Anais 2011

Transcrição

Anais 2011
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
Campus XII0– Santarém
Av. Plácido de Castro, 1399
Aparacida – Santarém/PA
1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Prof. José Maria Araújo da UEPA, Santarém – PA
Bibliotecário: Paulo Vinicius Carmo da Graça – CRB 1370
Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida (2.:2011: Santarém-PA)
Anais do 2º Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida: a
Humanização no contexto da saúde, 6 à 10 de junho de 2011/ Organizado por
Edna Ferreira Coelho Galvão. Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará,
EDUEPA, 2011.
1 CD-ROM
ISBN: 978-85-88375-70-3
1. Saúde - Congresso 2. Humanização 3. Educação I. Galvão, Edna
Ferreira Coelho II. Título.
CDD 610.73
2
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
MARÍLIA BRASIL XAVIER
Reitora da Universidade do Estado do Pará
MARIA DAS GRAÇAS SILVA
Vice-Reitora da Universidade do Estado do Pará
JOFRE JACOB DA SILVA FREITAS
Pró-Reitor de Pesquisa e Graduação (PROPESP)
RUY GUILHERME CASTRO DE ALMEIDA
Pró-Reitor de Graduação (PROGRAD)
MANOEL MAXIMIANO JÚNIOR
Pró-Reitor de Gestão (PROGESP)
MARIANE CORDEIRO ALVES FRANCO
Pró-Reitor de Extensão (PROEX)
JOSEBEL AKEL FARES
Coordenadora da EDUEPA
LUIZ FERNANDO GOUVÊA E SILVA
Coordenador do Campus XII – Santarém
PAULO VINICIUS CRAMO DA GRAÇA
Bibliotecário do Campus XII - Santarém
3
EDNA FERREIRA COELHO GALVÃO
Presidente da Comissão Organizadora
Membros da Comissão Científica:
ADJANNY ESTELA SANTOS DE SOUZA
ALEXANDRE GONÇALVES
ALEXANDRE RODRIGO B OLIVEIRA
ANDRÉ DO SANTOS CABRAL
EDNA FERREIRA COELHO GALVÃO
ELIZABETH TEIXEIRA
IZABEL ALCINA SOARES EVANGELISTA
JANA C. GUIMARÃES ESPOSITO
JOELMA CRISTINA PARENTE MONTEIRO ALENCAR
JOSE ALMIR MORAES DA ROCHA
JUAREZ DE SOUZA
KASSYA CHRISTINNA OLIVEIRA RODRIGUES
KÁTIA SIMONE KIETZER
LUIZ FERNANDO GOUVÊA E SILVA
MARIA DO SOCORRO DA SILVA MOTA
PATRICIA REYES DE CAMPOS FERREIRA
PETRÔNIO LAURO TEIXEIRA POTIGUAR JÚNIOR
RODRIGO LUIZ FERREIRA DA SILVA
RONIVALDO LAMEIRA DIAS
SILVANIA YUKIKO LINS TAKANASHI
TÂNIA FERNANDES VERI ARAUJO
4
PROGRAMAÇÃO
SEGUNDA-FEIRA
06/06/2011
08h às 18h
CREDENCIAMENTO
08h às 12h
MINICURSOS
14h às 18h
OFICINAS
18h às 19h
APRESENTAÇÃO CULTURAL
19h às 19h30
MESA DE ABERTURA
a
19h30 às 21h
CONFERENCIA: Perspectivas multiprofissionais
em Residência e Pós-graduação no Interior do
Estado do Pará
21h às 22h
Prof .
Ms.
Mariane
Cordeiro
Franco
Pró-Reitora de Extensão da UEPA
COQUETEL
TERÇA-FEIRA
07/06/2011
08h às 12h
MINICURSOS
14h às 18h
APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL E POSTER
18h às 19h
APRESENTAÇÃO CULTURAL
Prof. Dr. Luís Eduardo Batista
19h às 20h
CONFERÊNCIA: Saúde das Populações Negras
Coordenador da Área Técnica
Saúde da População Negra - GTAE
Joaquim Martins – Chefe da
CASAI.
Willivane
20h às 21h30
MESA REDONDA: A diversidade étnica e cultural
no cuidado da saúde.
Ferreira
Presidente
do
de
–
Melo
Fórum
da
Diversidade Étnico-Racial / UEPA.
Federação
das
Comunidades
Quilombolas de Santarém.
Representante da SEMSA.
QUARTA-FEIRA
08/06/2011
08h às 12h
MINICURSOS
14h às 18h
APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL E POSTER
18h às 19h
APRESENTAÇÃO CULTURAL
19h às 21h
CONFERÊNCIA: A Política Nacional de
Humanização da Atenção e da Gestão do SUS
5
Prof.
Sandro
Cavalcante
José
da
Silva
Política de Humanização da
Atenção e da Gestão do SUS –
SESPA/UEASBA
Representante
do
Conselho
Municipal de Saúde.
Domingos
19h às 21h
MESA REDONDA: A efetividade dos programas
do SUS no contexto da Amazônia
-
Hospital
Sagrada
do
Hospital
Família.
Representante
Regional do Baixo Amazonas.
Representante da SEMSA.
QUINTA-FEIRA
09/06/2011
08h às 12h
MINICURSOS
14h às 18h
APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL E POSTER
18h às 19h
APRESENTAÇÃO CULTURAL
a
Prof .
19h às 20h
CONFERÊNCIA: O Programa HiperDia
a
Dr .
Antônia
Margareth
Moita Sá
Coordenadora do DINTER
Enfermagem UEPA/UFRJ
Sheyla Mara de Oliveira
–
Enfermeira/UEPA.
Gilma Teixeira Faruolo França –
19:30 h às 21h
MESA REDONDA: O cuidado multiprofissional
com o paciente do HiperDia
Fisioterapêuta/UEPA.
Ronivaldo
Profissional
Lameira
de
Dias
–
Educação
Física/UEPA.
SEXTA-FEIRA
10/06/2011
08h às 12h
MINICURSOS
14h às 18h
OFICINAS
18:30h às 19h
APRESENTAÇÃO CULTURAL
19h às 20:30h
CONFERÊNCIA: O cuidar como valor supremo na
promoção da saúde coletiva
Prof. Dr. Heron Beresford
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro
Entrega de premiações dos melhores trabalhos
20:30h às 22h
Entrega de certificados aos participantes do
Evento
6
Comissão de Organizadora
MINICURSOS
Francimary Leão Dias
Maria do Socorro da Silva Mota
Interpretação e solicitação de
Jailson de Carvalho Soares
exames diagnósticos relacionados às
Zilma Nazaré de Souza Pimentel
principais doenças infecciosas
José Olivá Apolinário Segundo
Alan Alberto Maciel Soares
Moacir Boreli Tormes
Diana Santos Fonseca Pedroso
Saúde Profissional: cuidados com a
Jocivam Antônio Pedroso da Silva
voz, ouvido e ergonomia
Edmárcio da Paixão Araújo
Sabina Lima de Carvalho
Percussão Polular
Silvan Galvão dos Santos
LIBRAS: linguagem brasileira de
Ayla Maria Barros Silva
sinais
Treinamento Personalizado
Luiz Fernando Gouvêa e Silva
Prescrição de Exercício para Grupos
Ronivaldo Lameira Dias
Especiais
Fernanda Jacqueline Teixeira Cardoso
Carlos Alberto Santos Júnior
Habilidades Clínicas e Atendimento
Sidney Emanoel Peleja Formiga
Pré-hospitalar
Erika Couto
Nádia Monteiro
Oncologia
Marcos Fraga Fortes
Bandagem Funcional
André dos Santos Cabral
Daniele Puhl
Facilitação Neuromuscular
Richelma de Fátima Miranda Barbosa
Proprioceptiva - PNF
Pilates
Giovana Valente
7
OFICINAS
06 de Junho de 2011 – (14 às 18h)
Humanização no contexto da Saúde
infantil:
uma
abordagem
fisioterapêutica
Silvânia Yukiko Lins Takanashi
Universidade do Estado do Pará
Alexandre Rodrigo Oliveira
Humanização no contexto da Saúde
do Idoso
Richelma de Fátima Miranda Barbosa
Universidade do Estado do Pará
Humanização no contexto da Saúde
Nedy Pedroso
dos Portadores de Necessidades
Diretora APAE
Especiais
10 de Junho de 2011 – (14 às 18h)
Humanização no contexto da saúde
da pessoa com Hanseníase
Rodrigo Luiz Ferreira da Silva
Universidade do Estado do Pará
Humanização no contexto da Saúde
da mulher
Humanização no contexto da Saúde
das doenças transmissíveis
Humanização no contexto da Saúde
Bucal
Jana Carine Guimarães Esposito
Profissional Dentista
Humanização no contexto da Saúde
dos Povos Indígenas
Joaquim Martins
Chefe da CASAI
8
SUMÁRIO
TÍTULO DO TRABALHO
AUTORES
Página
ARTIGOS
AFECÇOES GINECOLÓGICAS EVIDENCIADAS NOS
RESULTADOS DOS EXAMES DE PCCU
REALIZADOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE
SANTARÉM-PARÁ, NO PERÍODO DE 2006 A
2010.
ANÁLISE DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR
AGUDA E O EFEITO HIPOTENSIVO EM
DIFERENTES INTENSIDADES NO EXERCÍCIO
RESISTIDO
ATIVIDADE FÍSICA E DEPRESSÃO: OS BENEFÍCIOS
DA ATIVIDADE FÍSICA COMO COMPLEMENTO
NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NOS
PACIENTES DO CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL DE ALTAMIRA – PA – CAPSII
Audelaine Miranda da Cruz, Liliane
Cristina da Silva Félix, Raimunda
Jucimara Pinto de Lima, Diego Sarmento
de Sousa; Adjanny Estela Santos de
Souza
Jeandre L. F. da Mota, Jhonny F. Galúcio,
Carlos Alberto S. da Silva, Augusto Valter
F. de Menezes, Luiz Fernando Gouvêa e
Silva
Gileno Edu Lameira de Melo, Keyrilan
Emanuela A. Silva, Lueide Helena
Cardoso, José Robertto Zaffalon Junior
Andreia de O. Pinheiro, Raquel G.
Rodrigues, Tânia Fernandes V. Araújo,
Chirlene de S. Campos, Cássio S.
Vasconcelos, Luiz Fernando Gouvêa e
Silva
Ronete Lourena Rodrigues Martins;
HIPERTENSÃO ARTERIAL E MEDIDAS
Augusto Valter Freitas Menezes; Edna
ANTROPOMÉTRICAS EM UMA COMUNIDADE
Ferreira Coelho Galvão; Juarez Sousa;
QUILOMBOLA DE SANTARÉM.
Geovana Andreia Gibbert.
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, NÍVEL DE
Márcia Lia S. Sarges, Cleilson Araujo
ATIVIDADE FÍSICA, FLEXIBILIDADE E SATISFAÇÃO
Rodrigues, Carlos Alberto S. da Silva,
CORPORAL DOS MILITARES DA MARINHA, NA
Augusto Valter F. de Menezees, Luiz
REGIÃO OESTE DO PARÁ.
Fernando Gouvêa e Silva.
Edwagner Rodrigo S. Ferreira, Francisco
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS
HIPOCINÉTICAS ENTRE FUNCIONÁRIOS DE UMA Moacir A. de Oliveira, Carlos Alberto S.
AGÊNCIA BANCÁRIA DE SANTARÉM, NO ANO DE da Silva, Augusto Valter F. de Menezes,
Lorhena Alves Pereira, Jone Luiz Queiroz
2010.
de Oliveira.
PERFIL DOS PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE
Herbert Halley Gomes de Castro, Izabela
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÀLICO ATENDIDOS,
Mendonça de Assis, Diego Sarmento de
NO PERÍODO DE 2009 A 2010, EM UMA CLÍNICA
Sousa, Luiz Carlos Rabelo Vieira,
DE FISIOTERAPIA DA CIDADE DE SANTARÉM,
Richelma de Fátima de Miranda Barbosa
PARÁ
QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE
Davi V. de Sousa, Adriene F. Silva,
DIABÉTICOS REGISTRADOS NO SISTEMA
Juliana O. Silva, Orácio, C. Ribeiro,
HIPERDIA NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO
Wagner S. Almeida, Jose Olivar A.
MARACANÃ, MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PA
Segundo
CORRELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MASSA
CORPORAL E O CONSUMO MÁXIMO DE
OXIGÊNIO DE ESTUDANTES DA REDE
PARTICULAR DE ENSINO
15
22
31
40
50
56
64
72
79
RESUMOS EXPANDIDOS
A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NA VISÃO
DOS ACADÊMICOS DO III SEMESTRE DE
ENFERMAGEM DO IESPES
Dannuza da Silva Lima, Aline Taketomi
Lima, Renata Simões Monteiro,
Veridiana Barreto do Nascimento
9
89
A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: IMPORTÂNCIA
E REALIDADE NO OESTE DO PARÁ.
ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DAS PUÉRPERAS
ATENDIDAS NO CENTRO DE SAÚDE DA GRANDE
ÁREA DO MARACANÃ (SANTARÉM-PA).
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL ATRAVÉS DA
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM
PACIENTES DO PROGRAMA HIPERDIA
ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE
SAÚDE DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE
SANTARÉM NO ANO DE 2010.
AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE EM IDOSOS
RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA
PERMANÊNCIA E DE UMA COMUNIDADE NO
MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA
AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM
JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM A
RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL.
AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM
JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM O
GÊNERO
COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE E
PERCEPÇÃO DE ESTRESSE EM ADOLESCENTES
DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE
SANTARÉM, PARÁ
CONFLITOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM
INFLUENCIAR PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO
DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL – ÁLCOOL E DROGAS DE
SANTARÉM/PA
Maria Eduarda de Macêdo Basso,
Sabina Lima de Carvalho, Rodrigo Luis
Ferreira da Silva
Yane S. Almeida, Carla dos S. Oliveira,
Cláudia da G. Araújo, Fernanda J.
Nascimento, Geysiane Rocha, Ingrid
Leite, Jéssica P. da Silva, Natália M.
Monteiro
Márcia Regina Silva de Sousa, Juarez de
Souza.
Quétilan Silva Lopes, Izabela Mendonça
de Assis, Tatiane Cristina Fernandes
Rabelo, Paola Cristina Ferreira da Silva,
Pedro Odimar dos Santos.
Maria Gilvânia Dantas Soares; Diego
Sarmento de Sousa; Luiz Carlos Rabelo
Vieira; Liliane Cristina da Silva Félix;
Mônica Moura de Lima; Adjanny Estela
Santos de Souza
Maria Gilvânia Dantas Soares; Diego
Sarmento de Sousa; Luiz Carlos Rabelo
Vieira; Liliane Cristina da Silva Félix;
Mônica Moura de Lima; Adjanny Estela
Santos de Souza
91
94
96
98
101
104
Patrícia Silva Fernandes, Diego
Sarmento de Sousa, Luiz Carlos Rabelo
Vieira, Itaíne Silva Reis, Adjanny Estela
Santos de Souza
107
Dayana Viana Franklin, Denise Corrêa
das Neves, Raimunda Margarete Teixeira
Muniz
110
Natália Miranda Monteiro, Luciana
Aguiar Gaspar, Wellida Hannah Silva
CRIANÇAS VITIMIZADAS: INTERVENÇÃO PARA
Pereira, Maureen Kelly dos Santos
PROMOÇÃO E RESGATE DA AUTO-ESTIMA
Braun, Maria Goreth Silva Ferreira, Edna
Ferreira Galvão
Carla Raphaela Figueira da Silva,
EFEITO DA INCLUSÃO DE UM TREINAMENTO DE
Adrienne Amorim da Silva, Raphael de
FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR
Miranda Rocha, Ana Paula Filgueira
PROPRIOCEPTIVO NA AMPLITUDE ARTICULAR
Coutinho, Amanda dos Santos Silva, Luiz
DE BAILARINAS
Fernando Gouvêa e Silva
EFEITOS DO ÍNDICE GLICÊMICO NA REDUÇÃO
Josiana Moreira, Joseana Ribeiro,
DO PERCENTUAL DE GORDURA EM ADULTOS E Julianne Albuquerque, Zilaine Carneiro,
IDOSOS COM SOBREPESO E OBESIDADE
Raphael Rocha
10
112
114
117
PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO.
ESCALPELAMENTO: UM ESTUDO SOBRE O
CONHECIMENTO DOS RIBEIRINHOS ATENDIDOS
PELO PROJETO SAÚDE & ALEGRIA ACERCA DO
ACIDENTE.
Márcia Regina Silva de Sousa, Tayná do
Matos Vale, Moacir Boreli Tormes,
Rodrigo Luis Ferreira da Silva
Melina Laise Nascimento dos Santos;
Diego Sarmento de Sousa; Liliane
Cristina da Silva Félix; Maria Gilvânia
Dantas Soares; Luiz Carlos Rabelo Vieira;
Adjanny Estela Santos de Souza
Marina Silva Nicolau; Diego Sarmento
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À PRESSÃO
de Souza; Liliane Cristina da Silva Félix;
ARTERIAL ELEVADA EM JOVENS
Maria Gilvânia Dantas Soares; Luiz Carlos
UNIVERSITÁRIOS.
Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de
Souza
Camila Chaves Lameira; Diego Sarmento
de Sousa; Liliane Cristina da Silva Félix;
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO
Maria Gilvânia Dantas Soares; Luiz Carlos
SEDENTARISMO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS
Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de
Souza
Daylane Rodrigues, Andreia de O.
FATORES DE RISCO PARA O ABUSO SEXUAL EM
Pinheiro, Angeli P. Galvão, Érika M. S.
ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE
Couto, Pollyana C. A. Silva, Shayanne G.
SANTARÉM/PA
A. Matos
Michele de Castro Leão;Diego Sarmento
FATORES DE RISCO RELACIONADOS À
de Sousa;Aline Ribeiro Meneses;Maiara
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NA ZONA
Silvana Salgado Batista; Luiz Carlos
URBANA DE SANTARÉM, PARÁ
Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de
Souza
FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM
Charli Albuquerque Grigório, Geórgia
MORADORES DO BAIRRO LIVRAMENTO,
Silvestri Traesel, Cassiano Saatkamp,
SANTARÉM, PARÁ, ATENDIDOS NO HOSPITAL
Juarez de Souza, Mauricio Liberai, Régis
REGIONAL DO BAIXO AMAZONAS DO PARÁ
Piloni Maestri
GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ESTUDO Solange Sousa da Costa, Maria Josiane
DE CASO EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA
de Sousa Pires, Edna Ferreira Coelho
ESTADUAL DE SANTARÉM.
Galvão.
HIPERTENSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE FÍSICA:
INVESTIGAÇÃO ACERCA DO
ACOMPANHAMENTO DO PROFISSIONAL DE
José Robertto Zaffalon Júnior, Adivar
EDUCAÇÃO FÍSICA NO TRATAMENTO DA
Elisiario dos Santos Filho, Adrieli Speroto
HIPERTENSÃO EM UNIDADES DE SAÚDE DE
ALTAMIRA-PA.
IDENTIFICAÇÃO DOS PERFIS DERMATOGLÍFICO, Luiz Carlos Rabelo Vieira, Lucas Enéas
SOMATOTÍPICO E DAS QUALIDADES FÍSICAS
Martins, Paulo Erick Sousa dos Santos,
BÁSICAS DE SOLDADOS DO 4º GRUPAMENTO
Diego Sarmento de Sousa, Ronivaldo
DE BOMBEIROS MILITAR DO ANO DE 2010
Lameira Dias, José Fernandes Filho.
INCIDÊNCIA DE DISFUNÇÕES DO SISTEMA
Danielle Marialva de Castro; Marília R.
MÚSCULO ESQUELÉTICO EM PACIENTES
Santos Pimentel; Michele de Castro
ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA
Leão; Aline Ribeiro Meneses; Camila
FATORES ASSOCIADOS À INSATISFAÇÃO COM A
IMAGEM CORPORAL EM JOVENS
UNIVERSITÁRIOS
11
119
122
126
129
133
136
139
141
143
146
149
EM SANTARÉM-PA, ENTRE OS ANOS DE 20092010.
Chaves Lameira; Diego Sarmento de
Sousa
INCIDÊNCIA E DISTRIBUÇÃO ESPACIAL DE
ACIDENTES DE ACIDENTES DE TRANSITO NOS
Rafael Gibson O. Da Silva, Tayná Matos
BAIRROS DO MUNICIPIO DE SANTARÉM - PARÁ,
Do Vale
NO PERÍODO DE 2007 A 2009
LEI Nº 10.639/03: UMA DISCUSSÃO SOBRE A
Maria Giselle Damasceno Oliveira, Edna
IMPLEMENTAÇÃO DA LEI NO CAMPO
Ferreira Coelho Galvão
EDUCAÇÃO FÍSICA
LEVANTAMENTO DESCRITIVO DO
Luandressom Feitosa Lima; Ronete
COMPORTAMENTO SEXUAL E SAÚDE
Lourena Rodrigues Martins; Edna
REPRODUTIVA DE MULHERES QUILOMBOLAS
Ferreira Coelho Galvão; Juarez Sousa;
DE SANTARÉM NO ANO DE 2011.
Geovana Andreia Gibbert
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE
ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO
CURSO DE FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS
SANTARÉM
152
155
158
Lucas da Silva Alho Mota, Izabela
Mendonça de Assis, Luiz Carlos Rabelo
Vieira, Diego Sarmento de Sousa, Gilma
Teixeira Faruolo França
161
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE
ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE
ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA
CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ
Izabela Mendonça de Assis, Diego
Sarmento de Sousa, Luiz Carlos Rabelo
Vieira, Patrícia Silva Fernandes, Herbert
Halley Gomes de Castro, Adjanny Estela
Santos deSouza
164
O USO DO TREINO MENTAL NA
FUNCIONALIDADE DE MEMBROS SUPERIORES
PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Aline Oliveira Siqueira, Richelma de
Fátima de Miranda Barbosa.
167
Daniely Leal da Costa,Diego Sarmento
OPÇÕES DE LAZER ATIVO E SEDENTÁRIO ENTRE
de Spusa, Luiz Carlos Rabelo Vieira,
ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DA REDE
Pollyana da Conceição Andrade Silva,
ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA
Itaíne Silva Reis,Adjanny Estela Santos de
CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ
Souza
OS EFEITOS DO DESTREINO NAS CAPACIDADES
Josiana Moreira, Evitom Correa,
FISICAS EM IDOSOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO
Vanderson
Nascimento, Denise Silva,
RESISTIDO NO LERES (LABORATORIO DE
Odilom Salim, Raphael Rocha.
EXERCÍCIO RESISTIDO E SAÚDE)
PERFIL DO ESTILO DE VIDA DE ACADÊMICOS
INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE
FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS SANTARÉM
PERFIL DO TRATAMENTO E CONTROLE DE
PACIENTES COM DIABETES MELLITUS
ATENDIDOS NAS UNIDADES DE SAÚDE DA ZONA
URBANA DE SANTARÉM- PARÁ, NO ANO DE
2010.
PERFIL LIPÍDICO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS
NÍVEIS SÉRICOS DE ACORDO COM O GÊNERO
EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS
170
173
Izabela Mendonça de Assis, Lucas da
Silva Alho Mota, Herbert Halley Gomes
de Castro, Diego Sarmento de Sousa,
Luiz Carlos Rabelo Vieira, Gilma Teixeira
Faruolo França
176
Jussara Silva de Almeida, Rodrigo Luis
Ferreira da Silva.
179
Melina Laise Nascimento dos Santos;
Diego Sarmento de Sousa; Priscila Leite
da Silva; Liliane Cristina da Silva Félix;
182
12
Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny Estela
Santos de Souza
PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E DE SAÚDE DE
PACIENTES ATENDIDOS NUMA CLÍNICA DE
FISIOTERAPIA EM SANTARÉM-PA
PERÍODO GRAVIDICO: INTERVIR PARA MELHOR
CUIDAR
Marília R. Santos Pimentel, Danielle
Marialva de Castro, Rafaela dos Santos
Reis; Assis Junior Cardoso Pantoja; Reli
José Maders; Diego Sarmento de Sousa
Edna Ferreira Coelho Galvão; Maria
Giselle Damasceno Oliveira, Carla
Pedrosa Bohry; Juliane da Costa Melo;
Sheyla Bentes Cardoso;Adria Natuane
Fonseca
POLIMIOSITE: ANÁLISE DE CASO E PROTOCOLO
Lucas da Silva Alho Mota, Darlyson Reis
DE TRATAMENTO NEUROFUNCIONAL APLICADO
Figueira, Milcilene Damasceno de
EM PACIENTE PORTADOR, ATENDIDO NA
Oliveira, Richelma de Fátima Maria
UEASBA.
Barbosa
POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES NA
APLICAÇÃO PRÁTICA DA SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA
PERCEPÇÃO ACADÊMICA
PREVALÊNCIA DE INSATISFAÇÃO COM A
IMAGEM CORPORAL E FATORES ASSOCIADOS
EM ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DE
SANTARÉM, PARÁ
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA
IMAGEM CORPORAL, ADEQUADO ÀS
PECULIARIDADES DOS PACIENTES E EXPACIENTES DE HANSENÍASE.
Jonata R. de Sousa, Luiz A. B Hespanhol,
Isabela Vanessa S. dos Reis, Natália M.
Monteiro, Pablison C. Coelho, Sheyla
Mara de Oliveira
Rafaela dos Santos Reis; Diego
Sarmento de Sousa; Assis Junior Cardoso
Pantoja; Maria Eduarda de Macêdo
Basso; Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny
Estela Santos de Souza
Maria Eduarda de Macêdo Basso,
Rodrigo Luis Ferreira da Silva
Daliane Ferreira Marinho, Aldeci de
Aquino Magalhães, Rodrigo Luis Ferreira
da Silva
Edna Ferreira Coelho Galvão; Maria
SABERES CUIDATIVO DE CRIANÇAS: A
Goreth Silva Ferreira; Willivane Ferreira
REALIDADE DE MÃES QUILOMBOLAS EM
de Melo; Aryadne Batista de Jesus;
SANTARÉM
Helloana Cristine Machado de
Figueiredo.
Andreia de O. Pinheiro, Angeli P.
SÍNDROME DE BURNOUT E NÍVEL DE ATIVIDADE
Galvão, Audiel R. Sousa, Daylane
FÍSICA EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE
Rodrigues, Luzivaldo F. Reis, Pollyana C.
ENSINO NO MUNICÍPIO DE URUARÁ-PA.
A. Silva.
PROPOSTA DE PROTOCOLO PARA INDUÇÃO DE
LESÕES TRAUMÁTICAS EM PATAS DE RATOS.
13
186
189
192
195
197
200
203
206
209
14
AFECÇOES GINECOLÓGICAS EVIDENCIADAS NOS RESULTADOS DOS EXAMES DE PCCU REALIZADOS
EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTARÉM-PARÁ, NO PERÍODO DE 2006 A 2010.
3,4
1,3
4
Audelaine Miranda da CRUZ , Liliane Cristina da Silva FÉLIX , Raimunda Jucimara Pinto de LIMA , Diego
1,2
1,2,3,4.
Sarmento de SOUSA ; Adjanny Estela Santos de SOUZA
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
3
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); Faculdades
4
Integradas do Tapajós - FIT; Unidade de Ensino e Assistência à Saúde do Baixo Amazonas - UEASBA:
[email protected]
2
RESUMO
A pesquisa teve como objetivo estabelecer a incidência de microrganismos causadores de afecções ginecológicas
e a incidência de lesões evidenciadas no exame de citologia oncótica (PCCU), realizados na Unidade de Ensino e
Assistência à Saúde do Baixo Amazonas (UEASBA), na cidade de Santarém-PA, no período de janeiro de 2006 a
dezembro de 2010, bem como a faixa etária das pacientes com maior risco de adoecimento.O estudo foi do tipo
exploratório – descritivo, com pesquisa documental numa abordagem quantitativa, realizado na UEASBA, em
Santarém-PA. Foram coletados dados do livro de registro dos resultados de exames de citologia oncótica (PCCU)
do Programa de Saúde da Mulher da UEASBA, realizados no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Os
resultados foram processados por meio de recursos da estatística descritiva, mediante a utilização do programa
Excel (Microsoft para Windows-2007). Foram realizados 5.154 exames de PPCU. A frequência dos microrganismos
evidenciados nos resultados foi: lactobacilos 56,03%; cocos 16,97%; Candida albicans 20,75%; Gardnerella
vaginalis 29,5%; Trichomonas vaginalis 1,66%; HPV 1,35%; Chlamydia 1,54% e microbiota mista 24,4%. Em 437
(8,48%) exames, foram evidenciados lesões de colo uterino, sendo 213 (4,13%) atipia de células escamosas de
significado indeterminado (ASCUS); 135 (2,62%) neoplasia intraepitelial cervical I (NIC I); 28 (0,54%) neoplasia
intraepitelial cervical II (NIC II); 22 (0,43%) neoplasia intraepitelial cervical III (NIC III); 37 (0,72%) atipia em células
glandulares (AGUS) e em 2 (0,04%) adenocarcinoma.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer de colo uterino, citologia oncótica, afecções ginecológicas.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do
século XX, sendo limitadas nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto (BRASIL, 2004).
O Ministério da Saúde elaborou em 1984 o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM),
incluía ações educativas, preventiva, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher
em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de
colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres
(BRASIL, 2008).
É importante considerar as especificidades na população feminina, que se encontram na adolescência, no
climatério e na terceira idade - e relacioná-las à situação ginecológica, em especial ao câncer de colo do útero e às
DST’s, é importante o rastreamento através da citologia oncótica, por ser um exame barato e efetivo na detecção
de várias doenças.
Segundo as diretrizes brasileiras, o exame de Papanicolau deve ser disponibilizado às mulheres com vida
sexual ativa, prioritariamente àquelas da faixa etária de 25 a 59 anos, definida como a população-alvo. Essa faixa
etária é justificada por ser a de maior ocorrência das lesões pré-malignas de alto grau, passíveis de serem
15
efetivamente tratadas e não evoluírem para câncer. Antes de 25 anos, prevalecem as lesões de baixo grau, cuja
maior parte regredirá espontaneamente e deverá ser apenas observada. Após 60 anos, por outro lado, se a mulher
tiver tido acesso à rotina dos exames preventivos, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer
cervical é diminuído, dada a sua lenta evolução. A continuidade do rastreamento após os 60 anos deve ser
individualizada e, após os 65 anos, a recomendação é de suspender o rastreamento se os últimos exames
estiverem normais (BRASIL, 2010).
Apesar de a citologia oncótica ser especifico para o rastreamento e detecção precoce do câncer de colo de
útero, detecta também afecções ginecológicas passiveis de tratamento e cura, doenças causadas por bactérias,
fungos e protozoários – sendo as vulvovaginites, vaginose e endocervites, e o papilomavírus humano – HPV,
principal causador do câncer. De acordo com o manual de Controle do Câncer de Colo de Útero e de Mama
(BRASIL, 2006), as afecções são descritas a seguir:
Vulvovaginite é toda manifestação inflamatória e/ou infecciosa do trato genital feminino inferior, ou seja,
vulva, vagina e epitélio escamoso do colo uterino (ectocérvice). O quadro clínico é variável de acordo com a
etiologia, podendo manifestar-se pela presença de corrimento vaginal cujas características podem diferir bastante,
podendo apresentar coloração variada, ter ou não odor desagradável, dor, irritação, prurido ou ardência na vagina
ou na vulva, dor ou ardor ao urinar e sensação de desconforto pélvico. Saliente-se que esses sinais e sintomas são
inespecíficos e, muitas infecções genitais podem ser completamente assintomáticas. A vulvovaginite é um dos
problemas ginecológicos mais comuns e incomodativos que afetam a saúde da mulher e representa cerca de 70%
das queixas em consultas ginecológicas. As formas mais comuns de vaginite são:
• Candidíase Vulvovaginal: causadas por fungos – Candida albicans e Candida glabrata;
• Vaginose Bacteriana: Causada por bactérias – Gardnerella vaginalis, outras;
• Tricomoníase Vulvovaginal: Causada por protozoário – Trichomonas vaginalis;
A vaginose bacteriana é caracterizada por um desequilíbrio da microbiota vaginal normal, devido ao aumento
exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias - Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp, Mobiluncus sp,
micoplasmas, peptoestreptococos -, associado a uma ausência ou redução acentuada dos lactobacilos acidófilos que são os agentes predominantes na vagina normal. Não se trata de infecção de transmissão sexual, apenas
pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, ao terem contato com sêmen, que possui
pH elevado.
Segundo Duncan et al.,(2004) a endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical – epitélio colunar do
colo uterino. Esse epitélio quando infectado, é acometido por organismos específicos, tais como Neisseria
gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis. Embora a infecção seja assintomática em 70-80% dos casos, a mulher
portadora de cervicite poderá vir a ter sérias complicações se não for tratada. Uma cervicite prolongada, sem o
tratamento adequado, pode-se estender ao endométrio e às trompas, causando Doença Inflamatória Pélvica – DIP,
acarretando a esterilidade, a gravidez ectópica e a dor pélvica crônica, em gestantes, a cervicite pode causar
prematuridade, ruptura prematura de membranas e infecção fetal.
De acordo com Araujo (1999), os lactobacilos são considerados microbiota vaginal normal, fazendo parte e
ajudando o meio vaginal. São bacilos grandes, não ramificados, de tamanho variado, gram-positivos. Metabolizam
o glicogênio das células vaginais, produzindo ácido láctico, vital na manutenção do pH do meio vaginal, o ácido
láctico produzido causa sempre certo grau de citólise das células vaginais, mantendo o processo. Todavia, por isso
mesmo, quando proliferam em excesso, podem aumentar a citólise e produzir leucorréia clinicamente,
frequentemente com prurido, ardência e irritação.
16
A infecção pelo HPV tem sido associada diretamente com o câncer do colo uterino, tanto pela população,
quanto pelos profissionais de saúde. A presença de alguns tipos de HPV realmente é encontrada em cerca de 95%
dos casos desse câncer, mas existem inúmeros tipos de HPV com baixo potencial de oncogenicidade e o
desenvolvimento ou não das lesões precursoras - Lesões Intraepiteliais Cervicais – LIE - depende de vários outros
fatores relacionados a/ao hospedeira/o. Segundo uma quantidade considerável de estudos, ocorre a remissão
espontânea das lesões. Além disso, a realização de exames preventivos do câncer do colo uterino periodicamente
é a medida mais efetiva para o controle das lesões induzidas pelo HPV, evitando o desenvolvimento do câncer
(BRASIL, 2010).
O Papilomavírus humano - HPV é um DNA-vírus do grupo papovavírus, com mais de 100 tipos
reconhecidos atualmente, 20 dos quais podem infectar o trato genital. Estão divididos em dois grupos, de acordo
com seu potencial de oncogenicidade. Os tipos de alto risco oncogênico, quando associados a outros co-fatores,
têm relação com o desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor do colo do útero, da vulva,
da vagina e da região anal (BRASIL, 2006).
Dados do Instituto Nacional de Câncer indicam que no ano de 2010, as taxas brutas estimadas de incidência
de câncer do colo de útero, serão no Pará de 22,82% /100.000. Vários são os fatores de risco que contribuem para
o grande aumento da taxa desse tipo de câncer, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas
condições sócio-econômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao
tabagismo, à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais (INCA, 2010).
Tem se observado poucos estudos sobre a temática por parte da comunidade acadêmica, portanto ressaltase a relevância do tema “afecções ginecológicas nos resultados de citologia oncótica, numa unidade de saúde”,
considerando-se que este pode fundamentar as ações e as intervenções de enfermagem, usando os resultados da
pesquisa nas suas decisões, baseando as ações em evidências concretas. A utilização desses resultados será
necessária para programar na unidade pesquisada medidas profiláticas de acordo com os resultados encontrados,
identificando a faixa etária e a afecção ginecológica mais freqüente.
OBJETIVO
O estudo pretende estabelecer a incidência de microrganismos causadores de afecções ginecológicas e a
incidência de lesões evidenciados no exame de citologia oncótica (PCCU), realizados na UEASBA, na cidade de
Santarém-PA, no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010, bem como a faixa etária das pacientes com
maior risco de adoecimento.
METODOLOGIA
O estudo foi do tipo exploratório – descritivo, com pesquisa documental numa abordagem quantitativa,
realizado na Unidade de Ensino e Assistência de Saúde do Baixo Amazonas (UEASBA), em Santarém-PA. Foram
coletados dados do livro de registro dos resultados de exames de citologia oncótica (PCCU) do Programa de Saúde
da Mulher da UEASBA, realizados no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Os resultados foram
processados por meio de recursos da estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para
Windows-2007).
A instituição foi escolhida para a pesquisa, pois atende a demanda urbana e a população ribeirinha, assim
como a população indígena, favorecendo uma amostragem diversificada, nos diferentes níveis de usuários do SUS.
A UEASBA é uma unidade de referência e especialidades e atende aos seguintes programas: Pré-natal, Teste do
17
Pezinho, Programa de Tuberculose, Hanseníase, Saúde da Mulher. Especialidade médica: Pediatria, Ortopedia,
Nefrologia, Pneumologia, Cardiologia, Dermatologia, Gastrologista, Proctologista. Conta também com serviços de
Odontologia, Nutrição, Fisioterapia, Psicologia, Análises Clínicas, CTA descentralizado, Farmácia e Ouvidoria.
A citologia oncótica visa detectar lesões de natureza pré-maligna do colo uterino. É possível também
diagnosticar agentes infecciosos como, bactérias, fungos, parasitas e vírus; processos proliferativos benignos;
anormalidades epiteliais benignas dos epitélios escamoso e glandular; alterações inflamatórias crônicas e agudas;
alterações epiteliais ocasionadas por agressão ao epitélio, como radioterapia e cauterizações. O material utilizado
para o exame é o raspado do colo uterino na junção escamo-colunar, raspado endocervical e raspado vaginal.
Neste trabalho utilizou-se o Sistema Bethesda e a Classificação de Richart para as lesões encontradas com
algumas modificações (GOMPEL e KOSS, 1997), com as seguintes denominações: Atipia de Células Escamosas
de Significado Indeterminado (ASCUS); Neoplasia Intraepitelial Cervical I (NIC I); Neoplasia Intraepitelial Cervical II
(NIC II); Neoplasia Intraepitelial Cervical III (NIC III); Atipia em Células Glandulares (AGUS) e Adenocarcinoma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010 foram realizados 5.154 exames de PPCU. As pacientes
atendidas apresentaram idade de 10 a mais de 60 anos, sendo a distribuição da faixa etária conforme tabela 1. A
maioria das pacientes atendidas (58,13%) encontrava-se na faixa etária de 18 a 39 anos de idade, A faixa etária
com menor número de atendimentos foi a de 10 a 17 anos.
Tabela 1: Distribuição dos exames de PCCU de acordo com a faixa etária, realizados na UEASBA nos anos de
2006 a 2010. Santarém-PA, 2011.
Atendimentos
Faixa etária
N
%
10 - 17 anos
192
03,73
18 - 39 anos
2.996
58,13
40 - 60 anos
1.677
32,54
Acima de 60 anos
289
05,61
Fonte: UEASBA
Em relação à distribuição dos microrganismos evidenciados nos resultados dos exames de PCCU (tabela 2).
A frequência dos microrganismos evidenciados nos resultados foi: lactobacilos 56,03%; cocos 16,97%; Candida
albicans 20,75%; Gardnerella vaginalis 29,5%; Trichomonas vaginalis 1,66%; HPV 1,35%; Chlamydia 1,54% e
microbiota mista 24,4%. Os lactobacilos foram os microrganismos encontrados com maior frequência, indicando a
presença de microbiota normal. Entretanto, em 96,17% dos exames foram encontrados microrganismos
potencialmente patogênicos como cocos, Candida albicans, Gardnerella vaginalis, Trichomonas vaginalis, HPV,
Chlamydia e microbiota mista, evidenciando elevada freqüência de afecções ginecológicas, entretanto, alguns
desses microrganismos podem fazer parte da microbiota vaginal normal, causando infecções em situações
adversas como: mudança de pH vaginal e diminuição da resitência do organismo. Desses microrganismos
destacam-se pela frequência na faixa etária de 18 a 39 anos, o fungo Candida albicans, causador da candidíase
vaginal e Gardenerella vaginalis, causador da vaginose, comuns em regiões com clima quente e úmido.
A presença do HPV é mais freqüente na faixa etária dos 18 aos 39 anos de idade, tal dado é compatível com
informações disponibilizadas pelo INCA, o qual refere que a incidência pelo HPV, diminui com a idade, observando-
18
se maior aumento por volta dos 20 anos. Cerca de 80% das mulheres infectadas não apresentam sintomas clínicos
(INCA, 2011), daí a importância de se fazer o diagnóstico precoce por meio da realização periódica do exame de
PCCU, pois a persistência da infecção pelo HPV de alto potencial oncogênico é fator de risco para o
desenvolvimento do câncer cervical.
Tabela 2: Distribuição dos microrganismos evidenciados nos resultados de 5.154 exames de PCCU realizados na
UEASBA nos anos de 2006 a 2010, de acordo com a faixa etária. Santarém-PA, 2011.
Faixa etária
Microrganismos
10-17
18-39
40-60
> 60
Total
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
Lactobacilos
134 2,59
1.776
34,45 902 17,5
77
1,49
2.889
56,03
Cocos
16
0,31
260
5,04
417 8,09 182 3,53
875
16,97
Candida albicans
86
1,66
712
13,81 251 4,87
21
0,41
1.070
20,75
Gardnerella vaginalis
87
1,69
975
18,91 425 8,24
39
0,75
1.526
29,5
Trichomonas vaginalis
05
0,09
50
0,97
31
0,60
00
0,00
86
1,66
HPV
03
0,06
60
1,16
06
0,11
01
0,02
70
1,35
Chlamydia
03
0,06
57
1,10
19
0,36
01
0,02
80
1,54
Microbiota mista
27
0,52
765
14,84 428 8,30
38
0,74
1.258
24,4
Fonte: UEASBA
Em relação às lesões, em 437 (8,48%) exames, foram evidenciados lesões de colo uterino, sendo 213
(4,13%) atipia de células escamosas de significado indeterminado (ASCUS); 135 (2,62%) neoplasia intraepitelial
cervical I (NIC I); 28 (0,54%) neoplasia intraepitelial cervical II (NIC II); 22 (0,43%) neoplasia intraepitelial cervical III
(NIC III); 37 (0,72%) atipia em células glandulares (AGUS) e em 2 (0,04%) adenocarcinoma (Tabela 3).
De acordo com a tabela 3, é possível observar que a maior incidência de lesões ocorreram em pacientes
na faixa etária de 18 a 39 anos de idade, esses resultados corroboram com os resultados de Quaresma (2004),
Silva et al., (2003) e Vargas et al., (2004), que encontraram maior incidência de lesões na faixa etária de 18 a 24
anos, predominando lesões intraepiteliais cervicais de baixo grau (LSIL), é também nesta faixa etária a maior
incidência de HPV. Entretanto quando os resultados referentes às alterações em células glandulares são
comparados com os resultados encontrados por Quaresma (2004), não há concordância, pois no trabalho de
Quaresma (2004), essa alteração ocorreu com maior frequência em pacientes com idade compreendida entre 45 e
49 anos. Essa diferença é explicada pelo fato das mulheres estarem procurando cada vez mais cedo os serviços de
saúde para realização do exame de PCCU.
Tabela 3: Distribuição das lesões evidenciadas nos resultados de 5.154 exames de PCCU realizados na UEASBA
nos anos de 2006 a 2010, de acordo com a faixa etária. Santarém-PA, 2011.
Faixa etária
10-17
18-39
40-60
> 60
Total
Lesões
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
ASCUS
04
0,08
127
2,46
68
1,32
14
0,27
213
4,13
NIC I
06
0,11
110
2,13
15
0,29
04
0,08
135
2,62
NIC II
02
0,04
21
0,41
05
0,09
00
00
28
0,54
NIC III
01
0,02
16
0,31
04
0,08
01
0,02
22
0,43
AGUS
00
0,00
24
0,46
07
0,13
06
0,11
37
0,72
Adenocarcinoma
00
0,00
00
0,00
01
0,02
01
0,02
02
0,04
Total
13
0,25
298
5,77
100
1,93
26
0,50
437
8,48
Legenda: ASCUS= Atipia de Células Escamosas de Significado Indeterminado; NIC I= Neoplasia Intraepitelial Cervical I; NIC II= Neoplasia
Intraepitelial Cervical II; NIC III= Neoplasia Intraepitelial Cervical III; AGUS= Atipia em Células Glandulares.
Fonte: UEASBA
19
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2011), a infecção genital por HPV é a
doença sexualmente transmissível viral mais freqüente. Neste estudo foi relatada nos resultados de PCCU, a
presença de alterações celulares compatíveis com HPV em 70 exames, entretanto também foram evidenciadas
437 lesões que podem ter como causa vários agentes, dentre eles, o HPV.
Nos anos de 2006, 2007 e 2008, o número de lesões se manteve praticamente constante, com taxas de
incidência de 11,99%, 8,85% e 9,51%, respectivamente. Nos anos seguintes 2009 e 2010 foi observado uma
redução na taxa de incidência das lesões para 6,25% e 4,84%, respectivamente (Tabela 4). Essa diminuição pode
estar relacionada a uma maior conscientização da população feminina frente ao risco da infecção pelo HPV e o
desenvolvimento do câncer de colo uterino.
As lesões que ocorreram com maior frequência em todos os anos foram: atipia em células escamosas de
significado indeterminado (ASCUS) e neoplasia intraepitelial cervical I (NIC I), (Tabela 4). Essas também foram as
lesões mais freqüentes encontradas por Quaresma (2004) em estudo realizado em Santarém-PA, nos anos de
2002 e 2003..
Tabela 4: Evolução da incidência das lesões evidenciadas nos resultados de exames de PCCU de acordo com o
ano, UEASBA. Santarém-PA, 2011.
Anos
2006 (N=1066) 2007 (N=1094) 2008 (N=1156)
2009 (N=911)
2010 (N=927)
Lesões
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
ASCUS
61
5,72
39
3,56
57
4,93
32
3,51
24
2,59
NIC I
51
4,78
32
2,92
25
2,16
15
1,64
12
1,29
NIC II
06
0,56
03
0,27
14
1,21
02
0,22
03
0,32
NIC III
02
0,18
05
0,46
09
0,78
04
0,44
02
0,21
AGUS
08
0,75
18
1,64
03
0,26
04
0,44
04
0,43
Adenocarcinoma
00
0,00
00
0,00
02
0,17
00
0,00
00
0,00
Total
128
11,99
97
8,85
110
9,51
57
6,25
45
4,84
Legenda: ASCUS= Atipia de Células Escamosas de Significado Indeterminado; NIC I= Neoplasia Intraepitelial Cervical I; NIC II= Neoplasia
Intraepitelial Cervical II; NIC III= Neoplasia Intraepitelial Cervical III; AGUS= Atipia em Células Glandulares.
Fonte: UEASBA
CONCLUSÃO
Constatou-se redução na incidência de lesões diagnosticadas por meio dos exames de citologia oncótica
(PCCU), realizados na UEASBA em Santarém, nos anos de 2006 a 2010. Foi observado também que o maior
número de lesões e microrganismos potencialmente patogênicos ocorre em mulheres na faixa etária de 18 a 39
anos. Ressalta-se, a importância da realização periódica do PCCU a fim de promover o diagnóstico precoce e
tratamento adequados, contribuindo para redução na incidência de câncer de colo uterino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de slides”: a mente aprende melhor por imagens/ Samuel Regis Araujo. Curitiba: VP Editora, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de
atenção Primária no. 29. Rastreamento. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Manual de Atenção a Mulher no Climatério/Menopausa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde,
2008.
20
BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do
útero e da mama.Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
DUNCAN, Bruce B., SCHIMIDT, Maria Inês, GIUGLIANI, Elsa R. J., et al. Medicina ambulatorial: conduta de
atenção primária baseada em evidencias 3.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004. Pag. 461
GOMPEL, C; KOSS, L.G. Citologia Ginecológica e suas bases anátomo clínicas. São Paulo:Manole, 1997.
INCA - Instituto Nacional do Câncer. Disponível em http://www.inca.org.br. Acesso em 12 de abril de 2011.
INCA - Instituto Nacional do Câncer. Disponível em http://www.inca.org.br. Acesso em 10 de maio de 2010.
QUARESMA, Tatiane Costa. Papilomavírus Humano (HPV) e Lesões Intraepiteliais Cervicais em pacientes
atendidas pela Secretaria Municipal de saúde de Santarém (SEMSA), no período de 2002 e 2003. Trabalho de
Conclusão de Curso. Faculdades Integradas do Tapajós- Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, SantarémPará, 2004.
SILVA, H.A. et al. Papilomavírus Humano e Lesões intraepiteliais cervicais: Estudo colpocitológico
retrospectivo. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Vol. 35 (3):117-121, 2003.
VARGAS, V.R.A. et al. Prevalência de lesões intraepiteliais escamosas em exame citológico em uma
determinada população de Santo Ângelo, RS. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Vol. 36 (1):7-11, 2004.
21
ANÁLISE DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR AGUDA E O EFEITO HIPOTENSIVO EM DIFERENTES
INTENSIDADES NO EXERCÍCIO RESISTIDO
1
1
1,2
Jeandre L. F. da MOTA , Jhonny F. GALÚCIO , Carlos Alberto S. da SILVA , Augusto Valter F. de
1
1,2
MENEZES , Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA .
1
Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Núcleo
de
Avaliação
Física
e
Prescrição
de
Treinamento,
Santarém
–
PA,
Brasil,
e-mail:
[email protected].
RESUMO
O estudo teve como objetivo analisar do comportamento agudo da resposta cardiovascular e do efeito
hipotensivo de um treino de exercício resistido, com diferentes intensidades. A verificação da resposta
cardiovascular ocorreu antes, durante e após a realização de um treino para os membros inferiores. A
amostra foi constituída por 10 homens, idade 22±2,80 anos, índice de massa corporal de 25,29±2,39 Kg/m
2
e o percentual de gordura de 25,85±8,09%, com no mínimo 3 meses de experiência em exercício resistido,
que passaram primeiramente por uma avaliação física seguida do questionário PAR-Q. O treinamento durou
45 minutos, aproximadamente, possuindo duas sessões de treino: uma composta por 3 séries de 15
repetições máxima (15RM), o qual foi considerado como treino moderado, e outra com 5 séries de 9
repetições máxima (9RM), onde foi considerado como o treino intenso, para cada exercício. A pressão
arterial (PAS e PAD) e a freqüência cardíaca (FC) foram aferidas antes, durante e após os exercícios sendo
que o voluntário permaneceu por um período de 40 minutos após o término dos exercícios no local da
pesquisa para mais quatro aferições de PA e FC, com intervalos de 10 minutos entre cada aferição. A
análise dos dados foi realizada por meio do teste t pareado com nível de significância de p<0.05. A PAS no
treino moderado 15RM durante e pós-treino (p=0.0020 para ambos) foi maior que na situação pré-treino,
como também ao 10º minuto pós-treino (p=0.0039). O mesmo perfil pôde ser notado na PAS do treino
intenso 9RM para os momentos durante, pós-treino e no 10º minuto pós-treino (p=0.0020; p=0.0020;
p=0.0156), em relação ao pré-treino. A PAD no treino moderado durante, pós-treino e no 10º minuto póstreino foi maior que a pré-treino (p=0.0078; p=0.0273; p=0.0313). Já para o treino intenso a PAD durante,
pós-treino, 10º, 20º e 30º minuto pós-treino apresentaram-se maiores que a pré-treino (p=0.0020; p=0.0020;
p=0.0039; p=0.0078; p=0.0156). A FC demonstrou aumento durante e pós-treino em relação ao valor prétreino para a intensidade moderada (p<0.0001 para ambos) como para intensa (p<0.0001 para ambos). O
Duplo Produto (DP) elevou-se acima dos valores basais, durante e no pós-treino, tanto para o treino
moderado (p<0.0001 para ambos) como intenso (p<0.0001 para ambos). Contudo verificou-se, conforme o
método adotado, que a resposta cardiovascular para 15RM como para 9RM não demonstrou diferença
significante quando comparadas entre si nem foi observado em 40 minutos pós-treino efeito hipotensor.
Palavras-chave: resposta cardiovascular, efeito hipotensivo, exercício resistido, membros inferiores.
INTRODUÇÃO
O exercício físico é caracterizado por uma situação que retira o organismo de sua homeostase, visto
que o mesmo proporciona um aumento instantâneo da demanda energética da musculatura que está sendo
exercitada e, conseqüentemente, do organismo como um todo (BRUM et al., 2004). Assim, para suprir a
22
nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as referentes à
função cardiovascular durante o exercício físico (MENEZES et al., 2009).
O melhor entendimento das respostas morfofisiológicas decorrentes da prática de atividades físicas
há tempos é objeto de estudos, aumentando sobremaneira nos últimos anos (DANTAS et al., 2007). Não
obstante, apesar das várias evidências já comprovadas, muitas dúvidas existem quanto à prática dos
exercícios resistidos (ER), principalmente no que tange às respostas cardiovasculares e efeito hipotensivo
influenciadas pela sua realização de forma esporádica e/ou regular. A elucidação dessas e de outras
situações, sem dúvida, lançarão novos precedentes para a prescrição de exercícios capazes de aprimorar
as capacidades motoras relacionada à saúde.
Segundo Polito e Farinatti (2006), os ER são aqueles realizados de forma dinâmica, mediante o uso
de implementos específicos ou cargas livres, com o objetivo de aumento das adaptações neurais e
hipertróficas. Sua prescrição requer um adequado monitoramento de alguns parâmetros fisiológicos, tais
como a freqüência cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA). Contudo a observação isolada dessas variáveis
não garante um nível significativo de segurança, porém, a associação entre elas pode fornecer dados que
se correlacionam com o consumo de oxigênio pelo miocárdio, o que se convencionou denominar de duplo
produto (DP), calculado a partir da multiplicação da pressão arterial sistólica (PAS) pela FC (DANTAS et al.,
2007; MIRANDA et al., 2007 ). O DP é um método não invasivo e possui alta correlação com o consumo de
oxigênio do miocárdio (NOGUEIRA et al., 2007).
Além das alterações cardiovasculares observadas durante a execução do exercício físico, algumas
modificações ocorrem após a finalização do exercício. Dentre elas, uma que tem atraído muito a atenção é
o fenômeno do efeito hipotensivo pós-exercício. A hipotensão pós-exercício caracteriza-se pela redução da
pressão arterial durante o período de recuperação, fazendo com que os valores pressóricos observados
pós-exercícios permaneçam inferiores àqueles medidos antes do exercício ou mesmo aqueles medidos em
um dia controle, sem a execução de exercícios (BRUM et al., 2004).
Diversos estudos apontam a redução crônica da PA em repouso através do exercício aeróbico
(MONTEIRO; FILHO, 2004; MAIOR et al., 2007). Porém, ainda são poucas as informações sobre a
influência de ER, em especial no tocante aos efeitos de variações de intensidade, massa muscular
envolvida, segmento corpóreo utilizado no exercício, entre outros, sobre a magnitude e a duração da
redução da PA pós-exercício (LIZARDO & SIMÕES, 2005).
Segundo o 7º Comitê Nacional em Prevenção, Detecção, Avaliação e Tratamento da Pressão
Arterial Alta indivíduos com PA sistólica (PAS) de 120 a 139 mmHg ou PA diastólica (PAD) de 80 a
89mmHg devem ser identificados como pré hipertensos (CHOBANIAN et al., 2003; MONTEIRO et al.,
2007). Um importante fator para minimizar o risco de doença cardíaca, mesmo em normotensos, é a
redução dos valores pressóricos (POLITO et al., 2003). O controle desse tipo de doença está relacionado
ao tratamento farmacológico e mudanças no estilo de vida (MAIOR et al., 2009). Entretanto, medidas
terapêuticas não farmacológicas são recomendadas para o controle dos níveis pressóricos, sendo o
exercício físico uma das práticas mais recomendadas (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007). Nesse
contexto, os ER estão sendo cada vez mais praticados, não só por indivíduos saudáveis que buscam seus
benefícios, mas também por indivíduos que apresentam patologias do sistema cardiovascular, como por
exemplo, indivíduos com hipertensão. (ROMERO; CAPERUTO; COSTA ROSA, 2005). Em virtude do
23
aumento no número de indivíduos que vem praticando o ER, pesquisas científicas vêm sendo publicadas
para melhor quantificar a segurança dos programas de treinamento (MIRANDA et al., 2006).
Na busca de propostas para esses fatos, o estudo teve como objetivo analisar do comportamento
agudo da resposta cardiovascular e do efeito hipotensivo de um treino de exercício resistido, com diferentes
intensidades.
METODOLOGIA
A pesquisa caracteriza-se como quase-experimental, conforme Campbel e Stanley (1979), a
metodologia teve enfoque quantitativo por investigar fatores, testar as hipóteses determinadas e
correlacioná-las fornecendo indicadores e estatísticas acerca dos resultados observados, de caráter, por se
tratar de uma pesquisa não invasiva, e também por não trabalhar com um grupo controle, fazendo com que
um único grupo realize os testes e ele mesmo seja avaliado sem comparação com outro grupo e essa
análise de dados se baseará em resultados quantificados, enfocando também a explicação dos fenômenos
fisiológicos que levaram a tais alterações (TEIXEIRA, 2006).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará,
Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 062/2010, e todos os indivíduos avaliados assinaram o termo
de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde.
Amostra
A amostra da pesquisa envolveu 10 voluntários treinados, com pelo menos três meses na prática de
exercícios resistidos e aparentemente saudáveis. A idade média da amostra foi de 22,40±2,80 anos, o peso
2
corporal foi de 75,36±8,02 Kg, a estatura de 172,60±5,95 cm, o IMC de 25,29±2,39 Kg/m e o percentual de
gordura de 25,85±8,09%. Primeiramente foi realizada a aplicação do questionário PAR-Q, utilizado em
pessoas de 15 a 69 anos e tem como objetivo determinar possível predisposição a coronariopatias e
necessidades de consulta médica antes do início do programa de atividades físicas (PITANGA, 2005). Esse
questionário foi aplicado com o intuito de afastar da pesquisa possíveis coronariopatas.
Identificação da carga do treino
De 48-72h antes do primeiro treino/teste para cada uma das intensidades os sujeitos realizaram um
treino para serem orientados da sequência dos exercícios e neste treino foi encontrada a carga que os
mesmos utilizaram no dia do teste, por meio da adequação da carga durante a realização dos exercícios.
Não foi utilizado mais do que 2 séries para encontrar a carga do treino. Inicialmente cada voluntário realizou
um aquecimento de cinco minutos na bicicleta. Logo após foi feito um aquecimento específico no exercício
de agachamento. Para esse aquecimento específico a carga selecionada correspondeu a 50% da carga
diária utilizada pelos voluntários, onde realizaram 15 ou 9 repetições, dependendo do tipo de treino. Depois
de um intervalo de 3-5 minutos os mesmos realizaram 15 repetições máximas (15RM) para o primeiro treino
e 9 repetições máximas (9RM) para o segundo, em dias diferentes. A escolha por apenas um dos
exercícios, para a realização do aquecimento específico, residiu no fato de que os músculos solicitados nos
três exercícios serem os mesmos.
Para a realização do teste de identificação da carga de treino foi utilizada a seguinte ordem de
execução dos exercícios: 1º Exercício - Agachamento; 2º Exercício - Leg Press Inclinado; 3º Exercício –
Afundo (agachamento com afastamento ântero-posteiror). Todos os exercícios que foram propostos são
movimentos multiarticulares e envolveram os segmentos dos membros inferiores.
24
Caracterização do treinamento
O programa de treinamento teve duração de 45 minutos aproximadamente, e contou com duas
sessões de treino. A primeira, feita de 48-72 após a identificação da carga para o treino, foi composta por 3
séries de 15 repetições máxima (65-70% da força máxima); já a segunda foi realizada com 5 séries de 9
repetições máxima (75-80% da força máxima) para cada exercício (ZAKHAROV; GOMES, 2003). O
intervalo entre os exercícios e as séries foi de 2 minutos. Já o intervalo máximo entre as sessões de treino
foi de 72h.
Antes do início da realização de cada sessão de treinamento, a pressão arterial e a frequência
cardíaca foram aferidas, após o sujeito permanecer sentado e calmo por um período de 10 minutos.
Durante o treinamento, essas duas variáveis foram novamente mensuradas, imediatamente após a última
repetição da última série do exercício de agachamento e também da última série do exercício afundo, último
exercício. Após a aferição das respostas cardiovasculares no exercício afundo, ou seja, pós-treino, cada
voluntário permaneceu por um período de 40 minutos no local da pesquisa para mais quatro aferições da
PA e FC, com intervalos de 10 minutos entre cada aferição.
Análise dos dados
Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva (média e desviopadrão), mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, foram
transferidos para o aplicativo GRAPHPAD PRISM, de modo a estabelecer a diferença entre os resultados,
com a utilização do teste t pareado para as análises dentro de uma mesma intensidade e o não pareado
para comparar as variáveis entre as diferentes intensidades, quando os dados apresentaram normalidade.
Já para dados não paramétricos foi utilizado o teste Wilcoxon para comparar os valores dentro de uma
mesma intensidade e o teste Mann-Whitney para comparar os valores nas diferentes intensidades. O nível
de significância adotado foi de p<0.05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a coleta de dados e a análise estatística pode-se notar nas tabelas 1 e 2 que não
ocorreram diferenças estatísticas entre os protocolos de treinamento, ou seja, a resposta cardiovascular
para 15RM como para 9RM não demonstrou diferença significante quando comparadas entre si.
Tabela 1. Valores médios (± desvio padrão) para a pressão arterial sistólica e diastólica
antes, durante e pós-treino nas diferentes intensidades.
Pressão arterial sistólica
Pressão arterial diastólica
Moderado
Intenso
Moderado
Intenso
Pré - treino
116 ± 5,16
115 ± 5,27
77 ± 9,49
73 ± 4,83
Durante
138 ± 6,32*
139 ± 5,68*
93 ± 4,83*
88 ± 4,22*
Pós - treino
140 ± 6,67*
140 ± 8,16*
89 ± 11,01*
88 ± 6,32*
10 min. pós-treino
127 ± 4,83*
126 ± 5,16*
85 ± 7,07*
84 ± 5,16*
20 min. pós-treino
120 ± 4,71
120 ± 4,71
83 ± 6,75
83 ± 6,75*
30 min. pós-treino
115 ± 5,27
116 ± 5,16
80 ± 6,67
80 ± 6,67*
40 min. pós-treino
114 ± 5,16
114 ± 5,16
78 ± 7,89
77 ± 8,23
* Diferença significativa (p < 0,05) em relação aos valores pré-treino.
25
Tabela 2. Valores médios (± desvio padrão) para a frequência cardíaca e o duplo produto antes,
durante e pós-treino nas diferentes intensidades.
Frequência cardíaca
Duplo produto
Moderado
Intenso
Moderado
Intenso
Pré - treino
77,9 ± 5,43
79,3 ± 7,53
9043 ± 838,86
9124 ± 1001,49
Durante
123,9 ± 16,09*
124,4 ± 9,74*
17154 ± 2774,38*
16469 ± 2843,12*
Pós - treino
139,5 ± 13,3*
140 ± 18,61*
19558 ± 2420,02*
19658 ± 2654,1*
10 min. pós-treino
93,1 ± 12,22*
88,9 ± 6,49*
12766 ± 2671,09*
11199 ± 911,95*
20 min. pós-treino
88,8 ± 7,6*
84,9 ± 5,2*
10651 ± 937,66*
10173 ± 469,56*
30 min. pós-treino
84,7 ± 6,52*
80,1 ± 4,48
9731 ± 757,58*
9289 ± 631,64
40 min. pós-treino
80,5 ± 5,8
76,4 ± 5,5
9164 ± 595,21
8696 ± 538,21
* Diferença significativa (p < 0,05) em relação aos valores pré-treino.
Antes de iniciar a discussão dos resultados, convém tecer um comentário sobre uma possível
limitação do estudo, referente à utilização do método auscultatório para a medida da PA. Destaca-se que os
resultados absolutos de PA fornecidos por técnicas invasivas, como o cateterismo intra-arterial, são mais
confiáveis e válidos. No entanto, por ser invasivo, o cateterismo reveste-se de riscos consideráveis, como
dor, espasmo arterial, trombose, estenose, síncope vaso-vagal, hemorragia, entre outros (LEITE;
FARINATTI, 2003).
Por outro lado, deve-se reconhecer que a medida pelo método auscultatório tende a subestimar os
valores absolutos da pressão durante os exercícios, em especial nos mais intensos. Comparando-se
valores obtidos pelo método auscultatório, a relação entre eles tende a ser mantida, pois vários estudos que
analisaram a resposta cardiovascular e/ou o efeito hipotensivo no exercício resistido utilizaram esse método
em suas coletas de dados, assim como tal estudo (POLITO et al., 2003; GURJÃO et al., 2009; FARINATTI;
ASSIS, 2000; MIRANDA et al., 2005; SIMÃO et al., 2003; LIZARDO; SIMÕES, 2005; MAIOR et al., 2009;
MIRANDA et al., 2006; MIRANDA et al., 2007 ). Para as finalidades deste estudo isso parece ser suficiente.
A Tabela 1 destaca que a PAS no treino moderado (15RM) durante e pós-treino (p=0.0020 para
ambos) foi maior que na situação pré-treino, como também ao décimo minuto pós-treino (p=0.0039). O
mesmo perfil pôde ser notado na PAS do treino intenso (9RM) para durante, pós-treino e no décimo minuto
pós-treino (p=0.0020; p=0.0020; p=0.0156), em relação ao pré-treino.
Gurjão et al. (2009) em um estudo comparando duas intensidades (intenso e moderado) em
exercícios com peso para mulheres, observou que houve hipotensão somente para o grupo de mulheres
que realizaram o treino mais intenso, diferente desse estudo que não encontrou diferença entre protocolos.
Polito et al. (2003) também concluiu em seu estudo que um treino intenso em comparação ao menos
intenso, com o mesmo volume, provocou uma redução mais significativa e duradoura na PAS. A mesma
característica pode ser observada no estudo de Monteiro et al. (2009), pois relataram que tais exercícios
provocam redução e manutenção da PA (em longo prazo), porém essa redução foi maior após exercícios de
menor intensidade, e que exercícios de alta intensidade não demonstraram efeito hipotensor em indivíduos
hipertensos.
26
A análise da Tabela 1, ainda, demonstra que a PAD no treino moderado durante, pós-treino e no
décimo minuto pós-treino foi maior que a pré-treino (p=0.0078; p=0.0273; p=0.0313). Já para o treino
intenso a PAD durante, pós-treino, décimo, vigésimo e trigésimo minuto pós-treino apresentou maiores
valores que a pré-treino (p=0.0020; p=0.0020; p=0.0039; p=0.0078; p=0.0156). Nota-se aqui que a PAD do
treino intenso demorou mais tempo para retornar aos valores pré-treino que no treino moderado, ou seja, no
treino moderado a PAD no vigésimo minuto já estava semelhante aos níveis basais. Estes resultados
concordam com os encontrados no estudo feito por Gurjão et al. (2009), que também observaram que o
treino mais intenso fez com que os valores de PAD demorasse um pouco mais de tempo para retornar aos
valores de pré-treino, em comparação com um treino de intensidade moderada.
A FC (Tabela 2) demonstrou aumento durante e pós-treino em relação ao valor pré-treino para a
intensidade moderada (p<0.0001 para ambos) como para intensa (p<0.0001 para ambos). Para o treino
moderado a FC no décimo, vigésimo e trigésimo minuto permaneceu com valores superiores aos basais
(p=0.0033; p=0.0024; p=0.0015), bem como no treino intenso para o décimo e vigésimo minuto (p=0.0044;
p=0.0495) (Tabela 3). Para esta variável nota-se que a FC retornou aos valores basais mais rapidamente no
treino intenso que no moderado pós-treino, diferentemente do que aconteceu no estudo feito por Lizardo e
Simões (2005), utilizando sessões de 30% 1RM e 80% 1RM, onde perceberam que os valores de FC
retornaram mais rapidamente aos níveis de repouso na 1ª intensidade. Porém em seu estudo foi trabalhado
volumes diferentes, sendo 2 séries de 30 repetições no menos intenso e 2 séries de 8 repetições no
intenso.
Com relação ao duplo produto, notou-se na Tabela 2 que ele elevou-se acima dos valores basais
durante como pós-treino, tanto para o treino moderado (p<0.0001 para ambos) como intenso (p<0.0001
para ambos). No treino moderado observou-se que no décimo, vigésimo e trigésimo minuto pós-treino o DP
permaneceu com valores superiores ao pré-treino (p=0.0011; p=0.0006; p=0.0164). Já no treino intenso
apresentou valores maiores que no pré-treino somente no décimo e vigésimo minuto pós-treino (p=0.0013;
p=0.0158). Analisando o retorno aos níveis basais, o estudo demonstrou que no treino intenso ocorre uma
recuperação mais rápida que no treino moderado, pois ao trigésimo minuto do treino intenso os valores já
foram semelhantes ao pré-treino. Estes resultados ratificam os achados de Maior et al. (2009), que
comparando duas sequências de exercícios resistidos, observaram que os valores do DP reduziram-se e
alcançaram os valores basais, de uma forma mais rápida, na sequência de maior intensidade.
Vários estudos já demonstraram a elevação da FC, da PAS e o DP durante o exercício resistido
(FARINATTI; ASSIS, 2000; MIRANDA et al., 2005; POLITO et al., 2003; SIMÃO et al., 2003). Contudo a
carência que existe em estudos que investiguem esses parâmetros fisiológicos, envolvendo utilização de
um mesmo volume de trabalho, mas com diferentes intensidades ainda é uma lacuna.
CONCLUSÃO
O presente estudo partiu da premissa de que as duas diferentes intensidades de treinamento
resistido apresentariam resposta cardiovascular e efeito hipotensivo diferentes entre as mesmas. Contudo,
verificou-se através dos resultados, que não ocorreu efeito hipotensivo em um prazo de 40 minutos e que
não foi notado diferenças estatísticas entre os protocolos de treinamento, ou seja, a resposta cardiovascular
para 15RM como para 9RM não demonstrou diferença significante quando comparadas entre si, conforme
27
protocolos propostos. Contudo, vale ressaltar que o DP e a FC retornaram aos valores basais mais
rapidamente no protocolo intenso.
