
jovens, ao contrário do que se via há
uns 20 anos, não se interessam em
serem formadores de opiniões. Isso
acontece por causa do cenário atual de
desvalorização
do
magistério
e
indefinição da identidade do professor
e isso devido ao descaso sofrido pela
classe nas últimas décadas, até os dias
atuais. Os profissionais da educação
não conseguem exercer com louvor sua
principal função, devido ao trabalho
burocrático que toma grande parte de
seu precioso tempo, que deveria ser
dedicado, exclusivamente ao transmitir
do conhecimento e formar mentes
pensantes.
Talvez o erro mais sério que nós,
docentes, cometemos, seja o de nos
deixarmos invadir excessivamente pelas
exigências externas de nosso trabalho,
isto é: o cumprimento de normas de
diferentes tipos, sem viver intensamente o papel de educadores das
crianças que a sociedade nos confia a
cada ano [...] (NIDELCOFF, 1979, p. 5)
O que se percebe, é uma queda
crescente no número de docentes em
todo o país. Fato este que já preocupa
o Governo, que buscando minimizar o
impacto que isso tem sobre a
população, iniciando campanhas para
motivar seus cidadãos a seguirem esta
carreira. Segundo os últimos dados do
Censo do Ensino Superior, realizado
pelo MEC o número de graduandos nos
cursos de licenciatura caiu de 77 mil
para 64 mil entre os anos de 2005 a
2009. Uma queda de 17% em apenas
quatro anos. E isso enquanto o número
de concluintes do Ensino Superior
cresceu 13% e o número de docentes
sem diplomas teve um aumento de 7%
no mesmo período.
Outro agravante é que a maioria dos
docentes formados busca atuar fora das
salas de aula, ou em instituições
privadas. Mozart Ramos Neves, membro
do movimento Todos Pela Educação
disse em uma entrevista que “muitos
desses formandos preferem seguir na
área acadêmica, ir para colégios
particulares ou atuar em outras áreas,
onde ganham mais. Eles não vão para
as escolas públicas” (CONPEC, 2011).
O Brasil está defasado quando o
assunto são os regentes de aulas no
Ensino Médio da rede pública. Segundo
levantamento feio pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em
2009 há um déficit de mais de 235 mil
professores na rede, e o fator
predominante pela falta de interesse
dos jovens em ingressarem no
magistério, conforme a Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional
de Educação ainda é a baixa
remuneração no Brasil. Em comparativo
com a Alemanha, por exemplo, um
professor recebe por ano em torno de
R$ 85 mil, enquanto no Brasil, não
passa dos R$ 34,4 mil.
A Constituição Brasileira de 1988
dispõe no artigo 205 que a educação é
direito de todos e dever do Estado e da
família e será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
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cidadania e sua qualificação para o
trabalho; e o artigo 206, nos incisos I e
II, que o ensino será ministrado com
base no princípio da igualdade de
condições e da liberdade de aprender,
ensinar e pesquisar (BRASIL, 2011e).
Assim, quando falta um professor
dentro da sala de aula, o direito de
aprender do aluno não está sendo
cumprido e isso fere um direito
constitucional. A falta de aulas por
qualquer motivo viola este artigo. Cabe
ao Estado oferecer condições para que
este direito seja respeitado e para isso
é preciso que os professores em
exercício tenham condições dignas de
trabalho. É preciso um melhor preparo
dos professores que formam professores
e é importante que os acadêmicos de
cursos de formação de professores
tenham uma formação sólida.
Falta de professores no Brasil x alunos
de licenciatura
A falta de professores é um
problema tão grave, que hoje, no
Brasil, um licenciando que concluiu
apenas o primeiro período de um curso
com duração total de oito, já consegue
liberação do Estado para lecionar. O
Governo tenta assim, minimizar a falta
de profissionais, sem pensar nas
consequências futuras de tal ato, que
pode agravar a situação da educação a
médio e longo prazo. Um professor não
é
apenas
um
transmissor
de
conhecimentos, e sim um formador de
opiniões e caráter. É preciso que este
profissional tenha uma boa formação
docente para atuar com as crianças e
jovens, evitando assim oferecer uma
educação precária.