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30
ATIVIDADE FÍSICA E DEPRESSÃO: OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA COMO COMPLEMENTO
NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NOS PACIENTES DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE
ALTAMIRA – PA – CAPSII
1
1
1
Gileno Edu Lameira de MELO , Keyrilan Emanuela A. SILVA , Lueide Helena CARDOSO , José Robertto
1
1
ZAFFALON JÚNIOR . Universidade do Estado do Pará – Campus IX – Altamira/PA, Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, Altamira, Pará, Brasil, e-mail: [email protected]
RESUMO
A depressão afeta um número cada vez maior de pessoas, tendo status de uma das doenças mais
frequentes na atualidade, trazendo dor, sofrimento tanto ao paciente, como suas respectivas famílias,
gerando um desequilíbrio na estrutura familiar e nas relações interpessoais. Este estudo teve como objetivo,
identificar os benefícios da atividade física colaborantes no tratamento da depressão e a reflexão acerca do
conhecimento sobre a relação atividade física e depressão, bem como averiguar a percepção dos
profissionais atuantes no CAPS II quanto o programa de atividade física no tratamento antidepressivo. A
metodologia adotada foi uma pesquisa quanti-qualitativa através de um estudo descritivo, apresentando os
resultados através de análise, interpretação e discussão das respostas obtidas, deste modo, foram inclusos
na pesquisa 99 pacientes que realizam o tratamento a mais de um ano no CAPS II de Altamira/PA, 2
psicólogas, 1 professora de educação física e 1 psiquiatra, os quais responderam os questionários com
perguntas semi-abertas. Com isso, constatou-se que 81% dos entrevistados pertencem ao sexo feminino;
96% dos indivíduos afirmaram que se sente bem após participar das atividades físicas, e ainda que 99%
dos pacientes afirmam que a atividade física contribuiu no tratamento e 90% confirmam a melhora do
convívio familiar e social após a participação no programa de atividade física oferecida por essa Instituição.
Para a professora de educação física, foram observadas melhoras consideráveis do humor, aparência
física, sono adequado, diminuição das dores e das dormências do corpo; as psicólogas ressaltam melhoras
correlacionadas às atividades funcionais, dores corporais, humor, aspecto físico e mental. Já a Psiquiatra, a
respeito do consumo das medicações farmacológicas juntamente com as terapias alternativas, focalizado
aqui à atividade física e/ou exercício físico, esta expõe não ter tido nenhuma avaliação quantitativa na
Instituição. Podemos concluir que, os participantes desta pesquisa aprovam o programa de atividade física
do CAPS II, os resultados demonstraram que os pacientes obtiveram melhoras satisfatórias. E quanto aos
profissionais, os mesmos entendem ser necessário e eficaz e até mesmo recomendam a prática da
atividade física como terapia completar no tratamento da depressão.
Palavras – chave: Atividade Física. Depressão. CAPS II. Benefícios.
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais o mundo perpassa por momentos de conturbações generalizadas, sejam elas
profissionais, econômicas ou até mesmo sociais que levam os indivíduos ao extremo de ansiedade,
preocupação, insatisfação, isolamento, irritabilidade e desespero sendo estes sintomas caracterizados
como principais agentes da depressão. Com a vida moderna e a agitação do dia-a-dia, o ser humano
passou a usufruir de aspectos positivos e negativos, dentre esses últimos, o estresse, grande causador da
depressão podendo propiciar uma instabilidade à saúde mental e as relações interpessoais.
31
Indivíduos deprimidos são incomodados pela dor psíquica e pelo desconforto somático, apresentam
uma diminuição da capacidade de executar tarefas rotineiras e atividade da vida diária (MELLO, 2004).
De acordo com Del Porto (1999), a depressão é uma doença psíquica que, além de afetar o
emocional de um indivíduo tornando-o incapaz de sentir prazer, afeta seu funcionamento fisiológico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizando a metodologia da Carga Global de várias
doenças, diz que: para o ano de 2020, a doença isquêmica do coração e a depressão, serão as duas
maiores causas não só de mortalidade, mas de incapacidade sobre a população em geral (FLECK et al.,
2003).
Em meio a inúmeros tratamentos alternativos que servem como antidepressivos, a atividade física
ganha mérito por sua fácil acessibilidade e baixo custo. Portanto, a falta de acesso e persistência ao
tratamento
farmacológico
aumenta
a
procura
por
tratamentos
antidepressivos
alternativos,
eletroconvulsoterapia (tratamento que promove alterações a atividade elétrica do cérebro por meio de
eletrochoques), psicoterapias e atividade física (KATZ, 2003; SILVEIRA, 2001 apud MATTOS; ANDRADE;
LUFT, 2004).
A atividade física torna-se um forte aliado no combate as doenças psicossomáticas. Levantamentos
realizados nos Estados Unidos e na Inglaterra demonstram que a prática do exercício físico regular
apresenta valor terapêutico na redução de sentimentos de ansiedade e depressão (WEINBERG, 2001 apud
MATTOS; ANDRADE; LUFT, 2004).
O município de Altamira, localizado no Sudoeste do Pará, com população de acordo com IBGE
censo 2008 de 92.105 (noventa e dois mil cento e cinco) habitantes, encontra-se em desenvolvimento
econômico e social, trazendo assim um contingente maior de problemas do mundo moderno, deixando a
população a mercê de doenças psicossomáticas, entre elas destaca-se a depressão. A partir desta
problemática direcionamos esta pesquisa para este município, o qual em sua maioria dos habitantes
depressivos faz tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), que disponibiliza assistência
médica, psiquiatra, enfermagem e social, tendo como finalidade oferecer atendimento à população de sua
área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso
ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários, através
de um tratamento aberto, intensivo e continuado, conforme definição do Ministério da Saúde.
O objetivo desta pesquisa foi identificar os benefícios da atividade física colaborantes no tratamento
da depressão e a reflexão acerca do conhecimento sobre a relação atividade física e depressão, bem como
averiguar a percepção dos profissionais atuantes no CAPS II quanto o programa de atividade física no
tratamento antidepressivo.
Portanto, podemos avaliar que esse trabalho enriquece e se torna relevante aos estudos científicos
voltados para área, sobretudo porque os resultados obtidos estão de acordo com os demais autores que já
realizaram pesquisas contundentes, para o melhor conhecimento das questões que retratam as doenças
mentais, em destaque a depressão e a atividade física como complemento terapêutico.
METODOLOGIA
Constitui pesquisa de campo de maneira descritiva com uma abordagem quanti – qualitativa.
POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA
32
O universo geral de atendimento do CAPS II é de 268(Duzentos e Sessenta e Oito) pacientes
assíduos participantes do programa de atividade física, os quais 91(noventa e Um) apresentam depressão
leve, 174(Cento e Setenta e Quatro) moderada e 03(Três) grave, com a média de idade de 46 anos, sendo
que foi utilizada para esta pesquisa 99 (noventa e nove) pacientes, além da equipe profissional composta
por: 01 professor de educação física, 02 psicólogos e 01 psiquiatra.
O critério de inclusão na pesquisa foi caracterizado por indivíduos depressivos de ambos os sexos,
acima de 18 (dezoito) anos de idade, os quais se tenham mantidos assíduos nas atividades e que fazem o
acompanhamento complementar com os programas de atividade física no tratamento antidepressivo há
mais de um ano. Além dos profissionais (Professor de Educação Física, Psicólogos, Psiquiatra) que atuam
no atendimento aos pacientes.
INSTRUMENTOS E MATERIAIS
Para verificar os efeitos benéficos que o programa de atividade física traz aos pacientes depressivos
do CAPS II, foi primeiramente realizado o pedido de autorização à instituição pesquisada. Para de fato
podermos executar os procedimentos necessários para obtermos as evidencias que justifiquem a
veracidade dos benefícios da atividade física no tratamento da depressão, utilizamos os seguintes
instrumentos:
Análise da ficha cadastral: Este foi utilizado para selecionar os pacientes depressivos que
participam há mais de um ano no programa de atividade física e que sejam maiores de 18(dezoito) anos.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE: Os participantes da pesquisa, (pacientes,
professor de educação física, psicólogos e psiquiatra) assinaram o TCLE.
Aplicação de questionários: Estes foram caracterizados com perguntas semi-abertas aos pacientes,
professor de Educação Física, Psicólogos e ao psiquiatra, os questionários aplicados a estes três últimos
citados apresentou questões que procuraram averiguar as principais características do programa, além da
percepção dos profissionais quanto à influência da atividade física no tratamento antidepressivo.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Os dados foram processados e levados à análise, empregando a estatística descritiva que teve por
finalidade enumerar e relatar os resultados obtidos, verificando os benefícios citados nos questionários
aplicados.
Métodos usados na coleta de dados
Os questionários foram aplicados individualmente de acordo com cada participante (profissionais e
pacientes). O questionário aplicado ao professor de educação física apresentou questões que procuraram
verificar as principais características dos programas de atividade física no CAPS II, além das questões
comuns nos questionários do professor de educação física, psiquiatra e psicólogo.
Em seguida foi feito a catalogação, análise, interpretação e conclusão dos resultados obtidos nos
questionários, sendo que algumas falas dos participantes da pesquisa foram usadas como citação,
identificando-os por letras, com objetivo de manter suas identidades em absoluto sigilo.
Relevante afirmar que não interferimos no programa de atividade física do CAPS II em Altamira,
pois, este já existe, nosso intuito com a pesquisa foi somente obter dados que puderam atestar os
benefícios da atividade física no tratamento da depressão.
33
Aspectos éticos: este projeto foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da
Universidade do Estado do Pará – campus XII – Santarém através do protocolo nº 013/2010 em reunião de
26/05/2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Investigando a importância dos benefícios das atividades físicas realizadas no CAPS II de Altamira,
foram aplicados questionários aos pacientes e profissionais atuantes visando obter respostas, as quais
ajudassem a elucidar as dúvidas em relação ao tema abordado, sendo que estes foram analisados de forma
discursiva, interpretativa e expostos seguindo a ordem de enfoques: Primeiro Enfoque/Pacientes, Segundo
Enfoque/Professora de Educação Física, Terceiro Enfoque/Psicólogas, Quarto Enfoque/Psiquiatra.
PERCENTUAL CORRESPONDENTE AO SEXO DA AMOSTRA COLETADA
Com relação aos casos existentes de depressão na população, a Organização Pan-americana da
Saúde – OPAS ao tratar sobre este tema diz que, esta doença abrange indivíduos de ambos os sexo, em
qualquer idade, não dependendo de classe econômica e social. Entretanto, a Organização Mundial de
Saúde explica por meio de dados estáticos que o risco de mulheres sofrerem depressão pode atingir 18,6%,
em contrapartida em homens somente 11% mostrando assim a disparidade desta patologia em mulheres.
(OMS; OPAS, 2001 apud GONÇALES; MACHADO, 2008).
Para tanto é relevante citarmos que ao longo desta pesquisa constatamos através da ficha cadastral
que, 81% dos entrevistados pertencem ao sexo feminino, e 19% são do sexo masculino. Demonstrando que
uma maior incidência de depressão ocorre no grupo em mulheres.
PRIMEIRO ENFOQUE: PACIENTES
Os pacientes entrevistados relacionaram as atividades físicas e/ou exercícios físicos que realizam
no CAPSII, e de acordo com as respostas obtivemos os seguintes dados: 50% dos entrevistados praticam o
alongamento, 25% relaxamento, 14% hidroginástica, 2% dança, 3% dinâmica de grupo e 6% deste total
realizam todas as atividades. Nota-se nesse contexto que o alongamento é a atividade física mais citada,
acredita-se que seja pela participação dos indivíduos nas palestras e na terapia em grupo, que sempre ao
final, o profissional de educação física fechava esse momento com um alongamento.
As atividades físicas proposta pelo Centro, as quais foram relatadas pelos pacientes, em sua
totalidade são atividades aeróbias que desempenham uma função de dinamismo, podendo favorecer as
ações funcionais, de humor e o relacionamento interpessoal. Pois, segundo Coyle e Santiago (1995, apud
MELLO, 2004) os resultados dos exercícios aeróbios em pessoas depressivas, deve-se aos efeitos
fisiológicos e/ou comportamentais, entendendo que após os exercícios a uma sensação de prazer e bem
estar que afetam positivamente os sintomas da depressão.
Quando perguntados como eles reagem ao programa de atividade física da Instituição, 96% dos
indivíduos afirmaram que se sente bem após participar das atividades físicas oferecidas pelo setor de
educação física do CAPS II, entretanto, 2% citam indiferença e 2% não responderam ao questionamento.
Dentre algumas das manifestações relatadas por esses, destacamos: diminuição das tensões diárias,
sentem–se mais calmos, relaxados, dispostos, confiantes, ocorrendo assim uma melhora em sua autoestima. Pois, ao encerramento da atividade física a sensação de bem estar é considerável, nesse processo
há uma despolarização na condição de humor deprimido, possibilitando percepção da melhora no estado
depressivo (RANSFORD, 1982 apud VIEIRA et al., 2007).
34
Com relação a contribuição da atividade física no tratamento da depressão aos pacientes, notou-se
uma excelente aprovação ao programa de atividade física, no que diz respeito à contribuição do mesmo
para o tratamento da depressão, no qual 99% dos entrevistados afirmaram que este colaborou para sua
terapia e somente 1% relataram que não. Quando perguntados de que forma ocorreu essa contribuição os
mesmo ressaltam a melhora da insônia, comunicação e diminuição das dores musculares e ansiedade,
sendo estes os fatores mais citados, além da integração social e familiar criando também um laço afetivo
com a instituição (CAPSII), podendo proporcionar pensamentos positivos, controle emocional, tendo mais
vontade de viver.
Enfatizando que a atividade física regular e sistematizada surge no intuito de agregar valores ao
tratamento depressivo e não substituir a terapia já existente. E esta propicia a elevação dos níveis de
energia corporal, podendo amenizar a insônia e o mau humor, com isso tomando consciência da
importância da prática atividade física para a melhora da qualidade de vida (ACSM 2000, apud THEOBALD;
DIETTRICH, 2007).
Dentre o tratamento otimizado que se espera ter ao ingressar os pacientes no programa de
atividades físicas, umas das melhoras que almeja-se alcançar é a convivência familiar e social, para tal
anseio, foi perguntado se essa convivência melhorou. O convívio familiar e social dos pacientes melhorou
depois de participarem do programa de atividade física, no qual 90% responderam positivamente a este
questionamento, no entanto, 6% declararam que a melhora foi pouca, 2% relataram que ainda não houve
melhora e 2% não responderam.
Este progresso pode ser entendido pelo fato dos pacientes estarem abertos em falarem sobre suas
angústias e seus medos, favorecendo a convivência com os demais, pelo simples ato de conversar e trocar
experiências, pois alguns entrevistados citam que sem o auxilio do CAPS, jamais conseguiriam expressar
seus sentimentos. Descrevem que só pelo fato de verem pessoas diferentes, sendo que muitas sofrem da
mesma patologia, os ajudam a querer melhorar e a continuar o tratamento. Analisando que com a
depressão a tendência é que a pessoa se exclua dos demais e atividade física é evidenciada como
facilitadora nas relações interpessoais, na visão de Lark (2001), o exercício e/ou atividade física favorece a
reestruturação do convívio social como um todo.
SEGUNDO ENFOQUE: PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
No intuito de entender e buscar elementos específicos voltados ao processo da prática de atividade
física como complemento no programa de tratamento da depressão sugerido pelo CAPS II, necessita-se de
uma explanação dos métodos aplicados e das principais observações da profissional de educação física
atuante nesta instituição.
Primeiramente, foi feito o questionamento a esta profissional, buscando saber quais os exercícios
que compõem o programa de atividade, no qual a mesma descreveu as seguintes atividades:
hidroginástica, relaxamento, jogos, dinâmicas de grupo e alongamento. Quanto aos objetivos que a
professora busca alcançar com o programa de atividades físicas, esta cita: “melhora dos sintomas da
psicopatologia, complemento do tratamento psicofarmacológico”. Garantindo mais uma vez a eficácia da
atividade física como um complemento na terapia como um todo, pois como menciona Moraes et al. (2007),
a junção da ação medicamentosa e do exercício, pode gerar melhores resultados, do que somente a prática
de atividade física e/ou exercício físico, o medicamento é quem traz a sensação de auto confiança, assim
35
como, os programas de exercícios também podem conseguir benefícios com relação ao tratamento,
objetivando a evolução da terapia de uma forma mais ampla.
Na intenção de perceber como é avaliado o desempenho dos pacientes ao longo do processo de
aplicação das atividades, a professora de educação física elucida que essa avaliação pode ser por meio de
“comportamento, relato dos usuários, dos sintomas, durante as atividades terapêuticas e observações dos
terapeutas no prontuário”. Além das observações comportamentais e sintomáticas, a interação com os
demais profissionais que atuam na entidade, pode trazer maiores subsídios para avaliação detalhada e
fidedigna, bem como, o contato direto com os pacientes buscando uma relação (paciente/profissional,
profissional/paciente e profissional/ profissional) mais unificada, favorecendo o tratamento.
Diante das observações realizadas por essa profissional, antes e após o ingresso desses enfermos
no programa de atividade física no período de um ano, a mesma relatou que as mudanças nesse período
são notórias. No inicio do tratamento os usuários se queixavam de “[...] muita tristeza, insônia, irritabilidade,
dores no corpo, desanimo, pensamentos negativos dentre outros sintomas [...]”, em contra partida quando
esses seguem adequadamente as atividades proposta, apresentam “[...] melhoras consideráveis do humor,
aparência física, sono adequado, diminuição das dores e das dormências do corpo, melhora da memória.
Até diminuição do medicamento da psiquiatra [...]”. Salientando que essas melhoras também são relatadas
pelos pacientes através dos questionários.
TERCEIRO ENFOQUE: PSICOLOGAS
Indagamos estas sobre as suas opiniões diante a relevância do programa de atividade física como
complemento no tratamento antidepressivo. As mesma afirmaram ser importante, em virtude desses fatos a
psicóloga A relata: “O físico fica comprometido com a depressão”, nesse sentido pode ser percebido que a
profissional se equivocou ou não compreendeu corretamente a pergunta, pois se sabe que o físico fica
comprometido em detrimento de qualquer outra doença e não somente com a depressão, deixando de
esclarecer o ponto principal do questionamento que é fazer entender a relevância do programa de atividade
física no auxilio do tratamento depressivo. Em compensação a psicóloga B explica: “A mente não está
separada do corpo, o bem estar físico estimula diretamente o funcionamento do cérebro”. Nesse contexto,
lembrando as discussões direcionadas ao corpo e a mente compreende-se que, esta visão é uma variável
diretamente proporcional, ou seja, quando um se encontra bem o outro deve responder da mesma forma,
podendo gerar assim um equilíbrio psicofisiológico.
Quando perguntadas como é avaliado o desempenho de cada paciente antes, durante e após
aplicação dos exercícios físicos, a psicóloga A respondeu: “Que esta pergunta é pertinente ao educador
físico”, com essa resposta interpreta-se que a profissional se absteve do questionamento, pois a indagação
está ligada a avaliação do desempenho dos pacientes no que diz respeito a sua evolução no tratamento,
então, esperava-se que a mesma percebesse a eficiência ou não do programa e suas atividades. Já a
profissional B quando indagada sobre a mesma questão, esclarece: “É avaliado conforme seu bem estar
nas consultas psicológicas”. Estas também descrevem que recomendariam aos demais profissionais de sua
área a inclusão das atividades físicas no tratamento desta patologia. Como já mencionado pelo fato que,
através das atividades físicas há liberação de endorfinas, provocando alívio de dores e tensões do corpo,
conseqüentemente melhorando ações pertinentes a depressão (COOPER, 1982 apud MANIÇOBA; SILVA,
2006).
36
No entanto, em parte não ficou explícito para pesquisa, como é avaliado o desempenho de cada
paciente por uma das psicólogas, pois se esta afirma haver melhorias relacionadas à atividade física e a
depressão, subentende-se que a predominância da avaliação deveria ser um fator determinante na
constatação das melhorias proporcionadas pela forma como se estrutura o tratamento na Instituição,
tratamento este adequado por meio de ações médicas convencionais adjuntas as terapias complementares,
em destaque o programa de atividade física.
QUARTO ENFOQUE: PSIQUIATRA
A psiquiatria é um elemento essencial no diagnóstico dos pacientes com distúrbios psicológicos, na
intenção de conhecer como é a relação desta, com as demais terapias alternativas, neste caso em foco
neste estudo a atividade física, é necessário considerar também a opinião de outra profissional da área da
saúde mental, a psiquiatra. Nesse sentido a mesma avaliou ser relevante o programa de atividade física
como auxilio no tratamento da depressão, considerando que há liberação de substâncias no cérebro que
estimulam o humor, ameniza a ansiedade e insônia.
Em relação a uma das principais investigações, a respeito do consumo das medicações
farmacológicas juntamente com as terapias alternativas, focalizado aqui à atividade física e/ou exercício
físico, esta expõe não ter tido nenhuma avaliação quantitativa na Instituição, para assim responder tal
questionamento. Entretanto, pode-se notar a cautela da psiquiatra ao responder essa pergunta, pois a
mesma deixa em evidência que necessita-se de estudos voltados a resolução desta problemática
(diminuição dos medicamentos receitados em virtude da atividade física), para afirmar ou não tal discussão.
Contudo, a profissional de educação física em contra partida à resposta da psiquiatra, relata em suas
análises feitas antes e após o ingresso dos pacientes no programa de atividade física, a redução dos
medicamentos receitados pela psiquiatra, ressaltando que essa afirmou tal indagação através dos relatos
mencionados pelos pacientes ao decorrer do tratamento.
Nesse contexto compreende-se que a atividade física no complemento do tratamento depressivo,
vem sendo cada vez mais utilizada e bem aceita, tanto pelos profissionais como pelos pacientes. Levando
em consideração que esta traz consigo os efeitos positivos das ações psicológicas (amenização dos
pensamentos negativos, auto-eficácia e autocontrole), biológicas (melhora nas dores corporais e a liberação
de neurotransmissores, os quais auxiliam na sensação de bem estar) e funcionais que são caracterizadas
pela agilidade nas atividades do dia-a-dia (WERNECK; BARRA FILHO; RIBEIRO, 2005).
CONCLUSÃO
Analisando o tratamento da depressão existente no CAPS II de Altamira, verifica-se que
aparentemente os métodos utilizados buscam uma terapia voltada para a melhoria do mapa clínico, a
reintegração do paciente a sociedade e ao seu âmbito familiar, enxergando-o como um indivíduo que
necessita de uma atenção especial e otimizada, diferentemente dos procedimentos empregados antes da
reforma psiquiátrica, destacando-se os manicômios, nos quais os pacientes eram tratados como loucos e
submetidos a maus tratos, isolamento social e familiar e em alguns casos levando a óbito. O que indica que
os atuais centros de ajuda aos transtornos mentais, possibilitam um tratamento humanizado que contribua
de fato com amenização dos sintomas ou até mesmo a cura.
As atividades físicas realizadas (hidroginástica, relaxamento, alongamento, dança e dinâmicas) no
CAPS II – Altamira/PA fazem parte do tratamento oferecido pelo mesmo, assim como as terapias em grupo,
37
palestras, consultas clínica e medicação receitada pela psiquiatra. Após os dados coletados, a análise dos
resultados demonstrou satisfatoriamente, que a maioria dos participantes da pesquisa, em especial os
pacientes, ou seja, 99% destes consideraram o programa de atividade física do CAPS II de suma
importância, principalmente no que diz respeito às questões biológicas (insônia e dores corporais),
funcionais (dificuldades na realização das tarefas diárias), psicológicas (nervosismo, irritabilidade,
concentração, desanimo e medo) e sociais (convívio familiar e a relação interpessoal) neste último, o qual,
90% da amostra coletada confirmou haver melhora, índice esse que possivelmente apresenta ser de grande
relevância para o tratamento. Desta maneira, a atividade física mostra-se um auxiliar terapêutico positivo no
combate da depressão, pois a mesma apresenta resultados como: Diminuição dos problemas fisiológicos,
psicológicos e funcionais os quais propiciam melhora mental e física, assim como, a inclusão social que leva
os pacientes a interação com o meio em que vivem, além da segurança afetiva podendo estar relacionada
tanto com os laços familiares e de amizades ou até mesmo com a instituição de tratamento, fortalecendo as
duas vertentes, propiciando assim ao individuo a evolução positiva da autoestima o que ajuda
consideravelmente na forma de enxergar a vida e resolução dos problemas existentes.
É importante destacar a participação dos profissionais (Professor de educação física, psicólogas e
psiquiatra) que trabalham no CAPS II, os quais também responderam os questionários e reforçaram a
relevância que o programa de atividade física oferecido por essa Instituição tem no tratamento da
depressão. Embora estes tenham feito tal afirmação, aparentemente sugiram algumas lacunas,
principalmente no que diz respeito a duas possíveis problemáticas, primeiro como é avaliado o desempenho
de cada paciente antes, durante e após aplicação das atividades físicas, quanto à percepção da psicóloga
A, pois, esta entende que esse questionamento é pertinente ao educador físico, entretanto, a psicóloga B
direciona que tal avaliação é realizada nas consultas psicológicas, esclarecendo em parte essa indagação.
A segunda problemática engloba a professora de educação física e a psiquiatra, envolvendo a questão da
diminuição dos medicamentos antidepressivos, no qual, a professora cita ter observado por meio dos
relatos dos pacientes haver essa diminuição, já a psiquiatra abstém-se ao questionamento, afirmando que
não foi realizada nenhuma pesquisa quanti-qualitativa, por qual a mesma pudesse se embasar, por esse
motivo não foi possível obter essa resposta por falta de dados quantitativos.
Fazendo uma ressalva para que possivelmente se tenha um bom resultado no tratamento geral dos
pacientes, a influência positiva de uma equipe multiprofissional nas relações terapêuticas das doenças
mentais é extremamente indispensável, pois a comunicação e o acompanhamento efetivo entre
profissional/profissional
e
profissional/paciente
pode
refletir
conseqüentemente
no
tratamento
antidepressivo.
Portanto, podemos avaliar que esse trabalho enriquece e se torna relevante aos estudos científicos
voltados para área, sobretudo porque os resultados obtidos estão de acordo com os demais autores que já
realizaram pesquisas contundentes, para o melhor conhecimento das questões que retratam as doenças
mentais em destaque a depressão e a atividade física como complemento terapêutico. Deste modo,
sugerimos aos demais estudantes e profissionais de educação física, saúde mental e áreas afins, que
procurem realizar pesquisas que possam investigar a problemática acerca da diminuição dos medicamentos
pela prática da atividade física, além de temas voltados a prevenção e tratamento das patologias
ocasionadas por fatores psicossociais, através de estudos, os quais possibilitem a difusão e assimilação
dos resultados à população em geral.
38
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39
CORRELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E O CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO DE
ESTUDANTES DA REDE PARTICULAR DE ENSINO
1,3
2
2,3
Andreia de O. PINHEIRO , Raquel G. RODRIGUES , Tânia Fernandes V. ARAÚJO , Chirlene de S.
1,3
1,3
1,3
CAMPOS , Cássio S. VASCONCELOS , Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA ,.
1
Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
3
Universidade Luterana do Brasil, Campus Itumbiara-GO; Núcleo de Avaliação Física e Prescrição de
Treinamento, Santarém – PA, Brasil, e-mail: [email protected].
RESUMO
O presente trabalho propôs analisar a correlação entre o índice de massa corporal e o consumo máximo de
oxigênio (VO2máx) em crianças de ambos os gêneros, de 10 a 15 anos, matriculadas em três escolas da
Rede Particular de Ensino. O estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo de caráter descritivo e
a amostra estudada constituiu de 533 alunos matriculados na Rede Particular de Ensino da cidade de
Itumbiara-GO. Os dados de adiposidade foram levantados através das técnicas antropométricas, de peso
corporal e estatura, na qual esses valores forneceram os índices do IMC. Para avaliação do consumo
máximo de oxigênio foi utilizado o teste de vai-e-vem de 20 metros, sendo todos os valores tabulados e
analisados estatisticamente, por meio do software GRAPHPAD PRISM, pelo Test t e correlação de Pearson,
ambos com nível de significância de p<0,05. Os resultados demonstraram que a incidência mais elevada de
obesidade foi dos meninos de 14 anos (10,26%), seguido pelos de 10 anos (7,69%), de 11 anos (6,82%),
meninas de 10 anos (6,12%), os meninos de 12 anos (3,77%), os meninos de 15 anos (3,03%) e por último
as meninas de 11 anos (2%). Notou-se também que para cada idade e gênero, conforme o IMC aumentava
o VO2máx diminuía, exceção para os meninos de 10 anos que não apresentaram essa correlação negativa.
Já para ambos os gêneros, à medida que a criança vai ficando mais velha ela vai aumentando o seu IMC
(r=0,9269; p=0,0078 para as meninas, r=9,398; p=0,0053 para os meninos) e diminuindo o seu VO2máx (r =
-0,6747; p = 0,0078 para as meninas, r = -0,6979 para os meninos). Os resultados demonstraram que
meninas de 10 anos apresentaram um nível de condicionamento motor menor que os meninos da mesma
idade (p = 0,0081), e somente os meninos de 15 anos demonstraram um IMC superior aos das meninas da
mesma idade (p=0,0202). Conforme os métodos de análises adotados, pode-se concluir que o IMC
apresenta uma correlação negativa com o VO 2máx, exceção para os meninos de 10 anos, e que o IMC
demonstrou uma correlação positiva com o aumento das idades das crianças e, esse mesmo aumento das
idades, possui uma correlação negativa com o VO2máx.
Palavras chaves: índice de massa corporal, potência aeróbia, escola.
INTRODUÇÃO
Os diferentes componentes corporais sofrem alterações durante toda a vida dos indivíduos, fazendo
com que as características da composição corporal sejam extremamente dinâmicas, pois são influenciadas
por aspectos fisiológicos, como crescimento e desenvolvimento, e aspectos ambientais, como estado
nutricional e nível de atividade física (COSTA, 2001).
40
Um dos principais interesses para se conhecer os aspectos da composição corporal está relacionado
com a estimativa da quantidade de gordura corporal e sua possível relação com os efeitos maléficos para a
saúde, como a obesidade (RAMOS, 1999).
A grande importância em detectar a obesidade e tentar controlá-la nos períodos iniciais, segundo
Madureira (1987), não se restringe somente a saúde, mas também envolve problemas psicológicos e
sociais prejudicando o desenvolvimento das capacidades motoras. Katecki (1997) apud Costa (2001),
relatou que o excesso de gordura corporal pode estar associado a outros problemas físicos como a
degeneração hepática, diminuição da função pulmonar, traumas articulares e possíveis debilidade do
sistema imunológico.
Segundo Gonçalves (1995) os alunos pertencentes à rede particular de ensino, parecem estar mais
predispostos a esse tipo de problema, pois estão mais susceptíveis a maior oferta de alimentos, o que
levam a necessitar de uma atenção especial com o peso corporal e, até mesmo, avaliações motoras e de
crescimento. Essa colocação ressalta a importância de se observar a obesidade infantil que tem como
conseqüência a possibilidade de sua manutenção na vida adulta e, com isso, gerar os fatores de risco para
a saúde, que geralmente só são detectados tardiamente (SEGATTO; PEREIRA, 2003).
Todo o desenvolvimento na qual a população está inserida proporciona indicadores epidemiológicos
sobre obesidade que demonstram um grande aumento da obesidade em adultos de todos os países,
justificando o importante monitoramento que essa enfermidade deve ter em crianças e adolescentes
(MONTEIRO; CONDE, 2000).
Segundo Barbanti (1990) para muitos autores a resistência cardiorrespiratória, capacidade de
continuar ou persistir em tarefas prolongadas que envolvem grandes grupos musculares, é o componente
mais importante da aptidão motora. Concordando com esse autor, Duarte e Duarte (2001) também
consideram a resistência cardiorrespiratória uma das mais importantes variáveis da aptidão motora de um
indivíduo, tanto para atletas de diferentes modalidades esportivas, como para indivíduos não atletas. Dentro
da capacidade cardiorrespiratória destaca-se o VO2máx, cuja definição está na capacidade de captar,
transportar, absorver e utilizar o oxigênio no organismo (FERNANDES FILHO, 1999).
Observando-se a importância destas duas variáveis, IMC e VO2máx, o presente estudo teve como
objetivo analisar a correlação entre o índice de massa corporal e a o VO2máx em crianças de ambos os
gêneros, de 10 a 15 anos, matriculadas em três escolas da Rede Particular de Ensino.
METODOLOGIA
O estudo proposto caracteriza-se como uma pesquisa de campo de caráter descritivo. Pesquisa de
campo é aquela utilizada com o objetivo de levantar informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda
descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (LAKATOS; MARCONI, 1986), onde os objetos
analisados foram alunos de escolas da Rede Particular de ensino da cidade de Itumbiara-GO.
Amostra
Foram investigados 533 alunos de 3 escolas da Rede Particular de Ensino da cidade de ItumbiaraGO , de ambos os gêneros, com idade de 10 a 15 anos, conforme demonstrado na tabela 1.
Protocolos Utilizados
41
Os dados sobre o índice de adiposidade foram levantados através das técnicas antropométricas de
peso corporal e estatura, na qual esses valores forneceram os valores do IMC, que segundo Viuniski
(2001).
Para analisar o peso corporal utilizamos uma balança de marca Filizola e para a estatura uma fita
métrica fixa na parede. As crianças foram medidas descalças e com o mínimo de roupa possível, conforme
instruções de Vasconcelos (1993) e Amorim et al. (2004). Para classificar os indivíduos quanto adiposidade
utilizamos os valores de cortes do IMC propostos por Viuniski (2001).
Tabela 1. Demonstrativo de crianças analisadas, de acordo com idade e gênero.
Idade
10
11
12
13
14
15
Sexo
Número de crianças
Masculino
52
Feminino
49
Masculino
44
Feminino
50
Masculino
53
Feminino
39
Masculino
40
Feminino
39
Masculino
39
Feminino
56
Masculino
39
Feminino
33
Para avaliação do consumo máximo de oxigênio foi utilizado o teste de vai-e-vem de 20 metros
proposto por Lerger et al. (1988). Para a realização do teste foram necessários um local de pelo menos 25
metros, toca fitas, fita cassete do teste, 4 cones, fita crepe e o teste foi aplicado com um grupo de 10
crianças de cada vez, que correram juntas percorrendo um espaço de 20 metros delimitado entre duas
linhas paralelas (DUARTE; DUARTE, 2001).
Tabela 2. Classificação do VO2máx de acordo com os estágios alcançados e com a idade.
-1
Estágios
o
(n )
Velocidade
(km/h)
-1
Predição do VO2máx. (mL.kg .min ) de acordo com a velocidade e
idade
10
11
12
13
14
15
1
8.5
39.1
37.2
35.2
33.3
31.4
29.4
2
9
41.5
39.6
37.8
35.9
34.1
32.2
3
9.5
43.9
42.1
40.3
38.5
36.7
35
4
10
46.3
44.6
42.9
41.2
39.4
37.7
42
5
10.5
48.7
47
45.4
43.8
42.1
40.5
6
11
51.1
49.5
47.9
46.4
44.8
43.3
7
11.5
53.4
52
50.5
49
47.5
46
8
12
55.8
54.4
53
51.6
50.2
48.8
9
12.5
58.2
56.9
55.6
54.2
52.9
51.6
10
13
60.6
59.4
58.1
56.9
55.6
54.4
11
13.5
63
61.8
60.6
59.5
58.3
57.1
12
14
65.4
64.3
63.2
62.1
61
59.9
Fonte: Adaptado de Duarte e Duarte (2001)
Para uma melhor estruturação da coleta de dados foi confeccionada uma ficha que possuía
informações sobre: peso corporal, estatura, gênero, faixa etária e consumo máximo de oxigênio.
Análise dos dados
Foi utilizada a correlação de Pearson, com nível de significância de p<0,05, para analisar a correlação
entre o IMC com o VO2máx em cada uma das idades, do IMC com idades e do VO 2máx com as idades.
Para analisar as diferenças entre os gêneros, do IMC e do VO2máx , foi utilizado o test-t para amostras
independentes, com nível de significância de p<0,05.
Tanto para a realização da análise da correlação de Pearson como para o test-t foi utilizado o
software GRAPHPAD PRISM.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 3 pode-se observar que as meninas de 10 anos apresentam uma correlação negativa
moderada entre o IMC e o VO2máx (r = -0,5140; p = 0,0002), e os meninos de 10 anos não apresentaram
correlação (r = -0,1372).
Já para as meninas e meninos de 11 anos foi observada uma correlação negativa moderada entre o
IMC e o VO2máx (r = -0,5681; p < 0,0001 e r = -0,5181; p = 0,0003, respectivamente). Contudo nas crianças
de 12 anos, as meninas apresentaram uma correlação negativa fraca (r = -0,4299; p = 0,0063) e os meninos
pouca correlação negativa (r = -0,2790 e p = 0,0431).
Quando analisadas as meninas e os meninos de 13 anos a correlação negativa foi fraca para ambos
(r = -0,3969; p = 0,0124 e r = -0,4635; p = 0,0026, respectivamente). Contudo as meninas e meninos de 14
anos demonstraram uma correlação negativa moderada (r = -0,5931; p < 0,0001 e r = -0,6182; p < 0,0001,
respectivamente), como também, os meninos de 15 (r = -0,6304; p < 0,0001), porém, as meninas de 15
anos obtiveram uma correlação negativa fraca (r = -0,4251; p = 0,0137).
43
Tabela 3. Correlações entre o IMC e o VO2máx dos meninos e meninas.
Idade
10
Sexo
Correlação
Masculino
r = -0,1372
Feminino
r = -0,5140 (p=0,0002)
Masculino
r = -0,5181 (p=0,0003)
Feminino
r = -0,5681 (p<0,0001)
Masculino
r = -0,2790 (p=0,0431)
Feminino
r = -0,4299 (p=0,0063)
Masculino
r = -0,4635 (p=0,0026)
Feminino
r = -0,3969 (p=0,0124)
Masculino
r = -0,6182 (p<0,0001)
Feminino
r = -0,5931 (p<0,0001)
Masculino
r = -0,6304 (p<0,0001)
Feminino
r = -0,4251 (p=0,0137)
11
12
13
14
15
De forma geral, nota-se, com exceção dos meninos de 10 anos, que conforme o IMC aumenta, o
VO2máx vai diminui, ou seja, a capacidade cardiorrespiratória está correlacionada negativamente com o IMC.
Desta forma, após a análise da correlação do IMC com o VO2máx em cada idade, pode-se observar a
correlação entre o IMC e as idades nos Gráficos 1 e 2. Conforme demonstrado no gráfico 1, a média do
2
2
IMC das meninas de 10 anos foi de 17,98 kg/m , as de 11 anos foi 19,1 kg/m , as de 12 anos foi 20,39
2
2
2
2
kg/m , as de 13 anos foi 19,77 kg/m , as de 14 anos 21,59 kg/m e as de 15 anos foi de 21,43 kg/m .
Quando analisado a correlação entre a idade e o IMC, verificou-se uma correlação positiva muito forte (r =
0,9269; p = 0,0078), concordando com o estudo feito por Gonçalves (1995) e por Mcardle, Katch e Katch
(2000) que afirmam que as meninas vão aumentando a sua composição corporal, adquirindo massa gorda
à medida que vão ficando mais velhas.
Como nos resultados encontrados nas análises feitas com as meninas, os meninos apresentaram
uma correlação positiva muito forte entre os IMC e suas idades (r = 9398; p = 0,0053), conforme a idade
aumenta o IMC também aumenta semelhante aos resultados obtidos por Mcardle, Katch e Katch (2000), os
quais relatam que os meninos também tendem a aumentar o seu peso corporal com a idade, pois eles
adquirem massa muscular ou massa gorda. Os valores médios do IMC para os meninos de 10 anos foi de
2
2
2
2
19,24 kg/m , de 11 anos foi 19,98 kg/m , de 12 anos 21,02 kg/m , de 13 anos foi 20,76 kg/m , de 14 anos
2
2
21,39 kg/m e de 15 anos foi de 23,17 kg/m .
Ao compararmos os valores médios do IMC dos meninos com os das meninas, notou-se que os
mesmos só apresentam diferença estatística aos 15 anos, em que as meninas apresentaram um IMC
inferior aos meninos (p = 0,0202).
44
Gráfico 1. Média dos valores de índice de massa corporal das meninas em relação a idade.
Índice de massa
corporal
25.0
22.5
20.0
17.5
15.0
10.0
11.0
12.0
13.0
14.0
15.0
Idade (anos)
Gráfico 2. Média dos valores de índice de massa corporal dos meninos em relação a idade.
Índice de massa
corporal
25.0
22.5
20.0
17.5
15.0
10.0
11.0
12.0
13.0
14.0
15.0
Idade (anos)
Demonstra-se no Gráfico 3 que as meninas apresentam uma correlação negativa moderada do
VO2max com a idade (r = -0,6747; p= 0,1415), ou seja, a idade aumenta e o VO2máx diminui. Corroborando de
forma geral com o estudo de Mcardle, Katch e Katch (2000) que relatam que as meninas alcançam um pico
do VO2máx até aproximadamente os 13 anos e, depois, declina a seguir.
Quando analisou-se a correlação entre a idade e o VO2máx, para os meninos, encontrou-se uma
correlação negativa moderada (r = -0,6979; p = 0,1231). Concordando com Pollock e Wilmore (1993), os
quais afirmam que o VO2máx, tanto para as mulheres quanto para os homens, sofrem declínio com o
aumento da idade. Contudo ao compararmos os valores médios do VO2máx dos meninos com os das
meninas, notamos que os mesmos só apresentam diferença estatística aos 10 anos (44,50 vs 47,33 mL.kg
1
-
-1
.min ), em que as meninas apresentaram um nível de condicionamento motor inferior aos meninos (p =
0,0081), semelhante ao estudo Rowland et al. (1997) em que encontrou uma superioridade dos meninos na
aptidão cardiorrespiratória.
45
Consumo máximo de
oxigênio (mL.kg -1 .min-1)
Gráfico 3. Média dos valores do consumo máximo de oxigênio para as meninas em relação a idade.
50.0
47.5
45.0
42.5
40.0
37.5
35.0
32.5
30.0
10.0
11.0
12.0
13.0
14.0
15.0
Idade (anos)
Consumo máximo de
oxigênio (mL.kg -1.min -1 )
Gráfico 4. Média dos valores do consumo máximo de oxigênio para os meninos em relação a idade.
50.0
47.5
45.0
42.5
40.0
37.5
35.0
32.5
30.0
10.0
11.0
12.0
13.0
14.0
15.0
Idade (anos)
Quando avaliou-se os valores de IMC, encontrou-se que as meninas de 10 anos apresentam um
índice de obesidade mais acentuado, 6,12%, tendo um declínio aos 11 anos, 2%, e não apresentando
obesidade nas idades seqüentes (Gráfico 5). Já o índice de sobrepeso mostrou-se mais evidente aos 12
anos, 30,77%, e 14 anos, 29,82%, e com menor incidência aos 10 anos, 20,41%, 13 anos, 20,51%, 15
anos, 21,21% e aos 11 anos, 26%.
Os resultados deste estudo são semelhantes aos do Projeto Peso Saudável, realizado através da
parceria entre a Universidade Federal de São Paulo e Força – Tarefa de Controle de Peso e Atividade
Física do International Life Sciense Institute, que aponta 33% dos alunos entre 7 e 10 anos e 30% dos
adolescentes até 15 anos com peso superior ao ideal (GENTILE, 2004). Pode-se observar também que as
meninas com o decorrer dos anos apresentam um IMC mais elevado, isso ocorre em virtude das mudanças
corporais, concordando assim com William, Katch e Katch (2000), que relatam que as meninas tende a
elevar cada vez mais seu peso corporal depois dos 14 anos.
46
Percentagens de crianças
Gráfico 5. Percentagens de meninas classificadas pelo índice de massa corporal em relação a idade.
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Normal
Sobrepeso
Obeso
10
11
12
13
Idade (anos)
14
15
Percentagens de crianças
Gráfico 6. Percentagens de meninos classificadas pelo índice de massa corporal em relação a idade.
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Normal
Sobrepeso
Obeso
10
11
12
13
14
15
Idade (anos)
No gráfico 6 observa-se que os meninos de 14 anos apresentaram índice de obesidade mais
acentuado, 10,26%, depois os de 10 anos com 7,69%, os de 11 anos com 6,82%, os de 12 anos com
3,77%, os de 15 com 3,03% e não constatou-se obesidade apenas nos meninos de 13 anos. O índice de
sobrepeso foi mais evidente aos 13 anos, 50%, depois aos 15 anos com 45,45%, seguido pelos meninos de
12 anos com 45,28%, os 10 anos com 36,54%, os 11 anos com 36,36% e com menor percentual os de 14
anos com 10,26%.
Ressalta-se que a maior incidência de meninos obesos foi aos 14 anos, 10,26%, e que ao mesmo
tempo em que apresentou o maior número de obesos apresentou, também, o maior número de crianças
com o peso normal, 79,49%, quando comparado às outras idades. As idades que apresentaram o segundo
maior número de obesos foram as de 10 e 11 anos, e em terceiro lugar os meninos de 12 e 15 anos. Já o
índice de sobrepeso foi bastante elevado em todas as idades, sendo mais acentuado nos meninos de 13
anos, acompanhados pelos meninos de 12 e 15 anos e pelos de 10 e 11 anos.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados, e conforme a metodologia proposta, pode-se concluir que ambos os
gêneros apresentam correlações negativas moderadas e fortes entre o IMC e o VO 2máx e correlação positiva
47
moderada em relação à idade e ao IMC, ou seja, notou-se que quanto maior o IMC, mais velhas eram as
crianças/adolescentes e menor eram os valores do VO 2máx. Além do mais, observou-se uma maior
incidência de obesidade para as meninas de 10 anos e para os meninos de 14 anos, já o sobrepeso
demonstrou maior incidência aos 12 e 14 anos para as meninas e aos 13 anos para os meninos.
Desta forma, detectar e tratar de obesidade, o quanto antes, é de suma importância visto que ela é
uma doença degenerativa que afeta vários órgãos, trazendo conseqüências negativas para a saúde.
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49
HIPERTENSÃO ARTERIAL E MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA
DE SANTARÉM.
1
2
Ronete Lourena Rodrigues MARTINS ; Augusto Valter Freitas MENEZES ; Edna Ferreira Coelho
3
4
5
GALVÃO ; Juarez SOUSA ; Geovana Andreia GIBBERT .
1
Acadêmica do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará - UEPA/Santarém,
2
3
[email protected]; Acadêmico do o Curso de Educação Física da UEPA/Santarém; Lider do grupo de
Estudo e Pesquisa GEPESPA/UEPA/ Santarém
4 5
Professores do Centro de Ciências Biológicas da
UEPA/Santarém.
RESUMO
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Os
países com baixa e média renda apresentam uma projeção das doenças cardiovasculares devido a maior
longevidade e exposição a fatores de risco. A população negra segue as mesmas características da
população mundial, com probabilidade maior da instalação da doença devido a dificuldade de acesso à
serviços de saúde, relacionada a fatores históricos e socioeconômicos desta população. A pesquisa teve
como objetivo investigar a correlação entre a hipertensão arterial e a distribuição da gordura corporal como
fator de risco para as doenças cardiovasculares na amostra pesquisada. O estudo foi desenvolvido em uma
comunidade quilombola com 89 pessoas com idade acima de 30 anos. Os mesmos passaram pela
pesagem e verificação das medidas antropométricas. A partir destes dados calculou-se o IMC e a relação
entre cintura e quadril. Alguns dados levantados mostraram freqüência de hipertensão arterial sistêmica foi
em 15,71% dos participantes; presença de obesidade em 25,71% e sobrepeso em 41,43% dos indivíduos
que fizeram parte do estudo; e a relação cintura/quadril mostrou que 68,57% dos participantes apresentam
esta relação elevada. Foi possível verificar a presença de um elevado número de pessoas com sobrepeso
sendo pior no público feminino. O aumento da longevidade é diretamente proporcional ao aumento da
freqüência de doenças cardiovasculares, fato este verificado em nosso estudo. Somado ao fator idade, o
aumento do IMC, a circunferência abdominal e a relação cintura/quadril aumentadas e ainda as baixas
condições socioeconômicas, produzem dados alarmantes em relação ao risco desta população em sofrer
problemas riscos como Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral, lesões renais e outros
problemas cardiovasculares.
Palavras-Chave: Hipertensão Arterial; Medidas Antropométricas; Comunidade Quilombola
INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV), que compreendem a doença arterial coronariana, o acidente
vascular encefálico, a doença arterial periférica, as doenças renais e a insuficiência cardíaca congestiva são
atualmente a principal causa de mortalidades em todo o mundo e, no Brasil, elas responderam no ano de
2006, por mais de 30% dos óbitos (NUNES FILHO e cols., 2007), sendo também a causa mais freqüente de
morbidades (VIEBIG et al., 2006). As projeções indicam o aumento da relevância das doenças
cardiovasculares em países de baixa e média renda, devido à maior longevidade associada a alterações
dos modos de vida, com maior exposição a fatores de risco. Estes fatores de risco seriam o tabagismo, a
inatividade física, uma dieta rica em gorduras saturadas, com conseqüente aumento dos níveis de colesterol
e hipertensão (ISHITANI et al., 2006). Segundo Barbosa (2001), as doenças cardiovasculares que afetam a
população negra são as mesmas da população de um modo geral, a diferença está que a população negra
apresenta um perfil mais critico de saúde. Esta realidade pode ser conseqüência de uma maior
probabilidade de doenças na população negra ou a manifestação sintomatológica é mais grave, do que na
população branca, sendo este perfil recorrente de diferentes contextos históricos.
OBJETIVO
Investigar a correlação entre a hipertensão arterial e a distribuição da gordura corporal como fator
de risco para as doenças cardiovasculares na amostra pesquisada.
METODOLOGIA
50
A pesquisa foi desenvolvida no período de fevereiro a abril de 2011 em uma comunidade quilombola
de Santarém com indivíduos adultos com idade igual ou superior à 30 anos, de ambos os sexos e que
aceitaram fazer parte do estudo. Foram excluídos os indivíduos que não aceitaram participar da pesquisa. É
de grande relevância informar que todos os participantes foram voluntários e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os procedimentos do estudo foram realizados segundo
os preceitos éticos da Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde.
Os procedimentos metodológicos envolveram medidas de peso, altura, circunferência de quadril e
cintura e PA. O peso corporal foi verificado com indivíduos vestindo roupas leves e descalços, através de
balança portátil digital calibrada, e a altura, em centímetros, através de fita métrica posicionada rente ao
chão, em parede plana, com o paciente descalço na posição ereta, com os pés juntos e os braços
estendidos ao longo do corpo.
O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado pela fórmula [peso (kg)/altura2 (m2)]. Os critérios de
classificação do IMC foram os preconizados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. As circunferências da
cintura e do quadril foram medidas por intermédio de fita métrica de material sintético não extensível,
graduada em milímetros (WHO, 1995). Valores de Razão cintura-quadril (RCQ) superiores a 0,95 para
homens, a 0,80 para mulheres sem sobrepeso e a 0,85 para mulheres com sobrepeso foram considerados
de risco (PEREIRA et al., 1999).
A relação cintura/quadril (na qual baseia-se a definição de distribuição central de adiposidade), foi
obtida através do quociente entre a medida da cintura (em centímetros), e a medida do quadril (em
centímetros) (RCQ=Cintura/Quadril).
Para a medida da pressão arterial (PA) foi utilizado aparelho BD. Foram realizadas três aferições da
pressão arterial, com intervalo mínimo de cinco minutos entre elas. A medição foi realizada no braço
esquerdo seguindo as orientações do Programa Nacional de Controle da Hipertensão. Adotamos para fins
de analise a média das duas ultimas aferições, segundo orienta a VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão
Arterial.
Foram considerados hipertensos os indivíduos com pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a
140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. Após a coleta de dados os
mesmos foram tabulados e receberam tratamento estatístico com o software Excel 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletados dados de 89 indivíduos. Sendo 42,86% (N=30) do sexo masculino e 57,14%
(N=40) do sexo feminino. A freqüência de hipertensão arterial sistêmica foi de 15,71% como é possível
observar no Gráfico 1. A presença de obesidade foi constatada em 25,71% dos participantes e de
sobrepeso em 41,43%, ilustrada no Gráfico 2 e a relação cintura/quadril representada no Gráfico 3 mostra
que 68,57% dos participantes apresentam esta relação elevada.
51
Gráfico 2: Indice de
Massa Corpórea
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
41,43
32,86
25,71
NORMAL
SOBREPESO
Gráfico 3: Relação
Cintura Quadril (RCQ)
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
OBESIDADE
68,57
31,43
ELEVADA
NORMAL
Quando comparamos os fatores de riscos associados a hipertensão arterial podemos observar na
tabela 1 que o sexo feminino apresenta 72,73% , sendo maior que a frequencia de hipertensão no sexo
masculino 27,27%.
Com relação a idade a tabela 1 mostra que a frequencia de hipertensão arterial aumenta com a
idade sendo de 9,09% na faixa etaria de 40-49 anos e de 54,55% na faixa etaria de 60-69 anos. A
hipertensão arterial mais acentuada nas mulheres pode ter relação com a presenca de outros fatores de
risco como a obesidade e a relação cintura/quadril elevada que tamebm apresentou maior frequencia entre
as mulheres como pode ser observada na tabela 2.
52
Tabela 1: Prevalência de hipertensão arterial e pressão limítrofe segundo variáveis gênero e idade na
população maior de 30 anos de uma Comunidade Quilombola de Santarém-Pa, 2011
Hipertensão Pressão Limítrofe
Variável
% (n)
% (n)
Masc
27,27%
57,14%
Fem
72,73%
42,85%
30-39 anos
--
7,15%
40-49 anos
9,09%
21,43%
50-59 anos
36,36%
14,28%
60-69 anos
54,55%
28,57%
70-79 anos
--
28,57%
Sexo
Idade (anos)
Tabela 2: Prevalência de hipertensão arterial e pressão limítrofe segundo medidas antropométricas na
população maior de 30 anos de Murumuru - Comunidade quilombola de Santarém-Pa, 2011
Hipertensão Pressão Limítrofe Hipertensão Pressão Limítrofe
Variável
% (n)
% (n)
% (n)
Homens
%(n)
Mulheres
IMC
Normal
100%
50%
--
--
Sobrepeso
--
37,5%
25%
66,67%
Obesidade
--
12,5%
75%
33,33%
Normal
66,67%
50%
--
--
Elevada
33,33%
50%
100%
100%
RCQ
A prevalência da HA aumenta com a idade, estimando-se em 50% das pessoas com mais de
sessenta anos, bem como o risco de tornar-se hipertenso ao longo da vida, chegando a 90% em indivíduos
normotensos aos 55 anos. Em nosso estudo, realizado com pessoas acima de trinta anos, essa relação
ficou evidente assim como nos estudos populacionais de Gus et al (2004), Converso e Leocádio (2005),
Lessa (2001) confirmando que o aumento da longevidade está sendo acompanhado por fatores de risco
que causam sérios problemas de saúde aos idosos diminuindo sua qualidade de vida (JARDIM et al, 2007 ).
Utilizando-se os critérios de diagnóstico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, encontrou-se uma
prevalência de obesidade de 25,71%. Esta prevalência mostrou-se elevada quando comparada à média
nacional, segundo a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, que é de 8% (COUTINHO et al, 1991).
53
Outros estudos com características semelhantes também encontraram prevalências elevadas de
obesidade, exemplo disto são os estudos de Feijão et al (2005) que utilizou uma amostra homogênea de
indivíduos de baixas condições socioeconômicas, encontrado encontrou a prevalência de excesso de peso
de 51,26%; de Rezende et al (2006) que encontrou as freqüências de sobrepeso e obesidade bastante
elevadas nos participantes de seu estudo, sendo de 42,5% e 24,5%, respectivamente, no sexo feminino, e
de 40,0% e 15,2%, respectivamente, no sexo masculino. Ainda podemos perceber que no nosso trabalho,
assim como em Rezende et al (2006) a prevalência de obesidade foi maior entre as mulheres.
A existência de uma relação causa e efeito entre o aumento do peso e a elevação da pressão
arterial já é comprovada em estudos conceituados como o de Lamon-Fava (1996) apud Sousa et al (2003)
realizado com descendentes de Framingham. Ele observou um aumento na freqüência de hipertensão
proporcional ao aumento de peso, semelhante ao encontrado nos dados referentes as mulheres de nosso
estudo percebe-se que as hipertensas são as que apresentaram sobrepeso e obesidade.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados apresentados, conclui-se que indivíduos com excesso de peso e com relação
cintura/quadril elevada estão mais expostos a fatores de risco cardiovasculares já percebidos na
prevalência de hipertensão ou mesmo na prevalência de pressão limítrofe, resultando, conseqüentemente,
em maior risco de morbidade e mortalidade quando essas alterações não são modificadas. Estes dados
podem ser agravados quando a população em questão é quilombola, uma vez que a etnia é um fator de
risco para hipertensão arterial.
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55
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA, FLEXIBILIDADE E SATISFAÇÃO
CORPORAL DOS MILITARES DA MARINHA, NA REGIÃO OESTE DO PARÁ.
1
1
1,2
Márcia Lia S. SARGES , Cleilson Araujo RODRIGUES , Carlos Alberto S. da SILVA , Augusto Valter F. de
1
1,2
MENEZES , Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA .
1
Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Núcleo
de
Avaliação
Física
e
Prescrição
de
Treinamento,
Santarém
–
PA,
Brasil,
e-mail:
[email protected].
Resumo
O estudo teve como objetivo analisar a relação entre índice de massa corporal (IMC), nível de atividade
física, flexibilidade e satisfação corporal dos militares da Marinha na Região Oeste do Pará. O estudo
caracteriza-se por ser quantitativo e de natureza descritiva. A amostra investigada foi de 25 militares da
Marinha na Região Oeste do Pará, sendo 22 homens e 3 mulheres, com idade média de 37±7,33 anos.
Para a coleta de dados foi utilizado uma ficha de avaliação, de acordo com o gênero, com dados referentes
à estatura, peso corporal, IMC, flexibilidade, nível de atividade física e espaços para o preenchimento das
silhuetas. Para a medida de peso corporal foi utilizada um balança de marca Wellmy®, bem como para a
estatura. Calculou-se o índice da massa corporal através da fórmula: IMC=peso(kg)/estatura(m²).
Constatou-se que dos 25 indivíduos analisados nenhum se classifica com baixo peso e com obesidade
extrema, 28% classificam-se com peso normal, 44% indivíduos têm peso excessivo, 24% apresentam
obesidade classe I e 4% demonstraram obesidade classe II. Quanto ao nível de atividade física, 48% dos
indivíduos são considerados irregularmente ativo, 12% muito ativo, 36% ativos e apenas 4% são
sedentários. Quanto à imagem corporal 72% dos indivíduos que fazem parte da amostra gostariam de
perder peso, 4% gostaria de ganhar peso e apenas 24% estão satisfeitos com sua imagem corporal. Quanto
à flexibilidade, 56% do sujeitos não conseguiram passar do ponto zero ficando com valores negativos e
apenas 44% dos indivíduos demonstraram valores positivos. Pode-se concluir, conforme método adotado,
que a maioria da amostra está com valores de IMC acima do normal, mesmo sendo a maior parte destes
ativos. Quanto à flexibilidade os voluntários apresentam valores negativos na sua maioria, bem como,
insatisfeitos com sua imagem corporal.
Palavras-chave: nível de atividade física, satisfação corporal, flexibilidade, militares.
INTRODUÇÃO
A literatura científica utiliza cada vez mais diferentes conceitos para qualidade de vida, porém é
consenso afirmar que ela abrange os domínios da vida humana em seis áreas distintas: física, mental,
social, produtiva emocional e cívica (COELHO; ARAÙJO, 2000). Todavia pode-se afirmar que a qualidade
de vida está intimamente ligada ao estilo de vida adotado pelo indivíduo, ou seja, um estilo de vida ativo,
através da prática regular de atividade física, o qual poderá conduzi-lo a uma longevidade e melhor
qualidade de vida (WEINECK, 2005).
O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), uma das grandes Instituições renomadas
sobre a prática da atividade física, no seu posicionamento sobre a mesma ressalta que a atividade física
prescrita de forma que proporcione o máximo de benefícios e menor risco, levando sempre em
56
consideração as condições gerais do indivíduo e os princípios da individualidade biológica, será de grande
importância para a melhoria da saúde pública, quando utilizadas em programas de treinamento (COELHO;
ARAUJO 2000).
Neste sentido, a atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal, produzido
pelos músculos esqueléticos, que resulte em um gasto de energia maior que os níveis de repouso. No
entanto, a atividade física também é uma aliada imprescindível para alcançar uma boa forma física e sua
prática deve ser desenvolvida de maneira prazerosa e contínua ao longo da vida para que seus benefícios
sejam alcançados (MONTEIRO, 2000; WEINECK, 2005). Pompeu (2004) ressalta que a atividade física é
uma importante aliada na prevenção de doenças, na melhora do bem-estar, da auto-estima, da saúde e
promove uma melhor qualidade de vida para cada um. Confirmando isso, Weineck (2005, p.38), afirma que
“a falta de atividade física é o fator de risco número 1 para nossa saúde. E a eliminação desse fator não se
encontra hoje somente em nível de interesse pessoal, mais sim de um dever social”.
Para Kakeshita e Almeida (2006) o índice de massa corporal (IMC), dado pelo peso (kg)/estatura²
2
(m ), é a medida mais comumente empregada em estudos de grupos populacionais para classificação do
estado nutricional, bem como está associado aos fatores determinantes das condutas relativas ao peso
corporal. Além do IMC como fator de conduta para a saúde, muitas capacidades motoras são importantes
para as atividades da vida diária, como a força, potência, resistência e a flexibilidade. Pode-se ressaltar que
a capacidade dos indivíduos continuarem fisicamente independentes, com o passar do tempo, dependem
destes componentes que estão envolvidas nessas atividades diárias (PHILIPS; HASKELL, 1995 apud
COELHO; ARAÚJO, 2000).
Dentre as capacidades motoras pode-se destacar a flexibilidade, que é a capacidade motora que
determina a amplitude dos movimentos de uma articulação sem lhe ocasionar lesão. Vale ressaltar que a
flexibilidade é um componente da saúde relativo à forma física e é altamente treinável, sendo de grande
importância, pois para se manter em uma postura adequada é necessário um mínimo de flexibilidade
(PHILIPS; HASKELL, 1995 apud COELHO; ARAÚJO, 2000; ACHOUR; JÚNIOR, 1999 apud ANDRADE,
2007).
Por fim, mas não menos importante, tem-se a imagem corporal que está diretamente ligada aos
padrões físicos do indivíduo, podendo ocasionar um melhor contentamento com a vida/bem estar
(BARROS, 2005).
Desta foram, o estudo teve como objetivo analisar a relação entre o índice de massa corporal (IMC),
nível de atividade física (NAF), flexibilidade e satisfação corporal dos militares da Marinha, do município de
Santarém-PA.
METODOLOGIA
A pesquisa é quantitativa (TEIXEIRA, 2004), de campo (MARCONI, 2007) e de natureza descritiva,
pois segundo Oliveira (2004), o estudo descritivo caracteriza-se por abranger aspectos gerais e amplos de
um contexto social. Permite também ao pesquisador a obtenção de uma boa compreensão do
comportamento de vários fatores e elementos, além de descobrir e classificar a relação entre variáveis.
A pesquisa foi realizada na Delegacia Fluvial de Santarém (Delsantarém), representação da
Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), Diretoria de Portos e Costas (DPC), Marinha do Brasil
(MB).
57
O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará,
Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 020/2010, e todos os indivíduos avaliados assinaram o termo
de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde.
Amostra
A amostra consistiu dos militares da Delegacia Fluvial de Santarém (DELSANTARÉM). Onde foram
analisados 25 sujeitos de ambos os gêneros, sendo 22 homens e 3 mulheres, com média de idade de
37±7,33 anos.
Protocolos utilizados
Para a medida de peso corporal foi utilizada um balança de marca Wellmy®. Para estatura foi
utilizado o estadiômetro acoplado a balança. Os procedimentos adotados para a coleta destas variáveis
foram os sugeridos por Carvanal (1998), onde os sujeitos ficaram com o mínimo de roupa possível, ou seja,
descalços e utilizaram camiseta de uniforme e bermuda. De posse das medidas de peso e estatura,
calculou-se o índice de massa corporal (IMC), através da divisão do peso corporal pela estatura elevada ao
quadrado. Para a classificação dos indivíduos quanto ao IMC, utilizou-se a proposta descrita por Pompeu
(2004).
O nível de atividade física foi mensurado pela versão curta do IPAQ (Questionário Internacional de
Atividade Física), que possui bom nível de reprodutibilidade e moderado de validade (BENEDETTI et al.,
2004 apud ARAÚJO et al., 2008). O questionário contém perguntas relacionadas à frequência (dias por
semana) e a duração (tempo por dia) da realização de atividades físicas moderada, vigorosa e caminhada.
O instrumento classifica os sujeitos em muito ativo, ativo, insuficientemente ativo e sedentário, considerando
os critérios de frequência, duração e tipo de atividade física que são a caminhada, atividades vigorosas e
moderadas.
Com relação à flexibilidade foi utilizado o teste de sentar e alcançar. O objetivo do teste é medir a
flexibilidade das articulações do quadril e da coluna para a flexão do tronco sobre as coxas. O material
empregado para a realização deste teste foi uma caixa de madeira com profundidade de 35 cm, largura de
45 cm e altura de 32 cm, na qual encontra-se fixa uma tampa de 50 cm de profundidade e 45 cm de largura,
com uma escala métrica sobre a mesma (Banco de Wells). Assim, a tampa fica projetada em 15 cm de sua
profundidade na direção do avaliado (GOBBI et al., 2005). Desta forma o ponto “zero” foi considerado na
distância de 15 cm demarcada pela fita que coincide com a ponta dos pés. Desta forma, os valores após os
15 cm foram considerados positivos e antes negativos.
Para a avaliação da satisfação corporal utilizou-se a escala de silhuetas proposta por Sorensen e
Stunkard (1993) apud Tritschler (2003). Esta escala de silhuetas representa desenhos de bonecos
masculinos e femininos referentes a nove portes físicos, ou seja, 01 é mais magro (menor porte) e o 09
apresenta-se como o mais gordo (maior porte). Para aplicar a escala, o sujeito observa os desenhos e
apontou, primeiramente, o boneco com o porte físico que o representa e depois o que gostaria de ser. Este
último foi considerado como o ideal. De acordo com as respostas, a essa última pergunta, foram
classificados em: “satisfeito”, “perder peso” e “ganhar peso”.
Análise dos dados
Os dados foram avaliados e analisados estatisticamente através das técnicas de estatística
descritiva, utilizando a percentagem, média e desvio padrão. Já para a análise da correlação de Pearson foi
utilizado o software GRAPHPAD PRISM, com o nível de significância de p<0.05.
58
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 mostra que a média de idade dos indivíduos foi de 37±7,33 anos, a estatura de
1,72±0,08 m, o peso corporal de 82,23±14,36 kg e o IMC de 28,01±4,03 kg/m². Observou-se com estes
resultados que a média referente ao IMC, não foi classificada como peso ideal, mas sim como peso
excessivo.
Tabela 1. Demonstrativo das médias dos indivíduos quanto à idade, estatura, peso corporal e índice de
massa corporal.
Voluntários (n=25)
Média
Desvio padrão
Idade (anos)
37
7,33
Estatura (m)
1,72
0,08
Peso (kg)
82,23
14,36
2
IMC (kg/m )
28,01
4,03
Analisando de forma geral, notou-se que nenhum dos sujeitos classificou-se com baixo peso e
obesidade extrema. Já com peso normal foi observado 28%, com peso excessivo encontrou-se 44%, 24%
com obesidade classe I e 4% com obesidade classe II. Desta forma observou-se que a maioria dos
analisados encontra-se acima do seu peso normal (72%).
No estudo realizado por Rodrigues (2007), traçando o perfil antropométrico de um grupo de militares
em Itumbiara (GO), encontrou que 52% estavam com sobrepeso, 32% com o peso ideal e 16% com
obesidade moderada. Sendo assim, observou-se que 84% dos indivíduos estavam acima do peso normal,
corroborando com os resultados deste estudo, pois a maioria encontra-se acima do peso.
Diante do exposto na Tabela 1 e de estudos realizados, pode-se afirmar que o excesso de peso
está presente nos dois estudos, deixando claro que o mesmo é um problema de saúde mundial podendo
acarretar uma série de transtorno para a população, sendo necessário um sério trabalho de
prevenção/orientação através da conscientização da prática de atividade física. Conti, Frutuoso e
Gambardella (2005) afirmam que o indivíduo com excesso de peso está propenso a desenvolver doenças
como hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes tipo 2, além de problemas respiratórios, musculares, baixa
auto-estima, dificuldades de relacionamentos entre outros pares, piora da qualidade de vida e aumento do
risco de desenvolver câncer (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2005).
Conforme os resultados mostrados na Tabela 2, 48% dos indivíduos correspondem à classificação
de irregularmente ativo, 12% como muito ativo, 36% como ativo e apenas 4% como sedentário. A partir
desses dados observou-se que da amostra analisada, a maioria dos sujeitos pratica alguma atividade física
no seu dia-a-dia.
Para Sharkey (1998) a prática do exercício físico mantém os músculos, os quais queimam calorias e
gorduras, ajuda a manter um peso corporal saudável e reduz o risco de doenças cardíacas, câncer, diabete
e estresse. Além do mais, ajuda a se manter com uma melhor aparência e que a mesma não é uma salada
de hábitos isolados, mas sim um conjunto altamente integrado de comportamentos que se tornam mais
potentes combinados do que individualmente.
Os resultados demostram que os indivíduos analisados realizam alguma atividade física diariamente
mantendo assim um estilo de vida mais ativo, contudo não é suficiente para manter o IMC dentro dos
parâmetros de normalidade, pois a maioria da amostra encontra-se acima do peso normal.
59
Pode-se verificar na Tabela 3, que 72% dos indivíduos que fizeram parte da amostra gostariam de
perder peso, 4% gostaria de ganhar peso e 24% estão satisfeitos com sua imagem corporal. A partir dos
dados verifica-se que 76% dos indivíduos estão insatisfeitos com sua imagem corporal, pois querem ganhar
ou perder peso, sendo esta última a grande maioria. Essa insatisfação também pode estar relacionada com
o próprio IMC, pois apenas 24% da amostra estão como o peso corporal normal. Destaca-se também, que
ninguém foi classificado com baixo peso para querer ganhar peso.
Tabela 2. Demonstrativo da classificação dos indivíduos quanto ao nível de atividade física (IPAQ).
Indivíduos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Caminhada
F
D
2
160
5
30
3
30
3
45
2
100
2
80
2
120
3
40
2
60
5
60
6
120
2
30
3
40
2
20
2
30
1
30
-
Moderada
Vigorosa
Classificação
F
D
F
D
4
60
2
80
Irregularmente Ativo
Sedentário
Ativo
3
40
Irregularmente ativo
5
240
3
60
Ativo
2
60
3
135
Ativo
3
40
Irregularmente Ativo
6
20
2
30
Irregularmente Ativo
2
60
2
60
Ativo
3
40
3
40
Ativo
3
30
Irregularmente Ativo
2
60
Irregularmente Ativo
3
90
2
40
Irregularmente Ativo
3
90
3
40
Muito Ativo
2
30
2
30
Irregularmente Ativo
6
120
3
60
Muito Ativo
Irregularmente Ativo
2
90
Irregularmente Ativo
7
70
3
30
Ativo
4
60
1
60
Irregularmente ativo
3
180
2
15
Ativo
3
60
Ativo
2
30
2
24
Irregularmente ativo
3
20
Ativo
5
120
3
120
Muito ativo
Legenda: F = Freqüência; D = Duração.