Ao comparar esse início precoce dos
licenciandos com um aluno de medicina, qual seria a provável posição de
todos? Se um aluno de medicina fosse
colocado para atuar em um hospital
qualquer, para tentar suprir a falta de
médicos existente no Brasil, algum pai
levaria seu filho a este médico em
formação? Provavelmente não. Então
por qual motivo a formação das
crianças brasileiras pode ser confiada a
um professor despreparado? Deve-se
haver uma preocupação com a
formação dos jovens desde o início de
seu ciclo escolar, para que possa ter
uma base sólida que lhe permita
ingressar em uma universidade assim
que conclua o Ensino Médio.
O início precoce na carreira pode
causar uma experiência emocional
desagradável neste acadêmico que terá
que lidar com situações para as quais
ainda não está preparado, e isso sem
mencionar os alunos entregues a este
novo profissional, que com certeza
serão prejudicados, tanto em sua
formação em relação ao conhecimento,
como em sua formação social. E assim,
este jovem terá dificuldades quando
ingressar em uma instituição de Ensino
Superior e talvez em algumas áreas de
sua vida pessoal.
Valorização do professor
No dia 28 de Julho de 2010 a
Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes)
promoveu um debate sobre a formação
de docentes no Brasil e entre os
principais desafios relatados estão o de
cumprir as ofertas de cursos/vagas;
minimizar a evasão, garantindo apoio
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
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aos professores; criar modelos de cursos adequados aos docentes em exercício; e,
promover inovação curricular e de projetos pedagógicos (BRASIL, 2011a). Isso vem
mostrar que existe uma preocupação com a formação dos novos professores, mas não
com a recuperação dos que já estão nas escolas.
De acordo com pesquisa realizada com professores da rede estadual de Salinas/MG,
ao serem perguntados a cerca de sua valorização profissional, por alguns segmentos, em
relação às escolas 83,33% dos entrevistados responderam que são valorizados e em
relação aos alunos essa porcentagem ficou em 75%. Mas em se tratando do Governo,
esse número cai para 33,33%.
Valorização do docente
NÃO
SIM
25,00%
ALUNOS
75,00%
16,67%
ESCOLA
83,33%
ESTADO
33,33%
66,67%
Assim, não é por acaso que o número de profissionais da área da educação não
cresce de acordo com a demanda de alunos.
Já na pesquisa realizada com 323 alunos da rede estadual da cidade de Salinas/MG,
constatou-se que 45% dos alunos já pensaram em serem professores.
Já pensou em ser professor?
NÃO
55%
SIM
45%
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
27
r e v ist a l’att itu d e
Com a mesma pesquisa, ela ainda mostra que entre as opções de profissões
propostas, a de professor está nos últimos lugares, constatando-se que o motivo que
levou a maioria a desistir de lecionar, foi à falta de valorização do professor, a
percepção da insatisfação destes profissionais e salários inferiores.
Escolha da profissão
ENGENHARIAS
ADVOGADO
MÉDICO
PSICOLOGO
PROFESSOR
OUTROS
23,44%
20,31% 19,10%
18,58%
10,24%
8,33%
Outro destaque é que, se para 88,21% dos alunos entrevistados, o magistrado não é
valorizado, então, nota-se que tal pensamento é um fator a ser considerado para
explicar o baixo interesse dos jovens em seguir a profissão no futuro, sendo
imprescindível que se trabalhe a imagem do professor com estes jovens, pois é nessa
idade que normalmente se escolhe qual profissão seguir. Assim, um dos importantes
desafios do novo professor será conquistar o respeito de todos e mudar essa concepção
distorcida que as pessoas têm sobre a profissão e o profissional. O docente sai da
faculdade, hoje, desacreditado.
Quando o licenciando se vê, antes de terminar sua graduação, frente a essa
realidade, onde sabe que será mal conceituado e desvalorizado terá que se unir a outros
de sua classe, que lutam há anos para mudar esse quadro e que, juntos nessa luta,
repensem sua escolha para não ser a possibilidade de contribuir para o aumento das
atuais e estrondosas taxas de evasão.
O Governo tem buscado reverter o caos que se instaurou na educação e agora volta
seus olhos para a peça mais importante para que as mudanças desejadas ocorram: os
professores; os mesmos que durante décadas estiveram desamparados buscando mostrar
a importância da categoria e assim trazer a valorização merecida. No entanto, este
processo será lento, pois o Governo terá de enfrentar mais de um século de insatisfação
daqueles que são responsáveis pela formação dos jovens.
A valorização dos profissionais está garantida na Constituição Brasileira de 1988, no
artigo 60, quando se refere à remuneração condigna dos trabalhadores da educação,
mostrando que sempre se soube de sua importância. Mesmo assim, o que se observa, é
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
28
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o descaso com que a profissão tem sido
tratada pela sociedade no decorrer dos
anos. A Constituição do país, mais uma
vez, não tem sido cumprida.
O início prematuro do jovem
professor no ambiente escolar
É preciso que se respeite o período
de maturação do novo professor, para
que este tenha tempo de se preparar
emocionalmente e desenvolver sua
prática pedagógica tão importante para
enfrentar as situações que vivenciará
em uma sala de aula.
Hoje, muitos professores ficam
doentes, sem condições de continuar
seu trabalho, devido à má preparação
psicológica durante seu período de
graduação e o abalo dos alicerces
emocionais no exercício da função.
Muitos desses mestres, não conseguem
retornar a uma sala de aula depois de
um abalo emocional intenso e o Brasil
perde mais um de seus colaboradores
na luta contra a pobreza.
Um jovem, ao entrar para uma
empresa, mesmo que já tenha feito
algum tipo de curso, ou treinamento
sobre a área em que vai atuar, recebe
um preparo específico antes de iniciar
suas atividades. É preciso que isso seja
feito com o professor iniciante. O que
se vê é que após a designação, ele
simplesmente é direcionado a sala de
aula, sem que seja apresentado
devidamente ao ambiente escolar em
que está sendo inserido e aos colegas
de profissão, assim como as normas e
regimentos da nova instituição. Não há
nenhum apoio a este jovem docente; e
para um iniciante, tomado de insegurança, o simples fato de preencher um
diário
escolar
é
extremamente
complexo e isso não é algo que se
aprende no ambiente acadêmico.
Evasão nos cursos de licenciaturas
Atualmente o grande problema nos
cursos de Licenciaturas é a alta taxa de
evasão nos períodos iniciais. Cada vez
mais, acadêmicos têm chegado às
instituições de Ensino Superior sem uma
base mínima de conhecimentos para
seguirem com seus estudos e tal fato
está relacionado à fraca formação que
recebem
no
Ensino
Médio
por
professores,
muitas
vezes,
mal
preparados,
sem
conhecimento
pedagógico necessário para lecionar e
em alguns casos sem um diploma.
Entre os principais motivos para
evasão está a falta de identificação
com o curso escolhido, dificuldades em
conteúdos específicos e questões
financeiras. Se não bastasse, quando os
alunos tomam noção das dificuldades
da profissão e da desvalorização
profissional, resolvem buscar cursos
que lhe proporcionem o que não irão
encontrar lecionando: altos salários e
reconhecimento.
De acordo com dados levantados
junto ao portal do Inep, os cursos de
formação docente, com as maiores
taxas de evasão entre os anos de 2007 a
2009 foram os cursos de licenciaturas
em Física, Matemática, Biologia e
Química, respectivamente.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
29
r e v ist a l’att itu d e
Taxa de evasão nacional dos cursos de licenciatura plena
2007
2008
2009
MÉDIA
30
20%
13%
20%
23% 22% 22%
14% 16%
BIOLOGIA
25% 24%
21%
14%
FISICA
MATEMÁTICA
22%
13%
11%
15%
QUÍMICA
Gráfico elaborado com informações baseadas nos dados do Inep:
Sinopses Educação Superior (2007-2009).