Tabela 3. Demonstrativo da satisfação corporal dos voluntários.
Situação
N
Percentual
Satisfeito
06
24%
Perder peso corporal
18
72%
Ganhar peso corporal
01
4%
60
Tabela 4. Classificação dos indivíduos quanto à flexibilidade.
Indivíduos
1
Flexibilidade (cm)
+1
Indivíduos
14
Flexibilidade (cm)
+3,5
2
-15
15
+1,5
3
-4
16
+2
4
+8
17
-9
5
+7
18
-1
6
-9
19
-8
7
+1
20
-5
8
-7
21
-1
9
0
22
-12
10
+2,5
23
-3
11
-2
24
+5
12
0
25
+15
13
+5
Média
-0,98
Desvio Padrão
6,74
A Tabela 4 descreve que 56% da amostra não conseguiu passar do ponto zero, ficando com valores
negativos, e apenas 44% passaram do ponto zero, ficando com valores positivo. Isso revela uma média
negativa de -0,98±6,74 cm.
Guedes (1995) apud Silva e Moreira (2001) e Coelho e Araújo (2000), fazem uma relação entre
aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de
programa de exercício supervisionado, explanam que, um bom grau de flexibilidade implica na facilidade de
movimento, sendo que pessoas com amplos arcos articulares tendem a ficarem menos suscetíveis a lesões,
caso sejam submetidos a esforços físicos mais intensos ou a movimentos bruscos, desta forma, pode-se
sugerir que os Militares do estudo estão mais susceptíveis a estas situações, devido aos baixos valores de
flexibilidade, na sua maioria.
Segundo levantamento de um banco de dados de 1874 avaliados através do flexiteste, no qual o
objetivo era traçar um perfil da flexibilidade de acordo com as faixas etárias constatou-se que normalmente
acontece um pequeno declínio da flexibilidade dos 16 aos 40 anos, porém após os 40 anos de idade esse
declínio é muito rápido (ARAÚJO et al., 1998 apud COELHO; ARAÚJO, 2000). Segundo os mesmos
autores outro aspecto constatado, é que “a variabilidade da flexibilidade corporal aumenta com a idade
momento em que o principal fator para a manutenção ou recuperação da flexibilidade é a prática regular de
atividades físicas” (p.38).
Levando-se em consideração que nesse estudo os indivíduos em questão são militares e que a
qualquer hora podem ser empregados em operações de extrema exigência física, o acima mencionado nos
remete a frisar, que a população em questão está tão suscetível a tais conseqüências quanto a população
em geral, pois o cotidiano dos mesmos não condiz com o que se é necessário para o mínimo de
manutenção, que se propõe, para uma boa saúde, sendo portanto necessário uma maior intensificação em
suas atividades físicas diárias, para que os mesmos quando exigidos fisicamente de forma mais intensa,
61
não venham sofrer possíveis lesões, neste caso por limitações articulares, mas que os mesmos possam
usufruir dos benefícios tanto enfatizado pela literatura.
Sendo assim, pode-se perceber que a flexibilidade tende a ser uma valência física de suma
importância para a realização das tarefas diárias, pois fica cada vez mais evidente a importância da mesma
para a saúde, a aptidão física e a qualidade de vida (SILVA; MOREIRA, 2001). Ainda sobre essa questão
estudos sugerem que a idade não se constitui barreira para se adquirir os benefícios da flexibilidade, pois é
possível evoluir e manter o nível de flexibilidade alcançado em qualquer idade, independente do gênero
(ARAÚJO et al., 1998; apud COELHO, ARAUJO, 2000).
Analisando-se a correlação entre as variáveis estudadas foi possível observar que a flexibilidade
apresenta uma correlação positiva com o nível de atividade física (r=40; p=0.0451). Já a flexibilidade com o
IMC (r=-16; p>0.05) e o IMC com o nível de atividade física (r=-14; p>0.05) não apresentaram correlação
significante entre si, apenas tenderam a uma correlação negativa fraca.
Desta forma, pode-se inferir que quanto maior o nível de atividade física maior será o valor da
flexibilidade (MCARDLE et al., 2005).
Dantas (1989), Pope et al. (2000) e Shrier (2000) apud Silva e Moreira (2001), confirmam o acima
exposto, pois de acordo com estado de condicionamento do indivíduo, há alteração na elasticidade
muscular, onde indivíduos inativos possuem uma elasticidade muscular reduzida e o mesmo tende a
melhorar quando provido de um bom condicionamento físico.
CONCLUSÃO
Segundo este estudo, a maioria dos indivíduos que fizeram parte da amostra, em relação ao seu
IMC, encontram-se com peso excessivo e alguns inclusive com obesidade classe II, apesar do nível de
atividade física estar, na sua maioria, classificado como ativo, irregularmente ativo. Desta forma, percebe-se
que a prática de atividade física não é o único fator determinante no que diz respeito ao peso ideal.
No que diz respeito a satisfação corporal, notou-se uma grande insatisfação com a forma do corpo,
pois 72% da amostra gostaria de perder peso, 4% gostaria de ganhar peso e somente 24% estão satisfeitos
com sua imagem corporal.
Quanto ao nível de flexibilidade, percebeu-se que 56% não conseguiram passar do ponto zero
ficando com valores negativos e 44% da amostra alcançou valores positivos. Contudo a média para a
flexibilidade ficou em -0,98±6,74 cm.
A partir dos resultados da flexibilidade e do nível de atividade física foi possível demonstrar uma
correlação positiva entre as duas variáveis, ou seja, quanto maior o nível de atividade física melhor são os
valores da flexibilidade.
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62
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WEINECK, Jurgen. Atividade Física e Esporte: Para que? São Paulo: Manole, 2005.
63
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS HIPOCINÉTICAS ENTRE FUNCIONÁRIOS DE UMA
AGÊNCIA BANCÁRIA DE SANTARÉM, NO ANO DE 2010.
1
1
1
Edwagner Rodrigo S. FERREIRA , Francisco Moacir A. de OLIVEIRA , Carlos Alberto S. da SILVA ,
1
1
1
Augusto Valter F. de MENEZES , Lorhena Alves PEREIRA , Jone Luiz Queiroz de OLIVEIRA .
1
Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
e-mail: [email protected].
RESUMO: O estudo tem como objetivo verificar o nível de atividade física dos funcionários de uma Agência
Bancária de Santarém-PA e as possíveis doenças hipocinéticas existentes entre os indivíduos
selecionados. Para isso, foi realizada uma pesquisa de levantamento através da aplicação de questionários
em 12 funcionários, tanto do sexo masculino como do feminino, com funções semelhantes dentro da
agência. Sobre os resultados, o QIAF / IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) mostrou que
dentre as cinco classificações, todas foram encontradas, sendo que o público Ativo e Muito Ativo
representou apenas 25% e representando 75% estão os Insuficientemente Ativos A e B juntamente com os
Sedentários. Já o segundo questionário sobre doenças hipocinéticas revelou que entre os pesquisados
estão presentes quatro diferentes tipos de doenças hipocinéticas (o colesterol sanguíneo, a diabetes, a
hipertensão e a lombalgia), onde também observou-se que 100% dos indivíduos pesquisados apresentaram
algum tipo de dor muscular decorrente do trabalho. Assim, concluiu-se que neste estudo realizado com
bancários, onde a maioria apresenta um estilo de vida sedentário ou possuem algum tipo de doença
hipocinética, o exercício físico seria um fator primordial para a prevenção e tratamento desses males
ocasionados principalmente pelo estilo de vida moderno, em que os indivíduos dedicam a maior parte do
tempo ao trabalho, muitas vezes deixando de lado hábitos saudáveis e cuidados com a própria saúde.
Palavras-chave: Atividade Física, Sedentarismo, Doenças Hipocinéticas, Bancários.
INTRODUÇÃO
Com o avanço tecnológico surgem inúmeros meios para facilitar a vida humana, sejam no trabalho,
em casa ou nos mais diversos lugares. Alves (2007) relata que, em princípio, a tecnologia é criada para fins
de ser um facilitador da sociedade e, ainda, como uma ferramenta para se economizar tempo nas ações. O
conforto advindo dessa tecnologia faz com cada vez mais o homem se movimente menos, chegando ao
status de sedentário. Isso faz com que muitas pessoas venham a adquirir doenças decorrentes da
inatividade física.
Segundo Guajardo (2004), nas últimas décadas, ainda que a expectativa de vida das populações
tenha sido aumentada, a maior taxa de mortes prematuras é atribuída cada vez mais ao sedentarismo.
De acordo com Assumpção et. al. (2003), a par das evidências de que o homem contemporâneo
utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é
fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas, sustenta-se a hipótese da necessidade de se
promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu
cotidiano. A prática de atividade física é, por unanimidade, considerada como benéfica para a boa qualidade
de vida. Matsudo e Matsudo (2000, 2000), reiteram a prescrição de atividade física enquanto fator de
prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida.
Para Harold (2001), o número de praticantes regulares de atividade física é bem inferior àquele
desejado pelos profissionais de saúde pública, fato que contribui para o aumento acelerado do número de
doenças hipocinéticas. Guedes e Guedes (1995) caracterizam doenças hipocinéticas, de hipo+cinesia,
64
sendo elas apresentáveis com maior freqüência em indivíduos com estilo de vida sedentário ou carente de
atividades físicas. Segundo Fernandez et. al. (1992), o termo apresentado pode ser traduzido da seguinte
maneira: hipo, prefixo de diminuição, grau inferior; cinesia, ciência do movimento, em suas relações com a
educação, a higiene e a terapêutica. Portanto, podemos entender as doenças hipocinéticas como as
derivadas de falta ou diminuição dos níveis das atividades físicas, educacionais e suas relações com o
ambiente.
Dentre as doenças hipocinéticas, destacam-se a doença coronariana, a diabetes millitus, a
hipertensão arterial, as doenças reumáticas, a obesidade, o colesterol sanguíneo, a lombalgia e alguns tipos
de neoplasias. Segundo Nieman (1999), o exercício físico regular seria relativamente um fator benéfico
sobre a redução dos riscos dessas patologias. De acordo com Araújo e Araújo (2000), estudos
epidemiológicos e documentos institucionais propõem que a prática regular de atividade física e uma maior
aptidão física estão associadas a uma menor mortalidade e melhor qualidade de vida em população adulta.
Segundo Pollock (1993), o exercício físico é aceito como agente preventivo e terapêutico de
diversas enfermidades. No tratamento de doenças cardiovasculares e crônicas, a atividade física tem sido
apontada como principal medida não farmacológica, assumindo aspecto benéfico e protetor. A inatividade
física e o baixo nível de condicionamento têm sido considerados fatores de risco para a mortalidade
prematura tão importante quanto fumo, dislipidemia, diabetes e hipertensão arterial.
Análises Epidemiológicas demonstraram que muitos indivíduos morreram simplesmente por serem
sedentários, isto fez com que a atividade física fosse vista em diversos países como uma questão de saúde
pública (GHORAYEB, 1999). De acordo com Neto (2005), o conceito de sedentarismo não é associado
necessariamente à falta de uma atividade esportiva, o sedentário é o indivíduo que não atinge gastos
calóricos superiores a 1500 Kcal por semana relacionada a atividades ocupacionais.
Observa-se um aumento do número de sedentários, tendo em vista que cada vez mais as pessoas
utilizam-se de meios facilitadores para desenvolverem suas atividades diárias em conseqüência do avanço
tecnológico. No caso dos bancários, observamos que este é um público está inserido num contexto onde a
tecnologia, aliada à carência de tempo disponível à prática de atividade física, traz conseqüências que
colocam em risco a saúde desses profissionais. Assim, a pesquisa explana a importância de se ter uma vida
ativa e saudável, e como isso objetiva contribuir com a qualidade de vida dos bancários, e possivelmente
melhorar o desempenho desses profissionais no ambiente de trabalho.
Na busca de propostas para esses fatos, o estudo teve como objetivo verificar o nível de atividade
física dos funcionários de uma agência bancária de Santarém, no ano de 2010, e as possíveis doenças
hipocinéticas existentes entre os indivíduos selecionados.
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa de levantamento, que segundo Selltiz, Wrightsman e Cook, (1987),
significa coletar dados de toda ou parte de uma população, a fim de avaliar a incidência relativa, distribuição
e inter-relações de fenômenos que ocorrem naturalmente.
Como o universo a ser pesquisado consta de uma quantidade baixa de indivíduos, trabalhar-se-á
com o todo. Segundo Lakatos & Marconi (1999), universo ou população é o conjunto de seres animados
que apresentam pelo menos uma característica em comum. Sendo N o número total de elementos do
universo ou população. O universo populacional é composto por 12 indivíduos, tanto do sexo masculino
65
como do sexo feminino, com características semelhantes no que diz respeito às atividades desenvolvidas
no interior da agência, geralmente no atendimento ao público.
Foram aplicados dois questionários, um para verificar o nível de atividade física, e o outro para
detectar possíveis doenças relacionadas ao sedentarismo entre os bancários.
O primeiro questionário, QIAF (Questionário Internacional de Atividade Física - versão curta),
utilizado para determinar o nível de atividade física, tendo como referência a última semana, contendo
perguntas em relação à freqüência e duração da realização de atividades físicas moderadas, vigorosas e da
caminhada.
O segundo questionário tomou-se como base didática Nieman (1999), que aborda em sua obra
(Exercício e Saúde) as principais doenças relacionadas à inatividade física. Utilizaram-se como referência
também algumas questões da versão brasileira do Questionário de Qualidade de Vida SF-36. Segundo
Martinez (2002), o SF-36 é um questionário genérico, com conceitos não específicos para uma determinada
idade, doença ou grupo de tratamento e que permite comparações entre diferentes patologias e entre
diferentes tratamentos. Considera a percepção dos indivíduos quanto ao seu próprio estado de saúde e
contempla os aspectos mais representativos da saúde. É também de fácil administração e compreensão, do
tipo auto-aplicável.
Os bancários foram avaliados não apenas no seu ambiente de trabalho, sendo analisados também
o estilo e os hábitos de vida de cada indivíduo, pois o foco da pesquisa é avaliar como essas pessoas estão
fisicamente e os possíveis riscos que estão correndo, no caso de reduzida ou ausência da prática de
atividade física.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará,
Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 034/2010, e todos os indivíduos avaliados assinaram o termo
de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram aplicados dois questionários, um para verificar o nível de atividade física (QIAF), e o outro
para detectar possíveis doenças relacionadas ao sedentarismo entre os bancários, baseado na obra
“Exercício e Saúde” de Nieman, (1999), e no questionário SF-36.
O Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ / QIAF) analisa os dados do nível de
atividade física, que de acordo com o consenso realizado entre o Celafiscs e o Center for Disease Control
(CDC) de Atlanta em 2002, considerando os critérios de freqüência e duração, classifica as pessoas em
cinco categorias:
Muito Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de: atividade vigorosa maior ou igual á 5 dias/semana
e maior ou igual 30 minutos por sessão, e/ou atividade vigorosa maior ou igual á 3 dias/semana e maior ou
igual 20 minutos por sessão mais atividade moderada e/ou caminhada maior ou igual 5 dias/semana e
maior ou igual 30 minutos por sessão.
Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de: atividade vigorosa maior ou igual á 3 dias/semana e
maior ou igual 20 minutos por sessão, e/ou caminhada maior ou igual 5 dias/semana e maior ou igual 30
minutos por sessão e/ou Qualquer atividade somada: maior ou igual 5 dias/semana e maior ou igual 150
minutos/semana (caminhada + moderada + vigorosa).
66
Insuficientemente Ativo: aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como
ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou duração. Para realizar essa classificação
soma-se a freqüência e a duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa).
Insuficientemente Ativo A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios das recomendações quanto à
freqüência ou quanto à duração da atividade: Freqüência de 5 dias /semana ou uma duração total de 150
minutos/semana.
Insuficientemente Ativo B: aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à
freqüência nem quanto à duração.
Sedentário: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos
durante a semana.
Dentre as cinco classificações do questionário internacional de atividade física (QIAF), observa-se
nos resultados que o público ativo e o muito ativo representaram 25%, público este considerado como
sendo aqueles que estariam mais aproximados do padrão de saúde e menos suscetíveis as doenças
hipocinéticas. Representando 75% estão os insuficientemente ativos A e B e os sedentários, estes são
considerados aqueles que estariam com grandes possibilidades de desenvolver e/ou agravar uma doença
hipocinética e conseqüentemente possuem padrões de saúde abaixo do normal.
De acordo com Nieman (1999), os exercícios físicos regulares estão diretamente relacionados como
sinônimos de corpo saudável, e auxiliares no combate ao sedentarismo, que podem ter benefícios como na
melhora da aptidão cardiorrespiratória, da composição corporal, da flexibilidade, da força muscular e da
resistência muscular
Verificou-se que o nível de atividade física dos bancários foi baixo, considerando que apenas 25%
dos indivíduos pesquisados apresentam características ativas. Assim, observou-se que a prática de
atividade física ainda é um fator que demonstra ausência e/ou insuficiência, o que caracteriza um nível
elevado de bancários sedentários.
À medida que o estilo de vida sedentário começa a ser mais evidente aumenta-se o risco de
desencadear maiores taxas de diabetes melito não insulino-dependente. O risco de apresentar diabetes
melito não insulino-dependente aumenta em relação direta com o grau de obesidade.
Para a maioria dos indivíduos com diabetes melito não insulino- dependente, o exercício regular
melhora o controle da glicemia, reduz certos fatores de risco da doença cardíaca, melhora o bem-estar
psicológico e promove a redução de peso.
Nieman (1999), afirma também que os níveis elevados de LDL (colesterol ruim) fazem com que o
colesterol se acumule nas paredes das artérias e aumente o risco de doenças cardíacas. É importante a
prática de exercícios aeróbicos pelo menos 80 a 90 minutos por semana, reduzir o peso, interromper o
hábito de fumar e diminuir o consumo de álcool.
Estudos identificaram uma forte relação entre o peso corporal e a pressão arterial. Segundo Nieman
(1999), a obesidade mais do que triplica o risco de desenvolvimento de hipertensão, com o risco
aumentando fortemente com o aumento do peso corporal. Foi observado que a perda do excesso de peso é
a estratégia do estilo de vida mais eficaz para a normalização da pressão arterial diastólica. A perda de
apenas 2,3 a 4,5 quilogramas pode diminuir a pressão arterial diastólica em 5mmHg, enquanto uma perda
de 9 quilogramas ou mais dobra essa melhoria. O exercício aeróbico é uma ferramenta poderosa no
controle da pressão arterial, durante a realização de uma caminhada acelerada a pressão arterial aumenta
67
drasticamente nos hipertensos, porém a pressão arterial diminui abaixo dos níveis de repouso na
recuperação, e essa diminuição poderá ser prolongada se o indivíduo mantiver a prática regular de
exercícios.
A lombalgia afeta tanto os homens como as mulheres igualmente. Nieman (1999) afirma que muitos
casos de lombalgia são devidos às pressões incomuns sobre os músculos e os ligamentos que suportam a
coluna vertebral. Por exemplo: quando um corpo está mal treinado, os músculos paravertebrais e
abdominais fracos podem ser incapazes de apoiar a coluna adequadamente durante certos tipos de
levantamento ou de atividades físicas.
Geralmente a lombalgia afeta todos os trabalhadores, os fatores de risco ocupacional incluem o
levantamento de objetos pesados, o levantamento com movimentos de flexão e de torção, puxar e
empurrar, e longos períodos em que se permanece sentado ou dirigindo, especialmente com vibrações. Os
fatores de risco individual podem incluir a obesidade, postura, estresse psicológico e ansiedade, nível de
atividade física e grau de força muscular e flexibilidade articular. De acordo com Nieman (1999) Para
prevenir a lombalgia é necessário praticar exercícios regularmente para reforçar os músculos das costas e
do abdome, perder peso para sobrecarregar menos as costas e evitar o fumo, pois o tabagismo aumenta as
alterações degenerativas da coluna vertebral.
O exercício físico praticado regularmente é apontado por Nieman (1999), como um meio principal
para se diminuir o risco de doenças hipocinéticas, o qual é considerado um distúrbio que afeta homens e
mulheres contemporâneos que vivem cercados de tecnologia. De acordo com nossas pesquisas 41% dos
bancários apresentaram alguma doença hipocinética, confirmando a teoria do autor.
Todos os envolvidos na pesquisa alegaram sofrer com dores musculares decorrentes da jornada de
trabalho diária, o que pode estar ligado simplesmente ao fato de os bancários passarem a maior parte do
tempo sentados, fazendo com que seu centro de gravidade se concentre principalmente nas costas
ocasionando pequenas dores que podem ser agravadas diante o sobrepeso. Outra questão seria a
ergonomia, a postura e a forma de se movimentar no espaço de trabalho, qual possa levá-los a uma
pequena fadiga muscular já que eles passam a grande parte do expediente realizando movimentos
repetitivos.
Para Przysiezny (2000), muitas vezes os trabalhadores que realizam tarefas predominantemente
mentais se queixam de perturbações físicas, como dores nas costas e no pescoço, perturbações visuais,
formigamentos, etc.
De acordo com Yeng et. al. (2001), existem diversos estudos demonstrando que os movimentos
repetitivos, realizados de forma acelerada, podem comprometer a integridade morfofuncional de diversas
estruturas. Outros fatores biomecânicos são representados pelo uso excessivo de força, posturas
incorretas, vibração, falta de repouso e compressão mecânica de estruturas músculo-esqueléticas.
A prática de atividade física pode contribuir significativamente para combater as dores musculares.
Segundo Yeng et. al.(2001), consistem do uso de meios físicos, reeducação postural, cinesioterapia e
ginástica laboral, para auxiliar a reabilitação e minorar a dor. Na fase aguda a indicação da cinesioterapia
deve ser cuidada e respeitando-se o grau de lesão para não haver eventual agravamento do quadro clínico.
É fundamental a execução de exercícios de relaxamento e alongamento para reduzir tensão e aumentar o
grau de liberdade das fibras musculares e o seu desempenho mecânico. Estas medidas habilitam o
músculo a melhorar sua potência e tornam-no mais resistente à fadiga. Exercícios de fortalecimento devem
68
ser introduzidos nas fases mais adiantadas da reabilitação para não reacutizar o processo inflamatório ou
agravar a fadiga. Atividades de condicionamento cardiovascular e físico globais devem ser estimuladas para
manter saúde e evitar recorrências.
Os bancários exercem uma atividade em que as dores musculares estão presentes no seu
cotidiano. Um fator importante, que também contribui para o surgimento desses desconfortos, mencionado
por a maioria dos profissionais atuantes nos bancos, é o estresse. Segundo Fiamoncini e Fiamoncini (2003),
o stress pode interferir em nossas atividades diárias, resultando em perda de produtividade e afetando
nossos relacionamentos. Sob stress, problemas como insônia, dores no corpo, dor de cabeça, problemas
estomacais, irregularidade menstrual, ansiedade e depressão podem surgir ou ser agravados seriamente. O
sistema imunológico, responsável pela ação de defesa do organismo contra infecções, é o mais afetado nas
situações de stress.
Para Nahas (2001), vários fatores podem ser determinantes para situações de estresse na atividade
bancária, como alto grau de responsabilidade, a pressão interna por produtividade, o fluxo de clientes e o
contato direto com a tela do computador. Esses itens podem ser atenuados ou até suprimidos com alguns
hábitos saudáveis. Atividades físicas leves ou moderadas (esforços entre 40 a 60% da capacidade máxima
individual, como uma caminhada normal) podem representar uma forma de promover um maior relaxamento
corporal, reduzindo a tensão. Outra forma de exercício eficaz no combate ao stress são os alongamentos
musculares. Estes exercícios são realizados de forma lenta e objetivam alongar os diversos grupos
musculares, reduzindo a tensão.
CONCLUSÃO
A tecnologia trouxe inúmeros benefícios à sociedade, facilitando a atividade humana, seja ela no
trabalho ou em outros diversos setores. No entanto, tornou o homem totalmente dependente dessas
facilidades, comprometendo seus costumes naturais de movimento. A sociedade de modo geral vem
cultivando cada vez mais hábitos sedentários, onde a necessidade de realizar movimentos é compensada
pelos avanços tecnológicos.
Entre os bancários observou-se que este público está inserido num meio em que a necessidade de
usufruir dos avanços tecnológicos é um fator extremamente importante para o desenvolvimento de suas
atividades. Este fato torna essencial o desenvolvimento de um estilo de vida diferenciado de suas
realidades, através da obtenção de hábitos saudáveis.
A respeito do nível de atividade física dos bancários, o público ativo e o muito ativo representam
25%, e os insuficientemente ativos A e B e os sedentários somam 75%. Deste modo foi observado que a
maioria dos indivíduos pesquisados apresenta baixos níveis de atividade física.
A ausência da prática regular de atividade física possivelmente acarretou o surgimento de algumas
doenças decorrentes de um estilo de vida sedentário. Entre os funcionários da agência pesquisada foram
analisadas quatro tipos de doenças hipocinéticas: o colesterol, a diabetes e a hipertensão, com 8% cada,
dentre os indivíduos pesquisados; e a lombalgia, com 17%.
Além disso, a aquisição de maus hábitos no trabalho, como a postura incorreta, aliada ao estresse,
revelou-se também prejudicial à saúde. Este estudo revelou que 100% dos bancários analisados
apresentam dores musculares decorrentes de sua atividade profissional.
A atividade física se mostrou extremamente eficaz, tanto no combate às doenças hipocinéticas
como também na prevenção de distúrbios osteomusculares e do estresse. É considerada, para diversos
69
autores, como benéfica para a saúde e para melhoria da qualidade de vida, tanto no âmbito fisiológico como
psicológico.
Conclui-se neste estudo realizado com bancários, onde um percentual considerável apresentou um
estilo de vida sedentário, o exercício físico seria um fator primordial para a prevenção e tratamento das
doenças hipocinéticas, ocasionadas principalmente pelo estilo de vida moderno, em que os indivíduos
dedicam a maior parte do tempo ao trabalho, muitas vezes deixando de lado hábitos saudáveis e cuidados
com a própria saúde. Contudo a carência que existe em estudos que investiguem esses parâmetros
estudados, envolvendo essa população ainda é uma lacuna.
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71
PERFIL DOS PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÀLICO ATENDIDOS,
NO PERÍODO DE 2009 A 2010, EM UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA DA CIDADE DE SANTARÉM,
PARÁ
1,2
1,2
1,2
Herbert Halley Gomes de CASTRO , Izabela Mendonça de ASSIS , Diego Sarmento de SOUSA , Luiz
1,2
1,2
Carlos Rabelo VIEIRA , Richelma de Fátima de Miranda BARBOSA
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus
2
Santarém-PA; Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas
(GEPESPA). e-mail: [email protected]
RESUMO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ocorre pela falta ou restrição da irrigação sanguínea ao
cérebro, provocando lesão celular e alterações nas funções neurológicas. As manifestações clínicas
incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, perceptiva e da linguagem, essas mudanças no
organismo variamde acordo da área cortical acometida. Fica bem claro, que há dados suficientes para
afirmar que o AVE é uma doença grave no Brasil reconhecida pelas incapacidades crônicas com perda da
independência e, muitas vezes, da autonomia, o que pressupõe a necessidade de alguém que auxilie o
paciente nas suas dificuldades de desempenho das atividades diárias, enfatizando o papel do fisioterapeuta
sendo responsável pela melhora dos déficits funcionais desses indivíduos que geralmente apresentam
seqüelas. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil sócio-demográfico, clínico, físico e funcional dos
pacientes com diagnóstico de AVE atendidos em uma clínica de Fisioterapia da cidade de Santarém PA.Foi realizado um estudo retrospectivo em pacientes acometidos por AVE, realizado através de uma
coleta de dados em prontuários de 30 pacientes no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010. A
coleta de dados foi realizada por meio de uma ficha de coleta de dados abrangendo questões sóciodemográficas, clínicas, físicas e funcionais. Os resultados foram tabulados e processados através de recursos
da estatística descritiva, mediante utilização do software Excel (Microsoft for Windows – 2007). A pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 098/2010).Os
resultados foram processados através da estatística descritiva, com utilização do programa Excel (Microsoft
para Windows, 2007). Os resultados mostraram que 43%eram casados e 30% aposentados com
predominância do gênero feminino (67%) com idade média de 64,2±13,2. Sobre as questões clínicas 77%
eram hipertensos e 23% diabéticos e 10% representaram afasia e 13% disartria. Os aspectos físicos dos
sujeitos mostraram que 50% tinham o hemicorpo direito lesionado e 70% com hipertonia. Os aspectos
funcionais indicaram que a marcha dos sujeitos eram independentes e cadeirantes com 27% e 20%
respectivamente, onde suas AVD´s eram independentes (30%) e com dificuldades (27%). Observou-se
neste estudo maior incidência do AVE ocorreu no gênero feminino e com o avançar da idade, com o
principal fator de risco a hipertensão arterial, o hemicorpo direito foi mais freqüente e grande parte dos
sujeitos eram hipertônicos confirmando que os pacientes estavam na fase crônica.
Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Seqüelas, Fase Crônica
INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ocorre pela falta ou restrição da irrigação sanguínea ao
cérebro, provocando lesão celular e alterações nas funções neurológicas. As manifestações clínicas
72
incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, perceptiva e da linguagem, essas mudanças no
organismo variamde acordo da área cortical acometida (O´SULLIVAN, SUSAN, SCHMITZ, 2010).
A Organização Mundial de Saúde definiu o AVE como “súbito desenvolvimento de sinais clínicos de
distúrbio focal no período superior a 24 horas ou levando a morte”, embora a definição mais recente dos
ensaios clínicos tem exigido imagens da lesão cerebral dando maior fidedignidade no diagnóstico (OMS,
2003). O AVE é classificado como isquêmico ou hemorrágico (intracerebrais e subaracnóides), podendo ser
transitório ou definitivo (ROWLAND, 2007), o isquêmico é mais frequente, ocorrendo em aproximadamente
88% dos casos, porém sua mortalidade é menor, quando comparado ao hemorrágico, em 15 a 20% dos
casos (THOM et al., 2006).
O termo ataque isquêmico transitório (AIT) é considerado como déficit neurológico temporário, em
um período inferior a 24 horas,quando o déficit dura além de 24 horas, com retorno ao normal, é dito como
um déficit neurológico isquêmico reversível (DNIR) (MAZZOLA et al., 2007).
As incapacidades funcionais, após o AVE, refletem ou são reveladas de modo diferente para
homens e mulheres e que os problemas de comunicação e depressão a maioria são representadas pelo
gênero feminino, mas independentemente do sexo, a principal causa de insatisfação com a vida são as
limitações funcionais diversas, pela perda da autonomia decorrente das incapacidades (FALCÃO, 2004).
Essas incapacidades são descobertas a partir do diagnóstico funcional do perfil epidemiológico.
Fica bem claro, que há dados suficientes para afirmar que o AVE é uma doença grave no Brasil
(CURIONI et al., 2009;) reconhecida pelas incapacidades crônicas com perda da independência e, muitas
vezes, da autonomia, o que pressupõe a necessidade de alguém que auxilie o paciente nas suas
dificuldades de desempenho das atividades diárias (SCHÄFER, OLIVEIRA-MENEGOTTO, TISSER, 2010),
enfatizando o papel do fisioterapeuta sendo responsável pela melhora dos déficits funcionais desses
indivíduos que geralmente apresentam seqüelas.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal de coorte, quantitativo de natureza documental, já
que a pesquisa foi realizada a partir de dados obtidos por meio do levantamento de dados nos prontuários
que apresentaram o diagnóstico de AVE no período de 2009 a 2010. O local da pesquisa foi realizado em
uma clínica de fisioterapia na cidade de Santarém nos quais os pacientes já foram desligados do serviço.A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA (Universidade do Estado do Pará),
Campus XII Santarém - PA (processo n. 098/2010).
Amostra
Este presente estudo foi constituído de 30 prontuários onde os indivíduos da amostra continham
idade média de 64,2±13,2 anos (34 - 81 anos), onde foram excluídos da amostra documentos de pacientes
que ainda se encontravam em tratamento fisioterapêutico e indivíduos com ataque isquêmico transitório.
Protocolos utilizados
A coleta de dados foi realizada por meio de um protocolo previamente desenvolvido abrangendo
questões sóciodemográficas, clínicas, físicas e funcionais. Dentre as questões sócio demográficas foram
coletados dados referentes ao gênero, idade, estado civil e profissão. Nas questões clínicas foi verificado o
tipo de AVE, fatores de risco e alterações na fala. Em relação aos aspectos físicos verificou-se o Tônus
73
muscular e hemicorpo acometido (direito ou esquerdo). Os aspectos funcionais constataram-se os tipos de
marcha e realização de AVD´s (Atividades de Vida Diária).
Análise dos dados
Os resultados foram tabulados e processados através da estatística descritiva, com utilização do
programa Excel (Microsoft para Windows, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 mostra neste presente estudo os aspectos sóciodemográficos, onde 43% dos indivíduos
eram casados discordando com estudo realizado no Distrito Federal (DANILOW et al., 2007), a idade média
encontrada foi de 64,2±13,2.Embora o AVE seja uma doença cerebrovascular provável de ocorrer em
qualquer idade, sua incidência aumenta à medida que avança a idade, e dobra aproximadamente a cada
década de vida (ANDRÉ, 2006).
Em relação a ocupação profissional, 30% eram aposentados o que confirma que o AVE é uma
doença que tem maior prevalência em indivíduos com o avançar da idade (PEREIRA et al., 2009). Quanto
ao gênero, o feminino foi que mais predominou (67%) indo de encontro com outros estudos onde o gênero
feminino apresenta maior predomínio (DANILOW et al., 2007; LEITE, NUNES, CORRÊA 2009; MOURA, et
al., 2009; CAVALCANTE et. al., 2010), supõe-se que esse leve predomínio do sexo feminino pode ser
atribuído à faixa etária, porque a sobrevivência de mulheres até idades mais avançadas é superior à dos
homens,ocorrendo excesso aparente de AVE na população feminina (ANDRÉ, 2006), embora outros
estudos relataram maior predominância do gênero masculino (APPELROS, STEGMAYR, TERÉNT,
2009;PEREIRA et al., 2009; SCALZO et, al., 2010). A Idade e o gênero são fatores de risco não
modificáveis ao AVE (ABE, 2010).
Tabela 1: Características sóciodemográficas dos sujeitos da amostra (n=30). Santarém-PA. 2011.
Representação
Variáveis
Estado Civil(%)
Casado
43
Viúva
10
Divorciado
07
Não Informado
40
Profissão(%)
Aposentado
30
Do Lar
10
Outros
20
Não Informado
40
Gênero(%)
Feminino
67
Masculino
33
Idade(m±dp*)
64,2±13,2
*m±dp = média ± desvio padrão
As características clínicas nessa pesquisa (Tabela 2) mostram que a Hipertensão e a Diabetes são
mais freqüentes com 77% e 23% da amostra, respectivamente, confirmando outros estudos (LEITE,
NUNES, CORRÊA 2009; MAZZOLA et al., 2007; DANILOW et al., 2007; SRIDHARAN, 2009;ABE 2010;
CAVALCANTE et. al., 2010).PASSOS, ASSIS e BARRETOS publicaram em 2006 que a prevalência da
hipertensão arterial no Brasil constatou que a Região Nordeste foi à de maior prevalência (7,2 a 40,3%),
seguida da Região Sudeste (5,04 a 37,9%), Sul (1,28 a 27,1%) e Centro-Oeste (6,3 a 16,7%).
O Diabetes mellitus é considerado fator de risco modificável (ABE, 2010), estes pacientes têm
indicação de tomar ácido acetilsalicílico (AAS) diariamente, por causa da lesão endotelial causado por esta
doença. Há concordância de que a hiperglicemia (glicemia > 120 mg/dL) é nociva na fase aguda do AVE,
74
independentemente da idade do paciente ou do tipo: isquêmico ou hemorrágico. O diabetes pode piorar o
prognóstico do AVE por favorecer o desenvolvimento de complicações clínicas no curso da doença
(CHAVES, 2000).
Quanto as alterações de fala 13% apresentaram disartria e 10% eram afásicos. Uma pesquisa
realizada na clínica escola de fisioterapia da UMESP mostrou que 12% dos pacientes eram afásicos, sendo
que 7% tinham afasia de expressão, 1% afasia mista, 4% apresentavam afasia não discriminada e 13%
tinham disartria (RODRIGUES, SÁ, ALOUCHE, 2004).
Apesar de 70% dos prontuários não terem relatado o tipo de AVE que acometeu os pacientes, o
AVE isquêmico foi o mais freqüente que o hemorrágico concordando com outras literaturas (RODRIGUES,
SÁ, ALOUCHE, 2004; SCALZO et al., 2010; PEREIRA et al., 2009; POLESE et al., 2008; MAZZOLA et al.,
2007; ABE, 2010; LLOYD-JONES, 2010).
Tabela 2: Características clínicas dos sujeitos da amostra.Santarém-PA. 2011.
Amostra (n=30)
%
Variáveis
Hipertensos
Sim
23
77,00
Não
07
23,00
Diabéticos
Sim
07
23,00
Não
23
77,00
Tipo
Isquêmico
08
27,00
Hemorrágico
01
03,00
Não Informado
21
70,00
Fala
Afasia
03
10,00
Disartria
04
13,00
Normal
23
77,00
Sobre as questões físicas a Hipertonia foi mais freqüente mostrando que a maioria dos pacientes
vão a clinica de Fisioterapia na fase crônica, pois a hipotonia apresenta sinais clínicos como a arreflexia ou
hiporreflexia, aparecendo transitoriamente, ocorrendo alterações no quadro motor com o passar do tempo.
Taisalterações decorrem da síndrome piramidal de liberação, onde os reflexos tendíneos tornam-se
hiperativos, aumentando a resistência aos movimentos e desencadeando sinais primitivos de Babinski,
sobrevindo clônus, sincinesias e hipertonias (ROPPER; SAMUELS,2009) . O hemicorpo acometido com
mais freqüência foi o lado direito, onde este é também mostrado em estudos (RODRIGUES, SÁ, ALOUCHE,
2004; MAZZOLA et al., 2007), embora outras pesquisas mostraram outros resultados (SCALZO et al., 2010;
LEITE, NUNES, CORRÊA, 2009).
Tabela 3:Características físicas dos sujeitos da amostra. Santarém-PA. 2011.
Amostra (n=30)
%
VARIÁVEIS
Hemicorpo
Direito
15
50,00%
Esquerdo
14
47,00%
Não Informado
01
03,00%
TônusMuscular
Ausência
02
07,00%
Hipertonia
21
70,00%
Não Consta
07
23,00%
75
Os resultados das questões funcionais indicaram que a marcha dos sujeitos eram independentes e
cadeirantes 27% e 20%respectivamente. O déficit da marcha é resultante da hemiparesia,causada pela
diminuição do controle motor voluntário e o início da hiperatividade dos reflexos de alongamento, limitando
os movimentos dos membros(KOLLEN, KWAKKEL; LINDEMAN, 2006). As AVD´s dos sujeitos desta
pesquisa mostrou que 30% eram independentes e 27% apresentaram dificuldades.
Em outras amostras, 40% dos pacientes pós-AVE ficaram dependentes de terceiros para a
realização de suas atividades diárias (NUNES, PEREIRA, SILVA, 2005), trabalhos apontam que cerca de
30% a 60% dos sujeitos ficam na situação de dependência (BAER, SMITH, 2001) discordando dos dados
observados nesta amostra, onde a maior parte dos indivíduos referiu ser independente nas AVD´s.
Tabela 4:Características funcionais dos sujeitos da amostra (n=30). Santarém-PA. 2011.
Amostra (n=30)
%
VARIÁVEIS
Marcha
Cadeirante
06
20,00%
Com bengala
03
10,00%
Dificuldades para deambular
02
06,66%
Escavante
01
03,33%
Independente
08
26,66%
Não consta
06
20,00%
Sem apoio
04
13,33%
*AVD
Dependente
07
23,00%
Com Dificuldades
08
27,00%
Independente
09
30,00%
Não Informado
06
20,00%
*Atividade de vida diária.
CONCLUSÃO
O perfil da população deste estudo foi caracterizado que o gênero predominante foi o feminino com
idade média de 64,2 anos, onde a maioria eram casados e aposentados. A Hipertensão e o Diabetes
mellitus foram respectivamente mais freqüentes nas questões clínicas. Nas características clínicas, o
hemicorpo direito foi o mais acometido, e grande parte dos sujeitos eram hipertônicos confirmando que a
maioria dos sujeitos estava na fase crônica.
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78
QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE DIABÉTICOS REGISTRADOS NO SISTEMA HIPERDIA NA
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MARACANÃ, MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PA
Davi V. de SOUSA¹, Adriene F. SILVA¹, Juliana O. SILVA¹, Orácio, C. RIBEIRO¹, Wagner S. ALMEIDA¹,
Jose Olivar A. SEGUNDO². ¹Universidade do Estado do Pará, Campus XII, Santarém-PA, Brasil. ²Instituto
Esperança de Ensino Superior. E-mail: [email protected]
RESUMO: O HIPERDIA é um importante sistema de cadastramento e acompanhamento dos diabéticos no
Brasil. Este estudo objetivou avaliar e discutir as informações sobre pacientes diabéticos cadastrados no
programa HIPERDIA do centro de saúde do bairro do maracanã, na cidade de Santarém, no interior do
estado do Pará no período de 2008 e 2009. Para isso, foi realizado um estudo do tipo documental através
do qual foi feita a análise das informações contidas em 24 prontuários do sistema HIPERDIA do referido
centro no período de 01/01/2008 a 31/12/2009. Foi encontrado sobrepeso/obesidade em 25% dos
cadastros, mas quando o Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado com os dados de peso e estatura
disponíveis em 70,83% dos formulários este valor aumentou para 58,32% neles. Do total, 58,33% dos
cadastros não havia a informação sobre a medida da cintura. Em 79,16% dos cadastros não constava
registro de glicemias capilares. Em 21% dos formulários havia registro apenas de glicemia capilar de jejum,
nestes 60% estavam acima de 110 mg/d. Em apenas 20% dos cadastros constava a glicemia capilar pós
prandial e neste relato o valor é superior a 140 mg/d. Em 50% dos cadastros não constava registro de
presença de complicações e tampouco de doenças cardiovasculares. Nos que constava pé diabético,
doença renal, amputação por diabetes, foram assinalados em 8,33%, 4,16% e 4,16%, respectivamente.
Dentre as doenças cardiovasculares acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio (IAM)
foram assinalados em 16,66% e 12,5%, respectivamente. Não há informações relativas à retinopatia e
neuropatia diabéticas, como exames de fundo de olho e de sensibilidade de membros inferiores.
Adicionalmente, não há registros de hemoglobina glicosilada, excreção urinária de albumina ou
eletrocardiograma. Concluímos que os dados sugerem ausência, imprecisão e contradição de importantes
informações sobre diabéticos registrados no sistema HIPERDIA e apontam a necessidade de capacitação
profissional e utilização de critérios clínico-laboratoriais consensuais para a caracterização das
complicações crônicas decorrentes do DM registradas no sistema HIPERDIA. As deficiências encontradas
podem levar ao subdimensionamento epidemiológico dessas doenças na população brasileira e
comprometer o planejamento de estratégias destinadas à prevenção e controle dessas doenças.
Palavras-chave: diabetes mellitus, sistema hiperdia, qualidade das informações.
INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou
da incapacidade de a mesma exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia
crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos, e proteínas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE
2001).
As principais formas clínicas da DM segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são: diabetes
mellitus tipo 1, que resulta primariamente da destruição autoimune das células beta pancreáticas e tem
tendência à desenvolver cetoacidose; diabetes mellitus tipo 2, que, em geral, é resultado de graus variáveis
de resistência à insulina e de deficiência relativa de secreção de insulina ; diabetes mellitus gestacional
79
caracterizada pela diminuição da tolerância à glicose, de magnitude variável, diagnosticada, pela primeira
vez, na gestação, podendo ou não persistir após o parto.
O DM tem sido considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema de
saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento. Estima-se que essa doença
afeta cerca de 246 milhões de pessoas em todo o mundo. Até 2025, a previsão é de que esse número
chegue a 380 milhões. (SBD 2010)
Dada a importância epidemiológica do DM e de suas complicações, a disponibilização de
tratamento e acompanhamento devem ser ações fundamentais dos programas de saúde. Os sistemas de
informação em saúde, em geral, são instrumentos para adquirir, organizar e analisar dados necessários à
definição de problemas e riscos para a saúde, avaliar a eficácia, eficiência e influência que os serviços
prestados possam ter no estado de saúde da população, além de contribuir para a produção de
conhecimento acerca da saúde e dos assuntos ligados a ela (WHITE, 1980; BRANCO, 1996).
No Brasil, o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos
(HIPERDIA), foi criado em 2002 pelo Ministério da Saúde, como parte do plano de Reorganização da
Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus (PRAHADM) (BRASIL, 2002). O HIPERDIA é um
sistema de informação em saúde que tem como principais objetivos gerar informações para a aquisição,
dispensação e distribuição de medicamentos aos pacientes cadastrados e fornecer subsídios para o
planejamento da atenção à saúde dos diabéticos e hipertensos. Assim, o presente estudo tem como
objetivo avaliar e discutir as informações sobre pacientes diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA
do centro de saúde do bairro do maracanã, na cidade de Santarém, no interior do estado do Pará.
METODOLOGIA
Para pesquisar precisamos de métodos e técnicas que nos levem criteriosamente a resolver
problemas. [...] é pertinente que a pesquisa científica esteja alicerçada pelo método, o que significa elucidar
a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente os caminhos que devem ser percorridos
para que a investigação se concretize (GAIO, CARVALHO E SIMÕES, 2008).
A pesquisa foi quantitativa, do tipo documental, que para Lakatos (2007) é “aquela onde a fonte de
dados esta restrita à documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”.
Reforçando esse conceito, Helder (2006) discorre que “a técnica documental vale-se de documentos
originais, que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor”.
Amostra
Foi feita a análise de 24 prontuários do sistema HIPERDIA do centro de saúde do bairro do
maracanã, na cidade de Santarém no interior do estado do Pará, no período de 01/01/2008 a 31/12/2009.
Protocolos utilizados
Foi obtida autorização, através do envio de um ofício, da Secretária municipal de saúde para o
acesso aos registros do programa Hiperdia. Para a coleta dos dados elaborou-se um formulário para a
transcrição de dados dos prontuários referentes à: idade, sexo, raça/cor, escolaridade, presença ou não de
fatores de risco e doenças concomitantes (antecedentes familiares cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 1
ou tipo 2, tabagismo, sedentarismo, sobrepeso/obesidade), presença ou não de complicações (infarto
agudo do miocárdio, outras coronariopatias, acidente vascular cerebral, pé diabético, amputação por
diabetes, doença renal), assim como os valores das variáveis mensuráveis: peso (kg) e altura (m), pressão
arterial (mmHg) sistólica (PAS) e diastólica (PAD) normal ideal 120/80 mmHg e passível da utilização de
80
medicamentos 130/80 mmHg, medida da cintura (CA, cm), glicemias capilares (mg/dl) de jejum e pósprandial e o tipo de tratamento medicamentoso.
Análise dos dados
Todos os cadastros foram analisados de forma crítica e sistemática afim de buscar informações
pertinentes ao trabalho, confirmando o que (CAULLEY apud LÜDKE e ANDRE, 1986) expressa com relação
a esse passo da pesquisa: “a análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a
partir de problemas e questões de interesse”. A obtenção dos dados foi feito a partir de um formulário
semelhante ao cadastro dos participantes do programa Hiperdia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 24 prontuários de cadastro no sistema HIPERDIA na Unidade de Saúde Básica
do Maracanã, localizado em zona periférica do município de Santarém Pará, dos anos de 2008-2009. A
classificação dessa população estudada por idade (Tabela 1) mostra que 33,33% tem entre 50 a 59 anos, e
somente 4,16% tem entre 1 a 4 anos. O que confirma estudos realizados anteriormente por Souza et al
(2003), Oliveira (2005) e Costa et al (2009).
Tabela1. Classificação quanto à idade da amostragem de 24 pessoas com Diabetes Mellitus cadastradas
na Unidade Básica de Saúde do Maracanã, município de Santarém (PA), 2008-2009.
Idade
Quantidade
%
1 a 4 anos
1
4,16
20 a 29 anos
0
0
30 a 39 anos
0
0
40 a 49 anos
6
25
50 a 59 anos
8
33,33
60 a 69 anos
4
16,66
70 a 79 anos
5
20,83
Quanto à raça 37,5% dos cadastrados se declaram da raça/cor parda, 8,33% da cor/raça negra,
destes 54,16% não apresentavam as informações. Quanto à escolaridade 25% correspondem a
cadastrados que realizaram somente o ensino fundamental incompleto, 4,16% fizeram o ensino médio,
4,16% ensino fundamental completo e 4,16% são somente alfabetizados, sendo que 62,5% não informavam
esta variável. De acordo com a situação conjugal 16,66% declaram se solteiros; 12,5% convivem com o
companheiro e filhos; 37,5% casados; 8,33% viúvos e 25% não continham este dado. Percebemos então
que a falta de tais dados impede-nos de ter um panorama da situação a qual esta população esta sujeita.
Conforme Oliveira (2005) os dados sobre escolaridade também ajudam na definição dos perfis dos
pacientes hipertensos e diabéticos.
Dentre os fatores de risco e doenças concomitantes, antecedentes familiares foram negados em
20,83% dos cadastros; 16,66% dos usuários declaram-se tabagistas e também 16,66% sedentários. Estas
variáveis não haviam sido relatadas em 54,16%, 50% e 45,83% respectivamente. Quando se relaciona
Diabetes Mellitus tipo 2 e a hipertensão nota-se que em 52,38% dos analisados apresentam hipertensão
segundo o seu prontuário e 14,28% estava assinalado no mesmo que não (Tabela 5). Sendo importante
ressaltar que segundo diz Pace (2002) a prevalência de hipertensão em diabéticos é pelo menos duas
81
vezes maior do que na população em geral. Em 33,33% dos formulários esta informação não havia sido
registrada. O que nos impossibilita de fazer uma avaliação mais minuciosa sobre como os pacientes
atendidos pelo programa nesta Unidade de Saúde estão frente a este fator de risco.
O fumo é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento e progressão da Doença arterial
obstrutiva periférica (DAOP) em pacientes diabéticos. (SBD, 2008). Considerando que como afirma
Bandeira (apud Ortiz, 2001) fatores ambientais como obesidade e sedentarismo têm importante interação
com a suscetibilidade genética, colaborando com o aumento da resistência a insulina e maior risco de
desenvolvimento do diabetes. Consequentemente o ato de não relatar estas variáveis prejudica uma visão
ampla sobre a saúde do cadastrado neste sistema de saúde publica, e desse modo não há como avaliar o
paciente de forma satisfatória e assim poder fazer uma efetiva intervenção.
Tabela 2. Frequência de dados clínicos presentes em pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA
atendidos na Unidade Básica de Saúde do Maracanã, no município de Santarém-PA, 2008-2009 (n = 24).
Dados Clínicos
Nº (%)
Antecedentes familiares- cardiovasculares
6 (25)
Tabagismo
9 (33.33)
Sedentarismo
9 (37,5)
Das 24 pessoas estudadas verificou-se que 54,16% dos diabéticos são do sexo masculino, logo
45,84% são do sexo feminino. Contudo constatou-se a ocorrência do aumento significativo do número de
casos de diabéticos que procuraram a Unidade de Saúde Básica do Maracanã do ano de 2009 em relação
ao ano de 2008 principalmente quanto ao sexo masculino (Tabela 3).
Tabela 3. Amostragem populacional equivalente a 24 pessoas, classificadas segundo o sexo e o ano,
atendidas na Unidade Básica de Saúde do Maracanã, município de Santarém (PA), 2008-2009.
Ano 2008
Ano 2009
Sexo
Quantidade
%
Sexo
Quantidade
%
Masculino
4
40
Masculino
9
64,28
Feminino
6
60
Feminino
5
35,71
O tipo de diabetes que mais acomete a população pesquisada é a Diabetes Mellitus tipo 2, segundo
os relatos documentais aos quais os pesquisadores tiveram acesso, sendo que no ano de 2008 foram 70%
dos casos e no ano seguinte 85,71% (Tabela 4). Ressaltando que Diabetes tipo 1 no ano de 2008
representa 10% dos casos e no ano subseqüente essa taxa aumenta para 14,28%. Constando ainda que
em 20% dos prontuários analisados no ano de 2008 essa informação não constava, o que dificulta uma
correlação de aumento sobre a incidência desta doença entre os anos.
Tabela 4. Frequência de Diabetes Mellitus por ano em 24 pessoas atendidas na Unidade de Saúde Básica
do Maracanã, município de Santarém (PA), 2008-2009.
82
Ano 2008
Ano 2009
Nº de casos
%
Nº de casos
%
Diabetes tipo 1
1
10
2
14,28
Diabetes tipo 2
7
70
12
85,71
Não consta no registro
2
20
-
-
Em 50% dos cadastros não constava registro de presença de complicações e tampouco de doenças
cardiovasculares. Nos que constava pé diabético, doença renal, amputação por diabetes, foram assinalados
em 8,33%, 4,16% e 4,16%, respectivamente. Dentre as doenças cardiovasculares acidente vascular
cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio (IAM) foram assinalados em 16,66% e 12,5%, respectivamente
(Tabela 5). Com a falta de informações adequadas sobre estas complicações comuns em pacientes
diabéticos não se pode afirmar se o programa está se tornando eficaz no que se propõe e tampouco se o
paciente cadastrado está atendendo positivamente ao tratamento ao qual está sendo exposto.
Ressaltando que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 80% das mortes em indivíduos
com DM tipo 2 (SCHAAN et al, 2004), o que corrobora com estudo realizado por Sartorelli et al (2003), no
qual ele diz que os diabéticos geralmente morrem devido as complicações crônicas da doença, sendo estas
que figuram como causa de óbito. Diabetes também é fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC),
particularmente o isquêmico. Além de mais prevalente, o AVC em diabéticos é de recuperação mais difícil,
com maior freqüência da recorrência e maior mortalidade (SBD, 2010).
Tabela 5. Frequência dos acometimentos assinalados em 24 cadastrados no sistema HIPERDIA atendidos
na Unidade de Básica de Saúde do Maracanã, município de Santarém, PA. 2008-2009.
Dados Clínicos
Não consta (%)
Sim (%)
Não (%)
Doença Renal
45,8
4,16
50
Pé diabético
45,8
8,33
45,8
Amputação por diabetes
45,8
4,16
50
IAM
45,8
12,5
41,6
AVC
45,8
12,5
41,6
Cinquenta por cento (50%) dos cadastros apresentam Pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica
(PAD) menor ou igual a 120/80 mmHg que é considerada ideal pois é a condição em que o individuo
apresenta o menor risco cardiovascular segundo o Manual de Hipertensão do Ministério da Saúde (2002),
45,83% dos cadastrados tem PAS e PAD maior ou igual 130/80 mmHg que segundo as Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Diabetes (2007) como esses pacientes são de alto risco para eventos
cardiovasculares todos os indivíduos com pressão acima deste limite deve iniciar uso de medicação
hipertensiva (Tabela 7). O tratamento reduz o risco de doença cardiovascular, embora o efeito do controle
pressórico intensivo em pacientes diabéticos e DAOP (Doença Arterial Obstrutiva Periférica) ainda não
esteja definido (SBD, 2008).
Sobrepeso/obesidade foi confirmado em 25% dos cadastros, mas quando o Índice de Massa
Corporal (IMC) foi calculado com os dados de peso e estatura disponíveis em 70,83% dos formulários este
valor aumentou para 58,32% dos registros (Tabela 6). Ocorre então uma contradição dos dados registrados
para com a realidade encontrada através de outros métodos como o calculo do IMC recordando que a
83
obesidade é um importante fator de risco para o diabetes tipo 2, sendo que, sua frequência é três vezes
maior para o desenvolvimento desta doença (ORTIZ et al, 2001).
E também os hábitos alimentares e a prática de atividade física exercem uma poderosa influencia
sobre o balanço energético, sendo considerados, os principais fatores, passiveis de modificação,
determinantes da obesidade (SARTORELLI et al, 2003), deste modo percebemos a importância do
tratamento não medicamentoso, visto que a mudança de hábitos é um dos fatores mais importantes para a
melhora do paciente diabético cadastrado neste sistema de saúde.
Tabela 6. Relação entre sobrepeso/obesidade com diabetes mellitus, e o calculo do IMC de 24 usuários
registrados em cadastros do sistema HIPERDIA, atendidos na Unidade Básica de Saúde do Maracanã,
município de Santarém (PA), 2008-2009.
Anos 2008 – 2009
Sobrepeso/obesidade
Nº
%
Sim
6
25
Não
6
25
Não Consta
12
50
Classificação
IMC
Nº
%
Normal
18,5-24,9
3
12,5
Sobrepeso
25,0-29,9
8
33,33
Obeso Classe 1
30,0-34,9
5
20,83
Obeso Classe 2
35,0-39,9
1
4,16
Obeso Classe 3
>/=40,0
-
-
Dados insuficientes
7
29,16
Em 58,33% dos cadastros não havia a informação sobre a medida da cintura. Nos formulários e que
tal informação estava registrada, 42,8% do sexo masculino apresentavam CA maior que 102 cm e 66,66%
do sexo feminino apresentavam CA maior que 88 cm (Tabela 7). Esses valores são considerados limites
para determinação de cintura aumentada e diagnostico de obesidade visceral (SBD, 2007). Ressaltando
que não há diretrizes para que os profissionais realizem esta aferição de modo correto, desse modo não há
a certeza que os números divulgados estejam conferidos da melhor maneira.
Tabela 7. Relação entre a medida da cintura em 24 pessoas diabéticas cadastradas no sistema
HIPERDIA, atendidas na Unidade de Saúde do Maracanã, município de Santarém, PA, 2008-2009.
Cintura (CA)
Nº (%)
Não Consta
14 (58,33)
Consta
10 (41,66)
Sexo Feminino
3 (30)
>88 cm
2 (66,66)
< 88 cm
1 (33,33)
Sexo Masculino
7 (70)
>102 cm
3 (42,8)
<102 cm
4 (57,2)
84
No item tratamento medicamentoso, a ficha cadastral indica hidroclorotiazida (diurético), propanolol
(beta-bloqueador), captopril (Inibidor da ECA), glibencamida (sulfoniluréia), metformina (biguanida), e
também outros medicamentos nos quais estão os antagonistas de cálcio. No tratamento de DM 29,16% dos
indivíduos e 12,5% utilizam glibencamida e metformina respectivamente. Sendo que 41,66% dos usuários
fazem associação entre os medicamentos para Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes Mellitus (Tabela 8).
Como não há um acompanhamento efetivo destes pacientes existe a possibilidade de eles estarem fazendo
o uso desnecessário de medicamentos, lembrando que não é somente o tratamento farmacológico que trará
efeitos benéficos para o controle do diabetes como também a mudança de hábitos.
Não se encontrou informações sobre a quantidade de insulina disponibilizada para os pacientes
diabéticos do tipo I, pois como se sabe o tratamento para com este paciente está fundado na reposição
deste hormônio fundamental para a absorção de glicose pelas células. Por conseguinte não se pode afirmar
que estes pacientes estão recebendo o tratamento adequado para a sua enfermidade e tampouco ter
certeza que os mesmos tem uma boa qualidade de vida.
Tabela 8. Relação dos medicamentos utilizados classificados segundo a família a qual pertencem de
acordo com 24 cadastros do sistema HIPERDIA, atendidos na Unidade de Saúde Básica do Maracanã,
município de Santarém (PA), 2008-2009.
Medicamentos
Nº de usuários
%
Sulfoniluréias
7
29,16
Biguanidas
3
12,5
Diuréticos
-
-
IECA
1
4,16
Antagonistas de Cálcio
2
8,33
Associações
10
41,66
Não consta no registro
1
4,16
Em 79,16% dos cadastros não constava registro de glicemias capilares. Em 21% dos formulários
havia registro apenas de glicemia capilar de jejum, nestes 60% estavam acima de 110 mg/d. Em apenas
20% dos cadastros constava a glicemia capilar pós prandial e neste relato o valor é superior a 140 mg/d. E
também em 20% dos formulários a glicemia capilar informada não fora classificada (Tabela 9).
Sendo que a informação da glicemia é de suma importância, para que possamos saber se o nosso
paciente está respondendo bem ao tratamento, alem de ser melhor recomendada a glicose plasmática do
que a glicose capilar, visto que nessa não temos certeza se o paciente atendeu as recomendações para
efetuar este exame. Faltam também informações fundamentais para a avaliação do estado de saúde do
diabético, como concentrações de hemoglobina glicosilada, excreção urinária de albumina, fundoscopia
ocular e exame da sensibilidade dos membros inferiores que não são solicitados no formulário com já foi
relatado por Jardim et al (2009) em seu estudo feito em São Carlos-SP.
Tabela 9. Medidas da glicemia em jejum e pós prandial em 24 pessoas cadastradas no sistema HIPERDIA
atendidas na Unidade de Saúde do Maracanã, município Santarém, PA, 2008-2009.
85
Glicemia
Nº (%)
Não Consta
19 (79)
Consta
5 (21)
Glicemia capilar pós prandial >140 mg/dl
1 (20)
Glicemia capilar em jejum >100 mg/dl
3 (60)
CONCLUSÃO
Na realização desta pesquisa documental foram observadas ausência, imprecisão e contradição de
importantes informações sobre diabéticos registrados no sistema HIPERDIA, atendidos na Unidade de
Básica de Saúde do Maracanã no município de Santarém (PA), no período de 2008 a 2009. Os dados
sugerem a necessidade de capacitação dos profissionais que lidam com estes pacientes no seu
atendimento e cadastramento e também a utilização de critérios clínico-laboratoriais consensuais para a
caracterização das complicações crônicas decorrentes da DM no sistema HIPERDIA. As deficiências
encontradas podem levar ao subdimensionamento epidemiológico dessas doenças na população brasileira
e comprometer o planejamento de estratégias destinadas à prevenção e controle dessas doenças. Assim, é
preciso criar padrões para a aferição das medidas de cintura, as quais são importantes para observar o
possível risco de doenças cardiovasculares. Sugerimos a inclusão e solicitação de forma obrigatória, de
informações importantes sobre o estado de saúde dos pacientes em questão como concentração de
hemoglobina glicosilada, taxas de colesterol total e triglicerídeos, excreção urinária de albumina,
fundoscopia ocular, eletrocardiograma e exame de sensibilidade dos membros inferiores, que não são
solicitados no formulário de cadastro, verificar estes valores de uma forma contínua, além da realização do
exame de glicemia plasmática todos os meses para que desse modo possa-se realizar um melhor
acompanhamento da saúde do usuário do sistema. Com a realização deste acompanhamento poderemos
então saber se os remédios estão realizando o efeito esperado. Tentar realizar um acompanhamento
nutricional destes pacientes. Todas as sugestões visam a otimização deste sistema de informação em
saúde, que é de grande importância para os profissionais de saúde e a comunidade em geral e, portanto se
este tornar-se mais eficiente trará inúmeros benefícios contribuindo significativamente para a gestão do
sistema publico de saúde.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ministério da Saúde, 2001
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LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA, IX ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS
86
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JARDIM, A.D.L.; LEAL, A.G.; Qualidade da informação sobre diabéticos e hipertensos registrada no
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Universidade de São Paulo para obtenção do titulo de Mestre em Enfermagem no Programa de PósGraduação Enfermagem em Saúde Pública, convênio MINTER realizado entre a Universidade de São Paulo
e a Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná. Inserido na linha de pesquisa: Práticas, Saberes e
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Disponível
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http://www.diabetesebook.org.br/novo/modulo-2/16-as-complicacoes-macrovasculares-e-seus-fatores-derisco. Acesso: 11/06/2010.
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87
88
A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NA VISÃO DOS ACADÊMICOS DO III SEMESTRE DE ENFERMAGEM DO
IESPES
Dannuza da Silva LIMA1, Aline Taketomi LIMA1, Renata Simões MONTEIRO1, Veridiana Barreto do
NASCIMENTO1,2
1
Instituto Esperança de Ensino Superior, Santarém, Pará, Brasil, 2Faculdades Integradas do TapajósFIT,Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: O processo de evolução da enfermagem surgiu com o objetivo de promover práticas de saúde,
ainda que de forma intuitiva, voltadas para a prestação de saúde a população, pois o cuidado humano é
uma característica da enfermagem. Neste pensamento, durante o processo de formação da profissão, os
acadêmicos são estimulados a não apenas auxiliar no tratamento, recuperação ou reabilitação, o grande
desafio está na busca de desenvolver uma prática assistencial humanizada. Florence Nighitingale defendia a
enfermagem como uma arte e uma ciência, e isso requer uma boa formação teórico-científica do futuro
profissional, tanto quanto, uma visão holística do ser humano. De acordo com BECK et al. (2009, p. 55),
humanizar é ofertar atendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com o acolhimento,
além da melhoria do ambiente e das condições de trabalho. Em 2003 o Ministério da Saúde implantou a
Política Nacional da Humanização-PNH como uma possibilidade de qualificar o sistema de saúde. Desde
então, há uma preocupação quanto ao risco de banalizar essa prática, portanto é importante o acadêmico
adquirir uma conduta apropriada aos cuidados de saúde voltada a satisfação das necessidades básicas
afetadas dos cliente/pacientes (BECK et al., 2007). Com o passar do tempo, o cuidar torna-se mecanizado e
fragmentado, tanto para as pessoas que cuidam como para as que recebem cuidados, parecendo ter
esquecido essa habilidade ou qualidade que, além de constituir uma ação, é um valor. Objetivo: Avaliar
qual a percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre o tema, quais suas opiniões, críticas e sugestões
sobre o processo de humanização. Metodologia: O estudo se caracterizou como uma pesquisa do tipo
exploratória e descritiva, na qual foi baseada a partir de uma abordagem quantitativa. A pesquisa foi
realizada com os acadêmicos de enfermagem do III semestre do Instituto Esperança de Ensino Superior –
IESPES. A coleta dos dados foi desenvolvida através de um questionário. O universo pesquisado foram 40
acadêmicos de ambos os sexos, sendo que 90% são do sexo feminino e 10% do sexo masculino. Observou
se que a maioria dos estudantes está na faixa etária de 16 a 20 anos sendo 34,5%, entre 21 a 25 anos estão
apenas 17,5% e os de 29 a 30 anos e acima de 31 anos tiveram os mesmos valores 22,5% dos entrevistados.
Em uma das questões foi perguntado aos acadêmicos o que eles consideravam como humanização: 31%
respondeu tratar com respeito todos os pacientes que buscarem atendimentos, 25,9% diz ouvir
atentamente o paciente e valorizar o sentimento do mesmo, 24,9% já designa como oferecer uma
atendimento de qualidade sem a decorrência de danos ou riscos para o paciente, 12,6% ofereceria conforto
ao cliente e sua família e 6,9% entende como um cuidado holístico. Outra pergunta realizada no
questionário foi se já tinha ouvido falar em PNH - Política Nacional de Humanização 70% responderam já
conhecer e 30% ainda não tinha ouvido falar nesse termo. Baseado nessa pergunta foi questionado a eles
se sabiam por em prática a humanização e 97,5% responderam que sim enquanto que 2,5% disseram não
saber. Com os diversos erros que estão sendo cometidos ultimamente pelos profissionais na área da saúde
perguntamos a eles o que poderia levar um profissional a cometer erros gravíssimos, 52,8% responderam
ser a falta de atenção dos profissionais, 22,6% alegaram ser a falta de equipamentos adequados para a
realização do trabalho, 13,2% responderam ser uma má formação acadêmica e 11,4% alegaram ter outros
fatores que poderiam levar um profissional a cometer um erro. Quando perguntou-se a eles sobre sua
opinião em relação as unidades básicas de saúde oferecerem atendimento humanizado 8,25%
responderam não e 17,5% disseram sim. Baseada na pergunta anterior foi questionado a eles como futuros
profissionais da área da saúde o que poderiam sugerir para que houvesse uma melhora nos atendimentos,
55% responderam que deve ter mas humanização por parte dos profissionais , 23,52% disseram ser preciso
mais contratações, 15,6% alegaram ter uma melhor capacitação e 5,88% disseram ter outras propostas.
Resultados: Para os acadêmicos do presente estudo, os erros ocorridos pelos profissionais da área da
saúde, estão ligados à falta de atenção por parte dos mesmos, e como sugestão para a melhora do
atendimento, está à atitude humanizada, considerando a humanização como tratar com respeito todos os
pacientes que buscam atendimento.
89
Tabela 1. O que os acadêmicos entendem como humanização.
Oferecer um atendimento de qualidade sem a decorrência de danos ou risco
para o pacientes
Tratar com respeito todos os pacientes que buscam atendimento
Oferecer cuidados holísticos
Ouvir atentamente o paciente e valorizar os sentimentos do mesmo
Oferecer conforto ao paciente à família
24,14%
31%
6,9%
25,9%
12,06%
Tabela 2. Como futuro profissional da área da saúde, o que sugere para que haja uma melhoria dos
atendimentos?
Melhor capacitação
15,6%
Mais contratações
23,52%
Mais humanização por parte dos profissionais
55%
Outros
5,88%
Conclusão: A Enfermagem é uma profissão que lida com o ser humano, que é um ser em constante
evolução. É uma profissão que se desenvolveu através dos séculos, mantendo uma relação com a história
da civilização, aperfeiçoando-se, resgatando assim os valores humanísticos da assistência. Para garantir a
humanização nos cuidados, fatores como à formação profissional e equipamentos adequados, além de
ações de qualidade de vida, devem ser considerados para promover vínculos de afetividade na relação
enfermeiro-paciente de acordo com a visão dos acadêmicos, onde o futuro profissional precisar humanizar
o atendimento, uma vez que este ato leva junto a solidariedade, a dignidade e o respeito ético pelo ser
humano. Referências Bibliográficas
BECK, C.L.C.; LISBÔA, R.L.; TAVARES, J.P.; SILVA, R.M.; PRESTES, F.C. Humanização da assistência de
enfermagem: percepção de enfermeiros nos serviços de saúde de um município. Revista Gaúcha
Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2009 mar;30(1):54-61.
BECK, C.L.C.; GONZALES, R.M.B.; DENARDIN, J.M.; TRINDADE, L.L.; LAUTERT, L. Humanização na perspectiva
dos trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2007 Jul-Set; 16(3): 503-10.
Palavras Chaves: Acadêmicos, enfermagem e humanização.
90
A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: IMPORTÂNCIA E REALIDADE NO
OESTE DO PARÁ.
Maria Eduarda de Macêdo BASSO1, Sabina Lima de CARVALHO1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1
1
Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato:
[email protected]
Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de um processo de lutas políticas e setoriais do
movimento sanitário brasileiro, tem o objetivo de garantir a saúde como direito do cidadão e dever do
Estado, como preconiza a Constituição Federal de 1988 (RESENDE et al 2009). Para a efetivação deste
direito faz-se necessário ampliar o acesso pleno dos usuários aos serviços de saúde de forma universal e
resolutiva com formulação e implementação de estratégias que viabilizem um serviço de saúde universal,
integral, eficaz, eficiente, com equidade e participação popular. No entanto, para que os usuários possam
usufruir de forma integral dos serviços de saúde torna-se necessário uma transformação do modelo
assistencial ainda vigente no Brasil (CARVALHO, 2009). A nova concepção de saúde abordada pelo SUS
trouxe um conceito ampliado, passando de um modelo hospitalocêntrico, curativo e reabilitador para um
modelo assistencial promotor da saúde, preventivo e principalmente contando com a participação popular.
Com base nas novas diretrizes voltadas à saúde da população e buscando ampliar o respeito aos princípios
do SUS, o Ministério da Saúde (MS) propôs uma estratégia de reorganização da Atenção Básica com a
criação do “Programa Saúde da Família (PSF)”, o qual teve início em 1994. O PSF, hoje denominado
“Estratégia Saúde da Família (ESF)”, tem suas ações voltadas para um modelo de assistência integral,
enfatizando a Atenção Primária. De acordo com Pain e Alves Filho (1998), a Atenção Primária prevê a
resolutividade das necessidades de saúde que extrapolam a esfera de intervenção curativa e reabilitadora
individual, através da promoção da saúde familiar, prevenção de doenças e educação continuada. A ESF
fundamenta-se no trabalho de equipes multiprofissionais que de acordo com o MS devem ser compostas,
no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de
saúde e, quando ampliada, inclui ainda um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em
higiene dental. Em dezembro de 2003, durante a 12° Conferencia Nacional de Saúde, o plenário aprovou a
composição da equipe multiprofissional, incluindo fisioterapeutas no suporte às Equipes de Saúde da
Família, de acordo com as necessidades locais, ampliando as oportunidades de atuação destes profissionais
no campo da Atenção Primária à Saúde (CARVALHO, 2009). Porém, o fisioterapeuta só passa a fazer parte
da Estratégia Saúde da Família se a gestão municipal de saúde julgar imprescindível a participação deste
profissional, não tendo caráter obrigatório, com exceção de algumas cidades brasileiras onde foram criadas
leis municipais obrigando a participação dos fisioterapeutas na Estratégia Saúde da Família. Desde a sua
origem, a fisioterapia tem um caráter essencialmente curativo e reabilitador. Em decorrência das guerras e
do alto índice de acidentes de trabalho, gerou-se grande número de óbitos e mutilados, em sua maioria de
homens em idade produtiva, desencadeando uma baixa na força de trabalho. Essa situação fez surgir a
necessidade de reinserir indivíduos lesionados e mutilados ao setor produtivo. Daí, surgiram os centros de
reabilitação, com o intuito de restaurar a capacidade física dos acidentados e mutilados (BISPO JÙNIOR,
2010). A Fisioterapia foi enquadrada, segundo a classificação proposta por Leavell e Clark (1977) em
serviços de Atenção Secundária e, principalmente, Terciária. Essa hierarquia formada a partir do paradigma
curativo do sistema de saúde vigente na década de 70 e presente até hoje, porém com menos vigor, excluiu
por muito tempo da Atenção Primária os serviços de Fisioterapia. Enquanto a Fisioterapia reabilitadora
concentra sua atuação, quase que exclusivamente, ao tratamento dos distúrbios cinético-funcionais, seja
reabilitando sequelados de patologias diversas ou desenvolvendo a capacidade residual funcional de
indivíduos que tiveram lesões irreparáveis de determinadas funções, a Fisioterapia coletiva possibilita e
incentiva a atuação no controle de fatores que potencialmente podem contribuir para o desenvolvimento
da doença (BISPO JÚNIOR, 2010). Baseado no exposto, o fisioterapeuta pode desenvolver atividades
efetivas em todos os níveis de atenção à saúde, porém, devido a aspectos de ordem político-econômicos e
organizacionais, sua função é pouco divulgada e subutilizada, contudo, paulatinamente experiências
isoladas em algumas regiões brasileiras mostram que a inserção da Fisioterapia na Estratégia Saúde da
Família enriquece e desenvolve ainda mais os cuidados de saúde da população. A importância do
profissional Fisioterapeuta como agente multiplicador de saúde poder ser observada a partir de suas
91
atribuições no PSF e na Atenção Primária. Regasson (2003) cita algumas atividades realizadas por
fisioterapeutas dentro do contexto da Atenção Básica: Desenvolver programas coletivos, contributivos à
diminuição dos riscos de acidentes de trabalho e de distúrbios funcionais laborativos; realizar junto às
grávidas e puérperas técnicas de relaxamento, analgesia, condicionamento físico, orientações posturais e
preparação para o pré e pós parto; buscar diagnosticar novos casos de hanseníase, prevenir incapacidades
e realizar tratamento das sequelas; desenvolver atividades físicas e culturais para a terceira idade, para que
o idoso consiga realizar suas atividades da vida diária de forma independente, melhorando sua qualidade
de vida e prevenindo as complicações decorrentes da idade avançada; realizar programas de atividades
físicas e psico-sociais com o objetivo de aliviar os sintomas do climatério; Atendimento domiciliar em
pacientes portadores de enfermidades crônicas, pacientes acamados ou impossibilitados; Estimulação
precoce em crianças com atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor; Resgate dos cuidadores dentro do
ambiente familiar; prescrever atividades físicas para os grupos de hipertensão e diabetes, a fim de prevenir
e evitar complicações; realizar e orientar técnicas respiratórias para os pacientes acometidos por
tuberculose, entre outras. Objetivo: verificar se o profissional fisioterapeuta encontra-se inserido na equipe
multiprofissional da Estratégia Saúde da Família nos municípios da região Oeste do Pará. Metodologia: a
pesquisa foi realizada com as 19 cidades que compõe a região do Oeste do Pará (Alenquer, Almerim,
Aveiro, Belterra, Curuá, Faro, Itaituba, Jacareacanga, Juruti, Monte Alegre, Novo Progresso, Óbidos,
Oriximiná, Placas, Prainha, Rurópolis, Santarém, Terra Santa e Trairão) através de contato telefônico com as
Secretarias Municipais de Saúde dos municípios. Após explicação da pesquisa e de seus objetivos, os
pesquisadores questionaram a respeito de fisioterapeutas vinculados às prefeituras, se este profissional
estava inserido na Estratégia Saúde da Família e se o seu vínculo era através de contrato ou concurso
público. Resultados:
Tabela 1. Resultado do número de municípios que possui fisioterapeutas vinculados às prefeituras, tipo de
vínculo e participação na Estratégia Saúde da Família.
Quantidade de municípios
Municípios que possuem Fisioterapeutas vinculados à prefeitura
12
Municípios que não possuem Fisioterapeutas vinculados à prefeitura
7
Municípios que possuem Fisioterapeuta Concursado
5
Municípios que não possuem Fisioterapeuta Concursado
14
Municípios que possuem Fisioterapeuta no PSF
3
Municípios que não possuem Fisioterapeuta no PSF
16
Tabela 2. Número de fisioterapeutas vinculados à prefeitura, concursados e atuando na Estratégia Saúde da
Família nos municípios da região Oeste do Pará.
Fisioterapeutas
vinculados
às Fisioterape utas
prefeituras
concursados
Fisioterapeutas na ESF
Alenquer
1
0
1
Almerim
1
1
O
Aveiro
0
0
0
Belterra
1
0
0
Curuá
0
0
0
Faro
0
0
0
Itaituba
1
0
0
Jacareacanga
0
0
0
Juruti
0
0
0
Monte Alegre
3
1
0
Novo Prog.
1
0
1
Obidos
2
2
1
Oriximiná
2
2
0
92
Placas
Prainha
Rurópolis
Santarém
Terra Santa
Trairão
TOTAL
1
0
1
6
0
2
0
0
0
4
0
0
22
0
0
0
0
0
0
10
3
Conclusão: o Fisioterapeuta ainda não está totalmente inserido no SUS das cidades da região Oeste do
Pará. Somente três cidades das dezenove pesquisadas já incluíram este profissional na ESF. A divulgação da
importância do fisioterapeuta na reabilitação e saúde coletiva é de grande relevância, pois o acesso pleno à
saúde pela população e concretização das políticas de Saúde do país só será possível quando ocorrer a
conscientização, pelos usuários e gestores da saúde, da necessidade de vários profissionais inseridos neste
contexto. Referências bibliográficas:
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Ciência e Saúde Coletiva, n.15(Supl1), p.1627-1633, 2010.
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paradigmas? Revista de Saúde Pública, v.32, n.4, p.299-316, 1998.
RAGASSON, Carla Adriane Pires. Atribuições do fisioterapeuta no Programa Saúde da Família: reflexões a
partir da prática profissional. Revista Unioeste. São Paulo, p. 1-7. 2003.
REZENDE, M.; MOREIRA, M. R.; TAVARES, M. F. L. A equipe multiprofissional da estratégia da Saúde da
Família: uma reflexão sobre o papel do fisioterapeuta. Revista Ciência e Saúde Coletiva, n.14(Supl1),
p.1403-1410, 2009.
Palavras-chave: Estratégia Saúde da Família, Atenção Primária, fisioterapia.
93
ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DAS PUÉRPERAS ATENDIDAS NO CENTRO DE SAÚDE DA GRANDE ÁREA DO
MARACANÃ (SANTARÉM-PA).
Yane S. ALMEIDA¹, Carla dos S. OLIVEIRA¹, Cláudia da G. ARAÚJO¹, Fernanda J. NASCIMENTO¹, Geysiane
ROCHA¹, Ingrid LEITE¹, Jéssica P. da SILVA¹, Natália M. MONTEIRO¹
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII- Santarém-PA.email: [email protected]
Introdução: Durante a gravidez a mulher passa por inúmeras mudanças, em todos os aspectos. Essas
mudanças se estendem até o parto e pós-parto, momento em que o organismo começa voltar ao seu
normal. Este período é chamado de puerpério, que pode ser considerado normal ou patológico. O período
do puerpério é variável, dependendo de mulher para mulher, onde além do exercício da maternidade, a
mulher passa por muitas variações fisiológicas e psíquicas. É difícil determinar um período exato para o
inicio e término do puerpério, Segundo Rezende (2006), considera-se como puerpério o período de seis a
oito semanas que se sucedem a partir da saída do bebê até a primeira menstruação depois do parto. A
puérpera passa por alterações morfológicas no orifício externo do colo uterino, relaxamento da
musculatura abdominal, perineal e auréola mamária, além de outras alterações. No puerpério normal
ocorrem dois fenômenos fisiológicos essenciais: 1- o regresso do organismo ao seu estado anterior, em
especial, a involução uterina com a recuperação da genitália; 2- a função da lactação, que envolve não só a
glândula mamária, mas várias funções endócrinas com conseqüente reconstituição do ciclo menstrual
(SEGUY,1986), O puerpério patológico é caracterizado por infecções, inflamações ou alterações resultantes
da regressão dos tecidos. Chama-se infecção puerperal a que se origina do aparelho genital, após parto
recente. Geralmente é caracterizada por febre, presente nas primeiras 24 horas do pós-parto. Sendo assim
durante esse período presença de febre acima de 38°C deve ser investigada, principalmente após parto
cesariano. (REZENDE, 2006). Segundo Zugaib e Bittar (2003), a incidência da infecção varia de 1% a 10% das
mulheres. O parto cesariano é considerado o principal fator predisponente para infecção puerperal, sendo
assim, mulheres que tiveram parto normal apresentam baixo risco para infecção. As principais bactérias
causadoras de infecção estão entre os grupos dos S. faecalis, S aureus, Mycoplasma hominis, Chlamydia
trachomatis, Clostridium welchii, Klebsiella, proteus e E. coli. A mastite puerperal representa infecção
mamária aguda, mais freqüente entre a primeira e a quarta semana do puerpério (ZUGAIB E BITTAR, 2003).
Sem tratamento adequado pode levar a rachaduras ou fissuras nos seios, podendo levar a infecções
secundárias. Geralmente, as infecções no puerpério estão associadas ao baixo nível sócio econômico,
técnicas de amamentação imprópria e higiene inadequada principalmente em primíparas- mulheres na
primeira gestação (ZUGAIB E BITTAR, 2003). Segundo Rezende (2006) a maioria dos processos patológicos é
evitado com cuidados pré-natais e assistência qualificada ao parto e ao pós-parto imediato. A família é um
fator vital para que essas novas mães não tenham depressão puerperal. De acordo com Silva e Botti (2005),
logo nos primeiros dias após o parto é comum que a mãe apresente uma leve depressão, podendo ser
considerada normal. A alteração hormonal justifica a melancolia pós-parto, mas não a depressão puerperal,
que se desenvolve de forma mais lenta e se prolonga por mais tempo. Embora dificuldades pessoais,
emocionais, financeiras, médicas da mulher ou do casal aumentem a probabilidade de ocorrer uma
Depressão Puerperal, esta também pode ocorrer sem nenhum fator externo, principalmente no caso da
mulher ter tido alguma fase depressiva anterior, ou no caso de existirem casos de depressão em sua
família. Objetivo: verificar a incidência de alterações patológicas em mulheres no período puerperal, bem
como os fatores desencadeadores de tais alterações. Metodologia: Este estudo teve como base uma
pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida mediante uma
leitura sistemática de cada obra de modo a ressaltar os pontos pertinentes ao assunto em pesquisas feitas
por diferentes autores.A pesquisa de campo baseou-se no método observacional, através de uma
observação participante, pois o pesquisador interagiu diretamente com o pesquisado. (MARCONI e
LAKATOS, 2002, p.28). O estudo foi realizado no Centro de Saúde da Grande Área do Maracanã, no período
de outubro a novembro de 2009. A pesquisa foi feita com seis (06) mulheres, que voluntariamente se
dispuseram a nos dar as informações necessárias. A seleção das mulheres foi feita pela indicação da
enfermeira responsável pelo centro de saúde. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista
padronizada com aplicação de formulários específicos. Para melhor obtenção dos dados os pesquisadores
94
interagiram diretamente com as entrevistadas. Os dados coletados foram tabulados no programa Microsof
Office Excel- 2007 e organizados em tabelas e gráficos padronizados com porcentagens relativas às
amostras estudadas. Resultados: Tabela 1- Resultados relacionados às possíveis patologias associadas ao
puerpério.
Patologias Pesquisadas
%
Sangramento ou infecções
0
Depressão
0
Falta de apetite
0
Alterações anormais no seio
50
Aumento de peso após o parto
17
Emagrecimento
50
Dores
17
Fonte: dados do pesquisador
Conclusão: De acordo com os resultados apresentados concluímos que quando as gestantes têm um
acompanhamento pré-natal os índices de patologias graves no período puerperal diminuem. Notou-se
também que o apoio da família e do pai da criança é essencial para diminuição do nível de depressões
puerperais e para um melhor bem estar da mãe. Também é importante ressaltar a importância do parto
normal para diminuição das infecções puerperais e para uma melhor recuperação da mãe. Fato este
constatado neste estudo, em que todas as puérperas pesquisadas tiveram partos normais, uma rápida
recuperação e não apresentaram nenhum tipo de infecção. Diante disso, acredita-se que é de suma
importância que os profissionais da saúde, divulguem, informem e incentivem a realização do pré-natal e o
acompanhamento puerperal. Referências Bibliográficas:
MARCONI e LAKATOS, Metodologia do Trabalho Científico: Fundamentos de metodologia científica - São
Paulo – Atlas - 2002, p.28
REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara, 2006
SEGUY, Bernard. Manual de Enfermagem Obstétrica. São Paulo- Libel-1986
Silva, Elda Terezinha da e Botti, Nadja Cristiane Lappann. Depressão Puerperal Uma Revisão De Literatura.
Belo Horizonte, 2005. Disponível em http://www.fen.ufg.br/revista/revista7_2/revisao_01.htm acesso em
17 de novembro de 2009.
ZUGAIB, Marcelo e BITTAR, Roberto Eduardo. Protocolos de assistência clínica e obstétrica, FMUSP. São
Paulo: Atheneu, 2003.
Palavras-chave: Saúde da mulher, Puerpério e Puerpério Patológico.
95
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL ATRAVÉS DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM PACIENTES DO
PROGRAMA HIPERDIA ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE SAÚDE DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE
SANTARÉM NO ANO DE 2010.
Márcia Regina Silva de SOUSA¹, Juarez de SOUZA¹.
¹Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus
Santarém-PA. e-mail: [email protected].
Introdução: As alterações no perfil de morbimortalidade da população mundial ocorrido nas últimas
décadas evidenciaram um aumento das doenças crônico degenerativas e projetaram a doença renal
crônica (DRC) no cenário mundial como um dos maiores desafios à saúde pública deste século (BASTOS et
al, 2009). No Brasil, a incidência e a prevalência de FFR (Falência funcional renal) estão aumentando, o
prognóstico ainda é ruim e os custos do tratamento da doença são altíssimos (BASTOS, BREGMAN e
KIRSZTAJN, 2010). O censo de 2008 realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), estimou para
março de 2009 um total de 87.804 pacientes em tratamento dialítico no Brasil (SANTOS e OLIVEIRA, 2009).
Objetivo: Avaliação a função renal através da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) em pacientes idosos
atendidos no Centro de Referência de Saúde do Idoso (CRSI) do município de Santarém no ano de 2010;
Metodologia: A amostra foi composta por 95 prontuários de pacientes hipertensos, diabéticos e com as
duas doenças associadas, de ambos os sexos, com idade acima de 60 anos, que possuiam o valor da TFG,
atendidos em 2010 no CRSI. Resultados:
Tabela1. Percentual de pacientes
segundo o sexo
Tabela 2. Percentual de pacientes
segundo a faixa etária
SEXO
%
H
M
30,52%
69,48%
IDADE
(anos)
60-69
70-79
80-89
≥90
Tabela 3. Percentual de pacientes com
TFG de acordo com a patologia(s)
35,80%
27,30%
28,40%
6,40%
Tabela 4. Percentual de pacientes Diabéticos
Segundo o grau de IR
%
DM
HAS
DM+HAS
%
26,30%
35,80%
37,90%
Tabela 5. Percentual de pacientes hipertensos
segundo o grau de IR
IR
HAS
LEVE
MODERADA
SEVERA
TERMINAL
26,40%
26,40%
0
0
IR
DM
LEVE
MODERADA
SEVERA
TERMINAL
20%
4%
0
0
Tabela 6. Percentual de pacientes
hipertensos e diabéticos segundo o grau de IR
96
IR
HAS+DM
LEVE
MODERADA
SEVERA
TERMINAL
5,26%
35,60%
0
2,80%
Discussão: A TFG é uma das mais importantes ferramentas na análise da função renal (SODRÉ et al, 2007).
Para Pecoits-Filho (2004) esta estimativa pode ser utilizada como um bom índice da função renal, e deve
ser empregada no estadiamento da DRC. Embora o DM seja a maior causa de pacientes com DRC em países
desenvolvidos, no Brasil, 35,8% dos casos são atribuídos à HAS, seguido do DM com 25,7%. Estes fatores
são visíveis em nosso estudo onde pacientes com HAS apresentam um maior percentual de IR, a somatória
de HAS+DM promove um aumento no grau de doença renal atingindo níveis de 35,60% de pacientes em
estágio moderado, onde dos 37,90% que sofrem com estas duas patologias 2,80% apresentam um quadro
terminal de DRC. Outros estudos corroboram com os nossos achados e demonstram que portadores de
HAS, de DM, ou história familiar para doença renal crônica têm maiores chances de desenvolverem IR. O
risco de desenvolvimento de nefropatia é de cerca de 30% nos diabéticos tipo 1 e de 20% nos diabéticos
tipo 2 (ROMÃO JÚNIOR, 2004). Esses autores afirmam que doenças como DM, HAS e insuficiência cardíaca,
predispõem à doença renal no idoso. Indivíduos que têm em média 80 anos possuem sua função renal
fisiológica reduzida pela metade. Quando acometidos por uma patologia, podem prejudicar ainda mais este
quadro, fato este que reduz a expectativa de vida destes pacientes, dado encontrado no nosso estudo onde
somente 8,5% dos pacientes estão acima de 80 anos de idade. Conclusão: o acompanhamento periódico do
quadro clínico destes pacientes, associado a um controle rigoroso da HAS e DM é essencial para redução
nas taxas e níveis de IR, reduzindo assim a mortalidade, a necessidade transplantes renal e a necessidade
de hemodiálise. Atenção básica a saúde promovida por programas como o Hiperdia, encontrada no centro
de referência estudado, resulta em uma melhora na qualidade de vida destes pacientes.Referências:
BASTOS, R. M. R. et al. Prevalência da doença renal crônica nos estágios 3, 4 e 5 em adultos. Rev Assoc
Med Bras São Paulo, v.55, n.1, mês. 2009. Acesso em: 02 de dez. 2010. Disponível em:
<www.scielo.br/pdf/ramb/v55n1/v55n1a13.pdf > .
BASTOS; M. G, BREGMAN, R.; KIRSZTAJN, G. M. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também
prevenível e tratável. Rev Assoc Med Bras São Paulo, v.56, n.2, mês. 2010. Acesso em: 02 de dez. 2010.
Disponível em: < www.scielo.br/pdf/ramb/v56n2/a28v56n2.pdf > .
PECOITS-FILHO, R. Diagnóstico de Doença Renal Crônica: Avaliação da Função Renal. J Bras Nefrol v. 23, n.
3
Supl.
1
–
ago.
2004.
Acesso
em:
17
de
nov.
2010.
Disponível
em:<http://www.saunut.com.br/arquivos/v26e3s1p004.pdf > .
ROMÃO JR, JE. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. J Bras Nefrol vol 2004– n. 3 Supl. 1. Acesso em 17 de nov. 2010. Disponível em: < http://www.transdoreso.org/pdf/doenca_renal.pdf
>.
SANTOS, D.R.; OLIVEIRA, R. B. Censo 2008. Acesso em: 15 de dez. 2010. Disponível
em:<http://www.sbn.org.br/censos/censos_anteriores/censo_2008.pdf> .
SODRÉ, F. L., et al. Avaliação da função e da lesão renal: um desafio laboratorial. J Bras Patol Med Lab. v.
43.
n. 5.
p. 329-337.outubro 2007. Acesso em 17 de nov.
2010. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442007000500005 >.
Palavras-chaves: idoso, hipertensão, diabetes mellitus, doença renal crônica
97
AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE EM IDOSOS RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA
PERMANÊNCIA E DE UMA COMUNIDADE NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA
Quétilan Silva LOPES¹, Izabela Mendonça de ASSIS¹, Tatiane Cristina Fernandes RABELO¹, Paola Cristina
Ferreira da SILVA¹, Pedro Odimar dos SANTOS¹.
¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Universidade do Estado do Pará, UEPA, Pará, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: A emergência e a consolidação do estudo do envelhecimento é um dos principaiseventos
científicos do século XXI, pois as perspectivas dos demógrafos em relação ao envelhecimento populacional,
principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, têm manifestado preocupação com
questões ligadas à qualidade de vida (CARNEIRO; FALCONE, 2004). Considerando o novo paradigma social
do envelhecimento e seusreflexos na dimensão da saúde, surgiu, no campo da saúde pública, oconceito de
capacidade funcional, para definir, instrumentalizar eoperacionalizar saúde no idoso (MACIEL; GUERRA,
2008). Neste sentido, a capacidade funcional diz respeito à habilidade que umindivíduo tem de realizar de
forma autônoma as atividades consideradasfundamentais a sua sobrevivência, bem como a manutenção
das suas relações sociais (MACIEL; GUERRA, 2008). Sabe-se que à medida que o ser humano envelhece
muitas tarefas do cotidiano, consideradas banais e, portanto, de fácil execução, vão paulatinamente e
muitas vezes de forma imperceptível, tornando-se cada vez mais difíceis de serem realizadas, até que o
indivíduo percebe que já depende de outra pessoa para tomar um banho, por exemplo (ARAUJOL;
CEOLIMLL,2007). A necessidade de utilização de recursos cada vez mais incrementados para locomoção é
reflexo dessa gradativa perda de funcionalidade.Há muitas escalas que avaliam a capacidade funcional. O
Índice de Katz, devido à praticidade de sua aplicação e sua confiabilidade, demonstradas em estudos
semelhantes, mostrou-se adequado para a avaliação do grau de independência de indivíduos idosos na
presente pesquisa, pois as atividades contempladas para o questionário estão relacionadas às Atividades de
Vida Diárias (AVDs) do ser humano. Tal escala foi desenvolvida por Sidney Katz com a finalidade de
mensurar o desempenhofuncional de seis atividades básicasda vida cotidiana:banhar-se,vestir-se, ir ao
banheiro, transferir-se, ser continente e alimentar-se, recebendo pontuação um cada item que o indivíduo
não realiza sozinho e sem suporte ou auxílio material, totalizando, assim, o valor seis para o indivíduo
totalmente dependente e o valor zeropara o indivíduo totalmente independente (DUARTE; ANDRADE;
LEBRÃO, 2007). Objetivo: Considerando que o avanço da idade e a institucionalização do indivíduo podem
resultar em declínio funcional, este estudo teve como objetivo avaliar o grau de independência para a
realização de AVDs dos idosos residentes no Asilo São Vicente de Paula e idosos atendidos na Associação de
Moradores do Bairro do Interventoria, ambos localizados em Santarém-Pa. Além de analisar a relação
existente entre a idade do idoso, a sua dificuldade de locomoçãoe de realização das AVDs. Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa. A mesma foi
realizada em duas instituições do Município de Santarém-Pa, sendo uma definida como abrigo para idosos
(Asilo São Vicente de Paula) e outra como Associação dos Moradores do Bairro do Interventoria. Nesta
última, os idosos freqüentam com a finalidade de receber acompanhamento, em grupões, por uma equipe
de saúde. Participaram do estudo idosos destas localidades, com idade igual ou superior a 50 anos
completos (critério de inclusão no estudo), observando-se a definição de idoso como perda progressiva da
capacidade de homeostase, preposta por Maciel, 2008. A seleção foi feita de maneira aleatória, conforme
ordem de chegada à Associação e conforme a sequência de atendimentos fisioterapêuticos realizados junto
ao Asilo de Santarém. Observaram-se os seguintes critérios de exclusão dos sujeitos: não estar cadastrado
como residente (em relação ao asilo) ou frequentante (em relação à Associação de Moradores) em uma das
instituições estudadas.Em caso de idosos que possuem déficit cognitivo ou incapacidade para responder o
questionário proposto, as informações foram coletadas junto aos auxiliares de enfermagem responsáveis
pelo atendimento.O instrumento utilizado no estudo foi o Índice de Katz. A coleta dos dados foi realizada
no período de quinze a vinte e nove de abril de dois mil e onze. Os dados foram tabulados e processados
em banco de dados eletrônico no programa Microsoft®Excel2007 (Sistema Operacional Windows7), sendo
obtidas tabelas de freqüência para a classificação dos idosos em diferentes graus de dependência, faixa
etária, sexo e auxílio para locomoção. Previamente às avaliações, foi aplicado o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, por meio do qual as garantias dos direitos dos sujeitos observados, foram atendidas
98
conforme as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas com
seres humanos. O Termo foi assinado pelo próprio idoso ou, se necessário, por representante legal da
instituição ou responsável. Resultados: A observação para avaliação do grau de independência para
desempenho de AVD foi realizada em 20 indivíduos, de ambos os sexos, com 50 anos de idade ou mais,
conforme mostra a Tabela 1.
Distribuição dos sujeitos segundo Sexo, Faixa Etária e Índice de Katz
Índice de Katz
0
1
2
3
4
5
6
Total
50 - 64
M
1
0
0
0
0
0
4
5
65 - 79
F
3
0
0
0
0
1
0
4
M
1
1
0
0
1
0
1
4
80 - 94
F
2
1
0
1
0
0
0
4
M
2
0
0
0
0
0
0
2
Total
F
0
0
0
0
0
0
1
1
M
4
1
0
0
1
0
5
11
F
5
1
0
1
0
1
1
9
Geral
9
2
0
1
1
1
6
20
Tabela 1
Observou-se o predomínio de sujeitos do sexo masculino, correspondendo a 55% da amostra. Quanto à
distribuição em faixas etárias, a maioria dos sujeitos tinha idade entre 50-64 anos (45%), seguindo-se a
faixa de 65-79 (40%) e de 80-94 anos (15%). Destaca-se certa homogeneidade quanto ao número de
indivíduos tanto do sexo masculino quanto do feminino que possuem independência total (Katz 0), destes
77% estão situados entre as idades 50-64 anos e 65-79 anos. Em contrapartida, 66% dos indivíduos que
possuem dependência total (Katz 6), também estão situados entre a faixa etária dos 50-64 anos. Observouse também que 55% dos idosos necessitam de algum auxílio para locomoção que variaram em muletas
(18%) onde se enquadram os indivíduos dependentes para uma função (Katz 1) e para 4 funções (Katz 4),
bengalas (18%) onde foram encontrados indivíduos dependentes para 3 funções (Katz 3) e 6 funções (Katz
6) e cadeiras de roda (19%) dos quais 83,3% (5 dos 6 indivíduos cadeirantes) são totalmente dependentes e
16,6% possuem Katz 5, sendo dependentes para realização de 5 atividades da vida diária.Quanto aos
indivíduos que possuem alguma dependência (55% da amostra), as dificuldades observadas foram assim
distribuídas: dependência ao banho (45%), dependência ao vestir-se (50%), dependência para locomoção
ao banheiro (50%), dependência para transferir-se (55%), ausência de controle esfincteriano (45%) de
dependência para alimentação (40%). Discussão: Um achado importante deste estudo foi a proporção de
idosos totalmente dependente que se encontrava na faixa etária de 50 a 65 anos de idade, que
representam 36% dos 11 sujeitos dependentes. Autores apontam e justificam este fato afirmando que,
muitas vezes, o ancião fragilizado e dependente convive no seu lar somente com outro idoso, o qual
enfrenta inúmeras dificuldades para o cuidado, que incluem desde o ambiente domiciliar inadequado e a
falta de conhecimentos para exercer o papel de cuidador, até a dificuldade de transporte do idoso
dependente aos serviços de saúde, quando necessário(DIOGO, 2005). Por outro lado, os sujeitos de idade
mais avançada, embora independentes para o desempenho de AVDs, poderiam ser institucionalizados por
outros motivos, tais como problemas financeiros, solidão e dificuldade para o desempenho de atividades
instrumentais da vida diária (KAWASAKI, 2001; DIOGO, 2005; GUIA et al., 2002). Conclusão: Parece que a
dependência do idoso é vista como algo natural e esperado, mas, na verdade, sabe-se que quando ele é
acometido por patologias que o levam à condição de dependência parcial ou total, é possível ainda
reabilitá-lo para que recupere a capacidade de realizar uma ou outra atividade de vida diária. A reabilitação
de algumas funções, embora muitas vezes possa parecer insignificante para a família, devolve ao idoso a
capacidade do fazer por ele mesmo, ou seja, do autocuidado. Dentro desse contexto, a motivação e o
estímulo à realização de atividades físicas são fatores imprescindíveis para o sucesso do trabalho e para
garantias de melhor qualidade de vida ao idoso, podendo retardar o próprio processo de envelhecer e
aumentando o tempo de independência funcional.
Referências Bibliográficas:
ARAÚJOL, M. O. P. H.; CEOLIMLL, M. F. Avaliação do grau de independência de idosos residentes em
instituições de longa permanência. Revista da Escola de Enfermagem da USP. Vol.41 n.3 São Paulo. 2007.
99
CARNEIRO, R. S.; FALCONE, E. M. O. Um estudo das capacidades e deficiências em habilidades sociais na
terceira idade. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 1, p. 119-126, 2004.
DIOGO M. J. D'E.;CEOLIM M. F.; CINTRA F. A. Orientação para idosas que cuidam de idosos no
domicílio.RevEscEnferm USP. 2005;39(1):97-102.
DUARTE, Y. A. O. ;ANDRADE, C. L.; LEBRÃO, M. L. O Índex de Katz na Avaliação da Funcionalidade dos
Idosos. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 41(2):317-25. 2007.
GUIA C. M.;LEMOS R. M.;RODRIGUES H. C.;PESSOLANI M.A.;CAMARGOS E.;TOLEDO M. A. V. et al. Declínio
funcional e cognitivo em idosos após 6 meses de internação em instituição gerontológica. In: Anais do 13º
Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia; 2002 jun. 19-22; Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SBGGSeção RJ; 2002. p. 348.
KAWASAKI K.;DIOGO M. J. D'E. Assistência domiciliária ao idoso: perfil do cuidador formal – Parte
I.RevEscEnferm USP. 2001;35(3):257-64.
MACIEL, A. C. C.; GUERRA, R. O. Limitação funcional e sobrevida em idosos de
comunidade.RevAssocMedBras 2008; 54(4): 347-52.
Palavras-chave: Índice de Katz, atividades da vida diária e idosos.
100
AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM A RELAÇÃO
CINTURA/QUADRIL
Maria Gilvânia Dantas SOARES1,3; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Liliane Cristina
da Silva FÉLIX1,3; Mônica Moura de LIMA3; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
2
Introdução: Percebe-se, no Brasil, uma escassez de estudos que visem à análise dos fatores de risco para
doenças cardiovasculares na população jovem (COELHO et al., 2005). Dentre esses fatores, a obesidade
intra-abdominal ou gordura visceral, é um dos que mais preocupa os profissionais da área da saúde. A
gordura subcutânea não é encarada como a principal ameaça à saúde, mas aquela localizada no abdômen,
ao redor dos principais órgãos. A gordura abdominal vem sendo considerada como forte fator de risco
coronariano, em contraposição a diversos outros indicadores de obesidade como fator de risco
cardiovascular já amplamente estudados (GUSTAT et al., 2000; VISSCHER et al., 2001; POULTER, 2003). Para
avaliar esse acúmulo de gordura, foram criados vários índices antropométricos, os quais podem ser
classificados segundo o tipo de obesidade avaliada (HO; LAM; JANUS, 2003). Assim, além de outros
indicadores, a distribuição da gordura corporal tem sido avaliada pelo índice de relação cintura/quadril
(IRCQ). Este índice é um forte preditor de morte prematura por doenças cardiovasculares (PITANGA, 2005).
Objetivo: Avaliar o risco coronariano em jovens universitário de acordo com a relação cintura/quadril.
Metodologia: A amostra foi composta de 60 acadêmicos da UEPA, Campus Santarém, de ambos os gêneros
com média de idade de 20,4±2,0 anos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso
de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Para avaliação do risco
coronariano, foi utilizado o questionário RISKO da Michigan Heart Association. Para a avaliação do nível de
atividade física habitual, foi utilizada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física
(IPAQ), fornecido pelo Centro Coordenador do IPAQ no Brasil – CELAFISCS. Este instrumento já foi aplicado
em jovens (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Foi medido o perímetro da cintura (PC) com uma fita
antropométrica da marca Sanny®, a qual era posicionada na menor curvatura localizada entre as costelas e
a crista ilíaca. O perímetro do quadril (PQ) foi medido na área de maior protuberância glútea. Com os
resultados dos dois perímetros, foi calculado o IRCQ, através da fórmula IRCQ=PC/PQ, sendo as medidas
em centímetros. A classificação do IRCQ foi estabelecida até a idade de 29 anos para ambos os gêneros
(PITANGA, 2005). Para a medição da espessura do tecido adiposo subcutâneo, foi utilizado um compasso de
dobras cutâneas (DCs) da marca Sanny®, com precisão de 0,1 mm. As DCs foram mensuradas sempre do
lado direito do avaliado, após terem sido identificadas e marcadas com lápis demográfico. Três medidas
intercaladas foram adotadas no mesmo local, sendo registrada a média entre elas. O tecido subcutâneo foi
diferenciado do tecido muscular através da pegada em pinça (polegar e indicador), posicionando o
compasso e realizando a leitura (PITANGA, 2005). As DCs medidas no grupo masculino foram triciptal,
suprailíaca e abdominal. No feminino, foram subescapular, suprailíaca e coxa. O protocolo utilizado para o
cálculo da densidade corporal foi o proposto por Guedes (1985). Para a mensuração da PA (sistólica,
diabólica) foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-Tech® (modelo: BP3AA1-1), o
qual também mensurou a frequência cardíaca de repouso. As medidas da PA foram realizadas sempre no
mesmo horário, na tentativa de se garantir que nenhum dos envolvidos na pesquisa apresentasse sinais de
PA elevada em virtude do horário. A PA foi aferida três vezes, sendo registrada a média entre elas. Na
situação de repouso, os indivíduos permaneceram sentados em uma cadeira durante 10 minutos. No final
desse período a PA foi medida e os valores registrados em uma ficha de avaliação física. Para a realização
das dosagens bioquímicas, foram coletados 03 mL de sangue, por punção venosa, após um jejum de 12
horas. O sangue, uma vez coagulado, foi centrifugado por 10 minutos a 3.000 rpm para aquisição das
amostras de soro. Os teores de triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), lipoproteínas de alta densidade
(HDL-c) e glicose foram analisadas no soro por meio de métodos enzimático-colorimétrico e o LDL-c foi
calculado através da fórmula de Friedewald [LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5)], válido se TG < 400mg/dl. As
dosagens foram realizadas em espectrofotômetro da marca Biospectro ® (modelo: SP22), utilizando-se kits
101
da Labtest Diagnóstica S/A, Brasil. As demais variáveis do estudo foram coletadas através de um
questionário especialmente elaborado para a pesquisa, que continha espaço para preenchimento do
gênero, idade, histórico familiar de cardiopatia e tabagismo. Quanto à análise dos dados, primeiramente foi
verificada a normalidade dos dados, através do teste D’Agostino-Pearson. A partir disso, optou-se pelo
teste t de Student, com p<0,05 para a significância estatística. Foi utilizado o programa Bioestat® 5.0.
Resultados e Discussão: a tabela 1 apresenta os resultados encontrados no presente estudo.
Tabela 1: Comparação entre os resultados da média e desvio padrão dos riscos coronarianos e demais
variáveis de acordo com IRCQ. Santarém-Pará, Brasil. 2010.
Índice de Relação Cintura/Quadril (IRCQ)
Variáveis do estudo
Alto Risco (n=17)
Normal (n=43)
p
Idade
Anos completos
20,59±1,87
20,47±2,10
0,2109
Atividade Física Habitual
Tempo Fazendo Atividade Física (min/sem)
433,24±317,45
703,26±4,06
0,0472*
Tabagismo
Cigarros por dia
0,76±2,33
1,74±3,40
0,2093
Histórico Familiar de Cardiopatia
Quantidade de Parentes
1,00±0,61
1,28±0,73
0,1710
Composição Corporal
Somatória das Dobras Cutânea (mm)
67,16±19,17
51,76±19,74
< 0,0001*
Densidade Corporal (DENS)
1,05±0,02
1,04±0,01
0,0108*
Percentual de Gordura (G%)
24,73±4,12
20,32±6,91
0,0039*
Cardiovascular
Pressão Arterial Sistólica (mmHg)
119,06±12,68
113,98 ±12,02
0,1513
Pressão Arterial Diastólica (mmHg)
75,24±7,38
72,33±8,47
0,2194
Frequência Cardíaca de Repouso (bpm)
79,65±10,75
76,74±12,75
0,4108
Bioquímicas (Jejum 12h)
HDL (mg/dL)
44,82±5,56
44,63±5,56
0,9027
LDL (mg/dL)
76,65±41,09
70,56±35,96
0,5725
Triglicerídeos (mg/dL)
137,35±78,10
123,53±56,37
0,4478
Colesterol Total (mg/dL)
148,94±43,02
139,47±33,41
0,3661
Risco Coronariano
Pontos
12.94±3.36
10.98±3.41
0,0209*
* Variação estatística encontrada através do teste t de Student (p<0,05).
Na amostra, o risco coronariano médio (RCM) encontrado foi de 11.53±3.00 pontos, com valores limítrofes
entre 06 e 19 pontos. Observou-se prevalência (n=36; 60%) para a classificação “risco cardiovascular bem
abaixo da média”. Observa-se na tabela 1 que os indivíduos com alto risco para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, quando comparados aos sem risco, apresentaram diferença estatística entre as
variáveis tempo fazendo atividade física (p=0,0472), somatória das DCs (p<0,0001), densidade corporal
(p=0,0108), percentual de gordura (p=0,0039) e risco coronariano médio (p=0,0209), mostrando que os
indivíduos com altos índices de gordura visceral apresentaram resultados mais elevados para o risco
coronariano. De acordo com Heyward e Stolarczyk (2000), a influência da distribuição regional de gordura
na saúde é relacionada à quantidade de gordura visceral dentro da cavidade abdominal. Segundo Guedes e
Guedes (1998), a maior concentração de gordura na região central do corpo resulta em adaptações
hormonais relacionadas ao aumento dos níveis de cortisol e diminuição nas secreções de esteróides
sexuais. Esse perfil hormonal deverá afetar o processo de síntese de carboidrato, aumentando a
predisposição às complicações endócrinas e metabólicas. Conforme Resende et al. (2006), indivíduos
sobrepesos, principalmente na região abdominal, com a perimetria da cintura maior que 80 cm (para
mulheres) e maior que 94 cm (para homens) apresentam risco aumentado e estão mais expostos a fatores
de risco coronarianos envolvidos na síndrome metabólica e, consequentemente, a maior risco de
102
morbidade e mortalidade quando não tratadas essas alterações. Em adultos, um índice utilizado para se
discriminar risco coronariano elevado é a razão cintura/estatura (PITANGA; LESSA, 2006), o qual também
pode ser interesse de estudos futuros com adolescentes. Conclusão: na amostra, prevaleceu a classificação
“risco cardiovascular bem abaixo da média”. Os indivíduos com alto risco para desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, quando comparados aos sem risco, apresentaram menor tempo habitual de atividade
física, maior somatória das DCs, maior densidade corporal e percentual de gordura corporal. Além disso,
apresentaram maior pontuação quanto ao risco coronariano médio.
Referências Bibliográficas:
COELHO, V.G.; LIBERATORE JÚNIOR, R. D. R.; CORDEIRO, J. A.; SOUZA, D. R. S. Perfil lipídico e fatores de
risco para doenças cardiovasculares em estudantes de medicina. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 85,
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espessura de dobras cutâneas em universitários. 1985. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento
Humano). Santa Maria. Universidade Federal de Santa Maria.
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HEYWARD, V.; STOLARCZYK, L. Avaliação da composição corporal aplicada. 1. ed. São Paulo: Editora
Manole, 2000.
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PITANGA, F.J.G. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
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VISSCHER, T.L.; SEIDELL, J.C.; MOLARIUS, A.; VAN DER KUIP, D.; HOFMAN, A.; WITTEMAN, J.C. A comparison
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elderly: The Rotterdam study. International Journal of Obesity, v. 25, n. 1, p. 1730-1735, 2001.
Palavras-chave: risco coronariano, relação cintura/quadril, universitários.
103
AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM O GÊNERO
1,3
1,2
1,2
Maria Gilvânia Dantas SOARES ; Diego Sarmento de SOUSA ; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA ; Liliane Cristina da
1,3
3
1,2,3
Silva FÉLIX ; Mônica Moura de LIMA ; Adjanny Estela Santos de SOUZA
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
3
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: As doenças coronarianas constituem uma das principais causas de morte súbita em populações
adultas no mundo e no Brasil, sendo também responsável por um grande número de internações hospitalares no
âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005; SANTOS et al., 2010). No Brasil, são escassos os estudos
visando à análise dos fatores de risco para doenças cardiovasculares na população jovem (COELHO et al., 2005).
De acordo com Barreto et al. (2003), o gênero masculino apresenta maior risco de desenvolver doença arterial
coronariana que as mulheres. Este fenômeno já está bem descrito, principalmente nos países industrializados. Esta
diferença entre sexo masculino e feminino se deve a aspectos biológicos, culturais e estilo de vida. A explicação
biológica para tal fato baseia-se na proteção feminina pelo estrógeno, que influencia diretamente no sistema
circulatório, promovendo vasodilatação e inibindo a progressão de processos ateroscleróticos evitando, assim,
processos isquêmicos. No que se refere ao gênero, são ressaltadas diferenças na aderência aos fatores de risco e
na maneira como homens e mulheres encontraram-se expostos a eles, ao longo da vida (DINARDI; DINARDI;
SOARES, 2009). Objetivo: avaliar o risco coronariano em jovens universitário de acordo com o gênero.
Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado em 2010 na UEPA, Campus Santarém. Foram
selecionados para compor a amostra 60 acadêmicos de ambos os gêneros com média de idade de 20,4±2,0 anos.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III,
Belém (folha de rosto n. 346466). Para avaliação do risco coronariano (RC) foi utilizada a versão adaptada do
questionário da Michigan Heart Association contendo oito fatores de risco, onde cada resposta representa um
escore e a soma dos pontos totais representa o risco relativo (PITANGA, 2005). Para avaliar o nível de atividade
física, foi utilizada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ (GUEDES; LOPES;
GUEDES, 2005). Um questionário elaborado para a pesquisa foi aplicado com a intenção de se coletar dados
quanto ao gênero, idade, histórico familiar de cardiopatia e tabagismo. Para a predição da composição corporal, o
protocolo utilizado para o cálculo da densidade corporal foi o proposto por Guedes (1985). As dobras cutâneas
medidas foram: tricipital, suprailíaca e abdominal para os indivíduos do gênero masculino e subescapular,
suprailíaca e coxa para o gênero feminino. Para medir a espessura do tecido adiposo subcutâneo foi utilizado um
®
compasso de dobras cutâneas, marca Sanny (com precisão de 0,1 mm). Três medidas intercaladas foram
adotadas no mesmo local, sendo a média então registrada. Para a mensuração da pressão arterial (PA) sistólica e
®
diabólica foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-TECH (Modelo: BP3AA1-1). As
medidas da PA foram tomadas sempre no mesmo horário, na tentativa de se garantir que nenhum sujeito
apresente sinais de pressão elevada por conta do horário. A PA foi aferida três vezes, sendo a média então
registrada. Na situação de repouso, os indivíduos permaneceram sentados em uma cadeira durante 10 minutos. No
final desse período a PA foi medida e os valores registrados numa ficha de avaliação física. Para a realização das
dosagens bioquímicas, foram coletados 3 mL de sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. O
104
sangue uma vez coagulado foi centrifugado por 10 min. a 3.000 rpm para aquisição das amostras de soro. Os
teores de triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), lipoproteínas de alta densidade (HDL-C) e glicose foram
verificadas no soro por meio de métodos enzimático-colorimétrico e o LDL-C calculado pela fórmula de Friedewald
[LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5), válido se TG <400mg/dl]. As dosagens foram realizadas em espectrofotômetro,
utilizando-se kits da Labtest Diagnóstica S/A, Brasil. Os resultados foram processados através de recursos da
estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Após a
determinação da normalidade dos dados, através do teste D’Agostino-Pearson, optou-se pelo teste de t de Student,
®
com p<0,05 para a significância estatística. Foi utilizado o programa Bioestat 5.0. Resultados e Discussão: o
risco coronariano médio (RCM) encontrado na amostra foi de 11.53±3.00 pontos, com valores limítrofes entre 06 e
19 pontos. A tabela 1 apresenta os resultados dos riscos coronarianos e demais variáveis de acordo com o gênero.
Tabela 1: Comparação entre os resultados da média e desvio padrão dos riscos coronarianos e demais variáveis de
acordo com o gênero. Santarém, Pará, Brasil. 2010.
Gênero
Variáveis do estudo
Feminino (n=34)
Masculino (n=26)
p*
Idade
Anos completos
20,03±1,88
21,15 ±2,07
0,0380
Atividade Física
Tempo Fazendo Atividade Física (min/sem)
791,76±876,13
410,96±351,73
0,0259
Tabagismo
Cigarros por dia
1,30±2,98
2,18±3,84
0,5668
Histórico Familiar de Cardiopatia
Quantidade de Parentes
1,56±3,36
1,15±0,73
0,4994
Composição Corporal
Somatória das Dobras Cutânea (mm)
Densidade Corporal
Percentual de Gordura (G%)
61,73±18,04
1,04±0,01
25,39±4,19
49,81±22,10
1,06±0,01
16,86±5,94
0,0262
<0,0001
<0,0001
Cardiovascular
Pressão Arterial Sistólica (mmHg)
Pressão Arterial Diastólica (mmHg)
Frequência Cardíaca de Repouso (bpm)
109,97±11,60
70,94±7,14
81,76±11,31
122,54±9,34
76,04±8,76
72,08±11,27
<0,0001
0,0159
0,0017
Bioquímicas (Jejum 12h)
HDL (mg/dL)
LDL (mg/dL)
Triglicerídeos (mg/dL)
Colesterol Total (mg/dL)
45,32±5,95
79,76±35,40
116,41±55,46
147,88±34,96
43,85±4,87
62,50±34,96
141,8846±79,54
134,65±37,23
0,3079
0,0447
0,1208
0,1632
Pontos
Risco Coronariano (Michigan Heart Association)
11,26±2,49
11,88±3,58
0,4323
* Resultados do Teste t de Student (duas amostras independentes).
Conforme a tabela acima, percebe-se que, em comparação ao gênero masculino, o feminino apresentou diferença
estatisticamente significativa entre as variáveis: Tempo Fazendo Atividade Física (791,76±876,13 min/sem;
p=0,0259); Somatória das Dobras Cutânea (61,73±18,04 mm; p=0,0262); Percentual de Gordura (25,39±4,19%;
p<0,0001); Frequência Cardíaca de Repouso (81,76±11,31 bpm; p=0,0017); LDL-c (79,76±35,40 mg/dL; p=0,0447).
Já o masculino apresentou diferença estatisticamente significativa para as variáveis: Idade (21,15±2,07 anos;
p=0,0380); Densidade Corporal (1,06±0,01; p<0,0001); Pressão Arterial Sistólica (122,54±9,34 mmHg; p<0,0001);
Pressão Arterial Diastólica (76,04±8,76 mmHg; p=0,0159). O risco coronariano médio do total encontrado foi de
105
11.26±2.49 pontos para o gênero feminino e 11.88±3.58 pontos para o masculino (p=0,4323). Como se pode notar,
não foram observadas diferenças estatísticas significativas no RCM entre os gêneros. Este resultado contradiz a
literatura que afirma que o RC em homens é maior do que em mulheres, por diferenças hormonais (McARDLE;
KATCH; KATCH, 2008). No entanto, estudos recentes têm mostrado aumento da taxa de mortalidade por doença
arterial coronariana no gênero feminino. Segundo o ACSM (1999), o RC em mulheres é semelhante àquele que
atinge homens dez anos mais jovens, mas com o passar dos anos, esse risco se torna similar para ambos os sexos
na mesma faixa etária. No estudo realizado por Rabelo et al. (1999), no qual foram avaliados 209 estudantes com
idades entre 17 e 25 anos, o sedentarismo esteve presente em 78,90% da amostra e entre os que obtiveram uma
pressão arterial alta (≥140/90 mmHg), 60,60% eram homens. Isto corrobora com o presente manuscrito, no qual o
gênero masculino apresentou o RCM maior do que feminino. Conclusão: verificaram-se, entre os gêneros,
diferenças significativas quanto à idade, tempo fazendo atividade física, composição corporal, nas características
cardiovasculares e LDL. Porém, não foi encontrado o mesmo quanto ao risco coronariano.
Referências Bibliográficas:
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. A vigilância, o controle e a prevenção das doenças crônicas nãotransmissíveis: DCNT no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro / Brasil. Ministério da Saúde – Brasília :
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COELHO, V.G.; LIBERATORE JÚNIOR, R.D.R.; CORDEIRO, J.A.; SOUZA, D.R.S. Perfil lipídico e fatores de risco
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57-62, 2005.
DINARDI, R.R.; DINARDI, L.R.; SOARES, D.D. Análise de parâmetros de risco coronariano em adultos praticantes
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cidade de Belo Horizonte, MG. Lecturas Educación Física y Deportes, v. 14, n.130, p. 1-10, 2009. Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/ efd139/risco-coronariano-em-adultos-praticantes-de-atividade-fisica.htm>. Acesso em:
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GUEDES, D.P. Estudo da gordura corporal através da mensuração dos valores de densidade corporal e da
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GUEDES, D.P.; LOPES, C.C.; GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de
atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158, 2005.
McARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desenvolvimento
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PITANGA, F.J.G. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
SANTOS, J.S.; LUPPI, C.H.B.; CAMPOS, E.; ALVES, M.V. Insuficiência coronariana: perfil e fatores de risco
relacionados às ocorrências. Revista Ciência em Extensão, v. 6, n. 2, p. 68-85, 2010.
Palavras-chave: Risco Coronariano, Gênero, Universitários.
106
COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE E PERCEPÇÃO DE ESTRESSE EM ADOLESCENTES DO ENSINO
MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ
Patrícia Silva FERNANDES1,2, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Itaíne Silva REIS1,
Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]@hotmail.com
2
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a adolescência como a segunda década da
vida, de 10 a 19 anos. Já a lei brasileira considera adolescência, a faixa etária entre 12 e 18 anos. Essa é uma
etapa da vida crucial do desenvolvimento do indivíduo, pois é o período de transição entre a infância e a
idade adulta caracterizado por intenso crescimento somático, desenvolvimento da capacidade de abstração
e ampliação das referências sociais. Este período se manifesta através de transformações anatômicas,
fisiológicas e mentais. É fortemente marcado pela puberdade e estabelecimento da capacidade reprodutiva
(COTRIM; CARVALHO; GOUVEIA, 2000). No meio em que vive o adolescente recebe importantes influências
na saúde e no desenvolvimento físico e psicossocial. Trata-se de uma época de experimentação natural,
que pode levar ao aparecimento de comportamentos de risco, tais como: hábitos alimentares inadequados,
uso de tabaco, álcool e outras substâncias psicoativas. Dentre esses comportamentos, o mais comum é o
consumo experimental e recreativo de substâncias psicoativas, dentre elas o cigarro (CRESPIN, 2007). A
expressão “comportamento de risco” pode ser definida como a participação em atividades que possam
comprometer a saúde física e mental do adolescente. Muitas dessas condutas podem iniciar apenas pelo
caráter exploratório do jovem, assim como pela influência do meio (grupo de iguais, família); entretanto,
caso não sejam precocemente identificadas, podem levar à consolidação destas atitudes com significativas
consequências nos níveis individual, familiar e social (FILHO et al., 2010). O estresse manifesta-se como
uma síndrome específica, embora seja induzido por agentes não específicos. Assim, toda situação na qual o
indivíduo necessita se adaptar gera estresse. Este pode ocorrer em função de uma infecção, devido a um
traumatismo, excesso de cobrança no trabalho e/ou escola, auto-exigência, engarrafamentos de trânsito
frequentes, ambientes barulhentos, dentre outros, não se devendo apenas devido à tensão emocional
(BACCARO, 1998). Objetivo: Verificar os comportamentos de risco à saúde mais prevalentes e percepção de
estresse em adolescentes do Ensino Médio da Rede Estadual de Educação na zona urbana central de
Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica descritivo-transversal (PEREIRA,
1995), que foi realizada em três escolas da rede estadual de educação localizadas na zona urbana central da
cidade. A amostra foi de 711 participantes de ambos os gêneros, entre 13 e 19 anos de idade (15,88±1,28
anos), estudantes do ensino médio, dos turnos da manhã e da tarde das escolas. Para fazer parte da
pesquisa, o participante deveria possuir idade cronológica dentro da faixa etária correspondente; estar
devidamente matriculado e estudando regularmente nos turnos da manhã ou da tarde; assinar um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como seu responsável. A pesquisa foi submetida e aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 69/2009). Para a coleta dos
dados, foi aplicado um questionário especialmente elaborado para a pesquisa. Os resultados foram
processados mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Resultados e
Discussão: Na tabela 1 nota-se que 342 (48,10%) adolescentes consideravam-se estressados e 275 (38,68%)
afirmaram possuir uma alimentação desregrada/inadequada. A adoção a uma alimentação balanceada e
saudável é importante para a manutenção da saúde de qualquer indivíduo e quando esse está passando
por mudanças físicas intensas, como no caso de adolescentes, este tipo de hábito se torna ainda mais
essencial (WILLIAMS, 2002). A alimentação inadequada na adolescência pode fazer com que, tanto nessa
fase da vida como na adulta, sejam adquiridos distúrbios metabólicos crônicos. Verificou-se também baixa
prevalência de tabagismo (n=19; 2,67%), consumo de bebidas alcoólicas (n=22; 3,09%), sendo que 53
(7,45%) sujeitos relataram ainda não apresentar quaisquer comportamentos.
107
Tabela 1: Prevalência de comportamentos de risco à saúde e percepção de estresse na amostra. Santarém,
Pará, Brasil, 2010.
Variáveis
Estresse
Consumo de Bebidas Alcoólicas
Tabagismo
Alimentação Desregrada
Nenhum
Amostra (711)
342
22
19
275
53
%
48,10%
3,09%
2,67%
38,68%
7,45%
Ao avaliarem 250 alunos (106 do sexo masculino e 144 do sexo feminino) de uma escola pública de Rio
Claro (SP), com idades entre 14 e 16 anos, Chiodini e Oliveira (2003) notaram que as meninas apresentaram
maior tendência aos comportamentos alimentares inadequados. Também verificaram uma elevada
percentagem de meninas (8,3%) apresentando comportamento alimentar inadequado, segundo o
instrumento utilizado. Araújo, Blankb e Ramos (2009), ao estudarem 720 escolares (252 rapazes e 468
moças), da faixa etária de 16 a 17 anos, do ensino médio de escolas públicas de Florianópolis (SC),
perceberam que a idade de início para os comportamentos de risco se deu entre 14 e 15 anos, para ambos
os sexos; que 26 (3,6%) escolares ingeriam bebidas alcoólicas regularmente; 38 (5,3%) fumavam
diariamente; 66 (9,2%) eram usuários de drogas ou já o tinham feito uso por várias vezes e 14 (2%) eram
dependentes; 545 (76,5%) não apresentavam nenhum comportamento de risco. Loch e Nahas (2009), em
amostra de 516 adolescentes, com idades entre 14 e 19 anos, de uma escola pública do Estado de Santa
Catarina, verificaram que as moças apresentaram pior percepção de estresse do que os rapazes. Por outro
lado, maior prevalência de consumo abusivo de álcool foi constatado entre os rapazes. Quanto ao turno de
estudo, os adolescentes que estudavam a noite apresentavam maior prevalência no consumo inadequado
de frutas e também de fumantes, do que seus pares do turno diurno. Os autores concluíram que o maior
risco de comportamentos negativos relacionados à saúde esteve entre aqueles do período noturno e com
idades mais elevadas. Dentre 2.768 escolares do ensino médio da cidade de João Pessoa (PB) (1.222
rapazes e 1.546 moças), de 14 a 18 anos de idade, Farias Júnior, Mendes e Barbosa (2007) notaram, além
de outros resultados, que consumir bebidas alcoólicas aumentava em 15 vezes a chance de um adolescente
ser fumante. Como os comportamentos de risco à saúde se mostraram estreitamente associados, os
autores reforçaram a necessidade dos programas de promoção da saúde intervirem sobre diversos
comportamentos de risco de forma simultânea. Conclusão: na amostra, os comportamentos de risco à
saúde mais prevalentes foram alimentação desregrada, consumo de bebidas alcoólicas e tabaco. Houve
também alta prevalência de estresse na amostra.
Referências Bibliográficas:
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2007.
FILHO, S.; SOUSA, P.R.M.; VIEIRA, N.F.C.; NÓBREGA, M.F.B.; GUBERT, F.A.; PINHEIRO, P.N.C. Percepção de
risco de adolescentes escolares na relação consumo de álcool e comportamento sexual. Revista Gaúcha de
Enfermagem, v. 31, n. 3, p. 508-514, 2010.
LOCH, M.R.; NAHAS, M.V. Comportamentos negativos relacionados à saúde em estudantes do ensino
medio de Florianopolis, SC. Revista Brasileira de Atividade Fisica & Saude,, v.20, n.4, p 8-10, 2009.
108
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
WILLIAMS, M. H. Nutrição: para saúde, condicionamento físico e desempenho esportivo. 5. ed. São Paulo:
Manole, 2002.
Palavras chave: Comportamento de risco, estresse e adolescentes.
109
CONFLITOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM INFLUENCIAR PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO DOS USUÁRIOS
DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ÁLCOOL E DROGAS DE SANTARÉM/PA
Dayana Viana FRANKLIN¹, Denise Corrêa das NEVES1, Raimunda Margarete Teixeira MUNIZ1.
1
Instituto
Esperança
de
Ensino
Superior
–
IESPES,
Santarém-PA.
Brasil.
e-mail:
[email protected].
Introdução: O presente trabalho descreve parte das atividades desenvolvidas durante o período de estágio
em psicologia da saúde, do curso de Psicologia do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES,
realizado no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas – CAPS AD de Santarém – PA. O público alvo
deste trabalho foram pessoas que apresentam sofrimento psíquico devido ao uso e abuso/dependência de
álcool e outras drogas. As drogas de abuso são definidas como substâncias consumidas por qualquer forma
de administração, que altera o humor, o comportamento, o nível de percepção ou o funcionamento do
sistema nervoso central. Segundo CARLINI et al. (2001 apud BERNARDY e OLIVEIRA), estas drogas podem
ser lícitas ou ilícitas, desde medicamentos, álcool, até maconha, crack, solvente e outras drogas. Objetivo:
investigar que tipos de conflitos podem influenciar psicologicamente para o uso e abuso de álcool e outras
drogas. Metodologia: Realizou-se uma pesquisa em 91 (noventa e um) prontuários de usuários que se
encontravam na faixa etária atual entre 14 (quatorze) e 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, através de
questionário com o quantitativo de 03 perguntas. Resultados: Tabela 1. Demonstrativo da faixa etária
inicial de consumo de drogas dos usuários. Tabela 2. Número e porcentagem dos usuários que são filhos
biológicos ou adotivos. Tabela 3. Apresentação das respostas em número e porcentagem sobre os conflitos
latentes dos usuários.
Idade inicial
Nº %
7 a 10
10 11
11 a 13
15 17
14 a 16
34 38
17 a 19
19 21
20 a 22
6
7
23 a 25
0
0
26 a 28
3
4
29 a 31
1
1
32 a 34
1
1
Total
89 100
Filhos
Adotivos
Biológicos
Total
Nº
9
82
91
%
10
90
100
Conflitos Latentes
Rejeição
Adoção
Separação dos pais
Histórico de alcoolismo e/ou drogas na família
Falecimento de genitor (a)
Criado por outros familiares
Pais ausentes
Pai autoritário e/ou violento
Abuso sexual
Conflitos conjugais
Total
Nº
12
9
12
19
10
10
6
7
2
19
106
110
%
11
8
11
19
9
9
6
7
2
18
100
Conclusão: Conforme nossa metodologia, concluímos que é difícil afirmar que exista um motivo principal
para que uma pessoa se torne um dependente em substâncias psicoativas. Um indivíduo quando se torna
dependente geralmente é por curiosidade, mas há pessoas que apresentam como motivo principal, para o
uso de drogas, os conflitos familiares, especialmente os decorridos entre pai e mãe. Caminham para uma
solução e pensam que essa solução vem através de uma substância ilusória. Começam habitualmente com
álcool, para “criar coragem” de dizer coisas que necessitam dizer. Logo, passam para o uso da maconha
seguido da cocaína e crack, na esperança de encontrar um meio adequado para responder ao grupo
familiar com a tentativa de elaboração dos conflitos. Isto trás certo malefício, a partir de uma
experimentação, o usuário vê nas drogas algo prazeroso, porque se torna uma alternativa de camuflar seus
conflitos, eliminar suas angústias, porém sabe-se que essa alternativa não irá resolver seus problemas.
Referências Bibliográficas:
CARLINI E. A., NAPPO S.A., GALDURÓZ J. C. F., NOTO A. R. Drogas psicotrópicas: o que são e como agem.
Rev. IMESC. 2001; (3): 9-35. In. BERNARDY, C. C. F.; OLIVEIRA, M. L. F. O papel das relações familiares na
iniciação ao uso de drogas de abuso por jovens institucionalizados. Revista da Escola de Enfermagem da
USP. São Paulo: 2010.
Palavras-chaves: Álcool, Drogas, Família, Substâncias psicoativas, Sofrimento psíquico.
111
CRIANÇAS VITIMIZADAS: INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO E RESGATE DA AUTO-ESTIMA
Natália Miranda MONTEIRO1, Luciana Aguiar GASPAR1, Wellida Hannah Silva PEREIRA1, Maureen Kelly dos
Santos BRAUN2, Maria Goreth Silva FERREIRA3, Edna Ferreira GALVÃO3.
1
Bolsista do projeto “Crianças vitimizadas: intervenção para promoção e resgate da auto-estima” da
Universidade do Estado do Pará, Santarém-PA / Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (FAPESPA) 2
Voluntária do projeto 3 Orientadora do projeto . E-mail: [email protected]
Introdução- Desde a conferência de Alma Ata em 1978 destaca-se a importância do desenvolvimento
infantil e a necessidade de uma adequada vigilância do crescimento e desenvolvimento cognitivo e
psicomotor das crianças. Na prática, entretanto os maiores esforços têm sido direcionados á garantir a
sobrevivência infantil a partir de intervenções como imunizações e promoção do aleitamento materno, por
exemplo. No entanto, há a necessidade de somar ás intervenções outras ações concretas, como atenção
psicossocial, que garantam uma adequada qualidade de vida (SHERER, 2000). Há um emaranhado de
situações que afetam a qualidade de vida das crianças dentre elas a violência domestica exercida contra a
infância e adolescência manifestada pelo abuso físico, sexual ou emocional. Os abusos levam a perturbação
do desenvolvimento afetivo, intelectual e social da criança, produzem seqüelas invisíveis e muito graves
(PIRES, 2005). Qualquer tipo de transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não
causar maiores prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança (CARMO & HARADA, 2006).
Tendo em vista a intenção de amenizar este problema foi desenvolvido entre os anos de 2009 e 2010 o
projeto de extensão: “crianças vitimizadas: intervenção para promoção e resgate da auto-estima”, com o
apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará – FAPESPA, através do edital de 2009.
Objetivo: Promover ações no campo da saúde e cultura lúdica às crianças vitimas de violência doméstica
como forma de resgatar sua auto estima e auxiliar no processo de ressocialização. Bem como, promover
ações educativas lúdicas que promovam o auto cuidado e a auto-defesa diante do contato com adultos e
atuar junto com o serviço de apoio a crianças vitimizadas do município, com oficinas que enfatizam o cuidar
de si e do outro com base nos preceitos da OMS, do ECA, da Constituição e da Declaração dos Direitos
humanos. Metodologia- A 1ª etapa da atividade metodológica desenvolvida foi uma investigação
diagnóstica para que através dela pudéssemos conhecer melhor a clientela que estávamos recebendo e
descobrir suas necessidades do ponto de vista de educação em Saúde. A 2ª etapa foi à seleção dos temas
relacionados à saúde que atendesse aos interesses das crianças envolvidas no projeto. Foram abordados
temas como higiene e alimentação dentre outros. Utilizamos o teatro de fantoche para trabalhar os
assuntos eleitos pelas crianças em educação e saúde, essa estratégia garantiu o interesse e motivação das
crianças nas atividades prevista no projeto. As atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer foram o
ponto chave para a congregação das crianças em prol da educação em saúde, que aconteceu de forma
transversal. As atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer foram desenvolvidas em três dias da
semana com as crianças. Fizemos passeios/excursões para avaliar as condições sanitárias de diferentes
espaços e ao mesmo tempo trabalhar a consciência ecológica com atividades lúdicas, além disso,
desenvolvemos também jogos recreativos e esportivos. As atividades artísticas envolveram oficinas de
produção artística com o desenvolvimento de oficinas de pintura em tela, atividades rítmicas de autoconhecimento e natação. Todas as ações foram planejadas previamente privilegiando atividades que
motivasse a participação e envolvimento das crianças. Resultados e Discussão – Inicialmente observamos
que as crianças eram um tanto arredias e agressivas, esse comportamento pode ser ocasionado por um
trauma, para BRITO et. Al (2005) este é a conseqüência de um fato acompanhado de uma emoção violenta,
que vai modificar de uma maneira permanente a personalidade de um indivíduo, sensibilizando-o de uma
forma especial para emoções análogas posteriores. A fim de amenizar a sensibilização da criança
traumatizada foram realizadas atividades lúdicas, pois de acordo com MINAYO (2002) por intermédio da
brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia
experiências de tomada de decisões e encara o mundo em que vive. Assim, a brincadeira é cada vez mais
entendida como atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças, incentiva a
interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico reflexivo.
Com o desenvolvimento das atividades as crianças passaram a interagir mais entre si, houve o interesse de
compartilhar experiências e realizar tarefas em conjunto. Desta maneira, verificou-se melhora na autoestima, pois sem auto-estima, dificilmente a criança enfrentará seus aspectos mais desfavoráveis e as
112
eventuais manifestações externas. Já a criança com auto- conceito positivo parece mais ativa; tem
facilidade em fazer amigos, tem senso de humor, participa de discussões e projetos e é mais feliz,
confiante, alegre e afetiva (ASSIS, 2003).Conclusões- O projeto de extensão atendeu cerca de 30 crianças e
adolescentes na faixa etária de 05 a 15 anos, que sofreram diversos tipos de violência dentre elas, abuso
sexual, maus tratos na família, negligência etc. A convivência com essas crianças e adolescentes durante os
nove meses de execução do projeto, desenvolvendo atividades lúdicas, nos fez perceber a importância de
iniciativas voluntárias que visem ações de promoção e recuperação da auto-estima uma vez que observouse o interesse das crianças em estender o projeto a amigos e familiares. Desta maneira, a realização de
atividades diversificadas promoveu ações no campo da saúde e cultura lúdica às crianças vitimas de
violência doméstica como forma de resgatar sua auto estima e auxiliar no processo de ressocialização.
Referências bibliográficas:
ASSIS SG, Violência contra crianças e adolescentes: o grande investimento da comunidade acadêmica na
década de 90. In: Minayo MCS, organizador. Violência sob o olhar da saúde: infrapolítica da
contemporaneidade brasileira. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2003. p. 163-189.
SCHERER EA,. A criança maltratada: uma revisão da literatura. Revista Latino-Americana de Enfermagem
2000:17(3):521-531.
BRITO AM, ZANETTA DM, MENDONÇA RC, BARISON SZ, ANDRADE VAG. Violência doméstica contra
crianças e adolescentes: estudo de um programa de intervenção.Ciência e Saúde Coletiva 2005;10(1):143149.