Muito precisa ser feito a fim de minimizar a taxa de evasão, pois o número de alunos
que resolvem cursar Licenciatura, já não é o suficiente para suprir a defasagem de
professores no país, e com as desistências o quadro se torna crítico. Tais atitudes terão
que ser tomadas individualmente por cada instituição, após um estudo detalhado da
realidade da comunidade onde a mesma está inserida.
Assim, visto esta realidade, algumas instituições buscando diminuir tais taxas de
desistência, têm oferecido disciplinas de nivelamento em matérias específicas, no início
da vida acadêmica e apoio financeiro, para que este aluno tenha uma melhor condição
de continuar sua graduação.
PIBID/CAPES
Uma das melhores iniciativas do Governo Federal em relação à educação brasileira é
a criação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). A Capes,
que antes respondia apenas pelos cursos de pós-graduação, passou a receber, em 2009,
um orçamento de R$ 1 bilhão destinado a formação de professores (BRASIL, 2011c,d).
O programa oferece bolsas para que alunos de licenciaturas sejam inseridos no
ambiente escolar sobre supervisão, a fim de se familiarizarem com a realidade da
comunidade escolar. Assim, esses alunos irão conhecendo aos poucos a profissão e os
desafios e poderão realizar pesquisas que possam contribuir para melhoria da formação
docente.
Segundo Penin (1995),
o conhecimento do cotidiano escolar é necessário por duas razões. Primeiro, porque sendo
conhecido é possível conquistá-lo e planejar ações que permitam transformá-lo, assim como
lutar por mudanças institucionais no sentido desejado. [...] Segundo, porque o cotidiano,
sendo conhecido, pode fornecer informações a gestões institucionais democráticas que quei-
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
r e v ist a l’att itu d e
ram tomar medidas adequadas para
facilitar o trabalho ao nível cotidiano
das escolas e melhorar a qualidade do
ensino aí realizado (PENIN, 1995, p.
161).
O projeto foi aprovado pelo Ministro
da Educação, Fernando Haddad, e
publicado no Diário Oficial da União em
24 de dezembro de 2009, através da
Portaria Normativa n. 16, de 23 de
dezembro de 2009, em observância às
prescrições do Decreto n. 6094, de 24
de abril de 2007, com o objetivo
principal de unir as Secretarias
Estaduais e Municipais de Educação e as
Universidades Públicas, na busca pela
melhoria do ensino brasileiro.
Entre as propostas do PIBID está o
incentivo à carreira do magistério nas
áreas onde existe uma grande carência
de
profissionais
com
formação
específica: Ciências e Matemática de
quinta a oitava séries do Ensino
Fundamental; e, Física, Química,
Biologia e Matemática para o Ensino
Médio tentando diminuir a taxa de
evasão destes acadêmicos que hoje
atinge mais de 60% de acordo com
dados do INEP (BRASIL, 2011d).
O valor da bolsa ainda está longe do
ideal, uma vez que o acadêmico
bolsista recebe apenas R$ 400 mensais
e tem que se comprometer a se dedicar
exclusivamente aos estudos, não
podendo exercer nenhuma outra
atividade renumerada durante o
período. Mas uma vez que, hoje, no
Brasil, muitos jovens saem de suas
cidades para estudar, e muitos vêm de
famílias carentes, este valor é
insuficiente para garantir seu sustento.
Isso em um país onde, até os professo-
res, com anos no exercício da função,
precisam ocupar dois ou três cargos
para terem condições de uma vida mais
digna.
Considerações finais
O agravamento da situação educacional no Brasil obriga aos governantes
a trabalharem para uma mudança no
quadro da valorização do profissional
da educação. O brasileiro voltou seus
olhos para os professores e com isso
projetos têm sido criados a fim de
estimular a formação docente, a
melhoria na formação oferecida aos
alunos de licenciatura e a valorização
deste profissional tão importante no
processo de desenvolvimento da Nação.