MINAYO MCS. O signifcado social e para a saúde da violência contra crianças e adolescentes. In: Westphal
MF, organizador. Violência e criança. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; 2002. p. 95-114.
CARMO CJ, HARADA MJCS. Violência física como prática educativa. Revista Latino-Americana de
Enfermagem 2006;14(6):17-25.
PIRES ALD. Maus-tratos contra crianças e adolescentes: revisão da literatura para profssionais da saúde.
Arquivos de Ciências da Saúde 2005;12(1):42-49.
Palavras-chave: Criança, Violência, Auto-estima, Ressocialização.
113
EFEITO DA INCLUSÃO DE UM TREINAMENTO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVO NA
AMPLITUDE ARTICULAR DE BAILARINAS
Carla Raphaela Figueira da SILVA1, Adrienne Amorim da SILVA1, Raphael de Miranda ROCHA2, Ana Paula
Filgueira COUTINHO1,3, Amanda dos Santos SILVA1,3, Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA1,3
1
Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – UEPA, Campus XII –
Santarém; 2Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Pará – IFPA – Campus Santarém; 3Núcleo de
Avaliação Física e de Prescrição de Treinamento – NAFIPRET; Santarém – PA; e-mail:
[email protected].
Introdução: A flexibilidade é um fator imprescindível para que o bailarino faça movimentos amplos,
próximos ao seu limite máximo, com suavidade e graça, sem requerer esforço e tensão muscular, a fim de
obter o estiramento da musculatura que possibilita o movimento (DANTAS, 2005). Pode ser treinada por
diversos métodos, dentre eles por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva – FNP (MCATEE, 1998).
Objetivo: analisar a influência da inclusão de um programa específico de flexibilidade na amplitude
articular de bailarinas. Metodologia: A amostra foi composta por doze sujeitos (n=12) saudáveis, do gênero
feminino, com idade de 13 a 18 anos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 033/2010, e todas as sujeitas
avaliadas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho
nacional de saúde. Para a mensuração das variáveis antropométricas seguiu-se os procedimentos definidos
conforme Rocha (2000). Para a avaliação da flexibilidade usou-se o Protocolo de Goniometria (Protocolo
LABIFIE), nos seguintes movimentos: Flexão da coluna lombar; Flexão e Extensão da articulação do quadril;
Abdução de membros inferiores; Flexão da articulação do joelho; Flexão plantar e dorso-flexão da
articulação do tornozelo e o Teste de extensão de tronco e pescoço, segundo Fernandes Filho (2003). O
programa de treinamento ocorreu três vezes por semana com a duração de 30 a 50 minutos, durante 06
semanas. O treinamento iniciava-se com o aquecimento, onde caminhavam e realizavam um trote com
movimentos calistênicos por 5 minutos. A parte principal do treinamento foi por FNP, sendo composto por
exercícios de três séries, com 10 segundos de contração isométrica e 15 segundos de
relaxamento/flexibilidade. À volta a calma com movimentos de soltura por 3 minutos. Foram utilizados:
Goniômetro CE BASELINE® STAINLESS fornecido pela Cardiomed, Trena antropométrica Sanny Medical,
lápis demográfico nº24 MITSU-BISHI e uma balança Welmy, todos pertencentes à Universidade do Estado
do Pará. Os resultados foram tabulados e analisados através do software GRAPHPAD PRISM. Para realizar
as comparações entre as médias antes e pós-treinamento foi utilizado o test t pareado. O nível de
significância adotado foi de p<0,05. Resultados e discussão:
Tabela 1. Demonstrativo das médias antes e pós-treinamento específico para o peso corporal, estatura,
índice de massa corporal, circunferências do tórax, abdome, quadril, coxa e perna.
Legenda: Vol – voluntárias; PC – peso corporal (Kg); EST – estatura (m); IMC – índice de massa corpora
(Kg/m2); CTO – circunferência do tórax (cm); CAB – circunferência do abdome (cm); CQU – circunferência
do quadril (cm); CCO – circunferência da coxa (cm); CPE – circunferência da perna (cm); d – lado direito; e –
lado esquerdo; a – antes do treinamento; p – pós-treinamento; DP – desvio padrão.
Observou-se, na Tabela 1, que as variáveis analisadas não diferem segundo a análise estatística, logo notase que a técnica FNP-3S utilizada no treinamento para ampliar o grau de flexibilidade e aplicado às sujeitas
PC a
PC p
EST a
EST p
IMC a
IMC p
CTO a
CTO p
CAB a
CAB p
Média
47,25
48,94
1,55
1,56
19,62
20,11
76,38
77,08
67,67
68,88
DP
6,02
6,35
0,06
0,05
1,80
2,23
3,46
3,36
4,26
5,12
CQU a
CQU p
CCOd a
CCOd p
CCOe a
CCOe p
CPEd a
CPEd p
CPEe a
CPEe p
Média
84,80
86,83
47,67
47,79
47,02
47,81
31,59
31,58
32,17
31,89
DP
4,36
6,09
3,02
3,00
3,33
3,11
1,73
1,71
1,42
1,54
114
deste estudo não interferiram nas medidas supracitadas.
Valores em centímetros
Gráfico 1. Demonstrativo das médias antes e pós-treinamento para as medidas de flexão lombar, flexão do
quadril, extensão do quadril, abdução do quadril, flexão de perna, dorso-flexão, flexão plantar e extensão
de tronco e pescoço.
Antes
*
* *
*
48
45,29
Fl lomb
*
136,64
115,59
17,08
18,24
25,41
Ex qu
AB qu
FL pe
*
*
78,58
39,25
62,94
Fl qu
*
*
122,92
110,47
78,17
Depois*
DORS
54,71
8,18
FL PL
0,53
EX TPES
Legenda: FL lom – flexão lombar da coluna; FL qu – flexão do quadril; EX qu – extensão do quadril; AB qu –
abdução do quadril; FL pe – flexão da perna; DORS – dorso-flexão; FLPL – flexão plantar; EX TPES – extensão
de tronco e pescoço; *Diferença estatística dos valores antes do treinamento (p<0.05).
O Gráfico 1 representa as médias encontradas antes e pós-treinamento para os testes de flexão lombar da
coluna, flexão do quadril, extensão do quadril, abdução do quadril, flexão da perna, dorso-flexão, flexão
plantar e extensão de tronco e pescoço. As médias avaliadas que obtiveram o aumento significativo foram
a flexão do quadril, extensão do quadril, flexão da perna, flexão plantar e extensão de tronco e pescoço,
movimentos que foram enfocados durante a realização do treinamento. Cada atividade física solicita um
grau de flexibilidade diferente para as distintas regiões do corpo, de acordo com as características da
mesma, assim como das áreas músculo-articulares mais utilizadas por cada um, como, por exemplo, na
dança, que solicita de seus participantes uma maior flexibilidade de membros inferiores, principalmente da
articulação quadril (SILVA; BADARÓ, s/a). “O quadril é uma peça determinante para a perfeita colocação de
um bailarino. É, sem dúvida, a parte do corpo de um aluno que exige mais atenção e cuidados de um
professor” (SAMPAIO, 2001, p.37). Esses relatos reforçam a melhora significativa da flexão como da
extensão do quadril, além da amplitude angular para o afastamento de pernas das bailarinas ser muito
solicitado e importante (DANTAS, 1999). Cigarro (2006) em um estudo feito com um grupo de bailarinas
constatou um aumento significativo no grau de amplitude de movimento na articulação do quadril em
relação às demais articulações, de modo que a amplitude de movimento da articulação do quadril é
fundamental para o bom desempenho da bailarina clássica, principalmente no que diz respeito aos
movimentos de flexão, extensão e abdução, indispensáveis para a boa execução de passos essenciais do
balé clássico. Na análise estatística, pôde-se observar que de todas as médias analisadas somente a dorsoflexão tendeu a uma diminuição não estatística, esse resultado, possivelmente, ocorreu devido ao estilo de
dança Ballet clássico necessitar constantemente da ponta (flexão plantar), pois o treinamento enfatizou os
dois movimentos do tornozelo (dorso-flexão e flexão plantar). Khan et al. (2000 apud ALTER et al., 2010)
observaram que dançarinas de elite, de 16 a 18 anos de idade, que ingressaram no treinamento de balé em
tempo integral, não aumentaram a amplitude do movimento de dorso-flexão do tornozelo em nenhum
grau perceptível, o mesmo notado no estudo. CONCLUSÃO: A partir dos resultados obtidos, e conforme a
metodologia adotada, pôde-se concluir que o treinamento de FNP – 3S, por um período de 6 semanas,
produziu efeitos significativos no aumento da amplitude articular das bailarinas do grupo de dança da
Pastoral do Menor, referentes aos movimentos de flexão e extensão de quadril, flexão de perna, flexão
plantar e extensão de tronco e pescoço. Já com relação a amplitude articular dos movimentos de flexão
lombar da coluna, abdução do quadril e dorso-flexão o treinamento não ocasionou alteração, bem como,
nas medidas antropométricas. Referencias bibliográficas:
115
ALTER, M.J. Ciência da flexibilidade. 3.ed. São Paulo: Artmed, 2010.
CIGARRO, N. M. S.; FERREIRA, R. E.; MELLO, D. B. Avaliação da Flexibilidade da Articulação do Quadril em
Bailarinas Clássicas antes e após um Programa Específico de Treinamento. Revista de Educação Física. Rio
de Janeiro, nº 133, p. 25-35. Março, 2006.
DANTAS, E.H.M. Flexibilidade, alongamento e flexionamento. 4.ed. Rio de Janeiro:
Shape, 1999.
______________. Alongamento e Flexionamento. 5.ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005.
FERNANDES FILHO, J. A prática da Avaliação Física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas
e academias de ginástica. 2ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
MCATEE, R. E. Alongamento Facilitado: Alongamento Facilitado por FNP. 1.ed. São Paulo: Manole, 1998.
ROCHA, P. E. C. Medidas e avaliação em ciências e do esporte. 4.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.
SAMPAIO, F. Ballet Essencial. 3.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
SILVA, A. H; BADARÓ, A. F. V. Influência da rotação externa dos membros Inferiores na flexilibidade de
bailarinas. 6º Fórum Internacional de Esportes, s/a.
Palavras-chave: dança, flexibilidade, treinamento.
116
EFEITOS DO ÍNDICE GLICÊMICO NA REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA EM ADULTOS E IDOSOS
COM SOBREPESO E OBESIDADE PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO.
Josiana Moreira¹ ², Joseana Ribeiro², Julianne Albuquerque³, Zilaine Carneiro³, Raphael Rocha¹ ⁴.
¹Grupo de estudo Exercício Resistido e Saúde – GEERES - Belém–PA/Brasil; ²Centro de Ciências Biológicas e
da Saúde da Universidade da Amazônia - Campus Belém–PA/Brasil; ³Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde do Centro Universitário do Pará - Campus Belém–PA/Brasil; ⁴Instituto Federal do Pará –
IFPA/Campus Santarém–PA/Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: Durante as décadas de 80 e 90 inúmeros experimentos foram realizados para avaliar a
resposta glicêmica produzida pelas diferentes fontes de amido. Para auxiliar a seleção de alimentos e
possibilitar a comparação de resultados obtidos com diferentes alimentos, sendo criado o índice glicêmico
(IG) (JENKINS et al, 1981 apud MENEZES; LAJOLO, 2002; SAMPAIO et al., 2007). Os diversos carboidratos
presentes na dieta são digeridos e absorvidos em diferentes velocidades e em diferentes extensões no
intestino delgado humano, resultando na produção de diferenciada resposta glicêmico ou IG (GUTTIERRES;
ALFENAS, 2007). Para maior compreensão dos diferentes índices glicêmicos produzidos pelos alimentos
fontes de carboidratos, torna-se necessário levar em conta alguns aspectos relacionados com a absorção e
digestão dos carboidratos da dieta, bem como fatores contidos nos alimentos que estão diretamente
relacionados com seu aproveitamento (MENEZES; LAJOLO, 2002; SIQUEIRA; RODRIGUES, FRUTUOSO,
2007). Objetivos: Avaliar os efeitos do índice glicêmico no tratamento de adultos e idosos com sobrepeso e
obesidade que praticam exercício resistido. Metodologia: A amostra teve um total de 15 indivíduos adultos
com idades de 50 a 59 anos e idosos (> 60anos), onde foram subdivididos em três (3) grupos. Os indivíduos
escolhidos apresentaram IMC > 25 para adultos e ≥ 27 para idosos, praticantes de exercício resistido com
duração de 30 à 45. Com frequência semanal de 2 a 3 vezes, e que foram voluntários a participar da
pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta de dados teve início
com o esclarecimento da pesquisa para os indivíduos praticantes de musculação do LERES, depois do
esclarecimento e sanados as dúvidas, os indivíduos interessados foram convidados a participar da pesquisa.
Os indivíduos foram submetidos a uma avaliação inicial e outra final, em que continha: frequência
alimentar, recordatório 24 horas (24h), medidas antropométricas, como: circunferências (braço,
panturrilha, tórax, abdômen e cintura) e pregas cutâneas (triciptal, biciptal, subescapular e supra-íliaca).
Após avaliação da anamnese inicial, os indivíduos foram divididos em quatro grupos, onde cada grupo teve
um total de cinco indivíduos. Em cada um dos grupos, foi aplicado um plano alimentar diferenciado, no
qual foram acompanhados por um período de dois meses. Para o grupo controle, foi elaborado um plano
alimentar respeitando as particularidades dos indivíduos, não havendo restrições alimentares, ou seja,
poderiam consumir alimentos tanto de alto, médio e baixo Índice Glicêmico (IG); o grupo de alto IG foi
elaborado um plano alimentar com a maioria dos alimentos de alto IG; o grupo de médio IG foi elaborado
um plano alimentar com a maioria dos alimentos de médio IG e o grupo de baixo IG foi elaborado um plano
alimentar com a maioria dos alimentos baixo IG. Após a A análise dos dados foi realizada através do
Microsoft Excel 2007, onde todas as informações dos indivíduos foram tabuladas e organizadas em tabelas
e gráficos. Além de ser utilizado o programa Bio Estat 5.0 para a análise de variância dos mesmos.
Resultados: Tabela 1. Percentual de Gordura para os grupos de baixo, médio e alto IG no início e no final da
pesquisa.
Média
Diferença
Baixo IG
Inicio Final
39,6 38,7
38,4 37,1
45,2 45,1
41,2 41,2
45,1 43,9
41,9 41,2
B 0,7
Médio IG
Inicio
41,2
44,5
p = 0,7360* 41,9
45,1
34,1
41,7
1,9
Alto IG
Final
41,2
39,6
41,9
43,3
32,9
39,8
117
p = 0,5776*
Inicio
40,4
35,7
26,9
39,6
39,6
36,4
1,2
Final
38,7
34,6
26,2
37,7
38,7
35,2
p = 0,7276*
Fonte: LERES (Laboratório de Exercício Resistido e Saúde) 2010.
*Análise de variância (p > 0,05 não significante).
Legenda: IG: Índice Glicêmico
Conclusão: Com a análise dos resultados obtidos na tabela, pode-se observar que houve mudança na
média de todos os grupos, quando comparadas no início e no final da pesquisa. No entanto, o percentual
de gordura do grupo que consumiu dieta de médio IG apresentou maior redução. Dessa forma, identificouse que em todos os grupos não houve mudança estatisticamente significante nos percentuais, quando
comparados no início e final da pesquisa. Considerando-se que alguns dos indivíduos participantes, podem
não ter realizado corretamente o plano alimentar oferecido, podendo ter influenciado diretamente nos
resultados obtidos. Supondo-se que, a perda de peso e mudança da composição corporal, independe do
tipo de índice glicêmico consumido, desde que, associe-se uma dieta equilibrada a prática de exercícios
físicos, para que se obtenha um resultado favorável na perda de peso e mudança corporal melhorando a
qualidade de vida dos indivíduos. Levando-se em consideração que não foram encontrados estudos
comparativos para esta pesquisa, as quais não permitem que se chegue a uma conclusão decisiva a
respeito do real papel do índice glicêmico neste sentido. Sendo necessária a realização de mais pesquisas
relacionadas com o tema, por um período maior e com o número superior de participantes, para se obter
um resultado mais fidedigno.
Referências Bibliográficas
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2002.
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Palavras-chave: indice glicêmico, idosos, sobre peso.
118
ESCALPELAMENTO: UM ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO DOS RIBEIRINHOS ATENDIDOS PELO PROJETO
SAÚDE & ALEGRIA ACERCA DO ACIDENTE.
Márcia Regina Silva de SOUSA1, Tayná do Matos VALE1, Moacir Boreli TORMES1, Rodrigo Luis FERREIRA DA
SILVA1
1
Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de
contato:[email protected]
Introdução: O Escalpelamento é um tipo de acidente que promove o arrancamento brusco do couro
cabeludo naqueles que utilizam barco a motor com o eixo desprotegido, podendo gerar hemorragia, estado
de choque e consequente risco de morte. Como se não bastasse o incômodo e as dores dos procedimentos
cirúrgicos, da dificuldade de dormirem de rostos voltados para baixo, da necessidade de se afastarem de
suas rotinas, da hospitalização prolongada, as vítimas de escalpelamento sofrem ainda com as
perturbações das lembranças desagradáveis trazidas a mente, como momento em que tiveram suas vidas
ameaçadas e sua integridade corporal completamente alterada. Objetivo: O objetivo do estudo foi
investigar o grau de conhecimento entre ribeirinhos da região da Flona (Floresta Nacional) do Tapajós, em
relação a este tipo de acidente. Metodologia: Optou-se por realizar uma pesquisa exploratória, de
levantamento e de abordagem quantitativa, em comunidades ribeirinhas, da região da Flona, situada nos
municípios de Santarém e Belterra, à margem direita do Rio Tapajós, atendidas pela embarcação do Projeto
Saúde & Alegria (Abaré), no período de 18 a 21 do mês de maio de 2009. Foram investigados indivíduos de
ambos os sexos, na faixa etária compreendida entre 18 a 50 anos, moradores de 7 comunidades ribeirinhas
do Rio Tapajós, da região da Flona, atendidos pela embarcação do Projeto Saúde & Alegria. As sete
comunidades visitadas no presente estudo foram: Jamaraquá, Pedreira, Maguarí, Acaratinga, São
Domingos, Pikiatuba e Taquara. Em cada comunidade visitada, foram selecionados 5 homens e 5 mulheres
dentro da faixa etária que atendiam aos critérios de inclusão predefinidos, totalizando 70 participantes,
independente de raça/cor, renda familiar, religião ou tipo de ocupação. Os entrevistados foram abordados
enquanto aguardavam pelo seu atendimento, dentro da embarcação do Projeto Saúde & Alegria. Os
indivíduos eram informados sobre os objetivos e riscos da pesquisa através da leitura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Em seguida eram questionados sobre sua disponibilidade e
interesse em participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada a qual foi composta por duas partes: a primeira teve a intenção de investigar o perfil sócioeconômico dos entrevistados, enquanto a segunda parte tinha o objetivo de analisar o grau de
conhecimento a respeito do acidente escalpelamento, por meio de perguntas direcionadas. Vale ressaltar
que esta investigação científica iniciou-se somente após sua aprovação pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão
de Medicina e pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da UEPA/STM, sendo
devidamente autorizada pelos entrevistados através da assinatura do TCLE. Resultados: Os resultados
deste estudo estão apresentados na tabelas abaixo que apresentam a distribuição dos ribeirinhos de
acordo com o reconhecimento, ou não, do termo e do acidente “escalpelamento”, agrupados de acordo
com sexo, religião, escolaridade, faixa-etária e renda financeira, no ano de 2009:
Tabela 1. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do
Tapajós, segundo o sexo no ano de 2009.
Grau de Conhecimento
Homens (%)
Mulheres (%)
Total (%)
Conhecem pelo termo
Nunca ouviram falar
Não conhecem pelo
conhecem o acidente
Total
termo,
mas
0 (0%)
16 (45.71%)
0 (0%)
3 (8.57%)
0 (0%)
19 (27.14%)
19 (54.29%)
32 (91.43%)
51 (72.86%)
35 (100%)
35 (100%)
70 (100%)
119
Tabela 2. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do
Tapajós, segundo a religião no ano de 2009.
Grau de Conhecimento
Católicos (%)
Protestantes (%)
Sem religião (%)
Total (%)
Conhecem pelo termo
Nunca ouviram falar
Não conhecem pelo termo,
mas conhecem o acidente
Total
0 (0%)
17 (28.33%)
0 (0%)
1 (11.11%)
0 (0%)
1 (100%)
0 (0%)
19 (27.14%)
43 (71.67%)
8 (88.89%)
0 (0%)
51 (72.86%)
60 (100%)
9 (100%)
1 (1%)
70 (100%)
Tabela 3. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do
Tapajós, segundo a escolaridade no ano de 2009.
Grau de Conhecimento
Analfabetos 1a a 4a série 5a a 8a série Ensino
Total (%)
(%)
(%)
(%)
médio (%)
Conhecem pelo termo
0 (0%)
Nunca ouviram falar
2 (50%)
Não
conhecem
pelo
termo, mas conhecem o 2 (50%)
acidente
Total
4 (100%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
7 (24.14%)
7 (25.93%)
5 (41.67%)
19 (27.14%)
22 (75.86%)
20 (74.07%)
7 (48.33%)
51 (72.86%)
29 (100%)
27 (100%)
12 (100%)
70 (100%)
Tabela 4. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do
Tapajós, segundo a faixa etária no ano de 2009.
Grau de Conhecimento
18-28 (%)
28-38 (%)
38-50 (%)
Total (%)
Conhecem pelo termo
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Nunca ouviram falar
10 (45.45%)
2 (11.76%)
7 (22.58%)
19 (27.14%)
Não conhecem pelo termo,
12 (55.55%)
15 (88.24%)
24 (77.42%)
51 (72.86%)
mas conhecem o acidente
Total
22 (100%)
17 (100%)
31 (100%)
70 (100%)
Tabela 5. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do
Tapajós, segundo a renda financeira no ano de 2009.
Grau de Conhecimento
< 1 SM (%)
1 SM (%)
> 1 SM (%)
Total (%)
Conhecem pelo termo
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
0 (0%)
Nunca ouviram Falar
10 (20.41%)
7 (41.18%)
2 (50%)
19 (27.14%)
10 (58.82%)
2 (50%)
51 (72.86%)
Não conhecem pelo termo,
39 (79.59%)
mas conhecem o acidente
Total
49 (100%)
17 (100%)
4 (100%)
70 (100%)
SM: Salário mínimo.
Discussão: Percebe-se que dentre os entrevistados que nunca ouviram falar no acidente, a minoria foi do
sexo feminino, o que justifica-se pela maior ocorrência da tragédia em mulheres e, portanto a maior
preocupação destas com este acidente. Milcheski (apud VALE et a.l, 2007, p.52) relata que o acidente
frequentemente ocorre pela “não utilização de proteção adequada, e, em pacientes dos sexo feminino,
pela presença mais comum de cabelos longos”. Entre as mulheres existe uma grande porcentagem de
pessoas (91.43%) que apesar de conhecerem o termo “escalpelamento”, já conhecem este tipo de lesão,
causando contraste em relação à amostra masculina, já que 45.71% dos homens entrevistados, nunca
haviam ouvido falar desta lesão. Quanto à religião observou-se que houve uma percentagem pequena de
protestantes (11.11%) que desconheciam o acidente, enquanto que aproximadamente 28.33% dos
católicos nunca ouviram falar nesta lesão. Este achado pode ser explicado, mais uma vez, pela maior
120
exposição ao risco das mulheres protestantes, devido aos hábitos e condutas relacionadas à sua religião no
que se refere à apresentação de seus cabelos, freqüentemente longos, assim como afirma Aita et al.
(2004). Independentemente do grau de escolaridade dos indivíduos, houve o mesmo comportamento das
distribuições quanto ao nível de conhecimento sobre o acidente em questão, predominando àqueles que
desconheciam por completo a existência desta lesão. Quanto à faixa etária, constatou-se que dentre as
pessoas que nunca ouviram falar na lesão por escalpelamento, o maior número está presente entre os mais
jovens (18 à 28 anos). O predomínio percentual entre aqueles que relataram conhecer a lesão, mesmo que
não sendo pelo seu nome técnico, foi observado no grupo de indivíduos que recebiam menos de 1 SM. Este
achado justifica-se pelo fato desta população, ter maior necessidade de realizar viagens fluviais, em
embarcações mais simples e com o eixo do motor desprotegido. Conclusão: O conhecimento dos
ribeirinhos entrevistados acerca do acidente é ínfimo, principalmente entre os homens mais jovens,
destacando conhecimento nulo acerca do termo “escalpelamento”. Com isso, denota-se que ainda há risco
para que este tipo de acidente aconteça em função do baixo grau de informação da população.
REFERÊNCIAS
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Dissertação de Mestrado (Psicologia). Belém: Universidade Federal do Pará.
PALAVRAS-CHAVES: Amazônia; couro cabeludo; cabeça.
121
FATORES ASSOCIADOS À INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS
Melina Laise Nascimento dos SANTOS1; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Liliane Cristina da Silva FÉLIX1; Maria
Gilvânia Dantas SOARES1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1;2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
2
Introdução: A imagem corporal, segundo Schilder (1994), é o modo pelo qual o corpo se apresenta à nossa
mente, ou seja, é a figura da forma do próprio corpo. Para Thompson (1996), a imagem corporal envolve
três componentes: Perceptivo, que se relaciona à percepção da própria aparência física, considerando o
tamanho corporal e o peso; Subjetivo, relacionado à satisfação com a aparência, e os níveis de preocupação
e ansiedade por causa dela; Comportamental, que analisa as situações evitadas pelo indivíduo por sentir-se
desconfortável com sua aparência corporal. Conforme Beatty e Finn (1995), o modelo de beleza
considerado pelo mundo atual corresponde a um corpo magro desconsiderando, contudo, aspectos
voltados para a saúde e as diferentes constituições físicas da população. De acordo com Adams (1977),
percebe-se claramente a discriminação da sociedade atual com os indivíduos considerados fora do padrão
de beleza, em diversas situações cotidianas. De forma geral, alguns estudos indicam os prejuízos
relacionados à insatisfação com a imagem corporal, depreciação, distorção e preocupação com a autoimagem, fatores estes que são fortemente influenciados por fatores sócio-culturais (CASH, 1993;
DEMAREST; LANGER, 1996; GITTELSON et al., 1996). Conforme a Teoria do Descontentamento Normativo
(FOSTER; WADDEN; VOGT, 1997; LEONHARD; BARRY, 1998), as exigências sociais e culturais de aparência e
magreza estão relacionadas aos índices de insatisfação com o próprio corpo. Objetivo: Verificar os fatores
associados à insatisfação com a imagem corporal em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará
(UEPA), Campus Santarém. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal realizado na
UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. A amostra foi de 60 acadêmicos com média de idade de 20,4±2,0
anos, sendo 26 indivíduos do curso de Educação Física, 17 de Enfermagem e 17 de Fisioterapia. A variável
dependente do estudo foi a satisfação com a imagem corporal, enquanto independentes foram o gênero, a
idade, a renda familiar, assistir à televisão, refeições por dia, alimentação desregrada/inadequada,
atividade de lazer, prática regular de atividade física e nível de atividade física. Para a coleta de dados,
foram utilizados dois questionários, sendo o Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ (GUEDES;
LOPES; GUEDES, 2005), para avaliar o nível de atividade física da amostra, e um questionário fechado
composto por perguntas referentes às demais variáveis do estudo. No presente estudo o escore abaixo de
150 minutos de atividade física por semana foi o ponto de corte para classificar os universitários como
sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). Para avaliação da satisfação com a imagem corporal, foi utilizada a
escala de nove silhuetas (STUNKARD; SORENSON; SCHLUSINGER, 1983). A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n.
346466). Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva mediante utilização
do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos
para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da
aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das variáveis categóricas de acordo com as especificidades
da amostra. Foi adotado p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95.
Resultados e Discussão: Verificou-se que, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a
prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi de 78,33%. As variáveis que mais se associaram a
essa insatisfação são apresentadas na tabela 1. Diversos fatores influenciam no processo de formação da
imagem corporal de cada indivíduo, tais como idade, sexo, meios de comunicação, bem como a relação do
corpo com as crenças, os valores e atitudes inseridos em uma cultura (RICCIARDELLI; MCCABE; BANFIELD,
2000).
122
Tabela 1: Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e fatores associados na amostra estudada.
Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Satisfação
com
a
Imagem
Corporal
Variáveis
Total
TP (%) OR
p
IC (95%)
Insatisfeito Satisfeito
Gênero
Masculino
22
04
26
84,62%
1,98 0,4736 0,53 - 7,34
Feminino
25
09
34
73,53%
Idade
18 a 22 anos
43
06
49
87,76%
12,54 0,0009* 2,81 - 56,00
23 a 28 anos
04
07
11
36,36%
Renda familiar
Acima de dois salários
33
03
36
91,67%
1,87
7,86 0,0059*
Até dois salários
14
10
24
58,33%
32,95
Televisão
Sim
45
07
52
86,54%
3,23
19,29 0,0005*
Não
02
06
08
25,00%
115,23
Refeições por dia
Mais de três refeições por dia 23
05
28
82,14%
1,53 0,7279 0,44 - 5,38
Até três refeições por dia
24
08
32
75,00%
Alimentação desregrada
Sim
30
05
35
85,71%
0,80
2,82 0,1854
Não
17
08
25
68,00%
10,01
Atividade de lazer
Atividade Sedentária
34
06
40
85,00%
3,05 0,1498 0,86 - 10,80
Atividade Física
13
07
20
65,00%
Prática regular de atividade
física
Não pratica regularmente
18
04
22
81,82%
1,40 0,8623 0,37 - 5,21
Pratica regulamente
29
09
38
76,32%
Nível de atividade física
habitual
Sedentário
(NAF≤150
20
01
21
95,24% 8,89 0,0451* 1,07 - 74,08
min/sem)
Ativo (NAF>150 min/sem)
27
12
39
69,23%
Geral
47
13
60
78,33% Legenda: TPSED=Taxa de Prevalência do Sedentarismo; OR=Odds Ratio; IC (95%)= Intervalo de Confiança
de 95%. * Variação significativa encontrada (p<0,05).
Em estudo com praticantes de caminhada, foi verificada prevalência de insatisfação com a imagem corporal
de 76% em mulheres e de 82% em homens (DAMASCENO et al., 2005). Resultado semelhante foi verificado
no presente estudo, uma vez que a insatisfação foi de 73,53% nas mulheres e de 84,62% nos homens. Em
estudo com escolares, Vilela et al. (2004) perceberam que 59% da amostra estava descontente com a sua
auto-imagem. Diferentemente, no corrente estudo a prevalência geral de insatisfação foi maior (78,33%).
Quanto à influência do nível de atividade física na imagem corporal, McAuley et al. (2000) e Safran, McKeag
e Camp (2002) não verificaram diferenças significativas quanto à insatisfação em adolescentes atletas e
não-atletas. Silva et al. (2010), em estudo com escolares, verificaram que a prática regular de atividade
física apresentou associação de risco para a insatisfação com a imagem corporal. Em outro estudo recente
com mesma amostra, Sousa et al. (2010) verificaram que o nível de atividade não influencia a percepção na
imagem corporal. Conforme Braggion et al. (2000), o sobrepeso, a adiposidade corporal e o menor nível de
atividade física estão relacionados à insatisfação em senhoras fisicamente ativas acima de 50 anos. Além
desses, outros fatores estão também relacionados. No presente estudo constatou-se que a televisão é um
123
fator de risco para o elevado grau de insatisfação quanto à auto-imagem. Segundo Labre (2001), a
insatisfação corporal está intimamente ligada à exposição de corpos bonitos pela mídia (televisão) e tem
contribuído, nas últimas décadas, na busca por uma compleição ideal.
Conclusão: a prevalência de insatisfação com a imagem corporal na amostra foi de 78,33%. Os fatores
associados à insatisfação foram: idade entre 18 a 22 anos, renda familiar acima de dois salários, assistir à
televisão e nível de atividade física habitual.
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Palavras-chave: imagem corporal, epidemiologia, jovens universitários.
125
FATORES
DE
RISCO
ASSOCIADOS
À
PRESSÃO
ARTERIAL
ELEVADA
EM
JOVENS
UNIVERSITÁRIOS
1
1
1
Marina Silva NICOLAU ; Diego Sarmento de SOUSA ; Liliane Cristina da Silva FÉLIX ; Maria Gilvânia
1
1
Dantas SOARES ; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA ; Adjanny Estela Santos de SOUZA
1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém2
PA; Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA);
3
Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ser definida simplesmente como a elevação
crônica e assintomática da pressão arterial, apresentando níveis pressóricos sistólicos ≥140 mmHg e/ou do
diastólico ≥90 mmHg (SBC, 2007). Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1999), no entanto, níveis
de 130/85 mmHg ou mais, devem ser considerados elevados. A HAS configura um dos principais fatores
de risco para a elevação da taxa de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares no mundo
(ACSM, 2004; CORRÊA et al., 2005). Sendo assim, o monitoramento desses fatores para as doenças
cardiovasculares vem sendo indicado em todos os países (EYKEN; MORAES, 2009). No mundo, estima-se
em 25% o público hipertenso, sendo que apenas metade desse quantitativo é ciente que é portador da
doença e procura tratamento adequado (NESRALLA, 2000). As pessoas que apresentam maiores riscos de
desenvolver a hipertensão são os negros, os sujeitos com histórico familiar da doença e os idosos (SIMÃO,
2004). Alguns estudos transversais estimam que em torno de 20% da população adulta do Brasil apresenta
hipertensão arterial (LESSA, 2001). Objetivo: Verificar os fatores de risco associados à pressão arterial
elevada em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém. Metodologia: Trata-se de
um estudo epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. A amostra
foi de 60 acadêmicos com média de idade de 20,4±2,0 anos, sendo 26 indivíduos do curso de Educação
Física, 17 de Enfermagem e 17 de Fisioterapia. Foram utilizados dois questionários, um socioeconômico e o
Questionário Internacional de Atividade física – IPAQ (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Para avaliação do
índice de massa corporal (IMC) e da relação cintura/quadril (IRCQ), foram utilizadas uma balança
antropométrica da marca Filizola
®
®
e uma fita antropométrica da marca Sanny . Para a mensuração da
pressão arterial foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-TECH
®
(Modelo:
BP3AA1-1). Para a realização das dosagens bioquímicas, foram coletados, aproximadamente, 3 mL de
sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. Os teores de triglicerídeos (TG), colesterol total
(CT), lipoproteínas de alta densidade (HDL-C) e glicose foram verificadas no soro por meio de métodos
enzimático-colorimétrico e o LDL-C calculado pela fórmula de Friedewald [LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5),
válido se TG <400mg/dl]. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação
Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Os resultados foram processados através de
recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007).
®
Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat 5.0, de modo a estabelecer a
associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das
variáveis categóricas de acordo com as especificidades da amostra, com adoção de p<0,05 para a
significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: Verificou-se que,
na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de pressão arterial elevada
126
(PA≥130/85 mmHg) foi de 25,0%. As variáveis que mais se associaram à pressão arterial elevada são
apresentadas na tabela 1.
Tabela 1: Prevalência da Pressão Arterial Elevada (PA≥130/85 mmHg) e fatores associados na amostra estudada.
Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Pressão Arterial
TPHAS
Variáveis
Total
OR
p
IC (95%)
Pressão
(%)
Normal
elevada
Gênero
Masculino
09
17
26
34,6%
5,47
0,0316* 1,30 – 22,95
Feminino
03
31
34
8,8%
Renda Familiar Mensal
Acima de dois salários
11
25
36
30,6%
10,12 0,0297* 1,20 – 84,65
Até dois salários
01
23
24
4,2%
Atividade de Lazer
Televisão,
Internet,
jogos
09
29
38
23,7%
eletrônicos, etc.
1,96
0,5467
0,47 – 8,20
Caminhada, ginástica, esportes,
03
19
22
13,6%
musculação, etc.
Nível de Atividade Física
Sedentário/Pouco ativo
08
13
21
38,1%
5,38
0,0255* 1,38 – 20,95
Ativo/Muito Ativo
04
35
39
10,3%
Obesidade (IMC)
Sobrepeso/Obeso
07
11
18
38,9%
4,70
0,0411*
1,24– 17,81
Normal/Baixo peso
05
37
42
11,9%
Relação Cintura/Quadril
Alto Risco
10
11
21
47,6% 16,81 0,0003* 3,18 – 88,51
Baixo Risco
02
37
39
5,1%
Histórico Familiar de HAS
Sim
08
14
22
36,4%
4,85
0,0379* 1,25 – 18,77
Não
04
34
38
10,5%
Tabagismo
Sim
06
06
12
50,0%
3,36
0,1326
0,90 – 12,55
Não
11
37
48
22,9%
HDL-c
Alto Risco
10
18
28
35,7%
8,33
0,0116* 1,63 – 42,39
Baixo Risco
02
30
32
6,3%
LDL-c
Aumentado
01
01
02
50,0%
4,27
0,8573
0,24 – 73,75
Desejável
23
35
58
39,7%
Triglicerídeos
Aumentado
01
01
02
50,0%
3,76
0,0870
1,01 – 14,00
Desejável
18
40
58
31,0%
Colesterol Total
Aumentado
04
02
06
66,7%
11,50 0,0133* 1,79 – 73,58
Desejável
08
46
54
14,8%
Geral
12
48
60
25,0% 5,45** <0,0001
3,65 – 8,15
Legenda: TPHAS=Taxa de Prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica; OR=Odds Ratio; IC (95%)=Intervalo de
Confiança de 95%. * Variação significativa encontrada. ** Odds Ratio Combinado.
Em estudo epidemiológico desenvolvido com 303 acadêmicos de enfermagem de uma universidade
particular da cidade de São Paulo, cujo objetivo era estabelecer associações/correlações entre fatores de
risco para doença arterial coronariana, foi verificado que os maus hábitos alimentares e a falta de atividade
física foram determinantes para o sobrepeso e que estes fatores podem estar associados à ocorrência
futura de doença arterial coronariana (ALVES; MARQUES, 2009). Em relação ao gênero, os achados do
presente manuscrito coincidem com os dados existentes na literatura científica, uma vez que pesquisas
distintas indicam maior prevalência da doença entre os indivíduos do gênero masculino (JARDIM et al.,
127
2007; ALVES; MARQUES, 2009). Sobre os aspectos econômicos, o estudo revelou que as pessoas que
apresentaram uma renda familiar acima de dois salários apresentaram maior probabilidade de terem uma
pressão arterial elevada. Ao contrário disto, uma pesquisa epidemiológica envolvendo 1800 indivíduos na
cidade de Pelotas (RS) mostrou que a hipertensão arterial em adultos estava associada às más condições de
vida (COSTA et al., 2007). Conclusão: A prevalência de pressão arterial elevada foi de 25,0% na amostra. Os
fatores de risco encontrados foram: gênero masculino; renda familiar mensal acima de dois salários;
trabalho remunerado; ser sedentário ou pouco ativo; estar acima do peso ou obeso; IRCQ acima de 0,89
(masculino) e 0,78 (feminino); histórico familiar de HAS; HDL baixo; colesterol total elevado.
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enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, n. 6, p. 883-888, 2009.
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CORRÊA, T.D.; NAMURA, J.J.; SILVA, C.A.P.; CASTRO, M.G.; MENEGHINI, A.; FERREIRA, C. Hipertensão
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JARDIM, P.C.B.V.; GONDIM, M.R.P.; MONEGO, E.T.; MOREIRA, H.G.; VITORINO, P.V.O.; SOUZA, W.K.S.B.;
SCALA, L.C.N. Hipertensão arterial e alguns fatores de risco em uma capital brasileira. Arquivos Brasileiros
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GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de
atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158, 2005.
Palavras-chave: pressão arterial elevada, epidemiologia, jovens universitários.
128
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO SEDENTARISMO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS
Camila Chaves LAMEIRA1; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Liliane Cristina da Silva FÉLIX1; Maria Gilvânia
Dantas SOARES1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
2
Introdução: A inatividade física pode ser definida como um estado em que o movimento corporal é mínimo
(MELLO; FERNANDEZ; TUFIK, 1998). Em termos de gasto energético a inatividade representa um gasto
energético que está muito próximo da taxa metabólica basal. De acordo com o posicionamento da
Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte sobre atividade física e saúde, o sedentarismo é definido como
a falta ou a grande diminuição da atividade física. Na realidade, o conceito não é associado
necessariamente à falta de uma atividade esportiva, pois do ponto de vista da medicina moderna, o
sedentário é o indivíduo que gasta poucas calorias por semana com atividades ocupacionais (CARVALHO et
al., 1996). Há tempos a atividade física tem sido considerada como uma forma de preservar e melhorar a
saúde. Mantê-la em padrões de baixa realização (hipocinesia), por outro lado, pode conduzir ao
aparecimento de doenças degenerativas no organismo humano, como a obesidade, o diabetes, a
hipertensão arterial sistêmica, osteoporose entre outras patologias (OURIQUES; FERNANDES, 1997;
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003). Objetivo: Verificar os fatores de risco associados ao sedentarismo em
acadêmicos da Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém. Metodologia: Trata-se de um estudo
epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. A amostra foi de 60
acadêmicos com média de idade de 20,4±2,0 anos, sendo 26 participantes do curso de Educação Física, 17
de Enfermagem e 17 de Fisioterapia. Para avaliar o nível de atividade física (NAF), foi utilizada a versão
curta do Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (GUEDES, LOPES, GUEDES, 2005). Foram
considerados como sedentários os indivíduos com NAF≤150 min./semana. Para a verificação das demais
variáveis independentes do estudo, foi utilizado um questionário especialmente formulado para a pesquisa.
Este consistiu de perguntas sobre características demográficas, socioeconômicas, lazer, comportamentais,
ambiental, nutricionais, histórico familiar de doenças. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Os
resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do
programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o
aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da
aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das variáveis categóricas de acordo com as especificidades
da amostra, com adoção de p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95.
Resultados e Discussão: Verificou-se que, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a
prevalência do sedentarismo foi de 35,5%. As variáveis que mais se associaram ao sedentarismo são
apresentadas na tabela 1.
129
Tabela 01: Prevalência do sedentarismo (NAF≤150 min./semana) e fatores associados na amostra estudada.
Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Nível de Atividade Física
Variáveis
Total TPSED (%)
OR
p
IC (95%)
Sedentários
Ativos
Gênero
Masculino
11
15
26
42,3%
1,76
0,4445
0,60 – 5,14
Feminino
10
24
34
29,4%
Renda Familiar Mensal
Até dois salários
13
11
24
54,2%
4,13
0,0230* 1,34 – 12,72
Acima de dois salários
08
28
36
22,2%
Meio de Transporte
Carro, moto, ônibus
13
17
30
43,3%
Caminhada, corrida,
2,10
0,2790
0,71 – 6,22
08
22
30
26,7%
bicicleta
Televisão
Sim
19
33
52
36,5%
1,72
0,8112
0,31 – 9,42
Não
02
06
08
25,0%
Computador/Notebook
Sim
18
22
40
45,0%
4,63
0,0445* 1,17 – 18,36
Não
03
17
20
15,0%
Trabalho Remunerado
Sim
14
12
26
53,8%
4,50
0,0162* 1,44 – 13,98
Não
07
27
34
20,6%
Atividade de Lazer
Televisão, internet,
16
24
40
40,0%
jogos eletrônicos, etc.
Caminhada, ginástica,
2,00
0,3892
0,60 – 6,59
esportes, musculação,
05
15
20
25,0%
etc.
Prática regular de atividade física
Não
pratica
12
10
21
52,4%
regularmente
3,86
0,0328* 1,25 – 11,89
Pratica regulamente
09
29
39
25,6%
Espaços Públicos de Esporte e Lazer no Bairro
Não
13
12
25
44,0%
3,65
0,0395* 1,20 – 11,12
Sim
08
27
35
28,6%
Geral
21
39
60
35,5%
2,95** <0,0001* 2,00 – 4,73
Legenda: TPSED=Taxa de Prevalência do Sedentarismo; OR=Odds Ratio; IC (95%)= Intervalo de Confiança de
95%. * Variação significativa encontrada. ** Odds Ratio Combinado (ORC).
Pesquisas epidemiológicas nos últimos anos têm mostrado que a proporção de jovens que são sedentários
varia de 21 a 69,8% (JARDIM et al., 2007; GONÇALVES et al., 2007; BASTOS et al., 2008; PELEGRINI, 2008;
CESCHINI et al., 2009). Em um estudo transversal realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ) com estudantes
universitários do curso de enfermagem mostraram prevalência de sedentarismo igual a 75% (VILARINHO et
al., 2008). Outro estudo epidemiológico, envolvendo 3.347 profissionais de saúde em 240 unidades básicas
de saúde do Sul e Nordeste do Brasil, mostrou que nesta população a prevalência de sedentarismo foi de
27,5%, sendo 31,5% nos homens e 26,4% nas mulheres (SIQUEIRA et al., 2009). Em Santarém (PA), um
estudo transversal com 100 estudantes de ambos os gêneros de uma escola de ensino médio detectou
prevalência de 37% de sedentarismo. Nesta pesquisa o gênero feminino e a falta de atividade física de lazer
foram associados ao sedentarismo (SOUSA et al., 2010). Fatores socioculturais determinam diferenças
marcantes quanto ao sedentarismo de acordo com o gênero (MONTEIRO et al., 2003). A maior parte dos
indivíduos do gênero masculino associa a prática de atividade física ao prazer, principalmente às práticas
esportivas. Já o gênero feminino pratica atividade física por questões de saúde, por orientação médica e
estética (AZEVEDO et al., 2007). Segundo Silva et al. (2009), outros fatores têm contribuído para reduzir
significativamente a proporção de jovens com um estilo de vida fisicamente ativo. São eles: os
comportamentos sedentários como assistir TV e usar o computador. Na presente pesquisa, os sujeitos que
130
usavam o computador ou notebook tinham uma chance 4,63 vezes maior de serem sedentários. Alguns
estudos têm revelado que mais da metade dos rapazes que excediam o tempo de uso de computadores
não atingiam a faixa de recomendação de atividade física (KOEZUKA et al., 2006; SILVA et al., 2009). No que
se refere aos fatores ambientais, a presente pesquisa mostrou que o sedentarismo foi mais frequente entre
os sujeitos que relataram não possuir espaços públicos de esporte e lazer no bairro (TPSED=44,0%).
Conclusão: a prevalência do sedentarismo na amostra foi de 35,5%. Os fatores de risco encontrados foram:
renda familiar mensal de até dois salários; o uso do computador ou notebook; trabalho remunerado; não
praticar atividade física regularmente; falta de espaços públicos de esporte e lazer no bairro. Referências
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131
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2008.
Palavras-chave: Sedentarismo, Epidemiologia, Jovens Universitários.
132
FATORES DE RISCO PARA O ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE
SANTARÉM/PA
Daylane RODRIGUES1, Andreia de O. PINHEIRO1, Angeli P. GALVÃO1, Érika M. S. COUTO1, Pollyana C. A.
SILVA1, Shayanne G. A. MATOS1.
1
Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; email: [email protected]
Introdução: Abuso sexual é um ato de violência contra crianças e adolescentes que acontece em todo o
mundo e pode-se entender esta forma de violência como englobando tanto as situações de abuso sexual
intra e extrafamiliar que se apresentam como não possuindo um caráter comercial como as situações de
exploração sexual, nas quais a dimensão mercantil está nitidamente presente, mas sim como aquelas
caracterizadas pela busca do prazer pelo abusador (LIBÓRIO, 2003). Constitui de uma aproximação não
bem-vinda, uma solicitação de favores ou qualquer conduta física ou verbal de natureza sexual. A
criança e/ou adolescente são despertadas para o sexo precocemente, de maneira deturpada, traumática,
ficando com marcas para o resto da vida. Quando se fala em fatores de risco para o abuso sexual, Junior
(2003) aponta para fatores individuais, familiares e/ou ecológicos/contextuais com o evento de interesse.
Segundo Zavaschi, Polanczyk e Benetti (2003) os dados existentes no País não enfocam o testemunho ou a
convivência com as vítimas. Além disso, são fundamentalmente baseados em relatos oficiais de entidades
governamentais, que geralmente subestimam a magnitude do problema por fatores que dificultam a
identificação do desfecho, como a não notificação de eventos para autoridades policiais por medo de
represálias ou do estigma social. Dada à complexidade que envolve a questão do abuso sexual, ela deve ser
compreendida nos seus aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e jurídicos e para tal compreensão
é necessário que a vítima desse tipo de abuso seja atendida por uma equipe multiprofissional. OBJETIVOS:
O objetivo geral da pesquisa foi identificar os fatores de ricos associados ao abuso sexual em adolescentes
de uma escola pública, e os objetivos específicos foram discutir o conhecimento acerca de abuso sexual
pelos adolescentes; discutir a vivência do abuso sexual pelos adolescentes e realizar educação em saúde
com os adolescentes sobre o abuso sexual. Metodologia: A pesquisa realizada caracteriza-se por ser de
campo aplicada, quanti-qualitativa e de caráter descritivo que ocorreu no dia 27/05/2010 em uma escola
da rede pública, de um bairro periférico, situada no município de Santarém, Pará. A amostra foi constituída
por 65 adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária de 14 a 17 anos. Utilizou-se a aplicação de um
questionário semi-estruturado, sendo uma pesquisa amparada pela resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Resultados e Discussão: Entre os dados significativos resultantes desta pesquisa,
quanto ao nível de conhecimento acerca do abuso sexual, observa-se que 52% dos adolescentes afirmam
possuir este conhecimento enquanto 48% desconhecem este tema, isto pode demonstrar o quanto essa
informação não é repassada aos alunos contribuindo para os fatores que aumentam a probabilidade da
ocorrência de abuso sexual. Porém, o papel de trabalhar esta questão não é somente dos setores públicos,
mas também de outros setores que podem ajudar para que haja a disseminação do conhecimento através
de parcerias uns com os outros. Esses outros setores são a mídia, a escola e principalmente a família que
constitui a base para a formação da identidade do indivíduo em constante desenvolvimento, fortalecendo
os laços afetivos e favorecendo transformações positivas nas relações familiares, criando e melhorando as
condições de cuidado dos adultos responsáveis pelo adolescente. O papel de trabalhar esta questão não é
somente dos setores públicos, mas também a mídia, a escola e principalmente a família que constitui a
base para a formação da identidade do indivíduo em constante desenvolvimento, porém nos resultados
obtidos a família representou um índice de apenas 3% como fonte de informação citada pelos alunos.
Assim como a família, a mídia que representou 28% e a escola, 17%, também influenciam no
amadurecimento cognitivo. Dos entrevistados 31% já presenciaram algum tipo de abuso sexual, destes 70%
foi na própria escola. Estudos empíricos sobre o abuso sexual demonstram que apesar de afetar e vitimizar
todas as camadas da população brasileira, ele não é democraticamente distribuído, sendo que o perfil de
quem sofre é formado por possuir pouca escolaridade, morar na periferia dos grandes centros urbanos, ser
pobre, ser negro ou descendente desta etnia (BRASIL, 2006), assim como as características encontradas, as
quais 72% dos pesquisados possuem renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos mensal. O Conselho
Tutelar Municipal registrou no período de 2009 a 2010 (entre janeiro e abril) um baixo índice de abuso
sexual, e quando comparados com os resultados obtidos na pesquisa divergem, uma vez que em uma
133
pequena amostra evidenciou-se um elevado número de possíveis casos, os quais 90% dos entrevistados
afirmam terem presenciado cenas de abuso sexual, sendo que os locais foram a escola e o bairro em que
residem, tal fato aponta uma possível carência nas atividades como palestras educativas que possibilitem a
notificação ou a denúncia, atentando-se também para as sub notificações, pois nem todo mundo que sofre
o abuso procura o serviço. Os maus-tratos cometidos contra a criança e o adolescente podem ser
praticados pela omissão, pela supressão ou transgressão dos seus direitos, definidos por convenções legais
ou normas culturais da FIOCRUZ (2001). As respostas relacionadas à atitude tomada caso presenciasse o
abuso sexual, 57% relatou não saber qual atitude tomar, sendo provocado provavelmente pelo medo de
ameaças tanto da família quanto do agressor, evidenciado por frases ditas pelos próprios alunos como “se
eu visse um caso de abuso eu sairia correndo”, caracterizando omissão; ou pelo sentimento de culpa por
estar despertando interesse no agressor pertencente ao seu ambiente social caracterizando transgressão;
negligência da própria família por dependência afetiva e financeira e pelo agredido criar um vínculo com o
agressor, ambos caracterizando supressão. Conclusão: Pode-se constatar que o abuso sexual contra
adolescentes é algo que está presente na sociedade e que para erradicar este mal, é necessária toda uma
mudança no cenário ideológico, político e social. A prevenção do mesmo na adolescência deve começar nos
primeiros anos com o esclarecimento à criança sobre o seu corpo e sua sexualidade. Para isso, é importante
criar o habito do diálogo familiar, onde o adolescente sinta-se a vontade para conversar sobre o que quiser
e principalmente sobre aquilo que lhe causa medo (BEZERRA, 2006). A escola e a mídia tornam-se os
principais, um por ter contato direto e outro por ser capaz de prender a atenção e conseguir passar a
informação direta ou indiretamente. O combate ao abuso sexual também deve partir dos profissionais da
área de saúde. Existe uma grande dificuldade em diagnosticar o abuso sexual, pois de um lado está o “muro
do silêncio” erguido e mantido pelas pessoas que convivem com a situação de abuso, de outro, a negação
completa do abusador e ainda a culpa do adolescente por estar sabendo e sentindo o abuso, fazendo com
que o sentimento profissional deslize do ódio e do nojo, para o distanciamento e a negação. Para melhor
capacitação deste profissional deve ser feita a inclusão da temática na formação, tanto para a sensibilização
como para o desenvolvimento de uma filosofia, métodos, técnicas e habilidades de atendimento (ABRAPIA,
2008). Inclusive ter a sensibilidade de identificar problemas comportamentais como: comportamento
sexual inapropriado para a idade, promiscuidade sexual, homossexualidade, disfunções sexuais, aversão a
sexo, comportamento impulsivo, conduta auto-mutilatória, fuga de casa, depressão. Através da notificação
aos órgãos competentes ou aqueles que protegem a criança e o adolescente, os familiares, vizinhos e
conhecidos, por sua vez, podem romper o “muro do silêncio” que cerca o abuso sexual. Profissionais de
saúde, advogados, professores, pais e a sociedade em geral devem buscar a promoção de um trabalho mais
amplo e profundo, que é o trabalho preventivo através da orientação sexual precoce. E para que este
trabalho aconteça são necessárias campanhas continuadas nacionais e internacionais, denúncias, ações
governamentais e cobranças da sociedade civil organizada. PALAVRAS-CHAVE: abuso sexual, adolescente,
fatores de risco, escola.
Referências Bibliográficas
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Mal à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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psicopedagogia). Faculdade Metropolitana da Grande Recife, Recife.
BRASIL, Ministério da Saúde. Resolução 196/96 Conselho Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde,
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FIOCRUZ MJ - Sociedade Brasileira de Pediatria/ Fundação Oswaldo Cruz/Ministério da Justiça, s/d. Guia de
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LIBÓRIO, R. M. C. Desvendando vozes silenciadas: adolescentes em situação de exploração sexual. 2003.
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ZAVASCHI, M. L ; POLANCZYK, G. V ; BENETTI, S. Sexual violence and its prevalence among adolescents,
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Palavras-chave: Abuso sexual, adolescentes, escolas publicas.
135
FATORES DE RISCO RELACIONADOS À HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NA ZONA URBANA DE
SANTARÉM, PARÁ
Michele de Castro LEÃO1;Diego Sarmento de SOUSA1,2;Aline Ribeiro MENESES1;Maiara Silvana Salgado
BATISTA1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
2
Introdução:AHAS é um sério problema de saúde pública, com prevalência que atinge mais de 30% da
população adulta e pelo menos 60% dos idosos no Brasil (SBC, 2007). Além disso, a HAS requer, para o
tratamento, elevados custos médicos e socioeconômicos, em virtude das suas complicações, tais como:
doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e
doença vascular de extremidades. Cabe ressaltar, que no Brasil, as doenças do sistema circulatório são as
principais causas de morbimortalidade nas últimas décadas (BORBA, 2011). Dentre elas, a HAS é a patologia
crônica mais comum e suas manifestações clínicas são sérias, principalmente por predispor a uma série de
afecções cardiovasculares (BOING; BOING, 2007). Tem-se associadoa HAS a diversas características
sociodemográficas (faixa etária, grupo étnico, nível socioeconômico), consumo de álcool, ingestão de sódio,
estresse, diabete, obesidade e sedentarismo (NASCENTE et al., 2010). Foi com propósito de reduzir a
morbi-mortalidade relacionada a essa doença que o Ministério da Saúde implantou, em 2002, o Plano de
Reorganização da Atenção à Hipertensão e ao Diabetes Mellitus (DM). Além disso, foi disponibilizado aos
estados e municípios, um Sistema de cadastro e assistência aos portadores de HAS e DM, conhecido por
HIPERDIA. Através desse Sistema é possível caracterizar o estado e o perfil epidemiológico dos cadastrados,
sendo que seus indicadores podem servir como um instrumento importante para os gestores e
planejadores de saúde na avaliação e formulação de políticas públicas (BOING; BOING, 2007). O
conhecimento acerca dos fatores de risco associados a hipertensão pode alertar e conscientizar estudantes,
educadores e gestores de educação para a importância da elaboração de programas de prevenção à
HAS.Objetivo:Verificar os fatores de risco relacionados à HAS na zona urbana de Santarém,
Pará.Metodologia:Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo descritivo-transversal realizado no
Hospital Municipal de Santarém (HMS),na Unidade de Ensino e Assistência a Saúde do Baixo Amazonas
(UEASBA) e em 05 Unidades de Saúde (US). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisado
Hospital João de Barros Barreto, Belém (protocolo n. 2137/2010). A amostra foi composta de
202voluntários,55 hipertensos e 147 não hipertensoscom média de idade de 61,43±12,49anos.Foi utilizado
um questionário fechado que continha perguntas referente às situaçõessócio-demográfica e econômica,
atividade física e lazer. Para avaliação do índice de massa corporal [IMC=massa corporal (kg) /estatura
(m)²]e do índice de relação cintura/quadril [IRCQ= perimetria da cintura (cm) /perimetria do quadril
(cm)],foiutilizada, respectivamente, uma balança antropométrica, com estadiômetro, da marca Filizola® e
uma fita antropométrica da marca Sanny®.Para a mensuração da pressão arterial (PA), foi utilizado um
monitor de pressão digital automático da marca G-TECH® (modelo: BP3AA1-1). Foram considerados
hipertensos os indivíduos que apresentaram a PA acima de 140/90mmHg. Os resultados foram processados
através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para
Windows – 2007). Posteriormente, os dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a
estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para
análise das variáveis categóricas, com adoção de p<0,05 para a significância estatística.Resultados e
Discussão: Verificou-seque, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de HAS
foi de 27,23% (OR=2,30; p<0,0001). As variáveis que mais se associaram àHAS são apresentadas na tabela
1.
136
Tabela 1:Prevalência da hipertensão arterial sistêmica e fatores associados na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil,
2010.
Pressão Arterial
Variáveis
Total TP (%) OR
p
IC95%
NNH
Hipertensão Normal
Gênero
Feminino
41
100
141 29,08%
1,38 0,4678
0,68-2,76
17
Masculino
14
47
61 22,95%
Idade
≥ 50 anos
50
113
163 30,67%
3,01 0,0404* 1,11-8,15
06
< 50 anos
05
34
39 12,82%
Aposentadoria
Aposentado (a)
13
22
35 37,14%
1,76 0,2148
0,81-3,80
09
Não Aposentado
42
125
167 25,15%
Renda Familiar Mensal
Acima de dois salários mínimos
14
32
46 30,43%
1,23 0,7132
0,60-2,53
25
Até dois salários mínimos
41
115
156 26,28%
Meio de Transporte
Passivo
27
64
91 29,67%
1,25 0,5842
0,67-2,33
23
Ativo
28
83
111 25,23%
Quantidade Refeições Por Dia
Até três refeições/dia
36
88
124 29,03%
1,27 0,5727
0,67-2,42
22
Mais de três refeições/dia
19
59
78 24,36%
Possui Televisão em Casa
Sim
48
120
168 28,57%
1,54 0,4578
0,63-3,78
13
Não
07
27
34 20,59%
Atividades de Lazer
Lazer Fisicamente Sedentário
43
91
138 32,09%
2,2 0,0442* 1,07-4,54
07
Lazer Fisicamente Ativo
12
56
64 17,65%
Prática regular de Atividade Física
Não pratica regularmente
28
55
83 33,73%
1,73 0,1154
0,93-3,24
10
Pratica regularmente
27
92
119 22,69%
Tabagismo
Sim
05
02
05 71,73%
7,06 0,0278* 1,34-37,52 03
Não
51
144
197 26,15%
Consumo de Bebidas Alcoólicas
Sim
03
01
04 75,00%
8,42 0,1094 0,86-82,78 03
Não
52
146
198 26,26%
Obesidade
Sobrepeso/Obeso
36
83
119 30,25%
1,46 0,3194
0,77-2,78
14
Normal/Baixo peso
19
64
83 22,89%
Relação Cintura Quadril
Alto Risco
51
111
162 41,48%
4,14 0,0112* 1,40-12,24 05
Baixo Risco
04
36
40 10,00%
Total
55
147
202 27,23% 2,30 < 0,0001* 1,92-2,75
05
Legenda: TPHAS=Taxa de Prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica; IC (95%)= Intervalo de Confiança de
95%; NNH=Número Necessário para Causar um Evento Desfavorável.
* Variação significativa encontrada (p<0,05).
Um estudo transversalcom 285 pessoas maiores de 18 anos no município deFormiga (MG) mostrou que a
prevalência HAS foi de 32,7%, aumentando positivamente com a idade e negativamente como nível de
atividade física; os fatores álcool, gênero e tabagismo não tiveram significância, resultados este que se
assemelham com os da presente pesquisa, com exceção do tabagismo, no corrente estudo,
demonstrourelação positiva com a HAS (CASTRO; MONCAU; MARCOPITO, 2007). Outro estudo transversal
(COSTA, 2007), com uma amostra de 1.968 indivíduos residente na zona urbanade Pelotas-RS, mostrou
137
uma prevalência de 23,6% na população e uma associação significativa com o aumento da idade e do
sobrepeso/obeso,o que está de concordância com o presente estudo; não tiveram nenhuma relação com o
fumo, álcool e atividade física, o que não está, por outro lado, de acordo com os resultados do presente
estudo. Um estudo transversal realizado em Passo Fundo (RS) (TRINDADE, 1998), com 206 indivíduos,
evidenciou uma prevalência de 21,9%na população urbana e também uma associação significativa entre
idade, obesidade;em relação ao gênero, álcool e tabagismonão houve associação significativa.Conclusão:a
prevalência de HAS na amostra estuda da foi de 27,23%. Os fatores de risco encontrados foram:idade igual
ou superior a 50 anos, optar por atividades de lazerfisicamente sedentário, tabagismo e acúmulo de
gordura na região abdominal.
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cadastramentos e informações em saúde. Revista Brasileira de Hipertensão, v.14, n.2, p. 84-88, 2007.
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da Unidade Básica de Saúde do Simões Lopes, Pelotas, RS, Brasil. Revista Enfermagem Saúde, v.1, n.1,
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CASTRO, R.A.A.; MONCAU, J.E.C.; MARCOPITO, L.F.Prevalência de hipertensão arterial sistêmica na cidade
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GUSSO, J. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 71,n. 2, p. 127-130, 1998.
Palavras-chave: hipertensão arterial sistêmica, prevalência, fatores de risco.
138
FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM MORADORES DO BAIRRO LIVRAMENTO, SANTARÉM, PARÁ,
ATENDIDOS NO HOSPITAL REGIONAL DO BAIXO AMAZONAS DO PARÁ
Charli Albuquerque GRIGÓRIO1, Geórgia Silvestri TRAESEL1, Cassiano SAATKAMP2, Juarez de SOUZA2,
Mauricio LIBERAl2, Régis Piloni MAESTRI2.
1
-Acadêmicos de Farmácia do Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES; 2 - Docentes do curso de
Farmácia do IESPES, Santarém – Pará. E-mail: [email protected]
Introdução: Parasitoses intestinais são doenças cujos agentes etiológicos são helmintos ou protozoários, os
quais infestam o trato gastrointestinal do homem e podem provocar o surgimento de alterações
patológicas (FERREIRA et al, 2004). Constituem um problema de saúde pública, principalmente nos países
em desenvolvimento já que a transmissão desses agentes está diretamente relacionada com as condições
de vida e de higiene da população. Essas infestações interferem diretamente na qualidade de vida de seus
portadores, principalmente em crianças de classes sociais mais baixas comprometendo, como
conseqüência, o seu desenvolvimento físico e intelectual (LUDWIG, 1999). Os parasitas intestinais mais
freqüentes em seres humanos são a Entamoeba histolytica e Giardia intestinalis dentre os protozoários, e
Ascaris lumbricoides, Necator americanus e Ancylostoma duodenale dentre os helmintos (CROMPTON,
1988). Essas doenças, muitas vezes, são subestimadas pelos profissionais de saúde, porém a morbidade a
elas associada é significativa (HORTON, 2003). Objetivo: Determinar a frequência das parasitoses intestinais
em moradores do bairro Livramento, Santarém, Pará, atendidos no Laboratório de Análises Clínicas do
Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará no período de agosto de 2009 a julho de 2010. Metodologia:
Trata-se de um estudo retrospectivo dos resultados de 922 exames coprológicos de amostras dos
moradores do Bairro do Livramento localizado no município de Santarém, Pará. A pesquisa foi feita no
período de agosto de 2009 a julho de 2010. Estes exames foram realizados no Laboratório de Análises
Clínicas do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará pelo método direto. Os prontuários com os
resultados parasitológico das fezes continham outros dados como sexo, idade do paciente, e eram
armazenados no software Matrix. Resultados e discussão: Dos exames analisados, 44,8% (413/922) foram
positivos para enteroparasitoses. Do total de amostras 68% (627/922) eram do sexo feminino e 32%
(295/922) do sexo masculino. A faixa etária predominante foi de 0 a 12 anos, representando 37,6%
(347/922) do pacientes estudados. Dos casos positivos, 93% (384/413) apresentaram infecção por
protozoário e 4,3% (18/413) por helmintos, sendo que 2,7% (11/413) estavam parasitados por ambos
(protozoário e helminto). O alto nível de infecção intestinal pode estar associado com as condições do
saneamento básico (ESREY et al,1991; GROSS et al, 1989). De Carli e Candia (1992), explicam que a
prevalência de parasitoses é alta em locais nos quais as condições de vida são precárias e o saneamento
básico inadequado, facilitando a infecção e predispondo à reinfecção em áreas endêmicas. O parasita mais
freqüente nos exames coproparasitológicos foi a Escherichia coli, em 42,13% destas, seguida por Endolimax
nana (39,23%). Ascaris lumbricoides foi o helminto responsável por 88,9% do total dos casos de
helmintíases apenas. A disseminação destas parasitoses está em relação direta com a umidade do solo, já
que os seus ovos embrionados quando liberados no solo pelas fezes do hospedeiro definitivo, não possuem
capacidade de infecção, mas podem contaminar água e alimentos (GROSS et al, 1989). Nos casos de
giardíase 13% dos indivíduos pertenciam a faixa etária de 0 – 12 anos, sendo 50.65% do sexo masculino.
Estes achados vão de encontro com alguns levantamentos parasitológicos que demonstraram que a
giardíase é uma das principais parasitoses intestinais entre crianças brasileiras (ALMEIDA, 1988; CARDOSO,
1995). Dos 413 casos positivos, 106 pacientes estavam infectados por mais de um tipo de enteroparasita,
sendo que 90 tinham duas estirpes e 16 tinham 3 ou mais parasitas. O parasitismo por Endolimax nana e
Entamoeba histolytica se deu em 24 pacientes e por Entamoeba histolytica e Entamoeba coli em 21 exames
diagnosticados. Estes índices de poliparasitismo podem ser ocasionados pelo consumo de hortaliças
contaminadas por formas transmissíveis de enteroparasitas em água e alimentos contaminada
(GUIMARÃES et al, 2003; ALVES et al, 2003). Conclusão: Pode-se concluir, neste estudo, que os moradores
do bairro do Livramento, localizado no município de Santarém estão infestados por enteroparasitas, com
predomínio de Entamoeba coli e Endolimax nana. Compreende-se que os fatores que favorecem a
disseminação destes parasitas são: clima local e as condições sociais e econômicas da população estudada.
139
A presença de áreas cujas condições sanitárias são precárias pode constituir um importante indicador do
estado de saúde de sua população (CROMPTON, 1988; COELHO et al 2001). Ressalta-se que a
conscientização dos moradores do bairro do Livramento e a melhoria do saneamento básico devem ser
uma das principais medidas adotadas, pois apresentam alto impacto sobre algumas importantes doenças
humanas, incluindo ascaridíase e diarréias (ESREY et al,1991; GROSS et al, 1989).
Referências Bibliográficas:
ALMEIDA LP, COSTA-CRUZ JM, Incidência de enteroparasitoses em habitantes do município de Araguari,
MG. Rev. CCB. Universidade Federal de Uberlândia, 1988; 4: 9-17.
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região semiárida do Nordeste do Brasil: Resultados preliminares distintos das prevalências esperadas.
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CARDOSO GS, SANTANA ADC, AGUIAR CP, Prevalência e aspectos epidemiológicos da giardíase em creches
no município de Aracaju, SE, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 1995; 28:25-31.
COELHO LMPS, OLIVEIRA SM, MILMAN MHSA, SANTOS RP, Detecção de formas transmissíveis na água e nas
hortaliças consumidas em comunidades escolares de Sorocaba, SP, Brasil, Revista da Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical, 2001; 5: 479-82.
CROMPTON DWT, The prevalence of Ascariasis. Parasitology Today, 1988, 4:162-9.
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ESREY SA, POTASH JB, ROBERTS L, SHIFF. Effects of improved water supply and sanitatiom on ascaris
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de parasitoses no reassentamento São Francisco, em Cascavel – PR. Revista Brasileira de Análises Clínicas,
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GUIMARÃES AM, ALVES EGL, FIGUEIREDO HCP, COSTA GM, RODRIGUES LS. Freqüência de enteroparasitas
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GROSS R, SCHELL B, MOLINA MCB, LEÃO MAC, STRACK, U, The impact of improvement of water supply and
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HORTON, J. Human gastrointestinal helminth infections: are the now neglected diseases? Trends in
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LUDWIG KM, FREI F, ALVARES FILHO F, RIBEIRO-PAES JT. Correlação entre condições de saneamento básico
e parasitoses intestinais na população de Assis, Estado de São Paulo. Rev. Soc. Bras. Med. Trop.
Uberaba, 1999; 32(5): 547-555.
Palavras-chave: Enteroparasitoses; Bairro Livramento; Entamoeba coli.
140
GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL
DE SANTARÉM.
Solange Sousa da COSTA ¹, Maria Josiane de Sousa PIRES¹, Edna Ferreira Coelho GALVÃO¹.
¹Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém-PA. Brasil. email: [email protected].
Introdução: O conceito de gênero é uma construção sociológica relativamente recente, respondendo à
necessidade de diferenciar o sexo biológico de sua tradução social em papéis sociais e expectativas de
comportamentos femininos e masculinos, tradução demarcada pelas relações de poder entre homens e
mulheres vigentes na sociedade. De forma geral, podemos entender que as definições de gênero apontam
para as dimensões sociais do masculino e do feminino. O nosso interesse é compreender as relações de
gênero nas aulas de educação física. Entendemos que mesmo tendo ocorrido muitas mudanças e
transformações no campo das discussões de gênero, ainda é possível encontrarmos segregação nas aulas
de Educação Física, o objetivo é entender o gênero como a identidade do sujeito. Sabemos que tanto a
dinâmica do gênero como a da sexualidade são multáveis e estão sempre em processo de construção, pois
não existe natureza humana fora da cultura, ou seja, falar de relação de gênero é falar das características
atribuídas a cada sexo pela sociedade e pela sua cultura. (LOURO, 2008). Assim como a autora, entendemos
que o gênero, ou a representação que temos dele, está intimamente relacionado com a nossa cultura, a
família e com os valores que adquirimos no nosso cotidiano. A experiência que adquirimos enquanto alunas
do ensino básico e, posteriormente a experiência e o conhecimento que estamos adquirindo na
universidade nos fizeram refletir na problemática do gênero nas aulas de educação física. Resgatando as
nossas lembranças de alunas, notamos que em todo o processo educacional, que abrange educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio é notório a preferência dos meninos por um determinado
esporte, o futebol, e das meninas por outros, como handebol e vôlei, no Ensino Médio essa separação fica
mais evidente. Objetivos: Investigar como se desenvolvem as aulas de Educação Física, nas turmas de
Ensino Médio, quando focamos a questão gênero; verificar se durante as aulas de Educação Física existe a
separação dos alunos pela questão do gênero; identificar se existem diferenças entre os gêneros no
desenvolvimento das atividades nas aulas de Educação Física; investigar como os alunos e professores se
posicionam frente a questão do gênero nas aulas de Educação Física. Metodologia: A presente pesquisa é
um estudo de caso, constituído de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Segundo Gil (1994)
o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de
maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo, sendo que, sua principal finalidade é
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias. Segundo o autor, as pesquisas exploratórias são
desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral acerca de um determinado fato. A pesquisa
foi realizada em uma escola da Rede Pública Estadual de Santarém, especificamente com as turmas do
Ensino Médio, do turno matutino, total de quatro turmas, e com a professora responsável pela disciplina de
Educação Física das turmas observadas. A pesquisa teve como instrumento para coletas de dados
observação oculta, não participante, coletiva e sistemática. Com a professora realizamos uma entrevista,
composta por cinco questões, que tinham como temática o gênero. Resultados: Pereira e Mourão (2005)
afirmam que as diferenças existentes entre os sexos, como as diferenças biológicas, acabam por definir
alguns comportamentos que a sociedade identifica apropriado para cada sexo. Segundo Pereira e Mourão
(2005, p. 2) “desde o nascimento, meninas e meninos são submetidos a um tratamento diferenciado que
lhes ensina os comportamentos e emoções ‘adequados’ e ‘aprovados socialmente’ ao seu sexo”. Na escola
esses valores também são repassados, os autores lembram que desde a educação infantil, seguimos certas
atitudes e comportamentos, tidos como apropriados para cada sexo, como por exemplo: fila para os
meninos e filas para as meninas. Na escola pesquisada, as observações eram semanais e aconteciam três
vezes por semana, nos dias da aula de Educação Física. Eram duas turmas de 1º ano, uma de 2º ano e uma
de 3º ano do Ensino Médio. Nas turmas de 1º ano os meninos eram separados das meninas e a as aulas de
Educação Física era ministrada em dias diferentes, segunda feira para os meninos e quarta feira para as
meninas, nas turmas de 2º e 3º ano meninos e meninas tinham aula no mesmo horário, não existia
separação por sexo. Nas três semanas que estivemos na escola, percebemos a preferência das turmas por
um esporte, o futsal. Mesmo quando a professora os deixava escolher a atividade, sempre optavam pelo
futsal. Isso também acontecia nas aulas realizadas somente por meninas, é importante destacar esse fato,
pois ainda hoje existe uma diferenciação dos corpos, as meninas são tidas como frágeis, tentando com isso
141
explicar o motivo de atividades diferenciadas para elas. Essa separação é considerada natural para muitos
docentes, reforçando os estereótipos que existem sobre o gênero. “Às meninas cabe jogar amarelinha,
realizar atividades ligadas à dança, entre outros, e, aos meninos, são permitidas atividades esportivas mais
‘agressivas’, que desenvolvem e/ou liberam sua suposta agressividade” (PEREIRA e DEVIDE, 2008, p. 3).
Observamos que nas aulas das turmas de 1º ano, onde as meninas eram separadas dos meninos, a
participação das mesmas se dava de forma mais intensa, diferente do que ocorria com as outras turmas,
onde elas ficavam sentadas na arquibancada olhando os meninos jogar, em nenhum momento de nossa
observação, quando as aulas eram mistas, notamos a participação das meninas nas atividades. Elas não
apresentaram nenhum tipo de resistência a essa situação, os meninos se apropriavam da quadra com
muita naturalidade, não se incomodavam com o fato das meninas não jogarem, como se isso fosse rotina
das aulas. Não podemos inferir que elas não jogavam por serem submissas a eles, ou porque realmente não
queriam jogar, não se sentiam motivadas a participarem das aulas. Na entrevista realizada com a
professora, esta justifica a separação da turma de 1º ano por sexo, como sendo uma solicitação dos alunos,
porque geralmente os meninos queriam usar um tempo maior que as meninas. Notamos que não existiam
atividades diferenciadas para cada sexo, o esporte era sempre o futsal. Não tinha a separação de atividades
que a sociedade coloca como sendo apropriado para cada sexo: meninas voleibol e meninos futsal. Quando
perguntada sobre as atividades desenvolvidas para os alunos e para as alunas e se existiam atividades
diferenciadas? A professora respondeu que as atividades eram generalizadas, esporte e jogo. E
dependendo do objetivo de sua aula, dividia as atividades por sexo, “se eu vou trabalhar, por exemplo,
condução de bola que envolve mais habilidades, seu eu vou trabalhar com o pé esquerdo, as meninas vão
ter muita dificuldade se elas forem trabalhar junto com os meninos, então aí eu modifico”. A resposta da
professora vai colaborar com o que diz Sousa e Altmann (1999), que a separação não se dar somente por
sexo, mas questões como habilidade podem ocasionar a exclusão tanto de meninas, quanto de meninos
menos habilidosos. Por isso não podemos inferir que as meninas foram excluídas apenas pelo fato de
serem mulheres ou por não serem tão habilidosas com a bola. Conclusão: Nesse artigo a abordagem de
gênero no contexto da Educação Física escolar, teve a intenção de refletir sobre como o tema está sendo
desenvolvido nas aulas. Refletir sobre convenções transmitidas pela sociedade como sendo apropriadas
para cada sexo, e que são reproduzidas pela educação. Nas nossas observações, percebemos que não
existem atividades diferenciadas para meninos e meninas, mas ainda existe a separação das aulas por sexo,
isso prejudica a interação de meninos e meninas e favorece o preconceito. Referências Bibliográficas:
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas da Pesquisa Social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 10 ed.
Petrópolis: Vozes, 2008.
PEREIRA, Sissi Aparecida Martins; MOURÃO, Ludmila. Identificações de gênero: jogando e brincando em
universos divididos. Revista Motriz, v.11 n.3, p.205-210, 2005.
PEREIRA, Viviane Cristina Alves; DEVIDE, Fabiano Pries. Futebol como conteúdo generificado: Uma
possibilidade para rediscutir as relações de gênero. Lectures Educación Física y Deportes, v. 12, n. 118,
2008. Disponível em: http://www.efdeportes.com Acesso em: 20/09/2010.
Palavras Chave: Gênero. Sexismo. Educação Física.
142
HIPERTENSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE FÍSICA: INVESTIGAÇÃO ACERCA DO ACOMPANHAMENTO DO
PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO EM UNIDADES DE SAÚDE DE
ALTAMIRA-PA.
José Robertto ZAFFALON JÚNIOR1, Adivar Elisiario dos SANTOS FILHO1, Adrieli SPEROTO1. Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará CCBS/UEPA, Campus de Altamira-PA. Email: [email protected]
Introdução: A Hipertensão Arterial (HA) é uma doença de alta prevalência no mundo moderno, onde as
elevadas taxas de obesidade, aliadas a outros fatores de risco, associados ao envelhecimento, dissipam
cada vez mais essa doença em quantidades expressivas em todo mundo. No Brasil, uma pesquisa feita pelo
Ministério da Saúde no ano de 2009, mostrou que a HA avança e atinge cerca de 24,4% dos brasileiros,
sendo mais frequente em idosos e mulheres e que 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de
Saúde (SUS) para receber atendimento na Atenção Básica (BRASIL, 2010). Um dos principais fatores de risco
para a HA é o sedentarismo. A prática de atividade física regular auxilia na prevenção e no tratamento de
doenças cardiovasculares como a HA. Embora constatado cientificamente esse auxílio, pouco se utiliza a
prescrição da atividade física no tratamento à HA. Objetivo: Investigar e contrastar o tratamento fornecido
aos hipertensos nos Programas de Saúde da Família (PSF) e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) da
cidade de Altamira-PA, bem como, a participação do profissional de Educação Física e sua efetividade nesse
atendimento. Metodologia: O trabalho deu-se através de uma análise documental, sendo esta
desenvolvida com enfoque quanti-qualitativo com uma pesquisa in loco em toda a documentação
(prontuários, ficha de anamnese, ficha de acompanhamento e cadastro do hipertenso) referente ao
atendimento aos pacientes hipertensos de todos os PSF e NASF da cidade de Altamira/PA. Os prontuários
foram selecionados de forma aleatória, sem distinção de sexo ou idade visando alcançar todas as
categorias, independente do tempo em que faz o tratamento da doença. A referida análise foi realizada em
prontuários de 300 pacientes distribuídos em dez PSF e dois NASF totalizando 20,08% dos pacientes
acompanhados, obedecendo a um roteiro pré-estabelecido constando as seguintes indagações: casos de
hipertensão atendidos mais frequente, tempo de conhecimento de presença da doença HA, tempo de
acompanhamento médico, tratamento dispensado aos hipertensos, prática de atividade física regular,
prescrição de atividade física e acompanhamento e frequência do profissional de Educação Física na
atividade física desenvolvida pelos hipertensos. As informações coletadas foram tratadas estatisticamente
traçando um perfil do tratamento fornecido aos pacientes em ambas as unidades de atendimento.
Resultados: No dia cinco de julho de 1999 iniciou-se a implantação do PSF no município de Altamira,
respaldado pela NOB/96. Hoje o município possui 10 (dez) PSFs, tendo 1742 usuários cadastrados e cerca
de 1444 sendo acompanhados regularmente. O município de também possui 2 (dois) NASFs (SIAB, 2010).
Durante a investigação realizada nos PSFs e NASFs foi constatado entre os prontuários analisados que cerca
de 96,40% são pacientes portadores de HA Essencial, confirmando o que menciona Cooper (1991) quando
afirma que a grande maioria dos casos de HA encontrado nos pacientes são do tipo essencial. Ratificando
assim a premissa de que os casos de abandono contribuem nesta estatística, uma vez que um abandono de
HA Secundária pode evoluir para essencial se não houver a continuidade no tratamento. Com relação ao
tempo de conhecimento da HA, 89,6% dos prontuários analisados lidam com a doença a mais de 3 anos,
sendo os mesmos acompanhados por médicos ao longo desse período. O tratamento medicamentoso é
necessário secundariamente, quando as medidas precedentes são insuficientes evoluindo para as formas
mais graves da HA, ou seja, casos que apresentem elevados riscos cardiovasculares, altos níveis pressóricos
ou de difícil controle (FUENTES, CHANUDET, 2001). Autores como Cooper, (1991); Brum et al. (2006) e
Laterza, Rondon, Negrão (2006) afirmam que o primeiro tratamento fornecido ao hipertenso deveria ser o
não-medicamentoso, não havendo efetividade no controle dos níveis pressóricos, faz-se necessário
implementar o uso de medicamentos associando-se ao tratamento não-medicamentoso onde um
complementará o outro. No entanto, nas análises desenvolvidas nos PSFs da cidade de Altamira/PA foi
diagnosticado que 93,6% do tratamento dispensado aos hipertensos é medicamentosos. Dentre as
possibilidades não medicamentosas que mais influenciam na HA, estão à redução de peso, a redução do
sódio da dieta e a prática regular de atividade física. Pode se observar que apenas 19,6% de pacientes
143
atendidos pelos PSFs são adeptos de prática regular da atividade física, a falta de um profissional da área
nestes locais de atendimento possivelmente seja um dos fatores que indique um percentual tão pequeno
entre os pacientes que realizam atividade física de forma terapêutica e preventiva. Dentre os prontuários
analisados não foi encontrado prescrição de atividade física, muito embora haja orientação por parte da
equipe do PSF. No entanto, uma vez que, não há a inserção do profissional de educação física nesta equipe,
mesmo que houvesse a prescrição médica de atividade física, não haveria a prescrição do exercício, de
competência do educador físico, contrariando o que destaca Brum et al. (2006) quando referem que a
orientação e prescrição da prática de exercícios físicos regulares pelos hipertensos tem aumentado muito
nos últimos anos, e o envolvimento de equipes multiprofissionais, como médico, enfermeiro, assistente
social, nutricionista e professores de educação física, tem favorecido a adesão aos programas de exercícios
físicos supervisionados. Nos prontuários analisados nos NASFs, pode-se notar a prescrição da atividade
física em 100% dos casos, tendo em vista que essa equipe é composta por um profissional de Educação
Física, que realiza as prescrições e o acompanhamento dos exercícios físicos. Pacientes hipertensos,
principalmente aquele com associação de co-morbidades, deve receber atenção do ponto de vista,
nutricional, psicólogo, e de enfermagem, além de orientação e prescrição quanto à atividade física (LOPES,
BARRETO FILHO, RICCIO, 2001). Durante a análise dos prontuários dos hipertensos atendidos pelos NASFs
podemos notar que há frequência do acompanhamento do profissional de educação física, no entanto, no
Grande Brasília essa frequência não corresponde ao ideal defendida por vários autores e confirmada por
Monteiro, Sobral Filho, (2004) quando enfatiza que a frequência deve ser de três a cinco vezes por semana,
com intensidade de leve a moderada, contudo vale ressaltar que mesmo não estando dentro do ideal essa
frequência já contribui no tratamento. Conclusão: Como observado há uma grande quantidade de
hipertensos na cidade de Altamira/PA, e embora sabendo que a atividade física é uma ferramenta
fundamental na prevenção e no tratamento de diversas patologias e principalmente nas cardíacas como a
hipertensão, ainda não se tem dado a devida importância da inclusão do profissional de Educação Física na
equipe multiprofissional dos PSF, uma vez que apenas os NASF têm a inserção deste profissional, não
abrangendo desta forma o percentual maior da população hipertensa. Na equipe multiprofissional do PSF
onde praticamente toda população hipertensa é acompanhada, não há o atendimento ou
acompanhamento do educador físico, já que o trâmite é o encaminhamento deste paciente ao NASF,
núcleo que inclui o profissional de Educação Física, mas devido à grande demanda não consegue atender
todos os hipertensos. Sem o acompanhamento deste profissional, os pacientes deixam de obter os
benefícios da atividade física, tanto preventivos quanto terapêuticos no tratamento da hipertensão. Apenas
um pequeno percentual desta população é realmente assistida pelo educador físico do NASF. A ausência
deste profissional nos PSFs, a falta de incentivos públicos na parte de transportes e a distância geográfica
entre estes os PSF e NASF dificultam e desestimula o paciente a buscar o atendimento fornecido pelo
profissional de Educação Física presente no NASF. Essa carência de atividade física cada vez mais
condiciona o hipertenso a uma vida sedentária, aumentando assim os riscos cardiovasculares e
confirmando a prevalência do tratamento medicamentoso a esses pacientes, por consequente tornando-se
o tratamento mais caro e menos efetivo. Se levarmos em consideração a percentagem da população
hipertensa e que o NASF não atende somente casos de hipertensos, dois educadores físicos não é o quadro
suficiente de funcionários para atender toda essa clientela. A opção mais adequada seria a introdução
deste profissional nas equipes de PSF, essa inclusão permitiria que todos os hipertensos tivessem acesso a
assistência pelo educador físico, complementando o seu direito a saúde explicitada na Carta Magna.
Embora os PSF não ofereçam o acompanhamento de um profissional de Educação Física aos hipertensos,
cerca de 19,60% dos prontuários analisados desenvolvem algum tipo de atividade física. Essa prática,
muitas vezes ocorre sem uma prescrição de atividade por parte de um profissional da área, ou até mesmo
de uma avaliação médica com exames específicos e de uma avaliação de aptidão física para que a
prescrição e execução das atividades sejam adequadas e alcance o real objetivo que seria a promoção da
saúde e tratamento da HA. A falta dessa avaliação e acompanhamento do profissional de Educação Física
pode acarretar riscos ou perigos à saúde no momento da execução da atividade física pelos hipertensos.
Essa disparidade entre pacientes assistidos ou não nos revela a carência de educador físico na saúde
pública, bem como, nos aponta que outros estudos científicos se tornam relevante voltados a essa área,
para que haja mudanças efetivas quanto à atuação do profissional de Educação física na saúde pública
144
propiciando dessa forma, que uma maior quantidade de hipertensos tenha acesso a uma atividade física
acompanhada e de qualidade melhorando sobremaneira a saúde e qualidade de vida. Deste modo,
sugerimos aos demais estudantes e profissionais de Educação Física, saúde pública e áreas afins, que
procurem realizar novas pesquisas que possam investigar a respeito da problemática da inclusão do
profissional de Educação Física nas Unidades de Saúde da cidade de Altamira/PA, bem como, os possíveis
benefícios dessa inclusão no tratamento dispensados aos hipertensos. Referências Bibliográficas:
BRASIL,
Ministério
da
Saúde,
2010.
Disponível
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BRUM, Patricia Chakuret; et al.. Hipertensão Arterial e Exercício Físico aeróbio. In: NEGRÃO, Carlos
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COOPER, Kenneth H. Controlando a hipertensão (Trad. Celso Vargas). São Paulo: Circulo do livro, 1991.
FUENTES, G. de; CHANUDET, X. Controlar o atleta hipertenso: conduta e tratamento: In: AMORETTI, R;
BRION, Richard. Cardiologia do Esporte. Trad. Marcos Ikeda. São Paulo: Manole , 2001.
LATERZA, Mateus Camaroti; RONDON, Maria Urbana P.B; NEGRÃO, Carlos Eduardo. Efeito do exercício
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LOPES, Heno F.; BARRETO FILHO; José Augusto S.; RICCIO, Grazia M. Guerra. Tratamento nãomedicamentoso da hipertensão arterial. Revista da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, v.13, n.1,
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MONTEIRO, Maria de Fátima; SOBRAL FILHO, Dário C. Exercício Físico e o controle da pressão arterial.
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SIAB, Sistema de Informação da Atenção Básica. Ministério da Saúde, Brasil, 2010.
Palavras-chave: exercício físico, hipertensão, pressão arterial, tratamento.
145
IDENTIFICAÇÃO DOS PERFIS DERMATOGLÍFICO, SOMATOTÍPICO E DAS QUALIDADES FÍSICAS BÁSICAS DE
SOLDADOS DO 4º GRUPAMENTO DE BOMBEIROS MILITAR DO ANO DE 2010
Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Lucas Enéas MARTINS3; Paulo Erick Sousa dos SANTOS4; Diego Sarmento de
SOUSA1,2; Ronivaldo Lameira DIAS1; José FERNANDES FILHO5
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Polícia
Militar de Santarém, PA; 4Corpo de Bombeiros Militar de Santarém, PA; 5Programa Stricto Sensu em Ciência
da Motricidade Humana, Universidade Castelo Branco – UCB, RJ. Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: O 4º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) de Santarém, Pará, atua necessariamente nos
serviços de combate a incêndios, salvamentos terrestre, vertical e aquático, bem como na prevenção e no
controle de pânico, serviço de guarda-vidas, vistorias técnicas e atividades de defesa civil no âmbito
regional. Em aspecto mais amplo, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA) é força auxiliar
e reserva do exército brasileiro e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do país. A
qualificação dos profissionais desse ofício, para o atendimento dos anseios de segurança da comunidade
em geral, está alicerçada no tripé preparo técnico-profissional, íntegros valores morais e higidez físicomental. Pode-se considerar que a junção destes três aspectos são fundamentais para uma performance
satisfatória do soldado na prestação do serviço de segurança pública. Em virtude de a dermatoglifia,
conforme Fernandes Filho (2007), Filin e Volkov (1998) e Moskatova (1998), considerar as impressões
digitais (IDs) como marcador genético de amplo espectro para utilização em associação com as qualidades
físicas básicas, sua utilização é importante para impedir o desperdício do potencial genético dos sujeitos, o
ônus no processo dessa seleção, além de facilitar a melhor orientação à prática esportiva. Para Skinner
(2002), o emprego correto do conhecimento prematuro das possibilidades e tendências genéticas dos
indivíduos, somado à contribuição de ambiente propício ao treinamento, contribuem, não unicamente,
para a determinação do talento assim como para o desenvolvimento físico-esportivo. Conforme Mettrau et
al. (2009), a dermatoglifia pode, inclusive, ajudar na avaliação de pessoas potencialmente talentosas.
Objetivo: Identificar o perfil dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas básicas de soldados do 4º
GBM do ano de 2010. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva com tipologia comparativa
(THOMAS; NELSON, 2003), cuja amostra foi composta de 15 soldados do 4º GBM do ano de 2010. Para a
coleta de dados, foi utilizada uma ficha de avaliação física. Foi utilizado o método da Dermatoglifia
(CUMMINS; MIDLO, 1961 apud FERNANDES FILHO, 2007), o qual consiste em coletar as IDs e analisá-las
conforme suas variáveis qualitativas e quantitativas. Foram utilizados papel (densidade e rugosidade
médias) e coletor de IDs (marca Printmatic Catnopm-283PIP®). Para a determinação do somatotipo, foi
utilizado o método de Heath-Carter (1990). Foi utilizada uma balança analógica com estadiômetro (marca
Welmy®), com capacidade para 150 kg e precisão de 100 g; fita métrica metálica e inelástica (marca Sanny®),
compasso de dobras cutâneas (marca Cescorf®) com precisão de 0,1 mm e paquímetro (marca Cescorf®). O
IMC foi calculado dividindo-se o peso corporal da pessoa, em kg, pela sua estatura, em m, elevada à
segunda potência. O percentual de gordura corporal (G%) dos participantes foi predito através do
Protocolo de 3 dobras cutâneas de Jackson e Pollock (1978 apud FERNANDES FILHO, 2003). As qualidades
físicas básicas foram mensuradas através do teste de Shuttle Run (EUROFIT, 1988); teste de Burpee
(JOHNSON; NELSON, 1979); teste de Cooper (COOPER, 1970); teste abdominal (POLLOCK; WILMORE, 1993);
teste de flexão dos braços (POLLOCK; WILMORE, 1993) e o teste de reação óculo-motora (DANTAS, 2003)
citados por Marins e Giannichi (1998). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA,
Campus Santarém (processo n. 047/2010). Os resultados foram processados através da estatística
descritiva, com utilização do programa Excel (Microsoft para Windows, 2007). Resultados e Discussão: os
resultados dos perfis dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas básicas da amostra estão na
tabela 1.
146
Tabela 1. Perfil da amostra quanto às variáveis analisadas (n=15).
Variáveis
Idade
Antropometria e Composição Corporal
Peso (kg)
Estatura (cm)
2
IMC (kg/m )
G%
Somatotipo
Endomorfia
Mesomorfia
Ectomorfia
Dermatoglifia
D10
SQTL
A
L
W
Qualidades Físicas Básicas
Agilidade (seg.)
Coordenação motora (rep.)
Velocidade de reação (cm)
Resistência abdominal (rep.)
Resistência dos membros superiores (rep.)
VO2máx (ml/kg.min.)
Média
24,7
DP
2,43
Mínimo
21,00
Máximo
30,00
72,0
171,3
24,5
12,8
8,78
5,95
2,11
4,42
56,00
161,00
20,32
5,89
86,50
181,00
29,24
19,24
3,9
6,3
1,7
1,3
1,2
0,8
2,00
4,52
0,38
6,17
8,85
3,18
12,9
118
3,3%
64%
32,7%
3,1
30,3
-
9,00
63,00
0,0%
10,0%
0,0%
19,00
176,00
10,0%
100,0%
90,0%
10,3
5,3
16,3
46,5
41,9
47,2
0,6
0,7
3,3
5,8
7,4
4,6
9,00
4,00
11,00
37,00
28,00
42,80
11,00
7,00
22,17
57,00
60,00
56,91
Legenda: IMC=Índice de Massa Corporal; G%=Percentual de Gordura; DP=Desvio-Padrão; D10=Índice de trirrádios;
SQTL=Somatória da Quantidade Total de Linhas; A=Arco; L=Presilha; W=Verticilo; VO2máx=Consumo Máximo de Oxigênio.
Além dos resultados verificados na tabela acima, verificaram-se que as fórmulas digitais mais frequentes
foram ALW, L>W e W>L, com 20% cada, enquanto AL, 10L e L=W corresponderam a 13% cada. Igualmente
ao encontrado no presente estudo (3,9 – 6,3 – 1,7), Santos e Fernandes Filho (2004), em pesquisa com 50
pára-quedistas do exército brasileiro do ano de 2003, encontraram valores de somatotipo de 2,5 – 4,5 –
2,3. Também, em estudo com 70 policiais do BOPE do Rio de Janeiro, Santos e Fernandes Filho (2007)
encontraram predominância do componente mosomórfico (3,2 – 5,9 – 1,7). Os autores acrescentam que,
para esses profissionais, a característica ectomórfica é desvantajosa, visto que necessitam apresentar uma
estatura baixa para mediana, de modo a agruparem melhor seus corpos durante as várias situações de
combate. Diferentemente, Freitas e Fernandes Filho (2004), em estudo com 46 pilotos de helicópteros da
Força Aérea Brasileira (FAB), encontraram resultados de 4,7 – 3,1 – 1,9, comprovando prevalência do
componente endomorfo na amostra. Quanto à dermatoglifia, em pára-quedistas do exército brasileiro,
Santos e Fernandes Filho (2004) reportam valores de D10 (12,0±3,5), SQTL (103,0±30,9), A (8%), L (63%) e
W (29%). Além disso, citam três pesquisas que encontraram dados dermatoglíficos em militares. Trata-se
dos estudos de Sampaio (2000), que perceberam valores de D10 (13,1±2,9), SQTL (129,4±32,1), A (3%), L
(64%) e W (34%) em pilotos de aviação de caça; Di Gesu (2003), que perceberam valores de D10 (11,2±2,7),
SQTL (104,2±48,2), A (10%), L (65%) e W (23%) em pilotos de helicóptero; Santos (2003), que encontrou
valores de D10 (13,5±3,3), SQTL (102,3±18,4), A (0%), L (61%) e W (38%) em pára-quedistas militares. Os
resultados da presente pesquisa (L=64%) mostram-se similares aos encontrados nessas pesquisas, isto é,
pela prevalência do desenho L. Quanto aos resultados das qualidades físicas básicas da presente amostra,
verificou-se que eles pouco variaram dos achados em outras pesquisas de semelhança metodológica. Isto
se mostra importante, visto que, conforme Marcelino et al. (2009), um combatente do Corpo de Bombeiros
deve estar bem preparado fisicamente para atender a qualquer chamado de emergência. Logo, deve ser
exigência, nessas corporações, a manutenção e aperfeiçoamento das valências físicas. Conclusão: Houve
predominância do componente endomorfo no grupo estudado, além das qualidades físicas de velocidade e
força explosiva, verificada através da dermatoglifia. As qualidades físicas básicas, analisadas através dos
147
testes físicos, mostraram-se adequadas para os soldados, quando analisadas em associação aos resultados
de estudos similares. Referências Bibliográficas:
FERNANDES FILHO, J. A prática da avaliação física. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
FERNANDES FILHO, J. Impressões dermatoglíficas: marcas genéticas na seleção dos tipos de esporte e lutas
(a exemplo de desportista do Brasil). Tese de Doutorado. Moscou: VNIIFIK, 1997.
FILIN, V.P.; VOLKOV, V.M. Seleção de talentos nos desportos. Londrina: Midiograf, 1998.
FREITAS, R.G.; FERNANDES FILHO, J. Perfis dermatoglífico, somatotípico das qualidades físicas de força e
velocidade de reação, VO2max e da coordenação motora, característicos de pilotos de helicópteros da
Força Aérea Brasileira (FAB), em 2003. Fitness & Performance Journal, v. 3, n. 2, p. 115-120, 2004.
MARINS, J.C.B.; GIANNICHI, R.S. Avaliação e prescrição de atividade física: guia prático. Rio de janeiro:
Shape, 1998.
MARCELINO, C.; SIMÃO, R.; GUIMARÃES, R.; SALLES, B.F.; SPINETI, J. Correlação entre as capacidades físicas
básicas e o índice de capacidade de trabalho em bombeiros do estado do Rio de Janeiro. Revista de
Educação Física, v. 144, p. 36-44, 2009.
METTRAU, M.B.; LINHARES, R.V.; FERREIRA, D.C.C.; FERNANDES FILHO, J. Avaliação do perfil pessoal de
adolescentes talentosos utilizando suas características dermatoglíficas. Meta: Avaliação, v. 1, n. 2, p. 220236, 2009.
MOSKATOVA, A.K. Aspectos genéticos e fisiológicos no esporte. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1998.
SANTOS, M.R.; FERNANDES FILHO, J. Estudo do perfil dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas
dos policiais do batalhão de operações especiais (PMERJ) do ano de 2005. Fitness & Performance Journal,
v. 6, n. 2, p. 97-101, 2007.
SANTOS, M.R.; FERNANDES FILHO, J. Perfis dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas básicas dos
pára-quedistas do exército brasileiro do ano de 2003. Fitness & Performance Journal, v. 3, n. 2, p. 88-97,
2004.
SKINNER, J.S. Será que a genética determina o campeão? Sports Science Exchange, n. 34, 2002.
THOMAS, J.R.; NELSON, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2002.
Palavras-chave: dermatoglifia, qualidades físicas, militares.
148
INCIDÊNCIA DE DISFUNÇÕES DO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO EM PACIENTES ATENDIDOS EM UMA
CLÍNICA DE FISIOTERAPIA EM SANTARÉM-PA, ENTRE OS ANOS DE 2009-2010.
Danielle Marialva de CASTRO3; Marília R. Santos PIMENTEL3; Michele de Castro LEÃO1; Aline Ribeiro
MENESES1; Camila Chaves LAMEIRA1; Diego Sarmento de SOUSA1,2
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdade de
Ávila – GO. E-mail: [email protected]
2
Introdução: As disfunções do sistema músculo esquelético (DSMEs) causam quadros álgicos, deformidades,
déficits funcionais e limitam as atividades da vida diária (AVDs). Para Sato (2001), as DSMEs são um grave
problema de saúde pública, devido grande frequência de casos diagnosticados. Nesse sentido, o
levantamento de dados epidemiológico é importante para o conhecimento da incidência e/ou prevalência
de DSMEs, verificar fatores de risco associados, podendo-se, então, trabalhar na prevenção, diminuindo
assim significativamente ao número de casos (NETO et al., 2009). Segundo CAIERÃO (2006), entre as
diversas especialidades da fisioterapia, a ortopedia e a traumatologia é aquela com maior demanda de
pacientes. Por esse motivo, o fisioterapeuta deve conhecer as modalidades de DSMEs que mais acometem
os pacientes em atendimentos em clínicas, podendo, assim, criar e o desenvolver novos conhecimentos
científicos para uma melhor compreensão sobre o melhor tratamento a ser realizado com o paciente.
Objetivo: Verificar a incidência de DSMEs em pacientes atendidos em uma clínica de fisioterapia em
Santarém-PA, entre os anos de 2009-2010. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica
descritivo-longitudinal realizada numa clínica de fisioterapia na cidade de Santarém-PA. Foram analisados
3005 prontuários de pacientes atendidos entre os anos de 2009 a 2010, no qual se verificou as seguintes
variáveis: data da avaliação, diagnóstico clínico referente à especialidade fisioterapêutica da ortopedia e
traumatologia. Foram selecionados os prontuários de pacientes que deram entrada no respectivo período.
Sendo assim, a amostra foi composta por 366 prontuários, sendo 217 do gênero feminino (45,0±17,3 anos)
e 149 do gênero masculino (40,3±16,9 anos). Os resultados foram processados através de recursos da
estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows – 2007). Resultados e
Discussão: De acordo com os resultados apresentados na tabela 01, a incidência de DSMEs foi de
121,8/1000 indivíduos tratados na clínica por ano. Em 2009, observamos um crescimento da incidência de
DSMEs quase que linearmente entre os meses de janeiro (4,50%; n=05) a junho (16,41%; n=21), diminuindo
em julho (11,76%; n=16) e chegando a maior incidência do ano no mês de agosto (26,12%; n=35), decaindo
novamente entre os meses de setembro (16,77%; n=26) a novembro (11,45%; n=15), e aumentando no
mês de dezembro (21,90%; n=23). Em 2010, observamos que a maior incidência de DSMEs foram nos
meses de abril (23,58%; n=25) e maio (24,04%;n=25). Com exceção dos meses de janeiro e fevereiro, dos
demais meses apresentaram incidência menor em comparação ao ano anterior.
149
Tabela 01: Perfil dos atendimentos em traumato-ortopedia em relação a cada mês em 2009-2010.
Santarém-PA. 2011.
Anos
Geral
2009
2010
Meses
TIDSME
TIDSME
N
n
N
n
TIDSME (%)
N
n
(%)
(%)
Janeiro
111 05
4,50
142
12
8,45
253
17
6,72
Fevereiro 129 09
6,98
102
13
12,75
231
22
9,52
Março
103 09
8,74
115
09
7,83
218
18
8,26
Abril
108 13
12,04
106
25
23,58
214
38
17,76
Maio
115 13
11,30
104
25
24,04
219
38
17,35
Junho
128 21
16,41
148
19
12,84
276
40
14,49
Julho
136 16
11,76
146
08
5,48
282
24
8,51
Agosto
134 35
26,12
168
14
8,33
302
49
16,23
Setembro 155 26
16,77
114
13
11,40
269
39
14,50
Outubro
115 18
15,65
143
09
6,29
258
27
10,47
Novembro 131 15
11,45
112
12
10,71
243
27
11,11
Dezembro 105 23
21,90
135
04
2,96
240
27
11,25
147
Total
203
13,81
1535
163
10,62
3005
366
12,18
0
Legenda: N=População Atendida; n=Novos Casos; TIDSME =Taxa de Incidência de Disfunções do Sistema Músculo Esquelético.
Na tabela 02 constatou-se que dentre as DSMEs observadas, as mais frequentes foram às disfunções
lombosacras (2009: 15,00%; 2010: 19,88%; Geral: 17,21%), seguidas das lesões tendíneas (2009: 12,00%;
2010: 9,64%; Geral: 10,93%), alterações posturais (2009: 13,00%; 2010: 7,83%; Geral: 10,66%), lesões de
joelho (2009: 11,00%; 2010: 8,43%; Geral: 9,84%).
Tabela 02: Distribuição das disfunções Traumato-ortopédicas evidenciadas nos portuários entre os
anos de 2009 e 2010. Santarém-PA, 2011.
Anos
Geral
2009
2010
Disfunções Traumato-ortopédicas
n=20
n=16
n=36
%
%
%
0
6
6
Lesão cervical
02
1,00
02
1,20
04
1,09
Esporão de calcâneo
03
1,50
03
1,81
06
1,64
Lesão muscular
04
2,00
03
1,81
07
1,91
Artrose
02
1,00
08
4,82
10
2,73
Não especificado
13
6,50
01
0,60
14
3,83
Entorses
07
3,50
07
4,22
14
3,83
Cervicalgia
11
5,50
08
4,82
19
5,19
Pós-operatório
08
4,00
13
7,83
21
5,74
Dorsalgia
13
6,50
16
9,64
29
7,92
Fraturas
16
8,00
13
7,83
29
7,92
Outras disfunções
19
9,50
16
9,64
35
9,56
Lesão de Joelho
22
11,00
14
8,43
36
9,84
Alteração postural
26
13,00
13
7,83
39
10,66
Lesões Tendíneas
24
12,00
16
9,64
40
10,93
Disfunções Lombrosacros
30
15,00
33
19,88
63
17,21
Em Umuarama-PR, um estudo epidemiológico com 27 indivíduos mostrou que a incidência de DSMEs foi
de 51,90%, sendo a coluna lombar, cervical, ombro e punhos e mãos as áreas mais afetadas. Um estudo
com 555 prontuários em uma clínica escola de fisioterapia na cidade de Tubarão-SC verificou-se que
70,37% travava-se de disfunções lombrosacros (lombalgia e lombociatalgia) (MARGOTTI, 2004). O mesmo
foi observado nos estudos de Brown e Meumann (2001). Estas pesquisas confirmam os achados do
presente estudo que mostra que a maior incidência de DSMEs corresponde às disfunções lombosacras.
Choratto e Stabille (2007) relatam que as disfunções lombosacras são as DSMEs que mais limita o trabalho
150
além se corresponder a segunda razão mais frequente de limitação para o trabalho. Conclusão: Através da
análise dos resultados, concluímos que a incidência de DSMEs foi de 121,8/1000 indivíduos tratados na
clínica por ano. Entre as DSMEs, as mais frequentes foram às disfunções lombosacras, seguidas das lesões
tendíneas, alterações posturais e lesões de joelho. Referências Bibliográficas:
BROWN, D. E.; NEUMANN, R. D. Segredos em ortopedia: respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na
clínica, em exames orais e escritos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
CAIERÃO, Q. M. O papel da fisioterapia nas lesões ortopédicas. Saúde em Revista. v.8, n.20, p.73-74, 2006.
CHORATTO, R.; STABILLE, S. R. Incidência de lombalgia entre pacientes encaminhados em 2001 a uma
instituição privada de saúde para tratamento fisioterápico. Arquivo de Ciências da Saúde. v.7, n.2, p. 99106, 2003.
MARGOTTI, W. Prevalência dos dez distúrbios ortopédicos mais frequentes na Clínica Escola de
Fisioterapia da UNISUL. 2004, 14f. Monografia (Bacharel em Fisioterapia). Universidade do Sul de Santa
Catarina, Tubarão.
MASSAMBANI, E. M. Incidência de distúrbios músculo-esqueléticos entre farmacêuticos-bioquímicos e
suas repercussões sobre a qualidade de vida e de trabalho. 2002, 109f. Dissertação (Mestre em
Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
NETO, C.A.S.; SILVA, L.J.S.; HAMAGUCHI, R.K.C. Análise de prevalência das lesões traumato- ortopédicas
dos pacientes atendidos na clínica escola da UNAMA- Fisioclínica no período de janeiro de 2008 a janeiro
de 2009. 2009, 55f. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia). Universidade da Amazônia, Belém.
SATO, L. LER: objeto e pretexto para a construção do campo trabalho e saúde. Caderno de Saúde Pública.
v.17, n.1, p.147-152 , 2001.
Palavras-chave: Fisioterapia, Epidemiologia, Disfunções do Sistema Músculo Esquelético.
151
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL, POR BAIRROS, DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA
NO PERÍODO DE 2007 A 2009.
Rafael Gibson O. DA SILVA1, Tayná do Matos VALE1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1
1
Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato:
[email protected]
Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2020 os Acidentes de Trânsito (AT)
serão a 2ª causa de morte prematura no mundo (DAVANTEL et al., 2009). No Brasil, eles figuram um
problema social e econômico de grande impacto representando mais de um quarto das mortes violentas
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Os índices de AT no Brasil são altíssimos (1/410 veículos em
circulação), quando comprada a países como a Suécia (1/21.400 veículos em circulação). Dentro desta
realidade, o trânsito brasileiro é considerado um dos piores e mais perigosos do mundo (DENATRAN, 1997).
Os acidentes de trânsito têm sido alvo de grande preocupação no Brasil e no mundo, pelo elevado número
de vítimas jovens que atingem e pelos impactos sociais, econômicos e pessoais que provocam. Nas últimas
duas décadas, os acidentes de trânsito foram o principal motivo de mortes por causa externa, somente
sendo superado pelos homicídios (SECRETARIA DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL, 2001). Os AT não são
uma fatalidade, como boa parte da população insiste em acreditar, mas ocorrem pela deficiência na
conservação de veículos e estradas ou, ainda são provocadas pelos pedestres e condutores e, as falhas
humanas se sobrepõem aos demais determinantes dos acidentes (SCALASSARA et al., 1998; SCIESLESKI,
1982a; SCIESLESKI, 1982b). Percebe-se, portanto, que o processo de urbanização vem servindo como pano
de fundo para justificar as falhas humanas no trânsito (MINAYO, 1994). Além de representar um grande
problema de saúde pública, os AT implicam um custo anual de 1% a 2% do produto interno bruto para os
países menos desenvolvidos (SODERLUND; ZWI, 1995). No Brasil, cerca de dois terços dos leitos
hospitalares dos setores de ortopedia e traumatologia são ocupados por vítimas de AT, com média de
internação de vinte dias, gerando um custo médio de vinte mil dólares por ferido grave (PIRES et al., 1997).
O Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) registrou, em 1994, mais de 22 mil mortes no trânsito
no País e mais de 330 mil feridos. O custo anual estimado ultrapassa três bilhões de dólares (PIRES et al.,
1997). Esta realidade não é exclusividade dos grandes centros urbanos, e em Santarém o fluxo de pacientes
vítimas de AT nas ruas da cidade não deixa dúvidas quanto a gravidade deste problema. Objetivo: Revelar a
incidência e a distribuição espacial, por bairros, dos AT (automobilístico, motociclístico e atropelamento) no
município de Santarém-PA no período compreendido entre 2007 a 2009. Metodologia: Foi desenvolvida
uma pesquisa de levantamento, quantitativa e de caráter retrospectivo, tipo série histórica, abrangendo o
período de 2007 a 2009, no sistema de informação de dados secundários e análise de dados do Sistema
Integrado de Segurança Pública do Departamento de Trânsito (DETRAN) da cidade de Belém-Pa, no mês de
janeiro de 2011. A coleta de dados foi referente à pesquisa dos registros de ocorrência de AT, no município
de Santarém, no período de 2007 a 2009, sendo copiados os dados digitais do Sistema Integrado de
Segurança Pública do DETRAN, referentes a variável “bairro de ocorrência do AT”. Após a coleta dos dados,
foi utilizado o programa Microsoft Office versão 2007 para tabulação dos mesmos de acordo com o
objetivo traçado previamente. Resultados: Para melhor visualização dos resultados desta investigação, os
mesmos encontram-se dispostos na tabela abaixo:
152
Tabela 1: Distribuição dos acidentes de trânsito por bairro no município de Santarém.
Ano 2007
Ano 2008
Ano 2009
Bairro
Qtd (%)
Bairro
Qtd (%)
Bairro
Qtd (%)
Aparecida
57 (9.36)
Aparecida
65 (9.41)
Centro
85 (12.80)
Caranazal
56 (9.20)
Aldeia
51 (7.38)
Aparecida
52 (7.83)
Aldeia
41 (6.73)
Santa Clara
47 (6.80)
Caranazal
43 (6.48)
Aeroporto Velho
37 (6.08)
Caranazal
47 (6.80)
Santa Clara
41 (6.17)
Santa Clara
31 (5.09)
Aeroporto Velho
41 (5.93)
Diamantino
40 (6.02)
Diamantino
28 (4.60)
Prainha
41 (5.93)
Aldeia
36 (5.42)
Interventoria
25 (4.11)
Centro
34 (4.92)
Aeroporto Velho
35 (5.27)
Prainha
25 (4.11)
Santíssimo
31 (4.49)
Aeroporto
28 (4.22)
Esperança
22 (3.61)
Santarenzinho
21 (3.04)
Santíssimo
28 (4.22)
Santíssimo
21 (3.45)
Diamantino
18 (2.60)
Santarenzinho
26 (3.92)
Liberdade
17 (2.79)
Nova República
17 (2.46)
Prainha
22 (3.31)
Nova República
17 (2.79)
Esperança
16 (2.32)
Fátima
19 (2.86)
Maracanã
15 (2.46)
Fátima
16 (2.32)
Nova República
16 (2.41)
Santarenzinho
14 (2.30)
Interventoria
16 (2.32)
Interventoria
12 (1.81)
Livramento
12 (1.97)
Liberdade
14 (2.03)
Livramento
10 (1.51)
Matinha
11 (1.81)
Cambuquira
13 (1.88)
Santana
10 (1.51)
Alter do Chão
10 (1.64)
Livramento
13 (1.88)
Central
10 (1.51)
Fátima
9 (1.48)
Maracanã
12 (1.74)
Urumari
10 (1.51)
Santana
8 (1.31)
Alter do Chão
12 (1.74)
Salé
10 (1.51)
Urumari
8 (1.31)
Mararu
11 (1.59)
Matinha
9 (1.36)
Boa Esperança
7 (1.15)
Aeroporto
10 (1.45)
Esperança
7 (1.05)
Floresta
6 (0.99)
Santana
8 (1.16)
Cambuquira
7 (1.05)
Cambuquira
5 (0.82)
Urumari
8 (1.16)
Floresta
7 (1.05)
Conquista
4 (0.66)
Sale
8 (1.16)
Rodagem
7 (1.05)
Sale
4 (0.66)
Boa Esperança
6 (0.87)
Liberdade
6 (0.90)
Mararu
4 (0.66)
Maicá
6 (0.87)
Maicá
6 (0.90)
Santarém Novo
3 (0.49)
Matinha
5 (0.72)
Maracanã
5 (0.75)
Mapiri
3 (0.49)
Conquista
5 (0.72)
Boa Esperança
5 (0.75)
Aeroporto
3 (0.49)
Floresta
4 (0.58)
Conquista
5 (0.75)
Amparo
2 (0.33)
Uruará
3 (0.43)
Mapiri
3 (0.45)
São Jorge
2 (0.33)
Rodagem
3 (0.43)
Amparo
3 (0.45)
Centro
2 (0.33)
Mapiri
3 (0.43)
Santarém Novo
3 (0.45)
Uruará
2 (0.33)
Central
2 (0.29)
Mararu
3 (0.45)
Maicá
2 (0.33)
Outros*
14 (0.14)
Jutaí
2 (0.30)
7 (0.16)
Não Informado
64 (9.26)
Outros*
11 (0.15)
Não Informado
39 (5.87)
Total
664 (100)
Outros*
Não Informado
84 (13.79)
Total
609 (100)
Total
691 (100)
* Bairros com registro de apenas um acidente.
Fonte: Sistema Integrado de Segurança Pública do DETRAN da cidade de Belém-Pa (2010).
Discussão: Os resultados deste estudo apontam que entre os anos investigados aquele de maior incidência
de AT foi o ano de 2008 com um total de 691 casos. Em contrapartida o ano de menor ocorrência de AT foi
o ano de 2007, contudo ainda com um número bastante elevado de AT (609), revelando o cenário de
perigo em que se apresenta o trânsito do município de Santarém nos últimos anos. Os bairros que
demonstraram maior ocorrência de acidentes nos anos investigados foram o de Aparecida (174 AT ao
153
total), Caranazal (146 AT ao total) e Aldeia (128 AT ao total), respectivamente. Sugere-se que estes bairros
apresentem esta alta incidência de acidentes em decorrência do intenso fluxo de veículos nas principais
ruas destes bairros. Contudo é plausível que outros fatores também podem ser considerados como a
negligência e/ou imperícia de alguns condutores e também as péssimas condições de tráfego em algumas
das vias destes bairros. Outro achado que se torna bastante relevante nesta discussão diz respeito ao
elevado número de AT que não tiveram o devido registro do bairro de ocorrência, sobretudo no ano de
2007, quando este número ultrapasse os 10% dos registros. Contudo, percebe-se uma evolução ano a ano
do adequado registro dos AT, com um decréscimo significativo do número de bairros não informados ao
longo desta série histórica. Conclusão: Conclui-se, portanto, que os bairros que demonstraram maior
ocorrência de acidentes nos anos investigados foram o de Aparecida, Caranazal e Aldeia, respectivamente,
sendo as possíveis causas para esta alta incidência de AT nestes bairros: o intenso fluxo de veículos nas suas
principais vias, a negligência e/ou imperícia de alguns condutores e também as péssimas condições de
tráfego em algumas das vias destes bairros. Referências:
DAVANTEL, P. P.; PELLOSO, S. M.; CARVALHO, M. D. de B.; OLIVEIRA, N. L. B. de. A mulher e o acidente de
trânsito: caracterização do evento em Maringá, Paraná. Revista Brasileira Epidemiologia, 2009; 12(3): 35567.
DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito), 1997. Estatísticas Gerais sobre Trânsito. Brasília:
DENATRAN.
MINAYO, M.C.S. A difícil e lenta entrada da violência na agenda do setor saúde. Caderno de Saúde Pública,
2004; 20: 646-647.
PIRES, A. B.; VASCONCELLOS, E. A. & SILVA, A. C., 1997. Transporte Humano: Cidades com Qualidade de
Vida. São Paulo: Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP.
SCALASSARA, M. B.; SOUZA, R. K. T.; SOARES, D. F. P. P. Características da mortalidade por acidentes de
trânsito em localidade da região Sul do Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n. 32, 1998.
SCIESLESKI, A. J. Aspectos psicopatológicos do homem no trânsito. Revista Brasileira de Medicina do
Tráfego, São Paulo, vol. 1, n. 1, 1982a.
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1, n. 1, 1982b.
SECRETARIA DA SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL. Estatísticas de saúde: mortalidade 2001. Porto Alegre:
Coordenadoria de Informações em Saúde. 2001.
SODERLUND, N.; ZWI, A. B., 1995. Mortalidad por accidentes de tránsito en países industrializados y en
desarrollo. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana, 119:471-480.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). “World report on road traffic injury prevention”. Geneva: WHO.
2004.
Palavras-Chaves: Acidentes de trânsito; série histórica; Santarém.
154
LEI Nº 10.639/03: UMA DISCUSSÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI NO CAMPO EDUCAÇÃO FÍSICA
Maria Giselle Damasceno OLIVEIRA1, Edna Ferreira Coelho GALVÃO2
1
Graduada em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará – UEPA/ Santarém. 2 Professora da
Universidade do Estado do Pará – UEPA/ Santarém. E-mail: [email protected]
Introdução: Segundo a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC) em
estudos anteriores, como o de Cavalleiro (2000), foi possível comprovar que a existência do racismo, do
preconceito e da discriminação racial na sociedade brasileira e, em especial, no cotidiano escolar acarreta
aos indivíduos negros: auto-rejeição, desenvolvimento de baixa auto-estima com ausência de
reconhecimento de capacidade pessoal, timidez, pouca ou nenhuma participação em sala de aula, recusa
em ir à escola e, conseqüentemente, evasão escolar. Devido às lutas do movimento negro, tornou-se
notória a importância do tema relações étnico-raciais na educação, com isso, o Presidente Luís Inácio Lula
da Silva assina a Lei nº 10.639/03, sancionada em 9 de janeiro de 2003 alterando a LDB (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional). Esta lei prevê obrigatoriamente a inclusão no currículo oficial da Rede de
Ensino da temática “História e Cultura afro-brasileira”. Apesar dos sete anos que a lei está em vigor
somente nos últimos dois anos ouvimos falar sobre ela na Universidade, mas de forma superficial, sem a
devida importância que o tema sugere. Neste contexto, nasceu o interesse em verificar como a Educação
Física estava discutindo a temática no contexto da Educação Física Brasileira. Objetivo: Investigar como
estão acontecendo as discussões sobre a implementação da Lei 10.639/03 no campo da Educação e
Educação Física em alguns periódicos on line dedicado a divulgação as produções na área da Educação
Física e outros dedicado a discussão étnico racial. Metodologia: Pesquisa bibliográfica de caráter
exploratório em 04 revistas on line (Efdeportes, Fórum Identidades, Movimento, Revista Brasileira de
Ciências e do Esporte) e uma base de publicações eletrônica de periódicos científicos (Scielo). Envolveu
levantamento e seleção dos artigos voltados ao tema, leitura flutuante e identificação das Unidades de
Registro (UR) e Unidades de Significação (US) de cada artigo de acordo com os objetivos da pesquisa. Para
os registros utilizou-se o Quadro Síntese das UR e US proposto pela análise temático categorial de Oliveira
(2008). Resultados: Encontrou-se 29 artigos que tratam das relações étnico-raciais, afrodescendentes ou
Lei 10.639/03: 7 artigos foram encontrados na revista Efdeportes, 10 artigos na Fórum Identidades,
nenhum artigo foi encontrado na revista Movimento a partir das palavras chaves, 7 artigos na Revista
Brasileira de Ciências e do Esporte e 5 artigos na Scielo. Desses 29 artigos, somente 9 tratavam da Lei
10.639/03, onde 3 artigos encontra-se na revista Efdeportes, 1 artigo na revista Fórum Identidades e 5
artigos na Scielo.Tratando-se especificamente da Lei 10.639/03 em articulação com a Educação Física,
encontrou-se apenas 1 artigo na revista Efdeportes. Após a seleção dos artigos que tratam da lei passou-se
a analisá-los tendo em vista a análise temático categorial subsidiada por Oliveira (2008) com algumas
adequações para se adequar a realidade de nosso estudo. A discussão dos resultados foi feita a partir dos
eixos temáticos que representam a reconstrução do discurso impresso, visando expressar a partir do objeto
de estudo da pesquisa o que foi tratado nos artigos analisados. Os eixos temáticos são: Desafios para
implementar a Lei 10.639/03; Papel do negro na construção histórica; Compromisso com a
informação/divulgação da Lei 10.639/03; Inadequação na formação de professores; Denunciar a
desigualdade e valorizar a cultura de diferentes grupos sociais; Capacitar educadores; Educação
emancipatória em relação a Lei 10.639/03; Publicações sobre a Lei 10.639/03, maior atenção para o tema;
Efetivar o estudo da história africana na escola; Lidar com as diferenças na escola; Dúvidas metodológicas
no direcionamento do estudo da África; Sistematizar a Lei 10.639/03 na educação física; Estudo das
relações étnico-raciais e a produção do racismo; Cultura corporal e relações étnico-raciais na Educação
Física; Problematizar corpo e movimento frente as desigualdades sociais e raciais; Educação Física
emancipatória demanda luta política na escola. Conclusão: O estudo apontou que muitos são os desafios
para a implementação da Lei 10.639/03 nas escolas, três desses desafios são a formação de professores,
maior divulgação da lei nas diferentes áreas de conhecimento e a publicação de material condizente com a
lei que dê suporte para trabalhar a temática nas escolas. Quanto a sua aplicação no campo da Educação
Física o maior desafio está na revisão dos conceitos e valores da área de forma a aproximá-la das questões
culturais, possibilitando uma ampliação das possibilidades de vivências a partir da Cultura Corporal de
Movimento, permitindo a inclusão e revisão dos processos de exclusão e discriminação que historicamente
155
fez-se presente nesta área da disciplina escolar. É necessário também que os teóricos da área se dediquem
a produzir reflexões sobre o tema a fim de que possa aumentar as fontes pesquisadas que tratam da Lei em
relação a Educação Física. Referências Bibliográficas:
ARAÚJO, Maíra Lopes de; NETO, Vicente Molina. “Essanegranão!” a prática política-pedagógica de uma
professora negra em uma escola da rede municipal de ensino de Porto Alegre: um estudo de caso. Rev.
Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 29, n. 2, p. 203-225, jan. 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnicoraciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC, 2004 [s.d.]. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/cne/>.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial *da+
República
Federativa
do
Brasil.
Brasília,
DF,
9
jan.
2003.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2003/L10.639.htm>.
BRASIL. Parecer do Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno/DF No. 3, de 2004 (Relatora Petronilha
Beatriz Gonçalves e Silva).
CAVALLEIRO, Eliane S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na
educação infantil. São Paulo: Contexto, 2000.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. – 2. Ed. – Rio
de Janeiro: DP&A,2000.
Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações
Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana. Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC). Subsecretaria de Políticas de Ações Afirmativas
(SEPPIR), 2009.
ROCHA, L.C.P. Políticas afirmativas e educação: a lei 10.639 no contexto das políticas educacionais no
Brasil contemporâneo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, 2006.
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC). Educação anti-racista :
caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília, 2005. 236 p. (Coleção Educação para todos).
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Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010.
LEMOS, F. R. M. História e Cultura Afro-Brasileira: alguns subsídios. Efdeportes. Revista Digital - Buenos
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FALCÃO, Christiane Rocha. Quantas Áfricas o Brasil conhece? A aplicação da Lei 10.639 e os conflitos
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2008.
FERNANDES, J. R. O. Ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades. Revista Scielo,
Cad. CEDES vol.25 no.67 Campinas Sept./Dec. 2005.
MOREIRA, A. J. ; SILVA, M. C. P; DOMINGUES, S. C. Lazer, cultura e educação física: possibilidades
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MOREIRA, A. J. ; SILVA, M. C. P. A Lei nº10.639/03 e a Educação Física: memórias e reflexões sobre a
educação eugênica nas políticas de formação de professores. Efdeportes. Revista Digital - Buenos Aires Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010.
OLIVA, A. R. A História da África nos bancos escolares. Representações e imprecisões na literatura
didática. Revista scielo, Estud. afro-asiát. vol.25 no.3 Rio de Janeiro 2003.
OLIVA, A. R. A história africana nas escolas brasileiras. Entre o prescrito e o vivido, da legislação
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ROSEMBERG, F; BAZILLI, C; SILVA, P. V. B. da. Racismo em livros didáticos brasileiros e seu combate: uma
revisão da literatura. Revista Scielo. Educ. Pesqui. vol.29 no.1 São Paulo Jan./June 2003.
156
SANTOS, S. Q. S.; MACHADO, V. L. C. Políticas públicas educacionais: antigas reivindicações, conquistas
(Lei 10.639) e novos desafios. Revista Scielo. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. vol.16 no.58 Rio de
Janeiro Jan./Mar. 2008.
Palavras-chave: Educação Física Escolar, Relações étnico-raciais, Lei 10.639/2003
157
LEVANTAMENTO DESCRITIVO DO COMPORTAMENTO SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA DE MULHERES
QUILOMBOLAS DE SANTARÉM NO ANO DE 2011.
Luandressom Feitosa LIMA¹; Ronete Lourena Rodrigues MARTINS 1; Edna Ferreira Coelho GALVÃO 2; Juarez
SOUSA 2; Geovana Andreia GIBBERT 2.
¹Acadêmicos do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará- Campus de Santarém; ²Profs do
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará- Santarém. E-MAIL:
[email protected]
Introdução: A situação de saúde das mulheres é agravada pela discriminação nas relações de trabalho e a
sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. As mulheres têm uma expectativa de vida
maior do que os homens, porém adoecem com mais freqüência. Variáveis como etnia e situação de
pobreza realçam ainda mais as desigualdades. A vulnerabilidade da mulher frente a certas doenças e causas
de morte está muito mais relacionada com a situação de discriminação vivenciada na sociedade, que
representam fatores extrínsecos, do que com fatores biológicos que seriam os fatores intrínsecos de cada
individuo (BRASIL, 2004). Para Perpetuo (2000) a ausência da variável cor em muitos dos sistemas
existentes de informação demográfica e de saúde no país dificulta a investigação do tema desigualdade
racial. No âmbito da saúde as desigualdades sociais vivenciadas por essa população e, principalmente, pelas
mulheres negras se expressam na qualidade e quantidade de serviços sociais públicos a que têm acesso,
sendo na maioria serviços de baixa qualidade e efetividade. Estudos/sensos demonstram que as mulheres
acometidas pela morte materna são as de menor renda e escolaridade. Podem-se relacionar as causas de
morte materna à predisposição biológica das negras para doenças como a hipertensão arterial, fatores
relacionados à dificuldade de acesso e à baixa qualidade do atendimento recebido, além da falta de ações e
capacitação de profissionais de saúde voltadas para os riscos específicos aos quais as mulheres negras
estão expostas (BENEVIDES et al., 2005). Objetivo: Realizar um levantamento descritivo do comportamento
sexual e saúde reprodutiva das mulheres de uma comunidade quilombola de Santarém. Materiais e
Métodos: Realizou-se um estudo de campo quanti-qualitativo em uma comunidade quilombola de
Santarém, no período de fevereiro a maio de 2011, envolvendo 36 mulheres quilombolas em idade fértil,
que segundo o Ministério da Saúde enquadra-se na faixa etária de 15 a 49 anos. Foram excluídas da
pesquisa mulheres que não puderam responder adequadamente aos questionamentos. A estratégia de
abordagem consistiu em uma visita domiciliar feita pelos pesquisadores, onde todas as participantes foram
informadas dos objetivos da pesquisa, os riscos e benefícios, assim como os procedimentos éticos de não
identificação dos participantes. Mediante autorização e assinatura do TCLE procedeu-se a aplicação de um
questionário. Após a coleta de dados os mesmos foram tabulados e receberam tratamento estatístico com
o software Excel 2007. Resultados e Discussão: O gráfico 1 mostra que 57,14% das participantes tiveram
sua primeira relação sexual entre 13 e 15 anos de idade, sendo que 75% das mulheres afirmaram não ter
usado preservativo na primeira relação sexual. O gráfico 2 apresenta a idade com que teve o primeiro filho
onde percebemos que 28% tiveram entre 18 e 19 anos e 24% tiveram entre 14 e 15 anos, sendo que da
amostra total (N=36) 30,55% ainda não tiveram filhos. Destas, 72,73% ainda são virgens, como podemos
ver no gráfico 3. No gráfico 4 é possível verificar que o percentual de gravidez desejada foi de 44%,
enquanto que 56% das mulheres disseram não ter desejado/planejado a gravidez. O maior motivo
apresentado para esta freqüência foi a falta de informação e indisponibilidade de preservativos.
158
Gráfico 4
72,73
Porcentagem
80,00
60,00
40,00
27,27
20,00
Porcentagem
Gráfico 3
60
44
40
20
0
0,00
Não virgem
56
Gravidez Não
Desejada
Virgem
Gravidez Desejada
A idade na qual a mulher tem sua primeira relação sexual exerce um efeito importante sobre a seqüência e
o tempo de eventos subseqüentes no processo reprodutivo. Por exemplo, a partir do momento em que a
mulher inicia sua vida sexual, ela passa, efetivamente, a estar exposta ao risco de engravidar e de ter um
filho nascido vivo. Na pesquisa de Simão (2006) as mulheres que compõem dois coortes com idades
diferentes apresentaram idade mediana de 18 anos para as mais novas (20-29) e 21 anos para as mais
velhas (50-59), contrastando com o resultado encontrado no presente estudo, que apresentou a maior
porcentagem de início da vida sexual entre 13-15 anos (57,14%). Esta diferença pode ter sido decorrente da
pesquisa de Simão (2006) ter sido realizada com mulheres de uma grande capital, com maior circulação de
informações e comportamento cultural diferenciado. O uso do preservativo é muitas vezes determinado
por fatores sócio-econômicos ou culturais, como também relacionado a circunstancia em que ocorre o ato
sexual e ao próprio indivíduo. A questão quanto ao uso de preservativo na primeira relação sexual
levantado por este estudo, a freqüência apresentada foi pequena (25%), muito semelhante ao trabalho de
Paiva et al (2003) com os dados da Pesquisa Nacional do Ministério da Saúde/IBOPE, que encontrou o
percentual de 26,4%, sendo que a maior parcela dos entrevistados havia iniciado sua vida sexual em uma
relação sem camisinha (73,6%). A precoce idade para a primeira gravidez encontrada no estudo de
Paraguassú (2006), 45,9% engravidaram entre 10 e 16 anos e 54,1 % que engravidaram entre 17 e 19 anos,
também pode ser comparada com os dados encontrados neste estudo; a maioria das mulheres engravidou
antes dos 20 anos (72%) o que pode estar relacionado com a alta freqüência de gravidez não planejada
encontrada como representado n o gráfico acima. Na pesquisa de Praça e Latorre (2003) apenas 25% das
mulheres de sua pesquisa afirmaram ter planejado a gravidez, semelhante ao que foi encontrado na
comunidade quilombola que fez parte deste estudo, nela metade das participantes(56%) afirmaram que a
primeira gravidez não foi desejada. Este dado chama atenção para a necessidade de efetivar no programa
de atenção básica à saúde da mulher processos de discutir/orientação sobre planejamento familiar que
atendam populações diferenciadas como as quilombolas, por outro lado, mostra a passividade feminina
diante do planejamento dos rumos de sua vida. Conclusão: O estudo mostra que as mulheres que
participaram da pesquisa apresentam um comportamento sexual de risco tanto para as doenças
sexualmente transmissíveis, como também para gravidez na adolescência, o que já pode ser percebido pela
alta freqüência (56%) de gravidez indesejada na comunidade. Esses dados chamam a atenção para a
159
necessidade de intervenções em educação em saúde mais específicas para essas populações como também
a busca de estratégias que viabilizem o acesso a métodos de prevenção não só da gravidez mas de possíveis
doenças sexualmente transmissíveis. Referências:
BENEVIDES, M. A. DA S. et al. Perspectiva da eqüidade no pacto nacional pela redução da mortalidade
materna e neonatal: atenção à saúde das mulheres negras. [Maria Auxiliadôra da Silva Benevides et al.].
2005. 20 p.: il. color. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2004. 82 p.: il. – (C. Projetos, Programas e Relatórios)
PAIVA, V. et al. Uso de Preservativos - Pesquisa Nacional MS / IBOPE 2003 – Disponível em
www.aids.gov.br . Acesso em 25/6/2007.
PARAGUASSÚ, A. L. C. B. Saúde reprodutiva pré e pós-gestacional de adolescentes no município de feira de
Santana, Bahia. Sitientibus, Feira de Santana, n.34, p.25-36, jan./jun. 2006.
PERPÉTUO, Ignez Helena Oliva. Raça e acesso às ações prioritárias na agenda da saúde reprodutiva. Junho
2000.
PRAÇA, N. S; LATORRE, M. R. D. O. Saúde sexual e reprodutiva com enfoque na transmissão do HIV: práticas
de puérperas atendidas em maternidades filantrópicas do município de São Paulo. Rev. bras. saúde
matern. infant., Recife, 3 (1): 61-74, jan. - mar., 2003.
SIMÃO, A. B. et al. Comparando as idades à primeira relação sexual, à primeira união e ao nascimento do
primeiro filho de duas coortes de mulheres brancas e negras em Belo Horizonte:
evidências quantitativas. R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 23, n. 1, p. 151-166, jan./jun. 2006.
Palavras Chaves: Saúde Reprodutiva, Comportamento Sexual, Mulheres Quilombolas
160
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE
FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS SANTARÉM
Lucas da Silva Alho MOTA1,3, Izabela Mendonça de ASSIS1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Diego Sarmento de
SOUSA1,2, Gilma Teixeira Faruolo FRANÇA1,2
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Instituto
Esperança de Ensino Superior, IESPES, Brasil. e-mail: [email protected]
2
Introdução: O século XXI caracteriza-se em uma época onde há aumento das pesquisas sobre a atividade
física e saúde. Isto se deve, entre outros motivos, ao aumento dos níveis de obesidade, sedentarismo e de
morte por inatividade física da população. No Brasil, o sedentarismo já é considerado um dos principais
inimigos da saúde pública. Cerca de 70% da população brasileira praticam pouco ou quase nenhuma
atividade física regular (IBGE, 2000). Pesquisas comprovam que os hábitos sedentários são responsáveis por
54% do risco de morte por infarto (BRASIL, 2006). A atividade física pode ser entendida como qualquer
movimento corporal voluntário com gasto energético acima dos níveis de repouso (CASPERSEN et al., 1985;
GUEDES et al., 2002; GORDILLO, 2003; MADUREIRA et al., 2003; PINHO, 1999). Atividade física é tudo
aquilo que implique movimento, força ou manutenção da postura corporal contra a gravidade, resultando
em consumo de energia (BARATA, 2003). Este gasto energético, no entanto, deve ser contínuo. A prática
regular de atividade física está associada à melhoria da saúde e qualidade de vida de seus adeptos. Grande
número de evidências científicas demonstra que o hábito de praticar exercícios físicos regularmente
constitui hábito fundamental nos programas voltados à promoção da saúde, trazendo inúmeros benefícios,
em termos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos (PITANGA, 2001). Durante a idade universitária
geralmente são observadas determinados comportamentos, como estabelecimento da identidade sexual,
entrosamento com os vínculos de trabalho, criação de sistema pessoal de valores morais, capacidade de
manter relações amorosas, retorno ao relacionamento mais estável com os pais, intensas alterações
biológicas, instabilidade psicossocial, novas relações sociais e adoção de novos comportamentos. Todos
estes fatores podem tornar os universitários um grupo vulnerável a circunstâncias que colocam sua saúde
em risco (BASTOS, 1992). É nessa fase também que, muitas vezes, deixam de praticar exercícios físicos e
vinculam isto à falta de tempo, mas sabe-se que existem outros fatores associados, como baixo poder
aquisitivo (ANTES et al., 2009). O interesse em avaliar a atividade física em qualquer população é devido à
necessidade de estabelecer o nível de prática desta população e determinar sua adequação aos critérios
apropriados e indispensáveis a um ótimo estado de saúde (LOPES et al., 2001). Objetivo: Investigar o nível
de atividade física habitual de acadêmicos ingressantes, em 2011, no curso de Fisioterapia da UEPA,
Campus Santarém. Metodologia: A amostra foi composta de 19 acadêmicos com faixa etária entre 16 e 26
anos de idade (18,79±2,64 anos). Todos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a
participação no estudo. Para coleta de dados foi aplicada a versão curta do Questionário Internacional de
Atividade Física (IPAQ), por ser mais frequentemente sugerida para aplicação em populações juvenis
(GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos de atividade física
por semana foi o ponto de corte para classificar os acadêmicos como sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). A
análise estatística dos dados foi realizada através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização
do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, os dados foram transferidos para o
aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a comparação entre as variáveis numéricas do estudo. Para
tanto, aplicou-se o teste t de Studant, com adoção de p<0,05 para a significância estatística. Resultados e
Discussão: A tabela 1 apresenta o perfil do nível de atividade física habitual da amostra estudada. Pode-se
constatar que 26% da amostra eram fisicamente sedentários e 74% fisicamente ativos.
Tabela 1: Perfil do nível de atividade física habitual da amostra (n=19). Santarém, Pará, Brasil, 2011.