Tais projetos foram elaborados para
apresentarem resultados a médio e logo
prazo, enquanto a situação exige
medidas com resultados imediatos.
Enquanto as Secretarias de Educação
não se unirem, ficará impossível
reverter o quadro atual. É preciso mais
apoio ao profissional da educação,
valorizando estes mestres, para que
eles
possam
desenvolver
suas
atividades.
Ao mesmo tempo, é indispensável
um cuidado maior com os acadêmicos
dos cursos de licenciatura, pois são eles
que assumirão o papel de guiar o
crescimento do país. Eles precisam de
suporte para a iniciação à prática
docente. Assim, o PIBID, programa que
já deveria estar em execução há
décadas, e que recentemente foi
lançado, é um ponto a favor da
Educação no país e o que se espera é
que sejam obtidos bons resultados.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
31
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O licenciando é frágil e colocá-lo em
uma sala de aula, sem uma formação
docente sólida, é muito arriscado,
tanto para os alunos, como para o
graduando. É preciso respeitar o tempo
necessário para que este novo
profissional adquira seu amadurecimento pedagógico e o conhecimento
específico, para criação de sua
identidade profissional, pois somente
assim, ele poderá oferecer aos jovens
que lhe serão entregues, um ensino de
qualidade e contribuirá para formar
cidadãos mais estruturados em todas as
áreas. O Brasil está no caminho certo,
mas o processo se iniciou tardiamente e
por isso será necessário paciência para
que os resultados das transformações
que vem ocorrendo possam ser visualizados.
BIBLIOGRAFIA
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de Pessoal de Nível Superior. Debate
aborda
desafios
da
formação
de
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capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36
-noticias/3988-debate-aborda-desafios-da-f
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Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
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Portaria Normativa n. 16. Disponível em:
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FREIRE, P. Educação e atualidade
brasileira. São Paulo: Cortez, 2001.
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Editora, 1993.
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GHIRALDELLI JR., P. Filosofia e história da
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NIDELCOFF, M. T. Escola e a compreensão
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construção. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e
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____.; GUEDIN, E. (Orgs.). Professor
reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um
processo. São Paulo: Cortez, 2005.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
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Post-scriptum
34
Corrente ou concorrente?
Joaquim Marciano Ribeiro Filho8
Em toda formação grupal que se preze existe o momento de integração que possui
como proposta a promoção da união, recordando aos integrantes a valorização do
trabalho em equipe, o que alude ao senso lendário dos Cavaleiros da Távola Redonda
versus o Mito da Caverna de Platão.
Esse atuar conjunto favorece a ideia
de sociedade enquanto unidade, para
alguns como utópica, e é uma das
primeiras ações proferidas, e. g., na
entrada de trabalhadores em empresas
e de estudantes, principalmente
durante o Ensino Superior; esse atuar é
uma chama que aquece a solda e funde
uma substância criando uma corrente
humana.
Com o decorrer do tempo, as
alterações sociais e o descuido revelam
aos de percepção nobre uma corrente
frágil e ineficaz porque seus anéis se
demonstraram metálicos não possuindo
capacidade de serem potencialmente
8
desenvolvidos; neste ínterim, buscando
a solução mais econômica, tais sonhos
de equipe se tornam grupos funcionalmente concorrentes e com correntes
individuais (sem o siso de equipe), em
que a proposta então evolui para cada
um por si.
Esse é o hábito e histórico de muitas
pessoas físicas e jurídicas; é uma
prática comum oferecida aos supostos
formandos que iniciam um curso como
cúmplices atuantes e após alguns anos
de convivência, docentes os instigam a
compreenderem que agora eles deverão
ser concorrentes; e em instituições
empresariais durante processos de vin-
Graduado em Psicologia; especialista em Psicopedagogia e em Gestão Empresarial com Ênfase em
Marketing e Recursos Humanos; Presidente e Diretor do Instituto Cenorpsi; Consultor de
Desenvolvimento Humano e Empresarial, Psicólogo, Psicopedagogo e Coordenador de Projetos e
Programas Institucionais e Sociais do Cenorpsi Cellardoor; Editor da Revista L’attitude; e,
Coordenador, Professor, Escritor, Conferencista e Membro-pesquisador do NEP.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
r e v ist a l’att itu d e
culação muitos se disponibilizam a
trabalhar de forma conjunta e posteriormente não estão mais disponíveis,
porém se compreende que a outrora
cumplicidade ainda equivaleria a uma
faísca mnemônica que impele a
possibilidade de uma nova chama
emergir.