Grupos
Amostra
%
Grupo fisicamente sedentário (NAF≤150 min./semana) 5
26%
Grupo fisicamente ativo (NAF>150 min./semana)
14
74%
Legenda: NAF=Nível de Atividade Física.
161
A tabela 2 apresenta a relação da média e desvio padrão do tempo em minutos/semana gastos fazendo
atividade física quanto ao gênero. Não foi detectada diferença estatística no tempo realizando atividade
física entre ambos (Feminino: 473±458,96; Masculino: 433,33±521,11; p=0,8405).
Tabela 2: Comparação da média e desvio padrão do tempo em minutos/semana gastos fazendo atividade
física e gênero da amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2011.
Nível de Atividade Física
Variável
Total (n=19)
P
Feminino (n=10) Masculino (n=09)
Tempo fazendo atividade
473±458,96
433,33±521,11
433,33±377,06 0,8405
física (min/sem)
Vieira et al. (2002), ao estudarem adolescentes recém ingressos em universidades públicas do Brasil,
observaram que 57% dos mesmo não praticavam atividade física habitualmente, sendo que, dos
praticantes, 67,5% o faziam três vezes ou menos durante a semana. No presente estudo, foi encontrada
prevalência de sujeitos fisicamente ativos. No estudo de Costa et al. (2005), ao compararem os gêneros,
notaram uma baixa prática habitual de atividade física por parte das mulheres. Isto, porém, não foi similar
ao encontrado no presente estudo. Vasconcelos e Maia (2001) verificaram que o gênero masculino, quando
comparado ao feminino, apresenta uma opção pelo desporto, em virtude da maior autoestima aliada à
experiência desportiva. Já a meninas são menos ativas devido a compromissos domésticos e familiares.
Pires et al. (2004) citam que os adolescentes preferem se locomover com veículos automotores (ônibus,
carros, motos), elevando-se assim a taxa de inatividade física, contribuindo, dessa maneira, para o
sedentarismo. Conclusão: foi encontrada, na amostra, prevalência de sujeitos fisicamente ativos, não
sendo observada diferença do tempo fazendo atividade física entre os gêneros, com maior nível do público
feminino. Referências Bibliográficas:
ALVES, I. C. A relação entre a percepção da imagem corporal e a composição corporal dos adolescentes
do ensino médio de um colégio da rede pública estadual de Buriti. 2007, Monografia (Graduação em
Educação Física). Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara, Itumbiara.
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Disponível em: http://www.saude.gov.br, 2006 Acesso em: 02 mai 2011.
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Saúde Pública, p. 325-333, 2005.
GORDILLO, A. S. R. Actividade Física e Higiene para a Salud. Universidad de Las Palmas de Gran Canária,
Servicio de Publicaciones, 2003.
GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P.; BARBOSA, D. S.; OLIVEIRA, J. A. Atividade Física Habitual e Aptidão Física
Relacionada a Saúde em Adolescente. Revista Brasileira de Ciências e Movimento. v. 10, n. 1, p. 13–21,
2002.O
GUEDES, D. P.; LOPES, C. C.; GUEDES, J. E. R. P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional
de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158,
2005.
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02 mai 2011.
LOPES, V. P.; MONTEIRO, A. M.; BARBOSA, T.; MAGALHÃES, P. M. Actividade Física Habitual em Crianças.
Diferenças Entre Rapazes e Raparigas. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. v. 1, n. 3, p. 53-60,
2001.
162
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de Professores de Educação Física. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. v. 5,
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PINHO, R. A. Nível Habitual de Atividade Física e Hábitos Alimentares de Adolescentes Durante Período
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PIRES, E. A. G.; DUARTE, M. F. S.; PIRES, M. C.; SOUZA, G. S. Hábitos de Atividade Física e o Estresse em
Adolescentes de Florianópolis - SC. Revista Brasileira de Ciência Movimento. v. 12, n. 1, p. 51-56, 2004.
PITANGA, F. J. G.; PITANGA, C. P. S. Epidemiologia da Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida. Revista
Baiana de Educação Física. v. 2, n. 2, p. 22–28, 2001.
VIEIRA, V. C. R.; PRIORE, S. E.; RIBEIRO, S. M. R.; FRANCESCHINI, S. C. C.; ALMEIDA, L. P. Perfil
socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes recém ingressos em uma universidade pública
brasileira. Revista Nutrição, v. 5, n. 3, p. 273 - 282, 2002.
VASCONCELOS, M. A.; MAIA, J. Actividade fisica de crianças e jovens - haverá um declínio? Estudo
transversal em indivíduos dos dois sexos dos 10 aos 19 anos de idade. Revista Portuguesa de Ciências do
Desporto, v. 1, p. 144 -152, 2001.
Palavras-chave: atividade física, acadêmicos, fisioterapia.
163
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ
Izabela Mendonça de ASSIS1,2, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Patrícia Silva
FERNANDES1,2, Herbert Halley Gomes de CASTRO1,2, Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: O atual processo de desenvolvimento tecnológico e urbano tem levado a população a adotar
um estilo de vida fisicamente mais inativo. Em consequência disto, o sedentarismo passa a ser uma
preocupação mundial, caracterizando o estilo de vida moderno no qual o ser humano precisa de pouco
esforço físico para o desenvolvimento das ações cotidianas (ALVES, 2007). A constatação do padrão de
atividade física das populações é de extrema importância para estabelecer sua relação com o processo
saúde-doença, como também para definir as necessidades energéticas dos indivíduos (PONTES et al.,
2008). A adolescência é uma fase da vida que, na atualidade, é caracterizada pela exposição a diversos
fatores de riscos à saúde, como os maiores tempos diários disponibilizados a assistir à televisão, jogos
eletrônicos, utilizar computador para o acesso à Internet, entre outros (RUZANY, 2000). Além disso, podem
ser citados os compromissos estudantis e/ou profissionais e a progressiva redução dos espaços livres nos
centros urbanos, culminando à redução das oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa,
favorecendo atitudes sedentárias nesta fase da vida. Em termos de saúde pública e da medicina preventiva,
promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a
redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor
qualidade de vida (NAHAS, 2003; ALONSO; FIQUEIRA JÚNIOR, 2004). Objetivo: Estimar o nível de atividade
física habitual de adolescentes do ensino médio da rede estadual de educação na zona urbana central de
Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica descritivo-transversal (PEREIRA,
1995), com amostra probabilística de 711 participantes de ambos os gêneros, entre 13 e 19 anos de idade
(15,88±1,28 anos). Para fazer parte da pesquisa, o participante deveria possuir a referida idade cronológica;
estar devidamente matriculado e estudando regularmente nos turnos da manhã ou da tarde; assinar um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como seu responsável; não ter sido acometido por
doenças ou problemas osteomioarticulares na semana anterior à aplicação dos questionários. A pesquisa
foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n.
69/2009) e foi realizada em três instituições de ensino. São elas: Escola Álvaro Adolfo da Silveira, Colégio
São Francisco e Escola Rodrigues dos Santos. Para a coleta dos dados, foi aplicada a versão curta do
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), por ser mais frequentemente sugerida para aplicação
em populações juvenis (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). A análise estatística dos dados foi realizada
através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows
– 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a
estabelecer a comparação entre as variáveis numéricas do estudo através da aplicação do teste de MannWhitney e adoção de p<0,05 para a significância estatística. Resultados e Discussão: A tabela 1 apresenta
os resultados do perfil do nível de atividade física habitual da amostra. Nota-se que 397 (55,84%)
participantes eram fisicamente muito ativos; 84 (11,81%), ativos; 131 (18,43%), pouco ativos e 99 (13,92%),
sedentários. Quanto aos dados agrupados, 230 (32,35%) participantes fizeram parte do grupo fisicamente
sedentário e 481 (67,65%) do grupo fisicamente ativo.
Tabela 1: Perfil do nível de atividade física habitual da amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Variáveis
Amostra (n=711)
%
Grupo fisicamente sedentário
230
32,35%
Sedentário (NAF≤10 min./semana)
99
13,92%
Pouco ativo (NAF≤150 min./semana)
131
18,43%
Grupo fisicamente ativo
481
67,65%
Ativo (NAF>150 min./semana)
84
11,81%
Muito Ativo (NAF>240 min./semana)
397
55,84%
164
Conforme a tabela 2, os indivíduos ativos permaneciam mais tempo fazendo atividade física em
comparação aos sedentários (Ativos: 784,95±521,11 min/sem; Sedentários: 108,27±58,40 min/sem;
p<0,0001). Observou-se que os indivíduos ativos permaneciam mais tempo sentados durante a semana em
comparação aos sedentários (Ativos: 2732,73±1392,34 min/sem; Sedentários: 2504,15±1332,60 min/sem;
p=0,0448). Verificou-se também que, tanto no grupo sedentário como no ativo, o tempo permanecendo
sentado foi significativamente maior quando comparado ao tempo gasto em atividades físicas (p<0,0001).
Tabela 2: Comparação da média e desvio padrão do tempo em minutos/semana gastos fazendo atividade
física e permanecendo sentado de acordo com o nível de atividade física da amostra. Santarém, Pará,
Brasil, 2010.
Nível de Atividade Física
Variáveis
Total (n=711)
P
Sedentários
Ativos (n=481)
(n=230)
Fazendo
atividade
física
108,27±58,40
784,95±521,11
566,05±533,89
< 0,0001*
(min/sem)
Permanecendo sentado (min/sem) 2504,15±1332,60
2732,73±1392,34 2658,78±1376,53 0,0448*
p
< 0,0001*
< 0,0001*
< 0,0001*
*Variação significativa encontrada, conforme o teste de Mann-Whitney (duas amostras independentes).
Na tabela 3 podemos observar que os principais motivos que justificaram a não adesão à prática de
atividades físicas foram: falta de tempo (n=108; 41,86%), preguiça (n=46; 17,83%), sentir-se cansado(a)
(n=31; 12,02%), simplesmente não gosta (n=21; 8,14%) e falta de motivação (n=20; 7,75%). Por outro lado,
entre os indivíduos que praticam regularmente atividade física, as principais justificativas para aderirem à
prática de atividades físicas foram: obtenção de saúde (n=145; 32,01%), bem estar (n=136; 30,02%),
condicionamento físico (n=66; 14,57%) e lazer (n=44; 9,71%).
Tabela 3: Motivos que justificaram a adesão ou não à prática regular de atividades físicas na amostra.
Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Variáveis
Amostra
%
Não pratica atividade física regularmente (n=258)
Falta de companhia
04
1,55%
Falta de espaços públicos
05
1,94%
Falta de motivação
20
7,75%
Falta de tempo
108
41,86%
Preferem realizar outras atividades
09
3,49%
Preguiça
46
17,83%
Problema de saúde
14
5,43%
Sente-se cansado(a)
31
12,02%
Simplesmente não gosta
21
8,14%
Pratica atividade física regulamente (n=453)
Autoestima
07
1,55%
Bem-Estar
136
30,02%
Condicionamento físico
66
14,57%
Emagrecer
12
2,65%
Estética
24
5,30%
Lazer
44
9,71%
Qualidade de vida
19
4,19%
Saúde
145
32,01%
Em estudo desenvolvido com 1028 escolares da cidade de Aracaju (SE) foi encontrada alta prevalência de
crianças e adolescentes caracterizados como sedentários e muito sedentários, sendo o sexo masculino o
que apresentou maiores nível de atividade física e os adolescentes menos ativos do que as crianças (SILVA
et al., 2009). Há uma maior predisposição dos rapazes para a prática do lazer ativo nos momentos de
tempo livre (SALES-NOBRE; JORNADA-KREBS; VALENTINI, 2009). No município de Cacoal – RO,
165
encontraram-se 93,1% de indivíduos ativos e apenas 6,9% de inativos (PEREIRA et al., 2008). Outros
resultados de pesquisas comprovam que os adolescentes da rede particular apresentaram mais gordura
corporal, baixos níveis de atividade física e piores hábitos alimentares do que os da rede pública (ARRUDA;
LOPES, 2007). Conclusão: Através dos resultados obtidos, verificou-se que a maior parte da amostra foi
composta por adolescentes fisicamente muito ativos. Foi observado que os grupos sedentário e ativo
apresentam maior tempo sentado comparado ao gasto em atividades físicas. Além disso, os principais
motivos que justificaram a não adesão à prática regular de atividades físicas foram falta de tempo,
preguiça, sentir-se cansado(a), simplesmente não gosta e falta de motivação; entre os indivíduos que
praticam regularmente atividade física, as principais justificativas para a aderência foram obtenção de
saúde, bem-estar, condicionamento físico e lazer.Referências Bibliográficas:
ALONSO, D.O; FIQUEIRA JÚNIOR, A.J. Avaliação de índices de obesidade em adultos. 27º Simpósio
Internacional de Ciências do Esporte. In: Anais..., São Paulo, p. 150, 2004.
ALVES, I.C. A relação entre a percepção da imagem corporal e a composição corporal dos adolescentes do
ensino médio de um colégio da rede pública estadual de Buriti. Itumbiara, 2007. Monografia (Conclusão
do Curso de Educação Física) – Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara.
ARRUDA, E.L.M.; LOPES, A.S. Gordura corporal, nível de atividade física e hábitos alimentares de
adolescentes da região serrana de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Cineantropometria &
Desempenho Humano, v. 9, n. 1, p. 05-11, 2007.
GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de
atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.2, p. 151-158, 2005.
NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida
ativo. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2003.
PEREIRA, A.C.; HORINOUTI, J.M.; ROMANHOLO, H.S.B.; SILVA, M.S.V.; MOMESSO, C.M.; ROMANHOLO, R.A.
Ingestão alimentar e nível de atividade física em escolares de 7 a 10 anos da rede de ensino privado no
município de Cacoal – RO. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 2, n. 12, p. 430-435, 2008.
PEREIRA, M.G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
PONTES, L.M.; PINHEIRO, S.S.; ZEMOLIN, C.M.; ARAÚJO, T.K.C.; SILVA, R.L.; KUMAMOTO, F.I.D.; VILCHES,
A.E.S. Padrão de atividade física e influência do sedentarismo na ocorrência de dislipidemias em adultos.
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RUZANY, M.H Mapa da situação de saúde do adolescente no município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
2000. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz.
SALES-NOBRE, F.S.; JORNADA-KREBS, R.; VALENTINI, N.C. Práticas de lazer, nível de atividade física e
aptidão física de moças e rapazes Brasileiros. Revista de Salud Pública, v. 11, n. 5, p. 713-723, 2009.
SILVA, D.A.S.; LIMA, J.O.; SILVA, R.J.S.; PRADO, R.L. Nível de atividade física e comportamento sedentário
em escolares. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 11, n. 3, p. 299-306,
2009.
Palavras-chave: atividade física, sedentarismo, adolescentes.
166
O USO DO TREINO MENTAL NA FUNCIONALIDADE DE MEMBROS SUPERIORES PÓS ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO
Aline Oliveira SIQUEIRA¹. Richelma de Fátima de Miranda BARBOSA².
¹Universidade do Estado do Pará-CCBS-UEPA, Campus Santarém-PA,
²Mestre e Docente da Universidade do Estado do Pará- CCBS-UEPA, Campus Santarém-PA. E-mail:
[email protected]
Introdução: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é definido como um sinal clínico de rápido
desenvolvimento da perturbação focal da função cerebral, de suposta origem vascular¹. Dentre os
distúrbios do movimento encontrados, a hemiparesia é um dos sinais clínicos mais óbvios da doença². A
evolução do AVE compromete a habilidade para executar as atividades da vida diária, com alterações da
qualidade de vida e seqüelas motoras¹. Considerando que as seqüelas motoras são a causa primária do
impacto da inabilidade ocasionada pelo AVE faz-se necessária a comprovação de novas técnicas de terapias
para diminuir a incapacidade motora³. Recentemente a prática da imagem tem sido aventada como uma
possibilidade de erapia coadjuvante da reabilitação motora³. Objetivos: O objetivo geral é o uso do treino
mental na funcionalidade de membro superior pós-AVE. Quanto aos objetivos específicos temos aplicar a
técnica treino mental na reabilitação do membro superior hemiparético por seqüela de AVE; avaliar a
amplitude de movimento de membro superior através da goniometria após a aplicação do treino mental
em hemiparéticos, avaliar o ganho funcional do membro superior através da Medida de Independência
Funcional após aplicação das técnicas terapia de restrição-indução do movimento e treino mental e
relacionar o ganho de amplitude de movimento com o ganho funcional. Metodologia: No presente
trabalho realizou-se um estudo de dois casos, portadores de AVE, hemiparéticos crônicos, ambos os sexos,
dentro dos critérios de inclusão: lesão de predomínio braquial, com menos de um ano de lesão e extensão
ativa de punho de 20º e extensão ativa de 10º de dedos a partir da posição de repouso na mão afetada.
Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram realizados para
avaliação, pré e pós tratamento, a goniometria e a Medida de Independência Funcional (MIF). A
goniometria será utilizada para quantificar as amplitudes de movimentos de membro superior e a MIF para
avaliar o ganho funcional nas atividades de vida diária com a utilização do membro superior afetado. A MIF
possui 5 itens (cuidados pessoais, controle de esfíncter, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição
social), mas somente foi avaliado quanto aos cuidados pessoais devido estar mais relacionado com o
membro superior afetado. Com isso aplicamos como 42 a pontuação máxima e 6 a pontuação mínima. O
protocolo utilizado foi de WU, 2007 com protocolo de 30 minutos de prática mental, em 5 sessões,
mentalizando a prática de tarefas funcionais (pegar uma colher e levá-lo à boca, pegar uma escova de
cabelo e pentear os cabelos, vestir uma camisa sem e com botões e calçar o sapato). Foi realizada a média
aritmética do grau de amplitude através da goniometria, avaliação do ganho de funcionalidade através da
MIF, além de comparar o ganho de amplitude de movimento com o ganho funcional nas atividades de vida
diária. Todos os dados serão representados pelo programa Microsoft Office Excel 2007 . Resultados: Os
resultados obtidos da amplitude de movimento (ADM) do Paciente 1 (figura 1), comparando as avaliações
iniciais e finais, temos que na 1º avaliação a ADM demonstrou 88° para o movimento de flexão de ombro,
110° para flexão de cotovelo e 48° de flexão para punho e dedos. Ao final das sessões foram verificados
100° para flexão de ombro, 128° para flexão de cotovelo, 62° para flexão de punho e dedos. Os resultados
obtidos da ADM do Paciente 2 (figura 2), temos 60° de flexão de ombro, 60° de flexão de cotovelo, 60° de
flexão de punho e dedos. Ao final das sessões foram verificados 86° de flexão de ombro, 68° de flexão de
cotovelo e 68° de flexão de punho e dedos. Comparando as duas medidas (figura 3) podemos verificar a
média das amplitudes de movimento ganho pelo pacientes 1 e 2, sendo 19° para flexão de ombro, 13° para
flexão de cotovelo e 11° para flexão de punho e dedos.
Nos resultados do Paciente 1 (figura 4), também observou-se aumento gradativo e significativo, com 15
pontos antes do tratamento, enquanto que, ao final das sessões, foi verificado pontuação máxima de 22
pontos. Analisando os resultados obtidos na MIF, no Paciente 2 (figura 5), observa-se evolução gradativa e
significativa no desempenho motor, com 23 pontos antes do tratamento, enquanto que, ao final das
sessões, foi verificado pontuação máxima de 28 pontos. Analisando a goniometria, juntamente com a
Escala Medida de Independência funcional (MIF), verificamos que houve resultados positivos em ambos, o
167
que favorece o retorno às atividades de vida diária e, principalmente, melhora da qualidade de vida de
pacientes com AVE que utilizaram o treino mental como conduta fisioterapêutica.
140
120
100
80
60
40
20
0
128
110
100
100
88
80
62
48
ombro
alta
cotovelo
40
26
8 8
20
0
diferença
admissão
punho e dedos
ombro
alta
diferença
cotovelo
punho e dedos
Figura 2 – goniometria do paciente 2
Figura 1- goniometria do paciente 1
30
68 68
60 60 60
60
12 18 14
admissão
86
26
25
19
18
20
12
15
14
13
11
8 8
10
5
0
paciente 1 paciente 2
ombro
cotovelo
média
punho e dedos
FIGURA 3 – Média aritmética da goniometria dos pacientes
22
25
30
25
20
15
10
5
0
20
2328
15
15
2
5
34
55
44
45
10
55
5
55
2
4
22 2
4
2
4
23
0
ADMISSÃO
ALTA
FIGURA 4 – MIF da paciente 1
ADMISSÃO
ALTA
FIGURA 5 – MIF da paciente 2
168
Discussão: Este estudo analisou os efeitos do treino mental na reabilitação da função motora do membro
superior, na hemiparesia por seqüela de AVE, em sujeitos adultos, de ambos os sexos, provenientes de
serviços de reabilitação pública. Em relação à Medida de Independência Funcional do paciente 1
verificamos ganho nas atividades de vida diária quanto aos itens arrumar-se, vestir a parte superior e
inferior e higiene pessoal, ocasionado pelo ganho de amplitude de todas as articulações, como foi
demonstrado através de gráficos. Em relação à Medida de Independência Funcional do paciente 2
verificamos ganho nas atividades de vida diária quanto aos itens comer, arrumar-se e vestir a parte inferior,
influenciada pelo ganho, principalmente, das articulações de ombro e cotovelo. Não foram possíveis
ganhos significativos em alguns itens, pois os pacientes relatarem dor ao realizar o movimento. Conclusão:
Os resultados demonstraram que o treino mental é um método útil e eficaz, apresentando resultados
significativos na melhora dos déficits motores, além de afetar positivamente na qualidade de vida de
pacientes com Acidente Vascular Encefálico. Sendo assim, recomenda-se que novos estudos sejam
realizados com o objetivo de determinar parâmetros específicos, tais como tempo de duração e momento
apropriado da aplicação da prática mental. Além disso, é necessário também que sejam realizados novos
estudos utilizando o treino mental com uso de exames de neuroimagem, a fim de demonstrar as áreas
diretamente afetadas pela conduta e a reorganização do córtex.
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Saúde) Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília – UnB, Brasília. 2007.
Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Treino Mental, Treino Funcional.
169
OPÇÕES DE LAZER ATIVO E SEDENTÁRIO ENTRE ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE
EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ
Daniely Leal da COSTA1, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Pollyana da Conceição
Andrade SILVA1,2, Itaíne Silva REIS1, Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: O ideal de lazer é um estado de isenção de obrigações, não podendo ocorrer num tempo livre
se este está ligado ao tempo do trabalho e do relógio (THOMPSON, 1991). Assim, a sociedade atual traz
consigo uma preocupação acerca do lazer: o sedentarismo, principalmente no que corresponde a faixa
etária da adolescência. A adolescência é uma fase da vida que, na atualidade, é caracterizada pela
exposição a diversos fatores de riscos à saúde, como os maiores tempos diários disponibilizados a assistir à
televisão, jogos eletrônicos, utilizar computador para o acesso à internet, etc. Além disso, podem ser
citados os compromissos estudantis e/ou profissionais e a progressiva redução dos espaços livres nos
centros urbanos, culminando à redução das oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa,
favorecendo, nesta fase, atitudes sedentárias (RUZANY, 2000). De acordo com o posicionamento da
Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte sobre atividade física e saúde, o sedentarismo é definido como
a falta ou a grande diminuição da atividade física. Na realidade, o conceito não é associado
necessariamente à falta de uma atividade esportiva, pois do ponto de vista da medicina moderna, o
sedentário é o indivíduo que gasta poucas calorias por semana com atividades ocupacionais (CARVALHO et
al., 1996). Objetivo: Verificar as principais opções de lazer na amostra e avaliar a associação de risco entre
as atividades de lazer e a prevalência do sedentarismo. Metodologia: A amostra foi do tipo probabilística e
composta de 711 participantes, sendo 310 do gênero masculino e 401 do gênero feminino, com idade
entre 13 e 19 anos (15,88±1,28 anos). Para fazer parte da pesquisa, o participante deveria possuir idade
dentro da faixa etária referida; estar devidamente matriculado e estudando regularmente nos turnos da
manhã ou da tarde; assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como seu responsável;
não ter sido acometido por doenças ou problemas osteomioarticulares na semana anterior à aplicação dos
questionários. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus
Santarém (processo n. 69/2009) e foi realizada em três instituições de ensino. São elas: Escola Álvaro
Adolfo da Silveira, Colégio São Francisco e Escola Rodrigues dos Santos. Para a coleta de dados, foram
utilizados dois questionários retrospectivos, sendo um a versão curta do Questionário Internacional de
Atividade Física – IPAQ (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005) e outro especialmente elaborado para a pesquisa.
No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos de atividade física por semana foi o ponto de corte
para classificar os escolares como sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). Foram utilizados recursos da
estatística descritiva mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007) para
processamento dos resultados. Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat ®
5.0, de modo a estabelecer a associação de risco entre as variáveis categóricas do estudo através do teste
Odds Ratio (OR), com adoção de p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de
0,95.
Resultados e Discussão: A tabela 1 apresenta os resultados absolutos e percentuais quanto às principais
opções de lazer entre os que preferem atividades sedentárias e atividades físicas
170
Tabela 1: Principais opções de lazer entre os que preferem atividades sedentárias e atividades físicas na
amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Opções de Lazer
Amostra
%
Assistir à televisão
276
66,83%
Internet
115
27,85%
Jogos Eletrônicos
07
1,69%
Leitura
05
1,21%
Não Especificado
10
2,42%
Esportes
196
65,77%
Caminhada/Corrida
65
21,81%
Dança
11
3,69%
Lutas
05
1,68%
Musculação
04
1,34%
Ciclismo
09
3,02%
Não Especificado
08
2,68%
Atividades Sedentárias (n=413)
Atividades Físicas (n=298)
Nota-se que as principais opções de lazer entre indivíduos que preferem atividades mais sedentárias foram:
assistir à televisão (n=276; 66,83%), acessar a Internet (n=115; 27,85%), seguido de jogos eletrônicos e
leitura (n=12; 2,90%). Entre os que preferem as atividades físicas como opção de lazer, as principais
atividades foram: prática de esportes (n=196; 65,77%), caminhada e/ou corrida (n=65; 21,81%), seguido
das danças, lutas, musculação e ciclismo (n=29; 9,73%). Em estudo com 170 estudantes, com idades
compreendidas entre os 16 e os 22 anos de idade, Ferreira e Fonte (2006) verificaram que, dentre as
atividades de lazer referidas pelos mesmos como as mais praticadas, destacaram-se as idas a discotecas, a
bares e andar de bicicleta, sendo que estas foram as que se encontram associadas a maiores consumos de
tabaco, álcool e marijuana ou haxixe. De acordo com Carvalho (2001), um dos comportamentos mais
referenciados, relativos à ocupação de jovens nos tempos livres, prende-se com o tempo passado a ver
televisão, videocassetes/DVD’S, a utilizar videojogos e a Internet, encontrando-se associados a uma maior
probabilidade de desenvolvimento de comportamentos de risco, nomeadamente, consumo de drogas,
tabaco, álcool e comportamentos violentos. Conforme Barros (1999), na Era Tecnológica, o computador e a
televisão alteraram a forma de vida das pessoas. As oportunidades de interação social diminuíram com a
criação de meios de interação eletrônica, e começa então um predomínio de atividades de lazer de
natureza intelectual ou fisicamente passiva. A tabela 2 apresenta a prevalência do sedentarismo na
amostra. Conforme a tabela 2, nota-se que houve prevalência de sedentarismo significativamente maior no
grupo sedentário que desenvolve atividade de lazer sedentária (TPSED=40,92%; OR=2,69; p<00001). De
acordo com Alves (2007), o sedentarismo é uma grandeza diretamente proporcional ao avanço tecnológico,
onde o atual processo de desenvolvimento tecnológico e urbano tem levado a população a adotar um
estilo de vida fisicamente mais inativo. Em consequência disto, o sedentarismo passa a ser uma
preocupação mundial, caracterizando o estilo de vida moderno no qual o ser humano precisa de pouco, ou
de quase nenhum, esforço físico para o desenvolvimento das ações cotidianas, isto é, substituindo as
atividades ocupacionais que demandam gasto energético por facilidades automatizadas.
171
Tabela 2: Prevalência do sedentarismo (NAF≤150 min./semana) na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Nível de Atividade
TPSED
Física
Variáveis
Total
OR
p
IC (95%)
NNH
(%)
Sedentários
Ativos
Atividade de Lazer
Atividade Sedentária
169
244
413
40,92%
2,69 < 0,0001*
1,90-3,79
05
Atividade Física
61
237
298
20,47%
Legenda: TPSED=Taxa de Prevalência do Sedentarismo; OR=Odds Ratio; IC (95%)=Intervalo de Confiança de 95%;
NNH= Número Necessário para causar um evento desfavorável.
* Variação significativa encontrada (p<0,05).
Em estudo com estudantes, sendo 222 rapazes e 152 moças, com idade entre 15 e 18 anos, Nobre, Krebs e
Valentini (2009) verificaram uma maior predisposição dos rapazes para a prática do lazer ativo nos
momentos de tempo livre, com uma consequente melhor aptidão física relacionada à saúde. Conclusão: as
principais opções de lazer na amostra foram as sedentárias. Além disso, no grupo sedentário que
desenvolve atividade de lazer sedentária foi verificada taxa de prevalência de sedentarismo de 40,92%.
Referências Bibliográficas:
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RUZANY, M.H Mapa da situação de saúde do adolescente no município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
2000. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
SIQUEIRA, F.C.V.; NAHAS, M.V.; FACCHINI, L.A.; PICCINI, R.X.; TOMASI, E.; THUMÉ, E.; SILVEIRA, D.S.;
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25, n. 9, p. 1917-1928, 2009.
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Trabalho, educação e prática social. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. p. 45-93.
Palavras-chave: lazer, sedentarismo, adolescência.
172
OS EFEITOS DO DESTREINO NAS CAPACIDADES FISICAS EM IDOSOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO
RESISTIDO NO LERES (LABORATORIO DE EXERCÍCIO RESISTIDO E SAÚDE)
Josiana Moreira¹ ², Evitom Correa¹ ², Vanderson Nascimento¹ ², Denise Silva¹ ², Odilom Salim¹ ², Raphael
Rocha² ³.
¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – Campus Belém–PA/Brasil;
²Grupo de estudo Exercício Resistido e Saúde – GEERES - Belém–PA/Brasil; ³Instituto Federal do Pará –
IFPA/Campus Santarém–PA/Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: O crescimento da população de idosos é um fenômeno mundial. Em virtude disso o idoso
ocupa, cada vez mais, um papel de destaque na sociedade brasileira (IBGE, 2002). Dessa forma, é
importante investigar estratégias para a melhoria da qualidade de vida nesse novo contexto populacional
(SANTANA, 2009). Atualmente, os profissionais da área da saúde destacam a relevância da atividade física
como um fator determinante no sucesso do processo do envelhecimento (MATSUDO, 2001). Assim, o
fenômeno do envelhecimento é marcado por um processo de prejuízos da funcionalidade, causada por
importante queda de desempenho, capacidades e aptidões físicas (SANTANA, 2009). As capacidades físicas,
afetadas significativamente ao longo do envelhecimento, não permitindo e/ou dificultando o geronte a
realizar suas atividades cotidianas, ocorrendo perdas da sua independência (ALVES et al. 2004; MATSUDO
et al., 2000; REBELATTO et al.,2006). No intuito de evitar essas perdas, alguns idosos procuram realizar
exercícios como caminhada, hidroginástica e exercício resistido. A prática do exercício resistido promove
modificações e adaptações que aprimoram o corpo humano, seja no aspecto funcional ou morfológico
(SANTAREM, 1998). Além disso, o treinamento resistido adequados permite ao corpo melhorias e
aperfeiçoamentos nas capacidades físicas, como por exemplo, o enriquecimento na amplitude dos
movimentos; aumento da força e aperfeiçoamento da resistência aeróbica e anaeróbica entre outras
(SANTAREM, 1998). No entanto, tais modificações induzidas pelas atividades físicas regulares podem ser
reduzidas ou retornam à situação anterior ao treinamento quando o programa de exercício é interrompido,
sendo que este fenômeno é chamado de destreino, as perdas são maiores ou menores de acordo com o
tempo de destreino, ou seja, quanto maior o período de destreino maior são as perdas. (KRAEMER,1997
apud MATSUDO et al, 2001). Tal interrupção pode ocorrer por motivos de lesões e problemas de saúde
(BOMPA, 2002 apud LIMA, CARNEIRO, 2009). A mesma gera perdas de adaptações fisiológicas, ou seja, com
o destreino, o organismo se adapta as novas demandas metabólicas e estruturais, gerando a perda parcial
ou completa das adaptações induzidas pelo treinamento (MUJIKA, 2000 apud LIMA, CARNEIRO,
2009).Objetivo: Verificar os efeitos da interrupção de um programa de exercício resistido de quarenta e
cinco (45) dias, sobre os níveis de força, flexibilidade e resistência, de idosos de 60 a 80 anos que
participam do projeto “Saúde e qualidade de vida” do Laboratório de exercício resistido (LERES).
Metodologia: O estudo apresentará enfoque empírico-analitico; será de caráter quantitativo; estudo de
campo; com coleta prospectiva dos dados, a qual foi realizada em dezembro de 2010 e fevereiro de 2011;
explicativo, uma vez que procura analisar os efeitos da interrupção (destreino) de um programa de
exercícios resistido sobre as capacidades físicas em idosos de 60 a 80 anos que participam do projeto
“Saúde e qualidade de Vida” do Laboratório de exercício resistido LERES. Esta pesquisa foi realizada no
Laboratório de Exercício Resistido (LERES), localizado na Universidade Estadual do Pará, mais precisamente
no Campus III do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Serão incluídos 30 idosos na faixa etária
de 60 a 80 anos, que realizaram exercício resistido durantes 5 meses, três vezes na semana. Para avaliar os
efeitos do destreino nas capacidades físicas em idosos foi necessário avaliar o estado das mesmas, com
avaliações em dois momentos: ao final do programa de treinamento com pesos que teve duração de cinco
(5) meses; após quarenta e cinco (45) dias, que correspondeu ao inicio do retorno dos idosos do recesso. A
bateria de testes foi composta de cinco testes: marcha estacionaria; teste de flexibilidade no banco de
Wells, teste de força de membros superiores. De posses dos dados foi realizada a analise, esta foi feita
através do percentual das diferenças encontradas nas capacidades físicas durante o período de destreino.
Resultados:
173
Tabela 1. Resultado do destreino na capacidade física em idosos praticantes de exercício resistido no LERES,
2011.
Ausência de Exercício Resistido
Ausência de Exercício
Caminhada
(n= 13)
(n=4)
/ Caminhada
(n= 17)
Perda
Ganho
Manut.
Perda
Ganho
Manut.
Perda
Ganho
Manut.
n
%
N
%
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
12
70,6
5
29,4
0
0
8
61,5
5
38,5
0
0
4
100
0
0
0
0
Flexib.
13
76,4
2
11,8
2
11,8
11
84,6
1
7,7
1
7,7
2
50
1
25
1
25
Senta e
13
76,4
3
17,6
1
6,0
10
76,9
2
15,4
1
7,7
3
75
1
25
0
0
9
52,9
7
41,1
1
6,0
8
61,5
4
30,8
1
7,7
1
25
2
50
1
25
12
70,6
3
17,6
2
11,8
9
69,2
2
15,4
2
15,
2
50
2
50
0
0
2
50
0
0
2
50
Marcha
Estac.
Levanta
Preensão
Manual D
Preensão
Manual E
Flexão de
4
13
76,4
2
11,8
2
11,8
10
76,9
2
15,4
1
7,7
Cotovelo
Legenda: Manut: Manutenção; Marcha Estac.: Marcha estacionária; Flexib.: Flexibilidade
Conclusão: De acordo com os dados obtidos, pode-se concluir que o destreino de 45 dias proporcionou
reduções nos níveis de aptidões físicas nas variáveis estudadas neste trabalho. Vale ressaltar que no
periodo de destreino, alguns indivíduos realizaram atividades leves e moderadas (caminhada), mesmo
realizando tais atividades, estes indivíduos também apresentaram decréscimos nas variáveis estudadas.
Sugerimos que sejam realizados estudos com diferentes tempos de destreinos e com o numero maior de
participantes para solidificar as hipóteses aqui elencadas.
Referências Bibliográficas:
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influência na hidroginástica. Rev Bras Med Esporte. v. 10, n. 1, jan/fev, 2004.
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Palavras-chave: capacidades físicas, exercico resistido, idosos.
175
PERFIL DO ESTILO DE VIDA DE ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE FISIOTERAPIA DA
UEPA, CAMPUS SANTARÉM
Izabela Mendonça de ASSIS1,2, Lucas da Silva Alho MOTA1, Herbert Halley Gomes de CASTRO1,2, Diego
Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Gilma Teixeira Faruolo FRANÇA1
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA), Brasil. e-mail:
[email protected]
Introdução: O estilo de vida (EV) está ligado diretamente ao conceito moderno de saúde, entendido não
somente como a ausência de doenças, mas levando em consideração a qualidade de vida, a integridade
psico-corporal, as atitudes na condução de uma vida saudável (SANTOS; VENÂNCIO, 2006). Sem dúvida, o
estilo de vida passou a ser um dos mais importantes determinantes de saúde da população, porém, apesar
de todas as informações disponíveis sobre o tema, as pesquisas comportamentais revelam que, entre os
estudantes universitários, existem cada vez mais comportamentos considerados de risco (FRANCA;
COLARES, 2008; ROSA; NASCIMENTO; FARIAS, 2001; SÁNCHEZ-ALEMÁN; CONDE-GLEZ; URIBE-SALAS, 2008).
As modificações quanto aos padrões alimentares, prática de atividade física, consumo de álcool e cigarros,
somadas a situações próprias da adolescência, como intensas alterações biológicas, instabilidade
psicossocial e falta de comportamento preventivo, poderiam tornar os adolescentes universitários um
grupo vulnerável a riscos significativos com relação a sua saúde (VIEIRA et al., 2002). Existem na literatura
inúmeras pesquisas sobre o estilo de vida em jovens e adolescentes, como os estudos de Nahas e
Marqueze (2001), Marcon e Farias (2001) e Simão (2004). A maioria delas revela que as condutas
adquiridas durante a fase universitária, poderiam se estender nas outras fases da vida, gerando pior
qualidade de vida e saúde. Objetivo: Traçar o perfil do estilo de vida de acadêmicos ingressantes, em 2011,
no curso de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém. Metodologia:
Participaram do estudo 19 acadêmicos com faixa etária entre 16 e 26 anos de idade (18,79±2,64 anos).
Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação no
estudo. Para a coleta de dados foi utilizado o questionário do PEVI - Perfil do Estilo de Vida Individual
(NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000) que inclui 5 aspectos fundamentais do EV das pessoas. São eles:
Nutrição (Nu), Atividade física (Af), Comportamento preventivo (Cp), Relacionamento social (Rs) e Controle
do estresse (Ce). As perguntas de cada componente têm como respostas valores entre 0 e 3. Quanto mais
próximo do valor 3, melhor é a atitude do indivíduo quanto ao item avaliado. A análise dos dados foi
conduzida através da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para
Windows – 2007). Resultados e Discussão: quanto à classificação do EV, encontraram-se índices de EV
negativo (n=3, 11%), intermediário (n=2, 16%) e positivo (n=14, 74%). Além disso, observa-se na tabela 1
que no componente Nu prevaleceram os hábitos de às vezes comer fruta ou verdura (58%), quase sempre
evitar frutas e doces (42%), às vezes e sempre realizar quatro ou mais refeições por dia (37% cada). No
componente Af prevaleceram os hábitos de nunca e quase sempre praticar Af diariamente (37% cada),
nunca e às vezes fazer exercícios de força e alongamento (32% cada), quase sempre usar a escada em
substituição ao elevador (37%). No Cp, os resultados de maior prevalência foram em às vezes fazer o
controle da pressão arterial e colesterol (68%), sempre evitar o fumo e o álcool (79%), sempre respeitar as
normas de trânsito (79%). No componente Rs, os maiores percentuais foram em sempre cultivar amigos
(79%), quase sempre incluir atividades esportivas e encontro com os amigos nos momentos de lazer (47%),
quase sempre ser ativo na comunidade onde reside (37%). No Ce prevaleceram os resultados de às vezes e
sempre reservar um tempo de no mínimo cinco minutos para relaxar (37% cada), quase sempre manter-se
inalterado durante uma discussão (53%), às vezes equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo o
dedicado ao lazer (53%).
176
Tabela 1. Porcentagem quanto aos cinco componentes do estilo de vida avaliados da amostra (n=19).
Componentes
Nutrição
Comer fruta ou verdura
Evitar fritura e doces
Quatro ou mais
refeições por dia
Atividade física (AF)
Pratica AF diariamente
Faz exercícios de força
e alongamento
Sobe escada
substituindo o elevador
Comportamento
preventivo
Controle de pressão
arterial e colesterol
Evita fumo e álcool
Respeita normas de
trânsito
Relacionamento social
Cultiva amigos
O lazer inclui atividade
esportiva, encontros
com amigos etc.
Procura ser ativo na
comunidade
Controle do estresse
5 min diariamente para
relaxar
Mantém discussão sem
alterar-se
Equilibra tempo de lazer
e trabalho
Legenda: f=Frequência.
0 (nunca)
2 (quase
sempre)
1 (às vezes)
3 (sempre)
f
%
f
%
f
%
f
%
3
4
16%
21%
11
7
58%
37%
4
8
21%
42%
1
0
5%
0%
2
11%
7
37%
3
16%
7
37%
7
37%
2
11%
7
37%
3
16%
6
32%
6
32%
3
16%
4
21%
3
16%
4
21%
7
37%
5
26%
3
16%
13
68%
3
16%
0
0%
2
11%
1
5%
1
5%
15
79%
0
0%
0
0%
4
21%
15
79%
0
0%
0
0%
4
21%
15
79%
0
0%
3
16%
9
47%
7
37%
2
11%
6
32%
7
37%
4
21%
1
5%
7
37%
4
21%
7
37%
1
5%
3
16%
10
53%
5
26%
1
5%
10
53%
3
16%
5
26%
Traçando um comparativo com outros estudos desse gênero, verifica-se que a baixa ingestão de frutas e
verduras parece ser um fato comum nessa população. Coelho e Santos (2006) verificaram que acadêmicos
da UDESC também têm um baixo consumo de frutas e verduras, sendo que 23,94% nunca consomem o
número mínimo solicitado no questionário, e 47,11% às vezes consomem frutas e hortaliças, ou seja, cerca
de 71% apresentam consumo inadequado. Santos e Venâncio (2006) fizeram um estudo similar com
acadêmicos da UNILESTE em Ipatinga-MG e verificaram que aproximadamente 79% dos estudantes
apresentavam consumo inadequado de frutas e verduras. Na maioria dos casos, os universitários atribuem
o caso à falta de tempo para se alimentarem corretamente. Coelho e Santos (2006) ainda verificaram na
mesma amostra de acadêmicos que cerca de 37% dos estudantes não seguem as recomendações de
prática de atividade física, o que vai de acordo com os valores obtidos no presente estudo. Neste, os
resultados diferenciam do estudo de Silva et al. (2006) no que tange ao componente Cp, haja vista que
estes encontraram que o álcool foi a substância mais utilizada nos últimos 12 meses pelos alunos
pesquisados (84,7%). Segundo Ferraz e Pereira (2002), diversas investigações mostram que tanto a falta
como o excesso nos relacionamentos sociais são fatores que prejudicam o rendimento acadêmico e estão
relacionados a outros comportamentos inadequados do EV como abuso de álcool e tabaco, agressividade e
violência, bem como comportamentos sexuais de risco. No que diz respeito ao componente Ce os
resultados encontrados no corrente estudo concordam com os achados por Camargo e Bueno (2003), pois
relatam que muitas vezes não é possível alcançar equilíbrio entre as exigências da organização do trabalho
177
e as necessidades do trabalhador, tanto fisiológicas quanto psicológicas e que deste conflito pode emergir
um sofrimento que pode ser mais ou menos elaborado e apresentam repercussões acentuadas sobre a
saúde mental. Vieira et al. (2010), ao investigarem o perfil do EV dos estudantes ingressantes, em 2010, no
curso de Fisioterapia da UEPA, verificaram as seguintes pontuações médias quanto aos componentes
relacionados ao EV: Nu (1,7 pontos), Af (1,9 pontos), Cp (2,5 pontos), Rp (2,3 pontos) e Ce (2,1 pontos). Os
autores concluíram que a amostra apresentou índices positivos nos aspectos Cp, Rs e Cs e regulares nos
índices Nu e Af. Por outro lado, na presente pesquisa os resultados encontrados foram Nu (1,4 pontos), Af
(1,4 pontos), Cp (2,1 pontos), Rs (2,2 pontos), Ce (1,8 pontos). Conclusão: na amostra pesquisada
prevaleceu o índice positivo quanto ao EV.
Referências Bibliográficas:
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FERRAZ, M.; PEREIRA, A. A dinâmica da personalidade e homesikness (saudades de casa) dos jovens
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NAHAS, M. V.; MÁRQUESE, E. C. Hábitos e motivos para a atividade física em universitários da UDESC. 3°
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SIMÃO, R. Fisiologia e prescrição de exercícios para grupos especiais. São Paulo: Phorte, 2004.
VIEIRA, V. C. R., PRIORE, S. E.; RIBEIRO, S. M. R.; FRANCESCHINI, S. C. C.; ALMEIDA, L. P. Perfil
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brasileira. Revista de Nutrição v. 15, n. 3, p. 273-82, 2002.
VIEIRA, L. C. R.; FONSÊCA, A. N. N.; SOUSA, D. S.; SOARES, M. G. D.; GOMES, J. M. S.; SANTOS, P. O. Perfil do
estilo de vida de acadêmicos ingressantes no curso de Fisioterapia da UEPA, Campus Santarém. 1º
Congresso Amazônico de Fisioterapia. In: Anais..., Manaus, ISSN 9788563748003, 2010.
Palavras-chave: estilo de vida, acadêmicos, fisioterapia.
178
PERFIL DO TRATAMENTO E CONTROLE DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS ATENDIDOS NAS
UNIDADES DE SAÚDE DA ZONA URBANA DE SANTARÉM- PARÁ, NO ANO DE 2010
Jussara Silva de ALMEIDA1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1.
1
Universidade do Estado do Pará-Campus XII-Santarém-Pará-Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: O Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia crônico degenerativa, que acomete indivíduos em
todas as faixas etárias, sendo considerada um problema de saúde pública que atinge tanto os países
desenvolvidos quando os subdesenvolvidos (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2005; Sartorelli; Franco, 2003). No
município de Santarém se observou a existência de poucas produções científicas nessa temática. Em vista à
carência de pesquisas de voltadas para o melhor conhecimento da população de diabéticos no município
de Santarém, Oeste do estado do Pará, optou-se por caracterizar o perfil da população de diabéticos que é
atendida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município, traçando o perfil do tratamento e controle da
doença. Objetivos: Verificar o perfil do tratamento e controle do DM em 189 indivíduos atendidos nas UBS
da zona Urbana no Município de Santarém, Estado do Pará, distribuídos em um total de 19 unidades, e
verificar a inserção do profissional de Educação Física no tratamento dos diabéticos. Metodologia: Trata-se
de um estudo descritivo de levantamento e de abordagem quantitativa. A amostra foi composta de 189
indivíduos de ambos os gêneros, portadores de diabetes mellitus que realizavam controle da doença nas
UBS da zona urbana de Santarém. Para a coleta dos dados aplicou-se um formulário, caracterizado por
perguntas com respostas pré-estabelecidas e de alternativas fixas. Os resultados foram processados através
de recursos da estatística descritiva, mediante utilização dos programas Excel (Microsoft for Windows –
2007) e Bioestat® 5.0. Foi aplicado o Teste-G (Yates) para comparar estatisticamente os dados municipais de
incidência e prevalência com os dados estaduais mais atualizados que foram encontrados na literatura.
Resultados: Os resultados deste estudo estão apresentados nas tabelas abaixo:
Tabela 1. Distribuição dos voluntários por tipo de tratamento.
Tipo de Tratamento
Medicamento
Dieta
Atividade Física
Medicina Alternativa
Medicamento/Dieta
Medicamento/Atividade Física
Medicamento/Medicina Alternativa
Dieta/Atividade Física
Dieta/Medicina Alternativa
Atividade Física/ Medicina Alternativa
Medicamento/Dieta/Atividade Física
Medicamento/Dieta/Medicina Alternativa
Medicamento/Atividade Física/Medicina Alternativa
Medicamento/Dieta/Atividade Física/Medicina Alternativa
TOTAL
Fonte: Pesquisa de Campo (2010).
01
39
19
01
08
189
Tabela 2: Distribuição dos voluntários de acordo
com a realização ou não de atividade física.
Tipo de Atividade Física
Quantidade
Realizam Atividade Física
Nenhuma
TOTAL
64
125
189
179
Quantidade
20
00
00
00
80
14
06
01
00
Tabela 3: Distribuição dos voluntários de acordo com os motivos de não realizar atividade física.
Porque não Realiza
Quantidade
Desconhece os benefícios
Desmotivação
Falta de um profissional que oriente
Falta de lugar adequado
Falta de Dinheiro
Fisicamente impossibilitado
Recomendação médica
Não tem tempo disponível
Desconhece os benefícios/Desmotivação
Desconhece os benefícios/Falta de um profissional que oriente
Desconhece os benefícios/ Fisicamente impossibilitado
Desconhece os benefícios/Não tem tempo disponível
Desmotivação/Falta de um profissional que oriente
Desmotivação/Falta dinheiro
Desmotivação/Não tem tempo disponível
Desmotivação/Fisicamente impossibilitado
Falta de lugar adequado/Falta de um profissional que oriente
Fisicamente impossibilitado/Falta de um profissional que oriente
Desconhece os benefícios/Falta de um profissional que oriente/Não tem
tempo disponível
Desconhece os benefícios/Desmotivação/ Falta de um profissional que oriente
Desmotivação/Falta de lugar adequado/Falta de um profissional que oriente
Desconhece os benefícios/Fisicamente impossibilitado/Falta de lugar
adequado/Falta de um profissional que oriente
Desconhece os benefícios/Desmotivação/Falta de lugar adequado/Falta de um
profissional que oriente
21
15
13
00
01
22
06
12
02
06
01
01
09
01
02
01
02
04
TOTAL
125
02
01
01
01
01
Fonte: Pesquisa de Campo (2010).
Tabela 4: Distribuição dos voluntários de acordo com o tipo de atividade física que realizam.
Tipo de Atividade Física
Caminhada
Corrida
Ciclismo
Natação
Musculação
Hidroginástica
Ginástica
Trabalho
Quantidade
33
00
03
00
01
01
17
02
180
Caminhada/Dança
Caminhada/Ginástica
Caminhada/Futebol
Caminhada/Corrida/Futebol
Caminhada/Corrida/Ginástica
Nenhuma
TOTAL
Fonte: Pesquisa de Campo (2010).
01
03
01
01
01
125
189
Tabela 5: Distribuição dos voluntários de acordo com quem orienta a atividade física.
Orientação
Quantidade
Profissional de Educação Física
16
Acadêmico de Educação Física
07
Outros
41
TOTAL
64
Fonte: Pesquisa de Campo (2010).
Conclusão: Os resultados deste estudo demonstraram que a medida terapêutica mais empregada pelos
pacientes diabéticos atendidos nas UBS da zona urbana do município de Santarém diabéticos, para o
controle de sua glicemia, foi à associação entre o tratamento medicamentoso e uma dieta controlada. Foi
observado ainda que a presença da prática de atividade física está inserida no protocolo terapêutico de
apenas 34% dos pacientes, como coadjuvante neste processo. Dentre os motivos apontados para a não
realização de uma prática de atividade física, a maioria dos pacientes justificaram não realizá-la
principalmente por se considerarem fisicamente impossibilitados ou ainda por desconhecerem os
benefícios da sua prática. Dentre os indivíduos que praticam atividade física, predominou a caminhada,
sendo que, no entanto, a maioria desses indivíduos a realiza sem qualquer orientação de um profissional de
educação física, sendo na maioria das vezes, apenas estimulados por outros profissionais da saúde, ou
ainda pela mídia televisiva, a realizar esta atividade. Referências Bibliográficas:
OLIVEIRA, R. J.; OLIVEIRA, A. C. F. J. Diabetes e exercício. In: Saúde e atividade física. Rio de Janeiro: Shape,
2005. cap. 10, p. 189-202.
SARTORELLI, D. S. et al. Intervenções nutricionais para prevenção do diabetes tipo 2 em adultos com
sobrepeso: Dados preliminares. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, 45:560, 2001.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Atividade Física, Tratamento, Epidemiologia.
181
PERFIL LIPÍDICO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE ACORDO COM O GÊNERO EM
JOVENS UNIVERSITÁRIOS
1
1,2
1
Melina Laise Nascimento dos SANTOS ; Diego Sarmento de SOUSA ; Priscila Leite da SILVA ; Liliane Cristina da Silva
1
1,2
1,2,3
FÉLIX ; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA ; Adjanny Estela Santos de SOUZA
1
2
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; Grupo de
3
Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); Faculdades Integradas do
Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: Dislipidemias são modificações no metabolismo dos lipídios que desencadeiam alterações nas
concentrações das lipoproteínas plasmáticas, favorecendo o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas
(CAMBRI et al.,2006). Estudos mostram a associação entre doença arterial coronariana com concentrações séricas
elevadas de colesterol total e LDL-colesterol e concentrações séricas reduzidas de HDL-colesterol (ROMALDINI et al.,
2004). A crescente preocupação com o aparecimento de doenças cardiovasculares em populações jovens leva à
necessidade de que os fatores de risco, em especial as dislipidemias, sejam amplamente investigados nesse período da
vida, a fim de se planejar intervenções cada vez mais precoces e mais eficazes, diminuindo assim a prevalência de DAC
(BERGMANN; HALPERN; BERGMANN, 2008). Objetivo: Verificar o perfil lipídico e comparar os níveis séricos de
acordo com o gênero em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém. Metodologia:
Trata-se de um estudo epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. Participaram
60 acadêmicos com média de idade de 20,40±2,00 anos, sendo 26 indivíduos do curso de Educação Física, 17 de
Enfermagem e 17 de Fisioterapia. Para a realização das dosagens bioquímicas, foram coletados cerca de 3 mL de
sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. O sangue, uma vez coagulado, foi centrifugado por 10 minutos
a 3.000 rpm para aquisição das amostras de soro. Os teores de triglicerídeos (TG aumentado: ≥150 mg/dl), colesterol
total (CT aumentado: 200 mg/dl), lipoproteínas de alta densidade (HDL-c abaixo do desejável: masc. <40 mg/dl e fem.
<50 mg/dl) foram verificados no soro por meio de métodos enzimático-colorimétrico e as lipoproteínas de baixa densidade
(LDL-c aumentado: 160 mg/dl) foram calculadas através da fórmula de Friedewald [LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5)],
®
válido se TG <400mg/dl. As dosagens foram realizadas em espectrofotômetro (marca Biospectro , modelo SP22),
utilizando-se kits da Labtest Diagnóstica S/A, Brasil. A razão TG/HDL-c foi usada como um preditor do perfil de
subclasses de LDL-c e da presença dos fenótipos A (menos aterogênicas: ≤3,8) e B (mais aterogênicas: >3,8). O índice
de risco cardiovascular de Castelli (1983) foi calculado através da razão CT/HDL-c (risco coronariano aumentado:>4,0).
Os critérios para classificação do perfil lipídico foram: Hipercolesterolemia isolada (elevação isolada do LDL-c≥160 mg/dl);
Hipertrigliceridemia Isolada (elevação isolada do triglicerídeos ≥150 mg/dl); Hiperlipidemia mista (valores aumentados de
LDL-c ≥60 mg/dl e triglicerídeos ≥150 mg/dl); HDL baixo (redução do HDL em Homens <40 mg/dl e Mulheres <50
mg/dl). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de
rosto n. 346466). Os resultados foram processados mediante recursos da estatística descritiva através do programa
®
Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, os dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat 5.0, de
modo a estabelecer a normalidade através do teste D'Agostino-Pearson. Para comparação entre as variáveis numéricas
do estudo, foi utilizado o Teste Mann-Whitney. Além disso, realizou-se o teste Qui-quadrado (X²) para análise de
distribuição de probabilidades entre as variáveis categóricas. Adotou-se p<0,05 para a significância estatística.
Resultados e Discussão: conforme a tabela 1, verificou-se prevalência de níveis desejáveis de LDL-c, TG e CT. A
relação TG/HDL-c mostrou que o perfil de subclasse de LDL-c mais prevalente foi o fenótipo A (menos aterogênico). Já a
relação TC/HDL-c mostrou maior prevalência de risco coronariano baixo. Os padrões de dislipidemias mais prevalentes
182
foram o HDL baixo e hipertrigliceridemia isolada. Com exceção do HDL-c, as demais variáveis apresentaram significância
estatística (p<0,05).
Tabela 1: Distribuição percentual das dosagens bioquímicas e perfil lipídico da amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Variável
Amostra (n=60)
%
p (X²)
HDL-c
Abaixo do Desejável
28
46,67%
0,6985
Desejável
32
53,33%
LDL-c
Aumentado
02
3,33%
< 0,0001*
Desejável
58
96,67%
Triglicerídeos
Aumentado
18
30,00%
0,0030*
Desejável
42
70,00%
Colesterol Total
Aumentado
06
10,00%
< 0,0001*
Desejável
54
90,00%
Relação TG/HDL-c
Fenótipo B
15
25,00%
0,0002*
Fenótipo A
45
75,00%
Relação CT/HDL-c
Risco Coronariano Aumentado
02
3,33%
< 0,0001*
Risco Coronariano Baixo
58
96,67%
Perfil Lipídico
Hipercolesterolemia Isolada
01
1,67%
HDL Baixo
18
30,00%
0,0003*
Hipertrigliceridemia Isolada
18
30,00%
Normal
23
38,33%
* Resultados significativos encontrados, conforme o Teste Qui-quadrado (X² - proporções desiguais).
Em um estudo realizado com 249 indivíduos na cidade de Santarém, PA, Souza et al. (2010) observaram que 83,1% dos
participantes apresentaram perfil lipídico alterado, 15,3% apresentaram CT aumentado, 40,9% TG aumentado, 46,5%
LDL-c aumentado e 31,7% apresentaram HDL-c inferior a 35mg/dl ou não desejável, o que opõe-se ao resultado do
presente trabalho, onde os níveis de CT, TG, LDL-c e HDL-c encontraram-se em níveis desejáveis. Segundo Toé (2007),
as propriedades aterogênicas das partículas pequenas e densas de LDL-c, predominantes no fenótipo B, se somam ao
perfil aterotrombótico associado à hipertrigliceridemia, baixos níveis de HDL-c, resistência à insulina, obesidade
abdominal e outras características da síndrome de resistência à insulina. Conforme Packard e Shepherd (1997), quando
os níveis de TG estiverem muito baixos (<45 mg/dL), o fenótipo A sempre será observado; por outro lado, quando
existirem níveis elevados de TG (>180 mg/dL), o fenótipo B estará geralmente presente. De acordo com Tan e Austin
(1995), a dislipidemia típica da síndrome de resistência à insulina (TG elevados e HDL-c reduzido) é também
característica do Diabetes Mellitus tipo 2, o que implica em uma grande possibilidade dos diabéticos apresentarem o
fenótipo B. Na análise comparativa dos níveis séricos de lipídios de acordo com o gênero (tabela 2), observa-se que o
masculino apresentou resultados significativamente mais elevados para o TG (141,88±69,94 mg/dl) e relação TG/HDL-c
(3,37±1,90). Já o feminino apresentou resultados estatisticamente elevados para HDL-c (45,32±5,95 mg/dl), LDL-c
(79,87±35,40 mg/dl), CT (147,88±34,96mg/dl) e CT/HDL-c (3,32±0,88). Com exceção do HDL-c e relação CT/HDL-c, as
demais variáveis apresentaram diferenças estatísticas significativas. Embora no presente trabalho se tenha observado
diferença entre os níveis de HDL-c em relação ao gênero, estudos, como os de Guimarães et al. (1998) e Rabelo et al.
(1999), reportam que o gênero feminino apresenta níveis superiores de HDL-c em comparação ao masculino. Em estudo
realizado com jovens estudantes de medicina, Coelho et al. (2005) perceberam que o perfil lipídico, embora desejável,
mostrou valores aumentados de LDL-c e reduzidos de HDL-c para os homens quando comparados às mulheres. Em
pesquisa sobre o perfil lipídico de escolares, foi verificado que o valor médio de colesterol total foi mais frequente no sexo
masculino em relação ao feminino (SCHERR; MAGALHÃES; MALHEIROS, 2007), contrapondo-se ao resultado
encontrado no presente estudo. Ferreira et al. (2009), ao analisarem o perfil lipídico de moradores do Amazonas,
comprovaram que os níveis de triglicerídeos, em valores ≥150mg/dl, foram superiores no gênero feminino, contrapondose novamente ao resultado verificado no corrente estudo. Conclusão: os padrões de dislipidemias mais prevalentes
183
foram o HDL-c baixo e hipertrigliceridemia isolada. Na análise comparativa entre os gêneros, observou-se que o
masculino apresentou resultados mais elevados para o TG e relação TG/HDL-c e o feminino para HDL-c, LDL-c e CT.
Tabela 2: Resultados da média e desvio padrãoda idade e dosagens bioquímicas de acordo com o gênero na
amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Gênero
Variável
Geral
p
Feminino
Masculino
HDL-c (mg/dl)
45,32±5,95
43,85±4,84
44,68±5,52
0,2664
LDL-c (mg/dl)
79,87±35,40
62,43±37,96
72,31±37,23
0,0150*
Triglicerídeos (mg/dl)
113,50±47,63
141,88±69,94
127,45±62,89
0,0333*
Colesterol Total (mg/dl)
147,88±34,96
134,65±37,23
142,15±36,26
0,0467*
Relação TG/HDL-c
2,68±1,62
3,37±1,90
2,98±1,76
0,0496*
Relação CT/HDL-c
3,32±0,88
3,11±0,91
3,23±0,90
0,2795
* Resultados significativos encontrados, conforme o Teste Mann-Whitney (duas amostras independentes).
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Palavras-chave: perfil lipídico, epidemiologia, jovens universitários.
185
PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E DE SAÚDE DE PACIENTES ATENDIDOS NUMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA
EM SANTARÉM-PA
Marília R. Santos PIMENTEL3, Danielle Marialva de CASTRO3, Rafaela dos Santos REIS1; Assis Junior Cardoso
PANTOJA1; Reli José MADERS1; Diego Sarmento de SOUSA1,2
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdade de
Ávila – GO. E-mail: [email protected]
2
Introdução: O levantamento do perfil sócio demográfico e de saúde de pacientes submetidos a tratamento
fisioterapêutico em clínica faz-se necessário para o conhecimento das diversas entidades patológicas que
acometem esses indivíduos, as demandas relacionadas aos atendimentos, e principalmente conhecer quem
é o usuário do serviço de fisioterapia (JESUS, 2009). Os serviços de saúde têm como objetivo a produção de
impacto positivo nas condições de saúde da população. Desta forma torna-se importante a caracterização
dos centros de reabilitação e clínicas de fisioterapia, visando expandir e atender de forma ampliada as
necessidades de saúde dos pacientes (MACEDO et al., 2011). Neste contexto, a clínica de Fisioterapia como
campo de atuação na saúde amplia o seu objeto de estudo no que diz respeito ao tratamento e
reabilitação, passando a promover o bem estar individual e coletivo do paciente, sendo capaz de tratar os
distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistema do corpo humano, gerados por
alterações genéticas, traumas e doenças adquiridas, exercendo assim, um papel importante na reabilitação
do paciente e na sua reinserção no convívio social (COFFITO, 2007). Objetivo: Verificar o perfil sócio
demográfico e de saúde de pacientes atendidos numa clínica de fisioterapia em Santarém-pa.
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritivo-documental realizada numa clínica de fisioterapia na
cidade de Santarém-PA. Os dados foram coletados nos prontuários de pacientes atendidos que iniciam seu
tratamento entre os anos de 2009 a 2010. A amostra foi comporta por 414 prontuários no qual se verificou
as seguintes variáveis: data da avaliação, gênero do paciente, idade, estado civil, profissão, plano de saúde,
especialidade da fisioterapia. Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva,
mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows – 2007). Optou-se pela distribuição
percentual em tabelas para apresentação dos dados. Resultados e Discussão: De acordo com os resultados
apresentados na tabela 01, observamos uma queda de 12.67% (n=28) no número de atendimentos entre
2009 e 2010. Observamos também que o 2º e 3º trimestre foram os que apresentaram as maiores taxas de
atendimentos (30,68%; n=127).
Tabela 01: Perfil dos atendimentos em relação ao ano e trimestre. Santarém-PA. 2011.
Variáveis
Amostra (n=414)
%
Ano
2009
221
53,38%
2010
193
46,62%
Trimestres
1º Trimestre
73
17,63%
2º Trimestre
127
30,68%
3º Trimestre
127
30,68%
4º Trimestre
87
21,01%
A tabela 2 apresenta os resultados do perfil social dos pacientes. Nota-se a prevalência do sexo feminino
(59,18%, n=245), e que 164 pacientes encontravam-se na faixa etária de 30 a 49 anos (30 a 39, 20,53%; 30 a
39, 18,08%). Nota-se que 191 pacientes eram casados (46,14%) e que a maioria realizava alguma atividade
laborativa, sendo que 68 (16,48%) trabalham no comércio.
186
Tabela 02: Perfil dos pacientes atendidos entre 2009-2010 em relação ao gênero, idade, estado civil e
profissão. Santarém-PA. 2011.
Variáveis
Amostra (n=414)
%
Gênero
Feminino
245
59,18%
Masculino
169
40,82%
Idade
Menor de 10 anos
18
4,35%
10 a 19 anos
39
9,42%
20 a 29 anos
48
11,59%
30 a 39 anos
85
20,53%
40 a 49 anos
79
19,08%
50 a 59 anos
68
16,43%
60 a 69 anos
42
10,14%
70 a 79 anos
28
6,76%
Maior de 79 anos
07
1,69%
Estado Civil
Solteiro (a)
146
35,27%
Casado (a)
191
46,14%
Divorciado (a)
13
3,14%
Viúvo (a)
25
6,04%
Não especificado
39
9,42%
Profissão
Advogado (a)
05
1,21%
Aposentado (a)
34
8,21%
Doméstico (a)
41
9,90%
Engenheiro Civil
05
1,21%
Estudante
50
12,08%
Funcionário Público
17
4,11%
Professor (a)
29
7,00%
Serviços gerais
07
1,69%
Trabalhador rural
22
5,31%
Trabalhador do Comercio
68
16,43%
Profissional da Saúde
19
4,59%
Trabalhador Autônomo
43
10,39%
Setor Industrial
04
0,97%
Segurança Pública
22
5,31%
Não especificado
48
11,59%
A tabela 3 apresenta os resultados em relação ao Convênio e Especialidades atendidos pela clínica. Nota-se
uma maior quantidade de pacientes atendidos pelos convênios do SUS e UNIMED (29,95%, n=124). Em
relação ao convênio, a maior incidência de pacientes pelo SUS deve ocorrer pela grande demanda de
pacientes e o fato de que poucos estabelecimentos oferecem o serviço, e os pacientes da UNIMED também
não possuem ambulatório próprio, restando aos estabelecimentos conveniados realizar o atendimento.
Notou-se uma a prevalência de atendimentos em traumato-ortopedia (88,41%, n=366).
Tabela 03: Perfil dos pacientes atendidos entre 2009-2010 em relação ao tipo de convênio e especialidade
da fisioterapia. Santarém-PA. 2011.
Variáveis
Amostra (n=414)
%
Tipo de convênio
CAPSAÚDE
16
3,86%
FUSEX
28
6,76%
Particular
74
17,87%
PAS-IPASEP
18
4,35%
187
PAS-Sagrada Família
13
3,14%
SUS
124
29,95%
UNIMED
124
29,95%
Não especificado
17
4,11%
(continua)
(continuação)
Especialidade da Fisioterapia
Cardiovascular
01
0,24%
Não especificado
06
1,45%
Respiratória
04
0,97%
Reumatologia
04
0,97%
Traumato-ortopedia
366
88,41%
Neurológia
33
7,97%
Em estudos realizados em Salvador – BA, que utilizaram a mesma metodologia, identificou-se também uma
prevalência do gênero feminino (57,25%; n=253) (JESUS, 2009). Em outro estudo realizado em São Manuel SP, notou-se que 40% são casados com idade média de 46 anos (GARCIA, 2007). Estudo similar realizado
em Tubarão – SC observou que em um total de 854 casos atendidos no período de janeiro de 2008 a 2009
em uma clínica escola, constata-se que a prevalência de traumato-ortopedia é 75.2%, ou seja, 3 em cada 4
pacientes (NETO; SILVA; HAMAGUCHI, 2009). Nesses estudos verifica-se que é através da identificação
desses distúrbios é que se pode dar incentivo à criação de projetos priorizando a prevenção e o tratamento
dos mesmos (MARGOTTI, 2004). Conclusão: Através dos resultados obtidos, verificou-se que a maior parte
da amostra foi composta por pacientes do sexo feminino, a faixa etária dos pacientes estava entre 30 a 49
anos, sendo a maioria atendida pelos convênios SUS e UNIMED. A maior taxa de atendimentos foi feita no
2º e 3º trimestres de 2009 e 2010. Foi observado que grande parte dos pacientes procurou o serviço de
fisioterapia para tratamento de algum tipo de distúrbio traumato-ortopédico.
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de 2009, 2009, 55f. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia). Universidade da Amazônia, Belém.
Palavras-chave: Fisioterapia, Perfil Sócio Demográfico, Clínica, Saúde.
188
PERÍODO GRAVIDICO: INTERVIR PARA MELHOR CUIDAR
Edna Ferreira Coelho GALVÃO¹; Maria Giselle Damasceno OLIVEIRA 2, Carla Pedrosa BOHRY3; Juliane da
Costa MELO4; Sheyla Bentes CARDOSO5.Adria Natuane FONSECA6
Universidade do Estado do Pará-UEPA – Campus de Santarém. Pará. 1 Graduada em Educação Física pela
UEPA/Santarém2,.Acadêmicas de Enfermagem da UEPA/Santarém 345, Acadêmica de Fisioterapia da
UEPA/Santarém. 6 E-MAIL: [email protected].
Introdução: Muitas mudanças vêm ocorrendo na sociedade atual de forma acelerada alterando a forma
como as pessoas se organizam, se relacionam e constroem suas práticas cotidianas. O que vemos são as
sociedades tornando-se cada vez mais complexas, exigindo das diferentes áreas do conhecimento uma
qualificação profissional capaz de responder as expectativas e problemas também complexos próprios da
vida urbana contemporânea. No âmbito dos cursos da saúde o desafio é aproximar os jovens da realidade
vivida nos diferentes segmentos e níveis sociais/culturais a fim de estarem preparados para inserir-se no
mercado de trabalho e, conseqüentemente, na vida adulta de forma qualificada, competente e segura.