Nesta dança contínua de práticas da
educação ao trabalho e deste àquele,
percebe-se que as correntes propostas
são efetivamente humanas, no entanto,
com humanos metálicos, mecânicos e
não compostos em suas fibras com a
sensibilidade para identificação de sua
própria identidade.
Deste modo, atualmente convivemos
com pessoas (familiares, governantes e
desconhecidos) que não reconhecem a
fronteira entre a individualidade e a
sociabilidade, não possuindo ainda
referência para sua identidade; sendo
um autômato, executam ações de
hábito com engrenagens que expressam
ruídos convertidos em reclamações.
Portanto, para superar esse estágio,
nada é mais digno do que resignificar:
converter hábitos em atitudes, ideias
em ações e práticas em diálogos; aqui
então, estabeleceu-se morfemas e fonemas que estão registrados para que
se promovam a história de existências
milenares e que sutilmente desejam
acorrentar o saber culturalmente
diverso disponibilizando-o nutritivamente em vocábulos despertadores.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
35
r e v ist a l’att itu d e
Vivências: comédia, drama e tragédia
OBRAS CINEMATOGRÁFICAS SUGERIDAS
36
EQUILIBRIUM (2002)
Sinopse: Nos primeiros anos do século XXI aconteceu a 3ª Guerra Mundial.
Aqueles que sobreviveram sabiam que a humanidade jamais poderia
sobreviver a uma 4ª guerra e que a natureza volátil dos humanos não podia
mais ser exposta. Então uma ramificação da lei foi criada, o Clero
Grammaton, cuja única tarefa é procurar e erradicar a real fonte de
crueldade entre os humanos: a capacidade de sentir, pois há a crença de
que as emoções foram culpadas pelos fracassos das sociedades do passado.
Desta forma existe um estado totalitário, a Libria, que é comandado pelo
"Pai" (Sean Pertwee), que só aparece através de telões. Foi decretado que
os cidadãos devem tomar diariamente Prozium, uma droga que nivela o
nível emocional. As formas de expressão criativa estão contra a lei, sendo
que ao violar qualquer regulamento a nãoobediência é punida com a pena
de morte. John Preston (Christian Bale) é um Grammaton, um oficial da
elite da lei, que caça e pune os "ofensores", além de ter poder para mandar destruir qualquer obra de
arte. Um dia, acidentalmente, Preston não toma o Prozium. Pela primeira vez ele sente emoções e
começa a fazer questionamentos sobre a ordem dominante.
ILHA DO MEDO [SHUTTER ISLAND] (2009)
Sinopse: 1954. Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) investiga o
desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em
Boston. No local, ele descobre que os médicos realizam experiências radicais
com os pacientes, envolvendo métodos ilegais e antiéticos. Teddy tenta
buscar mais informações, mas enfrenta a resistência dos médicos em lhe
fornecer os arquivos que possam permitir que o caso seja aberto. Quando um
furacão deixa a ilha sem comunicação, diversos prisioneiros conseguem
escapar e tornam a situação ainda mais perigosa.
UM PROFESSOR EM APUROS [TENURE] (2009)
Sinopse: A vida acadêmica não se tornou aquilo que o professor de inglês
Charlie Thurber (Luke Wilson) sonhou que seria. Ele é uma inspiração para
seus alunos, mas a sua notável falta de habilidade política deixou sua
carreira meio estagnada. Quando parecia que Charlie finalmente estaria
prestes a subir em degrau mais alto, uma PhD de Yale (Gretchen Mol),
junta-se ao pessoal da pequena faculdade e ameaça fazer sombras às
aspirações de Charlie. Seu melhor amigo (David Koechner) é bem
intencionado e um professor especializado em antropologia que lança uma
campanha totalmente equivocada para promover a causa de Charlie.
Enquanto isso, a irmã de Charlie pressiona-o a passar mais tempo com seu
velho pai, um antigo professor que não consegue esconder sua decepção
pela carreira estagnada do filho. Para complicar ainda mais, Charlie se vê
atraído pela nova concorrente.
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
r e v ist a l’att itu d e
COMO ESTRELAS NA TERRA, TODA CRIANÇA É ESPECIAL [TAARE ZAMEEN
PAR] (2007)
Sinopse: Ishaan Awasthi é um garotinho de oito anos de idade cheio de
imaginação, mas ninguém parece dar muita atenção aos seus sonhos. Ele
gosta de cores, peixes de aquário, cães e pipas. Tudo o que não é
importante para o mundo dos adultos, mais preocupados com o trabalho e
ordem. Ocorre que Ishaan, por ser muito sonhador, acaba não prestando
atenção nas aulas da escola. Os pais, preocupados, acham que ele deve ser
disciplinado e o mudam de escola. Num primeiro momento o garoto sofre o
trauma da separação. Até que ele conhece seu novo professor de artes,
Ram Shankar Nikumbh, um homem que traz alegria e otimismo a todas as
crianças, menos Ishaan. Nikumbh fará de tudo para descobrir os motivos da
infelicidade do menino e assim abrir caminho para que ele realize seus
sonhos.
37
THAT’S WHAT I AM (2011)
Sinopse: Andy Nichol é um garoto de 12 anos, que como a maioria da sua
idade, tenta evitar confusão e motivos para ser ridicularizado e punido
pelos colegas da escola. Adorado pelos alunos, Mr. Simon, interpretado por
Harris, coloca Andy e Stanley como dupla em um projeto da escola. Stanley
é perseguido por ser diferente: ruivo, com “a cabeça muito grande para
seu corpo e as orelhas muito grandes para sua cabeça”. Nessa relação,
Andy e Stanley aprenderão um sobre o outro, e Mr. Simon terá que
enfrentar uma fofoca envolvendo preconceitos e intolerância.
O filme conta a história de um garoto que sofre com o bullying, e decide
fazer algo para mudar esta situação, junto com seus professores e sua
família.
REENCONTRANDO A FELICIDADE [RABBIT HOLE] (2011)
Sinopse: Becca (Nicole Kidman) e Howie Corbett (Aaron Eckhart) formavam
uma família feliz, mas suas vidas viraram do avesso após a morte do filho,
Danny (Phoenix List), num acidente de carro. Depois de largar a carreira de
executiva para virar dona de casa, ela tenta redefinir sua vida se cercando
dos familiares e pessoas bem intencionadas para ajudar a superar a dor da
perda. Enquanto dá início a uma "estranha" amizade com o jovem Jason
(Miles Teller), motorista do carro no fatídico acidente, seu marido
mergulha no passado, buscando apoio em estranhos que poderiam oferecer
algo que a esposa não consegue. Assim, perdidos em seu sofrimento, os
Corbett fazem escolhas surpreendentes para seu futuro.
www.cenorpsi.com
ano 1, n. 1, jan./dez. 2011
ALGUNS TRABALHOS DESENVOLVIDOS POR MEMBROS DO CENORPSI
www.cenorpsi.com
EVENTOS
I Campanha da Acessibilidade Psicológica: Funcionalidades da Mediação em Organizações.
I Mostra da Atitude: Uma Psicologia Para o Ser Humano.
I Fórum de Psicologia e Diversidade Humana: Revelando as Faces Profissionais.
II Campanha da Acessibilidade Psicológica: Pigmentar os Espaços e Promover a Resignificação de
Conflitos.
II Mostra da Atitude: A Importância das Legislações Para as Profissões.
Campanha de Desenvolvimento Psicológico em Instituições: O Degustar do Psicológico.
PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO
Acompanhamento Funcional: Um Trabalho Psicológico Dirigido aos Cargos Profissionais.