Desta forma, o atendimento à saúde via Sistema Único de Saúde - SUS é o espaço privilegiado para esta
aproximação com a realidade de milhares de brasileiros que necessitam dos serviços de saúde garantidos
pelo Estado de Direito brasileiro. No âmbito do atendimento básico do SUS temos o Programa de Atenção
Integral a Saúde da Mulher – PAISM, que dentre as diversas ações encontra-se o atendimento as mulheres
grávidas. Este é um período influenciado por múltiplos fatores, do biológico aos socioculturais e
econômicos da população, além do acesso e da qualidade técnica dos serviços de saúde disponíveis à
população em cada Município/Estado. Em Santarém, município da região Oeste do Estado do Pará, situado
em meio a floresta Amazônica, o atendimento básico às grávidas é feito prioritariamente pela equipe de
enfermagem nos diversos postos de saúde situados nos diferentes bairros do município, tendo em vista a
carência do profissional da saúde, em toda a região. Esta realidade apresenta certa dificuldade quanto ao
atendimento à assistência à saúde no SUS prevista pela Lei Orgânica da Saúde, que advoga a abrangência
tanto das ações assistenciais quanto, das atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças. Pois, a
equipe de enfermagem acaba não dando conta de promover, de forma efetiva e continuada, ações
educativas no âmbito dos diferentes programas do SUS. A gravidez e o parto são eventos sociais que
integram a vivência reprodutiva de homens e mulheres. Este é um processo singular, uma experiência
especial no universo da mulher e de seu parceiro, que envolve também suas famílias e a comunidade. A
gestação, parto e puerpério constituem uma experiência humana das mais significativas, com forte
potencial positivo e enriquecedora para todos que dela participam. (BRASIL, 2001, p.09) Este é um período
transitório mas de grandes transformações na vida da mulher, uma nova realidade se apresenta exigindo
mudanças de papéis e estilo de vida que muitas vezes a grávida não está preparada para enfrentar. Para
ajudar a gestante e sua família a conviver com esta nova realidade, com informações importantes a saúde
da mulher e de seu bebê, o Ministério da Saúde aponta, como estratégia para os serviços de atenção básica
a saúde e Humanização no Pré-natal e Nascimento, a constituição de grupos de apoio. (BRASIL, 2001, p.
28). Estes grupos atuariam como um espaço onde gestantes e familiares pudessem expressar os
sentimentos (medo/ansiedade/angústia/alegria) e as dúvidas e ao mesmo tempo adquirir/trocar
informações importantes para a saúde da mãe e filho com diferentes profissionais e pessoas que vivenciam
situação similar. Estes grupos seriam potencialmente espaços de educação em saúde. Através de
atendimento humanizado e da constituição de grupos de apoio os profissionais de saúde podem promover
ações que auxiliem a mulher a compreender as modificações pelas quais seu organismo está passando, e
assim vivenciar a gravidez com maior satisfação, além, de receber acompanhamento e a devida avaliação
da evolução de sua gestação. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) é através do Pré-natal que a
gestante poderá receber um adequado preparo para o nascimento, o que é de fundamental importância
para a humanização do parto. O que podemos entender como adequado preparo para o nascimento? A
publicação do Ministério da Saúde indicado acima define que a “gestante deve receber orientações em
relação aos seguintes temas: processo gestacional, mudanças corporais e emocionais durante a gravidez,
trabalho de parto, parto e puerpério, cuidados com o recém-nascido e amamentação”. Além disso, deve
conhecer os processos anatômicos e fisiológicos a que está sujeita, as opções quanto aos tipos de parto,
vantagens e desvantagens de cada um, e as condutas que facilitam a vivencia da sexualidade, a
189
participação ativa na hora do parto e outras. Um outro ponto que queremos destacar nas medidas
educativas previstas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2001, p. 28) são “medidas referentes ao trabalho
corporal”. Para o Ministério o Programa de Atendimento no Pré-Natal deve “oferecer à mulher um melhor
conhecimento da percepção corporal, bem como do relaxamento e da respiração para um melhor controle
do trabalho de parto e parto.” Neste caso, é preciso introduzir exercícios de relaxamento e respiratórios
adequados a cada etapa da gravidez. Considerando esta orientação, em 2010 desenvolvemos um projeto
de extensão com mulheres grávidas na Unidade de Ensino em Saúde Básica do Município - UEASBA. A
intenção foi envolver acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Educação Física em ações
educativas, preventivas e promotoras de saúde e qualidade de vida com mulheres atendidas no pré-natal
da UEASBA. Com este projeto foi possível envolver os acadêmicos com teorias que fundamentam
atividades corporais importantes na preparação da mulher não só para o parto, mas também para ser mãe.
Também serviu como importante estímulo a busca do aprofundamento dos conhecimentos referentes à
gravidez. Objetivos: criar um campo de conhecimentos e técnicas sobre os efeitos da massagem, da dança
e do toque no resgate da auto-estima de adolescentes grávidas e do fortalecimento de seu vínculo com o
bebê; promover ações multidisciplinares em prol de uma gravidez e parto saudável de adolescentes e
promover educação em saúde com vista desenvolver o auto cuidado em adolescentes grávidas.
Metodologia: O projeto foi desenvolvido com 10 mulheres grávidas com período gestacional de 3 a 6
meses, todas com autorização do médico da UEASBA. que mostraram interesse em participar do mesmo.
As atividades foram desenvolvidas com duração de uma hora duas vezes por semana, por um período de 9
meses. As atividades desenvolvidas foram massagem Shantala na mãe e em bebês, exercícios de yoga,
atividades de consciência corporal e fortalecimento de músculo pélvico, hidroginástica, exercícios de
meditação e relaxamento, conversas interativas/educativas e vídeo debate sobre o cuidado de si e do bebê
com vista informar as mulheres sobre os processos de transformação do corpo, cuidados antes, durante e
após o parto, cuidados com o bebê antes e após o parto na perspectiva de promover qualidade de vida de
mãe e filho. A organização e elaboração das atividades seguiram uma rotina semanal envolvendo
pesquisas, leituras e busca de metodologias e dinâmicas que mantivessem o interesse das participantes em
participar do grupo até o fim da gravidez. Resultados e discussão: Os resultados mostraram que as
mulheres nesta fase necessitam de cuidado e atenção especiais por parte da equipe da saúde. Ao mesmo
tempo, em que mostrou que as atividades desenvolvidas foram eficazes no fortalecimento do vinculo mãe
e filho, na promoção do auto-cuidado e no aumento da auto-estima, que pode ser diminuída diante das
mudanças corporais e sociais que cada mulher enfrenta. Pelos relatos as grávidas demonstraram o quanto
as atividades do projeto foram importantes para estabelecer melhor uma relação com o bebê que estava
para chegar e a entender as mudanças que estavam sendo processadas em seu corpo. Por outro lado,
disseram ter sido positivo a possibilidade de relacionar-se com seu corpo em transformação de uma forma
mais positiva, sem o estresse e o medo de estar ou ficar feia. Percebemos um aumento da auto-estima e
foi-nos relatado que a vivencia com outras grávidas, a troca de experiência, a possibilidade de exprimir os
sentimentos, medos e angústias foi fundamental para revisar a relação com o bebê, com a família e consigo
mesma. Por outro lado, o projeto sinalizou um outro campo de investigação para a enfermagem e
educação física, trazendo técnicas alternativas que podem auxiliar e muito no processo de cuidar das
grávidas tanto em postos de atendimento quanto em serviços especializados nas academias.Por outro lado,
a troca de vivências entre professores, acadêmicos e as mulheres grávidas constituiu importante espaço de
intercâmbio de experiências e conhecimentos que promoveram a compreensão do processo de gestação.
Traesel et al (2004), relatam que é preciso haver comunicação e linguagem clara, para que a educação em
saúde aconteça, permitindo que o usuário se aproprie do conhecimento técnico sem descaracterizar o
conhecimento popular. Neste sentido, seguindo as orientações da pedagogia dialógica de Paulo Freire,
valorizamos a participação ativa das mulheres em todas as atividades, reconhecendo-as como pessoas
portadoras de saberes sobre o processo saúde-gravidez-cuidado e das condições concretas de vida.
Conclusão: O projeto constituiu num espaço importante de ensino, pesquisa e extensão para os
acadêmicos trazendo a oportunidade de vivenciar uma realidade diferente no contexto do cuidar de
gestantes, além a aproximação com teorias que ampliaram sua percepção de saúde e atuação no contexto
do atendimento do pré-natal. Por outro lado, permitiu que as participantes tivessem a oportunidade de
refletir a gestação sob outros parâmetros, podendo tomar suas decisões sobre o parto de forma mais
190
consciente. Ao meso tempos que desenvolveram vínculos importantes que as ajudaram a manter sua auto
estima durante a gestação.
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191
POLIMIOSITE: ANÁLISE DE CASO E PROTOCOLO DE TRATAMENTO NEUROFUNCIONAL APLICADO EM
PACIENTE PORTADOR, ATENDIDO NA UESBA.
Lucas da Silva Alho MOTA¹'², Darlyson Reis FIGUEIRA¹, Milcilene Damasceno de OLIVEIRA², Richelma de
Fátima Maria BARBOSA¹
¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA.
²Instituto esperança de Ensino Superior, Santarém-PA-Brasil. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: A polimiosite (PM) é definida como uma miopatia idiopática que evolui durante semanas a
meses e tem como característica principal o desenvolvimento de processo inflamatório não supurativo na
musculatura esquelética, o qual se manifesta clinicamente por fraqueza muscular proximal. Tem incidência
de aproximadamente um caso a cada 100 mil habitantes, com predomínio em mulheres (Dalakas e Holfeld,
2003). A fraqueza muscular progressiva envolvendo os grupos musculares da cintura escapular e pélvico é,
em geral, o primeiro sintoma apresentado e seu caráter subagudo faz com que os pacientes levem algum
tempo até procurar atendimento médico; mais raramente, a doença pode manifestar-se de forma aguda. O
tratamento deve ser iniciado com glicocorticoide (GC) sistêmico, associado a imunossupressores (MS,
2010). Sintomas constitucionais podem estar presentes e incluem fadiga, hiporexia, perda ponderal,
artralgia ou artrite de pequenas e médias articulações (Yen et al., 2005). A PM pode ocorrer isoladamente
ou estar associada a doenças sistêmicas autoimunes e infecções virais, a exemplo de lúpus, artrite
reumatóide, infecções por HIV e HTLV (Freire et al., 2010). Os critérios clássicos descritos por Bohan e Peter
orientam o diagnóstico de PM, devem ser levados em consideração os seguintes critérios: fraqueza
muscular das cinturas pélvicas e escapular, evidência de miosite à biopsia muscular, elevação da enzima
muscular sérica − creatinofosfoquinase (CPK). A enzima Creatinoquinase (CK), também chamada de
Creatina-fosfoquinase (CPK), é encontrada principalmente na musculatura estriada, no músculo cardíaco e
no cérebro. Encontra-se marcadamente elevada nas lesões da musculatura esquelética (Mariano et al.,
2009). Até recentemente as recomendações literárias para pacientes com PM era de evitar exercício e de
restrita atividade física. No entanto estudos demonstraram que o exercício físico em combinação com
tratamento imunossupressor convencional tem sido bem-sucedido e resultam em uma melhora da força e
desempenho muscular, em uma melhor capacidade oxidativa e desempenho nas atividades diárias. A
racional inclusão do exercício no regime de tratamento de pacientes com PM é, em parte, baseado no
conceito de que o exercício possa ser um meio de prevenir a perda muscular, além disso, reduzir a
ocorrência de características crônicas como a fraqueza e a lesão muscular (Nader e Ludenberg, 2009).
OBJETIVO GERAL: Relatar e expor o quadro clínico e protocolo fisioterapêutico na doença, atípica,
Polimiosite, para a sociedade científica. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Relatar quanto ao protocolo de
reabilitação utilizado e resultado de exames da paciente. Mensurar o grau de força muscular. Avaliar a
independência funcional da mobilidade e transferência. Avaliar o nível de equilíbrio da paciente.
JUSTIFICATIVA: O estudo torna-se necessário, residindo no fato de a polimiosite ser uma doença rara, e a
literatura apresentar escassas referências a respeito da patologia. As manifestações clínicas trazem reflexos
prejudiciais para os portadores. Os pacientes acometidos se queixam de dificuldade nas tarefas diárias que
necessitam do uso dos músculos proximais (FREIRE et al., 2010). Os achados recentes apontam resultados
favoráveis na prescrição e supervisão de atividades físicas direcionadas aos indivíduos enfermos.
Contrastando com as recomendações prévias de evitar exercícios físicos, novos relatos agora sustentam a
ideia de que o exercício físico em pacientes com polimiosite é seguro, além de acarretar benefícios clínicos
e até a redução do processo inflamatório local e sistêmico. Nesse sentido, cabe-se, a aplicação do estudo,
contribuindo para a necessidade de informações científicas a respeito do assunto. METODOLOGIA: Este
estudo se baseia na apresentação de caso clínico de paciente atendido na UEASBA (Unidade de Ensino e
Assistência do Baixo Amazonas) durante o período de estágio da disciplina fisioterapia nas disfunções
sensitivo-motoras, totalizando treze atendimentos. Foi realizada avaliação da paciente para coleta de dados
pessoais, inspeção, exames e queixas funcionais. O protocolo terapêutico foi baseado na melhora das
queixas funcionais, em manobras de alongamento, fortalecimento muscular, equilíbrio, transferências e
melhora da marcha. Foram também aplicados o teste de alcance funcional e a Escala de Berg para avaliar o
grau de equilíbrio da paciente, a Escala de Medida de Função Motora (MFM) para avaliar mobilidade e
transferências da paciente e para avaliar a força muscular foi aplicado o teste manual de força muscular
192
seguindo as diretrizes terapêuticas para monitorização da PM do ministério da saúde. Os dados serão
apresentados na forma de tabelas e expostos na discussão. CASO CLÍNICO: Paciente D.P.C., sexo feminino,
47 anos, com diagnostico de polimiosite, apresenta os seguintes sinais clínicos: fraqueza muscular axial,
hiporreflexia, sinal de trendelenburg, déficit de controle de tronco e equilíbrio, presença de pápulas de
Gottron nos pés e face. Também apresenta mialgia, artralgia e maior fraqueza muscular no hemicorpo
direito. Mostrou-se dependente no quesito marcha e semi-dependente quando avaliadas as transferências.
Apresenta como queixa principal dificuldade na realização de atividades de vida diária. Possui sensibilidade
tátil e dolorosa preservada. Aos exames laboratoriais que foram apresentados, temos os seguintes
resultados: 07/02/2011, com dosagem de CPK de 1028 u/L (valores de referência: 12 a 90 u/L) quando
reiniciou a fisioterapia depois de 3 meses ausente, no exame datado de 26/04/2011 sua taxa de CPK havia
reduzido para 415 U/L. Faz uso de prednisona e metotrexato, para redução do quadro inflamatório.
PROTOCOLO FISIOTERAPÊUTICO: Foi elaborado um protocolo de exercícios baseado em alongamentos de
MMSS e MMII para fase de aquecimento. Foram implantadas manobras visando fortalecimento muscular,
sendo aplicada resistência manual nos exercícios em três séries de 12 repetições com tempo de repouso de
trinta segundos, priorizando músculos importantes na marcha, como o glúteo médio que estava com
elevado grau de paresia. Nas cadeias musculares das cinturas pélvicas e escapulares, as mais acometidas
pela paresia, foi aplicada a técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva, objetivando a irradiação do
movimento. Visando melhora do equilíbrio e propriocepção, foi preconizada a variação de ambientes e
instabilidades, como bola suíça e rampa. RESULTADOS: Tabela 1 - Grau de força muscular avaliado pelo
teste manual de força muscular.
Grau 0
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Grau 4
Grau 5
Músculos Axiais
Iliopsoas
X
Deltóide
X
Músculos Apendiculares
Quadríceps
X
Tibial anterior
X
Tríceps Sural
X
Extensor longo do hálux
X
Tríceps braquial
X
Bíceps braquial
X
Flexores de punho e dedos
X
Intrínsecos da mão
X
Fonte: Dos autores
Na tabela 1, pode-se perceber que os músculos proximais, como os iliopsoas, deltoides e quadríceps são os
mais fracos, necessitando de anulação da força gravitacional para realização total do movimento.
Continuando a análise de proximal para distal, tem-se melhora do grau de força para os músculos tibial
anterior, tríceps e bíceps braquial, onde a paciente já realiza o movimento contra a ação da gravidade e por
fim os músculos responsáveis pelo controle motor fino da mão e o extensor longo do hálux já realizam
movimentos com certo grau de resistência, dados esses que se mantiveram sem alteração do início ao fim
das sessões de fisioterapia. Quanto ao quesito equilíbrio, na escala de Berg a paciente apresenta um escore
de 16 pontos, vale ressaltar que a escala de escala de Berg totaliza 56 pontos, quanto mais baixo o valor,
maior a tendência para quedas, sendo assim a paciente mostrou elevado risco de quedas para certos
quesitos. Quanto a Medida de Função Motora (MFM), que inclui avaliações estáticas e dinâmicas, em três
dimensões (em pé e transferência, função motora e axial, função motora distal). Onde os escores totais e
parciais para as dimensões são expressos em porcentagens em relação ao escore máximo (96 pontos), a
paciente alcança o valor de 45%, frente à totalidade do exame. A dosagem de CPK mostra-se elevada (1.028
U/L), ao exame realizado no dia 07/02/2011, mostrando o grande nível de lesão da musculatura esquelética
no momento que retornava a realizar fisioterapia após 3 meses sem realizar, mas sob administração
medicamentosa. Com 3 meses de atendimento fisioterapêutico e continuidade do tratamento
medicamentoso a paciente apresentou aos exames laboratoriais de CPK redução de 40,3% (415 U/L) nos
níveis séricos. CONCLUSÃO: A partir do que foi exposto, pode-se perceber que o paciente portador desta
193
patologia se torna um ser dependente de tratamento medicamentoso e fisioterapêutico por passar a
possuir comprometimento funcional necessário para realização de atividades de vida diária. O exercício
terapêutico contribui ativamente para uma melhora do quadro sintomatológico da polimiosite, evitando
perda de força muscular, assim facilitando no desempenho funcional do indivíduo portador, no que diz
respeito as suas atividades de vida diária. Além disso, diante dos achados laboratoriais e das técnicas
fisioterapêuticas utilizadas, pode-se inferir que o exercício terapêutico associado ao tratamento
farmacológico se mostra como opção otimizadora para tratamento da patologia, uma vez que tais
exercícios melhoram o aporte sanguíneo, aumento assim a capacidade oxidativa muscular, prevenindo
lesões e auxiliando no controle dos níveis da proteína. Sugere-se que estudos mais detalhados sejam
realizados, com intuito de colher novos dados sobre a doença e traçar novos planos de tratamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FREIRE, R. O.; MACIEIRA, J. C.; BRITO, H. L. F. Polimiosite associada à síndrome nefrótica. Revista Brasileira
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MARIANO, W. S.; SEVILHA, R. C. ; SOUTO, C.A. Aspectos genéticos, fisiológicos e clínicos de um paciente
com distrofia muscular de duchenne. Revista Ensaios e Ciência, vol. X, n. N, p. 5, 2009.
NADER G. A.; LUNDEBERG I. E. Ação anti-inflamatória da atividade física no controle de doenças musculares
inflamatórias. Revista Temas de Reumatologia Clinica, v.11, n.3, p. 23-31, 2009.
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Portaria SAS/MS. Dermatomiosite e Polimiosite. N. 206. de 23 de
abril de 2010.(Republicada em 27.08.10).
Palavras-chave: creationfosfoquinase (CPK), exercício físico, polimiosite
194
POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES NA APLICAÇÃO PRÁTICA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM: UMA PERCEPÇÃO ACADÊMICA
Jonata R. de SOUSA¹, Luiz A. B. HESPANHOL¹, Isabela Vanessa S. dos REIS¹, Natália M. MONTEIRO¹, Pablison
C. COELHO¹, e Sleyla Mara de OLIVEIRA¹
1
Universidade do estado do Pará, Campus XII- Santarém-PA, Brasil. Email: [email protected]
Introdução: A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é regulamentada por lei e é uma
incumbência privativa do profissional de enfermagem, cabendo a ele sua implantação, planejamento,
organização, execução e avaliação. É uma forma organizada de estabelecer a atuação de enfermagem,
fundamentada pelo processo de enfermagem, no qual, os cuidados de enfermagem são prestados de
forma holística. Através da utilização da SAE, é assegurada uma prática assistencial adequada e
individualizada ao paciente. Vários fatores têm dificultado a elaboração e avaliação da SAE, como
sobrecarga de trabalho, quadro de pessoal insuficiente e despreparo profissional além dos fatores
inerentes ao processo gerencial, dificultando sua implantação nos serviços de saúde. Objetivo: conhecer a
percepção dos acadêmicos do 5º ano do curso de enfermagem sobre as potencialidades e fragilidades da
SAE. Metodologia: A pesquisa é qualitativa, descritiva de abordagem crítico-interpretativo, sendo que o
universo ou população da pesquisa foram discentes da Universidade do Estado do Pará, Campus XIl. A
amostra ou subgrupo da população estudada foram 10 alunos, na faixa etária de 20(vinte) a 28 (vinte e
oito) anos. Foram tomadas todas as providências necessárias, para realização da pesquisa, previstas na lei
196/96, que regulamenta a pesquisa com seres humanos, como a adoção do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) e como instrumentos, para a aquisição de dados, foram usados questionários
semi-estruturados. Resultados: revelaram que as potencialidades da SAE estão relacionadas ao
conhecimento proporcionado ao enfermeiro para identificar as situações de saúde/doença de seu cliente;
ela também contribui para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação na saúde do individuo,
atentando para suas necessidades humanas básicas, consistindo em um modo organizado de trabalho,
baseado em um método científico, voltado à assistência com o publico e possuindo etapas para melhorar
os serviços de enfermagem e a qualidade da vida dos pacientes. Além disso, foi destacado que a SAE
aumenta a criticidade do profissional, permite que o profissional ou o acadêmico tenha uma compreensão
mais clara dos problemas apresentados pelo cliente, demonstra que a enfermagem é uma peça
fundamental na equipe multiprofissional e permite o fortalecimento da classe de enfermeiros. Suas
fragilidades implicam diretamente em escassez de conhecimentos teóricos e práticos sobre a dinâmica da
SAE, sobrecarga do profissional de enfermagem relacionado a insuficiência de recursos humanos, modo de
assistência recente, deficiência na estrutura hospitalar, falta de apoio dos demais enfermeiros,
contribuindo para o fracasso de sua implantação nos serviços de saúde. Conclusão: a SAE consiste em um
método científico organizado, que capacita o enfermeiro para atuar de forma holística, respeitando a
individualidade, melhorando os cuidados de enfermagem e assim, contribuindo para a qualidade na vida da
população. A sobrecarga de trabalho atrelada à deficiência de políticas de incentivo a SAE são fatores que
contradizem a sua implantação. Por fim, para que ocorra sistematização da assistência de enfermagem é
fundamental a capacitação dos enfermeiros, tanto na grade curricular, quanto na prática profissional, o que
proporciona conhecimentos científicos e metodológicos para aplicação da SAE. É necessário também o
dimensionamento e engajamento da equipe profissional de enfermagem, para dinamizar os serviços de
saúde e, apoio das instituições de saúde, que, passam a evitar gastos adicionais com materiais e tempo de
internação em conseqüência do déficit da assistência de enfermagem. Pesquisas, no sentido de investigar
os problemas e potencialidades da SAE, contribuem para fortalecer seu embasamento teórico e
possibilitam discussões e reflexões que podem contribuir para a melhoria da qualidade da assistência
prestada. Referências bibliográficas:
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Palavras chave: Enfermagem, Sistematização da assistência de enfermagem e qualidade de vida.
196
PREVALÊNCIA DE INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL E FATORES ASSOCIADOS EM ESCOLARES DO
ENSINO MÉDIO DE SANTARÉM, PARÁ
Rafaela dos Santos REIS1; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Assis Junior Cardoso PANTOJA1; Maria Eduarda de
Macêdo BASSO1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3
1
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;
2
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades
Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]
Introdução: A imagem corporal (IC) pode ser vista como a relação entre o corpo de uma pessoa e os
processos cognitivos como crenças, valores e atitudes (VOLKWEIN; MCCONATHA, 1997). Deste ponto de
vista, a IC pode ser definida como uma representação interna, mental, ou auto-esquema da aparência física
de uma pessoa (BECKER JUNIOR, 1999). A imagem do corpo não advém somente de impressões ou
sensações táteis, mas relaciona-se à figurações e representações sobre o corpo (GIORDANI, 2006). À
figuração do corpo estão amarradas imagens que se sustentam sempre numa relação com alguma coisa. O
ser humano é pressionado, em numerosas circunstâncias a concretizar, em seu corpo, o corpo ideal
estipulado pela cultura (TAVARES, 2003). Cerca de 90% das pessoas portadoras de transtornos alimentares
são mulheres com idade entre 14 e 18 anos. Esse problema vem crescendo perigosamente cada vez mais
nas meninas com menos de 12 anos de idade (BALLONE, 2007). Objetivo: Verificar a prevalência de
insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em escolares do ensino médio de escolas da Rede
Estadual de Educação de Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica
descritivo-transversal realizada em 03 escolas do ensino médio da Rede Estadual de Educação de Santarém,
Pará. A amostra foi constituída de 711 participantes, sendo 310 rapazes e 401 moças, com média de
15,88±1,28 anos de idade. Como instrumento de coleta de dados, utilizaram-se dois questionários
fechados. O primeiro foi a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), por ser
mais frequentemente sugerida para aplicação em populações juvenis (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Este
instrumento avalia o nível de atividade física habitual. No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos
de atividade física por semana foi o ponto de corte para classificar os universitários como sedentários
(SIQUEIRA et al., 2009). O segundo instrumento foi um questionário fechado composto por perguntas
referentes às demais variáveis do estudo. Para avaliação da satisfação com a IC, foi utilizada a escala de
nove silhuetas de Stunkard, Sorenson e Schlusinger (1983). Os resultados foram processados através de
recursos da estatística descritiva mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007).
Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a
associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das
variáveis categóricas de acordo com as especificidades da amostra. Foi adotado p<0,05 para a significância
estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: Verificou-se que, na amostra
estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi de
74,26%. As variáveis que mais se associaram a essa insatisfação são apresentadas na tabela 1. Pesquisas
epidemiológicas nos últimos anos têm mostrado que há uma tendência mundial a índices elevados de
insatisfação corporal em adolescentes, tanto em pequenos como em grandes centros populacionais, o que
vem chamando a atenção da comunidade científica em todo o mundo (TRICHES; GIUGLIANI, 2007; JONES;
FRIES; DANISH, 2007; LI et al., 2005). Essa insatisfação com a imagem corporal está mais presente em
adolescentes do sexo feminino, fato este que pode ser observado em pesquisas nacionais (BRANCO;
HILÁRIO; CINTRA, 2006; TRICHES; GIUGLIANI, 2007) e internacionais (BARKER; GALAMBOS, 2003;
EISENBERG; NEUMARK-SZTAINER; PAXTON, 2006).
Tabela 1: Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e fatores associados na amostra
estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.
Satisfação com a
TPINS
Imagem Corporal
Variáveis
Total
OR p
IC (95%)
(%)
Insatisfeito Satisfeito
Gênero
Masculino
249
61
310 80,32% 1,78 0,0016* 1,26 - 2,54
197
Feminino
279
122
401 69,58%
Idade
De 16 a 19 anos
316
106
422 74,88%
1,08 0,7117 0,76 - 1,52
De 13 a 15 anos
212
77
289 73,36%
Renda familiar
Até dois salários mínimos 292
95
387 75,45%
Acima de dois salários
1,15 0,4793 0,82 - 1,61
236
88
324 72,84%
mínimos
Trabalho remunerado
Sim
74
17
91
81,32%
1,59 0,1284 0,91 - 2,78
Não
454
166
620 73,23%
Televisão
Sim
524
174
698 75,07%
6,78 0,0010* 2,06 - 22,28
Não
04
09
13
30,77%
Refeições por dia
Mais de três refeições
319
87
406 78,57%
por dia
1,68 0,0032* 1,20-2,36
Até três refeições por dia 209
96
305 68,52%
Alimentação desregrada
Sim
219
56
275 79,64%
1,61 0,0119* 1,12 - 2,30
Não
309
127
436 70,87%
Auto-avaliação do nível de saúde
Negativa
187
45
232 80,60%
1,68 0,0093* 1,14 - 2,46
Positiva
341
138
479 71,19%
Atividade de lazer
Atividade sedentária
319
94
413 77,24%
1,45 0,0402* 1,03 - 2,02
Atividade física
209
89
298 70,13%
Prática regular de atividade física
Não pratica regularmente 207
51
258 80,23%
1,67 0,0078* 1,16 - 2,41
Pratica regulamente
321
132
453 70,86%
Nível de atividade física habitual
Sedentário
(NAF≤150
180
50
230 78,26%
<
min/sem)
1,38
0,21 - 0,55
0,0001*
Ativo (NAF>150 min/sem) 348
133
481 72,35%
Geral
528
183
711 74,26% Legenda: TPINS=Taxa de Prevalência de Insatisfação; OR=Odds Ratio; IC (95%)=Intervalo de Confiança
de 95%; NAF=Nível de Atividade Física.
* Variação significativa encontrada (p<0,05).
Um estudo transversal realizado na cidade de Florianopólis (SC) com estudantes de 14 a 18 anos,
matriculados no ensino médio, mostrou que 65,5% do público estavam insatisfeitos com sua imagem
corporal (PELEGRINI, 2009). Em Santarém (PA), um estudo com 86 adolescentes de uma escola de ensino
médio público, detectou prevalência de 77,91% de insatisfação com a imagem corporal. Ainda nesse
estudo, o gênero masculino, a idade entre 14 e 17 anos, o meio de transporte passivo, a prática regular de
atividade física, o lazer fisicamente sedentário e a alimentação desregrada/inadequada, apresentaram
associação de risco para a insatisfação com a imagem corporal na amostra (SILVA et al., 2010). Conclusão:
A prevalência de insatisfação com a imagem corporal na amostra foi de 74,26%. Os fatores de risco
encontrados para a insatisfação foram: ser do gênero feminino, assistir à televisão, realizar mais de três
refeições por dia, apresentar alimentação desregrada/inadequada, auto-avaliação negativa do nível de
saúde, atividade sedentária no lazer, não praticar regularmente atividade física, ser sedentário.
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Palavras-chave: imagem corporal, epidemiologia, escolares.
199
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL, ADEQUADO ÀS PECULIARIDADES
DOS PACIENTES E EX-PACIENTES DE HANSENÍASE.
Maria Eduarda de Macêdo BASSO1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1
1
Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato:
[email protected]
Introdução: A hanseníase é uma das mais antigas doenças que acometem o ser humano, sendo conhecida
há mais de três ou quatro mil anos (ARAÚJO, 2003). O grave comprometimento dos nervos periféricos é a
característica principal da doença, levando a perda de sensibilidade, força muscular, diminuição da
acuidade visual (ou cegueira), lagoftalmo, reabsorções e ulcerações, que dão a esta doença um grande
potencial para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades (BRASIL,
2002). Assim, as mutilações, ou somente o fato de “estar com hanseníase” podem despertar diversos
sentimentos uma vez que a sensação de integridade do corpo não estará presente. Nesse contexto,
indivíduos que são acometidos por hanseníase poderão desenvolver uma alteração ou distúrbio de sua
imagem corporal. A imagem corporal pode ser definida como a representação mental do nosso próprio
corpo formada em nossa mente e que representa uma experiência essencialmente particular, que cada
indivíduo vivencia de modo constante, dimensionando a partir dela o sentido de suas ações (SCHILDER,
1999; TAVARES, 2003). Embora já existam vários instrumentos de medida de diferentes aspectos da
imagem corporal, percebe-se uma forte tendência para a elaboração de instrumentos que dão ênfase a
preocupação com o peso corporal. Além disso, ainda são poucos os instrumentos validados encontrados
em língua portuguesa. Ainda faltam no contexto nacional escalas que:1) meçam o estado de satisfação
corporal, 2) incluam itens de satisfação com partes do corpo, 3) que tragam itens relevantes tanto à
satisfação corporal feminina quanto à masculina e, 4) avaliem as alterações na imagem corporal causadas
por patologias específicas como câncer, cegueira, hanseníase, entre outras. Objetivo: Analisar a aplicação
de um protocolo de avaliação da imagem corporal, proposto para se adequar às peculiaridades dos
pacientes e ex-pacientes de hanseníase. Metodologia: Realizou-se de um estudo piloto observacional,
transversal de abordagem quantitativa, que objetivou avaliar, em um único momento, por meio de um
instrumento, a imagem corporal de pacientes e ex-pacientes acometidos pela hanseníase. O estudo foi
realizado no ambulatório de fisioterapia da Unidade de Ensino e Assistência em Saúde do Baixo Amazonas
(UEASBA) após obter o parecer favorável do Comitê de ética em pesquisas envolvendo seres humanos da
Universidade do Estado do Pará/Santarém. Fizeram parte deste estudo 20 indivíduos (+ 47.15 anos) entre
pacientes (ainda realizavam tratamento de poliquimioterapia) e ex-pacientes (já receberam alta do
tratamento de poliquimioterapia) acometidos pela hanseníase. Após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido por parte dos pacientes, iniciou-se a coleta de dados que foi realizada
em local reservado e pelo mesmo pesquisador. O instrumento de avaliação da imagem corporal proposto
neste estudo consiste em uma auto-percepção do paciente que observando o desenho de um corpo
humano, nas visões anterior e posterior, atribui notas ou conceitos para as regiões de seu próprio corpo: 1
= Muito insatisfeito(a); 2 = Insatisfeito(a); 3= Nem satisfeito(a), nem insatisfeito(a); 4 = Satisfeito(a); 5 =
Muito satisfeito(a). O teste focaliza a forma como o paciente vê e sente o corpo no momento da testagem.
Resultados: Dos 20 pacientes avaliados, 6 ainda estão realizando o tratamento poliquimioterapêutico.
Quanto ao estado civil: 9 solteiros, 4 casados, 4 com relação estável e 3 viúvos. Quanto aos graus de
escolaridade dos pesquisados, foi observada a seguinte distribuição: 4 nunca estudaram, 7 possuem ensino
primário incompleto, 2 o ensino primário completo; 4 o ensino fundamental incompleto, 1 o ensino
fundamental completo e 2 o ensino médio completo. As profissões relatadas foram: lavrador (8), do lar (5);
aposentado (3), vigia (2), pescador (1) e mecânico (1). Contudo, somente os pacientes que referiram ter
como profissão “do lar” estão exercendo suas atividades, uma vez que os outros 15 sujeitos da amostra não
estão trabalhando atualmente. A renda mensal dos avaliados apresentou-se da seguinte forma: 12
indivíduos com renda menor que um salário mínimo e 8 com renda entre um a dois salários mínimos. A
aplicação do protocolo de avaliação da imagem corporal dos pacientes investigados apresentou os
seguintes resultados: Na Tabela 1 percebe-se que nenhum dos pacientes investigados avaliaram-se como
“plenamente insatisfeitos com sua imagem corporal” ou “insatisfeitos com sua imagem corporal”.
200
Constata-se ainda que o nível de satisfação mais observado no grupo investigado foi de indivíduos que se
avaliaram “satisfeitos com sua imagem corporal”. Também chama atenção a presença de pacientes (03)
que se auto-avaliaram “plenamente satisfeitos com sua imagem corporal”.
Na Tabela 2 percebe-se que a resposta mais apontada pelos investigados foi a de número 5 (63.04%), que
representa a plena satisfação dos avaliados para as partes de seu corpo a que atribuíram estas notas.
Apesar deste resultado bastante positivo, é considerável o número de respostas número 1 (8.94%) que
representam a completa insatisfação dos pacientes com certas partes de seu corpo.
Tabela 1. Nível de satisfação corporal de pacientes e ex-pacientes
hansenianos atendidos na UEASBA, no ano de 2011.
Total
%
Plenamente insatisfeito com sua imagem corporal
0
0
Insatisfeito com sua imagem corporal
0
0
Nem satisfeito, nem insatisfeito com sua imagem corporal
6
30
11
55
3
15
Satisfeito com sua imagem corporal
Plenamente satisfeito com sua imagem corporal
Tabela 2. Número de respostas para o instrumento de imagem
corporal aplicado em pacientes e ex-pacientes hansenianos
atendidos na UEASBA, no ano de 2011.
Total
%
Número de respostas 1
37
8.94
Número de respostas 2
34
8.21
Número de respostas 3
42
10.14
Número de respostas 4
40
9.66
Número de respostas 5
261
63.04
Na tabela 3 é possível verificar que as regiões corporais que receberam um maior número de notas baixas
consistem nas regiões de olhos, orelhas e extremidades, o que concorda com o grande índice de
deformidades geradas nessas áreas pela hanseníase.
Tabela 3. Respostas para os segmentos corporais
dos pacientes e ex-pacientes hansenianos atendidos
na UEASBA, no ano de 2011.
Olho D
Olho E
Orelha D
Orelha E
Nariz
Boca
Pescoço
Braço D
Antebraço D
Mão D
Braço E
Antebraço E
Mão E
Tórax
Abdomen
Coxa D
Perna D
Pé D
Coxa E
Perna E
Pé E
Costas
Nádegas
N–1
1
5
2
2
2
2
0
0
0
1
0
1
4
0
0
0
3
9
0
3
7
2
0
N–2
2
1
2
1
1
0
1
0
3
3
2
2
3
1
1
2
4
2
2
5
0
3
0
201
N-3
1
3
2
2
0
2
1
3
2
1
2
3
1
2
1
2
4
0
0
3
3
3
2
N-4
3
1
0
1
2
0
1
2
2
3
3
3
2
3
3
1
1
2
3
0
3
0
1
N–5
13
10
14
14
15
16
17
15
13
12
13
11
10
14
15
15
8
7
15
9
7
12
17
Quanto à aplicação do instrumento de avaliação da imagem corporal, percebeu-se que o mesmo, teve boa
aceitação e um bom nível de compreensão por parte dos indivíduos que receberam sua aplicação, não
causando confusão quanto ao seu preenchimento. Conclusão: Os resultados desta pesquisa demonstram,
portanto, que os pacientes e ex-pacientes investigados neste estudo no geral apresentaram um bom nível
de satisfação com sua imagem corporal apesar das seqüelas físicas deixadas pela doença em alguns dos
avaliados. Conclui-se também que o instrumento de avaliação da imagem corporal proposto neste estudo
apresentou fácil aplicação e até o presente momento demonstra obter resultados compatíveis com o
comportamento dos pacientes e ex-pacientes de hanseníase. Contudo sugere-se que este instrumento
necessita de uma aplicação em uma amostra de maior número, além de ter seus resultados analisados por
testes estatísticos que garantam que sua aplicabilidade possa se dar de forma confiável e fidedigna.
Referências bibliográficas:
ARAÚJO, M. G. Hanseníase no Brasil. Artigo de atualização. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical, v. 36, p. 373-382, 2003.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para o controle da hanseníase. Cadernos de Atenção Básica, n. 10.
Brasília: MS, 2002.
SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da psiquê. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
TAVARES, M. C. G. C. F. Imagem Corporal: Conceito e Desenvolvimento. Barueri, SP: Manole, 2003.
Palavras-chave: Imagem corporal, hanseníase, fisioterapia.
202
PROPOSTA DE PROTOCOLO PARA INDUÇÃO DE LESÕES TRAUMÁTICAS EM PATAS DE RATOS.
Daliane Ferreira MARINHO1, Aldeci de Aquino MAGALHÃES1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1,
1
Universidade do Estado do Pará, Campus XII, Santarém - Pará, Brasil. e-mail de contato:
[email protected]
Introdução: Em todos os campos de atuação profissional, inclusive o da saúde, a pesquisa científica
apresenta-se como alicerce fundamental para o desenvolvimento técnico profissional (GIL, 1996). Nas
últimas décadas, a fisioterapia vem se utilizando cada vez mais da pesquisa científica para fundamentar seu
objeto de estudo. Nesse intuito, é que ela vem se apropriando do método científico e fisioterapeutas e
acadêmicos de fisioterapia vêm desenvolvendo mecanismos de aperfeiçoamento, análise, comprovação e
validação das técnicas utilizadas na profissão (GOLDIM, 2007; MARQUES e PECCIN, 2005; REBELATTO e
BOTOMÉ, 2004). Objetivo: Propor um protocolo padronizado para lesões traumáticas em patas de ratos a
ser utilizado em investigações fisioterapêuticas, possibilitando aos pesquisadores um processo
metodológico confiável e previamente testado, bem como mais acessível, técnica e economicamente, sem,
no entanto, reduzir sua fidedignidade. Metodologia: Foram escolhidos ratos, da espécie Rattus norvegicus
albinus, linhagem Wistar, todos machos, adultos, com idade superior a 60 dias, peso variando entre 150 e
250 gramas e aparentemente sadios. Nesta pesquisa foram utilizados 12 animais, divididos em 2 grupos,
contendo cada um deles um número de 6 animais, conforme o recomendado por Andrade (2004), distintos
entre si através da delegação aleatória de cores/números representados por tiras horizontais na região
proximal da cauda de cada animal (CUNHA, 2005). O ambiente de confinamento foi mantido seguindo as
normas do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). Inicialmente os animais tiveram de
passar por um condicionamento visando a sua adaptação ao ambiente do laboratório e a facilitar o seu
manuseio por parte dos pesquisadores, através da manipulação dos animais, por 5 minutos diários, durante
os dez dias que antecederam a lesão traumática artificial. A lesão foi realizada através de um mecanismo
lesional, tipo queda livre, adaptado de Vialle et al. (2004), confeccionado em madeira, de dimensões 46,5
cm X 45 cm, constituído de duas plataformas sobrepostas, sendo que a distância da base para a primeira
plataforma é de 32 cm e entre a primeira e a segunda é de 12,5 cm (Figura 1). O mecanismo lesional
construído manteve as dimensões originais da pesquisa de Vialle et al. (2004), tendo sido adaptado o
mecanismo fraturador constituído de uma haste metálica de 500 gramas, que no presente estudo foi
substituído por uma esfera de aço de 300 gramas (redução de 60%), com 14 cm de circunferência (Figura
1). A esfera foi escolhida em detrimento da haste metálica uma vez que apresenta uma maior superfície de
contato e reduz a concentração de energia no ponto de choque reduzindo assim a possibilidade da
ocorrência de fraturas. Essa esfera era deslocada verticalmente em queda livre sobre a articulação do
tornozelo da pata traseira esquerda do animal (que no momento encontrava-se anestesiado), sendo que a
mesma foi posicionada com sua porção mais distal paralelamente a extremidade superior do mecanismo. A
escolha da pata traseira esquerda do animal inspira-se na pesquisa de Reinert (2004) e Vialle et al. (2004).
Adaptou-se ainda o revestimento de uma folha de Etil Vinil Acetato (EVA) na base do mecanismo. Essa
alteração foi necessária, uma vez que o objetivo do mecanismo foi alterado para produção de lesões
traumáticas e não mais de fraturas. Recobrindo a pata do animal a ser traumatizada, foi necessária a
colocação de mais uma pequena folha de EVA de 1 mm de espessura, sobre a pata do animal, utilizada
como forma de amortecimento do impacto, prevenindo lesões de continuidade e reduzindo os riscos de
fraturas, uma vez que, em testes preliminares, observou-se que sem essa adaptação, ocorriam freqüentes
lesões de continuidade. Devido à mudança da haste metálica pela esfera, foi necessária a adaptação, ao
mecanismo, de um tubo de Policloreto de Vinila (PVC), de 50 mm de espessura, com 55 cm de altura, com o
objetivo de manter o direcionamento da esfera durante sua queda sobre a pata, uma vez que em teste
preliminares, ainda sem utilização do tubo de PVC, verificou-se que havia uma freqüente alteração no
ponto de caimento da esfera, que conferia um padrão muito variado de lesão. A porção inferior do tubo,
próxima a base do mecanismo, recebeu três recortes verticais a fim de facilitar a colocação e
posicionamento da pata do animal. A partir dessas alterações, foi obtida uma maior uniformidade nos
padrões de lesão em comparação a forma inicial do mecanismo. O animal era posicionado em decúbito
lateral esquerdo, com sua pata esquerda posicionada em rotação externa e recoberta pelas duas camadas
203
de EVA, colocadas abaixo e acima da pata do animal, a fim de promover amortecimento e evitar o choque
sobre proeminências ósseas. Além disso, a pata a ser traumatizada era fixada com uma tira de esparadrapo
na região plantar da pata do animal, a fim de manter o posicionamento da região a ser traumatizada e
minorar o reflexo de retirada após a lesão, que foi observado em alguns animais antes da adoção dessa
medida, mesmo estando estes completamente anestesiados. O procedimento anestésico do animal
ocorreu por via intraperitoneal, sendo administrado um composto de Cloridrato de Ketamina (anestésico
geral) e Cloridrato de Xilazina (FIOCRUZ, 2005). Para análise da eficiência do procedimento realizado, após
alguns minutos da lesão verificou-se a presença de sinais flogísticos, como edema, calor e rubor, bem como
a presença de hematoma. Vinte e quatro horas após a lesão verificou-se a intensificação dos sinais
flogísticos. Nesse momento da pesquisa realizou-se uma avaliação dos animais a fim de perceber quais
obtiveram níveis aceitáveis de lesão, com perceptível prejuízo funcional da marcha. Foi estabelecido como
critério a resposta funcional da marcha após 24 horas da lesão traumática, dentro das faixas 7 e 8 da escala
de avaliação funcional BBB de Del Carlo et al. (2007), totalizando 10 animais dos 12 utilizados. Resultados:
Através deste trabalho foi observada a viabilidade prática e econômica do protocolo proposto para indução
de lesões traumáticas em patas de ratos. O condicionamento dos animais através de seu manuseio se
mostrou eficaz para a adaptação dos animais à manipulação e à rotina diária, facilitando os procedimentos
de pesquisa. Os procedimentos de identificação dos animais realizados através da marcação da cauda com
cores diversas e com a variação dos números de marcações foram igualmente eficazes e seguros. O uso de
componentes adaptados do cotidiano à pesquisa foi um fator que contribuiu para o dinamismo,
praticidade, viabilização técnica e barateamento dos custos, o que para o pesquisador é sempre
importante. Com relação ao mecanismo lesional, originalmente desenvolvido para a produção de fraturas
padronizadas, constatou-se, após todos os aprimoramentos realizados, que o mesmo apresentou
efetividade na realização de lesões traumáticas de tecidos moles, atingindo padrões desejáveis à
investigação científica. O protocolo metodológico resultante dessa pesquisa foi adaptado e modificado,
conforme a necessidade da mesma. Esse protocolo apresentou grande viabilidade técnica e econômica,
podendo perfeitamente ser empregado com segurança em pesquisas que envolvam lesões traumáticas
induzidas em patas de ratos. Os procedimentos técnicos aqui desenvolvidos são de domínio público e
podem perfeitamente ser aperfeiçoados em outras pesquisas, uma vez que o conhecimento científico está
em constante transformação. Conclusão: o protocolo metodológico desenvolvido nesse trabalho
apresentou ótima viabilidade técnica e econômica, podendo perfeitamente ser empregado em qualquer
pesquisa que envolva lesão traumática em patas de ratos. Apesar disso, é importante ainda que seja
realizado um maior número de pesquisas utilizando esse protocolo, a fim de se obter um maior
aperfeiçoamento de suas técnicas.
Figura 1. Esquema do mecanismo lesional proposto (adaptado de Vialle et al., 2004).
Esfera de aço
204
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FIOCRUZ. Curso de Manipulação de Animais de Laboratório. 2005. Disponível
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GOLDIM,
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REBELATTO, José Rubens; BOTOMÉ, Silvio Paulo. Fisioterapia no Brasil: fundamentos para uma ação
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REINERT, Taísa Carla. Uso de Correntes Polarizadas (Diadinâmicas de Bernard) para Redução de Edema
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VIALLE, E. VIALLE, L. R., BOECHAT, R., BLEY, J.P., SCUSSIATO, R., BUSATO, T., CARVALHO, D., FEDATTO, F.,
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37&idIdioma=1>. Acesso em: 10 mar. 2007.
Palavras-chave: Experimentação animal, lesões traumáticas, método, protocolo de pesquisa.
205
SABERES CUIDATIVO DE CRIANÇAS: A REALIDADE DE MÃES QUILOMBOLAS EM SANTARÉM
Edna Ferreira Coelho GALVÃO¹; Maria Goreth Silva FERREIRA²; Willivane Ferreira de MELO³; Aryadne Batista
de JESUS4; Helloana Cristine Machado de FIGUEIREDO5.
¹ Profª da Universidade do Estado do Pará – UEPA/Campus de Santarém; ² 3 Profªs da UEPA/Campus de
Santarém; 4 acadêmica de Enfermagem – UEPA/ Santarém; 5 Graduada em Educação Física - UEPA /
Santarém. EMAIL: [email protected]
Introdução: O estudo de temas ligados a saúde constitui um amplo eixo de discussão, principalmente
quando se refere às crianças de populações marginalizadas, estigmatizadas historicamente como é o caso
das comunidades quilombolas que durante décadas foram deixadas ao relento, a cargo de sua própria
sorte. Poucos são os estudos realizados sobre os costumes e manifestações inerentes a essas comunidades
sobre o cuidar e os hábitos de saúde, podendo de um lado colocar em risco o patrimônio histórico cultural
destas populações e as práticas de cuidar, como fator de promoção da saúde, ou de outro deixar que
inúmeras crianças sejam vitimas do não acesso a cuidados mínimos necessários a manutenção da saúde ou
mesmo da sobrevivência. As comunidades quilombolas segundo Funes (2005), constituíram-se, em sua
maioria, ao longo do século XIX tendo uma importância estratégica significativa no processo de resistência
à escravidão. Foram sendo ampliadas pelo casamento, pelo constante deslocamento de famílias, seja na
busca de terra para trabalhar ou por causa do que se chama na Amazônia de “fenômeno das terras caídas”
na área de várzea. Como legado deste tempo tem hoje em Santarém 10 comunidades quilombolas que
trazem no corpo/memória sofrimentos passados por seus ancestrais. Reproduzem essas histórias para não
se esquecerem de onde vieram, para lembrar-se das lutas pela libertação. É uma forma de manter viva e
presente a determinação de uma raça, assim como a consciência dos direitos conquistados e daqueles que
ainda precisam ser efetivados. Neste contexto, focamos nosso interesse no cuidar de criança concebendo-a
como parte da humanidade, fruto de sua tradição cultural e Ser capaz de recriar a história, recontar e resignificar as práticas cotidianas. Desta forma, quando olhamos para as crianças de comunidades
quilombolas situando-a na sua condição social de ser histórico, político e cultural. Ao propormos em nossa
pesquisa criar ambiente para compreender o contexto do cuidar de crianças quilombolas acreditamos estar
viabilizando não só conhecimento do mundo da criança, mas também do mundo do adulto, da sociedade
contemporânea, do mundo atual, pois como no diz Kremer (1996) a subjetividade é permeada pela
linguagem que permite que, num indivíduo, toda uma época possa aparecer. Loureiro (2004) nos diz que é
justamente na infância que os fatos históricos revelantes em cada cultura são introjetados, através das
imagens dos protótipos apresentados como ideais que colorem as estórias e as lendas e se fazem presentes
nos hábitos familiares e na forma aceita de fazer as coisas em geral..Em pesquisas anteriores nos
mocambos pudemos perceber o quanto a cultura tradicional vem sendo resignificada a partir dos
conhecimentos advindos da ciência da saúde, o que certamente trouxe um ganho na eficácia do
atendimento a determinados agravos aos infantis. Contudo, o distanciamento da cultura tradicional trouxe
também o medo e o sentimento de que o saber popular é um saber menor e por isso ineficiente diante dos
agravos da saúde. E por isso a desvalorização da transmissão entre gerações do cuidar tradicional. Diante
disso, lançamos como desafio os objetivos a seguir. Objetivos: Investigar saberes e prática que emergem
nas relações de cuidar de mães e filhos em comunidades quilombolas na Amazônia; Conhecer os saberes e
práticas de mães no processo cotidiano de cuidar das crianças quilombolas. e Investigar o sentido do cuidar
para mães quilombolas. Metodologia: Optamos por um estudo qualitativo descritivo por entender que a
realidade não se apresenta homogênea, linear, mas envolta por processos complexos, apresenta sempre
novos meandros para novas interpretações. Enquanto campo teórico de análise adotamos a teoria da
complexidade discutida por Morin (1990). Nossa proposta foi estudar duas comunidades remanescentes de
quilombos uma da região de várzea e uma da região de planalto do município de Santarém. Assumindo
como critério de inclusão, maior contingente populacional infantil e como critério de exclusão comunidades
que não se reconhecem como quilombolas. Fizeram parte desse estudo dez mães cuidadoras de cada
comunidade, que foram entrevistadas a partir de um roteiro elaborado previamente com alguns temas
geradores. As participantes foram selecionadas a partir dos seguintes critérios: mães que possuam um ou
mais filhos com idade de 4 a 6 anos e que estavam envolvidas diretamente com o cuidado dos mesmos, e
206
que assinem o TCLE. Como critério de exclusão que não estivessem em condições de expressar-se
oralmente. A seleção se deu após uma reunião na comunidade onde apresentamos o projeto e ali as mães
foram se identificando e indicando outras, até que fechássemos o número de10 mães. Resultados e
Discussões: Os resultados nos remeteram a algumas considerações interessantes: diante da questão
geradora “como é cuidar de seu filho(a)”, as mães buscaram em sua memória situações existenciais
concretas. Cada mãe assumindo seu próprio vocabulário/referiu-se ao cuidar das crianças a partir de uma
dimensão histórica, social e cultural que uniu os sujeitos das duas comunidades participantes. Aqui ficou
evidente a preocupação e o carinho dispensados aos filhos, assim como a preocupação com o futuro e a
constituição da identidade quilombola desde a mais tenra idade.Outro tema que emergiu no processo da
investigação se referiu aos cuidados específicos direcionados a manutenção ou recuperação da saúde das
crianças. As falas mostram que as mães são sabedoras dos cuidados rotineiros que devem prestar para a
manutenção da saúde das crianças, como a amamentação no primeiro ano de vida, o teste do pesinho, as
aplicação das vacinas periodicamente, o controle do peso e altura. Contudo, as condições adversas das
comunidades, as dificuldades com transporte para o centro e o acesso precário ao agente de saúde para
elas constituem empecilhos para os exames periódicos e o cuidado com o especialista. A presença ainda
marcante do saber cultural das ervas constitui a alternativa para o cuidado rotineiro com a saúde dos
pequenos.Quando apresentamos o tema gerador “higiene” dos discursos emergiram conceitos/concepções
que remetem a necessidade de cuidados cotidianos com a higiene corporal. Contudo, contradições são
percebidas quando observa-se o ambiente em que brincam os pequenos, como também as condições em
que se apresentam para brincar. As condições de saneamento., a presença das cheias na comunidade de
várzea, que faz com que o ambiente do brincar seja o mesmo usado para as necessidades fisiológicas, assim
como o asseio do utensílios domésticos e do próprio corpo, põe em cheque a preocupação com esta
questão. As mães apropriam-se de conhecimentos empíricos do senso comum, para refletir criticamente
sobre as situações de saúde/doença presente na comunidade e busca na medida do possível socializar um
saber milenar da medicina caseira. As mães destacam, em seus discursos, a dimensão afetiva, que assume
um caráter de amplitude envolvendo atenção, carinho, amor, respeito, educação, estabelecendo uma
correlação essencial para o cuidado de seu filho. A dimensão afetiva se apresenta como parte do corpo de
saberes das mulheres mães no ato de cuidar. Conclusão: O estudo mostrou um conhecimento em torno do
cuidar de crianças quilombolas ora ingênuo ora crítico considerando que estas mulheres não tiveram
acesso a produção do conhecimento elaborado/acadêmico lançando mão de um saber espontâneo para
estabelecer processo de cuidar por outro lado pode ser considerado crítico, porque de uma forma ou de
outra ela torna-se sujeito de sua história, criando e transformado a cultura, tomando atitudes mediante
reflexão e tomada de consciência de uma dada realidade. Cabe ressaltar que o discurso das mães revela
uma produção de sentido do cuidar que em suas concepções está vinculada ao cuidar da comunidade, do
grupo, da identidade, perpassa a preocupação com a etnia do grupo. Contudo, em meio às práticas de
cuidar foi possível perceber também um não cuidar, dentro dos parâmetros que entendemos como
promotores do bem-estar, movido em grade medida pelas condições estruturais das próprias comunidades
e das situações sócio econômica das famílias que dificultam o acesso a informação e principalmente as
condições materiais de promoção à saúde. Os resultados deste estudo mostram a necessidade de buscar
novos estudos que possam viabilizar de forma efetiva intervenções educativas e de saúde em articulação
com o poder público municipal e estadual com vista contribuir com a revisão dos processos de exclusão a
que estas famílias estão expostas. Este estudo também está no bojo das ações de fortalecimento do grupo
de estudo e pesquisa em educação e saúde de populações amazônidas (GEPESPA) da Universidade do
Estado do Para campus de Santarém. Referencias:
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CEJUP/ UFPA-NAEA, 1998.
ARIÉS, Phillipe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
207
ARRUTI, José Maurício Andion. A emergência dos “remanescentes”: Notas para o diálogo entre indígenas
e quilombolas. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/mana/v3n2/2439.pdf. Acesso em 05/06/2010
FUNES, Eurípedes A. Bom Jardim, Murumurutuba, Murumuru, Tiningú, Ituqui, Saracura e Arapemã: terras
de afro-amazônidas: nós já somos a reserva, somos os filhos deles. SP: Comissão Pró-Índio de São Paulo,
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GALVÃO, Edna Ferreira Coelho, SILVA, Dionísio Bellé da, SILVA, Jasson de Miranda. A relação do lazer com a
saúde nas comunidades quilombolas de Santarém. Artigo enviado a Revista Ciência Brasileira de Esporte
em Janeiro de 2008.
KRAMER, Sonia (Org.). Infância: Fios e desafios da Pesquisa. Campinas. SP: Papirus, 1996.
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Janeiro,
21(5):1595-1601,
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Disponível
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www.saude.sp.gov.br/.../saude.../lopes_f_para_alem_das_barreiras_dos_numeros.pdf.
Acesso
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LOPES, Fernanda. Experiências desiguais ao nascer, viver, adoecer e morrer: tópicos em saúde da
população negra no Brasil. Saúde da População Negra no Brasil: contribuições para a promoção da
equidade (Projeto 914BRA3002) CONVÊNIO FUNASA/MS e UNESCO. BRASÍLIA, DEZEMBRO DE 2004.
Disponível em www.mulheresnegras.org/doc/livro%20ledu/053-102Fernanda.pdf. Acesso em 07/06/2010
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Portugal: Publicações Europa-América, LDA, 1990.
Palavras-chaves: Mãe e filho, Processos de Cuidar. Comunidade Quilombola.
208
SÍNDROME DE BURNOUT E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO
NO MUNICÍPIO DE URUARÁ-PA.
Andreia de O. PINHEIRO1, Angeli P. GALVÃO1, Audiel R. SOUSA2, Daylane RODRIGUES1, Luzivaldo F. REIS3,
Pollyana C. A. SILVA1.
1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus
Santarém-PA; 2Secretaria de Estado de Educação do Pará- SEDUC, Uruará-PA. 3Instituto Educacional de
Uruará-PA. e-mail: [email protected]
Introdução: O stress pode ocorrer na medida em que exista um estímulo (agente estressor), que cause um
desequilíbrio, acarretando insatisfação ou prejuízo às necessidades tanto físicas quanto psicológicas, caso o
indivíduo não apresente uma resposta de adaptação para o evento ocorrido. Tais agentes podem ser
classificados em duas categorias: eventos externos e internos. Os eventos externos, dizem respeito aos
fatos existentes no ambiente e às relações que a pessoa estabelece com estes fatos, envolvendo questões
profissionais, pessoais e sociais (SILVA et al, 2008). Com relação à profissão de lecionar, evidenciam-se
fatores como o mau comportamento dos alunos, as precárias condições de trabalho, pressões por razões
de tempo, excesso de atividades, carga horária elevada, deteriorização das relações com colegas de
trabalho, estrutura física inadequada, baixos salários, desvalorização da profissão (CRUZ; SCHERER e
PEIXOTO, 2004). Quanto aos eventos internos, estes podem ser relacionados à pensamentos, emoções,
valores, comportamentos, vulnerabilidades biológicas ou psicológicas, inatas ou adquiridas (LIPP, 2004). A
Síndrome de Burnout é uma patologia psicológica que envolve respostas prolongadas aos agentes
stressores no local de trabalho, que incluem uma fadiga extrema, perda de idealismo e paixão pela
atividade profissional (MASLACH, 2003). A atividade física tem se reduzido muito nas sociedades modernas,
principalmente nos grupos de menor nível sócio-econômico, mesmo sendo de grande valia para a
manutenção da saúde. Profissões como a de professor, que passam o dia todo trabalhando nas escolas, e
que em sua maioria são de baixo gasto energético, estão relacionadas a um nível de aptidão física duvidosa
(FERREIRA; CHIAPETA, 2010). Objetivos: Constituiu-se como objetivo geral da pesquisa identificar a
possibilidade de Síndrome de Burnout em professores de duas escolas públicas no município de Uruará-PA,
e como objetivos específicos relacionar os resultados característicos da Síndrome de Burnout com o nível
de atividade física e com o perfil profissional do grupo pesquisado. Metodologia: A amostra é composta
por 26 docentes lotados em duas escolas públicas (a nível municipal e estadual, com ensino fundamental e
médio, respectivamente), que participaram espontaneamente respondendo aos instrumentos de pesquisa.
Entre os docentes que participaram da pesquisa, o gênero que predominou foi o sexo feminino, faixa etária
de 21 a 51 anos, com média de 35,7 anos. Existem 23% desses docentes que lecionam tanto no Ensino
Médio quanto no Ensino Fundamental Maior. Na coleta dos foi empregado o Questionário Preliminar de
Identificação da Burnout, uma adaptação feita por Chafic Jbeili (2004) do Maslach Burnout Inventory (MBI),
criado em 1981 por Maslach e Jackson (MASLASCH, 2003) com opções que variam de 1, nunca a 5,
diariamente e 18 perguntas que analisaram o perfil dos pesquisados. Para análise destes dados fez-se o uso
da classificação dada por Chafic Jbeili, de 0 a 100 pontos, totalizando 5 grupos, desde nenhum indício de
burnout a instalação em fase considerável da síndrome. Utilizou-se também o Questionário Internacional
de Atividade Física para avaliar o nível de atividade física dos participantes (FERREIRA & CHIAPETA, 2010) e
o TCLE. Resultados e discussão: Segundo Benevides-Pereira (2002), há maior incidência de burnout em
profissionais que ingressam no mercado de trabalho, ou seja, profissionais com tempo após o término da
graduação no período de 1 a 5 anos, provavelmente devido à pouca experiência na profissão e/ou na
organização. Quanto às atividades realizadas no tempo livre, 23% afirmaram não possuir nenhuma. O
primeiro grupo estaria enquadrado na classificação “nenhum indício de burnout”, porém nenhum dos
entrevistados marcou de 0 a 20 pontos, denotando que a profissão de professor é causadora de stress
mesmo que em quantidade mínimas, sendo o ensino considerado por Lipp (2002) como uma ocupação
significativamente estressante e a literatura internacional o considera como origem e, em parte,
responsável pela ansiedade e stress entre professores. A pontuação que qualifica como ”possibilidade de
desenvolver Burnout”, se enquadra entre 21 a 40 pontos, tendo neste segundo grupo 31% dos profissionais
entrevistados. Nele pode-se verificar que a carga horária de trabalho é uma das menores variando de 40 a
230 horas mensais, com média de 164 horas mensais, havendo uma relação entre o stress profissional e a
209
carga horária de trabalho, se encontrando neste grupo o profissional com a menor carga horária de
trabalho dentre os pesquisados. Quando questionados sobre fontes de lazer, 71,4% dos professores deste
grupo relataram ter mais de 2 atividades, dentre elas a prática de esportes, assistir TV e ler livros. Todos
deste grupo foram classificados como ATIVOS, demonstrando que pode haver uma relação entre o nível de
stress profissional com a prática de exercícios físicos, sendo estes benéficos e possíveis fatores
reducionistas neste grupo. O terceiro grupo está delimitado pelos professores que marcaram de 41 a 60
pontos, correspondendo a 31% do total de pesquisados. As características deste grupo são definidas como
estando na “fase inicial da Burnout”. Quanto à carga horária de trabalho deste grupo há uma variação de
170 horas a 370 horas mensais de atividades escolares, com média de 240 horas, ou seja, maior que a
média do primeiro grupo, denotando uma relação crescente entre o nível de Burnout e a carga horária de
trabalho, confirmando mais uma vez que há uma forte relação entre estes dois fatores, se enquadra neste
grupo o profissional com a maior carga horária de trabalho. Neste grupo o tempo de atuação profissional
foi uma característica importante, mostrando que 75% dos profissionais deste grupo possuem mais de 5
anos de atuação na docência, divergindo do estudo feito por Benevides-Pereira (2002), sendo deste grupo
o profissional com maior tempo de atuação. A maior pontuação (60 pontos) refere-se a um profissional que
faz tratamento psicológico, denotando a eficácia da classificação do questionário, além disso este grupo
possui três níveis de atividade física sendo praticadas, com 37,5% dos profissionais classificados como
SEDENTÁRIOS, 25% IRREGULARMENTE ATIVOS 37,5% ATIVOS. O quarto grupo é delimitado por
profissionais que marcaram entre 61 a 80 pontos, correspondendo a 34% dos pesquisados, sendo
caracterizado pelo “começo da instalação da Burnout.” É o grupo com maior representatividade. Quanto à
carga horária, a média ficou em 242 horas mensais de trabalho, tendo a mínima em 190 horas e a máxima
em 350 horas mensais, mostrando uma relação crescente com o grau de Burnout e em relação aos outros
grupos. Não houve relação significativa entre o tempo de atuação com a Burnout, porém diferente do
encontrado no terceiro grupo, neste o menor tempo de atuação foi de apenas 7 meses, concordando com
o estudo de Benevides-Pereira (2002) que relata maior incidência de burnout em profissionais que
ingressam no mercado de trabalho, assim como sendo as mulheres as mais afetadas, já que estes dados se
referem a uma professora. Houve também um quantitativo de 11,1% que faz tratamento psicológico,
porém, o mesmo também faz tratamento psiquiátrico. Quanto ao nível de atividade física, este grupo
possui o maior numero de integrantes que classificados como SEDENTÁRIOS dentre todos os grupos, com
um total de 66,7%. O quinto grupo é representado por profissionais que marcaram entre 81 e 100 pontos,
sendo caracterizado como “estando em uma fase considerável da Burnout, mas esse quadro é
perfeitamente reversível”, sendo representado por 4% do total da amostra. As características em relação à
carga horária, expressa significância, pois compreende a 240 horas mensais de trabalho, ficando acima da
média de 219 horas. Classificado como SEDENTÁRIO, sendo este um fator extremamente relevante para a
pesquisa. O gênero é feminino, novamente as mais afetadas. Almeida et al, 2010, em sua pesquisa sobre
nível de atividade física de professores, verificou que as mulheres são menos ativas que os homens.
Conclusão: Pode-se verificar que a relação entre o Burnout e o nível de atividade física é relevante, além da
intensificação dos resultados com fatores relacionados ao trabalho como carga horária e tempo de
atuação. Por fim, tendo em mente que não há soluções simples para o fenômeno, sugere-se a adoção de
práticas saudáveis como atividade física, lazer, organização do tempo e criar bons relacionamentos
resultando em saúde para a classe, impedindo o surgimento de burnout e, melhorando a qualidade dos
serviços prestados, pois a melhor forma de construir a sociedade futura é a investidura na saúde, qualidade
de vida e de trabalho do educador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T. O estado da arte do burnout no Brasil, Apresentado como conferência no I
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CRUZ, M.R.; SCHERER, C.G.; PEIXOTO, C.N. Estresse ocupacional e cargas de trabalho. In: SARDÁ JR.; JAMIR,
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intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
FERREIRA, D.P.; CHIAPETA, S.M.S.V. Avaliação do nível de atividade física dos professores de Educação
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http://www.efdeportes.com Acesso em:20 abril 2011.
JBEILI, C. Superando o desânimo: antes que ele supere você. ed. Nobel, 2004.
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LIPP, M.E. (org.) O estresse do professor. Campinas, Papirus, 2002.
LIPP, M.E.N. O stress no Brasil: pesquisas avançadas. Campinas: Papirus, 2004.
MASLACH, C. Job Burnout: New Directions in Research and Intervention. Current Directions in
Psychological Science. v.13 n.5, p.189-192, 2003.
MASLACH, C.; SCHAUFELI, W. B.; LEITER, M. Job Burnout. Annual Revue Psychology. v.52, p. 397-422, 2001.
MATSUDO S, A.T.; MATSUDO, V.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.; OLIVEIRA, L.; BRAGGION, G. Questionário
Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Revista Atividade
Física & Saúde. v.6 n.2, p.5-18, 2001.
SILVA , J.P.; DAMÁSIO, B.F.; MELO, S.A.; AQUINO, T.A.A. Estresse e burnout em professores. Revista Fórum
Identidades, v.3 n.1, p. 75-83, 2008.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Professores, Nível de atividade Física.
211
MODELOS PARA A REALIZAÇÃO DE REFERÊNCIAS
Paulo Vinicius Carmo da Graça
CRB-1370
EVENTO COMO UM TODO
CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.
Anais... Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará, 2011.
EVENTO COMO UM TODO EM MEIO ELETRÔNICO
CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.
Anais eletrônicos... Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará, 2011. Disponível em:<
http://congressoamazonicouepa.blogspot.com/p/anais-do-congresso_08.html>Acesso em: 01 jun.
2011.
TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO
SOUSA, Jonata R. de; SOUSA, Davi de. Aids na visão da clientela da terceira idade. In:
CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.
Anais... Santarém-PA: UEPA, 2011. p.70-76.
TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO EM MEIO ELETRÔNICO
SOUSA, Jonata R. de; SOUSA, Davi de. AIDS na visão da clientela da terceira idade. In:
CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.
Anais... Santarém-PA: UEPA, 2011. 1 CD-ROM.
SOUSA, Jonata R. de; SOUSA, Davi de. AIDS na visão da clientela da terceira idade. In:
CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.
Anais
eletrônicos...
Santarém-PA:
UEPA,
2011.
Disponível
em:<
http://congressoamazonicouepa.blogspot.com/p/anais-do-congresso_08.html>. Acesso em: 01 jun.
2011.
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