Processo Avaliativo em Instituições: Contribuições Psicológicas e Psicopedagógicas.
Atuação em Psicologia Organizacional: Uma Formação Criativa aos Profissionais no Século XXI.
Docência e Discência: Uma Relação Criativa de Múltiplas Faces.
A Utilização da Orientação Psicológica na Multiprofissionalidade: Uma Possibilidade de Resolução de
Conflitos nos Processos de Ensino.
Tutoria Psicológica e Psicopedagógica
Oportunizando o Desenvolvimento.
nos
Contextos
Institucionais:
Criando
Práticas
e
A Psicologia Organizacional e o Desenvolvimento da Gestão do Conhecimento em Estratégias
Projetáveis.
Renove suas ideias.
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NORMAS GERAIS PARA PUBLICAÇÃO – Revista L’attitude
A L’attitude é uma revista de cunho científico e cultural, voltada para a ampliação de conhecimentos e divulgação de ações
humanas sob o interesse de todas as pessoas.
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responsável. Para se associar é necessário requisitar informações pelo e-mail, indicado na alínea anterior, com o Assunto:
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II - TIPOS DE TRABALHOS
-
Assuntos Temáticos (sobre Saúde, Comportamento, Educação, Trabalho, Direito ou outra referência temática);
-
Ensaios;
-
Resenhas;
-
Artigos;
-
Artigos Científicos;
-
Atividades Diversas (ações praticadas pelo profissional na comunidade);
-
Relato de Experiência;
-
Relato de Pesquisa; e
-
Outro tipo relevante, sob a autorização do editor.
III - APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
Os trabalhos deverão ser enviados em arquivo elaborado preferencialmente em programa Microsoft Word for Windows, em papel
A4, fonte Arial, tamanho onze (11), com espaço simples e margens dois e meio centímetros (2,5 cm) de cada lado, não numeradas,
sem cabeçalhos e rodapés, sendo que a estrutura do trabalho já deverá estar organizada. As legendas (para fotografias, desenhos,
tabelas e gráficos, quadros, etc.), se houver, deverão ser claras e concisas, localizadas abaixo das figuras (e precedidas da
numeração correspondente, também identificadas no corpo do trabalho). Tais imagens deverão ser apresentadas ordenada e
sequencialmente ao disposto no manuscrito.
a) Assuntos Temáticos, Ensaios e Atividades Diversas deverão possuir, exatamente, duas (2) laudas;
b) Resenhas e Artigos deverão possuir, exatamente, uma (1) lauda;
c) Artigos Científicos deverão possuir entre dez (10) a quinze (15) laudas; e
d) Relato de Experiência e Relato de Pesquisa deverão possuir entre cinco (5) a sete (7) laudas.
IV - ESTRUTURA DO TRABALHO
a) título do trabalho, em português;
b) nome(s) do(s) autor(es) em ordem alfabética, especialidades, qualificações profissionais e instituição a que pertence(m);
c) Resumo e Palavras-chave em português e em inglês, espanhol ou francês, não devendo exceder duzentas (200) palavras em cada
língua. O Resumo deve conter sucintamente o que foi feito, os resultados e as conclusões;
d) Introdução;
e) Fundamentação Teórica;
f) Metodologia;
g) Resultados;
h) Discussão;
i) Considerações finais; e
j) Referências ou Bibliografia, quando utilizada, no máximo de quinze (15), seguindo orientações das normas da ABNT, em vigor.




Os itens “c” ao “i”, devem ser apresentados obrigatoriamente em Relato de Experiência, Relato de Pesquisa e Artigos
Científicos com dados in loco.
O item “g” se exclui em Artigos Científicos de cunho bibliográfico, permanecendo os demais.
Os itens “c” ao “i”, excluem-se em Assuntos Temáticos, Atividades Diversas, Ensaios, Artigos e Resenhas.
O item “j” será condicionado ao seu uso em: Assuntos Temáticos, Atividades Diversas, Ensaios e Artigos.
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